Contadores de Histórias- Módulo 1

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  • 8/19/2019 Contadores de Histórias- Módulo 1

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    Sumário

    Introdução.....................................................................................................................3Unidade 1 – Origem das histórias..................................................................................4

    1.1 – Origem das histórias .........................................................................................51.2 – Por que contar histórias?................................................................................. 141.3 – A Literatura e os estágios psicológicos da criança...........................................181.4 – A tradição oral como bem imaterial da humanidade........................................30

    A tradição oral na educação escolar.........................................................................33Unidade 2 – Tipos de histórias....................................................................................38

    2.1 – Conhecendo alguns tipos de histórias..............................................................392.2 – A arte de contar histórias ................................................................................ 562.3 – A literatura infantil contemporânea................................................................. 612.4 – Função social da leitura ..................................................................................63

    Conclusão do Módulo 1: .............................................................................................66

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    IntroduçãoOlá,

    Hoje em dia, a sociedade tem visto o contador de histórias como umaprofissional. Sabemos que, desde os primórdios, o contador de histórias teve um papelfundamental na formação dos seres humanos, mesmo sabendo que não eram voltadasdiretamente ao público infantil.

    Infelizmente, com a chegada de novas tecnologias, o contador de históriaspraticamente se extinguiu, ficando limitado apenas ao professor na Educação Infantil.Porém, a necessidade de se contar histórias fora do ambiente escolar e domiciliarcresceu significativamente.

    Por tais motivos, veremos neste curso a origem das histórias, os principaisautores ao redor do mundo e no Brasil e a importância que se deve dar a esse ato tãomaravilhoso que é o de poder viajar com a imaginação através de uma história.

    Você vai aprender como escolher a obra certa para cada fase psicológica da

    criança além de poder despertar o interesse na leitura desde a primeira infância.

    Também vamos conhecer os diversos tipos de histórias e compreender porquecontar histórias é uma arte. Vamos entender a Literatura Infantil Contemporânea e opapel da leitura na sociedade.

    No final do curso, veremos técnicas que ajudarão a contar histórias além deaprender como fazer recursos simples para animar a atividade.

    Esperamos que você aprenda muito através deste curso e, quem sabe, contagiemuita gente com suas histórias.

    Bom curso!

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    Unidade 1 – Origem das histórias

    Olá!Nesta primeira unidade, vamos descobrir qual é a origem das histórias infantis,

    conheceremos os principais autores e obras dessa categoria.

    Vamos conhecer a importância de se contar uma história e o porquê fazê-la,além de entender porque a tradição oral se tornou um bem imaterial da humanidade pelaUNESCO.

    Também vamos falar dos diferentes estágios psicológicos das crianças e decomo escolher uma história apropriada para cada faixa etária, além de conhecermos ascaracterísticas delas nas diferentes fases.

    Bons estudos!

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    1.1 – Origem das histórias

    Antes de a escrita ser criada, todo o conhecimento era passado por meio da fala,oralmente. Durante este período, a memória era o único recurso de armazenamento etransmissão do conhecimento para as futuras gerações.

    Por isso, podemos afirmar que os contadores de história nasceram com ahumanidade, pois eram eles os responsáveis por discutir fatos, encadear acontecimentos,perpetuar crenças, acentuar um pensamento, manter a tradição, repassar o conhecimentoetc.

    No entanto, não eram todos os indivíduos que possuíam a capacidade de contar, pois o ato de contar pressupunhanão apenas a capacidade de narrar,mas também a de representar. NaGrécia Antiga, por exemplo, osmitos, as lendas, as crenças e os

    grandes poemas eram transmitidospelos atores ou pelos rapsodos.

    Com o passar do tempo, acivilização evoluiu, e surgiramnovos recursos de perpetuação doconhecimento e da memória, bem como novas formas de arte. Por isso, o ato de contarganhou formatos e intenções diferentes, bem como mudou, muitas vezes, de público

    alvo.

    Os primeiros livros infantis surgiram no século XVII. Nesta época, as criançaseram tratadas como adultos em miniaturas e, portanto, tinham acesso à mesma literaturaque os adultos. Com o objetivo de simplificar o raciocínio do conteúdo abordado em

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    obras clássicas ou populares, como as histórias de cavalaria, começou-se a adaptar essasobras para que as crianças pudessem compreendê-las.

    O principal valor ideológico apresentado nessas primeiras narrativas do séculoXVII era a “lei do mais forte”. Como exemplo, podemos citar As mil e uma noites ,compilação de narrativas árabes e persas.

    Foi no século XVII que surgiram as fábulas e os contos de fadas, criados,respectivamente, por Jean de La Fontaine e por Charles Perrault, e tinham comoobjetivo moralizar e educar.

    A Literatura Medieval surgiu na Europa através da fonte popular (prosa quevinha do Oriente) e pela fonte culta (prosas cheias de aventuras das novelas decavalaria). Na fonte Popular podemos destacar o idealismo e um mundo mágico emaravilhoso, já na Culta, o destaque é para os valores éticos sociais, os problemas docotidiano e as lições consequentes da sabedoria prática.

    Já os contos de fadas são caracterizados pelo simbolismo, além de retratarviolência contra mulheres e crianças e tinham práticas canibalistas, incestos e abandonode crianças na floresta devido à fome e a miséria.

    Algumas narrativas da época podem ser encontradas em diversas obras cristãs,tais como: Disciplinas Clericalis , de Pedro Alfonso, que contém conselhos morais deum pai ao filho; O livro de exemplos, de Clemente Sanchez, que compila mais detrezentos contos de caráter moralizante, sentencioso e doutrinário, usado por pregadorescristãos;O livro de Esopo etc.

    O que podemos perceber é que, desde a sua origem, a Literatura Infantil émoldada de acordo com a época e a sociedade vigorante e que, mesmo nos dias de hoje.Hoje, podemos considerar os livros pedagógicos como os principais instrumentos depropagação do que é certo ou errado, de acordo com a sociedade que vivemos.

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    A Literatura Infantil, e principalmenteos contos de fadas,passou a ter influencias na formação das crianças e adultos,

    dividindo as personagens em belas e feias, em boas e más,poderosos e sem poder, facilitando a compreensão das crianças dosvalores humanos e sociais e sustentando os valores morais e éticosque possuímos hoje.

    A seguir, a definição de alguns tipos de literatura infantil:

    As Lendas (do latim legenda / legen – ler)

    De origem anônima, as lendas foram asprimeiras histórias a serem contadas. Por teremsurgido antes das formas gráficas, elas eram,muitas vezes, improvisadas na hora de sercontadas, já que, naquela época, só era possívelcontar com a memória. Na maioria das vezes ashistórias tratavam dos acontecimentos cotidianos,como homens que venciam animais e inimigos.

    Geralmente essa está marcada pelafatalidade, fixando a presença do destino contra oque não se pode lutar, demonstrando a força dodesconhecido.

    Histórias de Sherazade

    Sherazade foi casada com o sultão árabe Sheriar. O sultão já teria sido traídopela rainha, a sua primeira esposa, e desde então, casava-se todos os dias com uma novamulher e, no dia seguinte do casamento, mandava matá-la. Sherazade, ao se casar com o

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    sultão, lhe contou uma história e a interrompeu na melhor parte. O sultão, que adoravaouvir histórias, permitiu que ela vivesse para ouvir a continuação na noite seguinte. Eassim passaram-se mil e uma noites, até que o sultão resolveu não matá-la mais.

    Foi assim que nasceu a obra As mil e uma noites , considerada por muitos a maiorcompilação de contos maravilhosos do mundo. Antoine Galland, um estudioso francês,em meados do século XVIII, reuniu esses contos, presentes em todo o Oriente em umúnico livro.

    Fábulas de Esopo

    Esopo foi um escravo que viveu na Grécia entre 560-620 a.C. Suas fábulascontinham educação moral para adultose crianças e usualmente tinham animaispersonificando suas histórias.

    Apesar de não deixar nenhumade suas fábulas em escritos, suasnarrativas orais foram escritas maistarde por outros escritores como Fedro.

    Suas fábulas mais conhecidassão: “A raposa e as uvas”, “A formiga ea cigarra”, “A gansa que botava ovos de ouro”, entre outras.

    Fábulas de Fedro

    Fedro, assim como Esopo, era grego e filho de escravos, e coube a ele estilizar eescrever as fábulas de Esopo.

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    Fábulas de La Fontaine

    Tendo como base os textos de Esopo e Fedro, o escritor Jean de La Fontaine

    reescreveu 239 fábulas, e criou diversas delas.

    Entre as inovações que trouxe para as obras, podemos mencionar a flexibilizaçãoda estrutura das narrativas, privilegiando o uso da prosa em vez das formas métricas dapoesia. Além disso, ele também flexibilizou o conteúdo, tornando-o, muitas vezes, maisdemocrático e sendo, muitas vezes, condescendente, com as personagens das histórias.

    Charles Perrault

    Contemporâneo a La Fontaine, foi o primeiro autor a escrever também para ascrianças, transformando estórias dofolclore europeu em contos defadas.

    Seus maiores sucessosforam: “O Gato de Botas”,“Chapeuzinho Vermelho”, “ABela Adormecida”, “Barba Azul”,entre outras obras.

    Irmãos Grimm

    Os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm, nasceram na Alemanha. Por viajaremmuito, ouviram diversas histórias pela Europa. As mais famosas são: “Rapunzel” e“Branca de Neve e os Sete Anões”.

    Através da memória popular as antigas narrativas, lendas e histórias alemãs

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    conservadas pela tradição oral, localizaram as origens da realidade histórica germânica,em que os pesquisadores encontram a fantasia, o fantástico e o mítico. Assim, umagrande Literatura Infantil surge para encantar crianças de todo o planeta.

    Contos de Andersen

    Hans Christian Andersen era um dinamarquês de uma família muito pobre.Adorava as histórias de homens queeram pobres e ficaram ricos.Escreveu mais de cento e cinquentacontos, que foram traduzidos emcentenas de idiomas, como “Apequena Sereia”, “O Patinho Feio”e a “Nova Roupa do Imperador”.

    Andersen foi um autor quese preocupou demasiadamente coma sensibilidade exaltada peloRomantismo.

    Origem da Literatura Infantil no Brasil

    Com a implantação da Imprensão Régia, a primeira editora brasileira, os livrosinfantis começaram a ser publicado aqui em 1808, porém a circulação dessaspublicações era precária, já que a maioria delas era oriunda de Portugal e poucas eramtraduzidas e adaptadas ao cotidiano de nossas crianças.

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    Os livros escolares e infantis se fortaleceram através de campanha dealfabetização liderada por intelectuais e políticos, abrindo caminho para a produçãodidática e literária especifica para o publico infantil.

    Principais obras infantis publicadas no Brasil no século XIX

    Autores Brasileiros

    Leitura para Meninos(1818) – José Saturnino da Costa PereiraGramática do Coruja (1835) – Antonio Álvaro Pereira CorujaCompêndio de Grammatica portuguesa da Primeira Idade (1855) – CyriloDilermando da Silveira Postillas de Grammatica Geral – Francisco Sotero dos Reis Epítome da Gramática Portuguesa (1860) – Abílio César Borges Livro do povo (1861) – Antônio Marques Rodrigues Novo Methodo de Grammatica Portugueza (1862) – Joaquim Frederico Kiappe daCosta RubimGeografia Física (1863) – Abílio César Borges

    Gramática Analítica da Língua Portugueza (1865) – Charles O. A. GrivetGramática Portuguesa (1865) – Francisco Sotero dos Reis Diccionário Grammatical Portuguez (1865) – J.A. Passos Método Abílio (1868) – Abílio César Borges Pontos de Retórica (1868) – Meneses VieiraCompêndio de Gramática da Língua Portuguesa (1972) – Laurindo Rabelo Desenho Linear ou Geometria Prática Popular (1876) – Abílio César BorgesO Livro do Nenê (1877) – Meneses Vieira

    Primeiras Noções de Gramática Portuguesa(1877) – Meneses VieiraCompêndio de Gramática Portuguesa (1979) – Augusto Freire da SilvaGramática Portugueza (187?) – Manoel Olympio Rodrigues da Costa Noções de Arithmética (187?) – Manoel Olympio Rodrigues da Costa

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    Traduções

    As aventuras pasmosas do Barão de Munkausen

    O Último dos Moicanos (1838) – Fenicore Cooper, traduzido por Caetano de LopesMoura Aventuras do Barão de Münchhausen (1848)Obras de Júlio Verne, traduzidas por Jovina CardosoObras de Alexandre Dumas, traduzidas por Ciro CardosoO canário(1856) – Cônego (Christoph) von Schmid A cestinha de flores (1858) – Cônego (Christoph) von Schmid Joãozinho (1858) – Charles Jeannel, traduzido por Antônio RêgoOs ovos de Páscoa (1860) – Cônego (Christoph) von Schmid

    Jornais Infanto-Juvenis

    O Adolescente (1831), SalvadorO Juvenil(1835), Rio de Janeiro Livraria dos Meninos (1937), Salvador Jornal de Instrução e de Recreio (1845), MaranhãoO Mentor da Infância (1846) Kaleidoscópio (1860), São Paulo Ensaio Juvenil (1864) Imprensa Juvenil(1870)

    Fonte:http://literatura.uol.com.br/literatura/figuras-linguagem/32/artigo186219-6.asp

    A grande virada na Literatura Infantil brasileira aconteceu em 1920 com apublicação A menina do narizinho arrebitado , de Monteiro Lobato, que revolucionou aliteratura voltada para as crianças em nosso país.

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    Tratava-se de uma Literatura compreensível e atraente, que usava linguagemcriativa, rompendo o ciclo. A oralidade estava presente nas falas das personagens etambém na fala do narrador.

    José Renato Monteiro Lobato nasceu em 18 de abril de 1882 em Taubaté,interior de São Paulo, e, em sua homenagem, nesse mesmo dia é comemorado o DiaNacional do Livro Infantil.

    Descobriu o gosto pela leitura ainda criança, quando leu todos os livros dabiblioteca de seu avô, passando a questionar a ausência de livros brasileiros voltados,exclusivamente, para as crianças.

    Perdeu os pais muito cedo, sendo criado pelo avô materno, o Visconde deTremembé, que o incentivou a se formar em Direito pela Universidade de São Paulo.Em 1921 escreveu a sua primeira obra destinada às crianças.

    Morreu vítima de um derrame aos sessenta e seis anos em 04 de julho de 1948.

    Lobato conseguiu mostrar que omaravilhoso pode ser vivido por qualquerpessoa, e que aventuras podem ser vividas nocotidiano, assim como o escritor LewisCarrol, autor do livro Alice no país das maravilhas ,. Além de ser mestre no humor(novidade para a época), Lobato possuía umespírito maroto e zombava de tudo.

    Porém, não foi na primeira obra queLobato assumiu esse estilo, já que a primeiraversão de A Menina do Nariz Arrebitado serviria como “leitura escolar” e era precisopassar uma imagem exemplar. A partir do

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    sucesso que obteve escrevendo livros escolares, teve o incentivo para que escreverprogressivamente, adotando assim seu estilo próprio.

    Esse estilo de tornar o maravilhoso muito próximo ao real fez com que muitaspersonagens da mitologia e dos contos de fadas e fábulas, como a Branca de Neve e oPeter Pan, visitassem o Sítio do Pica Pau Amarelo. Além disso, fazia também críticas aogoverno da época, através de personagens como Emília, a boneca de pano falante.Tornou-se imortal com a possibilidade de criar o impossível.

    1.2 – Por que contar histórias?

    Esta sem dúvida é uma questão que possui uma infinidade de respostas e asprincipais estão destacadas a seguir:– As histórias despertam o gostopela leitura – Ao ouvir histórias, acriança adquire o primeiro passoque é a situação de ouvinte para

    mais tarde ser atraída pela leitura;

    – As histórias ajudam nodesenvolvimento psicológico emoral, auxiliando na manutenção da saúde mental da criança em desenvolvimento;– As histórias, além de instruirem, ampliam o vocabulário infantil, seu mundo de ideiase de conhecimentos, além de desenvolverem a linguagem e o pensamento;

    – As histórias desenvolvem a atenção, a imaginação, a observação, a memória, areflexão e a linguagem;

    – As histórias despertam a sensibilidade. A literatura e os contos de fadas dirigem acriança para a descoberta de sua identidade e da comunicação, bem como sugerem as

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    experiências que são necessárias para o desenvolvimento do caráter;– As histórias ajudam adaptar a criança ao meio ambiente, devido aos valores sociais emorais que ela recebe das personagens;

    – As histórias, além de distraírem, aliviam sobrecargas emocionais e auxiliam naresolução de conflitos emocionais próprios;

    – As histórias desenvolvem funções cognitivas para o pensamento, como comparação(entre as ilustrações e o texto), o raciocínio lógico, as relações de tempo e espaço, opensamento hipotético e o pensamento divergente ou convergente. A organização geraldos enredos possui um conteúdo moral que colabora para a formação ética e cidadã dascrianças.

    Podemos nos perguntar, então, se há uma diferença entre ler ou contar umahistória. Sem dúvida ambos possuem importâncias significativas que veremos a seguir.

    Contar uma história: Podemos contar histórias que de fato aconteceram comconhecidos, com a gente mesmo, “casos” de boca em boca ou contadas pelos maisantigos como parte da tradição oral. Também podemos inventar histórias e recontarhistórias famosas comoOs Três Porquinhos ou A ChapeuzinhoVermelho , por exemplo.Certamente, cada pessoa contarácom suas peculiaridades e aqueleditado “Quem conta um contoaumenta um ponto” é verdadeiro.

    Quando um profissional lêuma história para uma criança, écomo se ele fosse uma ponte entre o livro e ela. No entanto, ao ler a história de um livro,é preciso ser fiel, ou seja, não se deve mudar as palavras. A leitura do mediador ou

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    contador não deve ser monótona, variações na voz, no ritmo são primordiais para fazercom que o livro crie vida.

    Com a intenção de esclarecer as principais diferenças entre ler e contar uma

    história, a tabela abaixo compara as diferenças:

    Ler Contar

    Característicaprincipal

    A história é apresentadapreservando as palavrasescolhidas pelo autor. Oleitor deve se manter fiel

    ao que está escrito.

    A trama sempre sofre pequenas modificações, já que o contador tem a liberdade paraimprovisar e agregar elementos a ela. Elenunca conta uma história da mesma forma.

    Objetivo

    Desenvolver ocomportamento leitordas crianças. Elasconhecem o portador eseus elementos (texto eimagens), aprendem aemitir opiniões sobre ahistória, falando aogrupo se gostaram doque foi lido e porque, e aconhecer o ponto devista dos colegas.

    Ampliar o repertório da cultura oral, que seperpetua na forma e sofre mudanças deconteúdo de geração em geração.

    Preparação

    Selecione e leia os livrospensando na qualidade

    literária e na adequação àfaixa etária da turma.

    Conheça bem a história e seus personagens, jáque ela será contada sem o auxílio de um

    portador de texto. Analise se intervenções commúsica, fantoches e outros recursos podemenriquecer o momento. Se sim, providencie omaterial.

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    Organizaçãoda turma

    Coloque o grupo sentadopróximo a você, de modoque todos possam ouvir aleitura e visualizar asilustrações do livro. Sehouver diversosexemplares do mesmotítulo, sugira que a turmaacompanhe a atividadeem duplas.

    Peça que as crianças se acomodem em tornode você para ouvir a contação com clareza.

    Início daatividade

    Apresente ao grupo otítulo do livro, o autor eo ilustrador. Explique oporquê da escolha eantecipe possíveisdúvidas. Se, porexemplo, os personagensmoram no polo Norte,

    fale um pouco sobre olocal. Lembre que éimportante todos semanterem em silêncioaté o fim da leitura e queperguntas serãorespondidas depois. Façareferências ao suporte

    livro, um bem culturalque guarda a história.

    Faça uma introdução rápida do enredo e falesobre a opção de contar aquela históriaespecificamente. Antecipe possíveis dúvidas.Informe que é importante o grupo se manter emsilêncio para ouvir a contação. As perguntasdevem ser respondidas somente no término daatividade.

    Cuidados Durante a leitura, seja Conte a história preservando os detalhes.

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    fiel ao texto. Nãosubstitua palavras oufaça interrupções nanarrativa. Mude o tom davoz de acordo com ospersonagens e odesenrolar da trama.

    Cuide da postura corporal para que osmovimentos enriqueçam a contação. Fiqueatento à impostação de voz, respeitando odesenrolar da trama e as características dospersonagens.

    O que fazerdepois

    Convide a turma paracomentar a história e asilustrações e abra espaço

    para perguntas - senecessário, releiatrechos. Ofereça o livroaos pequenos para queeles o manuseiem eanalisem como o visualajuda a contar o enredo.

    Sugira às crianças que apresentem suasopiniões sobre a trama que foi contada e aforma como a narração foi feita.

    Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/creche-pre-escola/ler-diferente-contar-historias-683010.shtml?page=0

    1.3 – A Literatura e os estágios psicológicos da criança

    Toda criança passa por estágios psicológicos que durante o seu amadurecimentoprecisam ser observados e respeitados no momento da escolha de um livro. Essas etapasdependem não só da idade, mas do seu nível de conhecimento, domínio do mecanismode leitura e do seu nível de amadurecimento psíquico, afetivo e intelectual.

    Sendo assim, é necessária a adequação dos livros às diferentes etapas que acriança passa. Há cinco categorias de leitor que norteiam as fases de desenvolvimento

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    psicológico da criança, são elas: o pré-leitor, o leitor iniciante, o leitor em processo, oleitor fluente e o leitor crítico.

    Pré-leitor: É a categoria de leitores da primeira infância (0 aos 3 anos) – onde acriança começa o processo dereconhecimento do mundo ao seuredor através do tato e do contatoafetivo – e da segunda infância (3 a6 anos).

    As crianças da primeirainfância sentem a necessidade detocar ou pegar o que está em suavolta, adquirem linguagem enomeiam tudo. É possível estimulá-

    las, oferecendo-lhes animais de pelúcia, brinquedos educativos com imagens deanimais, entre outros objetos, que as estimulem a manusear e a nomear com a ajuda deum adulto, seja na escola ou em casa. Assim, elas podem relacionar afetivamente taisobjetos, criando uma situação em que a criança começa a ter um espaço global ondevive.

    Na segunda infância – fase em que, entre outras características, o vocabulário dacriança se expande, a imaginação e realidade se confundem, o mundo é maniqueísta, ouseja, é bom ou ruim, legal ou chato e a criança se torna egocêntrica – as imagens, antespredominantes, passam a compartilhar o espaço com alguns pequenos textos.

    Os livros adequados para essa fase devem conter predominantemente imagensque sugiram alguma situação do cotidiano da criança sem apresentar texto escrito longopara estabelecer uma relação entre realidade e o mundo dos livros. Humor, mistério eexpectativa também são outros atributos que deve conter no livro para essa faixa etária.

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    A técnica da repetição ou reiteração de elementos é favorável para manter aatenção das crianças nessa fase, que experimentam a preferência por histórias jáconhecidas, compreendendo o começo, o meio e o fim.

    Leitor iniciante: É o leitor que tem entre 6 e 7 anos e está começando a lersozinho, mas ainda depende de um adulto para estimulá-lo.

    A linguagem dos livros deveser simples, e a história deve tercomeço, meio e fim. Ainda devehaver a predominância de imagens eas personagens podem ser humanas,animais, robôs, objetos, sempreespecificando os traços decomportamento, ou seja, se aspersonagens são boas ou más,bonitas ou feias, fracas ou fortes etc.

    Textos bem humorados e a vitória do bem contra o mal são atrativos para essesleitores e independentemente da utilização de textos como contos de fadas ou do mundocotidiano, essas histórias devem estimular a imaginação, a afetividade, as emoções, opensar e o querer sentir.

    Leitor em processo: O mecanismo da leitura já é dominado pela criança, quenessa fase possui entre 8 e 9 anos, e seu pensamento está mais maduro, permitindo querealize operações mentais. Nessa fase, a criança se interessa por todo tipo deconhecimento e pelos desafios que lhe são propostos, textos com muito humor,situações inesperadas e sátiras são muito valorizados pelos leitores nessa etapa.

    A linguagem deve ser simples, objetiva e direta, e a história deve obedecer oesquema linear, de começo, meio e fim.

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    Leitor fluente: Inicia por volta

    dos 11 anos e é a fase caracterizada

    pelo domínio do mecanismo de leiturae pelo aumento da capacidade deconcentração. Não há a necessidade deum adulto para estimular a leitura, jáque o “pré-adolescente” prefere fazer

    tudo sozinho, e há um sentimento de poder interior, de se enxergar como um serinteligente, reflexivo, capaz de resolver todos os seus problemas sozinhos. Aqui há umaespécie de retomada do egocentrismo infantil, pois, assim como acontece com ascrianças nesta fase, o pré-adolescente pode apresentar um certo desequilíbrio com omeio em que vive.

    As histórias que apresentam valores éticos e políticos e/ou de heróis e heroínasque lutam por um ideal são muito bem aceitas por esses leitores. Podemos oferecer umlivro com textos mais bem elaborados, com menos imagens, sem, contudo, abortá-las.Mitos e lendas, romances e aventuras são bem aceitos por eles. Contos, crônicas enovelas são os gêneros com que mais se identificam.

    Leitor Crítico:A partir dos 12 ou 13 anos, é a fase caracterizada pelo domíniototal da leitura e da linguagem escrita. Nesta época, há um aumento da capacidade dereflexão, permitindo a intertextualização. O jovem passa a desenvolver um pensamentoreflexivo e consciência crítica. Ele reflete sobre como fazer ou saber sobre algumacoisa.

    Os interesses de leitura são os mesmos da fase anterior, mas é importante seapropriar dos conceitos básicos da teoria literária, pois há conhecimentos da literaturaque não podem ser ignorados pelo leitor crítico.

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    Como escolher histórias para ler e contar?

    Temos que ter em mente um aspecto muito importante, ao selecionarmos

    histórias, que é levar em consideração a idade de nossos ouvintes. Nem sempre todos oslivros agradam a todas as idades e, por vezes, a criança não consegue captar amensagem.

    Existem livros para todas as faixas etárias, e é imprescindível seguir algumasorientações para selecionar a história que corresponde à idade da criança. Veja, a seguir,algumas dicas:

    Crianças de 0 a 3 anos: Nessa faixa etária, que corresponde à primeira infância,é importante lhe proporcionar livros de plástico ou de pano com historinhas curtas quegirem em torno do cotidiano e da vida familiar.

    Tais livros devem possuir imagens grandes e bastante coloridas, de preferênciacom animais, e próximas da nossa realidade. Devemos contar histórias curtas, devido àcapacidade de concentração da criança dessa faixa etária.

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    A CRIANÇA DE 1 ANO

    Como ela é Como você pode ajudá-la

    Presta pouca atenção Contar histórias curtas com ilustraçõescoloridas

    Pouco sociável Fazer atividades lúdicas e dinâmicas comoutras crianças

    É egoísta, não gosta de dividir Ensinar a repartirGosta de encaixar objetos pequenos emobjetos grandes

    Usar brinquedos que ela possa encaixarum no outro. Não use brinquedos muitopequenos

    Podem fazer algumas coisas sozinhas Desenvolver atividades compatíveis a suacapacidade de compreensão

    Gosta de desenhos coloridos sem muitosdetalhes

    Proporcionar atividades simples

    Balbucia algumas palavras Falar corretamente com a criança paraaumentar seu vocabulário

    Identificar as pessoas de seu ambiente de

    convívio

    Ter os mesmos professores

    Fonte: www. marianamaedeprimeiraviagem.blogspot.com

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    A CRIANÇA DE 2 ANOS

    Como ela é Como você pode ajudá-laMuito ativa Contar histórias curtas e bem ilustradas.

    Usar gravuras realistas e coloridasGosta de explorar, pesquisar, mexer nascoisas

    Deixá-la participar do processo de contarhistórias

    É curiosa Explorar sua capacidade de participar eusar movimentos corporais para darexemplos

    Gosta de brincar Usar brinquedos que exijam mais oraciocínio e a concentração

    Cansa-se rapidamente Fazer atividades curtasPode ser agressiva Ensinar a pedir desculpasGosta de chamar atenção Impor limitesGosta de muito carinho Recebe-la com carinho e atençãoGosta de conversar Sempre manter o diálogo com a criança

    Fonte: www. marianamaedeprimeiraviagem.blogspot.com

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    A CRIANÇA DE 3 ANOS

    Como ela é Como você pode ajudá-la

    Ativa Usar histórias curtas, coloridas e commuitos detalhes

    Tem uma concentração maior Questioná-la quando estiverdesenvolvendo as atividades

    Pode desenvolver melhor a autonomia Ajudá-la a desenvolver a suaindependência

    É menos egoísta Incentivá-la a compartilhar o que tem comos colegas

    Cria amigos imaginários Apresentar atividades onde a criançapossa criar

    Tem maior capacidade de raciocínio Explicar as coisas com clareza eobjetividade

    Começa a fazer relações com o que vê Não usar palavras difíceisGosta de ajudar a realizar as tarefas Colocá-la para ajudar a fazer pequenas

    tarefas

    Mobiliza-se com mais desenvoltura Procurar saber o que aconteceu durante asemana

    Gosta de ouvir músicas Cantar músicas com gestos e ilustrações.Relacionar as mensagens das músicas comsuas experiências

    Gosta de conversar e se comunica comfacilidade

    Relaciona as conversas com as suasexperiências diárias

    Fonte: www. marianamaedeprimeiraviagem.blogspot.com

    Crianças de 4 a 6 anos: Nessa fase, as histórias já podem ser maiselaboradas, complexas e ricas em detalhes. Apesar das imagens ainda despertaremfascínio, é o texto que tem maior importância para a criança.

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    A CRIANÇA DE 4 A 6 ANOSCaracterísticas físicas Como você pode ajudá-la

    É muito ativa Promover atividades que exijammovimentos com o corpo

    Coordena melhor seus movimentos emúsculos

    Deixá-la descobrir os elementos danatureza com seus sentidos

    Possui maior equilíbrio e destreza Promover atividades de equilíbrioTraços de desenhos mais detalhados Utilizar recursos visuais coloridos e com

    mais detalhesCaracterísticas mentais Como você pode ajudá-laVocabulário simples Enriquecer seu vocabulário por meio de

    novas históriasTem capacidade de concentração Desenvolver atividades que promovam

    concentração e uso do raciocínioTem imaginação aguçada Usar recursos e métodos audiovisuais para

    desenvolver sua imaginaçãoNão tem noção de tempo e espaço Ajudá-la a rever o que aconteceu ontem,

    hojeGosta de produzir desenhos e escritasgráficas

    Explorar os seus desenhos e expor para osoutros adultos

    Gostar de formar frases complicadas Ajudá-las a associar e coordenar as suasfrases de maneira lógica

    Características sociais Como você pode ajudá-laGosta de fazer as coisas sozinha Ajudá-la em sua autonomiaGosta de brincar em grupinhos Promover atividades em grupo

    Faz amizades com facilidade Cultivar a amizade entre as criançasJá não é mais tão egoísta Incentivá-la a emprestar, dividir os

    brinquedos, objetos

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    Características emocionais Como você pode ajudá-laAcredita literalmente no que é ensinado(Papai Noel, Coelho da Páscoa)

    É muito emotivaTem muitos medos Demonstrar-lhe amor, segurança e

    tranquilidadeÉ ciumenta Impor limitesValoriza suas produções Valorizar e respeitar suas produçõesFonte: www. marianamaedeprimeiraviagem.blogspot.com

    Crianças de 7 aos 10 anos: A partir dessa faixa etária, a criança já aprendeu aler e a escrever, portanto, já é um tipo de leitor que gosta de histórias que desafiem a suaimaginação e que a faça despertar sua criatividade. É importante levar em consideraçãoo gosto da criança, pois ela já é capaz de escolher o que quer ler ou ouvir.

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    1. Desbrave pela literatura infantil

    Sempre que tiver oportunidade, explore livros infantis – seja em bibliotecas,

    livrarias, salas de espera, na escola de seu filho ou na casa de amigos, não importa.Folheie, leia as histórias, observe as ilustrações e o estilo do autor. Quanto maior for seurepertório, mais elementos você terá para, nos momentos oportunos, escolher bonslivros para seu filho.

    2. Vá além da indicação de idade

    Aqui em CRESCER você sabe que indicamos a faixa etária que pode seinteressar pelo livro com o termo “a partir de”. Por isso, encare as indicações – tantonossas como das editoras, por exemplo – com uma direção apenas. Nunca, nunca é cedodemais. Para bebês, livros de plástico e pano são a resposta certa. Até 1 ano a 2, eles vãoadorar, por exemplo, os que têm alguma textura. Conforme crescem, as crianças seinteressam pelos tipos cartonados, além dos que utilizam pop-ups e dobraduras. Paracrianças um pouco maiores, em geral, as ilustrações também são sempre muitorelevantes. Em relação às histórias, é bom prestar atenção na complexidade, tamanho dotexto e vocabulário, e leve em consideração se é você ou ele quem está lendo. Para osem fase de alfabetização, os livros em letra bastão (ou letra de forma) são um estímulo etanto à leitura. Uma criança pode gostar de um livro dirigido a crianças mais novas, ou já se interessar por algo para as mais velhas.

    3. Conheça seu leitor

    Seu filho já se encantou com os livros de um determinado autor, personagem,

    estilo ou coleção? Ele gosta de poesia ou o que mais chama a atenção são as imagens?Prefere personagens aventureiros ou mais introspectivos? Está atualmente fascinado porbruxas ou gosta de animais? Use sua sensibilidade para ler as dicas que seu próprio filhodá sobre as preferências literárias.

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    4. Resgate suas preferências de infância

    Você se encantou comFlicts ? Robinson Crusoé ? Marcelo, Marmelo, Martelo ?

    Busque na memória suas preferências literárias de infância, conte para seus filhos suasexperiências com esses livros e ofereça a eles a oportunidade de experimentar essasobras (e trocar experiências com você).

    5. Faça da literatura infantil um assunto

    Com parentes, outros pais, com a professora da escola, com uma bibliotecária oucom o vendedor de sua livraria infantil preferida, converse sobre os livros infantis, ostítulos atraentes aos olhos das crianças, os mais bem aceitos, lançamentos, etc. No bocaa boca, você consegue preciosas dicas.

    6. Ofereça diversidade

    Contos clássicos e modernos, poesias, livros de imagens e quadrinhos: éimportante a criança ter acesso à diversidade, poder explorar diferentes gêneros, estilose linguagens. Se forem os clássicos, prefira as versões que não ocultem passagensimportantes e personagens “sombrios” (leia a matéria sobre livros politicamentecorretos ).

    7 . Test-drive literário

    Uma grande vantagem dos livros infantis é a possibilidade de examiná-los naíntegra antes de comprá-los. Ao escolher um livro para seu filho, opte por obras que o

    encante não apenas como mãe ou pai, mas como leitor (mesmo porque, se a criançagostar muito do livro, pedirá para você ler para ela várias vezes).

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    8. Leia sobre a literatura infantil

    Em revistas, jornais,blogs e sites que tratem de literatura infantil, procure se

    informar sobre sugestões de especialistas, bons lançamentos e livros premiados. Podemser boas referências para futuras investigações em livrarias...9. Use e abuse das bibliotecas

    Não apenas as livrarias, mas também as bibliotecas são ótimos mediadores entrea criança e os livros. Elas possibilitam uma experimentação bastante ampla ediversificada, sem custos. São ótimas oportunidades para se conhecer novos autores egêneros literários.

    10. Permita que a criança faça suas escolhas

    Por mais que a criança queira um livro que você não julgue excepcional, permitaque, na biblioteca ou na livraria, ela também tenha a oportunidade de decidir qual levar.Em crianças mais velhas, especialmente, pode acontecer de elas só quererem ler o queescolhem (além dos indicados pela escola, claro). Indique alguns títulos, mas não façaimposição em relação às leituras.

    Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,EMI75824-10496,00-PASSOS+PARA+ESCOLHER+UM+BOM+LIVRO+PARA+AS+CRIANCAS.html

    1.4 – A tradição oral como bem imaterial da humanidade

    A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência eCultura) criou, em 1997, o chamado Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade parareconhecimento e proteção de patrimônios culturais imateriais, abrangendo asexpressões culturais e as tradições preservadas e respeitadas por um grupo com aintenção de repassar as gerações futuras. São exemplos de patrimônio imaterial os

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    modos de fazer, as lendas, as músicas, os costumes, as festas, as danças e as formas deexpressão.

    Os bens são escolhidos a cada dois anos, depois de se candidatarem e seremapresentários aos países que fazem parte da Covenção para a Salvaguarda do PatrimônioCultural Imaterial.

    Esse patrimônio é vulnerável, apesar da tentativa de manter um senso deidentidade e de continuidade, pois está constantemente mudando e multiplicando seusportadores, e foi por isso que se adotou a Convenção para a Salvaguarda do PatrimônioCultural Intangível no ano de 2003.

    A importância de promover e de proteger a memória e as manifestaçõesculturais, representadas ao redor do mundo por paisagens culturais, monumentos e sítioshistóricos, é muito reconhecida, porém não é só de aspectos fisicos que se faz a culturade um povo.

    É preciso muita responsabilidade para a manutenção das tradições no folclore,nas línguas, nas festas e em outros diferentes aspectos e manifestações que sãotransmitidas oralmente e gestualmente, recriados coletivamente e modificados com opassar do tempo. A essa herança cultural dos povos de todo o planeta chamamos depatrimônio cultural intangível.

    O patrimônio imaterial é uma fonte de identidade e carrega sua própria históriapara muitos, principalmente os povos indígenas e as minorias étnicas. O fundamento davida comunitária se baseia nos valores, na filosofia e nas formas de pensar que sereflitam nas línguas, nas radições orais e nas outras diferentes manifestações culturais.A força de tradições culturais e populares garante a sobrevivência das diferentesculturas dentro das comunidades e contribui para o alcance de um mundo global, já quevivemos de forma cada vez mais globalizada.

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    A UNESCO sabe da importância de tal patrimônio e da complexidade queenvolve a definição de seus limites e de sua proteção. Por esse motivo, se esforça paracriar e consolidar instrumentos de mecanismos que possam conduzir a defesa e o

    reconhecimento. Tal instrumento tem o papel de identificar, de preservar, de darcontinuidade e de disseminar essa forma de patrimônio.

    Tradição Oral

    A tradição oral pode ser definida como a manutenção de mitos, lendas e históriasreproduzidas através da fala,passando de uma geração paraoutra. Essas tradições dependem damaneira como são transmitidas, poisnem toda informação verbal é umatradição, ou seja, nem toda elocuçãoverbal traz dados da cultura, dahistória e da organização social deuma determinada população.

    A tradição oral também depende da memória de seu povo, pois é por meio delaque ela se mantém. Por isso, as lendas, os mitos e as histórias se utilizam de diversosrecursos, como dança, música, rimas, palavras-chaves etc.

    Há muitos tipos de tradições orais como: lendas, parábolas, mitos e fábulas, esuas expressões são diferentes, pois podem ser românticas, humorísticas, educativas,trágicas, inspiradoras, assustadoras e também podem ser baseadas na vida de alguém ouser simplesmente ficção.

    Atualmente, muitos cantores,rappers e atores modernos tornaram-se contadoresde histórias orais através de suas apresentações e organizações. Empresas tambémdescobriram o poder da literatura oral no ambiente de trabalho. Concluíram que uma

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    história de mudança estrutural numa empresa pode influenciar outras empresas similaresa mudar também. As histórias que são contadas informalmente entre as pessoas, sobrenormas organizacionais, iniciativas de mudanças e políticas atravessam a cultura da

    empresa e são refletidas nos significados das intervenções organizacionais que aspessoas dão.

    A tradição oral na educação escolar

    Ação Griô Nacional busca criar uma política nacional de educação que garanta oensino das tradições orais e da cultura popular brasileira14/09/2010

    Michelle Amaral da Reportagem

    Poderia ser uma escola pública como outra qualquer. Porém, a Escola Municipalde Ensino Fundamental Desembargador Amorim Lima, que fica no bairro do Butantã,zona oeste de São Paulo (SP), traz algo diferente em sua forma de educar as crianças.Entre as disciplinas do currículo escolar, os alunos têm um tempo reservado para oaprendizado da cultura popular brasileira, através de manifestações da tradição oral.

    Este trabalho é realizado pelo Ponto de Cultura Amorim Rima e Centro deEstudos e Aplicação da Capoeira (Ceaca), que atua dentro da escola. Comandado porAlcides Lima, o ponto de cultura atende cerca de 300 crianças de 1ª a 4ª série.

    Mestre Alcides, como é conhecido, conta que o trabalho começou por oficinasde capoeira fora do período escolar no ano 2000. E se consolidou quando, em 2005, o

    grupo passou a ser ponto de cultura, através de um edital do Ministério da Cultura(MinC).

    O mestre explica que as aulas sobre a cultura popular ministradas pelo ponto decultura fogem dos padrões do ensino formal das escolas brasileiras. A oralidade,

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    segundo ele, trata-se de repetição. Assim, nas aulas, as crianças aprendem através darepetição de histórias, cantos, contos, poesias, entre outras manifestações artísticas.Primeiro, aprende-se o que é determinada tradição, trabalhando a parte gestual dela,

    como dança, música ou teatro. Depois, o aluno estuda sobre a sua origem e todo ocontexto que a envolve. "A gente vai dando à criança essa questão da oralidade. Ah, deonde vem o coco? De Pernambuco. E onde fica Pernambuco? Fica no Nordeste. O que éciranda, cordel? Que linguagem é essa? Como surgiu? Por que surgiu?", exemplificaAlcides. Desta forma, o ensino da tradição oral complementa a educação formal.Atualmente, o ponto de cultura trabalha além da capoeira, com coco, ciranda, puxada derede, maculelê e samba de roda.

    Ação Griô

    O trabalho desenvolvido no Ponto de Cultura Amorim Rima não é único. Ele fazparte da Ação Griô Nacional, uma rede que integra 130 pontos de cultura em todo o paíse que, através de seus mestres, busca fortalecer a identidade cultural de crianças eadolescentes, segundo a tradição de cada comunidade.

    O objetivo da Ação é criar uma política nacional de educação que garanta oensino das tradições orais e da cultura popular brasileira. “É uma mudança do currículo,da prática pedagógica da escola com esse novo olhar e com essa nova geração que secria com os saberes e com os griôs e mestres”, explica Lílian Pacheco, educadora ecoordenadora da Ação Griô Nacional.

    A rede nasceu a partir do Ponto de Cultura Grãos de Luz e Griô, em Lençóis(BA), do qual Pacheco é coordenadora pedagógica, e hoje é formada por cerca de 750mestres e griôs aprendizes.

    A educadora conta que a Ação Nacional começou quando, com a formação dospontos de cultura em 2005, o então secretário de Cidadania Cultural do MinC, Célio

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    Turino, se interessou pelo projeto do Grãos de Luz e Griô, que já trabalhava com aoralidade, e decidiu estender a ação para todo o país.

    Com isso, os pontos que já realizavam trabalho semelhante passaram a integrar a

    ação. “Uma coisa que a gente fala, não só eu, mas todos da tradição oral, é que a gentenão começou com a Ação Griô, com o Ministério da Cultura. A gente lida com isso hámuitos anos”, explica Alcides.

    Reconhecimento

    Para ser um mestre griô é necessário ser reconhecido por sua comunidade comodetentor do conhecimento das tradições orais. Além dos mestres, existem os griôsaprendizes, que são educadores que trabalham com o ensino da cultura popular.

    A palavra griô vem de griot, em francês. A palavra tem sua origem em bamanan,língua do noroeste da África, antigo império do Mali, e significa “o sangue que circula”.Assim como o significado da palavra, são reconhecidos como griôs aqueles que fazemcom que as tradições circulem entre as novas gerações, preservando a identidadecultural de cada povo.

    Lílian Pacheco aponta que a Ação Griô traz o reconhecimento dessas pessoasque guardam os saberes e tradições de cada comunidade. “O mestre griô daquelacomunidade passa a ter um outro lugar social, político, econômico e educacional”,relata.

    A griô aprendiz Catarina Ribeiro, do Ponto de Cultura A Bruxa Tá Solta, situadoem Rorainópolis (RR), diz que nas comunidades em que a Ação Griô atua, percebe-seum olhar atencioso para os mais velhos. “Hoje temos jovens que falam que a melhorcoisa no convívio com os mestres é a permanente prática de cooperação esolidariedade”, afirma.

    Com isso, os mestres ganham visibilidade e começam a ser reconhecidos em

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    seus locais de origem. “Para nós, do Ponto, eles são os nossos guardiões, fonte em quebuscamos a renovação das forças e a alegria para caminhar. E os saberes da tradiçãooral são o ativo estratégico para continuarmos a riqueza da diversidade cultural

    brasileira”, conta a griô aprendiz, responsável pela coordenação da Regional Amazôniada rede.

    Identidade cultural

    Segundo Lílian Pacheco, esse reconhecimento contribui para o resultado que seespera obter através da educação das tradições orais, que é “o fortalecimento daidentidade das crianças e dos adolescentes, a ancestralidade da criança e do adolescentede cada comunidade”.

    A educadora afirma que, com o trabalho realizado pela Ação Griô, as criançaspassam a reconhecer a sua etnia, sua descendência e a história de seu povo. No mesmosentido, os educadores passam a tratar as ciências que são ensinadas nas escolas comum olhar mais contextualizado dentro do universo dos saberes, enriquecendo oaprendizado. “A ciência que tem o pescador daquela comunidade passa a ser integradana ciência que está sendo estudada na escola”, exemplifica.

    Pacheco, através das experiências vividas em seu ponto de cultura na cidade deLençóis, reuniu todas as atividades e práticas realizadas e formulou a Pedagogia Griô.No entanto, segundo ela, cada ponto de cultura acaba criando o seu próprio modo deensino através da oralidade, de acordo com o contexto cultural local.

    No caso do Ponto de Cultura Amorim Rima, em São Paulo, Mestre Alcidesconta que a capoeira é trabalhada como “uma possibilidade humana de educação”. Eleexplica que através dela é possível agregar valores às crianças. “Porque dentro dacapoeira tem toda uma questão de resgate de valores, como o respeito, oreconhecimento, entender porque as pessoas não são iguais, que cada um tem a suadificuldade, que um complementa o outro. A gente trabalha isso”, descreve.

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    Outro exemplo pode ser dado através da experiência realizada no Ponto de

    Cultura Nina Griô, que fica em Campinas (SP). Marcos Alberto Simplício, o mestre

    Marquinhos, relata que um dos trabalhos realizados por seu ponto de cultura é a Rodado Conhecimento, uma reunião mensal de troca de saberes através da oralidade, ondecrianças e adolescentes ouvem pessoas envolvidas no universo da cultura popularcontarem suas histórias e experiências de vida. Segundo ele, esta é uma “pedagogia quevaloriza o poder da palavra e fortalece os processos de formação de identidades locais”.

    Para Catarina Ribeiro, “garantir o cuidado e a rede de transmissão oral é garantira brasilidade que nos diferencia e nos aproxima dos demais povos”

    Fonte:http://www.brasildefato.com.br/node/246

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    Unidade 2 – Tipos de histórias

    Olá!

    Na segunda unidade deste curso, abordaremos os diversos tipos de históriascontadas. Você vai conhecer as características e peculiaridades dos oito tipos principaisde histórias.

    Vamos compreender por que contar história é de fato uma arte, também vamosentender como é a estrutura da Literatura Infantil contemporânea e as características dosautores da atualidade.

    Por fim, vamos entender a leitura como uma função social, e por qual motivodevemos entender que leitura também é uma forma de exercer cidadania.

    Bons estudos!

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    2.1 – Conhecendo alguns tipos de histórias

    Há uma multiplicidade de formas narrativas de histórias, consideradas comopertencentes à ficção, que podem ser definidas como formas simples. São elas: o contomaravilhoso, o conto de fada, a fábula, a parábola, a alegoria, a lenda, a saga, o mito, oconto exemplar, entre outros.

    Muitas dessas narrativas têm origem antiga e anônima, e são consideradas comoformas simples por serem resultado de uma “criação espontânea”, são simples eautênticas e quase todas elas foram absorvidas pela Literatura Infantil pela tradição

    popular.

    Vejamos as principais.

    Fábula

    Do latim fari , falar, e do grego phaó , contar algo, é a narrativa de uma situaçãovivida por animais em situações humanase com o objetivo de transmitir princípiosmorais. É também a primeira forma denarrativa registrada.

    Muitos autores se dedicaram aessa forma de narrativa, mas Esopo eFedro são os mais citados quandofalamos de fábulas, conforme dissemosanteriormente. No século XVII LaFontaine teve um papel essencial porreinventar essa forma.

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    As fábulas retratam temas moralizantes, como arrogância, astúcia, inveja,ambivalência, culpa, coragem, prudência, sabedoria, preguiça, resignação etc.

    Há uma simbologia para os elementos de uma fábula e as mais comuns veremosa seguir.

    Coruja – é o símbolo da sabedoria e da filosofia. Geralmente é ela que dá bonsconselhos, além de ser capaz de enxergar nos momentos de escuridão.

    Raposa – esse animal costuma simbolizar a astúcia e a esperteza;

    Cavalo – é o símbolo da força e do poder.;

    Lobo-mau – é a metáfora do homem sedutor; os instintos maus do homem;

    Caçador – símbolo paterno e protetor;

    Leão – símbolo da realeza, força, poder;

    Urso– símbolo da força, poder;

    Porco – símbolo da gula, instintos bestiais;

    Formiga – trabalho;

    Cigarra – preguiça;

    Com o passar dos anos, os animais passaram a ter uma simbologia diferente erevolucionária em comparação com a tradicional. Animais agora agem como animais enão são mais personificados como eram tradicionalmente. Veja no quadro abaixo comoeram e como ficou:

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    Revolução dos bichos

    A safra recente de livros com personagens animais já não se enquadra no modeloconvencional da fábula antiga

    FÁBULA TRADICIONAL

    Como é: o animal age e fala como um ser humano. Geralmente as históriasencerram um sentido moral, um ensinamento para o leitorPrincipais obras: fábulas atribuídas a Esopo; poemas de Jean de La Fontaine; contosde Hans Christian Andersen;

    NOVA FÁBULA

    Como é: o animal age como um bicho de verdade. As histórias não trazempregações morais, mas revelam o lado animal do ser humano.Principais obras: A Vida dos Animais, de J.M. Coetzee; A Vida de Pi, de Yann Martel;

    Alguém para Correr Comigo, de David Grossman

    Fonte: revistanovaescola

    Apólogo

    Do gregoapo , sobre, e logo , discurso. É uma breve narrativa de situaçõesvividas por personagens inanimados, não há vida animal nem humana, geralmente são

    objetos ou elementos da natureza que fazem alusão a uma situação exemplar para oshomens. Diferentemente das fábulas, que utilizam símbolos, os apólogos têm serescomo personagens que adquirem valor metafórico.

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    Parábola

    A parábola é uma narrativa alegórica que tem como objetivo comparar a ficção

    com a realidade, transmitindo, assim,uma moral da história. Ela se diferedas fábulas e dos apólogos,principalmente, por apresentarhumanos como protagonistas, emboratambém possam existir situações emque animais aparece. A bíblia é umafonte de parábolas, como “A volta dofilho pródigo”.

    La Fontaine é autor de diversas parábolas muito conhecidas, como a descrita aseguir:

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    O Homem e a serpente

    Um camponês, que possuía uma alma ingênua e bondosa, encontrou na neve fria

    uma cobra venenosa que, enregelada, morria.

    Sem refletir, num repente,levou-a para sua casa e a aqueceu junto à brasa do seufogão. A serpente renasceu rapidamente.

    E quando se sentiu forte atacou o camponês tentando pagar com a morte o bemque este lhe fez.

    Mas deu-se mal, desta vez: com dois golpes de facão, o homem a cortou em três!

    É certo fazer o bem mesmo sem olhar a quem? Ou Fazer o bem está certo mastendo um facão por perto!

    (LA FONTAINE. Fábulas. Trad. de Ferreira Gullar. Rio de Janeiro: Revan, 1998, p.29.)

    Alegoria

    A expressão alegoria exprime uma ideia através de uma imagem. É umanarrativa que pode ser tanto verso quanto prosa e que pode ter dois níveis designificação como, por exemplo, a narrativa em si ou a interpretação que pode servariada de acordo com o leitor (o exemplo da bíblia que é diferentemente interpretadapelas religiões).

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    Mito

    Caracterizados por narrativas breves, sempre possuem deuses, duendes e heróis

    como personagens e situaçõessobrenaturais.

    Muitas vezes, o termo mito éutilizado pejorativamente ao fazerreferências às crenças eacontecimentos históricos. Mito serefere especificamente aos relatosorganizados de determinadascivilizações, como a mitologia gregae a mitologia romana.

    Mito da Medusa

    A versão mais difundida sobre a Medusa diz que no princípio ela era umadonzela extremamente bonita, mas de todos os encantos que possuía os mais belos eramos cabelos. Quando o deus Posseidon se enamorou da linda jovem e transformado emave a raptou e transportou ao templo dedicado a Atena (Minerva para os romanos), ondese uniu a ela, isso desagradou profundamente a deusa, que inconformada com aprofanação do edifício onde era cultuada decidiu castigar a jovem transformando osseus longos fios de cabelo em horríveis serpentes, e dando aos seus olhos o podermaligno de petrificar todos aqueles em quem se fixassem.

    Além dessa, uma outra versão explica de forma diferente a metamorfose sofrida porMedusa: segundo esse relato, sendo ela extremamente vaidosa, a ponto até de se julgarmais bela que Atena, acabou sendo castigada pela deusa com sua transformação em ummonstro terrível que passou a flagelar os arredores do lago Tritones, na Líbia.

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    A lenda que relata a morte dessa terrível criatura diz que Perseu, filho de Zeus comDânae, pretendendo proteger sua mãe do rei Polidecto, da ilha de Sérifos, no mar Egeu,prometeu entregar-lhe a cabeça da górgona. Preparando-se para cumprir a oferta que

    fizera, ele foi ajudado inicialmente pelo deus Hermes (Mercúrio), que lhe deu uma facaem forma de foice e mostrou como chegar às Gréias, três velhas que compartilhavamum olho e um dente entre si, e estas o ensinaram o caminho para as ninfas que poderiamdar a ele as armas de que precisava para combater a Medusa. Com elas Perseu obteveuma capa de escuridão que lhe daria a vantagem da surpresa, sandálias aladas parafacilitar sua fuga e uma bolsa especial onde à cabeça da inimiga deveria ser guardadatão logo fossem decepadas.

    Equipado dessa maneira, e contando ainda com a ajuda da deusa Atena, que segurouum espelho de bronze no qual ele podia ver a criatura perigosa que enfrentava, semprecisar olhar diretamente para ela, Perseu a atacou com o rosto voltado para o lado, afim de não encará-la, mas a Medusa, ao ver sua própria imagem refletida na couraçaespelhada, transformou-se em pedra e teve sua cabeça imediatamente decepada peloherói. Este colocou o seu troféu na bolsa que levava e retornou imediatamente a Sérifo,ajudado pelas sandálias aladas, mas a lenda revela que do sangue que jorrou nomomento em que Medusa foi decapitada, nasceu Pégaso, o cavalo alado, filho daGórgona com o deus Posseidon. Cumprida a promessa feita, Perseu mais tarde ofertou acabeça da criatura monstruosa à deusa Atena, que a colocou em seu escudo comoproteção contra os inimigos.

    Segundo os mitólogos, Medusa tinha poderes tão extraordinários que uma mecha deseus cabelos afugentava qualquer exército invasor, e seu sangue tinha o dom de matar eressuscitar pessoas. Mesmo depois de morta, podia petrificar quem olhasse para suacabeça. Foi assim, conforme diz a lenda, que Perseu derrotou adversários poderosos,como o gigante Atlas que, ao desentender-se com o jovem guerreiro, foi exposto a ela eteve o corpo imediatamente transformado em pedra, sua barba e seu cabelotransformaram-se em florestas, os braços e ombros, rochedos, a cabeça, um cume, e osossos, as rochas. Cada parte aumentou de volume até se tornar uma montanha, e foi

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    assim, pela vontade dos deuses, que o céu, com todas as suas estrelas, passou a se apoiarem seus ombros.

    Fonte: http://www.fernandodannemann.recantodasletras.com.br/visualizar.php?idt=262935

    Lenda

    Do latim legenda , significa algo que deve ser lido. É também uma formanarrativa muito antiga quegeralmente é curta e pode ser poesiaou prosa. Apresenta-se comelementos fictícios, mas comfundamentos verdadeiros que defato aconteceram.

    Aqui no Brasil, temos umfolclore muito rico em lendas. Monteiro Lobato soube utilizá-las muito bem naLiteratura Infantil, trazendo personagens como a Cuca e o Saci Pererê. Outroselementos fortes do nosso folclore são: o curupira,a uiara (boto), o lobisomem etc.

    A lenda do Saci Pererê

    A lenda do Saci é uma das mais difundidas no Brasil. Segundo muitos autores, oSaci é um menino travesso de cor negra que possui apenas uma perna, usa umacarapuça ou gorro vermelho na cabeça e fica o tempo todo fumando cachimbo. Costuma

    correr atrás dos animais para afugentá-los, gosta de montar em cavalos e de dar nó emsuas crinas.

    O Saci Pererê pode também aparecer e desaparecer misteriosamente, é muitoirrequieto e não para um instante sequer, pois fica pulando de um lugar para outro. Toda

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    vez que apronta as suas travessuras, ele dá risadas alegres e agudas e gosta de assobiar,principalmente quando não existem as noites de luar. Ao Saci Pererê são atribuídas àscoisas que dão errado. Costumava-se dizer que ele entrava nas casas e apagava o fogo,

    queimava as comidas das panelas, secava a água das vasilhas, escondia os objetos etc.Seu principal divertimento é atrapalhar as pessoas para se perderem.

    Dizem que ele veio do meio de um redemoinho e que, para espantá-lo, é precisoatirar uma faca no redemoinho ou chamá-lo pelo seu nome. Embora pertença ao folcloreda região sudeste e sul, ele também foi introduzido ao folclore do norte por ser umafigura muito popular nesta região do país.

    Fonte:http://www.sohistoria.com.br/lendasemitos/saci/

    Conto Maravilhoso

    A forma do conto maravilhoso possui origem nas narrativas orientais, e o seumodelo mais completo é a coletânea As Mil e Uma Noites. O conto maravilhoso foi afonte para o nascimento da literatura e assim nasceram personagens com poderessobrenaturais, forças do bem e do mal, benefícios de milagres, entre outrascaracterísticas.

    A natureza do núcleo dessas histórias é material/social/sensorial, como a eternabusca pela conquista do poder, riquezas, etc. Veja abaixo um exemplo.

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    Os músicos de Brêmen

    Era uma vez um burro que durante muitos anos tinha trabalhado para um

    moleiro, transportando pesados sacos de grão. Mas agora já estava velho e sem força. Oseu patrão, pensando que o burro já não servia para nada, nunca mais lhe deu de comer.

    O animal, que não queria morrer de fome, resolveu fugir.

    "Vor para Brêmen, a cidade dos músicos!", pensou.

    "Já não tenho força para trabalhar, mas posso tocar!"

    Ao longo da estrada, encontrou um cão que lhe pareceu muito cansado."O que te aconteceu?", perguntou-lhe o burro.

    "Sou velho e já não posso ir caçar", respondeu-lhe o cão, "por isso o meu patrãoquer matar-me!"

    "Eu vou para Brêmen, vou ser músico", disse-lhe o burro, "vem comigo eformaremos uma banda!"

    A ideia agradou ao cão, que se juntou ao burro, e os dois seguiram caminhopara Brêmen. Pouco tempo depois, encontraram um gato com os olhos cheios delágrimas.

    "O que te aconteceu?", perguntaram-lhe.

    "Sou velho e já não consigo apanhar ratos, por isso a minha dona quer afogar-me!"

    "Vem para Brêmen conosco", propôs o burro.

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    "Eu tocarei flauta, o cão tocará tambor e tu ajudarás a fazer serenatas!"

    O gato achou a ideia ótima e juntou-se ao cão e ao burro, seguindo com eles paraBrêmen. Mais adiante, viram um galo que gritava em cima de uma cerca.

    "O que te aconteceu?", perguntaram-lhe os três amigos.

    Estou a ficar velho e na quinta querem assar-me no forno", contou o galo, aflito.

    "Vem para Brêmen conosco", propôs-lhe o burro. "Tu tens uma bela voz e nóssabemos tocar. Juntos formaremos uma banda!"

    O galo achou a ideia ótima e juntou-se ao cão, ao gato e ao burro, seguindo comeles para Brêmen.

    Mas a cidade ainda era distante e a noite já começara a cair. Os quatro amigos,cansados e esfomeados, resolveram procurar um lugar para descansar. Junto à estrada,havia uma casa que parecia abandonada, mas tinha uma janela iluminada.

    O burro aproximou-se da janela e viu um grupo de ladrões sentados à volta deuma mesa cheia de comida.

    Os quatro amigos resolveram, então, inventar um plano.

    O cão subiu para o dorso do cavalo, o gato para o pescoço do cão e o galo vooupara cima do gato.

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    Fonte:www.dipity.com

    Com o burro comandando, puseram-se todos a cantar a plenos pulmões e, comum salto, entraram na casa, partindo a janela.

    Ouvindo aquele terrível estrondo, os ladrões julgavam que lhes tinha aparecidoum monstro de quatro cabeças. Fugiram apavorados, deixando para trás a mesa comtodas aquelas iguarias!

    Os quatro amigos pregaram-lhes uma boa peça. O seu plano resultara naperfeição!

    Comeram tanto que não voltaram a pensar na viagem para Brêmen epermaneceram felizes e contentes naquela casa abandonada à beira da estrada o restodas suas vidas.Fonte:www.coolkids.guarda.pt

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    Conto de fada

    Sua natureza é espiritual/ética/existencial, e sua origem é celta, com heróis e

    heroínas cujas aventuras estão sempre atreladas ao sobrenatural, ao mistério além-vida eà realização humana.

    A fada é uma personagem que mesmo com o passar dos tempos se mantémmuito atraente pelas crianças e também pelosadultos. O termo fada vem do latim fatum quesignifica fatalidade/destino.

    A maioria dos contos começam pelo "Erauma vez", para reforçar que os temas não se referemao presente tempo e espaço, o leitor encontrapersonagens e situações familiares, de seu cotidianoe do seu universo individual, com conflitos, medos esonhos.

    Cinderela

    Era uma vez um homem cuja primeira esposa tinha morrido, e que tinha casadonovamente com uma mulher muito arrogante. Ela tinha duas filhas que se pareciam emtudo com ela.

    O homem tinha uma filha de seu primeiro casamento. Era uma moça meiga e

    bondosa, muito parecida com a mãe. A nova esposa mandava a jovem fazer os serviçosmais sujos da casa e dormir no sótão, enquanto as “irmãs” dormiam emquartos com chão encerado.

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    Quando o serviço da casa estava terminado, a pobre moça sentava-se junto àlareira, e sua roupa ficava suja de cinzas. Por esse motivo, as malvadas irmãszombavam dela. Embora Cinderela tivesse que vestir roupas velhas, era ainda cem

    vezes mais bonita que as irmãs, com seus vestidos esplêndidos. O rei mandou organizarum baile para que seu filho escolhesse uma jovem para se casar, e mandou convites paratodas as pessoas importantes do reino. As duas irmãs ficaram contentes e só pensavamna festa. Cinderela ajudava.

    Ela até lhes deu os melhores conselhos que podia e se ofereceu para arrumá-laspara o evento. As irmãs zombavam de Cinderela, e diziam que ela nunca poderia irao baile.

    Finalmente o grande dia chegou. A pobre Cinderela viu a madrasta e as irmãssaírem numa carruagem em direção ao palácio, em seguida sentou-se perto da lareira ecomeçou a chorar.

    Apareceu diante dela uma fada, que disse ser sua fada madrinha, e,ao ver Cinderela chorando, perguntou: “Você gostaria de ir ao baile, não é?”“Sim”, suspirou Cinderela.

    “Bem, eu posso fazer com que você vá ao baile”, disse a fada madrinha.Ela deu umas instruções esquisitas à moça: “Vá ao jardim e traga-me uma abóbora.”Cinderela trouxe e a fada madrinha esvaziou a abóbora até ficar só a casca. Tocou-acom a varinha mágica, e a abóbora se transformou numa linda carruagem dourada!Em seguida a fada madrinha transformou seis camundongos em cavalos lindos,tocando-os com sua varinha mágica. Escolheu também uma rato que tivesse o bigodemais fino para ser o cocheiro mais bonito do mundo. Então ela disse a Cinderela, “Olhe

    atrás do regador. Você encontrará seis lagartos ali. Traga-os aqui.”Cinderela nem bem acabou de trazê-los, e a fada madrinha transformou-os em lacaios.Eles subiram atrás da carruagem, com seus uniformes de gala, e ficaram ali como senunca tivessem feito outra coisa na vida.

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    Quanto a Cinderela, bastou um toque da varinha mágica para transformar osfarrapos que usava num vestido de ouro e prata, bordado com pedras preciosas.Finalmente, a fada madrinha lhe deu um par de sapatinhos de cristal.

    Toda arrumada, Cinderela entrou na carruagem. A fada madrinha avisou que deveriaestar de volta à meia-noite, pois o encanto terminaria ao bater do último toque da meia-noite.O filho do rei pensou que Cinderela fosse uma princesa desconhecida e apressou-se a ir dar-lhe as boas vindas. Ajudou-a a descer da carruagem e levou-a ao salão debaile. Todos pararam e ficaram admirando aquela moça que acabara de chegar.

    O príncipe estava encantado, e dançou todas as músicas com Cinderela. Elaestava tão absorvida com ele, que se esqueceu completamente do aviso da fadamadrinha. Então, o relógio do palácio começou a bater doze horas. A moça se lembroudo aviso da fada e, num salto, pôs-se de pé e correu para o jardim.O príncipe foi atrás mas não conseguiu alcançá-la. No entanto, na pressa ela deixou cairum dos seus elegantes sapatinhos de cristal.

    Cinderela chegou em casa exausta, sem carruagem ou os lacaios e vestindo suaroupa velha e rasgada. Nada tinha restado do seu esplendor, a não ser o outro sapatinhode Cristal. Mais tarde, quando as irmãs chegaram em casa, Cinderela perguntou-lhes setinham se divertido. As irmãs, que não tinham percebido que a princesa desconhecidaera Cinderela, contaram tudo sobre a festa, e como o príncipe pegara o sapatinho quetinha caído e passou o resto da noite olhando fixamente para ele, definitivamenteapaixonado pela linda desconhecida.

    As irmãs tinham contado a verdade, pois alguns dias depois o filho do reianunciou publicamente que se casaria com a moça em cujo pé o sapatinho servisse

    perfeitamente.

    Embora todas as princesas, duquesas e todo resto das damas da corte tivessemexperimentado o sapatinho, ele não serviu em nenhuma delas. Um mensageiro chegou àcasa de Cinderela trazendo o sapatinho. Ele deveria calçá-lo em todas as moças da casa.

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    As duas tentaram de todas as formas calçá-lo, em vão. Então, Cinderela sorriu e disse,“Eu gostaria de experimentar o sapatinho para ver se me serve!”

    As irmãs riram e caçoaram dela, mas o mensageiro tinha recebido ordens paradeixar todas as moças do reino experimentarem o sapatinho. Então, fez Cinderelasentar-se e, para surpresa de todos, o sapatinho serviu-lhe perfeitamente!As duas irmãs ficaram espantadas, mas ainda mais espantadas quando Cinderela tirou ooutro sapatinho de cristal do bolso e calçou no outro pé.

    Nesse momento, surgiu a fada madrinha, que tocou a roupa de Cinderela com avarinha mágica. Imediatamente os farrapos se transformaram num vestido ainda maisbonito do que aquele que havia usado antes.

    A madrasta e suas filhas reconheceram a linda “princesa” do baile, e caíram de joelhos implorando seu perdão, por todo sofrimento que lhe tinham causado.Cinderela abraçou-as e disse-lhes que perdoava de todo o coração. Em seguida, no seuvestido esplêndido, ela foi levada à presença do príncipe, que aguardava ansioso suaamada. Alguns dias mais tarde, casaram-se e viveram felizes parasempre.

    Fonte:http://www.educacional.com.br/projetos/ef1a4/contosdefadas/cinderela.html

    Histórias em quadrinhos

    As histórias em quadrinhos são enredos narrados quadro a quadro por meio dedesenhos e textos que utilizam o discurso direto, como a língua falada.

    Esse tipo de narrativa tem origem pré-histórica. Em muitas cavernas e grutas épossível observar cenas do cotidiano, quadro a quadro, nas pinturas rupestres. No Egito,foram localizados desenhos e hieróglifos em baixo-relevo que contavam a história dosfaraós.,

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    Outras narrativas representadas por imagens são comuns à via-sacra, àstapeçarias medievais, aos vitrais góticose aos livros ilustrados de diversas

    épocas. A origem dos balões presentesnas histórias pode ser atribuída aosfilactérios, faixas com palavras escritas junto à boca dos personagens,observadas em ilustrações europeiasdesde o século XIV. Foi a partir doséculo XIX que o texto começou a acompanhar o desenho.

    O percussor das HQs foi o italiano radicado no Brasil Angelo Agostini que em1869 publicou As aventuras de Nhô Quim na revista vida fluminense. No entanto,Maurício de Souza é o mais popular cartunista com seus personagens da Turma daMônica. Sua primeira edição foi em 1970 e ainda hoje faz muito sucesso com pessoasde todas as idades.

    2.2 – A arte de contar histórias

    Há uma crescente nos estudos acerca da formação de leitores, regras são ditadas,como se houvesse uma receitapronta à formação leitora.

    Cada pessoa possui um nívelde formação, mas percebemos que ocontato com os livros deveacontecer cedo, assim, o prazer emler gradualmente surgirá

    naturalmente.

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    Como estratégia para formação de leitores está o contar histórias, hoje conhecidocomo “contação de histórias”, que, independente da criança ter ou não descoberto oprazer de ler na leitura, ela pode ter sua atenção despertada por intermédio do contador.

    Uma história recontada, as ilustrações, a história repetida são sinais que a leitura já faz parte do cotidiano do pequeno leitor. Pelo grau de entendimento e encantamento,a contação de histórias é estratégia para a formação de leitores.

    O uso de textos bem selecionados, teatralidade e caracterização são condiçõesfavoráveis, utilizadas pelos contadores, que fazem uma ponte entre o real e o imagináriodas crianças.

    Segundo VILLARDI (1997:110), “A literatura é feita pra encantar, é feita comprazer para proporcionar prazer, o que vem depois é consequência desse prazer”.Claramente isso quer dizer que a literatura torna o homem mais sensível, mais crítico, e,de certa forma, mais feliz.

    Existe uma grande preocupação de que no mundo globalizado e informatizadonão hada espaço para o livro. No entanto, deve-se acreditar que sim, que os livros sãoimportantes não só para a formação leitora como para a formação de ideias e de caráter.

    A contação tem um valor especial desde a criança pois traz a fuga da realidade, osentimento de ser capaz de ser um personagem em qualquer fantasia, por trazer à tona oprazer que um livro proporciona. Também se acredita que o amor pelos livros nãoapareça da noite para o dia, e que é o papel do contador, pais e professores ajudar ascrianças a descobrir o que eles podem oferecer.

    É a partir da contação de histórias para o pré-leitor que ele encontra figuras doseu cotidiano. É possível a associação de personagens através de contos de fadas.Segundo a psicologia dos contos de fadas, a inveja é personificada através da bruxa em

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    A Branca de Neve e os Sete Anões . EmChapeuzinho Vermelho , a desobediência trouxeconsequências entre várias outras situações.

    A Literatura Infantil deve chegar à criança com total liberdade e orientação, amagia desperta os limites entre oreal e o imaginário, e é possívelessa associação através docontador.

    O desenvolvimento deestratégias diversas para se contarhistórias é um facilitador doencantamento e não a restringe.Uma história bem contada faztodos se divertirem, fazendo comque narrador e ouvinte percorram juntos o enredo, envolvendo todos com ospersonagens de maneira mágica.

    O narrador deve se conscientizar de que a história é importante e de que eleconta o acontecimento e empresta vivacidade à narrativa. A história informa, socializa,educa e prende a atenção. Quanto menos ele se preocupar em alcançar os objetivos,mais influente ele será.

    É preciso se convencer de que a história é o mais importante alimento daimaginação, pois permite a autoidentificação, ajuda a resolver conflitos e permite aaceitação de situações adversas.

    Estabelecida a devida importância da história como contribuição nodesenvolvimento da criança, não se deve improvisar. Para se obter sucesso na narrativa,é necessária a ligação de vários fatores, por isso, a elaboração de um plano paraorganizar o seu desempenho garante segurança e assegura a naturalidade.

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    A escolha da história certa tem um grande poder, por isso, é fundamental anecessidade de fazer uma seleção, levando em consideração a faixa etária, as condiçõessocioeconômicas, o interesse e o ponto de vista dos ouvintes.

    O contador estuda as histórias sem perder de vista as características doselementos que a compõem, familiariza-se com os personagens, adquire confiança, fazadaptações com a devida técnica.

    Escolha o que gosta de contar, não se esqueça de que o enredo deve ser simples,atraente e que contenha situações próximas aocotidiano do seu público como a vivênciadoméstica e afetiva com os brinquedos, osanimais e o meio social, sempre com muitoritmo e repetição. Pois é inevitável que elespeçam sempre a história favorita e, semdúvida, vão ouvir a mesma história com omesmo entusiasmo e interesse, já que a cadarepetição haverá um fato novo.

    Sem esquecer os contos de fadas, ascrianças menores preferem textos curtos,enredos reduzidos, repetições. No segundo momento, elaspreferem histórias queenvolvam animais, alimentos e festas.

    Não se sabe com precisão a idade em que as crianças perdem o interesse pordeterminado tema. No entanto, pode-se muito bem adaptar as histórias para as maisvariadas faixas etárias.

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    O contador deve acreditar, envolver e vibrar em sua história. Caso contrário, seráimpossível interessar a criança. A seleção dehistórias deve ser cuidadosamente pensada,

    certamente levará um tempo, mas valerá a pena.Os gestos, vozes e expressões também devem serpensados com antecedência. Agir comnaturalidade é muito válido, já que o artificialismoacaba dispersando a atenção da criança.

    É comum modificar o texto para preservara criança, porém não é recomendado, se porventura se deparar com uma palavra consideradadifícil, ou seja, com a qual crianças não sãofamiliarizadas, leia-a mesmo assim. Se aparecer dúvidas, com certeza as crianças vãoperguntar, caso não aconteça é porque a palavra foi compreendida no contexto dahistória.

    Se o contador ficar explicando demais, traduzindo e adaptando, a história acabaficando chata e maternal. A criança percebe que está sendo subestimada e, ao terminar ahistória, ela realmente se encerra e deixa de existir para a criança, pois não restounenhum mistério. A partir de uma história, é possível desenvolver outras propostas deatividades, como desenho, massinha, teatro ou o que a sua imaginação e as criançassugerirem.

    Empenho, dedicação e conhecimento do público são características decontadores de histórias, diferentemente de professores, que geralmente didatizam oslivros e fazem avaliações deles ou fazem reflexões sem a participação dos alunos. Háuma necessidade do gosto pela leitura do contador, as crianças percebem com eficiênciaquando se faz por prazer.

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    Certamente a criança que é estimulada à leitura terá mais facilidade deaprendizado e será leitora pelo resto da vida.

    São muitas técnicas para escolha de livros por faixa etária, estratégias e recursospara contação, porém, se o contador de histórias não sente prazer, a criança não vai seentusiasmar e nem terá curiosidade para procurar e ler outros títulos.

    Portanto, não adianta ter uma biblioteca com tantos livros interessantes e esperarque a criança automaticamente se deslumbre com eles. É preciso atraí-las e, para isso,um contador de histórias profissional deve propagar sua paixão pela leitura atravésdessa arte que é contar histórias. Afinal, todos nós adoramos ouvir uma boa história.

    2.3 – A literatura infantil contemporânea

    A Literatura Infantil Contemporânea apresenta inúmeras possibilidades deleitura, variadas formas de linguagense, na prática, permitem falar, ver e

    viver a infância de determinadasformas.

    Sem dúvida, os contosdespertam a preferência das crianças,por conterem elementos mágicos e,atualmente, tais obras devem sereducativas, para contribuir com a

    formação da criança, criar estímulospara a consciência crítica dela.

    O fato de um autor contemporâneo usar como motivo de efabulação uma viagemà Lua com personagens robô ou astronautas com foguetes espaciais não garante um

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    Espaço: é um cenário simples que situa as personagens ou tem participaçãoefetiva na ação.

    Nacionalismo:tem um sentido novo; além de demonstrar o patriotismo, buscaas origens para conscientizar também culturas.

    Exemplaridade:não tem mais a intenção didática e pedagógica, mas continuapassando certa moral ou lição.

    Humor: pode ser considerado o aspecto mais relevante da nova LiteraturaInfantil, está presente na maior parte das obras contemporâneas.

    Realismo e verdade:são alternadas com a fantasia e o maravilhoso. O papel dasfadas já não é o de realizar desejos e sim de estimular a ação para que o herói ou aheroína desenvolva suas próprias forças.

    Apelo à visualidade: os recursos como desenhos, ilustrações a cores, porexemplo, são fatores muito presentes na Literatura Infantil Contemporânea, e apublicação se torna um espaço de multilinguagem.

    2.4 – Função social da leitura

    Desde os primórdios, a linguagem foi incorporada como meio de comunicação e,assim, surgiram à escrita e a leitura paralelamente. E o termo leitura cresceuconsideravelmente nos dias de hoje com as novas formas de ler.

    A leitura se tornou um conjunto de habilidades a ser dominada, que envolvediversas estratégias, como encontrar fragmentos significativos do texto, avaliar aconsistência das informações, compreender o significado que o autor pretendia, entreoutras.

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    Mesmo assim, a leitura permanece com uma função social que tem seusprimeiros registros com a leitura em voz alta, que era uma regra, pois os povos da épocaestavam acostumados com a oralidade, e memorizavam melhor o texto falado.

    A leitura se revolucionou após a Idade Média, quando passou a ser silenciosa, eos leitores perceberam que era possível ler mais que um livro simultaneamente e fazerreflexões. Com o crescimento da produção de livros e a transmissão eletrônica no fimdo século XX e a produção de jornais na Europa que também influenciou a leitura e,posteriormente, abrangeu uma massa com a abertura de bibliotecas de empréstimos. Aleitura deixou de ser um exercício restrito aos religiosos da Igreja Católica e àaristocracia e se tornou uma prática de todos.

    Chartier, um estudioso da leitura, define ler como: “Apropriação, invenção,produção de significados” e Michel Certeau, outro teorista do assunto diz: “O leitor éum caçador que percorre terras alheias”.

    Devido à tecnologia marcante em nossa sociedade atual, percebe-se que a leituraé um elemento importante para a inserção social, já que é através da leitura que teremosacesso às mais variadas informações e aos novos conhecimentos, o que é imprescindívelpara interagir com a sociedade.

    A leitura é a primeira porta para descobertas e para conhecimentos novos. Alémde identificar palavras, a l