Contos negreiros

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Contos negreiros

nao zumbi

E o rim no meu? Logo eu que ia ganhar dez mil, ia ganhar. Tinha at marcado uma feijoada pra quando eu voltar, uma feijoada. E roda de samba pra gente rodar (..) E o rim no meu, sarava? Quem me deu no foi Aquele-l-de-cima, Meu Deus, Jesus e Oxal? (...) O esquema bacana. Os caras chegam aqui levam a gente para Luanda ou Pretria. (...) Puta oportunidade s uma vez na vida (...).

yamami

E os ndios? O que tem os ndios? O que voc achou dos ndios do Brasil? Fodam-se os ndios do Brasil. Toquem fogo na floresta. Vo merda (...) S lembro de Yamami. Sempre gostei de crianas. Aqui proibido. Yamami, meu tesouro perdido (...) Indiazinha tpica dos seus trezes anos. As unhas pintadas, descaladas. Tintas extintas na cara. Coisinha de rvore (...)

"Solar dos prncipes"

Quatro negros e uma negra pararam na frente deste prdio. Tratase de um grupo de amigos do Morro do Pavo que quer filmar um apartamento e fazer uma entrevista com um morador. Quando o porteiro, tambm negro, impede a entrada do grupo, o narrador desabafa: A idia foi minha, confesso. O pessoal vive subindo no morro para fazer filme. A gente abre as nossas portas, mostra as nossas panelas, merda. O incmodo com o fato de permitir a entrada aos de fora, mas no ser recebido quando se desloca ao bairro rico, manifestado pelo narrador. Ainda, denuncia-se a viso distorcida dos que documentam a periferia: A gente no s ouve samba. No s ouve bala. Ao fim, o porteiro chama a polcia e,

assim, a estria dos quatro aspirantes cai na mesmice: novamente o filme tem tiro e sirene da viatura policial.

curso supeiror

O meu medo a situao piorar e eu no conseguir arranjar emprego nem de faxineiro nem de porteiro nem de ajudante de pedreiro e o pessoal dizer que o governo j fez o que pde j pde o que fez j deu a sua cota de participao hein me no sei.