Confluências Nº 13

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BOLETIM ESCOLAR Confluências (2ª Série) Janeiro / Fevereiro 2011 Confluências Com o apoio do Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal Nesta edição: Scriptomanias Impressões Leituras Acordo Ortográfico Visitas Iniciativas Cinema & Reflexão Teatro & Reflexão Breves pp. 2-3 p. 4 p. 5 p. 6 p. 7 pp. 8-9 p. 10 p. 11 p. 12 A NOVA ESCOLA VAI GANHANDO FORMA. AS OBRAS DE REMODELAÇÃO E DE REQUALIFICAÇÃO SEGUEM DENTRO DE MOMENTOS! Trabalhos de alunos do Cur- so de Artes

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BOLETIM ESCOLAR

Confluências (2ª Série)

Janeiro / Fevereiro

2011

Confluências

Com o apoio do

Grupo

Desportivo

e

Cultural

do

Banco

de

Portugal

Nesta edição:

Scriptomanias Impressões Leituras Acordo Ortográfico Visitas Iniciativas Cinema & Reflexão Teatro & Reflexão Breves

pp. 2-3 p. 4 p. 5 p. 6 p. 7 pp. 8-9 p. 10 p. 11 p. 12

A

NOVA ESCOLA

VAI GANHANDO FORMA.

AS OBRAS DE REMODELAÇÃO E DE REQUALIFICAÇÃO SEGUEM

DENTRO DE MOMENTOS!

Trabalhos de alunos do Cur-so de Artes

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Floresta Citadina Se tem espinhos é rosa Se tem rugas é um cravo Que nasce da prosa Por entre terra de mato. Nunca se vira coisa assim Num feito de habilidade Nascem e crescem por aqui Flores que animam a cidade.

Luísa Vera, 10ºE, in Blogue Poetar…

O meu mundo feito de sonhos Sonhei com um mundo Onde tudo era diferente Onde tudo era profundo Onde tudo era sentido intensamente Imaginei uma vida Uma vida feita apenas de sonhos Tudo era fantasia Tudo era verdadeira amizade vivida Depois de tanto sonhar Acabei por me aperceber Que estava apenas a imaginar

Que eram apenas sonhos a nascer Fiquei então a pensar Porquê tanta crueldade Porque nada pode ser fácil Porque não simplesmente a verdade? Percebi então que Cada vida é uma história Cada momento é uma página Cada pessoa é apenas um criatura inglória

Ana Margarida Fonseca, 10ºE, in Blogue Poetar…

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Confluências

SCRIPTOMANIAS

Ser poeta é…

Que faz a poesia neste velho mundo Senão cantar o amor e a tristeza, A todo o cego, surdo e mudo Se a este lhe cabe tal esperteza. E nada falta a um poeta contudo Desde que tenha pena, tinta e mesa, Para escrever uma obra imensa, Que até o pobre e rico convença. E tal foi o feito deste grande herói A quem faltou merecida recompensa, Mas o amor pela sua pátria corrói A sua grandíloqua obra densa.

E nem el-Rei com seu poder mói, O que a sua alta arte compensa. E por quinze mil réis oferecidos Manteve os portugueses homens unidos Agora é a vez de desconhecidos novos poetas Cantarem os novos e valorosos nossos feitos, Que correspondem a possíveis e alcançáveis metas Que, deixando para traz os sempre queridos deleites, Façam parecer os cupidos e as suas setas Como seres humanos cheios de defeitos. Mas não tenham medo do mundo do engano, Que errar não é anormal é apenas humano.

Tiago Luís Brito, 12ºE, in Blogue Poetar…

Natal pelo Chiado

Foto de A. S.

Título: Confluências

Iniciativa: Departamento de Línguas

(Grupo Disciplinar de Românicas)

Director: António Souto

Coordenação de edição: António Souto e Manuel Gomes

Periodicidade: Trimestral

Impressão: CDCBP

Tiragem: 250 exemplares

Depósito Legal:

Propriedade: Escola Secundária de Camões

Praça José Fontana

1050-129 Lisboa

Telefs. 21 319 03 80 - 21 319 03 87/88

Fax. 21 319 03 81

João Barro

cas, 1

2º D

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Poema que não é Poeta que é sem o ser, que escreve poesia sem o saber, apenas por escrever. Poeta que é sem o ser,

num caderno de rabiscos, pitorescos chuviscos de letras, palavras, apenas por palavrear. Poeta que é sem saber, poeta num momento, palavra que soletra bem lento, apenas por aborrecimento. Pela força de esquecer, escreve o poeta, daquilo que sabe, escreve, mas não exibe. Sofre, apenas por sofrer.

Poeta que somente escreve. Numa mão a caneta, na outra, um pensamento. Poeta sem fama, Poema de passatempo. Assim, E num rascunho somente, um momento de pensamento Numa força de expressão, con-vém: Poeta que não é, Poeta de ninguém.

Gonçalo Gomes, 12ºD, in Blogue Poetar…

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Confluências

SCRIPTOMANIAS

João Barro

cas, 1

2º D

A Carpa aprendeu a voar Carpa, uma das mais belas do mundo, Rainha dos peixes do mar Convocou os peixes lá do fundo Para dela se poder gabar “Tenho as escamas mais brilhantes, Como eu não há outra igual, O meu brilho chega aos locais mais distantes E no seu todo é divinal Majestoso, estonteante Grandioso, ofuscante A maior, a melhor, A mais bela. Não há nada tão bom como eu Os mamíferos não me ata-cam, Pois não sabem nadar. Na água ninguém me toca, Sou a mais rápida do mar.

Só não tenho asas” Mas o brilho chegou tão lon-ge, Que uma gaivota que ia a passar, Ensinou a carpa voar.

Rui Agostinho, 10ºD, in Blogue Poetar…

Blogue interactivo da

Escola Secundária de Camões

lê, escreve, desenha

“pera espertar engenhos

curiosos”

http://poetar-

magazinepoesia.blogspot.com/

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Confluências

IMPRESSÕES

“José e Pilar”

Vi hoje o filme “José e Pilar” que estreou recentemente. Ao que sabia, o filme mostrava um período de tempo na vida deste casal (José Saramago e Pilar del Río). Período, esse, que corresponde ao tempo em que Saramago pensou, escre-veu e publicou a Viagem do Elefante. O filme começa em Lanzarote, ilha que o casal adoptou

como sua e onde plantaram o seu “refúgio e abrigo” de uma sociedade que desprezavam. Nesta mesma ilha, perto do “refúgio” a que chamaram “A Casa”, estavam a construir, na altura, uma biblioteca. Ao longo do filme é acompanhada a obra desta biblioteca e a sua conclusão. José Saramago transmitira-me a ideia de um homem áspe-

ro e amargo, firme na sua posição contra a religião e firme também na defesa dos ideais comunistas. Neste filme, vemos um Saramago apaixonado por Pilar (sua “bengala” física e intelectual na sua velhice lúcida), com sentido de humor, interessado nos pormenores da vida sem, no entanto, alterar a sua posição em relação à morte e à concepção do Universo.

Um José Saramago amável e simpático na relação com os apreciadores da sua obra e muito comunicativo nas conver-sas. Paciente com jornalistas ou simplesmente entrevistado-res cujo nível intelectual está, por vezes, bastante abaixo do seu. Pilar del Río era de facto o que o nome nos diz. Um “pilar

móvel”, apoio indispensável à debilidade física de um homem cujo envelhecimento mental não acompanhou o físico. Não era só um apoio nesta vertente prática da vida, era também sua crítica, sua tradutora, sua adversária em algumas dis-cussões... Fazia tudo isto com a garra, força, ânimo e alegria espontânea típicas da cultura andaluz. Vemos claramente esta forte marca em Pilar e na sua família quando esta se reuniu na terra natal para o enterro da mãe (“Mamã”, como lhe chamava Pilar sorrindo de olhos brilhantes). Não deixan-do nunca de ser a Pilar firme e decidida, julgo poder afirmar que foi uma parte importante de Saramago, não só na ver-tente pessoal (que o filme foca com mais intensidade), como também na literatura.

Manuel Figueira, 11º L

Férias Voluntárias Ao período de férias associa-se o lazer,

o convívio e a descontracção. Todas as minhas férias escolares têm estes ingre-dientes mas, às últimas, acrescentei-lhe outro: voluntariado num lar de idosos da Santa Casa da Misericórdia. Assim, às nove da manhã de um dia

tórrido do mês de Agosto, iniciei o meu primeiro trabalho como voluntária, dominada por muita apreensão e receio, principalmente quando um grande gru-po de idosos, constituído por homens e mulheres, me olhava de alto a baixo com um ar desconfiado e incrédulo. Depois das apresentações, as pergun-

tas sobre a minha identidade e a minha permanência ali faziam eco, entrecruza-das umas nas outras e sem tempo de resposta. Simultaneamente, uma idosa gritava desesperada e pedia que a levassem para casa. E eu, que já me sentia desconfortável, tive vontade de me ir embora. Enquanto as funcionárias me faziam uma visita guiada às instala-ções, todos os que encontrava pelos cor-redores, refeitório e salas me pergunta-vam por que razão estava ali. A minha presença não fazia sentido para os uten-tes nem para as funcionárias, pois, explicaram-me depois, era a primeira vez que tal situação acontecia: uma jovem ir trabalhar durante as férias para aquele lugar pouco apetecível e sem ganhar nada em troca. No entanto, as horas foram passando

e o desconforto inicial suavizou. Não

passou muito tempo até perceber que a minha missão exigia reacção pronta, quando fiquei sozinha perante uma doente com alzeimer que derrubava tudo à sua volta. De imediato entendi que naquele lugar não havia espaço para indecisões. Todo o meu trabalho era aparentemente simples: ajudar todos os que se deslocavam em cadeiras de rodas, acompanhá-los ao centro de saúde, ao banco ou a outra instituição, levá-los à capela ou à missa, organizar torneios, jogar às cartas, ler e escrever cartas para a família, pentear ou pintar as unhas, pôr e levantar a mesa etc. No entanto, nem sempre foi fácil, diria mesmo que por vezes foi até penoso.

A fragilidade física e emocional dos idosos perturbava-me. As lágrimas per-manentes nos seus olhos emocionavam-me e faziam-me sentir impotente para os ajudar. Tentava superar, fingindo uma confiança de como quem sabe o que está a fazer, respondendo às suas dúvi-das com uma certeza inabalável, acal-mando-os com uma segurança aparente e fazendo-os rir como se toda a felicida-de do mundo tivesse sido transportada para ali. Aliás, nessa minha experiên-cia, foi sempre o olhar e o sorriso que mais me emocionaram. Um olhar perdi-do e vazio, de esperança e conforto, de

desilusão e sofrimento, de solidão e abandono; ou um sorriso de cumplicida-de e atrevimento ou de satisfação e de esperança. Na verdade, os meus dias tornavam-se

ambíguos. Tinha dificuldade em descre-ver o meu estado de espírito. Por um lado, o facto de os idosos já me conhece-rem, chamarem por mim, quererem a minha companhia, fazerem centenas de perguntas a meu respeito, fazia-me acreditar na minha utilidade ali e isso enchia-me de uma enorme satisfação. Ficava satisfeita e surpreendida comigo mesma, via, sentia e fazia coisas que nunca tinha imaginado fazer; por outro, a incapacidade de lhes resolver os prin-cipais problemas e angústias, o facto de a minha permanência lhes estar a criar expectativas de companhia para a sua solidão, deixava-me amargurada. Vivi, portanto, momentos que me marcaram e que me fizeram crescer, mas que não estava minimamente preparada para eles. Mas se a experiência pode servir para que a nossa vida possa ser mais previsível, mais cómoda e segura, espe-ro que esta tenha contribuído para isso. Sem dúvida que a velhice é uma

‘época’ sombria, de abandono, de deca-dência, de doença e de solidão. Sem dúvida que há uma certa cultura de exclusão dos idosos, mas é urgente e necessário que a sociedade reconheça o que lhes deve, e que cada um de nós os acolha e valorize.

Margarida Saruga Cardoso, 12º G

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Confluências

LEITURAS

O Ano da morte de Ricardo Reis

Ricardo Reis é o monarca sem rei.

Ricardo Reis é um reflexo de contradi-ções. Ou, pelo menos, é este que nos é dado a conhecer por José Saramago, nesta obra que nos apresenta a até agora desconhecida morte do heteró-nimo de Fernando Pessoa, Ricardo Reis. Não tendo Fernando Pessoa mos-

trado ao mundo o desfecho da vida de Ricardo Reis, Saramago fá-lo por ele e, no final, não resta dúvida, esta é uma obra claramente “Saramaguiana”. Verdade seja dita, o ritmo é muito pausado, e com certeza não agradará àqueles que só se satis-fazem com a constante acção desen-freada, o movimento incessante. É uma descrição, e mal daqueles que não a sabem apreciar. Não é nada disso que se passa aqui, nada desse encavalitar de acções em que o leitor fica cansado só ao tentar acompanhar o frenético movimento da personagem através da escrita (e que quase nunca deixa material para reflexão). A nar-rativa é lenta, e quem nada sabe sobre Ricardo Reis, dificilmente perce-berá algumas subtilezas do humor de Saramago. E para quem o conhece, como pode deixar de largar uma gar-galhada quando a sua musa, Lídia (“Vem sentar-te comigo, Lídia”), nos é apresentada como uma criada, e uma muito promíscua por sinal. Ou quan-do se revolta ao ler no jornal, “Morreu Fernando Pessoa, e com ele Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis…”. Não será isto uma falha? Ora ele está ali mesmo!? O choque e revol-ta da personalidade, que aqui se transforma mesmo em personagem, é absolutamente hilariante, o humor de Saramago é irresistível. Até quando Ricardo Reis se põe a compor quadras em forma de redondilha maior no seu quarto, assim espontaneamente, nada ao seu estilo, demasiado próximo do popular. Agradece-se aqui a solidão da personagem, ou seria esta uma traição à sua escrita e, quanto à ver-gonha, mesmo não a vendo, temos a certeza que lhe está estampada na cara. Mas que se engane quem julga que Reis é assim tão solitário, e nada quer com as paixões, é mais que uma a contradição face às suas tão conheci-das odes, o seu estoicismo, a maldita ataraxia, a sua vida de espectador. Não é só Lídia que lhe vem aquecer o

leito, ou melhor, de facto é a única que efectivamente o faz, mas não lhe é dado acesso exclusivo. Oh! Nada disso! Reis parece carente de afectos, e com tendência para confusas e improváveis paixões. No entanto, aqui, a sua verdadeira paixão é por Marcenda, uma aleijada. E quem esperaria isto de Reis? Não uma, mas duas. Mas esta não o aceita. E deixá-la de lado para não sofrer? Nada disso! Ele até faz uma improvável peregrinação a Fátima, em busca de um vislumbre da sua amada. Pobre Reis, quem diria que eram estes os seus verdadeiros caminhos…Continua a ser o Reis que só vê a palavra deus no plural, ninguém lhe tira isso, mas também não é isto que o afasta desta viagem. Esqueçamos o desenlaçar de mãos, o afastamento do sofrimento, aqui ele dá-se ao máximo a esta pai-xão, mesmo quando não é por comple-to retribuída. E se não se satisfaz com uma, engravida a outra. É aqui que conhecemos a faceta de Pessoa conse-lheiro, que ajuda Reis nas suas dúvi-das, e que, em morte, por vezes parece mais humano que o, por vezes crua-mente insensível, Reis. E, se alguns talvez vivessem destas

subtilezas, Saramago não se fica por aqui. Reis, que julga voltar por causa da morte de Pessoa, que não vê há 16 anos, dá por si a reencontrá-lo. Está morto com certeza, não se trata de nenhuma ressuscitação ou milagre, e se o fosse seria a ironia de Saramago a tentar escapar a qualquer força, por qual-quer aberta. Este fica mais nove meses na Terra, com a possibilidade de ser visto por quem quer pois, tal como estamos nove meses na barrigas das nossas mães a tentar cravar-nos pela primeira vez nas memórias das pessoas à nossa volta, necessitamos também de nove meses para ser esquecidos. E deixemo-nos de ingenuida-des, não é necessário mais do que isto segundo ele. Assim, Reis passeia-se com Pessoa, esta personagem de negro, sem chapéu, sem frio. Um Pessoa com um maior sentido de humor, mais rebelde e atrevido, digamos, que não deixa de conquistar leitores. Ou pelo menos é o que eu digo, porque fui conquistada. Ora sobram sempre coisas para dizer, a vida nunca será suficiente para expressarmos tudo o que queremos, quanto mais se andamos metade dela a tentar escon-der o que pensamos, ocultar o que se nos apresenta como uma verdade indubitável, seja por medo, cobardia, preguiça, insensatez…Palavras não faltam. Qual delas será a verdadeira? Aqui, após a morte, ou durante esta

(sabe-se lá qual é a forma certa!), conhecemos um Pessoa mais desboca-do. O existencialismo está cá à mes-ma, quer por parte de Reis como de Pessoa, mas é de diferente natureza. Não podemos deixar de notar, apesar das atitudes improváveis de Reis, que estes dois estão intimamente ligados e, tal como Pessoa se vai apagando, vamos tendo pistas de que Reis, tal como este, vai passando as mãos ao de leve pela borracha. Assim, Reis morre realmente com Pessoa, também ele desaparece passados nove meses. As teimosias de pouco lhe servem, chega lá sozinho por fim, nada faz ali sem Pessoa, os jornais não estavam assim tão enganados. Mais uma vez, esta é uma obra de

génio de Saramago. Tem um ritmo muito lento, mas vive de ténues iro-nias, uma inimaginada criatividade do autor. Mas, pensando no carpe diem ao estilo de Reis, não faz isto afinal todo o sentido? É claro que Saramago nem sempre cumpre o que se diz nas suas odes, e ainda bem, ou não seria esta uma obra sua, mas algo do verdadeiro Reis teria de estar aqui. Não é isto mais que uma luta de per-sonalidades e contradições dentro da mesma pessoa, é isto que Saramago tenta mostrar. Quantas vezes não se olha ele ao espelho tentando encon-trar algo? Quem sou eu? Ou melhor: Quantos sou? Saramago é fiel, não fere de maneira alguma a obra de

Pessoa, afinal esta é, segundo o pró-prio, a sua melhor obra, ou pelo menos a favorita, se não se dá a este desprendimento de ego. Quem se queixa ainda da pontuação de Sara-mago, é porque tem falta de capacida-de de interpretação. Uma vez tendo

entrado na natureza do autor, não queremos outra coisa, pelo menos da parte dele. Se não tem pontos finais e de exclamação na dose considerada normal, usa muitíssimo bem a vírgu-la. Quem disse que temos de ser todos iguais? Escrever todos da mesma maneira? Não é um livro para ser lido aos soluços, exige concentração e tempo para se entrar no ritmo, não se pode fazer infinitos intervalos, pede ao leitor dedicação, não fosse de outra maneira muito difícil compreender a sequência de páginas e páginas sem qualquer ponto final. Não é falha da escrita, é A escrita de Saramago. Não se pode também esquecer os dados históricos que nos são aqui apresenta-dos em relação à Guerra Civil de Espanha. Nota-se claramente que foi uma época histórica que marcou de alguma forma o autor e, aqui, ele faz-se perceber, mesmo para aqueles que pouco sabem sobre o que realmente ali se passou. No meio de tantas con-tradições de Reis, este não deixa de ter medo, ou pelo menos de se sentir incomodado, quando a vida corre num reboliço. E, tal como foge do Brasil quando se dão ares de guerra ou, pelo menos, da mínima revolta, também aqui se mostra insatisfeito quando vê a guerra espanhola aproximar-se, e o início de algumas revoltas nacionais. Ainda é um homem que quer solidão, intercalada com alguns momentos de paixão mais carnal, como se vê, mas,

ainda assim, é um solitário, que só entrega quase total-mente a sua cabeça a Fer-nando Pessoa. Aliás, fica-mos na dúvida se, na única vez que vai trabalhar na obra, será porque realmente lhe apetece, ou só para não dar muito nas vistas. Por sua vontade e total segui-mento dos instintos, talvez tivesse ficado sentado todo o livro a debater com as suas personalidades, enquanto não vinha Lídia para o ajudar a fazer um intervalo ou outro… Quanto à sua faceta de poeta, dessa pouco fala, revelações só com Pessoa, que não deixa de lado os seus irónicos comen-tários, ou os de Saramago…Qual deles falará aqui?! Em suma, se tinha curiosi-dade em relação ao desfecho que Pessoa teria dado a esta vida, não deixo de sentir uma agradável sensação por ter restado esta oportunida-de a Saramago. No fim, fica uma nostalgia, temos sau-dades destes “companheiros”, caminha-

mos para a leitura da verdadeira poesia de Reis, mesmo que o estoicis-mo de início não nos tenha apelado.

Isa Marques, 12ºC

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Confluências

ACORDO ORTOGRÁFICO

O ACORDO ORTOGRÁ-FICO VEIO PARA

FICAR. É A HORA!

Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011 Diário da República, 1.ª série — N.º 17 — 25 de Janeiro de 2011 (…) 3 — Determinar que o Acordo Ortográfico é aplicável ao sistema educativo no ano lectivo de 2011 -2012, bem como aos respectivos manuais escolares a adoptar para esse ano lectivo e seguintes, cabendo ao membro do Governo responsável pela área da educação definir um calendário e programa específicos de implementação, sem prejuízo do disposto no número seguinte. 4 — Manter a vigência dos manuais escolares já adoptados até que sejam objecto de reim-pressão ou cesse o respectivo período de adopção, previsto no artigo 4.º da Lei n.º 47/2006, de 28 de Agosto, e no artigo 2.º do Decreto- -Lei n.º 261/2007, de 17 de Julho. (…)

As Mudanças Principais

Hífen Com o Acordo Ortográfico, a presen-

ça do hífen em palavras prefixadas torna-se mais restrita e as regras que determinam o seu uso mais sistemáti-cas. De modo geral, em grande parte das situações deixa de se usar hífen em palavras prefixadas. Por exemplo, passa a escrever-se codependente e contraindicação em vez de co-dependente e contra-indicação. Mesmo nos casos em que o segundo elemento da palavra prefixada começa por r ou s deixa de se usar hífen, duplicando-se antes essa letra: antirrevolucionar e não anti-revolucionar, contrassenha e não contra-senha. No entanto, conti-nuam a existir alguns casos em que o hífen é usado em palavras prefixadas: quando a palavra prefixada começa por h (anti-herói) e quando a última letra do prefixo é igual à primeira letra da palavra prefixada (mantém-se contra-ataque, por exemplo) *Existem outras exceções, nomeada-mente as que envolvem as consoantes nasais m e n, que, nos casos em que a sua aglutinação ortográfica implique uma leitura indesejada ou uma viola-ção das restrições contextuais (e.g.

*np) da ortografia do português, conti-nuam a escrever-se com hífen: man-tém-se, pois, circum-navegar e pan-brasileiro. Os prefixos átonos como co-, re-, pre

- ou pro- representam outra exceção, sendo sempre escritos sem hífen, mesmo quando a primeira letra do segundo elemento repete a última do primeiro (por exemplo, nas palavras cooperação e preencher). Há ainda alguns prefixos que levam sempre hífen: ex- (com sentido de anteriorida-de), e prefixos graficamente acentua-dos como pré- e pró-. Em todos os outros casos, as palavras prefixadas não são divididas por hífen. As locuções, quando o eram, deixam

de ser escritas com hífen: fim de semana e não fim-de-semana; cor de vinho e não cor-de-vinho. Do mesmo modo, devem ser escritas sem hífen sequências constituídas pelos advér-bios não ou quase e outra palavra: não alinhado, não fumador, quase dito. Passa a ser obrigatório

(anteriormente opcional) repetir o hífen na linha seguinte nos casos em que a translineação se faz onde exista já um hífen: anti-/-incêndio. As formas monossilábicas de haver

deixam ser ligadas por hífen à prepo-sição de: há de e não há-de. Acento O uso do acento circunflexo ou

agudo nas vogais e e o passa a depen-der da forma como essas vogais são lidas em cada país. Visto que a pro-núncia de palavras como tônico / tónico é diferente no Brasil e nos restantes países, na prática continua a escrever-se da mesma forma: em Portugal, nos PALOP e em Timor continua a escrever-se tónico, no Brasil mantém-se a forma tônico. No entanto, ambas as formas passam a ser legalmente corretas em todos os países, desde que usadas de forma sistemática, sendo a norma de cada país a determinar a forma que deve ser usada no seu espaço geográfico. Algumas palavras que antes

tinham acento gráfico apenas para serem distinguidas de homógrafos (ou seja, de palavras que se escrevem da mesma forma) deixam com o novo acordo de ser acentuadas: assim, escreve-se agora pelo e não pêlo, dei-xando de se distinguir da contração da preposição por com o artigo defini-do o. Da mesma forma, passa a escre-ver-se pela e não péla, para e não pára (imperativo singular do verbo parar). A exceção é a forma verbal pôr, que se mantém diferente da preposição por. A a 1ª pessoa do plural do presente do conjuntivo do verbo dar continua opcionalmente a poder ter a forma dêmos, a par de demos. Segundo as novas regras, os diton-

gos tónicos na penúltima sílaba dei-xam de ser marcados com acento gráfico: assim, palavras como jóia e paranóico passam a escrever-se joia e

paranoico. Esta regra aplica-se tam-bém às palavras com ditongo ei tónico, que no Brasil eram até aqui escritas com acento: idéia e nucléico passam a ser escritas como nos restantes países, ideia e nucleico. As formas verbais de verbos cujo

infinitivo termina em -guar, como desaguar, e em -quar, como adequar, com u acentuado depois de g ou q, deixam de ser marcadas com diacríti-co – adeque e não adeqúe para o con-juntivo presente e o imperativo de adequar. Também desaparecem os acentos gráficos nas vogais tónicas i e u quando são antecedidas de um ditongo: baiúca passa a escrever-se baiuca, saiinha passa a ser a forma correta da palavra que antes se escre-via saiínha. Consoantes Mudas Quando precedem um t, ç ou c, as

letras c e p passam a escrever-se apenas se forem pronunciadas: ação em vez de acção, ótimo por óptimo. Nas sequências mpt, mpc e mpç o m passa a ser escrito n quando o p não se escreve: perentório e não peremptó-rio. Em todos estes casos, quando a consoante é realizada na pronúncia realiza-se também na ortografia: pacto não passa a ser escrito pato. À semelhança do que já sucedia no Brasil, esta regra passa a aplicar-se também em Portugal, nos PALOP e em Timor. Ainda de acordo com a regra ante-

rior, nos casos em que a pronúncia de uma palavra varie quanto à pronún-cia de c ou p, ambas as formas são aceitáveis, sendo a consoante escrita opcionalmente ou de acordo com a pronúncia dominante em cada país. Assim, detectar será aceite no Brasil, mas nos restantes países a norma aconselhará detetar. Da mesma for-ma, deverá poder escrever-se em todos os países caraterística ou carac-terística, refletindo a variação existen-te na oralidade nos espaços em que o português é falado. A primeira letra nas sequências gd,

tm, mn e bt pode também não ser escrita sempre que a forma como a palavra é dita num dado espaço geo-gráfico o permita. Esta regra não vem alterar mais que o estatuto de algu-mas formas, no entanto: a grafia amídala para a palavra amígdala continua a ser possível no Brasil, sendo no entanto desaconselhada nos restantes países, onde o g é sempre pronunciado. Da mesma forma, a palavra omnisciente continuará a escrever-se opcionalmente no Brasil como onisciente, devendo os outros países continuar a usar a primeira. Trema No Brasil, deixa de ser usado o

trema para distinguir as sequências qu e gu em que o u é realizado foneti-camente. Passa a escrever-se sempre

sequência, deixando seqüência de ser possível; da mesma forma, aguentar e não agüentar. Maiúsculas Várias palavras passam a ser escri-

tas com minúscula em vez de maiús-cula: os meses (escreve-se agora janei-ro e não Janeiro), as estações do ano (verão em vez de Verão) e os pontos cardeais (sudoeste em vez de Sudoes-te). Passa a ser opcional o uso da letra

maiúscula em formas de tratamento (professor ou Professor, opcionalmen-te), e logradouros públicos (avenida da Liberdade ou Avenida da Liberda-de, também opcionalmente). Alfabeto As letras k, w e y, que até agora não

eram consideradas parte do alfabeto do português, são agora nele incluí-das. No entanto, o uso destas letras não sofre qualquer mudança, conti-nuando a usar-se apenas em palavras com origem noutras línguas e nas palavras que delas derivam. Letra h A descrição do uso da letra em

início de palavra, como em hotel, é mais detalhada no Acordo Ortográfico de 1990. No entanto, a situação na prática não muda: o h inicial é usado apenas quando existe uma justifica-ção etimológica para isso, mas não quando a escrita sem h já é consagra-da pelo uso. Ou seja, em casos como úmido/húmido, a grafia usada man-tém-se diferente de acordo com o país: continua a escrever-se húmido nos PALOP, Timor e Portugal e úmido no Brasil. http://www.portaldalinguaportuguesa.org/

index.php?action=novoacordo&page=mudanca

No passado dia 5 de janeiro, por iniciativa do Grupo disci-plinar de românicas, a Profª Doutora Margarita Correia (docente da Fac. de Letras da Universidade de Lisboa e investigadora do ILTEC) fez na nossa escola uma clara e proveitosa apresentação das principais alterações decorrentes do novo Acor-do Ortográfico da Língua Portuguesa (aprovado e ratificado em 1991).

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Confluências

VISITAS

25/Novembro/2010 Estou habituada a que

me arranquem os frutos. Isso é normal, e não me dói, pelo contrário, é motivo da minha felici-dade. Delicio-me ao ver os

petizes a beberem do sumo das minhas laran-jas, e os mais velhos, numa corrida para o trabalho, passam por mim para apanhar o que será a sua merenda. Mas hoje, o meu fruto

de contentamento tor-

nou-se fruto de ódio. Cada laranja arrancada dos meus ramos doía-me como nunca antes tinha doído. As crianças que alimentei, cresceram, e parece que se esquece-ram dos momentos aqui passados. Gritos, pessoas magoa-

das e laranjas esmaga-das. Ninguém quis a minha fruta, e sinto-me culpada… Ana Laranjeira,

10º G

Aqui jaz José Saramago que, apesar de ter vivido os últimos anos em Espanha, quis ter a sua última morada no país que o viu nascer.

Aqui jaz Fernando Pessoa, apesar de continuar sentado na esplanada d’ A Brasileira.

José Lemos, 10º G

Alunos e Professores de Inglês visitam o USS Enterprise No passado dia 28 de Janeiro, 50 feli-zardos e merecedores alunos de Inglês, acompanhados pelas docentes Ângela Lopes, Emília Paco (a responsável pela organização da visita), Isabel Carreira, Rita Evangelista, Sandra Viegas, Tere-sa Almeida e Teresa Palma, tiveram a oportunidade, quem sabe única na vida, de visitar o porta-aviões norte-americano USS Enterprise. A visita foi bastante completa, todos puderam tirar fotografias, fazer perguntas e conhecer /

sentir a «vida» do navio; ultrapassou, em muito, todas as expectativas, e tanto os alunos como as docentes considera-ram a experiência extremamente positi-va.

Sandra Viegas, Professora A palavra aos alunos: «Uma experiência inesquecível! Não só

por termos estado num porta-aviões americano, como também pela compa-nhia e por ter feito novas e espectacula-res amizades. Nunca esquecerei este dia!» Shabbir, 1ºN

«Uma experiência única, um sonho realizado, a oportunidade de interagir com falantes nativos.» Alionne, 1ºO «Uma oportunidade única e diferente

que me permitiu ter a real percepção de como é a vida num porta-aviões; um dos aspectos que mais me impressionou foi a quantidade de tripulantes do navio.» Ana Barrisco, 10ºH «Gostei de toda a visita. É tal e qual

como na televisão!» Vitazilaide, 10ºH «Sobretudo, uma oportunidade que não

se repete todos os dias.» Carla, 11ºQ «Recomendo vivamente visitar o Enter-prise.» Pedro, 10ºF

Por terras de Constância e de Azinhaga… (Português, 10º A, B, G, I, J, M)

Os alunos de Português do 10º ano, dos professores António Souto e Manuela Fonseca, deslocaram-se no passado dia 25 de Novembro a Constância e a Azi-nhaga. Uma visita ao Horto de Camões e uma deambulação pela Vila (passando pela Casa-Memória de Camões) preencheram a manhã. No regresso, e depois do almoço, uma visita ao pólo da Fundação Saramago. Em ambos os

locais, uma apre-sentação pertinente e um simpático acolhimento. Uma palavra de

gratidão à Drª Ana Maria Dias (foto, Jardim-Horto de Camões) e a Ana Hughes (Fundação José Saramago).

Foto de A. S.

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Confluências

INICIATIVAS

A Companhia de Dança Luís Damas apresentou no Auditório Camões, na tarde do dia 10 de Fevereiro, o Programa Retrospectiva. Intervaladas pela exibição de dois videodanças (premiados em Portugal e no

estrangeiro), o público presente (alunos na sua maioria) teve oportunidade de assistir ao vivo a algumas coreografias de Luís Damas brilhantemente executadas por Danie-la Morais (na foto). O espectáculo teve a assistência técnica de João Lacueva (no som e operação de

vídeo), de José Alvega ( nas luzes) e de Conceição Besteiro (no apoio ao palco).

Os alunos de Português para Todos (PPT), com o auxílio das suas professoras (Madalena Contente e Isabel Martinez), num verdadeiro espírito de aprendizagem intercultural, revelaram as suas tradições de Natal e de Ano Novo. Uma mostra que

esteve patente no átrio da Biblio-teca durante a Quadra natalícia.

A Propósito No momento em que (na perspectiva

de obras próximas futuras no edifício da escola) os núcleos histórico-patrimoniais do «Lyceu Camões» (depositados nos Gabinetes das Artes, Ciências, Biblioteca, Museu e Arquivo) começam a ser rigorosamen-te tratados para o seu armazenamento enquanto durarem as referidas obras (quiçá até 2013), importa aqui lembrar (como referência para todos nós) a qua-lidade excepcional do trabalho da Profª Maria Leonor Borralho na selecção, apresentação e descrição dos testemu-nhos materiais / documentais dos refe-ridos Museu e Gabinetes que integra-ram a exposição O Lyceu Camões na 1ª República, e que a escola pôde fruir na primeira quinzena de Outubro p.p..

Prof. José Vasconcellos

Uma Iniciativa do Diário de Notícias "Faz o teu jornal!" É o grande desafio que o MEDIALAB coloca aos jovens que o visitam. No

entanto, uma visita ao MEDIALAB vai muito mais longe. Os participantes são recebidos na galeria do DN, para uma breve visita guiada ao histórico edifício onde nasceu há 145 anos o grande matutino da capital. De seguida, num moderno auditó- rio, tomam contacto com a história do jornal, assistindo a um curto filme, e é-lhes explicado como vai decorrer a ses-são. As sessões e work- shops, com programas específicos e diferencia- dos, conforme se desti-nam a alunos e profes- sores ou a famílias, têm lugar nas instalações do MEDIALAB, que ocupa espaço próprio, e onde é facultado o aces-so a todo o material necessário, com o apoio de monitores especiali- zados. É aí que se vai, por fim, concretizar o aliciante convite: “Faz o teu jornal!” Alunos de várias turmas da Escola Secundária de Camões deslocaram-se

já, acompanhados por professores de Português, à sede do Diário de Notícias (no cimo da Av. da Liberdade) para participar nesta iniciativa. Fazer uma primeira página: redigindo a notícia, criando um título, selec-

cionando uma imagem… Uma descoberta, da teoria à prática!

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Confluências

INICIATIVAS

Uma conferência diferente Na passada 3ª feira, 1 de Feverei-ro de 2011, a Escola Secundária de Camões recebeu no Auditório o professor José Paulo Viana que proferiu, no âmbito das Aplicações Matemáticas, uma conferência subordinada ao tema «Alguns Números Pela Vida Fora

(incluindo um Porco Fardado de Almirante)». De forma cativante, professor João Paulo Viana abordou

temas como o ππππ (Pi), o crescimento exponencial, e o célebre episódio de dois porcos vestidos de Almirante, como sátira à situação política do início dos anos 70. Uma conferência que se estendeu por 90 minutos, e na qual

cerca de 200 alunos aprenderam mais sobre a Matemática e suas aplicações a situações bem concretas, mostrando assim que nem sempre esta ciência é aborrecida.

André David, 11º A

Sex and beauty are inseparable, like life and consciousness. And the intelligence

which goes with sex and beauty, and arises out of sex and beauty, is intuition. by

David Herbert Lawrence

THINK-THANK on ‘Sex and Affection’ On the 17th November THE ENGLISH THINK

TANK carried out a debate on the theme “Sex and Af-fection”. At 10:15 in the old library of Lyceu Camões, a group of students gathered for the first time in this year. Questions were raised such as: • Does love exist or is it only an endocrine response? • Should polygamy be legal or not? • Is it possible to be romantically in love with two persons at the same time?

• Does jealousy destroy a relationship? • Are homosexuals still afraid to come out of the closet because they feel left out or has it become fashionable?

Those questions are mainly examples of what was

discussed throughout the session. Though there were many different opinions and

much controversy, interesting points were made. With-out reaching a common ground, the debate ended leav-ing most questions open.

Gonçalo Feteira Mariana Azevedo

Susana Nascimento (12ºJ)

Internet Segura? Cuidado!

8 de Fevereiro (Auditório Camões) — no âmbito do Dia

Internacio-nal da I n t e r n e t S e g u r a , d e c o r r e u um Semi-n á r i o S e g u r a -net.

Programa: 13:45– Recepção aos participantes. 14:00 – Sessão de Abertura. Alexandra Mar-ques, Directora Geral da DGIDC; Graça Simões, da UMIC (Agência para a Sociedade do Conhecimento); João Pires, Director da Escola Secundária de Camões 14:30 – Safety on a Living Internet, palestra de Anne Collier, ConnectySafely.org 15:30 – Apresentação dos resultados do Estudo “EU Kids Online 2 (2009-2011) Conhecer melhor os usos, riscos e segurança online das crianças europeias”, por Cristina Ponte, da Universidade Nova de Lisboa 16:00 – Intervalo. 16:30 – Jogos e ambientes virtuais na Educa-ção – Potencialidades e riscos Intervenientes: Moderador, Carlos Cacha-do, DGIDC; Luís Pereira, Universidade do

Minho; Pedro Vitória professor na Escola Secundária Leal da Câmara; Miguel Gomes, aluno do Agrupamento de Escolas Padre Abílio Mendes e Tiago Lessa, aluno da Esco-la Básica Integrada Quinta de Marrocos. 17:30 – Encerramento: José Vítor Pedroso, DGIDC.

“O Teatro de Gil Vicente” Uma aula aberta, pelo Prof. Doutor José Camões

Dia 9 de Fevereiro, a Biblioteca da escola encheu-se para, na segunda “aula aberta” do ano, ouvir falar de Gil Vicente e do seu teatro. Uma apresentação que permitiu enquadrar o autor no seu tempo (nos reinados de D. Manuel e de D. João III) e dar a conhecer o modo como ele se movimentava com relativa faci-

lidade no ambiente da corte. Os alunos, atentos e comprazidos, aprende-ram do labor de Vicente e do papel implacável da Inquisição. (foto: Prof. Doutor José Camões, ao centro, ladeado pelo director da escola e pela professora Cristina Duarte)

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Confluências

Cinema & Reflexão

Para assinalar o Dia Internacional do Deficiente, que se comemorou no passado dia 03 de Dezembro, a Unidade Especializada de Apoio Educativo (UEAE) promoveu uma sessão de cinema no Auditório Camões. A iniciativa contou com o apoio de vários professores. Esti-veram presentes alunos das turmas de Área de Projecto de Cinema, do 1º ano de Informática de Gestão e de outras turmas de 10º ano. O filme exibido foi I am Sam, de Jessie Nelson, em que o actor Sean Penn desempenha o

papel principal. Este filme conta o drama de um homem que sofre de uma Perturbação do Espectro do Autismo e que, por isso, perde a custódia da filha. Várias pessoas, incluindo uma advogada, vão apoiá-lo. Para escreverem este argumento, os autores fizeram uma pesquisa numa instituição da especialidade. O filme não tem

pretensões intelectuais, é apenas uma história humanista que pretende alertar para os preconceitos e lutar contra a insen-sibilidade. No entanto, coloca ao espectador um verdadeiro dilema moral. Os alunos presentes mostraram-se bastante interessados no filme, apesar de um incidente desagradável ter impedido o

seu visionamento até ao fim! Drª Graça C. da Silva (UEAE)

I Am Sam Quando o Amor vence a Razão

O filme I Am Sam não reproduz nada que um espectador

ainda não tenha visto, contudo não deixou de me comover e sensibilizar.

Este filme demonstra que, na maioria dos casos, o amor puro e autêntico de um pai é mais importante para a felicida-de e o desenvolvimento de uma criança, do que a sua capaci-dade mental. É preferível um pai presente e dedicado, com algumas limitações, do que um pai ausente e desinteressado, com grandes habilitações – eis a mensagem de I Am Sam. Podemos verificar esta ideia contrastando a personagem de Lucy, filha de Sam, uma criança perfeitamente saudável e feliz, com o filho de Rita (uma advogada de prestígio), que tem comportamentos agressivos e se sente posto de parte pelos pais.

Quanto a mim, este filme funciona na perfeição, pois con-seguiu fazer com que eu permanecesse sempre do lado de Sam, e quisesse que Lucy ficasse com o seu pai. Se não tives-se visto este filme, defenderia que alguém com um atraso de desen-volvimento não tinha quaisquer capacidades cogni-tivas para criar uma criança, ape-sar de todo amor que lhe pudesse oferecer.

A parte do fil-

me que mais me emocionou foi quando Lucy está a ler e finge que não consegue decifrar uma palavra, a mesma que Sam não conseguira ler. Esta atitude, demonstra que Lucy tem noção das limitações do seu pai, mas para não o inferiorizar, recusa-se a aprender mais. Contudo, é de notar que, apesar de todas as limitações de Sam, este apercebe-se do “plano” da sua filha, obrigando-a a ler a tal palavra.

Sam consegue também ensinar à sua advogada que, a felicidade da vida se encontra na simplicidade e na autentici-dade das coisas e que o trabalho nunca se deve pôr à frente do amor, caso contrário viveremos amargurados para o resto das nossas vidas.

Neste filme, os movimentos da câmara têm um papel fun-damental para que os espectadores “entrem” na história. A câmara é subjectiva e adopta o ponto de vista de Sam, pois quando este se encontra confuso, a imagem começa a girar.

Recomendo a todos que vejam I Am Sam, pois leva-nos a reflectir um pouco sobre as nossas próprias vidas e ensinam-nos que qualquer pessoa com uma deficiência, tem a mesma (ou maior) capacidade de sentir e amar do que uma pessoa

normal. Os actores que participaram neste fil-me estiveram magníficos, destacando-se, na minha opinião, Sean Penn e Dakota Fanning. Apesar de tudo, continuo a achar que este é um filme com uma história já um pouco “gasta” e com um final demasiado previsível. Atribuo a I Am Sam quatro estrelas.

Mafalda Januário, 12º L • “How can we be so…” • “different”. • Your teacher give you a really hard book this time.

Ficha técnica Título em português: A Força do Amor País de origem: USA Ano de realização: 2001 Estúdio: Warner Brothers Realizador: Jessie Nelson Argumento: Kristine Johnson, Jessie Nelson Duração: 132 minutos Actores principais: Sean Penn, Michelle Pfeiffe, Dakota Fanning

Sinopse

I Am Sam é a história de um homem com um atraso de desenvol-

vimento, que é abandonado pela mãe da sua filha, logo após esta nascer. Com a mentalidade de uma criança de sete anos, mas com um amor incondicional pela sua filha, tentará demonstrar ao tribu-nal que é capaz de dar uma educação propícia a Lucy e que, por vezes, A Força do Amor supera qualquer obstáculo.

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Confluências

Teatro & Reflexão

Dia 8 de Outubro – os Cursos EFA foram ao Teatro Aberto, a convite desta companhia, para assistir a um Ensaio Geral com Público desta peça de Brecht. Uma peça que permite tratar várias temáticas comuns aos Cursos EFA, como “Urbanismo e Mobilidade”, “Direitos e Deveres Laborais” e “Liberdade e Respon-sabilidade Pessoal”. No dia 13, encontraram-se com a especialista em tea-

tro e em tradução Vera San Payo de Lemos, na Sala de Geografia, para discutirem a acção, a encenação e a dramaturgia. A organização esteve a cargo das Professoras Ana

Cotrim e Maria de Deus Duarte, com a colaboração dos colegas Mediadores EFA Rosário Caetano, Cristina Carvalho, Ana Miranda, Dulce Silva, Teresa Almeida e Wilson Brígido. Os alunos, como se lê abaixo, gostaram!

EFA ESCOLAR_ B/C “Humor inteligente, críticas discretas. Soberbo! Jovem e interessante!” “Para Grandes Males, Grandes Remédios.” “Experiência enriquecedora! Uma comédia inteligente. O Puntila é o Maior. Adequado aos nossos tempos.” “Uma Grande Iniciativa do Liceu Camões. Espero que se repita. Adorei a peça, uma comédia inteligente e dinâmica.” EFA ESCOLAR_ A “Original. Divertida. Credível”. “Confrontos de poder entre ricos e pobres.”

“Originalidade da cenografia e um argumento espectacular que fala da divisão de classes. É como o amor, é muitas vezes mais profundo do que realmente pensamos quando sóbrios ou bêbados.” EFA Técnico de Agência de Viagens e Transportes “Adorei a peça! Até deu vontade de participar. Para isto, só uma palavra… Maravilhoso.” “Diferente. Gostei da Actuação” “Parabéns a todos os actores! A peça foi fantástica, me diverti imenso. Adorei!” “Comovente.” EFA Técnico de Apoio à Gestão “A peça é por si excelente. Nela há, na minha opinião, dois mundos: a burguesia e o povo. O senhor Puntila, patrão, tem dois lados: o bom, quando bêbado; o mau – áspero, bru-to –, quando sóbrio. Matti é o confidente dos boémios. É homem do povo.” “Uma primeira parte excelente, viva de emoções, sentimen-tos e de grande representação. Encenação, música e guarda-roupa em grande êxito. Segunda parte espectacular. Todos de parabéns. Bons momentos, grandes actores. Bem hajam!” EFA Técnico de Informática de Sistemas “ Adorei o teatro. Diverti-me imenso. A peça está bem mon-tada e os actores interpretam muito bem. Mas o que mais me chamou a atenção foi a forma como a peça indirecta-mente nos mostra como a bebida acaba com a amizade entre o senhor Puntila e o seu criado Matti. Quando, no final, ele está sóbrio, fica desesperado, gritando pelo Matti.”

“O Senhor Puntila e o seu Criado Matti”

Versão João Lourenço | Vera San Payo de Lemos Dramaturgia Vera San Payo de Lemos

Encenação e realização vídeo João Lourenço

TEATRO NAS CAVES O GTESC (Grupo de Teatro da Escola Secundária de Camões),

sob a orientação da sua encenadora, a professora Maria Clara Melo da Silva, levou a palco o drama estático em um quadro, O Mari-nheiro, escrito por Fernando Pessoa em apenas dois dias, de 12 para 13 de Outubro de 1913. Esta iniciativa envolveu a participação de alguns professores

(Ana Enes, Graça Gomes e Filipe Gonçalves) e alunos (Alexandra Torres e Filipa Pedroso) que integram o actual grupo de teatro da escola. Foi assim que Fernando Pessoa e as suas sempre sábias e misteriosas palavras estiveram presentes antes do jantar de Natal que decorreu no dia 20 de Dezembro nas caves da nossa escola.

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Confluências

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Confluências Envia os teus trabalhos para: [email protected]

Com o generoso apoio do

Grupo Desportivo e Cultural do Banco de Portugal

ESCOLA SECUNDÁRIA DE CAMÕES

http://www.escamoes.pt

BE/CRE

http://esccamoes.blogspot.com/

Ao professor Lino das Neves, ao funcionário José Alvega e a todos quantos cola-boraram com a cedência de fotos e trabalhos para este Boletim, uma palavra de

agradecimento.

BR

EV

ES

Passaram à reforma, ao fim de duas décadas e meia ao serviço nesta escola, a D. Margarida

Morais Martins (em funções no SASE), no final de Agosto de 2010,

e a D. Fernanda Lacueva (ao serviço no Pavi-lhão Prof. Moniz

Pereira), em Setembro de 2010.

Para ambas, a gratidão da escola e o desejo de um

longo e “bem” ocu-pado futuro!

Aulas abertas 2011 (Biblioteca)

5 de Janeiro — Uma aula magistral sobre “As cró-nicas de Fernão Lopes”, pela Profª Doutora Teresa Amado (foto, ao centro), da Fac. de Letras da Uni-versidade de Lisboa. Uma iniciativa das Professoras Cristina Duarte e Lurdes Marcelino para os seus alunos de Literatura Portuguesa (mas aberta a toda a comunidade escolar). 9 de Fevereiro — Uma segunda aula, igualmen-te cativante, sobre o “Teatro de Gil Vicente”, pelo Prof. Doutor José Camões (ver p. 9).

Uma dinâmica de causar inveja! Três iniciativas num espaço de uma semana, todas diversas, todas merecedoras de destaque. A exibição de um filme de fundo literário — Conversa Acabada, de João Botelho —, com a presença do realizador (27 de Janeiro); um Concerto Aberto, em directo para a Antena 2 (28 de Janeiro); uma conferência sobre a magia da matemática — ver p. 9 —, pelo Prof. José Paulo Viana (1 de Fevereiro). A Escola Secundária de Camões no seu melhor! Os cartazes (em baixo), da autoria do Prof. Lino das Neves, sublinham o cunho artístico!

Natal pelo Rossio

Foto de A. S.