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CONDUTAS FISIOTERAPÊUTICAS ADOTADAS DURANTE OS CUIDADOS
PALIATIVOS DE PACIENTES ONCOLÓGICOS NA UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA E A REPERCUSSÃO NA QUALIDADE DE VIDA
Alana Xavier Soares e Thaís Chagas Sampaio*
RESUMO
Vivenciamos no país uma elevada incidência de câncer. Para 2014 a estimativa aponta a
ocorrência de aproximadamente 576 mil novos casos e associado a necessidade de cuidados
paliativos. Contudo o objetivo deste trabalho foi identificar quais são as condutas adotadas
pela fisioterapia durante os cuidados paliativos de pacientes oncológicos encontrados na
unidade de terapia intensiva e como estas medidas irão repercutir na qualidade de vida. Trata-
se de uma revisão bibliográfica exploratória, do tipo qualitativa. Tendo como critérios de
inclusão: artigos publicados nos últimos 10 anos em inglês e português e que aderiram aos
objetivos do trabalho. Foram selecionados e analisados 12 artigos, pelos quais foi possível
perceber que o fisioterapeuta poderá atuar principalmente no alívio da dor, por meio da
utilização de vários recursos como a eletroestimulação, que ultimamente tem sido o mais
adotado, apesar de poucos estudos comprovarem a sua eficácia na dor oncológica. Poderá
atuar também no alívio dos sintomas psicofísicos e na prevenção de complicações
osteomioarticulares e cardiovasculares. Entretanto os fisioterapeutas ainda não possuem
notório conhecimento quanto aos cuidados paliativos, o que implica em falta de consenso
quanto a conduta ideal a ser adotada, resultando em atendimentos não padronizados e
deficitários. Por este motivo a importância de palestras, com o intuito de esclarecer as
dúvidas, para que o profissional venha a estabelecer o seu próprio conceito de paliativismo e a
partir daí desenvolva protocolos de atendimento dentro das unidades fechadas afim de que o
serviço prestado seja uniformizado e satisfatório favorecendo a uma melhor qualidade de
vida.
Palavras – Chave: Cuidados Paliativos. Fisioterapia Oncológica. Fisioterapia em Cuidados
Paliativos. Qualidade de vida
__________________________________________________________________________
*Bacharel em Fisioterapia. E-mail:[email protected]
*Bacharel em Fisioterapia. E-mail: [email protected]
Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito para obtenção do título de Especialista em Fisioterapia em
UTI, sob a orientação do professor (a) Max Lima. Salvador, 2014.
2
1 INTRODUÇÃO
Atualmente vivemos em nosso país um progressivo envelhecimento populacional. Este
processo de mudança demográfica, resultou em alteração do perfil de morbimortalidade onde
podemos observar um predomínio de doenças crônicas-degenerativas a um crescente e
constante aumento de novos casos de câncer. Além destes fatores, há uma nova reorganização
familiar caracterizada pelo individualismo, racionalismo e falta de espiritualidade por parte
dos indivíduos. Desta forma, ter uma doença que ameaça a vida pode acarretar em sofrimento
físico, emocional e social (CARVALHO; PARSONS, 2012, p.13 e SILVA, 2014, p.26).
Neste contexto se insere os Cuidados Paliativos que segundo a Organização Mundial de
Saúde
São como medidas que aumentam a qualidade de vida de pacientes e seus familiares
que enfrentam uma doença terminal, através da prevenção e alivio do sofrimento por
meio da identificação precoce, avaliação correta e tratamento de dor e outros
problemas físicos, psicossociais e espirituais (MARCUCCI, 2005, p.68 e
CARVALHO; PARSONS, 2012, p.26).
O câncer é uma patologia caracterizada por uma alteração celular, que acarreta em
crescimento descontrolado e desordenado das células do organismo dando origem a uma
neoplasia, popularmente conhecido como tumor. Quando benigno, as células crescem em um
ritmo semelhante as do tecido normal, podendo ser removido completamente por meio da
cirurgia. Entretanto quando maligno as células evoluem rapidamente tendo a capacidade de
invadir estruturas vizinhas (BORGES et al., 2008, p.334; MULLER et al, 2011, p.208 e
PONTES, 2013). De acordo com estimativas mundiais em 2012, houve 14,1 milhões de
novos casos de câncer e um total de 8,2 milhões de mortes, em todo o mundo. A estimativa
para 2014, que também servirá para 2015 aponta para a ocorrência de aproximadamente 576
mil novos casos, incluindo os de pele não melanoma que será o mais incidente na população
brasileira (182 mil casos novos), seguido pelos tumores de próstata (69 mil), mama feminina
(57 mil), cólon e reto (33 mil), pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo do útero (15 mil),
segundo Silva (2014, p.26).
A abordagem de uma equipe multidisciplinar é de fundamental importância nos cuidados aos
pacientes oncológicos. Nenhuma profissão isoladamente é capaz de atender todos os aspectos
fundamentais envolvidos no tratamento de pacientes terminais (MARCUCCI, 2005, p.68;
SILVA; SUDIGURSKY, 2008, p.506-507; CARVALHO; PARSONS 2012, p.28;
3
KAPPAUN; GOMEZ, 2013, p.2552 e SILVA et.al., 2013, p.2598 a). O fisioterapeuta por
exemplo, pode atuar de forma complementar os cuidados paliativos, por meio da promoção de
um atendimento que permita a manutenção da esperança, boa comunicação, autonomia para
participação na tomada de decisões e reinserção nas atividades de vida diária restaurando a
dignidade e a auto-estima. O profissional precisa ser honesto quanto a real situação pois, a
omissão de informações impõe novas aflições e isolam o mesmo no silêncio que impede a
adesão ao tratamento e a compartilhar seus medos, angústias e preocupações (MARCUCCI,
2005, p.68-70 e CARVALHO; PARSONS, 2012, p.25). É importante que o fisioterapeuta
mantenha sempre um contato aberto com toda a equipe para que não ocorra conflito de
opiniões entre os profissionais, segundo Marcucci (2005, p.69).
A unidade de terapia intensiva (UTI) é um local em que utiliza-se vários recursos de
tecnologia avançada com o intuito de salvar vidas ou melhorar o quadro clínico do enfermo
prolongando a sua existência. Entretanto, quando se trata de pacientes terminais, verifica-se a
necessidade de se estabelecer limites entre a melhor qualidade de vida possível e o
estadiamento da doença. Nesta unidade é elevado o índice de falecimentos, por conseguinte,
torna-se imprescindível a promoção de uma atenção específica e contínua ao enfermo e à sua
família, evitando uma morte com muito sofrimento (SILVA et.al., 2013, p.2597 a). E é neste
contexto que se observa a importância da implantação dos cuidados paliativos na UTI, com
protocolos que possam servir de guia para a equipe multiprofissional e assim favorecendo a
uma melhor qualidade nos atendimentos (SILVA et.al., 2013, p.2602 a).
De acordo com Silva et.al. (2013, p.139 b) trabalhar com o paciente terminal é muito difícil
pelos vários fatores emocionais, estressantes e frustrantes envolvidos neste processo. De
acordo com Kappaun e Gomez (2013, p.2555-2556) “a média mensal de afastamentos para
tratamento da própria saúde é de 31 profissionais, por um período aproximado de 12 dias, o
que corresponde a quase 369 dias não trabalhados pela equipe, por mês. Situação que
comprova a necessidade de cuidados a saúde dos profissionais que atuam na prática paliativa.
Para que o trabalho seja realizado com competência e eficácia, é fundamental que cada
profissional estabeleça um conceito claro de doença terminal que embase a sua atuação
profissional. Segundo Carvalho e Silvério (2006 apud Muller, 2011, p.208)
A doença terminal se caracteriza por algumas situações clinicas precisamente
definidas, as quais podem se relacionar da seguinte forma: presença de uma doença
em fase avançada, progressiva e incurável; falta de possibilidades razoáveis de
4
resposta ao tratamento especifico; presença de numerosos problemas ou sintomas
intensos, múltiplos, multifatoriais e alternantes; grande impacto emocional (no
paciente e familiar) relacionado a presença ou possibilidade incontestável de morte;
e prognóstico de vida inferior a seis meses.
A dor é o sintoma mais dramático e encontrado na UTI, segundo Silva et.al. (2013, p.2599 a).
“A dor no câncer constitui uma preocupação e torna-se um problema em saúde pública, uma
vez que o gerenciamento destes sintomas e custos traz desgastes desde a esfera física a
financeira”. (FLORENTINO et.al., 2012, p.50) É neste sentido que a fisioterapia atua de
forma a promover analgesia por meio da termoterapia, modalidade que permite vasodilatação,
relaxamento muscular e melhora da circulação local, entretanto é contraindicada sobre áreas
cancerígenas, devido ao risco de disseminação das células tumorais por via linfática e
hematogênica. A eletroterapia também é utilizada por diminuir a percepção da dor. Além da
cinesioterapia com o intuito de manutenção do arco de movimento, condicionamento
cardiovascular, aumento da flexibilidade e ganho de força muscular com consequente redução
dos efeitos deletérios da imobilidade. Todas estas condutas visão uma melhor qualidade de
vida. Uma vez que a função de cuidar não é curar e sim proporcionar ao enfermo momentos
especiais e dignos, com controle dos sintomas (FLORENTINO et.al., 2012, p.52-55).
Entretanto, os profissionais, priorizam a cura, e quando não conseguem alcança-la se sentem
impotentes e esquecem dos cuidados (SILVA; SUDIGURSKY, 2008, p. 507).
É comum a ocorrência de complicações respiratórias nos pacientes terminais, por ficarem
acamados por tempo prolongado. Uma delas é a Atelectasia caracterizada pelo fechamento
parcial ou total dos alvéolos, podendo levar a hipoxemia, aumento de secreção e
consequentemente dispneia que ocorre em 45% a 70% dos pacientes com câncer avançado.
Quando esta sensação subjetiva de falta de ar é severa resultando em queda da saturação para
menos de 85% em ar ambiente, durante o repouso, a fisioterapia pode atuar na administração
de oxigênio suplementar e na realização de técnicas de expansão pulmonar por meio da
ventilação não-invasiva com pressão positiva intermitente (VNPPI), CPAP (pressão positiva
contínua) ou BiPAP, afim de promover conforto ao paciente. Nos casos de complicações
obstrutivas, a fisioterapia adota medidas que facilitem a remoção de secreção como: tosse
assistida, percussão, Huffing e instrumentos como o Flutter que promove uma oscilação
expiratória e redução da viscoelasticidade do muco quando utilizado de forma sequencial por
4 semanas (MARCUCCI, 2005, p.73 e MAZZONE, 2009).
5
Esta revisão bibliográfica teve como objetivos identificar quais as condutas adotadas pelo
fisioterapeuta durante os cuidados paliativos de pacientes oncológicos da unidade de terapia
intensiva e descrever como estas medidas irão repercutir em uma melhor qualidade de vida
aos mesmos.
Trata-se de uma revisão bibliográfica exploratória, do tipo qualitativa, onde foram utilizadas
as bases de dados Lilacs, Scielo, Medline. Na busca inicial foram considerados os títulos e os
resumos dos artigos para a seleção ampla de prováveis trabalhos de interesse, utilizando-se
como palavras chave os termos cuidados paliativos, fisioterapia em cuidados paliativos,
fisioterapia oncológica e qualidade de vida. Em seguida foram selecionados os que atendiam
aos critérios de inclusão: artigos publicados nos últimos 10 anos, na língua portuguesa e
inglesa que abordavam as condutas fisioterápicas adotadas durante os cuidados paliativos de
pacientes oncológicos da unidade de terapia intensiva e a repercussão na qualidade de vida.
Ao final, todos os artigos foram organizados em um quadro no qual consta dados de
identificação dos mesmos e uma síntese sobre cada um. Os dados foram analisados com
confrontos de ideias em relação as conformidades e discordâncias, utilizando o Microsoft
Office Word 2007.
6
2 DESENVOLVIMENTO
Quadro comparativo com o intuito de comparar a opinião dos autores e tentar esclarecer quais
são as condutas adotadas pela equipe de fisioterapia durante os cuidados paliativos de
pacientes oncológicos situados na unidade de terapia intensiva (UTI).
AUTOR ANO METODOLOGIA RESULTADOS CONCLUSÃO
Kappaun NRC;
Gomez CM.
2013 Estudo do tipo
qualitativo, com
base em observa-
ção participante e
entrevistas indivi-
duais semiestrutu-
radas com profis-
sionais do setor de
internação hospi-
talar da unidade de
cuidados paliati-
vos, Hospital do
Câncer IV – HC
IV, do Instituto
Nacional de Câncer
José Alencar
Gomes da Silva –
INCA do Rio de
Janeiro
Grande parte dos
profissionais en-
trevistados rela-
taram dificuldade
em atuar com cui-
dados paliativos
por não terem ti-
do uma formação
prévia para atuar
nesta área. Outros
tópicos relevantes
questionados fo-
ram com relação a
necessidade de re-
dução da jornada
de trabalho, pois o
desgaste pelos
profissionais fo-
ram observados
pelo alto índice de
licenças. Além do
trabalho em equi-
pe que foi ressal-
tado como essen-
cial para que as
necessidades do
paciente e da fa-
mília sejam me-
lhor atendidas.
Os autores con-
cluíram que parte
dos profissionais
desconhecem da
filosofia e das
práticas de cuida-
dos paliativos até
chegarem nesta
unidade. Isto pelo
fato de conside-
rarem a morte um
tabu e também
pelo tema não ser
abordado durante
a formação pro-
fissional. Os au-
tores concluíram
também que os
profissionais que
atuam com cui-
dados paliativos
também precisam
ser cuidados.
Silva CG; Cota
LI; Vieira
RO;Arrazão VD;
Cyrino LAR.
2013 Trata-se de uma
pesquisa bibliográ-
fica exploratória,do
tipo qualitativa.
Inicialmente são
expostos alguns
conceitos de
“paciente terminal”
e a problematiza-
ção do tema, que
sustentam uma
discussão impor-
tante para entender
Não é possível
uma discussão
clara a respeito da
morte em si, uma
vez que as pesso-
as que passaram
pela experiência
de morrer não nos
podem relatá-la, e
como resultado
disso, as formas
de tratamento em
relação ao pacien-
Com este artigo,
pôde-se compre-
ender os papéis
dos sujeitos que
lidam diretamente
com a real presen-
ça da morte, co-
mo ela sendo o
resultado final de
seu trabalho. Para
alguns profissio-
nais da saúde,
principalmente
7
o assunto com cla-
reza e cientificida-
de. Em seguida são
apresentados tam-
bém alguns méto-
dos bastante dis-
cutidos e questio-
nados na área de
saúde como a euta-
násia e a distanásia,
sem deixar de a-
bordar durante todo
o trabalho a parte
do paciente termi-
nal, “sujeito” cen-
tral de todo o pro-
cesso.
te terminal ainda
não alcançou o
consenso. Para os
médicos a morte é
considerada como
falta de compe-
tência. Trabalhar
com o paciente
terminal é com-
plicado pelos vá-
rios fatores emo-
cionais, estressan-
tes e frustrantes
envolvidos. Para
que o trabalho se-
ja aplicado com
maior competên-
cia, é necessário
que cada profis-
sional tenha um
conceito claro de
doença terminal
formado que em-
base sua atuação.
aqueles treinados
para evitá-la e
revertê-la, isso
pode ser demasi-
adamente frus-
trante e desani-
mador.
Silva CS; Souza
DM; Pedreira
LC; Santos MR;
Faustino TN.
2013 Trata-se de uma
pesquisa explora
tório-descritiva,
com abordagem
qualitativa, reali-
zada com 14 pro-
fissionais de saúde
de um hospital pú-
blico de ensino.
Como critérios de
inclusão: atuar na
assistência direta
ao paciente; ser
profissional do
quadro fixo de fun-
cionários da UTI
ou ser residente em
atividade de está-
gio/trabalho na
unidade durante o
período da coleta.
Excluíram-se da
pesquisa: médicos
assistentes dos pa-
cientes internados
na UTI e profissio-
nais em período de
férias ou em afas-
Na assistência ao
paciente terminal,
a importância de
priorizar o confor-
to foi destacada
pelos entrevista-
dos; entretanto a
assistência multi-
profissional não é
estendida ao nú-
cleo familiar. Fi-
cou explícito na
fala dos entrevis-
tados a mecani-
zação da assis-
tência e a ênfase
nos cuidados hi-
giênicos e estéti-
cos, em detri-
mento da assis-
tência psicológi-
ca, espiritual e
social ao binômio
indivíduo/família.
Observou-se tam-
bém uma dificul-
dade por parte dos
profissionais em
Face aos resulta-
dos da pesquisa,
concluiu-se que
torna-se neces-
sário a elabora-
ção de uma polí-
tica nacional que
respalde o cuida-
do ao paciente
crítico em CP
com a ampliação
das discussões
sobre a temática
no cenário da
medicina intensi-
va, envolvendo o
paciente/ família
equipe e a promo-
ção da educação
continuada dos
profissionais
intensivistas so-
bre integralidade,
comunicação e
terminalidade. A
criação de proto-
colos assisten-
ciais contribuirá
8
tamento na fase em
que os dados foram
coletados. A coleta
ocorreu entre feve-
reiro e abril de
2012, através de
entrevista semi
estruturada e da
técnica de observa-
ção não participan-
te.
se atingir um con-
senso em relação
à instituição dos
cuidados paliati-
vos. Constatou-se
que os profissio-
nais de saúde pos-
suem muitas dú-
vidas em relação
à terapêutica a ser
mantida nos paci-
entes em que os
CP foram institu-
ídos pelos mes-
mos.
para direcionar os
cuidados a serem
executados, bus-
cando dirimir o
sofrimento do
paciente em fase
terminal e de sua
família, promo-
vendo uma morte
digna e tranquila.
Florentino D M;
Sousa F R. A;
Maiworn A I;
Carvalho A C A;
Silva K.M.
2012 Trata-se de uma
pesquisa bibliográ-
fica exploratória.
A fisioterapia atua
na prevenção de
complicações, se
jam estas da esfe-
ra osteomioarticu-
lar, respiratória, e
por desuso, que
causem danos fí-
sicos e funciona-
is ao indivíduo a-
través de orienta-
ções domiciliares,
diagnóstico e in-
tervenção preco-
ce, por meio de
condutas que fa-
vorecam a melho-
ria da qualidade
de vida e a redu-
cão tanto dos cus-
tos pessoais quan-
to hospitalares. A-
lém de atuar no a-
lívio da dor, na
reabilitação das
complicações lin-
fáticas, cardiopul-
monar e neuro-
funcional.
Os autores con-
cluíram que para
o alivio da dor
por meios não far-
macológicos é
preciso que a e-
quipe multidis-
ciplinar tenha um
olhar atento quan-
to as ações pesso-
ais e de recursos
utilizados. Os
profissionais de-
vem ter cautela
para que não haja
uso em excesso
e/ou inadequado
de recursos, e sim
o que se faz perti-
nente frente as
necessidades do
paciente; visando
a qualidade de
vida. A termote-
rapia, eletrotera-
pia, cinesiotera-
pia, massagem e o
uso de órteses são
procedimentos
cuja utilização
tem se mostrado
benéfica ao paci-
ente com câncer
avancado.
Lopes ATD 2012 Revisão sistemá-
tica da literatura,
O estudo apresen-
tou como resulta-
O intuito deste
trabalho foi defi-
9
onde a busca foi
feita nas bases de
dados da internet,
com restrição do
período de 2002 a
2011, sem restri-
ções de idiomas.
do que a posição
sentada aumenta
os volumes pul-
monares e dimi-
nui o trabalho res-
piratório, prono
melhora a ventila-
ção/perfusão e a
capacidade resi-
dual funcional e
as laterais auxili-
am na mobiliza-
ção de secreção.
A mobilização de
membros superio-
res mantém am-
plitude de movi-
mento, força mus-
cular e previne
encurtamentos.
Tosse assistida
mostrou-se efici-
ente na remoção
de secreção, a
VNI e a oxigeno-
terapia na redução
do trabalho respi-
ratório. Sendo que
em casos de insu-
ficiência respira-
tória opta-se pela
VNI. E a deambu-
lação com respi-
rações profundas
favoreceu a reex-
pansão pulmonar.
nir o câncer, os
cuidados palia-
tivos, mostrar a
equipe de profis-
sionais que atuam
nesta área, como
estes paciente se
apresentam, mos-
trar a atuação da
fisioterapia nos
cuidados paliati-
vos, os benefícios
dos recursos fi-
sioterapêuticos
utilizados e cons-
tatar a escassez de
estudos que abor-
dem este tema.
Muller AM;
Scortegagna D;
Mousalle LD
2011 O presente estudo
caracteriza-se por
um paradigma qua-
litativo, tipo estu-
do de caso, em que
as informações fo-
ram colhidas atra-
vés de uma entre-
vista semiestrutu-
rada. A pesquisa
foi composta por
14 colaboradores
entre profissionais
e acadêmicos de fi-
sioterapia que aten-
dem pacientes on-
Os entrevistados
revelaram que o
trabalho com pa-
cientes oncológi-
cos em fase termi-
nal, não é nada
tranquilo podendo
gerar estresse.
Percebeu-se nos
relatos que o tem-
po de formação e
experiência são os
principais respon-
sáveis por ajudar
o profissional nes-
sas situações. Mu-
Concluiu-se com
este estudo que a
relacao fisiotera-
peuta/paciente vai
muito além do cu-
idado técnico e
trata muito mais
do que a condição
física do pacien-
te, permitindo que
o mesmo se sinta
importante, queri-
do e não abando-
nado.
10
cológicos terminais
em um hospital de
Porto Alegre. O ro-
teiro da entrevista
foi organizado com
questões abertas e
dissertativas. Todas
as entrevistas fo-
ram transcritas,
posteriormente,
com o objetivo de
facilitar a análise
dos dados obtidos e
submetidas a apre-
ciação, utilizando
o método de análi-
se de conteúdo.
itos dos profissio-
nais relataram que
também é difícil
não criar um vín-
culo com os paci-
entes, pois o tem-
po de convivência
o toque e a situa-
ção auxiliam para
uma relação mais
diferenciada e a-
fetiva. Segundo
os mesmos muitos
pacientes confi-
denciam seus me-
dos, suas angús-
tias.
Ferreira L.L.;
Cavenaghy S.;
Marino L.H.C.
2010 A pesquisa da lite-
ratura foi realizada
nas bases de dados
Medline, LILACS,
Cochrane, Pubmed
e Scielo, no perío-
do de janeiro de
2005 a janeiro de
2010, cruzando os
descritores
electrotherapy, on-
cologic pain,
cancer, physical
therapy,
physiotherapy e
rehabilitation. A
busca foi limitada
nas linguagens
inglesa, espanhola
ou portuguesa, com
estudos realizados
com humanos adul-
tos de 18 anos ou
mais e que foram
publicados nos
últimos cinco anos.
Os autores verifi-
caram que há na
literatura, vários
subsídios que ten-
tam explicar co-
mo o TENS pode
atuar como adju-
vante no controle
da dor oncológi-
ca, porém, con-
cluem que muito
se tem a discutir e
descobrir sobre o
real papel desta
modalidade anal-
gésica uma vez
que a maioria dos
estudos enfatiza
que a dor associa-
da ao câncer é
multifatorial e,
por isso, a grande
dificuldade de en-
contrar compro-
vações científicas
mais concretas
para tal tratamen-
to.
Os recursos ele-
troterapêuticos
têm sido cada vez
mais empregados
no alívio da dor
oncológica. Entre
esses recursos, o
mais utilizado é o
TENS. Além des-
se, um método
mais recente, a
eletroacunputura
tem sido descrita
como coadjuvante
para analgesia nos
pacientes com
câncer. Contudo,
verifica-se a es-
cassez de estudos
sobre o assunto
nos últimos cinco
anos, e, os encon-
trados demons-
tram não haver
um consenso en-
tre os autores so-
bre formas e pa-
râmetros de apli-
cação dos recur-
sos eletroterapêu-
icos no alívio da
dor oncológica, o
que sugere a ne-
11
cessidade de no-
vos estudos.
Borges C.A.M.;
Silveira C.F.;
Lacerda
P.C.M.T.;
Nascimento
M.T.A.
2008 Foi realizado um
estudo transversal,
utilizando uma a-
mostra por conve-
niência de pacien-
tes, fisioterapeutas
e médicos da rede
pública do Gover-
no do Distrito Fe-
deral utilizando
questionários es-
pecíficos com
questões abertas e
fechadas para a co-
leta dos dados. Fo-
ram um total de
119 entrevistados
sendo 30 fisiotera-
peutas, 44 pacien-
tes e 45 médicos.
Todos participaram
voluntariamente
desse projeto e as-
sinaram um termo
de consentimento
livre e esclarecido,
permitindo que os
resultados obtidos
fossem publicados.
Os questionários
foram analisados e
interpretados sepa-
radamente, em três
grupos específicos:
o de fisioterapeu-
tas, médicos e paci-
entes. Os resulta-
dos de cada grupo
foram transforma-
dos em porcenta-
gem. Posterior-
mente, os gráficos
dados foram gera-
dos utilizando o
programa SPSS -
versão 12.0.
Os resultados
monstraram que
86,7% dos fisiote-
rapeutas fizeram
algum tipo de es-
pecialização e
73,3% destes co-
nhecem a fisiote-
rapia oncológica.
Dos 30 entrevista-
dos, 56,7% já a-
tenderam pacien-
tes com câncer na
instituição, 73,3%
alegaram que os
hospitais não ofe-
recem recursos fi-
sioterapêuticos
suficientes para o
tratamento destes
pacientes e 23%
acreditam que a
fisioterapia me-
lhora a qualidade
de vida dos paci-
entes. Com rela-
ção aos médicos,
55,6% conhecem
a atuação da fisio-
terapia nestes pa-
cientes e 51,1%
dos mesmos a
considera neces-
sária para o trata-
mento. Entretan-
to s 46,7% dos
médicos encami-
nham os pacientes
para fisioterapia.
Entre os 44 paci-
entes enrevista-
dos, 54,5% sabem
o que é fisiotera-
pia e 63,6% que
são encaminhados
afirmaram que a
fisioterapia pode
contribuir no
tratamento.
O presente estudo
constatou a reali-
dade do serviçode
fisioterapia on-
cológica nos hos-
pitais públicos do
Distrito Federal.
Os métodos de a-
valiação e os re-
cursos utilizados
pelos fisiotera-
peutas nesses hos-
pitais são diver-
gentes, tendo em
vista não existir
ainda um padrão
para tratamento
de pacientes on-
cológicos. Cons-
tatou-se, por fim,
que os médicos
não encaminham
pacientes com
câncer para trata-
mento com os fi-
sioterapeutas pela
falta desse serviço
nos hospitais e
pelo próprio des-
conhecimento dos
benefícios propor-
cionados por essa
terapia. Ademais,
os pacientes on-
cológicos reco-
nhecem que o tra-
tamento fisiote-
rapêutico pode
contribuir para a
melhora de seu
quadro clínico
geral.
12
Silva EP;
Sudgursky D
2008 Trata-se de uma
pesquisa biblio-
gráfica em que fo-
ram utilizadas as
bases de dados
online Lilacs,
Scielo, BDENF.
Na busca inicial
foram considera-
dos os títulos e os
resumos dos arti-
gos para a seleção
ampla de prováveis
trabalhos de inte-
resse, utilizando-se
como palavras cha-
ve os termos cui-
dados paliativos,
doente terminal,
assistência termi-
nal e assistência
paliativa. Foram
utilizados como
critério de inclu-
são os textos na-
cionais que abor-
davam os princí-
pios dos cuidados
paliativos, publica-
dos entre 2000 e
2006. Ao final,
foram selecionados
47 artigos.
Dos 47 artigos se-
lecionados, 7 fo-
ram publicados
em 2006, 8 em
2005, 7 em 2004,
14 em 2003, 5 em
2002, 4 em 2001
e 2 em 2000, a-
pontando um
crescente interes-
se pela temática
cuidados paliati-
vos, uma vez que
houve predomi-
nância nos 4 úl-
timos anos, prin-
cipalmente no ano
de 2003. As con-
cepções de cu-
idados paliativos
encontrado em to-
dos os artigos fo-
ram: qualidade de
vida, abordagem
humanística e va-
lorização da vida,
controle e alívio
da dor e dos de-
mais sintomas,
questões éticas, a-
bordagem multi-
disciplinar, mor-
rer como processo
natural, a priori-
dade do cuidado
sobre a cura, a co-
municação, a es-
piritualidade e o
apoio no luto.
Com base nos
artigos selecio-
nados foi pos-
sível verificar a
importância dos
cuidados paliati-
vos no atendi-
mento de pacien-
tes fora de possi-
bilidade de cura,
onde o processo
de cuidar é priori-
tário ao de tratar.
Foi enfatizado no
trabalho a aborda-
gem humanística,
pautada na valori-
zação da vida e
no entendimento
da morte como
condição natural,
centrada no indi-
víduo e família,
tendo um caráter
multidisciplinar,
no sentido de con-
trolar e aliviar,
não somente o
sofrimento físico
mas o psicosso-
cial e espiritual do
indivíduo, afim de
se alcançar um
trabalho integral,
guiado pelos prin-
cípios éticos dos
direitos humanos.
O Brasil ainda ca-
rece de estrutura
física e humana
que atenda esta
demanda por cui-
dados paliativos.
Pena R., Barbosa
L.A., Ishikawa
N.M.
2007 Foi realizada uma
revisão não siste-
mática da literatu-
ra. Utilizou-se ar-
tigos, livros e tra-
balhos monográ-
ficos dos anos de
1975 a 2007, atra-
vés da utilização
Na literatura revi-
sada, foram en-
contrados subsí-
dios que tentam
explicar como o
TENS pode atuar
como adjuvante
no controle da dor
oncológica. A e-
Apesar de exis-
tirem vários re-
latos na literatura,
que encorajem a
utilização do
TENS, como um
método terapêu-
tico para alívio da
dor causada pelo
13
das bases de dados
na Internet, das bi-
bliotecas do Insti-
tuto Nacional de
Câncer e da Uni-
versidade Federal
do Rio de Janeiro.
Foram utilizadas as
palavras-chave
TENS, oncology
pain, câncer,
physiotherapy,
transcutaneous
electrical nerve
stimulation.
fetividade terá-
pêutica do TENS
no alívio da dor
tem sido susten-
tada por vários es-
tudos clínicos.
Contudo, tam-
bém, existe um
número conside-
rável de estudos
que não mostra-
ram benefícios
com a aplicação
do TENS.
câncer, entre os
autores isso ainda
não é um consen-
so. Portanto faz-
se necessário a
realização de
mais estudos con-
trolados e compa-
rativos, utilizando
o TENS como te-
rapêutica isolada
ou complementar
para alívio da dor
em oncologia.
Marcucci FCI 2005 Foi realizada a
captação de publi-
blicações, em lín-
gua portuguesa,
espanhola e ingle-
sa, relacionados
aos temas Cuida-
dos Paliativos, Fi-
sioterapia e Onco-
logia através de
bancos de dados
científicos eletrôni-
cos (MEDLINE,
Scielo, Lilacs,
OVID, Cochrane,
Science Direct),
sites de organiza-
ções ou instituições
voltadas à pesquisa
ou ao atendimento
de pacientes com
câncer e disponí-
veis em instituições
de ensino superior.
A seleção ocorreu
de junho de 2003 a
agosto de 2004.
Os cursos de fisi-
oterapia raramen-
te abordam as ne-
cessidades dos pa-
cientes terminais
e o tema morte,
resultando em
profissinais que se
baseiam somente
em conceitos téc-
nicos e não valo-
rizam os aspectos
humanistas. A fi-
sioterapia conta
com um arsenal
de recursos sendo
que os mais utili-
zados são os mé-
todos analgésicos,
as intervenções
nos sintomas psi-
cofísicos como
depressão e es-
tresse, a atuação
nas complicações
osteomioartiarti-
culares, os recur-
sos para a melho-
ra da fadiga e da
função pulmonar,
o atendimento aos
pacientes neuroló-
gicos e as particu-
laridades do trata-
mento pediátrico.
Conclui-se que os
cuidados paliati-
vos surgiram para
suprir as necessi-
dades dos pacien-
tes sem possibili-
dades terapêuticas
de cura. E é neste
contexto que se
insere a fisiotera-
pia que tem como
objetivo principal
promover melhor
qualidade de vida
ao paciente, esta-
belecendo uma
boa relação com o
mesmo,com a fa-
mília e toda a e-
quipe envolvida.
Para desenvolver
seu trabalho de
forma eficiente e
eficaz o fisiotera-
peuta precisa es-
tabelecer um con-
ceito próprio de
cuidados paliati-e
também tem que
saber lidar com os
momentos de óbi-
to.
14
Dos 22 artigos pesquisados foram selecionados 10 artigos da base de dados scielo, lilacs,
bireme, do portal medline, 1 do site do Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da
Silva e 1 da Revista Presciência por aderirem aos objetivos do estudo. Destes, 4 foram
incluídos por explorarem bem sobre os cuidados paliativos, sendo que um ainda deu ênfase ao
paliativismo na unidade de terapia intensiva que é o local de estudo da nossa pesquisa, 2 por
abordarem com relação a atuação do fisioterapeuta nos cuidados paliativos e 6 por relatarem
quais as condutas utilizadas pela fisioterapia em pacientes oncológicos. Os demais foram
excluídos pois não atenderam aos critérios de inclusão. Após uma síntese dos artigos,
podemos perceber que todos os autores enfatizaram que o principal objetivo da fisioterapia
nos cuidados paliativos é promover uma melhor qualidade de vida ao paciente, minimizando
os sintomas, em especial a dor. E é neste contexto que o fisioterapeuta que detém de métodos
e recursos exclusivos da sua profissão irão atuar. Entre as principais indicações:
No alívio da dor
Segundo Ferreira et. al. (2010, p.340)
A dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável, a qual é
descrita em termo de lesões teciduais, reais ou potenciais, considerada
por muitos autores, como o quinto sinal vital, sendo a dor oncológica
contribuinte para o sofrimento em diversas dimensões: física,
psicológica, social, espiritual e financeira. Ela constitui o sintoma
dominante na maioria dos pacientes com neoplasia. Atinge 50% no
curso da doença, podendo estar presente em até 90% nas fases
avançadas.
Este sintoma de acordo com Florentino et.al. (2012, p.51) pode estar relacionado direta ou
indiretamente ao tumor primário, ou a metástase, as intervenções terapêuticas ou até mesmo
aos procedimentos/exames realizados para investigação do quadro. Nesta situação a
fisioterapia poderá atuar de forma a promover analgesia ao paciente por meio de vários
recursos terapêuticos como: eletroterapia (TENS), terapia manual, cinesioterapia, crioterapia,
termoterapia, alongamento e massagem. Entretanto a eletroterapia no alívio da dor oncológica
é o recurso fisioterapêutico que vem sendo mais utilizado e discutido entre os autores quanto
as formas e parâmetros de aplicação, pois ainda não se tem um consenso estabelecido.
Segundo Florentino et.al. (2012, p.530) o efeito analgésico da eletroestimulação, ocorre pelas
15
endorfinas que são liberadas no corpo para que se liguem a receptores específicos no sistema
nervoso central e periférico, diminuindo a percepção da dor e as respostas nociceptivas.
No estudo realizado por Borges et.al. (2008, p.336) apenas 2,8% dos 30 fisioterapeutas
entrevistados utilizaram crioterapia e estimulação elétrica nervosa transcutânea como recursos
fisioterapêuticos para o tratamento de pacientes oncológicos. Entretanto Florentino et.al.
(2012, p.53) relataram que a estimulação elétrica transcutânea (TENS) é bastante utilizada
pela fisioterapia por ser uma técnica que favorece ao alívio da dor de forma simples e não
invasiva. Em concordância Ferreira et.al. (2010, p.340) referiram em sua pesquisa que a
eletroestimulação vem sendo utilizada desde o Egito antigo por ser uma terapia não invasiva,
de custo acessível, que não provoca efeitos colaterais, com pouquíssimas contra indicações e
que induz a analgesia prolongada. Entretanto na mesma pesquisa os autores também
enfatizaram que poucos são os estudos controlados que abordam a eficácia dos recursos
fisioterapêuticos no controle da dor oncológica, por isso, não existem evidências cientificas
suficientes para recomendar ou rejeitar a utilização destes recursos no controle da dor de
pacientes com câncer. Em consonância Pena et.al (2007, p.198) concluíram que apesar de
existirem relatos na literatura, que encorajem a utilização do TENS, como um método para o
alívio da dor oncológica, entre os autores isso ainda não é um consenso.
.
No alívio dos sintomas psicofísicos
Segundo Marcucci (2005, p.71) “O estresse e a depressão podem ser um agente agravador de
uma série de doenças, todas elas relacionadas de alguma forma à ativação excessiva e
prolongada do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.” A fisioterapia neste caso, poderá realizar
alongamentos, técnicas de terapia manual e estimular a prática de atividade física que
conforme o autor traz humor e bem estar ao ser humano, sendo também benéfica ao sistema
imunológico. Concordando com Marcucci, Silva et. al. (2013, p.2600) observaram em sua
pesquisa que os profissionais entrevistados direcionaram a concepção de conforto
exclusivamente à esfera física do indivíduo não levando em consideração os aspectos
psicológicos, espirituais e sociais no cuidado ao paciente crítico terminal. Em contrapartida
Florentino destaca em seu estudo a importância do estreitamento da relação
profissional/paciente, pois gera mais segurança ao doente em relação ao fisioterapeuta e com
isso diminui a sensação de abandono. Em concordância Muller et al. (2011,p.211) relata que
criar um vínculo e partilhar com o paciente seus sentimentos, ansiedades e angústias,
16
mostrando que se preocupa com o que ele está sentindo, é o diferencial no cuidado prestado,
sendo um simples gesto, um toque, um olhar, um sorriso carinhoso formas de expressar
interesse pelo outro. Pois de nada adianta ser um profissional eficiente se não se permite um
cuidado mais pessoal.
Nas complicações oteomioarticulares
É comum que com o avançar da patologia, a condição física e psicológica dos pacientes vá se
deteriorando fazendo com que o mesmo se sinta desestimulado para realizar qualquer tipo de
atividade, permanecendo no leito por tempo prolongado, contribuindo assim para o
desenvolvimento da Síndrome do Desuso. Esta síndrome é caracterizada por fraqueza
muscular, falta de condicionamento cardiovascular, padrão respiratório superficial, e
alterações posturais.
Segundo Marcucci (2005, p.71) “especialmente para os casos de câncer, o desuso pode ser
agravado tanto pela quimioterapia ou radioterapia quanto por metástases ósseas, gerando
osteopenia e osteoporose. Fraturas patológicas ocorrem entre 8 a 30% em pacientes com
metástases, sendo o fêmur o osso mais acometido. “E é neste contexto que de acordo com
Florentino et.al. (2012, p.55) a fisioterapia irá atuar por meio da realização da cinesioterapia,
técnica esta que utiliza os movimentos como forma de tratamento, com o intuito de
proporcionar maior mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e resistência a fadiga. Em
concordância Lopes (2012, p.9) enfatiza a importância da mobilização, para manter as
amplitudes normais e o corpo em boas condições. Complementando Florentino e Lopes,
Marcucci (2005, p.71) traz em seu estudo não só a importância da manutenção da amplitude
de movimento mas também o ganho de força muscular por meio da utilização de pesos leves
ou moderados para os principais grupos musculares e a realização de atividades com descarga
de peso.
Nas complicações Cardiopulmonares
Devido ao tempo prolongado no leito, os pacientes oncológicos terminais tendem a
desenvolver complicações pulmonares. De acordo com Bassani et.al. (2008,p.206) “a
insuficiência respiratória aguda (IRpA) é uma das principais indicações de internação nas
unidades de terapia intensivas (UTI).” A ocorrência desta complicação é comumente vista
17
pelos profissionais da saúde que lidam com pacientes oncológicos, principalmente em fase
avançada.
Segundo Marcucci (2005,p.63), Bassani et.al. (2008, p.208) e Lopes et.al.(2012,p.45) o
sintoma mais frequente nos pacientes com neoplasia é a dispneia, caracterizada por uma
sensação incômoda de falta de ar. Conforme Marcucci (2005,p.73) “este sintoma pode ser
decorrente de alterações no parênquima pulmonar ou redução da trama vascular com aumento
do espaço morto como resultado de quimioterapia, de excesso de secreção,
descondicionamento físico.” Neste contexto a fisioterapia poderá atuar de forma a promover a
melhora da oxigenação, da expansibilidade torácica e do desconforto respiratório, por meio de
medidas como posicionamento no leito, oxigenoterapia, drenagem postural, percussão, tosse
assistida, terapia de higiene brônquica, deambulação, ventilação mecânica não-invasiva
(VMNI), ou quando necessário a ventilação mecânica invasiva (VMI).
De acordo com Marcucci (2005, p.73) quando associado a sensação de dispneia houver queda
da saturação para menos de 85% em ar ambiente, durante o repouso, a oxigenoterapia é
indicada, podendo também utilizar outros recursos como ventilação não-invasiva por pressão
positiva intermitente (VNPPI), CPAP (pressão positiva contínua) ou BiPAP (pressão positiva
com níveis alternados). Em consonância Lopes (2012, p.48) relatou em seu estudo que o um
dos recursos fisioterápicos utilizado no tratamento de complicações pulmonares em pacientes
sob cuidados paliativos é a oxigenoterapia, por proporcionar atividade ciliar, redução da
viscosidade da secreção, do broncoespasmo, do espaço morto e do trabalho respiratório com
consequente melhora da dispneia, dos volumes pulmonares e da capacidade residual
funcional. Entretanto o autor referiu que nos casos em que o paciente é colaborativo e
apresenta fadiga da musculatura respiratória ou insuficiência respiratória aguda/crônica a
indicação é de VMNI. Corrobando com os achados encontrados no estudo de Lopes, Bassani
relatou que de acordo com o “II Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica o suporte
ventilatório não-invasivo deve ser parte da abordagem inicial ao tratamento da insuficiência
respiratória aguda e crônica agudizada de diversas etiologias.” Além de ter descrito que talvez
a maior vantagem da VMNI, esteja na possibilidade de oferecer alívio e conforto ao paciente
sem a necessidade da intubação traqueal, preservando no final da vida o direito individual de
cada um expressar suas vontades e anseios.
.
18
Bassani et. al. (2008, p.206) e Marcucci (2005, p.73) também relataram a importância do
posicionamento corporal como forma de tratamento. Marcucci (2005, p.73) ainda descreveu
que a posição sentada aumenta os volumes pulmonares e diminui o trabalho respiratório, a
postura em prono aumenta a capacidade residual funcional e a relação ventilação/perfusão, ao
passo que as posições laterais, aumentam a ventilação e a mobilização de secreção pela ajuda
da gravidade.
De acordo com Marcucci (2005, p.73) a fisioterapia poderá atuar também em complicações
obstrutivas por meio da realização de medidas como: percussão torácica, drenagem postural,
manobras respiratórias como tosse assistida ou até mesmo pela utilização de um instrumento
conhecido como flutter que irá promover uma oscilação expiratória, facilitando a remoção de
secreção.
19
PHYSICAL THERAPY PROCEDURES ADOPTED DURING THE
PALLIATIVE CARE OF CANCER PATIENTS IN THE INTENSIVE CARE UNIT
AND THE IMPACT ON QUALITY OF LIFE
ABSTRACT
The country experienced a high incidence of cancer. The estimate for 2014 shows the
occurrence of approximately 576 000 new cases and the associated need for hospice
care. However the aim of this study was to identify what are the approaches adopted
by physiotherapy during the palliative care of cancer patients found in the intensive
care unit and how these measures will impact on the quality of life. This is an
exploratory literature review, the qualitative type. Having Inclusion criteria: articles
published in the last 10 years in English and Portuguese and adhering to the objectives
of the work. Were selected and analyzed 12 articles, by which it was revealed that the
therapist may act mainly on pain relief through the use of various resources such as
electrical stimulation, which has lately been the most widely adopted, although few
studies to prove their effectiveness in cancer pain. You can also work in relieving
psychophysical symptoms and prevention of musculoskeletal and cardiovascular
complications. However physiotherapists do not yet possess outstanding knowledge
regarding palliative care, which implies a lack of consensus regarding the optimal
approach to be adopted, resulting in nonstandard and deficient care. For this reason the
importance of lectures, in order to answer questions, so that the professional will
establish its own concept of paliativism and from there develop treatment protocols
within the closed units in order that the service is standardized and satisfactory
favoring a better quality of life.
Keywords: Palliative Care. Oncology Physiotherapy. Physiotherapy in Palliative Care.
Quality of Life.
20
3 CONCLUSÃO
Após análise sistemática dos artigos selecionados, concluímos que o fisioterapeuta tem um
papel extremamente importante durante os cuidados paliativos de pacientes oncológicos
encontrados na unidade de terapia intensiva. O mesmo poderá atuar no alívio da dor e dos
sintomas psicofísicos, na prevenção de complicações osteomioarticulares, linfáticas e
cardiopulmonares e na orientação a família. Todas as condutas visando sempre a minimização
dos sintomas, o conforto e consequentemente uma melhor qualidade de vida. Entretanto os
fisioterapeutas ainda não possuem um conhecimento notório quanto aos cuidados paliativos, o
que implica em uma falta de consenso entre os mesmos quanto a melhor conduta a ser
adotada ao paciente oncológico terminal, resultando em atendimentos não padronizados e
deficitários. Por este motivo a importância de palestras e eventos, com o intuito de explicar e
esclarecer sobre a temática, para que o profissional venha a estabelecer o seu próprio conceito
de cuidados paliativos e a partir daí desenvolva protocolos de atendimento dentro da unidade
de terapia intensiva afim de que o serviço prestado seja uniformizado, atendendo todas as
necessidades do paciente e assim favorecendo a uma melhor qualidade de vida.
21
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