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1 CRIAÇÃO DO MUNDO: FIGURADA OU LITERAL? Autor: Otávio de Lima Professor de estudos bíblicos com graduação em Artes Visuais, bacharelado em Artes Plásticas pela UFMS. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, como protagonista da minha obra evangelizadora; Ao Sávio Laet, que gentilmente cedeu seu site para divulgação deste artigo, abrindo espaço no Filosofante para os estudos exegéticos, linguísticos e hermenêuticos de natureza predominantemente bíblica; Ao Hélder Henrique, que colaborou com suas dúvidas referentes ao tema que intitula este artigo. Sem vocês, esta obra não seria possível.

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CRIAÇÃO DO MUNDO: FIGURADA OU LITERAL?

Autor: Otávio de Lima Professor de estudos bíblicos com graduação em Artes Visuais, bacharelado em Artes Plásticas pela UFMS.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, como protagonista da minha obra evangelizadora;

Ao Sávio Laet, que gentilmente cedeu seu site para divulgação deste artigo,

abrindo espaço no Filosofante para os estudos exegéticos, linguísticos e

hermenêuticos de natureza predominantemente bíblica;

Ao Hélder Henrique, que colaborou com suas dúvidas referentes ao tema que

intitula este artigo. Sem vocês, esta obra não seria possível.

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RESUMO

Este artigo tem como objetivo esclarecer questões de gênero literário,

exegese, história e hermenêutica que tangem os escritos bíblicos de Gn 1—2,4ª,

abordados sob a ótica dos documentos magisteriais da Igreja Católica, dos métodos

histórico-crítico, análise literária e abordagem dos quatro lados, que muito têm

contribuído para uma depreensão satisfatória das narrativas inerentes ao

Pentateuco e, mais especificamente — no caso deste artigo —, da gênese

cosmogônica bíblica. Não tem a intenção de ser exaustivo, apesar de adentrar nas

minúcias metódicas que constituem uma explanação desta estirpe.

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CRIAÇÃO DO MUNDO: FIGURADA OU LITERAL?

“Esta questão gera muita polêmica mesmo entre os cristãos. A versão literal

foi defendida pela Igreja Católica durante muito tempo. A Igreja só cedeu quando

ficou impossível manter uma opinião frente a inúmeras evidências contrárias. Mas

mesmo assim, ainda hoje existem cristãos, inclusive católicos, se não me engano,

que defendem uma interpretação literal da gênese bíblica, ou seja, que o universo foi

criado em seis dias. Então, aproveito a oportunidade para lhe fazer esta pergunta: a

versão bíblica da gênese deve ser interpretada literalmente? Sim? Não? Por quê?”

(Hélder Henrique)

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Antes de adentrarmos nos pormenores concernentes às respostas, quero

fazer uma breve ressalva do que se entende atualmente por interpretação bíblica.

Não entraremos aqui nos pormenores concernentes às “evidências contrárias”, haja

visto que as mesmas não foram identificadas ou expostas no ato da pergunta.

Meu objetivo aqui é mostrar como a Bíblia não deve

ser lida. Nas soluções

que se seguem, apresentarei pouco a pouco com que olhos a Bíblia pode ser lida

com maior proveito.

¦

Há contradições, incoerências ou falta de lógica narrativa na Bíblia?

¦

A Bíblia não é a palavra de Deus, escrito perfeito, sem erros e, portanto,

sem contradições internas ou falta de lógica?

¦

Alguma coisa do que está na Bíblia não aconteceu exatamente como está

escrito?

O papa João Paulo II, em sua Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, ao

iniciar o capítulo sobre o rosto do Cristo a contemplar a partir dos evangelhos, faz a

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ressalva: "De fato os evangelhos não pretendem ser uma biografia completa de

Jesus, segundo os cânones da ciência histórica moderna". Para muitos, isso pode

soar como novidade, talvez até como escândalo.

Então, nem tudo o que está nos evangelhos é verdade histórica

cientificamente exata?

— Não!

É o Papa quem diz isso?

— É!

O mesmo papa João Paulo II, no discurso em que apresentou o documento

da Pontifícia Comissão Bíblica sobre a interpretação da Bíblia na Igreja (23/4/93),

descreve com muita clareza a evolução da interpretação da Bíblia na Igreja. Até os

últimos séculos, antes do chamado "iluminismo", não havia grande preocupação

com a historicidade exata dos fatos. Lia-se a Bíblia mais para meditar, contemplar,

encontrar nos textos mensagens e interpretações da vida e dos problemas atuais,

sem crítica — com certa ingenuidade até, ao ver da nossa mentalidade atual.

O "Século das luzes" mudou essa mentalidade. Agora é preciso examinar e

considerar tudo do ponto de vista científico. Em conseqüência disso, surgiu um

movimento de estudo crítico da Bíblia. Agora a Bíblia é apenas um livro antigo,

escrito por várias mãos e diferentes mentalidades, durante mais de mil anos. Tem de

ser comparada com o conhecimento que temos da história e tem de ser analisada

literariamente para se descobrirem as várias mãos e os diferentes modos de pensar

que in uíram em cada parte do escrito.

E a fé?

A fé atrapalha essa crítica literária e histórica. Deve ser posta de lado,

respondiam os autores do novo modo de ler a Bíblia (PRADO, 2002, p. 6).

Será preciso negar a fé para entender a Bíblia?! Isso escandalizou católicos e

protestantes. A reação do protestantismo conservador foi criar o chamado

fundamentalismo.

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Estabeleceram, num congresso realizado nos Estados Unidos em 1905, cinco

princípios fundamentais (daí o nome "fundamentalismo") para a interpretação da

Bíblia. O primeiro desses princípios é o da interpretação literal, ao pé da letra, como

se diz, de cada palavra do texto da Bíblia.

A reação católica, João Paulo II a descreve com muita clareza, começou com

Leão XIII.

Em abril de 1893 ele publicou a encíclica Providentissimus Deus, em que diz

que se podem usar na interpretação da Bíblia os recursos da ciência moderna, a

crítica histórica e literária, mas com cuidado, para não negar a fé.

Cinquenta anos depois, a reação da Igreja voltou a se manifestar na encíclica

de Pio XII Divino Afflante Spiritu na qual se dá toda a liberdade

de pesquisa e

emprego do método histórico-crítico na interpretação da Bíblia.

Agora, cem anos depois de Leão XIII, o Documento da Pontifícia Comissão

Bíblica que o Papa apresentava em 1993, diz que não se pode deixar de utilizar

um

método científico na interpretação da Bíblia.

Resumindo:

1. Pode, com cuidado;

2. Pode, com toda a liberdade;

3. Deve usar.

O DOCUMENTO DA PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA

Publicado em abril de 1993, o documento tem algumas características

próprias:

1º — Não é assinado pelo Papa:

Leão XIII e Pio XII pediram, sem dúvida, a ajuda de especialistas para

preparar suas encíclicas sobre interpretação da Bíblia, mas eles próprios as

assinaram, assumindo-as como coisa sua. João Paulo II apenas apresentou o

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Documento, que é assinado pela equipe de biblistas que oficialmente assessoram a

Santa Sé.

Seria uma desvantagem ou uma vantagem para a Igreja?

É vantagem, porque assim o Papa reconhece que não sabe tudo, nem é

capaz de descer a detalhes técnicos sobre como interpretar a Bíblia.

2º — As minúcias técnicas:

A outra característica do documento é, exatamente, que ele chega a essas

minúcias técnicas e presta-se ao estudo como excelente introdução à interpretação

da Bíblia. O Documento exclui a interpretação ingênua e literal da Bíblia. É a sua

característica principal, destacada no discurso do Papa. Abrir a Bíblia para achar

uma frase que venha a solucionar um problema meu pode ser "piedosa" e

"atraente", mas é "uma forma de suicídio do pensamento"1.

Essa maneira literal e anticientífica de ler a Bíblia não pode mais ser admitida

na Igreja Católica. Nega a verdade da Encarnação, diz o Documento. E chega a ser

uma falta de respeito para com a palavra de Deus, digo eu.

Se você diz: "Eu caí das nuvens", e o outro lhe pergunta: "Você estava lá em

cima? Não se machucou?", qual seria sua reação? Se alguém lhe toma uma frase

solta e vem lhe cobrar que você disse aquilo mesmo, sem considerar as

circunstâncias e o assunto de que você falava, sem estar cônscio do restante da

conversa, qual a sua reação?

A mesma coisa faz com a palavra de Deus esse modo ingênuo e literal de ler

a Bíblia. E isso não é falta de respeito?

Dizer que a interpretação da Bíblia precisa se apoiar em bases científicas não

significa dizer que quem não é grande historiador, ou um profundo conhecedor de

literatura não pode ler a Bíblia. Conheci uma pessoa analfabeta que pedia a uma

pessoa alfabetizada que lhe lesse um trecho da Bíblia e ela, analfabeta, explicava.

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PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA. A interpretação da Bíblia na Igreja. São Paulo: Paulinas, 1994. p. 86.

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Basta saber bem do que se fala e ter a "astúcia" para perceber o que está por trás

das palavras, as insinuações, as alusões (MESTERS, 1975). O linguajar do povo

está cheio disso.

As contradições de que falarei no decorrer do tópico são exatamente os

indícios de sentido gurado, testemunhos de que o autor bíblico não quer contar

uma história coerente, com minúcias técnico-científicas. Quer, através da história ,

dar a entender outras coisas.

O contexto histórico, as circunstâncias em que e para que aquilo foi escrito,

tem, muitas vezes, grande semelhança com o nosso. A realidade concreta vivida

pelo autor de cada livro ou de cada passagem é que determinou o ponto de vista

pelo qual interpretou o que a tradição lhe transmitiu. Foi inspirado ao ver naqueles

fatos um espelho do que acontecia no seu tempo. Agora o que importa é que a

Bíblia seja um espelho para a realidade vivida hoje, não uma simples fotogra a do

passado.

Assim, quanto mais intensamente a pessoa procurar viver seu dia-a-dia à luz

da fé, tanto melhor há de entender a que se refere a passagem que lê. Mais poderão

ajudar as introduções a cada livro da Bíblia preparadas por especialistas

competentes e atualizados.

MÉTODOS E ABORDAGENS

O Documento da Pontifícia Comissão Bíblica faz uma distinção clara entre

métodos e abordagens:

Abordagem2 é o lugar por onde a pessoa entra na Bíblia. É uma preocupação

definida, que leva a pessoa a procurar aquele tema ou aquele ponto de vista dentro

do texto. Exemplo: abordagem feminista, abordagem doutrinal.

Se procuro na Bíblia afirmações ou situações que mostrem que doutrina ou

ensinamento se encontra neste ou naquele trecho, ou se procuro um tema

determinado como a vida depois da morte, faço uma abordagem doutrinal. Se vou

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PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA. A interpretação da Bíblia na Igreja. São Paulo: Paulinas, 1994. p. 57-78.

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procurar tudo o que se refere à mulher e ao feminino, faço uma abordagem

feminista

da Bíblia. A mulher ou a doutrina serão lados diferentes por onde se

aborda a Bíblia.

Abordagens existem muitas. Todas válidas e, muitas vezes, preciosas. Basta,

segundo o Documento da Pontifícia Comissão Bíblica, que quem procura esta ou

aquela abordagem tenha consciência de que a abordagem é limitada. Se procuro só

o que se refere à mulher ou à doutrina, ou ao social, ao político, ao econômico etc.,

encontrarei muita coisa interessante, mas deixarei de ver muitas outras coisas. Se

focalizo um lado, vejo bem o que está ali, mas o restante fica no escuro. Primeiro,

então, ter consciência do próprio limite. Ninguém entra na Bíblia por todos os lados.

Ninguém vê tudo o que ali está.

Depois, é indispensável que se use um método sério e correto. Senão,

escolhe-se só as frases que servem ao que interessa, tomando-as ipsis litteris (ao

pé da letra). Por isso, a necessidade dos métodos3.

O Documento se fixa em dois: histórico-crítico e de análise literária. Os dois

se complementam. O histórico-crítico procura entender o porquê da conversa, como

e para que foi escrito aquele texto. O de análise literária descobrirá a "astúcia" do

texto, o sentido duplo, as ironias e até o humor daquelas frases.

O histórico-crítico desvendou a história de muitos textos da Bíblia, como

foram compostos, que outras tradições ou outros documentos o autor daquele texto

utilizou.

Para isso comparou muitos textos. Boa parte da Bíblia acabou dividida em

fatias assim: esta fatia vem daquela tradição, aquela vem de outra, etc.

O de análise literária considera o texto do jeito que está, como ficou na Bíblia,

sem se preocupar se é costura ou não de outros textos ou de tradições diferentes.

Este é o texto. Descubramos o que ele nos diz!

3

Por método exegético, compreendemos um conjunto de procedimentos científicos colocados em ação para explicar os textos. Falamos de abordagem quando se trata de uma pesquisa orientada segundo uma ótica particular (PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA, 1993, p. 36.

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No nal, depois de ter lido os capítulos deste livro, o leitor encontrará um

esquema para análise literária e, acompanhando-o, poderá fazer a análise de um

trecho narrativo.

Se o leitor quiser, poderá fazer agora uma pequena experiência com os dois

métodos: histórico-crítico

e de análise literária.

Tome o curto episódio da cura da sogra de Pedro nos evangelhos de Marcos,

Mateus e Lucas (Mc 1,29-31; Mt 8,14-15; Lc 4,38-39). Você poderá copiar os três,

em três colunas paralelas para comparar. É o método histórico-crítico. Na

comparação notará que Marcos é o mais antigo e que os outros dois modificaram

alguns detalhes. Mateus mudou até o contexto, isto é, a posição dentro do conjunto

do evangelho. Notadas as diferenças, aí pode entrar o método de análise literária:

ler cada um separadamente e observar a mensagem que cada qual quis passar em

cada detalhe, por exemplo, na maneira como Jesus cura a sogra de Pedro.

Observando e meditando bastante, descobrirá mais e mais coisas.

FÉ E INTERPRETAÇÃO DA BÍBLIA

Certa vez alguém me perguntou: "A fé ajuda ou atrapalha a entender a

Bíblia?"

A fé ajuda. A Bíblia é a herança escrita que muitas comunidades de fé

deixaram a nós, herdeiros de sua fé. A crendice, esta sim, atrapalha e muito.

ILUSTRAÇÃO SIMPLIFICADA E OBJETIVA

Tentar resumir uma série de conceitos, noções, procedimentos diversos e

diferentes em poucas linhas claras e nítidas traz a vantagem da clareza, mas traz

também o perigo de falsear, caricaturizar e deixar na penumbra detalhes

importantes. Consciente deste risco, apresento um resumo, preocupado apenas com

a clareza.

Em cima de idéias claras é mais fácil descer a pormenores. Depois de ver a

oresta, ficará mais viável observar cada árvore. Prado (2002, p. 11) nos demonstra

resumidamente três abordagens e um método:

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1. Abordagem FUNDAMENTALISTA

¦

TER FÉ: É crer que Deus tudo pode e que pode fazer conosco tudo o que

quiser;

¦

O TEXTO BÍBLICO: Caiu do céu! É de Deus e nada mais a perguntar!

¦

CRITÉRIOS: "Vale o que está escrito"! Cada palavra da Bíblia é a palavra

de Deus e — como Deus — é infalível e imutável!

¦

OBJETIVO: A leitura da Bíblia deve levar as pessoas a se converterem,

comovendo-se diante do poder de Deus e passando a aceitá-lo em sua vida.

2. Abordagem DOGMÁTICA (ou doutrinal)

¦

TER FÉ: É aceitar a doutrina correta e sem erros.

¦

O TEXTO BÍBLICO: É fonte de revelação como a tradição doutrinal

referenciada pelo Magistério eclesiástico. As duas fontes devem se integrar e

completar.

¦

CRITÉRIOS: A tradição iluminada e referendada pelo Magistério (sã

doutrina) é o critério máximo de interpretação da Bíblia.

¦

OBJETIVOS: Interpreta-se a Bíblia para mostrar como as duas fontes

afirmam a mesma doutrina.

3. Métodos HISTÓRICO-CRÍTICO e de ANÁLISE LITERÁRIA

¦

TER FÉ: É ver Deus presente na História dos homens.

¦

O TEXTO BÍBLICO: Texto literário popular antigo, formado de velhas

tradições orais que tomaram forma escrita e foram agrupadas em unidades

maiores.

¦

CRITÉRIOS: Espírito crítico (científico) para analisar a literatura que temos

em mãos e as circunstâncias daquilo que foi escrito.

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¦

OBJETIVOS: Estuda-se a história e a literatura para descobrir a fé das

comunidades onde se originou cada escrito.

4. Abordagem PELOS 4 LADOS (mais atual)

¦

TER FÉ: É olhar a vida de hoje com os olhos de Deus.

¦

O TEXTO BÍBLICO: Memória subversiva dos pobres animados pela fé.

Releitura das tradições populares para responder a todos os quatro lados dos

problemas de cada época e situação, numa visão de fé, em conflito com a

ideologia dominante.

¦

CRITÉRIOS: A realidade pelos 4 lados (Social, Político, Econômico e

Ideológico) ilumina a Bíblia e é iluminada pela Bíblia.

¦

OBJETIVOS: Iluminar a nossa vida e a do mundo pelos 4 cantos. A Bíblia é

luz e luz deve iluminar, não apenas enfeitar, simplesmente.

Como vimos até aqui, temos 3 abordagens e 1 método. A leitura ou

abordagem fundamentalista, presa à letra, ingênua e anticientífica, está muito

próxima da abordagem doutrinal ou dogmática praticada na própria Igreja Católica

até o Concílio Vaticano II, que reprovou a teoria das duas fontes de

Revelação: Bíblia

e Tradição. É possível — é claro — uma abordagem doutrinal que

utilize um método correto, sem deslizar para o fundamentalismo.

Já o método histórico-crítico no esquema inclui também o de análise literária,

pois ambos consideram a Bíblia em primeiro lugar como literatura. A abordagem

pelos quatro lados (sociológica) e qualquer outra abordagem que pretenda ser

legítima, se apóia no método histórico-crítico e de análise literária. A ânsia de

procurar afirmações que confirmem o que estou procurando sempre pode fazer-me

resvalar para o fundamentalismo ou interpretação literal e ingênua.

Criação do mundo: figurada ou literal?

"A versão bíblica da gênese deve ser interpretada literalmente? Por quê?"

(Hélder Henrique)

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DISCERNINDO A QUESTÃO

Que fique claro que a supracitada questão está se referindo à narrativa bíblica

cuja perícope4 se estende de Gn 1—2,4a de ênfase Cosmogônica5 (tradição

predominantemente Sacerdotal), diferente do relato de 2,4b-25, de

ênfase Antropogônica6.

CONTEXTO GERAL

Gênesis diz respeito às origens — do mundo, dos seres humanos, de Israel e

seus antepassados. O período da origem de uma realidade é um momento

privilegiado no antigo Oriente Médio. A intenção original do destino e dos deuses

estão mais claras do que em outras épocas. No início a impressão dos deuses

criadores ainda era jovem e discernível. Na cultura mesopotâmica — evidentemente

modelo para a maioria das histórias em Gn 1—11, os escribas exploraram bastante

o início do mundo por meio de histórias e cosmogonias, e não por meio do raciocínio

abstrato.

Gênesis é primeiro livro do Pentateuco, uma compilação, em cinco seções, de

diversas tradições de períodos variados, com sua edição final no VI séc. a.C. O título

em português vem do título da LXX, que deriva do grego de 5,1 — "Eis o livro da

geração (genitivo de genesis) de Adão". A maioria das cosmogonias mesopotâmicas

existentes são breves, mas existem várias composições extensas que colecionam

relatos das origens: o Épico de Gilgamesh, Enuma Elish e a história de Atrahasis

(CLIFFORD & MURPHY, 2007, p. 59-60), que influenciaram a literatura dos hebreus,

de forma geral.

4

Um texto com começo, meio e fim constitui uma unidade que pode ser entendida por si mesma, sem recorrer a outros textos. Por isso é chamado de perícope — que quer dizer "cortar em volta de" (RODRIGUES, 2004, p. 33). 5

Os relatos cosmogônicos, "que procuram contar as origens do céu e da terra" (BÍBLIA DE JERUSALÉM, 2008, p. 33) em que o capítulo 1 de Gn se inclui, não pretende ser um relato científico de como o Universo foi formado, mas apenas transmitir uma mensagem teológica para reforçar a fé do povo e expor as chamadas "verdades fundamentais", de que Deus é o criador, único Deus onipotente, etc. (BÍBLIA MAIS BELA DO MUNDO, 1965, p. 9). 6

De forma semelhante aos mitos cosmogônicos, porém, com menos requinte estilístico, este relato (Gn 2,4b-25) é chamado Antropogônico por expor uma visão popular (de fonte Javista, que chama Deus de Javé) da criação do homem — anthrópos.

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Desta forma, Gn 1—11 é uma explicação "filosófica" e ”teológica” incomum da

raça humana — sua relação com Deus, suas instituições (casamento, línguas,

divisões étnicas e nacionais, trabalho em metal, zootecnia, etc.), suas falhas, seu

destino — e de Deus e da justiça e fidelidade permanente de Deus à raça humana.

Infelizmente, os leitores modernos, que não estão acostumados com as

narrativas como veículo de conhecimento sério, muitas vezes encontram dificuldade

de apreciar a profundidade e relevância destes capítulos.

Alguns leitores até acabam concentrando suas energias na defesa de uma

"interpretação literal" dos capítulos 1 — 3 contra o moderno Evolucionismo, algo que

os autores antigos de Gênesis, com sua tolerância quanto as distintas versões,

jamais teriam feito7.

DESDOBRANDO A QUESTÃO

Como trata-se de vários assuntos intrínsecos numa mesma indagação, julguei

necessário desdobrar as várias implicações que esta questão suscita.

Primeira parte: o universo foi criado em seis dias?

Não! Dizer que o mundo foi feito em seis dias é ler a Bíblia de

modo fundamentalista. Isso porque a Bíblia não dá um passo maior do que a perna

das pessoas. Em outras palavras, "a Bíblia é também fruto de uma cultura e de uma

visão do mundo próprias do seu tempo. O povo da Bíblia imaginava a terra de um

modo muito diferente do nosso." (BORTOLINI, 2008, p. 52)

A narração da criação do mundo em seis dias (também chamado

de Hexaémeron8) se encontra em Gênesis 1,1-2,4a9. Essa história nasceu no tempo

em que o povo de Deus estava exilado na Babilônia (586-538 antes de Cristo).

Quem escreveu essa história não estava preocupado em mostrar como as coisas

aconteceram. Pelo contrário, seu interesse era outro.

7

Op. Cit., p. 60.

8

Que quer dizer "Obra dos seis dias" (BÍBLIA MAIS BELA DO MUNDO, 1965, p. 9). Hexa ( a) = seis e emera

( µ a) = dia.

9

Esta é a primeira perícope que a Bíblia Sagrada nos apresenta sobre a Criação, mas não significa que é a mais antiga. O capítulo dois (segunda perícope) é bem mais antiga, como irei abordar, mesmo tendo sido colocada depois na sua redação final.

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O que pretendia dizer?

Em primeiro lugar, que o mundo foi criado por Deus, até mesmo o sol e a lua,

que os babilônios adoravam como deuses (BORTOLINI, 2008, p. 80).

Em segundo lugar, quem escreveu essa história queria insistir no descanso

do sábado, dia sagrado para os hebreus daquele tempo e para os judeus de hoje10.

Na Babilônia, eles não podiam descansar, devendo trabalhar como escravos, sem

parar. Ao mostrar que Deus também descansou, eles estavam reivindicando para

si pelo menos o direito de ter um dia de descanso por semana11. Aliás, o descanso

semanal foi uma das grandes contribuições que o povo de Deus deu à humanidade.

Mostrando que a humanidade foi criada no sexto dia, às vésperas do

descanso, a história dá a entender que o ser humano foi criado para a comunhão

com o seu Deus, para a festa e para a solidariedade. Além disso, a história dá a

entender que Deus criou a harmonia, e não o caos, a confusão. Se o mundo é um

caos, isso não faz parte dos planos de Deus, mas é resultado do mau uso que a

humanidade faz dele.

Segunda parte: figurada ou literal? (hermenêutica)

Vamos por etapas:

1º — Antigamente a narração bíblica sobre a criação do mundo e do homem

não oferecia nenhum problema: os antigos consideravam como realmente históricos

os acontecimentos narrados em Gn 1 — 11;

2º — Na Idade Média, a narração da criação segundo o livro do Gênesis foi

considerada alegórica, de modo geral;

3º — Hoje em dia, porém, a ciência levanta dificuldades quanto à historicidade

da narração e mostra que muitas afirmações são anticientíficas, como, por exemplo,

o aparecimento das plantas antes do sol (Gn 1,11-18). A visão bíblica e a visão

científica são até opostas.

10

Op. Cit.

11

Idem.

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Segundo a Bíblia, a criação foi obra perfeita: "Deus viu que a luz era boa...

Deus viu que era bom" (Gn 1,4.10.12.18.21.25.31). Em Gn 1,31 é dito que "Deus viu

tudo o que fizera, e eis que estava muito bom". Para a Bíblia, o homem aparece já

feito, perfeito e feliz. O que estragou esse estado de perfeição foi o pecado, segundo

Gn 3.

Segundo a ciência, porém, a perfeição não é própria das origens: na origem

há imperfeição, e a perfeição é alcançada através de uma evolução natural. Daí, a

perfeição a que se refere a Bíblia só pode ter sido alcançada mais tarde.

Hoje o relato bíblico sobre as origens não é mais aceito, incondicionalmente,

como documento histórico. A narração bíblica passou pela crítica científica,

exegética, histórica e literária; temos hoje bem clara e bem definida a intenção do

autor ao escrever isso.

Hoje temos a síntese!

1ª Premissa ou afirmação: Antigamente, toda a narração era considerada

histórica;

2ª Premissa ou Antítese: Na Idade Média, passou a ser alegórica;

3ª Premissa conclusiva ou Síntese: Hoje sabemos que é narração

essencialmente teológica, baseada nas tradições do povo, na cultura do Antigo

Oriente e principalmente na fé (STRABELI, 2009, p. 23).

Há, porém, muitos que apressadamente julgam ainda a narração bíblica de

ontem com os critérios científicos de hoje. E atribuem à Bíblia erros que ela não

comete, pois ela não faz ciência, mas teologia! Desconhecer isso e julgar o autor

bíblico como anticientífico, é cometer erro maior do que aquele que se atribui a ele.

Hoje sabemos também, provadamente, que a narração bíblica sobre as

origens do mundo e do homem não é relato religioso único e específico do povo

hebreu. Tal tipo de relato faz parte dos escritos religiosos de muitos povos inseridos

no contexto cultural-religioso do Antigo Oriente. Tais escritos religiosos usam forma

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literária específica comum, onde entram o simbolismo, as imagens, as concepções

populares, a intenção do autor, a cultura do tempo etc.

Nesse contexto cultural e também histórico é que podemos inserir o relato do

Gênesis sobre a criação do mundo em seis dias e o "descanso" de Deus no sétimo

(Gn 1,1-2,3).

Se você ler com atenção os dois primeiros capítulos do Gênesis, perceberá

que a criação é narrada duas vezes:

¦ A primeira em Gn 1,1—2,4a;

¦ A segunda em Gn 2,4b-2512.

A primeira narração é longa, solene, minuciosa. A segunda, é simples, breve,

concisa. As duas falam da criação do mundo, do homem e do paraíso.

Por que duas narrações?

Porque foram feitas em épocas diferentes, por pessoas diferentes, com

intenções diferentes, e que foram mais tarde juntadas numa narração só porque se

completavam.

A primeira narração (Gn 1,1—2,4a) foi escrita por um grupo de sacerdotes, e

a segunda (Gn 2,4b-25) foi escrita por gente do povo.

No tempo do escriba Esdras (séc. IV a.C.) essas duas narrações foram

juntadas e formaram a atual (Ne 8).

A intenção de cada grupo ao escrever a história da criação era diferente. O

relato sobre a criação em seis dias e o "descanso" de Deus faz parte da narração do

primeiro grupo, o sacerdotal. A intenção deles era, naturalmente, religiosa e litúrgica.

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O versículo 4 do capítulo 2 é o final da primeira narração sobre a criação e também o começo da segunda. Por isso ele é dividido pelos estudiosos em 4a e 4b, porque fala de coisas diferentes (STRABELI, 2009, p. 24).

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Os sacerdotes escreveram esse relato no tempo em que os hebreus estavam

exilados em Babilônia (587-539 a.C.). A situação do exílio influenciava muito a vida

de todos:

¦ Estava o povo fora da pátria;

¦ Sem rei;

¦ Sem sacerdote;

¦ Sem templo;

¦ Diante de muitos ídolos;

¦

E sofrendo pressão para abandonar a própria fé e aderir ao deus Marduc,

que era o deus de Babilônia.

Como manter a fé, a vida religiosa, em tal situação?

Quem era mais poderoso: Marduc, o deus da Babilônia vencedora, ou Javé, o

Deus libertador de povo vencido?

Que libertação era essa?

Diante desse estado de ambigüidade e de desânimo é que aparece

a narração sacerdotal que temos em Gn 1,1-2,4a. Aparece com a nalidade religiosa

especí ca: sustentar a fé do povo, dar sentido à vida, dar esperanças de retorno.

Os sacerdotes partem de um princípio: Israel recebeu as promessas de Deus

em Abraão e com os patriarcas e tem a herança do passado. Se está agora exilado,

é porque se esqueceu de Deus. Se voltar para Deus e permanecer fiel a ele, tudo

será reconstruído: haverá nação, rei, templo e sacerdote, pois o povo é e será

sempre a herança do Senhor (Sl 16,5; 28,9; 47,4; 78,71; 10,16; etc.).

Em seguida os sacerdotes ensinam que — para manter a fidelidade a Deus e

continuar sendo sua herança — o povo deve evitar o culto dos ídolos, a religião da

Babilônia e manifestar essa fidelidade através do culto verdadeiro.

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Diante disso, surgiu um impasse: como celebrar o culto verdadeiro e participar

da vida religiosa se não existia o Templo?

Para responder a essa indagação do povo, os sacerdotes montaram o

esquema da criação em seis dias com o "descanso" de Deus no sétimo

(repouso sabático). A intenção deles não foi científica, nem quiseram afirmar que o

mundo foi feito em seis dias de 24 horas, nem em seis períodos de tempo e nem

que Deus "se cansa". A intenção deles foi eminentemente religiosa: "fundamentar o

sétimo dia como dia de descanso e culto" (STRABELI, 2009, p. 23). Se Deus

"descansara" no sétimo dia, também o povo deveria descansar nesse dia (o

sábado); deveria reunir-se em comunidade, ouvir e estudar a Palavra de Deus e

cultivar a fé.

O relato não é, pois, histórico, mas essencialmente teológico: o Deus

todo-poderoso que tudo criou, é o mesmo que criou o povo de Israel. Ele conservará

seu povo, até no exílio. O povo de Deus não desaparecerá. Voltará à sua pátria, ao

seu Templo. É preciso, porém, desde agora, manter a fé e ser fiel a Javé.

O "descanso" de Deus não é, pois, repouso físico, mas um esquema literário

para traduzir uma verdade teológica: a observância integral do sábado como "Dia do

Senhor" e como meio de unir o povo e manter a fé.

A criação do mundo em seis dias — repetindo — é um esquema literário

artificial, feito para desembocar no Sábado (= sétimo dia). A ordem da criação é

descrita pelo autor experimentalmente, conforme a observação do dia-a-dia. Ele não

está interessado em discutir se as plantas devem existir antes ou depois do sol.

Ele fala do que via experimentalmente — assim como também nós dizemos

empiricamente que o sol "se levanta e se põe", que ele gira por sobre a terra,

quando a ciência diz o contrário: é a terra que gira ao redor do sol.

Com seu esquema, o autor está apenas afirmando que:

1. Foi Deus quem fez o sol e as plantas;

2. Fala da criação a partir da observação do dia-a-dia: para criar as coisas é

preciso ter claridade (luz, Gn 1,3);

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3. Fala que existem terra e água (1,6-10);

4. Que existem árvores, ervas, sementes (1,11-13);

5. Sol e lua, dia e noite (1,14-19);

6. Animais, aves, peixes (1,20-26);

7. Que o homem domina a natureza e os animais;

8. Que ele tem a capacidade de amar;

9. De gerar filhos;

10. Que o homem é um "carbono" de Deus (1,26-31).

São, portanto, seis dias de criação. No sétimo, Deus descansou. O homem,

"imagem de Deus", deve descansar também, observar o sábado, celebrar o culto,

guardar sua identidade religiosa, etc.

O esquema do autor sacerdotal não é, pois, científico, e sim artificial e

figurado. Sua intenção não é a de fazer "história", mas teologia.

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PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA. A interpretação da Bíblia na Igreja. São Paulo: Paulinas, 1994.

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JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, 2000. Disponível em:http://www.vatican.va/holy_father/john_paul_ii/apost_letters/documents/hf_jp-ii_apl_20010106_novo-millennio-ineunte_po.html. Acessado em 22/10/2010.

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