Crise Hídrica 2012-2015 -...

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Crise Hídrica 2012-2015 EPGMET Campos do Jordão, 30 de Setembro de 2015

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Crise Hídrica

2012-2015

EPGMET

Campos do Jordão, 30 de Setembro de 2015

UM PROBLEMA GLOBAL—2012

Seca difere de uma região para outra em termo de suascaracterísticas físicas, impactos e capacidade de

convivência (mitigação e resposta)

Políticas de seca não podem ser prescritivas uma vez que cadapaís/estado tem um arcabouço institucional, legal, … único!

Definindo Seca

Seca é uma deficiência de precipitação (intensidade) em

relação ao esperado (ou normal) que ocorre em uma

estação ou período mais longo de tempo (duração)…

Seca Meteorológica

e é insuficiência em atender as demandas de atividadeshumanas e ambientais (impactos)

Secas Agrícola,Hidrológica e Sócio-

econômica

-Centenas de definições—específicas para aplicação e região

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca como Problema Regional

Secas no Nordeste

Um problema histórico: 1877-1879, 1888-89, 1898,

1900, 1903, 1915, 1919-20, 1931-32, 1942, 1951, 1953,

1958, 1970, 1979-83, 1987, 1992-93, 1997-98, 2002-03,

2010 e a presente seca, de 2012-16(?).

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca como Problema Regional: Ceará

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca como Problema RegionalCAMPOS (2014)

1o Período: Defrontando-se com as secas (1583-1848)

Ocupação dos Sertões nao havia politica de secas

sociedade muito vulneravel, que resultou na tragedia da seca de 1877 a 1879.

2o Período: A busca do conhecimento (1849-1877)

A seca como um problema causado pelas populações (Raja Gabaglia &

Barão de Capanema).

3o Período: A hidraulica da solucao (1877-1958)

O paradigma da construcao de reservatorios com a idéia de tornar a regiao

menos vulneravel as secas (Arrojado Lisboa).

4o Período: A politica do desenvolvimento em bases regionais (1959-1991)

Celso Furtado inseriu no debate a questao estrutural da posse da terra e das

desigualdades regionais.

5o Período: O gerenciamento das aguas e as politicas sociais (1992-)

A Agenda 21

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca como Problema RegionalA GRANDE SECA: 1877 – 1879

Fortaleza de 21 mil habitantes pelo censo de 1872, passou a ter 130 mil.

Calcula-se que 500 mil pessoas morreram por causa da seca, em que o

Estado mais atingido foi Ceara.

Seca de 1877 a 1879 A seca como um problema, mas quais políticas

para tornar a região menos vulnerável, quais ajudas deveriam ser dadas

as populacoes impactadas e quais os custos que o governo deveria arcar:

obras de infra-estrutura (Henrique Beaurepaire-Rohan) e

convivência com a seca (Viriato de Medeiros).

AS SECA DE 1915 & 1932:

Para evitar os movimentos migratórios para a capital devido à seca,

foram criados campos de concentração: áreas separadas por arames

farpados e vigiadas 24 horas por dia por soldados para confinar os

retirantes castigados pela seca.

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca em SP

São Paulo:

Em um ano de eleições, o Governo de São Paulo negou por meses

a possibilidade de faltar água, ou até mesmo de racionamento.

O secretário responsável pelo setor de recursos hídricos afirmou

que a estiagem não ameaçava o abastecimento. O Presidente da

SABESP, empresa de saneamento do Governo de São Paulo,

ratifica seu superior, dizendo que a empresa está totalmente

preparada para a seca.

Infelizmente, não estava e, passada a campanha eleitoral, a

SABESP iniciou outra campanha, agora contra o desperdício. Já

era tarde, e o então governador se viu obrigado a racionar água

na capital e região metropolitana.

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca em SP

São Paulo:

Sem mencionar o ano do ocorrido e os atores envolvidos, o leitor,

que acompanhou as notícias dos principais veículos de

comunicação do período de 2014 até hoje, poderia afirmar que

estamos falando da atual crise.

Na verdade trata-se do ano de 1985, a campanha era para Prefeito,

e a solução a época, adotada pelo Governo de São Paulo, foi

recorrer ao Sistema Cantareira.

Em 2014, uma nova crise, agora em pleno clima de campanha

para Presidente e Governador, começa a se delinear e os atores

parecem desconhecer o passado das decisões tomadas durante a

crise de 1985, a qual sofreu dos mesmos males da crise mais

recente: a falta de transparência e comunicação social dos

decisores.

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca em SP

São Paulo:

O Sistema Cantareira encontrava-se agora em seu volume morto,

ou melhor, na sua "reserva estratégica" ou “reserva técnica”,

onde a água passa a ser captada por bombeamento e não mais por

gravidade.

Rodízios no fornecimento de água em setores da Região

Metropolitana de São Paulo, sem admitir que o racionamento de

água estava sendo praticado "Manutenção Programada do

Sistema”.

Na crise mais recente, a de 2014/15: disputa eleitoral bem

polarizada entre os partidos do Presidente e do Governador de São

Paulo, ambos concorrendo à reeleição uma troca de acusações

sobre a responsabilidade do problema vivenciado pela população.

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014A Seca como Problema Nacional

São Paulo:

Todo este esforço de evitar a divulgação da magnitude e gravidade

da crise hídrica instalada deve-se à grande dificuldade dos

políticos assumirem o problema frente à sociedade, em particular,

em anos eleitorais.

1969 1985 2000

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014

A SECA 2012-2015(/6?)

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014

(a) Precipitação Média Anual do

Ceará para o período 2007 – 2015*

Figura 1 - Distribuição intra e interanual das chuvas para (a) estado do Ceará e (b) Região

Nordeste no período de 2007 – 2015. Os anos enquadrados nas categorias abaixo da

média, em torno da média e acima da média foram coloridos em vermelho, cinza e azul,

respectivamente. À direita da figura encontra-se o ano médio, ou climatologia para o Ceará

e Região Nordeste, respectivamente. Fonte: FUNCEME e Núcleos de Meteorologia do

Nordeste.

(b) Precipitação Média Anual da

Região Nordeste para o período

2007 – 2015*

Fotos 1 & 2 – Retratos da

Variabilidade Climática: Barragem

Veneza no Município de

Quixeramobim em 2008 e 2015.

(1) Barragem Veneza em 2008.

(2) Barragem Veneza em 2015.

Mapa Sem seca S0-S4 S1-S4 S2-S4 S3-S4 S4

Agosto de 2015 14.9 85,1 77,0 51,5 32,1 8,5

Figura 4 – Evolução do %Área

das faixas de severidade de

seca para a Região Nordeste.

Fonte:

http://monitordesecas.ana.gov.br

.

Tabela 1 - %Área em Agosto de 2015 das

faixas de severidade de seca para a

Região Nordeste.

Fonte: http://monitordesecas.ana.gov.br.

RESERVATÓRIO NO ESTADO DO CEARÁ

Em Setembro de 2015, 21 reservatórios

estão secos e 33 reservatórios estão no

volume morto.

RESERVATÓRIO EQUIVALENTE - NORDESTE

FONTE: ANA, Conjuntura Crise Hídrica

Figura 7 – Mapa síntese da situação hídrica

por municípios do estado do Ceará em Agosto

de 2015.

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014

Problemas ao lidar com a Crise Hídrica

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014

Reflexão 1 - Infraestrutura

Muita ênfase na infrestrutura: esta deve ser vista como da solução

(pode ser um problema).

A ênfase na infraestrutura deixa em segundo plano a importância

da preparação (por exemplo, planos de contigência para setores

específicos). Foco no aumento da oferta, mas o que falar sobre,

p.ex., gestão de demanda?

Setor de Recursos Hídricos: Levar água para onde?

O modelo de desenvolvimento deveria estar no foco da

discussão.

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014

Reflexão 2 – O Desafio Institucional

Necessidade de maior coordenação e cooperação entre

instituições, em particular, quando estas pertencem a

diferentes níveis de administração (Municipalidades,

Estados e União).

A maioria das instituições operam da mesma maneira de

quando foram criadas e têm que hoje enfrentar desafios

novos (ambientais, sociedade, …).

ESTÃO OS PAPÉIS DE TODAS AS INSTITUIÇÕES BEM DEFINIDOS?

MUITO CONFUSO!

E MAIS COMPLEXIDADE SURGINDO...

MONITORAMENTO

PREVISÃO

PREPARAÇÃO

RESPOSTA

UM DESAFIO PARA AATUAÇÃO COORDENADA

DAS INSTITUIÇÕES

ARCABOUÇO INSTITUCIONAL

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014

Reflexão 3 – Gerenciamento dos R.H. na escala local

Nesta escala, agricultores utilizam a água enquanto esta estiver

disponível. Quando seca a fonte, eles procuram por novas fontes

hídricas …

Necessidade de repensar a governança de água nesse nível local:

maior envolvimento da municipalidade faz-se necessário!

A negativa da crise! (São Paulo & Nordeste)

A resistência em usar termos certos para descrever a

situação:

Racionamento de água Uso consciente da água

Volume morto

Reserva estratégica (ou melhor 3 r.e.)

Rodízios no fornecimento de água

Manutenção programada do sistema

Reflexão 4 – Transparência quanto aos problemas e decisões

Precipitações no Estado do Ceará: 2008 a 2014

Reflexão 5 – Uso da Informação Climática

Sazonal:

A informação climática não é, em geral, incorporada no

processo decisório. Existe um longo caminho a percorrer

para fazer isso acontecer!

Fácil verificar: Se fizermos uma análise de como os

reservatórios foram operados no Nordeste nos últimos 4

anos, é claro que poderíamos fazer melhor!

A causa principal disto são as fragilidades institucionais

ao nível estadual.

SISTEMA DE PREVISÃO SEM FOCO NOSIMPACTOS FORMATO EM TERCIS DE PROBABILIDADE E

A ÁREA DA PREVISÃO NÃO ADEQUADOSPARA O SETOR

SUBJETIVIDADE NA PREVISÃO (70% DASPREVISÕES TÊM A CATEGORIA NORMALCOMO A MAIS PROVÁVEL – O QUE ESTÁMUITO DISTANTE DA FREQUÊNCIAOBSERVADA!)

EXISTEM ALTERNATIVAS, MAS NÃO MUITOEXPLORADAS EM CARÁTER OPERACIONAL –AINDA PERCEBIDA COMO ÁREA DEPESQUISA.

Busca de identificar as razões…

S2S

Reflexão 5 – Ciclo Hidro-ilógicoUm Desafio Institucional para a Gestão da Seca

Gestão de Crises

Se você fizer o que sempre fez, terá

os mesmos resultados de

sempre

Nós DEVEMOSadotar um novo paradigma de

gestão da seca!

PlanejamentoMedidas reativas

Secas: O que se faz?

Ciclo da Gestão de Desastres

Preparação

Mitigação

Gestão de Risco Previsão e

Alarme Precoce

Desastre

Avaliação do Impacto

Recuperação Resposta

Reconstrução

Proteção

Recuperação

Proteção

Gestão de Crise

1. Monitoramento e

previsão/alerta precoce

Fundamento de um plano

de seca

Índices/indicadores

ligados a impactos e

gatilhos de ação

Entrada para o

desenvolvimento/produçã

o de informação e

ferramentas de suporte à

decisão

2.

Vulnerabilidade/resiliênc

ia e avaliação de

impactos

Identifica quem e o que

está em risco e porque

Envolve

monitoramento/arquivo de

impactos para melhoria da

caracterização de secas

3. Mitigação e planejamento

de resposta e medidas

Programas pré-seca e ações

para reduzir riscos (curto e

longo prazo)

Programa de resposta

operacional bem-definido e

negociado para quando a seca

iniciar

Programas de rede de

segurança e social, pesquisa e

extensão

Três Pilares de Preparação às Secas

Assistência técnica do Banco Mundial

Marco e Projeto da Assistência Técnica

• Nível 1 – Diálogo sobre a Política Nacional de Combate à Seca

• Nível 2 - Projeto Piloto de Preparação para Secas no NE

- Monitor de Secas para o NE

- Planos de preparação no nível de - Bacia – Piranhas – Açu e Cruzeta

- Abastecimento urbano – Fortaleza e região Agreste

- Municipal – no Estado de Ceará

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B

A

C

DA: Grupo técnico núcleoConsultores BM (+/- 15)Profissionais envolvidos no Monitor e os planos (30-40)

B: Grupo de orientação e validaçãoParticipantes das oficinas (60-70): representantes de instituições estaduais, federais; universidades; sociedade civil. Parceiros internacionais.

C: Grupo ampliadoD: Autoridades

Participantes

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METEOROLOGÍA

RECURSOS HÍDRICOS

AG

RIC

ULT

UR

A

INTEGRAÇÃO BANCO DE DADOS

INTEGRAÇÃO BANCO DE DADOSIN

TEG

RA

ÇÃ

O B

AN

CO

DE

DA

DO

S ANA

ANA

CEMADEN

CEMADEN

CPTEC

CPTEC

INMET CENTROS ESTADUAIS

AGENCIAS ESTADUAIS DE ÁGUA

MA

PAIN

MET

/ C

ON

AB

+CEM

AD

ENC

ENTR

OS

ESTA

DU

AIS

/ EM

ATER

S

• 5 categorias de seca• Frequência inicial

mensal• Integração de dados

meteorológicos,hidrológicos eagrícolas

• Validação local• Instrumento

participativo ecooperativo

JUNHO/2015

CPTEC (P, Pa)

Modelo Diário de

Umidade do Solo CPC

Índice de Saúde Vegetal

SPI

Indicador de Seca

Hidrológica

SPEI

Modelo Digital de

Elevação

Indicadores Combinados de

Curto e Longo Prazos

Condição

normal ou

úmida

Entrando

em Seca

Imerso

em Seca

Extrema

Condição

normal ou

úmida

•Monitoramento eprevisão constante

• Implementar ações demitigação de longo prazodelineadas no plano deseca (p.ex. Infraestruturae pesquisa)

• Implementar ações de

mitigação de curto prazo;

indicadores têm gatilhos

associados que ligam as

categorias de secas do

Monitor e ações nos

setores vulneráveis pré-

definidas no plano de

seca.

• Implementar ações de

resposta emergencial;

indicadores têm gatilhos

associados que ligam as

categorias do Monitor a

ações nos setores

vulneráveis pré-definidas

no plano de seca.

•Voltar a enfatizar o

monitoramento e

previsão e implementar

atividades estruturais de

longo prazo no plano de

seca.

Muito obrigado!