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CRDA – CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DISTÚRBIOS DE
APRENDIZAGEM
NÁDIA REGINA SOARES DE SALES
O BRINCAR E A PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL
SÃO PAULO
2009
CRDA – CENTRO DE REFERÊNCIA EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
NÁDIA REGINA SOARES DE SALES
O BRINCAR E A PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Monografia apresentada ao CRDA - Centro de Referência em Distúrbios de Aprendizagem para obtenção do título de Pós – graduação em Distúrbios de Aprendizagem.
Orientadora: Ms. Profª Lucilla da Silveira Leite Pimentel.
Agradecimento
Agradecimento especial a Deus por ter me concedido persistência para a
conclusão do curso e pela dedicação da minha orientadora Ms. Profª Lucilla da
Siveira Leite Pimentel que sempre me incentivou através de suas aulas
encantadoras.
Dedico este trabalho ao meu grande
amigo e companheiro Roberto Rocha e
aos meus filhos Roberto e Juan que me
incentivaram na realização desse curso.
RESUMO
Esta monografia trata da importância do brincar e do desenvolvimento psicomotor na
aprendizagem referente às crianças da Educação Infantil, fase maternal na faixa
etária entre 2 a 3 anos com as quais a autora desenvolve o seu trabalho
pedagógico, acreditando que o aprender depende da maturação, de condições
orgânicas e psicológicas e dos aspectos ambientais e culturais. Portanto, se a
criança não está madura para executar uma determinada atividade, não poderá
aprendê-la, porque não disporá de condições para a sua realização. Cada vez que
se ensina algo a uma criança impede-se que ela descubra por si mesma. Por outro
lado, aquilo que se permite que descubra por si mesma, permanecerá com ela. É
neste sentido da aprendizagem construtiva, significativa e global que este trabalho
destaca as atividades desenvolvidas na escola, como a aprendizagem está ligada à
evolução das possibilidades motoras e às dificuldades escolares estão, portanto,
diretamente relacionadas aos aspectos psicomotores. A psicomotricidade, portanto,
é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado,
em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua
individualidade, sua linguagem e sua socialização.
Palavras-chave: Brincar. Psicomotricidade. Desenvolvimento. Aprendizagem.
ABSTRACT
This monograph discusses the importance of play and psychomotor development
apply to learning on children in Early Childhood Education, maternal phase in
between 2 to 3 years old, which the author develops her pedagogic bibliography on,
believing that learn depends on maturation, organic and psychological conditions and
environmental and cultural aspects. Therefore, if the child is not mature to do a
certain activity, he/she can not learn it, because will not have conditions for their
realization. When child is taught something by the teacher, it prevents that he/she
discover for himself. On the other hand, what is allowed to discover by yourself
remains. In this constructive learning sense, significant and comprehensive that this
work drafts the activities developed at school, as learning is linked to the evolution of
the motor possibilities and the school difficulties which are, thus, directly related to
the psychomotor aspects. The psychomotricity, consequently, is a term used for a
design movement organized and integrated, according to experiences lived by the
subject whose action is the result of their individuality, their language and their
socialization.
Keywords: Play. Psychomotor. Development. Learning.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................6
OBJETIVO GERAL.....................................................................................................8
OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................................9
CAPÍTULO 1
1.1. A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL .............................................. 10 1.2. DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E APRENDIZAGEM .................................................... 14 1.3. A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL .............. 16
CAPÍTULO 2
2.1. O SENTIDO DO BRINCAR E AS BRINCADEIRAS INFANTIS ................................................. 18 2.2. O QUE É BRINQUEDO?............................................................................................................ 19 2.3. A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.................... 20 2.4. O JOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL......................................................................................... 23
CAPÍTULO 3
3.1. PSICOMOTRICIDADE E O BRINCAR: IMPORTÂNCIA E NECESSIDADE NO ÂMBITO
ESCOLAR ......................................................................................................................................... 25 3.2. ELEMENTOS BÁSICOS DA PSICOMOTRICIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR ................... 29 3.3. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO LÚDICA ............................................................ 31
CONCLUSÃO ...........................................................................................................34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................36
6
INTRODUÇÃO
A educação psicomotora que diz respeito ao corpo em movimento
abrange todas as aprendizagens da criança, processando-se por etapas
progressivas e especificas conforme o desenvolvimento geral de cada
individuo. Assim, o ser humano através do seu corpo em movimento e em
relação ao mundo externo e interno mostra os caminhos que pode-se explorar
favorecendo suas habilidades motoras e sua aprendizagem global. Neste
contexto, o professor entra como mediador entre a criança e o objeto de
conhecimento, propiciando espaços e situações de aprendizagens
significativas que envolvam todas as capacidades afetivas, cognitivas,
emocionais, sociais e físicas. Curiosidades, interesse, alegria e motivação são
os pré-requisitos necessários à aprendizagem das crianças, assim, conforme
explicita Piaget, os professores podem guiá-las proporcionando-lhes os
materiais apropriados, mas o essencial, para que uma criança entenda, deve
construir ela mesma, cabe-lhe reinventar.
A abordagem da Psicomotricidade no processo de ensino e
aprendizagem permite a compreensão da forma como a criança toma
consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio dele,
localizando-se no tempo e no espaço. O movimento humano é construído em
função de um objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o
movimento transforma-se em comportamento significante. É necessário que
toda criança passe por todas as etapas em seu desenvolvimento.
7
“O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo”. (BARRETO, 2000 p.14).
A educação da criança deve evidenciar a relação através do
movimento de seu próprio corpo, levando em consideração sua idade, a cultura
corporal e os seus interesses.
O trabalho da educação psicomotora com as crianças precisa prever
a formação de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e
psicológico, dando oportunidade para que por meio de jogos, de atividades
lúdicas, se conscientize sobre seu corpo.
Através do brincar no trabalho da educação psicomotora a criança
desenvolve suas aptidões perceptivas como meio de ajustamento do
comportamento psicomotor. Para que a criança desenvolva o controle mental
de sua expressão motora, a recreação deve realizar atividades considerando
seus níveis de maturação biológica.
É por meio do movimento que a criança entrega os dados sensitivo-
sensoriais que lhe permitem adquirir a noção do seu corpo e a determinação de
sua lateralidade. O desenvolvimento psicomotor da criança gira em torno de
componentes fundamentais ao seu desenvolvimento.
8
OBJETIVO GERAL
Este estudo consiste em apresentar a importância do brincar e a
relação da prática psicomotora no ensino – aprendizagem.
9
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Permitir a partir da vivência do brincar, do prazer do movimento, os
conhecimentos e suas descobertas.
Favorecer e potencializar a adaptação harmônica da pessoa a seu
meio, a partir de sua identidade que se fundamenta e se manifesta por meio
das relações que o corpo estabelece com o tempo, o espaço e os outros.
10
CAPÍTULO 1
1.1. A PSICOMOTRICIDADE E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Nos dias atuais, os estudos ultrapassam os problemas motores e
pesquisam-se as ligações com estruturação espacial, orientação temporal,
lateralidade e dificuldades escolares enfrentadas por crianças com inteligência
normal.
Segundo FONSECA (1995), é a partir de uma intenção como
expressividade íntima, o movimento transforma-se em comportamento
significante, portanto é necessário que toda criança passe por todas as etapas
em seu desenvolvimento.
A Psicomotricidade é um termo empregado para uma concepção de
movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo
sujeito. Os movimentos podem ser voluntários ou involuntários, que refletem o
estado da vontade, e correspondem à execução de movimentos.
Para a atividade voluntária cotidiana faz parte uma série de reflexos
automáticos e instintivos os quais, na prática, não podem ser bem
diferenciados. A frequente repetição de atitudes voluntárias acaba por
transformar-se em atos automáticos.
O desenvolvimento tem sido definido de diferentes maneiras,
segundo as concepções de homem e os sistemas teóricos que embasam as
definições. De modo geral, podemos caracterizar três grandes maneiras de
pensar o desenvolvimento no campo do pensamento cientifico.
A primeira delas, designada inatismo, consiste em considerar que o
desenvolvimento é produto de processos inatos, que fazem parte da estrutura
11
biológica do homem. Assim sendo, o desenvolvimento é visto como um
processo automático, regulado por mecanismos já programados e codificados
no DNA. Segundo essa idéia, todas as características de um indivíduo estão
programadas em seu código genético, de modo que o ambiente e as
experiências que um indivíduo vive apenas “ativam” o aparecimento dessas
características.
Uma segunda idéia gera sobre o desenvolvimento, opõe-se à
primeira, pois implica considerar que o indivíduo é como uma ‘folha de papel
em branco’, que não tem nenhuma característica especifica, e, portanto, suas
características dependerão totalmente dos estímulos que vier a receber de seu
ambiente – por isso, esta concepção é conhecida como ambientalismo.
Essa idéia sobre o desenvolvimento concorda com tudo o que
caracteriza a sua pessoa: habilidades, dificuldades, preferências,
identificações, etc. e é fruto de uma história escrita pelo ambiente sobre você,
tal como uma folha de papel em branco. O lugar em que você nasceu e
cresceu, as pessoas com quem conviveu, os alimentos que ingeriu, os
medicamentos que tomou, os livros que leu, enfim tudo aquilo com que você
teve contato moldou suas características, assim como um artista esculpe uma
estátua, ou o vento e a água dão forma a uma rocha.
Esta teoria busca sua inspiração na filosofia empirista (a experiência
como fonte de conhecimento) e positivista (objetividade e neutralidade no
conhecimento da realidade humana; o ser humano é entendido como objeto e
os fatos sociais como coisas, ou seja, objeto de um interesse meramente
prático).
12
A teoria ambientalista, também chamada behaviorista ou
comportamentalista, atribui exclusivamente ao ambiente a constituição das
características humanas, privilegiando a experiência como fonte de
conhecimento e de formação de hábitos de comportamento; preocupa-se em
explicar o comportamento observável do educando, desprezando a análise de
outros aspectos da conduta humana, tais como: o raciocínio, o desejo, a
imaginação, os sentimentos e a fantasia, entre outros; defende a necessidade
de medir, comparar, testar, experimentar e controlar o comportamento e
desenvolvimento do educando e sua aprendizagem, objetivando com isso
controlar o comportamento do educando.
Como terceira idéia sobre o desenvolvimento, pode-se caracterizar a
que inclui e supera as duas anteriores – o interacionismo. Ela inclui as
concepções inatista e ambientalista, porque postula que o desenvolvimento é
fruto das interações do individuo com o meio, interações estas que ocorrem
com base em características que ele apresenta ao nascer. No entanto, o
interacionismo supera as duas concepções anteriores, porque não se limita a
reuni-las numa idéia única. Mais do que isso, a concepção interacionista de
desenvolvimento afirma que, segundo as interações de que um indivíduo
participa, suas características inatas vão adquirindo uma forma que se abre a
possibilidades de construção de outras características não programadas em
seu código genético.
As teorias interacionistas do desenvolvimento apóiam-se na idéia de
interação entre o organismo e o meio. A aquisição do conhecimento é
entendida como um processo de construção contínua do ser humano em sua
relação com o meio. Organismo e meio exercem ação recíproca. Novas
13
construções dependem das relações que estabelecem com o ambiente numa
dada situação.
Dentre as teorias interacionistas destacam-se: a teoria Interacionista
Piagetiana e a Teoria Sócio-interacionista de Vygotsky.
Teoria Interacionista de Piaget
Piaget concebe a criança como um ser ativo, atento e que
constantemente cria hipóteses sobre o seu ambiente. Assim, acredita que, de
acordo com o estágio de desenvolvimento em que a mesma se encontra,
elabora os conhecimentos de forma espontânea. A criança tem uma visão
particular sobre o mundo e à medida que se desenvolve, em sua interação com
o adulto, aproxima-se de suas concepções tornando-se socializada. No
entanto, o papel da interação, nesta teoria, fica minimizado em virtude de que,
para Piaget, a aprendizagem subordina-se ao desenvolvimento.
“... para a teoria interacionista de Piaget, a passagem de uma etapa mental de desenvolvimento para outra perpassa através de quatro fatores essenciais:...” a maturidade do sistema nervoso; a interação social; a experiência física com os objetos e, principalmente a equilibração, ou seja, a necessidade que a estrutura cognitiva tem de se desenvolver para enfrentar as demandas ambientais - o de menor peso é a interação sócia (OLIVEIRA, 1993, p.46).
14
1.2. DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR E APRENDIZAGEM
“Aprendizagem é uma modificação relativamente duradoura do comportamento através de treino, experiência e observação que a aprendizagem provoque uma efetiva mudança de comportamento e amplie cada vez mais o potencial do educando, é necessário que ele perceba a relação entre o que está aprendendo e a sua vida, pois as pessoas aprendem de maneiras diversas, conforme diferentes elementos”. (CUNHA e FERLA, 2002)
Na construção do humano, a comunicação entre indivíduos assume
a forma de linguagem, entendida como capacidade de operar com sistemas
simbólicos. Os processos de aprendizagem que diferenciam o ser humano de
outros animais são mediados por sistemas simbólicos. Assim sendo, a
aprendizagem da linguagem é um aspecto essencial na constituição do
homem, pois a linguagem amplia enormemente a capacidade de aprender.
As concepções inatistas e ambientalistas consideram o processo de
aprendizagem como um tributo do ser humano. A primeira enfatiza o potencial
inato para aprender, ao passo que a segunda centra a atenção no papel do
ambiente como estimulador de aprendizagens especifica. Na perspectiva
inatista, a aprendizagem ocorre como conseqüência do amadurecimento,
geneticamente determinado, de estruturas orgânicas (cérebro, músculos,
ossos, glândulas, etc.). Portanto, os processos de desenvolvimento ocorrem
antes dos processos de aprendizagem, ou seja, a aprendizagem de
determinada habilidade só pode ocorrer quando as funções e as estruturas
necessárias estiverem amadurecidas.
A compreensão ambientalista postula que não faz sentido distinguir
entre desenvolvimento e aprendizagem, pois é a influência do meio ambiente
que modela as características do indivíduo.
15
Segundo a concepção interacionista, é pela aprendizagem que o
desenvolvimento humano pode se caracterizar como processo aberto, em que
o indivíduo vai construindo novas possibilidades de se caracterizar como
processo aberto e construindo novas possibilidades de relação com o mundo.
Vygotsky considerava que os processos psicológicos superiores
humanos constituem-se em atividades mediadas pela linguagem, estruturadas
em sistemas funcionais, dinâmicos e historicamente mutáveis.
“O pensamento e a linguagem, que refletem a realidade de uma forma diferente daquela da percepção, são as chaves para a compreensão da natureza da consciência humana. As palavras desempenham um papel central não só no desenvolvimento do pensamento, mas também na evolução histórica da consciência como um todo. Uma palavra é um microcosmo da consciência humana” (VYGOTSKY, 1987, p.13).
16
1.3. A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
A criança utiliza seu corpo para demonstrar o que sente. Desde o
nascimento, a criança passa por diferentes fases nas quais adquire
conhecimentos e passa por diversas experiências até então chegar a sua vida
adulta. As primeiras reações afetivas da criança envolvem a satisfação de suas
necessidades e o equilíbrio fisiológico.
A prática psicomotora e pedagógica visa contribuir para o
desenvolvimento integral da criança no processo de ensino-aprendizagem,
para formação e estrutura do esquema corporal. E tem como objetivo principal
incentivar a prática do movimento em todas as etapas da vida de uma criança.
Por meio das atividades, as crianças, além de se divertirem, criam, interpretam
e se relacionam com o mundo em que vivem. Por isso, cada vez mais os
educadores recomendam que os jogos e as brincadeiras ocupem um lugar de
destaque no programa escolar desde a Educação Infantil.
André Lapierre (o pai da psicomotricidade), afirma que a base da
psicomotricidade relacional consiste em criar um espaço de liberdade propício
aos jogos e brincadeiras. O objetivo é fazer a criança manifestar seus conflitos
profundos, vivê-los simbolicamente. No âmbito educativo, esse tipo de atuação
serviria de precaução contra o surgimento de distúrbios emocionais, motores e
de comunicação que dificultem a aprendizagem. (LAPIERRE;
AUCOUTURIER,1986)
A prática de jogos busca propiciar ao aluno, um novo olhar sobre
a seriedade de se trabalhar as áreas psicomotoras e a importância dos jogos e
17
estímulos sensórios motores, para um adequado desenvolvimento psicomotor
e intelectual.
Segundo Howard Gardner “o jogo ganha espaço a convicção de
que o ser humano é dotado de inteligências múltiplas que inclui a concepção
cinestésica-corporal que manifesta na linguagem gestual e mímica e se
apresenta muito nítida no artista e no atleta” (GARDNER,1995,p.47).
As linhas de estimulo para esta inteligência são a motricidade,
associada à coordenação manual e a atenção, a coordenação viso-motor e
tátil, a percepção de formas e percepções tridimensional ou estereognóstica e
a percepção de peso.
A psicomotricidade nada mais é que se relacionar através da ação,
como um meio de tomada de consciência que une o ser corpo, o ser mente, o
ser espírito, o ser natureza e o ser sociedade. Ela está associada à afetividade
e à personalidade, porque o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o que
sente.
O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a
formação de base indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e
psicológico, dando oportunidade para que por meio de jogos, de atividades
lúdicas, se conscientize sobre seu corpo.
18
CAPÍTULO 2
2.1. O SENTIDO DO BRINCAR E AS BRINCADEIRAS INFANTIS
A linguagem cultural própria da criança é o lúdico e para se entender
o universo lúdico é importante conceituar palavras como jogo, brincadeira e
brinquedo, que constituem um universo maior chamado de ato de brincar.
19
2.2. O QUE É BRINQUEDO?
Para a autora KISHIMOTO (1996,p.54) “o brinquedo é compreendido
como um objeto suporte da brincadeira”, ou seja, brinquedo aqui estará
representado por objetos como piões, bonecas, carrinhos etc. Os brinquedos
podem ser considerados: estruturados e não-estruturados. São denominados
brinquedos estruturados aqueles que já são adquiridos prontos. Os
denominados não-estruturados são simples objetos como paus ou pedras, que,
nas mãos das crianças, adquirem novo significado, passando assim a ser um
brinquedo. A pedra se transforma em comidinha e o pau se transforma em
cavalinho.
20
2.3. A IMPORTÂNCIA DA BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
Para a maioria dos grupos sociais, a brincadeira é consagrada como
atividade essencial ao desenvolvimento infantil. Historicamente, no seu aspecto
lúdico, sempre esteve presente na educação infantil como único nível de
ensino que a escola deu a seus alunos, passaporte livre e aberto à iniciativa,
criatividade e inovação por parte dos seus protagonistas. Com o advento de
pesquisas sobre o desenvolvimento humano, observou-se que o ato de brincar
conquistou mais espaço, tanto no âmbito familiar, quanto no educacional. No
Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, a brincadeira está
colocada como um dos princípios fundamentais, defendida como um direito,
uma forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação
entre as crianças. Assim, a brincadeira é cada vez mais entendida como
atividade que, além de promover o desenvolvimento global das crianças,
incentiva a interação entre os pares, a resolução construtiva de conflitos, a
formação de um cidadão crítico e reflexivo.
Piaget (1976) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das
atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de
desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que
contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Ele afirma:
O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (PIAGET 1976, p. 160).
21
Como a criança é um ser em desenvolvimento, sua brincadeira vai
se estruturando com base no que é capaz de fazer em cada momento. Isto é,
ela aos seis meses e aos três anos de idade tem possibilidades diferentes de
expressão, comunicação e relacionamento com o ambiente sociocultural no
qual se encontra inserida. Ao longo do desenvolvimento, portanto, as crianças
vão construindo novas e diferentes competências, no contexto das práticas
sociais, que irão lhes permitir compreender e atuar de forma mais ampla no
mundo.
A partir da brincadeira, a criança constrói sua experiência de se
relacionar com o mundo de maneira ativa, vivencia experiências de tomadas de
decisões. Em um jogo qualquer, ela pode optar por brincar ou não, o que é
característica importante da brincadeira, pois oportuniza o desenvolvimento da
autonomia, criatividade e responsabilidade quanto as suas próprias ações. A
brincadeira oferece às crianças uma ampla estrutura básica para mudanças
das necessidades e tomada de consciência: ações na esfera imaginativa,
criação das intenções voluntárias, formação de planos da vida real, motivações
intrínsecas e oportunidade de interação com o outro, que, sem dúvida,
contribuirão para o seu desenvolvimento.
Portanto, é imprescindível que os professores compreendam a
importância da brincadeira e suas implicações para organizar o processo
educativo de modo mais positivo, contribuindo para o desenvolvimento das
crianças.
22
A brincadeira se caracteriza por alguma estruturação e pela
utilização de regras. São exemplos de brincadeiras amplamente conhecidas:
brincar de casinha, carrinho, boneca, pega-pega, etc. A brincadeira é uma
atividade que pode ser tanto coletiva quanto individual. Na brincadeira, a
existência das regras não limita a ação lúdica, a criança pode modificá-la,
ausentar-se quando desejar, incluir novos membros, modificar as próprias
regras, enfim, existe maior liberdade de ação para as crianças.
É brincando que as crianças expressam o papel que assumem; por
meio das brincadeiras estarão se divertindo e evoluindo suas habilidades e
conhecimentos. A brincadeira também auxilia no desenvolvimento mental,
melhorando assim, sua autoestima, desenvolvendo a criatividade e acelerando
o processo de raciocínio.
Vygotsky (1984) atribui relevante papel ao ato de brincar na
constituição do pensamento infantil. É brincando, jogando, que a criança revela
seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e
entrar em uma relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoas, coisas e
símbolos.
A brincadeira cria para as crianças uma “zona de desenvolvimento proximal” que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível atual de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou com a colaboração de um companheiro mais capaz. (VYGOTSKY, 1984, P.97).
23
2.4. O JOGO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A compreensão de jogo está associada tanto ao objeto (brinquedo)
quanto à brincadeira. É uma atividade mais estruturada e organizada por um
sistema de regras mais explícitas. Exemplos clássicos seriam: Jogo de Mímica,
de Cartas, de Tabuleiro, de Construção, de Faz-de-Conta etc.
Na Educação Infantil, o jogo apresenta-se como uma das formas
mais naturais da criança entrar em contato com a realidade, tendo o jogo
simbólico um papel especial, pois é representação corporal do imaginário, e
apesar de nele predominar a fantasia, a atividade psicomotora exercida acaba
por prender a criança à realidade. Na sua imaginação, ela pode modificar sua
vontade, usando-o, mas quando expressa corporalmente as atividades, ela
precisa respeitar a realidade concreta e as relações do mundo real.
Através do jogo, a criança libera e canaliza suas energias; tem o
poder de transformar uma realidade difícil, propicia condições de liberação da
fantasia e, por fim, é uma grande fonte de prazer.
Faz-se necessário esclarecer que as definições apresentadas
servem para auxiliar na reflexão do professor em sua ação lúdica diante da
criança e não para limitá-lo neste processo. O importante é que ele acredite
que o jogo, o brinquedo e a brincadeira só terão um sentido mais profundo se
vierem representados pelo brincar.
Para Piaget (1976), a atividade lúdica é o berço obrigatório das
atividades intelectuais da criança. Estas não são apenas uma forma de desafio
ou entretenimento para gastar energia da criança, mas meios que contribuem e
enriquecem o desenvolvimento intelectual.
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“O jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça às crianças um material conveniente, a fim de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores à inteligência infantil. (PIAGET, 1976, p.160)”.
Tanto para Vygotsky como para Piaget, o desenvolvimento não é
linear, mas evolutivo e, nesse trajeto, a imaginação se desenvolve. Uma vez
que a criança brinca e desenvolve a capacidade para determinado tipo de
conhecimento, ela dificilmente perde esta capacidade. É com a formação de
conceitos que se dá a verdadeira aprendizagem e é no brincar que está um dos
maiores espaços para a formação de conceitos.
Em síntese, brincar é sinônimo de aprender, pois o ato de brincar
gera um espaço para pensar, sendo que a criança avança no raciocínio,
desenvolve o pensamento, estabelece contatos sociais, compreende o meio,
satisfaz desejos, desenvolve habilidades, conhecimentos e criatividade.
25
CAPÍTULO 3
3.1. PSICOMOTRICIDADE E O BRINCAR: IMPORTÂNCIA E NECESSIDADE NO ÂMBITO ESCOLAR
Através da recreação a criança desenvolve suas aptidões
perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor. Para
que a criança desenvolva o controle mental de sua expressão motora, a
recreação deve realizar atividades considerando seus níveis de maturação
biológica. A recreação dirigida proporciona a aprendizagem das crianças em
várias atividades esportivas que ajudam na conservação da saúde física,
mental e no equilíbrio sócio-afetivo.
“O desenvolvimento psicomotor é de suma importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação do tônus, da postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo”. (BARRETO 2000, p. 45).
A educação da criança deve evidenciar a relação através do
movimento de seu próprio corpo, levando em consideração sua idade, a cultura
corporal e os seus interesses. A educação psicomotora para ser trabalhada
necessita que sejam utilizadas as funções motoras, perceptivas, afetivas e
sócio-motoras, pois assim a criança explora o ambiente, passa por
experiências concretas, indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual, e é
capaz de tomar consciência de si mesma e do mundo que a cerca.
A educação física escolar está baseada nas necessidades da
criança. Tem como objetivo principal, por meio da educação psicomotora,
incentivar a prática do movimento em todas as etapas de sua vida. Falar da
importância da educação física para a criança é o mesmo que falar da
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importância de ela se alimentar, dormir, brincar, ou seja, suprir todas as suas
necessidades básicas. O desenvolvimento global da criança se dá através do
movimento, da ação, da experiência e da criatividade,
A educação psicomotora na pré-escola e séries iniciais do ensino
fundamental atua como prevenção. Com ela podem ser evitados vários
problemas como a má concentração, confusão no reconhecimento de palavras,
confusão com letras e sílabas e outras dificuldades relacionadas à
alfabetização. Uma criança cujo esquema corporal é mal formado não
coordena bem os movimentos.
Suas habilidades manuais tornam-se limitadas, o ato de vestir-se e
despir-se se torna difícil, a leitura perde a harmonia, o gesto vem após a
palavra e o ritmo de leitura não é mantido ou, então, é paralisado no meio de
uma palavra. As noções de esquema corporal – tempo, espaço, ritmo – devem
partir de situações concretas, nas quais a criança possa formar um esquema
mental que anteceda à aprendizagem de leitura, do ritmo, dos cálculos. Se sua
lateralidade não está bem definida, ela encontra problemas de ordem espacial,
não percebe diferença entre seu lado dominante e o outro lado, não é capaz de
seguir uma direção gráfica, ou seja, iniciar a leitura pela esquerda.
Muitos fracassos em matemática, por exemplo, são produzidos pela
má organização espacial ou temporal. Para efetuar cálculos, a criança
necessita ter pontos de referência, colocar números corretamente, possuir
noção de coluna e fileira, combinar formas para fazer construções geométricas.
Relacionar-se com o outro na escola, através do ensino, é
fundamental. Esse relacionamento deve ser bem proporcionado para que haja
uma relação entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor.
27
Nesse aspecto as atividades psicomotoras propiciam para a criança
uma vivência com espontaneidade das experiências corporais, criando uma
simbiose afetiva entre professor-aluno, aluno-aluno e aluno-professor,
afastando os tabus e preconceitos que influenciam negativamente as relações
interpessoais.
Cabe considerar, ainda que o homem seja uma totalidade
complexa, cujas expressões tem sido estudadas e compreendidas de maneira
fragmentada graças ao processo de construção e sistematização do
conhecimento cientifico. Essa forma de conhecer, fragmentando o objeto (no
caso, o ser humano) para ele construir representações mais detalhadas e
precisas, resultou em concepções que podem permanecer fragmentárias, caso
se perca a noção de que o estudo de uma parte isolada não cria uma realidade
objetiva autônoma.
Assim, embora o homem tenha sido estudado como portador de
diferentes capacidades, funções e possibilidades – cognição, afetividade,
motricidade, características anátomo – fisiológicas, manifestações patológicas,
formas de organização social, política, econômica, entre outras, seus
processos de construção, mesmo de construção de conhecimento, sempre se
dão como expressão de sua complexa totalidade.
Os aspectos físicos, fisiológicos, psicológicos, motrícios, sociais,
políticos, econômicos, culturais, e tudo o mais que se queira, estão presentes e
envolvidos na aprendizagem e na construção de conhecimento na escola.
Com base nesse ponto de vista, considera-se que a escola tem um
papel importante na sistematização da aquisição de habilidades motoras como
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parte de um processo mais amplo na construção de conhecimentos e de
abertura das possibilidades de desenvolvimento dos alunos.
A definição das responsabilidades da instituição escolar em relação
à motricidade dos alunos pode ser caracterizada como uma questão a ser
discutida no âmbito do projeto político pedagógico de cada unidade escolar.
Uma conversa sobre a motricidade na escola, como um aspecto
fundamental do desenvolvimento e da aprendizagem dos alunos pode focalizar:
� A adequação do espaço e organização das atividades
escolares coerentes com a valorização da motricidade,
possibilitando o atendimento das necessidades cotidianas
de movimento dos alunos e dos funcionários.
� A metodologia de ensino que leve em consideração a
importância da motricidade nos processos de
aprendizagem. Nesse sentido, cabe reorganizar as
estratégias de todas as disciplinas para envolver as
diferentes expressões da motricidade, dramatizações,
deslocamentos pela escola, mudança de ambientes, etc.
� Entende-se que os professores de Educação Física
possam dar uma contribuição fundamental, assim como os
professores de Matemática podem contribuir de forma
decisiva na discussão do desenvolvimento do raciocínio
lógico matemático.
29
3.2. ELEMENTOS BÁSICOS DA PSICOMOTRICIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR
A função motora, o desenvolvimento intelectual e o
desenvolvimento afetivo estão intimamente ligados na criança: a
psicomotricidade quer justamente destacar a relação existente entre a
motricidade, a mente e a afetividade, e facilitar a abordagem global da criança
por meio de uma técnica.
A psicomotricidade envolve os seguintes elementos: esquema e
imagem corporal, coordenação global, equilíbrio, dominância lateral,
orientação espacial e latero-espacial, orientação temporal, coordenação
dinâmica das mãos.
Estes elementos são considerados básicos para o desenvolvimento
global da criança, são pré-requisitos necessários para a criança adquirir a
aprendizagem da leitura e da escrita; vivenciar a percepção do seu corpo com
relação aos objetos, saber discriminar partes do seu corpo e ter controle
sobre elas e obter organização de espaço e tempo.
O domínio do gesto, estruturação espacial e orientação temporal
são os três fundamentos da escrita. Com efeito, a escrita supõe uma direção
gráfica, escrevemos horizontalmente da esquerda para a direita. As noções
de: em cima e embaixo (n e u), de esquerda e direita, de oblíquas e curva (g).
A noção de antes e depois, sem o que a criança não inicia seu gesto no lugar
correto.
Portanto, os exercícios de pré-escrita e de grafismo são
necessários para a aprendizagem das letras e dos números: sua finalidade é
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fazer com que a criança atinja o domínio do gesto e do instrumento, a
percepção e a compreensão da imagem a reproduzir.
A coordenação dinâmica geral dá à criança um bom domínio do
corpo, suprindo a ansiedade habitual diminui as sincinesias e as tensões,
trazendo um controle satisfatório e confiança com relação ao próprio corpo.
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3.3. O PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO LÚDICA
A esperança de uma criança, ao caminhar para a escola é encontrar um amigo, um guia, um animador, um líder – alguém muito consciente e que se preocupe com ela e que a faça pensar, tomar consciência de si, do mundo e que seja capaz de dar-lhes as mãos para construir com ela uma nova história e uma sociedade melhor. (ALMEIDA, 1987, P.195).
A decisão de se permitir envolver no mundo mágico infantil seria o
primeiro passo que o professor deveria dar. Explorar o universo infantil exige
do educador conhecimento teórico, prático, capacidade de observação, amor e
vontade de ser parceiro da criança neste processo. Os professores podem,
através das experiências lúdicas infantis, obter informações importantes no
brincar espontâneo ou no brincar orientado.
No brincar espontâneo, podemos registrar as ações lúdicas a partir
da observação, registro, análise e tratamento. As informações obtidas pelo
brincar espontâneo permitem diagnosticar:
• Idéias, valores interessantes e necessidades do coletivo ou do indivíduo;
• Estágio de desenvolvimento da criança;
• Comportamento dos envolvidos nos diferentes ambientes lúdicos;
• Conflitos, problemas, valores etc.
Já no brincar dirigido, pode se propor desafios a partir da escolha de
jogos, brinquedos ou brincadeiras determinada por um adulto ou responsável.
Estes jogos orientados podem ser feitos com propósitos claros de promover o
acesso a aprendizagens de conhecimentos específicos como: matemáticos,
linguísticos, científicos, históricos, físicos, estéticos, culturais, naturais, morais
etc. Um outro propósito é ajudar no desenvolvimento cognitivo, afetivo, social,
motriz, linguístico e na construção da moralidade (nos valores).
Segundo REGO (1994), é papel do educador:
• Ser um facilitador das brincadeiras, sendo necessário mesclar
momentos onde orienta e dirige o processo, com outros momentos onde
as crianças são responsáveis pelas suas próprias brincadeiras.
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• Observar e coletar informações sobre as brincadeiras das crianças para
enriquecê-las em futuras oportunidades.
• Sempre que possível, participar com as crianças das brincadeiras e
aproveitar para questioná-las.
• Organizar e estruturar o espaço de forma a estimular na criança a
necessidade de brincar, também visando facilitar a escolha das
brincadeiras.
• Nos jogos de regras, não estimular os valores competitivos, mas sim,
tentar desenvolver atitudes cooperativas entre as crianças dessa faixa
etária, já que o mais importante no brincar é participar das brincadeiras e
dos jogos.
• Respeitar o direito da criança em participar ou não de um jogo. Neste
caso, o professor tem que criar uma situação diferente de participação
dela em atividades como: auxiliar com materiais, fazer observações,
emitir opiniões etc.
• Em uma situação de jogo ou brincadeira, explicar de forma clara e
objetiva as regras às crianças. E, se for necessário, mudá-las ou adaptá-
las de acordo com as faixas etárias.
• Estimular nas crianças a socialização do espaço lúdico e dos
brinquedos, criando assim o hábito de cooperação, conservação e
manutenção dos jogos e brinquedos. Exemplos: “quem brincou, guarda”;
“no final da brincadeira todos ajudam a guardar os materiais” etc.
• Estimular a imaginação infantil, oferecendo materiais dos mais simples
aos mais complexos, podendo estes brinquedos ou jogos serem
estruturados(fabricados) ou serem brinquedos e jogos confeccionados
com material reciclado. Todo e qualquer material cria para a criança uma
possibilidade de fantasiar e brincar.
• Dar o tempo necessário às crianças para que as brincadeiras se
desenvolvam e se encerrem.
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• Coordenar sua ação à ação da criança, pelo conhecimento e ligação
com as emoções desta.
Espera-se que as sugestões acima levem os educadores a refletirem
sobre as posturas pedagógicas e diversificação de estratégias, focando a
importância do brincar no cotidiano dos educandos.
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CONCLUSÃO
Conclui-se com este trabalho que o brincar e a psicomotricidade
estão interligados no desenvolvimento global das crianças e que o
desenvolvimento motor não se restringe apenas ao aspecto biológico.
Independentemente das divergências, discussões em torno das diferentes
abordagens, podem-se evidenciar um aspecto comum entre elas que é a
importância do movimento no processo ensino - aprendizagem do ser humano.
Diante das vivências pessoais de cada criança, pode-se observar
diferentes atitudes e comportamentos. Há crianças que tem desejos de serem
contidas, apoiadas, estimuladas, que necessitam de referências espaciais,
temporais, materiais, outras, que se mostram provocadoras e exigentes. O
professor, então, deverá estar atento a todas as demandas que vem da criança
por diferentes vias corporais e de expressão, a fim de compreender seu pedido
e dar uma resposta a mais adequada possível a essas necessidades, para que
ela se sinta acolhida, compreendida e possa evoluir.
O que precisa ser compreendido é que não existe manifestação
humana não corpórea, logo o corpo é a sede de todos os pensamentos,
sentimentos e ações. O corpo é um meio de conhecimento para os demais
aspectos, pois no início de todo conhecimento é movimento, dividindo-se
posteriormente em cognitivo e afetivo,
A psicomotricidade não é exclusiva de um novo método ou escola, ou
corrente de pensamento ou técnico, ela visa fins educativos pelo emprego do
movimento humano, já que o movimento é sempre a expressão de uma
existência.
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A preocupação expressa teve a intenção de conferir cada movimento
executado pela criança, uma individualidade cognitiva e prática. A idéia de
psicomotricidade demonstrada é justificar o movimento, realização intencional,
com atividades, como expressão particular com o mundo dos objetos e das
pessoas.
As informações que a autora obteve no desenrolar desse trabalho
contribuíram para ampliar o seu conhecimento, subsidiando suas ações
educativas com relação às crianças com as quais convive, que fazem parte de
uma organização familiar, inserida em uma sociedade, com uma determinada
cultura, composta de características próprias e que são elas as verdadeiras
protagonistas da sua aprendizagem.
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