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ARTIGO PDE 2011 - CONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO: MOMENTO DEMOCRÁTICO DE REFLEXÃO E DISCUSSÃO DAS AÇÕES
PEDAGÓGICAS DE TODOS OS ENVOLVIDOS NO PROCESSO ESCOLAR.
Karla Fabricia Aparecida Soares1
Adrian Alvarez Estrada2
RESUMO
O presente artigo tem por objetivo relatar encaminhamentos referentes as práticas pedagógicas e os procedimentos metodológicos utilizados por todos os envolvidos no processo escolar, referentes ao Projeto de Intervenção sobre o Conselho de Classe Participativo como um órgão colegiado de gestão que favoreça mudanças de estratégias para atender os diferentes ritmos de aprendizagem e possibilite resultados mais concretos. Dentro da organização do trabalho pedagógica se configura um espaço que possibilita a análise do desempenho do aluno e da própria escola. Bem como destacar alguns pontos chaves estudados ao longo do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE/PR). Neste texto, permite pensar a forma que o Conselho de Classe vem sendo conduzido no âmbito da escola estudada, observando os critérios avaliativos propostos e a qualidade de todo o processo. Buscamos analisar a atual prática pedagógica posta no Conselho de Classe e pensar sobre à sua validade como efetivo instrumento de melhoria qualitativa do trabalho escolar, dentro da nossa realidade. Assim, apontamos o Conselho de Classe Participativo um espaço democrático, embora cada especialista tenha sua especificidade, não há uma limitação do trabalho, pois no coletivo, em função do objeto ensino-aprendizagem, deve existir colaboração e profissionalismo por parte de todos que interagem dentro e fora da escola. Em síntese buscamos, através dos estudos e reflexões propostos no Projeto de Implementação desenvolvido durante o ano de 2011, resgatar o papel do pedagogo na organização e mediação do trabalho pedagógico, sendo necessária a reflexão do professor, do gestor, do pedagogo e dos demais sujeitos envolvidos sobre o seu próprio trabalho. É essa nova atitude desses profissionais da educação que trará um novo significado às práticas do Conselho de Classe Participativo.
PALAVRAS-CHAVE: Conselho de Classe Participativo; Prática Pedagógica; Procedimentos Metodológicos.
1. INTRODUÇÃO
O Conselho de Classe é um órgão colegiado de gestão. Dentro da organização
1 Professora da Rede Estadual de Ensino lotada no Colégio Estadual do Campo Santos Dumont, Ensino Fundamental e Médio. Moreninha, Santa Helena – PR.
2 Orientador do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/PR/2012. Professor Coordenador do Colegiado de Pedagogia da UNIOESTE /Cascavel/PR.
do trabalho pedagógico se configura um espaço que possibilita a análise do desempenho
do aluno e da própria escola. Vasconcellos (1994, p. 72-3) afirma que os Conselhos de
Classe podem ser importantes estratégias na busca de alternativas para a superação dos
problemas pedagógicos, comunitários e administrativos da escola.
Os Conselhos são organizados através de reuniões durante o ano, divididos em
bimestres, totalizando em quatro Conselhos anuais, no caso do Colégio pesquisado. São
convidados a participar todos os professores, pedagogos, direção, alunos, agentes
educacionais e pais, a fim de ter uma visão conjunta e o seu enfoque principal deve ser o
processo educativo. Nesse momento, são apontadas as necessidades de mudanças em
todos os aspectos escolares, analisadas as estratégias de ações, registradas e avaliadas
no próximo Conselho de Classe.
O Conselho de Classe é a instância que permite acompanhamento dos alunos,
visando a um conhecimento mais minucioso da turma e de cada um e análise do
desempenho do professor com base nos resultados alcançados. Tem a responsabilidade
de formular propostas referentes à ação educativa, facilitar e ampliar as relações mútuas
entre os professores, pais e alunos, e incentivar projetos de investigação. (LIBÂNEO,
2004, P. 303)
Assim o eixo reflexivo do referido artigo é o Conselho de Classe Participativo
como um momento democrático de reflexão e discussão das ações pedagógicas de todos
os envolvidos no processo escolar. Enquanto órgão colegiado presente na organização
escolar, o Conselho de Classe tem função de buscar alternativas na superação dos
problemas de aprendizagem apresentados pelos alunos, porém não têm dado conta de
modificar, bimestre após bimestre, o resultado de fracasso, reprovação, evasão. Desta
forma, nos propomos a enfrentar o desafio de avaliarmos as estratégias de ações e
metodologias desenvolvida, através da observação sistemática do nosso trabalho no dia a
dia, do diálogo e da reflexão conjunta e constante, como uma das condições para a
melhoria na qualidade de ensino de nosso Colégio.
É preciso chegar até a sala de aula para obter conhecimentos mais preciso sobre
os processos de ensino e aprendizagem, as relações entre professores e alunos, a
qualidade cognitiva das aprendizagens, as práticas de avaliação. (LIBÂNEO, 2004, p.255)
Com base nesse neste pressuposto e após a realização da pesquisa bibliográfica,
propôs-se a implementação do Projeto “Conselho de Classe Participativo: momento
democrático de reflexão e discussão das ações pedagógicas de todos os envolvidos no
processo escolar”, onde se buscou uma reflexão e discussão coletiva sobre a prática
pedagógica e procedimentos metodológicos desenvolvidos por todos os envolvidos no
processo educacional que visa redimensionar as estratégias de ações com o objetivo de
superar as dificuldades apresentadas no Conselho de Classe. O trabalho de pesquisa
preocupou-se em repensar a prática desenvolvida no Conselho de Classe do Colégio
Estadual do Campo Santos Dumont, em Moreninha, distrito de Santa Helena, e
redimensionar então as ações pedagógicas para possibilitar resultados mais concretos e
de qualidade pré e pós Conselho de Classe.
O Projeto foi desenvolvido no Colégio Estadual do Campo Santos Dumont, Ensino
Fundamental e Médio no ano de 2011, juntamente com todos os sujeitos envolvidos que
atuam nele. Através da pesquisa realizada com a comunidade escolar obtivemos
informações reais sobre o Conselho de Classe que é o foco de nossa pesquisa.
Buscamos analisar e refletir uma instituição mais compatível com as características de
nossa época, de acordo com as exigências dos sistemas de ensino e da realidade
escolar, tendo em vista melhorar a qualidade da oferta de ensino para a nossa
comunidade. A metodologia adotada foi de natureza qualitativa onde foram aplicados
questionários junto aos docentes, discentes e famílias da comunidade escolar, perfazendo
um total de 30 alunos (Ensino Fundamental e Médio), 20 professores (ensino
Fundamental e Médio) e 30 famílias (Ensino Fundamental e Médio), no ano de 2011.
Foram dois momentos que buscamos levantar os dados junto aos sujeitos da comunidade
escolar, no primeiro momento foi feito a coleta de dados nº 1 – Docentes e Discentes e,
no segundo momento, a coleta de dados nº 2- Famílias. A análise dos dados e a
socialização das análises realizadas foram realizadas no grande grupo, composto por
professores, equipe pedagógica, direção e demais funcionários presentes na reunião
pedagógica.
Com base neste pressuposto e após a realização das coletas de dados, propôs-
se a implementação das fichas propostas no projeto “Conselho de Classe Participativo”,
onde se buscou refletir a práticas pedagógicas, visando à melhoria da qualidade de
ensino. Assim em três momentos diferentes, através das fichas elaboradas durante a
implementação do projeto (Ficha da Turma, Ficha do Professor e Ficha do Conselho de
Classe Participativo), buscamos propor ações concretas, estratégias e metodologias
diversificadas envolvendo todos os integrantes do processo pedagógico.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 CONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO COMO MOMENTO DEMOCRÁTICO: REFLEXÃO E DISCUSSÃO DAS AÇÕES
PEDAGÓGICAS DE TODOS OS ENVOLVIDOS NO PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM
Ninguém escapa da educação, seja esta em qualquer lugar, todos nós
envolvemos pedaços de vida com ela, seja para aprender, para ensinar, para aprender-e-
ensinar.
Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar em que ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a única prática, e o professor profissional não é seu único praticante. (Libâneo, 2002, p.26).
O poder pedagógico vem se acentuando através de vários agentes educativos
formais e não-formais, dentro e fora da escola, com uma ação pedagógica múltipla na
sociedade, organizadas em instituições educativas, nos ambientes socioculturais
(humano, social, ecológico, físico e cultural), intencionais ou não.
No ato educativo, é essencial ocorrer a mediação no desenvolvimento social e
cultural dos indivíduos no grupo que se relaciona. É uma atividade humana e uma prática
social.
Há sempre intervenção de outras pessoas voltada para fins desejáveis do
processo de formação, conforme opção de homem e sociedade desejada, interlaçadas
com as relações de uma sociedade, com interesses sociais, econômicos, políticos e
ideológicos de grupos e classes. Estes, estão por de trás das propostas educacionais,
dando rumo às práticas educativas.
É esse processo da atividade humana que os indivíduos vão criando, produzindo
e transformando objetos, instrumentos de trabalho, conhecimentos, modos de ação,
técnicas, linguagem, valores, sentimentos, etc, constituindo o mundo humano que vai se
incorporando, sucessivamente, em sua atividade, ou seja, o mundo da cultura (LIBÂNEO,
2002, P.141).
A finalidade da organização do Trabalho Pedagógico deve ser a produção de
conhecimento (não necessariamente original), por meio do trabalho com valor social; a
prática refletindo-se num circuito indissociável e interminável de aprimoramento
(FREITAS, 2003, p.100).
A fragmentação do conhecimento, a ausência do trabalho como princípio
educativo, uma gestão autoritária, a organização coletiva dos alunos em classes e a
participação do coletivo na escola, interferem na relação conteúdo/forma, refletindo
diretamente nos métodos utilizados no seu interior. Há uma “disputa” de poder de
gestão/participação, onde a relação professor/aluno e diretor/coletivo estão lado a lado de
outra, com poder de controlar a objetivação dos propósitos fixados (formal ou informal)
para a escola.
A organização atual da escola inibe a participação de alunos e professores no processo de gestão. Não se trata, obviamente, de obter o “consenso” dos alunos e professores ou sua “adesão”, como querem os proponentes de Qualidade Total, em torno do projeto existente. Trata-se da participação crítica na formulação do projeto político-pedagógico da escola e na sua gestão. Implica a valorização do coletivo de alunos e professores como instância decisória que se apropria da escola de forma crítica. Mas ainda, significa que tal apropriação se estende ao interior da ação pedagógica, rompendo as formas autoritárias de apropriação/objetivação do saber Freitas. (2003, p.111).
Quando se é permitido a auto-organização dos alunos na escola, eles vivenciam,
democraticamente, trabalhos que marcarão sua formação enquanto sujeitos cidadãos,
desde a condução da sala de aula, da escola e da sociedade em que vivem.
Assim, se faz necessário, no momento do Planejamento Educacional, ter um
ponto de partida o homem e a sociedade, como realidade primeira e fundamental,
caracterizada por toda uma problemática social.
Numa sociedade que permita recuperar a real dimensão dessa diferença não-
essencial, todos convertem-se em alunos com direito ao ensino com padrão de qualidade
unitário, apesar de diferentes graus de dificuldades de aprendizagem e aptidões. As
diferenças entre os alunos continuarão a existir. O nível de instrução obtido ao longo do
sistema educacional continuará a variar na dependência de suas capacidades, no
entanto, deixar-se-á de ocultar os interesses das classes capitalistas, no interior da
escola, pela existência destas. Dessa forma, a compreensão da questão da avaliação
passa pela sua inserção na totalidade concreta da sociedades capitalista e sua negação
(FREITAS, 2003, p.247).
É importante a interação estabelecida entre professor e aluno durante o ano
letivo. A avaliação torna-se o resultado dessa interação, baseado nos juízos que o
docente constrói de seu aluno no dia a dia. Não é aumentando o controle do processo
final de avaliação que o professor modificará o desempenho em sala e/ou conseguirá ter
a certeza de uma aprovação ou reprovação. Sendo que, os próprios instrumentos de
avaliação, não estão imunes aos modelos de pensamento. É necessário que saibam mais
sobre a elaboração de instrumentos mais diretos de aferição de qualidade da oferta dos
serviços de ensino junto com a qualidade do “aluno que se quer formar”.
Nesse sentido, a avaliação da escola precisa considerar os elementos
determinantes da qualidade da oferta de serviços de ensino e do sucesso escolar dos
alunos, tais como: características dos alunos, rendimento escolar por classe, composição
do corpo docente, condições de trabalho, motivação dos professores, recursos físicos,
materiais didáticos e informacionais. Tais dados já estão disponíveis na escola, é preciso
organizá-los e analisá-los como prática de avaliação diagnóstica. Mas isso não é
suficiente. É preciso chegar até a sala de aula, observar o processo ensino-
aprendizagem, o relacionamento entre professor e aluno, a qualidade cognitiva das
aprendizagens, as estratégias de avaliações (LIBÂNEO, 2004, p. 255).
Nos sistemas de ensino-aprendizagem, a mediação pedagógica é indispensável.
O professor é o mediador entre a informação a oferecer e a aprendizagem por parte dos
estudantes, sendo um facilitador de conteúdos e fonte de novas informações, a fim de
tornar possível o ato educativo dentro do horizonte de uma educação concebida como
participação, criatividade, expressividade e relacionalidade.
O aluno se relaciona com todo o processo, obtendo o retorno para suas questões
e preocupações, estabelecendo com o sistema uma relação participativa, criando
condições de melhor finalizar o processo ensino-aprendizagem.
Sendo assim, devemos repensar sobre o Conselho de Classe a fim de avaliarmos
o resultado do aluno de forma coletiva, onde devem participar professores, pedagogos,
direção, agentes educacionais, alunos e pais, com uma visão de conjunto e com enfoque
principal no processo educativo. Nesse espaço devem ser apontadas as necessidades de
mudanças em todos os aspectos da escola, devem ser tomadas providências, registradas
e avaliadas.
A reflexão de todos os sujeitos envolvidos nesse processo sobre o seu próprio
trabalho será o melhor instrumento de aprendizagem e é essa nova atitude que trará um
novo significado às práticas do Conselho de Classe Participativo.
2.2 O CONSELHO DE CLASSE NO COLÉGIO ESTADUAL DO CAMPO SANTOS DUMONT – ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
Tendo em vista que o conselho de classe é um dos mais importantes espaços da
discussão pedagógica, capaz de dinamizar o coletivo escolar pela via da gestão do
processo de ensino, foco central do processo de escolarização, que se tornou uma parte
integrante do processo de avaliação desenvolvido pela escola. É realizado o Conselho de
Classe, bimestralmente, com a participação dos alunos (líderes e vices), professores,
equipe pedagógica, direção, agentes educacionais e demais funcionários que atuam na
escola. A decisão da realização de um Conselho de Classe Participativo, aconteceu após
muitas reflexões e debates de todos os profissionais da educação que atuam na escola
com o objetivo de realizar enfrentamentos no sentido de superar a estrutura de conselho
de classe autoritária, burocrática e excludente, que serve mais para legitimar o fracasso
escolar do que para reorganizar o trabalho pedagógico e, mais especificamente, o
trabalho educativo didático que se concretiza na relação aluno-professor. Enfrentar estes
limites significa ir para além da concepção do conselho de classe como uma forma de
concessão de “chances” para os alunos ou de resolução de conflitos entre professor e
aluno. Ou seja, o coletivo docente não pode se reunir apenas para dividir os problemas e
para que obtenham a aprovação do grupo sobre um processo avaliativo que prioriza a
nota e não as reais possibilidades de evolução do aluno. Através das orientações da
SEED, o trabalho pedagógico era pensado a partir do princípio de uma gestão
democrática, onde o Conselho de Classe é o momento privilegiado para redefinir práticas
pedagógicas com o objetivo de superar a fragmentação do trabalho escolar e oportunizar
formas diferenciadas de ensino que realmente garantam a todos os alunos a
aprendizagem. Assim perguntamos aos alunos através de um questionário (Nº 1) objetivo,
onde era para assinalar apenas uma alternativa. Os alunos tiveram dificuldades em
responder as perguntas, desconhecem os termos utilizados e seus significados: “Você
conhece o trabalho pedagógico de sua escola?” “Você conhece o objetivo do Conselho de
Classe de sua escola?” “Como é a sua participação nesse processo?” “Você acha
importante haver um acompanhamento pedagógico antes e pós Conselho de Classe?” “O
que você acredita estar faltando no Conselho de Classe para auxiliar no trabalho
pedagógico?” “Quais os problemas que impede o ato de aprender e ensinar na escola?”
“Como você gostaria de colaborar para resolver esses problemas apresentados?”
Apareceram respostas a serem analisadas e reorganizadas: Desconheço o trabalho
pedagógico da escola, compreendo superficialmente o objetivo do Conselho de Classe,
pouca participação no processo. Acho importante haver um acompanhamento
pedagógico antes e pós Conselho, onde é necessário a participação de todos os
envolvidos no processo educativo. Está faltando maior compromisso e seriedade por
parte dos alunos, falta de acompanhamento familiar e interesse do professor em inovar as
aulas planejadas. Os alunos sentem necessidades de participar, ativamente, de todo o
processo pedagógico. Diante destes apontamentos nossas ações foi, primeiramente,
direcionada ao aluno, envolvendo-o em todo o processo, esclarecendo dúvidas e
aceitando sugestões para novas ações. Retomamos estratégias mais elaboradas para a
reflexão sobre o Conselho de Classe. Essas ações foram organizadas e direcionadas pela
equipe pedagógica com o apoio do PPP da escola, trabalhamos também com o
Regimento Interno e alguns textos recortados do dia a dia educação do que se refere ao
Conselho de Classe, a organização do Trabalho Pedagógico, a auto-organização escolar,
gestão escolar democrática e outras instâncias colegiadas. Envolvemos todos os alunos,
ensino fundamental e médio, onde após este trabalho de reflexão e análise, as turmas se
envolvem, com clareza, de todo o processo e definem seus representantes para o
Conselho de Classe Participativo.
O conselho de classe é um dos mais importantes espaços escolares, pois, tendo
em vista seus objetivos, segundo Dalben (2004), "é capaz de dinamizar o coletivo escolar
pela via da gestão do processo de ensino, foco central do processo de escolarização. É o
espaço prioritário da discussão pedagógica.”
As práticas educativas do Colégio Estadual do Campo Santos Dumont estão
baseadas na superação da fragmentação do trabalho escolar, oportunizando formas
diferenciadas de ensino que realmente garantam a todos os alunos a aprendizagem. É
mais do que uma reunião pedagógica; é parte integrante do processo de avaliação
desenvolvido pela escola.
Os mesmos questionamentos foram realizados com o corpo docente do colégio
sobre, através de um questionário (Nº 1) objetivo, onde era para assinalar apenas uma
alternativa, sobre o “Conselho de Classe Participativo”. As respostas foram mais otimistas:
Conheço o Trabalho Pedagógico da escola, conheço o objetivo do conselho de Classe de
minha escola, participo ativamente de todo o processo. Acho importante haver um
acompanhamento antes e pós Conselho de Classe.
Por outro lado também apareceram respostas a serem analisadas e refletidas:
Penso estar faltando maior participação de todos os envolvidos no processo educativo.
Os problemas que impede o ato de aprender e ensinar na escola está relacionado à falta
de compromisso e seriedade dos alunos, maior comprometimento familiar e aulas mais
diversificadas. A falta de assiduidade de alunos também impedem uma aprendizagem
com mais qualidade. Às vezes me anulo de fazer qualquer tipo de comentário, de dar
minha opinião, gostaria de participar mais ativamente de todo o processo. Diante essas
afirmativas foram retomadas, na primeira reunião pedagógica desse ano (ano de 2012),
algumas questões referentes ao Trabalho Pedagógico da escola, estratégias e
metodologias de ações dos professores e a participação no Conselho de Classe.
O Conselho de Classe é um colegiado, no qual diretor, coordenador e professores
se encontram para discutir o desempenho dos alunos, buscando um momento de
reflexão, quando se discute as dificuldades de ensino, de aprendizagem, adequação dos
conteúdos curriculares, metodologia empregada, competências e habilidades, enfim, da
própria proposta pedagógica da escola para se adequar às necessidades dos alunos.
É importante desenvolver a capacidade de saber pensar, de ser capaz de
enfrentar situações novas, de dominar problemas inesperados, de não temer o
desconhecimento. É cultivar o “aprender a aprender”, conjugando reciprocamente teoria e
prática, traduzindo o saber pensar em condições sempre renovadas de intervir. É saber
avaliar-se e avaliar a realidade, como forma de consciência crítica sempre alerta de
procedimento metodológico necessário para qualquer intervenção inovadora. É unir
qualidade formal e política, ou seja, procedimentos metodológicos com ética, saber e
transformar, inovar e participar. Correlacionando teoria e prática, é desenvolver a
capacidade de saber pensar, capacidade de enfrentar situações novas e saber enfrentar
problemas inesperados.
A escola constitui o lugar que define as mudanças, onde se desenvolvem padrões
de relação cultivam-se modos de ação e produzem-se uma cultura própria em função da
quais indivíduos definem o seu mundo, elaborem juízos e interpretem inovações. Assim, a
organização escolar tem um papel inicial na criação de um ambiente de mudança, na
resposta às propostas de inovação e na capacidade de auto-renovação. Isto sem contar
que novas práticas são inventadas, conquistadas, construídas coletivamente (Hutmacher,
1992), implicando a capacidade de reflexão sobre o seu próprio trabalho, o enfrentamento
dos problemas, a troca de experiências e cooperação dos profissionais em torno de um
trabalho coletivo, enfim, implicando um projeto de escola.
Logo, a escola assume o comando do processo, sem esperar que instâncias da
administração pública superior e intermediária tomem essa iniciativa, mas sim que
forneçam as condições necessárias para segui-lo adiante. Nesta perspectiva, a gestão
escolar assume um papel fundamental na articulação e liderança do projeto, de modo a
permitir a cada professor sentir-se engajado e identificado com o coletivo da escola no
alcance de metas comuns.
Outro questionário (Nº 2) objetivo foi aplicado às famílias: Família na Escola,
assuntos referentes ao Conselho de Classe, respondendo uma alternativa : “Você
conhece a proposta de trabalho da escola?”, “Existem problemas interferindo no dia a dia
escolar do aluno?”, “Como você pode colaborar, sendo responsável, com o processo
educacional?”, “Você é um sujeito participativo, que interage com a comunidade escolar?”,
“E o que você entende por Conselho de Classe?”. Aparecem respostas comprovando a
falta de compreensão do mesmo: Não conheço a proposta de trabalho da escola e não
entendo o objetivo do Conselho de Classe. Aparecem também outros pontos
preocupantes a serem repensados: Os maiores problemas da escola estão relacionados
à falta de disciplina, falta de compromisso, seriedade e assiduidade dos alunos, falta de
compromisso familiar, discriminação/preconceito, falta de compromisso e seriedade dos
professores e pouca utilização de tecnologia. Só colaboro com a escola quando sou
solicitado(a). Diante destes apontamentos realizamos a primeira reunião com a
comunidade escolar(ano de 2012), início do ano letivo, onde se fez o uso dos resultados
das pesquisas referentes ao Conselho de Classe. Destacamos que esta pesquisa é
importante para que tenhamos uma visão de maior amplitude sobre a relação existente
entre a escola e a comunidade. Elaboramos algumas palavras chaves para conduzir a
reunião com as famílias, destacamos pontos mais relevantes em relação ao Trabalho
Pedagógico e ao Conselho de Classe Participativo.
Quando as decisões são tomadas pelos principais interessados na qualidade da
escola, a chance de que deem certo é bem maior. Algumas características da gestão
escolar democrática são: o compartilhamento de decisões e informações, a preocupação
com a qualidade da educação e com a relação custo-benefício, a transparência e a
participação. Por fim, é importante saber que, numa gestão democrática, é preciso lidar
com conflitos e opiniões diferentes.
Com isso, de posse do conhecimento de todo o trabalho escolar, os diversos
profissionais e segmentos envolvidos cumprem seus papéis específicos, sem torná-los
fragmentados. Todos se tornam sujeitos integrantes da prática educativa e, portanto, de
alguma forma, educadores.
Fica evidente a necessidade de se aprofundar a compreensão relativa ao
Conselho de Classe Participativo, onde propomos estudos com todos os envolvidos nesse
processo educativo. Propomos realizar estudos a partir de teóricos que fundamentam
essa prática bem como leituras e reflexões do PPP e do Regimento Interno da escola,
principalmente no que se referem à função social da escola, a construção do
conhecimento, organização da ação pedagógica, gestão escolar democrática, instâncias
colegiadas, avaliação, recuperação de estudos e Conselho de Classe Participativo.
Sendo assim preocupou-se em entender o processo avaliativo pertinente nas
atuais discussões pedagógicas dos tempos atuais que nos mostra uma sociedade em
constante mutação, diversificada e globalizada.
A situação vivida hoje no sistema escolar em termos de avaliação é muito
problemática e tem profundas raízes. Este não é um problema de apenas uma disciplina,
curso, série, ano ou escola, mas sim, é problema de todo o sistema educacional inserido
em um sistema social que impõem certas práticas. A era em que vivemos exige uma
ressignificação das práticas educativas, voltando-se à formação e educação de novos
sujeitos.
Quando falamos em novos sujeitos, os queremos críticos, conscientes e
autônomos significando que devemos realizar a avaliação segundo uma proposta
emancipatória, que está voltada para o futuro que pretende transformar, a partir da crítica,
do autoconhecimento, da autonomia para tomar decisões conscientes, levando o
educando a descrever sua própria caminhada e a criar suas próprias alternativas de ação.
No Conselho de Classe procuramos superar esta visão de avaliação
classificatória, selecionadora, onde o professor, é um mero “ensinante”, onde se avalia
para verificar se o aluno memorizou os conteúdos que constavam na grade curricular e,
vistos como, incapacitados de aprender. A avaliação sempre foi uma atividade de controle,
que visava selecionar. Neste sentido o prazer de aprender desaparece, pois a
aprendizagem se resume em notas e provas. O processo, ou o ato de realizar uma
avaliação vai, além disto, estando inserido dentro de um ensino integral, onde o professor
acompanha o processo desenvolvido pelo educando, auxiliando-o em seu percurso
escolar, fundamentando-se no diálogo, reajustando continuamente o processo de ensino
de forma a que todos consigam alcançar com sucesso os objetivos definidos, revelando
suas potencialidades.
A avaliação que nosso Colégio procura realizar baseia-se em várias dimensões: a
avaliação que o professor faz dos alunos; a avaliação que o aluno faz de si mesmo como
indivíduo e como aquele que está aprendendo; a auto-avaliação que o professor faz do
seu trabalho, a partir do resultado dos objetivos que atinge; a avaliação externa, realizada
através de sistemas como o S. A. E. B. (Sistema de Avaliação do Ensino Básico),
observação do índice de reprovação nos anos anteriores, das disciplinas e das causas
que causaram a reprovação. Da mesma forma, procuramos avaliar como o Colégio
avaliou o aluno e o que fez no sentido de melhorar o seu desempenho durante o ano
letivo, de forma a prevenir as taxas de reprovação e melhorar a qualidade de ensino.
É importante haver um momento antes e pós Conselho de Classe para que
estratégias de ações sejam organizadas e efetuadas durante o trabalho pedagógico
realizado na escola. É no momento do Conselho de Classe que acontece uma reflexão e
discussão coletiva, sobre a prática pedagógica desenvolvida e os procedimentos
metodológicos utilizados pelos sujeitos envolvidos no processo ensino-
aprendizagem, redimensionando as ações pedagógicas para possibilitar resultados mais
concretos. Quando perguntamos: “O que você acredita estar faltando no Conselho de
Classe para auxiliar no trabalho pedagógico da escola?”, as principais respostas foram: A
falta de participação de todos os envolvidos no processo educativo; falta de ações mais
concretas; falta de objetivos e metodologias; falta de interesse. Diante desses
apontamentos fomos discutindo a importância do professor, do pedagogo, do gestor e dos
demais sujeitos se juntar aos demais profissionais da educação, e, dentro de cada
especificidade, favorecer as relações entre o desenvolvimento e o aprendizado, entre o
desenvolvimento e seu ambiente sociocultural. Afinal é através dessa reflexão de todos os
sujeitos envolvidos sobre o seu próprio trabalho que será o melhor instrumento de
aprendizagem e é essa nova atitude desses profissionais da educação que trará um novo
significado às práticas do Conselho de Classe.
2.3 CONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO E AS POSSIBILIDADES DE RESULTADOS MAIS CONCRETOS
A escola é o espaço social rico em possibilidades de trabalho cooperativo,
intelectual e criatividade onde o aluno, visto como cidadão constrói seu conhecimento.
Espaço este utilizado para desenvolver o conhecimento partindo das noções locais para
completar o global. O professor não deve preocupar-se somente com o conhecimento
através da absorção de informações, mas também pelo processo de construção da
cidadania do aluno. Apesar de tal, para que isto ocorra, é necessária a conscientização do
professor de que seu papel é de facilitador de aprendizagem, aberto às novas
experiências, procurando compreender, numa relação empática, também os sentimentos
e os problemas de seus alunos e tentar levá-los à auto-realização.
O conselho de classe é um órgão colegiado de gestão. Dentro da organização do
trabalho pedagógico se configura um espaço que possibilita a análise do desempenho do
aluno e da própria escola. Entretanto, percebe-se que os envolvidos nesse processo
fazem do Conselho de Classe, um momento apenas de aprovação e reprovação,
dificultando um trabalho de qualidade com foco na aprendizagem dos alunos. De modo
geral, a forma que o conselho de classe vem sendo conduzido, faz com que o aluno com
dificuldade de aprendizagem, se torne vulnerável às decisões dos professores,
favorecendo seu fracasso escolar e sua exclusão do sistema educacional.
O Conselho de Classe é um órgão colegiado composto pelos professores da classe, por representantes dos alunos e em alguns casos, dos pais. É a instância que permite acompanhamento dos alunos, visando a um conhecimento mais minucioso da turma e de cada um e análise do desempenho do professor com base nos resultados alcançados. Tem a responsabilidade de formular propostas referentes à ação educativa, facilitar e ampliar as relações mútuas entre os professores, pais e alunos, e incentivar projetos de investigação. (LIBÂNEO, 2004. p. 303).
Retomando-se ao eixo, através do Conselho de Classe o aluno se relaciona com
todo o processo, obtendo um retorno para suas questões e preocupações, estabelecendo
com o sistema uma relação participativa. O processo gera interações com flexibilidade e
participação, criando condições de melhor finalizar o processo ensino-aprendizagem.
Pensando no Conselho de Classe do Colégio Estadual do Campo Santos Dumont
os professores e demais funcionários destacam que: o Conselho de Classe tem função
de buscar alternativas na superação dos problemas de aprendizagem apresentados pelos
alunos; o Apoio Pedagógico pode favorecer a intercomunicação entre o professor, o aluno
e demais funcionários que intervêm no sistema como um todo; através do Trabalho
Pedagógico, é possível acompanhar o cotidiano escolar do aluno e o trabalho do
professor em sala de aula, garantindo sua formação para a transformação das práticas
pedagógicas; já avançamos para um Conselho de Classe mais participativo, com
propostas de ações pedagógicas mais direcionadas e metodologias novas.
Por outro lado, alguns desafios são relatados pelos entrevistados: O Conselho de
Classe não têm dado conta de modificar, bimestre após bimestre, o resultado de
fracasso; têm-se constituído em espaço legitimador da exclusão dos alunos das classes
populares da escola; quando se analisa o resultado final e observa-se o grande número
de alunos de uma mesma série que foram retidos e se não foram, garantiram a
aprovação por este mesmo Conselho; não há participação de todos os professores e
funcionários da escola; não há um direcionamento nas ações propostas no Conselho de
Classe; falta estratégias e ações mais concretas; falta de interesse em inovar,
transformar; comodismo.
Após as análises e reflexões realizados no coletivo, propomos um
comprometimento e estudo à todos os envolvidos no Conselho de Classe, com o objetivo
de se alcançar resultados mais concretos nesse processo. Apontamentos foram surgindo:
organização do trabalho pedagógico que possibilite a análise do desempenho e do
próprio aluno; quando pensar no aluno, favorecer mudanças para estabelecer estratégias
adequadas em atender diferentes ritmos de aprendizagem e aptidões; aquele que
oportuniza um momento democrático de análise sobre a prática pedagógica desenvolvida
por todos no processo escolar; propiciar uma análise sobre os procedimentos
metodológicos utilizados pelos professores; redimensionar as ações pedagógicas para
possibilitar resultados mais concretos; quando acontecer o Conselho de Classe,
oportunizar à todos, professores, equipe pedagógica, direção, alunos, funcionários, pais,
instâncias colegiadas, acesso de forma participativa e responsável; reavaliar o processo
de avaliação global da escola; processo importante no ensino onde fossem estabelecidos
critérios avaliativos dos envolvidos nesse processo.
Aparecem como propostas então propiciar ações mais objetivas por parte dos
educadores que favoreçam mudanças de estratégias para atender os diferentes ritmos de
aprendizagem, discutindo somente o que é relevante para auxiliar e melhorar a qualidade
de aprendizagem dos alunos; que as práticas pedagógicas e os procedimentos
metodológicos discutidos permita uma auto-organização dos alunos e dos professores
nos trabalhos além das paredes da escola, é a interação entre sala de aula, escola e
sociedade; embora cada especialista tenha sua especificidade, não há uma limitação do
trabalho, pois no coletivo, em função do objeto ensino-aprendizagem, deve existir
colaboração e profissionalismo por parte de todos que interagem dentro e fora da escola.
O Conselho de Classe Participativo é um órgão colegiado de gestão democrática, dentro
da organização do trabalho pedagógico, se configura um espaço que possibilita a análise
do desempenho do aluno e da própria escola.
A organização e finalidade do Conselho de Classe vem sendo discutido pelos
educadores, de modo geral, a forma como ele vem sendo conduzido, faz com que o aluno
se torne vulnerável às decisões dos seus professores, favorecendo o fracasso escolar e
sua exclusão do sistema educacional. A nosso ver precisa-se incentivar novas práticas
pedagógicas e procedimentos metodológicos mais organizados por todos os sujeitos
responsáveis pelo processo educativo, propiciando resultados mais concretos, superando
a ideia de fazer desse momento apenas de aprovação e reprovação, induzindo em
analisar notas, dificultando um trabalho de qualidade com foco na aprendizagem dos
alunos.
Para se obter uma melhor organização no trabalho educativo, os professores
participam coletivamente, no início do ano letivo, da elaboração do Plano de Trabalho
Docente e ao final de cada bimestre, faz um diagnóstico das dificuldades apresentadas no
decorrer das aulas, o que foi possível desenvolver e o que não deu conta. O professor é o
mediador do conhecimento e não somente um mero repassador de ideias a quem cabe o
papel de organizador da ação pedagógica que visa à produção do conhecimento,
entendida com o estabelecimento da relação entre o sujeito que conhece e o objeto a ser
conhecido. Perguntamos aos professores: A situação vivida hoje no sistema escolar em
termos de avaliação é muito problemática e tem profundas raízes. Este não é um
problema de apenas uma disciplina, curso, série, ano ou escola, mas sim, é problema de
todo o sistema educacional inserido em um sistema social que impõem certas práticas.
Como você analisa esse “problema”?: a era em que vivemos exige uma ressignificação
das práticas educativas, voltando-se à formação e educação de novos sujeitos; queremos
sujeitos críticos, conscientes e autônomos significando que devemos realizar a avaliação
segundo uma proposta emancipatória, que está voltada para o futuro que pretende
transformar, a partir da crítica, do autoconhecimento, da autonomia para tomar decisões
conscientes, levando o educando a descrever sua própria caminhada e a criar suas
próprias alternativas de ação; ao se tratar da aprendizagem na escola, verifica-se que,
numa concepção de educação em que a transmissão de conhecimentos é o único
objetivo e a manutenção da realidade é a finalidade, desta forma, o professor detém o
conhecimento simplesmente e o transmite para os estudantes; procuramos superar esta
visão de avaliação classificatória, selecionadora, onde o professor, é um mero
“ensinante”, onde se avalia para verificar se o aluno memorizou os conteúdos que
constavam na grade curricular e, vistos como, incapacitados de aprender; procuramos
avaliar como o Colégio avaliou o aluno e o que fez no sentido de melhorar o seu
desempenho durante o ano letivo, de forma a prevenir as taxas de reprovação; a
avaliação que nosso Colégio procura realizar baseia-se em várias dimensões: a avaliação
que o professor faz dos alunos; a avaliação que o aluno faz de si mesmo como indivíduo
e como aquele que está aprendendo; a auto-avaliação que o professor faz do seu
trabalho, a partir do resultado dos objetivos que atinge; a avaliação externa, realizada
através de sistemas como o S. A. E. B. (Sistema de Avaliação do Ensino Básico),
observação do índice de reprovação nos anos anteriores, das disciplinas e das causas
que causaram a reprovação.
Observamos que os professores do Colégio Estadual do Campo Santos Dumont
tem clareza que o Conselho de Classe não é um processo que se constrói
individualmente, ou que o coletivo docente se reuni apenas para dividir os problemas e
para obter a aprovação ou reprovação do aluno como se fosse um processo avaliativo
que prioriza a nota e não as reais possibilidades de evolução do aluno. É mais do que
uma reunião pedagógica; é parte integrante do processo de avaliação desenvolvido pela
escola. É o momento privilegiado para redefinir práticas pedagógicas com o objetivo de
superar a fragmentação do trabalho escolar e oportunizar formas diferenciadas de ensino
que realmente garantam a todos os alunos a aprendizagem.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após as leituras e reflexões, através dos estudos, a equipe de educadores,
professores, equipe pedagógica, direção, funcionários, perceberam com maior clareza
que o Conselho de Classe é um espaço que possibilita a análise do aluno e da própria
escola, favorecendo mudanças para estabelecer estratégias adequadas em atender os
diferentes ritmos de aprendizagem. Entretanto, compreenderam que os envolvidos nesse
processo não pode fazer dele um momento de apenas aprovação e reprovação dos
alunos, pois dificulta um trabalho de qualidade com foco na aprendizagem dos
educandos.
O estudo realizado através da pesquisa demostrou que os objetivos propostos no
projeto foram efetivados através das reuniões pedagógicas e nos encontros em
Conselhos de Classes, trazendo um novo significado às suas práticas. Em relação a
prática pedagógica desenvolvida, houve uma análise dos professores que passaram a
refletir seus procedimentos metodológicos, suas ações e a intencionalidade de todo o
encaminhamento, antes e pós Conselho de Classe, buscando alternativas e propondo
sugestões para redimensionar novas práticas educativas que possibilitem resultados mais
concretos. Há um compromisso por parte de todos os sujeitos envolvidos no processo
ensino-aprendizagem de aprofundar seus conhecimentos sobre as temáticas educativas,
essa busca do saber está vinculada com a necessidade de participar , estudar, discutir,
para melhorar a sua própria postura de educador na escola e melhorar a qualidade de
aprendizagem dos alunos.
A avaliação não é apenas um ato pedagógico destinado a diagnosticar o
desempenho do aluno e corrigir os rumos da aprendizagem em direção aos objetivos
instrucionais propostos pelas disciplinas escolares. A avaliação da escola precisa
considerar os elementos determinantes da qualidade da oferta de serviços de ensino e
do sucesso escolar dos alunos. Tais dados já estão disponíveis na escola, é preciso
organizá-los e analisá-los como prática de avaliação diagnóstica. Mas isso não é
suficiente. É preciso chegar até a sala de aula para obter conhecimentos mais precisos
sobre os processos de ensino e aprendizagem, as relações entre professores e alunos, a
qualidade cognitiva das aprendizagens, as práticas de avaliação. (LIBÂNEO, 2004, p.257)
Nos sistemas de ensino-aprendizagem, a mediação pedagógica é indispensável.
O professor é o mediador entre a informação a oferecer e a aprendizagem por parte dos
estudantes, sendo um facilitador de conteúdos e fonte de novas informações. O estímulo
para novas descobertas promove a construção e reconstrução do conhecimento, a fim de
tornar possível o ato educativo dentro do horizonte de uma educação concebida como
participação, criatividade, expressividade e relacionalidade.
O aluno se relaciona com todo o processo, obtendo um retorno para suas
questões e preocupações, estabelecendo com o sistema uma relação participativa. O
processo gera interações com flexibilidade e participação, criando condições de melhor
finalizar o processo ensino-aprendizagem. O apoio pedagógico pode favorecer a
intercomunicação entre os elementos que intervêm no sistema, reunindo-os em uma
função tríplice: Orientação – Docência – Avaliação. Através do trabalho pedagógico é
possível acompanhar o cotidiano escolar do aluno e o trabalho do professor em sala de
aula, garantindo sua formação para a transformação das práticas pedagógicas.
A prática não vem desvinculada de uma teoria. Na concepção contextualizada
precisamos dos fundamentos teóricos que alicerçam esta construção do conhecimento,
do pensamento e da linguagem do nosso aluno. Precisamos nos juntar aos demais
profissionais da educação, e, dentro das nossas especificidades, favorecer as relações
entre o desenvolvimento e o aprendizado, entre o desenvolvimento e seu ambiente
sociocultural. (GRINSPUN, 1998, p.29)
Com o objetivo de se propiciar um momento de reflexão coletiva, sobre a prática
pedagógica desenvolvida e os procedimentos metodológicos utilizados pelos professores
e equipe pedagógica, constatou-se que é necessário existir profissionalismo e
comprometimento por parte do coletivo para que haja interação de todo o processo
dentro e fora da sala de aula, visando a superação das dificuldades encontradas. Dessa
forma, analisar o Conselho de Classe como um espaço onde todos tem o direito e dever
de participar, como um momento de reflexão e discussão sobre as práticas pedagógicas e
sobre os procedimentos metodológicos, constitui fator importante para redimensionar as
ações pedagógicas para possibilitar resultados mais concretos. Dessa forma se supera a
inexistência de espaços coletivos para reflexão e troca de experiências dando conta da
concepção de educação, de homem, de mundo presente no Projeto Político Pedagógico.
Em educação, é pela realização de um bom processo que se podem aumentar as
probabilidades de realização de um bom produto; daí a importância da constante e
adequada avaliação desse processo. (PARO, 2001, p.39)
O Conselho de Classe é um órgão colegiado composto pelos professores,
representantes dos alunos, equipe pedagógica, direção e funcionários e em alguns casos,
dos pais. Como assegura Libâneo (2004, p.303), é a instância que permite
acompanhamento dos alunos, visando a um conhecimento mais minucioso da turma e de
cada um e análise do desempenho do professor com base nos resultados alcançados.
Tem a responsabilidade de formular propostas referentes à ação educativa, facilitar e
ampliar as relações mútuas entre os professores, pais e alunos, e incentivar projetos de
investigação.
É importante a interação estabelecida entre professor e aluno durante o ano
letivo. A avaliação torna-se o resultado dessa interação, baseado nos juízos que o
docente constrói de seu aluno no dia a dia (ancorada nas desigualdades sociais). Não é
aumentando o controle do processo final da avaliação que o professor modificará o
desempenho em sala e/ou conseguirá ter a certeza de uma aprovação ou reprovação.
Sendo que, os próprios instrumentos de avaliação, não estão imunes aos modelos de
pensamento. É necessário que saibam mais sobre a elaboração de instrumentos mais
diretos de aferição de qualidade da oferta dos serviços de ensino junto com a qualidade
do “aluno que se quer formar”.
A avaliação, do ponto de vista crítico, não pode ser instrumento de exclusão dos
alunos provenientes das classes trabalhadoras. Portanto, deve ser democrática, deve
favorecer o desenvolvimento da capacidade do aluno de apropriar-se de conhecimentos
científicos, sociais e tecnológicos produzidos historicamente e deve ser resultante de um
processo coletivo de avaliação diagnóstica. (VEIGA, 2004, p.32)
Ao finalizar este estudo fazemos um alerta de que mesmo determinada por
portarias e deliberações a fim de avaliar o resultado do aluno de forma coletiva, ainda hoje
esse Conselho, embora teoricamente deva servir a este propósito, o que se observa é
outra expectativa. Os Conselhos de Classes têm-se constituído em espaço legitimador da
exclusão dos alunos. Isso pode ser observado quando se analisa o resultado final e
observa-se o grande número de alunos de uma mesma série que foram retidos e se não
foram, garantiram a aprovação por este mesmo Conselho.
Essa realidade será tratada a partir dos valores que a envolve, da ética que a
constitui, do significado histórico que a determina. Essa realidade – não é a do aluno, mas
a do próprio contexto histórico – precisa ser compreendida em uma visão maior, com
todos os componentes do tecido social. Precisamos lembrar que estamos formando aluno
para um novo tempo, onde a ciência e a tecnologia, apesar dos avanços, trazem para
este aluno, para o homem, as novas necessidades, os novos “desconfortos” do
progresso. As novas conquistas trazem novos valores, novas leituras daquela realidade.
(GRINSPUN, 1998, p.29)
Através da participação de todos, que é possível estabelecer uma gestão
democrática a qual permita a formação de sujeitos críticos, participativos, criativos e
reflexivos, com autonomia no pensar e agir coletivamente. Assim, se faz necessário a
busca constante de um Conselho de Classe com uma maior amplitude e intencionalidade,
tendo em vista um Projeto Político Pedagógico que considere a escola como um espaço
de formação de cidadãos conscientes, responsáveis e críticos, que atuarão individual e
coletivamente na sociedade, modificando os rumos que ela vai seguir. É necessário definir
e organizar as atividades e os projetos educativos necessários ao processo de ensino e
aprendizagem.
Este é um processo fundamental para o êxito da escola: a cultura do diagnóstico
e da avaliação (como tomada de decisão) em movimentos de ação, reflexão sobre a
ação, e ressignificação de ação. Isto somente é possível se instituída a prática do registro
e da reflexão sobre ele.
Concluímos este estudo destacando a sua contribuição no momento de pensar
num Conselho de Classe como uma nova perspectiva de Planejamento Participativo,
possibilitando a autonomia da escola em definir as suas regras democráticas bem como a
participação da Comunidade Escolar. O Conselho de Classe torna-se um espaço de
reflexão pedagógica em que todos os envolvidos nesse processo, situam-se
conscientemente nesse espaço, servindo para reorientar a ação pedagógica, a partir de
fatos apresentados e metas traçadas no Projeto Político Pedagógico (caráter da
legitimidade e da coletividade). Todos devem estar comprometidos com a qualidade
educacional, como responsáveis por resultados, fracassos e recursos de aprendizagem.
Procuramos construir uma nova dinâmica para o Conselho de Classe, partindo das
necessidades reais estabelecidas pela comunidade escolar, possibilitando uma reflexão
avaliativa dos conteúdos aplicados, a qualidade do trabalho desenvolvido,o
aproveitamento dos alunos, o desempenho e a metodologia utilizada pelos professores
bem como a estrutura física e a administração geral da escola na melhoria do ensino
como um todo. Para atender à função social da escola, cabe desenvolver um processo de
inovação, onde acompanhemos essa modificação atual através de uma educação
reflexiva e participativa, transformando através da observação, reflexão e ação, a
estruturação do Conselho de Classe. Através do diálogo, os sujeitos interagem,
coletivamente, para agir de forma coerente e inovadora, encontrando soluções para
alcançar os objetivos planejados, provocando mudanças na postura dos envolvidos no
processo educacional. Essa conscientização histórica, permite com que sejamos agentes
de nossa própria história, acreditando numa educação transformadora e comprometida no
ato de ensinar e aprender, modificando as estruturas escolares, do qual o Conselho de
Classe faz parte. Finalizamos este trabalho destacando que esta investigação é motivada
por um desejo de mudanças, acreditando ser possível a construção de uma gestão
democrática, valorizando a diversidade cultural, a inclusão, o diálogo, os saberes. Assim,
desmistificamos o Conselho de Classe como “sentença final”, fazendo desse momento
uma ação pedagógica desenvolvida coletivamente, possibilitando discutir o processo
educativo através de um trabalho colaborativo entre os sujeitos que compõem a
comunidade escolar, transformando num espaço que abranja todos os segmentos da
organização escolar.
4. REFERÊNCIAS
CRUZ, Carlos H. C. Conselho de Classe e participação. Revista de Educação AEC.
Brasília, DF: AEC do Brasil, nº 94, jan./mar 1995, p. 11 – 136.
DALBEN, Ângela Imaculada Loureiro de Freitas. Trabalho escolar e conselho de classe. 4º ed. Campinas, SP: Papirus, 1996. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho
Pedagógico).
FREITAS, Luiz Carlos. Crítica da organização do trabalho pedagógico e da didática. 6º ed. Campinas, SP: Papirus, 2003. (Coleção Magistério: Formação e Trabalho
Pedagógico).
GRINSPUN, Mírian P. S. Zippin. A prática dos orientadores educacionais. 3º ed. São
Paulo, SP: Cortez, 1998.
KUENZER, Acácia. CALAZANS, M. Julieta. GARCIA, Walter. Planejamento e educação no Brasil. 3º ed. São Paulo, SP: Cortez, 1993.
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? 5º ed. São Paulo, SP:
Cortez, 2002.
MORAN, José Manuel. Novas tecnologias e mediação pedagógica, 1º ed. Campinas,
SP: Papirus, 2000.
SAVIANI, Dermevel. Sentido da pedagogia e papel do pedagogo. In: Revista da ANDE,
São Paulo, nº 9, p. 27 – 28, 1985.
VEIGA, Ilma Passos Alencastro. Repensando a didática. 21º ed. Campinas, SP, Papirus,
2004.