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    Lula Presidente: Um Novo BrasilA posse de Lus Incio Lula da Silva como Presidente da Repblica pode abrir um novo captulona Histria do Brasil. Essa a esperana de milhes de brasileiros, no apenas daqueles que

    votaram em Lula, mas hoje, da maioria da sociedade.

    Lula Presidente: Um Novo Brasil

    Existe um significado para a presena de mais de 150 mil pessoas na posse do novo presidente;para o fato de que milhares de pessoas deixaram suas cidades e de diversas formas e condiesse deslocaram para Braslia. Esse significado se chama "esperana". A esperana apoiada naidia de mudana. Nunca a eleio e posse de um Presidente da Repblica mobilizou de talmodo a sociedade brasileira.

    Apesar das dificuldades vividas pelo pas, apesar de crise internacional, apesar de ter adotadoum discurso muito mais moderado na ltima campanha eleitoral e de preserva-lo na transio ena formao do ministrio; existe uma grande expectativa em relao ao novo governo. Partedessa expectativa fruto da despolitizao da sociedade brasileira, que ainda acredita que umhomem, ao chegar ao poder (sic) possa consertar o pas, numa misso quase que messinica.Parte dessa expectativa fruto da participao poltica de milhes de pessoas que, desdeo final dos anos 80, com o processo de abertura poltica, fundaram o Partido dos Trabalhadorese desde ento procuram organizar parcelas da sociedade civil para que participem de mudanasno modelo scio-econmico.

    inevitvel que se faam comparaes. essas comparaes podem passar por muitos

    caminhos. Por um lado sabemos que a histria nunca se repete tal como j ocorreu, pois umasrie de condicionantes internas ao pas, ou externas, j no so mais as mesmas; por outrolado sabemos que a Histria nos serve de lio e que muitos elementos passados ainda seencontram presentes na histria nacional ou mundial e que interferem na organizao socialou organizao do Estado e de sua poltica.

    O combate a fomeVeja os tpicos do programa de campanha de Lula sobre o combate a fome

    Veja os tpicos do programa de campanha de Lula sobre o combate a fome

    19. A misria no Brasil no algo ocasional, mas resultado de um processo histrico que noesolveu questes bsicas. Com a exploso dos ndices de desemprego nos anos 90, ela segravou. Hoje, h um amplo consenso de que o mais terrvel dos efeitos da misria, a fome, nocausado pela falta de produo de alimentos, mas pela falta de renda das famlias para adquirirs alimentos na quantidade necessria e com a qualidade adequada.

    20. A implantao de polticas estruturais para erradicar a misria requer muitos anos para gerarfrutos consistentes. Mas a fome no espera e segue matando a cada dia, produzindodesagregao social e familiar, doenas, desespero e violncia crescentes. Para combater afome, no podemos nos limitar s doaes, bolsas e caridade. possvel erradicar a fome pormeio de aes integradas que aliviem as condies de misria. Articuladas com uma polticaeconmica que garanta uma expanso do Produto Interno Bruto de, pelo menos, 4% ao ano,

    esse objetivo pode ser conseguido em at uma gerao. Os instrumentos que colocaremos emao permitiro promover o desenvolvimento, gerar emprego e distribuir renda. O combate

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    fome se integra, assim, concepo de um novo tipo de desenvolvimento econmico.

    21. O Projeto Fome Zero inclui, alm de medidas estruturais, uma poltica de apoio efetivo

    agricultura familiar; o direito Previdncia Social para todos os trabalhadores familiares, daeconomia rural ou da economia informal urbana, garantindo a universalidade prevista naConstituio; o direito complementao de renda para que todas as crianas das famliaspobres possam ter formao educacional adequada; a ampliao da merenda escolar, atingindotodas as crianas que freqentam escolas pblicas, inclusive creches; e, finalmente, o apoio aosinmeros programas criados por governos estaduais, municipais e pela sociedade civilorganizada que buscam combater a fome por meio de restaurantes populares, bancos dealimentos, modernizao do abastecimento, incentivo agricultura urbana, apoio ao auto-consumo alimentar e agricultura familiar.Para atacar de imediato o problema da fome ser fornecido o carto de alimentao para asfamlias muito pobres, possibilitando-lhes comprar os alimentos de que necessitam.

    22. A falta de polticas de gerao de emprego, de sade e de educao tem um custo elevadopara o Pas. H tambm o custo da falta de consumo e da produo de bens e o custo para oempregador, entre outros. Por isso, combater a fome no deve ser considerado apenas um

    custo, mas tambm um investimento no Brasil. Uma cesta bsica que garanta alimentaoadequada para 10 milhes de famlias vulnerveis fome pode gerar cerca de R$ 2,5 bilhes amais em arrecadao de impostos. Alm disso, pode dar ocupao permanente a mais 350 milpessoas na agricultura familiar de arroz e feijo. Assim, combatendo a fome, o pior efeito damisria, estaremos combatendo tambm a misria.

    23. O Brasil tem as duas condies necessrias para reduzir a fome para nmeros mnimos numcurto espao de tempo. Uma a nossa agricultura, capaz de produzir todos os alimentos

    necessrios e ainda exportar amplamente. A outra so os recursos necessrios para garantir odireito a uma alimentao adequada aos milhes que no tm renda. Por isso, podemos afirmarque possvel eliminar a fome, assim como acabar com o analfabetismo e com as outrasmazelas sociais prprias da ausncia de polticas pblicas adequadas.

    O Crescimento do Islam e o Taleban

    A historiadora Mnica Muniz faz uma avaliao do crescimento do islamismo no mundo, tomandocomo ponto de partida recente pesquisa feita pelo Historianet, destacando o aumento do

    preconceito.

    Por Mnica Muniz

    Dizer que o Islam a religio que mais cresce no mundo j consenso. Com quase um bilho emeio de adeptos espalhados pelo mundo, os muulmanos representam perto de 25% dapopulao mundial e no d mais para dizer que eles no so uma realidade social, poltica ereligiosa. Muito se fala sobre o Islam, mas pouco se sabe sobre ele. Em recente pesquisarealizada pelo HISTORIANET sobre a expanso do Islam, em um universo de mais de 650pessoas, 48,1% manifestaram a opinio de que o Islam representa uma ameaa para oimperialismo americano. Trata-se de um percentual elevado que s demonstra como o

    preconceito existe e como est enraizado em ns. Desde cedo somos direcionados no sentido dever o Islam como uma ameaa, seja poltica, religiosa ou social. No nosso imaginrio, Islam

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    sinnimo de fanatismo, terrorismo. Um avio que cai, um prdio que explode, logo somosinduzidos a achar que se trata de obra de algum muulmano rabe fantico, em plena guerrasanta contra o ocidente.

    Um dos erros mais comuns a associao que se faz do Islam com a cultura rabe. Apesar de oIslam ter surgido na pennsula arbica, e de ter na lngua rabe - a lngua do Alcoro - o fator deunidade, atualmente os rabes representam uma minoria nesse universo, menos de 18% dototal. O prprio uso da palavra rabe expressa um preconceito, pois coloca sob o mesmodenominador, africanos, curdos, persas, turcos. Desconhecemos suas origens, suas culturas,suas tradies, as particularidades especficas de cada povo. Muito do que passado pela mdia

    traz o vis do etnocentrismo, ns, o ocidente, civilizados, cultos, eruditos, belos e formosos, eeles, o oriente, a barbrie, a ignorncia, o atraso. Como no sculo XIX, continuamos a impor anossa maneira de ver o mundo, os nossos valores, nossa cultura, estes sim, verdadeiros elegtimos. Estranhamente apagamos de nossa memria o fato de que muito do nosso cotidiano devido cultura islmica que dominou o mundo por muito tempo.

    Esta postura, em grande parte, deve-se a uma poltica colonialista europia, iniciada no sculoXIX, que, ao levar a civilizao aos povos brbaros, na verdade representou um processocontnuo de apartheid, explorao, expropriao e genocdio. Muitas das questes que afligem omundo contemporneo tm origem nessa poltica de dominao.

    Meca

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    Contrariamente ao que se pode pensar, o Islam reconhece, entende e aceita a existncia dosdiferentes povos. Em um de seus versculos, o Alcoro, o livro sagrado do muulmano, diz queos homens foram criados em naes para que se conhecessem e se compreendessem e no para

    que fossem inimigos. Em seu Sermo da Despedida, o profeta Mohammad, cujo exemplo devida seguido por todos os muulmanos, disse que um rabe no superior a um no rabe,nem um no rabe superior a um rabe; o branco no superior ao negro, nem o negro temqualquer superioridade sobre o branco, exceto quanto temncia a Deus; que os homens tmcertos direitos em relao s mulheres, mas elas tambm tm direitos sobre os homens

    Quanto mdia, esta faz a sua parte, limitando a nossa forma de compreender o mundo aospadres convencionados como civilizados. Salienta o que estranho cultura ocidental eesconde o que efetivamente acontece naquelas regies. Enfatiza as proibies, as restriesimpostas s mulheres, enfim, o aspecto exterior da questo, sem estabelecer uma relao decausa e efeito dos acontecimentos, sem definir o que so costumes e tradies e o que verdadeiramente islmico. Sob essa tica, para o ocidente, tudo esquisito no Islam, e do ponto

    de vista da aparncia externa, no h muita diferena do Afeganisto para a Arbia Saudita ou aJordnia, muito embora Arbia Saudita e Jordnia se alinhem politica e ideologicamente com oocidente.

    Vivemos num mundo globalizado, e por isso, altamente interdependente. As transformaes nooriente e no ocidente influenciam um e outro profundamente. De um lado, temos osmuulmanos querendo recuperar-se dos efeitos perversos do colonialismo e sua sociedadeexigindo mudanas sociais e politicas, mas qualquer mudana pe em perigo a correlao deforas atual. Do outro lado, as grandes potncias se opem a iniciativas que ponham em chequesua hegemonia poltica, e os pases dependentes, temendo perder uma soberania recmconquistada, vem com desconfiana qualquer tentativa por parte de quem, at bem pouco

    tempo, era o opressor. A preocupao humanitria em relao condio da mulher muulmana muitas vezes acompanhada por um discurso que sataniza o Islam, o que faz com que osmuulmanos fiquem mais desconfiados ainda. As consequncias desses embates, cultural,poltico e social, invariavelmente acabam repercutindo na mulher, o elo mais fraco dessacorrente.

    O caso do Afeganisto, mais em evidncia, chega at ns sob a forma de aberrao. No entanto,no nos ensinam que se trata de um pas que vem de uma histria de invases, ocupaosovitica por mais de 10 anos, que desestruturou sua economia, que sua populao vive sob umcotidiano de guerra constante, uma vez que o Taleban no detm o controle total do pas, queexiste uma luta interna de poder entre faces muulmanas. Como se no bastasse, os EstadosUnidos acusaram o rico empresrio saudita Osama bin Laden de estar envolvido nos atos deterrorismo contra as suas embaixadas no Qunia e na Tanznia. Quando o regime do Taleban serecusou a entregar bin Laden aos Estados Unidos, a ONU, em represlia, imps pesadas sanesao Afeganisto, cujos nus, como sempre, recaem sobre a populao indistintamente, homens,mulheres, crianas.

    Quando o Taleban usa a retrica ideolgica para privar a mulher muulmana do acesso educao bsica, a mdia ocidental condena, e com razo. Afinal, h 14 sculos o Islamassegurou direitos sociais e econmicos que objetivaram garantir igualdade entre homens emulheres, inclusive o acesso igual educao, o direito de expresso, de propriedade, de voto.Mas, no tem razo quando define as restries impostas mulher afeg como parte dadoutrina islmica. O Islam no a prtica que dele fazem alguns muulmanos. A crtica ao

    Taleban, assim, transforma-se num pretexto para condenar os legtimos movimentos islmicosem geral, e mostrar ao ocidente que o Islam incompatvel com as modernas exigncias sociais

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    e polticas e que nada poderia ser pior do que uma sociedade fundada nos princpios islmicos.

    Na verdade, grupos como o Taleban, em nada diferem de tantos outros espalhados pelo mundo,

    na medida em que so o resultado das condies incertas do mundo moderno. Movimentossemelhantes podem ser encontrados em outros pases e entre as muitas religies do mundo eno imaginamos que eles possam ameaar a hegemonia das grandes potncias. Os cristosamericanos que bombardeiam clnicas de aborto, hindus que atacaram a mesquita de Babri, eque esto de olho nas inmeras mesquitas espalhadas pela ndia, judeus ultra-ortodoxos queatiram pedras em mulheres que andam pelas ruas vestindo calas ou mangas curtas, enfim,todos so a expresso contempornea da intolerncia e, nesse sentido, tm mais em comumcom o Taleban do que eles (ou o Taleban) percebem, e muito menos a ver com o Islam, comosomos levados a supor.Todos esses movimentos, apesar de suas diferenas externas, so uma reao s dramticasmudanas sociais, polticas e econmicas que vm ocorrendo nos ltimos 150 anos. Astransformaes so rpidas, adquiriram uma dinmica prpria e esto alm do controle das

    pessoas comuns. Os muulmanos em geral acalentam o sonho do estado islmico, maspercebem que esse sonho vai ficando cada vez mais distante, diante do avano inexorvel deuma civilizao global secular agressiva e teconologicamente mais avanada. Em seu movimentode reao, esses grupos acabam por enfatizar o lado material, porque mais fcil de sercontrolado e de ser imposto s pessoas. Na verdade, a violncia do Taleban contra os quedesrespeitam as regras no deixa de ser a implementao da moderna viso de que ainterferncia do estado na vida das pessoas a resposta para a maior parte dos problemassociais.

    Mas, certamente o Islam no isso e a prova toda sua histria de tolerncia e convivnciapacfica com as diversas culturas com as quais ele interagiu no decorrer dos sculos.

    A poltica externa dos Estados Unidos no Centro do Atual Drama do Povo Americano

    Ser que atacar o Afeganisto a forma mais eficiente de combater o terrorismo? O 11 desetembro, a poltica externa norte-americana e os possveis desdobramentos da guerra soanalizados historicamente para uma compreenso menos simplista dos fatos.

    INTRODUO

    "Um milho de pessoas inocentes esto morrendo no momento em que falamos, esto sendomortas no Iraque sem nenhuma culpa. No ouvimos nenhuma crtica, nenhum dito dos

    governos hereditrios. Todos os dias vimos os tanques israelenses na Palestina, indo a Jenin,Ramallah, Beit Jalla e muitas outras partes da terra do Isl, e no ouvimos ningum levantar avoz ou reagindo. Mas quando a espada caiu sobre a Amrica depois de 80 anos, a hipocrisialevantou sua cabea lamentando pelos assassinos que brincaram com o sangue, a honra e assantidades do Isl."

    "Quanto Amrica, digo a ela e a seu povo algumas palavras: Juro por Deus, o Grande, que aAmrica nunca mais sonhar e no viver em paz at que a paz reine na Palestina e o exrcitode infiis deixe a terra de Muhammad, a paz esteja com Ele."

    As frases acima foram ditas por Osama Bin Laden, numa indita apario na rede de televiso

    mais popular do mundo rabe, com sede no Catar. As imagens do milionrio saudita foramdivulgadas pelas principais redes de televiso em todo o mundo no dia 7 de outubro de 2001,durante os primeiros ataques dos Estados Unidos e Gr-Bretanha, ao Afeganisto.

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    Quase um ms aps a destruio de seus principais smbolos de poder pelo maior ataqueterrorista da histria, os Estados Unidos, auxiliados pela Inglaterra, comearam a retaliao aogoverno do Taleban no Afeganisto e o grupo Al Quaeda, controlado pelo milionrio terrorista

    Osama bin Laden. Segundo o governo norte-americano, os ataques sero focados eminstalaes militares no Afeganisto e nos campos de treinamento do Al Quaeda.

    "Estas aes, cuidadosamente direcionadas, tm por objetivo interromper o uso do Afeganisto

    como uma base de operaes terroristas e atacar a capacidade militar do regime do Taleban",afirmou George W. Bush em um discurso transmitido pela televiso. O argumento dasautoridades norte-americanas que esses ataques ocorreram depois que o Taleban recusou-se aentregar bin Laden. Bush afirmou que o objetivo dos ataques limpar o caminho para"operaes abrangentes e implacveis para lev-los (bin Laden e seus colaboradores) Justia".Os primeiros ataques foram sobre a capital Cabul e as cidades de Jalalabad no leste e Kandaharno sul, local base do lder do Taleban, mul Mohammar Omar. Outras cidades, como Mazar-I-Sharif e Cunduz (norte), e Farah (oeste) tambm foram atingidas.

    11 DE SETEMBRO DE 2001"O que houve em Nova Iorque e Washington foi muito mais do que um indivduo tentando sevingar dos Estados Unidos. Foi um ataque sofisticado, realizado por um grupo com uma visobastante ampla de ao, que acredita ser capaz de ferir o pas. claro que o grande nmero demortes quer chamar a ateno para os EUA e tentar mudar sua viso. um projeto ambicioso,muito maior do que uma simples vingana."Amy Sands, diretora assistente do Centro para Estdios de No-Proliferao de Armas dos EUA.

    Cerca de uma hora depois que duas aeronaves com dezenas de passageiros foram lanadossobre os edifcios gmeos do World Trade Center, em Nova York, uma terceira era atirada sobreo Pentgono, em Washington, sem contar ainda um quarto avio, que teria como alvo a Casa

    Branca, mas caiu na Pensilvnia aps uma aparente luta entre passageiros e os seqestradoresterroristas. Existem rumores de que tenha sido abatida pelas Foras Armadas.

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    Cerca de 8 mil mortos e a destruio dos principais smbolos do poder econmico e militar damaior potncia do mundo. Esse foi o saldo da catstrofe de 11 de setembro, que entrou paramemria da histria como o maior ato terrorista de todos os tempos, e o primeiro ataque sofridopelos Estados Unidos desde Pearl Harbor em 1941.Qual o objetivo desses ataques terroristas, alm de provocar a maior quantidade possvel de

    vtimas inocentes, e de demonstrar a fragilidade da maior potncia do mundo?

    A POLTICA EXTERNA DOS EUA NO ORIENTE MDIO

    "Os Estados Unidos so odiados no Oriente Mdio por causa de seu apoio acrtico que soma maisde US$3 bilhes a US$4 bilhes por ano, sustentando incondicionalmente a ocupao israelensenos territrios palestinos, incluindo o fornecimento de helicpteros, caas F16 e msseis usadospara reforar a ocupao."

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    Phyllis Bennis, do Institute for Policy Studies de Washington

    Nesses mais de 50 anos de luta de libertao do povo palestino contra a ocupao israelense,

    qual tem sido a posio dos Estado Unidos?"A cada nova guerra os Estados Unidos tornavam-se mais atrelados a Israel", diz o historiadorisraelense Avi Schlain. Segundo o Jihad Islmico, "os ataques so resultados diretos da polticanorte-americana".Parece que uma anlise crtica, sobre a poltica norte-americana para o Oriente Mdio, ainda noest sendo feita pelos Estados Unidos, que permanecem defendendo uma posio contrria aoconsenso internacional de necessidade de um acordo poltico para a questo palestina.Esse consenso foi expresso em janeiro de 1976 por uma resoluo do Conselho deSegurana da ONU, vetada pelos Estados Unidos. Essa resoluo incorporava o texto de umaoutra resoluo da ONU (a resoluo 242 de 1967), pela qual as legtimas fronteiras da regioseriam as anteriores Guerra dos Seis Dias, modificando-a, apenas para definir um Estadopalestino numa rea de apenas 22% da Palestina rabe (anterior partilha da regio que criou

    Israel). Essa resoluo foi abertamente aceita e apoiada pela Organizao para a Libertao daPalestina (OLP), pela Europa e pela ex-Unio Sovitica e de uma forma direta ou indireta, portodos os pases do mundo, exceto Israel e Estados Unidos, o fiel escudeiro do Estado judeu noConselho de Segurana da ONU, que nos anos subseqentes continuaram impedindo os esforospara um acordo diplomtico realizado pela prpria ONU, Europa, pases rabes, OLP e outros.Para Shlomo Bem-Ami, ex-ministro do exterior de Israel e um dos mais importantes defensoresda paz, aps a guerra do Golfo, a "generosa" proposta norte-americana para questo palestina,envolve manter a faixa de Gaza separada da Cisjordnia e esta, dividida em trs cantesseparados uns dos outros, com a cidade de Jerusalm, que segundo o escritor norte-americanode origem judaica Noam Chomsky, "foi sempre o centro da vida comercial e cultural palestina,expandida com colnias israelenses. Enquanto isso, os Estados Unidos fornecem vasta

    assistncia econmica e militar, que permite que Israel expanda suas colnias nos territriosocupados e imponha um regime duro e brutal que impediu o desenvolvimento, sujeitando apopulao palestina a humilhao e represso dirias, num processo que se intensificou ao longodos anos 90".A radicalizao da luta do povo palestino contra a ocupao israelense, foi agravada com asegunda intifada, ou a intifada de Al Aqsa, iniciada em 28 de setembro de 2000, aps uma visitaprovocativa do hoje primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, Esplanada das Mesquitas,quando dois dias depois, o exrcito israelense matou dezenas de palestinos indefesos queestavam saindo da mesquita de Al Aqsa, um dos locais mais sagrados do islamismo, frustrandoos palestinos diante de um processo de paz que se arrasta desde os Acordos de Oslo em 1993.Para o analista poltico Mohamad Mahr, "a estagnao do processo de paz fomenta oextremismo. Cerca de 1,2 milho de palestinos vivem na faixa de Gaza, a maior 'priso' domundo. o ambiente ideal para o extremismo". Mahr diz que seria um ato de coragem repensaro papel do pas na regio, deixando de vetar o envio de observadores internacionais aosterritrios ocupados".O professor e intelectual palestino radicado nos Estados Unidos Edward Said avalia que o nicoponto que pode ajudar um povo pobre ainda fazer frente a esses projetos assumidos comonicos, o fator humano e cultural, onde a conscientizao individual e coletiva sobre o direito vida e autodeterminao pode proporcionar alguma mudana. "Se h algum fator com que ospalestinos podem enfrentar Israel , de fato, o aspecto moral. Militar e economicamente elesesto em desvantagem evidente. Mas podem mostrar, no entanto, a 'imoralidade' da ocupaoisraelense na Palestina. No h outro caminho seno voltar a ateno da opinio pblica paraquestes concretas que se apresentam no cotidiano do povo palestino ainda sob ocupao. Falar

    de humilhao nas barreiras das estradas, na demolio de casas, no confisco de terras, naapreenso do dia-a-dia que as pessoas esto vivendo na Palestina ps-Oslo."

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    Alm de dar total apoio ocupao da Palestina por Israel, a poltica externa intervencionistados Estados Unidos vem h muito apoiando regimes tiranos na frica e na sia, promovendogolpes na Amrica Latina, invadindo pases soberanos como Granada, apoiando mercenrios

    oposicionistas na Nicargua e em El Salvador, ou ainda minando a economia de pasesconsiderados hostis, como Cuba e Iraque, o que vem agravando a fome e a morte da populaocivil mais carente.No Oriente Mdio foi assim mais recentemente, quando um dia depois da assumir a presidncia,George W. Bush bombardeou desnecessariamente o Iraque de Saddam Hussein. Entre 1980 e1988, na guerra entre o Ir e Iraque, onde os Estados Unidos alimentaram o at ento aliadoSaddam Hussein, resultando na morte de 200 mil iranianos. Trs anos depois, o governo deBush pai, liderou uma coligao militar contra o mesmo Iraque de Saddam Hussein na Guerra doGolfo, ocasionando a morte de pelo menos 130 mil iraquianos, a maioria de civis. Vale lembrarque nessa ocasio, parte da populao americana tambm comemorou, enquanto outra partecriticou a guerra.Mas no foi s no Oriente Mdio que a poltica externa norte-americana provocou vtimas. O

    holocausto de Hiroxima e Nagasaki, que matou milhares de japoneses inocentes, numapopulao civil em que predominavam crianas e mulheres, ou ainda o mais de um milho demortos na Guerra do Vietn, da qual os americanos no gostam de ser lembrados, j marcavamuma prtica intervencionista criminosa dos Estados Unidos no contexto da guerra fria. S paralembrar ainda uma infeliz coincidncia, foi tambm em um 11 de setembro (mas de 1973), queo governo norte-americano deu total apoio para o golpe militar no Chile, que deps o governoeleito do socialista de Salvador Allende, para implantao do terrorismo de Estado, representadopela ditadura com componentes fascistas do general Augusto Pinochet. Entre as dcadas de1970 e 1980, o governo Pinochet provocou a morte sob tortura de milhares de cidados,inclusive norte-americanos, com conivncia do prprio governo dos Estados Unidos.

    RETALIAO: DE VOLTA BARBRIE

    "Mais do que nunca neste momento, alguns de ns precisamos mostrar controle e moderao.Estou convencida de que a ao militar no ir prevenir atos futuros de terrorismo internocontra os Estados Unidos."Brbara Lee, deputada democrata da Califrnia e nico membro da Cmara a votar contra aautorizao para que George W. Bush use a fora militar mxima como resposta aos atentados.

    Aps mais de um ms, a comoo frente aos ataques terrorista nos Estados Unidos ainda nopassou. Se as cenas da destruio do World Trade Center provocaram de imediato, perplexidadedor e revolta, hoje, a preocupao quanto os desdobramentos da retaliao militar dos EstadosUnidos no Afeganisto.

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    A retaliao militar dos norte-americanos antes de tudo uma exigncia dos nacionalistas maisexaltados visando reafirmar a hegemonia dos Estados Unidos no mundo, diante da humilhaopresenciada por todos, com a destruio de seus principais smbolos de poder. Ao mesmotempo, est atendendo a opinio pblica do pas em seu estado de clera, o que tem agravadosensivelmente a xenofobia em relao aos rabes e muulmanos, onde Osama bin Laden passoua representar o prprio isl. Uma pesquisa divulgada pelo instituto Gallup, duas semanas aps oatentado, ilustrou com dados preocupantes essa xenofobia, revelando que 49% dos americanosdisseram "sim" (e 49% "no") idia de que os rabes e os cidados americanos de origemrabe, devem andar com uma identificao especial. Numa outra sondagem, 58% exigiram queo mesmo grupo seja submetido a controles de segurana especiais, enquanto que 41% foramcontrrios a essa discriminao.

    Alimenta-se ainda a idia de que os Estados Unidos necessitam de tecnologia blica maisaprimorada, j que o aparelho de segurana nacional da maior potncia do mundo mostrou-setotalmente vulnervel.Aps a tragdia de 11 de setembro, est mais do que claro que no existe defesa possvelcontra uma forma de ataque terrorista, que no necessitou de nenhum tipo de tecnologia maisaprimorada para produzir resultados devastadores, utilizando-se apenas de alguns aviesseqestrados e um grupo de suicidas bem treinados, munidos de facas. Esse tipo de ataque

    sempre ser possvel enquanto avies civis, embarcaes, trens, e sistemas de energia e infra-estrutura estiverem funcionando. muito importante que a vulnerabilidade do sistema de defesanorte-americano no seja negada, porque as reaes em defesa de uma forte retaliao paraservir como exemplo, se demonstram totalmente inteis.

    O COMBATE AO TERRORISMO"O inimigo o mundo, e o mundo no sabe como enfrentar a si mesmo.""O inimigo no est fora do mundo. O inimigo no um estranho, no um ser bizarro edesconhecido. Para conhecer o inimigo basta conhecer o mundo e reconhecer o homem."Fbio Lucas (escritor)Citado na coluna do jornalista Jnio de Freitas no jornal Folha de So Paulo, 3 de outubro de2001

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    Voltar ao "olho por olho, dente por dente", retroceder barbrie provocando apenas maisvtimas inocentes. Terrorismo no se combate com mais derramamento de sangue. Se aescalada militar no Afeganisto ir com o tempo destruir as bases da al qaeda e destituir o

    governo do Taleban, por um outro lado, esto servindo tambm, para alimentar ainda mais osentimento antiamericano e anti-ocidental no mundo islmico.

    Existe ainda a preocupao, que a rea formada pelo Afeganisto, Paquisto e ndia uma dasmais instveis do mundo, e nesse sentido, uma ao militar dos Estados Unidos correria o riscode desestabilizar os governos da regio, entre os quais o do Paquisto, onde a bomba atmicapoderia passar para as mos de grupos extremistas. Deve-se lembrar tambm que um resgateda histria mais recente do Afeganisto nos dois ltimos sculos, no traz boas recordaes paraos russos e britnicos.Ao mesmo tempo, um julgamento de Osama bin Laden pelo ocidente no seria digerido pelo

    fundamentalismo islmico, que continuar afirmando que no existem provas concretas quecondenem o milionrio saudita, at que seja provado o contrrio. Uma condenao sem provasno seria aceita no mundo islmico, contrariando tambm princpios do estado de direito domundo ocidental. A popularidade de Osama bin Laden est crescendo num ritmo impressionanteentre os jovens muulmanos aps o atentado nos Estados Unidos. Mat-lo, mesmo com provas,seria criar um mrtir, gerando mais radicalismos e possivelmente uma escalada de violncia comconseqncias desastrosas para a civilizao.Jssica Stern, especialista em terrorismo e poltica externa na universidade de Harvard, afirmaque, "...precisamos dar prioridade a sade, a educao, e ao desenvolvimento econmico ououtros 'Osamas' vo surgir. Sem dvida o que outros povos pensam de ns deve ser levado emconta. Ser temido somente no suficiente para garantir nossa segurana".

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    A crtica fcil de que, situar o atentado no contexto da poltica externa dos Estados Unidos justificar o prprio ato terrorista, uma afirmao simplista, falsa e politicamente desastrosa,pois, tenta intencionalmente dizer que aqueles que compreendem o episdio nessa esfera, o

    justificam, o que totalmente diferente. O terrorismo precisa ser condenado em qualquer lugardo mundo, mas preciso aceitar que os fanticos que articularam o atentado do dia 11 desetembro no eram rebeldes sem causa. Muito provavelmente, gostariam de ver as tropas dosEstados Unidos se retirarem da Arbia Saudita, e Israel desocupar os territrios palestinos.A poltica externa dos Estados Unidos encontra-se sim, no centro desse terrvel atentado. Assim,torna-se fundamental, que os Estados Unidos faam um exame mais crtico de sua polticaexterna, para que de maneira mais ampla, possa ser revista a forma dos pases ricos inserir-se

    no mundo e o encaminhamento de questes poltico-nacionais e scio-econmicas, para que ariqueza seja distribuda de forma mais justa, e que a misria e a excluso possam efetivamenteser eliminadas.

    A Guerra no IraqueOs interesses estadunidenses e ingleses no so novos. Desde o final do sculo 19 oimperialismo cobia o petrleo da regio, que pode garantir o desenvolvimento industrial e umelavado grau de autonomia frente aos demais pases da OPEP.

    A Guerra dos Estados Unidos contra o Iraque

    Comeou no dia 19 de maro de 2003 o bombardeio do territrio iraquiano por tropas dosEstados Unidos, com apoio ingls. Ao contrrio do que muitos vm afirmando, no uma aode um megalomanaco, George W. Bush, mas uma ao pensada, parte da poltica externaestadunidense, caracterizada pelo imperialismo.Apesar do discurso contra o terrorismo e a possibilidade de o Iraque possuir armas de destruio

    em massa, o que esta por trs do ataque so os interesses econmicos da indstria blica, dosetor petrolfero e de financistas dos Estados Unidos, que percebem que a ascenso do euro,

  • 7/27/2019 Conhecimentos Gerais Em Marmoraria

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    Conhecimentos Gerais

    se tornando um padro monetrio cada vez mais estvel, ameaa o dlar enquanto moedautilizada nas transaes internacionais.Todas as tentativas do governo americano de justificar a atual ofensiva contra o Iraque no

    encontram nenhuma sustentao no direito internacional e em nenhuma resoluo da ONU, aocontrrio, passa por cima da Organizao das Naes Unidas, colocando-a numa situaodelicada do ponto de vista internacional. Percebemos uma guerra com o objetivo de ampliar odomnio mundial atravs do controle das reservas de petrleo e a formao de governosfantoches.No final do ano 2000 o Iraque substituiu o dlar pelo euro em suas negociaes relacionadas aopetrleo. Apesar de ter sido uma atitude isolada, que no foi seguida por outros pases da OPEP,demonstrou ser uma ameaa para a hegemonia do capital estadunidense. Dessa maneiracomeamos a perceber melhor quais os interesses dos EUA na crise da Venezuela, pas membroda OPEP e que tem na figura de seu presidente Hugo Chvez um discurso nacionalista, contrrioa poltica desenvolvida pelos Estados Unidos.Uma das discusses mais importantes que se tem colocada em relao Guerra, quanto ao

    papel que a ONU desempenhar a partir deste momento. A iniciativa anglo-americana vistapor muitos analistas como a falncia da ONU, na medida em que os aliados desrespeitaramabertamente a mais importante entidade internacional.A paz s ser possvel quando a justia for implementada de acordo com o consenso mundialrepresentado pelas resolues da ONU. Quando a soberania e a auto determino dos povosestiverem a frente de outros objetivos. Quando a justia social prevalecer sobre os interessesexclusivos das potncias e seus representantes que controlam governos de outros pases.

    Imperialismo

    A histria da formao do Iraque atual esta intimamente ligada ao desenvolvimento do

    imperialismo. Mas afinal o que chamamos de imperialismo? Para entende-lo devemos voltar aosculo XIX, ao longo do qual se desenvolveu a 2a. Revoluo Industrial.At o inicio do sculo 19 a Inglaterra era a potencia industrial hegemnica, porm, a partir de1830, outros pases adotaram uma poltica de industrializao. Primeiro a Frana e Blgica, maistarde Alemanha, Estados Unidos, Itlia e Japo. Em poucas dcadas a produo industrialconheceu um crescimento vertiginoso, no s no nmero de pases, mas no nmero deindstrias em cada pas, no nmero de mquinas, tudo isso acompanhado de grande avanotecnolgico. Esse foi o momento em que o petrleo surge como combustvel para os motores,substituindo o carvo e a mquina a vapor, tpica do sculo anterior. Nesse processo quedesponta a indstria de bens de produo - siderrgica, mecnica, metalrgica, qumica -deixando em segundo plano as indstrias de bens de consumo. Por isso, eram necessrias novasmatrias-primas, como os minrios.O rpido crescimento da produo industrial foi reflexo da ascenso e consolidao da burguesiacomo classe social hegemnica, particularmente na Europa e Estados Unidos, e de todos osavanos tecnolgicos do perodo.Contraditoriamente a industrializao provocou uma grave crise econmica, conhecida comoprimeira depresso do capitalismo que, no final do sculo, foi responsvel por profundastransformaes socioeconmicas nos pases industrializados. A formao de uma grande massasocial pauperizada estimulou um movimento migratrio em grande escala para a Amrica, aomesmo tempo em que os governantes adotaram polticas reorientando a economia de seuspases. Esses governantes europeus representavam a burguesia, na medida em que na maioriados pases o liberalismo estava apoiado na participao poltica censitria (definida pela renda doindivduo).

    Internamente a economia se caracterizou pela concentrao de capitais nas mos de grandesconglomerados empresariais - trustes, holdings e cartis - com a interveno do capital

  • 7/27/2019 Conhecimentos Gerais Em Marmoraria

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    financeiro sobre a atividade produtiva. Muitas indstrias faliram, ao mesmo tempo outras vriasse fundiam e deram origem a potencias econmicas. Porm esse processo somente foi possvelquando combinado com a ao externa, ou seja, a conquista de novos mercados que pudessem

    fornecer matria-prima para estas indstrias e, ao mesmo, tempo consumir seus produtos. Essaao externa denominada Neocolonialismo. importante perceber a relao direta entreaqueles que governam e aqueles que detm o capital, com o mesmo interesse. Oneocolonialismo foi uma poltica do Estado e dos grandes conglomerados empresariais, sobre africa e sia, marcada pela conquista econmica, militar, social, cultural e religiosa, ou seja,uma poltica imperialista.A partilha afro-asitica foi implementada pelas grandes potncias, destacando-se a Inglaterra,que criou um verdadeiro imprio colonial, seguida pela Frana. Alemanha, Itlia, Japo, Blgica,Holanda tambm participaram da corrida colonial, assim como os Estados Unidos, com umapoltica um pouco diferenciada sobre a Amrica Latina, e Portugal e Espanha, que aindapossuam territrios na frica. Do ponto de vista econmico, interessa s grandes potncias aobteno de produtos que pudessem ser utilizados no desenvolvimento industrial: minrios e

    petrleo. Os interesses imperialistas comuns serviram para aumentar a rivalidade entre ospases europeus, principalmente porque a Inglaterra havia sado na frente na corrida colonial eno concordava com a idia de re-diviso dos territrios. No entanto, aos poucos as potnciasdescobririam que as maiores reservas de petrleo estavam fora de suas colnias, no OrienteMdio, sob o controle do Imprio Otomano, que por sua vez j vivenciava grande decadncia.

    Os ingleses no Oriente Mdio

    Desde o inicio do sculo 19 percebemos a presena europia no Oriente Mdio, em particular daInglaterra, nico pas industrializado naquele momento, mas tambm da Frana, que desde ogoverno de Napoleo Bonaparte procurava iniciar sua industrializao.

    No Egito, a derrota das tropas de Napoleo serviu de pretexto para a interveno britnica.Durante quase todo o sculo, os governantes egpcios estiveram sob a tutela do governobritnico. Em 1875 o governo ingls comprou as aes do Canal de Suez e em 1882 chegaram abombardear Alexandria em reao aos movimentos nacionalistas e de militares contra osinteresses estrangeiros. Esse domnio prorrogou-se at 1922, quando o Egito tornou-seindependente.Ao mesmo tempo os ingleses procuraram impor sua influncia sobre o Ir, com a obteno deconcesso para a explorao do petrleo, atravs da aao da Anglo Persian Oil Company, criadaem 1909.Procurando evitar a expanso alem e interessado no petrleo da regio do Golfo Prsico, ogoverno britnico imps seu domnio ao Kuwait, pequeno reino independente criado em 1756. Opas tornou-se protetorado britnico quando do incio da Primeira Guerra e somente obteve aindependncia em 1961.A Primeira Guerra Mundial foi um momento decisivo para a poltica internacional. Ao finaldaguerra, ao mesmo tempo que a Alemanha e Itlia perderam suas colnias, foi criada a Liga dasNaes seguindo a proposta feita durante o conflito pelos Estados Unidos, mas que resolveramno participar do novo organismo. Isso significou que as principais decises do ps-guerraficaram praticamente nas mos da Inglaterra e Frana. A derrota do Imprio Turco fez comessas duas grandes potncias redesenhassem o mapa do Oriente Mdio segundo seusinteresses.Os acordos entre Inglaterra e Frana ficaram conhecidos como Acordos Sykes-Picot, devido aossobrenomes dos dois principais negociadores, o ingls Mark Sykes e o francs Georges Picot e aprincipal preocupao foi definir as reas de influencia que caberia a cada pas. Inglaterra

    coube a Palestina (nela includos os territrios da atual Jordnia e de Israel), a Mesopotmia(que correspondia aproximadamente ao Iraque de hoje) e a Pennsula Arbica enquanto

  • 7/27/2019 Conhecimentos Gerais Em Marmoraria

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    Frana ficaria com a Sria (que na poca abrangia o Lbano) e a Cilcia (parte da atual Turquia).Ao mesmo tempo a Inglaterra apoiava as guerras rabes do prncipe Hussein contra os turcos eprometia aos judeus, representados pelo banqueiro Rothschild, apoio para a formao de um

    Estado judeu na Palestina.Foi tentando minimizar os problemas advindos desses acordos que a Inglaterra criou aTransjordnia e o Iraque, territrios cedidos aos filhos de Hussein. A Abdullah coube aTransjordnia, enquanto a Faial coube o Iraque. A tutela britnica manteve-se sobre a Jordniaat o final da Segunda Guerra Mundial, enquanto que o Iraque tornou-se oficialmenteindependente em 1932. no entanto a vida poltica no pas foi marcada desde ento por grandeinstabuilidade, primeiro por ser um pas geograficamente artificial, com fronteiras criadas pelosingleses, englobando povos de diferentes nacionalidades e religies, como curdos e armnios,depois devido s rivalidades entre grupos tnicos e religiosos e por ltimo devido aos interessesimperialistas relativos ao petrleo. De 1941 a 45 o pas ficou sob domnio britnico, para evitaros setores pr germnicos que se aproximavam do poder.Entre 1953 e 1958 o Iraque foi governado pelo rei Faial II, substitudo por Oasim aps violento

    golpe militar. A poltica de Oasim contrariava os interesses imperialistas: aproximou-se da URSSe China, passou a disputar com a Arbia a liderana no mundo rabe e decretou leis limitando osinteresses estadunidenses e ingleses, restrigindo o lucro da multinacional Iraq PetroleumCompany. Foi deposto de assassinado em 1963 por um golpe organizado pela CIA, com aparticipao de Saddam Husseim. No entanto, a ascenso de Saddam Husseim ao poder foiacompanhada por um discurso cada vez mais nacionalista e portanto contrrio aos EstadosUnidos.

    Contra o terrorismo

    Mais uma vez o terrorismo se manifesta. Na Espanha, o atentado do dia 11 de maro foiresponsvel por 200 mortos e centenas de feridos, vtimas exploses de bombas, numa aoque novamente chocou o mundo. Apesar do repdio veemente a esse tipo de ao, tambm noschoca a atidude do governo espanhol que, com objetivos eleitoreiros, decidiu sobre os culpados.

    IntroduoOs ataques que ocorreram no dia 11 de setembro nos EUA, esto sendo considerados como osatos terroristas mais importantes da histria recente mundial, por que atingiram a maiorpotncia mundial e principalmente por que contam com a cobertura de todos os meios decomunicao de massa.As cenas que chocaram o mundo foram repudiadas pelos principais governantes, de diversasnaes do mundo. A morte de milhares de civis, em um ataque terrorista como esse, refora osentimento humanista e a posio contrria aos grupos ou pessoas que se utilizam deste mtodode ao.

    O Terrorismo

    Sem entrar em uma discusso acadmica, podemos dizer que o terrorismo a utilizaosistemtica da violncia imprevisvel, contra regimes polticos, povos ou pessoas.

  • 7/27/2019 Conhecimentos Gerais Em Marmoraria

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    No sculo XX, o terrorismo foi visto e aprendido por ns como a atitude violenta de grupos comideologia definida, com um objetivo poltico traado, que muitas vezes envolveram questesreligiosas ou tnicas.

    Do ponto de vista poltico, organizaes de direita ou de esquerda se utilizaram do terrorcomo prtica, no intuito de derrubar governos e chegarem ao poder, e de uma forma geral,assumiram seus atentados como forma de propagar seus ideais. Do ponto de vista religioso, nasltimas dcadas se avolumaram atentados de grupos polticos muulmanos, mas tambm degrupos polticos cristos, como o IRA, na Irlanda. No caso da luta tnica destacou-seprincipalmente o ETA, na Espanha, ou a Ku Klux Klan nos EUA (desde o final do sculo XIX)No entanto, apesar de todos terem se utilizado da violncia, as motivaes so diferentes edevem ser analisadas historicamente de forma individual, a partir de suas caractersticas, parapodermos compreender os elementos que as engendraram.A partir de uma viso massificada, considera-se que os rabes esto sempre propensos aoterrorismo. De fato, nas ltimas dcadas proliferaram os grupos poltico-religiosos que, noOriente Mdio, adotaram a pratica terrorista como meio de luta. A regio vista como um barril

    de plvora, mas qual a razo? o fato de ser muulmano ou rabe que determina essasituao?Na verdade a idia do barril de plvora aparece aps a 1 Guerra Mundial, quando osterritrios do Oriente Mdio, at ento parte do Imprio Turco, foram colocados sob a proteoda Liga das Naes, representando na prtica, a dominao inglesa e francesa. A Mesopotmia,a Palestina e a Jordnia ficaram submetidas jurisdio inglesa enquanto Sria e Lbano,

    jurisdio francesa. Dando continuidade s prticas anteriores a guerra, grandes empresasestrangeiras se instalaram nesses pases, interessadas principalmente no petrleo, exerceramforte dominao econmica e poltica na regio, muitas vezes com a colaborao das eliteslocais, beneficiadas com o ingresso de novos capitais.Nesse perodo a Inglaterra j apoiava oficialmente o movimento sionista de colonizao de

    terras na Palestina, sustentado por vrios fundos internacionais, destacando-se o Baro deRottschild, grande banqueiro ingls, de origem judaica.Aps a 2 Guerra Mundial, a situao tendeu a se agravar, principalmente com a criao doEstado de Israel e o desenvolvimento de uma poltica agressiva por parte de sionistas,amparados pelos EUA.As presses imperialistas e sionista deixaram poucas opoes aos povos dominados, levando umaparcela da sociedade a organizar grupos guerrilheiros e a promover o terrorismo.

    Por suas conseqncias trgicas e seu grande apelo publicitrio, o terrorismo um dos temasfavoritos da mdia. Por esse mesmo motivo a sua abordagem tem sido superficial, reforandoesteretipos e evitando a discusso sobre suas origens ou razes

    O terrorismo de EstadoAo longo da histria percebemos que os Estados ou instituies com poder de Estado, seutilizaram do terrorismo. Mais interessante, perceber como essas instituies de dominao,conseguiram contar com o apoio da maioria da sociedade nesses momentos.Um dos grandes exemplos da histria foi a Inquisio, praticada pela Igreja Catlica na IdadeMdia e incio da Idade Moderna. A maioria da populao crist da Europa sempre considerou

    justa e necessria a perseguio s bruxas.O terror foi utilizado entre 1793 e 94 por Robespierre, lder da Revoluo Francesa, como formade preservar o poder e as conquistas populares e foi defendido por grande parcela da sociedade;foi praticado por Hitler e pelos nazistas contra os judeus, principalmente durante a SegundaGuerra Mundial, com o extermnio em massa de prisioneiros em campos de concentrao. O

    terrorismo de Estado apareceu tambm com a idia de limpeza tnica, posta em prtica pelo

  • 7/27/2019 Conhecimentos Gerais Em Marmoraria

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    ditador srvio Milosevic, contra os habitantes da regio do Kosovo.

    Milosevic

    O terror foi (e ainda ) utilizado pelos EUA, destacando-se principalmente o bombardeio deHiroxima e Nagasaki no Japo, quando de uma Segunda Guerra Mundial praticamente jacabada, para mostrar ao mundo e a URSS, o poderio do imprio americano, no hesitaramem matar milhares de civis; ou ainda quando armam grupos guerrilheiros, como aconteceu noIr, na Nicargua ou mesmo no Paquisto e Afeganisto.A partir de dezembro de 1979, o Paquisto tornou-se um aliado privilegiado dos EUA, pois oditador Zia Ul Haq acolheu entre 3 e 5 milhes de refugiados afeganes depois da invasosovitica ao Afeganisto. Foi atravs do ditador paquistans que os EUA passaram a dar ajudafinanceira e militar resistncia no Afeganisto a guerrilha mudjahidin contra a ocupaosovitica. interessante lembrar que Zia Ul Haq tomou o poder em 1978 aps um golpe militar,eliminou a frgil democracia no pas e instaurou a Sharia cdigo islmico que prev o

    aoitamento, a amputao e o apedrejamento at a morte para os criminosos. Uma de suasprimeiras vitimas foi o presidente democrata que ele havia deposto, enforcado em 1979.

    O imperialismoEnquanto a Igreja catlica foi a dona do mundo (ocidental), durante o feudalismo, poucosousaram questionar o seu poder e suas decises. Aqueles que o fizessem, seriam tambmconsiderados hereges e teriam o um nico destino, a fogueira.Do mesmo modo, hoje poucos ousam dizer que os EUA colhem os frutos da poltica queimplantaram ao longo do sculo. Os senhores do mundo, que se auto intitulam os grandesdefensores da liberdade aparecem como vtimas de uma grande conspirao de forasmalignas...afinal de contas, quem entre ns vai defender os atos praticados neste dia 11.Muitos meios de comunicao reproduziram no dia seguinte (12 de setembro) uma fraseproferida pelo presidente George W. Bush: "Hoje nossa nao viu o mal".

    George W. Bush

  • 7/27/2019 Conhecimentos Gerais Em Marmoraria

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    Se o atentado terrorista o mal, quais so as foras malignas?O poder da mdia fala mais alto. Os EUA aparecem como vtimas.Notem, falamos dos EUA, no das pessoas que morreram nos atentados; essas, no h dvidas,

    so vtimas, assim como foram os japoneses de Hiroxima, os judeus de Treblinka, os palestinosda Cisjordnia, os negros do Mississipi e muitos outros grupos ou mesmo povos.

    Os EUA no, mas o povo norte-americano, de fato, nunca tinha visto o mal to perto, pelomenos nessas propores, neste ltimo sculo. As grandes tragdias ocorreram fora do territrionorte-americano. Os EUA participaram das duas grandes guerras mundiais, porm em nenhumadelas houve bombardeio no pas. A populao dos EUA viu as grandes guerras pela imprensa, aocontrrio dos diversos povos europeus e asiticos. Quando participou efetivamente de uma outraguerra, no Vietn, parte da populao foi ganhando conscincia do que ocorria e passou a semanifestar, contribuindo para a retirada dos exrcitos norte-americanos da regio interessante percebermos, como praticamente todos os professores de histria, em vriosmomentos, se referem aos EUA como um pas imperialista, e consequentemente, a maioria de

    ns, quando fomos alunos, ouvimos essas exposies e continuamos a ouvir em outrosmomentos de nossas vidas, mas mesmo assim, em momentos entendidos como de comoo,a grande maioria no consegue estabelecer uma relao entre asdiversas situaes.

    O PreconceitoPreconceito o conceito formado antecipadamente sem o conhecimento dos fatos. O preconceito uma herana cultural por isso impossvel no ter preconceito algum. O etnocentrismo, opensamento que leva as sociedades a acharem que sua cultura a nica vlida e porconseguinte desprezar e, de forma mais radical, eliminar outras culturas.Costumamos dizer aos nossos alunos: o preconceito fruto da ignorncia.O preconceito algo que esta enraizado em todas as sociedades, e que se apresenta das formasmais variadas. Cada um de ns esta sujeito a manifestar-se de forma preconceituosa devido aformao social que tivemos; mas dever de cada um e do ensino, procurar entender suasorigens e contribuir de forma decisiva para sua diminuio e eliminao.

    Se devemos condenar o terrorismo praticado pelo ETA, devemos nos lembrar, que ningum dizterrorismo basco, pois a maioria dos bascos no defende nem possuiu esta prtica, sendo

    assim no devemos falar em terrorismo rabe ou palestino, como tornou-se comum na mdia eno cinema, principalmente depois que a Guerra Fria terminou.

  • 7/27/2019 Conhecimentos Gerais Em Marmoraria

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    Em 17 de julho de 1996, quando um avio da TWA caiu na costa de Nova York provocando amorte das 230 pessoas, as primeiras suspeitas recaram sobre algum rabe radical. A idia deatentado permeou o imaginrio de milhes de norte-americanos, at ser comprovada a falha

    eltrica que causou a exploso do tanque de combustvel.O pior ataque terrorista sofrido pelos EUA em seu pas at ento havia sido a bomba colocadaem frente a um prdio pblico em Oklahoma, em 1995, que provocou a morte de 168 pessoas.Novamente a idia de terrorismo rabe foi propagada e, interessante como a prpriaimprensa dos EUA apresentou a frustrao do povo, quando foi preso o autor, um cidado norte-americano, Timothy McVeigh, que foi condenado pena de morte pelo crime e executado.

    O atentado terrorista praticado no dia 11, nos EUA repudiado por todos ns, que procuraremosutiliza-lo como exemplo para estimular a discusso sobre o significado do terrorismo e dopreconceito.

    LBANO: 22 ANOS DE OCUPAO ISRAELENSENo dia 8 de fevereiro de 2000, a aviao israelense atacou diversas regies do Lbano destruindoa maioria das estaes de gerao e transmisso de energia do pas deixando um saldo de 17civis feridos, com idades de 3 a 40 anos.

    INTRODUO

    No dia 8 de fevereiro de 2000, a aviao israelense atacou diversas regies do Lbano destruindoa maioria das estaes de gerao e transmisso de energia do pas deixando um saldo de 17civis feridos, com idades de 3 a 40 anos.Este ataque faz parte de uma srie de agresses que se estendem por mais de duas dcadas,onde Israel sempre se justifica como forma de conter a resistncia libanesa sua ocupao.

    A OCUPAO DO SUL DO LBANO

    H 22 anos atrs, mais precisamente em maro de 1978, Israel invadiu e ocupou o sul deLbano. Imediatamente foi convocada uma reunio do Conselho de Segurana das NaesUnidas que por unanimidade adotou a resoluo nmero 425 que condenou a ocupao edeterminou a retirada israelense imediata e incondicional de todo territrio libans at asfronteiras internacionalmente reconhecidas. A ONU constituiu tambm, uma fora multinacionalencarregada de auxiliar o governo do Lbano e restabelecer a paz e segurana na regio.Alm de no acatar a resoluo da ONU, Israel consolidou sua ocupao patrocinando aformao de uma milcia de mercenrios da regio por ela invadida, que at hoje ainda servecomo escudo sua ocupao. Milcias como esta, foram responsveis juntamente com o exrcito

    judeu, por vrias chacinas nos anos 80, como o massacre de civis palestinos indefesos noscampos de refugiados de Sabra e Chatila.

    IMPERIALISMO E RESISTNCIA

    O expansionismo de Israel faz parte de sua poltica claramente imperialista sobre parte domundo rabe, que iniciou-se com a prpria proclamao do Estado judeu na Palestina em 1948,

  • 7/27/2019 Conhecimentos Gerais Em Marmoraria

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    Conhecimentos Gerais

    prosseguindo por meio da ocupao e anexao de outros territrios rabes, como a Cisjordnia,a Faixa de Gaza, Jerusalm Oriental e as colinas de Gol . Em 1982 Israel ampliou sua ocupaono Lbano, avanando at a capital, Beirute, causando milhares de mortos e feridos, alm de

    provocar um xodo de centenas de milhares de refugiados que tiveram seus lares e seus benstotalmente destrudos. Com a resistncia do povo do Lbano, Israel retirou-se parcialmente,recuando at o sul do pas, continuando contudo a ocupar 10% do territrio libans.O povo desses territrios ocupados revoltou-se contra a tortura, a humilhao e a destruio deseus lares, formando a resistncia libanesa, que encontra amparo nas leis internacionais. Essedireito de resistncia, j foi exercido inmeras vezes na histria por diversos povos civilizados(inclusive pelos judeus), em situaes semelhantes.

    UMA TENTATIVA DE ACORDO

    Em 1996 as agresses israelenses com fora area, terrestre e martima provocaram adestruio de toda infra-estrutura de Beirute e de cidades e vilas vizinhas, vitimando mais uma

    vez a populao civil, o que determinou a interveno dos EUA e da Frana.Com a participao de Israel, Sria e Lbano, foi aberta uma negociao que resultou no queficou conhecido como entendimento de abril que reconheceu o direito de resistncia contra aocupao do exrcito israelense e a milcia que colabora com ele dentro do territrio ocupado,com as devidas salvaguardas da populao civil e da infra-estrutura do pas. Alm disso foicriada uma comisso composta pelos cinco pases que elaboraram o documento, para observarsua aplicao e fiscalizar qualquer violao contra o mesmo.A resistncia libanesa obedeceu o entendimento de abril no violando seus termos. O que temocorrido desde ento so aes de legtima defesa da resistncia libanesa contra a ocupao quecausaram o descontrole do exrcito israelense, o qual comeou a perpetuar violentos edesesperados ataques contra o Lbano, como os do dia 8 de fevereiro de 2000.

    QUATRO PONTOS PARA PAZ

    Diante de tudo isso, em artigo publicado no dia 16 de fevereiro de 2000 na pgina 3 do jornalFolha de So Paulo, o dr. Ishaya El-Khory, embaixador do Lbano no Brasil (pas com o maior

    contingente de imigrantes libaneses do mundo), defende uma paz justa e global na regio combase nos seguintes termos:

    1) A retirada do exrcito israelense, de forma imediata e incondicional, conforme determina aresoluo 425 do Conselho de Segurana da ONU.

    2) O reincio das negociaes de paz a partir dos pontos de sua paralisao em 1996, com baseno acordo de Madri.

    3) A retirada israelense de toda regio de Gol at os limites de 4 de julho de 1967.

    4) O reconhecimento do direito do povo palestino a sua autodeterminao e a instituir o seuEstado e o retorno dos refugiados palestinos a seus lares e terras, visto que eles foram

  • 7/27/2019 Conhecimentos Gerais Em Marmoraria

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    Conhecimentos Gerais

    afugentados por Israel desde 1948 e o Lbano recebeu grande parte deles, o que equivale a 15%da populao libanesa.

    Oriente MdioNo dia 5 de fevereiro de 1999, morria aos 63 anos o rei Hussein da Jordnia. O fim de seureinado de 45 anos preocupou o mundo inteiro, pois Hussein quase sempre representouequilbrio e moderao, numa regio marcada pela instabilidade e radicalismos.

    No dia 5 de fevereiro de 1999, morria aos 63 anos o rei Hussein da Jordnia. O fim de seureinado de 45 anos preocupou o mundo inteiro, pois Hussein quase sempre representouequilbrio e moderao, numa regio marcada pela instabilidade e radicalismos.

    Na Quarta-feira, 16 de fevereiro de 1999, o lider curdo Abdullah Ocalan era preso no Qunia e

    transferido para Turquia, onde ser submetido a um julgamento que poder conden-lo a morte.Ocalan lidera desde 1985 o PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdisto), grupo que luta paraestabelecer um pas para os milhares de curdos que vivem na Regio. Os acontecimentos acima,so apenas mais dois que marcam a complexa histria do Oriente Mdio no final do sculo XX.

    Regio das primeiras civilizaes e bero do judasmo, cristianismo e islamismo, o Oriente Mdiotem uma longa histria. uma das histrias mais trgicas e fascinantes da humanidade.

    Estrategicamente localizada entre Europa, sia e frica, por suas terras estenderam-se osmaiores imprios da Histria como o persa, macednico, romano e mongol, at a islamizao earabizao da regio entre os sculos VII e VIII com Maom e seus califas. Na idade mdia, ser

    civilizado era ser muulmano. A cincia florescia na Espanha rabe. As trevas impostas pelaIgreja encontravam resistncia no mundo Islmico. A filosofia greco-romana era traduzida porestudiosos muulmanos: do grego para o rabe e do rabe para o latim. Desenvolveram estudosem astronomia, alquimia, medicina e matemtica com tal xito que, nos sculos IX e X, maisdescobertas cientficas foram feitas no Imprio Abssida do que em qualquer perodo anterior dahistria.

    Como se explica que uma regio de tamanho esplendor, encontra-se hoje numa situao tocrtica ?

    Esse povo, que no passado distante j colonizou, encontra um cruel revs, na medida que nopassado mais recente, foi tambm colonizado. Primeiro pelo imprio Otomano, substitudo apsa primeira guerra mundial pelo imperialismo franco-britnico. Some a essa breve retrospectiva osurgimento do petrleo como matria-prima estratgica e a partilha da Palestina para formaode um lar nacional judeu.

    Acho que j podemos comear a entender porque at hoje, o Oriente Mdio ainda consideradoum "barril de plvora".

    A) LOCALIZAO GEOGRFICARegio situada entre o Oriente e Ocidente tendo como referncia o Mar Mediterrneo, o OrienteMdio inclui os pases costeiros do Mediterrneo Oriental (da Turquia ao Egito), a Jordnia,Iraque, Pennsula Arbica, Ir e geralmente o Afeganisto. De forma mais ampla, inclui tambm

    o conceito de Oriente Prximo, cuja rea no precisa, abrangendo normalmente a Pennsula deAnatlia, Sria, Lbano, Israel e Palestina. Algumas vezes, integram-se ainda pases do

  • 7/27/2019 Conhecimentos Gerais Em Marmoraria

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    Conhecimentos Gerais

    subcontinente indiano (principalmente o Paquisto).

    A condio de rea de passagem entre as regies euro-asitica e africana, de um lado, e entre o

    Mediterrneo e o Oceano ndico de outro, favoreceu o comrcio de caravanas que enfraqueceu-se posteriormente em proveito das rotas martimas, renovadas pela abertura do canal de Suezem 1869. Mais recentemente, o Oriente Mdio surgiu como principal regio produtora depetrleo do mundo, tornando-se objeto de rivalidades e conflitos internacionais. Alm daeconomia baseada no petrleo e das fortes desigualdades sociais, a regio tambm apresentaproblemas nas unies tribais e tnicas, na fragilidade das estruturas de governo e, sobretudo nacentralizao islmica da vida poltica.

    B) A FRAGILIDADE DOS ESTADOSA maioria dos Estados do Oriente Mdio surgiram recentemente, sob influencia do imperialismofranco-britnico, com a queda do Imprio Turco-Otomano aps a primeira guerra mundial em1918. A fragilidade destes Estados reflete-se nas ameaas pela diviso da sociedade, cujas

    aspiraes so frustradas por governos autoritrios de tipo monrquico ( Jordnia, ArbiaSaudita, Emirados rabes Unidos) ou republicano (Sria, Iraque, Turquia, Imem).

    Internamente, nesses Estados, a base de poder limitada a um grupo local ou familiar, segundoprincpio dinstico ou pelo encampamento das responsabilidades civis e militares por um gruporeligioso, regional ou corporativo.

    C) A POSIO DO ISLAMISMOOs muulmanos constituem 95% da populao do Oriente Mdio, na maioria sunitas, superadospelos xiitas no Ir (90%), no Iraque (55%) e no Lbano (35%). As excees so Israel, onde80% da populao so judeus; o Lbano, que possu 40% de cristos (divididos em 11

    confisses) e o Egito, com 8% de coptas. Com absoluta maioria de populao muulmana,muitos pases do Oriente Mdio concedem um papel oficial ao islamismo, tantoconstitucionalmente (caso do Ir aps a revoluo islmica em 1979) como no cotidiano privadoe familiar.

    Aps a Segunda Guerra Mundial(1945), os pases do Oriente Mdio tentaram relegar a religiosomente esfera privada, atravs do nacionalismo pan-arabista, cujo maior lder foi opresidente egpcio Gamal Abdel Nasser. Na dcada de 1970 as massas urbanas e a classe mdiase afastaram do nacionalismo, adotando o fundamentalismo islmico, que consolidou-se comoideologia dominante nas ltimas dcadas do sculo XX.

    D) CONFLITOS NA REGIO

    O Oriente Mdio permanece uma das reas mais instveis do mundo, devido uma srie demotivos que vo desde a contestao das fronteiras traadas pelo colonialismo franco-britnico,at mais recentemente, a proclamao do Estado de Israel na Palestina em 1948, o que deimediato provocou uma primeira guerra rabe-israelense, onde Israel conseguiu repelir umataque dos pases rabes limtrofes. Mais trs guerras seguiram-se entre as dcadas de 1950 e1970.

    Em 1956, o Egito de Nasser nacionalizou o canal de Suez, provocando um ataque por parte deFrana e Inglaterra e a invaso israelense no Sinai e na faixa de Gaza. As foras dos trs pasesforam obrigadas a se retirar, sob presso da ONU, dos Estados Unidos e da Unio Sovitica. Em

    1967 ocorreu a Guerra dos Seis Dias, na qual Israel atacou o Egito, a Jordnia e a Sria, numaofensiva que lhe permitiu conquistar toda pennsula do Sinai, at o canal de Suez, Gaza,

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    Cisjordnia, Jerusalm e as colinas de Gol da Sria. Em 1973 durante o feriado judeu do YomKippur (Dia do Perdo), a guerra reiniciou-se, quando Egito e Sria fizeram uma ofensivasurpresa que encontrou um contra-ataque fulminante por parte de Isarael.

    Contudo as ltimas dcadas do sculo XX, apontam uma efetiva sada diplomtica para umconflito que parecia no ter fim . A Intifada, movimento de rebelio palestina nos territriosocupados, iniciada em 1987, juntamente com as presses internacionais e a ao diplomtica daOLP, levaram Israel a propor uma iniciativa de paz em 1989 que previa a eleio derepresentantes palestinos nos territrios ocupados , encarregados de encaminhar negociaescom o Estado judeu. Com a vitria dos trabalhistas em Israel nas eleies de 1992, liderados porYsaac Rabin e Shimon Peres, foram iniciadas negociaes bilaterais diretas, conduzidas emabsoluto sigilo na Noruega, entre diplomatas israelenses e representantes da OLP, queresultaram pela primeira vez no reconhecimento mtuo palestino-israelense.

    Em maio de 1994 o primeiro ministro israelense Ysaac Rabin e o lider da OLP Yasser Arafat

    assinaram no Cairo um acordo sobre a autonomia palestina na faixa de Gaza e Jeric.Paralelamente, e sempre com ajuda dos Estados Unidos, Israel tenta intensificar conversaesde paz com outros pases rabes. O assassinato de Rabin por um judeu de extrema direita emnovembro de 1994, colocou em risco o processo de paz no Oriente Mdio. O chanceler ShimonPeres assumiu o cargo de primeiro ministro e em meio a atentados de ambas as partescomprometeu-se em dar continuidade s negociaes com a recm constituda AutoridadeNacional Palestina, presidida por Yasser Arafat. Entretanto, as eleies de outubro de 1996deram a vitria apertada ao candidato do Likud (partido de direita reticente aos acordos de paz)Benyamim Netenyahu. Desde ento, o processo de paz encontrou mais dificuldades, apesar daspresses internacionais contra a intransigncia do novo governo e sua poltica de incentivo aoestabelecimento de novas colnias judaicas em territrios rabes ocupados.

    O Oriente Mdio tambm foi abalado pela guerra entre o Ir e o Iraque entre 1980 e 1988.Perdendo o controle de navegao no canal de Chatt al-Arab, principal escoadouro de suaproduo petrolfera, e sentindo-se ameaado pela revoluo islmica no Ir (55% dos

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    iraquianos so muulmanos xiitas), o Iraque invadiu o Ir em setembro de 1980. A guerra tevevrias reviravoltas, inclusive com utilizao de armas qumicas, fazendo mais de um milho demortos, (600 mil iranianos) e deixando os pases economicamente destrudos, embora ainda

    fortemente armados.Apesar do acordo de cessar-fogo, o clima poltico da regio continuou explosivo e, em 2 deagosto de 1990 as tropas iraquianas invadiram, ocuparam e anexaram o Kuwait (Guerra doGolfo) provocando a interveno internacional com o aval do Conselho de Segurana da ONU, ea derrota do Iraque que ainda mais tarde, teve que aceitar a criao de zonas de exclusoareas, no sul, com maioria de xiitas e no norte, com maioria de curdos. Estes, formam nessefinal de sculo, o maior grupo tnico sem Estado. Uma verdadeira nao sem pas com mais de25 milhes de pessoas espalhadas e discriminadas por vrios pases do Oriente Mdio. Mais umfator de preocupao nesta regio, to castigada nas ltimas dcadas.

    A ERA DA GLOBALIZAO

    So muitos os que defendem, desde uma posio supostamente "cientfica", ainevitabilidade de uma insero passiva das economias nacionais no chamado processo deglobalizao.

    Dois pressupostos esto implcitos nesta formulao: 1) a globalizao conduzir homogeneizao das economias nacionais e convergncia para o modelo anglo-saxo demercado; 2) esse processo ocorre de forma impessoal, acima da capacidade de reao daspolticas decididas no mbito dos Estados Nacionais.

    Para no comprar material de "desmache" ideolgico, seria conveniente relembrar que oprocesso de globalizao, sobretudo em sua dimenso financeira - de longe a mais

    importante, foi o resultado das polticas que buscaram enfrentar a desarticulao do bem-sucedido do arranjo capitalista do ps-guerra.

    As decises polticas tomadas pelo governo americano, ante decomposio do sistema deBretton Woods, j no final dos anos 60, foram ampliando o espao supranacional decirculao do capital monetrio. A poltica americana de reafirmar a supremacia do dlaracabou estimulando a expanso dos mercados financeiros internacionais, primeiro por meiodo crdito bancrio - euromercados e "off-shores" - e mais recentemente por meio docrescimento da finana direta.

    Paradoxalmente, as tentativas de assegurar a centralidade do dlar nas transaesinternacionais ensejaram o surgimento de um instvel e problemtico sistema plurimonetriocom paridades cambiais flutuantes.

    Essas grandes transformaes nos mercados financeiros ocorridas nas ltimas duasdcadas esto submetendo, de fato, as polticas macroeconomicas nacionais tirania deexpectativas volveis. No foram poucos os ataques especulativos contra paridades cambiais,os episdios de deflao brusca de preos de ativos reais e financeiros, bem como assituaes de periclitao dos sistemas bancrios.

    At agora, essas situaes foram contornadas pela ao de ltima instncia de governos ebancos centrais da trade (Estados Unidos, Alemanha e Japo). Apesar disso, no raro, atmesmo pases sem tradio inflacionria foram submetidos a crises cambiais e financeiras,cuja sada exigiu sacrifcios em termos de bem-estar da populao e renncia de soberania naconduo de suas polticas econmicas.

    A insero dos pases nesse processo de globalizao, longe de ter sido homognea, foi, aocontrrio, hierarquizada e assimtrica. Os Estados Unidos, usufruindo de seu poder militar efinanceiro, pode se, dar ao luxo de impor a dominncia de sua moeda, ao mesmo tempo emque mantm um dficit elevado e persistente em conta corrente e uma posio devedoraexterna.

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    Japo e Alemanha so superavitrios e credores e, por isso, mais liberdade para praticarexpansiosmo fiscal e juros baixos, sem atrair a desconfiana dos especuladores. Alguns tigresasiticos, pelas mesmas razes, tambm dispem de certa margem de manobra parapromover polticas expansionistas.

    O que decisivo para a autonomia das polticas nacionais a forma e o grau dedependncia em relao aos mercados financeiros sujeitos instabilidade das expectativas.Pases com passado monetrio turbulento precisam pagar elevados prmios de risco pararefinanciar seus dficits em conta corrente. Isso representa um srio constrangimento ao raiode manobra da poltica monetria, alm de acuar a poltica fiscal pelo crescimento dosencargos financeiros nos oramentos pblicos.

    Alm disso, do ponto de vista comercial, a "insero internacional" dos pases correspondea padres muitos distintos. Enquanto uns so protagonistas ativos na expanso do comrciointernacional, mantendo taxas de crescimento de suas exportaes acima da mdia mundial,outros ajustam-se passivamente, perdendo participao nos mercados.

    Essa a lio que nos oferece a decantada globalizao: os pases que buscaram preservarum espao para as suas polticas macroeconmicas so capazes de sustentar taxas reais de

    juros baixas, administrar taxas de cmbio estimulantes e promover o avano industrial etecnolgico, garantindo, assim, o robustecimento de seus grupos nacionais privados.

    A dcada de 80 assistiu, em velocidade eletrnica, transformaes econmicas, ideolgicase estratgicas que redesenharam a distribuio internacional do trabalho e do poder, fizeramcom que a humanidade sonhasse, por um momento, com o fim das guerras, das ideologias,dos estados nacionais e da prpria histria. Vistas desde os anos 90, entretanto, essastransformaes e expectativas chocam-se com duas e paradoxais constataes discutidasneste artigo: primeiro, os grande vencedores polticos ideolgicos da Guerra Fria foramprincipais derrotados na corrida econmica da globalizao, ganha pelos pases quedesrespeitaram algumas recomendaes centrais da ideologia econmica vitoriosa, o Japoem particular; segundo, as transformaes econmicas iniciadas pelos pases anglo-saxesacabaram produzindo conseqncias que hoje esto repondo o Estado nacional numa posioextremamente difcil e decisiva: responder aos problemas sociais e econmicos que vmsendo gerados pela prpria globalizao.

    Novas Idias ou velhas utopias?

    O espao aberto pela fragilizao da utopia socialista, nos anos 80 deste final de sculo, foirapidamente ocupado pelas duas outras matrizes ideolgicas que ajudaram a verbalizar,organizar e legitimar os conflitos sociais e nacionais que, desde as revolues polticas eeconmicas do sculo XVIII e a Paz de Wesflia de 1648, marcaram a trilha dodesenvolvimento capitalista. Apesar de seu conflito radical, coincidem ambas, nestemomento, no questionamento legitimidade dos Estados nacionais e eficcia de suaspolticas pblicas frente s transformaes econmicas e polticas vividas pelo mundo nosltimos 10 anos.

    Assim, por um lado, o nacionalismo, extremamente belicoso mas defensivo, de basesobretudo tnica ou religiosa, tem sido a linguagem com que inmeras minorias e regies, em

    vrias latitudes do mundo e sem maiores pretenses econmicas, vm questionando "pordentro" a legitimidade poltica dos seus Estados. Sobretudo daqueles nascidos depois daPrimeira e da Segunda Guerras Mundiais (mais da metade dos cerca de 180 existentes hoje),por obra, no primeiro caso, da crena wilsoniana na autodeterminao nacional, e nosegundo, dos processos de descolonizao forados pelos movimentos de libertao ou pelapresso externa norte-americana. Para no falar, bvio, daqueles que ainda nem lograramconsolidar-se depois do estilhaamento recente da Unio Sovitica.

    Mas, neste final de milnio, tem sido o cosmopolitismo liberal, na forma de um projetopoltico "benevolente" porm expansivo e de um ultraliberalismo econmico, que vemerodindo "por fora", e de maneira mais inapelvel, as bases em que se sustentarammaterialmente a legitimidade e a eficcia dos Estados nacionais. Nesse papel, o velholiberalismo ressurgiu no final dos anos 70, com a vitria das foras polticas conservadorasnos pases anglo-saxes, como a linguagem que se imps primeiro a todos os pasescapitalistas e, com o fim dos regimes socialistas, acabou se transformando num projeto

    "global" dos pases industrializados do Ocidente para a reorganizao da economia mundial.Reorganizaco poltica de um mundo liderado militar e ideologicamente por um s pas, e de

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    reorganizao econmica de um capitalismo que alcanou em definitivo as dimenses de ummercado mundial.

    Desiluses e Contraprovas

    Desde 1992, entretanto, o compreensvel otimismo liberal que sucedeu 1989 vem sendoabalado por acontecimentos econmicos, polticos, culturais e militares que parecem estardesmentindo as previses mais otimistas a respeito de uma nova ordem mundial econmica epoltica. Da impotncia da "comunidade internacional" frente s guerras regionais e aodesrespeito aos direitos humanos at a impotncia da rodada Uruguai do Gatt; dodesmantelamento do sistema monetrio europeu s crises tico-polticas vividas pelospartidos que comandaram a vitria conservadora dos anos 80; do incontrolvel aumento dodesemprego estrutural, que j alcana a cifra de 35 milhes de desocupados nos pasesdesenvolvidos da OECD, ao fracasso da coordenao macroeconmica dos G3, G5 e G7; darpida desiluso com relao ,revoluo capitalista no Leste Europeu s reaes fascistasfrente s imigraes provocadas pelas vitrias ocidentais contra o Iraque e contra o mundosocialista etc., acumulam-se fatos e cifras que apontam numa direo oposta do fim daHistria, da universalizao da cultura e dos direitos humanos, do fim das ideologias, dopotencial de expanso ilimitada de uma economia desregulada e do desaparecimento dosEstados nacionais.

    O processo de globalizao passou a ser - nos ltimos anos - unia expresso corrente naliteratura e no noticirio cotidiano. Sua presena e sua influncia so suficientementemarcantes para que no possam deixar de ser consideradas. No entanto, a identificaoprecisa do fenmeno algo que continua a demandar esforo de conceituao. Como noexemplo das dificuldades relativas em identificar a floresta e cada uma das rvores que acompem, so muitos os textos que tratam do tema, mas ainda poucos os que tentamcaracterizar os elementos que constituem a globalizao.

    Essa caracterizao pode ser feita sob diversas ticas, uma vez que o Processo deglobalizao, por sua prpria natureza, afeta diversos aspectos das relaes sociais.

    Neste captulo, o tema abordado sob uma tica estritamente econmica. No existe aqui

    a pretenso de conceituar globalizao, se que isso factvel. O objetivo principal mostrarque - mesmo de um ponto de vista econmico - o termo globalizao compreende, de fato,uma variedade de fenmenos. Para alguns deles a vinculao imediata, enquanto, paraoutros, preciso especificar em um nvel mais elaborado as relaes de causalidade.

    O texto est dividido em sete sees que contemplam, inicialmente, a controvrsiaconceitual associada compreenso do processo de globalizao e alguns dos principaisantecedentes e peculiaridades desse processo. Nas sees seguintes, o captulo mostraIndicadores quantitativos que ilustram a existncia do processo de globalizao; discute asconseqncias para as novas formas de competio entre empresas e sistemas econmicosnacionais; mostram alguns paradoxos inerentes ao processo de globalizao; e discutealgumas implicaes para as polticas nacionais de economias em desenvolvimento.

    Controvrsia Conceitual

    A primeira dificuldade em lidar com a idia de globalizao a variedade de significadosque tm sido atribudos a um mesmo fenmeno. Essa variedade explicvel, em parte,porque este um processo cujo impacto se faz sentir em diversas reas.

    De uma perspectiva estritamente financeira, a um maior grau de globalizaocorrespondem, de forma simultnea: (a) um aumento do volume de recursos; (b) umaumento da velocidade de circulao dos recursos; (c) a interao dos efeitos de A e B sobreas diversas economias.

    A anlise das implicaes dessa integrao financeira em nvel internacional , contudo,

    controversa. Como lembram Devlin / French Davis / Griffith-jones (1995), a apreciaodesses movimentos permite uma interpretao positiva, se eles so movimento internacionalde capitais pelas regulamentaes nacionais. Entretanto, esses mesmos movimentos suscitam

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    temores de que essa mobilidade crescente possa alimentar movimentos especulativos emgrande escala, aumentando os riscos de diversos tipos para as diversas economias.

    De uma perspectiva comercial, o processo de globalizao se traduz em uma semelhanacrescente das estruturas de demanda, e na crescente homogeniedade da estrutura de oferta

    nos diversos pases. Isso possibilita a apropriao de ganhos de escala, a uniformizao detcnicas produtivas e administrativas e a reduo do ciclo do produto, ao mesmo tempo emque muda o eixo focal da competio - de concorrncia em termos de produtos paracompetio em tecnologia de processos (Svetlicic,1993). Como conseqncia, acompetitividade na fronteira tecnolgica passa implicar custos cada vez mais elevados emtermos tanto de pesquisa e desenvolvimento de produtos, quanto da necessidade demecanismos de consulta freqente aos clientes, para proviso de assistncia tcnica eadaptaes da linha de produo. A competio passa a ocorrer em escala mundial, com asempresas freqentemente reestruturando sua atividade em termos geogrficos, e sendobeneficiadas tanto pelas vantagens comparativas de cada pas como pelo prprio nvel decompetitividade de cada empresa (Nakano, 1994).

    Do ponto de vista do setor produtivo, observa-se uma convergncia das caractersticas doprocesso produtivo nas diversas economias (que se traduz na semelhana do tipo de tcnicasprodutivas, de estratgias administrativas, de mtodos de organizao do processo produtivo,etc.).

    Entretanto, no existe consenso quanto aos efeitos da globalizao sobre a estruturaprodutiva. Ao mesmo tempo em que se argumenta que ela pode estimular a consolidao deoligoplios em nvel mundial a evidncia disponvel questiona essa tendncia concentraopor empresa.

    Por exemplo, em OCDE (1992) e UNCTAD (1994), a globalizao definida a partir doprocesso produtividade. Uma frao crescente do valor produzido decorre de estruturas deoferta interligadas em nvel mundial, envolvendo um uso crescente de acordos cooperativosentre empresas, como um instrumento para facilitar a entrada em mercados especficos,ampliar o acesso a tecnologias, e compartilhar riscos e custos financeiros. Em tal contexto, asempresas transnacionais - ncleos dessas estruturas de oferta - so aquelas com melhorescondies para apropriar-se das vantagens dessas cadeias de valor adicionado.

    Como corolrio, o processo de globalizao envolveria algum tipo de convergncia, e nolimite haveria a predominncia de uma ou poucas empresas dominantes.

    A evidncia disponvel, entretanto, apesar de confirmar a existncia de uma crescenteinterao do processo produtivo de diversos pases, pe em dvida a existncia de umprocesso paralelo de concentrao de poder em algumas empresas individuais. Comoargumenta The Economist (1993), tal convergncia levaria a um nmero cada vez menor deempresas transnacionais; o que se observa, contudo, que no apenas o nmero dessasempresas aumentou nos ltimos vinte anos, como elas tendem a concentrar suas operaesem termos regionais, sendo relativamente reduzidos os exemplos realmente universais.

    De uma perspectiva institucional, a globalizao leva a semelhanas crescentes em termosda configurao dos diversos sistemas nacionais, e a uma convergncia dos requisitos de

    regulao em diversas reas, levando a maior homogeniedade entre pases. Ao mesmotempo, contudo, reduz-se a probabilidade de sobrevivncia de esquemas cooperativos entrepases (ao menos da forma como se observou no passado), as modalidades de relao jurdicaentre as empresas e os Estados nacionais tendem a ser cada vez mais uniformes,(Albavera,1994), e surge, no cenrio internacional, um conjunto de atores como grandecapacidade de influncia, em comparao com o poder das naes (Morss,1991).

    Por ltimo, no que se refere poltica econmica, a globalizao implica perda de diversosatributos de soberania econmica e poltica por parte de um nmero crescente de pases, aincludos tanto as economias em desenvolvimento, quanto os pases membros da OCDE.

    As magnitudes relativas envolvidas so de dimenses tais que, em diversos aspectos, osinstrumentos convencionais de poltica econmica tornam-se incuos. Haja vista, porexemplo, os efeitos do influxo de recursos externos sobre as polticas cambiais dos pases da

    Amrica Latina no perodo recente, Se os movimentos das paridades entre o dlar e outrasmoedas fortes.

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    Conhecimentos Gerais

    Por outro lado, como conseqncia mesmo da globalizao, a agenda de polticas nacionaispassa a ser sobre determinada por condicionantes externos. Assim, por exemplo, a polticasalarial tem menores graus de liberdade, porque os requisitos de competitividade externarequerem a preservao de um nvel mnimo da relao cmbio/salrios, a poltica fiscal

    condicionada pela necessidade de manuteno de certos estmulos produo de benscomercializveis, o tamanho do dficit fiscal possvel limitado pelo nvel das taxas de juros(uma vez que taxas acima de determinado patamar induzem movimentos desestabilizadoresde arbitragem de capitais prazo), entre outros aspectos.

    ORIGENS HISTRICAS

    Antecedentes e Peculiaridades

    Historicamente, o desenho das polticas econmica foi afetado de distintas maneiras, pelarelao entre as economias nacionais e o resto do mundo. Num primeiro momento, aintensificao desse vinculo a partir das facilidades de transporte (sobretudo desde o sculoXVI) envolveu uma srie de consideraes relativas ampliao do acesso ampliao doacesso a insumos mais baratos, mercados ampliados, e contato com novas tecnologias, entreoutros efeitos. a chamada internacionalizao das economias.

    Um conjunto complementar de novos aspectos com os quais a poltica econmica nacionalfoi levada a aprender a conviver surgiu com os processos de integrao regional, sobretudoda forma como os conhecemos a partir dos anos 60 deste sculo. Complementaridades naproduo, reduo dos graus de liberdade no desenho de polticas nacionais devido acompromissos comuns, entre outros elementos, passaram a constituir um novo desafio paraaquelas economias que buscaram na integrao um instrumento de reforo para suacompetitividade internacional. So os desafios de regionalizao.

    Uma das peculiaridades que distinguem o processo de globalizao de toda a experinciaanterior que, como conseqncia de sua forma e intensidade, seus efeitos so mais intensose se superpem aos anteriores, alm de que - a diferena, por exemplo, da regionalizao,em que aspectos polticos ou de outra ndole podem levar ao fracasso de um processo - porsua prpria natureza, sua tendncia de constante ampliao, afetando, embora de forma

    variada, a todos os pases.Esse um processo relativamente recente. Seus antecedentes esto associados reduodo dinamismo da economia norte-americana desde o final dos anos 60, em paralelo aodinamismo das exportaes asiticas, e reduo do ritmo de aumento da produtividade naseconomias norte-americanas e europia (Oman, 1993.

    Como sabido, isso motivou a ascenso ao poder - tanto nos Estados Unidos como emdiversos pases da Europa de equipes econmicas comprometidas com a desregularizao ereduo do grau de intervencionismo nos mercados. As medidas de poltica adotadas poressas economias para fazer face aos problemas de inflao crescente com queda do ritmo deatividade - elevao das taxas de juros, desregulamentao dos mercados financeiros, detransportes e de comunicaes - ocorreu em forma simultnea (e de fato estimulou) o avanotecnolgico em duas reas-chave para a globalizao: a de comunicaes e da informao(processanmento de dados).

    A percepo do fenmeno

    A base de partida para a globalizao tem sua origem nas condies favorveis aocrescimento do comrcio internacional que sucederam a Segunda Guerra Mundial. Pelaprimeira vez, surge a noo de uma economia mundial em sentido estrito, com a superaodas barreiras entre as reas sob influncia econmica ti;, libra esterlina, do franco, etc.(Griffin/Khan,l992). Alm disso, as diversas rodadas de negociaes multilaterais no mbitodo GATT resultaram na remoo de barreiras tarifrias e outras, o que possibilitou umaumento sem precedentes do volume de comrcio, em ritmo superior ao crescimento daproduo: nas trs dcadas entre 1950 e 1980, a taxa mdia de crescimento anual docomrcio mundial superou sistematicamente o ritmo de crescimento da produo por entre 2e 3 pontos de percentagem, elevando o grau de abertura da maior parte das economias(UNCTAD, 1994).

    A partir do final da dcada de 50, a maior parte das moedas europias tornou-seplenamente conversvel, o que levou internacionalizao dos mercados financeiros, um

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    Conhecimentos Gerais

    processo que se intensificou na dcada de 70. Os emprstimos bancrios, que representavammenos de 1% da produo em 1991, superando o valor do comrcio mundial e- talvez maisimportantes - passando a corresponder a um tero a mais que o valor total dos investimentosem capital fixo: a massa de recursos financeiros em disponibilidade passou a superar a

    capacidade de demanda por parte do setor produtivo real.A globalizao financeira transcende, contudo, a expanso do setor bancrio, e est

    intimamente associada desregulamentao dos mercados financeiros. Alguns indicadoresso suficientemente ilustrativos da intensidade do processo.

    Em 1950, os bancos e as seguradoras detinham trs quartas partes dos ativos financeirosnos EUA. Em 1993, essa participao havia cado para pouco mais de 40%, enquanto aparticipao dos fundos de penso, fundos mtuos e outros agentes no-bancrios subiu deaproximadamente 10% para mais de 50% no mesmo perodo (Zini, 1995). Outraconseqncia da desregulamentao foi o aumento dos recursos em circulao em terceirosmercados (sobretudo parasos fiscais), o que elevou a disponibilidade financeira em reas forado controle das autoridades monetrias e fiscais (Oman, 1993), fonte importante definanciamento para as fuses de empresas, to freqentes na dcada de 80. Estima-se quehoje o mercado de derivativos gire perto de US$ 15 trilhes ao ano. A isso devem seragregados os grandes investidores institucionais (fundos de penso e fundos mtuos) norte-americanos, com o disponibilidade de recursos hoje estimada em cerca de US$ 8 trilhes, asseguradoras e fundos de penso europeus, com ao menos outros US$ 6 trilhes, e outroscomponentes, como o mercado de cmbio, que movimenta aproximadamente US$ 1 trilhopor dia.

    importante ressaltar que esse processo no ocorre como contraparte de uma retrao dosinvestimentos. De fato, estima-se (UNCTAD, 1994; Agosin/Tussie, 1993) que a relao entreo estoque de investimento direto externo e a produo mundial teria dobrado, passando de4,4% em 1960, para 8,5%, trinta anos depois: o investimento externo tornou-se maisdinmico que a formao de capital nacional (como urna srie de implicaes paralelas, aserem discutidas mais adiante), ao mesmo tempo em que a movimentao financeirain