Correio Braziliense - Super Esportes - Brutalidade organizada

1

Click here to load reader

Transcript of Correio Braziliense - Super Esportes - Brutalidade organizada

Page 1: Correio Braziliense - Super Esportes - Brutalidade organizada

Brasília, sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

VIOLÊNCIANOFUTEBOL Pesquisa obtida com exclusividade pelo Correiomostra que o número demortes em

decorrência de brigas de torcedores diminuiu de 2014 para 2015, mas a crueldade das agressões aumentou

O UniCeub/BRB, deDeryk (foto), estreiana Liga das Américascom o objetivo de setornar a quarta equipebrasileira noquadrangular final.

16ESPORTESSUPE

R

CORREIO BRAZILIENSE

www.df.superesportes.com.br - Editor: Alexandre Botão Subeditora: Cida Barbosa E-mail: [email protected] Telefone: (61) 3214-1176

Brutalidadeorganizada

CLÁSSICO NOMANÉ

Fla-Flu de R$ 1,5mivai ser emBrasília

A temporada já começou com confrontos

CAMILA CURADOESPECIAL PARA O CCOORRRREEIIOO

A gravidade das ocorrên-cias ligadas a homicídiosem estádios de futeboldo Brasil aumentou em

2015. É o que mostra o estudo dosociólogo Maurício Murad, espe-cializado em violência no fute-bol, que o Correio publica comexclusividade. Na visão do pes-quisador, o fato de o número demortes ter diminuído de 2014 pa-ra 2015 — caiu de 18 para 15 con-firmados — não é, necessaria-mente, animador: “É uma redu-ção estatisticamente desprezível.Ela, de fato, não demonstra ne-nhum planejamento de combateà violência mais expressiva, e simuma questão ocasional”, avalia.

Nesse último levantamento, abrutalidade das agressões preo-cupou mais que os números. Mu-rad afirma que, pela primeira vez,houve tentativa de homicídio embrigas de torcidas envolvendocarros. “Aumentam o sadismo, acrueldade e mostra como as mor-tes foram planejadas. Com isso,há uma tendência de aumentar onúmero de vítimas”, projeta. Paraele, essa “sofisticação da violên-cia”, com o uso de atropelamentonos confrontos, por exemplo, seassemelha a atos terroristas, nosquais há uma intenção premedi-tada de atingir um coletivo inde-feso. E pode vitimar mais do quearma de fogo ou branca.

A pesquisa mostra outra novi-dade: a maior presença de mu-lheres nas estatísticas. Apesar derepresentarem um dos 18 óbitosde 2015, houve aumento de

Nosconfrontosentre torcedores têmsedestacadoosadismoeoplanejamentodasagressões:parapesquisador, crimescontinuamdevidoà impunidade

agressões a esse público. De acor-do com Murad, essa é uma con-sequência da participação femi-nina mais ativa em torcidas orga-nizadas, nas quais elas represen-tam 15%. O pesquisador explicaque, antes de 2015, a vitimizaçãoda mulher em situações de vio-lência no futebol ocorria aleato-

riamente. Agora, passa a ser umdado relevante: “São elas que en-tram em estádios com pacote decocaína. Muitas delas não são re-vistadas, porque o futebol é umambiente machista”, explica.

Com relação ao perfil das víti-mas, as alterações se mostrarampoucas. A principal delas foi a

ampliação da faixa etária. Antes,ficava restrita a jovens de 15 a 24anos e agora chega aos 33. “O quemostra que tem gente de maisidade entrando nessas facções”,diz Murad. Segundo a pesquisa,os números de mortes ainda seconcentram em classes maisbaixas e com escolaridade até o

ensino fundamental, mas a esta-tística alcança todas as faixas so-ciais, renda e níveis de formação,inclusive mestres e doutores. Opesquisador ressalta que, embo-ra os confrontos sejam provoca-dos por torcidas organizadas,metade dos mortos são inocen-tes: até 2013, eles eram a maioria.

Murad lembra o embate entretorcedores do Atlético-PR e doVas-co na Arena Joinville, em dezem-bro de 2013, que deixou quatro fe-ridos. A selvageria das agressõesteve um agravante: a transmissãoao vivo da briga. O episódio cha-mou a atenção do país e mobilizouautoridades, mas o sociólogo re-clama que, mais uma vez, as atitu-des não passaram de promessas:“O governo convocou nove minis-térios e estabeleceram nove medi-das. Somente uma foi implemen-tada, e parcialmente: o cadastro detorcedores. E ele não resolve”.

Por sinal, uma batalha transmi-tida ao vivo em 20 de agosto de1995 acabou marcando a memó-ria popular esportiva. O mais cruelrelatodeviolêncianofutebolacon-teceu na Supercopa São Paulo dejuniores, no Pacaembu, quando101 pessoas terminaram feridas eMárcio Gasparin da Silva foi mor-to. Os números e as imagens nãose mostraram suficientes para ex-tinguir aquela realidade. “Foramduas décadas perdidas. Digo la-mentando: de lá até hoje, não hou-ve por parte das autoridades brasi-leiras um planejamento para colo-car esses vândalos sob o controleda lei”, comenta Murad.

Para Murad, há fatores pre-ponderantes para que o quadrode violência na modalidade nãotenha mudado em décadas.“Três personagens estão semprepresentes nos últimos 20 anos:violência, facções de vândalosinfiltrados nas torcidas organi-zadas e impunidade por totalinoperância das forças de segu-rança pública, as autoridadesbrasileiras”, ressalta.

Em janeiro deste ano, foramquatro brigas entre torcidas emum período em que o calendá-rio do esporte é escasso: contacom a Copa São Paulo de Fute-bol Júnior e a primeira rodadada maior parte dos campeona-tos estaduais. A primeira, regis-trada na Copinha, acabou sen-do conduzida pela torcida dotricolor paulista. Resultado: 15feridos, entre civis e policiais.Na segundo, fãs do Vila Nova-GO confrontaram os rivais doGoiás um dia antes da partidae deixaram um jovem ferido.No dia do jogo, em um Serra

Dourada sem a torcida visitan-te, espectadores do Vila se de-sentenderam. Na mesma data,em Brasília, torcedores do Bra-siliense causaram confusão edepredaram o metrô. Em ne-nhum dos casos houve puni-ção direta aos envolvidos.

“Esse cenário do início doano é perigoso e merece extre-ma atenção, principalmenteem um ano com maior desem-prego e aumento do custo devida”, argumenta MaurícioMurad, sociólogo, especialistasobre violência no futebol. Apesquisa conduzida por ele

começou a ser feita em 1990.Em 2009, o especialista publi-cava os primeiros números es-tatísticos sobre o assunto. Trêsanos depois, o Brasil deixou aItália e a Argentina para trás epassava a ocupar a primeiracolocação no ranking dos paí-ses mais violentos no esporte.

“Mais do que um dado esta-tístico, a violência no futebolexpressa as características cul-turais e sociais das violênciasgerais no Brasil”, explica o so-ciólogo. Se depender da situa-ção atual do país, esse quadroestá longe de mudar.

de 50 mil, os dois clubes terão di-reito a um bônus variável entreR$ 5 e R$ 10 por tíquete comer-cializado. O recorde do estádioem jogos entre clubes é de 67.011,na vitória do Coritiba sobre o Fla-mengo por 2 x 0, no ano passado.À época, o jogo foi promovido pe-la empresa do ex-jogador Roni.Ele revela que entrou no leilãopelo Fla-Flu, mas desistiu. “Eunão quis. Muito caro”, limitou-sea dizer o empresário. O Flu é omandante, mas a cota será de50% para cada time.

Com o Maracanã e o Engenhão

fechados para as adaptações aosJogos Olímpicos do Rio-2016, opresidente da Federação de Fu-tebol do Estado do Rio (Ferj),Rubens Lopes, e o diretor deCompetições da entidade, Mar-celo Vianna, autorizaram a rea-lização de alguns clássicos forado estado. O Botafogo receberáo Fluminense em Cariacica(ES). O único que se nega amandar dérbis fora do Rio é oVasco, que vai receber o Fla emSão Januário.

Gerente do Mané Garrincha, aSecretaria de Desenvolvimento

Econômico e Turismo tambémentreou na briga com Cuiabá eManaus a fim de atrair o clássi-co para Brasília. As arenas Pan-tanal e Cuiabá chegaram a ofe-recer 0% pela taxa de ocupçãodos seus estádios. Em meio à“guerra fiscal”, o GDF não abriumão da taxa de utilização doMané. “Não trabalhamos com0%. Nós pedimos uma série dedocumentos aos clubes e hápossibilidade de a taxa ser redu-zida”, disse ao Correio o subse-cretário Jaime Recena. Na der-rota por 2 x 0 para o Coritiba

diante de 67.011 pagantes, oFlamengo pagou 6,7% pela taxade ocupação do estádio.

O Fla-Flu vai ser disputadono DF pela quinta vez — a pri-meira valendo pelo Carioca. Osdois clubes duelaram em tor-neios amistosos em 1974 e 1997;e no Torneio Rio-São Paulo, em1998. Além do duelo entre oscamisas 9 Fred e Guerrero, oclássico terá como atração a es-treia do novo uniforme do Flu,confeccionado pela empresacanadense Dry World, substitu-ta da alemã Adidas.

MARCOS PAULO LIMA

Duas empresas se uniram pa-ra vencer o leilão que arrematoupor R$ 1,5 milhão o leilão queconfirmou para o Mané Garrin-cha o Fla-Flu do próximo dia 21,às 19h30, pela quinta rodada do

Campeonato Carioca. A confir-mação do clássico mais charmo-so do país em Brasília foi anteci-pada ontem no site do CorreioBraziliense.

A reportagem apurou um ou-tro detalhe do contrato. Se a vendade ingressos ultrapassar a marca

Carlos Vieira/CB/D.A Press - 9/10/15

Heuler Andrey/AGIF/Agência O Globo - 8/12/13