Confluências - Revista de Tradução Científica e Técnica, 3

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Novembro 2005 ISSN 1645-9350 N.º 3 A Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa no Mundo Tradução, Mercado e Profissão no Brasil Tradução Técnica em Timor-Leste Primeiro Relatório de Um Inquérito a Fornecedores de Serviços de Tradução Científica e Técnica de Inglês para Português Europeu O Uso de Corpus Customizado como Fonte de Pesquisa para Tradutores Entrevista a Vivina Almeida Carreira de Campos FIGUEIREDO Esfera Armilar (Padrão dos Descobrimentos, Lisboa, Portugal)

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Confluências - Revista de Tradução Científica e Técnica, Issue 1: "A tradução científica e técnica em língua portuguesa no mundo", November 2005. Contents/Indice: - Rosário DURÃO, Editorial - Heloisa Gonçalves BARBOSA, Tradução, Mercado e Profissão no Brasil - Hermínio DR, Tradução Técnica em Timor-Leste - Rosário DURÃO, Primeiro Relatório de Um Inquérito a Fornecedores de Serviços de Tradução Científica e Técnica de Inglês para Português europeu - Ana Julia PERROTTI-GARCIA, O Uso de Corpus Customizado como Fonte de Pesquisa para Tradutores - Entrevista a Vivina Almeida Carreira de Campos FIGUEIREDO, Docente e Tradutora - Edite PRADA, Os Dicionários da Língua Portuguesa - Gabriela M. SANTOS-GOMES, A Língua Portuguesa e os Termos Técnicos e Conceitos Próprios das Ciências Biológicas - Paulo Ivo TEIXEIRA, Uma Nota sobre Tradução Científica e Técnica em Portugal - João Roque DIAS, Bear with me! Apoios, Chumaceiras e Rolamentos (algumas notas para eliminar confusões) - Jorge CRUZ, Terminologia Básica em Cirurgia Vascular - Vicky HARTNACK, Glossário: Moagens - Watermills - Rosário DURÃO, «VIII Seminário de Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa, 2005 – Tradução e Inovação» - Ana Rita REMÍGIO e Ana Cláudia CASTRO, «II Jornadas de Tradução e Terminologia (em Biologia Molecular)» - Idalina Natália Ferreira GOMES, MSc in Scientiic, Technical and Medical Translation with Translation Technology (MScTrans) – Imperial College London

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Novembro 2005

ISSN 1645-9350

N.º 3

A Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa no Mundo

Tradução, Mercado e Profissão no Brasil

Tradução Técnica em Timor-Leste

Primeiro Relatório de Um Inquérito a Fornecedores de Serviços de Tradução Científica e Técnica de Inglês para Português Europeu

O Uso de Corpus Customizado como Fonte de Pesquisa para Tradutores

Entrevista a Vivina Almeida Carreira de Campos FIGUEIREDO

Esfera Armilar (Padrão dos Descobrimentos, Lisboa, Portugal)

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A CONFLUÊNCIAS – Revista de Tradução Científica e Técnica é uma revista independente e transdisciplinar que tem por objectivo reunir estudiosos, tradutores, especialistas, clientes e outros profissionais que trabalham com a tradução nas áreas das Ciências Exactas e Naturais, Engenharias e Tecnologias, Ciências da Saúde, Ciências Jurídicas, Economia e Localização de e para a língua portuguesa em toda a sua diversidade.

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© CONFLUÊNCAS – Revista de Tradução Científica e Técnica.

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Editorial ....................................................................................................................................................... 3 Artigos e Comunicações:

Tradução e Localização

Heloisa Gonçalves BARBOSA Tradução, Mercado e Profissão no Brasil............................................................................... 6

Hermínio DR Tradução Técnica em Timor-Leste ........................................................................................... 25

Rosário DURÃO Primeiro Relatório de Um Inquérito a Fornecedores de Serviços de Tradução

Científica e Técnica de Inglês para Português europeu ................................................... 29

Terminologia e Lexicologia Ana Julia PERROTTI-GARCIA

O Uso de Corpus Customizado como Fonte de Pesquisa para Tradutores ............... 62 Entrevista

Entrevista a Vivina Almeida Carreira de Campos FIGUEIREDO, Docente e Tradutora .................................................................................................................................... 80

Notas e Apontamentos

Edite PRADA Os Dicionários da Língua Portuguesa ................................................................................... 87

Gabriela M. SANTOS-GOMES A Língua Portuguesa e os Termos Técnicos e Conceitos Próprios das Ciências

Biológicas ...................................................................................................................................... 90 Paulo Ivo TEIXEIRA

Uma Nota sobre Tradução Científica e Técnica em Portugal ........................................ 93 Glossários

João Roque DIAS Bear with me! Apoios, Chumaceiras e Rolamentos (algumas notas para eliminar

confusões) ...................................................................................................................................... 96 Jorge CRUZ

Terminologia Básica em Cirurgia Vascular ......................................................................... 120 Vicky HARTNACK

Glossário: Moagens - Watermills .......................................................................................... 125 Relatórios de Eventos e Actividades

Rosário DURÃO «VIII Seminário de Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa, 2005 –

Tradução e Inovação» ................................................................................................................ 132Ana Rita REMÍGIO e Ana Cláudia CASTRO

«II Jornadas de Tradução e Terminologia (em Biologia Molecular)» ............................ 134 Formação

Idalina Natália Ferreira GOMES MSc in Scienti ic, Technical and Medical Translation with Translation

Technology (MScTrans) – Imperial College London .......................................................... 136f

Notas sobre os Autores .......................................................................................................................... 141

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Todos os dias, mais de 200 milhões de pessoas utilizam a Língua Portuguesa em todo o planeta. O Português é uma das línguas mais disseminadas pelo mundo, sendo falada, hoje em dia, em todos os continentes.

Segundo dados da UNESCO, na viragem do século, havia 187 milhões de falantes de Português na América do Sul (o Brasileiro é a língua mais falada no continente sul-americano), 17 milhões em África (onde o Português se afigura como uma língua importante), 12 milhões na Europa (Portugal tem pouco mais de dez milhões de habitantes), 2 milhões na América do Norte e 610 mil na Ásia. Também na Oceânia se encontram falantes do Português (quase 50 mil).

É a língua oficial de oito países independentes, Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-leste (ao lado do Tétum), e da Região Administrativa Especial de Macau da República Popular da China (juntamente com o Chinês).

E é aquela que tem um maior potencial de crescimento, como língua de comunicação, na África Austral e na América do Sul. Também se prevê um renascer do interesse pelo Português no Oriente, em grande parte devido à sua fixação em Timor-Leste e em Macau.

Estes dados contrastam, é certo, com a influência que o Português tem nas Ciências e nas Tecnologias, onde a língua dominante/veicular é por demais conhecida, e onde não se prevê uma inversão da situação a médio, ou até mesmo, a longo prazo.

Contudo, a fulgurante expansão da Internet, a valorização activa das línguas próprias e a crescente exigência de que a informação nos chegue na nossa língua fazem prever uma situação e um futuro bastante auspiciosos para a tradução especializada em Português.

Foi uma reflexão sobre A Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa no Mundo que a CONFLUÊNCIAS – Revista de Tradução Científica e Técnica propôs para este número.

Os resultados são entusiasmantes.

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Heloisa Gonçalves Barbosa traça o perfil da tradução e dos tradutores, em todas as suas vertentes e nuances, no Brasil, alertando para as vantagens que a globalização traz e também para os perigos que acompanham este período de mudança e instabilidade. Hermínio DR discute a interacção do Português e do Tétum em Timor-Leste, chamando a atenção para o papel que a terminologia técnica está a desempenhar neste processo. Rosário Durão apresenta alguns dos resultados de um inquérito realizado aos Fornecedores de Serviços de Tradução científica e técnica do Inglês para o Português europeu e analisa algumas das suas implicações.

Ana Julia Perrotti-Garcia demonstra a utilidade dos corpora personalizados para a tradução, ilustrando o processo de constituição de um corpus com recurso a uma ferramenta de acesso livre e gratuito na Internet, o «Corpógrafo».

Vivina de Campos Figueiredo fala da sua actividade como tradutora, dos seus projectos para o futuro e do processo de tradução da obra de Susan Bassnett (Estudos de Tradução. Fundamentos de uma Disciplina) que lhe valeu uma menção honrosa na 12.ª edição da entrega do Prémio de Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa.

Edite Prada compara as características dos dicionários de Língua Portuguesa que existem actualmente no mercado, tendo em mente a sua utilização por tradutores. Gabriela Santos-Gomes alude a certos problemas que a tradução do Inglês coloca aos investigadores das Ciências Biológicas e a algumas estratégias que têm sido utilizadas para os solucionar. Paulo Ivo Teixeira faz uma apreciação crítica da presença dos cientistas e tecnólogos nos eventos relacionados com a tradução.

João Roque Dias oferece um glossário sobre apoios, chumaceiras e rolamentos, o qual antecede de algumas observações sobre a tradução do termo bearings. Jorge Cruz apresenta um glossário de termos utilizados frequentemente em Cirurgia Vascular. E Vicky Hartnack brinda-nos com um dicionário bilingue de termos relacionados com as azenhas tradicionais que se encontram, principalmente, no norte de Portugal.

Como relatórios de eventos e actividades temos o de Rosário Durão sobre a oitava edição do Seminário de Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa, subordinado ao tema da «Tradução e Inovação», e o de Ana Rita Remígio e Ana Cláudia Castro relativo às II Jornadas de Tradução e Teminologia em Biologia Molecular.

Por último, na nova rubrica intitulada «Formação» (secção que pretende divulgar os cursos em que o ensino da tradução especializada de e para a Língua Portuguesa tem um lugar cativo), Idalina Ferreira Gomes divulga o Mestrado em Tradução Científica, Técnica e Médica do Imperial College, no Reino Unido, formação que se destaca pela ênfase dada à prática, às ferramentas de tradução e à tradução nas áreas das Ciências, Técnicas e Saúde.

Em suma, a tradução científica e técnica de e para a Língua Portuguesa é uma realidade no mundo.

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Gostaríamos, é verdade, de ter publicado textos que ilustrassem melhor a sua dimensão geográfica, a sua presença em todas as partes do mundo em que o Português também se fala – África, Oceânia, América do Norte e tantos outros países da Europa e da Ásia.

Afazeres, talvez mesmo uma frágil consciência da importância de divulgar o que acontece e o que se espera venha a acontecer nesta área, não o permitiram. Mas ficaram promessas de o fazerem…

Muito obrigada a todos os que tornaram este número possível. ■

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TRADUÇÃO, MERCADO E PROFISSÃO NO BRASIL

HELOISA GONÇALVES BARBOSA

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Brasil

Resumo: Busca-se fazer um breve exame do mercado de trabalho de tradutores e intérpretes no

Brasil. Discute-se a tradução para o mercado editorial, a tradução técnica e a juramentada,

a tradução para a mídia, a localização e a tradução de websites, bem como a interpretação

simultânea e a interpretação de língua brasileira de sinais. Abordam-se as associações

profissionais e a transição dos profissionais da área da autonomia para a constituição de

empresas.

Palavras-Chave: Tradução; Interpretação; Localização; Libras; Mercado.

Abstract: This paper reviews the Brazilian market for translators and interpreters under the following headings: literary translation, technical and sworn transla ion, translation for the media, website translation and localization, conference interpreting and Brazilian sign language interpreting. Professional associations are also discussed, a is the transition from free-lancing to incorporation.

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tKeywords: Transla ion; Conference interpreting; Localization; Brazilian sign language; Market.

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INTRODUÇÃO

Há um amplo consenso de que o mercado de tradução está em expansão no Brasil e no mundo. Uma breve pesquisa na Internet faz surgir muitas vezes a expressão «em explosão» para qualificar este mercado. No entanto, não parece haver dados numéricos confiáveis a respeito do assunto. Por outro lado, parece impossível ignorar que a globalização bem como a conseqüente integração dos vários mercados vêm contribuindo para o crescimento da profissão, conforme observa o jornal Folha de S. Paulo, de circulação em todo território brasileiro: «o serviço de tradutor tem mais demanda justamente pelo aumento da circulação de informações pelo mundo, resultado da globalização». 1

Nas palavras de Lia Wyler, conhecida tradutora e pesquisadora, os profissionais da área que atuam no mercado, hoje,

«São tradutores de obras literárias e técnicas para editora; tradutores assalariados e autônomos que traduzem textos de circulação interna em empresas comerciais e públicas; intérpretes e tradutores de conferências; tradutores públicos e intérpretes comerciais; tradutores de peças teatrais; tradutores de letras de músicas; tradutores para legendas de filmes; tradutores para dublagem de filmes e vídeos; tradutores que transcrevem fitas gravadas; e, mais recentemente, tradutores de sites da Internet e tradutores especializados em localização — a tarefa de tornar um produto consumível pelo mercado brasileiro.» 2

Para melhor entender o que ocorre, atualmente, nessa profissão, pode-se dividi-la em áreas de atuação, desde o mercado editorial, passando pela tradução para empresas e particulares, pela localização e tradução de websites, pela tradução para a mídia, até chegar à tradução oral, ou, melhor dizendo, à interpretação — não só a de conferências, mas todas as suas modalidades.

1 SILVA, Fábio Porto. “Globalização amplia mercado de trabalho para tradutor e intérprete.” Folha de São Paulo, 18/04/2002 - 11h55. Disponível em <http://www1.folha.uol.com.br/folha/educacao/ult305u8890.shtml>. Acesso em 21 de setembro de 2005.

2 WYLER, Lia. Línguas poetas e bacharéis: uma crônica da tradução no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 2003, p. 13.

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O MERCADO EDITORIAL

A tradução de obras literárias, em prosa ou verso, solicitada por editoras, é aquela atividade considerada por muitos como sendo a mais tradicional dos tradutores, não só no Brasil, mas em todo o mundo. De fato, a importância do mercado editorial brasileiro não pode ser negada. Embora o número de livrarias existente no país ainda possa ser considerado relativamente pequeno, o parque editorial é imenso e, nos últimos vinte anos, tem havido uma grande expansão das redes de livrarias (algumas de propriedade de editoras), tais como Siciliano, Saraiva e Sodiler. 3 Vêm crescendo, também, as ofertas on-line, encabeçadas por essas mesmas redes de livrarias, pelas próprias editoras e por outras empresas, como a Livraria Cultura, 4 sendo que pelo menos um popular site de compras, o Submarino, 5 oferece livros.

Ao falar do parque editorial brasileiro, cabe uma pequena comparação com o volume editorial da América Espanhola: «em apenas um ano, na década de sessenta, os países hispano-falantes da América Latina publicaram cerca de trezentas novas obras de ficção, enquanto o Brasil, sozinho, no mesmo período, publicou duzentos e oitenta novos romances». 6 O levantamento anual realizado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) juntamente com a Câmara Brasileira do Livro (CBL) indica que 34.858 títulos foram publicados em 2004, totalizando 320.094.027 exemplares produzidos e 288.675.136 exemplares vendidos. 7 Segundo Lia Wyler, porém, de 60 a 80 % do total desta produção editorial é representado por traduções. 8 De fato, um

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Embora o número de ivrarias existente no país

ainda possa ser onsiderado relativamente queno, o parque editorial é imenso e, nos últimos nte anos, tem havido uma rande expansão das redes

de livrarias

levantamento realizado por mim 9 na semana de 18 a 24 de setembro de 2005 no jornal O Globo, importante veículo de circulação nacional, e na revista semanal

3 Cf. <http://www.livrariasaraiva.com.br/>; <http://www.siciliano.com.br/>; <http://www.soliler.com.br>.

4 Cf. <http://www.livrariacultura.com.br>.

5 Cf. <http://www.submarino.com.br/>.

6 OLINTO, Antônio. “Foreword.” In: MONTELLO, Josué. Coronation Quay. Trad. M. Henderson. Londres, Rex Collings, 1975, p. v. Minha tradução.

7 Cf. SNEL: <http://www.snel.org.br/diagnostico.asp>; CBL: <http://www.cbl.org.br/pages.php?recid=57>.

8 WYLER, Lia C. da C. A. A tradução no Brasil: ofício invisível de incorporar o outro. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro: Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1995. Mimeo., p. 8.

9 BARBOSA, Heloisa Gonçalves. “A tradução e o polisistema cultural: o caso do Brasil.” Trabalho apresentado na Mesa Redonda “Tradução, confronto e pontes entre as culturas” no I Simpósio Internacional de Letras Neolatinas - Entre moinhos e livros: audácias e impasses da modernidade. (Homenagem a Cervantes), Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 26 a 30 de setembro de 2005. Ver resumo em: Programa & Resumos, p. 66. O

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informativa VEJA, nas colunas relativas aos dez livros mais vendidos no período, desenhava-se o quadro que descrevo a seguir.

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Na categoria denominada «ficção», constavam oito traduções de obras de autores norte-americanos que poderiam ser facilmente classificadas como best-sellers (obras leves, de leitura rápida) e a tradução de uma obra do festejado autor colombiano Gabriel Garcia Márquez (Memórias de minhas putas tristes). 10 Somente o décimo livro da lista é de um brasileiro, Jô Soares (Assassinatos na Academia Brasileira de Letras), 11 autor que traz, como parte de seu cabedal, uma longa carreira televisiva e teatral, primeiramente como comediante e, hoje, como apresentador de um talk-show calcado nos modelos da TV norte-americana. 12

Na categoria identificada pelos veículos pesquisados como «não-ficção» havia seis livros estrangeiros, traduzidos, contra quatro brasileiros. Na última categoria indicada, «auto-ajuda», VEJA indicava nove livros traduzidos, contra um brasileiro. O jornal O Globo, que listava apenas cinco obras, apontava duas estrangeiras contra três brasileiras. Este jornal incluía uma última categoria, a de literatura infantil, na qual citava três livros estrangeiros contra um brasileiro.

A relevante presença das categorias «não-ficção» e «auto-ajuda», nas listagens consultadas, aponta para o fato de que não é a grande literatura que é consumida, apesar do atual movimento em direção à re-tradução das grandes obras literárias. Algumas dessas são oriundas do russo, tais como, Crime e castigo 13 e Os demônios 14, de Dostoievski, traduzidos por Paulo Bezerra, e do inglês, como Ulisses 15, de James Joyce, traduzido por Bernardina da Silveira Pinheiro, ambos os tradutores sendo pesquisadores e professores universitários. Há ainda outras áreas que têm tido grande

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levantamento foi feito com a finalidade de verificar o que os meios de comunicação registravam como tradução em um determinado período de tempo, na cidade do Rio de Janeiro.

10 MÁRQUEZ, Gabriel Garcia. Memórias de minhas putas tristes. Trad. Eric Nepomuceno. São Paulo: Record, 2005.

11 SOARES, Jô. Assassinatos na Academia Bra ilei a de Letras. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

12 Talvez não por coincidência, esses dois livros são vendidos juntos, em oferta especial com desconto, pelo site Submarino: <http://www.submarino.com.br/books_productdetails.asp? Query=ProductPage&ProdTypeId=1&ProdId=731020&ST=CT175742>.

13 DOSTOIEVSKI, Fiodor. Crime e castigo. Trad. Paulo Bezerra. Coleção Leste. São Paulo: Editora 34, 2001.

14 DOSTOIEVSKI, Fiodor. Os Demônios. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2004.

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15 JOYCE, James. Ulisses. Trad. Bernardina da Silveira Pinheiro. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005.

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crescimento editorial, como, por exemplo, a tradução e edição de textos religiosos, o que se pode atribuir à penetração das seitas evangélicas no Brasil.16

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Do ponto de vista daquele que exerce a profissão, porém, este grande parque editorial, altamente estruturado no país e com representação no exterior (nas feiras do livro, como a de Frankfurt, por exemplo), não redundou, necessariamente, em uma melhor organização da profissão nem em melhores condições de trabalho ou melhor remuneração para os tradutores. A última Assembléia Geral 17 do SINTRA — Sindicato Nacional dos Tradutores — contou com a presença significativa de intérpretes, enquanto compareceram apenas dois tradutores que trabalham para editoras. Nessa assembléia, foi mantida a recomendação de preço «por lauda com 30 linhas por até 70 caracteres com espaço por linha (igual a cerca de 2.100 caracteres por página, com espaços)», 18 fixado em R$ 24,00 (vinte e quatro reais) para traduções de um idioma estrangeiro para o português, com a ressalva: «direitos autorais à parte».

Embora esta ressalva possa parecer pouca coisa, constitui um passo adiante para dar condições melhores de lutar pelos seus direitos a uma categoria de profissionais que mal começou, no Brasil, a tentar cobrar, das editoras, os direitos autorais relativos às suas traduções. A outra conquista, referente à sugestão de preços elaborada pelo SINTRA foi a retirada do termo «técnica» da rubrica «tradução técnica», deixando-se apenas «tradução». Com essa alteração, espera-se demonstrar que toda tradução é «técnica» (mesmo uma carta de amor pode ser muito técnica) e proporcionar um maior poder de negociação ao

A fatia mais organizada

do mercado de

tradução técnica é a das

chamadas “traduções

juramentadas”

tradutor que trabalha para editoras. Esse profissional, ao contrário do mito popular, raramente é responsável pela tradução da grande obra literária, em prosa ou verso (sendo esta a província de escritores, professores e pesquisadores, raramente do profissional tradutor), mas traduz primordialmente best-sellers, não-ficção, obras de auto-ajuda, livros científicos, de divulgação científica e técnicos.

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16 Cf. SILVA, Lucília Marques Pereira da, Pesquisa auto-etnográfica do processo tradutório: desenvolvimento de metodologia e análise do u o de buscas externas. Programa Interdisicplinar de Lingüística Aplicada, Faculdade de Letras, UFRJ, 2005. Mimeo.

Cf. ESTARNECK, Édson de Siqueira. A questão da neutralidade do intérprete no contexto de cruzadas evangélicas. Dissertação de mestrado. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2003. Mimeo.

17 Ver ata em <http://www.sintra.org.br/site/>.

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18 Cf. <http://www.sintra.org.br/site/index.php?pag=valores>.

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A TRADUÇÃO TÉCNICA

Levando em consideração os fatos expostos acima, pode-se concluir que o maior segmento do mercado da tradução é, provavelmente, o das traduções (tradicionalmente consideradas) técnicas, seja para editoras, empresas, ou para o público em geral. É plausível supor, na realidade, que o mercado de traduções extra-editoras seja muito maior do que o das editoras, mas parece totalmente impraticável mapeá-lo, já que essas traduções podem ser feitas em todos os tipos de circunstâncias possíveis. São as traduções juramentadas, as traduções para empresas em geral, para a indústria da localização e a tradução de websites, sem falar nas traduções para particulares, que envolvem desde os abstracts de dissertações e teses até o manual da câmara fotográfica nova da vizinha ou o cardápio do restaurante da esquina.

A tradução juramentada

A fatia mais organizada do mercado de tradução técnica é a das chamadas «traduções juramentadas». No Brasil, as traduções de documentos oficiais devem ser feitas pelos denominados «Tradutores Públicos e Intérpretes Comerciais», cujo trabalho tem fépública (ou seja, suas traduções são aceitas como documentos oficiais em todas as instâncias legais). São os mais antigos profissionais em exercício na área no país e os únicos cuja profissão é regulamentada, o que ocorreu através de um Decreto Real em 1851,

19 regulamentado pelo Decreto n.º 13.609, de 21 de outubro de 1943 20, já na República.

Para exercer a profissão, esses tradutores devem ser aprovados em Concurso Público realizado pelas Juntas Comerciais de cada estado do Brasil. Nenhum nível de instrução ou treinamento prévio é exigido para inscrição no concurso, sendo que é possível habilitar-se para quantos idiomas se desejar. Uma vez aceito pela Junta Comercial, o tradutor obtém o direito a exercer a profissão, direito esse que é vitalício.

São também as Juntas Comerciais que estabelecem os honorários a serem cobrados, por lauda de 25 linhas com até 50 toques, publicando uma tabela de preços no Diário Oficial da União. Esses preços são, atualmente, para o Estado de São Paulo: Tradução (do idioma estrangeiro para o português): R$ 25,00 por lauda; Versão (do português

19 BARBOSA, Heloisa Gonçalves e WYLER, Lia, Brazilian Tradition. In: BAKER, Mona (ed.) Routledge Encyclopedia of Translation Studies. Londres: Routledge, 1998, p.331.

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20 Cf. <http://www.atprio.com.br/pages/13609_1.htm>.

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para o idioma estrangeiro): R$ 31,00 por lauda, de acordo com a Deliberação Jucesp n.º 01/04 (publicada em 17 de fevereiro de 2004). 21

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Os profissionais da área, a partir de 1959, passaram a organizar-se em associações, com a finalidade de proteger seus interesses profissionais (Cf. BARBOSA e WYLER 1998, p. 331) e zelar pelo bom exercício da profissão. As duas associações mais conhecidas são a Associação dos Tradutores Públicos e Intérpretes Comerciais do Estado de São Paulo (ATPIESP) e a Associação dos Tradutores Públicos do Rio de Janeiro (ATP). 22

Entre esses interesses profissionais está, naturalmente, a renovação de quadros, pois o intervalo entre os concursos chega a ultrapassar a marca dos vinte anos. No Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, o último concurso foi realizado em 1982, tendo sido aproveitados apenas catorze dentre os 600 candidatos que se apresentaram. O resultado dessa situação é que há uma grande carência de profissionais na área,

devido, principalmente, às vagas abertas pelo falecimento de tradutores. Para remediar a situação, a lei permite que juízes «juramentem» tradutores ad hoc para atuarem nos tribunais e em outras situações exigidas por lei. Também os consulados têm a possibilidade de habilitar tradutores e intérpretes na medida da necessidade do envio de documentos traduzidos para o exterior.

Infelizmente, porém, um segundo resultado da situação existente é que alguns tradutores juramentados permitem que outros tradutores façam traduções em seu lugar, as quais assinam posteriormente, outorgando-lhes fé pública. Esta prática é ilegal e prejudica tanto as associações de tradutores públicos (pois esses tradutores ilegais não pertencem a elas) como o sindicato da categoria

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Os milhares de tros tradutores que

vavelmente atuam no mpo das traduções nicas para empresas articulares o fazem a coberto de qualquer

apoio ou restrição legal

(pois esses tradutores ilegais não prestam sua contribuição sindical, como o fazem os tradutores juramentados). Ficam prejudicados, enfim, todos os profissionais da área e seus clientes, pois a prática citada exime o poder público da responsabilidade de remediar uma situação caótica (na medida em que fornecem um paliativo ilegal), priva as associações da força de que necessitam para atuar em prol da categoria e deixa inseguro o cliente quanto à credibilidade do trabalho do tradutor.

Autônomo ou empresário?

Os milhares de outros tradutores que provavelmente atuam no campo das traduções técnicas para empresas e particulares o fazem a descoberto de qualquer apoio ou restrição legal. Embora a profissão tenha sido reconhecida por Portaria do Ministério

21 Ver “Tabela e Regulamentos” em <http://www.atpiesp.org.br/area.html#>.

22 Cf. <http://www.atpiesp.org.br/> e <http://www.atprio.com.br/pages/menu.htm>. Essas duas páginas são riquíssimas fontes de informações para quem se interessar pelo assunto. 12

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do Trabalho (n.º 3.264 de 27 de setembro de 1988), 23 como resultado dos esforços da ABRATES — Associação Brasileira de Tradutores 24 — que veio a se tornar o Sindicato da categoria, nunca foi regulamentada, de tal forma que não existe um órgão controlador que possa fiscalizar o exercício da profissão ou impor critérios para o ingresso nela. O Sindicato, por sua vez, não tem tido a necessária força política para um verdadeiro apoio aos profissionais da área, nem para a sustentação dos preços que sugere, quer por parte dos prestadores de serviço, quer por parte de seus contratantes. Esse insucesso pode dever-se a vários fatores, entre eles estando a amplitude do território nacional e o reconhecido isolamento dos tradutores, os quais impedem uma maior mobilização da categoria. 25

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Em adição à situação legal ambígua em que se encontra a profissão, a pesadíssima carga tributária que recai sobre o prestador de serviços, no Brasil, tem forçado os tradutores (e intérpretes) que prestam serviços a empresas a se tornarem empresários eles mesmos. Isso ocorre principalmente porque, além dos demais impostos, o contratante é obrigado a pagar, ao INSS - Instituto Nacional de Seguridade Social 26 – a título de contribuição previdenciária, um valor igual a 20 % do preço total do serviço prestado, além dos 11 % pagos pelo contratado. Com a finalidade de evitar mais esta taxação, os contratantes se recusam a aceitar prestadores de serviço autônomos. Essa recusa tem forçado os tradutores e intérpretes que desejam continuar ativos em um mercado altamente competitivo a abrirem pequenas empresas, em geral apenas com o número mínimo de sócios exigido por lei. Com isto, esses profissionais passam a ser empresários e a estar fora do alcance do Sindicato da categoria, pois não há sindicato patronal (aquele ao qual as empresas devem pertencer) para empresas de tradução e interpretação no Brasil.

23 Diário Oficial da União, 03 de outubro de 1988.

24 <http://www.abrates.com.br/>.

25 O SINTRA, apesar de ser um sindicato de âmbito nacional, tem, hoje, apenas cerca de 250 associados em dia com suas contribuições.

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26 <http://www.mpas.gov.br/>.

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A localização e a tradução de websites

Um número expressivo de empresas de tradução vem surgindo, no Brasil, nos últimos quinze anos, justamente na área de localização — a tradução e adaptação de softwares 27 — segundo Vagner Fracassi, presidente da ABRATES, que exerce, ele mesmo, a profissão de tradutor nessa área. 28 É imenso o mercado brasileiro de localização e tradução de websites, já que o país é um dos maiores usuários da Internet e um dos maiores consumidores de produtos de informática do mundo. A localização desses produtos é imprescindível, já que há, em primeiro lugar, a necessidade de tradução para o idioma português e, em segundo, a necessidade da adaptação às características culturais do país. Estando o país no hemisfério sul, por exemplo, é necessário adequar os fusos horários e o horário de verão a essa realidade. Outra necessidade de adaptação

ocorre porque, tal como a maioria da Europa, o Brasil utiliza o sistema métrico decimal, ao contrário dos países de cultura anglo-saxônica. No entanto, o português do Brasil em tanto difere do português europeu que foram fracassadas as tentativas de aqui re-utilizar localizações feitas em Portugal. 29

O significativo volume de trabalho na área de localização vem tendo grande influência sobre a profissão no Brasil. Além das circunstâncias tributárias apontadas acima, que forçam o tradutor a sair da autonomia para se tornar empresário, Fracassi aponta para a reformulação da

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empresa de tradução trazida pela indústria da localização: ao contrário de

ser uma pequeníssima empresa, contando somente com os sócios obrigatórios pela legislação, cada um trabalhando em sua tarefa particular, as firmas ligadas à localização são grandes empresas que gerenciam grandes projetos. Muitas dessas grandes empresas repassam parte das suas tarefas a empresas menores. Outras são tão grandes que têm identidade supranacional. 30

27 «Localization (L10N) is the process of adapting a product or service for a particular country orregion. This includes translation, but goes beyond it. Localization means making sure that graphics, colors, and sound effects are culturally appropriate, and that things like dates, calendars, measurement units and monetary notations are in the correct format.» <http://www.sdl.com/localization-information/white-papers-articles/white-papers-list/white-papers-localization-glossary.htm>.

28 FRACASSI, Vagner. Mesa redonda de abertura do Simpósio de Tradução do V Encontro Nacional de Profissionais de Idiomas SENAC, intitulada “Tradução, um mercado em expansão”. SENAC, Rio de Janeiro, 30 de julho de 2005.

29 Dois pequenos exemplos. No Brasil, diz-se «tela» e «mouse», enquanto, em Portugal, se diz «ecrã» e «rato».

30 Já atuava no Brasil, por exemplo, a empresa internacional Bowne Global Solutions, que acaba de ser adquirida pela Lionbridge Technologies, tornando-se a última, agora, uma mega- 14

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Qualquer que seja o tamanho dessas companhias, nenhuma pode prescindir do trabalho em equipe. Há gerenciadores de projeto, terminólogos, lexicólogos, engenheiros de informática, designers, tradutores e revisores. Com a expansão dessas empresas, grandes modificações são trazidas à profissão: o tradutor, acostumado a trabalhar sozinho, passa a se ver como membro de uma equipe, tendo de obedecer a manuais de estilo, manter glossários e de se preocupar em manter a coerência terminológica em grande quantidade de textos.

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Apesar de fundamentar-se no trabalho em equipe, porém, muitas dessas empresas, sobretudo as menores, que aceitam as tarefas que lhes são repassadas pelas empresas maiores, não têm condições de assumir o tradutor como empregado permanente, registrado, «com carteira assinada», como se diz no Brasil. A intensa carga tributária brasileira força-os a exigir desses trabalhadores que também se tornem minúsculas empresas, deixando-os, do mesmo modo, a descoberto de qualquer ação sindical.

No entanto, não se deve pensar que a remuneração para esses serviços seja melhor do que em outros segmentos do mercado. Apoiadas no fato de que as ferramentas eletrônicas em muito facilitam e aceleram o trabalho do tradutor, essas empresas pagam quantias irrisórias a seus prestadores de serviços. Embora não haja sugestão de preços para esses serviços por parte do SINTRA, qualquer levantamento permite verificar que não passa de R$ 0,04 a R$ 0,09 (de quatro a nove centavos de real) por palavra. 31 Além disso, uma vez que essas traduções obrigam à utilização de algum programa de memória de tradução, 32 só costumam ser pagas integralmente as palavras que atinjam 60 % ou menos de match. 33

A utilização das memórias de tradução, por sua vez, vem-se difundindo inexoravelmente no mercado. As grandes empresas, estatais ou privadas, já pedem que os serviços sejam cotados, para concorrências de preços, levando-se em consideração que a tarefa será executada com auxílio de uma memória de tradução. Alguns

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empresa na área. Ver: “Lionbridge completes acquisition of BGS”. Confluence. A Meeting Point for Thought Leaders, Volume 11, outubro de 2005, em <http://www.prayag.com/confluence/ vol_11/deal_beat.htm>.

31 Na cotação cambial para o dia 28 de outubro de 2005, um euro é igual a 2,78 reais. Assim, nove centavos de real (R$ 0,09) são iguais a mais ou menos 0,03 euros.

32 «Translation memory - A da abase of sentences and phrases and their t anslated counterpart , which has been built from previous translations of a document or series of documents.» Localization Glossary. <http://www.sdl.com/localization-information/white-papers-articles/ white-papers-list/white-papers-localization-glossary.htm>.

33 «100 % match - The occurrence of a sentence or phrase in a file that is identical to a sentenceor phrase stored in a translation memory. For a 100 % match-also called a "perfect" match-the sentence or phrase must be identical, i.e. the words, structure and formatting of the sentence must be the same. The first time the sentence or phrase occurs, requires full translation. Subsequent occurrences of the sentence or phrase will be recognized a a 100 % match by the translation tool.» Localization Glossary. 15

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determinam qual memória de tradução especificamente deverá ser utilizada. A maioria solicita que seja definido, antecipadamente, por qual percentual de match o tradutor espera ser remunerado de forma integral, com detalhamento de outros percentuais.

Assim, o tradutor que pretende trabalhar para empresas deve munir-se de um equipamento de primeira linha: computador potente, provedor de Internet de banda larga, pelo menos um software de memória de tradução, além, é claro, de ter de acrescentar a seus conhecimentos lingüísticos os conhecimentos necessários para utilizar tais programas. Deverá, sobretudo, estar preparado para trabalhar com prazos que, segundo Nelson Rodrigues, «são absurdos de curtos» hoje em dia. 34

A tradução para a mídia

Rodrigues (2005) fala de um ponto de vista privilegiado. Atuando expressivamente no mercado de legendas para programas de TV a cabo e aberta como tradutor autônomo, conseguiu tornar-se um dos membros do grupo brasileiro que adquiriu a Geminivideo,35 conhecida empresa do ramo. Os relatos desse tradutor nunca deixam de impressionar. A exigüidade de prazos é o primeiro susto: segundo ele, determinados programas noticiosos e esportivos são traduzidos pela madrugada afora, para serem exibidos já de manhãzinha.

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Pode-se supor, também,

que revistas noticiosas e deciências façam traduções.

É, porém, raro encontrar uma publicação

que apresente o nome do(s) tradutor(es) em sua

ficha técnica

O segundo susto é pior: algumas das empresas que fazem essas traduções se encontram fora do Brasil (por motivos técnicos e financeiros), nos Estados Unidos. Sabe-se, por exemplo, de uma fracassada tentativa de criar um pólo de produção de legendagem de programas de TV em Manaus, a zona franca de comércio no Brasil. O que parecia ser um trunfo técnico revelou-se um percalço no momento da contratação de tradutores, pois não foi possível encontrar o número necessário de profissionais gabaritados no extremo norte do país, longe das grandes cidades concentradoras de produtos culturais. 36

34 RODRIGUES, Nelson. Mesa redonda de abertura do Simpósio de Tradução do V Encontro Nacional de Profissionais de Idiomas SENAC, intitulada “Tradução, um mercado em expansão”. SENAC, Rio de Janeiro, 30 de julho de 2005.

35 «Coordenador de tradução de seriados e filmes. Formado em Direito e pós-graduado em Tradução Inglês-Português pela PUC-Rio. Trabalhou no Departamento de Legendagem da Globosat e prestou serviços para o Cisneros Television Group (Claxson), Canal AXN, Editora Rocco entre outros. Atualmente é professor de tradução nos cursos de especialização e pós-graduação da PUC-Rio e no curso de tradução do Senac.» <http://www.geminivideo.com.br/>.

36 Cf. SÁ, Marcos Francisco Pedrosa Sá Freire de. A tradução para a preparação de legendas em português para programas televisivos de língua inglesa: estudo de dois casos. Dissertação de 16

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Este estado de coisas faz com que brasileiros há longo tempo residindo no exterior, ou mesmo falantes de espanhol como língua materna, traduzam legendas para o português do Brasil, com resultados nem sempre satisfatórios. Com uma oferta, por uma das operadoras, de pelo menos trinta canais estrangeiros de TV a cabo no Brasil, sem falar na oferta de DVDs, vídeos e filmes, a ameaça que essa situação constitui para a língua pátria é sentida de perto pelos brasileiros. 37

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Rodrigues (2005) é quem aponta alguns problemas desse mercado. Em primeiro lugar, os contratos de exibição são, muitas vezes, feitos em pacotes, de tal forma que tanto a legendagem como a dublagem já vêm prontas. Além desse problema para o público e o profissional que exerce a profissão, ocorre que são apenas duas ou três grandes empresas que realizam a maior parte do trabalho. 38 Ainda segundo Rodrigues (2005), outra dificuldade para a manutenção do profissional no mercado é a insegurança inerente a ele, que flutua ao sabor da cotação do dólar. 39

Por outro lado, Rodrigues (2005) aponta a carência de profissionais gabaritados para o serviço, já que é necessário aprender a utilizar equipamentos e dominar as habilidades específicas da legendagem (Cf. SOUZA, 1999). Rodrigues (2005) salienta que «trata-se de uma técnica; este não é um trabalho que é feito por acaso». De acordo com ele, além do domínio da técnica, a principal qualidade que um legendador deve ter é a capacidade de síntese, de tal forma que possa fazer caber as falas originais em exíguas duas linhas com 24 a 32 caracteres. Rodrigues (2005) destaca, ainda, de maneira bastante forte, a grande necessidade que a indústria tem de bons copydesks ou revisores.

É claro que, ao falar de legendagem, não se pode esquecer o mercado de dublagem. Apesar da quantidade imensa de programas dublados na TV aberta, do aumento do número de canais de TV a cabo que exibem somente programas dublados, dos filmes e desenhos infantis exibidos com dublagem nos cinemas e 40 dos vídeos e DVDs dublados

mestrado. Rio de Janeiro: Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), 1999. Mimeo.

37 Essa preocupação, talvez, uma das razões que motivou o Deputado Aldo Rebello (PC do B - SP) a apresentar o projeto de lei 1.676/99 que «Dispõe sobre a promoção, a proteção, a defesa e o uso da língua portuguesa e dá outras providências», aprovado pela Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Câmara dos Deputados em 28/3/2001. Um depoimento da relatora do projeto, Deputada Iara Bernardi, é (PT-SP), encontra-se em: <http://www.partes.com.br/ em_questao06.html>.

38 Algumas dessas empresas são conhecidas do público brasileiro que assiste TV a cabo: Globosat, Drei Marc, Geminivideo e outras.

39 Um passeio pelo site da Geminivideo dá mais um susto: na seção «Estrutura» depara-se com a quantidade de equipamento importado (certamente comprado em moeda forte) necessária para o exercício da profissão.

40 Na semana de 26 a 30 de novembro havia 37 filmes em exibição nos cinemas do Rio de Janeiro. Desses, sete eram brasileiros e os outros 30, estrangeiros. (Cf. BARBOSA 2005). 17

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à venda e para aluguel em locadoras, esse mercado é ainda menos conhecido, tanto do público quanto do profissional ou pesquisador brasileiro. Embora alguns pesquisadores já tenham começado a tentar desvendar esta área, 41 muito pouco ainda é conhecido a respeito dela, e faltam números ou análises confiáveis que permitam discorrer sobre o assunto.

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Um outro aspecto da tradução para a mídia é a tradução para jornais e revistas. Essa, de fato, constitui uma verdadeira incógnita. Sabe-se que as notícias internacionais circulam através de agências de notícias: UPI, France Presse etc. Deduz-se, então, que, se as notícias circulam em língua estrangeira, alguém as traduz. Ao olhar-se uma seção tal como a «Ciência e Vida», do jornal O Globo, por exemplo, é impossível não se perceber que se trata de matérias traduzidas, pelo seu próprio conteúdo (pesquisa de

ponta realizada no exterior). No entanto, todas as vezes que tentei abordar jornalistas a respeito desse tipo de tradução, recebi uma resposta rápida, para encerrar o assunto: «Isso é jornalista quem traduz». Alguns sites de sindicatos de jornalistas chegam a indicar os preços de traduções, embora esta não seja atribuição de jornalistas, de acordo com a legislação em vigor.

Pode-se supor, também, que revistas noticiosas e de ciências façam traduções. É, porém, raro encontrar uma publicação que apresente o nome do(s) tradutor(es) em sua ficha técnica. Recentemente, foram lançadas versões brasileiras de revistas tais como Scientific American. No entanto, em entrevista à TV a cabo a respeito de como essas revistas estão sendo adaptadas aos interesses do leitor brasileiro, seus dirigentes nada mencionaram a respeito da tradução ou dos tradutores. Assim, imagina-se

que, nesta fatia do mercado, pelo menos, o tradutor continue invisível.

O poder dos intérpretes

de conferência de impor

seus preços e parâmetros se

deve, talvez, ao menos em

parte, ao fato de trabalharem

em equipe, ao contrário dos

tradutores

Uma interface entre a tradução para a mídia e a tradução literária é a tradução para o teatro, já que uma peça pode ser traduzida para ser lida ou para ser representada. Na semana de 26 a 30 de setembro de 2005, desenhava-se um panorama, no mínimo, curioso. Havia dezenove peças infantis em cartaz, das quais treze brasileiras e apenas seis, estrangeiras, em flagrante contraste com a produção midiática, onde dominam os produtos de origem estrangeira. Além disso, as seis peças que considerei estrangeiras são baseadas em temas da cultura mundial — Ali Babá, Cinderela, Don Quixote, Rapunzel, Tistou les pouces vertes (conhecido no Brasil como O menino dos dedos verdes), de Maurice Druon (mas o nome desse autor não é mencionado) e outra baseada em The Canterville Ghost, de Oscar Wilde —, com certeza recriadas inteiramente por autores brasileiros, embora isso não seja indicado com clareza nas publicações pesquisadas (VEJA e O Globo) (Cf. BARBOSA, 2005).

41 Por exemplo: ARAÚJO, Vera Santiago. Ser ou não ser natural, eis a questão dos clichês de emoção na tradução audiovisual. Tese de Doutorado. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2000. Mimeo. 18

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As peças teatrais para adultos, em cartaz no mesmo período, apresentavam um panorama semelhante. Havia quarenta e quatro peças brasileiras, contra sete estrangeiras. Mas aqui, também, o tradutor se mostrava invisível. O quadro abaixo, com os nomes dos espetáculos à esquerda e as atribuições de autoria e/ou tradução à direita, demonstra como é impossível fazer qualquer identificação, seja de autor ou tradutor:

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Else Arthur Schnitzler – adaptação de Denis Pilão e José Luiz Jr.

Greve de sexo texto: Aristófanes

Lado a lado com Sondheim Stephen Sondheim - versão de Cláudio Botelho

Major Bárbara texto: George Bernard Shaw

Minha vida de solteiro texto: Neil Simon

O doen e imaginário t texto: Molière - adaptação de João Bethencourt

Sonata de Outono texto: Ingmar Bergman

Neste quadro, Aristófanes, Bernard Shaw, Neil Simon e Ingmar Bergman parecem ser autores de textos em português, enquanto bastou uma adaptação para que Molière, designado como autor do texto, fosse entendido por brasileiros. Fica claro, portanto, que há um mercado de trabalho na tradução de peças teatrais, mas que esses tradutores são tão invisíveis que nem sequer são considerados pelos veículos de informação.

Cláudio Botelho, por sua vez, aparece como autor da «versão» das canções de Sondheim. O termo «versão», aqui, se aplica à tradução de letras de músicas, para serem cantadas. O usual é que essas traduções sejam feitas por compositores ou arranjadores (os famosíssimos Chico Buarque de Hollanda e Gilberto Gil, por exemplo) e não por tradutores, uma vez que o conhecimento de música é imprescindível. Botelho constitui um caso inusitado de tradutor que vem angariando fama nacional por emprestar voz brasileira a musicais e peças de teatro.

A INTERPRETAÇÃO SIMULTÂNEA

Os principais profissionais que emprestam voz brasileira a falantes de todas as línguas são os intérpretes. Além da conhecida interpretação simultânea (ou de conferência),

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atuam na interpretação consecutiva e de acompanhamento externo. 42 É, provavelmente, neste segmento do mercado, que se faz notar, de modo mais intenso, o impacto da globalização. Segundo Gisley Rabello Ferreira, empresária da área,

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«Na última década, muitos empresários viram no Mercosul (Mercado Comum do Sul, que integra Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) 43 e no Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte, que reúne Estados Unidos, Canadá e México) 44, 1991 e 1993 respectivamente, oportunidades de expansão para os seus negócios. Eles viram também que, sem a tradução, isso não seria possível.» 45

E, é claro, seria, igualmente, impossível sem a interpretação.

Acrescente-se que não se trata somente da participação comercial do Brasil nessas entidades, mas, também, de sua atuação e de sua projeção política, notadamente na ONU 46 e na OMC, 47 sem falar na criação, pelo Brasil, da Comunidade Sul-americana de Nações (CASA), 48 que vem incrementando o número de conferências e congressos internacionais, bem como de reuniões de cúpula, as cimeiras, que têm tido lugar no país, gerando grande volume de trabalho para tradutores e intérpretes.

Como exemplo expressivo, pode-se citar a Agência de Notícias Brasil-Árabe (ANBE) que, em comentário sobre a recente Reunião de Cúpula América do Sul-Países Árabes, realizada em Brasília, ressalta que «o segmento de interpretação simultânea é um dos que se prepara para lucrar. O encontro será traduzido para português, espanhol, inglês, francês e árabe. Cerca de 80 intérpretes foram contratados para o evento» (PAGEL, 2005). 49

42 Cf. <http://www.sintra.org.br/institu/precos.php>.

43 Cf. <http://www.mercosur.org.uy/>.

44 Cf. <http://www.dfait-maeci.gc.ca/nafta-alena/agree-en.asp>.

45 FERREIRA, Gisley Rabello. Os padrões de qualidade na tradução técnica e sua influência na profissionalização dos tradutores. Monografia de final de curso. Curso de Especialização em Tradução Inglês-Português, Departamento de Letras, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. 2000. Disponível em <http://www.wordlink.com.br/monografia.pdf>. Acesso em 3 de outubro de 2005, p. 8.

46 Cf. <http://www.onu-brasil.org.br/>.

47 Cf. <http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/secex/negInternacionais/omc/gatt.php>.

48 Cf. <http://casa.mre.gov.br/>.

49 PAGEL, Geovana. Reunião de cúpula deve injetar US$ 1,8 milhão na economia de Brasília. Agência de Notícias Brasil-Árabe (ANBE) Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Disponível em: <http://www.anba.com.br/fronteirasul.php?id=11>. 2

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Os profissionais da interpretação são os de melhor remuneração e organização no Brasil. Não só possuem suas próprias associações, por exemplo, a ABTI - Associação Brasiliense de Tradutores e Intérpretes e a APIC - Associação Profissional de Intérpretes de Conferência, como são, em grande número, associados à AIIC - Association Internationale des Interprètes de Conférence. 50 O exercício da profissão é altamente esquematizado 51 e os intérpretes têm conseguido impor seus preços, pelo menos na capital federal e nas capitais metropolitanas.

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O poder dos intérpretes de conferência de impor seus preços e parâmetros se deve, talvez, ao menos em parte, ao fato de trabalharem em equipe, ao contrário dos tradutores. Já de início,

«Quando existe a necessidade de contratar intérpretes, o cliente costuma contatar um profissional que poderá se encarregar de formar a equipe, cobrando para tanto uma taxa de coordenação. Este profissional será o elo de ligação entre o cliente e a equipe, sendo responsável pela seleção adequada dos profissionais, a formalização dos contratos, a obtenção de material de estudo e outras eventualidades, como substituir profissionais na ocorrência de impedimentos etc.» (GRUETZMACHER e CAMPOS, 2005)

Desta forma, a participação em uma equipe ou a sua coordenação propicia a interação face a face e a convivência a qual, por sua vez,

se

in

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tradutores e intérpretes

vêem em um momento de

stabilidade profissional que

os faz transformar-se de

abalhadores autônomos em

pequenos ou grandes

empresários

torna-se terreno fértil para a associação profissional e para a luta por melhores condições de trabalho e por melhor remuneração.

Noviços nessa luta são os intérpretes de Libras (a língua brasileira de sinais). Esses

profissionais, até há bem pouco tempo, atuavam na área por serem ouvintes advindos

de famílias com membros surdos, tendo aprendido a usar a Libras por este motivo.

Dessa forma, seu trabalho era realizado em bases voluntárias, normalmente sem

50 ABTI – Associação Brasiliense de Intérpretes de Conferência, <http://www.abti.org.br/ abti.htm>; APIC - Associação Profissional de Intérpretes de Conferência, <http://www.apic.org.br/website/ home/>; AIIC - Association Internationale des Interprétes de Conférence - <http://www.aiic.net/>.

51 GRUETZMACHER, Jutta e CAMPOS, Sieni Maria, “Como contratar um intérprete de conferências.” 2005. Disponível em <http://www.sintra.org.br/site/index.php?pag=clientes>. 2

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remuneração. 52 No momento atual, por conta de legislação que obriga a inclusão de

crianças com deficiências na rede escolar 53 e que pretende estender a obrigatoriedade

para outras esferas da atividade humana, 54 a necessidade desses intérpretes tem

crescido geometricamente.

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A conhecida jornalista Márcia Peltier, por exemplo, registra:

«Pela primeira vez no país serão apresentadas peças com

tradução/interpretação simultânea em libras, a língua dos sinais. A

experiência começa hoje, com uma peça escrita por Jorge Amado, O gato malhado e a andorinha sinhá, que será apresentada pelo Grupo de Teatro

e Mímica, de Portugal, no CCBB.» 55

Com isso, o intérprete de Libras deixa de ser um trabalhador voluntário e procura sua

profissionalização. Surgiram associações, tal como a ANGILIS, no Rio de Janeiro, que se

associou ao Sindicato para, através dele, divulgar suas propostas de honorários. Surgiu

uma diversidade de cursos de formação, em nível de extensão, como o da Universidade

de São Francisco, em Bragança Paulista, Estado de São Paulo, ou o curso de Graduação

Tecnológica em Intérprete de Libras da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. 56

52 Ver Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS): <http://www.feneis.org.br/feneis/index.shtml>; e Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES): <http://www.ines.org.br/>.

53 Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. CAPÍTULO V: Da Educação Especial. Disponível em <http://www.rebidia.org.br/direduc.html>.

54 QUADROS, Ronice Muller de. “O tradutor e intérprete de língua brasileira de sinais e língua brasileira.” Disponível em <http://www.ronice.ced.ufsc.br/publicacoes/minidic.pdf>. Projeto de lei para língua de sinais <http://www.camara.gov.br/sileg/integras/259154.htm>. Legislação que embasa o serviço de interpretação de língua de sinais no Brasil <http://www.interpretels.hpg.ig.com.br/acessibilidade.htm>.

55 PELTIER, Márcia. “Inclusão artística.” Jornal do Brasil, 14/5/2005. Disponível em <http://clipping. planejamento.gov.br/Noticias.asp?NOTCod=194345>.

56 Graduação Tecnológica em Intérprete de Libras, <http://www.estacio.br/politecnico/ cursos/interpretacao_sinais_surdo.asp>; Extensão Acadêmica de Introdução à Comunidade Surda e à Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, <http://www.saofrancisco.edu.br/noticias/ default.asp?rec=1923>. 2

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CONCLUSÃO

As evidências indicam, de fato, um crescimento vertiginoso do mercado de tradução e

interpretação no Brasil. Os fatores responsáveis parecem ser, efetivamente, a

globalização e a intensificação da participação do Brasil na comunidade internacional,

seja do ponto de vista comercial ou do diplomático. O desenvolvimento interno do país

não apenas reforça sua posição no panorama internacional, como gera atividades e

empregos em áreas de tecnologia avançada, primordialmente no campo da informática,

necessitando intensa atividade de tradução e interpretação. Em algumas áreas, como a

interpretação de língua de sinais (Libras) ou a tradução juramentada, é a própria

legislação brasileira que cria e alimenta a necessidade do profissional

tradutor e intérprete.

Testemunha o vigor desse mercado a criação de numerosos cursos de

formação de tradutores no Brasil, em vários níveis, desde cursos livres

ligados a instituições devotadas ao ensino de idiomas, 57 passando

pelos cursos de graduação (Bacharelado em Tradução e Interpretação

em vários idiomas) 58 e pelos cursos de pós-graduação lato sensu, 59

até chegar à recente criação do primeiro curso de pós-graduação

stricto sensu (mestrado e doutorado) no Brasil. 60

Em meio a esse turbilhão de crescimento, porém, o mercado se

encontra bastante desorganizado. Por um lado, tradutores e

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essa mesma ferramenta

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alizado por grandes equipes,

rçando o tradutor a repensar

sua identidade de operário

solitário.

intérpretes se vêem em um momento de instabilidade profissional que os faz

transformar-se de trabalhadores autônomos em pequenos ou grandes empresários. Um

fator que contribui para o aumento dessa instabilidade é a introdução do computador

que, ao mesmo tempo em que facilita o trabalho do tradutor, obriga-o a atender a

prazos cada vez menores. Por outro lado, essa mesma ferramenta traz quantidades

abundantes de trabalho, mas de um trabalho que só pode ser realizado por grandes

equipes, forçando o tradutor a repensar sua identidade de operário solitário.

57 Por exemplo, o curso de «Técnico em Tradução» do SENAC-RIO: <http://www.rj.senac.br/psenac/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2344&sid=77>.

58 Ver: Onde estudar: <Hhttp://www.universiabrasil.net/ondeestudar/H; e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), <http://www.inep.gov.br/>.

59 Ver, por exemplo, Tradução português-inglês, PUC-Rio, <http://www.pucrio.br/ensinopesq/ ccpg/especializacao.html/>.

60 Cf. Pós-graduação em Estudos da Tradução, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), <http://www.pget.ufsc.br/>. 2

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Neste quadro tumultuado, nem o sindicato da categoria nem as associações de classe

parecem conseguir oferecer o amparo necessário ao profissional da área, talvez com a

honrosa exceção das associações dos intérpretes de conferência e dos tradutores

juramentados.

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Em suma, nas palavras de João Azenha, tradutor, pesquisador e professor da

Universidade de São Paulo (USP): «O mercado de tradução está em expansão, mas

apenas para os bons tradutores, apenas para aqueles com sólida formação, experiência

e ética profissional» 61, esta última a única capaz de ampará-los neste momento de

transição. ■

61 “João Azenha Junior, o premiado tradutor de O mundo de Sofia, de Jostein Gaarder”. Redação da projekt. Disponível em: <http://www.delila.ws/brasilien/projekt/artikel/p34s5-8.html>. 2

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TRADUÇÃO TÉCNICA EM TIMOR-LESTE

HERMÍNIO DR

Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Portugal

Resumo: Discute-se a interacção da língua portuguesa na fala de tétum em Timor-Leste. Analisa-se

particularmente a tradução de uma para outra das duas línguas oficiais neste novo país,

sobretudo no que diz respeito aos termos técnicos. Evidencia-se a fonética comum, mas

com diferente ortografia.

Palavras-Chave: Timor-Leste, línguas oficiais, fala, escrita, tradução.

Abstract: This paper looks at the interaction between Portuguese and Tetum in Timor-Leste. Particular attention is paid to translation between these two official languages, especially as regards technical terms. The sha ed phonetics and differences between the spelling systems are also discussed.

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Keywords: Timor-Leste, official languages, speaking, writing, translation.

O uso da língua portuguesa em Timor-Leste, conjuntamente com o tétum de Díli, dito tétum-praça, exerce um efeito integrador dos novos termos da actual civilização tecnológica no formato primitivo da língua veicular local. É evidente que, no país em formação, as linguagens específicas das várias técnicas desempenham uma função muito importante na modernização do jovem país. Mas há muitos aspectos básicos

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ainda por abordar. Que os mais incrédulos procuram adiar, talvez à espera de inconfessáveis concretizações.

Na verdade, ambas as estruturas linguísticas têm que se acomodar, a fim de conseguirem sobreviver aos contágios hegemónicos trazidos pelos ventos da região: o malaio-indonésio, carregado na invasão opressiva da vizinhança ambiciosa, que ocorreu ao longo de 24 anos (de 1974 a 1998); e o inglês, ameaçador com nova derrocada, por diferente invasão, potencialmente de origem australiana.

As energias em jogo naquele espaço estão a ser equilibradas pela língua portuguesa. Assim definiu a Assembleia Constituinte de Timor-Leste em 2002, e desta maneira age o primeiro Governo eleito, presidido por Mari Alkatiri: o tétum e o português constituem as duas línguas veiculares timorenses, uma para enraizar a tradição na identidade do povo e outra para implantar a modernidade terminológica nos usos e costumes do século XXI.

É deste modo que se assiste, hoje, à integração de uma língua complexa, caracterizada por uma estrutura flexível e portanto versátil, noutra língua simples, articulada rigidamente e, por conseguinte, primitiva. Pratica-se uma simbiose linguística que ultrapassa a aglutinação dos léxicos, pois tem de se chegar à conformação das duas diferentes estruturas morfológicas e semânticas. Não parece fácil. Mas a prática corrente, ao longo do tempo, sedimentará a poeira que paira no ar.

Menos complicada será a definição de regras fonéticas, já que os dois ‘espíritos’ vocálicos combinam bastante bem, consonantes que se mostram com os respectivos espíritos dos povos falantes. A experiência convivida, ao longo de vários séculos, efectuou a aproximação de maneira pacífica e fraterna. Agora, esta aproximação manifesta-se a mais ansiada.

O processo de simbiose das duas falas revela-se claramente na imprensa escrita, tanto nos jornais diários, como nos semanários publicados na capital. Aí se encontram traduções de uma língua para outra, contemplando as preferências deste ou daquele leitor. Tais leituras são também inestimáveis para os apetites vorazes dos que, como eu, anseiam por entender como se poderão conjugar as distintas perspectivas numa única fala, a que chamarei hipoteticamente de ‘portétum’.

O que acontece é que os tradutores, nesse jornalismo bilingue, nem sempre primam pela adequação à gramática. Nem tampouco pela elegância do estilo. Há aqui muito estudo por incentivar ou bastante conhecimento a adquirir e prática a desenvolver. Um trabalho que durará, certamente, gerações. No entanto, trata-se de um evidente campo aberto aos linguistas e à tradução.

Para desfazer eventuais equívocos, repare-se que não referi directamente a linguística, nem a actividade profissional dos tradutores. Por um lado, devem ser os especialistas das línguas a ocupar-se da criteriosa fixação da harmonia da fala. E, por outro lado, é a tradução que se encontra à disposição de quem conhece os dois idiomas, apelando a tradutores profissionais, mas igualmente aos peritos de todas as actividades

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especializadas, que, bom será, dominem ambas as línguas. Pelo menos na actual fase de ordenamento societal, conducente a uma organização mais estruturada.

A perspectiva de enriquecimento da estrutura do jovem país consiste em motivar todos os portugueses, naturalmente os que cooperem nessa construção civilizacional, a aprender as formas coloquiais reconhecidas pelo povo em geral. Até porque assim se estimulam as populações a assimilar a bela fala lusíada. O que não parece totalmente aceite.

Onde melhor se apreende a possibilidade de juntar as duas línguas numa formulação híbrida é na televisão. Assiste-se a transmissões de entrevistas com os responsáveis pela condução dos negócios do Estado, normalmente os ministros das diversas pastas governamentais e também deputados parlamentares. Então, ouve-se o tétum popular imbricado no português técnico, pois são os termos das línguas específicas, próprias

das novas ciências e tecnologias, que faltam à tradição.

São exemplos disso algumas conversas transmitidas sobre as perspectivas da economia nacional ou as explicações regulamentares da justiça segundo o direito institucionalizado ou ainda as análises da educação projectada para o futuro próximo. Também testemunham os artigos que esses intervenientes remetem para os jornais. E merecem referência os letreiros de avisos públicos (sobre ambiente e salubridade) ou os painéis exteriores nas paredes ao longo das ruas (para chamamento à participação democrática), em curtas frases com a tecnicidade emprestada pelos dizeres portugueses.

no país em formação,

as linguagens específicas

das várias técnicas

desempenham uma função

muito importante na

modernização do jovem

país

A tradusaun em tétum faz-se, logicamente, pela semelhança fonética. É claro, acontece para além das expressões nativas da raiz linguística. Como só esta base tradicional se distingue nitidamente em ambas as práticas correntes, a ‘tradução’ tétum-português, tal como a reconversão inversa, corresponde sobretudo a uma adaptação linguística pelas mesmas sonoridades.

Ora, é esta correspondência fácil que suscita algumas dificuldades. Na realidade, a formulação sintáctica numa língua influencia os arranjos sintácticos da outra. Evidencia-se uma tendência para escrever ‘mal’ nas traduções para português, por contaminação simpática da estrutura intrínseca ao tétum. A diferença na colocação dos qualificativos em relação aos substantivos e a inexistência do verbo ser ou ainda as distintas formas de aplicar iguais palavras ilustram as potenciais dificuldades.

A carência do moderno vocabulário técnico em tétum é suprida pela terminologia portuguesa, de acordo com a orientação política determinada. Isto implica que sejam os peritos profissionais quem melhor traduz e reconverte a escrita. Mas a analogia fonética facilita esse trabalho, abrindo a porta a qualquer falante para que possa traduzir. O mais importante consiste em sentir por dentro o espírito das línguas.

Deduz-se imediatamente que a principal tarefa dos linguistas dos dois países reside na construção imediata de regras simples e gerais de transcrição fonética do léxico. Nota-se uma prática diária que aponta no bom caminho: representação simbólica sem

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ambiguidades, independentemente das origens gregas ou latinas e francesas ou anglo-saxónicas das palavras lusitanas. O som /s/ é sempre grafado com a letra s, quer em português se escreva s (sino = sinu) ou c (cidade = sidade) ou ainda ç (ameaçar = ameasa). Do mesmo modo, a consoante k prevalece sobre o som gutural c (catana = katana) ou q (quinta-feira = loron-kinta). Mais exemplos podem ser referidos, como o caso do z no lugar de /z/ em português (cinzento = sinzentu) e de s (mesa = meza).

Desta maneira, a tarefa de tradução ainda se espraia numa costa um tanto lábil. No dia em que as condições de escrita se encontrem normalizadas, pelo uso e seguindo acordos fixados, o trabalho de passar para a fala timorense aquilo que nós exprimimos, nos nossos modos de dizer, estará sujeito a menos enganos. Porém, não se justifica que a tradução inversa, grafada em português, apareça cheia de expressões mal construídas, como hoje acontece.

Tudo indica que se tem de promover rapidamente o conhecimento generalizado da língua de Camões. O instituto com o seu nome já lá se encontra em actividade. Mas com que dinâmica? Certamente a possível. Mas será suficiente? De facto, sem uma decisão política interventiva, liberta de aparentes reservas, tudo permanecerá a rolar em movimento uniforme, cuja aceleração (pelas leis da física clássica) é nula. E haverá bastante tempo de espera?

As universidades timorenses, actualmente em número de vinte, servem-se da língua indonésia para cultivar os seus futuros profissionais a nível superior, salvo honrosas excepções (talvez para afeiçoar as elites do futuro), pois os jovens que as frequentam só conhecem essa bahasa indonesia (como se diz ‘língua indonésia’ em malaio). Estes estudantes não entendem sequer o tétum nacional, quanto mais o português emprestado. Que esperança resta para as traduções entre as duas línguas?

Parece que se tem mesmo de aguardar a chegada dos actuais alunos das escolas primárias e secundárias ao exercício activo das profissões, jovens que regurgitam risonhos e com uma surpreendente pronúncia portuguesa. Somente então se evidenciará a possibilidade de bem traduzir em Timor-Leste. Entretanto, permanece-se em tempo de mudança. Já que a evolução tudo justifica, até a aceitação profissional do amadorismo. Todavia, a instabilidade dos ventos pode crescer e tornar a história num

ciclone ou até num furacão. ■

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PRIMEIRO RELATÓRIO DE UM INQUÉRITO A FORNECEDORES DE SERVIÇOS DE TRADUÇÃO CIENTÍFICA E TÉCNICA DE INGLÊS PARA PORTUGUÊS EUROPEU

ROSÁRIO DURÃO

Tradutora e Doutoranda, Portugal

Resumo: Um dos principais objectivos do inquérito que deu origem a este relatório foi determinar

quais as áreas de especialização dos Fornecedores de Serviços de Tradução (FST) científica e

técnica de Inglês para Português europeu durante os últimos cinco anos (2000-2005).

Paralelamente, procurámos obter dados que nos permitissem compor um retrato mais

completo dos inquiridos, como seja, o seu perfil académico, linguístico e profissional. O

inquérito foi colocado em linha e realizado entre os dias 1 e 31 de Outubro de 2005 no sítio

do SurveyMonkey. Os dados revelaram que os Fornecedores de Serviços de Tradução

científica e técnica de Inglês para Português europeu são maioritariamente jovens

profissionais independentes que traduzem basicamente para a sua língua materna, o

Português europeu. Na generalidade, são formados em Letras, especialmente em Tradução.

Pouco mais de metade dos FST retira mais de metade do seu rendimento da tradução. Para

um terço dos inquiridos ela é, mesmo, a sua única fonte de rendimento. A parcela que a

tradução científica e técnica ocupa na actividade destes tradutores varia, mas representa

mais de metade do volume de trabalho de cerca de 70 % dos FST. Quase 20 % apenas

fazem este tipo de tradução. Traduzem, essencialmente, do Inglês para o Português europeu

e, maioritariamente, documentos das Ciências Tecnológicas, das Ciências Médicas e das

Ciências da Vida. Revelam uma grande consciência da importância da especialização na

tradução de uma área científica ou técnica, aproveitando, em número razoável, as

oportunidades de formação profissionalizante que se lhes apresentam. Os resultados foram

interpretados como evidência dos progressos, tendências e insuficiências da formação e

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como indicadores úteis das principais áreas e subáreas de especialização. Mas também

foram avaliados como motivo de certa preocupação, pela disparidade que encontrámos

entre a grande quantidade de tradutores não especializados ou incipientemente

especializados e o reduzido número de especialistas tradutores. Em conclusão, recordou-se

o quanto esta situação poderá ser lesiva para a imagem e o futuro dos Fornecedores de

Serviços de Tradução científicos e técnicos.

Palavras-Chave: Fornecedores de Serviços de Tradução; Perfil; Domínios de especialização; Tradução

científica e técnica; Tradução en > pt-PT.

Abstract: One o the main objectives of this survey was to determine the areas of specialization of Scientific and Technical Translation Service Providers (TTSP) working from English into European Portuguese (EP) during the last five years. Data was also collected enabling us to build up a broader profile of the respondents, such as information about their academic, linguistic and professional background. The survey was answered on line at SurveyMonkey during the entire month of October, 2005. Data revealed that TTSP from English to targe European Portuguese are mostly young independent pro essionals who are translating intotheir mothe tongue (EP). The majority are g aduates in Humanities and more particularly, in Transla ion. For one third o the respondents, translating is their only source of income. The proportion of scienti ic and technical translation undertaken by these translators as against their otal produc ion varies, although for abou 70 % of them it represen s more than half their work load. Almost 20 % only do this sort of transla ion. They primarily translate from English to European Portuguese and most work is based on the Technological Sciences, Medicine and the Life Sciences. The respondents indicated that they were acutely aware of the need to specialize in translating scienti ic and technical text anda reasonable number took advantage of the training cou ses open to them in this field. Theinterpretation of the data showed that p ogress had been made and revealed trends as wellas failings in translator-education. The data also provided useful indicators as regards the main areas and sub-areas of specialization. Nevertheless, when evaluating respondents' answers, it was worrying to note that many translators were not specialized or were very incipiently so while only a small number were specialists or had specialized in certain fields. This dispari y is brought to bear upon the image transla ors reflect and their overall situa ion in the long run.

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tKeywords: Transla ion Service Providers; Profile; Areas of specialization; Technical and Scientific translation; English > Portuguese (European) translation.

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1. INTRODUÇÃO

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O inquérito 1 cujos resultados apresentamos insere-se no âmbito de um trabalho de investigação em curso sobre o ensino-aprendizagem da tradução científica e técnica que acompanha as indicações europeias para a formação superior em geral e para a formação inicial dos tradutores, ou seja, respectivamente, o projecto Tuning Educational Structure in Europe s

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2 e o TNP – Thematic Network Project in the Area of Languages. Sub-Project 7: Translation and Interpreting 3.

Uma das grandes novidades do projecto Tuning é a exigência de que o ensino superior se articule de perto com a realidade profissional:

«employment is an important element. In this context, competences and skills can relate better and may help to prepare graduates for crucial problems at certain levels of employment, in a permanently changing economy. This needs to be one of the points of analysis in the creation of programmes and units through constant reflection and evolution.» (European Commission 2002, 19)

Assim, a formação superior deve assentar em elementos recolhidos junto do universo profissional, que serão depois convertidos nas competências gerais e específicas (de cada área do saber e âmbito profissional) que orientam todo o processo de ensino-aprendizagem.

As competências específicas dos estudantes de Tradução foram definidas pelo TNP como:

1 O inquérito pode ser consultado no Apêndice a este artigo.

2 Os objectivos do projecto Tuning são descritos da seguinte forma: «The main aim and objectiveof the project is to contribute significantly to the elaboration of a framework of comparableand compatible qualifications in each of the (potential) signatory countries of the Bologna process, which should be described in terms of workload, level, learning outcomes, competences and profile.» http://tuning.unideusto.org/tuningeu/index.php?option=content& task=view&id=3&Itemid=26.

3 O objectivo global do TNP foi: “to respond to the challenges posed to Higher Education by a multilingual and multicultural Europe. It did so by developing recommendations and proposals for language and language-re ated programmes designed to meet the demands in the professional, economic and social environments. The idea was to encourage universities to implement the recommendations and to support the proposals.» O projecto dedicado à tradução e interpretação foi designado sub-project 7, e compreende três documentos finais: um levantamento da situação da tradução e interpretação na Europa Central e Oriental, recomendações gerais para o ensino-aprendizagem da tradução e da interpretação e propostas específicas para os cursos na área. É à sua proposta para os cursos de «Tradução» que nos referimos. http://web.fu-berlin.de/elc/en/tnp.html. 3

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competência linguística (na língua materna e na[s] estrangeira[s]);

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competência cultural e temática; competência de tradução (compreensão do texto de partida, da sua

finalidade, capacidade de o transpor para a língua de chegada; saber fazer investigação documental e terminológica; saber utilizar as novas tecnologias);

competência de tradução de produtos informáticos (localização) e de materiais audiovisuais;

competência profissional; competência teórico-prática. (European Language Council 1999a)

No entanto, embora, na sua proposta de formação inicial, o TNP apresente descritores sucintos dos conteúdos de cada módulo curricular, o facto é que não especifica os resultados esperados da aprendizagem, ou seja, as competências específicas de cada unidade. Na cadeira de prática da tradução, que denomina «General Translation», uma disciplina que se prolonga por três dos quatro anos do curso, o TNP, ao contrário do que declara estar a fazer quando escreve: «It is thus of vital importance to develop the professional training of translators and interpreters» (European Language Council 1999b), também não faz referência à formação dos estudantes nos diversos tipos de tradução (tradução científica, tradução técnica, tradução jurídica…). E esta ênfase é fundamental, pois permite estabelecer a ponte para o mundo

profissional onde as pessoas se classificam como tradutores científicos, tradutores técnicos, tradutores científicos e técnicos, tradutores jurídicos, etc., e não como tradutores gerais ou tradutores generalistas.

a formação superior

deve assentar em elementos

recolhidos junto do universo

profissional, que serão depois

convertidos nas competências

gerais e específicas (de cada área

do saber e âmbito profissional)

que orientam todo o processo de

ensino-aprendizagem

Neste sentido, aguardamos com expectativa a publicação do quadro comum de referência para a tradução e interpretação e do modelo europeu de portefólio de tradução e interpretação que vêm anunciados na Declaração de Germersheim (Kelletat 2004).

Enquanto isto não acontece, porém, somos obrigados a recorrer a outras fontes para determinar quais serão as competências específicas dos tradutores científicos e técnicos. E, de facto, não é difícil encontrar bibliografia sobre o tema. Ela não é muito vasta, mas existe e há meio século que os autores procuram responder à questão das competências dos tradutores.

Em 1958, J. E. Holmstrom referia o domínio temático, a competência de transferência interlinguística e a competência redaccional (38). Alguns anos mais tarde, Jean Maillot salientou os conhecimentos técnicos e linguísticos (1975, xxii), embora o seu entendimento dos últimos fosse essencialmente terminológico. Claude Bédard, por seu lado, apontou os géneros e registos técnicos quando falou das competências linguísticas dos tradutores técnicos e introduziu também a noção de competências de investigação (1986, 76, 121-122, 164-168, 176 e 192-210). Mais recentemente, no

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capítulo de uma obra dedicada especificamente ao ensino da tradução científica e técnica, Silvia Gamero Pérez e Amparo Hurtado Albir reiteraram os conhecimentos temáticos, a terminologia, os géneros de documentos e a capacidade de o tradutor se documentar (1999, 140).

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Daqui se poderá concluir que as competências específicas dos Fornecedores de Serviços de Tradução científica e técnica são, essencialmente, quatro: a competência temática e a competência terminológica (que estão interligadas), o conhecimento dos géneros técnicos e científicos (bem como a capacidade de os reproduzir) e a capacidade de efectuar a investigação documental necessária e adequada e de aplicar correctamente os seus resultados durante o processo de tradução.

Como o trabalho de investigação que temos em curso tem por objecto o ensino-aprendizagem da tradução científica e técnica de Inglês para Português europeu, conhecer o universo dos profissionais que efectuam este tipo de tradução e dos clientes compradores de tradução transformou-se numa prioridade. Os objectivos que nos propomos alcançar, porém, levaram-nos a seleccionar, como temas focais, apenas as áreas de especialidade e os seus géneros de documentos.

Não tendo encontrado questionários actuais e pormenorizados sobre estes temas relativamente à combinação e orientação linguística do nosso estudo, elaborámos as perguntas do inquérito com base em alguma bibliografia mais geral (por exemplo, Paiva 2004) e a partir de trocas de opiniões com tradutores técnicos profissionais.

No inquérito e ao longo deste relatório, utilizamos as seguintes designações e correspondentes siglas «Fornecedores de Serviços de Tradução (FST)» e «Compradores de Serviços de Tradução (CST)». Embora a primeira possa ser objecto de uma interpretação mais ampla, como acontece no projecto de norma europeia (CEN 2004), por nós ela é utilizada como sinónima de «Tradutores». A utilização da segunda refere-se, inversamente, às empresas de tradução (intermediárias da tradução enquanto transacção comercial) e aos clientes finais dos documentos traduzidos.

O conceito de «tradução científica e técnica», por seu lado, segue o sistema de classificação da UNESCO. Desta forma, «tradução científica» diz respeito à tradução de documentos de «Matemáticas», «Astronomia e Astrofísica», «Física», «Química», «Ciências da Vida», «Ciências da Terra e do Espaço», «Ciências Agrárias» e «Ciências Médicas» (códigos 12, 21 a 25, 31 e 32). A «tradução técnica» alude à tradução de documentos das «Ciências Tecnológicas» (código 33).

1.1. Objectivos

Os objectivos fundamentais do inquérito foram:

a) determinar as principais áreas e subáreas de trabalho dos FST e dos CST na combinação e orientação linguística Inglês > Português europeu entre 2000 e 2005; e

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b) conhecer os géneros de documentos mais traduzidos pelos mesmos FST e CST na mesma combinação e orientação linguística e no mesmo período de tempo.

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A necessidade de compreender a situação envolvente e até de alvitrar algumas causas para a mesma convenceram-nos de que era importante introduzir um objectivo secundário, ou seja, de incluir perguntas que nos possibilitassem obter uma imagem mais inteira dos sujeitos da amostra, desde a sua formação académica a algumas circunstâncias da sua actividade profissional.

2. METODOLOGIA

A informação que se pretendia recolher tinha como universo os Fornecedores de Serviços de Tradução (tradutores) e os Compradores de Serviços de Tradução (empresas de tradução e clientes finais). Por este motivo, o inquérito inicial foi desdobrado em dois, cada um destinado ao grupo-alvo em questão. O inquérito aos FST continha 75 perguntas. O que se destinava aos CST era composto por um total de 58 perguntas.

Os questionários foram colocados no sítio do SurveyMonkey, uma ferramenta que permite criar e colocar inquéritos em linha. O período de resposta decorreu entre os dias 1 e 31 de Outubro de 2005. Embora cada pessoa só pudesse responder ao inquérito uma vez, era-lhes dada a

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a

Os resultados apresentados

neste relatório podem ser

interpretados como evidência

de que houve um grande

umento na oferta de cursos de

Tradução nos últimos quinze

nos em Portugal e de que essa

formação teve, pelo menos,

dois grandes méritos

possibilidade de retomar o inquérito caso o tivessem suspendido e de, em qualquer altura, mesmo depois de o terem enviado, alterar as suas respostas.

Os questionários foram concebidos de maneira a permitir que os inquiridos respondessem apenas às perguntas que se aplicavam ao seu caso. Ainda assim, o tempo médio de resposta era de 15 a 20 minutos para o inquérito aos FST e de 10 a 15 minutos para o dos CST.

Os inquéritos foram divulgados por correio electrónico às seguintes pessoas e entidades: membros do Conselho Editorial desta publicação e a sua lista de subscritores; grupos de discussão sobre tradução na Internet; empresas de tradução sedeadas maioritariamente em Portugal; directório de tradutores independentes em linha, o ProZ.com; associações, sociedades, confederações e federações (empresariais, industriais e profissionais) não ligadas directamente à tradução; ordens profissionais portuguesas; e empresas nacionais e multinacionais e entidades de outra natureza. Na sua generalidade, as mensagens continham um pedido para que os destinatários dessem a conhecer o inquérito aos seus colaboradores directos e indirectos.

As mensagens continham a indicação do endereço de acesso a cada um dos questionários, cabendo aos inquiridos a decisão de responderem ao questionário que correspondia ao seu perfil. 3

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Apesar do grande número de perguntas e de os inquéritos demorarem algum tempo a responder, o questionário aos FST devolveu um total de 154 respostas válidas 4. O inquérito aos CST obteve 6 respostas válidas, motivo pelo qual o presente relatório apenas apresenta e analisa os resultados relativos aos FST.

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Agradecemos a todas pessoas que se prestaram a responder e a todas as que ajudaram na divulgação dos questionários, contribuindo para um melhor conhecimento do panorama da tradução científica e técnica profissional de Inglês para Português europeu entre os anos de 2000 e 2005.

O inquérito aos FST foi concebido de modo a determinar, prioritariamente, as suas principais áreas e subáreas de especialização (II Parte) e os géneros de documentos científicos e técnicos que traduziram com mais frequência (III Parte). Tanto uma como outra parte concluíam com algumas perguntas sobre a necessidade de especialização e sobre as acções de formação profissional frequentadas. A I Parte do questionário continha perguntas que nos permitiriam traçar um retrato mais vasto deste tipo de FST, designadamente, a sua identificação, o seu local de residência, a sua formação académica, as suas línguas de trabalho e alguns factores ligados ao exercício da profissão.

Como resultado das nossas leituras e do diálogo que temos estabelecido com docentes e tradutores profissionais, apresentamos e analisamos aqui apenas os resultados da I e II Partes que nos parecem mais relevantes.

3. RESULTADOS

3.1. I Parte

3.1.1. Perfil Académico

A comparação das respostas que se referem às habilitações académicas dos inquiridos conduz ao seguinte gráfico (perguntas 5, 6, 8, 9, 11, 12, 14 e15):

4 Por inquéritos ou respostas «válidas» entendam-se os inquéritos que foram respondidos por FST que trabalhavam na combinação e orientação linguística especificada (en > pt-PT) e que responderam às perguntas que exprimiam os principais objectivos do inquérito: (a) as áreas de especialização temática e (b) os géneros de documentos científicos e técnicos mais traduzidos. 3

5

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AR

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OS E

C

tradução e localização

6019 4

338 0

14282

0

50

100

150

Lice

ncia

tura

,Ba

char

elat

oou

equi

vale

nte

Pós-

grad

uaçã

o

Mes

trado

Dou

tora

men

-to

Habilitações académicas

N.º

de in

quiri

dos

Total de respostas Formação em Tradução

OM

UN

ICAÇÕ

ES

FIG. 1: Formação superior dos FST comparada com a sua formação superior em Tradução

Como vemos, 82 inquiridos (53 % da amostra) 5 seleccionaram a opção «Tradução» como área de formação inicial.

As respostas à pergunta 6 mostram que 64 (42 %) se diplomaram em «Línguas; Linguística», 29 (19 %) nas diferentes áreas científicas e técnicas apresentadas 6 e 27 (18 %) em «Outras áreas» 7:

5 Ao longo deste artigo, a conversão dos valores em percentagens foi realizada tendo por referência do número total da amostra, ou seja, 154 inquiridos.

6 «Matemática», «Astronomia e Astrofísica», «Física», «Química», «Ciências da Vida», «Ciências da Terra e do Espaço», «Ciências Agrárias», «Ciências Médicas» e «Ciências Tecnológicas»

7 A soma das percentagens dá um total superior a 100 %. Isto deve-se ao facto de alguns inquiridos assinalarem mais do que uma área de formação. Este facto ocorreu com mais frequência nas opções «Tradução» e «Línguas; Linguística». 3

6

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tradução e localização

64

11 6 5 2 2 1 1 1

27

82

0

50

100

150

Trad

ução

Líng

uas;

Ling

uíst

ica

Ciên

cias

Tec

noló

gica

s

Ciên

cias

Méd

icas

Ciên

cias

da

Vida

Astro

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Ast

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Quí

mic

a

Ciên

cias

Agr

ária

s

Ciên

cias

da

Terra

e d

o Es

paço

Mat

emát

icas

Out

ras

Áreas de especialidade

N. º d

e in

quiri

dos

OM

UN

ICAÇÕ

ES

FIG. 2: Formação superior inicial, por áreas de especialidade

3.1.2. Perfil Linguístico

As respostas à pergunta 17 mostram que o Português é a língua materna de 146 inquiridos (95 % da amostra); 3 (2 %) afirmam ser o Inglês e 4 (3 %) seleccionaram a opção «Outra».

A combinação e orientação linguística que gerou maior volume de trabalho aos FST da amostra foi en > pt-PT (pergunta 27):

37

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10,7 %

10 %

6,4 %

5,2 %

1 % 0,4 %1,9 %

1,3 %0,2 %

63,4 %

en > pt-PT pt-PT > en de > pt-PT fr > pt-PT

es > pt-PT Outras > pt-PT pt-PT > Outras pt-PT > fr

pt-PT > de pt-PT > es

OM

UN

ICAÇÕ

ES

FIG. 3: Percentagem do volume de documentos científicos e técnicos traduzidos, por combinação e orientação linguística

3.1.3. Perfil Profissional

As respostas à pergunta 21 revelam que 84 (55 %) inquiridos consideram a tradução como a sua actividade principal.

O gráfico abaixo indica que, para 74 FST (48 %), esta actividade representa mais de 80 % do seu rendimento. Destes, 48 (31 %) têm-na como única actividade. Para cerca de 40 a 45 % dos inquiridos ela representa abaixo de metade do seu rendimento:

42

167

13

26

48

0

20

40

60

0 a

19

20 a

39

40 a

59

60 a

79

80 a

99

100

% do rendimento

N.º

de in

quiri

dos

FIG. 4: Percentagem do rendimento dos FST proveniente da tradução

38

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tradução e localização

Relativamente ao seu regime de trabalho, os resultados mostram que 130 (87 %) inquiridos afirmam ser tradutores independentes, 20 (13 %) exercem a actividade simultaneamente em regime dependente e independente e 4 (3 %) trabalham exclusivamente por conta de outrem (pergunta 20).

OM

UN

ICAÇÕ

ES

No que diz respeito à tradução científica e técnica propriamente dita, os elementos obtidos indicam que 102 (66 %) do total de inquiridos exerce a actividade há menos de dez anos (pergunta 24):

5448

24

134 4 5

0

20

40

60

0 a

4

5 a

9

10 a

14

15 a

19

20 a

24

25 a

29

30 o

u m

ais

Anos de profissão

N.º

de in

quiri

dos

FIG. 5: Anos de exercício da profissão de FST científico e técnico

Na pergunta 25, 80 inquiridos (52 % da amostra) consideram que as traduções científicas e técnicas representam mais de 80 % do seu trabalho; para cerca de 109 (c. 70 %) ela constitui mais de metade do seu volume de trabalho. As respostas à pergunta 26 indicam que a tradução en > pt-PT é a combinação e orientação linguística dominante na tradução científica e técnica:

39

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tradução e localização

14 1621 19

52

28

16 18

33

14

46

25

0

10

20

30

40

50

60

0 a 19 20 a 39 40 a 59 60 a 79 80 a 99 100

Volume de trabalho (%)

N.º

de in

quiri

dos

Tradução científica e técnica

Tradução científica e técnica en > pt-PT

OM

UN

ICAÇÕ

ES

FIG. 6: Volume de trabalho de tradução científica e técnica comparado com o volume de trabalho de tradução científica e técnica de Inglês para Português

europeu

3.2. II Parte

3.2.1. Áreas de Especialização

A média das percentagens atribuídas a cada área de especialidade pelos FST, em resposta à pergunta 29 na qual se pedia que distribuíssem o volume de traduções científicas e técnicas que fizeram de Inglês para Português europeu, ao longo dos últimos 5 anos, pelas diferentes áreas científicas, consta do gráfico abaixo:

18,3

7,9

3,5

2,9

1,9

1,2

0,6

0,4

63,2

0 20 40 60 80 100

Ciências Tecnológicas

Ciências Médicas

Ciências da Vida

Ciências da Terra e do Espaço

Química

Ciências Agrárias

Matemáticas

Astronomia e Astrofísica

Física

Área

s de

espe

cial

izaç

ão

% média

40

FIG. 7: Volume de traduções científicas e técnicas de Inglês para Português europeu nos últimos cinco anos

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3.2.2. Subáreas de Especialização

OM

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ES

3.2.2.1. Matemáticas

Nos últimos cinco anos, as Matemáticas foram uma das três principais áreas de trabalho de 4 FST (3 % da amostra) (pergunta 30).

As principais subáreas (pergunta 31) a «Estatística» (2 respostas), a «Análise e Análise Funcional» (1 resposta) e a «Ciência dos Computadores» (1 resposta). As «Outras especialidades matemáticas» obtiveram 2 respostas.

3.2.2.2. Astronomia e Astrofísica

Esta área foi eleita como uma das principais áreas de trabalho nos últimos cinco anos por 3 FST (2 % da amostra) (pergunta 32).

As principais subáreas (pergunta 33) foram a «Astronomia Óptica» e o «Sistema Solar» (2 respostas cada), a «Planetologia» e a «Radioastronomia» (1 resposta cada). 1 inquirido apontou também as «Outras especialidades astronómicas».

3.2.2.3. Física

A Física foi uma das três principais áreas de trabalho de 1 inquirido (0,6 % da amostra) (pergunta 34) e a «Mecânica» a sua principal subárea (pergunta 35).

3.2.2.4. Química

14 FST (9 % da amostra) seleccionaram a Química como uma das três principais áreas de trabalho dos últimos cinco anos (pergunta 36).

O maior volume de traduções (pergunta 37) realizou-se nas seguintes subáreas: 8

8 Nos gráficos relativos ao volume de trabalho por subárea de especialidade apenas se indicam os domínios que obtiveram uma resposta positiva (≥ 1). 4

1

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443

111

4

5

0 20 40 60 80

Química ambientalQuímica farmacêutica

Química inorgânicaQuímica orgânica

BioquímicaQuímica analíticaQuímica nuclear

Outras especialidades químicasSubá

reas

de

espe

cial

idad

e

N.º de respostas

OM

UN

ICAÇÕ

ES

FIG. 8: Subáreas da Química com maior volume de trabalho de Inglês para Português europeu nos últimos cinco anos

3.2.2.5. Ciências da Vida

31 inquiridos (20 % da amostra) escolheram as Ciências da Vida como uma das três principais áreas de trabalho dos últimos cinco anos (pergunta 38).

A distribuição do volume de trabalho pelas diferentes subáreas foi bastante uniforme (pergunta 39):

8

7

7

7

6

5

5

5

4

4

3

2

2

1

1

8

9

0 20 40 60

Biologia humana

Biologia celular

Antropologia

Biologia animal

Imunologia

Fisiologia humana

Biologia molecular

Bioquímica

Virologia

Biologia vegetal

Genética

Neurociências

Biologia dos insectos

Paleontologia

Biofísica

Microbiologia

Outras

Subá

reas

de

espe

cial

idad

e

N.º de respostas

80

42

FIG. 9: Subáreas das Ciências da Vida com maior volume de trabalho de Inglês para Português europeu nos últimos cinco anos

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3.2.2.6. Ciências da Terra e do Espaço

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ES

11 FST (7 % da amostra) consideraram as Ciências da Terra e do Espaço como uma das três principais áreas de trabalho dos últimos cinco anos (pergunta 40).

As subáreas que geraram mais trabalho foram (pergunta 41):

433

2222

1

5

0 20 40 60 8

GeologiaCiências do Solo

GeografiaOceanografia

Ciências do espaçoClimatologia

HidrologiaMeteorologia

Ciências da atmosfera

Subá

reas

de

espe

cial

idad

e

N.º de respostas

0

FIG. 10: Subáreas das Ciências da Terra e do Espaço com maior volume de trabalho de Inglês para Português europeu nos últimos cinco anos

3.2.2.7. Ciências Agrárias

As Ciências Agrárias foram eleitas por 12 inquiridos (8 % da amostra) (pergunta 42) como uma das três principais áreas de trabalho.

Os resultados mostram que as subáreas com maior volume de trabalho (pergunta 43) foram:

33

2222

12

5

0 20 40 60

Ciências FlorestaisAgronomia

Engenharia agrícolaCiências

HorticulturaPesca e Fauna

Produção animalAgroquímica

OutrasSubá

reas

de

espe

cial

idad

e

N.º de respostas

80

FIG. 11: Subáreas das Ciências Agrárias com maior volume de trabalho de Inglês para Português europeu nos últimos cinco anos

43

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3.2.2.8. Ciências Médicas

OM

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ES

Um total de 60 inquiridos (39 % da amostra) considera as Ciências Médicas como uma das três principais áreas de trabalho dos últimos cinco anos (pergunta 44).

As respostas à pergunta 45 mostram a seguinte distribuição por subárea de especialidade:

1412

11

10

7

76

5

5

43

2

30

29

0 20 40 60 8

Farmacologia

Ciências clínicasCirurgia

Saúde pública

Medicina preventiva

Ciências da nutrição

Medicina internaFarmacodinâmica

Patologia

Psiquiatria

Medicina do trabalho

Toxicologia

Medicina forense

Outras especialidades médicas

Subá

reas

de

espe

cial

idad

e

N.º de respostas

0

FIG. 12: Subáreas das Ciências Médicas com maior volume de trabalho de Inglês para Português europeu nos últimos cinco anos

3.2.2.9. Ciências Tecnológicas

Nos últimos cinco anos, as Ciências Tecnológicas foram uma das três principais áreas de trabalho de 123 inquiridos (80 % da amostra) (pergunta 46).

Para os resultados da pergunta 47, sobre as subáreas mais traduzidas, consulte-se a FIGURA 9:

44

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56

38

33

31

22

20

20

15

14

14

11

9

8

8

7

7

7

7

7

6

6

6

5

4

3

1

1

34

73

0 20 40 60 8

Tecnologia dos computadores

Tecnologia das telecomunicações

Engenharia e tecnologia mecânica

Tecnologia electrónica

Tecnologia de veículos a motor

Tecnologia médica

Engenharia e tecnologia eléctrica

Tecnologia industrial

Tecnologia da construção

Processos tecnológicos

Tecnologia dos sistemas de transporte

Tecnologia têxtil

Engenharia e tecnologia do ambiente

Engenharia e tecnologia química

Tecnologia da instrumentação

Tecnologia bioquímica

Tecnologia de produtos metálicos

Tecnologia dos alimentos

Tecnologia metalúrgica

Tecnologia naval

Engenharia e tecnologia aeronáuticas

Planificação urbana

Tecnologia dos caminhos-de-ferro

Tecnologia energética

Tecnologia dos materiais

Tecnologia do petróleo e do carvão

Tecnologia do espaço

Tecnologia mineira

Outras

Subá

reas

de

espe

cial

idad

eN.º de respostas

0

OM

UN

ICAÇÕ

ES

FIG. 13: Subáreas das Ciências Tecnológicas com maior volume de trabalho de Inglês para Português europeu nos últimos cinco anos

3.2.3. Especialização e Formação Especializada

Os resultados mostram que os inquiridos atribuem uma elevada importância à sua própria especialização na tradução de uma área científica ou técnica (pergunta 48). O gráfico abaixo compara esta opinião com o que os FST consideram ser o juízo dos CST sobre o mesmo facto (pergunta 49):

45

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OM

UN

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ES

19

1 1

40

21

4

62 65

39 42

0

50

100

Mui

toim

porta

nte

Impo

rtant

e

Rela

tivam

ente

impo

rtant

e

Pouc

oim

porta

nte

Não

impo

rtant

e

Tipo de apreciação

N.º

de re

spos

tas

Importância da especialização para os FST

Importância que, segundo os FST, os CST atribuem à especializaçãodos FST

FIG. 14: Importância da especialização temática dos FST

No que respeita à Formação Profissional, 61 inquiridos (40 % da amostra) afirmam que frequentaram cursos de formação ou actualização profissional em tradução científica e técnica nos últimos cinco anos em Portugal e 29 noutros países (19 %) (pergunta 51).

A comparação do número de cursos por entidade formativa, realizados em Portugal e noutros países (perguntas 52 e 53), dá origem ao seguinte gráfico:

17

7 8

32

1419

7 73

6 5 4

0

20

40

Agên

cias

tradu

ção

Empr

esas

Esco

las

língu

as

Ens.

sup.

públ

ico

Ens.

sup.

priv

ado

Out

ras

entid

ades

Tipo de entidades

N.º

de re

spos

tas

Número de cursos realizados em Portugal

Número de cursos realizados noutros países

FIG. 15: N.º de cursos profissionais em tradução científica e técnica realizados em Portugal comparados com o n.º de cursos realizados noutros

países, por entidade promotora

46

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5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

OM

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ES

Os resultados do inquérito revelam que os Fornecedores de Serviços de Tradução científica e técnica de Inglês para Português europeu:

são maioritariamente jovens profissionais independentes que trabalham principalmente do Inglês para o Português europeu;

para um terço dos inquiridos a tradução é mesmo a sua única fonte de rendimento;

a parcela que a tradução científica e técnica ocupa na actividade destes tradutores varia, mas representa mais de metade do volume de trabalho de cerca de 70 % dos FST;

quase 20 % por cento apenas fazem este tipo de tradução;

traduzem, essencialmente, do Inglês para o Português europeu;

as áreas que lhes proporcionam mais trabalho são as Ciências Tecnológicas, as Ciências Médicas e as Ciências da Vida;

revelam uma grande consciência da importância da formação especializada, ou especializante, 9 numa área científica ou técnica, aproveitando, em número razoável, as oportunidades de formação profissionalizante que se lhes apresentam.

Os resultados apresentados neste relatório podem ser interpretados como evidência de que houve um grande aumento na oferta de cursos de Tradução nos últimos quinze anos em Portugal e de que essa formação teve, pelo menos, dois grandes méritos: o de consciencializar os estudantes da importância de traduzirem para a sua própria língua e o de formar muitos tradutores na combinação en > pt-PT que, nas especialidades científicas e tecnológicas, tem um relevo único 10.

O regime de trabalho que mais caracteriza os FST (científicos e técnicos ou outros) tem aspectos positivos, pois tende a fomentar o espírito empreendedor, com tudo o que de

9 Por «formação especializada» entenda-se a que é própria das pessoas que se diplomaram numa área científica ou técnica e que integraram o universo da tradução como «especialistas tradutores». Por «formação especializante» a que apetrecha as pessoas com formação em outras áreas do saber, principalmente em Letras, com os conhecimentos e as técnicas que lhes permitem vir a tornar-se «tradutores especializados».

10 Estamos cientes das vozes que defendem um lugar para a retroversão, sobretudo no âmbito da tradução científica e técnica, como faz Campbell (1998, 57), e o nosso inquérito também demonstra que a retroversão, principalmente do Português para o Inglês, ocupa um espaço de algum relevo nestes domínios de especialidade. 4

7

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positivo esta qualidade tem num mundo cada vez mais interligado e num tempo cada vez mais aberto ao profissionalismo e à iniciativa individual.

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A identificação das Ciências Tecnológicas (com um volume de traduções na ordem dos 63,2 %), Ciências Médicas (18,3 %) e Ciências da Vida (7,9 %) como as áreas que mais ocupam os tradutores científicos e técnicos também nos diz alguma coisa. Em 1999, um relatório da indústria de tradução canadiana previa que o volume de traduções técnicas feitas por tradutores (a tradução não automática) aumentasse exponencialmente (entre 25 a 30 % ao ano) nos seguintes domínios:

«Aerospace industry Transportation Business services

Pharcameutical industry Telecommunications equipment Financial services Information technology International organizations» (o negrito é nosso) (Le Groupe Mallette Maheu e Arthur Andersen 1999, 37)

Se nos recordarmos que, segundo os resultados do nosso inquérito, as três principais subáreas das Ciências Tecnológicas são as Tecnologias dos Computadores e das Telecomunicações, bem como a Engenharia Mecânica, e

que a Farmacologia é a subárea dominante das Ciências Médicas, parece-nos lícito afirmar que os tipos de tradução científica e técnica que se fazem de Inglês para Português europeu parecem estar a acompanhar as grandes tendências mundiais.

os tipos de tradução

científica e técnica que se

fazem de Inglês para

Português europeu

parecem estar a

acompanhar as grandes

tendências mundiais

Simultaneamente, porém, os resultados do inquérito também servem de alerta.

O reduzido número de FST com uma formação de base nas áreas científicas e técnicas é um indicador do muito que há por fazer no sentido de alertar os estudantes e diplomados destas áreas para as vantagens de uma carreira na Tradução, seja ela a tempo inteiro ou a tempo parcial 11.

O carácter «especializado» e «altamente especializado» deste tipo de tradução justifica a importância que os inquiridos atribuem à formação profissional. Contudo, também suscita dúvidas acerca das habilitações dos diplomados em Tradução para exercerem esta actividade. E aquelas são tanto mais insistentes quanto pensarmos que os cursos de formação inicial só muito recentemente começaram a contemplar o ensino da tradução noutras áreas para além das Humanidades e que ainda não houve um único curso de formação pós-graduada, profissionalizante ou de outra natureza (e a falta de

11 Veja-se, a este propósito, o apontamento de Paulo Ivo Teixeira nesta Revista. 48

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investigadores nesta área em Portugal é um problema bem real) que se debruçasse exclusivamente sobre a tradução nas áreas científicas e técnicas no nosso país.

A natureza complementar, ou, até mesmo, intermitente, do trabalho de tradução em geral e da tradução científica e técnica revela que a Tradução não tende a ser vista como uma profissão no pleno sentido do termo, ou seja, como uma carreira com normas, exigências e regalias, que requer uma planificação cuidada e uma consciencialização e um investimento permanentes.

A fraca presença de tradutores que se dedicam apenas à tradução científica e técnica, quando estas são as áreas que mais trabalho oferecem aos tradutores, como vimos acima, pode ser interpretada apenas como um sintoma da rejeição que leva tantos estudantes a enveredar pelas Letras. Mas este facto também nos permite inferir que existe uma grande faixa de mercado que escapa à maioria dos tradutores, sobretudo os independentes que não são especialistas destas áreas. Permite-nos ainda colocar perguntas do género: como, quando e por que razões, para além das já apontadas, isto acontece e, acima de tudo, o que será necessário fazer para modificar esta situação?

A discrepância entre a importância que os tradutores conferem à formação especializada e a que eles estimam que os CST (empresas de tradução e compradores finais) lhe atribuem pode ser interpretada do ponto de vista económico e, neste caso, essencialmente a desfavor dos CST, que conhecem bem o valor da alta especialização. Mas também pode ser entendida de outros prismas, dos quais salientamos dois. Em primeiro lugar, como um prolongamento do dogma de que qualquer pessoa que sabe ler e escrever em duas ou mais línguas sabe traduzir e, por que não também, da opinião de que qualquer médico, engenheiro, cientista… que conheça duas ou mais línguas sabe fazê-lo, como, de facto, acontece todos os dias nos locais de trabalho. Em segundo lugar, esta diferença de opiniões parece-nos ser sintomática de que o universo da tradução (entendam-se FST e CST no seu conjunto) não parece estar completamente definido.

Naturalmente, a divergência a que temos vindo a referir-nos é um indicador extraordinário da abertura que os FST científicos e técnicos têm para a multidisciplinaridade do conhecimento e para a aquisição das competências que lhes permitam levá-la a efeito com rigor.

Em suma, os resultados que aqui apresentámos permitem-nos traçar um perfil complexo, até mesmo algo volátil, dos tradutores científicos e técnicos que traduzem de Inglês para Português europeu, mas são um bom indicador das principais áreas e subáreas de especialização, podendo ser úteis para identificar ênfases pedagógicas e áreas preferenciais de especialização. Desta forma, poderão ter um efeito positivo tanto no ensino, como nos próprios tradutores.

Todavia, também advertem para duas questões que nos suscitam alguma preocupação: o excesso de tradutores não especializados ou que têm uma especialização muito incipiente e muito generalista; e o número insuficiente de especialistas tradutores ou

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de tradutores que tenham atingido um elevado grau de especialização na tradução de uma área científica e técnica.

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Não cabe no âmbito deste estudo desenvolver as implicações de um tal desequilíbrio. Permitimo-nos, no entanto, recordar, a título de conclusão, que tais disparidades raramente acontecem sem deixar um rasto de consequências bastante desagradáveis e que estas, no caso dos Fornecedores de Serviços de Tradução, poderão afectar toda a

sua imagem e todo o seu futuro por muito e longo tempo. ■

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bédard, Claude.. La traduc ion technique: princ pe et pratique. Montréal: Linguatech, 1986. t i s

I i r r

t

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Holmstrom, J. E.. Scientific and Technical Transla ing and Related Aspects of the Language Problem. Paris: UNESCO, 1958.

Kelletat, Andreas F. e Susanne Hagemann, 2004. “Germersheim Declaration. Translation and Interpreting Studies Programmes and the Bologna Process.” [em linha]. Johannes Gutenberg-Universität Mainz. Consultado em 2 de Novembro de 2005. Disponível em <http://www.fask.uni-mainz.de/user/hagemann/publ/ger-decl.pdf>.

Le Groupe Mallette Maheu e Arthur Andersen. “Survey of the Canadian Translation Industry: Summary of Sectoral Reports (Translation Suppliers, Clients, Training Institutions, Designers of Computer Aids for Translation and Machine-Translation Technology, Report on Sectoral Competition) - Human Resources and Export Development Strategy.” Ottawa: Comité sectoriel de l'industrie canadienne de la traduction/Canadian Translation Industry Sectoral Committee, 1999.

Maillot, Jean. A Tradução Cientí ica e Técnica. Tradução de Paulo Rónai. São Paulo e Brasília: Editora McGraw-Hill do Brasil e Editora na Universidade de Brasília, 1975.

Paiva, Maria Manuela Gomes. Encontros e Desencontros da Coexistência: O papel do intérprete-traduto na sociedade de Macau. Macau: Livros do Oriente, 2004. 5

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APÊNDICE

INQUÉRITO A TRADUTORES (FORNECEDORES DE SERVIÇOS DE TRADUÇÃO [F.S.T.])

Este inquérito destina-se a auxiliar um projecto de investigação científica em curso.

Através dele, pretende-se determinar: a) as áreas de especialidade e b) os géneros de

documentos que traduz do Inglês para o Português europeu.

O inquérito decorre entre os dias 1 e 31 de Outbro de 2005.

O inquérito só pode ser feito uma vez por cada pessoa. Pode, no entanto, modificar as suas

respostas mesmo depois de ter carregado em «Enviar», como pode retomar o inquérito se

por algum motivo decidir suspendê-lo.

O inquérito foi concebido de maneira a responder apenas às perguntas que se aplicam ao

seu caso. Por esse motivo, o tempo de resposta pode variar entre 15 e 20 minutos.

As respostas a este inquérito serão processadas para efeitos estatísticos.

A identidade dos inquiridos que desejem indicar o seu nome e endereço de correio

electrónico será sempre salvaguardada.

A sua resposta é muito importante.

Obrigada.

Rosário Durão.

A TRADUÇÃO CIENTÍFICA E TÉCNICA

Neste inquérito:

1) tradução científica refere-se à tradução de documentos de «Matemática», «Astronomia e Astrofísica», «Física», «Química», «Ciências da Vida», «Ciências da Terra e do Espaço», «Ciências Agrárias» e «Ciências Médicas» (códigos 12, 21 a 25, 31 e 32 do sistema de classificação da UNESCO: http://wzar.unizar.es/invest/unesco/).

2) tradução técnica refere-se à tradução de documentos de «Ciências Tecnológicas» (código 33 do sistema de classificação da UNESCO: http://wzar.unizar.es/invest/unesco/Unesco33.html).

I. IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO TRADUTOR

1. Nome: (facultativo)

2. Endereço de correio electrónico: (facultativo)

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3. Local de residência:

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4. Se seleccionou «Portugal» no ponto 3, por favor especifique:

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Perfil académico

5. Tem bacharelato, licenciatura ou grau equivalente? Sim Não (⇒ pergunta 8)

6. Em que área(s)? Astronomia e Astrofísica Ciências Agrárias Ciências da Vida Ciências da Terra e do Espaço Ciências Médicas Ciências Tecnológicas Física Línguas; Linguística Matemáticas Química Tradução

12 Afeganistão; África do Sul; Albânia; Alemanha; Andorra; Angola; Antígua e Barbuda; Arábia Saudita; Argélia; Argentina; Arménia; Austrália; Áustria; Azerbeijão; Baamas; Bahrein; Bangladesh; Barbados; Bélgica; Belize; Benim; Bielorrússia; Bolívia; Bósnia-Herzegovina; Botswana; Brasil; Brunei; Bulgária; Burkina Faso; Burundi; Butão; Cabo Verde; Camarões; Cambodja; Canadá; Cazaquistão; Chade; Chile; China; Chipre; Colômbia; Comores; Congo; Coreia do Norte; Coreia do Sul; Costa do Marfim; Costa Rica; Croácia; Cuba; Dinamarca; Dominica; Egipto; El Salvador; Emirados Árabes Unidos; Equador; Eritreia; Eslováquia; Eslovénia; Espanha; Estados Unidos da América; Estónia; Etiópia; Federação Russa; Fiji; Filipinas; Finlândia; França; Gabão; Gambia; Gana; Geórgia; Granada; Grécia; Guatemala; Guiana; Guiné; Guiné-Bissau; Guiné Equatorial; Haiti; Holanda; Honduras; Hungria; Iémen; Ilhas Marshall; Índia; Indonésia; Irão; Iraque; Irlanda; Islândia; Israel; Jamaica; Japão; Jibuti; Jordânia; Kiribati; Kuwait; Laos; Lesoto; Letónia; Líbano; Libéria; Líbia; Liechtenstein; Lituânia; Luxemburgo; Macedónia; Madagáscar; Malásia; Malawi; Maldivas; Mali; Malta; Marrocos; Maurícias; Mauritânia; México; Micronésia; Moçambique; Moldávia; Mónaco; Mongólia; Myanmar; Namíbia; Nauru; Nepal; Nicarágua; Níger; Nigéria; Noruega; Nova Zelândia; Omã; Palau; Panamá; Papua-Nova Guiné; Paquistão; Paraguai; Perú; Polónia; Portugal; Qatar; Quénia; Quirguistão; Região Administrativa Especial de Macau; Reino Unido; República Centro-Africana; República Checa; República Democrática do Congo; República Dominaca; Roménia; Ruanda; Salomão; Samoa; Santa Lúcia; São Tomé e Príncipe; São Vicente e Granadinas; Seicheles; Senegal; Serra Leoa; Sérvia e Montenegro; Singapura; Síria; Somália; Sri Lanka; Saint Kitts e Nevis; Suazilândia; Sudão; Suécia; Suíça; Suriname; Tailândia; Taiwan; Tagiquistão; Tanzânia; Territórios da ANP; Timor-Leste; Togo; Tonga; Trindade e Tobago; Tunísia; Turquemenistão; Turquia; Tuvalu; Ucrânia; Uganda; Uruguai; Uzbequistão; Vanuatu; Venezuela; Vietname; Zâmbia; Zimbabué.

13 Açores; Aveiro; Beja; Braga; Bragança; Castelo Branco; Coimbra; Évora; Faro; Guarda; Leiria; Lisboa; Madeira; Portalegre; Porto; Santarém; Setúbal; Viana do Castelo; Vila Real; Viseu. 5

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Outra(s) área(s): (por favor especifique) OM

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7. Formou-se em: Portugal? Outro(s) país(es)? (por favor especifique)

8. Fez alguma pós-graduação? Sim Não (⇒ pergunta 11)

9. Fez pós-graduação/ções em: Tradução Outra(s) área(s): (por favor especifique)

10. Fez a(s) sua(s) pós-graduação/ções em: Portugal? Outro(s) país(es)? (por favor especifique)

11. Tem mestrado? Sim Não (⇒ pergunta 14)

12. É mestre em: Tradução Outra(s) área(s): (por favor especifique)

13. Fez o seu mestrado em: Portugal? Outro(s) país(es)? (por favor especifique)

14. Tem doutoramento? Sim Não (⇒ pergunta 17)

15. É doutor em: Tradução Outra(s) área(s): (por favor especifique)

16. Fez o seu doutoramento em: Portugal? Outro(s) país(es)? (por favor especifique)

Perfil linguístico

17. O Português europeu é a sua língua materna? Sim Não (⇒ pergunta 19)

18. Qual é a sua língua materna? Alemão Espanhol Francês Inglês Português não europeu Outra (por favor especifique)

Perfil profissional

19. Há quantos anos é tradutor? 1 a 4 5 a 9

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10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 ou mais

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20. É tradutor: independente por conta de outrem ambos

21. A tradução é a sua actividade principal? Sim Não

22. Que percentagem do seu rendimento provém da tradução? 1 a 19 % 20 a 39 % 40 a 59 % 60 a 79 % 80 a 99 % 100 %

23. Que volume de documentos traduziu nas seguintes combinações linguísticas nos últimos 5 anos? (os valores indicados deverão perfazer um total de 100 % 14)

Alemão > Português europeu Espanhol > Português europeu Francês > Português europeu Inglês > Português europeu Outras línguas > Português europeu Português europeu > Alemão Português europeu > Espanhol Português europeu > Francês Português europeu > Inglês Português europeu > Outras línguas

24. Há quantos anos é tradutor científico e/ou técnico? 1 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 ou mais

25. Que percentagem do seu trabalho incide sobre as áreas científicas e técnicas? 1 a 19 % 20 a 39 % 40 a 59 % 60 a 79 % 80 a 99 %

14 As percentagens indicadas eram: 1 a 19 %, 20 a 39 %, 40 a 59 %, 60 a 79 %, 80 a 99 %, 100 %. 5

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100 % OM

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26. Que percentagem do seu trabalho de tradução científica e técnica é do Inglês para o Português europeu?

1 a 19 % 20 a 39 % 40 a 59 % 60 a 79 % 80 a 99 % 100 %

27. Que volume de documentos científicos e/ou técnicos traduziu nas seguintes combinações linguísticas nos últimos 5 anos? (os valores indicados deverão perfazer um total de 100 % 15)

Alemão > Português europeu Espanhol > Português europeu Francês > Português europeu Inglês > Português europeu Outras línguas > Português europeu Português europeu > Alemão Português europeu > Espanhol Português europeu > Francês Português europeu > Inglês Português europeu > Outras línguas

28. Quais foram os principais destinos das traduções científicas e/ou técnicas que fez de Inglês para Português europeu nos últimos 5 anos? (seleccione os locais e correspondente volume de trabalho por ordem decrescente de importância)

Localidade16 %17

5 –

4 –

3 –

2 –

1 – III. ÁREAS DE ESPECIALIZAÇÃO CIENTÍFICA E TÉCNICA Nesta parte do inquérito, pretende-se determinar quais as áreas científicas e técnicas que traduziu do Inglês para o Português europeu nos últimos 5 anos (2000-2005). --------------------- Agradeço a sua disponibilidade para responder a este inquérito. Neste momento, respondeu a 1/3 das perguntas.

15 Como na pergunta 23.

16 Como na pergunta 3.

17 Como na pergunta 23. 55

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Distribuição por Áreas OM

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29. Como distribui pelas seguintes áreas o volume de traduções científicas e técnicas que fez de Inglês para Português europeu durante os últimos 5 anos? (os valores indicados deverão perfazer um total de 100 %)

Matemáticas

Astronomia e Astrofísica

Física

Química

Ciências da Vida

Ciências da Terra e do Espaço

Ciências Agrárias

Ciências Médicas

Ciências Tecnológicas Matemáticas

30. Na pergunta 29, a tradução de documentos de «Matemáticas», de Inglês para Português europeu, foi uma das 3 principais áreas de trabalho nos últimos 5 anos?

Sim Não (⇒ pergunta 32)

31. Em que subáreas incidiu o maior volume de trabalho? (seleccione até 2) (1 = menor volume; 2 = maior volume)

1 2 Álgebra Análise e Análise funcional Análise numérica Ciência dos computadores Estatística Geometria Investigação operativa Probabilidade Teoria dos números Topologia Outras especialidades matemáticas

Astronomia e Astrofísica

32. Na pergunta 29, a tradução de documentos de «Astronomia e Astrofísica», de Inglês para Português europeu, foi uma das 3 principais áreas de trabalho nos últimos 5 anos?

Sim Não (⇒ pergunta 34)

33. Em que subáreas incidiu o maior volume de trabalho? (seleccione até 2) (1 = menor volume; 2 = maior volume)

1 2 Astronomia óptica Cosmologia e cosmogonia Meio interplanetário Planetologia Radioastronomia Sistema solar

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Outras especialidades astronómicas

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Física

34. Na pergunta 29, a tradução de documentos de «Física», de Inglês para Português europeu, foi uma das 3 principais áreas de trabalho nos últimos 5 anos?

Sim Não (⇒ pergunta 36)

35. Em que subáreas incidiu o maior volume de trabalho? (seleccione até 3) (1 = menor volume; 3 = maior volume)

1 2 3 Acústica Electromagnetismo Electrónica Física atómica e nuclear Física das altas energias Física do estado sólido Física dos fluidos Física molecular Física teórica Mecânica Nucleónica Óptica Química física Termodinâmica Unidades e constantes Outras especialidades físicas

Química

36. Na pergunta 29, a tradução de documentos de «Química», de Inglês para Português europeu, foi uma das 3 principais áreas de trabalho nos últimos 5 anos?

Sim Não (⇒ pergunta 38)

37. Em que subáreas incidiu o maior volume de trabalho? (seleccione até 2) (1 = menor volume; 2 = maior volume)

1 2 Bioquímica Química ambiental Química analítica Química farmacêutica Química física Química inorgânica Química macromolecular Química nuclear Química orgânica Outras especialidades químicas

Ciências da Vida

38. Na pergunta 29, a tradução de documentos de «Ciências da Vida», de Inglês para Português europeu, foi uma das 3 principais áreas de trabalho nos últimos 5 anos?

Sim Não (⇒ pergunta 40)

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39. Em que subáreas incidiu o maior volume de trabalho? (seleccione até 4) (1 = menor volume; 4 = maior volume)

1 2 3 4 Antropologia Biologia animal Biologia celular Biologia dos insectos Biologia humana Biologia molecular Biologia vegetal Biomatemáticas Biometria Biofísica Bioquímica Etologia Fisiologia humana Genética Imunologia Microbiologia Neurociências Paleontologia Radiobiologia Simbiose Virulogia Outras especialidades biológicas

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Ciências da Terra e do Espaço

40. Na pergunta 29, a tradução de documentos de «Ciências da Terra e do Espaço», de Inglês para Português europeu, foi uma das 3 principais áreas de trabalho nos últimos 5 anos?

Sim Não (⇒ pergunta 42)

41. Em que subáreas incidiu o maior volume de trabalho? (seleccione até 3) (1 = menor volume; 3 = maior volume)

1 2 3 Ciências da atmosfera Ciências do espaço Ciências do solo Climatologia Geodesia Geofísica Geografia Geologia Geoquímica Hidrologia Meteorologia Oceanografia Outras especialidades da terra e do espaço

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Ciências Agrárias OM

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42. Na pergunta 29, a tradução de documentos de «Ciências Agrárias», de Inglês para Português europeu, foi uma das 3 principais áreas de trabalho nos últimos 5 anos?

Sim Não (⇒ pergunta 44)

43. Em que subáreas incidiu o maior volume de trabalho? (seleccione até 2) (1 = menor volume; 2 = maior volume)

1 2 Agronomia Agroquímica Ciências florestais Ciências veterinárias Engenharia agrícola Fitopatologia Horticultura Pesca e Fauna silvestre Produção animal Outras especialidades agrárias

Ciências Médicas

44. Na pergunta 29, a tradução de documentos de «Ciências Médicas», de Inglês para Português europeu, foi uma das 3 principais áreas de trabalho nos últimos 5 anos?

Sim Não (⇒ pergunta 46)

45. Em que subáreas incidiu o maior volume de trabalho? (seleccione até 3) (1 = menor volume; 3 = maior volume)

1 2 3 Ciências clínicas Ciências da nutrição Cirurgia Epidemiologia Farmacodinâmica Farmacologia Medicina do trabalho Medicina forense Medicina interna Medicina preventiva Patologia Psiquiatria Saúde pública Toxicologia Outras especialidades médicas

Ciências Tecnológicas

46. Na pergunta 29, a tradução de documentos de «Ciências Tecnológicas», de Inglês para Português europeu, foi uma das 3 principais áreas de trabalho nos últimos 5 anos?

Sim Não (⇒ pergunta 48)

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47. Em que subáreas incidiu o maior volume de trabalho? (seleccione até 6) (1 = menor volume; 6 = maior volume)

1 2 3 4 5 6 Engenharia e tecnologia aeronáuticas Engenharia e tecnologia do ambiente Engenharia e tecnologia eléctrica Engenharia e tecnologia mecânica Engenharia e tecnologia química Planificação urbana Processos tecnológicos Tecnologia bioquímica Tecnologia da construção Tecnologia da instrumentação Tecnologia das telecomunicações Tecnologia de produtos metálicos Tecnologia de veículos a motor Tecnologia do espaço Tecnologia do petróleo e do carvão Tecnologia dos alimentos Tecnologia dos caminhos-de-ferro Tecnologia dos computadores Tecnologia dos materiais Tecnologia dos sistemas de transporte Tecnologia electrónica Tecnologia energética Tecnologia industrial Tecnologia médica Tecnologia metalúrgica Tecnologia mineira Tecnologia naval Tecnologia nuclear Tecnologia têxtil Outras especialidades tecnológicas

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A Sua Opinião

48. Considera importante os tradutores serem especialistas ou especializarem-se na tradução de uma área científica ou técnica?

Muito importante Importante Relativamente importante Pouco importante Não importante

49. Que importância considera que os Compradores de Serviços de Tradução (agências de tradução e clientes finais) atribuem à especialização dos tradutores numa área científica ou técnica?

Muito importante Importante Relativamente importante Pouco importante Não importante

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Formação Profissional em Tradução Científica e Técnica OM

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50. Nos últimos 5 anos, frequentou cursos de formação ou actualização profissional em tradução científica e técnica?

Sim Não (⇒ pergunta 54)

51. Quantos desses cursos frequentou em: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

ou mais

Portugal Outros países

52. Em Portugal, quantos desses cursos foram promovidos por: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

ou mais

Agências de tradução

Empresas

Escolas de línguas

Instituições de ensino superior público

Instituições de ensino superior privado

Outras entidades

53. Noutros países, quantos desses cursos foram promovidos por: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

ou mais

Agências de tradução

Empresas

Escolas de línguas

Instituições de ensino superior público

Instituições de ensino superior privado

Outras entidades

(o inquérito prossegue até à pergunta 75).

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O USO DE CORPUS CUSTOMIZADO COMO FONTE DE PESQUISA PARA TRADUTORES

ANA JULIA PERROTTI-GARCIA

CITRAT – Universidade de São Paulo, Brasil

Resumo: Este artigo procura apresentar, de modo prático e simplificado, uma técnica para coleta de

textos selecionados, e sua utilização como fonte de pesquisas para tradutores, a fim de

assegurar a credibilidade, a precisão e a idiomaticidade do texto traduzido.

Palavras-Chave: Análise de corpus; Corpógrafo; Corpus customizado.

Abstract: The aim of this paper is to describe a simple and practical technique of collecting selectedtexts and how transla ors can use it to do research tha leads to more accura e, idiomatically precise and thus more reliable translated tex s.

t t t

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i Keywords: Corpus analysis; Corpógrafo; Custom zed corpus.

1. INTRODUÇÃO

Traduzir é fazer opções. Quanto melhores forem as opções, obviamente, melhor será o fruto do ato tradutório. As pesquisas, que sempre que possível devem anteceder a produção do texto na língua de chegada, são importantes para assegurar a credibilidade, a naturalidade e a idiomaticidade do produto final.

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O tradutor consciente escolhe suas fontes de pesquisa com atenção, seguindo critérios rigorosos, pois sabe que o texto traduzido está diretamente relacionado com a qualidade do material utilizado para a pesquisa.

Assim, torna-se premente que o profissional preocupado em assegurar a qualidade de seu trabalho faça uma avaliação criteriosa de suas fontes de pesquisa. Este artigo procura fazer uma introdução sobre a montagem de corpora customizados, demonstrando, de modo prático e simplificado, algumas ferramentas de análise de corpus, e sua utilidade para o tradutor.

2. DEFINIÇÕES BÁSICAS

Neste artigo, alguns termos foram utilizados com sentidos específicos. Outros foram empregados de modo mais genérico, e alguns de modo subjetivo. Para orientar o leitor, é apresentado a seguir um pequeno glossário, que procura esclarecer o uso e as delimitações de alguns dos termos utilizados.

corpus - neste texto, o termo foi utilizado segundo a definição apresentada por David Crystal, a saber, «A collection of linguistic data, either written texts or a transcription of recorded speech, which can be used as a starting-point of linguistic description or as a means of verifying hypotheses about a language»;

corpus costumizado – corpus montado pelo próprio usuário, a partir da coleta de textos selecionados por este;

língua de chegada - a língua em que será redigido o texto traduzido;

pesquisa diretamente na Internet – pesquisa feita através de sites de busca, tendo como base de dados os textos disponibilizados na Internet como um todo;

sites de busca – neste texto, o termo foi empregado em sentido restrito, referindo-se basicamente ao buscador Google (www.google.com.br);

sites não confiáveis – embora seja um termo subjetivo, neste texto foi empregado para referir-se a websites que contenham textos mal redigidos, textos redigidos por pessoas não qualificadas no assunto ou tema sobre o qual escrevem ou sites com conteúdo técnico ou científico desatualizado ou mal traduzido;

texto adequado – embora seja um termo subjetivo, neste texto foi empregado para referir-se ao texto que apresente as seguintes características: seja bem redigido, com expressões e termos harmonizados com o público-alvo, ao registro, à fraseologia e à idiomaticidade.

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3. PESQUISAS NA INTERNET

Nos últimos anos, com a difusão da Internet e a evolução dos sites de busca, muitos tradutores passaram a fazer suas pesquisas na grande rede mundial de computadores. A cada dia surgem novos websites, e também novos motores de busca e de metabusca (busca em dois ou mais motores de busca simultaneamente).

É inegável o quanto a pesquisa na Internet vem facilitando a tarefa de tradutores, intérpretes, professores e jornalistas. Contudo, à medida que nosso conhecimento sobre a grande rede se aprofunda, e que vamos utilizando mais e mais a web como fonte de pesquisa, algumas verdades sobrevêm:

embora ricos quantitativamente, os resultados obtidos nem sempre são qualitativamente adequados.

não é possível e nem seguro, principalmente para um tradutor de textos técnicos e/ou científicos decidir por este ou aquele termo baseando-se unicamente no número de ocorrências em resposta a uma pesquisa feita tendo como fonte a In e net como um todo, a partir de respostas obtidas em sites de busca.

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a Internet é extremamente democrática, e nela são incluídos, sem distinção, textos traduzidos, textos originais, artigos bem escritos, material com redação inadequada, com erros de ortografia e de gramática. Além disso, a partir de um termo a ser pesquisado, podemos obter a indicação de textos escritos para leitores leigos, para profissionais e para especialistas, com os conseqüentes problemas de adequação de registro.

Portanto, com base nas observações acima, fica claro que a Internet, embora seja extremamente útil para a coleta de textos, não deve ser encarada como base de dados com conteúdo seguro e confiável.

4. FONTES PARA PESQUISA

Uma vez que a Internet não é recomendada como fonte de pesquisa, por fornecer textos de qualidade heterogênea, surge a indagação: como pesquisar, então? Onde obter textos confiáveis? Será que teremos que voltar às bibliotecas? O tradutor, para conseguir alcançar a qualidade desejada, será obrigado a abandonar a pesquisa na web?

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Até o momento, ainda há muito material valioso disponível na Internet. Por ora, o tradutor ainda consegue encontrar textos de qualidade, de acesso livre e gratuito. Muito embora, muitos sites já foram fechados ao público, somente podendo ser acessados por pessoas portadoras de senhas – que são obtidas mediante pagamentos ou que são fornecidas apenas a pessoas selecionadas, ainda podemos considerar a Internet como uma fonte para coleta de textos que serão, a seguir, armazenados e utilizados como base de dados para pesquisas.

5. CORPUS X INTERNET

Entre as diferenças básicas dos textos selecionados para pesquisa e os resultados obtidos ao se fazer a busca de termos diretamente na Inte net, podemos citar que a coleta de textos permitirá que o tradutor inclua em seu corpus customizado somente textos de mesmo gênero textual que o texto meta. Isto não acontece na pesquisa feita na Internet, na qual são obtidos textos dos mais diversos gêneros, não sendo possível diferenciá-los de imediato (visto que os resultados são apresentados em frases curtas, muitas vezes não acessíveis ou localizáveis pelo indivíduo que está fazendo a busca).

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Além disso, ao selecionar os textos para montagem do corpus de pesquisa, o tradutor terá a possibilidade de escolher textos de mesmo público-alvo, com mesmo registro, que sejam da área e subárea a ser traduzida e, se for necessário, que sejam originais (não traduzidos), de uma determinada variante lingüística etc.

o Corpógrafo é a primeira

ferramenta totalmente grátis

no mundo que permite que

todos os tipos de usuários

façam pesquisas em corpora

e realizem estudos

terminológicos

Ao fazer a coleta, o indivíduo que realiza a busca de textos, poderá determinar, entre outros aspectos, se quer montar um corpus de caráter sincrônico (por exemplo, «apenas textos publicados a partir do ano 2000» ou

«textos publicados antes de 2000») ou diacrônico; sintópico (por exemplo, «apenas textos de Português do Brasil» ou «textos redigidos em Cabo Verde») ou diatópico.

6. CORPÓGRAFO

Além das vantagens apresentadas anteriormente, ao montar um corpus para servir como fonte de referência, o tradutor ainda contará com as ferramentas disponibilizadas pelos programas para pesquisa em corpora. Entre os programas disponíveis, neste texto aqui será analisada a ferramenta para análise e processamento de corpora denominada Corpógrafo (http://poloclup.linguateca.pt/cgi-bin/corpografo). Optou-se por essa ferramenta porque o Corpógrafo é a primeira ferramenta totalmente grátis no mundo que permite que todos os tipos de usuários façam pesquisas em corpora e realizem estudos terminológicos, por sua facilidade de acesso, alta qualidade, praticidade, pela possibilidade de diálogo quase instantâneo com a equipe

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desenvolvedora e pela não necessidade de pagamento para sua utilização (acesso público e gratuito).

7. PASSO A PASSO DA MONTAGEM E UTILIZAÇÃO DE UM CORPUS PARA PESQUISA DE TRADUÇÃO

A seguir, será apresentada uma demonstração prática (passo a passo) da montagem e utilização do co pus para a tradução de um texto da área de psicologia. r

Passo 1 - Coleta dos textos para montagem do corpus

Após uma análise criteriosa do texto fonte (determinação da área, campo semântico, público-alvo, registro etc), foram definidos alguns termos de busca a serem utilizados para a localização de textos através do buscador Google. Ao serem detectados textos considerados adequados, é feita a cópia de cada texto selecionado e sua reprodução em um arquivo Word.

Para a constituição do corpus de pesquisa, foram coletados textos na língua de chegada (no exemplo apresentado aqui, em Português do Brasil) que tivessem a maior semelhança possível com o texto a ser traduzido, do ponto de vista lingüístico, terminológico, semântico, entre outros. Desse modo, diferentemente da pesquisa feita diretamente na Internet, foram eliminados textos mal redigidos, traduzidos, considerados «antigos» (anteriores a 2000), procedentes de sites classificados como não confiáveis, e textos cujo público-alvo fosse diferente do público ao qual se destina a tradução.

Passo 2 – Arquivamento dos textos selecionados

Os diversos textos coletados foram gravados, um abaixo do outro, em um arquivo Word, com a cópia do endereço eletrônico do website de onde cada texto foi retirado. Outra grande vantagem do uso do Corpógrafo é que esta ferramenta não requer que os arquivos estejam em formato .TXT (somente texto, ou «texto sem formatação»), pois o próprio Corpógrafo tem um conversor. Além disso, os arquivos podem ter nomes longos, não havendo limitação de caracteres.

Para nomear os arquivos, optamos por iniciar com a palavra CORPUS, para que fiquem próximos uns dos outros, ao serem classificados por ordem alfabética.

A seguir, convencionamos que sejam colocadas 2 letras maiúsculas indicativas da língua (por exemplo, PT = Português do Brasil, PP = Português de Portugal, e assim por diante), seguidas pela abreviatura da área de especialidade ou subespecialidade dos textos (em letras minúsculas, segundo convenção prévia). O nome do arquivo é

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finalizado pelo mês (em maiúsculas e abreviado) e pelo ano (2 últimos dígitos) de coleta dos textos.

Passo 3 – Inclusão dos textos no Corpógrafo

Uma vez concluída a coleta de textos que irão compor o corpus, com estes já salvos em um arquivo com o nome pré-determinado, devemos optar pelo programa no qual iremos armazenar este material, que deverá possuir as ferramentas necessárias para nossa pesquisa.

No caso, optamos por fazer a inclusão dos textos no Corpógrafo, pelas vantagens citadas anteriormente.

Passo 4 – Utilização do corpus customizado como fonte de pesquisa

Após estas etapas preliminares, inicia-se a tradução do texto da maneira habitual, seja ela qual for. E as dúvidas serão sanadas utilizando-se como fonte de pesquisa o corpus customizado, já carregado no Corpógrafo.

A seguir, serão apresentados alguns exemplos de pesquisas realizadas no Corpógrafo, com as opções apresentadas e as soluções consideradas mais adequadas. Uma vez que o texto traduzido não pode ser revelado, por estar sob sigilo contratual, são apresentadas apenas as opções de tradução, e qual foi a considerada mais adequada.

O texto a ser traduzido, da área de Psicologia, tratava de Ansiedade, Depressão e Pânico. Em um determinado momento da tradução, tornou-se imperativo definir qual dos termos a seguir seria utilizado, devido a sua alta freqüência e grande relevância. A questão era definir qual seria o melhor colocado para «pânico». As opções iniciais eram «síndrome do pânico», «alteração por pânico» e «ataque de pânico», as duas primeiras surgidas a partir de uma rápida reflexão anedótica, e a última, fruto apenas da intuição da tradutora.

Obviamente, essas opções iniciais teriam que ser confirmadas (ou não) e avalizadas (ou não) através de pesquisas mais aprofundadas.

Para tanto, recorrendo ao Corpógrafo, fizemos a busca do termo «pânico», obtendo os resultados apresentados na TABELA 1.

# POS (C/P) esq. conc. dir. n.º frase

1 15 / 3 transtorno de pânico -1

2 136 / 23 29% daqueles com pânico e agorafobia -1

3 75 / 13 em pacientes com pânico do que em -1

4 120 / 19 com transtorno do pânico e verificaram que -1

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5 303 / 46 com transtorno do pânico ( 63% ) -1

6 170 / 27 os pacientes com pânico -1

7 213 / 35 dos pacientes com pânico -1

8 188 / 34 transtorno do pânico em 25 -1

9 45 / 9 ataques de pânico e delírio -1

10 17 / 4 o transtorno do pânico ( TP ) -1

11 15 / 3 transtorno do pânico . -1

12 17 / 4 o transtorno do pânico ( TP ) -1

13 170 / 26 ataques auto-limitados de pânico (episódios intensos) -1

14 51 / 10 das crises de pânico -1

15 64 / 14 do transtorno do pânico ( TP ) -1

16 77 / 13 com transtorno do pânico ( TP ) -1

17 58 / 12 as crises de pânico -1

18 94 / 17 50 crises de pânico -1

19 34 / 7 teria ataques de pânico ( AP ) -1

20 153 / 25 dos sintomas de pânico -1

21 140 / 27 ou crise de pânico -1

22 14 / 4 síndrome do pânico -1

23 52 / 9 na crise de pânico outros na -1

24 112 / 19 de ansiedade tipo pânico -1

25 152 / 25 de raiva, pânico ou desespero -1

TABELA 1. Concordância KWIC (3 palavras) da expressão de pesquisa: pânico N.º de concordâncias obtidas: 25 distribuídas por 2 ficheiros.

Freqüência da totalidade das instâncias da concordância: 0.04 %.

A partir dos resultados da pesquisa inicial, passamos a ter cinco candidatos a termos, e não mais apenas os três iniciais («síndrome do pânico», «alteração por pânico» e «ataque de pânico»). Surgiram os candidatos «crise de pânico» e «transtorno de pânico». Desse modo, rapidamente, fizemos as pesquisas apresentadas a seguir, as quais nos levaram a uma certeza quanto ao termo mais indicado.

A TABELA 2 mostra os resultados da pesquisa do termo «alteração». Apenas confirmando que não há ocorrências de «pânico» entre as três palavras a esquerda e à direita do termo «alteração».

# POS (C/P) esq. conc. dir. n.º frase

1 130 / 23 que não houve alteração nas pressões sistólica -1

2 47 / 7 arterial não tiveram alteração significativa da mesma -1

3 208 / 37 bem como alteração no número e -1

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4 214 / 33 conseqüentes a essa alteração afetiva -1

5 265 / 41 muscular seria uma alteração na percepção do -1

6 15 / 3 acontece uma alteração da imagem corporal -1

7 41 / 7 o transtorno da alteração da personalidade -1

8 14 / 4 esta última alteração sucede -1

9 113 / 18 os efeitos da alteração psíquica de certas -1

10 274 / 49 devido à alteração mórbida das faculdades -1

11 128 / 24 desta espécie de alteração Pinel -1

12 378 / 63 se traduz por alteração das funções intelectuais -1

13 78 / 17 prova de uma alteração manifesta e duradoura -1

14 2 / 2 a alteração não pode ser -1

15 669 / 105 anterior; e uma alteração significativa do funcionamento -1

16 194 / 36 sem desejo de alteração sexual mais permanente -1

TABELA 2. Concordância KWIC (3 palavras) da expressão de pesquisa: alteração N.º de concordâncias obtidas: 16 distribuídas por 2 ficheiros.

Freqüência da totalidade das instâncias da concordância: 0.03 %.

Na TABELA 3 é possível analisar os colocados do termo «síndrome» (o mais forte candidato no momento inicial empírico (pré-utilização do corpus de pesquisa). Nota-se que há somente uma ocorrência do «Síndrome do Pânico».

# POS (C/P) esq. conc. dir. n.º frase

1 30 / 6 para uma suposta síndrome de interrupção incluem: -1

2 123 / 22 nervosismo e síndrome do tipo gripal -1

3 3 / 2 a síndrome de interrupção dos -1

4 47 / 8 do mecanismo da síndrome de interrupção de -1

5 84 / 13 associada com a síndrome de interrupção -1

6 68 / 12 e duração da síndrome de interrupção entre -1

7 42 / 8 têm-se referido à síndrome de interrupção de -1

8 142 / 23 sejam diferentes da síndrome de abstinência clássica -1

9 108 / 19 abstinência ou mesmo síndrome de interrupção -1

10 123 / 21 ou como uma síndrome depressiva, ou -1

11 142 / 26 o tipo de síndrome epiléptica, para -1

12 2 / 2 - síndrome do Pânico -1

13 23 / 6 vigorexia ou síndrome de Adônis -1

14 13 / 3 vigorexia ou síndrome de Adônis -1

15 17 / 5 vigorexia ou síndrome de Adônis , -1

16 37 / 8 ortorexia e a síndrome do Gourmet , -1

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17 80 / 14 como uma nova síndrome onde as pessoas -1

18 1 / 1 síndrome de Asperger -1

19 37 / 5 caracterizada por uma síndrome álgica crônica -1

20 123 / 18 secundário a uma síndrome psiquiátrica reconhecida -1

21 1 / 1 síndrome de Münchhausen -1

TABELA 3. Concordância KWIC (3 palavras) da expressão de pesquisa: síndrome N.º de concordâncias obtidas: 21 distribuídas por 2 ficheiros.

Freqüência da totalidade das instâncias da concordância: 0.04 %.

Ao analisarmos os resultados obtidos na TABELA 4, é possível notar que o termo «ataques de pânico» somente foi observado duas vezes, sendo que, na segunda ocorrência registrada («primeiro grupo teria ataques de pânico»), o termo parece ter sido empregado em sentido genérico e mal definido.

# POS (C/P) esq. conc. dir. n.º frase

1 34 / 7 mania paradoxal ataques de pânico e -1

2 142 / 23 de crises ou ataques auto-limitados de pânico -1

3 5 / 2 tais ataques não necessitam de -1

4 23 / 5 primeiro grupo teria ataques de pânico -1

5 55 / 10 ira e verdadeiros ataques de fúria ou -1

6 79 / 14 um ou mais ataques de insanidade; pessoas -1

TABELA 4. Concordância KWIC (3 palavras) da expressão de pesquisa: ataques N.º de concordâncias obtidas: 6 distribuídas por 2 ficheiros.

Freqüência da totalidade das instâncias da concordância: 0.01 %.

A TABELA 5 revela que a opção por «crise» também traz como resultados apenas duas ocorrências. Um número considerado insuficiente para definir um termo tão importante do texto.

# POS (C/P) esq. conc. dir. n.º frase info

1 131 / 25 de mal-estar ou crise de pânico . -1

2 124 / 21 o tipo de crise e o tipo -1

3 140 / 19 o início da crise , enquanto nas -1

4 4 / 2 Uma crise parcial simples pode -1

5 60 / 9 preceder imediatamente uma crise parcial complexa ou -1

6 92 / 14 complexa ou uma crise generalizada e -1

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7 65 / 13 o aparecimento de crise hipertensiva. -1

8 5 / 2 Essa crise aparece quando os -1

9 43 / 7 estão presentes na crise de pânico -1

10 73 / 13 outros na crise de fobia -1

11 70 / 11 sob forma de crise pode desempenhar -1

TABELA 5. Concordância KWIC (3 palavras) da expressão de pesquisa: crise Nº de concordâncias obtidas:11 distribuídas por 2 ficheiros.

Freqüência da totalidade das instâncias da concordância: 0.02 %.

Finalmente, a TABELA 6 apresenta os resultados obtidos ao ser pesquisado o termo «transtorno», revelando não apenas que este deveria ser o colocado escolhido, mas também que havia muitas outras expressões recorrentes contendo a palavras «transtorno». Entre elas, destacam-se «transtorno de ansiedade», «transtorno obsessivo-compulsivo» (TOC) e Transtorno Dismórfico.

# POS (C/P) esq. conc. dir. nº frase

1 21 / 6 social é um transtorno crônico que traz -1

2 56 / 7 a presença desse transtorno de ansiedade em -1

3 133 / 24 social ou o transtorno de ansiedade social -1

4 1 / 1 transtorno de pânico -1

5 9 / 3 eixo II transtorno da personalidade esquiva

-1

6 1 / 1 transtorno da personalidade dependente

-1

7 133 / 22 a presença desse transtorno de ansiedade em -1

8 46 / 8 reconhecida como um transtorno bastante incapacitante; entretanto

-1

9 106 / 17 54 pacientes com transtorno do pânico -1

10 289 / 44 que pacientes com transtorno do pânico -1

11 174 / 32 28,8% transtorno do pânico em -1

12 35 / 7 fobia simples transtorno obsessivo-compulsivo transtorno

-1

13 71 / 10 transtorno obsessivo-compulsivo

transtorno de ansiedade generalizada

-1

14 42 / 8 reconhecida como um transtorno altamente incapacitante

-1

15 24 / 4 apresentação clínica do transtorno do pânico: um -1

16 3 / 2 o transtorno do pânico -1

17 86 / 14 depressão e transtorno de ansiedade generalizada

-1

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18 13 / 3 agorafobia e transtorno obsessivo-compulsivo foram mais

-1

19 1 / 1 transtorno do pânico -1

20 3 / 2 o transtorno do pânico -1

21 11 / 4 o curso do transtorno é crônico com -1

22 140 / 27 trata de um transtorno homogêneo, 5 com importantes

-1

23 99 / 14 apresentação clínicadesse

transtorno -1

24 50 / 12 dos sintomas do transtorno do pânico -1

25 63 / 11 por pacientes com transtorno do pânico -1

26 1 / 1 transtorno de ansiedade generalizada

-1

27 1 / 1 transtorno de somatização -1

28 1 / 1 transtorno obsessivo-compulsivo2 -1

29 1 / 1 transtorno dissociativo/ conversivo -1

30 1 / 1 transtorno alimentar 11 -1

31 126 / 25 da interferência do transtorno na capacidade laborativa

-1

32 169 / 30 que envolve esse transtorno -1

33 170 / 29 seguintes tipos de transtorno de humor -1

34 266 / 48 dois casos de transtorno depressivo recorrente -1

35 366 / 63 dois casos de transtorno depressivo recorrente -1

36 522 / 89 um caso de transtorno Afetivo bipolar -1

37 630 / 106 quatro casos de transtorno misto de ansiedade -1

38 76 / 13 a prevalência do transtorno depressivo na população

-1

39 34 / 7 incidência aumentadado

transtorno depressivo em membros -1

40 22 / 5 somatizações transtorno somatomorfo -1

41 33 / 7 distimia, de transtorno depressivo recorrente ou

-1

42 74 / 12 recorrente ou de ranstorno Afetivo bipolar -1

43 75 / 15 para pacientes com transtorno depressivo maior com -1

44 221 / 38 implicaçõessintomáticas desse

transtorno Afetivo -1

45 1 / 1 transtorno dismórfico corporal -1

46 104 / 20 é um transtorno no qual as -1

47 213 / 36 amplamente descrito; o transtorno dismórfico corporal -1

48 51 / 8 seria o chamado transtorno dismórfico muscular -1

49 257 / 44 conduzem ao chamado transtorno dismórfico corporal -1

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50 113 / 21 perfeita, o transtorno -1

51 150 / 26 chamará vigorexia ou transtorno dismórfico muscular -1

52 43 / 11 é um transtorno emocional assim denominado

-1

53 291 / 47 acometido por este transtorno emocional -1

54 70 / 14 muscular ou transtorno dismórfico muscular -1

55 36 / 7 ser considerada um transtorno da linhagem obsessivo-compulsiva

-1

56 84 / 16 este tipo de transtorno mas isso -1

57 106 / 17 tratar-se de um transtorno tornado freqüente mais -1

58 95 / 17 um quadro de transtorno obsessivo-conpulsivo, fazendo

-1

59 105 / 16 muscular ( ou transtorno dismórfico muscular -1

60 58 / 11 com diagnóstico de transtorno alimentar sendo -1

61 89 / 16 abrangente chamadode

transtorno dismórfico corporal -1

62 26 / 6 mais comuns no transtorno dismórfico envolvem -1

63 47 / 9 característica essencialdo

transtorno dismórfico corporal -1

64 52 / 9 sintomas de um transtorno recém batizado de -1

65 204 / 33 da vigorexia transtorno dismórfico corporal -1

66 176 / 32 tais como o transtorno de dismorfia muscular -1

67 1 / 1 transtorno dismórfico corporal -1

68 36 / 5 dismórfico corporal e transtorno dismórfico muscular -1

69 17 / 3 pacientes com transtorno dismórfico corporal sofrem

-1

70 188 / 28 Vigorexia tem também transtorno dismórfico corporal -1

71 248 / 35 dos pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo. -1

72 3 / 2 No transtorno dismórfico corporal são -1

73 35 / 8 Olivardia define o transtorno dismórfico muscular como

-1

74 18 / 4 a co-morbidade do transtorno dismórfico corporal -1

75 74 / 13 variante, o transtorno dismórfico muscular -1

76 196 / 33 social, o transtorno obsessivo-compulsivo, a -1

77 6 / 3 com o transtorno obsessivo-compulsivo clássico

-1

78 14 / 3 pacientes com transtorno dismórfico corporal em -1

79 28 / 9 DSM.IV do transtorno dismórfico corporal -1

80 50 / 10 explicada por outro transtorno mental -1

81 18 / 5 a causa do transtorno dismórfico corporal é -1

82 43 / 8 sido emprestada ao transtorno obsessivo-compulsivo e -1

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outros

83 128 / 19 os sintomas de transtorno dismórfico corporal estejam

-1

84 5 / 2 veja transtorno dismórfico corporal no -1

85 32 / 8 mais comum do transtorno dismórfico corporal também

-1

86 54 / 11 vigorexia ou transtorno dismórfico muscular -1

87 117 / 20 incluída dentro do transtorno dismórfico corporal -1

88 153 / 27 afetadas por um transtorno de ordem emocional -1

89 33 / 8 então, um transtorno alimentar caracterizadopor

-1

90 20 / 5 pessoas com este transtorno têm muito medo -1

91 33 / 6 pacientes com este transtorno Possam reconhecer que -1

92 200 / 31 mais freqüentemente transtorno da personalidade Borderline

-1

93 35 / 8 acontecer se o transtorno não for corrigido -1

94 86 / 14 os critérios para transtorno depressivo maior -1

95 184 / 29 e concomitante de transtorno obsessivo-compulsivo -1

96 130 / 17 de semi-inanição deste transtorno pode afetar sistemas -1

97 2 / 2 o transtorno é provavelmente mais -1

98 51 / 10 nas quais o transtorno é raro para -1

99 97 / 18 nas quais o transtorno é mais prevalente -1

100 63 / 9 as manifestações do transtorno -1

101 12 / 4 o início do transtorno raramente ocorre em -1

102 111 / 19 pacientes com o transtorno -1

103 236 / 40 critérios para um transtorno mental franco -1

104 174 / 28 ego patológico ou transtorno de personalidade -1

105 3 / 2 o transtorno de personalidade seria -1

106 394 / 67 diante de um transtorno de personalidade -1

107 21 / 5 podemos falar em transtorno da personalidade sem -1

108 264 / 41 personalidadeconstituem um

transtorno da personalidade -1

109 27 / 5 condição diferencia o transtorno da alteração da -1

110 83 / 16 de algum outro transtorno emocional ou mesmo -1

111 5 / 2 o transtorno de personalidade -1

112 7 / 2 um transtorno da Personalidade é -1

113 1 / 1 TRANSTORNO

PARANÓIDE DE PERSONALIDADE

-1

114 30 / 6 o portador deste transtorno é patologicamente ciumento

-1

115 15 / 4 as pessoas com transtorno paranóide da -1

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personalidade

116 40 / 7 critérios para este transtorno que sejam -1

117 2 / 1 transtorno ESQUIZÓIDE DE PERSONALIDADE

-1

118 95 / 16 deste tipo de transtorno podemos recomendar o -1

119 1 / 1 transtorno esquizóide -1

120 16 / 4 as pessoas com transtorno esquizóide de personalidade

-1

121 1 / 1 transtorno paranóide -1

122 1 / 1 transtorno esquizóide -1

123 1 / 1 transtorno explosivo -1

124 1 / 1 transtorno histriônico -1

125 1 / 1 transtorno ansioso -1

126 1 / 1 transtorno obsessivo -1

127 3 / 2 o transtorno sociopático ou anti-social

-1

128 16 / 4 são pessoas com transtorno Borderline da personalidade

-1

129 85 / 14 no capítulo do transtorno de personalidade emocionalmente

-1

130 5 / 2 este transtorno se subdivide em -1

131 53 / 10 que conhecemos por transtorno explosivo e agressivo -1

132 40 / 8 se trata o transtorno de personalidade emocionalmente

-1

133 26 / 8 trata de um transtorno de personalidade -1

134 24 / 4 duas variantes desse transtorno de personalidade são -1

135 224 / 35 instável e o transtorno explosivo Intermitente de

-1

136 52 / 9 característica essencialdo

transtorno da personalidade Borderline

-1

137 18 / 4 os indivíduos com transtorno da personalidade Borderline

-1

138 21 / 4 os indivíduos com transtorno da personalidade Borderline

-1

139 23 / 5 Indivíduos comeste

transtorno exibem impulsividade em

-1

140 15 / 4 as pessoas com transtorno da personalidade Borderline

-1

141 18 / 4 os indivíduos com transtorno da personalidade Borderline

-1

142 62 / 12 dos indivíduos com transtorno da personalidade Borderline

-1

143 5 / 2 o transtorno da personalidade Borderline

-1

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144 80 / 14 a prevalência do transtorno da personalidade Borderline

-1

145 11 / 4 o curso do transtorno da personalidade Borderline

-1

146 28 / 5 prejuízo resultantedesse

transtorno e o risco -1

147 66 / 16 indivíduos com o transtorno adquirem maior estabilidade

-1

148 21 / 6 sabe que o transtorno da personalidade Borderline

-1

149 156 / 26 também com o transtorno do que na -1

150 44 / 7 F60.31 - 301.83 transtorno da personalidade Borderline

-1

151 1 / 1 transtorno de personalidade Borderline

-1

152 53 / 10 traço marcante deste transtorno que se -1

153 21 / 5 o histórico do transtorno Borderline na completíssima

-1

154 5 / 2 o transtorno Borderline da personalidade

-1

155 63 / 9 é considerado um transtorno fronteiriço ou limítrofe -1

156 95 / 17 gravidade de seu transtorno de personalidade é -1

157 174 / 28 produzir um sério transtorno psíquico de insanidade -1

158 72 / 17 e evolução do transtorno Borderline referido -1

159 170 / 30 ou sociopatia transtorno dissocial, transtorno -1

160 195 / 33 transtorno dissocial transtorno sociopático, etc -1

161 9 / 3 quando o transtorno implica outras pulsões -1

162 24 / 4 alguns classificam esse transtorno como anomalias do -1

163 6 / 2 esse transtorno pode aparecer precocemente

-1

164 7 / 2 F60.9 transtorno não especificado da -1

165 7 / 2 F63.9 transtorno dos hábitos e -1

166 7 / 2 F64.9 transtorno não especificado da -1

167 7 / 2 F65.9 transtorno da preferência sexual -1

168 7 / 2 F66.0 transtorno da maturação sexual -1

169 7 / 2 F66.2 transtorno do relacionamento sexual

-1

170 7 / 2 F66.9 transtorno do desenvolvimento sexual

-1

171 100 / 16 ou psicológicas [ transtorno factício ] -1

172 199 / 31 a um outro transtorno psiquiátrico -1

173 1 / 1 transtorno da personalidade caracterizado

-1

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174 16 / 3 personalidade transtorno da -1

175 1 / 1 transtorno da personalidade caracterizado

-1

176 1 / 1 transtorno de personalidade caracterizado

-1

177 16 / 3 personalidade transtorno da -1

178 1 / 1 transtorno ( de ) -1

179 1 / 1 transtorno de personalidade caracterizado

-1

180 16 / 3 personalidade transtorno da -1

181 27 / 4 personalidade dissocial transtorno da -1

182 1 / 1 transtorno da personalidade caracterizado

-1

183 16 / 3 personalidade transtorno da -1

184 1 / 1 transtorno da personalidade caracterizado

-1

185 2 / 2 o transtorno pode se acompanhar -1

186 121 / 20 gravidade de um transtorno obsessivo-compulsivo -1

187 16 / 3 personalidade transtorno da -1

188 1 / 1 transtorno obsessivo-compulsivo ( F42 )

-1

189 1 / 1 transtorno da personalidade caracterizado

-1

190 1 / 1 transtorno da personalidade caracterizado

-1

191 16 / 3 personalidade transtorno da -1

192 7 / 2 F60.9 transtorno não especificado da -1

193 63 / 13 principal de um transtorno afetivo ou ansioso -1

194 70 / 12 de um outro transtorno mental nem um -1

195 120 / 20 residual de um transtorno mental anterior -1

196 2 / 2 o transtorno se caracteriza por -1

197 42 / 9 explicada por um transtorno anterior da personalidade

-1

198 201 / 32 incompleta de um transtorno mental anterior -1

199 5 / 2 este transtorno se caracteriza por -1

200 573 / 90 devido a um transtorno mental atual nem -1

201 639 / 100 residuais de um transtorno mental anterior; e -1

202 1 / 1 transtorno dos hábitos e -1

203 1 / 1 transtorno que consiste em -1

204 74 / 13 por suspeita de transtorno mental ( Z03.2) -1

205 1 / 1 transtorno caracterizado pela impossibilidade

-1

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terminologia e lexicologia

206 58 / 11 por suspeita de transtorno mental em seguida -1

207 22 / 6 curso de um transtorno depressivo ( F31-F33 ) -1

208 1 / 1 transtorno caracterizado por uma -1

209 1 / 1 transtorno explosivo intermitente -1

210 7 / 2 F63.9 transtorno dos hábitos e -1

211 1 / 1 transtorno de identidade sexual -1

212 1 / 1 transtorno que usualmente primeiro

-1

213 1 / 1 transtorno da maturação sexual -1

214 7 / 2 F64.9 transtorno não especificado da -1

215 7 / 2 F65.9 transtorno da preferência sexual -1

216 61 / 13 vista como um transtorno -1

217 6 / 2 F66.0 transtorno da maturação sexual -1

218 6 / 2 F66.2 transtorno do relacionamento sexual

-1

219 7 / 2 F66.9 transtorno do desenvolvimento sexual

-1

220 64 / 11 devidos a um transtorno Doença ou -1

221 100 / 16 ou psicológicas [ transtorno factício ] -1

222 1 / 1 transtorno ( do ) -1

Tabela 6. Concordância KWIC (3 palavras) da expressão de pesquisa: transtorno N.º de concordâncias obtidas: 222 distribuídas por 2 ficheiros.

Freqüência da totalidade das instâncias da concordância: 0.43 %.

8. COMENTÁRIOS

A montagem de um corpus customizado faz com que o tradutor disponha de uma fonte de pesquisas selecionadas, confiável e livre de resultados indesejados. Ao selecionar os textos que irão compor o corpus inicial (que poderá ser ampliado posteriormente, caso haja necessidade, ou no caso de surgirem novos trabalhos de tradução na mesma área, mas que requeiram ampliação da base de dados), o tradutor não estará «perdendo tempo», mas sim «investindo sua atenção» na coleta de textos selecionados.

Em uma etapa inicial de coleta de textos, o tradutor pode até ficar com uma sensação de que gastou mais tempo do que seria necessário para a pesquisa convencional, mas essa sensação é infundada. À medida que o tradutor vai utilizando o corpus customizado para pesquisar, perceberá que as respostas são muito mais precisas, rápidas e coerentes.

O uso da ferramenta Corpógrafo, a primeira ferramenta totalmente grátis no mundo, foi a opção ideal para tornar possível uma pesquisa rápida e eficiente porque o Corpógrafo permite que todos os tipos de usuários façam pesquisas em corpora, por

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terminologia e lexicologia

sua facilidade de acesso, alta qualidade, praticidade e pela não necessidade de pagamento para sua utilização (acesso público e gratuito).

9. CONCLUSÃO

Diferentemente do que acontece com a busca feita através do buscador Google, nos corpora customizados há uma homogeneidade nas respostas obtidas, não há termos suspeitos, muito menos frases advindas de textos considerados inadequados. O tradutor economiza tempo, aumenta sua segurança e garante um resultado mais coerente e preciso. Portanto, para conseguir alcançar a qualidade desejada, o profissional não será obrigado a abandonar a pesquisa na web, apenas terá que retirar dela os textos mais adequados, armazenando-os em um programa que disponha de ferramentas para pesquisa em corpora e, sempre que necessário, pesquisando nessa fonte segura e selecionada por ele mesmo – o corpus customizado.

Ainda muito será dito sobre o uso de corpus como fonte de pesquisa para tradução, temos certeza. Estudos adicionais, mais aprofundados, são aguardados com grande interesse.

Observação importante:

Ao final deste breve trabalho, a título de verificação da validade do uso do método,

consultamos uma psicóloga que, além de atuar na área, trabalha com tradução de textos de

Psicologia, a qual avalizou estas opções e diversas outras, feitas a partir da pesquisa no

corpus customizado. A querida colega Sônia Augusto, agradecemos pela atenção e

dedicação com que tratou nossa singela pesquisa.

10. Referências Bibliográficas

Aubert, F. H. Introdução à Metodologia da Pesquisa Terminológica Bilíngüe. São Paulo: Humanitas / FFLCH-USP, 1996.

Berber Sardinha, Tony. Lingüística de Corpus. São Paulo: Manole, 2004.

Crystal, David. A Dictionary o Linguistics and Phonetics. Oxford: Blackwell, 3rd Edition, 1991. f

r r

it

Krieger, M. G. e M. J. B. FINATTO. Introdução à Terminologia: Teo ia & P ática. São Paulo: Contexto, 2004.

Perrotti-Garcia, Ana Julia e Jesus-Garcia, Sergio. “Novas estratégias de pesquisa para tradutores e professores: sites de busca, corpus, e CD-Roms multimídia.” São Paulo: e-pub <http://www.sbs.com.br/bin/etalk/index.asp?cod=926>, 2005.

Scott, M. WordSm h Tools, version 3. Oxford: Oxford University Press, 1996.

Teixeira, Elisa Duarte (2003). “Como usar o WordSmith Tools.” Apostila disponível em: <http://www.fflch.usp.br/dlm/comet/>, no link “Apresentações & Publicações”.

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ENTREVISTA A VIVINA ALMEIDA CARREIRA DE CAMPOS FIGUEIREDO, DOCENTE E TRADUTORA

MANUELA PAIVA

Professora e Doutoranda 1

Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas e Mestre em Estudos Anglo-Americanos pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, é docente de Inglês e Inglês Técnico no Instituto Politécnico de Coimbra. A par da actividade docente, tem-se dedicado à tradução na dupla vertente prática e teórica. Às diversas traduções que tem realizado em várias áreas das Ciências Sociais e Humanas, junta agora um trabalho de investigação e reflexão sobre a actividade tradutória em si, no âmbito do Doutoramento em Tradução, que desenvolveu na Universidade de Vigo. Traduziu a obra de Susan Bassnett, Translation Studies [Estudos de Tradução. Fundamentos de uma Disciplina. Lisboa: Gulbenkian, 2003], que lhe valeu uma Menção Honrosa do Prémio de Tradução Técnica e Científica (2004) atribuído pela União Latina e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.

1 Endereço para correspondência: <[email protected]>.

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A propósito desta Menção Honrosa, a CONFLUÊNCIAS foi ouvir Vivina Figueiredo.

(CONFLUÊNC AS) Recebeu uma Menção Honrosa pela sua tradução de Translation Studies, de Susan Bassnett. Como surgiu a tradução desta obra?

I

(Vivina Figueiredo) Esta obra veio parar-me às mãos na época em que já estava embrenhada em leituras preparatórias para iniciar um Programa de Doutoramento em Tradução. Era uma época em que lia tudo o que encontrava sobre Tradução, mais na base da intuição do que com algum critério, o que resultou numa amálgama um pouco confusa, dado que me deparava com perspectivas e abordagens muito diferentes e mesmo contraditórias. Esta obra de Susan Bassnett veio estabelecer alguma ordem, clarificar ideias, instaurar sentidos. Pela sua estrutura e modo de abordagem dos problemas, pode dizer-se que Translation Studies simplifica as questões sem, no

entanto, obliterar a complexidade natural que caracteriza todos os fenómenos ligados à Tradução. Esta obra funcionou para mim como uma espécie de síntese, mostrou horizontes e linhas de trabalho, tornou-me consciente, por um lado, do vultuoso trabalho já desenvolvido, por outro, da imensidão de trabalho que há para fazer nesta área, sobretudo entre nós. Pensei, então, que ela poderia também ser útil a outros leitores. Ao mesmo tempo, verificava que não havia nenhuma obra traduzida sobre estas matérias e que ela seria oportuna. Foi feita uma proposta à Fundação Calouste Gulbenkian, que prontamente a aceitou.

Esta obra … tornou-me

consciente, por um lado,

do vultuoso trabalho já

desenvolvido, por outro, da

imensidão de trabalho que

há para fazer nesta área,

sobretudo entre nós.

Quanto tempo demorou a traduzi-la?

É um livro relativamente pequeno, mas ao mesmo tempo que o traduzia, também leccionava e fazia investigação para o doutoramento. A tradução demorou-me seis meses.

Que método(s) adoptou para a sua tradução?

Comecei por fazer duas leituras muito atentas da obra. Considero absolutamente necessário, imbuir-me do «espírito» da obra antes de iniciar o processo de tradução. Fernando Pessoa dizia que, tal como os poetas têm alma, também as línguas têm uma alma própria e a isso acresce ainda a alma da obra. Isto significa que é necessário adquirir um domínio da obra, da matéria linguística, mas também das referências culturais e da terminologia da área de estudos. Neste caso, não foi difícil, pois já trabalhava com o léxico deste campo, já conhecia outros escritos e as ideias da autora.

Nessas leituras, fui identificando os problemas que a tradução me suscitava e ensaiando modos de os resolver. Procurei também traduções da obra noutras línguas, tendo mesmo consultado, mas sem nenhum proveito, a única que encontrei – a tradução italiana.

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Que problemas, ao nível da tradução, lhe levantou esta obra?

Vários, apesar de ser um livro pequeno e de ser um livro sobre uma temática conhecida. A primeira dificuldade consistiu em interpretar um quadro comparativo de Whorf. Para ultrapassar a dificuldade recorri a um linguista.

A segunda grande dificuldade prendeu-se com a questão da exemplificação no terceiro capítulo: manter os exemplos ingleses e os comentários da autora ou substituí-los por exemplos de traduções portuguesas? Por um lado, não existiam traduções portuguesas de todos os textos escolhidos, por outro, as traduções existentes não suscitavam os mesmos comentários. A solução (apresentada em nota de rodapé) foi manter os exemplos em Língua Inglesa, dando a tradução portuguesa dos segmentos de texto particularmente importantes para a compreensão dos problemas apresentados. Ao mesmo tempo, dava indicação das traduções portuguesas existentes e as respectivas referências bibliográficas.

A colocação de um subtítulo – Fundamentos de uma Disciplina –, inexistente no original, também requereu ponderação. Pretendi desvendar mais um pouco o conteúdo do livro logo a partir do subtítulo e esta opção acabou por me parecer legitimada pelo que a autora afirma na «Introdução» sobre o objectivo do livro: estabelecer os fundamentos da disciplina e não apresentar uma teoria pessoal.

Tive ainda que tomar opções relativamente à inclusão de paratextos que, à partida, são mais da incumbência do editor, mas das quais não quis abrir mão. Tratava-se de incluir ou não o prefácio que a autora escreveu para a 2.ª edição, revista, de 1991, e o prefácio à 3.ª edição, saída em 2003, quando a minha tradução da obra já estava em fase de revisão de provas. As funções documental, informativa e explicativa destes prefácios impuseram-nos como obrigatórios. A sua leitura em sequência dá logo uma ideia bastante clara da dimensão e do alcance que esta disciplina ganhou nas últimas décadas e constitui, portanto, uma espécie de introdução alargada e preparatória para a leitura do que vem a seguir.

Que obras, teorias e autores a influenciaram na sua prática da tradução?

Na verdade, comecei a traduzir sem ter conhecimento de nenhumas teorias da tradução. Foi algo que fui começando a fazer por gosto e por intuição, mas com preocupação de rigor. Foi a prática da tradução, os problemas concretos que fui encontrando, as questões de carácter ontológico e ético que se prendem com as tomadas de decisão que o tradutor tem de fazer, que me conduziram precisamente à reflexão mais séria e ao desenvolvimento da investigação que culminou com o doutoramento nesta área. Foi, portanto, o exercício prático que me conduziu às teorias.

Porém, apesar de saber, por experiência própria, que um tradutor pode ser um autodidacta, estou hoje absolutamente convencida de que uma formação teórico-prática é um contributo indispensável para dar qualidade às traduções, para fazer ressaltar a sua importância no sistema importador e até para valorizar o papel do

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tradutor: não em decorrência de nenhum receituário normativo, mas devido a uma maior consciencialização da complexidade da tradução, através de uma aquisição de competências para aprender.

Mas, para responder à questão, posso dizer que subscrevo as teorias descritivistas que concebem a tradução como um fenómeno dotado de historicidade. Quanto ao trabalho do tradutor, suas liberdades e limites, penso que o tradutor tem uma autonomia relativa. O tradutor tem uma voz – que se materializará num «estilo de tradução» – mas o original é, por assim dizer, a sua «entidade reguladora», e a voz que o tradutor tem de deixar falar é a voz do autor original, sem, no entanto, deixar que se detecte o texto original nas entrelinhas do texto traduzido.

ão as suas áreas de tradução especializada?

Até agora, tenho traduzido textos na área das Ciências Sociais e Humanas, mas tenho adquirido alguma especialização na área das Ciências Alimentares, em decorrência do meu trabalho de leccionação de Inglês Técnico a um curso de Engenharia Alimentar.

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Quando escolhe ou aceita propostas de textos para traduzir, selecciona ou aceita apenas os que se encontram no domínio da sua especialidade?

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Um tradutor pode ser

roficiente numa ou duas

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especialista.

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Até agora tem sido assim, mas pretendo ampliar esse domínio.

Quando traduz, usa metodologias diferentes segundo o(s) público(s) a quem se destinam os textos traduzidos, nomeadamente os especialistas, os estudantes ou o público em geral?

Até à data, provavelmente pela similaridade das funções dos textos que tenho traduzido, a metodologia foi sempre a mesma; admito, contudo, que há situações em que é necessário recorrer a estratégias diferentes, mediante o público em vista ou a função da obra. Penso que é no caso das adaptações que esta questão se coloca com mais pertinência.

Qual a sua opinião sobre as traduções que se fazem em Portugal, na(s) sua(s) área(s) de especialização?

Na área das Ciências Sociais e Humanas, é possível encontrar de tudo: há traduções excelentes e há traduções que envergonham o ofício… Na área da Engenharia Alimentar, tanto quanto sei e me é transmitido pelos colegas professores, não há sequer traduções em Português. E essa lacuna dificulta muito os processos de ensino-aprendizagem.

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Como surgiu a tradução no seu percurso profissional?

Ainda estudante de licenciatura, comecei a traduzir textos ou excertos de textos para amigos que faziam licenciaturas em Ciências Exactas e cujas bibliografias eram em Inglês. E o gosto foi crescendo, em todos os sentidos. Não vivo da tradução, mas hoje em dia é a área de conhecimento que mais me ocupa: no exercício prático e, sobretudo, na investigação.

Os prémios de tradução científica e técnica costumam ser atribuídos a especialistas de diferentes áreas que têm a tradução como segunda actividade. Concorda que só este tipo de especialistas são bons tradutores nas áreas especializadas?

Não só. Um tradutor pode ser proficiente numa ou duas áreas especializadas sem ser especialista. Basta que tenha uma formação de base nessa especialidade, tenha adquirido competências para aprender, i. e. para fazer pesquisa documental, por exemplo, ou realize o seu trabalho em parceria com um especialista. Considero estes requisitos essenciais.

Que formação devem ter os tradutores especializados? Pensa que os especialistas das diferentes áreas, para serem tradutores, devem ter alguma formação em Tradução?

Sem dúvida. Um bom engenheiro com conhecimentos de outra língua não é necessariamente um bom tradutor de Ciências de Engenharia. Ele precisará de ter um excelente domínio da língua para a qual traduz, um elevado nível de conhecimento de estratégias de redacção técnica, noções de terminologia e conhecer mesmo algumas ferramentas de tradução.

Quando lê uma tradução, o que é para si mais importante: a precisão terminológica, a correcção linguística ou outros aspectos?

Tudo isso é importante. Nem sequer consigo estabelecer níveis de importância. Pode parecer que numa tradução científico-técnica pesa mais a precisão terminológica, mas, na verdade, se ela não for linguisticamente bem veiculada, a sintaxe atropelada, ela não se poderá considerar uma tradução competente.

Considera que em Portugal há uma política para a tradução especializada?

Se houvesse uma política real de incentivo à tradução especializada, não se verificavam as lacunas atrás referidas. Se houvesse uma política real de incentivo à tradução, as universidades públicas ou os institutos politécnicos ofereceriam licenciaturas em Tradução. O trabalho do tradutor seria mais prestigiado e a língua portuguesa também.

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Neste momento, já está a trabalhar em alguma outra obra?

Neste momento estou a traduzir um artigo na área do Turismo e estou a apresentar, junto de algumas editoras, a proposta de tradução de um dicionário de Química.

Quais são os seus projectos para o futuro, neste domínio?

Continuar a traduzir na área das Ciências Sociais e Humanas e, sobretudo, traduzir algumas obras importantes na área das Ciências Alimentares. Gostaria muito de vir a leccionar num curso de Tradução.

s, na área dos Estudos de Tradução, considera que é urgente verter para Português?

Nesta área, seria ideal traduzir outras obras de síntese na linha da de Susan Bassnett ou obras de cariz mais prático como, por exemplo, o excelente manual de Jeremy Munday, Introducing Translation Studies. Theories and Applications. É urgente verter para Português os principais textos dos principais teorizadores da Tradução, especialmente de 1900 em diante – algo como a antologia de Lawrence Venuti, The Translation Studies Reader. Isto só para começar…

Considera que existe uma relação directa entre a quantidade e

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Se houvesse uma política real de incentivo à tradução

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incentivo à tradução, as universidades públicas ou os

institutos politécnicos ofereceriam licenciaturas em

radução. O trabalho do tradutorseria mais prestigiado e a língua

portuguesa também.

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qualidade de obras de uma determinada área do conhecimento (os Estudos de Tradução, por exemplo) traduzidas para uma língua como o Português e o vigor dessa disciplina no país, ou nos países, que a falam?

Evidentemente. Basta olhar para a nossa realidade para confirmar essa relação. E o caso dos Estudos de Tradução é um exemplo flagrante. A Tradução e o seu conhecimento constituem uma área do saber que está a dar os primeiros passos.

Há alguma, ou algumas obras que gostaria especialmente de traduzir?

Aquelas que acima referi.

Um comentário final ao seu trabalho e ao Prémio que recebeu.

A modesta menção honrosa foi muito importante. Para mim, pelo incentivo. Mas, sobretudo, porque deu alguma visibilidade a este campo de estudos que não se pode dar ao luxo de a desperdiçar. Se os prémios funcionam como instâncias de validação, tendo este a chancela da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e da União Latina, isso só pode ser benéfico para os Estudos de Tradução, uma área na qual este foi o primeiro livro a ser traduzido em Português. Já antes havia sido considerada como um sinal positivo a aceitação da proposta da sua tradução pela Fundação Calouste

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Gulbenkian, que a editou na sua Colecção de Manuais Universitários. Ainda outra nota positiva foi o facto de a FCT me ter atribuído uma bolsa de doutoramento para investigar nesta área. São sinais positivos, que convém referir porque talvez sejam indicadores de uma nova atitude perante os fenómenos relacionados com esta disciplina.

Muito obrigada pela sua colaboração.

Eu é que agradeço e felicito a CONFLUÊNCIAS – Revista de Tradução Científica e Técnica pelo excelente trabalho já desenvolvido em benefício da Tradução. ■

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OS DICIONÁRIOS DA LÍNGUA PORTUGUESA

EDITE PRADA

Professora, Portugal

Para além dos dicionários especializados, imprescindíveis para a tradução de textos de áreas específicas do saber, o manuseio de um mero dicionário de língua portuguesa é imprescindível para o labor diário de um tradutor. De entre os dicionários, que poderemos designar genéricos, disponíveis no mercado, é possível distinguir dois grandes grupos que se complementam:

Dicionários Tradicionais

Entende-se por tradicional o dicionário cujo objectivo principal é veicular informação sobre o sentido, ou sentidos das palavras. Aí encontramos, para além da classe gramatical, informação sobre a origem das palavras, os seus significados e os sentidos figurados em que são utilizadas, bem como indicação acerca do uso que uma dada palavra pode ter, quer por pertencer a uma área específica do saber, quer por ser característica de determinado registo, ou sociolecto. Assim, são dadas indicações preciosas para um tradutor, sobre a utilização da palavra, permitindo situá-la, numa linguagem mais técnica, por exemplo, termos de medicina, zoologia, etc. ou num registo menos formal: familiar, popular, etc.

Neste grupo, para além dos dicionários mais usuais – como o Dicionário da Língua Portuguesa, da Porto Editora, ou o Dicionário Universal da Língua Portuguesa, da Texto

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Editora, 1 contendo cerca de 90.000 entradas – dispõem os profissionais de grandes dicionários, como o Dicionário de Cândido de Figueiredo, com 306.949 verbetes, o Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, próximo das 400.000 entradas, ou, mais recente, o Grande Dicionário de Língua Portuguesa, da Porto Editora (GDLP), com primeira edição saída em Setembro de 2004 e do qual se diz, na página da Porto Editora, que tem 300.000 definições.

Comparando o GDLP com o de José Pedro Machado, poder-se-á dizer que eles se distinguem, entre outros aspectos, pelo facto de este continuar a ser, tanto quanto me é possível observar, o dicionário que contém mais regionalismos, ou palavras de uso pouco corrente, sendo um óptimo recurso sobretudo se se trabalha num texto com grande variedade vocabular ou com características regionais. Nesta situação o Dicionário de Cândido de Figueiredo é igualmente de grande utilidade. Por seu lado, o

GDLP, mais recente, contempla muitas das propostas do Dicionário da Academia das Ciências, propondo, ou consagrando, uma grafia aportuguesada para um conjunto razoável de estrangeirismos. Reflecte, além disso uma preocupação relativamente recente no mundo dos dicionários de língua portuguesa: contém a transcrição fonética da grande maioria das entradas, apresentando mesmo, nos casos em que não há consenso ou uniformidade, mais do que uma proposta. Transforma-se, assim, num instrumento duplamente válido, porque actual no vocabulário, vasto, que contempla e actual também na pronúncia que propõe.

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Para além dos nários especializados, prescindíveis para a ção de textos de áreas

pecíficas do saber, o nuseio de um mero

icionário de língua guesa é imprescindível o labor diário de um

tradutor.

Dicionários de Nova Geração

Consideram-se aqui dicionários de nova geração, aqueles que, para além de terem as preocupações descritas para os dicionários tradicionais, procuram veicular as características lexicais e sintácticas das palavras, apresentando abonações que permitem perceber o contexto, ou contextos, em que uma dada palavra pode ocorrer. É particularmente relevante o facto de os artigos, ou descrições, dedicados a muitas palavras permitirem deduzir qual é, por exemplo, a regência que as caracteriza. A título de exemplo, veja-se o que é dito sobre o vocábulo desejoso no dicionário de José Pedro Machado e no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa:

JPM: Desejoso (ô), adj. (de desejo). Que deseja, que tem desejo(s); cheio de desejos; cobiçoso || Com desejo carnal || Pessoa que deseja.

1 Ambos estes dicionários têm uma versão electrónica disponível gratuitamente em linha, o primeiro mediante inscrição. 8

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Houaiss: desejoso /ô/ adj. (sXIII cf. IVPM) 1 dominado, impelido pelo desejo; ávido, cobiçoso <indivíduo d. de honrarias> 2 disposto, tendente a (realizar algo) <mostrava-se d. de obter um cargo fora do país> ◘ ETIM. Desejo + oso; ver desej-; f. hist. S XV ◘ Ant indesejoso.

Ao consultar o Dicionário Houaiss, para além dos sentidos vários que a palavra pode ter, ficamos a saber que este adjectivo rege a preposição de. Esta informação, que o contexto linguístico em que uma palavra ocorre nos fornece, é particularmente importante se o texto que tivermos em mão exigir um estilo formal e rigoroso. É tanto mais relevante, quanto é verdade que se verifica um elevado – diria mesmo excessivo – número de desvios relativamente ao uso da regência, particularmente quando envolve a utilização de preposição. Note-se que dá ainda informação sobre os antónimos e, mesmo, em muitos casos sobre os sinónimos, havendo uma nota remissiva nesse sentido.

Os dicionários que incluímos neste segundo grupo são (e a ordem não é arbitrária):

O já citado Dicionário Houaiss; o Novo Aurélio Século XXI e o Dicionário da Academia. O Houaiis, com quase 228.000 (ou 228.500) palavras, reúne a função dos grandes dicionários tradicionais, ao conter grande número de entradas, e veicula outra informação que caracteriza, a nosso ver, os dicionários de nova geração. Dos três dicionários incluídos neste subponto, merece ainda um destaque especial o da

Academia por ser, dos três, o único que, como o GDLP, contempla a pronúncia. ■

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A LÍNGUA PORTUGUESA E OS TERMOS TÉCNICOS E CONCEITOS PRÓPRIOS DAS CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

GABRIELA M. SANTOS-GOMES

Centro de Malária e Outras Doenças Tropicais, Instituto de Higiene e Medicina Tropical,

Universidade Nova de Lisboa, Portugal

Em Portugal, a literatura científica existente em Língua Portuguesa é, de um modo geral, escassa (provavelmente porque carece de justificação económica tendo em conta a dimensão do público alvo), sendo a maioria das traduções disponíveis de origem brasileira. Ao longo da formação científica, que se consubstancia ao nível do ensino superior, o contacto com a literatura científica de língua inglesa torna-se obrigatório. Esta obrigatoriedade acentua-se por um lado, por estarmos inseridos na comunidade europeia e, por outro, devido à facilidade com que se recorre à Internet para aceder a artigos científicos ou de divulgação, ou para estabelecer contactos com amigos, colegas e cientistas internacionais. Ou ainda, numa fase mais diferenciada, confrontamo-nos com a necessidade de recorrer à língua inglesa para a participação em concursos para bolsas de estudo no estrangeiro, na elaboração de projectos científico-tecnológicos a submeter a concursos (nacionais e internacionais) para financiamento e na escrita de artigos para publicação em revistas internacionais da especialidade.

Deste modo, a aquisição de termos técnico-científicos ingleses encontra-se fortemente facilitada, sendo aplicados frequentemente na expressão oral do dia-a-dia, com ou sem aportuguesamento espontâneo. Se noutras línguas como a francesa, espanhola (castelhano) ou alemã existe a tradição de se proceder à tradução da generalidade dos termos, deixando um espaço reduzido à introdução de estrangeirismos, a nossa língua exibe uma tradição, de alguns séculos, de fácil e rápida aquisição de termos estrangeiros. Esta capacidade de a língua portuguesa (que se pode considerar como um dos fenótipos marcantes do povo Português) se ampliar e auto-renovar (substituindo

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temporariamente ou definitivamente termos existentes por novos) é próprio das línguas vivas (em oposição às línguas mortas). É também um indicador de juventude, já que a maturidade se associa à especialização e à resistência ao contacto e à integração de novas situações.

A tradução de termos (e conceitos) técnico-científicos ingleses para português apresenta-se como uma tarefa árdua aos estudantes, investigadores e docentes quando se propõem escrever textos científicos em Português e aos tradutores profissionais devido à ausência de glossários 1 apropriados. Esta tarefa torna-se ainda mais penosa em áreas científicas, como por exemplo a Imunologia, onde a descoberta de novas situações (moléculas, células, processos e mecanismos) está frequentemente associada à introdução de novos termos técnicos. Um exemplo: como fazer a tradução dos

receptores toll-like? Ou de células natural killer? Ou, com que relutância se aceita a tradução de splicing – uma única palavra fácil de compreender e simples de memorizar – por processamento de junções intrão-exão. Existem, obviamente, outras situações em que a tradução de termos mais comummente usados se encontra aceite de forma generalizada, como é o caso do interferão-γ (interferon-γ), do factor de necrose tumoral (tumor necrosis factor) e de tantos outros. Nos casos de difícil tradução, é frequente a introdução do termo inglês em textos de língua portuguesa, seguido da respectiva definição. Contudo, nem sempre é possível enveredar por esta via, havendo casos, como por exemplo as patentes, em que se verifica a necessidade da tradução da totalidade dos

Nos casos de difícil tradução,

é frequente a introdução do

termo inglês em textos de

língua portuguesa, seguido da

respectiva definição. Contudo,

nem sempre é possível

enveredar por esta via

termos técnicos.

Nos textos científicos, após a apresentação inicial dos termos técnico-científicos, é comum passarem a ser utilizados e reconhecidos na forma abreviada, independentemente da sua maior ou menor complexidade. E se, em muitas situações, a tradução para português dos termos ingleses não suscita alterações à forma abreviada (p. ex. interleukin, IL, interleucina, IL), noutros ocorrem modificações mais ou menos acentuadas (p. ex. transforming growth factor-β, TGF-β; factor de crescimento transformador-β, FCT-β; granulocyte-macrophage colony stimulating factor, GM-CSF; factor de estimulação de colónias de granulócitos e macrófagos, FECGM). Nestes casos, que atitude devemos adoptar?

Temos, aparentemente duas opções, ou enveredamos pela tradução completa dos termos e das respectivas abreviaturas, ou traduzimos o termo e mantemos a abreviatura na forma original. Existem diversos termos e respectivas abreviaturas traduzidas mais recentemente que se inseriram completamente no léxico português e

1 O Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro e a empresa Tradulínguas encontram-se a desenvolver um glossário de termos de Imunologia, com a colaboração do CMDT/IHMT/UNL. 9

1

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são reconhecidas e utilizadas no quotidiano dos portugueses (p. ex. VIH em vez de HIV, SIDA em vez de AIDS). Outros são indiferentemente reconhecidos e utilizados na forma inglesa e portuguesa, como é o caso do ADN ou DNA (ácido desoxirribonucleico) ou do ARN ou RNA (ácido ribonucleico). Confesso que, como professora e investigadora, sou apologista da manutenção da abreviatura original. De facto, não me parece que a utilização de abreviaturas inglesas contribua para o desvirtuamento da língua portuguesa e, para além disso, a utilização da mesma abreviatura transversalmente a diversas línguas automatiza o processo cognitivo de reconhecimento do termo e do seu significado, aumentando a eficácia ao nível da composição e da compreensão da expressão oral e escrita.

Mas também nestes aspectos da tradução é importante agir com bom senso. Os termos de cariz científico que, com o tempo ou a necessidade, se vão generalizando, isto é, que ultrapassam os limites da linguagem estritamente científica e passam a fazer parte do léxico comum têm, actualmente, tendência para sofrer um processo de tradução completo (termo e abreviatura). Contudo, com a evolução educacional e cultural ascendente da população portuguesa e a sentida necessidade de dominarmos uma segunda língua, tanto ao nível da expressão oral, como da expressão escrita, que é indiscutivelmente o Inglês, associado à facilidade do povo português em importar e incluir no léxico comum termos de outras línguas, é de prever que esta tendência possa vir a alterar-se a médio ou longo prazo.

Estas considerações não tiram relevância à sentida necessidade de rapidamente se criarem instrumentos que regularizem a tradução dos termos e dos conceitos técnico-científicos e até da respectiva abreviatura. Porém, é preciso não esquecer que a evolução dos conhecimentos científicos está intimamente associada à introdução de novos termos e conceitos, pelo que os glossários não podem ser considerados sistemas estáticos e fechados, requerendo metodologias que garantam uma eficiente e atempada actualização, de modo a acompanharem de perto as novas descobertas

científicas. ■

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UMA NOTA SOBRE TRADUÇÃO CIENTÍFICA E TÉCNICA EM PORTUGAL

PAULO IVO TEIXEIRA

Faculdade de Engenharia da Universidade Católica Portuguesa, Portugal

Em 2003 e 2004 foram-me atribuídos, respectivamente, uma Menção Honrosa e o Prémio de Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa, patrocinados pela União Latina e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. A entrega destes prémios faz-se durante o Seminário de Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa, organizado anualmente pela União Latina. Adquiri, assim, alguma familiaridade com este evento e fiquei com curiosidade em saber quem nele toma parte. Apresento aqui o resultado desta minha curta investigação.

Os encontros realizados de 2001 a 2004 contaram com cerca de 727 participantes, que dividi pelas seguintes áreas de actividade, determinadas a partir dos seus endereços institucionais:

Faculdades de Letras (incluindo ISLA);

Escolas Secundárias;

Tradutores (incluindo trabalhadores de empresas de tradução);

Instituições Europeias ou Internacionais (Comissão Europeia, etc.);

Escolas Superiores de Educação;

Institutos Politécnicos de Tecnologia;

Instituições Públicas (câmaras municipais, ministérios, etc.);

Faculdades de Ciências e Engenharias.

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Só incluí nesta pequena estatística os participantes (em número de 464) cuja área de

actividade pôde ser determinada sem grande ambiguidade: por exemplo, deixei de fora

todos aqueles cuja instituição era dada apenas como «Universidade de Lisboa», etc.,

sem indicação específica da Faculdade. No caso de o participante pertencer a mais do

que uma instituição (por exemplo, «Escola Secundária ... /Tradutora Independente»,

utilizei apenas, algo arbitrariamente, a primeira destas.

Os resultados constam do gráfico abaixo:

FIGURA 1. Distribuição dos participantes nos Seminários de Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa, realizados entre 2001 e 2004,

por áreas de actividade.

Note-se a preponderância de participantes oriundos das Faculdades de Letras

(principalmente Lisboa, Porto e Coimbra). O segundo grupo mais numeroso é o dos

tradutores profissionais, quer independentes, quer ligados a empresas do ramo. As

Escolas Superiores de Educação estão também particularmente bem representadas,

com destaque para a de Castelo Branco, como o estão os Institutos Politécnicos de

Tecnologia.

Infelizmente, verifica-se que o Seminário de Tradução Científica e Técnica parece não

despertar grande interesse junto de quem se pensaria serem os seus «clientes» naturais:

as Faculdades de Ciências e Engenharias, que forneceram um único participante (0,2 %

do total). Na minha opinião, é muito importante que os cientistas e tecnólogos (entre

os quais me conto) estejam envolvidos no processo de tradução científica e técnica.

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Será que esta fraca participação se deve a falta de interesse, ou apenas à deficiente

divulgação de encontros deste tipo no meio científico? Com base na minha experiência

pessoal, inclinar-me-ia para a segunda possibilidade. A ser assim, parece-me

importante uma mais activa divulgação de encontros e iniciativas deste género nas escolas científicas e tecnológicas. ■

Agradeço a Sílvia Reis, da União Latina, o ter-me fornecido as listas de participantes dos Seminários de Tradução Científica e Técnica.

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11

9

BEAR WITH ME! APOIOS, CHUMACEIRAS E ROLAMENTOS (ALGUMAS NOTAS PARA ELIMINAR AS CONFUSÕES)

JOÃO ROQUE DIAS 1

Tradutor Técnico, Portugal

ouvindo, a um tempo, o chiar das serras, o resfolegar da máquina, os atritos das bielas e das correias, das chumaceiras, toda a roncaria da fábrica que estrondeava.

Manuel Ferreira, A Casa dos Motas

E as rodas, e as rodas-dentadas e as chumaceiras do Progressivo!

«Ode Triunfal», Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Nomina si nescis, perit et cognitio rerum. (Quem não conhece os nomes, também não conhece o assunto)

(Carl Linnaeus, Critica Botanica)

Resumo: O termo inglês bearing é invariavelmente mal traduzido para português, onde, em muitos textos, mais ou menos especializados e de maior ou menor responsabilidade, é reduzido a «rolamento». Muitas vezes, a má tradução deriva do simples desconhecimento do tradutor relativamente à sua função e ao tipo de mecanismo onde este componente se encontra instalado. Uma pesquisa breve pelos dicionários disponíveis para a maioria dos tradutores revela que, também aí, as incorrecções são

1 Mais uma vez, agradeço ao Professor Doutor Hermínio Duarte-Ramos pela revisão do original e pertinentes observações e sugestões para o melhoramento deste texto, e ao Steve Dyson pela tradução do resumo e mais algumas observações, como só o Steve sabe fazer.

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numerosas. Depois de uma análise prévia sobre os domínios de utilização deste termo, são apresentadas diversas sugestões para a sua tradução e um Glossary with bearing on many things (Inglês <=> Português Europeu). Palavras-chave: Apoio; Chumaceira; Moente; Rolamento. Abstract: In technical and less technical texts, whe her critical in engineering terms or less so, translators working from English into European Portuguese frequently misuse the wordrolamento as an equivalent for bearing. Almost invar ably, bearing is rendered as rolamento. This is typically both grossly incorrect and a complete betrayal of the original. To translate, say, main bearing, referring to an internal combustion engine, as rolamento principal instead of apoio da cambota is nothing less than a ‘clanger’ and a clear pointer to the translator’s ignorance of the subject matter that he or she claims to be translating into Portuguese. When I studied mechanical engineering, the course on Internal Combustion Engines included a tour of the Portuguese Railways’ (CP main workshops in the Lisbon suburb of Barreiro. Our senior lecturer was also the workshopmanager. As his students we were free to inspect every nook and cranny of those vast premises. In a corner, we spied the diesel engine of a self-propelled railcar built by Fiat;an engine with roller bearings (rolamentos de rolos) at the main bearings (apoios da cambota). Because the crankshaft (cambota) was specially designed to permit the disassembly of the said roller bearings, it was incredibly complex, a constant source otrouble and a major headache for every mechanic that ever had to work on it. With the exception of this one engine — a true rarity in the world of internal combustion engines — I never saw another engine that used roller or ball bearings at the main bearings. And even in this case, the correct term in European Portuguese is still apoios da cambota, o , more precise y, apoios da cambota com rolamentos. In the end of this article, the reader will find a Glossary with bearing on many things.

t

i

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Keywords: Bearing; Anti-friction bearing; Journal.

JUSTIFICAÇÃO DESTAS NOTAS

Frequentemente, vejo em textos mais ou menos técnicos e de maior ou menor

responsabilidade o termo «rolamento» utilizado incorrectamente. Para alguns

tradutores, qualquer referência a bearing no texto de partida é invariavelmente

traduzida pelo termo português «rolamento». Tal tradução é grosseiramente incorrecta

e deturpadora do significado do texto original. De facto, traduzir main bearings de um

motor térmico (ou seja, os «apoios da cambota») por «rolamentos principais» é erro de

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palmatória e um claro indicador da ignorância do tradutor sobre o assunto que se

propôs verter para português. Nos meus tempos de estudante de Engenharia Mecânica,

no âmbito da disciplina de Motores Térmicos, fomos visitar as Oficinas Gerais de

Manutenção da CP, no Barreiro. O regente da disciplina era também o Director Técnico

das oficinas, e tivemos, assim, direito a vasculhar todos os cantos da casa. E, num dos

cantos, lá estava um motor Diesel de uma automotora fabricada pela Fiat, em que os

apoios da cambota do motor eram constituídos por rolamentos de rolos. A cambota,

devido à sua construção para permitir a desmontagem dos rolamentos, era de uma

formidável complexidade e uma permanente fonte de dores de cabeça para os

mecânicos da casa. Excepção feita a este caso (e uma verdadeira raridade no mundo

dos motores de explosão), nunca mais vi um motor em que os main bearings fossem

«rolamentos». E, mesmo neste caso, a tradução correcta seria ainda «apoios da

cambota» (neste caso, com rolamentos).

A ORIGEM DA CONFUSÃO E DOS ERROS DE TRADUÇÃO

Imagine-se um inquérito em que se pergunta a um conjunto de pessoas

mais ou menos aleatório se, no âmbito da Mecânica, conhecem os

seguintes termos: «apoio», «chumaceira», «chumaceira de casquilhos»,

«chumaceira de rolamentos», «chumaceira de patins» e «rolamento».

conhe

m

térmi

a util

na lín

que

seu

A falta de sólidos

cimentos sobre tecnologia

ecânica ou de motores

cos leva alguns tradutores

izar o termo mais comum

gua corrente, ou o termo

primeiro lhes apareça no

Dicionário de Inglês-Português

Dobrado contra singelo, seria capaz de apostar que, em termos da

maioria de respostas para cada termo, os resultados seriam os seguintes:

Termo Conhece, em termos gerais Conhece, com aplicação em

motores de automóveis

apoio sim sim (provavelmente, devido ao termo «apoio do motor»)

chumaceira não não

chumaceira de casquilhos não não

moente não talvez

chumaceira de rolamentos sim (devido ao termo «rolamentos»)

não

chumaceira de patins não não

rolamento sim sim

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Está aqui a origem do problema! A falta de sólidos conhecimentos sobre tecnologia

mecânica ou de motores térmicos leva alguns tradutores a utilizar o termo mais

comum na língua corrente, ou o termo que primeiro lhes apareça no seu Dicionário de Inglês-Português 2 3. Neste último caso, não tenhamos dúvidas, todos os dicionários

correntes incluem o termo «rolamento» como tradução de bearing.

FIG. 1. 4

Main bearing shells — Casquilhos dos apoios

da cambota

FIG. 2.

C anksha jou nals — Moentes de cambota r ft r

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2 O Dicionário de Inglês-Português da Porto Editora é um bom exemplo: por ordem de entrada, as traduções de bearing apresentadas são «rolamento (de máquina)», «chumaceira», «apoio», «mancal» (sem indicação da origem regional), «espaço entre as escoras de uma viga» (sic), orientação, rumo (sic, heading). Com ferramentas destas...

3 O Dicionário Verbo de Inglê Técnico e Científico (essa quase inutilidade para quem quiser contar com uma obra de consulta fiável) tem para bearing (no contexto de Mecânica) apenas duas entradas: (1.ª) «rolamento de esferas» e (2.ª) «chumaceira». Por que razão, num dicionário que se apresenta como especializado, um bearing é reduzido a um «rolamento de esferas» é algo a que só os autores do livrinho poderão responder. Noutra entrada, uma bearing surface é traduzida como «mancal de apoio»! Brasileirismo aparte, apetece perguntar, como Jack Nicholson, no filme Uma Questão de Honra (A Few Good Men), “Is there any other kind?”

4 As imagens deste texto foram preparadas pelo autor.

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MAS, AFINAL, O QUE É UM BEARING EM INGLÊS?

Comecemos então por responder a esta pergunta:

Termo em Inglês Termo em Português Âmbito de utilização / Observações

bearing aparelho de apoio Eng. Civil, em bridge bearing

bearing apoio Eng. Mecânica

bearing apoio significado mais geral

bearing bronze Eng. Mecânica. Como sinónimo de «casquilho de chumaceira»

bearing chumaceira Eng. Mecânica

bearing influência, conduta língua comum

bearing mancal (PT-br); chumaceira (PT-pt)

Eng. Mecânica. Termo mais frequente no Brasil

bearing marcação, direcção Náutica

bearing moente Eng. Mecânica

bearing munhão (PT-br); moente (PT-pt)

Eng. Mecânica. Termo mais frequente no Brasil

bearing resistência à carga como em bearing test

bearing rolamento Eng. Mecânica

bearing suporte Eng. Mecânica e Civil

Como se vê pela tabela anterior, esta é a outra face do problema das más traduções que andam por aí. É que bearings há muitos, e para quem se apoia apenas em dicionários para fazer as suas traduções, a tarefa consiste em saber como escolher o termo mais apropriado!

E, ENTÃO, COMO SE DEVE TRADUZIR BEARING EM PORTUGUÊS EUROPEU?

Assim formulada, a pergunta está incorrecta. Falta especificar a área de aplicação do termo, conforme ficou claro no quadro do parágrafo anterior. Ou, como se diz na nossa profissão, o contexto, o domínio ou o assunto do texto ou, para os mais modernaços nestas coisas, o subject matter. Vamos então supor que restringíamos a área de aplicação dos nossos bearings à Engenharia Mecânica. A decisão é avisada, já que o autor destas notas se sente muito mais à-vontade com máquinas a resfolegar e a roncar, como diz o poeta.

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Começando pelo significado mais geral do termo, isto é, «apoio», iremos restringir ainda mais o seu âmbito de aplicação ao caso dos «apoios de veios» 5, i.e., dispositivos destinados a conferir apoio a peças rotativas. Neste domínio, há que ter em atenção que o moente (journal) é a peça ou zona da máquina que necessita de apoio, normalmente a ponta de um veio. A chumaceira ou apoio (bearing) é a peça que confere o apoio ao moente.

Nestas coisas de máquinas, um apoio é, assim, um elemento mecânico destinado a conferir sustentação a outro, normalmente com restrição de movimento, e a reduzir o atrito de contacto entre os dois. É também fácil de admitir que qualquer sistema mecânico contém, pelo menos, um apoio. É ainda interessante notar que existe, muitas vezes, uma equivalência de significados entre apoio, chumaceira e moente. No entanto, em alguns textos, esta equivalência tem que ser quebrada, remetendo cada um destes termos para o seu significado específico, necessariamente mais restrito.

De um modo geral, os apoios – por agora, chamemos-lhes apenas assim – dividem-se em apoios de escorregamento (plain bearings, sliding bearings ou fluid-film bearings) e apoios com contacto de rolamento (rolling contact bearings) 6.

Apoios de Escorregamento

No quadro seguinte, apresenta-se a designação dos apoios de escorregamento, de acordo com a sua função:

Nestas coisas de máquinas,

um apoio é, assim, um

elemento mecânico destinado

a conferir sustentação a outro,

normalmente com restrição de

movimento, e a reduzir o

atrito de contacto

entre os dois

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apoios radiais

apoios axiais, de impulso ou de topo

apoios de guiamento

apoios com lubrificação incompleta (i.e., sem separação total entre as duas peças pela película de lubrificante)

apoios de escorregamento

apoios com lubrificação completa (i.e., com separação total das duas peças pela película lubrificante)

5 Em português europeu, no domínio da Engenharia Mecânica, os termos «veio» e «eixo» não são sinónimos. Utiliza-se «veio» para designar um elemento rotativo que, para além de apoio, transmite potência (exemplos: veio propulsor, veio de transmissão) e «eixo» para designar um elemento apenas de suporte (exemplo: o eixo de uma roldana). Outra fonte de traduções incorrectas para o termo inglês shaft.

6 Vê-se, por vezes, em alguns textos técnicos, rolling bearing traduzido por «rolamento de rolagem» (sic). É, evidentemente, um erro grave, claramente em desacordo com as boas regras da formação de terminologia. Haverá, também, «cubos cúbicos» ou «esferas esféricas»? Os meus colegas que trabalham em caldeiraria dir-me-ão que existem «cubos redondos». Existem, de facto, mas isso fica para outras conversas.

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No caso dos apoios de escorregamento, a lubrificação é um factor fundamental no seu funcionamento e desempenho. Por este motivo, estes apoios são por vezes designados de acordo com o tipo do princípio de lubrificação utilizado: lubrificação de película fina ou incompleta (fluid film), hidrodinâmicos (hydrodynamic, full fluid-film), elastohidrodinâmicos (elastohydrodynamic, EHD), hidrostáticos (hydrostatic), lubrificação parcial ou limite 7 (boundary lubrication), de gás (gas bearing) ou (auto-lubrificados (self-lubricated).

FIG. 3.

Thrust bearing — Chumaceira axial

FIG. 4.

Bearing blocks — Caixas de rolamentos

Apoios com Contacto de Rolamento

Os apoios com contacto de rolamento (rolling contact bearings), como o nome indica, são baseados no contacto de rolamento entre as peças constituintes, o corpo rolante (rolling element) e os caminhos, anéis ou pistas de rolamento (race ou ring). De um modo mais rigoroso, as pistas (race, raceway) são as depressões existentes nos anéis (rings), mas a utilização da terminologia é, neste caso, um pouco fluida.

Os corpos rolantes podem ser de tipos variados, conforme a sua forma geométrica: esferas (balls), rolos (rollers). Estes últimos podem ser cilíndricos (cylindrical rollers), cónicos (conical rollers), esféricos (spherical rollers) ou toroidais (toroidal rollers). Recentemente, surgiram os rolamentos de 3 anéis (triple-ring bearings), em que os corpos rolantes entre cada dois anéis podem ser de tipo diferente, por exemplo, rolos cilíndricos na primeira fiada e rolos toroidais na segunda fiada.

Para separar e manter o espaçamento entre os corpos rolantes são utilizadas gaiolas (cages, separators ou retainers).

7 E não camada-limite (boundary layer), como se vê, por vezes, em documentos científicos portugueses e brasileiros. Será, apenas, um lapsus calami?

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FIG. 5.

Ball bearing ( Basic Terminology) — Rolamento de esferas

(Terminologia Básica)

No entanto, não devemos esquecer que os rolamentos, nos quais se apoiam as peças

suportadas, devem também ser apoiados, ou imobilizados, eles mesmos. Este apoio, que

constitui também um meio para a montagem dos rolamentos, é constituído pelas

chumaceiras ou caixas de rolamentos (bearings blocks) ou pelas unidades de

rolamentos (bearing units). Ah! Como eu gostaria de nunca mais ver «traduções» em

que as chumaceiras de rolamentos são chamadas «blocos de rolamentos»! Afinal, na

língua que falamos, o que é um «bloco de rolamentos»?

RECOMENDAÇÕES PARA A TRADUÇÃO

Num contexto de Engenharia Mecânica, a tradução de bearing deverá ser rodeada de alguns cuidados prévios. Basicamente, os mesmos cuidados que devem ser dispensados a todas as traduções, de todos os assuntos:

1) Uma análise cuidada sobre o assunto de base do texto a traduzir.

2) Uma análise atenta sobre a terminologia e o registo utilizados no texto de partida.

3) Uma selecção correcta da terminologia a utilizar no texto de chegada (porque um texto destinado a publicação numa revista científica sobre equipamento mecânico poderá não utilizar a mesma terminologia de um texto destinado a uma revista dirigida para o grande público ou a uma brochura técnica, com um público-alvo mais restrito).

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Assim, no contexto de Engenharia Mecânica, depois de analisado o texto de partida e definido o público-alvo da respectiva tradução, a tradução de bearing deverá ser:

a) Apoio, quando o termo original se referir exclusivamente ao elemento de suporte de um veio, sem qualquer necessidade de explicitação sobre o tipo de apoio em causa, ou quando for absoluta e tecnicamente correcto utilizar o termo normalmente utilizado no domínio do texto (exemplo; main bearing => apoio da cambota). Neste contexto geral, a utilização de «suporte» em vez de «apoio» é grosseiramente incorrecta;

b) Chumaceira, quando o termo original se referir ao apoio de um veio bem determinado, mas sem indicações anteriores no texto (ou suportadas por imagens) sobre o tipo de chumaceira (de casquilhos ou de rolamentos). Exemplo: motor

shaft bearing => chumaceira (ou apoio) do veio do motor.

En

tradu

rode

pr

mesm

ser

c) Chumaceira de rolamentos ou rolamento, quando for absolutamente claro, pelo contexto anterior do texto, pela legenda de uma figura ou pela correcção técnica do contexto, que o apoio em questão é efectuado com rolamentos. Exemplo: anti-friction bearing => chumaceira de rolamentos ou rolamento. Neste caso, o termo «chumaceira de rolamentos» deve ser reservado para os casos em que o termo se refira a «caixas de rolamentos» e não aos apoios com rolamentos individuais, sem caixa de montagem.

Num contexto de

genharia Mecânica, a

ção de bearing deverá ser

ada de alguns cuidados

évios. Basicamente, os

os cuidados que devem

dispensados a todas as

traduções, de todos

os assuntos

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GLOSSARY WITH BEARING ON MANY THINGS

(Inglês => Português Europeu)

A

aeros atic journal bearing. (Mech. Eng.) c.f. gas lubricated gas bearing t

air bearing. (Mech. Eng.) apoio pneumático

air caster. (Mech. Eng.) cf. air bearing

air foil bearing. (Mech. Eng.) chumaceira de folhas metálicas

angular contact bearing. (Mech. Eng.) rolamento de contacto angular

annular ball bearing. (Mech. Eng.) cf. deep groove ball bearing

anti-friction bearing. (Mech. Eng.) rolamento (de esferas, rolos, ou outros)

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B

babbit metal. (Mech. Eng.) liga anti-fricção (normalmente, de estanho, cobre e antimónio)

ball bearing. (Mech. Eng.) rolamento de esferas

ball spacer. (Mech. Eng.) cf. cage

ball-bearing axle-box . (Railway Eng.) caixa de eixo de rolamento de esferas

base bearing. (Mech. Eng.) cf. main bearing

beam bearing. (Mech. Eng. – Weight Scales) apoio da travessa

beam bearing. (Nautics) marcação pelo través

bearer pla e. (Mech. Eng.) berço de apoio t

bearing. (Automotive Eng.) apoio

bearing. (Civil Eng.) apoio (com este significado, o termo mais corrente em inglês é support), aparelho de apoio

bearing. (Mech. Eng.) apoio, chumaceira, rolamento

bearing. (Mech. Eng.) chumaceira

bearing. (Mech. Eng.) mancal (PT-br)

bearing. (general language) influência, conduta, comportamento, transporte, relação, relevância

bearing. (Nautics) marcação, demora, direcção, azimute

bearing adapter. (Mech. Eng.) manga de centragem de rolamento

bearing area. (Civil Eng.) superfície resistente

bearing assembly. (Mech. Eng.) chumaceira

bearing axle-box. (Railway Eng.) caixa de eixo de bronzes

bearing backing. (Mech. Eng.) camada de apoio do casquilho

bearing block. (Mech. Eng.) castanha (monobloco, sem tampa), caixa de rolamentos (com tampa), chumaceira de rolamentos (termo geral)

bearing bracket. (Civil Eng. / Mech. Eng.) suporte de chumaceira, cadeira de chumaceira

bearing brass. (Mech. Eng.) bronze de chumaceira, casquilho de chumaceira

bearing brass. (Mech. Eng.) casquilho, bronze

bearing bronze. (Mech. Eng.) bronze de chumaceira, casquilho de chumaceira

bearing bush. (Mech. Eng.) casquilho, bronze

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bearing cap. (Mech. Eng.) tampa de chumaceira

bearing capacity. (Civil Eng. / Mech. Eng.) capacidade de suporte

bearing cartridge. (Mech. Eng.) porta-casquilhos, caixa de rolamento

bearing clearance. (Mech. Eng.) cf. bearing gap

bearing collar. (Mech. Eng.) colar do moente

bearing compass. (Nautics) agulha de marcar

bearing crown. (Mech. Eng.) área central do casquilho

bearing crush. (Mech. Eng.) sobredimensão do casquilho em meia circunferência (para ajustamento com interferência)

bearing cup. (Mech. Eng.) cf. cage

bearing dis ance. (Mech. Eng.) distância entre apoios t

t

t

t

t

t

bearing face. (Civil Eng. / Mech. Eng.) face de apoio, face de encosto

bearing gap. (Mech. Eng.) folga no apoio

bearing groove. (Mech. Eng.) canal de lubrificação do casquilho

bearing hanger. (Mech. Eng.) pendural de chumaceira

bearing housing. (Mech. Eng.) caixa, cárter, corpo, alojamento de rolamento

bearing insert. (Mech. Eng.) casquilho amovível

bearing line. (Nautics) linha de marcação

bearing liner. (Mech. Eng.) casquilho de chumaceira

bearing lower. (Mech. Eng.) meio-casquilho inferior

bearing pedestal. (Mech. Eng.) cf. bearing bracket

bearing pla e. (Civil Eng.) sapata (de apoio), platina, chapa de encastramento

bearing pla e. (Railway Eng.) chapim do carril

bearing pla e. (Mech. Eng.) chapa de apoio

bearing pla e. (Nautics) taxímetro

bearing pla e bed. (Railway Eng.) mesa de assentamento das chapas de apoio

bearing plot. (Nautics) gráfico de marcações

bearing pre-load. (Mech. Eng.) aperto inicial do rolamento

bearing pressure. (Civil Eng. / Mech. Eng.) pressão no apoio

bearing pressure. (Mech. Eng.) pressão de serviço, pressão de regime

bearing puller. (Mech. Eng.) saca-rolamentos, extractor de rolamentos

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bearing scraper. (Mech. Eng.) rascador, raspador de casquilhos

bearing seal. (Mech. Eng.) retentor da chumaceira, retentor do apoio

bearing shell. (Mech. Eng.) casquilho, bronze, meio-casquilho

bearing shoe. (Civil Eng.) sapata de apoio

bearing shoe. (Mech. Eng.) patim (de chumaceira axial)

bearing sleeve. (Mech. Eng.) manga de rolamento, bucha

t

bearing spread. (Mech. Eng.) sobredimensão do diâmetro casquilho (para ajustamento com interferência)

bearing surface. (Civil Eng. / Mech. Eng.) superfície de apoio

bearing surface (of rail). (Railway Eng.) mesa de rolamento (do carril)

bearing test. (Mat. Eng.) teste de resistência, teste de capacidade de carga

bearing unit. (Mech. Eng.) unidade de rolamentos

bearing upper. (Mech. Eng.) meio-casquilho superior

bearing wall. (Civil Eng.) parede-mestra, parede resistente

bearing wiping. (Mech. Eng.) gripagem do casquilho

bore. (Mech. Eng.) casquilho (exemplo: bronze bore bearing)

brass. (Mech. Eng.) meio-casquilho

brasses. (Mech. Eng.) casquilho

bridge bearing. (Civil Eng.) aparelho de apoio

bush. (Civil Eng.) cf. bushing

bushing. (Civil Eng.) casquilho

C

cage. (Mech. Eng.) gaiola (de rolamento)

cage pocket. (Mech. Eng.) bolsa da gaiola

callote bearing bush. (Mech. Eng.) casquilho hemisférico

composi e bearing. (Mech. Eng.) casquilho bimetálico

connecting rod bearing. (Mech. Eng.) casquilho da biela

conrad bearing. (Mech. Eng.) cf. single-row deep groove bearing

crankpin bearing. (Mech. Eng.) cf. connecting rod bearing

crossed roller bearing. (Mech. Eng.) rolamento de rolos ortogonais

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D

dry bearing. (Mech. Eng.) chumaceira não lubrificada

F

fixed bearing. (Mech. Eng.) apoio fixo, rolamento fixo

floating bearing. (Mech. Eng.) apoio livre, rolamento livre

fluid-film bearing. (Mech. Eng.) cf. plain bearing

free bearing. (Civil Eng.) apoio livre

free bearing. (Mech. Eng.) rolamento livre

friction bearing. (Mech. Eng.) chumaceira de casquilhos

G

gas bearing. (Mech. Eng.) cf. gas lubricated gas bearing

gas lubricated journal bearing. (Mech. Eng.) chumaceira de gás

graphite-lubr cated bearing. (Mech. Eng.) apoio/chumaceira lubrificado(a) com grafite

i

guide bearing. (Mech. Eng.) apoio de guiamento

H

housed bearing. (Mech. Eng.) bearing block

J

journal. (Mech. Eng.) moente

journal. (Mech. Eng.) munhão (PT-br)

journal bearing. (Mech. Eng.) apoio, chumaceira de casquilhos

journal bearing. (Mech. Eng.) casquilho de chumaceira

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K

Kingsbury 8 thrust bearing. (Mech. Eng.) cf. pivoted segmental thrust bearing

L

land. (Mech. Eng.) diâmetro exterior (DE) do anel interior ou o diâmetro interior (DI) do anel exterior de um rolamento

line-shaft bearing. (Naval Eng.) chumaceira do veio de propulsão

M

main bearing. (Mech. Eng.) apoio da cambota

main bearing journal. (Mech. Eng.) moente da cambota

Michell 9 bearing 10. (Mech. Eng.) chumaceira axial de moentes segmentados

t

8 Albert Kingsbury nasceu em Morris, Illinois, nos EUA, em 1863, em plena Guerra Civil. Após os estudos secundários, inscreveu-se no curso Científico e de Latim da actual Universidade de Akron. Interrompendo os estudos durante três anos, trabalhou como aprendiz de mecânico numa fábrica de maquinaria para trefilagem de varões de aço. Retomou os estudos em 1884 na Universidade de Ohio no curso de Engenharia Mecânica. Dois anos mais tarde, voltou a interromper os estudos, e trabalhou como torneiro mecânico na Warner and Swasey Company, em Cleveland, Ohio. Em 1907, a sua primeira tentativa de registo de uma patente para uma chumaceira axial foi rejeitada. Kingsbury ficou, então, a saber que uma patente tinha sido registada em 1905, em Inglaterra, por Anthony Michell, um respeitado engenheiro australiano, com base nos mesmos princípios fundamentais.

9 Anthony Michell nasceu na colónia britânica da Austrália em 1870. Estudou Engenharia Civil na Universidade de Melbourne. A sua vida pode ser definida como sem sobressaltos de maior. Nunca casou. Era uma mente solitária e serena, que vivia num mundo interior. Michell abraçou com entusiasmo a nova teoria dos fluidos viscosos – como os óleos lubrificantes. Em 1905 escreveu um artigo sobre a lubrificação de superfícies planas. Por essa altura, a Alemanha era o verdadeiro líder mundial em Mecânica de Fluidos, e o seu artigo foi publicado, sem surpresa, numa publicação alemã. Desse artigo resultou também o registo de uma patente para um novo tipo de chumaceira. Na Inglaterra de então, o seu artigo e a sua patente passaram despercebidos. Os contactos com a Marinha de Guerra britânica também não deram resultados. Mais tarde, durante a 1.ª Guerra Mundial, os ingleses capturaram um submarino alemão intacto. A sua desmontagem revelou a presença de uma chumaceira de tipo desconhecido, que ocupava menos espaço e desperdiçava menos potência por efeito do atrito.

10 A chumaceira Michell (†) – Nota histórica: Segundo os registos históricos da ASME – American Socie y of Mechanical Engineers, a primeira chumaceira Michell/Kingsbury foi instalada na central hidroeléctrica de Holtwood, em Lancaster, na Pensilvânia, EUA, em 1912. A chumaceira pesa 2,25 toneladas e suporta a turbina e o gerador, com uma massa

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mounted unit bearing. (Mech. Eng.) cf. bearing block

N

needle bearing. (Mech. Eng.) rolamento de agulhas

needle roller bearing. (Mech. Eng.) cf. needle bearing

O

oil-f ee bearing. (Mech. Eng.) chumaceira secas r

r l

oilless bearing. (Mech. Eng.) cf. self-lubricated bearing

out of round bearing. (Mech. Eng.) casquilho ovalizado

P

partial bearing. (Mech. Eng.) chumaceira sem tampa superior

pillow. (Mech. Eng.) base da chumaceira

pillow block. (Mech. Eng.) cf. bearing block

pivoted segmental thrust bearing. (Mech. Eng.) chumaceira axial de moentes segmentados

plain bearing. (Mech. Eng.) apoio de escorregamento, chumaceira de casquilhos

plumme (bearing) block. (Mech. Eng.) cf. pillow b ock

porous-metal bearing. (Mech. Eng.) cf. sintered bearing

precision bearing . (Mech. Eng.) chumaceira de rolamentos (em oposição à «chumaceira de casquilhos»)

combinada de 165 toneladas, e uma força de impulso adicional de 40 toneladas induzida pela passagem da água pela turbina. Esta chumaceira tem estado em serviço praticamente contínuo desde 1912, sem qualquer substituição de peças. Em 2002, o fabricante estimou que as chumaceiras instaladas na central de Holtwood deveriam ter uma vida útil (sem manutenção) de, aproximadamente, 1300 anos. Com uma história tão nobre, não será um verdadeiro crime chamar apenas «rolamento» a esta maravilha da tecnologia?

(†) – Não existem chumaceiras «Mitchell».

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Q

quill bearing. (Mech. Eng.) cf. needle bearing

R

race. (Mech. Eng.) cf. raceway

raceway. (Mech. Eng.) caminho de rolamento, pista de rolamento

radial bearing. (Mech. Eng.) apoio radial, rolamento de cargas radiais

retainer. (Mech. Eng.) cf. cage

roller bearing. (Mech. Eng.) rolamento de rolos

rolling bearing. (Mech. Eng.) apoio com contacto de rolamento

S

sealed bearing. (Mech. Eng.) rolamento blindado

self aligning bearing. (Mech. Eng.) rolamento autocompensador

self- ubricated bearing. (Mech. Eng.) chumaceira de casquilhos autolubrificados l

r

)

separator. (Mech. Eng.) cf. cage

shell (type) bearing. (Mech. Eng.) chumaceira de meios-casquilhos

single row bearing. (Mech. Eng.) rolamento de uma fiada de esferas ou rolos

single- ow deep groove ball bearing. (Mech. Eng.) rolamento rígido de uma fiada de esferas

sintered bearing. (Mech. Eng.) chumaceira de casquilhos sinterizados

sleeve. (Mech. Eng.) casquilho

sleeve bearing. (Mech. Eng.) chumaceira de casquilho(s)

slide bearing. (Mech. Eng.) chumaceira (axial) de patins

sliding (slide) bearing. (Mech. Eng.) apoio de escorregamento

sliding bearing. (Mech. Eng.) cf. plain bearing

spherical roller bearing. (Mech. Eng.) rolamento de rolos esféricos

spigot bearing. (Mech. Eng.) apoio piloto

step bearing. (Mech. Eng.) moente cilíndrico de topo

strip (type bearing. (Mech. Eng.) chumaceira de casquilhos substituíveis

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T

thrust bearing. (Mech. Eng.) chumaceira axial, chumaceira de impulso, chumaceira de topo, rolamento axial

tilting-pad bearing. (Mech. Eng.) chumaceira de patins (moentes) oscilantes

GLOSSARY WITH BEARING ON MANY THINGS

(Português Europeu => Inglês)

A

agulha de marcar. (Náutica) bearing compass

alojamento de rolamentos. (Eng. Mec.) bearing housing

aparelho de apoio. (Eng. Civ.) b idge bearingr

i

r

aparelho de apoio. (Eng. Civ.) bearing

aperto inicial do rolamento. (Eng. Mec.) bearing pre-load

apoio. (Eng. Automóvel) bearing

apoio. (Eng. Civ.) bearing

apoio (estático). (Eng. Mec. / Eng. Automóvel) mount

apoio com contacto de rolamento. (Eng. Mec.) rolling bearing

apoio da cambota. (Eng. Mec.) main bearing

apoio da travessa. (Eng. Mec. - balanças) beam bearing

apoio de escorregamento. (Eng. Mec.) plain bearing

apoio de escorregamento. (Eng. Mec.) sliding (slide) bearing

apoio de guiamento. (Eng. Mec.) guide bearing

apoio fixo. (Eng. Mec.) fixed bear ng

apoio livre. (Eng. Mec.) floating bearing

apoio lubrificado com grafite. (Eng. Mec.) graphite-lubricated bearing

apoio piloto. (Eng. Mec.) spigot bearing

apoio pneumático. (Eng. Mec.) ai bearing

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apoio radial. (Eng. Mec.) radial bearing

área central do casquilho. (Eng. Mec.) bearing crown

azimute. (Náutica) bearing

B

base da chumaceira. (Eng. Mec.) pillow

r

r

berço de apoio. (Eng. Mec.) bea er plate

bolsa da gaiola. (Eng. Mec.) cage pocket

bronze. (Eng. Mec.) bearing shell

bronze de chumaceira. (Eng. Mec.) bearing brass

bronze de chumaceira. (Eng. Mec.) bearing bronze

bucha. (Eng. Mec.) bearing sleeve

C

cadeira de chumaceira. (Eng. Civ. / Eng. Mec.) bearing bracket

caixa. (Eng. Mec.) bearing housing

caixa de eixo de bronzes. (Eng. Ferrov.) bearing axle-box

caixa de eixo de rolamento de esferas. (Eng. Ferrov.) ball-bearing axle-box

caixa de rolamentos. (Eng. Mec.) bearing block

caixa de rolamentos. (Eng. Mec.) bearing block

camada de apoio do casquilho. (Eng. Mec.) bearing backing

caminho de rolamento. (Eng. Mec.) raceway

canal de lubrificação do casquilho. (Eng. Mec.) bearing groove

capacidade de suporte. (Eng. Civ. / Eng. Mec.) bearing capacity

carter. (Eng. Mec.) bearing housing

casquilho. (Eng. Civ.) bushing

casquilho. (Eng. Mec.) bearing bush

casquilho. (Eng. Mec.) bearing shell

casquilho. (Eng. Mec.) bo e (exemplo: bronze bore bearing)

casquilho. (Eng. Mec.) brass

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casquilho. (Eng. Mec.) sleeve

casquilho amovível. (Eng. Mec.) bearing insert

r

l

l

t

fr

l

r )

casquilho bimetálico. (Eng. Mec.) composite bearing

casquilho da biela. (Eng. Mec.) connecting rod bearing

casquilho de chumaceira (Eng. Mec.) bearing brass

casquilho de chumaceira. (Eng. Mec.) bearing liner

casquilho de chumaceira. (Eng. Mec.) jou nal bearing

casquilho ovalizado. (Eng. Mec.) out of round bearing

casquilhos. (Eng. Mec.) brasses

castanha. (Eng. Mec.) bearing b ock (one-piece)

chapa de apoio. (Eng. Mec.) bearing p ate

chapa de encastramento. (Eng. Civ.) bearing plate

chapim do carril. (Eng. Ferrov.) bearing pla e

chumaceira. (Eng. Mec.) bearing

chumaceira. (Eng. Mec.) bearing assembly

chumaceira (axial) de patins. (Eng. Mec.) slide bearing

chumaceira axial. (Eng. Mec.) thrust bearing

chumaceira axial de moentes segmentados. Michell bearing

chumaceira de casquilho(s). (Eng. Mec.) sleeve bearing

chumaceira de casquilhos. (Eng. Mec.) iction bearing

chumaceira de casquilhos. (Eng. Mec.) journal bearing

chumaceira de casquilhos. (Eng. Mec.) plain bearing

chumaceira de casquilhos. (Eng. Mec.) plummer (bearing) block

chumaceira de casquilhos autolubrificados. (Eng. Mec.) self- ubricated bearing

chumaceira de casquilhos sinterizados. (Eng. Mec.) sintered bearing

chumaceira de casquilhos substituíveis. (Eng. Mec.) st ip (type bearing

chumaceira de folhas metálicas. (Eng. Mec.) air foil bearing

chumaceira de gás. (Eng. Mec.) gas lubricated journal bearing

chumaceira de impulso. (Eng. Mec.) thrust bearing

chumaceira de meios-casquilhos. (Eng. Mec.) shell (type) bearing

chumaceira de patins oscilantes. (Eng. Mec.) tilting-pad bearing

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chumaceira de rolamentos. (Eng. Mec.) bearing block

t

l

chumaceira de rolamentos (em oposição a «chumaceira de casquilhos»). (Eng. Mec.) precision bearing

chumaceira de topo. (Eng. Mec.) thrust bearing

chumaceira do veio de propulsão. (Eng. Nav.) line-shaft bearing

chumaceira não lubrificada. (Eng. Mec.) dry bearing

chumaceira seca. (Eng. Mec.) oil-free bearing

chumaceira sem tampa superior. (Eng. Mec.) par ial bearing

chumaceira, rolamento. (Eng. Mec.) bearing

colar do moente. (Eng. Mec.) bearing collar

conduta (= comportamento). (língua comum) bearing

corpo. (Eng. Mec.) bearing housing

D

demora. (Náutica) bearing

diâmetro exterior (DE) do anel interior ou o diâmetro interior (DI) do anel exterior de um rolamento. (Eng. Mec.) land

direcção. (Náutica) bearing

distância entre apoios. (Eng. Civ.) bearing distance

E

extractor de rolamentos. (Eng. Mec.) bearing pul er

F

face de apoio, face de encosto. (Eng. Civ. / Eng. Mec.) bearing face

folga no apoio. (Eng. Mec.) bearing gap

G

gaiola (de rolamento). (Eng. Mec.) cage

gráfico de marcações. (Náutica) bearing plot

gripagem do casquilho. (Eng. Mec.) bearing wiping

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I

Influência. (língua comum) bear ng i

t

r

L

liga antifricção (normalmente, de estanho, cobre e antimónio). (Eng. Mec.) babbimetal

linha de marcação. (Náutica) bearing line

M

mancal. (PT-br) (Eng. Mec.) bearing

manga de centragem de rolamento. (Eng. Mec.) bearing adapter

manga de rolamento. (Eng. Mec.) bearing sleeve

marcação. (Náutica) bearing

marcação pelo través. (Náutica) beam bearing

meio-casquilho. (Eng. Mec.) bearing shell

meio-casquilho inferior. (Eng. Mec.) bearing lower

meio-casquilho superior. (Eng. Mec.) bearing upper

mesa de assentamento das chapas de apoio. (Eng. Ferrov.) bearing plate bed

mesa de rolamento (carril). (Eng. Ferrov.) bearing surface (rail)

moente. (Eng. Mec.) journal

moente cilíndrico de topo. (Eng. Mec.) step bearing

moente da cambota. (Eng. Mec.) main bearing journal

moentes segmentados. (Eng. Mec.) pivoted segmental thrust bearing

munhão. (PT-br) (Eng. Mec.) journal

P

parede resistente. (Eng. Civ.) bearing wall

parede-mestra. (Eng. Civ.) bearing wall

patim (de chumaceira axial). (Eng. Mec.) bea ing shoe

pendural de chumaceira. (Eng. Mec.) bearing hanger

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pista de rolamento. (Eng. Mec.) raceway

platina. (Eng. Civ.) bearing plate

porta-casquilhos. (Eng. Mec.) bearing cartridge

pressão de regime. (Eng. Mec.) bearing pressure

pressão de serviço. (Eng. Mec.) bearing pressure

pressão no apoio. (Eng. Civ. / Eng. Mec.) bearing pressure

R

rascador. (Eng. Mec.) bearing scraper

raspador de casquilhos. (Eng. Mec.) bearing scraper

r

fl

fr

r r

relação. (língua comum) bearing

relevância. (língua comum) bearing

retentor da chumaceira. (Eng. Mec.) bearing seal

retentor de apoio. (Eng. Mec.) bearing seal

rolamento (de esferas, rolos, ou outros). (Eng. Mec.) anti-friction bearing

rolamento autocompensador. (Eng. Mec.) self aligning bearing

rolamento axial. (Eng. Mec.) thrust bearing

rolamento blindado. (Eng. Mec.) sealed bearing

rolamento de agulhas. (Eng. Mec.) needle bearing

rolamento de contacto angular. (Eng. Mec.) angular contact bearing

rolamento de esferas. (Eng. Mec.) ball bearing

rolamento de rolos. (Eng. Mec.) roller bearing

rolamento de rolos esféricos. (Eng. Mec.) spherical roller bearing

rolamento de rolos ortogonais. (Eng. Mec.) c ossed roller bearing

rolamento de uma fiada de esferas ou rolos. (Eng. Mec.) single row bearing (ball or roller)

rolamento fixo. (Eng. Mec.) fixed bearing

rolamento livre. (Eng. Mec.) oating bearing

rolamento livre. (Eng. Mec.) ee bearing

rolamento rígido de uma fiada de esferas. (Eng. Mec.) single- ow deep g oove ball bearing

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S

saca-rolamentos. (Eng. Mec.) bearing puller

sapata (de apoio), platina. (Eng. Civ.) bearing pla e t

i

sapata de apoio. (Eng. Civ.) bearing shoe

sobredimensão do casquilho em meia circunferência (para ajustamento com interferência). (Eng. Mec.) bearing crush

sobredimensão do diâmetro casquilho (para ajustamento com interferência). (Eng. Mec.) bearing spread

superfície de apoio. (Eng. Civ. / Eng. Mec.) bearing surface

superfície resistente. (Eng. Civ.) bearing area

suporte de chumaceira. (Eng. Civ. / Eng. Mec.) bearing bracket

T

tampa de chumaceira. (Eng. Mec.) bear ng cap

taxímetro. (Náutica) bearing plate

teste de capacidade de carga. (Eng. Materiais) bearing test

teste de resistência. (Eng. Materiais) bearing test

transporte. (língua comum) bearing

U

unidade de rolamentos. (Eng. Mec.) bearing unit ■

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Esparteiro, António Marques. Dicioná io Ilustrado de Marinha. Lisboa: Clássica Editora, 2001, 2.ª. r

tr

r t

t r f ri

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South, David e Boyce Dwiggins. Delma 's Automotive Dic ionary. Albany, NY: Delmar Thomson Learning, 1997.

Goodsell, Don. Dic iona y o Automotive Enginee ng. Warrendale, Pa: Society of Automotive Engineers, 1995, 2.ª.

Nayler, G.H.F. Dictionary of Mechanical Engineering. Warrendale, Pa: Society of Automotive Engineers, 1975, 2.ª.

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Marques, H. de Oliveira. Dicioná io Técnico Ilustrado. Lisboa: Sociedade Editora Politécnica, s/d. r

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Dinkel, John. Road & Track Illus rated Automotive Dic iona y. Cambridge, Ma: Bentley Publishers, 2000.

Faria, Luciano de. “Órgãos de Máquinas.” Lisboa: Instituto Superior Técnico, 1970.

Wyhlidal, Ferdinand L. J., Technical Dictiona y of Automo ive Enginee ing. Wyhlidal Sprachendienst GmbH (Alemanha), 1982.

UIC. UIC Railway Dictionary. Paris: UIC – International Union of Railways, 1995.

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eBearing.com. 1999-2005. “The eBearing Glossary of Bearing Industry Terms. Definitions and Illustrations.” [Em linha]. eBearing Inc. Consultado em 9 de Outubro de 2005. Disponível em <http://www.ebearing.com/glossary/glossary.htm>.

SKF. s/d. “SKF Group Homepage.” [Em linha]. SKF Group. Consultado em 9 de Outubro de 2005. Disponível em <http://www.skf.com>.

FAG. 2005. “FAG Internet.” [Em linha]. FAG. Consultado em 8 de Outubro de 2005. Disponível em <http://www.fag.com>.

Kingsbury, Inc. “Kingsbury, Inc.” [Em linha]. Kingsbury, Inc. Consultado em 7 de Outubro de 2005. Disponível em <http://www.kingsbury.com>.

Michell Bearings. 2004. “Michell Bearings.” [Em linha]. Michell Bearings. Consultado em 10 de Outubro de 2005. Disponível em <http://www.michellbearings.com>.

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4

TERMINOLOGIA BÁSICA EM CIRURGIA VASCULAR

JORGE CRUZ

Médico especialista em Cirurgia Vascular, Tradutor, Portugal

Resumo: O autor apresenta um glossário de 23 vocábulos utilizados frequentemente na

especialidade de Cirurgia Vascular.

Palavras-chave: Glossário; Cirurgia Vascular.

Abstract: The author presents a glossary of 23 words often used in the speciality of Vascular Surgery. Keywords: Glossary; Vascular Surgery.

A especialidade de Cirurgia Vascular, tal como a maior parte das especialidades cirúrgicas, tem experimentado extraordinários avanços na última década, com destaque para os procedimentos endovasculares, muito menos invasivos que as intervenções cirúrgicas clássicas e com resultados igualmente satisfatórios. A utilização do laser na cirurgia de varizes, a par do desenvolvimento de técnicas de imagem mais apuradas e fidedignas, promete continuar a revolucionar o quotidiano da prática clínica desta especialidade. Importa também realçar o importante [para evitar a repetição seguida da sílaba re- em ealçar e relevante] contributo de alguns vultos da medicina portuguesa do século XX, como Egas Moniz, Reynaldo dos Santos e João Cid dos Santos, no desenvolvimento de métodos pioneiros de diagnóstico e terapêutica, ainda hoje utilizados em todo o mundo, nas intervenções de cirurgia vascular.

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Neste artigo, seleccionámos alguns vocábulos utilizados com frequência no âmbito desta especialidade, mas também noutras especialidades médicas e cirúrgicas.

acidente isquémico transitório, AIT — transient ischaemic attack [TIA], na língua inglesa

t

É definido como uma perda aguda focal da função cerebral, ocasionando sintomas com duração inferior a 24 horas (habitualmente de apenas alguns minutos), devido a uma irrigação cerebral insuficiente.

acidente vascular cerebral, AVC — stroke

Consiste na interrupção da perfusão de uma área do cérebro, devido à obstrução ocasionada por um coágulo de sangue (provocando um enfarte cerebral) ou devido à ruptura de um vaso e consequente hemorragia cerebral. Ocasiona um quadro de disfunção neurológica focal com défice permanente e grau variável de recuperação e incapacidade.

aneurisma — aneurysm

Trata-se da dilatação da parede de um vaso, geralmente artéria, de pelo menos duas vezes o seu diâmetro normal. Os aneurismas de natureza aterosclerótica, mais comuns, envolvem todas as camadas da parede arterial.

angioplastia transluminal percutânea — transluminal percutaneous angioplasty

Procedimento endovascular que consiste na dilatação do lúmen de um vaso estenosado (geralmente por placas ateroscleróticas), através de um balão que é insuflado no interior da artéria ao nível da obstrução. Os cateteres são introduzidos por via percutânea (através da pele) num vaso que comunica com a artéria afectada.

arteriografia — arteriography

Exame radiológico invasivo, que consiste na utilização de contraste para a obtenção de imagens da circulação arterial, permitindo uma avaliação diagnóstica e muitas vezes terapêutica de lesões ateroscleróticas ou de outra etiologia.

aterosclerose — a herosclerosis

Trata-se da doença mais generalizada a nível mundial, na sua vertente obstructiva (mais comum) e aneurismática, atingindo múltiplas artérias do sistema cardiovascular. Caracteriza-se por alterações principalmente do endotélio vascular de artérias de grande e médio calibre (evoluindo desde uma acumulação focal de gordura, denominada estria lipídica, numa fase inicial, até uma placa calcificada), que interferem com a circulação sanguínea das artérias afectadas e, consequentemente, dos tecidos e órgãos por elas irrigados.

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claudicação intermitente — intermittent claudication

Trata-se de um sintoma comum em doentes com diminuição da circulação arterial (isquemia) dos membros inferiores, numa fase inicial. Caracteriza-se por dor muscular desencadeada pelo esforço, normalmente a marcha, agravando com a subida em plano inclinado e desaparecendo com o repouso. A localização habitual é na região gemelar (barriga da perna).

eco-doppler — iplex scan tr

É um dos exames não invasivos mais frequentemente utilizados no diagnóstico de doença arterial ou venosa, que inclui o estudo não só morfológico mas também hemodinâmico e funcional. Designa-se triplex scan (por vezes também em Portugal) por permitir a obtenção de imagens em modo B (bidimensionais), espectro doppler e cartografia a cores.

embolia pulmonar — pulmonary embolism

Consiste na oclusão súbita das artérias pulmonares ou seus ramos, devido à deposição de coágulos transportados pela corrente sanguínea (denominados êmbolos), provenientes geralmente de uma trombose venosa dos membros inferiores.

endarterectomia carotídea — carotid endarterectomy

As artérias carótidas são as principais artérias cervicais; as carótidas internas são responsáveis pela irrigação cerebral a partir do coração. A endarterectomia carotídea consiste na remoção cirúrgica de uma placa ateromatosa, habitualmente localizada no bolbo carotídeo e segmento inicial da artéria carótida interna. Realiza-se geralmente quando a placa de aterosclerose ocasiona uma obstrução (estenose) superior a 70 por cento, tendo por objectivo a remoção da placa com potencial embolígeno e o restabelecimento de um fluxo arterial normal, de modo a prevenir a ocorrência de um AVC ou AIT.

Endoprótese, stent — stent

Material protésico introduzido no interior de uma artéria estenosada, após dilatação por balão, numa intervenção endovascular, a fim de manter o seu lúmen permeável.

endotélio vascular — vascular endothelium

É a camada interna de revestimento dos vasos que, sobretudo nas artérias, desempenha um importante papel regulador na hemostase e coagulação do sangue. As lesões ateroscleróticas iniciam-se no endotélio.

estenose — stenosis

Estreitamento do lúmen de um vaso, geralmente artéria, devido à formação de placas ateromatosas, ocasionando diminuição da circulação a jusante. As

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manifestações clínicas habitualmente só surgem quando a estenose é superior a metade do diâmetro do vaso.

flebografia, venografia — venography

Exame radiológico invasivo, que requer a utilização de contraste para a obtenção de imagens da circulação venosa, a fim de permitir uma avaliação diagnóstica e por vezes terapêutica destes vasos.

heparinas de baixo peso molecular — low molecular weight heparins

Fármacos com actividade anticoagulante, administrados por via injectável subcutânea, geralmente no abdómen. Utilizam-se na prevenção e tratamento de trombose venosa ou arterial.

índice tornozelo-braço — ankle-brachial índex

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Consiste na divisão da pressão arterial sistólica máxima, medida ao nível do tornozelo, pela pressão arterial sistólica máxima obtida ao nível do braço (artéria umeral). Em condições normais, deverá ser maior ou igual a 1. A sua diminuição traduz um grau crescente de isquemia dos membros inferiores.

laqueação — liga ion

Interrupção do fluxo de um vaso por meio de um fio ou clip, numa intervenção cirúrgica.

permeabilidade — patency

Parâmetro muito importante na avaliação do sucesso de uma cirurgia de revascularização, em doentes submetidos a angioplastia ou pontagem arterial.

pontagem, bypass — bypass

A cirurgia de pontagem arterial consiste na revascularização de uma área com diminuição da perfusão sanguínea, através da utilização de material sintético (prótese) ou biológico (geralmente veia), que une segmentos arteriais sem lesões significativas, ultrapassando a zona obstruída.

popliteia, poplítea [termo utilizado no norte do país] — popliteal

Uma das principais artérias dos membros inferiores, localizada na face posterior do joelho (cavado popliteu).

tromboflebite, flebite superficial — thrombophleb tis

Presença de coágulos (denominados trombos) em veias do sistema venoso superficial. É mais frequente nos membros inferiores, em doentes com varizes.

trombose venosa profunda, flebotrombose — deep vein thrombosis

Presença de coágulos em veias do sistema venoso profundo, ocasionando obstrução parcial ou completa do(s) vaso(s) afectado(s). É também mais comum nos membros inferiores.

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varizes — varicose veins, varicosities

Veias dilatadas e tortuosas, geralmente nos membros inferiores, traduzindo

insuficiência do sistema venoso superficial e/ou profundo. ■

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Davies A. H., Beard J. D., Wyatt M.G. Essential Vascular Surgery. London: WB Saunders, 1999.

Oliveira E.F.B., Oliveira H.B., Azevedo J.L.M.C., Fagundes D..J. “Descritores em ciências da saúde em artigos de periódicos, na área de angiologia e cirurgia vascular.” Acta Cirúrgica Brasilei a 18, no. 1 (2003): 1-14. r

r tPereira, C.A. (ed). Ciru gia. Pa ologia e Clínica. Lisboa: McGraw-Hill, 1999.

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GLOSSÁRIO: MOAGENS – WATERMILLS

VICKY HARTNACK

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Portugal

Resumo: Este glossário é composto de terminologia sobre as azenhas tradicionais, o modo como são

construídos e como funcionam.

Palavras-chave: Glossário; Português-Inglês; Moagens; Azenhas; Cereais.

Abstract: This glossary gives terms to do with traditional watermills, how they a e bui t and how they work.

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iKeywords: Glossary; Portuguese-English; Watermills; Gra n.

O funcionamento, ainda nos dias de hoje, de azenhas e moinhos nos rios de Portugal - principalmente no norte do país - bem como o interesse na sua preservação por parte dos museus municipais e privados faz com que apareçam cada vez mais estudos sobre as moagens e a molinologia em geral. Aceita-se contribuições para melhorar o glossário, que é uma primeira tentativa de sistematizar a terminologia, principalmente das azenhas mais tradicionais.

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The fact that watermills are still working today in Portugal, mainly in the North, as wellas the interest shown by municipal and private museums in preserving them, have been responsible for the growing number of studies about them and about molinology as a whole. Contributions to improve the glossary, which is a first attempt to systematize the terminology of the more traditional watermills, will be welcome.

Português English

“inferno” pit

aba (da roda) rim o the wheel f

abaulada (face) bulging face

abraçadeiras (de ferro) brace, cramp, clamp

açude weir, water spill, small dam

aglomeração de moinhos mill cluster

água de rega irrigation water

aguilhão pivot

aguilhão (veio) channel, t oughr

albufeira reservoir

alçadoiro lifter

alqueire arrasado 13.8 litre-measure

apanhadeira scoop

aparelho de elevar água water-lifting device

argolas de ferro iron rings

armação (de madeira) slipper frame

armatura (moinho) locum/loca

armaturas (pesqueira) fishing-net gea heads r

arranque (da parede) gear

árvore axel-tree, lightening-tree

avoaças (entrando no moinho) breezes (blowing through the mill house)

azenha watermill

balança scales

balaustrada, balaústre baluster

barragem dam

barrote beam

batoque bung, plug

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biqueira (de água) ou boqueiro mouth, spout

braço spoke

brocha stock or nut

bucha small dam/reservoir, embankment

cabana mill house, hut

cabouco pit ou d op tower r

cachão rapids (rive ) r

caixa de peneirar bolting hutch

caldeira (com a roda) boiler

cale gutter, also: channel

caleira tenter hooks

canada (medida histórica) canada = (2.622 l tres) i

canal da roda channel leading to the wheel

caneiro mill leat

captação (de águas) (water) catchment

carbouco pit

carolo stone roller

carrinho carriage, trundle

casa inferior waterhouse, under-house

casa superior meal house, upper-house

caudal (do rio) course

cavilha joining board

cavilha de ferro gudgeon

cereal grain

chamadeira damsel

chamadouro shoe (of a hopper), rap

chavelho em ferro iron pin

chumaceira foo step bea ng or plummer block t ri

coberta duas águas 2-way sloped roof; a peaked roof

comporta sluice-gate

conduta de água water conduit

cordel rope

corrente da água mill race (head race, tail race)

correntes fluviais (para o moinho) race (mill race)

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cubo pit

cunha wedge

dentes teeth, cogs

desperdício, perda de água head-loss (of water)

dorneira hopper

eixo axle, shaft

embate do corrente f f rull force o the cu rent

embutida (na mesa) embedded, inlaid

emenda joint

encaixe socket

engatar lock into

engrenada geared to

entrosa cog wheel

entrosga wheel inner rim

enxó de goiva cutting chisel

espiga spindle

espigão spindle

estaca stake

estrado de laje stone slab

estrado de madeira plank, board

farelo bran, mill-feed

fole meal sacks

forqueira forked beam

furos holes

gato (de ferro) r rachet, iron c amp, clamp

guilho pivot

guincho windlass (to lift runner), winch

haste shaft

hélice helical rotor

joeirar winnow

jusante downstream

lajes paving stones

ligação volante jumper

lobete shaft

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maçã (do rodízio) pommel

malhal (press) cross-piece

mancal, suporte foo step bea ng, pivot bea ingt ri r

mandril turning pin

maquias (do moleiro) miller’s fees

marco (indicador) gauge

margem (do rio) river bank

medida tare

mesa table

mó runner stone

moageira (adj.) milling

moagem (de tracção hidáulica) (water)milling

moega hopper

moinhos de regato riverside mills

molas de arame wire springs

moleiros millers, millwrights,

molinológico molinological

montante upstream

nascente spring

navigável (rio) navigable

noras norias

o/urreiro lever

olho da mó runner-stone eye

paladar pit

palheta slat

panca pole

paredão (de linho, pesqueira) breakwater (wall)

parede do moinho millhouse wall

passadiço plano locum/loca; fla walkway t

pé bed stone

pedra elevada de base hurst

pedra não picada undres ed stones

pejadouro, comportat sluice-gate, flap

pela ou vela hub

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pena blade, paddle

penaço cog, tooth

picagem (ficar igual) dressing (a stone)

picar o mó dress the runner stone

pico mill-bill

poço well

pontão bridge, pontoon

postigo de guilhotina drop-window; drop hatch

pratos (do carrinho) plates

presas small dams/rese voirsr

propulsão inferior undershot wheel

propulsão superior oversho wheelt

quartilho pint

quelha shute

rabelos (de carregação) rabelo: tradi ional river sailing-boats carrying tport-wine barrels

rampeada sloped, in a ramp

rebordo do pé brim (around the bed stone)

regalengo (direito de ) royal ies, rights to irriga e t t

regantes farmers irrigating/ using irrigation

regar to water, i rigate r

regato brook

rela socket, groove

roda wheel

roda horizontal horizontal wheel, gristmill wheel

roda vertical vertical overshot wheel

rodízio mill wheel

rotação contra-relógio widdershin rotation, contra-rota ion t

segurelha rynd. cross-poles

seixo aguçado sharpened stone

tafife wooden strip to cover joints

tamiz bolter

testa (metidas de) placed face up

torno pinion

toro fino (para as penas) fine strip

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tramo stretch, space between two things

tramo médio (do rio) middle stretch of the river

trave de aliviadouro wheel b ake lever r

travessa de madeira cross-tree

tremonhado flour catchment hollow

tronco-primidal conical trunk

tubo (de cereal) para carregar meal bagging spout

vara (cruzada) c oss po e, c oss p ecer l r i

varal dragging stick

veio trough ou channel

verga de ferro iron bar

verguinha rod, spring rod, damsel

viga circular girder hoop

volante em ferro pulley wheel

zorra trundle

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«VIII SEMINÁRIO DE TRADUÇÃO CIENTÍFICA E TÉCNICA EM LÍNGUA PORTUGUESA, 2005 – TRADUÇÃO E INOVAÇÃO»

ROSÁRIO DURÃO

Tradutora e Doutoranda, Portugal

A oitava edição do Seminário de Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa teve lugar no passado dia 14 de Novembro. Organizado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, União Latina e Representação da Comissão Europeia em Portugal, contou com o apoio do Instituto Camões e do nstitut franco-portugais de Lisboa, em cujo auditório se realizou o evento.

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O Seminário teve início com a entrega do Prémio de Tradução Científica e Técnica em Língua Portuguesa, que já vai na sua 13.ª edição e que este ano galardoou ex aequo Ana Maria da Silva Valente e João Barrento pela tradução de, respectivamente, a Poética (APTOTEOY EPIOIHTIKH), de Aristóteles (edição da Fundação Calouste Gulbenkian), e Origem do Drama Trágico Alemão (Gesammelte Schriften), de Walter Benjamin (da editora Assírio & Alvim). Foram atribuídas menções honrosas a Carlos Morujão, Inês Bolinhas, Inês Ribeiro e Joana Quaresma Luís pela tradução de O Único Argumento Possível para Uma Demonstração da Existência de Deus (Der Einzig Mögliche Beweisgrund Zu Einer Demonstra ion Des Daseins Gottes), de Immanuel Kant, publicado pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda.

Os palestrantes abordaram o tema deste Seminário - «Tradução e Inovação» - de diversos prismas.

Manuel de Oliveira Barata, Chefe do Departamento de Língua Portuguesa da Comissão Europeia, mencionou algumas das transformações que o alargamento de 2004 trouxe, como a limitação do multilinguismo integral aos documentos saídos da Comissão para o exterior e a utilização do Inglês e do Francês na produção interna e nos documentos emitidos pelos Estados Membros para a Comissão Europeia.

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Marc Van Campenhoudt, do Institut supérieur de traducteurs et interprètes, em Bruxelas, referiu as vantagens da linguagem XML e relatou o modo como o seu ensino foi integrado no «D.E.S.S. en traduction et industries de la langue» da escola.

Cristina Bettencourt, da empresa de tradução e legendagem Cristbet, falou sobre o lugar e a importância da legendagem no mundo de hoje e descreveu algumas das suas especificidades.

Fernando Ferreira Alves, da Universidade do Minho, apresentou os resultados de um inquérito às principais empresas de tradução portuguesas, cujo objectivo será ponderar a melhor forma de articular a formação universitária aos requisitos deste sector.

Jean-Marie Vande Walle, do Observatoire des métiers de la traduction, traçou um panorama das alterações tecnológicas, sobretudo a partir da década de 1980, e das suas implicações para o mundo da tradução em geral e para o trabalho dos tradutores em particular.

Alexandra Assis Rosa, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, indicou os resultados do levantamento que fez da situação da leitura em Portugal, em termos de oferta e procura, o qual se encontra na base da nova disciplina de «Tradução para os Media» dessa instituição.

Luís Pérez González, da University of Manchester, considerou as tecnolgias da tradução como o principal factor de inovação na formação de tradutores, fazendo menção aos sistemas de gestão electrónica de documentos e de apoio à redacção, entre outros.

Johann Haller, da Universität des Saarlandes, fez uma apresentação do CAT2 (Constructors, Atoms, Translators), um programa didáctico de tradução automática Português-Inglês, mostrando os seus dicionários, as respectivas gramáticas, as regras de tradução e as possibilidades de teste.

Antes do encerramento, a Dr.ª Maria Renné Gomes, Directora da União Latina em Portugal, permitiu que fosse feita uma breve apresentação, extraprograma, do CNT – Conselho Nacional de Tradução.

Em suma, foi mais um estimulante seminário que cativou uma plateia bastante jovem, constituída maioritariamente por pessoas ligadas ao ensino e aprendizagem da tradução e também por muitos profissionais.

A pergunta que se coloca, neste momento, é saber qual será o tema do próximo

evento… ■

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«II JORNADAS DE TRADUÇÃO E TERMINOLOGIA (EM BIOLOGIA MOLECULAR)»

ANA RITA REMÍGIO E ANA CLÁUDIA CASTRO

Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, Portugal

No passado dia 20 de Maio de 2005 realizaram-se no Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro as «II Jornadas de Tradução e Terminologia (em Biologia Molecular)», com o objectivo de reunir e pôr em contacto especialistas das áreas de trabalho da Terminologia e da Biologia. Este evento realçou a importância da colaboração entre as duas comunidades, optimizando, por um lado, a comunicação e a transmissão de conhecimentos entre especialistas e fornecendo, por outro, ferramentas de trabalho para tradutores.

Estas segundas Jornadas proporcionaram um olhar sobre a Terminologia, não apenas enquanto produto, mas também enquanto área do saber com um objecto e uma metodologia próprias. Tendo como principal público-alvo os estudantes do curso de Licenciatura em Línguas e Tradução Especializada, uma introdução à importância, objectivos e aplicações da Terminologia visa enriquecer a formação curricular destes jovens tradutores.

A primeira parte destas Jornadas foi ministrada pela Professora Doutora Rute Costa, docente na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e Presidente da Associação Europeia de Terminologia.

A apresentação intitulada «Terminologia e Tradução» começou por estabelecer uma distinção entre Terminologia e Lexicologia. Após uma breve abordagem retrospectiva às teorias em Terminologia, foi dado relevo às metodologias, em especial à importância da constituição de corpora, bem como às ferramentas de tratamento semiautomático e automático de dados, essenciais para a optimização do trabalho em Terminologia. Num

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segundo momento, mais exemplificativo, foram apresentados alguns produtos terminológicos, nomeadamente na área da Biologia.

Na segunda parte das Jornadas, direccionada para a Biologia Molecular em concreto, foi introduzida a terminologia básica desta área, assim como as técnicas laboratoriais envolvidas. Esta foi dinamizada pelo Professor Doutor José António Matos, investigador do Departamento de Biotecnologia do INETI e tradutor e consultor de patentes na área da Biotecnologia, funções que lhe atribuem um olhar diferente sobre o universo da tradução.

Inicialmente, foi feita uma introdução teórica à Genética e à Biologia Molecular, assim como às variadas técnicas laboratoriais envolvidas. A visualização de dois vídeos ilustrativos permitiu à audiência apreender e navegar num mundo para muitos desconhecido.

Esta apresentação culminou com a tradução e discussão de textos relacionados com o tema e com a análise de uma proposta de glossário em Biologia Molecular, elaborada pelo próprio formador. Pelo seu carácter mais prático, a segunda parte do evento despertou o interesse não só de estudantes, mas também de tradutores profissionais com actividade ligada às Ciências da Vida.

O balanço positivo destas Jornadas deve-se ao grande interesse suscitado pelos temas abordados, à eloquência dos formadores e à sua excelente capacidade de comunicar e motivar, e, acima de tudo, ao diálogo estabelecido com a audiência ao longo de todo

este evento único. ■

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MSc in Scientific, Technical and Medical Translation with Translation Technology (MScTrans) – Imperial College London

IDALINA NATÁLIA FERREIRA GOMES

Imperial College London, Reino Unido

APRESENTAÇÃO

O Imperial College é uma instituição de elevada qualidade, reconhecida internacionalmente, tanto pelo ensino como pela investigação que oferece em todas as áreas da Ciência, Tecnologia e Medicina. Como parte constituinte da University o London

f, o Imperial College oferece cursos que desfrutam de grande reputação em todo

o mundo. Para além de terem acesso às excelentes infra-estruturas do Imperial College, os mais de 3.000 mil estudantes de pós-graduação têm também acesso a bibliotecas de outras universidades igualmente importantes a nível internacional. O MScTrans é um prestigiado mestrado, recentemente criado pelo Departamento de Humanidades do Imperial College e destinado a proporcionar uma formação adequada àqueles que desejem trabalhar no campo da tradução especializada.

Este mestrado oferece aos seus alunos a oportunidade de desenvolverem a sua técnica de tradução, ao mesmo tempo que aprofundam a compreensão da língua como uma ferramenta essencial da comunicação e ganham experiência vital numa área com um desenvolvimento tão rápido como é a das tecnologias da tradução.

O estudante deste programa fica equipado com a experiência e a competência prática necessárias a um profissional que queira trabalhar nos campos da tradução e localização de software, ou dedicar-se à investigação na área dos Estudos da Tradução. A ênfase colocada na Tradução Científica, Técnica e Médica, juntamente com o relevo atribuído às ferramentas de tradução e à prática da tradução, fazem deste curso um valioso contributo para os estudos da tradução no Reino Unido.

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CANDIDATURA

O mestrado está disponível em duas opções: a tempo inteiro (12 meses) ou a tempo parcial (2 anos). Os candidatos a este curso têm, por norma, que possuir um dos seguintes perfis académicos e/ou profissionais:

a) Licenciatura numa disciplina científica, técnica ou médica e capacidade linguística num dos pares de línguas disponíveis no programa (ver abaixo). Não é necessária uma formação linguística, mas o candidato terá que ter em mente que irá trabalhar com textos técnicos e traduzir para a sua língua materna (ou língua de uso corrente); daí que, em teoria, apenas seja necessário um conhecimento passivo da língua estrangeira.

b) Licenciatura numa disciplina de línguas e, de preferência, experiência ou um forte interesse em Ciência e Tecnologia. Como estudante de Línguas, não é de esperar que possua o mesmo nível de conhecimentos técnicos que um estudante de Ciências. No entanto, estará melhor equipado para lidar com os módulos do programa se o seu curso anterior tiver algumas componentes técnicas.

As línguas oferecidas, cuja

disponibilidade depende da

procura, são as seguintes:

Português, Francês, Espanhol,

Italiano, Grego, Alemão, Russo,

Húngaro, Holandês,

Dinamarquês, Turco, Coreano,

Japonês e Chinês

c) Licenciatura em qualquer outra disciplina e um perfil linguístico e científico/técnico bastante forte. O que foi mencionado nas secções anteriores também se aplica a este caso.

Acreditamos que o nosso programa interessa também àqueles que já possuem uma certa experiência profissional em tradução, mas que gostariam de melhorar a sua técnica e especializar-se numa das áreas que este mestrado oferece. Por esta razão, é possível fazer o mestrado a tempo parcial.

Todos os candidatos terão de fazer uma tradução por cada combinação linguística que desejam estudar durante o mestrado. Por norma, os textos a traduzir são enviados por correio, depois de verificada e confirmada a conformidade da candidatura com os pré-requisitos do Imperial College.

Se a língua materna do candidato não for o Inglês, e caso este não possua um curso de uma universidade de um país de língua oficial inglesa, será necessário, de um modo geral, que o candidato demonstre um nível adequado de Inglês. Para tal, basta realizar um dos seguintes testes de Inglês reconhecidos internacionalmente.

Os requisitos mínimos são:

IELTS 6.5 (incluindo 5.5 na parte escrita);

TOEFL 650 (incluindo 4.5 na parte escrita);

Cambridge Pro iciency C.f

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De notar que, desde o Verão de 2000, o Departamento de Humanidades tem vindo a ministrar um curso intensivo de Inglês, a decorrer antes do início do ano lectivo, para os estudantes interessados.

ESTRUTURA DO MESTRADO

As línguas oferecidas, cuja disponibilidade depende da procura, são as seguintes:

Português, Francês, Espanhol, Italiano, Grego, Alemão, Russo, Húngaro, Holandês, Dinamarquês, Turco, Coreano, Japonês e Chinês

Também é possível oferecer um lugar no mestrado a pessoas com experiência em outras línguas, novamente dependendo da procura. Os textos utilizados na prática da tradução provêm de várias áreas técnicas, habilitando o estudante com as técnicas de tradução adequadas a uma grande diversidade de temas.

Durante o mestrado, o estudante terá acesso a uma série de ferramentas de apoio à tradução que, nos últimos anos, têm vindo a transformar a maneira de trabalhar dos tradutores. O estudante poderá adquirir uma profunda experiência prática em tradução automática, memórias da tradução, software de localização e sistemas de gestão de terminologia. A realização periódica de trabalhos de grupo tem por objectivo dar a conhecer, da maneira mais realista possível, como são efectuados os grandes projectos de tradução. Serão criados projectos específicos para proporcionar ao estudante não só oportunidades de utilização do software de uma maneira mais abrangente, mas também a possibilidade de executar diversas funções relacionadas com a tradução, como a de terminólogo, editor ou até gestor de projectos.

AVALIAÇÃO E ATRIBUIÇÃO DO GRAU DE MESTRE

A maioria dos módulos é avaliada através de ensaios, exames e outros trabalhos de curso. O curso dura um ano (ou dois para os estudantes a tempo parcial) e termina com a entrega de uma dissertação em finais de Agosto. A avaliação do trabalho do estudante e a atribuição do grau de mestre são efectuadas por uma comissão de avaliação, do qual fazem parte o director do curso, professores do mestrado e pelo menos um examinador externo ao Imperial College.

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ESTRUTURA DO CURSO

O curso está dividido em módulos, sendo alguns obrigatórios e outros opcionais. Os estudantes a tempo inteiro terão que fazer todos os módulos obrigatórios, mais dois ou três módulos opcionais. No entanto, os estudantes a tempo parcial farão os módulos obrigatórios no primeiro ano (Módulo 1, 4 e 6) e dois módulos opcionais no segundo ano (à escolha entre os módulos 2, 3 e 5). O módulo 7, Translation Practice, pode ser dividido entre os dois anos, dependendo dos compromissos do estudante fora do Imperial College. A dissertação, por norma, será escrita no segundo ano.

Os estudantes a tempo inteiro deverão assistir às aulas que terão lugar à segunda-feira (de tarde) e à quarta-feira (o dia todo), mais uma ou duas noites por semana.

Os estudantes a tempo parcial deverão, no primeiro ano, assistir apenas às aulas de quarta-feira (o dia todo), mais uma noite; e, no segundo ano, à segunda-feira (de tarde) mais uma noite.

O programa contempla ainda a possibilidade de assistir a aulas de língua durante o dia ou à noite. A dissertação, que constitui o módulo 8, é obrigatória e envolve 3 reuniões com o orientador (a realizar durante o Verão).

Módulo 1º período

(10 semanas) 2º período

(11 semanas) 3º período

(4 semanas)

1 Language and Translation

(obrigatório: 2 horas por semana)

2 Translation Theories

(opcional: 1 hora por semana)

3 History of Translation

(opcional: 1 hora por semana)

4 Translation Technology

(obrigatório: 2 horas por semana)

5 Publishing Skills

(opcional: 2 horas por semana)

6 Language Engineering for Translators

(obrigatório: 1 hora por semana)

7 Practical Translation

(obrigatório: 2 horas por semana)

8 Dissertation

(obrigatório: 3 reuniões)

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ESTRUTURA DO MESTRADO

Os estudantes do mestrado terão acesso exclusivo a uma sala de computadores, equipada com 25 computadores (Windows XP), os quais estão ligados a uma impressora a laser e um digitalizador (scanner). Os computadores têm instalada uma grande variedade de programas de software, entre os quais se referem o TRADOS, SDLX, Déjà Vu, WordFast, FrameMaker e Dreamweaver.

CONTACTO

Para mais informações, ou para obter um formulário de candidatura, por favor visite a nossa página da Internet em: http://www.hu.ic.ac.uk/translation/.

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SOBRE OS AUTORES

Ana Cláudia Dias Gomes de Castro

Ana Cláudia Castro é Licenciada em Ensino de Português e Inglê,s pela Universidade de Aveiro (1991), e Mestre em Estudos Anglo-Americanos, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1996). Lecciona Inglês, desde 1993, no Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro, com o estatuto de Assistente Convidada em Regime de Requisição. É membro da Linha de Investigação em Tradução e Terminologia.

Endereço Postal: Rua da Alfândega, n.º 32, Aradas, 3810-379 Aveiro, Portugal. Telefone: +(351) 234429091 ou +(351) 965542959. Correio electrónico: <[email protected]>.

Ana Julia Perrotti-Garcia

Cursando a Especialização Longa em Tradução, USP–SP Citrat, Proficiency em Inglês – Universidade de Cambridge, Inglaterra; Letras Tradutor-Intérprete, UniFMU, Ana Julia Perrotti-Garcia é graduada em Odontologia pela Faculdade de Odontologia da USP. Traduziu mais de 20 grandes livros técnicos para reconhecidas editoras brasileiras e internacionais. Títulos publicados: Dicionário Inglês Português de Termos Odontológicos, atualmente na 3.ª edição; Grande Dicionário Ilustrado Inglês–Português de Termos Odontológicos e de Especialidades Médicas (30 mil verbetes); Vocabulário para Odontologia, Editora SBS; Vocabulário para Ortodontia & Ortopedia Funcional dos Maxilares, Editora SBS. Atualmente, além de ministrar palestras e cursos em diversas entidades, faculdades e centros de idiomas, é assessora do Conselho Editorial de uma grande editora brasileira.

Endereço electrônico: [email protected]. Página da Internet: <www.benvindos.com.br/drajulia>.

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Ana Rita Silva Remígio Oliveira

Ana Rita Remígio é Licenciada em Ensino de Inglês e Alemão pela Universidade de Aveiro (2004). É bolseira da FCT (Fundação para a Ciência e a Tecnologia) e doutoranda em Linguística, Terminologia, no Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro. Frequenta o Curso de Especialização Pós-Graduada em Tradução Assistida (por computador) no Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto. É membro da Linha de Investigação em Tradução e Terminologia, na Universidade de Aveiro.

Endereço Postal: Rua do Jardim, n.º 263, Escapães, 4520-023 Sta. Maria da Feira, Portugal.

Telefone: +(351) 256 811 687 ou +(351) 917 034 631.

Correio electrónico: [email protected].

Edite Prada

Edite Prada tem um Mestrado Interdisciplinar em Estudos Portugueses, com dissertação em Linguística. É professora da Escola Secundária do Monte de Caparica, onde lecciona Técnicas de Tradução de Português-Francês e Francês-Português no ensino secundário. É professora de Técnicas de Tradução Francês-Português na Alliance Française. Faz revisão de texto. É também formadora de formadores em Língua Portuguesa. Edite Prada é Consultora no Ciberdúvidas da Língua Portuguesa.

Gabriela M. Santos-Gomes

Gabriela Santos-Gomes é doutorada em Biologia, na especialidade Microbiologia, pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde frequentou também o curso de Biologia, ramo de especialização científica. Realizou estágios na Liverpool School of Tropical Medicine (Liverpool, UK), na Haddassah Medical School, Hebrew University (Jerusalém, Israel) e no Department of Biophysics do Weizmann Institute of Science (Rehovot, Israel). Actualmente, é Professora Auxiliar da Disciplina de Protozoologia do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa e investigadora do Centro de Malária e outras Doenças Tropicais do Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa, desde a sua constituição em Outubro de 1991. Participa no ensino da Protozoologia nos cursos de Pós-graduação (Disciplina de Protozoologia Médica) e de Mestrado em Parasitologia Médica (Disciplinas de Protozoologia Médica I e II e no Domínio Científico de Leishmanioses) e no ensino da Imunologia na Disciplina de Fundamentos de Imunologia Parasitária curso de Mestrado em Parasitologia Médica.

Endereço Postal: Centro de Malária e outras Doenças Tropicais (CMDT), Instituto de Higiene

e Medicina Tropical (IHMT), Universidade Nova de Lisboa (UNL), Rua da Junqueira, n.º 96,

1349-008 Lisboa, Portugal.

Correio electrónico: [email protected].

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Heloisa Gonçalves Barbosa

Ph.D. em Estudos da Tradução pela Universidade de Warwick, Grã-Bretanha, em 1994.

Professora Adjunta da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Brasil, desde 1984, onde é, atualmente, Diretora Adjunta de Pós-Graduação. Coordenou

o programa de pós-graduação em Linguística Aplicada de 1997 a 2001. Presidente do

SINTRA - Sindicato Nacional dos Tradutores - para a gestão 2004-2005.

Autora de Procedimentos Técnicos da T adução: Uma Nova Proposta (Campinas:

Pontes, 1990/2004). Tradutora free-lancer desde 1969.

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Hermínio DR

Professor Catedrático de Engenharia Sistémica da Faculdade de Ciências e Tecnologia

da Universidade Nova de Lisboa, Hermínio DR pertence à Comissão de Terminologa da

Comissão Electrotécnica Internacional há 15 anos. Traduziu dois livros de electrónica

de inglês para português para a McGraw-Hill, tendo recebido o 1.º prémio de tradução

científica e técnica União Latina / JNICT, em 1993, com a primeira dessas obras.

Publicou cerca de meia centena de artigos sobre linguagens específicas e semânticas

electrotécnicas, além da participação activa em várias conferências e seminários.

É sócio fundador e Presidente da Assembleia Geral da ATeLP – Associação de Tradução

em Língua Portuguesa para o triénio 2005-2008.

Idalina Natália Ferreira Gomes

Idalina Natália Ferreira Gomes é, actualmente, doutoranda em Localização de

Conteúdo Electrónico no Imperial College London. É Mestre em Tecnologia da Tradução

pelo Imperial College London, diplomada em Teorias da Tradução pela University o Warwick e licenciada em Interpretação Simultânea pelo ISAI.

Professora de teoria e prática da tradução no MSc Trans, Imperial College London,

ministra cursos e palestras sobre localização de software e XML standards. É também

examinadora para o ITI (Insti ute of Translation and Interpreting).

João Roque Dias

João Roque Dias é engenheiro mecânico pelo Instituto Superior Técnico e tradutor

independente desde 1989. Membro correspondente da Associação Americana de

Tradutores (ATA) desde 1993 e tradutor certificado pela ATA (Inglês-Português), foi

membro da comissão de avaliação dos exames de acreditação (Inglês-Português) da

ATA entre 1994 e 2002. É membro da ASTM International.

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É sócio fundador e Presidente do Conselho Fiscal da ATeLP – Associação de Tradução

em Língua Portuguesa para o triénio 2005-2008.

Página da Internet: <www.jrdias.com/>.

Correio electrónico: [email protected].

Jorge Cruz

O Dr. Jorge Cruz concluiu a licenciatura em Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar, da Universidade do Porto, em 1992, e é médico especialista em Angiologia e Cirurgia Vascular desde 2001. Pertence ao corpo redactorial da revista Angiologia e Cirurgia Vascular, órgão oficial da Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular, integra o quadro de revisores (referees) de artigos propostos para publicação no European Journal of Vascular and Endovascular Surgery e faz parte da Comissão Científica de Confluências – Revista de Tradução Científica e Técnica. Em 2004, obteve o grau de Mestre em Bioética e Ética Médica, pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. É autor do livro Morte Cerebral – Do Conceito à Ética, editado pela Climepsi em 2004, e tem 15 artigos publicados, como primeiro autor, em revistas científicas nacionais e internacionais.

Paulo Ivo Teixeira

Paulo Ivo Teixeira é Licenciado, Mestre e Doutor em Física, trabalhando na área da matéria condensada dita «mole». A par da sua actividade como docente e investigador na Faculdade de Engenharia da Universidade Católica Portuguesa, traduz livros de divulgação científica.

Endereço Postal: Faculdade de Engenharia da Universidade Católica Portuguesa, Estrada de

Talaíde, 2635-631 Rio de Mouro.

Telefone: +(351) 214 269 815; Fax: +(351) 214 269 800.

Correio electrónico: [email protected].

Rosário Durão

Rosário Durão encontra-se a terminar um doutoramento na especialidade científica de Estudos de Tradução, na Universidade Aberta, em Lisboa. É Mestre em Estudos Anglo-Americanos e Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, na variante de Estudos Portugueses e Ingleses, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Trabalhou como Correspondente em Línguas Estrangeiras na empresa Construções Metalomecânicas Mague, S.A. entre 1979 e 1987, sendo Tradutora independente desde essa data. Leccionou cadeiras de prática da Tradução de Inglês para Português e disciplinas de Língua e Culturas Inglesa e Norte-Americana e de Língua Inglesa para Fins Específicos, na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias (1996-2002).

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Nessa instituição, concebeu também um Mestrado em Ciências Sociais e Humanas e cursos de Pós-Graduação em Tradução Técnica e Científica, Ciências da Saúde e Audiovisuais. É sócia fundadora e Presidente da Direcção da ATeLP – Associação de Tradução em Língua Portuguesa para o triénio 2005-2008.

Telefone: +(351) 936 294 337 ou +(351) 218 408 731.

Correio electrónico: [email protected].

Vicky Hartnack

Vicky Hartnak is a freelance translator and teacher in the English Studies Departmen , Faculty of Letters, Lisbon University. MA in English Culture and Linguistics, Diploma in Analytical Chemistry and Certificate in Psychology. Leitora of English and teacher of technical translation methodology in financial, economic and business language at Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Simultaneous interpreter and translator from Portuguese to English. Free-lance published translations in the arts, history and economy, development and labour. Specialised in-company translation work in scienceand medicine, legal texts, accounting and finance, architecture and education.

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Tradutora independente e docente do Departamento de Estudos Anglísticos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Vicky Hartnack é Mestre em Cultura e Linguística Inglesa, diplomada em Química Analítica e detentora de um certificado em Psicologia. Leitora de Língua Inglesa e docente de Métodos de Tradução Técnica (Finanças, Economia e Gestão) na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, é também intérprete simultânea e tradutora de Português-Inglês. Tem publicadas traduções sobre Arte, História, Economia, Desenvolvimento e Trabalho. Traduz em Ciência, Medicina, Direito, Contabilidade e Finanças, Arquitectura e Educação numa empresa de tradução.

É sócia fundadora e 2.º Secretário da Assembleia Geral da ATeLP – Associação deTradução em Língua Portuguesa para o triénio 2005-2008.

Vivina Almeida Carreira de Campos Figueiredo Vivina Figueiredo é Doutora em Tradução, pela Universidade de Vigo. É docente de Inglês e Inglês Técnico na Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra. A par da actividade docente, é Tradutora. A tradução da obra de Susan Bassnett, Translation Studies [Estudos de Tradução. Fundamentos de uma Disciplina. Lisboa: Gulbenkian, 2003] valeu-lhe uma Menção Honrosa do Prémio de Tradução Técnica e Científica (2004), atribuído pela União Latina e pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. ■

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Design e Composição. Rosário Durão.

Imagem da Capa. Esfera Armilar, Padrão dos Descobrimentos, Lisboa, Portugal

(Foto de João Roque Dias).

ISSN 1645-9350