Convocatória aos Diretórios Estudantis das três Universidades Públicas Pulistas

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Convocat ória aos Di reri os Es tudant is das três Universi dades Públicas Paulistas As universidades públicas veeêm-se acossadas de todos os lados, seja pelo govern o federal do pseudo-esquerdista Lulla, seja pelo governo estadual de José SERRA. Lulla ataca de um lado com o PROUNI — que repassa verbas públicas para universidades privadas em troca de vagas  precarizadas, enquanto o Movimento Estudantil não governista defende o investimento na reforma e ampliação das universidades públicas já existentes —, e com o REUNI — qu e repassará verbas para as universidades federais que aumentarem suas vagas, sendo que a proporçao verbas-vagas é absolutamente insuficiente e desigual. Se o pseudo-esquerdista Lulla ataca as universidades deste modo, o direitista-neoliberal SERRA faz coisa ainda pior. Em 2007, exatamente em seu primeiro dia como governador do estado de São Paulo, SERRA publicou uma série de decretos que ficaram conhecidos como Decretos SERRA. Por meio destes SERRA tornava as três universidades públicas do estado um “apêndice da FIESP”, pois as universidades públicas deveriam privilegiar a pesquisa para as empresas ao invés da ciência básica; além disso, a gestão financeira das universidades dependeria do governo do estado, que as monito raria por meio do sistema estadu al de contr olo das contas , o SIAF EM. Os Decret os criavam ainda a Secretaria de Ensino Superior a qual caberia coordenar e organizar o ensino superior do estado; em outros termos, o Secretário de Ensino Superior seria um super-reitor das três uni ver sidades. Portanto, em lin has ger ais, SERRA reti rav a a autonomia didátic o-f ina nceira  pedagógica das universidades públicas, desmontando a base da universidade brasileira que segue o modelo francês de ensino-pesquisa-extensão, para torná-la mais próxima do modelo estadunidense dos collèges ou, traduzindo, dos “escolões”, ensino técnico superior.  Nem SERRA nem Lulla contavam com o revide dos estudantes e trabalhadores das universidades. Em março os estudantes da UNICAMP ocuparam o prédio de sua reitoria, mas logo foram obrigados a abandonar a ocupação. No entanto, em maio, os estudantes e trabalhadores ocuparam a reitoria da USP. O movimento se espalhou por todo os estado, especialmente nas UNESPs, onde mais de 11 unida des ocuparam suas diretori as, além daquelas que aderir am a greve sem ocupar. O movimento grevista e de ocupações tinha uma unidade absolutamente clara em suas reinvindicações: pela revogação dos Decretos SERRA, pelo fim da Secretaria de Ensino Superior. O movimento de ocupaçõe se espalhou por todo o país; mais de cinquenta universidades, federais, estaduais, municipais e até mesmo privadas, ocuparam suas respectivas diretorias e reitorias. No dia 31 de maio, o movimento paulista atingiu seu ápice com uma passeata que ficou conhecida como “manifestação da Avenida Morumbi”, no qual aporoximadamente quinze mil manifestantes exigiam o fim dos decretos. Diante da força do então chamado ”novo movimento estudantil”, SERRA v iu-se obrigado a recuar, e revogou boa parte dos Decretos no dia 30 de maio; MAS, manteve dois pontos importantes: as contas das universidades continuariam a fazer parte do SIAFEM e a Secretaria de Ensino Superior continuaria a existir, ainda que esvaziada.  Nas universidades federais, o movimento estudantil, seguindo o exemplo dos estudantes  paulistas, ocupou suas universidades contra a reforma universitária de Lulla, contra o REUNI, e pela melhoria das condições de ensino. Embora algumas vitórias pontuais, a máquina lullo-petista, apoiada nos traídores da UNE, controlada pela UJS/PCdoB, conseguiu com que a maior parte das universidades integrasse o REUNI. Em São Paulo, o que pareceu uma vitória parcial, logo mostrou-se derrota. Porque em 2008, a partir da Secretaria de Ensino Superior, SERRA deu vazão a seu novo plano para a educação  paulista: a UNIVESP, Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Embora o nome, a UNIVESP não é uma nova universidade, mas, antes, um programa do Governo do Estado para expandir as

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vagas do ensino superior sem a construção de nenhuma sala de aula e sem a contratação de nenhum professor; este milagre será feito, quer SERRA, por meio do Ensino à Distância, EaD. Em agosto de2008, SERRA mostrou sua disposição: com uma canetada, queria oferecer, por meio da estruturamulti-campi da UNESP, 5.000 vagas do curso de Pedagogia à distância; outros cursos a serem“distanciados”, na primeira fase do programa, serão os de Ciências Sociais e de Filosofia. Some-se

isso, que, na UNESP, a gestão Macari-Herman propôs o Plano de Denvolvimento Institucional, noqual se aponta o EaD como meio para suprir a demanda por expansão de vagas pelos próximos dezanos.

Embora possa soar bonito aos leigos, esse projeto tem consequências e objetivos os maisnefastos. Primeiro, os cursos escolhidos para serem “distanciados”, Pedagogia, Filosofia e CiênciasSociais, estão entre aqueles que mais fornecem elementos para o movimento estudantil; além disso,uma as faculdades mais mobilizadas e com um movimento estudantil dos mais combativos do país, aUNESP-campus Marília, oferece, dentre outros, justamente estes três cursos; SERRA pretende ver areação dos estudantes de Marília, um pólo radicalizado de lutas, para medir qual será a reação nasdemais universidades do estado. SERRA pretende, de todo modo, esvaziar os cursos presenciais

  para, por conseguinte, esvaziar o movimento estudantil, tradicional ponta-de-lança da esquerdacombativa, visando abrir caminho para as reformas neoliberais que ainda guarda na manga.

Segundo, o objetivo declarado de SERRA é desmontar o tripé ensino-pesquisa-extensão,isto é, ele deseja, basicamente, universidades de dois tipos: os “centros de excelência”, aos quaiscaberão a parte “pesquisa-extensão” do tripé, sendo que “pesquisa” deve ser entendida como“inovação tecnológica para as indústrias e latifúndios do agronegócio”, e por “extensão” leia-se“aplicação dessas pesquisas na produção industrial e agropecuária”; do outro lado, o “ensino”, o queresta do tripé, será voltado tanto para formação de mão-de-obra barat e qualificada para as indústriase latifúndios, quanto para a formação em massa de professores do ensino médio e de profissionaisque a burocracia de estado necessita, além dos cursos tradicionalmente ocupados tão-somente pela

elite econônomica, isto é, Medicina, Direito e Engenharias. A UNIVESP tem ainda, claras funçõeseleitoreiras, pois SERRA cobiça abertamente a presidência do país; em 2006 deixou seu maior rivalno interior do PSDB, Alckmin, herdeiro político do finado Covas, queimar-se contra Lulla; em 2008,terminou por anulá-lo frente a seu novo mascote e boi-de-piranha, o DEMO Kassab; agora, comestes programas massificadores de vagas nas universidades, visa fazer frente ao lullo-petismo e seusPROUNI’s, REUNI’s e FIES’es.

Mas já é sabido, vão mais de cento e cinquenta anos, que os capitalistas estão a cavar suas próprias covas. Lá fora, a sanha por lucro dos especuladores internacionais engendrou a pior crise docapitalismo financeiro-monopolista-imperialista internacional desde do crack da Bolsa de Valores de

 New York em 1929. O neoliberalismo, levado a a cabo pelos governos direitistas de Tatcher, Reagan,

Collor e FHC, e pelos governos ditos socialistas de Miterrand, Lulla e dos países do leste europeu pós-URSS, ruí fragorosamente diante da burguesia financeira internacional. A resposta popular nãotarda. Na Grécia, a população, capitaneada pelos estudantes libertários radicais, enfrentou e aindahoje enfrenta com pedras e molotvs as forças da repressão do governo direitista de Karamanlis, comsua política privatista e de arrocho salarial, sendo que o estopim do movimento foi o assassinato pela

  polícia do camarada anarquista Alexis Grigoropoulos; na Itália, um forte movimento estudantilaliado aos trabalhadores fabris e aos funcionários públicos leva a cabo uma greve geral contra asforças neofascistas do prsidente megaempresário Berlusconi; na Espanha, a fúria popular eestudantil destruiu fábricas que seriam fechadas no movimento de fuga dos capitais internacionais;no Chile, a presidente autoproclamada esquerdista Michele Bachelet procede um processo de

  perseguição política aos opositores de seu “democrático regime” neoliberal; na Venezuela,

camaradas socialistas, líderes sindicais, são assassinatos, ninguém sabe se pelas patronais ou se amando do muy amigo Chávez; no Peru, os maoístas do Sendero Luminoso ressurgem após anos de

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letargia; a Bolívia passa por um longo perído pré-revolucionário que somente a presidência deMorales pôde acalmar; até mesmo nos EUA, o baluarte do imperialismo mundial, a demissão detrabalhadores das “três grandes” de Detroit, Ford ,GM e Chrysler, leva medo aos capitalistas, pelasconsequências anti-capitalistas que pode gerar.

O mundo ferve em resposta a crise criada pelos capitalistas. Embora sua condição deeconomia dependente, o Brasil mostrou-se, até agora, mais apto a responder a crise. No entanto, oque era a dita “blindagem” do país à crise, que o lullo-petismo defendia em setembro, foi evoluindo,tornando-se “marolinha” em outubro, “diminuição no ritmo de crescimento” em novembro, até quesemana passada o ministro da Fazenda, Guido Mantega admitiu a possibilidade de recessão, e ogoverno adotou pacotes de incentivo ao consumo.

O horizonte político de nossos tempos foi dado pelo maio de 68 francês, no qual osestudantes, vendo-se na impossibilidade de levar suas lutas até o fim, e recusando enfaticamente adominação do inimigo capitalista, tinaham como um de seus motes: “trabalhadores, tomem nossas

 bandeiras de nossas frágeis mãos e levem-nas até o fim”. Eis o que urge aos movimento estudantils

fazer, e eis nossa tarefa histórica enquanto pesquisadores das condições de vida e da estrutura dedominação nas hipermoderrnas sociedades capitalistas. Os setores combativos do movimentoestudantil, dispostos a lutar contra as causas últimas da precarização do ensino, tais sejam, adominação de toda a sociedade por alguns poucos industriais, empresários e banqueiros, aexploração e marginalização de amplissimos setores da socidade pelos inimigos capitalistas, devemaliar-se aos trabalhadores urbanos, aos desempregados e aos setores radicalizados do campesinatocontra a dominaçao dos vermes capitalistas, dos aristocratas fundiários e dos políticios parasitas esuas organizações que nada mais fazem senão realizar o trabalho sujo que o capitalistas necessitam ese-lhes impõem, além é claro, de ultrapasar na luta as ditas organizações dos estudantes e dostrabalhadores, que nada mais são que correia das patronais, dos ruralistas e das burocraciasacadêmicas; historicamente, tais partidos e organizações serviram como último freio, última barreira

contra as mobilizações.

2009 se aproxima e com ele aproxima-se um o ruído ensurdecedor da intensificação dos processos de dominação e o barulhos das trombetas das lutas para resistir e depor a dominação doinimigo capitalista. O que foi a sanha sanguinária dos militares no Brasil, na América Latina e nomundo, além é claro da barbárie nazi-fascista e dos horror atômico de Hiroshima e Nagasáki,mostra-nos que os cães capitalistas estão dispostos a qualquer coisa para prosseguir com suadominação, e coms eus privilégios. Como contrapartida, devemos estar dispostos a qualquer coisa

 para vencer-lhes, e levar nossas lutas até o fim.

Pautados nestas concepções, o DIRETÓRIO CENTRAL DOS ESTUDANTES

“HELENIRA REZENDE” da UNESP-FATEC CONVOCA os Diretórios Centrais Estudantis daUSP e da UNICAMP para a construção da luta estudantil estadual e para a construção de umEncontro Regional de Trabalhadores e Estudantes, visando não outra coisa que formar uma unidadeintransponível e inquebrantável contra o inimigo comum, os cães capitalistas, afim defendermosnossos direitos e arrancar aquilo que nos é devido, diante da perspectiva que a grave criseinternacional se-nos impõe.

São Paulo, 18 de dezembro de 2008

DIRETÓRIO CENTRAL DOS ESTUDANTES “HELENIRA REZENDE” da UNESP-

FATEC