Contos de Escola

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+ubi a escada com cautela, para n)o ser ou(ido do mestre, e cheguei a tempo7 ele entrou na sala

tr&s ou "uatro minutos depois. 3ntrou com o andar manso do costume, em chinelas de

cordo()o, com a a"ueta de brim la(ada e desbotada, cala branca e tesa e grande colarinho

caído. Chama(a$se Policarpo e tinha perto de cin"9enta anos ou mais. :ma (e sentado, e'traiu

da a"ueta a boceta de rap6 e o leno (ermelho, p;$los na ga(eta7 depois relanceou os olhos pelasala. Os meninos, "ue se conser(aram de p6 durante a entrada dele, tornaram a sentar$se. 2udo

esta(a em ordem7 comearam os trabalhos.

# +eu Pilar, eu preciso %alar com (oc& # disse$me bai'inho o %ilho do mestre.

Chama(a$se Raimundo este pe"ueno, e era mole, aplicado, intelig&ncia tarda. Raimundo

gasta(a duas horas em reter a"uilo "ue a outros le(a(a apenas trinta ou cin"9enta minutos7

 (encia com o tempo o "ue n)o podia %aer logo com o c6rebro. Reunia a isso um grande medo ao

pai. 3ra uma criana %ina, p<lida, cara doente7 raramente esta(a alegre. 3ntra(a na escola depois

do pai e retira(a$se antes. O mestre era mais se(ero com ele do "ue conosco.

# O "ue 6 "ue (oc& "uer

# Logo # respondeu ele com (o tr&mula.

Comeou a li)o de escrita. Custa$me dier "ue eu era dos mais adiantados da escola7 mas era.

!)o digo tamb6m "ue era dos mais inteligentes, por um escr/pulo %<cil de entender e de

e'celente e%eito no estilo, mas n)o tenho outra con(ic)o. !ote$se "ue n)o era p<lido nem

mo%ino= tinha boas cores e m/sculos de %erro. !a li)o de escrita, por e'emplo, acaba(a sempre

antes de todos, mas dei'a(a$me estar a recortar naries no papel ou na t<bua, ocupa)o sem

nobrea nem espiritualidade, mas em todo caso ing&nua. !a"uele dia %oi a mesma coisa7 t)o

depressa acabei, como entrei a reproduir o nari do mestre, dando$lhe cinco ou seis atitudesdi%erentes, das "uais recordo a interrogati(a, a admirati(a, a dubitati(a e a cogitati(a. !)o lhes

punha esses nomes, pobre estudante de primeiras letras "ue era7 mas, instinti(amente, da(a$

lhes essas e'press>es. Os outros %oram acabando7 n)o ti(e rem6dio sen)o acabar tamb6m,

entregar a escrita e (oltar para o meu lugar.

Com %ran"uea, esta(a arrependido de ter (indo. Agora "ue %ica(a preso, ardia por andar l< %ora

e recapitula(a o campo e o morro, pensa(a nos outros meninos (adios, o Chico 2elha, o

 Am6rico, o Carlos das 3scadinhas, a %ina %lor do bairro e do g&nero humano. Para c/mulo de

desespero, (i atra(6s das (idraas da escola, no claro aul do c6u, por cima do 0orro do

Li(ramento, um papagaio de papel, alto e largo, preso de uma corda imensa, "ue boa(a no ar,

uma coisa soberba. 3 eu na escola, sentado, pernas unidas, com o li(ro de leitura e a gram<ticanos oelhos.

# ?ui um bobo em (ir # disse eu ao Raimundo.

# !)o diga isso # murmurou ele.

Olhei para ele7 esta(a mais p<lido. 3nt)o lembrou$me outra (e "ue "ueria pedir$me alguma

coisa, e perguntei$lhe o "ue era. Raimundo estremeceu de no(o e, r<pido, disse$me "ue

esperasse um pouco7 era uma coisa particular.

# +eu Pilar... # murmurou ele daí a alguns minutos.

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# @ue 6

# oc&...

# oc& "u&

3le deitou os olhos ao pai e depois a alguns outros meninos. :m destes, o Cur(elo, olha(a para

ele, descon%iado, e o Raimundo, notando$me essa circunstância, pediu alguns minutos mais de

espera. Con%esso "ue comea(a a arder de curiosidade. Olhei para o Cur(elo e (i "ue parecia

atento7 podia ser uma simples curiosidade (aga, natural indiscri)o7 mas podia ser tamb6m

alguma coisa entre eles. 3sse Cur(elo era um pouco le(ado do diabo. 2inha one anos, era mais

 (elho "ue nBs.

@ue me "uereria o Raimundo Continuei in"uieto, reme'endo$me muito, %alando$lhe bai'o,

com instância, "ue me dissesse o "ue era, "ue ningu6m cuida(a dele nem de mim. Ou ent)o, de

tarde...

# e tarde, n)o # interrompeu$me ele #7 n)o pode ser de tarde.

# 3nt)o agora...

# Papai est< olhando.

!a (erdade, o mestre %ita(a$nos. Como era mais se(ero para o %ilho, busca(a$o muitas (ees com

os olhos, para tra&$lo mais aperreado. 0as nBs tamb6m 6ramos %inos7 metemos o nari no li(ro

e continuamos a ler. A%inal cansou e tomou as %olhas do dia, tr&s ou "uatro, "ue ele lia de(agar,

mastigando as id6ias e as pai'>es. !)o es"ueam "ue est<(amos ent)o no %im da Reg&ncia, e

"ue era grande a agita)o p/blica. Policarpo tinha decerto algum partido, mas nunca pudea(eriguar esse ponto. O pior "ue ele podia ter, para nBs, era a palmatBria. 3 essa l< esta(a,

pendurada do portal da anela, direita, com os seus cinco olhos do diabo. 3ra sB le(antar a

m)o, despendur<$la e brandi$la, com a %ora do costume, "ue n)o era pouca. 3 daí, pode ser "ue

alguma (e as pai'>es políticas dominassem nele a ponto de poupar$nos uma ou outra corre)o.

!a"uele dia, ao menos, pareceu$me "ue lia as %olhas com muito interesse7 le(anta(a os olhos de

"uando em "uando, ou toma(a uma pitada, mas torna(a logo aos ornais e lia a (aler.

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Ilustração Renato Alarcão

!o %im de algum tempo # de ou doe minutos # Raimundo meteu a m)o no bolso das calas e

olhou para mim.

# +abe o "ue tenho a"ui

# !)o.

# :ma pratinha "ue mam)e me deu.

# *oe

# !)o, no outro dia, "uando %i anos...

# Pratinha de (erdade

# e (erdade.

2irou$a (agarosamente e mostrou$me de longe. 3ra uma moeda do tempo do rei, cuido "ue doe

 (int6ns ou dois tost>es, n)o me lembra7 mas era uma moeda, e tal moeda "ue me %e pular o

sangue no cora)o. Raimundo re(ol(eu em mim o olhar p<lido7 depois perguntou$me se a"ueria para mim. Respondi$lhe "ue esta(a caoando, mas ele urou "ue n)o.

# 0as ent)o (oc& %ica sem ela

# 0am)e depois me arrana outra. 3la tem muitas "ue (o(; lhe dei'ou, numa cai'inha7 algumas

s)o de ouro. oc& "uer esta

0inha resposta %oi estender$lhe a m)o dis%aradamente, depois de olhar para a mesa do mestre.

Raimundo recuou a m)o dele e deu boca um gesto amarelo, "ue "ueria sorrir. 3m seguida

prop;s$me um negBcio, uma troca de ser(ios7 ele me daria a moeda, eu lhe e'plicaria um ponto

da li)o de sinta'e. !)o conseguira reter nada do li(ro e esta(a com medo do pai. 3 concluía aproposta es%regando a pratinha nos oelhos...

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2i(e uma sensa)o es"uisita. !)o 6 "ue eu possuísse da (irtude uma id6ia antes prBpria de

homem7 n)o 6 tamb6m "ue n)o %osse %<cil em empregar uma ou outra mentira de criana.

+abíamos ambos enganar ao mestre. A no(idade esta(a nos termos da proposta, na troca de

li)o e dinheiro, compra %ranca, positi(a, toma l<, d< c<7 tal %oi a causa da sensa)o. ?i"uei a

olhar para ele, toa, sem poder dier nada.

Compreende$se "ue o ponto da li)o era di%ícil e "ue o Raimundo, n)o o tendo aprendido,

recorria a um meio "ue lhe pareceu /til para escapar ao castigo do pai. +e me

tem pedido a coisa por %a(or, alcana$la$ia do mesmo modo, como de outras (ees7 mas parece

"ue a lembrana das outras (ees, o medo de achar a minha (ontade %rou'a ou cansada, e n)o

aprender como "ueria # e pode ser mesmo "ue em alguma ocasi)o lhe ti(esse ensinado mal #,

parece "ue tal %oi a causa da proposta. O pobre$diabo conta(a com o %a(or # mas "ueria

assegurar$lhe a e%ic<cia, e daí recorreu moeda "ue a m)e lhe dera e "ue ele guarda(a como

relí"uia ou brin"uedo7 pegou dela e (eio

es%reg<$la nos oelhos, minha (ista, como uma tenta)o... Realmente, era bonita, %ina, branca,

muito branca7 e para mim, "ue sB traia cobre no bolso, "uando traia alguma coisa, um cobre%eio, grosso, ainha(rado...

!)o "ueria receb&$la e custa(a$me recus<$la. Olhei para o mestre, "ue continua(a a ler, com tal

interesse, "ue lhe pinga(a o rap6 do nari.

# Ande, tome # diia$me bai'inho o %ilho.

3 a pratinha %uila(a$lhe entre os dedos, como se %ora diamante... 3m (erdade, se o mestre n)o

 (isse nada, "ue mal ha(ia 3 ele n)o podia (er nada, esta(a agarrado aos ornais, lendo com

%ogo, com indigna)o...

# 2ome, tome...

Relanceei os olhos pela sala, e dei com os do Cur(elo em nBs7 disse ao Raimundo "ue esperasse.

Pareceu$me "ue o outro nos obser(a(a, ent)o dissimulei7 mas daí a pouco, deitei$lhe outra (e o

olho e # tanto se ilude a (ontadeD # n)o lhe (i mais nada. 3nt)o cobrei ânimo.

# & c<...

Raimundo deu$me a pratinha, sorrateiramente7 eu meti$a na algibeira das calas, com um

al(oroo "ue n)o posso de%inir. C< esta(a ela comigo, pegadinha perna. Resta(a prestar o

ser(io, ensinar a li)o, e n)o me demorei em %a&$lo, nem o %i mal, ao menos conscientemente7passa(a$lhe a e'plica)o em um retalho de papel, "ue ele recebeu com cautela e cheio de

aten)o. +entia$se "ue despendia um es%oro cinco ou seis (ees maior para aprender um nada7

mas contanto "ue ele escapasse ao castigo, tudo iria bem.

e repente, olhei para o Cur(elo e estremeci7 tinha os olhos em nBs, com um riso "ue me

pareceu mau. is%arcei7 mas daí a pouco, (oltando$me outra (e para ele, achei$o do mesmo

modo, com o mesmo ar, acrescendo "ue entra(a a reme'er$se no banco, impaciente. +orri para

ele e ele n)o sorriu7 ao contr<rio, %raniu a testa, o "ue lhe deu um aspecto ameaador. O

cora)o bateu$me muito.

# Precisamos muito cuidado # disse eu ao Raimundo.

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# iga$me isto sB # murmurou ele.

?i$lhe sinal "ue se calasse7 mas ele insta(a, e a moeda, c< no bolso, lembra(a$me o contrato

%eito. 3nsinei$lhe o "ue era, dis%arando muito7 depois, tornei a olhar para o Cur(elo, "ue me

pareceu ainda mais in"uieto, e o riso, dantes mau, esta(a agora pior. !)o 6 preciso dier "ue

tamb6m eu %icara em brasas, ansioso "ue a aula acabasse7 mas nem o relBgio anda(a como dasoutras (ees nem o mestre %aia caso da escola7 este lia os ornais, artigo por artigo, pontuando$

os com e'clama>es, com gestos de ombros, com uma ou duas pancadinhas na mesa. 3 l< %ora,

no c6u aul, por cima do morro, o mesmo eterno papagaio, guinando a um lado e outro, como se

me chamasse a ir ter com ele. Emaginei$me ali, com os li(ros e a pedra embai'o da mangueira, e

a pratinha no bolso das calas, "ue eu n)o daria a ningu6m, nem "ue me serrassem7 guarda$la$ia

em casa, diendo a mam)e "ue a tinha achado na rua. Para "ue me n)o %ugisse, ia$a apalpando,

roando$lhe os dedos pelo cunho, "uase lendo pelo tato a inscri)o, com uma grande (ontade de

espi<$la.

# OhD +eu PilarD # bradou o mestre com (o de tro()o.

3stremeci como se acordasse de um sonho e le(antei$me s pressas. ei com o mestre, olhando

para mim, cara %echada, ornais dispersos, e ao p6 da mesa, em p6, o Cur(elo. Pareceu$me

adi(inhar tudo.

# enha c<D # bradou o mestre.

?ui e parei diante dele. 3le enterrou$me pela consci&ncia dentro um par de olhos pontudos7

depois chamou o %ilho. 2oda a escola tinha parado7 ningu6m mais lia, ningu6m %aia um sB

mo(imento. 3u, con"uanto n)o tirasse os olhos do mestre, sentia no ar a curiosidade e o pa(or

de todos.

# 3nt)o o senhor recebe dinheiro para ensinar as li>es aos outros # disse$me o Policarpo.

# 3u...

# & c< a moeda "ue este seu colega lhe deuD # clamou.

!)o obedeci logo, mas n)o pude negar nada. Continuei a tremer muito. Policarpo bradou de

no(o "ue lhe desse a moeda, e eu n)o resisti mais, meti a m)o no bolso, (agarosamente, sa"uei$a

e entreguei$lha. 3le e'aminou$a de um e outro lado, bu%ando de rai(a7 depois estendeu o brao e

atirou$a rua. 3 ent)o disse$nos uma por)o de coisas duras, "ue tanto o %ilho como eu

acab<(amos de praticar uma a)o %eia, indigna, bai'a, uma (ilania, e para emenda e e'emploíamos ser castigados. A"ui pegou da palmatBria.

# Perd)o, seu mestre... # solucei eu.

# !)o h< perd)oD e c< a m)oD & c<D amosD +em$(ergonhaD & c< a m)oD

# 0as, seu mestre...

# Olhe "ue 6 piorD

3stendi$lhe a m)o direita, depois a es"uerda, e %ui recebendo os bolos uns por cima dos outros,at6 completar doe, "ue me dei'aram as palmas (ermelhas e inchadas. Chegou a (e do %ilho, e

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%oi a mesma coisa7 n)o lhe poupou nada, dois, "uatro, oito, doe bolos. Acabou, pregou$nos

outro serm)o. Chamou$nos sem$(ergonhas, desa%orados, e urou "ue se repetíssemos o negBcio,

apanharíamos tal castigo "ue nos ha(ia de lembrar para todo o sempre. 3 e'clama(a=

FPorcalh>esD 2ratantesD ?altos de brioDG

3u, por mim, tinha a cara no ch)o. !)o ousa(a %itar ningu6m, sentia todos os olhos em nBs.Recolhi$me ao banco, soluando, %ustigado pelos improp6rios do mestre. !a sala ar"uea(a o

terror7 posso dier "ue na"uele dia ningu6m %aria igual negBcio. Creio "ue o prBprio Cur(elo

en%iara de medo. !)o olhei logo para ele, c< dentro de mim ura(a "uebrar$lhe a cara, na rua,

logo "ue saíssemos, t)o certo como tr&s e dois serem cinco.

aí a algum tempo olhei para ele7 ele tamb6m olha(a para mim, mas des(iou a cara, e penso "ue

empalideceu. Comp;s$se e entrou a ler em (o alta7 esta(a com medo. Comeou a (ariar de

atitude, agitando$se toa, coando os oelhos, o nari. Pode ser at6 "ue se arrependesse de nos

ter denunciado7 e, na (erdade, por "ue denunciar$nos 3m "ue 6 "ue lhe tir<(amos alguma

coisa

F2u me pagasD 2)o duro como ossoDG, diia eu comigo.

 eio a hora de sair, e saímos7 ele %oi adiante, apressado, e eu n)o "ueria brigar ali mesmo, na

Rua do Costa, perto do col6gio7 ha(ia de ser na rua larga de +. Hoa"uim. @uando, por6m, cheguei

es"uina, < o n)o (i7 pro(a(elmente escondera$se em algum corredor ou loa7 entrei numa

 botica, espiei em outras casas, perguntei por ele a algumas pessoas, ningu6m me deu notícia. e

tarde %altou escola.

3m casa n)o contei nada, 6 claro7 mas para e'plicar as m)os inchadas, menti a minha m)e,

disse$lhe "ue n)o tinha sabido a li)o. ormi nessa noite, mandando ao diabo os dois meninos,

tanto o da den/ncia como o da moeda. 3 sonhei com a moeda7 sonhei "ue, ao tornar escola, nodia seguinte, dera com ela na rua e a apanhara, sem medo nem escr/pulos...

e manh), acordei cedo. A id6ia de ir procurar a moeda %e$me (estir depressa. O dia esta(a

espl&ndido, um dia de maio, sol magní%ico, ar brando, sem contar as calas no(as "ue minha

m)e me deu, por sinal "ue eram amarelas. 2udo isso, e a pratinha... +aí de casa, como se %osse

trepar ao trono de Herusal6m. Pi"uei o passo para "ue ningu6m chegasse antes de mim escola7

ainda assim n)o andei t)o depressa "ue amarrotasse as calas. !)o, "ue elas eram bonitasD

0ira(a$as, %ugia aos encontros, ao li'o da rua...

!a rua encontrei uma companhia do batalh)o de %uileiros, tambor %rente, ru%ando. !)o podia

ou(ir isto "uieto. Os soldados (inham batendo o p6 r<pido, igual, direita, es"uerda, ao som doru%o7 (inham, passaram por mim e %oram andando. 3u senti uma comich)o nos p6s, e ti(e

ímpeto de ir atr<s deles. H< lhes disse= o dia esta(a lindo, e depois o tambor... Olhei para um e

outro lado7 a%inal, n)o sei como %oi, entrei a marchar tamb6m ao som do ru%o, creio "ue

cantarolando alguma coisa= Rato na casaca... !)o %ui escola, acompanhei os %uileiros, depois

en%iei pela +a/de e acabei a manh) na Praia da 5amboa. oltei para casa com as calas

en'o(alhadas, sem pratinha no bolso nem ressentimento na alma. 3 contudo a pratinha era

 bonita e %oram eles, Raimundo e Cur(elo, "ue me deram o primeiro conhecimento, um da

corrup)o, outro da dela)o7 mas o diabo do tambor..