CREADOR DE MÍ - CRIADOR DE MIM
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Antonio Miranda
CREADOR DE MI 2011
Traducción: Aurora Cuevas Cerveró (España)
Universidad Complutense de Madrid
ANTONIO MIRANDA (Antonio Lisboa Carvalho de Miranda) nació en Maranhão, Brasil, en 1940 y vivió en muchos países de América Latina y Europa. Es licenciado en Biblioteología por la Universidad Central de Venezuela, maestría en Loughborough (Inglaterra), doctorado en Comunicación por la Universidad de São Paulo y Profesor titular de la Universidad de Brasília. Tiene más de 40 títulos de libros científicos, de poesía, novelas y cuentos editados
en Brasil y en otros países.
Página web: www.antoniomiranda.com.br
1
INVOCAÇÃO
Minha metafísica é a poesia.
Teu cérebro é um painel iluminado.
O corpo volátil, plainando sobre
horizontes impossíveis,
inalcançáveis. Vamos juntos.
Eu, criação de mim,
criado de fora para dentro,
de sempre para jamais.
1
INVOCACIÓN
Mi metafísica es la poesía. Tu cerebro un panel iluminado. El cuerpo volátil, planeando sobre horizontes imposibles,
inalcanzables. Vamos juntos.
Yo, creación de mí,
creado de fuera a dentro,
de siempre a jamás.
2
NADA
Nada é mais importante.
Que importa?
Não pedi para nascer.
Condenado à vida,
um bilionésimo de quase
nada,
deixe-nos sonhar.
Maldito espermatozóide!
Palmada que ainda dói.
Morrer, eu posso.
Mas não quero.
Se estou vivo, é pra viver.
Viver não depende só de mim.
Por que justamente (???)
nasci em Calcutá, em Jerusalém,
em Pindamonhangaba
como uma goiaba?!!!
2
NADA
Nada es más importante.
¿Qué importa?
No pedí nacer.
Condenado a la vida,
un billonésimo de casi
nada,
déjenos soñar.
¡Maldito espermatozoide!
Palmada que aún duele.
Morir, puedo.
pero no quiero.
Si estoy vivo es para vivir.
Vivir no depende sólo de mí.
(¿¿¿) Por qué justamente (???)
nací en Calcuta, en Jerusalén,
!!! en Pindamonhangaba
como una guayaba!!!
3
ENTÃO
Circuitos elétricos, correntes
sanguíneas,
retóricas à parte,
bílis, excrementos,
suspiros,
abismos de consciências,
memórias deturpadas, calcadas,
euforias.
Os valores morais dependem
de nosso estômago,
nossas crenças mais profundas
vêm das necessidades insatisfeitas.
Sou tantos de uma só vez. Talvez.
3
ENTONCES
Circuitos eléctricos, corrientes
sanguíneas,
retóricas aparte,
bílis, excrementos,
suspiros,
abismos de consciencias,
memorias adulteradas, calcadas,
euforias.
Los valores morales dependen
de nuestro estómago,
nuestras creencias más profundas
vienen de necesidades insatisfechas.
Soy tantos a la vez. Tal vez.
4
MONTAGEM
Partes de mim eu não admito.
Escondo, extirparia com um bisturi.
Toco a lira de Pilatos, lavo as mãos
como Nero, nas Sagradas Escrituras
busco os segredos, os degredos, os medos.
Palavras.
Saímos dos trilhos,
elegeram-me herege, galinhas no poleiro,
moscas obsessivas, rebanhos felizes!
Vou ao poço, ao entulho, lá no fundo de mim,
para encontrar-te
— só, irrrrrrremediavelmente só com os eus
que
se digladiam
— jardins sem fundo, aromas irreconhecíveis.
Labirintos. Circuncisões. Circunstâncias
definem destinos. Desatinos.
4
MONTAJE
Partes de mí no admito.
Escondo, extirparía con un bisturí.
Toco la lira de Pilatos, me lavo las manos
como Nerón, en las Sagradas Escrituras
busco los secretos, los destierros, miedos.
Palabras.
Perdimos el rumbo,
me eligieron hereje, gallinas en corral,
¡moscas obsesivas, rebaños felices!
Me hundo en el pozo, en un vertedero, allá en el
fondo de mí,
para encontrarte
— sólo, irrrrrrremediablemente sólo con los yos
que
se enfrentan
— jardines sin fondo, aromas irreconocibles.
Laberintos. Circuncisiones. Circunstancias
definen destinos. Desatinos.
5
PAZ
Quero dormir. Deixem-me só.
Curto-circuito, faz escuro, baratas saem
dos esconderijos, quero
ver-me como sou: verme.
Eu, plural. Desdobrável.
Luto. Digressão polissêmica.
Morro a conta-gotas. Quotas.
Certeza, nenhuma.
5
PAZ
Quiero dormir. Déjenme sólo.
Cortocircuito, está oscuro, las ratas salen
del cubil, quiero
verme como soy: verme.
Yo, plural. Desplegable.
Luto. Digresión polisémica.
Muero a cuenta gotas. Cuotas.
Certeza, ninguna.
6
MORTE PREMATURA
Morri algumas vezes. A quilo. Células em decom
posição. Borbulhas, fagulhas no trem de antes,
distantes paisagens. Dissolução.
Quero que me entendam,
queremos ser inteligíveis!!!
Incêndios em mim, bibliotecas crepitando, frases
trocadas de uma estante para outra. Sou um plágio.
Cabelos em dispersão, ideias em desalinho. Entendam-me!
6
MUERTE PREMATURA
Morí algunas veces. Al peso. Células en descom
posición. Burbujas, chispas en trenes de antes,
distantes paisajes. Disolución.
Quiero que me entiendan,
¡¡¡queremos ser inteligibles!!!
Incendios en mí, bibliotecas crepitando, frases
cambiadas de un estante a otro. Soy un plagio.
Cabellos dispersos, ideas desaliñadas.
¡Entiéndanme!.
7
MEMENTO
Vou ruminando, reprocessando ideias e imagens.
Desconexas.
Incisivas. Ideias visíveis!!!
Tudo dentro de nós!!! Nós, tecidos, relações, choques,
desafios.
Fios. Atropelos. Elos. As estrelas estão em outras esferas.
Sim, Ideias! Ei-las. Cérebro ativo. Teias. Sementes.
Ser-ebro. Meu cérebro é portátil, um circuito iluminado:
Veias.
Amores e temores. Dores. Sequência e consequência. Fé.
Fezes.
7
MEMENTO
Voy rumiando, reprocesando ideas e imágenes.
Desconexas.
Incisivas. ¡¡¡Ideas visibles!!!
¡¡¡Todo en nuestro interior!!! Nosotros, tejidos,
relaciones, choques, desafíos.
Hilos. Atropellos. Ellos. Las estrellas están en
otras esferas.
Sí, Ideas! Helas ahí. Cerebro activo. Telarañas.
Simientes.
Ser-ebro. Mi cerebro es portátil, un circuito
iluminado: Luminarias.
Amores y temores. Dolores. Secuencia y
consecuencia. Fe. Feroz.
8
ESCAMBO
Troco meu fígado pelo coração; troque seu pulmão
pelo cérebro. Amputo uma perna e instalo uma roda.
Corte uma orelha e implante um i-pod, pode mais.
Troque um rim por uma rima.
Cadáver animado na festa errada. Ossos vivos
no freezer , línguas clonadas, discursos emprestados,
gargantas treinadas e servidas na bandeja, próteses.
Mergulho no escuro, sondagens abissais, nas entranhas
do corpo-tempo enclausurado. Cofre. Trevas. Enquanto
pensamos na morte, vivemos! A morte é incogniscível.
A vida, um lance de dados que não abolirá o azar.
8
TRUEQUE
Cambio mi hígado por el corazón; cambie su
pulmón
por el cerebro. Amputo una pierna e instalo una
rueda.
Corte una oreja e implante un i-pod, puede más.
Cambie un rim por una rima.
Cadáver animado en la fiesta equivocada. Huesos
vivos
en el congelador, lenguas clonadas, discursos
prestados,
gargantas entrenadas y servidas en bandeja,
prótesis.
Buceo en lo oscuro, sondaje abisal, en las
entrañas
del cuerpo-tiempo enclaustrado. Cofre. Tinieblas.
Mientras
pensamos en la muerte, vivimos! La muerte es
incognoscible.
La vida, un lance de dados que no abolirá el azar.
9
AMOSTRA GRÁTIS
Teu cérebro exposto na vitrine.
Enredo. Arremedo. Efeitos de luz, rajadas de ideias brotam
de livros,
redes sociais disseminam pre-conceitos. Vírus propagam-se
alegres
como cogumelos. Salve-se quem puder. A deus!
Ostra e ostracismo.
Sombras humanas por corredores
sem
saída. Como livrar-se de si mesmo?
Ensimesmamento, espelho reflexo de Borges. Nexo?
Agora vives o absurdo. Absconso, abstruso.
Sen
idade, corpo que envelheceu antes de mim.
Corporal-mente, completa-mente.
9
MUESTRA GRATUITA
Tu cerebro expuesto en vitrina.
Enredo. Remedo. Efectos de luz, tormentas de
ideas brotan de libros,
redes sociales diseminan pre-juicios. Virus se
propagan alegres
como hongos. Sálvese quien pueda. ¡A dios!
Ostra y ostracismo.
Sombras humanas por corredores
sin
salida. ¿Cómo librarse de sí mismo?
Ensimismamiento, espejo reflejo de Borges.
¿Nexo?
Ahora vives el absurdo. Abstraído, abstruso.
Senil
edad, cuerpo que envejeció antes de mí.
Corporal-mente, completa-mente.
10
PRÓTESES
Andar por instrumentos, programas, slogans.
Escrito com a memória, falar pelas extremidades.
Teus sensores são universos radicais transplantados—
só me conhecem pelo que exteriorizes, não tem dentro,
os outros estão em nós pelo avesso/aversão ao fora:
re-volta dos ignor-antes.
Saída: Seduzir o corpo e apossar-se da mente:
conheci-mento nas palavras
dentro-fora
teu corpo desidratando no crematório da existência:
um tempo-espaço na ampulheta
do homem-enciclopédia: vazio silencioso do nada
após-tudo: subst-a(n)tivo;
queimem meus versos
que o vento e o mar os disseminem
voltem à origem física de sua fundament-ação.
10
PRÓTESIS
Andar por instrumentos, programas, slogans.
Escrito con la memoria, hablar por las
extremidades.
Tus sensores son universos radicales
trasplantados—
apenas me conocen por lo que exteriorices, no
tiene interior,
los otros están en nosotros al revés/aversión al
exterior:
re-vuelta de los ignor-antes.
Salida: Seducir el cuerpo y apoderarse de la
mente:
conoci-miento de las palabras
interior-exterior
tu cuerpo deshidratándose en el crematorio de la
existencia:
un tiempo-espacio en el reloj de arena
del hombre-enciclopedia: vacio silencioso de la
nada
post-todo: subst-a(n/c)tivo;
quemen mis versos
que el viento y el mar los diseminen
vuelvan al origen físico de su fundament-ación.
11
POIESOFIA
A poesia na contramão do racional e prático
— pratica o inusual e o inútil para que a vida
transcenda, retire a venda dos olhos, desvenda
o real refletido para que a vida flua entre pedras:
pedra não é pedra, é nuvem.
Pior são as pedras na vesícula, que a ciência elucida
— pedras meta
físicas em estado de dicionário, contrapondo
Drummond e Fernando Pessoa.
A pedra no caminho de Drummond já estava
em Fernando Pessoa, soa estranha em Itabira.
A pedra só é moral como fotografia na parede.
Que venha a pedra cabralina, de cabra, de cacto,
de sertão.
Só existem pedras na paisagem? — esta de ser e estar.
Firma-mento, vento e chuva, pre-sentimento. A pedra
que se vê, e a outra, inconsútil.
Não lhe interessa o mundo que é só o que se mostra
— demonstração. Sou outro para quem me vê.
Apenas um nome.
11
POIESOFÍA
La poesía en sentido contrario a lo racional y práctico
— practica lo inusual y lo inútil para que la vida
transcienda, retire la venda de los ojos, desvele
lo real reflejado para que la vida fluya entre piedras:
piedra no es piedra, es nube.
Peor son las piedras en la vesícula, que la ciencia
dilucide
— piedras meta
físicas en estado de diccionario, contraponiendo
Drummond y Fernando Pessoa.
La piedra en el camino de Drummond ya estaba
en Fernando Pessoa, suena estraña en Itabira.
La piedra apenas es moral como fotografía en la
pared.
Que llegue la piedra cabralina, de cabra, de cactus,
de sertão.
¿Sólo existen piedras en el paisaje? — eso de ser y
estar.
Firma-mento, viento y lluvia, pre-sentimiento. La
piedra
que se ve, y la otra, incorpórea.
No le interesa el mundo que es apenas lo que se
muestra
— demostración. Soy otro para quien me ve.
Apenas un nombre.
12
INCERTEZAS
Todos os gatos são de cor nenhuma. Que tristeza!
Certeza, não tenho. Mas a cor não existe.
Ledo engano. Lêdo Ivo. Vã filosofia, ou poesia.
Apenas a sombra disfarça, sua farsa furta-cor
— opaca, inibida. Relógios inúteis seguem
a trajetória da sombra a destempo. Arco-íris
da ilusão, emoção descabida aprofunda
nossa relação fractal com a vida.
O tempo das coisas é único
— o nosso é descompasso.
Passo de um lado a outro
e as coisas é que se movem
em outro compasso.
12
INCERTIDUMBRES
Todos los gatos son de ningún color. ¡Qué
tristeza!
Certeza, no tengo. Pero el color no existe.
Ledo engaño. Lêdo Ivo. Vana filosofía, o poesía.
Apenas la sombra disfraza, su farsa torna-sol
— opaca, inhibida. Relojes inútiles siguen
la trayectoria de la sombra a destiempo. Arco iris
de ilusión, emoción sin cabida ahonda
nuestra relación fractal con la vida.
El tiempo de las cosas es único
— el nuestro sin compás.
Paso de un lado a otro
y las cosas se mueven
en otro compás.
13
TE N/S ÃO
Come e dorme. Meu corpo nem sempre me satisfaz
—vontades próprias? Fome enorme. Queremos dominar
o animal dormido, mas aceso. Haja argumento. Tenso,
o corpo é ventríloquo propenso a resistência e dissidência.
Equilíbrio forçado: paciência e leniência.
Maria ama José que ama Fernando que ama João.
Músculos pensam, mandíbulas raciocinam, joelhos
claudicam? Dizem que sim, dizem que não.
Corpo e mente, corporalmente, desmente raciocínio
e religião. Afinal, senhor juiz, sexo é mesmo opção?
Hipotálamos de plantão. Vísceras às vésperas
de vontade inconsciente?
Sendo vegetal, estaciono; animal, em movimento
—o sangue circula, meus pés não saem sozinhos.
O pênis é um músculo arredio, auto-suficiente.
Pássaros voando, vacas pastando, abutres insaciáveis.
Luzes invisíveis iluminam passos contingentes.
Sapo sapiens. Anta e onto. Agindo antes
de pensar, ejaculando antes do prazer.
Tornar-se palavra, sílaba na ântese
do desejo condicionado. A(e)fetivamente.
13
TE N/S IÓN
Come y duerme. ¿Mi cuerpo no siempre me satisface
—voluntades propias? hambre enorme. Queremos dominar
al animal dormido, pero encendido. Haya argumento.
Tenso,
el cuerpo es ventrílocuo propenso a resistencia y
disidencia.
Equilibrio forzado: paciente y permisivo.
María ama a José que ama a Fernando que ama a João.
¿Músculos piensan, mandíbulas razonan, rodillas
claudican? Dicen que sí, dicen que no.
Cuerpo y mente, corporalmente, desmiente el raciocinio
y religión. Al final, señor juez, ¿sexo es realmente una
opción?
Hipotálamos de guardia. ¿Vísceras a la víspera
de voluntad inconsciente?
Siendo vegetal, me detengo; animal, en movimiento
—la sangre circula, mis pies no andan solos.
El pene es un músculo sin control, autosuficiente.
Pájaros volando, vacas pastando, buitres insaciables.
Luces invisibles iluminan pasos condicionados.
Sapo sapiens. Anta y onto. Actuando antes
de pensar, eyaculando antes del placer.
Tornarse palabra, sílaba en la antítesis
del deseo condicionado. A(e)fectivamente.
14
EFEITO E CAUSA
Diante de mim, por antecipação — eu em outro
momento, teleológico. Bazófia generosa. Gosma e ânsia.
Mudo o enredo do filme, na platéia. Queres, logo existes.
Dever sujeito ao dever. Desamparo e despreparo,
obstinação ou resignação. E então? A fé que esquenta o
café.
Não me importa que as galinhas não cantem ópera;
que você, leitor, não possa voar; e que Deus não exista
porque não responde e-mail. Não consigo sair de mim.
Meu clone talvez não possa escrever poemas.
Mentira!!! Ouço galinhas esguelando árias de Verdi.
Somos íntimos de Deus; teu clone faz amor contigo,
e daí? Na viagem de volta, as paisagens eram as mesmas,
apesar da escuridão. Um morto ressuscitou, está no Livro.
Há um deus escondido no trovão e a realidade
não cabe na fotografia. Cada vez mais lúcido, discursivo.
14
EFECTO Y CAUSA
Delante de mí, por anticipación — yo en otro
momento, teleológico. Bazofia generosa. Secreciones y
ansia.
Cambio el argumento de la película, en la platea.
Quieres, luego existes.
Deber sujeto al deber. Desamparo e ineptitud,
obstinación o resignación. ¿Entonces? La fe que
calienta el café.
No me importa que las gallinas no canten ópera;
que tú, lector, no puedas volar; y que Dios no exista
porque no responde al e-mail. No consigo salir de mí.
Mi clon tal vez no pueda escribir poemas.
¡¡¡Mentira!!! Oigo gallinas gorjeando arias de Verdi.
Somos íntimos de Dios; tu clon hace el amor contigo,
¿y qué? En el viaje de vuelta, los paisajes eran los
mismos,
a pesar de la oscuridad. Un muerto resucitó, está en el
Libro.
Hay un dios escondido en el trueno y la realidad
no cabe en la fotografía. Cada vez más lúcido,
discursivo.
15
REFLEXÃO
Queimem tudo que eu escrevi, para salvar-me do inferno.
Eu não posso. Conheço o inverno, buscando a salvação.
A saída, onde é a saída?
Preferes a remissão, com medo da solidão.
Pelo sim e pelo não, caldo de galinha não faz mal a
ninguém. Porém.
Apenas acreditar no mundo das ideias. Não importa de
onde vêm.
Aqui escritas, elas existem. Representam, ou são elas
mesmas.
Independ(entes). Passíveis, possíveis de si, vos, eles.
Contagiantes
como vírus. Fora da razão que as anule.
Queremos uma escrita automática. Uma leitura fora da
gramática.
Letras vivas. Átomos reproduzindo-se no espaço.
Mensagens em
todas as direções. Refazendo-se, capazes de auto-
imolação. Livres
de nós, nós dependentes delas.
15
REFLEXIÓN
Quemen todo lo que escribí, para salvarme del
infierno.
Yo no puedo. Conozco el invierno, buscando la
salvación.
La salida, ¿dónde está la salida?.
Prefieres la pérdida, con miedo a la soledad.
Por el sí y por el no, caldo de gallina no sienta mal a
nadie. Todavía.
Apenas creer en el mundo de las ideas. No importa de
donde vengan.
Aquí escritas, existen. Representan, o son ellas
mismas.
Independi(entes). Pasivas, posibles de sí, vosotros,
ellos. Contagiosas como virus. Fuera de la razón que
las anula.
Queremos una escritura automática. Una lectura sin
gramática.
Letras vivas. Átomos reproduciéndose en el espacio.
Mensajes en todas direcciones. Rehaciéndose,
capaces de autoinmolación. Libres de nosotros,
nosotros dependientes de ellos.
16
ORATÓRIO
Repetir os versículos, desde que nascemos. Um livro único.
Que nos inventa, incute medo e respeito. Vindo do Além,
ou de alguém.
Vou explodir. Estamos doentes. Vomitam o que não
comeram,
e do vômito se alimentam. Anjos libidinosos, virgens
eternas
por condição, escolha nenhuma:
Não era voto de castidade, era voto de caridade!!!
Que me importa o gnosticismo do Willer, a tara libertária de
Sade,
o beco sem saída de Sartre. Não dialogo mais comigo,
para não
contradizer — paranóia de Roberto Piva — me. Morte à
dialética!
Viva o oxímoro!
Tumores, temores, estertores. Estar vivo já é demais. Para
quê
não é problema nosso. Horas únicas. Tempos simultâneos,
lugares inexistentes. Eu, infinitas vezes, eu — diria Augusto
dos
Anjos, sem reconhecer-se. Que liberdade é esta?
Células descoladas, vagando solitárias.
16
ORATORIO
Repetir los versículos, desde que nacemos. Un libro
único.
Que nos inventa, inspira miedo y respeto. Viniendo de
más Allá,
o de acá.
Voy a explotar. Estamos enfermos. Vomitan lo que no
comieron,
y del vómito se alimentan. Ángeles libidinosos,
vírgenes eternas
por condición, escoja ninguna:
No era voto de castidad, ¡¡¡ era voto de caridad!!!
Qué me importa el gnosticismo de Willer, la tara
libertaria de Sade,
El callejón sin salida de Sartre. No dialogo más
conmigo, para no contradecir — paranoia de Roberto
Piva — me. ¡Muerte a la dialéctica!
¡Viva el oxímoron!
Tumores, temores, estertores. Estar vivo ya es
demasiado. Para qué no es nuestro problema. Horas
únicas. Tiempos simultáneos,
lugares inexistentes. Yo, infinitas veces, yo — diría
Augusto dos
Anjos, sin reconocerse. Qué libertad es esta?
Células inconexas, vagando solitarias.
17
ENTERRADO
Não, eu não quero morrer, mas
morrer seria um prazer. Morrer, como rotina,
hora marcada sujeita a postergações, acidentes,
nãos. Estações do ano.
Morrer é higiênico, econômico. Necessário. Ecologica
mente correto. Crediário ou duplicata. Desiderata. Adubo.
Que EU sobrevive ao seu enterro?
Enterrado, olhando para o céu
inalcançável. Cul de sac.
17
ENTERRADO
No, no quiero morir, pero
morir sería un placer. Morir, como rutina,
hora marcada sujeta a postergaciones,
accidentes,
noes. Estaciones del año.
Morir es higiénico, económico. Necesario.
Ecológica
mente correcto. Crédito o débito. Desiderata.
Abono.
Qué YO sobrevive a su entierro?
Enterrado, mirando al cielo
inalcanzable. Cul de sac.
18
ABISSAL
Apito e descarrilho. O abismo não tem fundo.
Pilhas descarregadas. Cemitério de automóveis, de Arrabal.
Amores contaminados, sentidos trocados, astros em
diáspora.
Gene e desvario. Gênio e loucura. Amálgama. Escolho
o que me escolhe. Além é uma extensão de tempo.
Amém. Amem.
18
ABISSAL
Toca el pito y descarrila. El abismo no tiene
fondo. Baterías descargadas. Cementerio de
automóviles, de Arrabal.
Amores contaminados, sentidos cambiados,
astros en diáspora.
Genes y desvario. Genio y locura. Amalgama.
Escojo
lo que me escoje. Más allá es una extensión de
tiempo.
Amén. Amen.