Contexto historico romantismo

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Contexto histórico da segunda geração do Romantismo brasileiro A segunda geração romântica brasileira vigorou durante o Segundo Reinado, uma época de revoluções e guerra no sul da América Latina. Mas para compreender a sociedade que circundava os escritores românticos desta nova geração é preciso voltar o olhar para acontecimentos anteriores ao reinado de D. Pedro II. O primeiro e talvez mais importante destes acontecimentos foi a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808, quando nosso país ainda era colônia de Portugal. Não que D. João VI e Carlota Joaquina tenham servido de inspiração romântica, mas é que a vinda da corte portuguesa implicou em uma série de mudanças estruturais nas capitais do país - especialmente São Paulo e Rio de Janeiro, essa última então capital nacional. A vinda da família real ocorreu em plena era napoleônica: Napoleão Bonaparte invadia com seus exércitos grande parte dos países europeus, e havia declarado guerra à Inglaterra; porém, o ataque à sua inimiga dava-se de modo mais sutil e eficaz: com o Bloqueio Continental, o imperador francês decretava que seus países aliados estavam proibidos de comercializar com a Inglaterra, e Portugal era um desses países. Entretanto, os monarcas portugueses desacataram a ordem, enfurecendo Bonaparte, que ordenou a invasão da península ibérica. Fugindo das tropas de Napoleão, a família real portuguesa veio para o Brasil, escoltada pela esquadra inglesa, firmando assim sua aliança com a mesma. Dias depois de desembarcarem em solo americano, D. João VI assinou o decreto que abriu os portos brasileiros ao comércio com as nações amigas – entre elas a Inglaterra. Como os ingleses estavam em plena revolução industrial, algumas modernidades chegaram até aqui com a abertura dos portos – sem que, no entanto, ocorresse a efetiva industrialização do país. Além disso, foi no governo de D. João VI que as primeiras instituições de ensino superior foram criadas, além de fundadas a Academia de Belas- Artes, a Biblioteca Real e a Imprensa Régia, que iniciou a publicação do jornal Gazeta do Rio de Janeiro. Muitas outras também foram criadas, porém as que foram mencionadas é que têm relevância para o momento romântico brasileiro da segunda geração. Se a primeira geração estava preocupada em definir o povo brasileiro, a segunda pouco se importava como que acontecia no país, caracterizando-se por sua intensa subjetividade e alienação, isto é, fuga da realidade. Os autores ultrarromanticos eram, em sua grande maioria, jovens burgueses com idade próxima aos vinte

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By: Dilly Monnete .

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Contexto histórico da segunda geração do Romantismo brasileiro

A segunda geração romântica brasileira vigorou durante o Segundo Reinado, uma época de revoluções e guerra no sul da América Latina. Mas para compreender a sociedade que circundava os escritores românticos desta nova geração é preciso voltar o olhar para acontecimentos anteriores ao reinado de D. Pedro II.

O primeiro e talvez mais importante destes acontecimentos foi a vinda da família real portuguesa para o Brasil em 1808, quando nosso país ainda era colônia de Portugal. Não que D. João VI e Carlota Joaquina tenham servido de inspiração romântica, mas é que a vinda da corte portuguesa implicou em uma série de mudanças estruturais nas capitais do país - especialmente São Paulo e Rio de Janeiro, essa última então capital nacional.

A vinda da família real ocorreu em plena era napoleônica: Napoleão Bonaparte invadia com seus exércitos grande parte dos países europeus, e havia declarado guerra à Inglaterra; porém, o ataque à sua inimiga dava-se de modo mais sutil e eficaz: com o Bloqueio Continental, o imperador francês decretava que seus países aliados estavam proibidos de comercializar com a Inglaterra, e Portugal era um desses países. Entretanto, os monarcas portugueses desacataram a ordem, enfurecendo Bonaparte, que ordenou a invasão da península ibérica. Fugindo das tropas de Napoleão, a família real portuguesa veio para o Brasil, escoltada pela esquadra inglesa, firmando assim sua aliança com a mesma.

Dias depois de desembarcarem em solo americano, D. João VI assinou o decreto que abriu os portos brasileiros ao comércio com as nações amigas – entre elas a Inglaterra. Como os ingleses estavam em plena revolução industrial, algumas modernidades chegaram até aqui com a abertura dos portos – sem que, no entanto, ocorresse a efetiva industrialização do país. Além disso, foi no governo de D. João VI que as primeiras instituições de ensino superior foram criadas, além de fundadas a Academia de Belas-Artes, a Biblioteca Real e a Imprensa Régia, que iniciou a publicação do jornal Gazeta do Rio de Janeiro. Muitas outras também foram criadas, porém as que foram mencionadas é que têm relevância para o momento romântico brasileiro da segunda geração.

Se a primeira geração estava preocupada em definir o povo brasileiro, a segunda pouco se importava como que acontecia no país, caracterizando-se por sua intensa subjetividade e alienação, isto é, fuga da realidade. Os autores ultrarromanticos eram, em sua grande maioria, jovens burgueses com idade próxima aos vinte anos, estudantes e boêmios, e os espaços que frequentavam eram justamente os salões da alta burguesia, onde compartilhavam textos uns com os outros e participavam de festas regadas a bebida. Geralmente dirigiam-se para São Paulo para cursar Direito ou Medicina, e a cidade oferecia poucas oportunidades de lazer. Longe da família e sem diversão, esses rapazes experimentavam um profundo isolamento, que incentivava seus escritos de cunho saudoso e melancólico.

Apesar de viverem na boêmia, os ultrarromanticos caracterizavam o sexo como a corrupção do Amor, e por isso idealizavam que tal sentimento só poderia ser plenamente vivido após a morte.

Danielle AlmeidaJunho de 2012