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319 COORDENADORIA DE GEOTECNIA E HIDROGEOLOGIA EQUIPE TÉCNICA: COORDENADORIA DE GEOTECNIA E HIDROGEOLOGIA - CGH Professor Rodrigo Menezes Raposo de Almeida - Coordenador Professor Manoel Isidro de Miranda Neto - Coordenador Adjunto Professor Décio Tubbs (UFRRJ) Ana Carolina Campilho da Silva Arnaldo Cotrim Barbosa Felipe Alves Rosa Hadassiana Costa Creton Rommy Schneider Fernandes de Pina Sabrina Miranda de Castro

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COORDENADORIA DE GEOTECNIA E HIDROGEOLOGIA

EQUIPE TÉCNICA:

COORDENADORIA DE GEOTECNIA E HIDROGEOLOGIA - CGH Professor Rodrigo Menezes Raposo de Almeida - Coordenador Professor Manoel Isidro de Miranda Neto - Coordenador Adjunto Professor Décio Tubbs (UFRRJ) Ana Carolina Campilho da Silva Arnaldo Cotrim Barbosa Felipe Alves Rosa Hadassiana Costa Creton Rommy Schneider Fernandes de Pina Sabrina Miranda de Castro

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1. INTRODUÇÃO

Os estudos desenvolvidos pela Coordenadoria de Geotecnia e Hidrogeologia

(CGH) visaram à caracterização o meio físico, abrangendo os aspectos geológicos,

geotécnicos e hidrogeológicos e a caracterização das águas subterrâneas quanto ao

uso, qualidade e dinâmica do aqüífero.

Adicionalmente, foram efetuados estudos preliminares sobre possíveis obras

de terra envolvendo ensaios de compactação e considerações sobre volume de solo

necessário à construção de barragem de terra.

Inicialmente foram procedidas investigações preliminares com estudos de

gabinete e visitas ao campo para confirmação dos aspectos geotécnicos, geológicos

e geomorfológicos da região. Essa caracterização preliminar foi obtida por pesquisa

em diversos documentos existentes, destacando-se o Plano Diretor de Recursos

Hídricos da Região Hidrográfica da Baía de Guanabara (PDBG), a Geologia do

Estado do Rio de Janeiro, e cartas topográficas do Estado do Rio de Janeiro.

Concomitantemente foram obtidos cadastros de usos e usuários de águas

subterrâneas em diversos órgãos públicos como SERLA, DRM-RJ, DNPM,

Prefeitura Municipal de Itaboraí, e UFF (Rede de Geotecnologia em Águas

Subterrâneas). Esses cadastros foram reunidos em um arquivo, tratados quanto a

duplicidades e inconsistências, confirmados e atualizados por levantamentos de

campo, e montado um banco de dados de poços de abastecimento.

O conhecimento geotécnico do meio físico foi ampliado com a coleta de

amostras de solo em diversas localidades da região estudada. Foram executados

ensaios de caracterização geotécnica no laboratório de solos da Universidade

Federal Fluminense (UFF) e os resultados examinados e interpretados

adequadamente.

O conhecimento hidrogeológico do meio físico foi complementado com a

instalação de poços de monitoramento e o acompanhamento da dinâmica do

aqüífero superficial foi registrado e interpretado convenientemente.

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2. CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA DA REGIÃO

2.1. Localização da Bacia Hidrográfica Estudada

A bacia hidrográfica considerada está situada a Nordeste da Baía de

Guanabara no Estado do Rio de Janeiro, compõe a bacia hidrográfica da Baía de

Guanabara e é formada por duas bacias: a do rio Macacu, com área de contribuição

de 1.250 km² abrangendo os municípios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e

Itaboraí; e a do rio Caceribu, com área de contribuição de 822 km2 abrangendo os

municípios de Rio Bonito, Tanguá e Itaboraí.

O rio Macacu, drena parte das escarpas da Serra do Mar assim como seus

principais afluentes, pela margem direita, os rios Guapi-Açu e Guapimirim. Pela

margem esquerda, os rios Bengala, Soarinho, Imbuí e outros menores, drenam o

Maciço Alcalino de Soarinho e adjacências, no terço médio do rio Macacu. O rio

Guapi-Açu recebe diversos rios pela margem direita, destacando-se os rios

Orindiaçu (ou Paraíso) e Iconha e pela margem esquerda o rio Rabelo, todos

drenando contrafortes e espigões da Serra do Mar.

O rio Caceribu e seu afluente o Rio Bonito drenam, respectivamente, os

Maciços Alcalinos de Tanguá e Rio Bonito. Os demais afluentes da margem

esquerda, os rios Tanguá, dos Duques, Iguá, da Aldeia e outros menores, drenam o

Maciço Litorâneo.

O rio Caceribu foi afluente da margem esquerda do rio Macacu, entretanto,

obras de drenagens executadas em meados do século passado modificaram o

traçado desses rios e o rio Caceribu assumiu curso próprio, apropriando-se da

antiga foz do rio Macacu. Esse, por sua vez, foi desviado e incorporado ao rio Guapi,

por onde desemboca na Baía de Guanabara.

A porção proximal do rio Macacu corta a cidade de Cachoeira de Macacu e,

no terço médio, recebe contribuição dos principais afluentes pela margem esquerda.

Ao fim do terço médio recebe o rio Guapi-Açu e já na porção distal o rio Guapimirim.

No seu curso médio, o rio Guapi-Açu recebe seus principais afluentes, os rios

Rabelo, Orindi-Açu e Iconha.

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O rio Caceribu tem sua maior extensão no curso médio, onde recebe a

maioria dos seus afluentes. Assim, o terço médio dos rios Caceribu, Macacu e seu

afluente Guapi-Açu, formam extensa planície aluvionar, com presença de colinas

isoladas ou tabuleiros delimitando a planície de inundação.

A Figura 1 abaixo apresenta a bacia hidrográfica da região com destaque

para os principais rios.

Figura 1 – Bacia hidrográfica dos rios Macacu e Caceribu

2.2. Geologia Local

A Bacia Sedimentar de Macacu ocupa a parte central do Graben Guanabara,

limitada a Leste pela Baía de Guanabara, a Oeste pelos Maciços Alcalinos de

Soarinho (KTλso), Tanguá (KTλta) e Rio Bonito (KTλrb), a Norte pela Serra do Mar

(Nγ2s, Nγ2ss, MNps e outras unidades geológicas) e a Sul pelo Maciço Litorâneo

(Nγ1rt, Nγ2r, Nγ2d, MNps e outras unidades geológicas).

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A Figura 2 mostra parte da carta geológica do Rio de Janeiro publicada pelo

Serviço Geológico do Brasil (CPRM, 2001). Nota-se que a unidade São Fidelis do

complexo Paraíba do Sul (MNps) está presente em toda extensão da Bacia de

Macacu, sendo o provável embasamento cristalino da bacia. O Serviço Geológico do

Brasil (CPRM, 2001) destaca que o embasamento da bacia de Macacu é composto

por paragnaisses e rochas alcalinas, compatível, portanto, com a unidade MNps e

com as rochas alcalinas KTλ, respectivamente.

Figura 2 – Carta geológica da região da bacia de Macacu

Fonte: CPRM, 2001.

A formação da Bacia Sedimentar de Macacu deu-se por seqüências

deposicionais diversas a partir dos eventos geológicos que desencadearam a

implantação do Graben Guanabara no início do Terciário. A Bacia de Macacu é

composta basicamente pela Formação Macacu (Tm), capeada por Depósito Marinho

e Flúvio-Marinho (Qphm) e por Depósito Colúvio-Aluvionar (Qha). Esses depósitos

Quaternários são compostos por materiais provenientes das unidades geológicas

próximas, inclusive da Formação Macacu, retrabalhados por processos erosivos-

deposicionais recentes.

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Alguns estudos estimam a espessura do pacote sedimentar que compõe a

Bacia de Macacu como superior a 100m. Boletins de sondagens elaborados durante

perfurações de alguns poços de abastecimento apresentam profundidades

superiores a 100m sem atingir o embasamento cristalino, mesmo em locais próximos

ao limite Sudeste da bacia, segundo Ferrari (2001).

Examinando cortes em afloramentos na região e estudos de outros autores,

Ferrari (2001) reconheceu diversas fácies sedimentares na Formação Macacu, que

preencheu a Bacia homônima, e as associou a eventos deposicionais com

características que variam de leques aluvionares a depósitos fluviais e lacustres,

identificando também a presença de conglomerados.

Por fim, estudando as associações laterais de fácies, Ferrari (2001) concluiu

que a Bacia do Macacu poderia ser representada segundo o perfil geológico

hipotético, apresentado na Figura 3, composto por fácies de características lacustres

(A) com litologia dominada por lamitos, com níveis de linhito e arenitos argilosos;

fácies com características de leques aluviais (B) com litologia composta por lamitos

seixosos, arenitos grossos e paraconglomerados; fácies com características de

depósitos fluviais (C) com litologia composta por arenitos grossos; e fácies com

características de regime fluvial anastomosado (D) com litologia composta por

arenitos grossos e conglomerados.

Figura 3 – Perfil esquemático da bacia de Macacu

Fonte: Ferrari, 2001.

Acredita-se que o perfil proposto por Ferrari (2001) seja na direção NW-SE e

que, o lado onde os leques aluviais (associação de fácies B) sejam mais extensos

(lado esquerdo), seja o lado NW, das escarpas serranas.

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2.3. Geomorfologia Local

A Bacia Hidrográfica dos rios Macacu e Caceribu está situada em uma região

de transição entre relevos de degradação e relevos de agradação. Obviamente, a

Bacia Sedimentar de Macacu ocupa relevos de agradação, abrigando a porção

mediana e distal dos mencionados rios.

A Figura 4, extraída do Serviço Geológico do Brasil (CPRM, 2001), mostra

que a maioria dos rios que compõem a bacia, ou seja, os rios Iconha, Guapi-Açu,

Macacu, da Aldeia, Caceribu, Iguá, dos Duques e Tanguá, têm sua porção mediana

em regiões de agradação, com gradiente suave a extremamente suave, convergindo

para a linha de costa.

Esses relevos de agradação são compostos pelos terrenos com gradientes

suaves das Planícies Aluvuais (111), sejam leques alúvio-coluviais, terraços fluviais

e/ou planícies de inundação, e na transição para os canais principais, os terrenos

extremamente suaves e mal drenados das Planícies Colúvio-Alúvio-Marinhas (122),

envolvendo solos argilo-arenosos típicos de baixada.

Da interface dessas planícies com o Sistema Deposicional Costeiro Marinho

formam-se os terrenos muito mal drenados das Planícies Flúvio-Marinhas (123) que

compõe a porção distal da Bacia Hidrográfica, com canais meandrantes sob

influência de maré.

Ainda na porção mediana da bacia hidrográfica, os rios Macacu, da Aldeia,

Caceribu, e Iguá, dissecaram os Tabuleiros (211) da Formação Macacu, abrindo

canais incisos em forma de “U” onde se encaixaram tais drenagens. Esse relevo

apresenta densidade de drenagem muito baixa, amplitude topográfica inferior a 50m,

gradiente muito suave e solos com sedimentação de colúvio e alúvio.

Entremeando a baixada, o relevo de degradação Colinas Isoladas (221)

apresenta densidade de drenagem baixa, amplitude topográfica inferior a 100m,

gradiente suave e solos com sedimentação de colúvio e eventuais vales afogados

com drenagem imperfeita.

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Figura 4 – Geomorfologia da região da bacia de Macacu

Fonte: CPRM, 2001.

Na porção mediana, transitando para a porção proximal dos rios da margem

esquerda do rio Caceribu, a montante dos tabuleiros da Formação Macacu, tem-se

um domínio Suave Colinoso (231), com densidade de drenagem baixa a média,

amplitudes topográficas inferiores a 50m, gradiente muito suave e solos com

expressiva sedimentação de colúvio e alúvio. A porção proximal dessa sub-bacia

hidrográfica provém do Maciço Costeiro (251), com relevo montanhoso e

extremamente acidentado, densidade de drenagem alta a muito alta, amplitudes

topográficas superiores a 300m, gradiente muito elevado e solos rasos com

afloramentos de rocha e depósitos de tálus e colúvio.

O alto curso médio dos rios dos Duques e Tanguá apresentam Colinas

Dissecadas, Morrotes e Morros Baixos (233), com densidade de drenagem média a

alta, amplitudes topográficas entre 100 e 200m, gradientes suaves a médios e solos

com sedimentação de colúvios e alúvios.

A porção proximal dos rios Caceribu, Bonito, Imbuí e Soarinho, estão em

domínios dos Maciços Intrusivos Alcalinos (241), com relevo montanhoso e

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extremamente acidentado, densidade de drenagem alta a muito alta, amplitudes

topográficas superiores a 500m, gradiente elevado a muito elevado e solos rasos

com afloramentos de rocha e depósitos de tálus e colúvio.

O limite Norte e Leste da Bacia são as Escarpas Serranas (252), com relevo

montanhoso e extremamente acidentado, densidade de drenagem muito alta,

amplitudes topográficas superiores a 500m, gradiente muito elevado e solos rasos

com afloramentos de rocha e depósitos de tálus e colúvio.

2.4. Caracterização Geotécnica 2.4.1. Coleta de Amostras de Solo

Foram coletadas 17 amostras de solos (A-1 a A-17) na região da bacia

hidrográfica dos rios Macacu e Caceribu, conforme anotação da sua localização na

Tabela 1.

A Tabela 1 apresenta ainda data e profundidade da coleta, tipo de solo e

classificação tátil-visual, além da localização no sistema UTM com datum SAD-69

para o fuso 23K e no sistema de coordenadas geográficas com latitude e longitude

em graus decimais.

As amostras indeformadas foram coletadas em duplicidade, utilizando

amostrador de paredes finas e as amostras amolgadas foram coletadas com

ferramenta de escavação, em quantidade suficiente para realização dos ensaios.

Todas as amostras foram identificadas, embaladas, preservadas e transportadas

para o Laboratório de Mecânica dos Solos da Universidade Federal Fluminense

onde foram submetidas a ensaios de caracterização. As amostras A-16 e A-17 foram

também submetidas a ensaios de compactação.

As amostras indeformadas A-3 a A-17 foram ainda submetidas a ensaios para

determinação das curvas características.

As coletas foram realizadas por um período de um ano, entre 2008 e 2009,

em diversos locais da baixada, nas planícies aluvionares de alguns rios e nas

encostas de algumas colinas.

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Tabela 1 – Localização das amostras de solo

A Figura 5 adiante mostra a distribuição das amostras na região.

Figura 5 – Localização das amostras de solo na região da bacia

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2.5. Metodologia Empregada nos Ensaios de Solo 2.5.1. Coleta de Amostras no Campo

As amostras coletadas no campo para a execução dos ensaios em laboratório

devem observar as Normas da ABNT estabelecidas para cada ensaio.

O trabalho de amostragem inicia-se com a escolha prévia do local de coleta,

feita ainda no escritório, podendo ser alterado o local exato conforme condições

observadas no campo, sem, contudo, alterar a natureza do material (e.g. aluvião,

colúvio). No campo, no local de coleta, material orgânico superficial deve ser retirado

e a superfície do terreno nivelada para introdução do amostrador. A amostra de solo

é coletada segundo a NBR 9813/87 Determinação da Massa Específica Aparente do

Solo utilizando o Cilindro de Cravação, na profundidade determinada, escavando-se

em torno do cilindro cravado para retirada da amostra indeformada.

São efetuadas duas coletas em cada ponto escolhido, uma para ensaios de

caracterização e outra para determinação da curva característica.

As amostras são embaladas para preservar a umidade natural do solo,

etiquetadas e transportadas para o laboratório de mecânica dos solos.

2.5.2. Procedimentos Iniciais no Laboratório

Chegando ao laboratório as amostras são pesadas e determinada a massa

específica aparente do solo. Caso não sejam submetidas a ensaios imediatamente,

são armazenadas na câmara úmida. A amostra que será utilizada para o ensaio de

caracterização é retirada do cilindro e feita a determinação da umidade de campo

com três amostras de aproximadamente 50g cada. O material restante é submetido

à secagem ao ar. A outra amostra será mantida na câmara úmida até o início do

ensaio para obtenção da curva característica.

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2.5.3. Ensaios de Caracterização

Os ensaios de caracterização compreendem a determinação de umidade de

campo, análise granulométrica, determinação da massa específica aparente,

determinação de massa específica dos grãos do solo, determinação dos limites de

plasticidade e de liquidez.

Determinação da umidade de campo – NBR 6457/86

Tomam-se três amostras com aproximadamente 50g cada do solo

proveniente do campo, pesa-se a massa úmida, leva-se na estufa onde

permanecem por 24 horas sendo depois retiradas as cápsulas, pesadas e

computadas as umidades, sendo a umidade de campo a média das três

determinações.

Análise Granulométrica – NBR 7181/84

Após seca ao ar a amostra é destorroada homogeneizada e passada na

peneira de 76mm, desprezando-se o material retido. O material passado é dividido

em dois lotes aproximadamente iguais. O primeiro lote será empregado na

determinação da massa específica dos grãos e o segundo lote para demais ensaios.

Em seguida, o material do segundo lote é pesado e passado na peneira de 2mm

(#10), lavando-se o material retido na peneira #10 e submetendo-o ao peneiramento

grosso após secagem na estufa. Do material passado toma-se 120g para

determinação da umidade higroscópica e aproximadamente 120g para o ensaio de

sedimentação. O material restante é passado na peneira 0,48mm, desprezando-se o

material retido e utilizando o material passado na determinação dos limites de

Atterberg. Para o ensaio de sedimentação toma-se, aproximadamente, 120g para

solos arenosos e 70g para solos siltosos e argilosos. Pesa-se esse material e

transfere-se para um béquer de vidro com 125cm3 de solução de hexametafosfato

de sódio, onde ficará imerso por 12 horas no mínimo. Em seguida a mistura

submetida ao aparelho dispersor por 15 minutos, sendo transferida para uma

proveta graduada, completada com água destilada até a marca de 1.000cm3, e, após

agitação, inicia-se o procedimento de leitura com densímetro.

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Ao término do ensaio de sedimentação o material da proveta é vertido na

peneira #200 (0,075mm), lavado e submetido ao peneiramento fino após secagem

na estufa.

Determinação de Massa Específica dos Grãos – NBR 6508/84

O ensaio de massa específica é feito no primeiro lote e se inicia com o

peneiramento da amostra na peneira #4 (4,0mm) tomando-se cinco porções com

cerca de 60g para solos arenosos e 50g para solos siltosos e argilosos. Cada uma

dessas porções é pesada e transferida para um béquer de vidro e misturado com

água destilada onde ficará imerso por 12 horas. O restante do material utilizado para

a determinação de umidade.

Cada porção imersa de solo é transferida do béquer para o picnômetro após

ser submetida à dispersão por 15 minutos. Em cada picnômetro é aplicado vácuo

por 15 minutos, repetindo-se o processo após acrescentar água destilada até 1cm

abaixo do gargalo. Em seguida colocam-se os picnômetros em banho-maria por 30

minutos e depois em repouso até que a temperatura se equilibre com a do ambiente.

Finalmente completam-se os picnômetros com água destilada até as respectivas

marcas de referência, pesam-se e procedem-se as apurações das massas

específicas e do valor médio. Subsidiariamente obtém-se a densidade relativa dos

grãos (G) dividindo-se a massa específica dos grãos pela massa específica da água.

Determinação de Massa Específica Aparente – NBR 9813/87

Para se determinar a massa específica aparente do solo toma-se a massa

obtida na pesagem, deduzida da massa do cilindro, e divide-se pelo volume interno

do cilindro. A massa e o volume interno do cilindro é conhecida.

A parte externa do cilindro deve estar isenta de resíduos de solo que possam

afetar a pesagem e as faces superior e inferior do tronco de cilindro obtido devem

ser previamente arrasadas.

Limite de Liquidez (LL) – NBR 6459/84

Toma-se aproximadamente 100g do material passado na peneira #40

(0,42mm) e adiciona-se água destilada em pequenos incrementos até obter uma

pasta homogênea com consistência tal que sejam necessários 35 golpes da concha

do aparelho Casagrande para fechar a ranhura aberta com um cinzel. Tomar uma

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pequena quantidade do material próximo às bordas que se uniram e determinar a

umidade. Retirar o material, adicionar um pouco mais de água destilada e repetir a

operação de preencher a concha, abrir ranhura e golpear, de modo a obter pelo

menos mais três pontos de ensaio, cobrindo o intervalo de 35 a 15 golpes.

Construir um gráfico com os pontos obtidos: número de golpes (escala log) e

umidade (escala aritmética) e ajustar uma reta. O limite de liquidez será o teor de

umidade correspondente a 25 golpes, expresso em porcentagem.

Limite de Plasticidade (LP) – NBR 7180/84

Toma-se aproximadamente 100g do material passado na peneira #40

(0,42mm) e adiciona-se água destilada em pequenos incrementos até obter uma

pasta homogênea com consistência plástica. Tomar cerca de 10g da amostra assim

preparada e formar um cilindro rolando com a mão sobre uma placa de vidro. Se a

amostra fragmentar antes de atingir o diâmetro de 3mm, adicionar água destilada,

homogeneizar e repetir o procedimento.

Ao se fragmentar o cilindro, com diâmetro de 3mm e comprimento da ordem

de 100mm, transferir as partes do mesmo para uma cápsula para determinação da

umidade.

Repetir a operação de formar um cilindro rolando uma amostra sobre placa de

vidro de modo a obter pelo menos três valores de umidade. Considerar satisfatórios

os valores de umidade obtidos que estiverem dentro da média, mais ou menos 5%.

O limite de plasticidade será a média de pelo menos três valores de umidade

considerados satisfatórios e deve ser expresso em porcentagem.

2.5.4. Curva Característica

Para esse ensaio toma-se o cilindro vindo de campo (ou da câmara úmida se

for o caso) que será pesado, colocado sobre a base de peso conhecido e imerso

parcialmente, para saturar por capilaridade por pelo menos dois dias, em recipiente

com água que não chegue a cobrir o cilindro.

Após sua saturação o conjunto cilindro-base é pesado, em seguida é feito um

furo com as dimensões do bulbo do tensiômetro que será alojado na amostra e

novamente pesado para se determinar o volume do material retirado a partir do já

conhecido peso específico aparente saturado do material.

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O tensiômetro zerado é encaixado no furo aberto na amostra saturada e

pesado todo conjunto. Sabendo-se a densidade relativa dos grãos e o peso

específico aparente saturado e utilizando as conhecidas relações entre índices

físicos são determinados o índice de vazios, a porosidade, a umidade e a umidade

volumétrica. Assim o primeiro ponto da curva característica é determinado com o

valor zero lido no tensiômetro e a umidade volumétrica correspondente a amostra

saturada.

O conjunto é colocado na bancada e deixado em repouso e na medida em

que a água vai evaporando o tensiômetro vai indicando o valor da tensão de sucção.

Periodicamente o conjunto é pesado e anotado a tensão de sucção correspondente

e novos pontos da curva característica são obtidos. A umidade volumétrica é

calculada a partir da perda de água verificada na pesagem.

No início devem ser feitas medições mais freqüentes, pois, normalmente,

ocorrem grandes perdas de água sem grandes variações de tensão. Em geral

devem ser feitas medições logo pela manhã e no fim da tarde quando a temperatura

está mais estável.

O ensaio termina quando é atingido o limite do tensiômetro, ou seja,

aproximadamente 90kPa. A curva obtida é a curva característica do solo no ramo de

ressecamento.

2.5.5. Resultados dos Ensaios nas Amostras de Solo

As amostras de solo coletadas no campo foram submetidas a ensaios de

caracterização como análise granulométrica, determinação dos limites de Atterberg

(Limite de Plasticidade - LP e Limite de Liquidez - LL), determinação da massa

específica dos grãos (G), determinação do peso específico aparente (γ),

determinação da umidade natural (w). Foram ainda calculados, para a condição

natural, os índices de vazios (e), porosidade (n), umidade volumétrica (θ) e grau de

saturação (S).

Os resultados das análises granulométricas procedidas nas amostras

coletadas de solos residuais e coluvionares da região estão apresentados na Figura

6 adiante

Nota-se, nesses resultados, que os solos classificados como residuais

apresentam teores de argila maiores que os solos coluvionares. De uma maneira

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geral são solos bem distribuídos, em sua maioria areias argilosas, ou,

eventualmente, areias siltosas ou siltes areno-argilosos. As amostras são de solos

superficiais, daí a predominância de colúvios, até porque tais amostras (A-3, A-7 a

A-9, A-11, A-12 e A-14 a A-17) foram coletadas nas vertentes de colinas isoladas ou

dissecadas da região.

Figura 6 – Granulometria das amostras de solo residuais e coluvionares

Os resultados das análises granulométricas procedidas nas amostras

coletadas de solos aluvionares ou de baixada (Gleissolos) estão apresentados na

Figura 7 adiante.

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Figura 7 – Granulometria das amostras de solos de baixada e aluvião

Nota-se que os aluviões são predominantemente areias uniformes (com

exceção de A-5 que apresenta maior teor de silte). As duas amostras de gleissolo

(A-1 e A-2) são argilas siltosas de baixa consistência, uma orgânica (A-1) e outra (A-

2) arenosa apresentando mosqueado típico de variação do nível d’água.

Essas análises granulométricas estão detalhadas no Anexo I. O Anexo II

apresenta as planilhas do ensaio de massa específica. O Anexo III apresenta as

planilhas dos ensaios de Limites de Liquidez e de Plasticidade.

A Tabela 2 adiante mostra os índices físicos ou de estado ou propriedades-

índice das amostras de solo. Os três primeiros: Densidade Relativa (G); Umidade

Natural (Wnat); e Peso Específico Natural (γnat), obtidos em laboratório. As demais

propriedades-índice foram calculadas a partir das relações entre índices.

Adicionalmente, estão apresentados os teores de argila, os limites de liquidez (LL)

de plasticidade (LP), índices de plasticidade (IP) e de atividade (IA) dessas

amostras.

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337

Tabela 2 – Caracterização das amostras de solos

Analisando essas propriedades físicas, verifica-se, como era de se esperar,

que o gleissolo apresenta altos teores de umidade. Dois solos coluvionares (A-8 e A-

9) apresentam alto índice de plasticidade, elevado índice de atividade e baixos

teores de argila, revelando uma provável prevalência de argilominerais do grupo 2:1,

grupo das esmectitas, no comportamento desses solos. Apenas um solo aluvionar

(A-5) apresentou alguma plasticidade, sendo os quatro restantes considerados não-

plasticos.

2.5.6. Determinação das Curvas Características

Os solos não-saturados podem ser caracterizados segundo a relação

verificada entre a tensão de sucção e a umidade volumétrica, tanto no ramo de

umedecimento como no ramo de ressecamento.

As Figuras 7 e 8 adiante resumem as curvas características das amostras

ensaiadas sob ressecamento, separadas, respectivamente, em solos finos e solos

granulares. Nota-se que nos solos granulares, como é típico desses solos, no início

do ressecamento, há uma considerável perda de umidade sem grande aumento na

sucção. Os solos finos (argilosos) exibem curvas mais verticais.

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Figura 7 – Curva característica das amostras de solos argilosos

Figura 8 – Curva característica das amostras de solos granulares

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339

2.6. Ensaios de Compactação

Foram coletadas amostras deformadas de solo (A-16 e A-17), 25kg cada, nas

proximidades de possíveis eixos de barragens de terra, e efetuados ensaios de

compactação, segundo a Norma NBR 7182/86, com energia de compactação

normal. Os resultados são apresentados na Figura 9 e 10 adiante.

Figura 9 – Curva de compactação para amostra A-16

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Figura 10 – Curva de compactação para amostra A-17

As umidades ótimas e as respectivas massas específicas aparentes secas

máximas das amostras se mostraram compatíveis com os valores correlacionados

por Vargas (1977) entre compactação e limites de Atterberg.

Esses solos podem ser considerados bons para emprego em obras de terra e

podem ainda ser melhorados se misturados convenientemente com solos

aluvionares da região, de forma a se obter um solo com menores limites de

Atterberg e assim, com maior massa específica seca na umidade ótima.

3. ESTUDO GEOTÉCNICO SOBRE RESERVATÓRIOS E

BARRAGENS 3.1. Estudo sobre Reservatórios de Água Superficial

Foram efetuadas avaliações de áreas e volumes utilizando bases

cartográficas disponíveis dos vales dos rios Caceribu (eixo EA-20), Soarinho (eixo

EA-05), Tanguá (eixo EA-23) e Guapi-Açu (eixo Jusante), e considerando as

intervenções propostas pelo Plano Diretor de Recursos Hídricos da Região

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Hidrográfica da Baia de Guanabara (PDRH-BG) e pelo Projeto Macacu, para

formação de reservatórios de água.

A partir dos cálculos de volumes desses reservatórios foram elaborados

gráficos cota-volume para iniciar estudo de capacidade nesses possíveis

reservatórios e para subsidiar a concepção do modelo de disponibilidade hídrica

para a região.

Figura 11 – Curva cota-volume para alguns reservatórios

Nota-se que os reservatórios Guapi-Açu Jusante e Tanguá (EA-23) são os de

maior capacidade, sendo o primeiro o maior deles.

A Figura 12 mostra a altura do barramento (sem borda livre) e sua relação

com a área do lago formado para cada um desses reservatórios.

Das Figuras 11 e 12 pode ser verificado que o reservatório Guapi-Açu

Jusante apresenta um volume de 100 milhões de metros cúbicos na cota +20m,

sendo o nível de base na cota +5m. Assim, a altura da barragem, sem borda livre,

seria de 15m e haveria a formação de um lago com espelho d’água sobre uma área

de aproximadamente 24km2.

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Figura 12 – Altura da barragem e área do lago formado

O reservatório Guapi-Açu Jusante é o de maior capacidade, no entanto,

abrangeria uma área considerável, havendo necessidade de estudos adicionais

quanto aos aspectos sócio-econômicos e ambientais decorrentes da formação do

lago.

Esse lago estaria assente sobre uma geologia variada, apresentando

depósitos colúvio-aluvionares sobrepostos a gnaisses da Unidade São Fidelis do

Complexo Paraíba do Sul (MNps), numa região de contato com a Unidade Santo

Aleixo (Nγ2ss). Essa unidade é marginal ao Batólito Serra dos Órgãos (Nγ2s). A

região apresenta falhas e fraturas típicas da geologia do Graben e que necessitam

serem investigadas. Também a espessura do pacote sedimentar necessita ser

determinada para se avaliar adequadamente as condições de percolação pela

fundação da barragem proposta.

Os solos dos terrenos adjacentes são latossolos, em princípio, adequados ao

uso como material de construção de barragens de terra, necessitando melhores

caracterizações quanto à compactação e à resistência ao cisalhamento.

No reservatório de Tanguá (EA-23), nota-se que para se obter um volume de

100 milhões de metros cúbicos de água a altura da barragem deveria ser de 30m.

No entanto, a área do lago seria da ordem de 9km2, 62% menor que a área do lago

Guapi-Açu.

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343

O lago Tanguá estaria assente sobre solos podzólicos, sobrepostos ao

Gnaisse Tingui, um plúton correlato do Complexo Rio Negro (Nγ1rt), não havendo

nas cartas geológicas presença de falhas ou fraturas, embora conste, nas

proximidades, um extenso dique mezo-cenozóico.

Esses solos necessitam serem investigados, especialmente quanto ao perfil

estratigráfico, a parâmetros de compactação e resistência e quanto à geomorfologia,

visto que o lago estaria na transição do domínio Suave Colinoso para o Maciço

Costeiro, onde predominam altas densidades de drenagens e elevados gradientes

que podem afetar a estabilidade das margens a montante do lago.

Na curva cota-volume para o reservatório Caceribu, pode-se notar que a

capacidade do reservatório é modesta (não chega a 30 milhões de m3) e a área

ocupada pelo espelho d’água é pequena (aproximadamente 3km2). No entanto há

reduzida taxa de ocupação.

O reservatório estaria assente sobre terreno colinoso a acidentado,

latossólicos, sobreposto a granitos da Suíte Desengano (Nγ2d), em um vale

encaixado entre escarpas do Maciço Alcalino Tanguá (KTλta).

Embora haja uma falha contracional entre a Suíte Desengano e a Unidade

São Fidelis (MNps), que separa o Maciço Alcalino de Tanguá do Maciço Alcalino Rio

Bonito (KTλrb), não há indicação de fraturas ou falhas nesses Maciços Alcalinos na

carta geológica (CPRM, 2001). No entanto, imagens de satélites (Google Earth),

mostram lineamentos no Maciço Alcalino Tanguá, na direção N-S e no Maciço

Alcalino Rio Bonito, na direção W-E, portanto, há indicação de maiores

detalhamentos em investigações futuras.

A curva cota-volume para o reservatório Soarinho mostra que esse

reservatório necessitaria de um barramento alto para conter pouca quantidade de

água (40 milhões de m3). Em face da atual ocupação da área, a tendência seria

desconsiderar esse reservatório como uma alternativa. Entretanto, a reduzida área

do espelho d’água do reservatório torna essa alternativa ainda considerável.

Registre-se que o reservatório estaria localizado numa região de contato do

Maciço Alcalino Soarinho (KTλso) com os encaixados granitos da Suíte Desengano

e gnaisses da Unidade São Fidelis. Havendo falhamento no contato entre essas

duas encaixadas.

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344

De um modo geral os barramentos teriam pouca altura, embora, para alguns

reservatórios, a extensão do barramento seria considerável e demandariam mais de

um barramento para conter extravasamentos por gargantas muito baixas.

3.2. Estudo sobre a Barragem do Rio Guapi-Açu

A Coordenadoria de Recursos Hídricos apresentou sugestão de implantação

de reservatório de água no vale do rio Guapi-Açu, no município de Cachoeiras de

Macacu, com eixo do barramento principal próximo à ponte na RJ-122 sobre o rio

Guapi-Açu.

O volume de água desse reservatório foi estimado para duas hipóteses

distintas de regime hidrológico, sendo a primeira tal que as barragens deveriam ter

suas cristas na cota +19,50m; e, na segunda hipótese, as barragens deveriam ter

suas cristas na cota +25,20m.

Os aspectos dos reservatórios a serem formados são apresentados nas

Figuras 13 e 14, respectivamente, para as cotas +19,50m e +25,20m. A Figura 11

acima apresentou a curva cota-volume para o reservatório Guapi-Açu e a Figura 12

a curva altura da barragem vs. área do reservatório, podendo, para a primeira

hipótese, ser estimada uma área de inundação com aproximadamente 32km2. Para

a segunda hipótese a área do espelho d’água foi calculada em aproximadamente 39

km2, descontando-se as ilhas que se formariam no interior do lado.

Figura 13 – Aspecto do reservatório com a barragem na cota +19,50m

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Figura 14 – Aspecto do reservatório com a barragem na cota +25,20m

Essas ilhas seriam formadas pelos morrotes existentes no vale do Guapi-Açu

e algumas dessas elevações poderão servir de jazidas de empréstimo para

construção das barragens de terra.

As amostras A-16 e A-17 foram coletadas nessa região e os resultados dos

ensaios de compactação efetuados foram apresentados nas Figuras 9 e 10,

respectivamente.

As análises granulométricas permitiram classificar as amostras A-16 e A-17

como sendo pertencentes a solos areno-argilosos. A partir das propostas

mencionadas em Bureau of Reclamation (1974) e Eletrobrás (2009), foi possível

conceber a barragem de terra com largura da crista de 3m e declividade de taludes

como apresentado na Figura 15, admitindo não haver via de tráfego sobre a

barragem principal.

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Figura 15 – Seção típica da barragem de terra

Para as barragens secundárias, necessárias para evitar extravasamento do

reservatório pelo seu lado Sudoeste, uma vez que a formação do reservatório

implicaria no afogamento da atual estrada vicinal de acesso ao vale e adjacências, a

largura da crista foi estabelecida em 6m.

Considerando que o terreno aluvionar formador do vale do Guapi-Açu é

naturalmente permeável, foi concebida ainda uma trincheira impermeável (cut-off) na

fundação da barragem. Embora o perfil estratigráfico do solo seja desconhecido,

admitiu-se que a altura da trincheira impermeável correspondesse à espessura da

camada aluvionar e que esta teria aproximadamente 10m. Admitiu-se, ainda, uma

largura mínima da trincheira de aproximadamente 5m.

A hipótese de existir um solo mais resistente e impermeável fundamenta-se

em consulta a arquivos do DER-RJ, especificamente às plantas da ponte sobre o rio

Guapi-Açu, na RJ-122, cujas fundações são estacas pré-moldadas assentes

aproximadamente na cota +1,00m. A Figura 16 apresenta parte do projeto estrutural

da ponte.

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Figura 16 – Parte do projeto da ponte sobre o rio Guapi-Açu na RJ-122

Assim, com base em topografia da região digitalizada em escala 1:10.000,

cuja Figura 17 abaixo mostra uma vista em planta da barragem, foram tomadas

diversas seções transversais das barragens, conforme a configuração do terreno,

calculadas as áreas dessas seções, medidas as distâncias entre seções e

calculados os volumes de terra utilizando a expressão do volume do tronco de

pirâmide. Tanto para o corpo da barragem quanto para o cut-off.

Figura 17 – Base topográfica na escala 1:10.000 da região

Os resumos dos cálculos são apresentados nas Figuras 18 e 19 para a

barragem com crista na cota +19,50m e nas Figuras 20 e 21 para a barragem com

crista na cota +25,20m.

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Figura 18 – Volume das barragens de terra na cota +19,50m

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Figura 19 – Volume do cut-off das barragens de terra na cota +19,50m

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Figura 20 – Volume das barragens de terra na cota +25,20m

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Figura 21 – Volume do cut-off das barragens de terra na cota +25,20m

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Para os dois casos, foram estimados volumes de solo de jazida de

empréstimo utilizando um fator de empolamento de 1,1 para a conversão do solo

compactado da barragem para o solo da jazida. Foi utilizado ainda um fator de

empolamento de 1,4 para conversão do solo da jazida para o solo desempolado a

ser transportado em caminhões.

Em relação às jazidas, aparentemente, quaisquer dos morrotes no interior do

vale poderão suprir as necessidades, no entanto, a distância mínima da jazida a

obra indica necessidade de operações de escavação, carga, transporte, descarga,

espalhamento e compactação.

Todos esses aspectos devem ser considerados estimativos em razão da

ausência de sondagens e de ensaios de resistência, permeabilidade e

eventualmente deformabilidade, tanto da fundação quanto do maciço.

3.3. Outros Aspectos Geotécnicos

Um aspecto geotécnico importante e que deve ser considerado na região do

curso médio do rio Guapi-Açu é a propensão do terreno à sedimentação dada a sua

morfologia. A dificuldade da drenagem, em face da baixa declividade, naturalmente,

levou a região a se constituir em uma planície aluvionar, tanto que a área está

atualmente ocupada com atividades agrárias de cultivo, indicando fertilidade do solo

típica de regiões de agradação, e eventual exploração de jazida de areia.

A propensão ao assoreamento tende a ser agravada com o impedimento da

drenagem decorrente do barramento e das restrições na circulação de água no

reservatório formado. Por outro lado, poderá haver uma tendência de se ocupar as

margens do reservatório, retirando a proteção oferecida hoje pela cobertura vegetal.

A limpeza do terreno antes da formação do reservatório vai se constituir em

uma tarefa de grande monta dada à imensa área a ser inundada. Será necessário

remover a capa de solo orgânico, que dado ao cultivo e pastoreio na região, deve

abranger toda área. As tarefas de desmatamento e destocamento parecem

minimizadas pela baixa cobertura vegetal predominante.

Um outro aspecto que deve ser observado é a presença do contato de

unidades geológicas no lado Oeste do reservatório e a existência de falhas

geológicas na região.

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4. USUÁRIOS DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

4.1. Banco de Dados de Poços de Abastecimento

Foram obtidos cadastros de usos e usuários de águas subterrâneas em

diversos órgãos públicos como SERLA, DRM-RJ, DNPM, Prefeitura Municipal de

Itaboraí, e UFF (Rede de Geotecnologia em Águas Subterrâneas). Esses cadastros

foram reunidos em um arquivo, tratados quanto a duplicidades e inconsistências,

confirmados e atualizados por levantamentos de campo, e montado um banco de

dados de poços de abastecimento. A Tabela 3 a seguir contém a localização desses

73 poços de abastecimento. Outros dados, como vazão, profundidade, nível d’água,

geologia, identificação do proprietário, localização em coordenadas UTM, origem,

que puderam ser obtidos, estão contidos no Anexo IV, que acompanha este

relatório.

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Tabela 3 – Poços de abastecimento cadastrados

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Tabela 3 – Poços de abastecimento cadastrados (continuação)

4.2. Distribuição dos Poços de Abastecimento

A Figura 22 acima mostra a distribuição desses poços na região da bacia

hidrográfica. Os poços foram representados como pontos marrons no mapa.

Dos 73 poços cadastrados, 40% tiveram origem nos cadastros de órgãos

públicos e os restantes 60% foram obtidos pelo Projeto, em diversas visitas de

reconhecimento ao campo, durante o processo de verificação e confirmação dos

dados absorvidos de outros cadastros.

Nota-se que a área urbana do município de Itaboraí concentra a maioria

desses poços, atendendo em geral a domicílios.

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Figura 22 – Distribuição dos poços de abastecimento pela bacia

A Figura 23 adiante mostra a distribuição desses poços por município,

podendo-se observar que mais de 80% dos poços cadastrados estão localizados no

município de Itaboraí.

Figura 23 – Distribuição dos poços de abastecimento por município

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Admitindo-se uma vazão média por poço de 12 m3/h, pode-se estimar que o

consumo de água subterrânea em Itaboraí seja da ordem de 0,2m3/s ou 17.280.000

L/dia.

Considerando que a população do município de Itaboraí está em torno de 225

mil habitantes e que segundo a Secretaria de Obras do Município de Itaboraí a

distribuição de água proveniente da estação de tratamento de água da CEDAE em

Laranjal (São Gonçalo-RJ) atende apenas 25% da população, quase 170 mil

habitantes do município obtêm água extraindo do subsolo.

Essa consideração leva ao entendimento que o consumo médio de água

subterrânea por habitante do município de Itaboraí é de aproximadamente 100 L/dia.

Acrescente-se a isso o fato que o abastecimento público, residencial ou comercial,

feito por água subterrânea, raramente, é precedido de tratamento adequado. Assim,

tem-se que há um elevado potencial de insalubridade, já que e as condições de

descarte das águas servidas ou residuárias não são conhecidas. No entanto,

admite-se que esse descarte seja feito diretamente no solo em face de não se ter

constatado o funcionamento de estações de tratamento de esgoto doméstico.

A Figura 24 adiante mostra a distribuição percentual de poços de

abastecimento por tipo de usuário, sendo considerados poços públicos os poços

geridos pelo município e normalmente empregados na distribuição às comunidades

adjacentes, por poço tubular profundo, castelo d’água e rede de distribuição local.

Os poços residenciais são poços privados que atendem normalmente a

condomínios, em sistema semelhante aos poços públicos, e raramente dispõem de

tratamento.

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Figura 24 – Distribuição dos poços de abastecimento por tipo de uso

Os poços classificados com engarrafamento são pertencentes a empresas

mineradoras que comercializam o produto in natura ou a empresas que utilizam a

água na fabricação de bebidas.

Os poços comerciais são normalmente pertencentes a empresas que utilizam

a água para consumo próprio no exercício de sua atividade.

Alguns poços desativados foram utilizados na rede de monitoramento.

5. CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA

5.1. Introdução

Embora o conhecimento sistemático das águas subterrâneas na bacia

hidrográfica dos rios Guapi-Açu, Macacu e Guapimirim seja incipiente, futuramente,

esta região deverá passar por um rápido crescimento da demanda por esse recurso.

Devido à grande diferença em volume, comparativamente com as águas superficiais,

as águas subterrâneas desempenharão a princípio um papel secundário na

disponibilidade hídrica nas bacias. Contudo, cada vez mais, sua utilização será

incrementada devido ao crescimento populacional, desenvolvimento industrial e as

restrições sazonais das águas superficiais.

De caráter estratégico, seu conhecimento possibilitará aos gestores,

alternativas para auxiliar no gerenciamento de crises hídricas, quer através da

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simples captação ou pela aplicação de técnicas inovadoras de armazenamento da

água subterrânea e/ou do uso complementar aos recursos superficiais.

A partir das documentações existentes citadas no Plano Diretor de Recursos

Hídricos da Região Hidrográfica da Baía de Guanabara e no Estudo de Impacto

Ambiental do COMPERJ, foi realizada uma análise das características

hidrogeológicas e das disponibilidades hídricas subterrâneas das bacias

supracitadas.

5.2. Caracterização Hidrogeológica

As condições de ocorrência das águas subterrâneas em aqüíferos estão

relacionadas à existência de ambiente geológico favorável ao armazenamento e a

circulação da água. Na bacia hidrográfica dos rios Guapi-Açu, Guapimirim, Macacu

são identificados dois sistemas de aqüíferos principais:

→ Sistema Aqüífero Sedimentar; → Sistema Aqüífero Cristalino;

O primeiro sistema é constituído por diferentes associações sedimentares,

compreendendo os aqüíferos: Formação Macacu; Aluvionar; e Flúvio-Lagunar e

Flúvio-Marinho Argilo-Arenoso.

O segundo sistema é o Aqüífero Cristalino, que é conexo às descontinuidades

existentes nas rochas cristalinas, ocorrendo em 60 a 70 % da das Bacias,

principalmente associadas às rochas do embasamento granítico-gnáissico e,

eventualmente, em rochas alcalinas e básicas.

5.3. Sistema Aqüífero Sedimentar

Nas bacias consideradas o sistema aqüífero sedimentar pode ser reunido em

três principais unidades: 1) Formação Macacu; 2) sedimentos alúvio–lacustres e, 3)

sedimentos flúvio-marinho-argilo-arenoso, (EIA-COMPERJ, 2007).

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5.3.1. Aqüífero Macacu

O aqüífero Macacu integra a Formação homônima de idade terciária,

ocorrendo na porção sul da bacia do rio de mesmo nome e apresenta uma área de

aproximadamente de 115 km2, aflorando principalmente nos municípios de Itaboraí e

Magé. Os níveis sedimentares apresentam forte intercalação, constituídos por

sedimentos arenosos, argilosos, sílticos e conglomeráticos. Estimativas apontam

que a espessura dos sedimentos pode alcançar até 200 metros, (PDRH-BG, 2004).

Em relação às vazões produzidas por esta formação a documentação disponível é

contraditória. Segundo o PDRH-BG (2004), a Formação Macacu é um aqüífero livre

a semi confinado, pouco produtivo, com vazões máximas na ordem de 1,5 m3/hora.

Todavia, de acordo com o Diagnóstico Ambiental do EIA-COMPERJ (2007), as

vazões instaladas neste aqüífero variam de 5,5 a 42,7 m3/hora e média de 20,7

m3/hora. Ainda segundo o PDRH-BG (2004), no capítulo de programas, o Programa

de Aproveitamento Racional da Água Subterrânea, indica a existência de poços

perfurados na região de Itaboraí que apresentaram vazões entre 15 e 42 m3/hora,

considerando a Formação Macacu como um “aqüífero de alto potencial, para ser

explotado”. Essa diferença pode resultar da existência de poços mistos, que captam

água no aqüífero Macacu e no Cristalino. As entradas de água, ou seja, os

horizontes de maior permeabilidade variam de 20 a 103 metros.

5.3.2. Aqüífero Aluvionar

Esse aqüífero ocorre em Leques Detríticos e Planícies Aluvionares,

principalmente, nas bacias dos rios Macacu e Guapi-Açu. Apresenta intensa

variação composicional sendo constituído por intercalações de areias, argilas e

matéria orgânica. Esses sedimentos apresentam a maior parte dos seus 410 km2 na

região em apreço. As espessuras médias dos sedimentos estão em torno de 20

metros, mas podem alcançar espessuras de até 100 metros, quando associados a

paleo estruturas do embasamento cristalino.

A produção observada nos poços tubulares profundos pode alcançar vazões

superiores a 10 m3/hora. Neste aqüífero, ensaios de vazão realizados pela CEDAE e

GTZ, obtiveram vazões de 42 e 10 m3/hora. As entradas de água ocorreram nos

intervalos entre 8 a 14 metros e de 22 a 24 metros. Devido ao relativo potencial

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361

desta unidade, o Programa de Aproveitamento Racional de Água Subterrânea do

PDRH-BG (2004), sugere a utilização deste aqüífero através da construção de

baterias de poços, contendo um número entre 10 a 20 poços, estimando que a

vazão a ser produzida seria da ordem de 100 e 400 m3/hora, dependendo do

número de poços. Ainda de acordo com o referido Programa, essa vazão seria

compatível com as vazões obtidas pela CEDAE – GTZ, em testes realizados em

poços radiais no mesmo aqüífero.

5.3.3. Aqüífero Flúvio-Lagunar e Flúvio-Marinho Argilo-Arenoso

Este aqüífero é constituído por níveis arenosos com bastante argila e

intercalações de camadas e lentes argilosas e siltosas, correspondendo a

sedimentação fluvial de baixo curso fluvial e também devido as transgressões

marinhas. A área total é de 230 km2, e a espessura pode alcançar os 100 metros.

Não há relato de poços profundos neste aqüífero, mas ele é bastante utilizado pela

população ribeirinha aos rios Macacu e Guapi-Açu, que captam água através de

poços do tipo cacimba e ponteira. Portanto, localmente pode se constituir em

importante manancial para pequenas comunidades.

5.3.4. Aqüífero Cristalino

Genericamente o sistema cristalino pode ser caracterizado pela ausência ou

baixa freqüência de espaços vazios na rocha. Este tipo de aqüífero é marcado pela

elevada anisotropia e heterogeneidade onde a porosidade e permeabilidade estão

relacionadas às fissuras ou fraturas, juntas e falhas. Por conta dessas

características, os parâmetros hidráulicos apresentam intensa variação espacial,

tornando difícil a quantificação de propriedades hidrogeológicas. Os principais

fatores que podem atuar neste sistema, controlando os mecanismos de infiltração,

armazenamento da água e qualidade, são o clima, relevo, hidrografia, coberturas

detríticas, manto de intemperismo, litologia e estruturas geológicas.

As rochas cristalinas ocupam a maior parte da área da bacia, sendo melhores

visualizadas nos contornos topográficos mais elevados. A espessura da zona

fraturada nessas rochas é incerta, sendo função da intensidade e amplitude dos

processos tectônicos.

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362

Na região o aqüífero cristalino ocorre em aproximadamente de 60 a 70% da

área. De acordo com a classificação morfo-estrutural do Mapa de Favorabilidade

Hidrogeológica (CPRM, 2001), citado pelo PDRH-BG (2004), o potencial hídrico

dessas rochas na região é variável, sendo o aqüífero cristalino subdividido em graus

de favorabilidade, moderada, baixa e muito baixa. Com base nas informações

disponíveis de poços tubulares profundos perfurados na região, é possível concluir

que este tipo de aqüífero tem baixa produtividade, apresentando vazões que variam

de 1 a 20 m3/hora, mas com média de 3,0 m3/hora. A profundidade das fraturas

produtivas oscila entre 20 e 90 m e a dos poços de 30 a 170 m.

Estudos hidrogeológicos realizados em fontes e poços tubulares profundos na

parte superior da bacia do rio Guapi-Açu, (Vogel, 2006), identificaram vazões em

fontes na ordem de 24,5 m3/h com médias de 3,5 m3/h. Poços tubulares profundos

na mesma região apresentaram vazões na ordem de 7,1 m3/h.

Embora a vazão do sistema cristalino seja, geralmente, insignificante, quando

as fraturas produtivas estiverem associadas a um relevo mais suave com cobertura

permeável, poderá ocorrer aumento da recarga para as fraturas e, por conseguinte,

vazão mais significativa. Desde que os terrenos cristalinos da região se encontram,

em grande parte, encobertos por espessos mantos não consolidados, eles podem

constituir sistemas aqüíferos individuais e secundários, de importância local,

freqüentemente utilizados para abastecimento doméstico. Contudo, os dados

disponíveis não permitem quantificar os volumes existentes nessas coberturas.

Estudos de fotointerpretação, geológicos e geofísicos poderão apontar as áreas e

estruturas com maior potencial para disponibilidade da água subterrânea associado

às rochas cristalinas na área.

5.4. Disponibilidade de Águas Subterrâneas

Geralmente as reservas hídricas dos aqüíferos são divididas em reservas

renováveis e permanentes. As reservas permanentes ou seculares são aquelas que

se situam abaixo da variação anual do nível freático. As reservas reguladoras ou

renováveis correspondem ao volume de água armazenada no aqüífero acima do

nível freático mínimo. Elas correspondem, de forma geral, ao escoamento de base

dos rios, ou seja, à contribuição do aqüífero para os rios ao longo de um ano

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363

hidrológico. O valor de escoamento básico de um rio pode ser considerado, portanto,

como valor de recarga dos aqüíferos.

De forma geral, considera-se que as reservas explotáveis de um aqüífero

sejam a soma das reservas reguladoras somadas a uma pequena fração das

reservas permanentes. A porcentagem a ser adotada das reservas reguladoras e

permanentes para cálculo da reserva explotável dos aqüíferos é controversa,

principalmente em face da dinâmica de fluxo e resposta de cada aqüífero à

explotação.

As reservas referentes aos aqüíferos sedimentares constam do PDRH-BG

(2004) e foram calculadas a partir de estimativas da espessura saturada e da

porosidade efetiva e estão sumariadas e apresentadas no quadro abaixo.

De acordo com o PDRH-BG (2004) e EIA-COMPERJ (2007), o tipo de

aqüífero predominante é o cristalino fraturado e, apesar dele ocorrer em uma área

de aproximadamente 70% das bacias do Macacu-Guapi-Açu, há pouca ou nenhuma

informação quanto à disponibilidade das águas subterrâneas neste sistema. Devido

a essa circunstância, este item apresenta um estudo preliminar da disponibilidade

hídrica subterrânea nas rochas cristalinas.

5.5. Disponibilidade do Sistema Cristalino

É aceito que a “reserva ativa” de um aqüífero é mantida pelo volume de água

infiltrado para o aqüífero a partir da precipitação que ocorre na bacia e que se pode

assumir como reserva reguladora, atuando diretamente no escoamento básico de

um rio. Segundo Lopes (1994), esse volume equivale a recarga média multianual e

transitória do aqüífero, ou potencial renovável de água subterrânea de uma bacia,

correspondendo ao volume de água que é drenado pelos rios na forma de seu

escoamento básico, desde que não corram retiradas significativas.

Geralmente é aceito que as reservas explotáveis corresponderiam a 20% das

reservas reguladoras. Mesmo que seja um valor conservador, pois não avalia o uso

das reservas permanentes, ainda assim, ele pode ser aceito com estimativa regional

de aqüíferos fraturados.

Este valor também é considerado satisfatório sob o aspecto de manutenção

da vazão dos rios, porque considera que apenas 20% do escoamento de base

poderiam ser afetados pela captação de água subterrânea. A reserva explotável do

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364

aqüífero cristalino, adotada neste estudo, representaria, portanto, 20% do

escoamento de base dos rios.

Ainda que existam métodos mais confiáveis para estimar a recarga e

circulação das águas subterrâneas, devido à inexistência de informações

hidrogeológicas relativas aos aqüíferos fraturados na bacia, a estimativa do volume

de água que circula neste sistema foi feita através das vazões mínimas dos rios.

Para essa avaliação foram utilizados os dados hidrológicos extraídos do

quadro 8.11 (Vazões nas UBs), capítulo de Disponibilidades Hídricas do PDRH-BG

(2004), mas considerando apenas os trechos das bacias com predominância de

rochas cristalinas e/ou pouca influência de coberturas sedimentares. Apesar das

vazões serem regionalizadas, a título de avaliação preliminar, os dados são

perfeitamente e aplicáveis ao propósito deste item.

Ainda de acordo com o método proposto por Lopes (1994), Pereira e

Kilmmelmann (2004), são apresentadas avaliações preliminares da disponibilidade

hídrica subterrânea para os aqüíferos fraturados na região, utilizando a seguinte

expressão:

QDis = Q7,10 F

Onde: QDis = disponibilidade subterrânea, em metros cúbicos por segundo.

Q7,10 = vazão mínima de sete dias consecutivos e tempo de retorno de dez anos;

a qual é similar a recarga média multianual.

F = índice percentual aplicado sobre o escoamento básico admitido como a

parcela correspondente a disponibilidade potencial ou reserva explotável de água

subterrânea (adotado valor empírico de 0,2 para rochas cristalinas).

A Tabela 4 abaixo apresenta os resultados da disponibilidade de água

subterrânea em algumas bacias da região, obtidos a partir dos valores de Q7,10 das

UB mais representativas dos terrenos de predominância de rochas cristalinas,

conforme os mapas PR7, PR9 e PR10 do PDRH-BG (2004).

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365

Tabela 4 - Disponibilidade de água em algumas bacias da região

Unidade de Balanço Rio

Área

(km²)

Q7,10

(m3/s)

QDisponível

(m3/s)

24.1 Macacu 508,61 5,64 1,13

24.2 Guapi-Açu 568,28 6,31 1,27

24.4 Guapimirim 132,38 1,43 0,29

28.1 Rio Bonito 27,26 0,288 0,06

28.2 Tanguá 383,74 4,23 0,84

Média 3,58 0,72

Convém destacar que a disponibilidade hídrica superficial e a subterrânea não

podem ser somadas para fornecer um valor de disponibilidade total. Na verdade, a

disponibilidade hídrica superficial inclui, no seu valor, a disponibilidade subterrânea,

já que esta representa uma parte do escoamento de base dos rios. A água

subterrânea retirada em um determinado ponto implica em redução da contribuição

do aqüífero para o rio e, conseqüentemente, a diminuição da água disponível no rio.

Por fim a Tabela 5 a seguir apresenta uma síntese da tipologia e

produtividade dos aqüíferos da região, apresentando todos os dados disponíveis nos

relatórios utilizados.

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366

Tabela 5 – Tipologia e produtividade dos aqüíferos

6. MONITORAMENTO DAS ÁGUAS SUBTERRÂNEAS E ESTABELECIMENTO DA CURVA DE RECESSÃO NATURAL E DA RECARGA DO AQUIFERO

6.1. Introdução

Do mesmo modo que nos reservatórios de água superficial, é essencial

conhecer a quantidade de água armazenada na forma de água subterrânea e sua

variação com o tempo. A quantidade de água armazenada é continuamente alterada

em função de um ou mais fatores. As variações podem ocorrer desde flutuações

rápidas resultantes de uma onda de vibração no terreno devido a um terremoto,

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367

devido a um bombeamento do aqüífero ou flutuações de longo prazo causadas por

variações climáticas. Neste contexto, as mudanças em longo prazo, no período de

dias ou meses são as mais importantes tendo em vista a necessidade de

estabelecimento de parâmetros para o gerenciamento dos aqüíferos.

As mudanças no armazenamento de um aqüífero são determinadas a partir

de medições seguidas e regulares da profundidade do nível d’água. A freqüência

das medidas depende da natureza da flutuação e do objetivo do problema. Para o

registro continuo dos dados são utilizados registradores automáticos. Quando não

há necessidade do registro continuo, os níveis d’água podem ser monitorados

manualmente com o uso de fitas graduadas com sensores elétricos de contato.

A quantidade de água armazenada no aqüífero, registrada através do nível

d’água responde tanto aos eventos de recarga quanto aos de descarga. Quando a

descarga excede a recarga o nível d’água a água de armazenamento é retirada e o

nível d’água diminui. Do ponto de vista prático a precipitação é única fonte de

recarga sob condições naturais. Entretanto, a recarga é um evento intermitente,

variando dia a dia, sazonalmente e ano a ano. A descarga, por outro lado é um

evento continuo enquanto o nível d’água em qualquer parte do aqüífero for maior do

que o nível d’água no trecho de descarga do aqüífero. Portanto, a representação

gráfica da variação do nível d’água no tempo apresenta curtos períodos de elevação

do nível d’água superimpostos de períodos de recessão contínua.

6.2. Conceituação: Curvas de Recessão Natural

O decaimento do nível d’água na ausência de recarga depende dos seguintes

fatores:

− da capacidade do aqüífero de transmitir água. A capacidade é igual à

permeabilidade (K) multiplicada pela espessura saturada do aqüífero (b). O

produto da permeabilidade e da espessura é denominado de transmissividade

(T);

− do coeficiente de armazenamento (S) do aqüífero;

− do gradiente hidráulico (i);

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368

Após o período de recarga o nível d’água decai rapidamente no inicio e em

seguida cai mais lentamente com o tempo por causa do decaimento tanto da

transmissividade quanto do gradiente hidráulico a medida que o armazenamenro

diminui. A representação gráfica do decaimento é conhecida como curva de

recessão natural.

Num estudo de correlação entre os níveis d’água subterrâneos e a

precipitação em Long Island, N.Y., Jacob (1944 pp. 566-567) mostrou que a curva

de decaimento do nível d’água na península no período seco, sem precipitação, era

expressa pela seguinte equação:

)4

(

02

2

SatT

ehh ⋅

⋅⋅−

⋅=π

(1)

Onde; - ho é a altura do nível d’água acima do nível médio do mar; - h é a altura do nível d’água após um tempo t;

- a é a metade da largura da península;

- T é a transmissividade, produto da permeabilidade (K) pela espessura do

aqüífero (b).

Uma limitação da equação é que foi assumido que a espessura do aqüífero é

relativamente muito maior que a altura do nível d’água acima do nível do mar. Pode

ser mostrado pela equação que a altura h decai com o logaritmo do tempo. Um

gráfico do logaritmo da altura h versus o tempo deve aparecer como uma linha reta,

sendo uma importante ferramenta para o estudo das variações do nível d’água e do

armazenamento da água subterrânea.

6.3. Metodologia

Para avaliar a recarga dos aqüíferos no projeto Macacu foram selecionados

inicialmente 2 poços de monitoramento profundos que apresentaram condições

espaciais e físicas para instalação de um sistema de monitoramento automático do

nível d’água. Foram utilizados sensores de pressão absoluta dotados de

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369

registradores automáticos fornecidos pela SOLINST modelo Levelogger Gold 30m e

um sensor de pressão barométrica modelo Barologger. Os sensores de nível d’água

foram instalados em três poços profundos com auxílio de um cabo de aço de 2mm

revestido por uma membrana plástica. Os dados de variação continua do nível

d’água nos poços de monitoramento e da pressão barométrica são registrados num

intervalo de tempo de 15 em 15 minutos. A cada 30 a 60 dias os pontos de

monitoramento são visitados e os dados são descarregados para um notebook. A

Tabela 6 apresenta a identificação dos poços de monitoramento e o respectivo

período de monitoramento contínuo.

Tabela 6 – Identificação dos poços e período de monitoramento contínuo do nível

d’água

ID

NOME

LOCAL

Início

Final

BARO Barologger Porto das Caixas 16/3/2009 17/12/2009 PA-027 PM-IGRJ Reta Velha 16/3/2009 17/12/2009 PA-041 PM-GTZ Aluvião baixo Macacu 16/3/2009 17/12/2009 PM-00A - Aluvião afluente do Caceribu 29/9/2009 17/12/2009 PM-00D - Aluvião do Caceribu 29/9/2009 17/12/2009 PM-00E - Aluvião afluente do Macacu 29/9/2009 17/12/2009 PM-00F - Aluvião do Orindi-Açu 29/9/2009 17/12/2009 PM-00G - Aluvião do Guapi-Açu 29/9/2009 17/12/2009 PM-00H - Aluvião do médio Macacu 29/9/2009 17/12/2009 PM-00I - Aluvião do baixo Guapi-Açu 29/9/2009 17/12/2009 PM-00J - Aluvião do baixo Macacu 29/9/2009 17/12/2009

O gráfico da Figura 25 apresenta a variação contínua do nível d’água nos dois

poços de monitoramento profundos selecionados e que apresentam o maior período

de monitoramento do conjunto. O PA-027, conforme descrito anteriormente é um

poço desativado e instalado no aqüífero Macacu e o PA-041 é um poço de

monitoramento antigo instalado no aqüífero aluvionar da bacia do rio Guapi-Açu-

Macacu, a cerca de 500 m do trecho retificado rio Macacu na altura da captação da

CEDAE. Do gráfico elaborado, observa-se claramente que o aqüífero aluvionar, mas

superficial e mais permeável, representado pelo PM-GTZ responde quase que

instantaneamente aos eventos de recarga tendo em vista suas características

particulares: elevada permeabilidade e nível d’água próximo a superfície do terreno.

Entretanto, do mesmo modo que o aqüífero responde rapidamente a um evento de

recarga, no período de recessão, sem recarga imediatamente após os eventos

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370

observa-se uma redução igualmente rápida do nível d’água subterrânea. Deste

modo, os eventos de recarga nestes aqüíferos se dão em pulsos com picos muito

bem delineados graficamente. Do inicio do monitoramento até meados de setembro

de 2009 observa-se um período de descarga das águas subterrâneas, mesmo como

a ocorrência de eventos de recarga neste período, a tendência geral é de redução

gradual do nível d’água neste período.

-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

mar-09 abr-09 mai-09 jun-09 jul-09 ago-09 set-09 out-09 nov-09 dez-09

NA

- m

PM-IGRJ-RETA_VELHA

PM-GTZ

Figura 25 – Variação do NA nos poços profundos PA-027 e no PA-041

O gráfico da Figura 26 apresenta a variação do NA nos poços de monitoramento

PM-00A, PM-00E e PM-00H, que apresentaram comportamento similar. Nota-se que

nestes gráficos as variações de NA são mais suaves com topos e fundos arredondados,

característicos de aqüíferos semi-confinados onde as águas de infiltração direta passam

por uma camada de menor permeabilidade antes de recarregar o aqüífero de fato,

gerando um retardamento na infiltração e, conseqüentemente, uma menor

vulnerabilidade destes aqüíferos à contaminação direta.

-0.5

0

0.5

1

1.5

2

set-09 out-09 nov-09 dez-09

VAR

IAÇ

ÃO

DO

NA

- m

PM-00A PM-00E PM-00H

Figura 26 – Variação do NA nos poços PM-00A, PM-00E e PM-00H

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371

O gráfico da Figura 27 apresenta a variação do NA nos poços de

monitoramento PM-00D, PM-00F, PM-00G, PM-00I e PM-00J, que apresentaram

comportamento similar, onde as variações de NA são mais bruscas, com topos e

fundos bem definidos e pontuais. Este tipo de comportamento é característico de

aqüíferos livres com permeabilidade elevada, onde as águas de infiltração direta

atingem o aqüífero rapidamente, quase e instantaneamente, de modo que um

evento de recarga é percebido pelo aqüífero pela rápida variação do NA. Este

comportamento é desfavorável, pois demonstra que o aqüífero é exremamente

vulnerável à contaminação superficial.

-0.5

0

0.5

1

1.5

2

set-09 out-09 nov-09 dez-09

VAR

IAÇ

ÃO

DO

NA

- m

PM-00D PM-00F PM-00G

PM-00I PM-00J

Figura 27 – Variação do NA nos poços PM-00D, PM-00F, PM-00G, PM-00I e PM-00J

6.4. Instalação dos Poços de Monitoramento

Com o objetivo de levantar as características hidrogeológicas e hidroquímicas

dos aqüíferos aluvionares nas bacias dos rios Caceribu, Macacu e Guapi-Açu, foram

instalados 10 poços de monitoramento atravessando toda a camada do aqüífero

aluvionar até a rocha subjacente. De modo a garantir uma boa caracterização do

perfil geológico, os furos foram executados com uma sonda manual a trado até o

nível d’água e em seguida com uma sonda rotativa com circulação de água. Os

trechos que apresentaram instabilidade durante a perfuração foram revestidos com

tubos de PVC de 6”. Terminada a perfuração, montou-se os tubos geomecânicos de

4” com cerca de 4,0 a 6,0 m de seção filtrante e 4,0 metros de revestimento. O

espaço anular da seção filtrante foi preenchido com pedrisco quartzoso de 0,6 a 1,0

mm de diâmetro.

Acima do pedrisco lançou-se a bentonita em pelotas para garantir um bom

selo sanitário do poço. Por fim, cimentou-se o espaço anular até a superfície. No

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372

topo do tubo foi instalada uma tampa de pressão com rosca. De modo a minimizar o

vandalismo, foi instalada uma câmara de calçada com uma barra de ferro

transversal e um cadeado de modo a dificultar o acesso ao poço e dar segurança

aos equipamentos de monitoramento contínuo de nível d’água que foram instalados

no interior do poço. A Figura 28 apresenta a localização dos 10 poços de

monitoramento instados.

Figura 28 – Localização dos 10 (dez) poços de monitoramento instalados

A Tabela 7 apresenta as coordenadas geográficas, localização e

profundidade dos poços de monitoramento instalados. Destaca-se que a

profundidade dos poços, com exceção do poço PM-00I, corresponde a espessura do

aqüífero aluvionar no ponto de instalação do mesmo. Durante a perfuração dos

poços foram coletadas amostras de solo de metro e metro para conhecimento da

variação da textura dos solos em profundidade. A Figura 29 apresente um exemplo

do perfil geológico e construtivo do poço PM-00A e da variação da granulometria do

sedimento aluvionar com a profundidade.

Observa-se que a porção superior do sedimento apresenta granulometria

mais fina e a porção basal apresenta granulometria mais grosseira e, portanto maior

permeabilidade. De um modo geral esse foi o comportamento observado em quase

todos os poços de monitoramento instalados.

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Tabela 7 – Coordenadas e profundidade dos poços de monitoramento COORDENADAS Município Aquifero Prof. ID

Latitude Longitude - - m PM-00A -22.780065° -42.837518° Itaboraí Aluvionar 7.0 PM-00B -22.774493° -42.759817° Tanguá Aluvionar 6.0 PM-00C -22.751347° -42.719773° Tanguá Aluvionar 7.0 PM-00D -22.733525° -42.763372° Tanguá Aluvionar 6.5 PM-00E -22.680595° -42.791808° Itaboraí Aluvionar 8.5 PM-00F -22.542181° -42.893821° Guapimirim Aluvionar 7.0 PM-00G -22.523063° -42.818885° Cachoeiras de Macacu Aluvionar 9.0 PM-00H -22.512145° -42.666516° Cachoeiras de Macacu Aluvionar 7.0 PM-00I -22.626319° -42.926591° Guapimirim Aluvionar 10.0 PM-00J -22.604223° -42.736337° Cachoeiras de Macacu Aluvionar 10.0

Figura 29 – Perfil geológico e construtivo do poço de monitoramento PM-00A e

variação da textura dos sedimentos aluvionares em profundidade

A Tabela 8 apresenta os parâmetros hidrodinamicos dos poços de

monitoramento, determinados a partir do ensaio de bombeamento, a vazão e

rebaixamento constante realizado após a instalação dos mesmos. Observa-se que o

valor da permeabilidade varia mais de uma ordem de grandeza, entre 2,8 a 2,9 x 10-

5 m/s nos poços PM-00H e PM-00J e 1,0 x 10-6 m/s nos poços PM-00B e PM-00C. O

valor médio da permeabilidade dos aluviões considerando uma normalização

logarítmica, de praxe para este tipo de grandeza, é de 8,5 x 10-6 m/s. Fica bem claro

que os aluviões do rio Caceribu e seus afluentes são os que apresentam as

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374

menores espessuras aluvionares e os menores valores de permeabilidade, entre 1,0

x 10-6 e 8,0 x 10-6 m/s. Os aluviões dos rios Macacu, Guapi-Açu e Orindi-Açu são os

que apresentam as maiores espessuras e maiores valores de permeabilidade das

bacias estudadas, variando entre 2,0 x 10-6 m/s e 2,9 x 10-5 m/s.

Tabela 8 – Parâmetros hidrodinâmicos dos poços de monitoramento

ID NA Limpeza

Q L/min

NA Ensaio

S m

Qs L/min/m

Qs L/h/m

K m/s OBS:

PM-00A 2.13 6.5 3.5 1.37 4.74 285 7.0.E-06 média PM-00B 2.35 2 5.3 2.95 0.68 41 1.0.E-06 baixa PM-00C 2.74 1.5 4.5 1.76 0.85 51 1.3.E-06 baixa PM-00D 1.52 7.0 2.82 1.30 5.38 323 8.0.E-06 média PM-00E 2.77 5.5 6.84 4.07 1.35 81 2.0.E-06 baixa PM-00F 2.68 7.9 3.95 1.27 6.22 373 9.2.E-06 média PM-00G 2.23 6.9 3.35 1.12 6.16 370 9.1.E-06 média PM-00H 3.7 27.0 5.06 1.36 19.85 1191 2.9.E-05 alta PM-00I 2.45 13.0 4.55 2.10 6.19 371 9.2.E-06 média PM-00J 1.79 31.0 3.40 1.61 19.25 1155 2.8.E-05 alta

6.5. Hidroquímica das Águas Subterrâneas

Para análise das características hidroquímicas das águas subterrâneas, foram

utilizadas análises químicas de 15 fontes de água mineral do DNPM

complementados pelas análises químicas de 11 poços de monitoramento na área do

projeto, totalizando 26 pontos de análise. A Figura 30 apresenta a localização dos

pontos de monitoramento utilizados. As fontes de água mineral identificadas como

DNPM-01 a DNPM-15 representam as características químicas dos aqüíferos

fissurais, os poços PM-00A a PM-00J representam as características químicas dos

aqüíferos aluvionares e o poço PA-084 (PM-VVNA) representa as características

químicas do aqüífero ou formação Barreiras/Macacu.

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375

Figura 30 – Localização dos poços com análises químicas completas

6.5.1. Potencial Hidrogenionico – pH (Unidades de pH)

O pH das águas subterrâneas apresentou variação entre 3,67 no poço PM-

00E até 7,90 no ponto DNPM-01. De um modo geral, observa-se que os valores

mais baixos, inferiores a 5,0 são representativos dos poços aluvionares e os valores

mais elevados, superiores a 5,50 são mais representativos dos aqüíferos fissurais. O

pH do aqüífero Barreiras foi de 6,66. O histograma da Figura 31 apresenta a

distribuição dos valores de pH de todos os pontos analisados, os valores

identificados por um triangulo são os valores de pH dos poços aluvionares. Observa-

se uma distribuição binormal com valores médios entre 4,5 e 5,0 para os poços do

aqüífero aluvionar e valores médios entre 5,5 e 6,0 para os poços do aqüífero

cristalino fissural.

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376

3 4 5 6 7 8pH

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

7.0

Freq

uen c

y (c

ount

s)

Histogram

Figura 31 – Histograma do pH das águas subterrâneas

6.5.2. Condutividade Elétrica – CE (µS/cm)

A condutividade elétrica apresentou valores entre 25 µS/cm no poço PM-00H

e 426 µ/cm no poço PM-00B. Considerando todos os dados, Figura 32, observa-se

uma distribuição lognormal da condutividade elétrica, sendo que as amostras do

aqüífero freático aluvionar foram as que apresentaram os menores valores de CE,

setas vermelhas indicadas no gráfico – no geral valores inferiores 75 µS/cm. Os

valores de CE das águas dos aqüíferos cristalinos fissurais, tendo em vista resultar

muna circulação mais profunda e com maiores tempos de residência, tendem a

apresentar maior quantidade de íons dissolvidos, entretanto os baixos valores

resultantes sugerem que as águas subterrâneas circularam em rochas cristalinas

pouco reativas, resultando em baixos valores de CE. Os valores de CE dos

aqüíferos aluvionares apresentaram valores entre 25 µS/cm no ponto PM-00H e 426

µS/cm no ponto PM-00B. Com exceção do PM-00B, os valores da CE dos aqüíferos

aluvionares são bem mais baixos. O valor da CE na amostra coletada no PM-084

localizado no aqüífero Barreiras/Macacu foi de 202 µS/cm, valor bem superior às

medias observadas nos aqüíferos aluvionares e cristalinos fissurais.

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377

0 100 200 300 400 500CE - uS/cm

0

2

4

6

8

10

Freq

uenc

y (c

oun t

s)

Histogram

Figura 32 – Distribuição da CE em todos os pontos de monitoramento

6.5.3. Potencial Redox – Eh (mV)

Foram medidos os valores de Eh de campo, sendo posteriormente corrigidos

para os valores do Ehsys, eletrodo de hidrogênio, nos poços de monitoramento

instalados PM-00A a PM-00J e no PM-084 (PM-VVNA). O gráfico da Figura 33

apresenta a distribuição estatística dos valores de Eh para os poços amostrados.

Observa-se que os valores de Eh são elevados, entre 200 e 350 mV, sugerindo a

ocorrência de águas subterrêneas bem oxidadas, com exceção da amostra do PM-

00I que apresentou valor de Eh de 53 mV, portanto bem mais reduzido que os

demais. De fato, durante a amostragem foi observado odor característico da

presença de sulfetos na água, com provável ocorrência de H2S dissolvido nas

águas. De todos os aqüíferos aluvionares amostrados, o aqüífero do baixo rio

Macacu foi o único que apresentou Eh reduzido, provavelmente devido a presença

de argilas orgânicas intercaladas ao sedimento depositado mais próximo a baia de

Guanabara nos períodos onde o nível d’água médio era bem mais elevado que o

atual.

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378

0 100 200 300 400 5000

1

2

3

4

5

Freq

uen c

y (c

ount

s)

Histogram

Figura 33 – Distribuição estatística do Eh todos os pontos amostrados

6.5.4. Oxigênio Dissolvido – OD (mg/L)

Os valores de oxigênio dissolvido foram medidos no campo com eletrodo

específico, nos poços de monitoramento instalados PM-00A a PM-00J e no PM-084

(PM-VVNA). O gráfico da Figura 34 apresenta a distribuição estatística dos valores

de OD nas amostras de água subterrânea. O menor valor de OD registrado foi no

poço PM-00D com 0,54 mg/L e o poço que apresentou o maior valor foi o PM-00J

com 4,68 mg/L. Observando o histograma do gráfico de OD, observa-se que a

grande maioria das amostras apresentam valores entre 0,5 e 1,0 mg/L, sendo

portanto, valores representativos de águas subterrâneas com pouco contato

atmosférico ou reduzidas pela oxidação da matéria orgânica durante o processo de

infiltração e fluxo subterrâneo.

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379

0.0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0 6.0O2 dissolvido - mg/L

0.0

1.0

2.0

3.0

4.0

5.0

6.0

Freq

uen c

y (c

ount

s)

Histograma

Figura 34 – Distribuição estatística do OD de todos os pontos amostrados

6.5.5. Total de Sólidos Dissolvidos – TDS (mg/L)

O Total de Sólidos Dissolvidos – TDS foi determinado em laboratório pelo

LABAGUAS somente nas amostras do PM-00A a PM-00J e PA-084 (PM-VVNA), nas

demais amostras o TDS foi calculado analiticamente a partir dos íons maiores

utilizando o programa AquaChem. O TDS apresentou valores entre 29,92 mg/L no

poço PA-02 (DNPM-02) e 371 mg/L no poço PM-00B, demonstrando comportamento

similar ao observado na CE. O gráfico da Figura 35 ilustra um comportamento log-

normal do TDS com a maioria dos valores inferiores a 50 mg/L, ilustrando a baixa

salinidade das águas subterrâneas, característico de ambientes pouco reativos e de

rápida circulação, denotanto a existência de um aqüífero extremamente vulnerável a

contaminação superficial. O valor do TDS para o PM-084 (PM-VVNA) instalado no

aqüífero Macacu/Barreiras foi de 185 mg/L, sugerindo uma circulação mais profunda

atravessando formações um pouco mais reativas que nos aqüíferos aluvionares,

como era de se esperar tendo em vista ser um aqüífero bem mais profundo.

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380

0 80 160 240 320 400TDS - mg/L

0

2

4

6

8

10

Freq

uenc

y (c

ount

s)

Histogram

Figura 35 – Distribuição estatística do TDS de todos os pontos amostrados

A Figura 36 apresenta a relação entre a condutividade elétrica CE e o total de

sólidos dissolvidos TDS para todas as amostras de água subterrânea. A reta de

ajuste entre os dois parâmetros obteve um coeficiente de regressão linear R de 0,91,

resultando na seguinte equação: TDS (mg/L) = 0,729 x CE + 25,9 (µS/cm),

obedecendo o valor teórico entre 0,6 e 0,8. Observa-se que os valores de CE e TDS

menores apresentam menor dispersão em relação a reta de ajuste e os valores

maiores apresentam maior dispersão em relação a reta de ajuste, representado

pelas amostra dos seguintes pontos DNPM-01 (PA-01) e DNPM-03 (PA-03).

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381

0 100 200 300 400 500CE (uS/cm)

0

80

160

240

320

400

TDS

(mg /

l)

Scatter Plot

A

B

C

D

E F

GH

I

J

KL

M

NO

BB

B

CD

EFGHIJ

C

LegendaLegenda

B PM-00A

B PM-00B

C PM-00C

D PM-00D

E PM-00E

F PM-00F

G PM-00G

H PM-00H

I PM-00I

J PM-00J

A DNPM - 01

B DNPM - 02

C DNPM - 03

D DNPM - 04

E DNPM - 05

F DNPM - 06

G DNPM - 07

H DNPM - 08

I DNPM - 09

J DNPM - 10

K DNPM - 11

L DNPM - 12

M DNPM - 13

N DNPM - 14

O DNPM - 15

C PM-VVNA Figura 36 – Relação entre a condutividade elétrica (CE) e o total de sólidos

dissolvidos (TDS)

6.5.6. Classificação Iônica das Águas Subterrâneas

A partir das concentrações dos cátions (Ca, Mg, Na e K) e anions maiores (Cl,

SO4 e HCO3), pode-se classificar as águas subterrâneas de modo a melhor

compreender a sua evolução geoquímica. A Figura 37 apresenta o diagrama Piper

com todas as amostras dos pontos de água subterrânea. Observa-se que alguns

pontos apresentam o HCO3 como anion principal e outras apresentam o Cl como

anion principal, as demais apresentam um equilíbrio entre as concentrações de Cl e

HCO3. As concentrações de SO4 não são significativas, com exceção da amostra

PM-00C que apresentou concentração pouco superior ao valor do Cl. Com relação

aos cátions, observa-se que o Na é o elemento dominante em quase todas as

amostras, seguido pelo Ca com menor importância. As concentrações de Mg não

são dominantes em nenhuma amostra. Deste modo, temos os seguintes grupos de

amostras:

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382

• Águas cloretadas sódicas NaCl: PA-12, PM-00A, PM-00D, PM-00E e PM-00I;

• Água sulfatada-cloretada-sódica - Na-SO4-Cl: PM-00C;

• Águas bicarbonatadas sódicas e bicarbonatadas sódico-calcicas Na-HCO3 e

Na-Ca-HCO3: PA-01, PA-02, PA-03, PA-04, PA-05, PA-08, PA-09, PA-10,

PA-11, PA-14, PM-00G, PM-VVNA;

• Água bicarbonatada-calco-magnesiana - Ca-Mg-HCO3: PA-013;

• Águas bicarbonatada-cloretada-sódica e bicarbonatada-cloretada-sódica-

cálcica – Na-HCO3-Cl e Na-Ca-HCO3-Cl: PA-06, PA-15, PM-00B, PM-00H E

PM-00J;

• Água cloretada-bicarbonatada-magnesiana - Mg-Cl-HCO3: PA-07;

• Água Bicarbonatada-sulfatada-sódico-calcica-magnesiana – Na-Ca-Mg-

HCO3-SO4: PM-00F.

80 60 40 20 20 40 60 80

20

40

60

80 80

60

40

20

20

40

60

80

20

40

60

80

Ca Na+K HCO3 Cl

Mg SO4

Piper Plot

AA

A

BB

B

C

C

C

DD

D

E E

E

FF

F

G

G

G

H H

H

II

I

J J

J

K K

K

LL

L

M M

M

NN

N

O O

O

BB

B

BB

B

B B

B

C

C

C

DD

D

E

E

E

FF

F

GG

G

HH

H

I I

I

J

J

J

C C

C

LegendaLegenda

B PM-00A

B PM-00B

C PM-00C

D PM-00D

E PM-00E

F PM-00F

G PM-00G

H PM-00H

I PM-00I

J PM-00J

A DNPM - 01

B DNPM - 02

C DNPM - 03

D DNPM - 04

E DNPM - 05

F DNPM - 06

G DNPM - 07

H DNPM - 08

I DNPM - 09

J DNPM - 10

K DNPM - 11

L DNPM - 12

M DNPM - 13

N DNPM - 14

O DNPM - 15

C PM-VVNA

Figura 37 – Diagrama de Piper para todos os pontos de água subterrânea

Na-Cl

NaCaHCO3

Na-HCO3Cl

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383

A Figura 38 apresenta o diagrama de Schoeller para todos os pontos d’água

subterrânea. O diagrama de Schoeller permite visualizar os cátions e anions

principais e as concentrações relativas de cada íon. Neste diagrama, observa-se que

a amostra que possui maior concentração iônica total e maior concentração de Na,

Cl, SO4 e HCO3 é do poço PM-00B, tendo apresentado também maior valor de CE

e TDS, conforme apresentado anteriormente. A amostra que possui a maior

concentração de Ca é a amostra do PA-03 (DNPM-03). A amostra que possui a

menor concentração de Mg é a amostra do poço PA-01 (DNPM-01). A amostra que

possui a menor concentração de Cl é a amostra do poço PA-05 (DNPM-05) e as

amostras que apresentam as menores concentrações de SO4 são as amostras dos

poços PA-05 (DNPM-05) e PA-07 (DNPM-07).

Ca Mg Na Cl SO4 HCO3Parameters

0.0001

0.001

0.01

0.1

1.

10.

Con

cent

ratio

n ( m

eq/l)

Schoeller Plot

AAAAA

AAAAA

AAAAA

AAAAA AAAAA

AAAAA

BBBBB

BBBBB

BBBBB

BBBBB

BBBBB

BBBBB

CCCCC

CCCCC CCCCC

CCCCC

CCCCC

CCCCC

DDDDD

DDDDD DDDDD

DDDDD DDDDD

DDDDD

EEEEE

EEEEE

EEEEE

EEEEEEEEEE

EEEEE

FFFFF FFFFF

FFFFFFFFFF

FFFFF

FFFFFGGGGG

GGGGGGGGGG GGGGG

GGGGG

GGGGGHHHHH HHHHH

HHHHH

HHHHHHHHHH

HHHHH

IIIIIIIIII

IIIIIIIIII

IIIII

IIIIIJJJJJ

JJJJJ

JJJJJ

JJJJJ JJJJJ

JJJJJ

KKKKK

KKKKK

KKKKKKKKKK

KKKKK

KKKKK

LLLLL LLLLL

LLLLL LLLLL

LLLLL

LLLLLMMMMM

MMMMM

MMMMM

MMMMM

MMMMM

MMMMM

NNNNN

NNNNN

NNNNN

NNNNNNNNNN

NNNNN

OOOOO

OOOOO

OOOOOOOOOO

OOOOO

OOOOO

BBBBB BBBBB

BBBBBBBBBB

BBBBB BBBBBBBBBB BBBBB

BBBBBBBBBB

BBBBB BBBBB

BBBBB

BBBBB

BBBBBBBBBB

BBBBB

BBBBB

CCCCC

CCCCC

CCCCC

CCCCC CCCCCCCCCC

DDDDD DDDDD

DDDDDDDDDD

DDDDD DDDDD

EEEEE

EEEEEEEEEE EEEEE

EEEEEEEEEE

FFFFF FFFFFFFFFF

FFFFFFFFFF

FFFFF

GGGGGGGGGG

GGGGGGGGGG

GGGGG

GGGGG

HHHHH HHHHH

HHHHH HHHHH

HHHHH

HHHHH

IIIII

IIIII

IIIII IIIII

IIIIIIIIII

JJJJJ JJJJJ

JJJJJJJJJJ

JJJJJ

JJJJJCCCCC

CCCCC

CCCCC

CCCCC

CCCCC

CCCCC

LegendaLegenda

B PM-00A

B PM-00B

C PM-00C

D PM-00D

E PM-00E

F PM-00F

G PM-00G

H PM-00H

I PM-00I

J PM-00J

A DNPM - 01

B DNPM - 02

C DNPM - 03

D DNPM - 04

E DNPM - 05

F DNPM - 06

G DNPM - 07

H DNPM - 08

I DNPM - 09

J DNPM - 10

K DNPM - 11

L DNPM - 12

M DNPM - 13

N DNPM - 14

O DNPM - 15

C PM-VVNA

Figura 38 – Diagrama de Schoeller para todos os pontos de água subterrânea

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384

6.5.7. Elementos Maiores – Cátions

Considerando os cátions maiores como cálcio (Ca), magnésio (Mg), sódio

(Na) e potássio (K), a Figura 39 apresenta os histogramas de distribuição destes

elementos nas amostras de água subterrânea. Observa-se que as concentrações

são em geral bem baixas com valores inferiores a 40 mg/L de Ca, 9,0 mg/L de Mg,

80, mg/L de Na e 7,0 mg/L de K. as setas em vermelho indicam as amostras de

água subterrânea dos aqüíferos aluvionares que apresentaram em geral as menores

concentrações destes cátions. Com relação a distribuição estatística, observa-se

que o Ca, Mg e o Na apresentam uma distribuição log-normal e o K apresenta uma

distribuição normal com valor médio próximo de 1,0 mg/L de K.

0 8 16 24 32 40Ca - mg/L

0

4

8

12

16

20

Freq

uenc

y ( c

ount

s)

0 2 4 5 7 9Mg - mg/L

0

4

8

12

16

20

Freq

u enc

y (c

ount

s )

0 16 32 48 64 80Na - mg/L

0

4

8

12

16

20

Freq

u enc

y (c

ount

s )

0 1 3 4 6 7K - mg/L

0

2

3

5

6

8

Freq

uenc

y (c

oun t

s)

Figura 39 – Histograma de distribuição estatística dos cátions maiores: Ca (cálcio),

Mg (magnésio), Na (sódio) e K (potássio)

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385

6.5.8. Elementos Maiores – Anions

Considerando os anions maiores como Cloreto (Cl), sulfato (SO4) e

bicarbonato (HCO3), a Figura 40 apresenta os histogramas de distribuição destes

elementos nas amostras de água subterrânea. Observa-se que as concentrações

são em geral bem baixas com valores inferiores a 70 mg/L de Cl, 40,0 mg/L de SO4

e 180, mg/L de HCO3. As setas em vermelho indicam as amostras de água

subterrânea dos aqüíferos aluvionares que apresentaram em geral as menores

concentrações destes anions. Com relação a distribuição estatística, observa-se que

todos os anions apresentam uma distribuição log-normal.

0 14 28 42 56 70Cl - mg/L

0

4

8

12

16

20

Freq

uenc

y (c

o unt

s)

0 8 16 24 32 40SO4 - mg/L

0

4

8

12

16

20Fr

eque

ncy

(cou

nts)

0 40 80 120 160 200HCO3 - mg/L

0

4

8

12

16

20

Freq

uenc

y (c

ount

s)

Figura 40 – Histograma de distribuição estatística dos anions maiores: Cl (cloreto),

SO4 (sulfato), HCO3 (bicarbonato)

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386

6.6. Qualidade de Águas para Consumo Humano

Para avaliação da qualidade das águas para consumo humano utilizou-se o

padrão da ANVISA da portaria 518 de 2004 do Ministério da Saúde que define o

padrão de potabilidade para substâncias que representam risco a saúde humana e

padrões de aceitação para consumo humano.

6.7. Substâncias Inorgânicas que Representam Riscos à Saúde Humana

Das substancias inorgânicas que representam risco à saúde humana, temos:

− Antimônio Sb – todas as amostras apresentaram concentrações inferiores ao

limite de detecção do método < 0,001 mg/L e, portanto, inferior ao limite de

potabilidade de 0,005 mg/L;

− Arsênio As - todas as amostras apresentaram concentrações inferiores ao

limite de detecção do método < 0,001 mg/L e, portanto, inferior ao limite de

potabilidade de 0,01 mg/L;

− Bário Ba - todas as amostras apresentaram concentrações inferiores ao limite

de potabilidade de 0,7 mg/L, a amostra que apresentou maior concentração

foi a do poço DNPM-09 (PA-009) com 0,20 mg/L de Ba;

− Cádmio Cd - todas as amostras apresentaram concentrações inferiores ao

limite de detecção do método < 0,001 mg/L e, portanto, inferior ao limite de

potabilidade de 0,003 mg/L;

− Cianeto - todas as amostras apresentaram concentrações inferiores ao limite

de detecção do método < 0,001 mg/L e, portanto, inferior ao limite de

potabilidade de 0,07 mg/L;

− Chumbo Pb – com exceção da amostra PM-00C que apresentou

concentração de 0,13 mg/L de Pb, conforme ilustrado no gráfico da Figura 41,

todas as demais amostras apresentaram concentrações inferiores ao limite de

potabilidade de 0,01 mg/L de Pb;

− Cobre Cu - todas as amostras apresentaram concentrações inferiores ao

limite de potabilidade de 2,0 mg/L, sendo que a amostra que apresentou a

maior concentração foi a do poço PM-00C com 0,033 mg/L de Cu;

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387

− Fluoreto F - todas as amostras apresentaram concentrações inferiores ao

limite de potabilidade de 1,4 mg/L, sendo que as amostras que apresentaram

as maiores concentrações foram as do poço PM-00B e PM-00C com 0,53 e

0,54 mg/L de F respectivamente, conforme histograma da Figura 41. Vale

destacar que estas amostras são do aqüífero aluvionar da margem direita da

bacia do rio Caceribu onde há uma mina de fluorita desativada em Itaboraí,

de modo que as rochas nesta porção da bacia tendem a apresentam maiores

concentrações de flúor;

− Mercúrio Hg - todas as amostras apresentaram concentrações inferiores ao

limite de detecção do método < 0,001 mg/L e, portanto, inferior ao limite de

potabilidade de 0,001 mg/L;

− Nitrato NO3 – com exceção da amostra do DNPM-13 (PA-13), que

apresentou uma concentração de 83 mg/L de NO3, ilustrado na Figura 41,

todas as demais amostras apresentaram concentrações inferiores ao limite de

potabilidade de 10,0 mg/L de N ou 45 mg/L de NO3;

− Nitrito NO2 - todas as amostras apresentaram concentrações inferiores ao

limite de detecção do método e, portanto, inferior ao limite de potabilidade de

1,0 mg/L de N;

− Selênio Se - todas as amostras apresentaram concentrações iguais ou

inferiores ao limite de detecção do método < 0,001 mg/L e, portanto, inferior

ao limite de potabilidade de 0,01 mg/L;

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388

0. 0.004 0.008 0.012 0.016 0.02

Pb - mg/L

0

1

2

3

4

5Fr

eque

ncy

(cou

nts)

0. 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6

F - mg/L

0

2

4

7

9

11

Freq

uenc

y (c

ount

s)

0 20 40 60 80 100NO3 - mg/L

0

6

12

18

24

30

Freq

uenc

y (c

ount

s)

Figura 41 – Distribuição estatística da concentração de Pb (Chumbo), F (Fluor), NO3

(Nitrato) nas amostras de água subterrânea

7. MODELAGEM DE RECARGA DOS AQUÍFEROS

A quantificação do escoamento das águas subterrâneas é uma das etapas

mais difíceis de quantificar no ciclo hidrológico. Seja pela falta de dados históricos ou

dificuldade de coleta de dados diretos. Para tal, foram desenvolvidos vários métodos

com objetivo de medição direta dos fluxos de água subterrânea, como: medição da

variação anual dos níveis d’água subterrânea, medição direta da infiltração através

da captação da água percolada utilizando de lisímetros, medição da descarga de

água subterrânea num corpo de água superficial através do fluxo de base de um

aqüífero.

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389

Os métodos baseados na modelagem da infiltração (balanço hídrico – módulo

HELP), na curva de recessão obtida através de hidrogramas (método RORA) e no

monitoramento do nível de água através de poços serão mostrados a seguir.

7.1. Modelagem da Infiltração de Água 7.1.1. Metodologia

Foi utilizado o programa Unsat Suite Plus 2.2 da WHI (2004) a fim de

modelar-se a infiltração da água de chuva na área do Projeto Macacu. O valor da

infiltração trata-se de um parâmetro importante durante a modelagem da recarga do

aqüífero freático da região.

7.1.2. Seleção dos parâmetros do modelo

Para a modelagem da infiltração da água da chuva, foi necessária a criação

de um banco de dados de precipitação, a fim de posteriormente ser utilizado o

programa Unsat Suite Plus 2.2, onde são solicitados parâmetros de clima e

parâmetros físicos de cada solo a ser analisado.

Banco de dados

Foi criada uma base de dados pluviométricos das estações situadas nos

bairros da Ilha do Governador e Saúde, no Rio de Janeiro, por se tratar das mais

próximas da região e com representatividade do local, possuindo as mesmas

características fisiográficas. Para tal, foi realizada uma pesquisa no site da georio, a

fim de se obter as coordenadas das estações e os dados de precipitação,

posteriormente convertidos para uma planilha a fim de no programa Converte 3.1

(2009) converter o arquivo .xls para o formato .dat. Esse foi configurado para o

formato canadense, lido pelo programa.

No caso da estação do Rio de Janeiro foi utilizado os dados pluviométricos da

estação da Ilha do Governador e para a temperatura gerou-se um outro arquivo .dat,

também através do Converte 3.1 utilizando os dados médios de temperatura, sendo

esta posteriormente conferida no database do Weather Generator.

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390

Parâmetros de Clima

Para gerar os parâmetros de clima, primeiramente foram importados os dados

convertidos em arquivos .dat utilizando-se o sub-programa Weather Generator,

juntamente com os dados de radiação solar e temperatura conforme ilustrado na

Figura 42. Para a radiação solar foi utilizada a base de dados do programa, que

possui um extenso número de estações meteorológicas espalhadas pelo mundo,

sendo escolhida, no caso da bacia do rio Macacu, a estação de Vitória, localizada a

426 Km, considerada para tal representativa.

A seguir, foram configurados latitude e longitude para as estações da Ilha do

Governador, Saúde e Rio de Janeiro, adicionando-as a base de dados do programa

conforme visto na Figura 43. Posteriormente foram conferidos, e de acordo com o

necessário, configurados alguns parâmetros pluviométricos, de temperatura e de

evapotranspiração no database do programa. O Weather Generator a partir dos

dados pluviométricos e de temperatura importados e da radiação solar obtidos,

permite modelar o clima da região, prevendo dessa forma, a partir dos dados

existentes, os dias chuvosos ou não, bem como qual a temperatura e a radiação

solar em cada dia, em um período de anos a ser determinado durante a simulação.

A Figura 44 ilustra os dados de entrada obtidos durante a simulação para a

precipitação e a temperatura na estação do Rio de Janeiro. Para a simulação foi

utilizado dados de evapotranspiração obtidos a partir de uma média da umidade

relativa no local de acordo com o apresentado na Figura 45.

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391

Figura 42 - importação dos dados pluviométricos, de temperatura e radiação solar no

formato canadense para o Weather Generator

Figura 43 - Configuração de latitude e longitude de uma das estações, bem como

adição desta a base de dados do programa como estação meteorológica. No caso

foi a estação do Rio de Janeiro. Observa-se também que já foi selecionado o

período da simulação: 20 anos

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392

Figura 44 - Dados de precipitação e temperatura médios para cada mês obtidos

após a simulação no Weather Generator para a estação do Rio de Janeiro

Figura 45 - Dados de evapotranspiração de referência da base de dados do Weather

Generator e de umidade obtidos a partir da umidade relativa média local para a

estação adicionada ao banco de dados, no caso Rio de Janeiro

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393

Parâmetros Físicos do Solo

Foram realizados ensaios de laboratório para a determinação dos parâmetros

físicos de cada uma das 15 amostras indeformadas coletadas na região e a serem

modeladas. A Tabela 9 mostra a localização em coordenadas UTM de cada amostra

coletada, obtidas com o GPS e a Figura 46 apresenta o mapa com as referidas

amostras. A Tabela 10 mostra os parâmetros de Van Genuchten obtidos através da

modelagem empírica de cada amostra no programa RETC ou manualmente a partir

do melhor ajuste de uma curva a curva característica obtida nos ensaios.

Tabela 9 - Localização das amostras

AMOSTRA UTM-S UTM-L

A-1 7,490,522.0 710,719.0

A-2 7,488,188.0 715,851.0

A-3 7,475,649.0 725,385.0

A-4 7,477,333.0 725,381.0

A-5 7,511,922.0 726,720.0

A-6 7,511,918.0 726,700.0

A-7 7,511,445.0 727,883.0

A-8 7,512,583.0 726,620.0

A-9 7,510,652.0 725,835.0

A-10 7,496,370.0 713,090.0

A-11 7,496,569.0 712,926.0

A-12 7,496,566.0 712,929.0

A-13 7,481,387.0 737,515.0

A-14 7,481,329.0 737,170.0

A-15 7,488,287.0 735,708.0

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394

Figura 46 - mapa com a localização das amostras

Tabela 10 - Parâmetros de Van Genuchten obtidos empiricamente através do

programa RETC e manualmente através da curva característica obtida em ensaios

Nº θr θs α n Ks (cm/dia) m TH33

(cm³/cm³) TH1500

(cm³/cm³)

A-1 0.110 0.611 0.0237 1.308 108.3 0.235 0.312 0.141

A-2 0.107 0.585 0.0218 1.328 85.0 0.247 0.289 0.131

A-3 0.079 0.485 0.005 1.2 2.67 0.167 0.378 0.169

A-4 0.053 0.456 0.0005 1.75 55.5 0.429 0.184 0.055

A-5 0.053 0.486 0.01 1.1 6.81 0.091 0.416 0.253

A-6 0.064 0.580 0.009 1.55 270.5 0.355 0.176 0.067

A-7 0.350 0.533 0.00046 1.6 8.94 0.375 0.444 0.353

A-8 0.260 0.546 0.015 1.16 25.2 0.138 0.460 0.336

A-9 0.025 0.511 0.012 1.11 10.5 0.099 0.418 0.228

A-10 0.060 0.413 0.00076 1.7 21.2 0.412 0.174 0.062

A-11 0.200 0.413 0.00009 1.95 29.2 0.487 0.275 0.200

A-12 0.280 0.383 0.00010 1.66 7.52 0.398 0.352 0.282

A-13 0.040 0.497 0.0011 1.629 122.1 0.386 0.201 0.043

A-14 0.050 0.379 0.0333 1.461 46.6 0.316 0.117 0.054

A-15 0.065 0.385 0.0269 1.321 14.9 0.243 0.184 0.082

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395

7.1.3. Modelagem

Para a modelagem da infiltração, escolheu-se gerar uma série climática de 20

anos através do sub-programa Weather Generator, utilizando-se a configuração

citada no item 2.2.2. A seguir foi modelado o perfil de infiltração para cada uma das

15 amostras de solo, a partir dos parâmetros físicos do solo, citados anteriormente.

Para cada amostra, foram realizadas análises paramétricas, nas quais se variou a

declividade em 0%, 5%, 10% e 20%, a extensão em 100 e 1.000 metros e a

espessura do solo no local em 2, 5 e 10 metros.

Montagem do perfil de infiltração

O perfil de infiltração foi elaborado a partir de combinações que puderam

posteriormente levar a realização de análises paramétricas. Para tal, foi considerado

primeiramente para todas as amostras um terreno sem declividade, com

profundidade de 10 metros e extensão de 100 metros, conforme é apresentado na

Figura 47.

Os parâmetros para modelar a infiltração são completados na parte referente

à percolação vertical do solo ilustrado na Figura 48. Esses são a porosidade total, a

capacidade de campo, a umidade higroscópica e a condutividade saturada. Os

parâmetros de infiltração foram obtidos a partir das curvas características obtidas

através de ensaios no laboratório e de ajustes manuais para curvas empíricas

obtidas a partir dessas, exceto para as amostras A-1, A-2, A-14 e A-15, as quais

foram modeladas no programa RETC, versão 6.0, através da sub-rotina Rosetta Lite

versão 1.1 (Junho, 2003). A partir da porcentagem de silte, argila e areia contidas

em cada uma das amostras, do peso específico seco, e da mistura sujeita a sucção

de 1/3 e 15 bar foi gerada uma curva característica empírica, das quais foram

retirados os parâmetros necessários para a modelagem, além de ter sido possível

obter as permeabilidades saturadas de campo empíricas de todas as amostras,

conforme apresentado na Figura 49.

Posteriormente, foram alteradas a declividade para 5%, 10% e 20%, com a

mesma profundidade de 10 metros e extensão de 100 metros, anotando-se os

resultados numa planilha. Em seguida, alterou-se a extensão para 1000 metros,

sempre variando a declividade e registrando os valores. Por fim, variou-se a

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396

profundidade do solo para 5 e depois para 2 metros, realizando o mesmo processo

descrito anteriormente.

Figura 47 - Dados gerais para a modelagem do perfil de infiltração no programa

Unsat Suite Plus, módulo HELP. Nesta janela é possível variar extensão, declividade

e profundidade do solo

Figura 48 - Entrada de dados dos parâmetros físicos para a modelagem do perfil de

infiltração no programa Unsat Suite Plus, módulo HELP

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397

Figura 49 - Exemplo da entrada de dados para a modelagem no RETC, sub-rotina

Rosetta Lite, no caso foi a amostra A-4, onde a partir da porcentagem de areia, silte,

argila, peso específico seco, sucção de 1/3 e 15 bar, foi possível obter os

parâmetros de Van Genuchten, necessários para a entrada de dados no Unsat Suíte

Plus

Geração da série climática

A série climática é gerada utilizando-se o sub-programa Weather Generator,

selecionando no caso um período de 20 anos e com as configurações iguais as

especificadas no item 2.2.2. A Figura 50 representa o gráfico da precipitação média

anual na estação do Rio de Janeiro, após o período simulado de 20 anos. Observa-

se que a série anual de precipitação resultou em valores anuais de 755.3 mm no ano

1 até 1478.3 mm no ano 3. Com relação aos valores mensais, verificou-se que os

meses de junho a agosto são os meses mais secos com precipitações médias

inferiores a 70 mm e os meses de dezembro a março são os mais chuvosos, com

precipitações superiores a 120 mm.

A Figura 51 ilustra o gráfico da radiação solar média anual na estação do Rio

de Janeiro, após o período simulado de 20 anos. Nota-se com relação à radiação

solar anual que os valores variam de 17.852 mj/m² no ano 1 até 19.214 mj/m² no ano

20. Considerando-se os valores mensais, observou-se que os meses de maio a

agosto são os meses que apresentam os maiores valores médios de radiação solar,

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398

superior a 20 mj/m² e os meses de outubro a março são os meses de menores

valores médios de radiação solar, inferior a 18 mj/m².

A Figura 52 ilustra o gráfico da temperatura média anual na estação do Rio de

Janeiro, após o período simulado de 20 anos. Observando-se a série anual de

temperatura obtêm-se valores mínimos anuais de 23,22ºC no ano 3 até 24,06ºC no

ano 15. Considerando-se os valores mensais, obteve-se que os meses de junho a

setembro são os meses mais frios com temperaturas médias inferiores a 21,5ºC, e

os meses mais quentes são os meses de novembro a março com temperaturas

médias superiores a 24,5ºC.

Years

Rio de Janeiro BRAZ

Year

1

Year

2

Year

3

Year

4

Year

5

Year

6

Year

7

Year

8

Year

9

Year

10

Year

11

Year

12

Year

13

Year

14

Year

15

Year

16

Year

17

Year

18

Year

19

Year

20

Prec

ipita

tion

(mm

)

1,500

1,450

1,400

1,350

1,300

1,250

1,200

1,150

1,100

1,050

1,000

950

900

850

800

750

Figura 50 - Gráfico da precipitação média anual na estação meteorológica do Rio de

Janeiro durante o período simulado no Weather Generator: 20 anos

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399

Years

Rio de Janeiro BRAZ

Year

1

Year

2

Year

3

Year

4

Year

5

Year

6

Year

7

Year

8

Year

9

Year

10

Year

11

Year

12

Year

13

Year

14

Year

15

Year

16

Year

17

Year

18

Year

19

Year

20

Sola

r Rad

iatio

n (m

j/m²)

19

18

Figura 51 - Gráfico da Radiação Solar média anual na estação meteorológica do Rio

de Janeiro durante o período simulado no Weather Generator: 20 anos

Years

Rio de Janeiro BRAZ

Year

1

Year

2

Year

3

Year

4

Year

5

Year

6

Year

7

Year

8

Year

9

Year

10

Year

11

Year

12

Year

13

Year

14

Year

15

Year

16

Year

17

Year

18

Year

19

Year

20

Tem

pera

ture

(ºC

)

24.1

24.05

24

23.95

23.9

23.85

23.8

23.75

23.7

23.65

23.6

23.55

23.5

23.45

23.4

23.35

23.3

23.25

23.2

Figura 52 - Gráfico da Temperatura média anual na estação meteorológica do Rio de

Janeiro durante o período simulado no Weather Generator: 20 anos

Page 82: COORDENADORIA DE GEOTECNIA E · PDF file321 1. INTRODUÇÃO Os estudos desenvolvidos pela Coordenadoria de Geotecnia e Hidrogeologia (CGH) visaram à caracterização o meio físico,

400

Simulação da infiltração

Após a configuração e tendo sido gerada a série climática no Weather

Generator, pode-se rodar o módulo HELP do programa Unsat Suite Plus de modo a

calcular o balanço hídrico e extrair a quantidade de água infiltrada no solo no local

das amostras recolhidas e consideradas representativas do local.

Considerando-se os fatores climáticos modelados pelo Weather Generator e a

infiltração calculada pelo HELP a partir do perfil do solo, foram obtidos os valores da

percolação em 20 anos, em todas as situações testadas, variando-se a declividade,

extensão e profundidade do solo no local, conforme especificado anteriormente no

item 2.3.1. A Figura 53 ilustra o gráfico para a simulação da infiltração no caso da

amostra A-4, contendo a infiltração total em 20 anos de simulação, bem como a

precipitação total no período. Através desses fatores é possível obter a taxa de

infiltração de cada uma das amostras.

Observou-se que as amostras modeladas obtiveram taxa de infiltração média

de 45%, tendo a amostra A-2 às maiores taxas de infiltração observadas, no caso

valores em torno de 75% e a amostra A-3 as menores taxas de infiltração, variando

em torno de 30%. Esse fato é ilustrado na Tabela 11 para extensão de 100m,

profundidade de 10m e as variações de declividade.

Observou-se também como valor máximo anual para a infiltração no solo

0,8476m na amostra A-2 e mínimo de 0,3443m na amostra A-3, apresentados na

Tabela 12 para extensão de 100m, profundidade de 10m e as variações de

declividade. Para cada uma das amostras, os valores de infiltração médios anuais

encontrados em cada uma das situações propostas variando-se declividade,

extensão e profundidade, não diferem muito nas diferentes situações para cada

amostra.

Page 83: COORDENADORIA DE GEOTECNIA E · PDF file321 1. INTRODUÇÃO Os estudos desenvolvidos pela Coordenadoria de Geotecnia e Hidrogeologia (CGH) visaram à caracterização o meio físico,

401

Time (days)365 2365 4365 6365

Valu

e (m

)0.

310

.320

.3

Percolation or leakance through Layer 1-rate Precipitation-rate

X = 7305.127Y = 22.5828

X = 7305.127Y = 8.731964

Figura 53 - Exemplo de gráfico da infiltração e precipitação no solo simulado em 20

anos, no caso foi a amostra A-4

Tabela 11 - Valores médios das taxas de infiltração para a extensão de 100m,

profundidade de 10 m e variações de declividade

L = 100 m e H = 10 m

Nº Sem Inclinação

5% de inclinação

10% de inclinação

20% de inclinação

A-1 0.343 0.342 0.342 0.342

A-2 0.700 0.717 0.751 0.718

A-3 0.320 0.307 0.306 0.305

A-4 0.387 0.380 0.380 0.379

A-5 0.436 0.434 0.433 0.432

A-6 0.368 0.368 0.367 0.368

A-7 0.524 0.524 0.524 0.525

A-8 0.500 0.483 0.479 0.477

A-9 0.395 0.376 0.375 0.374

A-10 0.379 0.375 0.375 0.374

A-11 0.495 0.471 0.469 0.469

A-12 0.652 0.634 0.635 0.632

A-13 0.395 0.394 0.395 0.395

A-14 0.395 0.394 0.393 0.393

A-15 0.387 0.385 0.385 0.384

Page 84: COORDENADORIA DE GEOTECNIA E · PDF file321 1. INTRODUÇÃO Os estudos desenvolvidos pela Coordenadoria de Geotecnia e Hidrogeologia (CGH) visaram à caracterização o meio físico,

402

Tabela 12 - Valores médios anuais de infiltração para a extensão de 100m,

profundidade de 10 m e variações de declividade

L = 100 m e H = 10 m

Nº Sem Inclinação

5% de inclinação

10% de inclinação

20% de inclinação

A-1 0.3870 0.3864 0.3859 0.3858

A-2 0.7901 0.8094 0.8476 0.8106

A-3 0.3614 0.3469 0.3453 0.3443

A-4 0.4366 0.4292 0.4290 0.4276

A-5 0.4920 0.4899 0.4893 0.4882

A-6 0.4161 0.4153 0.4148 0.4150

A-7 0.5916 0.5913 0.5914 0.5924

A-8 0.5649 0.5450 0.5410 0.5391

A-9 0.4458 0.4251 0.4238 0.4218

A-10 0.4274 0.4240 0.4230 0.4225

A-11 0.5584 0.5320 0.5301 0.5290

A-12 0.7357 0.7156 0.7168 0.7134

A-13 0.4460 0.4454 0.4455 0.4457

A-14 0.4465 0.4448 0.4441 0.4438

A-15 0.4372 0.4346 0.4343 0.4336

8. MODELO RORA

8.1. Metodologia

Foi utilizado o programa RORA, primeiramente numa análise manual através

de planilha eletrônica (Excel) e posteriormente a utilização do programa adaptado

para C.

8.2. Abordagem Teórica

Em 1964, Rorabaugh definiu a recarga da água subterrânea como uma

função complexa do tempo após um evento de recarga instantâneo. Essa função

pode ser aproximada após o tempo crítico (tempo de concentração) por uma

equação que expressa o logaritmo da descarga da água subterrânea como uma

função linear no tempo, sendo o tempo crítico expresso por:

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403

tc = 0,2 a² S/T (1)

onde:

- tc é o tempo crítico;

- a é a distância média do divisor de águas até a drenagem;

- S é o coeficiente de armazenamento;

- T é a transmissividade.

Após o tempo crítico, a inclinação da curva de recessão, expresso como

índice de recessão (K), é o número de dias que atravessa um ciclo logarítmico de

recessão.

A relação entre o índice de recessão e o tempo crítico pode ser derivada

através da equação (Rorabaugh e Simons, 1966):

K = 0,933 a² S/T (2)

Resolvendo a equação (2) para a²S/T e substituindo na equação (1), tc pode

ser expresso como:

tc = 0,2144 K (3)

Durante o período de tempo em que a curva de recessão apresenta-se linear

no gráfico de log da vazão vs. tempo, o volume total de água que drena do sistema

sem recarga adicional pode ser expresso pela seguinte equação:

V = QK/2,3026 (4) onde:

- V é o volume total potencial de água que pode descarregar do sistema sem

recarga adicional;

- Q é a descarga de água no tempo inicial, após o ultimo evento de recarga.

Formulações desenvolvidas por Glover (1964) e Rorabaugh (1964) mostraram

que a descarga total potencial no tempo crítico é igual a aproximadamente a metade

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404

do volume total que recarrega o sistema. Esta hipótese combinada com o princípio

da superposição são as bases do método da curva de recessão. Dessa forma, a

recarga total pode ser calculada pela fórmula:

R = 2 (Q2 – Q1)K/2,3026 (5)

onde:

- R é o volume total da recarga;

- Q1 é a descarga de água subterrânea no tempo crítico, extrapolado da curva de

recessão do evento anterior;

- Q2 é a descarga de água subterrânea no tempo crítico extrapolado da curva de

recessão seguida do evento.

Os procedimentos usados pelo programa RORA incluem:

- A especificação dos segmentos do hidrograma que representam a descarga de

água subterrânea;

- A identificação do evento de recarga;

- Procedimentos de extrapolação para determinar Q1 e Q2.

O primeiro procedimento localiza os dias do hidrograma que representam a

curva de recessão que antecede um evento. Para preencher este quesito deve

haver N dias de recessão contínua antes da recarga, onde N é o tempo base para

escoamento superficial (Linsley et al. 1982):

N = A*0,2 (6)

Onde o valor N é arredondado até o próximo valor inteiro de dias e o valor A é

a área em milhas quadradas.

Os segmentos do hidrograma que se ajustam aos requisitos são considerados

para representar a descarga de água subterrânea, conforme ilustrado na Figura 54.

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405

Figura 54 - Ilustração do método gráfico para determinar o valor do tempo crítico

tc após um evento de recarga ou pico do hidrograma e do valor de ∆Q = (Q2-Q1) no

método RORA

O programa RORA realiza a identificação de períodos de recessão do fluxo

de água subterrânea, que consistem em um ou mais dias consecutivos que se

ajustam a este requerimento e então define o pico como a maior vazão entre dois

períodos consecutivos de recessão de fluxo de água subterrânea, considerando o

tempo do pico como sendo o tempo do evento de recarga.

O aspecto critico do método é a extrapolação da descarga de períodos da

curva de recessão de água subterrânea para intervalos de tempo fora da curva de

recessão. Se o dado de recessão representa o período de tempo que é maior que o

evento anterior é utilizado a seguinte expressão de extrapolação linear:

Q = Qo x 10 (-dt/K) (7)

Onde:

- Q é a descarga de água subterrânea extrapolada do evento anterior;

- Qo é a descarga de água subterrânea no ponto inicial

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406

A equação (7) é matematicamente o mesmo que o método gráfico de

desenhar uma linha reta a partir do ponto inicial, mantendo a declividade da linha

como K e partindo da vazão.

8.2.1. Método RORA em planilha eletrônica

Foi elaborada uma planilha eletrônica de modo a implementar métodos de

representação matemática da curva de recessão.

Q = Qo e-at (1) Q = Qo 10-t/k (2)

Onde:

- Q é a vazão num tempo t após o registro da vazão Qo em m3/s;

- a é a constante de recessão para a expressão exponencial, expressa em 1/t;

- k é a constante de recessão para a expressão na base 10, expressa em dias;

- t é o tempo após o início da recessão em dias.

Em seguida foram desenhados os hidrogramas da estação para todo o

período de registro de modo a visualizar toda a serie de dados disponíveis. A partir

do hidrograma, foram selecionadas algumas curvas de recessão mais

representativas para determinação dos coeficientes de recessão a e k. O gráfico da

Figura 55 ilustra as curvas de recessão que foram utilizadas para se determinar o

valor da constante de recessão k na base 10 para ser utilizada na equação 2 do

método RORA. Utilizando o gráfico semi-log, a constante de recessão é o numero

de dias que a curva de recessão precisa para reduzir a sua vazão em 1/10 do valor.

Por exemplo, no gráfico da Figura 14, a constante de recessão k é o numero de dias

para a vazão reduzir de 10 m3/s para 1,0 m3/s. Neste gráfico, observa-se que o valor

médio da constante k foi de 39 dias considerando todas as curvas de recessão

selecionadas.

Para utilização do método RORA manualmente, inicialmente foi elaborada

uma planilha contendo as datas das leituras, Q vazão em m3/s, ∆Q em m3/s,

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407

Qrecessão m3/s, G em m3, recarga Rec (mm). A Tabela 13 ilustra a planilha de

dados utilizada. As datas das leituras e as leituras foram importadas do arquivo

importado da base de dados da ANA e depois convertido em colunas. O valor de ∆Q

é ajustado manualmente de modo a ajustar a curva de recessão modelada à curva

de recessão observada. O valor de Q é calculado a partir da equação 2 utilizando o

valor de k determinado experimentalmente para cada estação, considerando o

tempo t igual a 1 dia. O valor de G é calculado a partir da equação 3, formulada por

Rorabaugh (1960) para estimar a recarga resultante de um evento na bacia.

G = 2 ∆Q k / 2,3026 (3) Onde G é o valor da recarga em m3 e Rec é o valor da recarga em altura de

chuva expressa em mm.

Rec = G / A (4) Onde A é a área da bacia convertida para mm2 de modo a se obter uma altura de

chuva equivalente em mm.

1

10

100

0 10 20 30 40 50

Tempo (dias)

Vazã

o (m

3/s)

Figura 55 – Gráfico para determinação da constante de recessão k = 47 dias na

base 10 para a estação 59235000-MACACU

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408

Tabela 13 – Modelo de planilha eletrônica utilizada para calcular o método RORA 59235000-Cach. Macacu curva de recessão Parametros de Rorabaugh

A 148 km2 a (K) 20 dias K (t1) 47 dias 11689D 2,65 dias tc 10,1 dias

data Q m3/s ∆Q m3/s Qrecessão G (m3) Rec (mm) run off Q_rec Q acum Desc mm run off mm1/1/1932 12,1 12 0,10 1036800 1036800 7,01 0,062/1/1932 14,2 11,4 2,79 986234,7 2023034,7 13,67 1,633/1/1932 10,9 10,9 0,04 938135,4 2961170,1 20,01 0,024/1/1932 32,5 10,3 22,17 892382 3853552,1 26,04 12,94

8.2.2. Programa RORA em C

Foi elaborado um programa em linguagem C para implementação da

metodologia RORA para o cálculo da recarga do aqüífero a partir das séries de

vazões naturais.

O programa original foi desenvolvido pelo USGS em linguagem Fortran com

entrada de dados no formato USGS com unidades no sistema inglês.

O programa desenvolvido permite a leitura dos dados no formato da ANA no

sistema internacional de unidades.

Foram implementadas 6 rotinas fundamentais. A rotina principal verifica a

existência do arquivo de entrada de dados e controla a chamada as demais rotinas.

A segunda rotina permite a leitura dos dados de um arquivo ASCII no formato ANA.

A terceira rotina solicita ao usuário a área de drenagem e o índice de recessão. A

quarta rotina verifica a consistência do índice de recessão, calcula alguns

parâmetros derivados da área de drenagem e do índice de recessão necessários ao

cálculo de recarga. A quinta rotina realiza o cálculo da recarga com base nos dados

obtidos do arquivo de entrada e dos dados fornecidos pelo usuário. A sexta rotina

gera a saída de dados de recarga. Finalizada as rotinas, foram realizados testes

para ajustes e validação do programa RORA em C.

Para utilizar o programa RORA em C desenvolvido é aconselhável ter um

registro contínuo de pelo menos 12 meses a contar de janeiro de um determinado

ano, porém para os períodos nos quais não houver dados, o programa admite

valores nulos, que podem ser facilmente perceptíveis depois, passiveis de serem

excluídos do tratamento de dados. Dessa forma é possível obter valores de média,

mediana, desvio padrão, máximos e mínimos valores de recarga após a

transferência dos dados para uma planilha eletrônica.

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409

8.2.3. Resultados e discussões

Determinação das características hidrogeológicas por bacia por estação

De modo a facilitar o emprego do método RORA, foram selecionadas as

estações com dados disponíveis na bacia dos rios Caceribu, Macacu e Guapi-Açu,

Tabela 14. Além da relação das estações, observam-se as variáveis hidrogeológicas

determinadas para algumas estações como a constante da bacia D, a constante de

recessão na base 10 k, o valor do tempo crítico tc e os valores de Desc90% e

Desc95%.

Tabela 14 – Estações com dados disponíveis na bacia e algumas variáveis

hidrogeológicas determinadas

* D é a constante da bacia, onde D = 0,89 A0,2; A é a área da bacia em km2; k é a constante de recessão na base 10 em dias; a é a constante de recessão na base exponencial; tc é o tempo crítico em dias após o pico, onde tc = 0,2144 k; Q95% é a vazão mínima para 95% do período de observação; Desc95% é a descarga de água subterrânea para manter a vazão de Q95%.

Avaliação da recarga utilizando o método RORA em planilha eletrônica

Foi selecionado o registro do ano de 1932 da estação 59235000-MACACU

para testar o método RORA em planilha eletrônica. O gráfico da Figura 56 apresenta

o hidrograma e as sucessivas curvas de recessão após os picos de cheia

registrados no ano. Os valores de ∆Q foram selecionados considerando o tempo

crítico tc de 10 dias após cada pico de cheia registrado no hidrograma. Como cada

∆Q resultava num evento de recarga diário, foi calculado um valor total de recarga

mensal. O valor da descarga foi calculado a partir da integração das curvas de

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410

recessão obtidas. O valor do armazenamento é a diferença entre a recarga e a

descarga e o run off é a diferença entre a vazão do hidrograma e a vazão da curva

de recessão. A Tabela 15 apresenta o resumo mensal dos valores de recarga,

descarga, armazenamento e run off calculados para a estação no ano de 1932.

Tabela 15 – Consolidação dos resultados obtidos com a aplicação do método RORA

em planilha eletrônica

(mm) jan/32 fev/32 mar/32 abr/32 mai/32 jun/32 jul/32 ago/32 set/32 out/32 nov/32 dez/32 totalrecarga 145,4 77,5 151,3 104,9 132,3 138,2 87,0 81,0 39,9 125,1 120,4 91,8 1294,7

descarga 148,4 64,96 75,89 62,76 62,80 70,01 56,21 36,25 30,31 38,67 64,71 83,23 794,2armaz/nto -3,0 12,5 75,4 42,1 69,5 68,2 30,8 44,8 9,6 86,4 55,6 8,5 500,5

run off 118,5 85,9 98,4 39,8 93,4 75,3 30,3 67,63 27,19 80,72 95,20 183,74 996,0

1

10

100

dez-31 jan-32 fev-32 mar-32 abr-32 mai-32 jun-32 jul-32 ago-32 set-32 out-32 nov-32 dez-32

Q -

m3/

s

.

Figura 56 – Hidrograma e respectivas curvas de recessão após os sucessivos picos

de recarga do aqüífero para o ano de 1932 na estação 59235000-MACACU

A Figura 57 apresenta os dados mensais do balanço de fluxo de água

subterrânea e água superficial na bacia do rio Macacu registrado em 1932 na

estação de 59235000-MACACU. Observa-se um valor total de recarga bastante

elevado de 1.294 mm de um total de 2.290 mm no ano, resultando numa taxa de

57% de recarga na bacia. A descarga de água subterrânea foi calculada em 794 mm

e o armazenamento ou perda por evapotranspiração na zona de descarga de 500

mm. Por fim, o escoamento superficial ou run off, foi de 996 mm no ano de 1932.

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-50

0

50

100

150

200

jan/

32

fev/

32

mar

/32

abr/3

2

mai

/32

jun/

32

jul/3

2

ago/

32

set/3

2

out/3

2

nov/

32

dez/

32

(mm

) .recarga descarga armaz/nto run off

Figura 57 – Variação mensal no balanço de fluxo aqüífero rio Macacu para o ano de

1932 registrado na estação 59235000-MACACU

Ao longo do ano de 1932 observa-se que há uma redução nos valores de

recarga nos meses de fevereiro, julho, agosto, setembro e dezembro, com valores

inferiores a 100 mm de recarga por mês. No mês de janeiro houve um balanço entre

os valores de recarga e descarga e o mês de dezembro os valores de run off foram

muito superiores aos valores de recarga do aqüífero.

Conclui-se que a utilização do método RORA no formato de uma planilha

eletrônica é muito útil, pois permite um detalhamento muito preciso nos resultados.

Entretanto, é muito trabalhoso para ser utilizado numa série de dados muito extensa,

onde não é possível nem interessante fazer uma análise mês a mês.

Com relação à bacia do rio Macacu, foi possível obter um valor bastante

confiável para a constante de recessão da bacia na base 10 k com valor de 47 dias.

Os valores de recarga calculados são elevados, resultando num acumulado anual de

1.294 mm ou uma taxa de 57%, porém compatível com a precipitação média na

bacia.

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412

Avaliação da recarga utilizando o método RORA

Foram elaborados para a execução do programa RORA arquivos de entrada

nos quais constava a área da bacia, a constante K, o tempo critico e as datas com

as suas respectivas vazões. Tais dados foram obtidos na ANA e após o tratamento

adequado dos valores evitando ao máximo vazios na série foram rodados no

programa, que permite obter na saída de dados os valores de recarga diária. A

Tabela 16 ilustra para cada uma das estações analisadas um resumo dos valores de

média, mediana, desvio padrão, máximos e mínimos valores de recarga após a

transferência dos dados para uma planilha eletrônica.

Observou-se que a estação de Cachoeiras de Macacu obteve seu valor de

máxima recarga no mês de dezembro, com valores de 1.123 mm, e seu valor

mínimo com 17 mm no mês de setembro. A estação de Duas Barras ilustrou como

recarga máxima o valor de 370 mm no mês de janeiro, e valor mínimo de 32 mm no

mês de outubro.

Notou-se também que a estação de Orindi apresentou valores de recarga

máxima de 269 mm no mês de dezembro e recarga mínima de 10 mm no mês de

julho. Já a estação de Ponte de Tanguá mostrou recargas máximas de 124 mm no

mês de janeiro e mínimas de 5 mm nos meses de março, julho, setembro e outubro.

A estação de Japuíba indicou valores de recarga máxima de 680 mm no mês de

dezembro e mínimo de 126 mm no mês de março.

Com relação à estação de Parque Ribeira constatou-se recargas máximas de

1.676 mm no mês de janeiro e mínimas de 37 mm no mês de setembro. A estação

de Quizanga apresentou valores máximos de 1.326 mm no mês de dezembro e

mínimos de 36 mm no mês de agosto. A estação de Reta Nova obteve recargas

calculadas nos valores máximos de 442 mm no mês de dezembro e mínimos de 5

mm no mês de agosto.

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Tabela 16 - resumo das recarga mensais máximas, mínimas, médias, medianas e

respectivos desvios padrão das estações analisadas

A partir desses dados foram também gerados gráficos onde tornou-se

possível visualizar de forma mais precisa os dados. As Figuras 58 e 59 ilustram

alguns dos gráficos gerados.

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0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1970 1971 1972 1973 1974 1975 1976 1977 1978

Ano

Reca

rga

- mm

/ano

.

Figura 58 - Variação da recarga anual para a estação 59245100 Orindi entre 1970 e

1978

0

50

100

150

200

250

300

J F M A M J J A S O N D

RE

CA

RG

A -

mm

.

MAXIMO MEDIA

MEDIANA MINIMO

Figura 59 - Variação da recarga mensal para toda a série histórica da estação

59245100 Orindi entre 1970 e 1978

O mapa da Figura 60 apresenta também a localização das estações

fluviométricas utilizadas para avaliar a recarga dos aqüíferos pelo método RORA.

Foram utilizados 9 postos fluviométricos sendo 4 na bacia do rio Macacu, 2 na bacia

dos rios Guapi-Açu e Orindi e 2 na bacia do rio Caceribu.

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Figura 60 – Localização dos postos fluviométricos analisados pelo método RORA

para avaliar a recarga anual de cada aqüífero

Avaliação da recarga na bacia do rio Macacu

A bacia do rio Macacu possui 3 postos fluviométricos com registros históricos

de vazão. O posto 59235000 (CACHOEIRAS DE MACACU), localizado na porção

mais a montante do rio Macacu, em relação aos demais postos fluviométricos,

possui dados de vazão de 1932 a 1978, com algumas falhas de leitura nos anos de

1937, 1965 e 1966, totalizando 44 anos de registro de vazão neste posto.

Considerando as recargas anuais, observa-se que este posto resultou numa recarga

média 3.082 mm, valor extremamente elevado considerando uma média de chuvas

anuais da bacia. Acredita-se portanto que estejam contribuindo para a recarga das

águas subterrâneas locais precipitações externas a bacia hidrográfica, sugerindo

que a bacia hidrogeológica seja maior que os limites da bacia hidrográfica na área

da serra.

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O posto 59237000 (JAPUÍBA), localizado na porção mediana do rio Macacu

possui dados de vazão de 6 anos, sendo que apenas no ano de 2000 foram

coletados dados completos todos os meses. A recarga anual do ano de 2000 foi

calculada em 3.006 mm, valor consistente com a média observada no posto

Cachoeira de Macacu mais a montante.

O posto 59240000 (PARQUE RIBEIRA), localizado na porção inferior do rio

Macacu em relação aos demais postos, possui dados de vazão de 1969 a 2007,

sendo que os anos de 1969, 1981, 1982, 1984, 2005, 2006 e 2007 não possuem

dados completos de todos os meses, totalizando 32 anos de registro de vazão neste

posto. Considerando o valor médio das recargas anuais, através do método Rora, a

recarga resultou em 3.735 mm anuais, corroborando os elevados valores

observados nos outros postos da mesma bacia.

Deste modo, conclui-se que a bacia hidrogeológica do rio Macacu, analisada

através do método Rora possui uma recarga natural extremamente elevada,

provavelmente devido a existência de uma grande área de recarga com vegetação

natural preservada, manto de alteração espesso sobrejacente a um aqüífero

cristalino bastante fraturado, permitindo um recarga elevada. Tendo em vista que a

recarga anual média de cerca de 3.000 mm é maior que a precipitação média anual

da bacia, acredita-se que a bacia hidrogeológica disponível para recarga seja maior

que a bacia hidrológica, de modo que parte das chuvas que caem na região da serra

fora da bacia, migram pelo aqüífero subterrâneo em direção a bacia do rio Macacu.

Avaliação da recarga na bacia dos rios Guapi-Açu e Orindi-Açu

A bacia dos rios Guapi-Açu e Orindi-Açu possui 3 postos fluviométricos com

registros históricos de vazão. O posto 59242000 (DUAS BARRAS), localizado na

porção mais a montante do rio Guapi-Açu, em relação aos demais postos

fluviométricos, possui dados de vazão de 1999 a 2007, sendo que apenas os anos

de 2000 e 2006 possuem registros completos, sem falhas de leituras diária.

Considerando as recargas anuais, observa-se que este posto resultou numa recarga

de 1.264 mm no ano de 1999 e 2.109 mm no ano de 2006, resultando num valor

médio de 1.686 mm. Destaca-se que este valor também é próximo ou superior ao

valor médio da precipitação nesta bacia, sugerindo que a bacia hidrogeológica local

seja maior que a bacia hidrológica.

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O posto 59245000 (QUIZANGA), localizado na porção mais a jusante do rio

Guapi-Açu, em relação aos demais postos fluviométricos, possui dados completos

de vazão diária de 1970 a 1978. Considerando as recargas anuais, observa-se que

este posto resultou numa recarga de 3.951 mm, variando entre 3.068 mm no ano de

1974 e 4.406 mm no ano de 1973. Do mesmo modo que observado na bacia do rio

Macacu, estes valores de recarga anual são bem superiores aos valores das

precipitações anuais as respectivas bacias, sugerindo uma contribuição da bacia

hidrológica vizinha para os aqüíferos profundos da bacia do rio Guapi-Açu.

O posto 59245100 (ORINDI), localizado no rio Orindi-Açu, possui dados

completos de vazão diária de 1970 a 1978. Considerando as recargas anuais,

observa-se que este posto resultou numa recarga de 1.001 mm, variando entre 747

mm no ano de 1977 e 1.451 mm no ano de 1971. Considerando uma precipitação

média anual na bacia de 1.600 mm, observa-se que a recarga representa cerca de

62,5% da precipitação anual, bem superior aos 30% de referencia geral.

Avaliação da recarga na bacia do rio Caceribu

A bacia do rio Caceribu possui 2 postos fluviométricos com registros históricos

de vazão. O posto 59500014 (RETA NOVA), localizado na porção mais a jusante do

rio Guapi-Açu, em relação ao outro posto fluviométrico, possui dados de vazão de

1998 a 2007, sendo que apenas o ano de 2002 possui registros completos, sem

falhas de leituras diária. Sendo assim, este posto resultou numa recarga de 624 mm

no ano de 2002, resultando numa recarga de 39% da precipitação anual, estimada

em 1600 mm.

O posto 59500019 (PONTE DE TANGUÁ), localizado na porção mais a

montante do rio Guapi-Açu, em relação ao outro posto fluviométrico, possui dados

de vazão de 1999 a 2007, sendo que apenas o ano de 2006 possui registros

completos, sem falhas de leituras diária. Sendo assim, este posto resultou numa

recarga de 176 mm, resultando numa recarga de 11% da precipitação anual,

estimada em 1.600 mm.

9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Em relação aos solos, os resultados das análises e ensaios com amostras

superficiais mostram que suas características correspondem ao que se esperava em

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vista das cartas geológica e geomorfológica. Assim, os solos de baixada vão

gradando para texturas mais finas à medida que se aproximam da linha de costa.

Nos aluviões predominam solos arenosos e esses estão associados às

principais drenagens da Bacia Hidrográfica, havendo eventual exploração dessas

jazidas de areias.

Nos solos coluvionares, presentes nas vertentes das colinas, há predomínio

de areias argilo-siltosas, geralmente bem graduadas, que podem ser utilizadas como

material de construção em obras de terra.

As eventuais obras de terra, como a construção de barragens, podem

demandar o emprego de muito solo, de certa forma disponível na região, e intenso

transporte, além de muitos serviços preliminares, e custos sócio-econômicos e

ambientais na realocação dos atuais ocupantes e de estradas de acesso, afetados

por uma possível formação de reservatório de água, cujo espelho d’água ocuparia

uma área de aproximadamente 30 km2.

A complexa geologia local aponta para estudos geotécnicos mais detalhados

visando subsidiar obras de porte na região.

O uso intenso da água subterrânea pela população da região indica a

importância desse recurso como complemento da captação superficial, que já está

no seu limite de uso.

As condições de ocorrência das águas subterrâneas em aqüíferos estão

relacionadas à existência de ambiente geológico favorável ao armazenamento e a

circulação da água. Na bacia hidrográfica dos rios Guapi-Açu, Guapimirim e Macacu

são identificados dois sistemas de aqüíferos principais o Sistema Aqüífero

Sedimentar (aluvionar) e o Sistema Aqüífero Cristalino (fissural).

O Sistema Aqüífero Sedimentar é constituído por diferentes associações

sedimentares, compreendendo os aqüíferos: Formação Macacu; Aluvionar; e Flúvio-

Lagunar e Flúvio-Marinho Argilo-Arenoso. O segundo sistema é o Aqüífero

Cristalino, que é conexo às descontinuidades existentes nas rochas cristalinas,

ocorrendo em 60 a 70% das bacias, principalmente associadas às rochas do

embasamento granítico-gnáissico e, eventualmente, em rochas alcalinas e básicas.

Os 10 (dez) poços de monitoramento instalados mais os outros poços de

captação existentes que foram monitorados permitiram conhecer o comportamento

hidrodinâmico dos aquiferos e determinar as suas características hidroquímicas. Os

poços que apresentaram variação do nível d’água mais suave são característicos de

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aqüíferos que possuem uma proteção superficial maior e são menos vulneráveis a

contaminação e os poços de apresentaram uma variação do NA mais acentuada em

períodos de tempo curto são característicos de aqüíferos mais permeáveis e mais

vulneráveis a contaminação, com pouco retardamento das águas de infiltração

direta. Em geral, a variação do nível d’água no período de recessão, independente

do aqüífero analisado é de 1,0 m, no período de recarga o aqüífero pode apresentar

uma recuperação de 1,0 m a 1,5 m. O poço PA-027 monitorado em Itaboraí, na

região denominada de Reta Velha, onde existem vários poços de captação

instalados pelo poder público, não apresentou indícios de superexplotação do

aqüífero no período de monitoramento.

As águas subterrâneas apresentam grande variação no pH de modo que as

águas com pH mais baixo são dos aqüíferos aluvionares e as águas com pH mais

próximo do neutro são dos aqüíferos mais profundos e com maior interação com a

rocha e respectivos minerais. Em geral as águas subterrâneas apresentam baixa

condutividade elétrica e, portanto, baixa salinidade com TDS (total de sólidos

dissolvidos) médio inferior a 150 mg/L. A existência de várias captações de água

mineral na região ilustra a boa qualidade química das águas subterrâneas.

A classificação iônica das águas subterrâneas indica que os anions principais

apresentam-se na seguinte ordem HCO3 > Cl > SO4 e os cátions principais

apresentam-se na seguinte ordem Na+K > Ca > Mg.

A avaliação da qualidade das águas subterrâneas para o consumo humano

indicou que praticamente todas as águas são próprias ao consumo considerando,

considerando as substâncias que representam risco a saúde humana. As exceções

foram as amostras dos poços PM-00C com 0,13 mg/L de Pb e no poço PA-13 com

83 mg/L de NO3.

O processo de modelagem da infiltração de água no solo revelou que a região

possui altos índices pluviométricos, e a partir dos parâmetros obtidos em laboratório

foi possível a modelagem do perfil adequado a cada amostra selecionada.

Observou-se que a taxa de infiltração media foi 45%, diferindo pouco entre as

diversas amostras de solo da região.

O método RORA mostrou-se extremamente eficaz na análise da recarga de

chuva, porém é viável somente no caso da utilização através de planilha eletrônica

para pequenos períodos, nos quais é possível obter detalhadamente todos os

parâmetros envolvidos. Para longos períodos e diversas estações fluviométricas, foi

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necessária a utilização do programa, o qual possibilitou gerar os dados de recarga

que resultariam na análise da recarga da bacia.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BUREAU OF RECLAMATION – Design of Small Dam. United State Government Printing Office. Washington, 1974 pp. 267 e 270. CPRM – Geologia do Estado do Rio de Janeiro. Serviço Geológico do Brasil, Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais. Rio de Janeiro, 2001. ELETROBRAS – Diretrizes para Estudos e Projetos Básicos de Pequenas Centrais Hidrelétricas. www.eletrobras.gov.br Biblioteca Virtual cap7 Barragens, 2009. FERRARI, A. L., Evolução Tectônica do Graben da Guanabara. Tese de Doutoramento. Instituto de Geociências, USP São Paulo, 2001. VARGAS, M., Introdução à Mecânica dos Solos. Ed. McGraw-Hill USP São Paulo, 1977 pp. 54.