Correio Braziliense - Super Esportes - Zona de rebaixamento

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Brasília, sábado, 9 de abril de 2016 FUTEBOL CANDANGO Times do DF amargam quedas, ano a ano, no Ranking de Clubes da CBF. A falta de investimento e a terceirização das categorias de base são os principais motivos para a decadência local Depois de receber ultimato da CBF, Dunga (foto) sabe oficialmente que não poderá convocar Neymar na Copa América, torneio que pode salvá-lo ou condená-lo. 17 ESPORTES SUPER CORREIO B RAZILIENSE www.df.superesportes.com.br - Editor: Alexandre Botão Subeditora: Cida Barbosa E-mail: [email protected] Telefone: (61) 3214-1176 Zona de rebaixamento Ex-atletas apontam retrocesso Jhonatan Vieira/Esp. CB/D.A Press CAMILA CURADO ESPECIAL PARA O C CO OR RR RE EI IO O S ituações inusitadas fazem parte da história do fute- bol do DF. No início do campeonato candango deste ano — que neste fim de se- mana chega à disputa das quar- tas de final —, Brasília e Cruzeiro- DF por pouco não se viram ex- cluídos e rebaixados pela ausên- cia da Certidão Negativa de Débi- tos, documento obrigatório pela Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte. O Paracatu entrou em campo com apenas oito joga- dores profissionais — os únicos cadastrados no Boletim Informa- tivo Diário (BID) da CBF — e teve de completar o time com ju- niores. E dois técnicos jogaram a toalha ainda na primeira rodada: Omar Feitosa, no Brasília, e Jorge Medina, no Planaltina-GO. Além disso, clubes tiveram jogos rema- nejados para outros estádios por falta de laudos técnicos e de ma- nutenção no gramado, como ocorreu com o Serejão e com o Mané Garrincha. Ao longo do campeonato, de- missões e alterações no calendá- rio — seja de local, seja de data — não cessaram. Por detrás des- sas intempéries, há complicaçõ- es burocráticas e financeiras que prejudicam o desenvolvimento do esporte na capital. Em conse- quência, times amargam derro- cadas ano após ano e vislum- bram um futuro sem grandes ex- pectativas de crescimento, ao menos a curto prazo. A decadên- cia pode ser atestada também no Ranking de Clubes da CBF 2016, principal termômetro da moda- lidade no país. De 2010 a 2012, as equipes os- cilaram entre melhoras e pioras, e de 2013 a 2015, despencaram — à exceção do Luziânia, que saiu da 194ª posição para a 108ª nesse triênio. O Gama também foge à regra, mas de forma negativa. Apesar de ter saído do 122º lugar para o 107º no último levanta- mento, o alviverde caiu 60 posi- ções nos últimos cinco anos. O último clube a ficar entre os 40, em 2013, foi o Brasiliense, atual- mente primeiro colocado entre os times do DF, na 67ª colocação Auxiliar-técnico do Gama, Rei- naldo Gueldini trabalhou no Bra- sília, no CFZ, no Brasiliense e no alviverde nos últimos 20 anos. Ele acredita que o maior agravante na baixa qualidade do futebol na capital é a falta de investimento na base. “Na passagem do Gama da Série C para a B (em 2004), a maioria dos jogadores foi feita aqui dentro”, lembra. “O cresci- mento vem do trabalho que a gente planta em casa.” Em 2011, eram 18 times do DF no ranking, composto por 419 clubes. No último levantamento, havia sete candangos em meio a 223 nacionais. A proporção, que antes era de um para 23, caiu de um para cada grupo de 31. E, dos 26 estados, 18 passam na frente dos brasilienses — todos os do Sul, sete do Nordeste, dois do Centro-Oeste e três do Sudeste. Presidente e fundador do Atlé- tico Ceilandense, da segunda di- visão do DF, Manoel Santos res- salta a importância de patrocina- dores na ascensão dos clubes: “Para melhorar a posição no ranking, só quando tiver investi- dor, quando os times começa- rem a crescer, quando tiverem na Série B, Série C. A dificuldade é muito grande”. Cálculo O ranking é calculado pelas participações dos clubes em com- petições, como Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores e Copa Sul-Americana. Quanto melhor a colocação e a divisão, mais pon- tos o time ganha. Além disso, o desempenho nos últimos quatro anos tem peso na metodologia. Portanto, na classificação de 2010, a participação das equipes em 2006 teve relevância. E a modalidade no DF, de 2006 a 2010, vivia outra realidade. Os dois times que disputavam o Campeonato Brasileiro, Brasili- ense e Gama, estavam nas séries B e C. Em 2009 e 2010, esse nú- mero era de três equipes, com o Brasília na terceirona. Pela Copa do Brasil, o Periquito chegou às oitavas, enquanto o Jacaré sentiu o gosto da semifinal em 2007, fei- tos nunca mais alcançados. No último ano, apenas três clubes estiveram em uma das competições válidas na pontua- ção do ranking: o Gama, na Série D do Brasileirão, e o Brasília, na Copa Sul-Americana — por sinal, pela primeira vez na história do futebol candango — e na Copa do Brasil, que contou também com o Luziânia. Em todas, os times não passaram da primeira fase. A queda de 20 colocações não é para menos: em 2010, três ti- mes disputaram o Campeonato Brasileiro e dois deles marcaram presença na classificação geral: o Brasiliense, em 17º lugar na Série B; o Gama, em 19º na C; e o Brasí- lia, em 10º na quarta divisão. O Correio entrevistou os ex- zagueiros Gérson, 42 anos, e Jai- ro, 41, e o ex-lateral Rochinha, 40, que ajudaram clubes do DF na conquista de títulos inéditos — como o acesso à Série A pelo Ga- ma em 1998 e pelo Brasiliense em 2004. Para eles, o motivo do declí- nio é a terceirização da formação dos jogadores. “A base do Gama não é do Gama”, reclama Gérson. Corinto Silveira, diretor e investi- dor das categorias de base do al- viverde, explica: “Se for negocia- do um jogador, temos um per- centual de 50%. Mas isso não tem acontecido. No meu ponto de vista, os times de Brasília têm que acreditar mais na base”. Segundo os ex-jogadores, o Gama começou a formar uma base forte em 1994, que rendeu, quatro anos mais tarde, a vitória no torneio local e o primeiro títu- lo na Série B do Brasileirão de um time do DF. Jairo, que atuou co- mo treinador do Taguatinga até a sexta rodada do Candangão de 2016, opina: “A torcida de hoje talvez sejam as crianças daquela época, porque nós conquistamos muitos títulos”. Eles se recordam que, há mais de uma década, os juniores ti- nham calendário no Candangão e disputavam preliminares dos jo- gos profissionais. “Se ia jogar Ga- ma x Sobradinho, horas antes o ti- me de base jogava. Então, técnicos e jogadores do profissional assisti- am, e os torcedores também. Era mais competitivo”, relembra Gér- son, cinco vezes campeão can- dango. “Você via o treinador, o pre- sidente e a diretoria do profissio- nal acompanhando, porque eles estavam lá, existia essa motivação. Hoje, não tem mais isso”, emenda, lamentando o retrocesso. Fase decisiva começa hoje Neste fim de semana, o Cam- peonato Brasiliense entra na fase decisiva. Hoje, dois jogos movi- mentam as quartas de final da competição, com uma curiosida- de: ambas as partidas serão reali- zadas fora do Distrito Federal. “Forasteiros”, que disputam o Candangão desde 1996, tentam o título pela segunda vez na histó- ria do torneio. Sem o Mané Garrincha — em reforma do gramado —, o Brasília resolveu mandar o confronto de hoje, diante do Ceilândia, às 15h30, no Diogão, em Formosa. Segundo a assessoria do clube, o estádio era a única opção viável para a partida. No Frei Norberto, em Paracatu (MG), o time local recebe o Brasiliense, às 15h30. Quatro equipes de fora do DF disputaram a primeira fase do Candangão neste ano: três goia- nas e uma mineira. O Planaltina- GO, que somou quatro pontos, foi rebaixado à Série B. O Formo- sa-GO, com a segunda melhor média de público no torneio — 1.112 pagantes por jogo —, ficou na 10ª colocação e não conseguiu vaga nas quartas de final. O Paracatu tenta repetir o feito alcançado pelo Luziânia-GO em 2014. O Azulão foi o único clube “forasteiro” na história a conquis- tar o Candangão. Os goianos, por sinal, estão nas quartas. O presi- dente do clube, Daniel dos San- tos, acredita no planejamento que a equipe fez para o campe- onato. “Mantivemos a base cam- peã de 2014. É a mesma comissão técnica, e 70% do time que levan- tou o troféu.Temos uma das equi- pes mais baratas do torneio e, mesmo assim, fizemos a melhor campanha”, destacou o dirigente. Ex-jogadores, Rochinha e Gérson viveram bons tempos do futebol do DF Erivaldo Alves, presidente da FFDF, comenta sobre a dificul- dade de ascensão. “Para subir no ranking, nós temos de, no mínimo, ter acesso à Série C. Hoje, Brasília não tem nenhum time na terceira divisão, e tem duas vagas na Série D.” Ele esti- ma que a entidade precisa de ao menos dois anos de investimen- tos no futebol para recuperar números positivos. “Se o Brasili- ense conseguir um acesso à Sé- rie C, volta a ficar entre os 50”, projeta, ao se referir ao clube que se mantém na primeira co- locação entre os times do DF nos últimos quatro anos. Gérson e Rochinha jogaram no Gama de 1998 a 2003. No ano seguinte, se reencontraram no Brasiliense. Em 2012, os dois es- tavam no Capital, mas não tro- cavam passes. Rochinha jogava na linha, sob comando de Gér- son, que havia se tornado treinador. Hoje, o ex-lateral é empresário de dois jogadores do Brasiliense, Luquinhas e Felipe Chaves, além do filho, Vinícius, que atua no Brasília. Todos são atletas de base. Ele reclama da ausência de campinhos de fute- bol gratuito, da falta de empe- nho individual dos jogadores e, sobretudo, da federação “ba- gunçada”. “Os times daqui du- ram quatro meses, ‘os caras’ não pensam no calendário brasilei- ro”, argumenta. Gérson, por sua vez, está afas- tado do futebol. Ele gerencia o Centro Olímpico do Setor O, fun- ção que desempenha há quase três anos. Saudosista, traz na me- mória a visibilidade nacional que clubes conquistaram na época em que era jogador.. “Tem que se criar uma maneira de se fazer um futebol para o torcedor voltar a ir ao estádio. E, para chegar lá, se não fizer um investimento no tra- balho de base, no próprio clube, é mais difícil.” Por falta de laudos de segurança, o Serejão só recebeu um jogo do campeonato candango, na última rodada da primeira fase, porque não havia outra opção, mas com portões fechados Antonio Cunha/Esp. CB/D.A Press - 3/1/14 Nelson Almeida/AFP - 9/11/15

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Brasília, sábado, 9 de abril de 2016

FUTEBOL CANDANGO Times do DF amargam quedas, ano a ano, no Ranking de Clubes da CBF. A falta deinvestimento e a terceirização das categorias de base são os principais motivos para a decadência local

Depois de receber ultimato daCBF, Dunga (foto) sabeoficialmente que não poderáconvocar Neymar na CopaAmérica, torneio que podesalvá-lo ou condená-lo.

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CORREIO BRAZILIENSE

www.df.superesportes.com.br - Editor: Alexandre Botão Subeditora: Cida Barbosa E-mail: [email protected] Telefone: (61) 3214-1176

ZZoonnaa ddeerebaixamento

Ex-atletas apontam retrocessoJhonatan Vieira/Esp. CB/D.A Press

CAMILA CURADOESPECIAL PARA O CCOORRRREEIIOO

Situações inusitadas fazemparte da história do fute-bol do DF. No início docampeonato candango

deste ano — que neste fim de se-mana chega à disputa das quar-tas de final —, Brasília e Cruzeiro-DF por pouco não se viram ex-cluídos e rebaixados pela ausên-cia da Certidão Negativa de Débi-tos, documento obrigatório pelaLei de Responsabilidade Fiscaldo Esporte. O Paracatu entrouem campo com apenas oito joga-dores profissionais — os únicoscadastrados no Boletim Informa-tivo Diário (BID) da CBF — e tevede completar o time com ju-niores. E dois técnicos jogaram atoalha ainda na primeira rodada:Omar Feitosa, no Brasília, e JorgeMedina, no Planaltina-GO. Alémdisso, clubes tiveram jogos rema-nejados para outros estádios porfalta de laudos técnicos e de ma-nutenção no gramado, comoocorreu com o Serejão e com oMané Garrincha.

Ao longo do campeonato, de-missões e alterações no calendá-rio — seja de local, seja de data— não cessaram. Por detrás des-sas intempéries, há complicaçõ-es burocráticas e financeiras queprejudicam o desenvolvimentodo esporte na capital. Em conse-quência, times amargam derro-cadas ano após ano e vislum-bram um futuro sem grandes ex-pectativas de crescimento, aomenos a curto prazo. A decadên-cia pode ser atestada também noRanking de Clubes da CBF 2016,principal termômetro da moda-lidade no país.

De 2010 a 2012, as equipes os-cilaram entre melhoras e pioras,e de 2013 a 2015, despencaram —à exceção do Luziânia, que saiuda 194ª posição para a 108ª nessetriênio. O Gama também foge àregra, mas de forma negativa.Apesar de ter saído do 122º lugarpara o 107º no último levanta-mento, o alviverde caiu 60 posi-ções nos últimos cinco anos. Oúltimo clube a ficar entre os 40,em 2013, foi o Brasiliense, atual-mente primeiro colocado entreos times do DF, na 67ª colocação

Auxiliar-técnico do Gama, Rei-naldo Gueldini trabalhou no Bra-sília, no CFZ, no Brasiliense e noalviverde nos últimos 20 anos. Eleacredita que o maior agravantena baixa qualidade do futebol nacapital é a falta de investimentona base. “Na passagem do Gamada Série C para a B (em 2004), amaioria dos jogadores foi feitaaqui dentro”, lembra. “O cresci-mento vem do trabalho que agente planta em casa.”

Em 2011, eram 18 times do DFno ranking, composto por 419clubes. No último levantamento,havia sete candangos em meio a223 nacionais. A proporção, queantes era de um para 23, caiu deum para cada grupo de 31. E, dos26 estados, 18 passam na frentedos brasilienses — todos os doSul, sete do Nordeste, dois doCentro-Oeste e três do Sudeste.

Presidente e fundador do Atlé-tico Ceilandense, da segunda di-visão do DF, Manoel Santos res-salta a importância de patrocina-dores na ascensão dos clubes:

“Para melhorar a posição noranking, só quando tiver investi-dor, quando os times começa-rem a crescer, quando tiverem naSérie B, Série C. A dificuldade émuito grande”.

CálculoO ranking é calculado pelas

participações dos clubes em com-petições, como Brasileiro, Copado Brasil, Libertadores e CopaSul-Americana. Quanto melhor acolocação e a divisão, mais pon-tos o time ganha. Além disso, odesempenho nos últimos quatroanos tem peso na metodologia.Portanto, na classificação de 2010,a participação das equipes em2006 teve relevância.

E a modalidade no DF, de 2006a 2010, vivia outra realidade. Osdois times que disputavam oCampeonato Brasileiro, Brasili-ense e Gama, estavam nas sériesB e C. Em 2009 e 2010, esse nú-mero era de três equipes, com oBrasília na terceirona. Pela Copado Brasil, o Periquito chegou àsoitavas, enquanto o Jacaré sentiuo gosto da semifinal em 2007, fei-tos nunca mais alcançados.

No último ano, apenas trêsclubes estiveram em uma dascompetições válidas na pontua-ção do ranking: o Gama, na SérieD do Brasileirão, e o Brasília, naCopa Sul-Americana — por sinal,pela primeira vez na história dofutebol candango — e na Copa doBrasil, que contou também com oLuziânia. Em todas, os times nãopassaram da primeira fase.

A queda de 20 colocações nãoé para menos: em 2010, três ti-mes disputaram o CampeonatoBrasileiro e dois deles marcarampresença na classificação geral: oBrasiliense, em 17º lugar na SérieB; o Gama, em 19º na C; e o Brasí-lia, em 10º na quarta divisão.

O Correio entrevistou os ex-zagueiros Gérson, 42 anos, e Jai-ro, 41, e o ex-lateral Rochinha, 40,que ajudaram clubes do DF naconquista de títulos inéditos —como o acesso à Série A pelo Ga-ma em 1998 e pelo Brasiliense em2004. Para eles, o motivo do declí-nio é a terceirização da formaçãodos jogadores. “A base do Gamanão é do Gama”, reclama Gérson.Corinto Silveira, diretor e investi-dor das categorias de base do al-viverde, explica: “Se for negocia-do um jogador, temos um per-centual de 50%. Mas isso não temacontecido. No meu ponto devista, os times de Brasília têm queacreditar mais na base”.

Segundo os ex-jogadores, oGama começou a formar umabase forte em 1994, que rendeu,quatro anos mais tarde, a vitóriano torneio local e o primeiro títu-lo na Série B do Brasileirão de umtime do DF. Jairo, que atuou co-mo treinador do Taguatinga até asexta rodada do Candangão de2016, opina: “A torcida de hojetalvez sejam as crianças daquelaépoca, porque nós conquistamosmuitos títulos”.

Eles se recordam que, há maisde uma década, os juniores ti-nham calendário no Candangão edisputavam preliminares dos jo-gos profissionais. “Se ia jogar Ga-ma x Sobradinho, horas antes o ti-me de base jogava. Então, técnicose jogadores do profissional assisti-am, e os torcedores também. Eramais competitivo”, relembra Gér-son, cinco vezes campeão can-dango.“Você via o treinador, o pre-sidente e a diretoria do profissio-nal acompanhando, porque elesestavam lá, existia essa motivação.Hoje, não tem mais isso”, emenda,lamentando o retrocesso.

Fase decisivacomeça hoje

Neste fim de semana, o Cam-peonato Brasiliense entra na fasedecisiva. Hoje, dois jogos movi-mentam as quartas de final dacompetição, com uma curiosida-de: ambas as partidas serão reali-zadas fora do Distrito Federal.“Forasteiros”, que disputam oCandangão desde 1996, tentam otítulo pela segunda vez na histó-ria do torneio.

Sem o Mané Garrincha — emreforma do gramado —, o Brasíliaresolveu mandar o confronto dehoje, diante do Ceilândia, às15h30, no Diogão, em Formosa.Segundo a assessoria do clube, oestádio era a única opção viávelpara a partida. No Frei Norberto,em Paracatu (MG), o time localrecebe o Brasiliense, às 15h30.

Quatro equipes de fora do DFdisputaram a primeira fase doCandangão neste ano: três goia-nas e uma mineira. O Planaltina-GO, que somou quatro pontos,foi rebaixado à Série B. O Formo-sa-GO, com a segunda melhormédia de público no torneio —1.112 pagantes por jogo —, ficouna 10ª colocação e não conseguiuvaga nas quartas de final.

O Paracatu tenta repetir o feitoalcançado pelo Luziânia-GO em2014. O Azulão foi o único clube“forasteiro” na história a conquis-tar o Candangão. Os goianos, porsinal, estão nas quartas. O presi-dente do clube, Daniel dos San-tos, acredita no planejamentoque a equipe fez para o campe-onato. “Mantivemos a base cam-peã de 2014. É a mesma comissãotécnica, e 70% do time que levan-tou o troféu.Temos uma das equi-pes mais baratas do torneio e,mesmo assim, fizemos a melhorcampanha”, destacou o dirigente.

Ex-jogadores, Rochinha e Gérson viveram bons tempos do futebol do DF

Erivaldo Alves, presidente daFFDF, comenta sobre a dificul-dade de ascensão. “Para subirno ranking, nós temos de, nomínimo, ter acesso à Série C.Hoje, Brasília não tem nenhumtime na terceira divisão, e temduas vagas na Série D.” Ele esti-ma que a entidade precisa de aomenos dois anos de investimen-tos no futebol para recuperarnúmeros positivos. “Se o Brasili-ense conseguir um acesso à Sé-rie C, volta a ficar entre os 50”,projeta, ao se referir ao clubeque se mantém na primeira co-locação entre os times do DFnos últimos quatro anos.

Gérson e Rochinha jogaramno Gama de 1998 a 2003. No anoseguinte, se reencontraram noBrasiliense. Em 2012, os dois es-tavam no Capital, mas não tro-cavam passes. Rochinha jogavana linha, sob comando de Gér-son, que havia se tornadotreinador. Hoje, o ex-lateral é

empresário de dois jogadores doBrasiliense, Luquinhas e FelipeChaves, além do filho, Vinícius,que atua no Brasília. Todos sãoatletas de base. Ele reclama daausência de campinhos de fute-bol gratuito, da falta de empe-nho individual dos jogadores e,sobretudo, da federação “ba-gunçada”. “Os times daqui du-ram quatro meses, ‘os caras’ nãopensam no calendário brasilei-ro”, argumenta.

Gérson, por sua vez, está afas-tado do futebol. Ele gerencia oCentro Olímpico do Setor O, fun-ção que desempenha há quasetrês anos. Saudosista, traz na me-mória a visibilidade nacional queclubes conquistaram na épocaem que era jogador.. “Tem que secriar uma maneira de se fazer umfutebol para o torcedor voltar a irao estádio. E, para chegar lá, senão fizer um investimento no tra-balho de base, no próprio clube, émais difícil.”

Por falta de laudos de segurança, o Serejão só recebeu um jogo do campeonato candango, na última rodada da primeira fase, porque não havia outra opção, mas com portões fechados

Antonio Cunha/Esp. CB/D.A Press - 3/1/14

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