Cronograma e Material

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ECONOMIA

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ECONOMIA

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FACULDADE CENECISTA DE CAMPO LARGO

CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÕES PLANO DE CURSO

Disciplina: Economia Período letivo: 2010 Carga horária: 80 h/a Professor Responsável: Schirlei Maria Cequinel Kotovicz Turno: Noturno

1. OBJETIVO DA DISCIPLINA:

• Introduzir o aluno no raciocínio dos conceitos econômicos e proporcionar condições para a análise crítica, possibilitando o discernimento sobre os problemas econômicos que preocupam a sociedade na atualidade.

• Permitir ao aluno o acompanhamento dos fatos econômicos da nossa história a fim de aumentar seu nível de compreensão da realidade econômica brasileira.

2. EMENTA: Definições de economia. Divisão do estudo de economia. Evolução da economia como ciências. Teoria da firma: monopólio, oligopólio, concorrência perfeita, etc, cenários e análises micro e macroeconômicas. Economia Internacional. Formação de preços e as imperfeições da concorrência e dos sistemas de preços. Os agregados macroeconômicos. Oferta e demanda. Desenvolvimento Econômico no Brasil. A economia brasileira a partir da década de 30. Tópicos Especiais: Distribuição de renda, Inflação, Desenvolvimento sustentável, perspectivas. 3. PROGRAMA:

Aulas Conteúdo Programático

1 Apresentação do professor e da ementa

2 Conceito de “Economia”- Objeto da ciência econômica: recursos escassos X necessidades ilimitadas

3 Problemas econômicos básicos: O que, como quanto e para quem produzir?

4 Evolução do pensamento econômico: Adam Smith, David Ricardo, Marx, Kaynes . 5 Texto: Keynes é Pop-revista exame

6 Conceitos econômicos: fatores de produção, aparelho produtivo, Fluxo real e monetário

7 Fluxo circular da renda 8 Tipos de Sistemas Econômicos-capitalista,socialista e misto

9 Classificação dos bens e serviços:bens livres,bens econômicos,bens de consumo,bens de capital,bens materiais, bens imateriais,bens intermediários,bens finais,bens públicos,bens privados.

10 Agentes econômicos, conceito de custo de oportunidade

11 Teoria Microeconômica: conceito preço relativo,teoria do valor utilidade,teoria do valor trabalho

12 Teoria da demanda-elementos que influenciam a demanda de um bem,lei geral da demanda, efeito substituição e efeito renda.

13 Conceito de elasticidade, bens substitutos e bens complementares 14 Trabalho em sala

15 Teoria da oferta-elementos que influenciam a oferta de bens e serviços,lei geral da oferta,pisos e tetos de preços.

16 Texto: O Brasil suas classes sociais e a implicação na economia-Ludmar Rodrigues Coelho

17 Teoria dos Custos: Custos implícitos e Custos explícitos,lucro econômico, lucro real 18 Trabalho em sala: Texto bens substitutos e bens complementares

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19 Classificação dos mercados: monopólio,oligopólio,concorrência perfeita,concorrência monopolística,monopsônio,oligopsônio

20 Classificação dos mercados: monopólio,oligopólio,concorrência perfeita,concorrência monopolística,monopsônio,oligopsônio

21 A propaganda e os tipos de mercado 22 Teoria Macroeconômica: objetivos principais 23 Instrumentos macroeconômicos:política fiscal, monetária, cambial e de rendas. 24 Instrumentos macroeconômicos:política fiscal, monetária, cambial e de rendas.

25 Noções de Contabilidade Nacional:conceitos dos agregados macroeconômicos- PIB, PNB, PNL, Renda Ncional, Renda Pessoal Disponível

26 Noções de Contabilidade Nacional:conceitos de PIB, PNB, PNL, Renda Ncional, Renda Pessoal Disponível

27 Noções de Contabilidade Nacional:conceitos de PIB, PNB, PNL, Renda Ncional, Renda Pessoal Disponível

28 Texto : Orçamento familiar- WWW.economiaonline.com.br

29 Apresentação de trabalhos: Empresa de sucesso x Empresa em declínio( identificando os pontos falhos ou fortes no problema básico da economia: O que, como, quanto e para quem produzir.

30 Apresentação de trabalhos: Empresa de sucesso x Empresa em declínio( identificando os pontos falhos ou fortes no problema básico da economia: O que, como, quanto e para quem produzir.

31 Apresentação de trabalhos: Empresa de sucesso x Empresa em declínio( identificando os pontos falhos ou fortes no problema básico da economia: O que, como, quanto e para quem produzir.

32 Apresentação de trabalhos: Empresa de sucesso x Empresa em declínio( identificando os pontos falhos ou fortes no problema básico da economia: O que, como, quanto e para quem produzir.

33 Apresentação de trabalhos: Empresa de sucesso x Empresa em declínio( identificando os pontos falhos ou fortes no problema básico da economia: O que, como, quanto e para quem produzir.

34 Apresentação de trabalhos: Empresa de sucesso x Empresa em declínio( identificando os pontos falhos ou fortes no problema básico da economia: O que, como, quanto e para quem produzir.

34 Teoria Macroeconômica clássica 35 Teoria Macroeconômica clássica 36 Teoria Macroeconômica kaynesiana 37 Teoria Macroeconômica kaynesiana 38 Revisão 39 Avaliação 40 Avaliação 41 Resolução da avaliação, entrega de notas e esclarecimentos de dúvidas 42 Tipos de Desemprego: friccional, estrutural, cíclico e sazonal 43 Custo da mão de obra no Brasil

44 TEXTO-Analistas já veem o País em pleno emprego- Fernando Dantas - O Estado de S.Paulo

45 Globalização- o comportamento das empresas neste novo cenário

46 Principais itens conjunturais que mudaram a economia brasileira nas décadas de 80 e 90.

47 Principais itens conjunturais que mudaram a economia brasileira nas décadas de 80 e 90.

48 Crescimento econômico-principais determinantes do crescimento do PIB 49 Crescimento econômico-principais determinantes do crescimento do PIB 50 Introdução a economia monetária:história da moeda 51 A moeda e a atividade econômica, funções da moeda 52 Variações do valor da moeda:inflação, desinflação, deflação e reflação 53 Tipos de inflação 54 Principais índices de inflação e Regime de Metas Inflacionárias.

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55 O Sistema Financeiro – legislação 56 Organização do Sistema Financeiro no Brasil 57 Trabalho em sala: análise do Texto – O problema é o spread (marcos Cintra) 58 Economia Internacional- Teoria das Vantagens Comparativas

59 O Balanço de Pagamentos-Balança comercial, balança de serviços,balança de capitais

60 O Balanço de Pagamentos-Balança comercial, balança de serviços,balança de capitais

61 Grau de investimento

62 Texto(leitura e comentários): As 15 decisões mais importantes para a Economia Brasileira – revista Exame ( Criação da Petrobrás,Embrapa,Abertura Econômica,etc)

63 Texto(leitura e comentários): As 15 decisões mais importantes para a Economia Brasileira – revista Exame ( Criação da Petrobrás,Embrapa,Abertura Econômica,etc)

64 Trabalho em grupo -Análise do texto: Importância destas decisões para as empresas de hoje. 65 Trabalho em grupo -Análise do texto: Importância destas decisões para as empresas de hoje.

66 Apresentação de vídeo –Principais fatores políticos e econômicos do período dos governos de Getúlio Vargas até o governo Lula

67 Apresentação de vídeo –Principais fatores políticos e econômicos do período dos governos de Getúlio Vargas até o governo Lula

68 Planos econômicos 69 Planos econômicos

70 Apresentação de trabalhos : principais fatos macroeconômicos dos Governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek

71 Apresentação de trabalhos : principais fatos macroeconômicos dos governos de: Jânio Quadros e João Goulart

72 Apresentação de trabalhos : principais fatos macroeconômicos dos governos de: Castelo Branco e Costa e Silva

73 Apresentação de trabalhos : principais fatos macroeconômicos dos governos de: Médice e Geisel

74 Apresentação de trabalhos : principais fatos macroeconômicos dos governos de: Figueiredo e Sarney

75 Apresentação de trabalhos : principais fatos macroeconômicos dos governos de: Fernando Collor e Itamar Franco

76 Apresentação de trabalhos : principais fatos macroeconômicos dos governos de: Fernando H Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva

77 Revisão 78 Avaliação 79 Avaliação 80

Comentários da avaliação e entrega de notas

4. PROCESSO DE AVALIAÇÃO: A avaliação discente terá como base:

• a contribuição significativa nos estudos realizados, trabalhos(individual e em grupo) escritos e/ou elaborados em sala de aula, serão aceitos somente quando forem entregues na data marcada e avaliados com base nos critérios de consistência, lógica, organização, argumentação, prova discursivas (sem consulta) a serem realizadas em horários de aulas com datas pré estabelecidas, onde será avaliado o conhecimento do aluno referente as matérias dadas e a sua capacidade de dissertação sobre os temas abordados.

• Os trabalhos entregues após a data marcada sofrerão redução de 50% da nota.

Prova Parcial: ..................................... 7,0 Trabalhos em grupo.............................. 2,0 (1,0 apresentação e 1,0 trabalho escrito)

Trabalhos realizados em sala de aula: 1,0

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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 5.1 –Bibliografia Básica: a. ROSSETTI, J.P. Introdução à Economia. 17 ed. São Paulo : Atlas, 1998 b. MANKIW, N.G. Introdução à economia, Rio de Janeiro, Campus,1999 5.2 – Bibliografia Complementar: a) CABRAL, A S, YONEYAMA. Economia Digital – Uma Perspectiva Estratégia para Negócios. Ed. Atlas,2001 b) DRUCKER, P. As Novas Realidades. Ed. Thomson Pioneira,2000. c) WESSELS, W. J. Economia. Saraiva, 1998 d) WONNACOTT, P e WONNACOTT, R. J. Economia. MAKRON. 1994 e) PASSOS, C.R. E NOGAMI, º Princípios de Economia. Pioneira.2002. f) JORGE, F. T. & MOREIRA, J.O.C. Economia: notas introdutórias. São Paulo : Atlas, 1997 g) SHAPIRO, E.. Análise Macroecnômica, ed. Forense,1980 h) FURTADO,MILTON BRAGA. Síntese da Economia Brasileira. São Paulo : Editora LTC. i) GREMAUD, AMAURY PATRICK. Economia Brasileira Contemporânea. São Paulo,Atlas,1999. j) PEREIRA, LUIZ C. BRESSER. Economia Brasileira – Uma Introdução Crítica. São Paulo,Ed. Brasiliense, 1982. k) PRADO JÚNIOR,CAIO. História Econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense,1998. l) PINHO, DIVA BENEVIDES, FANGANIELLO HELENA. Aspectos do pensamento econômico do Brasil: 1940-1960, São Paulo : Instituto de Pesquisas Econômicas, 1986. m) VASCONCELLOS,M.C.,GARCIA, M.E. Fundamentos de Economia, São Paulo : Saraiva,2003 n) SAMUELSON, P. Introdução à análise econômica. São Paulo : Agir, 1988 o) MARIANO,Jefferson. Introdução a Economia Brasileira.São Paulo Saraiva,2005 p) REGO,José Márcio e MARQUES Rosa Maria. Economia Brasileira, 2º Edição,São Paulo,Saraiva.2005.

Professor responsável:

Schirlei Cequinel Kotovicz

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TRABALHO- 1 TRIMESTRE

A atividade econômica tem por objetivo realizar a produção de bens e serviços que variam conforme a satisfação das necessidades da sociedade, exigindo tomada de decisão administrativa, ou seja, procurando novos caminhos para garantir a continuidade da empresa.

O trabalho a ser desenvolvido deverá apresentar os caminhos que a empresa percorreu para chegar ao sucesso, ou seja, o seu desenvolvimento dos negócios, a sua expansão na sociedade e a meta em que atingiu, e também o declínio da empresa que não alcançou seus objetivos, seguindo as quatro questões levantadas no Sistema Econômico que são:

O que produzir?

Quanto produzir?

Como produzir?

Para quem produzir?

Cada equipe deverá escolher uma empresa que obteve sucesso na sua atividade e outra que fracassou. O trabalho consiste em duas partes:

• trabalho escrito (normas ABNT- introdução,conteúdo,conclusão,bibliografia,etc/ A introdução é um trabalho simples, didático, destinado a fornecer uma primeira e geral visão sobre determinado assunto). 50% da nota

• apresentação (podendo a equipe utilizar-se de métodos audiovisuais- data-show, retroprojetor, vídeo,etc - 50% da nota.

Data de entrega :

Nota da avaliação: 2,0 pontos (1,0 apresentação e 1,0 trabalho escrito)

O aluno que não estiver presente na apresentação terá somente a nota do trabalho escrito.

OBS: No caso de utilização da sala de projeção da faculdade, avisar este professor antecipadamente para que seja providenciada a reserva da sala

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TRABALHO -2 TRIMESTRE A macroeconomia estuda a estrutura, o funcionamento e os resultados da economia como um todo, em termos agregados. As principais variáveis tratadas pela macroeconomia são o produto agregado, o emprego, a moeda, as taxas de juros, a inflação e o câmbio. Os economistas organizam suas idéias através de modelos que servem para interpretar os fatos econômicos e fundamentar a definição e a prática de políticas econômicas executadas pelo governo a fim de alcançar os objetivos macroeconômicos.

O trabalho a ser desenvolvido deverá apresentar os principais fatos macroeconômicos de cada governo( políticas de desenvolvimento,planos de estabilização,programas sociais etc. )

Equipe 1 : O Governo Getúlio Vargas- (2º mandato)

Governo de Juscelino Kubitschek – 1956/1961

Equipe 2: A década de 60 - Jânio Quadros-1961

João Goulart- 1961/1964

Equipe 3 : - Castelo Branco- 1964/1967

Costa e Silva – 1967/1969

Equipe 4: A década de 70 – Garrastazu Médici – 1969/1974

Ernesto Geisel – 1974/1979

Equipe 5 : A década de 80- João Batista Figueiredo – 1979/1985

José Sarney – 1985/1990

Equipe 6: A década de 90 - Fernando Collor de Melo – 1990/1992

Itamar Franco – 1992/1994

Equipe 7 : Fernando Henrique Cardoso- 1995/2002

Luiz Inácio Lula da Silva –2003/2006

§ trabalho escrito (normas ABNT- capa,introdução,conteúdo,conclusão,referências bibliográficas,etc) (50% da nota)

§ apresentação (podendo a equipe utilizar-se de métodos audiovisuais- data-show, retroprojetor, vídeo,etc (50% da nota)

Data de entrega:

Nota da avaliação:2,0 pontos

OBS: No caso de utilização da sala de projeção da faculdade, avisar este professor antecipadamente para que seja providenciado a reserva da sala.

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FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

A palavra Economia deriva do grego "aquele que administra o lar". A princípio esta origem pode parecer estranha, mas na verdade, lares e economias tem muito em comum.

A economia é fundamentalmente o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes. A escassez implica escolhas e custos de oportunidade. Escolher a melhor forma de empregar recursos escassos é o problema básico de toda a sociedade econômica organizada. O estudo econômico é dividido em microeconomia e macroeconomia: A microeconomia é ramo da Ciência Econômica voltada ao estudo do comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivíduos e/ou famílias, do estudo das empresas, suas respectivas produções e custos e ao estudo da geração de preços dos diversos bens, serviços e fatores produtivos.1 Trata-se de uma análise parcial e estática do mercado A macroeconomia trata do comportamento da Economia como um todo - de períodos de prosperidade e de recessão. Trata das flutuações do produto agregado, das taxas de variações de preços e dos níveis de emprego. Em macroeconomia negligenciamos os pormenores do comportamento de unidades econômicas individuais e e tratamos do desempenho geral.

1.1Definições de economia • A economia é uma ciência social que estuda a produção , a distribuição e o

consumo de bens e serviços

• A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade.

1.2. Objeto da Ciência Econômica

O problema econômico por excelência é a escassez. A economia estuda a relação que os homens têm entre si na produção dos bens e serviços necessários à satisfação dos desejos e aspirações da sociedade.

Ocorre que as necessidades humanas são infinitas e ilimitadas. Isto porque, o ser humano pela sua própria natureza, nunca está satisfeito com que possui e sempre deseja mais coisas.

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Por outro lado, os recursos produtivos que a sociedade conta para efetuar a fabricação de bens e serviços, têm caráter finito ou limitados.

Há, portanto, uma contradição, os desejos e necessidade da sociedade são ilimitados e os recursos para efetivar-se a produção dos bens e serviços que devem atendê-los são limitados.

Necessidade humana é qualquer manifesto de desejo que envolva a escolha de um bem econômico capaz d e contribuir para a sobrevivência ou para a realização social do indivíduo.

“Ou guardo o dinheiro e não compro o doce, ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo : ou isto ou aquilo....e vivo escolhendo o dia inteiro!”

(Flor de poemas, Cecília Meireles)

A primeira das lições acerca da tomada de decisões se resume no dito popular de que "NADA É DE GRAÇA". Para obter uma coisa que desejamos, em geral temos de abrir mão de outra coisa da qual gostamos. Tomar decisões exige comparar um objetivo com outro.

• Ex.1 : Considere um estudante que deve decidir como alocar seu recurso mais valioso - seu tempo. Pode passar todo o tempo estudando economia; pode passar todo o tempo estudando psicologia; ou pode dividir o tempo entre as duas disciplinas. Cada hora que dedica ao estudo é uma hora em que deixa de de fazer outras coisas como tirar uma soneca, malhar na academia ou assistir televisão .

Quando as pessoas estão agrupadas em sociedades, elas se deparam com diferentes tipos de tradeoff (escolhas):

• Ex.2: Também é importante na sociedade moderna a opção entre um meio ambiente despoluído e um alto nível de renda. Leis que exigem que as empresas reduzam a poluição aumentam o custo de produção de bens e serviços. Em função dos custos mais altos essas empresas obtém lucros menores, pagam salários mais baixos, cobram preços mais altos ou alguma combinação de todas essas coisas.Assim, embora os regulamentos antipoluição nos beneficiem com um meio ambiente de melhor qualidade, tem o custo de reduzir a renda dos donos das empresas, dos trabalhadores e dos clientes.

Texto –Anexo 5 – Temos que aprender a poupar

Outro tradeoff que a sociedade enfrenta é o da eficiência e eqüidade.

Eficiência- é a propriedade que uma sociedade tem de receber o máximo possível pelo uso de seus recursos escassos.

Eqüidade - é a justa distribuição da prosperidade econômica entre os membros da sociedade.

Em outras palavras, eficiência se refere ao tamanho do bolo econômico e eqüidade, à forma em que são distribuídas suas fatias. Muitas vezes quando se formulam políticas governamentais, esses dois objetivos entram em conflito.

• Ex.: Considere políticas destinadas a distribuir de forma mais igualitária o bem-estar econômico. Como o Sistema de Seguro-desemprego que procura ajudar as pessoas mais necessitadas dentro da sociedade. Ou como a política de Imposto de Renda da Pessoa Física, que requer que os bens sucedidos financeiramente contribuam mais do que os outros para o sustento do governo. Embora tais políticas tenham o benefício de contribuir para uma maior eqüidade, elas tem um custo em termos de menor eficiência. Quando o

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governo redistribui renda dos ricos para os pobres, reduz a recompensa pelo esforço do trabalho; em consequência, as pessoas trabalham menos e produzem menos bens e serviços. Em outras palavras, quando o governo tenta cortar o bolo econômico em fatias mais iguais, diminui o tamanho do bolo.

A administração dos recursos da sociedade é importante porque os recursos são escassos. Escassez significa que a sociedade tem menos a oferecer do que aquilo que as pessoas desejam ter. Assim como uma família não pode dar a seus membros tudo o que estes desejam, a sociedade não pode dar a cada pessoa o padrão de vida mais alto ao qual ela aspira.

Isso nos leva a seguinte proposição: Por mais rica que a sociedade seja, os fatores de produção (natureza - capital – trabalho – tecnologia e capacidade empresarial) serão sempre escassos para efetivar a fabricação de todos os bens e serviços que essa mesma sociedade deseja. Ela terá que efetuar escolhas sobre quais os bens e serviços deverão ser produzidos, da mesma forma que os homens, contanto com os salários de determinado valor, não pode naturalmente consumir todos os bens e serviços que deseja, devendo escolher entre eles quais poderá adquirir e que estejam ao alcance de sua renda. Portanto, a ciência econômica é aquela que estuda a escassez ou que estuda o uso dos recursos escassos na produção de bens alternativos.

Então, Economia é o estudo da forma pela qual a sociedade administra seus recursos escassos. Na maior parte das sociedades os recursos não são alocados por um único planejador central mas pelas ações combinadas de milhões de famílias e empresas. Os economistas , portanto estudam como as pessoas tomam decisões: o quanto trabalham, o que compram, quanto poupam e como investem suas poupanças e estudam também como as pessoas se relacionam umas com as outras.

1.3 Problema econômico básico :

Como vimos, a atividade econômica é realizada com o propósito de produzir bens e serviços que se destinem à satisfação das necessidades individuais ou coletivas dos elementos da sociedade.

Entretanto, em razão da própria natureza do ser humano, suas necessidades se ampliam continuamente, aumentando, em conseqüência, as exigências de consumo. Um número cada vez maior de pessoas procura bens e serviços que atendam necessidades de lazer, educação, transportes coletivos, etc. Mesmo para as necessidades puramente biológicas, surgem novos desejos. As pessoas já não se satisfazem em aplacar sua sede bebendo apenas água. Quando possível, recorrem a refrigerantes ou a outras bebidas mais sofisticadas. Assim, pode-se dizer que, de modo geral, as necessidades humanas são ilimitadas.

Sabemos, por outro lado, que a produção de bens e serviços exige a organização e combinação dos fatores de produção existentes à disposição da sociedade. Entretanto, esses fatores são limitados, escassos, pois não existem na quantidade que seria desejável. A área agricultável de um país é limitada, finita, o mesmo ocorrendo com a quantidade de pessoas que pode trabalhar em relação a máquinas, ferramentas e equipamentos, em geral. E este conflito é que explica e justifica a existência da teoria econômica. De um lado, as necessidades das pessoas são ilimitadas e, de outro, que os fatores disponíveis para a produção de bens e serviços que satisfaçam essas necessidades são limitados.

O problema fundamental da economia é a impossibilidade de se produzir bens e serviços em quantidades ilimitadas para satisfazer as necessidades humanas permanentemente ampliadas, pois os fatores de produção existem em quantidades limitadas. Este fato também é conhecido como lei da escassez.

Diante da impossibilidade do atendimento pleno das necessidades humanas em virtude da escassez de recursos, quatro questões são levantadas, sendo que suas respostas envolvem o problema fundamental da economia, isto é, o problema da escassez.

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A primeira pergunta diz respeito à natureza das necessidades humanas: O QUE PRODUZIR?

Refere-se aos bens e serviços e 'a quantidade de cada um que a economia deve produzir. Já que os recursos são escassos ou limitados, nenhuma economia pode produzir tanto de cada bem ou serviço conforme é desejado por todos os membros da sociedade. Usualmente, mais de um bem ou serviço significa menos de outro. Por conseguinte, cada sociedade deve escolher exatamente que bens e serviços deve escolher exatamente que bens e serviços deve produzir.

Identificar o bem ou serviço a ser produzido visando a satisfação das necessidades da população. É o mercado que nos dá a opção lógica (oferta x demanda).

A segunda pergunta implica determinar quantitativamente o produto necessário à satisfação das necessidades: QUANTO PRODUZIR?

Essa questão complementa a anterior e tem sua importância definida na medida em que, como já vimos, é impossível produzir em quantidades ilimitadas todos os bens necessários. Se imaginarmos que todos os recursos disponíveis de uma economia estão sendo utilizados no processo produtivo, atingiremos um limite na produção de bens e serviços. Nesse caso, se quisermos aumentar a produção de um bem qualquer, teremos de diminuir a quantidade de produção de outro ou outros bens.

A terceira questão envolve um problema de ordem técnica: COMO PRODUZIR?

Refere-se 'a escolha da combinação de recursos e 'a técnica particular a ser usada na produção de um bem ou serviço. Já que normalmente um bem ou serviço pode ser produzido com diferentes combinações de recursos e várias técnicas, o problema é quais usar. Visto que os recursos são limitados em toda economia, quando mais deles são usados para produzir alguns, há menos em disponibilidade para a produção de outros. Por isso, a sociedade enfrenta o problema de escolher a técnica que resulte no menor custo possível(em termos de recursos usados) para cada unidade dos bens e serviços que decidir produzir.

É uma questão técnica , que indica que há várias maneiras de se combinarem os fatores de produção para se obter bens e serviços. É a partir desta questão que deve ser definido o processo de fabricação mais econômico, com melhor nível tecnológico(eficiência) ou a melhor alocação dos recursos (Ex.: escolha da região).

A quarta questão está diretamente relacionada ao consumo, à satisfação das necessidades dos indivíduos: PARA QUEM PRODUZIR?

Refere-se a quanto das necessidades de cada consumidor se deve satisfazer. Já que os recursos e, por isso, os bens e serviços são escassos em cada economia, nenhuma sociedade pode satisfazer a todos os desejos de todo o seu povo. Por isso surge o problema da escolha.

Envolve a questão da distribuição de bens e serviços produzidos entre os elementos da sociedade. Escolher o nicho de mercado a quem se destina o produto.

1.4 A Organização Econômica

Dadas as limitações dos recursos produtivos e do nível tecnológico, as nações procuram organizar sua economia a fim de resolver os problemas do que, quanto, como e para quem produzir, de forma eficiente, ou seja com o menor desperdício possível.

De certa maneira são duas as formas de organização econômica: a descentralizada ou economia de mercado e a centralizada.

A Economia privada de livre iniciativa (capitalismo), caracteriza-se em procurar sobreviver na concorrência imposta pelos mercados tanto na compra e venda de produtos finais como na dos fatores de produção. Os problemas básicos deste tipo de economia podem ser resolvidos pela

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concorrência dos mercados e pelo mecanismos dos preços. O Consumidor tentará maximizar utilidade e o produtor, o lucro.-PROPRIEDADE PRIVADA DOS FATORES DE PRODUÇÃO- (Governado pelo mercad0- mão invisível de Adam Smith- liberalismo-mercado se auto regula)

Nas economias centralizadas (socialismo) os problemas econômicos são decididos pelos órgãos planejadores e não pelo sistema de preços. Os meios de produção são considerados de propriedade coletiva, ou seja, pertencentes ao povo.-PROPRIEDADE COLETIVA DOS MEIOS DE PRODUÇÃO- Karl Marx –socialismo científico-fim da propriedade privada)

1.5 PENSAMENTO ECONÔMICO Adam Smith (1723-1790):considerado “Pai” da Economia Moderna, escreveu “A Riqueza das Nações”. Afirmava que a livre concorrência levaria a sociedade `a perfeição uma vez que a busca do lucro máximo promove o bem estar da comunidade(mão invisível). Defendia a não intervenção do Estado na economia (liberalismo).

Ø Laissez faire- livre inicitaiva (mão invisível)

Ø Teoria do Valor Trabalho: a causa da riqueza das nações é o trabalho humano.

Ø Divisão do trabalho e especialização= produtividade. Para ele, o trabalho de uma nação é a principal fonte geradora dos bens que necessita a comunidade. O aumento da produtividade do trabalho depende de sua divisão, que repousa essencialmente, na propensão que tem a natureza humana para trocar uma coisa por outra. A acumulação de capital funciona como uma das condições prévias dessa divisão. Quanto á noção de valor ,surgiu como troca de mercadorias. O termo valor apresenta dois significados, o de utilidade e o de poder de compra, sendo o primeiro o valor de uso, e o segundo o valor de troca. O trabalho seria a medida de valor de todas as mercadorias. No que se refere à acumulação capitalista, divide o capital em fixo e circulante. O primeiro consiste, principalmente em máquinas, edifícios, implementos agrícolas, enquanto o segundo compreende o dinheiro, as matérias-primas e as mercadorias acabadas, ainda em mão do industrial ou do comerciante. Analisando a estrutura da sociedade capitalista, Adam Smith chegou a conclusão, para sua época, da divisão da sociedade em classes. Para ele a sociedade capitalista possui 03 classes principais: o operariado, os capitalistas e os proprietários de terras. Salienta que, na sociedade capitalista, existe comunidade de interesses, uma vez que os benefícios comuns resultam sobretudo do choque de interesses das diversas classes sociais. Por isso defendia a livre concorrência.

A grande contribuição de Adam Smith para o Pensamento Econômico é exatamente a chamada "Teoria da Mão Invisível". Para este autor todos aplicam o seu capital para que ele renda o máximo possível. A pessoa ao fazer isto não tem em conta o interesse geral da comunidade, mas sim o seu próprio interesse – neste sentido é egoísta. O que Adam Smith defende é que ao promover o interesse pessoal, o indivíduo acaba por ajudar no Interesse Geral e coletivo. Dizia ele, que não pelo benevolência do padeiro ou do açougueiro que nós temos o nosso jantar, mas é pelo egoísmo deles, pois os homens agindo segundo seu próprio interesse é que todos se ajudam mutuamente. Neste caminho ele é conduzido e guiado por uma espécie de Mão Invisível. Adam Smith acredita então que ao conduzir e perseguir os seus interesses, o homem acabo por beneficiar a sociedade como um todo de uma maneira mais eficaz.. Graças à mão invisível não há necessidade de fixar o preço. Por exemplo, a Inflação é corrigida por um reequilibro entre Oferta e Procura, reequilibro esse que seria atingido e conduzido pela Mão Invisível, é pois o início da Glorificação do Mercado que Adam Smith preconiza.

A economia com seus estudo, tenta entender como a mão invisível produz essa mágica. Uma das formas da mão invisível dirigir a atividade econômica é através dos preços. Os preços refletem tanto o valor que a sociedade atribui a um bem quanto os custos em que ela incorre para produzi-lo. O como as famílias e empresas levam em consideração ao tomar suas decisões , sem saber estão levando os benefícios e os custos sociais de suas ações. Quando o governo impede

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que os preços se ajustem naturalmente aos movimentos da oferta e da demanda, está impedindo que a mão invisível coordene milhões de famílias e empresas que constituem a economia. Quando o governo taxa os produtos com impostos ele distorce os preços e portanto as decisões de famílias e empresas. Isto explica o fracasso do comunismo. Nos países comunistas os preços não são determinados pelo mercado mas sim por planejadores centrais. Os planejadores centrais fracassaram porque tentaram conduzir a economia com uma mão amarrada às costas - a mão invisível do mercado. David Ricardo (1772-1823) exerceu uma grande influência tanto sobre os economistas neoclássicos, como sobre os economistas marxistas, o que revela sua importância para o desenvolvimento da ciência econômica. Os temas presentes em suas obras incluem a teoria do valor-trabalho, a teoria da distribuição (as relações entre o lucro e os salários), o comércio internacional, temas monetários.

Entre 1809 e 1815 publicou alguns panfletos sobre temas de economia monetária, repartição da renda e comércio internacional. A partir de então dedicou-se (não sem muita relutância) a escrever um tratado teórico geral sobre a economia, os Princípios, que foi publicado em 1817 e se constituiria num marco teórico decisivo para o desenvolvimento da economia política clássica.

Em 1815, David Ricardo já era considerado o mais importante economista de toda a Grã-Bretanha, graças ao seu conhecimento prático sobre o funcionamento do sistema capitalista, vindo da sua carreira como perito em finanças.

A principal questão levantada por Ricardo é sobre a distribuição do produto gerado pelo trabalho na sociedade. Isto é, segundo Ricardo, a aplicação conjunta de trabalho, maquinaria e capital no processo produtivo gera um produto, o qual se divide entre as três classes da sociedade: proprietários de terra (sob a forma de renda da terra), trabalhadores assalariados (sob a forma de salários) e os arrendatários capitalistas (sob a forma de lucros do capital). O papel da ciência econômica seria, então, determinar as leis naturais que orientam essa distribuição, como modo de análise das perspectivas atuais da situação econômica, sem perder a preocupação com o crescimento em longo prazo.

A sua teoria das vantagens comparativas constitui a base essencial da teoria do comércio internacional. Demonstrou que duas nações podem beneficiar-se do comércio livre, mesmo que uma nação seja menos eficiente na produção de todos os tipos de bens do que o seu parceiro comercial. Pois, Ricardo defendia que nem a quantidade de dinheiro em um país nem o valor monetário desse dinheiro era o maior determinante para a riqueza de uma nação. Segundo o autor, uma nação é rica em razão da abundância de mercadorias que contribuam para a comodidade e o bem-estar de seus habitantes.

John Mayneard Keynes “O estudo da teoria econômica não parece exigir qualquer dom especializado de grande profundidade. Não é um assunto relativamente fácil quando comparado com a filosofia ou a ciência pura. Uma disciplina fácil, em que poucos se sobressaem! O paradoxo talvez seja explicado pela constatação de que o economista deve possuir uma rara combinação de dons.Tem de ser matemático, historiados, estadista, filósofo – em certa medida. Deve entender de símbolos e falar através de palavras. Deve ver o particular em termos do geral, e abranger o abstrato e o concreto no mesmo pensamento. Deve estudar o presente à luz do passado para entender o futuro. Nenhuma parte da natureza humana ou de suas instituições deve ficar fora de seu olhar. Deve ser o mesmo tempo interessado e desinteressado, tão distante e incorruptível quanto um artista,e, contudo, às vezes tão próximo da terra quanto um político.” John Mayneard Keynes A crença nas forças auto-ajustáveis da economia foi, porém, seriamente abalada com a grande depressão dos anos 30. Até a grande depressão dos anos 30, os economistas não acreditavam que o desemprego em larga escala pudesse ocorrer. Mas os fatos abalaram as convicções clássicas.

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De todos os nossos problemas econômicos, o desemprego é talvez o pior. O desemprego envolve um desperdício óbvio: a sociedade priva-se dos bens e dos serviços que os desempregados poderiam ter produzido. Pessoas desempregadas sofrem a desmoralização, a frustração e a perda do respeito próprio que advém da ociosidade forçada. Antes da Grande Depressão nos anos 30, a maior parte dos economistas não considerava o desemprego como um dos problemas centrais da economia. Havia é claro, dissidentes. Karl Marx acreditava que as crises econômicas tornar-se-iam cada vez mais severas, com um número cada vez maior de trabalhadores engrossando as fileiras de desempregados. Mais cedo ou mais tarde, o capitalismo entraria em colapso devido aos seus defeitos intrínsicos. Porém Marx, estava fora da principal corrente da economia. A maior parte dos economistas acreditava que poderia havia curtos períodos de severo desemprego, mas que o mecanismo de mercado originaria um rápido retorno a um alto nível de emprego. A década de 1930 destruiu esta confiança e proveu a base para uma nova teoria do desemprego. Nos Estados Unidos entre 1929-1933, o PIB caiu 30% e o desemprego aumentou de 3% para 25%. Esta teoria foi desenvolvida, sem que isto causasse surpresa, por um economista britânico. Ao contrário dos Estados Unidos, onde a Depressão pode ser datada de 1929, a Grã-Bretanha já estava passando por tempos difíceis desde o início dos anos 20. Esta nova teoria foi apresentada por John Maynard Keynes em seu livro “TEORIA GERAL DO EMPREGO, DO JURO E DO DINHEIRO”. A Teoria Geral foi um sucesso espetacular; está no mesmo nível de “A RIQUEZA DAS NAÇÕES” de Adam Smith, e de “O CAPITAL”, de Karl Marx. As 03 proposições mais importantes de Keynes são:

• O desemprego em uma economia de mercado: ao contrário da economia clássica, Keynes argumentava que uma economia de mercado pode ter forças vigorosas que a movimentem em direção ao pleno emprego.

• A causa do desemprego: Keynes dizia que o desemprego em grande escala é o resultado de gastos excessivamente baixos em bens e serviços, ou seja, o desemprego reflete uma insuficiência de demanda agregada.

• A cura para o desemprego: Para curar o desemprego, a demanda agregada deve ser aumentada. A melhor maneira de fazer isto, dizia Keynes, é pelo aumento de gastos governamentais.

Na década de 1970 o keynesianismo sofreu severas críticas por parte de uma nova doutrina econômica : o monetarismo. Em quase todos os países industrializados o pleno emprego e o nível de vida crescente alcançados nos 25 anos posteriores às II Guerra Mundial, foram seguidos pela inflação. Os keynesianos admitiram que seria difícil conciliar o pleno emprego e o controla da inflação, considerando, sobretudo, as negociações dos sindicatos com os empresários por aumentos salariais. Por esta razão, foram tomadas medidas que evitassem o crescimento dos salários e preços, mas a partir da década de 1960 os índices de inflação foram acelerados de forma alarmante. A partir da década de 1970, os economistas tem adotado argumentos monetaristas em detrimento daqueles propostos pela doutrina keynesiana; mas as recessões, em escala mundial, das décadas de 1980 e 1990 refletem os postulados da política econômica de Keynes. Os monetaristas defendem medidas econômicas que procuram manter a economia em recessão – com altas taxas de juros e restrição monetária. O objetivo principal é a redução das taxas inflacionárias. Porém o custo da queda da inflação obtida única e exclusivamente com a redução da demanda é bastante alto e já bem conhecido pela nossa sociedade: concentração de renda, desemprego e arrocho salarial..

Karl Maxr (1818-1883)- problema dos detentores dos meios de produção;exploração da mão de obra humana; lucro sobre o trabalhador, mais-valia.. Autor da obra clássica “O Capital”.

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As primeiras fases da revolução industrial foram marcadas por excessos. Homens, mulheres e crianças eram confinados em fábricas, minas e oficinas durante jornadas de trabalho de 12 a 14 horas, em deploráveis condições sanitárias e de trabalho. Tal situação favoreceu o nascimento de uma corrente preocupada não só com o estudo da ciência econômica como tal, mas também com a transformação global da sociedade. Partindo da teoria do valor exposta por David Ricardo, Karl Marx, postulou que o valor de um bem é determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para sua produção. Segundo Marx, o lucro não se realiza por meio de troca de mercadorias, que se trocam geralmente por seu valor, mas sim em sua produção. Os trabalhadores não recebem o valor correspondente ao seu trabalho, mas só o necessário para a sua sobrevivência. Nascia assim , o conceito da mais-valia, diferença entre o valor incorporado a um bem e a remuneração do trabalho que foi necessário para sua produção. Não é essa, porém para Marx, a característica essencial do sistema capitalista, mas precisamente a apropriação privada dessa mais-valia. A partir dessas considerações, Marx elaborou sua crítica do capitalismo numa obra que transcendeu os limites da pura economia e se converteu numa reflexão geral sobre o homem, a sociedade e a história.

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Texto 1 Keynes é pop Mais de 60 anos após sua morte, o grande pensador inglês sai do ostracismo e retoma o posto de maior economista dos séculos 20 e 21

Corbis Keynes: uma fornada de livros para exaltar o antigo mestre Por André Lahóz | 12.11.2009 |

Já virou rotina. A cada abalo no sistema econômico, jornalistas, analistas e o público em geral iniciam uma frenética corrida para identificar os maiores perdedores -- e também o punhado de felizardos que conseguiram se safar sem arranhões. A história não tem sido diferente agora. No front geopolítico, o rol dos derrotados inclui quase todos os países ricos, enquanto China, Índia e Brasil veem seu cacife crescer. No mundo das personalidades da economia, medalhões como Alan Greenspan e alguns dos banqueiros mais incensados dos últimos tempos saíram com a reputação em frangalhos -- e hoje quem surfa a onda são profetas da crise, como Nouriel Roubini e Robert Shiller. Também na academia ocorre algo semelhante. Nos competitivos e frequentemente ácidos departamentos de economia das principais universidades, a hora é de questionar verdades estabelecidas, encostar antigas estrelas e promover um reordenamento no mundo das ideias. Nesse contexto, perdem espaço os principais defensores da corrente neoclássica, entre os quais se inclui a maioria dos vencedores do prêmio Nobel de Economia. Por sua vez, depois de anos hibernando, surge com renovado vigor a figura do inglês John Maynard Keynes para retomar o posto de maior pensador econômico dos séculos 20 e, pelo menos por enquanto, 21. Keynes voltou a ser pop -- tanto quanto é possível a um economista ser pop. O que não é pouco para alguém que escreveu seu principal livro em 1936 e morreu antes de conhecer a guerra fria, a TV em cores e o rock’n roll.

Na esteira desse sucesso, uma fornada de livros sobre o economista chega às bancas. Talvez o mais interessante deles seja Keynes -- The Return of the Master ("Keynes -- o retorno do mestre", numa tradução livre), do professor de economia política da Universidade de Warwick Robert Skidelsky. Poucas vozes têm mais autoridade para falar sobre o personagem. Skidelsky, articulista de alguns dos mais renomados veículos jornalísticos do Reino Unido e dos Estados Unidos, é também autor da mais encorpada e premiada biografia sobre Keynes, uma monumental obra em três volumes tida como essencial para qualquer um que pretenda destrinchar sua vida e obra. Agora ele volta ao tema num livro de bem menos fôlego, até em termos de tamanho (são 220 páginas). Por isso mesmo, não se trata de uma contribuição feita para marcar época. A vantagem é que a leitura é bem mais fácil e atinge um público abrangente .

Agora, a ambição é outra. Trata-se de um passeio pelo pensamento econômico desde os anos 30 para mostrar a ascensão, a queda e o atual renascimento de Keynes. A revolução keynesiana, iniciada em plena Grande Depressão, é relativamente conhecida do público leigo. Em sua Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, Keynes rebate a crença neoclássica de que toda oferta de bens necessariamente cria sua demanda (conhecida como Lei de Say, em referência ao economista francês J.B. Say). Nesse comportado mundo imaginário, bastaria aos países garantir que os bens fossem efetivamente produzidos -- a partir daí, o problema essencialmente econômico estaria resolvido. A brutal crise pós-crash da Bolsa de Valores de Nova York violou esse pressuposto, e coube a Keynes explicar que, sim, é possível o mundo enfrentar de quando em quando um problema de falta de demanda. Numa economia monetária, as pessoas podem optar por guardar o dinheiro em vez de gastá-lo. Também ocorre, em tais situações extremas, que os bancos centrais atuem até o limite de suas forças -- reduzindo os juros a zero -- sem conseguir atiçar o espírito de consumidores e investidores. É nessa hora, diz Keynes, que o governo precisa agir. Não espanta que sua figura esteja de volta. O receituário adotado pelo mundo atualmente -- seja no gigantesco pacote fiscal americano, nas dezenas de obras de infraestrutura chinesas ou no alívio fiscal promovido pelo governo brasileiro -- deve muito às suas ideias.

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2 Conceitos Econômicos 2.1 Conceito de Sistema Econômico

-É a forma como a sociedade está organizada para desenvolver as atividades econômicas de produção, circulação e consumo de bens e serviços.

-Sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços.

2.2 Elementos que formam um sistema econômico

Fatores produtivos : Também denominados recursos de produção, são elementos utilizados no processo de fabricação dos mais variados tipos de mercadorias as quais, por sua vez, serão utilizadas para satisfazer necessidades.

Os Recursos Produtivos podem ser classificados em cinco grandes grupos: Terra, Capital, Trabalho , Tecnologia e Capacidade Empresarial.

• Terra (ou Recursos Naturais)

É o nome dado pelos economistas para designar os recursos naturais existentes, ou dádivas da natureza, tais como : florestas(madeira), recursos minerais, recursos hídricos,terra, etc. Compreende não só o solo utilizado para fins agrícolas, mas também o solo utilizado na construção de estradas, casas etc.

• Capital (ou Bens de Capital)

Pode ser definido como o conjunto de bens fabricados pelo homem e que não se destinam à satisfação das necessidades através do consumo, mas que são utilizados no processo de produção de outros bens. O capital inclui todos os edifícios, todos os tipos de equipamentos e todos os estoques de materiais dos produtores, incluindo bens parcial ou completamente acabados, e que podem ser utilizados na produção de bens.

• Trabalho

É o nome dado a todo esforço humano, físico ou mental, despendido na produção de bens e serviços.

• Capacidade Tecnológica: é o elo de ligação entre a força de trabalho e o capital acumulado. Este fator complementar é constituído pelo conjunto de habilidades e de conhecimentos que dão sustentação ao processo de produção.

• Capacidade Empresarial (Agentes produtivos)

São os responsáveis pela organização da atividade produtiva. São os administradores, empresários, gerentes, ou pessoas envolvidas no processo produtivo que tem como função organizar, coordenar, comandar, planejar o processo desde a alocação dos recursos produtivos até o emprego dos mesmos, através de usos alternativos, visando sempre a maximização do emprego destes recursos produtivos para que os mesmos não fiquem ociosos no sistema. A capacidade empresarial é um fator de natureza qualitativa.. Trata-se do espírito empreendedor que combina e movimenta os demais fatores de produção do sistema.O sucesso ou não de uma organização é atribuído aos agentes produtivos.

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Aparelho produtivos : É o conjunto de todas as empresas envolvidas no processo produtivo de uma nação que tem como objetivo a produção de bens e serviços dependendo do setor em que a empresa está situada.

O aparelho produtivo de uma nação é constituído por 03 setores da atividade econômica:

Setor I - AGROPECUÁRIO (Primário)

Setor II - INDÚSTRIA (Secundário)

Setor III- PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (Terciário)

• Setor I - AGROPECUÁRIO (Primário): engloba as atividades que são exercidas próximas à base dos recursos naturais

LAVOURAS (cacau, cereais, café, fumo em folha, milho, etc); FLORICULTURA ; PRODUÇÃO ANIMAL (criação de gado, aves, suínos, ovinos, pesca, etc); ESTRAÇÃO VEGETAL ( produtos como babaçu, borrachas, cera de carnaúba, etc) ;EXTRAÇÃO MINERAL (extração de minerais metálicos : ferro, alumínio, zinco e metais preciosos e extração de minerais não metálicos: pedras preciosas) PRECIOSAS)

A produção deste setor pode ser quantificada fisicamente, pois os bens neste setor produzido tem expressão material.

• Setor II - INDÚSTRIA (Secundário) : reúne as atividades, mediante as quais os bens são transformados, sendo-lhes adicionadas características correspondentes a distintos graus de elaboração. Ex.: METALURGIA, PRODUTOS ALIMENTARES, AUTOMOBILÍSTICA, TÊXTIL, etc.

A produção deste setor também pode ser quantificada fisicamente.

• Setor III- PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (Terciário): o produto gerado neste setor não tem expressão material. O setor compreende serviços e o comércio.

Comércio: varejista e atacadista

Intermediários financeiros: bancos comerciais (BB, ITAÚ, BRADESCO, etc ); bancos de desenvolvimento (BNDS); seguradoras ( SULAMÉRICA, etc )

Transporte e Comunicação : Transporte aéreo , ferroviário, hidroviário, rodoviário e serviços de telecomunicações, postais e telegráficos.

Outros serviços: educação, lazer, turismo, assistência médica hospitalar, limpeza, livrarias, lanchonetes, restaurantes, salões de beleza, conservação de edifícios, etc.

No processamento das atividades produtivas realizadas no sistema econômico, nenhum dos setores permanece isolado do conjunto. No decorrer das atividades de produção todos os setores se integram e se interligam.

Nenhum setor é auto-suficiente, para que os mesmos possam produzir necessitam recursos dos demais setores.

Exemplo: Para que uma lanchonete possa comercializar hamburger, necessita dos demais setores, pois o setor primário oferecerá a carne que será industrializada pelo setor secundário. Existe uma dependência entre os setores, pois necessitam adquirir insumos dos demais setores.

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2.3 FLUXOS DO SISTEMA ECONÔMICO Fluxo Real : É igual ao produto. O PRODUTO de uma economia, ou seja, o PIB (Produto Interno Bruto) expressa em unidades monetárias o montantes de bens e serviços produzidos por uma economia em determinado período de tempo.

P = I + II + III

(Economia fechada) - é aquela que não mantém relações econômicas internacionais, seja exportando ou importando mercadorias e serviços, ou tomando empréstimos de recursos financeiros. O produto é o somatório das atividades produtivas desenvolvidas pelos 03 setores da atividade econômica.

P = I + II + III + M

( Economia aberta) - o produto é resultado das atividades desenvolvidas pelos três setores mais as importações

O produto se distribui da seguinte forma :

P = C + I

onde C = consumo - Despesas das famílias com bens e serviços

I = investimento - Despesas com equipamentos de capital, estoques e estrutura

O investimento se divide em IR (investimento de reposição) e IA (investimento de ampliação)

IR - depreciação que consiste em uma provisão a ser feita pelo empresário para que no final da vida útil do bem, o mesmo possa ser reposto sem que haja uma descapitalização do empresário.

IA - consiste na ampliação dos bens de capital (máquinas, equipamentos, estradas, portos, rodovias, hidrelétricas,etc)

b) Fluxo Nominal ou Monetário : É igual a renda. Renda é o somatório das remunerações efetuadas aos fatores produtivos de nação.

Renda do Trabalho = Salários

Renda dos Recursos Naturais e Propriedades rurais = Aluguéis

Renda do Capital = Mercado financeiro = juros

Mercado de Capitais = dividendos

Empresas = lucros

Y = S + J + L + D + A

Y = Renda S = Salários J = Juros L = Lucros D= Dividendos A = Aluguéis

A renda se distribuição da seguinte forma:

Y = C + S

Y = Renda C= Consumo S = Poupança

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-Poupança se constitui na parcela da renda não destinada ao consumo. É uma negação do consumo. Poupança não é sinônimo de caderneta de poupança. Caderneta de poupança consiste em uma aplicação financeira.

- Consumo , consiste na parcela da renda destinada a aquisição de bens e serviços que venham a atender as necessidades humanas.

Pode-se dizer, portanto que num sistema econômico existem dois fluxos. O primeiro é o Fluxo real, formado pelos bens e serviços produzidos no Sistema Econômico, que também recebe o nome de produto. O segundo é o Fluxo nominal ou monetário, formado pelo pagamento que os fatores de produção recebem durante o processo, também denominado renda.

O Fluxo Real, formado pelos bens e serviços produzidos, constitui a OFERTA da economia , ou seja tudo aquilo que foi produzido e está a disposição dos consumidores.

O Fluxo Monetário, formado pelo total da remuneração dos fatores produtivos, é a DEMANDA OU PROCURA da economia, ou seja, aquilo que as pessoas procuram para satisfazer suas necessidades e desejos.

OFERTA e a DEMANDA são as duas funções mais importantes do sistema econômico. Essas duas funções formam o MERCADO onde as pessoas que querem vender se encontram com as pessoas que querem comprar..

O termo MERCADO, na Teoria Econômica, não significa apenas o lugar físico onde as pessoas estão localizadas, como uma feira livre, por exemplo. Seu significado é mais amplo. O termo MERCADO se refere a todas as compras e vendas realizadas no Sistema Econômico. Em resumo, o MERCADO é a essência do Sistema Econômico , onde as necessidades são satisfeitas através da venda e da compra de mercadorias e serviços.

Ex.: Diagrama do fluxo circular da renda

Numa versão simplificada do funcionamento de uma economia de mercado, há de se distinguir dois agentes econômicos fundamentais: as unidades produtivas ou empresas e as unidades consumidoras ou famílias.

FLUXO REAL = Produto

FLUXO MONETÁRIO OU NOMINAL = Renda

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O Fluxo Circular da Atividade Econômica mostra, de forma simplificada, a maneira pela qual indivíduos e empresas interagem na economia, cada qual buscando atingir objetivos diferentes: os indivíduos procurando maximizar a satisfação de seus desejos e necessidades e as firmas procurando maximizar seus lucros. Os indivíduos no papel de consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços, tendo em vista o atendimento de suas necessidades de consumo. Por outro lado, fornecem às empresas diversos fatores de produção: Trabalho, Terra, Capital e Capacidade Empresarial. Como pagamento recebem salários, aluguéis, juros e lucro e é com essa renda que compram os bens e serviços oferecidos pelas empresas. As empresas produzem e/ou comercializam bens e serviços. A produção é realizada através da combinação dos fatores produtivos adquiridos junto às famílias. As decisões das empresas são guiadas pelo objetivo de conseguir o máximo lucro.

2.1.4 TIPOS DE SISTEMAS ECONÔMICOS Os Sistemas Econômicos diferem de país para país, notadamente em suas considerações sociais e

políticas.

Um dos princípios econômicos é de que os mercados são normalmente um bom modo de organizar a atividade econômica. No entanto, as economias de mercado só funcionam bem quando os recursos são propriedade privada. Quando os recursos produtivos são de propriedade coletiva, as economias de mercado já não funcionam tão bem. Por este motivo, a convicção de que os mercados são um bom modo de organizar a sociedade está intimamente ligada à crença na propriedade privada. Esta concepção é chamada filosofia política do capitalismo. Os críticos do capitalismo em geral são contra a propriedade privada. A propriedade privada permite que a riqueza seja distribuída desigualmente. As pessoas com sorte, talento ou esperteza obtém muitas vezes mais dos recursos da sociedade do que as que não o são. Muitos dos críticos do capitalismo querem abolir a propriedade privada como meio de chegar a uma sociedade sem classes. Karl Marx, criador filosófico do comunismo, queria que os recursos da sociedade fossem distribuídos " de cada um de acordo com as suas capacidades, para cada um de acordo com as suas necessidades". Marx argumentava que a propriedade coletiva de todos os recursos evitaria as grandes desigualdades do capitalismo. No entanto, a propriedade coletiva tem os seus problemas. A história tem dado pouco apoio ao ideal marxista de uma sociedade sem classes. Na prática os países comunistas não são tão igualitários como Marx o desejaria. Eles apenas substituem as desigualdades da economia privada pelas do sistema político. Numa economia comunista as pessoas enriquecem ganhando os favores dos politicamente poderosos. Além disso abolir a propriedade privada tem um grande custo da eficiência econômica. As pessoas quando utilizam os recursos coletivos não o fazem eficientemente. A tomada de decisão pelo governo pode em princípio substituir a tomada de decisões privada, mas raramente funciona na prática. O planejamento central numa economia moderna e complexa é difícil.

Economia de Mercado ou Capitalista :

Está baseado em um conjunto de regras, pelo qual se compram e vendem bens e serviços, assim como os fatores produtivos ( Terra, Capital, Trabalho, Recursos Naturais, Capacidade Empresarial ). O Sistema Econômico capitalista tem um sistema próprio de se regular, com um Governo que pouco de envolve nas decisões econômicas ( Livre mercado - Conceito de Mão Invisível de Adam Smith), tendo como características principais:

a. Os fatores de produção, dos bens de consumo e do dinheiro são de propriedade privada;

b. O controle da economia é realizado pelo sistema de preços (Lei da Oferta e da Procura);

c. O incentivo para produzir vem do desejo das empresas de obterem lucros;

d. A competição entre as empresas é importante e entre os proprietários dos recursos também, apesar das presenças de oligopólios e monopólios nos mercados.

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e. Papel limitado do Governo.

Oligopólios - Estrutura de mercado na qual apenas alguns poucos vendedores oferecem produtos similares ou idênticos. Poucas empresas detém o mercado.

Monopólios - Empresa que é única vendedora de um produto sem substitutos próximos. Uma só empresa domina o mercado.

A Constituição Federal Brasileira no art. 170 (anexo ) diz que os recursos produtivos no Brasil são de propriedade privada.

Economia Centralizada ou Socialista:

Esta denominação é dada as economias socialistas, por oposição à descentralização que caracteriza as economias capitalistas ou de mercado. Distingue-se pela propriedade estatal dos meios de produção e pela planificação centralizada da economia nacional. O Estado por meio de órgãos especializados, administra a produção em geral, determinando seus meios, objetivos e prazos de concretização; organiza os processos e métodos de emprego dos fatores de produção; controla de forma rígida os custos e preços de produtos; controla ainda os mecanismos da distribuição e dimensiona o consumo.

A primeira manifestação desta corrente foi publicada em 1516 : UTOPIA, de Thomas Morus, que trata das más condições econômicas e sociais observadas na Inglaterra, ele atacou a instituição da propriedade privada, o desemprego e o desperdício, propondo uma nova forma de estruturar a economia e a sociedade, fundamentada no solidarismo igualitarista : todos trabalhariam para o bem da sociedade, não haveria riqueza supérflua ou pobreza. Em 1848 : Manifesto Comunista, publicado por Karl Marx e Friedrich Engels e em 1867 através da publicação de O Capital. Para Marx o socialismo antes de ser a concepção de uma forma ideal de organização da vida em sociedade, deveria ser visto como uma tendência inevitável da história, uma espécie de ruptura pelas contradições do processo privado de acumulação de riqueza, onde as economias de mercado caminhariam pela sua própria destruição.

R Heilbroner explica de forma simples as conclusões de Marx:

" Ao substituir homens por máquinas, o empreendedor privado mata pouco a pouco a sua galinha de ovos de ouro. E, não obstante, tem de matá-la, pois apenas obedece aos seus impulsos de acumular mais e mais e de tentar se manter à frente de seus concorrentes. Quando os salários aumentam, ele introduz a máquina para reduzir custos e manter a sua margem de lucro. É uma espécie de drama grego, no qual os homens seguem para um determinado destino, mas atuando involuntariamente para a sua própria destruição. A sorte, porém, está lançada e não há como impedir o resultado final. Como todos os empreendedores privados estão fazendo a mesma coisa, a relação entre remuneração do trabalho e a produção diminui constantemente, até que comecem a diminuir os lucros. Estes caem mais e mais, pois o consumo do que é produzido diminui à medida que as máquinas desempregam o fator trabalho e o número dos trabalhadores remanescentes não consegue consumir toda a produção. O futuro é sombrio. Ocorrem falências. Desaparecem empresas. Até que , certo dia, termina o drama. O resultado final, traçado pelo próprio Marx, tem a eloqüencia do dia da condenação: com a centralização dos meios de produção e a socialização do trabalho, finalmente rompem-se os revestimentos do sistema. Os sinos dobram pela liberdade de iniciativa e pela propriedade privada."

Na URSS, a estrutura do Modelo de planejamento Central foi definida desde 1917, com a criação do Vesenkha, Conselho Supremo de Economia Nacional, até 1928, esse conselho definiu as bases do processo de coletivização. De 1921-1927 , no comando de Vladimir Lenin, definiu-se uma nova política econômica, descentralizando as decisões econômicas e admitindo no meio rural propriedades não coletivas , ocorrendo um passo para trás para o comunismo . O retorno ao sistema de comando central ocorreu a partir de 1927/1928, no início da era de J.Stalin.

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Economia Social de Mercado ou Mista : é uma forma de economia que combina dois ou mais modelos econômicos distintos. Nos anos 1990 dois padrões diferentes de modelos mistos se consolidaram, o da chamada "terceira via" liberal, que se propôs a criar um modelo misto entre o capitalismo orientado do "welfare state" (estado de bem-estar social) e uma reinterpretação do liberalismo clássico, voltado apenas para o plano econômico. Este modelo foi popularizado como "neoliberalismo". O outro modelo de economia híbrida consolidado no mesmo período é o chinês, na época chamado de socialismo de mercado, que compõe características tanto de regulação do mercado típicos do capitalismo politicamente orientado quanto da economia planificada que vinha sendo modificada desde os anos 1960, já como um modelo distinto daquele de planificação adotado na ex-União Soviética.

O modelo de classificação abstrato, neste caso, parte da avaliação da presença de características teoricamente típicas de um modelo ou do outro: características de capitalismo de mercado (livre comércio, livre mercado, desregulamentação de preços e salários, propriedade privada dos meios de produção) ou de planejamento econômico centralizado (planejamento econômico, planejamento da produção, preços e salários, regulação da economia, propriedade estatal dos meios de produção).

Geralmente os sistemas mistos pretendem encontrar um equilíbrio entre as características positivas de um modelo e de outro. Por exemplo, a "economia mista" produzida pelo "welfare state" pretende manter um balanço entre o crescimento econômico, baixa inflação, níveis de desemprego reduzido, boas condições de trabalho, assistência social e bons serviços públicos, através da intervenção do Estado na economia.

A maioria dos países do mundo, incluindo países com regimes políticos considerados democráticos, como na Europa ou nos EUA, têm uma economia mista. No caso dos países capitalistas desenvolvidos nota-se com maior clareza a ocorrência de longos períodos de economia mais liberal ou de desregulamentação pró-mercado (do início do século XX até 1929 e dos anos 1980 aos 2000) e outros períodos de maior regulação ou intervenção do Estado na economia (entre 1930 e a II Guerra Mundial, e até os anos 1960, ou atualmente, após a crise econômica de 2007-2008).

2.2 Classificação dos Bens e Serviços De modo geral, pode-se dizer que bem é tudo aquilo que permite satisfazer uma ou várias

necessidades humanas. Os bens são classificados em:

Quanto à raridade em Bens Livres e Bens Econômicos.

1.Bens livres: Na condição limite, todos os bens seriam livres: a disponibilidade ilimitada de recursos seria de tal ordem que a obtenção de quaisquer bens não seria onerosa. Mas, na realidade, , até mesmo o ar que respiramos vai, pouco a pouco, se transformando em bem econômico. O emprego de recursos para a despoluição do ar ou para evitar que poluição ocorra está transformando o ar num bem econômico como outro qualquer: um bem cuja existência exige o emprego de recursos.

2.Bens Econômicos são relativamente escassos e supõem a ocorrência de esforço humano na sua obtenção. Tais bens apresentam como característica básica o fato de terem um preço.

Quanto à natureza, os Bens Econômicos são classificados em dois grupos: Bens Imateriais ou Serviços e Bens Materiais

2.1)Bens Imateriais ou Serviços : é denominação usual de produtos intangíveis, resultantes da atividades terciárias de produção.

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2.2)Bens materiais : é a denominação usual dos produtos tangíveis, resultantes de atividades primárias e secundárias da produção. É a denominação genérica dos produtos que provém das atividades agropecuárias e das diferentes categorias de atividades industriais, de transformação ou de construção.

Quanto ao destino, os Bens Materiais classificam-se em Bens de Consumo e Bens de Capital.

2.2.1)Bens de Consumo são aqueles diretamente utilizados para a satisfação das necessidades humanas. Podem ser de uso não-durável ou seja. que desaparecem uma vez utilizados (alimentos, cigarros, gasolina etc.) ou de uso duráveis que tem como característica o fato de que podem ser usados por muito tempo(móveis,eletrodomésticos,etc).

2.2.2)Os Bens de Capital (ou Bens de Produção), por sua vez, são aqueles que permitem produzir outros bens. São exemplos de Bens de Capital as máquinas, computadores, equipamentos, instalações, edifícios etc.

Tanto os Bens de Consumo quanto os Bens de Capital são classificados como Bens Finais, uma vez que já passaram por todos processos de transformação possíveis, significando que estão acabados.

Além dos Bens Finais existem ainda os Bens Intermediários, que são aqueles que ainda precisam ser transformados para atingir sua forma definitiva. Eles são produtos utilizados no processo de produção de outros produtos. A título de exemplo podemos citar o fertilizante usado na produção de arroz, milho, etc, ou o aço, o vidro e a borracha usados na produção de carros.

Os bens ainda podem ser classificados ainda em Bens Privados e Bens Públicos.

Os Bens Privados são os produzidos e possuídos privadamente. Como exemplo termos os automóveis, aparelhos de televisão etc.

Os Bens Públicos referem-se ao conjunto de bens gerais fornecidos pelo setor público: defesa nacional, educação e pesquisa,programas de combate a pobreza, segurança, transporte, etc.

2.3 Agentes Econômicos Agentes econômicos são pessoas de natureza física ou jurídica que, através das suas

ações, contribuem para o funcionamento do sistema econômico. São eles: as Famílias (ou unidades familiares); as Empresas (ou unidades produtivas) e Governo.

Famílias--As Famílias incluem todos os indivíduos e unidades familiares da economia o que, no papel de consumidores, adquirem os mais diversos tipos do bens o serviços objetivando o atendimento do suas necessidades do consumo. Por outro lado, as famílias, na qualidade do "proprietárias" dos recursos produtivos, fornecem às empresas os diversos fatores da produção: Trabalho, Terra, Capital e Capacidade Empresarial.

Empresas-As Empresas são unidades encarregadas de produzir e/ou comercializar bens e serviços. A produção é realizada através da combinação dos fatores produtivos adquiridos juntos às famílias.

Governo -Governo, por sua vez, inclui todas as organizações que, direta ou indiretamente, estão sob o controle do Estado, nas suas esferas federais, estaduais e municipais. Muitas vezes o governo intervém no sistema econômico atuando como empresário e produzindo bens e serviços através de suas empresas estatais.

Mercado -Entendemos por mercado um local ou contexto em que compradores (o lado da procura) e vendedores (o lado da oferta) de bens, serviços ou recursos estabelecem contato e realizam transações..

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Para fins de análise econômica o conceito de mercado não implica, necessariamente, na existência de um lugar geográfico em que as transações se realizem.

2.4 CUSTO DE OPORTUNIDADE O custo de oportunidade é um termo usado na economia para indicar o custo de algo em termos de uma oportunidade renunciada, ou seja, o custo, até mesmo social, causado pela renúncia do ente econômico, bem como os benefícios que poderiam ser obtidos a partir desta oportunidade renunciada ou, ainda, a mais alta renda gerada em alguma aplicação alternativa.

O custo de alguma coisa é do que você desiste para obtê-la.A tomada de decisão exige a comparação dos custos e benefícios dos vários cursos de ação. Em muitos casos, contudo, o custo de alguma ação não é tão óbvio como poderia parecer à primeira vista.

O custo de oportunidade é o valor mais alto renunciado da alternativa abandonada. É qualquer coisa que se tenha de abrir mão para obter outro.

Quando um bem é escasso, a opção de usá-lo de um modo significa desistir de usá-lo de outro. O valor de uso da qual as pessoas desistem é o custo de oportunidade dessa escolha, também definido como o valor da opção abandonada.

Na vida somos forçados a escolher continuamente. Quando optamos por algo, temos de renunciar a outras coisas. Como os recursos disponíveis são escassos, somente se pode satisfazer uma necessidade se deixamos de satisfazer outra. Não há recursos materiais suficientes, trabalho e nem capital para produzir tudo o que as pessoas desejam. Por isso é necessário escolher entre as diferentes opções que se apresentam. Esse problema é enfrentado pelos governos, famílias e empresas.

• Ex.1 Os governos devem decidir entre construir mais colégios ou comprar mais helicópteros para a polícia.

• Ex.2 As famílias devem escolher entre comprar brinquedos para seus filhos ou gastar seus recursos com uma nova lavadora.

• Ex. 3 As fábricas de brinquedos devem decidir entre gastar mais recursos em publicidade ou investir para renovar as máquinas da fábrica.

• Ex.:4 Supondo que os fatores (de produção) utilizados para se extrair uma tonelada de ferro poderiam ser empregados para cultivar dez alqueires de milho. O custo de oportunidade de uma tonelada de ferro é, pois, os dez alqueires de milho que poderiam ser produzidos. Ao extrair o ferro, perde-se a oportunidade de obter milho.

Quando decidem gastar ou produzir, os governos, empresas ou famílias estão renunciando a outras possibilidades. A opção que se deve abandonar para poder produzir ou obter outra coisa, se associa. Em economia, ao conceito de custo de oportunidade.

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Perguntas:

1. Identifique os 3 setores da Economia e apresente as características básicas de cada um deles:

2. Qual o custo de oportunidade de assistir a uma sessão de cinema?

3- O que faz a "mão invisível" do mercado? Exemplifique

4. Qual é o significado do termo MERCADO, na teoria econômica?

5. Conceitue custo de oportunidade

6. Cite e explique os 05 fatores de produção.

7. Explique como funciona o fluxo circulação da renda e porque é tão importante para a saúde econômica.

8. O que significa a circulação no sistema econômico?

9. Qual o papel da circulação no sistema econômico e qual a sua importância?

10. O que é poupança?

11. O que é investimento?

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TEORIA MICROECONÔMICA É o ramo da Ciência Econômica voltada ao estudo do comportamento das unidades de consumo representadas pelos indivíduos e/ou famílias, do estudo das empresas, suas respectivas produções e custos e ao estudo da geração de preços dos diversos bens, serviços e fatores produtivos.2 Trata-se de uma análise parcial e estática do mercado. Analisa como a empresa e o consumidor interagem e decidem qual o melhor preço e a quantidade de um determinado bem ou serviço em mercados específicos, portanto o funcionamento da oferta e demanda na formação de preços. Preço O preço de um bem que interessa é o seu preço relativo: seu preço relativo ao preço de outros bens. O preço relativo do bem A nos diz quanto do bem B tem que ser dado para se obter uma unidade do bem A. Na análise microeconômica, são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços de um bem em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias. Exemplo: se o preço do guaraná cair em 10%, tudo o mais permanecendo constante (condição coeteris paribus), deve-se esperar um aumento na quantidade demandada de guaraná, e uma queda na demanda dos demais refrigerantes, que tiveram seus preços inalterados. Embora não tenha havido alteração no preço absoluto dos demais refrigerantes no mercado, seu preço relativo aumentou quando comparado ao do guaraná (que teve redução de preço). Exemplo: Problema – Se o preço de um aparelho de televisão é R$.200,00 e o de um computador é R$.2000,00, qual é o preço relativo da televisão? E do computador? Solução – Divida o preço do bem em questão pelo preço do bem que se desiste. O preço relativo da televisão é um décimo do preço do computador, e o preço relativo do computador é dez televisores. Teoria Elementar do Funcionamento do Mercado DEMANDA Os fundamentos da análise da demanda ou procura estão alicerçados no conceito subjetivo de utilidade. A utilidade representa o grau de satisfação que os consumidores atribuem aos bens e serviços que podem adquirir no mercado. Ou seja, a utilidade é a qualidade que os bens econômicos possuem de satisfazer as necessidades humanas. Como está baseada em aspectos psicológicos ou preferências, a utilidade difere de consumidor para consumidor (uns preferem uísque, outros cerveja etc.).

A Teoria do Valor- Utilidade contrapõe-se à chamada Teoria do Valor-Trabalho, desenvolvida pelos economistas clássicos (Malthus, Smith, Ricardo, Marx). A Teoria do Valor-Utilidade pressupõe que o valor de um bem se forma pela sua demanda, isto é, pela satisfação que o bem representa para o consumidor. Ela é portanto subjetiva, e considera que o valor nasce da relação do homem com os objetos. Representa a chamada visão utilitarista, onde prepondera a soberania do consumidor, pilar do capitalismo.

A Teoria do Valor-Trabalho considera que o valor de um bem se forma do lado da oferta através dos custos do trabalho incorporados ao bem. Os custos de produção eram representados basicamente pelo fator mão-de-obra, em que a terra era praticamente gratuita(abundante) e o capital pouco significativo. Pela Teoria do Valor-Trabalho, o valor do bem

2 Manual de Economia, Equipe de professores da USP. 3ªed. São Paulo, 2002.

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surge da relação social entre homens, dependendo do tempo produtivo que eles incorporam ao bem. Nesse sentido, a Teoria do Valor-Trabalho é objetiva (depende de custos).

Pode-se dizer que a Teoria do Valor-Utilidade veio complementar a Teoria do Valor-Trabalho, pois não era mais possível predizer o comportamento dos preços dos bens apenas com base nos custos da mão-de-obra (ou mesmo custos em geral) sem considerar o lado da demanda (padrão de gostos, hábitos, renda etc.).

Ademais, a Teoria do Valor-Utilidade permitiu distinguir o valor de uso do valor de troca de um bem. O valor de uso é a utilidade que ele representa para o consumidor. Valor de troca se forma pelo preço no mercado, pelo encontro da oferta e da demanda do bem.

A Teoria da Demanda, baseia-se na Teoria do Valor-Utilidade.

Utilidade Total e Utilidade Marginal Ao final do século passado, alguns economistas elaboraram o conceito de utilidade marginal e dele derivaram a curva da demanda e suas propriedades. Tem-se que a utilidade total tende a aumentar quanto maior a quantidade consumida do bem ou serviço. Entretanto, a utilidade marginal, que é a satisfação adicional (na margem) obtida pelo consumo de mais uma unidade do bem, é decrescente, porque o consumidor vai perdendo a capacidade de percepção da utilidade por ele proporcionada, chegando à saturação. O chamado paradoxo da água e do diamante ilustra a importância do conceito de utilidade marginal. Por que a água, mais necessária, é tão barata, e o diamante, supérfluo, tem preço tão elevado? Ocorre que a água tem grande utilidade total, mas baixa utilidade marginal (é abundante), enquanto o diamante, por ser escasso, tem grande utilidade marginal e total.

Resumo Utilidade: qualidade que os bens econômicos possuem de satisfazer as necessidades humanas. Teoria do valor-utilidade: pressupõe que o valor de um bem se forma pela sua demanda, isto é, pela satisfação que o bem representa para o consumidor. Como os consumidores têm gostos variados e diferentes, ela é portanto subjetiva, representa a chamada visão utilitarista, onde prepondera a soberania do consumidor, pilar do capitalismo. Teoria do valor-trabalho: considera que o valor de um bem se forma do lado da oferta através dos custos de trabalho incorporados ao bem. Neste sentido, esta teoria é considerada objetiva (depende de custos). Demanda Individual (segundo Passos e Nogami, Princípios de Economia) A demanda (ou procura) de um indivíduo por um determinado bem ( ou serviço) refere-se à quantidade desse bem que ele deseja e está capacitado a comprar, por unidade de tempo. Assim podemos destacar:

1. A demanda é uma aspiração, um desejo, e não a realização do desejo. A demanda é um desejo de comprar (um bem ou serviço). A realização do desejo se dá pela compra do bem desejado. Logo, não se pode confundir demanda ( ou procura) com compra.

2. Para que haja demanda por um bem (ou serviço) é preciso que o indivíduo esteja capacitado a pagar por esse bem. Ou seja, é necessário que ele possua renda que lhe permita participar deste mercado. Na realidade, nem todo desejo do consumidor se manifesta no mercado sob a forma de demanda. O desejo de um consumidor comprar um bem somente influirá no preço desse mercado desse bem se tal desejo puder ser traduzido em uma demanda monetária para o bem em questão. Em Economia, demanda significada desejo apoiado por dinheiro suficiente para comprar o bem desejado.

Ex.: Embora muitas pessoas desejem comprar um carro importado, poucos possuem recursos suficientes para comprar esse carro. Assim, somente a demanda daqueles que têm dinheiro suficiente para comprá-los pode afetar o preço dos carros importados.

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3. A demanda é um fluxo por unidade de tempo, ou seja, devemos expressar a procura por uma determinada quantidade em um determinado período de tempo.

Ex.: Não podemos dizer João deseja adquirir 20 litros de leite, porque não especificamos a unidade de tempo em que João deseja comprar o leite ( dia, semana, mês, ano, etc.). Para que a informação esteja correta, é preciso que se diga que João deseja adquirir 20 litros de leite por mês ( ou outra unidade de tempo) sendo esta, então, a sua procura de leite.

Elementos que podem influenciar a Demanda do Consumidor Dentre os diversos fatores que influenciam a demanda, os economistas destacam os seguintes:

• O Preço do Bem

• A Renda, ou o Salário do Consumidor

• O Gosto e Preferência do Consumidor

• O Preço dos bens relacionados

• Expectativas sobre Preços, Rendas ou Disponibilidade

É claro que existem outros fatores como: condições de crédito, localização do consumidor, etc. 1. A Demanda e o Preço do Bem: A quantidade demandada de um bem é influenciada por

seu preço. Normalmente é de se esperar que quanto maior for o preço do bem, menor deverá ser a quantidade que o consumidor desejará adquirir desse bem; ou quanto menor for o preço, maior será a quantidade que o consumidor desejará adquirir desse bem.

2. A Demanda e a Renda do Consumidor: Em regra geral, ou seja, para os bens normais (alimentos, roupas, eletrônicos, eletrodomésticos,etc.) é de se esperar que quanto maior for a renda do consumidor maior será a quantidade de bens demandada.

Existem, entretanto, duas exceções a esse padrão geral. É o caso dos “Bens Inferiores” e “Bens de Consumo Saciado”. Os bens inferiores são aqueles cuja demanda varia inversamente às variações ocorridas na renda do consumidor, “DENTRO DE UMA CERTA FAIXA DE RENDA”. Isso significa que a demanda desse tipo de produto diminui quando a renda do consumidor aumenta, e aumenta quando a renda do consumidor sofre uma redução. Ex.: Carne de segunda, roupas usadas, batata, etc.; bens adquiridos por famílias com renda mais baixa.Assim conforme a renda se eleva, ele passa a ter condições de adquirir produtos de maior qualidade. Os bens de consumo saciado, são aqueles em relação aos quais o desejo do consumidor está totalmente satisfeito após um determinado nível de renda.Aumentos na renda do consumidor para além desse nível não provocarão nenhum aumento nas demandas desses bens.

3. A Demanda e o Gosto e Preferência do Consumidor: a demanda de um determinado bem ( ou serviço) depende de hábitos e preferências do consumidor. Estes, por sua vez, dependem de uma série de circunstâncias tais como idade, sexo, tradições culturais, religião e até educação. Mudanças nesses hábitos e preferências podem provocar mudanças na demanda desse bem.

4. A Demanda e o Preço dos Bens Relacionados: a demanda de um produto pode ser afetada pela variação no preço de outros bens. Isso ocorre em relação aos denominados Bens Complementares e Bens Substitutos.

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Os bens complementares são aqueles que tendem a aumentar a satisfação do consumidor quando utilizados em conjunto. Nesse caso, a elevação no preço de um deles produz uma redução na demanda de outro, e uma diminuição no preço de um conduz a um aumento na demanda de outro. Ex.: pão e manteiga, um aumento no preço do pão tende a reduzir a demanda da manteiga. Os bens substitutos (ou concorrentes) são aqueles cujo consumo de um pode substituir o consumo de outro. A elevação no preço de um bem produzirá aumento na demanda do outro (ou vice-versa). Ex.: Manteiga e margarina, carne de frango e carne de boi,etc.

5. A Demanda e as Expectativas sobre Preços, Rendas ou Disponibilidade : as expectativas que as pessoas possuem em relação ao futuro de seus rendimentos e em relação ao comportamento dos preços também exercem papel fundamental na demanda por bens e serviços. Assim, se um consumidor acredita que, no futuro, terá um aumento substancial em seus rendimentos, poderá estar disposto a gastar mais hoje do que uma pessoa que acredita que virá a ter um rendimento bem menor no futuro. Da mesma forma, se o consumidor acredita que os preços irão aumentar no futuro próximo, pode aumentar a demanda corrente de bens estocáveis, prevenindo-se, assim, de eventuais aumentos de preços. Aumentos nas demandas correntes por determinados bens e serviços também poderão ocorrer caso as pessoas acreditem que esses bens e serviços irão escassear no futuro ( ou seja, que haverá menor disponibilidade desses bens no futuro).

Coeteris Paribus Como observamos, os elementos determinantes da demanda podem variar simultaneamente, ficando difícil avaliar o efeito que cada um deles, separadamente, exerce sobre a demanda. Para tentar contornar esse problema vamos nos valer da imposição da condição Coeteris Paribus, é uma expressão latina que significa tudo o mais permanecendo constante. Permitimos, por exemplo, que o preço de um produto se modifique, fazendo a suposição de que a renda, os preços dos bens relacionados, os gostos e preferências e as expectativas permaneçam inalteradas ( isso não significa que esses fatores não existam, mas tão-somente que o seu valor permanece inalterado durante a análise). Assim, conseguimos identificar somente o efeito das mudanças de preço provocam nas quantidades demandadas do produto em análise. Da mesma forma, se quisermos saber de que maneira mudanças na renda afetam a demanda de um bem, fazemos a suposição que as demais variáveis não se alteram, e usamos a expressão Coeteris Paribus para representá-la.

Lei Geral da Demanda A quantidade demandada de um determinado bem é inversamente proporcional ao seu preço, tudo o mais permanecendo constante (coeteris paribus). O que quer dizer que: quanto mais se elevam os preços de um produto qualquer, menores serão as quantidades desejadas a serem adquiridas e vice-versa (Preço Alto – Demanda Baixa). ↑P ↓Qd ↓P ↑Qd P: Preço Qd: Quantidade demandada ↑: Aumenta ↓: Diminui Representação da relação quantidade demanda/preço: 1)Escala de demanda

Alternativa de Preço ($) Quantidade demandada 10,00 200 20,00 100 30,00 50

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2) Função da Demanda Qd = f (P)

Qd = quantidade demandada de um determinado bem ou serviço, num dado período de tempo P = preço do bem ou serviço A expressão significa que a quantidade demandada, Qd, é uma função f do preço P, isto é, depende do preço P. A curva de demanda é negativamente inclinada devido a relação inversa entre preço e quantidade demanda, que resultam em dois efeitos: efeito substituição e efeito renda. Efeito substituição: se o preço de um bem aumentar, enquanto os preços dos outros bens permanecem os mesmos, o consumidor procurará substituir o consumo desse bem, passando a consumir um bem similar. Ex.: Se o preço da pêra subir, o consumidor substituirá o consumo da pêra pelo consumo de maçãs. Efeito renda: supondo que a renda do consumidor, em termos nominais, permaneça a mesma. Se o preço de um bem diminuir, a renda do consumidor se elevará em termos reais, tornando o consumidor mais rico, fazendo com que ele possa aumentar o consumo desse bem. Ex.: Se o preço da pêra diminuir, ele poderá comprar mais unidades com a mesma quantidade de dinheiro.

RESUMO

Teoria da Utilidade : A utilidade total de um bem ou de um serviço é a sua capacidade de satisfazer as necessidades das pessoas. Assim, a utilidade da água é saciar a sede, a utilidade de um automóvel é a sua capacidade de transportar pessoas, etc. Podemos dizer, então, que um consumidor, agindo racionalmente, procurará obter a maior utilidade possível a partir da sua renda, que recebe o nome de orçamento. Para obter essa utilidade, sua renda será usada na aquisição de bens e serviços, que chamaremos de cesta de mercadorias. A utilidade marginal é o acréscimo à utilidade total decorrente de uma unidade adicional de determinada mercadoria (Ex.: outro carro, outra casa,outra TV,etc)

ELASTICIDADE

A elasticidade é um conceito que mede a reação do consumidor às variações de preços em termos percentuais.

O valor da elasticidade é um critério interessante para se determinar o grau de essencialidade dos bens. É de se esperar que um bem cujo consumo seja essencial à subsistência das pessoas tenha uma demanda inelástica, isto é, menor do que 1, significando que as pessoas não reduzem consideravelmente o consumo desses bens, mesmo com aumento dos preços. Ex: SAL, REMÉDIOS,alguns tipos de alimentos, etc.

Por outro lado, um cuja demanda é elástica significa que as pessoas estão reduzindo seu consumo numa proporção maior do que o aumento de preços, podendo se considerar que esse bem é supérfluo, ou, então, que há substitutos próximos no mercado.

É interessante observar, também, que se os gastos feitos com um bem representam bem pouco no orçamento dos consumidores, esse bem tem uma demanda inelástica. O melhor

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exemplo disso ainda é o sal, que custa tão pouco que as pessoas não alterarão o consumo desse bem mesmo que seu preço aumente consideravelmente.

Finalmente, observamos que o conhecimento da elasticidade - preço da demanda de um bem é fundamental para o empresário que o produz, pois tal conhecimento lhe dará os reflexos das variações de preço sobre a demanda pelo seu produto.

Bens Complementares e Bens Substitutos

O conceito de elasticidade, que expressa a reação dos consumidores à variação no preço dos bens, pode ser utilizado para verificar a existência de relações de complementariedade e de substitutibilidade entre os bens.

COMPLEMENTARES : Dois ou mais bens são considerados complementares, do ponto de vista do consumidor, quando precisam ser consumidos juntos para que a satisfação do consumidor seja máxima.

Ex.: pão e manteiga ; arroz e feijão ; chocolate em pó com leite; etc . Estes bens são considerados complementares , não pela natureza do bem, mas sim por hábitos de uma região ou país, assim em outras regiões ou países eles podem não ser considerados complementares.

SUBSTITUTOS: São aqueles que do ponto de vista do consumidor, podem ser trocados no momento do consumo, proporcionando igual satisfação ou satisfação semelhante.

Ex.: Manteiga e margarina ; café e chá ; carne de gado de carne de frango ;

RESUMO:

Bens complementares: são aqueles que precisam ser consumidos juntos para gerar satisfação máxima para as pessoas.

Bens substitutos: são aqueles que podem ser substituídos no consumo, gerando satisfação igual ou semelhante para o consumidor.

TEORIA DA PRODUÇÃO

A Teoria da Produção preocupa-se com o lado da oferta do mercado, ou seja, com os produtores, que vão oferecer aos consumidores os bens e serviços por eles produzidos.

A OFERTA Oferta Individual (segundo Passos e Nogami, Princípios de Economia)

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A oferta individual de um determinado bem ou serviço é a quantidade desse bem que um único produtor deseja vender no mercado, por unidade de tempo. Temos que destacar 02 elementos nessa definição:

1) A oferta é uma aspiração, um desejo e não a realização do desejo. A oferta é um desejo de vender (um bem ou serviço). A realização do desejo se dá pela venda do bem. Não podemos confundir oferta com venda.

2) A oferta, da mesma forma que a demanda, é um fluxo por unidade de tempo, ou seja, devemos expressar a oferta de uma mercadoria como sendo uma determinada quantidade em um período de tempo. Portanto se dissermos que um produtor deseja oferecer 50 kg de açúcar, temos que especificar o período de tempo para caracterizar a oferta deste produtor.

Elementos que determinam a oferta

• O preço do bem

• O preço dos fatores de produção

• O Preço dos outros bens

• Expectativas

• Condições climáticas (no caso de produtos agrícolas)

A oferta e o preço do bem: normalmente podemos esperar a existência de uma relação direta entre a quantidade ofertada e o preço, ou seja, quanto maior o preço de um bem, maior será a quantidade ofertada no mercado. Da mesma forma, quanto menor o preço do bem, menor será a quantidade ofertada. Na análise do comportamento do ofertante deve ser sempre relacionados o custo de produção/distribuição e a receita total a se obter. Se o preço de venda alcançado pelo produto no mercado não for suficiente para cobrir o custo de produção, não haverá estímulo para se oferecer a mercadoria. Essa relação entre quantidade e preço deverá apresentar, portanto, um limite mínimo dado pelo custo de produção; deverá também apresentar um limite máximo, dado pelo pleno emprego dos fatores de produção, quando então a quantidade ofertada se tornará constante, independente dos aumentos de preços que venham a ocorrer.

A oferta e o preço dos fatores de produção: a quantidade de um bem que um produtor individual deseja oferecer no mercado depende do preço dos fatores de produção. De fato, os preços pagos pela utilização dos fatores de produção determinam o custo de produção. Reduções nos preços desses fatores (redução nos encargos sociais, no preço das matérias-primas, nas despesas de capital, avanços tecnológicos,etc.) reduzem os custos, tornando a produção mais lucrativa. O aumento no lucro estimula a empresa a aumentar a produção e a oferta de seu produto no mercado. Da mesma maneira, aumento nos preços dos fatores de produção diminuem os lucros, desestimulando a produção e diminuindo a oferta.

A oferta e o preço dos outros bens: a oferta de um produto poderá ser afetada pela variação nos preços dos bens substitutos ou dos bens complementares na produção. No caso dos bens substitutos na produção, podemos considerar aqueles bens que são produzidos com aproximadamente os mesmos recursos, como por exemplo, o milho e a soja. Se ocorrer um aumento no preço da soja, tornando esta cultura mais lucrativa que a cultura do milho, o agricultor planta milho poderá se interessar na cultura da soja. Se isso ocorrer, teremos aumento na área cultivada de soja e diminuição na área cultivada de milho. Devemos observar que a redução na oferta de milho se dá em função do aumento no preço da soja. Os bens complementares na produção, são aqueles que apresentam alteração na produção em virtude da variação de preço de outro bem. Esse é o caso da carne e do couro. Ex.: um aumento no preço da carne poderá

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provocar um aumento no abate e, como conseqüência, um aumento na oferta de couro. Uma diminuição no preço da carne deverá provocar uma diminuição na oferta de couro.

A oferta e as expectativas: o produtor, na sua decisão de produção atual, também leva em consideração as alterações esperadas de preços. Ex.: Um criador de gado acredita que haverá um aumento no preço da carne no futuro, é provável que retenha o fornecimento atual de gado para o abate, a fim de aproveitar preços mais altos posteriormente. Isso provoca uma diminuição na oferta atual de carne.

A oferta e as condições climáticas: especialmente produtos agrícolas, as condições climáticas exercem grande influência na oferta. Ex.: uma fazenda que produz café poderá sofrer uma grande redução na produção caso ocorra uma geada. Se isso acontecer a oferta por parte desse produtor diminuirá. Coeteris Paribus Como observamos, os elementos determinantes da oferta podem variar simultaneamente, ficando difícil avaliar o efeito que cada um deles, separadamente, exerce sobre a oferta. Para tentar contornar esse problema vamos nos valer da imposição da condição Coeteris Paribus, é uma expressão latina que significa tudo o mais permanecendo constante. Permitimos, por exemplo, que o preço de um produto se modifique, fazendo a suposição de que o preços dos fatores de produção, o preço dos outros bens, as expectativas e as condições climáticas permaneçam inalteradas ( isso não significa que esses fatores não existam, mas tão-somente que o seu valor permanece inalterado durante a análise). Assim, conseguimos identificar somente o efeito das mudanças de preço provocam nas quantidades ofertadas do produto em análise. Dizemos então que a quantidade ofertada depende do seu preço, Coeteris Paribus.

Lei Geral da Oferta

“ A oferta de um produto ou serviço qualquer, em determinado período de tempo, varia na razão direta da variação de preços desse produto ou serviço, a partir de um nível de preços tal que seja suficiente para fazer face ao custo de produção do mesmo até o limite superior do pleno emprego dos fatores de produção, quando se tornará constante, ainda que os preços em referência possam continuar oscilando, mantidas constantes as demais condições”.

Segundo essa lei, quando o P↑ Qo ↑ e quando o P↓ Qo↓.

O EQUILÍBRIO

Juntando os dois lados do mercado, o da oferta e o da demanda, veremos de que maneira o preço e a quantidade de equilíbrio são determinados. A análise está voltada aos mercados do tipo competitivo, que são aqueles que existem muitos compradores e vendedores, de forma que nenhum deles, agindo individualmente, consegue exercer influência significativa sobre os preços e quantidades praticadas no mercado. Existirá equilíbrio estável em um mercado de concorrência perfeita quando o preço corrente de mercado tende a ser mantido, se as condições de oferta e demanda permanecerem inalteradas. Ex. DEMANDA E OFERTA DE TRIGO Preço (em centavos por saca)

Quantidade demandada

(em sacas por

Quantidade ofertada (em

sacas por

Estado do Mercado

Tendência à mudança no

preço

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mês) mês)

90 45 115 Excesso de 70 unidades Diminui

85 65 100 Excesso de 35 unidades Diminui

80 85 85 EQUILÍBRIO Permanece o mesmo

75 105 70 Falta de 35 unidades Aumenta

70 125 55 Falta de 70 unidades Aumenta

• A qualquer preço mais alto que o preço de equilíbrio(0,80), haverá um excesso. Os

vendedores desejarão oferecer mais bens que os compradores desejam comprar. A 0,90 o excesso é de 70 unidades ( 70=115-45). O mercado não está em equilíbrio porque os vendedores que não conseguem vender tudo o que querem vão procurar novos compradores baixando seus preços.

• A qualquer preço mais baixo que o preço de equilíbrio(0,80), haverá uma falta. Os compradores desejarão comprar mais bens que os vendedores desejam vender. A 0,75 há uma falta de 35 unidades ( 35=105-70). O mercado não está em equilíbrio porque os compradores que não conseguem comprar tudo o que querem vão procurar induzir os vendedores a oferecer mais, aceitando comprar por um preço mais alto.

• O preço de equilíbrio de mercado é 0,80. A quantidade demandada é igual a quantidade ofertada (85). OS COMPRADORES ESTÃO DE FATO COMPRANDO O MÁXIMO QUE QUERIAM À AQUELE PREÇO, E OS VENDEDORES ESTÃO VENDENDO O QUANTO QUERIA À AQUELE PREÇO.Ninguém tem incentivo para modificar o preço. Isso reflete a lei do preço único ; em qualquer mercado, todas as unidades tendem a ser trocadas pelo mesmo preço. Os vendedores que tentarem cobrar mais caro perderão negócios. Qualquer comprador que tentar comprar por menos não encontrará vendedores. Portanto, todos compram e vendem ao preço de equilíbrio de mercado. Obs: Pode existir pisos e tetos de preços no mercado Pisos de preços: é uma restrição imposta pelo governo que proíbe o preço de cair abaixo de certo valor. Se o piso de preço está abaixo do preço de equilíbrio de mercado, o piso não tem efeito. Entretanto se o piso de preço está acima do preço de mercado, ele causará excesso (pelo menos alguns vendedores não encontrarão compradores para tudo que desejam vender). Ex: Piso salarial Tetos de preços: é uma restrição imposta pelo governo que proíbe um preço de ultrapassar um certo valor máximo. Se o teto de preço está abaixo do preço de equilíbrio,geram-se faltas de bens. Ex.: Teto salarial de funcionalismo público.

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O BRASIL,SUAS CLASSES SOCIAIS E A IMPLICAÇÃO NA ECONOMIA

Por Ludmar Rodrigues Coelho (01.03.2010)

O Brasil, segundo dados do IBGE, possuía no ano de 2009 uma população de 193.722.793 habitantes, sendo composta por 95,4 milhões de homens e 98,3 milhões de mulheres. Desse total, 86,12% vivem na área urbana e por consequencia são potenciais consumidores de tudo o que é produzido e do que o mercado oferece.

Com a aceleração da economia e a estabilidade econômica, o brasileiro passou a cuidar-se mais fisicamente, a alimentar-se melhor, e com isso a esperança de vida passou de 69,6 anos para 72,8 anos no período de 1998 a 2008. Mesmo com a melhora, a expectativa de vida brasileira ainda é considerada baixa levando-se em conta comparações com nações desenvolvidas, como Japão, Suíça, França e Itália, onde a média supera os 81 anos.

Com o aumento da expectativa de vida, alguma melhora nas condições financeiras e o desenvolvimento da indústria interna, o consumo do brasileiro não pára de crescer. Parte deste consumo vem da chamada classe média, a atual classe C.

Mas porque Classe Média ou C, Rica ou A?

Classes Sociais são as divisões estabelecidas na sociedade, segundo critérios de renda, de acesso aos bens de consumo, moradia, educação e saúde.

Falar-se em Classe Social atualmente, virou rotina. Fala-se em classe na economia, na educação, na cultura. As pesquisas nos classificam em classes. A segmentação em classes sociais usando a classificação econômica das classes A/B, C e D/E é comum no mercado publicitário e entre as empresas.

A divisão das classes sociais visa segmentar o mercado levando em conta o poder aquisitivo de cada grupo. É obtida a partir principalmente da existência de diversos itens de consumo nas residências, além de avaliar o grau de instrução do chefe de família e se há empregado doméstico na residência.

Uma pesquisa efetuada pelo Instituto Análise mostrou que os brasileiros querem o que é bom. A classe C quer o que as classes A e B já têm e as classes D e E querem o que a classe C já possui.

Classe C de consumo é um retrato do Brasil.

Nos últimos cinco anos, com a forte aceleração econômica a partir de 2006, cerca de 20 milhões de brasileiros passaram para a classe C. Eles vieram, em sua grande maioria, das classes D/E.

No mesmo período, segundo dados do IBGE, a classe D/E encolheu de 46% do total da população para 26%. Já a C cresceu de 32% para 49%. A classe A/B manteve-se praticamente estável. Seu tamanho oscilou de 20% para 23% do total da população

A classe C, que foi a mais cortejada pela indústria e pelo comércio nos últimos tempos, encontra-se com sua renda já comprometida com diversas prestações: internet, TV a cabo, empréstimo consignado, eletrodomésticos, carro… Com isso, as classes D e E, que ainda têm pouco acesso ao crediário e a renda menos comprometida passa a ser a “menina dos olhos” dos grandes varejistas. A Classe C passou a ter liberdade de consumir em uma área antes desconhecida. Com a estabilização da economia, a Classe C começa a aventurar-se na aquisição de bens de consumo até há pouco tempo restrito às classes A e B, enquanto as classes mais baixas começam a conhecer aquilo que a classe C já teve acesso. As classes D e E passaram a ser olhadas com mais carinho pelos empresários porque estão saindo do estágio de consumo de subsistência.

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Como vem ocorrendo com a Classe C, as classes D e E cortejadas pelos bancos e pelos empresários começam a ter acesso ao crediário e a contas bancárias, facilitando a obtenção do crédito, e conseqüentemente a aquisição de bens antes restritos a Classe C.

A ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, utiliza a classificação para as classes sociais para a Renda Total Familiar (por mês), considerando uma família de 4 pessoas, em A1 com renda familiar acima de R$ 38.933,88, A2 com renda até R$ 38.933,88, B1 com renda de até R$ 26.254,92, B2 com renda familiar até 13.917,44, C1 com renda familiar até R$ 8.050,68, C2 com renda de até 4.778,12, D renda de até 2.905,04 e a classe E com renda de até 1.939,88.

Somente 1% da população brasileira pertence à classe A1, 4% pertencem à classe A2, temos 24% de brasileiros na classe social B, na Classe C temos 43% dos brasileiros que seria a chamada “classe média”, e por fim temos 25% de pessoas na classe D também conhecida como classe média baixa e uma minoria de 3% que são classificadas como classe E que são as pessoas mais pobres da lista.

Mas segundo dados do IBGE, as Classes Sociais são divididas conforme a renda total familiar, também utilizando como base a renda total familiar de uma família de 4 pessoas, conforme a tabela abaixo:

Classe A: Acima de R$ 15.300,00

Classe B: de R$ 7.650,00 até R$ 15.300,00

Classe C: de R$ 3.060,00 até R$ 7.650,00

Classe D: de R$ 1.020,00 até R$ 3.060,00

Classe E: Até R$ 1.020,00.

O Governo Federal vem fazendo a sua parte na distribuição de renda através das Bolsas Família, Escola, Fome Zero, Gás, dentre outras. É através desta ajuda governamental, que incentiva o estudo e a profissionalização, que a maioria das famílias brasileiras vem conseguindo superar a linha da pobreza, passando a adquirir bens antes praticamente impossíveis.

Agora você poderá saber a qual classe social está inserido e fazer planos para ter um futuro melhor a curto ou longo prazos. Teoria dos Custos Quando falamos com empresários a respeito de gerenciamento de negócios, sabemos que a motivação de suas ações esta centrada na maximização dos lucros. Para maximizar o lucro de uma empresa, devemos procurar maximizar a diferença entre a receita total e os custos totais de produção. Por essa razão, uma das principais preocupações dos homens de negócios diz respeito aos custos de produção: como medir, como controlar e como reduzir tais custos. A proposta deste texto e entender custos de produção: O que os economistas entendem por custos, como eles são medidos e como eles se comportam com as mudanças nos níveis de produção da empresa. CUSTOS EXPLICITOS E CUSTOS IMPLICITOS Os economistas definem o “custo de oportunidade” de um negocio como o resultado da soma dos custos explícitos mais os custos implícitos.

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• Custos explícitos- pagamento de salários, energia elétrica, água, aluguel onde a empresa

esta instalada, pagamentos de juros por empréstimos realizados para adquirir equipamentos, pagamentos pela compra de matérias-primas, etc. Pagamentos como esses fazem parte dos custos de oportunidade da empresa, uma vez que seus proprietários poderiam utilizar tais fundos para pagar outras coisas de valor.

• Custos implícitos – correspondem ao custo de oportunidade pela utilização dos recursos de propriedade da própria empresa. O fato ‘e que, por pertencerem a empresa, nenhum pagamento monetário e feito pela utilização desses recursos. Na verdade, tais custos são estimados a partir do que poderia ser ganho por esses recursos no seu melhor emprego alternativo. Ex.: O proprietário de uma loja de roupas e também dono do imóvel onde ela funciona. Nessas condições, você não pagaria nenhum aluguel pela utilização do imóvel. Isso significa que o custo explicita do aluguem e zero. Se você perguntasse a um contador qual e o custo do aluguel, ele responderia que, de fato, o custo contábil e zero. Mas se você fizer essa mesma pergunta a um economista, a resposta será diferente. Pensando em termos de custo de oportunidade, o economista, diria que ao escolher utilizar o imóvel para sua loja, você sacrificou a oportunidade de ganhar o valor do aluguel, caso resolvesse locar o imóvel para alguém. O valor do aluguel e um custo implícito e faz parte do custo de produção da mesma forma que, se você não fosse o dono do imóvel, tivesse de pagar um aluguem ao proprietário da casa em que funcione seu empreendimento. Continuando o exemplo, suponha que para iniciar o funcionamento da loja, em vez de fazer empréstimo bancário, você tenha optado por usar seu próprio dinheiro para comprar balcões, mesas, computadores, etc. Nesse caso você não tem divida nem juros para pagar. Ainda assim, um economista diria que você tem que considerar um custo: você poderia ter aplicado o dinheiro em uma instituição financeira, ganhando juros sobre o capital aplicado. Esse rendimento que poderia ter sido ganho, também e um custo implícito do seu negocio, uma vez que você sacrificou esse ganho para poder levar adiante seu empreendimento. Para os economistas, o custo de oportunidade do dinheiro que você coloca no seu negocio e a renda que poderia ter sido ganha caso aplicasse o dinheiro. Finalmente, suponha que você mesmo queira dirigir a sua loja. Ainda assim você não estaria livre do custo da contratação de um gerente. Na realidade, ainda estaria arcando com um custo de oportunidade. Você poderia, por exemplo, estar ganhando um salário trabalhando na próxima melhor alternativa- por exemplo, como gerente em outra loja em vez de utilizar seu tempo em seu próprio negocia. Esse salário que você poderia estar ganhando e um custo implícito do seu negocio, fazendo parte, portanto, do custo de oportunidade.

LUCRO ECONOMICO E LUCRO CONTABIL A definição de lucro contábil e dada por: LUCRO CONTABIL = RECEITA TOTAL – CUSTOS EXPLICITOS TOTAIS Os economistas levam em consideração no calculo dos custos de uma empresa, não somente os custos explícitos, mas também os custos implícitos em que a firma incorre. Por essa razão utilizam o conceito de lucro econômico em vez de lucro contábil. O lucro econômico e definido como sendo a receita total menos a soma dos custos explícitos com os custos implícitos: LUCRO ECONOMICO = RECEITA TOTAL – CUSTO DE OPORTUNIDADE TOTAL

OU

LUCRO ECONOMICO = RECEITA TOTAL – (Custos Explicitos + Custos Implicitos)

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O exemplo abaixo nos permite verificar a diferença entre lucro econômico e lucro contábil. De acordo com informações obtidas junto a contabilidade, a loja obteve no primeiro ano de funcionamento uma receita total de R$. 900.000,00. Os custos explícitos totalizaram R$. 830.000,00. Nessas condições, a empresa teve um lucro contábil de R$. 70.000,00. Mas será que esse empreendimento e lucrativo? Para os economistas falta ainda considerar no calculo de custo da empresa os custos implícitos. Entretanto, por serem difíceis de estimar e por serem bastante subjetivos, tais custos normalmente são desprezados no calculo de custos das empresas, levando muitas vezes, a conclusões enganosas sobre a lucratividade de um negocio.

ITEM LUCRO CONTABIL LUCRO ECONOMICO Receita Total 900.000 900.000 Menos Custos Explicitos Matérias- primas 250.000 250.000 Salários 500.000 500.000 Eletricidade 20.000 20.000 Propaganda 40.000 40.000 Juros Pagos 10.000 10.000 Outros Pagamentos 10.000 10.000 Menos Custo Implicitos Salário 0 70.000 Aluguel 0 30.000 Juros 0 20.000 70.000 - 50.000 Todos estes custos, os juros, o aluguel e o salário que você poderia estar ganhando são custos implícitos que não são apontados pela contabilidade. Eles fazem parte do custo de oportunidade de sua empresa, porque são sacrifícios que você faz para operar seu próprio negocio.No exemplo acima temos um prejuízo econômico de R$.50.000,00. Isso significa que a empresa não esta conseguindo cobrir os custos de oportunidade de utilização dos recursos na loja de roupas.Concluimos, portanto, que os recursos da empresa poderiam ter um retorno mais alto se usados em outras alternativas. O lucro econômico e geralmente mais baixo que o lucro contábil, porque o lucro econômico resulta como dissemos anteriormente , da diferença entre a receita total e os custos de oportunidades total (explícitos e implícitos). Logo e possivel que a empresa possua lucro contábil positivo e lucro econômico zero ou prejuízo. Em economia quando a empresa realiza lucro econômico zero, ela esta tendo um lucro normal. LUCRO NORMAL e a quantia mínima de lucro necessária para manter os recursos empregados e a empresa funcionando. O lucro econômico igual a zero – por pior que possa parecer- significa que o negocio gerou receita suficiente para cobrir os custos de oportunidades totais, isto e, os custos explícitos e implícitos.

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Preferência do consumidor: bens complementares e substitutos

"Racionamento de energia elétrica diminui o consumo de sabonete e aumenta o de sabão em barra"

A Gazeta Mercantil de 10 de setembro publicou pesquisa da Unilever, pela qual foi constatado que os chuveiros elétricos ligados por menos tempo nos últimos meses provocaram diminuição no consumo de sabonetes e que a menor utilização da máquina de lavar resultou em aumento do uso do sabão em pedra.

A teoria microeconômica, ao estudar a procura dos diversos produtos, classifica os bens em complementares, substitutos e independentes. A teoria diz que caso a procura de um bem A aumente e, em conseqüência, a procura de outro bem B também aumente, os bens A e B podem ser considerados complementares. Se a procura de um bem A aumenta e, em conseqüência, a procura de outro bem B diminui, os bens A e B podem ser considerados substitutos. E serão independentes se a procura de um não influenciar na procura do outro.

Normalmente a procura de um bem é influenciada pelo seu próprio preço, pelos preços dos demais bens, pela renda, pelas preferências e por expectativas. No caso, o racionamento de energia elétrica pode ser enquadrado como uma variação nas preferências ("ceteris paribus", isto é, permanecendo constantes os demais fatores), ou seja, o consumidor está "preferindo" utilizar menos o chuveiro elétrico, pelo temor de não ultrapassar o limite de consumo determinado pelas companhias de eletricidade.

Diminuindo a preferência pelo chuveiro, diminuiu a procura por sabonete. Pode-se dizer que um aumento na utilização futura do chuveiro, quando o racionamento terminar (será que vai terminar?), deverá ser acompanhado por um aumento do consumo de sabonetes. Essa relação direta entre os dois produtos caracteriza o fato de serem complementares no consumo.

Enquanto isso, a diminuição na utilização da máquina de lavar está sendo acompanhada pelo menor uso de sabão em pó e detergentes próprios para máquina, o que resulta em maior consumo de sabão em pedra. Talvez no próximo ano, com a retomada da utilização da máquina de lavar, aumente o consumo de detergentes e de sabão em pó, que são usados na máquina, e diminua o consumo de sabão em pedra. Essa relação inversa entre as procuras de sabão em pó e de sabão em pedra caracteriza o fato de serem substitutos no consumo.

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Valor Agregado Rolf Eugênio Fischer

No cotidiano usa-se indiscriminadamente os termos preço, valor e custo, como se os significados fossem os mesmos. Quanto custa este carro? Qual é o preço deste terreno? Quanto vale esta casa? Na área gerencial observa-se esta mesma confusão. Pode-se conceituar que o valor é o quanto o consumidor está disposto a pagar para adquirir um bem ou serviço. Portanto quem estabelece o valor é o mercado. Já o preço é estabelecido através de planilhas de custo mais o lucro e é de competência do fabricante ou do prestador de serviços. O preço está na etiqueta, o valor não. Um produto passa a ter valor na medida em que ele transpassa as fronteiras do sistema no qual ele foi concebido, ingressando no mercado. O valor do produto, portanto depende estritamente do ponto de vista do consumidor, e não do fabricante. Quando o fabricante oferece um produto que seja adequado à classe ou faixa de consumo a qual ele é dirigido, apresentando um conjunto de características que o torne suficientemente atraente, a ponto de haver pessoas dispostas a dar algo para obtê-lo, dizemos que este produto tem valor agregado. Não é necessário dizer que qualquer concepção que não vá ao encontro da necessidade do consumidor, implica na não incorporação de valor, refletindo no seu insucesso mercadológico. Atender à expectativa e satisfação do consumidor, o tempo todo,representa um dos alicerces da administração pela Qualidade Total, tornando o empresário competitivo. Agregar valor não é uma tarefa simples. Requer um planejamento da qualidade, iniciando-se na identificação das necessidades do consumidor pretendido. Este planejamento é a pedra fundamental do edifício da Qualidade, pois qualquer esforço da organização que não vá ao encontro da necessidade do consumidor, por mais eficiente que seja (feito segundo um padrão definido), compromete a eficácia organizacional (resultado favorável) comprometendo portanto a sua perenidade. Os dados computados e analisados nesta primeira fase são a base para o desenvolvimento do projeto do produto que posteriormente é transformado em protótipo. Uma vez aprovado, passa-se à materialização do produto na linha de produção seguindo todos os demais elos do processo até chegar ao consumidor de ponta. Finaliza-se o ciclo com a avaliação do produto junto ao consumidor. Por estar a sociedade consumidora em constante e acelerada mutação, é indispensável o reinício do ciclo, ou seja, pesquisa, reprojeto, reajuste no processo, reavaliação e assim por diante, de forma contínua, agregando a cada novo ciclo, mais valor ao produto ou serviço.

Resumo:

Custo : é o que foi gasto com meios de produção (terra,capital,trabalho,tecnologia e capacidade empresarial) para produzir o produto.

Preço : é o custo mais o lucro do empresário

Valor agregado: é quanto o consumidor está disposto a pagar para obter aquele produto( ele está adquirindo o sentimento, o status que aquela marca de produto representa)

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• Classificação dos Mercados Até agora, estivemos estudando o mercado considerando a demanda de um consumidor individual e a oferta de um empresário individual, com relação a um determinado bem. Entretanto, o mercado de um bem é constituído pela oferta de todos os produtores desse bem e de todos os consumidores que estão dispostos a comprá-lo. Assim, é o equilíbrio entre a oferta dos empresários e a demanda dos consumidores que estabelece o preço de equilíbrio, ou o preço de mercado, que é a mesma coisa.. Nesse sentido, do ponto de vista do empresário, é importante saber quais são as características do mercado para o seu produto, para que a empresa possa tomar as medidas adequadas ao seu bom desempenho.

Para que tenhamos um bom conhecimento dos mercados, eles são classificados de acordo com dois critérios. O primeiro diz respeito à importância da empresa no mercado em que opera e o segundo refere-se ao fato de que os produtos vendidos no mercado serem homogêneos ou não. Com base nestes critérios, os mercados são classificados em seis tipos:

• Concorrência pura ou perfeita;

• Monopólio puro;

• Oligopólio;

• Concorrência Monopolística

• Monopsônio

• Oligopsônio

Concorrência pura ou perfeita: é o tipo de mercado que exige um número grande de empresas vendendo o mesmo produto. Esse produto é idêntico em todas as empresas, tornando impossível a determinação de origem pelos consumidores. Quanto aos critérios adotados para a classificação dos mercados, na concorrência pura, cada empresa, tomada individualmente, não é importante em seu mercado, pois ela contribui tão pouco para a oferta total que a sua saída do mercado não é notada pelas demais empresas ou pelos consumidores. O produto oferecido nesse mercado é homogêneo, já que o bem produzido por uma empresa é exatamente igual ao bem produzido por outra. Quando estão comprando esse produto, os consumidores não são capazes de determinar em que empresa ele foi produzido, mas também isso não é importante para eles. A concorrência pura é um conceito de mercado que, apesar de largamente empregado na Teoria Econômica, não é encontrado facilmente no mundo real. O exemplo que mais se aproxima desse tipo de mercado é o dos produtos agrícolas. A laranja, por exemplo, é um produto homogêneo, pois quando um consumidor está comprando na feira, não sabe dizer de que fazenda foi produzida e nem se importa com tal fato. Além disso, há um número grande de fazendas que produzem laranjas e nenhuma delas é importante o bastante dentro do mercado para alterar o preço vigente com a interrupção de sua produção.

Monopólio puro: é um tipo extremo de mercado, em que apenas uma empresa vende um produto para o qual não existem bons substitutos. A importância dessa empresa no mercado é absoluta, pois com o encerramento de suas atividades o mercado deixaria de existir, pelo fato de o bem fabricado por ela não mais ser ofertado. O produto ofertado nesse mercado é diferenciado, não homogêneo, não havendo possibilidade de ser substituído por outros satisfatoriamente. O monopólio puro também é uma situação de mercado dificilmente encontrada no mundo real. Na iniciativa privada, esse tipo de mercado não é encontrado pelo fato de ser impossível para qualquer empresa que esteja operando nesse regime impedir a entrada de outra empresa no mercado ofertando um produto similar ao seu. Os únicos casos de monopólios puros são encontrados no setor público, como abastecimento de água de uma cidade, que está a cargo do governo estadual ou de uma prefeitura (ainda). Nesse caso, temos realmente um monopólio puro, pois a companhia que oferta a água é a única naquele mercado, ou seja, na cidade, e a água não tem nenhum substituto próximo satisfatório.

Oligopólio: é um regime de mercado intermediário entre a concorrência pura e o monopólio puro. No oligopólio, temos um número de produtores pequeno o suficiente para que cada empresa seja importante, de modo que as ações de uma afetam as demais e os preços por elas produzidos. Além disso esses bens, apesar

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de perfeitamente substituíveis entre si, são diferenciados, permitindo que o consumidor saiba exatamente qual empresa produziu determinado produto. Esse regime de mercado seja o mais encontrado na vida real. Os exemplos que podem ser citados são vários, indo desde os bens de consumo duráveis, como os eletrodomésticos em geral, automóveis, até bens de consumo não-duráveis, com sabão em pó , pasta de dente e cereais matinais. O que caracteriza, à primeira vista, um caso de oligopólio é a marca do produto . De fato, as geladeiras, por exemplo, são conhecidas pelo consumidor através de suas marcas, que identificam sua origem e a empresa que as produziu. E embora todas as geladeiras prestem o mesmo tipo de serviço e satisfaçam às mesmas necessidades, cada consumidor individualmente prefere esta ou aquela marca. O mesmo acontece com o sabão em pó e os automóveis.

Cartel: São oligopólios com acordos explícitos e às vezes até formal de centralizar preços e produção . Vão agir como monopólios , com o mesmo preço e produção. Ex.: A OPEP(Organização dos Países Exportadores de Petróleo) é naturalmente, o exemplo mais famoso de cartel.

-----A OPEP é formada por 11 países: Arábia Saudita, Irã, Iraque, Venezuela, Indonésia, Qatar, KUWAIT, Líbia, Argélia, Nigéria e Emirados Árabes Unidos, a OPEP controla cerca de 40% das reservas petrolífera do mundo. Brasil, Rússia e México são considerados importantes produtores de petróleo não ligados à OPEP.

Concorrência monopolística: é uma situação de mercado em que há um número suficientemente grande de produtores, de modo que cada produtor individualmente não é importante. Todos eles produzem o mesmo produto, mas na mente dos consumidores cada um deles é diferente dos demais, de acordo com a empresa que o produz. Neste caso temos um elemento da concorrência perfeita, que é o razoável número de empresas produzindo o mesmo bem, de modo que a saída de uma empresa do mercado não tem efeito sobre as demais. Temos também, uma característica do oligopólio, que é o fato de cada produto ser diferente dos demais – pelo menos na mente do consumidor -, apesar de altamente substituíveis entre si. Como exemplos de concorrências monopolística, temos as fábricas de roupas da moda, os produtos têxteis e a prestação de serviços em grandes cidades. De fato, um vestido que segue as tendências da moda é produzido por determinada fábrica. O mesmo ocorre com os serviços nas grandes cidades, como o de encanador, por exemplo. Ele pode ser realizado por um grande número de encanadores, mas uma pessoa com uma pia entupida chamará um profissional que seja de sua confiança.

Monopsônio: estrutura de mercado caracterizda pela existência de muitos vendedores e um único comprador que domina o mercado. É uma situação que pode prevalecer especialmente no mercado de trabalho. Ex.: Uma empresa que insta-se em uma cidade do interior e, por ser a única, torna-se demandante exclusiva de mão de obra local. Portanto, ou os trabalhadores empregam-se na empresa, ou precisam trabalhar em outra cidade.

Oligopsônio: estrutura de mercado caracterizada pela existência de poucos compradores,que dominam o mercado , para muitos vendedores. Ex.: Setor automobilístico comprando das inúmeras empresas de autopeças.

RESUMO:

Concorrência perfeita: é um mercado que existe um grande número de empresas oferecendo um mesmo produto, que é igual aos olhos dos consumidores.

Monopólio puro: é um mercado em que existe apenas uma empresa oferecendo um bem, para o qual não existem substitutos satisfatórios.

Oligopólio: é um mercado em que existe um número de empresas pequeno o suficiente para que as ações de uma afetem outras. Produzem bens diferenciados, mas substituíveis entre si.

Concorrência monopolística : é um mercado em que há um número razoável de empresas produzindo um mesmo bem, que aos olhos do consumidor são diferenciados. A concorrência monopolística é como a concorrência perfeita, exceto que existe diferenciação de produtos.

Monopsônio: estrutura de mercado caracterizda pela existência de muitos vendedores e um único comprador.

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Oligopsônio: estrutura de mercado caracterizada pela existência de poucos compradores,que dominam o mercado , para muitos vendedores

- A propaganda e os Tipos de Mercado A propaganda é um recurso utilizado pelas empresas para divulgar seus produtos e realçar suas qualidades junto aos consumidores, visando, com isso, diferencia-lo dos produtos das outras empresas.O objetivo da propaganda , em última análise, é aumentar as vendas da empresa, fazendo com que os consumidores passem a comprar o produto anunciado, em detrimento dos outros.Entretanto, como veremos a seguir, nem todas as empresas podem fazer uma propaganda eficaz de seus produtos, pois o bom resultado da propaganda de um produto depende do tipo de mercado em que a empresa opera. Nesse caso, é importante observar que o conceito de mercado, para o empresário, é um pouco diferente do conceito dado pela teoria econômica. Para o empresário, o mercado para seu produto é o número de consumidores que potencialmente pode compra-lo. Assim para uma fábrica de automóveis de passeio, por exemplo, o mercado é formado pelo número de pessoas que reúnem condições para adquirir um carro. Pelo fato de ser um bem durável de preço elevado, essas condições se resumem, basicamente, a nível elevado de renda.

Entretanto, não é apenas o nível de renda que determina o mercado para um produto. Consideremos, como exemplo, uma fábrica de fraldas descartáveis, que tem seu mercado formado pelos bebês. Um casal sem filhos ou com filhos adolescentes, por maior que seja a sua renda, não vai comprar nenhuma fralda descartável, porque o consumidor potencial, o bebê, não está presente nessa família.

Tendo em vista este conceito, a propaganda pode atuar sobre as vendas de um produto de duas formas, que dependerão do tipo de mercado em que a empresa atua. A primeira maneira é atrair os consumidores dos produtos concorrentes. Fica claro, aqui, que o mercado é formado por diversas empresas que produzem produtos altamente substituíveis entre si e diferenciados, pelo menos na mente dos consumidores. Naturalmente, estamos falando de dois regimes de mercado: o oligopólio e a concorrência monopolística.

A vida real nos fornece vários exemplos de propaganda existente nesses tipos de mercado. Entretanto, ela é mais intensa no oligopólio, pela simples razão de as atitudes de uma empresa, nesse mercado, terem efeito sobre as demais, na medida em que uma pode atrair consumidores da outra. Por outro lado, a empresas afetada revidam com campanhas publicitárias para seus produtos, estabelecendo-se uma verdadeira guerra publicitária nesse tipo de mercado. Um bom exemplo é a indústria automobilística, em que cada fábrica desenvolve grande propaganda de seu produto, a fim de não perder sua participação no mercado para os concorrentes.

A segunda maneira de a propaganda influir nas vendas é aumentar o mercado, atraindo novos consumidores para o produto. Essa forma de atuação é freqüentemente usada nos mercados monopolistas,em que a ausência de concorrentes deixa como única opção para o aumento das vendas o alargamento do mercado, a atração de novos consumidores. Apesar da maioria dos monopólios pertencer ao setor público, é comum assistirmos a campanhas do governo promovendo seus produtos e serviços, como o caso das empresas de água e saneamento e de extração de petróleo. Convém observar que, no caso dos mercados oligopolizados ou de concorrências monopolísticas, a propaganda também pode atuar de forma a aumentar o mercado, atraindo novos consumidores e não apenas ‘ roubando ‘ consumidores dos concorrentes.

Como foi observado anteriormente, a propaganda só surte efeito quando os produtos oferecidos são diferenciados, pelo menos aos olhos dos consumidores. Isto não ocorre nos mercados de concorrência pura, em que o comprador não consegue distinguir a origem do bem que está adquirindo, nem se preocupa com isto. Por essa razão, a propaganda é ineficaz nesse tipo de mercado. Citando o caso do mercado de produtos agrícolas, não vemos nenhuma propaganda enaltecendo as qualidades de um tipo de banana produzida na fazenda tal.

Resumo: Propaganda: é um recurso utilizado pelas empresas para promover seu produto junto aos consumidores, visando o aumento de suas vendas.

Eficácia da propaganda: a propaganda só é eficiente quando o produto promovido é diferenciado, pelos menos aos olhos do consumidor. Ex.: cerveja

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TEORIA MACROECONÔMICA A Macroeconomia trata do comportamento da Economia como um todo - de períodos de prosperidade e de recessão. Trata das flutuações do produto agregado, das taxas de variações de preços e dos níveis de emprego. Em macroeconomia negligenciamos os pormenores do comportamento de unidades econômicas individuais e e tratamos do desempenho geral. O objetivo da atividade econômica é proporcionar um volume de bens e serviços finais para atender às necessidades e aspirações da população. Em princípio, como o binômio necessidades-aspirações é definido como ilimitável, quanto maiores os níveis da produção corrente e maiores as taxas de crescimento, maior poderá ser a satisfação social derivada do desempenho da economia como um todo. A macroeconomia tem como primeiro objetivos a geração de um produto agregado tão próximo quanto seja possível da plena capacidade da economia. Buscando taxas de crescimento do produto ao longo do tempo sejam as mais altas possíveis, com o objetivo de atender às aspirações crescentes da população e estender os benefícios da prosperidade econômica a todas as camadas sociais. O segundo objetivo macroeconômico é trazer para os mais baixos níveis possíveis as taxas de desemprego do fator trabalho. O terceiro objetivo é manter os preços estáveis e, ainda, o equilíbrio entre os níveis relativos de preços dos diferentes bens e serviços produzidos. A estabilidade se estabelece, quando, em mercados livres, os índices de variações de preços ficam próximos de zero. O quarto objetivo é o equilíbrio das transações externas. A diferença entre exportações e importações de mercadorias e serviços, usualmente denominada exportações líquidas. E os principais instrumentos que a Macroeconomia utiliza-se para alcançar seus objetivos são: Política Fiscal: é a manipulação dos tributos e dos gastos do governo para regular atividade econômica. Ela é usada para neutralizar as tendências à depressão e à inflação.

a) Política Fiscal Expansiva: é usada quando há uma insuficiência de demanda agregada em relação à produção de pleno-emprego. Isto acarretaria o chamado “hiato inflacionário”, onde estoques excessivos se formariam, levando empresas a reduzir a produção e seus quadros de funcionários, aumentando o desemprego. A medida nesse caso seriam:

• aumento dos gastos públicos; • diminuição da carga tributária, estimulando despesas de consumo e investimentos; • estímulos às exportações, elevando a demanda externa dos produtos; • tarifas e barreiras às importações, beneficiando a produção nacional.

b) Política Fiscal Restritiva: é usada quando a demanda agregada supera a capacidade produtiva da economia, no chamado “hiato inflacionário”, onde os estoques desaparecem e os preços sobem. As medidas seriam:

• Diminuição dos gastos públicos; • Elevação da carga tributária sobre os bens de consumo, desencorajando esses

gastos; • Elevação das importações, por meio da redução de tarifas e barreiras.

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Política monetária : A Política Monetária representa a atuação das autoridades monetárias, por meio de instrumentos de efeito direto ou induzido, com o propósito de se controlar a liquidez global do Sistema Econômico, também utilizada como instrumentos de combate a inflação:

a) Política Monetária Restritiva: engloba um conjunto de medidas que tendem a reduzir o crescimento da quantidade de moeda , e a encarecer os empréstimos. Instrumentos:

• Recolhimento compulsório : Consiste na custódia, pelo Banco Central, de parcelas dos depósitos recebidos do público pelos bancos comerciais. Esse instrumento é ativo, pois atua diretamente sobre o nível de reservas bancárias, reduzindo o efeito multiplicador e, conseqüentemente, a liquidez da economia.

• Assistência Financeira de Liquidez: o Banco Central empresta dinheiro aos bancos comerciais, sob determinado prazo de pagamento. Quando esse prazo é reduzido e a taxa de juros do empréstimo é aumentada, a taxa de juros da própria economia aumenta, causando uma diminuição na liquidez.

• Venda de Títulos Públicos: quando o Banco Central vende títulos ele retira moeda da Economia, que é trocada pelos títulos. Desta forma há uma contração dos meios de pagamentos e da liquidez da economia.

b) Política Monetária Expansiva: é formada por medidas que tendem a acelerar a quantidade

de moeda e a baratear os empréstimos ( baixar as taxas de juros). Incidirá positivamente sobre a demanda agregada. Instrumentos:

• Diminuição do recolhimento compulsório: o Banco Central diminui os valores

que toma em custódia dos bancos comerciais, possibilitando um aumento do efeito multiplicador, e da liquidez da economia como um todo.

• Assistência Financeira de Liquidez: O Banco Central, ao emprestar dinheiro aos Bancos Comerciais, aumenta o prazo de pagamento e diminui as taxas de juros. Essas medidas ajudam a diminuir a taxa de juros da economia, e a aumentar a liquidez.

• Compra de títulos públicos: quando o Banco Central compra títulos públicos há uma expansão dos meios de pagamento, que é a moeda dada em troca dos títulos. Com isso ,ocorre uma redução da taxa de juros e um aumento de liquidez.

Política Cambial : Intervenções no mercado cambial , política de comércio : tarifas e proteções não tarifárias; Tratamento dado aos capitais externos de risco: condições de ingresso e remessas de lucros. Políticas de rendas: Controle direto sobre preços; Controles legais sobre salários

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Noções de Contabilidade Social ou Nacional Com a grande crise econômica de 1929, que consistiu na redução das atividades econômicas, e ocasionou entre outros problemas, o desemprego. Tivemos também, as duas grandes guerras mundiais, que envolveram diversos países e tiveram grande repercussão na economia. A partir dessa época , os economistas sentiram a necessidade de criar meios que lhes permitissem medir e avaliar as atividades econômicas desenvolvidas pela sociedade. Surgiu então, a Contabilidade Social ou Nacional , que nos dá em termos quantitativos, o desempenho global da economia num determinado período de tempo. Atualmente esse período é de um ano e corresponde ao ano civil, que vai de janeiro a dezembro. Os principais Agregados Macroeconômicos A Contabilidade Nacional mede a atividade econômica a partir de sua expressão mais genérica - o produto da economia- para em seguida, e a partir dele, introduzir novos conceitos. Esses conceitos são chamados de agregados, e recebem essa denominação pelo fato de não serem simplesmente uma soma de parcelas que se expressam da mesma forma e na mesma unidade de medida, mas sim uma soma de coisas diferentes (bens e serviços) cujo volume físico, é expresso nas mais diferentes unidades de medida. No entanto eles podem ser adicionados, quando são traduzidos numa unidade comum de medida, ou seja, a MOEDA. PIB- Produto Interno Bruto É a soma dos valores monetários dos bens e serviços finais, produzidos no país. São

coletadas informações dos setores de agropecuária (agricultura, extrativa vegetal e pecuária),

indústria ( extrativa mineral, indústria de transformação, construção civil e serviços industriais de

utilidade pública) e serviços (comércio, transporte, comunicação, serviços de administração pública

e outros). A agropecuária representa cerva de 7,8 do PIB, a indústria 33,8% e os serviços 58,3%.

Produto interno bruto (PIB): variação real anual Periodicidade: Anual Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Sistema de Contas Nacionais Referência 2000 (IBGE/SCN 2000 Anual) Unidade: (% a.a.) Comentário: Fontes: Para 2008: resultados preliminares estimados a partir das Contas Nacionais Trimestrais Referência 2000. Para 1992-1995, Sistema de Contas Nacionais Trimestrais Referência 2000 (dados oriundos do Sidra/IBGE). Para 1948-1991, Sistema de Contas Nacionais Consolidadas. Para 1921-1947, Haddad, Claudio Luiz da Silva. Crescimento do Produto Real no Brasil, 1900-1947. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1978 apud Abreu, Marcelo de Paiva (Org.). A ordem do progresso: cem anos de política econômica republicana. Rio de Janeiro: Campus, 1992. Para 1901-1920, elaborado a partir da série de produto total reformulado disponível em: Haddad, Claudio Luiz da Silva. Crescimento Econômico do Brasil, 1900-1976. In: Neuhaus, Paulo (Coord.). Economia Brasileira: Uma Visão Histórica. Rio de Janeiro: Campus, 1980. Para definição da variável: Contas Nacionais - Conceitos. Atualizado em: 10 de março de 2009

Período PIB - var. real anual

1955 8,80

1956 2,90

1957 7,70

1958 10,80

Page 48: Cronograma e Material

48

1959 9,80

1960 9,40

1961 8,60

1962 6,60

1963 0,60

1964 3,40

1965 2,40

1966 6,70

1967 4,20

1968 9,80

1969 9,50

1970 10,40

1971 11,34

1972 11,94

1973 13,97

1974 8,15

1975 5,17

1976 10,26

1977 4,93

1978 4,97

1979 6,76

1980 9,20

1981 -4,25

1982 0,83

1983 -2,93

1984 5,40

1985 7,85

1986 7,49

Page 49: Cronograma e Material

49

1987 3,53

1988 -0,06

1989 3,16

1990 -4,35

1991 1,03

1992 -0,47

1993 4,67

1994 5,33

1995 4,42

1996 2,15

1997 3,38

1998 0,04

1999 0,25

2000 4,31

2001 1,31

2002 2,66

2003 1,15

2004 5,71

2005 3,16

2006 3,96

2007 6,09

2008 5,14

PRODUTO INTERNO BRUTO - PIB menos Rendas líquidas enviadas para o exterior é igual a PRODUTO NACIONAL BRUTO - PNB menos Depreciação do capital fixo é igual a PRODUTO NACIONAL LÍQUIDO - PNL

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menos Tributos Indiretos mais Subsídios é igual a RENDA NACIONAL- RN menos Tributos diretos mais Transferências é igual a RENDA PESSOAL DISPONÍVEL -RPD Rendas líquidas enviadas ao exterior (Renda enviada - Renda recebida) Quando uma grande empresa abre uma filial em outro país, ela está deslocando parte de seu capital para esse país, pois estará adquirindo instalações, equipamentos, etc. No entanto, a renda gerada por este investimento em outro país acaba retornando, pelo menos em parte ao país de origem, onde estão os proprietários do capital da produção. Depreciação Durante o processo produtivo, as máquinas, equipamentos e instalações vão se desgastando, se depreciando, e precisam ser reparados ou substituídos com certa regularidade, para não diminuir a capacidade produtiva de um sistema econômico. A parcela do produto que se destina à reposição ou reparos de equipamentos chama-se depreciação. Tributos Indiretos Alguns impostos, apesar de incidirem sobre a produção, são pagos pelos consumidores, pois são adicionados ao preço final do produto pelos fabricantes. Esse tipo de imposto, que é transferido do produtor para o consumidor, denomina-se imposto indireto (IPI- federal, ICMS - estadual, ISS - municipal). Subsídios Por outro lado o setor público muitas vezes tem interesse em que determinados produtos tenham um preço mais baixo para o consumidor final e concede às empresas que os produzem os chamados subsídios que são estímulos que visam diminuir o custo de produção de um bem ou de um serviço . Tributos diretos Incidem diretamente sobre a renda das famílias e das empresas - Imposto de Renda - Transferências A maior parte das transferências é representada pelos benefícios pagos pelo sistema de previdência social, sob a forma de aposentadorias, pensões, auxílios para educação, transporte, alimentação, nascimento e funeral. Os gastos com auxílios a populações flageladas e ajuda a instituições não governamentais sem fins lucrativos.

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TEXTO

TEMA: ORÇAMENTO FAMILIAR

01. Como é definida a renda do país ? O produto interno bruto é tudo que se produz no país. O resultado dessa produção é traduzido em valores monetários (dinheiro). Esse dinheiro é distribuído entre as pessoas. O detentor do capital recebe juros; o detentor das propriedades recebe aluguéis; o detentor da tecnologia recebe royalties; o detentor da capacidade empresarial recebe lucros e o detentor do trabalho recebe salários.

02. Como essa renda é distribuída entre as pessoas? Veja que, se o bolo é um só, se alguém fica com mais, outros ficam com menos. O assalariado, que é a maioria, fica com a menor parte do bolo. Portanto, é o elo mais fraco dessa corrente. No Brasil, pela forte concentração de renda, os 10% mais ricos ficam com cerca de 90% da renda nacional.

03. De quanto estamos falando? O PIB brasileiro é estimado em R$ 1 trilhão. 04. Como é definido o salário? Temos uma legislação que define o salário mínimo, e os acordos coletivos definem os pisos das categorias. Também nos acordos coletivos são definidas as formas de reajustes, benefícios, etc.

Mas como aumentar o salário ?

Capacitação, promoção dentro da empresa, política da empresa, versatilidade, responsabilidade do cargo, enfim, o seu desempenho e a política salarial da empresa permitirão crescimento interno e natural melhoria na remuneração.

06. Como é gasto o salário ? As pessoas têm necessidades ilimitadas e os produtos (também a renda) são escassos. É preciso escolher em que gastar. Primeiramente, atendem-se as necessidades fisiológicas (comer, vestir, dormir, etc.). Depois, tendo renda, busca-se segurança, viver em um grupo social, investir em auto-estima, entre outros. Veja que será sempre uma decisão importante: escolher entre as várias alternativas de produtos e serviços disponíveis. Aumentando a renda, ultrapassa-se a linha da sobrevivência, começa a ser necessário muito controle. 07. Quais são os itens que "consomem" os salários ? A inflação, mesmo sob controle, retira boa parte do poder aquisitivo do salário. Os encargos sociais (previdência), o imposto de renda na fonte, a falta de emprego (recessão) são algumas das causas da redução do salário. Devemos lembrar ainda que os impostos embutidos no consumo (ICMS, IPI, PIS/COFINS, etc.) acabam onerando o preço dos produtos, fazendo com que paguemos um preço muito caro nos mesmos.

08. O que mais "consome" o salário ? Pagamos muitos impostos e não temos a contraprestação em termos de serviços por parte do Estado. Somos obrigados a contratar particularmente: planos de saúde, escola particular, previdência privada. Também devemos considerar o alto custo dos remédios, moradia, etc.

09. O que leva as pessoas a exagerar nos gastos ? A mídia promove muito os produtos e as pessoas se deixam levar (agregam tecnologia, tipo celular, TV a cabo e gastamos mais). Também o "status" é perigoso (é comum querermos imitar os outros). Muitos consomem por fuga (problemas psicológicos), outros por compensação. Outros ainda querem oferecer aos filhos tudo que não tiveram na infância. Nesses casos, sem disciplina, não há renda que suporte.

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10. Quando o gasto é exagerado, o que as pessoas normalmente fazem? Começam a se endividar. Estouram o limite do cheque especial e do cartão de crédito, por exemplo. Os juros estão muito salgados. Variam entre 8% e 12%. Não há renda que agüente, afinal os salários não estão tendo reajuste.

11. E os crediários e cheques pré-datados? Essas são outras armadilhas. As pessoas normalmente olham somente o valor da prestação, se esquecendo dos juros ali colocados. Chegam a pagar de 1,5 a 2 vezes o valor do bem. Também a facilidade de pagar com cheque pré-datado acaba levando o consumidor ao descontrole. Sem disciplina, o endividamento é irreversível. 12. Quando a pessoa perdeu o controle e está gastando mais que recebe de renda, o que fazer? Precisa ver se há como aumentar a renda. Cursos de aperfeiçoamento, de idiomas, entre outros. Também, tendo condições, pode ter outra jornada de trabalho. 13. E do lado das despesas ? Planejar e controlar. Essas são as palavras chaves. Monte um fluxo de caixa. Coloque em uma coluna as receitas (renda) e na outra as despesas. Faça um pequeno plano de contas (aluguel, empregada doméstica, combustível, TV a Cabo, mensalidade escolar, IPVA, IPTU, energia, água, etc.). Estabeleça metas de redução. Veja o peso de cada uma das despesas e ataque as mais significativas. 14. O que mais posso fazer ? Elimine o supérfluo, corte o status, devolva o cartão de crédito (ou só use o tempo sem financiamento). Evite cheque pré-datado e crediário (guarde dinheiro e compre à vista) 15. E a família ? Abra o jogo com todos. Democratize o orçamento familiar. Crie cumplicidade com a esposa/marido e filhos. A tendência é que todos ajudem a economizar e se isso acontecer rapidamente, os problemas financeiros serão resolvidos. 16. O que faço com o cheque especial? Transforme em crédito ao consumidor. Parcele em 12 ou 18 vezes o limite e você pagará por mês menos do que paga de juros. Depois desse período, estará livre da dívida. Se não tiver recursos, contrate um bom advogado e tente uma renegociação. 17. Devo vender algum bem ? Se for necessário, sim. É melhor eliminar a dívida que cresce com juros de 10% ao mês do que ficar com bens que não se valorizam. Depois você os compra novamente. 18. Qual a dica final ? Planeje seus gastos. Aperfeiçoe-se para aumentar a renda. Se tem dívida, renegocie dentro de suas possibilidades. Democratize o orçamento familiar e crie controles e metas. Lembre-se: o que vale não é o status e sim a qualidade de vida.

Fonte: WWW.economiaonline.com.br

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A MACROECONOMIA CLÁSSICA E KEYNESIANA Como já vimos, a Teoria Econômica é dividida em Teoria Microenômica e Teoria Macroeconômica. A Teoria Macroeconômica por sua vez, é dividida em Teorias Clássicas e Keynesiana. Mas enquanto as teorias Micro e macro são aditivas, as teorias clássica e keynesiana são alternativas. Teoria Macroeconômica Clássica Adam Smith, através de seu livro “A Riqueza das Nações” em 1776, foi quem lançou os alicerces da moderna economia, em sua obra ele criticou e desacreditou as políticas protecionistas e alfandegárias do mercantilismo e defendeu a liberdade de comércio. Muitas de suas idéias foram sintetizadas, formalizadas e desenvolvidas por David Ricardo, parlamentar britânico que teve grande influência sobre a opinião pública e o governo de seu país, e descreveu pela primeira vez o conceito de modelo econômico como uma abstração simplificadora da realidade econômica. O terceiro dos grandes clássicos britânicos foi Thomas Malthus, autor da obra “Ensaio sobre o princípio da população”, em 1798, sua obra previu um crescimento aritmético da produção de alimentos e demais bens, e outro geométrico e, portanto, muito mais rápido, da população e de suas necessidades, o que deveria levar, ao cabo de gerações, à fome e à miséria generalizadas.A principal contribuição da escola clássica à Teoria Econômica foi sua afirmação da identidade entre os interesses particulares dos indivíduos e o interesse geral da sociedade, assim como a teoria do valor-trabalho. Uma vez assegurada a não intervenção do estado e de grupos que interfiram na atividade econômica espontânea, o livre jogo da oferta e da procura tende necessariamente a produzir o equilíbrio econômico. A escola clássica lançou assim alicerces do liberalismo, doutrina que teria poderosa influência nos séculos vindouros.Em oposição aos fisiocratas, que consideravam que só a terra podia gerar riquezas, os clássicos britânicos defenderam a teoria do valor-trabalho, segundo a qual todo trabalho produtivo gerava um excedente econômico, ou seja riqueza. Sendo o valor a quantidade de trabalho investida na produção de um bem. Foi Marx, que adotou o termo “clássico”, para abranger as teorias de David Ricardo, James Mill e dos discípulos da teoria ricardiana, como os economistas J.S.Mill, Marshall, Edegeworth e Pigou. Não é uma teoria escrita por um único autor, mas sim o conteúdo das obras de vários autores. A teoria clássica não se ocupava fundamentalmente das questões macroeconômicas do nível do emprego, já que esta teoria apontava uma posição de pleno emprego automático. A crença da abordagem clássica na economia auto-ajustável tem a ver com o contexto em que surgiu. No século XVIII, a Inglaterra ostentava uma economia eficiente e poderosa, desfrutando de posição hegemônica na indústria, no comércio e nas finanças. Prega-se o livre comércio sem temer a concorrência externa. Durante 150 anos, nas três últimas décadas do século XVIII, durante todo o século XIX e nas primeiras décadas do século XX., estas idéias resistiram à ocorrência de fases intercaladas de prosperidade e de declínio, em todas as economias. As flutuações no ritmo de negócios, os choques de oferta e os distúrbios nos mercados financeiros não chegaram a levar a estados generalizados de bancarrota. Quando muito, perturbavam temporariamente o curso normal da economia. Mas pareciam existir forças endógenas que a traziam de volta a um estado relativamente estável de crescimento.Enraizavam-se, assim, a crença nos pressupostos da macroeconomia clássica.

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Teoria Macroeconômica Keynesiana “O estudo da teoria econômica não parece exigir qualquer dom especializado de grande profundidade. Não é um assunto relativamente fácil quando comparado com a filosofia ou a ciência pura. Uma disciplina fácil, em que poucos se sobressaem! O paradoxo talvez seja explicado pela constatação de que o economista deve possuir uma rara combinação de dons.Tem de ser matemático, historiados, estadista, filósofo – em certa medida. Deve entender de símbolos e falar através de palavras. Deve ver o particular em termos do geral, e abranger o abstrato e o concreto no mesmo pensamento. Deve estudar o presente à luz do passado para entender o futuro. Nenhuma parte da natureza humana ou de suas instituições deve ficar fora de seu olhar. Deve ser o mesmo tempo interessado e desinteressado, tão distante e incorruptível quanto um artista,e, contudo, às vezes tão próximo da terra quanto um político.” John Mayneard Keynes A crença nas forças auto-ajustáveis da economia foi, porém, seriamente abalada com a grande depressão dos anos 30. Até a grande depressão dos anos 30, os economistas não acreditavam que o desemprego em larga escala pudesse ocorrer. Mas os fatos abalaram as convicções clássicas. De todos os nossos problemas econômicos, o desemprego é talvez o pior. O desemprego envolve um desperdício óbvio: a sociedade priva-se dos bens e dos serviços que os desempregados poderiam ter produzido. Pessoas desempregadas sofrem a desmoralização, a frustração e a perda do respeito próprio que advém da ociosidade forçada. Antes da Grande Depressão nos anos 30, a maior parte dos economistas não considerava o desemprego como um dos problemas centrais da economia. Havia é claro, dissidentes. Karl Marx acreditava que as crises econômicas tornar-se-iam cada vez mais severas, com um número cada vez maior de trabalhadores engrossando as fileiras de desempregados. Mais cedo ou mais tarde, o capitalismo entraria em colapso devido aos seus defeitos intrínsicos. Porém Marx, estava fora da principal corrente da economia. A maior parte dos economistas acreditava que poderia havia curtos períodos de severo desemprego, mas que o mecanismo de mercado originaria um rápido retorno a um alto nível de emprego. A década de 1930 destruiu esta confiança e proveu a base para uma nova teoria do desemprego. Nos Estados Unidos entre 1929-1933, o PIB caiu 30% e o desemprego aumentou de 3% para 25%. Esta teoria foi desenvolvida, sem que isto causasse surpresa, por um economista britânico. Ao contrário dos Estados Unidos, onde a Depressão pode ser datada de 1929, a Grã-Bretanha já estava passando por tempos difíceis desde o início dos anos 20. Esta nova teoria foi apresentada por John Maynard Keynes em seu livro “TEORIA GERAL DO EMPREGO, DO JURO E DO DINHEIRO”. A Teoria Geral foi um sucesso espetacular; está no mesmo nível de “A RIQUEZA DAS NAÇÕES” de Adam Smith, e de “O CAPITAL”, de Karl Marx. As 03 proposições mais importantes de Keynes são:

• O desemprego em uma economia de mercado: ao contrário da economia clássica, Keynes argumentava que uma economia de mercado pode ter forças vigorosas que a movimentem em direção ao pleno emprego.

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• A causa do desemprego: Keynes dizia que o desemprego em grande escala é o resultado de gastos excessivamente baixos em bens e serviços, ou seja, o desemprego reflete uma insuficiência de demanda agregada.

• A cura para o desemprego: Para curar o desemprego, a demanda agregada deve ser aumentada. A melhor maneira de fazer isto, dizia Keynes, é pelo aumento de gastos governamentais.

Na década de 1970 o keynesianismo sofreu severas críticas por parte de uma nova doutrina econômica : o monetarismo. Em quase todos os países industrializados o pleno emprego e o nível de vida crescente alcançados nos 25 anos posteriores às II Guerra Mundial, foram seguidos pela inflação. Os keynesianos admitiram que seria difícil conciliar o pleno emprego e o controla da inflação, considerando, sobretudo, as negociações dos sindicatos com os empresários por aumentos salariais. Por esta razão, foram tomadas medidas que evitassem o crescimento dos salários e preços, mas a partir da década de 1960 os índices de inflação foram acelerados de forma alarmante. A partir da década de 1970, os economistas tem adotado argumentos monetaristas em detrimento daqueles propostos pela doutrina keynesiana; mas as recessões, em escala mundial, das décadas de 1980 e 1990 refletem os postulados da política econômica de Keynes. Os monetaristas defendem medidas econômicas que procuram manter a economia em recessão – com altas taxas de juros e restrição monetária. O objetivo principal é a redução das taxas inflacionárias. Porém o custo da queda da inflação obtida única e exclusivamente com a redução da demanda é bastante alto e já bem conhecido pela nossa sociedade: concentração de renda, desemprego e arrocho salarial. Dentre as pessoas consideradas monetaristas encontram-se os ex ministro Pedro Malan e o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga.

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• DESEMPREGO O desemprego é um dos problemas mais graves da economia capitalista moderna. Ele sempre existiu, mas até duas décadas atrás era cíclico: as empresas demitiam funcionários quando passavam uma recessão econômica e recontratavam quando a economia voltava a crescer. Hoje , há uma tendência das empresas reduzirem o número de vagas à medida em que adotam processos inovadores de trabalho. Ao fechamento dessas vagas se contrapõe a criação de novas oportunidades de empregos em outras áreas, para trabalhadores com alta qualificação.Pessoas com baixa escolaridade acabam ficando à margem dessas contratações, em um fenômeno que foi denominado estrutural. O desemprego deixou de estar vinculado a fases de recessão, por isso existem altos índices de desemprego até mesmo em países que estão crescendo.Para acompanhar a evolução do contingente de pessoas empregadas em determinada sociedade foram criados índices de desemprego. No Brasil, o principal índice é o do IBGE. Como se mede o desemprego? No Brasil, as estatísticas relativas a emprego e desemprego são de responsabilidade do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – no Paraná- pelo IPARDES), e são divulgadas no Anuário Estatístico do Brasil. O Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas) também realiza e divulga informações sobre o assunto. E classificam a pesquisa em 03 categorias: A partir de dezembro de 2002, o Dieese adotou uma nova metodologia para o cálculo do índice. O mercado informal agora é levado em consideração. O número de cidades pesquisadas também aumentou. E mudaram os critérios de idade e de período à procura de emprego. O IBGE considerava desempregada a pessoa que estivesse procurando trabalho na última semana, e o IBGE passou a incluir no índice de desemprego quem, por falta de opção, está no mercado informal. Foram incluídos 16 municípios nas seis regiões metropolitanas que servem como base na pesquisa.O objetivo da mudança foi atender às recomendações da OIT- Organização Internacional do Trabalho. -Empregado: toda pessoa que trabalhou a maior parte do mês anterior em um emprego remunerado. -Desempregado: a pessoa que está afastada temporariamente, que está em busca de emprego ou que está à espera de iniciar em um novo emprego. -Fora da força de trabalho: estudantes em tempo integral, donas de casa, aposentados. Nessa categoria também se incluem os trabalhadores desestimulados - pessoas que querem trabalhar mas desistiram de procurar emprego. Força de trabalho = número de empregados + número de desempregados Taxa de desemprego = número de desempregados x 100 Força de trabalho Força de Trabalho é o número total de trabalhadores, incluindo empregados e desempregados. Taxa de desemprego é o percentual da força de trabalho que não está empregada Tipos de Desemprego (ou Desemprego Natural)

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a) Desemprego friccional: Consiste de pessoas desempregadas temporariamente, ou porque estão procurando emprego, ou porque estão no processo de mudança de emprego.Resultante do funcionamento normal de uma economia. Ocorre porque:

1) Trabalhadores demitem-se para encontrar emprego melhor; 2) Empregadores demitem funcionários e procuram outros melhores para substituí-los 3) Os consumidores deixam de consumir certos produtos e passam a comprar outros, o que diminui os empregos em certos setores e aumenta em outros e; 4) Avanço tecnológico torna obsoleto a especialização de alguns trabalhadores.

b) Desemprego estrutural : ocorre devido a alterações estruturais na economia. Dois

grupos principais compõem fundamentalmente o desemprego estrutural. O primeiro é formado por desempregados aos quais falta instrução e capacitação profissional necessárias à economia atual. O segundo grupo consiste em trabalhadores especializados cujos conhecimentos se tornaram ultrapassados devido principalmente às mudanças tecnológicas.

c) Desemprego cíclico ou involuntário: ocorre quando as pessoas desejam trabalhar ao

salário real vigente não encontram emprego.Resulta dos altos e baixos da economia. Quando a demanda agregada está abaixo do nível de pleno emprego.

d) Desemprego sazonal: Ocorre em função da sazonalidade de determinados tipo de

atividade econômica, que acabam causando variações na demanda de trabalho em diferentes épocas do ano.Esse é um fenômeno que ocorre particularmente na agricultura.

Segundo estudos do IBGE e do DIEESE, vem surgindo confirmações no sentido de que uma das causas do desemprego no Brasil, entre outras, seria a baixa qualificação profissional dos trabalhadores, aliadas a processos de inovação tecnológica, que estariam levando um número cada vez maior de empresas a substituírem o trabalhador pela máquina. De acordo com esse ponto de vista, bastaria o trabalhador voltar à escola e qualificar-se para novamente encontrar a inserção no mercado de trabalho .Como o tempo médio do trabalhador brasileiro no sistema educacional não é superior a 5 anos , seria necessário um período muito longo para que essa mão de obra apresentasse os requisitos demandados pelas empresas. A rigidez na legislação trabalhista seria outro fator a contribuir para a não ocorrência de estímulos por parte das empresas para elevar os níveis de emprego. Com relação ao desemprego ocasionado em decorrência de processos de inovação tecnológica, haveria a necessidade de que a renda gerada com esses ganhos de produtividade proporcionasse o crescimento e o surgimento de outras atividades. Assim, cada vez, que um processo de inovação proporcionasse ganhos em produtividade, deveria ocorrer uma ampliação dos gastos para a geração de trabalho em outros setores da atividade econômica. Custo da mão de obra no Brasil - Segundo interpretação do DIEESE (1999), a composição do salário do trabalhador corresponderia as seguintes parcelas: Ø Salário contratual (incluindo férias); Ø Salário adiado ou diferido, correspondendo ao 13º salário e férias; Ø Salário recebido eventualmente, correspondendo a verbas rescisórias e FGTS.

Por outro lado seriam considerados encargos sociais os seguintes itens: Ø Contribuição ao INSS; Ø Seguro de acidentes de trabalho; Ø Salário-educação;SESI/SESC; Ø SENAI/SENAC; Ø SEBRAE.

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A partir desta classificação , os encargos sociais no Brasil ,segundo o DIEESE, representam aproximadamente 30% do salário contratual do trabalhador, e não os 100%,como afirma Pastore. Segundo interpretação de José Pastore(1998) os encargos sociais para o setor industrial (pessoal de produção): Ø Grupo A: Obrigações Sociais - Previdência Social - 20,0 FGTS - 8,0 Salário Educação - 2,5 Acidente de Trabalho(média) 2,0 SESI 1,5 SENAI 1,0 SEBRAE 0,6 INCRA 0,2 Ø Grupo B: Tempo não trabalhado Repouso Semanal 18,91 Férias 9,45 Feriados 4,36 Abono de férias 3,64 Aviso Prévio 1,32 Auxilio-enfermidade 0,55 Tempo não trabalhado II 13º salário 10,91 Despesas rescisão contratual 2,57 Ø Incidências cumulativas grupo A/B 13,68

Incidência do FGTS sobre o 13º salário 0,87 TOTAL 102,06 Para Pastore, estes elevados encargos sociais aliados à rigidez da legislação trabalhista, estariam impedindo o crescimento da economia, assim como a redução nos níveis de desemprego

No Governo Fernando Henrique Cardoso ocorreu um pequeno movimento para a redução do custo da mão de obra, com a criação dos contratos flexíveis de trabalho, de acordo com esta modalidade também conhecido como contrato temporário, o trabalhador deixaria de receber alguns valores relativos a verbas rescisórias, como o aviso prévio e a multa de 40% do FGTS, além do FGTS ser fixado em 2%. No entanto , no mercado de trabalho atual, a forma mais comum de “redução do custo de mão de obra” tem sido o mecanismo de cooperativas. Outra mudança importante ocorrida neste período foi o estabelecimento da Participação nos Lucros e Resultados-PLR. Através desse mecanismo as empresas negociam com os trabalhadores um abono decorrente da participação nos lucros. No entanto com este instrumento ficam desobrigadas, no momento do dissídio das categorias, de oferecer aumentos reais de salários. A desvantagem na forma de contratação desvinculada da CLT, reduzindo-se as pessoas contratadas, automaticamente reduz-se o número de contribuintes ao INSS, agravando a situação previdenciária brasileira. No governo LULA, foi retomado o debate acerca de uma possível reforma trabalhista, sempre com o argumento de reduzir custos para as empresas e aumentar o nível de emprego. Pontos que são objeto de negociação:

Ø Redução ou eliminação da multa de 40%; Ø Flexibilização das férias – concessão parcelada de acordo com o interesse da

empresa; Ø Fim da licença maternidade

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Também já foram apresentadas propostas no Congresso no sentido de transformar o saldo do FGTS em papéis da dívida pública e recentemente na utilização de financiamento de obras de infra estrutura (PAC- programa de aceleração do crescimento).

Trabalho: Responda:

1) O desemprego pode ser utilizado como instrumento de combate à inflação? Explique 2) O desemprego está relacionada ao grau de instrução? Por quê? 3) Por que em determinadas áreas de atuação profissional existem vagas ociosas? Explique.

TEXTO Analistas já veem o País em pleno emprego

Desemprego de 6,7%, dessazonalizado, já provoca pressões inflacionárias 30 de maio de 2010 | 0h 00 Fernando Dantas - O Estado de S.Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ter sido modesto quando disse na semana passada que o Brasil se aproxima do pleno emprego. Para diversos analistas, o País, na verdade, já ultrapassou a marca do "pleno emprego" na visão econômica.

Nessa definição, o termo não significa que todo mundo que procura trabalho seja bem-sucedido. Na verdade, trata-se de uma taxa de desemprego mínima a partir da qual começam a faltar trabalhadores em diversas funções, levando à alta de salários, mas também a pressões de custos, que atiçam a inflação.

Assim, se a comemoração do presidente em relação ao pleno emprego é justificada, por outro lado esse é mais um sinal de que a economia pode estar vivendo um período de superaquecimento em pleno ano eleitoral, criando riscos inflacionários.

O pleno emprego é um indicador difícil de estimar, que varia muito de analista para analista. Mas o atual nível da taxa de desemprego livre de influências sazonais, de 6,7% em abril, está abaixo ou bem abaixo da maioria das estimativas de nível de pleno emprego obtidas pelo Estado - que correspondem a níveis de desemprego entre 6,5% e 8,5%.

Essas taxas de desemprego referem-se à Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com indicadores do mercado de trabalho das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife. Os bancos recalculam a série eliminando os fatores sazonais, com resultados que são praticamente os mesmos.

"Já caímos abaixo do pleno emprego, em termos econômicos", diz Cristiano Souza, economista do Santander. A estimativa da instituição é de que a "taxa neutra", ou "taxa não inflacionária" de desemprego - a definição mais precisa usada hoje para pleno emprego - seja de 8%. Na verdade, bem no meio do intervalo de 7,5% a 8,5% calculado pelo próprio Banco Central (BC), no início de 2008, para o indicador.

Riscos. Uma taxa de desemprego abaixo do nível correspondente ao pleno emprego provoca escassez de mão de obra em muitos setores e alta dos custos salariais, o que vem ocorrendo na construção civil. A população empregada no setor cresceu 10,6% na comparação de abril de 2010 com o mesmo mês de 2009, enquanto a população empregada como um todo crescia 4,3%. Dessa forma, no mesmo período, a renda média real da construção aumentou 13,4%, comparado com uma alta de 2,3% para todos os trabalhadores. "São as taxas mais fortes entre todos os setores", nota Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco.

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Desde o início da atual série da PME, em março de 2002, o desemprego caiu quase pela metade em termos dessazonalizados, saindo de 12,3% para 6,8% em abril de 2010. O movimento acelerou-se a partir de 2006, quando o desemprego médio no ano ficou em 10%. Para 2010, o Banco Santander projeta um desemprego médio de 6,8%, e o Bradesco, de 7,1% - ou seja, bem abaixo do nível de 8,1% em 2009, e mesmo da taxa média de 7,9% em 2008, um ano de forte desempenho da economia.

Até o fim de 2010, as previsões variam de uma ligeira alta no desemprego em relação a abril até uma queda expressiva. Uma das projeções mais fortes é a de Fábio Ramos, da Quest, gestora de recursos do ex-ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros.

Ramos prevê, baseado nos resultados sobre emprego formal do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que a taxa de desemprego dessazonalizada atinja 6% em dezembro deste ano. Itaú Unibanco, Bradesco e Santander têm projeções para dezembro que variam de 6,6% a 7%. No caso do Bradesco, a previsão é para a média do último trimestre.

"Se o fluxo de criação de vagas formais no Caged continuar na atual cadência, a taxa pode cair até para menos de 6% no fim do ano", diz Ramos, referindo-se ao desemprego dessazonalizado. Ele acha mais provável, porém, que o ritmo de criação de vagas formais caia do nível dos últimos meses, em torno de 200 mil, para algo mais próximo a 150 mil - o que o economista considera compatível com a previsão de desemprego de 6% no fim do ano.

Bradesco e Itaú apostam que o mercado de trabalho continuará aquecido até o fim de 2010, mas num ritmo menos explosivo que o do primeiro trimestre. Bicalho, do Itaú Unibanco, observa que os números do emprego no momento refletem a atividade econômica muito acelerada do último trimestre de 2009 e do primeiro deste ano, para a qual o banco prevê crescimento de 3% (ou 12,6% em termos anualizados). O economista acha que, a partir de agora, a economia deve crescer a 1% ou pouco mais por trimestre, o que seria suficiente para manter o desemprego próximo a 7% até o fim do ano.

No Departamento Econômico do Bradesco, nota-se que o mercado de trabalho exuberante faz com que mais pessoas que estavam à margem busquem emprego, aumentando a população economicamente ativa. Isso, por sua vez, pode reduzir o ritmo da queda do desemprego. O crescimento da população economicamente ativa saltou de 1,4% em dezembro (ante mesmo mês do ano anterior) para 2,5% em abril.

"Esperamos que a melhora no mercado de trabalho continue, mas de forma mais lenta, já que o número de pessoas procurando emprego deverá aumentar, em conformidade com as notícias favoráveis", diz Octavio de Barros, diretor de Pesquisa Macroeconômica do Bradesco.

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• GLOBALIZAÇÃO

“A notícia do assassinato do presidente norte-americano Abraham Lincoln, em 1865, levou 13 dias para cruzar o Atlântico e chegar a Europa. A queda da Bolsa de Valores de Hong Kong, em 1997, levou 13 segundos para cair como um raio sobre São Paulo, Tóquio, Nova York e Tel Aviv, Buenos Aires e Frankfurt. Eis ao vivo e em cores, a globalização”.

Clóvis Rossi- do Conselho Editorial-Folha de São Paulo) O mundo passa por transformações em praticamente todas as atividades humanas, o que inclui o universo empresarial. Sistemas de produção foram modernizados, novos mercados surgiram, as informações se multiplicaram e o consumidor ficou mais exigente. A globalização derrubou fronteiras e hoje já não existem regiões remotas no mundo: o que acontece em um extremo do planeta repercute no outro. Mas se, por outro lado, os mercados se ampliaram, por outro lado a competição cresceu. A rapidez desse processo fez com que especialistas batizassem o atual período como a era da velocidade do conhecimento.Conceitos como qualidade, produtividade e eficiência passaram a ser questionados. E como acontece em todos os processos de evolução, surgiu um novo elemento, a competitividade. Ela está por trás dos preços que pagamos por um produto, da qualidade da infra-estrutura (estradas, portos, energia, telecomunicações) que utilizamos, da eficiência dos serviços públicos e dos investimentos feitos em pesquisa e desenvolvimento. Enfim, a competitividade está presente em tudo e também essa presença tem um nome : Competitividade Global. Globalização é o conjunto de transformações na ordem política e econômica mundial que vem acontecendo nas últimas décadas. O ponto central da mudança é a integração dos mercados numa “aldeia-global”, explorada pelas grandes corporações internacionais. Os Estados abandonam gradativamente as barreiras tarifárias para proteger sua produção da concorrência dos produtos estrangeiros e abrem-se ao comércio e ao capital internacional. Esse processo tem sido acompanhado de uma intensa revolução nas tecnologias de informação (telefones computadores e televisão).As fontes de informação também se uniformizam devido ao alcance mundial e à crescente popularização dos canais de televisão por assinatura e da Internet. Isso faz com que os desdobramentos da globalização ultrapassem os limites da economia e comecem a provocar uma certa homogeneização cultural entre os países. A globalização é marcada pela expansão mundial das grandes corporações internacionais. Outro ponto importante desse processo são as mudanças significativas no modo de produção das mercadorias. Auxiliadas pelas facilidades na comunicação e nos transportes, as multinacionais instalam suas fábricas em qualquer lugar do mundo onde existam as melhores vantagens fiscais, mão-de-obra e matérias-primas baratas.Essa tendência leva a uma transferência de empregos dos países ricos- que possuem altos salários e inúmeros benefícios- para as nações industriais emergentes, como os Tigres Asiáticos . Os resultados desse processo é que, atualmente, grande parte dos produtos não tem mais uma nacionalidade definida. Um automóvel de marca norte-americana pode conter peças fabricadas no Japão, ter sido projetado na Alemanha, montado no Brasil e vendido no Canadá. Quando o mundo começou a ficar globalizado? Fala-se em início dos anos 80, quando a tecnologia de informática se associou à de telecomunicações, outros acreditam que globalização começou mais tarde com a queda das barreiras comerciais. A eliminação dos postos de trabalho representa o lado mais perverso da globalização. Uns ganham muito, outros ganham menos, outros perdem. Na prática a globalização exige maior tecnologia e a mão-de-obra desqualificada é descartada. A globalização da economia, pelo menos na fase de transição que impõe a todos os países, cria um contingente de mão-de-obra desativada, via eliminação de empregos em setores nos quais o país não consegue competir. O estímulo à mecanização da agricultura, dispensando mão de obra, por outro lado, acelera o êxodo rural. Essa massa de excluídos do processo de integração da economia acaba por provocar grave degradação ambiental, principalmente o ambiente urbano, criando invasões de áreas não urbanizadas e favelas. A degradação do meio ambiente urbano – destruição de atributos naturais, poluição das

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águas, perturbações da segurança e da saúde pública., prejuízos na estética urbana, etc,- resulta na perda da qualidade de vida, tanto dos novos como dos antigos moradores urbanos. O ressurgimento de epidemias e endemias supostamente extintas é um dos ângulos mais visíveis desta questão. Para uma transição menos traumática para uma economia globalizada, a sociedade deveria estar disposta e preparada para prover condições mínimas de subsistência aos que, provisória ou definitivamente, não se adaptassem às novas condições de acesso ao mercado de trabalho globalizado. Seria o preço a pagar pela tranqüilidade pública, por usufruir os benefícios materiais que a nova ordem econômica pode trazer àqueles mais aptos a obter os bens de consumo, o luxo, a comodidade e o conforto material que o sistema capitalista pode prover. Sem essa disposição da sociedade em dividir resultados, o meio ambiente como um todo sofrerá graves conseqüências, afetando profundamente nossas vidas e comprometendo o nosso futuro. O problema não é só individual, é um drama nacional dos países mais pobres, que perdem com as desvalorização da matérias-primas que exportam e o atraso tecnológico. A ONU comprova que a globalização está concentrando renda: os países ricos ficam mais ricos, e o pobres, mais pobres. Um dos motivos é a redução das tarifas de importação que beneficiou muito mais os produtos exportados pelos mais ricos, e ainda, os países mais ricos continuam a subsidiar seus produtos agrícolas, inviabilizando as exportações dos países mais pobres. Mas a globalização também oferece perspectivas positivas para o meio ambiente. Até pouco tempo era comum a manutenção, até por empresas multinacionais, de tecnologias ultrapassadas em países mais pobres e com consumidores menos exigentes. A escala global de produção tem tornado desinteressante, sob o ponto de vista econômico esta prática. É o caso por exemplo dos automóveis brasileiros. Enquanto a injeção eletrônica era comum na maior parte do mundo, por aqui fabricavam motores carburados, de baixa eficiência e com elevados índices de emissão de poluentes. Com a abertura do mercado brasileiro aos automóveis importados, ocorrida no início dos anos 90, a indústria automobilística aqui instalada teve que se mover. Rapidamente começou a utilizar os mesmos motores e os mesmos modelos de carrocerias usadas nos países de origem das montadoras. Os efeitos sobre a emissão de poluentes dos veículos foi notável, dados mostram que os automóveis fabricados em 1996 emitem cerca de um décimo da quantidade de poluentes que emitiam os fabricados na década de 80. Os efeitos não são ainda notados na qualidade do ar das cidades grandes ainda, isto porque, a maior parte da frota de veículos em circulação é antiga. Outro efeito positivo da globalização da economia sobre o meio ambiente é a criação de uma indústria e de um mercado ligados à proteção e recuperação ambiental. Nesta lista incluem-se equipamentos de controle da poluição, sistemas de coleta, tratamento e reciclagem de resíduos sólidos e líquidos, inclusive lixo e esgotos urbanos. São setores que movimentam fortes interesses econômicos, os quais acabam por influenciar os poderes públicos para que as leis ambientais sejam mais exigentes e haja instituições mais eficientes para torná-las efetivas. No Brasil as grandes transformações ocorreram no início doa anos 90 com a administração conturbada do Presidente Fernando Collor de Mello. Os reflexos desta gestão são sentidos na performance de resultados dos setores público e privado até os dias de hoje. As Escolas de Administração de Empresas a partir do início da década de 90 se modificaram e assumiram um papel ainda mais relevante na formação de executivos se compararmos a períodos anteriores. A Economia Brasileira se transformou nestes últimos anos exigindo novas posturas do administrador, seja na gestão de recursos públicos ou na de fatores de produção privados. E, quais as novas exigências e dificuldades do ensino para capacitar profissionais a vencer o desafio de trabalhar em equipe, ser multifuncional e ao mesmo tempo obter resultados para suas organizações. Se não bastassem estas dificuldades, nossa economia está inserida num mundo globalizado, com mercados integrados e parceiros comerciais cada vez mais fortes. 1 - A TRANSFORMAÇÃO ECONÔMICA Na década de 80, convivíamos com altas taxas de inflação; baixo crescimento do PIB; indexação econômica através da correção monetária sobre preços públicos, privados e aplicações financeiras. Nossa economia era fechada a produtos estrangeiros e sofríamos com a forte atuação de oligopólios e monopólios controlando preços e salários.

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O seqüestro monetário da administração Collor foi um marco na administração pública e privada do país. Somado ao início da abertura econômica e do processo de privatização de estatais, o cenário brasileiro começa a se modificar. Na primeira metade da década de 90, a inflação começa a declinar; elimina-se a indexação e a correção monetária; a partir do setor automobilístico o Brasil abre sua economia ao mercado externo; inicia-se o processo de privatização de estatais e com mais produtos importados aumenta-se a concorrência interna. Principais itens conjunturais que mudaram a economia brasileira nas décadas de 80 e 90. REALIDADE DA DÉCADA DE 80 REALIDADE DA DÉCADA DE 90 Alta inflação Baixa inflação Pequeno crescimento econômico Pequeno crescimento econômico Indexação e correção monetária Fim da indexação e correção monetária Economia fechada Economia aberta Estatais fortes Início do processo de privatizações Concorrência interna fraca Concorrência interna forte Da conjuntura econômica do país à política de negócios da empresa muita coisa se alterou e o primeiro agente a mudar sua postura administrativa foi a empresa. PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS DA DÉCADA DE 80 As empresas não tinham preocupação com preços dos produtos e serviços pois, mensalmente alteravam a tabela com percentuais iguais ou até maiores aos da inflação o que permitia encobrir problemas gerenciais de todos os tipos.

• Não preocupavam-se com CUSTOS, simplesmente alteravam as tabelas de preços. • A CONTABILIDADE era efetuada apenas por exigências fiscais. • As empresas auferiam LUCROS FINANCEIROS em volume maior do que LUCROS

OPERACIONAIS. Na primeira metade da década de 90, o contexto se modifica, a redução do lucro financeiro associado à queda da inflação e a baixa liquidez da economia fazem com que as empresas a partir de então, tivessem que sobreviver obtendo lucros operacionais, isto é, do seu negócio. Programas de Produtividade e Qualidade ganham força, escritórios, sedes, fábricas são fechadas, negócios concentrados, o comércio sofre muito. Vimos grandes magazines cresceram velozmente na década de 80 baseados na correção monetária e no lucro financeiro. Infelizmente, com a mesma velocidade de crescimento estas organizações tem diminuído de tamanho, faliram ou foram vendidas . O setor privado se ajustou, encolheu, obteve lucro operacional, melhorou a produtividade e sofreu com a concorrência dos produtos importados. Setores como o têxtil e de calçados foram duramente atingidos e outros como o automobilístico reagiram melhor à competitividade externa num primeiro momento. Contabilidade, custos e preços, que estavam fora ‘de moda’ nos anos 80, agora tem papel fundamental na gerência dos negócios, na medida em que fornecem informações gerenciais para tomada de decisões. A partir do anos 90, a regra não é aumentar preços mas sim reduzi-los. Nossas empresas passaram 10 anos sem se preocupar com custos e reajustando preços mensalmente sem dificuldade, porém, desde 94 com o Plano Real , o fim da inflação, da indexação e da correção monetária , os preços passam a ser uma arma competitiva. NA DÉCADA DE 80 NA DÉCADA DE 90 Reajuste mensal de preços Reajuste de preços para baixo Sem preocupação com custos Alta preocupação com custos

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Lucros financ.> Lucros operacionais Lucros operac. > Lucros financeiros Preços com enfoque secundário Preços como arma competitiva Contabilidade com fins fiscais Contabilidade com fins gerenciais Podemos fazer uma analogia entre a administração pública e privada, pois os preços das tarifas se estabilizaram; o imposto inflacionário junto com o ‘lucro’ das aplicações financeiras cessou e não resta outra alternativa aos dirigentes senão ‘sobreviver do lucro do seu negócio’, isto é , melhorar a qualidade de vida da população investindo em saúde, educação e transporte. Parece fácil, mas não é, as reformas administrativa, fiscal e da previdência são fundamentais para equacionar as contas públicas e permitir aos nosso representantes eleitos investir adequadamente os impostos arrecadados. - GLOBALIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE MERCADOS O administrador deve ter tido a oportunidade de adquirir o conhecimento e ter sido treinado em relacionar a conjuntura econômica com ambiente de negócios da organização, de modo a estabelecer estratégias para a mesma. Com este enfoque, uma crise seja ela de vendas ou de origem administrativa pode ser encarada como uma oportunidade de crescimento ou uma ameaça a sua sobrevivência. A globalização e integração de mercados em blocos econômicos é uma realidade que não tem volta e pode ser encarada como uma ameaça às organizações ou uma oportunidade de novos negócios para as mesmas. Entre as ameaças podemos destacar, o acirramento da competitividade no mercado local; o curto espaço de tempo para se tornar competitivo; a falta de recursos para investimentos; a rápida mobilidade de capital (dinheiro, mão de obra, máquinas e equipamentos) e a diferença tecnológica que prejudica os países em desenvolvimento (maiores taxas de desemprego e redução do número de empresas). Por outro lado, surgem novas oportunidades dentre as quais a ampliação dos mercados; a troca de know-how administrativo, tecnológico e fabril; a contratação de tecnologia de ponta mais fácil; a mobilidade de capital e o aumento da qualidade dos produtos e serviços oferecidos aos mercados. A tabela abaixo resume as ameaças e oportunidades das organizações frente o processo de globalização e integração de mercados.

Ameaças e Oportunidades da Globalização e Integração de Mercados

AMEAÇAS OPORTUNIDADES Maior competitividade no mercado local Ampliação dos mercados Curto espaço de tempo para competitividade Troca de know-how Falta de recursos investimento Contratação de tecnologia mais fácil Diferença tecnológica entre países Menor diferença tecnológica entre os países os países Baixa qualidade e produtividade Alta qualidade e produtividade Mobilidade de capital Mobilidade de capital

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• Crescimento Econômico A taxa de crescimento do produto de um país varia dramaticamente ao longo dos ciclos econômicos.Assim que emergimos de uma recessão, a economia pode crescer muito rapidamente , até com taxas que excedem 5% ou 6% ao ano, assim que os trabalhadores desempregados e equipamentos ociosos sejam postos para trabalhar. Porem, a expressão crescimento econômico, mas sim ao crescimento do produto potencial da economia ou o produto de pleno emprego, mensurado em períodos bem longos de tempo. O crescimento econômico depende de aumentos na quantidade e qualidade de dois insumos macroeconômicos básicos do processo de produção - capital e trabalho e da melhoria na forma como esses insumos são combinados. A seguir apresentamos os principais determinantes do crescimento do PIB:

1. Aumento no tamanho da forca de trabalho- exemplos de políticas voltadas para o lado da oferta que afetam o tamanho da forca de trabalho como as leis relativas `a imigração, aos subsídios hospitalares, aos benefícios previdenciários e aos incentivos fiscais.

2. Aumento na qualidade da forca de trabalho- exemplos de políticas voltadas para o lado da oferta que influenciam na qualidade da mao de obra como subsídios a programas de capacitação profissional e apoio as escolas técnicas orientadas mais de perto `as necessidades da industria.

3. Aumento no tamanho do estoque de capital fisico- (equivale ao numero de instalações produtivas e ao montante de equipamentos disponíveis `as empresas). Exemplos de políticas voltadas para o lado da oferta que afetam o tamanho do estoque de capital fixo como os incentivos fiscais aos investimentos e `a poupanca.

4. Aumento na qualidade do estoque de capital fisico – Exemplos de políticas voltadas para o lado da oferta que influenciam a qualidade do capital como incentivos fiscais `a pesquisa e desenvolvimento e `a promoção para um ambiente competitivo nos mercados.

5. Melhorias na forma pela qual o capital e o trabalho são combinados para a produção.- As melhorias podem se dar por meio de melhores relações entre patrões e empregados, estratégias de estoques Just-in-time (que evitam o acumulo desnecessário de estoques), maior divisão do trabalho (especialização), economias de escala ou migração de trabalhadores de áreas de baixa produtividade para áreas de produtividade mais elevada, tais como a migração do campo para a cidade.

Embora muitos considerem as mudanças tecnológicas como o fator determinante para o crescimento econômico, elas são incorporadas no trabalho e no capital que são os insumos básicos do processo produtivo. Associado ao conceito de crescimento econômico esta o aumento do padrão de vida material da sociedade. Seu principal determinante ‘e a produtividade da economia, medida por produção por hora de trabalho. O crescimento na produtividade da economia ‘e resultado de aumentos no capital físico, de melhorias na qualidade do trabalho, do capital e de aperfeiçoamentos na maneira como o capital e o trabalho são combinados.

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O papel de cada um desses fatores ‘e afetado pelas características institucionais da economia, tais como a cultura nas relações de trabalho, a iniciativa empresarial, a população e a habilidade dessa população em se adaptar `as mudanças. Um meio interessante de medir as melhorias na produtividade ‘e calcular o numero de horas de trabalho necessárias para ganhar dinheiro suficiente para pagar pelos bens e serviços adquiridos. Utilizando como referencia um salário médio(americano), ao longo do tempo as pessoas precisaram trabalhar menos e por menos horas para comprar coisas. Muitos exemplos são bem espetaculares porque se referem a itens que sofreram diminuição de preços ao longo do tempo, como aparelhos de TV, computadores, fornos de microondas.Em 1984, um aparelho de vídeo custava 54 horas de trabalho, em 1997 custava apenas 15 horas de trabalho. Outros exemplos são mais modestos como uma pizza que 1980 custava 66 minutos de trabalho e em 1997 custava 50 minutos. O Brasil não possui muitos dados e estudos sobre a evolução de sua produtividade nacional, pelo menos no que diz respeito ao longo prazo.Os períodos de grande inflação que nosso pais enfrentou dificultam a utilização de uma unidade monetária de referencia e sobre os preços relativos de equilíbrio. A forte concentração de renda brasileira também tornam discutíveis as estimativas baseadas em salários médios.Por outro lado, a maior exposição ao mercado internacional a partir de 1990, levou alguns setores a acelerar o aumento de sua produtividade, ainda que `as custas de redução do emprego de trabalhadores. Fatores que afetam a produtividade:

• Reduções do investimentos do governo em infra-estrutura (estradas, aeroportos, sistemas de distribuição de água,etc) afetam a produtividade do capital privado e, consequentemente, afetam o crescimento econômico. Uma diminuição da taxa de poupança do pais afeta o montante de recursos disponíveis para investimentos.

• Para que ocorram aumentos de produtividade, tanto o mercado de trabalho como o mercado de bens devem ser flexíveis no sentido de permitir que a competição leve as empresas antigas e ineficientes a morrer para que as empresas novas e mais eficientes as substituam.

• Ao longo do tempo, as mudanças tecnológicas afetam o que é produzido, o modo pelo qual se produz e as habilidades requeridas da forca de trabalho. Embora tais mudanças demonstrem a flexibilidade exigida dos mercados, essas mudanças podem levas a reduções no crescimento econômico futuro.Ex.: Trabalhadores que saem do campo e vão para os grandes centros, no futuro vai comprometer a produção do campo.

O Processo de crescimento da produtividade O economista Joseph Schumpeter descreveu a essência do capitalismo como uma mutação continua das empresas e dos mercados, na qual as empresas tradicionais prosperavam e então morriam, sendo substituídas por novas empresas. Schumpter chamou esse processo de destruição criadora.

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Uma nova tecnologia invariavelmente destrói muito mais empregos do que cria. De fato, essa ‘e a essência de como os aumentos de produtividade são injetados para dentro da economia. Menos trabalhadores são necessários para produzir a mesma quantidade, permitindo que os postos excedentes para trabalhar produzam um bônus `a economia (produção extra) que não seria possível antes da entrada da nova tecnologia. Esse processo pode ter longo alcance. Em 1800, aproximadamente 90 % da população dos Estados Unidos estava no campo, mas hoje ‘e menos de 3%. Um efeito colateral infeliz desse processo ‘e que novas tecnologias geralmente requerem trabalhadores com habilidades novas, de modo que aqueles com habilidades velhas se tornam desempregados. Compreensivamente, os trabalhadores acham difícil se adaptar a tais mudanças, resultando em desemprego de longo prazo, recessão e lentidão do crescimento. Por exemplo, ferreiros de cavalos não conseguem empregos como mecânicos de carros. Esses desempregados descobrem que o progresso tecnológico e as mudanças institucionais decorrentes extinguiram empresas inteiras, revolucionaram produtos e habilidades humanas e alteraram dramaticamente a natureza do próprio trabalho. As décadas passadas assistiram ao crescimento dramático do aluguel de fitas de vídeo (e mais recentemente dos DVDs), do desenvolvimento de softwares, da prestação de serviços e da industria cinematográfica, assim como significantes decréscimos nas atividades associadas a bens de couro animal, embalagens de vidro, cinemas de rua, etc. O numero de empregados nas ferrovias, sapateiros, telefonistas também reduziu, enquanto ocupações relacionadas a técnicas medicas, programação de computadores, esportes se expandiram. Embora esse processo se de a medida que ocorre um fluxo continuo de inovações, algumas delas são tão importantes que exageram a percepção de qualquer recessão subseqüente e posterior redução do crescimento. A revolução industrial ‘e o exemplo mais conhecido. Exemplos mais recentes incluem o período entre 1880 a 1930, com o surgimento da energia elétrica, da química, do motor de combustão interna e da linha de montagem das fabricas; o período entre 1940 e 1970, com o desenvolvimento dos plásticos, das fibras sintéticas,, dos motores a jato, da televisão e das corporações multinacionais; e, mais recentemente, a revolução dos computadores, e da informática baseada em computadores pessoais, biotecnologia, redes de telecomunicações e ambientes de trabalho enxutos, flexíveis, descentralizados e não-hierárquicos. Na verdade,tais períodos de grandes inovações introduzem ciclos de ondas longas. A recessão decorrente de inovações significantes tende a perdurar- com crescimento estagnado,descarte de estoque de capital obsoleto,grande desemprego estrutural e tensão social- apenas ate que surja uma nova geração de trabalhadores,desvencilhada do velho modo de fazer as coisas. A economia então se reconstrói ao redor da nova tecnologia e sua infra estrutura relacionada, criando um período prolongado de expansão econômica, em meio ao qual ocorrem ciclos econômicos normais. Alguns economistas acreditam em redução da produtividade foi devida, em parte, a passagem por meio do vale, de um ciclo de onda longa. Já a aparente recuperação do crescimento da produtividade representa o começo de um período de expansão de onda longa baseado em Internet, telecomunicações e tecnologias de computador. O fenômeno da destruição criadora ‘e o processo pelo qual os aumentos de produtividade são implementados, aumentando nosso padrão de vida. Para facilitar este ajustamento os governos deveriam facilitar o retreinamento (capacitação) dos trabalhadores. Texto- 15 decisões que fizeram história-revista exame-anexo 3

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Introdução a Economia Monetária Origem e Evolução do Dinheiro Escambo

A moeda, como hoje a conhecemos, é o resultado de uma longa evolução.

No início não havia moeda. Praticava-se o escambo, simples troca de mercadoria por mercadoria, sem equivalência de valor.

Assim, quem pescasse mais peixe do que o necessário para si e seu grupo trocava este excesso com o de outra pessoa que, por exemplo, tivesse plantado e colhido mais milho do que fosse precisar. Esta elementar forma de comércio foi dominante no início da civilização, podendo ser encontrada, ainda hoje, entre povos de economia primitiva, em regiões onde, pelo difícil acesso, há escassez de meio circulante, e até em situações especiais, em que as pessoas envolvidas efetuam permuta de objetos sem a preocupação de sua equivalência de valor. Este é o caso, por exemplo, da criança que troca com o colega um brinquedo caro por outro de menor valor, que deseja muito.

As mercadorias utilizadas para escambo geralmente se apresentam em estado natural, variando conforme as condições de meio ambiente e as atividades desenvolvidas pelo grupo, correspondendo a necessidades fundamentais de seus membros. Nesta forma de troca, no entanto, ocorrem dificuldades, por não haver uma medida comum de valor entre os elementos a serem permutados.

Moeda-Mercadoria Algumas mercadorias, pela sua utilidade, passaram a ser mais procuradas do que outras.

Aceitas por todos, assumiram a função de moeda, circulando como elemento trocado por outros produtos e servindo para avaliar-lhes o valor. Eram as moedas–mercadorias.

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O gado, principalmente o bovino, foi dos mais utilizados; apresentava vantagens de locomoção própria, reprodução e prestação de serviços, embora ocorresse o risco de doenças e da morte.

O sal foi outra moeda–mercadoria; de difícil obtenção, principalmente no interior dos continentes, era muito utilizado na conservação de alimentos. Ambas deixaram marca de sua função como instrumento de troca em nosso vocabulário, pois, até hoje, empregamos palavras como pecúnia (dinheiro) e pecúlio (dinheiro acumulado) derivadas da palavra latina pecus (gado). A palavra capital (patrimônio) vem do latim capita (cabeça). Da mesma forma, a palavra salário (remuneração, normalmente em dinheiro, devida pelo empregador em face do serviço do empregado) tem como origem a utilização do sal, em Roma, para o pagamento de serviços prestados.

No Brasil, entre outras, circularam o cauri – trazido pelo escravo africano –, o pau-brasil, o açúcar, o cacau, o tabaco e o pano, trocado no Maranhão, no século XVII, devido à quase inexistência de numerário, sendo comercializado sob a forma de novelos, meadas e tecidos.

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Com o passar do tempo, as mercadorias se tornaram inconvenientes às transações comerciais, devido à oscilação de seu valor, pelo fato de não serem fracionáveis e por serem facilmente perecíveis, não permitindo o acúmulo de riquezas.

Metal Quando o homem descobriu o metal, logo passou a utilizá-lo para fabricar seus utensílios e armas anteriormente feitos de pedra.

Por apresentar vantagens como a possibilidade de entesouramento, divisibilidade, raridade, facilidade de transporte e beleza, o metal se elegeu como principal padrão de valor. Era trocado sob as formas mais diversas. A princípio, em seu estado natural, depois sob a forma de barras e, ainda, sob a forma de objetos, como anéis, braceletes etc.

O metal comercializado dessa forma exigia aferição de peso e avaliação de seu grau de pureza a cada troca. Mais tarde, ganhou forma definida e peso determinado, recebendo marca indicativa de valor, que também apontava o responsável pela sua emissão. Essa medida agilizou as transações, dispensando a pesagem e permitindo a imediata identificação da quantidade de metal oferecida para troca.

Moedas Antigas Surgem, então, no século VII a.C., as primeiras moedas com características das atuais: são pequenas peças de metal com peso e valor definidos e com a impressão do cunho oficial, isto é, a marca de quem as emitiu e garante o seu valor.

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As moedas refletem a mentalidade de um povo e de sua época. Nelas podem ser observados aspectos políticos, econômicos, tecnológicos e culturais. É pelas impressões encontradas nas moedas que conhecemos, hoje, a efígie de personalidades que viveram há muitos séculos. Provavelmente, a primeira figura histórica a ter sua efígie registrada numa moeda foi Alexandre, o Grande, da Macedônia, por volta do ano 330 a.C.

A princípio, as peças eram fabricadas por processos manuais muito rudimentares e tinham seus bordos irregulares, não sendo, como hoje, peças absolutamente iguais umas às outras.

Ouro, Prata e Cobre Os primeiros metais utilizados na cunhagem de moedas foram o ouro e a prata. O emprego destes metais se impôs, não só pela sua raridade, beleza, imunidade à corrosão e valor econômico, mas também por antigos costumes religiosos. Nos primórdios da civilização, os sacerdotes da Babilônia, estudiosos de astronomia, ensinavam ao povo a existência de estreita ligação entre o ouro e o Sol, a prata e a Lua. Isto levou à crença no poder mágico destes metais e no dos objetos com eles confeccionados.

A cunhagem de moedas em ouro e prata se manteve durante muitos séculos, sendo as peças garantidas por seu valor intrínseco, isto é, pelo valor comercial do metal utilizado na sua confecção. Assim, uma moeda na qual haviam sido utilizados vinte gramas de ouro, era trocada por mercadorias neste mesmo valor.

Durante muitos séculos os países cunharam em ouro suas moedas de maior valor, reservando a prata e o cobre para os valores menores. Estes sistemas se mantiveram até o final do século passado, quando o cuproníquel e, posteriormente, outras ligas metálicas passaram a ser muito empregados, passando a moeda a circular pelo seu valor extrínseco, isto é, pelo valor gravado em sua face, que independe do metal nela contido.

Com o advento do papel-moeda a cunhagem de moedas metálicas ficou restrita a valores inferiores, necessários para troco. Dentro desta nova função, a durabilidade passou a ser a qualidade mais necessária à moeda. Surgem, em grande diversidade, as ligas modernas, produzidas para suportar a alta rotatividade do numerário de troco.

Moeda de Papel Na Idade Média, surgiu o costume de se guardarem os valores com um ourives, pessoa que negociava objetos de ouro e prata. Este, como garantia, entregava um recibo. Com o tempo, esses recibos passaram a ser utilizados para efetuar pagamentos, circulando de mão em mão e dando origem à moeda de papel.

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No Brasil, os primeiros bilhetes de banco, precursores das cédulas atuais, foram lançados pelo Banco do Brasil, em 1810. Tinham seu valor preenchido à mão, tal como, hoje, fazemos com os cheques.

Com o tempo, da mesma forma ocorrida com as moedas, os governos passaram a conduzir a emissão de cédulas, controlando as falsificações e garantindo o poder de pagamento.

Atualmente quase todos os países possuem seus bancos centrais, encarregados das emissões de cédulas e moedas.

A moeda de papel evoluiu quanto à técnica utilizada na sua impressão. Hoje a confecção de cédulas utiliza papel especialmente preparado e diversos processos de impressão que se complementam, dando ao produto final grande margem de segurança e condições de durabilidade.

Sistema Monetário O conjunto de cédulas e moedas utilizadas por um país forma o seu sistema monetário. Este sistema, regulado através de legislação própria, é organizado a partir de um valor que lhe serve de base e que é sua unidade monetária.

Atualmente, quase todos os países utilizam o sistema monetário de base centesimal, no qual a moeda divisionária da unidade representa um centésimo de seu valor.

Normalmente os valores mais altos são expressos em cédulas e os valores menores em moedas. Atualmente a tendência mundial é no sentido de se suprirem as despesas diárias com moedas. As ligas metálicas modernas proporcionam às moedas durabilidade muito superior à das cédulas, tornando-as mais apropriadas à intensa rotatividade do dinheiro de troco.

Os países, através de seus bancos centrais, controlam e garantem as emissões de dinheiro. O conjunto de moedas e cédulas em circulação, chamado meio circulante, é constantemente renovado através de processo de saneamento, que consiste na substituição das cédulas gastas e rasgadas.

Cheque Com a supressão da conversibilidade das cédulas e moedas em metal precioso, o dinheiro cada vez mais se desmaterializa, assumindo formas abstratas.

Esse documento, pelo qual se ordena o pagamento de certa quantia ao seu portador ou à pessoa nele citada, visa, primordialmente, à movimentação dos depósitos bancários.

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O importante papel que esse meio de pagamento ocupa, hoje, na economia, deve-se às inúmeras vantagens que proporciona, agilizando a movimentação de grandes somas, impedindo o entesouramento do dinheiro em espécie e diminuindo a necessidade de troco, por ser um papel preenchido à mão , com a quantia de que se quer dispor .O dinheiro, seja em que forma se apresente, não vale por si, mas pelas mercadorias e serviços que pode comprar. É uma espécie de título que dá a seu portador a faculdade de se considerar credor da sociedade e de usufruir, através do poder de compra, de todas as conquistas do homem moderno.

Moeda Eletrônica O termo Eletronic Money (e-money), também chamado de eletronic cash ou digital cash, ainda não tem uma definição precisa. Refere-se a transações efetuadas eletronicamente com o propósito de transferir fundos de uma parte para outra. Digital cash por si só é basicamente um valor corrente e as transações realizadas com ele podem ser visualizadas como uma troca de moedas no mercado. Isto porque antes de utilizar o dinheiro digital é necessário disponibilizá-lo de alguma forma .

O dinheiro eletrônico representa a oportunidade de transformar totalmente o sistema de pagamentos: novas moedas podem ser criadas e negociadas pelas empresas, sem deixar de lado as premissas já adotadas pelas instituições financeiras tradicionais como segurança, confiabilidade e sigilo.

A moeda não foi, pois, genialmente inventada, mas surgiu de uma necessidade e sua evolução reflete, a cada momento, a vontade do homem de adequar seu instrumento monetário à realidade de sua economia. Atualmente o uso das moedas é controlado pelo governo de cada país. Cabe-lhe decidir qual a unidade básica de moeda em circulação, que papel-moeda deve ser feito e que metal deve ser empregado para fabricar moedas. O valor nominal da moeda está relacionado ao seu valor de compra. O seu valor real depende da quantidade de mercadoria que pode ser comprada com ela. Se esse valor real cai, isto é, se a quantidade de mercadorias que se compra com ela é menor do que em tempos normais, diz-se que há inflação.

Atualmente, portanto, um país não emite moeda baseada na quantidade de ouro que possui, mas na quantidade suficiente para o funcionamento do Sistema Econômico.

Período Moeda vigente Símbolo Até 01/11/1942 Réis -- A partir de 01/11/1942 Cruzeiro Cr$ A partir de 13/02/1967 Cruzeiro Novo NCr$ A partir de 15/05/1970 Cruzeiro Cr$ A partir de 28/02/1986 Cruzado Cz$ A partir de 16/01/1989 Cruzado Novo NCz$ A partir de 16/03/1990 Cruzeiro Cr$ A partir de 01/08/1993 Cruzeiro Real CR$ A partir de 01/07/1994 Real R$

Fonte: www.bcb.gov.br

As principais características da moeda são: Raridade, Durabilidade, Transferibilidade, Homogeneidade, Divisibilidade, facilidade de manuseio e transporte. As funções da moeda são:

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• Intermediária de trocas: Superação do escambo, operação de economia monetária, melhor especialização e divisão social do trabalho, transações com menor tempo e esforço, melhor planejamento de bens e serviços.

• Medida de valor: Unidade padronizada de medida de valor, denominador comum de

valores, racionaliza informações econômicas, constrói sistema agregado de contabilidade social, produção, investimento, consumo, poupança.

• Reserva de valor: Alternativa para acumular riqueza, liquidez por excelência, pronta aceitação consensual.

• Função liberatória : Liquida débitos e saldas dívidas, poder garantido pelo estado.

• Padrão de pagamentos: Permite realizar pagamentos ao longo do tempo, permite crédito e adiantamento, viabiliza fluxo de produção e de renda.

Existem 04 situações possíveis relacionadas à variação do valor da moeda ( ou aos índices de variações de preços)

• A inflação • A desinflação • A deflação • A reflação

A inflação: A definição básica para inflação é a elevação do nível geral de preços da economia. É a categoria predominante de variação do valor da moeda. Trata-se de um fenômeno universal, comum a praticamente todos os países. Corresponde a uma alta intensa, persistente e generalizada dos preços dos bens e serviços, expressos pelo padrão monetário corrente.Para o mercado financeiro, a importância de acompanhar a inflação tem relação com a política monetária, pois o Banco Central determina o nível da taxa de juros básica (selic) olhando principalmente para os índices de Inflação do país. TIPOS DE INFLAÇÃO

Inflação monetária ou de demanda:

Elevação de preços resultante da defasagem entre quantidade ofertada (oferta agregada) e quantidade demandada ( demanda agregada) sendo que esta última se apresenta bem maior que a primeira,acarretando pressão nos preços em função de um certo patamar de demanda reprimida.A possibilidade de ocorrer este tipo de inflação é mais comum quando a economia está com sua produção próxima do pleno emprego. Sua origem pode ter vários motivos, tais como: má condução da política monetária , generalizada expansão de gastos, aumento da base monetária devido emissões primárias de papel moeda.

Inflação de Custos :

Este tipo de inflação ocorre quando há uma majoração exacerbada nos custos dos fatores de produção, de bens e serviços, tais como impostos, matéria-prima, mão de obra, combustível, etc. Neste caso a demanda não costuma ser um fator muito determinante de preços finais das mercadorias. Geralmente a inflação de custos está associada a estrutura de mercados oligopolizados. Sua propagação e dinâmica depende de vários fatores, destacando-se como principais:

• Falta de competitividade no mercado;

• Importância relativas dos bens e serviços envolvidos;

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• Capacidade dos agentes econômicos em absorver os repasses de aumentos nos custos (conhecido como “mark-up”);

• Taxa global de ociosidade do setor real da economia;

Podemos assim dizer que a inflação de custos é uma inflação tipicamente de oferta.

Inflação inercial:

Capacidade de autopropagação da inflação e prática generalizada da indexação. Correção dos custos dos fatores de produção e dos preços, indefinidamente, pelos índices de inflação passada.

Obs.: Alguns autores não consideram inflação inercial como sendo um tipo de inflação e sim como conseqüência “natural” de todo processo inflacionário.Entre todos os agentes de determinado segmento de mercado ou até mesmo da economia como um todo existe um efeito psicológico, uma “memória inflacionária”, tendendo ao repasse das expectativas de inflação do momento para os preços, provocando um efeito de manutenção da taxa de inflação.

Inflação estrutural:

Este tipo de inflação está estreitamente relacionada com a ineficiência de serviços fornecidos pela infra-estrutura de uma determinada economia, sendo observado sua ocorrência principalmente em países de baixa renda, nas décadas de 50 e 60, os quais estavam em busca de acelerar seu desenvolvimento econômico. Esta ineficiência eleva os custos dos serviços prestados pelo governo e tendência de aumento nos orçamentos públicos decorrentes das grandes responsabilidades infra-estruturais e sociais que não são acompanhadas pela capacidade de tributação, ou seja, geração de receita necessária para pagar o preço da expansão econômica.

A inflação sempre foi um fenômeno econômico presente na sociedade brasileira, mas foi nas décadas de 80 e 90 que foram registrados os índices mais elevados. A inflação caracteriza-se pelo aumento geral de preços na economia e provoca uma desvalorização da moeda do país.

Os índices de inflação registram uma média dos aumentos dos preços, por isso as pessoas tem a impressão de que o índice inflacionário é superior ao que foi divulgado. Dessa maneira, é muito importante, quando falamos de inflação, mencionar qual o indicador utilizado, pois os índices diferenciam-se em relação a data de referência, a abrangência geográfica, faixa salarial e itens que compõem a cesta de produtos pesquisados.

EVOLUÇÃO DOS ÍNDICES DE INFLAÇÃO NO BRASIL (fonte: Ipeadata)

1940 9,38% AA

1950 3,72% AA

1960 32,20%aa

1964 85.60%aa

1970 17,46%aa

1980 84,77%aa

1985 228,22%aa

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1990 1639,08%aa

1993 2490,99%aa

1997 4,82%aa

1998 - 1,79%aa

2003 8,18%aa

Regime de Metas Inflacionárias Em julho de 1999, ano de flexibilização do regime cambial, o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central introduziram o Regime de Metas Inflacionárias no Brasil. O índice de Inflação escolhido como parâmetro foi o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), calculado pelo IBGE. Através de relatórios de avaliação da economia e simulações que utilizam um conjunto amplo de variáveis econômicas e financeiras, o Banco Central administra os instrumentos de política monetária (notadamente a taxa de juros) de modo a direcionar a inflação para os níveis estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional. O Regime de Metas de Inflação é considerado bem sucedido na administração da inflação em outros países (Inglaterra, Canadá, Espanha, Austrália, Nova Zelândia, Suécia, Finlândia e Israel) e tem como objetivo principal evitar fortes oscilações do crescimento econômico. Principais índices de inflação Os principais índices de preços são calculados pelo IBGE( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas ) e FGV (Fundação Getúlio Vargas). IGP- Índice Geral de Preços – Calculado pelo IBGE Começou a ser calculado em 1947, comparando preços do mês anterior com os do mês corrente, coletados em 18 capitais. Há 03 grupos de preços:

• Os de preço no atacado, baseado numa amostragem de cerca de 500 mercadorias, com 60% de peso no índice final .

• Os de preço ao consumidor, com base nas compras de famílias com renda de 01 a 33 salários mínimos , com peso de 30%, preços da construção civil, com 10% de peso, baseado em planilhas de custo de empresas de engenharia(IPC). É um índices de menos precisão, justamente pela sua abrangência, num quadro muito dispersivo de inflação. É divulgado em 02 versões , uma contendo apenas os preços do que é produzido internamente (disponibilidade interna) e outra incluindo preços de importações.

IGPM – índice Geral de Preços do Mercado – Calculado pela Fundação Getúlio Vargas

• O Índice Geral de Preços do Mercado – IGPM é uma referência do mercado financeiro. Mede o comportamento dos preços entre famílias do Rio e São Paulo, com renda mensal de 01 a 33 salários mínimos, é apurado entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência. É formado por 03 taxas:

• índice de Preços por Atacado (IPA) – que corresponde a 60% do IGP-M • Índice de Preços do Consumidor (IPC) – que corresponde por 40% do IGP-M. • Índice Nacional de Custo da Construção(INCC)- que corresponde a 10% do IGP-M.

Índice Quadrissemanal de Preços ao consumidor – calculado pela FIPE Típico de uma economia hiperinflacionária, é publicado toda semana, com a variação dos preços das quatro semanas anteriores. Restringe-se ao município de São Paulo e afere o custo de vida de

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famílias com rendas de 02 a 06 salários mínimos. Calcula os preços médios durante quatro semanas e divide pela mesma média de quatro semanas anteriores. Trata-se portanto de uma medida rápida das tendências de base dos preços. Ni índice da FIPE a comida pesa 37% do custo de vida das pessoas e habitação 18%. INPC - Índice Nacional de Preços ao Consumidor – calculado pelo IBGE. Para rendas de 01 a 08 salários mínimos, foi o índice oficial de inflação de 1979 a l986. IPC – Índice de Preços ao Consumidor Sucedeu ao INPC como índice Oficial até 1990 e difere apenas no período de coleta de preços. IPCA – Índice de Preços ao consumidor Ampliado- calculado pelo IBGE. Para rendas até 40 salários mínimos. Inflação: IPCA Periodicidade: Anual Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor (IBGE/SNIPC) Unidade: (% a.a.) Comentário: Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA). Obs.: Valor de agosto de 1991 não disponível na série original. Valores de agosto e setembro de 1991 imputados pelo IPEA (média geométrica dos valores de agosto e setembro). Atualizado em: 27 de janeiro de 2009

Índices de Custo de Vida – calculado pelo DIEESE

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Para 03 classes de renda – 1 a 3 salários mínimos, 1-5 salários mínimos e 1 a 30 salários mínimos. Esse índice se distingue dos demais por incluir como itens essenciais do custo de vida , despesas com recreação, comunicação, cultura e lazer. Índice da Cesta Básica – calculado pelo PROCON/DIEESE Pesquisado em 70 supermercados em São Paulo, englobando 31 produtos essenciais para famílias com renda até 10,3 salários mínimos; mede a variação ponta a ponta. A desinflação: Seria justamente o oposto da inflação, resultado normalmente de intervenções governamentais como, por exemplo, programas de estabilização, alteração/correção da política econômica resultando na volta da estabilidade de preços. Ex.: Plano Cruzado (Governo Sarney), Plano Real, Plano Bresser,etc A deflação: é o inverso da inflação, podemos definir como “queda generalizada dos preços”, para níveis inferiores aos que vinham sendo praticados. O recuo implica queda dos índices de preços para posições abaixo da linha de estabilidade, valorizando-se a moeda em relação aos demais ativos. A deflação geralmente é associada a estagnação econômica, provocada por uma queda no consumo. Ao contrário do que pode parecer a primeira vista, nem sempre a deflação é um fato positivo: quando ela ocorre, a concorrência faz com que as empresas baixem seus preços, a fim de ganhar os poucos consumidores dispostos a gastar. Para manter os preços baixos. As empresas precisam reduzir investimentos e promovem demissões.Por isso os economistas dizem que deflação pode provocar depressão econômica como aconteceu nos Estados Unidos entre 1920 a 1933. A deflação é medida pelos mesmos índices que apuram a inflação. Ex.1:com a grande depressão do início dos anos 30, nos Estados Unidos, o PNB americano recuou de $ 103,2 bilhões (1929) para $ 55,6 bilhões (1933). No mesmo período o índice geral de preços recuou 24,5%. Ex.2: No século XIX, nos EUA, houve longos períodos no qual os preços caíram. Em 1896, o nível médio de preços nos EUA era 23% menor que 1880, e esta deflação foi um dos temas principais para a eleição presidencial de 1896. Os agricultores, que haviam acumulado grandes dívidas, sofreram com a queda dos preços das lavouras, que reduziu sua renda e portanto sua capacidade de pagar as dívidas. Eles defenderam políticas destinadas à reverter a deflação. A reflação: É a recuperação dos processos deflacionários . Recuperam-se os níveis de ociosidade, pela expansão dos dispêndios de investimentos e consumo. O aperto geral de liquidez é corrigido, expandindo-se a oferta monetária.

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• O Sistema Financeiro Legislação.

O Art. 192 da Constituição de 1988, que trata do Sistema Financeiro Nacional, nunca foi regulamentado. Parece estranho, pois se passaram quase 15 anos... Mas, há um motivo: segundo o texto, a regulamentação deveria ser feita em uma única lei complementar.

O artigo possui oito incisos que especificam os assuntos a serem contemplados. Entre eles está o funcionamento das instituições financeiras, as condições para capital estrangeiro, o funcionamento de seguros, previdências, atribuições do Banco Central, o funcionamento das Cooperativas de Crédito, a limitação em 12% ao ano dos juros reais, etc.

Como elaborar uma única lei complementar para regulamentar todas estas questões? Seria um verdadeiro tratado! Assim, a questão foi se arrastando ao longo dos anos.

Em 1999, finalmente começou a tramitar um Projeto de Emenda Constitucional (PEC), Nº 53, DE AUTORIA DE José Serra, que propunha basicamente duas alterações no art. 192.

• Trocar lei complementar por leis complementares, o que permitiria regulamentar cada assunto por leis diferentes, em tempos diferentes;

• Retirar todos os incisos do texto, ou seja, os assuntos “relacionados ao sistema financeiro” deixariam de ser especificados na Constituição.

A PEC avançou, passou pelas comissões do Senado e foi aprovada em dois turnos nessa casa. Depois foi para a Câmara , onde só faltaram as votações do plenário. O PT retomou as discussões sobre a questão em março deste ano. Depois de duras negociações conseguiu aprova-la em primeiro turno na Câmara, ou seja, a tramitação caminha para o final. Só depois da PEC aprovada terá início o processo de criação de uma lei complementar que trate da independência do Banco Central.

As economias modernas, que possuem um elevado grau de complexidade no relacionamento entre os agentes econômicos, necessitam de um sistema que organize e facilite a circulação da moeda pelo sistema econômico. Esse papel é desempenhado pelo sistema financeiro, que é responsável pela intermediação da moeda entre os agentes econômicos

Considerando a economia como um todo, verificamos que há agentes econômicos superavitários e agentes econômicos deficitários.

Com isso queremos dizer que num determinado momento, alguns agentes gastam uma quantia maior do que sua renda, ficando deficitários, portanto, enquanto outros não gastam toda sua renda, apresentando-se como superavitários. Então, onde os agentes deficitários conseguem dinheiro para seus gastos e qual o destino dado pelos agentes superavitários ao seu dinheiro? A resposta é simples: os agentes superavitários transferem seus recursos disponíveis para os agentes deficitários. Entretanto , essa transferência não é feita de maneira direta, ela é feita através do sistema financeiro, e recebe o nome de processo de intermediação financeira.

Agentes superávitários DEPÓSITOS Sistema Financeiro EMPRÉSTIMOS Agentes deficitários

O sistema financeiro é formado pelos bancos comerciais; pelos bancos de investimentos; pelas sociedades de crédito, financiamento e investimento e pelas bolsas de valores. Essas entidades captam recursos junto aos agentes superavitários, como o caso dos depósitos à vista nos bancos comerciais, e os repassam aos agentes deficitários sob a forma de empréstimos, por exemplo. Os agentes superavitários possuem interesse em transferir seus recursos para os agentes deficitários, porque o processo de intermediação financeira tem um custo, que é a taxa de juros, que

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representa a remuneração destes agentes superavitários. A remuneração aos superavitários é feita diretamente pelo sistema financeiro, que dessa maneira consegue atrair e captar recursos. Uma vez de posse desses recursos, o sistema financeiro pode empresta-los aos agentes deficitários, cobrando juros e comissões por esses serviços. A remuneração do sistema financeiro corresponde à diferença entre a taxa de juros paga aos poupadores e a taxa de juros cobrada dos tomadores de empréstimo. Essa diferença é denominada pelo termo inglês spread. Naturalmente o spread é positivo, pois a taxa de juros cobrada é sempre maior do que a taxa de juros paga pelo sistema financeiro.

Resumo

Sistema financeiro: é o conjunto de instituições privadas e públicas que transferem recursos dos agentes superavitários para os deficitários.

Intermediação financeira: é o processo de transferência de recursos dos agentes superavitários para os deficitários, realizados pelo sistema financeiro.

Spread: é a diferença entre a taxa de juros cobrada pelo sistema financeiro dos agentes deficitários e as taxa de juros paga aos agentes superavitários. Constitui a remuneração do sistema financeiro.

Organização do Sistema Financeiro Nacional

A organização atual do Sistema Financeiro Brasileiro foi estabelecido inicialmente pela Lei nº 4.595, de 31. de dezembro de 1964., e depois pela Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965. A partir dessa época, o sistema financeiro nacional passou a constituir-se de bancos comerciais, bancos de investimentos, sociedades financeiras e bancos oficiais.

As autoridades monetárias

• O Conselho Monetário Nacional: o CMN acaba sendo o conselho de política econômica do país, visto que o mesmo é responsável pela fixação das diretrizes da política monetária, creditícia e cambial. Atualmente, seu presidente é o próprio Ministro da Fazenda.

• O Banco Central do Brasil: o BACEN é o órgão responsável pela execução das normas que regulam o SFN. Criado em 31.12.64, seus principais objetivos são o controle monetário (inflação), equilíbrio do Balanço de Pagamentos e estímulo da Economia Nacional. O presidente do BACEN é escolhido pelo presidente do Brasil, e deve ser sabatinado pelo senado federal, para que possa ocupar o cargo. Suas principais funções são: controle monetário, autorizar o funcionamento de instituições financeiras, fixar normas para o funcionamento das instituições financeiras, fiscalização, depositário das reservas internacionais no Brasil, controle sobre o capital estrangeiro no Brasil, política cambial, fixa e recolhe depósitos compulsórios. É muito discutida a elevação do grau de independência do BACEN, embora para o governo LULA através de declarações do Ministro Palocci , o BACEN é independente em suas decisões de política monetária.

As autoridades de apoio:

• A Comissão de Valores Mobiliários : a CVM é um órgão normativo voltado ao mercado de ações e debêntures. Ela é vinculada ao Governo Federal e seus objetivos podem ser sintetizados em apenas 01 : o fortalecimento do mercado acionário.

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• O Banco do Brasil: até janeiro de 1986 o BB assemelhava-se a uma autoridade monetária , hoje é um banco comercial comum, embora responsável pela Câmara de Confederação.

• O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social: é uma empresa pública federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que tem como objetivo financiar a longo prazo os empreendimentos que contribuam para o desenvolvimento do país. Tem como objetivo também, o fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas e desenvolvimento do mercado de capitais, a comercialização de máquinas e equipamentos e o financiamento à exportação. A partir do Plano Collor, também é responsável pela gestão do processo de privatização.Desde a sua fundação , em 20 de junho de 1952, O BNDES vem financiando os grandes empreendimentos industriais e de Infra-estrutura.

• A Caixa Econômica Federal: a CEF caracteriza-se por estar voltada ao financiamento habitacional e ao saneamento básico. É um instrumento governamental de financiamento social.

Instituições Financeiras:

• Os Bancos Comerciais: os BC são intermediários financeiros que transferem recursos dos agentes superavitários para os deficitários, mecanismo esse que acaba por criar moeda através do efeito multiplicados. Os BC’s podem descontar títulos, realizar operações de crédito simples ou em conta corrente, realizar operações especiais de crédito rural, de câmbio e comércio internacional, captar depósitos à vista e a prazo fixo, obter recursos junto às instituições oficiais para repasse aos clientes, etc.

• Os Bancos de Desenvolvimento: o já citado BNDES é o principal agente de financiamento do governo federal. Destacam-se outros bancos regionais de desenvolvimento como o Banco do Nordeste do Brasil- BNB, o Banco da Amazônia, etc.

• As Cooperativas de Crédito: equiparando-se às instituições financeiras, as cooperativas normalmente atuam em setores primários da economia ou são formadas entre os funcionários das empresas. No setor primário, permitem uma melhor comercialização dos produtos rurais e criam facilidades para o escoamento das safras agrícolas para os consumidores. No interior das empresas em geral, as cooperativas oferecem possibilidades de crédito aos funcionários, os quais contribuem mensalmente para a sobrevivência e crescimento da mesma.

• Os Bancos de Investimentos: os BI captam recursos através da emissão de CDB e RDB, de capitação e repasse dos recursos e de venda de cotas de fundos de investimentos. Esses recursos são direcionados a empréstimos e financiamentos específicos à aquisição de bens de capital pelas empresas ou subscrição de ações e debêntures. Os BI não podem destinar recursos a empreendimentos mobiliários e tem limites para investimentos no setor estatal.

• Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimentos: as “financeiras” captam recursos através de letras de câmbio e sua função é financiar bens de consumo duráveis aos consumidores finais (crediário). Quando uma pessoa se dirige a uma loja para comprar uma geladeira a prazo, por exemplo, ela

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pensa que pagará as prestações para a loja. Na verdade, o que acontece é uma operação de crédito, em que uma sociedade financeira faz um empréstimo para o consumidor e paga a geladeira à vista para a loja. O consumidor acaba pagando as prestações para a sociedade financeira, que é a credora. As pessoas não percebem a existência desse mecanismo porque, na verdade, a sociedade financeira entrega o dinheiro diretamente à loja, sem passar pelo consumidor. Em alguns casos, a sociedade financeira pertence à loja.

• Sociedades Corretoras: essas sociedades operam com títulos e valores mobiliários por conta de terceiros. São instituições que dependem do BACEN para constituírem-se e da CVM para o exercício de suas atividades. As corretoras podem efetuar lançamento de ações, administrar carteiras e fundos de investimentos, intermediar operações de câmbio,etc.

• Sociedade de Arrendamento Mercantil: operam com operações de “leasing” , trata-se de locação de bens de forma que, no final do contrato, o locatário pode renovar o contrato, adquirir o bem por um valor residual ou devolver o bem locado à sociedade. Atualmente, tem sido comum operações de leasing em que o valor residual é pago de forma diluída ao longo do período contratual ou de forma antecipada. As Sociedades de Arrendamento Mercantil captam recursos através de emissão de debêntures, com características de longo prazo.

• Sociedades de Créditos Imobiliários: ao contrário das Caixas Econômicas, essas sociedades são voltadas ao público de maior renda. A captação ocorre através de letras imobiliárias, depósitos de poupança e repasses da CEF. Esses recursos são destinados, principalmente, ao financiamento imobiliário diretos ou indiretos.

• Agências de Fomento: sob supervisão do BACEN , as agências de fomento captam recursos através dos Orçamentos Públicos e de linhas de crédito de LP de bancos de desenvolvimento, destinando-os a financiamentos de capital fixo e de giro.

• Bancos Múltiplos: como o próprio nome diz, tais bancos possuem pelo menos duas das seguintes carteiras: comercial, de investimento, de crédito imobiliário,de desenvolvimento e de leasing.

• Bancos Cooperativos: são verdadeiros bancos comerciais surgidos a partir das cooperativas de crédito. Sua principal restrição é limitar suas operações em apenas uma UF, o que garante a permanência dos recursos onde são gerados, impulsionando .

Através da Medida Provisória 1.179, de 04.11.95, o governo federal criou o PROER- Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional. Este programa veio para responder à nova realidade advinda com o Plano Real e promover o enxugamento do sistema financeiro através de fusões entre bancos, bem como aquisições, reorganizações societárias, e reestruturação das instituições. Com o plano real a inflação, de cerca de 50% ao mês , para menos de 2% nos meses seguintes, provocando alterações na cultura do país. Os bancos tiveram que se adaptar à nova mentalidade e se adequar à perda da receita inflacionária. Muitas instituições de grande porte não conseguiram se encaixar nesse novo panorama e ameaçavam uma “quebradeira generalizada”. Se isso acontecesse, a população perderia a confiança no sistema, “retiraria seu dinheiro dos bancos” E provocaria um desmantelamento de toda a economia. O PROER foi criado, então, para garantir a calma e a estabilidade no sistema financeiro nacional, a medida veio para assegurar a solvência ao Sistema Financeiro Nacional e resguardar os interesses dos depositantes e dos investidores.

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TEXTO

O problema é o spread

Marcos Cintra (*)

O vice-presidente José Alencar tem sido uma das vozes mais atuantes contra os juros asfixiantes praticados no Brasil. Seu discurso tem sido extremamente apropriado no combate a um fator determinante do sucateamento do setor produtivo nacional e do empobrecimento da classe média brasileira.

Dados do FMI mostram que o Brasil tem um dos maiores spreads do mundo. A diferença entre o que os bancos pagam para captar dinheiro e o que cobram nos empréstimos gira em média em torno de 43%. Em média os bancos pagam 19% quando um investidor faz uma aplicação e cobram 62% quando emprestam aos seus clientes.

O alto custo do dinheiro e a baixa oferta de crédito são fatores altamente restritivos ao crescimento da demanda agregada no Brasil. Enquanto que em países como o Chile e no grupo dos sete países mais ricos do mundo o volume de crédito representa de 70% a 120% do PIB, no Brasil não ultrapassa a 25% do PIB.

A mais relevante causa macroeconômica relacionada à questão dos juros no Brasil refere-se à elevada taxa Selic. Suas principais determinantes residem no déficit fiscal do governo, nas recorrentes crises na balança de pagamentos e no compromisso do Banco Central com a meta de inflação.

O problema dos custos do dinheiro no Brasil vem sendo equivocadamente focado quase que exclusivamente na redução da taxa Selic. Ocorre que as taxas de juros que sufocam a economia brasileira são as aplicadas ao tomador final. Para as empresas as taxas giram em torno de 74% para o financiamento do capital de giro, 77% no desconto de duplicatas e 105% nas contas garantidas. O custo final médio para as pessoas físicas é de 61% no CDC, 110% no empréstimo pessoal e de 205% no cheque especial. Ou seja, os bancos multiplicam a taxa Selic em até oito vezes quando emprestam para o tomador final.

A baixa oferta de recursos disponíveis para empréstimos contribui para forçar os juros para cima, mas a forte concentração do setor bancário potencializa a capacidade dos bancos de defini-los quando emprestam. De 1994 a 2002, o número de bancos no Brasil caiu de 246 para 167. Hoje os cinco maiores bancos brasileiros concentram 55,3% dos empréstimos e 57,9% dos depósitos bancários. Os 10 maiores concentram 65,1% do total de ativos do setor.

Segundo o Banco Central, o spread, principal componente dos juros, é composto por 17% de taxa de risco, 14% de despesas administrativas, 29% de impostos e 40% de lucro dos bancos. Mesmo sem avaliar a consistência dos números apresentados (a taxa de risco pode estar superavaliada já que a inadimplência vem mostrando arrefecimento, as despesas administrativas devem ser abatidas das crescentes e polpudas receitas de tarifas, e a análise tributária mostra clara inadequação quando se incluem impostos sobre lucro na contabilidade de custos) a margem de lucro de 40% na composição do spread denota situação atípica relativamente a outros setores da economia. Cabe considerar que os custos de captação dos bancos limitam-se à taxa Selic e que significativa parcela dos recursos oriundos de depósitos bancários tem custo próximo de zero.

O custo financeiro no Brasil consiste num dos maiores entraves para a competitividade da economia, e a estrutura do setor bancário representa um dos fatores determinantes para tal situação. Na Argentina, o spread é em média de 12,5%; no Paraguai, 15,8%; no Chile, 3,9%; em Angola, 38,6%; na Rússia, 10%; na Zona do Euro, 3,3%; e nos Estados Unidos 3%.

A decisão do Copom no último dia 18 de junho de reduzir a Selic de 26,5% para 26% não tem significado algum em termos práticos para o setor produtivo, apenas cria um resultado positivo nas expectativas. Diminuir a Selic em dois, cinco, ou dez pontos percentuais, além de inadequado se for efetuado de forma precipitada, não resolveria decisivamente o problema das taxas ativas de juros ao setor privado.

A taxa Selic é alta. Mas isso é sintoma, não causa dos problemas macroeconômicos brasileiros. O enfrentamento da verdadeira causa do problema exige reconhecer a distorcida mecânica na formação de preços do setor financeiro brasileiro.

______________________________________________________________________

(*) Doutor em Economia pela Universidade de Harvard (EUA), é professor-titular e vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas.

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• Economia Internacional Economia Internacional é o ramo da Economia que estuda as relações comerciais entre as nações. Quando pensamos em comércio internacional, duas questões vem logo a nossa mente. A primeira refere-se ao motivo pelo qual aos países comercializam entre si, apesar das dificuldades decorrentes das diferentes moedas e das longas distâncias que os separam. A Segunda questão refere-se à forma como são escolhidos os bens e serviços que farão parte do fluxo de mercadorias do comércio internacional. É preciso saber, por exemplo, por que o Brasil exporta produtos agrícolas e manufaturados em quanto importa máquinas e equipamentos pesados. As respostas para essas questões estão na Teoria das Vantagens Comparativas, elaborada por Adam Smith e posteriormente aperfeiçoada por David Ricardo, economistas ingleses que viveram nos séculos XVIII e XIX, respectivamente. Essa teoria parte do princípio de que os países que comercializam entre si aumentam o nível de seu bem - estar social. Por bem-estar entende-se a quantidade de produtos alocados à disposição dos habitantes desses países. Assim, um aumento no nível de bem-estar significa uma maior quantidade de mercadorias à disposição dos consumidores. A Teoria das Vantagens Comparativas diz que os países devem especializar-se na produção dos bens que possuem vantagens comparativas, para trocá-los por bens produzidos nas mesmas condições em outros países. Ex. Brasil e Suíça País \ Produto Café Relógios Brasil 36.000 sacas de café ou 72.000 relógios Suíça 24.000 sacas de café ou 96.000 relógios Quadro A: produção mensal de relógios ou sacas de café no Brasil e na Suíça Entretanto, esses países gostariam de consumir os dois bens (relógios e café) e, portanto gostariam de produzir café e relógios., se os dois países produzissem os dois produtos o quadro ficaria assim: País\Produto Café Relógios Brasil 18.000 sacas de café 36.000 relógios Suíça 12.000 sacas de café 48.000 relógios Total 30.000 sacas de café 84.000 relógios Quadro B: produção mensal de relógios e sacas de café no Brasil e na Suíça Como podemos observar, o Brasil teria vantagens na produção de café, pois produziria 36.000 sacas, contra 24.000 sacas da Suíça. Por outro lado a teria vantagens na produção de relógios, 96.000 relógios, contra 72.000 do Brasil. Considerando que os dois países se especializem na produção dos bens nos quais levam vantagem, vamos verificar que a produção seria maior (Quadro C)do que quando os países produzem os dois produtos (quadro B) assim: País\Produto Café Relógios Brasil 36.000 sacas de café ---- Suíça ---- 96.000 relógios Total 36.000 sacas de café 96.000 relógios

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Quadro C: Produção de café e relógios no Brasil e na Suíça com especialização É claro que o exemplo utilizado não corresponde a realidade. Um país não se especializa na produção de um único bem e nem consome apenas dois bens. A teoria das vantagens comparativas é utilizada quando um país deseja aumentar o bem estar de sua população no curto prazo. A Teoria das Vantagens Comparativas não deve ser seguida como justificativa para medidas de política econômica, pois a longo prazo o bem estar da população dos países que tem vantagens comparativas na produção de produtos agrícolas tende a diminuir. Essa observação foi feita por Raul Prebisch, economista da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), que é um órgão da ONU, ao desenvolver o conceito de "deterioração das relações de troca" dos países da periferia, isto é, produtores de produtos agrícolas. Ele constatou que no comércio internacional, com o decorrer dos anos, o preço dos produtos agrícolas diminuía, o que não acontecia com os preços das mercadorias manufaturadas, das máquinas e dos equipamentos. Com isso, um país que se especializasse na agricultura e trocasse seus produtos por mercadorias industrializadas precisaria produzir cada vez mais, para trocar pela mesma quantidade de manufaturas. Ou seja as relações de troca se deteriorariam, se fosse impossível aumentar sua produção, o país importaria quantidades cada vez menores dos bens industrializados, diminuindo o bem estar de sua população a longo prazo.. Portanto a Teoria das Vantagens Comparativas deve ser usada apenas para resolver o problema de um país no momento. Não é aconselhável utilizá-la permanentemente, pois tal procedimento só aumenta a dependência externa dos países agrícolas, provocando graves conseqüências econômicas e sociais. ............................................................................................................................................... Taxa de Câmbio é a relação entre o valor de duas unidades monetárias, indicando o preço em termos monetários nacionais da divisa estrangeira correspondente. O BALANÇO DE PAGAMENTOS

Introdução a Economia Brasileira- Jefferson Mariano, Saraiva,2005

O Balanço de Pagamentos é o registro de todas as transações realizadas entre um país e o resto

do mundo. Reflete a necessidade ou o excedente de recursos que o país possui durante um

determinado período. Essas transações referem-se a produtos, bens, serviços e capitais. No Brasil,

o Banco Central é o órgão responsável por sua elaboração, com a colaboração do IBGE.

Balança Comercial: corresponde ao volume do comércio realizado com os demais países, ou

seja, a diferença entre mercadorias exportadas e importadas.

Balança Comercial = Exportações - Importações

Quando seu saldo é positivo, significa que o país obteve um superávit na balança comercial;

quando é negativo, dizemos que ocorreu um déficit. Se ocorrer uma situação de déficit, o país

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passa a ter necessidade de divisas (dólar) para fazer frente ao pagamento dessas mercadorias.

Isso ocorre devido ao fato do real não ser uma moeda conversível, ou seja, aceitam-se reais

apenas no Brasil. Desse modo, para que o país possa pagar as mercadorias importadas, é

necessário que obtenha dólares. O mesmo movimento ocorre com as exportações. Quando o

Brasil vende para a Argentina, recebe dólares e não moeda local.

No Brasil, principalmente ao longo dos anos 80, em decorrência da crise da dívida e do

fechamento dos mercados, restou como alternativa a geração de enormes superávits na balança

comercial, principalmente com o objetivo de realizar o pagamento da dívida externa.Um dos

recursos utilizados pelo governo da época foi o mecanismo da desvalorização cambial, fazendo

os produtos brasileiros ficarem mais baratos no comércio internacional.Também foram utilizados

recursos para desonerar as exportações por meio de subsídios e incentivos fiscais. Além da

tentativa de promover a expansão das exportações, ocorreu nesse período uma forte diminuição das importações. Nos anos 90, com o Plano Real, ocorreu um processo de valorização cambial, fazendo os

produtos brasileiros ficarem mais caros no comércio internacional. O real valorizado favoreceu as importações . De 1995 a 2000, ocorreram déficits sucessivos na balança comercial, o que só foi

revertido a partir de 2001.

A partir de 2002, ocorreu uma retomada das exportações brasileiras , favorecidas principalmente

pelo processo de desvalorização cambial. Essa retomada das exportações deveu-se

principalmente à contribuição de produtos primários ou semi-elaborados,o que nos mostra que o

país é muito dependente da atividade agro-exportadora e de produtos de baixo-valor agregado. Em

2002 e 2003, somente as exportações de soja representaram 10% do resultado da balança

comercial. Na contrapartida, as importações de produtos como o petróleo representam valor

significativo nas importações do Brasil. Essas informações são importantes para análise do

desenvolvimento econômico do país.

Balança de Serviços: corresponde ao volume de transações relacionadas a pagamentos de bens

intangíveis, ou seja, serviços. Integram essa balança a remuneração de serviços públicos e

privados, pagamentos dos juros da dívida externa, gasto de turistas em viagem, remessas de

lucros e remuneração pela utilização de marcas e patentes.

O Brasil, historicamente, apresenta um quadro de balança de serviços deficitária, principalmente

em decorrência das remessas de recursos aos exterior para o pagamento dos serviços da dívida.

Também há de se destacar as dificuldades de ampliação do mercado turístico brasileiro, por

motivos que vão desde os problemas de infra-estrutura em várias regiões do país até o

crescimento da violência urbana.

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Estrutura da balança de serviços

RECURSOS RECEBIDOS RECURSOS ENVIADOS

Juros recebidos do exterior Juros pagos ao exterior

Gastos de turistas estrangeiros no Brasil Gastos de turistas brasileiros no exterior

Remuneração de marcas e patentes Pagamento pela utilização de marcas e

patentes

SALDO DA BALANÇA = Recursos enviados – Recursos recebidos

Transferências Unilaterais: corresponde ao envio de recursos de pessoas que residem em outros

países. Por Exemplo, trabalhadores brasileiros, descendentes de japoneses, que se encontram no

Japão realizando algum tipo de trabalho. Os recursos que eles encaminham ao Brasil para seus

familiares são contabilizados nesta balança.

Transações Correntes: corresponde à soma: balança comercial + balança de serviços +

transferências unilaterais.

Quando apresenta um quadro deficitário, o governo tem que buscar compensação na balança de

capitais.

Balança de Capitais: corresponde ao movimento de entrada de capitais na forma de empréstimos

e investimentos diretos (aumento da produção ou compra de empresas brasileiras por parte do

capital estrangeiro) e ao movimento de saída de capitais na forma de amortizações (pagamento de

dívida).

Nos anos 90, principalmente em decorrência do Plano Real, ocorreu um ingresso significativo de

capitais no país, inicialmente em busca das elevadas remunerações quando comparadas ao

mercado internacional. Além disso o processo de privatizações também significou um ingresso

importantes de divisas no país. No entanto, as sucessivas crises pelas quais o país passou –

devido às crises mexicana (1995), asiática (1997) e russa (1998), fez ocorrer uma fuga de

capitais.Assim, quando o país enfrenta esse tipo de dificuldade, a alternativa é lançar mão de

capitais compensatórios, que, na verdade, traduzem-se em acesso aos recursos do Fundo

Monetário Internacional, na forma de empréstimos ou direitos de saques.

Erros e Omissões: em virtude do balanço de pagamentos ser uma demonstração contábil com

mecanismo de débito e crédito, esse item é utilizado apenas como forma de permitir os ajustes

nessa demonstração.

EQUILÍBRIO NO BALANÇO DE PAGAMENTOS

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O objetivo econômico de todas as nações é a busca do equilíbrio no balanço de pagamentos, ou

seja, os recursos disponíveis devem ser suficientes para pagar os capitais que deixam o país.

No Brasil este problema também acontece. Em 2001 o déficit na balança de pagamentos oscilava

entre US$28 e 55 bilhões, dependendo da metodologia adotada. Quando existe déficit o governo

pode adotar algumas medidas para minimizar essa situação:

Na Balança Comercial:

• Intensificado esforços em exportar por meio de incentivos ao setor exportador ,

• reduzir as importações por meio de taxas e impostos sobre esses produtos’

• o governo pode pressionar as empresas para que promovam processos de nacionalização

de componentes na produção, ou seja, substituição de peças importadas por outras

produzidas no país,

• o governo pode ainda promover desvalorizações cambiais. A moeda brasileira

desvalorizada faz que nossas mercadorias fiquem mais baratas no exterior e as

mercadorias importadas cheguem ao país com preços mais elevados.

Na Balança de Serviços:

• o governo pode realizar esforços no sentido de renegociar sua dívida, de modo a reduzir as

taxas de juros,

• o governo pode exercer um controle maior com relação à remessa de lucros ao exterior,

• o governo pode incentivar o turismo interno, diminuindo os gastos de turistas brasileiros no

exterior (Ex.: em 1997 ,devido as crises externas, o governo resolveu cobrar IOF- Imposto

sobre Operações Financeiras, de turistas brasileiros que realizavam compras no exterior

com cartões de crédito, essa medida visava tornar as compras no exterior menos

interessantes, reduzindo a saída de divisas do país.)

Na Balança de Capital:

• o governo ou as empresas podem obter empréstimos no exterior,

• o governo pode estimular à entrada de investimentos estrangeiros (proporcionando uma

maior rentabilidade através da elevação da taxa de juros- entretanto deve ser observado

que existe um limite para a elevação dos juros, se as taxas ficarem muito altas, podem

também, elevar o valor da dívida brasileira, ocasionando uma saída de divisas-pagamento

de juros da dívida- aumentando o déficit na balança de serviços e gerando uma

desconfiança do mercado na capacidade do país em pagar esta dívida),

• através de medidas que garantam a estabilidade econômica o governo pode estimular a

entrada de investimentos de empresários estrangeiros no país (Ex.: privatizações)

• a redução da inflação também é importante para garantir a entrada de capitais no país,

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Grau de investimento Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. O grau de investimento é uma classificação dada a um país a partir de uma avaliação concedida pelas principais agências de notas de crédito, como a Fitch Ratings, a Moody's e a Standard & Poor's. Grosso modo, um país com grau de investimento teria mais chances de honrar seus compromissos financeiros do que outro que não tenha grau de investimento. Vários fatores são levados em conta pelas agências na avaliação dos países, como as reservas internacionais, a dívida governamental, a liberdade de imprensa e a distribuição de renda.

As agências de notas de crédito, também conhecidas como agências de rating, classificam todos os países do mundo em dois grandes grupos: os que possuem grau especulativo e os que possuem grau de investimento.

Dentro de cada um desses dois grandes grupos, são atribuídas notas. Nas agências Fitch e Standard & Poor's, a nota mais baixa de todas é a nota D, que está situada, obviamente, no grupo especulativo. Em seguida, em ordem crescente, as notas são C, CC, CCC-, CCC, CCC+, B-, B, B+, BB-, BB e BB+. A nota mais baixa do grau de investimento é a nota BBB-, seguida de BBB, BBB+, A-, A, A+, AA-, AA, AA+ e AAA.

Na Moody's, a nota mais baixa de todas é a C, seguida de Caa, B, Ba, Baa, A, Aa e Aaa.

O Brasil foi considerado investment grade no dia 30 de abril de 2008 pela agência de avaliação Standard & Poor's[1]. O país estava situado na categoria de países com grau especulativo e sua nota era BB+. Eram 15:47h de quarta-feira, 30 de abril de 2008, quando a Standard & Poor's anunciou que a nota do Brasil passara de BB+ para BBB-, ou seja, saía da nota máxima do grau especulativo para a nota mínima do grau de investimento.

O anúncio fez a Bolsa de valores de São Paulo bater um recorde. O pregão do dia fechou com alta de 6,33%, número que não era visto desde outubro de 2002. O anúncio da Standard & Poor's, embora já esperado pela maioria dos analistas, pegou o mercado de surpresa. Esperava-se que a Moody's, e não a Standard & Poor's, fosse a primeira agência a fazer o anúncio, e muitos pensavam que ele só viria em 2009.

A agência Fitch, em 29 de maio de 2008, anunciou o Brasil como o mais novo país a ser reconhecido como grau de investimento,

Alguns analistas disseram que a agência Moody's deve conceder o mesmo status ao país no decorrer do ano, confirmando a classificação dada pela Standard & Poor's e a Fitch.

Dentre os países classificados pelas agências na categoria de grau especulativo, estão, por exemplo (segundo a Standard & Poor's): o Líbano (nota CCC+), o Equador (B-), a Bolívia (B-), o Paraguai (B), a Jamaica (B), o Uruguai (B+), a Argentina (B+), a Venezuela (BB-), a Turquia (BB-), a Guatemala (BB), a Costa Rica (BB) e a Colômbia (BB+).

Na categoria investment grade, além do Brasil (BBB-), há a Índia (BBB-), o Peru (BBB-), a Romênia (BBB-), a Tunísia (BBB), a Croácia (BBB), o México (BBB+), a Rússia (BBB+), a África do Sul (BBB+), a Tailândia (BBB+), a Hungria (BBB+), a Malásia (A-), a Polônia (A-), a China (A), a Itália (A+), o Chile (A+), Portugal (AA-), Taiwan (AA-), Hong Kong (AA), o Japão (AA), a Bélgica (AA+), os Estados Unidos (AAA), o Canadá (AAA), o Reino Unido (AAA), a Austrália (AAA), a França (AAA), a Espanha (AAA), a Áustria (AAA), a Suécia (AAA) e a Dinamarca (AAA).

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Planos Econômicos - Plano SALTE (Governo Eurico Gaspar Dutra - 1946 / 1951)

Um dos problemas mais sérios, enfrentados pelo governo Dutra, foi as altas taxas de inflação, que se faziam sentir na elevação do custo de vida dos grandes centros urbanos. Procurando elaborar uma estratégia de combate à inflação, Dutra buscou coordenar os gastos públicos dirigindo os investimentos para setores prioritários. Nasceu daí o Plano SALTE, sigla que identificava os objeti-vos do plano: investir em saúde, alimentação, transporte e energia. Contudo, os mais sacrificados na política de combate à inflação foram os trabalhadores, pois reduziu-se à metade o poder aquisitivo do salário mínimo. - Plano de Metas (Governo Juscelino Kubitschek – 1956 / 1961) O Plano de Metas foi um programa minucioso do Governo, que priorizava cinco setores fundamentais: energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação. Entre as principais realizações do Governo podemos destacar: a construção de usinas hidrelétricas; a instalação de diversas indústrias; a abertura de rodovias; ampliação de produção de petróleo; a construção de Brasília. O grande número de obras realizadas pelo Governo, fez-se à custa de empréstimos e investimentos estrangeiros. Ou seja, o Governo internacionalizou a economia e aumentou a dívida externa. - Programa de Ação Econômica do Governo - PAEG (Governo Castelo Branco – 1964 / 1967) Uma das principais propostas econômicas desse programa econômico era o combate à inflação. Um combate mediante o favorecimento do capital estrangeiro, as restrições ao crédito e a redução dos salários dos trabalhadores. As medidas econômicas tomadas tornaram o Governo cada vez mais impopular. Carlos Lacerda dizia que "o ministro Roberto Campos era um homem imparcial, porque estava matando imparcialmente ricos e pobres". - Programa Estratégico de Desenvolvimento (Governo Costa e Silva - 1967 / 1969) Tal programa tinha como objetivos principais: o crescimento da economia, a redução inflacionária e a ampliação dos níveis de emprego. Essas três metas prioritárias foram praticamente atingidas, embora a oferta de empregos só tenha podido se manter na base de uma rígida política de controle salarial. - Plano Nacional de Desenvolvimento - I PND (Governo Emílio Garrastazu Médici- 1969 / 1974) Abrangia uma série de investimentos no campo siderúrgico, petroquímico, de transporte e de energia elétrica, além do PIN (Programa de Integração Nacional). Desenvolveu-se, durante o período, um clima de grande euforia, era tanto o entusiasmo que à época ficou conhecida como o período do "milagre brasileiro": a economia cresceu a altas taxas anuais, tendo como base o aumento da produção industrial, o crescimento das exportações e a acentuada utilização de capitais externos. Em contrapartida, o Governo adotou uma rígida política de arrocho salarial. O "milagre brasileiro" durou pouco porque não tinha bases sólidas para permanecer, o resultado foi o aumento da inflação e da dívida externa. - II Plano Nacional de Desenvolvimento - II PND (Governo Ernesto Geisel- 1974 / 1979) Enfatizava a necessidade de expansão das indústrias de bens de produção, a fim de conseguir uma sólida infra-estrutura econômica para o progresso econômico-industrial. O Governo assumiu o objetivo de fazer do Brasil uma potência mundial emergente. Nesse período, estimularam-se grandes obras no setor da mineração (exploração do minério de ferro da Serra dos Carajás; extração de bauxita através da ALBRAS e da ALUNORTE), e no setor energético (construção de usinas; ingresso do Brasil na era da energia nuclear marcado pelos acordos feitos com a

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Alemanha Ocidental para a instalação de oito reatores nucleares no Brasil. Os objetivos do II PND eram audaciosos, e o País não dispunha de condições internas para custear os gigantescos investimentos planejados pelo Governo. - III Plano Nacional de Desenvolvimento - III PND (Governo João Baptista Figueiredo – 1979 / 1985) Esse plano estabelecia como metas prioritárias: crescimento de renda e do emprego; equilíbrio do balanço de pagamentos; controle da dívida externa; combate à inflação; e desenvolvimento de novas fontes de energia. Dos vários objetivos planejados, um dos que o Governo levou avante foi a substituição progressiva da energia importada por energia nacional. Contudo, a maioria dos objetivos planejados estiveram longe de ser alcançados. O período foi marcado por grave crise econômica, que se refletia em problemas fundamentais, tais como: dívida externa, inflação, desemprego. - Plano Cruzado (Governo José Sarney - 1986) Criado pelo governo José Sarney no final de fevereiro de 1986, o Plano Cruzado foi idealizado por Dilson Funaro, então ministro da Fazenda. Combina medidas monetárias tradicionais (juros altos) com medidas intervencionistas. O Cruzado combinou medidas de austeridade fiscal com a preocupação de elevar a renda real dos assalariados. Suas medidas de destaque foram: extinção do cruzeiro e criação de uma nova moeda, o cruzado; fim da correção monetária generalizada; congelamento dos preços das mercadorias; reajuste automático dos salários, sempre que a inflação atingisse 20%, mecanismo conhecido como gatilho salarial. Depois de várias tentativas de chegar a algum acordo com os banqueiros internacionais, o Governo decretou a moratória da dívida externa. Durou pouco o entusiasmo com o plano e o congelamento dos preços. O programa de estabilização, apesar da intensa participação popular, fracassou. - Congelamento de preços de bens e serviços; - Reforma monetária, alterando a moeda que passou a se chamar cruzado; - Congelamento dos salários pela média de seu valor dos últimos seis meses e do salário mínimo em Cz$ 804,00; - Criação de uma tabela de conversão para transformar as dívidas contraídas em uma inflação muito alta em dívidas contraídas em uma economia de inflação praticamente nula; - Criação de um tipo de seguro-desemprego para quer fosse dispensado sem justa causa ou em virtude do fechamento de empresas; - Salários passam a ser reajustados pelo chamado gatilho salarial, que estabelecia o reajuste automático dos salários sempre que a inflação alcançasse 20%. Em um primeiro momento, o Plano Cruzado teve amplo apoio popular e até mesmo seus opositores passaram a apoiá-lo. No entanto as coisas começaram a não dar certo, pois os preços relativos da economia estavam desequilibrados. Com isso, muitos produtores não puderam reajustar seus preços (que eram corrigidos no início de cada mês) e acabaram perdendo rentabilidade no negócio ou, em alguns casos, ficando com preços mais baixos que os custos. Isso levou à queda na qualidade de diversos produtos. Além disso, o congelamento não permitiu que os preços que variam de acordo com a época do ano se ajustassem, o que levou ao desabastecimento de alguns bens e o surgimento do ágio para a compra de produtos como carne, leite e automóveis. Para piorar a situação, o governo concedeu um abono de 16% ao salário mínimo e de 8% aos funcionários públicos,

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o que estimulou o consumo e aumentou a demanda, que não pode ser ajustada por um aumento de preço. O governo seguia com elevados gastos público e manteve o congelamento da taxa de câmbio, o que levou o país a perder uma parcela considerável das reservas internacionais e os juros da economia estavam negativos o que desestimulava a poupança e pressionava o consumo. A proximidade das eleições para os governos estaduais impediu a adoção de medidas para salvar o Plano Cruzado. Após a base governista vencer em 22 dos 26 estados, as coisas começaram a mudar. O primeiro passo foi descongelar os preços, mas com isso a inflação voltou com força e naufragou o plano. Plano Bresser – Julho 1987 Luiz Carlos Bresser Pereira assumiu o Ministério da Fazenda do Governo José Sarney em abril de 1987 após fracasso do Plano Cruzado. Pouco depois de sua posse, a inflação no Brasil atingiu a marca de 23,21%. Na época, o principal problema do país era o déficit público, com o governo gastando mais do arrecadava. Em apenas quatro meses, essa diferença já atingia 7,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Para tentar solucionar esse cenário, foi criado o chamado Plano Bresser, no qual se instituiu o congelamento dos preços, dos aluguéis, dos salários. Também foi criada a UPR, que serviu como referência monetária para o reajuste de preços e salários. Para conter o déficit público, foi decidido desativar o gatilho salarial (reajuste dos salários pela inflação), além do aumento de impostos, corte de subsídios do trigo e o adiamento de obras de grande porte já planejadas. O país passou também a negociar com o FMI e suspendeu a moratória. No entanto, os esforços de Bresser não deram certo e a inflação atingiu 366% em dezembro de 1987. Com isso, o ministro pediu demissão em janeiro de 1988 e foi substituído por Maílson da Nóbrega. Plano Verão – Janeiro de 1989 Substituto de Bresser na Fazenda, Maílson da Nóbrega lançou no dia 16 de janeiro de 1989 um plano econômico que ficou conhecido como Verão. A crise inflacionária nos anos 80 levou à edição de uma lei que modificou o índice de rendimento da caderneta, promovendo ainda o congelamento dos preços e salários, a criação de uma nova moeda, o cruzado novo, que inicialmente era atrelada em paridade ao dólar, e a extinção da OTN, importante fator de correção monetária Mais uma vez as intenções do governo não deram certo e o Plano Verão gerou uma série de desajustes às cadernetas de poupança, em que as perdas chegaram a 20,37%. Esses

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prejuízos puderam ser reavidos na Justiça até dezembro do ano passado. Plano Collor – Março de 1990 Anunciado no dia 16 de março de 1990, um dia após a posse do presidente Fernando Collor, o plano foi um conjunto de reformas econômicas que visavam controlar a inflação crescente nos anos anteriores. Oficialmente, o nome do plano era Brasil Novo, mas ficou conhecido popularmente como Plano Collor. A proposta era combinar a liberação fiscal com a financeira. Para isso, foram adotadas medidas radicais para estabilizar os preços, que foram acompanhadas de programas de reforma da política industrial e do comércio exterior. O governo decidiu também dar início a um programa intitulado Programa Nacional de Desestatização,mais conhecido como PND. O plano foi efetivamente implementado pela equipe de economistas de Collor, composta por Zélia Cardoso de Mello, Antônio Kandir, Ibrahim Eris, Venilton Tadini, Luís Otávio da Motta Veiga, Eduardo Teixeira e João Maia. Entre as medidas adotadas estavam: - Substituição do Cruzado Novo pelo Cruzeiro; - Congelamento de 80% dos bens privados por 18 meses; - Taxas elevadas em todas as transações financeiras; - Indexação das taxas; - Fim da maior parte dos incentivos fiscais; - Preços reajustados por entidades públicas; - Câmbio flutuante; - Abertura da economia para o comércio exterior; - Congelamento temporário dos salários e preços; - Extinção de agências do governo para a redução de gastos públicos; - Estímulo à privatização e início da remoção da regulamentação da economia. Antes da posse de Collor, o Brasil vivia um processo de hiperinflação, com o índice chegando a uma média mensal de 28,94%. Para conter os preços, a proposta era restringir o fluxo de dinheiro para conter a inflação inercial. No entanto, a queda no comércio gerou uma grande redução da atividade industrial. Em junho de 1990, a inflação estava 9%, contra 81% de março. No entanto, esse congelamento de ativos, que na prática foi um confisco do dinheiro que a população tinha em conta corrente, começou a gerar outros problemas para a economia. Com um cenário recessivo, as empresas passaram a demitir, muitas fecharam as portas. No fim de 1990, a inflação já tinha voltado a crescer e fechou o ano com 1.198%. Para tentar reverter a situação, foi lançado o Plano Collor II, que teve uma série de medidas no mercado financeiro que representaram uma política de elevadas taxas de juros. Com um novo congelamento de preços e salários, a inflação fecha 1991 em 481%.

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O processo de abertura da economia brasileira obrigou a indústria nacional a investir para se modernizar. No entanto, a inflação seguia um pouco elevada e um escândalo político levou ao impeachment de Collor. Plano Real – junho de 1993 O Plano Real foi implantado em três etapas e iniciado em 14 de junho de 1993 quando Fernando Henrique Cardoso era Ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco. No ano seguinte foi criada a Unidade Real de Valor (URV) que passaria a ser a nova moeda brasileira posteriormente e que se chamaria Real. Seu objetivo principal do Plano Real era controlar a hiperinflação, um problema brasileiro estava impedindo o desenvolvimento do país. O momento combinou condições políticas, históricas e econômicas para permitir que o governo brasileiro lançasse o plano que colocou fim a quase três décadas de inflação. Apesar do sucesso, o Plano Real enfrentou duras dificuldades, principalmente com a crise dos Tigres Asiáticos (1997) e da Rússia (1998). Com isso, o governo precisou elevar a taxa básica de juros, que chegou a 50% ao ano em setembro. No final de 1998, assinou um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que impunha duras obrigações a serem cumpridas. Com dificuldades de aprovas medidas importantes no Congresso, como a taxação dos servidores inativos, o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso se viu obrigado a abandonar o sistema de bandas cambiais e deixa a taxa de câmbio flutuante (livre). Em apenas dois meses, a moeda brasileira perdeu 40% de seu valor. Nos anos seguintes a situação ficou sob controle, com o Real voltando a ser alvo de especulação em 2002, quando a eleição de Lula à presidência era quase certa. No entanto, em um documento chamado Carta ao Povo Brasileiro, o então candidato se comprometeu a manter os parâmetros da economia brasileira e a situação se acalmou.

Planos Plurianuais – PPAs (a partir da Constituição de 1988) - o Plano Plurianual torna-se o principal instrumento de planejamento de médio prazo no sistema governamental brasileiro; deve estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras dela decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada; cada PPA deve conter diretrizes para a organização e execução dos orçamentos anuais e a vigência de um plano deve começar no segundo ano de um governo e findar no primeiro ano do mandato seguinte, com o objetivo explícito de permitir a continuidade do planejamento governamental e das ações públicas; o primeiro PPA foi elaborado para o período 1991-1995.

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Planos Econômicos - Plano SALTE (Governo Eurico Gaspar Dutra - 1946 / 1951) Um dos problemas mais sérios, enfrentados pelo governo Dutra, foi as altas taxas de inflação, que se faziam sentir na elevação do custo de vida dos grandes centros urbanos. Procurando elaborar uma estratégia de combate à inflação, Dutra buscou coordenar os gastos públicos dirigindo os investimentos para setores prioritários. Nasceu daí o Plano SALTE, sigla que identificava os objeti-vos do plano: investir em saúde, alimentação, transporte e energia. Contudo, os mais sacrificados na política de combate à inflação foram os trabalhadores, pois reduziu-se à metade o poder aquisitivo do salário mínimo. - Plano de Metas (Governo Juscelino Kubitschek – 1956 / 1961) O Plano de Metas foi um programa minucioso do Governo, que priorizava cinco setores fundamentais: energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação. Entre as principais realizações do Governo podemos destacar: a construção de usinas hidrelétricas; a instalação de diversas indústrias; a abertura de rodovias; ampliação de produção de petróleo; a construção de Brasília. O grande número de obras realizadas pelo Governo, fez-se à custa de empréstimos e investimentos estrangeiros. Ou seja, o Governo internacionalizou a economia e aumentou a dívida externa. - Programa de Ação Econômica do Governo - PAEG (Governo Castelo Branco – 1964 / 1967) Uma das principais propostas econômicas desse programa econômico era o combate à inflação. Um combate mediante o favorecimento do capital estrangeiro, as restrições ao crédito e a redução dos salários dos trabalhadores. As medidas econômicas tomadas tornaram o Governo cada vez mais impopular. Carlos Lacerda dizia que "o ministro Roberto Campos era um homem imparcial, porque estava matando imparcialmente ricos e pobres". - Programa Estratégico de Desenvolvimento (Governo Costa e Silva - 1967 / 1969) Tal programa tinha como objetivos principais: o crescimento da economia, a redução inflacionária e a ampliação dos níveis de emprego. Essas três metas prioritárias foram praticamente atingidas, embora a oferta de empregos só tenha podido se manter na base de uma rígida política de controle salarial. - Plano Nacional de Desenvolvimento - I PND (Governo Emílio Garrastazu Médici- 1969 / 1974) Abrangia uma série de investimentos no campo siderúrgico, petroquímico, de transporte e de energia elétrica, além do PIN (Programa de Integração Nacional). Desenvolveu-se, durante o período, um clima de grande euforia, era tanto o entusiasmo que à época ficou conhecida como o período do "milagre brasileiro": a economia cresceu a altas taxas anuais, tendo como base o aumento da produção industrial, o crescimento das exportações e a acentuada utilização de capitais externos. Em contrapartida, o Governo adotou uma rígida política de arrocho salarial. O "milagre brasileiro" durou pouco porque não tinha bases sólidas para permanecer, o resultado foi o aumento da inflação e da dívida externa. - II Plano Nacional de Desenvolvimento - II PND (Governo Ernesto Geisel- 1974 / 1979) Enfatizava a necessidade de expansão das indústrias de bens de produção, a fim de conseguir uma sólida infra-estrutura econômica para o progresso econômico-industrial. O Governo assumiu o objetivo de fazer do Brasil uma potência mundial emergente. Nesse período, estimularam-se grandes obras no setor da mineração (exploração do minério de ferro da Serra dos Carajás; extração de bauxita através da ALBRAS e da ALUNORTE), e no setor energético (construção de

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usinas; ingresso do Brasil na era da energia nuclear marcado pelos acordos feitos com a Alemanha Ocidental para a instalação de oito reatores nucleares no Brasil. Os objetivos do II PND eram audaciosos, e o País não dispunha de condições internas para custear os gigantescos investimentos planejados pelo Governo. - III Plano Nacional de Desenvolvimento - III PND (Governo João Baptista Figueiredo – 1979 / 1985) Esse plano estabelecia como metas prioritárias: crescimento de renda e do emprego; equilíbrio do balanço de pagamentos; controle da dívida externa; combate à inflação; e desenvolvimento de novas fontes de energia. Dos vários objetivos planejados, um dos que o Governo levou avante foi a substituição progressiva da energia importada por energia nacional. Contudo, a maioria dos objetivos planejados estiveram longe de ser alcançados. O período foi marcado por grave crise econômica, que se refletia em problemas fundamentais, tais como: dívida externa, inflação, desemprego. - Plano Cruzado (Governo José Sarney - 1986) Criado pelo governo José Sarney no final de fevereiro de 1986, o Plano Cruzado foi idealizado por Dilson Funaro, então ministro da Fazenda. Combina medidas monetárias tradicionais (juros altos) com medidas intervencionistas. O Cruzado combinou medidas de austeridade fiscal com a preocupação de elevar a renda real dos assalariados. Suas medidas de destaque foram: extinção do cruzeiro e criação de uma nova moeda, o cruzado; fim da correção monetária generalizada; congelamento dos preços das mercadorias; reajuste automático dos salários, sempre que a inflação atingisse 20%, mecanismo conhecido como gatilho salarial. Depois de várias tentativas de chegar a algum acordo com os banqueiros internacionais, o Governo decretou a moratória da dívida externa. Durou pouco o entusiasmo com o plano e o congelamento dos preços. O programa de estabilização, apesar da intensa participação popular, fracassou. - Congelamento de preços de bens e serviços; - Reforma monetária, alterando a moeda que passou a se chamar cruzado; - Congelamento dos salários pela média de seu valor dos últimos seis meses e do salário mínimo em Cz$ 804,00; - Criação de uma tabela de conversão para transformar as dívidas contraídas em uma inflação muito alta em dívidas contraídas em uma economia de inflação praticamente nula; - Criação de um tipo de seguro-desemprego para quer fosse dispensado sem justa causa ou em virtude do fechamento de empresas; - Salários passam a ser reajustados pelo chamado gatilho salarial, que estabelecia o reajuste automático dos salários sempre que a inflação alcançasse 20%. Em um primeiro momento, o Plano Cruzado teve amplo apoio popular e até mesmo seus opositores passaram a apoiá-lo. No entanto as coisas começaram a não dar certo, pois os preços relativos da economia estavam desequilibrados. Com isso, muitos produtores não puderam reajustar seus preços (que eram corrigidos no início de cada mês) e acabaram perdendo rentabilidade no negócio ou, em alguns casos, ficando com preços mais baixos que os custos. Isso levou à queda na qualidade de diversos produtos. Além disso, o congelamento não permitiu que os preços que variam de acordo com a época do ano se ajustassem, o que levou ao desabastecimento de alguns bens e o surgimento do ágio para a compra de produtos como carne, leite e automóveis. Para piorar a situação, o governo concedeu um abono de 16% ao salário mínimo e de 8% aos funcionários públicos,

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o que estimulou o consumo e aumentou a demanda, que não pode ser ajustada por um aumento de preço. O governo seguia com elevados gastos público e manteve o congelamento da taxa de câmbio, o que levou o país a perder uma parcela considerável das reservas internacionais e os juros da economia estavam negativos o que desestimulava a poupança e pressionava o consumo. A proximidade das eleições para os governos estaduais impediu a adoção de medidas para salvar o Plano Cruzado. Após a base governista vencer em 22 dos 26 estados, as coisas começaram a mudar. O primeiro passo foi descongelar os preços, mas com isso a inflação voltou com força e naufragou o plano. Plano Bresser – Julho 1987 Luiz Carlos Bresser Pereira assumiu o Ministério da Fazenda do Governo José Sarney em abril de 1987 após fracasso do Plano Cruzado. Pouco depois de sua posse, a inflação no Brasil atingiu a marca de 23,21%. Na época, o principal problema do país era o déficit público, com o governo gastando mais do arrecadava. Em apenas quatro meses, essa diferença já atingia 7,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Para tentar solucionar esse cenário, foi criado o chamado Plano Bresser, no qual se instituiu o congelamento dos preços, dos aluguéis, dos salários. Também foi criada a UPR, que serviu como referência monetária para o reajuste de preços e salários. Para conter o déficit público, foi decidido desativar o gatilho salarial (reajuste dos salários pela inflação), além do aumento de impostos, corte de subsídios do trigo e o adiamento de obras de grande porte já planejadas. O país passou também a negociar com o FMI e suspendeu a moratória. No entanto, os esforços de Bresser não deram certo e a inflação atingiu 366% em dezembro de 1987. Com isso, o ministro pediu demissão em janeiro de 1988 e foi substituído por Maílson da Nóbrega. Plano Verão – Janeiro de 1989 Substituto de Bresser na Fazenda, Maílson da Nóbrega lançou no dia 16 de janeiro de 1989 um plano econômico que ficou conhecido como Verão. A crise inflacionária nos anos 80 levou à edição de uma lei que modificou o índice de rendimento da caderneta, promovendo ainda o congelamento dos preços e salários, a criação de uma nova moeda, o cruzado novo, que inicialmente era atrelada em paridade ao dólar, e a extinção da OTN, importante fator de correção monetária Mais uma vez as intenções do governo não deram certo e o Plano Verão gerou uma série de desajustes às cadernetas de poupança, em que as perdas chegaram a 20,37%. Esses

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prejuízos puderam ser reavidos na Justiça até dezembro do ano passado. Plano Collor – Março de 1990 Anunciado no dia 16 de março de 1990, um dia após a posse do presidente Fernando Collor, o plano foi um conjunto de reformas econômicas que visavam controlar a inflação crescente nos anos anteriores. Oficialmente, o nome do plano era Brasil Novo, mas ficou conhecido popularmente como Plano Collor. A proposta era combinar a liberação fiscal com a financeira. Para isso, foram adotadas medidas radicais para estabilizar os preços, que foram acompanhadas de programas de reforma da política industrial e do comércio exterior. O governo decidiu também dar início a um programa intitulado Programa Nacional de Desestatização,mais conhecido como PND. O plano foi efetivamente implementado pela equipe de economistas de Collor, composta por Zélia Cardoso de Mello, Antônio Kandir, Ibrahim Eris, Venilton Tadini, Luís Otávio da Motta Veiga, Eduardo Teixeira e João Maia. Entre as medidas adotadas estavam: - Substituição do Cruzado Novo pelo Cruzeiro; - Congelamento de 80% dos bens privados por 18 meses; - Taxas elevadas em todas as transações financeiras; - Indexação das taxas; - Fim da maior parte dos incentivos fiscais; - Preços reajustados por entidades públicas; - Câmbio flutuante; - Abertura da economia para o comércio exterior; - Congelamento temporário dos salários e preços; - Extinção de agências do governo para a redução de gastos públicos; - Estímulo à privatização e início da remoção da regulamentação da economia. Antes da posse de Collor, o Brasil vivia um processo de hiperinflação, com o índice chegando a uma média mensal de 28,94%. Para conter os preços, a proposta era restringir o fluxo de dinheiro para conter a inflação inercial. No entanto, a queda no comércio gerou uma grande redução da atividade industrial. Em junho de 1990, a inflação estava 9%, contra 81% de março. No entanto, esse congelamento de ativos, que na prática foi um confisco do dinheiro que a população tinha em conta corrente, começou a gerar outros problemas para a economia. Com um cenário recessivo, as empresas passaram a demitir, muitas fecharam as portas. No fim de 1990, a inflação já tinha voltado a crescer e fechou o ano com 1.198%. Para tentar reverter a situação, foi lançado o Plano Collor II, que teve uma série de medidas no mercado financeiro que representaram uma política de elevadas taxas de juros. Com um novo congelamento de preços e salários, a inflação fecha 1991 em 481%.

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O processo de abertura da economia brasileira obrigou a indústria nacional a investir para se modernizar. No entanto, a inflação seguia um pouco elevada e um escândalo político levou ao impeachment de Collor. Plano Real – junho de 1993 O Plano Real foi implantado em três etapas e iniciado em 14 de junho de 1993 quando Fernando Henrique Cardoso era Ministro da Fazenda do governo de Itamar Franco. No ano seguinte foi criada a Unidade Real de Valor (URV) que passaria a ser a nova moeda brasileira posteriormente e que se chamaria Real. Seu objetivo principal do Plano Real era controlar a hiperinflação, um problema brasileiro estava impedindo o desenvolvimento do país. O momento combinou condições políticas, históricas e econômicas para permitir que o governo brasileiro lançasse o plano que colocou fim a quase três décadas de inflação. Apesar do sucesso, o Plano Real enfrentou duras dificuldades, principalmente com a crise dos Tigres Asiáticos (1997) e da Rússia (1998). Com isso, o governo precisou elevar a taxa básica de juros, que chegou a 50% ao ano em setembro. No final de 1998, assinou um novo acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que impunha duras obrigações a serem cumpridas. Com dificuldades de aprovas medidas importantes no Congresso, como a taxação dos servidores inativos, o governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso se viu obrigado a abandonar o sistema de bandas cambiais e deixa a taxa de câmbio flutuante (livre). Em apenas dois meses, a moeda brasileira perdeu 40% de seu valor. Nos anos seguintes a situação ficou sob controle, com o Real voltando a ser alvo de especulação em 2002, quando a eleição de Lula à presidência era quase certa. No entanto, em um documento chamado Carta ao Povo Brasileiro, o então candidato se comprometeu a manter os parâmetros da economia brasileira e a situação se acalmou.

Planos Plurianuais – PPAs (a partir da Constituição de 1988) - o Plano Plurianual torna-se o principal instrumento de planejamento de médio prazo no sistema governamental brasileiro; deve estabelecer, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas de capital e outras dela decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada; cada PPA deve conter diretrizes para a organização e execução dos orçamentos anuais e a vigência de um plano deve começar no segundo ano de um governo e findar no primeiro ano do mandato seguinte, com o objetivo explícito de permitir a continuidade do planejamento governamental e das ações públicas; o primeiro PPA foi elaborado para o período 1991-1995.

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ANEXOS

TEXTO 1 Constituição

Constituição da República Federativa do Brasil

Artigos referentes à Ordem Econômica e Financeira

TÍTULO VII

Da Ordem Econômica e Financeira

CAPÍTULO I DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I - soberania nacional;

II - propriedade privada;

III - função social da propriedade;

IV - livre concorrência;

V - defesa do consumidor;

VI - defesa do meio ambiente;

Nota: Lei de Crimes Ambientais: Lei nº 9.605, de 12.2.98. Regulamento: Decreto nº 3.179, de 21.9.99.

VII - redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII - busca do pleno emprego;

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

Nota: Redação atual do inciso IX dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 15.8.95. Redação anterior:

"IX – tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte.”

Nota: Microempresa e Empresa de Pequeno Porte: Lei nº 9.841, de 05.10.99.

Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei.

Art. 171. Revogado

Nota: Artigo totalmente revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995. Redação anterior do artigo:

"Art. 171. São consideradas:

I – empresa brasileira a constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País;

II – empresa brasileira de capital nacional aquela cujo controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou de entidades de direito público interno, entendendo-se por controle efetivo da empresa a titularidade da maioria de seu capital votante e o exercício, de fato e de direito, do poder decisório para gerir suas atividades.

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§ 1º - A lei, poderá, em relação à empresa brasileira de capital nacional:

I – conceder proteção e benefícios especiais temporários para desenvolver atividades consideradas estratégicas para a defesa nacional ou imprescindíveis ao desenvolvimento do País;

II – estabelecer, sempre que considerar um setor imprescindível ao desenvolvimento tecnológico nacional, entre outras condições e requisitos:

a) a exigência de que o controle referido no inciso II do "caput” se estenda às atividades tecnológicas da empresa, assim entendido o exercício, de fato e de direito, do poder decisório para desenvolver ou absorver tecnologia.

b) percentuais de participação, no capital, de pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou entidades de direito público interno.

§ 2º - Na aquisição de bens e serviços, o Poder Público dará tratamento preferencial, nos termos da lei, à empresa brasileira de capital nacional.”

Art. 172. A lei disciplinará, com base no interesse nacional, os investimentos de capital estrangeiro, incentivará os reinvestimentos e regulará a remessa de lucros.

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.

§ 1º - A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:

Nota: Redação do § 1º do art. 173 com incisos dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 4.4.98. Redação anterior:

"§ 1º - A empresa pública, a sociedade de economia mista e outras entidades que explorem atividade econômica sujeitam-se ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto às obrigações trabalhistas e tributária.”.

I - sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;

II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;

III - licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública;

IV - a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a participação de acionistas minoritários;

V - os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos administradores.

§ 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado.

§ 3º - A lei regulamentará as relações da empresa pública com o Estado e a sociedade.

§ 4º - A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.

§ 5º - A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular.

Nota: Intervenção no domínio econômico para assegurar a livre distribuição de produto necessário ao consumo do povo: Lei Delegada nº 4, de 26.9.62.

Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.

§ 1º - A lei estabelecerá as diretrizes e bases do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado, o qual incorporará e compatibilizará os planos nacionais e regionais de desenvolvimento.

§ 2º - A lei apoiará e estimulará o cooperativismo e outras formas de associativismo.

§ 3º - O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira em cooperativas, levando em conta a proteção do meio ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros.

§ 4º - As cooperativas a que se refere o parágrafo anterior terão prioridade na autorização ou concessão para pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas fixadas de acordo com o art. 21, XXV, na forma da lei.

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Nota: Regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos previsto neste art. 175: Lei nº 8.987, de 13.2.95. Outorga e prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos: Lei nº 9.074, de 07.7.95. Obrigatoriedade de as concessionárias de serviços públicos estabelecerem ao consumidor e ao usuário datas opcionais para o vencimento de seus débitos: Lei nº 9.791, de 24.3.99.

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Parágrafo único. A lei disporá sobre:

I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;

II - os direitos dos usuários;

III - política tarifária;

IV - a obrigação de manter serviço adequado.

Art. 176. As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto da lavra.

§ 1º - A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput" deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.

Nota: Redação do § 1º do art. 176 dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 15.8.95. Redação anterior:

"§ 1º - A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o "caput” deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa brasileira de capital nacional, na forma da lei, que estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.”

§ 2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no valor que dispuser a lei.

§ 3º - A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.

§ 4º - Não dependerá de autorização ou concessão o aproveitamento do potencial de energia renovável de capacidade reduzida.

Art. 177. Constituem monopólio da União:

I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos;

II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro;

III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores;

IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem;

V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados.

§ 1º - A União poderá contratar com empresas estatais ou privadas a realização das atividades previstas nos incisos I a IV deste artigo observadas as condições estabelecidas em lei.

Nota: Redação do § 1º do art. 177 dada pela Emenda Constitucional nº 9, de 9.11.95. Redação anterior:

"§ 1º - O monopólio previsto neste artigo inclui os riscos e resultados decorrentes das atividades nele mencionadas, sendo vedado à União ceder ou conceder qualquer tipo de participação, em espécie ou em valor, na exploração de jazidas de petróleo ou gás natural, ressalvado o disposto no art. 20, § 1º.”

§ 2º - A lei a que se refere o § 1º disporá sobre:

Nota: § 2º do art. 177 incluído pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995. Nota: A Lei nº 9.478, de 06.08.97, dispõe sobre a política energética nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo, e a Lei nº 9.847, de 26.10.99, dispõe sobre a fiscalização das atividades relativas ao abastecimento nacional de combustíveis de que trata a referida norma, bem como estabelece sanções administrativas.

I - a garantia do fornecimento dos derivados de petróleo em todo o território nacional;

II - as condições de contratação;

III - a estrutura e atribuições do órgão regulador do monopólio da União;

§ 3º - A lei disporá sobre o transporte e a utilização de materiais radioativos no território nacional.

Nota: § 2º do art. 177 renumerado pela Emenda Constitucional nº 9, de 1995, passando a se constituir no § 3º.

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§ 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos:

Nota: § 4º do art. 177 acrescentado pela Emenda Constitucional nº 33, de 11.12.2001.

Nota: A Lei nº 10.336, de 19.12.2001, institui a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a importação e a comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool etílico combustível (Cide) a que se refere este parágrafo.

I - a alíquota da contribuição poderá ser:

a) diferenciada por produto ou uso;

b)reduzida e restabelecida por ato do Poder Executivo, não se lhe aplicando o disposto no art. 150, III, b;

II - os recursos arrecadados serão destinados:

a) ao pagamento de subsídios

a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo;

b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás;

c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.

Art. 178. A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade.

Nota: Redação do art. 178 e seu Parágrafo único dada pela Emenda Constitucional nº 7, de 15.8.95. Redação anterior:

"Art. 178. A lei disporá sobre:

I – a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre;

II – a predominância dos armadores nacionais e navios de bandeira e registros brasileiros e do país exportador ou importador;

III – o transporte de granéis;

IV – a utilização de embarcações de pesca e outras.

§ 1º - A ordenação do transporte internacional cumprirá os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade.

§ 2º - Serão brasileiros os armadores, os proprietários, os comandantes e dois terços, pelo menos, dos tripulantes de embarcações nacionais.

§ 3º - A navegação de cabotagem e a interior são privativas de embarcações nacionais, salvo caso de necessidade pública, segundo dispuser a lei.”

Nota: Transporte multimodal de cargas: Lei nº 9.611, de 19.2.98.

Transporte aéreo, no País, de autoridades em aeronaves do então Ministério, atual Comando da Aeronáutica: Decreto nº 3.061, de 14.5.99.

Reestruturação dos transportes aquaviários e terrestre, criação do Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transportes Terrestres, Agência Nacional de Transportes Aquaviários e Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes: Lei nº 10.233, de 05.06.01.

Parágrafo único. Na ordenação do transporte aquático, a lei estabelecerá as condições em que o transporte de mercadorias na cabotagem e a navegação interior poderão ser feitos por embarcações estrangeiras.

Art. 179. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.

Art. 180. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o turismo como fator de desenvolvimento social e econômico.

Art. 181. O atendimento de requisição de documento ou informação de natureza comercial, feita por autoridade administrativa ou judiciária estrangeira, a pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País dependerá de autorização do Poder competente.

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TEXTO 2 exame/economia O maior dos mercados emergentes Em 2009, as mulheres despejaram na economia mundial cerca de 12 trilhões de dólares - mais do que a soma das economias do celebrado Bric. No Brasil, elas foram responsáveis por gastar - sozinhas - quase 800 bilhões de reais em produtos e serviços. Como tirar proveito desse enorme mercado

Divulgação Por Carolina Meyer e Marianna Aragão | 12.05.2010 | 10h40 A executiva Daiane Trombini, de 35 anos, costuma dividir com o marido cada uma das costumeiras - e muitas vezes monótonas - obrigações do dia a dia. Juntos, eles estabelecem os valores que serão gastos na construção da casa nova, discutem o salário da empregada, decidem sobre a compra de eletrodomésticos e, como trabalham longe de casa (os dois moram em Jundiaí, a 60 quilômetros da capital paulista, onde ficam seus escritórios), se revezam para buscar a filha nas aulas de tênis. A igualdade de condições - algo pelo qual as mulheres tanto lutaram no século passado -, por incrível que pareça, para por aí. Como diretora regional da subsidiária brasileira da farmacêutica Sandoz, Daiane ganha 20% mais que o marido, executivo de marketing da americana Whirlpool. A discrepância fica ainda maior ao se comparar as despesas do casal. Daiane chega a gastar até 2 000 reais por mês com celular, quatro vezes mais que seu parceiro. Foi dela a iniciativa de presentear a filha de apenas 11 anos com um aparelho, um sofisticado modelo touchscreen Star da Samsung. Nos 15 dias em que esteve no Brasil em janeiro para acertar sua mudança - ela e a família passaram os últimos dois anos nos Estados Unidos -, Daiane investiu cerca de 100 000 reais para adquirir um utilitário Santa Fé, importado pela coreana Hyundai. Seu marido dirige um i30, da mesma montadora, que custa a metade do preço. "É claro que ele deu alguns pitacos na compra", diz Daiane. "Mas, no final, a decisão de compra foi inteiramente minha."

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Em qualquer outro momento da história, o comportamento de uma mulher como Daiane seria visto como uma exceção pelos executivos de marketing e vendas de grandes empresas. Num mundo ainda dominado pelos homens, que concentram 70% dos postos de comando nas maiores companhias do planeta (segundo dados de uma pesquisa divulgada há pouco mais de um ano pela Universidade Harvard), a executiva não passaria de um exemplo isolado de profissional que, após anos de muito esforço, teria finalmente conseguido furar o bloqueio. Gastos fora da curva com telefone ou a aquisição de um carro luxuoso não passariam de meras demonstrações desse novo status e, como tais, não deveriam receber muita - ou nenhuma - atenção. Até que veio a crise em 2008 e muitos especialistas debruçaram-se sobre possíveis soluções para o que parecia ser um atoleiro econômico sem fim. Para surpresa geral, uma das melhores respostas não veio na forma de inovações mirabolantes ou de mais ingerência do Estado na economia - mas em consumidoras como Daiane. Uma recente pesquisa elaborada pela consultoria Boston Consulting Group (BCG) mostra que, nos próximos cinco anos, a renda feminina mundial deverá receber um incremento de 5 trilhões de dólares, chegando a 18 trilhões - mais do que a soma do produto interno bruto de Brasil, Rússia, Índia e China, o tão celebrado Bric. "Trata-se do maior mercado emergente de todos os tempos. As mulheres vão liderar o mundo pós-crise", diz a americana Kate Sayre, uma das autoras do estudo. "De meras coadjuvantes na economia, elas se converteram na maior esperança de crescimento para diversos países.

Esqueça as reivindicações feministas, a guerra dos sexos, as políticas afirmativas de gênero. Pense apenas no mercado, no potencial de consumo e, em última análise, em como essa inquestionável ascensão feminina muda a economia e o jeito como as empresas olham o mercado. Até hoje, as mulheres eram vistas basicamente como "influenciadoras" das decisões de compra - sobretudo como donas de casa que ajudam a administrar o orçamento familiar. Dos 18,4 trilhões de dólares destinados ao consumo mundial anualmente, estima-se que 12 trilhões, quantia equivalente ao PIB americano, sejam de alguma maneira determinados pelas mulheres. "O que está em discussão, agora, não é tanto sua capacidade de convencimento", diz Sayre. "Mas quanto dinheiro elas podem ganhar e injetar na economia." A julgar pelo desempenho dos últimos anos, essa injeção será fortíssima.

No que elas gastam

As brasileiras consumiram quase 800 bilhões de reais em 2009. Veja os principais setores beneficiados... (em bilhões de reais):

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Os segmentos de mercado que mais deixam as mulheres insatisfeitas no Brasil e por quê

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1 - Como as mulheres utilizam mais serviços médicos que os homens, a demora no atendimento e o não cumprimento de horários, sobretudo no caso de consultas, fazem com que elas percam mais tempo fora do trabalho.

2 - As academias oferecem longos programas de exercícios voltados para a garantia de um corpo perfeito - mas se esquecem de que as mulheres querem ganhar tempo. O ideal, para elas, seria que a academia contasse com espaços para crianças ou serviços de beleza, como manicure.

3 - Segundo elas, ao falar sobre investimentos, os bancos utilizam uma linguagem complicada demais. Poucas mulheres se interessam por índices como taxa de retorno - a maioria está mais preocupada em garantir o futuro dos filhos.

De acordo com a pesquisa do BCG, a massa salarial feminina mundial tem crescido em média 8% ao ano desde 2003 - ante um aumento de 5,8% nos ganhos dos homens. Com isso, a previsão é que a quantia controlada pelas mulheres e destinada ao consumo em todo o mundo deverá ultrapassar 20 trilhões de dólares em 2015, ante os 12 trilhões atuais. Para efeito de comparação: a massa salarial global masculina é, hoje, de 23,4 trilhões de dólares. Um estudo realizado pelo instituto de pesquisa brasileiro Sophia Mind, do site Bolsa de Mulher, ao qual EXAME teve acesso com exclusividade, dá uma ideia do potencial do mercado formado por mulheres no Brasil. (Note que não falamos mais de mercado feminino, já que o consumo delas vai muito além dos óbvios batom, perfume e bolsa.) Dos quase 2 trilhões de reais destinados ao consumo em 2009, as mulheres responderam por 1,3 trilhão - desses, 800 bilhões vieram na forma de consumo direto e o restante contou com a influência delas. Mulheres já são grande parte dos mercados de carros, apartamentos, educação e saúde, para ficar em apenas alguns exemplos. "O poder de compra dessas consumidoras será, sem dúvida, um dos grandes caminhos para o crescimento do mercado brasileiro", diz Andiara Petterle, presidente do site Bolsa de Mulher e coordenadora da pesquisa.

...e a participação feminina no consumo total desses produtos e serviços:

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Os números mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam o avanço das mulheres por aqui. De 2001 a 2008 a massa salarial feminina (a soma do salário de todas as mulheres incluídas no mercado de trabalho formal) aumentou 42,3%, ao passo que a masculina cresceu 25,9%. Hoje, o salário de uma profissional equivale a 71% do de um homem que desempenha a mesma função - em 1993, essa relação não passava de 32%. "Ainda há muito espaço para crescer, não só na quantidade de mulheres que podem entrar no mercado de trabalho como também no processo de equalização da renda", diz Andiara. "E isso se vê mais facilmente nos países emergentes. No mundo desenvolvido, grande parte das mulheres já está inserida no mercado de trabalho, ganhando salários muito próximos aos de seus pares masculinos."

Um estudo do banco Goldman Sachs estima que a redução da diferença salarial entre homens e mulheres somada ao ingresso de aproximadamente 150 000 brasileiras por ano no mercado de trabalho deverá elevar o PIB do Brasil em quase 1 ponto percentual por ano até 2013 - algo em torno de 100 bilhões de reais. O caso da esteticista Elisabete Rozinelli, de 43 anos de idade, oferece um dos exemplos mais contundentes do que pode estar por vir. Casada, mãe de dois filhos, ela só começou a trabalhar em 2003. Até então, sua principal ocupação consistia em cuidar da administração da casa e do prédio onde morava (Elisabete era síndica, mas não recebia um centavo por isso). Depois de fazer dois cursos profissionalizantes, saiu em busca de emprego. A primeira oportunidade apareceu em um pequeno salão de beleza no Alto da Lapa, na zona oeste de São Paulo. Depois disso, Elisabete mudou duas vezes de emprego. Nos últimos três anos sua remuneração dobrou, alcançando quase 8 000 reais por mês. Nesse período, transformou-se num dos 20 milhões de brasileiros que subiram da classe C para a AB. Seus gastos pessoais também dispararam. Nos últimos 18 meses ela trocou o antigo Diplomata 1990 por um Ford Ka zero-

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quilômetro e fez duas viagens internacionais. A primeira, para Portugal, no início do ano passado, foi financiada em dez vezes. Já a estada de 20 dias na Europa neste ano - que custou 11 000 reais - foi quitada à vista. "Meu próximo passo será comprar um apartamento", diz.

Embora o avanço do mercado feminino possa ser verificado em todos os segmentos da sociedade, é na pujante classe C que ele aparece de forma mais evidente. Um recente estudo elaborado pelo instituto de pesquisa Data Popular mostra que, na classe A, as mulheres são responsáveis por apenas 25% do total da renda familiar - ao passo que, na base da pirâmide, essa participação chega a 41%. Isso acontece porque, nesse estrato social, há um maior número de mulheres que se tornaram chefes de família. "A igualdade salarial deve chegar primeiro à baixa renda", diz Renato Meirelles, diretor do Data Popular e coordenador da pesquisa. Foi o que aconteceu com a pernambucana Alice Andrade, de 38 anos. Como assistente social, ela ganha 1 200 reais por mês, dinheiro suficiente para sustentar, de forma apertada, os pais e o irmão mais novo.

Mais dinheiro no bolso

A soma total do salário das trabalhadoras brasileiras ainda é menor que a dos homens, mas a diferença vem diminuindo (em bilhões de reais):

Para ajudar a bancar gastos como a compra de um notebook, um fogão, uma geladeira e um celular, todos adquiridos no final do ano passado, Alice recebe outros 2 000 reais mensais com a venda de cosméticos da Natura. "Costumo emendar um crediário no outro", diz. "Não fico sem consumir. Nem que, para isso, eu precise inventar outras formas de ganhar dinheiro."

A recente ascensão das mulheres no mercado de consumo tem contribuído para a quebra de alguns estereótipos. O principal deles é o de que elas só gastam em roupas, acessórios e cosméticos, deixando despesas mais "sérias", como a aquisição do carro ou a reforma da casa, a cargo dos homens. Ok. As mulheres continuam - e continuarão por toda a eternidade - loucas por sapatos, acessórios, roupas e maquiagem. Mas a riqueza gerada por elas, hoje, se distribui de forma muito mais sofisticada. Boa parte da renda vai para setores como educação dos filhos e a própria educação, alimentação, telefonia e planos de saúde. Analise o perfil da publicitária carioca Ana Leão, de 41 anos. Ávida consumidora de produtos de beleza, Ana gasta aproximadamente 4 000 reais por mês com a compra de cosméticos, medicamentos, roupas e serviços como academia, cabeleireiro e manicure - mas despende uma quantia equivalente para cuidar, sozinha, do filho de 11 anos. Além da escola e da terapia, o garoto faz aulas de francês, inglês, remo e esgrima. "Existe um mito de que mulher só gasta dinheiro com batom", diz Ana, que, apesar de consumir um bocado, tem um portfólio de investimentos de mais de 400 000 reais.

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Essa visão cristalizada - e, por vezes, ultrapassada - do universo feminino explica por que histórias como a da executiva Marlene Ortega ainda surpreendem tanta gente. Aos 51 anos de idade, Marlene, coordenadora da área de treinamento de uma empresa especializada em eventos corporativos, alcançou um nível de vida bastante confortável. É dona do próprio carro (um Toyota Corolla 2008), comprou recentemente um apartamento no Guarujá, no litoral de São Paulo, e sempre manteve um perfil ultraconservador de investimento - em sua carteira há apenas imóveis e previdência privada. Marlene faz pelo menos uma viagem internacional por ano e mantém 60 garrafas de vinho em sua adega particular. Em agosto do ano passado fez sua aquisição mais excêntrica: uma motocicleta Harley-Davidson. "Queria acompanhar meu marido em suas viagens", diz ela. "Foi uma compra bem pouco convencional. Na loja, ninguém acreditava que a moto fosse para mim."

Imóveis, carros, motos, eletroeletrônicos. Diante de consumidoras tão vorazes, era de imaginar que o mundo dos negócios estivesse um passo à frente, pronto para atender aos desejos delas, certo? Pois não é o que vem acontecendo. Na realidade, ainda são raros os casos de empresas bemsucedidas na arte de entender as necessidades e os desejos femininos. A maioria acabou vítima de sua própria arrogância, fruto de avaliações superficiais acerca dessas consumidoras. Foi o que aconteceu com a fabricante de computadores americana Dell. No final do ano passado, seus executivos decidiram lançar uma linha de laptops específica para a mulherada. A Dell fez o óbvio - e o óbvio não funcionou. Lançou uma gama de produtos com cores vibrantes (sim, o pink estava entre elas), vendidos por meio de um site batizado de Della, que se ocupava mais em vender acessórios do que em apresentar adequadamente as qualidades do produto. Sentindo- se tratadas como bonecas Barbie, centenas de consumidoras americanas foram para a internet reclamar. A polêmica chegou às páginas do influente New York Times. Segundo o jornal, os marqueteiros da Dell deveriam "voltar para a escola". "Algumas empresas ainda acham que vender para mulher significa pintar o produto de cor-de-rosa", afirma a antropóloga carioca Lívia Barbosa, diretora de pesquisas da Escola Superior de Propaganda e Marketing. "É preciso ser bem mais criativo do que isso. Com tão pouco tempo disponível, as mulheres querem praticidade." (A Dell alterou o conteúdo do site no início deste ano, tornando-o mais informativo.)

A busca incessante por praticidade - e não por meros produtos rosa-choque - é o que explica a escolha da Apple como uma das três marcas mais admiradas pelas mulheres no mundo segundo o levantamento do BCG. O segredo pode residir no fato de que Steve Jobs, o gênio por trás da empresa, jamais se importou muito em tratar as mulheres de forma diferente dos demais consumidores. Mas, aparentemente sem querer, Jobs respondeu com seus produtos a uma das grandes demandas femininas numa era de infernal proliferação de botões e controles. "Os produtos da Apple são fáceis de usar, quase intuitivos", diz Sayre, do BCG. "E isso fascina as mulheres, que têm cada vez menos tempo de ler manuais."

A Best Buy, uma das maiores redes de eletroeletrônicos dos Estados Unidos, tomou como base essa percepção para remodelar algumas de suas lojas no final de 2008. Atentos a um mercado de 68 bilhões de dólares (as americanas respondem por 45% das compras de eletrônicos no país), os executivos da rede entrevistaram 40 consumidoras na cidade de Aurora, no estado do Colorado, com o intuito de criar uma lojaconceito que atendesse aos seus desejos. As mulheres exigiram lojas mais claras, tapetes em tons menos sóbrios, móveis de madeira e, principalmente, a criação de ambientes em que fosse possível entender como os equipamentos poderiam ser conectados uns aos outros. O tráfego na loja-conceito aumentou mais de 20%, em grande parte graças à procura feminina, e o modelo foi replicado em outros pontos dos Estados Unidos. Durante uma conferência de divulgação de resultados, no dia 25 de março, o presidente da Best Buy, Brian Dunn, afirmou que grande parte do crescimento de 7%, comparando-se o mesmo número de lojas no período entre dezembro de 2009 e fevereiro deste ano, deveu-se à capacidade da rede de "atrair novos consumidores, especialmente mulheres e jovens".

A força das consumidoras

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A participação feminina(1) no consumo de algumas das maiores economias do planeta:

No Brasil, algumas empresas começam a despertar para a importância de conquistar o mercado formado por mulheres com renda. Em 2007, depois de realizar centenas de pesquisas com seus vendedores, os executivos da Cyrela, segunda maior incorporadora do país, perceberam que seus projetos negligenciavam essas possíveis consumidoras. "Percebemos que as mulheres estavam extrapolando o papel clássico de mera aprovadora no momento da compra do imóvel", diz Rosane Ferreira, diretora de incorporação da Cyrela. "Em muitos casos, elas eram as compradoras." Para conquistá-las, a companhia passou a incluir nos novos imóveis centros de beleza, salas de ginástica e pilates e áreas de lazer para os filhos. Atualmente, as mulheres são responsáveis por 40% das vendas da Cyrela no país - ante 30% registrados três anos atrás. A paulista Andreia Mariano, de 33 anos, faz parte desse novo perfil de clientes descoberto pela Cyrela. Coordenadora de comércio exterior em uma multinacional de autopeças, ela adquiriu um apartamento da incorporadora na Chácara Santo Antônio, bairro da zona sul da capital paulista, em novembro do ano passado. O imóvel é avaliado em 400 000 reais - e conta com uma área de lazer que inclui spa, piscina e academia de ginástica. "Esses ‘opcionais’ foram decisivos na minha escolha", diz Andreia. "Pode parecer bobagem, mas faz uma baita diferença na minha rotina diária."

Por não dispor de uma ampla base de dados - ou mesmo de interesse - sobre esse mercado, algumas companhias descobriram quase por acaso as enormes oportunidades geradas por esse público. Em maio de 2007, sem muito estardalhaço, a subsidiária brasileira da coreana LG lançou o que seria apenas mais um aparelho em sua extensa linha de celulares. Batizado de Shine, o telefone em sóbrios tons de cinza foi desenvolvido para agradar ao público masculino - mas acabou, sem querer, caindo no gosto das consumidoras, que responderam por cerca de 20% de suas vendas no primeiro ano após o lançamento. "Percebemos que em restaurantes, por exemplo, as mulheres usavam a parte externa do aparelho, toda espelhada, para retocar a maquiagem sem

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precisar ir ao banheiro", diz Eduardo Toni, diretor de marketing da LG. "Decidimos, então, dar mais atenção a esse público." Uma das primeiras medidas foi aumentar a quantidade de mulheres nos grupos de pesquisa, das antigas 70 para as atuais 150 (o mesmo número de homens pesquisados). Com base nos comentários das entrevistadas, os executivos da LG descobriram que elas simplesmente odiavam o excesso de fios pela casa e tinham enorme dificuldade de navegação na internet em alguns de seus aparelhos, como TVs e celulares. Para aproveitar essa oportunidade, em outubro do ano passado a LG trouxe para o Brasil uma nova linha de home theaters sem fio. Três meses após seu lançamento, o modelo vendia 70% mais que os equipamentos tradicionais. "Descobrimos que os mercados não são excludentes", diz Toni. "Quando lançamos algo que satisfaça às necessidades delas, as vendas aumentam também para o público masculino."

Num cenário em que poucas companhias estão de fato preparadas para atender aos desejos das mulheres, a varejista de material de construção C&C é uma exceção. Em setembro do ano passado, a empresa criou uma diretoria específica para entender e atender essa parcela do mercado. Ao departamento, batizado de diretoria do cliente feminino, cabe pensar no desenvolvimento de novos produtos e avaliar quão satisfeitas as consumidoras estão. Um dos primeiros movimentos encabeçados por essa nova diretoria é a remodelação das lojas. No início deste ano, quatro das 40 unidades espalhadas entre São Paulo e Rio de Janeiro passaram por uma repaginação total - a maior mudança diz respeito à forma como os produtos são distribuídos, agora imitando os ambientes de uma casa, como fazem as lojas de decoração Etna e Tok Stok. Além disso, a C&C incluiu em seu portfólio itens da linha branca, algo até então impensável num setor habituado a vender azulejos e parafusos. "Em nossas pesquisas, percebemos que o maior sonho das mulheres era ganhar tempo", afirma Miriam Gemignani, diretora de cliente feminino da C&C. Hoje, 55% da clientela da empresa é formada por mulheres. Num momento em que o capitalismo mundial anseia por novos mercados que sustentem o crescimento dos negócios e a geração de mais riqueza, enxergar a evolução da sociedade e o novo papel econômico da metade mais sensível da população global parece ser um movimento mandatório.

P.S.: por favor, maneirem no rosa.

Daiane Trombini: Administradora de empresas 35 anos

Acaba de comprar um automóvel modelo Santa Fé, da Hyundai, por aproximadamente 100 000 reais e gasta quatro vezes mais com a conta de celular do que o marido.

Andreia Mariano: Administradora de empresas 33 Anos

Em novembro de 2009 comprou um apartamento da Cyrela avaliado em 400 000 reais. O prédio conta com facilidades como sala de ginásticae míni-spa.

Marlene Ortega: Psicóloga 51 anos

Para acompanhar o marido em suas viagens pelo interior do país, adquiriu, em agosto do ano passado, uma motocicleta Harley-Davidson por cerca de 26 000 reais.

Elisabete Rozinelli: Esteticista 43 Anos

Depois de trocar o carro usado por um modelo zero-quilômetro no início de 2009, Elisabete pagou 11 000 reais à vista para fazer um tour de 20 dias pela Europa.

Ana Leão: Publicitária 41 Anos

Para cuidar do filho de 11 anos, gasta 4 000 reais por mês com educação, quantia equivalente a seu consumo mensal de cosméticos, roupas e acessórios.

Alice Andrade: Assistente social 38 Anos

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Com a renda extra de 2 000 reais que consegue com a revenda de produtos Natura, Alice adquiriu um fogão, uma geladeira, um notebook e um celular.

Quem disse que não dá para entender as mulheres?

Algumas empresas que fizeram mudanças recentes para atender aos anseios do público feminino:

C&C

Problema

O ambiente empoeirado das lojas, com sacos de cimento amontoados pelos cantos, não agradava às mulheres.

Solução

Criou, em setembro de 2009, uma diretoria específi ca para atender as consumidoras. Nas lojas, há mais espaço para itens de decoração e utilidades domésticas. Também passou a vender produtos da linha branca.

Participação atual das mulheres nas vendas: 55%.

Cyrela

Problema

As mulheres gostariam de ganhar tempo realizando o maior número possível de tarefas no próprio condomínio.

Solução

A empresa passou a oferecer salão de beleza e salas de ioga e pilates em alguns de seus Empreendimentos. Com isso, a procura das mulheres aumentou quase 30% nos últimos três anos.

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Texto 3

15 decisões que fizeram história

| 22.03.2007

Existem decisões cujos efeitos são sentidos por anos, às vezes, décadas. São medidas capazes de redefinir os rumos de empresas e de economias inteiras. EXAME consultou 13 consagrados economistas e políticos brasileiros - nomes como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e os economistas Claudio Haddad e Eduardo Giannetti da Fonseca - para chegar a uma lista de 15 medidas que fizeram história nos últimos 40 anos - e que continuam a ter impacto ainda hoje. Os episódios citados, não por acaso, envolvem grandes inovações tecnológicas, lufadas liberalizantes e a consciência - às vezes visionária - de que fazemos parte de um mundo, para usar o termo cunhado pelo americano Thomas Friedmann, plano. Cada uma à sua maneira, essas decisões ajudaram a desenhar a nova face da economia do país. Seus efeitos estão presentes hoje - e deverão ser sentidos ainda por um bom tempo.

Por Serena Calejon EXAME 1969 O governo militar cria a Embraer A Embraer, quarta maior fabricante de aeronaves do mundo, nasceu por decreto. Em agosto de 1969, o presidente Arthur da Costa e Silva determinou o início da produção do modelo Bandeirante, um barulhento turboélice, em São José dos Campos, no interior de São Paulo. O principal objetivo era fornecer aviões para o Exército, mas logo o Bandeirante passou a compor a frota de companhias aéreas, como Vasp e Transbrasil. Primorosa em tecnologia, a Embraer chegou aos anos 90 à beira da falência com uma estrutura de pessoal pesada e uma série de modelos ultrapassados. Em dezembro de 1994, o grupo comandado pelo Bozano, Simonsen e pelos fundos de pensão Previ e Sistel arrematou a empresa na privatização. O executivo Maurício Botelho, presidente da Embraer desde então, protagonizou uma espetacular recuperação -- em 2006, o faturamento da empresa superou 3 bilhões de dólares. Em abril, Botelho passará o comando da operação para Frederico Fleury Curado, que fez carreira na companhia. Atualmente, a Embraer é um dos exemplos mais pujantes do avanço de empresas de países emergentes em setores até pouco tempo atrás dominados por concorrentes do mundo desenvolvido. No segmento de jatos para aviação regional, a companhia disputa a liderança mundial com a canadense Bombardier. "Hoje a Embraer projeta o Brasil em todo o mundo num setor de tecnologia de ponta", diz o economista Claudio Haddad, presidente do Ibmec São Paulo.

1973

A semente do agronegócio brasileiro Em 2006, o Brasil produziu 117 milhões de toneladas de grãos -- mais que o triplo da produção registrada no início dos anos 70. Poucas decisões foram tão cruciais para essa gigantesca multiplicação quanto a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1973. Um dos principais feitos da estatal foi a adaptação às condições locais de certas culturas, como a da soja -- típica de climas temperados. Outra conquista foi a viabilização agrícola do cerrado, uma região de solo ácido e arenoso, originalmente impróprio até mesmo para o plantio de um pé de alface. Hoje metade da produção da soja brasileira vem dessa região. No ano passado, a Embrapa recebeu o maior orçamento de toda sua história: 1 bilhão de reais. Mesmo assim, o valor é insuficiente. Com estudos em áreas que envolvem tecnologias cada vez mais caras, seus cientistas passam cerca de 60% do tempo buscando dinheiro em parcerias com o setor privado.

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1975

O início do Proálcool O mundo mal se recuperava do primeiro choque do petróleo quando o então presidente Ernesto Geisel lançou o Programa Nacional do Álcool, o Proálcool, para livrar o Brasil da dependência da gasolina estrangeira. Durante um período de quase dez anos, o governo brasileiro investiu 16 bilhões de dólares em pesquisas genéticas para melhoria da cana-de-açúcar, subsídios ao preço do álcool e financiamento de máquinas agrícolas a juros baixos. Nos anos 80 e 90, a queda do preço do petróleo e o aumento da cotação do açúcar no mercado mundial esfriaram a produção e a venda de etanol no país. O Proálcool morreu sufocado na politicagem, no favorecimento de grupos pouco competitivos e na descrença do consumidor. Três décadas mais tarde, a tecnologia desenvolvida graças à decisão tomada durante o governo Geisel ajudou a colocar o Brasil na vanguarda dos países produtores de etanol, considerado hoje um dos sucessores do petróleo como matriz energética em todo o planeta. A venda de etanol no Brasil movimentou 6,2 bilhões de dólares em 2006 e a expectativa é que esse valor alcance 15 bilhões de dólares em 2010. O setor hoje atrai olhares e dólares de investidores de todo o mundo.

1977 A Petrobras vai ao mar Criada em 1953, durante duas décadas a Petrobras só extraiu petróleo em terra firme. Em 1977, deu uma guinada em sua estratégia e passou a explorar comercialmente o campo de Enchova, na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, a uma profundidade de 120 metros -- um passo que exigiu anos de pesquisa. À época, a decisão foi vista como temerária, devido aos elevados custos do projeto e aos riscos e complexidade de uma operação em alto-mar. Hoje a Petrobras é referência mundial em tecnologia de exploração e produção em águas profundas. Quase 80% da produção nacional de petróleo vem da exploração marítima, em operações que chegam a 1 500 metros de profundidade. Se não tivesse optado por entrar nesse mercado duas décadas atrás, dificilmente a Petrobras teria conseguido garantir a auto-suficiência brasileira na produção de petróleo, um feito alcançado em 2006.

1980 A era do dinheiro eletrônico No início da década de 80, o setor financeiro estava entre os poucos que conseguiam crescer em meio à crise econômica que freava o país. E foi justamente nessa época que o Brasil entrou na era do dinheiro eletrônico, aproveitando tecnologia nacional. Duas instituições disputavam a liderança na corrida eletrônica: Itaú e Bradesco. Em setembro de 1980, o Itaú inaugurou a primeira agência informatizada, ligada eletronicamente a um computador central. No mesmo ano, o Bradesco apresentou sua inovação: um terminal eletrônico de consultas para clientes. O movimento era a gê nese de uma ruptura tecnológica que levou os bancos brasileiros à condição atual de modelo de sofisticação em automação bancária no mundo. Para os clientes, o mundo mudou. A rede que interligava as agências permitia um feito até então impensável: sacar dinheiro ou fazer depósitos em qualquer agência de seu banco -- e não apenas onde o cliente tinha conta aberta. Hoje o que está em jogo é quem será o primeiro a levar as transações bancárias para o celular. O Banco do Brasil saiu na frente quando passou a oferecer, em meados de 2004, o mobile banking, serviço de consulta de saldos e transferências entre contas pelo celular. O próximo passo é transformar o celular em meio de pagamento em estabelecimentos comerciais.

1988 Constituição nova, problemas novos Desde que foi promulgada, em 1988, a Constituição brasileira recebe duras críticas em relação à sua plataforma econômica. Especialistas fazem coro ao afirmar que a nova regulamentação levou a um verdadeiro desastre fiscal. A nova Carta criou direitos e privilégios que hoje amarram o setor privado e obrigam o Estado a gastar cada vez mais com aposentadorias, funcionalismo público, pensões e programas sociais. A grande vilã é a Previdência. De 1989 para cá, os gastos mais que triplicaram, passando de 4% do PIB para cerca de 13%. "Fizemos uma regulamentação de país rico para um país pobre, que não tem como financiá-la", diz o economista Raul Velloso, especialista em finanças públicas. O resultado do inchaço das despesas

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públicas é o aumento da carga tributária e a conseqüente diminuição do investimento privado. "A Constituição é uma das grandes responsáveis pelas taxas medíocres de crescimento do país desde então", diz o economista Mailson da Nóbrega. Até agora, as tentativas de mudar a Constituição foram brandas. Em 2003, uma reforma da Previdência passou a cobrar tributos de funcionários públicos inativos. Mas existe consenso de que outras reformas em diversos âmbitos -- tributária, trabalhista e política -- serão inevitáveis nos próximos anos.

1990 O país se abre para o mundo Nos anos 70, o governo militar brasileiro exacerbou barreiras enormes às importações no esforço de desenvolver a indústria nacional. A medida protegeu artificialmente uma série de empresas com um nível de eficiência inferior em relação ao resto do mundo -- o que prejudicou o consumidor brasileiro e limitou a capacidade de atuação dessas companhias no mercado global. Em 1990, o então presidente Fernando Collor tomou aquela que foi provavelmente a única resolução que o faria ser lembrado de maneira positiva -- a liberalização das importações. "Ele foi o responsável, na ocasião, mas o país estava maduro para a decisão de abrir a economia", diz o economista Roberto Teixeira da Costa. A abertura, nos anos 90, representou um choque de realidade para as empresários brasileiros que prosperaram dentro de uma bolha que os isolava do mundo. Algumas empresas morreram, outras foram vendidas. Muitas das que sobreviveram ao tranco tornaram-se competitivas mundo afora. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), ao longo dos anos 90 a produtividade da indústria brasileira cresceu quase 8% ao ano. A abertura econômica, porém, é um processo que ainda não terminou. "Ainda temos muito trabalho pela frente", diz Eustáquio Reis, diretor do Ipea. Segundo estudo do instituto, alguns setores ainda são protegidos com mais de 100% de taxação.

1994 O plano real e o fim da hiperinflação Poucos acreditaram que daquela vez era para valer. No final de fevereiro de 1994, o presidente Itamar Franco bateu o martelo no lançamento de mais um entre os inúmeros pacotes de medidas econômicas contra a hiperinflação que assombrava o país havia vários anos. A despeito do descrédito inicial, o Plano Real finalmente acabou com uma inflação que no ano anterior atingira assustadores 2 567% (algo quase inimaginável hoje, com uma inflação anual de 3,14% em 2006). O mecanismo do plano foi criar um novo indexador para a economia, com valor atrelado ao dólar: a unidade real de valor, a URV. Alguns meses depois, a URV teve seu nome trocado para Real e a nova moeda passou a circular fisicamente pelo país. O Cruzeiro Real foi extinto. "A tomada de decisão foi um momento difícil, porque alguns ministros achavam que o Plano Real traria perda salarial", diz o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, então ministro da Fazenda e mentor do Real. Com o fim da cultura de inflação, o Brasil pôde postular um lugar no grupo das economias civilizadas. A estabilidade se transformaria na base de todos os progressos feitos pela economia brasileira a partir de então.

1994 A construção de uma marca global Desde que foram lançadas, em 1962, as sandálias Havaianas ficaram conhecidas pelo popular bordão "Não deforma, não tem cheiro, não solta as tiras". Em 1994, a São Paulo Alpargatas, fabricante das Havaianas, decidiu que era hora de dar um upgrade na imagem da popular sandália de borracha e lançou uma linha monocromática, com design sutilmente diferente. O produto saiu dos balcões do pequeno comércio e partiu para o grande varejo. O movimento foi o embrião do estrondoso sucesso que as Havaianas fazem hoje não só no Brasil mas também no exterior. Desde o ano 2000, as Havaianas são exportadas para todo o mundo e se tornaram uma das raras marcas nacionais a ter projeção internacional. Celebridades como Angelina Jolie, Jennifer Aniston e Kate Hudson já foram flagradas com o chinelinho nos pés. Só no ano passado, foram exportados 18 milhões de pares. Segundo pesquisa da Interbrand, consultoria especializada em marcas, em 2006 as Havaianas se tornaram o produto brasileiro mais popular no exterior, desbancando a mítica seleção de futebol.

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1998 O novo jogo das telecomunicações O leilão do Sistema Telebrás, realizado em julho de 1998, arrecadou no total 22 bilhões de reais na venda de 12 concessões de operação. A venda das ineficientes prestadoras de serviço de telefonia estatais acabou com as intermináveis filas (a instalação de uma nova linha levava anos) e os valores astronômicos antes cobrados por uma simples linha telefônica (que chegavam a valer até 4 000 dólares). "Todos os setores foram extremamente beneficiados, porque cada vez mais as empresas precisam trafegar dados", diz Mauro Peres, diretor de pesquisa da consultoria IDC Brasil, especializada em tecnologia da informação e telecomunicações. "Hoje o país tem uma boa estrutura de telecomunicações e isso ajudou a aumentar a produtividade das pessoas e das empresas."

A dimensão do avanço impressiona quando se observa, por exemplo, a quantidade de pessoas com acesso à internet -- que passou de 480 000 em 1998 para 35 milhões atualmente. A proporção de telefones fixos era de 12 por 100 habitantes. Hoje é de 27. O volume de usuários de telefone celular é ainda mais vultoso -- 100 milhões de aparelhos em funcionamento no Brasil. "Sem a abertura, seguramente estaríamos falando em, no máximo, 10 milhões de usuários de celular", diz Peres.

1999 Entramos na era das fusões A fusão das cervejarias Brahma e Antarctica, que deu origem à Ambev, foi um dos movimentos mais inesperados e simbólicos do ambiente brasileiro de negócios. Primeiro porque uniu sob um mesmo teto inimigos aparentemente inconciliáveis. Segundo porque colocou o Brasil na era das grandes fusões, um período no qual se buscam escala e competitividade globais. A Ambev nasceu gigantesca, com faturamento consolidado de 8,4 bilhões de dólares em 1998 e ocupando o posto de terceira maior indústria cervejeira do mundo, atrás da americana Anheuser-Busch (fabricante da Budweiser) e da holandesa Heineken. Logo os sócios da Ambev -- o lendário trio formado pelos ex-banqueiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira -- extrapolaram as fron- teiras do mercado brasileiro para protagonizar a consolidação mundial do setor. Em 2004, a Ambev associou-se à sétima maior cervejaria do mundo, a belga Interbrew, numa arrojada troca de ações. Seus sócios transferiram o controle da cervejaria para a Interbrew e, em troca, levaram 25% da nova empresa. A Inbev acabou por incorporar os princípios de gestão que marcaram a Brahma (sobretudo a meritocracia e a obsessão com corte de custos). Hoje é a maior cervejaria do mundo.

2000 A onda verde No começo da década, a palavra "sustentabilidade" ainda não fazia parte do dicionário da maioria dos homens de negócios. Hoje, sobretudo com os temores gerados pela ameaça do aquecimento global, nenhum empresário ou executivo ignora o tema -- ainda que não se saiba exatamente quais serão os efeitos de uma mudança climática. A Natura, umas das maiores empresas de cosméticos do país, despontou como uma das primeiras a buscar a adaptação de seu modelo de negócios ao conceito de sustentabilidade. Um dos marcos desse movimento foi o lançamento, em agosto de 2000, da linha de cosméticos Ekos, produzida com matéria-prima brasileira desenvolvida junto a comunidades que habitam o interior do país. As diretrizes que nortearam a criação da Ekos -- uso da biodiversidade brasileira, sustentabilidade ambiental e social e aproveitamento das tradições populares -- apareciam pontualmente na empresa desde os anos 90. A postura "social e ecologicamente correta" acabou por se tornar um trunfo junto aos investidores. A Natura foi uma das primeiras brasileiras a compor índices de sustentabilidade, como o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa, criado no final de 2005.

2000 A Bovespa se rende à governança A criação de três segmentos de listagem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), destinados a empresas que adotam práticas mais rígidas de governança corporativa, em dezembro de 2000, representou a entrada do mercado de capitais brasileiro numa nova era em que as pressões por transparência são cada vez maiores. O Novo Mercado e os Níveis 1 e 2 de

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governança foram desenvolvidos pela Bovespa com base em um estudo realizado pelos economistas José Roberto Mendonça de Barros, José Alexandre Scheinkman, Luiz Leonardo Cantidiano e Antonio Gledson. Em fevereiro de 2002, a administradora de rodovias CCR se tornou a primeira empresa a fazer sua oferta pública inicial no Novo Mercado. De lá para cá, não só cada vez mais empresas aderiram ao Novo Mercado, como a Bovespa viu um ritmo sem precedentes de ofertas públicas iniciais (IPO na sigla em inglês). Se entre 1999 e 2003 apenas quatro empresas abriram seu capital -- inclusive a CCR, na época a única no Novo Mercado -- entre 2004 e março de 2007 esse número foi multiplicado por 10. No total foram 50 IPOs -- dos quais apenas dois no pregão tradicional. O chamado IGC (Índice de Governança Corporativa), que mede o desempenho das empresas listadas nos segmentos especiais, cresceu a uma taxa média de 49,8% ao ano entre 2002 e 2006, enquanto no mesmo período o Ibovespa valorizou 40,9%.

2002 Lula derruba o mito Às vésperas das eleições presidenciais de 2002, o banco de investimentos americano JP Morgan atribuiu ao Brasil um risco-país de mais de 2 000 pontos, um dos piores de todos os tempos. O país chegou ao mesmo patamar de países como Equador e Nigéria. A possibilidade da eleição do candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva deixou o mercado à beira da histeria. O mito do calote fez ressurgir o fantasma da ameaça da hiperinflação. O cenário era de caos. "O PT, no passado,. tinha um discurso de ruptura e ameaça", diz o economista Eduardo Giannetti da Fonseca. "Mas ao chegar ao poder foi tomado de um sentido de responsabilidade que o levou a preservar os aspectos que devem transcender a disputa partidária." Lula manteve a política econômica do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso e consolidou a estabilidade econômica. Para os negócios no país, a manutenção foi fundamental. Evitou uma eventual fuga de investimentos que poderia ter tido conseqüências desastrosas para a economia. Hoje, o risco-país mantém um dos níveis mais baixos de sua história.

2006 Empresas cada vez mais globais O anúncio da compra da canadense Inco, a maior produtora de níquel do mundo, pela Companhia Vale do Rio Doce, em outubro de 2006, coroou a maior expansão já empreendida por uma companhia brasileira no cenário internacional. A aquisição, que envolveu quase 18 bilhões de dólares, representa o maior negócio protagonizado por uma empresa sediada no Brasil em toda a história e tornou a Vale a segunda maior mineradora do planeta. Desde 2001, quando assumiu a presidência da Vale, o executivo Roger Agnelli comandou 15 aquisições -- uma média de três por ano. As vendas da companhia crescem em uma velocidade fabulosa. Entre janeiro e setembro de 2006, as receitas chegaram a 18 bilhões de dólares, considerando a incorporação da Inco -- quase o dobro em relação ao mesmo período do ano anterior. A história do crescimento da Vale começa em 1997, após a privatização. Embora fosse uma exceção entre uma montanha de estatais ineficientes, a empresa tinha seu futuro comprometido pelas burocracias impostas pelo governo. De lá para cá as vendas aumentaram duas vezes e meia, o valor de mercado cresceu oito vezes e os lucros se multiplicaram por 13. O mais importante -- o Brasil entrou com o pé direito num dos setores mais estratégicos da indústria de base em todo o mundo.

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TEXTO 5 Temos de aprender a poupar Continuar a gastar ou economizar para investir mais e ampliar o crescimento? O Brasil - em especial o governo - precisa fazer a escolha. A decisão vai nortear o futuro do país

Leo Caldas Favela em São Luís: o Brasil não é só isso, mas metade do país sofre com a falta de saneamento Por José Roberto Caetano | 11.05.2010 | 09h25 –Revista Exame Fabiana Castanho, de 32 anos, gerente numa empresa de informática em São Paulo, recebeu no ano passado um aumento salarial de 800 reais. Ela e o marido, o funcionário público Wilson, com quem tem uma filha de 5 anos, viram a renda familiar crescer para 4 500 reais mensais. O dinheiro extra foi vertido para o consumo. Em janeiro, a família passou uma semana no Nordeste. Quando voltou, Fabiana percebeu que não teria como pagar a prestação de uma moto Sundown Future que havia adquirido pela financeira Itaú meses antes. Após oito meses de inadimplência, fez um acordo com a financeira e, no início de maio, devolveu a moto. Com outras pendências - como uma dívida de 10 000 reais no cartão de crédito, parcelada em 36 vezes -, o nome de Fabiana está no Serviço de Proteção ao Crédito. "Eu pretendo um dia ter um bom relacionamento com o dinheiro, mas hoje não consigo." Em contraste com a situação da família Castanho, o exemplo de Márcia Camargo, de 44 anos, assistente administrativa de uma pequena empresa paulistana, mostra que é possível guardar dinheiro até com o orçamento apertado. Separada há dois anos,

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Márcia viu a renda cair de 4 500 para 2 500 reais mensais desde que deixou o marido. Mesmo assim, não se desesperou. Usou a experiência como administradora para cortar gastos supérfluos e organizar o fluxo de caixa. "Anoto os gastos com moradia, educação do meu filho, plano de saúde e outros itens. Minha planilha está fechada até o fim do ano que vem", diz ela. Graças a um controle rígido, Márcia tem conseguido guardar até 20% do salário. "Fiz um curso gratuito na Bovespa para aprender a investir. Hoje, me preocupo muito com o futuro."

As histórias de Fabiana Castanho e Márcia Camargo ilustram o dilema vivido pelo Brasil hoje: aproveitar o bom momento ou poupar para o futuro? Eis uma dúvida tão antiga quanto o próprio homem. A cada instante, convivemos com estímulos emocionais que nos convidam a aproveitar a vida e esquecer o amanhã - é o nosso lado cigarra, na imagem criada pela fábula de La Fontaine. Mas dentro de nós vive também a formiga, que tenta nos trazer à razão. Muito do que somos, seja individualmente, seja como nação, resulta de como arbitramos os dois estímulos. Coletivamente, sociedades que conseguem abrir mão do consumo - ou de parte dele - no presente costumam ser recompensadas mais à frente. Afinal, consumo e poupança saem de uma fonte só: a renda. Os economistas costumam dizer que a poupança de hoje é uma garantia para o consumo no futuro. E viceversa: consumir já é abrir mão de recursos posteriormente. Para o país, está ficando claro que há necessidade de poupar mais, a fim de ampliar a capacidade de investir e assegurar um crescimento econômico prolongado - única maneira de a grande massa de brasileiros realmente melhorar de vida.

A taxa de poupança nacional tem oscilado entre 16% e 18% do produto interno bruto nos últimos anos, com um nível de investimento semelhante. É suficiente para manter um crescimento de cerca de 4,5% ao ano sem gerar inflação. O ritmo atual da economia brasileira, caminhando para um crescimento em 2010 entre 6% e 7%, não teria como ser sustentado por mais tempo sem que gerasse distorções - a pior delas, o descontrole dos preços. Isso já começou a acontecer, o que motivou o Banco Central a elevar os juros básicos no final de abril. Analistas também se preocupam com a volta do déficit nas contas com o exterior, um velho problema nacional. O déficit projetado neste ano é de 2,5% do PIB e teme-se que, se o país não refrear o crescimento, será preciso trazer mais dinheiro de fora. "Nossa escolha até agora foi tentar crescer mais sem aumentar a poupança. Se isso continuar, as contas externas vão se deteriorar", diz Sérgio Vale, economista da consultoria MB Associados. De acordo com ele, para que isso não piore tanto, o governo terá de fazer uma "escolha de Sofia", atuando para desacelerar o consumo das famílias, responsável, em seus cálculos, por 85% do crescimento de 2006 para cá.

A discussão sobre poupança esquentou nos últimos tempos graças ao desempenho impressionante da China, cuja taxa de crescimento vem se mantendo superior a 10% ao ano. Em boa medida, o ritmo chinês está ancorado numa taxa de poupança e de investimento que se mantém acima de 40% desde 2003. Pelas enormes diferenças entre os dois países, seria quase impossível ao Brasil atingir os padrões chineses. E, pelos sacrifícios que isso obrigaria a sociedade brasileira a fazer, provavelmente nem seria desejável. As soluções chinesas são fruto de um regime de governo autoritário, o que os brasileiros já rejeitaram. A política de um filho por família reduziu o número de dependentes a ser

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sustentados por quem trabalha. O fato de o Estado chinês não oferecer quase nada de benefícios sociais obriga as pessoas a fazer economia para cobrir essas necessidades. Além disso, as estatais chinesas são privilegiadas com empréstimos do governo e quase não distribuem lucros - que são retidos para investir. Porém, as realizações que a China vem obtendo, principalmente na construção de estrutura logística e urbana, merecem uma reflexão no sentido de que talvez a virtude esteja no meio do caminho. Os chineses constroem estradas, ferrovias, portos, usinas e cidades numa dimensão que faz inveja ao Brasil, com gargalos de transporte por todos os lados e com metade da população ainda sem serviço de esgoto. Mesmo considerando que nem tudo o que os chineses fazem é de qualidade - basta ver os prejuízos ao meio ambiente -, não há dúvida de que o avanço é notável. De acordo com um estudo feito pela MB Associados a pedido de EXAME, um aumento da taxa de poupança de 16% para 22% do PIB permitiria ao Brasil elevar o investimento de 18% para 25% ao ano e, com isso, crescer 6% sem pressão inflacionária.

No plano das nações, os governos têm a obrigação de pensar no longo prazo e ser responsáveis, tomando decisões que, se desagradáveis no imediato, permitam um futuro melhor aos cidadãos. "O problema do Brasil é que somos uma sociedade esquizofrênica", diz Cláudio Haddad, presidente da escola de negócios Insper. "Queremos crescer rapidamente, mas tomamos decisões que jogam contra isso." Ele se refere ao fato de que o governo, ao mesmo tempo que tributa demais quem produz, mantém privilégios de alguns - como as elevadas pensões dos funcionários públicos -, distribuindo o custo a todos. Além disso, o Estado investe pouco, cerca de 2% do PIB, e aplica os recursos com baixa eficiência. Ao final de tudo, fecha as contas no vermelho e funciona como um "despoupador" - ou seja, além de não contribuir, gasta parte da poupança feita pelo setor privado. Um estudo elaborado pelos pesquisadores Mansueto Almeida e Alexandre Manoel da Silva, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, mostrou que a média de poupança privada no Brasil subiu de 12% do PIB entre 1999 e 2002 para 18,3% no período de 2003 a 2006. Nos mesmos intervalos, a poupança do governo caiu da média de 1,6% para -1%. Ou seja, o Estado claramente passou a ser um redutor das economias do país.

Aí está exatamente a oportunidade mais clara para o país ampliar sua poupança. Na Coreia do Sul, as famílias poupam o equivalente a 4,5% do PIB, cerca da metade do poupado nos lares brasileiros. Lá, porém, o governo contribui com uma poupança de quase 12% da riqueza gerada. Não se sabe ao certo tudo o que induz à elevação da poupança das famílias e das empresas - é uma das áreas em que os economistas não conseguiram chegar a um consenso. Medidas que funcionaram em alguns países fracassaram em outros. Quando o assunto é poupança, a única certeza é que o governo tem um papel central, seja deixando de ser gastador para ser mais poupador e investidor, seja na criação de um ambiente que estimule os negócios, o investimento e a poupança privada. Cuidado nas contas do governo - eis a principal lição para que, como país, sejamos menos parecidos com Fabiana e mais a cara de Márcia.

Por que tanta diferença?

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Dá para fazer mais

Se poupasse mais, o Brasil poderia ampliar sua taxa de investimento e crescer em ritmo mais acelerado sem gerar inflação.

Veja os ganhos possíveis num cenário hipotético elaborado pela consultoria econômica MB Associados para EXAME:

Outros ganhos

Com o aumento da poupança doméstica, além de mais recursos para investimento, o país poderia depender menos do capital externo. Isso diminuiria a pressão sobre o câmbio e a volatilidade da moeda.

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