Coralizando
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CORALIZANDO:UM GUIA DECOLABORAO PARA A ECONOMIACRIATIVA
Verso 1.2
12/03/2015 - Ambiente coLABOR http://corais.org/colabor
Aline Satyan
Ana Laura Gomes
Carlos Eduardo Falco Luna
Emilio Velis
Fernanda Castro de Queiroz
Frederick van AmstelIsaac Fernando Ferreira Filho
Jader Gama
Julio Carraro
Larissa Carreira
Leo Guedes
Luana Vilutis
Paula Ugalde
Pedro Henrique Jatob
Rodrigo Fresse Gonzatto
Sandro Rodrigues de Barros
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Tagcloud com as palavras
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mais frequentemente utilizadas neste livro.
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ndice
Glossrio
Introduo
Co-criao e cria-atividade
Aprender fazendo, fazeraprendendo
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Autogesto eadministrao coletiva
Currculo d@scolaborador@s
Consideraes finais
Trabalho colaborativo eeconomia solidria
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Glossrio
@
Artigo ambguo utilizado ao longo deste livro para evitar asobreposio do gnero masculino sobre o feminino em
palavras genricas, tais como amig@s, tod@s, outr@s, etc.
Aprendizado
Ao, processo, efeito ou resultado do ato de aprender, a
aprendizagem. Fenmeno que gera novos olhares e
comportaentos a partir das experincias apreendidas.
Aberto, aberta
Qualidade de uma organizao, ferramenta, ou atividade em
relao ao seu meio ambiente. Se aberta, permite o fluxo de
substncias, informaes, pessoas, ideias, etc. Se fechado,
no permite, impedindo este fluxo.
Atividade criativa ou cria-atividade
a atividade comprometida com a criao de algo novo, no s
para uma pessoa, mas para vrias, ou seja, uma atividade que
produz algum valor para o comum. Quando vrias pessoas
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criam juntas e para o conjunto, todas se tornam mais criativas
do que se estivessem criando sozinhas.
Autoria
Crdito e responsabilidade pela criao de algo. A autoria o
contrato social que garante a autoridade de uma autora ou
autor sobre suas obras. A autoria vincula criao a seu criador
ou criadora.
Bens no-rivais
So os bens intangveis, imateriais. O conhecimento um bemno-rival, pois ao ser compartilhado no rivaliza com outros:
ganha ainda mais possibilidades de vida, pois pode ser ainda
mais divulgado, remixado, reinventado, complementado.
Coautoria
Autoria compartilhada, resultado de cocriao. Os crditos e
responsabilidades do que criado so compartilhados entre
os que participaram diretamente da cocriao.
Comum ou Commons
Coisas compartilhadas de livre acesso que as pessoas podem ir
agregando novas relaes e construindo coletivamente algo
comum maior que elas.Creative Commons
Coleo de licenas para liberar alguns direitos de uso sobre
obras criativas, seguindo restries mnimas determinadas
pel@ autor@, ou autor@s.
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Crowdsourcing
Terceirizar uma tarefa para uma multido de pessoas
interessadas, sem vnculos empregatcios. As pessoas
contribuem ou por uma recompensa na forma de um prmio
ou pela satisfao de contribuir para uma grande causa (ex:
Wikipedia).
Cultura Digital ou Cibercultura
Em uma definio restrita, mais tcnica, a cultura dos
dispositivos digitais presentes no cotidiano de nossas vidas. Jem uma viso mais ampla, refere-se ao cultivo de relaes
sociais em um espao virtual.
Direito Autoral
Normas jurdicas que regulam o monoplio comercial para uma
obra literria ou artstica. Garantem o direito d@s autor@s de
ser reconhecid@s pela sua autoria e o privilgio de fazer
cpias e comercializar a obra.
Economia Criativa
A economia criativa rene um conjunto de setores culturais cuja
abrangncia varia entre pases e vises polticas. Para a
UNESCO, a economia criativa diz respeito economia voltadaao patrimnio natural e cultural, aos espetculos e
celebraes, s artes visuais e artesanato, aos livros e
peridicos, ao audiovisual e s mdias interativas e ao design e
aos servios criativos. Neste mergulho pelo Corais,
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contemplamos estes setores e tambm aqueles originalmente
vinculados economia da cultura (msica, dana, teatro,
circo, etc.) e a produo de infraestrutura tecnolgica, em
especial, o software livre. A economia criativa tem relao
direta com a economia do conhecimento, a economia
movimentada pelo exerccio do direito de expresso criativa, o
que refora a importncia de manter viva a possibilidade de
troca livre, direta e aberta entre as culturas.
Economia SolidriaUma forma de organizao do trabalho e um modo de vida
baseado na autogesto e na autonomia, na valorizao da
aprendizagem, na democracia econmica, no cuidado com o
meio ambiente, na igualdade de gnero e na valorizao da
diversidade cultural. Alm de envolver a produo e o
consumo, a economia solidria contempla iniciativas e aes
pblicas de comercializao, finanas e crdito. So atores da
economia solidria os empreendimentos econmico-
solidrios, as entidades de fomento e assessoria e os gestores
pblicos.
GNUAcronmio "GNU is not Unix". Uma fundao que se pretendia a
criar um sistema operacional livre, mas cuja principal
contribuio acabou sendo a criao de licenas livres para
software.
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GNU GPL ou Copyleft
General Public License, criada para licenciar software livre,
garantindo que as liberdades fundamentais no sejam feridas
pela apropriao do cdigo. Trata-se de uma proteo do
comum, pois exige que todo trabalho derivado seja distribudo
pela mesma licena, ou seja, aberto.
Inovao Aberta
Abre os processos criativos para o pblico, divulgando etapas e
resultados, convidando as pessoas de fora para participar. Issono s enriquece a possibilidade de novas relaes, como
tambm promove a instituio como uma cultivadora de
commons. A inovao aberta se realiza em sua plenitude
quando existem processos sustentveis de cocriao,
processos que estabelecem relaes duradouras e vantajosas
para ambos os criadores.
Inkscape
Softwarelivre para edio eletrnica de imagens. Utiliza o mtodo
vetorial, gerando imagens a partir de um caminho de pontos
definindo suas coordenadas, de forma transparente ao
usurio. O Inkscape trabalha nativamente com o SVG.Laboratrios Vivos
Conceito de inovao aberta para escolas, empresas e outros
tipos de organizaes. O laboratrio vivo ou living lab,
promove experimentos de longa durao com participantes de
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fora da organizao que no esto sob controle dos
pesquisadores. O resultado destes experimentos so vivncias
que transformam @s participantes.
Linux
Sistema operacional software livre iniciado por Linus Torvalds e
construido por milhares de pessoas ao redor do globo. Com
base no Linux, vrias distribuies so desenvolvidas: Ubuntu,
Slackware, Debian, etc.
Moedas Sociais DigitaisSistema de troca de bens e servios que ao invs de cdulas e
moedas fsicas, utiliza um banco de dados eletrnico para
registrar transferncias, extrato e saldo entre os participantes
da economia.
Open Source
Software com cdigo aberto, ou seja, no compilado. possvel
no s rodar o programa como tambm ver o cdigo que est
por trs do programa.
Outsourcing
Terceirizar uma tarefa para uma outra organizao.
Recursos Educacionais Abertos (REA)Insumos como materiais educacionais, de aprendizado e
pesquisa, fixados em qualquer suporte ou mdia, que estejam
sob domnio pblico ou licenciados de maneira aberta,
permitindo que sejam utilizados ou adaptados por terceiros.
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Remix
Consiste em se apropriar de um material cultural e dar a ele um
novo significado, traz-lo para um outro territrio, desafiando
as fronteiras estabelecidas entre arte e cincia, jornalismo e
permacultura, eletricidade e paixo. Trata-se de uma
combinao de elementos nunca antes combinados,
utilizando materiais originais quando legalmente possvel. O
remix uma forma de acessar a conscincia coletiva, onde
todas as ideias aparecem conectadas entre si.SVG - Scalable Vector Graphics
Pode ser traduzido do ingls como grficos vetoriais escalveis.
uma linguagem XML para descrever de forma vetorial,
desenhos e grficos bidimensionais, de forma esttica,
dinmica ou animada. O SVG um padro de formato aberto,
criado pela World Wide Web Consortium, suportado por todos
os navegadoreswebmodernos de forma nativa ou atravs de
bibliotecasjava script.
Software livre
Um movimento social que vai mais alm de uma simples (ou
eficaz) alternativa pirataria. Quando falamos em umdeterminadosoftwareele carrega consigo toda uma lgica de
construo colaborativa e contribuies para o conhecimento
universal. Nos dias atuais isto bastante importante,
principalmente com os novos paradigmas impostos sobre a
propriedade intelectual.
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Sustentabilidade
Conceito de equilbrio que se expande para alm da questo
financeira e considera tambm a relao social, a gerao de
conhecimentos para os envolvidos, o territrio e os impactos
ambientais inerentes a uma determinada atividade. Toda
atividade precisa de um sustento, seja ele financeiro,
motivacional, afetivo ou material. A sustentabilidade a
preocupao com esse sustento.
TagcloudVisualizao das palavras utilizadas com maior frequncia num
determinado corpus textual. As palavras mais frequentes so
exibidas em tamanho maximizado e dispostas em ordem
aleatria.
Trabalho Colaborativo
Maior do que a soma dos trabalhos individuais, fortemente
caracterizado pelo desenvolvimento da criatividade em grupo,
aproveitando os diversos dons, talentos, vises de mundos,
repertrios, ideias, saberes e conhecimentos de cada pessoa.
Pode muitas vezes no resultar em obras que impressionem o
mundo, mas que satisfazem os desejos comuns aquelacoletividade.
Trabalho Criativo
Todo trabalho criativo precisa se basear no resultado da
criatividade de outr@s para poder existir, e isto pode
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funcionar de duas maneiras: a abertura de ideias para a
criao e a adaptao das ideias ao meio. As duas so
essenciais para que o trabalho criativo das pessoas ou grupos
tenha razo de existir. A primeira tem a ver com ideias
fornecidas por outros como matria prima para a cocriao, e
pode se dar ao longo da histria. A segunda relacionada com
a funo da sociedade para valorar as inovaes de outros e
aplic-las em seu meio, para aceitar a criao como valiosa e
til.Web 2.0
Termo que designa a chamada 2 gerao da web, com stios
eletrnicos com contedo mais dinmico e interativo, como
blogs,wikis, plataformas de colaborao e redes sociais.
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Introduo
Este um livro sobre colaborao escrito de maneira
colaborativa. Dezesseis pessoas localizadas em trs pases
Brasil, El Salvador e Holanda se encontraramonlineem um
laboratrio virtual sobre gesto colaborativa para debater e
escrever o livro.
Ao invs de apresentar a opinio de uma pessoa, este livro
apresenta conversas de uma comunidade de participantesneste ambiente virtual. A comunidade formada por ativistas,
professor@s, artistas, pesquisador@s e empreendedor@s
sociais que acreditam na colaborao como um modo de
produo vivel para a economia criativa. Tod@s envolvidos
trabalham em projetos prticos para a transformao da
sociedade, produzindo bens culturais comuns,
compartilhados e abertos.
O Laboratrio Virtual de Gesto Colaborativa coLABOR, ligado ao
Centro Interdisciplinar de Desenvolvimento e Gesto Social
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(CIAGS) da Universidade Federal da Bahia abrigou este
processo de construo coletiva e apenas um dos projetos
colaborativos existentes na Plataforma Corais.
A plataforma CORAIS um sistemawebque permite o trabalho
colaborativo a distncia, favorecendo a construo coletiva do
conhecimento e a gesto compartilhada de projetos, sem
depender de um@ chef@ ou de qualquer outra estrutura
hierrquica. O CORAIS conta com uma srie de ferramentas
colaborativas baseadas emsoftware livreque ajudam as pessoasa se organizarem com poucos recursos iniciais.
Desde que foi lanada em 2011, a Plataforma Corais foi utilizada
para organizar vrios tipos de projetos: universidade livre,
padronizao de dados, reforma de prdio, produtoras
culturais colaborativas, televiso inteligente e muitos outros!
As pessoas entram na plataforma, definem uma srie de
coisas a fazer e quem pode fazer, faz. Depois outr@s do
feedback e continuam o trabalho. Assim, as pessoas vo
colaborando, ou como esta comunidade prefere dizer, vo
"coralizando".
Este livro explica os conceitos que esto por trs da prtica de"coralizar". A colaborao no algo que acontece por acaso.
Existe um pensamento por trs, que ser recuperado ao longo
de quatro temas: cocriao, aprendizado, economia e gesto.
Esses temas sero abordados sob diferentes perspectivas.
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Diversidade a palavra chave para compreender um recife de
corais e no poderia ser diferente nesta plataforma online.
Para manter esse valor, o livro foi escrito desta forma
colaborativa.
Ao invs de oferecer uma viso integrada dos assuntos tratados, o
livro se parece mais com uma colcha de retalhos, com algumas
ideias desenvolvidas e outras nem tanto A colcha resultado
de mltiplas colaboraes que no aconteceram ao mesmo
tempo, nem com as mesmas pessoas. Cada pessoa contribuiucom um pouquinho, sem se preocupar em capturar o livro em
sua totalidade. Ningum se disps a impor uma viso
totalizante que desse conta da complexidade aqui
apresentada. O resultado que o livro no apresenta uma
narrativa nica nem homognea.
A edio do livro foi muito cuidadosa em manter essa
diversidade, removendo apenas as sentenas discriminatrias
e taxativas deixadas pel@s colaborador@s, bem como as
frases redundantes.
Como este livro est organizadoSo quatro captulos, cada um sobre um tema fundamental para
a colaborao na economia criativa: cocriao, aprendizado,
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economia e gesto. Por criar algo junt@s, as pessoas
aprendem algo novo pelo conhecimento que compartilhado,
de natureza interdisciplinar. A continuidade e
sustentabilidade desses processos de cocriao e aprendizado
levam a pensar a microeconomia e as implicaes do trabalho
colaborativo no sustento da vida. Por fim, surge a questo da
gesto, ou melhor, da autogesto ou cogesto. O trabalho
colaborativo no depende de um@ chef@, lder carismtico ou
qualquer outra estrutura hierrquica. Cada um@ lder de simesm@, porm, trabalhando para cultivar um bem comum.
A escrita de cada captulo seguiu uma metodologia comum
dividida em quatro eixos: 1) Conceitos, 2) Tcnicas, 3) Estudos
de caso e 4) Ferramentas no Corais.
Na primeira parte discutida uma srie de conceitos, tais como o
de economia criativa, economia solidria, autogesto,
coautoria, cocriao, cogesto, processos colaborativos, entre
outros, com o cuidado de contextualiz-los com as
transformaes que esto ocorrendo na sociedade atual. Em
seguida, so apresentados estudos de caso que demonstram
tcnicas para apoiar as transformaes sociais.Essas tcnicas podem ser aplicadas com diversos tipos de
ferramenta, porm, neste livro a prioridade foi apresentar as
ferramentas da Plataforma Corais, pois estas foram criadas
com base nos conceitos e tcnicas descritos anteriormente,
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tendo como premissa a apropriao da tecnologia livre pelos
grupos e pessoas dispost@s a agir colaborativamente. Cada
captulo, portanto, explica as razes e os sentimentos por trs
da Plataforma Corais.
Por que as pessoas colaboram?
Os seres humanos racionais necessitam de relaes em
comunidade para sobreviver. Para fazer com que suas
estruturas e seus valores perdurem, precisam cotidianamente
colaborar entre si, pois compartilham do bem comum que
subsistir em sociedade. No caso dos processos colaborativos,
seja nas artes, na educao ou na tecnologia, construir um
bem comum a motivao principal que faz as pessoascolaborarem.
A perspectiva de que existe controle ou propriedade das ideias
uma inveno dos ltimos sculos. As pessoas sempre
precisaram de outr@s para poder criar e desenvolver
conhecimentos, mas h uma tendncia a fazer com que o
processo criativo deixe de ser uma forma de participar em
comunidade e passe a ser um mito de celebrao da
individualidade. A verdade que tod@s precisam colaborar, e
mesmo aquel@s que se encantaram com as oportunidades do
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mundo da indstria e do negcio proprietrio, despertam aos
poucos para a falta de sustentabilidade que esse modelo
apresenta no presente e para o futuro.
Hoje em dia podemos ver as consequncias de fechar os cdigos*
e as limitaes das ideias protegidas pela cultura
individualista e proprietria. As pessoas, a organizao
coletiva, os governos, a indstria, etc., vo gradualmente
reconhecendo a necessidade de aprender a trabalhar com
outr@s, e de criar espaos intelectuais e comerciais paragarantir a sustentabilidade cultural. Alm disso, por meio do
surgimento de tecnologias baseadas no trabalho em rede, a
colaborao tem tomado um papel importante ao demonstrar
que a criao sem comunidade o mesmo que cantar sem ter
ningum para escutar: no possui poder nem impacto.
O contexto econmico da colaborao
Novas perspectivas econmicas surgem quando as formas sociais
de organizao predominantes refletem apenas anseios de
pequenos grupos oligrquicos. Estas perspectivas so abertas
por sujeitos sociais que buscam uma forma mais justa de fluir
suas aes e ideias, partilhando valores e prticas em
coletividades. Esse processo mobiliza representaes
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simblicas e identidades, como tambm cria condies para
expanso da cidadania. Quando as pessoas se empoderam e
tomam decises, criam agendas que influenciam as polticas
pblicas a levarem em considerao grupos invisibilizados.
Disso resulta a ampliao dos espaos pblicos e a expanso
dos direitos humanos, econmicos, sociais, culturais e
ambientais. Mas at que ponto essas novas perspectivas
tambm representam novas oportunidades econmicas? E
como estas podem ser fomentadas?Na economia em que vivemos, a economia de mercado, a
valorizao individual, restritiva, acumulativa e de reteno;
o que importa a produo e venda de mercadorias. Os
valores humanos de longo prazo tendem a perder a relevncia
e os nmeros so mais importantes que o processo e ainda
mais que o resultado final; os objetivos se invertem, e o
resultado do trabalho de uma pessoa deixa de ser valorizado
em prol da escassez ou suposta necessidade social. Ainda pior,
h especulao de bens e necessidades bsicas, o que gera
riqueza somente para aquel@s que historicamente
monopolizam os recursos para a produo de bens e servios.Os sistemas macro dominantes no so capazes de responder aos
anseios de forma imediata, podendo ser modificados a partir
de pequenas aes locais de longo prazo. No adianta ficar
apenas esperando por pacotes econmicos ou decises macro-
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polticas. Os indivduos tambm so capazes de propor
solues para instituies e outras formas de organizao
visando atender melhor as demandas de toda a sociedade, e
no apenas de pequenos grupos detentores do capital
econmico.
Acreditamos que a sociedade ainda no esteja condenada e
precise apenas de uma tomada de conscincia, a fim de gerir a
si mesma atenta s suas reais necessidades, seus limites e
possibilidades de criar novas bases comuns.Buscar novas ideias para organizar a sociedade no significa
necessariamente destruir para reconstruir uma nova forma de
organizao social. Talvez a ideia que melhor se aproxime
desta proposta seja a de uma organizao comunitria,
autogestionria, sem a necessidade da interferncia de
instituies intermediadoras. O objetivo estabelecer uma
gesto coletiva que no comprometa a individualidade,
utilizando ferramentas que permitem acesso a todos os
debates e participao nas decises. Os modelos polticos
institucionais nos quais habitualmente estamos inseridos no
tm permitido este tipo de relaes. So restritas aspossibilidades de manifestar a opinio, a no ser atravs do
poder de compra e, eventualmente, atravs do voto.
Temos diversos sinais de que as formas institucionalizadas de
conhecimentos, prticas e economia no esto conectadas
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com os interesses reais das pessoas: pais e comunidade
educando filh@s para alm da escola; sociedades se unindo
para buscar solues microrregionais conjuntas; grupos
minoritrios buscando seus direitos; unio de pessoas por
interesses e afinidades, buscando organizao atravs de
aes em menor escala, mas de efetivo resultado e satisfao;
envolvimento da comunidade atravs de aes locais. So
diversas as formas de trabalho comunitrio.
Na medida em que estas pequenas aes vo se unindo, passam aprecisar de uma forma organizada de se propagar. Chegamos
ento, Economia Criativa, que busca novos sentidos atravs
de uma economia que desloca seu centro para a produo e
consumo de bens intelectuais e culturais. Mais alm est a
Economia Solidria que, atravs de diversas tecnologias
sociais, prope moedas sociais, que trazem novas formas de
contabilizar o valor do trabalho de cada pessoa e mediar
trocas de bens e servios, mais justas e adequadas aos
objetivos de valorizao de uma comunidade.
Um exemplo simples: ao invs de esperar que algum venha e
resolva o problema, um grupo local assume a manuteno deuma praa abandonada. Alm de requerer criatividade,
necessita da ao direta, do trabalho voluntrio, efetivo e
engajado, pois deste que surge naturalmente a fora do
trabalho. Depois disso, o prazer de desfrutar de uma praa
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passa a ser muito maior, porque todos sabem o valor de
manter um local pblico em prol de tod@s. Surgem as mais
diversas interaes sociais e satisfaes pblicas. E h
responsabilidade social de tod@s, pela relao de
pertencimento e de propriedade comum que se elabora. O
esforo coletivo gera tal valor que o prazer de usufruir da
praa se soma fora das multides unidas pelo trabalho
colaborativo.
Seria necessria, ento, uma forma de medir e valorar o trabalhoindividual para que no haja injustia na distribuio do
retorno da produo? Se fssemos medir o valor do trabalho
de cada pessoa na recuperao da praa ou esperar que as
pessoas contribuam motivadas apenas por um valor, talvez a
espontaneidade se perca. Por outro lado, quando cresce o
esforo em torno de algo em comum, cresce tambm a
necessidade de trocar a fora do trabalho por outros bens em
outras comunidades.
As ferramentas colaborativas
As prticas colaborativas atravessam a histria do ser humano.
Chama a ateno as formas como elas se estabelecem em
diferentes lugares e momentos histricos. A pintura
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renascentista "Escola de Atenas" imagina o ambiente de
colaborao entre filsof@s e pensador@s gregos, entre os
quais as ideias floresciam e eram discutidas de forma livre e
conjunta. As garagens americanas onde se reuniam
informalmente jovens acadmic@s tambm trouxe tona
muitas ideias que formaram a computao pessoal antes de se
tornarem empresas corporativas. O contexto fabril
impulsionou aes colaborativas e de resistncia operria que
deram incio economia solidria e, mais recentemente, noBrasil, temos o caso da Usina Catende em Pernambuco, que
@s agricultor@s assumiram aps falncia da usina, um caso
magnfico de gesto colaborativa
Estes casos histricos de estmulo e promoo do trabalho
colaborativo ajudam a compreender que culturalmente se
estabeleceu, em diferentes momentos, contextos e setores
produtivos, a prtica da formao de oficinas colaborativas.
Por oficinas compreendemos aqui o espao de realizao do
trabalho colaborativo, o locus da produo colaborativa; o
termo envolve a dimenso do aprendizado e do trabalho numa
perspectiva de construo coletiva, de elaboraocompartilhada.
Na atualidade, para alm da academia e das garagens, a
colaborao pode ter, como espao de oficina, o ambiente
digital. Hoje podemos utilizar as novas ferramentas daweb2.0
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para promover o trabalho coletivo, o que oferece diversos
benefcios, tais como: quebra da centralizao da autoria
individual; alternativas para a questo da distncia e do
tempo; novas formas de se reunir, pesquisar, criar e interagir.
Com estas possibilidades, o trabalho se mantm contnuo, seja
por mutires de colaborao em que diversas pessoas se unem
para rapidamente colaborar e encontrar uma soluo de um
projeto, ou pela estratgia "devagar e sempre", em que grandes
projetos so levantados pelo trabalho acumulado de todos,com cada um colaborando pouco a pouco, quando e como
pode.
Entretanto, o digital tambm traz algumas contradies.
Profissionais de reas como as dodesign, arte, programao e
outros campos criativos, at pouco tempo atrs, possuam
poucas opes de softwares, que so suas ferramentas de
trabalho. Mais complicado ainda: a maior parte dos softwares
precisavam ser comprados, pois eram proprietrios, o que
implica que, ao comprar osoftware, compra-se apenas o direito
de us-lo, mas no de t-lo realmente, e poder revend-lo ou
modific-lo, de aprimorar a ferramenta.Com osoftwareproprietrio, necessrio pagar uma licena ou o
usurio sempre considerado um criminoso por usar software
pirata, j que a lei protege a autoria at as ltimas
consequncias. Esse sistema que protege o autor em
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detrimento da coletividade dificulta o estabelecimento de
prticas colaborativas, pois os meios para o trabalho (as
ferramentas) no podem ser compartilhados.
Uma das iniciativas que se ope a esse cerceamento da liberdade
o Software Livre, especialmente com o sistema operacional
GNU/Linux e com o trabalho da Free Software Foundation, de
Richard Stallman, que comeou a reescrever - do zero -
diversos softwares necessrios para um sistema operacional
atravs do projeto GNU. Posteriormente ele conheceu LinusTorvalds, da Universidade de Helsink, que tinha feito um
kernellivre chamadoLinux.
Para alm de uma simples (ou eficaz) alternativa pirataria, o
software livre concebido como um movimento social. Seja
qual for, um software carrega consigo toda uma lgica de
construo, que pode ser colaborativa e trazer contribuies
para o conhecimento universal, ou no.
Hoje, quando trabalhamos com tecnologia paraweb, por exemplo,
j existem diversas alternativas livres para que @ usuri@ no
seja considerad@ criminos@ executando o seu trabalho do dia
a dia. E no estamos falando somente de uma iniciativainformal, mas de legislaes e licenas existentes para
comprovar a liberdade daquilo que foi criado coletivamente,
como as licenas GPL, MIT, Creative Commons e todas que
legalizam e mantm o trabalho e a cultura livres.
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Sabemos que o protecionismo e a autoria ainda so fortes,
porque h um temor de que a liberdade total afete a estrutura
hierrquica e segmentada da distribuio de recursos, bens,
servios, informaes, pessoas, etc. Ou seja, de uma maneira
geral, a sociedade na qual vivemos ainda segue a frmula
"trabalho + esforo individual = dinheiro => sobrevivncia". No
entanto, a recriao de todas essas ferramentas, liberadas da
autoria exclusivista e postas como ferramentas livres, permite
que novas prticas de colaborao sejam sustentadas, criandoespaos de liberdade e colaborao e fomentando a
experimentao baseada na troca e no trabalho colaborativo.
Parece que o trabalho coletivo e as ideias que rodeiam esta
discusso precisam de uma quebra deste paradigma para que
possam ser levadas aos seus reais benefcios. Sabemos atravs
da histria que quem fez isto ao extremo, sofreu srias
represlias, a exemplo da Guerra de Canudos, quando um
povoado do serto da Bahia se reuniu para suprir suas
necessidades dentro da prpria comunidade, sofrendo dura
represlia do governo republicano no final do sculo XIX.
De fato existem vrios sistemas opressores que dificultam acolaborao, mas eles no so perfeitos nem eficientes.
Sempre haver brechas, e pelas brechas possvel efetivar a
transformao do sistema, pouco a pouco, sempre com o
cuidado para no reconstruir, com um novo formato, a
mesma estrutura opressora que se deseja superar.
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IN T R O D U O
A Plataforma Corais
A Corais ou tambm chamado de o (website) Corais uma
plataforma para desenvolvimento de projetos colaborativos.
Assim como um recife de corais oferece infraestrutura
propcia para diferentes formas de vida marinha, esta
plataforma visa a proliferao de projetos colaborativos quecontribuam para o bem comum.
O Instituto Faber-Ludens criou essa plataforma em 2011 para
apoiar o desenvolvimento de qualquer classe de projetos
abertos em outras organizaes, sem necessariamente haver
vnculos formais com o Instituto, seguindo a estratgia de
Inovao Aberta. Em 2012, o Corais tornou-se independente
do Instituto Faber-Ludens e, em 2013, mudou-se para o
Instituto Ambiente em Movimento. No IAM, a plataforma
desenvolvida por Frederick van Amstel, com a participao
aberta a qualquer usurio no projeto Metadesign, que visa o
desenvolvimento da prpria plataforma.O Corais umLiving Labfiliado Rede Europeia de Living Labs.
Living Lab um espao de desenvolvimento de projetos
compartilhado por vrias organizaes pblicas e privadas
que desejam colaborar para inovar em conjunto. OLiving Lab
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facilita a troca de conhecimento e oferece infraestrutura para
cocriao e teste de novos produtos. OLiving Labenfatiza que
os produtos sejam criados e testados em contextos reais, no
em laboratrios antisspticos, por isso o nome living(vivo) e
lab (laboratrio). O Corais , portanto, um ecossistema que
envolve laboratrios, salas de aula, comunidades estartupsque
acreditam no aprender fazendo, fazer aprendendo.
No Corais tudo que postado no sistema fica disponvel para @s
participantes do projeto e tambm para qualquer pessoa queesteja logada, criando assim uma base de conhecimento para
futuras consultas, a to aclamada documentao exigida pelos
gerentes de projetos, que na plataforma gerada
automaticamente ao longo o desenvolvimento do projeto.
Alm disso, pessoas fora do projeto podem contribuir com
comentrios ou se juntar ao projeto e contribuir mais
ativamente. A cada atualizao no projeto os membros do
grupo recebem uma notificao por e-mail, mantendo uma
dinmica colaborativa em que tod@s esto a par do que est
acontecendo.
Existem vrias outras ferramentas colaborativas no mercado,mas elas no promovem a formao de comunidades. O
contedo fica fechado atrs de uma senha, com direitos
autorais reservados pela empresa que oferece a ferramenta.
Ningum pode descobrir esse contedo e se tornar
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eventualmente um colaborador.
Atravs da Plataforma Corais possvel conhecer novas pessoas e
se valer da experincia delas. Alm disso, como o cdigo-fonte
livre, novas ferramentas so desenvolvidas constantemente.
Atualmente no existe nenhuma outra plataforma que oferea
o mesmomixde ferramentas que o Corais:blog, moeda social,
cursos a distncia, gestor de tarefas, chat, calendrio e muito
mais, tudo integrado e classificado por taxonomia.
A plataforma permite que projetos aconteam mesmo que as
pessoas envolvidas no possam se encontrar pessoalmente e
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mesmo que no haja recursos financeiros disponveis. Cada
pessoa participa quando pode, no seu horrio livre. As tarefas
podem ser geridas horizontalmente, sem que uma pessoa
tenha que dizer o que precisa ser feito. Quando o projeto
descobre que pode gerar valor, possvel habilitar a
ferramenta de moeda social. Em suma, o Corais feito para
projetos que geram ou que fortalecem uma comunidade.
O Corais uma combinao de vrios mdulos deDrupalque se
encontram disponveis para download no site do projeto. Namedida em que outros desenvolvedores forem se juntando
equipe do Corais, ser possvel evoluir a plataforma numa
distribuio de Drupal prpria com todos os mdulos e
customizaes feitas. Se voc tem interesse em ajudar a
tornar isso realidade, contribua com a plataforma atravs do
projeto Metadesign. Por enquanto, est disponvel apenas
uma lista com todos os mdulos utilizados e o cdigo-fonte
cru noGitHub.
Neste livro encontram-se possibilidades de como montar um
grupo, como convidar pessoas, encontrar uma causa
relevante, alinhar objetivos, apresentar um projeto,compartilhar responsabilidades, selecionar e usar a
ferramenta mais adequada, diversificar dinmicas de
apresentao, colaborar com produes criativas e coletivas.
Este livro voltado a pessoas que gostam de trabalhar
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coletivamente e acreditam no desafio da convivncia
harmoniosa; para grupos que confiam na escuta e no dilogo
como meios para transformao da realidade; para quem
valoriza mais o processo do que os produtos; para as pessoas
que no so apenas leitoras de um livro, mas tambm so
parte das ideias que aqui esto expostas, seja colocando-as em
prtica, seja modificando-as e tambm re-escrevendo-as.
At o fechamento deste livro, a plataforma contava com 198
projetos pblicos e mais de 2200 membros. Esperamos quevoc torne-se tambm um membro e traga seus projetos
colaborativos para a plataforma. Seja bem vindo e fique a
vontade para coralizar!
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Co-criao e cria-atividade
O trabalho potencialmente uma atividade criativa, pois visa
criar algo de valor para uma pessoa ou para uma coletividade.
Entretanto, quando o trabalho dividido socialmente de
modo com que cada pessoa crie apenas uma parte de um
produto, sem contribuir para sua integrao conceitual no
todo, o seu potencial criativo minimizado. por isso que
enquanto alguns realizam um trabalho criativo, outr@sapenas executam tarefas. Essa uma estratgia tpica para
manter a concentrao de propriedade e o poder sobre a
gerao de valor.
Quando as pessoas participam da criao de algo, elas se sentem
donas do que fizeram juntas, o que, para certas organizaes
hierrquicas, no desejvel, pois de sua cultura a
centralizao do poder.
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Estudo de caso: Co-criao da identidade visual dovocabulrio da participao
O projeto "Vocabulario Comn de Participacin Social" uma iniciativa
do portal Cidade Democrtica com o apoio da Fundao Avina e visa
definir padres para dados abertos em aplicativos e websites de ao
cidad.
Uma pessoa ou organizao pode iniciar uma ao baseada numa causa
social, buscando solucionar um problema de interesse pblico. Essa ao
pode ser ampliada por uma srie de aplicativos e websites integrados pelo
padro de dados abertos, multiplicando a abrangncia de pessoas
envolvidas.
A criao da identidade visual do projeto se deu pela interao de
comentrios num post de blog. Uma proposta inicial foi desenhada com aferramenta "Adicione um desenho a este comentrio". Comentrios de
outros participantes do projeto levaram ao refinamento da ideia e a um
novo desenho. Como o desenho baseado em SVG (Scalable Vector
Graphics), os participantes puderam copiar o cdigo-fonte e continuar o
desenho, acrescentando novos elementos.
O resultado final que sintetiza as discusses foi feito em Inkscape e o
cdigo-fonte disponibilizado como anexo no comentrio. No total, seis
pessoas participaram diretamente do projeto de identidade visual.
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ES TU D O D E C A S O
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O desafio atual das organizaes que a criatividade est se
tornando cada vez mais um valor agregado ao produto. No
caso da economia criativa, a criatividade o nico valor. As
pessoas buscam a criatividade no que consomem, pois
esperam que ao consumir se tornem mais criativas.
Quando as pessoas colaboram para criar algo, elas dinamizam a
economia pelo estabelecimento de novas relaes e
habilidades. Ao invs de competir numa escala conhecida, a
economia criativa colabora para expandir constantemente ouniverso do possvel. A sade da economia criativa no se
baseia na competio, mas sim na colaborao.
Inovao fechada e inovao aberta
Enquanto o trabalho repetitivo, fragmentado e chato perde seu
valor a ponto de ser substituvel por mquinas, o trabalho
criativo ganha proeminncia. As primeiras tentativas das
empresas em se adaptarem a essa realidade foi o investimento
em inovao, incentivando seus funcionrios a serem mais
criativos no trabalho. Porm, para manter o controle sobre as
inovaes, as empresas registram patentes e assinam
contratos de sigilo com seus funcionrios, obrigando-os a
ceder os direitos de uso sobre suas ideias.
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Ao invs de dinamizar a economia criativa, a inovao fechada
emperra seu desenvolvimento. O resultado da criatividade
fica guardado a sete chaves e muitas vezes nem utilizado. A
grande mentira dentro dos crculos relacionados com a
economia criativa baseada no capital intelectual que, a fim
de gerar valor agregado para o resultado, importante manter
o controle da autoria para garantir o sucesso no
desenvolvimento. Considerando que a gerao de valor na
economia criativa se d pelo estabelecimento de novasrelaes, esta prtica de protecionismo prejudica a tod@s em
longo prazo.
Qual o futuro de uma economia criativa baseada em patentes e
outros direitos autorais? Um futuro sombrio onde uma pessoa
perde a oportunidade de salvar a vida da outra s porque a
inovao que j existe foi patenteada e no est disponvel, ou
ironicamente, precisa de muito dinheiro mesmo que os custos
sejam baixos. No h nada de criativo nisso. Ao contrrio,
destrutivo.
A criatividade avana pelo desenvolvimento do comum, coisas
compartilhadas que as pessoas podem ir agregando novasrelaes e construindo coletivamente algo maior que elas. Se
algum pe uma cerca em volta do comum, essas
contribuies param de acontecer. Mesmo que uma empresa
justifique que vai cuidar bem do comum, no h legislao
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que garanta isso. Alm do mais, trata-se de um roubo do que
foi construdo com a boa vontade de muitas pessoas.
Isto significa que todo trabalho criativo precisa se basear no
resultado da criatividade de outr@s para poder existir, e isto
pode funcionar de duas maneiras: a abertura de ideias para a
criao e a adaptao das ideias ao meio. As duas so
essenciais para que o trabalho criativo das pessoas ou grupos
tenha razo de existir. A primeira, tem a ver com ideias
fornecidas por outros como matria prima para a cocriao, e
pode se dar ao longo da histria. A segunda, relacionada com
a funo da sociedade para valorar as inovaes de outr@s e
aplic-las em seu meio, para aceitar a criao como valiosa e
til.
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A diferena entre os processos de inovao aberta ou fechada so
fundamentais aqui. A inovao fechada regula a participao e
precisa de muito dinheiro ou outros meios para poder se
alimentar de ideias de outr@s, e tambm para convencer (ou
controlar) as pessoas atravs do marketing. Em vez disso, a
inovao aberta abre os processos criativos para o pblico,
divulgando etapas e resultados, convidando as pessoas de fora
para participar. Isso no s enriquece a possibilidade de novasrelaes, como tambm promove a instituio como uma
cultivadora do comum.
Uma das aes mais comuns hoje em inovao aberta a
organizao de concursos culturais para criao de
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logomarcas e outros objetos simblicos. Apesar de serem
pblicos e de permitir a participao externa, estes concursos
no promovem a colaborao e sim a competio entre @s
participantes. Eventualmente, podem ser vistos como uma
forma deoutsourcingmais barato e que gera mdia espontnea,
o chamado crowdsourcing. A qualidade das peas vencedoras
demonstra o quo limitada essa modalidade de inovao
aberta.
A inovao aberta se realiza em sua plenitude quando existemprocessos sustentveis de cocriao, processos que
estabelecem relaes duradouras e vantajosas para ambos @s
criador@s. @s criador@s se juntam para gerar um valor que
no conseguiriam sozinh@s.
Cria-atividade
A criatividade na economia criativa muitas vezes abordada
como um fim em si mesma, como algo que deve ser feito
porque est na moda, porque legal. Alm disso, ainda se
propaga a noo de criatividade como um talento que apenas
algumas pessoas possuem. Esse mito precisa ser
desconstrudo para que haja progresso na economia criativa.
Todos as pessoas so criativas. Resolvem suas questes
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cotidianas e inventam suas formas de lidar com os problemas
do dia-a-dia. O fator limitante que nem todas as atividades
so cria-atividades. Uma atividade criativa aquela
comprometida com a criao de algo novo, no s para uma
pessoa, mas para vrias, ou seja, que produza algum valor
para o comum. Se uma pessoa cria sozinha, ela pode se sentir
super-criativa, mas se as demais pessoas ao apreciar o
trabalho no veem valor no resultado, essa atividade no ser
considerada uma cria-atividade. O que para uma pessoa novo pode ser velho para outra e assim por diante.
A maneira mais interessante de explicitar o valor da cria-
atividade incluir as pessoas no processo criativo. Quando as
pessoas participam da criao de algo elas entendem os
desafios, problemas e dificuldades que so enfrentados,
permitindo assim melhor avaliar as solues encontradas.
Para que uma atividade seja uma cria-atividade preciso nutrir a
cocriao. Quando vrias pessoas criam juntas, todas se
tornam criativas, ainda mais do que se estivessem sozinhas.
Tal colaborao torna o trabalho muito mais prazeroso, pois o
feedbacke a apreciao mtua so uma constante.A sociedade, de uma forma ou de outra, se torna parte do
processo de criao de valor da cria-atividade. Quando outr@s
leem este livro e recomendam para outr@s, por exemplo, do
valor s ideias no livro e acrescentam as suas.
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O trabalho colaborativo, portanto, caracterizado pelo
desenvolvimento da criatividade coletiva em grupo,
aproveitando os diversos dons, talentos, vises de mundos,
ideias, repertrios, saberes e conhecimentos de cada pessoa.
Pode no resultar em obras que impressionem o mundo, mas
satisfazem os desejos do comum, representando a tentativa
do coletivo de se superar.
A cria-atividade no um momento, ela contnua, afinal de
contas, nada comea do zero.
A inviolabilidade do comum
Outro mito que ameaa a economia criativa que criatividade
no deve ter limites. Sem regras, uma atividade no se tornauma cria-atividade, pois falta um estmulo de superao. A
regra ajuda a criar uma referncia para a criao, um
caminho, uma guia, no necessariamente o ponto de partida
nem o ponto de chegada. Alm disso, a existncia de uma
regra no significa que ela no possa ser questionada ou
alterada. Seu questionamento j uma das coisas que produz
em si um valor social, pois regras esto por toda a parte e as
pessoas querem saber como lidar com elas. O que vale a pena
seguir, o que est desatualizado, o que pode ou precisa ser
mudado.
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As regras ajudam a manter a coeso social, estabelecendo
critrios explcitos para avaliar a conduta de cada um e de
tod@s. Se estas regras forem construdas pelo coletivo e
estiverem sob seu controle, elas iro contribuir para manter as
pessoas unidas, servindo como uma representao da relao
de cada um@ com o comum, aquilo que est sendo construdo
em conjunto.
O comum tambm precisa de regras para ser protegido, do
contrrio, eventualmente haver pessoas colhendo mais doque se planta, enfim, abusando da boa vontade de tod@s, a
famosa tragdia do comum. A tragdia do comum, proposta
por Garrett Hardin, dita que sem regras para proteger o
recurso comum e sem conscincia das consequncias de suas
aes, as pessoas que compartilham o recurso agem sob
interesses prprios e acabam com todo o recurso disponvel.
Hardin listou problema com um exemplo chave: os pastores
na Inglaterra levam ovelhas a um campo sabendo que a
vegetao um recurso que gera benefcio a tod@s. A medida
que mais ovelhas so introduzidas ao campo pelos interesses
egostas dos pastores para gerar mais benefcio individual, orecurso vai ser depletado e ao final, tod@s perdem.
As regras da cocriao devem estabelecer a inviolabilidade do
comum. Assim como as florestas e as praias devem ser
protegidas para garantir que outr@s possam desfrutar delas,
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o comum deve ser protegido da proteo autoral e de
atividades que dificultem a cocriao.
possvel criar, desde que a criao no destrua o que j foi
construdo anteriormente. A economia capitalista tende a
destruio criativa, pois o acmulo de capital gera inrcia no
mercado. preciso que haja crises e guerras - destruio -
para que haja novos investimentos e inovaes - cria-
atividade.
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A economia criativa desafia tal tendncia pela volatilizao do
capital, que no consegue mais ser acumulado. O capital
criativo na verdade escorre pelas brechas da acumulao. As
patentes, as leis de direito autoral, os sistemas de vigilncia
do margem para a pirataria, o hackerismo, a resistncia.
Estas prticas nada mais visam que o restabelecimento do
comum.
Outro ponto essencial o respeito mtuo. Quando uma pessoa ou
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uma organizao se acha no direito de impor uma palavra de
ordem sobre as demais sem que sua dignidade seja
preservada, as relaes com o comum se rompem. Uma vez
quebrada a relao de respeito muito difcil restabelecer a
igualdade na conversa. Sem respeito, a criatividade d lugar a
destruio num piscar de olhos.
A pior das destruies, entretanto, a destruio da esperana.
Quando uma pessoa prope uma ideia num grupo e essa ideia
recusada, ridicularizada, omitida ou manipulada, a pessoapode perder a esperana na construo do comum. Mesmo
que ela continue trabalhando para sua manuteno, ela ser a
primeira a abandonar o barco quando uma dificuldade surgir.
Para a longevidade do comum importante que a crena no
possvel seja preservada a todo custo! Tudo possvel, s no
se sabe ainda como.
Tcnicas de cocriao
A cria-atividade comea quando as ideias so colocadas para fora
da cabea. Enquanto elas esto sendo matutadas, seu
desenvolvimento tende ao aperfeioamento, no a criao. A
cocriao ocorre de fato pela ocorrncia sucessiva de criao
atrs de criao. Uma coisa nova posta no mundo, e serve
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como insumo para pensar, discutir, mexer e recriar a coisa. O
processo criativo gradual e no se restringe ao momento do
insight.
Uma vez que as ideias esto fora da cabea, elas podem ser
avaliadas, organizadas, priorizadas e modificadas de uma
forma muito mais avanada do que possvel mentalmente,
pois a memria cognitiva limitada. Quanto mais crua a ideia
for expressa, melhor, pois a prpria aparncia dela indicar
que no est finalizada e precisar de complementao.Nenhuma ideia deve ser jogada fora. Tudo deve ser incorporado
ao processo criativo; at o que aparentemente no presta pode
servir de exemplo negativo do que no se deve fazer. Todo
rejeito, sendo orgnico, sempre um "bom adubo" para o
processo criativo. Uma ideia a princpio invivel e desajeitada,
pode servir de insumo para uma ideia muito melhor, que se
desenvolve pela anttese. Por isso, importante comear cedo
jogando ideias sem pudor para romper com a inrcia. No h
nada mais opressor cria-atividade como um papel em
branco. Contra o branco qualquer rabisco j serve. Tudo tem
um comeo.Com o tempo, claro, algumas ideias iro ganhar maior adeso
entre @s participantes, o que tambm ir atrair mais
contribuies. Estas ideias, mesmo que polmicas e no
completamente resolvidas, devem receber prioridade pois
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revelam uma questo pertinente para o grupo. Uma maneira
prtica de lidar com elas derivar propostas concretas do que
pode ser feito hoje.
Se uma pessoa se ope a uma ideia ou no a considera bacana,
pode sempre fazer um comentrio ou parntese. No se trata
de rejeitar ou apagar a ideia, mas de complementar e
apresentar contrapontos.
Quando se trabalha em grupo, entretanto, preciso atravessar
fronteiras lingusticas, organizacionais, culturais eeconmicas. @s criador@s precisam ser flexveis e ter a mente
aberta para perceber que uma fronteira est sendo cruzada e
que, a partir dali, no estaro mais em ambiente familiar. O
improviso, a curiosidade e a capacidade de dilogo so
habilidades essenciais para cruzar fronteiras. Esse percurso,
embora pedregoso, o mais rico para estabelecer novas
relaes.
Uma das prticas de fronteira mais interessantes o remix. Se
apropriar de um material cultural e dar a ele um novo
significado, traz-lo para um outro territrio, desafiando as
fronteiras estabelecidas entre arte e cincia, jornalismo epermacultura, eletricidade e paixo. Trata-se de uma
combinao de elementos nunca antes combinados,
utilizando materiais originais quando legalmente possvel. O
remix uma forma de acessar a conscincia coletiva, onde
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todas as ideias aparecem conectadas, parte de um todo maior
do que qualquer indivduo pode perceber.
O risco do "esprito de porco" se manifestar na cocriao existe,
como em todo processo de manuteno de um comum. A
tcnica mais utilizada para minimizar sua capacidade
destrutiva a de manter um histrico de verses de um
documento, que permite que qualquer alterao seja revisada
e revertida. Se algum apaga tudo o que foi construdo pelo
grupo, possvel com baixo esforo recuperar de volta e aindabanir a pessoa, retirando suas permisses de acesso aos
documentos do grupo. Com um eficiente histrico, no h a
necessidade de fazer filtro prvio de moderao. A moderao
pode acontecer em carter de ps moderao, atravs da
anlise coletiva do grupo aps a postagem de uma nova
contribuio.
Coautoria
Quando vrias pessoas trabalham juntas em co-criao, surge
logo a discusso sobre autoria. Perguntas tais como "Posso
usar isso depois sozinho?", "Posso modificar?" ou "Quem vai
ganhar dinheiro com o meu trabalho?"
O motivo pelo qual a autoria dos projetos colaborativos
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complicada e confusa porque as leis de propriedade
intelectual em vigor foram feitas para um propsito diferente
de projetos colaborativos. Enquanto a propriedade intelectual
procura gerar valor para o criador e centralizar a criao, os
projetos colaborativos procuram gerar valor atravs da
participao da comunidade.
Os direitos autorais, por exemplo, foram instalados para garantir
privilgios econmicos para as empresas editoriais e para
proteger a indstria local da "invaso" da competioestrangeira. Isto implica duas coisas: a primeira que os
responsveis pela cria-atividade devem incorrer nos custos do
desenvolvimento do contedo; a segunda que eles tem o
controle de quem pode desfrutar dos benefcios da criao de
contedos.
Esta noo de propriedade, baseada na ideia de que o homem
deve ser reconhecido e recompensado como produto de seu
trabalho tem sido discutida pelos ltimos 200 anos. Thomas
Jefferson comenta em uma famosa carta a Isaac McPherson
que ideias podem se propagar e ser teis para todos
igualmente sem medo de que vo se acabar:"Quem recebe uma ideia de mim, recebe instrues sem degradar
as minhas, como quem acende a sua vela da minha, recebe luz
sem obscurecer a minha. O fato de que as ideias deveriam ser
compartilhadas livremente de pessoa a pessoa ao redor do
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mundo, para a instruo moral e mtua dos homens e a
melhora da sua condio, parece ter tido peculiar e
benevolentemente projetado pela natureza, quando ela os fez
como o fogo, expansveis pelo espao, sem atenuar sua
densidade em nenhum ponto, e como o ar que respiramos,
movemos e temos o nosso ser fsico, incapazes de
confinamento ou apropriao exclusiva. As invenes no
podem, na natureza, ser sujeitas de propriedade".
Lei de direito autoral brasileira
O Brasil, assim como muitos outros pases do mundo, parte de
uma rede de acordos internacionais de propriedade
intelectual que dirigem a proteo de criaes conforme assuas caractersticas. Isto quer dizer que toda criao est
sujeita aos direitos que atribui as pessoas consideradas
autor@s.
O direito autoral brasileiro reconhece autoria de uma obra no
momento da criao e no precisa do registro (LEI N 9.610, de
19 de Fevereiro de 1998). Isto quer dizer que a criao
reconhecida enquanto fixada em um meio como papel ou
um computador. Uma obra pode ter mais de um@ autor@.
Um@ autor@ considerad@ como a pessoa que contribui
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com elementos fixos que podem ser utilizados de maneira
independente.
Pela maneira que a lei funciona, as pessoas procuram criar obras
com a menor quantidade de coautor@s possveis. O trabalho
colaborativo , portanto, contra-intuitivo em relao com as
leis de propriedade intelectual, e precisam, a maioria das
vezes, de licenas especiais para o seu sucesso.
Licenas livresFalar de um tema to extenso como a propriedade intelectual
precisaria, sem dvida, de um outro livro para discutir tudo.
Porm, vale a pena mencionar algumas recomendaes que
podem ser mencionadas para a preparao de um ambientecolaborativo cujas criaes podem ser livremente
comunicadas.
Reconhecer as atribuies dos participantes. Os direitos
relacionados ao reconhecimento de sua colaborao para a
cocriao podem se relacionar aos "direitos morais", que so
direitos bsicos dos indivduos. importante reconhecer o
trabalho feito por tod@s as pessoas da comunidade,
especialmente aquelas que participam pouco, com a meta de
estimular a participao da coletividade. Algumas boas
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prticas de atribuio so, por exemplo, gerar e compartilhar
uma lista dos coautor@s da obra (isto quer dizer, aqueles que
colaboraram substancialmente e de colaborador@s (as
pessoas que participam junto aos autor@s na reviso ou
edio). Tambm importante atribuir as ideias tomadas de
outr@s autor@s e que foram usadas para a obra.
Um@ artista no pode ser s artista, precisa ser [email protected]
uma viso comunitria da criao, toda cria-atividade precisa
que @s artistas trabalhem como uma equipe. importantetambm a comunicao dentro da comunidade durante a
tomada de decises em conjunto, gerando documentao em
toda etapa do processo. O trabalho feito dentro e fora da
comunidade deve monitorar a criao de obras derivadas
(extenses da obra, adaptaes, tradues, etc.), buscando
agreg-las ao empreendimento.
Desconstruir a expectativa de crditos. No caso dos projetos
colaborativos, a meta destes o benefcio mesmo da
comunidade em vez do benefcio direto para @s autor@s ou
das organizaes que apoiam o projeto. Para garantir o
interesse genuno por gerar valor a sociedade, muitos projetosde cocriao liberam o contedo para o pblico atravs de
licenas abertas como, por exemplo, GNU/GPL, copyleft ou
Creative Commons,para obras literrias ou criaes fsicas. Tais
licenas garantem as liberdades para copiar, modificar ou
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comercializar, assim como o direito de atribuio pelas ideias
contribudas. @s colaborador@s e coautor@s devem sobrepor
o desejo de criar valor para a comunidade sobre o desejo
pessoal de ganhar dinheiro ou fama. Estes benefcios podem
se manifestar posteriormente, mas no so o ponto de
chegada.
Quando a gente cria em grupo, o resultado do grupo. Um dos
benefcios de utilizar licenas abertas, que os cocriadores
que participam renunciam aos direitos de suas ideias embenefcio da coletividade, e em muitos casos, estas ideias
podem ser utilizadas por outros como base para a criao de
obras derivadas.
Tipos de licenciamento.Para trabalhar em conjunto com outros
necessrio produzir contedo que seja aberto para a
comunidade. A melhor maneira de faz-lo atravs de
licenas que que concedem direitos de uso para que os outr@s
autor@s e outros usuri@s possam utilizar o contedo sem
medo. recomendvel que os autor@s sejam advertidos
previamente da licena da obra da criao. Utilizando uma
obra textual como exemplo, duas alternativas para apublicao textual so:
GNU/FDL: Free Documentation License. Limita os direitos dos
criadores para que todo o contedo possa ser utilizado,
copiado e modificado sem a possibilidade de reverter a licena
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da obra nem dos derivativos, garantindo que a obra fique no
domnio pblico.
Creative Commons: Esta uma licena mais flexvel, que permite
aos criadores decidir as liberdades que quiserem para a suas
obras, decidindo se os usurios podem compartilh-la, utiliz-
la comercialmente ou criar derivativos.
Licenas livres na Plataforma Corais
A licena "Todos os direitos reservados" no possvel para um
projeto na Plataforma Corais. Por que isso? A Plataforma
Corais um servio gratuito e comunitrio. Quando algum
utiliza esta plataforma, est automaticamente contribuindo
para a comunidade com contedo licenciado via CreativeCommons. A prxima pessoa pode aprender com os projetos e,
caso a licena permita obras derivadas, criar novos projetos
baseados na ideia original. Projetos com direitos reservados
no permitem esse tipo de interao. Se eles fossem
permitidos, novos projetos iriam se valer da experincia dos
projetos anteriores, sem no entanto dar qualquer retorno
comunidade.
Na Plataforma Corais, @ criador@ do projeto precisa escolher
uma das seguintes licenas:
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Atribuio
Esta licena permite que outr@s distribuam, remixem, adaptem
ou criem obras derivadas, mesmo que para uso com fins
comerciais, contanto que seja dado crdito pela criao
original.Compartilhamento pela mesma Licena
Esta licena permite que outr@s remixem, adaptem e criem
obras derivadas, ainda que para fins comerciais, contanto que
o crdito seja atribudo ao autor e que essas obras sejam
licenciadas sob os mesmos termos.
Atribuio No a Obras Derivadas
Esta licena permite a redistribuio e o uso para fins comerciais
e no comerciais, contanto que a obra seja redistribuda sem
modificaes e completa, e que os crditos sejam atribudos
ao autor.
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Atribuio Uso No Comercial
Esta licena permite que outr@s remixem, adaptem, e criem
obras derivadas sobre a obra licenciada, sendo vedado o uso
com fins comerciais.
Atribuio Uso No Comercial Compartilhamento pela
mesma Licena
Esta licena permite que outr@s remixem, adaptem e criem
obras derivadas sobre a obra original, desde que com fins no
comerciais e contanto que atribuam crdito ao autor elicenciem as novas criaes sob os mesmos parmetros.
Atribuio Uso No Comercial No a Obras Derivadas
Permite apenas a cpia e a distribuio, sem modificaes e,
claro, mencionando os crditos.
Ferramentas para cocriao
Para que a colaborao seja efetivada preciso no s se
apropriar do discurso da receptivade para participar, mas
tambm criar as condies necessrias para que todos osmembros do coletivo consigam de fato co-criar. A Plataforma
Corais oferece vrias ferramentas para isso.
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Comentrios
Os comentrios disponveis em todas as pginas auxiliam
bastante do ponto de vista da co-criao, pois l que as ideias
so acrescentadas, alm de permitir contribuies mais
deslocadas no tempo. Mesmo que a pessoa no esteja presentenuma reunio, pode opinar depois, desde que se registre tudo
o que se passou nos dias que o usurio no esteve na reunio.
Chat
Para encontros informais, corriqueiros e eventuais ochatgeral do
Corais est sempre disponvel para usurios logados. H uma
sala pblica, uma sala de reunio e uma sala criada para alm
de se poder conversar individualmente com as pessoas que
esto online. Alm disso, existe uma ferramenta avanada de
videoconferncia, disponibilizada apenas sob demanda.
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Texto colaborativo
A Plataforma Corais dispe de algumas ferramentas que
viabilizam processos de co-criao online ou offline. A
ferramenta Texto Colaborativo uma das mais notveis, pois
no apenas til para produzir materiais textuais
assincronamente, ou seja, cada pessoa entrando em diferentes
momentos, mas tambm pode ser utilizada em tempo real,
por exemplo, como apoio para reunies. Os textos
colaborativos contm uma sala de bate-papo prpria(separado do chat geral da plataforma). Pode-se fazer uma
reunio online em que a pauta e o material a ser produzido
estejam escritos no pad enquanto os participantes se
articulam nochat. Vrios tipos de texto podem ser produzidos,
tais como captulos de livros ou artigos cientficos, criao de
roteiros, formulao de contratos, propostas para editais de
cultura, e todo tipo de texto que possa se beneficiar de
cocriao.
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Galeria de imagens
Quanto a imagem, pode-se fazer o upload massivo de imagens
compactadas num arquivo ZIP na ferramenta galeria de
imagens, disponibilizando juntamente seus arquivos abertos,
que algum pode abrir e continuar expandindo a ideia.
muito popular, por exemplo, o compartilhamento de imagens
em formato PNG juntamente com os arquivos abertos em
formato SVG, gerados pelo Inkscape, um editor de imagens
vetoriais avanado.Desenho nos comentrios
Antes de abrir um software e dispender tempo fazendo um
desenho detalhado, talvez seja interessante definir melhor o
conceito com a participao dos envolvidos. Ao invs de ficar
s nos comentrios textuais, na Plataforma Corais possvel
fazer comentrios em formato de desenho, um rabisco
despretensioso que ilustra a ideia. Abaixo de cada desenho
feito dessa forma tem umlinkpara "Continuar este desenho",
ou seja, o cdigo replicado e a prxima pessoa pode
continuar onde a outra pessoa terminou. Assim pode-se ir
desenhando por vrias mos at que o conceito esteja definidoe possa ser implementado por uma mo mais habilidosa no
Inkscapeou outrosoftwaregrfico.
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Mapa mental
Quando se deseja desenvolver uma ideia de forma estruturada, a
ferramenta de mapa mental uma boa pedida. Ela permite
colocar ideias em formato de rvore, com itens e subitens.
Quando se abre um novo mapa mental, ele j aparece um item
de exemplo. Para modificar seu contedo, basta clicar duas
vezes em cima. Para acrescentar um subitem, basta clicar no
boto + no lado direito do item. Os itens podem ser arrastados
de um lado para o outro da rvore, mas no possvel deixaritens soltos, sem conexo com a rvore. Esta ferramenta no
funciona em tempo real, portanto, se dois usurios a editarem
ao mesmo tempo, conflitos de contedo podem ocorrer. Para
resolver isso, uma possibilidade os participantes
combinarem previamente em dado espao - que pode ser o
dos comentrios e, a cada nova ao de edio, o editor
registar primeiro, avisando aos demais. Lembre-se de salvar
depois de fazer o mapa, pois no automtico.
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Sugestes
Uma maneira relaxada de comear um processo de cocriao
habilitar a ferramenta de cocriao e avisar todo mundo via
blog que ela est disponvel. Os participantes podem
apresentar suas ideias como sugesto e os demais podem
votar "jia" (mo pra cima) ou "no gostei" (mo pra baixo).
Essa votao rpida usada para criar umrankingde ideias,
auxiliando na definio de prioridades do grupo. Tambm
possvel (e recomendvel) enviar comentrios nas sugestespara dar prosseguimento ideia.
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Aprender fazendo, fazer aprendendo
Conhecimento a base da economia criativa. Porm, qual tipo de
conhecimento importante para a economia criativa?
Existem vrios tipos conhecimento, como o cientfico, filosfico,
terico, prtico, acadmico, ancestral, cultural, do senso
comum, que podem ser acumulados e armazenados na
memria das pessoas, nos objetos que criam e usam, assim
como em suas prticas e histrias.O conhecimento cientfico, por exemplo, o mais sistematizado.
complexo, abrangente e as pessoas em geral mantm certo
distanciamento nos usos prticos. Isso pode ser um empecilho
para a cocriao se o conhecimento cientfico for o nico a ser
vlido e priorizado pelo grupo, em detrimento de outros.
Quem supostamente detm mais leituras e tem acesso as
informaes cientficas acabaria exercendo a autoridade no
assunto, favorecendo uma hierarquia nas relaes, que
colocaria esta pessoa acima d@s demais.
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Se queremos incentivar a colaborao, em diversas formas, de
modo que tod@s possam se perceber como protagonistas,
importantes e nic@s no processo, independente dos seus
tipos de saberes, a prioridade estabelecer o dilogo atravs
de debates, negociao de ideias e sentidos.
A diversidade de experincias trocadas no dilogo nos leva a
perceber que no existe um conhecimento melhor do que o
outro. Existem conhecimentos diferentes e todos os
conhecimentos podem ser vlidos. Seu valor depender docontexto histrico-cultural e dos objetivos de uso feitos pelas
pessoas e grupos.
Na economia criativa, o valor do conhecimento possui uma
dinmica diferente, pois nesta, a gerao de valor acontece
quando o conhecimento criado e aplicado. So dois lados da
mesma moeda: simultaneamente, o conhecimento criado
enquanto aplicado, e vice-e-versa. O valor do que se conhece,
seja qual for o tipo de conhecimento, est em poder aprende-
lo e compartilh-lo. Sendo assim, a ensinagem e o
aprendizado so as formas como a economia criativa gera
valor a partir de um conhecimento que j tem, visando acoconstruo de novos conhecimentos.
Esse processo extramente difcil de ser gestado em contextos
tradicionais de educao formal, como nas escolas e nas
universidades. As instituies educacionais, com suas
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disciplinas, tempos, contedos, regramentos e avaliaes
medidoras, vem perdendo sua funo ou utilidade, na
formao e desenvolvimento integral dos aprendizes neste
mundo novo que emerge. As escolas que persistem no modelo
instrucional fabril caminham para a obsolncia. As
instituies educativas foram criadas para formar
profissionais para uma economia de produo em massa, na
qual o trabalhador se concentrava em executar apenas uma
parte nfima do processo, alienando-se do todo.O modelo industrial foi aplicado nas escolas para condicionar @s
aprendizes a concentrar-se apenas em passar de ano ou em
prova de vestibular, como se no tivessem outro papel. Nesse
contexto, aprendizes so peas de engrenagem, sem
identidade. O conhecimento introjetado em forma de
perguntas e respostas com mltiplas alternativas, dadas
previamente, nas quais no o h sequer um mnimo de
expresso do que foi apreendido.
O fortalecimento da economia criativa requer a reinveno da
educao, abrindo novos horizontes aos futuros profissionais,
para que estes no apenas armazenem o conhecimento mas,principalmente, o criem.
Embora esta seja uma causa nobre, no h porque esperar pelo
dia em que as instituies educacionais percebam que
precisam mudar para fortalecer o aprendizado na economia
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criativa. Apesar de existirem esforos - por parte de algumas
gestes escolares, para atualizar a escola com novas
tecnologias ex.: (projetores multimdia, salas de informtica,
lousas interativas, tabletes, netbooks, notebooks para
professor@s e aprendizes), @s discentes no veem como
utilizar estes recursos como finalidade educacional, o corpo
docente no atualizadopara prticas educativas que faam
uso destes recursos, e tampouco o conhecimento destes
aproveitado para a atualizao.Mesmo que os currculos escolares mudem, que recursos
tecnolgicos sejam implantados e que professor@s
compreendam e comecem a considerar a importncia da
criatividade, isso no garante necessariamente que as
pessoas, os aprendizes se tornem mais criativos. A mesma
crtica de Paulo Freire educao bancria se aplica a
introduo dessas novas tecnologia: pode entrar por um
ouvido e sair pelo outro, como muitos contedos despejados
em cima d@s aprendizes pensados como um final: uma prova
e uma nota, aprovao e reprovao.
O modelo tradicional de escola j no atende as demandas deaprendizados, a comear pela designao d@ discente, como
alun@. Essa designao costuma ser entendida como uma
posio hierrquica, de professor@s como iluminados pelo
saber, e alun@s como aqueles que no tem luz, que no tem
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conhecimento. O objetivo dessa estrutura transmitir o
conhecimento ausente, sem levar em conta o que @s
aprendizes j sabem.
Esse conhecimento tem relaes muito distantes com a realidade
local dessas pessoas, pois seguem currculos nacionais e
globais de educao. Para garantir que tal conhecimento seja
transmitido, toda uma estrutura hierrquica e opressora
montada, transformando as pessoas em alun@s que precisam
aprender, nem que seja "na marra". No de estranhar que,neste contexto, os processos de colaborao sejam escassos
ou, pior, enrustidos, e que a escola seja um local
desinteressante para a maioria das pessoas.
Com o objetivo de manter a relevncia da escola na sociedade
atual, iniciativas de colaborao ampliam a carga de
trabalhos em grupo, projetos instrucionais com pontos de
chegada previamente delimitados pelos docentes e
seminrios, que muitas vezes so apenas cpias
superficiais de contedos encontrados na internet, realizados
apenas para simular a colaborao.
O que acontece que @ professor@ no instiga, no explicacomo trabalhar em grupo, no d suporte, no participa dos
grupos e no avalia e incentiva a colaborao. Isso fica
evidente em divergncias e conflitos de ideias, interesses, etc.,
em atividades grupais, quando @ professor@ decide, se
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valendo da autoridade. Assim perde-se a oportunidade de
instigar resolues horizontais, pela coletividade, o que
fortalece sentimentos de pertena e corresponsabilidade,
sentimentos potencializadores da colaborao. Toma apenas o
resultado final do trabalho em grupo como evidncia,
desconsiderando o processo que pode ser to ou mais
importante que o produto.
claro que, ao invs de colaborar, muit@s aprendizes se
organizam apenas para entregar o resultado final com omnimo de esforo, j que a motivao no vem del@s
prpri@s. O trabalho fragmentado em partes que depois
precisam ser juntadas por uma pessoa mais responsvel que
as outras, que eventualmente perder toda sua boa vontade no
trabalho colaborativo. Resumindo: alguns aprendem algumas
partes e um escolhido, que redige um trabalho escrito, tem
cincia do contexto geral do trabalho entregue.
Colaborar algo que precisa ser aprendido, mas no possvel
ensinar a colaborao da maneira tradicional. A colaborao
tambm precisa ser criada por quem colabora. S possvel
compreender a colaborao, colaborando.
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Desafios para a educao contempornea
Passamos por profundas transformaes societrias, sendo
impactados fortemente pela cibercultura, a cultura das
tecnologias digitais presentes no entorno e que, na maioria
das escolas brasileiras, so subutilizadas pedagogicamente.
Ainda que inmeras escolas permaneam autoexcludas da
cultura digital, aprendizes tornam-se interagentes ativos dos
novos meios de comunicao e tem acesso s informaes,
antes vindas d@ professor@, que era a figura central do
processo de ensino e aprendizagem na sociedade de produo
industrial.
Na sociedade da informao, vrios questionamentos solevantados. Ser que as escolas podem ser espaos
democrticos, participativos, colaborativos e
autogestionados? A escola precisa ser capaz de mediar a
coconstruo de saberes complexos, teis ao mundo da vida.
E, para isso, a formao cidad precisa empreender aes e
criar propostas educativas contextualizadas, significativas,
instigantes, desafiadoras, interativas, participativas,
colaborativas, solidrias e coautorais. Desta maneira, pode ser
criado um ambiente favorecedor de coaprendizagens
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libertrias e emancipatrias que enriquecem o conhecimento
coletivo.
Estas novas prticas requerem novos modos de ensinagem, com
novas competncias multirreferenciais. @s professor@s
precisam ser parceir@s de aprendizagens, coaprendizes
ainda que com mais leituras e conhecimentos. Torna-se
obsoleto o modelo de formao bancrio e centralizado na
figura d@ professor@ como detentor do saber, sem ritmo
para acompanhar novas vivncias e experincias. @sprofessor@s precisam se perceber e se colocar como
coaprendentes, pois carecem de letramento miditico e
informacional em maior ou menor escala, bem como da
reviso das teorias educacionais que sustentam sua prtica,
para serem mais capazes de mediar a apropriao crtica das
informaes, transformando as teis, relevantes, em
conhecimentos.
Para a escola instigar o pensamento reflexivo, instrumentalizar
@s aprendizes para o dilogo, para a negociao, e para as
tomadas de deciso, @ professor@ precisa trabalhar com
projetos colaborativos, em torno de problemas reais, emlaboratrios vivos, favorecendo que todos aprendam fazendo
& faam aprendendo.
Neste novo mundo, tentar prever os saberes necessrios para
atuar em profisses ainda no inventadas incuo, da a
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necessidade de uma educao que favorea o
desenvolvimento de habilidades e competncias voltadas aos 4
pilares da Educao de Jacques Delors, a saber: o aprender a
aprender, o aprender a fazer, o aprender a ser e o aprender a
conviver.
Mesmo que a escola no oferea uma educao libertria, ou
menos hierrquica, ou apenas voltada para o vestibular, @s
professor@s precisam romper com estas lgicas, intervindo e
hackeandoo seu espao primeiro, a sala de aula e ainda, iremalm, ultrapassando os muros da escola para as ruas, o
mundo. por isso que @ professor@ deve ser uma figura que
conecta @ aprendiz ao borboto de informaes da sociedade
atual, ajudando-@s a absorver, filtrar e transformar as
informaes em conhecimentos para a vida. @ profess@r
passa a mediar o pensamento crtico, criativo e colaborativo,
em meio as informaes e as experincias d@s aprendizes,
articulando e contextualizando a sala de aula com o mundo da
vida.
Repensar o aprendizadoComo vimos, aprendizado no depende de educao formal.
Existem vrias formas de aprender alm da escola, atravs das
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tradies familiares, sociais, culturais, religiosas,
profissionais, etc. Essas formas de aprendizado podem
implicar tambm algum tipo de educao, mais ou menos
estruturada, porm, seu objetivo no transmitir um
conhecimento e sim integrar a pessoa numa prtica, a prtica
tradicionalizada. Muitas vezes a escola descarta
completamente este tipo de aprendizado, solapando ricas
experincias.
Na resoluo de problemas do cotidiano e nos empreendimentoscriativos, so necessrios vrios tipos de conhecimento que
uma pessoa s no pode dar conta. preciso ter um corpo
multidisciplinar composto por pessoas engajadas,
colaborativas e assim dispostas a compartilhar e aprender
com @s colegas de trabalho.
As tecnologias da informao e da comunicao permitem que as
pessoas se conectem com outras, prximas e distantes,
compartilhando interesses de aprendizado. As comunidades
virtuais representam um tipo diferente de aprendizado, em
rede. Apesar de ser possvel compartilhar o conhecimento
atravs da troca de informaes nestas comunidades, aestrutura em geral no leva em conta a constituio total da
pessoa, tudo o que ela . Focam apenas em alguns de seus
interesses ou aspectos.
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AP R E N D E R F A Z E N D O, F A Z E R A P R E N D E N D O
preciso reinventar a educao com cuidado para no cair na
armadilha de se criar um ambiente supostamente inovador,
com tecnologias da informao e comunicao, mas que
preserve a mesma essncia da escola formal, com todos os
aspectos deficitrios j discutidos. Um modelo eficiente deve
buscar enfatizar a distribuio do conhecimento, conectando
pessoas para que elas troquem conhecimentos que j saibam,
formando uma rede de troca de experincias, vivncias e
saberes.Enfim, a educao precisa experienciar novos modelos,
convergentes com a filosofia de abertura, a aprendizagem
colaborativa, a cultura do remix, do beta perptuo, da
cibercultura. O aprendizado em