Crianca Dois Anos

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A CRIANÇA DE 2 ANOS A partir dos dois anos, inicia-se uma grande transformação no comportamento da criança. É uma fase cujo pico ocorre entre 3 e 4 anos, declinando gradualmente. Em primeiro lugar, os pais devem saber que seu “bebê” não mais o é e se tornou uma criança. Não se trata apenas de uma nova nomenclatura. Há de se mudar o jeito de tratar o filho, e também é necessária uma alteração no local que ele ocupa dentro do contexto familiar, pois já se encontra pronto para desempenhar um novo papel, inclusive com relação à independência e autonomia. Neste período, a criança vai elaborando seu conhecimento de mundo e dos objetos pela ação que desempenha sobre estes. Começa a formalizar os valores de “certo” e “errado”, não só pelas atitudes em si, mas também pelo olhar crítico e mudança de postura dos pais e adultos de referências. Dessa forma, passa a ter a percepção que certas ações, aceitáveis ou não, terão determinadas consequências. Por este motivo, é muito importante elogiá-la sempre que fizer algo positivo e esperado. E, quando acontecer o contrário, é fundamental orientá-la que o comportamento desempenhado não foi adequado, mostrando-lhe a forma correta de se agir. Serão estas medidas que a ajudarão a manter ou deixar de lado certos comportamentos e atitudes. Vale ressaltar que, mesmo adquirindo essa consciência do certo e do errado, do que pode ou não pode ser feito, quando estiver mais próxima dos três anos começará a tentar quebrar tais regras, sejam estas sociais ou familiares. Muitas vezes irá fazê-lo apenas por diversão, esperando reações de risos dos adultos e irmãos, que serão vistas como aprovação do seu ato. Se isto acontecer, será um incentivo para que realize novamente a atitude indesejada. Nessa idade, dois anos, a criança passa a ser capaz de formar frases curtas como: eu subo, eu faço. Começa a ter noção que pode influenciar outras pessoas e também percebe que adquiriu novas capacidades, dentre elas a possibilidade de nomear objetos corretamente, bem como distinguir o tipo de roupa que se usa para dormir, brincar ou passear. Entretanto, como a linguagem verbal ainda não é de todo desenvolvida, utiliza-se muito do corpo e de outros tipos de comportamento (como, por exemplo, a mordida) para ter o seu desejo e necessidade compreendida. Ao se aproximar mais do 3º ano de vida, a criança passa a ser capaz de formular frases mais complexas, a ter noção do plural e do singular, gosta de ouvir histórias e se concentra ao fazê-lo, aponta partes do corpo em si e nos outros, compreende o “Eu” e o “Tu”, sabendo empregá-los corretamente. Gosta de, numa brincadeira, dirigir as ações dos outros, determinando, por exemplo, quem irá representar determinado personagem ou qual brinquedo será utilizado e por quem. Faz isso, justamente, por ter consciência do seu senso de influência sobre o outro. Nesse período desenvolve o sentimento de empatia, sendo capaz de se sentir tocada ao ver uma pessoa ou criança sofrendo, oferecendo-lhe carinho e conforto, da mesma forma que, um dia, alguém fez com ela. No entanto, pode se tornar mais possessiva em relação aos seus brinquedos e pessoas do seu convívio mais íntimo (como pais, irmãos e professoras), gostando de exercer controle sobre eles, decidindo quando outra criança poderá ou não mexer em seus objetos e/ou aproximar-se de quem considera como sendo de sua propriedade. A partir do dois anos tem início, também, a fase do “não”, o que não significa que não queira de fato alguma coisa. Apenas gosta de dizer não para quase tudo, numa tentativa de desenvolvimento de sua autonomia e desprendimento, que terá como resultado final a independência. É o desejo crescente de controlar o mundo que a rodeia e de se sentir poderosa. Aos poucos, vai abandonando esse comportamento, principalmente ao perceber que não é necessário agir assim para se autoafirmar. Todas essas mudanças de comportamento chegam a assustar os pais, afinal até pouco tempo seu filho era um bebê tão fácil de lidar, obediente e dócil e agora se encontra nessa busca constante pela independência. Por exemplo, é comum a criança dessa idade querer escolher o que irá vestir. Sendo assim, para se evitar estresse desnecessário, procure se antecipar, separando duas ou três peças de roupas adequadas ao clima e ao local para onde irão, coloque-as perto dela e peça que decida dentre aquelas opções. Agindo assim, seu filho se sentirá fortalecido, respeitado e valorizado no seu direito de escolha. O maior desgaste emocional entre pais e filho se dá, fundamentalmente, pelo fato de alguns não aceitarem que ele cresceu tem vontade própria e, assim, continuam a tratá-lo como bebê, completamente dependente, não lhe dando possibilidades para exercer sua individualidade e autonomia. Ou seja, ao invés de oferecer opções adequadas, decidem por ele, impondo a sua vontade. Apesar de crítica, esta é uma fase de desenvolvimento saudável e normal e que necessita de muita compreensão, paciência e amor, principalmente no que diz respeito à formação dos valores que serão necessários e utilizados por todo o restante da infância e vida adulta. É fundamental que os pais não tolham a luta incessante pela independência por parte da criança. Sendo assim, é importante serem flexíveis, negociando o que pode ser alterado. Contudo, as regras, os limites e a rotina precisam ser claros e respeitados sempre, com consistência e de comum acordo entre os responsáveis pela educação do pequeno em formação. Texto de Lilia Barreira Asfor – SOP FB Baby II. Fontes: Texto “A criança de dois anos”, de Ana Maria Morateli da Silva Rico, Psicóloga Clínica e Livro Desenvolvimento Psicológico e Educação – Psicologia Evolutiva, Org. Coll, C., Palácios, J. e Marchesi, A.

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Fariasb Brito

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A CRIANÇA DE 2 ANOSA partir dos dois anos, inicia-se uma grande transformação no comportamento da criança. É uma fase cujo pico

ocorre entre 3 e 4 anos, declinando gradualmente.Em primeiro lugar, os pais devem saber que seu “bebê” não mais o é e se tornou uma criança. Não se trata

apenas de uma nova nomenclatura. Há de se mudar o jeito de tratar o filho, e também é necessária uma alteração no local que ele ocupa dentro do contexto familiar, pois já se encontra pronto para desempenhar um novo papel, inclusive com relação à independência e autonomia.

Neste período, a criança vai elaborando seu conhecimento de mundo e dos objetos pela ação que desempenha sobre estes.

Começa a formalizar os valores de “certo” e “errado”, não só pelas atitudes em si, mas também pelo olhar crítico e mudança de postura dos pais e adultos de referências. Dessa forma, passa a ter a percepção que certas ações, aceitáveis ou não, terão determinadas consequências.

Por este motivo, é muito importante elogiá-la sempre que fizer algo positivo e esperado. E, quando acontecer o contrário, é fundamental orientá-la que o comportamento desempenhado não foi adequado, mostrando-lhe a forma correta de se agir. Serão estas medidas que a ajudarão a manter ou deixar de lado certos comportamentos e atitudes.

Vale ressaltar que, mesmo adquirindo essa consciência do certo e do errado, do que pode ou não pode ser feito, quando estiver mais próxima dos três anos começará a tentar quebrar tais regras, sejam estas sociais ou familiares. Muitas vezes irá fazê-lo apenas por diversão, esperando reações de risos dos adultos e irmãos, que serão vistas como aprovação do seu ato. Se isto acontecer, será um incentivo para que realize novamente a atitude indesejada.

Nessa idade, dois anos, a criança passa a ser capaz de formar frases curtas como: eu subo, eu faço. Começa a ter noção que pode influenciar outras pessoas e também percebe que adquiriu novas capacidades, dentre elas a possibilidade de nomear objetos corretamente, bem como distinguir o tipo de roupa que se usa para dormir, brincar ou passear. Entretanto, como a linguagem verbal ainda não é de todo desenvolvida, utiliza-se muito do corpo e de outros tipos de comportamento (como, por exemplo, a mordida) para ter o seu desejo e necessidade compreendida.

Ao se aproximar mais do 3º ano de vida, a criança passa a ser capaz de formular frases mais complexas, a ter noção do plural e do singular, gosta de ouvir histórias e se concentra ao fazê-lo, aponta partes do corpo em si e nos outros, compreende o “Eu” e o “Tu”, sabendo empregá-los corretamente.

Gosta de, numa brincadeira, dirigir as ações dos outros, determinando, por exemplo, quem irá representar determinado personagem ou qual brinquedo será utilizado e por quem. Faz isso, justamente, por ter consciência do seu senso de influência sobre o outro.

Nesse período desenvolve o sentimento de empatia, sendo capaz de se sentir tocada ao ver uma pessoa ou criança sofrendo, oferecendo-lhe carinho e conforto, da mesma forma que, um dia, alguém fez com ela.

No entanto, pode se tornar mais possessiva em relação aos seus brinquedos e pessoas do seu convívio mais íntimo (como pais, irmãos e professoras), gostando de exercer controle sobre eles, decidindo quando outra criança poderá ou não mexer em seus objetos e/ou aproximar-se de quem considera como sendo de sua propriedade.

A partir do dois anos tem início, também, a fase do “não”, o que não significa que não queira de fato alguma coisa. Apenas gosta de dizer não para quase tudo, numa tentativa de desenvolvimento de sua autonomia e desprendimento, que terá como resultado final a independência. É o desejo crescente de controlar o mundo que a rodeia e de se sentir poderosa. Aos poucos, vai abandonando esse comportamento, principalmente ao perceber que não é necessário agir assim para se autoafirmar.

Todas essas mudanças de comportamento chegam a assustar os pais, afinal até pouco tempo seu filho era um bebê tão fácil de lidar, obediente e dócil e agora se encontra nessa busca constante pela independência.

Por exemplo, é comum a criança dessa idade querer escolher o que irá vestir. Sendo assim, para se evitar estresse desnecessário, procure se antecipar, separando duas ou três peças de roupas adequadas ao clima e ao local para onde irão, coloque-as perto dela e peça que decida dentre aquelas opções. Agindo assim, seu filho se sentirá fortalecido, respeitado e valorizado no seu direito de escolha.

O maior desgaste emocional entre pais e filho se dá, fundamentalmente, pelo fato de alguns não aceitarem que ele cresceu tem vontade própria e, assim, continuam a tratá-lo como bebê, completamente dependente, não lhe dando possibilidades para exercer sua individualidade e autonomia. Ou seja, ao invés de oferecer opções adequadas, decidem por ele, impondo a sua vontade.

Apesar de crítica, esta é uma fase de desenvolvimento saudável e normal e que necessita de muita compreensão, paciência e amor, principalmente no que diz respeito à formação dos valores que serão necessários e utilizados por todo o restante da infância e vida adulta.

É fundamental que os pais não tolham a luta incessante pela independência por parte da criança. Sendo assim, é importante serem flexíveis, negociando o que pode ser alterado. Contudo, as regras, os limites e a rotina precisam ser claros e respeitados sempre, com consistência e de comum acordo entre os responsáveis pela educação do pequeno em formação.

Texto de Lilia Barreira Asfor – SOP FB Baby II.Fontes: Texto “A criança de dois anos”, de Ana Maria Morateli da Silva Rico, Psicóloga Clínica e Livro

Desenvolvimento Psicológico e Educação – Psicologia Evolutiva, Org. Coll, C., Palácios, J. e Marchesi, A.