CSO 001 – “ Introdução à Sociologia ”
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Max Weber (1864-1920)
• “Exagerar é a minha profissão”.• Procura resolver querela do método nas ciências
sociais (explicação ou compreensão?)• Embasado nas discussões filosóficas (Kant,
Dilthey, Rickert, Windelband e Nietzsche), econômicas (Schmoller e Menger) e do pensamento social propõe um modelo de análise cujo cerne será o primado do sujeito em contraposição ao do objeto (Durkheim e Marx).
Ciências da Natureza X Ciências da Cultura
• Explicação (Objeto é a natureza, logo, externo, e o método é generalizante ou nomotético)
• Compreensão (Método é a compreensão idealizante, singular ou ideográfica, o objeto é sujeito e objeto ao mesmo tempo, logo, deve-se mergulhar no espírito dos agentes para compreender o sentido de suas ações. Objetos, além do mais, são selecionados conforme os valores culturais)
Epistemologia de Weber
• Inaugura a teoria sociológica compreensiva, juntando a compreensão (hermenêutica) com a explicação (leis objetivas).
• Sociólogo deve saber integrar esses dois métodos.
• Weber fará isso por meio do desenvolvimento de conceitos básicos como os de ação social, relação social e tipo ideal.
Individualismo metodológico
• Indivíduo é o elemento fundante da explicação da realidade social. Sempre parte do particular ao mais geral.
• “em geral, para a sociologia, conceitos como Estado, associação, feudalismo e outros semelhantes designam certas categorias da interação humana. Daí ser tarefa da sociologia reduzir esses conceitos à ação compreensível, isto é, sem exceção, aos atos dos indivíduos participantes”. Economia e Sociedade – 74.
Conceitos Básicos• “Sociologia significa uma ciência que pretende
compreender interpretativamente a ação social e assim explicá-la em seu curso e efeitos”.
• “Ação social significa uma ação que, quanto ao sentido visado pelo agente ou pelos agentes, se refere ao comportamento de outros, orientando-se por este em seu curso”.
• Interessa à sociologia, portanto, recuperar a razão e a finalidade que os indivíduos conferem às suas ações, ou seja, compreender o significado da ação social, seu motivo.
O tipo ideal • Construto que o pesquisador possui para organizar a
realidade de forma lógica, no plano do pensamento para se formular com clareza as relações sobre os fenômenos observados (generalizante e compreensivo ao mesmo tempo).
• “Consiste em enfatizar determinados traços da realidade – por exemplo, aqueles que permitam caracterizar a conduta do burocrata profissional e a organização em que ele atua – até concebê-los na sua expressão mais pura e consequente, que jamais se apresenta assim nas situações efetivamente observáveis”. – Gabriel Cohn.
Tipos de Ação Social
• Ação racional referente a fins (fins perseguidos racionalmente dentro de condições determinadas visando ao sucesso)
• Ação racional referente a valores (ação determinada pela crença ou valor, independente do resultado)
• Ação afetiva (motivada pela satisfação de impulsos)• Ação tradicional (motivada pelo costume, deveres
etc.)
Relação social
• “Por relação social entendemos o comportamento reciprocamente referido quanto a seu conteúdo de sentido por uma pluralidade de agentes e que se orienta por essa referência”.
Passando pelas relações sociais se compreende a formação dos elementos coletivos da vida social, como os grupos, organizações e estruturas sociais. Podem ser efêmeros, transitórios ou adquirir aspectos regulares e sedimentados (direito).
Esquema analítico de Weber
• Parte da análise compreensiva da ação social, passa pela interação entre os indivíduos, chega à análise compreensiva das relações sociais e sua estabilização normativa (ordem legítima), e finaliza nas organizações, estruturas e instituições sociais.
• O caminho analítico inverso pode e deve ser tentado, ou seja, a decomposição dessas estruturas até se chegar novamente ao indivíduo e sua ação.
Racionalismo da Dominação do Mundo
• Por meio de amplos estudos de sociologia da religião, Weber procura traçar qual o caráter específico do mundo ocidental, que ele tipifica como sendo o racionalismo da dominação do mundo.
• Há um elemento em comum, para Weber, que vincula na história o surgimento da ciência racional, da arte racional, da arquitetura racional, da universidade racional, do Estado racional e do capitalismo racional, por fim: a racionalidade ocidental.
A ética protestante e o espírito do capitalismo (1904)
• Quer verificar a relação entre uma religião determinada, o moderno sistema capitalista econômico industrial e o processo de racionalização ocidental.
• Teoria da multicausalidade, afinidades eletivas e conexões entre um modo metódico de vida, causalidade entre a ética protestante ascética e a conduta capitalista.
Espírito do Capitalismo
• “Lembra-te de que tempo é dinheiro”• “Lembra-te de que crédito é dinheiro”• “Lembra-te de que dinheiro gera mais dinheiro”• “Lembra-te de que o bom pagador é o senhor
da bolsa alheia”• “As mais insignificantes ações que afetam o
crédito de um homem devem ser por ele ponderadas”
Ética Protestante
• Ética de vida, modo de ver e encarar a existência: elementos cujo conteúdo se assemelham e afinam ao “espírito” do capitalismo.
• Vida disciplinada, ascética, motivada pelo sentido do dever, pela honestidade e dedicação ao trabalho = Ascese Intramundana.
• Deve sobrepujar o tradicionalismo.
Protestantismo• Lutero e noção de “vocação”: nasce o ascetismo intramundano.• Calvinismo, seitas anabatistas e doutrina da predestinação
maximizam a quebra com a visão conformista, tradicionalista e com a condenação ao lucro: o trabalho torna-se uma conduta racionalizada, a dedicação é sistemática e central para a vida do crente.
• Tais crenças passam a estimular o trabalho profissionalizado e a busca de riquezas para a “glória de Deus”.
• Com o tempo a motivação da busca de riqueza tomou vida própria, se desvinculou da religião: “o puritano queria ser um profissional: nós devemos sê-lo”.
O desencantamento do Mundo• Eliminação da magia como meio de salvação foi maximizado no
protestantismo ascético. • O crente não tem a menor possibilidade de influenciar
magicamente o divino, ao contrário do catolicismo.• Religião desprovida de elementos mágicos, vida metódica
dedicada ao trabalho, disciplina e ordenamento: forma racionalizada de vida.
• “Aquele grande processo histórico-religioso do desencantamento do mundo que teve início com as profecias do judaísmo antigo e, em conjunto com o pensamento científico helênico repudiava todos os meios mágicos de busca de salvação, encontrou aqui sua conclusão”. - A ética... P. 96.
Consequências do Desencantamento do Mundo
• Na dimensão religiosa, homem deixa de acreditar que o mundo é povoado por forças divinas que podem ser manipuladas através da magia. Eliminação da magia se inicia no interior das religiões e termina com o surgimento da ciência e da técnica.
• Na dimensão científica, através do saber racional o homem desmagifica a natureza, que passa a ser mero mecanismo causal carente de sentido. Nessas sociedade desenvolvem-se organizações cada vez mais racionalizadas e burocratizadas.
• Há, por fim, uma secularização, que implica a separação entre Igreja e Estado.
Crítica e Resignação
• Weber defende uma visão de mundo pessimista, pois o aumento da racionalização não leva a um estágio superior de vida social.
• Burocracia e capitalismo, duas grandes instituições da modernidade, trazem a perda de sentido e de liberdade.
• “Para os últimos homens desse desenvolvimento cultural, bem poderiam tornar-se verdade as palavras ‘especialistas sem espírito, gozadores sem coração’: esse Nada imagina ter chegado a um grau de humanidade nunca antes alcançado”. Ética..., p. 166.
Sentido do Mundo?• Substituição da religião pela razão implica modificação
cultural profunda. • Não há mais cosmovisão que confira sentido à realidade,
não há finalidade última da existência possível de ser extraída do saber científico.
• Modernidade, portanto, é vista por Weber como verdadeiro Politeísmo de valores: cabe apenas ao indivíduo responder pela coerência de seus atos.
• Retorno à religião para os que não suportam a o mundo desprovido de sentidos acarreta certo “sacrifício do intelecto”.
A Jaula de Ferro• Processo de autonomização das esferas do mundo (econômica,
política, estética, intelectual, erótica) faz com que elas obedeçam a uma legalidade própria.
• Vontade individual, valores sublimes, moralidade e, por fim, a “liberdade” esbarram na fria lógica de cada uma dessas esferas.
• A ação racional com relação a fins impera em cada uma delas, exigindo do indivíduo a adequação ao mundo burocratizado e sem sentido.
• Homem libertou-se das forças divinas e naturais, no entanto, tornou-se escravo de sua própria criação.
• “Não o florescer do verão está à nossa frente, mas antes uma noite polar, de escuridão gelada e dureza”. – Política como vocação, p. 25.