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Direito Constitucional III Prof. Me. Gilberto Júnior Silva Lima 2019b Pág. 1 sitedogilberto.com Indicações Referenciais BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. BRASIL. Lei n. 9.868 (...) BRASIL. Lei n. 9.882 (...) BRASIL. Lei n. 12.063 (...) BRASIL. Lei n. 12.562 (...) Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 21 ed. São Paulo: Saraiva, 2017. Masson, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 3. ed. rev. e atual. Juspodivm, 2015. Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. Direito Constitucional descomplicado. 15. ed. rev. e atual. - Rio de Janeiro; São Paulo: Método 2016. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - PARTE 2 ADC, ADO, ADPF e IF. AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC) 1. Visa declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo FEDERAL. 2. Introduzida em nosso ordenamento pela EC 03/93 que alterou a redação do art. 102, I, “a” e acrescentou o § 2° (que sofreu alteração pela EC 45/2004) do artigo 102 e § 4° do artigo 103, a saber: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I – processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Art. 103. Podem propor ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: PR MSF MCD PGR CFOAB PP MAL - DF MCL - DF GOV – E GOV - DF CONF. SIND ENT D CLASSE Neutros ou Universais Interessados ou Especiais

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Indicações Referenciais

● BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

● BRASIL. Lei n. 9.868 (...)

● BRASIL. Lei n. 9.882 (...) ● BRASIL. Lei n. 12.063 (...)

● BRASIL. Lei n. 12.562 (...) ● Lenza, Pedro. Direito Constitucional esquematizado. 21 ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

● Masson, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 3. ed. rev. e atual. Juspodivm, 2015.

● Vicente Paulo, Marcelo Alexandrino. Direito Constitucional descomplicado. 15. ed. rev. e atual. - Rio de Janeiro; São Paulo: Método 2016.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE - PARTE 2

ADC, ADO, ADPF e IF.

AÇÃO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC)

1. Visa declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo FEDERAL.

2. Introduzida em nosso ordenamento pela EC 03/93 que alterou a redação

do art. 102, I, “a” e acrescentou o § 2° (que sofreu alteração pela EC

45/2004) do artigo 102 e § 4° do artigo 103, a saber:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal,

precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:

I – processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato

normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal.

§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo

Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de

inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e

efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder

Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas

esferas federal, estadual e municipal.

Art. 103. Podem propor ação direta de inconstitucionalidade e

a ação declaratória de constitucionalidade:

PR

MSF

MCD

PGR

CFOAB

PP

MAL - DF

MCL - DF

GOV – E

GOV - DF

CONF. SIND

ENT D CLASSE

Neutros ou Universais

Interessados ou

Especiais

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O Art. 103. (...) § 4° foi revogado pela EC 45/2004 que apresentava apenas

04 legitimados para propor ADC, sendo que a redação do artigo 103, caput,

ampliou esse rol em 2004.

3. A ação declaratória de constitucionalidade está regulamentada na Lei

9.868/99 a partir do seu artigo 13.

3.1 Todas as Lei não se presumem constitucional?

o Sim! Ocorre que existe uma Presunção Relativa (juris tantum) e

por ser relativa cabe prova em contrário.

3.2 E qual seria a utilidade dessa ação?

o O objetivo da ADC é transformar uma presunção relativa de

constitucionalidade em presunção absoluta (jure et de jure), não

mais se admitindo prova em contrário contra a norma.

4. A Petição Inicial em uma ADC deverá indicar:

● O dispositivo da LEI ou ATO NORMATIVO questionado;

● Os fundamentos jurídicos do pedido;

● O pedido, com suas especificações;

● A Existência de controvérsia judicial relevante;

● Instrumento de procuração, quando subscrita por advogado:

o Nos casos de: PP; CONF. SIND ou ENT D CLASSE.

LEI “A” PRESUNÇÃO RELATIVA

AÇÂO DIRETA DE CONSTITUCIONALIDADE QUESTIONANDO A LEI “A”

LEI “A” PRESUNÇÃO ABSOLUTA

Apenas o PLENO DO STF não é vinculado,

podendo rever a Lei no futuro.

Busca afastar a insegurança jurídica ou incerteza sobre validade e aplicação de lei ou ato normativo FEDERAL.

Não Vincula o Judiciário e nem a Administração

Pública

Vincula o Judiciário e a Administração Pública

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4.1 A petição inicial será apresentada:

o DUAS VIAS;

o Com cópias da LEI ou ATO NORMATIVO questionado; e

o Os documentos necessários para comprovar a procedência do

pedido.

4.2 A petição inicial caso seja:

o INEPTA;

o NÃO FUNDAMENTADA; e/ou

o MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE.

5. Não se admite desistência na ADC.

6. É admitida a figura do amicus curiae1:

O relator, considerando a relevância da matéria e a representatividade

dos postulantes, poderá, por despacho irrecorrível, admitir, observado

o prazo de 30 (trinta) dias, a manifestação de outros órgãos ou

entidades.

7. Decorrido o prazo das informações alhures será ouvido o:

o PGR – 15 dias – Opinativo

8. Vencidos os prazos, o relator lançará o relatório, com cópia a todos os

Ministros, e pedirá dia para julgamento.

o Caso haja necessidade de esclarecimento de matéria ou

circunstância de fato ou de notória insuficiência das informações

existentes nos autos, poderá o relator:

1 Amicus curiae ou amigo da corte ou também amigo do tribunal (amici curiae, no plural) é uma expressão

em Latim utilizada para designar uma instituição que tem por finalidade fornecer subsídios às decisões dos tribunais, oferecendo-lhes melhor base para questões relevantes e de grande impacto.

LIMINARMENTE INDEFERIDAS PELO

RELATOR

CABE AGRAVO

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▪ Requisitar informações adicionais;

▪ Designar Perito ou Comissão de Peritos para que emita

parecer sobre a questão;

▪ Fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos

de pessoas com experiência e autoridade na matéria.

o O relator poderá, ainda, solicitar informações:

▪ Tribunais Superiores

▪ Tribunais Federais

▪ Tribunais Estaduais

9. Da Medida Cautelar em ADC:

o STF por decisão da MAIORIA ABSOLUTA de seus membros

poderá deferir pedido de medida cautelar;

o Que consistirá na determinação de que os juízes e os Tribunais

suspendam o julgamento dos processos que envolvam a

aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu

julgamento definitivo.

o Concedida a Medida Cautelar o STF fará publicar em seção

especial do DOU a parte dispositiva da decisão no prazo de 10

(dez) dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da

ação no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, sob pena de

perda da sua eficácia.

10. ADC e ADI ações dúplices ou ambivalentes (Ações com Sinais Trocados)

● A improcedência do pedido na ADC se assim decididos pelo STF,

serão os mesmos da hipótese de deferimento da ADI, qual seja a

INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI.

● A procedência de uma implica na improcedência de outra.

11. A decisão sobre a Constitucionalidade da lei ou ato normativo

somente será tomada se presentes na sessão pelo menos 08 (oito) Ministros.

Acerca da aplicação da norma questionada no âmbito de sua

jurisdição

PRAZO DE 30 DIAS CONTADOS DA

SOLICITAÇÃO DO RELATOR

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● Pelo menos 06 (seis) devem votar;

● Se ausentes Ministros em número que possa influir no julgamento, este

será suspenso a fim de aguardar-se o comparecimento dos Ministros

ausentes, até que se atinja o número necessário para prolação da

decisão de constitucionalidade.

● A decisão que Declara a Constitucionalidade é IRRECORRÌVEL,

ressalvada a interposição de embargos declaratórios2.

● Dentro o prazo de 10 (dez) dias após o trânsito em julgado da decisão,

o STF fará publicar em seção especial do Diário da Justiça e do Diário

Oficial da União a parte dispositiva do acórdão.

● A declaração de constitucionalidade, têm eficácia contra todos e efeito

vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e a Administração

Pública federal, estadual e municipal.

2 É o instrumento pelo qual uma das partes de um processo judicial pede ao magistrado para que reveja

alguns aspectos de uma decisão proferida. Deverá ser feito quando verificado que determinada decisão judicial foi: OMISSA, CONTRADITÓRIA ou OBSCURA.

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ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF)

1. Previsão Constitucional prevista desde a EC 3/93:

Art. 102 (...)

§ 1°. A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo

Tribunal Federal, na forma da lei.

2. Regulamentada pela Lei 9.882 de 03 de dezembro de 1999.

● Dispõe sobre o processo e julgamento de arguição de

descumprimento de preceito fundamental, nos termos do § 1° do art.

102 da Constituição Federal.

3. Objeto – Lei 9.882/99:

Arguição Autônoma Arguição Incidental

Art. 1°, caput.

A arguição prevista no § 1° do art. 102 da Constituição Federal será

proposta perante o STF, e terá por

objeto EVITAR ou REPARAR lesão a

preceito fundamental, resultando de

ato do poder público.

Parágrafo único do artigo 1°.

Caberá também ADPF:

I – Quando for RELEVANTE o

fundamento da controvérsia

constitucional sobre lei ou ato

normativo federal, estadual ou

municipal (e por consequência os

Distritais “DF”), incluídos os anteriores à Constituição.

Caráter

Preventivo

EVITAR

Caráter

Repressivo

REPARAR

Deve-se comprovar a divergência

jurisdicional relevante na aplicação

do ato normativo, violador de

preceito fundamental.

Lesão a preceito fundamental

resultante de ato do poder público

(qualquer ato administrativo).

É necessário demonstrar: NEXO DE

CAUSALIDADE entre o ato e a

lesão.

É necessário ser uma “demanda

concreta” – Art. 6°, § 2° da Lei

9882/99.

4. A ADPF é um instrumento de análise em abstrato de recepção de lei

ou ato normativo.

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● ADPF 33 – “É possível discussão na ADPF de declaração de

ilegitimidade ou não de recepção de norma pela ordem constitucional

superveniente”.

5. O que é Preceito Fundamental?

CF OMISSA

LEI OMISSA

STF VAGO

DOUTRINA

Segundo o professor Cássio Juvenal Faria, preceito

fundamental seriam as normas qualificadas, que veiculam

princípios e servem de vetores de interpretação das demais

normas constitucionais, seriam os princípios fundamentais (art.

1° ao 4°); os integrantes da cláusula pétrea (art. 60 § 4°); os princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII); os que

integram e enunciam os direitos e garantias fundamentais; e

ainda os princípios gerais da atividade econômica (art. 170).

Segundo Bulos3, preceito fundamental são os grandes

preceitos que informa o sistema constitucional que

estabelecem os comandos basilares e imprescindíveis à defesa dos pilares da manifestação constituinte originária. (Art. 1°, 2°,

5°, 37, 207 ... entre outros).

Projeto de LEI

10.924/18 – Definindo técnicas de declaração de descumprimento de preceito fundamental. (Projeto Arquivado –

PL do Deputado Rubens Pereira Júnior)

6. Competência e Legitimidade da ADPF:

● Compete ao STF (art. 102, § 1° CF/88);

● Os legitimados são os mesmos da ADI (art. 103, I a IX da CF/88 ou

Art. 2°, I a IX da Lei 9868/99).

● Aplica-se o mesmo entendimento do STF para os legitimados especiais.

7. Além dos legitimados no rol taxativo é possível que uma pessoa

interessada possa representar uma solicitação? Se sim, a quem?

● Sim; Ao Procurador Geral da República mediante representação.

3 BULOS, Uadi Lammêgo. Constituição Federal anotado. São Paulo: Saraiva, 2000.

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8. Princípio da Subsidiariedade

Art. 4. (...)

§ 1°. Não será admitida arguição de

descumprimento de preceito fundamental quando

houver qualquer outro meio eficaz de sanar a

lesividade.

Ou seja: Se for caso de ADI, ADC, ADO ou IF não há o que se falar em ADPF.

9. A petição inicial da ADPF deverá conter:

● A indicação do preceito fundamental que se considera violado;

● A indicação do ato questionado;

● A prova da violação do preceito fundamental;

● O pedido, com suas especificações;

● Se for o caso, a comprovação da existência de controvérsia judicial

relevante sobre a aplicação do preceito fundamental que se considera

violado;

9.1 A petição inicial será apresentada:

o DUAS VIAS;

o Com cópias do ato questionado; e

o Os documentos necessários para comprovar a impugnação

9.2 A petição inicial caso seja:

o FALTAR REQUISITOS DE LEI; ou

o FOR INAPTA.

LIMINARMENTE

INDEFERIDAS PELO RELATOR

CABE AGRAVO

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10. Da Medida Cautelar em ADPF:

o STF por decisão da MAIORIA ABSOLUTA de seus membros

(pelo menos 6 Ministros) poderá deferir pedido de medida

cautelar na ADPF;

o Em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou

ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder a

liminar, ad referendum4 do Tribunal Pleno.

o O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis

pelo ato questionado, bem como o AGU ou o PGR, no prazo

comum de 05 (cinco) dias.

o A liminar poderá consistir na determinação de que juízes e

tribunais suspendam o andamento de processo ou os

efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida

que apresenta relação com a matéria objeto da arguição de

descumprimento de preceito fundamentada, salvo se

decorrentes de coisa julgada.

11. Informações na ADPF:

▪ Se entender necessário, poderá o Relator:

● Ouvir as partes nos processos que ensejaram a

arguição;

● Requisitar informações adicionais;

● Designar perito ou comissão de peritos;

● Fixar data para declarações, em audiência pública,

de pessoas com experiência e autoridade na

matéria.

▪ Ainda poderá ser autorizados, a critério do relator:

● Sustentação oral; e

● Juntada de memoriais.

o Ambos por requerimento dos interessados

no processo.

4 Ad referendum: para ser submetido á apreciação dos interessados.

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o Excepcionalmente o STF vem admitindo amicus curiae na

ADPF, aplicando, por analogia, o artigo 7°, § 2° da Lei 9.868/99,

desde que se demonstrem a relevância da matéria e a

representatividade dos postulantes. (ADPF 33, 46, 73, 132,

183, 205 etc.).

11. Decorrido o prazo das informações, o relator lançará o relatório, com

cópia a todos os ministros, e pedirá dia para julgamento.

● O Ministério Público, nas arguições que não houver formulado, terá

vista do processo, por cinco dias, após o decurso do prazo para

informações.

12. A decisão sobre a ADPF somente será tomada se presentes na sessão

pelo menos dois terços (ou oito) dos Ministros.

● Julgada a ação far-se-á comunicação às autoridades ou órgãos

responsáveis pela prática dos atos questionados, fixando-se as

condições e o modo de interpretação e aplicação do preceito

fundamental.

● O Presidente do Tribunal determinará o imediato cumprimento da

decisão, lavrando-se o acórdão posteriormente.

● Dentro do prazo de 10 (dez) dias contado a partir do trânsito em

julgado da decisão, sua parte dispositiva será publicada em seção

especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União.

● A decisão terá eficácia contra todos e efeito vinculante

relativamente aos demais órgãos do Poder Público.

13. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, na ADPF, e

tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional

interesse social, poderá o STF, por maioria de dois terços de seus

membros:

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● Restringir os efeitos daquela declaração; ou

● Decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado

(ex nunc) ou de outro momento que venha a ser fixado.

14. A decisão da ADPF é IRRECORRÍVEL.

15. Caberá RECLAMAÇÃO contra o descumprimento da decisão

proferida pelo STF, na forma do seu Regimento Interno.

16. ADPF pode ser conhecida como ADI? Se sim, o princípio da

fungibilidade teria natureza ambivalente? Ou seja, ADI poderia ser

conhecida como ADPF?

Sim, respeitado o entendimento do STF, consideração a noção de dúvida

objetiva e a proibição da incidência de erro grosseiro, vejamos:

CASO 1: “Tendo em conta o caráter subsidiário da ADPF, consubstanciado

no § 1° do art. 4° da Lei 9882/1999, o Tribunal resolveu questão de ordem

no sentido de conhecer, como ação direta de inconstitucionalidade – ADI, a

ADPF ajuizada pelo Governador do Estado do Maranhão, em que se impugna

a Portaria 156/2005, editada pela Secretaria Executiva de Estado da

Fazenda do Pará, que estabeleceu, para fins de arrecadação do ICMS, novo

boletim de preços mínimos de mercado para os produtos que elenca em seu

anexo único. Entendeu-se demonstrada a impossibilidade de se conhecer da

ação como ADPF, em razão da existência de outro meio eficaz para

impugnação da norma, qual seja a ADI, porquanto o objeto do pedido

principal é a declaração de inconstitucionalidade de preceito autônomo por

ofensa a dispositivos constitucionais, restando observados os demais

requisitos necessários à propositura da ação direta” (ADFP 72 QO/PA Rel.

Min. Ellen Gracie, j. 1.º.06.2005 – Inf. 390 STF).

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CASO 2: Conhecer ADPF como ADI (Princípio da fungibilidade – art. 4°, § 1°

da Lei n. 9.882/99 – e perfeita satisfação dos requisitos exigidos à propositura

da Ação Direta da Inconstitucionalidade – legitimidade ativa, objeto,

fundamentação e pedido), cf. a reautuação da ADPF 143 como ADI 4.180-

REF-MC (j. 19.12.2008), bem como a reautuação da ADPF 178 como ADI

4.277 (j. 21.07.2009), tendo sido discutido, nesta última, o importante tema

da união homoafetiva.

CASO 3: O STF admitiu que pedido formulado em ADI fosse conhecido como

ADPF, aplicando-se o princípio da fungibilidade. É lícito conhecer ADI como

ADPF, quando coexistentes todos os requisitos de admissibilidade desta, em

caso de inadmissibilidade daquela. (ADI 4.163, Rel. Min Cezar Peluso, j.

29.02.2012, Plenário, DJE de 1.°.03.2013

CASO 4: Recentemente (2014) o tema da fungibilidade veio a ser discutido

pela Corte. No julgamento monocrático da ADPF 158, o Min. Gilmar Mendes

não admitiu a fungibilidade por se tratar de situação clara para o cabimento

de ADI; no caso, o objeto da ADPF era uma lei federal editada após a

promulgação da CF/88. Esse entendimento foi confirmado pelo Plenário no

julgamento do agravo regimental interposto (ADPF 158 AgR/DF, Rel. Min.

Gilmar Mendes, j. 19.11.2014, Plenário, DJE de 02.02.2015).

CASO 5: Em outro julgado, o STF reafirmou que dúvida razoável sobre o

caráter autônomo de atos Infralegais, como decretos, resoluções e portarias,

assim como alterações supervenientes de normas constitucionais poderiam

justificar a fungibilidade. No caso concreto, porém, por se tratar de lei

ordinária federal editada depois da promulgação da CF/88, longe de envolver

dúvida objetiva, não configuraria a fungibilidade por se tratar de erro

grosseiro na escolha do instrumento, violando, assim, o art. 4°, § 1° da

Lei n° 9.882/99 (ADPF 314 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 11.12.2014,

Plenário, DJE de 19.02.2015).

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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO (ADO)

1. Trata-se de inovação da CF/88, inspirada no art. 283 da Constituição

portuguesa. O que se busca com a ADO é:

● COMBATER uma “doença”, chamada pela doutrina de “síndrome de

inefetividade das normas constitucionais”.

2. O artigo 103, § 2° da CF/88 determina que, declarada a

inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma

constitucional, será dada ciência ao poder competentes para a adoção das

providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para

fazê-lo em 30 (trinta) dias.

● O que se busca é tornar efetiva norma constitucional destituída de

efetividade, ou seja, somente as normas constitucionais de

eficácia limitada!

Para refrescar sua memória:

Eficácia das Normas Constitucionais (José Afonso da Silva5)

EFICÁCIA PLENA EFICÁCIA CONTIDA EFICÁCIA LIMITADA

a) São aquelas que não

precisam de regulamentação

infraconstitucional (Lei).

b) Estão aptas a produzir

todos os seus efeitos.

c) Conhecida também

como normas:

● AUTOAPLICAVEIS

a) São aquelas onde a

Constituição regulou os interesses relativos a

determinada matéria,

mas permitiu a atuação

restritiva do poder

público.

b) Conhecida também

como normas:

● REDUTÍVEL

● RESTRINGÍVEL

a) São aquelas que

no momento da promulgação da

Constituição não

possuem o condão

de produzir efeitos;

b) Necessita de uma regulamentação para

produção de efeitos.

5 Quadro sinóptico confeccionando pelo Professor Gilberto Júnior Silva Lima, atrelado com os

fundamentos e razões do professor José Afonso da Silva.

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d) Características de sua aplicabilidade:

● Direta;

● Imediata;

● Integral

c) Características de sua aplicabilidade:

● Direta;

● Imediata;

● NÃO Integral

c) Características de sua aplicabilidade:

● Reduzida;

● Indireta;

● Mediata.

3. Nesse sentido, devendo o poder público ou órgão administrativo

regulamentar norma constitucional de eficácia limitada e não o fazendo, surge

a “doença”, a omissão, que poderá ser “combatida” por um “remédio”

chamado ADO, de forma concentrada no STF.

4. Espécies de Omissão:

A omissão poderá ser total ou parcial:

● Total6 ou Absoluta, quando houver o cumprimento constitucional o

dever de legislar;

● Parcial, quando houver lei integrativa infraconstitucional, porém de

forma insuficiente.

o Parcial propriamente dita:

▪ A lei existe, mas regula de forma deficiente o texto. Como

exemplo, temos o artigo 7°, IV, que dispõe sobre o direito

ao salário mínimo. A lei fixando o seu valor existe, mas o

regulamentada de forma deficiente, pois o valor fixado é

6 Como exemplo de inconstitucionalidade por omissão total ou absoluta é o artigo 37, VII da CF/88 que

prevê o direito de greve para os servidores públicos, ainda não regulamentado por lei.

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muito inferior ao razoável para cumprir toda a garantia da

referida norma.

o Parcial relativa:

▪ A lei existe e outorga determinado beneficio a certa

categoria, mas deixa de concedê-lo a outra, que deveria

ter sido contemplada. Nesse caso, tem prevalecido a

Súmula 339/STF, potencializada com a sua conversão na

SV n. 37/2014: “não cabe ao Poder Judiciário, que não

tem função legislativa, aumentar vencimentos de

servidores públicos sob o fundamento de isonomia”.

5. Objeto da ADO

● O artigo 103, § 2°, fala em “omissão de medida” para tornar efetiva

norma constitucional em razão de omissão de qualquer dos Poderes

ou de órgão administrativo.

● A omissão, então, pode ser do PODER LEGISLATIVO, do PODER

EXECUTIVO (atos secundários de caráter geral, como regulamentos,

instruções, resoluções etc.), ou do próprio PODER JUDICIÁRIO (por

exemplo, a omissão em regulamentar algum aspecto processual em

seu Regimento Interno).

● O STF já decidiu que, pendente julgamento de ADO, se a norma que

não tinha sido regulamentada é revogada, a ação deverá ser

extinta por perda do objeto.

● O STF também entendeu a impossibilidade do princípio da

fungibilidade de ADO com o MANDADO DE INJUNÇÃO, tendo em

vista a diversidade de pedidos: “Impossibilidade jurídica do pedido de

conversão do mandado de injunção em ação direta de

inconstitucionalidade por omissão” (MI 395-QO, Rel. Min. Moreira

Alves, DJ de 11.09.1992).

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6. Competência e Legitimidade (ADO)

● Compete originariamente ao STF;

● Os legitimados para propositura da ADO são os mesmos da ADI:

o Art. 103 CF/88.

▪ Atendido ao entendimento do STF para legitimados

especiais e sua demonstração de pertinência temática.

7. Procedimento (ADO)

● É praticamente o mesmo da ADI genérica, com algumas

peculiaridades, a saber:

● Nos termos do art. 12-B da Lei n. 9.868/99, a petição inicial,

acompanhada de instrumento de procuração, se for o caso, será

apresentada em 02 (duas) vias, devendo conter cópias dos

documentos necessários para comprovar a alegação de omissão e

indicará:

o A omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao

cumprimento de dever constitucional de legislar ou quanto à

adoção de providência de índole administrativa;

o O pedido, com suas especificações.

● A petição inicial caso seja:

o INEPTA;

o NÃO FUNDAMENTADA; e/ou

o MANIFESTAMENTE IMPROCEDENTE.

● Proposta a ação, não se admitira desistência.

● O Relator poderá solicitar a manifestação do AGU, que deverá ser

encaminhada no prazo de 15 (quinze) dias.

LIMINARMENTE

INDEFERIDAS PELO RELATOR

CABE AGRAVO

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● O PGR nas ações que não for autor terá vista do processo, por 15

(quinze) dias, após o decurso do prazo para informações.

8. Medida Cautelar (ADO)

● Nesse ponto, a Lei n. 12.063/2009 inovou a matéria, passando a

admitir medida cautelar em ADO.

● Segundo artigo 12-F da Lei n. 9868/99, em caso de excepcional

urgência e relevância da matéria, o STF, por decisão da maioria

absoluta de seus membros (ou seja, 06 Ministros “STF”), observado

o disposto no art. 22 (quórum de instalação da sessão de julgamento

com no mínimo 8 Ministros), poderá conceder medida cautelar, após

a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão

inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 05 (cinco)

dias.

● A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação da lei

ou do ato normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem

como na suspensão de processos judiciais ou de procedimentos

administrativos, ou ainda em outra providência a ser fixada pelo

Tribunal.

● O relator, julgando indispensável, ouvirá o PGR no prazo de 03 (três)

dias.

● Será ainda facultada a sustentação oral aos representantes judiciais

do requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela omissão

inconstitucional, na forma do previsto no Regimento do Tribunal.

● Concedida a medida cautelar, o STF fará publicar, em seção especial

do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União, a parte

dispositiva da decisão no prazo de 10 dias, devendo solicitar as

informações à autoridade ou ao órgão responsável pela omissão

inconstitucional.

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9. Efeitos da Decisão (ADO)

● O artigo 103, § 2°, estabelece efeitos diversos para o poder

competente e para o órgão administrativo:

o Poder competente: será dada ciência ao poder competente,

não tendo sido fixado qualquer prazo para a adoção das

providências necessárias;

o Órgão Administrativo: deverá suprir a omissão da medida no

prazo de 30 dias, sob pena de responsabilidade, ou, na dicção

do artigo 12-H, § 1° da Lei 9868/99, em prazo razoável7 a ser

estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as

circunstancias especificas do caso e o interesse público

envolvido.

10. A atual jurisprudência do STF admite a fungibilidade entre ADI e ADO?

SIM. (ADI 875; ADI 1.987; ADI 2.727, voto do Rel. Min. Gilmar Mendes, j.

24.02.2010. Plenário, DJE de 30.04.2010).

7 O prazo razoável também pode ser aplicado aos poderes competentes, por causa da inertia deliberandi

das Casas Legislativas, é o que ficou decidido na ADO 3.682, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 09.05.2007, DJ de 06.09.2007. Questionando os efeitos práticos da ADO 3.682, em 11.09.2008, o Presidente da Câmara dos Deputados encaminhou o Ofício n. 1073/2008/SGM/P, de 02.09.2008, ao Presidente do STF, dizendo não ter tomado conhecimento de decisão que “obrigasse” o Parlamento a elaborar a LC, assim como alertando sobre o risco de a decisão do STF violar o princípio da separação de poderes (art. 2° da CF/88), caso fosse realmente impositiva a decisão proferida. Por seu turno, o Min. Presidente do STF determinou, em 12.09.2008, por meio do Ofício n. 346/GP, fosse oficiado o Presidente da Câmara dos Deputados, encaminhando o inteiro teor do acórdão de fls. 132-187, e esclareceu: “não se trata de impor um prazo para a atuação legislativa do Congresso Nacional, mas apenas da fixação e um parâmetro temporal razoável, tendo em vista o prazo de 24 meses determinado pelo Tribunal nas ADI ns. 2.240, 3.316, 3.489 e 3.689 para que as leis estaduais que criam municípios ou alteram seus limites territoriais continuem vigendo, até que a lei complementar federal seja promulgada contemplando as realidades desses municípios”.

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REPRESENTAÇÃO INTERVENTIVA (IF)

1. O artigo 18, caput, da CF/88 estabelece que a organização político-

administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os

Estados, o DF e os Municípios, todos autônomos. Vale dizer, como regra

geral, nenhum ente federativo deverá intervir em qualquer outro.

2. Excepcionalmente, no entanto, a CF prevê situações (de anormalidade)

em que poderá haver a intervenção:

● UNIÃO poderá intervir em:

o ESTADOS (art. 34)

o DF (art. 34)

o MUNICÍPIOS (localizados em Território Federal) (Art. 35)

● ESTADOS poderão intervir em:

o MUNICÍPIOS (art. 35).

Intervenção:

UNIÃO ESTADOS

I - manter a integridade nacional;

II - repelir invasão estrangeira ou de

uma unidade da Federação em outra;

III - pôr termo a grave

comprometimento da ordem pública;

IV - garantir o livre exercício de

qualquer dos Poderes nas unidades

da Federação;

V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:

a) suspender o pagamento da dívida

fundada por mais de dois anos

consecutivos, salvo motivo de força

maior;

b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta

I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos

consecutivos, a dívida fundada;

II - não forem prestadas contas

devidas, na forma da lei;

III - não tiver sido aplicado o mínimo

exigido da receita municipal na

manutenção e desenvolvimento do

ensino e nas ações e serviços

públicos de saúde;

IV - o Tribunal de Justiça der

provimento a representação para

assegurar a observância de princípios

indicados na Constituição Estadual,

ou para prover a execução de lei, de

ordem ou de decisão judicial.

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Constituição, dentro dos prazos

estabelecidos em lei;

VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;

VII - assegurar a observância dos

seguintes princípios constitucionais:

a) forma republicana, sistema representativo e regime

democrático;

b) direitos da pessoa humana;

c) autonomia municipal;

d) prestação de contas da

administração pública, direta e

indireta.

e) aplicação do mínimo exigido da

receita resultante de impostos estaduais, compreendida a

proveniente de transferências, na

manutenção e desenvolvimento do

ensino e nas ações e serviços

públicos de saúde.

3. A IF (Representação Interventiva) surgiu com a Constituição de 1934, e

apresenta-se como um dos pressupostos para a decretação da intervenção

federal, ou estadual, pelos Chefes do Executivo, nas hipóteses contempladas

na CF/88. Assim, reforce-se, nessa modalidade de procedimento, quem

decreta a intervenção não é o Judiciário, mas o Chefe do Poder Executivo.

4. As fases do procedimento da IF:

● 1. Fase jurisdicional

● 2. Fase da intervenção branda

● 3. Fase da intervenção efetiva

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FASE 1 FASE 2 FASE 3

Fase jurisdicional: o

STF ou TJ analisam

apenas os pressupostos

para a intervenção, não

nulificando o ato que a ensejou. Julgando

procedente o pedido,

requisitam a

intervenção para o

Chefe do Executivo.

Intervenção branda:

o Chefe do Executivo,

por meio de decreto,

limita-se a suspender a

execução do ato impugnado, se essa

medida bastar ao

restabelecimento da

normalidade.

E o Controle político?

Não. Nesta fase 2, está

dispensada a

apreciação pelo

Congresso Nacional ou

pela Assembleia

Legislativa.

Intervenção efetiva:

se a medida tomada

durante a fase 2 não foi

suficiente, o Chefe do

Executivo decretará a efetiva intervenção,

devendo especificar a

amplitude, o prazo e as

condições de execução

e que, se couber,

nomeará o interventor.

E o Controle político?

Sim. Nesta fase 3,

deverá o decreto do

Chefe do Executivo ser

submetido à apreciação do Congresso Nacional

ou da Assembleia

Legislativa do Estado,

no prazo de 24 horas,

sendo que, estando em

recesso, será feita a convocação

extraordinária, no

mesmo prazo de 24

horas.

5. Representação Interventiva Federal (ADI interventiva federal)

● Art. 36, III, da CF/88, primeira parte, estabelece que a decretação da

intervenção dependerá de provimento, pelo STF, de

representação do PGR, na hipótese do art. 34, VII, quais sejam, os

princípios sensíveis da Constituição.

● Durante a vigência do texto de 1988, jamais se passou da fase 1

(judicial) para a fase 2 (decretação pelo Chefe do Poder Executivo),

muito embora alguns poucos pedidos de intervenção, com base no art.

36, III, destacando-se:

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CASO 1: IF 114 (07.02.1991): pedido de intervenção em razão de omissão

do poder público no controle de linchamento de presos no Estado de Mato

Grosso. No mérito, o STF entendeu que não era caso de intervenção,

indeferindo, portanto, o pedido;

CASO 2: IF 4.822 (08.04.2005): pedido de intervenção no Centro de

Atendimento Juvenil Especializado (Caje), com base em deliberação do

Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), que condenou

a sua estrutura física e gerencial (matéria pendente de julgamento pelo STF);

CASO 3: IF 5.129 (05.10.2008): pedido de intervenção formulado pelo PGR

contra o estado de Rondônia, por suposta violação a direitos humanos no

presídio Urso Branco, em Porto Velho, que se encontra em situação de

“calamidade”. Segundo o então PGR, Antonio Fernando Souza, “... nos

últimos oito anos contabilizaram-se mais de cem mortes e dezenas de lesões

corporais [contra presos], fruto de motins, rebeliões entre presos e torturas

eventualmente perpetradas por agentes penitenciários” (Notícias STF,

08.10.2008) (matéria pendente de julgamento pelo STF);

CASO 4: IF 5.179 (11.02.2010): pedido de intervenção por suposto esquema

de corrupção no DF. No mérito, o pedido foi julgado improcedente.

6. Objeto (IF)

● Lei ou Ato normativo que viole princípios sensíveis;

● Omissão ou incapacidade das autoridades locais para assegurar o

cumprimento e preservação dos princípios sensíveis, por exemplo, os

direitos da pessoa humana;

● Ato governamental estadual que desrespeito os princípios sensíveis;

● Ato administrativo que afronte os princípios sensíveis;

● Ato concreto que viole os princípios sensíveis;

7. Observação: A fase judicial da intervenção não se confunde com a fase

judicial das demais ações de inconstitucionalidade, pois, como visto, na ADI

Interventiva (ou, por alguns, denominada representação interventiva), o

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Tribunal não nulificará, na hipótese de lei, o ato normativo. Em relação à

omissão, trata-se de importante avanço, já sugerido pela doutrina e,

posteriormente, sedimentado na jurisprudência do STF, bem como na Lei n.

12.562/2011.

8. Princípios sensíveis

● Cabe o pedido de intervenção, já referimos, quando houver violação

aos denominados princípios sensíveis, que estão expostos no art. 34,

VII, “a” – “e”:

o Forma republicana, sistema representativo e regime

democrático;

o Direitos da pessoa humana;

o Autonomia municipal;

o Prestação de constas da Administração Pública, direta e indireta;

o Aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos

estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na

manutenção e no desenvolvimento do ensino e nas ações e nos

serviços públicos de saúde.

9. Competência e Legitimidade (IF)

● Representação Interventiva Federal é competência originária do STF;

● O único e exclusivo legitimado ativo para a propositura da

representação interventiva federal é:

o PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA, que tem total

autonomia e discricionariedade para formar o seu

convencimento de ajuizamento.

o O PGR atua em defesa da ordem jurídica, do regime democrático

e dos interesses sociais e individuais indisponíveis, sobretudo,

no caso, a defesa do equilíbrio federativo.

● Legitimado passivo deve ser entendido como o ente federativo no

qual se verifica a violação ao princípio sensível da CF/88, devendo ser

solicitadas informações às autoridades ou aos órgãos estaduais ou

distritais responsáveis, como a Assembleia Legislativa local ou o

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Governador, neste último caso representado pelo Procurador-Geral do

Estado ou do Distrito Federal (art. 132 da CF/88).

10. Procedimento (IF)

● O procedimento da representação interventiva federal estava previsto

na Lei n. 4.337, de 1.º.06.1964, assim como nos arts. 20 e 21 da Lei

n. 8.038/90 e nos arts. 350 a 354 do RISTF.

● Contudo, cabe alertar a publicação da Lei n. 12.562, de 23.12.2011,

regulamentando o inciso III do art. 36 da Constituição Federal, para

dispor sobre o processo e julgamento da representação interventiva

perante o STF.

● Proposta a ação pelo Procurador-Geral da República, no STF, a

petição inicial deverá conter:

o a indicação do princípio constitucional sensível (art. 34, VII, da

CF/88) que se considera violado ou, se for o caso de recusa à

aplicação de lei federal, das disposições questionadas;

o a indicação do ato normativo, do ato administrativo, do ato

concreto ou da omissão questionados;

o a prova da violação do princípio constitucional ou da recusa de

execução de lei federal;

o o pedido, com suas especificações.

● A petição inicial será apresentada em 2 vias, devendo conter, se for o

caso, cópia do ato questionado (estadual ou distrital) e dos

documentos necessários para comprovar a impugnação.

● Se a petição inicial:

o NÃO FOR O CASO DE IF;

o FALTAR OS REQUISITOS DE LEI;

o FOR INPETA.

LIMINARMENTE

INDEFERIDAS PELO RELATOR

CABE AGRAVO

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● Recebida a inicial, o relator deverá tentar dirimir

(administrativamente) o conflito que dá causa ao pedido, utilizando-se

dos meios que julgar necessários, na forma do regimento interno.

● Não solucionado o problema e não sendo caso de arquivamento,

apreciado eventual pedido de liminar ou, logo após recebida a petição

inicial, e não houver pedido de liminar, o relator solicitará as

informações às autoridades responsáveis pela prática do ato

questionado, que as prestarão em até 10 dias.

● Decorrido o prazo para prestação das informações, serão ouvidos:

o AGU – 10 dias

o PGR – 10 dias

● O relator, se entender necessário, poderá:

o Requisitar informações adicionais;

o Designar perito ou comissão de peritos para que elabore laudo

sobre a questão;

o Fixar data para declarações, em audiência pública, de pessoas

com experiência e autoridade na matéria.

● Podendo ainda ser autorizadas, a critério do relator:

o A manifestação e a juntada de documentos por parte dos

interessados no processo. (Reconhecendo assim a manifestação

do amicus curiae).

● Vencidos os prazos ou, se for o caso, realizadas as diligências, o relator

lançará o relatório, com cópia para todos os Ministros e pedirá dia para

julgamento.

● A decisão sobre a representação interventiva somente será tomada se

presentes na sessão pelo menos 8 Ministros (quorum de instalação

da sessão de julgamento, como se verifica, também, na ADI), devendo

ser proclamada a procedência ou improcedência do pedido formulado

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na representação interventiva se num ou noutro sentido se tiverem

manifestado pelo menos 6 Ministros (maioria absoluta).

● Estando ausentes Ministros em número que possa influir na decisão

sobre a representação interventiva, o julgamento será suspenso, a fim

de se aguardar o comparecimento dos Ministros ausentes, até que se

atinja o número necessário para a prolação da decisão.

● Julgado procedente o pedido, far-se-á a comunicação às autoridades

ou aos órgãos responsáveis pela prática dos atos questionados, e, se

a decisão final for pela procedência do pedido formulado na

representação interventiva, o Presidente do STF, publicado o acórdão,

levá-lo-á ao conhecimento do Presidente da República para, no

prazo improrrogável de até 15 dias, dar cumprimento aos §§ 1.º e

3.º do art. 36 da Constituição Federal.

● Dentro do prazo de 10 dias, contado a partir do trânsito em julgado da

decisão, a parte dispositiva será publicada em seção especial do Diário

da Justiça e do Diário Oficial da União.

● Por se tratar de “requisição”, e não mera solicitação, o Presidente da

República não poderá descumprir a ordem mandamental, sob pena de

cometimento tanto de crime comum como de responsabilidade,

devendo, então, decretar a intervenção (Intervenção Branda).

● O Presidente da República, nos termos do art. 36, § 3.º, por meio de

decreto, limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado. Caso

essa medida não seja suficiente para o restabelecimento da

normalidade, aí, sim, o Presidente da República decretará a

intervenção federal (Intervenção Efetiva).

● Nesse último caso, o decreto de intervenção (efetiva), que

especificará a amplitude, o prazo e as condições de execução e que,

se couber, nomeará o interventor afastando as autoridades

responsáveis de seus cargos (art. 84, X, CF/88), será submetido à

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apreciação do Congresso Nacional no prazo de 24 horas (controle

político). Se o Congresso Nacional não estiver funcionando, far-se-á

convocação extraordinária, no mesmo prazo de 24 horas (art. 36, §§

1.º e 2.º, CF/88).

● Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus

cargos a estes voltarão, salvo por impedimento legal (art. 36, § 4.º,

CF/88).

● Cabe alertar que a decisão que julgar procedente ou improcedente o

pedido da representação interventiva é:

o Irrecorrível;

o Insuscetível de impugnação por ação rescisória;

11. Medida Liminar (IF)

● Art. 5.º da Lei n. 12.562/2011 admitiu expressamente o cabimento de

medida liminar na representação interventiva, mas somente por

decisão da maioria absoluta dos Ministros.

● Para concessão da liminar, o relator poderá ouvir os órgãos ou

autoridades responsáveis pelo ato questionado, bem como o AGU ou o

PGR, no prazo comum de 05 (cinco) dias.

● A liminar poderá consistir na determinação de que se suspenda o

andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais ou

administrativas ou de qualquer outra medida que apresente relação

com a matéria objeto da representação interventiva.

12. Representação interventiva estadual (ADI Interventiva Estadual)

● Com o advento da Lei n. 12.562/2011, que tratou de toda a matéria,

a nosso ver, a Lei n. 4.337/64 foi totalmente revogada e, assim, o

procedimento deverá observar no que couber, as novas regras

introduzidas pela referida Lei n. 12.562/2011.

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● O art. 35, IV, da CF/88, por sua vez, dispõe que a intervenção estadual,

a ser decretada pelo Governador de Estado, dependerá de provimento

pelo TJ local de representação para assegurar a observância de

princípios indicados na CE, ou para prover a execução de lei, de ordem

ou de decisão judicial. As regras vêm previstas nas Constituições

estaduais e nos regimentos internos dos tribunais locais, devendo, em

essência, por simetria, seguir o modelo federal, de acordo com o

seguinte quadro:

ADI INTERVENTIVA FEDERAL

ADI INTERVENTIVA ESTADUAL

FASE 1 – “Judicial”

OBJETO

Lei ou ato normativo, ou

omissão, ou ato governamental

estaduais ou

distritais que

desrespeitem os

princípios sensíveis

previstos no art. 34,

VII, “a” – “e”, da CF/88.

Lei ou ato normativo, ou

omissão, ou ato governamental

municipais que

desrespeitem os

princípios sensíveis

indicados na CE.

COMPETÊNCIA

STF: Originária

TJ: Originária

LEGITIMADO

ATIVO

PGR – Chefe do

Ministério Público da União (Art. 129, IV, da

CF/88).

PGJ – Chefe do

Ministério Público Estadual (Art. 129, IV,

da CF/88).

LEGITIMADO

PASSIVO

Ente federativo (Estado

ou DF) no qual se

verifica a violação ao

princípio sensível da

CF/88, devendo ser

solicitadas informações às autoridades ou aos

órgãos estaduais ou

distritais responsáveis

pela violação aos

princípios sensíveis.

Ente federativo

(Município) no qual se

verifica a violação ao

princípio sensível da

CE, devendo ser

solicitadas informações às autoridades ou aos

órgãos municipais

responsáveis pela

violação aos princípios

sensíveis.

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PROCEDIMENTO

PROCEDIMENTO

Proposta a ação pelo

Procurador-Geral da

República, no STF, quando a lei ou o ato

normativo de natureza

estadual (ou distrital),

ou omissão, ou ato

governamental

contrariarem os princípios sensíveis da

CF, buscar-se-á a

solução administrativa.

Não sendo o caso, nem

o de arquivamento,

serão solicitadas informações às

autoridades estaduais

ou distritais

responsáveis e ouvido o

PGR, sendo, então, o

pedido relatado e levado a julgamento.

Julgado procedente o

pedido (quorum do art.

97, maioria absoluta), o

Presidente do STF

imediatamente comunicará a decisão

aos órgãos do Poder

Público interessados e

requisitará a

intervenção ao

Presidente da República, que, por se

tratar de “requisição”, e

não mera solicitação,

não poderá descumprir

a ordem mandamental,

sob pena de cometimento tanto de

crime comum como de

responsabilidade,

inaugurando-se, assim,

a fase 2 do

procedimento.

Proposta a ação pelo

Procurador-Geral de

Justiça, no TJ, quando a lei ou o ato

normativo, ou omissão,

ou ato governamental

de natureza municipal

contrariarem os

princípios sensíveis previstos na CE,

buscar-se-á a solução

administrativa.

Não sendo o caso, nem

o de arquivamento,

serão solicitadas informações às

autoridades municipais

responsáveis e ouvido o

PGJ, sendo, então, o

pedido relatado e

levado a julgamento.

Julgado procedente o

pedido (quorum do art.

97, maioria absoluta),

o Presidente do TJ

imediatamente

comunicará a decisão aos órgãos do Poder

Público interessados e

requisitará a

intervenção ao

Governador do Estado,

que, por se tratar de “requisição”, e não

mera solicitação, não

poderá descumprir a

ordem mandamental,

sob pena de

cometimento tanto de crime comum como de

responsabilidade,

inaugurando-se, assim,

a fase 2 do

procedimento

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FASE 2 – “Intervenção Branda”

DECRETO DO

EXECUTIVO

O Presidente da

República, nos termos

do art. 36, § 3.º, por meio de decreto,

limitar-se-á a

suspender a execução

do ato impugnado, se

essa

medida bastar para o

restabelecimento da normalidade.

Nessa fase, está

dispensada

a apreciação pelo

Congresso Nacional (controle

político)

O Governador do

Estado, nos termos do

art. 36, § 3.º, por meio de decreto,

limitar-se-á a

suspender a execução

do ato impugnado, se

essa

medida bastar para o

restabelecimento da normalidade

Nessa fase, está

dispensada

a apreciação pela

Assembleia Legislativa (controle

político)

FASE 3 – “Intervenção Efetiva”

DECRETO DO

EXECUTIVO E

CONTROLE POLÍTICO

DECRETO DO

EXECUTIVO E

CONTROLE POLÍTICO

Caso a medida de mera suspensão não seja

suficiente para o

restabelecimento da

normalidade, aí, sim, o

Presidente da República

decretará a efetiva

intervenção no Estado ou no DF, executando-a

com a nomeação de

interventor, se

for o caso, e afastando

as autoridades

responsáveis de seus cargos (art. 84, X,

da CF/88)

Nesse caso de

intervenção efetiva,

haverá controle político

pelo Congresso Nacional no prazo de 24

horas a contar do

decreto interventivo. Se

o Congresso Nacional

não estiver

funcionando, far-se-á

Caso a medida de mera suspensão não seja

suficiente para o

restabelecimento da

normalidade, aí, sim, o

Governador do Estado

decretará a efetiva

intervenção no Município, executando-

a com a nomeação de

interventor, se for o

caso, e afastando as

autoridades

responsáveis de seus cargos (art. 84, X, da

CF/88)

Nesse caso de

intervenção efetiva,

haverá controle político

pela Assembleia Legislativa no prazo de

24 horas a contar do

decreto interventivo. Se

a Assembleia Legislativa

não estiver

funcionando, far-se-á

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convocação

extraordinária

Cessados os motivos da intervenção, as

autoridades afastadas

de seus cargos a estes

voltarão, salvo

impedimento legal

convocação

extraordinária

Cessados os motivos da intervenção, as

autoridades afastadas

de seus cargos a estes

voltarão, salvo

impedimento legal

-- Conteúdo Extra --

CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE NOS ESTADOS-MEMBROS

1. Nos termos do art. 125, § 2.º, da CF/88, cabe aos Estados a instituição de

representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais

ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da

legitimação para agir a um único órgão.

2. Nesse sentido, o constituinte consagrou o controle abstrato de

constitucionalidade estadual, fixando regras claras:

● Somente leis ou atos normativos estaduais ou municipais poderá ser

objeto de controle;

● Apesar de não fixar os legitimados, vedou a atribuição da legitimação

para agir a um único órgão;

● O órgão competente para o julgamento da ação pela via principal será,

exclusivamente, o TJ local.

3. Pelo princípio da simetria, muito embora o art. 125, § 2.º, tenha fixado

somente a possibilidade de instituição de representação de

inconstitucionalidade (que corresponderia à ADI), parece-nos perfeitamente

possível que, desde que respeitadas as regras da CF/88, se implementem os

demais meios de controle, especialmente a ADO para combater a inércia do

Legislativo estadual.

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4. Objeto: A teor do art. 125, § 2.º, da CF/88, o controle abstrato estadual

terá por objeto exclusivamente leis ou atos normativos estaduais ou

municipais.

● Pode-se afirmar, assim, que o TJ local nunca julgará, em controle

concentrado e abstrato, lei federal. Ou, em outras palavras, as leis

federais só poderão ser objeto de controle abstrato perante o STF. Ou,

ainda, o STF não julgará em ADI lei municipal perante a CF (só por

meio de ADPF, como visto, ou, excepcionalmente, nas hipóteses de RE

de normas de reprodução obrigatória

5. Competência e Legitimados

● Somente o TJ local será o órgão competente para, exercendo

competência originária, julgar o controle de constitucionalidade

abstrato estadual (art. 125, § 2°).

● A regra constitucional não especificou os legitimados. Apenas proibiu

a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. Assim, cabe às

Constituições Estaduais a delimitação da regra, e, nesse sentido, como

se trata de manifestação do poder constituinte derivado decorrente,

deve-se respeitar, pela simetria, o art. 103 da CF/88, consoante o

quadro abaixo:

Art. 103 – CF/88 –

Legitimados para o

Controle Concentrado

perante o STF

Art. 125, § 2° CF/88 –

Legitimados para o

Controle Concentrado

perante o TJ local –

“princípio da simetria”.

Art. 125, § 2° CF/88 –

Legitimados para o

Controle Concentrado

perante o TJ local

“princípio da simetria” –

Especialmente em

relação a leis ou atos

municipais.

Presidente da

República

Governador de

Estado

Prefeito

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Mesa do Senado

Federal

Mesa da Câmara dos

Deputados

Mesa de Assembleia

Legislativa

Mesa de Câmara

Municipal

PGR

PGJ

-

CFOAB

Conselho Seccional

da OAB

-

Partido político com Representação no

Congresso Nacional

Partido político com Representação na

Assembleia

Legislativa

Partido político com Representação na

Câmara

do Município

Confederação

Sindical

Entidade de Classe de âmbito nacional

Federação Sindical

Entidade de Classe

de âmbito estadual

● A pergunta que surge é se poderia a Constituição Estadual ampliar

para Deputados Estaduais, Procurador-Geral do Estado ou do

Município, Defensor Público-Geral do Estado, ou ainda por iniciativa

popular (ação popular — Popularklage), legitimados que não

guardam simetria com o art. 103 (que não fixou legitimação para

Deputado Federal ou Senador, ou para o AGU ou Procurador da

Fazenda, ou Defensor Público Geral da União etc.) ?

o SIM! Até porque tal previsão prestigiaria a intenção do

constituinte de 1988, que foi no sentido de ampliar o rol de

legitimados para a propositura de ADI.

o STF já se manifestou a respeito em relação aos Deputados

Estaduais: “Legitimação ativa de Deputado Estadual para

propor ação direta de inconstitucionalidade de normas locais em

face da Constituição do Estado, à vista do art. 125, § 2.º, da

Constituição Federal. Precedente: ADI 558-9-MC, Pertence, j.

16.08.91, DJ 26.03.93” (RE 261.677, Rel. Min. Sepúlveda

Pertence, j. 06.04.2006, DJ de 15.09.2006).

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o Outrossim, no precedente citado (ADI 558-9-MC), em

julgamento de medida cautelar (pendente a apreciação do

mérito), o STF entendeu como constitucional o art. 162 da

Constituição do Estado do Rio de Janeiro, com o seguinte teor:

“Art. 162. A representação de inconstitucionalidade de leis ou de

atos normativos estaduais ou municipais, em face desta

Constituição, pode ser proposta pelo Governador do Estado, pela

Mesa, por Comissão Permanente ou pelos membros da

Assembleia Legislativa, pelo Procurador-Geral da Justiça, pelo

Procurador-Geral do Estado, pelo Procurador-Geral da

Defensoria Pública, Defensor Público Geral do Estado, por

Prefeito Municipal, por Mesa de Câmara de Vereadores, pelo

Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, por

partido político com representação na Assembleia Legislativa ou

em Câmara de Vereadores, e por federação sindical ou entidade

de classe de âmbito estadual”.

o Assim, ampliar, em âmbito estadual, os parâmetros

estabelecidos pelo artigo 103, CF/88, parece perfeitamente

possível.

“SIMULTANEUS PROCESSUS”

● E as leis estaduais?

● As leis estaduais, em se tratando de controle concentrado pela via em

abstrato, sofrem dupla fiscalização, tanto por meio de ADI no TJ e

tendo como parâmetro a CE como perante o STF e tendo como

parâmetro a CF.

● Isso significa que a mesma lei estadual poderá ser objeto de controle

concentrado no TJ e no STF. Se isso acontecer, estaremos diante do

fenômeno da simultaneidade de ações diretas de inconstitucionalidade,

também denominado simultaneus processus.

● Nessa situação, em sendo o mesmo objeto (vale dizer, a mesma lei

estadual), assim como o parâmetro estadual de confronto, norma de

reprodução obrigatória prevista na Constituição Federal, o controle

estadual deverá ficar suspenso (em razão da causa de suspensão

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prejudicial do referido processo), aguardando o resultado do controle

federal, já que o STF é o intérprete máximo da Constituição. Confira:

“EMENTA: Ajuizamento de Ações Diretas de

Inconstitucionalidade tanto perante o Supremo

Tribunal Federal (CF, art. 102, I, ‘a’) quanto perante

Tribunal de Justiça Local (CF, art. 125, § 2.º).

Processos de fiscalização concentrada nos quais se

impugna o mesmo diploma normativo emanado de

Estado-membro, não obstante contestado, perante

o Tribunal de Justiça, em face de princípios, que,

inscritos na carta política local, revelam-se

impregnados de predominante coeficiente de

federalidade (RTJ 147/404 — RTJ 152/371-373).

Ocorrência de ‘simultaneus processus’. Hipótese de

suspensão prejudicial do processo de controle

normativo abstrato instaurado perante o Tribunal

de Justiça local. Necessidade de se aguardar, em tal

caso, a conclusão, pelo Supremo Tribunal Federal,

do julgamento da Ação Direta. Doutrina.

Precedentes (STF)”.

● Verificado o fenômeno do simultaneus processus, as seguintes

hipóteses poderão surgir a partir da decisão a ser proferida pelo STF:

o STF declara inconstitucional a lei estadual perante a CF — a ADI

estadual perderá o seu objeto, não mais produzindo a lei efeitos

no referido Estado;

o STF declara constitucional a lei estadual perante a CF — o TJ

poderá prosseguir o julgamento da ADI da lei estadual diante da

CE, pois, perante a Constituição Estadual, a referida lei poderá

ser incompatível (mas, naturalmente, desde que seja por

fundamento diverso).

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● Vamos imaginar agora que a ação seja proposta perante o TJ estadual

e que este julgue a ação que transita em julgado. Poderá no futuro a

mesma lei ser examinada em controle abstrato perante o STF e tendo

como parâmetro a CF? Duas são as hipóteses:

o TJ declara previamente a lei estadual constitucional —

naturalmente, para essa hipótese, não se tratará de

simultaneidade. Assim, em sendo no futuro ajuizada a ADI

perante o STF, tendo por objeto a mesma lei estadual, o STF

poderá reconhecê-la como inconstitucional diante da CF. Como

o STF é o intérprete máximo da constitucionalidade das leis e o

responsável por apontar a força normativa da Constituição, a

nova decisão do STF prevalecerá inclusive sobre a coisa julgada

estadual;

o TJ declara previamente a lei estadual inconstitucional —

entendemos que não haveria mais sentido falar em controle

perante o STF, já que a lei estadual foi retirada do ordenamento

jurídico.

A UTILIZAÇÃO DO RECURSO EXTRAORDINÁRIO NO CONTROLE CONCENTRADO E

EM ABSTRATO ESTADUAL

● De modo geral, da decisão do TJ local em controle abstrato (ADI) de

lei estadual ou municipal diante da CE não cabe recurso para o STF, já

que o STF é o intérprete máximo de lei (federal, estadual ou distrital

de natureza estadual) perante a CF, e não perante a CE.

● Excepcionalmente, contudo, pode surgir situação em que o parâmetro

da CE nada mais seja que uma norma de observância obrigatória ou

compulsória pelos Estados-Membros (norma de reprodução

obrigatória).

● Nesse caso, se a lei estadual, ou mesmo a municipal, viola a CE, no

fundo, pode ser que ela esteja, também, violando a CF. Como o TJ não

tem essa atribuição de análise, buscando evitar a situação de o TJ

usurpar competência do STF (o intérprete máximo da Constituição),

abre-se a possibilidade de se interpor recurso extraordinário contra o

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acórdão do TJ em controle abstrato estadual para que o STF diga,

então, qual a interpretação da lei estadual ou municipal perante a CF.

● Trata-se, pois, de utilização de recurso típico do controle difuso (pela

via incidental) no controle concentrado e em abstrato estadual.

● O recurso extraordinário será um simples mecanismo de se levar ao

STF a análise da matéria. Assim, a decisão do STF nesse específico

recurso extraordinário produzirá os mesmos efeitos da ADI, ou seja,

por regra, erga omnes, ex tunc e vinculante, podendo o STF,

naturalmente, nos termos do art. 27 da Lei n. 9.868/99, modular os

efeitos da decisão. Portanto, não se aplicará a regra do art. 52, X, não

tendo o Senado Federal qualquer participação.

QUADRO COMPARATIVO DO SISTEMA JURISDICIONAL MISTO DE CONTROLE

POSTERIOR OU REPRESSIVO DE CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL

Controle Objeto Competênc

ia

Legitimaçã

o Ativa

Cautelar

Controle

Difuso – atos

normativos.

Qualquer lei ou

ato de

indiscutível

caráter

normativo,

contrário à

Constituição (via de exceção ou

defesa —

declaração de

inconstitucionali

dade (incidenter

tantum)

Qualquer

juízo ou

Tribunal.

Qualquer

pessoas

física ou

jurídica, no caso

concreto.

Possível,

seguindo-se

as

regras processuais

Controle

Difuso –

omissões –

mandado de

injunção

individual ou

coletivo.

Falta de medida

regulamentadora de

artigo da

Constituição de

eficácia limitada,

prescrevendo

direitos,

liberdades constitucionais e

prerrogativas

inerentes à

nacionalidade, à

Arts. 102, I,

“q”, 102, II, “a”, 105, I,

“h”, 121, §

4.º, V, e

125, § 1.º

(qualquer

juiz ou

tribunal, observadas

as

regras de

organização

judiciária)

Qualquer

pessoa,

física

ou jurídica,

no

caso concreto

Impossibilidade.

Contudo,

tendo

em vista as

novas

tendências,

pode-se pensar

na modi

ficação desse

entendiment

o.

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soberania e à

cidadania

ADI genérica

(controle

concentrado no STF)

Lei ou ato

normativo

federal, estadual ou distrital

(natureza

estadual),

contestados em

face da CF/88

(via de ação,

controle abstrato, em

tese)

STF —

competência

originária

Arts. 103 da

CF/88 e 2.º

da Lei n.

9.868/99

Possível (CF,

art. 102, I,

“p”)

Arguição de

descumprime

nto de

preceito

fundamental

(ADPF)

Evitar ou reparar

lesão a preceito

fundamental,

resultante de ato

do

Poder Público e quando for

relevante

o fundamento da

controvérsia

constitucional

sobre

lei ou ato normativo

federal,

estadual,

municipal,

distrital,

incluídos os anteriores à

Constituição

STF —

competência

originária

Arts. 103 da CF/88 e 2.º

da

Lei n.

9.882/99

(os mesmos

da ADI)

Possível (art.

5.º da Lei n.

9.882/99)

ADI por

omissão

(ADO)

Falta de medida

regulamentador

a de

artigo da

Constituição de

eficácia limitada

STF —

competência

originária

Arts. 103 da

CF/88 e 12-

A

da Lei n.

9.868/99

Possível (art.

12-F da Lei n.

9.868/99)

Representaçã

o

Interventiva (ADI

Interventiva)

Lei ou ato

normativo, ato

administrativo, ato

STF —

competência

originária

Procurador-

Geral da

República — art. 36, III,

da

Possibilidade

(art. 5.º da

Lei n. 12.562).

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concreto, ou

omissões,

estaduais

ou distritais que violam princípios

sensíveis da

CF/88

CF/88

ADC

Lei ou ato

normativo

federal

STF —

competência

originária

Art. 103 da

CF/88

(modificado

pela EC n.

45/2004)

Possibilidade

(jurisprudênc

ia

do STF —

ADC

4)