Convergência e Inovação Jornalística Em Revistas Para Tablets

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Convergência e inovação jornalística em revistas para tablets: uma proposta de categorias de análise 1 Adalton dos Anjos Fonseca 2 Resumo: Este artigo visa propor categorias de análise para a inovação em revistas jornalísticas para tablets tendo como base o conceito de convergência de conteúdos. A partir do levantamento de definições envolvendo o amálgama entre jornalismo e inovação, buscamos entender quais são os elementos que qualificam uma publicação para tablet como inovadora. A estratégia aplicada na pesquisa consistiu no cotejo entre o conceito de convergência jornalística, com a listagem de agentes da inovação em dispositivos móveis, além da observação e análise das revistas. O corpus é formado por edições publicadas em maio de 2015 da americana National Geographic; da espanhola Hola! e das brasileiras Galileu e Veja. Foi elaborada, testada e aplicada uma ficha de apoio à investigação. Os resultados indicam que quanto maior a exploração de elementos inerentes ao ecossistema dos dispositivos móveis para dar forma às novas narrativas, e que estão diretamente ligados ao conceito de convergência jornalística, maior será o grau inovação. Nossa síntese da reflexão das descobertas apontou para as seguintes categorias de inovação para revistas jornalísticas para tablets em ordem ascendente: inovação de transpositiva, inovação complementar e inovação convergente. Palavras-chave: Inovação, Convergência Jornalística, Revistas, Tablets. 1 Artigo enviado na modalidade Jornalismo e mídias móveis 2 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporânea na Universidade Federal da Bahia. Membro do Grupo de Pesquisa de Jornalismo On-line (Gjol). Graduado em Jornalismo pela UFBA e Relações Públicas pela UNEB. E-mail: [email protected]

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Este artigo visa propor categorias de análise para a inovação em revistas jornalísticas para tablets tendo como base o conceito de convergência de conteúdos. A partir do levantamento de definições envolvendo o amálgama entre jornalismo e inovação, buscamos entender quais são os elementos que qualificam uma publicação para tablet como inovadora. A estratégia aplicada na pesquisa consistiu no cotejo entre o conceito de convergência jornalística, com a listagem de agentes da inovação em dispositivos móveis, além da observação e análise das revistas. O corpus é formado por edições publicadas em maio de 2015 da americana National Geographic; da espanhola Hola! e das brasileiras Galileu e Veja. Foi elaborada, testada e aplicada uma ficha de apoio à investigação. Os resultados indicam que quanto maior a exploração de elementos inerentes ao ecossistema dos dispositivos móveis para dar forma às novas narrativas, e que estão diretamente ligados ao conceito de convergência jornalística, maior será o grau inovação. Nossa síntese da reflexão das descobertas apontou para as seguintes categorias de inovação para revistas jornalísticas para tablets em ordem ascendente: inovação de transpositiva, inovação complementar e inovação convergente.

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Convergncia e inovao jornalstica em revistas para tablets: uma proposta de categorias de anlise1 Adalton dos Anjos Fonseca2 Resumo:Esteartigovisaproporcategoriasdeanliseparaainovaoemrevistas jornalsticasparatabletstendocomobaseoconceitodeconvergnciadecontedos.A partirdolevantamentodedefiniesenvolvendooamlgamaentrejornalismoe inovao,buscamosentenderquaissooselementosquequalificamumapublicao para tablet como inovadora. A estratgia aplicada na pesquisa consistiu no cotejo entre o conceitodeconvergnciajornalstica,comalistagemdeagentesdainovaoem dispositivos mveis, alm da observao e anlise das revistas. O corpus formado por edies publicadas em maio de 2015 da americana National Geographic; da espanhola Hola!edasbrasileirasGalileueVeja.Foielaborada,testadaeaplicadaumafichade apoioinvestigao.Osresultadosindicamquequantomaioraexploraode elementosinerentesaoecossistemadosdispositivosmveisparadarformasnovas narrativas,equeestodiretamenteligadosaoconceitodeconvergnciajornalstica, maior ser ograu inovao. Nossa sntese da reflexo das descobertasapontou paraas seguintescategoriasdeinovaopararevistasjornalsticasparatabletsemordem ascendente: inovao de transpositiva, inovao complementar e inovao convergente. Palavras-chave: Inovao, Convergncia Jornalstica, Revistas, Tablets.

1 Artigo enviado na modalidade Jornalismo e mdias mveis 2 Mestrando do Programa de Ps-Graduao em Comunicao e Cultura Contempornea na Universidade Federal da Bahia. Membro do Grupo de Pesquisa de Jornalismo On-line (Gjol). Graduado em Jornalismo pela UFBA e Relaes Pblicas pela UNEB. E-mail: [email protected] relao entre a inovao e a convergncia jornalstica Aanlisesobreainovaonojornalismonocontextocontemporneotemcomouma das principais descobertas a tendncia de adoo da ideia da convergncia de contedos nasnarrativasapresentadasemdispositivosmveis.Trata-sedeumaestratgiaparaa organizaoedistribuiodeinformaesemumcenrioformadoporumacomplexa redemiditica.Nestesentido,ograndedesafiocombinarosdiferentesformatoss caractersticasdecadaplataformaeotipodecontedoparaatenderesuperaras expectativasdosleitores.Oresultadodesteesforoconsistenaofertadepublicaes jornalsticasoriginaiseinovadoras,comumagramticaprpriaequepromove modificaes em toda a indstria miditica. possvelidentificarduasprincipaisperspectivastericassobreadefiniodo amlgamaentrejornalismoeinovao.Aprimeiraabordagemestmuitoalinhadas repercusseseconmicase,porisso,influenciadapelaconceposhumpeteriana3. Nordfords(2003;2009),quecunhouoconceitodeJornalismodeInovao,se preocupouemdefinirumareadeatuaoparaojornalista.OInJo,acrnimopara InnovationJournalism,caracterizadocomoacoberturasobreinovaesepodeser comparadoaumaeditoriaoupublicaosegmentada,assimcomohojornalismo econmico, poltico, cultural ou esportivo. A segunda abordagem, alinhada com a nossa proposta de trabalho, amplia a perspectiva dosimpactoseconmicosoudomercadodainovaoeparteparaumaanlise multidisciplinar,ouseja,queconduzainvestigaoemdireoaoutrosaspectos culturais da experincia inovadora no jornalismo. Machado (2010) um dos crticos da viso deNordfords sobre oInJo porque, segundo ele, a proposta querdefinir espaos paraatuaoeproduodeinformaessobreprocessosdeinovaoexternos indstriajornalstica(2010,p.69).AideiadaInovaonoJornalismodefendidapelo autorbrasileirodestacamudanasinternasculturajornalstica,ligadassregras, rotina,economia,culturaecomportamentos,queenvolvemtodososatoresquese relacionam com o campo. InovaonoJornalismotodaamudananastcnicas,tecnologias, processos,linguagens,formatos,equipamentos,dispositivoseaplicaes, valoresoumodelosdenegciosdestinadosadinamizarepotencializara

3O economistaalemodefendiaqueumainovao precisavagerar riquezasparaas empresas efaz-las ter vantagens na competio. (SHUMPETER, 1997) produo e consumo das informaes jornalsticas. A inovao no jornalismo um fenmeno que volta para o jornalismo como indstria e que se centra na buscadesoluesconceituaisoutecnologiascapazesde,aomesmotempo, maximizaraproduoeatenderasdemandassociaisporinformaesde qualidadeeinstantnea,aomenorcustopossvel,emconsonnciacomo rigordasmelhorescondutasprofissionaiseacessveisportodososmeios disponveis4 (MACHADO, 2010. p.67, traduo nossa). ApartirdapropostadeMachado(2010),definimosumrecortedeestudossobrea inovaonojornalismoquecontemplaasmudanasdopontodevistadoproduto oferecido em uma nova plataforma os tablets. A produo, a distribuio e o consumo decontedopormeiodosdispositivosmveisconectadossoumdostemasmais recentes dos estudos em comunicao. Alm disso, a venda dos equipamentos cresce a cada ano 216 milhes de tablets foram comercializados em 2014, segundo a Gartner5. Desta forma, a anlise parte das apropriaes dos veculos sobre os recursos disponveis nestesdispositivos.Entendemosqueestasdecisessofundamentadasemprocessos relacionais, que envolvem negociaes entre as partes. Aaodosmembrosdosistemasocialnoprocessodeadoodeumainovao extensamentediscutidanaobradeRogers(2003)sobreaTeoriadaDifusode Inovaes.Propostaem1963,aabordagemtemcomoprincipaiscontribuies introduzirconceitosdocampodacomunicaonoentendimentodasdinmicasde difuso da inovao. Mesmo com a forte influncia doclssico modelomatemtico de Shannon-Weaver6, as ideias do autor britnico so importantes porque deslocam o olhar sobreosucessodeumainvenonomercadodaeficinciaeconmicaparaumaetapa anterior: a ao dos diferentes personagens do processo, que Rogers chama de adopters. A questo relacional como um fator que permeia todas as fases da trajetria de um novo produto, servio ou processo tambm est implicitamente nas obras de Freeman (1979); KlineeRosemberg(1986);Christensen(1997);Godin(2008);Rossetti(2013),entre outros que se dedicam a discutir a inovao.

4 Innovacin en el Periodismo es todo cambio en las tcnicas, tecnologias, procesos, lenguajes, formatos, equipos, dispositivos y aplicaciones, valores o modelos de negocios destinados a dinamizar y potenciar la produccinyconsumodelasinformacionesperiodisticas.Lainnovacinenelperiodismoesun fenmenoquesevuelveparaelperiodismocomounaindustriayquesecentraenlabsquedade soluciones conceptuales o tecnolgicas capaces de, al mismo tiempo, maximizar la produccin y atender a las demandas sociales por informacin de calidad y instantnea, al menor costo posible, en consonancia conelrigordelasmejoresconductasprofesionalesyaccesibleportodoslosmediosdisponibles. (MACHADO, 2010. p.67). 5 http://www.gartner.com/newsroom/id/16264146ModelooriundodaTeoriadaInformaocriadoporClaudeShannoneWarrenWeaver,queficou conhecidocomoTeoriamatemticadacomunicao.Oesquemainicialqueinfluencioubastanteas primeiraspesquisassobreoprocessodecomunicaoeraformadopelosseguinteselementos:emissor, receptor, cdigo, canal e mensagem. Desta forma,ao dependermos de caractersticas individuaispara entender os diferentes nveisdeadoodeumainovao,conclumosqueummesmoprodutoouservio oferecidosemsituaescrono-espaciaisdiversasapresentaroresultadosno-padronizados.Ouseja,revistasparatabletpublicadasporveculosdiferentesnose apropriaro dos recursos do novo dispositivo da mesma forma. Muito pelo contrrio, o que tem se observado no setor a diversidade de formatos apresentados pelas empresas jornalsticas.Diantedesteambiente,propomosumaformadecategorizaroestado atual das revistas para tablets. O desafio a construo de um sistema de mensurao que permita uma anlise com base nos mesmos critrios entre os diferentes ttulos. A presente proposta de investigao sobre a inovao no jornalismo, do ponto de vista dos produtos, tercomoreferncia asexperincias que estejamem consonnciacom o conceito de convergncia jornalstica. Esta definio tem como base concluses como a de Barbosa (2014, p.3):O cenrio de inovaoatual tem como norma a convergncia jornalstica. Entendemos que a ideia daconvergncia jornalsticacomo expressoque conduzamudanasdeordemtecnolgica,decontedosedeprocessos,nonova, mas,emumcontextoquetemcomoparmetrosumcomplexoecossistemamiditico mvel, fenmenos inditos tm sido identificados (GARCIA et al. 2008).EmQuinn(2005),aexpressoconvergnciajornalsticasinnimodejornalismo integrado e de publicao em multiplataforma. Paraele, alm da tecnologia, mudanas decomportamentodeleitoresnoconsumodenotciastambmconduzemaestanova forma de apresentar o contedo, que ser o destino da mdia. Por consequncia, modelos denegcioseatributosprofissionaisdosjornalistasprecisamseratualizadosparase adequarem a este contexto.Jenkins(2008)descrevedemodoaprofundadoascaractersticasdefinidorasdacultura daconvergncia,comoporexemplo,acooperaoentreindstriasmiditicas,a emergncia de consumidores ativos e conectados e uma produo baseada em narrativas transmiditicas.Eledestacaacomplexaarticulaoentremeiosantigosenovoseo aproveitamentodasmelhoresoportunidadesdecadaum,comoobjetivodeatrair mltiplos pblicos. SalaverraeGarca(2008),assimcomoQuinn(2005),destacamoscustoscom mudanasdeinfraestrutura,nosprocessosinternos,nosservioseproduode contedo.EmRossetti(2013),asnovastecnologiasdacomunicaosovistascomo uma das agentes do fenmeno da inovao em todo o campocomunicacional, gerando produtos novos em linguagem e esttica. EmCanavilhaseSatuf(2013),maislatenteocarterinovadordasnarrativas convergentesapresentadasemvriasplataformas.Eleexplicaqueaoexploraras potencialidades de cadaformato e combin-los de forma atraente, o veculo capaz de apresentarprodutosfinaisnicos.Nestesentido,temosaperspectivaadotadapor Barbosa(2013)daintegraodosmeios,processoseprodutoscomocaracterizadores destecenrio.Eladefendeaideiadocontinuummultimdiadecarizdinmicocomo umalgicadeatuaohorizontalizada,quepassapelaproduo,edio,distribuio, circulao e recirculao dos contedos.Cabedestacaraquiosdiversosagentesdainovaoquefazemparteouserelacionam comoecossistemamiditicomveledobaseaoprocessodeproduodecontedos convergentes. Aguado e Gere (2013) afirmam que este ambiente marcado pela unio dosdispositivosmveisconectados,almdafusodecontedoseaplicaesque possibilitamnovasformasdeproduo,circulaoeconsumo.Poroutrolado,os consumidorespassamateracessoaumjornalismodinmico,queexplorarecursos digitaistradicionaishipertextualidade,multimidialidade,interatividade,atualizao contnua,memria,personalizao,basesdedadosenovaspossibilidadesporconta dossensoresdosequipamentosmaisrecentescomoageolocalizao,atactibilidade,a ubiquidade.(MIELNICZUK,2003;BARBOSA,2013;PALACIOSeCUNHA,2012; PAVLIK, 2014). Ainda temos as estratgias de distribuio com as lojas de aplicativos, ascomprasonlineetodososrecursosesensoresinerentesaosdispositivosmveis udio,vdeo,interaesgestuais,acelermetroegiroscpio,GPS,cmerasdigitais, entre outros, que so explorados neste contexto. Portanto,aconvergnciajornalsticanocontextocontemporneopodeservistacomo uma ideia intrnseca noo de inovao no jornalismo. Ambos esto preocupadosem caracterizar produtos novos e planejados para explorar recursos inditos os autctones paradispositivosmveis7.Almdisso,asduasperspectivasobservammudanas internaseexternasaocampojornalstico.Tendoaconvergnciacomoparmetro, mesmodiantedafaltadeunidadenadefiniodestapropostaentreosautores,

7 Ver mais em Palacios et. al (2014) sugerimosquequantomaisbemsucedidaforumapublicaodigitalnaproduode edies com contedos convergentes, maior ser o seu nvel de inovao. 2.Revistas para tablets: estudos de caso Oprocessodeelaboraodeumapropostadecategorizaodainovaoemrevistas paratabletsfoifeitocombaseduasestratgiasmetodolgicas.Aprimeiradelasfoia criao de uma ficha de anlise baseada no livro Ferramentas de Anlise da Qualidade noCiberjornalismo(Volume1:Modelos)(2011),publicaoresultantedoConvnio Capes/DGU 140/7, entre 2009 e 2010, dedicada a propor metodologias para a avaliao da qualidade em cibermeios. O instrumento foi elaborado com base na ideia de inovao jornalstica,nasabordagenssobreaideiadecomunicaomveledaconvergncia. Outrafrentedetrabalhodeu-secomaobservaolivredaspublicaeseanotaes sobre a experincia de leitura destes produtos. A ficha de anlise est dividida em duas partes principais: Propriedades Participatrias e Narrativas.Naprimeiraparte,sorecolhidosdadosatravsdeperguntassobre interaes, navegao, personalizao e memria. Na segunda metade,so apurados os recursosmultimdia,hipertextoeaatualizao.Asrespostassoinseridasnoformato ocorrncia e no-ocorrncia. Testes-piloto foram realizados previamente.O corpus de pesquisa ser formado por edies publicadas em maio de 2015 da revista americanaNationalGeographic;edabrasileiraGalileureconhecidascomo inovadores em seus respectivos pases por prmios e rankings promovidos por entidades nos ltimos anos alm da espanhola Hola! e da brasileira Veja publicaes de maior tiragem em suas naes. 2.1.National Geographic Arevistasededicaapublicarreportagens,artigoseentrevistas,mensalmente,sobre geografia, histria,cincia, biologia ecultura.Apublicao circulou pela primeira vez em1888eatualmentetemtiragemdemaisde6,8milhesdeexemplaresemtodoo mundo, cerca de 3,5 milhes de unidades por ms so vendidas somente nos EUA. Cada nmeroavulsocustaUS$5,99,jaassinaturaanualUS$29,99notablet.Outros elementos de destaqueem seu modelo de negcios soa ocorrncia de pouco material publicitrio ao longo da edio e a diversificao do modo de arrecadao, com a venda de fotografias jornalsticas em um site que abre dentro do prprio aplicativo. A edio analisada foi a de 6 de maio de 2015. Diversas caractersticas inovadoras para oformatoderevistaforamobservadasentreasPropriedadesParticipatrias,comoas vriaspossibilidadesdeinteraodoleitorcomocontedo,ocompartilhamentode reportagens por e-mail e redes sociais sem sair do aplicativo e a oferta de uma amostra grtis e degustao de uma nova edio para atrair os leitores. Alm disso, a explorao de recursos como o scroll down na navegao dos textos e a apresentao automtica de vdeoseanimaesmodificaramaformadeconsumodapublicao(antesapenasum virar de pgina). Emtermosdepersonalizaoememria,houvepoucosavanosnaproduona National Geographic e em todas as outras revistas analisadas. Os sistemas de busca, to importantesemsitesjornalsticos,noforambemdesenvolvidosnanovaplataforma. No possvelfazer uma pesquisa por palavras-chaveentreas edies publicadas, por exemplo.Quantopersonalizao,ferramentascomoageolocalizao,quepoderia tentar prever informaes de interesse do leitor, no utilizada. Nas Propriedades Narrativas, o produto da National Geographic ficou bastante alinhado comaspropostasdaconvergnciajornalstica.Aspotencialidadesdecadaformato foram aproveitadas e um produto planejado para a nova plataforma foi disponibilizado. A experincia comea desde a abertura da revista, com um vdeo e udio da reportagem principalsobregolfinhos,evaiatoscontedosinternosinterativos.Apublicidade integrada usa links para sites, vdeos e fotos em alta definio; as reportagens exploram mapas, animaes e infogrficos. H vdeos de produo prpria, recursos de udio com efeitossonorosediscursooralparaenriquecerocontedo,newsgame(umquebra-cabea com as fotografias jornalsticas) e uso das bases de dados. TrscaractersticasprincipaisdoconsumodarevistaNationalGeographicajudaroa definircritriosparadelimitarascategoriasdeanlise.Aprimeiradelasaofertade vdeos nas reportagens de produo prpria e especficos para a plataforma. O formato audiovisualemsinoapresentanenhumagrandeinovao,umavezqueomodelo utilizadosemelhanteaodosminidocumentrios.Noentanto,anovidadeestna integrao deste material s reportagens de modo a dinamizar e aprofundar o consumo docontedoenoapenascomoumailustrao.Ousuriopodedecidirnoassisti-lo (exige-se conexo com a internet) e no ter prejuzos no entendimento global da pauta. A segunda e a terceira caraterstica inovadora so a adoo da atualizao diria em um veculoquetemaperiodicidadecomoumaspectodefinidoreainterfernciamaiordo pblico. O espao ainda limitado s fotografias postadas na rede social Instagram e as imagensenviadaspelosleitores,maspermiteumaalteraodaediodepoisde publicadaeaparticipaodiretadoconsumidorcomoprodutordecontedo,outra caracterstica da convergncia descrita por Jenkins (2008). Figura 1 Atualizao de rede social dentro da edio altera pacto de periodicidade da revista Fonte: Captura de tela da edio da National Geographic para tablets do dia 6 de maio de 2015 2.2.Galileu Trata-sedeumarevistamensalcomcontedovoltadoparainformaessobre tecnologia,cincia,sadeecomportamento.Apublicaobrasileirafazparteda EditoraGlobo,quemantmoutros14ttulos,efoilanadaemagostode1991como nomedeGloboCincia,emrefernciaaumprogramatelevisivodaTVGlobo.Desde 1998 passou a se chamar Galileu. Com o slogan Galileu: questione, entenda, evolua, o peridicoprometeofereceraoseuleitorumprodutocomdesigninovadoremseu formatodigital.TodoocontedomensaldarevistaGalileuemformatodigitalecom reportagens repletas de contedo extra e interativo: galerias de foto, vdeos, animaes e quiz,informanadescriodoaplicativo.AedioparatabletcustaUS$4,99ea assinatura por um ano US$ 39,99. Apesar da promessa da oferta de um produto inovador e adequado ao formato digital, a ediodaGalileude6demaiode2015temmuitasrefernciasdoimpresso.Oscroll down, por exemplo, no um recurso utilizado, j que a revista organiza o seu contedo tendo como fio condutor da navegao o conceito de paginao. No h explorao de ferramentas como o carrossel para o deslizamento de imagens ou o incio automtico de vdeoseanimaessimplesmenteporque,comoveremosaseguir,nohouveumuso desteselementosnaedio.Outroaspectodanavegaoaserdestacadoa impossibilidadedecomearaleituraantesdotrminododownloaddoproduto.Com Propriedades Participatrias e Narrativas to simples a dimenso do arquivo da revista quatro vezes menor que o da National Geographic, por exemplo. EntreasPropriedadesNarrativas,aestaticidadepoderiaserotermoquedefineo produto-finaldaGalileu.Dosrecursosmultimdia,somenteosdesenhoseilustraes foramexploradospelarevista.Quandosetratadohipertexto,apenasosumrioestava devidamentecorrelacionadosreportagens.Foradaedio,noaplicativo,olink indicava outras revistase livros da Editora Globo. Alm disso, umespao para vdeos est disponvel no software, no entanto, o contedo est bastante desatualizado. ArevistaGalileuficouemumpatamarbastante diferenteemrelaoaottuloanterior em termos de explorao dos recursos inovadores para o tablet. O curioso que ambos osveculosadotaramanovaplataformacomoespaoparadistribuiodeseus contedos em momentos bem parecidos, no primeiro semestre de 2011, um ano aps o lanamentodoiPad,daApple.Aolongodoperodo,asduaspublicaesatualizaram seusaplicativos21vezescadauma.Semelhanastambmforamobservadasna periodicidade(mensal)enovnculocomumgrandegrupodecomunicaoas organizaes Globo e a National Geographic Society. No entanto, do ponto de vista de prioridadesempresariaisottulobrasileiro,quejfoidestaqueemranking internacional8,demonstraestarapenasaocuparumnovoespao.Questesfinanceiras foramasmaioresresponsveispelainvoluodoveculo,quenoteveonmero esperado de leitores pelos seus diretores na nova plataforma.

8 A Galileu foi a nica publicao nacional a ser nomeada como uma das finalistas do prmio promovido pelaSociety of Publications Designers (SPD), na categoria Aplicativo para Tablet do Ano, na edio de 2012. 2.3.Hola! Apublicaoespanholaasegundamaisvendidanopas,atrsapenasdarevista Pronto,commaisde5,3milhesdeexemplaresmensais.Noentanto,escolhemosa Hola!pelofatodeasuaconcorrentenoterumaplicativoparatablets.Amarca tambmmantmttulosnacionaisnoMxico,ArgentinaeEstadosUnidos,almdo ReinoUnido,Canad,Rssia,FilipinaseNigria.Fundadaem1944,apublicao semanalsededicaareportagenseentrevistascomcelebridadeslocais.Naediopara tablets,oveculoinforma:umareproduoexatadaedioimpressacomtodosos benefciosdeinteratividadequepermiteanavegaoeletrnica9.Ouseja,demonstra ter adaptado seu contedo impresso para a verso digital. O destaque da experincia de leitura com a revista Hola! (edio de 6 de maio) a sua transioentreoformatoimpressoeodigital.Omaiorexemplodestadificuldadeem definir uma posio est nas reportagens principais da edio. Ao mesmo tempo em que o leitor v a pgina diagramada da mesma forma que na revista impressa, aparece uma indicao para que ele deslize uma caixa de texto escrito, ampliando o mesmo texto da pgina e explorando o recurso do scroll down (Figura 2).Figura 2 - Pgina diagramada da verso impressa no fundo e texto escrito em sroll down Fonte: Captura de tela da edio de 6 de maio de 2015 da Hola!

9 Es una reproduccin exacta de la edicin impresa com todos los benefcios de interatividadque aporta la navegacin electrnica OutrascaractersticasnotadasentreasPropriedadesParticipatriasforamasmuitas indicaesdemovimentoparaousurio,ousoderefernciasimpressascomoa paginaoeaimpossibilidadedautilizaodeoutrosaplicativosenquantoarevista carregada. Do ponto de vista positivo, a Hola! foi a nica a apresentar um campo para a busca por uma edio especfica tendo como variveis o ms e o ano. EntreasPropriedadesNarrativas,verificamosaexploraobastanteintensa(eat cansativa)defotografiasdascelebridadesevdeosdeproduoprpria.Noentanto,a forma de utilizao do recurso audiovisual na Hola! foi bem diferente da aplicao da NationalGeographic.Narevistadecelebridades,estetipodecontedofuncionava comoumcomplementosreportagens,comoobjetivodemostrarosbastidoresde ensaios fotogrficos com os personagens famosos ou trechos da entrevista publicada no texto.Estainserotemcomoobjetivoilustrareusarorecursodovdeonaproduo, mas no aprofunda o contedo. Comrelaoaohipertexto,asreportagenseapublicidadenoexploramesterecurso para sites externos. J o aplicativo utiliza esta ferramenta para indicar outras revistas e o prpriositedenotciasemtemporealdoveculo.Emumacomparaocomosdois ttulos anteriores, conclumos que a Hola! tenta se adaptar a nova plataforma de modo poucoplanejado,masquefogedasimplestransposiodocontedodoformato impressoparaotablet.Ottuloespanholestlongedeatingironveldeinovao notado na National Geographic, no entanto, est um passo a frente da Galileu. 2.4.Veja PublicaodemaiortiragemnoBrasil,commaisde1,1milhodeexemplaresacada edio,aVejaoprincipalttulodaEditoraAbril,quemantm54publicaes. Lanada em 1968, o veculo promete tratar dos assuntos mais relevantes do Brasil e do mundo com anlises, opinio, entrevistas e reportagens. Em sua verso para tablet, que custa US$ 4,99 a unidade e US$ 14,99 por ms, o comprometimento em oferecer uma novaexperinciacomasuarevista.Mas,logonasequnciadadescriodo aplicativo,elainforma:Vejaaprimeirarevistabrasileiracomaversoimpressa integralmente adaptada para o iPad.Logo, se se trata de uma adaptao, o leitor pode esperar uma explorao de recursos bastante limitada do tablet. AomesmotempoemqueaVejasedestacaporseranicaentreasquatroanalisadas nesteartigoafacilitarocontatodoleitorcomoveculoemumcampointegrado ediodarevista,apublicaotambmanicaquenopermitealeituraemmodo horizontal.Outroaspectonegativoanodisponibilizaodeumespaoexclusivo paraqueoleitorpossanavegarentreasediesadquiridas.Destaforma,eletemque fazer essa busca junto lista de todos os nmeros oferecidos no aplicativo.Na edio de 6 de maio de 2015, a publicao utilizou uma animao bem simples em suaabertura,comasimagensaparecendoantesdotextoescritoeumapequena movimentaodeobjetosnocantosuperioresquerdodatelaporcontadeumadas reportagens.Estemesmorecursoestavapresenteinternamente.Quantoaousodegifs, mapasinterativos,infogrficos,fotosevdeosem360erecursosdeudio,nenhum deles foi utilizado. Osvdeosquefizerampartedaedioassumemumcartermeramenteilustrativoou soremediadosdositedaTVeja.Nasreportagens,trailers,trechosdearquivopessoal ouatdecontedotransmitidopelatelevisosoinseridosemreportagens,naseo Obituriosoupequenasnotas.Noutraparte,chamadassobreosassuntosemdestaque nos blogs, na webtv e os vdeos da semana tentam atrair a visita do leitor nestes canais. Todavia,somenteolinkcomaTVejaabrenoprprioaplicativo.Almdisso,o programa exibido o mesmo que foi apresentado no site da revista, extremamente longo (38minutos)ecomumformatosemgrandesinovaes,igualaodeumaentrevista televisiva. Apublicidadenoexploraoselementosmultimdia,masusaolinkparaqueoleitor visiteositedaempresa,conheaosprodutosepossaatfazeracompraonline.O recursodalocalizaodelojastambmfoiobservado.Outrousodohipertextopara direcionarousurioparaaaquisiodeoutroaplicativonapublicidadeedasedies locaisdaVeja.Nasreportagens,apublicaofoianicaentreasanalisadasque explorou o hiperlink externo junto ao seu contedo durante uma matria sobre o blog de umadeputadafederal.Nofinaldaedio,umnewsgametambmoferecidono formato de quiz sobre os assuntos tratados na revista. ArevistaVeja,portanto,estariaemummesmonveldeexploraodosagentes inovadoresdapublicaoanterior,aHola!.Comodestaqueparaamelhorintegrao dottulobrasileirocom asredessociais,umavezqueexpeos conesdentrodassuas reportagensenoosaproveitadotemplatedoaplicativo,mascomapublicao espanhola apresentando um produto que explora mais a fotografia e o vdeo.*** Na sequncia est um quadro com as principais informaes observadas na anlise e as quetiveramresultadosdistintosentreosttulos.Outroselementosforaminseridosna investigao,masapresentaramosmesmosusosouausnciasentreasrevistas.O resultadofinaldafichateveaNationalGeographicanotandoaocorrnciade66%dos 63itensinqueridos,aVejateve52%,aHola,44%eaGalileu,36%.Noentanto, somenteousoderecursosinovadoresnasediesnosuficienteparaclassificaro nvel de cada publicao. Esta apenas uma etapa da tarefa, que pode dar indicaes de resultados.Aindaprecisoumaintepretaodestesdadosverificandocomoestes recursosinovadoresestosendousados,poristooconceitodeconvergnciade contedosimportante.Umaspectoquenosepodeperderdevistaqueousode todososelementosao mesmotempoemumareportagemtambmnosalutarparaa leitura. Tabela 1 - Quadro resumo com as principais concluses da investigao National Geographic GalileuHolaVeja Oferece amostra grtis de edio antiga ou de edio especial? SIM NOSIMSIMPermite leitura em modo horizontal?SIMSIM SIMNOAbandona referncias das revistas impressas?NONONONOPermite navegar em uma seo exclusiva para as edies adquiridas pelo leitor? SIMSIMSIMNOA abertura da revista contm vdeos, gifs ou imagens animadas? SIMNONO NOAs reportagens exploraram mapas e infogrficos interativos SIMNO NO NOA edio explora o newsgame?SIMNO NO SIM As reportagens exploraram as bases de dados?SIMNONONO As reportagens exploraram o vdeo de forma integrada, de produo prpria e que rode no prprio aplicativo? SIMNO NO NOA publicidade explora os links para permitir a compra de produtos ou servios durante a leitura da revista? SIMNONOSIM A edio da revista disponibiliza um espao em tempo real de postagens em uma de suas redes sociais? SIMNONONO O aplicativo disponibiliza um espao para atualizao em tempo real das ltimas notcias? NONOSIMSIM Fonte: Elaborao prpria 3.Proposta de categorias de anlise da inovao em revistas digitais Ao longo do presente artigo, apresentou-se de forma sinttica o quo complexo e amplo soasabordagenssobreainovaoeaconvergnciajornalstica.Faltaumaunidade tericaemtornodasdiscussessobreostemas.Diantedestecontexto,jconclumos, seja atravs das discusses dos autores ou dos estudos de caso acima, que as formas de exploraodasmudanasterodiferentesgradaesumavezquevariveisculturais, sociaiseeconmicasestoenvolvidasnesteprocesso.Partindodestepressuposto, entendemosquedesdeomenornveldeatualizaooumodificaoatomais avanado teremos inovao. A classificao proposta a seguir sobre os nveis de inovao ter a convergncia como pontoderefernciaparadiferenciaodecadagrupo.Todavia,outrascategorizaes sobregraus de inovaes tambm nos inspiraram em nossa proposio.Algumas delas foram resumidas na tabela abaixo. Tabela 2 - Algumas tipologias sobre a inovao AutoresClassificaoComentrio Shumpeter (1997) Inovao versus Inveno Viso economicista difere o primeiro termo do segundo a partir de fatores ligados gerao de riquezas para as empresas atravs da comercializao de um novo produto. Christensen (1997) Inovao sustentadora versus Inovao disruptiva Apresenta uma abordagem com as funes estratgicas de diferentes tipos de mudanas tecnolgicas. A primeira a mais frequente e se dedica a melhorar a performance do produto. A inovao disruptiva a que gera produtos completamente novos no mercado. The New York Times (2014) Incumbentes versus Disruptores A classificao semelhante a de Christensen (1997). Destaque para a questo da qualidade e preos inferiores dos produtos disruptivos e para o flash-point; momento em eles passam os incumbentes. Rossetti (2013) Inovao substancial, qualitativa, quantitativa, relativa, espacial, temporal, ativa e passiva A autora se inspira nas categorias aristotlicas para promover uma discusso sobre as mudanas, apresentando uma abordagem que visa propor uma referncia para os estudos em comunicao. A partir da classificao, possvel reconhecer o fenmeno da inovao como um processo ligado ao sujeito e ao objeto. Machado (2010) Jornalismo de inovao e inovao no jornalismo O primeiro tipo est vinculado proposta da tradio nrdica, liderada por Nordfords (2004), sobre uma rea de atuao do jornalista. O segundo, do prprio autor, relaciona-se a uma viso sobre mudanas internas no campo que no envolve diretamente o contedo. Franciscato (2010) Inovaes tecnolgica, organizacional e social. O autor apresenta uma categorizao especfica para o campo jornalstico. As trs dimenses que esto correlacionadas so caracterizadas, respectivamente, por mudanas na relao da complexa interao entre tecnologia e sociedade, nas alteraes promovidas nas rotinas de trabalho e nos usos e efeitos sociais. Fonte: Elaborao prpria 3.1.Inovao transpositiva Oreconhecimentodestacategoriaestancoradoemcaractersticasdeoutra classificao apresentada na tese doutoral de Mielniczuk (2003) para o webjornalismo. As primeiras experincias do jornalismo na internet tratavam-se da cpia dos contedos publicadosnojornalimpressonaweb,semmudanassignificativasnoformatodas narrativas.precisoselevaremconsideraolimitaesdainternetnosanos1990, comoasbaixssimasvelocidadesdeconexo,umdosfatoresquedeterminarama primazia do texto escrito naquele momento. No caso, das revistas para tablets, o principal elemento que traduz essa transposio a publicaodoPDFnoaplicativo.Trata-sedeumareplicaocompletadoformato impresso,quelevartodososelementosnarrativosededesigndopapeleagregar recursosbsicosdaplataformamvel.Ocontedoestarcompletamenteesttico, divergindodocarterdinmicoesperadoparaumprodutoquedistribudonestetipo de dispositivo. A estratgia mercadolgica do veculo aqui bastante clara: ocupar um novo espao e ampliar as formas de acesso sua publicao. Adescriodeprodutosalinhadoscomapropostadeclassificaodeinovao transpositiva converge tambm com a categoria Modelo Suporte de Canavilhas e Satuf (2013), que analisam os aplicativos de jornais vespertinos. Neste modelo existem todas as vantagens de um leitor porttil, possibilitando a sua leitura em qualquer local, com ou semiluminao(p.44-45).porcontadestaspequenasmodificaesnaformade consumoderevistas,proporcionadaspelaprpriaestruturadodispositivo,que reconhecemosatosinovadoresnestaspublicaesemcomparaocomsuasverses impressasouparacomputadores.Entreasnovidadeslistadasestoacompraonline mvel,asoperaestteisparaapassagemdepginas,ozoom,amudanade orientao, entre outras.Entreocorpusdepesquisadesteartigo,identificamosquearevistaGalileuestnesta fase. O contedo completamente esttico, no h explorao de caractersticas bsicas reconhecidasdesdeowebjornalismo,comoahipertextualidade,multimidialidadeou interatividade. No-toa, em nossa ficha de apoio para o reconhecimento dos recursos inovadores, o ttulo foi o que apresentou as menores pontuaes, sobretudo na segunda parte, voltada para apurar o uso de recursos multimdia. 3.2.Inovao complementar Osegundonveldeinovaoidentificadonocorpusdepesquisaacomplementar.A maioriadasrevistasqueseintitulamcomoinovadorasestnestepontointermedirio. Nosorevolucionriasequebramcomvriosparadigmasdefinidoresdepublicaes impressas na criao de produtos para tablets. Mas tambm no esto em uma fase to inicialcomoostranspositores.Ostermosqueajudamareconhecerestacategoriaso adaptao,hibridezeajuste,almdeincrementoseotimizaodeperformanceede qualidade, que so oriundos de Christensen (1997) e de Rossetti (2013). Algumas potencialidades da plataforma mvel so exploradas pelas revistas que fazem partedestegrupo,masnodeummodoplanejadoouintegrado.Oscontedos audiovisuais,porexemplo,umdosprincipaisrecursoscaracterizadoresdepublicaes distribudasemtablets,normalmentesoprodutosderemediaesemseumodomais simpleseassumemum cartermeramenteilustrativooucomplementarsreportagens. Entreosexemplostemosousodostrailersdefilmesouvdeosdearquivo.Os elementosmultimdiadeumaformageralsousadosdeformapobre,nopromovem grandes mudanas nas formas narrativas e h poucas possibilidades de interao. Osavanosnotadosnasrevistasparatabletsdestacategoriaemrelaoaosdonvel anteriorestonoesforoeminseriralgunsrecursosqueforamalmdosqueaprpria plataforma mvel permite a todos os aplicativos. A insero de uma animao ou de um vdeo no incio da publicao, j uma mudana em relao a capa, que remete a algo esttico ergido.Assim como um mnimo espao de interaopromovida por meio de botesparaocompartilhamentopore-mailouredessociaisehiperlinksqueabrem aplicativos de e-mail para envio de mensagens para o veculo ou qualquer outro site ou aplicativo.Entreasrevistasanalisadasnosestudosdecaso,aVejaeaHola!apresentaram caractersticas ligadas a esta categoria. Seus contedos no so completamente estticos, masosrecursosexploradosparadardinamicidadeaoprodutoforamsimplesenose integraramsnarrativascomoaideiadeconvergnciajornalsticaprev.Ottulo espanhol improvisa em sua publicao do tablet ao inserir a pgina no formato impresso e por cima do texto escrito colocar uma caixa para o scroll down do mesmo contedo de forma mais legvel. Alm disso, usa de modo exagerado vrios vdeos com bastidores e trechos de entrevistas, que apenas funcionam como um complemento reportagem. J a Veja,sequerpermiteamudanadeorientaodeleituraporpartedoleitoreremedia programas completos da TVeja na edio para o tablet. 3.3.Inovao convergente Oltimonveldestapropostainicialdecategoriasdeanlisepararevistasparatablets est diretamente ligado ideia da convergncia jornalstica. Estes produtos jornalsticos foramplanejadosecriadostendocomobaseascaractersticasdaquintageraodo desenvolvimentoparajornalismoemredesdigitaismveis.(BARBOSA,2013).Nela estoinclusasagentesnovosquereconfiguraramtodasasetapasquecompemo processojornalstico,daproduoatoconsumo,passandopelarecirculaodos contedos.Asmdiasmveis,osaplicativoseosprodutosautctonesparaestes dispositivos so itens obrigatrios neste contexto. Algunspontosfundamentaisdestacadospordiferentesautoresquesededicarama estudarofenmenodaconvergnciafazempartedestacategoria.Aspublicaesque entenderamqueaplataformamvelrequerumanovaformadeapresentarseus produtos,comautilizaoestratgicadosvriosrecursosmiditicoseinterativosde modo integrado para criar experincias narrativas inditas e que levem em considerao as premissas que definem a cultura participativa, estaro a frente naoferta de produtos inovadoresnocontextocontemporneo.(JENKINS,2008;QUINN,2005; CANAVILHAS, 2013). Mudanas de ordem to paradigmticas exigem a renovao de todo sistema incluindo profissionais, as regras, as rotinas e os modelos de negcios, da aimportnciadolegadodeShumpeteresuavisoeconomicistadainovao,quenos faz lembrar fatores como a competitividade e gerao de riquezas. Dopontodevistaprtico,portanto,precisomaisdoqueadaptao,porissoaideia das aplicaes autctones para dispositivos mveis, como sinnimo de produtos nativos para esta plataforma, to importante nesta caracterizao. s revistas para tablet cabe adifciltarefadesereconfiguraremparadefatoexplorarossensoreserecursosde tabletsesmartphoneseapresentaremprodutoscoerentescomaplataformamvel.As publicaes que negociarem bem com o embate entre periodicidade versus atualizao e quesouberemplanejarseuscontedosemnarrativasmultimiditicaseinterativaspara atendersvriasexpectativasdeumconsumidorparticipativoeconectadoemredes sociais esto inclusas nesta categoria. ANationalGeographicfoianicapublicaoentreasutilizadasnestaanliseque demonstrou uma maior maturidade na apropriao dos recursos das plataformas mveis paraoferecerumaexperinciadeleiturainovadoraeconvergente.Vimosquea publicidadeexploraelementosaudiovisuaiseasreportagenscombinamdiversos elementos multimiditicos em suas narrativas dinmicas.Portanto, para ser inserida na categoria de inovao convergente, uma revista para tablet precisautilizardemodoestratgicoosrecursospossibilitadospelaplataformamvel paraexploraraspotencialidadesdecadaumdelesnacomposiodeumanarrativa integradaeimersiva.precisoaindamanteroscanaisdecomunicaoabertose permitiraaodoleitor.Oprximopassoqueaspublicaesdestetipoaindano atingiram,masquealgunsaplicativosdenotciasjutilizam,onvelde personalizao da informao. 4.ConclusoOpresenteartigofoioprimeiroesforonatentativadeesboarcategoriasdeanlise paraidentificarograudematuridadedeumarevistaparatabletquantoaoaspectoda inovao.Entendemosqueoparadigmadaconvergnciajornalsticaaplicadaao contexto contemporneo o principal ponto de referncia para definir nveis mximos e mnimosdeinovao.Umadascomplexidadesemfalardenovastecnologias vinculadas ao jornalismo a efemeridade desta relao. Desta forma, preciso destacar queesteestudoserefereaumrecortetemporalespecfico,baseadoemcaractersticas notadasempublicaesquepertencemaestemesmoambienteequenovas possibilidades,comoporexemploapersonalizao,podementrarnestecenrioeat mesmo dar incio a uma nova categoria. Novostestescomafichadeanliseepublicaesnacionaiseinternacionaisso necessrios no sentido de incrementar as caractersticas de cada categoria. O limite entre omnimoeomximousodestesrecursostambmprecisaserdiscutido.Estaa previsodecontinuidadedapesquisa.Almdisso,outrasabordagenssobreotemada inovaonojornalismo,bemcomodasinterfernciaseconmicaseculturaispodem ajudar a explicar as variveis que influenciam as empresas jornalsticas a apresentarem revistas reconfiguradas tendo como base as premissas da convergncia jornalstica. 5.Referncias bibliogrficas AGUADO,JuanMiguel;GERE,HctorNavarro.Comunicacinmvil,ecosistema digital e industrias culturales. In: La comunicacin mvil: hacia un nuevo ecosistema digital. Gedisa, 2013. p. 57-78. 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