Correio Braziliense 27/02/10

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C M Y K C M Y K CORREIO BRAZILIENSE Brasília, sábado, 27 de fevereiro de 2010 • Cidades 41 Planaltina revirada Pouco mais de 60 minutos de chuva foram suficientes para que o comércio da cidade amargasse sérios prejuízos. Nas ruas, os estragos sinalizavam perigo por todos os lados CLIMA Matéria publicada na edição de on- tem do prestigioso El País, sob o título “Incendio político en Brasilia”, começa assim: “La crisis que sacude al Gobier- no local de Brasilia, la capital de la Re- pública brasileña, en vísperas de la ce- lebración de sus 50 años de existencia, es grave y emblemática”. Para o jornal espanhol, o presidente Lula “desea cualquier cosa menos un escándalo de corrupción en la capital meses antes de dejar la presidencia, prefiere una solución política a una intervención del Gobierno”. El País compara a inter- venção em Brasília a “una operación a corazón abierto”. Com ou sem intervenção, Brasília já está na mesa de cirurgia com o peito cortado do pescoço ao umbigo, toda ela exposta ao Brasil e já chamando a atenção do mundo. Dói, é arriscado, é constrangedor, mas a infecção era de- masiadamente grave para continuar abafada no peito. Quem convivia com Brasília sabia de seus males, mas não interessava a boa parte dos convivas denunciar a suspeita de que a cidade precisava de severos cuidados, de que parecia grave a contaminação. Brasília é uma fonte caudalosa de lucros, por que se preocupar com os sintomas vi- síveis de grave doença moral? Voltemos ao El País: “El problema de Brasilia es que el Gobierno de la capital está contaminado por la corrupción desde hace años. En ella está involucra- da la mayoría de los diputados locales y una larga lista de ex gobernadores”. (Ler notícias de Brasília escritas em espanhol nos retira de nossa con- dição brasiliense e nos permite olhar de longe para o terremoto que destro- çou o coração da cidade). Ao El País: “Pero los ex governado- res y una buena parte del Gobierno ca- pitalino no sólo están acusados de corrupción. Sobre ellos también pesan imputaciones por formación de cua- drilla, peculado, corrupción activa y pasiva, fraude en la adjudicación de obras públicas, y delitos electorales y tributarios.” Em seguida, o mais respeitado jor- nal em língua espanhola diz: “Según el procurador general de la República, Roberto Gurgel, las instituiciones del Gobierno de Brasilia corren el peligro de desmoronarse. Para él, la necesidad de que intervenga el Gobierno central se justifica por este desplome generali- zado, sobre todo de los poderes legisla- tivo y ejecutivo.” É assim que, do outro lado do Atlân- tico, Brasília está sendo vista. Não to- da ela, apenas seus poderes constituí- dos. Há quem lamente. Este pé de pá- gina prefere ver a cidade querida na mesa de cirurgia a sabê-la morrendo aos poucos de uma infecção generali- zada e fazendo festa milionária de 50 anos. Dói, mas é necessário. É a chan- ce que a cidade tem de começar de novo ou, tudo é possível, de continuar do jeito que estava. Mas, ainda assim, Brasília perdeu definitivamente a ino- cência. E isso é muito bom. Corazón abierto >> (cartas: SIG, Quadra 2, Lote 340 / CEP 70.610-901) Crônica da Cidade por Conceição Freitas >> [email protected] » AÇÃO PELO CONSUMIDOR Das 14h às 18h, funcionários da Delegacia de Defesa do Consumidor (Decon) estarão nas ruas para orientar os con- sumidores quanto aos seus direitos. A ação será desenvolvida na área externa do Conjunto Nacional, abrangendo as ime- diações do Conic. A proposta faz parte de uma série de ações que serão desenvolvidas pela delegacia durante a semana do consumidor, que começa em 15 de março. » SOLIDARIEDADE UMA CHANCE PARA TENTAR Depois que o Correio contou o drama do jornalista Fá- bio Grando ( foto), 25 anos, gremista de carteirinha, que ficou tetraplégico após um mergulho numa piscina, a corrente de solidariedade se espalhou. Hoje, a partir das 16h, no salão de festas do Bloco I da 304 do Sudoeste, amigos irão realizar um festival de tortas. Para partici- par, basta contribuir com R$ 20. O convidado poderá co- mer todas as tortas disponíveis e tomar refrigerante. A renda será revertida para custear a viagem de Fábio para San Diego (EUA), onde ele vai fazer um tratamento de fi- sioterapia. Do montante necessário — R$ 112 mil, que lhe permitirá ficar por lá seis meses, atendido pelo Proje- tc Walk — a campanha Bora, Fabito já arrecadou R$ 25.886. Maiores informações pelo telefone 9984-1903 ou pelo blog www.fabiogrando.blogspot.com. » ILEGALIDADE INVASÃO DESMONTADA A Subsecretaria de Defesa do Solo e da Água (Sudesa) retirou ontem 40 edificações de uma invasão na QI 605 do Recanto das Emas. De acordo com o capitão Rosivan, cerca de 10 barracas já existiam no local, mas no período de carnaval o número aumentou para 40. Durante a ope- ração, os agentes da Sudesa receberam uma denúncia de que o Setor de Chácaras Monjolo também estaria sendo invadido. A atitude de um dos invasores despertou a des- confiança dos agentes, que o levaram à 27ª DP (Recanto das Emas), onde foi revelado que o suspeito já tinha pas- sagens pela polícia. Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press INCONTINÊNCIA URINÁRIA O Correio Notícias de hoje vai mostrar uma reportagem sobre a in- continência urinária, um transtorno que im- pede que a pessoa afe- tada controle a saída da urina. O problema é bastante comum, e há tratamentos que vão de exercícios a cirurgias. E você vai ver também que o preço do combus- tível caiu mais uma vez no Distrito Federal. O preço da ga- solina, por exemplo, chegou a ficar 30 centavos mais bara- to. Para assistir às reportagens, fotografe o QR code ao la- do com o software leitor de código de barras do seu celular e acesse o conteúdo multimídia. Caso você não tenha o programa, envie um SMS com a palavra QR para o número 50035. Você receberá um link para fazer o download gra- tuito do software. O custo do SMS é de R$ 0,31 + impostos. Só é preciso baixar o software uma vez. O Correio não cobra nada pelo conteúdo, mas a cada vez que você o acessar, es- tará navegando na internet e pagará pelo tráfego de dados à sua operadora. Críticas e sugestões podem ser encami- nhadas para correionoticias.df @diariosassociados.com.br. Correio Notícias » NOELLE OLIVEIRA O ntem foi dia de faxina para os comerciantes da Avenida Independência, em Planaltina. As lojas amanheceram tomadas por água e lama depois da chuva que atin- giu a cidade no final da tarde de quinta-feira. A força da enxurra- da derrubou uma das portas du- plas de vidro da autoescola Ser- rana, que funciona na rua, e ala- gou todo o estabelecimento. Uma das funcionárias do local, Josiane Daros Colli, grávida de cinco meses, precisou segurar a estrutura que sustenta a porta para que o vidro não arrebentas- se ou caísse sobre os funcioná- rios da loja. “A força da água era muita, ficou todo mundo deses- perado”, lembra a atendente. A chuva começou na cidade por volta das 17h30 e durou até as 18h40, mas o pouco tempo foi suficiente para provocar muitos estragos. Na mesma autoescola, em apenas cinco minutos, a água atingiu cerca de 30 cm de altura e assustou uma turma de 20 alu- nos, com idade entre 18 e 30 anos, que assistia às aulas para tirar a primeira habilitação. Eles tive- ram que subir nas cadeiras para se proteger da água. “Não é a primeira vez que isso acontece e a administração não toma nenhuma providência. Se fosse algo esporádico, podería- mos alegar que se trata de um fe- nômeno da força da natureza, mas isso aqui é recorrente”, indig- na-se Adão Mendes de Araújo, dono da autoescola, que calcula ter tido um prejuízo de R$ 35 mil com a inundação. A loja perdeu computadores, máquinas de car- tão e móveis, além de ter todos os processos dos alunos encharca- dos. “Isso sem falar nos danos morais, já que eu estava com uma sala cheia de alunos”, reforça. Na casa de festas Piuí, cerca de 100 toalhas de ornamentação fi- caram ensopadas de água e lama. A proprietária, Miriam Cristina, tem a loja há três anos e já perdeu a conta de quantas vezes o esta- belecimento foi tomado pela água da chuva. “Atualmente, a quantidade de inundações está aumentando, já que não há es- coamento suficiente nessa rua nem nas de cima”, afirma. A si- tuação se repete na loja de teci- dos C&C Decorações, atingida pela enxurrada pela segunda vez nos últimos seis meses. “Da últi- ma vez, eu perdi vários tecidos que molharam e mancharam. Dessa vez, a água entrou por bai- xo da cerâmica da minha gara- gem, que ficou fofa”, conta Nilva Fonseca, dona da loja. Segundo o administrador de Planaltina, Manoel Abadia Sobri- nho, o sistema de drenagem de águas pluviais da avenida atingida pela enxurrada é subdimensiona- do, sendo necessária a sua dupli- cação ou a construção de uma no- va galeria. “Esse problema já foi repassado para a Secretaria de Obras, uma vez que se trata de uma obra com valor financeiro elevado. O projeto para redimen- sionar essa rede antiga já está em andamento e acredito que já este- ja próximo de seu processo de lici- tação”, explica o administrador. Ele destaca que outros locais da cidade, como o Setor Tradi- cional, também sofrem com o problema das chuvas. “No Tra- dicional nós não temos nenhu- ma drenagem pluvial”, revela. Abadia, no entanto, não dá pre- visão para que as obras de dre- nagem sejam iniciadas. Asfalto destruído Também em Planaltina, na Avenida dos Esportes, que fica acima da Independência — onde os estabelecimentos foram atin- gidos pela enxurrada —, o asfalto foi destruído pela força das chu- vas. Quem transitava por lá na manhã de ontem tinha que des- viar dos pedaços de asfalto espa- lhados por toda a rua. “Já esta- mos providenciando com a No- vacap para começarmos a recu- perar o asfalto destruído pelas águas a partir deste sábado”, afir- mou Manoel Abadia. O ajudante de servente Márcio Ariano, 35 anos, que vai sempre de bicicleta ao restaurante comu- nitário, ao lado da avenida que teve o asfalto destruído, recla- mou do que viu. “Está impossível andar aqui, e a cidade está cheia de bueiros que ficaram entupi- dos com a enxurrada. Se a chuva continuar, teremos mais proble- mas”, considera. » Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), todo o Distrito Federal foi atingido pelas chuvas dessa semana. Na quinta-feira, foram registrados 2,6 mm de chuva. O fenômeno se deve a uma frente fria que estava no Rio de Janeiro e que se deslocou para o Espírito Santo. A previsão é de que as chuvas continuem durante todo o fim de semana. A temperatura mínima prevista para hoje é de 19ºC e a máxima deve ficar em torno de 28ºC. A umidade relativa do ar varia entre 95% e 65%. Previsão de chuva Para assistir à videorreportagem sobre a chuva que destruiu estabelecimentos comerciais em Planaltina, fotografe o QR code acima com o software leitor de código de barras do seu celular e acesse o conteúdo multimídia. Caso você não tenha o programa, envie um SMS com a palavra QR para o número 50035. Você receberá um link para fazer o download gratuito do software. O custo do SMS é de R$ 0,31 + impostos. Só é preciso baixar o software uma vez. O Correio não cobra nada pelo conteúdo, mas a cada vez que você o acessar, estará navegando na internet e pagará pelo tráfego de dados à sua operadora. QR code Se fosse algo esporádico, poderíamos alegar que se trata de um fenômeno, mas isso aqui é recorrente” Adão Mendes Araújo, comerciante Asfalto arrebentado em avenida comercial: segundo administração, reparos serão feitos a partir de hoje Esta autoescola teve vários equipamentos danificados por água e vento Fotos: Kléber Lima/CB/D.A Press

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Page 1: Correio Braziliense 27/02/10

C M Y K C M YK

CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, sábado, 27 de fevereiro de 2010 • Cidades • 41

Planaltina reviradaPouco mais de 60 minutos de chuva foram suficientes para que o comércio da cidadeamargasse sérios prejuízos. Nas ruas, os estragos sinalizavam perigo por todos os lados

CLIMA

Matéria publicada na edição de on-tem do prestigioso El País, sob o título“Incendio político en Brasilia”, começaassim: “La crisis que sacude al Gobier-no local de Brasilia, la capital de la Re-pública brasileña, en vísperas de la ce-lebración de sus 50 años de existencia,es grave y emblemática”. Para o jornal

espanhol, o presidente Lula “deseacualquier cosa menos un escándalo decorrupción en la capital meses antesde dejar la presidencia, prefiere unasolución política a una intervencióndel Gobierno”. El País compara a inter-venção em Brasília a “una operación acorazón abierto”.

Com ou sem intervenção, Brasília jáestá na mesa de cirurgia com o peitocortado do pescoço ao umbigo, todaela exposta ao Brasil e já chamando aatenção do mundo. Dói, é arriscado, éconstrangedor, mas a infecção era de-masiadamente grave para continuarabafada no peito. Quem convivia comBrasília sabia de seus males, mas não

interessava a boa parte dos convivasdenunciar a suspeita de que a cidadeprecisava de severos cuidados, de queparecia grave a contaminação. Brasíliaé uma fonte caudalosa de lucros, porque se preocupar com os sintomas vi-síveis de grave doença moral?

Voltemos ao El País: “El problema deBrasilia es que el Gobierno de la capitalestá contaminado por la corrupcióndesde hace años. En ella está involucra-da la mayoría de los diputados locales yuna larga lista de ex gobernadores”.

(Ler notícias de Brasília escritasem espanhol nos retira de nossa con-dição brasiliense e nos permite olharde longe para o terremoto que destro-

çou o coração da cidade).Ao El País: “Pero los ex governado-

res y una buena parte del Gobierno ca-pitalino no sólo están acusados decorrupción. Sobre ellos también pesanimputaciones por formación de cua-drilla, peculado, corrupción activa ypasiva, fraude en la adjudicación deobras públicas, y delitos electorales ytributarios.”

Em seguida, o mais respeitado jor-nal em língua espanhola diz: “Según elprocurador general de la República,Roberto Gurgel, las instituiciones delGobierno de Brasilia corren el peligrode desmoronarse. Para él, la necesidadde que intervenga el Gobierno central

se justifica por este desplome generali-zado, sobre todo de los poderes legisla-tivo y ejecutivo.”

É assim que, do outro lado do Atlân-tico, Brasília está sendo vista. Não to-da ela, apenas seus poderes constituí-dos. Há quem lamente. Este pé de pá-gina prefere ver a cidade querida namesa de cirurgia a sabê-la morrendoaos poucos de uma infecção generali-zada e fazendo festa milionária de 50anos. Dói, mas é necessário. É a chan-ce que a cidade tem de começar denovo ou, tudo é possível, de continuardo jeito que estava. Mas, ainda assim,Brasília perdeu definitivamente a ino-cência. E isso é muito bom.

Corazónabierto

>> (cartas: SIG, Quadra 2, Lote 340 / CEP 70.610-901)Crônica da Cidadepor Conceição Freitas >> [email protected]

» AÇÃO

PELO CONSUMIDORDas 14h às 18h, funcionários da Delegacia de Defesa do

Consumidor (Decon) estarão nas ruas para orientar os con-sumidores quanto aos seus direitos. A ação será desenvolvidana área externa do Conjunto Nacional, abrangendo as ime-diações do Conic. A proposta faz parte de uma série de açõesque serão desenvolvidas pela delegacia durante a semana doconsumidor, que começa em 15 de março.

» SOLIDARIEDADE

UMA CHANCE PARA TENTARDepois que o CCoorrrreeiioo contou o drama do jornalista Fá-

bio Grando (ffoottoo), 25 anos, gremista de carteirinha, queficou tetraplégico após um mergulho numa piscina, acorrente de solidariedade se espalhou. Hoje, a partir das16h, no salão de festas do Bloco I da 304 do Sudoeste,amigos irão realizar um festival de tortas. Para partici-par, basta contribuir com R$ 20. O convidado poderá co-mer todas as tortas disponíveis e tomar refrigerante. Arenda será revertida para custear a viagem de Fábio paraSan Diego (EUA), onde ele vai fazer um tratamento de fi-sioterapia. Do montante necessário — R$ 112 mil, quelhe permitirá ficar por lá seis meses, atendido pelo Proje-tc Walk — a campanha Bora, Fabito já arrecadou R$ 25.886. Maiores informações pelo telefone 9984-1903ou pelo blog www.fabiogrando.blogspot.com.

» ILEGALIDADE

INVASÃO DESMONTADAA Subsecretaria de Defesa do Solo e da Água (Sudesa)

retirou ontem 40 edificações de uma invasão na QI 605do Recanto das Emas. De acordo com o capitão Rosivan,cerca de 10 barracas já existiam no local, mas no períodode carnaval o número aumentou para 40. Durante a ope-ração, os agentes da Sudesa receberam uma denúncia deque o Setor de Chácaras Monjolo também estaria sendoinvadido. A atitude de um dos invasores despertou a des-confiança dos agentes, que o levaram à 27ª DP (Recantodas Emas), onde foi revelado que o suspeito já tinha pas-sagens pela polícia.

Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press

INCONTINÊNCIA URINÁRIAO Correio Notícias

de hoje vai mostrar umareportagem sobre a in-continência urinária,um transtorno que im-pede que a pessoa afe-tada controle a saída daurina. O problema ébastante comum, e hátratamentos que vão deexercícios a cirurgias. Evocê vai ver tambémque o preço do combus-

tível caiu mais uma vez no Distrito Federal. O preço da ga-solina, por exemplo, chegou a ficar 30 centavos mais bara-to. Para assistir às reportagens, fotografe o QR code ao la-do com o software leitor de código de barras do seu celulare acesse o conteúdo multimídia. Caso você não tenha oprograma, envie um SMS com a palavra QR para o número50035. Você receberá um link para fazer o download gra-tuito do software. O custo do SMS é de R$ 0,31 + impostos.Só é preciso baixar o software uma vez. O CCoorrrreeiioo não cobranada pelo conteúdo, mas a cada vez que você o acessar, es-tará navegando na internet e pagará pelo tráfego de dadosà sua operadora. Críticas e sugestões podem ser encami-nhadas para correionoticias.df @diariosassociados.com.br.

Correio Notícias

» NOELLE OLIVEIRA

O ntem foi dia de faxinapara os comerciantes daAvenida Independência,em Planaltina. As lojas

amanheceram tomadas por águae lama depois da chuva que atin-giu a cidade no final da tarde dequinta-feira. A força da enxurra-da derrubou uma das portas du-plas de vidro da autoescola Ser-rana, que funciona na rua, e ala-gou todo o estabelecimento.Uma das funcionárias do local,Josiane Daros Colli, grávida decinco meses, precisou segurar aestrutura que sustenta a portapara que o vidro não arrebentas-se ou caísse sobre os funcioná-rios da loja. “A força da água eramuita, ficou todo mundo deses-perado”, lembra a atendente.

A chuva começou na cidadepor volta das 17h30 e durou até as18h40, mas o pouco tempo foisuficiente para provocar muitosestragos. Na mesma autoescola,em apenas cinco minutos, a águaatingiu cerca de 30 cm de altura eassustou uma turma de 20 alu-nos, com idade entre 18 e 30 anos,que assistia às aulas para tirar aprimeira habilitação. Eles tive-ram que subir nas cadeiras parase proteger da água.

“Não é a primeira vez que issoacontece e a administração nãotoma nenhuma providência. Sefosse algo esporádico, podería-mos alegar que se trata de um fe-nômeno da força da natureza,mas isso aqui é recorrente”, indig-na-se Adão Mendes de Araújo,dono da autoescola, que calculater tido um prejuízo de R$ 35 milcom a inundação. A loja perdeucomputadores, máquinas de car-tão e móveis, além de ter todos osprocessos dos alunos encharca-dos. “Isso sem falar nos danosmorais, já que eu estava com umasala cheia de alunos”, reforça.

Na casa de festas Piuí, cerca de100 toalhas de ornamentação fi-caram ensopadas de água e lama.A proprietária, Miriam Cristina,tem a loja há três anos e já perdeua conta de quantas vezes o esta-belecimento foi tomado pelaágua da chuva. “Atualmente, aquantidade de inundações estáaumentando, já que não há es-coamento suficiente nessa ruanem nas de cima”, afirma. A si-tuação se repete na loja de teci-dos C&C Decorações, atingidapela enxurrada pela segunda veznos últimos seis meses. “Da últi-ma vez, eu perdi vários tecidosque molharam e mancharam.Dessa vez, a água entrou por bai-xo da cerâmica da minha gara-gem, que ficou fofa”, conta NilvaFonseca, dona da loja.

Segundo o administrador dePlanaltina, Manoel Abadia Sobri-nho, o sistema de drenagem deáguas pluviais da avenida atingidapela enxurrada é subdimensiona-do, sendo necessária a sua dupli-cação ou a construção de uma no-va galeria. “Esse problema já foirepassado para a Secretaria deObras, uma vez que se trata de

uma obra com valor financeiroelevado. O projeto para redimen-sionar essa rede antiga já está emandamento e acredito que já este-ja próximo de seu processo de lici-tação”, explica o administrador.

Ele destaca que outros locaisda cidade, como o Setor Tradi-cional, também sofrem com oproblema das chuvas. “No Tra-dicional nós não temos nenhu-ma drenagem pluvial”, revela.Abadia, no entanto, não dá pre-

visão para que as obras de dre-nagem sejam iniciadas.

Asfalto destruídoTambém em Planaltina, na

Avenida dos Esportes, que ficaacima da Independência — ondeos estabelecimentos foram atin-gidos pela enxurrada —, o asfaltofoi destruído pela força das chu-vas. Quem transitava por lá namanhã de ontem tinha que des-viar dos pedaços de asfalto espa-lhados por toda a rua. “Já esta-mos providenciando com a No-vacap para começarmos a recu-perar o asfalto destruído pelaságuas a partir deste sábado”, afir-mou Manoel Abadia.

O ajudante de servente MárcioAriano, 35 anos, que vai semprede bicicleta ao restaurante comu-nitário, ao lado da avenida queteve o asfalto destruído, recla-mou do que viu. “Está impossívelandar aqui, e a cidade está cheiade bueiros que ficaram entupi-dos com a enxurrada. Se a chuvacontinuar, teremos mais proble-mas”, considera.

» Segundo o Instituto Nacionalde Meteorologia (Inmet), todo oDistrito Federal foi atingidopelas chuvas dessa semana.Na quinta-feira, foramregistrados 2,6 mm de chuva.O fenômeno se deve a umafrente fria que estava no Rio deJaneiro e que se deslocou parao Espírito Santo. A previsão éde que as chuvas continuemdurante todo o fim de semana.A temperatura mínima previstapara hoje é de 19ºC e a máximadeve ficar em torno de 28ºC. A umidade relativa doar varia entre 95% e 65%.

Previsão de chuva

Para assistir à videorreportagemsobre a chuva que destruiuestabelecimentos comerciais emPlanaltina, fotografe o QR codeacima com o software leitor decódigo de barras do seu celular eacesse o conteúdo multimídia. Casovocê não tenha o programa, envieum SMS com a palavra QR para onúmero 50035. Você receberá umlink para fazer o download gratuitodo software. O custo do SMS é de R$ 0,31 + impostos. Só é precisobaixar o software uma vez. O CCoorrrreeiioonão cobra nada pelo conteúdo, mas acada vez que você o acessar, estaránavegando na internet e pagará pelotráfego de dados à sua operadora.

QR code

Se fosse algoesporádico,poderíamosalegar que se tratade um fenômeno,mas isso aqui é recorrente”

Adão Mendes Araújo, comerciante

Asfalto arrebentado em avenida comercial: segundo administração, reparos serão feitos a partir de hoje

Esta autoescola teve vários equipamentos danificados por água e vento

Fotos: Kléber Lima/CB/D.A Press