Crédito privado é alvo de R$65bi de fundos de pensão · preferido são ativos de crédito...

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28 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 11,12 e 13 de novembro, 2011 FINANÇAS Editora: Maria Luiza Filqueiras [email protected] Subeditora: Priscila Dado na [email protected] Crédito privado é alvo de R$ 65 bi de fundos de pensão Este é montante dos títulos públicos que estão nas carteiras das fundações e que deverão vencer nos próximos três anos Vanessa Correia [email protected] Os fundos de pensão brasilei- ros têm mais um motivo para se preocupar, além da trajetó- ria descendente de queda da ta- xa de juros: realocar aproxima- damente R$ 65 bilhões que ven- cerão em títulos públicos nos .próxímos três anos. E o destino preferido são ativos de crédito privado e investimentos estru- turados, principalmente fun- dos de investimento em partici- pações (FIPs) e certificados de depósito bancário (CDBs). "Existe uma preocupação em não concentrar a carteira dos fundos de pensão em títulos pú- blicos. Mas sabemos que essa mudança não acontecerá de um dia para o outro. O importante é que a mensagem da diversifica - , ção está bem disseminada", acredita José Maria Rabelo, di- retor-superintendente da Supe- rintendência Nacional de Previ- dência Complementar (Previc). A Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Eco- nômica Federal, soma R$ 5,5 bi- lhões em títulos públicos que vencerão até 2015. "Esse movi- mento tem implicações impor- tantes ao sistema uma vez que além dos vencimento dos títu- los, as taxas de remuneração (cupons) são cada vez meno- res", ressalta Demósthenes Mar- ques, diretor de investimentos da Funcef e membro da Comis- são Técnica Nacional de Investi- mentos da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Pre- vidência Complementar (Abra- pp}. "As NTN- Bs (títulos corrigi- dos pela inflação) que foram ad- quiridas com margens superio- res meta atuarial, já não são mais encontradas", completa. Ainda segundo o executivo, a fundação tem diversificado seu portfólio de investimentos há al- gum tempo, principaimente em direção a títulos de crédito pri- vado. "Essa carteira, se bem ad- ministrada, assegura boa renta- bllidade", diz Marques, lem- " Existe preocupação em não concentrar a carteira dos fundos em títulos públicos. Mas sabemos que essa mudança não acontecerá de um dia para o outro. O importante é a diversificação José Maria Rabelo Diretor·superintendente da Previc f FUNCEF Vencimento de títulos até 2015 R$5,5 FUNDAÇÃO CESP Vencimento de títulos até 2020 Rs1,7 bi brando que nos últimos quatro anos, a rentabilidade anual foi de inflação mais 9%, já descon- tado o impacto da inadimplên- cia de 1 ponto percentual. O aperfeiçoamento nos mode- los de avaliação de risco é um ponto para o qual Cecília Haru- mi, gerente de clientes institu- cionais da Luz Engenharia Fi- nanceira chama a atenção. "Per- cebemos que as entidades fecha- das de previdência complemen- tar já avaliam o risco de crédito com maior rigidez. Algumas, in- clusive, já fazem sua própria me- dição de risco, independente das notas atribuldas pelas agên- cias de classificação" , afirma. A Fundação Cesp (fundo de pensão dos funcionários de em- presas do setor de energia elétri- ca de São Paulo) também tem buscado diversificar sua carteira de aplicações, embora de forma mais tímida. Isso porque apenas R$1,7 bilhão em títulos públicos vencerão até 2020, de um total de R$18,5 bilhões. "Nos últimos dois anos, buscamos CDBs e le- tras financeiras cujo retorno fos- se atrativo. A questão é que te- mos tempo de manejo", destaca Jorge Símíno Júnior, diretor de investimentos da fundação. _ =""""'".,..""" •••.• __ "'_ ••••••. """ ••••"' __ ""' -"! •••••••• ""'''''' ••• ''''' •• mr'''''·•••••••••••• .,.. ••••• ..,•••• ''',, ••••••••••_ ••• S:t:i5ll!l: FUNDOS DE PENSÃO E TITULOS PÚBLICOS Aproximadamente R$ 65 bilhões em títulos públicos vencerão nos próximos três anos. Parte deste montante está con.c:~t~ada em NTN·Bs (papéis corrigidos pela inflação) TiTULaS PÚBLICOS fEDERAIS POR PRAZO DE VENCIMENTO. l~!lcH~ÕE::.S _ IITN·B 139.62 61,6% 80 NrN'S NrN'C .LFT !!li LTN .NrN·' Outros NTN-C 43,61 19,2% 60 LfT 11.09 9,3% 40 LTN 11,51 5,5% m 20 NTN-f 7,19 3,2% nF?!l Outros 1,49 1,1% 3 AIO ANOS MAIS OE 10 bi TOTAL R$ 226,61 bilhões fontes: Aoreoo. Diace/Previc e Brasil Econômico »» R$62,79 bi 27,71%» R$58,96 bi 26,02%» R$104,85bi 46,27%

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28 Brasil Econômico Sexta-feira e fim de semana, 11,12 e 13 de novembro, 2011

FINANÇAS

Editora: Maria Luiza Filqueiras [email protected]: Priscila Dado na [email protected]

Crédito privado éalvo de R$ 65 bi defundos de pensãoEste é montante dos títulos públicos que estão nas carteirasdas fundações e que deverão vencer nos próximos três anos

Vanessa [email protected]

Os fundos de pensão brasilei-ros têm mais um motivo parase preocupar, além da trajetó-ria descendente de queda da ta-xa de juros: realocar aproxima-damente R$ 65 bilhões que ven-cerão em títulos públicos nos.próxímos três anos. E o destinopreferido são ativos de créditoprivado e investimentos estru-turados, principalmente fun-dos de investimento em partici-pações (FIPs) e certificados dedepósito bancário (CDBs).

"Existe uma preocupação emnão concentrar a carteira dosfundos de pensão em títulos pú-blicos. Mas sabemos que essamudança não acontecerá de umdia para o outro. O importante éque a mensagem da diversifica - ,ção está bem disseminada",acredita José Maria Rabelo, di-retor-superintendente da Supe-rintendência Nacional de Previ-dência Complementar (Previc).

A Funcef, fundo de pensãodos funcionários da Caixa Eco-nômica Federal, soma R$ 5,5 bi-lhões em títulos públicos quevencerão até 2015. "Esse movi-mento tem implicações impor-tantes ao sistema uma vez quealém dos vencimento dos títu-los, as taxas de remuneração(cupons) são cada vez meno-res", ressalta Demósthenes Mar-ques, diretor de investimentosda Funcef e membro da Comis-são Técnica Nacional de Investi-mentos da Associação Brasileiradas Entidades Fechadas de Pre-vidência Complementar (Abra-pp}. "As NTN- Bs (títulos corrigi-dos pela inflação) que foram ad-quiridas com margens superio-res -à meta atuarial, já não sãomais encontradas", completa.

Ainda segundo o executivo, afundação tem diversificado seuportfólio de investimentos há al-gum tempo, principaimente emdireção a títulos de crédito pri-vado. "Essa carteira, se bem ad-ministrada, assegura boa renta-bllidade", diz Marques, lem-

"Existe preocupaçãoem não concentrara carteira dos fundosem títulos públicos.Mas sabemos queessa mudança nãoacontecerá de umdia para o outro.O importanteé a diversificação

José Maria RabeloDiretor·superintendente

da Previc

f

• FUNCEFVencimento detítulos até 2015

R$5,5• FUNDAÇÃO CESPVencimento detítulos até 2020

Rs1,7 bi

brando que nos últimos quatroanos, a rentabilidade anual foide inflação mais 9%, já descon-tado o impacto da inadimplên-cia de 1 ponto percentual.

O aperfeiçoamento nos mode-los de avaliação de risco é umponto para o qual Cecília Haru-mi, gerente de clientes institu-cionais da Luz Engenharia Fi-nanceira chama a atenção. "Per-cebemos que as entidades fecha-das de previdência complemen-tar já avaliam o risco de créditocom maior rigidez. Algumas, in-clusive, já fazem sua própria me-dição de risco, independentedas notas atribuldas pelas agên-cias de classificação" , afirma.

A Fundação Cesp (fundo depensão dos funcionários de em-presas do setor de energia elétri-ca de São Paulo) também tembuscado diversificar sua carteirade aplicações, embora de formamais tímida. Isso porque apenasR$1,7 bilhão em títulos públicosvencerão até 2020, de um totalde R$18,5 bilhões. "Nos últimosdois anos, buscamos CDBs e le-tras financeiras cujo retorno fos-se atrativo. A questão é que te-mos tempo de manejo", destacaJorge Símíno Júnior, diretor deinvestimentos da fundação. _

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FUNDOS DE PENSÃO E TITULOS PÚBLICOS

Aproximadamente R$ 65 bilhões em títulos públicos vencerão nos próximos três anos.Parte deste montante está con.c:~t~ada em NTN·Bs (papéis corrigidos pela inflação)

TiTULaS PÚBLICOS fEDERAIS POR PRAZO DE VENCIMENTO.l~!lcH~ÕE::.S _

IITN·B 139.62 61,6%80

• NrN'S • NrN'C .LFT !!li LTN .NrN·' • Outros

NTN-C 43,61 19,2% 60

LfT 11.09 9,3%40

LTN 11,51 5,5%

m20

NTN-f 7,19 3,2%nF?!l

Outros 1,49 1,1% 3 AIO ANOS MAIS OE10

bi

TOTAL R$ 226,61 bilhões

fontes: Aoreoo. Diace/Previc e Brasil Econômico

»» R$62,79 bi 27,71%» R$58,96 bi 26,02%» R$104,85bi 46,27%

França pede investigação de erro da S&PA França pediu ontem às autoridades europeia e francesade vigilância dos mercados que investiguem "a transmissão errôneade uma mensagem" da 5tandard & Poor's na qual a agência anunciao rebaixamento da nota do país, que hoje é de triplo A, a maiorna escala de classificação de risco. O erro da agência coincidiu como aumento da taxa de risco francesa - a diferença entre o bônusfrancês a dez anos e o alemão de referência - a mais de 170 pontos.

Sexta-feira e fim de semana, 11.12 e 13 de novembro. 2011 Brasil Econômico 29

AGENDA• No Brasil, serãodivulgados, às 9 horas,os dados deemprego e salário.• Nos Estados Unidos,está prevista a confiançado investidor, medido pelaUniversidade de Michigan.

Private equityé "queridinho" dasgrandes fundaçõesA Funcef, por exemplo,tem R$ 3,5 bilhões aioca dosem fundos de investimentoem participação e o focosão segmentos ligadosà economia doméstica

Os "queridínhos" de grandesfundos de pensão são os fun-dos de investimento em parti-cipação (FIPs). A Funcef (fun-do de pensão dos funcionáriosda Caixa Econômica Federal),por exemplo, detém participa-ção em mais de 30 FIPs, que to-talizam R$ 3,5 bilhões investi-dos", explica DemósthenesMarques, diretor de investi-mentes da fundação e membroda Comissão Técnica Nacionalde Investimentos da Associa-ção Brasileira das Entidades Fe-chadas de Previdência Comple-mentar (Abrapp).

Os segmentos prioritáriospara a entidade - em funçãoda piora do cenário externo -são os que suportam a econo-mia doméstica, bem como in-fraestrutura e setores nosfiuais o Brasil tem vantagem

..competitiva ante seus pares in-, ternacionais. "Recentemente

aprovamos o investimento emdois FIPs, sendo que um delesé voltado ao segmento de in-fraestrutura vinculada à explo-ração de petróleo e gás. Aindahá outros 6 FIPs, de diferentessetores, em aprovação. Temosconfiança de que a estratégiaadotada desde 2004 respon-deu de forma consistente."

DemósthenesMarquesDiretor deInvestimentosda Funcef

Dados da Abrapp apontamque em março deste ano, cercade 2:3 % do patrimônio líquldodas entidades fechadas de pre-vidência complementar esta-vam alocados em fundos de in-vestimento em participação,ou R$ 12,6 bilhões. No mesmoperíodo de 2010, esse montan-te era de R$ 7,7 bilhões.

DesigualdadeEntretanto, Cecilia Harumi, ge-rente de clientes institucionaisda consultor ia Luz EngenhariaFinanceira, lembra que o mer-cado de FIPs ainda está multorestrito às grandes fundações."Os fundos de pensão de pe-queno e médio porte têm parti-cipação tímida em FIPs, embo-ra haja muita curiosidade a res-peito do funcionamento, bemcomo taxas de retorno e op-ções de alocação", diz.

Ainda de acordo com a exe-cutiva, é provável que essa par-ticipação cresça à medida emque se aproxima O vencimentodos titulos públicos. "Isso deveacontecer entre 2014 e 2015,completa Cecilia .

Parao diretor de investimen-tos da Funcef, o desafio da di-versificação é grande, mas asoportunidades são claras. "Odesafio está lançado. Contudo,os fundos de pensão precisamentender que não estão em umaem um beco sem saída. Há boasoportunidades cujo risco/retor-no é atrativo", completa Mar-ques .• V.C.

Janela de oportunidade em renda fixaLevantamento da Anbimamostra que foram emitidosR$ 72,5 bilhões em títulosprivados este ano, crescimentode 5% ante 2010

A dificuldade que empresas bra-sileiras têm encontrado paracaptar recursos no mercado in-ternacional acabou abrindouma janela de oportunidadeaos fundos de pensão que que-rem diversificar seu portfóliode investimentos. Isso porque onúmero de emissões no merca-do local cresceu exponencial-mente este ano, reflexo da crise

europeia. "O atuai momento ébastante positivo. Mas se toda aindústria de fundos de pensãoresolvesse aplicar em créditoprivado, a demanda superaria aoferta, impactando a rentabili-dade dos papéis", afirma De-mósthenes Marques, diretor deinvestimentos da Funcef emembro da Comissão TécnicaNacional de Investimentos daAssociação Brasileira das Enti-dades Fechadas de PrevidênciaComplementar [Abrapp].

Levantamento da AssociaçãoBrasileira das Entidades do Mer-cado Financeiro e de Capitais

"0 desafio está lançado.Contudo, as fundaçõesprecisam entender que nãoestão em um beco sem sarda.Há boas oportunidades cujorisco/retorno é atrativo"

Mercado secundáriode renda fixaprecisaria ter maiorliquidez se quiseratrair investidoresinstitucionais

(Anbíma) mostra que foram, emitidos R$ 72,5 bilhões em tí-

tulos privados de renda fixa, en-tre debêntures, notas promissó-rias, entre outros, montante5% maior quando comparado aiguai período de 2010.

Raphael Santoro, consultorsênior de previdência da Mer-cer diz que o crescimento do nú-mero de ofertas no mercado pri-mário é positivo. "Entretanto, omercado secundário de renda fi-xa precisaria apresentar maiorliquidez se quiser atrair um nú-mero maior de investidores íns-titucionais", acredita .• v.e.

BALANÇO

Cetíp ternreceita deR$191,9 miNatália [email protected]

A Cetíp, empresa que atua nomercado de renda fixa e de deri-vativos de balcão, divulgou on-tem que obteve receita líquidade R$ 191,9 milhões no terceirotrimestre do ano, o que repre-senta alta de 3,9% ante o segun-do trimestre. Já na comparaçãocom o mesmo período de 2010,houve avanço de 30,4%. De ja-neiro a setembro) a receita líqui-da atingiu R$ 549,8 milhões,42,3% superior à observada nomesmo período de 2010. "Ape-sar de o ano não estar calmo porcausa do ambiente internacio-nal, a Cetip tem apresentado ta-xas de crescimento melhoresdo que as de 2010", resumeFrancisco Carlos Gomes, dire-tor financeiro da empresa.

Para se ter ideía, o volume to-tal de registro de instrumentosde renda fixa atingiu R$ 2,4 bi-lhões, alta de 38,1% ante o se-gundo trimestre. Este resultadopode ser explicado pelo cresci-mento de 83,6% no volume re-gistrado de DI e de 7,9% no to-tal de CDB. "O vetor de cresci-mento da Cetip é o aumento docrédito no Brasil, que deve cres-cer, neste ano, algo entre 15% e20%. No momento, estamos re-gistrando aumento de volumede cerca de 60% na renda fixa."

A receita de registro dos deri-vativos totalízou R$ 6,7 mi-lhões, o que representa queda de18% ante o segundo trimestre. Omotivo é a retração de 26,5% nareceita de registro de contratosde swap, reflexo da mudança naforma de cobrança desses deriva-tivos em julho de 2011. "Passa-mos de preço fixo por contratopara um percentual no momen-to do registro e uma taxa de ma-nutenção." Desta forma, essaqueda é compensada pelo au-mento da custódia. Já o lucro li-quido ajustado atingiu R$ 91,8milhões, 4,9% a menos do queno segundo trimestre. O motivoé o aumento da despesa com im-posto de renda que no trimestrenão teve beneficio fiscai dos ju-ros sobre capital próprio .•

. Extrato:Câmara Municipal de São José dos campos• ABERTURA DE UCITAÇÃO - Pregão Pres-encial n~ 2512011 . Objeto: Formação de Atade Registro de preços para possivel aquisiçãode copos oescertévets • Abertura: 02I12flOll- Horário: 09h . Edital e Informações: O Edi-tal completo poderá ser baixado do sue www.cemarasjc.ep.qov.br . Em 07/11/1' • VereadorJuvenil 511vérlo - Presidente