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47 ©Dental Press Publishing - J Clin Dent Res. 2017 Jan-Mar;14(1):47-59 Controlando a opacidade e translucidez em facetas de resina composta de dentes escurecidos Adjusting opacity and translucency of composite resin veneers in discolored teeth Resumo: Observa-se que a procu- ra por tratamentos odontológicos não se limita a situações dolorosas ou reabilitações protéticas exten- sas. O restabelecimento da forma, função e a discrepância de cor nas dentições são queixas principais de muitos pacientes que buscam os consultórios odontológicos com a intenção de melhorar a estética do sorriso. A fratura de restaurações antigas, associada ao escurecimento dentário, pode ser causada por diver- sas situações e existem várias formas de resolução clínica, sendo a faceta com resina composta uma modalida- de previsível, segura e de custo aces- sível. No presente artigo, será relata- do um caso clínico e demonstrados os passos para a confecção de uma faceta direta em dente escuro, trata- do endodonticamente, com enfoque principal no controle da opacidade e translucidez do sistema restaurador. Palavras-chave: Resinas compos- tas. Cor. Endodontia. Assistência odontológica. Dentística. Abstract: The search for dental treat- ments is not limited to painful situations or prosthetic rehabilitations. The resto- rations of shape, function and color dis- crepancy of teeth are major complaints: with the intention of improving aesthet- ics of the smile, these patients seek dental offices. The fracture of old res- torations, associated with dental stain, can be caused by several situations and there are many ways of clinical resolu- tion. Direct composite veneer is a pre- dictable, safe and affordable modality. In the present article, a clinical case will be reported, demonstrating the steps of a direct veneer in a darkened and end- odontically treated tooth, with a main focus on controlling opacity and trans- lucency of the restoration. Keywords: Composite resins. Color. Endodontics. Dental care. Dentistry. Cristian Higashi 1 Antonio S. Sakamoto Jr 2 Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de inte- resse nos produtos e companhias descritos nesse artigo. O(s) pa- ciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) pre- viamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias. Endereço para correspondência: Cristian Higashi – Ki Clínica Conceito - Estética Dental, Rua Fernando Simas, 240, Bairro Bigorrilho. CEP: 80.430-190 - Curitiba/PR – Email: [email protected] Como citar este artigo: Higashi C, Sakamoto Jr AS. Adjusting opacity and translucency of composite resin veneers in discolored teeth. J Clin Dent Res. 2017 Jan-Mar;14(1):47-59. Enviado em: 18/01/2017 - Revisado e aceito: 01/02/2017. DOI: http://dx.doi.org/10.14436/2447-911x.14.1.047-059.oar CC 1) Mestre e Doutor em Dentística Restauradora, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Departamento de Odontologia (Ponta Grossa/PR, Brasil). Coordenador do Curso de Especialização em Dentística Restauradora, Faculdade ILAPEO, Departamento de Odontologia (Curitiba/PR, Brasil). 2) Especialista em Dentística Restauradora, CETAO (São Paulo/SP, Brasil). Mestre e Doutor em Dentística Restauradora, Universi- dade Estadual de Ponta Grossa, Departamento de Odontologia, (Ponta Grossa/PR, Brasil).

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Controlando a opacidade e translucidez em facetas de resina composta de dentes escurecidos

Adjusting opacity and translucency of composite resin veneers in discolored teeth

Resumo: Observa-se que a procu-ra por tratamentos odontológicos não se limita a situações dolorosas ou reabilitações protéticas exten-sas. O restabelecimento da forma, função e a discrepância de cor nas dentições são queixas principais de muitos pacientes que buscam os consultórios odontológicos com a

intenção de melhorar a estética do sorriso. A fratura de restaurações antigas, associada ao escurecimento dentário, pode ser causada por diver-sas situações e existem várias formas de resolução clínica, sendo a faceta com resina composta uma modalida-de previsível, segura e de custo aces-sível. No presente artigo, será relata-

do um caso clínico e demonstrados os passos para a confecção de uma faceta direta em dente escuro, trata-do endodonticamente, com enfoque principal no controle da opacidade e translucidez do sistema restaurador. Palavras-chave: Resinas compos-tas. Cor. Endodontia. Assistência odontológica. Dentística.

Abstract: The search for dental treat-ments is not limited to painful situations or prosthetic rehabilitations. The resto-rations of shape, function and color dis-crepancy of teeth are major complaints: with the intention of improving aesthet-ics of the smile, these patients seek

dental offices. The fracture of old res-torations, associated with dental stain, can be caused by several situations and there are many ways of clinical resolu-tion. Direct composite veneer is a pre-dictable, safe and affordable modality. In the present article, a clinical case will

be reported, demonstrating the steps of a direct veneer in a darkened and end-odontically treated tooth, with a main focus on controlling opacity and trans-lucency of the restoration. Keywords: Composite resins. Color. Endodontics.Dental care. Dentistry.

Cristian Higashi1

Antonio S. Sakamoto Jr2

Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais,

de propriedade ou financeiros que representem conflito de inte-

resse nos produtos e companhias descritos nesse artigo. O(s) pa-

ciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) pre-

viamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais,

e/ou radiografias.

Endereço para correspondência: Cristian Higashi – Ki Clínica Conceito - Estética Dental, Rua Fernando Simas, 240, Bairro Bigorrilho.

CEP: 80.430-190 - Curitiba/PR – Email: [email protected]

Como citar este artigo: Higashi C, Sakamoto Jr AS. Adjusting opacity and translucency of composite resin veneers in discolored teeth. J Clin

Dent Res. 2017 Jan-Mar;14(1):47-59.

Enviado em: 18/01/2017 - Revisado e aceito: 01/02/2017.

DOI: http://dx.doi.org/10.14436/2447-911x.14.1.047-059.oar

CC

1) Mestre e Doutor em Dentística Restauradora, Universidade

Estadual de Ponta Grossa, Departamento de Odontologia (Ponta

Grossa/PR, Brasil). Coordenador do Curso de Especialização

em Dentística Restauradora, Faculdade ILAPEO, Departamento

de Odontologia (Curitiba/PR, Brasil).

2) Especialista em Dentística Restauradora, CETAO (São Paulo/SP,

Brasil). Mestre e Doutor em Dentística Restauradora, Universi-

dade Estadual de Ponta Grossa, Departamento de Odontologia,

(Ponta Grossa/PR, Brasil).

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INTRODUÇÃOA Odontologia contemporânea segue os se-

guintes princípios: intervir minimamente, otimizar o formato dentário e proporcionar estética1. Des-sa forma, é muito desafiadora a reprodução da dinâmica total do dente natural, no que se refere à similaridade da cor, opacidade, translucidez, forma e textura3. Assim, escolher os materiais ca-pazes de bloquear e transmitir a luz se torna uma das etapas mais complexas das restaurações de dentes escurecidos4.

A sociedade em geral preza pela saúde e bele-za e busca o bem-estar físico/mental no seu dia a dia. Porém, em atividades cotidianas ou em es-portes radicais, podem ocorrer traumas dentários em crianças ou adultos, que necessitam de tra-tamento endodôntico e subsequente restauração. Em alguns casos, o escurecimento dentário pode ocorrer em virtude do trauma ou outras causas5 e isso dificulta ainda mais a solução do problema.

Não há um consenso para solucionar essas si-tuações e, por isso, existem diferentes abordagens, tais como: clareamento interno com perborato de sódio, facetas em resina composta/cerâmica ou, até mesmo, uma coroa total, sendo essa última um tratamento bem mais invasivo.

Em dentes com tratamento endodôntico, re-comenda-se a instalação de retentor intracanal6, pois há a perda de mecanorreceptores presentes no tecido pulpar, restando apenas os do ligamento periodontal, o que resulta na alteração do limiar de excitabilidade. Assim, o dente é capaz de sofrer cargas oclusais maiores do que quando era polpa-do7, pois a pessoa pode morder com mais força sobre um dente tratado endodonticamente do que em um dente vital.

No presente artigo, será relatada a restaura-ção direta de um incisivo central fraturado e escu-recido, abordando estratégias para o controle da opacidade e translucidez em facetas diretas com

resinas compostas. Para isso, será realizada uma breve revisão de conceitos ópticos como matiz, croma e valor (translucidez e opacidade), para a compreensão da estratificação utilizada. O matiz é definido como o grupo de cores existentes no espectro da luz visível, por exemplo: verde, azul, amarelo, vermelho, etc. Nas resinas compostas, é identificado pelas iniciais A (marrom), B (ama-relo + marrom), C (cinza + marrom) e D (verme-lho + marrom). Croma, ou saturação, representa a intensidade da cor (azul claro / azul escuro); nas resinas compostas, é identificado pela nume-ração de 1 a 7, indicando a saturação de forma crescente8. Valor, ou luminosidade, representa a capacidade do objeto refletir ou absorver luz; as-sim, quanto maior o valor do material, mais opaco e branco será o objeto, tendo maior capacidade de bloquear e refletir a luz que incide sobre ele. Da mesma forma, ocorre o inverso: quando o ob-jeto possui baixo valor, esse é mais translúcido, permitindo grande passagem de luz e ficando mais acinzentado. Nas resinas, é identificado pe-las iniciais após o número da saturação, como: resinas opacas [D (dentina), B (body/corpo)] e resinas translúcidas ou esmalte [E (esmalte)]. Alguns fabricantes não identificam a luminosida-de, apresentando somente o matiz e a saturação (exemplo: resina A2).

Sendo assim, quando há uma queixa por parte dos pacientes em relação à cor da restauração, muitas vezes eles relatam tons mais claros (bran-cos) ou mais escuros (cinzas). Com base na re-visão dos conceitos citados anteriormente, fica fácil identificar que o erro pode ter ocorrido não na escolha do matiz ou croma/saturação, e sim no controle da luminosidade; ou seja: a espessura da camada de resina opaca pode ter ficado maior do que o necessário, deixando a restauração es-branquiçada, ou mais acinzentada, caso haja um excesso de resinas translúcidas.

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RELATO DE CASOPaciente do sexo feminino apresentou-se à

clínica do Curso de Especialização em Dentística da Faculdade ILAPEO, em Curitiba, com fratura da restauração do elemento #21 em nível cer-vical (Fig. 1). Após a análise clínica e radiográfi-ca da estrutura dentária e detalhada anamnese, verificou-se uma alteração de cor do substrato e ausência de pino de reforço intrarradicular. Ten-do em vista haver estrutura suficiente para a rea-lização de uma restauração direta, o plano de tra-tamento proposto foi a colocação intrarradicular

de um pino de fibra de vidro e a confecção de uma restauração estratificada com resinas com-postas. Em caráter emergencial, foi realizada so-mente uma restauração provisória (Fig. 2).

Em uma segunda intervenção, um pino de fibra de vidro foi cimentado no conduto intrarradicular, de acordo com as recomendações do fabrican-te (Fig. 3). Em seguida, o preparo do remanes-cente para a confecção de uma faceta direta foi realizado com o auxílio de uma ponta diamanta-da troncocônica de extremo arredado (Ref. 4138, KG Sorensen, Brasil) (Fig. 4).

Figura 1: Caso inicial, com fratura da restauração antiga em ní-vel cervical, em que se pode observar um leve escurecimento do remanescente.

Figura 3: Instalação de um pino de fibra de vidro (Whitepost DC, FGM), que serve para uma melhor distribuição das forças oclusais incidentes neste dente, assim aumentando a retenção da restauração.

Figura 4: Remoção da restauração antiga e preparo do remanes-cente dentário para uma faceta direta em resina composta, com uma ponta diamantada #4138 (KG Sorensen).

Figura 2: Restauração provisória com resina composta após constatação de normalidade pulpar e periodontal.

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Após o isolamento absoluto modificado, as estruturas de esmalte e dentina foram condicio-nadas com ácido fosfórico a 37% e, em seguida, hibridizadas com um sistema adesivo convencio-nal de frasco único. A estratificação iniciou-se com uma camada de resina altamente translú-cida para a confecção da base palatina (Opal-lis TN, FGM) (Fig. 5). Na sequência, o corpo da restauração foi confeccionado com as resinas opacas de dentina, inseridas em uma camada, com duas diferentes saturações, sendo a maior saturação do terço cervical (Opallis DA1) até o terço médio, e o tom menos saturado (Opal-lis D-Bleach) do terço médio até o terço incisal. Nesse último terço, foram confeccionados os sul-cos para a reprodução dos mamelos dentinários presentes no dente natural (Fig. 6).

Na borda incisal, foi inserida uma camada de resina de dentina (Opallis D-Bleach), de aproxima-damente 1 mm de espessura, para reprodução do halo opaco incisal (Fig. 7). Nos dentes naturais, esse halo é formado pelo encontro dos prismas de esmalte vestibular com os da face palatina, que dão uma percepção visual de linha branca para a região. Entre os mamelos, foi inserida uma resina translúcida (Opallis TY) para a reprodução da opa-lescência incisal (Fig. 8). Igualmente à camada de dentina, a camada de resinas translúcidas, corres-pondente ao esmalte, foi confeccionada com sa-turações distintas: Opallis E-A1 no terço cervical, Opallis E-B1 no terço médio e Opallis E-Bleach L no terço incisal. O resultado da interação dessas sa-turações pode ser observado na Figura 9. No ter-ço incisal e nas regiões interproximais, devido à grande quantidade de esmalte e alta translucidez dessas regiões, uma fina camada de resina trans-parente (Opallis VH), também denominada acro-mática, foi inserida, para aumentar a passagem de luz nessa região e permitir uma maior naturalidade da restauração (Fig. 10).

Figura 5: Primeira camada de resina composta altamente trans-lúcida inserida na região palatina, para a reprodução do con-torno externo do dente (Opallis TN, FGM) e inserção de uma resina opaca (Opallis D-Bleach) na interface entre o dente e a restauração.

Figura 7: Terceira camada da restauração, com uma resina de efeito esbranquiçado (Opallis D-Bleach), para a reprodução do halo opaco incisal, presente nos dentes naturais, principalmen-te de pacientes mais jovens.

Figura 6: Segunda camada da restauração, com os terços mé-dio e incisal (Opallis D-Bleach) menos saturados do que o terço cervical (Opallis DA1). Observe a confecção dos mamelos inci-sais nessa etapa da restauração.

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O resultado, principalmente de cor, nunca deve ser avaliado imediatamente após o térmi-no da restauração, pois os dentes adjacentes encontram-se desidratados e mais opacos do que o natural. Sempre é recomendado esperar, no mínimo, o dobro do tempo que se passou restaurando, para fazer essa avaliação. Nes-te caso, especificamente, ao avaliar a cor da restauração após o tempo recomendado, ob-servou-se que ela encontrava-se com menos luminosidade do que os dentes adjacentes, isto é, estava mais acinzentada, mais translú-cida (Fig. 11). A alternativa para corrigir essa situação é alterar a quantidade ou espessura dos materiais opacos e translúcidos utilizados na restauração. Se a ideia é aumentar a opaci-dade, o que temos a fazer é: remover as cama-das de resinas translúcidas, acrescentar mais resina opaca e refazer a porção do esmalte da restauração. Porém, quando simplesmente op-tamos por esse protocolo restaurador, muitas vezes nos falta espaço suficiente para fazer uma camada opaca mais espessa e, comportar as resinas translúcidas subsequentes. Dessa forma, existem duas opções que podem ser realizadas: 1) aumentar o espaço para a res-tauração, isto é, desgastar mais o dente; ou 2) utilizar um material de alta opacidade e pe-quena espessura. Com o intuito de preservar a maior quantidade de dente possível, o trata-mento proposto para corrigir a cor da restaura-ção foi a segunda opção.

O protocolo que utilizamos para os reparos em resina composta foram: 1) desgaste da resina com ponta diamantada grossa (Fig. 12); 2) jateamento com óxido de alumínio 50μm; 3) condicionamento com ácido fosfórico por 15s; 4) aplicação de silano por um minuto e evaporação com jato de ar, na se-quência; 5) aplicação do sistema adesivo e evapo-ração do solvente; e 6) restauração.

Figura 8: Quarta camada da restauração, com uma resina translúci-da (Opallis TY), para reprodução da opalescência dessa região.

Figura 9: Quinta camada da restauração, com resinas translúcidas em diferentes tonalidades, do terço cervical para o incisal (Opal-lis E-A1; E-B1; E-Bleach L), para a confecção da face vestibular.

Figura 10: Sexta camada da restauração (Opallis VH), inserida apenas nas regiões incisal e proximais dos dentes a serem restau-rados: serve para aumentar a translucidez da região, simulando a característica vítrea do esmalte natural.

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Figura 11: Resultado após a reidratação do dente restaurado e dos dentes adjacentes. A tonalidade mais acinzentada indica a necessidade de um reparo para o aumento da opacidade da restauração.

Figura 12: Remoção das camadas superficiais de resinas translúcidas, em um preparo do tipo estojado, sem remoção da borda incisal.

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O material de alta opacidade e baixa espes-sura utilizado logo após o adesivo foi o opacifica-dor líquido (Monopaque 110, Ivoclar Vivadent AG, Schaan, Liechtenstein) (Fig. 13 e 14). Na sequên-cia, foram aplicadas as camadas de dentina, es-malte e resina transparente, para finalizar a restau-ração (Fig. 15 e 16).

Os procedimentos de acabamento foram realizados, inicialmente, com a remoção dos ex-cessos cervicais com uma lâmina de bisturi #12

(Feather, Japão) (Fig. 17); uma lixa muito fina para acabamento interproximal (Epitex Salmão, GC, Japão) (Fig. 18); e um disco de lixa abrasi-va de granulação grossa, para o acabamento de contorno da restauração. Nessa etapa, pôde-se ajustar o formato externo e, também, definir adequadamente as áreas de reflexão e fuga de luz, aumentando ou diminuindo a área de espe-lho do dente restaurado, de acordo com o dente ao lado (Fig. 19 e 22).

Figura 13 e 14: Inserção de um opacificador líquido (Monopaque 110, Ivoclar Vivadent), para aumento da opacidade: observa-se que a fina camada é colocada somente nas áreas mais acinzentadas e não deve ser uma camada extremamente uniforme.

Figura 15: Camada de resinas de dentina, nas mesmas cores se-lecionadas inicialmente, porém sem a delimitação dos mamelos, para não transparecer a camada anterior de opacificador.

Figura 16: Camada de resinas de esmalte e transparente, para fi-nalizar a restauração.

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Figura 17: Remoção dos excessos cervicais de resina composta com uma lâmina de bisturi #12 (Feather).

Figura 19 e 20: Marcação das áreas de espelho do dente e da restauração, com um grafite preto, e verificação da simetria com o auxílio de um compasso de ponta seca.

Figura 18: Acabamento interproximal com uma lixa abrasiva ex-trafina (Epitex salmão – GC).

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Figura 21: Ajuste das áreas de espelho com um disco abrasivo de granulação grossa (Diamond Pro – FGM).

Figura 23 e 24: Texturização de superfície com um contra-ângulo multiplicador (WE-99 LED G, W&H) e pontas diamantadas (Ref. 3195 e 3195F, KG Sorensen).

Figura 22: Observa-se uma simetria entre as linhas que compõem as áreas de espelho do dente e da restauração.

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Na sequência, a reprodução das periquimá-cias e sulcos verticais de desenvolvimento foi realizada por meio de uma texturização de su-perfície, com pontas diamantadas de granulação grossa (Ref. 3195 KG Sorensen) e fina (Ref. 3195F KG Sorensen), montadas em um contra-ângulo multiplicador (WE-99 LED G, W&H). (Fig. 23 a 25).

O acabamento, em seguida, foi realizado com um disco de lixa de granulação média, para deixar a superfície mais lisa e menos rugosa. (Fig. 26) O polimento inicial foi realizado com um disco abrasivo extrafino (Fig. 27) e, por último, um dis-co de feltro com uma pasta de polimento para a obtenção do brilho final da restauração (Fig. 28).

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Figura 26 e 27: Polimento da restauração com discos abrasivos de granulações média e fina (Diamond Pro, FGM).

Figura 25: Resultado após a confecção das linhas horizontais, para simulação das periquimácias, e linhas verticais, para os sul-cos de desenvolvimento.

Figura 28: Polimento da restauração com um disco de feltro (Dia-mond Flex, FGM) e uma pasta de polimento à base de óxido de alumínio (Diamond ACII, FGM).

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Figura 29 a 32: Resultados imediatos.

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O resultado final imediato pode ser obser-vado nas Figuras 29 a 32 e, após dois meses de acompanhamento, nas Figuras 33 a 37.

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Figura 33 a 37: Resultado final extremamente satisfatório após dois meses de acompanhamento.

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CONCLUSÕESO tratamento restaurador direto com resinas

compostas, quando bem indicado e realizado de forma correta, é uma excelente alternativa em si-tuações de fraturas de dentes escurecidos, pois restabelece a harmonia entre a função e a estéti-ca, correspondendo às expectativas do paciente e aumentando sua autoestima, além de ser uma op-ção de tratamento mais conservadora em relação aos procedimentos restauradores indiretos.

AgradecimentosOs autores do presente artigo agradecem os

alunos Luiz Fernando Schlemper, Tiago Macario e Henrique Depine, pela colaboração e ajuda na execução do caso clínico relatado.

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