Convidados muito espec1a s · E. mais que urn reencontro. Estes tres GT 4R nunca estive ram juntos...

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.... ............................................ ... Convidados muito espec1a s Mais de 40 anos depois de sorteados por QUATRO RODAS, reunimos os tres GT 4R pela primeira vez POR FABIANO PEREIRA FOTOS SERGIO CHVAICER I WAY OF UGHT TRATAMENTO LUCIANO CUST6DJO Produzldos pela Puma sob encomenda para a QUAlRO RODAS, estes GT 4R foram presenteda revlsta a Ires leitores em 1969 1 84 0UATRDRDDASA GOSTO

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.... Asa~GT4R...............................................

Convidados muito

espec1a s Mais de 40 anos depois de sorteados por QUATRO RODAS, reunimos os tres GT 4R pela primeira vez POR FABIANO PEREIRA FOTOS SERGIO CHVAICER I WAY OF UGHT TRATAMENTO LUCIANO CUST6DJO

Produzldos pela Puma sob encomenda para aQUAlRO RODAS, estes GT 4R foram presenteda revlsta a Ires leitores em 1969

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Emais que urn reencontro. Estes tres GT 4R nunca estive­ram juntos sob o mesmo telo e diante da mesma camera fotografica. Nem na Puma, que os pwjetou e fabricou por encomenda da QUATRO RODAS, nem na entrega das

chaves aos ganhadores - os carros foram sorteados ao Iongo de tres edi~oes entre leitores da revista, quatro decadas atras.

No anode 1969, a revista fez suspense e criou expectativa nos leitores. A edic;ao de janeiro trazia os primeiros esboc;os do pro­jeto. 0 desenvolvimento dos prot6tipos, emAraraquara (SP), foi acompanhado nas edic;ocs scguintes. Em julho vieram os primci­ros cupons da promo9ao. Ainda nao se conheciam as formas e as especificac;oes do motor do primeiro e ate hoje unico carro bra­sileiro cl"iado sob encomenda em serie limitada. Canos feitos para uma revista sao fatos raros no mundo. 0 Rang·e Rover Vogue apenas usa o nome da revista como grife, como tambem ocorreu aMontana Fluir. S6 em 2010 a edic;ao inglesa da revista mascu­lina GQ produziu algo parecido, o GQbyCITROBN. Mas e ape­nas um carro-conceito, sem dono, um estudo sem o compromisso de rodar por ruas e estradas .

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·-Asaga GT 4R_____________

0 GT 4R foi realizado pelo fazende iro e apai­xonado por carros esportivos Rino Malzoni como designer Anisio Campos, ambos criadores do

outubro de 1969, o primeiro vencedor, Frederico Barbosa

Puma. "Eramos como dois irmaos, a cria.;ao era mista o tempo todo, numa relaryiio absolutamente amistosa ", diz Camp os. As influencias vinham de esportivos italianos e americanos. Francisco Val­da, conhecido na Puma como Chico Funileiro, Iemb ra que o GT 4R nasceu de um prot6tipo dese­nbado por Malzoni, quase em fase de acabamen­to. Ele atribui a Anfsio as tomadas de ar laterais e dianteiras e a ltera96es pontuais.

Tnicialmente, cogitou-se que o modelo teria sobre a plata£orma de Karmann-Ghia urn motor VW 1600 com carbura~ao dupla Solex 32/34 e comando de valvulas P2 ou o mesmo preparado e expandido para 1800 cm3

• Por julgar que essa op~ao ofereceria pouca confiabilidade, Jorge Let­try, da Puma, escolheu o 1600. Sem os far6is circu­Lares, que recobertos por bolhas transparentes res­saltavam as curvas no Puma, as linhas pareciam mais retas no GT 4R, que usava lentes retangulares e urn acrflico plano por cima delas. Com 225 em, o entre-eixos era 10 em maior que o do Puma VW. As rodas de 13 polegadas eram de magnesio. 0 volante F-1 era produzido pelos irmaos Fittipaldi.

Bancos, paineis laterais e console central revesti­dos de coum bege dao requinte acabine 2+2. Solu­~oes diferenciadaseram a chave de igni~ao localiza­da no console, que tambem abrigava a alavanca escamoteave l do freio de mao, que podia ser enco­berta por uma tampa desliz~nte. Os cintos de tres ponfos, raros na epoca, eram produto da preocupa­

da Silva, urn mecanico de 0 primeiro carro saiu para Rondon6potis (M1)

Rondon.6polis (Ml), vendeu o carro para opubticit.3rio Carlos Spagat Este o man.teve ate 1995, quando o GT

4R bronze foi parar na garagem de seu s6cio, Sergio Peres. 0 carro ficou parado

por dois anos ate ser comprado pelo colecionado:r Antonio Pinho, ap6s urna tentativa de adquirir o exemplar azul no Rio de Janeiro. Todos os detalhes eram originais, mas o carro carecia de uma reforma compteta. 0 GT 4R foi restaurado

em Nova Friburgo (RJ), onde o colecionador recuperava seus carros. Ficou pronto em 1998 e permaneceu com Pinho ate 2005. Hoje esse exemplar integra.um dos maiores acervos do pafs, no estado de sao Paulo. E: mantido desativado (sem fluidos), mas pronto para ir para a rua, como oo dia destas fotos.

Estacionado sobre um tapete persa, ele e destaque numa biblioteca onde fica a col~o de QUAlRO RODAS.

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Acima, o exemplar com tarroceria de lata na edl~ao de setembro de 1969. Adireita, desenhos em fevereiro e a carroceria para molde pronta emmarc;o.

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pri meiroa ser sortearlo.

~ao historica da revista com seguran~a: decadas antes da obrigatoriedade ,QUATRO RODAS prega­va o uso do cinto de seguranr;a e contava hist6rias como a de Oskar, o boneco que quebrou a cabe.,;a num crash-test em 1967 . No paine!, velocimetro, conta-giros e marcador de combustive! atn\s do volantesao complementados pelos instrume.ntos de temperatura e pressao do 6leo acima do console ­naturais numa marca nascida nas pistas de con·ida.

possfvel dizer categoricamente: nf1.0. Somente estes aqui reunidos foram construidos. 0 que a Puma produziu alem, a partir do mesmo molde, nao aumenta essa serie oficial limitada a tres car­ros. Mas hacasos de parentes pr6ximos...

A exc:lusivldade se revela nos bancos de couro bege e freio de mao escondido no console

Faz anos que aficionados por Puma ouvem falar que o projeto do GT 4R rendeu mais que tres car­res. Como filho legitime, autoti zado pela revista, e

Luiz Roberto Telles~ colecionador d e Puma e estudioso da marca, buscou respostas na documen­ta~ao de fabtica. "Nos registros de produ~ao cons­tam tres GT 4R em 1969, mas tambem um quarto de abril de 1970." Este pertenceria ao proprio Rino Malzoni. Nos mesmos registros, o primeiro e o terceiro carro teriam a mesma cor. "Fui informa-

Bl Nasce uma estrela Mao equalquer automovel cu]o desenvolvimento pade ser seguido pelas paginas de umarevista, mesa mes. A ideia do GT 4R foi apresentada na

edit;ao de janeiro de 1969. Desde as primeiras ilustra~oes, afrente ja tinhaformas bern proximas das definitivas. Na infcio a.tampa do

motor teria urn sistema de venezianas. Os desenhos de varias traseiras foram mostrados em fevereiro,, e no mes seguinte as linhas gerais ja estavam resolvidas na forma de uma carroceria

de metal. Os moldes das carrocerias de fibra estavam prontos em abril e os testes de motor

foram o foco da revista de maio.

Nadejunho, uma foto mostrava as tres carroc:erias f inals eo molde de lata. Come,.avam entao OS testes. Urn mes depois, OS primeiros

cupons do sorteio eram publlcados. Arevista de setembro apresentava oprot6tipo fe.ito de lata,

contandc-Gue ele havla rodado mais.lie 15000 km em testes. Rino Malzoni notava como a barra estabilizadora melhorou asuspensao e o peso menor aumentou a eficiend a dos freios em rela~ao ao Puma GT deserie. Fizeram ate um

0 a 100 km/h: 13 segundos. De,pois ele seria desmontado e examinado em detalhes, para

come~r a produr;ao: seria um exemplar por mes.

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do que, ciente disso, a cquipe dccidiu t rocar a cor esse exemplar de lata foi vendi do para urn dentista do terceiro para verde metalico." de Matiio (SP) que clinicava no ABC e e m Santos.

Se havia urn equivoco no registro, poderia haver Ainda de aco.rdo com Kiko, foi fei ta uma nova outro? Talvez mais copias feitas com o molde? fo rma com as modifica~oes desse carro e a partir Quem esclarece o enigma eKiko Malzoni, fi lho de dela safram mais dois carros. Urn, vermelho-escu­Rino. Para que houvesse molde das carrocerias de ro, pertencia ao proprio Rino Malzoni. 0 outro, fibra de vidro, foi confeccionada u:ma de lata como branco, foi vendido a uma cliente baiana que nao base para o molde e a constru~ao do prototipo azul se conformava por nao ter sido premiada no con~ visto na capa da edi9ii0 de setembro de 1969 de cmso e ate fez plantae na Puma na tentativa de QUATRO RODAS. "Depois de feita a forma, meu negodar uma alternativa. Passados meses do con­pai fechou as entradas dear e embutiu o vidro tra­ curso, uma crise cambial teria incentivado a Puma seiro" ,afim1a Kiko. Em vez de acompanhar a incli­ a p roduzir esse exemplar a mais na nova configu­nat;iio das col.unas traseiras, como nos GT 4R, o ra<;ao para a fa dos tres GT 4R originais. vidro de tras passou a ser menos inclinado, eviden­ Outra polemica e o desenho das lanternas. ciando a tampa de acesso ao motor. Segundo eJe, "Posso garantir que as lanternas eram ci rculares,

PRESENTE DE MENINO

Ern 15 de dezembro de 19&9, c.om compra foi inl.ermediada pelo de serie, urn GT Malzoni, vendido a

16 anos e ainda sem poder dirigir, colecionador Pinho junto ao dono um amigo, e um emprestimo feito Augusto da Silva Pina teve asorte anterior, oex-.presidente do Puma por outro.Tudo que Telles conseguiu saber que era 0 dono do ultimo do.s Club do Brasil e pesquisador da saber sobre donas a.nte:riores saCl os GT 4R. 0 hist6rico deste exemplar eo hist6ria da marca, lui,z Roberto Telles. names Sergio, de Maringa (P.R), e, mais obscuro, porter trocado mais Em 2001, Telles convenceu Jadir antes, Antonio, de Para.navaf (pR).

vezes de maos. lioje o carro esta em Mendes, de Marialva (PR), a. lhe Este ultimo teria adquirido o carro de Petropolis (RJ) e pertence a uma vender o carro, ap6s meses de urn dono de sao Paulo. 0 pesquisador testemunha da constru~ao dos tres insistencia . . Ainda assim, nao saiu nao conseguiu fazer liga~ao com carros, Francisco "Kika" Malzoni. A barato: custou o valor de outro fora Pina, o sortudo jovem portugu~s.

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0 GT 4Rverde fo io que mais trocou de maos emantern as lantema:s circulares

do Chevrolet Corvair amer icana, meu pai ate usa­va um Puma VW 1968 com motor seis-cilindros de Corvair ", a firma Kiko Malzoni , que se !em bra de experimentos com as lanternas.

Ass im como no prot6tipo visto na edic;ao da QUATRO RODAS de setembro de 1969, no GT 4R cobre elas sao retangulares - de VW 1600 "Ze do Caixao" ou Variant 1970,con forme o especia­Lista. Mas h3 indkios de que as duas vers6es de lanternas traseiras fo ram adotadas. 0 GT 4R ver­de ja tem as circulares e o azul logo teni. Os dois estilos fazem parte da hist6ria dos GT 4R- e <:om­binam muito bern com seu desenho geral. "Na epoca, tudo acontecia de forma muito romantica e familiar", dizAnisio Campos, afirma<;ao que justi­fica as diferem;as entre tres carros que, exce to pe l a cor, deveriam se r iguais.

Os GT 4R sao sfmbolos de uma epoca sob varios aspectos: seu design e sua forma de cons­t ruryao artesanal sao classicos dos anos 60, um perfodo em que carros de desenho esportivo ain· da tinham uma presen~a timida na paisagem bra­sileira.Mais rara.a i.nda eraa iniciativa de construir urn carro com tama nho grau de exclusividade a titulo de premj o - nao se tern notlcia de a! go pare­cido nem a ntes nem depois dessa iniciativa de QUATRO RODAS. Passados mais de 40 anos, o prazer de reunir os tres filhos e poder conta r suas traje torias ealgo que QUATRO RODAS nao pode­ri a de ixar de compartilhar com voce. <<ml

CARRO DE ClNEMA

0 sesundo GT 4R foi sorteado para

lldefonso Pereira Gon~alves, um bancario de Santos (SP), e esta em

processo de restauro. Segundo a

pesquisa do atual dono. carmelo Fernandez, ap6s o bancario o carro pertenceu ao falecido c:irurgiao,

pintor ecineasta Aldir Mendes de

Souza, que usou ocarro pintado de dourado no filme Tr:ote dos sadicos, de 1974. De acordo com os regis­

tros. na sequencia de proprietarios veio Sel"gio Marcus A. costa, que o vendeu emjulho de 1986 para Delny

Ribeiro de Carvalho, comerciante de

Sao Paulo. Fernandez comprou seu GT 4R no fim de 2004 e demorou para comec;ar o restauro. Mas agora

ele esta prestes a voltar aser azul.

... .....

L__J -­ -=­ · ­

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No restauro, osegundo GT 4Rvai vo1tar ao azul original