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Politecnia n.º 21 Maio / 2009

5 PararParaPensarL. M. Vicente Ferreira

6 RondadasEscolasOs250AnosdaAuladoComércio

Ana DiasTecnologiadaSaúdenavanguarda

Arlinda Cabral

17 MemóriaFragmentosdoPassadonoISEL

18 EmpreendorismoPoliempreendeéêxitonoIPL

Clara Santos SilvaExperiênciabemsucedidaemMaputo

23 OAcontecimentoJovensactoresbrilhamemBenfica

Paulo Silveiro

28 ParaReflectirOsportugueseseasreuniões

Pedro Mendonça

32 ProfissãoAdirectoradeMarketingdaMTV

Vanessa de Sousa Glória

36 ReportagemAprenderemParceria

Vanessa de Sousa Glória

46 HistóriasdeSucessoMarianaNorton,cantoraeactriz

Clara Santos Silva

54 AGrandeEntrevistaMariaAméliadeAlmeidaeoISCAL

Paulo Silveiro

60 EstanteAsliçõesdeSchwittersMerz

Maria João Serrão

64 AmanhãseránotíciaTeatroVirtualon-line

Bárbara Gabriel

66 TribunaLivre

Jorge Veríssimo

18OConcursoPoliempreendelançadopeloIPLfoiumsucessototal,congregando 90 participantes, entrealunosedocentes,dassuasescolas.Oprojectovencedor,dequeaimagemaoladomostraumcartazpromocionalédaautoriadePauloLeite,professorda Escola Superior de Teatro eCinema. Os 2.º e 3.º prémios foramatribuídosaprojectosdeengenharia,apresentadosporPedroHenriqueseFábioFerreira,alunosdoISEL.

36AEscola Superior deEdu-caçãodeLisboaacolhenassuasinsta-laçõesasededeumprojectopioneirodeeducaçãoprecocequeenvolvepais,filhos,avósenetosnaaventuradades-coberta da aprendizagem. A "A Par"queintervémembairrosproblemáticosdaperiferiadeLisboaabriuasportasàreportagemdaPolitecniaquenestaedi-çãodáaconhecerestetrabalhojácomresultadosvisíveisnoterreno.

46AcantoradejazzMarianaNor-ton, estrela da festa do 23.º aniversáriodo InstitutoPolitécnicodeLisboa,prota-goniza a história de sucesso desta edi-ção.AntigaalunadaEscolaSuperiordeTeatroeCinema,a jovemactrizdatele-novelaVilaFaia, frequenta,actualmenteo1º.cursodeJazzdaEscolaSuperiordeMúsicadeLisboa.

54Antigapresidentedoconselhodi-rectivodoInstitutoSuperiordeContabilidadeeAdministraçãodeLisboa,aquesemanteveligadadurante38anos,MariaAméliaNunesdeAlmeida faz,nahoradapassagemà re-forma,umbalançodoseupercursonainsti-tuição. "Deiomáximoqueme foipossível",diz a docente, autora do livro "Situação daGestãodoConhecimentoemPortugal",edi-tadopeloIPL,comorgulhoeosentimentodedevercumprido.

Sumário

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Politecnia n.º 21 Maio / 2009

ESTATUTO EDITORIAL

1. A revista Politecnia é uma publicação trimestral, editada pelo Instituto Politécnico de Lisboa, que assegura e disponibiliza informação de referência sobre a vida do IPL e a actividade das oito escolas que o integram;

2. A Politecnia respeita a Constituição da República e as leis que se enquadram nos direitos, obrigações e deveres da Imprensa, tendo em conta o Código Deontológico dos jornalistas. E compromete ‑se a respeitar os direitos e deveres inerentes à liberdade de expressão e ao direito a ser informado, observados que sejam os princípios consignados neste Estatuto Editorial;

3. A Politecnia rege ‑se por critérios de rigor e honestidade, sem dependências de ordem ideológica, política ou económica, no respeito integral pelos Estatutos e a Lei Orgânica do IPL;

4. A Politecnia elege como público de referência as instituições (económicas, políticas e sociais) da sociedade civil e o corpo docente das oito escolas do IPL, e os alunos, pais e educadores em geral;

5. A Politecnia quer contribuir para a unidade do IPL e a afirmação da sua cultura própria, em prol do desenvolvimento em Portugal de um Ensino Superior de qualidade, apostado na qualificação profissional dos alunos;

6. A Politecnia diferencia os artigos de conteúdo opinativo dos artigos informativos e reserva ‑se o direito de interpretar e comentar, nos seus espaços de opinião, os factos e acontecimentos de âmbito educativo que se relacionem com a sua actividade;

7. A Politecnia está aberta à colaboração de todos os docentes do Instituto Politécnico de Lisboa que tenham contributos, no domínio da Educação, importantes que queiram partilhar;

8. A Direcção da Politecnia reserva ‑se o direito de não publicar a colaboração não solicitada, que considere não ter a qualidade pretendida;

9. A responsabilidade dos textos publicados é inteiramente assumida pelos seus autores;

10. A Politecnia participa no debate dos grandes temas da actualidade educativa, relacionados com o Ensino Superior, tendo em vista a discussão de questões de interesse para o IPL e a troca de ideias entre aqueles que se preocupam e dedicam ao seu desenvolvimento e prestígio.

AnoVIIINúmero21Maio2009

DirectorL.M.VicenteFerreira

EditorOrlandoRaimundo

RedactoresBárbaraGabriel,ClaraSantosSilva,JorgeSilva,JoséSilva,MargaridaJorge,PauloSilveiro,eVanessadeSousaGlória

FotografiaBrunaViegas,JoãoCosta,NunoFaria,PedroPinaeSofiaGomes

CorrespondentesAnaRaposo(TecnologiadaSaúde),JoãoCosta(Dança),LucyWainewright(Educação),LuísaMarques(TeatroeCinema),MargaridaSaraiva(TeatroeCinema),MariaJoãoBerkeleyCotter(ContabilidadeeAdministração)eClaúdiaGuerreiro(TecnologiadaSaúde)

ColaboradoresPermanentesAntónioSerrador,LuísOsório,LuísaMarques,ManuelEsturrenho,PauloMorais--AlexandreeSérgioAzevedo

ColaboradoresAnaDias,ArlindaCabral,CristinaMarques,MariaJoãoSerrãoePedroMendonça

ColunistaJorgeVeríssimo

GrafismoePaginaçãoOrlandoRaimundo(coordenador),ClaraSantosSilva,PauloSilveiroeVanessadeSousaGlória

PropriedadeInstitutoPolitécnicodeLisboaEstradadeBenfica,5291549-020LisboaTelefone:217101200Fax:217101236e-mail:[email protected]:www.ipl.pt

Redacção,Admin.ePublicidadeEstradadeBenfican.º5291549-020Lisboa

ImpressãoTipografiaPeres,RuadasFontaínhas,Lote2VendaNova2700-321AmadoraDepósitoLegal-158054/2000ISSN-1645-006x

Tiragem:4000exemplares

Capa:VanessadeSousaGlória(arranjográfico)

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Parar para Pensar

5Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Parar para Pensar

5

A RECENTE proposta de projectode revisão do Estatuto da CarreiraDocentedoEnsinoSuperiorPolitéc-nico,apresentadapeloMinistériodaCiência,TecnologiaeEnsinoSupe-rior,merecedenossapartealgumasconsiderações, pela relevância quea mesma representa para o futurodoensinopolitécnico.

Desde logo importa referir doisaspectosdestapropostaqueobtêmonossoapoio:

ArevisãodeumEstatutocomvinteeseteanos,desajustadoànovareali-dadeedesafiosdoensinosuperior;

AintroduçãodaexigênciadograudeDoutorcomoiníciodecarreira;

Mas há outros aspectos, dosquais queremos destacar três, quepelasuaimportânciapoderãocondi-cionareestigmatizarmaisumavezestesistemadeensino:

1º-OEstatutodaCarreiraDocentedoEnsinoSuperiorPolitécnicoficare-fémdeumafiguraqueaindanãoseco-nhece,oTítulodeEspecialista,definidanoRJIESparaoensinopolitécnico,cujoprojectoestátambém,nestemomento,emsededediscussãopública.Ouseja,aapreciaçãoemparalelodosdoisdi-plomas,EstatutodaCarreiraDocenteeTítulodeEspecialista,senão forbemconjugadaeenquadradanumaavalia-çãoprospectiva,poderáresultarnumapotencialaberraçãoparaosistema,so-bretudoseafiguradoEspecialistaficarcondicionadapor factoresexternosàsinstituiçõesdeensino.

2º-A manutenção de duas cate-gorias da carreira politécnica parecedesajustadadarealidadegeraldafun-çãopúblicae,emparticular,dascar-reirasuniversitáriaedeinvestigação.Nestamatériaoqueesperamoséqueoministroapresenteumapropostaal-ternativa,quesalvaguardeoprincípiopara nós fundamental, consagradonopróprioProgramadoGoverno,degarantirumEstatutoque”acolhaper-fisdocentesdiversificados,mascomequivalêncianotopodecarreira”.

3º- Por último, uma questão fun-damentalparaoensinopolitécnico:oalargamento dos mapas de contrata-çãodeprofessoresdecarreira.Cons-tata-seque,napropostadeEstatutodaCarreira Docente do Ensino SuperiorPolitécnico, o valor apresentado paraosprofessoresdecarreira,pelomenos30%,éinsuficientequandoconjugadocomovalorparaosdocentesconvida-dos,quedevesersuperiora50%.

De facto, só comoaumentodosprofessoresdecarreirapodemosob-ternasnossasinstituiçõesmassacríti-caquegarantaasustentabilidadedasmesmas nos vários planos de inter-venção,emparticularnoquerespeitaàscomponentespedagógicaecientí-fica.Aliás,estaconstataçãoresultada

análisequefazemosàsituaçãoactualdasinstituiçõesdeensinopolitécnico,cuja instabilidade deriva em grandepartedeumquadrodecorpodocente,queemvalormédio,porexemplo,noIPLnãoultrapassaos35%.

Há também aspectos importan-tesquandocomparamososprojectosapresentadosparaosdoissistemasdeensinosuperior,quenãopodemosdei-xardenotar.Emparticularsalienta-seaquestãodovínculo(achamada“tenu-re”)queresultanoreforçoexplícitodeestabilidadedeempregoparaascate-gorias de topo do sistema universitá-rio,matériaquenãoestácontempladaparaosistemapolitécnico.Nãovemosqualquer razão, objectiva ou legislati-va,paraquetalsuceda.Importa,pois,queestesentreváriosoutrosaspectosfiquemtambémsalvaguardados.

O nosso objectivo, neste edito-rial,nãoéfazerumaanáliseexaus-tivaàpropostadeEstatutodaCar-reiraDocente,dadaaexiguidadedeespaçodequedispomos.Queremosapenasalertarparaalgunsdospon-tosque julgamoscentraisparaqueo Estatuto da Carreira Docente doEnsinoSuperiorPolitécnicosaiare-forçado e represente uma carreiraestimulante e dignificante, em pari-dadecomascarreirasUniversitáriaedeInvestigação.

Lamentamos, por isso, que setenhaperdidoaoportunidadeparaaprodução de um Estatuto de Carrei-ra Única, solução que se justificava,atendendoatéàíndolereformistadoGoverno, para a racionalização dascarreirasdafunçãopública.Masrele-vamosadisponibilidademanifestadapelo ministro da Ciência TecnologiaeEnsinoSuperiorpara rever, comoConselho Coordenador dos Institu-tos Superiores Politécnicos, estes eoutros aspectos da proposta do Mi-nistério. Aguardamos, com expecta-tiva, que essa disponibilidade possaproduzirumbomEstatutodeCarreiraDocenteparaoEnsinoPolitécnico.

OEstatutodaCarreiraDocenteeosPolitécnicos

L.M.VicenteFerreira

Lamentamos que se tenha perdido a oportunidade para a produção de um Estatuto de Carreira Única, solução que se justificava para a

racionalização das carreiras da função pública

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Ronda das Escolas

Politecnia Maio n.º 21 / 20096

Ronda das Escolas

EMmeados do séc. XVIII, a RevoluçãoIndustrial que abalou a Europa, alte-rou substancialmente os sistemas detransportes e comunicações, induzindoo aparecimento da actividade bancáriae seguradora, das grandes empresas edos grupos económicos. O embrionáriosistemadeescrituraçãocomercial,entãoexistente,iadandorespostasaestespro-gressos pelo que a Contabilidade viria,em1834,emPortugal,aser,finalmente,confirmadacomodisciplinadeníveluni-versitário,emcondições idênticasàsdaeconomiaedodireito(ciênciassociais).

ÉnoreinadodeD.JoséIque,porini-ciativadoseuprimeiroministroSebastiãoJosé deCarvalho eMello, antigo condede Oeiras e então já Marquês de Pom-bal, procurando corresponder ao surtoeconómico que então se viveu no país,

OInstitutoSuperiordeContabilidadee

AdministraçãodeLisboaéumainstituiçãode

ensinosuperiorcomlargastradições,cujaorigemsepodefixarhá250anos,naAuladoComércio,fundadaemLisboapeloMarquêsdePombal.AAulaveiosupriracarênciadepreparaçãodecomercianteseempresários,quealiaprenderamregrascontabilísticas,pesose

moedas,câmbios,seguros,transportedemercadorias,comissõeseobrigações.

Textos de Ana Dias

seassisteàpreparaçãodoRegulamentodaAula deComércio pela Junta doCo-mércio (DecretoReal de 19 deMaio de1759).Assim,há250anosnasciaaesco-lapioneiraeantecessoradetodoanos-saformação/ensino,aAuladeComércio,antepassadoremotodoISCAL.

AcriaçãodaAuladeComércio tinhaporobjectivosministrar liçõesdearitmé-tica, de pesos e medidas das diversas

praçascomerciais,assimcomoliçõesdecâmbios, seguros e de escrituração co-mercial,estabelecendoumtipodeensinoqueexpressavaetinhacomoobjectivoapreparação para profissões comerciais.Terásidoaprimeiraescolaapodercon-siderar-se estabelecimento de ensinooficial(público)docomércioemcujocur-ricula a contabilidade mereceu sempreparticulardestaque.

250anosde

história

DaAuladoComércioao

Sessãosolenedascomemoraçõesdos250anosdaAuladoComérciorealizadanoISCAL

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Politecnia Maio n.º 21 / 2009 7

Ronda das Escolas

CadacursodaAuladeComérciopodiateraté20alunos,aquepodiamacresceroutros tantos supranumerários, tinha doisprofessorestitularesedoisnúcleosdeen-sino:aaritméticaeacontabilidadecomer-cial.Comaduraçãodetrêsanos,ocursoeraministradoporlentes(leia-seprofesso-res)-dequeoprimeirofoiJoãoHenriquedeSouza-sendo frequentado,essencial-mente,por filhosdehomensdenegócios

mastambém,porescolaressemrecursos(osquaisbeneficiavamdaspropinaspagaspor vinte escolares, filhos de homens denegócios-principiodamutualidade).

Oprimeirocursoteveinícioa1deSe-tembrode1759eointeressedemonstradofoidetalordemqueonúmeroprevistode50alunosfoilargamenteultrapassado,fac-toquemaistarde(em1765),obrigariaàfi-xaçãodonumerusclaususem200alunos.

Apartirdessadataváriosdireitospas-saram, então, a ser conferidos aos diplo-madosdaAuladeComércio.Estabelecen-do-se,nomeadamenteporCartadeLeide30deAgostode1770,queninguém,nemmesmoosfilhosdecomerciantes,poderiaseradmitidocomoguarda-livros,caixeirose praticantes de casas comerciais portu-guesas,semarespectivaCartadeAprova-çãoconferidapelaAuladoComércio.

InstitutoSuperiordeContabilidade

PedroPina

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Ronda das Escolas

Daslicenciaturasaosmestrados

OINSTITUTOComercialdeLisboa,comprovadamente legítimo suces-sor da Aula de Comércio, passouentãoaformartécnicoscontabilistasqueseriam–comoaindaosão–osuportedaactividadecontabilística,administrativaefinanceiradotecido

empresarialportuguêsefoiumadasmaiscompetenteserespeitadases-colasdetodooPaís.A partir do ano académico 1998/99,oInstitutopassouaoferecercincoLi-cenciaturas,denominadasbi-etápicasporseencontraremdivididasemdoisciclos.O1ºciclo,detrêsanos,consis-tianoBacharelatoemContabilidadee

Administração, o qual, por seu lado,davaacessoao2ºciclo,daLicencia-tura propriamente dita. Esta tinha aduraçãodetrêssemestres,comcincoramos de especialização possíveis:ControloFinanceiro,Auditoria,Fisca-lidade,InstituiçõesFinanceiras,eAd-ministração Pública. Em 2006/2007,registou-seumasubstancialalteração

250anosde

história

PeloDecreto-Leinº327,de6deMaiode1976,osInstitutosComerciaisdeLisboaePortoforam

transformadosemInstitutosSuperioresdeContabilidadeeAdministração.Este

Decreto-LeireconheceosISCA’scomo

escolassuperiorescompersonalidadejurídicaeautonomiaadministrativa

epedagógica.

ArquivoIS

CA

LArquivoIS

CA

L

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9Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Ronda das Escolas

Negócios,GestãoeEmpreendedoris-mo.É assim comorgulho que o InstitutoSuperiordeContabilidadeeAdminis-traçãodeLisboapreparaoseufuturo

O INSTITUTOSuperior deCon-tabilidade e Administração deLisboaéumadasoitounidadesorgânicasdoInstitutoPolitécnicodeLisboa.OISCALdispõenes-te ano lectivo 2008/2009 de umcorpo docente constituído porcercade160membrosedeumnúmerodealunosqueultrapassaos2500inscritos.

Entretanto, em cerimónia de-corrida nos serviços centrais doInstituto Politécnico de Lisboa,tomaramposseosnovosórgãosde gestão do Instituto SuperiordeContabilidadeeAdministraçãode Lisboa.A nova presidente doConselho Directivo é a DoutoraMariaManuelaRamosFernandesRebeloDuarte,tendocomovice-presidentesosprofessoresFran-cisco Luís Ferreira Figueira deFariaeMariaHermíniad’OliveiraMarquesCândidodeCarvalho.

160professorese2500alunos

naofertadoISCAL,quepassoualec-cionar três licenciaturas diferentes,todasdentrodomodeloprevistopeloProcessodeBolonha.Umadaslicen-ciaturas manteve a sua designaçãohabitual - de Contabilida-de e Administração -,englobando porémos dois ramosde FiscalidadeedeGestãoeAdministraçãoPública, quese emanci-pam a partirdo3ºsemestre.As restantes li-cenciaturasconsti-tuíramumanovidadeno Instituto Superior deContabilidade e Administraçãode Lisboa: uma emGestão, a outraem Finanças Empresariais. O termo“bacharelato”desapareceudanomen-clatura, sendo o grau de licenciado

conferidoaosalunosquecompletemcom aproveitamento os seis semes-tresdosnovoscursos.OutragrandenovidadefoiacriaçãodenovosMes-

trados: emAuditoria, Conta-bilidade, Contabilida-

de e Gestão dasI n s t i t u i ç õesFinanceiras,C o n t a b i -l i d a d eI n t e r na -c i o n a l .Além dosq u a t r oMestrados

actualmenteem funciona-

mento no ISCAL,estão também auto-

rizados mais quatro Mestra-dos,queemprincípio, irão funcionarapartirdoanolectivo2009/2010:emFiscalidade, Contabilidade e AnáliseFinanceira,ControlodeGestãoedos

OsnovosdirigentesdoInstitutoSuperiordeContabilidadeeAdministraçãodeLisboa

Foram igualmente empossados,pelopresidentedoIPLquepresidiuàcerimónia,oRepresentantedoPes-soalnãoDocenteMariaHelenados

SantosSilvaBaptista e oPresi-dentedaMesadaAssembleiadeRepresentantes professor JorgeJoséMartinsRodrigues.

FotodeBrunaViegas

ArquivoIS

CA

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FormaçãoAvançadanaTecnologiadaSaúde

OCENTROdeFormaçãoAvançada(CFA)daEscolaSuperiordeTecno-logiadaSaúdedeLisboa(ESTeSL),constituído por duas unidades es-truturais, a Comissão de GestãoCientífico-Pedagógica e os Servi-çosTécnico-Administrativos, é umaestrutura funcional integrada nosServiços Técnicos e de RecursosEducativosqueassegurao planea-mento e o acompanhamento técni-co-pedagógico e administrativo doscursosdeformação,edesenvolveasuaactividadeemarticulaçãoestrei-ta comoutros serviçosdaESTeSL,nomeadamenteaDivisãodeGestãoAcadémica, oGabinete deAudiovi-suais e Multimédia, o Gabinete deLogística, o Gabinete de RelaçõesPúblicas,entreoutros.

AEscolaSuperiordeTecnologiadaSaúdedeLisboa,dispõedeum

CentrodeFormaçãocomafinalidadedegestãoeacompanhamentodecursosdeformaçãodecurtaelongaduração,nomeadamentede

actualizaçãotecnológica,científicaecultural,edecursosdeformaçãopós-graduadaconferentesdegrauacadémico.Estes

cursosassumem-secomoferramentasnecessárias

noactualmundoprofissionalemconstantemudança,queimplicaodesenvolvimentocontínuodecompetências,numalógicadeformação

aprendizagemaolongodavida.

Texto de Arlinda CabralArquivoE

STe

SL

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11Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Ronda das Escolas

No âmbito da concretização dosseus objectivos específicos, o CFAprocede igualmente ao levantamentodenecessidadesdeformação,defor-maaconhecerascaracterísticasdospúblicos-alvoeasnecessidadesdefor-maçãoadarresposta.Nestecontexto,aESTeSLtemdinamizadoeapostadono aumento da sua oferta formativaenquantoáreado investimentoestra-tégicoadoptadopelaEscola.

Ao longo dos últimos 5 anos, oCFA da ESTeSL assegurou a reali-zação de cursos de formação comregularidade, tendo certificado um to-tal de 1.322 formandos (Quadro n.º1), através de um total de 87 cursos,que representaram cerca 7.000 horasde carga horária total de formação.Vários foramoscursos realizadospe-las diferentes Áreas Científicas nesteperíododetempo,entreosquais:Pós-Graduações em Fisioterapia Cardior-respiratória;FísicaMédicaeRadiações;Hematologiae Imunohematologia;Ad-ministraçãoeGestãonasTecnologiasdaSaúde;Curso Internacional em In-continência Urinária Feminina; CursosPráticos Laboratorial de DiagnósticoGenético;PCRemTempoReal;Cursode Nanotecnologia Aplicada ao Diag-nóstico Laboratorial; Curso Ibérico deGestãodeResíduosHospitalares;Cur-sodeProprioceptividadeAvançada.

Foram várias as edições progra-madas do Curso de Suporte BásicodeVidacomdiferentesdestinatários:profissionaisde serviçosde saúdeede educação; profissionais de segu-rança; estudantes da Faculdade deMedicinaDentáriadaUniversidadedeLisboa;públicoemgeral).

Nopresenteanolectivo(2008/2009),e até aomomento, aEscolaSuperiordeTecnologiadaSaúdedeLisboacon-toucomarealizaçãode16cursos(numtotalde1.671horasdeformação),nosquaisparticiparam215formandos(Qua-dronº1),destacando-sedoiscursosdepós-graduaçãodelongaduração.

Demomento,oCentrodeForma-çãoAvançada da ESTeSL encontra-se a ministrar o Curso de SuporteBásico de Vida aos estudantes do3.º ano da Faculdade de MedicinaDentária da Universidade de Lis-

FormandoscertificadospelaESTeSL(2003/2004-2007/2008)

boa, assim como aos sócios daAs-sociação Luso-Brasileira de HigieneOral, com base nos Protocolos ce-lebrados com as duas instituições.No final do 2.º semestre do presen-teano lectivo (2008/09),aindaestãoprevistos iniciar os seguintes cursosde actualização: Curso de TerapiacomRadiofármacos(MedicinaNucle-ar); IICurso InternacionaldeGestãode Resíduos Hospitalares (SaúdeAmbiental); Curso de Actualizaçãoem Aconselhamento Veterinário emFarmácia Comunitária (Farmácia);CursodeSocorrismoEssencialeGe-ral (Cardiopneumologia); Curso “QA:Reporting,EvaluatingandPreventingIncidents In Radiotherapy Services”(Radioterapia) eMétodos de Investi-gaçãoaoBiomicroscópio(Ortóptica).

No contexto da formação avan-çada,aESTeSLapresentouàtutela,emJaneirode2009,5propostasdecursos de mestrado em diferentesáreas das tecnologias da saúde,encontrando-seadesenvolvera6.ªediçãodoCursodeMestradoemIn-tervenção Sócio-Organizacional naSaúde,realizadoemparceriacomaUniversidadedeÉvora.

FormaçãoministradanaESTeSL(anolectivo2008/2009)

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Ronda das Escolas

ONÚMEROdepraticantesdeesgri-marondouos160,numtotalde20equipas vindas de todo o país. Es-te ano, o Torneio de Esgrima pôdecontarcomasequipasdosAçoresedaMadeira,queem2008nãocon-seguiramestarpresentes.

Oesforçodaorganizaçãoperce-beu-se pela forte divulgação e reu-niãodasmelhorescondiçõesparaaprática da esgrima.As palavras deJoão Paulino, responsável técnicodoCentrodeFormaçãodeEsgrimada Escola Secundária da Amadoraressaltaram a já habitual presençado IPL, quer com a oferta de brin-

PolitécnicodeLisboaapoiajovensesgrimistas

des aos participantes, quer atravésdadivulgaçãodassuasescolasaosjovenspresentes,quesemostrarammuitoreceptivos.

OProfessorPaulinovêcomtris-tezaodesportoserremetidoparaopapel de “parente pobre” da socie-dade portuguesa. O desporto es-colar,quebemconhece,baseparacativar mais praticantes, diz estaresquecido.DapartedoGovernodiznãohaverqualquer intervençãoemrelação ao desporto, que por issovaidecaindo,deixandodeservistacomoumaopçãopelos jovens.Re-meteparaa faltadepraticantes fe-

O Instituto Politécnico de Lisboa apoiou mais uma vez o Circuito Juvenil deEsgrima,cuja4ªetapadecorreunaAmadora.Ainiciativafoiprogramadaparaodia25deAbril,eaprovarealizou-senasinstalaçõescedidaspelaAcademiaMilitardaAmadora.Eaadesãofoigrande,denotandoumgrandeinteressepelamodalidadeepelodesportoemgeral.

Reportagem de Clara Santos Silva (Texto) l Vanessa de Sousa Glória (fotos)

mininas,emcontrastecomo índicedapopulaçãoquerepresentam.

InevitáveléoexemplodosJogosOlímpicos,nosquaisaesgrimaficouaquémdasexpectativas.Nasuaopi-niãoamodalidadeestácadavezmaislonge desta importante competição,quer pela falta de apoios, quer pelafaltade trabalhonaalta competição.ArealidadedentrodaFederação,se-gundo diz, traduz uma enorme faltadetécnicos,restandoapenasostrei-nadoresdosclubes.Enquantoassimfor,parece-lheprevisívelquenospró-ximos2a3anosaesgrimanãoestejapresentenasOlimpíadas.

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Ronda das Escolas

SEIS instituições doEnsinoSuperior,Escolas Superiores de Educação deLisboaeVianadoCastelo,Universida-dedeCaboVerde,InstitutoPolitécnicodeSãoToméePríncipe,UniversidadePedagógicadeMoçambiqueeUniver-sidadeNacional deTimor Lorosa´e –ondeoPortuguêséalínguadeensino,realizaramumaparceriaparaodesen-volvimentodeumprojectodecoopera-çãointegradonoprogramaEDULINK-ACP-EU (Cooperação para o EnsinoSuperior). Associou-se ainda a estaparceria,aEngenhoeObra(ONGD),daqualaESELxésóciafundadora.

O Projecto “Qualificação de Pro-fessoresemPaísesLusófonos”surgenoâmbitodoprogramaEuropeuEDU-LINK,cujoobjectivoédesenvolveracompetência e a integração regionalaoníveldoEnsinoSuperior,nospaí-seseregiõesACP–África,CaraíbasePacíficoepromoveroensinosuperiorcomoformadereduzirapobreza.

OprogramacoordenadopelaESE-Lx,temaduraçãodetrêsanoseapre-sentacomoobjectivosfundamentais:aconstruçãodeprogramasdeformaçãocontínua de professores, que sejamsocialeculturalmenteespecíficosdes-tinadosaoensinobásico;aelaboraçãodemateriaispedagógicosparaospro-gramas; criar e desenvolver uma pla-taformadeaprendizagemonlineondevãosercolocadososmateriaispedagó-gicosproduzidoseoutrotipodedocu-mentos.Estaplataformaseráoveículode comunicaçãoduranteos três anosdeduraçãodoprojecto.Oúltimoobjec-tivoéaconstruçãodestesmateriaise

Educaçãonalinhadafrentedalusofonia

programasnomelhorconsensopossí-velentreospaísesparticipantes.

Realizou-seumseminárionaESE-Lxde20a30deAbrilenaESEVCde1a14deMaio,ondeosrepresentantesdasinstituiçõesenvolvidasparticiparamnodesenvolvimentodequatroprogra-masdeformaçãocontínuadeprofesso-res:aqualidadenaeducaçãoenode-senvolvimento;oensinodasciências;oensinodamatemática;eastecnologiasdacomunicaçãoeinformação.

Esteprojecto temumorçamentode573mileuros,dosquais85%são

suportados pela União Europeia, fi-candoosrestantes15%acargodasEscolas Superiores de Educação.Asupervisãoexternadoprojectoéfei-ta pela Universidade de Helsínquia,sendo que a coordenação estará acargodaprofessoraLurdesSerrazi-naacompanhadaporumaequipadecoordenação permanente que incluiosprofessoresJoãoRosaeFernan-daGomesdaESELxeJoséPorteladaEscolaSuperiordeEducaçãodeVianadoCastelo.

A coordenadoradoprojecto consi-dera-omuitoimportanteparaaESELxvistoquese inserenaáreada forma-çãodeprofessores,queéaactividadeprincipal da escola o que lhe permiteacumularexperiênciasúteisnodesen-volvimentodosprojectoscurriculares.

Outro aspecto importante para aEscola Superior de Educação de Lis-boa,éodaprojecçãodasuaimagemcomocoordenadoradeumprojectoquesecandidatouaumconcursoeuropeuonde só os melhores são escolhidos.IgualmentejuntodosquatropaísesdosPALOP’senvolvidosnoprojectovaire-forçarlaçosdecooperação.

AESELxacolheuosrepresentantesdasinstituiçõesdeensinosuperiordalusofonia

FernandaGomes,JoãoRosa,CristinaLoureiroeLurdesSerrazinanodecorrerdasessão

FotodeBrunaViegas

FotodeBrunaViegas

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Ronda das Escolas

Politecnia Maio n.º 21 / 200914

Ronda das Escolas

Vassouras“invadem”Escola

NUMAiniciativadaBibliotecadaEscolaSu-periordeTeatroeCinema,consideradaporFilipeOliveira, presidente da escola, “umaforça dinamizadora do espaço de exposi-ções”,comoapoiodoCírculoArturBual,asvassourasdeAntónioMoreiraalegraramosvisitantesederamasasàimaginação.

Nainauguraçãooriginalíssimadamos-tra,foigrandeaafluênciaaofoyerdaEs-colaSuperiordeTeatroeCinema.Umgru-podealunosdeuvozecorpoaostextoseencarnoupersonagensalusivosacadaumadasvassourasemexposição,levan-doopúblicoagargalhadaseaplausos.

António Moreira, vereador da Cultu-ra da CâmaraMunicipal daAmadora, éjábemconhecidodaEscolaSuperiordeTeatroeCinema.Nasceua23deFeve-reiro de 1953, em S. Marcos da Serrae concluiu, já em Lisboa, a licenciaturaemHistóriapelaFaculdadedeLetrasda

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Politecnia Maio n.º 21 / 2009 15

Ronda das Escolas

UniversidadedeLisboa.ÉassociadoaodomíniodaPoesiaedasArtesPlásticas,tendo já realizado inúmeras exposiçõesindividuaisecolectivas.

Aideiadasvassourasjátemcercade5a6anose,segundooartista,surgiudevárias hipóteses de trabalho,mas a es-

colha tevea ver como facto de ser umobjectoqueaolongodosanosnãofoisu-jeitoaqualqueralteração.

Por outro lado, a vassouraé umob-jecto que se adequa a qualquer tipo detransformaçãoepor issopermitiu-lheal-gumtipodesubversão.

Aboadisposiçãoreinou,easatisfaçãoporpartedosrepresentantesdaEscolaSu-periordeTeatroeCinema,doCírculoArturBualedeAntónioMoreiraeragrande.

OdirectordaGaleriadoCírculoArturBual, Eduardo Nascimento, afirma quenos 30 anos em que está naAmadora,a cultura está cada vez mais presente.O presidente da associação , José Rui,consideraoCírculoumaextensãocultu-raldaCâmaraMunicipaldaAmadora.Vêna Escola Superior de Teatro e Cinemaa oportunidade de chamar ao concelhoaatençãosobreumaáreaqueseperde“numlabirintodeLisboa”.

Nomesmosentidovãoaspalavrasdodirigentemáximodaescola,afirmandoque“ésempreimportantemostrarotrabalhodepessoas atentas, críticas e interventivas,comoAntónio Moreira”. Não deixa de se

mostrarsatisfeitocomaimagemdaescolacheia,vendoqueotrabalhoépartilhadoereconhecido, chegandomesmo a compa-rar o público com o de outros locais, no-meadamenteemLisboa.RessaltaquenaEscola Superior de Teatro e Cinema hásempre muita participação, não só pelosprofessores,mastambémpelacomunida-deenvolvente.

Oartistamostrougrandeentusiasmopela recriaçãodosalunosdaescoladoInstituto Politécnico de Lisboa para ca-daumadassuasvassouras,atéporquealgo tão simples como uma vassouratemnaverdademuitashistóriasescon-didaseassim, “o texto ficamaisclaro”.Oespíritocríticoqueolevouaestetra-balhosobrevassourasfoiodeaguçaraimaginaçãodaspessoase,aguçoupelomenos a do público que acorreu à Es-cola Superior deTeatro e Cinema paraveraactuaçãodosalunosinterpretandoashistóriasqueestãopordetrásdeca-daumdasvassouras.Oartista,AntónioMoreira,mostrouserumhomemdacul-turaemtodasassuasvertentes,ecomelenãohálugarparatristezas.

Oartista,AntónioMoreira,àconversacomaPolitecnia nainauguraçãodamostra

SuperiordeTeatroeCinema

FotodePedroPina

FotodePedroPina

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Parar para Pensar

16 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Ronda das Escolas

PinaBauschinspiradesenhos

SEISdesenhoseumapeçaemcobre e arame, instigados pelaarte da coreógrafa alemã PinaBausch, preencheram a exposi-ção deCatarinaMartinsPereiranaEscolaSuperiordeDança.

A artista, fascinada pelascriações de Pina Bausch, subli-nha“afrontalidade,aincessanteprocuraeoseuamoràdança”,quese tornaramasua fontedeinspiração. A sua intenção émostrar“comoasmarcasdeixa-daspelomovimentocorporalsãouma linguagem capaz de expri-mirsentimentoseideias"

CatarinaMartinsPereiraéna-turaldeLisboa.CursouGestãoeAdministração de Empresas,na Universidade Católica Portu-guesa. Posteriormente obteve odiploma em Foundation StudiesinArt&DesigneoBAemMixedMediaFineArte,pelaUniversida-dedeWestminster,emLondres.Desde2005 temparticipadoemexposições colectivas em Cas-cais,LisboaeLondres.

Frequentou,ainda,cursosdemovimento,teatroedesenhodemodelo. E trabalhou como con-sultora de sistemas de informa-çãoeWebdesigner.

ComemoraçõesdoDiaMundialdaVoz

A ESCOLA Superior de Música as-sociou-se às comemorações doDiaMundialdaVoz,16deAbrilde2009,comumasériedeiniciativasquetive-ramcomoobjectivoasensibilizaçãoparaa importânciadaVOZ.Preten-deu-se,ainda,adinamizaçãodaco-munidade escolar e a abertura dassuas novas instalações ao públicoemgeral,queassimpodeconhecerdepertoasmúltiplasactividadesqueaESMLvemdesenvolvendoao lon-godosseus26anosdeexistência.

As comemorações iniciaram-secomumacomunicaçãoapresentadapelo professor Luís Madureira, emqueforamenunciados,paraalémdeaspectos anatómicos e fisiológicosdo aparelho fonador, os cuidadosfundamentaisparaamanutençãodasaúdevocal.Seguiram-seumasériede concertos em que se apresenta-ram várias formações de alunos eex-alunosdirigidosporprofessoreseantigosprofessoresdainstituição.

AsactividadestiveramlugarnaBi-blioteca,SalasPolivalenteedeInter-pretaçãoCénicaenoPequenoAudi-tório,permitindoaopúblicofazeruma

jornadaporalgumdorepertóriovocal,atravésdaaudiçãodeobrasdecantogregorianoatéàmúsicadehoje.Desublinharofactodeteremsidoapre-sentadas,poralunosdaLicenciaturaemExecução,obrasdeváriosalunosdeComposição(coordenaçãodopro-fessorCarlosCaires).

Colaboraram nas comemoraçõesoCoroGregoriano de Lisboa, dirigidopelaprofessoraMariaHelenaPiresdeMatos, o Coro da ESML dirigido peloprofessor Paulo Lourenço, alunos deDirecçãoCoraledeFormaçãoMusicaldirigidospelaprofessoraClaraCoelho,alunosdeCantoacompanhadosaso-lo pelo professor FranciscoSassetti edirigidos cenicamente pela professoraSílviaMateus.ParticiparamigualmenteoprofessorLuísMadureiraeaactrizTe-resaGafeira(doelencodaCompanhiadeTeatrodeAlmada),alunosdeJazz(coordenaçãodoprofessorPedroMo-reira) que se apresentaramemváriasformações,eosprofessoresSílviaMa-teuseNunoVieiradeAlmeidaqueinter-pretaramasSieteCancionesPopularesEspañolas,deManueldeFalla.

LuísMadureiraJoãoCosta

PedroPina

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17Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Memória

AEXPOSIÇÃOnãointeressouape-nas aos jovens, fazendo de certamaneira reviver o passado a todososquedelefizeramparte.AideiafoiprestarumtributoaoInstitutoIndus-trialdeLisboa,instituiçãodeensinocomumahistóriadeséculoemeio.O IIL abriu um caminho quanto aonível de excelência e prestigio al-cançadospelaescola,emPortugal,noensinodaengenharia.

Para a concretização desta ex-posição desenvolveram-se diversastarefas comoapesquisa, recolhaetratamentodosbensquefazempartedopatrimóniohistóricodoISEL.Foiapresentadooambienteadministra-tivoeacadémicodoantigo InstitutoIndustrialdeLisboa,cujoenquadra-mento foi apoiadopor documentos,testemunhos de professores e fun-cionários que desempenharam fun-çõesnesseInstituto.

Oolharrecaiusobreumconjun-to de instrumentos e elementos bi-bliográficos que desempenharam opapeldeferramentaspedagógicaseadministrativasnecessáriasaoensi-nonoInstitutoIndustrialdeLisboa.

Nesta exposição, o visitante foiconvidadoacontemplarumamagnífi-camostradeinstrumentosrepresenta-tivosdasdiferentesáreasdeensinodeEngenharia do antigo Instituto Indus-trialdeLisboa,oNívelFennelKassel,oconjuntoVoltímetroeAmperímetro,oDínamo,oGalvanómetro,oRádiodeComunicações–Hallicrafters,aPren-saHidráulica,aBalançadePrecisãoeoMicroscópioMetalográfico.

Alguns dos belíssimos objectosde um posto de trabalho administra-tivodaquelaépoca,aRemington31,o Carimbo de Selo branco e outraspeçasdeigualinteresse.

DoespóliobibliográficodoInstitutoIndustrialdeLisboa,puderamaindaseradmiradosdocumentosadministrativosecientíficoscomoaspublicaçõesperió-dicasdaRevistaCiênciaeIndústria.

O espólio do IIL não se resumiuaosbensculturaisexpostos,peloque

Exposição“FragmentosdoPassado”

ISELmostrapatrimónioIndustrial

foipropostoatodososquenosvisita-ramvisualizarumaapresentação.

Esta exposição temum significa-doespecial, umavezque, reflecteotrabalhodoServiçodeDocumentaçãoePublicaçõeseoapoioqueaInstitui-çãoestáadaràáreadeMuseologia.

PatrimóniohistóricodoISELnocentrodasatenções

A exposição “Fragmentos doPassado –Reviver o IIL”, organizada pelo InstitutoSuperiordeEngenhariadeLisboa,recrioumomentosdavidadoInstitutoIndustrialdeLisboa,seuantepassado.Foimaisumainiciativadestinadaadivulgar,juntodasnovasgeraçõesdeestudantes,opatrimóniomuseológicodasuaescola.

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19Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Empreendorismo

A APRESENTAÇÃO dos projectosfinalistasaojúridoConcursoRegio-naldeIdeiasdecorreucomgrandeempenhoporpartedosfuturosem-presários depois de percorrido um

longo processo para o desenvolvi-mentodasideiasiniciais.

Detodoopercursoresultaramoi-to propostasefectivasdeplanosdenegócio, submetidas a júri no mês

deMaio.Dojúri,presididoporVicen-te Ferreira, presidente do InstitutoPolitécnico de Lisboa fizeram parteRitaSeabraeLuzPimenteldoInsti-tutodeApoioàsPequenaseMédias

IniciativadoIPLcongrega90participantes

`Moviemaker´vencePoliempreendeOConcursodeIdeiasPoliempreende,lançadopeloInstitutoPolitécnicodeLisboa,obteveaadesãode90participantes.DaEscolaSuperiordeTeatroeCinemasurgiua ideia vencedorado concurso regional.Produzir cinemadehorror é a visãodenegócioapresentadaporPauloLeite,DiogoAbranteseRicardoFeio.AadesãoporpartedetodasasescolasdoIPL,mostraointeressedoconcursoeotrabalhodosrepresentantesdecadaumadelasnasuadivulgação.

Texto de Clara Santos Silva l Fotos de Bruna Viegas

CartazesdedoisdosprojectosapresentadospelovencedordoConcursodeideias,PauloLeite

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20 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Empreendorismo

PauloLeite,docentedaESTC,apresentandoaojúrioprojectovencedor:"Moviemaker"

EmpresaseàInovação,AnaCristinaDiasdaBDO,empresadeauditoria,e Walter Palma da Caixa Geral deDepósitos,queouviramatentamenteas apresentações conduzidas pelosjovensempreendedores.

A deliberação final do júri deu-se cerca de uma semana depois eoprimeiroclassificado foioprojectodeprofessoredoisalunosdaEscolaSuperiordeTeatroeCinema.Apro-dutora Moviemaker, na pessoa doprodutor criativo, Paulo Leite mos-trou, com um discurso confiante edadosfundamentados,queocinemade horror em Portugal é uma opor-tunidade de negócio por explorar.Licenciado pela Escola Superior deTeatroeCinema,onde,actualmentelecciona,PauloLeitecontacomumavastaexperiêncianaáreadeprodu-

ção.Noprojectoparticipamalunosfi-nalistasdaEscolaSuperiordeTeatroeCinema,DiogoAbranteseRicardoFeiocujafunçãoseráadeescreverargumentosparaaprodutora.

Oplanodenegóciosapresentadofoiconsideradoomelhorpelaantevi-

sãoquefazdonegócioerespectivafundamentação.Ojúrichegouacolo-caralgumasdúvidasacercadavisãodaprodutora,atéporqueinicialmente

a ideiadeproduzirfilmesdeviolên-cianãopareciaumconceitoaoqualestivéssemoshabituados,mascertoéqueficouprovadoreunirasmelho-rescondiçõesparaserovencedoreestarpresentenareuniãodojúrina-cional,nodia10deJulho.

OalunodemestradodoInstitutoSuperior de Engenharia de Lisboa,Pedro Henriques deu a conhecero projecto Wireless Solutions. For-necer serviços de consultadoria es-pecializada na área de computaçãomóvel,éaideiaprincipaldoplanodenegócio apresentado. A oportunida-dequeojovemempreendedorlênomercadoéopotencialqueconsideraexistir nodesenvolvimentodeservi-çosmóveis,nomeadamentenasso-luçõesdepagamentomóvel.

TambémdoInstitutoSuperiordeEngenhariadeLisboasaiuotercei-ro classificado, Fábio Ferreira, ac-tualmente a frequentar o curso demestradoemEngenhariaInformáti-caedeComputadores.OprojectoAdomuns consiste no conceito deumacasainteligente,naqualeste-jamintegradostodasascomponen-tes da Domótica (segurança, con-fortoeeconomiaenergética).

Osmentoresdosprojectosapre-sentadosfizeramdosuportedigitala sua ferramenta mais ilustrativa,defendendocomgarraeconvicçãoassuasopções.

As ideias apresentadas dividi-ram-se pelas mais variadas árease foram desde as tecnologias deinformação, passando pela saúde,produção de filmes com violênciacontextualizadaepromoçãodear-tesanatourbano.

Atéàdatadeapresentaçãodosprojectosaojúriregional,ospartici-pantes passarampor várias fases,umadelasfoiaformaçãoparaode-senvolvimentoda ideia.A iniciativadecorreu em dois locais: no ISEL,onde se reuniram 20 participantesdeste Instituto,do ISCALedaES-TeSL, e na ESCS os inscritos dasrestantesescolas,numtotalde70.

Estaformaçãoprocuroufomentarem cada participante o espírito em-preendedor,mostrando-lhescomosedetectamoportunidadesesegeramideiasdenegócios.Paraalémdedar

Paulo Leite mostrou, com um discurso confiante e

dados fundamentados, que o cinema de horror em Portugal

é uma oportunidade de negócio por explorar

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21Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Empreendorismo

Osmembrosdojúri(daesquerdaparaadireita):AnaCristinaDias,WalterPalma,VicenteFerreira,LuzPimenteleRitaSeabra

aconheceraoscandidatoscomoosempresários trabalhamnavida real,e o que os potenciais financiadoresde negócios desejam ver num em-preendedor ajudando-os no desen-volvimentodonegócio.

Após esta etapa formativa fo-ram apresentados 18 projectos deideiasinovadoras.

Ojúriregionalreuniueconside-rouque17ideiastinhamcondiçõesparaavançarparaodesenvolvimen-to do plano de negócios, a fim deserem apresentadas ao concursoregional.Umadelas,devidoaoseuestadoavançadodedesenvolvimen-to,foiapresentadanaplataformaFI-NICIAe consideradaemcondiçõesdeserapresentadaaumaBusinessAngels pelo IAPMEI (Instituto deApoioàsPequenaseMédiasEmpre-sas),paraserfinanciadaeapoiadanoseudesenvolvimento.

A etapa seguinte do concursopermitiu dar formação aos poten-ciaisempresáriosparaquepudes-semtrabalharas16ideiasedesen-volverde formaadequadaosseusplanosdenegócio.

AequipapordetrásdoConcursoRegional de Ideias é liderada pelo

professorCostaPereira,daEscolaSuperior de Comunicação Social,queconsideraque,paraoprimeiroano,foiboaaadesão.Acrescentan-do no entanto que “será possível,empróximosanosaumentarsignifi-cativamenteestenúmero,umavezque estamos perante um universosuperiora15milpessoas”,ondese

incluemestudantes,docentesean-tigosdiplomados.

O6 º.ConcursoPoliempreende,Projectos de Vocação Empresarial,terminará no dia 10 de Julho, dataemqueosprojectosvencedoresdosconcursosregionaisseapresentarãoperanteojúrinacional,presididoporJoséManuelTorresFarinha.

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22 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Empreendorismo

UmaexperiênciabemsucedidaANDRÉValeseMiguelGraçaSantos,osmestrandosdoInstitutoSuperiordeEngenhariadeLisboaqueparticiparamemMaputo, como apoio do InstitutoPolitécnico de Lisboa, no CongressoLuso-Moçambicano de Engenharia,falamaquidessaexperiência.Osdoisjovens engenheiros investigaram edesenvolveram– recorde-se–opro-jectodesignadoQualidadedeEnergiaEléctrica–optimizaçãoemnúmerodecavasdetensãoemlinhasaéreasdemuitaalta tensão”, soborientaçãodoprofessor Manuel de Matos Fernan-des.Eisoseutestemunho:

"A nossa ida a Moçambique foibastanteenriquecedoraemváriosní-veis:profissional,socialepessoal.

A apresentação do artigo foi umsucessopoisatingimosonossomaiorobjectivoquefoiestabelecercontactoscomaElectricidadedeMoçambique,aempresa responsável pela exploraçãodoserviçopúblicodeProdução,Trans-porteeDistribuiçãodeenergiaeléctricadeMoçambique(EDM).Fomosaborda-dosporumgrupodeengenheirosquetrabalham na EDM na área das pro-tecções,poisestesmostraramgrandeinteresse no estudo por nós realizadodevidoàquantidadededescargasat-mosféricasserememmaiornúmerodoqueemPortugal representandoassimumproblemamaioreofactodeapre-sentarmos soluções com um investi-

mento bastante reduzido face à totalinstalaçãodeumalinhadetransmissãodeenergiaéumfactorateremcontadevido à realidade em queMoçambi-queseencontra.Ficámoscomocon-tacto destes colegas tendo assim umcanal aberto de comunicação, quemsabe,parafuturasparcerias.

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Ficámos hospedados em casasdeamigosoquefoiumamais-valiaporque assim tivemos uma integra-çãomaisfácilaoambienteestranhoqueencontrámos,devidoàsdiferen-ças culturais tais como, regatear opreçodoTáxi,antesdearrancar,eaconselhamento de locais a visitareprecauçõesaternaruaprincipal-mentenabaixadacidade.

Na nossa estadia emMoçambi-quetivemosaoportunidadedeirfa-zerumSafariàÁfricadoSulnoPar-que Nacional Kruger tendo este amaioráreadeconservaçãodefaunabraviadaÁfricadoSul,comumaex-tensãodecercade350kmdenortea sul e 60 kmde leste a oeste co-brindoassimcercade20000km2.Resumidamente foianossaexperi-ência emMoçambique, claro queoquevimos,ouvimosecheirámosfi-caráparasemprenanossamemóriadeuma forma inexplicávelpoisnãosomos romancistas, somos enge-nheirossensíveisaomundoquenosrodeiaefoiissoquenóstrouxemos:sentimentoseexperiência.

AndréValeseMiguelGraçaSantosreferemoapoiodoIPLnoseuprojecto

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O Acontecimento

23Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Sobosignofantásticodamagia

EstudantesdeTeatroeCinemabrilhamnopalcodeBenfica

AcompanhiadeteatroMagiaeFantasiafoicriadaem1995,sendodirigidaactualmenteporPauloLage,alunodocursodemestradoemteatrodaEscolaSuperiordeTeatroeCinema.EstacompanhiatemumarelaçãojáantigacomaescoladaAmadora,umavezqueváriosalunosjápassaramporela.De3a25deAbrilacompanhia,comumelencototalmenteconstituídoporalunosdaESTC,estevenoauditórioCarlosParedesemBenfica,ondeapresentouapeça“LoucosporAmor”deSamShepard.

Textos de Paulo Silveiro l Fotos de Bruna Viegas

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O Acontecimento

24 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

APESARdepossuirumaideiamuitopessoal sobre o teatro,Paulo Lageconsidera importante possuir umcurso académico, mesmo que sejanuma área artística. Foi por issoquetiroualicenciaturaemformaçãodeactoreseencenadoresnaEsco-laSuperiordeTeatroeCinemaem2005/06, frequentando actualmenteo 2º ano do mestrado em encena-ção.De todas as escolas de teatroexistentes no país, o actor e ence-nador, considera a Escola Superiorde Teatro e Cinema a que preparamelhorosalunosparaacarreiraar-tística.Paraalémdetertidoaopor-tunidade de aprender commestrescomoEugéniaVasques,eNatáliadeMatos,que lhe transmitiramoespí-rito do teatro, a escola artística doIPL,proporcionouaoencenadorex-periênciasinternacionaisatravésdeprogramaseacordos.

Acompanhiaquedirige,semprepossuiu uma forte componente dealunosdaEscolaSuperiordeTeatroeCinema,issoéexplicadopeloco-nhecimentoquePauloLagetemdosalunos que frequentam a mesma.EleacreditanaformaçãoqueaEs-cola dá aos futuros actores, sendonesseuniversoquerealizaaselec-çãoparaoelencodacompanhia.

Paraoencenador,ofundamental

notrabalhodoactoréaformaçãoqueacumulou e conseguir aplicar essesconhecimentos.Questionadosobreoaparecimentodemuitosjovensacto-

resquefazemessencialmentenove-las,PauloLageconsideraquemuitosvivemapenasdasua imagem.Tudosecomplicaquandopassamdostrin-

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O Acontecimento

25Politecnia n.º 21 Maio / 2009

taecincoanos,comonãopossuemumabasedeaprendizagem,acabampor desaparecer do meio artístico.Comoavançardaidadeaspersona-gensvãosendocadavezmaiscom-plexaseexigentes,eparaasencar-naréprecisoumatécnicacorporalerespiratória que só se aprende nasescolasdeteatro.

PauloLageéumacérrimodefen-sordoteatro,paraelearepresenta-ção é no palco. Não gosta nem vêtelevisão,oqueelatransmiteéruí-dobásicoquecansamasnãomexecomaspessoas.

O teatro é encarado, pelo ence-nador, como uma catarse espiritual,mexe coma cabeçadaspessoas, opúblicovemveraspeçasporquequercomprarumsonho.Amissãodoteatroétransmitirumamensagem,fazendocomqueaspessoaspensem.

OestudodosconflitosdoHomeméumtemapeloqualPauloLageseinteressa muito. Adora reflectir so-bre as relações problemáticas econturbadas entre as pessoas. Oseuprimeirotrabalhodeencenaçãofoi “As LágrimasAmargas dePetraVonKant” que reflecte o domínio eo poder que as pessoas exercemumassobreasoutras,seguiu-se“AsCriadas”deJeanGenetquefocavaamesmaproblemática.

A ideiadeencenarapeça“Lou-cos porAmor” resultou da necessi-dade de, no âmbito do mestrado,apresentarum texto.PauloLage jápensavatrabalharcomosalunosdaEscolaSuperiordeTeatroeCinemaJoão e Cheila. Em todas as repre-sentaçõesqueviudapeçadoSamShepard, a personagem May erasempreencaradacomoumamulherloira,aprópriaCatarinaFurtadopin-tou o cabelo de loiro quando inter-pretou a personagem. Para PauloLagenoteatronãoháraças,oteatrocomoPeterBrookofaz,nãotemcor,oqueinteressaéoqueoactortra-balha.Oseuespíritorebeldelevouoencenadoracortarcomosestereó-tiposque têmsido feitosatéagora.Assimnasceuaversão“LoucosporAmor”comoPauloLageaidealizou,comumaMaydetezescuraquere-alizaumainterpretaçãofantástica.

PodeumactorviversódoTeatro?

A RESPOSTA à questão queconsiste em saber se um actorpodeviversódoTeatroededi-fícil resposta, mas Paulo Lagenãohesitaemdizerquesim.Umactorpodetrabalharnoutrasáre-as,massóseassumirquegostadeofazer,enãocomoumafor-madeganhardinheiro.Umactordeteatrotemdeinteriorizarquepertence a uma classe que so-brevive,masnãopodeaspiraraumavidadeluxos.Masoteatrotemqueserfeitoparaopúblico,temde tocarnaspessoas,eosencenadores têm que ter essa

preocupação de atingir váriospúblicos e não encenarem sótextosundergrounddestinadosaelitesteatrais.

Paulo Lage apresenta oexemplo doFilipe LaFéria que,durantemuitosanos,fezumtea-tromuitoespecífico.Actualmenteo autor, encenador e cenógrafotem uma indústria de entreteni-mentoquegerareceitasquelhepermitem uma posição de des-taque no teatro português.ParaPauloLage issonão lhe retiraovalor,eleéumhomemdoteatroeémuitobomnoquefaz.

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O Acontecimento

26 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

JOÃO de Brito, Cheila Lima, TiagoNogueira, alunos do 2º ano do cur-sode teatro, ramoactores, eCarlosMalvarez já licenciadoemteatro,co-mungamdaopiniãodoseuencenadorsegundoaqual,oEstadotemqueterumpapelmaisinterventivonaempre-gabilidade dos alunos que terminamoscursosdaEscolaSuperiordeTe-atroeCinema.

Nem todos os alunos têm a opor-tunidade de, como eles, conheceremumencenador que aposte neles e osponhaaactuarnumpalco.Masapesardegostaremdefazerteatro,osalunosnãoexcluemapossibilidadedeactua-remnoutrasáreas,comoocinemaouatelevisão.Nofundosentem-seprepa-radospararepresentarondeequandofornecessário,semprecomaqualidadequeopúblicomerece.AprópriaEsco-laSuperiordeTeatroeCinemajáestáa adaptar-se às novas exigências domercadodetrabalho,assim,noâmbitodeprotocoloscomaUniversidadeLu-sófonaecomaCinemateca,osalunosdo curso de teatro, podem frequentarumateliêdecinemaetelevisão.Existeigualmenteapossibilidadedosalunosrealizaremumsemináriodecasting.

Quandoconfrontadoscomasqua-lidadesqueumactordevepossuirparasingrarnomeioartísticos,osalunosdaEscola Superior de Teatro e Cinema

OpapeldoEstadonacriaçãodeempregos

entendemquepossuirumfísicoatrac-tivo não basta, é necessário talentoe formação.Poroutro ladoo teatroea televisão são distintos, esta últimaapostamaisna imagem,por issoes-colheaspessoasesteticamentebelas,sóposteriormentesurgeanecessida-

dedeelasadquiriremformação.Hojepodemos verificar que a maioria dosactores adolescentes de séries comoos “Morangos comAçúcar” fica pelocaminho,porqueesgotamasua ima-gem rapidamente. É fácil aparecermasédifícilpermanecer.

A COMPANHIA de Paulo Lagepossuium largohistorialno tea-tro infantil.Desde o ano da suafundação,em1995,comoprojec-to“OTeatroVaiàEscola”quea“MagiaeFantasia”temapresen-tadováriaspeçasdestinadasaopúblicomaisjovem.Oencenadorconsidera o teatro infantil muitoimportante para as crianças,enquanto espectadores, mastemdúvidasemutilizá-lascomoactores. Paulo Lage reconhecenão possuir conhecimentos pe-dagógicos para dirigir crianças.O teatro é feito de memórias eexperiênciaseumjovemdeter-

naidadenãopossuinenhumadasduas. Já como espectadores ascrianças têm um grande interes-sepelosespectáculos,desdequeelessejamdinâmicos,esejamre-pletosdecor,sonsemovimento.Eles encaram o teatro como ummundomágicoonde,aocontráriodatelevisão,aspersonagenssãode carneeosso.Opróprio com-portamento das crianças evoluiuao longodosanos.QuandoPau-lo Lage começou a fazer teatroinfantil apresentavam-no como“vêm aí os palhaços”, hoje issonãoacontece,opúblico jovem játemanoçãodoqueéoteatro.

Ascriançaseomundomágicodoteatro

Oscriadoresdoespectáculo(daesquerdaparaadireita)CarlosMalvarez,CheilaLima,PauloLage,JoãodeBritoeTiagoNogueira

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O Acontecimento

27Politecnia n.º 21 Maio / 2009

OTeatro,ospúblicoseossubsídiosOSALUNOSdaEscolaSuperiordeTeatroeCinemaentendemqueotea-tro,parasubsistir,deveabrangertodootipodepúblico,passandopeloteatrocomercialeacabandonoexperimen-tal direccionadoaunsespectadoresmaisexigenteseespecializados.

A questão dos subsídios é mui-to controversa, os alunos reclamammaisapoiosdoEstadoparaingressa-remnascompanhiasteatraisestatais,maselesprópriostêmqueorganizar-secriandocompanhiasprópriasere-alizandooseupróprioespectáculo.

Poroutroladonota-seafaltadepúblico no teatro. As razões dissoacontecernãosãoóbvias,seráfaltadecultura,osbilhetessãocaros,ouaspessoassãocomodistas?

Os alunos entendem que é umpouco de tudo, mas continuam aapostar no teatro porque, no fim decontas,têmumimensoprazernoquefazem,eissocontamuito.

Oteatronãopodeestarsempreàesperadasopadospobres,amenta-lidade temdemudar.Éo teatroquetemde iraoencontrodopúblico,ascompanhias têmdepercorreropaíspropondoavendadosseusespectá-culosjuntodascâmarasmunicipais.

Mas segundo Paulo Lage o Es-tado deveria ter a preocupação deajudarascompanhias,nosentidoderentabilizaroinvestimentoquefeznaformaçãodosalunos.Simporqueficacaro, e somos todos nós que paga-mos com as receitas provenientesdos impostos, formar um actor deteatro. Na opinião do encenador, osteatrosdoEstadodeveriamempregar

osalunossaídosdasescolasartísti-caspúblicasenãoé issoqueacon-tece.Deondevêmessesactoresqueocupamoslugaresquedeviamestar

preenchidospelosalunosdaESTCedasoutrasescolas?

É esta a pergunta que PauloLage gostaria de ver respondida,pelos produtores responsáveis pe-los contratos. Porque, segundo oencenador,opúblicoportuguêsnãoéestúpido,enãovaiverumespec-táculosóporqueapareceafiguraXouY.Aspessoasvãoaoteatroparaverqualidade,equandoelanãoestápresenteosteatrosacabamastem-poradas antes do tempo previsto.Segundooencenadorénecessáriosepararo trigodo joio,e issoacon-tece quando os actores se afirmampelaqualidadedoseutrabalhoenãopelasuaimagemmediática.AequipaentendequeoEstadodeviaconcedermaisapoioàprocurado1º.emprego

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Parar para Pensar

28 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Para Reflectir

Temponãoéelástico!

Osportuguesespassamdemasiadashorasemreuniões

OsPortugueses não são pontuais e olhampara o tempo como umelástico queesticaemfunçãodocontexto.NonossoPaís,osquadrosdirigentesconvivembemcomafaltadeplaneamentoetêmpoucorespeitopelotempoeoscompromissosdosoutros.Inquéritorecenteemqueparticipeiconfirmou-memuitasdasconclusõesqueapercepçãodavidanosvaiensinando.

Textos de Pedro Mendonça

quediz,nasuale-tra: “eu não fui oculpado, eu não te-

nho nenhum pecado,oculpadofoiodestino”…

Na maioria das situações,as convocatórias dizem, preto no

branco, “reuniãopelasxhoras”emvezdereferirem“àsxhoras”.

O Quadro português é avessoao planeamento ou convive bemcomafaltadeplaneamento.Muitasvezes(o Inquéritoacimacitadore-fere50%dasvezes…),asreuniõesnãotêmagendae,quandoatêm,éapenasumavagabasedeorienta-ção…Eninguémconsideraissoim-portante;mais,sealguémprotestar,

OPORTUGUÊS(queé meio mouro…) nãoépontualeolhaparaotempo como um elásticoqueesticaemfunçãodocon-texto.Enunca se sente respon-sávelporessesatrasos;oculpadoésempre“ooutro”.OuviumavezumColegaqueixar-seamargamentedocorte de horas de aula, por virtudedoProcessodeBolonha;esseCole-gachegavasempreatrasadoàaula,15/20minutos(o“famigerado”quar-to de hora académico…): semulti-plicasse esse tempo pelo númerode aulas do semestre, chegaria fa-cilmente ao número de horas quereivindicava…Aliás,temosumfado

“Uma reunião à portuguesa é parecida com o cozido:

faz- se numa enorme panela que tem lá tudo, mas mis-

turado, que ferve em pouca água. São longas as reuniões

portuguesas, como são as digestões do cozido.”

Vítor Serpa, A Bola em 16-4-94

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Parar para Pensar

29Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Para Reflectir

Aconduçãodareunião

éconsideradoum“troublemaker”…O Quadro português tem muito

poucorespeitopelotempoecompro-missosdosoutros.Oprofessor,oqua-dromédioesuperior,omédico,ojuiz,o dirigente português, encaram com

bonomia qualquer atraso e integram-nonaturalmentenassuasobrigações.Eissoreflecte-setambémnoincumpri-mentogeneralizadodeprazos.

Este “fado”, que nós podemoscaracterizar com um “somos assim

mesmo”,podesermodificado.Nãoéumaquestãodefeitioesimdehábito!Temos de pôr de lado o “porreirismonacional”! Se, culturalmente, é “chic”chegar atrasado, um Presidente ouDirector-Geralpodelançaramodain-

NÃOécondutordereuniãoquemquer, nem deve ter essa funçãoaquele que tem mais alto esta-tuto. As principais dificuldadessão o recurso ao seu estatuto,“puxando pelos galões”, Truque,fazer “rodar” o condutor da reu-nião;adesconfiançaem relaçãoaosgrupos (é lento,mataa res-ponsabilidade,nãoparticipam);eo “empurraraagenda”, impondotemposerecorrendoa“receitas”.

Opapeldocondutordareu-niãodeveserodeprepararreu-nião, definir objectivos e local/data/hora,prever tempoecum-prireregularadinâmicadogru-po.Estaúltimafunçãopassaporfacilitar a palavra e assegurarque todos sabem o seu papel,gerirfaladores/tímidos,controlaros fortes e proteger os fracos,escutar/reformular,efectuarsín-teses, recentrar nos objectivos,gerirotempo.Apósareunião,ocondutordeve,ainda,assegurara feitura da acta e seu segui-mento, garantindo a execuçãodoquenelafoidecidido.

Todosestespapéisdemons-tramquenãotemqueseromaiscompetenteoudemaiorcatego-ria hierárquica a dirigir a reu-nião. A rotação nessa função,especialmente em reuniões di-tas “institucionais”, seria forma-tivaeajudariaosparticipantesa“crescerem”.

Haveráaindaqueprepararocheck-list, para verificar a indis-pensabilidade de todos os pre-sentes na reunião: As dúvidasassociadas são a de saber sealguémpodeser“libertado”paraoutras tarefas? se a informação

paraatomadadedecisãoestádis-persaporváriaspessoas?,seaim-plicaçãodelesé indispensável?,seasinergiadogrupocontribuiparaaqualidade?eseoconfrontodepon-tosdevistaéútil?

O local da reunião deve ser are-jado, não com cadeiras confortáveis(!), isolado,semtelefonesecomumálbumseriadoquepermitaatomada

denotasquetodososparticipan-tespossamacompanhar.Amesaideal:sociológica(quepermitequetodossevejamunsaosoutros.

Todaasaladereuniõesdeveterumrelógio,depreferênciacomocronómetrousadonobasquete,acontarotempoquefalta…

Porque não um pequeno-almoçode trabalho,emvezdoalmoço?Nãocortaodiadetra-balho,érápido,discreto,come-semenos,fala-semaiseémaiseconómico.

Porquenãoutilizarmaisavi-deoconferência?

Porúltimo,haveráqueacaute-lar a avaliação da reunião. Regu-larmente deve ser distribuído umimpresso que recolha a opiniãoacercadaformacomoeladecorreuequedivulgueosseusresultados.

O local da reunião deve ser arejado, não com cadeiras

confortáveis (!), isolado, sem telefones e com um

álbum seriado que permita a tomada de notas que todos

os participantes possam acompanhar

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Parar para Pensar

30 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Para Reflectir

Para que servem as reuniões?

versanasuaorganização,comomar-cadeseriedade,rigor,profissionalismoeresponsabilidade.EháorganizaçõesemPortugal queo conseguiram.Porexemplo, conheçoumaemque, reu-niãomarcadaparaas10H00,significaculturalmentechegaraolocalàs9H45.ADirectoradeRecursosHumanosdaIkea diz que os portugueses são tãopontuaiscomoossuecos…

Umreuniãoeficazéaquelaemque os objectivos previamente es-tabelecidos, foram atingidos nummínimodetempoecomsatisfaçãodosparticipantes.

As reuniões são indispensáveis

aoprocessode tomadadedecisão,mas não constituem o melhor foropara as tomar. Passaram a fazerparte do “sistema demérito” da or-

ganização(aspessoassentemasuaimportânciaemfunçãodonúmeroenaturezadasreuniõesparaquesãoconvocadas). Pior ainda se essasreuniõestêmumnome!

Deveria ser obrigatório determi-narsempreocustodeumareunião,parasepoderfazeraanálisecusto-benefício,istoé,

Valor/hora = (Σ remuneraçõesmensais dos participantes) x 14 +24,25% dos encargos com a Segu-rançaSocial+100%(paraseteremem conta os custos de estrutura) edepois dividir por 220 dias úteis detrabalho e dividir novamente por 8horasdiáriasdetrabalho

Umareuniãoeficaznãodevetermais de 10/12 pessoas; o númeroidealé7.Abaixode5épobre,aci-made10émultidão,temtendência

Lei da dilatação dos corpos: a duração de uma reunião

aumenta com o quadrado do n.º de pessoas

Para tomar decisões que exigem o confronto de ideias

Para a informação circular (explicar

situações complexas, encontrar solu-

ções em conjunto, duvidas logo esclarecidas)

Por razões psicológicas; somos prima-

tas e vivemos em grupo; muitas vezes,

só em reunião sentimos que fazemos parte

de uma organização

Para implicar os outros nas decisões

Para fazer crescer as pessoas e as organiza-

ções (é um modo de formação e instrumen-

to privilegiado para a melhoria contínua).

Por isso sugiro que o condutor da reunião

rode, regularmente

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31Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Para Reflectir

a“partir-se”eexigemuitoesforçoaocondutor.Acimade15pessoas“de-veriaserproibido”!

Aescolhadaspessoaspresentesdeveser cuidadosae teremcontaoscritériosseguintes:Conhecimen-todoassunto,interessenasolução,diversidade de pontos de vista,abertura de espírito/liberdade de

expressão.Repare-sequenãoestouafa-

lardasregrasdoCódigodePro-cedimentoAdministrativo; estoua falar de regras de eficácia.O Código foi elaborado numaépoca emque não havia com-putadores, gravadores e haviamuitotempodisponível,muitashoras/homemdisponíveis…

*Professor-Adjunto do ISEL(DepartamentoEngenhariaCivil)

Em Portugal é “chic” chegar

atrasado…

Seis regras para uma boa reunião

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32 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Profissão

MartaCaeiro:DirectoradeMarketing

AMTVfoioseu“dreamproject”Fascinadadesdecedoportelevisão.MartaCaeiro,empequenapreferiaosjinglespublicitários das bombocas e da coca-cola aos desenhos animados. EstudouPublicidadeeMarketingnaEscolaSuperiordeComunicaçãoSocial e trabalhou,durantecincoanos,comoAccountExecutivenumaagênciapublicitária.Em2008assumiuocargodedirectorademarketingdocanaltelevisivoMTVPortugal.

Textos de Vanessa de Sousa Glória l Fotos de Clara Santos Silva

APAIXONADApormarcas,televisãoemúsica,MartaCaeiroé,aos29anos,Directora de Marketing do canal demúsicaeentretenimentoMTVPortu-gal,queconsiderao“DreamProject”que conseguiu realizar. O curso dePublicidade e Marketing na EscolaSuperiordeComunicaçãoSocialfoia suaprimeira opção.Foi alunadoErasmus, estudou durante um anona Glasgow Caledonian University,na Escócia. Uma experiência quedescreve ter sido “inesquecível eumagrandeaventura”.Porláapren-deu outras formas de comunicaçãoefez“grandesamizades”queaindahojesemantêm.

Ao regressar a Portugal MartaCaeiro iniciou a carreira profissio-nal em publicidade. Desempenhoufunçõesdeaccountexecutivenumaagência publicitária.Trabalhou comclientesdediferentesmercados,de-senvolveucampanhasdistintasdes-de o produto financeiro, ao relógioouatémesmoumacausasocial.

No ano passado trocou a publi-cidade pelomarketing. Ser directo-ra demarketing do canal televisivoMTVé, como fazquestãodedizer,o seu “Dream Project”. Um sonhoantigotornadorealidade.Jánaado-lescênciarecorda-sedeterohábitodegravarosvideoclipsdosseusar-tistaspreferidosemitidospelocanaldemúsica. “VeraMTV,nessaaltu-ra, era como conviver na casa dosartistasqueeutantoidolatrava”,dizMartaCaeiroque,nuncaimaginaria,anos mais tarde, fosse a directorademarketing do canal.Desdemui-

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33Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Profissão

tocedoquegostariadetrabalharnaáreadacomunicação.

O dia-a-dia na MTV é encaradocomo um desafio constante.Apesardegrandepartedaprogramaçãodocanal ser composta por vídeosmu-sicais, o canal tambémemite sériesdeficção,realityshows,concertosaovivoeprogramassobreavidasocialdosartistas,unsfazempartedapro-gramaçãointernacionalmente,outrossãoproduzidosemPortugal.Chegaraumpúblico-alvojovem,entreos15eos30anos,exigenteeselectivo,éograndeobjectivodeMartaCaeiro.

Nostemposquecorremouniver-sodaMTVnãoserestringeapenasà televisão, “é umamarca constru-ída a 360º.A internet (site e redessociais), telemóvel, e os eventoson the ground, completam esta es-tratégia 360.º”, explica a directorade marketing que, nunca imaginouque,emdozemeses,desenvolves--se,projectostãoúnicoseinovado-resquenão iráesquecer.Oeventodo5.ºaniversáriodaMTVPortugal,noanopassado, foiexemplodisso.Numa experiência para mais tarderecordar,artistas,convidadoseven-cedores de passatempos do canal,comemoraram, com muita música,

MartaCaeironoeventoquecomemorouoscincoanosdaMTVemPortugal

a 30.000 pés de altitude, a bordodeumavião, rumoaBarcelona,oscincoanosdeemissãodocanaldemúsica. “MTV On Board- 5 Years

onAir”, assim se chamava o even-toquecontoucomaparticipaçãodoDJ,FelixDaHousecat,umhistóricoda música electrónica que tocou a

AMTVPortugalassinalouoDiadosNamoradoscomumaemisãoespecial

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34 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Profissão

bordo. Para Marta Caeiro a aven-turaajudou-aaultrapassaromedodeviajardeavião,e,paraafestadeaniversáriodesteano,prometealgomais surpreendente, embora nãopossaaindarevelarpormenores.

Já por terra, no centro históri-codeLisboa,aMTVassociou-seàFiatparaolançamentodoFiat500.Música,coreanimaçãoforamosin-gredientesdesteeventoquedepoisteve continuidade na maior streetpartydePortugalnaRuadoNorte,noBairroAlto.

Para assinalar o dia dos namo-rados emostrando que “o amor naMTVestásempreemPlay”,adinâ-mica directora de marketing, MartaCaeiro, organizou um evento, inti-tulado "Play Love", onde vários ca-saisdenamoradossejuntaramparadisputaromelhorbeijo.Ocasal"so-brevivente"evencedor fezdemupihumano experimentando, duranteuma tarde, ininterruptamente, nosArmazéns do Chiado, diferentes ti-posdebeijos.

Da sua passagem pela EscolaSuperior de Comunicação SocialMartaCaeirorecordaas“excelentescondiçõestécnicaseosequipamen-tos existentes para aprendizagem:estúdios de televisão, câmaras defilmar e máquinas fotográficas quepodia alugar e o laboratório de re-velação de fotografia”. A jovem di-rectorademarketing,MartaCaeiro,elogiatambémaqualidadedocorpodocentedaescola,sólamentanun-ca ter participado na organizaçãodosCommiesAwards,umagalaon-deosprofessoresefuncionáriossãopremiadospelosalunospelodesem-penhoquetiveramaolongodoano.

A AVENTURA que Marta Caeiropretendia viver ao candidatar-seao programa Erasmus acabou porsetornarnumaexperiênciadevidaenriquecedora, em termos culturaise de aprendizagem que aconselhavivamente todos os estudantes avivencia-la.Foiem2000queviajouatéàEscóciaefrequentou,durante

MaisdoqueumaaventuranaEscócia…umano, o curso “Adverstising- praticalstudies- Impacto of mass communica-tion”naGlasgowCaledonianUniversity.Na altura, no Pinhal Novo, onde viviacomospais,foidasprimeirasjovensairestudarparaoestrangeiro.DuranteasuaestadiaemGlasgowconciliouoses-tudoscomumtrabalhonodepartamentodemarketingdaempresaCompaqque

teveconhecimentoatravésdoGabi-netedeApoioaosEstudantes Inter-nacionais.Ofactodefalarportuguêsvaleu-lheolugarporquetinhaaseucargoomercadobrasileiro.

Por lá fezamizadesqueaindahojesemantém.“AEscóciafoiami-nhacasa,eoErasmusumagrandeaventura.”dizMartaCaeiro.

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Parar para Pensar

35Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Profissão

NUMAiniciativadaMTVPortugal,on-deamúsicafoioprincipalingrediente,artistasdegraffitistransformaram,empoucas horas, no passado dia 4 deAbril,asparedescinzentasdoparquedeestacionamentodoFórumBarrei-ro numa verdadeira galeria de arteurbana.ParaMartaCaeiro,directorademarketingdaMTVcumpre-seas-simumdesejoantigodamarca“pro-moverumeventomaisunderground,ondeaarteurbanasefundissecomamúsica.”Pela ligaçãoaouniversodograffiti,oBarreirosurgecomo“opalcoperfeito” para dar forma ao conceito“Fromgreytorainbow”,dizMartaque,nofinal,fazumbalançoextremamen-te positivo da acção. Dirigido a umpúblico jovem foram muitos os quequiseram participar nos workshops,que decorreram das quatro da tardeàsonzedanoite,depinturadevinis,customização de headphones ao vi-vo.AolongodatardeforamváriososDJsquefizeramasdelíciasdopúbli-co.Trêsmesesfoio tempoqueesta

Deparquedeestacionamentoagaleriadearteurbana

acção levou a ser preparada “desdeaconcepção,produção,comunicaçãoe implementação de todas as fases”dizadirectoradeMarketingque,para

alémdaequipadaMTV,contoucomoapoiodaCâmaraMunicipaldoBar-reiro,doFórumBarreiroedasmarcaspatrocinadorasdoevento.

MartaCaeiroagradeceaparticipaçãodojovemnoworkshopartísticooferecendo-lheaminiaturadeumautomóvel

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Ronda das Escolas

Politecnia Maio n.º 21 / 200936

Reportagem

CompozinhosperilimpimpimPreocupadacomadelinquênciajuvenil,abandonoeinsucessoescolar, gravidez na adolescência, iliteracia, problemas queafectam as comunidades mais carenciadas, Maria EmíliaNabuco, investigadora da Escola Superior de Educação deLisboa, percebeu a urgência de desenvolver um trabalhopreventivoprimárionoterrenoemparceriacompais,cuidadoresecrianças,desdeoseunascimento. Inspiradonummodeloinglês,jácomprovasdadas,nasce,assim,oAPar-Aprenderemparceria.Umprogramagratuitooferecidonocontextodafamíliaemqueoafectoestánabasedaestratégiaeducativa.

Textos de Vanessa de Sousa Glória l Fotos de Paulo Silveiro

Relaçõesafectivasno

“BOM dia à Susana, bom dia à Carla,(…),Bomdiaseestáscontente,Bomdiaseestás triste, (…),Bomdiaaospeque-ninos, Bom dia aos crescidos, Bom dia,bomdia,oláquebomestãocá!”.Écomacançãodeacolhimento,ondesãoevoca-dososnomesdospais,filhoseeducado-res,presentesnasala,quesedáinícioamaisumasessãodoAParnoCentrodeDesenvolvimento Comunitário da SantaCasadaMisericórdiadaCharneca.Comencontromarcado,todasasterças-feiras,pais,filhoseeducadoras,juntam-separa,religiosamente,duranteumahora,brinca-rem,cantaremeouviremhistórias.

Sentadosnochão,emcírculo,àvoltado edredão, Susana, Rodrigo, Natasha,Osmar e Rafael, com um ano de idade,abraçam-se àsmães enquanto se baloi-

çam ao ritmo da música das palminhasquetodosfazemquestãodecantar.

Trata-se de um projecto pioneiro emPortugalquepretendecontribuirparaumamelhoria educacional da comunidade en-

volvendo logo, desde muito cedo, pais ecuidadores na educação dos seus bebése crianças até aos cinco anos. Atenta ebastantepreocupadacomosdadosesta-tísticosde insucessoeabandonoescolar,

violência, gravidez na adolescência, exis-tentes nos bairros sociais do nosso país,MariaEmíliaNabuco,e,apósterconheci-mento dos “resultados fantásticos” que oProjectoPEEP(PeersEarlyEducationPar-tnership),tevecomresidentesemáreasdeintervençãoprioritárianacidadedeOxford,

PARA a presidente da A Par, MariaEmília Nabuco, a Lei de Bases doSistemaEducativoprecisadeserur-gentemente alterada, considerandoqueaeducaçãodevesercontempla-dadesdeanascençaenãoapenasapartirdos3anos,conformeditaaLei.Baseada em estudos recentes quecomprovamqueocérebrohumanosedesenvolve nos três primeiros anos

de vida com uma rapidez vertigino-sa, comparativamente com qualqueroutroperíodo,equeasexperiênciasprecoces têm um impacto decisivonas capacidades de aprendizagem,especialmente quando os pais estãoverdadeiramenteenvolvidos,ainves-tigadora defende um maior investi-mento em projectos para esta faixaetáriados0aos3anos.

Duralexsedlex

Destinado essencialmente a populações carenciadas, o A Par realiza sessões semanais de uma hora com pais e filhos, orientados por uma líder, e uma assistente

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Politecnia Maio n.º 21 / 2009 37

Reportagem

coraçãodaaprendizagempaisefilhosaprendemassim…

emInglaterra,quisadaptaresteprojectoàculturaportuguesa.

AiniciativapartiudaEscolaSuperiordeEducaçãodeLisboa,mas rapidamente seautonomizou na Associação Aprender emParceria, uma instituição privada de soli-dariedade social, dirigida porMaria Emília

Nabuco.Paraalémdopapeldeintervençãono terreno,aantigaprofessoradaESELx,dedica-se também à investigação sobreo projecto noCentro de Interdisciplinar deEstudosEducacionaisdaescola.Criadoem2006,oAParéco-financiadoeapoiadotec-nicamentepelaFundaçãoAgaKhan(AKF),

uma agência privada vocacionada para oapoiodascomunidadesmaiscarenciadas.SediadanaESELx,osalunosdocursoEdu-caçãodeInfânciatêmcolaboradonacons-truçãodemateriaisdeapoioàssessõeseEmília Nabuco pretende que, mais tarde,possamestagiarnogrupoAPar.

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Ronda das Escolas

Politecnia Maio n.º 21 / 200938

Reportagem

Destinado essencialmente a popu-lações carenciadas, o programa A Par-Aprender em Parceria, realiza sessõessemanaisdeumahoracompaisefilhos,orientadosporumalíder,eumaassisten-te, baseadasnumcurrículopensadonas

Umavidadedicadaàeducaçãodas

A ACTUAL presidente da AssociaçãoAprenderemParceria–APAR,MariaEmíliaNabuco,somanoseucurriculumprofissional e de vida uma dedicação

profunda à educação das crianças dos0aos5anos.AposentadadacarreiradedocentedaEscolaSuperiordeEducaçãode Lisboa, desde 2007, é investigado-ra doCentro Interdisciplinar de EstudosEducacionais (CIED), da ESELx. NestemomentotemaseucargoacoordenaçãodoestudolongitudinalsobreaactividadedoAPar.FinanciadopelaFundaçãoparaaCiênciaeTecnologia,oprojectotemco-moparceirosaFaculdadedePsicologiaeCiênciasdaEducaçãodeLisboaeoDe-partamentodeEstudosEducacionaisdaUniversidadedeOxford.

IniciouacarreiradedocentenaEsco-la doMagistério Primário de Lisboa, nocursodeEducaçãode Infância.Napas-sagem para a Escola Superior de Edu-caçãodeLisboaleccionouasdisciplinasIntroduçãoàInvestigaçãodaEducaçãoe

Avaliação da qualidade e dos currículosemEducaçãodeInfância.

Formada em Educação da Infância,em1966,pelaEscolaSuperiordeEduca-çãodePaulaFrassinetti,completou,em1979,ocursodeFormaçãodeProfesso-resdeEducaçãopelaArtenoConserva-tórioNacionaldeLisboa.

Em1989naUniversidadedeLondresespecializou-se em “Child Developmentin Pre-School and Primary School”, se-guiu-se o Mestrado em “Child Develop-ment with Early Childhood Education” eseteanosdepoisdoutorou-seem “ChildDevelopmentandLearning”.

A investigadora constitui o conselhoeditorial do International Journal of Ear-ly Years Education, da Universidade deWarwick e é referee doEuropeanEarlyChildhoodReserachJournaldaUniversi-

diferentesnecessidadesdascriançasemcadaetapadoseudesenvolvimento.Aquiaeducaçãofaz-se,atravésdojogoedasexpressões (livro, dança, canções). “Umverdadeiro momento de catarse para ospais, destes meios sociais, que normal-

mente não dispõem de uma hora parabrincaredançarcomosfilhos.”,dizapre-sidente,EmíliaNabuco.

Contar histórias é um dosmomentosquefazpartedassessões,umaformadeestimular os pais a ler livros diariamente

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Politecnia Maio n.º 21 / 2009 39

Reportagem

comosseusfilhos,desenvolvendoassimaliteracia,desdepequenos.

NoCentrodeDesenvolvimentoComu-nitáriodaCharnecaalíderCarinaSantaBárbara conta, imitando vozes e sons egestos,umahistóriasobreasmães,por-

queestávamosemvésperasdacelebra-çãododiadamãe.

Apósahistóriasegue-seummomentodediálogocomospais,enquantoascrian-çasficamacargodaassistente,CarlaSu-sana,abrincar.Duranteumquartodehora,

de forma lúdica,conversa-secomospaissobretemaspertinentesdaeducaçãodosfilhos.Medianteafaixaetáriadascriançasdo grupo abordam-se temas, como porexemplo,asrotinasdiáriasdecomer,dor-mir,ouasrespostasàsperguntasdifíceis.

FundaçãoCiênciaatenta

A FUNDAÇÂO para a Ciênciae Tecnologia financiou, por umperíododetrêsanos(2006-2009),um projecto de investigação quepretendeavaliaraimplementaçãodo A Par nos arredores deLisboa e Sintra. Coordenadapelo Centro Interdisciplinarde Estudos Educacionais daEscola Superior de Educaçãode Lisboa, a investigação incluicomo instituições participantes aFaculdadedePsicologiaeCiênciasde Educação da Universidadede Lisboa e o Departamentode Educational Studies daUniversidade de Oxford, querealizou os estudos longitudinaissobreoProjectoPEEPdeOxford.

dade College, Worcester, ambas emInglaterra. Desde 2000 é orientadoradevárias tesesdemestradoedouto-ramento; e júri de provas públicas demestrado e conselheira de Formaçãodo Centro de Formação de Profissio-naisdeEducaçãodoNorteAlentejo.

Temtidoaseucargoarevisãocien-tíficade váriosmateriais pedagógicos.A colecção de livros “Auto-Ajuda paraCrianças”, dasEdiçõesPaulinas, e amaleta pedagógica “UmaCaixa CheiadeEmoções”daEditoraEstúdioDidác-tico,sãoexemplosdisso.

MariaEmíliaNabucodesdeháquin-zeanosqueorientaanívelpedagógicoaequipaeducativadaObraSocialPauloVIemLisboa,umaInstituiçãoPortuguesadeSolidariedadeSocialquesededicaacrian-çasdos4mesesaos6anosdeidade.

ApsicólogaMartaNuneseoRafael

crianças

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Ronda das Escolas

Politecnia Maio n.º 21 / 200940

Reportagem

Estabelecem-se, assim, laços de inter-ajudaentreospaisqueseirãoreflectirnaconstruçãodeumacomunidadeempreen-dedoraecriativa.

Estimular nos pais o desejo de conti-nuaraaprenderao longodavidaéoutrodosobjectivosdoAParjácomresultadosvisíveissegundoEmíliaNabuco“Algumas

mãesarranjaramemprego,outrasvoltaramaestudar”,econtinua“Aindanãotemosda-dosconcretosmastudoindicaqueiremoster osmesmos resultados que o projecto

teveemInglaterra.”NoCentro deDesenvolvimentoComu-

nitáriodaCharneca,chegouomomentodoCesto dos Tesouros. As crianças brincam

O PROJECTOA Par, começava a daros primeiros passos no terreno, em2007,quandoRutePaisBaptista, líderdaassociaçãoeeducadoradeinfância,decidiuavaliaroefeitodoprograma.Eamediçãodasaquisiçõesaoníveldascompetênciasdeliteracia,lúdicaseso-ciais,provouasuaeficácia.

Licenciada pela Escola Superior deEducaçãodeLisboa,ondeactualmenteé professora, Rute Baptista obteve re-centemente,comoseuestudo,ograudeMestreemDesenvolvimentodaCriança,na variante de Desenvolvimento Motor.Oestudo foi realizadonaFaculdadedeMotricidade Humana, da UniversidadeTécnicaeorientadopeloProfessorDou-torCarlosFerreiraNeto.

Intitulada“Oefeitodeumprogramadeestimulaçãoprecoce-APar,consideran-doasaquisiçõesaníveldascompetênciasdeliteracia,lúdicasesociais”,ainvestiga-ção,queestudou63crianças,comidadescompreendidas entre os 3 e os 4 anos,apresentouresultadosinteressantes.

Em seis meses, a progressão dascriançasquerecebiamoestímuloAParsurpreendeu bastante a investigadora.RutePaisBaptistaobservouestascrian-çasabrincaremaamanharopeixe,en-quantoasdoParque,pertencentesaumcontexto socioeconómico privilegiado,massemestímuloAPar,simulavamfalaraotelefoneouescrevernocomputador.

Foram analisados 4 grupos: o APar, constituído por crianças do bair-ro social das Galinheiras, um grupodecriançasdomesmocontextosocio-económico que o primeiro, mas semacesso a qualquer programa de esti-mulaçãoprecoce;eoutrosdoisgruposque serviram de comparação: crian-çasquefrequentavamumaInstituiçãoPortuguesa de Solidariedade Social,

comcolheres,tampasdepanela,batedeirasdeclarasepanos.Sãoobjectossimplesdodia-a-dia,queajudamascriançasaexplorardiferentescoresetexturas,umaideiaqueospaispodemfacilmentereproduziremcasa.AceitandoasugestãodoAPar,SusanaPe-reira,emcasa,brincacomafilhaNatashacomtampasdepanelasetupperwares.

Mãeefilhonomomentodabrincadeira

Osmeninosbrincamaocestodostesouros

Um verdadeiro momento de catarse para os pais, destes meios sociais, que normalmente não dispõem de uma hora para brincar e

dançar com os filhos.”, diz a presidente

Uma

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Reportagem

também do mesmo contexto socioeco-nómico, mas não envolvidas no A Par;e, por último, um conjunto de crianças,pertencentesaumcontextosocioeconó-mico privilegiado, alunos da InstituiçãoEducativa Particular, o Parque, onde éeducadoradeinfância,tambémelasnãoestavamabrangidaspeloAPar.

Na fase inicial do estudo a professoraaplicouumpré teste,onde,atravésdeac-tividadessobrecores,números, letras, for-mas,contrárioseopostos,avaliouosníveisdeliteraciaenumeraciae,nofinal,umpós-teste percebendo, assim, a relevância doestímulodadopeloprojectoAPar.Duranteseis meses observou, recorrendo a filma-gens, as crianças a brincarem livrementecommateriaislúdico-pedagógicos.

RuteBaptistaconstatouque,noinício,ascriançasdoAPar,brincavamsolitaria-mente,nãopartilhandoomaterialdejogo,nem explorando, autonomamente, as po-tencialidades dos materiais, comparativa-menteaosoutrosgrupos.A investigadorapercebeu que, à medida que o tempo iapassando,estascriançasevoluiramdeumjogosolitárioeobservador,paraumtraba-lhomaiscooperativo.

Tanto no pré como no pós teste, ascrianças que receberam um estímulo APAR obtiveram, melhorias significativasemtodosositensavaliadosnodesenvolvi-mentodaliteraciaemergente.

No decorrer da tese de mestrado “AaberturaeempenhodospaisdoAParaoestudofoisurpreendente.”,refereaprofes-sora,RutePaisBaptistaque,tambémreco-nhecequeamaioriasãodesempregados,o que justifica teremmais disponibilidadeparaosfilhos,oquetambémnãoquerdi-zerqueospaisdosmeninosdoParquenãosepreocupem“delegamémaisessatarefanasempregadas,eagradecembastanteacooperaçãocasa/escola."

Oestudoconcluiuquequalquerprogra-madeestimulaçãoquedefendaepromovaa cooperação Escola-Família obterá, commaiorrapidez,umdesenvolvimentointegralnotóriodas criançasem idadePré-escolare recomenda ainda que os programas de

estímulo,dirigidoacriançasdos0-5anos,devemprivilegiar o jogo e a actividade lú-dicaesocial,“Qualquereducadorquepre-

tenda obter resultados na progressãodascriançastemdetrabalhardeformalúdica”,dizaprofessora.

Aos33anos,RutePaisBaptista,crente que “uma educadora nuncaenvelhece”,gostariadedar continui-dadeaoestudoacompanhandoestegrupoAParnaentradaparaaescola-rização,deformaaavaliarosganhosefectivosdesteestímulonestascrian-ças. Um contributo para as líderes,que poderão, assim,melhorar a suaprestaçãono terreno,eparaospaisquepercebem,destaforma,aimpor-tância doA Par no desenvolvimentodosseusfilhos.Muitasvezesospaisdebairrossociaisnãotêmexpectati-vas em relação aos filhos, não lhesdando qualquer motivação, e Rutedefendeque“criançasqueacreditamquepodemsermelhores,serãocer-tamente,nofuturo”melhores.”

Baseada em estudos científicos quecomprovamodesenvolvimentovertiginosodocérebrohumanonostrêsprimeirosanosdevida,apresidentedaassociaçãodefen-dequeénaetapadonascimentodosfilhosqueospaisestãomaispredispostosparaserembemcapacitados.MasemprimeirolugarMaria Emília Nabuco pretendia que

seestabelecesseumavinculaçãoafectivaentrepaisefilhos“queosprogenitoresosaceitassem,comamor,comosereshuma-nosquesão”,depoisacreditavaqueospaisao desenvolverem uma auto-estima iriamcontribuir para que as crianças criassempredisposiçõespositivasparaaaprendiza-gem.“Ajudarospaisaacreditaremqueos

filhossãocapazes”,éoquesepretende,dizaprofessora.

Há dois anos no terreno o projecto jápromoveu, até Dezembro de 2008, 500sessões, beneficiando um total de 254crianças,doszeroaoscincoanosde ida-de,edoscincoaosdez(porqueosirmãostambémpodemacompanhar).Tapadadas

A investigadora observou as crianças A Par a brincarem

a amanhar o peixe, enquanto as do Parque, pertencentes a um contexto socioeconómico

privilegiado, mas sem estímulo A Par, simulavam falar ao telefone

ou escrever no computador

AMestreRutePaisBaptista,quefezdestaexperiênciaotemadasuatese

aprendizagembemsucedida

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Ronda das Escolas

Politecnia Maio n.º 21 / 200942

Reportagem

AvósenetosinteragemMercês,AltadeLisboa,Ameixoeira,Char-necadoLumiarenoBairrodaAdroanaemCascais,têmsidooslocaisondeoprojectosetemdesenvolvido.

OAPartemactuadoempequenosgru-pos de pais e filhos que, na suamaioria,não frequentam creches, nem jardins-de-infância.ÉnosCentrosdeSaúde,CâmarasMunicipais,escolas,jardins-de-infância,quesãodetectadasasfamíliasquenecessitamdeintervenção.AotodocolaboramcomoAPARnoteatrodaoperação,numaatitudedesensibilização permanente, 117 elementos

entremédicospediatraseenfermeiras.OAParjáformou,atéaomomento,30

líderes.Comumamédiadeidadedetrintaanos, as líderes são licenciadasemEdu-caçãode Infância,muitas tiraramocursonaESELx,outrassãopsicólogasdeforma-ção.Possuirumcursosuperiornãoéaúni-caexigênciaparaocargo.Terexperiênciaougostardetrabalhocompopulaçõesca-renciadas,sãorequisitosnecessáriosparaafunção,paraalémdoexamedevozaquesesubmetem.Porque,comoexplicaEmí-liaNabuco,“éfundamentalqueosbebés,desdeamaistenraidade,ouçamcantigasehistóriasdevozesafinadas.”

Jáasassistentes têmapenasdesa-ber ler e escrever e gostar de trabalharcom crianças e adultos. Pertencem àspopulações locaisondeoAParactuaecompete-lhes a elas a dinamização doprojecto e recrutamento de novas famí-liasecrianças,quecareçamdeinterven-ção. Um papel desempenhado tambémpor Emília Nabuco que diz, a rir, fê-lasentir em determinadas situações uma“testemunha do Jeová”. Recorda-se denaAltadeLisboadetermobilizadoduasmãesquepediamesmolanaruacomosfilhos.Hoje,afrequentaremoAPar,“nemparecemasmesmas”,dizsatisfeita.

Para a investigadora a grande lutaquetravamnoterrenoéconvencerasfa-míliasanãodesistirem.

Cançãodasboasvindasuneduasgeraçõesdasmesmasfamílias

Eraumavezumarãsaltitonaqueadoravabrincarcomosmeninosefazerrirosavózinhos...

A Par já formou, até ao momento, 30 líderes. Com uma média de idade de trinta anos, as líderes

são licenciadas em Educação de Infância, muitas tiraram o curso na ESELx, outras são psicólogas

de formação

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INÊSAlmeida ainda era bebé decoloquandooavô,EduardoAlmei-da, começoua ir comelaàsses-sões doAPar nas instalaçõesdojardim de infância da Ameixoeira.Hoje,quaseacompletartrêsanos,Inêsanseiapelasegunda-feira,diaemque, religiosamente, comoelaprópriadiz,vaià“escolinha”.É em tom de brincadeira que oavôEduardo, reformadodaRTP,diz ter aprendido com as líderesdestegrupo,AnaSofiaTeixeiraeRitaTenrinho,a imitarumgatoeum peru, e gosta tanto das ses-sões que até já angariou outrosavós para o grupo. Conscientedanecessidadedaeducaçãopre-coce para o desenvolvimento dacriança,EduardoAlmeidaacreditaqueestá,destaforma,acontribuirpara a entrada na escolarizaçãodasuanetaInês.

Odesfechodahistóriadespertagrandecuriosidade

AassistenteAndreiaChavesdesenhacomascrianças

Eraumavezumarãsaltitonaqueadoravabrincarcomosmeninosefazerrirosavózinhos...

nojardimdeinfânciadaAmeixoeira

EstaéameninaInêsAlmeida

AscriançasouvematentamentealíderAnaSofiaTeixeiraacontarahistóriadasessão

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Parar para Pensar

44 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Reportagem

Oquenãoacontecerá,certamente,noCentrodeDesenvolvimentoComu-nitáriodaCharnecaemqueaopiniãodasmãeségeneralizada,reconhecemaimportânciadoAParnodesenvolvi-mentodosfilhosepretendemcontinuarafrequentaratéosfilhosentrarempa-raaescola.CarlaFreiretem28anos,faz questão de nunca faltar às ses-sõescomafilhaequandonãopodeéairmã,MónicaPires,queasubstitui.Estamãetemdosedupladesessõesporque para além doRodrigo, de 18meses,temoutrofilhomaisvelhoquetambémfrequentaoAPar.

Isabel Sebastião chegou há pou-cotempodeAngola,enassessõesoquemelhoraprendeu foiascançõestradicionais portuguesas, que desco-nhecia.PodendoagoracantarcomofilhoRafaelde1ano.Contribuirparaaintegraçãodosfilhosdeemigrantesque, mais tarde, vão fazer parte dosistema educativo português, é umdos desafios que oAPar tem nestemomentoemmãos.ApedidodaCâ-maraMunicipal deCascais, noBair-rodaAdroana, temdesenvolvidoumtrabalhocomumgruponumerosodefamíliasdaGuiné.

O financiamento doA Par não ésuficiente para as necessidades. NaAltadeLisboaháfamíliascomproble-masgravesquefaltamàssessões,asquais oA Par gostaria de fazer visi-

“CANTARJuntosI”éoprimeirolivrocomCD,dacolecçãoAprenderJun-tos,produzidopeloAPar,pensadopara proporcionar momentos agra-dáveisedebrincadeiraentrepaisefilhosdesdeonascimentoatéaos3anosdeidade.Daautoriademúsi-cos,formadospelasEscolasSupe-rioresdeMúsicaedeEducaçãodeLisboa, todos eles antigos alunosda maestrina Ana Ferrão, “Cantar

Juntos I”éo resultadodaprimeiragrande adaptação do projecto in-glês, Peers Early Education Part-nership(PEEP),ànossarealidade.Recuperando a herança culturalportuguesa,osmúsicosharmoniza-ramcanções, rimas e lengalengastradicionaisportuguesasqueagoraconstamdoCDquetemestadonotopdos10livrosmaisvendidosdaFundaçãoCalousteGulbenkian.Eaprovarosucesso,CantarJun-tos I foi inspirador das oficinas-concerto, promovidas pelo CentroCultural deBelém, no dia damú-sica, que pretenderam envolverpais, bebes e crianças, até aos 5anosdeidade,nouniversomusicalcomraízesnatradiçãooral,procu-randodespertaropotencialcriativoqueexisteemcadaum.AcolecçãoAprenderJuntosprevêaindaapu-blicaçãodemaistrêsconjuntosdelivroeCD,destinadosnãosóparaos0aos3anos,mastambémpa-raosmaiscrescidosentreos3e5anosdeidade.

tas domiciliárias, tal como se faz naInglaterra,mas“nãotemosdinheiro”,lamentaapresidente,quedizserur-gentedaraconheceroprojecto,es-

MariaEmíliaNabuco,presidentedaAPar,easlíderesEsterRosaeAnaSofiaTeixeiranasededaassociaçãonaESELx

timulando as instituições privadas aapostaremnaformaçãodosseusfun-cionários como líderes. Desta formacriam-se receitasparaaassociação,

AntigosalunosdoIPLaCantar Juntos I

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Parar para Pensar

45Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Reportagem

Osmar,ofotógrafo

EMCASA,OsmarSilvaficafuriosoquandonãoconsegueligaraapa-relhagemparaouviroCDdecan-çõeserimasqueouvenassessõesdoAParquefrequenta,comamãe,naSantaCasadaMisericórdiadaCharneca.“Atébatecomospésnochão”,dizOtíliaSilva,de22anos,queficouasaberpelareportagemque a Politecnia fez no local, do

fascínio do filho pela fotografia.Hipnotizadopelamáquinafotográ-fica,Osmar, comapenasumanode idade, atreveu-semesmoa ti-rarumafotografia,registandoparasempreoquealiseestavaapas-sar.E,quaseemjeitodeagrade-cimento,nofinal,abraçou-secomosseuspequenosbraçosàcinturadofotógrafo.

OpequenoOsmarSilvadescobre,atravésdosdesenhos,oencantoeamagiadashistórias

e implementamoAParnosseus lo-caisdetrabalho.

ParaMaria Emília Nabuco o pro-jectoAPardeviaseralargadoatodasasclassessociais.Naexperiênciaquetiveramcomgruposdaclassemédia,que serviu como estudo piloto, cons-tataram,curiosamente,queestespaistêmasmesmasdúvidas,insegurançasdasfamíliasdeclassesmaisbaixas.

AsessãodoAParnaSantaCasadaMisericórdiaestáquaseaterminar,masnãosemantescantarememconjuntoa“HoradoAdeus”.IncluídanoCD“Can-tarJuntosI”,produzidopeloprojectoAPar,estematerialpermitequeasfamí-liaspossam,emcasa, divertir-se comosfilhose,aomesmo tempo,quandoregressam às sessões de grupo sen-tem-semaisconfiantesparacantar.

Ascriançasaindalevamparaca-saumKitlúdicoqueincluiumlivroejogosquedeverãotrazernasessãoseguinte.

Felizes, os meninos despedem-secombeijoseabraçosàslídereseàassistente,eseguemdemãosda-dascomasmãesprometendovoltarnapróximaterça-feira.

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Ronda das Escolas

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Histórias de Sucesso

Politecnia Maio n.º 21 / 2009

A MÚSICA sempre foi muito importan-te, mas foi a representação a primeiraa surgir na sua cabeça.MarianaNortonsempre gostou de contar, mas cantavamaisparasiprópriaenuncasemostroumuitopreocupadaemsaberseosoutrosgostavam, era algo seu, muito pessoal.Filhadepaiportuguêsedeumaescrito-ra argentina, desde cedo conviveu comamúsica e comos livros.Umdos seusprimeirosbrinquedosfoiumgira-discoseumrádio,masquandoquestionadasobreoquequeriaserquando“fossegrande”,não hesitava em dizer “actriz”, iria paraLondres,“játinhatudoplaneado”.

TinhamuitavontadedeentrarnomundodoTeatro,sentimentoquesemanteveatéaoliceu,masacabariaporseesbatercom

MarianaNortonentreMovidapelaânsiadeviver,atravessoucomdeterminaçãoasportasqueavidalhefoiabrindo,embuscadarealização

pessoal.Deinícioseguiuopercursotidocomocerto,semquestionarcausasnemconsequências,masacabouporperceberque

essenãoeraoseucaminho.Chama-seMarianaNorton,

jápassoupelaEscolaSuperiordeTeatroeCinemaedescobriuagora,noCursodeJazzdaEscolaSuperiordeMúsicadeLisboa,agrandepaixão.Hoje,aos29anos,divide-seentreamúsicaearepresentação,

semosquaisdiznãoimaginarasuavida.

Textos de Clara Santos Silva

Cantora,perfor

FotodeNunoFa

ria

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Histórias de Sucesso

Politecnia Maio n.º 21 / 2009

mereactriz

amúsicaeoteatro

aentradanocursodeDireito.Nessaalturaasdúvidassurgiram,principalmenteporquea entrada na universidade acaboupor seraquiloqueénormalnopercursodeumjo-vemdasuaidade.Aoperceberquequasetodososquea rodeavam já tinhamasuaprópriaidentidadeesabiamoquequeriampara o futuro,Mariana entrou naquilo quechamadecriseexistencial.Nessaalturaco-meçouafrequentarworkshopsdeteatro.

Aindapassoupelo cursodeRelaçõesInternacionais, como tentativa denãode-

siludir os pais, mas a oportunidade de irparaNovaIorque,ondeficouseismeses,foiparaMarianaamelhorformadesaberoquequeriafazerdaíparaafrente.AntesdaviagemaindafezanovelanaTVI“BonsVizinhos”.Nomesmoperíodo cantava to-dasassemanascomasuabandae játi-nha passado até pelosToranja.Aí sim, amúsicajáfaziaparteintegrantedasuavi-da.Duranteumanosófezteatroemúsica.Surgiu-lheentretantooconvitedeparticiparnapeça“ConfissõesdeAdolescente”,que

inicialmente recusou, por achar não ter aidadeadequada.Averdade,porém,équecomasaídadaactrizbrasileiraMelLisboavoltouaoportunidade.Efoiumêxito.

Aos22anos,continuandoacantar,per-cebeu que começavam as preocupaçõescomodinheiro,comobasedasobrevivência.Tinhaquesabersepodiasubsistirafazeroquemaisgosta.Optouentão,aoregressaraLisboa,porvoltaraestudar,masdestaveznaEscolaSuperiordeTeatroeCinema,poisnaalturanãohaviaaindacursosuperiorde

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Parar para Pensar

48 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Histórias de Sucesso

jazz em Lisboa. Chegou a pensar nolírico, mas a dedicação teria que sermuitosuperior.

NãochegouaconcluiroCursodeTeatro, que frequentou durante doisanos,edequeaindahojesentemui-tas saudades. Mas ainda na ESTC,emplenoVerão, foi contactada paraentrarnoremakede“VilaFaia”,enes-saalturatevequeoptarpelotrabalho,descansandoumpoucodosestudoseaprendendooutrascoisas.

Fezumcastingparaumanovapro-dutora. Na altura soube queAntónioCordeiroestavaassociadoaocasting,e esse foi a principalmotivaçãoparanão perder a participação. Passadosalguns meses, repetiu o processo e,nodiaseguintejáatinhamcontactado

paraficarcomopapeldeMarianaMar-quesVila, filhamais velha da famíliaMarquesVila.NemquisacreditarqueiriatercomopaiVirgílioCastelo;comoavóSimonedeOliveira;ecomomãeSuzanaBorges.Gostoumuitodaex-periênciaeotrabalhodapersonagemacabou por ser muito natural. Tevesortepelo factodenanovelaoriginaloseupersonagemtersidointerpreta-doporPaulaStreet,quejánãotraba-lhanaáreae,comotalnãosesentiu“agarrada”aumaimagem.

Atristezaeapolémicachegaramquando, depois demuito esforço detodaaequipade“VilaFaia”,ohorárioescolhidonãotersidoomaisadequa-do. “Aspessoasperdemo ritmoeaprincipal questão é, que quando um

produtoépensado,obedeceaumde-terminadoconceitoe,assimesseper-de-se”–observa.Estefoi,noentanto,umtrabalhoqueMarianaansiavater-minar. Na recta final das gravações,jáestavamaserfeitoscontactoscomalgunsdosseuscolegasparaanovasérie“Liberdade21”,massómaistar-dechegouasuavez.Acabouporserescolhidapara interpretaropapeldeesposadeIvoCanelas.Aexperiênciafoiquasecomoqueumworkshopderepresentação, a Mariana era maisvelhaemaisséria,a Isabeleraumasenhorae,principalmentena2.ªsérie,tevequeaprofundaressavertente.

Aquilo que para Mariana Nortoné fascinante é a ligação entre o Te-atro e aMúsica, pois quantomelhor

MarianaNortonnacomédiaurbana"CuidadooqueDesejas"noTeatroBocage;enoestúdiodegravaçãocomogrupo"LundumEnsemble"

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Parar para Pensar

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Histórias de Sucesso

MúsicadeimprovisoOJAZZéumgéneromusicalqueestá a ressurgir entre o públicoportuguês.FalardeJazzemPor-tugalsignificafalardoHotClube,queMarianaNortonbemconhece,já que os seus primeiros passosnamúsicaforamdadoslá.Criadoem1948,continuaaserconside-radoumdosclubesdejazzmaisantigosdomundo.Éaliquetudoaconteceequeaharmonia,orit-moeaimprovisaçãosefundem.

Amelhor forma de ter contac-to com o jazz é no Hot Clube, emesmo na escola, onde Marianaseinicioucomoprofessoradevoz,

jásenotamasmudanças.Sóelatemoitoalunos iniciados,eas idadesvãodos18atéaos40/50.OcrescimentodojazztemlevadoaquejásefaçamnacidadedeLisboa,workshopsnaárea.

Acompanhando a evolução daapostanogéneromusical,eemrespos-taauma lacunaatéaíporpreenchernoensinodamúsica,aEscolaSuperiordeMúsicadeLisboainiciouaVarianteJazzdalicenciaturaemMúsica.Assim,épossívelamuitos jovens jánaáreadamúsica,emesmoprofissionais,en-riquecerasuaformação.Asnovasins-talaçõesdaescolasãoacerejanotopodoboloparatodososqueansiavamin-

gressarnaESMLeaprendermaisque,ouseamaouseodeia.

OJazznascedoblues,dascan-çõesdetrabalhodostrabalhadoresnegros norte-americanos. Após afasedeespiritualnegro,ojazzsofreumaevoluçãoprofundadandoori-gemainúmerastendênciasdentrodomesmogénero.Oswing,obe-bop,ocooljazzeofreejazzforamas variantesdominantesaté à dé-cadade60,períodoapósoqualsedeuumafusãoentreojazzeorock.Actualmenteno jazzépossível fa-zerdetudo,masaimprovisaçãoéumdoselementosessenciais.

for percebida pelos profissionais daárea,melhoresintérpretesserão.DaíquevejaosseusdoisanosnaEsco-laSuperior deTeatroeCinemacomumperíodomuitointenso.Aajudaqueobtevenaescolafezcomquesetor-nasse umamelhor pessoa e artista.Revê-senoensinodasescolasartís-ticas do Instituto Politécnico de Lis-

boa.Objectivamente,noprazodeumanoacabouporsetransformarnoutrapessoa,pelosjogosdeautoconfiançaquealibertaramdealgunsdosmedoscriados pela sociedade. O professorÁlvaroCorreiaéumdosseusprefe-ridos,querecordacomsaudade,bemcomo João Brito, que espera reen-contrarquandoregressaràESTCpa-

raconcluirocurso.Nasuaopiniãooensinodaescolaéimportanteecadavez mais actores que começam portrabalharemtelevisão“vãoláparar”.Esperaqueomercadoassimoexija–“émuitodurofazerumcastingegra-vardurante8meses,mashácoisasquetêmquesesaber,ainterpretaçãoémuitoimportante.

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Parar para Pensar

50 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Histórias de SucessoFo

todeNunoFa

ria

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Histórias de Sucesso

A par do casting de “Vila Faia”,estavaemplenasprovasparaopro-gramadaRTP“AMelhorCançãodeSempre”.Chegouaestarindecisaeassustada quanto ao projecto, por-quenãoédetodooseugéneromu-sical.Erammuitasasvezesemquese sentiamal,mas acabou por serummêsdemuitotrabalhoeaprendi-zagem.Naalturapercebeuquetinhaquemudare,quetambémnamúsi-ca, tinha que vestir o personagem.Muitosdosseuscolegassaíramda“OperaçãoTriunfo”e,porissotinhamuma preparação diferente, como ocantar em directo. Considera queostrunfossãomaioresparaosquepassampelaexperiência.Chegouapassarnasprovasparaa“OperaçãoTriunfo”,masoptoupornãodarse-guimento a esse percurso.Umdosseusmaiores receios foi terquedi-zerquenão,porquequandose faz

este tipo de programas sãomuitosos compromissos que se seguem.“Foiumalição”.

Talvezpor influênciadospais, li-gadosàescrita,Marianaencontranoactodeescreverumprazer.Umdosseussonhospassa,mesmo,pores-creverumlivro,quemsabedeentretudoaquiloquejáguarda.Asuainde-cisãoperanteavidaeofuturodiztermuito a ver com o próprio percursofamiliar.Amãe jáeditouum livrodepoemas na Argentina, mas por cir-cunstânciasdavida,descobriuoquequeria realmente fazer muito tarde.Portudoisto,sentiudapartedospaisumgrandeapoio,nassucessivaspa-ragensereflexõesquefoitendo.

O ensino também faz parte dosseus projectos, principalmente a as-sociação doTeatro e daMúsica.Nasuaopinião,faltaaosactoresmusica-lidadeeaosmúsicosteatralidade.

“Hámuitospreconceitosemrelaçãoaomeioartístico”,segundoasuaexperi-ência,eopiorparaumartistaéatensão,as não se desenganem os que dizemnão se importar com o que os outrospensam. Mariana está consciente quedequeoactorquer,eprecisadeaten-ção–“queremosquegostemdenós”.

Quantoasi,aindaestánumafasedeaprendizagem,ebemmaiscalmadoqueeraháunsanos.Sentealiásqueoteatroteveumefeitocalmante.

O futuro está cheio de planos.PretendeconcluirocursodeTeatroeocursodeJazzdaEscolaSuperiordeMúsicadeLisboa.A representa-ção está em banho-maria à esperaqueascoisasaconteçam,mascon-fessaqueadoravafazeragoraumapeçadeteatro.

Acima de tudo, Mariana Nortonnãoseimaginasemfazermúsicaeteatro,assuasgrandespaixões!

UmaaventuranoHotClubeMARIANA Norton começou a in-vestirmais no estudo e reatou a“relação” com pessoas do meiojazístico. Numa das suas passa-genspeloHotClube,numdiadeJamSessions(improvisação),umseu amigo que toca harmónicadesafiou-aaircantar.Avergonhaquasea impediudeo fazer,masacabouporcedereconsidera tersidooseuactolibertador–“foióp-timo,gosteimuito,fiqueiviciada”.

Aípercebeuqueestavanaal-turadesesoltar,gostavade jazzdesdepequena,adoravaEllaFitz-geraldeSarahVaughn,masaindatinhamuito respeito pelo género.Iniciouarotinadeàsterças-feirasfrequentar as JamSessions comoprofessorVeloso,presidentedaAssembleia-geral do Hot Clube.Aquinasceuumapaixãoenorme.

No presente semestreMaria-naNorton iniciou uma nova eta-pa, ao aceder dar aulas de voznoHotClube.Aaprendizagemdizserenorme,senteprincipalmenteque pode ajudar e quer fazê-lo,porque “dar aulas é aprender”.Sabe que terá que investir nos

seusprópriostemas,poistemtocadocompessoasmuitodiferenteseestánaalturaquecantar temasoriginaiscomosquaisse identifique.Pressa,

essanãotem,oimportantenãoéfazerumdiscosópor fazer,por-que convites já teve, mas nadaquepossaconsiderar.

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Parar para Pensar

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Histórias de Sucesso

JAZZeoutrasmúsicas…AMÚSICAcomeçouantesmes-mode frequentarocursodeDi-reito. Já tinhapassadopeloHotClubedePortugal,porsugestãodopai,acabandopordesistirde-vido à incompatibilidade de ho-rários.Apesardadedicaçãoaosestudosnuncaesqueceuamúsi-ca, que continuava a crescer.Ainfluência do pai, apreciador deJazz, foi fundamental. Em pe-quena, as viagens para a esco-laerampreenchidaspelo jazzemúsicaclássica,algoquenoini-cio lhe desagradava.Umdia ascoisasmudaram.

Aos 14 anos formou um corocom amigas, e o sucesso em ca-samentosebaptizadosmanteve-seduranteanos,apontosdeaindaho-je seremcontactadas.A constanteagitaçãonãoconseguiaapagarassuasindecisõesquantoaofuturo.

A ligaçãoàmúsicacontinuou,bemcomoasuaparticipaçãoembandasbemconhecidascomoos“Toranja” e os “Balla”. Em 2001,surgiram os “Giant Step”, grupoque começou um pouco ao con-tráriodaquiloqueéhabitual,edaíonome.Normalmenteasbandassurgem e trabalham para gravarumálbum,estabandasurgiupre-cisamente porque um produtorouviu uma maqueta sua e pediuque em apenas quatro dias parafizesseumamúsica.

OJazz,esse,eraumestilodoqual continuava a gostar,mas omedo e o respeito continuavama desviá-la.A improvisação, quepor coincidência é um elementofundamentaldojazz,foiocupandoum lugarmuito grandenas suasactuações e, levou-a a trabalharcommuitosDj´s,comosquaisin-ventavamelodias.Muitasdessasexperiências correram mal, masforamfundamentaisparacrescerenquantoprofissionalquetemquefazerescolhas.Acabouporseas-sociaraoDjSeñorPelota(AndréSoares),noprojecto “TheAffair”,

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53Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Histórias de Sucesso

AconstituiçãodaOrquestraJazzdaESML,dirigidapelomaestroPedroMoreira,diz tersidomuitoimportanteparaosalunos,easuaprimeiraactuaçãofoiprecisamentenacomemoraçãodo23.ºaniver-sáriodoInstitutoPolitécnicodeLisboa.Ofactoéquefoiumsucesso,ejásugeriuinclusiveaomaestroarealizaçãodeumdiadeorquestra,semanalmente.

UmaestreianodiadoInstitutoPolitécnicodeLisboa

cujaduraçãotambémfoicurta.Asuamaiordificuldadesemprepassoupelogostoquetemportudo,pelasuapaixãopelaMú-sicaemgeral,oquea levouadispersar-se. Era, no entanto,inevitável começar a delimitaras suas escolhas. Apesar detudo, nesta altura achava-se omáximo, estava no topo, masrapidamente percebeu o queaindahaviaparaevoluir.

Afelicidadechegouaosaberda abertura da Variante Jazz,na licenciatura em Música, daEscola Superior de Música deLisboa.Nãopodiadeixarfugiraoportunidadee,mesmoestandoainda no primeiro ano só temelogios a fazer à escola e aosseusprofessores.

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A Grande Entrevista

MariaAméliaNunesdeAlmeida:38anosnoISCAL

«Deiomáximoquemefoipossível»Nahoradapassagemàreforma,com38anosdasuavidadedicadosaoISCAL,MariaAmélia Nunes deAlmeida é umamulher feliz e realizada. “Dei omáximoquemefoipossível”,diz,orgulhando-sedeserreconhecidapor todoscomoumadas responsáveispela recuperaçãodoprestígiodo Instituto.Deixaaescolacomasatisfaçãodeverassuasapostasganhas,doêxitodonovoCursodeGestãoaolançamentodoDoutoramentocomaUniversidadedeLisboa.

Entrevista conduzida por Paulo Silveiro l Fotos de Bruna Viegas

POLITECNIA – A comemoraçãodos250anosdacriaçãodaAuladoComérciosãootributoaumaherança?MARIA AMÉLIA DE ALMEIDA –Sim Estas comemorações surgemdo facto de nos considerarmos osherdeiros da Aula do Comércio.ApesardoInstitutoSuperiordeCo-mércio também requerer esta he-rança,foiaoISCALquefoiatribuídooensinodaescrituraçãoedaconta-bilidade.Assim,aquiestamosnósarealizar as nossas comemorações,semgrandeaparato,mascomgran-dedignidade.POL. –Quais são as acçõesqueestãoarealizar?M.A.A.–Paraassinalarmosestaefe-méride para o futuro, vamos lançarumpostaleumcarimbodo1ºdiaeainda250medalhasnumeradas,napratademelhorqualidade,emcujasfacesvãosercunhadasasinsígniasdo ISCAL e da Aula do Comércio.Curiosamente,nonossosímboloháumavarade lourosaque seenro-lamduascobras,quenapontapos-suiduasasasqueestãoassociadasaoDeusMercúrio.ComoaAuladoComérciofoiconstituídaparaformarnegociantes,usouoDeusMercúrio,queparaamitologiaromanasignifi-caoDeusdoComérciooudosNe-gociantes.EstefoiosímbolousadopeloantigoInstitutoComercialequeoISCALherdou.POL.–Decertamaneira,aCâma-radosQuadrosTécnicosOficiaisde Contas, tal como o Instituto

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A Grande Entrevista

Superior de Contabilidade e Ad-ministraçãodeLisboa,tambémsesenteemfesta…M.A.A.–Éverdade.Tambémaderiua estas comemorações e mandoucunhar mil e quinhentas medalhasembora numapratamenos valiosa.Estessãoas iniciativasquevãore-gistarestadataparaofuturo.POL. –Sabemosqueorganizaramumconjuntodeconferências?M.A.A. –Sim organizámos um ci-clo de conferências sobre váriastemáticascomoasfinanças,acon-tabilidade, a gestão, a fiscalidade,queseiniciaramemJaneiroevãoterminara19deMaio.POL. – Como foram escolhidosostemaseosoradores,quaisosmaissonantes?M.A.A.–Aprincipalpreocupaçãofoidevalorizarasáreascientíficasmi-nistradasnoISCAL.Depoisdeumareunião comos coordenadores dasáreas, ficou definido que seriamasfinançasa iniciaresteciclodecon-ferências, em Janeiro, com o tema“A Crise Financeira Internacional”.Seguiu-se a gestão, em Fevereiro,que abordou “A Ética, Responsa-

bilidade Social das Organizaçõese Competência nos Negócios”. Em

Março o tema em foco foi “O novoSistema de Normalização Contabi-lísticaPortuguesa”.NomêsdeAbril,numaparceriacomoCTOC-CâmaradosTécnicosOficiaisdeContasrea-lizaram-senaFILas jornadas inter-nacionaisondecompareceramcercadeduasmilpessoas,sobreas“No-vas tendências da Contabilidade eJornadasEuropeias”.Finalmentenodia19deMaio,queéoficialmenteodiadaAuladoComércio,vamosterumasessãocomantigosalunosdoISCAL,comooDr.EduardoCatroga,oDr.LuísFilipePereiraeoDr.Mur-teiraNabobastonáriodaOrdemdosEconomistas.Procurou-seemtodasas sessões ter uma mesa com osmelhoresespecialistasdasdiversasáreasabordadas,semprecomamo-deraçãodeumprofessordoISCAL.POL.–Parecequeparaalémdes-ses, haverá um descendente deumafigurahistóricapresente?M.A.A.–Siméverdade,outrafigu-raderelevoquevaiestarpresenteé o descendente do Marquês dePombal.Actualmenteéumsenhorcom80anos,masoseuherdeiro,oCondedeOeiras,SebastiãoJosé

EspecialistaemGestãodoConhecimentoMARIAAméliaPachecoNunesdeAlmeidafoi,atéaoiníciodesteano,quando se aposentou,PresidentedoConselhoDirectivodo InstitutoSuperiordeContabilidadeeAdmi-nistraçãodeLisboaemembrodoConselhoCientíficoePedagógico.ÉdoutoradaemEconomiaFinan-ceiraeContabilidadeediplomadaem Estudos Avançados (Gestãoda Inovação) pela Universidadeda Extremadura (Espanha). É li-cenciadaemFinançaspeloISCEF(actual Instituto Superior de Eco-nomiaeGestão)daUniversidadeTécnica de Lisboa e cumpriu oprogramadeAltaDirecçãodeEm-presasdaAESE,EscoladeDirec-çãodeNegócios,conectadacomaUniversidadedeNavarra.FoiPro-fessora Coordenadora do ISCALonde leccionou as disciplinas deOrganizaçãoeGestãodeEmpre-

sas, IntroduçãoàsCiênciasSociaiseàs Organizações, Estatística e Mate-mática. Ensinou no Instituto Superiorde Matemática e Gestão (ISMAG) eexerceucargosdedirecçãoeminúme-ras empresas, nomeadamente como

directoradaPortugalTelecom,Te-ledifusora dePortugal e ImprensaNacional-CasadaMoedaeChefedosServiçosdeContabilidadeGe-ral dosCaminhos deFerroPortu-gueses. É autora dos livros “Situ-ação daGestão do conhecimentoemPortugal”(EdiçõesInstitutoPo-litécnicodeLisboa,2007); “Apren-der a Gerir as Organizações noSéculoXXI” (EditoraÁreas, 2005)e “Introdução às Ciências SociaiseàsOrganizações”(EditoraVisilis,2000). Trabalhos da sua autoria,comarbitragem científica, escritosemportuguêse castelhano,estãopublicados em revistas como o“Capital Intelectual” (4º Trimestre2005, Barcelona) e Working Pa-persdeuniversidades,bemcomo,emLivrosdeActasdecongressoseseminárioscientíficosnacionaiseinternacionais.

O ISCAL orgulha-se muito da sua tradição, encarando-a como uma referência para continuarmos a ministrar

uma formação de qualidade

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A Grande Entrevista

modernizar e responder aos novosdesafios.Nessesentido,foramcria-dos novos cursos e adequaram-seosexistentesaosrequisitosdomer-cado de trabalho. Neste momentoa nossa principal preocupação é afalta de instalações que nos permi-tamcrescermais.Porexemplo,nóspossuímosalunosuniversitáriosquevêm frequentar aqui cadeiras iso-ladas que não sãoministrados nosseus estabelecimentos de origem,nomeadamentenaáreadafiscalida-de.POL.–OfactodeoISCALminis-trar cursos nocturnos também éumamais-valia?M.A.A. – Certamente que sim. Jáquando existiam as licenciaturasbietápicas, os alunos vinham fazera segunda fase já empregados. Averdadeéqueosnossosalunostêmumaempregabilidadeasseguradaetendo o ISCAL cursos em horáriospós-laboral, isso é uma mais-valiapara quem está a trabalhar e quercontinuarosseusestudos.POL.–Easalteraçõesfeitasnosconteúdos programáticos, forambenéficas?M.A.A.–Essaéumaquestãoqueeu tenho vindo sucessivamente acolocaraoconselhocientífico.Nes-temomento, já vamos na terceirarondadelicenciadosapósBolonhaeteráqueserfeitoumestudomuitocriteriososobreosaspectospositi-vosenegativosdosprogramas.Ocontextoestásempreemmudançaenóstemosdenosadaptaraela.Esteéumaspectoqueeugostariade ver salvaguardado pelo futuroconselhodirectivo.POL.–QuantosdoutoradostemoISCALactualmente?M.A.A. – Atendendo à dimensãodo Instituto,onúmerodedoutora-dosémuitobaixo:16.Masaverda-deéqueosdoutoradosnasáreasdasfinançasedascontabilidades,nãosãomuitosporquequandoosalunos acabavam a sua formaçãoeram logo absorvidos pelas em-presas,quepagavammuitomelhorque o funcionalismo público. Issodeu origem a uma classe de pro-fessores que passavam aqui peloISCAL nos intervalos da sua acti-

deCarvalhoeMelo,queéseufilhoevaiherdarotítulo,aceitouocon-vitedeparticiparnacerimónia.POL.–Vãoabordarquetemas?M.A.A. –Estes antigos alunos vãofalardoimpactoqueasuaformaçãonoISCALtevenassuasvidasprofis-sionais.QuantoaodescendentedoMarquêsdePombal,certamentequeseirápronunciarsobreaimportânciado seu ascendente ter criado umaaulaparaformarnegociantes.POL. – O Instituto Superior deContabilidade e AdministraçãodeLisboa, com todasessashe-rançashistóricas,éumaInstitui-çãoagarradaàtradição?M.A.A.–OISCALorgulha-semuitodasuatradição,encarando-acomoumareferênciaparacontinuarmosaministrarumaformaçãodequalida-de.Mas,poroutrolado,nãoficámosagarradosaestatradiçãoealargá-mososnossoshorizontesparaou-trasáreascomoafinanceiraeadegestão. Esta última, é uma grandeaposta que lançámos quando re-alizamos a reestruturação decor-rente deBolonha, porque colocou-se a questão se uma licenciaturaemgestão faria sentido no ISCAL.Curiosamentefoiocursoqueteveomaiornúmerodecandidatos.POL. – Essa licenciatura foi umagrandeapostano futurodo Insti-tuto Superior de Contabilidade eAdministraçãodeLisboa?M.A.A.–Certamente.Actualmente,para além dessa licenciatura, mi-nistramosasdecontabilidadeead-ministração, com três ramos: con-tabilidade; Fiscalidade eGestão eAdministraçãoPúblicaealicencia-turaemfinançasempresariais.Te-mosaindaoitomestradosemáreascomo a auditoria, a contabilidadeinternacional,as instituiçõesfinan-ceiras, e a gestãodenegócios.OISCAL encontra-se assim numaperspectiva muito abrangente pa-ra oferecer aos alunos uma gamamuito alargada de formação massemprecentradanumagénesedecontabilidadeefiscalidade.POL.–Enoquerespeitaaosdou-toramentos?M.A.A. – No âmbito do protocolocom a Universidade de Lisboa va-

mos arrancar, em 2009/2010, comumdoutoramentoemgestãoead-ministração pública, pois como ésabido os Politécnicos não podemconferir o grau de doutor isolada-mente.POL.–Passarampelo ISCALno-mes ilustres, será que no futurooISCALcontinuaráaformarqua-drosdirigentesdonossopaís?M.A.A. – Estou convencida quesim. Os dois últimos bastonáriosdosrevisoresoficiaisdecontasfo-ramalunosdoISCAL.Eosfuturosdiplomadosnaáreadegestãovão

tergrandesprobabilidadesdeocu-parcargosdetopo.POL.–OISCALdepoisdeumpe-ríodo conturbado. Em que tinhadificuldade em preencher as va-gas, renasceu e hoje temmuitoscandidatos.Queéquemudou?M.A.A.–Nosúltimosanoshouveumgrandemovimento de recuperação,porpartedetodososquetrabalhamnestacasa,nosentidodoISCALse

Nos últimos anos houve um grande movimento de recuperação por parte de

todos os que trabalham nesta casa, no sentido de o ISCAL se modernizar e responder

aos novos desafios

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A Grande Entrevista

vidadeprofissional.Eramexcelen-tesprofissionaismasnãotinhamocunhodainvestigação.POL.–OISCALnãotemtradiçãodeinvestigação?M.A.A. – É verdade.A nossa baseé a prática, que esses professorestrouxeramdasempresasondetraba-lhavam, o que permitiu aos nossosalunosumapreparaçãomuitovolta-daparaomercadoempregador.POL. – O que poderia ser feitonessaárea?M.A.A.–Ainvestigaçãoqueospro-fessoresdoISCALfazemérealiza-danasempresasonde trabalham.Nanossaáreaexistemmuitasem-presas,ondetrabalhammuitosdosnossos alunos e professores, querealizamprojectos, é por isso quenoISCALelesnãoexistem.POL.–QualéasuaopiniãosobreacooperaçãocomaUniversidadedeLisboa?M.A.A. – Para o ISCAL essa coo-peraçãotemsidopositiva,umavezquepermitiu-noslançarumdoutora-mento. É lamentável que o IPL sópossaterdoutoramentosatravésdeprotocolos de cooperação comou-

trasinstituiçõesdeEnsinoSuperior.As políticas e as estratégias dasinstituiçõestêmqueestarcondicio-

nadas às políticas dos governos.AssimoEnsinopolitécnicocontinuaa ser aceite, como um ensino quenão deve estar vocacionado para

ministrardoutoramentos.Jáfoimui-to difícil conseguir osmestrados everemosagorase,apósaavaliaçãoexterna,o IPLvaimanter todososmestradoselicenciaturasqueactu-almentepossui.POL.–ParaoISCALacooperaçãoresumiu-seaumdoutoramento?M.A.A. – Não. A cooperação vaipermitir a alguns docentes des-ta casa fazer o doutoramento naUniversidade de Lisboa. Para jána área da gestão da administra-ção pública e mais tarde noutrodoutoramentoquetambémpreten-demos em ciências empresariais.Isto vai permitir a um conjunto deprofessores do ISCAL fazer o seudoutoramentomaisrapidamentedoqueacontecianopassadoquandotinhamdeirparaoestrangeiro.POL.–Eanívelinternacional,quaissão os principais projectos nosquaisoISCALestáenvolvido?M.A.A. – Tivemos projectos decooperação com instituições dosPALOP’s,maseles têmmuitasdifi-culdades financeiras e limitam-se apagar as estadias. Estes projectosapenaspromovemaimagemdoIS-

Nosúltimosanoshouveumgrandemovimentoderecuperaçãoporpartedetodososquetrabalhamnestacasa,nosentidodoISCALsemodernizareresponderaosnovosdesafios

Um dos aspectos positivos do meu mandato foi a boa colaboração que passou a existir entre os órgãos de

gestão do ISCAL

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A Grande Entrevista

CAL, juntodaquelespaísesajudan-do-osaimplementarcursos,nãotêmretornofinanceiro.POL.–Estáaterminaroseuman-dato, que balanço faz dos trêsanos que passou à frente dosdestinosdo InstitutoSuperior deContabilidadeeAdministraçãodeLisboa?M.A.A. –Quandome candidatei àdirecçãodoISCALtinhaumprojec-todecrescimentodoInstituto.Umadasminhasapostaseraa licencia-

turaemgestãoque,comoveioasercomprovado,eraumcursodefaziafaltaaoISCAL.Todaaminhaestra-tégia visava o aproveitamento dasvárias valências que eu acreditavaexistiremnoInstituto.POL. – Quando chegou ao ISCALencontrouumaInstituiçãodoente?M.A.A. –Houve a necessidade demudar algumas mentalidades. Umdos aspectos positivos do meumandato,foiaboacolaboraçãoquepassouaexistirentreosórgãosdegestãodoISCAL.Oconselhodirec-tivotevesempreapreocupaçãodelevaràassembleiaderepresentan-

tes os seus planos de actividades,oquenãoaconteciaanteriormente.Osconselhoscientíficosepedagó-gicosforam,igualmente,chamadosapronunciar-sesobreváriosaspec-tosrelevantesparaofuncionamen-to da Instituição. Conseguir reunirtodos os órgãos num projecto quecomumfoiachavedosucesso.

POL.–AprofessorasentequefoiresponsávelpelaestabilidadequeoISCALapresentaactualmente?M.A.A.–Eunadafiz sozinha, tudooquefoiconseguidofoifrutodeumtrabalho em equipa. E um aspec-to que gostaria de salientar é o danossa publicidade ser feita pelospróprios alunos. A boa imagem doISCALé transmitidapelosqueaquiestudametrabalham.Essaimagemfoiconseguidanãocominvestimen-tospublicitários,mascomumensi-

nodevalorequalidadequepermiteumarápidacolocaçãodosalunosnomercadodetrabalho.POL. – E em termos pessoais, oquesacrificou?M.A.A.–Foramtrintaeoitoanosdaminhavida,nosquaiseudeiomáxi-moquemefoipossível,sacrificandomuito daminha vida pessoal, semqualquer arrependimento. E tudoistonãoseriapossívelsemoapoiodomeumarido,umavezqueconsi-deravaaminhapresençanestaes-colafundamental.Éimportanteparaosalunos,docentesefuncionários,saberemque a presidente do con-

selhodirectivochegaporvoltadasnovedamanhãesaisódepoisdearrumartodososassuntos.POL.–Essasuadedicaçãofoire-conhecida?M.A.A. – Recordo o elogio feitopelo presidente da associação deestudantesnaaulainauguraldesteano lectivo,quemecomoveubas-

tante,quando referiuquepelapri-meiravezo ISCAL tinhaumapre-sidentequedavatudopelacasa.Eessefoiomeuespírito,umespíritodemissão, e omeu desejo é quequem vier a seguir dê continuida-deaesteprojectoequetenhaumaposturaaindamelhorqueaminha.Porqueanossapresença,anossadisponibilidade, o saber ouvir aspessoase apostar nelas é omaisimportanteparaseconseguiratin-girosobjectivos.

POL.–Asuagrandeapostafoinavalorizaçãodaspessoas?M.A.A.–Exactamente,aminhaex-periência nas várias organizaçõesporondepassei, foidequesemoempenhamento das pessoas nãoexistem projectos credíveis. Aonível da educação isto é difícil deatingirporqueosprofessoresestãomuitomaisdispersosealémdissoa cultura do professor, muitas ve-zes, cinge-semuitas às aulas e àinvestigação.O professor vive umbocadoisolado,aocontráriodoqueacontece nas outras organizaçõesondesetrabalhamaisemequipa.

POL. – Recordando as suas ex-periências profissionais que foitendoaolongodavidaoquecon-sideramaisfácildegerir:umaem-presaouumaescola?M.A.A. – Uma escola sem dúvida.Estestrêsanoscomopresidentedoconselho directivo foram muito du-ros,houvemomentosdegrandeten-

E esse foi o meu espírito, um espírito de missão, e

o meu desejo é que quem vier a seguir dê continuidade a este

projecto e que tenha uma postura ainda melhor que a minha

É importante que alunos, docentes e funcionários saibam que

a presidente do Conselho Directivo chega por volta das 9 da

manhã e sai só depois de arrumar todos os assuntos

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A Grande Entrevista

sãoondeeutivedecerrarospunhospara os ultrapassar. Nas escolas édifícilreuniraspessoasemotivá-lasparaseguirumdeterminadopercur-socombasenumaboagestão.POL.– Issonãoseráo resultadodosórgãodegestãodasescolasserem,nasuamaioria,ocupadosporacadémicos?M.A.A. –Naminha opinião, émuitoimportante que, pelomenos um doselementos do Conselho Directivo deuma escola, seja um gestor. E umgestorquetenhaaperspectivadoqueéagestão,quesaibaaplicarumaes-tratégiaporobjectivos,realizandoumaavaliaçãoemfunçãodessesobjectivosequeapostenaspessoas formandoequipasdetrabalho.Odirigentedevesaber dizer a palavra certa, mesmoquandoelaseja“não”.Comoexemplono ISCAL, fruto da nossa gestão, onossoorçamentoésessentaporcen-toprovenientedoorçamentodeEsta-doeosrestantesquarentaporcentosãodereceitaspróprias.POL.–Eissodeveaplicar-seato-dasasescolas?M.A.A.–Deumaformageralsim.É importante ter alguém, no casodoISCALatéexistempessoascomessas características cá dentro,

que tenham a sensibilidade paraas receitas, os custos, tornandoas organizações rentáveis. Claroque também é importante que osrestantes elementos tenham umconhecimentoprofundodavertente

académicaecientífica,sóassimseconsegue uma equipa equilibradaque realizeumaboagestãonumaescola. Como eu costumo dizer,porissoéqueoarco-írisébonito,portermuitascores.POL.–QuandoabandonaroISCAL,sentequecumpriuasuamissão?M.A.A. –Osprincipais objectivos fo-ram atingidos, sendo que o nossogrande calcanhar deAquiles é o dademora em arrancar com as novasinstalações.Quandoinicieiasminhasfunçõescomopresidentedoconselhodirectivo aminha convicção era quequandoterminasseomandatoonovoedifíciojáestivessepronto,eeleaindanemcomeçouaserconstruído.Outroaspectoquegostariaquetivessecor-ridomelhoreraodeenvolvermaisdo-centesnosdoutoramentos.O ISCALpossui,ainda,umnúmerodedoutora-dosmuitoinsuficientes,quenospena-lizabastante.Tambéméverdadequesóactualmenteexistemaiorofertanosdoutoramentos nas áreas da conta-bilidadeoquepoderáserumarazãopara,numfuturopróximo,onossonú-merodedoutoradossofrerumaumen-to.Nofimpensoqueobalançofinalépositivo,etudovaleapenaquandoaalmanãoépequena.

É muito importante que pelo menos um dos elementos do Conselho Directivo de uma

escola seja um gestor

"Odirigentedevesaberdizerapalavracerta,mesmoquandoelaseja“não”.ComoexemplonoISCAL,frutodanossagestão,onossoorçamentoésessentaporcentoprovenientedoorçamentodeEstadoeosrestantesquarentaporcentosãodereceitaspróprias"

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60 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Estante

ADROGAeatoxicodepen-dênciasãodosmaioresfla-

gelosdasociedadeactual.A Geopolítica da Droga,tese de mestrado em Re-lações Internacionais peloInstituto Superior de Ciên-ciasSociaisePolíticas,deIsabel Jesus dos SantosEbo aborda a problemáti-ca da droga, explicando avariabilidade das rotas detransporte e comercializa-ção, numa perspectiva derelaçõesinternacionais.

Aprodução,transforma-ção,armazenamento,trans-porte,distribuição,agrossoea retalho,desubstânciasestupefacientes ilegais es-

tão cada vez mais relacio-nadas com a criminalidadee, particularmente com aconstituiçãodeassociaçõescriminosas. A autora focoualgo fundamental como éperceberarelaçãoentrees-tasactividadesmarginais,oterrorismo e a subversão.Dos factores ligados ao fi-nanciamento da corrupçãoedasubversãodeEstados,sejamelesdemocráticosounão, ressaltam os proble-masdo forodasegurança,quecadavezmenosdefineas fronteiras entre o que éinternoeinternacional.

Na nota introdutória datese de mestrado em Re-lações Internacionais, peloISCP, António de SousaLara, professor catedráticoe presidente do ConselhoCientífico deste Institutoda Universidade TécnicadeLisboa, ressaltouomé-rito e coragem da autora,Isabel Jesus dos SantosEbo, na abordagemda te-mática da droga e outrasmatérias que a partir delasurgem, considerando apresente investigaçãomui-to importante para a pros-secuçãodeoutrosestudos.

AgeopolíticadaDroga

MerzeasonatadesonsprimitivosFoinoambientedomovimentoDada,entre1916e1923,quesedesenvolveuacriatividadedoalemãoKurtSchwittersMerz,artista,escultor,gráfico,pintor,poeta,músico,mestredacolagemeda“assemblage”,criandoumestilopróprioaquechamouMerz.

Texto de Maria João Serrão

quadrosfizerampartedaExposição“ArteDegenerada” (EntarteteKunst)que reuniu inúmeras obras de artis-tas rejeitados ou perseguidos peloregimenazi,naAlemanha.

É justamenteRichterquedescre-veotemperamentoinvulgareaima-ginaçãotransbordantedoamigo,com

ANALISANDO a poesia de KurtSchwittersMerz (1887-1948) é pos--sívelidentificaraformacomo,nessegénero literário,elevalorizouasso-noridadesemdetrimentodo sentidológico,jogandocomostimbres/coresdossonsecomos ritmosdaspala-vrasedassílabas,acabandoporiso-lar os fonemas.Opostulado centraldanossatese,dequeconstaotemadaSebentaqueacabadeseredita-dapeçaEscolaSuperiordeTeatroeCinema,foijustamentedemonstrarasuavirtuosidadeaocriaraUrsonate,ou sonata de sons primitivos, obracom uma formamusical – a da so-nataclássica–,substituindoasnotasdemúsica por fonemas do alfabetoalemão, usados como material decomposição. Aqui fica o essencialdessaformulação.

Schwitters foi professor naBauhausetevecomocolegaseami-gos Kadinsky, Moholy-Nagy, EmilNolde, Theo e Nelly van Doesburg,Raoul Hausmann, Hanna Höcht,Jean Arp, Hans Richter, Käte Stei-nitz, entre outros. Alguns dos seus

as seguintes palavras: “Quando nãocompunha versos, Schwitters faziacolagens, quando não colava, cons-truíacolunas, lavavaospésnaáguadosseusporquinhosda Índia,aque-ciaosfrascosdecolanacama,davade comeràs tartarugasnabanheira,declamava,desenhava,imprimia,ras-gava revistas, recebia amigos, publi-cavaMerz(revistacriadapeloartistadequesaíram24números),escreviacartas, amava, escrevia artigos pu-blicitários para GüntherWagner, eraprofessornasBelasArtes,pintavare-tratoshorríveis(dequeelealiásgos-tavamuito)queemseguida rasgavae transformavaapoucoepoucoemcolagensabstractas”.

Dedicoaversãoportuguesades-tetextoaosalunosdeTeatro,naes-perançadequeeleosajudeaesta-belecerumarelaçãodirectaentreosparâmetrosmusicaiseosdapoesia,atravésdasuamatéria-prima–apa-lavradecompostaemfonemas,ser-vindoaconstruçãodeideiasque,nasuanaturezamaisabstractizante,seidentificamcomamúsica.

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Estante

SAIUmais uma edição darevista “Comunicação Pú-

blica” da Escola Superiorde Comunicação Social.Neste número o destaquevai para duas entrevistas,aos professores convida-dosdomestradoemjorna-lismo,NormanFairclougheHughO’Donnell.

Norman Fairclough éprofessor da Universida-dedeLancaster, doReinoUnido. Na entrevista reali-zadapelaprofessoraIsabelSimões Ferreira, directoradodepartamentode jorna-lismo da ESCS, o profes-sor inglês debruçou-se so-brea suaespecialidade,a

análise crítica dodiscurso.Norman Fairclough é umestudioso dos discursosque estabelecem diálogosentre teoriasda linguageme teorias críticas, tem-seinteressadopelalinguagemencarando-a como parteintegrante das mudançassociaiscontemporâneas.

HughO’Donnell é leitorde linguagem e media naGlasgow Caledonian Uni-versity emembrodaAsso-ciation of Cultural Studiese da Association for Con-temperary Iberian Studies.Na entrevista publicada na

“Comunicação Pública” es-teprofessor,especialistanaanálisecomparativadepro-dutosdaculturapopular,ex-pressouasuaopiniãosobreojornalismo,assuastrans-formações e as relaçõescomasoutrasnarrativas.

Nestaediçãoda“Comu-nicação Pública” podemosaindaencontrardoisartigosdosreferidosprofessoreseum texto das professorasEsther Martinez Pastor eCarmen Gaona Pisonero,queabordaramapublicida-derealizadapelasAdminis-traçõesPúblicas.

Asanálisesdodiscurso

OPROGRAMA pretendemelhorar ascondições de acesso das populaçõesàsmanifestações artísticas, corrigindoasassimetrias regionaisedesigualda-dessociaisatravésdeAcçõesdeGran-de Envolvimento Nacional, assim de-signadas,comoaquefoiefectuadaem2008naáreadoTeatro,queenvolveuduzentosequarentaeseismunicípios.

No segundo número da revista“TerritórioArtes”, entretanto publica-do,é feitoumresumodaactividaderealizada,noâmbitodoprogramadu-rante o ano de 2008.Nesta edição,podemos ainda consultar a progra-maçãoregulareasAcçõesdeGran-deEnvolvimentoNacionalrealizadasnaáreadoTeatroduranteoreferidoano. Espaço ainda para as repor-tagens dos jornalistas Pedro RosaMendes, em Díli; Nuno Roby, emCaracas.Assinamartigosdeopinião,neste número da publicação o Pro-fessorAdrianoMoreiraeo cirurgiãoJoãoLoboAntunes,irmãodeAntónioLoboAntunes. Para assinalar o DiaMundialdaDança,aDirecção-Geral

AArte(queaindanãoé)paratodosOMinistériodaCulturaestaarealizarumprograma,emconjugaçãocomgrandepartedosmunicípiosportugueses,paraadescentralizaçãodasarteseaformaçãodenovospúblicos,denominado “TerritórioArtes”.DocentesealunosdasescolasartísticasdoInstitutoPolitécnicodeLisboaseguemcomcuriosidadeoprocesso.

Texto de José Alexandre

das Artes do Ministério da Culturalançou mais uma das referidas Ac-çõesdeGrandeEnvolvimentoNacio-nal,destaveznodomínio,claroestá,da Dança. Durante quatro semanasvimos e ouvimos falar de (quase)tudooqueaestadisciplinadiz res-peito.Paradarumaajuda,a coreó-grafa Madalena Victorino promoveuuma exposição, denominada “Uma

Carta Coreográfica”, explicitando osconceitos cruzados do “corpo comoadivinha” e da “Dança como Fábu-la”, que irá circularpor todooPaís.Aexposiçãonãose limitaamostrarcoreografias, pinturas, desenhos efotografias,dáaindaaosmaisnovosa possibilidade de brincarem com omovimentodadança,atravésdeumapequenacartacoreográfica.

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62 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Estante

ComunicaçãoePolítica

“A TELEREALIDADE, umaabordagemhermenêuticada

ConstruçãoSocialdaReali-dade pela Informação Tele-visivadeActualidade”éumaobradaautoriadaprofesso-raCarlaCruz,quepretendedemonstrar, numa aborda-gem sociofenomenológica,aconstruçãosocialdareali-dadeinerenteàproduçãodejornaistelevisivos.

Licenciada em Comu-nicação Social e mestreem Sociologia pelo Insti-tuto Superior de CiênciasSociais e Políticas, CarlaCruz,realizaumestudoso-brea informação televisivadifundidanoscanaisgene-

ralistas portugueses. Rea-lizando um levantamentode categorias de análise,que levem à identificaçãoas unidades jornalísticasemitidas,aautorapretendecompreender como a ima-gem do “mundo” telecons-truídoésimbolicamentere-presentado nos noticiáriosdifundidos para o público.No fundo estuda-se omé-todocomoosemissoreseosmeiostratamainforma-çãodemonstrandoas“ver-dades” relativas que estãopresentes nos conteúdosnoticiosos,contribuindopa-

raumavisãomaisrealísticae menos estereotipada datelerealidade.

Segundo o livro o jor-nalista, quando aprendee transmite o mundo real,nãoofazdeumaformato-talmenteobjectiva,massimparticipa numa construçãosocialdarealidade.

Carla Cruz prova coma obra "A Telerealidade"que, na elaboração dasnotícias, são utilizadasaspectos, como escolhase preocupações, que in-teressem o público e quesão externos aos factos.

Realidadesocialetelevisão

AAUTORA é Doutorada pelo Insti-tuto Superior de Ciências Sociaise Política, onde lecciona. ColaboraaindacomodocentenoInstitutoSu-periordeCiênciasPoliciaiseSegu-rançaInterna,bemcomoemuniver-sidadesestrangeiras.

Ainvestigaçãodaautoracentrou-senaanálisedoconteúdodocartaze do slogan como veículos funda-mentais na comunicação política.Paraissoforamaindaanalisadososcartazes usados nas eleições presi-denciais francesas. Também consi-derados, os debates televisivos doscandidatosàPresidênciadaRepúbli-ca,permitiramanalisaroalinhamentodosconteúdoseasdiferençasdeco-municaçãoentrecanaistelevisivos.

O estudo feito teve em linha decontaosdiscursosdetomadadepos-sedosváriosPresidentesdaRepúbli-caportuguesesa fimdeestabelecersemelhançasediferençasemtermosdeestratégiadeconstruçãodamen-sagempolíticadirigidaaopaís.

Umadasprincipaisconclusõesdaanálisequantitativaequalitativaapon-taparaacomunicaçãopolíticacomo

AobraEstudosdeComunicaçãoPolítica,dePauladoEspíritoSanto,assentanumestudodeanálisedeconteúdodasmensagenspresidenciaisdoespaçodecampanhaepóscampanhaeleitoralemPortugal,noperíodocompreendidoentre1976e2006.

Texto de Margarida Jorge

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Estante

ESTElivropretendedaraconhecerosdiversosma-

resqueinterligaramosvá-riospontosdoimpérioma-rítimo português, para talcompilaestudosdeváriosautores, cuja organizaçãoficouacargodeJúniaFer-reira Furtado.A organiza-dora,mestreedoutoraemHistória Social é profes-sora adjunta de Históriada Universidade Federalde Minas Gerais, regiãoqueserviucomopontodepartida,oudechegadanoperíodocolonial.

Um dos objectivos foitrazeràluz,amuitasvezesesquecidahistóriadoImpé-

rio Colonial Português. Osoceanossurgemcomoter-renounilateraldeafirmaçãodaspassadasglóriasnacio-nais, como um espaço decomunicação, intercâmbio,conflitoeintegração.

A região de Minas Ge-raisfoiconsideradanoSéc.XVIII como um dos pontoscentrais do ponto de vis-ta económico, do ImpérioPortuguês. Nos DiálogosOcêanicossãocincoos te-mas recortados, MulhereseGénero; Comércio e Co-merciantes;RevoltaseMo-tins; Conjurações eA crise

doImpério,aliandodiversasregiões,entrePortugal,Bra-sil,ÁsiaeMinasGerais.

Os textos organizadosnolivropermitiramtraçarpa-ralelosentreasregiões,paraalémdeconexões transver-sais, que conduziram a umintercâmbioinovador.

A organização dos es-tudos apresentados con-tribuíram para desvendararedeoceânicadaépoca,levandoàreflexãoeaumpossível estimulo à pes-quisa inter-regional dentrodas fronteiras do ImpérioUltramarinoPortuguês.

Diálogosoceânicos

umdosdesafiosmaisurgentesparaos sistemas políticos, para os seuslíderes como eleitores. A comunica-çãoassumeopapelde indicadordecredibilidadepolítica.Assima autoraconstatou que comunicar em demo-craciaconstituiumatarefadealinha-mento permanente demotivos, cadavez mais políticos e sociais e cadavez menos ideológicos, estes maisevidenciadospeloslíderesepartidosposicionadosnosextremosdaescalapartidária esquerda direita.A investi-gação revelaaindaquea comunica-çãopolíticarevela-secomoumexer-cícioajustadoaoespaçoeaotempo,dapolíticaedacoisapública.

O trabalho de investigação dePaula do Espírito Santo reveste-sedegranderiquezaanalítica,pelaspo-tencialidadesdatécnicadeanálisedeconteúdoqueintegra,mostrandoqueacompreensãodaslinhasessenciaisà construção da mensagem políticaé importante para a descoberta dasprioridades e projectos dos agentespolíticos. A produção da mensagempolítica apresenta-sedemododirec-cionado, intencionaleprojectado,re-flectindo-senacultura,nasociedade,naconjunturaenoprojectopolíticoeideológicodecadaforçapartidária.

Opresenteestudo,deacordocomaautora,vemmostrarqueaComuni-caçãoPolíticatraduz,umaarte,cujoscontornos e mestria são produto deprocessos de procura de soluções edinamismospúblicospermanentes.

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64 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Amanhã será notícia

TeatroVirtualon-lineÀdistância de um clique, noTeatroObservatório daAmadora pode-se assistir aumapeçateatral,apreciarumaexposiçãoouatémesmolerumlivro.Disponívelnainternet,oprojectoinovador,daautoriadaAssociaçãoProto,prometeumaagendacultural recheada de opções. Pedro Saavedra, formado pela Escola Superior deTeatroeCinema,assumeopapeldeprogramadorartístico. Textos de Bárbara Gabriel

PROJECTO inovador no panoramacultural e multimédia, o Teatro Ob-servatóriodaAmadora(TOA),éumespaço virtual, disponível on-line,(www.aproto.org/toa), que pretendedar resposta a todas as exigênciasde um qualquer teatro fisicamenteexistente. Gratuitamente, os ciber-nautas podem embarcar numa via-gemaumuniversoculturalondenãovão faltar espectáculos de teatro,música,dança;sessõesdecinema,poesiaeleitura.

Dispondo de uma programaçãoprópria, oTOApretende ser umes-paço verdadeiramente interactivo,sem barreiras entre o público e osartistas. Recorrendo às novas tec-nologias da internet, a AssociaçãoCultural Proto daAmadora, respon-sávelpelacriaçãodoTOA,viunesteprojectoaformaidealdeapresentaros trabalhosqueproduz, permitindoao mesmo tempo que “outros artis-tas,quenãodispõemdeumaestru-

turafísica,possamtambémfazê-lo”,conforme afirma Pedro Saavedra, oprogramadorartístico,umcargoqueserárenovadoanualmente.

Formado pela Escola Superiorde Teatro e Cinema, Pedro Saave-dra,consideraquemaisdoqueumteatrovirtualoTOA(TeatroObserva-tório daAmadora) pretende ser umlocalqueatraiaopúblicodurante24horas e que reflicta o espaço ondeaassociaçãoestá integradanãosóacidadedaAmadora,mastambémomeiocircundante.Aapresentaçãodaprogramaçãoanualserásemprefeitanumlocalfísicoabrindo-seas-simapossibilidadedeamesmaserdiscutida.Atrair público para a dis-cussão deveria ser, na opinião doprogramador,agrandepreocupaçãodos teatros, especialmente “em ci-dadesdormitórioondeoshabitantesdeviamopinarsobreosítioondevi-vem,dizendosobreoquemaislhesagradaaonívelartístico”.

Com “portas abertas” desde oanopassado,oTOAconvidaàparti-cipaçãonãosódeartistaseagentesculturais mas, também, do cidadãocomum. “São bem-vindas as maisvariadasformasdeexpressãoartís-tica,emboraascomponentesvisuale sonora sejam privilegiadas, por-queoprópriomeioassimoobriga”,explicaPedroSaavedra.

Visualizar vídeos de um ranchofolclórico, aulas de culinária ou umrecital de poesia são algumas daspossibilidadesoferecidaspeloTeatroObservatóriodaAmadora.OprojectoenvolvetambémaPTV,umcanaldetelevisãoon-line,queseráomecenasdoteatroenoqualaassociaçãoProtoesperaobterapoiopublicitário.

Naspropostasdeeventosaincluirnaprogramaçãoanual,atransdiscipli-naridade, envolvendo a componentemultimédia e humana, será valoriza-da. Diversificar ao máximo a ofertadeprodutosartísticoseculturaisserá

MaquetedoTeatroObservatóriodaAmadora,disponívelon-line

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65Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Amanhã será notícia

COM cinco anos de existência, aProto- Associação Teatro Obser-vatório é uma associação cultural,sem fins lucrativos, que nasce davontade de um grupo de jovensapostados em estabelecer ligaçãoentrecriadoresindependentesear-tistasprofissionaisatravésdapes-quisaartística.

DirigidaporPedroSaavedra,aequipa de cinco profissionais queconstitui a Proto, actua em váriasvertentes criando, produzindo epromovendo festivais, workshops,espectáculos e parcerias cominstituições culturais. Na área dapedagogia, vocacionado para ascrianças, a Casa da Imaginaçãopromove ateliers centrados naeducaçãopelaarteedasartespe-laeducação.Aolongodasuaexis-tência,aCasafoiresponsávelpelaorganização de ateliers temáticosnoFestivalInternacionaldeBandaDesenhadadaAmadora,emesco-laspúblicaseprivadas,promoveufestas abertas à comunidade naCasa Roque Gameiro, para alémda parceria estabelecida com oserviçoeducativodaCulturgest.

Com o objectivo de valorizar omundo particular que rodeia cadacasa,cidadãoecidade,asoficinasartísticas destinadas à populaçãosénior são um espaço interactivo,de troca de experiências de vidaqueajudama reforçar as relaçõesinterpessoais.Numavertentedein-vestigaçãoartísticaereflectindoes-teticamente temas actuais surge aIntensiveArtCare.Promovendoum

Imaginaçãoecriatividade

espírito crítico, pretende-se apostarnaformaçãoecriaçãodeespectácu-los,atraindonovospúblicos.

P-OAmanteVisual,MasterClas-se Cerejal, e mais recentemente oprojecto Europa-Tours são algunsprojectos desenvolvidos pela Inten-siveArtCare.

Sediada naAmadora, em insta-laçõesdisponibilizadaspelaCâmara

umaprioridade.Ásemelhançadoqueaconteceno“SecondLife”–ouniver-sovirtualcommaisde11milhõesdeutilizadores em todo omundo, ondesecriampersonagenscapazesdein-teragirumascomasoutras–,noTOAtambémoscibernautaspodemnave-garporáreasinteractivas.

Virtualmente composto por doispisos,aentradaparaoedifícioéfeitapelopiso0(zero).Numsalãodechá,isento de fumo e bebidas alcoólicas,servem-sepequenasrefeições.Neste

espaço os visitantes podem descon-traidamente ler um livro, jornal ou sepreferiremdebatersobreosmaisvaria-dostemas.Existeumlocaldestinadoaexposições.Noauditório,apetrechadocomumaplateia amovível, sãoapre-sentadosespectáculosdeteatro,per-formancesdedançaemúsica.Numapequena loja os cibernautas podemadquirirprodutosdemerchadising.

Pensadoparadar apoioàsdiver-sasactividadesdesenvolvidaspelote-atro,oescritóriodeproduçãocomsala

dereuniõessitua-senopisozero.Nopiso-1(menosum)afilmotecadispo-nibilizafilmesedocumentárioscomen-tadosporprogramadoresconvidados.Dedicada sobretudo às crianças, naImaginoteca não vão faltar ateliers,oficinaseactividadespedagógicasdeeducaçãopelaarte.Osmaispequenosdivertem-secomvariadosjogostendoapossibilidadedeescolheracenogra-fiadasala.Eéaindanopiso-1(menosum)estálocalizadooarmazémdema-teriaisusadoseosWC´s.

Municipal, aProto-AssociaçãodeTeatro Observatório, é constituídapor umaequipa profissional distri-buídapelasáreasartísticas,peda-gógica, produção e comunicação.Ao longoda suaexistência “a as-sociação temsidoencaradacomoumaempresa”dizPedroSaavedra,quecriticaadependênciadefinan-ciamentos.

PedroSaavedranumatelierartísticocomascrianças

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66 Politecnia n.º 21 Maio / 2009

Tribuna Livre

APROBLEMÁTICAdacriaçãoeapro-vaçãodenovoscursos,particularmen-teagoraqueseaproximamasavalia-çõesinternacionais,deveserumtemadepreocupação.Preocupaçãoquesejustifica perante a ausência de umareflexão profunda quanto ao tipo decursoscriados,conteúdosesuaade-quaçãoàsnecessidadesdomercado.Aliás,asituaçãonãoénova,surgenoiníciodosanos90,comaemergênciadeinstituiçõesdeEnsinoSuperiorPri-vadoeCooperativoerespectivaproli-feraçãodecursosaliministrados,semqualquerregulação.

Convido o leitor a olhar, mesmoque transversalmente, para a ofertadecursosdeComunicaçãoem todosossubsistemasdeensinosuperioremPortugal,provavelmenteficaráestupe-facto com a dimensão atingida. Ora,nesta“observação”podemoscompro-varformaçõescomdesignaçõescomo“Comunicação Organizacional”, “Co-municação Social”, “Comunicação eRelaçõesEconómicas”;“Comunicaçãoe Relações Públicas”; “Comunicaçãoe Multimédia”; “Relações Humanas eComunicaçãoOrganizacional”;“Jorna-lismo”; “Jornalismo e Comunicação”;“PublicidadeeRelaçõesPúblicas”;“Ci-ênciasdaComunicação”;etc.,etc.

É,também,inquietantequealgumadestaformaçãosejaleccionadaporins-tituiçõessemvocaçãonestaáreadoco-nhecimento,desprovidasdemeiostec-nológicos, comescassos docentes daáreaesemqualquerligaçãoàinvestiga-ção.Aliás,osrelatóriosdasComissõesdeAvaliaçãoExternas,aoníveldossub-sistemas de ensino superior público eprivado,universitárioepolitécnico,paraaáreadaComunicaçãoeInformação,efectuadosanteriormente,revelamcon-clusõescomo:“instituiçõesquecontamcom educadores que alimentam umaaversãoàtecnologia”;“transmissãodeconhecimentos e modelos ultrapassa-dos”; “número diminuto de docentesprofissionaisdaáreadeespecializaçãodocurso”;“ausênciadedisciplinasprá-

ticasnaáreadeformaçãobasedocur-so”;“ausênciadeinvestigaçãoporpartedosdocentes”etc.,etc.

Apropósitodaconvergênciaen-treosobjectosemétodosdoensinodaComunicaçãonoensinosuperiore os objectos emétodos da inves-tigaçãocientífica,oProf.AníbalAl-ves1,argumentaque“valeriaapenaperguntarcomquecritériossecria-ram estes cursos, sob que iniciati-vaseautorização legalseabriram,como se encontraram professorescompetentes, como surgiram osseusalunos,eoutrasinterrogaçõesque levem a uma compreensãomais esclarecida deste interessan-te e, indubitavelmente, significativoprocesso”.

Ora, a proliferação de cursosnesta área do conhecimento, quan-do associada a uma deficiente pre-paração dos estudantes, acaba por:

Afectarnegativamenteaimagemdasinstituições de ensino, já que nãocumpremcomoseumaiorpropósito,ode fornecerprofissionaisqualifica-das para actuar neste sector funda-mentaldasociedade;

Prejudicaracapacidadedeinser-ção profissional dos estudantes aliformandos, simultaneamente que osembaraça, já que ficam conotadoscomomalpreparados;

Lesarasprópriasempresas,querecrutammausprofissionais,amaio-ria sem qualquer responsabilidade.Faceaestasituação,éalturadaaca-demiaserevelarcapazde:

-Reflectir sobreestaproblemáti-ca,demodoaevitarosdistanciamen-tos entre si/docentes e as organiza-ções/empresas;

- Avaliar seriamente os cursos,a fim de impedir a transmissão deconhecimentos e modelos ultrapas-sados, e preparar profissionais paralidarcomasespecificidadesdosiste-madecomunicaçãoactual;

-Incrementarainvestigaçãoere-jeitarapesquisadesarticuladaentreinstituições.

Aomesmotempo,justifica-sequea tutela desencadeie e catalise umtempoeumprocessodereflexãoqueleveàcorporizaçãodeumsistemadeauto regulação. Concomitantemen-te, ao ser avaliada as actuais áreasdeformaçãoemComunicação,deveserensaiadaumaantevisãodeáreasemergentes, de modo a adequá-lasàsnecessidadesdomercado.

Passado o período de estabili-zação dos cursos é tempo de o seuconjuntoserpensadocomoumtodoedesecriarumespaçodereflexãoqueviseaconcretizaçãodasmedidasre-comendadaspelaviadasavaliaçõeseseperfilemasáreasde investigaçãoqueimportaabordar,quernointeressedocidadão,quernodosinvestidores.

*Vice-Presidente da Escola SuperiordeComunicaçãoSocial

QueensinodaComunicaçãoemPortugal?

Quem olhar para a oferta de cursos de Comunicação no

Ensino Superior em Portugal, ficará estupefacto com a

dimensão atingida

JorgeVeríssimo*