Crítica Semanal Da Economia - EDIÇÃO Nº 1277-1278

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    Ncleo de Educao Popular 13 de Maio - So Paulo, SP .CRTICA SEMANAL DA ECONOMIAEDIO N1277/78Ano 29; 4 Semana Dezembro 2015/1 Janeiro 2016.

    Pelas Frestas Do Capital. JOS MARTINSO banco central do planeta ameaa elevar a taxa de juro nesta semana. Ignora

    os avisos de atar os cintos e no acender o cigarro quando o aparelho

    capitalista novamente super produzido j perde altitude perigosamente.Vai voarmoeda para todo lado. Tomara que cumpram o prometido. Assim, 2016 j

    comear cheio de grandes emoes. E a Crtica ser tomada por uma animao

    bem mais esfuziante que neste ano velho que se encerra.

    O destino da humanidade depende da variao dos preos na economia de pontado sistema. Pelo menos nos prximos trimestres. De maneira mais didtica: sequiseres saber o que pode acontecer com tua economia nacional (e pessoal) nos

    prximos doze meses, veja, em primeiro lugar, como anda a economia dos EUA,que dita o ritmo e compasso da totalidade do mercado mundial. E vers que aeconomia de ponta do sistema est andando mal das pernas.

    No a produo que est caindo. Ainda no. Nem o emprego. Nem osistema financeiro. Na superfcie est tudo calmo. Apenas instabilidades de

    rotina. A crise ainda no chegou a Wall Street. O problema a tendncia quedada taxa geral de lucro da totalidade dos ramos industriais daquela economia.Queda que j se manifesta fortemente em estratgicas variveis endgenas daeconomia. No Preo de Produo, por exemplo, que embute, alm do custo de

    produo de determinada mercadoria, exatamente a taxa mdia de lucrodo seuramo de produo. E quando esta taxa cai, o capital do ramo entra em convulso.

    por isso que a persistente queda dos Preos de Produo (ou deflao) apartir de algum ponto do perodo de expanso do ciclo como neste ltimo

    iniciado no 2 trimestre/2009 e ainda em aoacende os sinais anunciadores denovas e criativas turbulncias no curto-prazo. o que se verifica pela variao dondice do preo de produo (PPI, em ingls), que mede os preos que asempresas recebem pela venda de sua produo.

    EUA: variao percentual em doze meses de ndices de preo de produo (PPI).

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    O PPI geral da demanda final (mdia de servios e bens industriais) em dozemeses voltou a cair 1,1%, em Novembro/2015. Em Outubro, havia cado 1,6%.Est caindo mensalmente desde Janeiro deste ano, como ilustrado pelo grficoacima. Esta queda puxada pelo PPI da demanda final de bens industriais (linha

    azul do grfico), que desde Janeiro oscila negativamente na faixa de zero amenos 6.0%. Observe pela fresta a evoluo do PPI de bens acabados no ciclocomo um todo, com ajuda do grfico preparado pelo stlouisfed (FRED). (basedezembro 2007=100)

    Nota-se pelo grfico que depois da recuperao da crise parcial de 2008/2009, no2 Trimestre de 2009, o PPI de bens industriais elevou-se continuamente atJunho de 2014. Foram aproximadamente quatro anos de elevao. Isso quer dizerque se recuperou a taxa geral de lucro de 2007, ltimo ano da expanso do cicloanterior (2002/2008). s a partir do ms de Junho/2014 (veja marca no grfico)que se inicia novo processo deflacionrio no atual perodo de expanso. Essa

    evoluo indica presso crescente no sentido de queda da taxa geral de lucro daeconomia de ponta do sistema.

    No existe nenhuma poltica econmica (monetria, fiscal, cambial, etc.)capaz de interromper esse processo rumo prxima ruptura cclica da economia.Trata-se aqui de movimentos endgenos de gerao, corrupo e outros aspectosda mutao material do processo de valorizao do capital. So impermeveis

    poltica e outras aes burocrticas do Estado. O mximo que essas aesvoluntaristas podem fazer prorrogar por certo tempo a exploso (no mais que10 trimestres em ciclos recentes), via estmulo de crdito e da demanda pelo

    produto.

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    Esticar ao mximo a crise parcial e procurar evitar a passagem para a crisegeral. nisso que consiste a poltica econmica em geral. Tudo nela consiste em

    polticas de estabilizao da economia. Porm, uma coisa realizar o produto,outra realizar o preo de produo. Na unidade dos elementos constitutivos de

    uma mercadoria h que se levar em conta o duplo carter do trabalho expresso namercadoria. Feito isso, no haver grande dificuldade em se verificar no mundoreal que a demanda da era capitalista aquela que realiza um preo grvido deuma taxa mdia de lucro j determinada antes mesmo da mercadoria ser vendida

    e no a demanda pr-existente que apenas escoa monumentais estoques deutilidades ou commodities via expanso da moeda, do crdito e grandesliquidaes na esfera do capital comercial. nisso que consiste o limite dachamada Macro Economia e suas voluntaristas polticas econmicas dosTesouros, Bancos Centrais, etc.

    Esse limite pode ser ainda mais potencializado, pois na vida real as coisasinerentes ao capital aparecem sempre de ponta-cabea. Assim, se a polticaeconmica pode prorrogar temporariamente a exploso cclica pela expanso dosgastos e do crdito pblico, ela pode tambm, quando mal encaminhada,antecipar essa exploso. Essa a importncia de se levar em conta precisasconsideraes tericas. Por exemplo, a m avaliao da variao futura dosPreos de Mercado (popularmente conhecido como Preos ao Consumidor) nociclo pode levar o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) a uma poltica

    monetria de elevao da sua taxa bsica de juro. o que de mais importante naeconomia se discute atualmente em todo o mundo. Os dirigentes do Fed criaramessa expectativa de que podero aumentar a taxa de juros em sua reunio da

    prxima semana pela primeira vez em quase uma dcada, em cima de um quadroem que o mercado de trabalho voltou a ficar muito aquecido, mas sem nenhumaevidncia de que esteja se instalando nos prximos trimestres alguma tendnciade elevao da inflao. Como a realidade da explorao da classe operria levianamente desconsiderada pela economia poltica dos capitalistas, ela incapaz de observar que pode haver no mundo real forte aumento do emprego e

    da produtividade, acompanhado de irrelevantes reajustes salariais. Sem pressoinflacionria, portanto. Falta a objetividade da luta de classes na cabea doseconomistas. Assim eles podem cometer os maiores delitos contra o prpriocapital.

    A economia poltica dos trabalhadores ensina que o Preo de Mercado (ouao consumidor) determinado no ciclo pela evoluo do Preo de Produo (ouao produtor). O primeiro gira em torno do segundo. E no momento da crise atendncia observada em outros ciclos recentes uma convergncia dos dois tiposde preos da economia. A lei do valor trabalho age na economia como a lei da

    gravidade age na fsica. O Preo ao Consumidor nivelado ao Preo de

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    Produo. Ora, como vimos acima, a tendncia de persistente queda desteltimo na economia dos EUA. O mesmo acontece na Europa, Japo e China.

    por isso que o chamado price index for personal consumption expenditures[ndice de preo dos gastos com consumo pessoal], o indicador de inflao

    preferido pelos economistas do Fed, em Outubro/2015 subiu apenas 0,2% frenteao mesmo ms do ano anterior. Mas os economistas do Fed ignoram o fatoafirmando que a fraca taxa inflacionria atual deve-se a fatores temporrios,como os deprimidos preos de energia e dos preos de importao dos EUA. Nocontem com nenhuma justificativa a essa opinio. Para eles pouco importanteexplicar por que acham que a deflao dos preos mundiais temporria.

    A princpio, o Fed s agiria, elevando a taxa de juros, quando esse ndicede inflao que guia seus passos se aproximasse do teto de inflao de 2% ao anoestabelecido como meta pelo prprio Fed. A evoluo real dos preos mostra que

    isso est longe de acontecer. Mesmo assim, Janet Yellen, diretora-presidente doFed, declarou nesta semana: Seguidos ganhos no mercado de trabalho, junto

    com meu julgamento que a expectativa de longo-prazo de elevao da inflaopermanece razoavelmente bem alicerada, serve para reforar minha convicode que haver um retorno da inflao a 2% assim que se enfraquecerem osefeitos desinflacionrios do declnio dos preos de energia e de importaes.

    Temos aqui um caso raro de a mais elevada dirigente do Fed destorcerlevianamente os princpios mais elementares da teoria econmica e, o que ainda

    pior, os prprios fatos reais dos preos e da situao econmica mundial.Greenspan ou Bernanke, excelentes economistas, eram suficientemente educadospara evitar esse tipo de idiotice terica e prtica. Com base apenas naquelafantasiosa ideia de que os preos de energia e de importaes da economia norte-americana devem se elevar (ela tambm no diz quando, e muito menos por qu)Yellen inventa a justificativa para elevar j na prxima semana a taxa de juros do

    banco central do planeta. Se os dirigentes do Fed tiverem a coragem de cumprir apromessa, comprovaro aquela nossa considerao de que os limites da polticaeconmica no ciclo econmico podem ser verificados no s quando as medidas

    tomadas so inteligentemente encaminhadas (Greenspan e Bernanke), mastambm em sua forma mais deplorvel de antecipar a crise por absolutaignorncia terica e irresponsabilidade prtica (Yellen).

    Tomara que cumpram o prometido. Que no atendam os avisos de colocaros cintos e no acender o cigarro quando o aparelho capitalista novamente super

    produzido j perde altitude perigosamente. Assim, o ano de 2016 j comearcheio de grandes emoes. E a Crtica ser tomada por uma animao bem maisesfuziante que neste ano velho que se encerra.