CONTROLE DE AMÔNIA EM AVIÁRIOS

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE PS-GRADUAO ESPECIALIZAO EM ENGENHARIA DE SEGURANA DO TRABALHO

RODRIGO ANTONIO ZANATTA

ANLISE DO CONTROLE DE AMNIA EM AVIRIOS

CRICIMA, JUNHO DE 2007

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RODRIGO ANTONIO ZANATTA

ANLISE DO CONTROLE DE AMNIA EM AVIRIOS

Monografia graduao Catarinense Especialista Trabalho.

apresentada Diretoria de Psda Universidade do Extremo Sul - UNESC, para a obteno do ttulo de em Engenharia de Segurana do

Orientador: Prof Dr. Antnio Augusto Ulson de Souza. Co-Orientadora: Prof. Dra. Selene M. A. Guelli U. de Souza.

CRICIMA, JUNHO DE 2007

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me permitido alcanar mais esta etapa; Aos meus pais, Ademir e Eliete, por terem sempre incentivado a busca por novos horizontes; Ao meu irmo Rafael, que, mesmo distncia forneceu apoio e estmulo para a realizao deste trabalho; Aos professores do Curso, que nos mostraram novos e instigantes caminhos do conhecimento; Aos colegas, com quem tambm tanto aprendemos; Ao Prof Orientador e Prof Co-Orientadora, Dr. Antnio Augusto e Dr Selene, pela pacincia, competncia e profissionalismo nos trabalhos de orientao, e por terem colocado seus amplos conhecimentos ao dispor deste trabalho; Aos produtores participantes do estudo, que gentilmente colaboraram com a realizao da pesquisa.

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RESUMO O avirio um dos elos da cadeia produtiva da avicultura e corresponde a uma etapa de produo que terceirizada e caracterizada pelos contratos de integrao entre frigorficos e proprietrios rurais. no avirio que ocorre o crescimento e a engorda dos pintinhos, que ali chegam e ficam at a poca do abate. Nesses locais, grande a ocorrncia de amnia (proveniente do metabolismo animal) produzida pela degradao microbiana do cido rico na cama de frango. A amnia, alm de causar significativas perdas econmicas para os criadores e integradores de aves, provoca danos sade humana. Com base nisso, o objetivo do trabalho verificar aspectos relacionados s condies de avirios, com nfase ao controle da amnia. Para tanto, foi realizada uma pesquisa de campo, exploratria-descritiva com produtores integrados que atuam nas regies sul e extremo sul do Estado de Santa Catarina, num total de 530. A amostra envolveu 10% dessa populao. O estudo justifica-se pelo fato de que, o emprego de prticas adequadas de manejo dos dejetos avcolas (processamento visando reduo de sua carga poluente e dos microorganismos patognicos) e o estabelecimento de critrios de utilizao eficientes e seguros, so essenciais para a manuteno e crescimento da avicultura como atividade econmica, bem como para a sade e segurana do trabalhador. Desse modo, essa atividade requer o controle eficaz da amnia. Palavras-chave: Avicultura, Avirios, Riscos Biolgicos, Amnia, Sade e Segurana do Trabalho.

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SUMRIO

1 INTRODUO ......................................................................................................06 1.1 Caractersticas do setor avcola no Brasil ......................................................06 1.2 Objetivos ............................................................................................................07 1.2.1 Objetivo geral .................................................................................................06 1.2.2 Objetivos especficos.....................................................................................06 1.3 Justificativa........................................................................................................08 1.4 Delimitao do estudo ......................................................................................08 2 REVISO DA LITERATURA .................................................................................10 2.1 Caractersticas do setor avcola no Brasil ......................................................10 2.2 A cadeia produtiva do setor .............................................................................10 2.3 Avirios ..............................................................................................................13 2.4 Caractersticas do trabalho em avirio............................................................17 2.5 Cama de frango .................................................................................................17 2.6 Amnia ...............................................................................................................17 3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS...............................................................24 4 RESULTADOS.......................................................................................................30 4.1 Dados do produtor ............................................................................................30 4.2 Informaes sobre a cama de frango..............................................................35 CONCLUSO ...........................................................................................................50 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .........................................................................52 APNDICE................................................................................................................54 ANEXO .....................................................................................................................58

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1 INTRODUO

O tema deste trabalho refere-se anlise do controle de amnia em avirios, com abordagem na rea de sade e segurana do trabalho, e nfase ao ambiente deste setor. O tema originou-se do fato de que a atividade avcola no Brasil vem se destacando no cenrio comercial como um dos maiores produtores de carne de frango do mundo. Com isso, o parque agroindustrial avcola do Estado de Santa Catarina vem se expandindo continuamente e tem contribudo consideravelmente para esse bom desempenho do setor.

1.1 Caracterizao do problema

No Estado de Santa Catarina, a atividade avcola de corte realizada por meio de modelos de integrao com produtores. Produo integrada um sistema de produo de frangos de corte, realizado em parceria, de forma contratual, entre uma indstria, cooperativa, etc (chamada de integradora) e o produtor de frangos (chamado de integrado), que atuam nos chamados avirios. Contudo, o ambiente de trabalho em avirios, segundo Fernandes e Furlaneto (2004), tem sido motivo de discusses no que se refere ocorrncia de riscos biolgicos relacionado sade do homem, sendo pouco estudado pelos profissionais que atuam no setor. Riscos biolgicos, na definio de Couto (2003), so os microorganismos, os alrgenos de origem biolgica e os produtos derivados do metabolismo microbiano (endotoxinas e micotoxinas). Neste sentido, sabe-se que os trabalhadores em avirios esto expostos a riscos biolgicos, notadamente os relacionados amnia, que produzida pela

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degradao microbiana do cido rico na cama de frango. Isso porque, a exemplo de todos os resduos animais, os dejetos de aves contm microorganismos patognicos (bactrias, vrus e parasitas) capazes de desencadear doenas ou servirem de vetor ao desenvolvimento de insetos, vermes e roedores. Segundo Lott & Donald (2005), a amnia um gs incolor e irritante, gerado a partir da decomposio microbiana dos dejetos, que causa significativas perdas econmicas para os criadores e integradores de aves, alm de danos sade, com o agravante de que, a maioria dos criadores desconhece as perdas ocasionadas pela concentrao de amnia em seus galpes. Na verdade, na cama de avirio, relatam Fernandes e Furlaneto (2004), pode ser encontrado o equivalente flora bacteriana intestinal das aves, acrescido de patgenos eventuais. Neste contexto, o problema de pesquisa que norteia o presente estudo pode ser delimitado: Quais as condies de avirios com relao ao controle da amnia em um grupo de produtores do Sul do Estado de Santa Catarina, que podem ser alvo de ateno da rea de Segurana do Trabalho?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Norteado pela questo acima, o objetivo geral do estudo verificar os aspectos relacionados s condies de avirios, com nfase ao controle da amnia, em um grupo de produtores do Sul do Estado de Santa Catarina.

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1.2.2 Objetivos especficos

Como objetivos especficos, o trabalho pretende: 1) Caracterizar o setor avcola no Brasil; 2) Abordar os componentes da cadeira produtiva do setor, com destaque aos produtores integrados; 3) Identificar as caractersticas do trabalho em avirio; 4) Discutir aspectos sobra a cama de frango; 5) Conceituar amnia, considerando a importncia de seu manejo eficaz para a sade e segurana do trabalhador em avirio.

1.3 Justificativa

A relevncia do estudo assenta-se no fato de que a anlise dos aspectos relacionados s condies de avirios, com nfase na amnia, poder ampliar a discusso sobre as formas de preveno desse risco biolgico especfico do trabalho em avirios, portanto, de interesse para a rea de Sade Segurana do Trabalho. Alm disso, o estudo justificado pela acentuada presena de produtores de aves na regio.

1.4 Limitaes do estudo

Como limitao do estudo, salienta-se que o mesmo detm-se apenas amnia, no estendendo a pesquisa a outros riscos biolgicos ocorrentes em avirios.

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Por

outro

lado,

outro

fator

limitante

a

amostra

abranger

produtores/trabalhadores da regio Sul do Estado de Santa Catarina.

1.5 Estrutura do trabalho

Visando sistematizar o estudo de forma ordenada, o mesmo foi estruturado em partes distintas. O Captulo 1 traz os itens introdutrios do estudo, onde se verificam o tema, o problema, os objetivos (geral e especficos), alm da relevncia, limitaes e forma de estruturao do trabalho. Na seqncia, o Captulo 2 apresenta-se a reviso da literatura, que embasa teoricamente o trabalho. Num primeiro momento, caracteriza-se o setor avcola no Brasil, aborda-se o sistema de produo em avirios, a caracterizao do trabalho nesses locais, alm de aspectos sobre a cama de frango e amnia. O Captulo 3 descreve os procedimentos metodolgicos adotados para a realizao do estudo, descrevendo o tipo de pesquisa, a populao e a amostra, o mtodo e a tcnica de coleta dos dados, bem como as variveis (questes) que integram o roteiro para a coleta dos dados. No Captulo 4 so apresentados os resultados da pesquisa, onde tambm se faz a discusso dos dados obtidos na pesquisa de campo. O trabalho segue com a Concluso, as Referncias Bibliogrficas e Apndice.

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2 REVISO DA LITERATURA

2.1 Caracterizao do setor avcola no Brasil

O avano do setor da avicultura ocorreu a partir da Segunda Guerra Mundial, pois at ento, a avicultura era uma atividade artesanal e de pouca importncia econmica. Segundo Michels (2004), os criadores no tinham conhecimento dos cuidados necessrios nutrio das aves, obtendo, por esta razo, pouca produtividade. Com o advento da guerra e com o aumento da

demanda por carnes vermelhas, foi necessrio aumentar a produo de carnes alternativas, de preferncia as obtidas mediante pequenos animais que permitiriam o consumo num curto espao de tempo. Diante dessa demanda, os Estados Unidos comearam a desenvolver pesquisas para obter novas linhagens, raes e alimentos que atendessem aos requisitos nutricionais das aves. Tambm foi desenvolvido o setor de medicamentos especficos para a avicultura. O mesmo foi feito, no perodo ps-guerra, na Europa. Mais recentemente, as carnes brancas tm sido valorizadas pelos consumidores baseados na busca de uma dieta saudvel e equilibrada, em funo de valores culturais que se relacionam a um novo enfoque sobre sade, corpo e estilo de vida. Para Rocha (2002), o ritmo da expanso e a consolidao do complexo avcola podem ser explicados, principalmente, pela difuso da avanada tecnologia nas reas de gentica, nutrio, manejo, sanidade e equipamentos. As tcnicas ajudam a diminuir o tamanho do ciclo produtivo, aumentando a oferta, reduzindo preos e, conseqentemente, levando s mudanas nos hbitos alimentares. Rocha

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(2002) tambm considera os motivos religiosos, que surgem a partir do crescimento de seitas e religies que restringem o consumo de certos tipos de protena animal, alterando o perfil do consumidor de carnes. Tais fatores contriburam para transformar a avicultura numa atividade industrial bastante desenvolvida. No Brasil, de acordo com Michels (2004), os reflexos dos avanos nesse setor comearam a se propagar no final da dcada de 1950, quando se iniciaram as importaes de frangos de linhagens hbridas americanas, mais resistentes e produtivas. Com elas, padres de manejo e alimentao foram se alterando gradativamente. Sobre o tema, Michels (2004) ainda destaca que, em dez anos, a produo de carne de frango no Brasil aumentou 156,4%, passando de 2,6 mil toneladas em 1991 para 6,7 mil em 2001. Foram geradas divisas de aproximadamente 806 milhes de dlares e, cerca de 90 pases compram o produto brasileiro, principalmente devido sua qualidade, sanidade e preo. No mercado interno, o consumo de 2001 foi de 29,5 per capita, superando todos os recordes anteriores. A produo mundial de carne de frangos, segundo Michels (2004), cresceu quase 72% na dcada de 1990, passando de 34 milhes de toneladas em 1990 para 58 milhes de toneladas em 2000. Em 2001, a produo foi de 68,5 milhes de toneladas, um crescimento de 17% que superou as estimativas de aumento de 15%, que geraria uma produo de 59 milhes de toneladas. A carne de frango representa mais de 90% do comrcio de carne de aves no mundo. Segundo Rocha (2002), todos os continentes produzem carne de aves no mundo, da granja ao processamento industrial. Ainda conforme Rocha

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(2002), o rebanho mundial de aves aumentou cerca de 36%, enquanto as demais espcies tiveram um incremento mais modesto. Os Estados Unidos figuram como o maior produtor mundial de frangos, com 14 milhes de toneladas em 2001, o que corresponde aproximadamente 35% do mercado mundial. Alm de se posicionarem como o maior produtor mundial, os Estados Unidos aparecem como grandes consumidores, absorvendo cerca de 26% do consumo mundial. A China vem em segundo lugar, com 13,2%, e o Brasil ocupa a terceira posio, com um consumo que representa mais de cinco milhes de toneladas, alcanando 12% do total. O Brasil o segundo maior exportador mundial, tendo exportado 1,150 milho de toneladas em 2001, cerca de 19,5% do comrcio mundial. Ainda com relao importncia desse setor para a economia brasileira, Frana (2006) destaca que, dos US$ 6.177.754 mil de carnes exportadas pelo Brasil em 2004, US$ 2.594.883 mil foram oriundos da venda de frangos, representando uma participao de 42% do total das exportaes e o primeiro lugar geral em relao ao total exportado.

2.2 A cadeia produtiva do setor

O processo inicial de criao de frangos de corte no Brasil, relata Frana (2006), consistia em uma grande quantidade de produtores independentes estabelecendo relaes comerciais com empresas especializadas (fbricas de raes, incubatrios e abatedouros). Porm, esses foram gradativamente sendo substitudos pelas grandes empresas verticalizadas. Neste ambiente ocorreu

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tambm a emergncia do sistema de integrao, a oligopolizao do sistema de produo de frango e a subordinao da propriedade rural grande indstria. Segundo Michels (2004), os proprietrios dos avirios se caracterizam por exercerem atividade rural de pequeno porte, num sistema denominado integrao. Esse sistema que se caracteriza por um contrato de exclusividade com a empresa/abatedouro do frango, no que diz respeito venda de aves. O sistema de integrao denomina o proprietrio do avirio de integrado, e a empresa de integradora. Esse sistema foi um fator de grande relevncia para o crescimento da avicultura. Os sistemas integrados de produo podem ser entendidos como uma parceria entre a empresa e os produtores, na qual o produtor recebe todos os insumos (pintos de at trs dias, rao, medicamentos e orientao tcnica) e se encarrega da criao e engorda das aves at a idade do abate, recebendo como pagamento um valor definido por um ndice calculado pela empresa. Sobre o sistema de integrao, Michels (2004) afirma que um dos sustentculos da avicultura so as integraes. Tendo sido iniciada na regio Sudeste, a avicultura brasileira experimentou notvel desenvolvimento no Sul, devido estrutura industrial j instalada, produo de gros e, principalmente, ao sistema de integrao. Em razo do nmero acentuado de pequenas propriedades, o sistema integrado teve excepcional evoluo na regio Sul. No Brasil, houve uma progressiva verticalizao do complexo avcola, com a intensificao da integrao, mediante contrato entre criadores e empresa de abate e processamento de carnes. Michels (2004) relata que esse sistema se disseminou largamente, em especial no Estado de Santa Catarina, estendendo-se depois para o Rio Grande do Sul e Paran e, posteriormente, para So Paulo, Minas

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Gerais e Mato Grosso do Sul. Tais transformaes na estrutura produtiva possibilitaram a consolidao dos grandes frigorficos do Sul e sua expanso para outras regies que hoje tm participao majoritria no abate de frangos no pas. Cleps Jnior e Pelegrini (2000) caracterizaram a produo integrada na regio Sul do Brasil como sendo uma atividade tpica de pequenos produtores.

2.3 Os avirios

O avirio um dos elos da cadeia produtiva da avicultura, e corresponde a uma etapa de produo que terceirizada e caracterizada pelos contratos de integrao entre os frigorficos e proprietrios rurais. no avirio que ocorre o crescimento e a engorda dos pintinhos, que ali chegam com trs dias, e ficam at a poca do abate. Os avirios esto sob a responsabilidade do proprietrio, chamado de integrado, que se responsabiliza, atravs de contrato firmado com a empresa, a construir o avirio e fazer a instalao dos equipamentos necessrios, quase sempre financiados. Alm disso, o integrado obrigado a arcar com a manuteno e conservao dos galpes, das instalaes dos equipamentos, devendo os mesmos estarem adequados s exigncias tcnicas. Tambm precisam bancar as despesas com gua, luz, gs, com a maravalha (cama de frango), alm das despesas com mo-de-obra, dos encargos previdencirios e trabalhistas. A rea construda dos avirios depende da quantidade de frangos a ser alojado. Geralmente, segundo Fernandes (2004), os avirios utilizados pelas agroindstrias so estruturas retangulares que possuem uma rea construda de aproximadamente 1.200, a 2.400,00 m2. A concentrao considerada como ideal

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de 12 aves por m2, que so abatidas ao redor de 36 a 45 dias de idade, com peso aproximado de 2,30 kg. Conforme Miragliotta et al. (2002), a criao de frangos em alta densidade, alojando de 16 a 20 frangos por m2, visa a um rendimento produtivo superior a 30 kg de carne por m2, o que possibilita uma melhor relao custo/benefcio para o produtor. No entanto, prosseguem os autores, a maior quantidade de calor produzida por rea eleva a temperatura ambiente gerando estresse calrico, caso a instalao no seja corretamente aclimatizada, o que resulta em prejuzo ao desempenho produtivo das aves. Geralmente, os avirios apresentam uma grande porta de entrada em uma extremidade e, lateralmente, existe uma meia parede de tijolos, que complementada at o teto por um aramado. Esse aramado possui, na face externa, uma cortina de plstico removvel, conforme a necessidade dos animais por mais ou menos calor. Os equipamentos bsicos existentes nos avirios so os bebedouros e comedouros (automticos ou manuais), ventiladores, nebulizadores, aquecimento (a gs ou a lenha), termmetros. Isso porque, a sobrevivncia de frangos nos avirios exige a adoo de cuidados intensivos sendo que a temperatura ambiente de extrema importncia para se manter o nvel de mortalidade o mais baixo possvel. Qualquer variao brusca da temperatura pode comprometer toda a criao. Em alguns avirios, existem equipamentos automticos com termostato, que controlam a temperatura sem a interferncia do homem. Os avirios com tecnologia mais avanada possuem paredes que permanecem midas para manter a qualidade do ambiente, entre outros recursos. Os equipamentos e o ambiente visam oferecer ao frango de corte um local higinico e protegido, que no permita a entrada de predadores e que possa

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evitar extremos de temperatura e umidade. Por isso, deve ser oferecido um local que permita ave alcanar a performance tima em termos de taxa de crescimento, uniformidade, eficincia alimentar e rendimento de carne, alm de assegurar sade e bem-estar das aves, e aos seus criadores no manejo da cultura. A higiene dentro e fora do galpo, independente do seu tamanho importantssima, pois evita diversos problemas sanitrios na criao. Os principais procedimentos de manejo sanitrios so: - Manter os galpes sempre limpos e desinfetados aps cada criada - Fazer o vazio sanitrio de pelo menos 15 dias aps a desinfeco do galpo. - Aplicar corretamente as vacinas e medicamentos necessrios. - Evitar o trnsito de pessoas e animais ao redor do galpo. - No guardar restos da cama do lote anterior no galpo onde se est alojando novo lote. - Recolher todas as aves mortas diariamente e deposit-las em fossas, obedecendo, uma distncia mnima de 150 metros da granja. - Fazer o controle de insetos e roedores principalmente entre os lotes. Guahyba (1997) considera que o objetivo dessas e de outras medidas atingir a performance desejada em termos de peso vivo, converso alimentar e rendimento de carne com desenvolvimento timo das funes vitais das aves, como cardiovascular, pulmonar, desenvolvimento do esqueleto e sistema imunolgico.

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2.4 Caractersticas do trabalho em avirio

O trabalhador de avirio tem uma rotina de tarefas variadas, no permanecendo no ambiente do avirio durante toda a jornada de trabalho. Fernandes e Furlaneto (2004) descrevem essas atividades, lembrando que existem basicamente dois tipos de avirios, com atividades distintas: o avirio de reproduo e o avirio de frangos de corte. Os autores identificaram as seguintes atividades e o respectivo tempo de realizao aproximado das mesmas, no avirio de reproduo: - Limpeza de comedouros: trata-se de uma tarefa realizada uma vez ao dia, com durao aproximada de 30 minutos, onde feita a higienizao dos comedouros das aves; - Limpeza de avirio: atividade realizada a cada 14 meses, com durao de um dia aproximadamente, quando retirada a cama do avirio e higienizada; - Revolvimento da cama do avirio: atividade realizada uma vez por semana, onde feita uma redisposio dos elementos da cama do avirio, com durao aproximada de quatro horas; - Fumigao: dispor de substncias qumicas no avirio, para manejo de pragas e outras utilidades, tarefa semanal com durao de duas horas; - Retirada de aves mortas e doentes: tarefa diria, com aproximadamente dez minutos de durao; - Carregamento de aves: realizado a cada 14 meses, com um dia de durao; - Coleta de ovos: tarefa diria, realizada oito vezes por jornada de trabalho, com durao aproximada de 30 minutos por coleta;

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- Colocao de rao nas caambas: realizada diariamente, pela manh, para disponibilizar posteriormente a rao nos comedouros; - Outras atividades nas reas externas do avirio, tais como capinagem, seleo de ovos e limpeza. Nos avirios de corte, prosseguem os autores, as atividades so semelhantes, entretanto realiza-se carregamento de aves a cada 45 dias alm de atividade de vacinao dos animais a cada lote. Esses locais contm amnia (proveniente do metabolismo animal), monxido de carbono (proveniente do aquecimento a gs), cido sulfdrico (proveniente do esterco lquido) e poeiras orgnicas que permanecem no ar como bioaerossis, contendo excrementos de aves, penas e caspa, insetos, caros e partes deles, alm de microorganismos como bactrias, vrus e fungos, toxinas e histamina. Embora em quantidade menor que em serrarias, pode ainda conter p de madeira em suspenso, derivado da mistura do mesmo com a maravalha. A existncia dessa poeira em suspenso deve-se principalmente viragem da cama do avirio, atividade recomendada para aerar, aumentar a superfcie de secagem e evitar aumento de temperatura do local, que, dependendo da fase de crescimento dos animais, realizada at diariamente.

2.5 A cama de frango

Fernandes (2004) relata que o piso cimentado do galpo recoberto por um material chamado de maravalha (cama de frango), um composto que contm principalmente serragem de madeira, utilizado com a finalidade de absorver a

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umidade do galpo, diluir a matria fecal e isolar as aves do contato direto com o piso, atuando como um colcho protetor. O material utilizado para cama de avirio variado: raspas ou serragem de pinho ou eucalipto, alm de outros tipos variados de madeira. Em algumas regies, so tambm utilizadas cascas de arroz, amendoim, caf, bagao de cana, palha, feno, capim, madeira e papel. Geralmente, a casca de arroz o material mais utilizado na cama de frango, e pela baixa capacidade de absoro, apresenta empastamento devido ao uso de nebulizao e prtica de reutilizao. Segundo Brando (1995), o empastamento da cama aumenta a umidade relativa do ambiente, comprometendo a perda de calor das aves por meio da evaporao por via respiratria e favorece a decomposio microbiana do cido rico, ambos prejudiciais produo avcola e sade do trabalhador. Neste sentido, a serragem mida ou a presena de resduos de gros (milho, amendoim e arroz) de elevado risco para a presena de esporos e condeos de fungos patognicos e micotoxinas, e so praticamente impossveis de ser eliminados. caros, piolhos, carrapatos e outros insetos podem ser veiculados por materiais da cama. Em contrapartida, a cama de frango o nico subproduto bsico da avicultura comercial, ou seja, pode ser comercializada para fins de adubao orgnica (fertilizante natural). De acordo com Perdomo (1999), esse material rico em nitrognio, fsforo e potssio e vem sendo tradicionalmente empregado como fonte de nutrientes para cultivos de vegetais e na correo e melhoria das condies fsicas, qumicas e biolgicas do solo. De acordo com Fernandes e Furlaneto (2004), detectou-se 31 gneros distintos de bactria na cama, com 82% predominando bactrias gram-positivas,

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principalmente Lactobacillus sp e Salinococcus sp e alguns Clostridium sp, Staphylococcus sp e Bordetella sp. Contudo, pelo fato deste trabalho deter-se especificamente com relao amnia e seus riscos para o trabalhador desse setor, no item a seguir discorre-se sobre esse risco biolgico com mais profundidade.

2.6 Amnia

De acordo com Oliveira et al. (2004), a amnia produzida pela degradao microbiana do cido rico na cama de frango. Fernandes e Furlaneto (2004) assinalam que a biota da cama uma combinao de material com fezes e gua (urina). A umidade da cama, independente do tipo de material, o principal fator determinante para o aumento da proliferao microbiana e aumento de temperatura com fermentao e liberao de gases como nitritos, nitratos, amnia e sulfato de hidrognio. O equilbrio dinmico dos microorganismos areos depende da intensidade e taxa de eliminao dos mesmos, determinado pela idade e pela sade dos animais, pelo tipo de disposio do esterco, pela viabilidade e infectividade dos microorganismos, pela diluio, pela ventilao e pelo efeito da sedimentao. Os nveis de amnia at 50 ppm no so percebidos como nocivos pelos criadores, pois teoricamente, conforme Lott & Donald (2005), o olfato humano no detecta a presena de amnia em nveis abaixo de 20 ppm. Alm disso, os humanos perdem a sua sensibilidade olfativa depois de longas ou repetidas exposies ao mesmo odor. Dessa forma, os trabalhadores so afetados muito antes que o problema seja percebido ou identificado. Nesse sentido, Sainsbury (apud

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MIRAGLIOTTA, 2005) afirma que at 50 ppm, considera-se seguro para a sade do trabalhador. De 50 a 100 ppm, a amnia pode ser inalada sem grandes conseqncias. De 100 a 200 ppm, a amnia induz sonolncia, salivao e inapetncia. Sobre isso, Miragliotta (2005) tambm expe que, em muitos pases, o limite de concentrao de amnia para trabalho de 8 h/dia de 25 ppm e para curtos perodos de exposio, este nvel aumenta para 35 ppm. Na Sucia, o nvel mximo para permanncia do trabalhador, de 10 ppm. No Brasil, a legislao permite a concentrao mxima de 20 ppm no ar, dentro da indstria durante o turno de 8 h/dia de trabalho. Para as condies brasileiras de produo de frangos de corte, Alencar et al. (apud Miragliotta, 2005), observaram reduo na capacidade respiratria em trabalhadores de granjas de baixa mecanizao, com mais de 4 anos de atividade, este risco foi potencializado em trabalhadores fumantes. O referido estudo recomenda o limite mximo de permanncia de 5h/dia para atividades dentro dos galpes. Em funo disso, Fernandes e Furlaneto (2004) relatam que a cama deve ter uma taxa de umidade que no gere poeira em excesso, nem fique muito mida, com excesso de proliferao de microorganismos. Uma cama com 21,9% de umidade no apresenta Salmonella, Escherichia coli, Listeria, Campylobacter ou Staphylococcus toxignicos. Porm, segundo os autores, a partir da anlise da

microbiologia da cama aviria detectou-se 31 gneros distintos de bactria na cama, com 82% predominando bactrias gram-positivas,principalmente Lactobacillus sp e Salinococcus sp e alguns Clostridium sp, Staphylococcus sp e Bordetella sp (Anexo 1).

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Lott & Donald (2005) lembram que a formao da amnia nos avirios requer trs condies: 1) dejetos, 2) calor, 3) umidade. De acordo com os autores, o mais importante destes fatores, dentro do manejo de cama, o controle de umidade. Um bom manejo comea com um controle rigoroso da umidade das forraes, mesmo antes de coloc-las no avirio. Uma forrao manuseada incorretamente e mida, certamente ocasionar problema de controle de amnia. Ainda segundo Lott & Donald (2005), produtos para o tratamento das camas tm-se mostrado efetivos e esto sendo bastante recomendados e adotados por criadores. Porm, a umidade continua sendo a chave para o sucesso deste tratamento. Um erro comum entre os criadores interromper a ventilao aps o tratamento das forraes pensando que no tero mais amnia. Porm, mesmo com a utilizao de produtos para o controle de amnia, um mnimo de ventilao deve ser cuidadosamente mantido para remover uma parte da umidade dos avirios. Se a ventilao for reduzida abaixo da recomendada, a umidade aumentar dentro do galpo e na forrao, o que promover uma acelerao nas reaes qumicas, eliminando rapidamente o produto controlador de amnia. Desta forma, tem-se um bom controle de amnia nos primeiros dias e nenhum no restante do perodo de alojamento. O controle inadequado da ventilao pode promover mais amnia em um galpo com tratamento das forraes do que em outro sem tratamento. Com relao quantidade de ventilao necessria, Lott & Donald (2005), consideram que, com cama nova, na maioria dos galpes, recomenda-se um tempo de ventilao da ordem de 45 segundos a cada cinco minutos. Se a cama for usada, este valor sobe para um minuto. Entretanto, para se definir o tempo exato de ventilao para cada situao recomenda-se consultar um especialista. Em camas reutilizadas, para se minimizar o problema da amnia o importante manej-la,

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imediatamente aps o desalojamento das aves. Caso no tenha disponibilidade de remoo ou compostagem durante o vazio sanitrio, o criador deve remover os torres maiores e manter as cortinas do avirio fechadas de forma a manter uma temperatura favorvel ao desprendimento da amnia. Quanto mais amnia for emitida neste perodo menor ser a concentrao quando as aves forem alojadas. Deve-se utilizar a ventilao somente o necessrio para evitar a condensao dentro do avirio. Estes procedimentos no devem ser efetuados nas vsperas do alojamento. Outro mtodo para a o controle da amnia, prosseguem Lott & Donald (2005), a utilizao de agitadores de ar ou ventiladores dentro dos avirios de forma a promoverem a movimentao e gerarem uma diferena de presso entre o exterior e o interior do avirio. Este sistema aplicado apenas em galpes fechados, onde no h ventilao tipo tnel e em casos em que no recomendvel o insulamento do ar externo direto sobre as aves. Com relao a este aspecto, Guahyba (1997) cita que a maravalha utilizada para a cama deve estar bem seca. Alm disso, antes de entrar no avirio, esta maravalha deve sofrer pulverizao com produto desinfetante (soluo iodada). Conforme se verifica, a cama de um avirio um importante fator que interfere nas condies sanitrias e no bom desenvolvimento do lote. O material usado quando espalhado no galpo deve cobrir todo o seu piso, com o mximo de uniformidade, com a altura ideal variando de acordo com a poca do ano: 5 a 8 cm no vero e de 8 a 10 cm no inverno. Alm disso, uma cama de boa qualidade deve apresentar algumas propriedades indispensveis: - Uma excelente capacidade de absorver a umidade, evitando o empastamento da mesma dentro do crculo;

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- Baixa condutividade trmica (bom isolamento do piso); - Partculas de tamanho mdio; - Liberao rpida de umidade; - Umidade por volta de 20 a 25%; - Fcil Disponibilidade. O emprego de prticas adequadas de manejo dos dejetos avcolas (processamento visando reduo de sua carga poluente e dos microorganismos patognicos) e o estabelecimento de critrios de utilizao eficientes e seguros so essenciais para a manuteno e crescimento da avicultura como atividade econmica. Desse modo, essa atividade requer o controle eficaz da amnia.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS

A metodologia aponta o caminho a ser seguido, norteando as aes do pesquisador, por meio de fontes e ferramentas. De acordo com Lakatos e Marconi (2006), diferentes metodologias requerem formas diversas de coleta e de anlise de dados, de maneira a atender aos objetivos da pesquisa, tanto tcnica como economicamente. Ainda conforme os mencionados autores, o mtodo o caminho pelo qual se chega meta, sendo a essncia da descoberta e do fazer cientfico. Alm disso, representa o aspecto formal da pesquisa, o plano pelo qual se pem em destaque as articulaes entre os meios e os fins, por intermdio de uma ordenao lgica de procedimentos. Desse modo, neste captulo busca-se demonstrar a trajetria adotada para a obteno dos dados de importncia para o estudo. Apresenta-se os diversos aspectos referentes aos procedimentos metodolgicos adotados. Para cumprir os objetivos pretendidos, foi realizada uma pesquisa de campo, do tipo exploratrio e descritiva, com abordagem quantitativa. A pesquisa de campo, segundo Lakatos e Marconi (2006), tem por objetivo conseguir informaes e/ou conhecimentos acerca de um problema tal como ocorrem espontaneamente no locus onde os fenmenos ocorrem, fornecendo a oportunidade de conhecer mais profundamente as realidades envolvidas pela pesquisa. Contudo, num primeiro momento, a pesquisa de campo requer uma pesquisa exploratria (bibliogrfica) sobre o tema em questo, que servir para se conhecer aspectos que envolvem o tema e as opinies na literatura sobre o assunto. Alm disso, permite estabelecer um modelo terico inicial de referncia sobre o tema

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trabalhado. Tambm conhecida como pesquisa bibliogrfica, a pesquisa exploratria o passo inicial no processo de pesquisa cientfica e, segundo Cervo e Bervian (2002, p. 48), procura explicar um problema a partir de referncias tericas publicadas em documentos [...]. Busca conhecer e analisar as contribuies culturais ou cientficas existentes sobre um determinado assunto. Portanto, o objetivo da pesquisa exploratria conhecer e analisar as principais contribuies tericas existentes sobre um determinado tema ou problema, tornando-o um instrumento indispensvel para qualquer tipo de pesquisa. Num segundo momento, realizou-se uma pesquisa descritiva,

desenvolvida a partir de dados primrios. As pesquisas deste tipo, para Cervo e Bervian (2002, p. 49), observam, registram, analisam e correlacionam fatos ou fenmenos sem manipul-los. Procura descobrir, a freqncia com que um fenmeno ocorre, sua relao e conexo com outros, sua natureza e

caractersticas. Tem por objetivo obter informaes para descrever e interpretar a realidade investigada. Com relao abordagem do problema, a pesquisa assume caracterstica quantitativa. Essa forma de abordagem utiliza dados que podem ser quantificados, com a anlise dedutiva dos resultados, que pode ser concebida como o processo de dar significado aos dados coletados em campo. No que se refere populao investigada, considerou-se como universo de pesquisa, todos os profissionais que trabalham como produtores integrados no setor de avicultura instalados na regio Sul e Extremo Sul do Estado de Santa Catarina, num total de 530. Por ser uma populao bastante ampla, a amostra selecionada compreendeu 53 profissionais, que corresponde a 10% da populao considerada. Desse modo, a amostra foi selecionada pelo critrio de

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intencionalidade e de acessibilidade. Segundo Lakatos e Marconi (2006), em uma amostra intencional, os indivduos so selecionados a partir de certas caractersticas tidas como relevantes pelos pesquisadores, mostrando-se mais adequada para a obteno de dados de natureza qualitativa. Portanto, foi utilizada uma amostragem intencional com sujeitos que vivenciam o problema em estudo. Tambm utilizou-se a amostragem por acessibilidade, ou seja, as entrevistas, realizadas mediante a aplicao de questionrio, foram aplicadas a profissionais a que se teve fcil acesso, pois na amostra intencional, em estudos quantitativos, explicam Lakatos e Marconi (2006), pode-se adotar o critrio da acessibilidade, pois o pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que, de alguma forma, estes possam representar o universo. Utilizou-se a entrevista estruturada, enquanto a tcnica para a realizao da entrevista foi um roteiro estruturado (questionrio). As pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogao direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se solicitao de informaes a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante anlise, obterem-se as concluses correspondentes aos dados coletados. Segundo Cervo e Bervian, (2002), a entrevista tem a vantagem essencial de que so os mesmos atores sociais que proporcionam os dados relativos s suas condutas, opinies, desejos e expectativas, coisas que, pela sua prpria natureza, impossvel perceber de fora. Foi utilizado um roteiro estruturado para a coleta dos dados (tambm denominado de questionrio) constando basicamente de perguntas fechadas. O roteiro foi dividido em duas partes, relacionadas ao interesse da pesquisa: dados do produtor e informaes sobre a cama do avirio.

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A

estrutura

do

questionrio

encontra-se

representada

a

seguir,

considerando-se os itens de cada questo:

1 Dados do Produtor: 1.1) Localizao dos trabalhadores pesquisados: Com esta questo, objetiva-se verificar o perfil dos entrevistados quanto ao seu local de instalao. 1.2 ) Idade do produtor: Este item do questionrio visa estabelecer a faixa etria do grupo entrevistado. 1.3) Tempo de atuao no ramo: Com esta questo, objetiva-se evidenciar quanto tempo os trabalhadores entrevistados esto expostos aos riscos associados funo. 1.4) Jornada de trabalho diria no avirio: O intuito dessa varivel verificar quanto tempo dirio o trabalhador exerce sua funo. 1.5) Nmero de galpes : Com esta questo, procura-se evidenciar o nmero de galpes com os quais os trabalhadores pesquisados trabalham, que encontra-se bastante relacionada com a maior probabilidade de riscos ocupacionais, devido ao maior permanncia aos fatores de risco, em especial a amnia. 1.6) Nmero de aves por galpo : Com esta varivel, buscou-se verificar qual o nmero de aves por galpes predominante na amostra selecionada. 2 Informaes sobre a cama de frango: 2.1) Principal material utilizado na cama de frango: Esta questo objetiva a identificao do principal material utilizado na cama de frango que predomina nos avirios pesquisados. 2.2) Perodo de substituio da cama de frango: Neste item, a pesquisa visa levantar a freqncia com que ocorre a substituio da cama nos galpes.

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2.3) Perodo de viragem da cama: Com esta varivel, busca-se evidenciar o perodo em que os produtores entrevistados executam a viragem da cama de frango. 2.4) Assepsia para alojar um novo lote na mesma cama: O item permite diagnosticar se a higienizao uma prtica adotada pelos produtores quando alojam um novo lote em uma cama j utilizada. 2.5) Forma utilizada para assepsia: Nesta pergunta, buscou-se evidenciar a utilizao de diferentes procedimentos para a realizao da assepsia nos avirios. 2.6) Comercializao ou utilizao da cama para adubao orgnica: O

objetivo da questo foi verificar se nos avirios pesquisados efetuam a comercializao ou utilizao da cama para adubao orgnica. 2.7) Forma de remoo da cama: Nesta varivel, considerou-se qual a forma utilizada pelos produtores para a remoo da cama do avirio. 2.8) Percepo do cheiro de amnia: Com esta questo, tem-se por objetivo evidenciar se os produtores percebem o cheiro de amnia nos galpes. 2.9) Forma de controle da amnia: O objetivo desta questo o de obter o procedimento adotado pelos produtores para a realizao do controle da amnia nos avirios. 2.10) Interrupo da ventilao aps o tratamento das forraes: Com este item, busca-se levantar qual o sistema de ventilao utilizado aps o tratamento das forraes nos avirios. 2.11) Uso de Equipamentos de Proteo Individual: Nessa questo, procura verificar se os produtores entrevistados utilizam EPI na rotina de trabalho nos galpes.

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2.12) Histrico de problema de sade associado ao ambiente de trabalho: Essa varivel objetiva conhecer se os trabalhadores j registraram ou registram algum problema de sade relacionado ao ambiente de trabalho. O questionrio foi aplicado no ms de maro de 2007, no local de trabalho dos entrevistados. As respostas foram tratadas com base em estatstica descritiva e interpretadas de acordo com os resultados obtidos, tendo sido discutidas luz da literatura revisada. Os resultados foram disponibilizados em grficos circulares e constam no captulo a seguir.

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4 RESULTADOS

Neste captulo, so apresentados os resultados da pesquisa realizada, conforme os procedimentos metodolgicos descritos no captulo anterior. Num primeiro momento, verifica-se os dados relativos ao perfil da amostra ou dados do produtor. Na seqncia, so apresentados os resultados sobre as informaes da cama do avirio.

4.1 Dados do produtor

Na Figura 1 est representada a localizao dos trabalhadores que compem o campo amostral utilizado na pesquisa do presente trabalho.

5% 21%

9%

12%

7% 7% 9%

Ararangu Sombrio Jacinto Machado S. Rosa Sul Urussanga Timb Sul Turvo Morro Grande Forquilhinha

9%

21%

Figura 1: Localizao dos trabalhadores pesquisados Fonte: Dados da pesquisa

Pelos dados da Figura 1, pode-se verificar que a maioria dos produtores integrantes da amostra esto instalados nos municpios de Turvo e Urussanga,

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ambos com 21% do total dos trabalhadores pesquisados. Na seqncia, destacamse os produtores de Ararangu, com 12%. Tambm registram-se 9% dos pesquisados de Santa Rosa do Sul, Timb do Sul e Forquilhinha. Com 7%, encontram-se os produtores instalados nos municpios de Sombrio e Jacinto Machado, alm de outros 5% do municpio de Morro Grande. Conforme se verifica, o sistema de produo integrada encontra-se bastante distribudo na regio em anlise, contribuindo para a consolidao das empresas agroindustriais que atuam no Sul do Estado. A idade dos trabalhadores foi outro item pesquisado, resultados que encontram-se disponibilizados na Figura 2.

14%

7%

16%

28% 35%

At 25 anos De 26 a 30 anos De 31 a 40 anos De 41 a 50 anos Mais de 51 anos

Figura 2: Idade dos trabalhadores Fonte: Dados da pesquisa

No que se refere idade dos trabalhadores, os resultados demonstram que a grande maioria situa-se na faixa etria entre 31 a 40 anos, com um percentual de 35%, enquanto 28% tm idade compreendida entre 41 a 50 anos, seguidos de 16% entre 26 a 30 anos. Do restante, 14% tm mais de 51 anos e outros 7% possuem at 25 anos.

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Conforme os resultados, a maioria dos trabalhadores pesquisados situamse numa idade de grande atividade produtiva, na qual a ocorrncia de problemas associados atividade de trabalho causam um considervel impacto econmicosocial. O tempo de atuao da populao pesquisada no ramo apresentada na Figura 3.

8%

6%

20% De 01 a 05 anos De 06 a 10 anos De 11 a 15 anos De 16 a 20 anois Mais de 21 anos

27% 39%

Figura 3: Tempo de atuao no ramo Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com os resultados representados na Figura 3, pode-se verificar que o tempo de atuao na funo que predomina de 06 a 10 anos, encontrado em 39% da amostra. Alm disso, observa-se 27% de entrevistados que atuam de 11 a 15 anos; 20% com tempo de servio nesse setor de 01 a 05 anos; 8% com 16 a 20 anos e outros 6% que atuam na funo h mais de 21 anos. Observa-se que os trabalhadores esto expostos aos riscos da atividade por um considervel perodo de tempo, ou seja, de 06 a 10 anos. Na Figura 4 apresentada a jornada dos trabalhadores pesquisados.

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De 6 a 8 horas 100%

Figura 4: Jornada diria de trabalho no avirio Fonte: Dados da pesquisa

Relativamente jornada de trabalho, verifica-se que a grande maioria relata que essa de 06 a 08 horas dirias, ressaltando-se que 8 horas dirias (ou 44 semanais) a durao normal do trabalho para os empregados em qualquer atividade privada, desde que no seja fixado expressamente outro limite de jornada mxima permitida, no sendo esse, no entanto, o caso da atividade em questo. Na Figura 5 apresentado o resultado referente ao nmero de galpes nos quais os trabalhadores pesquisados trabalham.

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9% 14% 35% 01 galpo 02 galpes 03 galpes 04 galpes 42%

Figura 5: Nmero de galpes Fonte: Dados da pesquisa

Verifica-se que a grande maioria opera com 02 galpes, expresso por 42% dos produtores da amostra. Tambm registra-se 35% com 01 galpo, 14% com 03, e 9% que afirmaram trabalhar com um total de 04 galpes. O resultado da ocorrncia de amnia no avirio fortemente influenciado pela densidade de frangos por rea, sendo esta relao apresentada na Figura 06.

12%

9%

9%

9%

61%

At 10 aves/m De 11a 15 aves/m De 16 a 20 aves/m De 21a 25 aves/m Mais de 26 aves/m

Figura 6: Nmero de aves por galpo Fonte: Dados da pesquisa

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O nmero de aves com as quais trabalham na maioria das ocorrncias de 16 a 20 aves/m2, expresso por 61% dos entrevistados, enquanto 12% afirmaram alojar 21 a 25 aves/m2 por galpo. Do restante, registrou-se 9% de produtores com 11 a 15 aves/m2, sendo esse mesmo percentual verificado para os produtores que alojam at 10 aves/m2, alm de outros 9% que trabalham com mais de 21 aves/m2 por galpo. Segundo Fernandes (2004), a concentrao considerada como ideal de 12 aves por m2, o que no ocorre na maioria da amostra, que afirmou alojar 16 a 20 aves/m2. Conforme Miragliotta et al (2002), a criao de frangos em alta densidade, visa a um rendimento produtivo superior a 30 kg de carne por m2, o que possibilita uma melhor relao custo/benefcio para o produtor. No entanto, a maior quantidade de calor produzida por rea, eleva a temperatura ambiente, gerando estresse calrico, caso a instalao no seja corretamente aclimatizada, o que resulta em prejuzo ao desempenho produtivo das aves e sade e segurana do trabalhador e/ou produtor.

4.2 Informaes sobre a cama de avirio

A identificao do principal material utilizado na cama de frango apresentada na Figura 7.

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Casca de arroz 100%

Figura 7: Principal material utilizado na cama de frango. Fonte: Dados da pesquisa

Conforme os resultados representados na Figura 7, verifica-se que o material utilizado na cama de frango a casca de arroz, expresso por 100% dos produtores entrevistados. Pela sua grande disponibilidade na regio, a casca de arroz o material mais utilizado como cama de frango, e mesmo com baixa capacidade de absoro, apresenta empastamento devido ao uso de nebulizao. Segundo Brando (1995), o empastamento da cama aumenta a umidade relativa do ambiente, comprometendo a perda de calor das aves por meio da evaporao por via respiratria e favorece a decomposio microbiana do cido rico, ambos prejudiciais produo avcola e sade do trabalhador. Na Figura 8 apresentado o resultado do levantamento quanto ao perodo de substituio da cama nos galpes.

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7% 26%

21% 01 lote 02 lotes 03 lotes Mais de 03 lotes 46%

Figura 8: Perodo de substituio da cama Fonte: Dados da pesquisa

Com relao ao perodo de substituio da cama, a grande maioria dos entrevistados afirmou que esse a cada 02 lotes, ou seja, 60 dias, verificado em 46% dos casos, seguidos de 26% de produtores que substituem a cama a cada 03 lotes. Do restante, 21% registrou que substitui a cama a cada lote e outros 7% afirmaram que usam a mesma cama para mais de 3 lotes. A opinio dos tcnicos sobre a reutilizao da cama de avirio ainda muito controvertida. Embora sanitariamente seja mais adequado utilizar a cama uma nica vez, a prtica tem mostrado que a maior parte dos materiais utilizados como cama permite a reutilizao em at sete vezes, desde que no tenha havido problemas sanitrios no lote, que a cama apresente ainda boas caractersticas de uso e que ela seja adequadamente separada para reutilizao. A Figura 9 apresenta o perodo de viragem da cama nos galpes.

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19%

30% Dirio A cada 02 dias A cada 03 dias

51%

Figura 9: Perodo de viragem da cama Fonte: Dados da pesquisa

Conforme pode-se constatar na Figura 9, a maioria dos produtores afirmam que fazem a viragem da cama a cada 02 dias, expresso por 51% dos entrevistados, enquanto 30% relatam que essa prtica diria e 19% a cada 03 dias. O levantamento sobre a assepsia ao alojar novo lote na mesma cama apresentado na Figura 10.

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Sim 100%

Figura 10: Assepsia ao alojar novo lote na mesma cama Fonte: Dados da pesquisa

Pelos resultados expressos na Figura 10, pode-se constatar que os produtores tm a prtica de realizar a assepsia ao alojar novo lote na mesma cama, resposta atribuda por todos os integrantes da amostra de produtores entrevistados. A utilizao de diferentes procedimentos para a assepsia dos avirios apresentada na Figura 11.

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21% 7%

Fermentao com lona (expurga) Produtos qumicos Fermentao com lona e inseticida

72%

Figura 11: Forma utilizada para assepsia Fonte: Dados da pesquisa

De acordo com os resultados, constata-se que a forma mais utilizada para a realizao da assepsia a fermentao com lona (expurga) e inseticida, mencionado por 72% dos entrevistados, enquanto 21% afirmaram que realizam a higienizao com fermentao com lona e apenas 7% fazem a assepsia com o uso de produtos qumicos. O percentual dos avirios pesquisados que efetuam a comercializao ou utilizao da cama para adubao orgnica apresentado na Figura 12.

41

Sim

100%

Figura 12: Comercializao ou utilizao da cama para adubao orgnica Fonte: Dados da pesquisa

No que se refere comercializao ou reutilizao da cama removida para fins de adubao orgnica, verifica-se que essa prtica aderida por todos os entrevistados. Desse modo, pelo fato de ser uma prtica comum a todos os produtores, seu manejo requer ateno devido ao maior tempo de exposio aos seus riscos, em especial amnia. Na Figura 13 apresentada a forma de remoo da cama nos avirios pesquisados.

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12% Mecanizada Manual 88%

Figura 13: Forma de remoo da cama Fonte: Dados da pesquisa

Para a remoo da cama do avirio, os resultados do grfico 13 indicam que essa realizada de forma mecanizada, expresso pela grande maioria da amostra, num percentual de 88%, enquanto 12% dos entrevistados mencionaram que realizam manualmente a remoo da cama. A percepo do cheiro de amnia nos avirios identificada pela Figura14.

43

Sim 100%

Figura14: Percepo do cheiro de amnia Fonte: Dados da pesquisa

Indagados sobre a percepo do cheiro da amnia no avirio, todos os entrevistados afirmaram que sim. Dos entrevistados que mencionaram quando o odor mais evidente, obteve-se respostas: quando o avirio permanece muito tempo fechado, na viragem da cama e na remoo da mesma. Conforme Lott & Donald (2005), os nveis de amnia at 50 ppm no so percebidos como nocivos pelos criadores, pois teoricamente, o olfato humano no detecta a presena de amnia em nveis abaixo de 20 ppm. Alm disso, os humanos perdem a sua sensibilidade olfativa depois de longas ou repetidas exposies ao mesmo odor. Dessa forma, as aves e os trabalhadores so afetados muito antes que o problema seja percebido ou identificado. A forma de controle da amnia pode ser identificada na Figura 15.

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23% Ventilao Ventilao e nebulizao 77%

Figura 15: Forma de controle da amnia Fonte: Dados da pesquisa

A forma de controle da amnia mais relatada pela maioria dos entrevistados, refere-se ventilao, mencionada por 77% dos entrevistados, enquanto 23% mencionaram ventilao e nebulizao, conforme os resultados representados na Figura 15. O sistema de ventilao utilizado aps o tratamento das forraes apresentado na Figura 16.

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7% Apenas mantm ventilao natural Usa algum tipo ventilao mecnica 93%

Figura 16: Interrupo da ventilao aps o tratamento das forraes Fonte: Dados da pesquisa

Com relao interrupo da ventilao aps o tratamento das forraes, verifica-se que nenhum entrevistado afirmou que no. Entretanto, a grande maioria revelou que mantm apenas a ventilao natural, mencionado por 93% dos produtores, enquanto 7% afirmaram que utilizam algum tipo de ventilao mecnica. Lott & Donald (2005), um erro comum entre os criadores interromper a ventilao aps o tratamento das forraes pensando que no tero mais amnia. Porm, mesmo com a utilizao de produtos para o controle de amnia, um mnimo de ventilao deve ser cuidadosamente mantido para remover uma parte da umidade dos avirios. Se a ventilao for reduzida abaixo da recomendada, a umidade aumentar dentro do galpo e na forrao, o que promover uma acelerao nas reaes qumicas, eliminando rapidamente o produto controlador de amnia. Desta forma, tem-se um bom controle de amnia nos primeiros dias e nenhum no restante do perodo de alojamento. O controle inadequado da ventilao pode promover mais amnia em um galpo com tratamento das forraes do que em outro sem tratamento.

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Na Figura 17 apresentado o percentual de utilizao de EPIs nos avirios.

14%

No Sim

86%

Figura 17: Uso de EPIs Fonte: Dados da pesquisa

O uso de EPIs, conforme os dados da Figura 17, no observado na maioria dos entrevistados, tendo em vista que 86% afirmou que no utiliza, enquanto 14% relataram que utilizam algum tipo de proteo individual. O histrico da ocorrncia de problemas de sade associado ao ambiente de trabalho apresentado na Figura 19.

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35% Sim No 65%

Figura 19: Histrico de problema de sade associado ao ambiente de trabalho Fonte: Dados da pesquisa

Com relao ao registro ou histrico de problema de sade associado ao ambiente de trabalho, principalmente relacionado amnia, verifica-se que a maioria dos entrevistados afirmou que no, num ndice de 65%, enquanto 35 relataram que sim, citando: alergias e irritao na pele.

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5 ANLISE DOS RESULTADOS

Pelos resultados obtidos, pde-verificar que os produtores apresentam prticas para o controle da amnia em seus galpes, como se pode constatar ao afirmarem que no utilizam a cama por mais de 02 lotes (60 dias), fazem a viragem da cama a cada 02 dias, procedem a formas de assepsia ao alojar novo lote, alm de utilizarem a assepsia com lona e expurga, removem a cama de forma mecanizada e no interrompem a ventilao do avirio aps o tratamento das forraes. Entretanto, considerando que a maioria dos trabalhadores pesquisados apresentou um tempo de atuao no ramo de 06 a 10 anos, e que relataram problemas de sade, a possibilidade de problemas crnicos bastante potencializada, em funo do elevado tempo de exposio contaminao por esse agente biolgico. A isso, soma-se o fato de que grande parte dos entrevistados afirmou no utilizar Equipamentos de Proteo Individual, utilizam casca de arroz como principal material na cama de frango, o que aumenta sobremaneira os riscos advindos da exposio dos agentes patognicos da funo. Alm disso, os produtores afirmaram que percebem o cheiro de amnia, de onde se supe que est acima de 20ppm. Neste sentido, foi possvel verificar que, mesmo com a preocupao e a prtica do controle de amnia esteja sendo observada pelos produtores, essa ainda requer medidas para a conscientizao desses produtores no sentido de preveni-los sobre os riscos para sua sade e segurana. Com base nisso, sugere-se as propostas apresentadas na seqncia.

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No que se refere Engenharia de Segurana do Trabalho, mediante as visitas para a realizao da pesquisa, quando realizou-se conversas informais e observaes, foi possvel constatar a falta de preocupao com o uso de EPIs e outras aes de proteo no que se refere preveno dos riscos associados amnia, tendo-se, inclusive, encontrado um caso de trabalhador com doena relacionada a esse fator. Atravs dos relatos informais, tambm foi possvel verificar que as empresas integradoras muito pouco se preocupam em fiscalizar ou conscientizar os integrados no que se refere segurana do trabalho. Diante disso, algumas aes podem ser elencadas no que se refere Engenharia e Segurana do Trabalho, conforme se verifica a seguir.

5.1 Sugestes propostas com base nos resultados do estudo

Conforme visto no decorrer do trabalho, a amnia pode ser controlada atravs de uso e manejo adequado de equipamentos de ventilao e nebulizao. Com essa medida adequada no somente para o controle do conforto trmico, mas tambm para o controle do gs amnia. Porm, o excesso de ventilao pode gerar uma maior incidncia de poeira em suspenso, da a importncia do uso controlado da nebulizadores que facilitam a deposio das partculas em suspenso. No mbito da Engenharia de Segurana do Trabalho, acredita-se que essas devam se situar no sentido de preparar, por parte das empresas integradoras, pessoal capacitado, para a fiscalizao e aplicao das normas que garantam a segurana dos trabalhadores nesse ambientes com risco de amnia. Esses profissionais deveriam atuar principalmente na preveno das conseqncias advindas com o contato com esse agente biolgico, notadamente sobre a

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importncia do uso de EPIs, tais como a utilizao de calado fechado, como bota de couro ou sapato de pedreiro; usar mscara descartvel quando entrar no avirio, alm de culos com proteo perifrica, luvas para o manuseio, luva leve que permita o manuseio dos materiais e roupas de mangas compridas. Vale registrar que todo equipamento de proteo deve ter CA aprovado pelas normas tcnicas. Alm disso, acredita-se que esses profissionais tambm deveriam ser capacitados para saber diagnosticar os sinais e sintomas decorrentes do contato com a amnia, tendo em vista as diversas doenas causadas por esse fator biolgico. Com isso, estariam mais preparados para orientar os trabalhadores frente aos primeiros indcios de alguma patologia, para que assim possam procurar orientao mdica o mais rpido possvel.

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CONCLUSO

Finalizando-se este trabalho, pode-se considerar que o mesmo vem ao encontro dos objetivos do curso de Engenharia de Segurana do Trabalho, que visa capacitar o profissional dessa rea a atender a demanda do mercado de trabalho em mo-de-obra especializada nesse setor, colaborando de forma decisiva no campo da preservao da integridade fsica do trabalhador, da sua segurana no seu local de trabalho, no controle de riscos profissionais e na melhoria das condies de trabalho para aumento de eficincia e produtividade. Alm disso, pode-se considerar que esta pesquisa contribuiu para a preparao desses profissionais, medida que possibilitou desenvolver na prtica os conhecimentos tericos adquiridos durante o curso, o que contribui para consolidar a atuao prtica, enquanto profissional inserido no mercado de trabalho. Por outro lado, acredita-se que a metodologia adotada foi adequada para atingir aos objetivos do trabalho, pois o mtodo utilizado permite a generalizao dos resultados para a populao envolvida neste estudo, no caso, os

produtores/trabalhadores em avirios, mesmo levando em considerao as dificuldades encontradas, como a carncia de materiais sobre esse assunto. Desse modo, o trabalho efetuado permitiu ampliar o conhecimento dos aspectos da Metodologia Cientfica na conduo de uma pesquisa, da anlise e da concluso, assim como da redao de um documento tcnico. Com base nisso, considera-se que os objetivos pretendidos foram alcanados, pois pde-se verificar os aspectos relacionados s condies de avirios, com nfase ao controle da amnia, assim como foram analisados os possveis componentes da cama de avirio, que poderiam carrear agentes

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biolgicos de risco para a sade do trabalhador, portanto de risco especfico para os trabalhadores dessa atividade. Acredita-se que este trabalho contribui com o tema em estudo, atravs do diagnstico da situao, tendo em vista que as notificaes de doenas relacionadas a estes riscos biolgicos no Brasil so praticamente inexistentes. Contudo, acredita-se que haja a necessidade de maiores estudos a respeito do tema, principalmente para se aumentar a base dados, tendo em vista a carncia de dados sobre o assunto. Diante disso, como sugesto de futuros estudos, menciona-se a ampliao de pesquisas abrangendo mais produtores, tanto da regio, como de outras partes de Santa Catarina, bem como de outros Estados, comparando os resultados e verificando se a problemtica restrita a regies, ou caso especfico de determinadas reas, sempre com o intuito de se sedimentar a importncia da fiscalizao e aplicao de normas que garantam a segurana dos trabalhadores nesse ambientes com risco de amnia.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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APNDICE

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APNDICE 1 ROTEIRO PARA A COLETA DE DADOS 1 Dados do Produtor a Localizao: ............................................................................................................. b Idade: ( ) At 25 anos ( ) De 26 a 30 anos ( ) De 31 a 40 anos ( ) De 41 a 50 anos ( ) Mais de 51 anos c Qual seu tempo de atuo nesse ramo? ( ) De 01 a 05 anos ( ) De 6 a 10 anos ( ) De 11 a 15 anos ( ) De 16 a 20 anos ( ) Mais de 21 anos d Qual sua jornada diria de trabalho? ........................................................................ e Qual a quantidade de galpo(es) voc trabalha? ( ) 1 galpo ( ) 02 galpes ( ) 03 galpes ( ) 04 galpes ( ) Mais de 04 galpes f Qual o nmero de aves por m2 por galpo voc trabalha? ( ) At 10 aves/m2 ( ) De 11 a 15 aves/m2 ( ) De 16 a 20 aves/m2 ( ) De 21a 25aves/m2 ( ) Mais de 26 aves/m2 2 Informaes sobre a Cama de Frango a Qual o principal material utilizado na cama de frango? .......................................... b Qual o perodo que voc faz a substituio da cama de frango? ( ) A cada 01 lotes ( ) A cada 02 lotes ( ) A cada 03 lotes ( ) Mais de 03 lotes

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c Qual o perodo voc faz a viragem da cama? ( ) Diariamente ( ) A cada 02 dias ( ) A cada 03 dias ( ) Mais de 03 dias d Voc executa assepsia ao alojar um novo lote na mesma cama? ( ) Sim ( ) No e Em caso positivo, qual a forma utilizada para a assepsia ( ) Fermentao com lona (expurga) ( ) Produtos qumicos ( ) Fermentao com lona e inseticida f Voc comercializa ou utiliza a cama de frango para adubao orgnica? ( ) Sim ( ) No g - Qual a forma de remoo da cama voc utiliza? ( ) Mecanizada ( ) Manual h Voc sente o cheiro de amnia no avirio? ( ) Sim ( ) No i Qual a forma utilizada para o controle da amnia? ( ) Ventilao ( ) Ventilao/nebulizao k Voc interrompe a ventilao aps o tratamento das forraes? ( ) Sim ( ) No l Voc utiliza Equipamentos de Proteo Individual na sua rotina de trabalho? ( ) Sim ( ) No m Voc j apresentou algum problema de sade associado ao seu ambiente de trabalho, relacionado amnia? ( ) Sim ( ) No Obrigado Rodrigo Antonio Zanatta

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ANEXO

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AGENTES ENCONTRADOS NA CAMA DO AVIRIO E SEUS RESPECTIVOS RISCOS SADE DO TRABALHADOR

1 Mucormicoses: A etiologia deve-se aos gneros Mucor,Rhizopus, Absidia,Rhizomucor e Cunnighamella .No homem, existem formas clnicas rinocerebral, pulmonar, gastrointestinal, disseminada e cutnea, ocorrendo em pacientes debilitados. A fonte de infeco mais comum por inalao, existindo ainda infeco por inoculao e ingesto. A infeco no se transmite de indivduo a indivduo, sendo adquirida pelo contato com o meio ambiente. risco especfico de avirios. Os sintomas no homem podem ser micoses em toda a regio cutnea, inclusive unhas e cabelos. 2 - Estafilococose: O agente etiolgico a toxina produzida pelo Staphyococcus aureus coagulase positivo. Nas aves, o S. aureus pode causar de piodermites a septicemias com diferentes localizaes iniciais (salpingite e artrite). O homem o reservatrio na maioria dos casos, ocasionalmente pode ser encontrado em beres de vacas infectadas,bem como nos ces.A infeco cutnea tem como modo de transmisso principal o contato pelas mos, sendo rara a disseminao pelo ar, somente demonstrada em lactentes de berrio. A intoxicao alimentar atravs da ingesto de alimentos contendo enterotoxina estafiloccica, principalmente alimentos sem cozimento, refrigerados inadequadamente, presunto e salame inadequadamente curados e queijos inadequadamente processados. Do ponto de vista epidemiolgico, a infeco alimentar se manifesta em surtos acometendo vrias pessoas usurias do mesmo alimento. Pode ser risco especfico de trabalhadores de avirios, sendo classificada como agente biolgico do grupo 2. No homem, conhecida e reconhecida pela sua apresentao de doena de pele, porm a apresentao cutnea apenas um dos sinais (o mais visvel), esta uma doena sistmica, ou seja, atinge diversos rgos, deprimindo sinais vitais. 3 - Estreptococose: A zoonose causada pelo Streptococcus suis, sorotipo 2, tem interesse especial, devido comprovada transmisso do porco ao homem, embora pouco freqente.Os principais causadores de doenas no homem so os Streptococcus do grupo A (beta-

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hemolticos), sendo o principal reservatrio o homem,que pode contaminar outras pessoas atravs da manipulao ou do contato direto. Os animais no atuam como hspedes de manuteno do S. pyogenes, mas,s vezes, podem ser infectados pelo homem e retransmitir pelo leite contaminado,no caso dos bovinos. Pode ser risco especfico da cama de avirios, pertencente ao grupo de risco biolgico 2. 4 Yersiniose: importante diferenciar a yersiniose da peste bubnica, causada pela Yersinia pestis, endmica no Nordeste do Brasil e regio andina,cujo reservatrio so roedores selvagens (especialmente esquilos), coelhos, lebres e carnvoros selvagens.Existem dois tipos de zoonoses causadas pela Yersinia. A yersiniose enterocoltica (Yersinia enterocolitica) e a yersiniose pseudotuberculosa (Yersinia pseudotuberculosis ). A yersiniose enterocoltica tem como fonte de transmisso os porcos,sendo a faringe de sunos a fonte mais importante de infeces, causando uma gastroenterite e linfadenite mesentrica no homem. Outras espcies de aves e mamferos, particularmente roedores,so fontes de disseminao. A transmisso fecal-oral ocorre por ingesto de alimentos contaminados ou contato com pessoas ou animais infectados. A yersiniose pseudotuberculosa (ou extra-intestinal) causa uma adenite mesentrica no homem, e os mamferos silvestres, roedores e aves silvestres constituem o reservatrio,ocorrendo a contaminao do tipo fecal-oral. Pode ser de risco especfico de avirios, por ser um patgeno eventual veiculado pelo material da cama de avirio. Classificase como agente biolgico do grupo 2. 5 Campylobacteriose: O Campylobacter jejuni a causa mais comum de gastroenterite no homem. O reservatrio so as aves e os mamferos. Entre 30%a 100% das galinhas, perus e aves aquticas podem apresentar infeco assintomtica do trato intestinal.A transmisso ocorre por via orofecal, pela ingesto de alimentos contaminados ou pelo contato com animais infectados. risco especfico de avirios, pertencente ao grupo biolgico 2.

6 - Criptosporidiose: O parasita Cryptosporidium parvum o nico que afeta o homem, sendo responsvel por uma infeco parasitria de importncia mdica e veterinria. O C. parvum causa uma doena diarrica de curta durao, podendo ser adquirida pelo homem pela ingesto acidental de algum alimento ou gua contaminada. O reservatrio so os seres humanos, gado,eqinos,sunos e roedores.Foi reconhecido como patgeno importante em pacientes imunodeprimidos, j que, em indivduos imunologicamente sos, a doena pode ser

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assintomtica ou causar uma leve diarria. Atualmente, vem sendo e conhecido como um dos patgenos entricos mais comuns, causando diarria e outras patologias biliares. As fontes de infeco so outras pessoas ou bovinos infectados. Aves so raramente afetadas pelas espcies que infectam os mamferos. Pode ser, no entanto, risco especfico de avirios, pertencente ao grupo de risco biolgico 2. 7 - Vrus da influenza aviria: causada pelo ortomixovrus que no frango pode levar desde uma laringotraquete a uma hemorragia subcutnea;no acomete comumente humanos.Em janeiro de 2004,foi isolado o subtipo H5N1 no Norte do Vietn,responsvel pela atual epidemia sazonal.A influenza humana causada por trs tipos: A,B e C e as vacinas humanas, de acordo com o Ministrio da Sade,no oferecem proteo contra o FLU A/H5N1. A infeco d-se a partir da inalao ou ingesto do vrus presente nas fezes e secrees das aves infectadas.A doena extica no Brasil, no tendo sido identificada ainda no pas.No risco especfico, portanto,em trabalhadores de avirios no pas. 2.8 - Bouba aviria (poxvrus): O principal vrus do grupo dos poxvrus foi o agente da varola,em extino.O Orf humano (ectima contagioso) causado por um poxvrus transmitido por cabras e ovelhas,sem relao com o avirio.Deve-se ainda distinguir da bouba humana causada pelo Treponema pertenue ,treponematose crnica no venrea que ocorre principalmente em crianas. 2.9 - Listeriose: Doena causada pelo gnero Listeria , que possui sete espcies, destas,somente duas tm interesse humano e animal:a L.monocytogenes e L.ivanovii.A distribuio da bactria mundial,ocorrendo no solo, na vegetao e no intestino dos animais e do homem. No homem,tem baixa incidncia,mas alta letalidade, ocorrendo mais em pessoas idosas e recm-nascidos, provocando uma meningoencefalite nos adultos. Nos animais, provoca uma septicemia com leso cardaca. Com o uso de antibitico nas raes, houve importante reduo dos casos de listeriose aviria, havendo casos indiscutveis de transmisso direta de animais ao homem e tambm via fecal-oral. classificada como agente biolgico do grupo 2.