CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE … · casos, os problemas que as ... aprendizagem e...

44
CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM BRUNA GUESA SAITO O TDAH NO AMBIENTE ESCOLAR SÃO PAULO 2009

Transcript of CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE … · casos, os problemas que as ... aprendizagem e...

CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM

DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

BRUNA GUESA SAITO

O TDAH NO AMBIENTE ESCOLAR

SÃO PAULO 2009

CRDA - CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

BRUNA GUESA SAITO

O TDAH NO AMBIENTE ESCOLAR

Trabalho de Conclusã o de Curso apresentado como parte dos requisitos para aprovação no Curso de Especialização Lato Sensu em distúrbios de aprendizagem e submetido ao Centro de Referência em Distúrbios de Aprendizagem – CRDA, sob orientação da Profª Drª Rogeria Toller da Silva de Noronha.

AGRADECIMENTOS

Às minhas queridas amigas, companheiras de sala: Andrea Torres, Fabiana

Martins e Magda Arruda, pelo apoio durante o curso.

Ao meu namorado Ricardo, pela paciência e compreensão durante a

elaboração desse trabalho.

A minha família pelo apoio e solidariedade.

À Direção e Coordenação do Colégio Maria Montessori, cujo apoio

financeiro foi fundamental para que eu frequentasse esse curso.

RESUMO

Esse trabalho aborda, por meio de pesquisa bibliográfica e citação de

casos, os problemas que as crianças portadoras do Transtorno de Déficit de Atenção e

Hiperatividade apresentam no contexto escolar, sua relação com as dificuldades de

aprendizagem e exemplos práticos, funcionais, de trabalho que podem ser feitos com

essas crianças no ambiente escolar. As crianças portadoras desse transtorno

costumam ser rotuladas e excluídas, visto que o sistema educacional e principalmente

os professores não estão preparados para lidar com elas, porém observou-se que é

possível e simples, para o professor, ajudar e desenvolver essas crianças. Para que o

aluno com TDAH consiga ter uma vida escolar normal é necessário que pais e

educadores se conscientizem do problema, e que aprendam a lidar com as diferenças

para que o aluno possa ser incluído em sala de aula e consiga prosseguir em seus

estudos e na sua vida social, como os demais. Reforçou-se a importância da

participação de adotar um procedimento multidisciplinar, de profissionais variados como

psicólogos, médicos, psicopedagogos, além dos profissionais do ambiente escolar, no

processo diagnóstico e nas intervenções que serão necessárias no decorrer de um

tratamento adequado do TDAH.

Palavras-chave: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM, TDAH, INCLUSÃO, PRÁTICA

ESCOLAR.

ABSTRACT

This paper addresses, by meanings of an accurate literature and quotations

of cases, the problems that children with the Attention Deficit Hyperactivity Disorder

demonstrate in the school context, its relationship with learning difficulties and practical

examples, functional work that can be made with these children in the school

environment. Children with this disorder tend to be labelled and excluded as the

education system and even the teachers are not prepared to deal with them, but it noted

that it is possible and simple for the teacher helping and developing these children. For

students with ADHD can have a normal school life it is necessary for parents and

educators are aware of the problem, and learn to deal with differences so that students

can be included in the classroom and be able to continue their studies and social life, as

the others. It strengthened the importance of participation to adopt a disciplinary

procedure, a variety of professionals such as psychologists, doctors, psychopedagogy,

along with experts from the school environment in the diagnosis and interventions that

will be needed during treatment of ADHD.

Keywords: learning disabilities, ADHD, inclusive education, school practice.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................7

2. OBJETIVO...................................................................................................................10

3. METODOLOGIA..........................................................................................................11

4. DIFICULDADES E DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM............................................12

5. O QUE É O TRANSTONO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE?............19

6. A ATUAÇÃO DA ESCOLA NA FACILITAÇÃO DA VIDA ESCOLAR DO ALUNO COM

TDAH...............................................................................................................................29

7. CONCLUSÃO..............................................................................................................39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................42

7

1. INTRODUÇÃO

De acordo com Okano et al (2004), a dificuldade escolar pode gerar um

"círculo vicioso do fracasso", ou seja, quanto mais a criança se sente inferiorizada,

mais ela estará suscetível ao insucesso, e menos poderá obter aprovação a partir

de seu desempenho. O tratado com os distúrbios de aprendizagem no ambiente

escolar não se constitui em tarefa fácil, e muitas vezes, a alternativa dada envolve

a colocação das crianças em programas especiais de ensino como o proposto

para as salas de reforço ou de recuperação paralela, destinadas a alunos com

dificuldades não superadas no cotidiano escolar.

Sisto (2001) afirma que todas as pessoas sentem maior ou menor dificuldade

para aprender alguma coisa em sua vida escolar. Algumas delas são superadas

ou ignoradas pela pouca importância que foi atribuído àquele conteúdo no sistema

de avaliação empregado, ou porque no todo da avaliação esse conteúdo não

pesou muito. Por essas e outras razões os distúrbios de aprendizagem foram e

são identificados por diferentes critérios, que implicam em distintas definições do

que realmente poderia ser considerado como distúrbio ou dificuldade de

aprendizagem.

A criança com dificuldade na aprendizagem pode desenvolver sentimentos

de baixa autoestima e inferioridade. Dificuldades na aprendizagem escolar

frequentemente são acompanhadas de déficits em habilidades sociais e

problemas emocionais ou de comportamento; essas associações se verificam,

tanto quando se empregam critérios mais restritivos de identificação das

dificuldades de aprendizagem, como em abordagens genéricas do insucesso

escolar. Assim, essa condição, quando persistente e associada a fatores de risco

presentes no ambiente familiar e social mais amplo, pode afetar negativamente o

desenvolvimento do indivíduo e seu ajustamento em etapas subsequentes

(ERIKSON, 1971).

Há divergências entre os estudiosos quanto à definição de dificuldade de

aprendizagem (DA). Mas é importante destacar que as DA se diferenciam de

distúrbios de aprendizagem, porque é comum haver uma sobreposição de

8

diagnósticos entre DA e retardo mental, transtornos profundos, transtornos de

déficit de atenção/hiperatividade, transtorno de comunicação e outros. Essa

confusão terminológica acaba complicando ao invés de esclarecer os termos

(SÁNCHEZ, 2004).

Segundo Fonseca (1995) existem vários distúrbios de aprendizagem e

muitos são inicialmente observados pelos pais ou pelo professor. Um desses

distúrbios é conhecido como TDAH (Transtorno de Déficit de

Atenção/Hiperatividade) que muitas vezes é confundido com indisciplina. Os

sintomas da indisciplina e da hiperatividade são semelhantes, mas há diferenças

comportamentais que diferenciam a hiperatividade.

O TDAH é uma doença de alta incidência em crianças com idade escolar, é

reconhecida atualmente como uma condição importante, não só pelo forte impacto

funcional e social como também pela alta prevalência de correlações psiquiátricas.

Segundo publicado na página da internet do Centro de Referência em

Distúrbios de Aprendizagem (CRDA): “No Brasil não existem estatísticas

confiáveis quanto ao número exato de indivíduos portadores de Distúrbios e

Dificuldades de Aprendizagem. Se utilizarmos as estatísticas internacionais nossa

população é composta 5% de portadores de problemas de atenção e

hiperatividade...”

Para Goldstein e Goldstein (1998), é importante para os pais entenderem

que não há nenhum resultado ou observação isolada que confirme ou exclua o

diagnóstico de hiperatividade em uma criança. Muitos dos problemas de atividade

de impulsividade que são atribuídos à hiperatividade em algumas crianças, estão

também associados a outros problemas emocionais e de ajuste social.

É na escola que a criança hiperativa vai demonstrar as características que

definem a doença, como: dificuldade em se concentrar; não conseguir ficar

envolvida com uma coisa só; movimentar-se e conversar constantemente. Outro

sintoma é a dificuldade de controle sobre os impulsos, comportamento que se

caracteriza por não pensar antes de agir, podendo provocar situações perigosas,

como atravessar a rua sem antes olhar. As dificuldades na escola não surgem só

pela falta de atenção, mas também por alteração da percepção temporal

(ARAÚJO e SILVA, 2003).

9

Diante do exposto, verifica-se a importância do esclarecimento, por parte do

professor, para lidar com crianças que apresentem sintomas de hiperatividade,

pois se acredita que o professor muitas vezes não sabe trabalhar com um aluno

hiperativo, atrapalhando e atrasando os estudos de seus alunos. Para tanto, esta

pesquisa tem por objetivo, buscar encontrar meios, dando condições aos pais e

professores de trabalharem corretamente na educação desses alunos, levando-os

ao sucesso escolar e não o contrário.

O presente trabalho indicará como objetivos específicos: técnicas, exercícios,

atividades que o professor pode e deve utilizar como ferramentas de apoio para

melhorar seu desempenho com alunos portadores de TDAH.

A metodologia utilizada foi o levantamento e revisão bibliográfica, com apoio

de materiais específicos formulados por profissionais de diversas áreas, também

se utilizou a experiência profissional da autora desse trabalho, que durante os dois

anos que frequentou o curso de pós-graduação, aplicou as ferramentas que serão

citadas com dois alunos de Ensino Fundamental II, comprovando melhora no

comportamento e rendimento escolar em sua disciplina.

Com o objetivo de contextualizar o TDAH no ambiente escolar, esse trabalho

foi organizado seguindo a seguinte ordem: no primeiro capítulo será abordada a

questão das diferenças entre as Dificuldades (DA) e Distúrbios de Aprendizagem

(DDA), no segundo, o que é o Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade e

finalizando, o terceiro capítulo abordará objetivamente o que realmente se pode

fazer na escola, pelo aluno com TDAH (ações e práticas).

10

2. OBJETIVO

Comprovar por meio desse trabalho, que nem todos os professores estão

preparados para enfrentar em sua sala, alunos com TDAH. Uns por não terem

preparação, outros por não terem conhecimento do assunto e não saber lidar com

alunos com esse tipo de distúrbios que acabam confundindo com dificuldades

escolares.

Até mesmo as escolas, nem sempre estão preparadas para esse tipo de

aluno, então considera-se que todos os educadores deveriam ter um mínimo de

conhecimento sobre esse assunto.

Demonstrar algumas ferramentas para se trabalhar com os alunos que

possuem TDAH. Exemplificar que é possível para os educadores, melhorar a vida

escolar desses alunos.

11

3. METODOLOGIA

Este trabalho foi realizado através de revisão bibliográfica, pesquisa que

visa à solução de problemas utilizando-se de conhecimentos disponíveis em livros,

obras do gênero, material de terapia e experiência de professores.

A própria autora desse trabalho, aplicou durante os anos de 2008 e 2009,

as ferramentas exemplificadas nesse trabalho com seus alunos L. 14 anos, T. 15

anos e C. 17 anos, todos estudantes de Ensino Fundamental II e Médio de colégio

particular na cidade de São Paulo. O trabalho que se segue é uma comprovação

empírica e pessoal de que há maneiras fáceis de trabalhar com alunos que

possuem TDAH, dentro da sala de aula.

12

4. DIFICULDADES E DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

Dificuldade de Aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo

heterogêneo de transtornos manifestados por dificuldades significativas na

aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades

matemáticas. Esses transtornos pertencem ao indivíduo, supondo-se que

acontecem devido à disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao

longo do ciclo vital. Podem existir junto com as dificuldades de aprendizagem,

problemas nas condutas de autorregulação, percepção e interação social, mas

não constituem por si próprios, uma dificuldade de aprendizado. Ainda que as

dificuldades de aprendizado possam ocorrer ao mesmo tempo com outras

condições incapacitantes como, por exemplo, transtornos emocionais graves ou

com influências extrínsecas (tais como as diferenças culturais, instrução

inapropriada ou insuficiente), não são o resultado dessas condições ou

influências. Ainda hoje não há um consenso das definições nas dificuldades de

aprendizagem, pois esta tem emergido mais de pressões e de necessidades

sociais e políticas do que de pressupostos empíricos e científicos (KEOGH, 1989

apud FONSECA, 1995).

Segundo CASAA (apud CRUZ, 1999) as características materiais da

instituição escolar podem dificultar o processo de aprendizagem e favorecer o

surgimento de dificuldades, sendo as seguintes insuficiências materiais que com

mais freqüência ocorrem no contexto institucional: classes saturadas com um

número excessivo de alunos por aula, o que leva a uma diminuição do rendimento

tanto do aluno como do professor, o qual vendo o seu trabalho multiplicado não

consegue atender a todos os problemas surgidos na classe; condições físicas

inadequadas, como a falta de ventilação, de luminosidade, de materiais

adequados nas salas de aula, excesso de barulho, etc.

Todas estas deficiências favorecem em grande escala o surgimento de

comportamentos como a falta de atenção, o desinteresse, a falta de motivação

etc., os quais não condizem com uma aprendizagem adequada. O inadequado

planejamento do sistema educativo, sendo um tema de análise de diversos

estudos, é também um fator gerador de DA. Assim, podem ser diferenciados

fatores e variáveis de origem muito diversa como é exemplo a não preocupação

13

com a evidência de que existem alunos com diferentes ritmos de maturação, tanto

em nível biológico como psicológico. Isto é, quando o professor não leva em conta

uma série de considerações em relação ao processo de ensino-aprendizagem a

seguir com os alunos, há fatores derivados do seguimento e aplicação do

programa de modo inadequado, tanto porque este não corresponde ao nível real

do aluno, como porque não tem em conta o seu ritmo individual de aprendizagem

(CASAA apud CRUZ, 1999).

Segundo FONSECA (1995), o termo dificuldades de aprendizagem constitui

uma simples designação que é útil por um lado, mas por outro não, na medida

em que encerra uma significação sociopolítica e sociocultural. Esse termo evoluiu

da necessidade em fornecer serviços educacionais a uma população escolar que

foi, e ainda é, mal servida e negligenciada. Trata-se de uma questão que, em

última análise, ilustra o insucesso escolar e nunca o insucesso individual do

estudante. Desse modo, o termo revela elegibilidade, mas nenhuma verdadeira e

óbvia identificação clínica. A criança com DA possui, no plano educacional, um

conjunto de condutas significativamente desviantes em relação à população

escolar em geral. Trata-se de uma criança normal em alguns aspectos, mas

desviante e atípica em outros que, por si só, exige processos de aprendizagem

que não se encontram disponíveis, por agora, no envolvimento da “classe”

regular, dita normal.

Para SÁNCHEZ (2004 p. 15)

Segundo a conceitualização internacional, as dificuldades de aprendizagem se caracterizam por um funcionamento substancialmente abaixo do esperado, considerando a idade cronológica do sujeito e seu quociente intelectual, além de interferirem significativamente no rendimento acadêmico ou na vida cotidiana, exigindo um diagnóstico alternativo nos casos de déficit sensoriais. Assume-se, portanto, um critério de discrepância entre a aptidão e o rendimento e um critério de exclusão, além do baixo rendimento e da interferência na vida cotidiana.

Não se deve tratar as Dificuldades de Aprendizagem como se fossem

problemas insolúveis, mas antes disso, como desafios que fazem parte do próprio

processo de aprendizagem. Também parece ser consensual a necessidade de se

identificar e prevenir o mais precocemente possível as Dificuldades de

Aprendizagem. Os indivíduos classificados com DA apresentam resultados

14

significativamente abaixo do esperado para o seu nível de desenvolvimento,

escolaridade e capacidade intelectual (FONSECA 1995; SÁNCHEZ, 2004).

O fato de as dificuldades de aprendizagem serem consideradas sintomas

pode ser justificado e reconhecido na entrada da criança na escola, onde os

problemas/sintomas ocorrem e começam a se manifestar, devido à socialização

da criança. O sintoma da criança passa pelos pais, ou seja, está relacionado com

os pais, pois estes são os responsáveis pelo que acontece com a criança (FANTE,

2006).

De acordo com SISTO, 2001 um número considerável de crianças pode ser

identificado como incluído no grupo que apresenta dificuldades de aprendizagem

temporal ou permanente. Quando se quer saber como foram detectados ou como

se faz para distinguir se uma criança aparenta ou não ter dificuldades de

aprendizagem, problemas de várias ordens começam a aparecer. Não há uma

resposta simples para isso. Apesar dos esforços realizados, não há definição

aceita universalmente do que seria considerada “dificuldade de aprendizagem”,

pois coexiste um grupo heterogêneo de sintomas e, por isso, é difícil a

demarcação de fronteiras.

Em alguns estudos, as crianças com dificuldades de aprendizagem são

caracterizadas por um autoconceito geral mais negativo que as crianças sem

dificuldades. Por outro lado, no estudo de KLOOMOK e COSDEN (apud Fonseca,

1995), as crianças com dificuldades de aprendizagem são caracterizadas por

autoconceito mais negativo apenas no domínio acadêmico, não diferindo das

crianças sem dificuldades de aprendizagem em outros domínios do autoconceito.

Os autores relataram que os estudantes com dificuldades de aprendizagem

classificam a si mesmos como menos competentes apenas frente às habilidades

escolares. Ressaltaram, ainda, que esses estudantes não ignoraram a

importância do domínio acadêmico, apresentando autopercepções mais negativas

de habilidades intelectuais, apesar de não diferirem quanto ao nível intelectual

avaliado por instrumentos específicos.

Também PROUT e PROUT (apud STEVANATO, LOUREIRO,

LINHARES e MARTURANO, 2003) estudaram o autoconceito, com base

em uma revisão da literatura e relataram que a noção popular de que

crianças com dificuldades de aprendizagem apresentam uma autoestima

15

geral mais baixa não se confirma, especialmente em estudos que

comparam estes indivíduos a indivíduos sem tais dificuldades. Das doze

análises revisadas, nove relataram diferença não significativa nesta

comparação, enquanto três relataram que estudantes com dificuldades de

aprendizagem evidenciaram uma autoestima mais baixa. Os autores

comentam também que, quanto mais definidas ou específicas são as

condições ou dificuldades, menor é o impacto no autoconceito global,

destacando que apenas dificuldades generalizadas, como as associadas ao

retardo mental, que afetam o funcionamento geral, podem afetar o

autoconceito global.

Outro ponto destacado em relação às crianças com dificuldades de

aprendizagem que apresentam associados também problemas de socialização é

que elas têm menos habilidades sociais que seus colegas sem dificuldades de

aprendizagem, e que estas persistem ao longo da vida escolar. Crianças que

apresentam a associação de dificuldades de aprendizagem e problemas de

comportamento tendem a experimentar dificuldades quanto às autopercepções

(FONSECA, 1995).

Segundo RAMOZZI-CHIAROTTINO (apud FANTE, 2006) existe uma

classificação das crianças com Dificuldade de Aprendizagem, por grupos: no

grupo A estão as crianças mais comprometidas que desconhecem: regularidades

da natureza, não possuem noção de tempo, espaço e causalidade, não agem

sobre o meio e sobre os objetos e não conhecem os limites de suas ações. Como

consequência, essas crianças possuem uma representação de mundo caótica,

retardo na aquisição da linguagem, impedimento na comunicação por problemas

com a aquisição da língua materna. Para superar as dificuldades dessas crianças,

seriam necessárias atividades que propiciem a construção e a coordenação de

seus esquemas motores; interações com o meio; compreensão das ações;

compreensão das propriedades dos objetos e percepção das regularidades da

natureza. O grupo B é composto por crianças capazes de falar, representar e

operar, mas não organizam o real, não percebem a diferença entre o real e o

fantástico. Intervir com estas crianças significaria propiciar interações com o meio,

experimentá-lo, agir sobre ele, relatar o que foi visto e feito, vivenciado. Já no

grupo C, a criança é restrita ao presente, não chega à identidade por falta de

16

organização, não estabelece classes e séries, para a criança passar deste nível,

rumo à compreensão, é necessário estruturar o real, organizar, buscar explicações

para o mundo físico. Finalmente, no grupo D, estão as crianças que ainda não

construíram as estruturas mentais esperadas nas idades em que estão.

Apresentam dificuldades com relação ao real, ou seja, não se localizam no tempo

e no espaço e não estabelecem relações entre causa e efeito, pois vivem fora da

realidade. São crianças que não apresentam distúrbios físicos ou mentais, mas

que apresentam dificuldades em aprender.

Seria essencial analisar o vínculo que a criança faz com a aprendizagem,

pois não é possível separar comportamentos cognitivos e afetivos, ou imaginar

que os alunos reajam de forma específica apenas a um conteúdo apresentado ou

às tarefas que lhes são incumbidas. Os alunos se adaptam e trabalham dentro de

um todo, levando em conta seja o currículo aparente, seja o currículo latente, e

assimilando tradições, crenças e modelos de realidade que estão sendo constante

e inevitavelmente transmitidos por meio do processo pedagógico. Deste modo, as

dificuldades de aprendizagem não podem nunca ser consideradas como

decorrência de um fator isolado, mas são resultantes de causas variadas em que

componentes afetivos, cognitivos e sociais se integram (NEVES, 1993).

A porcentagem maior de insucesso escolar é de DA, que se concentra em

crianças com baixa renda, deixando clara a forte influência socioeconômica no

desenvolvimento da criança. A falta de variedade e a estimulação desorganizada,

observada nos bairros pobres, podem ser outra face da privação cultural. Para

uma criança ser considerada com DA ela não pode apresentar nenhum problema

físico, como problemas de audição, visão etc. Em relação aos problemas de

comportamento, existem quadros classificados como comportamentos disruptivos

e, dentro deles, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (FONSECA,

1995).

Segundo metodologia de LEO FRAIMAN1 de desenvolvimento pessoal

integrado, existem algumas dicas para principalmente os pais, ajudarem a

1 Leo Fraiman: Psicoterapeuta e diretor da Clínica Fraiman, é conselheiro do Ikwa. Foi orientador

educacional do Colégio Hebraico Brasileiro Renascença e Visconde de Porto Seguro. Atualmente é

professor da cadeira de Orientação Profissional do Colégio Guilherme Dumont Villares, além de

autor de diversos livros sobre o tema.

17

organizar a vida das crianças e adolescentes com dificuldades e distúrbios de

aprendizagem que podem ser adaptadas segundo o problema que cada criança

apresenta:

1. Coloque o problema por escrito. Sente-se com a criança- ou com a

família inteira - e escreva quais são as áreas-problema – a mesa do

jantar, o quarto de dormir, o banheiro, onde quer que seja. É bom

definir – e dessa forma limitar – o problema, em vez de deixá-lo no

plano do infinito.

2. Use estratégias especificas para cada área-problema.

3. Faça uso de artifícios concretos para lembrar-se, como listas,

cronogramas, despertadores e outras coisas do gênero.

4. Planos de incentivo são bons. Não se pensa neles como propinas,

mas como incentivos. As crianças são empreendedores natos.

5. Dê feedbacks frequentes. As crianças com distúrbios muitas vezes

não veem o que estão fazendo enquanto o fazem. Não espere que a

casa esteja totalmente virada do avesso para sugerir a arrumação das

coisas.

6. Confira responsabilidade em tudo que for possível. Por exemplo, se a

criança tem idade suficiente para acordar por conta própria, dê a ela a

responsabilidade de fazê-lo. Se ela perder a hora do ônibus para a

escola, deixe que pegue um táxi com dinheiro da mesada ou qualquer

outro.

7. Faça uso abundante de elogios e retornos positivos. Mais do que a

maioria das pessoas, as crianças com dificuldades e distúrbios se

desenvolvem sob o calor do elogio.

8. Pense na responsabilidade de usar um explicador ou professor

particular no que tange a trabalhos escolares. Você não desejará abrir

mão de seu papel como pai ou mãe para assumir um papel ad hoc de

supervisor-explicador-professor rabugento.

9. Proporcione a criança todo e qualquer dispositivo que possa ajudá-la.

Pergunte a criança o que pode ajudá-la. Experimente diferentes

18

planos e artifícios. Uma criança organizou seus deveres de casa

ajustando seu despertador para tocar a intervalos de vinte minutos.

10. Lembre-se sempre: negocie, não brigue.

No próximo capítulo serão apresentadas pesquisas sobre o TDAH, com o

intuito de conhecer suas definições e sintomas. Também serão apresentadas

algumas alternativas de tratamento.

19

5. O QUE É O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE

ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE?

MARTINS (2004), afirma em seu artigo que até o início da década de 1970,

um conjunto de transtornos, dentre eles, o Transtorno do Déficit de Atenção e

Hiperatividade (TDAH) eram considerados como lesão ou disfunção cerebral

mínima. Na última década, um grande número de pesquisas científicas permitiu

mais conhecimentos sobre esse transtorno. O TDAH não é mais considerado

como comportamento, fora de hora, inconveniente, ou falta de educação, pois há

um comprometimento social na vida profissional, acadêmica e de relacionamento

pessoais. Esse transtorno se apresenta de maneiras parecidas em culturas

diversas.

As características principais de TDAH são: a desatenção, a hiperatividade e

a impulsividade e em mais de 50% dos casos, é associado com outros

transtornos. O TDAH acomete cerca de 5% de crianças e persiste até a vida

adulta em mais da metade dos casos.

O DSM IV situa as dificuldades em: dominar sistema cardinal e ordinal,

contar, executar operações, imaginar classes, associar sinais visuais e auditivos,

conservar quantidade, evocar sequencias de passos para realizar algoritmos.

Podem apresentar déficits subjacentes de diferentes ordens: de atenção, de

percepção, matemáticos, lingüísticos, que serão retomados mais a frente.

O TDAH pode ser dividido, segundo o DSM-IV-TR em três tipos: a) com

predomínio de sintomas de desatenção; b) com predomínio de sintomas de

hiperatividade/impulsividade; c) o tipo combinado (KNAPP et al, 2002)

ROHDE e HALPERN (2004) afirmam que as primeiras referências à

hiperatividade e desatenção na literatura não-médica datam da metade do

século XIX. É importante salientar que a primeira descrição do transtorno em

um jornal médico (Lancet) foi feita por um pediatra, George Still, em 1902.

Entretanto, a nomenclatura desse transtorno vem sofrendo alterações

contínuas. Na década de 1940, surgiu a designação "lesão cerebral

mínima", que, já em 1962, foi modificada para "disfunção cerebral mínima",

reconhecendo-se que as alterações características da síndrome relacionam-

se mais a disfunções em vias nervosas do que propriamente a lesões nas

mesmas. A prevalência do transtorno tem sido pesquisada em inúmeros

20

países em todos os continentes. Diferenças encontradas nas taxas de

prevalência refletem muito mais diferenças metodológicas (tipo de amostra,

delineamento, fonte de informação, idade, critérios diagnósticos utilizados, ou

a forma como eles são aplicados) do que reais diferenças transculturais no

construto do diagnóstico do transtorno.

Atualmente o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade é uma

terminologia usada para descrever uma desordem específica do desenvolvimento

exibido por crianças com deficiências em sustentar a atenção, inibir os impulsos e

regular a atividade nas diversas situações de vida (ANTONY e RIBEIRO, 2004). O

TDAH é classificado junto com os transtornos de déficit de atenção e de

comportamento disruptivo incluídos nos transtornos geralmente diagnosticados

pela primeira vez na infância ou na adolescência. É um problema do

funcionamento de certas áreas do cérebro que comandam o comportamento

inibitório (freio), a capacidade de executar tarefas de planejamento, a memória de

trabalho (entre outras funções), determinando que o indivíduo apresente sintomas

de desatenção, agitação (hiperatividade) e impulsividade.

A criança com TDAH, em relação a desatenção, possui muitas ou todas as

características seguintes: não presta atenção a detalhes, erra por descuido, tem

dificuldade em manter a concentração nas atividades, não ouve quando lhe falam

diretamente (“cabeça no mundo da lua”), é desorganizado, distrai-se facilmente,

não persiste nas tarefas que exigem esforço mental continuado, não termina o que

começa e tem dificuldade de seguir instruções, perde frequentemente os objetos

necessários para as atividades, é esquecido (KNAPP et al, 2002)

O TDAH se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com as

demais crianças, pais e professores, pois os portadores não conseguem realizar

os projetos que planejam e são tidos como “avoados”. Muitas crianças têm um

comportamento desafiador e opositivo associado, não respeitam limites e

enfrentam ativamente os adultos. Possuem características de

hiperatividade/impulsividade, como: fica irrequieto com as mãos e com os pés

quando sentado, não pára sentado, está sempre agitado, parece elétrico, a mil por

hora, fala demais, tem dificuldade de esperar a sua vez, interrompe e se intromete

nas conversas ou jogos dos outros, tem uma sensação de inquietude, é

21

barulhento para jogar ou se divertir, responde antes mesmo que a pergunta tenha

sido concluída (KNAPP et al, 2002)

Normalmente, a criança hiperativa não consegue controlar seu

comportamento a despeito de sua inteligência. Sua tendência é se prender a

circunstâncias secundárias frente a uma explicação que está sendo dada pelo

professor, geralmente ela está envolvida numa atividade mais improdutiva durante

a aula. O comportamento da criança hiperativa é não-reativo às intervenções

normais do professor, o que poderá ser interpretado como desobediência e

conduz a uma cobrança mais rígida do mesmo. Esta situação agrava o problema

aumentando a frustração do professor e da criança, podendo levar à utilização de

instrumentos punitivos e o convite para mudança de escola. Muitos desses

problemas de conduta acontecem com crianças, principalmente, pela falta de

habilidades dos pais e professores (FABRÍCIO, 2006; GOLDSTEIN e

GOLDSTEIN, 1998).

A etiologia não é específica. Incluem-se causas pré-natais (como as

decorrentes do álcool na gestação, prematuridade), perinatais (anóxia ou

hemorragia intracraniana, etc.) e pós-natais (seqüelas de doenças no início da

infância, como encefalites, meningites, traumatismo crânio-encefálico, etc.).

Fatores ambientais decorrentes de baixo nível sócio-econômico podem interferir

na etiologia também, mas segundo TOPCZEWSKI (1999), o TDAH tem como fator

determinante a genética.

ROHDE e HALPERN (2004) argumentam que apesar de vários estudos

já realizados, as causas precisas do TDAH ainda são desconhecidas. Entre-

tanto, a influência de fatores genéticos e ambientais no seu desenvolvimento é

amplamente aceita na literatura. A contribuição genética é substancial; assim

como ocorre na maioria dos transtornos psiquiátricos, acredita-se que vários

genes de pequeno efeito sejam responsáveis por uma vulnerabilidade (ou

suscetibilidade) genética ao transtorno, a qual somam-se diferentes problemas

ambientais (gatilhos). Desta forma, o surgimento e a evolução do TDAH em

um indivíduo parecem depender de quais genes de suscetibilidade estão

agindo, de quanto cada um deles contribui para a doença (ou seja, qual o

tamanho do efeito de cada um) e da interação desses genes entre si e com o

ambiente.

22

Segundo KNAPP et al (2002), a vulnerabilidade genética consiste em certos

genes que algumas pessoas têm que fazem com que elas tenham maior facilidade

do que outras de ficarem agitadas, desatentas ou impulsivas quando algo

acontece no ambiente onde elas vivem.

Para ROHDE e HALPERN (2004), segundo o DSM-IV os sintomas mais

frequentes do portador de TDAH são:

Desatenção :

a) frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros

por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras;

b) com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou

atividades lúdicas;

c) com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra;

d) com frequência não segue instruções e não termina seus deveres

escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a

comportamento de oposição ou incapacidade de compreender

instruções);

e) com frequência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades;

f) com frequência evita, antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas

que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou

deveres de casa);

g) com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades

(por exemplo, brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros

materiais);

h) é facilmente distraído por estímulos alheios às tarefas;

i) com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias.

Hiperatividade :

a) frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira;

b) frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras

situações nas quais se espera que permaneça sentado;

c) frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais

isso é inapropriado (em adolescentes e adultos pode estar limitado a

sensações subjetivas de inquietação);

d) com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver

23

silenciosamente em atividades de lazer;

e) está frequentemente "a mil por hora" ou muitas vezes age como se

estivesse "a todo vapor”;

f) frequentemente fala em demasia.

Impulsividade:

a) frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas

terem sido completadas;

b) com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez;

c) frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por

exemplo, intromete-se em conversas ou brincadeiras).

ROHDE e HALPERN (2004) destacam que é importante saber que a

desatenção, a hiperatividade ou a impulsividade como sintomas isolados

podem resultar de muitos problemas na vida de relação das crianças (com os

pais e/ou colegas e amigos), de sistemas educacionais inadequados, ou

podem estar associados a outros transtornos comumente encontrados na

infância e adolescência. Portanto, para o diagnóstico do TDAH, é sempre

necessário contextualizar os sintomas na história de vida da criança. Algumas

pistas que indicam a presença do transtorno são:

a) duração dos sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade.

Normalmente, crianças com TDAH apresentam uma história de vida

desde a idade pré- escolar com a presença de sintomas, ou, pelo

menos, um período de vários meses de sintomatologia intensa;

b) frequência e intensidade dos sintomas. Para o diagnóstico de TDAH é

fundamental que pelo menos seis dos sintomas de desatenção e/ou

seis dos sintomas de hiperatividade/impulsividade descritos

anteriormente estejam presentes frequentemente (cada um dos

sintomas) na vida da criança;

c) persistência dos sintomas em vários locais e ao longo do tempo. Os

sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade precisam

ocorrer em vários ambientes da vida da criança (por exemplo, escola e

casa) e se manterem constantes ao longo do período avaliado.

Sintomas que ocorrem apenas em casa ou somente na escola devem

alertar o clínico para a possibilidade de que a desatenção,

24

hiperatividade ou impulsividade possam ser apenas sintomas de uma

situação familiar caótica ou de um sistema de ensino inadequado. Da

mesma forma, flutuações de sintomatologia com períodos assintomá-

ticos não são características do TDAH;

d) prejuízo clinicamente significativo na vida da criança. Sintomas de

hiperatividade ou impulsividade sem prejuízo na vida da criança podem

traduzir muito mais estilos de funcionamento ou temperamento do que

um transtorno psiquiátrico;

e) entendimento do significado do sintoma. Para o diagnóstico de TDAH é

necessária uma avaliação cuidadosa de cada sintoma, e não somente a

listagem de sintomas. Por exemplo, uma criança pode ter dificuldade de

seguir instruções por um comportamento de oposição e desafio aos

pais e professores, caracterizando muito mais um sintoma de transtorno

opositor desafiante do que de TDAH.

A proporção entre meninos e meninas afetados por TDAH varia

aproximadamente 2:1, em estudos populacionais e até 9:1 em estudos

clínicos. A diferença entre essas proporções provavelmente se deve ao fato

de as meninas apresentarem mais transtorno de déficit de atenção/

hiperatividade (TDAH) com predomínio de desatenção e menos sintomas de

conduta em comorbidade, causando menos incômodo às famílias e à escola,

e, portanto, serem menos encaminhadas a tratamento. Estudos que avaliam a

prevalência do transtorno de acordo com o nível socioeconômico e em etnias,

que não a caucasiana, são ainda escassos e não permitem conclusões claras

(ROHDE e HALPERN, 2004).

A falta de atenção, a impulsividade e a inquietação motora ou até mesmo os

problemas nos processos executivos ou nas condutas governadas por leis devem

permitir fazer o diagnóstico diferencial. No caso de superposição do transtorno

com dificuldades de aprendizagem, deve-se incluir o duplo diagnóstico. Esses

problemas, ao contrário do que se aceitou amplamente, não são atenuados com a

adolescência ou com a idade adulta. No entanto, as dificuldades de aprendizagem

que se apresentem podem ser abordadas de forma específica semelhante às DA,

pelo que podem se beneficiar dos avanços na área DA, ao menos nos aspectos

acadêmicos (BARKLEY apud SÁNCHEZ, 2004).

25

Para que uma criança ou jovem com TDAH tenha a possibilidade de

desenvolver seu potencial e caminhar pela vida de maneira adequada e

gratificante, é necessário que as pessoas envolvidas no processo de

acompanhamento mantenham estreita comunicação e forte colaboração (SMITH,

2001).

ROHDE e HALPERN (2004) afirmam que, antigamente, acreditava-se

que todas as crianças com o transtorno superavam os sintomas ("amadureciam")

com a chegada da puberdade. Mas estudos prospectivos recentes que seguiram

crianças com TDAH mostram uma persistência do diagnóstico em até cerca de 70-

80% dos casos na adolescência inicial a intermediária. Estimativas conservadoras

documentam que cerca de 50% dos adultos diagnosticados como tendo TDAH na

infância seguem apresentando sintomas significativos associados a prejuízo

funcional. Ao longo do desenvolvimento, diminui a hiperatividade, restando

freqüentemente déficits atencionais e impulsividade, especialmente cognitiva (agir

antes de pensar). Ao longo do desenvolvimento, o TDAH está associado com um

risco aumentado de baixo desempenho escolar, repetência, expulsões e

suspensões escolares, relações difíceis com familiares e colegas,

desenvolvimento de ansiedade, depressão, baixa auto-estima, problemas de

conduta e delinquência, experimentação e abuso de drogas precoces, acidentes

de carro e multas por excesso de velocidade, assim como dificuldades de

relacionamento na vida adulta, no casamento e no trabalho.

O trabalho multidisciplinar no TDAH é fundamental, tanto para o diagnóstico

como para o tratamento, tendo em vista a amplitude dos efeitos que tem na vida

de seus portadores e as várias áreas que atinge. Profissionais variados como

professores, psicólogos, médicos, psicopedagogos, entre outros, vão ser

requisitados a participar do processo diagnóstico e das inúmeras intervenções que

serão necessárias no decorrer de um tratamento adequado do TDAH. É essencial

que os profissionais envolvidos saibam trabalhar em conjunto, trocando o

conhecimento e as informações necessárias ao bom andamento de ambos os

trabalhos (BROMBERG, 2006).

O psiquiatra clínico que atua na infância e na adolescência muitas vezes é

procurado por famílias de crianças e adolescentes com TDAH. Esses pacientes

26

apresentam muitas vezes quadros complexos que obrigam o médico a se deparar

com diversos dilemas clínicos e terapêuticos. Assim, o correto diagnóstico,

evitando-se critérios muito flexíveis, é fundamental para um transtorno com

construto dimensional na população, bem como a adequada utilização de

medicação quando necessária, permitindo não somente a redução dos sintomas

relacionados ao transtorno, mas também a diminuição daqueles associados às

frequentes comorbidades (ROHDE et al, 2004).

O mesmo autor explica que existem estratégias de intervenção

psicofarmacológicas nos casos de TDAH associado a comorbidades, pois mais de

70% dos pacientes com TDAH que procuram ambulatórios especializados

apresentam comorbidades, portanto, o psiquiatra clínico provavelmente terá que

escolher a intervenção psicofarmacológica para o seu paciente levando em

consideração a presença de alguma comorbidade. A discussão da farmacologia

dos diversos medicamentos efetivos para o TDAH foge ao alcance da presente

revisão. Devido à falta de estudos comparativos entre as medicações disponíveis

na presença das diversas comorbidades, também não se apresentam algoritmos

de decisão terapêutica. No entanto para TDAH e transtornos de ansiedade, o

estudo multimodal de tratamento do TDAH (MTA) demonstrou que essa

comorbidade é a única na qual a utilização de intervenção psicossocial (terapia

comportamental) determina um tamanho de efeito tanto nos sintomas básicos do

transtorno quanto em indicadores mais gerais de funcionamento similares aos do

uso adequado de estimulantes. Os antidepressivos tricíclicos podem ser uma

alternativa, já que há evidências de sua eficácia em ambos os transtornos.

Existem, na literatura mundial, alguns relatos de morte súbita em crianças em uso

de desipramina. Muito provavelmente essas mortes não se relacionam

diretamente ao uso da medicação. Entretanto, por cautela, deve-se sempre

monitorizar, através de eletrocardiograma, qualquer criança recebendo

antidepressivos tricíclicos, antes e durante o tratamento.

Para o tratamento de TDAH e transtornos depressivos, o metilfenidato

parece ser a medicação de escolha na presença de comorbidade entre TDAH e

depressão maior em crianças e adolescentes, já que há evidência de sua eficácia

em ambos os transtornos. É importante lembrar que, diferentemente dos adultos,

27

não há evidência de eficácia dos antidepressivos tricíclicos nos quadros

depressivos da infância. Um estudo inicial sugeriu diminuição de escores tanto

relacionados com a desatenção/hiperatividade quanto com a depressão em

crianças com TDAH em comorbidade com transtornos depressivos (ROHDE et al,

2004).

Para BROMBERG (2004), os medicamentos indicados para o tratamento de

TDAH são os psicoestimulantes que têm a mesma função em crianças e adultos,

que é agir nos sintomas básicos de desatenção, hiperatividade e impulsividade

para que seja possível implementar as intervenções que se fazem necessárias em

cada caso. Com a criança, quase sempre é necessária uma intervenção no

processo de aprendizagem, seja com reforço e treino individuais, seja com

intervenção no ambiente escolar. O adulto, muitas vezes, busca uma terapia que o

ajude a solucionar os problemas específicos que prejudicam sua vida profissional

e pessoal. Ambos precisam estar bem informados sobre o transtorno, como ele

interfere no seu comportamento, quais as possibilidades de melhoria, e sobre suas

próprias habilidades e dificuldades, para que suas expectativas em relação a

modificações e melhor qualidade de vida sejam baseadas na realidade.

É fundamental que o médico possa educar a família sobre o transtorno,

através de informações claras e precisas. Muitas vezes, é necessário um

programa de treinamento para os pais, com ênfase em intervenções

comportamentais, a fim de que aprendam a manejar os sintomas dos filhos. Além

disso, esses programas devem oferecer treinamento em técnicas específicas para

dar os comandos, reforçando o comportamento adaptativo social e diminuindo ou

eliminando o comportamento desadaptado (por exemplo, através de técnicas de

reforço positivo).

De acordo com ANTONY e RIBEIRO (2004), o TDAH representa um alto

nível de excitação organísmica com implicações orgânico-funcionais associadas a

fenômenos de ordem emocional. O elevado fluxo de energia faz a criança

funcionar em "alta voltagem" respondendo ao mundo com hiperatividade,

hiperatenção e hiperemotividade, como uma totalidade em ação. O TDAH é

colocado totalmente no domínio da patologia, o que não é correto. Há talentos

oriundos dessa alta excitabilidade – a intuição, a criatividade, a afetuosidade, a

28

vitalidade – que devem ser sobrepostos aos supostos déficits. Essa criança lança

um desafio aos educadores, aos pais, aos profissionais da saúde para uma

mudança em seus modelos de pensamento, de intervenção, de interação. Ela não

aceita ser vítima de métodos padronizados de ensino ou modelos educacionais

rígidos. Anseia por criatividade, flexibilidade, afetividade e, sobretudo, ser tratada

como sujeito responsável por seu processo de aprendizagem.

O professor, enquanto mediador é fundamental no processo de observação

do rendimento e avaliação das crianças hiperativas. Ele representará o agente

responsável pela situação de aprendizagem bem como deverá ser conhecedor

das necessidades específicas dos seus alunos (FABRÍCIO, 2010).

Fica evidente, diante dessas considerações, que o portador de TDHA tem

necessidades educacionais especiais. Esse é um assunto que tem sido muito

discutido e considerou-se oportuno trazer considerações a respeito, no próximo

capítulo.

29

6. A ATUAÇÃO DA ESCOLA NA FACILITAÇÃO DA VIDA

ESCOLAR DO ALUNO COM TDAH

Segundo SAMUEL KIRK (apud SÁNCHEZ 2004), as pessoas com problemas

de retardo mental e dificuldades de aprendizagem deveriam receber atenção

especializada de profissional pertinente. Deveria haver um planejamento

cuidadoso da integração, definindo os papéis dos professores comuns e

especializados, é algo que se deve exigir para que a integração não fracasse. Se

o aluno não estiver preparado para o sistema escolar formal, ele não irá se sentir à

vontade, seguro ou protegido, e muitas vezes pode sofrer algum tipo de

discriminação (FABRÍCIO e SOUZA, 2010).

A proposta de inclusão dos portadores de necessidades educativas especiais

(NEE) tem sido norteadora e dominante na educação especial e da educação em

geral, direcionando programas e políticas educacionais e de reabilitação em vários

países, incluindo-se o Brasil (ENUMO, 2005).

O sistema educacional brasileiro tem vivenciado um momento de transição

no atendimento do aluno com (NEE), porque herdou a política de integração como

ponto de partida, tomando como exemplo os resultados positivos alcançados com

a prática da inclusão escolar nos países desenvolvidos, nas duas últimas

décadas. O modelo de educação especial anterior adotava as 'classes especiais'

para alunos com NEE, propondo-se a um atendimento mais específico, mas,

acabou por contribuir para a segregação dessas crianças. Dessa forma, a

inclusão escolar ganhou força, refletindo os esforços das sociedades atuais pela

sua integração em salas regulares de ensino, de forma a aceitar e respeitar suas

diferenças. Assim, a partir do final dos anos 1980 do século passado, o termo

integração começou a perder força, sendo substituído pela ideia de inclusão, uma

vez que o objetivo é incluir, sem distinção, todas as crianças, independentemente

de suas habilidades. A inclusão exige a transformação da escola, pois defende a

inserção no ensino regular de alunos com quaisquer déficits e necessidades,

cabendo às escolas se adaptarem às necessidades deles, ou seja, a inclusão

acaba por exigir uma ruptura com o modelo tradicional de ensino (ENUMO, 2005).

30

FABRÍCIO e SOUZA (2010) consideram que o estudante que se sente

excluído necessita ser visto com suas possibilidades, necessita de uma equipe

estruturada para ajudá-lo no desenvolvimento das questões cognitivas e também

sócio-afetivas. É o sujeito que precisa que o professor o aceite e não o rotule por

suas dificuldades, que o faça, portanto, sentir-se seguro e com garantia de

compromisso de que suas necessidades serão consideradas.

A inclusão implica um esforço de modernização e de reestruturação das

condições atuais da maioria de nossas escolas (especialmente a de nível básico),

ao assumirem que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, mas

resultam, em grande parte, do modo como o ensino é ministrado e de como a

aprendizagem é concebida e avaliada (MANTOAN, 2005).

SANT’ANA (2005) considera que se torna necessário, na inclusão

educacional, o envolvimento de todos os membros da equipe escolar no

planejamento de ações e programas voltados ao tema. Professores, diretores e

funcionários possuem papéis específicos, mas precisam agir em conjunto para

que a inclusão escolar seja efetiva nas escolas. Por outro lado, torna-se essencial

que esses agentes deem continuidade ao desenvolvimento profissional e ao

aprofundamento de estudos e conhecimento, visando à melhoria do sistema

educacional.

Para STAINBACK e STAINBACK (1999) a exclusão escolar lança as

sementes do descontentamento e da discriminação social. A educação é uma

questão de direitos humanos, e os indivíduos com deficiências devem fazer parte

das escolas, as quais devem modificar seu funcionamento para incluir todos os

alunos. Os professores melhoram suas habilidades profissionais e a sociedade

toma a decisão consciente de funcionar de acordo com o valor social da igualdade

para todas as pessoas. Para conseguir realizar o ensino inclusivo, os professores

e especialistas, bem como os recursos, devem aliar-se em um esforço único e

consistente.

A inclusão da pessoa com necessidades especiais na escola formal, na

maior parte dos casos, ainda se choca com grande número de entraves. No

cotidiano escolar há currículos pouco flexíveis, desrespeito aos diferentes ritmos

das crianças e adolescentes, problemas em relação à faixa etária de crianças e

31

adolescentes incluídos, relação professor aluno ainda muito hierarquizada, na

qual o professor é detentor do saber (PARK e FERNANDES, 2005).

Para MANTOAN (2005, p.55):

Não adianta, contudo, admitir o acesso de todos às escolas,

sem garantir o prosseguimento da escolaridade até o nível

que cada aluno for capaz de atingir. Ao contrário do que

alguns ainda pensam, não há inclusão quando a inserção de

um aluno é condicionada à matrícula em uma escola ou classe

especial. A inclusão deriva de sistemas educativos que não

são recortados nas modalidades regular e especial, pois

ambas se destinam a receber alunos aos quais impomos uma

identidade, uma capacidade de aprender, de acordo com suas

características pessoais.

Todos os defensores da melhoria das escolas para melhor atender às

diferentes necessidades dos alunos devem unir-se e reconhecer o princípio

de que as boas escolas são boas escolas para todos os alunos e, então, agir

com base nesse princípio. Observa-se que o movimento de inclusão traz

benefícios não apenas para as pessoas com necessidades especiais, mas para a

escola como um todo. Esta tem a oportunidade de ser mais democrática e

preocupada com as diferenças entre todos os alunos (PARK, 2005; STAINBACK e

STAINBACK, 1999).

STAINBACK e STAINBACK (1999) reiteram que para o aluno que necessita

de ajuda, convém incluir na equipe outros colegas de classe desse aluno. Os

colegas podem oferecer sugestões práticas sobre o modo como ele pode

envolver-se integralmente na escola e sentir-se bem-vindo, seguro e bem

sucedido na classe. Com a ajuda do grupo da escola, os alunos frequentemente

conseguem mobilizar um grupo da turma em torno de um determinado aluno.

Especificamente quanto às crianças com TDAH, elas não devem sofrer um

processo de exclusão, sobretudo na escola, pois já são bastante apontadas, às

vezes, sem maiores justificativas, a não ser pelo fato de que incomodam os

adultos ou não se conformam a situações pré-estabelecidas. Estas crianças não

apresentam necessariamente limitações cognitivas relacionadas ao transtorno e

32

podem, perfeitamente, seguir uma escola regular se esta tiver a disposição de

admitir suas dificuldades e procurar resolvê-las com adequação de currículo,

flexibilidade na maneira de avaliar, atendimento mais personalizado e cuidadoso

durante as aulas e tantos outros procedimentos que beneficiam não só a elas,

mas a todos os alunos.

Considerando as escolas especiais que dizem atender crianças com TDAH

também acolhem alunos com déficits sérios nas áreas da cognição, ou outras

deficiências que impedem o seguimento do ensino escolar regular. O atendimento

dado por esses estabelecimentos não corresponde às necessidades originadas

pelo TDAH sem comorbidades. Por outro lado, escolas pequenas, que primam por

oferecer um tratamento diferenciado para seus alunos, que respeitam a

individualidade de cada um, que têm compreensão exata do que é disciplina e o

que é inflexibilidade, e que procuram adequar o ensino ao aluno em vez do aluno

ao ensino, são as escolas mais adequadas para os portadores de TDAH

(BROMBERG, 2006).

A escola se distingue por um ensino de qualidade, capaz de formar pessoas

nos padrões requeridos por uma sociedade mais evoluída e humanitária, quando

se consegue: aproximar os alunos entre si; tratar as disciplinas como meios de

conhecer melhor o mundo e as pessoas que os rodeiam; e ter como parceiras as

famílias e a comunidade na elaboração e no cumprimento de projeto escolar

(MANTOAN, 2005).

A promessa da inclusão total está no tipo de grupo escolar que se pode

desenvolver quando alunos com deficiências importantes revelam ter consciência

das extensões da vida escolar e proporcionam chances, para todos que dela com-

partilham, de aprender maneiras mais gratificantes de estarem juntos.

Evidentemente, os alunos com deficiências importantes não são os únicos

professores dessas lições à comunidade, tampouco os únicos beneficiários das

escolas que estão dispostas a aprender com eles (STAINBACK e STAINBACK,

1999).

Obviamente, a realidade escolar, na maior parte das vezes não se adapta as

teorias da inclusão escolar e social. Não é tarefa fácil adaptar todo o ambiente

escolar e o currículo para receber o aluno com distúrbio de aprendizagem, o

33

grupo docente muitas vezes não tem condições financeiras de se aprofundar no

assunto, de estudar, visto que no Brasil o reconhecimento financeiro do

profissional é ínfimo. Outras vezes os professores, coordenadores e diretores, que

estão em contato direto com a aprendizagem dos alunos, simplesmente não

querem receber esses alunos “complicados”, eles não querem ter mais trabalho

em sala e em casa, e receber e adaptar os alunos com distúrbios de

aprendizagem se transforma no que chamam de “impossível”.

Os alunos que estudam em ambientes não preparados ou adaptados para

eles sofrem, normalmente não recebem ajuda nem atenção especial.

Nas próximas páginas serão apresentadas orientações como: atividades,

“dicas”, exercícios e ações para adaptar o aluno com TDAH a sala de aula de uma

maneira descomplicada e que não requer aprofundamento de conhecimento na

área de distúrbios de aprendizagem e principalmente do TDAH.

Segundo a professora MARIA CHRISTINA MACIEL em sua aula sobre

orientações para TDAH, no módulo de aspectos psicológicos do curso de pós-

graduação lato sensu em distúrbios de aprendizagem, são diferentes as

orientações para sala de aula, para avaliação, para o comportamento e para casa.

A seguir algumas orientações muito úteis para os educadores em relação a

seus alunos com TDAH:

Orientações para sala de aula:

• Sentar o aluno perto do professor;

• Carteiras separadas;

• Sentar longe das portas, janelas e alunos que desviem sua atenção;

• Achar um meio termo entre a escassa motivação visual e estímulos

em excesso;

• Colocar, de preferência, em turmas menores;

• Deixar claro as expectativas na realização de cada tarefa;

• Rotina diária clara, com períodos de descanso;

• Possíveis mudanças: aviso com antecedência;

• Ajudar a monitorar os imprevistos;

• Reforços visuais e auditivos para manter as regras;

• Dar instruções e orientações de forma clara e curta;

• Ajudar na organização de materiais escolares e de sua mesa;

34

• Observar se o aluno tem o material completo para a execução da

tarefa;

• Ensinar o uso correto da agenda e a utilização de anotações;

• Auxiliar no planejamento das atividades;

• Dividir as atividades em unidades menores;

• Iniciar a aula pelas atividades que requerem mais atenção;

• Alternar tarefas de alto e baixo interesse;

• Recursos didáticos variados; sempre que possível usar o lúdico e a

novidade;

• Monitorar o tempo que falta para concluir uma tarefa, sem pressioná-

los;

• Para facilitar a memorização: dicas, lembretes, despertador;

• Ao perceber o portador se dispersando: aproxime-se dele, toque-o

nos ombros, olhe-o nos olhos, altere a sua expressão facial e seus

gestos;

• Encorajamento, elogio, confiança, acolhimento e aceitação;

• Estimular o aluno a se questionar;

• Dar trabalhos em duplas; favorecimento de oportunidades sociais;

• Oferecer tarefas que estejam próximas da vida prática do aluno;

• Com um adolescente: estimular que ele tome nota dos pontos mais

importantes do conteúdo. Isto o ajudará a se organizar melhor.

Orientações para Avaliação:

• Escrever a mão é muito difícil para as crianças. Considerar a

possibilidade do uso de alternativas, como a digitação no

computador;

• Propiciar um ambiente tranquilo;

• Dar mais tempo para o aluno;

• Colocar um número menor de atividades por página.

Orientações para o comportamento:

• Adotar uma atitude positiva;

• Reforçar cada passo do trabalho, reconhecendo seus pontos fortes e

o esforço despendido;

35

• Estabelecer consequências razoáveis e realistas para o não

cumprimento de tarefas e regras combinadas anteriormente;

• Aplicar algum tipo de restrição; fazê-la de forma breve, com calma e

imediatamente após o comportamento inapropriado;

• Criticar o comportamento inadequado e não o aluno;

• Evitar corrigir a falta de atenção em voz alta, diante de outras

pessoas;

• Combinar sinais discretos para chamar a atenção ou lembrar

acordos;

• Ignorar as transgressões leves que não forem intencionais;

• Quando ficar agitado, frustrado ou atrapalhar a classe: redirecioná-lo

para outra atividade ou situação;

• Permitir que saia para dar uma volta, tomar água;

• Recompensar os esforços, persistência e comportamentos bem

sucedidos;

• Instruir e encorajar os bons hábitos sociais;

• Sentar com a criança a cada semana e dar um retorno de como ela

está se saindo em sala de aula;

• Manter contato constante com os pais.

Orientações para casa:

Como aconselhar os pais:

• Rotina para realizar o tema;

• Tempo para fazer a lição costuma ser três vezes maior que o da

outras crianças;

• Intervalos regulares (tomar água, dar uma volta, fazer um lanche);

• Lista com atividades que deverá fazer;

• Não distrair a criança com comentários desnecessários ou

movimentação excessiva;

• Ambiente deve ter o mínimo de estímulos que possam desviar sua

atenção;

• Evitar objetos cortantes ou quebráveis;

• Prática de esportes individuais ou coletivos.

36

Lembrar sempre que o aluno não é indolente ou preguiçoso. O TDAH é

uma deficiência real (MACIEL, 2009).

Segundo KNAPP et al (2002), existem alguns exercícios para motivar o

aluno com TDAH no cumprimento de suas tarefas, essas atividades são utilizadas

na terapia, porém serão adaptadas para que a escola possa aplicá-las focando o

desenvolvimento escolar da criança ou adolescente.

Com o objetivo motivacional pode-se combinar recompensas (bônus) para

cada feito positivo dentro da classe ou da escola, ele acumula pontos e depois

combinado previamente os troca por recompensas (gibis, ingresso para cinema,

livros, etc.). Outra tarefa que ele pode fazer em casa, ao chegar da escola, é listar

os problemas que ele teve durante o dia, por exemplo, na segunda-feira: “discuti

com meu colega”, na terça-feira: “a professora reclamou porque eu não parava

sentado”, na sexta-feira: “não copiei do quadro toda a matéria de português

porque fiquei olhando pela janela, fazendo isso a tendência é que o aluno

reconheça os problemas e procure eliminá-los semana após semana.

Para tentar entender os sentimentos dos alunos, e essa atividade pode ser

aplicada a todos os alunos da sala, o professor pode dar a eles uma lista de

palavras para indicar como se sentem, essa lista conteria palavras como: feliz,

inseguro, brabo, nervoso, ansioso, irado, amedrontado, constrangido, triste,

empolgado, culpado, magoado, furioso, humilhado, aliviado, etc. Os alunos

circulam as palavras que se referem ao que estão sentindo no momento e o

professor pode trabalhar em cima dessas informações.

Existem algumas sugestões do método Leo Fraiman de desenvolvimento

pessoal integrado, que podem contribuir para a melhora de conduta e de

aprendizado em relação aos portadores de TDAH.

Sugestões para professores e pais:

Cadernos com folhas de cores diferentes podem aumentar o interesse da

criança; para a criança visualizar melhor seu desenvolvimento é interessante que

as linhas sejam de várias cores, pois assim ela concretiza melhor sua produção;

para maior motivação, sempre que possível, utilizar desenhos e colagens, fugindo

assim, do plano da escrita; montagens de quadros com figuras em sequencia

temporal dos fatos narrados demonstram o entendimento correto do texto pela

criança; em atividades de escrita espontânea utilizar, sempre que possível,

37

desenhos ou figuras recortadas de revistas e montadas pela própria criança.

Assim, além de propiciar maior interesse e satisfação servirá, também, como

lembrete para a criança retomar o trabalho; usando material de modelagem ou até

mesmo desenho a criança deve tentar reproduzir o que aprendeu. Além de

prender mais sua atenção, ajuda a criança a reter novo conhecimento e tem-se

noção exata do que a mesma assimilou. Para isso é interessante utilização de

materiais “táctil sinestésico”, tais como; arames, fios, barbantes, canudinhos,

massas, etc; a realização de trabalhos em pequenos grupos de crianças

proporciona cobrança espontânea entre os participantes, fazendo com que cada

uma delas perceba seu próprio comportamento.

O TDAH, raramente se apresenta de uma forma “pura”, mas, ao contrário,

normalmente ocorre ligada a outros problemas como dificuldade de aprendizado

ou distúrbios de humor. Não há uma solução fácil, de gerenciamento na sala de

aula ou em casa, mas o tratamento, efetivo, depende do conhecimento e da

persistência da escola e do professor.

Algumas dicas para administração do Transtorno de Déficit de Atenção e

Hiperatividade na sala de aula (Método Leo Fraiman de desenvolvimento pessoal

integrado adaptado):

1. Tenha certeza de que uma avaliação adequada foi feita. A

responsabilidade disso tudo é dos pais e não dos professores, mas o

professor pode contribuir para o processo.

2. Ser uma professora na sala onde há duas ou três crianças com

TDAH pode ser extremamente cansativo, mas há profissionais com

conhecimento aos quais você possa consultar quando tiver um

problema.

3. Pergunte a criança o que pode ajudar’

4. Faça listas. Essas crianças se beneficiam quando têm uma tabela ou

lista para consultar quando se perdem do que estão fazendo.

5. Lembre-se da parte emocional do aprendizado.

6. Estabeleça regras. Tenha-as por escrito e fáceis de serem lidas.

7. Repita as diretrizes. Escreva as diretrizes mais de uma vez.

8. Olhe sempre nos olhos.

9. Estabeleça limites, fronteiras.

38

10. Preveja o máximo que puder. Faça muitos avisos e prepare a

criança.

11. Propicie uma válvula de escape, por exemplo, sair da sala de aula

por alguns instantes.

12. Procure a qualidade ao invés da quantidade.

13. Estas crianças precisam e se beneficiam com os elogios.

14. Acostume-se a dar retorno, o que vai ajudar a criança a se tornar

observadora. Tente informá-las de modo construtivo.

15. Seja como maestro: tenha a atenção da orquestra antes de começar.

16. Reúna-se com pais frequentemente. Evite se reunir apenas para

resolver crises ou problemas.

A intenção nesse capítulo foi gerar ferramentas de orientação para que as

pessoas que atuam mais de perto com as crianças portadoras de TDAH possam

da melhor maneira orientar esses alunos. Não é tarefa fácil, mas com

conhecimento e disposição, pais e professores podem dar outro rumo para a vida

do aluno com TDAH.

39

7. CONCLUSÃO

As pesquisas apresentadas neste estudo revelaram que o TDAH é um

distúrbio que é avaliado sob várias perspectivas, por profissionais de diferentes

áreas. É uma síndrome que pode continuar pela vida toda e se inicia na infância,

caracterizando-se por atividade excessiva, associada a dificuldades em seguir

ordens e atender os limites impostos pelos pais e professores.

O TDAH é mais comum em meninos, fato constatado pelo maior número de

queixas comportamentais para este gênero. Para as meninas, quando é

diagnosticada a síndrome, geralmente, não há problema de conduta. Pesquisas

demonstram que é mais frequente entre familiares. A maioria dos estudos

prospectivos de crianças em idade escolar tem mostrado persistência dos

sintomas na adolescência e vida adulta.

Os professores e pais podem identificar o TDAH quando percebem

desatenção, hiperatividade e impulsividade, que são a tríade clássica. A

desatenção leva a criança ter dificuldade de prestar atenção a detalhes e errar por

descuidos em atividade escolares; a hiperatividade leva a criança a agitar as mãos

ou os pés ou se remexer na cadeira e não conseguir ficar quieta; já os sintomas

de impulsividade fazem com que a criança se precipite em tudo que está fazendo,

assim ela tem muita dificuldade em esperar sua vez. É importante observar que,

para que esse diagnóstico seja válido, é necessário que os sintomas de TDAH

estejam presentes antes dos sete anos de idade e estejam presentes na criança

há alguns meses, não sendo sintomas esporádicos.

Para seu tratamento, alguns autores dizem que é necessária a intervenção

psicossocial, que inicia-se com o esclarecimento e a educação dos pais e

professores sobre o transtorno e treinamento de estratégias comportamentais de

como lidar com o seu filho ou aluno. No caso de crianças com dificuldades

específicas de aprendizagem, é aconselhável um acompanhamento com um

psicopedagogo.

Há autores que indicam a medicação para o tratamento, sendo mais indicado

o metilfenidato, que é um medicamento à base de psicoestimulantes. Seu uso

40

comprovou-se eficaz para crianças, adolescentes e adultos, ocorrendo uma

melhora na atenção, e na interação interpessoal, assim como no rendimento

escolar. O principal efeito colateral é a diminuição do apetite, insônia, irritabilidade,

cefaléia e tontura. Alguns estudos ainda demonstram que o uso desse

medicamento pode levar à depressão, neste caso os psiquiatras indicam que seja

administrado juntamente com um antidepressivo. É aconselhável, também, que se

faça um eletrocardiograma regularmente, para que não haja nenhuma

complicação.

Por outro lado, há autores que afirmam que só o medicamento não é

suficiente para algumas crianças, por isso há necessidade de se fazer, também,

um acompanhamento psicossocial. Porém, deixam claro que o tratamento é

imprescindível na prevenção de distúrbios de conduta e delinquência na criança e

no adolescente com TDAH. É necessário que haja um trabalho conjunto de

profissionais tanto no diagnóstico como no tratamento, para que o TDAH possa

ser controlado.

Entende-se, então, pelo levantamento da literatura efetuado neste trabalho,

que as crianças com TDAH precisam de um tratamento diferenciado em sala de

aula, pois elas têm necessidades especiais que precisam ser levadas em conta.

Essas crianças acabam muitas vezes sendo excluídas, por falta de conhecimento

e esclarecimento do que realmente é TDAH. Muitos professores ainda

desconhecem ou simplesmente ignoram esse diagnóstico e acabam rotulando o

aluno como bagunceiro, distraído e preguiçoso. O problema não é só dos

professores, mas também do cotidiano escolar que muitas vezes tem currículos

pouco flexíveis, que desrespeitam os diferentes ritmos das crianças e

adolescentes.

Por tanto se percebe a necessidade de um ensino adaptado às diferenças e

às necessidades individuais, os educadores precisam estar habilitados para atuar

de forma competente junto aos alunos inseridos, nos vários níveis de ensino e

como se pôde perceber nesse trabalho, há diversas ferramentas para se trabalhar

o aluno hiperativo dentro e fora de sala de aula, de maneira que sua qualidade de

vida escolar melhore muito.

41

Os profissionais ligados a educação precisam entender que agir frente ao

TDAH requer conhecimentos e atitudes simples, tarefas fáceis, mas muita

disponibilidade e vontade de ajudar a integrar seus alunos e, participar do

processo dos ganhos no seu cotidiano escolar apenas aplicando ferramentas

diferentes no seu dia-a-dia em sala de aula.

42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANTONY, Sheila; RIBEIRO, Jorge Ponciano. A Criança Hiperativa: Uma Visão da

Abordagem Gestáltica. Psicologia: Teoria e Pesquisa , v.20, n.2, p. 127-134, Mai-

Ago 2004.

ARAUJO, Mônica; SILVA, Sheila A. P. S. Comportamentos indicativos do

transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em crianças: alerta para pais e

professores. Revista Digital- Buenos Aires, ano 9, nº 62, jul de 2003. Disponível

em: http://www.efdeportes.com. Acesso: 15 de jan. de 2010.

BROMBERG, Maria Cristina. TDAH - Diagnóstico em Crianças e Adultos.

Psicopedagogia on line. Disponível em:

http://www.psicopedagogia.com.br.Acesso: 23 de jan. de 2010.

CRUZ, Vitor. Dificuldades de Aprendizagem, Fundamentos. Porto: Porto Editora,

1999.

ENUMO, Sônia Regina Fiorim. Avaliação assistida para crianças com

necessidades educacionais especiais: um recurso auxiliar na inclusão escolar.

Revista Brasileira de Educação Especial , v.11, n.3, p. 335-354, Dez 2005.

ERIKSON, Erik Homberg, tradução de Gidásio Amado. Infância e Sociedade . Rio

de Janeiro: Zahar, 1971.

FABRÍCIO, Nívea M. C. TDAH – Transtorno de Déficit de Atenção e

Hiperatividade. http://www.psicopedagogia.com.br. Acesso: 23 de jan. de 2010.

FABRÍCIO, Nívea M. C; SOUZA, Vânia C. B. O psicopedagogo e a inclusão

escolar. Disponível em: http://www.entreamigos.com.br. Acesso: 24 de jan. de

2010.

FANTE, Fernando C. Algumas observações sobre as dificuldades de aprendizagem

escolares. Psicopedagogia on line. Disponível em:

http://www.psicopedagogia.com.br. Acesso: 15 de jan. de 2010.

FONSECA, Victor da. Introdução às Dificuldades de Aprendizagem . Porto

Alegre: Artmed, 1995.

43

GOLDSTEIN, Sam; GOLDSTEIN, Michael. Hiperatividade: como desenvolver a

capacidade de atenção da criança. São Paulo: Papirus, 1998.

KNAPP, Paulo; ROHDE, Luis A; LYSZKOWSKI, Liseane; JOHANNPETER,

Juliana. Terapia cognitivo-comportamental no transtorno do d éficit de

atenção/hiperatividade: manual do terapeuta . Porto Alegre: Artmed, 2002.

KNAPP, Paulo; ROHDE, Luis A; LYSZKOWSKI, Liseane; JOHANNPETER,

Juliana. Terapia cognitivo-comportamental no transtorno do d éficit de

atenção/hiperatividade: manual do paciente . Porto Alegre: Artmed, 2002.

MACIEL, Maria C. Orientações TDA/H e Dislexia . São Paulo: CRDA, 2009.

MANTOAN, Maria T. E. Inclusão Escolar. O que é? Por quê? Como Fazer? São

Paulo: Moderna, 2005.

MARTINS, Maria R. R. O que é TDAH? Psicopedagogia on line. Disponível em:

http://www.psicopedagogia.com.br. Acesso: 15 de jan. de 2010.

MATTOS, Paulo. No mundo da lua: perguntas e respostas sobre transtorno do

déficit de atenção com hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos. 4. ed

São Paulo: Lemos, 2006. 167p.

NEVES, M. A. M. O fracasso escolar e a busca de soluções alternativas: a

experiências do NOAP. In. NEVES, M. A. M. (Org.). Introdução , p. 11-17,

Petrópolis: Vozes, 1993.

OKANO, Cynthia B.; LOUREIRO, Sonia L; LINHARES, Maria B. M.;

MARTURANO, Edna M. Crianças com dificuldades escolares atendidas em

programa de suporte psicopedagógico na escola: avaliação do autoconceito.

Psicologia: Reflexão e Crítica , v. 17, n. 1, p. 121-128, 2004.

PARK, Margareth B.; FERNANDES, Renata S. Educação não-formal : Contexto,

percursos e sujeitos: Holambra: Ed Setembro, 2005.

ROHDE, Luis A.; HALPERN, Ricardo. Transtorno de déficit de

atenção/hiperatividade: atualização. Jornal de Pediatria , v. 80, n. 2, p.61-70,

Abril 2004.

44

ROHDE, Luis A; FILHO, Eurípedes C. M; BENETTI, Lúcia; GALLOIS, Carolina.

Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade na infância e na adolescência:

considerações clínicas e terapêuticas. Rev. Psiquiatria Clínica , v. 31, n. 3, p. 124-

131, São Paulo 2004.

SISTO, Fermino F. Dificuldades de Aprendizagem. In: SISTO, F. F.;

BORUCHOVITCH, E.; FINI, L. D. T; BRENELLI, R. P.; MARTINELLI, S. C. (Org).

Dificuldades de Aprendizagem no Contexto Psicopedag ógico , p. 19-35.

Petrópolis: Vozes, 2001.

SÁNCHEZ, Jesús-Nicasio Garcia. Dificuldades de Aprendizagem e Intervenção

Psicopedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2004.

SANT’ANA, Izabella Mendes. Educação inclusiva: concepções de professores e

diretores. Psicologia em Estudo, v. 10, n. 2, p.227-234, mai./ago. 2005.

SMITH, Corine. Dificuldades de aprendizagem de a à z. Porto Alegre:

Artmed, 2001.

STAINBACK, Susan; STAINBACK, William. Inclusão : Um guia para educadores.

Porto Alegre: Artmed, 1999.

STEVANATO, Indira S.; LOUREIRO, Sonia R.; LINHARES, Maria B. M.;

MARTURANO, Edna M. Autoconceito de crianças com dificuldades de

aprendizagem e problemas de comportamento. Psicologia em Estudo , Maringá, v.

8, n. 1, p. 67-76, jan./jun. 2003.

TOPCZEWSKI, Abram. Hiperatividade: como lidar? São Paulo: Casa do

Psicólogo, 1999. 89 p.

http://www.crda.com.br. Acesso: 15 de jan. de 2010.