Conflitos étnicos na ásia

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Conflitos Étnicos na Ásia

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• Os conflitos étnicos acontecem por diferenças de religião, nacionalidade e por questões políticas. No continente asiático podemos encontrar 60% da população mundial, numa mistura de várias etnias.

• Por isso, os conflitos étnicos são comuns nessa região.

• Nas duas últimas décadas do século XX, alguns conflitos étnico-nacionalistas destacaram-se pelo grande número de pessoas envolvidas e a violência empregada.

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Paquistão

As minorias étnico-religiosas que vivem no Paquistão são objeto de discriminação por parte dos muçulmanos - a

imensa maioria da população.

Os urdus (povo de origem indiana), em especial, têm

protestado contra a discriminação de que são

vítimas em relação a empregos, vagas nas universidades, cargos

políticos etc. Desde a década de 1970, violentos choques entre urdus e muçulmanos

vêm ocorrendo no Paquistão.

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Sri Lanka

No Sri Lanka há um forte movimento separatista

representado pela minoria tâmil. Os tâmeis concentram-se

principalmente na península de Jafna, norte do país.

Um importante movimento guerrilheiro de origem tâmil vem lutando, desde 1983, contra o exército do Sri Lanka, obtendo significativas vitórias na parte

norte da ilha. Esse fato - juntamente com a atuação da

Índia, favorável ao separatismo tâmil - vem provocando no governo do Sri Lanka uma disposição de negociar e

conceder a autonomia a esse povo, criando assim a pátria tâmil.

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Oriente Médio

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O domínio que o Império Turco-Otomano exercia sobre boa parte do Oriente Médio, o qual prevaleceu até a Primeira Guerra Mundial, foi praticamente

substituído pela ocupação inglesa e francesa, que se prolongou até a década de 1940. Durante esse último período, ocorreu um processo de grande fragmentação territorial dessa região. Após essa década, os ingleses e

franceses foram afastados do Oriente Médio, consolidando o processo de independência de vários países e favorecendo a criação do Estado de Israel,

em 1948.A independência desses países não significou o fim dos conflitos na região.

Ao contrário, após a Segunda Guerra Mundial, o Oriente Médio transformou-se no principal foco de tensão mundial em função da criação do Estado de Israel; dos interesses econômicos e estratégicos das grande potências pelo

controle das jazidas de petróleo; das disputas internas pelo poder numa região marcada por regimes autoritários; dos conflitos religiosos; e das más

condições de vida da maioria da população. A herança da Guerra Fria é outro importante fator da instabilidade e de intensificação dos conflitos. Durante esse período, os Estados Unidos e a URSS armaram exércitos e grupos de oposição, fortalecendo ditaduras e

grupos terroristas. Atualmente, parcela significativa das vendas de armamentos dos Estados Unidos destina-se a países do Oriente Médio.

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GUERRAS ENTRE ISRAEL E OS

PAÍSES ÁRABES

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A região da Palestina é o território histórico de dois povos: judeus e palestinos. Os judeus ocuparam a região há mais de 4 mil anos, mas

se espalharam pelo mundo devido à repressão sofrida durante o Império Romano. Os palestinos são formados por uma mistura de

povos, como filisteus (que ocupavam a Faixa de Gaza), cananeus (que habitavam a Cisjordânia) e árabes, os quais impuseram sua cultura,

tradição e a religião islâmica. Os palestinos habitaram a região por um período contínuo de cerca de dois mil anos.

A partir do final do século XIX, com a criação da Organização Sionista Mundial (1897), cuja sede fica na Suíça, o movimento sionista

começou a organizar a migração de judeus à Palestina, visando a formação de uma pátria judaica. Na primeira metade do século XX, o aumento da população judaica na região, estimulado pela compra de

terras e pelo estabelecimento de diversas colônias, foi contínuo e relativamente pacífico.

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No entanto, depois da Primeira Guerra Mundial, quando os britânicos, que passaram a controlar a região, cogitaram a criação

de um Estado judaico (Declaração de Balfour), essa migração tornou-se bastante conflituosa. O secretário das relações exteriores

britânico, Arthur Balfour, encorajava a colonização Palestina por judeus e apoiava o estabelecimento de um "lar nacional judaico na

Palestina", o qual teria proteção britânica.A perseguição e o massacre imposto aos judeus pelos nazistas, na

Segunda Guerra Mundial, foi fundamental para o apoio internacional à formação do Estado de Israel, em 1948. A divisão do

território da Palestina entre judeus e palestinos, já fazia parte de acordos firmados entre Estados Unidos, Reino Unido e URSS. Em

1947, a ONU aprovou o plano de partilha da Palestina e a criação do Estado de Israel, que ocupava 57% daquele território.

A formação de um Estado judaico no Oriente Médio provocou a reação contrária dos países árabes. Ainda em 1948, Egito, Jordânia,

Líbano e Síria invadiram Israel, dando início à Primeira Guerra Árabe-Israelense (1948-1949).

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A questão Palestina

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Nos conflitos ocorridos após a criação do Estado de Israel, os palestinos foram bastante prejudicados. Na partilha estabelecida

pela ONU, eles ficaram com 43% das terras da região. Após a Primeira Guerra Árabe-Israelense, transformaram-se em uma nação

sem território. As guerras envolvendo árabes e israelenses expulsaram milhares de

palestinos de suas terras, que se refugiaram em acampamentos no Líbano, na Síria, no Egito e na Jordânia. Desorganizados, espalhados

por diversos países e enfraquecidos militarmente, os palestinos criaram várias organizações terroristas para lutar contra o Estado de

Israel, entre elas a Al Fatah, em 1959, e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em 1964.

No final da década de 1960, a OLP foi reconhecida pela ONU como única e legítima organização representante dos interesses do povo

palestino. Em 1969, Yasser Arafat, palestino nascido no Egito, assumiu a presidência da organização. Até 1987, Arafat utilizava métodos extremistas - atos de terrorismo - para alcançar seus

objetivos. Em 14 de dezembro de 1988, o líder da OLP apresentou um plano de paz na Assembleia Geral da ONU, no qual reconhecia o

Estado de Israel.

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Esse acontecimento marcou o início de uma nova fase para a OLP, que conquistou mais espaço no campo diplomático, passando a negociar com os Estados Unidos e, posteriormente, com Israel. No dia 13 de

setembro de 1993, após dois meses de negociações secretas mediadas pelo governo da Noruega, Arafat e o primeiro-ministro de Israel, Yitzak

Rabin, assinaram um acordo de paz na Casa Branca, Estados Unidos, que ficou conhecido como Acordo de Oslo.

Por esse acordo, a faixa de Gaza e parte da Cisjordânia - incorporadas por Israel, em 1967, na Guerra dos Seis Dias - foram devolvidas aos palestinos e se tornaram regiões autônomas. Foi criada, também, a

Autoridade Nacional Palestina (ANP), entidade liderada por Arafat, com sede em Ramallah, na Cisjordânia. A ANP passou a ser a representação

legal dos palestinos e responsável pela administração dos seus territórios. Em setembro de 1995, um novo acordo estendeu a

autonomia a outras 456 cidades da Cisjordânia.

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RETOMADA E INTENSIFICAÇÃO DOS CONFLITOS

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No final da década de 1990, as negociações entre Israel e a ANP tornaram-se extremamente difíceis. Em 2000, Ariel Sharon, que no ano seguinte seria escolhido primeiro-

ministro de Israel, visitou a Esplanada das Mesquitas (local mais sagrado para os muçulmanos em Jerusalém),

provocando a segunda Intifada. A partir desse acontecimento, instaurou-se uma espiral de violência: de um lado, atentados suicidas fomentados por

grupos radicais palestinos contra israelenses; de outro, retaliações a essas agressões, com ações militares

promovidas pelo exército israelense. Israel colocou o exército dentro da ANP e passou a retaliar todos os

suspeitos de integrar grupos terroristas, promovendo, ao mesmo tempo, ataques à população civil palestina.

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QUARTETO DE MADRI E MAPA DO CAMINHO

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Em 2003, contando com o apoio da ONU, da União Europeia, dos Estados Unidos e da Rússia (Quarteto de Madri), líderes palestinos e judeus reuniram-se na capital espanhola para estabelecer os primeiros

passos na consolidação de um acordo de paz proposto pelos Estados Unidos. Chamado de Mapa

do Caminho, objetivava amenizar o sentimento antiamericano e demonstrar o interesse do governo Bush em buscar uma solução negociada para a crise

no Oriente Médio. O acordo previa, entre outras medidas, a

constituição de um Estado palestino em 2005, cujas fronteiras seriam aquelas existentes até a Guerra dos Seis Dias. Segundo a proposta original, várias etapas deveriam ser cumpridas por judeus e palestinos até

2005, entre elas, na sequência:

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• fim das ações terroristas de organizações palestinas, retirada das tropas israelenses e remoção dos assentamentos judaicos dos territórios palestinos;

• convocação de eleições e elaboração de uma Constituição democrática para o novo Estado palestino, bem como a delimitação de suas fronteiras;

• fortalecimento político e econômico do novo Estado, apoiado por toda a comunidade internacional.

Quarteto Reunido no prédio da ONU em New

York

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Limites às Negociações de

Paz

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Existem ainda outros impasses para se atingir um acordo de paz definitivo entre israelenses e palestinos. Um deles é a cidade de Jerusalém. Israel a declara como capital indivisível do país; já os

palestinos não abrem mão de incorporá-la a um futuro Estado da Palestina. O extremismo de grupos judeus e palestinos, contrários a qualquer processo de negociação, constituem outro obstáculo à

paz na região.

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Em 2006, o Hamas conquistou legitimamente o poder e manteve a posição de não reconhecimento do Estado de Israel e a oposição a qualquer

negociação de paz. Essas circunstâncias isolaram internacionalmente a ANP e determinaram o corte da ajuda financeira proveniente da União Europeia e dos Estados Unidos, quantia correspondente, na época, a cerca de metade de toda a receita da ANP. Além disso, essa situação colocou em confronto

direto os dois principais grupos palestinos da atualidade: o Hamas (que controla a faixa de Gaza) e o Fatah, de Mahmoud Abbas (que controla as

terras palestinas da Cisjordânia). Em 2009, o governo de Binyamin Netanyahu entravou as negociações com a ANP ao permitir a ampliação dos assentamentos judaicos na Cisjordânia, o que inviabiliza a formação de um território palestino contínuo. Israel passou

a admitir a existência de um Estado Palestino desmilitarizado, sem a possibilidade de controle de suas fronteiras, de seu espaço aéreo e sem

capacidade de defesa. O governo de Barack Obama posicionou-se contrário às ações de Netahyahu e, pela primeira vez, os Estados Unidos endossaram a

posição palestina nas negociações, no que diz respeito à interrupção dos assentamentos judaicos.

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A questão Curda

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Outro conflito étnico-nacionalista ao continente asiático é bastante peculiar, pois envolve uma nação

cuja população se encontra distribuída por seis países : Iraque, Armênia, Azerbaijão, Turquia, Síria e

Irã

Trata-se dos Curdos, que constituem a maior nação do

mundo sem Estado, somando mas de 26 milhões de pessoas,

das quais 14 milhões vivem na

Turquia

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Os curdos têm raízes muito remotas no Oriente Médio, na antiga Mesopotâmia. Apesar de serem um povo islâmico, mantêm suas próprias

tradições e costumes, e habitam a região conhecida como Curdistão há mais de 2.600 anos. O movimento separatista curdo sofreu, e sofre

repressão no Iraque e na Turquia.O ex-ditador iraquiano Saddam Hussein (1937 - 2006) ordenou a matança

de milhares de curdos e autorizou, nesse massacre, o uso de armas químicas, após a Guerra do Golfo de 1991. Na guerra dos Estados Unidos contra o Iraque, os curdos colaboraram com a coalizão na luta contra as

tropas iraquianas e conquistaram relativa autonomia nas terras que ocupavam, situadas ao norte do Iraque.

Na Turquia, o ensino da língua curda nas escolas é proibido, assim como a comemoração de suas datas nacionais. A luta pela formação de um

Curdistão independente sempre foi duramente reprimida pelos sucessivos governos turcos. Por outro lado, grupos guerrilheiros ligados ao Partido dos

Trabalhadores Curdos (PKK) promoveram uma série de atentados com o objetivo de desestabilizar o governo e conquistar a independência.

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A guerra civil da Síria

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A Guerra Civil da Síria é um conflito que teve início após uma sucessão de grandes protestos da população a partir do mês de janeiro de 2011. Um mês depois, o tom das manifestações ficou

mais agressivo e elas se tornaram rebeliões armadas influenciadas pelas diversas revoltas que ocorriam ao mesmo

tempo no Oriente Médio: a Primavera Árabe.Poucos esperavam que a Síria se envolvesse nesses

movimentos. No entanto, em Março de 2011, o próprio governo sírio deu o primeiro passo. As forças de segurança abriram fogo contra as pessoas que se reuniram em uma

mesquita em Deraa, cidade do Sul da Síria, onde discutiam a respeito da prisão de jovens que haviam feito pichações de

protesto contra o regime sírio de Bashar al-Assad.O massacre em Deraa desencadeou uma série de manifestações antigoverno por todo país, e em pouco tempo, transformou-se

em uma guerra civil.

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China

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Dos cerca de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes da

China, mais de 90% pertencem à etnia han. No entanto, outras

55 etnias que representam menos de 10% da população total do país ocupam mais da

metade do território, especialmente em regiões que

atingem grandes dimensões nas áreas desérticas e

montanhosas do oeste e norte do país. Em algumas províncias

dessa região, a população original e majoritária considera

o povo chinês um ocupante ilegítimo e luta por sua

independência e autonomia.

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Tibete

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O Tibete é uma vasta região situada a sudoeste do território da China. Apesar de ter constituído um Estado

independente entre 1911 e 1950, a China alega que o Tibete faz parte do seu território desde o século XIII. Os tibetanos afirmam que o domínio chinês na região não foi constante

nem contínuo. No ano posterior à Revolução Socialista de 1949, o Tibete

foi novamente anexado pela China Popular. Antes institucionalizado como Estado teocrático, o Tibete, sob o

domínio chinês, passou por grandes transformações, como a supressão do poder da aristocracia religiosa e civil, a

abolição da servidão rural e da escravidão doméstica e a redistribuição de terras. Além disso, o planalto tibetano e a

cidade de Lhasa, capital dessa província autônoma, receberam um grande contingente de migrantes chineses de

origem han.

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A reação diante da anexação, durante a década de 1950,

colocou em confronto as forças de ocupação e parte da

população tibetana separatista, organizada no Exército de

Defesa da Religião, que atacou a todos que apoiavam a

incorporação do Tibete à China Popular. No entanto, essa reação foi esmagada pelo

exército vermelho de Mao Tsé-Tung. O líder espiritual do

Tibete, o Dalai Lama, exilou-se em 1959, na cidade indiana de

Dharamsala, onde vive até hoje.

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Em 1989, uma onda de movimentos pela democratização do regime chinês foi acompanhada por uma nova revolta de monges budistas e de civis. O governo chinês, além de impor a lei marcial, restringiu a

relativa autonomia religiosa e cultural ainda presente no Tibete. Em 2008, novas manifestações levaram monges e jovens separatistas

às ruas em Lhasa, Drepung, Sera, Gansu e Gamden, locais onde se situam importantes monastérios. Apesar da recomendação do Dalai Lama para que empregassem uma estratégia de luta apoiada na não

violência e centrassem suas reivindicações na autonomia, os rebeldes tibetanos insistiram em sinalizar sua luta pela independência com

ataques a cidadãos civis de origem chinesa e autoridades alinhadas com o governo de Pequim. Mais uma vez, o Estado chinês reprimiu os

manifestantes com violência. Na ocasião, a atenção mundial estava focada na China, em função da Olimpíada ali realizada, fato que ampliou negativamente a repercussão dos acontecimentos e da

repressão ocorridos nessa região autônoma.

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Monge tibetano enfrentando a polícia na cidade de Lhasa - Tibete, em 2008