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PREFEITURA MUNICIPAL DE POMERODE SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EMPREENDEDORA PROGRAMA DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL MULTIDISCIPLINAR DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO POMERODE/SC 2012

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PREFEITURA MUNICIPAL DE POMERODE

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EMPREENDEDORA

PROGRAMA DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL

MULTIDISCIPLINAR

DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO

ESPECIAL DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO NA PERSPECTIVA DA INCLUSÃO

POMERODE/SC 2012

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PREFEITURA MUNICIPAL DE POMERODE

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO EMPREENDEDORA

PROGRAMA DE ATENDIMENTO EDUCACIONAL

MULTIDISCIPLINAR

DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO ESPECIAL DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO NA

PERSPECTIVA DE INCLUSÃO

Administração 2009 – 2012 Prefeito – Paulo Mauricio Pizzolatti

Vice- Prefeita – Gladys Dinah Siewerdt Secretária da Educação e Formação Empreendedora – Neuzi Schotten

Profa.Coordenadora da Educação Especial – Tânia Mara Gruetzmacher Doege

POMERODE – SC

2012

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PREFÁCIO

Quando se pensa em educação inclusiva é importante invocar a premissa de que a paz, a fraternidade, a liberdade e a justiça, fundamentadas no reconhecimento da dignidade e na equidade de direitos, são garantidas para todo o ser humano desde o seu nascimento (Brasil, 2010).

Neste sentido Domingues (2010) considera que na proposta de uma escola inclusiva esteja a garantia de que todos tenham o direito à cidadania e à inserção social ao compartilharem um mesmo espaço sem que haja discriminação ou exclusão por estarem fora do modelo considerado padrão.

A construção de uma escola inclusiva percorre uma longa caminhada

passando por debates que visam novas concepções de práticas pedagógicas não excludentes. Desta forma, a educação em consonância com o poder publico e toda a sociedade, pode contribuir para a mudança de valores sociais que respeitem a diversidade humana.

Neste caminho, que também vem sendo percorrido pela Rede Municipal de Ensino de Pomerode, não faltam profissionais corajosos, estudiosos e determinados, que superam seus próprios limites na luta pela humanização através do processo de inclusão.

Seria hipocrisia ignorar as dificuldades de toda ordem que a escola

encontra neste processo. Atribuir estas dificuldades apenas ao professor é, no mínimo, negar todas as falhas e problemas encontrados no sistema educacional. Estes problemas vão desde o número de alunos na sala de aula até a falta de estrutura física e pedagógica que privilegie a educação inclusiva. Outro aspecto que, deve ser considerado com muito esmero, é pensar que a contratação de uma segunda pessoa na sala de aula, é fator prioritário para garantir a inclusão de todos os alunos. Pensar assim é uma forma de minimizar e até de banalizar a inclusão, pois relega ao segundo plano a necessidade da reflexão das concepções de ensino, de aprendizagem, de avaliação, de inclusão... que permeiam nossas práticas(ainda tão excludentes).

Sendo assim, cabe considerar que o caminho a ser percorrido é longo,

mas pode se tornar leve se todos o percorrerem juntos. As diretrizes curriculares para a Educação Especial na perspectiva da

Inclusão, contidas neste documento, foram escritas ao longo dos últimos três anos com base nos documentos oficiais desta área, pela equipe de profissionais do AEE, do PADRA e do Atendimento Multidisciplinar, coordenados pela profa. Tânia Mara Gruetzmacher Doege. A todos que colaboraram, muito obrigada!

NEUZI SCHOTTEN – Secretária de Educação e Formação Empreendedora

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................................................................... 06

CAPÍTULO I - HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL ............................... 08

1.1 Contexto Nacional ...................................................................................... 08

1.2 Direito à Educação da Pessoa com Deficiência – avanços e conquistas ... 09

1.3 A Educação Especial em Pomerode .......................................................... 14

CAPÍTULO II - CONCEPÇÕES e PRINCÍPIOS ............................................... 18

2.1 Concepções ............................................................................................... 18

2.2 Princípios .................................................................................................... 19

CAPÍTULO III - DIRETRIZES PEDAGÓGICAS ............................................... 22

3.1 Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva em Pomerode 22

3.2 Objetivos da Educação Especial na perspectiva da Inclusão ..................... 22

3.3 Orientações gerais ..................................................................................... 23

CAPÍTULO IV – PRÁTICAS DE INCLUSÃO NA REDE MUNICIPAL DE

ENSINO DE POMERODE ............................................................................... 27

4.1 Atendimento Educacional Especializado - AEE .................................... 27

4.2 Sala de Recursos Multifuncionais .......................................................... 30

4.2.1 Organização e funcionamento das Salas Multifuncionais ....................... 31

4.2.2 Funções do Professor da Sala Multifuncional ......................................... 32

4.2.3 Funções do Professor do Ensino Regular com alunos das salas

multifuncionais ................................................................................................. 33

4.2.4 Gestão do Processo de Aprendizagem na sala multifuncional ............... 34

4.2.5 Avaliação na sala multifuncional ............................................................. 34

4.3 Projeto de Atendimento aos Diferentes Ritmos de Aprendizagem –

PADRA ............................................................................................................ 36

4.3.1 Histórico do PADRA ................................................................................ 37

4.3.2 Aspectos legais ....................................................................................... 38

4.3.3 Concepções e princípios ......................................................................... 42

4.3.4 Diretrizes pedagógicas ............................................................................ 46

4.3.4.1 Objetivos do PADRA ............................................................................ 46

4.3.4.2 Referencial Metodológico ..................................................................... 47

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4.3.4.3 Gestão dos processos de aprendizagem ............................................. 48

4.3.5 Estrutura e funcionamento do PADRA .................................................... 48

4.3.5.1 As salas do PADRA.............................................................................. 50

4.3.5.2 Funções do professor da sala do PADRA ............................................ 51

4.3.5.3 Funções do professor do ensino regular com alunos no PADRA ......... 52

4.3.6 Avaliação no PADRA............................................................................... 53

4.4 Equipe Multidisciplinar ........................................................................... 54

4.4.1 A articulação do trabalho da equipe multidisciplinar ............................... 54

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 58

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APRESENTAÇÃO

As diretrizes curriculares para a Educação Especial na Rede Municipal

de Ensino na perspectiva da Inclusão, busca caminhos onde valores como

compreensão, solidariedade e crença no potencial humano superem atitudes

de preconceito e discriminação em relação às diferenças. Envolve mobilização

coletiva pois, é assim que se provocam as mudanças sociais. Nesse percurso,

exige-se disposição para dialogar, confrontar idéias e valores, compartilhar

experiências e articular ações.

Neste sentido, a Secretaria Municipal de Educação e Formação

Empreendedora toma como base o que diz Nascimento (2010):

[...] a Secretaria Municipal de Educação tem como compromisso fortalecer as unidades escolares para a implementação de uma política educacional que responda às diferenças presentes nas escolas, superando a lógica da exclusão, fundamentada na evolução dos marcos filosóficos, pedagógicos, políticos e legais que norteiam o paradigma da inclusão. (NASCIMENTO, 2010, In.: Cuiabá-MT. Prefeitura Municipal – SME, pagina 13).

Para Santos (2010), as diretrizes pedagógicas servem como base para

orientar a criação dos espaços de inclusão nas escolas, garantindo a todos o

acesso aos mesmos espaços educacionais, na mesma escola, sem

discriminação ou preconceito com relação às condições físicas e intelectuais.

Esta gestão, comprometida com as políticas públicas que preconizam o

respeito aos direitos humanos, pauta essas diretrizes no respeito às diferenças,

garantindo o acesso e a permanência de todos os alunos na escola regular.

Com o objetivo de tornar a escola cada vez mais inclusiva, o município

de Pomerode vem implementando políticas públicas com o objetivo de eliminar

barreiras e incluir os alunos no contexto da escola de ensino regular. Para isso

vem desenvolvendo ações que garantem a acessibilidade física aos prédios

escolares, a aquisição de equipamentos e a formação docente com atenção à

diversidade humana.

Em 2012, a Educação Especial na Perspectiva de Inclusão da Rede

Municipal de Ensino, conta com as seguintes ações e projetos:

Coordenação da Educação Especial;

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Salas Multifuncionais;

Projeto de Atendimento aos Diferentes Ritmos de Aprendizagem;

Atendimento Educacional Especializado;

Atendimento Psicológico;

Atendimento Psicopedagógico;

Atendimento de profissionais da Saúde através de parceria com a

Secretaria de Saúde;

Adequação dos prédios escolares promovendo a acessibilidade

física;

Aquisição de cadeiras e carteiras apropriadas às necessidades

especiais dos alunos; e,

Aquisição de material pedagógico para atender as necessidades

especiais dos alunos.

Neste sentido, a Secretaria Municipal de Educação e Formação

Empreendedora disponibiliza este documento com a finalidade de contribuir

para a reflexão e a efetivação de uma escola de qualidade social, onde todos

os alunos possam conviver, aprender juntos e se tornarem mais humanos.

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CAPITULO I - HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL 1.1 Contexto Nacional

A história da educação especial no Brasil inicia-se no século

XIX,quando os serviços dedicados a esse segmento de nossa população,

inspirados por experiências norte-americanas e européias, foram trazidas por

alguns brasileiros que se dispunham a organizar e a implementar ações

isoladas e particulares para atender a pessoas com deficiências físicas,

mentais e sensoriais.

Essas iniciativas não estavam integradas às políticas públicas de

educação e foi preciso o passar de um século, aproximadamente, para que a

educação especial passasse a ser uma das componentes de nosso sistema

educacional. De fato, no inicio dos anos 60 é que essa modalidade de ensino

foi instituída oficialmente, com a denominação de “educação dos excepcionais”.

No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve inicio na

época do Império com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos

Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto

dos Surdos Mudos, 1857, atual Instituto Nacional da Educação dos Surdos –

INES, ambos no Rio de Janeiro. No inicio do século XX é fundado o Instituto

Pestalozzi – 1926, instituição especializada no atendimento às com deficiência

mental; em 1954 é fundada a primeira associação de Pais e Amigos dos

Excepcionais – APAE e em 1945, é criado o primeiro atendimento educacional

especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por

Helena Antipoff.

Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência

passa se Fundamentado pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, Lei nº4.024/61, aponta o direito dos “excepcionais” à

educação, preferencialmente dentro do sistema geral de ensino.

A Lei nº 5.692/71, que altera a LDBEN de 1961, ao definir “tratamento

especial” para ao alunos com “deficiências físicas, mentais, os que se

encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matricula e os

superdotados”, não promove a organização de um sistema de ensino capaz de

atender as necessidades educacionais especiais e acaba reforçando o

encaminhamento dos alunos para classes e escolas especiais.

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Em 1973, é criado no MEC, o Centro Nacional de Educação Especial

– CENESP, responsável pela gerência da educação especial no Brasil, sob a

égide integracionista, impulsiona ações educacionais voltadas às pessoas

com superdotação: ainda configuradas por campanhas assistenciais e ações

isoladas do Estado.

Nesse período, não se efetiva uma política de acesso universal à

educação, permanecendo a concepção de „políticas especiais‟ para tratar da

temática da educação de alunos com deficiência e, no que se refere aos alunos

com superdotação, apesar do acesso ao ensino regular, não é organizado um

atendimento especializado que considere as singularidades de aprendizagem

desses alunos.

1.2 Direito à Educação da Pessoa com Deficiência – Avanços e Conquistas

Com o advento da Declaração dos Direitos Humanos, as pessoas com

deficiência ou outros transtornos que as deixavam à margem da normalidade,

aos poucos foram conquistando seus espaços de direito.

Sendo a Educação um direito fundamental de todo ser humano,

legitimado pela sociedade, conforme prescreve a Constituição Federal em seu

Art.205, nada mais justo que esse direito seja respeitado em qualquer condição

em que se encontrem as pessoas, por se tratar de prescrição imprescindível ao

pleno desenvolvimento da pessoa, ao seu preparo para o exercício da

cidadania, dentre eles o direito de participar, aprender, conhecer e fazer parte

do meio social em que convive com seus pares.

Apesar de o quesito Educação ser o primeiro dos direitos sociais a ser

elencado pela constituição Federal, Art.6º, como reconhecimento legal de sua

importância na formação do homem enquanto cidadão, nem sempre houve

coerência na interpretação da lei. Por muito tempo se fez valer para alguns em

detrimento de outros, em função dos descasos das políticas públicas.

Interpretações equivocadas são levadas a efeito em razão da redação

do art.208, da Constituição Federal, onde se afirma que “o dever do Estado

com a educação será efetivado mediante a garantia do Atendimento

Educacional Especializado a pessoas com deficiência, preferencialmente na

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rede regular de ensino”. Tal dispositivo tem sido utilizado para justificar que a

frequência dos alunos com deficiência na rede regular de ensino é uma

preferência e não uma obrigatoriedade. Todavia, o que se quer afirmar é que

há uma preferência, em que o Atendimento Educacional Especializado seja

prestado na rede regular de ensino.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei 9.394/96)

estabeleceu, em seu Art.21, que a educação escolar compõe-se da Educação

Básica, formada por três etapas:

Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio e Educação Superior,

sendo, portanto, esta a educação regular que deve ser oportunizada a todas as

pessoas, não se confundindo com o Atendimento Educacional Especializado.

Este se trata de um serviço prestado pela modalidade de Educação

Especial, conforme esclarece o Art.58 da LDBEN, que perpassa todas as

etapas e níveis de ensino, ou seja, desde a educação infantil ao nível de ensino

superior. Desta forma, tal atendimento diferencia-se substancialmente da

escolarização, devendo ser ofertado em horário contrário ao do ensino regular

justamente para possibilitar que os alunos nela atendidos possam freqüentar

regularmente a sala de aula em que se encontram devidamente matriculados,

de acordo com o Art.55, do Estatuto da Criança e do Adolescente, que assim

determina: “Os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos

na rede regular de ensino”.

O Atendimento Educacional Especializado, garantido

constitucionalmente, serve para ampliar os direitos das pessoas com

deficiência sem se ater em excluir outras garantias previstas no mesmo Art.208

da Constituição Federal. Portanto, é inadmissível que o Atendimento

Educacional Especializado substitua a escolarização nas classes comuns da

rede regular de ensino, não se podendo aceitar a prática de encaminhamento

do aluno que não “consegue aprender” para uma escola especial a fim de que

esta se encarregue do papel do ensino regular.

Outros dispositivos legais não menos importantes contribuíram para

avançar na conquista do direito à educação das pessoas com deficiência.

Dentre eles destacam-se:

- Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica,

determinando que os sistemas de ensino devam matricular todos os alunos,

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cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos alunos com

necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias

para uma educação de qualidade para todos.

- Convenção da Guatemala, promulgada pelo Decreto 3.956/2001,

reafirmando que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos

e liberdades fundamentais que as demais pessoas. Este Decreto causou

grande repercussão, exigindo da esfera educacional uma ressignificação da

modalidade de Educação Especial, tendo em vista que toda vez que se admite

a substituição do ensino de alunos com deficiência em turmas comuns do

ensino regular, unicamente pelo ensino especial na idade de acesso obrigatório

ao Ensino Fundamental, essa conduta fere o disposto na Convenção da

Guatemala.

- Lei da Acessibilidade, sob o nº 1.098/2000, determinando que toda escola

deve promover ambiente acessível, eliminando as barreiras arquitetônicas e

adequando os espaços que atendam à diversidade humana. A acessibilidade

também é requerida no Decreto nº 5.296, promulgado em 2004, que

estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da

acessibilidade das pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida.

- Decreto nº 5.626, que regulamenta o reconhecimento da Língua Brasileira de

Sinais – LIBRAS e legitima a atuação e a formação profissional de tradutores e

intérpretes de LIBRAS e Língua Portuguesa, e a presença do intérprete na sala

de aula como mediador da comunicação. Este Decreto favoreceu a inclusão do

aluno com surdez, oportunizando-lhe o acesso à linguagem de sinais por meio

de tradutor/intérprete, sendo respeitada a LIBRAS como primeira língua e a

Língua Portuguesa como segunda, proporcionando às escolas a organização

da educação bilíngüe nos sistemas de ensino

- Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência - adotada pela

ONU como o mais recente tratado internacional de direitos humanos, realizada

em 2006, dedica o Art. 24 à Educação. Determina que as pessoas com

deficiência possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo, de qualidade e

gratuito, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas na

comunidade em que vivem. Nesse ato o Brasil assume o compromisso de

assegurar um sistema de Educação Inclusiva em todos os níveis de ensino, em

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ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social das pessoas

com deficiência.

As pessoas com deficiência, ou transtornos globais do

desenvolvimento, vêm conquistando avanços significativos concernentes ao

seu processo educacional, apoiando-se em parâmetros legais que os colocam

como sujeitos de direitos, responsabilizando seus pais ou responsáveis no

tocante à implementação do direito à educação.

A Constituição Federal enfatizou, em seu Art.227, a obrigação da

família, da sociedade e do Estado de assegurar, com absoluta prioridade, o

direito à educação. Tal obrigação foi reforçada em seu Art. 229, reafirmando o

dever dos pais de educar os seus filhos menores. Nesse mesmo sentido, a

LDBN/96, em Art.6º, afirma o dever dos pais ou responsáveis de efetivar a

matrícula dos menores, a partir dos cinco anos de idade, no ensino

fundamental.

Diante da normativa constitucional e legal, não cabe aos pais o direito

de escolha no que se refere a matricula de seus filhos com deficiência na rede

regular de ensino, constituindo-se em uma obrigação, não podendo os mesmos

optar apenas pelo Atendimento Educacional Especializado proporcionado pela

Educação Especial. Desta forma, a frequência do aluno com deficiência

unicamente ao Atendimento Educacional Especializado implica na violação do

direito fundamental à educação privando-o do crescimento pessoal que

somente o convívio social, com a diversidade que lhe é inerente, é capaz de

lhe oferecer. O titular do direito que se pretende resguardar é a criança e o

adolescente. Seus pais são responsáveis como representantes legais e, por

consequência, têm a obrigação de efetivar a realização do mencionado direito.

A educação é direito que se impõe a todos, e a sua violação por parte dos pais

pode acarretar sanções de natureza civil (destituição ou suspensão do poder

familiar) e penal (crime de abandono intelectual).

Nesta perspectiva, o Ministério da Educação, em consonância com a

Secretaria Nacional da Educação Especial, vem disseminando a Política

Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva,

resultado do amplo processo de discussão promovido pelo Grupo de Trabalho

instituído pela Portaria Ministerial nº 555/2007, constituído por professores

pesquisadores da área da educação especial que traçam diretrizes para a

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construção dos sistemas educacionais inclusivos em perfeita sintonia com o

documento da Convenção da ONU, constituindo a educação inclusiva em um

paradigma educacional fundamentado na concepção de direitos humanos, que

conjuga igualdade e diferença como valores indissociáveis.

O Decreto Presidencial nº 6571, de 17 de setembro de 2008, cujo

objetivo principal é o compromisso da União na prestação de apoio técnico e

financeiro aos Sistemas Públicos de Ensino dos Estados, do Distrito Federal e

dos Municípios, dispõe sobre o Atendimento Educacional Especializado

pretendido pela Constituição Federal e, somente agora, passa a ser

contemplado preferencialmente na rede regular de ensino em espaços

organizados para complementar o ensino, de forma que possa atender às

necessidades específicas de cada aluno com deficiência, transtorno global do

desenvolvimento. Suplementar o ensino do aluno com altas

habilidades/Superdotação matriculados na rede regular de ensino e no

Atendimento Educacional Especializado ofertado na sala de recursos

multifuncional.

O Decreto orienta os Municípios, Estados e Distrito Federal quanto ao

financiamento das escolas que oferecerem esses serviços.

O Parecer Nº 13, do Conselho Nacional de Educação, datado de 24 de

setembro de 2009, regulamenta o Decreto nº 6.571/08, uma vez que a partir de

2010, com base nos dados obtidos pelo INEP – Censo Escolar de março de

2009, as escolas que ofertam esse serviço contarão com recursos específicos

do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica. O Parecer,

acima citado, estabelece como prioridade a matricula dos alunos, público- alvo

da Educação Especial, na sala do ensino regular e disponibilidade de oferta do

Atendimento Educacional em período contrário, preferencialmente na mesma

escola, ocasionando, desta forma, matrículas concomitantemente

contabilizadas em dobro no âmbito do FUNDEB. Delega, ainda, à Educação

Especial a responsabilidade pela realização do Atendimento Educacional

Especializado, definindo também a conceituação do público-alvo da Educação

Especial e a organização dos espaços para o Atendimento Educacional

Especializado. Estabelece orientações para a elaboração do Plano de Ensino e

competência do professor especializado em AEE (Atendimento Educacional

Especializado), bem como aponta as atribuições do professor especializado,

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propondo a inclusão do AEE no Projeto Político Pedagógico da escola da rede

regular de ensino. A Resolução Nº 4, do Conselho Nacional de Educação/2009,

institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado

na Educação Básica, modalidade de Educação Especial.

Pautada nestes dispositivos legais, a Secretaria Municipal de Educação

e Formação Empreendedora fundamenta a Proposta Pedagógica para a

Educação Inclusiva a fim de garantir o acesso de todos à escolarização, o

direito ao Atendimento Educacional Especializado e a promoção da

acessibilidade, visando transformar as escolas municipais em escolas

inclusivas.

1.3 A Educação Especial em Pomerode

Podemos dizer que o olhar mais voltado para os alunos com

necessidades educativas especiais da Rede Municipal começou a ser

sistematizado e a tomar forma no ano de 2002. Até então, as ações eram

isoladas e não se identificava uma Política Pública de Educação Especial. Os

primeiros estudos realizados por profissionais da Rede resultou na construção

do Projeto de Atendimento aos Diferentes Ritmos de Aprendizagem. Este teve

o intuito de atender de forma especial os alunos com defasagem em

idade/série, uma vez que era esta a maior demanda de necessidades especiais

que a Rede apresentava.

Podemos dizer que no ano de 2000, quando a Secretaria Municipal de

Educação e Formação Empreendedora estabeleceu uma parceria com o

Centro Universitário de Jaraguá do Sul - UNERJ, onde um grupo base, formado

pelos diretores e orientadores juntamente com o pessoal da universidade,tinha

a incumbência de organizar a formação continuada dos profissionais da

educação da Rede Municipal. No ano de 2001, a então diretora de ensino,

profa. Neuzi Schotten, levou ao grupo a preocupação com os alunos da Rede

que não conseguiam atingir os objetivos propostos para cada série e, por esta

razão, o número elevado de alunos em defasagem idade/série nas escolas

municipais. Assim, o grupo base começou a estudar e desenvolver o

PROJETO DE ATENDIMENTO AOS DIFERENTES RITMOS DE

APRENDIZAGEM.

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Com o projeto em andamento, em 2002, chegou o momento de

selecionar o profissional que trabalharia com este projeto. Um dos critérios

estabelecidos era o de esse profissional teria que ter formação em educação

especial. Foi, então, convidada a professora Tânia Mara Gruetzmacher Doege

que passou a participar do grupo. Agora também com a participação da

profesora, os estudos se prolongaram até maio de 2003.

O Projeto, inicialmente foi aplicado em uma escola pólo. Foi escolhida

para dar início ao projeto a Escola de Educação Básica “Professor Curt

Brandes”, por situar-se numa região central, ficando de fácil acesso aos alunos

de outras escolas que eram buscados de suas respectivas comunidades com a

Kombi da prefeitura . Esta sala foi equipada pela Secretaria de Educação e

Formação Empreendedora, com mobiliários, equipamentos eletrônicos,

computador, impressora, jogos, materiais de expediente, entre outros.

Para formar o grupo de alunos que seriam atendidos foram

contempladas as escolas que apresentavam o maior índice de alunos com

defasagem em idade/série. Os atendimentos aconteciam no período oposto ao

do ensino regular.

No ano de 2004 o projeto foi ampliado para a Escola Básica Municipal

Hermann Guenther e Escola Básica Municipal Olavo Bilac com a professora

Iara Elisa Reiter Brehmer, para a Escola Básica Municipal Doutor Amadeu da

Luz e Escola Básica Municipal Prof. Vidal Ferreira com a professora Zulenir

Ramos e, permanecendo na Escola de Educação Básica Municipal Professor

Curt Brandes e Escola Básica Municipal Almirante Barroso a professora Tânia

Mara Gruetzmacher Doege.

O atendimento aos alunos com necessidades educativas especiais

ganhou a parceria efetiva da psicóloga Cláudia K. Baptista no ano de 2006.

Em 2008, a Escola de Educação Básica Municipal Duque de Caxias foi

contemplada com o projeto de atendimento aos diferentes ritmos de

aprendizagem com a professora Alessandra Lentulo Aliende que, a partir de

2009, passou a ser atendida pela professora Cledi Brito Senger.

Novas parcerias foram firmadas em 2009, vindo a compor a equipe da

educação especial a psicopedagoga Cátia L.dos Santos Portal .

Ainda no ano de 2009 deu-se inicio o Atendimento Educacional

Especializado-AEE com a professora Clotilde R. Krause, na Escola Básica

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Municipal Almirante Barroso. A escola foi contemplada pelo Ministério da

Educação com a Sala Multifuncional, pois o Censo Escolar de 2008, apontou

um número significativo de alunos com necessidades especiais nesta Unidade

Escolar. No entanto, a escola passou a ser pólo, pois atendia também os

alunos da Escola Básica Municipal Dr. Amadeu da Luz e Escola Municipal Dr.

Wunderwald.

Em 2010, a Professora Tânia M. Gruetzmacher Doege foi convidada

pela Secretária da Educação, profa. Neuzi Schotten, para coordenar a

Educação Especial na Rede Municipal de Ensino. Nesta época já estava

consolidada a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da

inclusão no país e, por conseqüência, nos Sistemas de Ensino. Em Pomerode

não foi diferente. Os alunos até então atendidos pela Escola de Educação

Especial-APAE já estavam matriculados na Rede Municipal e, se fazia

necessária a efetivação de ações que dessem suporte aos profissionais de

educação, às escolas e aos alunos incluídos. Para substituir a profa. Tânia,

agora coordenadora da Educação Especial, foi contratada a professora Perla

Schefer.

Com toda a dimensão que a política de inclusão tomou, sentiu-se a

necessidade da efetivação de mais um psicólogo. Após a participação e a

classificação no Concurso Público, foi contratado o psicólogo Tiago Cardozo

que juntou-se ao grupo em 2011.

Mas a história da Educação Especial na Rede Municipal não pára por

aqui. Em 2011, tendo então matriculadas na rede municipal de ensino, alunos

surdos, foram contratadas duas professoras interpretes de LIBRAS. A

professora Elizabeth Koepp na Escola Básica Municipal Professor Vidal

Ferreira e Escola de Educação Básica Municipal Duque de Caxias e a

professora Adriana P. Santana Santos na Escola Básica Municipal Almirante

Barroso.Por motivos particulares a professora Adriana teve que se ausentar e

assumiu em seu lugar a professora Noemi da Silva. Neste ano também a

Escola Básica Municipal Olavo Bilac recebeu a Sala Multifuncional, sendo

implantado o Atendimento Educacional Especializado-AEE com a professora

Íris Borchardt.

No segundo semestre de 2011, outras escolas foram contempladas com

a Sala Multifuncional, sendo implantado o Atendimento Educacional

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Especializado nas escolas: Hermann Guenther com a professora Rosiara

Andrade; Professor Curt Brandes com a professora Ursula D. Duwe; Dr.

Amadeu da Luz com a professora Zulenir Ramos. Neste ano, o AEE da Escola

Almirante Barroso contava com a professora Alessandra L. Aliende.

Em 2008, a Secretaria de Educação aderiu a proposta do MEC para

capacitar professores para o Atendimento Educacional Especializado. A Rede

Municipal foi contemplada com quatro vagas e indicou as professoras Tânia,

Zulenir, Iara e Alessandra para participar do curso de 180 horas.

Em 2009 o município foi novamente contemplado com mais duas vagas

para o curso de capacitação do AEE, quando as professoras Ursula e Clotilde

participaram.

A Educação Especial na Rede Municipal de Ensino perpassa a

Educação Infantil e o Ensino Fundamental e procura identificar, elaborar e

organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras

para a plena participação dos alunos na vida em sociedade, considerando as

suas necessidades específicas.

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CAPÍTULO II - CONCEPÇÕES E PRINCÍPIOS

2.1 Concepções

A concepção de deficiência destacada neste documento está ancorada

no respeito à dignidade humana, independentemente de quaisquer

características intelectuais, sensoriais e físicas apresentadas pelo aluno.

O respeito à dignidade humana exige coerência entre as concepções e

as ações do processo educativo para a construção de uma educação

transformadora que respeita as diferenças dos indivíduos.

De acordo com os critérios que fundamentam a inclusão dos alunos com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas

habilidades/Superdotação no espaço da sala de aula comum, consideram-se

direitos fundamentais de todos os alunos: a igualdade de oportunidades, o

respeito às diferenças individuais, o respeito aos diferentes ritmos e estilos de

aprendizagem, o respeito aos interesses e características individuais, o acesso

ao conhecimento de modo igualitário, a atenção às suas necessidades, o

respeito a sua língua (LIBRAS, para surdos) como forma de comunicação, a

necessidade de adaptação de recursos para a expressão do seu saber, o uso

de recursos de acessibilidade para apropriação do conteúdo curricular, a

expressão de seus talentos e o enriquecimento curricular.

A compreensão de aprendizagem e desenvolvimento defendida no

contexto da educação inclusiva rompe com a ideia de que o aluno com

deficiência é incapaz de aprender, e propaga a concepção de que o aluno com

deficiência possui potencialidades, e estas, quando estimuladas

adequadamente, podem modificar as estruturas e o funcionamento cognitivo.

Nesta perspectiva, a escola deve estar atenta às diferentes possibilidades de

resolução de problemas por parte dos alunos, tenham eles deficiência ou não.

O trabalho na educação especial rompe com as práticas assistencialistas e

segregacionistas, que vinculam suas práticas à noção de incapacidade, e

destaca o aluno com deficiência como sujeito de potencialidades.

O homem é um ser histórico que aprende e apreende o mundo através

das interações que estabelece com seus pares, constituindo sua subjetividade.

O papel do outro é fundamental na construção das mediações responsáveis

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pela aprendizagem e pelo desenvolvimento da pessoa. Portanto, a inclusão de

alunos com deficiência deve ser compreendida como oportunidade de

desenvolvimento de todos os alunos, porque todos se beneficiam da interação

e da mediação.

Não cabe a escola predefinir ou restringir os instrumentos e os meios

para a realização de suas atividades, mas sim mobilizar as diversas

possibilidades individuais na realização das tarefas, possibilitando ampliá-las e

desenvolvê-las a partir do aprendizado.

O direito à igualdade de oportunidade não significa um modo igual de

educar a todos, e sim, oportunizar a todos o que cada um necessita em função

de seus interesses e características individuais. Significa educar a todos de

acordo com as diferenças individuais, sem que as peculiaridades de

aprendizagem se traduzam em impedimento à aprendizagem.

2.2 Princípios

Os princípios da Educação Inclusiva orientam-se pelos valores

consagrados pela sociedade democrática, assim designados no Plano de

Metas Compromisso Todos pela Educação (2007): igualdade, dignidade

humana, identidade, singularidade, alteridade, equidade e cooperação.

O Princípio de Igualdade está relacionado ao direito do aluno com

deficiência de ter garantido seu acesso e permanência na escola regular em

igualdade de condições com os alunos sem deficiência. Refere-se ao direito de

oportunidades iguais e possibilita a realização de mudanças sociais profundas,

sobre as quais cabe à educação papel preponderante.

O Princípio de dignidade humana prescreve todo e qualquer

movimento ou insinuação que viole o princípio maior da dignidade humana.

Este princípio está associado à defesa da justiça, do direito e da prática de

humanização das relações.

O Princípio de Identidade implica na promoção do diálogo, do respeito

às individualidades e do reconhecimento de cada pessoa como sujeito

histórico, capaz de interagir, dar, receber, trocar e favorecer o bem comum,

ensinar e aprender. Identidade não é naturalmente dada a priori, pelo contrário,

ela se constrói a partir da relação com o outro em âmbito social e cultural. Esse

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processo de construção é complexo, uma vez que a construção da identidade

na sociedade capitalista é perpassada pelas relações de poder. O poder

dominante impõe o que considera “normal” e, consequentemente, o que é

“anormal”. Aqueles que se desviam dessa norma excludente e hierárquica são

considerados “identidades anormais”. A partir dessa compreensão podem ser

categorizados e rotulados, e passam a sofrer discriminações, segregações, e

até mesmo, preconceitos. Esse modelo que impõe uma identidade produzida

atravessa os portões e passa a fazer sentido em âmbito escolar, já que o

processo de escolarização desempenha um papel fundamental na construção

social da pessoa. Quando a escola passa a “naturalizar” determinado modelo

de identidade, adotando-o como norma, pode assumir, mesmo que por vezes

de forma velada, processos de discriminação no interior de um ambiente

educacional.

O Princípio de Singularidade designa um ser único, individual e

distinto. A singularidade poderá ser o parâmetro para o distanciamento ou

proximidade entre igualdade e diferença, porque essa maneira distinta de ser é

que torna as pessoas iguais ou diferentes em seu jeito de ser, de agir, ou de

pensar. Singularidade é ir além da identidade, isto é, assimilar as várias formas

de ser do sujeito cognoscível. A singularidade é que determina a

individualidade de cada sujeito na sociedade. É o que lhe caracteriza, os traços

fisionômicos, a personalidade, as formas de expressão, o comportamento.

Enfim, ela é própria de cada sujeito. Na educação inclusiva, o respeito à

singularidade, presente em cada um dos alunos que compõem a turma,

responde às diferenças através de oportunidades de aprendizagens e de

acesso ao conhecimento, visando o ser humano que se quer formar.

O Princípio de Alteridade está associado à capacidade de conviver

com o diferente, de proporcionar a si mesmo um olhar interior a partir das

diferenças. Significa o reconhecimento do outro também como sujeito de iguais

direitos. A constatação das diferenças gera alteridade. O homem é, por

excelência, um ser gregário, vive em sociedade, ou seja, vive cercado de

muitos outros. O outro é importante na medida em que é referência para se

formar a dimensão de si mesmo. Precisa-se do outro para se ter clareza do que

se é, e do que não se é. A imagem de si se forma em contraste com a do outro.

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É nesse jogo de espelho, olhando para o outro e enxergando nele diferenças e

semelhanças, que se pode reconhecer a si mesmo como uma pessoa única. A

escola é o lugar de resgate da cidadania e de exercício da alteridade. Na

medida em que se percebe o “outro” como outro, e a diferença em relação a si,

respeita-se os direitos e a dignidade humana de todos.

O Princípio de equidade visa atender, de modo diferenciado e

específico, às pessoas com deficiência, com o objetivo de atender suas

necessidades. As pessoas, reconhecidas e respeitadas em suas respectivas

identidades, apresentam necessidades específicas e podem requerer

atendimentos e suprimentos particulares.

O Princípio de cooperação visa à prática do processo colaborativo, no

qual dois ou mais sujeitos cognoscentes são mediadores. Eles buscam pleno

desenvolvimento comum, com a finalidade de desenvolver capacidades

procedimentais, atitudinais, conceituais e de conteúdos. A união das pessoas

com objetivos comuns potencializa a capacidade de atingi-los, maximiza os

resultados almejados e favorece os processos que asseguram a qualidade da

Educação Inclusiva.

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CAPÍTULO III - DIRETRIZES PEDAGÓGICAS

3.1 Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva em Pomerode

O município de Pomerode vem consolidando a educação especial na

perspectiva da educação inclusiva, compreendendo a educação como um

direito humano fundamental. A ressignificação dessa modalidade de ensino

implica na necessidade de se entender a educação especial como um ensino

complementar e não mais como um ensino substitutivo. A viabilização desse

novo entendimento possibilitará ao aluno com deficiência, transtornos globais

de desenvolvimento e altas habilidades/Superdotação.

O acesso ao currículo comum do ensino regular, essa é a razão das

Salas Multifuncionais existirem, e cabe a elas prestar o Atendimento

Educacional Especializado como forma de ensino complementar ao aluno com

deficiência ou transtornos globais do desenvolvimento e suplementar aos

alunos com altas habilidades/Superdotação.

A Educação Especial no município de Pomerode fundamenta-se na

Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva,

que orienta a implantação de Salas Multifuncionais para atender aos alunos

com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas

habilidades/Superdotação. Essas salas funcionam de modo complementar ao

da sala de aula comum, sendo o atendimento efetuado no contra turno ao de

sua escolaridade.

Essas salas funcionam através de um fluxograma próprio, de 1 a 3

alunos dependendo da deficiência. O que se pretende é prestar o serviço com

qualidade no favorecimento de sua interação em sala comum do ensino

regular.

3.2 Objetivos da Educação Especial na Perspectiva da Inclusão

Tem como objetivo orientar o sistema educacional no sentido de

assegurar a inclusão escolar dos alunos com deficiência Intelectual, Visual,

Auditiva, Física, transtorno global do desenvolvimento e altas

habilidades/Superdotação.

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São objetivos específicos da Educação Inclusiva:

- promover a participação e aprendizagem do aluno com deficiência, transtorno

global do desenvolvimento e altas habilidades/Superdotação nas classes

comuns do ensino regular;

- disponibilizar, atendimento no mínimo 2 a 3 por semana no contraturno, o

Atendimento Educacional Especializado como complementação/

suplementação de ensino;

- promover a acessibilidade: física, de comunicação e de transporte:

- possibilitar a formação continuada dos profissionais da educação na

perspectiva da educação inclusiva;

- favorecer a formação continuada dos professores especializados no

Atendimento Educacional Especializado;

- garantir a presença de um intérprete em sala de aula para os alunos surdos

usuários de LIBRAS como primeira língua;

- garantir a presença de professores especializados em Salas Multifuncionais

que devem ter como base sua formação inicial pedagogia e formação

continuada em Atendimento Educacional Especializado, conhecimentos gerais

para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área, inclusive

instrutores para os alunos com surdez; e,

- articular políticas públicas com outros setores.

3.3 Orientações Gerais

Construir escolas inclusivas significa transformar as práticas

pedagógicas, romper com o modelo homogeneizador e considerar a

diversidade humana como princípio de organização da sala de aula. Para isso

se faz necessário um permanente processo de formação de todos os

educadores, que prioze a discussão sobre propostas de organização da escola

para a inclusão e oriente os professores quanto à organização de um projeto

político pedagógico que contemple todos os alunos. A organização do trabalho

docente no contexto da inclusão se fundamentará em uma concepção de

ensino que questiona os modelos únicos e convida o docente a propor

diversificadas metodologias, respeitando os diferentes estilos e ritmos de

aprendizagem. A organização da escola para a inclusão envolverá,

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necessariamente, a gestão da escola, o que implicará em um trabalho de

sensibilização dos alunos e de toda a comunidade escolar, incluindo as

famílias.

As orientações a seguir estão em consonância com a Política de Educação

Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva da Secretaria de Educação

Especial apresentada ao MEC:

- Elaboração do Projeto Político Pedagógico das unidades de ensino,

contemplando as necessidades educacionais de todos os alunos.

- Elaboração de projetos educacionais em consonância com as diretrizes

apontadas neste documento.

- Participação da comunidade escolar na elaboração e avaliação de propostas

que visam à implementação desta política.

- Elaboração de propostas de estimulação precoce nos centros infantis.

- Prioridade para a inclusão de crianças com deficiência, transtorno global do

desenvolvimento e altas habilidades na Educação Infantil.

- Oferta de Atendimento Educacional Especializado conforme a demanda de

alunos com deficiência, transtorno global do desenvolvimento, altas

habilidades/superdotação e outros transtornos funcionais. Produção de

materiais condizentes com a necessidade de cada aluno.

- Desenvolvimento do trabalho coletivo e reflexivo entre professores e demais

profissionais da educação, valorizando os saberes da comunidade e a trajetória

dos alunos.

- Divulgação de práticas pedagógicas inovadoras que contribuam para a

produção do conhecimento e o fortalecimento do processo de inclusão escolar.

- Desenvolvimento de política de formação continuada de gestores e

educadores que envolva conhecimentos sobre a educação para os direitos

humanos.

- Incentivo ao desenvolvimento de estudos e ações em parceria que visem à

melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência, transtorno global

do desenvolvimento e altas habilidades.

- Prioridade às ações para garantia da acessibilidade nas comunicações, nos

sistemas de informação, tecnologias, materiais didático-pedagógicos,

equipamentos, mobiliários, nos espaços escolares e no transporte escolar.

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- Incentivo e oportunidade de acesso à Educação de jovens e adultos para a

garantia e continuidade da escolarização na perspectiva da educação inclusiva.

- Criação e implementação de Salas Multifuncionais para o Atendimento

Educacional Especializado sempre que houver demanda de alunos com

necessidades desse serviço, previstas no Projeto Político Pedagógico das

escolas.

- Implantação das funções de tradutor/intérprete de LIBRAS e cuidador para

auxiliar alunos que tiverem necessidade de apoio constante nas atividades de

higiene, alimentação e locomoção.

- Prioridade para o instrutor surdo com conhecimento da língua e competência

educacional para ministrar o ensino em LIBRAS.

- Utilização do critério de idade/faixa etária para inclusão dos alunos com

deficiência em turma comum do ensino regular. O aluno surdo se beneficiará

com a presença de outro aluno surdo na mesma turma.

- Avaliação e classificação para níveis mais elevados de ensino, considerando

a aprendizagem como um processo qualitativo e com um fim em si mesmo.

- Adoção de um sistema de avaliação processual e contínuo, considerando o

percurso individual do aluno.

- Definição de critérios de promoção do aluno de acordo com seu próprio

avanço no decorrer do ano letivo.

- A criação das Salas Multifuncionais destina-se aos alunos com deficiência,

transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/Superdotação e

outros transtornos funcionais.. Estas salas devem funcionar no contraturno ao

da escolaridade do aluno, sendo elas localizadas, preferencialmente, nas

escolas regulares.

Na sala multifuncional, o professor do Atendimento Educacional

Especializado deve propor atividades que estimulem o desenvolvimento e

aprendizagem dos alunos com deficiência, transtornos específicos do

desenvolvimento, altas habilidades/Superdotação e outros transtornos

funcionais.

Na sala do PADRA, o professor deve propor atividades que estimulem o

desenvolvimento e aprendizagem dos alunos com dificuldade no processo de

aprendizagem, oferecendo a esses subsídios necessários para um bom

desenvolvimento escolar.

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A instituição educacional deve proporcionar a diversificação e a

apropriação dos seus conteúdos, visando ao desenvolvimento de

competências pelos alunos para que, cada vez mais, compreendam e atuem

no mundo em que vivem. Assim, a construção de práticas pedagógicas que

respeitem as diferenças entre os alunos e que, ao mesmo tempo, considerem

essas diferenças como elementos ricos de trabalho, promovendo uma

constante interação entre os pares, é um princípio fundamental na perspectiva

de assegurar uma educação de qualidade.

Para atendimento desse princípio fundamental, o Art. 22 da Lei nº.

9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – estabelece

que "a Educação Básica tem por finalidade desenvolver o educando,

assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania

e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores". É

necessário, pois, que a instituição educacional ressignifique seu trabalho e sua

ação pedagógica, nas etapas e nas modalidades da Educação Básica, tendo

como foco sua função social de formar o cidadão, isto é, propiciar ao aluno a

construção de conhecimentos, atitudes e valores que o tornem solidário, crítico,

criativo, ético e participativo.

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CAPÍTULO IV – PRÁTICAS DE INCLUSÃO NA REDE MUNICIPAL DE

ENSINO DE POMERODE

4.1 Atendimento Educacional Especializado – AEE

O Atendimento Educacional Especializado tem sido alvo de destaque

das políticas educacionais mais recentes, por isso, neste documento de caráter

técnico-pedagógico, merece um enfoque mais detalhado, no intuito de

favorecer a compreensão daqueles que se propõe a desenvolver uma

educação inclusiva de qualidade na rede municipal de ensino.

O Atendimento Educacional Especializado visa à autonomia,

independência e emancipação dos alunos público-alvo da educação especial,

organizando recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as

barreiras e possibilitem o acesso ao currículo, aos espaços físicos, à

comunicação de acordo com a necessidade de cada aluno, promovendo a sua

formação integral (MEC, 2007).

Este serviço se constitui oferta obrigatória pela rede de ensino e deve

ser realizado no contraturno da escola comum, na sala multifuncional de uma

escola-polo, que poderá ser a mesma em que o aluno encontra-se matriculado,

ou em outra, na mesma área de abrangência ou, ainda, em centros

especializados. Esse atendimento diferencia-se das atividades de sala de aula

comum, não caracteriza aula de reforço ou apoio temporário e não substitui a

escolarização obrigatória (MEC, 2007).

Tem como objetivo disponibilizar meios para o acesso ao currículo,

proporcionando independência para a execução das tarefas e a construção da

autonomia como garantia de inclusão escolar. É oferecido conforme a

especificidade para: o ensino de LIBRAS, códigos específicos de comunicação

e sinalização e, também tecnologia Assistiva, quando necessária, o sistema

Braille, orientação e mobilidade, soroban, visão funcional.

Esses recursos são usados para a construção do conhecimento e

acessibilidade ao currículo do ensino regular na sala de aula comum. Para os

alunos com altas habilidades/Superdotação, a implementação de programas de

enriquecimento curricular que promovam o desenvolvimento das

potencialidades apresentadas pelo aluno.

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Para atuar na modalidade de Educação Especial, mais precisamente

como professor especializado na sala multifuncional, o professor deverá ser

graduado em Pedagogia, pós-graduado em Educação Especial e com

formação continuada para o Atendimento Educacional Especializado (AEE),

formação esta que inclui, além do conhecimento por área, conhecimento em

tecnologia Assistiva, o estudo de casos, o envolvimento, o planejamento, a

seleção das atividades e a avaliação dos planos de Atendimento Educacional

Especializado, articulados com o professor da sala comum.

Cabe ao professor de Atendimento Educacional Especializado a

adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, a utilização de

recursos ópticos, tecnologia Assistiva e outros recursos e ajudas técnicas.

O trabalho do professor da sala multifuncional também consiste em

realizar uma ação específica para ajudar o aluno com deficiência, transtorno

global do desenvolvimento e/ou altas habilidades/Superdotação e os outros

transtornos funcionais, agir de modo estruturado no ambiente escolar e fora

dele, considerando as especificidades desse aluno. Especificidades que dizem

respeito, por exemplo, às barreiras linguísticas, cognitivas conceituais, físicas,

visuais, dentre outras.

O Atendimento Educacional Especializado desenvolvido nas Salas

Multifuncionais, na rede municipal de ensino, baseia-se na proposta

disseminada pela Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva de

Educação Inclusiva. Da Secretaria da Educação Especial (SEESP- MEC) por

meio do Programa de Formação Continuada de Professores para o

Atendimento Educacional Especializado – AEE.

O Atendimento Educacional Especializado será mediado por professores

com formação neste atendimento para complementar o ensino dos alunos com:

Surdez – Em três momentos pedagógicos: aula de LIBRAS. Aula em LIBRAS e

Língua Portuguesa para surdos. No caso da Língua Portuguesa, o professor

deverá ser preferencialmente da área de Licenciatura em Língua Portuguesa

com experiência de atuação na área da surdez.

Deficiência Visual – Sistema Braille, Soroban, orientação e mobilidade,

atividade funcional da visão, atividade de vida autônoma.

Deficiência Múltipla - Comunicação alternativa e aumentativa, tecnologia

Assistiva.

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Deficiência intelectual – Desenvolvimento de processos mentais superiores a

atividades de vida autônoma.

Altas habilidades/Superdotação – Programa de enriquecimento curricular.

O Serviço Educacional Especializado desenvolvido pela modalidade de

Educação Especial perpassa na transversalidade de todas as etapas,

modalidades e níveis de ensino. Inicia-se, portanto, desde os primeiros anos de

vida, por meio da estimulação precoce que deve ser ofertada pela rede de

ensino e realizada em interface com as áreas da saúde e assistência social.

Este serviço deverá ser assegurado no Projeto Político Pedagógico das

unidades escolares.

O Atendimento Educacional Especializado se efetiva a partir de um

laudo Médico, por meio de um estudo de caso, que possibilita o

reconhecimento das potencialidades e necessidades pessoais e, daí, traçar

estratégias pedagógicas que sustentem a inclusão escolar do aluno. Este

atendimento deverá se articular com as atividades desenvolvidas na sala

comum do ensino regular, ao longo de todo o processo de escolarização,

exigindo a reorganização do sistema de ensino.

A avaliação educacional, enquanto processo dinâmico que valoriza o

que o aluno sabe e prevê possibilidades de novas aprendizagens, é uma ação

pedagógica processual e formativa que analisa o desempenho do aluno em

relação ao seu progresso individual, levando-se em consideração os aspectos

qualitativos que norteiam as intervenções pedagógicas do professor (MEC,

2007).

A Educação Especial não determina a terminalidade específica para

pessoas com deficiência, no entanto avança ao orientar a rede de ensino para

a inclusão de educação de jovens e adultos, garantindo a escolarização e

continuidade nos estudos (MEC, 2007).

Na perspectiva de educação inclusiva, o número de matrículas de alunos

com deficiência na rede municipal de ensino aumentará consideravelmente.

Diante deste aumento de matriculas de alunos com deficiência, diminuir o

número de alunos na sala de aula do ensino regular. Portanto, os setores

responsáveis devem se articular no sentido de favorecer o acesso,

permanência e qualidade de Atendimento Educacional Especializado aos

alunos com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas

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habilidades, desde a educação infantil, perpassando pelo ensino fundamental e

educação de jovens e adultos.

4.2 Sala de Recursos Multifuncionais

A Educação Especial, como modalidade da educação escolar

responsável pelo atendimento educacional especializado, organiza-se de modo

a considerar a aproximação dos pressupostos teóricos à prática da educação

inclusiva, a fim de cumprir dispositivos legais, políticos e filosóficos.

Os alunos com deficiência têm a assegurado na Constituição Federal de

1988, o direito à educação (escolarização) realizada em classes comuns e ao

atendimento educacional especializado complementar ou suplementar à

escolarização, que deve ser realizado preferencialmente em Salas de

Recursos Multifuncionais (Programa de Implantação de Salas de Recursos

Multifuncionais através do MEC/ SEESP), na escola onde estejam

matriculados, em outra escola, ou em centros de atendimento educacional

especializado. Esse direito também está assegurado na LDBEN – Lei nº

9.394/96, no parecer do CNE/CEB nº 17/01, na Resolução CNE/CEB nº 2, de

11 de setembro de 2001, na Lei nº 10.436/02 e no Decreto nº 5.626, de 22 de

dezembro de 2005.

As Salas de Recursos Multifuncionais são espaços da escola onde se

realiza o atendimento educacional especializado para alunos com deficiência,

por meio do desenvolvimento de estratégias de aprendizagem, centradas em

um novo fazer pedagógico que favoreça a construção de conhecimentos pelos

alunos, subsidiando-os para que desenvolvam o currículo e participem da vida

escolar.

Promover atividades e espaços de participação da família e a interface

com os serviços setoriais a saúde, da assistência social, entre outros.

Elaborar e executar plano de atendimento educacional especializado,

avaliando a funcionalidade e aplicabilidade dos recursos pedagógicos e de

acessibilidade.

Identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos

pedagógicos, de acessibilidade e estratégias considerando as necessidades

específicas dos alunos público-alvo da educação especial.

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4.2.1 Organização e Funcionamento das Salas Multifuncionais

A Sala de Recursos Multifuncionais é, portanto, um espaço organizado

com materiais didáticos pedagógicos, equipamentos e profissionais com

formação para o atendimento às necessidades educacionais especiais.

A denominação Sala de Recursos Multifuncionais se refere ao

entendimento de que esse espaço pode ser utilizado para o atendimento das

diversas necessidades educacionais especiais e para desenvolvimento das

diferentes complementações ou suplementações curriculares. Uma mesma

sala de recursos, organizada com diferentes equipamentos e materiais, pode

atender, conforme cronograma e horários, alunos com deficiência, altas

habilidades/Superdotação, ou outras necessidades educacionais especiais.

Para atender alunos cegos, por exemplo, deve dispor de professores com

formação e recursos necessários para seu atendimento. Para alunos surdos,

deve se estruturar com profissionais e materiais bilíngües (Língua Brasileira de

Sinais – LIBRAS).

O atendimento desenvolvido nesses espaços visa atender às

necessidades dos alunos que precisam se apropriar da língua de sinais,

LIBRAS, áreas do conhecimento em LIBRAS e da Língua Portuguesa, como

segunda língua, bem como da leitura e escrita. Além de outras metodologias de

comunicação. Elas visam, também, atender aos alunos com deficiência

intelectual, oferecendo e eles um espaço educativo que proporcione situações

desafiadoras no sentido de promover seu desenvolvimento cognitivo. Os

professores dessas salas deverão produzir e elaborar materiais e recursos

pedagógicos específicos destinados aos alunos com deficiência, transtornos

globais do desenvolvimento e altas habilidades.

Portanto, essa sala de recursos é multifuncional em virtude de a sua

constituição ser flexível para promover os diversos tipos de acessibilidade ao

currículo, de acordo com as necessidades de cada contexto educacional.

Os alunos com deficiência intelectual poderão, em dados momentos,

desenvolver atividades em duplas ou trios, desde que correspondam as

mesmas necessidades ou interesses. Enquanto que os alunos com deficiências

múltiplas poderão se beneficiar do atendimento individualizado utilizando-se da

tecnologia Assistiva.

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32

Os alunos com cegueira desenvolverão atividades de orientação e

mobilidade, atividades pedagógicas sensoriais, acompanhamentos na sala de

aula comum com material adaptado e parceria com o Centro de Apoio

Pedagógico ao Deficiente Visual (CEVAP) no processo de ensino do sistema

Braille e a utilização do soroban, tendo em vista que as Salas Multifuncionais

ainda não possuem o equipamento adequado. Os alunos com baixa visão

também serão atendidos de acordo com as necessidades específicas de cada

um.

Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento serão atendidos

por meio de métodos e estratégias de aprendizagem que melhor se adéquam

às suas necessidades, não havendo, portanto, um modelo padrão de atuação

com esses alunos.

4.2.2 Funções do professor da Sala Multifuncional

O professor do AEE tem a função de organizar situações que favoreçam

o desenvolvimento do aluno com deficiência, transtorno global do

desenvolvimento e altas habilidades/Superdotação. Ele também tem a função

de produzir materiais didáticos e pedagógicos a partir das necessidades

específicas desses alunos, com o objetivo de promover sua inclusão e

interação na sala de aula do ensino regular.

O trabalho do professor do Atendimento Educacional Especializado

consiste em três funções principais: a de gestão dos processos de

aprendizagem, de avaliação diagnóstica juntamente com o professor do ensino

regular bem como acompanhamento na sala de aula. O acompanhamento

consiste no desenvolvimento de ações que visam o progresso no

desenvolvimento e na aprendizagem do aluno, bem como a sua melhor

interação no espaço escolar.

A ação pedagógica de acompanhamento deve resultar em opções que

indiquem a possibilidade de reorganizar situações de aprendizagem que

favoreçam a eliminação das barreiras na aprendizagem e aperfeiçoar a

aprendizagem dos alunos e sua inclusão no ensino regular.

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33

O acompanhamento se organiza com base no plano de atendimento

educacional especializado que o professor deve elaborar a partir das

informações obtidas sobre o aluno e a problemática vivenciada por ele.

O acompanhamento prevê a articulação do professor de AEE com

outros profissionais que possam dar suporte às necessidades específicas

desses alunos.

Prevê também a articulação com a família no sentido de construir as

condições propícias ao desenvolvimento e aprendizagem desses alunos. O

acompanhamento implica na necessidade de avaliação permanente da

evolução do aluno nos diferentes espaços educacionais e redimensionamento

das ações educacionais.

Com base nessas funções descritas, o professor da sala multifuncional

desenvolverá seu trabalho na escola, centrando também sua atuação

profissional na promoção e articulação de ações em prol da inclusão escolar

dos alunos com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e altas

habilidades/Superdotação, garantindo sua plena participação nas atividades

curriculares.

4.2.3 Funções do Professor do Ensino Regular com Alunos das Salas

Multifuncionais

Planejar e ministrar aulas, coordenando o processo de ensino e

aprendizagem nos diferentes níveis de ensino; elaborar e executar programas

educacionais; selecionar e elaborar o material didático utilizado no processo

ensino e aprendizagem; organizar sua prática pedagógica, observando o

desenvolvimento do conhecimento nas diversas áreas, as características

sociais e culturais do aluno e da comunidade em que a unidade de ensino se

insere, bem como as demandas sociais conjunturais; elaborar, acompanhar e

avaliar projetos pedagógicos e propostas curriculares; contribuir para a

interação e articulação da escola com a comunidade; acompanhar e apoiar a

prática pedagógica desenvolvida na escola; assessorar o processo de definição

do planejamento de políticas educacionais, realizando diagnóstico, produzindo,

organizando e analisando informações; promover a divulgação, monitorar e

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34

avaliar a implementação das políticas educacionais; realizar avaliação psico-

pedagógica e prestar atendimento aos alunos com deficiência.

4.2.4 Gestão dos Processos de Aprendizagem na Sala Multifuncional

A gestão dos processos de aprendizagem consiste na organização de

situações de aprendizagem nos espaços das salas de recurso multifuncional,

bem como na interlocução com o professor do ensino comum.

Na sala de recursos multifuncionais, o trabalho do professor visa identificar

aspectos que potencializem o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos

público-alvo da Educação Especial, objetivando também eliminar as barreiras

que dificultam a aprendizagem desses alunos.

O professor do Atendimento Educacional Especializado deverá obter

informações do professor do ensino comum sobre as necessidades

educacionais do aluno na sala de aula, identificando como este se relaciona

com o conhecimento, o que favorece ou dificulta seu processo de

aprendizagem, ou como se desenvolve a interação com o professor e os

colegas no espaço da sala de aula comum.

4.2.5 A Avaliação na Sala Multifuncional

O professor de Atendimento Educacional Especializado realiza a

avaliação através do estudo de caso, objetivando construir um perfil do aluno

para que possa elaborar o plano de intervenção.

A avaliação realiza-se em três ambientes principais do aluno: sala de

recurso multifuncional, sala de aula e família. Na escola, o professor do AEE

deve avaliar o aluno em diferentes ambientes e em diferentes momentos. O

professor pode observar o aluno na sala de aula, no pátio na hora do recreio,

na biblioteca, na sala de informática dentre outros ambientes.

A avaliação realizada na sala de recurso multifuncional, na sala de aula

e na família visa recolher informações sobre o aluno considerando seis

aspectos principais: desenvolvimento intelectual, a linguagem oral, o meio

ambiente, as aprendizagens escolares, o desenvolvimento afetivo-social e as

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interações sociais, os comportamentos e atitudes em situação de

aprendizagem e o desenvolvimento psicomotor e a saúde do aluno.

Para avaliar os diferentes aspectos mencionados, o professor poderá

optar por organizar situações-problema em contexto de jogo e /ou utilizar

atividades avaliativas de acordo com cada aspecto descrito anteriormente.

Para realizar a avaliação na sala multifuncional o professor poderá optar

por atividades que visem identificar o nível de evolução conceitual da leitura e

da escrita do aluno, o desenvolvimento psicomotor, o desenvolvimento lógico-

matemático e a oralidade. As atividades podem ser propostas em contexto de

jogos ou elaboradas para esse fim. Os demais aspectos (desenvolvimento

afetivo-social e as interações sociais, os comportamentos e atitudes em

situação de aprendizagem e a saúde do aluno) podem ser avaliados por meio

de entrevistas com a professora da sala de aula comum e com a família, além

de observações na sala multifuncional, na sala de aula comum e nas visitas

domiciliares.

Na sala de aula, o professor do AEE poderá avaliar como o aluno se

relaciona com o conhecimento, como ele responde às solicitações do

professor, se ele manifesta atitude de dependência ou autonomia e, ainda, se é

necessário o uso de recursos, equipamentos e materiais para acessibilidade ao

conhecimento. Ele avalia ainda se o aluno apresenta melhor desempenho em

atividades individuais, em pequenos grupos ou em grupos maiores e, ainda, a

forma como ele interage com seus colegas.

A família pode oferecer informações importantes quanto ao desempenho

do aluno nas atividades domiciliares, bem como sua relação com o ensino e

com os conteúdos escolares.

É importante que o professor do AEE compreenda como o aluno se

comporta em casa, do ponto de vista da comunicação e da interação com os

familiares. Em que situações ele manifesta atitudes de autonomia e de

dependência. E ainda como a família se relaciona com ele, se há manifestação

de superproteção ou de abandono.

De posse desses dados, o professor do AEE constrói o perfil do aluno e

elabora o plano de atendimento educacional especializado.

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36

4.3 Projeto de Atendimento aos Diferentes Ritmos de Aprendizagem – PADRA

O Projeto de Atendimento aos Diferentes Ritmos de aprendizagem

(PADRA) tem como objetivo atender os alunos que apresentam dificuldades no

processo de aprendizagem não acompanhando satisfatoriamente a série/ano

em que estão matriculados.

Segundo Gômez e Terán (2009;p.95)

Uma criança com dificuldades de aprendizagem é aquela que não

consegue aprender com os métodos com os quais aprendem a maioria

das crianças, apesar de ter bases intelectuais apropriadas para a

aprendizagem. Seu rendimento escolar está abaixo de suas

capacidades. Os problemas específicos de aprendizagem não são

resultados de: falta de capacidades intelectuais, déficits sensoriais

primários, privação cultural, falta de continuidade na assistência às

aulas ou mudanças frequentes de escolas, problemas emocionais ou

instrução inadequada. No entanto, estas condições podem acompanhar,

desencadear ou inclusive agravar um problema nas áreas de

aprendizagem. Em alguns casos são encontrados indicadores

neurológicos que podem ser a base de um problema de aprendizagem.

A proposta da Rede Municipal de Ensino é oferecer para cada criança a

oportunidade de aprender tanto quanto sua capacidade permitir. No entanto, os

alunos que apresentam distúrbios ou problemas de aprendizagem

(considerados como um grupo significativo), não têm essa oportunidade. Eles

não conseguem acompanhar o currículo estabelecido pela Rede e, porque

fracassam, são classificados como incapazes, com problemas emocionais ou

simplesmente rotulados como alunos fracos. São crianças que precisam de um

atendimento especializado e precisam dessa oportunidade para vencer as

barreiras de suas dificuldades.

Nesta perspectiva, a Secretaria Municipal de Educação e Formação

Empreendedora tem como compromisso fortalecer as unidades escolares para

implementação de uma política educacional que responda às diferenças

presentes nas escolas, superando a lógica da exclusão, fundamentada na

evolução dos marcos filosóficos, pedagógicos, políticos e legais que norteiam o

paradigma da inclusão.

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4.3.1 Histórico do PADRA

Até o ano de 2002 as ações de inclusão eram isoladas e não se

identificava uma Política Pública de Educação Especial. Os primeiros estudos

realizados por profissionais da Rede resultou na construção do Projeto de

Atendimento aos Diferentes Ritmos de Aprendizagem. Este teve o intuito de

atender de forma especial os alunos com defasagem em idade/série, uma vez

que era esta a maior demanda de necessidades especiais que a Rede

apresentava.

Podemos dizer que no ano de 2000, quando a Secretaria Municipal de

Educação e Formação Empreendedora estabeleceu uma parceria com o

Centro Universitário de Jaraguá do Sul - UNERJ, onde um grupo base, formado

pelos diretores e orientadores juntamente com o pessoal da universidade,tinha

a incumbência de organizar a formação continuada dos profissionais da

educação da Rede Municipal. No ano de 2001, a então diretora de ensino,

profa. Neuzi Schotten, levou ao grupo a preocupação com os alunos da Rede

que não conseguiam atingir os objetivos propostos para cada série e, por esta

razão, o número elevado de alunos em defasagem idade/série nas escolas

municipais. Assim, o grupo base começou a estudar e desenvolver o

PROJETO DE ATENDIMENTO AOS DIFERENTES RITMOS DE

APRENDIZAGEM.

Com o projeto em andamento, em 2002, chegou o momento de

selecionar o profissional que trabalharia com este projeto. Um dos critérios

estabelecidos era o de esse profissional teria que ter formação em educação

especial. Foi, então, convidada a professora Tânia Mara Gruetzmacher Doege

que passou a participar do grupo. Agora também com a participação da

profesora, os estudos se prolongaram até maio de 2003.

O Projeto, inicialmente foi aplicado em uma escola pólo. Foi escolhida

para dar início ao projeto a Escola de Educação Básica “Professor Curt

Brandes”, por situar-se numa região central, ficando de fácil acesso aos alunos

de outras escolas que eram buscados de suas respectivas comunidades com a

Kombi da prefeitura . Esta sala foi equipada pela Secretaria de Educação e

Formação Empreendedora, com mobiliários, equipamentos eletrônicos,

computador, impressora, jogos, materiais de expediente, entre outros.

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Para formar o grupo de alunos que seriam atendidos foram

contempladas as escolas que apresentavam o maior índice de alunos com

defasagem em idade/série. Os atendimentos aconteciam no período oposto ao

do ensino regular.

No ano de 2004 o projeto foi ampliado para a Escola Básica Municipal

Hermann Guenther e Escola Básica Municipal Olavo Bilac com a professora

Iara Elisa Reiter Brehmer, para a Escola Básica Municipal Doutor Amadeu da

Luz e Escola Básica Municipal Prof. Vidal Ferreira com a professora Zulenir

Ramos e, permanecendo na Escola de Educação Básica Municipal Professor

Curt Brandes e Escola Básica Municipal Almirante Barroso a professora Tânia

Mara Gruetzmacher Doege.

Em 2008, a Escola de Educação Básica Municipal Duque de Caxias foi

contemplada com o projeto de atendimento aos diferentes ritmos de

aprendizagem com a professora Alessandra Lentulo Aliende que, a partir de

2009, passou a ser atendida pela professora Cledi Brito Senger.

Com o passar dos anos algumas diretrizes relacionadas aos

atendimentos foram se ajustando, prova disto é que o PADRA não é mais

direcionado ao atendimento de alunos com defasagem idade/série. Passou a

ter como objetivo detectar, analisar, intervir e encaminhar alunos que por algum

motivo não conseguem acompanhar a turma em que se encontra. Inicialmente

verificam-se as dificuldades do aluno e, em seguida são atendidos pelo PADRA

e/ou encaminhados para especialistas como psicólogo, fonoaudióloga,

neurologista.

Em 2012, o projeto atendeu, aproximadamente, 112 alunos da Rede

Municipal de Educação.

4.3.2 Aspectos Legais

O direito à igualdade de oportunidade não significa um modo igual de

educar a todos, e sim, oportunizar a todos o que cada um necessita em função

de seus interesses e características individuais. Significa educar a todos de

acordo com as diferenças individuais, sem que as peculiaridades de

aprendizagem se traduzam em impedimento à aprendizagem.

LDB 9.394/96

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Art. 12 - Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as

do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:

I - elaborar e executar sua Proposta Pedagógica.

V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento.

Art. 23 - A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos

semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não

seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por

forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de

aprendizagem assim o recomendar.

Art. 24 - V, a) avaliação contínua e cumulativa; prevalência dos aspectos

qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período.

Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (ECA)

Art. 53, incisos I, II e III

“a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno

desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e

qualificação para o trabalho, assegurando- se- lhes:

I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II – direito de ser respeitado pelos seus educadores;

III – direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às instâncias

escolares superiores.”

Indicação CEE nº 5/98, de 15/4/98

D.O.E. em 23/9/98

“(...) educação escolar consiste na formação integral e funcional dos

educandos, ou seja, na aquisição de capacidades de todo tipo: cognitivas,

motoras, afetivas, de autonomia, de equilíbrio pessoal, de interrelação pessoal

e de inserção social.

(...) os conteúdos escolares não podem se limitar aos conceitos e sim devem

incluir procedimentos, habilidades, estratégias, valores, normas e atitudes. E

tudo deve ser assimilado de tal maneira que possa ser utilizado para resolver

problemas nos vários contextos.

(...) os alunos não aprendem da mesma maneira e nem no mesmo ritmo. O que

eles podem aprender em uma determinada fase depende de seu nível de

amadurecimento, de seus conhecimentos anteriores, de seu tipo de

inteligência, mais verbal, mais lógica ou mais espacial. No cotidiano da sala de

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aula, convivem pelo menos três tipos de alunos que têm “aproveitamento

insuficiente” : os imaturos, que precisam de mais tempo para aprender; os que

têm dificuldade específica em uma área do conhecimento; e os que, por razões

diversas, não se aplicam, não estudam, embora tenham condições.

(...) recuperar significa voltar, tentar de novo, adquirir o que perdeu, e não pode

ser entendido como um processo unilateral. Se o aluno não aprendeu, o ensino

não produziu seus efeitos, não havendo aqui qualquer utilidade em atribuir-se

culpa ou responsabilidade a uma das partes envolvidas. Para recobrar algo

perdido, é preciso sair à sua procura e o quanto antes melhor: inventar

estratégias de busca, refletir sobre as causas, sobre o momento ou

circunstâncias em que se deu a perda, pedir ajuda, usar uma lanterna para

iluminar melhor. Se a busca se restringir a dar voltas no mesmo lugar,

provavelmente não será bem sucedida.

(...) O compromisso da Escola não é somente com o ensino, mas

principalmente com a aprendizagem. O trabalho só termina quando todos os

recursos forem usados para que todos os alunos aprendam. A recuperação

deve ser entendida como uma das partes de todo o processo ensino e

aprendizagem de uma escola que respeite a diversidade de características e

de necessidades de todos os alunos.

(...) Dentro de um projeto pedagógico consistente, a recuperação deve ser

organizada para atender aos problemas específicos de aprendizagem que

alguns alunos apresentam, e isso não ocorre em igual quantidade em todas as

matérias nem em épocas pré-determinadas no ano letivo. A recuperação da

aprendizagem precisa: - ser imediata, assim que for constatada a perda, e

contínua; ser dirigida às dificuldades específicas do aluno; abranger não só os

conceitos, mas também as habilidades, procedimentos e atitudes.

(...) A recuperação paralela deve ser preferencialmente feita pelo próprio

professor que viveu com o aluno aquele momento único de construção do

conhecimento. Se bem planejada e baseada no conhecimento da dificuldade

do aluno, é um recurso útil.”

Parecer CEE nº 451/98 - 30/7/98

D.O.E. de 01/08/98, páginas 18 e 19, seção I

"a expressão '...rendimento escolar...' , que se encontra no inciso V do artigo 24

da Lei 9.394/96, se refere exclusivamente a aprendizagem cognitiva?

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Resposta: Não. A legislação sobre avaliação/verificação do rendimento

escolar, sobretudo o referido artigo, não restringe a expressão "rendimento

escolar" exclusivamente à aprendizagem cognitiva. A lei 9.394/96, ao tratar da

educação básica, situou-a no quadro de abertura que permitiu, aos que dela

fossem cuidar, em seus diferentes níveis e modalidades, a pensasse como um

todo e a explicitasse, nos limites do seu texto, em sua proposta pedagógica e

em seu regimento. Na elaboração dessa proposta e desse regimento,

consubstanciado certamente numa visão de homem, de sociedade e, por

consequência, numa concepção de educação e de avaliação, cuidados

especiais deverão ser tomados para que estejam contidos, nesses

instrumentos, procedimentos referentes ao processo ensino e aprendizagem ,

e em particular ao de verificação do rendimento escolar. O legislador deixou

sob a responsabilidade da escola e de toda sua equipe a definição do projeto

de educação, de metodologia e de avaliação a serem desenvolvidas.

Abandonou detalhes para agarrar-se ao amplo, ao abrangente. Aponta, por

isso, para uma educação para o progresso, onde estudo e avaliação devem

caminhar juntos, esta última como instrumento indispensável para permitir em

que medida os objetivos pretendidos foram alcançados. Educação vista como

um processo de permanente crescimento do educando, visando seu pleno

desenvolvimento, onde conceitos, menções e notas devem ser vistos como

mero registros, prontos a serem alterados com a mudança de situação. E,

nessa busca do pleno desenvolvimento e do processo do educando, estão

presentes outros objetivos que não só os de dimensão cognitiva mas os de

natureza sócio-afetiva e psicomotora, que igualmente precisam ser trabalhados

e avaliados. O cuidado deve estar é no uso que se pode fazer desta avaliação,

não a dissociando da ideia do pleno desenvolvimento do indivíduo."

Parecer CNE/CEB nº 17/2001

Resolução CNE/CEB nº 2, de 11 de setembro de 2001

“O quadro das dificuldades de aprendizagem absorve uma diversidade de

necessidades educacionais, destacadamente aquelas associadas a:

dificuldades específicas de aprendizagem como a dislexia e disfunções

correlatas; problemas de atenção, perceptivos, emocionais, de memória,

cognitivos, psicolinguísticos, psicomotores, motores, de comportamento; e

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ainda há fatores ecológicos e socioeconômicos, como as privações de caráter

sociocultural e nutricional.”

4.3.3 Concepções e Princípios

O respeito à dignidade humana exige coerência entre as concepções e

as ações do processo educativo para a construção de uma educação

transformadora que respeita as diferenças dos indivíduos.

Uma criança com dificuldades de aprendizagem é aquela que

manifesta uma discrepância educacional significativa entre o

seu potencial intelectual estimado e o seu nível actual de

realização, relacionada com as desordens básicas dos

processos de aprendizagem que podem ser ou não

acompanhadas por disfunção do sistema nervoso central, e

que não são causadas por deficiência mental generalizada, por

privação educacional ou cultural, perturbação emocional severa

ou perda sensorial (Bateman, 1965).

Existem fatores que são de extrema relevância, que ajudam a uma boa

compreensão desta problemática:

Origem neurológica: De acordo com os estudos efetuados nesta área, que se

apoiaram no uso da imagiologia por ressonância magnética (IRM), as crianças

com dislexia, quando a execução de tarefas do tipo intelectual como, por

exemplo, a leitura, parecem apresentar uma atividade reduzida no gyrus

angular – a zona do cérebro que liga as áreas do córtex visual e da associação

visual às áreas da linguagem –, acompanhada de uma atividade excessiva na

área de Broca, responsável pelos mecanismos motores da fala. Sendo assim

pode-se dizer que as DA (dificuldades de aprendizagens) têm uma base

neurobiológica, ou seja, que a estrutura cerebral poderá estar danificada devido

a um conjunto de fatores tais como, o tamanho dos neurônios (menor do que o

normal), o número de neurônios (menor número de neurônios em áreas

importantes do cérebro), uma displasia (deslocação de células nervosas para

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partes incertas do cérebro), uma irrigação cerebral mais lenta e uma

metabolização da glicose mais lenta em certas partes do cérebro (Garcís,

2004; Silva M. C., 2008).

Padrão desigual de desenvolvimento: Desigualdade de desenvolvimento em

áreas como linguagem, perceptivas e motora.

Envolvimento processual: As dificuldades de aprendizagem interferem com

os processos psicológicos que possibilitam a aquisição e/ou desenvolvimento

de competências.

Dificuldades numa ou mais áreas acadêmicas e de aprendizagem: Leitura,

escrita e/ou matemática.

Discrepância acadêmica: Os alunos com DAE evidenciam diversos

problemas que interferem com as suas aprendizagens, porém os seus

quocientes de inteligência (QI) encontram-se num nível normal ou mesmo

acima da média. Esta discrepância, entre o potencial estimado e a realização

acadêmica, tem sido um fator essencial na identificação destes alunos (Garcís,

2004; Silva M. C., 2008).

Exclusão de outras causas: é excluída a hipótese que as DAE são causadas

por outras problemáticas como a deficiência mental, a deficiência visual e

auditiva, os problemas motores, as perturbações emocionais e as

desvantagens culturais, sociais ou econômicas. Contudo, isto não quer dizer

que as DAE não possam coexistir com essas problemáticas (Garcís, 2004;

Silva M. C., 2008).

Condição vitalícia: As dificuldades de aprendizagem, por terem uma origem

neurológica e, por conseguinte, serem intrínsecas ao indivíduo, acompanham-

no ao longo da sua vida.

Para terem sucesso, os alunos com DA (dificuldade de aprendizagem)

devem ser identificados o mais precocemente possível, através de

observações e avaliações especializadas que levem a intervenções específicas

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que envolvam não só a escola, como também a família e a comunidade

(Garcís, 2004; Silva M. C., 2008).

No âmbito socioeducacional, instituições são ambientes em que sujeitos

buscam sua formação de forma intensiva e sistêmica, por meio de saberes,

trocas e relações de mediação. A Secretaria Municipal de Educação

Empreendedora de Pomerode é uma instituição que executa políticas

educacionais e promove o desenvolvimento da educação escolar, cuja

centralidade é, portanto, a aprendizagem e a formação de pessoas

compreendidas como sujeitos das relações produzidas nesse espaço

institucional.

Dessa forma, adota como base norteadora para gestão de seu trabalho,

políticas e programas que visam à formação integral humana, articulada ao

ambiente social de todos os envolvidos em educação e daqueles beneficiados

por ela. O caráter organizacional e institucional centra-se nos seguintes fins e

propósitos: aprendizagem e formação.

Assim, os fins e princípios norteadores, estabelecidos pela Secretaria

para orientar sua prática educativa, foram definidos em consonância com as

diretrizes emanadas da Constituição Federal e da LDB vigentes, conforme

segue:

• A Educação possibilita ao ser humano o desenvolvimento harmonioso em

suas dimensões física, social, emocional, cultural e cognitiva nas relações

individuais e sociais.

• A Educação Básica constitui um direito inalienável do homem em qualquer

idade e capacita-o a alcançar o exercício pleno da cidadania de forma a ser

promovida não como uma justaposição de etapas fragmentadas, mas em

perspectiva de continuidade articulada entre Educação Infantil, Ensino

Fundamental e Ensino Médio, incluindo a Educação de Jovens e Adultos e a

Educação Especial.

• Os princípios éticos da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do

respeito ao bem comum são valorizados na prática pedagógica como

norteadores que são da vida cidadã.

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• A vivência do processo educativo tem como objetivo propiciar ao cidadão

condições de responder positivamente às grandes necessidades

contemporâneas de aprendizagem: aprender a aprender, aprender a fazer,

aprender a conviver e aprender a ser, em conformidade com o Relatório

Delors, publicado em 1996.

•Os valores estéticos, políticos e éticos, organizados sob as premissas básicas

da sensibilidade, da igualdade e da identidade, essenciais à formação integral

do aluno, permeiam a organização curricular, as relações interpessoais, o

planejamento, o acompanhamento e a avaliação de todo o trabalho docente,

discente, gestor e administrativo.

• A flexibilidade teórico-metodológica e o reconhecimento e a aceitação do

pluralismo de ideias constituem elementos essenciais na definição da política

pedagógica adotada.

• A ação pedagógica enfatiza procedimentos capazes de favorecer a

compreensão e o domínio dos fundamentos científicos e tecnológicos em que

se baseiam os processos produtivos da sociedade atual.

• O sistema educacional proporciona recursos e meios que atendam às

necessidades educacionais de todos os alunos, de modo a oportunizar o seu

desenvolvimento e a sua aprendizagem, garantindo: educabilidade de todos os

seres humanos; direito à equidade, igualdade de oportunidades educacionais

independentemente dos comprometimentos que possam apresentar; respeito à

dignidade humana; direito à liberdade de aprender e expressar-se e; direito de

ser diferente. Dessa forma, incentiva a maior participação de todos, inclusive

da família, promovendo ações que levem ao cumprimento de metas do

Compromisso Todos pela Educação.

À luz desses princípios norteadores anunciados, a Secretaria Municipal

de Educação e Formação Empreendedora do Municipio de Pomerode tem

como foco de atuação:

• Aprendizagem: A ação escolar centra-se no aluno e na aprendizagem, não

entendida como acumulação de informações e conteúdos, e sim como um

processo de formação e de construção do ser humano, intrínseca aos sujeitos,

que se relacionam, que se comunicam e se formam no ambiente social e

pedagógico da instituição educacional. Alunos, professores e pais aprendem

quando se relacionam e se comprometem com conteúdos e novas

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aprendizagens, de forma sistemática e contínua, no espaço escolar e fora dele,

a partir de seus saberes, realidade e expectativas. Aprender é, portanto, tarefa

de sujeitos instituintes.

• Formação de professores e de gestores: A formação inicial e em serviço é

intrínseca ao ser e, mais ainda, quando se torna professor-educador e gestor

da educação escolar. Revigorar e qualificar os atores envolvidos na educação

é um fator de impacto e de mudanças na ação e na prática pedagógica dos

professores e dos gestores.

4.3.4 Diretrizes Pedagógicas 4.3.4.1 Objetivos do PADRA

O PADRA tem como objetivo orientar o sistema educacional no sentido

de assegurar aos alunos a formação de habilidades e competências

necessárias para o desenvolvimento de suas potencialidades, como elemento

de auto-realização e preparo para o exercício consciente da cidadania. Neste

contexto, o aluno deverá ser capaz de adotar posturas na escola, em casa e

na comunidade que o leve a estabelecer interações construtivas.

São objetivos específicos da sala de atendimento aos diferentes ritmos

de aprendizagem:

- trabalhar as dificuldades de aprendizagem utilizando materiais concretos que

facilitam a compreensão dos conceitos e significados;

- acompanhar o desenvolvimento de cada aluno na sua individualidade;

- valorizar o conhecimento prévio dos alunos e, a partir ddeste conhecimento,

propor atividades desafiadoras;

- formar a auto-imagem positiva e a auto-estima;

- trabalhar o valor da educação como meio de desenvolvimento pessoal e

social;

- compreender o motivo dos erros que os alunos produzem, possibilitando-lhes

o avanço para produções cada vez mais elaboradas.

- adequar e produzir materiais didáticos e pedagógicos, tendo em vista as

necessidades específicas dos alunos;

- acompanhar o uso desses materiais e recursos em sala de aula, sem,

contudo, interferir no ensino dos conteúdos curriculares;

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- garantir que o aluno compreenda e utilize as diferentes linguagens como meio

para produzir, expressar e comunicar suas idéias, interpretar e usufruir das

produções culturais em contextos públicos e privados, atendendo às diferentes

intenções e situações de comunicação;

- oferecer subsídios para que o aluno saiba utilizar as diferentes fontes de

informações e recursos tecnológicos para adquirir e construir conhecimentos;

- fortalecer a personalidade do aluno para que possa observar e analisar fatos

e situações de modo crítico, reconhecendo a necessidade e as oportunidades

de atuar de modo reativos e propositivos.

4.3.4.2 Referencial Metodológico

O município de Pomerode vem compreendendo a educação como um

direito humano fundamental. O Projeto de Atendimento aos Diferentes Ritmos

de Aprendizagem atendimento aos diferentes ritmos de aprendizagem, foi

criado para possibilitar ao aluno com dificuldades no processo de

aprendizagem, a formação necessária ao desenvolvimento de suas

potencialidades, como elemento de auto-realização e preparo para o exercício

consciente da cidadania. Compreende-se que a proclamação da formação de

sujeitos autônomos pode ser uma estratégia para gerir a vida dos sujeitos e

das populações, atreladas às dinâmicas da individualização e da totalização

em um só processo, vinculado à ideia de participação, democracia e cidadania.

O atendimento aos alunos com dificuldades no processo de

aprendizagem, consiste em reunir informações que permitam conhecer as

possibilidades e dificuldades do aluno bem como estabelecer as respostas

educativas que cabe à escola oferecer. Assim sendo, a família, o professor da

turma, o professor do projeto, a equipe pedagógica da escola, a equipe

multidisciplinar, ( psicólogo, psicopedagoga, fonoaudióloga, neurologista,

pediatra e nutricionista), precisam opinar, seja para esclarecer, seja para

orientar a intervenção mais apropriada a cada caso. As crianças com processo

diferenciado de aprendizagem possuem necessidades temporárias ou

permanentes que dificultam seu processo com relação à turma. Para que esse

trabalho seja realizado com sucesso todos os parceiros devem estar totalmente

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envolvidos. A inclusão não se dá somente ao frequentar a sala de aula e a sala

do projeto, mas em desenvolver a capacidade humana integral do aluno.

A escola juntamente com seus parceiros deve oferecer, sem exceções,

os elementos de emancipação pela apropriação dos conhecimentos, pelo

desenvolvimento do aprender a aprender e do saber pensar para que os alunos

possam ser incluídos verdadeiramente na sociedade.

A inclusão implica redimensionar a prática pedagógica escolar tendo

como parceiros, os pais, professores, equipe pedagógica multidisciplinar e o

próprio aluno.

O projeto de atendimento aos diferentes ritmos de aprendizagem,

perpassa todas as modalidades de ensino, ela integra, desenvolve e estrutura

o aluno com dificuldades no âmbito escolar.

4.3.4.3 Gestão dos Processos de Aprendizagem

A gestão dos processos de aprendizagem consiste na organização de

situações de aprendizagem nos espaços das salas do PADRA, bem como na

interlocução com o professor do ensino regular.

Inicialmente, o atendimento do PADRA visa identificar aspectos que

potencializem o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos com

dificuldades no processo de aprendizagem, objetivando também eliminar as

barreiras que dificultam a aprendizagem desses alunos.

O professor do PADRA, em constante interação com o professor do

ensino regular, obtém informações sobre as necessidades educacionais do

aluno na sala de aula, identificando como se relaciona com o conhecimento, o

que favorece ou dificulta seu processo de aprendizagem, ou como se

desenvolve a relação com o professor e os colegas no espaço da sala de aula.

4.3.5 Estrutura e Funcionamento do PADRA

O PADRA é efetivado em salas próprias, onde o professor atende

grupos de, no máximo, cinco alunos. Os grupos de alunos são formados em

função das dificuldades apresentadas. Com estes alunos são trabalhadas

habilidades básicas como leitura e escrita e desenvolvimento do raciocínio

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lógico a fim de favorecer a interação do aluno na sala de aula do ensino

regular.

Os alunos freqüentam o PADRA no contra turno escolar com a

periodicidade mínima de duas vezes por semana. Cada atendimento tem a

duração de três horas.

Como já foi mencionado anteriormente, o PADRA atende crianças com

dificuldades em seu processo de aprendizagem. O fluxograma de atendimento

inicia com o professor do ensino regular que identifica os alunos que não estão

conseguindo, por algum motivo, alcançar os objetivos de aprendizagem. Uma

vez identificados estes alunos, o professor aplica diversas e variadas

intervenções a fim de que a dificuldade seja superada. Uma vez esgotadas

todas as possibilidades na sala de aula, não obtendo resultados positivos o

professor conversa com a orientação educacional, explicando a situação em

que o aluno se encontra.

O próximo passo deste fluxograma, está focado na ação da orientação

educacional que verifica o que está acontecendo. Entrega uma ficha ao

professor do ensino regular para preenchimento. Nesta ficha o professor

relata, de forma suscinta, os dados do aluno, suas dificuldades e

potencialidades, comportamento e relacionamento com o grupo, as

intervenções pedagógicas realizadas e os atendimentos que, eventualmente, já

tenha tido. A orientação educacional, procura então, no âmbito de suas

competências, atender o aluno e sua família. Quando, enfim, também

esgotadas todas as possibilidades, a orientação educacional em posse da

ficha preenchida pelo professor do ensino regular, conversa com a professora

do PADRA, verificando as possibilidades de atendimento deste aluno.

A professora do PADRA. com os dados do aluno em mãos, o chama

para uma conversa e aplica a sondagem para verificar seus conhecimentos

prévios. Após a elaboração do diagnóstico pedagógico, manda-se um aviso

aos pais, convidando-os para uma conversa sobre a situação acadêmica do

aluno. Durante esta conversa, oferece-se o atendimento, “que não é

obrigatório”, solicitando autorização dos pais para frequentar o atendimento.

Quando os pais não autorizam a participação do filho no Projeto, assinam uma

declaração de desistência, declarando que estão cientes da dificuldade do

filho. Uma vez autorizado o atendimento, faz-se uma entrevista com a família

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com o intuito de conhecer a rotina familiar assim como fatos importantes do

desenvolvimento da criança/adolescente que será atendido. Por fim, entrega-se

o cronograma com os dias de atendimento do filho.

Com todos os dados em mãos, o professor do PADRA traça um plano

de atendimento específico às dificuldades desse aluno e realiza os

encaminhamentos (parcerias) necessários.

O aluno permanece em atendimento até que tenha desenvolvido as

habilidades e competências para acompanhar o ano/série em que se encontra

matriculado.

É importante destacar o fato de que, o PADRA não é espaço de

recuperação de conteúdos curriculares, mas de desenvolvimento das

habilidades e competências necessárias para a aprendizagem dos conteúdos

curriculares. Desta forma, propõe o trabalho efetivo, com a metodologia de

Projetos de Ensino e de Aprendizagem e, fundamentar sua prática na teoria

das Inteligências Múltiplas de Gardner.

O trabalho desenvolvido no PADRA atinge e mobiliza todos os

envolvidos no processo escolar, uma vez que sem a ajuda de todos não se

obtém resultados positivos. É um trabalho em equipe, na qual a falta de

colaboração e compreensão de, apenas um dos segmentos, o trabalho não

atinge satisfatoriamente seus objetivos. .

4.3.5.1 As Salas do PADRA

As salas, onde acontece o atendimento do PADRA, são espaços da

escola onde se concretizam as estratégias de ensino, centradas em uma

metodologia diferente que favoreça o desenvolvimento de habilidades e

competências necessárias para a construção de conhecimentos pelos alunos

no ensino regular.

Nas salas do PADRA procura-se promover atividades e espaços de

participação da família e a interface com os serviços setoriais da saúde e da

assistência social, entre outros, tendo como finalidade:

- elaborar e executar plano de atendimento diferenciado, avaliando a

funcionalidade e aplicabilidade dos recursos pedagógicos;

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- identificar, elaborar, produzir e organizar serviços, recursos pedagógicos e

estratégias considerando as necessidades específicas de cada aluno;

- estruturar metodologias diferenciadas a fim de atender as dificuldades

específicas de cada aluno;

- acompanhar cada aluno atendido no projeto, a fim de garantir sua inclusão no

ensino regular;

- oferecer apoio pedagógico aos professores do ensino regular ajudando-os na

flexibilização curricular;

- auxiliar e orientar os pais dos alunos atendidos;

- confeccionar materiais pedagógicos adequados para cada tipo de dificuldade;

- promover o aumento significativo do desempenho escolar, visíveis no boletim

de cada aluno; e,

- monitorar os alunos desligados do Projeto por um determinado período.

4.3.5.2 Funções do Professor da Sala do PADRA

O professor deve proporcionar aos alunos atendidos pelo PADRA,

metodologias diversificadas para o desenvolvimento de habilidades e

competências que viabilizem a apropriação dos conteúdos trabalhados no

ensino regular. Assim, cabe também ao professor do PADRA orientar os

professores do ensino regular na construção de práticas pedagógicas que

respeitem as diferenças entre os alunos e que, ao mesmo tempo, considerem

essas diferenças como elementos ricos de trabalho, promovendo uma

constante interação entre os pares. Esta prática revela o princípio fundamental

na perspectiva de assegurar uma educação inclusiva.

O atuação do professor do PADRA atende, efetivamente, três funções:

gestão dos processos de aprendizagem;

avaliação diagnóstica juntamente com o professor do ensino

regular bem como acompanhamento na sala de aula; e,

promoção de ações que visam o progresso no desenvolvimento e

na aprendizagem do aluno, bem como a sua melhor interação no

espaço escolar.

A ação pedagógica de acompanhamento deve resultar em opções que

indiquem a possibilidade de reorganizar situações de aprendizagem que

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favoreçam a eliminação das barreiras na aprendizagem e aperfeiçoar a

aprendizagem dos alunos e sua inclusão no ensino regular.

O acompanhamento se organiza com base no plano de atendimento

que o professor deve elaborar a partir das informações obtidas sobre o aluno e

a problemática vivenciada por ele. Prevê a articulação do professor do PADRA

com outros profissionais que possam dar suporte às necessidades específicas

desses alunos. Contempla, também, a articulação com a família no sentido de

construir as condições propícias ao desenvolvimento e aprendizagem desses

alunos. O acompanhamento implica na necessidade de avaliação permanente

da evolução do aluno nos diferentes espaços educacionais e, a partir desta

avaliação, o redimensionamento das ações educacionais.

Considerando todas as funções aqui descritas, cabe ao professor do

PADRA, desenvolver seu trabalho na escola, centrando sua atuação

profissional na promoção e articulação de ações em prol da inclusão escolar

dos alunos com dificuldade no processo de aprendizagem, garantindo sua

plena participação nas atividades curriculares.

4.3.5.3 Funções do Professor do Ensino Regular com Crianças do PADRA

O desempenho do professor do ensino regular com crianças que

freqüentam o PADRA é de fundamental importância. Este profisional precisa ter

ciência de que o aluno, mesmo encaminhado ao PADRA, é de sua

responsabilidade. O PADRA é apenas um apoio ao trabalho do professor do

ensino regular. Desta forma, cabe a ele:

- planejar e ministrar aulas, coordenando o processo de ensino e de

aprendizagem nos diferentes níveis de ensino;

- elaborar e executar programas educacionais;

- selecionar e elaborar o material didático utilizado no processo de ensino e de

aprendizagem;

- organizar sua prática pedagógica, observando o desenvolvimento do

conhecimento nas diversas áreas, as características sociais e culturais do

aluno e da comunidade em que a unidade de ensino se insere, bem como as

demandas sociais conjunturais;

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- elaborar, acompanhar e avaliar projetos pedagógicos e propostas

curriculares;

- contribuir para a interação e articulação da escola com a comunidade;

- companhar e apoiar a prática pedagógica desenvolvida na escola;

- assessorar o processo de definição do planejamento de políticas

educacionais, realizando diagnóstico, produzindo, organizando e analisando

informações;

- promover a divulgação, monitorar e avaliar a implementação das políticas

educacionais;

- realizar avaliação psicopedagógica e prestar atendimento aos alunos com

deficiência; e,

- articular seu trabalho com os diferentes atendimentos de apoio pedagógico

oferecido pela Rede Municipal de Ensino, pela Secretaria de Saúde e pela

Unidade Escolar.

4.3.6 Avaliação no PADRA

O professor do PADRA realiza a avaliação através de estudo de caso,

com o objetivo de construir um perfil do aluno para que possa elaborar o plano

de intervenção.

A avaliação realiza-se nos três principais ambientes do aluno: na escola

como um todo, na sala do projeto e na família. Na escola, o professor do

PADRA deve avaliar o aluno em diferentes locais e em diferentes momentos. O

professor pode observar o aluno na sala de aula, no pátio na hora do recreio,

na biblioteca, na sala de informática , dentre outros.

A avaliação realizada nestes ambientes visa colher informações sobre o

aluno considerando seis aspectos principais, sendo:

desenvolvimento intelectual;

a linguagem oral;

o meio ambiente;

as aprendizagens escolares;

o desenvolvimento afetivo-social e as interações sociais; e,

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os comportamentos e atitudes em situação de aprendizagem e o

desenvolvimento psicomotor e a saúde do aluno.

Para avaliar os aspectos mencionados, o professor poderá optar por

organizar situações-problema em contexto de jogo e /ou utilizar atividades

avaliativas de acordo com cada aspecto descrito anteriormente.

Para realizar a avaliação na sala multifuncional o professor poderá optar

por atividades que tenham como objetivo identificar o nível de evolução

conceitual da leitura e da escrita do aluno, o desenvolvimento psicomotor, o

desenvolvimento lógico-matemático e a oralidade. As atividades podem ser

propostas em contexto de jogos ou elaboradas para esse fim. Os demais

aspectos (desenvolvimento afetivo-social e as interações sociais, os

comportamentos e atitudes em situação de aprendizagem e a saúde do aluno)

podem ser avaliados por meio de entrevistas com a professora da sala de aula

regular e com a família através de entrevistas ou visitas domiciliares.

Na sala de aula regular, o professor do PADRA poderá avaliar como o

aluno se relaciona com o conhecimento, como ele responde às solicitações do

professor, se ele manifesta atitude de dependência ou de autonomia e, ainda,

se é necessário o uso de recursos, equipamentos e materiais pedagógicos

diferenciados. Ele avalia ainda se o aluno apresenta melhor desempenho em

atividades individuais, em pequenos grupos ou em grupos maiores e, ainda, a

forma como ele interage com seus colegas.

A família pode oferecer informações importantes quanto ao desempenho

do aluno nas atividades domiciliares, bem como sua relação com o ensino e

com os conteúdos escolares em casa. É importante que o professor do PADRA

compreenda como o aluno se comporta em casa, do ponto de vista da

comunicação e da interação com os familiares. Em que situações ele manifesta

atitudes de autonomia e de dependência. E ainda como a família se relaciona

com ele, se há manifestação de superproteção ou de abandono.

De posse desses dados, o professor do PADRA constrói o perfil do

aluno e elabora o plano de atendimento.

4.4 A Equipe Multidisciplinar

4.4.1 A articulação do trabalho da equipe multidisciplinar

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Os princípios filosóficos e pedagógicos que fundamentam o trabalho da

Secretaria Municipal de Educação e Formação Empreendedora, contemplam

parceria de diferentes profissionais. Os conhecimentos específicos de cada

área, quando somados, respaldam o trabalho multidisciplinar. Evidentemente,

algumas funções específicas são atribuídas tanto à equipe da Educação

Especial quanto à equipe da Educação Infantil e do Ensino Fundamental.

A Equipe Multidisciplinar é mais um segmento criado pela Secretaria de

Educação a fim de garantir a inclusão de todos os alunos através da efetiva

aprendizagem e inserção nas relações sociais e culturais estabelecidas no

âmbito da escola.

Dentre as funções da Equipe Multidisciplinar destacam-se:

a avaliação dos alunos que apresentam deficiência e defasagem

de aprendizagem;

encaminhamento para os atendimentos clínicos e/ou educacional

especializado; e,

orientação aos professores do ensino regular quanto ao

atendimento às necessidades desses alunos.

No que diz respeito a esta última atribuição, considera-se importante a

interlocução entre o ensino regular e a educação especial no sentido de

promover a aprendizagem de todos os alunos.

A promoção da aprendizagem deve ocorrer independente das

necessidades dos alunos incluídos. Desse modo, orienta-se que o professor

deve considerar o acesso de todos os alunos aos conteúdos curriculares,

levando em consideração os diferentes ritmos e estilos de aprendizagem. Cabe

lembrar que, a flexibilização curricular diz respeito ao planejamento e aplicação

de diferentes estratégias para que todos os alunos possam aprender, diferente

daquilo que alguns professores pensam. Flexibilização curricular não diz

respeito a facilitação e a omissão de conteúdos considerados difíceis pelo

professor.

O desenvolvimento curricular implica em uma avaliação contínua

realizada por todos os educadores, com o objetivo de definir necessidades,

realizar mudanças, utilizar diferentes metodologias de ensino e, quando

necessário, replanejar os conteúdos a serem ensinados.

Em 2012, a Equipe Multidisciplinar foi composta de:

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Pedagogo;

Psicólogo;

Psicopedagogo;

Nutricionista;

Pediatra (SESA);

Fonoaudióloga (SESA); e,

Assistente Social (SECID).

Considera-se relevante, ainda, destacar o fato de que os psicólogos

escolares da Secretaria Municipal de Educação e Formação Empreendedora

atendem os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem e que, após

avaliação diagnóstica, constata-se que estas dificuldades são de origem

emocional e comportamental. Uma vez em atendimento, o aluno comparece

uma vez por semana, permanecendo em atendimento um período aproximado

de 45 minutos.

Da mesma forma, o atendimento psicopedagógico, contempla os alunos

com distúrbios de aprendizagem, que também são atendidos semanalmente no

contraturno escolar.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Já está contemplado na Introdução, mas vale a pena reforçar o fato de

que este documento tem como objetivo orientar a Rede Municipal de Ensino

naquilo que diz respeito à Educação Especial na perspectiva de Educação

Inclusiva. Neste contexto, a Educação Especial é entendida como um campo

de conhecimento que perpassa a educação escolar como modalidade de

ensino, complementado-a e, em alguns casos, suplementando-a, a fim de

favorecer o processo de escolarização de todos os alunos.

As diretrizes contempladas neste documento dá um passo decisivo

para a consolidação da educação inclusiva na Rede Municipal. Espera-se que,

todas as Unidades Escolares, estimulem o desenvolvimento de uma pedagogia

comprometida com a função social da escola e com o ser humano em

formação - o aluno.

No entanto, a Educação Especial, enquanto modalidade, por si só não

dá conta de efetivar uma política de inclusão educacional se não houver e

empenho dos protagonistas da educação básica garantindo a escolarização de

todos os alunos, considerando a diversidade presente na escola.

Uma política educacional se estabelece através da vontade e do

envolvimento permanente dos diferentes atores educacionais e sociais.

Estas diretrizes não têm a pretensão de considerar concluída a

discussão que envolve toda a complexidade da educação especial. Novos

desafios certamente surgirão no cotidiano da escola, considerando a

complexidade e as dificuldades inerentes à construção de uma educação

pública, inclusiva e de qualidade para os diferentes indivíduos que dela fazem

parte.

A concretização desta proposta implicará no comprometimento de todos

os profissionais da educação num trabalho integrado e compartilhado,

incorporada à ação de cada professor, num processo coletivo e de permanente

avaliação na sua operacionalização.

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Cuiabá-MT. Prefeitura Municipal – SME. Educação Especial no Município de Cuiabá: Diretrizes e Propostas Pedagógicas./ Prefeitura Municipal – Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá-MT. Cuiabá: Central de Texto, 2010. Disponível em: http://www.cuiaba.mt.gov.br/upload/arquivo/educacaoespecial.pdf