Conhecendo a história

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Conhecendo a história Usei o termo “judeus” porque ele é a chave para a resposta. Esses primeiros cristãos conheciam a história da qual faziam parte. E conheciam a história porque conheciam as Escrituras. Eles eram judeus. Conheciam a história até aquele ponto. Compreendiam que ela havia chegado a um momento decisivo, por meio de Jesus de Nazaré, e sabia o que o restante dela exigiria. Na verdade, quando as primeiras viagens missionárias, produziram uma afluência repentina de pagãos convertidos ao cristianismo ( daqui por diante, eu os chamarei de gentios ou de nações não judaicas) e, em contrapartida, produziram um grande problema teológico para os judeus cristãos. Como isso foi resolvido? Eles se reuniram em Jerusalém, no primeiro concilio da fé cristã – o evento está registrado em Atos 15. Cá para nós, vale apena notar que o primeiro concilio foi solicitado devido aos problemas causados pela missão cristã extremamente bem – sucedida. Seria maravilhoso que todos os comitês, concílios, conferências e congressos das igrejas fossem realizados pelos mesmos motivos! O problema não foi resolvido por meio de uma referência à ordem de Jesus. Alguém poderia facilmente imaginar Pedro levantar-se e dizer aos cristãos: “ouçam, amigos, Jesus nos disse que fôssemos e fizéssemos discípulos de todas as nações. É isso que Paulo e Barnabé estão fazendo. Então, vão embora!” Mas, em vez disso, Tiago liquida a questão ao se reportar às Escrituras. Ele cita Amós 9 e afirma que aquilo que o profeta previra o que estava acontecendo: o tabernáculo de Davi estava sendo restaurado e as nações gentílicas estavam sendo reunidas para levar o nome do SENHOR. Foi isso que a história indicou e é isso que está acontecendo agora. Venha com Paulo a Antioquia da Pissidia, em Atos 13. Aquela era uma cidade gentílica, mas Paulo foi à sinagoga judaica no sabat, como costumava fazê-lo. Que ele fez? Contou- lhes a própria história deles ( a narrativa do Antigo Testamento) como um prelúdio pra falar de Jesus, acrescentando as “[...] boas-novas da promessa feita aos pais, a qual Deus cumpriu para nós, filhos deles, ressuscitando Jesus” (Atos 13.32-33). A história levou a Jesus, o Messias crucificado, mas ressurreto. E foi mais além. Mas porque alguns dos judeus rejeitaram mensagem, ao passo que os gentios tementes a Deus ( convertidos a fé judaica ) aceitaram-na, Paulo tinha uma passagem do Antigo Testamento para eles também, a fim de justificar seu apelo missionário a eles. Ele cita Isaias 49.6 e aplica-o a si mesmo e a seus colegas missionários:

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Conhecendo a história

Usei o termo “judeus” porque ele é a chave para a resposta. Esses primeiros cristãos conheciam a história da qual faziam parte. E conheciam a história porque conheciam as Escrituras. Eles eram judeus. Conheciam a história até aquele ponto. Compreendiam que ela havia chegado a um momento decisivo, por meio de Jesus de Nazaré, e sabia o que o restante dela exigiria.

Na verdade, quando as primeiras viagens missionárias, produziram uma afluência repentina de pagãos convertidos ao cristianismo ( daqui por diante, eu os chamarei de gentios ou de nações não judaicas) e, em contrapartida, produziram um grande problema teológico para os judeus cristãos. Como isso foi resolvido? Eles se reuniram em Jerusalém, no primeiro concilio da fé cristã – o evento está registrado em Atos 15. Cá para nós, vale apena notar que o primeiro concilio foi solicitado devido aos problemas causados pela missão cristã extremamente bem –sucedida. Seria maravilhoso que todos os comitês, concílios, conferências e congressos das igrejas fossem realizados pelos mesmos motivos!

O problema não foi resolvido por meio de uma referência à ordem de Jesus. Alguém poderia facilmente imaginar Pedro levantar-se e dizer aos cristãos: “ouçam, amigos, Jesus nos disse que fôssemos e fizéssemos discípulos de todas as nações. É isso que Paulo e Barnabé estão fazendo. Então, vão embora!” Mas, em vez disso, Tiago liquida a questão ao se reportar às Escrituras. Ele cita Amós 9 e afirma que aquilo que o profeta previra o que estava acontecendo: o tabernáculo de Davi estava sendo restaurado e as nações gentílicas estavam sendo reunidas para levar o nome do SENHOR. Foi isso que a história indicou e é isso que está acontecendo agora.

Venha com Paulo a Antioquia da Pissidia, em Atos 13. Aquela era uma cidade gentílica, mas Paulo foi à sinagoga judaica no sabat, como costumava fazê-lo. Que ele fez? Contou-lhes a própria história deles ( a narrativa do Antigo Testamento) como um prelúdio pra falar de Jesus, acrescentando as “[...] boas-novas da promessa feita aos pais, a qual Deus cumpriu para nós, filhos deles, ressuscitando Jesus” (Atos 13.32-33). A história levou a Jesus, o Messias crucificado, mas ressurreto. E foi mais além. Mas porque alguns dos judeus rejeitaram mensagem, ao passo que os gentios tementes a Deus ( convertidos a fé judaica ) aceitaram-na, Paulo tinha uma passagem do Antigo Testamento para eles também, a fim de justificar seu apelo missionário a eles. Ele cita Isaias 49.6 e aplica-o a si mesmo e a seus colegas missionários:

Porque assim o SENHOR nos ordenou: Eu te pus como luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra. Ouvindo isso, os gentios alegravam-se e glorificavam a palavra do SENHOR. E todos os que haviam sido destinados para a vida eterna creram. ( Atos 13.47-48).

Paulo poderia ter dito: “Jesus ordenou que trouxéssemos essas boas-novas aos gentios”. Ele poderia até mesmo ter feito referência ao mandamento missionário especifico que havia recebido pessoalmente em seu encontro de conversão e comissão com o Cristo ressurreto no caminho de Damasco. Em vez disso, Paulo aponta as Escrituras e a história que elas contam – a história que leva inevitavelmente ao evangelho estendendo-se às nações. E ele tomou esse aspecto da “história por vir” das palavras do profeta e ouviu nelas um mandamento do próprio SENHOR.

Na verdade, até mesmo o próprio Jesus, essa era a inauguração da Grande Comissão. Lucas nos fornece o mais completo relato acerca da maneira com que Jesus, após a sua ressurreição, comissionou seus discípulos. O impressionante é a ênfase que Jesus, segundo Lucas, dá sobre a compreensão das Escrituras (Antigo Testamento). Lucas 24 descreve o primeiro dia da vida do Jesus ressurreto. Como o usou? Ensinando as Escrituras. Cá pra nós: sendo um professor de

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Antigo Testamento durante a maior parte da minha vida, acho que esse é meu pensamento tranquilizador preferido: que Jesus gastou a tarde e a noite do dia de sua ressurreição ensinando sistematicamente o Antigo Testamento. Que não daríamos pelas anotações dessas duas preleções! Na verdade, elas foram as duas “preleções da ressurreição”. Eram sutilmente diferentes.

O MESSIAS E A MISSÃO

A primeira foi no caminho de emaús, a dois discípulo cujo grande problema era seu desapontamento pelo fato da redenção de Israel, a qual eles esperavam que Jesus realizasse, parecia não ter acontecido. Jesus passou por todo o cânon do Antigo Testamento ( Moisés e todos os profetas) para explicar como tudo conduzia a ele, o Messias, e como sua morte e ressurreição eram, na verdade, a maneira de Deus cumprir sua promessa a Israel (Lc 24.13-27). Portanto, a primeira preleção percorreu o Antigo Testamento, para que a história até aquele ponto fizesse sentido – a história que culminava no próprio Jesus, o proposito e o destino final da história.

Logo mais, á noite, com o restante dos discípulos, em Jerusalém, Jesus percorreu o Antigo Testamento pela segunda vez – não porque eles não conheciam as Escrituras (eles provavelmente sabiam de cor porções massivas do Antigo Testamento), mas porque queria ajudá-los a compreender aonde ele ia chegar. ( Lc 24.44-48; grifo do autor).

Você notou que, dessa vez, ele examina o Antigo Testamento para a história até aquele ponto, fizesse sentido – a parte da história em que eles deveriam participar, dando testemunho do poder salvador da morte e da ressurreição de Jesus a todas as nações. Em outras palavras: para Jesus, o “assim está escrito” governava não só o sentido messiânico das Escrituras, mas também o seu significado missional. O Antigo Testamento conta não apenas a história que leva a Jesus, mas a que leva também à missão a todas as nações.

Jesus falava frequentemente sobre o modo com que o curso de sua vida – seu sofrimento, sua morte e ressurreição – era governado pelas Escrituras. Aqui ele estende esse princípio também ao progresso da missão da igreja. Tudo isso faz parte da grandiosa história que as Escrituras esboçaram. Isso significa que a Grande Comissão não era uma novidade que Jesus havia inventado posteriormente – algo com que os discípulos pudessem se ocupar quando ele voltasse para o Céu. Não era uma ordem que repousava unicamente em sua autoridade de SENHOR ressurreto ( embora, ela seja totalmente garantida por isso, conforme a versão de Mateus deixa claro). Ela era o resultado inevitável da história, como as Escrituras a contavam – conduzindo ao Messias e influenciando às nações.

Poderíamos dizer, acerca da missão mundial da igreja, que Jesus a ordenou porque as Escrituras exigiam isso. Jesus também conhecia a história. Num outro sentido, poderíamos dizer que foi porque ele a escrevel.

CONSIDERANDO A HISTÓRIA COMO UM TODO

Estamos buscando uma teologia bíblica de missões para a missão da igreja. Que exemplo melhor poderíamos seguir do que o de Jesus e Paulo? Precisamos prestar atenção a toda a história da Bíblia e ver nossa missão à luz de toda a Escritura.

Certamente precisamos nos perguntar com sinceridade: “Até onde conhecemos realmente a história bíblica?” Se Jesus e Paulo acharam necessário examiná-la repetidamente com aqueles que conheciam as Escrituras do Antigo Testamento de trás para a frente, quanto mais nós, que precisamos ter a certeza de estarmos familiarizados com o conteúdo de toda a Bíblia. É trágico, embora, mesmo entre os cristãos com grande entusiasmo por missões mundiais, seja comum não apenas uma ignorância para com o grande panorama da revelação bíblica, mas

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também uma impaciência em relação aos esforços prolongados necessários para que mergulhemos nesses textos, até que todo o nosso pensamento e comportamento sejam moldados pela história cria, pelas exigências que recaem sobre nós e pela esperança que é posta diante de nós. A atitude de alguns é esta: tudo o que necessitamos é a Grande Comissão e o poder do Espirito Santo. O ensino bíblico ou a teologia bíblica só serve para atrasá-los na urgente tarefa. Presumo que posso me confortar no fato de você estar lendo este livro, o que significa que você não compartilha essa atitude.

“Apenas faça” parece ter sido emprestado da Nike para se tornar o lema de algumas formas de missões cristãs. Eu estive num grande congresso de mobilização missionária, cujo lema era “Apenas vá!” Minha primeira reação foi dizer: “Apenas espere”. Até mesmo Jesus passou três anos treinando os discípulos antes de lhes dizer “Ide”. Esse tempo quase não foi suficiente para reformar o entendimento deles sobre as Escrituras à luz da própria identidade do Mestre, para que entendessem para onde a história bíblica estava caminhando em relação a ele mesmo e ao futuro de Israel e do mundo. Quanto mais esse treinamento é necessário quando sabemos que a leitura da Bíblia e o conhecimento entre cristãos evangélicos estão vergonhosamente em decadência.”

Acho útil visualizar a história bíblica como uma linha real onde cada um pode marcar postos-chave. As quatros principais seções da história bíblica são: criação, queda, redenção na história, e nova criação. Dentro da seção da redenção na história, por ser de longe a maior porção da história bíblica, são necessárias outras divisões.

Algumas pessoas têm grande dificuldade para relacionar sua compreenção da missão cristã ao Antigo Testamento. Isso torna-se ainda mais dificil ao se comesar por Gênesis. Mas realmente devemos comesar onde a Biblia começa, porque, se não o fizermos, perderemos a importância vital de como a Biblia termina.

A Biblia começa e termina com a criação. Ela inicia com as palavras: “No principio, Deus criou os céus e a terra” (Gn 1.1), e a sua grandiosa visão final começa com as palavras: “[...] vi um novo céu e uma nova terra” (Ap 21.1). O problema é que alguns cristãos parecem ter Biblias que comesão em Gênesis 3 e terminam em Apocalipse 20. Eles sabem tudo sobre o pecado através da história da Queda e sabem que Deus resolveu esse problema por meio de Cristo e que eles estaram seguros no grande dia do juizo. Para eles, a história da criação não passa de um pano de fundo para a história da salvação. O grande climax da Biblia diz respeito somente a ir para o Céu depois que eles morrerem, embora os últimos capitulos da Biblia não digam coisa alguma sobre nós indo a algum lugar, mas prevê com avidez a vinda de Deus para cá.

Entretanto, uma Biblia desprovida de seu começo e fim produz um conceito de missão igualmente destorcido. Imaginemos que a única preocupação de Deus (comcequentemente a nossa também) é salvar pessoas do pecado e do juizo. É claro que não se pode dividar que a Biblia dá uma atenção enorme a esse assunto. Sem dúvida, isso deve estar no serne de nossa missão em nome de Deus. Mas essa não é a história toda da Biblia nem deve ser toda a nossa história de missão.

“Redescubramos que o evangelho, as boas-novas, não começa com o nascimento de Jesus. Ele começa com a terra boa que Deus fez por meio de Jesus. Vamos novamente celebrar a realidade de que a criação, com todas as suas riquezas, é um maravilhoso presente de um Deus amoroso.” Dave Bookless

A história da Biblia e que o Deus que criou o universo, ao vê-lo devastado pelo mal e pelo pecado, comprometeu-se em redimir e restsurar totalmente toda a criação. Ele cunpriu isso

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antecipadamente pela crusificação e resurreisão de Jesus de Nazaré. Levará essa obra à sua gloriosa completude na nova criação, quando Cristo voltar. Entre esses dois grandes polos – o da criação original e o da nova criação – ,a Biblia tem muito mais a dizer sobre a nova criação.

Na verdade, a criação é um dos temas principais da teologia Biblica. Logo seria surpreendente que ela não tivesse uma posição significativa na teologia biblica de missão. De fato, é surpreendente e lamentavel que ela tenha um lugar tão insignificante, virtualmente quase inexistente, na teologia de missão e na prática de muitos cristãos que gostam de alegar que estam sendo “biblicos” em todas as coisas.

Nós nos recordaremos primeiramente da missão de cuidar da criação. Esta Deus atribuiu à humanidade em Gênesis 1-2, quando no principio, ele nos criou sobre a terra. Depois, veremos o que mais é dito acerca da criação no Antigo Testamento no sentido de reforçar a importância dessa tarefa. Mais adiante, passaremos ao Novo Testamento, para ver como a criação está relacionada com Cristo. Afinal, sugeriremos algumas razões porque as preocupações e ações ecológicas podem ser vistas como uma parte integralmente legitima da missão do povo de Deus.

“Ser humano e ter relacionamento adequado com Deus, com outras pessoas e com o mundo. O pecado tem desfigurado esses relacionamentos e, por pouco, não os tem destruido, mas em Cristo, o ser humano perfeito,cada um destes três relacionamento é restaurado, à medida que nos conformamos progressivamente à imagem de Cristo. Porque ele, sendo o ser humano perfeito, é o único que preencheu completamente os requizitos da imagem de Deus. Quanto mais nos parecemos com ele, mas nos tornamos humanos... a vida cristã, longe de nos tornar superespirituais, seres quase angelicais, é, na verdade, uma busca pela recuperação de nossa humanidade.” Michael Wittmer

A “Bíblia” nos foi dada pra contar duas histórias, a história da queda, ou (rebelião), e a história da redenção, ou do (redentor). Essas duas histórias podem ser vistas ao longo das páginas de toda a Escritura. Do Gênesis a Apocalipse. Embora cada parte dessa história grandiosa contribua para o todo, precisamos ver cada seção deste curso como uma unidade fundamental – o único grande ato Salvador de Deus. Essas seções estão expostas em toda a Bíblia, encontradas nos testamentos AT e NT. São duas metades de uma mesma história. (GRIFO MEU)A Bíblia pode ser dividida em quatro seções: criação, queda, redenção é nova criação.

1.Criação

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A Bíblia não começa em gênesis 3 nem termina em Apocalipse 20. Isso e o que pensamos quando ouvimos algumas explicações sobre a mensagem e a missão na Bíblia. A Bíblia não diz respeito unicamente à solução do problema do nosso pecado nem ao modo de sobreviver no dia do juízo. Ela começa com a criação e termina com a nova criação. Assim sendo, nossa teologia bíblica precisa levar a sério esse grande começo e final.

A narrativa da criação provê duas bases fundamentais para a visão cristã de mundo, porque responde às duas series de perguntas mais fundamentais que todas as filosofias e religiões respondem de maneiras diferentes. Primeira série: Onde estamos? Quem somos? Isso e o mesmo que dizer primeiramente: que é o universo em que nós encontramos? De onde ele veio? Porque ele existe? Ele é mesmo real? Segunda série: que significa ser humano? Somos deuses ou simplesmente animais que se desenvolveram um pouco mais que os outro? A vida humana possui algum valor, significado e propósito?

As respostas distintas que a Bíblia dá a essas questões têm implicações profundas no nosso entendimento da missão no mundo de Deus, em meio aos seres humanos como nós, feitos à imagem de Deus.

2.Queda

A desobediência e a rebelião humana para com o Deus criador trouxeram resultados desastrosos (Gên. 3-11). O mal e o pecado se entrelaçaram em cada aspecto da criação de Deus e em cada dimensão da personalidade e da vida humana na terra. No plano físico, estamos sujeitos à decadência e morte, vivendo em meio a um ambiente físico que está, em si mesmo, sobe a maldição de Deus. No plano intelectual, usamos nosso poder inacreditável de racionalidade para explicar, desculpar e “normalizar” o nosso próprio mal. No plano social, cada relacionamento está rompido e interrompido – o sexual, o paterno e o materno, o familiar, o social, o étnico, o internacional. Esse efeito é consolidado, horizontalmente, pelo processo de impregnação em todas as culturas humanas, e verticalmente pelo processo de acumulação ao longo das gerações da História. No plano espiritual, estamos alienados de Deus, rejeitando sua bondade e autoridade. Romanos 1.18-32 resume todas essas dimensões em sua análise dos resultados de Gênesis 3.

Se houver alguma boa-nova para essas terríveis realidades, ela precisa ser muito grande. A verdade grandiosa é que a Bíblia nos oferece um evangelho que trata cada dimensão do problema criado pelo pecado. A missão de Deus é a destruição final de todo o mal em toda a sua criação. Nossa missão portanto, portanto, deve ser tão abrangente em seu alcance quanto o evangelho que a Bíblia toda nos oferece.

3. Redenção

Deus escolheu não abandonar nem destruir sua criação, mas redimi-la. Ele escolheu faze-lo dentro da história, por meio de pessoas e acontecimentos que vão desde a chamada de Abraão até à volta de Cristo. Embora cada parte dessa história grandiosa contribua para o todo, precisamos ver cada seção desse curso como uma unidade fundamental – o único grande ato salvador de Deus. Penso que a unidade entre as seções do Antigo Testamento e do Novo Testamento, em relação a esta parte da história bíblica da redenção, é a razão de Apocalipse retratar a humanidade redimida, na nova criação, cantando o cântico de Moises e o cântico do cordeiro (Ap 15.3). Isso nos livrara de entendermos erroneamente o Antigo Testamento como o plano de Salvação A (falha) e o Novo Testamento como o plano de Salvação B (bem-sucedido). Isso é uma séria distorção da história; no entanto sem cairmos nessa armadilha, ainda podemos traçar as duas partes principais da história no Antigo Testamento e no Novo Testamento.

Antigo Testamento

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No momento em que a História chegou a Gênesis 11, a raça humana encontrou dois problemas enormes: a pecaminosidade de cada coração humano e a divisão e confusão nas nações na humanidade. O plano redentor de Deus tratou dessas duas questões. No chamado de Abraão, Deus pôs em ação uma dinâmica histórica que finalmente não só lida com o problema do pecado humano, mas também cura as divisões das nações.

A eleição de Abraão ocorreu, de forma explícita, para abençoar todas as nações da terra. O mandamento e a promessa de Deus dados a Abraão podem ser chamados legitimamente de a primeira grande comissão – “Vai... [e] sê tu uma benção! [...]; em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gen. 12.1-3; ARA). Portanto, o plano de Deus era tratar do problema da humanidade – pecado e divisão – por meio de Israel, o povo de Deus.

O êxodo fornece o primeiro modelo veterotestamentario de Deus agindo como redentor. É com ele que a redenção se parece quando Deus a faz. Ele é um ato com que Deus demonstra simultaneamente sua fidelidade, e justiça e amor, de modo que o povo que se reconhece como o povo redimido desse Deus (agora é revelado como YHWH) é chamado para ser um modelo, diante das nações, do que significa ser redimido e para viver de modo redentor em sua própria sociedade.

No Sinai, Deus entrou numa aliança com o povo de Israel (e com o restante das nações em vista), chamando – o para ser seu representante (sacerdotal-mente) e para ser separado (santo). Ele lhe deu sua lei como um dom da graça – não para que eles pudessem merecer sua salvação, uma vês que já haviam sido redimidos, mas para moldá-los como um povo-modelo, a fim de que fossem uma luz para as nações.

No entanto, à medida que a história de Israel avançava, nos períodos do estabelecimento na terra, dos juízes e da monarquia, ficava cada vez mais claro que Israel não podia nem queria viver conforme os padrões da lei de Deus em resposta a graça salvadora. De fato, demonstrar que não eram diferentes das demais nações. A lei em si, como Paulo percebeu de modo tão claro, expunha o fato de que Israel era tão necessitado de Deus quanto o restante das nações. Não há diferenças, pois todos pecarão. Israel o servo do Senhor, chamado para ser uma luz para as nações, passou a ser um servo fracassado, cego para com as obras de Deus e surdo para com sua palavra. Eles também precisavam de Deus.

Apesar de tudo, o Antigo Testamento continua, por intermédio dos profetas, a apontar adiante é insistir que Deus guardara sua promessa de trazer bênção a todas as nações e salvação para o mundo todo, e que fara isso por meio de Israel. Em outras palavras: o fracasso do Israel Histórico foi previsto por Deus e não representava o fracasso do plano de Deus. No ministério de seu propósito soberano, isso levaria à salvação, alcançando até os confins da terra, conforme Deus planejara. Mas, se o Israel do Antigo Testamento demostrou-se infiel, como isso poderia acontecer?

Novo Testamento

O Novo Testamento nos apresenta a resposta a que os profetas apontavam: aquele que encarnaria a Israel como seu messias; aquele que seria fiel no que eles haviam falhado, que seria obediente até à morte e que, por meio sua morte e ressurreição, cumpriria não só a restauração de Israel, mas também a promessa de salvação até os confins da terra.

Assim, a história de Israel avança, até que, “Vindo, porém a plenitude dos tempos, Deus envia seu filho, nascido de mulher” (Gl 4.4). A encarnação de Deus em Cristo traz dois fatores para a nossa teologia de missão: a presença inaugurada do reino de Deus e o próprio modelo e principio encarnacional.

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Em Jesus, o reino de Deus entrou na história humana de modo nunca experimentado – pela expectativa que trazia e por suas implicações éticas totalmente arraigadas no Antigo Testamento. A ação dinâmica do reino de Deus nas palavras e obras de Jesus e na missão de seus discípulos transformou vidas, valores e prioridades e apresentou um desafio radical às caídas estruturas de poder da sociedade. Dizer “Jesus é Senhor” e não César ou um de seus sucessores é o principal mandato missional em si mesmo. Lucas não pode acha um modo mais missional para terminar seu segundo volume do que deixar Paulo em Roma, onde ele estava “[...] pregando o reino de Deus e ensinando as coisas concernentes ao Senhor Jesus Cristo, com toda a liberdade, sem impedimento algum”(Atos 28.31; grifo do autor). Entretanto, conforme as parábolas de Jesus enfatizavam, Deus inaugurou seu reino de forma secreta e humilde – escolhendo ele mesmo entrar no mundo, enfrentando todas as limitações e frustrações desse ato. Esse é um padrão que Jesus impôs aos seus seguidores, para o envolvimento custoso deles mesmos com o mundo e todos os seus problemas, visto que ele orou ao Pai: “Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei ao mundo” (Jo 17.18; cf. 20.21).

A cruz e a ressurreição de Jesus nos trouxeram ao ponto central da linha completa da história da redenção. Eis aqui a resposta de Deus a cada dimensão do pecado e do mal no cosmo e a seus efeitos destrutivos. O evangelho nos apresenta uma vitória consumada, que será final e universalmente visível e vindicada. Se fomos tão radicais quanto o deveríamos ser em nossa análise dos efeitos da Queda, devemos ser igualmente radicais e abrangente em nossa compreensão acerca de todas as maneiras com que a cruz e a ressurreição revertem e finalmente destroem esses efeitos. A cruz deve ser central para cada dimensão da missão do povo de Deus – desde o evangelho pessoal entre amigos individuais até aos cuidados ecológicos com a criação, inclusive entre tudo o que estiver entre essas coisas.

Assim como a redenção do êxodo levou à criação do povo da aliança, Israel, no Antigo Testamento, a redenção da páscoa levou ao dom escatológico do Espirito Santo no dia de pentecostes e ao nascimento da igreja. Doutra parte, embora a igreja, como a comunidade dos seguidores de Jesus, tenha nascido no dia de pentecostes, suas raízes remontam, é claro, ao povo de Deus desde Abraão, porque a criação dela não foi nada menos do que o cumprimento multinacional da esperança de Israel, para que todas as nações fossem abençoadas através do povo de Abraão. A expansão de Israel para incluir os gentios (note cuidadosamente: não foi o abandono de Israel em favor dos gentios ), em Cristo e por meio dele, cumpriu a promessa feita a Abraão e realizou o propósito de Deus de resolver não apenas o problema de Gênesis 3 (o da queda da humanidade e do pecado),mas também o de Gênesis 11 (divisões raciais e confusão). É por essa razão que é tão importante reconhecer que a igreja, por natureza e por sua existência, é parte do evangelho porque, sendo uma comunidade de pecadores de todas as raças reconciliados, demonstra o poder transformador do evangelho.

Duas verdades desta da linha da história informam nossa teologia de missão. A primeira é a presença do Espirito Santo, o qual tornou disponível ao povo de Deus o mesmo poder transformador que agia na vida e ministério de Jesus e o ressuscitou dentre os mortos. A segunda é a existência da igreja, tida como a comunidade missional daqueles que responderam ao reino de Deus e entraram nele, pelo arrependimento e fé em Cristo, a qual agora busca viver como uma comunidade transformada e transformadora, na reconciliação e na benção para o mundo.

Nova Criação

A volta de Cristo não só trará ao grande final essa seção da linha da história bíblica, a qual chamamos de redenção dentro da história, mas também inaugurará o cumprimento final de toda a história – a saber, a redenção e a renovação de toda a criação de Deus.

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É lógico que a Bíblia inclui nessa parte culminante da linha da história a realidade do julgamento, cujo dia é algo sobre o que a Bíblia nos adverte, desde a reversão do otimismo superficial de Israel sobre “o dia do Senhor”, em Amós, passando pelas advertências de Jesus, de Paulo e de Pedro sobre o julgamento a ser feito pelo tribunal de Deus, até às aterrorizantes visões do Apocalipse. A realidade do julgamento é, em certo nível, parte do evangelho, porque ela e a boa-nova, de que o mal não terá a última palavra, mas será destruído por Deus no final. Em outro nível, ele é a má notícia sobre a ira de Deus, que faz do evangelho essa “boa-nova” perpetua para nosso mundo caído.

Mas a Bíblia não termina com o dia do julgamento. Além do fogo purificador do juízo e da destruição de tudo quanto é mal e contrário ao propósito de Deus, ali se encontrarão novos céu e nova terra, nos quais habitará a justiça e a paz, porque o próprio Deus habitara ali com seu povo redimido de todas as nações. Quando levamos nossa teologia bíblica para o fim da linha da história, assim gera-se uma fé bíblica e uma esperança – aquele otimismo irreprimível que deveria caracterizar todas as ações cristãs no mundo. A missão do povo de Deus não é apenas guiada pelo mandamento de Cristo, mas é também levada adiante por causa da promessa de Deus

O tabernáculo de Deus está entre os homens, pois habitará com eles. Eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Ele lhes enxugará dos olhos toda lágrima; e não haver mais ´morte, nem pranto, nem lamento, nem dor, porque as primeiras coisas já passaram, o que estava assentado sobre o trono disse: eu Fasso nova todas as coisas! (Ap 21.3-5).

Essa e a estrutura da linha da história da própria Bíblia, que molda é da energia a missão do povo de Deus. Essa é a história que os primeiros seguidores de Jesus conheciam. Foi a confiança deles nessa história deles nessa história e a certeza de que tinham um papel a desempenhar nela que os levaram para uma missão no mundo. Essa é a história de que precisamos saber que fazemos parte, porque nossa missão é nada menos ( ou mais ) do que participar com Deus desta grandiosa história, até que ele a leve ao seu clímax garantido. À medida que, a luz dessa história, pensarmos em nossa teologia bíblica da missão da igreja, perceberemos o profundo poder esclarecedor que isso tem.

A criação provê nossos valores e princípios fundamentais. A queda nos faz descer às realidades da terra amaldiçoada e aos tentáculos

penetrantes da perversidade humana e de Satanás. Atuando num contexto histórico e cultural especifico, o Antigo Testamento nos mostra

a abrangência do proposito redentor planejado por Deus e nos dá um modelo maravilhosamente detalhado (a partir da Lei, das narrativas, dos profetas, dos livros sapienciais e a da adoração de Isaias) de respostas práticas que lhe agradam e das que lhe desagradam.

A encarnação traz Deus para o nosso lado em nossa lutas, e chama para encarnarmos o reino de Deus e sermos seus agentes por meio de Cristo.

A cruz e a ressurreição nos capacitam a experimentar e a compartilharmos o poder da verdadeira reconciliação, do amor, da esperança e da paz e a buscarmos a obra expiatória de Deus, mesmo nas situações humanas que mais parecem irredimíveis.

O Espirito Santo na igreja providencia a direção e o poder para esperarmos mudanças reais na vida das pessoas e na sociedade, enquanto mantém nossos olhos nas dimensões corporativas, e não apenas individuais, da missão cristã.

Nossa grande esperança futura da nova criação dá valor e dignidade a tudo quanto fazemos no presente, pois o nosso trabalho não e vão no Senhor; e modela as nossas respostas ao presente, pela forma revelada do futuro.

“Ao acreditarmos na história, somos atraídos para dentro da ação e nós percebemos apanhados pelo movimento salvifico de Deus. Aprendemos a “morar” dentro da

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história, como que olhando para fora com novos olhos, a partir do mundo bíblico, para as nossas vidas e para o mundo pós-moderno: paramos de tentar fazer com que a Bíblia seja relevante para as nossas vidas e, ao invés, começamos a nos vermos como pessoas que foram feitas relevantes para a Bíblia. Abandonamos a tentativa desajeitada de deturbarmos o sentido do texto antigo para este se encaixar com o nosso mundo contemporâneo. Em vez disso, deixamos que nosso mundo entre em colisão com o estranho novo mundo da Bíblia e seja purificado por ele. Ao acreditarmos na história, permitimos que nossas mentes sejam continuamente renovadas pela narrativa normativa de Deus. [...] Jesus chama seus discípulos para se afastarem de uma fé em que Deus está disponível para abençoar seus negócios e leva-os a uma fé em que eles estão disponíveis para Deus, para fazer parte do negócio dele. E o negócio de Deus é uma companhia multinacional, com filiais em todo lugar!” Philip Greenslade

“Nosso mandato para a evangelização do mundo e a Bíblia toda. Ele deve ser encontrado na criação de Deus ( por causa dessa criação todos os seres humanos são responsáveis diante dele); no caráter de Deus(sociável, amoroso, compassivo, não querendo que nenhum se perca, desejando que todos cheguem ao arrependimento); nas promessas de Deus (de que todas as nações serão abençoadas pelo descendente de Abraão e se tornaram herança do Messias); no Cristo de Deus ( exaltado com autoridade universal, para receber aclamação universal ); no Espirito de Deus ( que convence do pecado, testifica de Cristo e impele a igreja a evangelizar ) e na igreja de Deus ( que é uma comunidade missionária multinacional, sob as ordens de evangelizar até que Cristo volte ).” John Stott

A MISSÃO DE DEUS

A história que acabamos de examinar pode ser vista, por outro ângulo, como a missão de Deus. A história de como Deus, em seu amor soberano, propôs trazer o mundo pecaminoso de sua criação decaida ao mundo redimido de sua nova criação. A missão de Deus e a que estende-se sobre a lacuna entre a maldição sobre a terra de Gênesis 3 e o fim da maldição na nova criação de Apocalipse 22.

“O que impressiona é a total abrangência da mensagem de Paulo. Ele proclamava Deus em sua plenitude como Criador, Sustentador, Pai e Juiz. Tudo isso faz parte do evangelho ou pelo menos do preâmbulo necessário do evangelho. Muitas pessoas estão rejeitando nosso evangelho hoje em dia, não por percebe-lo como falso, mas por percebê-lo como falso, mas por percebê-lo como trivial. Estão buscando uma visão de mundo integrada, que faça sentido à total experiência delas. Aprendemos de Paulo que não podemos pregar o evangelho sem a doutrina de Deus ou a cruz sem a criação ou a salvação sem o juízo e vice-versa. O mundo de hoje precisa de um evangelho maior, o evangelho integral das Escrituras, o qual, mais tarde, em Éfeso, Paulo chamaria de “todo o propósito de Deus” (Atos 20.27).” John Stott ( sobre o sermão de Paulo em Atenas, Atos 17)

A missão de Deus é o que traz a humanidade de ser uma cacofonia de nações divididas e espalhadas, em rebelião contra Deus, de Gênesis 11, para ser um coro de nações unidas e reunidas na adoração a Deus, em Apocalipse 7. Em outras palavras: a missão de Deus é o que Paulo provavelmente tinha em mente ao dizer que gastaria muitos anos em Éfeso, ensinando à igreja “todo o proposito [ ou concelho ou plano ou missão] de Deus” (Atos 20.27). Era um projeto de salvação cósmica vasto e abrangente. Mesmo quando se dirigia a um público não judeu, Paulo encontrava maneiras de comunicar o âmbito universal dessa missão ( Atos 17).

Page 10: Conhecendo a história

Em meu livro maior: the mission of god: Unlocking the bible´s grand narrative (A missão de Deus: descoberta das grandes narrativas bíblicas), afirmei que podemos ler toda a bíblia a partir de uma hermenêutica missional e, depois, explorar algumas dimensões do que acontece quando fazemos isso. Foi nesse ponto que examinei, com mais profundidade, as dimensões missiológicas de temas bíblicos vastos, como monoteísmo ( a unicidade de YHWH e Jesus), idolatria, eleição, redenção, aliança, ética, ecologia, e escatologia.

RESUMO

Esse livro precisa ser lido à luz da exegese substancial do argumento usado em A missão de Deus ( The mission of God ). Começamos perguntando porque os primeiros cristãos eram invencivelmente apaixonados por missões – determinados a espalhar, a qualquer preço, as boas novas de Jesus Cristo em todo lugar do mundo que eles conheciam. Vimos que a resposta é que eles conheciam claramente a propulsão dinâmica da própria linha histórica da Bíblia. Eles viam a história como a história da própria missão de Deus e viam sua própria parte nessa história como participantes de seu último grande ato, como “cooperadores de Deus” ( 1Co 3.9). “Que desafios e responsabilidades o povo de Deus enfrenta em sua própria missão à luz desta ou daquela parte da história?” por essa razão, selecionei textos que parecem representar esses aspectos missionais de nova vida como povo de Deus. Eles não são, de forma alguma, todos os textos que poderiam servir ao nosso propósito, mas espero que eles demostrem, pelo menos, dois princípios: primeiro, podemos e devemos extrair de toda a extensão da Bíblia nossa teologia bíblica sobre a missão da igreja; segundo, quando fazemos isso, torna-se evidente que a missão do povo de Deus é vasta e variada. FIM

Texto estraido do livro [A Missão do povo de Deus; CHRISTOPHER J. H. WRIGHT ed. VIDA NOVA]. [email protected] recomendação e se esse texto não lhe for benção detruao de imediato não se gaste atoa!