Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de...

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Universidade Federal de Ouro Preto Instituto de Ciências Exatas e Biológicas Departamento de Física Mestrado em Ciências: Ênfase em Física dos Materiais Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas em filmes de MEH-PPV em fase condensada Carlos Eduardo Tavares de Magalhães Ouro Preto 2016

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Universidade Federal de Ouro Preto

Instituto de Ciências Exatas e Biológicas

Departamento de Física

Mestrado em Ciências: Ênfase em Física dos Materiais

Correlação entre as propriedades morfológicas e

eletrônicas em filmes de MEH-PPV em fase

condensada

Carlos Eduardo Tavares de Magalhães

Ouro Preto

2016

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Universidade Federal de Ouro Preto

Correlação entre as propriedades morfológicas e

eletrônicas em filmes de MEH-PPV em fase

condensada

Aluno: Carlos Eduardo Tavares de Magalhães

Orientador (a): Profa Dra Melissa F. Siqueira Savedra

Co-orientador(a): Dr. Ranylson Marcello L. Savedra

Ouro Preto – MG

2016

Dissertação de mestrado apresentado

ao Departamento de Física como parte

dos requisitos para obtenção do título de

mestre em Ciências.

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Agradecimentos

Agradeço a Deus, meu protetor durante todo o desenvolvimento deste trabalho.

À toda minha família, em especial ao meu pai, minha mãe e meu irmão Marcos

que sempre estão comigo em meus desafios.

Aos meus queridos mestres, Profa. Dra. Melissa Siqueira Savedra e Ranylson

Marcello Savedra, pelo apoio, atenção, paciência e grande aprendizado

durante nosso convívio.

Ao professor Rodrigo Ramos, pelas discussões e colaborações fundamentais

no desenvolvimento deste projeto.

À todos meus colegas da turma 2014 do PPG em Ciências – ênfase Física dos

Materiais pela convivência nas horas de estudo. À minha colega de Laboratório

Karina, aprendemos muito durante os últimos meses.

Aos amigos do Laboratório de Polímeros e Propriedades Eletrônica de

Materiais – LAPPEM e Laboratório de Simulação Computacional – LabSimCo

pelos momentos de estudo e descontração.

À minha chefe Prof. Dra Angélica Alves Lima pela enorme compreensão.

À todos meus amigos de Ouro Preto, Belo Horizonte e Divinópolis, muitos

provavelmente desconhecem o que faço mas torcem por mim sempre.

À minha amada Dani, companheira em todas as horas.

Ao CNPq, Capes, Fapemig e INEO pelo apoio financeiro na realização deste

trabalho.

Ao Departamento de Física pela oportunidade de realizar estágio docência.

À Universidade Federal de Ouro Preto por toda a estrutura fornecida durante

toda a minha atividade acadêmica.

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“O que sabemos é uma gota;

o que ignoramos é um oceano.”

Isaac Newton

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Lista de Símbolos e Abreviaturas

π – PI

σ – Sigma

ACC – Conselho Americano de Química

AM1 – Austin Model 1

AMOLED – Diodos orgânicos emissores de luz de matriz ativa (Active-Matrix

Organic Light-Emitting Diode)

CNDO – Complete Neglect of Differential Overlap

DFT – Teoria do funcional da densidade (Density Functional Theory)

DM – Dinâmica Molecular

EL - Eltroluminescência

EO – Eletrônica Orgânica

HOMO – Último orbital molecular ocupado (Highest Occupied Molecular

Orbital)

INDO/S - Intermediate Neglect of Differencial Overlap/ Spectroscopic

LUMO – Primeiro orbital molecular desocupado (Lowest Unoccupied Oolecular

Orbital)

Me-THF – Metil tetraidrofurano

MEH-PPV – poli[2-metóxi,5-(2-etil-hexiloxi)-p-fenileno vinileno]

MNDO – Modifield Neglect of Diatomic Overlap

MQ – Mecânica Quântica

NDDO - Neglect of Diatomic Diffrential Overlap

OLED – Diodos orgânicos emissores de luz (Organic Light-Emitting Diode)

OPV – Células fotovoltaicas orgânicas (Organic Photovoltaics)

PL – Fotoluminescência (Photoluminescence)

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PLED – Diodos poliméricos emissores de luz (Polymer Light-Emitting Diode)

PM6 - Método de Parametrização 6 (Parameterization Method 6)

PM6-DH+ - Parameterization Method 6 - Correct Dispersion And Hydrogen

Bond Terms

PMOLED - – Diodos orgânicos emissores de luz de matriz passiva (Passive-

Matrix Organic Light-Emitting Diode)

PPP – Pariser-Parr-Pople

PPV – p-fenileno vinileno

SOMO – Orbital Molecular Semipreenchido (Single Occupied Molecular Orbital)

THF - Tetraidrofurano

UV-VIS – Ultravioleta-Visível

ZDO – Zero-Differential Overlap

ZINDO/S-CIS - Zerner´s Intermediate Neglect of Differencial Overlap/

Spectroscopic – Single Configuration Initeraction

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Lista de Figuras

Figura 1.1: (a) Representação esquemática de um monômero e (b) representa

um polímero de grau de polimerização igual a oito...........................................20

Figura 1.2: Configuração espacial presentes nas estruturas moleculares dos

polímeros: a) linear, b) ramificada, c) cruzadas e d) em rede...........................20

Figura 1.3: Estimativa sobre o volume do uso das classes de materiais em

função do período de tempo. Adaptado de ASHBY.5........................................22

Figura 1.4: Distribuição dos setores da indústria onde são aplicados materiais

poliméricos. Fonte Abiplast................................................................................23

Figura 1.5: Representação estrutural do poliacetileno, um exemplo de polímero

π-conjugado.......................................................................................................24

Figura 1.6: Representação dos orbitais híbridos do carbono que formam as

ligações (π e σ)..................................................................................................25

Figura 1.7: Modelo esquemático dos orbitais moleculares de fronteira de um

sistema nos estados fundamental e excitado..................................................26

Figura 1.8: Representação esquemática dos níveis de energia comparando a

sua evolução com o aumento das cadeias (maior número de orbitais). Nesta

Figura Eg significa gap de energia entre os orbitais de fronteira. Extraído de

SAVEDRA.16......................................................................................................27

Figura 1.9: Diagrama de Jablonski representando os processos de absorção,

emissão fluorescente e fosforescente. Extraído de Sotomayor et al.17...........28

Figura 1.10: Esquema dos componentes que constituem um OLED..............29

Figura 1.11: Evolução das receitas geradas pelo uso de semicondutores

utilizados como matriz ativa e camadas de materiais orgânicos – Extraído de

Harrop e Das.24.................................................................................................30

Figura 1.12: Exemplos de ramos da indústria onde se aplicam polímeros

semicondutores..................................................................................................31

Figura 1.13: Representação estrutural de um monômero do MEH-PPV.........32

Figura 1.14: Espectro de absorção UV-VIS e fotoluminescência medidos para o

polímero de MEH-PPV. Adaptado da referência [31]........................................32

Figura 3.1: Exemplo da ligação a qual a energia é calculada..........................42

Figura 3.2: Modelo esquemático de ângulo entre dois átomos, o qual a energia

é calculada.........................................................................................................43

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Figura 3.3: Modelo esquemático do ângulo diedro, o qual a energtia é

calculada............................................................................................................42

Figura 4.2: Exemplos de modelos dos oligômeros investigados, estruturas com

n=1,5 e 9............................................................................................................44

Figura 4.2: Caixa construída para simulação computacional de Dinâmica

Molecular, com os oligômeros de MEH-PPV em solução de THF...................46

Figura 4.3: Modelo esquemático das condições periódicas de contorno

propostas para a simulção em DM....................................................................47

Figura 4.4: Esquema representativo das etapas do processo de remoção do

solvente..............................................................................................................49

Figura 4.5: Representação do ângulo diedro formado na cadeia principal do

MEH-PPV entre dois grupos fenis....................................................................51

Figura 4.6: Modelo esquemático do ângulo diedro indicando a formação da

configuração cis entre os planos dos grupos fenis..........................................52

Figura 4.7: Representação esquemática dos orbitais atômicos e orbitais

moleculares........................................................................................................54

Figura 5.1: Representação estrutural do nonâmero de MEH-PPV, selecionado

pela metodologia de MQ....................................................................................55

Figura 5.2: Espectroscopia de absorção UV-VIS calculada para diversos

oligômeros de MEH-PPV (n=1, 3, 5, 7, 9).........................................................56

Figura 5.3: Energias dos orbitais HOMO e LUMO calculadas para vários

oligômeros do MEH-PPV (n= 3, 5, 7, 9, 11, 13).................................................57

Figura 5.4: Orbitais moleculares de fronteira calculados para o nonâmero do

MEH-PPV, (a) HOMO e (b) LUMO....................................................................58

Figura 5.5: Curva densidade ao final de 10ns de produção de Dinâmica

Molecular...........................................................................................................60

Figura 5.6: Caixa de simulação após cálculos de DM....................................61

Figura 5.7: Variação de energia para o sistema MEH-PPV e THF durante toda

a trajetória de produção de Dinâmica Molecular, a curva amarela representa a

energia total e acurva verde, a energia potencial.............................................62

Figura 5.8: Representação estrutural do nonâmero de MEH-PPV selecionado

após cálculo de DM...........................................................................................63

Figura 5.9: Ângulos diedros medidos para todas as moléculas de MEH-PPV

durante a trajetória de DM.................................................................................64

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Figura 5.10: Ajuste lorentziano calculado para as transições eletônicas

efetuada a partir dos UV-VIS calculados para as vinte moléculas de MEH-PPV

presentes na caixa.............................................................................................65

Figura 5.12: Espectros de absorção de UV-VIS estimados para o MEH-PPV. A

curva preta refere-se ao oligômero inicial e curva vermelha representa o ajuste

lorentziano das transições eletrônicas das moléculas de MEH-PPV após a

DM.....................................................................................................................66

Figura 5.12: Orbitais moleculares de fronteira: (a) HOMO e (b) LUMO

calculados para um oligômero de MEH-PPV selecionado aleatoriamente após a

simulação de Dinâmica Molecular.....................................................................67

Figura 5.13: Evolução da densidade do sistema após a remoção do THF da

caixa, calculada durante toda a trajetória de produção de DM......................69

Figura 5.14: Caixa de simulação contendo os 20 oligômeros de MEH-PPV após

a extração do solvente.......................................................................................70

Figura 5.15: Energia total calculada durante toda a trajetória de produção NPT

para sistemas com 80, 60, 40, 20 e 0% de solvente.........................................71

Figura 5.16: Evolução da distribuição dos ângulos diedros ao longo do

processo de remoção do solvente. As curvas se referem as seguintes etapas:

80% de solvente (azul claro), com 60% (rosa), com 40% (azul escuro), 20%

(verde) e filme (vermelho)..................................................................................72

Figura 5.17: Representação estrutural do nonâmero de MEH-PPV selecionado

após extração do THF do sistema. Os círculos vermelhos representam grupos

vinis que apresentam configuração cis..............................................................73

Figura 5.18: Percentual de confomações cis, por cadeia, antes do processo de

remoção de solvente. Moléculas com apenas um diedro cis (azul escuro), com

nenhum diedro cis (azul claro)...........................................................................74

Figura 5.19: Percentual de confomações cis, por cadeia, após o processo de

remoção de solvente: um diedro cis (azul escuro), dois diedros cis (azul claro),

três diedros cis (rosa), quatro diedros cis (amarelo), cinco diedros cis

(marrom)............................................................................................................75

Figura 5.20: Distribuição média dos espectros de absorção UV-VIS calculados

para o filme de MEH-PPV, em azul claro. Em azul escuro, a curva de ajuste

lorentziano sobre todas as transições eletrônicas das moléculas presentes na

caixa de DM.......................................................................................................77

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Figura 5.21: Espectroscopia de absorção UV-VIS do MEH-PV, curva em preto

calculada para o oligômero inicial e curva em vermelho representa o ajuste

lorentziano das transições eletrônicas das moléculas de MEH-PPV após a DM

e curva em azul, ajuste das transições eletrônicas após a remoção do

solvente..............................................................................................................78

Figura 5.22: Orbitais moleculares de fronteira: (a) HOMO e (b) LUMO

calculados para um oligômero de MEH-PPV selecionado aleatoriamente do

filme. .................................................................................................................79

Figura 5.23: Raio de giro calculado para todos os diedros presentes na caixa

do sistema solvatado durante toda a trajetória de produção de DM............80

Figura 5.24: Raio de giro calculado para todos os diedros presentes na caixa

do sistema sólido durante toda a trajetória de produção de DM...................81

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Lista de Tabelas

Tabela 5.1: Relação entre a pressão aplicada e o volume da caixa de

simulação computacional...................................................................................59

Tabela 5.2: Relação entre a quantidade de solvente e o volume da caixa de

simulação, durante as etapas de remoção de THF...........................................68

Tabela 5.3: Quantidade de ligações cis presentes nas moléculas antes e após

o processo de remoção do solvente do sistema................................................76

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Lista de Equações

Equação 3.1: Equação de Schrödinger.............................................................37

Equação 3.2: Segunda Lei de Newton..............................................................41

Equação 3.3: Forças que atuam sobre cada átomo do sistema........................42

Equação 3.4: Energia de ligação.......................................................................42

Equação 3.5: Energia do ângulo de ligação......................................................42

Equação 3.6: Energia do ângulo diedro de ligação...........................................42

Equação 3.7: Energia referente às ligações de Van der Waals........................43

Equação 3.8: Energia referente às interações eletrostáticas............................43

Equação 4.1: Equação utilizada no cálculo de raio de giro:..............................52

Equação 4.2: Ajuste lorentziano para as transições eletrônicas .....................53

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RESUMO

O MEH-PPV é um polímero semicondutor que tem sido intensamente

investigado devido suas propriedades optoeletrônicas, podendo ser empregado

em dispositivos eletrônicos, como displays flexíveis, células fotovoltaicas e

transistores orgânicos. Segundo a literatura, soluções de MEH-PPV em THF

podem exibir comportamento eletrônico bimodal, apresentando duas fases na

região do espectro visível. Com intuito de estudar este fenômeno, foram

utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das

Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular) e Quântica (Métodos semiempirícos

e ab initio). Os resultados mostraram que o nonâmero do MEH-PPV descreve o

comportamento eletrônico do polímero. A partir desta constatação, foram

elaborados modelos de MEH-PPV em fase condensada (soluções em THF e

filmes). As correlações entre as estruturas e as propriedades eletrônicas dos

oligômeros extraídos do filme apresentaram maior número de isomerizações

cis do que as cadeias das soluções mais diluídas. Além disso, os resultados

mostraram que há restrição da distribuição dos orbitais moleculares de

fronteira, o que pode dificultar a mobilidade eletrônica. Este comportamento

está associado à fase azul do oligômero de MEH-PPV, encontrado

majoritariamente no filme, pois apresenta o maior número de torções na cadeia

principal. Por outro lado, em solução de THF as moléculas tendem a ser mais

planares, resultando em um comprimento de onda máximo em regiões menos

energéticas (fase vermelha).

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ABSTRACT

Semiconductor Polymer MEH-PPV has been intensively investigate because

their optoelectronic properties, and can be used electronics devices, such as

flexible displays, organic photovoltaics and organic transistors. According to the

literature, MEH-PPV in THF solutions may show bimodal electronic behavior,

with two phase in visible spectroscopy region. In order to study this

phenomenon, we used molecular modeling methods based on Classical

(Molecular Dynamics) and Quantum (Semi-empirical and ab initio methods)

Mechanics. The results showed that the MEH-PPV nonamer describes the

electronic behavior of the polymer. From this observation, we developed MEH-

PPV models in condensed phase (solutions in THF and films). Structure and

electronic properties correlations about the film oligomers presented more cis

isomeration that the more dilute solutions molecules. In addition, the results

showed that there is distribution restriction of frontier molecular orbitals, which

can hinder the electron mobility. The behavior is associated with the blue phase

of the MEH-PPV oligomer, that is predominantly found in the film, because it

has largest number of kinks in the main chain. On the other hand, the solution

molecules tend to be more plane, resulting in a maximum wavelength in the

less energy regions (red phase).

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Sumário

Agradecimentos ................................................................................................. 3

Lista de Símbolos e Abreviaturas ....................................................................... 7

Lista de Figuras .................................................................................................. 9

Lista de Tabelas ............................................................................................... 13

Lista de Equações ............................................................................................ 14

RESUMO.......................................................................................................... 15

Abstract ............................................................................................................ 16

Sumário ............................................................................................................ 17

1 Introdução ..................................................................................................... 19

1.1-Polímeros ................................................................................................... 19

1.2-Polímeros Semicondutores ........................................................................ 23

a) Propriedades Eletrônicas dos Polímeros Semicondutores ....................... 24

b) Aplicações ................................................................................................ 28

1.3 Materiais ..................................................................................................... 31

1.4 Fenômenos optoeletrônicos ....................................................................... 33

2 Objetivos ....................................................................................................... 36

3 Métodos......................................................................................................... 37

3.1 Métodos Computacionais de Mecânica Quântica ...................................... 37

a) Métodos semiempíricos .......................................................................... 38

b)PM6-DH+ ................................................................................................... 39

c)Teoria do Funcional da Densidade (DFT) .................................................. 39

d)ZINDO/S-CIS ............................................................................................. 40

3.2 Dinâmica Molecular .................................................................................... 40

4 Metodologia ................................................................................................... 44

4.1 Seleção dos Modelos ................................................................................. 44

4.2 Simulação de Dinâmica Molecular ............................................................. 45

4.3 Ajuste da Densidade .................................................................................. 48

4.4 Remoção do solvente ................................................................................. 48

4.5 Investigações propostas ............................................................................. 50

4.5.1 Propriedades Estruturais ...................................................................... 50

a) Ângulos Diedros........................................................................................ 50

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4.5.2 Propriedades Eletrônicas ..................................................................... 52

a) Espectroscopia de absorção UV-VIS ........................................................ 52

b)Orbitais Moleculares de Fronteira .............................................................. 53

5 Resultados .................................................................................................... 55

5.1 Seleção Conformacional ............................................................................ 55

5.2 Dinâmica Molecular .................................................................................... 59

5.2.1 Remoção do solvente .......................................................................... 67

5.2.1 Análise dos ângulos de torção durante a remoção do solvente ........... 71

5.2.1.1 Formação de ligação do tipo cis no MEH-PPV ................................. 73

5.2.2 Propriedades optoeletrônicas para o filme ........................................... 77

5.2.3 Raio de Giro ......................................................................................... 80

6 Conclusão ..................................................................................................... 82

7 Referências Bibliográficas ............................................................................. 84

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1 Introdução

1.1-Polímeros

A crescente demanda por novas tecnologias faz com que as pesquisas

voltadas ao desenvolvimento de novos materiais sejam importantes e

necessárias. Uma classe de materiais com potencial para viabilizarem o

surgimento de aplicações inovadoras nos mais variados segmentos industriais

são os polímeros. Estes materiais são conhecidos por possuírem alto peso

molecular e apresentarem unidades de repetição ao longo de sua cadeia. Esta

classe de materiais apresenta estrutura cristalina completamente

desorganizada e sua forma molecular consiste em espirais, torções e dobras

aleatórias produzidas pelas rotações de suas ligações.1,2

Segundo o conselho americano de química (ACC), os polímeros são

macromoléculas de origem natural ou sintética com elevada massa molecular

devido à repetição de unidades químicas (meros), que confere a estes

materiais alta complexidade molecular. resultante de sua propriedade básica

de. Polímeros são originados de uma estrutura primária, o monômero, que

carrega a conformação estrutural básica, que irá se repetir ao longo de toda a

cadeia do composto. O tamanho desta cadeia é determinado durante a síntese

do polímero pelo o grau de polimerização, informação de quantos meros

existem na estrutura do polímero,6 conforme apresentado esquematicamente

na Figura 1.1.

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Figura 1.1: (a) Representação esquemática de um monômero e (b) representa um polímero de grau de polimerização igual a oito.

As cadeias principais dos polímeros podem assumir quatro

configurações específicas: linear, ramificada, ligações cruzadas e em rede,

apresentada na Figura 1.1.

Figura 1.2: Configuração espacial presentes nas estruturas moleculares dos polímeros: a) linear, b) ramificada, c) cruzadas e d) em rede.

(a)

(b)

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As propriedades mecânicas e eletrônicas dos materiais poliméricos são

definidas pelos seguintes fatores: massa molar, configuração eletrônica,

conformação e isomeria. Desta forma, a análise da estrutura molecular destes

materiais é fundamental para se compreender o comportamento mecânico e

eletrônico dos mesmos. Os polímeros são conhecidos como uma classe que

apresenta variabilidade de resistência em suas propriedades mecânicas, a

partir de seu peso molecular e sua rede cristalina, este material pode assumir a

forma de elastômeros, fibras, plásticos rígidos ou flexíveis.3,4 As propriedades

mecânicas dos polímeros e suas particularidades são altamente difundidas, e

sua boa resistência aliada uma taxa de flexibilidade fez com que este material

ganhasse importância em todos os setores produtivos, devido a sua

versatilidade.

A crescente demanda por novas tecnologias faz com que as pesquisas

desenvolvendo novos materiais sejam importantes e necessárias. Os polímeros

se viablilizam como classe de materiais potencial a aplicações inovadoras nos

mais variados segmentos industriais, Figura 1.2. Esta Figura mostra a relação

entre o volume de uso das classes de materiais em função do período de

tempo, nesta relação podemos observar que materiais poliméricos, cerâmicos

e compósitos apresentam crescimento na sua participação a partir da década

de 1950, tornando-se importantes opções ao uso de metais.

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Figura 1.3: Estimativa sobre o volume do uso das classes de materiais em função do período de tempo. Adaptado de ASHBY.5

Os polímeros e suas propriedades mecânicas sempre mostraram grande

versatilidade de aplicações, entretanto, nas últimas décadas os materiais

poliméricos vêm ganhando espaço no setor eletroeletrônico, Figura 1.4, devido

a descoberta de novas propriedades.

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Figura 1.4: Distribuição dos setores da indústria onde são aplicados materiais poliméricos. Fonte Abiplast.

1.2-Polímeros Semicondutores

As propriedades eletrônicas dos polímeros conjugados vem sendo

investigadas há várias décadas. Os estudos iniciais destas propriedades

ocorreram a partir do ano de 1976, através de Shirakawa et al durante o

desenvolvimento de filmes poliméricos.4

Geralmente, os polímeros são conhecidos por se tratarem de materiais

isolantes, devido sua alta resistividade elétrica. Entretanto, uma classe

polimérica específica despertou o interesse da ciência desde a metade do

século XX: os polímeros conjugados (semicondutores). O pesquisador Hideki

Shirakawa, na tentativa de sintetizar um poliacetileno, descobriu a

condutividade elétrica neste material, produzindo uma folha flexível e prateada

com propriedades eletrônicas sensivelmente aumentadas através de dopagem.

A dopagem consiste em um tratamento químico que altera as propriedades

físicas do material e pode aumentar a capacidade de transferência de elétrons,

passando o material do estado isolante para o estado condutor.6 Esse

processo pode ocorrer por oxidação, redução eletroquímica ou exposição

direta dos agentes que transferem carga (dopantes) aos polímeros, em fase

gasosa ou líquida. Defeitos localizados como os pólarons e bipolarons que

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alteram a condutividade do material, são gerados durante o processo de

dopagem devido a interação impureza-cadeia.7

Em 1990, começaram as descobertas das propriedades optoeletrônicas

do poli(p-fenilenovinileno) – PPV, a partir deste momento diversos grupos de

pesquisa iniciaram os estudos sobre esse material vislumbrando a

possibilidade de fabricação de displays luminosos orgânicos, os PLEDs. Assim,

o estudo dos mecanismos de condução eletrônica destes materiais e a

compreensão sobre a influência destes mecanismos em suas propriedades é

fundamental para o desenvolvimento de matérias derivados dos polímeros

π-conjugados.8

Dessa forma, os polímeros semicondutores foram definidos como

materiais que apresentam uma condutividade elétrica intermediária e que em

alguns casos está condicionada a fatores externos como a temperatura ou até

mesmo impurezas em sua composição química original, logo, os materiais

semicondutores apresentam um vasto campo de aplicação por essa

variabilidade nas propriedades eletrônicas.9

a) Propriedades Eletrônicas dos Polímeros Semicondutores

Os polímeros π-conjugados apresentam características de materiais

semicondutores, como eletroluminescência, fotoluminescência, transferência

de elétrons, entre outras propriedades satisfatórias para aplicação e

desenvolvimento de dispositivos optoeletrônicos.10,11 Estas propriedades se

devem as alternâncias de ligações simples (σ) e duplas (π) ao longo da cadeia

polimérica, como demonstrado na Figura 1.5.2

Figura 1.5: Representação estrutural do poliacetileno, um exemplo de polímero π-conjugado.

Page 25: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

25

O carbono em sistemas π-conjugados apresenta hibridização sp2,

formando uma ligação do tipo σ e outra do tipo π, como apresentado na

Figura 1.6. As propriedades ópticas e elétricas são altamente dependentes dos

elétrons presentes nas ligações do tipo π, pois, como estas ligações

são energeticamente mais fracas, os elétrons têm maior facilidade de

deslocalização, promovendo a transferência eletrônica em virtude da

alternância entre as ligações.12

Figura 1.6: Representação dos orbitais híbridos do carbono que formam as ligações (π e σ).

Para representar a distribuição eletrônica em moléculas, a combinação

linear dos orbitais atômicos gera os orbitais moleculares. O último orbital

molecular ocupado é definido como HOMO (Highest Occupied Molecular

Orbital) e o primeiro orbital molecular desocupado é chamado de LUMO

(Lowest Unoccupied Molecular Orbital), conforme apresentado na Figura 1.7.13

A absorção de energia por moléculas ocorre quando se incide

determinada radiação sobre a amostra. Quando uma energia é superior à

diferença de energia entre os orbitais de fronteira (HOMO e LUMO), conhecida

como Eg, ou gap de energia, poderá ocorrer transição eletrônica.14

Outro fenômeno importante que ocorre em sistemas insaturados é a

emissão eletrônica, a qual se deve à transição do orbital semipreenchido de

maior energia SOMO (single occupied molecular orbital) para o orbital

Page 26: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

26

semipreenchido de menor energia SOMO -1. Além disso, esses compostos

podem apresentar fosforescência, que envolve a emissão entre estados com

diferentes multiplicidades eletrônicas.

Figura 1.7: Modelo esquemático dos orbitais moleculares de fronteira de um sistema nos estados fundamental e excitado.

A Figura 1.8 apresenta a evolução dos níveis de energia em relação ao

aumento do número de orbitais como, por exemplo, em um sistema oligomérico

π-conjugado em função do aumento gradual de unidades de repetição (meros).

Nesses sistemas, o crescimento da cadeia implica no aumento gradativo do

número de orbitais, que culmina na sobreposição dos níveis energéticos,

formando as bandas de valência e condução.15 Quanto menor a diferença de

energia entre as bandas de valência e condução menor será a resistividade

elétrica e/ou eletrônica do material. Essa é a característica essencial de um

semicondutor.4

-1

Page 27: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

27

Figura 1.8: Representação esquemática dos níveis de energia comparando a sua evolução com o aumento das cadeias (maior número de orbitais). Nesta Figura Eg significa gap de energia entre os orbitais de fronteira. Extraído de SAVEDRA.16

Para representar as transições eletrônicas envolvidas em polímeros

semicondutores, é necessário interpretar o diagrama de Jablonski, Figura 1.9,

que esquematiza como ocorrem os fenômenos decorrentes da absorção

eletrônica, fluorescência e fosforescência. A molécula em estado excitado

tende a perder energia pela emissão eletrônica e por transição vibracional.

Como mostrado nessa figura, a transição vibracional, que ocorre de um estado

singleto para outro estado singleto, referente à conversão interna ou

cruzamento entre sistemas é identificada como fluorescência e ocorre em um

intervalo de tempo da ordem de 10-12 a 10-8s. O fenômeno de emissão mais

longo (tempo do fenômeno superior a 10-8s) é nomeado de fosforescência e

acontece devido a uma transição tripleto para singleto, ou por conversão inter

sistema.

Page 28: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

28

Figura 1.9: Diagrama de Jablonski representando os processos de absorção, emissão fluorescente e fosforescente. Extraído de Sotomayor et al.17

b) Aplicações

Os polímeros semicondutores são utilizados como camada ativa de

dispositivos devido suas características fotoeletrônicas. Os fenômenos

relacionados à emissão de luz em polímeros π-conjugados são conhecidos

como luminescência. Segundo Parker et al quando o material semicondutor é

submetido a um campo elétrico ocorre a eletroluminescência (EL) e quando

absorve luz visível ocorre a fotoluminescência (PL).18

Estas propriedades tornaram os polímeros semicondutores grandes

propulsores da área de pesquisa da Eletrônica Orgânica (EO). Nessa área são

estudados os materiais orgânicos usados como camadas ativas em displays

luminosos orgânicos, como os OLEDs, que apresentam baixo consumo de

energia, são flexíveis, ambientalmente sustentáveis e relativamente de fácil

fabricação, quando comparados aos materiais inorgânicos.19,20

Page 29: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

29

A arquitetura básica de um OLED é mostrada na Figura 1.10. A base da

estrutura desse dispositivo consiste em um substrato que pode ser de material

plástico, translúcido e flexível.21 A arquitetura eletrônica consiste em uma

camada referente ao ânodo, responsável por ceder elétrons ao sistema,

camadas ativas que podem ser polímeros ou moléculas orgânicas,

responsáveis pela condução de elétrons e/ou buracos e emissão de luz, e para

fechar o sistema é incluído o eletrodo cátodo, aceitador de elétrons.22,23

Os OLED,s podem ser usados como fonte de emissão de luz em

variadas aplicações como telas de celulares, computadores convencionais ou

flexíveis, além de apresentarem o menor consumo de energia e o menor custo

de fabricação.23 Os displays OLEDs podem ser usados como matriz passiva

(PMOLED) ou ativa (AMOLED). Sendo os polímeros orgânicos responsáveis

pela emissão de luz e/ou pela condução de elétrons.

Figura 1.10: Esquema dos componentes que constituem um OLED.

A Figura 1.11 mostra que nos últimos anos os materiais semicondutores

orgânicos ganharam destaque devido a presença de materiais poliméricos na

sua matriz ativa e a fácil funcionalização, modificações estruturais, nestes

compostos e possibilidade de aplicações em dispositivos de alta tecnologia. O

interesse de se utilizar compostos poliméricos na fabricação deste dispositivos

se deve a relativa facilidade de síntese de novos materiais diferentes,

Page 30: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

30

copolimerização e blendagem de materiais que resultarão em propriedades

específicas para diferentes aplicações.24

Figura 1.11: Evolução das receitas geradas pelo uso de semicondutores utilizados como matriz ativa e camadas de materiais orgânicos – Extraído de Harrop e Das.24

A área da ciência que estuda os semicondutores orgânicos insaturados

(π-conjugados) aplicados a materiais de alta tecnologia é a eletrônica orgânica

(EO), campo que faz parte da nanociência ou nanotecnologia e é responsável

por pesquisas e desenvolvimento de dispositivos a partir de moléculas e

compostos orgânicos.25 Entre as possibilidades de utilização destes

semicondutores estão a capacidade de utilização como matriz ativa em

dispositivos eletrônicos e optoeletrônicos, como os emissores de luz,

transistores, células fotovoltaicas e outros.26 Semicondutores baseados em

materiais orgânicos apresentam como vantagem a possibilidade de

desenvolver dispositivos optoeletrônicos ultrafinos, flexíveis, biocompátiveis e

ambientalmente sustentáveis.

Page 31: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

31

Além dos OLEDs, outros dispositivos também são estudados sob a

perspectiva da EO e possibilitam a aplicação de materiais poliméricos em

diversas áreas, Figura 1.12.

Figura 1.12: Exemplos de ramos da indústria onde se aplicam polímeros semicondutores.

As células orgânicas fotovoltaicas, também chamadas de OPVs, são

dispositivos construídos a partir de compostos capazes de converter energia

solar em energia elétrica.27 A grande diferença relatada na literatura entre as

células fotovoltaicas e as convencionais, produzidas a partir de um cristal de

silício altamente puro, é o fato das células OPVs serem flexíveis e permitirem a

produção de células que ocupem grandes áreas superficiais.28

O estudo de Schwartz confirma que tanto a conformação estrutural dos

polímeros conjugados quanto morfologia dos filmes produzidos interferem na

transferência de energia e interações entre cadeias destes compostos. Em seu

trabalho o autor relata que a forma de preparação dos filmes de polímeros

semicondutores deve ser muito bem controlada, a escolha do solvente é

fundamental, pois cada substância induz uma agregação e uma memória de

forma diferente nos polímeros modificando suas características optoeletrônicas.

1.3 Materiais

Dentre os polímeros eletroluminescentes, o poli (p-fenileno vinileno), ou

PPV, destaca-se pela emissão de radiação na região de emissão vermelha e

os seus derivados têm atraído o interesse de diversos pesquisadores devido à

sua facilidade de funcionalização e pela possibilidade de emissão em todo

espectro do visível.13 O derivado do PPV mais estudado é o MEH-PPV (poli[2-

metóxi,5-(2-etil-hexiloxi)-p-fenileno vinileno]), Figura 1.13, é interessante por

Page 32: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

32

apresentar facilidade de solubilização em solventes orgânicos.29 Essa

característica aliada às suas propriedades optoeletrônicas motivaram sua

utilização em dispositivos eletrônicos.30,31

Figura 1.13: Representação estrutural de um monômero do MEH-PPV.

Diferentemente do PPV, que emite luz na região do verde,32 a introdução

de cadeias laterais e a conseqüente mudança na densidade eletrônica faz com

que o MEH-PPV tenha emissão na região do vermelho, como observado na

Figura 1.14.33

Figura 1.14: Espectro de absorção UV-VIS e fotoluminescência medidos para

o polímero de MEH-PPV. Adaptado da referência [31].

Page 33: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

33

A solubilidade do MEH-PPV em solventes orgânicos, aliado a sua

intensa emissão e possibilidade de aplicar o MEH-PPV em blendas ou

copolímeros faz deste material um dos principais alvos de estudo na área de

polímeros semicondutores.

1.4 Fenômenos optoeletrônicos

Apesar de serem materiais com fascinantes e diversificadas

possibilidades de aplicação, os polímeros conjugados, como o MEH-PPV,

ainda sofrem com determinada falta de estabilidade em suas propriedades

eletrônicas.34,35 Essa instabilidade tem motivado muitos estudos que visam

explicar a causa da perda da intensidade de emissão ou o desvio do

comprimento de onda da banda principal no espectro eletrônico. Isso pode

ocasionar alterações na coloração do material, processo conhecido como

cromismo,36 e afeta o funcionamento dos dispositivos que os contém. Nesta

seção, são apresentadas algumas causas e efeitos deste fenômeno

investigados no MEH-PPV e em outros polímeros condutores.

A primeira pesquisa sobre a estabilidade optoeletrônica do MEH-PPV foi

efetuada por Atreya et al, na qual se discute as propriedades espectroscópicas

de UV-VIS em filmes e soluções de MEH-PPV com xileno sob fotólise e

tratamento térmico.37 Segundo este trabalho, quando as amostras são

irradiadas com luz visível e também com radiação na faixa de 500 nm, o

espectro de absorção UV-VIS apresenta alargamento de banda, perda da

intensidade e desvio para a região do azul. É relatado ainda que durante o

tratamento térmico, quando as amostras foram expostas a 160oC ocorreu a

perda considerável na conjugação efetiva dos polímeros. Dois fenômenos

optoeletrônicos presentes em sistemas conjugados eletroluminescentes foram

observados neste estudo: o fotocromismo, onde a molécula apresenta variação

na faixa de emissão de luz, decorrente da exposição a determinada

radiação;38,39 e o termocromismo, onde esta alteração se deve a exposição de

moléculas a altas temperaturas por um longo período.40,41

As mudanças na transição eletrônica do composto podem ter causas

diversas, na literatura é sugerido que depois de irradiado com luz visível ou

exposto a determinada temperatura, o polímero sofre degradação por oxidação

Page 34: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

34

ocasionando a diminuição da conjugação efetiva.37,42,43 Outra possibilidade

seria a fragmentação ou cisão da cadeia do polímero, provocando redução na

intensidade de emissão do mesmo.44

Outro ponto a se considerar sobre estes fenômenos é descrito por

Schwartz, que trata da influência da conformação estrutural e da morfologia

dos filmes para a transferência de energia e interações intercadeias em

polímeros conjugados.45 Em seu estudo o autor aponta a dependência das

propriedades eletrônicas dos polímeros conjugados com a conformação

estrutural das cadeias e com o processo de fabricação dos filmes poliméricos.

Em suma, mostra que a transferência de energia é dependente do método de

processamento, grau de contato entre cadeias, concentração, escolha do

solvente, tratamento térmico, entre outros.

Segundo Kohler et al, o MEH-PPV apresenta duas fases morfológicas

distintas: a fase vermelha e a fase azul, referentes às regiões de absorção no

espectro UV-VIS das duas fases. Este polímero em solução com o metil-

tetraidrofurano (Me-THF) apresenta mudança de uma fase para outra, que

varia com a concentração do sistema e com a temperatura.46

O debate na literatura sobre as propriedades optoeletrônicas do MEH-

PPV se concentra, em sua grande parte, em estudos experimentais do

polímero. Porém, algumas questões necessitam de investigações teóricas para

a melhor compreensão e caracterização de suas propriedades estruturais e

eletrônicas.

Na literatura as informações teóricas são escassas, porém há trabalhos

que fornecem contribuições importantes sobre as propriedades estruturais e

eletrônicas.47,8 Dentre elas, o estudo de Bagchi, utilizando cálculos de

Mecânica Quântica, observou que a influência das interações ocasionadas

pelas cadeias laterais do MEH-PPV provoca determinada desordem na sua

formação estrutural, acarretando defeitos em suas características

optoeletrônicas.48 Dykstra et al apontam a relação entre a conformação e o

comprimento efetivo de conjugação, onde as torções na cadeia principal

possibilitam o aparecimento de éxcitons, responsáveis por alterações na

conjugação.49 O estudo de Zheng et al aborda a funcionalidade dos compostos

derivados do PPV e mostra que a alteração dos grupos substituintes influencia

nas propriedades fotofísicas e espectroscópicas dos mesmos. 50

Page 35: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

35

Qin e Troisi estudaram as relações entre arranjos estruturais e

propriedades eletrônicas de modelos de filmes de oligômeros de MEH-PPV

utilizando Dinâmica Molecular e Mecânica Quântica respectivamente. Neste

estudo, foi observado que as conformações do MEH-PPV assumem

características amorfas. Notaram ainda que a estrutura eletrônica se deve à

desordem da conformação estrutural das cadeias principais do polímero. Além

disso, constataram que a morfologia do polímero interfere na localização dos

orbitais moleculares.51,52

A proposta deste trabalho consiste em aprofundar as discussões sobre

as propriedades eletrônicas e estruturais do MEH-PPV. Para esta finalidade,

são estudadas soluções e filmes de oligômeros de MEH-PPV utilizando

simulações computacionais baseadas nas Mecânicas Quântica e Clássica.

Desta forma, visa-se compreender a relação entre morfologia e propriedades

optoeletrônicas destes sistemas e associá-los com os fenômenos previamente

abordados, como o fotocromismo, morfocromismo e o efeito da solvatação.

Page 36: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

36

2 Objetivos

Compreender o comportamento espectroscópico bimodal, fase vermelha

e azul, em soluções de MEH-PPV em THF e em filmes de oligômeros de MEH-

PPV. Com este propósito, serão estudadas as propriedades estruturais,

termodinâmicas e optoeletrônicas dos oligômeros destes sistemas. Para isso,

foram elaborados modelos que serão investigados com metodologias baseadas

nas Mecânicas Clássica e Quântica.

Page 37: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

37

3 Métodos

3.1 Métodos Computacionais de Mecânica Quântica

Os métodos teóricos baseados no formalismo da Mecânica Quântica

são utilizados para cálculo das propriedades optoeletrônicas e estrutura

conformacional de macromoléculas, como os polímeros π-conjugados. O

avanço tecnológico dos sistemas computacionais que empregam estes

métodos teóricos permite o tratamento de moléculas cada vez mais complexas.

Desta forma, a simulação computacional aplicada na ciência de materiais se

torna uma ferramenta capaz de complementar as caracterizações

experimentais e realizar interpretações mais abrangentes a cerca dos

fenômenos físico-químicos relacionado à diferentes compostos.53

A Mecânica Quântica se baseia na resolução da Equação de

Schrödinger independente do tempo, equação 1:54,55

na qual r e R são as coordenadas espaciais dos elétrons e núcleos do sistema,

respectivamente. H representa o operador Hamiltoniano e Φ a função de onda

do sistema. Para estimar as propriedades eletrônicas e estruturais de

moléculas e sólidos é necessário conhecer a função de onda do sistema. Em

sistemas moleculares é comum que sejam feitas aproximações para que o

cálculo de energia do sistema seja viável.56 Um exemplo é a aproximação de

Born-Oppenheimer, que desconsidera a influência do movimento dos elétrons

no cálculo da Equação 1 devido a massa consideravelmente baixa quando

comparada a massa dos núcleos. Esta aproximação considera o núcleo fixo

para resolver a equação para o movimento eletrônico e, desta forma, não é

necessário calcular a Equação de Schrodinger para todas as partículas do

sistema simultaneamente, facilitando os cálculos computacionais.56

Quanto maior a complexidade e o número de átomos envolvidos no

sistema de interesse, maior o custo computacional empregado nas simulações.

Para resolver o problema de moléculas complexas, como as proteínas, foram

(3.1)

Page 38: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

38

desenvolvidos os métodos semiempíricos, que utilizam no seu formalismo

aproximações da solução de Hartree-Fock-Roothaan aliadas a parâmetros

experimentais e teóricos (calculados com métodos ab initio). Logo, os cálculos

semiempíricos apresentam um tempo de resposta significativamente menor

quando comparado aos métodos ab initio e aproximações da DFT.57

a) Métodos semiempíricos

Em 1930, Erick Huckel propôs o método que consiste numa simplificação

da combinação linear dos orbitais atômicos para determinar a energia dos

orbitais moleculares do sistema. A intenção de Huckel era investigar

hidrocarbonetos que apresentavam ligações conjugadas, como o etileno,

benzeno e butadieno.58

O próximo método semiempirico desenvolvido foi em 1953, o método de

Pariser-Parr-Pople (PPP) buscou complementar o método de Huckel afim de

diminuir o número de integrais de repulsão eletrônica, aproximação conhecida

como ZDO (Zero-Differential Overlap), que possibilitou o cálculo de novos

sistemas moleculares.13

Pople et al desenvolveram um método complementar a aproximação

PPP, o método CNDO (Complete Neglect of Differential Overlap). Este método

procura resultados mais consistentes para as energias dos níveis eletrônicos

através da resolução interativa das equações de Roothan. A partir do método

CNDO, foram desenvolvidos métodos que apresentaram melhorias no cálculo

quântico como INDO, NDDO e MNDO. Essas melhorias se referem a

aproximações que reduzem o tempo dos cálculos, parametrizações para o

cálculos de espectros eletrônicos e aperfeiçoamentos que omitem integrais de

sobreposição dos sistemas.59

O método NDDO (Modifield Neglect of Diatomic Overlap) é base para

vários métodos semiempiricos utilizados atualmente como o AM1 e o PM3. O

método Austin Model 1 (AM1) foi desenvolvido por Dewar et al em 1985 e tem

como objetivo superestimar a repulsão eletrônica nuclear (núcleo-núcleo), para

isso foram incluídas funções gaussianas na metodologia do método. O método

de J. P Stewart, o PM3 (Parametrized Method 3), foi criado em 1989 baseado

no AM1. Este método diminui o número de funções gaussianas incluídas por

Page 39: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

39

átomo, este método é uma versão reparametrizada que abrange o cálculo a um

número maior de elementos químicos quando comparado ao método de

origem.

A investigação das propriedades estruturais e eletrônicas de polímeros

semicondutores tem se mostrado resultados satisfatórios quanto ao emprego

de um método semiempirico derivado do PM3, o PM6-DH+. Para o cálculo de

espectros eletrônicos, o método que garante um resultado consistente em um

tempo computacional curto é o método derivado do INDO, o ZINDO/S-CIS.

b)PM6-DH+

O PM6-DH+ é um método semiempírico que foi desenvolvido por Korth e

é derivado de um método amplamente utilizado nos estudos de ciências dos

materiais, o PM6 (Método de Parametrização 6). O PM6 foi desenvolvido por

Stewart, gerado a partir do método NDDO (Neglect of Diatomic Diffrential

Overlap) e reconhecido pelos satisfatórios resultados para as otimizações de

estruturas.60 Comparado a seu antecessor, o método PM6-DH+ apresenta

correções para as interações provocadas pelas ligações de hidrogênio, que são

tratadas por novas funções de posição e amortecimento e assumem o melhor

comportamento quando avaliadas em curto e longo alcance.61

c)Teoria do Funcional da Densidade (DFT)

A Teoria do Funcional da Densidade ou DFT é mais uma alternativa ao

problema de se calcular quanticamente moléculas com uma grande quantidade

de átomos, que demandaria vasto tempo computacional.

Em 1927, Thomas e Fermi criaram um modelo no ano de 1927 como

solução que trata os átomos e moléculas baseada em suas densidades

eletrônicas. O modelo estatístico de Thomas-Fermi aproximava a distribuição

dos elétrons nos átomos, este modelo se tornou o modelo precursor da DFT.

A Teoria do Funcional da Densidade foi efetivamente proposta após

1964, a partir de teorias de Hohemberg e Kohn. Suas teorias se baseavam em

demonstrar que a densidade eletrônica das moléculas continha toda a

informação que podia ser obtida uma função de onda de muitos elétrons. A

densidade eletrônica de um sistema consiste em medir a probabilidade de

Page 40: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

40

encontrar um elétron em determinada coordenada espacial. O teorema de

Hohemberg e Konh mostra que a densidade eletrônica de um sistema de

muitos elétrons possibilita deduzir o potencial externo onde os elétrons

residem. Como os outros termos do hamiltoniano de um sistema podem ser

escritos um funcional único da densidade eletrônica, Hohemberg e Kohn

comprovaram que o conhecimento da densidade eletrônica resolve o problema

de um sistema de muitos corpos. Posteriormente, Kohn e Sham apresentaram

uma teoria para determinar a densidade eletrônica dos sistemas através das

equações de Kohn-Sham.

Desta forma, a DFT se apresenta como uma teoria ideal para calcular a

estrutura eletrônica de átomos, moléculas e sólidos.

d) ZINDO/S-CIS

O ZINDO/S-CIS (Zerner´s Intermediate Neglect of Differencial Overlap/

Spectroscopic – Single Configuration Initeraction) é um método semiempírico

amplamente utilizado para o cálculo de espectroscopia de absorção do UV-VIS

desenvolvido por Zerner et al.62 Este método é derivado do INDO/S e envolve o

cálculo de estados provenientes de uma mesma configuração eletrônica

proveniente de aproximações que desconsideram todas as integrais de

repulsão eletrônica.63 A teoria envolvida no ZINDO/S também conta com uma

paramerização capaz descrever estados excitados dos compostos aromáticos,

estrutura presente em muitos polímeros semicondutores.53,64–66

A simulação computacional empregada neste estudo baseou-se em

duas metodologias diferentes: Mecânica Quântica (MQ) e Dinâmica Molecular

(DM). Os métodos teóricos baseados no formalismo da MQ foram utilizados

para gerar a configuração espacial inicial e análise das propriedades

optoeletrônicas dos sistemas. A metodologia de DM foi empregada com a

finalidade de descrever a morfologia final dos compostos e investigar as

propriedades termodinâmicas dos mesmos.

3.2 Dinâmica Molecular

A simulação computacional empregando Dinâmica Moleular (DM) é uma

importante técnica para análise das propriedades intermoleculares. Baseada no

Page 41: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

41

formalismo da Mecânica Clássica, a DM utiliza as equações de Newton, 3.2 e

3.3, que descrevem macroscopicamente o comportamento microscópico,

dependente do tempo, a partir de uma da trajetória calculada para todos os

átomos das moléculas.

onde Fi é a força que atua sobre cada partícula do sistema no tempo t, ai

representa as aceleração do átomo i de massa mi. o termo v se refere a energia

potencial e r a posição dos átomos. Estas equações são fundamentais para se

calcular o campo de força do sistema, equação 3.2, e as forças que atuam

sobre cada átomo, 3.3.

A DM trata os sistemas moleculares como um conjunto de partículas

unidas através de forças harmônicas e/ou elásticas para determinar

propriedades importantes como pressão, energia interna, entropia, volume e

temperatura.

A dinâmica molecular permite a inclusão de efeitos do solvente nas

propriedades dos sistemas investigados. Para que a solvatação da molécula

seja calculada de forma eficiente é necessário utilizar condições periódicas de

contorno. Essas condições determinam que as moléculas da dinâmica

molecular estejam em uma caixa de simulação infinita e que não haja prejuízo

das propriedades do sistema caso as partículas extrapolem as arestas desta

caixa.

Fisicamente, em cálculos de Dinâmica Molecular é preciso levar em

consideração as forças envolvidas nas interações de curto e longo alcance

presentes entre as moléculas. Dentre as interações de curto alcance, a DM

considera a energia de ligação (Elig), Figura 3.1, e do ângulo de ligação, de

átomos vizinhos (Eang), Figura 3.2, bem como a energia de interação referente

ao ângulo diedro de ligação (Ediedro), Figura 3.3:

Elig=Kb(r-r0)2 (3.4)

(3.2)

(3.3)

Page 42: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

42

Figura 3.1: Exemplo da ligação a qual a energia é calculada.

Eang=KΘ(Θ-Θ0)2 (3.5)

Figura 3.2: Modelo esquemático de ângulo entre dois átomos, o qual a energia é calculada.

Ediedro=kΦ[1+cos(nΦ-σ)] (3.6)

Figura 3.3: Modelo esquemático do ângulo diedro, o qual a energtia é calculada.

Na equação 3.4, o termo Kb é a constante de força para o estiramento

de ligação, enquanto r e r0 se referem à posição espacial relativa entre os

átomos. KΘ, na equação 3.5, é a constante de força para o estiramento angular,

enquanto Θ e Θ0 se referem às posições angulares das partículas. Na Equação

3.6, kΦ é a constante de força relativa ao ângulo diedro e envolvem as relações

trigonométricas que descrevem a energia de torção do ângulo diedro e

finalmente σ representa o ângulo de fase.

Page 43: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

43

As interações de longo alcance estão relacionadas com a força de Van

de Waals (Evdw) e interações eletrostáticas (Eelec):

= 4ԑ

-

= ԑ

-

(3.7)

Eelec =

(3.8)

Na equação 3.7, também conhecida como o potencial de

Lennard-Jones, o termo ԑ se refere à profundidade do poço de potencial e os

termos denotados por σ representam a distância na qual o potencial é nulo. Na

equação 3.8, o termo ԑ é a constante dielétrica, enquanto que ԑ0 é a constante

de permissividade no vácuo e q são as cargas assumidas por cada partícula.

Page 44: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

44

4 Metodologia

4.1 Seleção dos Modelos

Inicialmente foram geradas as matrizes de oligômeros de MEH-PPV

(poli[2-metóxi,5-(2-etil-hexiloxi)-p-fenileno vinileno]) com suas informações

estruturais a partir do pacote AVOGRADO, versão 2.7.0.2.67

As propriedades estruturais e eletrônicas em função do crescimento da

cadeia oligomérica foram estudadas em modelos com diferentes números de

meros (n= 1, 2, 3, 5, 7, 9, 11, 13), Figura 4.1. Paralelamente a estas análises,

foi investigado também torções nos grupos vinis da cadeia principal para

avaliar se o modelo que melhor representasse o MEH-PPV teria conformação

planar ou enovelada.

Figura 4.1: Exemplos de modelos dos oligômeros investigados, estruturas com n=1,5 e 9.

As otimizações conformacionais, visando à obtenção de conformações

mais estáveis energeticamente, das estruturas com cadeias principal com

tamanho menor, como o monômero, dímero, trímero e pentâmero (n=1, 2, 3 e

5) foram realizadas empregando o funcional híbrido PBE0,68 que se baseia na

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45

teoria do funcional da densidade (DFT). Este funcional foi utilizado associado

ao conjunto de função de base de Pople 6-31G(d,p). Além desta metodologia, o

método semiempírico PM6-DH+, implementado no pacote computacional

MOPAC,60 foi utilizado para calcular as geometrias dos oligômeros. Os

resultados das otimizações conformacionais obtidas através destas duas

metodologias foram avaliadas e devido ao tempo computacional requisitado, foi

selecionada uma única metodologia para estimar a conformação dos

oligômeros maiores, com mais unidades de repetição em sua estrutura (n=

7,9,11).

Posteriormente, foram estimadas as propriedades eletrônicas para estes

oligômeros, como os espectros de absorção eletrônica UV-VIS, gap de energia

e orbitais moleculares de fronteira HOMO e LUMO, a partir de suas estruturas

finais, utilizando o método ZINDO/S-CIS através do programa ORCA 2.7 Foram

avaiadas transições eletrônicas de vinte espaços ativos preenchidos e vinte

não preenchidos como espaço ativo.69

As análises dos resultados optoeletrônicos foram comparadas com os

dados experimentais da literatura. O oligômero que melhor representou o

polímero de MEH-PPV foi selecionado para ser a estrutura inicial da simulação

computação em Dinâmica Molecular.

4.2 Simulação de Dinâmica Molecular

A caixa de simulação inicial, representada na Figura 4.2, foi construída

com 20 oligômeros de MEH-PPV e 5200 de moléculas de tetraidrofurano

(THF). Neste estudo, utilizou-se uma caixa cúbica de 25 nm de aresta. Em

todos os cálculos de Dinâmica Molecular realizados foram aplicadas condições

periódicas de contorno.

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46

Figura 4.2: Caixa construída para simulação computacional de Dinâmica Molecular, com os oligômeros de MEH-PPV em solução de THF.

O modelo esquemático das condições periódicas de contorno proposto

está representado na Figura 4.3. Essas condições determinam que a caixa de

simulação se replique sistematicamente nas direções x, y e z da caixa, desta

forma, o sistema inicial adquire uma vizinhança homogênea e o efeito interface

é minimizado.

As condições de contorno utilizadas garantem ao sistema que o

movimento das moléculas no sistema inicial seja repetido de forma idêntica

pelas cópias periódicas, assim, se um átomo extrapola os limites da célula de

simulação, simultaneamente é compensado por um átomo da aresta oposta

que adentra à célula, garantindo que o número total de partículas no sistema

permaneça constante.

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47

Figura 4.3: Modelo esquemático das condições periódicas de contorno propostas para a simulção em DM.

O campo de força GROMOS 53a6 foi utilizado para descrever a geometria e

os parâmetros de interações presentes no sistema. Este campo de força foi

parametrizado para ser utilizado em sistemas moleculares em cálculos que

demandam vasto tempo computacional.70

4.2.2 Minimização de Energia

A estrutura inicial do modelo foi submetida a uma etapa de minimização de

energia, empregando o algoritmo steepest descent minimization, sem aplicar

restrições ao movimento das moléculas.

4.2.3 Equilibração do Sistema

O processo de equilibração foi realizado em duas etapas. Na primeira o

sistema foi submetido a um processo NVT (ensemble com número de

partículas, volume e temperatura constantes). A temperatura do sistema foi

fixada em 300 K e o termostato de berendsen foi utilizado para equilibrar as

forças intermoleculares na caixa. Na etapa seguinte, ensemble obtido na

equilibração NVT foi submetido à etapa NPT (ensemble com número de

partículas, pressão e temperatura constantes). Para manter a pressão e

temperatura fixadas foi empregado o barostato e termostato de berendsen.

Page 48: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

48

Para cada etapa da equilibração foram utilizados 2,0 ns de simulação com

passo de interação de 0,1 ps.71

4.2.4 Produção de Dinâmica Molecular

A fase de produção da Dinâmica molecular foi realizada por 10ns e foi

utilizada para obtenção das propriedades termodinâmicas do sistema, a partir

da metodologia de acoplamento NPT. Todos os procedimentos referentes aos

cálculos de simulação em Dinâmica Molecular foram realizados empregando o

pacote GROMACS 5.0.1.72

4.3 Ajuste da Densidade

A análise da primeira simulação de Dinâmica Molecular realizada na caixa

de MEH-PPV e THF mostrou que a célula apresentava alguns espaços não

preenchidos em seu interior, pois o solvente se localizavam na superfície das

moléculas de polímeros que estavam concentrados em uma determinada

região da caixa. Esta configuração não representava uma fase condensada

com dois componentes. Para solucionar este problema se fez necessário

ajustar a densidade da caixa, aplicando uma pressão elevada no sistema,

1x106 atm, ajuste que provocou uma redução no volume da caixa e eliminou os

espaços vagos presentes no interior da célula de simulação.

4.4 Formação do Filme de MEH-PPV

A formação de filme de MEH-PPV foi realizada através da retirada gradual

do solvente da caixa de DM. Esta etapa visa simular a evaporação do solvente

de uma solução durante processo de fabricação de filmes finos de compostos

poliméricos.

Desta forma, a remoção do solvente do sistema consistiu em cinco etapas

onde foram retirados 20% da quantidade inicial solvente em cada etapa,

conforme mostra o modelo esquemático seguinte, Figura 4.4.

Page 49: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

49

Figura 4.4: Esquema representativo das etapas do processo de remoção do solvente.

Após cada processo de remoção de THF, efetuou-se equilibrações NVT e

NPT, em decorrência da remoção do solvente os volumes finais das caixas que

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50

diminuíram gradualmente a cada nova etapa. As propriedades termodinâmicas

do sistema também foram avaliadas nas novas caixas geradas a fim de

certificar que o sistema permanecia em equilíbrio. Uma etapa de produção de

DM de 10ns foi realizada ao final do processo de remoção do solvente para

obtenção das propriedades do MEH-PPV após retirada do THF.

4.5 Investigações propostas

4.5.1 Propriedades Estruturais

A análise da morfologia dos polímeros foi realizada para compreender as

propriedades mecânicas, eletrônicas e termodinâmicas do material. Nos

materiais eletrônicos, como nos polímeros semicondutores, a conformação da

cadeia principal do composto é fundamental no desempenho do material.

Inicialmente, realizou-se a análise qualitativa sobre a planaridade dos

oligômeros de MEH-PPV. Verificar a planaridade conformacional dos

oligômeros estudados auxilia na compreensão do comportamento eletrônico da

estrutura, pois uma molécula plana permite tanto o empilhamento dos

orbitais π, como também facilita a deslocalização eletrônica ao longo da

cadeia, melhorando o transporte de carga e condução de elétrons dos

polímeros semicondutores.

a) Ângulos Diedros

As alterações nos arranjos estruturais dos oligômeros de MEH-PPV

podem ser identificadas analisando os ângulos diedros dos grupos vinis

presentes na cadeia principal do MEH-PPV. A IUPAC define como ângulo

diedro como o ângulo entre dois planos definido por quatro ligações.73 No caso

estudado, configura-se ângulos diedros, o ângulo formado entre dois planos

dos grupos fenis e composto por quatro átomos de carbono ligados, Figura 4.5.

Calculou-se os ângulos diedros para todas as moléculas durante a trajetória de

produção de Dinâmica molecular. Nas análises destes ângulos, foram

identificadas torções que variam entre -180 e 180°, assim tanto a torção,

quanto o sentido dela é levado em consideração.

Page 51: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

51

Figura 4.5: Representação do ângulo diedro formado na cadeia principal do MEH-PPV entre dois grupos fenis.

b) Formação da configuração cis nos ângulos diedros

Os ângulos diedros da última caixa da trajetória de produção de Dinâmica

Molecular também foram medidos, a fim de avaliar a formação de ângulos

diedros que apresentem configuração cis. A configuração cis é favorecida

quando se tem uma torção abrupta que pode indicar interrupção na conjugação

do MEH-PPV. Nesta etapa foram avaliados somente a torção entre 0° e 180°

de todos os diedros das vinte moléculas de MEH-PPV ao final da simulação de

DM, com o objetivo de constatar a ocorrência de ângulos diedros dos entre dois

grupos aromáticos com torções entre 0° e 180°. Esta análise é importante pois

é este valor que informa sobre a existência da configuração cis ou trans.

Ângulos diedros com valores próximos a 0° ou 180° apresentam configuração

trans, enquanto que ângulos próximos a 90° tendem a apresentar configuração

cis. O modelo esquemático que representa esta configuração, motivada por

uma torção elevada, está apresentado na Figura 4.6.

Figura 4.6: Modelo esquemático do ângulo diedro indicando a formação da configuração cis entre os planos dos grupos fenis.

Page 52: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

52

c) Raio de Giro

Outra análise estrutural realizada neste trabalho é sobre o raio de giro das

moléculas. O raio de giro fornece informação sobre a probabilidade de

compacidade da cadeia. O raio de giro é calculado também em função dos

eixos x, y e z ao longo do tempo. Neste sistema, o raio de giro é calculado

através da equação abaixo, equação 4.1, para o cálculo desta grandeza, os

átomos do sistema são explícitos através da sua massa ponderada.

O termo m se refere a massa dos átomos presentes no material e os termos

i e r indicam a posição do átomo i em relação ao centro de massa da molécula.

4.5.2 Propriedades Eletrônicas

a) Espectroscopia de absorção UV-VIS

A análise dos espectros de absorção de UV-VIS é uma importante fonte

para estimar os efeitos sofridos nas propriedades eletrônicas decorrentes das

modificações estruturais. Além de UV-VIS que já tinha sido realizada na busca

conformacional, seção 4.1, também foi utilizada para avaliar o comportamento

espectroscópico dos oligômeros de MEH-PPV durante a simulação de

Dinâmica Molecular. Para a análise de UV-VIS durante a DM, foram obtidas as

transições eletrônicas das vinte moléculas presentes na caixa e realizado um

ajuste Lorentziano, equação 4.2, para obtenção de um espectro representativo

do sistema. Foram tomadas as transições eletrônicas referentes a vinte

espaços ativos preenchidos e vinte não preenchidos.

(4.1)

Page 53: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

53

Na equação 4.2, os termos x e xc se referem as coordenadas do centro da

curva e w é o parâmetro que especifica a largura da curva.

b)Orbitais Moleculares de Fronteira

A Teoria do Orbital Molecular visa explicar e quantificar aspectos

derivados das ligações moleculares baseado em modelos de Mecânica

Quântica através da descrição dos estados de energia quantizados utilizando

funções de onda conhecidas como orbitais moleculares. A estabilidade das

moléculas depende dos elétrons presentes na camada de valência, a Teoria

dos Orbitais Moleculares (TOM) considera que os orbitais atômicos da camada

de valência deixam de existir quando a molécula se forma, Figura 4.7,

formando o orbital molecular de fonteira, conjunto de níveis energéticos que

correspondem as novas distribuições de densidade eletrônica. Deve-se

ressaltar ainda que as representações dos orbitais moleculares de fronteira

podem ser interpretadas como as regiões onde há a maior probabilidade do

elétron ser encontrado, quanticamente, e região que apresenta densidade de

carga eletrônica mais alta.

(4.2)

Page 54: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

54

Figura 4.7: Representação esquemática dos orbitais atômicos e orbitais moleculares.

Neste estudo, abordaremos os orbitais moleculares de fronteira de

diferentes oligômeros de MEH-PPV que uforam analisados a partir da

metodologia de Mecânica Quântica. A localização eletrônicas destes orbitais foi

avaliada com a intenção de correlacionar este fenômeno com a formação de

defeitos estruturais que provocam a resistência eletrônica.

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55

5 Resultados

5.1 Seleção Conformacional

O oligômero do MEH-PPV com nove unidades de repetição (nonâmero)

foi selecionado através criterioso processo de seleção conformacional baseado

na metodologia de Mecânica Quântica como melhor estrutura que representa o

polímero MEH-PPV. Foram investigados oligômeros de diferentes tamanhos e

com variação nas torções dos ângulos diedros da cadeia principal. A Figura

5.1 apresenta a estrutura do oligômero que será utilizado como na simulação

de Dinâmica Molecular após como descrito na metodologia,trata-se de um

oligômero com as cadeias laterais dispostas de forma alternada e com baixo

grau de desordem na estrutura conformacional.

Figura 5.1: Representação estrutural do nonâmero de MEH-PPV, selecionado pela metodologia de MQ.

Para a seleção do nonâmero do MEH-PPV foram analisados os

resultados de espectroscopia de absorção do UV-VIS, gap de energia e orbitais

moleculares de fronteira HOMO e LUMO.

A Figura 5.2 apresenta os espectros de UV-VIS calculados para vários

oligômeros de MEH-PPV (n= 1, 3, 5, 7 e 9). A evolução destes espectros

permitiu inferir que o comprimento de onda do heptâmero, na região de 500

nm, já está de acordo com os resultados experimentais encontrados na

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56

literatura, Figura 7.37 Como o nonâmero apresenta cadeia principal maior e

resultados espectroscópicos com maior comprimento de onda e banda

característica próxima ao polímero de MEH-PPV e uma cadeia principal maior,

ele foi considerado o modelo mais adequado para a simulação computacional

quando comparado ao heptâmero.

Figura 5.2: Espectroscopia de absorção UV-VIS calculada para diversos oligômeros de MEH-PPV (n=1, 3, 5, 7, 9).

Os resultados referentes ao gap de energia calculados para os

oligômeros estudados estão apresentados na Figura 5.3. Os valores da energia

do orbital HOMO, calculados para cada uma das moléculas de MEH-PPV,

estão representados por pontos na cor preta e os valores obtidos para os

orbitais LUMO, estão representados na cor vermelha. Observa-se que para o

heptêmro e o nonâmero apresentamvalores referente à lacuna de energia

(GAP ou Egap) semelhantes.

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57

Figura 5.3: Energias do gap entre os orbitais HOMO e LUMO calculadas para vários oligômeros do MEH-PPV (n= 1,3, 5, 7, 9)

A Figura 5.4 apresenta os orbitais moleculares de fronteira HOMO e

LUMO do nonâmero selecionado nos cálculos de Mecânica Quântica. Observa-

se que neste sistema ocorre uma distribuição da densidade eletrônica por toda

a cadeia principal do nonâmero, a Fig. 5.4 (a) apresenta o último orbital

completamente preenchido (HOMO) e indica que os orbitais se concentram

sobre as ligações duplas presentes nos grupos vinis e fenis. Por outro lado, os

orbitais presentes na Fig. 5.4 (b), referentes ao primeiro orbital molecular não

preenchido (LUMO), apresentam densidade de probabilidade eletrônica nas

ligações entre os grupos vinis e fenis.

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58

(a)

(b)

Figura 5.4: Orbitais moleculares de fronteira calculados para o nonâmero do MEH-PPV, (a) HOMO e (b) LUMO.

Uma molécula que apresenta deslocalização eletrônica ao longo de toda a

cadeia, como mostra o orbital HOMO, Figura 5.4 (a), e o orbital LUMO, Figura

5.4 (b), permite maior facilidade no deslocamento intracadeia dos elétrons do

MEH-PPV, desta forma, o composto selecionado apresenta propriedades

eletrônicas satisfatórias, como um material semicondutor.

Page 59: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

59

5.2 Dinâmica Molecular

Após a fase de seleção do melhor modelo que representasse o polímero

MEH-PPV, iniciou-se as etapas de simulação computacional de Dinâmica

Molecular: minimização de energia, acoplamento de temperatura e pressão e

produção. Os resultados iniciais mostraram que a densidade apresentada pela

caixa de simulação se encontrava fora dos padrões para uma solução ideal de

MEH-PPV e THF. As moléculas de solvente e soluto se aglomeraram em uma

determinada região da caixa, ocasionando espaços vazios no sistema.

Para ajustar a densidade foi aplicada a pressão 1 x 106 atm, como

mostra a tabela 5.1. A pressão aplicada na caixa fez com que a aresta que

inicialmente apresentava 25 nm passasse a medir somente 9,03 nm, fazendo

que o volume total da célula de simulação caísse de 15625 nm3 para 737,78

nm3, o que representa uma redução do volume total de 95%.

Tabela 5.1: Relação entre a pressão aplicada e o volume da caixa de simulação computacional.

Pressão

aplicada

Aresta da Caixa

(nm)

Volume da Caixa

(nm3)

Redução

aproximada

1 atm 25 15625

1x106 atm 9,03 737,78 95%

Como o número de partículas presentes no sistema se manteve

constante, a densidade da célula aumentou proporcionalmente a redução do

volume. A Figura 5.5 apresenta os novos valores de densidade durante a

trajetória de produção final, que se encontra estável entre 940 e 950 kg/m3.

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60

Figura 5.5: Curva densidade ao final de 10ns de produção de Dinâmica Molecular.

A análise da imagem final da caixa de simulação, Figura 5.6, após a

caixa sofrer o ajuste de densidade e as subsequentes fases da Dinâmica

Molecular permite constatar uma melhor distribuição das moléculas de soluto e

solvente por toda região da caixa, desta forma a simulação de Dinâmica

Molecular realizada apresentou um regime semelhante ao deuma solução real,

em fase condensada.

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61

Figura 5.6: Caixa de simulação após cálculos de DM.

A simulação computacional de Dinâmica Molecular propicia a avaliação

das propriedades termodinâmicas do sistema em. A Figura 5.7 apresenta o

comportamento das energias total e potencial do sistema durante os 10ns de

produção da DM. Através desses resultados apresentados é possível inferir

que tanto a energia total, curva amarela, quanto a energia cinética, curva azul,

permanecem constantes durante toda a trajetória, dessa forma, o modelo

proposto consiste em um sistema estacionário devido a conservação de

energias.

Page 62: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

62

Figura 5.7: Variação de energia para o sistema MEH-PPV e THF durante toda a trajetória de produção de Dinâmica Molecular, a curva amarela representa a energia total e acurva verde, a energia potencial.

Os oligômeros de MEH-PPV presentes na caixa após simulação de

Dinâmica Molecular, Figura 5.6, apresentaram torções ao longo da cadeia

principal. Vale ressaltar que as moléculas inseridas inicialmente na caixa

apresentavam conformação planar. Para representar o aumento da desordem

ao longo da cadeia dos oligômeros estudados, selecionou-se aleatoriamente

uma das moléculas de MEH-PPV da caixa, Figura 5.8.

Page 63: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

63

Figura 5.8: Representação estrutural do nonâmero de MEH-PPV selecionado após cálculo de DM.

As alterações nos arranjos estruturais dos oligômeros de MEH-PPV

podem ser verificadas analisando os ângulos diedros dos grupos vinis

presentes na cadeia principal do MEH-PPV. Os grupos vinis na estrutura do

MEH-PPV são responsáveis por conectar dois anéis aromáticos e o ângulo

formado entre estes anéis determina a planaridade da molécula.

A Figura 5.9 mostra a torção ocasionada nestes diedros ao durante a

simulação de DM. Para uma melhor compreensão da torção destes ângulos em

todas as moléculas de MEH-PPV, foram analisados estatisticamente todos os

diedros do sistema durante todo o período da trajetória de produção de

Dinâmica Molecular. A torção do ângulo diedro pode variar de -180° a 180°,

conforme mostra o gráfico. As regiões entre -140° e -40° e entre 40° e 140°,

demarcadas por retângulos na cor preta, apresentam os ângulos com torções

acentuadas, ou seja, a ocorrência de diedros com ângulos de torções nas

regiões demarcadas comprovam que a molécula não se encontram com a

planaridade inicialmente proposta.

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64

Figura 5.9: Ângulos diedros medidos para todas as moléculas de MEH-PPV durante a trajetória de DM.

As alterações na conformação das moléculas de MEH-PPV podem ser

confirmadas através de mudanças nas propriedades optoeletrônicas dos

oligômeros estudados. A Figura 5.10 apresenta os espectros de absorção UV-

VIS calculados para os oligômeros de MEH-PPV ao final da simulação de

Dinâmica Molecular. Na cor cinza estão sobrepostos as transições eletrônicas

do espectro de absorção no UV-VIS das vinte estruturas finais de MEH-PPV,

enquanto a curva na cor preta representa o ajuste lorentziano para a referida

sobreposição, representando assim a distribuição estimada sobre os espectros

UV-VIS de todas as moléculas de MEH-PPV presentes na caixa..

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65

Figura 5.10: Ajuste lorentziano calculado para as transições eletônicas efetuada a partir dos UV-VIS calculados para as vinte moléculas de MEH-PPV presentes na caixa.

A curva em preto, da Figura 5.10 representa o espectro de absorção

médio no UV-VIS calculado a partir de todas as transições eletrônicas das vinte

moléculas somadas ao fim do cálculo de Dinâmica Molecular. O pico de

absorção desta curva ocorre na região de 380 nm, enquanto a curva de

absorção de UV-VIS para a molécula inserida inicialmente na caixa apresenta

pico de absorção na região de 500 nm, conclui-se então que as etapas de

simulação propostas determinaram um forte deslocamento hipsocrômico no

espectro de absorção da molécula de MEH-PPV. Este desvio pode ser

verificado na Figura 5.11, que apresenta o espectro calculado para a molécula

inicial e a curva de distribuição média das transições eletrônicas das moléculas

após a simulação de Dinâmica Molecular. Nota-se que após a simulação, a

maior concentração das transições eletrônicas das moléculas está localizada

em uma região de menor comprimento de onda, próximo a região de 380 nm.

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66

Figura 5.11: Espectros de absorção de UV-VIS estimados para o MEH-PPV. A curva preta refere-se ao oligômero inicial e curva vermelha representa o ajuste lorentziano das transições eletrônicas das moléculas de MEH-PPV após a DM.

As alterações nas propriedades eletrônicas do MEH-PPV, devido às

mudanças conformacionais em suas moléculas, também podem ser

constatadas nos orbitais moleculares de fronteira (HOMO e LUMO) calculados

após a simulação de Dinâmica Molecular, Figura 5.12. Para isto, selecionou-se

aleatoriamente uma estrutura, dentre as vinte presentes na caixa ao fim da

simulação. Nota-se que o HOMO, Figura 5.12 (a), e o LUMO, Figura 5.12 (b),

se comportam diferentemente dos orbitais referentes ao oligômero inicial,

apresentado na Figura 5.4. Enquanto que para a estrutura inicial, o HOMO e o

LUMO encontram-se deslocalizados por toda a cadeia principal, pode ser

observado que, após a simulação, a densidade eletrônica destes orbitais

localize-se em apenas três e quatro unidades de repetição do oligômero,

respectivamente. Vale destacar que o HOMO está localizado em uma região

central, enquanto o LUMO se concentra em uma das extremidades da cadeia.

Este fenômeno acontece devido as limitações estruturais impostas pelas

torções presentes no ângulos diedros dos grupos vinis, que dificultam a

deslocalização da densidade eletrônica ao longo da cadeia principal. Verificou-

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67

se também que este comportamento ocorreu de forma análoga nas demais

moléculas do sistema.

(a)

(b)

Figura 5.12: Orbitais moleculares de fronteira: (a) HOMO e (b) LUMO calculados para um oligômero de MEH-PPV selecionado aleatoriamente após a simulação de Dinâmica Molecular.

5.2.1 Remoção do solvente

A etapa responsável por simular a evaporação do solvente do sistema foi

realizada com intuito de reproduzir o que acontece na produção de um filme de

MEH-PPV. O processo de remoção gradual do solvente foi realizado por meio

da extração de 20% da quantidade inicial de solvente, durante cinco etapas. A

caixa de simulação com todas as 5200 moléculas de THF possui aresta de

9,036 nm, após a retirada de todo o solvente a aresta da caixa diminuiu para

4,838 nm. Ou seja, o volume total da caixa, que inicialmente era de

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68

737,78 nm3, apresentou redução de 84,7% resultando em um volume final de

113,24 nm3. As dimensões das arestas, os volumes finais da caixa e a redução

destes volumes em cada etapa podem ser conferidos na tabela 5.2.

Tabela 5.2: Relação entre a quantidade de solvente e o volume da caixa de simulação, durante as etapas de remoção de THF.

Quantidade de

Solvente (%)

Aresta da Caixa

(nm)

Volume da caixa

(nm3)

Redução no

volume (%)

100 9,036 737,78

80 8,486 611,09 17,2

60 7,816 477,48 35,3

40 7,003 343,44 53,4

20 5,941 209,70 71,6

0 4,838 113,24 84,7

A densidade da caixa contendo o filme de oligômeros de MEH-PPV,

Figura 5.13, foi analisada durante toda a trajetória da etapa de produção. No

início, observou-se que a densidade do sistema é de aproximadamente

700 kg/m3. Ao longo da etapa de produção a densidade aumenta devido o

ajuste de volume da célula de simulação, que corrige os espaços vazios

deixados pela retirada do solvente. A média da densidade durante toda a

trajetória é de 980 kg/m3. Como o valor da densidade do sistema com 100% de

solvente, apresentado na Figura 5.5, é cerca de 945 kg/m3, o processo de

retirada do solvente acarretou uma variação menor que 5% na densidade da

célula de simulação. Vale ressaltar que o tempo utilizado na produção de DM,

10 ns, foi suficiente para estabilizar a densidade da célula de simulação.

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69

Figura 5.13: Evolução da densidade do sistema após a remoção do THF da caixa, calculada durante toda a trajetória de produção de DM.

A caixa com o resultado final do processo de remoção do solvente, isto é,

quando ocorre a formação do filme de oligômeros de MEH-PPV, está

representada na Figura 5.14. A análise preliminar desta caixa permite inferir

que os oligômeros de MEH-PPV apresentam maior grau de torções ao longo

da cadeia principal em comparação com o sistema com THF, Figura 5.6. Este

comportamento ocorre devido à mudança de fase do sistema, transformação

de fase condensada para fase sólida, visto que as moléculas de MEH-PPV

apresentam maior mobilidade na caixa solvatada, viabilizando configurações

menos aglomeradas.

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70

Figura 5.14: Caixa de simulação contendo os 20 oligômeros de MEH-PPV após a extração do solvente.

O processo da concentração da solução de oligômeros de MEH-PPV foi

avaliado através da evolução das propriedades termodinâmicas do sistema. A

Figura 5.15 apresenta os valores calculados para a energia total, durante a

trajetória de produção de DM, para cada etapa de extração do solvente. A

energia observada para a etapa com 80% de solvente foi de 8,0 x 105 kJ/mol,

enquanto que para o filme foi menor que 1,0 x 105 kJ/mol. Portanto, a remoção

de solvente favorece a estabilidade do sistema.

A energia total foi avaliada durante a produção de 2,0 ns em cada etapa

de extração de solvente, onde nota-se que todas as curvas apresentam-se

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71

constantes após 0,2 ns da trajetória. Dessa forma, o modelo proposto se

encontra em um regime estacionário devido à conservação de energia. Em

todas as etapas descritas, observa-se que os valores de energia do sistema

garantem o equilíbrio.

Figura 5.15: Energia total calculada durante toda a trajetória de produção NPT para sistemas com 80, 60, 40, 20 e 0% de solvente.

5.2.1 Análise dos ângulos de torção durante a remoção do solvente

O grau de torção dos ângulos diedros dos grupos vinis das moléculas

presentes no filme de oligômeros de MEH-PPV foi quantificado para avaliar o

efeito da remoção do solvente na conformação das estruturas. Para este

propósito, a distribuição média destas torções foi analisada estatisticamente

durante as cinco etapas de remoção do THF, Figura 5.16. Essa distribuição

média apresenta a evolução dos ângulos diedros durante a trajetória de

produção de DM.

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72

Figura 5.16: Evolução da distribuição dos ângulos diedros ao longo do processo de remoção do solvente. As curvas se referem as seguintes etapas: 80% de solvente (azul claro), com 60% (rosa), com 40% (azul escuro), 20% (verde) e filme (vermelho).

Ao avaliar o perfil da distribuição dos diedros na Figura 5.17, observou-

se que para as etapas com 80% de solvente (azul claro), com 60% (rosa), com

40% (azul escuro) e com 20% (verde) apresentaram comportamentos

similares. Contudo, pode ser observado que a curva vermelha, que representa

o sistema sem solvente, apresentou maior ocorrência de ângulos diedros com

torções compreendidas na faixa entre -150° e -50° e entre 15° e 140°. Deve-se

ressaltar que no filme, observa-se ocorrência de ângulos diedros com torção de

± 90°, o que ocorreu nas etapas com THF. Isso mostra que a formação do filme

ocasiona o surgimento de ângulos que não estavam presentes em sistemas

solvatados. Este comportamento pode ser constatado na Figura 5.17, onde

estão destacadas as torções mais acentuadas. Vale destacar que a estrutura

selecionada é a mesma apresentada na Figura 5.8, quando o sistema estava

solvatado.

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73

Figura 5.17: Representação estrutural do nonâmero de MEH-PPV selecionado após extração do THF do sistema. Os círculos vermelhos representam grupos vinis que apresentam configuração cis.

5.2.1.1 Formação de ligação do tipo cis no MEH-PPV

Os ângulos diedros dos grupos vinis dos oligômeros do sistema

solvatado e do filme foram medidos para avaliar a formação da conformação

cis.

O gráfico da Figura 5.18 mostra o número de confomações cis, por

cadeia, antes do processo de remoção de solvente. Pode ser constatado que

15% das moléculas do sistema apresentam somente um ângulo diedro com

conformação cis em sua cadeia principal, porção em azul escuro. Enquanto

que, o restante das moléculas (85%) apresentaram todos os diedros na

conformação trans, representado na cor azul claro.

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74

Figura 5.18: Percentual de confomações cis, por cadeia, antes do processo de remoção de solvente. Moléculas com apenas um diedro cis (azul escuro), com nenhum diedro cis (azul claro).

A análise dos ângulos diedros do filme mostra que a configuração das

ligações dos grupos vinis foram alteradas sensivelmente. Como pode ser

observado na Figura 5.19, nenhuma estrutura apresentou somente

configurações trans, sendo que inicialmente eram 85%. Este dado mostra um

aumento significativo de conformações cis após formação do filme, sendo que

40% das moléculas do sistema apresentaram três ou mais configurações cis ao

longo da cadeia principal.

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75

Figura 5.19: Percentual de confomações cis, por cadeia, após o processo de remoção de solvente: um diedro cis (azul escuro), dois diedros cis (azul claro), três diedros cis (rosa), quatro diedros cis (amarelo), cinco diedros cis (marrom).

Para ressaltar esta informação a Tabela 5.3 reporta a quantidade de

ligações cis presentes nas moléculas antes e após o processo de remoção do

solvente do sistema. Observa-se claramente que houve isomerização cis-trans

de ao menos um diedro adicional na cadeia oligomérica na grande maioria das

moléculas.

Assim, o aumento significativo de conformação cis nos oligômeros de

MEH-PPV induz torções estruturais elevadas que alteraram as propriedades

eletrônicas do composto estudado das moléculas do filme.

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76

Tabela 5.3: Quantidade de ligações cis presentes nas moléculas antes e após o processo de remoção do solvente do sistema

Molécula

MEH-PPV

Número de

diedros cis

antes da

remoção do

THF

Número de

diedros cis

após a

remoção do

THF

Diedros cis

antes da

remoção do THF

(%)

Diedros cis

após remoção

do THF (%)

1 0 5 0% 63%

2 0 3 0% 38%

3 1 2 13% 25%

4 1 2 13% 25%

5 0 4 0% 50%

6 0 3 0% 38%

7 0 2 0% 25%

8 0 1 0% 13%

9 0 1 0% 13%

10 0 2 0% 25%

11 0 2 0% 25%

12 0 4 0% 50%

13 0 3 0% 38%

14 0 1 0% 13%

15 0 0 0% 0%

16 0 1 0% 13%

17 0 2 0% 25%

18 0 1 0% 13%

19 0 1 0% 13%

20 1 5 13% 63%

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77

5.2.2 Propriedades optoeletrônicas para o filme

A Figura 5.20 apresenta a distribuição estimada com ajuste lorentziano

(curva) sobre as transições eletrônicas no UV-VIS (linhas verticais) calculadas

para todas as moléculas do filme de MEH-PPV. Como mostra o ajuste, a região

de absorção máxima é observada em torno de 360nm. Este resultado

apresenta desvio para a região do azul em mais de 100 nm, em comparação

com o espectro de absorção de UV-VIS da molécula de referência, Figura 5.2.

Figura 5.20: Distribuição média dos espectros de absorção UV-VIS calculados para o filme de MEH-PPV, em azul claro. Em azul escuro, a curva de ajuste lorentziano sobre todas as transições eletrônicas das moléculas presentes na caixa de DM.

A Figura 5.21 exibe a comparação entre o espectro de absorção de UV-

VIS calculado para o oligômero inicial e os ajustes lorentzianos das transições

eletrônicas estimadas para todas as moléculas da configuração final do sistema

solvatado e do filme.

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Figura 5.21: Espectroscopia de absorção UV-VIS do MEH-PV, curva em preto calculada para o oligômero inicial e curva em vermelho representa o ajuste lorentziano das transições eletrônicas das moléculas de MEH-PPV após a DM e curva em azul, ajuste das transições eletrônicas após a remoção do solvente.

Pode-se observar que a molécula isolada absorve em torno de 520 nm.

No entanto, o sistema solvatado e o filme apresentaram um deslocamento

hipsocrômico (desvio para a região do azul do espectro visível) com absorção

máxima nas regiões de 415 e 370 nm, respectivamente, em comparação com o

sistema anterior. Este comportamento pode ser explicado observando os

arranjos estruturais para cada caso. Visto que, como discutido anteriormente, o

filme apresentou o maior número de torções ao longo da cadeia principal na

maioria dos oligômeros, resultando em desvio mais acentuado para o azul do

espectro UV-VIS em comparação com os demais modelos. É importante

ressaltar que Köhler et al. reportaram este fenômeno bimodal em experimentos

com MEH-PPV em solução de Me-THF, sugerindo que a fase vermelha é mais

planar, enquanto que a azul é mais desordenada.46

Os orbitais moleculares de fronteira foram calculados para os oligômeros

do filme de MEH-PPV para avaliar sua relação com as propriedades estruturais

e espectroscópicas.

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79

A Figura 5.22 apresenta os orbitais HOMO e LUMO calculados para

uma das estruturas de MEH-PPV após a retirada do solvente. Para fim de

comparação, a estrutura selecionada é a mesma que a apresentada na

Figura 5.12. Nota-se que em ambos orbitais ocorreu a localização da

densidade eletrônica em uma das extremidades da cadeia principal.

(a)

(b)

Figura 5.22: Orbitais moleculares de fronteira: (a) HOMO e (b) LUMO calculados para um oligômero de MEH-PPV selecionado aleatoriamente do filme.

O alto grau de deformações, decorrente das mudanças na configuração

dos ângulos diedros de trans para cis, ocasionaram o maior impedimento na

distribuição da densidade eletrônica ao longo de toda a molécula. Observa-se

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80

ainda que o HOMO e o LUMO estão distribuídos somente sobre duas unidades

de repetição e na mesma região do nonâmero.

5.2.3 Raio de Giro

A compacidade dos oligômeros foi analisada avaliando-se o raio de giro

para as moléculas em solução e no filme, ao longo da trajetória de produção de

DM.

A comparação dos resultados do raio de giro obtidos para a solução

(Figura 5.23) e para o filme (Figura 5.24) mostram que os oligômeros do

sistema solvatado possuem maior grau de liberdade, o que permite a maior

flutuação das torções dos diedros, em comparação com o perfil observado para

o filme. Pode se verificar que neste último modelo os oligômeros encontram-se

mais compactados, o que induz a menor oscilação do raio de giro.

Figura 5.23: Raio de giro calculado para todos os diedros presentes na caixa do sistema solvatado durante toda a trajetória de produção de DM.

Page 81: Correlação entre as propriedades morfológicas e eletrônicas ......utilizadas metodologias de modelagem molecular baseadas no formalismo das Mecânicas Clássica (Dinâmica Molecular)

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Figura 5.24: Raio de giro calculado para todos os diedros presentes na caixa do sistema sólido durante toda a trajetória de produção de DM.

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82

6 Conclusão

Os resultados obtidos a partir dos cálculos de Mecânica Quântica

mostraram que o perfil dos espectros de absorção de oligômeros de MEH-PPV

com pelo menos sete unidades de repetição são similares aos de polímeros.

Além disso, a análise dos orbitais moleculares de fronteira dos oligômeros com

conformações planares apresentaram distribuição da densidade eletrônica ao

longo de toda a cadeia principal.

Os oligômeros de MEH-PPV em fase condensada apresentaram perda

da planaridade inicial devido às torções ocorridas nos diedros dos grupos vinis.

Este comportamento foi constatado nos estudos de soluções em THF e foi

mais pronunciado nas análises referentes ao filme. Vale ressaltar que para o

sistema sólido há ocorrência de ângulos de torção dos diedros que favorecem

a formação da configuração cis (± 90°), que não são estatisticamente

significantes no modelo solvatado.

A análise dos orbitais moleculares de fronteira dos oligômeros extraídos

da fase condensada mostra uma mudança no perfil da distribuição eletrônica

quando comparados ao modelo planar inicial. Na solução mais diluída de MEH-

PPV e THF, os orbitais HOMO e LUMO apresentaram localização em três ou

quatro unidades de repetição dos oligômeros, enquanto que no filme o a

densidade eletrônica localiza-se em apenas dois meros. Além disso, para

oligômeros do sistema sólido, os resultados indicam que houve “confinamento

eletrônico”, com HOMO e LUMO dispostos sobre exatamente à mesma região

da cadeia do MEH-PPV. Esse comportamento não foi observado no sistema

solvatado e isso provavelmente se deve a presença de torções de ± 90° nos

grupos vinis em algumas moléculas do filme.

Os espectros de absorção no UV/VIS de oligômeros do MEH-PPV em

solução e filme apresentaram transições eletrônicas que permitiram identificar

duas fases do material. A estrutura inicial apresentou máximo de absorção na

região próxima a 500nm e foi identificada como fase vermelha, enquanto que a

distribuição média das transições eletrônicas do sistema em fase condensada

apresentou deslocamento hipsocrômico com relação aos espectros de

estrutura planar, fase azul. Este fenômeno foi mais evidente nos oligômeros do

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filme, onde há ocorrência de ângulos diedros com torções que possibilitam a

isomerização cis-trans nos grupos vinis de sua cadeia principal.

Por fim, análise do raio de giro das molécuas de MEH-PPV em solução

de THF mostrou que os oligômeros apresentam-se menos compactados que

no filme, devido à maior flutuação das torções dos diedros durante toda a

trajetória.

De modo geral, foi observado o comportamento espectroscópico

bimodal descrito na literatura para soluções de MEH-PPV. Os resultados

indicam que a “fase vermelha” está associada a arranjos estruturais mais

planares, onde os orbitais moleculares estão distribuídos sobre

aproximadamente sete meros. Contudo, a “fase azul” se refere às

conformações com grupos vinis mais torcidos (maior número de configurações

cis), isso poderia ocasionar uma resistência à mobilidade eletrônica. Neste

trabalho, foi observado que a fase azul é predominante no filme e a vermelha

em solução.

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