CPI do Metrô de Salvador
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![Page 1: CPI do Metrô de Salvador](https://reader031.fdocumentos.com/reader031/viewer/2022020323/568c475a1a28ab49168d823f/html5/thumbnails/1.jpg)
Viviane Martins*
Este artigo tem como objetivo analisar o posicionamento do jornal impresso Tribuna
da Bahia, tendo como objeto específico de estudo as matérias que tratam a respeito
do Poder Executivo municipal, Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Metrô de
Salvador. As edições serão observadas a partir do dia 7 ao dia 24 de março de
2010. Vale ressaltar que das 15 edições analisadas, apenas 11 continham
informações referentes à CPI do metrô.
Nas edições analisadas, percebemos claramente que a forma utilizada pelo veículo
de comunicação para abordar o assunto direciona o leitor a criticar o Poder
Executivo municipal. O motivo mais perceptível é que o partido do prefeito João
Henrique é o PMDB, contrário ao partido apoiado pelo jornal, que é do governador
Jaques Wagner.
Na edição do dia 8 de março, por exemplo, verificamos como as palavras utilizadas
são para intensificar as dúvidas em relação aos altos gastos das obras do metrô. O
“Apoio” também demonstra o comportamento do jornal quando informa “Já são 11
anos para concluir 4,5 km de percurso”. Contribui para influenciar o leitor em relação
ao tempo de construção do metrô que já ultrapassou os limites, se comparado a
outros do mesmo porte.
Outra estratégia utilizada pelo Tribuna nessa mesma edição foi o uso de números
altos para demonstrar os valores gastos pelo governo ou que ainda poderão gastar.
Por exemplo: “100 MILHÕES de reais é o valor apontado para o superfaturamento
da obra”. Esse olho foi colocado para que os leitores se atentem para um detalhe: o
valor da construção do metrô. Colocado em caixa alta, percebemos que a intenção
do jornal é de chamar ainda mais a atenção sobre o alto custo dessa obra. O jornal
intensificou que é favorável à CPI do metrô quando utilizou termos como a palavra
„marola‟:
O que parecia uma marola, sem adesão da base governista como um todo, acabou se concretizando e recebeu parecer favorável da Procuradoria Jurídica da casa entendendo que, embora o grosso dos recursos do Metrosal sejam do Banco Mundial e Governo Federal, como há contrapartida do Estado, a matéria é constitucional.
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Para caracterizar a forma como o governo municipal estava se comportando na
instalação das investigações.
No momento em que o Tribuna afirma na edição do dia 8 de março que o metrô de
Salvador é uma espécie de “caixa preta”, subentende-se que realmente existem
segredos que estão em torno dos altos valores gastos na construção e que a
população está ansiosa para desvendar o que está encoberto. A impressão
transmitida para quem lê o jornal é que ocorreram muitas fraudes. “A população de
Salvador aguarda, pois, essa „caixa preta‟ do Metrô seja aberta com todos os seus
segredos revelados”.
O jornal também utiliza, na edição do dia 8 de março, outra maneira para criticar as
obras, comparando o metrô de Salvador com o metrô de Madri e também o metrô da
China. Usa palavras como “ineficiência” e “gritante” para enfatizar ainda mais a sua
postura sobre o assunto. “Enquanto o metrô de Madri avançou 40 km nos últimos
dez anos e a China construiu uma ligação de 1000 km para um trem bala, seis anos,
a ineficiência do Metrosal é gritante, causa perplexidade aos baianos da terceira
capital mais populosa do país”[...]
A partir dessas percepções podemos ver como as abordagens feitas pelo Tribuna da
Bahia priorizam os elementos sobre a CPI, já que em nenhum momento são
colocadas informações sobre o posicionamento do Poder Executivo municipal, mais
precisamente do prefeito de Salvador, João Henrique. Conforme Gutmann (2006)
“Através da seleção dadas a certas informações e da consequência e exclusão de outra, o enquadramento pode moldar a opinião pública e as interpretações da audiência sobre eventos agendados pela mídia” (p. 30)
Isso mostra como o jornal se posicionou em não entrevistar o prefeito ou alguém que
explicasse sobre os fatos, tentando “moldar” a opinião da população, ao invés de
mostram ambos os lados e deixar que as conclusões sejam feitas pelos leitores.
Na edição de 9 de março o jornal começa com uma pergunta: “Por que o metrô de
Salvador não sai?”, informando posteriormente que existe uma dúvida dos
![Page 3: CPI do Metrô de Salvador](https://reader031.fdocumentos.com/reader031/viewer/2022020323/568c475a1a28ab49168d823f/html5/thumbnails/3.jpg)
soteropolitanos sobre a construção. Percebemos que o Tribuna continua a criticar o
governo municipal, pois usa estratégias, por exemplo, frases no meio do texto, com
a opinião de um vereador sugerindo o prefeito a entregar administração do metrô ao
estado ou à União. Fica em evidência a preferência do jornal em dar mais voz
contrários à administração municipal.
No subtítulo desta mesma matéria, “Na próxima quinta-feira será realizado um
encontro no Centro de Cultura do Pelourinho para discutir a obra, que inicialmente
deveria ter 29 km, passou para 12 km e agora se resume a 6 km, que devem ligar a
Estação da Lapa à Rótula do abacaxi”, o jornal deixa em evidência que essas
reduções não condizem com os altos valores apresentados nas investigações da
CPI, sinalizando para os leitores que houve irregularidades.
Nesta mesma edição, do dia 9, o veículo já mostra os dois lados, mas prioriza o
primeiro espaço de três colunas para intensificar o posicionamento do vereador
Jorge Jambeiro (PSDB), e depois, no meio da quarta coluna,uma frase com o nome
do prefeito, mas que desfavorece o chefe do Executivo municipal .Na abertura da
matéria, o jornal utiliza o respectivo texto: ”Contrariando o que diz o prefeito João
Henrique, ao afirmar que as obras estão 97% concluídas, Jambeiro ressalta que
equipamentos importantes, para o funcionamento do metrô, como catraca, escadas
rolantes e serviços de integração, ainda não forma iniciados”. Em seguida entra
outra fala de Jambeiro comentando sobre os equipamentos do metrô. Vale ressaltar
que nenhum comentário do prefeito ficou em destaque.
A matéria em questão possui ainda uma foto que mostra uma visão panorâmica da
construção do metrô, mas ao analisar os detalhes da imagem, percebemos a
existência de apenas dois homens trabalhando na obra, o que reforça o argumento
dado pelo Tribuna da Bahia de que a construção está em atraso. A legenda escrita
abaixo da foto reafirma a pretensão do jornal. “As obras do Bonocô ainda não foram
concluídas”. Conforme informa Bernardo Issler (2002, p.101):
A programação gráfica, com chamada maior em cima e menor embaixo, enquadrando a foto, resulta numa composição que permite jogo de ironias. O imaginário do leitor, a partir de sutilezas montadas
![Page 4: CPI do Metrô de Salvador](https://reader031.fdocumentos.com/reader031/viewer/2022020323/568c475a1a28ab49168d823f/html5/thumbnails/4.jpg)
na diagramação da página, transforma a fotografia e seus referenciais ilustrativos em mensagem conotativa. Para isso, não há necessidades de interferir no campo da imagem nem na alteração da legenda. A indução de uma leitura direcionada da foto ocorre no campo espacial, no arranjo do espaço e na distribuição das mensagens textuais.
Ao analisar a imagem na matéria do dia 25 de março, podemos perceber como a
foto do metrô de Salvador está direcionada. O ângulo privilegiado é a parte em fase
de acabamento, dando a impressão de “obra inacabada”, reforçando ainda mais
quando é sinalizado o tempo que foram iniciadas as obras: “Prefeitura ainda não
definiu a data de entrega do metrô para a população mas garante que a obra,
iniciada em 2000, está em fase de acabamento”, conduzindo o leitor a uma possível
impressão sobre o atraso superior afirmado pelo Poder Executivo municipal.
Logo abaixo outra estratégia utilizada pelo jornal é mostrar imagens dos metrôs
maiores do mundo como o de São Paulo, o de Moscou, o de Paris, o de Nova Iorque
e o de Londres. Todos são apresentados na matéria com suas respectivas
construções terminadas e as possíveis ampliações, concluindo que o metrô de
Salvador possui menor quilometragem, com o maior tempo de construção e sem
previsão de entrega.
A legenda presente nesta edição mostra o direcionamento dado pelo Tribuna
“NOSSO METRÔ Estação localizada na Lapa, em fase de acabamento”, usando a
relação de proximidade quando usa o “NOSSO METRÔ” trazendo para os baianos a
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realidade das obras, além de utilizar as duas primeiras palavras em negrito e em
caixa alta.
As infraestruturas dos metrôs nas fotos são cheias de requintes como o de Moscou
sendo reconhecido entre os mais belos do mundo: “As estações são verdadeiras
obras de arte, consideradas as mais bonitas e sofisticadas do mundo”, comparando
ao metrô de Salvador, que não preenche esses quesitos e, por estar em fase de
atraso.
Nessa mesma edição do dia 25 de março o título da matéria fica no centro da
página, dando prioridade à foto do metrô de Salvador. Podemos entender que o
jornal dá preferência à imagem, ficando o título em segundo plano “METRÔ,
AFINAL, entra nos trilhos”. As palavras metrô e afinal estão em caixa alta,
destacando do complemento da frase, atraindo o leitor para a imagem das obras.
Conforme Issler (2002)
”O trabalho do fotojornalismo utiliza-se do conceito de que a foto é uma notícia dentro da notícia. Exclui dessa forma o que outros jornais fazem usando a fotografia apenas como legitimação da noticia ou ilustração pictográfica”. (p.94-95).
Na edição do dia 11 de março o Tribuna da Bahia critica o chefe do Poder Executivo
municipal a partir dos relatos dos petistas em enxergar a CPI do metrô como de
responsabilidade da Câmara de Vereadores de Salvador, afirmando que é desejo
também de outros partidos. ”Não só os deputados deste partido, mas, hoje, alguns
outros que assinaram o documento também têm esse mesmo pensamento. Jogar no
colo do PMDB”. Fica claro o direcionamento que o jornal realiza, quando prioriza as
falas dos políticos petistas em relação à vontade de passar a CPI para a bancada
dos vereadores.
A opinião do prefeito é dada pelo próprio jornal quando diz: “Na câmara? Isso o
prefeito de Salvador não quer nem ouvir falar”. O Tribuna não dá o direito de
resposta ao prefeito, apenas sinaliza qual seria a sua postura diante dos fatos.
Percebemos que quando o jornal se refere ao governo estadual as palavras são
mais suaves. “Wagner sabe disso. Tanto que vem fazendo um esforço enorme,
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quebrando arestas, para agregar valores à sua chapa”, justificando porque a CPI é
vista como “fantasma” para os petistas, por isso reforça que as investigações devem
ser realizadas pelos vereadores. De acordo com Gutmann (2006):
O framing se relaciona ao modo de um determinado assunto. Embora a seleção e ênfase a característica da temática abordada sirvam como uma maneira de encaminhar um problema transformado em agenda, ou melhor, como uma forma de construir a “a moldura” de um objeto, no domínio do modelo teórico denominado enquadramento, a referência é ao tipo de cobertura, não ao conjunto de atributos destacados. (p.45).
O veículo, nessa edição, explica a importância da CPI que não pune, mas consegue
provocar discussões e causar repercussões na política. “Como se sabe, CPI alguma
gera punições, mas faz estragos nas biografias”. O jornal coloca isso no olho da
matéria, sinalizando qual a real importância das investigações, como uma forma de
esclarecer para o leitor os benefícios e os prejuízos que resultam a CPI resultando
que por ser também ano eleitoral, ela consegue criar movimentações na política.
Mas o Tribuna finaliza a matéria depositando poucas esperanças no futuro da CPI
do metrô. Conforme Caldas (2003)
Segundo levantamento feito pela assessoria do Senado e publicado em livro, com exceção da CPI que levou ao impeachment do ex-presidente Collor, nenhuma outra chegou com resultados efetivos ao seu final. (p.60)
Na edição do dia 16 de março, mais uma vez o jornal enfatiza o fato de os
deputados do PT afirmarem que a CPI deve ser debatida na Câmara de Vereadores.
“A comissão foi instalada em clima de pressão, já que os deputados petistas
declaravam que o problema das obras do metrô deveria ser discutido na câmara de
vereadores”. A partir do momento em que o jornal cita os políticos que irão compor a
CPI, destaca quatro petistas e apenas um do PMDB: tentativa de demonstrar que o
Poder Executivo municipal tem a minoria, dando a impressão de pouca
representatividade nas investigações realizadas.
O jornal permite que o deputado (PTN) João Bacelar faça uma crítica ao governo
estadual ao afirmar que liberou R$ 100 mil reais para as obras do metrô. Nesse
momento o político sinaliza para o leitor que o PT também teve participação na
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construção. “O PT diz que não deve anunciar por essa não ser uma obra gerida pelo
estado. Mas vale lembrar que existem recursos estaduais no metrô, como a compra
dos trens e os R$ 100 mil utilizados para pagar o estacionamento onde ficam os
equipamentos.”
O Tribuna da Bahia reserva um espaço para os petistas em resposta à tese de que
eles não querem fazer parte das investigações; o deputado Paulo Rangel (PDT)
informa que o PT vai brigar pelo comando. O olho dessa matéria confirma ainda
mais o direcionamento do Tribuna em propiciar mais espaço ao PT e também
justificar o interesse dos petistas em querer a instalação da CPI, pois estavam
sendo alvo de críticas pelos partidos de oposição. “Não há como dizer que a nossa
base é contra a CPI, já que 20 deputados assinaram em favor da CPI”. Ainda nesta
mesma edição a presença de uma foto do petista Paulo Rangel demonstra, a partir
da expressão facial sorridente, que o político está em posição privilegiada em
relação ao deputado João Bacelar. Vale ressaltar que nessa matéria não tem
nenhuma imagem do deputado Bacelar (PTN). Como argumenta Bernardo Issler
(2002, p. 95)
A fotografia, isoladamente pela sua denotação e conotação, é uma mensagem no universo da comunicação jornalística. Resta, portanto, aproveitar essa imagem e direciona-la convenientemente, escolhendo as de maior potencial comunicativo e descartando as que destoam dos propósitos escolhidos.
Ao analisar as edições dos dias 17 e 24 de março, podemos perceber que em
ambas as matérias, o jornal relata a disputa entre o deputado Paulo Rangel (PT), e o
autor da proposta da CPI, o deputado Elmar Nascimento (PR). O tribuna deixa em
evidência os interesses dos petistas em lançar o seu candidato ao cargo de relator
ou presidente das investigações. Isso é nítido na matéria do dia 17. “Os petistas que
insistem no posicionamento de que a CPI deveria ser realizada na câmara dos
vereadores agora desejam emplacar o nome do líder do partido deputado Paulo
Rangel, a presidência da comissão”. O mesmo ocorre referente ao dia 24 de março.
”Os ânimos se exaltaram e o deputado requerente, Elmar Nascimento (PR) que
brigava com os governistas pela função de relator ou presidente surpreendeu a
todos ao dizer que abria mão dos principais cargos da Comissão para que os
trabalhos não fossem „abortados‟”.
![Page 8: CPI do Metrô de Salvador](https://reader031.fdocumentos.com/reader031/viewer/2022020323/568c475a1a28ab49168d823f/html5/thumbnails/8.jpg)
Vale ressaltar que estas matérias citadas acima, a prioridade dada pelo jornal não é
mais a CPI do metrô, e sim a “briga” de quem vai presidir, ou seja, utilizam a
investigações para mostrar confrontos entre os partidos, dando mais visibilidade aos
aliados do PT. “Rangel reiterou ontem o desejo de seu partido em encarar uma
possível disputa pelas funções”.
Também demonstra as críticas agressivas que o deputado Elmar Nascimento
executa a todo o tempo quando se refere ao Partido dos Trabalhadores.
“Todos os requisitos já estão preenchidos, falta apenas à boa vontade do PT. Se
eles querem controlar então eu topo”.
Na edição do dia 15 de março o jornal comenta a respeito do autor da proposta da
CPI, o deputado Elmar Nascimento (PR), percebemos nesta matéria que o Tribuna
está utilizando as “falas” do deputado, evidenciado para o leitor vestígios referentes
aos desvios de verbas, um dos principais motivos das investigações.Caracterizando
ainda mais o seu direcionamento, de criticar o Poder Executivo municipal.”Está dado
aí o elemento que vai permear as discursões a partir de agora atuando como
magistrado, na certeza de que as apurações vão começar e revelar a verdade sobre
a obra mais longa em curso hoje na Bahia”.
Ao observar as edições do dia 10, 20 e 22 de março, são notáveis as reduções das
matérias no jornal, existindo apenas pequenas “colunas de informas”. Na matéria do
dia 10 mostra a intenção do chefe do governo estadual em levar vereadores e
deputados para visitar as obras. “O prefeito João Henrique (PMDB) saiu ontem na
frente, depois do anuncio da criação da CPI do Metrô de Salvador, e informou que
convidará os vereadores e deputados estaduais em dias distintos para visitar as
obras”. [...]
O tribuna na matéria do dia 20 permite que o deputado estadual João Carlos Bacelar
(PTN) critique o governo estadual. Vale ressaltar que as informações presentes na
matéria estão comportadas em uma pequena coluna de informes. “Pedido para
instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito tramita desde agosto de 2009.
Arrastou-se durante todo esse tempo todo, relembrou. O pior, segundo denúncia
![Page 9: CPI do Metrô de Salvador](https://reader031.fdocumentos.com/reader031/viewer/2022020323/568c475a1a28ab49168d823f/html5/thumbnails/9.jpg)
feita aqui nessa Casa, é que o governador tem interesse direto na escolha dos seus
integrantes”.
Na matéria do dia 22 o jornal relata sobre as investigações da construção do metrô,
utilizando mais uma vez a “fala” do deputado Elmar Nascimento reforçando os
motivos que devem implantar a instalação da CPI. “De acordo com Nascimento, o
principal motivo para a criação da Comissão foi à necessidade de se apurar
„supostas irregularidades‟ da obra”. Outra questão presente nas edições do dia 15,
20 e 22 são as repetições dos títulos e frases utilizadas pelo jornal como: “CPI do
Metrô”, além das reduções das matérias quando aborda o assunto.
No direcionamento dado pelo Jornal impresso Tribuna da Bahia em relação a CPI do
metrô de Salvador, fica evidente de que lado o veículo está. As estratégias utilizadas
para demonstrar em algumas vezes de forma sutil, o seu interesse em divulgar mais
a demora das obras ao invés de mostrar como anda a construção são bem nítidos
nos textos, além de não mostrar ambos os lados, tanto o PT apoiado pelo jornal,
quanto o PMDB, partido do atual do prefeito da capital. Estes deveriam ter os
mesmos direitos de respostas e espaços no jornal.
Este artigo teve o objetivo de mostrar justamente a prática exercida pelo veículo de
comunicação, e sua forma de enquadramento, ou seja, a escolha das falas, os
tamanhos das respostas dadas pelos partidos analisados, os títulos provocativos, as
imagens com focos que priorizam um viés específico do que outro. Essas são
algumas observações que serviram de visualização das práticas dos veículos de
comunicação mais específicas do jornal Tribuna da Bahia.
A CPI do Metrô de Salvador foi o objeto usado pelo jornal para criticar o Poder
Executivo municipal. Isso é percebido em toda a informação disponibilizada pelo
Tribuna nas edições. Apesar de não deixar transparente a sua intenção, existem
vestígios que podem comprovar como, por exemplo, as repetidas “falas” dos
partidos que são de oposição ao governo municipal e poucas são os espaços
deixados para defesa.
![Page 10: CPI do Metrô de Salvador](https://reader031.fdocumentos.com/reader031/viewer/2022020323/568c475a1a28ab49168d823f/html5/thumbnails/10.jpg)
Portanto, os discursos utilizados pelos jornais impressos devem ter um
direcionamento que priorize à informação ao cidadão, fornecendo sempre
informações de qualidade com um conteúdo diferenciado, deixando que o próprio
leitor tire suas conclusões sobre o assunto. Porém, ao invés disso, o Tribuna usa
seu veículo para moldar a opinião pública, já que o veículo sabe do seu poder
perante a sociedade.