Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em … ISSN 2179-5568 – Revista...
Transcript of Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em … ISSN 2179-5568 – Revista...
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 1
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em
Abóbodas e Cúpula - Iluminação e Conforto
Maria Amália S.S. Camargo – [email protected]
Iluminação e Design de Interior
IPOG (Instituto de Pós Graduação)
Ribeirão Preto, SP, 19/01/2015
Resumo
Este ensaio está inserido dentro da Arquitetura Artesanal, sendo um estudo de caso de
construção residencial, localizada na cidade de Franca, São Paulo, do qual sou autora e
proprietária. Tem como foco principal a utilização de tijolos de barro comuns em suas
paredes, como fechamento e elemento estrutural, e também nas coberturas. Quais os desafios
e vantagens que um método como este pode oferecer ao profissional e ao proprietário da
obra? O objetivo é apresentar uma alternativa de construção artesanal com coberturas em
abóbodas e cúpulas e constatar a necessidade da utilização de iluminação natural para criar
ambientes confortáveis e aconchegantes. A metodologia adotada utiliza desenhos técnicos de
projetos e documentação visual (fotos e imagens), para caracterizar o formato arquitetônico
dos ambientes, sua volumetria e aspecto exterior, bem como seu conforto ambiental e sua
iluminação. Parte dos dados foi retirada de exemplos fornecidos pela literatura; outra parte
vem de relatos da experiência na prática da construção da própria residência. Os resultados
encontrados indicam tratar-se de um processo extenso e exaustivo de experimentos, tanto
para o entendimento da técnica e sua aplicação, como para a boa integração entre os
ambientes internos e externos da construção. Conclui-se que o método construtivo artesanal
apresentado traz ao profissional arquiteto muitas possibilidades criativas e inovadoras,
garantindo boas soluções de conforto e de aproveitamento da luz natural. Ao mesmo tempo,
traz ao proprietário uma ótima relação de custo-benefício na construção do projeto, além de
um baixo custo de manutenção.
Palavras-chave: Tijolo.Abóbodas e cúpula.Conforto.Luz Natural.
1. Introdução Este ensaio está inserido dentro da Arquitetura Artesanal, mais especificamente num estudo
de caso de construção residencial, do qual sou autora, arquiteta e proprietária. Tem como
foco principal a utilização de tijolos comuns de barro cozido em suas paredes e coberturas,
sendo estas em formato de Abóbodas e Cúpula. O interesse por esse tipo de Arquitetura
surgiu no ano de 1983, quando cursava o terceiro ano de Faculdade (em Franca, SP), mais
exatamente ao ter contato com a obra do Arquiteto egípcio Hassan Fathy “Construindo com o
povo-Arquitetura para os pobres”. Como um amor a primeira vista, me encantei com o
método construtivo apresentado e neste mesmo ano, tive a oportunidade de visitar a
Residência dos Padres Claretianos, em Batatais, interior de SP. Toda a obra construída em
tijolos comuns, inclusive com coberturas elaboradas em formato de abóbodas e cúpulas, tudo
se parecia exatamente como havia descrito em seu livro o arquiteto Fathy.
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 2
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Ao percorrer os espaços construídos naquele local, me encantei com a luz que vinha do alto e
banhava todo o seu interior. Uma obra que trazia harmonia, proporção, dignidade e paz.
Diante de tudo que pude presenciar naquele dia, surgiu a seguinte indagação:
Quais seriam os desafios e as vantagens que um método construtivo como este poderia
oferecer ao profissional e ao futuro proprietário da obra?
O profissional arquiteto provavelmente teria muitas possibilidades criativas e inovadoras ,
garantindo boas soluções de conforto e de aproveitamento da luz natural nos ambientes
internos e externos da obra.
Além disso, se o método estudado apresentasse uma boa viabilidade econômica , se tornaria
uma ótima opção construtiva para seu proprietário.
Apresentar uma alternativa de construção artesanal utilizando tijolos comuns de barro cozido,
como elemento estrutural e também como fechamento, com coberturas em abóbodas e
cúpulas, e constatar a necessidade da utilização de iluminação natural para criar ambientes
confortáveis e aconchegantes, são portanto, objetivos desta pesquisa.
Hassan Fathy, no ano de 1946, projetou uma vila inteira (Nova Gourna, Egito), para os
camponeses com esse método.
Na visão de Fathy (1982:18) aquele tipo de construção seria bastante adequado aos
camponeses carentes da região. Havia matéria prima em abundancia e as abóbodas e cúpulas
em alvenaria iriam proporcionar o conforto necessário diante do clima quente e seco da
região.
Um dos desafios enfrentados por ele seria conseguir pedreiros com as habilidades necessárias
para coordenar às construções. ”[...] continuei a procurar um pedreiro que conhecesse o
segredo da construção daquelas abóbodas. [...] que já não sabiam mais construir da maneira
tradicional.” (FATHY, 1982:20).
Já Carvalho Jr e Risi (1985), autores da Casa dos Padres Claretianos, Batatais, SP, procuraram
uma nova relação de aprendizado com o canteiro de obras, utilizando esta mesma técnica.
“...encarar o canteiro como local de experimentação e aprendizado, uma escola onde mestres e
pedreiros pudessem demonstrar e ampliar seus conhecimentos.” ( CARVALHO JR, 1985:11).
Esse aprendizado não foi apenas dos operários, que aperfeiçoaram suas capacidades técnicas,
mas também para os arquitetos esse trabalho significou um crescimento.
Nós detalhamos normalmente o projeto, em escritório,como se faz habitualmente,
projetando até os aparelhos das paredes, que em geral são de 1 ½ ou 1 ¼ de tijolo.No
canteiro fomos descobrindo que muitas soluções eram gratuitas, desnecessárias ou
difíceis, e fomos gradativamente modificando-as, sempre com a intensa participação
de todos os interessados, ou seja, o mestre-de-obras,os operários e os padres.(ZEIN,
1984:46)
Segundo Ponce (2002) esta é
Uma técnica muito inteligente e sábia, não inventada por arquitetos ou
engenheiros. É fruto do saber popular, com demasiada frequencia ignorada, ou ao
menos,deixada de lado pelos profissionais e academicos. Por tal razão, é uma técnica
que não se ensina nas escolas e tende a desaparecer.(PONCE, 2002:1)
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 3
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Os argumentos apresentados pelos três arquitetos, apesar de diferentes, me pareceram
pertinentes e complementares e se tornaram incentivo e motivação na decisão de seguir em
frente com o projeto.
2. O Estudo de Caso
Como consequência do estudo realizado, surge a decisão de desenvolver um projeto dentro
destas características construtivas, a fim de experimentar na prática os procedimentos e as
técnicas que haviam sido apresentadas ao longo da pesquisa.
2.1 Concepção do Projeto e Implantação
A habitação (casa) em tijolos é construida num terreno de esquina,com uma de suas fachadas
voltada para uma rua sem saída, onde estão localizados os acessos à mesma, adquirindo uma
atmosfera tranquila e de intimidade. A planta baixa foi concebida em módulos, na diagonal,
com orientação para Norte, aproveitando o sol em todos os cômodos.
Figura 1- Planta Baixa: estudo de caso-orientação
Fonte: Acervo Pessoal - Camargo (1988)
Cada módulo representa um ambiente, como sala de estar, jantar, cozinha e serviços,
banheiros, abrigo para carros, tres dormitórios. Para estes últimos, optou-se por espaços
integrados e contínuos, sem paredes ou portas, que oportunamente seriam divididos conforme
suas necessidades (casal sem filhos).
Todos os ambientes receberam coberturas em abóbodas de tijolos comuns aparentes.
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 4
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Figura 2- Coberturas independentes por ambientes
Fonte: Acervo pessoal - Camargo (1989)
O programa de necessidades incorpora ainda um mezanino (sala de estudos), sendo este um
espaço quadrado, pois isso se fazia necessário para que pudesse receber sua cobertura em
cúpula, também construída em tijolos comuns aparentes.
2.2 Iluminação e Conforto
“Cada uma das abóbodas compreende um espaço individualizado por sua forma[...] e sua
própria luz constituindo-se em uma unidade espacial um “compartimento” na definição
Kahniana” (OLIVEIRA, 2005:268)
A luz natural colabora muito com a Arquitetura, delineando as formas e valorizando os
volumes.
Estes espaços, recebendo cada qual sua própria cobertura podem receber iluminação zenital,
conseguindo uniformidade na luminosidade ou janelas nas laterais, nas paredes altas de
fechamento, fazendo com que a luz natural seja bastante aproveitada ao longo do dia, gerando
uma economia da luz artificial e proporcionando ambientes bem agradáveis. Essas aberturas
podem ser fechadas com vidros, vitrais coloridos ou plásticos transparentes ou translúcidos,
fixos ou móveis.
Figura 3- Corte esquemático para caracterização das janelas
Fonte: Acervo pessoal-Camargo (1988)
A janela vertical permite uma distribuição de luz perpendicular à parede onde se
situa, proporcionando então uma variação grande de distribuição luminosa duran
te o dia, e gerando melhor iluminação nas zonas mais afastadas.(AMORIM, 2010:22)
A curvatura das coberturas, portanto, auxilia na distribuição de luz no interior dos espaços ao
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 5
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
mesmo tempo que aumenta sua capacidade reflexiva. (OLIVEIRA, 2005:272)
Figura 4- Forma de teto com melhor capacidade de reflexão de luz para sua superfície
Fonte: Oliveira (2005:272)
Para a cúpula, optou-se pela utilização de um domos, que serve como luminária e permite a
visualização de uma parte do céu como fonte de luz natural. Sua dimensão reduzida evita a
insolação em períodos em que o sol está a pino.
Figura 5- Domus em Cúpula
Fonte: Acervo Pessoal-Camargo (12/2015)
Sua estrutura permite pé-direito alto, e o ar quente de dentro do ambiente tende a subir e ser
ventilado para fora através das aberturas localizadas na parte superior, mantendo os ambientes
sempre frescos e reduzindo os custos de resfriamento.
São menos quentes que os tetos planos, pois os raios solares caem com um angulo
menos inclinado sobre à superficie do teto. Ademais a curva aumenta o movimento do
ar que passa por cima.[...] A cúpula resfria-se com qualquer direção do vento. O ideal
é fazer um lanternin na parte de cima para que o ar quente do espaço abaixo possa
sair.(LENGEN, 1983:383)
Figura 6 - Ventilação nas coberturas
Fonte: Lengen (1983:383)
3. Mão de Obra “A técnica pode ser aprendida por qualquer construtor e por qualquer pessoa, estudantes, auto
construtores ou profissionais com vontade e interesse em fazê-lo.” (PONCE, 2002:2)
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 6
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Os desafios para utilização desta técnica continuam os mesmos nos dias de hoje, pois poucos
são os profissionais abertos ao aprendizado sobre este método construtivo.
Sendo um método totalmente fora dos padrões convencionais, principalmente no tocante à
construção das coberturas, procurei encontrar apenas pedreiros que tinham bons
conhecimentos e maior afinidade com o assentamento de tijolos aparentes, sem pensar muito
se tinham ou não alguma especialidade em fechamento de cúpulas ou abóbodas.
Dois pedreiros e um ajudante foram selecionados e demonstraram desde o início grande
interesse em aprender, além de boa capacidade intuitiva diante dos problemas que surgiam no
assentamento dos tijolos.
Com os desenhos propostos, eles mesmos desenvolviam soluções de travamento do material e
elaboravam suas ferramentas para um melhor domínio da técnica.
O canteiro de obras tornou-se um laboratório de experimentos.
4. Tijolos
“ [...] o tijolo é um material milenar e moderno, pois a modernidade não é privilégio do novo,
mas do que segue vigente.” (PONCE, 2002:6)
“São blocos de barro comum, moldados com arestas vivas e retilíneas e fabricados em formas
de ferro, ou madeira, com barro queimado, em fornos de alta temperatura, na ordem de 950 a
1100¨C.” (FILHO, 2009:34) Os tijolos bem queimados possuem coloração mais homogênea,
de tom mais amarelado; segundo os pedreiros os avermelhados não possuem boa queima.
Dimensões mais comuns 21©x10(1)x5(h) cm
Peso 2,50 kg
Resistência 20kgf/cm2
Quantidade de tijolos/m2
Parede ½ tijolo 77un
Parede 1 tijolo 148un
Tabela 1: Características do Tijolo Comum
Fonte: Adaptado – Filho (2009:34)
As principais características que podem ser consideradas como vantagens
para o uso deste material são:
. uniformidade de cor;
. homogeneidade da massa com cozimento uniforme e completo;
. arestas vivas e centros resistentes;
. ausência de fendas, trincas ou materiais estranhos;
. fratura homogênea;
. resistência à compressão compatível com a aplicação;
. absorção de água entre 10 e 18% (CARVALHO, 2012:12 )
Os tijolos foram utilizados na construção como alvenaria autoportante. O princípio básico
deste sistema consiste em paredes estruturais substituindo pilares e vigas de concreto armado,
arcos para sustentar as aberturas, cintas de amarração e coberturas sem formas, assim várias
etapas da construção tradicional são simplesmente suprimidas, como: vedação e revestimento
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 7
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
das paredes, lajes, madeiramento e telhas.
4.1 Tipos de Paredes
“ A espessura das paredes é sempre múltiplo das dimensões dos tijolos: são colocadas em
camadas horizontais (fiadas) e com juntas desencontradas. Podem ser dispostas de diversos
modos conforme a espessura das paredes, que é indicada pelo numero de tijolos.”(FILHO,
2009:37)
Para o estudo de caso foram utilizadas paredes de um tijolo, com amarrações variadas para
suportar os esforços produzidos pelas coberturas; e paredes de meio tijolo para vedação de um
ambiente para outro.
Figura 7- Aparelhos Comuns para paredes de ½ e um tijolo
Fonte: Filho (2009:39)
Figura 8- Aparelho inglês para parede de um tijolo
Fonte: Filho (2009:39)
Aparelhos de amarração: “Qualquer uma das formas de se dispor tijolos ou pedras em uma
construção [...] e normalmente com as juntas desencontradas, a fim de aumentar a solidez
através de uma boa amarração, bem como contribuir para a estética da construção.” (CHING,
2000:270)
“Amarração: Disposição dos tijolos ou pedras em uma construção de modo a obter uma
junção eficaz entre eles.” (CHING,2000:270)
Contrafortes: localizados nas extremidades nos cantos exteriores com a função de substituir
pilares de concreto e absorver as forças horizontais.
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 8
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Figura 9- Aparelho para execução dos contrafortes
Fonte: Acervo pessoal- Camargo (1988)
4.2 Arcos de meio ponto ou de volta inteira
Para a sustentação das aberturas entre os ambientes utilizou-se a construção em arcos de
alvenaria de meio ponto.
“Arco: Estrutura curva para cobrir um vão, destinada a suportar uma carga vertical
basicamente através de compressão axial.” (CHING, 2000:23)
“Arco de meio ponto: É uma semicircunferência, onde sua flecha é igual a semiluz OA ou
OB.” (GARCIA, 1978:17)
Figura 10 – Arco de Meio Ponto ou Redondo
Fonte: Garcia (1978)
Para suportar essas cargas os arcos foram dimensionados com três fiadas sobrepostas ou anéis
concêntricos e houve a necessidade de construí-los sobre cambotas de madeira.
“Cambotas: estrutura temporária destinada a sustentar um arco ou abóboda de alvenaria
durante a construção até que este possa sustentar a si mesmo.” (CHING, 2000:23)
“Nos diversos anéis concêntricos, os tijolos se dispõem por fiadas dirigidas ao centro da
curvatura do intradorso.”(GARCIA, 1978:82)
OA B
E
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 9
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Figura 11- Cambota para construção dos arcos de sustentação Fonte: Ching (2000:23) e Acervo pessoal,Camargo (1988)
Este arco tem a vantagem de elevar a linha de pressão e reforçar a seção dos contrafortes.
Figura 12- Arcos com vários anéis para se alcançar a espessura devida
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
Por serem os tijolos elementos relativamente pequenos, suas juntas tem a função de cunhas e
estas por sua vez, devem manter as demais peças firmemente no lugar.
4.2.1 Arcos Retos
Utilizados em vãos de portas e janelas, para substituição de vergas, ou correntes, de concreto
e ferro. Divide-se o vão ao meio colocam-se escalonadamente frações de tijolos, com a
mesma inclinação à direita e à esquerda. (GARCIA, 1978:88)
Figura 13 - Tijolos inclinados e apoiados nos arranques do arco
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 10
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Fonte: Garcia (1978)
5. Técnica- Coberturas em tijolos comuns- Abóbodas e Cúpula, sem utilização de formas Todos os ambientes receberam coberturas em abóbodas de três centros ou de perfil
parabólica. Apenas o mezanino, localizado no centro do projeto, recebeu como fechamento
uma cúpula de tijolos, possibilitando a criação de uma fachada aberta ao céu e à vista da
cidade.
5.1 Abóboda
“ Estrutura arqueada construída em pedra, tijolo ou concreto, que forma o teto ou cobertura de
um salão, uma sala ou outro espaço total ou parcialmente fechado.” (CHING, 2000:12)
Nas abóbodas de alvenaria, seus elementos, pedras (aduelas) ou tijolos, têm a forma de cunha
e equilibram-se unidos uns aos outros, transmitindo seu peso e suas cargas aos pontos de
apoio, isto é, aos pés-direitos.
Diferente dos tetos planos, que são submetidos a esforços de flexão,
as abóbodas somente suportam esforços de compressão[...]
A grande variedade de maneiras de conseguir isto, combinado com a
diversidade dos espaço a cobrir, determinam as numerosas formas diferentes
que podem adotar as abóbodas. (GARCIA,1978:99)
Tipos: Abóboda cilíndrica ou de berço, cônica, rampante, abatida, de volta, sendo sua diretriz
um arco, basta traçar este para definir a abóboda.
Segundo Fathy (1982), Os tijolos de terra não podem sofrer flexão nem torção; assim, a abóboda é
feita com a forma de uma parábola ajustando-se à configuração do diagrama
do momento fletor. Consequentemente eliminando toda a flexão e permitindo
ao material trabalhar apenas sob compressão. (Hassan Fathy,1982:24)
Figura 14 - Parábola
Fonte: Ching (2000)
“ Parábola é a forma funicular de um arco que sustenta uma carga vertical uniformemente
distribuída sobre sua projeção horizontal.” (CHING, 2000:24)
“Para eliminar-se a flexão em toda a extensão do arco, a linha de força resultante deve
coincidir com o eixo deste.” (CHING, 2000:24)
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 11
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Figura 15 – Parábola e a Linha da Força Resultante
Fonte: Ching (2000)
O processo da técnica egípcia, é assim descrito por Fathy (1982): Os pedreiros[...] encheram a mão de adobe e, de forma rudimentar, deli nearam um arco na parede posterior. Eles não utilizavam nenhuma medida
[...] e traçavam a olho uma parábola perfeita com as extremidades sobre as
paredes laterais.[...] O primeiro tijolo ficava de pé, encostado na parede
lateral[...] Então o pedreiro pegou um pouco de adobe e colocou ,
contra o pé desse tijolo, uma camada em forma de cunha, a fim de que a fiada
seguinte se inclinasse ligeiramente em direção à parede posterior, ao invés de
ficar de pé na vertical.[...] Consequentemente apresenta
va uma face inclinada sobre a qual se colocaram as sucessivas fiadas e
assim os tijolos tinham uma grande área de apoio; essa inclinação [...]
impedia o tijolo de cair, ao contrário do que aconteceria com um tijolo liso
disposto verticalmente. Assim a
abóboda toda podia ser construída [...] sem necessidade de ne
nhum apoio ou cimbre, sem se utilizar nenhum instrumento, sem se fazer
nenhum projeto ( Fathy,1982:23)
Figura 16 – Processo de construção de Abóboda – Técnica Egípcia
Fonte: Fathy (1982:235)
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 12
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Figura 17 – A face inclinada do arco pode suportar as fiadas subsequentes
Fonte: Fathy (1982:235)
A boa compreensão do método construtivo como um todo se fez necessário não somente ao
profissional arquiteto, mas também a toda equipe de mão de obra.
A construção da residência dos Padres Claretianos em Batatais SP foi utilizada como fonte de
inspiração em relação ao assentamento de tijolos no sentido vertical, em prumo,
diferentemente do que havia sido feito no Egito antigo.
Figura 18- Execução de Abóboda com tijolos posicionados na vertical
Fonte: Acervo pessoal- Camargo (1988)
Por terem dimensões menores (20(c) x10(l) x5(h) cm), e serem mais leves, teriam o seu
manuseio facilitado.
O desenho de uma abóboda em parábola foi também um desafio, pois precisava ser
condicionado à escala residencial.
Figura 19- Arco com três centros para a confecção de parábola
Fonte: Acervo pessoal- Camargo (1988)
Adotou-se um pé-direito de 2,50m, pois os arcos internos foram feitos em três anéis a partir
da linha de portas e janelas, esta com A= 2,20m, assim o pé-direito total da abóboda perfaz o
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 13
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
total de A= 3,60m.
O desenho da parábola foi projetado em uma parede cega, e a partir daí foi construído um
molde em Duratex que posteriormente foi transportado ao canteiro de obras.
As paredes dos corredores de acesso aos dormitórios e ao abrigo de carros foram executadas
com pés-direitos de 4,20m para servirem de apoio das coberturas em abóbodas.
Figura 20- Os corredores constituem as paredes verticais mais altas para o apoio das abóbodas
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
Figura 21 – Corte Esquemático da parede do corredor com detalhe dos arcos de sustentação
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
Figura 22- Corte Esquemático das Abóbodas apoiadas na parede do corredor
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
Os pedreiros desenharam o perfil da parábola nessas paredes altas com o molde de Duratex e
depois prenderam esse mesmo molde do lado oposto com caibros, estendendo linhas de nylon
que serviam como orientação para assentamento dos tijolos; com uma régua de alumínio na
base da cobertura ele prumava cada fiada, até o seu fechamento. O servente limpava os tijolos
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 14
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
e os frisava logo em seguida.
Figura 23- Execução das paredes verticais altas para apoio das coberturas
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
Foram necessários em média de três a quatro dias para a execução de cada cobertura.
Todas as abóbodas foram revestidas exteriormente com argamassa de cimento e aditivo
impermeável, sobrepostos pela aplicação de um produto branco emborrachado, e em seguida
duas demãos de tinta acrílica, também em tom claro para refletir o calor.
Figura 24- Fechamento e Impermeabilização das Abóbodas
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
“ Além de ser barato fica bonito.” (Fathy,1982:25)
Cada ambiente assim coberto, tornava- se muito bem elaborado interiormente facilitando
qualquer decoração posterior.
5.2 Cúpula
Localizada na parte central da residência, a cúpula possui pé-direito duplo, de 6.00m. Na parte
térrea fica a Sala de Jantar, esta com o teto em laje plana também executada em tijolos
aparentes. Na parte superior, a Sala de Estudo com janelas laterais em formato dos arcos que
sustentam todo o fechamento da cobertura.
O desafio maior foi aprender o processo de construção de coberturas com base circular
apoiadas sobre paredes, em planta quadrada.
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 15
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Figura 25- Cúpula com base circular em planta quadrada
Fonte: Ching (2000:71)
A opção escolhida foi a cúpula em vela ou abóboda esférica, por possuir planta quadrada e
para se conseguir uma altura apropriada para a residência.
Cúpula em Vela: “Cúpula Esférica formada pela remoção de quatro segmentos, de tal modo
que ela se funde com seus pendentivos e se apoia num plano quadrangular.” (CHING,
2000:71)
Figura 26- Cúpula em Vela - a base da cúpula está circunscrita na planta
Fonte: Garcia (1978)
Pendentivo: “Triângulo esférico que forma a transição do plano circular de uma cúpula para o
plano poligonal de sua estrutura de sustentação. Também chamado pendente.” (CHING,
2000:71)
Figura 27- Pendentes
Fonte: Ching (2000)
A cúpula é construída de modo a exercer esforços iguais em todas às direções.
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 16
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Figura 27- Cúpula é projetada para receber apenas esforços de compressão
Fonte: Ching (2000)
Por possuir pé-direito duplo, sua estrutura foi dimensionada de acordo com todo o seu peso e
esforços: uma planta quadrada de 5,00 x 5,00m, localizados nos cantos, quatro pilares em
formato de contrafortes, sobre estes, vigas de sustentação superiores com fôrmas em tijolos
aparentes onde nascem quatro arcos dos quais formam-se os pendentes e a cúpula.
Figura 28 - Pilares que apoiam a Cúpula- Amarrações
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
O processo construtivo consistia em criar planos em formato de arcos em todas as paredes
verticais logo após o seu respaldo, para que pudessem receber a cúpula, criando assim a área
dos triângulos esféricos a serem fechados. A medida que todos os cantos estivessem
concluídos, uniam-se e formavam a base circular da cúpula.
Figura 29- Arcos Estruturais e triângulos esféricos
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
Para a construção da cúpula foi elaborado um compasso invertido com réguas de alumínio e
parafusos para travamento, presas através de uma articulação de peça de veículo que fazia os
Em um ângulo entre 45 e 60 graus do eixo
vertical, verifica-se apenas tensões de
compressão abaixo disso tensões de tração,
assim a casca foi projetada para receber
apenas esforços de compressão, lembrando
que o tijolo também trabalha apenas sob
esses esforços. (CHING, 2000:70)
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 17
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
movimentos rotativos em todas às direções. O compasso foi fixado no centro do espaço,
permitindo que esses mesmos movimentos verificassem o assentamento dos tijolos e seu
posicionamento em cada fiada.
Figura 30 – Compasso fixado no centro do espaço
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
Nas cúpulas, os tijolos eram colocados em fiadas circulares, cuidando da exata
inclinação das juntas mediante o compasso. Conforme avançava o assentamento, a tendência
era de que o tijolo escorregasse, pois sua inclinação era bem acentuada, fazendo com que o
pedreiro o segurasse até sua aderência à fiada anterior.
Figura 31- Fechamento da Cúpula
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
Exteriormente, a cobertura em cúpula recebeu o mesmo acabamento que às abóbodas para a
sua impermeabilização.
Figura 32- Abertura Zenital (Domus) e Acabamento Externo
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988) 6. Exterior
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 18
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
O exterior da residência foi inteiramente definido por paredes de tijolo à vista, auto-portantes,
como em seu interior. Criou-se uma sucessão de vãos em arcos que suportam as paredes que
servem de apoio para as coberturas. Essas paredes mais altas servem também como obstáculo
para a entrada da luz direta do sol, em horários de insolação e ofuscamento no seu interior,
contribuindo com o conforto térmico dos ambientes e trazendo apenas a claridade da luz do
dia.
O tijolo pode contribuir ainda com a variedade de seus assentamentos e aparelhos das paredes
de alvenaria aparentes, trazendo harmonia ao conjunto.
Figura 33- Alvenaria aparente do muro
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
A geometria caracterizada no projeto de Arquitetura, onde cada cômodo recebeu uma
cobertura independente da outra, conferiu uma volumetria bastante expressiva para toda a
obra.
Figura34- Volumetria externa
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
7. Uma reflexão sobre a luz artificial nos interiores
Desafio maior quanto a iluminação artificial nesses espaços. O projeto original conta com um
sistema de iluminação direta para todos os ambientes, com instalações aparentes (não
embutidas) e arandelas na altura de 2.50m, com lâmpadas incandescentes voltadas para baixo,
sem atingir as coberturas tornando-as escuras.
O tijolo aparente apresenta uma textura, classificada como rugosa, possuindo saliências e
absorvendo ainda mais a luz. Tem seu nível de reflexão variando em torno de 20 a 50%
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 19
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
(PORTAL, 2012) tornando os ambientes ainda mais escuros.
O espaço interno, especialmente nesse tipo de Arquitetura, marcado por seus detalhes
estruturais e a plástica de seus elementos aparentes que o compõem pode ser auxiliado por
sistemas de iluminação, escolhendo equipamentos adequados (como lâmpadas, luminárias,
reatores,etc) e que desempenham melhor performance com o menor consumo de energia.
A integração de luz artificial e luz natural é o único meio para se alcançar a economia
energética em um projeto. O uso da luz natural pode proporcionar todas as vantagens
já citadas: bem estar, conforto visual, ambientes mais saudáveis, etc, mas certamente
não haverá economia de energia se seu projeto para uso da luz natural não estiver
diretamente conectado ao projeto de iluminação artificial. (AMORIM, 2010:48)
Para uma Arquitetura ”não convencional” faz-se necessário não só pensar em soluções
funcionais de iluminação para o correto desempenho de tarefas diárias, como dormir,
conviver, comer, trabalhar, mas revelar principalmente através dela, sua forma, cor e textura,
tanto de dia, como de noite, no seu interior e exterior.
8. Viabilidade Econômica
A lógica construtiva da técnica agrega uma de suas principais características: seu
baixo custo. Ou seja, é uma técnica que permite "delimitar e envolver o espaço" – nas
palavras de Torroja – em forma econômica. Os dados precisos variam segundo as
regiões e as dimensões, mas podemos dizer que na Cidade de México o custo atual
das abóbadas por m2 está entre 50 e 60% do custo de uma laje comum de concreto
armado em vãos pequenos. (PONCE, 2004:13)
Para o estudo de caso, o custo da construção verificado se estabeleceu no intervalo de 20 a
50% menor que uma construção tradicional, devido a não utilização de ferragens, lajes,
formas, telhas, madeiramento e pintura.
9. Conclusão O método construtivo artesanal apresentado traz ao profissional arquiteto muitas
possibilidades criativas e inovadoras, pois é grande a variedade de elementos compositivos
presentes nos ambientes, tais como forma, linha, textura, luz os quais necessitam harmonizar-
se entre si para resultar num espaço equilibrado, garantindo boas soluções de conforto e de
aproveitamento da luz natural nos ambientes internos e externos da obra.
Cada ambiente assim coberto torna-se muito bem elaborado interiormente, possibilitando ao
proprietário fácil decoração posterior, economia no custo de manutenção (ausência de pintura,
madeiramento ou telhas), durabilidade e segurança (pé-direito alto e volumetria) e
contribuição estética (texturas e formas que compõem o espaço).
Algumas limitações foram encontradas devido à escassez de exemplos de construções reais e
estudos bibliográficos relativos ao modelo construtivo considerado, principalmente em
relação ao comportamento estrutural dos elementos e aos métodos de iluminação utilizados.
A qualidade de iluminação nesses ambientes é essencial, pois devido à cor do tijolo aparente
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 20
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
e à forma das coberturas dos ambientes, em abóbodas e cúpula, os ambientes se tornam
escuros, dificultando a distribuição homogênea da luz.
A identificação do sistema ideal de iluminação para estes ambientes se torna um processo
extenso e exaustivo de experimentos, diante de tantas possibilidades e variedades dos itens
disponíveis no mercado.
Ressalta-se aqui a importância de um maior detalhamento e aprofundamento neste quesito.
Apesar desses desafios, o método traz uma série de características vantajosas, pois dispensa o
uso de lajes, madeiramento e telhas, passando a utilizar arcos estruturais e coberturas em
formato de abóbodas e cúpulas. O tijolo, unido à técnica, traz economia ao processo
construtivo, pois é um material de baixo custo e não requer a utilização de fôrmas ou apoios
de madeira para o fechamento das coberturas. Sua execução é rápida, mas se faz necessário
um grande comprometimento da mão de obra envolvida. Agrega ainda o conforto ambiental
(temperatura, ventilação) no interior dos ambientes e a valorização de toda a obra através da
utilização inteligente da iluminação natural em seu interior.
Referências
AMORIM, Cláudia Naves David. Estratégias Projetuais para uso da Luz Natural. Apostila Base: IPOG, Fev.2010. CARVALHO JR, José Mário Nogueira de. Projeto, construção e conhecimento operário:
um estudo de caso. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São
Paulo,1985.
CHING, Francis D.K. Dicionário visual de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
FATHY, Hassan. Construindo com o povo: arquitetura para os pobres. Rio de Janeiro:
Forense Universitária, 1982.
GARCIA, Francisco Moreno. Arcos e Bovedas. Barcelona: CEAC, 1978.
LENGEN, Johan van. Manual del arquitecto descalzo. México: Editorial Concepto S.A.,
1983.
OLIVEIRA, Leda Brandão de. A Invenção da Luz Moderna. Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2005.
ZEIN, Ruth Verde. Residencia dos Padres Claretianos. Revista Projeto,Edição 61.São
Paulo:Projeto Editores Associados Ltda, 1984.
CARVALHO, Marcelo Kleber. Artigo Tijolos e Alvenaria. Itabuna, Bahia, 2012
http://pt.slideshare.net/KleberMarceloCarvalho/artigo-tijolos-e-alvenaria-no-mbito-da-construo-civil .Acesso em 15 dezembro 2014.
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 21
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
FILHO, Walter Mesquita. Aula de Alvenaria, Capitulo IV-,31/09/2009. Disponível em:
http://www.agronomiacassilandia.uems.br/admin/arquivos/aula_alvenaria.pdf. Acesso em 29 novembro 2014.
PONCE, Alfonso Ramirez. O tijolo recarregado: uma técnica milenar e moderna. Abril, 2002. Vitruvius: http://www.vitruvius.com.br/ . Acesso em 28 outubro 2014. PONCE, Alfonso Ramirez. Arquitetura Regional. Coberturas de tijolo “sobrecarregado.” Abril, 2004. Vitruvius: http://www.vitruvius.com.br/ . Acesso em 28 outubro 2014. PORTAL, Luminotécnica, 07/ 2012. http://www.cliquearquitetura.com.br/portal/dicas/view/luminotecnica-introducao-/32 . Acesso em 29 novembro 2014. Figuras CAMARGO, Maria Amália Sichieroli Silva. Acervo Pessoal. Franca,SP,1988 e 1989.
Anexos
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 22
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Foto1 - Fundação e levantamento de paredes Foto 2- Execuçaõ dos arcos de sustentação
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988) Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
Foto 3- Cobert.Abóboda para cada ambiente Foto 4- Corredores que compõem as
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988) paredes de apoio para as abóbodas
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
Foto 5 – Fechamento da Cúpula Foto 6 – Abertura para iluminação zenital
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988) Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1988)
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 23
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Foto 7- Contrafortes Foto 8 – Cúpula e Acabamento Externo
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1989) Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1989)
Foto 9 – Residência (1989)
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (1989)
Foto 10- Residencia (2015)
Fonte: Acervo pessoal – Camargo (2015)
Construção Artesanal em Tijolos comuns com Coberturas em Abóbodas e Cúpula - Iluminação e
Conforto dezembro/ 2015 24
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015