Conto - O MISTÉRIO DO CAVALEIRO DE GEMBELL

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O MISTÉRIO DO CAVALEIRO DE GEMBELL runo, é a sua vez, disso o mais velho da roda em torno da fogueira, atirando um dos marshmallow de seu espeto, para lembra o esquecido de que ele devia contar uma lenda assim como todos do círculo. Bruno sabia que o momento era ideal para uma história que trouxesse mágica, cavaleiros, rei e que causasse medo nos ouvidos pelo qual passasse, foi quando ele lembrou de uma lenda que seu tio havia contado na sua última temporada de férias quando ainda estavam na fazenda. Desesperadamente, porém muito confiante no que suas palavras fariam, Bruno colocou seu espeto com marshmallow nas labaredas da fogueira e começou: Era manhã de Natal do ano de 1560, a fortaleza de Gembell, que está situada sobre uma célebre e fantástica montanha, estava recoberta com um espesso manto de neve que lhe ficava muito bem. No vasto pátio de entrada da majestosa fortaleza, a força militar tinha aberto caminhos que conduziam às torres de defesa, aos prédios de serviço e aos grandiosos salões. Estas novas passagens conferiam à neve um ar de imponência, que desafiava as estreitas vielas, soando um som sombrio que misturava - se com os ungidos dos lobos das colinas mais altas da região.

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Conto de Horror

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O

MISTÉRIO DO CAVALEIRO

DE GEMBELL

runo, é a sua vez, disso o mais velho da roda em torno da

fogueira, atirando um dos marshmallow de seu espeto, para

lembra o esquecido de que ele devia contar uma lenda assim como todos do

círculo. Bruno sabia que o momento era ideal para uma história que trouxesse

mágica, cavaleiros, rei e que causasse medo nos ouvidos pelo qual passasse, foi

quando ele lembrou de uma lenda que seu tio havia contado na sua última

temporada de férias quando ainda estavam na fazenda. Desesperadamente, porém

muito confiante no que suas palavras fariam, Bruno colocou seu espeto com

marshmallow nas labaredas da fogueira e começou:

Era manhã de Natal do ano de 1560, a fortaleza de Gembell, que está situada

sobre uma célebre e fantástica montanha, estava recoberta com um espesso manto

de neve que lhe ficava muito bem. No vasto pátio de entrada da majestosa

fortaleza, a força militar tinha aberto caminhos que conduziam às torres de defesa,

aos prédios de serviço e aos grandiosos salões. Estas novas passagens conferiam à

neve um ar de imponência, que desafiava as estreitas vielas, soando um som

sombrio que misturava - se com os ungidos dos lobos das colinas mais altas da

região.

Não precisava chegar aos altos ninhos das águias para perceber a quão

suntuosa se mostrava a paisagem. A suave neve era apenas mais um dos toques de

harmonia dos vales. Por todos os lados se viam aldeiazinhas fantásticas, cujo das

chaminés se desprendiam dezenas de colunas de fumaça azulada e prazenteira.

Uma floresta de altas árvores rodeia a fortaleza, árvores que mais se pareciam com

um lampadário de ouro acesso para uma celebração religiosa.

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Pelos caminhos que levam a Gembell, diversos grupos de cavalheiros e damas

montadas à cavalo, chegavam dos castelos vizinhos que estabeleciam relações

comerciais com o Duque. Engraçado é dizer que eles pareciam quase

desaparecidos entre suas vestimentas carregadas de lã e veludos forrados com

pele de animais que iam desde coelhos até bisões, meu tio não teve compaixão

com eles haha chamou os de brega quando me contou a história.

Os visitantes foram chegando com seus narizes vermelhos de frio, mas seus

olhares brilhavam de alegria. Todos eram convidados do Duque Ricard e da

duquesa Nara, que haviam decidido celebrar nesse Natal uma missa

homenageando o nascimento do pequeno filho do casal, Eidan IV, acontecido em

meados do Outono, quando as folhas das laranjeiras e macieira começaram a cair

lentamente até o chão.

Entre os convidados que se dirigiam a Gembell havia um cortejo

particularmente destacado, digo uma presença ilustre: era o de Dom Yarns I, clérigo

de Midi - Pyrénées , personagem a quem o Duque pediu que prestigiasse com sua

presença a cerimônia e celebrasse a missa pelo bebê. Dom Yarns aceitou o inegável

convite feito pelo Duque de Gembell. Quando ele chegou uma escolta de cavaleiros

e homens de armas deixou a fortaleza para ir a seu encontro e trazê-lo por um bom

caminho, garantindo ao mesmo tempo sua segurança contra os percalços de uma

terra onde abundam os uivos dos lobos, o zumbido da neve e os bandidos de

estrada. Depois da atenção redobrada dada ao Dom, os familiares e amigos

começaram a se reunir. Assistidos por suas respectivas mães e sogras, Duque

Richard e a Duquesa Nara acolhiam os convidados na grande sala do castelo.

Os maiores problemas de uma viajem tão longa não é apenas a distância, foi

pensando assim que o Duque tomou a liberdade é garantiu que seus convidados

estariam confortáveis depois da viagem, estava previsto para que e o frio e as

fadigas da viagem se desfizessem junto ao grande fogo da lareira. Vinhos quentes e

calorosas palavras de boas-vindas faziam o resto.  Cada um tinha um quarto

reservado segundo sua a condição de grau de relação comercial com o Duque,

tendo Dom Yarns recebido a mais bela peça do alojamento.

Eis que a noite se aproxima e surge o crepúsculo, que por sinal foi

deslumbrante. Como se fosse um ritual, os convidados correram e subiram em

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grande número nas muralhas da fortaleza, para ver a última dança do enorme disco

amarelo que mostrou seus últimos raios por trás das densas florestas da serra. Sim,

o pôr do sol de inverno naquela região é sempre exuberante. Com a despedida do

sol, o céu transparente da noite deixou brilhar uma constelação de estrelas. Foi

nesse momento que as coisas começaram a ficar sinistras, os tocheiros entravam

em ação lançando de um lado a outros raios luminosos que entravam em contraste

com os cristais de neve que cobria a passagem que levava até a capela. Naquela

noite, a pequena igreja criada pelo pai do Duque, com fortes características

românicas ia estar cheia como jamais esteve.

Obviamente, depois que abriram-se as portas o primeiro personagem a entrar

foi clérigo de Midi – Pyrénées  , seguido pelo Duque e a Duquesa, depois pelas

babás Adelaide e Misha que levavam o berço do festeiro em seus braços. Em

seguida vieram a família, os amigos e os convidados. No fim as colossais portas da

capela foram fechadas. Tudo parecia uma bela peça teatral, os convidados

andavam em sincronia, os festeiros sentam mais próximo do altar, luxuosamente

todos esperam que os festivos religiosos começassem. O clero e os coroinhas

estavam reunidos na sala por trás do altar.

A história começa a tornar se arrepiante, quando um ser desumano aparece

em meio à multidão ansiosa para a festa, ninguém havia de prestar atenção no

novo convidado, era um monge de hábito escuro escondido atrás de uma coluna.

Um grande capuz ocultava-lhe a cabeça, o que lembrava os monges da Ordem

Franciscana, mas um observador atento teria ficado surpreso contemplando na

sombra seus olhares negros desprovidos de sutileza.  Mas talvez não era falta de

atenção dos demais, o novo convidado tinha essas silhuetas flexíveis que permitem

passar despercebido.

O clérigo de Midi – Pyrénées, Dom Yars I subiu ao altar e começou os ritos

iniciais da missa de meia-noite: “Dominus dixit ad me; filius meus es tu...”. Mais foi

no exato momento em que ele pronunciava essas palavras, que uma rajada de ar

quente apagou velas dos candeeiros, inclusive a lâmpada a óleo, vinda do Norte da

França, que ardia dia e noite junto ao Santíssimo Sacramento. Um murmúrio de

surpresa percorreu toda a igreja, mas o clérigo não perdeu seu sangue frio,

comandou o coroinha para que acendesse as velas e continuou como se nada

tivesse acontecido. A teimosia garantiu ao clérigo sérios problemas, a meio-

caminho do altar até os fiéis suas pernas se recusaram ir mais longe, como se

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tivessem sido enfeitiçadas e viradas chumbo. Era nítido que ele já não mais podia

fingir desconhecer este segundo fenômeno. Para deixar a situação ainda mais

problemática, o canto ficou afogado em sua garganta. Os fiéis estavam

profundamente perturbados vendo nesses fatos maus presságios para o pequeno

futuro sucessor do Duque.

Não podendo avançar, o oficiante da cerimonia se viu obrigado a voltar para o

altar, deixando em segundo plano a ideia de se aproximar das fiéis. Ninguém

observou que Dom Yars tinha se posicionado exatamente no mesmo lugar onde

antes estava aquele sombrio monge. Entretanto, a Missa continuou, com o luxo dos

cantos gregorianos mais emocionantes que de costume.

Finalmente, chegada a hora da Elevação, todos estavam à espera do toque da

sineta para se ajoelhar sobre o frio chão de pedra. Mas por mais que o coroinha

tocasse sineta, som algum se ouvia na capela. Como de costume todos receberam

a comunhão. Chegou o tão esperado momento, a consagração do bebê a Deus.

Contudo, uma trovoada interrompeu o momento, um relâmpago iluminou a igreja, e

todas as lâmpadas apagaram-se como da primeira vez. Uma luminosidade de um

amarelo intenso e um odor de enxofre escaparam da capela.

Desta vez não foi possível manter o controle e como se imaginava a

desordem atingiu um auge: os guardas abriram as portas, e a multidão, que não

mais aguentava, correu para fora.  O caos iniciou, vários guardas foram atropelados

e jogados para fora da capela por um ser nunca visto cuja sombra gigantesca se

tornava brilhosa quando refletida nos enormes rochedos que circulava a fortaleza.

Como anfitrião dos festivos, o Duque Ricard fez um pronunciamento com

ordens para que os convidados fossem conduzidos até o grandioso salão onde

estaria servido o jantar, para evitar transtornos e um futuro fracasso da festa. Mais

as pessoas estavam cheias de medo, ninguém tinha fome, nem ousava levantar o

olhar ou se quer romper o silêncio. Por fim, Dom Yars se animou a falar: com sua

voz imponente e sempre suave, ele explicou o que tinha acontecido as fiéis, não

sem antes dar sua bênção final. Calmamente, ele disse que esses presságios

provinham de Lúcifer, o qual durante muito tempo viveu nas regiões montanhosas

de Gembell, em forma de um cavaleiro que perdeu seu posto na força militar local,

ele ficou tão frustrado que mergulhou no Rio Tero, um rio caudaloso que passava

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entres os rochedos e que causa medo em todos os camponeses, o rio era tão

poderoso que levou o corpo do cavaleiro até nunca mais poder ser visto. Desde

então ele manifesta seu despeito e injustiça agindo em torno da fortaleza.

Prometendo contornar a situação, Dom Yars disse que iria realizar uma Missa de

Exorcismo no dia seguinte.

Anos se passaram, novamente aberta a capela, descobriu-se que as lajes

estavam completamente carbonizadas como se tivesse em chamas por tempos. Os

visitantes começaram ir até a capela com um misto de curiosidade e temor, isso

porque

essa estranha noite de Natal continuou a correr de boca em boca durante muito

tempo. Porém, o demônio do cavaleiro achava que não tinha desabafado todo seu

ódio contra a poderosa e traiçoeira fortaleza de Gembell, que atualmente se

encontra abandonada, se não fosse os fogos de artifícios que saem da capela nas

noites de Natal anunciando a fúria demoníaca.

Mas ninguém foi louco o suficiente para ir verificar a veracidade dos fatos.

Bruno saiu dos encantando de sua história quando percebeu que seu

marshamallow estava mais queimado do que as madeiras que estavam prostradas

na brasa. Seus amigos ficaram horrorizados com a história, mesmo depois de Bruno

dizer brincando que tudo não passava de uma velha história de camponeses.