CS 1°BIMESTRE 2° Semestre

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A Sociologia surgiu em um contexto social específico, marcado por profundas transformações sociais que criaram a necessidade de compreender a sociedade sob a perspectiva da ciência. Este contexto histórico foi: A o pensamento grego e as guerras púnicas influenciaram decisivamente na constituição da sociologia; B as revoluções burguesas inglesas foram fundamentais para que a sociologia se fundamentasse como ciência; C a revolução francesa não constituiu um fator importante para o pensamento ocidental e o surgimento da sociologia; D a revolução industrial e a revolução francesa foram fundamentais para a instalação da sociedade capitalista e o surgimento da sociologia; E o movimento sindical foi influenciado pela sociologia assim como os sociólogos atuam nesse movimento no século XIX. Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: D. Foi no Renascimento que o homem europeu retornou a prática do pensamento especulativo, concebendo o seu papel na história dos acontecimentos como agente. O pensamento social renascentista expressou-se nas obras de pensadores como Nicolau Maquiavel e Thomas Morus. Nestas duas obras observa-se: A uma análise clara das bases em que se assenta o poder pólítica da época; B a expressão dos ideais de vida moderada, laboriosa e igualitária; C a vida dos homens já aparecendo como resultado das condições econômicas e políticas e não de sua fé ou de sua consciência individual;

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A Sociologia surgiu em um contexto social específico, marcado por profundas transformações sociais que criaram a necessidade de compreender a sociedade sob a perspectiva da ciência. Este contexto histórico foi: 

Ao pensamento grego e as guerras púnicas influenciaram decisivamente na constituição da sociologia;

Bas revoluções burguesas inglesas foram fundamentais para que a sociologia se fundamentasse como ciência;

Ca revolução francesa não constituiu um fator importante para o pensamento ocidental e o surgimento da sociologia;

D

 a revolução industrial e a revolução francesa foram fundamentais para a instalação da sociedade capitalista e o surgimento da sociologia;

E

o movimento sindical foi influenciado pela sociologia assim como os sociólogos atuam nesse movimento no século XIX. 

Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: D.

Foi  no Renascimento que o homem europeu retornou  a prática do pensamento especulativo, concebendo o seu papel na história dos acontecimentos como agente. O pensamento social renascentista expressou-se nas obras de pensadores como  Nicolau Maquiavel e Thomas Morus. Nestas duas obras observa-se:

Auma análise clara das bases em que se assenta o poder pólítica da época;

B a expressão dos ideais de vida moderada, laboriosa e igualitária;

C

a vida dos homens já aparecendo como resultado das condições econômicas e políticas e não de sua fé ou de sua consciência individual;

D o modelo de monarca ideal para reinar e manter seu poder;

E uma apurada crítica da ordem social;

Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: C.

A partir do século XV, o Renascimento influenciou um conjunto de transformações profundas na sociedade européia. Dentre as mais significativas destacam-se:

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A A formação de uma mentalidade laica e a negação do individualismo

B A formação de uma postura crítica em relação ao conhecimento científico

CA formação de uma mentalidade laica e a defesa do emprego de métodos científicos

DA consolidação da mentalidade religiosa já que o teocentrismo foi adquirindo maior credibilidade.

EA formação de uma mentalidade laica, embora os filósofos e pintores deste período tenham valorizado os princípios religiosos.

Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: C.

No início da Revolução Industrial o trabalho infantil foi utilizado com grande intensidade pelos capitalistas por quê:

A apelava para o ideal de homem ativo e poupador

B apelava para o dever do trabalho e o repúdio a ociosidade

Corientava a criança para a disciplina, o esforço físico e o bem estar social

Dsupunha, na criança, maior docilidade e obediência em virtude de sua fragilidade.

E exigia da criança a subsistência e a liberdade de ocupar o tempo livre.

Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: D.

ENADE 2004"O homem se tornou lobo para o homem, porque a meta do desenvolvimento industrial está concentrada num objeto e não no ser humano. A tecnologia e a própria ciência não respeitam valores éticos e, por isso, não tiveram respeito algum com  o humanismo, para a convivência e para o sentido mesmo da existência. Na própria política, o que contou no pós-guerra foi o êxito econômico e, muito pouco, a justiça social e o cultivo da verdadeira imagem do homem. Fomos vítimas da ganância e da máquina. Das cifras. E, assim, perdemos o sentido autêntico da confiança, da fé, do amor. As máquinas andaram por cima da plantinha sempre tenra da esperança. E foi o caos."

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ARNS, Paulo Evaristo. Em favor do homem. Rio de Janeiro: Avenir, s\d, p. 10.De acordo  com o texto, pode-se afirmar que:

A A industrialização, embora respeite os valores éticos, não visa o homem.

BA confiança, a fé, a ganância e o amor se impõem para uma convivência possível.

C A política do pós-guerra eliminou totalmente a esperança entre os homens.

DO sentido da existência encontra-se instalado no êxito econômico e no conforto.

E O desenvolvimento tecnológico e científico não respeitou o humanismo.

Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: E.

A Revolução Industrial ocorrida no final do século XVIII transformou as relações do homem com o trabalho. As máquinas mudaram as formas de trabalhar, e as fábricas concentraram-se em regiões próximas às matérias-primas e grandes portos, originando vastas concentrações humanas. Muitos dos operários vinham da área rural e cumpriam jornadas de trabalho de 12 a 14 horas, na maioria das vezes em condições adversas. A legislação trabalhista surgiu muito lentamente ao longo do século XIX e a diminuição da jornada de trabalho para oito horas diárias concretizou-se no início do século XX.Pode-se afirmar que as conquistas no início do século XX são decorrentes de:

Aa expansão do capitalismo e a consolidação dos regimes monárquicos constitucionais

Ba expressiva diminuição da oferta de mão-de-obra, devido à demanda por trabalhadores especializados.

Ca capacidade de mobilização dos trabalhadores em defesa dos seus interesses

Do crescimento do Estado ao mesmo tempo que diminuía a representação operária nos parlamentos.

E

a vitória dos partidos comunistas nas eleições das principais capitais européias.

 

Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: C.

O conceito de mais-valia desenvolvido por Karl Marx significa:

A o lucro do empresário advém da venda de mercadorias

Ba mais valia é obtida pela parte da riqueza produzida pelo capitalista, que investe seu lucro no sistema produtivo.

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Ca mais valia é obtida pela parte da riqueza produzida pelo trabalhador que fica com o capitalista

Da mais valia é obtida pelo trabalhador como fruto do seu trabalho, seu empenho e sua dedicação aos interesses da organização.

Ea mais valia significa o lucro do empresário no processo de circulação simples da mercadoria.

Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: C.

Max Weber elaborou importante teoria sobre os tipos ou formas de poder e de dominação. Assinale a alternativa que, de acordo com o autor, contém os três tipos de poder e de dominação:

A Legislativo, executivo e judiciário

B Legal ou racional, tradicional e carismático

C Econômico, político e cultural

D Democrático, liberal e totalitário

E Laico, religioso e militar

Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: B.

No início do século XX, contata-se que não havia no Brasil  desenvolvimento econômico e industrial comparável aos países da Europa  EUA. Esta constatação levou as oligarquias rurais  a afirmar que  "o Brasil era um país com vocação agrária". Esta afirmativa   exprimia os interesses desses grupos que eram contrários ao desenvolvimento da indústria.  Assinale a afirmativa que expressa os interesses da oligarquia rural.

AA ascensão econômica da burguesia industrial significaria uma ameaça aos interesses e aos domínios das oligarquias de origem rural.

BA forte convicção de que a industrialização era uma atividade que traria benefícios econômicos e sociais para o país.

CSeria impossível que a burguesia industrial conseguisse romper a resistência do governo central.

DSeria impossível que a burguesia industrial conseguisse romper o cerco imposto pelos países de capitalismo avançado.

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EAcreditavam que a burguesia industrial deveria investir no setor agrícola pois seria impossível competir com a qualidade dos produtos importados.

Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: A.

A cultura do café no Oeste paulista a partir do século XIX teve consequências relevantes para o país. Assinale a alternativa que NÃO corresponde  a este contexto.

AA cultura do café provocou a decadência do trabalho escravo e a introdução do trabalho livre.

BA cultura do café contribuiu para dinamizar outras atividades econômicas como: a criação das primeiras ferrovias e o sistema bancário.

C

A cultura do café contribuiu para o processo de urbanização, pois era nas áreas urbanas que se realizava a comercialização do café e o financiamento da produção. 

DA necessidade de garantir mão-de-obra para a lavoura do café foi responsável pela imigração de 1.400.000 trabalhadores europeus.

EA cultura do café contribuiu para a preservação do trabalho escravo e para a crise das cidades industriais, que perderam população.

Você já respondeu e acertou esse exercício. A resposta correta é: E.

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1. Introdução ao pensamento científico sobre o social: Renascimento e Ilustração

Nesta unidade, temos como objetivo compreender os fundamentos filosóficos sob os quais a sociedade moderna se desenvolveu na Europa a partir do final do século XV.  Para isso, analisamos dois  movimentos intelectuais  que propiciaram  mudanças de mentalidade na época e contriburam para o desenvolvimento econômico e social, o Renascimento e a Ilustração. Com a analise do pensamento de  autores como Thomas Morus, Maquiavel e  Rousseau,  procura-se compreender os fundamentos das transformações sociais que conduziram a Europa a estruturar a vida social em torno de valores, como a racionalidade, liberdade, individualidade e competitividade.

               O Renascimento também é chamado de humanismo, pois busca-se recuperar os valores humanistas das sociedades grego-romanas e valorizar as ações humanas em oposição a uma postura contemplativa.  O antropocentrismo norteou o desenvolvimento do movimento intelectual, ao conceber que a humanidade é o centro para o qual deve convergir todo o conhecimento  

           A partir do século XV, a Europa viveu uma transformação na forma de conceber a existência humana e ver o universo, que propiciou o surgimento de formas de pensar pautadas na razão. O homem deixa de considerar sua existência como predestinação e desenvolve um conhecimento racional. A transformação na esfera do pensamento é acompanhada de crise no modo de organização social da época, o feudalismo. Inicia-se uma nova era não só para a organização do trabalho, o conhecimento humano também sofre modificações. Essa nova forma de conhecimento da natureza e da sociedade, na qual a experimentação e a observação são fundamentais, aparece neste momento, representada pelo pensamento de Maquiavel (1469-1527), Galileu Galilei (1564-1642), Francis Bacon (1561-1626), René Descartes (1596-1650).

O pensamento social do Renascimento se expressa na criação imaginária de mundos ideais que mostrariam como a realidade deveria ser, sugerindo, entretanto, que tal sociedade seria construída pelos homens com sua ação e não pela crença ou pela fé. Thomas Morus (1478-1535) em sua obra  A Utopia defende a igualdade e a concórdia entre os homens. Concebe um modelo de sociedade no qual todos têm as mesmas condições de vida e executam em rodízio os mesmos trabalhos.

Maquiavel em sua obra O Príncipe,  publicada em 1532, afirmava  que o destino de uma sociedade depende da ação dos governantes. Analisou as condições para um governante fazer conquistas, reinar e manter-se no poder.  A importância dessa obra reside no tratamento dado ao poder, que passa a ser visto a partir da razão e da habilidade do governante para se manter nele, separando a análise do exercício do poder da ética. A obra de Maquiavel permanece atual e até os dias de hoje é recomendada sua leitura para aqueles

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que buscam compreender as tramas que envolvem as relações de poder entre os grupos sociais.

Segundo (COSTA: 2005,p.35) as idéias de Thomas Morus e  Maquiavel expressam os valores de uma sociedade em mudança, portadora de  uma visão laica* da sociedade e do poder. 

Com a Ilustração*, as idéias de racionalidade e liberdade se convertem em valores supremos.  A racionalidade aqui é compreendida como a capacidade humana de pensar e escolher. Liberdade significa que as relações entre os homens deveriam ser pautadas na liberdade contratual, no plano político isto significa a livre escolha dos governantes, colocando em xeque o poder dos monarcas. Os filósofos iluministas concebiam a política como uma coletividade organizada e contratual e o  poder  como uma construção lógica e jurídica.

Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) em sua obra O contrato social, afirma que a base da sociedade estava no interesse comum pela vida social, no consentimento unânime dos homens em renunciar as suas vontades em favor de toda a comunidade (COSTA: 2005, p. 48). Rousseau identificou na propriedade privada a fonte das injustiças sociais e defendeu um modelo de sociedade pautada em princípios de igualdade. Diferentemente de Rousseau, John Locke (1632-1704) reconhecia entre os direitos individuais o respeito à propriedade. Foi o primeiro autor a defender que os princípios de organização social fossem codificados em torna de uma Constituição.

Concluímos que o pensamento social anterior a formação da Sociologia como ciência,  é caracterizada por estudos sobre a vida social que não tinham como preocupação central conhecer a realidade como ela era, e sim propor formas ideais de organização social. O pensamento filosófico de então, já concebia diferenças entre indivíduo e coletividade, e como afirma (COSTA:2005, p.49) “Mas, presos ainda ao princípio da individualidade, esses filósofos entendiam a vida coletiva como a fusão de sujeitos, possibilitada pela manifestação explícita das suas vontades”.

 

Questão: 

O renascimento é considerado um dos mais importantes momentos da história do Ocidente, entendido como o momento da ruptura entre o mundo medieval, com  características de sociedade agrária, estamental, teocrática e fundiária e o mundo moderno, urbano, burguês e comercial. Neste período emerge um novo pensamento social que tem por base:

a-) Estímulo ao individualismo, rejeição ao pensamento religioso, valorização da razão.

 

2.  O pensamento científico sobre o Social

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            A preocupação em conhecer e explicar os fenômenos sociais sempre foi uma preocupação do ser humano. Mas  a explicação com base científica, é fruto da sociedade moderna, industrial e capitalista. A Sociologia como ciência, surgiu no século XIX e significou que o pensamento sobre o social se desvinculou das tradições morais e religiosas,  Como afirma (COSTA: 2005, p.18).

  

“Tornava-se necessário entender as bases da vida social humana e da organização da sociedade, por meio de um pensamento que permitisse a observação, o controle e a formulação de explicações plausíveis, que tivessem credibilidade num mundo pautado pelo racionalismo”.

 

            Augusto Comte (1798-1857) foi o autor que desenvolveu pela primeira vez, reflexões sobre o mundo social sob bases científicas. Para este autor, o  papel da Sociologia seria conhecer as leis sociais para poder prever os fenômenos e agir com eficácia. (QUINTANEIRO. 2007 p. 19); Em um contexto de grande desenvolvimento das ciências físicas e biológicas, se inspirou no avanço dos conhecimentos sobre o corpo humano para traçar analogia entre o corpo humano e uma corpo social. Em sua análise compreendia a sociedade como um grande organismo, em que  cada parte possui uma função específica e o bom funcionamento do corpo social depende da atuação de cada órgão.  Esta ideia é passível de ser exemplificada em nosso cotidiano se observamos as relações de trabalho em uma empresa, onde cada um depende do trabalho do outro e o bom funcionamento da organização é identificado na interrelação do trabalho de diferentes indivíduos.

            Segundo Comte, ao longo da história a sociedade teria passado por três fases: a teológica, a metafísica e a científica. Concebia a fase teológica como aquela em que os homens recorriam à vontade de deus para explicar os fenômenos da natureza. A segunda fase, o homem já seria capaz de utilizar conceitos abstratos, mas é somente na terceira base, que corresponde à sociedade industrial, que o conhecimento passa a se pautar na descoberta de leis objetivas que determinam os fenômenos.

            Comte procurou estudar o que já havia sido acumulado em termos de conhecimentos e métodos por outras ciências como a matemática, biologia, física, para saber quais deles poderiam ser utilizados na sociologia.

          O conhecimento sociológico permite ao homem transpor os limites de sua condição particular para percebê-la como parte de uma totalidade mais ampla, que é o todo social. Isso faz da sociologia um conhecimento indispensável num mundo que, à medida que cresce, mais diferencia e isola os homens e os grupos entre si.

  Questão:

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         O despontar da Sociologia no século XIX significou o aparecimento da preocupação do homem com o seu mundo e a sua vida em grupo, numa nova expectativa, livre das tradições morais e religiosas provocando assim, uma preocupação com as regras que organizavam a vida social que, se observadas e apreendidas, poderiam dar a este homem explicações razoáveis que tornassem possível prever e controlar os fenômenos sociais. Resultando assim: a-) na possibilidade de poder intervir conscientemente nos processos, tanto para reforçá-los como para negá-los, dependendo dos interesses  em jogo; Texto base: COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3a. ed. São Paulo: Moderna, 2005

 

1. – Transformações sociais do século XVIII: Revolução Francesa

 

Nesta unidade nosso objetivo é compreender a maneira como o capitalismo se afirmou como modo de organização social a partir do século XVIII. Para isso recorreremos a análise das revoluções burguesas[1] pela capacidade de provocar as mudanças que puseram fim ao sistema feudal. A importância dessas revoluções é que estimularam o desenvolvimento do capitalismo, pondo fim às monarquias absolutistas e contribuíram para a eliminação  de  barreiras que impediam o livre desenvolvimento econômico.         As idéias propagadas pelo iluminismo, conduziram a crítica ao pensamento teológico e o avanço do pensamento racional, contribuindo para mudança dos costumes e do pensamento da época.  Buscava-se transformar não só o pensamento, mas a própria sociedade, criticando os fundamentos da sociedade feudal. Autores como Rousseau, Montesquieu procuravam mostrar como a sociedade feudal era injusta e irracional, impedindo o exercício da liberdade humana.         No final do século XVIII a monarquia francesa procurava garantir os privilégios da nobreza, que não pagava impostos e possuía o direito de receber tributos, em um contexto no qual crescia a miserabilidade do povo. A burguesia também se opunha ao regime monárquico, pois este, não permitia a livre constituição de empresas, impedindo a burguesia de realizar seus interesses econômicos.      Em 1789, com a mobilização das massas em torno da defesa da igualdade e da liberdade, a burguesia tomou o poder e passou a atuar contra os fundamentos da sociedade feudal. Procurou organizar o Estado de forma independente do poder religioso e promoveu profundas inovações na área econômica ao criar medidas para favorecer o desenvolvimento empresarial. Dentre as mudanças significativas impostas pela Revolução Francesa, vale destacar a promulgação de uma legislação que limitava o poder da família, proibindo os abusos da autoridade paterna. Os bens da Igreja foram confiscados e a educação deixa de ser controlada pela Igreja e se torna obrigação do Estado.  

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      As massas que participaram da revolução, logo foram surpreendidas pelas medidas da burguesia, que proibiu as manifestações populares e os movimentos contestatórios, que  passaram a ser reprimidos com violência.      Questão: A Revolução Francesa (1789) foi um fato histórico crucial para o desenvolvimento e consolidação do mundo moderno, tendo em vista que:

b)      Criou condições para a separação definitiva, no mundo ocidental, entre Estado (política) e Igreja (religião), de modo que os fatos políticos passaram a ser entendidos como fenômenos sociais definidos pelo jogo de forças entre indivíduos e grupos que formam uma dada sociedade. Em outras palavras, consolidou a política como ação livre de qualquer tipo de influência mágica ou mística, seja na condução e sentido dos acontecimentos, seja na legitimação do poder.

 2.  Transformações do capitalismo no século XVIII: Revolução Industrial             A revolução industrial eclodiu na Inglaterra na segunda metade do século XVIII. Ela significou algo mais do que a introdução da máquina a vapor, e aperfeiçoamento dos métodos produtivos. A revolução nasceu sob a égide da liberdade: permitir aos empresários industriais que desenvolvessem e criassem novas formas de produzir e enriquecer. (MARTINS: 1992). Constituiu  uma autêntica revolução social que se manifestou por transformações profundas na estrutura institucional, cultural, política e social.

O desenvolvimento de técnicas levou os empresários a incrementar o processo produtivo e aumentar as taxas de lucro. Isto levou os empresários a se interessar cada vez mais pelo aperfeiçoamento das técnicas de produção, visando produzir mais com menos gente.  A relação de classes que passa a existir entre a burguesia e os trabalhadores é orientada pelo contrato – o que permite inferir que a liberdade econômica e a democracia política – temos o trabalhador livre para escolher um emprego qualquer e o empresário  livre para empregar quem desejar.(MEKSENAS:1991, p. 47) , ela significou uma profunda transformação na maneira dos homens se relacionarem.

Aspectos importantes da Revolução Industrial1. A produção passa a ser organizada em grandes unidades fabris, onde predomina uma intensa divisão do trabalho.2. Aumento sem precedentes na produção de mercadorias.3. Concentração da produção industrial em centros urbanos.4. Surgimento de um novo tipo de trabalhador: o operário

 A revolução industrial desencadeou uma maciça migração do campo para cidade, tornando as áreas urbanas o palco de grandes transformações sociais. Formam-se as multidões que revelam nas ruas uma nova face do desenvolvimento do capitalismo: a miserabilidade.            No interior das fábricas as condições de trabalho eram ruins. As fábricas não possuíam ventilação, iluminação e os trabalhadores eram submetidos à jornadas de trabalho de até 16 horas por dia. Era usual nas fábricas a presença de mulheres e crianças a partir de 5 anos atuando na linha de produção. Quanto aos homens, amargavam a condição de desempregados. 

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Os problemas sociais inerentes à Revolução Industrial foram inúmeros: aumento da prostituição, suicídio, infanticídio, alcoolismo, criminalidade, violência, doenças epidêmicas, favelas, poluição, migração desordenada.         Embora a desigualdade social sempre tenha existido ao longo da história da humanidade, os problemas acima expostos são maximizados na sociedade moderna, tornando . a vida em sociedade complexa. Por isso precisamos de uma ciência para compreender os nexos que ligam a realidade. Isto fez com que a Sociologia tomasse as relações sociais estabelecidas entre os homens como seu objeto de conhecimento sistemático.   Questão: Podemos apontar como consequência da Revolução Industrial:d-) O desenvolvimento da urbanização, dos transportes, das comunicações e da produção em série e aumento da desigualdade social.  Texto base: MARTINS, Carlos B. O que é Sociologia.São Paulo: Brasiliense, 1992.  

[1] As revoluções burguesas foram: Revolução Gloriosa (1680) na Inglaterra, a Revolução Francesa (1789), a Independência Americana (1776) e a Revolução Industrial inglesa a partir de 1750. Enfocaremos em nosso curso somente as Revoluções Francesa e Industrial por constituírem as duas faces de um mesmo processo: a consolidação do regime capitalista moderno.

 

1. As contribuições de Émile Durkheim e Max Weber

O objetivo desta unidade é compreender as diferentes contribuições teóricas

das Ciências Sociais para a compreensão da sociedade moderna. É importante

compreender como estes conceitos permanecem atuais e podem ser aplicados

para estudar os fenômenos contemporâneos. Outro elemento importante deste

conteúdo é compreender que existem diferentes princípios explicativos para a

sociedade capitalista, evidenciando o grau de complexidade do mundo

moderno. 

Os três teóricos clássicos da sociologia: Durkheim, Weber e Marx criaram

concepções norteadoras para a observação social e seguramente pode-se

afirmar que qualquer estudo sociológico vai, invariavelmente, ter uma filiação

clara a um destes modelos teóricos ou a aspectos combinados destes

modelos.

Émile Durkheim (1858-1917) foi o criador do organicismo ou funcionalismo,

pois comparou a sociedade a um organismo vivo. Para ele, assim como no

organismo, em que cada órgão tem que cumprir a sua função para que o todo

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se mantenha saudável, na vida social cada indivíduo deve cumprir a sua

função, do contrário a sociedade ficará doente, ou seja, entrará num estado

patológico.

Durkheim desenvolveu conceitos fundamentais para a compreensão da vida

social como: fatos sociais, que podem ser normais ou patológicos; coerção

social; solidariedade mecânica e orgânica. A importância da obra de Durkheim

é identificar como o social se sobrepõe ao individual restringindo a

possibilidade de exercício da liberdade.

Para Max Weber (1864-1920) as instituições produzidas pelo capitalismo, como

a grande empresa, constituíam clara organização racional que desenvolvia

suas atividades dentro de um padrão de precisão e eficiência. O capitalismo lhe

parecia à expressão da modernização e de racionalização do homem ocidental,

porém ele alertou para os perigos dessa racionalização crescente que leva a

excessiva especialização a um mundo cada vez mais tecnicista e artificial e a

deterioração das relações humanas e dos aspectos existenciais do indivíduo.

Para Weber esse sistema cria a burocracia, que é um dos principais problemas

gerados pelo capitalismo. Além disso, Max Weber volta sua reflexão para a

análise das subjetividades humanas analisando a importância do

protestantismo no desenvolvimento da sociedade capitalista.

 

Questão:

 

Leia com atenção a frase a seguir: "Se não me submeto às convenções mundanas; se, ao me vestir, não levo em consideração os usos seguidos em meu país e na minha classe, o riso que provoco, o afastamento em que os outros me conservam, produzem os mesmos efeitos de uma pena propriamente dita (...) Não sou obrigado a falar o mesmo idioma que meus compatriotas, nem empregar as moedas legais; mas é impossível agir de outra maneira (...) Se sou industrial, nada me proíbe de trabalhar utilizando processos e técnicas do século passado; mas, se o fizer, terei a ruína como resultado inevitável". (DURKHEIM: 1985, p.02) A frase acima expressa a relação entre o indivíduo e a sociedade, que podem ser compreendida:B  Existe uma imposição do social sobre o individual, pois quando nascemos já encontramos uma sociedade pronta com regras e valores que devemos seguir.

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2. A contribuição teórica de Karl Marx

Karl Marx (1818-1883) é um  pensador que exerceu grande influência sobre os

movimentos políticos do século XX. O conjunto de sua obra guarda atualidade

pela crítica que faz ao modo de organização social do mundo moderno.

Segundo Marx, as sociedades, assim como tudo o que vive traz em si o

gérmen da sua própria destruição. A história dos sistemas e modos de

produção é uma constante superação do velho pelo novo, segundo ele o

declínio dos sistemas sociais se dá no seu próprio interior, quando os

indivíduos ao repetir suas formas vão recriando e transformando seu

funcionamento.

Karl Marx demonstra que nos diferentes períodos históricos o  processo

produtivo sempre foi organizado com base na exploração de uma classe sobre

a outra. Por esse motivo Marx cunhou uma  frase que se tornou famosa: “A

história da humanidade é a história da luta de classes”. 

O processo de extração da mais-valia que foi descrito por Marx ainda se

processa da mesma maneira na atualidade. O salário pago ao trabalhador não

corresponde ao total de riquezas produzidos por ele. Parte da riqueza

produzida fica nas mãos dos empresários. Enquanto o salário garante a

subsistência do trabalhador, o lucro os empresários possibilita a reprodução do

capital. As inovações tecnológicas tem contribuido para a redução do número

de trabalhadores que conseguem emprego, atuando no processo de

compressão dos salários para baixo.

A análise da obra de Karl Marx é fundamental para a compreensão das

desigualdades sociais, um dos problemas centrais do mundo contemporâneo 

pois mostra como a riqueza produzida pelos trabalhadores é apropriada pela

classe dominante.

Karl Marx desenvolveu conceitos importantes como ideologia, concebida  como

um sistema de inversão da realidade, em que as ideais da classe dominante

aparecem como as ideias dominantes de uma época.  Para ele, a ideologia

burguesa tem como objetivo fazer com que as pessoas não percebam que a

sociedade é dividida em classes sociais, atuando para a manutenção das

estruturas sociais.

Desenvolveu o conceito de alienação que faz com que o trabalhador perca a

consciência da sua realidade concreta, não se percebendo como o verdadeiro

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produtor das riquezas. O trabalhador passa a ser controlado externamente,

pelo seu patrão, que determina o seu salário, a sua jornada. A alienação

política, que significa que o trabalhador não se vê como agente capaz de

intervir nos rumos políticos da sociedade.

Conceitos como ideologia e alienação possibilitam a compreensão das razões

pelas quais os oprimidos não se rebelam contra o sistema, pois o sistema de

dominação e introjetado na suas cabeças, que passam a ver com naturalidade

a desigualdade e a opressão, dificultando os processos de transformação

social.

 

Questão:

Com o objetivo de entender o capitalismo, Karl Marx, proporcionou à sociologia uma grande comtribuição com novos conceitos, que seriam de extrema importância para os estudos da sociedade. Sendo assim, um deles é chamado de ALIENAÇÃO que é:

E - a separação do homem de seus meios de produção, dos frutos de seu trabalho, e também vida política, em razão da imposição do mundo capitalista

 Texto base:

COSTA, Cristina. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3a.ed. São Paulo: Moderna, 2005 

FERREIRA, Delson. Manual de Sociologia: dos clássicos à Sociedade da Informação. São Paulo: Atlas, 2001

 

1. A formação da sociedade capitalista no Brasil

 

           O objetivo desta unidade é refletir sobre a maneira como o Brasil foi

inserido no mundo capitalista, e a partir daí , identificar as causas da sua

dependência externa.

         A sociedade brasileira se formou  a partir do processo de expansão do

capitalismo europeu a partir do século XV. No início todas as relações

comerciais eram voltadas para a metrópole e aqui se mantinha relações sociais

baseadas na escravidão.

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        Somente no século XIX, com a abolição da escravidão e a chegada de um grande contingente de imigrantes é que se introduziu o trabalho livre.  Com o  ciclo do café, outras atividades econômicas se desenvolveram como: transporte ferroviário, o sistema bancário, pequenas indústrias de alimentos e têxteis, que dinamizaram a vida nas áreas urbanas

         Vários estudos indicam que o processo de industrialização do Brasil

esteve ligado ao desenvolvimento da economia cafeeira no Estado de São

Paulo.

         O processo de  industrialização teve início com a  introdução do trabalho

livre e  com o grande surto migratório que o país viveu no século XIX, que

gerou um mercado consumidor de produtos industriais.

        Segundo (VITA: 1989,p. 137) a forma como os negócios do café se

organizaram,   possibilitou a formação de uma ‘consciência burguesa’  entre os

fazendeiros. Pois o capital acumulado no café era utilizado na diversificação

das atividades econômicas.  Desde modo, o capital acumulado com este

comércio  era investido em outra atividade que possibilitasse a obtenção de

lucro. 

        Já no início dos anos 20, grandes empresas norte-americanas

instalaram  filiais no Brasil. Ford, Firestone, Armour, IBM etc. (NOVAES:1984

p.117). Com a crise mundial do início dos anos 30, a economia brasileira deixa

de ser voltada para a exportação e se apóia na interiorização e na

industrialização. Porém, somente na década de 50, com a chegada de um

grande número de empresas estrangeiras,  que buscam produzir para o

mercado externo, o desenvolvimento industrial ganha  impulso. 

 

Questão: 

Em deterrminados países, como o Brasil, a formação de uma indústria local de bens de consumo dependeu de recursos acumulados com a exportação agrária. A socióloga Cristina Costa , em relação a este processo afirma: "Um caso típico, neste sentido, ocorrido no Brasil, foi a industrialização de São Paulo, que, sem a concorrência dos produtos europeus, pôde se desenvolver com a utilização do capital gerado pela exportação do café". Esta colocação está relacionada:

A - Aos momentos iniciais do processo de formação da sociedade capitalista no Brasil, principalmente, a partir do início do século XX.

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2. O capitalismo dependente

  O grau de dependência que a economia brasileira têm com relação às

potências estrangeiras pode ser compreendido a partir da  análise  do modelo

de desenvolvimento industrial que o país teve, onde se privilegiou a indústria

de bens de consumo em detrimento na indústria de bens de capital.

            Outro aspecto que merece ser mencionado à respeito da dependência

estrangeira, diz respeito à ausência de produção de tecnologia no país, que

optou  por um modelo de desenvolvimento industrial marcado tanto pela

dependência tecnológica como pela de capital estrangeiro. [1]

             Uma das mais importantes teorias explicativas para a dependência

estrangeira, surgiu no encontro de exilados de diversos regimes ditatoriais que

proliferaram na América Latina nos anos de 1960.  Destaca-se nos estudos

sobre a dependência, a obra Dependência e desenvolvimento na América

Latina de Fernando Henrique Cardoso e Enzo Faletto. É a obra que teve maior

repercussão das Ciências Sociais em nível internacional.

             A obra destaca a natureza política e social do desenvolvimento na

América Latina e trata das particularidades do desenvolvimento do capitalismo

na América Latina. A constituição social do povo brasileiro, que tem uma

burguesia nacional de origem agrária, colocou a burguesia  internacional  como

o  principal agente do desenvolvimento capitalista brasileiro.  Para não correr

os riscos inerentes ao empreendedorismo, a  burguesia nacional optou por sua

aliança com o capital internacional e forte dependência do Estado. 

            A obra aponta a fragilidade do povo brasileiro, com uma elite que atua

como agente dependente do capitalismo internacional e do Estado. Quanto ao

povo, a ausência de uma consciência de classe (veja conteúdo sobre Karl

Marx) dada a situação inicial de um povo escravo e sem terra, atua  como mero

figurante ou espectador nas principais decisões sobre os destinos do país.  

Assim é exposta a fragilidade da sociedade civil, o povo age como massa e a

elite como agente dos interesses internacionais.

             Por fim ,a obra nos permite compreender a dependência das elites

empresariais do Estado e do capilismo internacional e  do povo como agente

passivo. Esta fragilidade da sociedade civil, contribuiu para o fortalecimento do

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Estado, que assumiu entre nós a função centralizadora e agente patrocinador

do desenvolvimento econômico.

Questão:

ENADE 2000 - Após a Segunda Grande Guerra, muitos países em desenvolvimento, sobretudo os da América Latina, adotaram um modelo de desenvolvimento que ficou conhecido como industrialização por substituição de importações. Esse modelo se caracterizava por:

E - Incentivar as importações de bens de consumo final de alto conteúdo tecnológico, no lugar das importações de produtos de baixo conteúdo tecnológico, com o intuito de modernizar a indústria doméstica