CONSCIÊNCIA E CONSCIÊNCIA DE SI. TENHO PERCEPÇÕES INCONSCIENTES E REALIZO AÇÕES INCONSCIENTES?...
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CONSCIÊNCIAE
CONSCIÊNCIA DE SI
TENHO PERCEPÇÕES INCONSCIENTES E REALIZO
AÇÕES INCONSCIENTES?
PERCEBO EVENTOS NO MUNDO SEM ESTAR
CONSCIENTE DE MINHAS PERCEPÇÕES?
PREMISSAS BÁSICAS DA FENOMENOLOGIA
Uma forma mínima de consciência do eu é uma característica constante da experiência consciente
Tal consciência do eu é considerada pré-reflexiva
Isto exclui a hipótese de um estado mental secundário que influencie a experiência
A consciência do eu deve ser entendida como uma característica implícita da experiência primária
HÜSSERL
A consciência do eu não ocorre de forma extraordinária; pelo contrário, é uma característica da dimensão experiencial
“To be a subject is to be in mode of being aware of oneself”
HEIDEGGER
O eu está presente sempre que se está consciente de algo
Toda experiência envolve componentes de self-acquaintance e self-familiarity
Toda consciência é também consciência de si
SARTRE
Toda experiência intencional é caracterizada pela consciência de si
A consciência de si pré-reflexiva é condição necessária para se estar consciente de algo
Uma experiência é sempre implicitamente self-given; isto não é apenas uma qualidade da experiência, mas sim, a própria maneira de ser da experiência
Uma análise ontológica da consciência demonstra que ela sempre envolve a consciência de si
OBJETIVOS DA FENOMENOLOGIA
Demonstrar a relação entre o fenômeno experiencial e a first-personal giveness
Enfatizar a perspectiva de primeira pessoa na análise dos fenômenos conscientes
Reforçar a anterioridade e a importância da corporeidade para o fenômeno experiencial, em relação à capacidade lingüística de considerá-lo próprio
DIFERENTES FORMAS DE COMPREENSÃO DA
CONSCIÊNCIA DO EU
Só se é self-conscious quando se é capaz de usar o pronome de primeira pessoa para se referir a si mesmo. A consciência do eu é adquirida ao longo do processo de desenvolvimento e aquisição da linguagem (Baker)
Para ser self-conscious é necessário reconhecer as experiências como sendo próprias (Cassam)
DIFERENTES FORMAS DE COMPREENSÃO DA CONSCIÊNCIA DE SI
A consciência de si é um fenômeno social, é uma forma de se constituir como objeto na relação com os outros. Não é algo próprio ou que seja adquirido individualmente (psicologia social)
A consciência de si só está presente quando a criança é capaz de se reconhecer no espelho (psicologia do desenvolvimento)
DIFERENTES FORMAS DE COMPREENSÃO DA CONSCIÊNCIA DE SI
A consciência de si exige a capacidade de be aware das experiências como experiências, o que pressupõe o conhecimento dos conceitos de experiência e de objeto (Teoria da mente)
A consciência de si é a capacidade de construir self-narratives (Teoria da narrativa)
CONSCIÊNCIA DE SI PARA A FENOMENOLOGIA
Não se reduz a observar a própria experiência
A consciência de si está presente sempre que se percebe conscientemente um objeto, pois significa conhecer a experiência do objeto
A consciência de si significa simplesmente a manifestação em primeira pessoa da vida experiencial
CARACTERÍSTICAS DA EXPERIÊNCIA PRÉ-REFLEXIVA Toda experiência é experienciada como algo para
alguém Toda experiência é caracterizada por uma
qualidade de pertencimento A experiência é desprovida de qualidades
essenciais; deve ser entendida como singular para aquele que experiencia
Essas propriedades da experiência fazem da consciência de si pré-reflexiva uma característica intrínseca à consciência fenomenal, e não algo distinto desta
CONSCIÊNCIA (INTRANSITIVA) NA
CONCEPÇÃO DAS HIGHER-ORDER THEORIES A distinção entre um estado mental consciente ou
não-consciente reside na presença ou não de um meta-estado mental
O que torna um estado mental consciente é o fato de ser tomado como objeto por um higher-order state (HOP ou HOT), o que representa uma forma de introspecção ou de reflexão (exemplo do blindsight)
A filosofia analítica e a ciência cognitiva são exemplos dessa forma de compreensão
CONSCIÊNCIA (INTRANSITIVA) PARA A
FENOMENOLOGIA Deve ser entendida como uma característica
intrínseca da experiência Não envolve a presença de um higher-order state Resumindo: em contraste com as higher-order
theories que alegam ser a consciência intransitiva uma propriedade extrínseca aos estados mentais que a possuem, a fenomenologia a considera uma característica constitutiva de tais estados mentais
BRENTANO X HÜSSERL
Para Brentano o ato de ouvir uma melodia e de estar aware de ouvi-la compreende um único estado mental; mas é o sujeito aware de dois objetos: a melodia e a experiência auditiva
Hüsserl concorda com a primeira afirmativa, mas não com a segunda. Para ele, a experiência é pré-reflexiva e, portanto, não pode ser tomada como um objeto.
CONSCIÊNCIA DE SIPRÉ-REFLEXIVA
Não é um tipo de percepção interna e nem uma forma de conhecimento conceitual
Não se confunde ou se resume ao conhecimento de primeira pessoa (Sartre: self-consciousness X self-knowledge)
Não é um estado mental adicional acrescido à experiência, é uma característica intrínseca da experiência
É uma característica permanente da consciência, não se referindo a uma atividade reflexiva que toma a própria consciência como objeto
Por negar a existência de um higher-order state, não leva à situação de regressão infinita e a existência de um meta-estado mental
CONSCIÊNCIA DE SI REFLEXIVA
É explícita, tornando um objeto a awareness da lower-order consciousness
Pode ser distinguindo a experiência reflectiva e a experiência refletida, havendo, portanto, uma operação dual que provoca uma cisão do eu
Só é possível a partir da existência anterior da consciência do eu pré-reflexiva
O fato da experiência ser primeiramente pré-reflexiva não elimina a possibilidade reflexiva, o que acaba por transformar a experiência. Este fato traz implicações ao método fenomenológico
QUESTÕES TRAZIDAS PELA REFLEXÃO
Como uma consciência de si cindida pela reflexão pode surgir de uma supostamente unificada consciência de si pré-reflexiva?
Sartre procura responder essa questão atribuindo à consciência do eu reflexiva e à pré-reflexiva características estruturais similares (não disse quais)
A razão para isso seria o fato da consciência de si pré-reflexiva ter uma articulação temporal e uma infra-estrutura diferenciada, o que acarretaria numa identidade do eu dinâmica e diferenciada temporalmente
A dimensão temporal conteria uma fratura interna que permitiria o retorno à experiências passadas, ao mesmo tempo preveniria que coincidíssemos totalmente com ourselves
A reflexão é uma interrupção do fluxo da atividade mental em andamento. Permite distanciamento e separação, e também observação e confrontação. Essa distância reflexiva é o que possibilita o questionamento de nossas atividades mentais