Cuidados Paliativos na Atenção Básica: depoimentos de ... · Sanitary District IV, located in...
Transcript of Cuidados Paliativos na Atenção Básica: depoimentos de ... · Sanitary District IV, located in...
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA
CENTRO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM ENFERMAGEM
NIacuteVEL DE MESTRADO
ISABELLE CRISTINNE PINTO COSTA
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica depoimentos de profissionais da
Sauacutede
JOAtildeO PESSOA-PB
2011
ISABELLE CRISTINNE PINTO COSTA
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica depoimentos de profissionais da
Sauacutede
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Enfermagem do Centro de
Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Federal da
Paraiacuteba inserida na Linha de Pesquisa
Poliacuteticas e Praacuteticas em Sauacutede e Enfermagem
como requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de
Mestre em Enfermagem na Aacuterea Enfermagem
na Atenccedilatildeo agrave Sauacutede
ORIENTADORA PROFordf DRordf SOLANGE FAacuteTIMA GERALDO DA COSTA
JOAtildeO PESSOA - PB
2011
C837c Costa Isabelle Cristinne Pinto
Cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos de
profissionais da sauacutede Isabelle Cristinne Pinto Costa--
Joatildeo Pessoa 2011
120f il
Orientadora Solange Faacutetima Geraldo da Costa
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash UFPBCCS
1 Enfermagem 2 Cuidados paliativos 3 Atenccedilatildeo
primaacuteria agrave sauacutede 4 Doentes terminais ndash cuidados
5 Programa Sauacutede da Famiacutelia
UFPBBC CDU 616-
083(043)
ISABELLE CRISTINNE PINTO COSTA
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica depoimentos de profissionais da
Sauacutede
Aprovado em 28112011
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa ndash ORIENTADORAUFPB
______________________________________________
Profordf Drordf Cleacutelia Albino Simpson ndash MembroUFRN
________________________________________________
Profordf Drordf Maria Emiacutelia Limeira Lopes ndash MembroUFPB
_______________________________________________
Prof Dr Roberto Teixeira Lima ndash MembroUFPB
_______________________________________________
Profordf Drordf Marta Miriam Lopes Costa ndash MembroUFPB
DEDICATOacuteRIA
Agrave Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa responsaacutevel
por me lapidar e me preparar para assumir desafios como
educadora possibilitando meu amadurecimento na profissatildeo
de enfermeira docente e pesquisadora Eacute exemplo de
integridade e de humanidade que tento seguir diariamente
Gratidatildeo eterna por me confiar e possibilitar-me o caminho
dos Cuidados Paliativos
Agradecimento a Deus
Meu Senhor e Meu Deus
Obrigada por eu poder contar com Teu Santo poder em
minha vida por ser Tua escolhida por eu poder desfrutar
Tua Santa bondade Obrigada Senhor por Tua suprema e
infinita misericoacuterdia que me guia por caminhos retos dando-
me discernimento para entender e superar as dificuldades da
vida
Obrigada Meu Paizinho por confiar em Tua filha dando-
me oportunidades que para mim eu nunca seria capaz de
enfrentar Sem a Tua forccedila e o Teu Espiacuterito Santo
conduzindo-me natildeo conseguiria alcanccedilar os sonhos que
tracei e almejei
Nada no mundo se iguala a Ti meu Pai onipotente Graccedilas
Te dou por tudo e Te peccedilo natildeo me desampares Senhor
porque eu natildeo saberia viver sem o Teu acalento sem sentir
Tua presenccedila no meu dia a dia sem desfrutar Teu manancial
de aacutegua viva que eacute a Tua palavra que me ensina a andar em
Teu Santo caminho ainda que por vezes seja tatildeo difiacutecil
Quando tudo parece tatildeo difiacutecil Tu me mostras que a
vontade eacute Tua e o querer tambeacutem Para Ti natildeo existe o
impossiacutevel porque basta um querer Teu e tudo eacute movido
quando somos fieacuteis a Tua palavra
Obrigada Meu Senhor e Meu Deus
Agradecimento Especial
Ao meu esposo Leandro que foi o alicerce desta conquista apoiando-me integral
e incondicionalmente com muito amor e carinho suportando por muitas vezes os
momentos de ausecircncia cansaccedilo impaciecircncia e falta de dedicaccedilatildeo ao longo desta
trajetoacuteria de estudo Partilho contigo o meacuterito desta vitoacuteria
Ao meu amado filho que eacute a minha fonte de inspiraccedilatildeo e o grande impulsionador
para a busca das minhas realizaccedilotildees profissionais Amo-te
Agrave minha querida matildee Izabel pela cumplicidade que compartilhamos e pelo amor
incondicional que me faz ser a cada dia o que sou
Ao meu pai Francisco por todo o seu apoio e incentivo na minha qualificaccedilatildeo
profissional Agradeccedilo-lhe por tudo pai
Aos meus irmatildeos Bruno e Adailton pelo incentivo carinho e amizade Amo
vocecircs
Agraves minhas amigas Cristiani Garrido Jael Ruacutebia e Kamyla Feacutelix que
acompanharam e me ajudaram a superar os percalccedilos desta conquista Obrigada
por me entenderem e me incentivarem Vocecircs satildeo especiais
Agradecimentos
Agraves Profas Dras Maria Emiacutelia Limeira Lopes Cleacutelia Albino Simpson Marta e
Miriam Lopes Costa e ao Prof Dr Roberto Teixeira Lima pela colaboraccedilatildeo na
construccedilatildeo deste estudo a qual possibilitou o enriquecimento dele
Ao Prof Laerte Pereira pelo excelente trabalho de correccedilatildeo do vernaacuteculo
delineado de amizade e esmero
A Adriene Jacinto secretaria adjunta de sauacutede do municiacutepio de Joatildeo Pessoa por
acreditar em meu trabalho e por me apoiar no desenvolvimento deste estudo
A Kerle Dayana diretora do Distrito Sanitaacuterio IV do municiacutepio de Joatildeo Pessoa
pela solicitude e dedicaccedilatildeo que muito favoreceram o desenvolvimento desta
pesquisa
Aos profissionais da aacuterea da Sauacutede que atuam na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
participantes desta pesquisa por me terem ajudado nesta construccedilatildeo relatando
as suas vivecircncias singulares
Agrave minha famiacutelia Ciecircncias Meacutedicas sobretudo ao Curso de Enfermagem minha
casa de trabalho minha escola de aprender a ser uma pessoa comprometida com o
futuro da humanidade Obrigada a cada um de vocecircs que acompanharam lado a
lado estes momentos de aprendizagem A torcida de vocecircs pelo meu sucesso foi
importante e gratificante
Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem da Universidade Federal da
Paraiacuteba pelo aprendizado adquirido e convivecircncia saudaacutevel durante o periacuteodo
do curso capacitando-me para ser uma profissional melhor
Aos docentes do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem por toda a
atenccedilatildeo e orientaccedilotildees recebidas
Enfim a cada um de vocecircs e a tantos outros familiares e amigos que fazem parte
da minha vida e que em momentos distintos cada um a seu modo direta e
indiretamente ofereceram auxiacutelio para construccedilatildeo desta pesquisa
ldquoSoacute podemos realmente viver e apreciar a vida se nos
conscientizarmos de que somos finitos Aprendi tudo isso
com meus pacientes moribundos que no seu sofrimento e
morte concluiacuteram que temos apenas o agora portanto
goze-o plenamente e descubra o que o entusiasma porque
absolutamente ningueacutem pode fazecirc-lo por vocecircrdquo
Elizabeth Kuumlbler-Ross
RESUMO
COSTA I C P Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica depoimentos de profissionais da
Sauacutede 2011 120f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Centro de Ciecircncias da Sauacutede Universidade
Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
INTRODUCcedilAtildeO ndash Os Cuidados Paliativos satildeo considerados como uma filosofia do cuidar
cujo escopo eacute o de proporcionar aos pacientes sem possibilidades terapecircuticas de cura e seus
familiares uma melhor qualidade de vida sendo a sua aplicaccedilatildeo de suma importacircncia no
acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica OBJETIVOS ndash Este estudo tem os seguintes objetivos investigar
o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que concerne aos Cuidados Paliativos
e suas modalidades terapecircuticas identificar na visatildeo dos profissionais da ESF a constituiccedilatildeo
da equipe de Cuidados Paliativos para a Atenccedilatildeo Baacutesica verificar as possibilidades e
limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso
de profissionais da Sauacutede METODOLOGIA ndash Trata-se de uma pesquisa exploratoacuteria com
abordagem qualitativa O cenaacuterio da investigaccedilatildeo constituiu-se de unidades de sauacutede da
famiacutelia pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV localizadas no municiacutepio de Joatildeo Pessoa (PB)
Participaram do trabalho trinta profissionais da ESF sendo dez meacutedicos dez enfermeiros e
dez cirurgiotildees-dentistas Na coleta de dados utilizou-se um formulaacuterio contendo questotildees
pertinentes aos objetivos propostos para a pesquisa A coleta dos dados ocorreu entre julho e
setembro de 2011 ANAacuteLISE DOS DADOS ndash O material empiacuterico foi analisado mediante a
teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo a partir das seguintes fases preacute-anaacutelise exploraccedilatildeo do
material tratamento dos resultados Os dados obtidos por meio dos depoimentos dos
participantes da investigaccedilatildeo foram agrupados nas seguintes categorias temaacuteticas Cuidados
Paliativos ndash aspectos conceituais e modalidades terapecircuticas (com suas respectivas
subcategorias Cuidados Paliativos ndash promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem
possibilidades de cura modalidades terapecircuticas em cuidados paliativos) Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica ndash formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees
RESULTADOS Este estudo mostrou a partir da visatildeo dos profissionais evolvidos no estudo
a valoraccedilatildeo dos Cuidados Paliativos considerados como uma modalidade de cuidar que visa agrave
minimizaccedilatildeo do sofrimento do paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura e agrave de seus
familiares mediante uma assistecircncia pautada na humanizaccedilatildeo Por outro lado alguns dos
participantes do estudo apresentaram uma compreensatildeo incompatiacutevel com a literatura
pertinente aos Cuidados Paliativos Os resultados assinalaram tambeacutem que os meacutedicos
enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas acreditam na possibilidade de implementaccedilatildeo dessa
modalidade de cuidar na Atenccedilatildeo Baacutesica desde que sejam atendidas algumas necessidades
tais como capacitaccedilatildeo da equipe e desenvolvimento de uma poliacutetica nacional para os
cuidados paliativos CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS ndash Consideramos que este estudo abre novos
horizontes no campo da investigaccedilatildeo cientiacutefica na assistecircncia e no ensino acerca dos cuidados
paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Haja vista o quacircntico reduzido de estudos direcionados agrave
respectiva temaacutetica no acircmbito da literatura nacional Esperamos portanto que esta pesquisa
possa subsidiar novas investigaccedilotildees que contemplem a inter-relaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos
com a Atenccedilatildeo Baacutesica visto que se trata de uma praacutetica inovadora no referido campo
necessitando-se de uma maior disseminaccedilatildeo junto a gestores profissionais da Sauacutede em
particular os da ESF estudantes e pesquisadores da aacuterea
Palavras-chave Cuidados Paliativos Cuidados a Doentes Terminais Atenccedilatildeo Baacutesica
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Programa Sauacutede da Famiacutelia
ABSTRACT
COSTA ICP Palliative Care in Basic Attention testimonies of Health professionals 2011
120f Dissertation (masterrsquos degree) ndash Sciences Health Center Federal University of Paraiacuteba Joatildeo pessoa 2011
INTRODUCTION - Palliative care are considered as a care philosophy whose scope is to
provide to patients without therapeutic possibilities of cure and their families a better quality of
life being its application of great importance in the context of Primary Care OBJECTIVES ndash
This study has the following objectives to investigate the understanding of professionals working
in FHS in what concerns to Palliative Care and its therapeutics modalities to identify in the view
of professionals from FHS the constitution of Palliative care team for Basic Attention to verify
the possibilities and limitation of implementing Palliative Care in Basic Attention from the
discourse of Health professionals METHODOLOGY ndash Its about and exploratory research with
qualitative approach The scenario of investigation consisted of family care units belonging to
Sanitary District IV located in the city of Joatildeo Pessoa (PB) Participated in the work 30
professionals from FHS being ten doctors ten nurses and ten dental surgeons Data collection
occurred between July and September 2011 DATA ANALYSIS ndash empirical material was
analyzed through content analysis technique from the following phases pre-analysis material
exploration treatment of results Data obtained by means of testimonies of investigation
participants were grouped into the following thematic categories Palliative Care ndash conceptual
aspects and therapeutic modalities (with their respective subcategories Palliative Care ndash
promotion of life quality for patients without possibilities of cure therapeutic modalities in
palliative care) Palliative Care in Basic Attention ndash team formation possibilities and limitations
RESULTS This study showed from the vision of professionals involved in the study the
valuation of Palliative Care considered as a modality of care that aims to minimize the suffering
of the patient without therapeutic possibilities of cure and the one of their families through an
assistance guided in humanization On the other side some of the study participants had an
incompatible comprehension with the relevant literature to Palliative Care Results pointed out
that doctors nurses and dental surgeons believe in the possibility of implementing this modality
of care in basic Attention since some need are met such as team training and development of a
national policy for palliative care FINAL CONSIDERATIONS ndash We consider that this study
opens new horizons in the field of scientific production in assistance and in teaching on palliative
care in Basic attention In view of reduced quantum of studies directed to the respective thematic
in the context of national literature We hope therefore that this research can subsidize new
investigation exploring the interrelationship of Palliative Care with Basic Attention since it is an
innovative practice in the referred field necessitating a greater spread with managers professionals of Health in particular the ones from FHS students and researches from this area
Keywords Palliative Care Care for Terminally ill patients Basic Attention Primary
Attention for Health Family Health Program
RESUMEN
COSTA I C P Cuidados Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica testimonios de profesionales
de Salud 2011 120f Tesis (Maestriacutea) ndash Centro de Ciencias de la Salud Universidad Federal
da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
INTRODUCCIOacuteN ndash Los cuidados paliativos son considerados como una filosofiacutea del cuidar
cuyo objetivo es el de brindarles a los pacientes sin posibilidades terapeacuteuticas de cura y a los
familiares una mejor calidad de vida siendo a su aplicacioacuten de mucha importancia en el
aacutembito de la Atencioacuten Baacutesica OBJETIVOS ndash Este estudio tiene los siguientes objetivos
investigar el entendimiento de profesionales que actuacutean en ESF en lo que concierne a los
Cuidados Paliativos y sus modalidades terapeacuteuticas identificar en la visioacuten de los
profesionales de ESF la constitucioacuten del equipo de Cuidados Paliativos para la Atencioacuten
Baacutesica verificar las posibilidades y las limitaciones de implementacioacuten de Cuidados
Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica a partir del discurso de profesionales de Salud
METODOLOGIacuteA ndash Se trata de una investigacioacuten exploratoria con abordaje cualitativo El
escenario de investigacioacuten se constituyoacute de unidades de salud de la familia pertenecientes al
Distrito Sanitario IV ubicadas en la municipalidad de Joatildeo Pessoa (PB) Participaron del
estudio treinta profesionales de ESF siendo diez meacutedicos diez enfermeros y diez cirujanos
dentistas En la colecta de datos se utilizoacute una encuesta conteniendo cuestiones pertinentes a
los objetivos propuestos por la investigacioacuten La colecta de datos ocurrioacute entre julio y
septiembre de 2011 ANALISIS DE DATOS - El material empiacuterico fue analizado mediante
la teacutecnica de anaacutelisis de contenido a partir de las siguientes fases pre anaacutelisis exploracioacuten
del material tratamiento de resultados Los datos obtenidos por medio de los testimonios de
los participantes fueron agrupados en las siguientes categoriacuteas temaacuteticas Cuidados Paliativos
ndash aspectos conceptuales y modalidades terapeacuteuticas (con sus respectivas subcategorias
Cuidados Paliativos ndash promocioacuten de calidad de vida para pacientes sin posibilidades
terapeacuteuticas de cura) Cuidados Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica ndash formacioacuten de equipo
posibilidades y limitaciones RESULTADOS Este estudio mostroacute a partir de la visioacuten de
profesionales involucrados en el estudio la valoracioacuten de los Cuidados Paliativos
considerados una modalidad de cuidar que busca la minimizacioacuten del sufrimiento del paciente
sin posibilidad terapeacuteutica de cura y la de sus familiares mediante la asistencia basada en la
humanizacioacuten Por otro lado algunos de los participantes del estudio presentaron una
comprensioacuten incompatible con la literatura pertinente a los Cuidados Paliativos Los
resultados sentildealaron tambieacuten que los meacutedicos enfermeros y cirujanos dentistas creen en la
posibilidad de implementacioacuten de esa modalidad de cuidar en Atencioacuten Baacutesica desde sean
atendidas algunas necesidades tales como capacitacioacuten del equipo y desarrollo de una
poliacutetica nacional para los cuidados paliativos Consideraciones Finales ndash Consideramos que
este estudio abre nuevos horizontes en el campo de la investigacioacuten cientiacutefica en la asistencia
y en la ensentildeanza acerca de los cuidados paliativos en la Atencioacuten Baacutesica Haya visto el
cuaacutentico reducido de estudios hacia la respectiva temaacutetica en el aacutembito de la literatura
nacional Esperamos por lo tanto que esta investigacioacuten pueda subsidiar nuevas
investigaciones que abarquen la interrelacioacuten de los Cuidados Paliativos con la Atencioacuten
Baacutesica visto que se trata de una praacutectica innovadora en dicho campo necesitaacutendose una
mayor propagacioacuten junto a gestores profesionales de Salud en particular los de ESF
estudiantes e investigadores del aacuterea
Palabras Clave Cuidados Paliativos Cuidados a Enfermos Terminales Atencioacuten Baacutesica
Atencioacuten Primaria a la Salud Programa Salud de la Famiacutelia
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 Coeficiente de Mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em
2009 Comparativo entre Joatildeo Pessoa e Distritos Sanitaacuterios Joatildeo
Pessoa 201056
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Representaccedilatildeo geograacutefica da localizaccedilatildeo das USFs de Joatildeo Pessoa
(2010) Joatildeo Pessoa 201054
Figura 2 Mapa do territoacuterio do Distrito Sanitaacuterio IV (2010) Joatildeo Pessoa
201055
Figura 3 Rede de Equipes de Cuidados Paliativos nos Niacuteveis de Atenccedilatildeo agrave
Sauacutede World Health Organization 200788
SUMAacuteRIO
1 INTRODUZINDO A TEMAacuteTICA
16
11 O caminho percorrido 17
12 A problemaacutetica do estudo e os objetivos 19
2 CUIDADOS PALIATIVOS DISCURSO DA LITERATURA 23
3 CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA 40
4 TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA 52
5 APRESENTACcedilAtildeO DOS DADOS E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
61
51 Apresentaccedilatildeo dos participantes da pesquisa 62
52 Apresentaccedilatildeo do material empiacuterico do estudo 63
REFLEXOtildeES FINAIS 95
REFEREcircNCIAS
99
APEcircNDICES
APEcircNDICE A ndash Termo de consentimento livre e esclarecido
114
APEcircNDICE B ndash Instrumento de coleta de dados
116
ANEXO
ANEXO A ndash PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA EM PESQUISA 120
16
1 Introduzindo a Temaacutetica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
17
11 O CAMINHO PERCORRIDO
A motivaccedilatildeo para o desenvolvimento desta pesquisa emergiu a partir de dados que
apontavam a escassez da temaacutetica pertinente aos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
(encontrados por meio de busca em bases de dados previamente realizados) Estava aliada ao
desejo de desenvolver estrateacutegias para uma disseminaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar entre os
profissionais da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia (ESF) auxiliando-se dessa forma para a difusatildeo
de um cuidado realizado de forma holiacutestica e humaniacutestica ao paciente sem prognoacutestico de
cura
O interesse por assuntos referentes aos cuidados na terminalidade (processo final da
vida) foi em mim desperto enquanto atuava como fonoaudioacuteloga Este apreccedilo pela temaacutetica
reporta-se agrave minha experiecircncia profissional durante a qual pude atuar como fonoaudioacuteloga no
municiacutepio de Mamanguape (PB) onde trabalhava na Policliacutenica (referecircncia para todas as
unidades baacutesicas de sauacutede) realizando visitas domiciliares juntamente com os agentes
comunitaacuterios de sauacutede (ACS) com o objetivo de prevenir e reabilitar a populaccedilatildeo no que
concerne agraves patologias relacionadas com a linguagem com a voz e com a audiccedilatildeo
Como fonoaudioacuteloga comprometida com atenccedilatildeo agrave sauacutede de crianccedilas adolescentes
adultos e idosos atuando na Atenccedilatildeo Baacutesica aproximadamente haacute dois anos nesse municiacutepio
tive oportunidade de assistir durante as visitas domiciliares diversos pacientes na
terminalidade Durante tais visitas pude observar a escassez de recursos efetivamente
aplicaacuteveis agrave organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede necessaacuterios para atender as demandas deste
crescente contingente populacional e uma carecircncia de profissionais com competecircncia teacutecnica
em Cuidados Paliativos e com preparo emocional para lidar com pacientes que estatildeo em
processo de morte e com seus familiares
Nesse cargo pude vivenciar de perto o trabalho da Enfermagem motivando em mim
o desejo de estudar e tornar-me enfermeira por acreditar que o ser humano carece de
cuidados em todas as fases de sua vida do nascer ao morrer Sendo assim iniciei o curso de
graduaccedilatildeo em Enfermagem na Faculdade Santa Emiacutelia de Rodat (FASER) priorizando-se
plenamente esta nova profissatildeo Durante o curso pude observar a necessidade de uma atenccedilatildeo
mais humanizada ao paciente sem possibilidade terapecircutica de cura quando cursei a
disciplina Enfermagem em Oncologia Ressalte-se que nesta outra formaccedilatildeo profissional foi
dada grande ecircnfase ao tratamento e cura de doenccedilas sendo pouco problematizada a questatildeo
do cuidar do indiviacuteduo com patologias sem possibilidade de cura ou seja os Cuidados
Paliativos
18
Ainda na segunda graduaccedilatildeo realizei estaacutegio na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
constatando-se mais uma vez que a assistecircncia dos profissionais envolvidos na Atenccedilatildeo
Baacutesica estava voltada para um cuidar mais direcionado agrave aplicaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos
do que para as necessidades de pacientes em processo de terminalidade Haja vista que estes
precisam de um cuidado proacuteprio e direcionado para lhes proporcionar dignidade e aliacutevio do
seu sofrimento no fim da vida
Tais experiecircncias serviram para aumentar o meu interesse de compreender e por em
praacutetica um cuidar diferenciado questionando-me constantemente sobre a melhor forma de
cuidar de pacientes em processo de terminalidade para a melhoria da qualidade de vida de
pacientes em tal processo Este e outros questionamentos levaram-me a estudar os Cuidados
Paliativos com o propoacutesito de entendecirc-los de forma mais especiacutefica
Desenvolvi o meu trabalho de conclusatildeo de curso com o objetivo de caracterizar a
produccedilatildeo de conhecimento no acircmbito da poacutes-graduaccedilatildeo acerca da Enfermagem e Cuidados
Paliativos Em trabalho posterior (desta vez realizado durante a especializaccedilatildeo em Sauacutede da
Famiacutelia com ecircnfase na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia) pude identificar a produccedilatildeo cientiacutefica
acerca das modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos em perioacutedicos online no acircmbito
da Sauacutede
Em ambos os estudos foi possiacutevel averiguar a necessidade premente das instituiccedilotildees
formadoras em investir na capacitaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede em habilidades de Cuidados
Paliativos Em verdade entendo que apenas com o conhecimento e compreensatildeo de
Cuidados Paliativos (e suas modalidades terapecircuticas) e da experiecircncia ao longo da vida
pessoal e profissional eacute que os profissionais poderatildeo interagir diante de uma proposta de
oferecer uma melhor assistecircncia englobando as diferentes esferas de Cuidados Paliativos
Assim como integrante do Nuacutecleo de Estudos e Pesquisas em Bioeacutetica (NEPB) do
Centro de Ciecircncias da Sauacutede (CCS) da Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB) pude
expandir os meus conhecimentos no campo de Cuidados Paliativos por meio da construccedilatildeo
de artigos como ldquoCuidados paliativos e dor produccedilatildeo cientiacutefica em perioacutedicos online no
acircmbito da Sauacutederdquo ldquoModalidades terapecircuticas em cuidados paliativos intervenccedilotildees
bioloacutegicasrdquo ldquoCuidados paliativos no contexto hospitalar produccedilatildeo cientiacutefica no acircmbito da
poacutes-graduaccedilatildeo em Enfermagemrdquo ldquoCuidados paliativos no contexto hospitalar discursos de
enfermeirosrdquo ldquoCuidados paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica produccedilatildeo cientiacutefica de enfermagemrdquo
entre outros
Outra experiecircncia diz respeito ao curso de especializaccedilatildeo em Cuidados Paliativos agrave
Distacircncia o qual me tem proporcionado capacitaccedilatildeo para trabalhar na atenccedilatildeo e cuidados com
19
pacientes com enfermidades progressivas incapacitantes incuraacuteveis as quais evoluiratildeo para a
morte O referido curso tambeacutem desenvolve habilidades e atitudes que permitem uma
abordagem adequada do paciente e sua famiacutelia considerando-se os seus aspectos fiacutesicos
psicoloacutegicos sociais e espirituais
Compreendendo a importacircncia dos Cuidados Paliativos para um cuidado humanizado
para com o paciente sem possibilidade terapecircutica de cura e observando (por meio de estudos)
o despreparo da equipe da ESF para abordar tais cuidados desenvolvi o desejo de explorar e
aprofundar a compreensatildeo acerca desta temaacutetica
12 A PROBLEMAacuteTICA DO ESTUDO E OS OBJETIVOS
A literatura nacional eacute carente de estudos que abordam os Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica Apoacutes a produccedilatildeo dos artigos sobre a temaacutetica (jaacute mencionados) pude
observar tal escassez Os estudos em geral direcionam a abordagem deste tema para aspectos
como visatildeo da equipe de sauacutede da famiacutelia e de estudantes visatildeo e sentimentos de pacientes e
cuidadores eou familiares importacircncia da comunicaccedilatildeo e interdisciplinaridade para a
implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Essa investigaccedilatildeo me permitiu reconhecer que satildeo necessaacuterias novas pesquisas
acerca de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Teve a finalidade de ampliar as discussotildees
sobre essa temaacutetica e consequentemente favorecer a inserccedilatildeo desse conteuacutedo nos curriacuteculos
dos profissionais da Sauacutede e programar esses cuidados diferenciados nas redes assistenciais
de sauacutede particularmente na ESF Tudo isso amenizaraacute o sofrimento de muitos usuaacuterios com
patologias sem possibilidades terapecircuticas de cura e o de familiares envolvidos com o cuidado
destes usuaacuterios
Saliente-se que tais resultados estatildeo atrelados ao fato de esta praacutetica ser ainda
relativamente recente em acircmbito nacional Segundo Figueiredo (2003) as primeiras
iniciativas individuais de atendimento eou estruturaccedilatildeo de serviccedilos paliativistas datam da
deacutecada de 1990
Rodrigues Zago e Caliri (2005) chamam atenccedilatildeo para o fato de que o modelo de
Cuidados Paliativos no Brasil iniciou-se na deacutecada de 1980 quando foi instituiacutedo o primeiro
serviccedilo para aliacutevio da dor no Rio Grande Sul seguido por Satildeo Paulo e posteriormente Santa
Catarina No Rio de Janeiro em 1989 foi criado o serviccedilo de suporte terapecircutico oncoloacutegico
no Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) atendendo o paciente fora de possibilidades de cura
tanto no ambiente intra-hospitalar como no domiciliar
20
Cumpre assinalar que os Cuidados Paliativos como modalidade recente no Brasil satildeo
ainda desconhecidos de muitos profissionais e natildeo satildeo contemplados na elaboraccedilatildeo das
poliacuteticas puacuteblicas As mais das vezes satildeo revestidos de mitos por ser destinados aos pacientes
terminais Sendo assim esse tipo de atenccedilatildeo natildeo faz parte da organizaccedilatildeo formal do sistema
de sauacutede permanecendo praticamente no esquecimento (LAVOR 2006)
Em relaccedilatildeo ao aspecto legal a primeira referecircncia aos Cuidados Paliativos na
legislaccedilatildeo brasileira eacute encontrada na Portaria ndeg 2413 de 1998 do Ministeacuterio da Sauacutede
(BRASIL 1998a) a qual trata de cuidados prolongados e codifica os Cuidados Paliativos No
entanto ela estabelece que estes os cuidados paliativos soacute podem ser desenvolvidos em
unidades que estiverem credenciadas para alta complexidade em Oncologia Com a Portaria
nordm 3535 de 1998 do Ministeacuterio da Sauacutede os Cuidados Paliativos passam a ser considerados
uma exigecircncia para o cadastramento de centros de alta complexidade em oncologia
(CACONs) (BRASIL 1998b) O Ministeacuterio da Sauacutede cria em 2002 o Programa Nacional de
Assistecircncia agrave Dor e Cuidados Paliativos por meio da Portaria nordm 19 (BRASIL 2002) a qual
passa a dar maior visibilidade aos Cuidados Paliativos
Embora muitas accedilotildees ainda careccedilam de ser implantadas no amplo territoacuterio nacional
para garantir a provisatildeo igualitaacuteria aos Cuidados Paliativos o referido Programa atingiu
grande feito na atenccedilatildeo a um dos principais problemas (a dor) dos pacientes que vivenciam a
terminalidade de modo que otimizou o acesso dos doentes aos opioides
Ainda em 2002 por meio da Portaria GMMS nordm 1319 o Programa estabeleceu a
padronizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo gratuita pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) de codeiacutena morfina
e metadona pelos Centros de Referecircncia em Tratamento de Dor Crocircnica
Sob esse prisma eacute inegaacutevel a possibilidade da inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica sobretudo na Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia e natildeo apenas em centros de alta
complexidade como consta nas portarias ministeriais que regulamentam os Cuidados
Paliativos aumentando a sua oferta garantindo um maior acesso dos pacientes a esse tipo de
assistecircncia
Nesse contexto Floriani e Schramm (2007) trazem agrave tona a reflexatildeo sobre o papel da
equipe da ESF na Atenccedilatildeo Baacutesica em relaccedilatildeo aos Cuidados Paliativos ressaltando que essa
forma de cuidar poderaacute contribuir para o aprimoramento e difusatildeo da assistecircncia de cuidados
no fim da vida Afirmam tambeacutem que tal incorporaccedilatildeo possa ajudar a diminuir o abandono e
o sofrimento de pacientes e de suas famiacutelias
A respeito disso Lavor (2006) acrescenta que mesmo na fase terminal de uma
doenccedila a qualidade de vida do paciente pode ser mantida em niacuteveis satisfatoacuterios utilizando-
21
se adequadamente as teacutecnicas terapecircuticas da paliaccedilatildeo Esses cuidados satildeo de baixa
complexidade natildeo exigem tecnologia avanccedilada sugerindo portanto serem passiacuteveis de se
oferecer no niacutevel primaacuterio de sauacutede especialmente por equipes da ESF
Doutra parte a operacionalizaccedilatildeo da ESF se daacute mediante a implantaccedilatildeo de equipes
interdisciplinares Tal recurso eacute essencial para a praacutetica de Cuidados Paliativos Haja vista que
cuidar de pessoas que estatildeo vivenciando o processo de terminalidade de uma doenccedila requer a
intervenccedilatildeo de profissionais cujas competecircncias supram as necessidades das dimensotildees
fiacutesicas psicoloacutegicas sociais e espirituais que estatildeo alteradas em tal fase tanto de pacientes
como de seus familiares
Rodrigues (2004) adverte que um uacutenico profissional natildeo possui todo o corpo de
conhecimento e competecircncias exigidas para dar suporte aos pacientes e familiares fazendo-se
necessaacuteria a formaccedilatildeo de equipe de trabalho para a implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos
Para tanto eacute imperiosa a realizaccedilatildeo de treinamento de uma equipe devendo esta
oferecer seguranccedila aos doentes e familiares individualizar as queixas procurar responder a
todas as perguntas aliviar seu sofrimento fiacutesico e escutar principalmente o paciente Essa
aquisiccedilatildeo de atitudes e habilidades seraacute fundamental para que a assistecircncia seja efetiva e bem-
sucedida (MELO CAPONERO 2009)
Consequentemente eacute imprescindiacutevel o desvelamento do significado de cuidados
paliativos por parte de profissionais da Sauacutede que compotildeem a ESF e o debate acerca dos
referidos cuidados Haja vista que esses profissionais ainda estatildeo em plena construccedilatildeo da
compreensatildeo dessa modalidade de cuidar Aleacutem disso apesar da relevacircncia da referida
temaacutetica na literatura nacional o quantitativo de estudos direcionados agrave praacutetica de Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica (conforme foi comentado no iniacutecio desta introduccedilatildeo) ainda eacute
escasso o que me instigou a desenvolver um estudo que contemplasse esta temaacutetica desta
vez em um curso de mestrado
Conforme o exposto considero a pesquisa relevante por entender que o emprego de
Cuidados Paliativos eacute fundamental e que estes sejam pensados e estruturados dentro de um
modelo que priorize a proteccedilatildeo aos pacientes com doenccedilas avanccediladas e terminais tanto do
ponto de vista moral como operacional Desse modo ao reportar-se para uma nova
perspectiva de cuidar no campo da investigaccedilatildeo cientiacutefica este estudo poderaacute contribuir para
uma assistecircncia holiacutestica no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica pautada pelo respeito agrave dignidade do
paciente na terminalidade de forma que melhore a qualidade de vida ou minore seu
sofrimento promovendo dessa forma uma assistecircncia mais humanizada
22
Diante destas consideraccedilotildees ressalto o meu interesse em desenvolver este estudo
tendo como fio condutor os seguintes questionamentos Qual o entendimento de profissionais
que atuam na ESF no que concerne aos Cuidados Paliativos e suas modalidades terapecircuticas
Quais os profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de cuidados paliativos na Atenccedilatildeo
Baacutesica Quais as possibilidades e limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso de profissionais de sauacutede
Tendo em vista a problemaacutetica e para responder a tais questionamentos o estudo
apresentou os seguintes objetivos
Investigar o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que tange aos
Cuidados Paliativos e suas modalidades terapecircuticas
Identificar na visatildeo dos profissionais da ESF a constituiccedilatildeo da equipe de Cuidados
Paliativos para a Atenccedilatildeo Baacutesica
Verificar as possibilidades e limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso de profissionais da Sauacutede
23
2 Cuidados paliativos
Discurso da Literatura
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
24
O presente capiacutetulo aborda um breve percurso que vai desde a sua origem com o
movimento hospice ateacute aos dias atuais Na sequecircncia estudamos os aspectos histoacutericos e
conceituais dessa modalidade de cuidar ao longo da Histoacuteria enfatizando a situaccedilatildeo atual de
tais cuidados no cenaacuterio brasileiro e internacional destacando ainda a importacircncia da
implementaccedilatildeo destes cuidados na Atenccedilatildeo Baacutesica
A praacutetica dos Cuidados Paliativos resultou do movimento hospice moderno Este
termo pertence agrave liacutengua francesa que segundo Pessini (2006) data do seacuteculo IV d C com a
matrona romana chamada Fabiacuteola que colocou sua casa agrave disposiccedilatildeo dos necessitados
praticando a caridade cristatilde ao oferecer-lhes alimentos vestimentas e acolhendo os
estrangeiros aleacutem de visitar os enfermos e prisioneiros dando origem ao movimento hospice
O vocaacutebulo hospice segundo Santos (2011) proveacutem do latim hospes que significa
estranho ou estrangeiro O autor assinala que este termo posteriormente adquiriu outra
conotaccedilatildeo hospitalis expressando uma atitude de boas-vindas ao estranho Em alematildeo
HospizHospizium apresenta trecircs significados o primeiro refere-se agrave casa junto ao mosteiro
no qual os peregrinos podiam pernoitar o segundo a hospedaria hotel ou pensatildeo dirigido
com espiacuterito cristatildeo e o terceiro a um lugar para cuidar de moribundos Na liacutengua francesa a
palavra hospice tambeacutem proporciona trecircs conotaccedilotildees asilo abrigo para velhos e moribundos
e casa onde religiosos abrigam os peregrinos Quanto agrave liacutengua portuguesa o termo foi
incorporado como hospiacutecio cujo significado eacute lugar para tratar pessoas com doenccedilas mentais
Manteve-se a palavra no inglecircs hospice com o sentido atual nos paiacuteses anglo-saxocircnicos e
paiacuteses desenvolvidos de cultura latina para assinalar o local que acolhe e cuida de pessoas
com doenccedilas incuraacuteveis e avanccediladas que iratildeo a oacutebito em meses ou anos
Pessini (2006) menciona que a palavra hospice eacute o nome de um lugar onde os
doentes terminais satildeo atendidos com um cuidado que evoluiu para uma experiecircncia natural
mais focada no paciente onde sua filosofia tem como escopo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees
precisas a respeito de sua condiccedilatildeo cliacutenica desenvolvimento de sua doenccedila e os locais
apropriados para a sua morte
Eacute importante destacar no contexto da temaacutetica de Cuidados Paliativos a distinccedilatildeo
entre os vocaacutebulos hospital e hospice Essa diferenciaccedilatildeo eacute assinalada por Santos (2011) que
menciona hospital como termo voltado para designar o local de cuidado de pessoas
temporariamente doentes e com perspectivas de cura enquanto se estabeleceu para hospice o
significado de residecircncia fixa para aqueles considerados pobres enfermos deficientes
insanos e com doenccedilas incuraacuteveis
25
Maccoughlan (2006) ressalva a sua concepccedilatildeo quanto ao entendimento do termo
hospice assinalando como o local que presta o cuidado ao paciente com uma doenccedila
avanccedilada ateacute a fase final de sua vida Este local seja um ambiente hospitalar ou domiciliar eacute
embasado no binocircmio paciente-famiacutelia
No seacuteculo VI conforme ressalta Rodrigues (2004) os beneditinos acolhiam e
cuidavam de monges e peregrinos exaustos Salienta-se que de forma gradativa foram
acolhendo da mesma forma os doentes Assim sendo nessa eacutepoca o hospice era um lugar
onde os viajantes ou peregrinos podiam descansar sendo posteriormente relacionado com os
hospitais mosteiros e asilos
No que tange ao vocaacutebulo paliativo de acordo com Santos (2011) este se deriva do
latim pallium que significa manto impregnado de uma simbologia e de um significado natildeo
sendo portanto considerado um manto qualquer Aleacutem disso o latim pallium ou pallia e o
omoforium satildeo vestimentas usadas pelo Papa e pelo bispo respectivamente podendo observar
a profunda ligaccedilatildeo desses termos histoacutericos com o sagrado e com a espiritualidade Na liacutengua
portuguesa o termo paliativo conforme menciona o autor supracitado obteve um significado
de menor importacircncia sugerindo uma soluccedilatildeo temporaacuteria e sem consistecircncia adquirindo um
conceito amplo de remediar e natildeo resolver
Na Idade Antiga Santos (2011) assinala que a maior parte da populaccedilatildeo natildeo
apresentava qualquer acesso a tratamento ou cuidados profissionais sendo os doentes
cuidados pelos proacuteprios familiares apresentando portanto a sua morte em casa
Koening McCullough e Larson (2001) informam que os atendimentos das primeiras
comunidades cristatildes durante os trecircs primeiros seacuteculos de nossa era foram marcados pela
busca incessante em curar o doente seguindo o mandamento de Jesus Cristo curar os
enfermos ressuscitar os mortos limpar os leprosos e expelir os democircnios
Dessa forma considera-se que a terapia do cuidado prestado aos enfermos foi a
maior contribuiccedilatildeo do cristianismo agrave aacuterea da Sauacutede Santos (2011) salienta que naquela
eacutepoca os pagatildeos natildeo cuidavam de seus doentes de forma organizada ou em larga escala
enquanto os judeus ofereciam cuidados apenas aos seus pares e a Igreja cristatilde oferecia esses
cuidados natildeo somente aos cristatildeos mas tambeacutem aos natildeo cristatildeos Portanto tratava-se de uma
espeacutecie de sistema universal de sauacutede no qual natildeo se observava distinccedilatildeo alguma no
atendimento e cuidados sendo estes ofertados de forma gratuita
Koening McCullough e Larson (2001) asseguram que a criaccedilatildeo do primeiro grande
hospital na Aacutesia Menor por volta do ano 370 dC ocorreu em virtude da insistecircncia de
Basiacutelio bispo de Cesareia Santos (2011) acrescenta que este hospital foi o primeiro
26
especializado em Cuidados Paliativos visto que era destinado para o cuidado de idosos quase
todos com doenccedilas avanccediladas e de leprosos atualmente doentes de hanseniacutease cuja doenccedila
naquela eacutepoca natildeo apresentava cura e invariavelmente levava agrave morte gerando grande
sofrimento fiacutesico e espiritual
Cumpre salientar que este modelo leprosaacuterio da Idade Meacutedia proporcionou aos
hospices um desenvolvimento para a oferta de abrigos cuidados de sauacutede e do morrer e
alimentos para essas populaccedilotildees Saunders (2004) relata em seu prefaacutecio agrave terceira ediccedilatildeo de
Oxford Textbook of Palliative Medicine que durante esse periacuteodo as instituiccedilotildees
responsaacuteveis de manter os hospices seguiam agrave risca um dos mandamentos de Jesus Cristo no
que tange agrave necessidade de fazer o bem a um irmatildeo mesmo o mais pequenino
Com base nos apontamentos supracitados eacute visiacutevel observar que durante quase dois
mil anos os hospices foram mantidos por instituiccedilotildees religiosas desvelando a relaccedilatildeo natural
e intriacutenseca entre a filosofia hospice do cuidar e a espiritualidade cristatilde
Diante desse contexto pode-se afirmar que o iniacutecio da filosofia hospice deriva de
sua direta filiaccedilatildeo identitaacuteria agrave filosofia espiritual do cristianismo Essa ligaccedilatildeo histoacuterica e
indissociaacutevel entre a filosofia hospice com a espiritualidade se revelaraacute e se fortaleceraacute
tambeacutem nas outras grandes religiotildees como o Budismo e o Islamismo (SANTOS 2011)
No que diz respeito agrave histoacuteria moderna do hospice Saunders (2004) informa que esta
filosofia de cuidar foi empregada inicialmente na cidade de Lyon (Franccedila) em 1842 por
Madame Jeanne Garnier com o escopo de cuidar de moribundos Essa histoacuteria conforme
aborda Twycross (2000) tambeacutem foi marcada pela fundaccedilatildeo do hospice Saint Lukeacutes pelo
meacutedico Howard Barret na Inglaterra em 1893 sendo esse considerado o mais similar aos
hospices modernos
Um dos grandes movimentos visando agrave abordagem do cuidado integral e natildeo
fragmentado indo aleacutem do ser doente e cura incessante eacute implementado na deacutecada de 1960
no Reino Unido com o iniacutecio do desenvolvimento dos Cuidados Paliativos tambeacutem
considerado o movimento hospice moderno (RODRIGUES 2004)
A transformaccedilatildeo observada nos hospices tal como hoje eacute apreciada se deve agrave
iniciativa de Cicely Mary Strode Saunders enfermeira assistente social e meacutedica De acordo
com Santos (2011) ela eacute considerada a pioneira do debate moderno sobre a morte e o morrer
e dos cuidados com os pacientes moribundos proporcionando a formulaccedilatildeo de diversos
conceitos acerca dos Cuidados Paliativos tendo a minuacutecia de sempre atrelar a esses cuidados
a espiritualidade embasada no compromisso com a figura de Cristo
27
Cicely Saunders nasceu em 1918 no norte de Londres Barnet Pertencia a uma
famiacutelia de classe meacutedia que gozava de um variado leque de confortos vivendo em Hadley
Green entre jardins e quadras de tecircnis Apoacutes estudar em coleacutegio interno apresentou o desejo
de cursar Enfermagem ideia esta rejeitada pelos pais Em 1938 mudou-se para Oxford com
o escopo de cursar Poliacutetica Filosofia e Economia Quanto era estudante passou por uma
conversatildeo religiosa que a levou a desobedecer aos conselhos de seus pais inscrevendo-se na
Escola de Treinamento Nightingale do Hspital St Thomas em Londres na qual se graduou
em Enfermagem (SANTOS 2011 RODRIGUES 2004) Boulay (1996) acrescenta que nesse
periacuteodo Saunders tornou-se uma pessoa cristatilde sentindo-se motivada para trabalhar com
pessoas que vivenciavam o processo de finitude
Santos (2011) afirma que outro fator motivador foi Saunders ter-se envolvido
afetivamente no cuidado com um paciente chamado David Tasma em 1947 em um hospital-
escola de Londres Boulay (1996) salienta que este paciente era judeu refugiado polonecircs
portador de doenccedila avanccedilada e incuraacutevel e que se encontrava proacuteximo agrave morte Cumpre
assinalar que este homem foi considerado o agente transformador do pensamento e da
experiecircncia de Cicely no sentido de estimulaacute-la a criar lugares parecidos como residecircncias
que possibilitassem agraves pessoas um tranquilo final de vida aliviando-lhes a dor e tratando-as
como pessoas e natildeo apenas como pacientes
Clark e Centeno (2006) assinalam que em 25 de fevereiro de 1948 ocorre o
falecimento de David Tasma deixando este um presente de quinhentas libras para Saunders
A referida perda a fez despertar em seu acircmago o desejo contiacutenuo de aprender mais acerca dos
cuidados direcionados agravequeles que apresentam doenccedilas avanccediladas e incuraacuteveis Este desejo
pode ser observado no fato de Cicely iniciar o seu trabalho voluntaacuterio durante sete anos no
Saint Lukeacutes Hospital local este destinado a atender moribundos
Com o desenvolvimento desse trabalho Saunders sentiu a necessidade de estudar
medicina com o propoacutesito de intensificar sua colaboraccedilatildeo em favor dos pacientes dando
iniacutecio agrave faculdade em 1952 Rodrigues (2004) menciona que em 1959 ao concluir o curso
obteve uma bolsa de estudo para desenvolver uma pesquisa no Saint Maryacutes Hospital acerca
do tratamento da dor em pacientes incuraacuteveis Concomitantemente foi designada meacutedica no
Saint Josephacutes Hospice onde pocircde prestar uma assistecircncia diferenciada levando-a perceber a
forma com que a pessoa moribunda poderia ser cuidada auxiliando-a dessa forma para o
desenvolvimento de suas proacuteprias ideias cliacutenicas
Eacute imprescindiacutevel assinalar conforme defende Santos (2011) que foi nesta instituiccedilatildeo
hospitalar que Cicely desenvolveu uma estrateacutegia moderna para os cuidados hospice
28
utilizando para tanto um trabalho marcado por solicitude e fundamentado nos cuidados
religiosos e seculares
Natildeo obstante Cicely foi considerada a primeira meacutedica do Saint Josephrsquos Hospice a
dedicar-se em tempo integral obtendo a oportunidade de escutar as queixas e necessidades de
pacientes podendo analisar mais de mil pacientes e trataacute-los adequadamente com terapecircuticas
farmacoloacutegicas medicando o paciente regularmente de quatro em quatro horas com
analgeacutesicos fortes como os opioides aleacutem de oferecer apoio psicossocial e espiritual
(PESSINI 2001) Boulay (1996) considera que este momento foi considerado crucial para o
marco pioneiro e definitivo do movimento moderno dos Cuidados Paliativos
Boulay (1996) traz agrave tona a grande contribuiccedilatildeo de Saunders no que diz respeito ao
manuseio de drogas para o sucesso de tratamento das queixas comuns dos pacientes com
doenccedila terminal relativas a naacuteusea vocircmito obstipaccedilatildeo intestinal depressatildeo dispneia entre
outras Aleacutem disso enfatiza a contribuiccedilatildeo para o conceito de ldquodor totalrdquo considerando que a
dor fiacutesica natildeo ocorre de forma isolada mas atrelada agrave dor psicoloacutegica espiritual e social
Embasada e fortalecida nessas experiecircncias Saunders reforccedilou o seu desejo de
construir um hospice moderno para atender agraves necessidades dos pacientes em fase terminal
Apesar da sua vontade e qualificaccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica precisava de recursos financeiros o
que a fez ir agrave busca de colaboradores que lhe pudessem fornecer empreacutestimos e donativos
para a construccedilatildeo do tatildeo almejado sonho (RODRIGUES 2004)
A inauguraccedilatildeo desse hospice ocorreu em 1967 sendo designado como St
Christopherrsquos Hospice localizado no sul de Londres Boulay (1996) esclarece que a escolha
desse nome foi uma homenagem realizada por Saunders e seus colaboradores a Saint
Christopher (Satildeo Cristoacutevatildeo) protetor dos viajantes servindo como lembrete de que a morte eacute
passageira ou seja eacute apenas uma parte da jornada
Segundo Santos (2011) este hospice foi desenvolvido com o intuito de preencher a
lacuna existente na pesquisa e no ensino relacionados com os cuidados dos pacientes
terminais eou com doenccedilas crocircnicas e incuraacuteveis estendendo-se tambeacutem a seus familiares
Portanto o St Christopherrsquos Hospice objetivava criar uma atmosfera onde qualquer indiviacuteduo
pudesse ser ajudado a encontrar o seu proacuteprio significado e a maneira de lidar com as
situaccedilotildees pessoais
Rodrigues (2004) assinala que no periacuteodo de 1948 ateacute 1967 Saunders preparou-se
para receber e atender neste hospice os pacientes em fase terminal com o escopo de promover
o aliacutevio do sofrimento e a dignidade na morte
29
Cicely conseguiu comprovar que eacute possiacutevel promover a qualidade no final de vida e
a dignidade na morte Para tanto ela agregou agrave sua formaccedilatildeo multidisciplinar o embasamento
cientiacutefico de suas accedilotildees a sensibilidade ao sofrimento do proacuteximo e a fidelidade a um ideal
Dessa forma com o objetivo de promover o cuidado holiacutestico envolto em um ambiente
afaacutevel e acolhedor congregou o conhecimento e a abordagem interdisciplinar
Essa visatildeo holiacutestica de Saunders desencadeou segundo Pessini (2006) uma
discussatildeo acerca da importacircncia da assistecircncia aos pacientes terminais fora da Inglaterra
surgindo dessa forma um movimento que buscava um tratamento adequado e humanizado dos
pacientes que ateacute entatildeo estavam excluiacutedos do sistema de sauacutede em virtude de este valorizar o
investimento em terapias curativas vinculadas agrave alta tecnologia
De acordo com Rodrigues (2004) a partir desse momento diversos profissionais e
equipes de trabalho procedentes de vaacuterios paiacuteses passaram por treinamentos no St
Christopherrsquos Hospice tornando-se um centro de excelecircncia e referecircncia mundial no ensino
pesquisa e assistecircncia em Cuidados Paliativos
Atualmente o St Christopherrsquos Hospice funciona como uma instituiccedilatildeo de caridade
oferecendo serviccedilos aos pacientes e seus familiares de forma gratuita Dispotildee dos seguintes
serviccedilos home care enfermaria hospital-dia ambulatoacuterio biblioteca jardins centro de artes
e criatividade apoio aos enlutados profissionais da aacuterea da Sauacutede psicoacutelogos assistente
social e capelatildeo considerados nucleares aleacutem de outros serviccedilos (SANTOS 2011)
A iniciativa de Cicely foi de suma importacircncia Haja vista que favoreceu o
surgimento de outros hospices independentes revolucionando portanto a concepccedilatildeo de
Cuidados Paliativos e a disseminaccedilatildeo pelo mundo de uma filosofia sobre o cuidar pautada
tanto no controle efetivo da dor e de outros sintomas (presentes agrave fase avanccedilada das doenccedilas)
como no cuidado com as dimensotildees psicoloacutegicas sociais e espirituais dos pacientes e suas
famiacutelias com atividades de assistecircncia ensino e pesquisa (FRANCcedilA 2011)
Simultaneamente ao trabalho de Saunders a meacutedica psiquiatra suiacuteccedila Elizabeth
Kuumlbler Ross realizava seu trabalho nos Estados Unidos entrevistando pacientes com doenccedilas
avanccediladas e diante da morte Este estudo foi considerado o primeiro na histoacuteria de ciecircncia
ocidental a alvitrar uma teoria baseada em fatos empiacutericos que descrevia os estaacutegios
psicoloacutegicos dos moribundos de acordo com a percepccedilatildeo de Elizabeth Kuumlbler Ross
(SANTOS 2011)
Em virtude deste minucioso trabalho pelo qual foi possiacutevel identificar as fases de
negaccedilatildeo raiva barganha depressatildeo e aceitaccedilatildeo comuns nos pacientes em fase terminal foi
possiacutevel desenvolver e publicar uma obra em 1969 intitulada ldquoSobre a morte e o morrerrdquo
30
(ABU-SAAD COURTENS 2001) Santos (2011) afirma que este estudo foi considerado o
primeiro na histoacuteria de ciecircncia ocidental a alvitrar uma teoria baseada em fatos empiacutericos que
descrevia os estaacutegios psicoloacutegicos dos moribundos de acordo com a percepccedilatildeo de Elizabeth
Kuumlbler Ross Cumpre salientar que o impacto do seu trabalho no ambiente leigo e
profissional dos Estados Unidos foi crucial para a aceitaccedilatildeo do conceito de hospice proposto
por Cicely Saunders Esta publicaccedilatildeo possibilitou novas discussotildees acerca do processo
morte-morrer anteriormente evitados pela sociedade passando a ser aceito dessa forma pela
comunidade meacutedica e cientiacutefica mundial
Santos (2011) assinala que da mesma forma que Cicely Elisabeth colocou as
questotildees da morte do morrer e da espiritualidade como nuacutecleos centrais dos Cuidados
Paliativos e quem durante quarenta anos esta meacutedica trabalhou arduamente no ensino
pesquisa e assistecircncia na aacuterea de cuidados paliativos deixando um grande legado cientiacutefico na
referida aacuterea
Outra contribuiccedilatildeo importante de Elisabeth segundo o autor supracitado foi o
avanccedilo nas pesquisas acerca de experiecircncias quase morte (EQM) e sobrevivecircncia de
personalidade apoacutes a morte Ela descobriu ser possiacutevel investigar e obter evidecircncias empiacutericas
da sobrevivecircncia poacutes-morte Mesmo com a certeza na vida apoacutes morte ela acreditava ser
necessaacuterio oferecer o maacuteximo de cuidado amor e aliacutevio no sofrimento fiacutesico e espiritual aos
pacientes que enfrentaram a morte
Diante de tais apontamentos eacute possiacutevel compreender que o trabalho de Kluumlber Ross
influenciou a implementaccedilatildeo do ensino formal do cuidado na fase final da vida nos curriacuteculos
de Medicina fortalecendo dessa forma a filosofia hospice (BILLINGS BLOCK 1997)
Twycross (2000) reconhece que apesar da existecircncia dos hospices os Cuidados
Paliativos foram incorporados aos hospitais em 1970 sendo formadas equipes
interdisciplinares para acolher os pacientes terminais Dentre estas equipes Dunlop e Hockley
(1998) destacam a pioneira que foi formada em 1976 no Saint Thomarsquos em Londres que
teve como base o modelo hospitalar do Saint Lukersquos Hospital Daiacute em diante houve um
avanccedilo no chamado movimento hospice moderno para diferentes paiacuteses da Europa e para os
Estados Unidos (EUA) e Austraacutelia Nesta nova proposta o hospice passou a ser um local que
combinava a especificidade de um hospital a hospitalidade de uma casa de repouso e o calor
humano familiar
Nos Estados Unidos o termo hospice tornou-se conceito de cuidado em vez de local
de cuidado Gradualmente o termo cuidado paliativo foi trazido ao dicionaacuterio como sinocircnimo
de cuidado de hospice (ABU-SAAD COURTENS 2001)
31
Rodrigues (2004) assevera que os Estados Unidos agrave semelhanccedila da Europa tambeacutem
constituiacuteram um sistema de sauacutede focado na cura e na reabilitaccedilatildeo das doenccedilas com o
objetivo de restituir os aspectos bioloacutegicos da doenccedila tanto na Enfermagem como na
Medicina os resultados da pesquisa partiam da objetividade dos dados
Diante deste cenaacuterio Pessini (2006) afirma que o movimento foi crescendo e em
1985 foi fundada a Associaccedilatildeo de Medicina Paliativa da Gratilde-Bretanha e da Irlanda sendo o
Reino Unido o primeiro paiacutes a reconhecer a Medicina Paliativa como uma especialidade
meacutedica que trata de pacientes com doenccedilas degenerativas ativas e progressivas tais como o
cacircncer e a AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome ou Siacutendrome de Imunodeficiecircncia
Adquirida ndash SIDA) onde o foco dos Cuidados Paliativos eacute a qualidade de vida do paciente
quando este natildeo tem possibilidades de cura
O autor acrescenta que na Franccedila essa modalidade de cuidar foi implementada na
deacutecada de 1980 dedicada inicialmente aos idosos e posteriormente ampliada para os
pacientes terminais Abu-Saad e Courtens (2001) ressaltam que na deacutecada de 1990 houve o
desenvolvimento de programas de Cuidados Paliativos na Austraacutelia Aacutesia Japatildeo Coreacuteia do
Sul Taiwan China e Aacutefrica do Sul
Natildeo obstante com a ampliaccedilatildeo de tais cuidados em outros paiacuteses o seu modelo teve
que se adequar agraves necessidades pertinentes agrave sauacutede da populaccedilatildeo e ser desenvolvido de acordo
com as reais situaccedilotildees dos recursos locais disponiacuteveis Twycross (2000) aponta o modelo
britacircnico como exemplo para o Canadaacute Austraacutelia e Nova Zelacircndia (estes fazem parte do
sistema de sauacutede oficial) todavia acrescenta que o modelo americano que contempla o
atendimento domiciliar e o modelo polonecircs que possui um sistema de voluntariado
constituiacutedo por meacutedicos e enfermeiros satildeo padrotildees de modelo de outros paiacuteses
De acordo com Rodrigues (2004) a Ameacuterica do Sul iniciou suas experiecircncias sobre
Cuidados Paliativos em meados da deacutecada de 1980 em Buenos Aires e Bogotaacute No Brasil a
histoacuteria de Cuidados Paliativos eacute relativamente recente tendo-se iniciado na deacutecada de 1980
Nesta fase os brasileiros ainda viviam o final de um regime de ditadura cujo sistema de
sauacutede priorizava a modalidade hospitalocecircntrica essencialmente curativa
Rodrigues (2004) afirma que nessa eacutepoca o ensino da Enfermagem e o da Medicina
estavam voltados exclusivamente para os aspectos bioloacutegicos ou seja centrados na doenccedila
preconizando uma assistecircncia fragmentada de diversos profissionais para um mesmo paciente
sendo o trabalho predominantemente individual o que gerava anguacutestia nos pacientes ficando
estes desprovidos de informaccedilotildees corretas sobre sua patologia e o seu futuro aleacutem de se
32
encontrarem sozinhos em um leito separado por um biombo sem a companhia de um ente
querido
Por outro lado houve um pequeno avanccedilo no campo de investigaccedilatildeo cientiacutefica com
publicaccedilotildees relacionadas com a morte com o morrer e com o paciente terminal Rodrigues
(2004) destaca dentre os pesquisadores da aacuterea da Sauacutede Boemer representante da
Enfermagem e Assumpccedilatildeo representante da Medicina Por meio de seus estudos
estimularam outros profissionais da eacutepoca a refletirem na forma da assistecircncia implementada
ao paciente terminal O mesmo autor ressalta que para ser possiacutevel adequar a filosofia
hospice agrave realidade do Brasil foi preciso ir uma equipe formada por meacutedicos psicoacutelogos e
teoacutelogos a paiacuteses da Europa como a Inglaterra e a paiacuteses da Ameacuterica do Norte como o
Canadaacute para que pudessem conhecer de perto o trabalho desenvolvido por eles acerca dos
Cuidados Paliativos e assim disseminar o conhecimento de tais cuidados no Brasil de
maneira mais precisa e mais pontual Aleacutem disso destaca vaacuterios outros fatores que
dificultaram a disseminaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no Brasil como o tamanho do
continente brasileiro as diferenccedilas socieconocircmicas entre os Estados a diferenccedila de acesso ao
sistema de sauacutede a formaccedilatildeo cartesiana dos profissionais da Sauacutede Tudo isso levou-os a
resistir em aderir ao paradigma de cuidar quando natildeo haacute mais cura entre outros
Figueiredo (2006) reconhece que o primeiro serviccedilo de Cuidados Paliativos no
Brasil foi instituiacutedo pela Dra Miriam Martelete do Departamento de Anestesiologia do
Hospital das Cliacutenicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1983 Em 1986 na
Santa Casa de Misericoacuterdia de Satildeo Paulo surgiu o Serviccedilo de Dor e Cuidados Paliativos Em
1989 surgiram o Centro de Estudos e Pesquisas Oncoloacutegicas (CEPON) em Florianoacutepolis e o
Grupo Especial de Suporte Terapecircutico Oncoloacutegico (GESTO) no Instituto Nacional do
Cacircncer (INCA) no Rio de Janeiro
Teixeira et al (1993) salientam que a GESTO apesar de natildeo ter em sua origem o
serviccedilo de Cuidados Paliativos jaacute apresentava na eacutepoca caracteriacutesticas da filosofia hospice
como o oferecimento de qualidade ao paciente trabalho multidisciplinar atendimento
domiciliar e envolvimento da famiacutelia no processo da assistecircncia
Com a finalidade de atender pacientes com AIDS em fase avanccedilada eou terminal e
pacientes com dor crocircnica e difiacutecil controle Guerra (2001) informa que foi formada uma
equipe multiprofissional de Cuidados Paliativos no Instituto de Infectologia Emiacutelio Ribas
pertencente ao hospital da Secretaria de Estado de Sauacutede de Satildeo Paulo em 1999
Em 1997 com o escopo de congregar os profissionais atuantes em Cuidados
Paliativos e consolidar essa aacuterea do cuidado no sistema de sauacutede brasileiro foi fundada a
33
Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP) na cidade de Satildeo Paulo Caponero
(2002) afirma que a ABCP conta com a participaccedilatildeo de meacutedicos enfermeiros psicoacutelogos
assistentes sociais fisioterapeutas religiosos e nutricionistas
Mello e Caponero (2009) esclarecem que o intento desta associaccedilatildeo eacute o de divulgar a
praacutetica dos Cuidados Paliativos e agregar os serviccedilos desses cuidados existentes no Brasil
mesmo ainda natildeo padronizados mas ofereciam assistecircncia a pacientes fora de possibilidades
terapecircuticas no acircmbito de internaccedilatildeo hospitalar ambulatorial eou domiciliar
O objetivo primordial da criaccedilatildeo dessa sociedade de acordo com as autoras
supracitadas era o de permitir o surgimento de diretrizes nessa aacuterea e de modelos que fossem
adequados diante de questotildees socioculturais e econocircmicas de nosso paiacutes para que assim esses
serviccedilos pudessem efetivar sua abordagem de forma que contribuiacutessem para a melhoria da
praacutetica assistencial Por conseguinte esse movimento permitiu que os termos medicina
paliativa ou Cuidados Paliativos passassem a ser vistos como um novo campo desenvolvido
sobre o cuidar sendo necessaacuterio que as equipes de sauacutede especiacuteficas no controle da dor e no
aliacutevio dos sintomas fossem incorporadas demonstrando portanto que os Cuidados Paliativos
vecircm conquistando seu espaccedilo com o seu crescente reconhecimento no cenaacuterio da sauacutede
brasileira
Oficialmente os Cuidados Paliativos foram considerados uma exigecircncia no Brasil
com a homologaccedilatildeo da Portaria nordm 3535 de 2 de setembro de 1998 que confere o
cadastramento de centros de atendimento em Oncologia a qual destaca a necessidade de uma
assistecircncia por meio de uma equipe multiprofissional integrada aleacutem de inserir outras
modalidades assistecircncias como o serviccedilo de Cuidados Paliativos (BRASIL 1998b)
No acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a Portaria ndeg 19 de 2002 amplia a
inserccedilatildeo do modelo de assistecircncia de Cuidados Paliativos por meio da instituiccedilatildeo do
Programa Nacional de Assistecircncia agrave Dor e Cuidados Paliativos (BRASIL 2002)
O referido programa de acordo com Pimenta e Mota (2006) foi formado por
representantes do Ministeacuterio da Sauacutede da Associaccedilatildeo Meacutedica Brasileira da Associaccedilatildeo
Meacutedica Brasileira de Enfermagem do Conselho Federal de Medicina da Sociedade Brasileira
para Estudos da Dor e do INCA com o desiacutegnio de promover a operacionalizaccedilatildeo e a
implementaccedilatildeo do Programa Cumpre assinalar que foram organizados os niacuteveis de
assistecircncia aos pacientes caracterizando-se os profissionais envolvidos no cuidado
Acrescentam que desse trabalho foi plausiacutevel a realizaccedilatildeo das seguintes accedilotildees uniformizaccedilatildeo
e distribuiccedilatildeo de morfina e metadona para o tratamento da dor crocircnica atraveacutes do SUS e
34
estabelecimento em 2002 dos centros de referecircncia em tratamento da dor crocircnica atraveacutes
da Secretaria da Assistecircncia agrave Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede
A partir da Portaria nordm 3535 de setembro de 1998 o cadastramento de nuacutecleos de
atendimento em Oncologia apreciando-se o modelo dos Cuidados Paliativos passou a ser
uma exigecircncia Este documento enfoca a multidisciplinaridade como um trabalho integral
aleacutem de inserir o serviccedilo de Cuidados Paliativos (BRASIL 1998b)
Acrescenta-se a tais ponderaccedilotildees o desejo de subsidiar e estimular a criaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de serviccedilos de Cuidados Paliativos no paiacutes destacando-se o estabelecimento
do Programa Nacional de Imunizaccedilatildeo Hospitalar a partir da Portaria ndeg 881 de
2001(BRASIL 2001)
Wright et al (2008) chamam a atenccedilatildeo para o quantitativo de serviccedilos de Cuidados
Paliativos no ano de 2008 apresentando-se um total de catorze serviccedilos o que representa um
serviccedilo para cada nuacutemero de 13285000 habitantes Salienta-se que a maior parte destas
unidades estavam localizadas na regiatildeo Sudeste sobretudo na cidade de Satildeo Paulo
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos atualmente existem
em todo o Brasil sessenta e uma unidades das quais vinte se encontram no Estado de Satildeo
Paulo Portanto a grande maioria desses serviccedilos ainda se concentra na regiatildeo Sudeste
constituiacuteda por serviccedilos estatais principalmente em unidades especializadas em dor
(SANTOS 2011)
Santos (2011) ressalta a inexistecircncia da padronizaccedilatildeo de criteacuterios miacutenimos exigidos
para uma unidade ou serviccedilo ser considerado especializado em Cuidados Paliativos Essa
informaccedilatildeo vai de encontro ao que preconiza a Associaccedilatildeo Europeia para Cuidado Paliativo
(European Association for Palliative Care) a qual estabelece normas e diretrizes Portanto
segundo esta associaccedilatildeo para um paiacutes atender agraves demandas em serviccedilos dessa modalidade de
cuidar satildeo necessaacuterios os seguintes indicadores pacientes internados em unidades
hospitalares a niacutevel de enfermarias cliacutenicas ou ciruacutergicas (50 leitos ndash ateacute 80 ndash por milhatildeo de
habitantes 12 enfermarias por leito 015 meacutedico por leito) equipes de Cuidados Paliativos
(equipe para cada hospital com 250 leitos uma equipe de Cuidados Paliativos home care para
cada divisatildeo de cem mil habitantes tendo como nuacutecleo central da equipe 4 ou 5 profissionais
em dedicaccedilatildeo exclusiva)
Figueiredo (2006) afirma que o crescimento das unidades ou grupos de Cuidados
Paliativos em todo o Brasil eacute ainda lento estando longe de atingir as metas propostas pela
Associaccedilatildeo Europeia para Cuidado Paliativo sendo portanto necessaacuterio implantar cursos
para a formaccedilatildeo de recursos humanos e de incentivos de poliacuteticas puacuteblicas
35
Outra instituiccedilatildeo que merece destaque no paiacutes eacute a Academia Nacional de Cuidados
Paliativos (ANCP) fundada em 2005 Esta vem celebrando conquistas importantes para o
movimento paliativista brasileiro Dentre estas aquisiccedilotildees destaca-se a realizaccedilatildeo do IV
Congresso Internacional de Cuidados Paliativos concretizado na cidade de Satildeo Paulo em
2010 No referido evento foi ressaltada a publicaccedilatildeo do novo Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM) Este eacute o primeiro a referenciar a modalidade Cuidados
Paliativos como um princiacutepio fundamental da praacutetica meacutedica Esse trabalho adveacutem
fundamentalmente em virtude do desempenho do trabalho da Cacircmara Teacutecnica de
Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos Esse trabalho teve como participante a ex-
presidente da ANCP Dra Maria Goretti Sales Maciel (IV CONGRESSO 2010)
Um dos objetivos expostos durante o referido Congresso em questatildeo foi o de avalizar
um atendimento integral em Cuidados Paliativos no sistema de sauacutede vigente em nosso paiacutes o
SUS Todavia para o alcance de tal meta fazem-se necessaacuterias modificaccedilotildees na formaccedilatildeo
profissional e treinamento dos profissionais da Sauacutede a abertura de novos serviccedilos destes
cuidados e a implementaccedilatildeo de medidas que mensurem a qualidade da assistecircncia (IV
CONGRESSO 2010)
Tratando-se do ensino de Cuidados Paliativos no Brasil Rodrigues (2004) observa
que tanto no curso de Enfermagem quanto no de Medicina a literatura apresenta uma
quantidade iacutenfima A autora acrescenta que em algumas escolas este tema eacute abordado como
na Universidade de Satildeo Paulo (UNIFESP) onde existe uma disciplina voltada para esta
temaacutetica sendo ministrada por meacutedicos e outros profissionais caracterizando um programa
multiprofissional
A autora supracitada destaca a figura do professor Figueiredo que vem sendo um
incentivador e colaborador da educaccedilatildeo acerca dos Cuidados Paliativos e da criaccedilatildeo de
serviccedilos destinados a estes cuidados no Brasil Dentre estes serviccedilos destaca-se a criaccedilatildeo do
ambulatoacuterio na UNIFESP o Ambulatoacuterio em Cuidados Paliativos do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo e o da Unidade de Cuidados Paliativos
no Instituto de Infectologia Emiacutelio Ribas (RODRIGUES 2004)
Outra contribuiccedilatildeo importante no ensino desses cuidados adveacutem do meacutedico e
bioticista da Universidade Estadual de Londrina professor Joseacute Eduardo Siqueira que
realizou um estudo acerca da assistecircncia meacutedica aos pacientes em fase terminal O referido
professor propotildee um desafio voltado principalmente aos hospitais universitaacuterios para que
aleacutem da oferta da alta tecnologia desenvolvam um serviccedilo de Cuidados Paliativos no qual os
36
formadores possam acrescentar ao conhecimento tecnocientiacutefico o aspecto da humanizaccedilatildeo
(SIQUEIRA 2000)
Portanto o cuidado humanizado seria enfatizado a partir das experiecircncias na
instituiccedilatildeo de ensino aliado agrave alta tecnologia Esta envolve terapecircuticas de alto custo e
terapecircuticas de baixo custo como o controle da dor e de outros sintomas aliadas agraves accedilotildees
mais simples como o respeito e o diaacutelogo (FRANCcedilA 2011)
Em relaccedilatildeo ao ensino de Cuidados Paliativos na aacuterea da Enfermagem Rodrigues
(2004) destaca a professora Cibele Adruciole de Mattos Pimenta considerada referecircncia
nacional no manejo de dor aguda e crocircnica Ela eacute docente do curso de Enfermagem da
Universidade de Satildeo Paulo (USP) difundindo a proposta da inclusatildeo dos Cuidados Paliativos
nos cursos de graduaccedilatildeo em Enfermagem
No que tange a poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu para o ensino de Cuidados Paliativos a
autora supracitada aponta o Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) como o responsaacutevel por
formar enfermeiros especialistas em Cuidados Paliativos por meio de especializaccedilatildeo e
residecircncia em Enfermagem e meacutedicos especialistas em Medicina Paliativa
Ainda em relaccedilatildeo agrave veiculaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no ensino brasileiro no
acircmbito da poacutes-graduaccedilatildeo merece destaque a proposta da Pinus Longaeva Assessoria e
Consultoria em Sauacutede e Educaccedilatildeo Tal entidade eacute considerada referecircncia de excelecircncia em
Cuidados Paliativos no Brasil aleacutem de estimular a produccedilatildeo do conhecimento acerca da
referida temaacutetica Encontra-se sob a coordenaccedilatildeo do meacutedico Dr Franklin Santana Santos
sendo originada a partir da realizaccedilatildeo do curso de Tanatologia ndash Educaccedilatildeo para a Vida e para
a Morte uma abordagem plural e interdisciplinar em 2007 o qual teve a finalidade de
divulgar a importacircncia dos Cuidados Paliativos entre a sociedade brasileira (SANTOS 2011)
Aleacutem do curso Santos (2011) reconhece que este serviccedilo proporcionou a ediccedilatildeo de
um livro em trecircs volumes intitulado ldquoA arte de morrer visatildeo pluraisrdquo publicado pela Editora
Comenius com a finalidade de subsidiar o ensino e a pesquisa sobre a temaacutetica morte Na
referida obra pode-se observar a preocupaccedilatildeo em se trabalhar a prevenccedilatildeo e as causas do
sofrimento o medo e o tabu da morte com o propoacutesito de promover uma educaccedilatildeo para a
morte voltada para o corpo discente e para o corpo docente de diversas instituiccedilotildees de ensino
para os profissionais e para a populaccedilatildeo em geral
Em relaccedilatildeo agrave pesquisa o autor acima referido assinala que na poacutes-graduaccedilatildeo em
Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (FMUSP)
encontram-se em andamento diversas dissertaccedilotildees de mestrado e teses de doutorado aleacutem de
37
projetos de pesquisa como traduccedilatildeo e validaccedilatildeo de escalas sobre morte e morrer e
espiritualidade
Quanto agrave aacuterea da assistecircncia Santos (2011) discorre sobre o planejamento do
Ambulatoacuterio de Cuidados Paliativos para pacientes com demecircncia avanccedilada no Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Cliacutenicas na Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) sob a
coordenaccedilatildeo dos professores-doutores Orestes V Forlenza e Franklin Santana Santos O autor
comenta tambeacutem o desenvolvimento de um projeto de construccedilatildeo de um hospice no interior
de Satildeo Paulo nos moldes do St Christopher inteiramente filantroacutepico ndash o que significaria um
avanccedilo consideraacutevel para o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos no Brasil
Seguramente o ensino de Cuidados Paliativos tornaraacute os profissionais mais sensiacuteveis
agraves necessidades da populaccedilatildeo e do indiviacuteduo levando-os a desenvolver uma assistecircncia mais
humanizada e centrada na obtenccedilatildeo do adequado controle dos sinais e sintomas dos pacientes
fora de possibilidades terapecircuticas de cura Essa modalidade de cuidar proporciona uma
transformaccedilatildeo na praacutetica dos profissionais que passam a apresentar uma visatildeo holiacutestica
acerca desses doentes abrangendo-lhes a dimensatildeo fiacutesica psicoloacutegica social e espiritual
Nessa perspectiva Stoneberg et al (2006) referem que os Cuidados Paliativos ou
paliativismo como mais um meacutetodo uma filosofia do cuidar visando-se a prevenir e aliviar o
sofrimento humano em muitas de suas dimensotildees O objetivo dessa modalidade de cuidar eacute o
de proporcionar aos pacientes e seus entes queridos a melhor qualidade possiacutevel de vida a
despeito do estaacutegio de uma doenccedila ou a necessidade de outros tratamentos
Os autores asseguram que os Cuidados Paliativos complementam-se ao jaacute
tradicional cuidado curativo incluindo objetivos de bem-estar e de qualidade de vida para os
pacientes e seus familiares ajudando-os nas tomadas de decisotildees e promovendo
oportunidades de crescimento e evoluccedilatildeo pessoal Esta filosofia de cuidar completa os
tratamentos curativos da Medicina moderna mas principalmente proporciona aos
profissionais da aacuterea dignidade e significado aos tratamentos escolhidos
Caponero (2002) acrescenta que os Cuidados Paliativos fundamentam-se em uma
concepccedilatildeo global e ativa do tratamento compreendendo a atenccedilatildeo aos aspectos fiacutesicos
sociais e espirituais das pessoas que estatildeo com doenccedila incuraacutevel Portanto os Cuidados
Paliativos segundo Santana (2000) constituem um novo paradigma na sauacutede no qual satildeo
adotadas medidas humanizadas para o atendimento aos pacientes em seu ambiente familiar
onde as intervenccedilotildees natildeo visam agrave cura mas ao aliacutevio dos sintomas e do sofrimento aleacutem de
possibilitar a compreensatildeo do processo de morrer com dignidade
38
Pessini e Bertachini (2005) ressaltam que os Cuidados Paliativos visam a assegurar
aos doentes condiccedilotildees que os capacitem e encorajem a viver sua vida de uma forma uacutetil
produtiva e plena ateacute ao momento de sua morte A importacircncia da reabilitaccedilatildeo em termos de
bem-estar fiacutesico psiacutequico e espiritual natildeo pode ser negligenciada
Elias et al (2007) afirmam que a dimensatildeo subjetiva eacute o elo mais especiacutefico para o
paciente sem possibilidades de cura uma vez que o seu espiritual e o seu emocional recebem
um sentido ainda mais amplo Esses autores esclarecem a amplitude da dor psiacutequica a qual eacute
referenciada pelo temor do sofrimento seguida de anguacutestias e a dor espiritual que faz ligaccedilatildeo
ao significado da vida como tambeacutem agraves resignaccedilotildees perante Deus Os autores acrescentam
que tanto a dor psiacutequica quanto a espiritual requer em um acompanhamento psicoespiritual
sendo portanto imperioso o emprego de Cuidados Paliativos que compreenderaacute o
acolhimento a humanizaccedilatildeo e a proteccedilatildeo
Desse modo Costa Filho et al (2008) advertem que os Cuidados Paliativos devem
contemplar todas as dimensotildees do paciente sem possibilidades de cura tendo como prioridade
os cuidados emocionais psicoloacutegicos e espirituais Esta filosofia de cuidar proporciona aos
profissionais da aacuterea da Sauacutede a dignidade e significado aos tratamentos escolhidos em
relaccedilatildeo ao paciente na terminalidade da vida o qual necessita de cuidado integral e
humanizado
Eacute sob esse enfoque que Maccoughlan (2006) assinala que os Cuidados Paliativos
constituem um campo de cuidados totais ativos e integrais dispensados aos pacientes com
doenccedilas avanccediladas e sem possibilidades de cura e centrados no seu direito de viver com
dignidade seus dias que lhe restam
Em virtude da diversidade de aspectos envolvidos nessa forma de cuidar
Maccoughlan (2003) aponta a importacircncia da abordagem interdisciplinar para os Cuidados
Paliativos uma vez que esta implica demonstrar que nenhuma profissatildeo consegue abranger
todos os aspectos envolvidos no tratamento de pacientes terminais o que faz destacar a
significacircncia do trabalho coletivo permitindo a sinergia de habilidades para promover uma
assistecircncia completa
Portanto os Cuidados Paliativos devem ser prestados por uma equipe
multiprofissional formada por meacutedicos enfermeiros psicoacutelogos assistentes socais e
assistentes espirituais todos envolvidos nos objetivos concretos desses cuidados respeitando-
se o paciente como um ser uacutenico as suas crenccedilas e culturas
Sendo assim eacute inegaacutevel dentre esses profissionais a participaccedilatildeo da equipe
multiprofissional da Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no que concerne ao emprego de
39
Cuidados Paliativos Haja vista que pacientes com doenccedilas avanccediladas e em fase terminal que
ldquoretornam para suas casasrdquo jaacute que ldquonatildeo haacute mais nada para ser feitordquo necessitam ser
protegidos Eacute especialmente nesta transiccedilatildeo de necessidades especiacuteficas do tratamento
curativo para o paliativo que a Atenccedilatildeo Baacutesica pode ter destacado papel (FLORIANI
SCHRAMM 2007)
A referida temaacutetica eacute abordada no capiacutetulo seguinte o qual procura enfocar os
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
40
3 Cuidados paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
41
Para melhor compreensatildeo deste capiacutetulo seratildeo abordadas inicialmente consideraccedilotildees
acerca da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) com ecircnfase na Estrateacutegia de Sauacutede da famiacutelia
(ESF) seguindo-se da abordagem pertinente a Cuidados Paliativos na referida estrateacutegia
Em termos histoacutericos diversos documentos foram confeccionados com o escopo de
nortear poliacuteticas e accedilotildees no campo da Sauacutede em todo o mundo Dentre os mais significativos
pode ser citado ldquoSauacutede para todos no ano 2000rdquo produzido em 1977 na 30ordf Reuniatildeo Anual da
Assembleacuteia Mundial de Sauacutede em Alma-Ata Em uma reuniatildeo subsequumlente agrave produccedilatildeo deste
documento em 1978 ainda na mesma cidade foi realizada a primeira Conferecircncia Nacional
sobre Cuidados Primaacuterios de Sauacutede sob a coordenaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
(OMS) e do Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia (UNICEF) definindo-se a Atenccedilatildeo
Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) como eixo da reorganizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede visando-se a
diminuir as imensas desigualdades soacutecio-econocircmicas sanitaacuterias existentes no mundo (OMS
1979)
Ibantildeez et al (2006) assinalam que a APS surge em resposta agraves desigualdades no
acesso iniquumlidades dos serviccedilos de sauacutede insuficiente e desigual distribuiccedilatildeo de recursos de
sauacutede para as populaccedilotildees resultando em exclusatildeo de grupos sociais vulneraacuteveis
Por conseguinte a APS pretende proporcionar maior acesso e equidade para estas
pessoas que buscam os serviccedilos de sauacutede por meio da reorganizaccedilatildeo dos sistemas de sauacutede
mediante alteraccedilatildeo do modelo de atenccedilatildeo em quase todos os paiacuteses (MENDES 2001)
De acordo com Starfield (2002) a APS apresenta como atributos essenciais ou
exclusivos o primeiro contato a longitudinalidade a integralidade a coordenaccedilatildeo da atenccedilatildeo a
focalizaccedilatildeo na famiacutelia e a orientaccedilatildeo na comunidade O primeiro atributo pressupotildee a
acessibilidade do usuaacuterio e o uso de serviccedilos de sauacutede em suas necessidades de sauacutede
independentemente da gravidade do problema apresentado indicando a porta de entrada ao
sistema de sauacutede O segundo consiste no acompanhamento do indiviacuteduo e sua famiacutelia ao longo
do tempo marcado pela relaccedilatildeo de viacutenculo e relaccedilotildees interpessoais de confianccedila entre o
usuaacuteriofamiacutelia e a equipeserviccedilo de sauacutede O terceiro garante a continuidade da prestaccedilatildeo da
assistecircncia agrave sauacutede independente da complexidade que o problema de sauacutede exigir e considera
as possiacuteveis causas individuais de cada pessoa no seu processo de adoecimento O quarto
representa a capacidade do serviccedilo para dar atenccedilatildeo agraves necessidades individuais e coletivas
garantindo o seguimento constante da equipe de sauacutede mesmo que os problemas de sauacutede
estejam sendo sanados em outro niacutevel de assistecircncia agrave sauacutede O quinto considera a famiacutelia
como nuacutecleo para o conhecimento integral dos problemas de sauacutede O sexto implica conhecer
as famiacutelias em seu contexto cultural socioeconocircmico e social (STARFIELD 2002)
42
Abrahatildeo-Curvo (2010) esclarece que os princiacutepios da APS foram retomados nas
reformas do setor Sauacutede em vaacuterios paiacuteses sobretudo no Brasil com a adesatildeo e participaccedilatildeo de
variados segmentos da sociedade brasileira
Salienta-se portanto que ante o movimento internacional gerado pela Conferecircncia de
Alma-Ata em virtude do contexto de mudanccedilas observadas na Ameacuterica Latina o Brasil volta-
se a refletir suas poliacuteticas de sauacutede embasado em conceitos discutidos na referida conferecircncia
Sendo assim o processo de transformaccedilatildeo e de avanccedilo no setor da Sauacutede do Brasil
conforme apontam Santos e Mattos (2011) adveacutem em sua maioria da realizaccedilatildeo da VIII
Conferecircncia Nacional em Sauacutede em 1986 que consagrou a Reforma Sanitaacuteria como eixo de
luta para a transformaccedilatildeo do panorama de Sauacutede do paiacutes
Scherer Marino e Ramos (2005) assinalam que por meio da Conferecircncia foram
deliberados os princiacutepios e diretrizes incorporados na Poliacutetica Nacional de Sauacutede aprovados na
Constituiccedilatildeo de 1988 Demarca-se legalmente um novo modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede em
substituiccedilatildeo ao existente
Arouca (1987) informa que a CNS trouxe agrave tona a questatildeo da sauacutede com amplitude de
seu conceito natildeo a considerando como a simples ausecircncia de doenccedila mas sim em estado
resultante das condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente trabalho
transporte emprego lazer liberdade e acesso a serviccedilos de sauacutede Portanto a sauacutede natildeo estaria
mais relacionada apenas com a ausecircncia de doenccedilas mas seria resultado das formas de
organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes desigualdades nos niacuteveis de vida
e de sauacutede
Observa-se que o movimento da Reforma Sanitaacuteria Brasileira foi pautado em uma
mobilizaccedilatildeo reivindicatoacuteria alicerccedilada na necessidade popular de reconstruir uma estrutura
normativa que atendesse agraves reais necessidades da populaccedilatildeo nas questotildees de sauacutede como direito
de cidadania (MACHADO et al 2007)
A CNS serviu de base para o nascimento do SUS emergindo dessa forma em meio
aos debates levantados durante esse evento Visando-se ao cumprimento da Constituiccedilatildeo foi
editada em 1990 a Lei Orgacircnica da Sauacutede (LOS) formada pelas Leis Federais 808090 e
814290 as quais instituem e dispotildeem sobre o funcionamento organizaccedilatildeo e caracteriacutesticas do
SUS Com base na Constituiccedilatildeo e posteriormente na LOS definiu-se que o SUS seria regido
por determinados princiacutepios e diretrizes e propunha-se naquela legislaccedilatildeo a passagem do entatildeo
modelo vigente para uma forma voltada agrave prevenccedilatildeo e promoccedilatildeo da sauacutede (VALENTIM
KRUEL 2007)
43
Destarte observa-se que o SUS eacute resultado de um longo processo de debates e de lutas
por melhores condiccedilotildees de sauacutede no paiacutes Surge como um novo paradigma na atenccedilatildeo agrave sauacutede
Seus princiacutepios e diretrizes rompem com o paradigma cliacutenico tradicional (SCHERER
MARINO RAMOS 2005)
Simino (2009) afirma que o SUS eacute marcado por princiacutepios doutrinaacuterios ou filosoacuteficos
(universalidade equidade e integralidade) e por princiacutepios organizativos (descentralizaccedilatildeo
regionalizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo e participaccedilatildeo social)
Ainda de acordo com a autora supracitada a universalidade eacute compreendida a partir
do reconhecimento da assistecircncia agrave sauacutede um direito fundamental do cidadatildeo cabendo ao
Estado garantir as condiccedilotildees indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio e ao acesso agrave atenccedilatildeo e
assistecircncia agrave sauacutede em todos os niacuteveis de complexidade A equidade eacute um princiacutepio de justiccedila
social Haja vista que busca diminuir desigualdades A integralidade significa a garantia do
fornecimento de um conjunto articulado e contiacutenuo de accedilotildees e serviccedilos preventivos curativos e
coletivos exigidos em cada caso para todos os niacuteveis de complexidade de assistecircncia Este
princiacutepio ainda engloba accedilotildees de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e em seu sentido
amplo considera a pessoa como um ser integral inserida em um contexto familiar social
cultural e econocircmico
Machado et al (2007) asseveram que a integralidade eacute um conceito que permite uma
identificaccedilatildeo dos sujeitos como totalidades ainda que natildeo sejam alcanccedilaacuteveis em sua plenitude
considerando-se todas as dimensotildees possiacuteveis em que se pode intervir pelo acesso permitido
por eles proacuteprios Dessa forma o atendimento integral extrapola a estrutura organizacional
hierarquizada e regionalizada da assistecircncia de sauacutede se prolonga pela qualidade real da
atenccedilatildeo individual e coletiva assegurada aos usuaacuterios do sistema de sauacutede requisita o
compromisso com o contiacutenuo aprendizado e com a praacutetica multiprofissional
Quanto aos princiacutepios organizativos do SUS estes promovem a viabilizaccedilatildeo de suas
operaccedilotildees gerenciais Em relaccedilatildeo agrave descentralizaccedilatildeo este garante a transferecircncia de recursos
financeiros e o poder para os Estados e municiacutepios permitindo que a destinaccedilatildeo dos recursos
seja realizada contemplando-se as necessidades de cada localidade aleacutem de possibilitar a
participaccedilatildeo social A regionalizaccedilatildeo estaacute relacionada com o processo de distribuiccedilatildeo dos
serviccedilos em uma determinada regiatildeo permitindo oferecer serviccedilos e accedilotildees de sauacutede mais
proacuteximos de onde as pessoas moram No que tange agrave hierarquizaccedilatildeo esta implica a
estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede por niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica A
participaccedilatildeo social permite a participaccedilatildeo dos usuaacuterios e da comunidade na construccedilatildeo e
fiscalizaccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede (SIMINO 2009)
44
Eacute preciso ressaltar que o SUS natildeo eacute um modelo simples e estanque embora tenha sido
explicitado em sua formalizaccedilatildeo inicial pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
operacionalizado por meio de legislaccedilatildeo especiacutefica como a Lei Orgacircnica da Sauacutede e pelas
Normas de Operacionalizaccedilatildeo Baacutesicas e de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (NOBs e NOAS) O SUS eacute um
processo e como tal estaacute em constante construccedilatildeo em busca do seu proacuteprio aperfeiccediloamento
objetivos e ideal (VALENTIM KRUEL 2007)
Na atual conjuntura sabe-se que o SUS vem constituindo-se no paiacutes haacute cerca de vinte
anos a partir destes princiacutepios todavia uma nova abordagem da APS emerge no Brasil por
meio da ediccedilatildeo da Portaria nordm 648 de 2006 do Ministeacuterio da Sauacutede Tal portaria aprova a
Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Baacutesica (PNAB) Retoma os elementos essenciais da APS e
reforccedila na Sauacutede da Famiacutelia o eixo organizador do sistema de sauacutede brasileiro
Teixeira (2004) chama a atenccedilatildeo para o fato de que a mudanccedila do modelo de atenccedilatildeo
vem desenvolvendo-se desde o iniacutecio da deacutecada de 1990 principalmente a partir de 1993-1994
quando foram desencadeados os processos de municipalizaccedilatildeo e de implementaccedilatildeo do
Programa de Sauacutede da Famiacutelia adotada com a intenccedilatildeo de atender a todos os princiacutepios legais
do SUS especialmente os de universalidade de acesso de integralidade da assistecircncia agrave sauacutede e
de resolutividade englobando paulatinamente toda a rede de serviccedilos baacutesicos com a
ampliaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo da atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede
De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (2000a) o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
foi implantado em 1994 no Brasil para dar sustentaccedilatildeo ao Programa de Agentes Comunitaacuterios
de Sauacutede (PACS) Eacute considerado um projeto dinamizador do SUS condicionado pela evoluccedilatildeo
histoacuterica e pela organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede no Brasil
Eacute definido como um modelo de assistecircncia que vai desenvolver accedilotildees de promoccedilatildeo e
proteccedilatildeo agrave sauacutede do indiviacuteduo da famiacutelia e da comunidade por meio de equipes que faratildeo o
atendimento na unidade local de sauacutede da comunidade ao niacutevel de atenccedilatildeo primaacuteria Aleacutem do
atendimento suas atividades devem incluir programaccedilatildeo grupos terapecircuticos e visitas
domiciliares entre outras (BRASIL 2004)
O Ministeacuterio da Sauacutede (2000b) chama a atenccedilatildeo para o fato de o PSF ser
compreendido como modelo substitutivo da rede baacutesica tradicional de cobertura universal
Este modelo eacute reconhecido como uma praacutetica que requer alta tecnologia nos campos do
conhecimento do desenvolvimento de habilidades e de mudanccedila de atitudes
Peduzzi (2000) estabelece que o PSF apresenta a finalidade de viabilizar mudanccedilas
dentro do contexto de sauacutede puacuteblica na loacutegica do modelo assistencial biomeacutedico
particularmente no que se refere agrave Atenccedilatildeo Baacutesica e sua articulaccedilatildeo aos demais niacuteveis de
45
atenccedilatildeo Este programa tem como base os princiacutepios operacionais de adscriccedilatildeo da clientela da
integralidade da atenccedilatildeo do planejamento local e regional da equidade do acesso aos serviccedilos
do controle social da accedilatildeo intersetorial e do trabalho em equipe
O PSF apresenta como filosofia o princiacutepio da vigilacircncia agrave sauacutede apresentando
caracteriacutesticas de atuaccedilatildeo interdisciplinar e multidisciplinar e de responsabilidade integral para
com a populaccedilatildeo que reside na aacuterea de abrangecircncia de suas unidades de sauacutede O programa em
questatildeo consiste em optar pela descentralizaccedilatildeo como forma de aproximar os serviccedilos de sauacutede
de quem deles mais precisa Dessa forma aacutereas mais carentes desses serviccedilos passam a receber
accedilotildees tradicionais de promoccedilatildeo de sauacutede por meio da prevenccedilatildeo e de accedilotildees de assistecircncia
meacutedica Soma-se ao processo a participaccedilatildeo da comunidade por intermeacutedio de seus agentes
representativos que fazem uma ligaccedilatildeo entre a equipe de sauacutede e o cliente a ser atendido
rompendo as barreiras e identificando as reais necessidades ao mesmo tempo que representa
uma forma do serviccedilo que eacute prestado agrave populaccedilatildeo (BRASIL 2005a)
Simino (2009) ressalta que gradualmente a Sauacutede da Famiacutelia perdeu o status de
programa uma vez que tem sido considerada uma estrateacutegia para a reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo
Baacutesica de sauacutede no Brasil seguindo os conceitos da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Nesse contexto
o Ministeacuterio da Sauacutede (2005b) reconhece que atualmente a Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) vem sendo implantada em substituiccedilatildeo ao modelo tradicional para a Atenccedilatildeo Baacutesica A
sua organizaccedilatildeo favorece o estabelecimento de viacutenculos de responsabilidade e confianccedila entre
profissionais e famiacutelias e permite uma compreensatildeo ampla do processo sauacutede-doenccedila e da
necessidade de intervenccedilotildees a partir dos problemas e demandas identificadas
Assim sendo transformar o programa em uma estrateacutegia de organizaccedilatildeo foi um
avanccedilo para a gestatildeo do SUS uma vez que se busca natildeo apenas o acesso e sua ampliaccedilatildeo mas
tambeacutem a reorganizaccedilatildeo da praacutetica da atenccedilatildeo agrave sauacutede sobre novas bases e a substituiccedilatildeo do
modelo entatildeo vigente levando a sauacutede para mais perto das famiacutelias e melhorando-se a
qualidade de vida dos cidadatildeos brasileiros (BRASIL 2005c)
Conforme assinalam Costa e Carbone (2004) esta mudanccedila de modelo possibilita a
integraccedilatildeo e a organizaccedilatildeo das atividades em um territoacuterio definido com o propoacutesito de
favorecer o enfrentamento dos problemas identificados e implica necessariamente a articulaccedilatildeo
da Atenccedilatildeo Baacutesica com a meacutedia e com a alta complexidade envolvendo a integraccedilatildeo de
poliacuteticas estrateacutegicas de sauacutede aleacutem de envolver diversos atores compreendendo-os como
pessoas e instituiccedilotildees a saber os usuaacuterios do sistema o gestor de sauacutede a equipe de sauacutede da
famiacutelia e as lideranccedilas comunitaacuterias
46
Logo o que se espera da Atenccedilatildeo Baacutesica organizada pela ESF quando esta eacute
capacitada e integra a comunidade eacute que seja capaz de resolver 80 das demandas dos
serviccedilos de sauacutede de uma populaccedilatildeo jaacute que a maior parte dessa demanda concentra-se em
poucos problemas Isso demonstra a importacircncia e a necessidade de se investir nos serviccedilos de
atenccedilatildeo primaacuteria a fim de se tornarem mais resolutivos As accedilotildees devem ser orientadas para o
cuidado integral dos indiviacuteduos inseridos em suas respectivas famiacutelias Esse eacute um dos sentidos
atribuiacutedos ao princiacutepio constitucional de integralidade do SUS (BRASIL 2005c)
Bonassa e Campos (2001) destacam trecircs caracteriacutesticas fundamentais da Estrateacutegia de
Sauacutede da Famiacutelia A primeira eacute a ecircnfase na territorializaccedilatildeo e na adscriccedilatildeo da clientela
responsabilizando-se cada equipe pelo cadastramento e acompanhamento das famiacutelias do
territoacuterio de abrangecircncia A segunda eacute o seu poder substitutivo em meio a suas unidades
porquanto natildeo constitui uma nova estrutura de serviccedilos (excetuando-se as aacutereas anteriormente
desprovidas) mas substitui as praacuteticas convencionais de assistecircncia por um novo processo de
trabalho cujo eixo estaacute centrado na vigilacircncia agrave sauacutede e na participaccedilatildeo da comunidade A
terceira eacute a sua participaccedilatildeo no SUS dentro do princiacutepio da integralidade e da hierarquizaccedilatildeo
por isso deve estar vinculada agrave rede de serviccedilos de forma que garanta atenccedilatildeo integral aos
indiviacuteduos e agraves famiacutelias em todos os niacuteveis de complexidade sempre que for necessaacuterio
De acordo com as Portarias de nordm 1186GMMS e nordm 157GMMS observa-se que cada
equipe de Sauacutede da Famiacutelia seja responsaacutevel por no maacuteximo 4500 pessoas Desta forma a
Unidade de Sauacutede pode ser composta por uma ou mais equipes dependendo da concentraccedilatildeo
de famiacutelias residentes no territoacuterio (BRASIL 1997 BRASIL 1998c)
Cada equipe de Sauacutede da Famiacutelia deve ser capacitada para conhecer a realidade das
famiacutelias pelas quais eacute responsaacutevel por meio de cadastramento e diagnoacutestico de suas
caracteriacutesticas sociais demograacuteficas e epidemioloacutegicas para identificar os principais problemas
de sauacutede e situaccedilotildees de risco a que estaacute exposta a populaccedilatildeo que ela atende e para elaborar
com a participaccedilatildeo da comunidade um plano local para enfrentar os determinantes do processo
sauacutede-doenccedila Aleacutem disso essa equipe necessita estar preparada para prestar uma assistecircncia
integral respondendo de forma contiacutenua e racionalizada agrave demanda organizada ou espontacircnea
na unidade na comunidade no domiciacutelio e no acompanhamento ao atendimento nos serviccedilos
de referecircncia ambulatorial ou hospitalar desenvolvendo accedilotildees educativas e intersetoriais a fim
de enfrentar os problemas de sauacutede identificados (BRASIL 2005a)
Destarte observa-se que a abordagem da referida estrateacutegia de acordo com o
Ministeacuterio da Sauacutede (2005b) estaacute centrada na famiacutelia que eacute o objeto principal de atenccedilatildeo
sendo esta entendida a partir do ambiente onde vive Eacute nesse espaccedilo que se constroem as
47
relaccedilotildees intrafamiliares e extrafamiliares e se desenvolve a luta pela melhoria das condiccedilotildees de
vida permitindo ainda uma compreensatildeo ampliada do processo sauacutededoenccedila e portanto da
necessidade de intervenccedilotildees de maior impacto e significaccedilatildeo social
Guitierrez e Minayo (2010) destacam que eacute na famiacutelia e pela famiacutelia que se produzem
cuidados essenciais agrave sauacutede que vatildeo desde as interaccedilotildees afetivas necessaacuterias ao
desenvolvimento da sauacutede mental e da personalidade madura de seus membros passando pela
aprendizagem da higiene e da cultura alimentar e atingindo o niacutevel de adesatildeo aos tratamentos
prescritos pelos serviccedilos tais como medicaccedilatildeo dietas e atividades preventivas Essa
complementaridade ocorre por meio de accedilotildees concretas no cotidiano das famiacutelias permitindo o
reconhecimento das doenccedilas busca de atendimento meacutedico incentivo para o autocuidado e o
apoio emocional
Quanto agrave operacionalizaccedilatildeo da ESF esta se daacute mediante a implantaccedilatildeo de equipes
multiprofissionais em unidades de sauacutede da famiacutelia (USFs) as quais devem ser adequadas agraves
diferentes realidades locais desde que sejam mantidos os seus princiacutepios e diretrizes
fundamentais Para tanto o impacto favoraacutevel nas condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo adscrita
deve ser a preocupaccedilatildeo baacutesica dessa estrateacutegia (BRASIL 2005a)
A atribuiccedilatildeo baacutesica da equipe de sauacutede da famiacutelia estaacute relacionada com o
conhecimento da realidade das famiacutelias pelas quais eacute responsaacutevel identificando os problemas
de sauacutede mais comuns e as situaccedilotildees de risco ao qual a populaccedilatildeo estaacute exposta atuando e
intervindo continuamente na realidade social apresentada (BRASIL 2000c)
O funcionamento da ESF se daacute em unidades de sauacutede da famiacutelia com uma equipe
composta no miacutenimo por um meacutedico generalista um enfermeiro um auxiliar de enfermagem
e quatro a seis agentes comunitaacuterios de sauacutede (ACSs) no entanto outros agentes podem ser
incorporados agrave equipe de sauacutede da famiacutelia um odontoacutelogo e um atendente de consultoacuterio
dentaacuterio ou um teacutecnico de higiene bucal Esses agentes formam equipes que satildeo responsaacuteveis
pelo acompanhamento de um nuacutemero definido de famiacutelias localizadas em uma determinada
aacuterea geograacutefica Tais equipes atuam na promoccedilatildeo da sauacutede prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo
reabilitaccedilatildeo de doenccedilas e de agravos mais frequentes e na manutenccedilatildeo da sauacutede dessa
comunidade (BRASIL 2000a)
Valentim e Kruel (2007) asseveram que cada profissional da equipe baacutesica de USF
possui uma determinada atribuiccedilatildeo no entanto cabe a todos fomentar e desenvolver
conjuntamente accedilotildees preventivas e de promoccedilatildeo da qualidade de vida da comunidade aleacutem de
accedilotildees de recuperaccedilatildeo e de reabilitaccedilatildeo da sauacutede tanto na unidade de sauacutede quanto nos
municiacutepios aliando desta forma a atuaccedilatildeo cliacutenica e teacutecnica agrave praacutetica da sauacutede coletiva
48
Nessa perspectiva eacute de suma importacircncia uma equipe interdisciplinar para promoccedilatildeo
da assistecircncia aos problemas de sauacutede do indiviacuteduo reforccedilando-se a necessidade de
profissionais generalistas que atendam a todas as necessidades de sauacutede faixas etaacuterias e fases
do desenvolvimento humano (BRASIL 2005c) Dessa forma o trabalho em equipe na ESF eacute
um dos pressupostos mais importantes para a reorganizaccedilatildeo do processo de trabalho com
possibilidade de uma abordagem mais integral e mais resolutiva
Lopes e Silva (2004) advertem sobre a necessidade do aprimoramento da equipe da
Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) e praacutetica das accedilotildees que implementem novos protocolos
de atenccedilatildeo agrave sauacutede adaptadas agraves novas realidades e ao perfil epidemioloacutegico da populaccedilatildeo Os
protocolos baseados na atualizaccedilatildeo teoacuterica e nos avanccedilos do conhecimento numa visatildeo
interdisciplinar proporcionam subsiacutedios necessaacuterios agrave adequaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica dos
processos terapecircuticos conferindo homogeneidade agraves condutas teacutecnicas tornando o
atendimento resolutivo e competente
Santos e Mattos (2011) enfatizam para a necessidade de os profissionais da ESF
fazerem uso de novas modalidades de cuidar com o escopo de melhorar a qualidade da
assistecircncia perpassando a simples cura da doenccedila e indo aleacutem desta a fim de aliviar o
sofrimento das pessoas e a carga de seus familiares Acrescentam ainda que a construccedilatildeo de
um modelo assistencial diferente e inovador necessariamente levaraacute em conta a valorizaccedilatildeo de
novos espaccedilos e de outras formas de organizaccedilatildeo das tecnologias
Dentre essas novas propostas de modalidades de cuidar destacam-se os Cuidados
Paliativos que emergem como uma praacutetica de implementaccedilatildeo tanto dos cuidados quanto da
organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede que precisam ser modificados para oferecer respostas aos
problemas que fazem sofrer as pessoas que apresentam enfermidades incuraacuteveis
Sob esse prisma os Cuidados Paliativos buscam dar uma resposta ativa aos problemas
necessidades e sofrimento gerados pela progressatildeo das doenccedilas crocircnicas e incuraacuteveis
procurando cada vez mais humanizar os cuidados de sauacutede prestados agraves pessoas acometidas de
enfermidades crocircnicas e seus familiares Assinala-se que essa praacutetica natildeo significa uma
intervenccedilatildeo apenas no final da vida mas sim uma abordagem estruturada para atender agraves
necessidades das pessoas em qualquer fase da enfermidade o mais precocemente possiacutevel
(SANTOS MATTOS 2011)
A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (2003) recomenda que a Atenccedilatildeo Baacutesica exerccedila um
papel fundamental tambeacutem nos cuidados continuados crocircnicos ou paliativos devendo ser o
principal responsaacutevel pela atenccedilatildeo aos pacientes e seus familiares e a base para o sistema de
49
referecircncia e contrarreferecircncia de forma que assegure a articulaccedilatildeo da continuidade dos cuidados
nos demais niacuteveis de atenccedilatildeo
Santos e Mattos (2011) concordam que os Cuidados Paliativos podem ser estruturados
na Atenccedilatildeo Baacutesica uma vez que a ESF eacute considerada um modelo de atenccedilatildeo primaacuteria
comprometido com a integridade da atenccedilatildeo agrave sauacutede focado na unidade familiar e compatiacutevel
com o contexto socioeconocircmico cultural e epidemioloacutegico da comunidade em que estaacute
inserida as equipes de sauacutede da famiacutelia
No acircmbito internacional a atenccedilatildeo primaacuteria de paiacuteses como Inglaterra Espanha
Canadaacute e Portugal vem integrando a poliacutetica de Cuidados Paliativos com a disseminaccedilatildeo de
capacitaccedilatildeo permanente para todos os profissionais da Sauacutede e com o estabelecimento de
poliacuteticas e protocolos assistenciais Quanto ao cenaacuterio nacional observa-se que o Ministeacuterio da
Sauacutede vem empreendendo um esforccedilo no sentido de elaborar diretrizes nacionais para a atenccedilatildeo
em Cuidados Paliativos e controle da dor crocircnica a fim de que estes sejam incorporados na
Atenccedilatildeo Baacutesica (SANTOS MATTOS 2011)
Floriani (2011) afirma que nos uacuteltimos dez anos o Ministeacuterio da Sauacutede realizou
diversas iniciativas com o propoacutesito de inserir os Cuidados Paliativos como uma importante
estrateacutegia de poliacutetica de Sauacutede Este fato ocorreu a partir de 1998 quando surgiram os centros
de alta complexidade em oncologia (CACONs) preconizando-se a necessidade de equipe
qualificada em Cuidados Paliativos tanto para tratamento em regime de internaccedilatildeo hospitalar
quanto para tratamento domiciliar Com tal iniciativa pretendeu-se incluir os Cuidados
Paliativos na assistecircncia oncoloacutegica do SUS
Mello e Caponero (2011) dizem que o Ministeacuterio da Sauacutede alerta para a necessidade
inicial de disseminaccedilatildeo da temaacutetica com o escopo de sensibilizar as pessoas em geral
sobretudo os profissionais da Sauacutede Haja vista que sua intenccedilatildeo eacute a de implementar Cuidados
Paliativos inclusive o controle da dor crocircnica nos diferenciados niacuteveis de atenccedilatildeo (baacutesica
especializada de meacutedia e alta complexidade) organizando a assistecircncia em linhas de cuidados
integrais (eletivo e de urgecircncia domiciliar ambulatorial e hospitalar)
Neste enfoque a magnitude social da demanda de Cuidados Paliativos no Brasil
mostra a necessidade de se estruturar uma rede integrada de serviccedilos que deve ser
regionalizada e hierarquizada estabelecendo uma linha de cuidados integrais e continuados
Floriani e Schramm (2007) afirmam que um dos aspectos mais desafiadores agrave
absorccedilatildeo pelo sistema de sauacutede dos Cuidados Paliativos estaacute na organizaccedilatildeo efetiva dos
recursos humanos Haja vista que a equipe precisa administrar uma seacuterie de fatores que nem
sempre poderatildeo estar padronizados e institucionalizados Esse eacute o caso dos conflitos de
50
natureza eacutetica como o respeito da confidencialidade introduccedilatildeo e retirada de medicamentos
que se apresentam quase invariavelmente na praacutetica dos Cuidados Paliativos
Rajagopal Mazza e Lipman (2003) referem tambeacutem problemas relativos agrave
comunicaccedilatildeo do diagnoacutestico e prognoacutestico ao paciente ao local do falecimento do paciente
uma vez que esta eacute uma questatildeo que costuma estressar bastante o cuidador e a famiacutelia agrave
confidencialidade das informaccedilotildees dentre outros Consideram fundamental que a equipe
busque uma uniformidade em seu discurso e dialogue abertamente com o paciente com seu
cuidador e com a famiacutelia
Portanto eacute necessaacuterio agrave praacutetica de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica que o
profissional da Sauacutede conheccedila e domine procedimentos claacutessicos em Cuidados Paliativos
como por exemplo o uso da via subcutacircnea para infusatildeo de medicamentos e para hidrataccedilatildeo e
saiba reconhecer quando o paciente estaacute na fase terminal de sua doenccedila A ausecircncia deste tipo
especiacutefico de competecircncia eacute motivo de profundos mal-entendidos geradores de distorccedilotildees entre
os membros da equipe o que gera em uacuteltima instacircncia inseguranccedila ao paciente e
especialmente ao cuidador e aos membros da famiacutelia
Diante de tais problemas Florioni e Schramm (2007) enfatizam a necessidade da
incorporaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na rede de Atenccedilatildeo Baacutesica que pode desempenhar um
papel relevante nos cuidados no fim da vida especialmente em aacutereas onde natildeo haacute centros de
referecircncia em Cuidados Paliativos Chamam a atenccedilatildeo para algumas situaccedilotildees desafiadoras agraves
accedilotildees da equipe de Atenccedilatildeo Baacutesica na provisatildeo desses cuidados como os aspectos relacionados
com o cuidador familiar alguns conflitos de natureza eacutetica inerentes a esta atividade e relativos
agrave alocaccedilatildeo dos recursos humanos disponiacuteveis
Os autores mencionados acrescentam que os cuidados no fim da vida encerram um
campo de grandes conflitos morais para a equipe que assiste o paciente como por exemplo
aqueles relativos ao planejamento de investir no tratamento agrave retirada de suporte de vida (como
alimentos e liacutequidos) agrave eutanaacutesia entre outros
Todavia a implantaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar no sistema de sauacutede brasileiro
constitui-se uma tarefa desafiadora aos gestores da Sauacutede apresentando-se de forma lenta e
desarticulada Salienta-se que existem importantes obstaacuteculos tanto de ordem operacional
quanto de ordem eacutetica e cultural que precisam ser enfrentados tais como precaacuteria formaccedilatildeo de
recursos humanos a falta de visatildeo dos gestores a respeito da importacircncia dos Cuidados
Paliativos e a dificuldade de acesso a medicamentos especialmente opioides (FLORIANI
2011)
51
Diante dessa realidade o sistema de sauacutede brasileiro tem a difiacutecil tarefa de ir agrave busca
de um modelo sustentaacutevel de cuidados no fim da vida do ponto de vista operacional
organizado de modo que possa ser acessiacutevel nos mais diferentes contextos do paiacutes sendo
portanto necessaacuteria a promoccedilatildeo de uma assistecircncia humanizada pautada na filosofia dos
Cuidados Paliativos
52
4 Trajetoacuteria metodoloacutegica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
53
4 TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA
No presente capiacutetulo discorreremos sobre o caminho metodoloacutegico percorrido para
concretizaccedilatildeo desta pesquisa Segundo Minayo (2010) o caminho metodoloacutegico eacute uma
apresentaccedilatildeo didaacutetica do tratamento dos dados o qual acontece mediante um processo contiacutenuo
e simultacircneo com passos articulados e complementares entre si visando-se apreender a
realidade tal como se apresenta aos olhos do pesquisador levando este agrave reflexatildeo com o suporte
do referencial teoacuterico Dessa forma a metodologia eacute a previsatildeo dos recursos necessaacuterios e
procedimentos para se atingir os objetivos propostos e responder agraves questotildees de pesquisa
estabelecidas
Para o desenvolvimento desta pesquisa considerando os objetivos propostos e o tema
em foco optamos pela pesquisa exploratoacuteria com abordagem qualitativa Na concepccedilatildeo de
Polit Beck e Hungler (2004) a pesquisa exploratoacuteria busca explorar as dimensotildees do
fenocircmeno a maneira pela qual este eacute manifestado e outros fatores com os quais se relaciona
Gil (2010) afirma que este tipo de pesquisa proporciona maior familiaridade com a
problemaacutetica objetivando-se tornaacute-la mais expliacutecita ou construir hipoacuteteses aprimorando-se
ideias ou a descobertas de intuiccedilotildees
Polit Beck e Hungler (2004) acrescentam que em estudos de natureza qualitativa o
investigador amplia a sua experiecircncia no fenocircmeno encontrando-se elementos necessaacuterios que
permitam o contato dele com determinada populaccedilatildeo e a obtenccedilatildeo de resultados que ele deseja
Nesta modalidade de pesquisa parte-se da premissa de que os conhecimentos sobre os
indiviacuteduos somente acontecem a partir de dados empiacutericos jaacute disponiacuteveis e apreensiacuteveis pela
descriccedilatildeo da experiecircncia humana vivida e determinada pelos seus proacuteprios sujeitos
Quanto ao cenaacuterio da pesquisa este foi desenvolvido no municiacutepio de Joatildeo Pessoa
(PB) em unidades de sauacutede da famiacutelia pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV Vale ressaltar que
neste municiacutepio a estrutura da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia foi implantada no ano 2000
inicialmente com a instalaccedilatildeo de sete equipes Conta atualmente com cento e oitenta equipes
A ampliaccedilatildeo desse nuacutemero teve por objetivo o de expandir a cobertura territorial e populacional
das accedilotildees baacutesicas de sauacutede (JOAtildeO PESSOA 2010)
A cobertura populacional da ESF cresceu de 727 em 2005 para 81 (563609) das
pessoas cadastradas ou ainda 144634 famiacutelias da populaccedilatildeo total de Joatildeo Pessoa (693082
habitantes) em 2008 Essa cobertura superou a meta de 80 preconizada pelo Ministeacuterio da
Sauacutede e representou a segunda maior no ano de 2007 em comparaccedilatildeo com outras capitais
brasileiras sendo a primeira observada em Aracaju com 966 Deveu-se a fatores como o
54
processo de territorializaccedilatildeo e remapeamento das aacutereas de abrangecircncia das equipes de sauacutede da
famiacutelia implantaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do apoio matricial (JOAtildeO PESSOA 2008)
No que diz respeito ao atendimento prestado aos muniacutecipes da Capital as accedilotildees de
sauacutede atualmente satildeo coordenadas no espaccedilo dos distritos sanitaacuterios A ldquorederdquo de serviccedilos de
sauacutede do municiacutepio de Joatildeo Pessoa estaacute distribuiacuteda territorialmente em cinco distritos sanitaacuterios
(DS I DS II DS III DS IV e DS V) que recortam toda a extensatildeo territorial da referida cidade
e compreendem o primeiro niacutevel de organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede denominado
Atenccedilatildeo Baacutesica Em cada distrito existe um diretor geral um diretor teacutecnico um diretor
administrativo e um grupo de apoiadores matriciais Este uacuteltimo eacute constituiacutedo por profissionais
que satildeo responsaacuteveis pela conduccedilatildeo tecnopoliacutetica das accedilotildees desenvolvidas no territoacuterio
A figura 1 a seguir mostra a localizaccedilatildeo dos cinco distritos sanitaacuterios e as respectivas
USFs de acordo com as regiotildees geograacuteficas do municiacutepio de Joatildeo Pessoa
Figura 1 ndash Representaccedilatildeo geograacutefica da localizaccedilatildeo das USFs de Joatildeo Pessoa (2010)
Fonte ndash Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
55
Atualmente os distritos sanitaacuterios de Joatildeo Pessoa contam com 125 USFs
comportando como jaacute foi dito 180 equipes de sauacutede da famiacutelia Esse nuacutemero tende a ser
crescente tendo em vista a necessidade de ampliaccedilatildeo do nuacutemero de unidades para atender agrave
elevada demanda decorrente do aumento populacional neste municiacutepio (JOAtildeO PESSOA
2010)
Ressaltamos que esta rede da Atenccedilatildeo Baacutesica ainda eacute composta por cinco unidades
que funcionam como referecircncia para a populaccedilatildeo descoberta da ESF assegurando o princiacutepio
da universalidade do SUS Satildeo estas Unidade Baacutesica de Mandacaru Unidade de Sauacutede das
Praias Unidade de Sauacutede Lourival Gouveia de Moura Unidade de sauacutede Maria Luiza Targino
e Unidade de Sauacutede Francisco das Chagas Aleacutem disso dispotildee da oferta de consultas e
procedimentos nas cliacutenicas baacutesicas nos Centros de Atenccedilatildeo Integral agrave Sauacutede (CAIS) dos bairros
de Mangabeira Jaguaribe e Cristo
Conforme foi assinalado o cenaacuterio da pesquisa ocorreu especificamente no Distrito
Sanitaacuterio IV Este eacute composto por vinte e nove unidades distribuiacutedas pelos seguintes bairros
Roger Tambiaacute Centro Mandacaru Alto do Ceacuteu Varadouro Bairro dos Estados Bairro dos
Ipecircs Torre Trincheiras Ilha do Bispo e Treze de Maio como mostra a figura 2 a seguir
Figura 2 ndash Mapa do territoacuterio do Distrito Sanitaacuterio IV (2010)
Fonte ndash Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
56
Cumpre assinalar que elegemos o Distrito Sanitaacuterio IV como cenaacuterio de estudo em
virtude de sua localizaccedilatildeo ser de faacutecil acesso e ele ser considerado o segundo distrito a
apresentar um alto coeficiente de mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em 2009
(destacado no graacutefico 1) sendo uma realidade que sinaliza para a premente necessidade de
assistecircncia pautada nos Cuidados Paliativos
Graacutefico 1 ndash Coeficiente de Mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em 2009 Comparativo entre
Joatildeo Pessoa e Distritos Sanitaacuterios
Fonte Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
No referido distrito foi implantada a assistecircncia domiciliar com a finalidade de
garantir dentro dos princiacutepios do SUS a continuidade da assistecircncia em domiciacutelio visando-se
tambeacutem o restabelecimento e a manutenccedilatildeo da sauacutede dos usuaacuterios aleacutem da promoccedilatildeo de sua
autonomia independecircncia e participaccedilatildeo no seu contexto social por meio do desenvolvimento e
adaptaccedilatildeo de funccedilotildees elevando-se sua qualidade de vida e reduzindo-se as reinternaccedilotildees e
consequentemente os riscos impostos aos usuaacuterios familiares e cuidadores
Para a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a assistecircncia domiciliar eacute compreendida como
a provisatildeo de serviccedilos de sauacutede por prestadores formais e informais com o objetivo de
promover restaurar e manter o conforto funccedilatildeo e sauacutede das pessoas num niacutevel maacuteximo
inclusive cuidados para uma morte digna (BRASIL 2006)
Destarte acreditando numa aproximaccedilatildeo maior dos profissionais que compotildeem esse
distrito com os Cuidados Paliativos escolhemos o respectivo cenaacuterio para subsidiar a pesquisa
Os participantes da pesquisa foram trinta profissionais da aacuterea da Sauacutede de niacutevel
superior vinculados agraves unidades de sauacutede da famiacutelia do Distrito Sanitaacuterio IV no municiacutepio de
57
Joatildeo Pessoa distribuiacutedos da seguinte forma dez meacutedicos dez enfermeiros e dez cirurgiotildees-
dentistas Assinalamos que este nuacutemero foi considerado suficiente por quanto na pesquisa de
natureza qualitativa conforme explicita Moreira (2004) valoriza-se a qualidade com que o
fenocircmeno ocorre e natildeo a quantidade Nessa linha de pensamento Costa e Valle (2000)
assinalam que na pesquisa de natureza qualitativa natildeo importa a quantidade de participantes
envolvidos em uma investigaccedilatildeo e sim o aprofundamento qualitativo do fenocircmeno pesquisado
Minayo (2010) ao discutir a amostragem na pesquisa qualitativa afirma que nesta
haacute uma preocupaccedilatildeo menor com a generalizaccedilatildeo Na verdade haacute necessidade de um maior
aprofundamento e abrangecircncia da compreensatildeo Entatildeo para esta abordagem o criteacuterio
fundamental natildeo eacute o quantitativo mas sua possibilidade de incursatildeo ou seja eacute essencial que o
pesquisador seja capaz de compreender o objeto de estudo Logo a quantidade da amostra deve
permitir que haja a reincidecircncia de informaccedilotildees ou saturaccedilatildeo dos dados situaccedilatildeo ocorrida
quando nenhuma informaccedilatildeo nova eacute acrescentada com a continuidade do processo de pesquisa
Para a seleccedilatildeo da amostra utilizou-se como criteacuterios de inclusatildeo selecionar o
profissional da aacuterea da Sauacutede ndash meacutedico enfermeiro e cirurgiatildeo-dentista ndash que estivesse atuando
no distrito escolhido para o estudo no momento da coleta de dados incluir soacute quem tivesse no
miacutenimo um ano de atuaccedilatildeo profissional naquele local soacute incluir aquele que aceitasse participar
do estudo
Para a obtenccedilatildeo do material empiacuterico inicialmente optamos pela teacutecnica de entrevista
com a utilizaccedilatildeo do sistema de gravaccedilatildeo contudo alguns participantes solicitaram que natildeo
fosse empregada a referida teacutecnica
Diante da referida solicitaccedilatildeo aplicamos um formulaacuterio contendo perguntas
pertinentes aos objetivos propostos para a pesquisa Este instrumento foi composto de duas
partes a primeira abordou questotildees sobre dados soacutecio-demograacuteficos versando-se a conhecer o
perfil do profissional a segunda formulou questotildees voltadas mais diretamente aos Cuidados
Paliativos (APEcircNDICE A)
O material empiacuterico advindo destes profissionais foi codificado a partir da categoria
profissional a fim de se manter o anonimato deles Dessa forma os depoimentos oriundos dos
profissionais meacutedicos foram identificados pela letra ldquoMrdquo seguido de nuacutemeros de um a dez
Exemplo o primeiro profissional meacutedico foi codificado da seguinte maneira ldquoM1rdquo o segundo
profissional meacutedico ldquoM2rdquo e assim sucessivamente Em relaccedilatildeo ao profissional enfermeiro foi
atribuiacutedo o coacutedigo ldquoErdquo tambeacutem seguido de nuacutemeros de um a dez como terceiro profissional
enfermeiro ldquoE3rdquo Por fim ao profissional cirurgiatildeo-dentista foi determinada a letra ldquoDrdquo
58
acrescida do nuacutemero um a dez a fim de se destacar o profissional responsaacutevel por aquele
depoimento
A coleta de dados foi iniciada apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo Comitecirc de
Eacutetica em Pesquisa do Hospital Universitaacuterio Lauro Wanderlei da Universidade Federal da
Paraiacuteba sob o protocolo de nordm 77710 Sendo assim obedeceu-se aos procedimentos eacuteticos
relativos agrave Pesquisa Envolvendo Seres Humanos no cenaacuterio brasileiro referenciados nas
Diretrizes e Normas Regulamentadoras dispostas na Resoluccedilatildeo Nordm 19696 do Conselho
Nacional de Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2007)
A aproximaccedilatildeo com os participantes da pesquisa foi feita inicialmente mediante um
contato preacutevio com a Diretora do Distrito Sanitaacuterio IV do Municiacutepio de Joatildeo Pessoa a qual foi
informada acerca da proposta da pesquisa para que pudesse encaminhar a pesquisadora aos
profissionais de niacutevel superior da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia e lhes apresentasse o referido
projeto
Em seguida foi realizado um encontro entre a pesquisadora e os profissionais da
Sauacutede pertencentes a este Distrito Neste encontro foram abordados os objetivos do estudo
justificativa e procedimentos metodoloacutegicos
Nesta ocasiatildeo a pesquisadora apresentou aos participantes o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) ressaltando a liberdade de participar ou natildeo do
estudo e de desistir dele em qualquer momento da investigaccedilatildeo sem que isto lhes acarretasse
qualquer prejuiacutezo ou constrangimento A pesquisadora os esclareceu sobre a garantia do
anonimato do participante e da confidenciabilidade nos dados fornecidos Aleacutem disso
enfatizou a contribuiccedilatildeo da pesquisa para o reconhecimento da valoraccedilatildeo dos Cuidados
Paliativos pela equipe de sauacutede da famiacutelia
Os dados obtidos por meio do instrumento proposto foram agrupados e analisados
mediante a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo Esta eacute compreendida como um conjunto de teacutecnicas
de anaacutelise das comunicaccedilotildees que tem por finalidade a de obter procedimentos sistemaacuteticos e
objetivos de descriccedilatildeo do conteuacutedo e indicadores das mensagens os quais possibilitam a
induccedilatildeo de informaccedilotildees sobre as categorias de produccedilatildeo destas mensagens (BARDIN 2008)
Como unidade de registro para anaacutelise do material empiacuterico optamos pela anaacutelise de
conteuacutedo temaacutetica Nesta de acordo com Bardin (2008) a noccedilatildeo de tema eacute amplamente
utilizada e se constitui a unidade de significaccedilatildeo que emerge de um texto analisado segundo
determinados criteacuterios relativos agrave teoria que serve de guia para a leitura A mesma autora
afirma ainda que a noccedilatildeo de tema estaacute relacionada com uma afirmaccedilatildeo sobre determinado
assunto e que este tema pode ser uma palavra uma frase um resumo
59
Portanto fazer uma anaacutelise temaacutetica consiste em descobrir os nuacutecleos de sentidos que
compotildeem a comunicaccedilatildeo cuja presenccedila ou frequecircncia de apariccedilatildeo pode significar alguma coisa
para o objetivo analiacutetico escolhido Esta autora esclarece tambeacutem que a anaacutelise temaacutetica eacute
geralmente empregada para estudar as motivaccedilotildees as atitudes os valores as crenccedilas as
tendecircncias entre outros aspectos
Minayo (2010) acrescenta que ao tratar-se de modalidade temaacutetica que busca os
significados do fenocircmeno investigado no material qualitativo coletado mediante as falas dos
sujeitos elucida-se o ldquotemardquo como unidade de significado ndash o que possibilita desvelar os
ldquonuacutecleos do sentidordquo os quais contemplam as formas de comunicaccedilatildeo estabelecidas entre os
sujeitos da pesquisa
A autora ressalta que a operacionalizaccedilatildeo da teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo ocorre em
trecircs etapas a preacute-anaacutelise a exploraccedilatildeo do material e o tratamento dos resultados
A fase de preacute-anaacutelise eacute conceituada como a fase de organizaccedilatildeo propriamente dita dos
dados coletados Eacute neste momento (de acordo com os objetivos e questotildees do estudo) que se
define a unidade de registro a unidade de contexto os trechos significativos e as categorias
Esta fase pressupotildee o contato inicial com o material e com a escolha deste sendo portanto
realizada uma leitura flutuante com a finalidade de facilitar a compreensatildeo do fenocircmeno
investigado visando-se a alcanccedilar um entendimento mais aprofundado (MINAYO 2010)
Seguindo essas orientaccedilotildees selecionamos o material a ser analisado e em seguida
realizamos a transcriccedilatildeo na iacutentegra das respostas correspondentes aos questionamentos
propostos para o estudo Em seguida procedemos a sucessivas leituras de modo atento com
movimentos de ir e vir nos textos como forma de obter uma melhor compreensatildeo do conteuacutedo
abordado pelos profissionais inseridos no estudo
A fase denominada exploraccedilatildeo do material eacute compreendida como o momento extenso
do estudo podendo haver necessidade de realizar diversas leituras de um mesmo material
(MINAYO 2010) Por conseguinte durante esta etapa trabalhamos de maneira
individualizada com uma questatildeo comum a todos os participantes e assim deu sequecircncia agraves
outras necessitando dessa forma como jaacute foi dito um maior movimento de ir e vir nos textos
no intuito de encontrar um mesmo ponto relevante apresentado numa mesma questatildeo comum a
todos
Logo em seguida destacamos os pontos convergentes com a finalidade de identificar o
significado e o sentido de cada fragmento dos discursos trabalhados Tal atividade possibilitou
explorar o material apresentado para se chegar agrave categorizaccedilatildeo Esta permite o pesquisador
60
ldquo[] agrupar elementos ideias ou expressotildees em torno de um conceitordquo (MINAYO 2010 p
70) capaz de contemplar a essecircncia do mesmo
Para tanto foram realizadas incessantes releituras dos conteuacutedos transcritos do
material empiacuterico coletado procurando-se identificar e realccedilar os seguimentos dos discursos
correspondentes expressos no universo de cada foco comum das questotildees trabalhadas em seus
vaacuterios sentidos
Em seguida esses dados foram compilados agregando-se os trechos dos pontos
convergentes e os de cada questatildeo abordada com seu respectivo foco comum Desse modo foi
possiacutevel identificar as seguintes categorias temaacuteticas Cuidados Paliativos ndash aspectos
conceituais e modalidades terapecircuticas com suas respectivas subcategorias ndash Cuidados
Paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de cura
modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees
O tratamento dos resultados eacute caracterizado como a fase em que se tenta desvendar o
conteuacutedo subjacente ao que estaacute sendo manifesto buscando-se compreender as caracteriacutesticas
do fenocircmeno analisado Durante esta fase satildeo abordadas as inferecircncias e interpretaccedilotildees
anunciadas no referencial teoacuterico do estudo proposto culminando-se em novas descobertas
sendo isto um alicerce para novas dimensotildees teoacutericas ante o fenocircmeno investigado (MINAYO
2010)
Na anaacutelise final a pesquisadora realizou a articulaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo do material
empiacuterico com base na literatura pertinente ao tema em estudo a fim de proceder agrave descriccedilatildeo
dos dados obtidos a partir dos relatos dos profissionais inseridos na pesquisa bem como
conjeturar novas possibilidades acerca da investigaccedilatildeo proposta
61
5 Apresentaccedilatildeo dos dados e
discussatildeo dos resultados
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
62
Este capiacutetulo tem por objetivo o de apresentar dados relacionados com os participantes
inseridos no estudo os quais viabilizaram a realizaccedilatildeo deste estudo Em seguida seratildeo
apresentadas as categorias e subcategorias temaacuteticas que emergiram do material empiacuterico do
estudo mediante a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (2008)
51 APRESENTACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA
Esta investigaccedilatildeo foi realizada com os profissionais da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV constituiacuteda por uma amostra de trinta sujeitos sendo dez
enfermeiros dez meacutedicos e dez cirurgiotildees-dentistas Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria observamos
uma variaccedilatildeo entre os vinte e oito e os setenta e trecircs anos Os referidos participantes concluiacuteram
a formaccedilatildeo acadecircmica entre 1967 e 2009 Ressaltamos que a instituiccedilatildeo de ensino de maior
prevalecircncia foi a Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB)
Em relaccedilatildeo agrave titulaccedilatildeo averiguamos que vinte e quatro dos profissionais inseridos no
presente estudo satildeo especialistas Dentre esta amostra treze possuem cursos lato sensu em
aacutereas relacionadas com a atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo Baacutesica como Sauacutede da Famiacutelia Sauacutede Puacuteblica e
Sauacutede Coletiva Segundo Gil (2005) desde a deacutecada de 1990 com a criaccedilatildeo do PSF tem sido
unacircnime o reconhecimento acerca da importacircncia de construir um novo modo de fazer sauacutede e
ao mesmo tempo a constataccedilatildeo de que o perfil dos profissionais formados natildeo se encontra
bastante adequado a habilitaacute-los para uma atuaccedilatildeo na perspectiva da atenccedilatildeo integral agrave sauacutede
nas praacuteticas que contemplem accedilotildees de promoccedilatildeo proteccedilatildeo prevenccedilatildeo atenccedilatildeo precoce cura e
reabilitaccedilatildeo
Para tanto o Ministeacuterio da Sauacutede criou em 2000 os cursos de especializaccedilatildeo e
residecircncia multiprofissional em Sauacutede da Famiacutelia Esses cursos tiveram a finalidade de dar
suporte teoacuterico e praacutetico aos profissionais jaacute inseridos nas equipes e oferecer em especial aos
receacutem-egressos dos cursos de Medicina e Enfermagem uma formaccedilatildeo mais voltada agraves
necessidades do PSF Outro objetivo para a criaccedilatildeo desses cursos foi o de estimular no interior
das universidades e das escolas estaduais de sauacutede puacuteblica a inserccedilatildeo de conteuacutedos pertinentes
agrave Sauacutede da Famiacutelia nos programas de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu (GIL 2005)
Quanto ao tempo de atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo Baacutesica especificamente na Estrateacutegia Sauacutede
da Famiacutelia os profissionais referiram o periacuteodo de dois a vinte anos de atuaccedilatildeo nesta aacuterea
63
52 APRESENTACcedilAtildeO DO MATERIAL EMPIacuteRICO DO ESTUDO
O material empiacuterico do estudo eacute oriundo das seguintes questotildees norteadoras
Que vocecirc entende por Cuidados PaliativosNo seu entendimento quais as
modalidades terapecircuticas empregadas nos Cuidados Paliativos Na sua visatildeo quais os
profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Na sua concepccedilatildeo que eacute necessaacuterio para se viabilizar a implantaccedilatildeo de Cuidados Paliativos
na Atenccedilatildeo Baacutesica
As respostas obtidas a partir destas questotildees possibilitaram a construccedilatildeo de duas
categorias apresentadas a seguir
CUIDADOS PALIATIVOS ASPECTOS CONCEITUAIS E MODALIDADES
TERAPEcircUTICAS
Nesta categoria seratildeo destacados trechos dos depoimentos dos profissionais da Sauacutede
inseridos no estudo acerca da compreensatildeo deles sobre Cuidados Paliativos Em seguida seraacute
evidenciado o entendimento dos participantes a respeito das modalidades terapecircuticas
empregadas nessa modalidade de cuidar Desta temaacutetica surgiram duas subcategorias
ldquoCuidados paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de
curardquo e ldquoModalidades terapecircuticas em cuidados paliativosrdquo
Cuidados Paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de
cura
Os Cuidados Paliativos ao contraacuterio do que se pensa natildeo representam uma omissatildeo de
tratamentos e cuidados eles tecircm sua filosofia baseada na prestaccedilatildeo de cuidados que avaliam o
paciente dentro das dimensotildees que o compotildeem (biopsiacutequico-social-espiritual) e nos cuidados que
podem ser atribuiacutedos a esse paciente de modo que lhe ofereccedilam o conforto e o aliacutevio necessaacuterio
procurando atenuar os efeitos de uma situaccedilatildeo fisioloacutegica desfavoraacutevel originada por um quadro
patoloacutegico que natildeo responde mais a intervenccedilotildees terapecircuticas curativas (OLIVEIRA SAacute SILVA
2007)
Arauacutejo (2011) assinala que o conhecimento e praacutetica dos profissionais da Sauacutede sobre
os Cuidados Paliativos natildeo apenas no Brasil mas em acircmbito mundial estatildeo atrelados a alguns
fatores que tecircm contribuiacutedo para o crescimento exponencial do interesse Um dos fatores a ser
64
ponderado foi a reformulaccedilatildeo do conceito de Cuidados Paliativos feita pela Organizaccedilatildeo
Mundial de Sauacutede (OMS) em 2002 Essa revisatildeo modificou o objeto dos Cuidados Paliativos
de pacientes oncoloacutegicos sem prognoacutestico de cura para pacientes acometidos por doenccedilas
crocircnicas que natildeo respondem ao tratamento curativo
Dessa forma o cuidado que ateacute entatildeo era destinado exclusivamente aos pacientes com
cacircncer passou a ser preconizado e praticado tambeacutem a pacientes portadores de doenccedilas
cronodegenerativas (doenccedilas cardiacuteacas respiratoacuterias neuroloacutegicas renais infectocontagiosas
como a AIDS) quando estas estatildeo em fase avanccedilada e natildeo mais responsiva a tratamentos
curativos visando-se ao aliacutevio da dor e sofrimento que tratamentos invasivos e pouco
resolutivos causam nesta etapa
Com a referida revisatildeo referindo-se a pacientes com patologias crocircnicas profissionais
da Sauacutede das mais diversas aacutereas tecircm entrado em contato com a filosofia paliativista ao
buscarem cuidado de melhor qualidade com os pacientes em estaacutegio avanccedilado de patologias
que ainda natildeo satildeo passiacuteveis de cura
Com base nesse entendimento fica evidenciada a importacircncia da praacutetica dos Cuidados
Paliativos para assistir pacientes sem possibilidades terapecircuticas de cura e em fase terminal
Isto pode ser constatado nos trechos dos depoimentos dos participantes do estudo a seguir
Cuidados paliativos satildeo aqueles em que quando jaacute se esgotaram todas as possibilidades
de cura da doenccedila o paciente continua sendo assistido pelos profissionais da Sauacutede para
que o mesmo tenha uma morte menos sofrida (M2)
Satildeo aqueles oferecidos com objetivo de minorar o sofrimento uma vez que satildeo usados em
casos que natildeo haacute resoluccedilatildeo ou seja cura total (M5)
Satildeo cuidados que proporcionam uma melhora no quadro patoloacutegico do enfermo
aliviando o sofrimento fiacutesico e espiritual (M8)
Satildeo cuidados prestados aos pacientes em estado terminal que visam proporcionar uma
melhor qualidade de vida [] (D3)
[] cuidados paliativos satildeo aqueles cuidados para pacientes terminais idosos e
especiais que precisam mais de carinho e amor que o proacuteprio medicamento (D5)
Consiste na assistecircncia promovida por uma equipe interdisciplinar com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida do paciente terminal (D9)
Cuidados prestados com a finalidade de diminuir a dor ou sofrimento do paciente (E1)
Satildeo cuidados direcionados a pacientes terminais acamados para minimizar o sofrimento
(E4)
65
Satildeo tentativas de prevenccedilatildeo da progressatildeo dos problemas decorrentes de doenccedilas
prolongadas e incuraacuteveis diminuindo o sofrimento e proporcionando melhor qualidade
de vida ao paciente (E8)
Assistecircncia cujo objetivo eacute o de aliviar a dor melhorar a qualidade de vida diante de uma
enfermidade que natildeo tem cura ou ameaccedila a vida (E9)
Esses trechos dos depoimentos satildeo demonstrativos da valoraccedilatildeo da praacutetica dos
Cuidados Paliativos para se propiciar uma assistecircncia humanizada e direcionada a pacientes
com doenccedilas incuraacuteveis e em fase terminal com vistas agrave promoccedilatildeo da qualidade de vida e
minimizaccedilatildeo do sofrimento em decorrecircncia de doenccedila terminal Dessa forma constatamos que
os meacutedicos os cirurgiotildees-dentistas e os enfermeiros todos inseridos no estudo consideram os
Cuidados Paliativos como cuidados de conforto para o paciente cuidado para boa morte
cuidado biopsiacutequicoespiritual e cuidado interdisciplinar
As ponderaccedilotildees apresentadas estatildeo em consonacircncia com a afirmativa de Caponero
(2002) ao ressaltar que os Cuidados Paliativos fundamentam-se em uma concepccedilatildeo global e
ativa do tratamento compreendendo a atenccedilatildeo aos aspectos fiacutesicos sociais e espirituais das
pessoas que estatildeo com doenccedila incuraacutevel
Sousa et al (2010) assinalam que os Cuidados Paliativos constituem um campo
interdisciplinar de cuidados totais ativos e integrais dispensados aos pacientes com doenccedilas
avanccediladas e sem possibilidades de cura desde o estado inicial ateacute agrave fase terminal
Nessa linha de pensamento merecem destaque alguns depoimentos dos participantes
da pesquisa no que se refere aos grupos de pacientes que necessitam de Cuidados Paliativos a
saber pacientes em fase terminal e sem possibilidades terapecircuticas de cura como evidenciam
os trechos a seguir
[] pacientes que se encontram hospitalizados os quais jaacute estatildeo em estaacutegios avanccedilados
da doenccedila (M2)
Pacientes em fase terminal ou cacircncer e patologias crocircnicas insuficiecircncia renal e
hepaacutetica (M5)
Pacientes em estaacutegio terminal ou acamados por doenccedilas crocircnicas (ex AVC) [] (M8)
Aleacutem dos pacientes que se encontram em fase terminal de doenccedilas como o cacircncer []
bem como aqueles que sofrem de doenccedilas irreversiacuteveis com pouca sobrevida ou com
prognoacutestico desfavoraacutevel a sua cura (D3)
[]pacientes desenganados(D6)
66
Satildeo destinados ao paciente em fase terminal como por exemplo os pacientes
oncoloacutegicos e ainda pacientes com doenccedilas crocircnicodegenerativas (D10)
Na minha opiniatildeo pode ser aplicado em qualquer pessoa que esteja com um problema de
sauacutede e em que se natildeo for possiacutevel fazer tratamento definitivo ou cura (E1)
Idosos ou pacientes acamados ou restritos ao leito por algum motivo ou que foram
desenganados pela Medicina (E2)
Insuficiecircncia renal cardiacuteaca e respiratoacuteria pacientes com insuficiecircncia hepaacutetica
doenccedilas neuroloacutegicas degenerativas e graves e tambeacutem o portador de AIDS (E8)
Esses depoimentos deixam transparecer de modo enfaacutetico a compreensatildeo de
meacutedicos cirurgiotildees-dentistas e enfermeiros da ESF todos envolvidos no estudo dos grupos
que necessitam destes cuidados especiais para pacientes que se encontram acometidos por
doenccedilas incuraacuteveis bem como pacientes em fase de terminalidade
Sousa et al (2010) afirmam que a inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na praacutetica
assistencial eacute primordial para se estabelecer um cuidado em que satildeo adotadas medidas
humanizadas direcionadas aos pacientes terminais e sem possibilidades terapecircuticas de cura
tanto no iniacutecio da doenccedila como em sua fase final Entende-se assim que tais cuidados
baseiam-se na concepccedilatildeo de que o paciente mesmo estando em estado terminal pode fazer da
vida uma experiecircncia de crescimento e realizaccedilatildeo Isto porque na vida ele natildeo se resume
somente a um corpo fiacutesico em que na condiccedilatildeo de terminalidade nada pode ser feito mas tem
o direito de receber o melhor cuidado com uma assistecircncia que lhe promova qualidade de vida
e manutenccedilatildeo do conforto e atue no auxiacutelio das funccedilotildees fisioloacutegicas respeitando-se as suas
necessidades de maneira humanizada
Dessa maneira tais cuidados envolvem um processo interior de busca e despertar de
valores sempre que a ocasiatildeo se origina de um envolvimento de um cuidado empaacutetico e natildeo
somente de um cuidado diretivo e teacutecnico Nesta maneira de cuidar o profissional da Sauacutede
busca propiciar uma assistecircncia humaniacutestica ao paciente e seus familiares
A literatura dos Cuidados Paliativos realccedila a presenccedila dos familiares como elemento
colaborador no cuidar do paciente sendo este considerado participante ativo no planejamento
de todo cuidado a ser implementado (MELO FIGUEIREDO 2006) Por conseguinte eacute
imprescindiacutevel que o profissional da ESF compreenda que a famiacutelia tambeacutem necessita de
cuidados
Tal relevacircncia foi apontada por alguns participantes do estudo ao assinalarem que os
Cuidados Paliativos podem ldquo[] ajudar a famiacutelia a lidar com a doenccedila e o doenterdquo (E9) ldquo[]
67
visam proporcionar uma melhor qualidade de vida com menos sofrimento para ele e seus
familiaresrdquo (D3) e ldquo[] eacute a assistecircncia interdisciplinar que tem como objetivo melhorar a
qualidade de vida do paciente e sua famiacutelia diante de uma doenccedila que ameaccedila sua vidardquo (D10)
Arauacutejo (2011) pondera que a famiacutelia eacute muito valorizada no acircmbito dos Cuidados
Paliativos porque aleacutem de configurar-se como fonte de apoio e estiacutemulo para o paciente no
enfrentamento do processo de adoecimento e morte mostra-se como uma continuidade do
proacuteprio paciente representando seus valores e demandas em situaccedilotildees que ele natildeo pode
resolver por si proacuteprio
Neste sentido os Cuidados Paliativos visam ao controle dos sofrimentos fiacutesicos
emocionais espirituais e sociais do paciente e sua famiacutelia na presenccedila de doenccedilas sem
possibilidades terapecircuticas de cura Os profissionais que implementam em sua assistecircncia os
Cuidados Paliativos devem assimilar diferenciadas formas de cuidado destacando a busca de
uma relaccedilatildeo dialoacutegica associada ao saber ouvir com o paciente e com a famiacutelia reforccedilada pelo
viacutenculo e pela confianccedila entre o profissional e o pacientefamiacutelia
Em pesquisa desenvolvida por Santos (2009) constatou-se que se o paciente estaacute bem
cuidado confortado e respeitado o familiar sente-se cuidado tambeacutem O estudo esclarece ainda
que o familiar quando se envolve no processo de cuidado de seu parente percebe que o estaacute
acolhendo e cuidando
Sendo assim na abordagem dos Cuidados Paliativos o envolvimento da famiacutelia eacute
primordial retomando-se o sentido de que esta exerce um importante papel no crescimento e
desenvolvimento dos indiviacuteduos e na recuperaccedilatildeo da sauacutede (FERREIRA SOUZA STUCHI
2008)
Ferreira Chico e Hayhashi (2005) chamam a atenccedilatildeo para o fato de que quando um
indiviacuteduo recebe um diagnoacutestico de que a doenccedila estaacute fora de possibilidades de cura sua
famiacutelia sofre com ele e o impacto eacute sempre muito doloroso Em consequecircncia disso cada
famiacutelia pode manifestar reaccedilotildees distintas como negaccedilatildeo reserva ou fechamento ao diaacutelogo
Diante dessas ponderaccedilotildees observamos que a famiacutelia eacute aspecto fundamental para o
paciente que vivencia o processo de morrer sendo considerada fonte de apoio e estiacutemulo para o
enfrentamento de diversos problemas que permeiam esta situaccedilatildeo Arauacutejo (2006) assinala que a
rede familiar que apoia o paciente compreende natildeo apenas os seus consaguiacuteneos mas tambeacutem
as pessoas proacuteximas com quem ele possui um relacionamento mais estreito
Bielemann (2003) salienta que a famiacutelia eacute considerada um espaccedilo social cujos
membros interagem trocam informaccedilotildees e ao identificarem problemas de sauacutede apoiam-se
mutuamente Eacute um grupo social dinacircmico um sistema aberto para trocas cuja concepccedilatildeo varia
68
de acordo com a cultura e com o momento vivenciado Como unidade a famiacutelia representa mais
do que a soma de caracteriacutesticas individuais de seus membros
Arauacutejo (2006) em estudo que desenvolveu reconheceu por meio da visatildeo dos
participantes do estudo que o referido apoio pode ser sinocircnimo de forccedila suporte base alento
um porto seguro que independente das adversidades sempre estaraacute laacute para acolher e
aconchegar o membro que passa por um problema Portanto perante o sofrimento vivenciado
o apoio passa a ter sentido de encorajamento estiacutemulo incentivo forccedila que incita o indiviacuteduo a
lutar pela vida
Destarte independente do seu contexto a famiacutelia eacute apontada pela literatura como uma
das principais fontes de sustentaccedilatildeo e estiacutemulo para o enfrentamento de uma doenccedila
considerada terminal (KUumlBLER-ROSS 2002 SALES MOLINA 2004 MALUF MORI
BARROS 2005)
Eacute de fundamental importacircncia que os profissionais da aacuterea da Sauacutede inseridos no
contexto da Atenccedilatildeo Baacutesica compreendam o significado real da filosofia dos Cuidados
Paliativos promovendo a valorizaccedilatildeo do ser humano no processo sauacutede-doenccedila com o escopo
de sempre lhe propiciar uma melhor qualidade de vida quando natildeo existir mais possibilidade
terapecircutica bem como promover suporte aos seus familiares durante o estaacutegio da doenccedila e no
processo da morte e do morrer
No campo da filosofia dos Cuidados Paliativos outro aspecto merecedor de destaque
diz respeito agraves modalidades terapecircuticas Nesse sentido os profissionais envolvidos no estudo
evidenciaram algumas modalidades destacadas na subcategoria a seguir
Modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos
Eacute notoacuterio que os Cuidados Paliativos estatildeo constituindo um corpo de conhecimentos
que vem tornando-se objeto do trabalho dos profissionais da Sauacutede tendo em vista o aumento
da sobrevida de pacientes portadores de doenccedilas crocircnicas sendo essenciais para a promoccedilatildeo de
sua qualidade de vida e bem-estar
Sob esse prisma para o alcance de uma proposta de uma assistecircncia holiacutestica os
Cuidados Paliativos utilizam-se das diferenciadas modalidades terapecircuticas Segundo os
depoimentos a seguir seratildeo apontadas algumas destas modalidades ressaltadas pelos
participantes do estudo
69
Atendimento fisioterapecircutico apoio psicoloacutegico atenccedilatildeo e carinho e tratamentos
alopaacuteticos eou homeopaacuteticos para aliviar a dor e a tensatildeo sempre que necessaacuterio (M1)
Entendo que as modalidades terapecircuticas visam a farmacologia com a finalidade de
diminuir a dor fiacutesica seria a psicoloacutegica com finalidade de amenizar o sofrimento mental
dos mesmos e seus familiares (M2)
O carinho o amor no desenvolvimento de praacuteticas paliativas (M6)
Atenccedilatildeo psicossocial fisioterapia tratamento para aliacutevio da dor (D3)
[] massagens e medicaccedilatildeo (D4)
A conversa carinhosa a visita diaacuteria e amor (D5)
Aliacutevio da dor e sofrimento assistecircncia psicoloacutegica (D10)
[]apoio espiritual (E2)
Atraveacutes de medicamentos massagem yoga acunputura Reik escuta qualificada
meditaccedilatildeo psicologia (E3)
Fitoterapia homeopatia medicina alternativa alimentaccedilatildeo alternativa acupuntura
educaccedilatildeo alimentar espiritualidade (E7)
Nos trechos dos depoimentos dos profissionais envolvidos no estudo eacute notoacuterio o
reconhecimento de diversas modalidades terapecircuticas empregadas nos Cuidados Paliativos
evidenciando-se que eles conhecem vaacuterias possibilidades terapecircuticas direcionadas ao paciente
sem possibilidades de cura
Considerando as modalidades usualmente empregadas na praacutetica dos Cuidados
Paliativos referenciadas pelos participantes optamos por apresentaacute-las em dois grupos o
primeiro direcionado para a intervenccedilatildeo bioloacutegica e o segundo para a intervenccedilatildeo
psicoterapecircutica
No que tange agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica em Cuidados Paliativos os trabalhadores
envolvidos no estudo destacaram a farmacologia a fisioterapia e a nutriccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave
intervenccedilatildeo psicoterapecircutica enfatizaram o emprego da comunicaccedilatildeoescuta qualificada da
psicologia e da espiritualidade
Dentre as intervenccedilotildees bioloacutegicas a modalidade nutricional eacute utilizada para o controle
de sintomas valorizaccedilatildeo dos alimentos preferenciais adequaccedilatildeo da dieta conforto emocional
diminuiccedilatildeo da ansiedade aumento da autoestima e respeito ao desejo de alimentos manifestado
pelo proacuteprio paciente
70
A alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo para o paciente terminal constituem uma parcela desse
cuidado tatildeo importante quanto a escuta o diaacutelogo o acompanhamento a leitura o canto entre
outros (FERRER LABRADA LOacutePEZ 2009)
Nesse enfoque observamos que essa modalidade terapecircutica eacute de suma relevacircncia
uma vez que partindo de uma abordagem integral do paciente pode-se promover o aliacutevio dos
sintomas tais como perda de peso anorexia disgeusia (distorccedilatildeo do senso do paladar)
xerostomia (sensaccedilatildeo subjetiva de boca seca) entre outros
No tocante aos sintomas gastrointestinais Santos (2002) destaca a constipaccedilatildeo
porquanto tem ocorrido um aumento da demanda de pacientes em Cuidados Paliativos
apresentando tal sintoma Trata-se de um sintoma comum que interfere na qualidade de vida de
pacientes podendo o controle dele ser conseguido por meio de intervenccedilatildeo nutricional
adequada permitindo-se que seja minimizado sem que meacutetodos invasivos e desconfortaacuteveis
sejam utilizados
De acordo com Silva et al (2009) o papel do nutricionista deve ser o de atuar em
equipe multiprofissional para que todos os profissionais envolvidos alcancem um objetivo
comum o de proporcionar conforto e melhorar a qualidade de vida de pacientes que recebem
esse tipo de cuidado Aleacutem disso eacute inegaacutevel a valorizaccedilatildeo do papel do nutricionista na equipe
multiprofissional sobretudo na decisatildeo de manter ou suspender a alimentaccedilatildeo e a hidrataccedilatildeo de
pacientes que estatildeo em Cuidados Paliativos por entender-se a importacircncia do consumo de
alimentos para minimizar desconfortos nutrir e proporcionar prazer
Portanto tratando-se de Cuidados Paliativos em que todos os esforccedilos devem estar
direcionados agrave promoccedilatildeo do bem-estar fiacutesico e psicoloacutegico dos pacientes o profissional
nutricionista deve ter em mente que o consumo de alimentos eacute capaz de minimizar
desconfortos cuidar de distuacuterbios orgacircnicos nutrir e proporcionar prazer (SANTOS 2002)
Em relaccedilatildeo agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica farmacoloacutegica os profissionais que compotildeem a
ESF devem reconhecer que a utilizaccedilatildeo da farmacoterapia eacute de grande relevacircncia para
pacientes que se encontram na terminalidade Haja vista que o emprego de cuidados teacutecnicos
satildeo importantes nos Cuidados Paliativos para aliacutevio da dor e de outros sintomas decorrentes da
doenccedila terminal
Essa assertiva eacute corroborada por Bonfaacute Vinagre e Figueiredo (2008) ao afirmarem
que ao emprego de drogas em pacientes sem possibilidade de cura procede-se com o propoacutesito
de aliviar o quadro de dor em que estes se encontram Acrescentam que dentre as drogas
existentes para essa finalidade destaca-se a Cannabis sativa (Cs) cuja accedilatildeo eacute capaz de
amenizar a dor crocircnica visto que promoveraacute efeitos ansioliacuteticos analgesia e aumento da
71
toleracircncia agrave dor Aleacutem desses benefiacutecios esta droga age com outros princiacutepios que seratildeo
imperiosos para o bem-estar do paciente tais como estiacutemulo do apetite no estado de caquexia
accedilatildeo antiemeacutetica relaxamento muscular para aliacutevio da espasticidade atividade antitumoral e
anti-inflamatoacuteria no cacircncer entre outros Entretanto eacute importante ressaltar que para se
utilizarem os canabinoides como analgeacutesicos devem ser consideradas limitaccedilotildees que essa
alternativa terapecircutica apresenta porquanto ainda eacute incipiente a realizaccedilatildeo de pesquisas
voltadas para a sua recomendaccedilatildeo agrave pacientes crocircnicos
Em estudo desenvolvido por Santos et al (2009) verificou-se que a utilizaccedilatildeo de
Cuidados Paliativos ocorreu por meio da administraccedilatildeo de faacutermacos para o alcance da sedaccedilatildeo
com o intuito de diminuir o niacutevel de consciecircncia de um doente com doenccedila avanccedilada ou
terminal a fim de controlar alguns sintomas
A sedaccedilatildeo paliativa eacute um procedimento terapecircutico de indicaccedilatildeo meacutedica destinada
para aliacutevio de sintomas que podem aparecer no contexto de doentes no final da vida Observa-
se ainda que eacute utilizada como uma modalidade terapecircutica de Cuidados Paliativos e que o
emprego dela estaacute intrinsecamente relacionado com o surgimento de sintomas como deliacuterio
dor e dispneias Tais sintomas aparecem comumente de forma simultacircnea (GIROND
WATERKEMPER 2006)
Quanto agrave intervenccedilatildeo fisioterapecircutica apontada pelos profissionais participantes do
estudo Marcucci (2005) assinala que os profissionais da Fisioterapia possuem um arsenal
abrangente de teacutecnicas que complementam os Cuidados Paliativos na melhora da
sintomatologia e consequentemente na da qualidade de vida Destaca-se neste arsenal a
terapia para a dor aliacutevio de sintomas psicofiacutesicos atuaccedilatildeo nas complicaccedilotildees
osteomioarticulares reabilitaccedilatildeo de complicaccedilotildees linfaacuteticas atuaccedilatildeo na fadiga melhora da
funccedilatildeo pulmonar cuidados com as uacutelceras de pressatildeo fisioterapia nos Cuidados Paliativos
pediaacutetricos entre outros
Assim compreendemos que o fisioterapeuta deteacutem meacutetodos e recursos exclusivos de
sua profissatildeo que satildeo imensamente uacuteteis nos Cuidados Paliativos porque busca a melhora das
condiccedilotildees de vida dos pacientes sem possibilidades curativas reduzindo os sintomas e
promovendo sua independecircncia funcional
Em relaccedilatildeo agrave intervenccedilatildeo psicoterapecircutica conforme foi assinalada nos trechos dos
participantes do estudo observamos a referecircncia da comunicaccedilatildeoescuta qualificada a da
psicologia e a da espiritualidade modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos
No contexto dos Cuidados Paliativos o emprego adequado da comunicaccedilatildeo eacute
considerado como um pilar baacutesico para sua eficaz implementaccedilatildeo (KOacuteVACS 2004)
72
representando o suporte utilizado pelo paciente por meio do qual ele pode expressar-se e
realizar seus anseios necessitando para tanto de um cuidado integral e humanizado
Este tipo de cuidado integral e humanizado soacute eacute possiacutevel quando o profissional faz uso
de habilidades de comunicaccedilatildeo estabelecendo esta de forma efetiva e compassiva com o
paciente e sua famiacutelia sobre assuntos referentes agrave terminalidade
Em estudo realizado por Arauacutejo e Silva (2007) observou-se que o paciente no quadro
da terminalidade anseia por uma comunicaccedilatildeo que alcance algo a mais ou seja deixe de ser
aquela que trata apenas de transmitir informaccedilotildees e passe a ser transmitida de forma
diferenciada com emprego de palavras e atitudes (comunicaccedilatildeo verbal e natildeo verbal) que
revelem mensagens de atenccedilatildeo e cuidado
Para tanto eacute imperioso que o profissional modifique a sua forma de assistir passando
do fazer para o escutar perceber compreender identificar necessidades para soacute entatildeo planejar
accedilotildees
Inaba e Silva (2002) chamam a atenccedilatildeo para a importacircncia da comunicaccedilatildeo natildeo
verbal considerando-a essencial ao cuidado humano pelo fato de resgatar a capacidade do
profissional da Sauacutede para perceber com maior precisatildeo os sentimentos do paciente suas
duacutevidas e dificuldades de verbalizaccedilatildeo aleacutem de o ajudar a potencializar sua proacutepria
comunicaccedilatildeo
De acordo com Silva (2003) eacute crucial para o cuidado com o paciente sem
possibilidades de cura que o profissional perceba compreenda e empregue adequadamente a
comunicaccedilatildeo natildeo verbal Haja vista que ela permite a percepccedilatildeo e compreensatildeo dos
sentimentos duacutevidas e anguacutestias do paciente assim como o entendimento e clarificaccedilatildeo de
gestos expressotildees olhares e linguagem simboacutelica tiacutepicos de quem estaacute morrendo
Na comunicaccedilatildeo natildeo verbal Higuera (2005) destaca a grandeza da escuta ativa no
processo de Cuidados Paliativos que eacute compreendida como o cuidador concentrar-se no outro
sem interrompecirc-lo deixando-o falar respeitando o silecircncio para que possa escutar suas
duacutevidas inseguranccedilas desconforto e ateacute mesmo o seu medo
Arauacutejo (2011) assinala que a escuta ativa envolve o uso terapecircutico do silecircncio a
emissatildeo consciente de sinais faciais natildeo verbais que denotam interesse no que estaacute sendo dito
(manutenccedilatildeo de contato visual meneios positivos de cabeccedila) a aproximaccedilatildeo fiacutesica e a
orientaccedilatildeo do corpo com o tronco voltado para a pessoa e o uso de expressotildees verbais curtas
que encorajam a continuidade da fala tais como ldquoE entatildeordquo ldquoestou te escutandordquo entre
outras
73
Higuera (2005) adverte que escutar natildeo eacute apenas ouvir mas permanecer em silecircncio
utilizar gestos de afeto e sorriso que expressem aceitaccedilatildeo e estimulem a expressatildeo de
sentimentos Tal ponderaccedilatildeo pode ser contemplada nos depoimentos dos profissionais
participantes da pesquisa expressos a seguir
[] acolher o paciente e fazer a escuta (M1)
E principalmente conversa manter o ciclo de conversa [](D2)
Agraves vezes soacute a sua presenccedila toque um olhar um gesto de carinho jaacute eacute uma estrateacutegia
(D6)
[] escutar o paciente (E1)
Escutar o usuaacuterio (E5)
Acredito que um aperto de matildeo um olhar carinhoso [] (M8)
Com base nas narrativas observamos a sensibilidade dos profissionais para o emprego
dessa modalidade no contexto do cuidado os quais reconhecem-na como importante estrateacutegia
para o relacionamento pessoal Eacute imprescindiacutevel dessa forma este profissional ser orientado
para compreender o momento de falar e aquilo que vai falar possibilitar atitudes de
compreensatildeo aceitaccedilatildeo e afeto como calar e escutar como estar proacuteximo e mais acessiacutevel agraves
necessidades destas pessoas
Silva (2008) pondera que as habilidades de comunicaccedilatildeo natildeo satildeo adquiridas com o
tempo mas sim com educaccedilatildeo especiacutefica Portanto mostra-se urgente e necessaacuteria a educaccedilatildeo
destes profissionais em comunicaccedilatildeo interpessoal para que possam desenvolver suas
habilidades relacionais e comunicacionais e aplicaacute-las em seu cotidiano de cuidados a
pacientes sem possibilidades de cura
Dessa forma todos os membros da equipe de sauacutede devem possuir e aprimorar as suas
habilidades de comunicaccedilatildeo uma vez que tecircm como base de seu trabalho as relaccedilotildees humanas
Assim para o relacionamento interpessoal entendido como qualquer interaccedilatildeo face a face entre
duas ou mais pessoas onde haacute troca reciacuteproca de sinais a comunicaccedilatildeo eacute instrumento essencial
(LITLEJOHN 1988)
Arauacutejo (2006) afirma que todo processo de comunicaccedilatildeo interpessoal que ocorre entre
o paciente e quem dele cuida eacute complexo e subjetivo envolvendo a percepccedilatildeo a compreensatildeo
e a transmissatildeo de mensagens de ambas as partes Nesse sentido a comunicaccedilatildeo verbal torna-se
insuficiente para caracterizar essa interaccedilatildeo necessitando qualificaacute-la dar a ela emoccedilotildees
74
enfim um contexto que proporcione ao homem perceber e compreender natildeo soacute o que
significam as palavras mas tambeacutem o que o emissor da mensagem sente
Em relaccedilatildeo ao emprego da Psicologia como modalidade terapecircutica em Cuidados
Paliativos conforme foi destacado por alguns participantes deste estudo esta eacute utilizada com o
paciente com o familiar e com a equipe de forma conjunta ou individual com a finalidade de
avaliar suas condiccedilotildees psiacutequicas para o enfrentamento do adoecimento e da morte
Sheliemann (2011) lembra que essa avaliaccedilatildeo necessita respeitar as condiccedilotildees fiacutesicas e
emocionais que cada patologia provoca naquela que adoece e como ela reage a essa nova
situaccedilatildeo Acrescenta ainda que o psicoacutelogo eacute por sua formaccedilatildeo o profissional que tem a
priori um manejo melhor para lidar com os sentimentos das pessoas e auxiliaacute-las na resoluccedilatildeo
dos conflitos
O cuidado com a dimensatildeo emocional eacute de suma importacircncia para quem vivencia o
processo de morrer uma vez que situaccedilotildees de estresse psicoloacutegico satildeo comuns entre estes
pacientes Em recente estudo multicecircntrico alematildeo realizado por Herschback et al (2008) que
procuraram averiguar caracteriacutesticas de estresse psicoloacutegico em 6365 pacientes com cacircncer
constataram que eles sob Cuidados Paliativos mostraram niacuteveis mais elevados de estresse
psicoloacutegico quando comparados aos demais
Dessa forma observa-se quanto eacute importante a inserccedilatildeo do psicoacutelogo na equipe de
Cuidados Paliativos Lustosa (2007) afirma que cabe ao psicoacutelogo intermediar nas relaccedilotildees
entre famiacutelia e profissionais detectando a falta de informaccedilatildeo que muitas vezes ocorre entre
paciente familiares e equipe multiprofissional as diferenccedilas de ritmo de vida que a doenccedila
impotildee o papel do paciente na vida da famiacutelia as sobrecargas da tarefa meacutedica que dificultam
o contato a comunicaccedilatildeo e a conturbada tarefa de falar sobre as responsabilidades nesse
momento da vida Sendo assim essa autora evidencia a importacircncia do psicoacutelogo para a
construccedilatildeo dessa ponte facilitando uma condiccedilatildeo mais digna durante esse periacuteodo de cuidados
O psicoacutelogo busca por meio dos Cuidados Paliativos oferecer um espaccedilo de escuta
para esclarecimento das necessidades expressatildeo de sentimentos facilitando dessa forma o
acolhimento e a comunicaccedilatildeo (KOVAacuteCS et al 2001)
No que tange ao emprego da espiritualidade esta eacute uma modalidade terapecircutica de
suma importacircncia para o paciente sem possibilidade de cura Haja vista que tanto o cuidado
voltado para a dimensatildeo espiritual pode oferecer qualidade de vida quanto o tratamento da dor
ou a comunicaccedilatildeo Cumpre assinalar que este paciente aleacutem de apresentar sofrimento fiacutesico
pode estar acometido por problemas de ordem psicoloacutegica e espiritual
75
De acordo com Peres et al (2007) a espiritualidade pode ser definida e reconhecida
como uma praacutetica que traz significado e propoacutesito de vida e contribui para a sauacutede e qualidade
de vida de muitas pessoas Esse conceito eacute encontrado em todas as culturas e sociedades
A definiccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) de Cuidados Paliativos
evidencia uma preocupaccedilatildeo com as necessidades espirituais dos pacientes e seus familiares de
modo que a abordagem global fundamenta-se no entendimento de que a pessoa eacute uma entidade
indivisiacutevel um ser fiacutesico e espiritual A busca de sentido de algo maior em que se pretende
confiar tem sido expressa de muitas maneiras diretas e indiretas em metaacuteforas ou em silecircncio
em gestos ou siacutembolos ou talvez mais que tudo numa interaccedilatildeo terapecircutica e numa nova
experiecircncia de criatividade Quem trabalha em Cuidados Paliativos eacute tambeacutem desafiado a
enfrentar essa dimensatildeo em relaccedilatildeo a si proacuteprio (PESSINI BERTACHINI 2005)
Eacute nesse contexto que a modalidade espiritual em Cuidados Paliativos emerge com a
finalidade de promover uma atenccedilatildeo agrave anguacutestia e agrave dor espiritual ofertando uma assistecircncia
integral que envolva estes aspectos interferindo por conseguinte na melhora da evoluccedilatildeo
cliacutenica deste paciente tatildeo fragilizado
Em estudo desenvolvido por Steinhauser et al (2000a) verificou-se certa discrepacircncia
no que concerne agrave importacircncia da espiritualidade no trato com pacientes terminais Esta foi
reportada pelos pacientes como o aspecto mais importante mas natildeo tanto para seus meacutedicos e
outros profissionais da aacuterea da Sauacutede Os autores ressalvam que muitos destes profissionais
acabam por negligenciar uma dimensatildeo apontada como uma das mais importantes para
pacientes eou familiares nesse momento da vida
Peres et al (2007) assinalam que eacute preciso compreender que o paciente terminal
antes de se ajustar agraves suas necessidades espirituais precisa ter seus desconfortos fiacutesicos bem
aliviados e controlados Uma pessoa com dor intensa jamais teraacute condiccedilotildees de refletir no
significado de sua existecircncia uma vez que o sofrimento fiacutesico natildeo aliviado eacute um fator de
ameaccedila constante agrave sensaccedilatildeo de plenitude desejada pelos pacientes que estatildeo morrendo
Sales et al (2008) ressaltam que o tema religiosidade e espiritualidade ganha bastante
importacircncia nos Cuidados Paliativos visto que eacute uma modalidade terapecircutica que ajuda a
promover uma morte serena
Nesta perspectiva Byock (2006) afirma que experimentar uma morte serena eacute ter
oportunidade de viver em plenitude seu uacuteltimo momento O alcance desta plenitude eacute o
objetivo primordial dos Cuidados Paliativos Diante disso o autor lanccedila um desafio aos
profissionais da Sauacutede para que utilizem dimensotildees da espiritualidade como instrumento para a
melhora da sauacutede fiacutesica mental e da qualidade de vida de quaisquer pacientes sobretudo
76
daqueles que se encontram em estaacutegio final da vida e necessitam mais urgentemente de
estrateacutegias de enfrentamento para lidar com as questotildees presentes
Logo a compreensatildeo sobre as modalidades de Cuidados Paliativos permite ao
profissional da ESF a ampliar o seu olhar e sua forma de atuar Esta nova visatildeo possibilita a
prestaccedilatildeo de uma assistecircncia qualificada e integral visto que teraacute subsiacutedios especiacuteficos para
atender agraves necessidades de pacientes em situaccedilatildeo de doenccedila terminal e proporcionar a melhoria
de sua qualidade de vida
Eacute oportuno assinalar que as duas subcategorias analisadas refletem a compreensatildeo da
maioria dos profissionais inseridos na investigaccedilatildeo proposta sobre os aspectos conceituais dos
Cuidados Paliativos Por outro lado alguns revelaram conceitos incompatiacuteveis com a literatura
pertinente ao tema em destaque conforme evidenciado nos relatos a seguir
Cuidados que complementam os cuidados tradicionais ou mesmo que por si soacutes (ou
isoladamente) tratam as morbidades ou previnem ou mesmo promovem a sauacutede do
indiviacuteduo ou da coletividade (M4)
Eacute uma caridade que se faz tentando ajudar algueacutem quando natildeo se tem outro recurso
(M7)
Pode-se dizer que satildeo os cuidados que a sua eficiecircncia natildeo tem reconhecimento
cientiacutefico-comprovado (D1)
Cuidados paliativos satildeo aqueles realizados com o objetivo de diminuir amenizar ou
mesmo resolver temporariamente algumas enfermidades ateacute que sejam realizados
procedimentos definitivos e resolutivos (D4)
Atenccedilatildeo voltada a pacientes que qualquer que seja a patologia natildeo tecircm mais condiccedilotildees
de se cuidar sozinho com isso necessitando de outra pessoa para ajudaacute-lo (E2)
Satildeo cuidados que devem ser realizados para que o paciente venha ter um diagnoacutestico do
quadro cliacutenico eou amenizar o quadro cliacutenico (E7)
Esses relatos denotam uma compreensatildeo incoerente com os aspectos conceituais
disseminados na literatura acerca dos Cuidados Paliativos confundido o emprego desta praacutetica
com os cuidados humanitaacuterios algo comum entre grupos de trabalhadores da aacuterea da Sauacutede
Santos (2011) assinala que os cuidados humanitaacuterios englobam os Cuidados Paliativos
portanto ao se falar em Cuidados Paliativos se fala de cuidados humanitaacuterios mas a reciacuteproca
natildeo eacute verdadeira Por conseguinte eacute de extrema importacircncia o profissional compreender a
diferenccedila entre esses cuidados
Conforme ressalva o autor supracitado ambos compartilham a preocupaccedilatildeo em
atender agraves necessidades inerentes dos seres humanos em seus aspectos fiacutesico psicoloacutegico
social e espiritual todavia os cuidados humanitaacuterios natildeo se restringem aos Cuidados Paliativos
77
nem a uma uacutenica aacuterea como a da Sauacutede mas englobam vasta abrangecircncia do conhecimento
humano e ampla gama de situaccedilotildees
Embora a filosofia dos Cuidados Paliativos pressuponha um cuidar de maneira mais
humaniacutestica englobando o ser humano nos quatro aspectos mencionados o que caracteriza
essa modalidade de cuidar eacute a sua ligaccedilatildeo com a questatildeo da morte e suas implicaccedilotildees
espirituais ou existenciais
De fato ao se deparar com um indiviacuteduo com doenccedila aguda e crocircnica que natildeo
envolva a possibilidade de morte devem-se aplicar os cuidados humanitaacuterios entretanto
quando esse ser apresenta uma doenccedila ou condiccedilatildeo que envolve essa possibilidade satildeo
aplicados os Cuidados Paliativos e consequentemente os cuidados humanitaacuterios
Com base nessas definiccedilotildees percebe-se uma lacuna na compreensatildeo de alguns
profissionais da ESF inseridos no estudo Supotildee-se que este fato pode estar atrelado a suas
formaccedilotildees profissionais principalmente porque no Brasil a visibilidade dos Cuidados
Paliativos iniciou-se na deacutecada de 2000 e a maioria dos participantes estaacute formada haacute mais de
dez anos Por conseguinte estes profissionais natildeo tiveram em seus curriacuteculos a contemplaccedilatildeo
da abordagem dos Cuidados Paliativos Destarte eacute de extrema valia contextualizar esta
realidade jaacute que se trata de uma modalidade em construccedilatildeo no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica
Tais ponderaccedilotildees estatildeo em consonacircncia com as ideias de Rodrigues (2004) segundo o
qual a implantaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar no Brasil data do final da deacutecada de 1990
Figueiredo (2003) assinala que as primeiras iniciativas individuais de atendimentos eou
estruturaccedilatildeo de serviccedilos paliativistas ocorreram por volta da deacutecada de 1990 Melo (2004)
chama atenccedilatildeo para o fato de que eacute no ano de 1997 que ocorre a criaccedilatildeo da primeira associaccedilatildeo
nacional de profissionais que atuam disseminando esse modo de cuidar a Associaccedilatildeo Brasileira
de Cuidados Paliativos
Kira Montagnini e Barbosa (2008) afirmam que essa deficiecircncia no conhecimento em
Cuidados Paliativos entre profissionais da Sauacutede no Brasil tambeacutem se deve ao fato de o tema
natildeo fazer parte da grade curricular de graduaccedilatildeo das diferentes especialidades da aacuterea da Sauacutede
Os autores assinalam que nos uacuteltimos anos com o crescimento da demanda e com a
estruturaccedilatildeo dos serviccedilos de Cuidados Paliativos o assunto tem sido abordado em algumas
instituiccedilotildees de ensino superior natildeo de maneira obrigatoacuteria e contiacutenua mas diluiacutedo em aulas e
cursos ligados agrave oncologia dor e morte
Rodrigues (2004) aponta a esperanccedila de que haja profissionais mais sensiacuteveis agraves
necessidades da populaccedilatildeo e do indiviacuteduo que visem agrave pessoa doente e natildeo agrave doenccedila que
desenvolvam uma assistecircncia mais humanizada se faz na academia na qual o ensino deve ser
78
centrado no aluno sujeito da aprendizagem e o curarcuidar seja centrado na pessoa do
paciente e na da famiacutelia
A autora supracitada adverte que o curriacuteculo deve privilegiar as competecircncias
inerentes a cada curso da aacuterea da Sauacutede aleacutem de contemplar uma abordagem interdisciplinar a
comunicaccedilatildeo e a bioeacutetica Haja vista que satildeo considerados conteuacutedos imprescindiacuteveis visando-
se todas as etapas do ciclo vital inclusive a terminalidade e a morte
Dessa forma ao contemplar tais princiacutepios nas diretrizes curriculares os futuros
profissionais da Sauacutede sairiam com uma percepccedilatildeo diferente sobre temas como Cuidados
Paliativos com ecircnfase no processo de morte e do morrer compreendendo melhor as
necessidades emocionais e espirituais do paciente que sofre proporcionando a humanizaccedilatildeo do
atendimento a eles e a seus familiares aleacutem de apreenderem a valorizar mais a vida agrave medida
que haacute compartilhamento e dignificaccedilatildeo da morte dos seus pacientes Portanto eacute urgente a
necessidade da educaccedilatildeo permanente para estes profissionais em Cuidados Paliativos
sobretudo para aqueles que jaacute desempenham o cuidado em seu cotidiano com o paciente que
vivencia a etapa final da vida
Considerando a relevacircncia dos Cuidados Paliativos para propiciar uma assistecircncia
humanizada ao paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura bem como a sua famiacutelia urge
a necessidade da implementaccedilatildeo desta modalidade de cuidar no acircmbito da atenccedilatildeo primaacuteria de
sauacutede Nesse sentido merece destaque a categoria direcionada aos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica
CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA formaccedilatildeo da equipe possibilidades
e limitaccedilotildees
Esta categoria vem com o propoacutesito de apresentar o entendimento de meacutedicos de
enfermeiros e de cirurgiotildees-dentistas sobre a possibilidade da implementaccedilatildeo dos Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Ao se tratar de Cuidados Paliativos especificamente de paciente fora de possibilidade
de cura eacute de fundamental importacircncia a atuaccedilatildeo de uma equipe interdisciplinar Esta equipe
necessita estar bastante familiarizada com o processo que o paciente passa permitindo-se uma
visatildeo real da complexidade vivida por ele a qual o ajude a se sentir melhor e
consequentemente proporcionando uma melhor qualidade de vida
Abreu et al (2005) afirmam ser escassa a literatura acerca de pesquisas que retratam
um modelo conceitual de equipe que seja bem formulado assim como de uma definiccedilatildeo
79
universal do que seja uma equipe Mesmo em publicaccedilotildees especiacuteficas sobre Cuidados
Paliativos os autores O`Connor Fisher e Guilfoyle (2006) advertem que o assunto trabalho em
equipe interdisciplinar natildeo eacute bem explorado sendo a maior parte dos trabalhos publicados
baseados em experiecircncias praacuteticas e natildeo em pesquisas empiacutericas ancoradas por marcos
conceituais
Diante destas ponderaccedilotildees eacute de suma relevacircncia compreender que de acordo com o
modo de estas equipes relacionarem-se comunicarem-se e integrarem suas disciplinas pode-se
empregar o ldquoprefixordquo multi ou inter Peduzzi e Oliveira (2009) definem equipes
multidisciplinares como aquelas compostas por profissionais de diversas disciplinas as quais
tendem a cuidar dos pacientes de modo independente e sem interaccedilatildeo direta compartilhando
informaccedilotildees de maneira indireta quando for necessaacuterio geralmente por escrito
Doutra parte o termo interdisciplinar deve denominar equipes cujos profissionais
trabalham interagindo diretamente combinando conhecimentos e compartilhando as atividades
para atingir um objetivo conjunto e uacutenico o cuidado do paciente Os autores supracitados
assinalam que a interdisciplinaridade configura-se em uma relaccedilatildeo reciacuteproca entre as muacuteltiplas
intervenccedilotildees teacutecnicas de vaacuterios profissionais e a interaccedilatildeo destes saberes que por meio de
comunicaccedilatildeo verbal direta e consensualmente escrita articulam suas accedilotildees e promovem a
cooperaccedilatildeo muacutetua
Sendo assim para que esta accedilatildeo seja eficaz deve existir a interdisciplinaridade das
accedilotildees de cuidado entre os profissionais e a participaccedilatildeo do paciente e famiacutelia com objetivos
comuns Tal interdisciplinaridade caracteriza-se como um ato de reciprocidade entre as aacutereas de
conhecimento e como forma de se obter a horizontalizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder Nesta troca
de conhecimentos eacute estabelecida a inclusatildeo dos resultados de diversas especialidades
possibilitando-se a cada profissional desenvolver esquemas conceituais de anaacutelise de
instrumentos e de teacutecnicas metodoloacutegicas de assistecircncia (FRANCcedilA 2011)
Nessa perspectiva Arauacutejo (2011) acrescenta que a proposta de trabalho em Cuidados
Paliativos deve ser sempre interdisciplinar ante a pluridimensatildeo das necessidades dos
indiviacuteduos que vivenciam o processo de morrer e ante a demanda da accedilatildeo integral e conjunta de
profissionais da Sauacutede em busca do objetivo comum que eacute a melhora da qualidade de vida do
paciente
Em uma equipe de sauacutede a interdisciplinaridade surge com o escopo de promover
uma atenccedilatildeo integral ao paciente apresentando dessa forma uma visatildeo biopsicossocial e
espiritual Essa accedilatildeo baseada na referida visatildeo propotildee uma reformulaccedilatildeo dos saberes uma
siacutentese direcionada agrave reorganizaccedilatildeo da equipe de sauacutede Nesse sentido aleacutem de um novo
80
paradigma cientiacutefico esta representa uma nova filosofia de trabalho de organizaccedilatildeo e de accedilatildeo
interinstitucional
Arauacutejo (2011) chama atenccedilatildeo para o fato de que haacute uma limitaccedilatildeo na accedilatildeo
uniprofissional quando se objetiva promover o controle da dor e outros sintomas
multidimensionais e angustiantes integrando-se com o cuidado os aspectos sociais
psicoloacutegicos e espirituais de modo que se possibilite o exerciacutecio da autonomia do paciente
aleacutem de se promover suporte aos familiares Logo nenhuma especialidade da aacuterea da Sauacutede ou
das Ciecircncias Humanas consegue isoladamente atender agraves necessidades complexas e
multifacetadas de indiviacuteduos que vivenciam a etapa final da vida A integralidade da atenccedilatildeo
demandada por estes pacientes soacute pode ser atingida quando especialistas de diferenciadas aacutereas
do conhecimento atuam em conjunto ou seja trabalham em equipe
Deste modo a atuaccedilatildeo e integraccedilatildeo da equipe interdisciplinar satildeo necessaacuterias para a
eficaacutecia destes cuidados Haja vista que o tratamento de um paciente que se encontra em fase
terminal envolve um conjunto de accedilotildees complexas a exemplo de procedimentos invasivos
(altamente especiacuteficos para cada realidade diagnoacutestica) necessitando o doente de ser assistido
de forma interdisciplinar
Na literatura brasileira da aacuterea da Sauacutede satildeo incipientes estudos relacionados a
implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica em particular o quantitativo de
profissionais que devem constar em uma equipe para exercer tais cuidados Essa formaccedilatildeo
com a inclusatildeo de maior nuacutemero de especialidades possiacutevel dependeraacute dos recursos
disponiacuteveis e de fatores culturais locais Incontri (2011) chama a atenccedilatildeo para o fato de que a
formaccedilatildeo de uma equipe deve corresponder agraves necessidades do paciente que se encontra sob a
assistecircncia dos Cuidados Paliativos
Qualquer que seja o tamanho e a diversidade de uma equipe em Cuidados Paliativos
cumpre considerar aspectos essenciais para seu eficaz funcionamento A respeito disso Incontri
(2011) enfatiza os seguintes aspectos como peccedilas fundamentais filosofia e valores comuns
respeito muacutetuo e valorizaccedilatildeo de cada aacuterea de cada membro comunicaccedilatildeo transparente e aberta
lideranccedila compartilhada e religaccedilatildeo ao espiritual
No que concerne agrave filosofia e valores comuns Speck (2009) assegura que o conjunto
de valores compartilhados auxilia as pessoas a cooperarem entre si Haja vista que natildeo eacute
possiacutevel formar uma equipe que natildeo apresente uma filosofia comum e princiacutepios que orientem
as accedilotildees de maneira uniforme Incontri (2011) complementa que para a formaccedilatildeo de uma
equipe eacute importante uma seleccedilatildeo considerando-se uma empatia de todos os membros com
certos propoacutesitos e ideais
81
Aleacutem dessa comunhatildeo de princiacutepios e valores entre os membros da equipe eacute
imperioso o respeito muacutetuo e a valorizaccedilatildeo de cada membro sendo este considerado o primeiro
passo para a real interdisciplinaridade Macmilian Emery e kashuba (2006) asseveram que os
membros de uma equipe devem respeitar valorizar compreender e confiar na contribuiccedilatildeo
reciacuteproca
No tocante agrave formaccedilatildeo da equipe de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a maioria
dos participantes do estudo destacou o meacutedico o enfermeiro o cirurgiatildeo-dentista o psicoacutelogo e
o fisioterapeuta Alguns mencionaram aleacutem destes a participaccedilatildeo do fonoaudioacutelogo do
bioquiacutemico do assistente social do educador fiacutesico do teacutecnico em enfermagem do agente
comunitaacuterio de sauacutede (ACS) e do atendente de consultoacuterio dentaacuterio (ACD)
Diante disso depreende-se que os participantes envolvidos no estudo reconhecem que
a praacutetica dos Cuidados Paliativos no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica deve ser constituiacuteda por uma
equipe de profissionais que extrapola o nuacutemero de profissotildees determinadas pelo Ministeacuterio da
Sauacutede no que se refere agrave ESF que apresenta uma equipe composta por no miacutenimo um meacutedico
generalista um enfermeiro um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes comunitaacuterios de
sauacutede (ACS) (BRASIL 2005a)
Macmilian Emery e Kashuba (2006) acrescem que a equipe de Cuidados Paliativos
pode ultrapassar um quantitativo de quinze profissionais a serem apresentados em ordem
alfabeacutetica arteterapeutas assistentes sociais cuidadores pastorais ou espirituais (capelanias)
enfermeiros farmacecircuticos fisioterapeutas meacutedicos musicoterapeutas nutricionistas
psicoacutelogos psiquiatras terapeutas da respiraccedilatildeo terapeutas holistas terapeutas ocupacionais
terapeutas recreacionistas entre outros A esta relaccedilatildeo de profissionais Santos (2011)
acrescenta o educador e o filoacutesofo aleacutem de um especialista em Tanatologia
Eacute imprescindiacutevel agrave implementaccedilatildeo de tais cuidados em qualquer serviccedilo de sauacutede
sobretudo na Atenccedilatildeo Baacutesica conhecer a atribuiccedilatildeo especiacutefica de cada um desses profissionais
que compotildeem a equipe de Cuidados Paliativos Na realidade da Atenccedilatildeo Baacutesica os Cuidados
Paliativos podem ser oferecidos no niacutevel primaacuterio de sauacutede especialmente por equipes da ESF
em virtude de serem considerados de baixa complexidade (que natildeo exigem tecnologia
avanccedilada)
Esteves (2011) alerta que os profissionais que atuam em Cuidados Paliativos devem
ser atenciosos procurando ouvir o paciente e seus familiares e realmente demonstrar interesse
por eles uma vez que essa praacutetica pressupotildee uma nova maneira de cuidar do ser humano na
terminalidade Esses profissionais devem rever sua forma de encarar a morte e sobretudo a
autonomia do paciente na medida do possiacutevel
82
Em relaccedilatildeo ao meacutedico este eacute um profissional que deve assistir o paciente terminal ateacute
o momento da morte Destaque-se a morte de um paciente eacute considerada muitas vezes como o
fracasso do cuidado meacutedico precisando para tanto que esse profissional tenha em sua
formaccedilatildeo um preparo filosoacutefico psicoloacutegico e espiritual para lidar com a dor e com a morte
(INCONTRI 2011)
Logo eacute de extrema importacircncia que este profissional desenvolva mecanismos de
defesa que o mantenham em equiliacutebrio Ao mesmo tempo eacute necessaacuterio que a emoccedilatildeo tambeacutem
esteja presente para o alcance de um cuidado humanizado Incontri (2011) assinala que o
meacutedico como ser humano deve aceitar suas limitaccedilotildees e reconhecer que pessoas de outras
aeacutereas de sua equipe ou doutra podem lhe prestar apoio e mostrar outras perspectivas
Quanto agrave atuaccedilatildeo do enfermeiro na equipe de Cuidados Paliativos este apresenta a
funccedilatildeo de aliviar dor outros sintomas e sofrimento higienizar proporcionar conforto fiacutesico
promover uma comunicaccedilatildeo efetiva preparar a famiacutelia permitindo-a participar na morte do seu
familiar providenciar suporte para o luto entre outras Para Rodrigues e Zago (2003) a
enfermagem tem papel primordial nos Cuidados Paliativos porquanto o cuidar essecircncia da
profissatildeo eacute a base da filosofia paliativista Nesse sentido merece destaque o relato de um
profissional participante do estudo
[] todos os profissionais da ESF tecircm uma participaccedilatildeo importante no emprego dos
Cuidados Paliativos poreacutem a enfermagem eacute dotada de uma maior capacidade devido a
sua funccedilatildeo de estar mais proacuteximo (e por ter a essecircncia de sua profissatildeo no cuidado) (M8)
Nessa perspectiva Rodrigues e Zago (2003) esclarecem que especialmente o
enfermeiro deve possuir competecircncias para prestar cuidado de qualidade no fim da vida Aleacutem
disso como condutor da equipe de enfermagem e membro da equipe interdisciplinar o
enfermeiro precisa saber decodificar discursos e sinais natildeo verbais para identificar
necessidades fiacutesicas emocionais sociais e espirituais que direcionaratildeo sua atenccedilatildeo no cuidado
de quem vivencia a terminalidade da vida
Para Polastrini Yamashita e Kurashima (2011) o enfermeiro ao assistir um paciente
sem possibilidade terapecircutica de cura busca propiciar uma assistecircncia em que possa conseguir
a maior autonomia possiacutevel conservando sua dignidade ateacute a morte As autoras asseveram
ainda que este profissional deve modificar a sua atuaccedilatildeo de curativa para paliativa oferecendo
aliacutevio e bem-estar avaliando a relaccedilatildeo dano versus benefiacutecio do cuidado Portanto eacute
profissionalismo saber ouvir o paciente e sua famiacutelia para o planejamento dos cuidados e para a
tomada de decisatildeo utilizando algumas caracteriacutesticas como sensibilidade cuidadora
83
altruiacutesmo capacidade de escuta empatia compreensatildeo toleracircncia respeito capacidade de
transmitir seguranccedila e confianccedila maturidade pessoal diante de tudo e da morte entre outras
Saltz e Juver (2008) acrescentam que o enfermeiro apresenta ainda um papel
importante no cuidado com o paciente em fase terminal em diversos aspectos na aceitaccedilatildeo do
diagnoacutestico na ajuda para conviver com a enfermidade e no apoio agrave famiacutelia antes e depois da
morte
O enfermeiro ao assistir o paciente em Cuidados Paliativos vivencia e compartilha
momentos de amor e compaixatildeo aprendendo com ele a noccedilatildeo de que eacute possiacutevel morrer com
dignidade e respeito Essa assistecircncia busca tambeacutem proporcionar a certeza de natildeo estarem
sozinhos no momento da morte aleacutem de oferecer um cuidado holiacutestico ao paciente associados
ao controle da dor e de outros sintomas
No que tange ao fisioterapeuta Cezario (2011) assinala que atuando em conjunto com
outros profissionais de uma equipe voltada para Cuidados Paliativos esse profissional pode
prestar assistecircncia em diversos quadros pode oferecer conforto ao paciente e dentro de suas
limitaccedilotildees evitar uma complicaccedilatildeo maior de sintomas Incontri (2011) afirma que a este
profissional cabe manter o movimento o conforto fiacutesico e o maacuteximo aproveitamento das
funccedilotildees motoras do paciente
De uma maneira geral o referido profissional fica responsaacutevel por mobilizar o
paciente sem possibilidade terapecircutica por questotildees ortopeacutedicas e neuroloacutegicas acompanhar e
atuar em quadros cardiopulmonares e orientar cuidadores para o melhor manuseio do paciente e
o autocuidado (CEZARIO 2011)
De acordo com Reis Juacutenior e Reis (2007) as condutas fisioterapecircuticas em pacientes
sob Cuidados Paliativos mais comuns satildeo massagens movimentaccedilatildeo passiva ativo-assistida e
ativa posicionamento transferecircncia mudanccedila de decuacutebito infravermelho estimulaccedilatildeo eleacutetrica
transcutacircnea compressatildeo e elevaccedilatildeo vibrocompressatildeo drenagem postural respiraccedilatildeo
diafragmaacutetica estiacutemulo agrave tosse aspiraccedilatildeo prescriccedilatildeo de auxiacutelio para marcha treino de
deambulaccedilatildeo
O fisioterapeuta como membro de equipe de Cuidados Paliativos pode trazer
benefiacutecios ao pacientes assistidos por essa modalidade de cuidar em especial no que se refere
ao manejo de sintomas como dor estresse psicofiacutesico complicaccedilotildees osteomioarticulares
fadiga disfunccedilotildees pulmonares alteraccedilotildees neuroloacutegicas dentre outras (MARCUCCI 2005)
Sob esse prisma compreendemos que a Fisioterapia Paliativa tem como objetivo
principal o de melhorar a qualidade de vida dos pacientes sem possibilidades curativas
reduzindo os sintomas e promovendo sua independecircncia funcional
84
O nutricionista por sua vez apresenta o papel de orientar a alimentaccedilatildeo mais
adequada ao estado de sauacutede ou estaacutegio de doenccedila sem desconsiderar os gostos pessoais e ateacute
os razoaacuteveis desejos de cada um
Sochacki (2008) considera que na nutriccedilatildeo em Cuidados Paliativos eacute importante
respeitar os princiacutepios da bioeacutetica oferecendo-se autonomia ao individuo no que se refere agrave
liberaccedilatildeo suspensatildeo ou natildeo indicaccedilatildeo da alimentaccedilatildeo por via oral (VO) ou alternativa (sonda
ou ostomia) evitando-se muitas vezes o tratamento fuacutetil e consequentemente reduzindo o seu
sofrimento Santos (2002) ressalta que este profissional deve ter consciecircncia de que o consumo
de alimentos eacute capaz de minimizar desconfortos cuidar de distuacuterbios orgacircnicos nutrir e
proporcionar prazer
Diante desse contexto averigua-se quanto este profissional eacute imprescindiacutevel agrave equipe
interdisciplinar de Cuidados Paliativos necessitando ouvir o paciente respeitar seus desejos e
suas necessidades de alimentaccedilatildeo respeitando portanto a sua autonomia
Quanto ao cirurgiatildeo-dentista Wiseman (2000) assinala que cabe a este profissional
assistir pacientes com doenccedilas progressivas ou avanccediladas devido (direta ou indiretamente) ao
comprometimento da cavidade oral pela doenccedila ou ao seu tratamento Nesses casos o foco do
cuidado eacute melhorar sua qualidade de vida
Os sintomas orais mais frequentes em pacientes que estatildeo sob os Cuidados Paliativos
satildeo a dor o sangramento o trismo as feridas abertas as infecccedilotildees oportunistas a disfagia a
xerostomia a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo a anorexia a caquexia e a desfiguraccedilatildeo (SIQUEIRA
et al 2009) As secreccedilotildees em doentes traqueostomizados tambeacutem comprometem a
comunicaccedilatildeo verbal causam disfunccedilatildeo oral e sofrimento (PAUNOVICH et al 2000) Dor
ulceraccedilatildeo sangramento e trismo satildeo os mais importantes sintomas em casos de cacircncer oral
avanccedilado Portanto o tratamento inadequado ou a sua ausecircncia resulta em desconforto e
prejuiacutezos nutricionais comprometendo mais ainda a qualidade de vida desses doentes
Sendo assim o cirurgiatildeo-dentista contribui fornecendo intervenccedilotildees proacuteprias de sua
aacuterea de atuaccedilatildeo profissional aleacutem de cuidados de suporte que assegurem uma boca mais
saudaacutevel livre de infecccedilatildeo e dor
Em relaccedilatildeo aos arteterapeutas e musicoterapeutas Incontri (2011) aponta o cuidado
destes profissionais com a sensibilidade daqueles que estatildeo partindo em orientar estes na
revisatildeo de significados evocar lembranccedilas e firmar sentidos existenciais por meio de um
poema de uma canccedilatildeo de uma pintura de um filme ou de uma peccedila de teatro
Backes et al (2003) afirmam que o uso de muacutesica natildeo eacute apenas um instrumento
importante para o processo de humanizaccedilatildeo do cuidado e uma alternativa criativa e eficaz no
85
aliacutevio da dor mas tambeacutem promove benefiacutecios para a equipe de sauacutede como a prevenccedilatildeo do
estresse a reduccedilatildeo dos niacuteveis da tensatildeo e do desgaste psicoloacutegico maior interaccedilatildeo social e o
maior comprometimento com as atividades profissionais
Dessa forma a muacutesica se insere nesse contexto como uma atividade que pode
proporcionar cuidado conforto emocional e espiritual estiacutemulo agrave memoacuteria afetiva
relaxamento entretenimento e criatividade (OTHERO COSTA 2007) O uso competente e
sensiacutevel da muacutesica pode se tornar um trabalho importante nos Cuidados Paliativos
Halstead e Roscoe (2002) asseveram que a muacutesica pode facilitar de diferentes modos
a despedida Canccedilotildees suaves de ninar podem ser usadas pois transmitem sensaccedilotildees de cuidado
e proteccedilatildeo e podem ajudar a aliviar o medo do abandono durante o processo de passagem
Existem estilos musicais que podem se relacionar com a espiritualidade como o canto
gregoriano e a muacutesica erudita e estimular sentimentos de serenidade em especial no momento
da morte
Os autores supracitados afirmam ainda que a muacutesica pode tambeacutem preencher com
beleza e significado os momentos de silecircncio tatildeo difiacuteceis de serem suportados criando um
ambiente mais confortaacutevel quando se acompanha algueacutem que estaacute morrendo
Sob esse prisma observamos que o emprego da muacutesica nos processos sauacutede-doenccedila-
-cuidado pode promover conforto e qualidade de vida para a pessoa adoecida e ser um recurso
de ajuda na relaccedilatildeo da famiacutelia com a despedida de seu ente querido Pode tambeacutem auxiliar na
manutenccedilatildeo de uma equipe de sauacutede saudaacutevel e integrada
Quanto o assistente social Incontri (2011) esclarece que este trabalhador busca assistir
as necessidades materiais familiares e institucionais dos pacientesusuaacuterios Acrescenta que ele
eacute responsaacutevel por atender agraves questotildees do seguro hospitalar por informar os procedimentos de
documentaccedilatildeo de pedido de ajuda financeira esclarecer os direitos do moribundo e de seus
familiares
Conforme Sodreacute (2005) o assistente social tem um papel determinante para a
concretizaccedilatildeo dessa nova forma de tratar cuidar Torna-se aquele que reforccedila o papel de
facilitador nas relaccedilotildees de um grupo familiar e sob esse novo prisma socializa suas teacutecnicas de
intervenccedilatildeo em acircmbito domiciliar
De acordo com Esteves (2011) a atuaccedilatildeo do assistente social deve estar voltada agraves
questotildees sociais mais abrangentes uma vez que o paciente sob Cuidados Paliativos pode
enfrentar isolamento social (profissional e pessoal) dependecircncias dificuldades econocircmicas e
necessitar de apoio familiar
86
Por meio de entrevistas e visitas domiciliares este profissional investiga e avalia o
contexto social econocircmico psicoloacutegico e espiritual aleacutem de analisar a dinacircmica familiar sua
existecircncia o desempenho e eficaacutecia dos papeacuteis Somam-se a isto a capacidade de incentivo e de
fornecimento de acolhida aspectos cruciais para a assistecircncia
Esteves (2011) assinala que ao assistente social cabe sempre que for possiacutevel facilitar
as manifestaccedilotildees de sentimentos os resgates entre paciente e seus familiares durante o
processo de finitude colaborar para que as relaccedilotildees aconteccedilam com mais transparecircncia
inclusive com os profissionais da equipe de Cuidados Paliativos tendo-se a preocupaccedilatildeo de que
a morte aconteccedila de forma humanizada
Portanto o assistente social como membro da equipe interdisciplinar de Cuidados
Paliativos busca promover as relaccedilotildees sociais e efetivas com o paciente com os familiares
com o cuidador e com os demais profissionais da equipe sendo estas relaccedilotildees
significativamente observadas e valorizadas
Aos cuidadores pastorais ou espirituais cabe cuidar da religiatildeo ou pelo menos da
espiritualidade dos pacientes e familiares Barbosa e Freitas (2009) reforccedilam a ideia de que os
Cuidados Paliativos necessitam abranger as experiecircncias da vida Nela estaacute inserida a
religiosidade que pode inclusive permitir a reconstruccedilatildeo da possibilidade de conviver com a
doenccedila sem que isso signifique um prolongamento de vida inadequado forccedilosamente um
protelar da morte Os autores assinalam que a religiosidade e seus fundamentos ancorados na
religiatildeo ou na espiritualidade podem ajudar as pessoas a melhor lidarem com os limites do seu
controle favorecendo no contexto da finitude uma entrega confiante ao misteacuterio absoluto que
se inicia com a instauraccedilatildeo da proacutepria morte Desse modo eacute inegaacutevel a importacircncia de
cuidados pastorais ou espirituais para a promoccedilatildeo de Cuidados Paliativos para com o paciente
fora de possibilidades de cura
Em relaccedilatildeo aos educadores Incontri (2011) assevera que estes cuidaratildeo de crianccedilas e
adolescentes que estejam sob a assistecircncia de Cuidados Paliativos com o emprego de
atividades pedagoacutegicas luacutedicas propondo biblioterapia jogos Essas atividades permitiratildeo a
construccedilatildeo de um diaacutelogo afetuoso com pacientes e familiares
Os filoacutesofos segundo a referida autora cuidaratildeo da concepccedilatildeo interdisciplinar da
equipe atuando na amarraccedilatildeo epistemioloacutegica e de propoacutesitos do serviccedilo Saliente-se que este
profissional busca interagir com os pacientes no campo das discussotildees e ideias a fim de
apontar sentidos existenciais realizando portanto uma miaecircutica socraacutetica (arte de fazer
chegar agrave verdade e agraves evidecircncias) com os que estatildeo agrave espera da passagem
87
Os psicoacutelogos conforme aborda Castro (2001) tecircm como objetivo essencial o de
oferecer requisitos para a assistecircncia integral ao paciente conduzindo-o a uma qualidade de
vida ajudando-o ainda a encontrar estrateacutegias que possam adotar para manter um estilo de vida
mais equilibrada e saudaacutevel Incontri (2011) acrescenta que cabe a este profissional a
responsabilidade de cuidar da dor psiacutequica tanto dos pacientes quanto de seus familiares
atuando como confidentes de conflitos e ansiedades questionamentos existenciais
manifestaccedilotildees emotivas de revolta descrenccedila ou depressatildeo Jaacute os psiquiatras ainda de acordo
com a referida autora cuidaratildeo da sauacutede mental dos pacientes observando possiacuteveis
manifestaccedilotildees de depressatildeo deliacuterio ou outros distuacuterbios psiacutequicos preexistentes ou receacutem-
adquiridos ao longo do tratamento
Por conseguinte com base nesse entendimento o psicoacutelogo diante da terminalidade
busca promover a qualidade de vida do paciente trabalhando as questotildees do sofrimento
amenizando a ansiedade e a depressatildeo diante da aproximaccedilatildeo da morte procurando tambeacutem
assistir a sua famiacutelia e a equipe interdisciplinar envolvida
Ante o exposto eacute inegaacutevel a importacircncia de uma equipe interdisciplinar em Cuidados
Paliativos Haja vista que a assistecircncia por meio dela propicia um cuidado com o paciente que
envolva todas as suas dimensotildees Portanto a equipe interdisciplinar deve sempre ser formada
com o objetivo de oferecer conforto suporte informaccedilatildeo propiciando a dignidade ao paciente
e sua famiacutelia a partir da assistecircncia pautada nos Cuidados Paliativos
Outro aspecto merecedor de destaque contemplado na categoria ldquoCuidados Paliativos
na Atenccedilatildeo Baacutesica formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildeesrdquo diz respeito ao
posicionamento dos profissionais participantes do estudo para com a viabilidade da
operacionalizaccedilatildeo da referida modalidade de cuidar no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica
Nesse enfoque de acordo com o manual da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (WHO
2007) os Cuidados Paliativos devem ser estruturados em diferenciados niacuteveis de atenccedilatildeo
desde a comunidade ateacute hospitais de referecircncia nacional e regional Aleacutem disso esta
Organizaccedilatildeo estabelece que tais cuidados devem ser disponibilizados em cada um dos niacuteveis de
atenccedilatildeo agrave sauacutede constituindo uma rede de apoio a pacientes sem possibilidades terapecircuticas de
cura e aos seus familiares Para tanto a OMS utiliza uma piracircmide para estabelecer essa
hierarquizaccedilatildeo conforme pode ser observado na figura 3 abaixo
88
Figura 3 ndash Rede de Equipes de Cuidados Paliativos nos Niacuteveis de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede
Fonte World Health Organization 2007
A piracircmide apresentada na figura 3 contempla em sua base a oferta dos Cuidados
Paliativos para com a comunidade os quais podem ser realizados por familiares cuidadores
liacutederes comunitaacuterios e curandeiros (WHO 2007) Conforme foi observado por Silva (2010)
que apresenta a comunidade na base da piracircmide isto significa que a maioria das pessoas que
realizariam os Cuidados Paliativos (bem como a maior parte dos serviccedilos de atenccedilatildeo a esses
pacientes) deveria estar nela inseridos uma vez que na referida base teriacuteamos aquilo que
representa a maioria sendo portanto considerada como o pilar de sustentaccedilatildeo da estrutura da
piracircmide
Depreende-se que os pilares de sustentaccedilatildeo desta piracircmide refletem uma poliacutetica de
Cuidados Paliativos direcionadas para a comunidade uma vez que a assistecircncia assim
planejada poderia ser economicamente mais viaacutevel
O referido manual esclarece que os modelos de Cuidados Paliativos de sauacutede puacuteblica e
de baixo custo podem ser implementados para alcanccedilar a maioria da populaccedilatildeo alvo
particularmente em cenaacuterios com poucos recursos
De acordo com o manual eacute recomendada a implementaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no
acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica Entretanto esta modalidade de cuidar na nossa realidade local
apresenta segundo os profissionais envolvidos no estudo possibilidades e limitaccedilotildees neste
niacutevel de atenccedilatildeo Tal fato pode ser evidenciado nos depoimentos de meacutedicos cirurgiotildees-
-dentistas e enfermeiros da ESF participantes da pesquisa Quanto agraves limitaccedilotildees estes
89
profissionais apontaram algumas necessidades prementes para viabilizar a implementaccedilatildeo dos
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica conforme se observa nos trechos a seguir
Eacute necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas [] (M1)
[] a gestatildeo identificar fontes de financiamento (pelo SUS) para esta implantaccedilatildeo (M4)
Em primeiro lugar vontade do gestor [] (D1)
Revisatildeo nas poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Sensibilizar a sociedade e as autoridades (D4)
[] apoio da gestatildeo (E3)
Os discursos mencionados expressam a preocupaccedilatildeo dos profissionais em fomentar a
criaccedilatildeo de uma poliacutetica nacional para essa modalidade de cuidar Os autores Rajagopal Mazza
e Lipman (2003) dizem que a inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos nos sistemas de sauacutede dos
paiacuteses em desenvolvimento tem sido um grande desafio devido agrave dificuldade dos governos
para priorizaacute-los
Floriani (2011) afirma que o Brasil apresenta uma poliacutetica de cuidados incipiente
tiacutemida e desarticulada com o paciente no fim da vida tendo como grande desafio o de inserir os
Cuidados Paliativos no seu Sistema de Sauacutede
Floriani e Schramm (2007) assinalam que para se fazer frente agrave crescente necessidade
de estruturar o sistema de sauacutede para absorver com qualidade essa modalidade eacute fundamental
que os cuidados no fim da vida sejam pensados e estruturados dentro de um modelo que
priorize tanto do ponto de vista moral como operacional o natildeo abandono e a proteccedilatildeo aos
pacientes acometidos por doenccedilas avanccediladas e terminais
Existem importantes obstaacuteculos para a operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica tanto de ordem operacional quanto de ordem eacutetica e cultural podendo ser
citadas entre eles a existecircncia de poliacuteticas restritas e lentas para liberaccedilatildeo de opioides a falta
de qualificaccedilatildeo em recursos humanos a alocaccedilatildeo de recursos prioritariamente dirigida para
outros setores de Sauacutede e o iacutenfimo investimento no ensino e na pesquisa nesse campo
(WEBSTER LACEY QUINE 2007)
Wright et al (2008) em estudo desenvolvido evidenciaram que o Brasil encontra-se
em um niacutevel meacutedio de desenvolvimento dos Cuidados Paliativos ficando atraacutes da Argentina
Chile e Costa Rica Os autores reconhecem ainda que nesse niacutevel de classificaccedilatildeo identifica-se
a presenccedila de serviccedilos voltados para os Cuidados Paliativos conquanto estes natildeo apresentem
uma rede articulada e integrada natildeo sendo portanto possiacutevel perceber o impacto exercido por
tais cuidados sobre as poliacuteticas de sauacutede
90
De acordo com Santos (2011) existem no paiacutes sessenta e uma unidades inseridas em
instituiccedilotildees hospitalares puacuteblicas e privadas Caponero (2002) chama atenccedilatildeo pelo fato de estas
instituiccedilotildees estarem localizadas principalmente nas capitais A maioria iniciou suas atividades
com accedilotildees para o controle da dor agregando posteriormente os Cuidados Paliativos
A carecircncia desse tipo de atenccedilatildeo segundo Rodrigues (2004) faz com que os pacientes
em Cuidados Paliativos procurem com frequumlecircncia os serviccedilos de emergecircncia lavando muitas
vezes estes a serem abandonados nas instituiccedilotildees de sauacutede com alteraccedilotildees fiacutesicas
psicoloacutegicas sociais e espirituais decorrentes do desconhecimento dos profissionais sobre as
intervenccedilotildees adequadas a esses pacientes para a reduccedilatildeo do sofrimento
A despeito desse difiacutecil cenaacuterio os participantes envolvidos no estudo ressaltam a
falta de preparaccedilatildeo da equipe da ESF para viabilizar a referida praacutetica no acircmbito da Atenccedilatildeo
Baacutesica sendo portanto necessaacuteria a qualificaccedilatildeo desses profissionais mediante capacitaccedilotildees
conforme se lecirc nos trechos a seguir
[] que seja dado um curso de capacitaccedilatildeo para esses profissionais lhe darem com esses
pacientes (M2)
Treinamentos para as equipes do PSF (M3)
Sensibilizaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede para a aceitaccedilatildeo da implantaccedilatildeo [] Falta de
divulgaccedilatildeo para os profissionais da Sauacutede do que eacute cuidados paliativos (M4)
Cursos de capacitaccedilatildeo para ampliar o conhecimento dos profissionais nessa aacuterea (M8)
[] capacitaccedilatildeo com educaccedilatildeo continuada para todos os profissionais da Sauacutede da ESF
(D1)
Capacitaccedilatildeo dos atores envolvidos envolvimento da equipe adequando seus programas
(D2)
Treinamento para os profissionais da ESF de forma que pudessem realmente ser
resolutivos (D3)
[] Conscientizaccedilatildeo dos profissionais em sauacutede (D4)
Treinamentos oficinas para os profissionais da Sauacutede (D6)
Boa condiccedilatildeo de trabalho equipe completa informaccedilotildees necessaacuterias (D9)
[] compromisso dos profissionais humanizaccedilatildeo dos serviccedilos (D10)
Capacitaccedilatildeo da equipe (E1)
Informaccedilatildeo atraveacutes de palestras capacitaccedilotildees conversas de roda de mesa (E2)
91
Capacitar e sensibilizar profissionais (E3)
[] treinamento e capacitaccedilatildeo para a equipe (E4)
Contrataccedilatildeo de profissionais treinamentos espaccedilo para realizaccedilatildeo das atividades
divulgaccedilatildeo do trabalho para comunidade (E7)
Preparar profissionais que pelo menos tentem prevenir o sofrimento que a doenccedila gera
para proporcionar uma melhor qualidade de vida mesmo sendo no fim (E8)
De modo geral os profissionais disseram mediante os seus depoimentos acreditar
como estrateacutegia principal para a viabilizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a
qualificaccedilatildeo da equipe que atua na ESF no que concerne aos cuidados no fim da vida Essa
capacitaccedilatildeo conforme ressalta Floriani (2011) eacute um dos aspectos mais nevraacutelgicos sendo de
fundamental importacircncia a instituiccedilatildeo de programas de educaccedilatildeo continuada O autor ressalta
ainda que tal formaccedilatildeo deveria ser realizada em todo o territoacuterio nacional considerando-se as
distintas realidades socioculturais e de acesso ao Sistema de Sauacutede existentes nas diferenciadas
regiotildees do paiacutes
No tocante agrave viabilidade da praacutetica de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica merece
destaque a pesquisa desenvolvida por Lavor (2006) o qual identificou a necessidade de superar
algumas barreiras para a sua operacionalizaccedilatildeo O estudo observou ainda com base na visatildeo
dos enfermeiros participantes da pesquisa um consenso agrave necessidade de se investir na
capacitaccedilatildeo para que os profissionais adquiram conhecimentos e desenvolvam habilidades e
competecircncias para o manejo de situaccedilotildees que envolvem o paciente e a famiacutelia
O referido estudo ressalta tambeacutem que satildeo inuacutemeras as dificuldades apontadas pelos
profissionais que atuam na ESF para o emprego dessa filosofia de cuidar Entre elas apontam-
se a questatildeo familiar os aspectos bioeacuteticos a comunicaccedilatildeo entre os profissionais os pacientes
e a famiacutelia a organizaccedilatildeo dos serviccedilos (nesta enfatizam-se a falta de recursos e de
medicamentos e a desarticulaccedilatildeo entre os diversos niacuteveis do sistema) Esta uacuteltima eacute a maior
barreira para a operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos
O trabalho desenvolvido por Rodrigues (2009) corrobora os resultados encontrados no
referido estudo Esclarecem que a descoberta dos Cuidados Paliativos para os trabalhadores da
equipe de sauacutede tem gerado desafios para os profissionais envolvidos na assistecircncia em virtude
do despreparo deles para essa nova praacutetica principalmente para o emprego dos Cuidados
Paliativos no cenaacuterio domiciliar no conviacutevio com pacientes e agraves emoccedilotildees advindas do ato de
92
compartilhar o sofrimento dos pacientes e dos seus familiares confrontando-os com o desafio
maior ― o lidar com a morte Estas ponderaccedilotildees podem ser visualizadas nos trechos a seguir
[] Eacute preciso um projeto paralelo de reeducaccedilatildeo (M1)
[] com certeza necessitaria antes de iniciar as atividades um curso de capacitaccedilatildeo
para poder assistir melhor esses pacientes e fazer o melhor para que os mesmos tivessem
uma morte digna ou melhor menos dolorosa para eles e seus familiares (M2)
[] faltam a toda a equipe os subsiacutedios essenciais para o emprego dos cuidados
paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica (M8)
[] me faz necessaacuterio uma sensibilizaccedilatildeo (D1)
[] me falta conhecimento e experiecircncia para lidar com esse tipo de situaccedilatildeo (D3)
Todos os profissionais necessitam passar por uma qualificaccedilatildeo para empregar os
Cuidados Paliativos de forma produtiva ateacute mesmo seguindo um protocolo (D10)
Natildeo estou preparada Necessito de capacitaccedilatildeo (E3)
[] precisaria de capacitaccedilatildeo (E6)
Nesse contexto a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente em Cuidados Paliativos eacute
premente para os profissionais que integram a equipe da ESF como parte de uma estrateacutegia de
difusatildeo nacional desses cuidados cabendo ao Ministeacuterio da Sauacutede o assessoramento teacutecnico
aos municiacutepios para a organizaccedilatildeo de equipes qualificadas no monitoramento e no tratamento
dos pacientes com doenccedilas avanccediladas e terminais e de seu entorno (FLORIANI 2011) Outro
aspecto importante eacute a aquisiccedilatildeo de atitudes e habilidades como a comunicaccedilatildeo fundamentais
para que essa assistecircncia seja eficaz (MELLO CAPONERO 2011)
Kira Montagnini e Barbosa (2008) observam que atualmente no Brasil embora a
discussatildeo e a implantaccedilatildeo dos princiacutepios dos Cuidados Paliativos estejam em franca
progressatildeo ainda eacute necessaacuterio que as instituiccedilotildees de ensino compreendam a importacircncia da
filosofia paliativista e facilitem sua implantaccedilatildeo curricular na aacuterea da Sauacutede ao niacutevel da
graduaccedilatildeo e da poacutes-graduaccedilatildeo
Arauacutejo (2011) assevera que a educaccedilatildeo em Cuidados Paliativos difere da educaccedilatildeo em
outras disciplinas da aacuterea da Sauacutede por trecircs razotildees distintas poreacutem interligadas
Primeiro porque se lida com pessoas que estatildeo morrendo e com seus familiares em
momentos de incertezas e complexidades
93
Segundo porque haacute maior implicaccedilatildeo emocional no cuidado destes pacientes uma vez
que por meio da abordagem multidimensional identifica-se o sofrimento em suas diferentes
esferas revelando-se sentimentos com que o profissional teraacute que lidar tanto no paciente
quanto em si proacuteprio
Terceiro porque para que o cuidado paliativo seja efetivo ou seja para que as
necessidades multidimensionais do paciente e seus familiares sejam supridos eacute imprescindiacutevel
o trabalho interdisciplinar
Assim conforme apontam Wee e Hughes (2007) a educaccedilatildeo neste tema precisa ir ao
encontro das necessidades de grupos profissionais heterogecircneos no tocante agraves abordagens
disciplinares
Floriani (2011) pondera que aleacutem dessa qualificaccedilatildeo da equipe deve haver tambeacutem
como parte dessa estrateacutegia de capacitaccedilatildeo uma mudanccedila na visatildeo acadecircmica com a urgente
necessidade de ser implantada a disciplina Cuidados Paliativos na grade curricular dos cursos
da aacuterea da Sauacutede Caso contraacuterio as distorccedilotildees envolvidas acerca desta modalidade de cuidar
natildeo seratildeo corrigidas perpetuando-se terapecircuticas fuacuteteis e situaccedilotildees de abandono
Na percepccedilatildeo de Arauacutejo (2011) a filosofia dos Cuidados Paliativos deve ser ensinada
durante a graduaccedilatildeo poreacutem o que se tem observado eacute que a academia destina-se a ensinar a
fisiopatologia das doenccedilas e farmacoloacutegicas para seu tratamento pouco preparando o
profissional para lidar com o paciente quando esta doenccedila natildeo tem mais possibilidade de cura
Observa-se ainda que pouco se destaca nesse processo de formaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede
seu preparo para comunicar notiacutecias ruins estar ao lado de algueacutem que sofre oferecer apoio
emocional e espiritual em situaccedilotildees complexas refletir junto com o doente na suas duacutevidas e
questotildees existenciais
Como a formaccedilatildeo baacutesica dos profissionais que atualmente lidam com pacientes que
vivenciam o processo de morrer natildeo lhes foi suficiente para desenvolver habilidades para lidar
com estas e outras situaccedilotildees inerentes agrave terminalidade de seus pacientes eacute preciso o
investimento na educaccedilatildeo continuada destes profissionais no tange aos Cuidados Paliativos
Dessa forma Floriani e Schramm (2004) consideram que a Atenccedilatildeo Baacutesica emerge
como uma importante estrateacutegia para o emprego dessa modalidade de cuidar podendo atuar
para evitar a ruptura de tratamento configurando-se como indispensaacutevel elo de continuidade do
tratamento especialmente para os pacientes que vivem longe de centros urbanos e que devem
retornar para suas casas
Diante dessa realidade observa-se que o Sistema de Sauacutede brasileiro tem a importante
tarefa de equilibrar dentro de um cenaacuterio de restriccedilatildeo de recursos de modo pragmaacutetico como
94
conveacutem ao gestor puacuteblico e ao privado o sentido do que eacute real com o sentido da possibilidade
em busca de um modelo sustentaacutevel de cuidados no fim da vida do ponto de vista operacional
e organizado de modo que possa ser acessiacutevel nos mais diferentes contextos nacionais e
eticamente comprometido com a proteccedilatildeo aos atores vulnerados (FLORIANI 2011)
Portanto analisando essas caracteriacutesticas agrave luz do referencial teoacuterico e dos discursos
provenientes de meacutedicos enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas da ESF podemos assinalar que na
visatildeo desses profissionais eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo
Baacutesica contanto que sejam superadas algumas barreiras tais como a criaccedilatildeo de uma poliacutetica
nacional para essa modalidade de cuidar e a preparaccedilatildeo dos profissionais que integram a equipe
da ESF
95
Reflexotildees Finais
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
96
O estudo nos permitiu assinalar a partir dos discursos dos profissionais participantes
da investigaccedilatildeo a valoraccedilatildeo dos Cuidados Paliativos como uma modalidade de cuidar que visa
agrave minimizaccedilatildeo do sofrimento do paciente sem possibilidade terapecircutica de cura e agrave de seus
familiares mediante uma assistecircncia pautada na humanizaccedilatildeo
Eacute oportuno destacar que a praacutetica dos Cuidados Paliativos busca oferecer uma resposta
ativa aos problemas necessidades e sofrimento dos pacientes acometidos por uma patologia
crocircnica e incuraacutevel podendo dessa forma desempenhar um papel relevante nos cuidados no
fim da vida especialmente em aacutereas onde natildeo existem centros de referecircncia em Cuidados
Paliativos
Implementar esta modalidade de cuidar permeada pelos pressupostos da humanizaccedilatildeo
favorece aos profissionais da ESF o estabelecimento de uma assistecircncia integral e holiacutestica
(contemplando as necessidades emocionais espirituais sociais e bioloacutegicas) direcionada ao
paciente portador de doenccedila crocircnica natildeo responsiva agrave terapecircutica de cura Aleacutem disso contribui
para o desenvolvimento de estrateacutegias uacuteteis e adequadas a fim de se atender agraves necessidades do
referido paciente
No tocante agrave praacutetica dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica foi possiacutevel eleger
duas categorias a partir do material discursivo oriundo das entrevistas dos participantes do
estudo Cuidados Paliativos ndash aspectos conceituais e modalidades terapecircuticas (esta categoria
apresentou duas subcategorias Cuidados Paliativos ndash promoccedilatildeo de qualidade de vida para
pacientes sem possibilidades de cura modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos)
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica ndash formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees As
categoriais apresentam a essecircncia do entendimento dos profissionais da ESF envolvidos no
estudo sobre os Cuidados Paliativos sobretudo no referido contexto
Quanto agrave compreensatildeo dos profissionais da ESF acerca dos Cuidados Paliativos foi
enfatizado que esta modalidade eacute considerada como cuidados de conforto para o paciente
cuidado biopsiacutequicoespiritual e cuidado interdisciplinar
Os meacutedicos os enfermeiros e os cirurgiotildees-dentistas da ESF participantes do estudo
advertiram de modo enfaacutetico que os Cuidados Paliativos devem estar voltados para pacientes
acometidos por doenccedilas incuraacuteveis e pacientes em fase de terminalidade mediante uma
assistecircncia humanizada com a finalidade de promover qualidade de vida minimizaccedilatildeo do
sofrimento e boa morte
Outra questatildeo que merece destaque refere-se agrave importacircncia dada por alguns dos
participantes do estudo agrave presenccedila dos familiares elementos colaboradores no cuidar do
paciente Esta eacute compreendida como fonte de apoio e estiacutemulo para o doente no enfrentamento
97
do processo da enfermidade e da terminalidade Dessa forma os Cuidados Paliativos devem ser
estendidos tambeacutem agrave famiacutelia uma vez que esta sofre juntamente com o paciente que se
encontra em processo de terminalidade
Quanto agraves modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos os referidos profissionais
valorizaram natildeo soacute os aspectos bioloacutegicos do paciente mas tambeacutem outras dimensotildees que
compotildeem a totalidade do ser humano e que surgem intensamente diante de um sofrimento e do
processo da terminalidade ndash as dimensotildees psicoloacutegicas sociais e espirituais Por conseguinte
os referidos profissionais destacaram as seguintes modalidades farmacologia fisioterapia
nutriccedilatildeo (que corresponderam agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica) comunicaccedilatildeoescuta qualificada
psicologia e espiritualidade (que retrataram a intervenccedilatildeo psicoterapecircutica)
Eacute oportuno destacar que alguns dos participantes do estudo apresentaram certo
despreparo para esta nova modalidade de cuidar revelando conceitos incompatiacuteveis com a
literatura pertinente aos Cuidados Paliativos Foi possiacutevel entrever que estes profissionais
restringem tais cuidados a cuidados humanitaacuterios natildeo identificando a relaccedilatildeo de tal modalidade
com temas como a morte e suas implicaccedilotildees espirituais ou existenciais Este fato pode estar
atrelado agrave formaccedilatildeo profissional deles uma vez que no Brasil a visibilidade dessa modalidade
de cuidar iniciou-se na deacutecada de 2000 e a maioria destes estaacute formada haacute mais de dez anos
natildeo tendo em seus curriacuteculos a contemplaccedilatildeo da temaacutetica em destaque
Em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da equipe de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica os
participantes envolvidos no estudo disseram reconhecer que a equipe da ESF deve conter um
quantitativo maior de profissionais o qual possa extrapolar o que estaacute determinado atualmente
pelo Ministeacuterio da Sauacutede Ressalte-se que alguns deles destacaram a importacircncia da atuaccedilatildeo de
uma equipe interdisciplinar composta de profissionais que possuem diferenciadas competecircncias
e que atuam de forma interdependente para o atendimento das necessidades bioloacutegicas
psicoloacutegicas sociais e espirituais do paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura e de sua
famiacutelia
Outro aspecto merecedor de destaque diz respeito ao posicionamento dos profissionais
inseridos no estudo quanto agrave viabilidade da operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica Para eles esta modalidade de cuidar na nossa realidade local apresenta
possibilidades e limitaccedilotildees
No que diz respeito agraves possibilidades os discursos provenientes dos meacutedicos
enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas expressaram a necessidade em fomentar a criaccedilatildeo de uma
poliacutetica nacional que contemple os Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
98
Do mesmo modo manifestaram acreditar que a falta de qualificaccedilatildeo dos profissionais
inseridos na ESF consiste na principal limitaccedilatildeo para a implementaccedilatildeo dessa modalidade de
cuidar na Atenccedilatildeo Baacutesica Portanto a qualificaccedilatildeo desta equipe eacute apontada pelos profissionais
como a estrateacutegia mais importante para a viabilizaccedilatildeo desta praacutetica na atenccedilatildeo primaacuteria
Explicitaram a necessidade de qualificaccedilatildeo para um melhor exerciacutecio profissional no campo de
Cuidados Paliativos sobretudo em situaccedilotildees de terminalidade
Assim sendo urge a instituiccedilatildeo da educaccedilatildeo permanente em Cuidados Paliativos para
os profissionais que fazem parte da Atenccedilatildeo Baacutesica a fim de que promovam uma assistecircncia
holiacutestica e integral ao paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura Aleacutem disso eacute de suma
relevacircncia que as instituiccedilotildees de ensino da aacuterea da Sauacutede compreendam a importacircncia da
filosofia dessa modalidade de cuidar e contemplem esta temaacutetica em seus curriacuteculos
Consideramos que este estudo abre novos horizontes no campo da investigaccedilatildeo
cientiacutefica na assistecircncia e no ensino acerca dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Haja
vista o quacircntico reduzido de estudos direcionados agrave respectiva temaacutetica no acircmbito da literatura
nacional Ressaltamos a necessidade de novas pesquisas com a finalidade de se ampliarem as
discussotildees sobre essa temaacutetica e conseguintemente se favorecer a inserccedilatildeo desse conteuacutedo nos
curriacuteculos dos profissionais da Sauacutede bem como se estimular a capacitaccedilatildeo destes cuidados
diferenciados nas redes assistenciais de sauacutede particularmente na ESF a fim de se amenizar o
sofrimento de usuaacuterios sem possibilidades terapecircuticas e familiares envolvidos com o cuidado
com seu ente querido
Esperamos portanto que esta pesquisa possa subsidiar novas investigaccedilotildees que
contemplem a inter-relaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos com a Atenccedilatildeo Baacutesica visto que se trata
de uma praacutetica inovadora no referido campo a qual necessita de uma maior disseminaccedilatildeo junto
a gestores profissionais da Sauacutede em particular os da ESF estudantes e pesquisadores da aacuterea
99
Referecircncias
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
100
ABRAHAtildeO-CURVO P Avaliaccedilatildeo da atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede destacando satisfaccedilatildeo e
insatisfaccedilatildeo na perspectiva dos usuaacuterios com ecircnfase na integralidade da atenccedilatildeo 2010
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo PretoUSP Satildeo Paulo 2010
ABREU L O et al Trabalho de equipe em enfermagem revisatildeo sistemaacutetica da literatura
Rev Bras Enferm v 58 n 2 p 203-7 2005
ABU-SAAD H H COURTENS A Developments in Palliative Care In ABUD-SAAD H
H Evidence-based palliative care across the life span Oxford Blackwel Science 2001
Cap3 p5-13
ARAUacuteJO M M T de Quando uma palavra de carinho conforta mais que um
medicamento necessidades e expectativas de pacientes sob cuidados paliativos 2006
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola de Enfermagem da Universidade de Satildeo Paulo 2006
ARAUacuteJO M M T de Comunicaccedilatildeo em cuidados paliativos proposta educacional para
profissionais de sauacutede 2011 Tese (Doutorado) ndash Escola de Enfermagem da Universidade de
Satildeo Paulo 2011
ARAUacuteJO M M T de SILVA M J P da A comunicaccedilatildeo com o paciente em cuidados
paliativos valorizando a alegria e o otimismo Rev Esc Enferm v 40 n 4 p 668-674 2007
AROUCA S Democracia e sauacutede Anais da VIII Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia
1987 P 17-21
BACKES D S et al Muacutesica terapia complementar no processo de humanizaccedilatildeo de um CTI
Nursing v 66 n 6 p 35-42 2003
BARBOSA K de A FREITAS M H de Religiosidade e atitude diante da morte em idosos
sob cuidados paliativos Revista Kairoacutes Satildeo Paulo v 12 n 1 p 113-34 jan 2009
BARDIN L Anaacutelise de conteuacutedo Lisboa Ediccedilotildees 70 2008
BIELEMANN V L M A famiacutelia cuidando do ser humano com cacircncer e sentindo a
experiecircncia Rev Bras Enferm v 56 n 2 p 133-7 2003
BILLINGS J A A BLOCH S Palliative care in undergraduate medical education JAMA
v 278 n9 p 733-738 1997
101
BONASSA E C CAMPOS C V A Sauacutede mais perto os programas e as formas de
financiamento para os municiacutepios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001
BONFAacute L VINAGRE R C de O FIGUEIREDO N V de Uso de canabinoacuteides na dor
crocircnica e em cuidados paliativos Rev Bras Anestesiol v 58 n 3 p 267-279 2008
BOULAY S Changing the face of death the story of Cicely Saunders 4 ed Norfolk
RMEP 1996
BRASIL Portaria ndeg 1886GMMS Aprova as Normas de Diretrizes do Programa de
Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede e do Programa de Sauacutede da Famiacutelia Brasiacutelia DF Dez 1997
______ Portaria nordm 2413 GMMS Cria atendimento a pacientes sob cuidados prolongados
Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1998a
______ Portaria nordm 3535 GMMS Estabelece criteacuterios para Centros de Alta Complexidade
em Oncologia ndash CACON Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1998b
______ Portaria ndeg 157GMMS Estabelece os criteacuterios de distribuiccedilatildeo e requisitos para a
qualificaccedilatildeo dos Municiacutepios aos incentivos ao Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede e
ao Programa de Sauacutede da Famiacutelia Brasiacutelia DF Mar 1998c
______ Ministeacuterio da Sauacutede Portaria n 881 Brasiacutelia DF Jun 2001
______ Portaria nordm 19 GMMS Cria o Programa Nacional de Assistecircncia agrave Dor e Cuidados
Paliativos Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Programa de sauacutede da famiacutelia Brasiacutelia DF 2000a
______ Ministeacuterio da Sauacutede Atenccedilatildeo Baacutesica Programa de Sauacutede da Famiacutelia Treinamento
Introdutoacuterio Caderno 2 Brasiacutelia 2000b
______ Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Programa de Sauacutede da famiacutelia
Rev Sauacuted Puacutebl v 34 n 3 p 316-9 2000c
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave sauacutede Coordenaccedilatildeo de sauacutede da
comunidade Sauacutede da famiacutelia uma estrateacutegia para reorientaccedilatildeo do modelos assistencial
Brasiacutelia DF 2005a
102
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica
Coordenaccedilatildeo de Acompanhamento e Avaliaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo para melhoria da qualidade da
estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Documento Teacutecnico Brasiacutelia DF 2005b
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Gestatildeo Participativa Sauacutede da famiacutelia panorama
avaliaccedilatildeo e desafios Brasiacutelia DF 2005c
______ Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada - RDC
nordm11 de 26 de janeiro de 2006 Dispotildee sobre o regulamento teacutecnico de funcionamento de
serviccedilos que prestam atenccedilatildeo domiciliar Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 30 jan 2006
______ Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Comissatildeo Nacional de Eacutetica em
Pesquisa Manual operacional para comitecircs de eacutetica em pesquisa 4 ed Brasiacutelia DF 2007
Seacuterie A Normas e manuais teacutecnicos
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave
Sauacutede Diretrizes e recomendaccedilotildees para o cuidado integral de doenccedilas crocircnicas natildeo-
transmissiacuteveis Brasiacutelia DF 2009
BYOCK I Where do we go from here A palliative care perspective Crit Care Med v 34
p 416-20 2006
CAPONERO R Muito aleacutem da cura de uma doenccedila profissionais lutam para humanizar o
sofrimento humano Praacutetica Hospitalar Satildeo Paulo n 21 p 29-34 maijun 2002
CASTRO D A Psicologia e eacutetica em cuidados paliativos Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo v
21 p 44-51 2001
CEZARIO E P O fisioterapeuta diante dos cuidados paliativos e da morte In SANTOS F S
(Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo
Atheneu 2011 Cap 33 p 307-14
CLARK D CENTENO C Palliative care in Europe an emerging approach to comparative
analysis Clin Med v6 n 2 p 197-201 2006
CONGRESSO INTERNACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS Educar para paliar Satildeo
Paulo Siacuterio Libanecircs Instituto de Ensino e Pesquisa 2010
103
COSTA E M A CARBONE M H Sauacutede da famiacutelia uma abordagem interdisciplinar Rio
de Janeiro Rubio 2004
COSTA S F G VALLE E R M Ser eacutetico na pesquisa em enfermagem Joatildeo Pessoa
Ideacuteia 2000
COSTA FILHO R C et al Como implementar cuidados paliativos de qualidade na unidade
de terapia intensiva Rev Bras Ter Intensiva Satildeo Paulo v 20 n 1 janmar 2008
DUNLOP R J HOCKLEY J M Hospital-based palliative care teams 2 ed Oxford
Oxford University 1998
ELIAS A C A et al Programa de treinamento sobre a intervenccedilatildeo terapecircutica (RIME) para
re-significar a dor espiritual de pacientes terminais Rev Psiquiatr Cliacuten Satildeo Paulo v 34
supl 1 p 60-72 2007
ESTEVES M M Cuidar ndash paciente famiacutelia e equipe multiprofissional sob a visatildeo do
assistente social atuante em cuidados paliativos In SANTOS F S (Org) Cuidados
paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 31
p 285-86
FERRER P M N LABRADA B R P LOacutePEZ N P Buenas praacutecticas de enfermeriacutea en
pacientes tributarios de cuidados paliativos en la atencioacuten primaria de salud Revista Cubana
de Enfermeriacutea v 25 n 1-2 p 1-17 2009
FERREIRA N M L A CHICO E HAYHASHI V D Buscando compreender a
experiecircncia do doente com cacircncer Rev Ciecircn Meacuted (Campinas) v 14 n 3 p 239-48 2005
FERREIRA N M L A SOUZA C L B de STUCHI Z Cuidados paliativos e famiacutelia
Rev Ciecircnc Meacuted Campinas v 17 n 1 p 33-42 janfev 2008
FIGUEIREDO M C A Educaccedilatildeo em cuidados paliativos uma experiecircncia brasileira Mundo
Sauacutede v 27 n 1 p 165-70 2003
FIGUEIREDO M T A Reflexotildees sobre os cuidados paliativos no Brasil Rev Praacutetica
Hospitalar v 47 p 36-40 setout 2006
104
FLORIANI C A Cuidados paliativos no Brasil desafios para sua inserccedilatildeo no sistema de
sauacutede In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos
sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 12 p 101-06
FLORIANI C A SCHRAMM F R Atendimento domiciliar ao idoso problema ou
soluccedilatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 20 n4 p 986-994 julago 2004
FLORIANI C A SCHRAMM F R Desafios morais e operacionais da inclusatildeo dos cuidados
paliativos na rede de atenccedilatildeo baacutesica Cad Sauacutede Puacuteblica v 23 n 9 p 2072-2080 set 2007
FRANCcedilA J R F S Cuidados paliativos relaccedilatildeo dialoacutegica entre enfermeiros e crianccedilas com
cacircncer 2011 172f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Centro de Ciecircncias da Sauacutede Universidade
Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 6 ed Satildeo Paulo Atlas 2010
GIL C R R Formaccedilatildeo de recursos humanos em sauacutede da famiacutelia paradoxos e perspectivas
Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 21 n2 p490-498 marabr 2005
GIROND J B R WATERKEMPER R Sedaccedilatildeo eutanaacutesia e o processo de morrer do
paciente com cacircncer em cuidados paliativos compreendendo conceitos e inter-relaccedilotildees
Cogitare enferm v 11 n 3 p 258-263 set-dez 2006
GUERRA M A T Assistecircncia ao paciente em fase terminal alternativas para o doente com
AIDS 2001 155p Tese (Doutorado) ndash Faculdade de Sauacutede Puacuteblica Universidade de Satildeo
Paulo Satildeo Paulo 2001
GUTIERREZ D M D MINAYO M C S Produccedilatildeo do conhecimento sobre cuidados da
sauacutede no acircmbito da famiacutelia Ciecircncia e Sauacutede Coletiva v 15 n 1 p 1497-1508 2010
HALSTEAD MT ROSCOE ST Restoring the spirit at the end of life music as an
intervention for oncology nurses Clin J Oncol Nurs v6 n6 p333-6 2002
HERSCHBACK P et al Psychological distress in cancer patients assessed with na expert
rating scale Br J Cancer v 99 n 1 p 37-43 2008
HIGUERA J C B La escucha activa em cuidados paliativos Revista de Estudios Meacutedico
Humaniacutesticos v 11 n 11 p 119-136 2005
105
IBANtildeEZ N et al Avaliaccedilatildeo do desempenho da atenccedilatildeo baacutesica no estado de Satildeo Paulo
Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 11 n 3 p 683-703 2006
INCONTRI D Equipes interdisciplinares em cuidados paliativos ndash religando o saber e o sentir
In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos
sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 17 p 141-48
INABA L C SILVA M J P A importacircncia e as dificuldades da comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-
verbal no cuidado dos deficientes fiacutesicos Nursing v 5 n 51 p 20-4 2002
JOAtildeO PESSOA Secretaria Municipal de Sauacutede Plano Municipal de Sauacutede ndash 2010 - 2013
Joatildeo Pessoa 2010
______ Relatoacuterio de gestatildeo 2005-2008 Joatildeo Pessoa 2008
KIRA C M MONTAGNINI M BARBOSA S M M Educaccedilatildeo em cuidados paliativos
In OLIVEIRA R A Cuidado paliativo Satildeo Paulo Conselho Regional de Medicina do estado
de Satildeo Paulo 2008 p 595-609
KOENIG H G McCULLOUGH M E LARSON D B A history of religion science and
medicine In HANDBOOK of religion and health New York Oxford University Press 2001
KOVAacuteCS M J et al Implantaccedilatildeo de um service de plantatildeo psicoloacutegico numa unidade de
cuidados paliativos Bol Psicol v 51 n 114 p 1-22 jan-jun 2001
KOVAacuteCS M J Comunicaccedilatildeo nos programas de cuidados paliativos uma abordagem
multidisciplinar In PESSINI L BERTACHINI L Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos
Satildeo Paulo Loyola p 275-89 2004
KUumlBLER-ROSS E Sobre a morte e o morrer Satildeo Paulo Martins Fontes 2002
LAVOR M F da S Cuidados paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica visatildeo dos enfermeiros do
Programa Sauacutede da Famiacutelia 180 f 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Enfermagem) ndash
Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Rio de Janeiro
2006
LITLEJOHN S W Fundamentos teoacutericos da comunicaccedilatildeo humana Rio de janeiro
Guanabara 1988
106
LOPES M J M SILVA J L A Estrateacutegias metodoloacutegicas de educaccedilatildeo e assistecircncia na
atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Revista Latino Amer Enfermagem v 12 n 4 jul ndash ago 2004
LUSTOSA M A A famiacutelia do paciente internado Rev SBPH v 10 p 4-8 2007
MACCOUGHLAN M A necessidade de cuidados paliativos In PESSINI L BERTACHINI
(Orgs) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos 3ed Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 Cap 11
p 167- 180
MACCOUGHLAN M A Necessidade de cuidados paliativos Mundo Sauacutede v 27 n 1 p
6-14 2003
MACHADO M de F A S et al Integralidade formaccedilatildeo de sauacutede educaccedilatildeo em sauacutede e as
propostas do SUS - uma revisatildeo conceitual Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva v 12 n 2 p 335-342
2007
MACMILIAN K EMERY B KASHUBA L Organization and support of the
interdisciplinary team In BRUERA E et al Textbook of palliative medicine London
Edward Arnold 2006
MALUF M F M MOLI L J BARROS A C S D O impacto psicoloacutegico do cacircncer de
mama Rev Bras Cancer v 51 n 2 p 149-54 2005
MARCUCCI F C I O papel da fisioterapia nos cuidados paliativos a pacientes com cacircncer
Rev Bras Cancer v 51 n 1 p 67-77 2005
MELO A G C Os cuidados paliativos no Brasil In PESSINI L BERTACHINI L
Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos Satildeo Paulo Loyola 2004 p 291-9
MELLO A G C de CAPONEROV R Cuidados paliativos abordagem contiacutenua e integral
In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos discutindo a vida a morte e o morrer Satildeo
Paulo Atheneu 2009 Cap18 p 257-266
MELLO A G C de CAPONERO R O futuro em cuidados paliativos In SANTOS F S
(Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo
Atheneu 2011 Cap 2 p 17-24
107
MELO A G C FIGUEIREDO M T A Cuidados paliativos conceitos baacutesicos histoacuterico e
realizaccedilotildees da Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos e da Associaccedilatildeo Internacional de
Hospice e Cuidados Paliativos In PIMENTA C A M MOTA D D C F CRUZ D A L
M Dor e cuidados paliativos enfermagem medicina e psicologia Barueri SP Manole 2006
p 16-28
MENDES E V O dilema fragmentaccedilatildeo ou integraccedilatildeo dos sistemas de sauacutede por sistemas
integrados de serviccedilos de sauacutede In MENDES E V Os grandes dilemas do SUS Fortaleza
Escola de Sauacutede Puacuteblica do Cearaacute 2001 p 91-139
MINAYO M C de S O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 12 ed Rio
de Janeiro HUCITECABRASCO 2010
MOREIRA D A O meacutetodo fenomenoloacutegico na pesquisa Satildeo Paulo Pioneira 2004
O`CONNOR M FISHER C GUILFOYLE A Interdisciplinary teams inpalliative care a
critical reflection Int J Pall Nurs v 12 n 3 p 132-7 2006
OLIVEIRA A C SAacute L SILVA M J P O posicionamento do enfermeiro frente a
autonomia do paciente terminal Rev Bras Enferm v 60 n 3 p 286-90 maio-jun 2007
ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DA SAUacuteDE Alma Ata 1978 ndash cuidados primaacuterios de sauacutede
Relatoacuterio da conferecircncia internacional sobre cuidados primaacuterios de sauacutede OMSUNICEF
Brasil 1979
ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Cuidados inovadores para condiccedilotildees crocircnicas
componentes estruturais de accedilatildeo uma estrateacutegia em Serviccedilos de Sauacutede para todo o Brasil
Brasiacutelia Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede 2003
OTHERO M B COSTA D G Propostas desenvolvidas em Cuidados Paliativos em um
hospital amparador - Terapia Ocupacional e Psicologia Rev Praacutetica Hospitalar v 9 n 52 p
157-60 2007
PAUNOVICH E D et al The role of dentistry in palliative care of the head and neck cancer
patient Tex Dent J v 117 n 6 p 36-45 2000
PEDUZZI M A A inserccedilatildeo do enfermeiro na equipe de sauacutede da famiacutelia na perspectiva da
promoccedilatildeo da sauacutede In Anais do 1ordm Seminaacuterio Estadual o enfermeiro no programa de sauacutede
da famiacutelia de Satildeo Paulo 9-11 nov 2000 Satildeo Paulo Secretaria do estado de Sauacutede p 1-11
108
PEDUZZI M OLIVEIRA M A C Trabalho em equipe multiprofissional In MARTINS
M A et al Cliacutenica Meacutedica v1 Barueri Manole 2009 p 171-8
PERES M F P et al A importacircncia da integraccedilatildeo da espiritualidade e da religiosidade no
manejo da dor e dos cuidados paliativos Rev Psiquiatr Cliacuten Satildeo Paulo v 34 2007
PESSINI L Viver com dignidade a proacutepria morte reexame da contribuiccedilatildeo da eacutetica
teoloacutegica no atual debate sobre a distanaacutesia 2001 Tese (Doutorado) ndash Centro Universitaacuterio
Assunccedilatildeo Pontifiacutecia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunccedilatildeo Satildeo Paulo 2001
PESSINI L Humanizaccedilatildeo da dor e do sofrimento humanos na aacuterea da sauacutede In PESSINI L
BERTACHINI L (Orgs) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos 3 ed Satildeo Paulo Loyola
2006 cap1 p 11-29
PESSINI L BERTACHINI L Novas perspectivas em cuidados paliativos eacutetica geriatria
gerontologia comunicaccedilatildeo e espiritualidade O Mundo da Sauacutede Satildeo Paulo v 29 n 4
outdez 2005
PIMENTA C G C de MOTA D T A F Educaccedilatildeo em cuidados paliativos In PIMENTA
C G C de MOTA D D C de F M CRUZ D DE A L M da C (Orgs) Dor e
cuidados paliativos enfermagem medicina e psicologia BarueriManoly 2006 Cap3 p 29-
44
POLASTRINI R T V YAMASHITA C C KURASHIMA A Y Enfermagem e o cuidado
paliativo In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 30 p 277-83
POLIT F P BECK C T HUNGLER B P Fundamentos da pesquisa em enfermagem
meacutetodos avaliaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo 5 ed Porto Alegre Artmed 2004
RAJAGOPAL M R MAZZA D LIPMAN A G Pain and palliative care in the
developing world and marginalized population a global challenge Binghamton The
Haworth Medical Press 2003
REIS JUacuteNIOR L C REIS P E A M Cuidados paliativos no paciente idoso o papel do
fisioterapeuta no contexto multidisciplinar Fisioterapia em Movimento Curitiba v 20 n 2
p 127-35 abrjun 2007
109
RODRIGUES I G Cuidados paliativos anaacutelise de conceito 2004 200f Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo Ribeiratildeo
Preto 2004
RODRIGUES I G Os significados do trabalho em equipe de cuidados paliativos
oncoloacutegicos domiciliar um estudo etnograacutefico 2009 Tese (Doutorado) Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2009
RODRIGUES I G ZAGO M M F Enfermagem em cuidados paliativos Mundo Sauacutede v
27 n 1 p 89-92 2003
RODRIGUES I G ZAGO M M F CALIRI M H Uma anaacutelise do conceito de cuidados
paliativos no Brasil artigo de revisatildeo Mundo da Sauacutede v 29 n 2 p 147-154 Satildeo Paulo
2005
SALES C A MOLINA M A S O significado do cacircncer no cotidiano de mulheres em
tratamento quimioteraacutepico Rev Bras Enferm v 57 n 6 p 720-3 2004
SALES C A et al Cuidado paliativo a arte de estar-com-o-outro de uma forma autecircntica
Rev Enferm UERJ v 16 n 2 p 174-179 2008
SALTZ E JUVER J Cuidados paliativos em oncologia Satildeo Paulo Editora Senac 2008
SANTANA A D A Cuidados paliativos ao doente oncoloacutegico terminal em domiciacutelio
representaccedilotildees sociais da famiacutelia 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash escola de Enfermagem
Universidade Federal da Bahia Salvador 2000
SANTOS H S dos Terapecircutica nutricional para constipaccedilatildeo intestinal em pacientes
oncoloacutegicos com doenccedila avanccedilada em uso de opiaacuteceos revisatildeo Rev Bras Cancer v 48 n
2 p 263-269 2002
SANTOS D et al Sedacioacuten paliativa experiencia en una unidad de cuidados paliativos de
Montevideo Rev Med Urug v 25 n 2 p 78-83 2009
SANTOS M J O cuidado agrave famiacutelia do idoso com cacircncer em cuidados paliativos
perspectiva da equipe de enfermagem e dos usuaacuterios 2009 Dissertaccedilatildeo (mestrado)
Florianoacutepolis Universidade Federal de Santa Catarina 2009
SANTOS F S O desenvolvimento histoacuterico dos cuidados paliativos e a filosofia hospice In
SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas
Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 1 p 3-15
110
SANTOS C E dos MATTOS L F C Os cuidados paliativos e a medicina de famiacutelia e
comunidade In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 2 p 17-24
SAUNDERS C Preface In DAVIES E HIGGINSON I J (Ed) The solid facts palliative
care Copenhagen WHO Regional Office for Europe 2004
SCHLIEMANN A L Cuidados paliativos e psicologia a construccedilatildeo de um espaccedilo de
trabalho In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 34 p 315-21
SCHERER M D dos A MARINO S R A RAMOS F R S Rupturas e soluccedilotildees no
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede reflexotildees sobre a estrateacutegia sauacutede da famiacutelia com base nas
categorias kuhnianas Interface ndash comunicaccedilatildeo Sauacutede Educaccedilatildeo Botucatu v9 n16 p 53-
66 set2004fev 2005
SILVA D A da et al Atuaccedilatildeo do nutricionista na melhora da qualidade de vida de idosos
com cacircncer em cuidados paliativos O Mundo da Sauacutede v 33 n 3 p 358-364 2009
SILVA K S da Em defesa da sociedade a invenccedilatildeo dos cuidados paliativos 2010
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2010
SILVA M J P Comunicaccedilatildeo com pacientes fora de possibilidades terapecircuticas reflexotildees
Mundo Sauacutede v 27 n 1 p 64-70 2003
SILVA M J P Comunicaccedilatildeo tem remeacutedio a comunicaccedilatildeo nas relaccedilotildees interpessoais em
sauacutede Satildeo Paulo Loyola 2008
SIMINO G P R Acompanhamento de usuaacuterios com cacircncer e seus cuidadores por
trabalhadores de equipes de sauacutede da famiacutelia possibilidades e desafios 2009 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo PretoUSP Satildeo Paulo 2009
SIQUEIRA E S A eacutetica e os pacientes terminais Arq Cons Med Do Pr Curitiba v 18 n
70 p 109-11 2000
SIQUEIRA J T T de et al Dor em pacientes com cacircncer de boca do diagnoacutestico aos
cuidados paliativos Rev Dor v 10 n 2 p 150-157 2009
111
SOCHACKI M et al A dor de natildeo mais alimentar Rev Bras Nutr Clin v 23 n 1 p 78-
80 2008
SODREacute F Alta Social a atuaccedilatildeo do assistente social em cuidados paliativos Serviccedilo Social
amp Sociedade nordm82 Satildeo Paulo Cortez 2005
SOUSA A T O de et al Cuidados paliativos com pacientes terminais um enfoque na
Bioeacutetica Rev Cubana Enfermer Ciudad de la Habana v 26 n 3 dic 2010
SPECK P Teamwork in palliative care Oxford Oxforde University Press 2009
STARFIELD B Atenccedilatildeo primaacuteria equiliacutebrio entre necessidades de sauacutede serviccedilos e
tecnologia UNESCO Ministeacuterio da Sauacutede Brasiacutelia 2002
STEINHAUSER K E et al Factors considered important at the end of life by patients
family physicians and other care providers JAMA v 284 p 2476-82 2000a
STEINHAUSER K E et al In search of a good death observations of patients families and
providers Ann Intern Med v 132 p 825-32 2000b
STONEBERG J N et al Assessment of palliative care needs Anesthesiol Clin v 24 p 1-
17 2006
TEIXEIRA M A et al Implantando um serviccedilo de suporte terapecircutico oncoloacutegico ndash STO
Rev Bras Cancerologia Rio de Janeiro v 39 n 2 p 65-87 abrjun 1993
TEIXEIRA C F Sauacutede da Famiacutelia Promoccedilatildeo e Vigilacircncia construindo a integralidade da
atenccedilatildeo agrave sauacutede no SUS Revista Brasileira de Sauacutede da Famiacutelia v 7 p 10-23 2004
TWYCROSS R Medicina paliativa filosofia y consideraciones eacuteticas Acta Bioethica v6
n1 p 27-46 2000
VALENTIM V L KRUEL A J A importacircncia da confianccedila interpessoal para a
consolidaccedilatildeo do Programa de Sauacutede da Famiacutelia Ciecircnc Sauacutede Colet v12 n3 p777-88
2007
112
WEBSTER R LACEY J QUINE S Palliative care a public health priority in developing
countries J Public Health Policy v 28 p 28-39 2007
WEE B HUGHES N Education in palliative care bulding a culture of learning Oxford
(UK) Oxford University Press 2007
WISEMAN M A Palliative care dentistry Gerodontology v 17 n 1 p 49-51 2000
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO) WHO Definition of palliative care [online]
Disponiacutevel em httpwwwwhointcancerpalliativedefinitionen Acesso em 13 de jul 2011
WRIGHT M et al Mapping levels of palliative care development a global view J Pain
Symptom Manage v 35 n 5 p 469-485 2008
113
Apecircndices
114
APEcircNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TIacuteTULO DO PROJETO DE DISSERTACcedilAtildeO Cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos
de profissionais de sauacutede
MESTRANDA Isabelle Cristinne Pinto Costa
ORIENTADORA Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa
Prezado o (a) profissional
Eu Isabelle Cristinne Pinto Costa sou aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo
em Enfermagem da Universidade Federal da Paraiacuteba orientanda da Profordf Drordf Solange
Faacutetima Geraldo da Costa gostaria de convidaacute-lo (a) para participar da pesquisa Cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos de profissionais de sauacutede Este estudo tem como
objetivos investigar o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que concerne agrave
cuidados paliativos e suas modalidades terapecircuticas e identificar as possibilidades de
implementaccedilatildeo de cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica a partir do discurso de profissionais
da sauacutede
Ressalto que esta investigaccedilatildeo contribuiraacute para o reconhecimento da valoraccedilatildeo dos
cuidados paliativos pela equipe de sauacutede da famiacutelia que passaraacute a exercer uma nova praacutetica
marcada pela humanizaccedilatildeo pelo cuidado pelo exerciacutecio da cidadania alicerccedilada na
compreensatildeo de que as condiccedilotildees de vida definem o processo sauacutede-doenccedila das famiacutelias
Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa solicito sua colaboraccedilatildeo participando deste estudo
mediante a aplicaccedilatildeo de um formulaacuterio Os dados obtidos seratildeo transcritos na iacutentegra com a
finalidade de garantir a fidedignidade dos conteuacutedos expressos no momento da aplicaccedilatildeo do
referido instrumento
Faz-se oportuno esclarecer que a sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria portanto
vocecirc natildeo eacute obrigado a fornecer informaccedilotildees eou colaborar com atividades solicitadas pela
pesquisadora podendo requerer a sua desistecircncia a qualquer momento do estudo fato este que
natildeo representaraacute qualquer tipo de prejuiacutezo relacionado ao seu trabalho nesta instituiccedilatildeo Vale
ressaltar que esta pesquisa natildeo traraacute nem dano previsiacutevel a sua pessoa visto que sua
participaccedilatildeo consistiraacute em responder um questionaacuterio a respeito de tema em destaque
115
Considerando a relevacircncia da temaacutetica no campo da atenccedilatildeo baacutesica solicito a sua
permissatildeo para disseminar o conhecimento que seraacute produzido por este estudo em eventos da
aacuterea de sauacutede e em revistas cientiacuteficas da aacuterea Para tanto por ocasiatildeo dos resultados
publicados sua identidade seraacute mantida no anonimato bem como as informaccedilotildees
confidenciais fornecidas
Eacute importante mencionar que vocecirc receberaacute uma coacutepia do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido e que a pesquisadora estaraacute agrave sua disposiccedilatildeo para qualquer esclarecimento
que considere necessaacuterio em qualquer etapa do processo de pesquisa Diante do exposto caso
venha a concordar em participar da investigaccedilatildeo proposta convido o (a) vocecirc conjuntamente
comigo a assinar este Termo
Considerando que fui informado (a) dos objetivos e da relevacircncia do estudo proposto
bem como da minha participaccedilatildeo no preenchimento de um formulaacuterio declaro o meu
consentimento em participar da pesquisa bem como concordo que os dados obtidos na
investigaccedilatildeo sejam utilizados para fins cientiacuteficos
Joatildeo Pessoa 2011
__________________________________
Assinatura do (a) Participante da Pesquisa
___________________________________
Assinatura da Pesquisadora Responsaacutevel
Telefones para contato com pesquisadora
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem ndash UFPB ndash 3216-7109
Coordenaccedilatildeo do NEPB - UFPB 3216-7735
Telefone do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa do HULW ndash UFPB ndash 3216 7302
116
APEcircNDICE B
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
I CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES
Data de nascimento____________
Formaccedilatildeo acadecircmica_______________________________Ano______________________
Instituiccedilatildeo__________________________________________________________________
Especializaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Mestrado ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Doutorado ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Palestra Mini-curso Capacitaccedilatildeo em Cuidados Paliativos ( ) sim ( ) natildeo
Caso afirmativo Instituiccedilatildeo_______________________________ Local ____________
Carga Horaacuteria________________Ano___________
Tempo de atuaccedilatildeo na ESF _____________________________________________________
II DADOS RELACIONADOS ACERCA DE CUIDADOS PALIATIVOS
1 O que vocecirc entende por cuidados paliativos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2 No seu entendimento quais as modalidades terapecircuticas empregadas nos cuidados
paliativos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3 Na sua opiniatildeo os cuidados paliativos devem estar direcionados para que grupo de
usuaacuterios assistidos na atenccedilatildeo baacutesica
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
117
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4 Na sua visatildeo quais os profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5 O que vocecirc acha da implantaccedilatildeo de cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
6 Na sua concepccedilatildeo o que eacute necessaacuterio para viabilizar a implantaccedilatildeo de cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7 No seu entendimento quais satildeo as possibilidades e limitaccedilotildees para a implantaccedilatildeo de
cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
8 Vocecirc como profissional da ESF estaacute apto para promover os cuidados paliativos na
sua praacutetica assistencial
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9 Em caso afirmativo da questatildeo anterior quais as estrateacutegias que vocecirc desenvolve
para a praacutetica de cuidados paliativos Em caso negativo justifique
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
119
Anexo
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
120
ANEXO A
PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA EM PESQUISA
ISABELLE CRISTINNE PINTO COSTA
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica depoimentos de profissionais da
Sauacutede
Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Enfermagem do Centro de
Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Federal da
Paraiacuteba inserida na Linha de Pesquisa
Poliacuteticas e Praacuteticas em Sauacutede e Enfermagem
como requisito para obtenccedilatildeo do tiacutetulo de
Mestre em Enfermagem na Aacuterea Enfermagem
na Atenccedilatildeo agrave Sauacutede
ORIENTADORA PROFordf DRordf SOLANGE FAacuteTIMA GERALDO DA COSTA
JOAtildeO PESSOA - PB
2011
C837c Costa Isabelle Cristinne Pinto
Cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos de
profissionais da sauacutede Isabelle Cristinne Pinto Costa--
Joatildeo Pessoa 2011
120f il
Orientadora Solange Faacutetima Geraldo da Costa
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash UFPBCCS
1 Enfermagem 2 Cuidados paliativos 3 Atenccedilatildeo
primaacuteria agrave sauacutede 4 Doentes terminais ndash cuidados
5 Programa Sauacutede da Famiacutelia
UFPBBC CDU 616-
083(043)
ISABELLE CRISTINNE PINTO COSTA
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica depoimentos de profissionais da
Sauacutede
Aprovado em 28112011
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa ndash ORIENTADORAUFPB
______________________________________________
Profordf Drordf Cleacutelia Albino Simpson ndash MembroUFRN
________________________________________________
Profordf Drordf Maria Emiacutelia Limeira Lopes ndash MembroUFPB
_______________________________________________
Prof Dr Roberto Teixeira Lima ndash MembroUFPB
_______________________________________________
Profordf Drordf Marta Miriam Lopes Costa ndash MembroUFPB
DEDICATOacuteRIA
Agrave Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa responsaacutevel
por me lapidar e me preparar para assumir desafios como
educadora possibilitando meu amadurecimento na profissatildeo
de enfermeira docente e pesquisadora Eacute exemplo de
integridade e de humanidade que tento seguir diariamente
Gratidatildeo eterna por me confiar e possibilitar-me o caminho
dos Cuidados Paliativos
Agradecimento a Deus
Meu Senhor e Meu Deus
Obrigada por eu poder contar com Teu Santo poder em
minha vida por ser Tua escolhida por eu poder desfrutar
Tua Santa bondade Obrigada Senhor por Tua suprema e
infinita misericoacuterdia que me guia por caminhos retos dando-
me discernimento para entender e superar as dificuldades da
vida
Obrigada Meu Paizinho por confiar em Tua filha dando-
me oportunidades que para mim eu nunca seria capaz de
enfrentar Sem a Tua forccedila e o Teu Espiacuterito Santo
conduzindo-me natildeo conseguiria alcanccedilar os sonhos que
tracei e almejei
Nada no mundo se iguala a Ti meu Pai onipotente Graccedilas
Te dou por tudo e Te peccedilo natildeo me desampares Senhor
porque eu natildeo saberia viver sem o Teu acalento sem sentir
Tua presenccedila no meu dia a dia sem desfrutar Teu manancial
de aacutegua viva que eacute a Tua palavra que me ensina a andar em
Teu Santo caminho ainda que por vezes seja tatildeo difiacutecil
Quando tudo parece tatildeo difiacutecil Tu me mostras que a
vontade eacute Tua e o querer tambeacutem Para Ti natildeo existe o
impossiacutevel porque basta um querer Teu e tudo eacute movido
quando somos fieacuteis a Tua palavra
Obrigada Meu Senhor e Meu Deus
Agradecimento Especial
Ao meu esposo Leandro que foi o alicerce desta conquista apoiando-me integral
e incondicionalmente com muito amor e carinho suportando por muitas vezes os
momentos de ausecircncia cansaccedilo impaciecircncia e falta de dedicaccedilatildeo ao longo desta
trajetoacuteria de estudo Partilho contigo o meacuterito desta vitoacuteria
Ao meu amado filho que eacute a minha fonte de inspiraccedilatildeo e o grande impulsionador
para a busca das minhas realizaccedilotildees profissionais Amo-te
Agrave minha querida matildee Izabel pela cumplicidade que compartilhamos e pelo amor
incondicional que me faz ser a cada dia o que sou
Ao meu pai Francisco por todo o seu apoio e incentivo na minha qualificaccedilatildeo
profissional Agradeccedilo-lhe por tudo pai
Aos meus irmatildeos Bruno e Adailton pelo incentivo carinho e amizade Amo
vocecircs
Agraves minhas amigas Cristiani Garrido Jael Ruacutebia e Kamyla Feacutelix que
acompanharam e me ajudaram a superar os percalccedilos desta conquista Obrigada
por me entenderem e me incentivarem Vocecircs satildeo especiais
Agradecimentos
Agraves Profas Dras Maria Emiacutelia Limeira Lopes Cleacutelia Albino Simpson Marta e
Miriam Lopes Costa e ao Prof Dr Roberto Teixeira Lima pela colaboraccedilatildeo na
construccedilatildeo deste estudo a qual possibilitou o enriquecimento dele
Ao Prof Laerte Pereira pelo excelente trabalho de correccedilatildeo do vernaacuteculo
delineado de amizade e esmero
A Adriene Jacinto secretaria adjunta de sauacutede do municiacutepio de Joatildeo Pessoa por
acreditar em meu trabalho e por me apoiar no desenvolvimento deste estudo
A Kerle Dayana diretora do Distrito Sanitaacuterio IV do municiacutepio de Joatildeo Pessoa
pela solicitude e dedicaccedilatildeo que muito favoreceram o desenvolvimento desta
pesquisa
Aos profissionais da aacuterea da Sauacutede que atuam na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
participantes desta pesquisa por me terem ajudado nesta construccedilatildeo relatando
as suas vivecircncias singulares
Agrave minha famiacutelia Ciecircncias Meacutedicas sobretudo ao Curso de Enfermagem minha
casa de trabalho minha escola de aprender a ser uma pessoa comprometida com o
futuro da humanidade Obrigada a cada um de vocecircs que acompanharam lado a
lado estes momentos de aprendizagem A torcida de vocecircs pelo meu sucesso foi
importante e gratificante
Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem da Universidade Federal da
Paraiacuteba pelo aprendizado adquirido e convivecircncia saudaacutevel durante o periacuteodo
do curso capacitando-me para ser uma profissional melhor
Aos docentes do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem por toda a
atenccedilatildeo e orientaccedilotildees recebidas
Enfim a cada um de vocecircs e a tantos outros familiares e amigos que fazem parte
da minha vida e que em momentos distintos cada um a seu modo direta e
indiretamente ofereceram auxiacutelio para construccedilatildeo desta pesquisa
ldquoSoacute podemos realmente viver e apreciar a vida se nos
conscientizarmos de que somos finitos Aprendi tudo isso
com meus pacientes moribundos que no seu sofrimento e
morte concluiacuteram que temos apenas o agora portanto
goze-o plenamente e descubra o que o entusiasma porque
absolutamente ningueacutem pode fazecirc-lo por vocecircrdquo
Elizabeth Kuumlbler-Ross
RESUMO
COSTA I C P Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica depoimentos de profissionais da
Sauacutede 2011 120f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Centro de Ciecircncias da Sauacutede Universidade
Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
INTRODUCcedilAtildeO ndash Os Cuidados Paliativos satildeo considerados como uma filosofia do cuidar
cujo escopo eacute o de proporcionar aos pacientes sem possibilidades terapecircuticas de cura e seus
familiares uma melhor qualidade de vida sendo a sua aplicaccedilatildeo de suma importacircncia no
acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica OBJETIVOS ndash Este estudo tem os seguintes objetivos investigar
o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que concerne aos Cuidados Paliativos
e suas modalidades terapecircuticas identificar na visatildeo dos profissionais da ESF a constituiccedilatildeo
da equipe de Cuidados Paliativos para a Atenccedilatildeo Baacutesica verificar as possibilidades e
limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso
de profissionais da Sauacutede METODOLOGIA ndash Trata-se de uma pesquisa exploratoacuteria com
abordagem qualitativa O cenaacuterio da investigaccedilatildeo constituiu-se de unidades de sauacutede da
famiacutelia pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV localizadas no municiacutepio de Joatildeo Pessoa (PB)
Participaram do trabalho trinta profissionais da ESF sendo dez meacutedicos dez enfermeiros e
dez cirurgiotildees-dentistas Na coleta de dados utilizou-se um formulaacuterio contendo questotildees
pertinentes aos objetivos propostos para a pesquisa A coleta dos dados ocorreu entre julho e
setembro de 2011 ANAacuteLISE DOS DADOS ndash O material empiacuterico foi analisado mediante a
teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo a partir das seguintes fases preacute-anaacutelise exploraccedilatildeo do
material tratamento dos resultados Os dados obtidos por meio dos depoimentos dos
participantes da investigaccedilatildeo foram agrupados nas seguintes categorias temaacuteticas Cuidados
Paliativos ndash aspectos conceituais e modalidades terapecircuticas (com suas respectivas
subcategorias Cuidados Paliativos ndash promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem
possibilidades de cura modalidades terapecircuticas em cuidados paliativos) Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica ndash formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees
RESULTADOS Este estudo mostrou a partir da visatildeo dos profissionais evolvidos no estudo
a valoraccedilatildeo dos Cuidados Paliativos considerados como uma modalidade de cuidar que visa agrave
minimizaccedilatildeo do sofrimento do paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura e agrave de seus
familiares mediante uma assistecircncia pautada na humanizaccedilatildeo Por outro lado alguns dos
participantes do estudo apresentaram uma compreensatildeo incompatiacutevel com a literatura
pertinente aos Cuidados Paliativos Os resultados assinalaram tambeacutem que os meacutedicos
enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas acreditam na possibilidade de implementaccedilatildeo dessa
modalidade de cuidar na Atenccedilatildeo Baacutesica desde que sejam atendidas algumas necessidades
tais como capacitaccedilatildeo da equipe e desenvolvimento de uma poliacutetica nacional para os
cuidados paliativos CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS ndash Consideramos que este estudo abre novos
horizontes no campo da investigaccedilatildeo cientiacutefica na assistecircncia e no ensino acerca dos cuidados
paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Haja vista o quacircntico reduzido de estudos direcionados agrave
respectiva temaacutetica no acircmbito da literatura nacional Esperamos portanto que esta pesquisa
possa subsidiar novas investigaccedilotildees que contemplem a inter-relaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos
com a Atenccedilatildeo Baacutesica visto que se trata de uma praacutetica inovadora no referido campo
necessitando-se de uma maior disseminaccedilatildeo junto a gestores profissionais da Sauacutede em
particular os da ESF estudantes e pesquisadores da aacuterea
Palavras-chave Cuidados Paliativos Cuidados a Doentes Terminais Atenccedilatildeo Baacutesica
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Programa Sauacutede da Famiacutelia
ABSTRACT
COSTA ICP Palliative Care in Basic Attention testimonies of Health professionals 2011
120f Dissertation (masterrsquos degree) ndash Sciences Health Center Federal University of Paraiacuteba Joatildeo pessoa 2011
INTRODUCTION - Palliative care are considered as a care philosophy whose scope is to
provide to patients without therapeutic possibilities of cure and their families a better quality of
life being its application of great importance in the context of Primary Care OBJECTIVES ndash
This study has the following objectives to investigate the understanding of professionals working
in FHS in what concerns to Palliative Care and its therapeutics modalities to identify in the view
of professionals from FHS the constitution of Palliative care team for Basic Attention to verify
the possibilities and limitation of implementing Palliative Care in Basic Attention from the
discourse of Health professionals METHODOLOGY ndash Its about and exploratory research with
qualitative approach The scenario of investigation consisted of family care units belonging to
Sanitary District IV located in the city of Joatildeo Pessoa (PB) Participated in the work 30
professionals from FHS being ten doctors ten nurses and ten dental surgeons Data collection
occurred between July and September 2011 DATA ANALYSIS ndash empirical material was
analyzed through content analysis technique from the following phases pre-analysis material
exploration treatment of results Data obtained by means of testimonies of investigation
participants were grouped into the following thematic categories Palliative Care ndash conceptual
aspects and therapeutic modalities (with their respective subcategories Palliative Care ndash
promotion of life quality for patients without possibilities of cure therapeutic modalities in
palliative care) Palliative Care in Basic Attention ndash team formation possibilities and limitations
RESULTS This study showed from the vision of professionals involved in the study the
valuation of Palliative Care considered as a modality of care that aims to minimize the suffering
of the patient without therapeutic possibilities of cure and the one of their families through an
assistance guided in humanization On the other side some of the study participants had an
incompatible comprehension with the relevant literature to Palliative Care Results pointed out
that doctors nurses and dental surgeons believe in the possibility of implementing this modality
of care in basic Attention since some need are met such as team training and development of a
national policy for palliative care FINAL CONSIDERATIONS ndash We consider that this study
opens new horizons in the field of scientific production in assistance and in teaching on palliative
care in Basic attention In view of reduced quantum of studies directed to the respective thematic
in the context of national literature We hope therefore that this research can subsidize new
investigation exploring the interrelationship of Palliative Care with Basic Attention since it is an
innovative practice in the referred field necessitating a greater spread with managers professionals of Health in particular the ones from FHS students and researches from this area
Keywords Palliative Care Care for Terminally ill patients Basic Attention Primary
Attention for Health Family Health Program
RESUMEN
COSTA I C P Cuidados Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica testimonios de profesionales
de Salud 2011 120f Tesis (Maestriacutea) ndash Centro de Ciencias de la Salud Universidad Federal
da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
INTRODUCCIOacuteN ndash Los cuidados paliativos son considerados como una filosofiacutea del cuidar
cuyo objetivo es el de brindarles a los pacientes sin posibilidades terapeacuteuticas de cura y a los
familiares una mejor calidad de vida siendo a su aplicacioacuten de mucha importancia en el
aacutembito de la Atencioacuten Baacutesica OBJETIVOS ndash Este estudio tiene los siguientes objetivos
investigar el entendimiento de profesionales que actuacutean en ESF en lo que concierne a los
Cuidados Paliativos y sus modalidades terapeacuteuticas identificar en la visioacuten de los
profesionales de ESF la constitucioacuten del equipo de Cuidados Paliativos para la Atencioacuten
Baacutesica verificar las posibilidades y las limitaciones de implementacioacuten de Cuidados
Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica a partir del discurso de profesionales de Salud
METODOLOGIacuteA ndash Se trata de una investigacioacuten exploratoria con abordaje cualitativo El
escenario de investigacioacuten se constituyoacute de unidades de salud de la familia pertenecientes al
Distrito Sanitario IV ubicadas en la municipalidad de Joatildeo Pessoa (PB) Participaron del
estudio treinta profesionales de ESF siendo diez meacutedicos diez enfermeros y diez cirujanos
dentistas En la colecta de datos se utilizoacute una encuesta conteniendo cuestiones pertinentes a
los objetivos propuestos por la investigacioacuten La colecta de datos ocurrioacute entre julio y
septiembre de 2011 ANALISIS DE DATOS - El material empiacuterico fue analizado mediante
la teacutecnica de anaacutelisis de contenido a partir de las siguientes fases pre anaacutelisis exploracioacuten
del material tratamiento de resultados Los datos obtenidos por medio de los testimonios de
los participantes fueron agrupados en las siguientes categoriacuteas temaacuteticas Cuidados Paliativos
ndash aspectos conceptuales y modalidades terapeacuteuticas (con sus respectivas subcategorias
Cuidados Paliativos ndash promocioacuten de calidad de vida para pacientes sin posibilidades
terapeacuteuticas de cura) Cuidados Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica ndash formacioacuten de equipo
posibilidades y limitaciones RESULTADOS Este estudio mostroacute a partir de la visioacuten de
profesionales involucrados en el estudio la valoracioacuten de los Cuidados Paliativos
considerados una modalidad de cuidar que busca la minimizacioacuten del sufrimiento del paciente
sin posibilidad terapeacuteutica de cura y la de sus familiares mediante la asistencia basada en la
humanizacioacuten Por otro lado algunos de los participantes del estudio presentaron una
comprensioacuten incompatible con la literatura pertinente a los Cuidados Paliativos Los
resultados sentildealaron tambieacuten que los meacutedicos enfermeros y cirujanos dentistas creen en la
posibilidad de implementacioacuten de esa modalidad de cuidar en Atencioacuten Baacutesica desde sean
atendidas algunas necesidades tales como capacitacioacuten del equipo y desarrollo de una
poliacutetica nacional para los cuidados paliativos Consideraciones Finales ndash Consideramos que
este estudio abre nuevos horizontes en el campo de la investigacioacuten cientiacutefica en la asistencia
y en la ensentildeanza acerca de los cuidados paliativos en la Atencioacuten Baacutesica Haya visto el
cuaacutentico reducido de estudios hacia la respectiva temaacutetica en el aacutembito de la literatura
nacional Esperamos por lo tanto que esta investigacioacuten pueda subsidiar nuevas
investigaciones que abarquen la interrelacioacuten de los Cuidados Paliativos con la Atencioacuten
Baacutesica visto que se trata de una praacutectica innovadora en dicho campo necesitaacutendose una
mayor propagacioacuten junto a gestores profesionales de Salud en particular los de ESF
estudiantes e investigadores del aacuterea
Palabras Clave Cuidados Paliativos Cuidados a Enfermos Terminales Atencioacuten Baacutesica
Atencioacuten Primaria a la Salud Programa Salud de la Famiacutelia
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 Coeficiente de Mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em
2009 Comparativo entre Joatildeo Pessoa e Distritos Sanitaacuterios Joatildeo
Pessoa 201056
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Representaccedilatildeo geograacutefica da localizaccedilatildeo das USFs de Joatildeo Pessoa
(2010) Joatildeo Pessoa 201054
Figura 2 Mapa do territoacuterio do Distrito Sanitaacuterio IV (2010) Joatildeo Pessoa
201055
Figura 3 Rede de Equipes de Cuidados Paliativos nos Niacuteveis de Atenccedilatildeo agrave
Sauacutede World Health Organization 200788
SUMAacuteRIO
1 INTRODUZINDO A TEMAacuteTICA
16
11 O caminho percorrido 17
12 A problemaacutetica do estudo e os objetivos 19
2 CUIDADOS PALIATIVOS DISCURSO DA LITERATURA 23
3 CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA 40
4 TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA 52
5 APRESENTACcedilAtildeO DOS DADOS E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
61
51 Apresentaccedilatildeo dos participantes da pesquisa 62
52 Apresentaccedilatildeo do material empiacuterico do estudo 63
REFLEXOtildeES FINAIS 95
REFEREcircNCIAS
99
APEcircNDICES
APEcircNDICE A ndash Termo de consentimento livre e esclarecido
114
APEcircNDICE B ndash Instrumento de coleta de dados
116
ANEXO
ANEXO A ndash PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA EM PESQUISA 120
16
1 Introduzindo a Temaacutetica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
17
11 O CAMINHO PERCORRIDO
A motivaccedilatildeo para o desenvolvimento desta pesquisa emergiu a partir de dados que
apontavam a escassez da temaacutetica pertinente aos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
(encontrados por meio de busca em bases de dados previamente realizados) Estava aliada ao
desejo de desenvolver estrateacutegias para uma disseminaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar entre os
profissionais da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia (ESF) auxiliando-se dessa forma para a difusatildeo
de um cuidado realizado de forma holiacutestica e humaniacutestica ao paciente sem prognoacutestico de
cura
O interesse por assuntos referentes aos cuidados na terminalidade (processo final da
vida) foi em mim desperto enquanto atuava como fonoaudioacuteloga Este apreccedilo pela temaacutetica
reporta-se agrave minha experiecircncia profissional durante a qual pude atuar como fonoaudioacuteloga no
municiacutepio de Mamanguape (PB) onde trabalhava na Policliacutenica (referecircncia para todas as
unidades baacutesicas de sauacutede) realizando visitas domiciliares juntamente com os agentes
comunitaacuterios de sauacutede (ACS) com o objetivo de prevenir e reabilitar a populaccedilatildeo no que
concerne agraves patologias relacionadas com a linguagem com a voz e com a audiccedilatildeo
Como fonoaudioacuteloga comprometida com atenccedilatildeo agrave sauacutede de crianccedilas adolescentes
adultos e idosos atuando na Atenccedilatildeo Baacutesica aproximadamente haacute dois anos nesse municiacutepio
tive oportunidade de assistir durante as visitas domiciliares diversos pacientes na
terminalidade Durante tais visitas pude observar a escassez de recursos efetivamente
aplicaacuteveis agrave organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede necessaacuterios para atender as demandas deste
crescente contingente populacional e uma carecircncia de profissionais com competecircncia teacutecnica
em Cuidados Paliativos e com preparo emocional para lidar com pacientes que estatildeo em
processo de morte e com seus familiares
Nesse cargo pude vivenciar de perto o trabalho da Enfermagem motivando em mim
o desejo de estudar e tornar-me enfermeira por acreditar que o ser humano carece de
cuidados em todas as fases de sua vida do nascer ao morrer Sendo assim iniciei o curso de
graduaccedilatildeo em Enfermagem na Faculdade Santa Emiacutelia de Rodat (FASER) priorizando-se
plenamente esta nova profissatildeo Durante o curso pude observar a necessidade de uma atenccedilatildeo
mais humanizada ao paciente sem possibilidade terapecircutica de cura quando cursei a
disciplina Enfermagem em Oncologia Ressalte-se que nesta outra formaccedilatildeo profissional foi
dada grande ecircnfase ao tratamento e cura de doenccedilas sendo pouco problematizada a questatildeo
do cuidar do indiviacuteduo com patologias sem possibilidade de cura ou seja os Cuidados
Paliativos
18
Ainda na segunda graduaccedilatildeo realizei estaacutegio na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
constatando-se mais uma vez que a assistecircncia dos profissionais envolvidos na Atenccedilatildeo
Baacutesica estava voltada para um cuidar mais direcionado agrave aplicaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos
do que para as necessidades de pacientes em processo de terminalidade Haja vista que estes
precisam de um cuidado proacuteprio e direcionado para lhes proporcionar dignidade e aliacutevio do
seu sofrimento no fim da vida
Tais experiecircncias serviram para aumentar o meu interesse de compreender e por em
praacutetica um cuidar diferenciado questionando-me constantemente sobre a melhor forma de
cuidar de pacientes em processo de terminalidade para a melhoria da qualidade de vida de
pacientes em tal processo Este e outros questionamentos levaram-me a estudar os Cuidados
Paliativos com o propoacutesito de entendecirc-los de forma mais especiacutefica
Desenvolvi o meu trabalho de conclusatildeo de curso com o objetivo de caracterizar a
produccedilatildeo de conhecimento no acircmbito da poacutes-graduaccedilatildeo acerca da Enfermagem e Cuidados
Paliativos Em trabalho posterior (desta vez realizado durante a especializaccedilatildeo em Sauacutede da
Famiacutelia com ecircnfase na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia) pude identificar a produccedilatildeo cientiacutefica
acerca das modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos em perioacutedicos online no acircmbito
da Sauacutede
Em ambos os estudos foi possiacutevel averiguar a necessidade premente das instituiccedilotildees
formadoras em investir na capacitaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede em habilidades de Cuidados
Paliativos Em verdade entendo que apenas com o conhecimento e compreensatildeo de
Cuidados Paliativos (e suas modalidades terapecircuticas) e da experiecircncia ao longo da vida
pessoal e profissional eacute que os profissionais poderatildeo interagir diante de uma proposta de
oferecer uma melhor assistecircncia englobando as diferentes esferas de Cuidados Paliativos
Assim como integrante do Nuacutecleo de Estudos e Pesquisas em Bioeacutetica (NEPB) do
Centro de Ciecircncias da Sauacutede (CCS) da Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB) pude
expandir os meus conhecimentos no campo de Cuidados Paliativos por meio da construccedilatildeo
de artigos como ldquoCuidados paliativos e dor produccedilatildeo cientiacutefica em perioacutedicos online no
acircmbito da Sauacutederdquo ldquoModalidades terapecircuticas em cuidados paliativos intervenccedilotildees
bioloacutegicasrdquo ldquoCuidados paliativos no contexto hospitalar produccedilatildeo cientiacutefica no acircmbito da
poacutes-graduaccedilatildeo em Enfermagemrdquo ldquoCuidados paliativos no contexto hospitalar discursos de
enfermeirosrdquo ldquoCuidados paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica produccedilatildeo cientiacutefica de enfermagemrdquo
entre outros
Outra experiecircncia diz respeito ao curso de especializaccedilatildeo em Cuidados Paliativos agrave
Distacircncia o qual me tem proporcionado capacitaccedilatildeo para trabalhar na atenccedilatildeo e cuidados com
19
pacientes com enfermidades progressivas incapacitantes incuraacuteveis as quais evoluiratildeo para a
morte O referido curso tambeacutem desenvolve habilidades e atitudes que permitem uma
abordagem adequada do paciente e sua famiacutelia considerando-se os seus aspectos fiacutesicos
psicoloacutegicos sociais e espirituais
Compreendendo a importacircncia dos Cuidados Paliativos para um cuidado humanizado
para com o paciente sem possibilidade terapecircutica de cura e observando (por meio de estudos)
o despreparo da equipe da ESF para abordar tais cuidados desenvolvi o desejo de explorar e
aprofundar a compreensatildeo acerca desta temaacutetica
12 A PROBLEMAacuteTICA DO ESTUDO E OS OBJETIVOS
A literatura nacional eacute carente de estudos que abordam os Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica Apoacutes a produccedilatildeo dos artigos sobre a temaacutetica (jaacute mencionados) pude
observar tal escassez Os estudos em geral direcionam a abordagem deste tema para aspectos
como visatildeo da equipe de sauacutede da famiacutelia e de estudantes visatildeo e sentimentos de pacientes e
cuidadores eou familiares importacircncia da comunicaccedilatildeo e interdisciplinaridade para a
implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Essa investigaccedilatildeo me permitiu reconhecer que satildeo necessaacuterias novas pesquisas
acerca de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Teve a finalidade de ampliar as discussotildees
sobre essa temaacutetica e consequentemente favorecer a inserccedilatildeo desse conteuacutedo nos curriacuteculos
dos profissionais da Sauacutede e programar esses cuidados diferenciados nas redes assistenciais
de sauacutede particularmente na ESF Tudo isso amenizaraacute o sofrimento de muitos usuaacuterios com
patologias sem possibilidades terapecircuticas de cura e o de familiares envolvidos com o cuidado
destes usuaacuterios
Saliente-se que tais resultados estatildeo atrelados ao fato de esta praacutetica ser ainda
relativamente recente em acircmbito nacional Segundo Figueiredo (2003) as primeiras
iniciativas individuais de atendimento eou estruturaccedilatildeo de serviccedilos paliativistas datam da
deacutecada de 1990
Rodrigues Zago e Caliri (2005) chamam atenccedilatildeo para o fato de que o modelo de
Cuidados Paliativos no Brasil iniciou-se na deacutecada de 1980 quando foi instituiacutedo o primeiro
serviccedilo para aliacutevio da dor no Rio Grande Sul seguido por Satildeo Paulo e posteriormente Santa
Catarina No Rio de Janeiro em 1989 foi criado o serviccedilo de suporte terapecircutico oncoloacutegico
no Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) atendendo o paciente fora de possibilidades de cura
tanto no ambiente intra-hospitalar como no domiciliar
20
Cumpre assinalar que os Cuidados Paliativos como modalidade recente no Brasil satildeo
ainda desconhecidos de muitos profissionais e natildeo satildeo contemplados na elaboraccedilatildeo das
poliacuteticas puacuteblicas As mais das vezes satildeo revestidos de mitos por ser destinados aos pacientes
terminais Sendo assim esse tipo de atenccedilatildeo natildeo faz parte da organizaccedilatildeo formal do sistema
de sauacutede permanecendo praticamente no esquecimento (LAVOR 2006)
Em relaccedilatildeo ao aspecto legal a primeira referecircncia aos Cuidados Paliativos na
legislaccedilatildeo brasileira eacute encontrada na Portaria ndeg 2413 de 1998 do Ministeacuterio da Sauacutede
(BRASIL 1998a) a qual trata de cuidados prolongados e codifica os Cuidados Paliativos No
entanto ela estabelece que estes os cuidados paliativos soacute podem ser desenvolvidos em
unidades que estiverem credenciadas para alta complexidade em Oncologia Com a Portaria
nordm 3535 de 1998 do Ministeacuterio da Sauacutede os Cuidados Paliativos passam a ser considerados
uma exigecircncia para o cadastramento de centros de alta complexidade em oncologia
(CACONs) (BRASIL 1998b) O Ministeacuterio da Sauacutede cria em 2002 o Programa Nacional de
Assistecircncia agrave Dor e Cuidados Paliativos por meio da Portaria nordm 19 (BRASIL 2002) a qual
passa a dar maior visibilidade aos Cuidados Paliativos
Embora muitas accedilotildees ainda careccedilam de ser implantadas no amplo territoacuterio nacional
para garantir a provisatildeo igualitaacuteria aos Cuidados Paliativos o referido Programa atingiu
grande feito na atenccedilatildeo a um dos principais problemas (a dor) dos pacientes que vivenciam a
terminalidade de modo que otimizou o acesso dos doentes aos opioides
Ainda em 2002 por meio da Portaria GMMS nordm 1319 o Programa estabeleceu a
padronizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo gratuita pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) de codeiacutena morfina
e metadona pelos Centros de Referecircncia em Tratamento de Dor Crocircnica
Sob esse prisma eacute inegaacutevel a possibilidade da inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica sobretudo na Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia e natildeo apenas em centros de alta
complexidade como consta nas portarias ministeriais que regulamentam os Cuidados
Paliativos aumentando a sua oferta garantindo um maior acesso dos pacientes a esse tipo de
assistecircncia
Nesse contexto Floriani e Schramm (2007) trazem agrave tona a reflexatildeo sobre o papel da
equipe da ESF na Atenccedilatildeo Baacutesica em relaccedilatildeo aos Cuidados Paliativos ressaltando que essa
forma de cuidar poderaacute contribuir para o aprimoramento e difusatildeo da assistecircncia de cuidados
no fim da vida Afirmam tambeacutem que tal incorporaccedilatildeo possa ajudar a diminuir o abandono e
o sofrimento de pacientes e de suas famiacutelias
A respeito disso Lavor (2006) acrescenta que mesmo na fase terminal de uma
doenccedila a qualidade de vida do paciente pode ser mantida em niacuteveis satisfatoacuterios utilizando-
21
se adequadamente as teacutecnicas terapecircuticas da paliaccedilatildeo Esses cuidados satildeo de baixa
complexidade natildeo exigem tecnologia avanccedilada sugerindo portanto serem passiacuteveis de se
oferecer no niacutevel primaacuterio de sauacutede especialmente por equipes da ESF
Doutra parte a operacionalizaccedilatildeo da ESF se daacute mediante a implantaccedilatildeo de equipes
interdisciplinares Tal recurso eacute essencial para a praacutetica de Cuidados Paliativos Haja vista que
cuidar de pessoas que estatildeo vivenciando o processo de terminalidade de uma doenccedila requer a
intervenccedilatildeo de profissionais cujas competecircncias supram as necessidades das dimensotildees
fiacutesicas psicoloacutegicas sociais e espirituais que estatildeo alteradas em tal fase tanto de pacientes
como de seus familiares
Rodrigues (2004) adverte que um uacutenico profissional natildeo possui todo o corpo de
conhecimento e competecircncias exigidas para dar suporte aos pacientes e familiares fazendo-se
necessaacuteria a formaccedilatildeo de equipe de trabalho para a implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos
Para tanto eacute imperiosa a realizaccedilatildeo de treinamento de uma equipe devendo esta
oferecer seguranccedila aos doentes e familiares individualizar as queixas procurar responder a
todas as perguntas aliviar seu sofrimento fiacutesico e escutar principalmente o paciente Essa
aquisiccedilatildeo de atitudes e habilidades seraacute fundamental para que a assistecircncia seja efetiva e bem-
sucedida (MELO CAPONERO 2009)
Consequentemente eacute imprescindiacutevel o desvelamento do significado de cuidados
paliativos por parte de profissionais da Sauacutede que compotildeem a ESF e o debate acerca dos
referidos cuidados Haja vista que esses profissionais ainda estatildeo em plena construccedilatildeo da
compreensatildeo dessa modalidade de cuidar Aleacutem disso apesar da relevacircncia da referida
temaacutetica na literatura nacional o quantitativo de estudos direcionados agrave praacutetica de Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica (conforme foi comentado no iniacutecio desta introduccedilatildeo) ainda eacute
escasso o que me instigou a desenvolver um estudo que contemplasse esta temaacutetica desta
vez em um curso de mestrado
Conforme o exposto considero a pesquisa relevante por entender que o emprego de
Cuidados Paliativos eacute fundamental e que estes sejam pensados e estruturados dentro de um
modelo que priorize a proteccedilatildeo aos pacientes com doenccedilas avanccediladas e terminais tanto do
ponto de vista moral como operacional Desse modo ao reportar-se para uma nova
perspectiva de cuidar no campo da investigaccedilatildeo cientiacutefica este estudo poderaacute contribuir para
uma assistecircncia holiacutestica no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica pautada pelo respeito agrave dignidade do
paciente na terminalidade de forma que melhore a qualidade de vida ou minore seu
sofrimento promovendo dessa forma uma assistecircncia mais humanizada
22
Diante destas consideraccedilotildees ressalto o meu interesse em desenvolver este estudo
tendo como fio condutor os seguintes questionamentos Qual o entendimento de profissionais
que atuam na ESF no que concerne aos Cuidados Paliativos e suas modalidades terapecircuticas
Quais os profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de cuidados paliativos na Atenccedilatildeo
Baacutesica Quais as possibilidades e limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso de profissionais de sauacutede
Tendo em vista a problemaacutetica e para responder a tais questionamentos o estudo
apresentou os seguintes objetivos
Investigar o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que tange aos
Cuidados Paliativos e suas modalidades terapecircuticas
Identificar na visatildeo dos profissionais da ESF a constituiccedilatildeo da equipe de Cuidados
Paliativos para a Atenccedilatildeo Baacutesica
Verificar as possibilidades e limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso de profissionais da Sauacutede
23
2 Cuidados paliativos
Discurso da Literatura
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
24
O presente capiacutetulo aborda um breve percurso que vai desde a sua origem com o
movimento hospice ateacute aos dias atuais Na sequecircncia estudamos os aspectos histoacutericos e
conceituais dessa modalidade de cuidar ao longo da Histoacuteria enfatizando a situaccedilatildeo atual de
tais cuidados no cenaacuterio brasileiro e internacional destacando ainda a importacircncia da
implementaccedilatildeo destes cuidados na Atenccedilatildeo Baacutesica
A praacutetica dos Cuidados Paliativos resultou do movimento hospice moderno Este
termo pertence agrave liacutengua francesa que segundo Pessini (2006) data do seacuteculo IV d C com a
matrona romana chamada Fabiacuteola que colocou sua casa agrave disposiccedilatildeo dos necessitados
praticando a caridade cristatilde ao oferecer-lhes alimentos vestimentas e acolhendo os
estrangeiros aleacutem de visitar os enfermos e prisioneiros dando origem ao movimento hospice
O vocaacutebulo hospice segundo Santos (2011) proveacutem do latim hospes que significa
estranho ou estrangeiro O autor assinala que este termo posteriormente adquiriu outra
conotaccedilatildeo hospitalis expressando uma atitude de boas-vindas ao estranho Em alematildeo
HospizHospizium apresenta trecircs significados o primeiro refere-se agrave casa junto ao mosteiro
no qual os peregrinos podiam pernoitar o segundo a hospedaria hotel ou pensatildeo dirigido
com espiacuterito cristatildeo e o terceiro a um lugar para cuidar de moribundos Na liacutengua francesa a
palavra hospice tambeacutem proporciona trecircs conotaccedilotildees asilo abrigo para velhos e moribundos
e casa onde religiosos abrigam os peregrinos Quanto agrave liacutengua portuguesa o termo foi
incorporado como hospiacutecio cujo significado eacute lugar para tratar pessoas com doenccedilas mentais
Manteve-se a palavra no inglecircs hospice com o sentido atual nos paiacuteses anglo-saxocircnicos e
paiacuteses desenvolvidos de cultura latina para assinalar o local que acolhe e cuida de pessoas
com doenccedilas incuraacuteveis e avanccediladas que iratildeo a oacutebito em meses ou anos
Pessini (2006) menciona que a palavra hospice eacute o nome de um lugar onde os
doentes terminais satildeo atendidos com um cuidado que evoluiu para uma experiecircncia natural
mais focada no paciente onde sua filosofia tem como escopo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees
precisas a respeito de sua condiccedilatildeo cliacutenica desenvolvimento de sua doenccedila e os locais
apropriados para a sua morte
Eacute importante destacar no contexto da temaacutetica de Cuidados Paliativos a distinccedilatildeo
entre os vocaacutebulos hospital e hospice Essa diferenciaccedilatildeo eacute assinalada por Santos (2011) que
menciona hospital como termo voltado para designar o local de cuidado de pessoas
temporariamente doentes e com perspectivas de cura enquanto se estabeleceu para hospice o
significado de residecircncia fixa para aqueles considerados pobres enfermos deficientes
insanos e com doenccedilas incuraacuteveis
25
Maccoughlan (2006) ressalva a sua concepccedilatildeo quanto ao entendimento do termo
hospice assinalando como o local que presta o cuidado ao paciente com uma doenccedila
avanccedilada ateacute a fase final de sua vida Este local seja um ambiente hospitalar ou domiciliar eacute
embasado no binocircmio paciente-famiacutelia
No seacuteculo VI conforme ressalta Rodrigues (2004) os beneditinos acolhiam e
cuidavam de monges e peregrinos exaustos Salienta-se que de forma gradativa foram
acolhendo da mesma forma os doentes Assim sendo nessa eacutepoca o hospice era um lugar
onde os viajantes ou peregrinos podiam descansar sendo posteriormente relacionado com os
hospitais mosteiros e asilos
No que tange ao vocaacutebulo paliativo de acordo com Santos (2011) este se deriva do
latim pallium que significa manto impregnado de uma simbologia e de um significado natildeo
sendo portanto considerado um manto qualquer Aleacutem disso o latim pallium ou pallia e o
omoforium satildeo vestimentas usadas pelo Papa e pelo bispo respectivamente podendo observar
a profunda ligaccedilatildeo desses termos histoacutericos com o sagrado e com a espiritualidade Na liacutengua
portuguesa o termo paliativo conforme menciona o autor supracitado obteve um significado
de menor importacircncia sugerindo uma soluccedilatildeo temporaacuteria e sem consistecircncia adquirindo um
conceito amplo de remediar e natildeo resolver
Na Idade Antiga Santos (2011) assinala que a maior parte da populaccedilatildeo natildeo
apresentava qualquer acesso a tratamento ou cuidados profissionais sendo os doentes
cuidados pelos proacuteprios familiares apresentando portanto a sua morte em casa
Koening McCullough e Larson (2001) informam que os atendimentos das primeiras
comunidades cristatildes durante os trecircs primeiros seacuteculos de nossa era foram marcados pela
busca incessante em curar o doente seguindo o mandamento de Jesus Cristo curar os
enfermos ressuscitar os mortos limpar os leprosos e expelir os democircnios
Dessa forma considera-se que a terapia do cuidado prestado aos enfermos foi a
maior contribuiccedilatildeo do cristianismo agrave aacuterea da Sauacutede Santos (2011) salienta que naquela
eacutepoca os pagatildeos natildeo cuidavam de seus doentes de forma organizada ou em larga escala
enquanto os judeus ofereciam cuidados apenas aos seus pares e a Igreja cristatilde oferecia esses
cuidados natildeo somente aos cristatildeos mas tambeacutem aos natildeo cristatildeos Portanto tratava-se de uma
espeacutecie de sistema universal de sauacutede no qual natildeo se observava distinccedilatildeo alguma no
atendimento e cuidados sendo estes ofertados de forma gratuita
Koening McCullough e Larson (2001) asseguram que a criaccedilatildeo do primeiro grande
hospital na Aacutesia Menor por volta do ano 370 dC ocorreu em virtude da insistecircncia de
Basiacutelio bispo de Cesareia Santos (2011) acrescenta que este hospital foi o primeiro
26
especializado em Cuidados Paliativos visto que era destinado para o cuidado de idosos quase
todos com doenccedilas avanccediladas e de leprosos atualmente doentes de hanseniacutease cuja doenccedila
naquela eacutepoca natildeo apresentava cura e invariavelmente levava agrave morte gerando grande
sofrimento fiacutesico e espiritual
Cumpre salientar que este modelo leprosaacuterio da Idade Meacutedia proporcionou aos
hospices um desenvolvimento para a oferta de abrigos cuidados de sauacutede e do morrer e
alimentos para essas populaccedilotildees Saunders (2004) relata em seu prefaacutecio agrave terceira ediccedilatildeo de
Oxford Textbook of Palliative Medicine que durante esse periacuteodo as instituiccedilotildees
responsaacuteveis de manter os hospices seguiam agrave risca um dos mandamentos de Jesus Cristo no
que tange agrave necessidade de fazer o bem a um irmatildeo mesmo o mais pequenino
Com base nos apontamentos supracitados eacute visiacutevel observar que durante quase dois
mil anos os hospices foram mantidos por instituiccedilotildees religiosas desvelando a relaccedilatildeo natural
e intriacutenseca entre a filosofia hospice do cuidar e a espiritualidade cristatilde
Diante desse contexto pode-se afirmar que o iniacutecio da filosofia hospice deriva de
sua direta filiaccedilatildeo identitaacuteria agrave filosofia espiritual do cristianismo Essa ligaccedilatildeo histoacuterica e
indissociaacutevel entre a filosofia hospice com a espiritualidade se revelaraacute e se fortaleceraacute
tambeacutem nas outras grandes religiotildees como o Budismo e o Islamismo (SANTOS 2011)
No que diz respeito agrave histoacuteria moderna do hospice Saunders (2004) informa que esta
filosofia de cuidar foi empregada inicialmente na cidade de Lyon (Franccedila) em 1842 por
Madame Jeanne Garnier com o escopo de cuidar de moribundos Essa histoacuteria conforme
aborda Twycross (2000) tambeacutem foi marcada pela fundaccedilatildeo do hospice Saint Lukeacutes pelo
meacutedico Howard Barret na Inglaterra em 1893 sendo esse considerado o mais similar aos
hospices modernos
Um dos grandes movimentos visando agrave abordagem do cuidado integral e natildeo
fragmentado indo aleacutem do ser doente e cura incessante eacute implementado na deacutecada de 1960
no Reino Unido com o iniacutecio do desenvolvimento dos Cuidados Paliativos tambeacutem
considerado o movimento hospice moderno (RODRIGUES 2004)
A transformaccedilatildeo observada nos hospices tal como hoje eacute apreciada se deve agrave
iniciativa de Cicely Mary Strode Saunders enfermeira assistente social e meacutedica De acordo
com Santos (2011) ela eacute considerada a pioneira do debate moderno sobre a morte e o morrer
e dos cuidados com os pacientes moribundos proporcionando a formulaccedilatildeo de diversos
conceitos acerca dos Cuidados Paliativos tendo a minuacutecia de sempre atrelar a esses cuidados
a espiritualidade embasada no compromisso com a figura de Cristo
27
Cicely Saunders nasceu em 1918 no norte de Londres Barnet Pertencia a uma
famiacutelia de classe meacutedia que gozava de um variado leque de confortos vivendo em Hadley
Green entre jardins e quadras de tecircnis Apoacutes estudar em coleacutegio interno apresentou o desejo
de cursar Enfermagem ideia esta rejeitada pelos pais Em 1938 mudou-se para Oxford com
o escopo de cursar Poliacutetica Filosofia e Economia Quanto era estudante passou por uma
conversatildeo religiosa que a levou a desobedecer aos conselhos de seus pais inscrevendo-se na
Escola de Treinamento Nightingale do Hspital St Thomas em Londres na qual se graduou
em Enfermagem (SANTOS 2011 RODRIGUES 2004) Boulay (1996) acrescenta que nesse
periacuteodo Saunders tornou-se uma pessoa cristatilde sentindo-se motivada para trabalhar com
pessoas que vivenciavam o processo de finitude
Santos (2011) afirma que outro fator motivador foi Saunders ter-se envolvido
afetivamente no cuidado com um paciente chamado David Tasma em 1947 em um hospital-
escola de Londres Boulay (1996) salienta que este paciente era judeu refugiado polonecircs
portador de doenccedila avanccedilada e incuraacutevel e que se encontrava proacuteximo agrave morte Cumpre
assinalar que este homem foi considerado o agente transformador do pensamento e da
experiecircncia de Cicely no sentido de estimulaacute-la a criar lugares parecidos como residecircncias
que possibilitassem agraves pessoas um tranquilo final de vida aliviando-lhes a dor e tratando-as
como pessoas e natildeo apenas como pacientes
Clark e Centeno (2006) assinalam que em 25 de fevereiro de 1948 ocorre o
falecimento de David Tasma deixando este um presente de quinhentas libras para Saunders
A referida perda a fez despertar em seu acircmago o desejo contiacutenuo de aprender mais acerca dos
cuidados direcionados agravequeles que apresentam doenccedilas avanccediladas e incuraacuteveis Este desejo
pode ser observado no fato de Cicely iniciar o seu trabalho voluntaacuterio durante sete anos no
Saint Lukeacutes Hospital local este destinado a atender moribundos
Com o desenvolvimento desse trabalho Saunders sentiu a necessidade de estudar
medicina com o propoacutesito de intensificar sua colaboraccedilatildeo em favor dos pacientes dando
iniacutecio agrave faculdade em 1952 Rodrigues (2004) menciona que em 1959 ao concluir o curso
obteve uma bolsa de estudo para desenvolver uma pesquisa no Saint Maryacutes Hospital acerca
do tratamento da dor em pacientes incuraacuteveis Concomitantemente foi designada meacutedica no
Saint Josephacutes Hospice onde pocircde prestar uma assistecircncia diferenciada levando-a perceber a
forma com que a pessoa moribunda poderia ser cuidada auxiliando-a dessa forma para o
desenvolvimento de suas proacuteprias ideias cliacutenicas
Eacute imprescindiacutevel assinalar conforme defende Santos (2011) que foi nesta instituiccedilatildeo
hospitalar que Cicely desenvolveu uma estrateacutegia moderna para os cuidados hospice
28
utilizando para tanto um trabalho marcado por solicitude e fundamentado nos cuidados
religiosos e seculares
Natildeo obstante Cicely foi considerada a primeira meacutedica do Saint Josephrsquos Hospice a
dedicar-se em tempo integral obtendo a oportunidade de escutar as queixas e necessidades de
pacientes podendo analisar mais de mil pacientes e trataacute-los adequadamente com terapecircuticas
farmacoloacutegicas medicando o paciente regularmente de quatro em quatro horas com
analgeacutesicos fortes como os opioides aleacutem de oferecer apoio psicossocial e espiritual
(PESSINI 2001) Boulay (1996) considera que este momento foi considerado crucial para o
marco pioneiro e definitivo do movimento moderno dos Cuidados Paliativos
Boulay (1996) traz agrave tona a grande contribuiccedilatildeo de Saunders no que diz respeito ao
manuseio de drogas para o sucesso de tratamento das queixas comuns dos pacientes com
doenccedila terminal relativas a naacuteusea vocircmito obstipaccedilatildeo intestinal depressatildeo dispneia entre
outras Aleacutem disso enfatiza a contribuiccedilatildeo para o conceito de ldquodor totalrdquo considerando que a
dor fiacutesica natildeo ocorre de forma isolada mas atrelada agrave dor psicoloacutegica espiritual e social
Embasada e fortalecida nessas experiecircncias Saunders reforccedilou o seu desejo de
construir um hospice moderno para atender agraves necessidades dos pacientes em fase terminal
Apesar da sua vontade e qualificaccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica precisava de recursos financeiros o
que a fez ir agrave busca de colaboradores que lhe pudessem fornecer empreacutestimos e donativos
para a construccedilatildeo do tatildeo almejado sonho (RODRIGUES 2004)
A inauguraccedilatildeo desse hospice ocorreu em 1967 sendo designado como St
Christopherrsquos Hospice localizado no sul de Londres Boulay (1996) esclarece que a escolha
desse nome foi uma homenagem realizada por Saunders e seus colaboradores a Saint
Christopher (Satildeo Cristoacutevatildeo) protetor dos viajantes servindo como lembrete de que a morte eacute
passageira ou seja eacute apenas uma parte da jornada
Segundo Santos (2011) este hospice foi desenvolvido com o intuito de preencher a
lacuna existente na pesquisa e no ensino relacionados com os cuidados dos pacientes
terminais eou com doenccedilas crocircnicas e incuraacuteveis estendendo-se tambeacutem a seus familiares
Portanto o St Christopherrsquos Hospice objetivava criar uma atmosfera onde qualquer indiviacuteduo
pudesse ser ajudado a encontrar o seu proacuteprio significado e a maneira de lidar com as
situaccedilotildees pessoais
Rodrigues (2004) assinala que no periacuteodo de 1948 ateacute 1967 Saunders preparou-se
para receber e atender neste hospice os pacientes em fase terminal com o escopo de promover
o aliacutevio do sofrimento e a dignidade na morte
29
Cicely conseguiu comprovar que eacute possiacutevel promover a qualidade no final de vida e
a dignidade na morte Para tanto ela agregou agrave sua formaccedilatildeo multidisciplinar o embasamento
cientiacutefico de suas accedilotildees a sensibilidade ao sofrimento do proacuteximo e a fidelidade a um ideal
Dessa forma com o objetivo de promover o cuidado holiacutestico envolto em um ambiente
afaacutevel e acolhedor congregou o conhecimento e a abordagem interdisciplinar
Essa visatildeo holiacutestica de Saunders desencadeou segundo Pessini (2006) uma
discussatildeo acerca da importacircncia da assistecircncia aos pacientes terminais fora da Inglaterra
surgindo dessa forma um movimento que buscava um tratamento adequado e humanizado dos
pacientes que ateacute entatildeo estavam excluiacutedos do sistema de sauacutede em virtude de este valorizar o
investimento em terapias curativas vinculadas agrave alta tecnologia
De acordo com Rodrigues (2004) a partir desse momento diversos profissionais e
equipes de trabalho procedentes de vaacuterios paiacuteses passaram por treinamentos no St
Christopherrsquos Hospice tornando-se um centro de excelecircncia e referecircncia mundial no ensino
pesquisa e assistecircncia em Cuidados Paliativos
Atualmente o St Christopherrsquos Hospice funciona como uma instituiccedilatildeo de caridade
oferecendo serviccedilos aos pacientes e seus familiares de forma gratuita Dispotildee dos seguintes
serviccedilos home care enfermaria hospital-dia ambulatoacuterio biblioteca jardins centro de artes
e criatividade apoio aos enlutados profissionais da aacuterea da Sauacutede psicoacutelogos assistente
social e capelatildeo considerados nucleares aleacutem de outros serviccedilos (SANTOS 2011)
A iniciativa de Cicely foi de suma importacircncia Haja vista que favoreceu o
surgimento de outros hospices independentes revolucionando portanto a concepccedilatildeo de
Cuidados Paliativos e a disseminaccedilatildeo pelo mundo de uma filosofia sobre o cuidar pautada
tanto no controle efetivo da dor e de outros sintomas (presentes agrave fase avanccedilada das doenccedilas)
como no cuidado com as dimensotildees psicoloacutegicas sociais e espirituais dos pacientes e suas
famiacutelias com atividades de assistecircncia ensino e pesquisa (FRANCcedilA 2011)
Simultaneamente ao trabalho de Saunders a meacutedica psiquiatra suiacuteccedila Elizabeth
Kuumlbler Ross realizava seu trabalho nos Estados Unidos entrevistando pacientes com doenccedilas
avanccediladas e diante da morte Este estudo foi considerado o primeiro na histoacuteria de ciecircncia
ocidental a alvitrar uma teoria baseada em fatos empiacutericos que descrevia os estaacutegios
psicoloacutegicos dos moribundos de acordo com a percepccedilatildeo de Elizabeth Kuumlbler Ross
(SANTOS 2011)
Em virtude deste minucioso trabalho pelo qual foi possiacutevel identificar as fases de
negaccedilatildeo raiva barganha depressatildeo e aceitaccedilatildeo comuns nos pacientes em fase terminal foi
possiacutevel desenvolver e publicar uma obra em 1969 intitulada ldquoSobre a morte e o morrerrdquo
30
(ABU-SAAD COURTENS 2001) Santos (2011) afirma que este estudo foi considerado o
primeiro na histoacuteria de ciecircncia ocidental a alvitrar uma teoria baseada em fatos empiacutericos que
descrevia os estaacutegios psicoloacutegicos dos moribundos de acordo com a percepccedilatildeo de Elizabeth
Kuumlbler Ross Cumpre salientar que o impacto do seu trabalho no ambiente leigo e
profissional dos Estados Unidos foi crucial para a aceitaccedilatildeo do conceito de hospice proposto
por Cicely Saunders Esta publicaccedilatildeo possibilitou novas discussotildees acerca do processo
morte-morrer anteriormente evitados pela sociedade passando a ser aceito dessa forma pela
comunidade meacutedica e cientiacutefica mundial
Santos (2011) assinala que da mesma forma que Cicely Elisabeth colocou as
questotildees da morte do morrer e da espiritualidade como nuacutecleos centrais dos Cuidados
Paliativos e quem durante quarenta anos esta meacutedica trabalhou arduamente no ensino
pesquisa e assistecircncia na aacuterea de cuidados paliativos deixando um grande legado cientiacutefico na
referida aacuterea
Outra contribuiccedilatildeo importante de Elisabeth segundo o autor supracitado foi o
avanccedilo nas pesquisas acerca de experiecircncias quase morte (EQM) e sobrevivecircncia de
personalidade apoacutes a morte Ela descobriu ser possiacutevel investigar e obter evidecircncias empiacutericas
da sobrevivecircncia poacutes-morte Mesmo com a certeza na vida apoacutes morte ela acreditava ser
necessaacuterio oferecer o maacuteximo de cuidado amor e aliacutevio no sofrimento fiacutesico e espiritual aos
pacientes que enfrentaram a morte
Diante de tais apontamentos eacute possiacutevel compreender que o trabalho de Kluumlber Ross
influenciou a implementaccedilatildeo do ensino formal do cuidado na fase final da vida nos curriacuteculos
de Medicina fortalecendo dessa forma a filosofia hospice (BILLINGS BLOCK 1997)
Twycross (2000) reconhece que apesar da existecircncia dos hospices os Cuidados
Paliativos foram incorporados aos hospitais em 1970 sendo formadas equipes
interdisciplinares para acolher os pacientes terminais Dentre estas equipes Dunlop e Hockley
(1998) destacam a pioneira que foi formada em 1976 no Saint Thomarsquos em Londres que
teve como base o modelo hospitalar do Saint Lukersquos Hospital Daiacute em diante houve um
avanccedilo no chamado movimento hospice moderno para diferentes paiacuteses da Europa e para os
Estados Unidos (EUA) e Austraacutelia Nesta nova proposta o hospice passou a ser um local que
combinava a especificidade de um hospital a hospitalidade de uma casa de repouso e o calor
humano familiar
Nos Estados Unidos o termo hospice tornou-se conceito de cuidado em vez de local
de cuidado Gradualmente o termo cuidado paliativo foi trazido ao dicionaacuterio como sinocircnimo
de cuidado de hospice (ABU-SAAD COURTENS 2001)
31
Rodrigues (2004) assevera que os Estados Unidos agrave semelhanccedila da Europa tambeacutem
constituiacuteram um sistema de sauacutede focado na cura e na reabilitaccedilatildeo das doenccedilas com o
objetivo de restituir os aspectos bioloacutegicos da doenccedila tanto na Enfermagem como na
Medicina os resultados da pesquisa partiam da objetividade dos dados
Diante deste cenaacuterio Pessini (2006) afirma que o movimento foi crescendo e em
1985 foi fundada a Associaccedilatildeo de Medicina Paliativa da Gratilde-Bretanha e da Irlanda sendo o
Reino Unido o primeiro paiacutes a reconhecer a Medicina Paliativa como uma especialidade
meacutedica que trata de pacientes com doenccedilas degenerativas ativas e progressivas tais como o
cacircncer e a AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome ou Siacutendrome de Imunodeficiecircncia
Adquirida ndash SIDA) onde o foco dos Cuidados Paliativos eacute a qualidade de vida do paciente
quando este natildeo tem possibilidades de cura
O autor acrescenta que na Franccedila essa modalidade de cuidar foi implementada na
deacutecada de 1980 dedicada inicialmente aos idosos e posteriormente ampliada para os
pacientes terminais Abu-Saad e Courtens (2001) ressaltam que na deacutecada de 1990 houve o
desenvolvimento de programas de Cuidados Paliativos na Austraacutelia Aacutesia Japatildeo Coreacuteia do
Sul Taiwan China e Aacutefrica do Sul
Natildeo obstante com a ampliaccedilatildeo de tais cuidados em outros paiacuteses o seu modelo teve
que se adequar agraves necessidades pertinentes agrave sauacutede da populaccedilatildeo e ser desenvolvido de acordo
com as reais situaccedilotildees dos recursos locais disponiacuteveis Twycross (2000) aponta o modelo
britacircnico como exemplo para o Canadaacute Austraacutelia e Nova Zelacircndia (estes fazem parte do
sistema de sauacutede oficial) todavia acrescenta que o modelo americano que contempla o
atendimento domiciliar e o modelo polonecircs que possui um sistema de voluntariado
constituiacutedo por meacutedicos e enfermeiros satildeo padrotildees de modelo de outros paiacuteses
De acordo com Rodrigues (2004) a Ameacuterica do Sul iniciou suas experiecircncias sobre
Cuidados Paliativos em meados da deacutecada de 1980 em Buenos Aires e Bogotaacute No Brasil a
histoacuteria de Cuidados Paliativos eacute relativamente recente tendo-se iniciado na deacutecada de 1980
Nesta fase os brasileiros ainda viviam o final de um regime de ditadura cujo sistema de
sauacutede priorizava a modalidade hospitalocecircntrica essencialmente curativa
Rodrigues (2004) afirma que nessa eacutepoca o ensino da Enfermagem e o da Medicina
estavam voltados exclusivamente para os aspectos bioloacutegicos ou seja centrados na doenccedila
preconizando uma assistecircncia fragmentada de diversos profissionais para um mesmo paciente
sendo o trabalho predominantemente individual o que gerava anguacutestia nos pacientes ficando
estes desprovidos de informaccedilotildees corretas sobre sua patologia e o seu futuro aleacutem de se
32
encontrarem sozinhos em um leito separado por um biombo sem a companhia de um ente
querido
Por outro lado houve um pequeno avanccedilo no campo de investigaccedilatildeo cientiacutefica com
publicaccedilotildees relacionadas com a morte com o morrer e com o paciente terminal Rodrigues
(2004) destaca dentre os pesquisadores da aacuterea da Sauacutede Boemer representante da
Enfermagem e Assumpccedilatildeo representante da Medicina Por meio de seus estudos
estimularam outros profissionais da eacutepoca a refletirem na forma da assistecircncia implementada
ao paciente terminal O mesmo autor ressalta que para ser possiacutevel adequar a filosofia
hospice agrave realidade do Brasil foi preciso ir uma equipe formada por meacutedicos psicoacutelogos e
teoacutelogos a paiacuteses da Europa como a Inglaterra e a paiacuteses da Ameacuterica do Norte como o
Canadaacute para que pudessem conhecer de perto o trabalho desenvolvido por eles acerca dos
Cuidados Paliativos e assim disseminar o conhecimento de tais cuidados no Brasil de
maneira mais precisa e mais pontual Aleacutem disso destaca vaacuterios outros fatores que
dificultaram a disseminaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no Brasil como o tamanho do
continente brasileiro as diferenccedilas socieconocircmicas entre os Estados a diferenccedila de acesso ao
sistema de sauacutede a formaccedilatildeo cartesiana dos profissionais da Sauacutede Tudo isso levou-os a
resistir em aderir ao paradigma de cuidar quando natildeo haacute mais cura entre outros
Figueiredo (2006) reconhece que o primeiro serviccedilo de Cuidados Paliativos no
Brasil foi instituiacutedo pela Dra Miriam Martelete do Departamento de Anestesiologia do
Hospital das Cliacutenicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1983 Em 1986 na
Santa Casa de Misericoacuterdia de Satildeo Paulo surgiu o Serviccedilo de Dor e Cuidados Paliativos Em
1989 surgiram o Centro de Estudos e Pesquisas Oncoloacutegicas (CEPON) em Florianoacutepolis e o
Grupo Especial de Suporte Terapecircutico Oncoloacutegico (GESTO) no Instituto Nacional do
Cacircncer (INCA) no Rio de Janeiro
Teixeira et al (1993) salientam que a GESTO apesar de natildeo ter em sua origem o
serviccedilo de Cuidados Paliativos jaacute apresentava na eacutepoca caracteriacutesticas da filosofia hospice
como o oferecimento de qualidade ao paciente trabalho multidisciplinar atendimento
domiciliar e envolvimento da famiacutelia no processo da assistecircncia
Com a finalidade de atender pacientes com AIDS em fase avanccedilada eou terminal e
pacientes com dor crocircnica e difiacutecil controle Guerra (2001) informa que foi formada uma
equipe multiprofissional de Cuidados Paliativos no Instituto de Infectologia Emiacutelio Ribas
pertencente ao hospital da Secretaria de Estado de Sauacutede de Satildeo Paulo em 1999
Em 1997 com o escopo de congregar os profissionais atuantes em Cuidados
Paliativos e consolidar essa aacuterea do cuidado no sistema de sauacutede brasileiro foi fundada a
33
Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP) na cidade de Satildeo Paulo Caponero
(2002) afirma que a ABCP conta com a participaccedilatildeo de meacutedicos enfermeiros psicoacutelogos
assistentes sociais fisioterapeutas religiosos e nutricionistas
Mello e Caponero (2009) esclarecem que o intento desta associaccedilatildeo eacute o de divulgar a
praacutetica dos Cuidados Paliativos e agregar os serviccedilos desses cuidados existentes no Brasil
mesmo ainda natildeo padronizados mas ofereciam assistecircncia a pacientes fora de possibilidades
terapecircuticas no acircmbito de internaccedilatildeo hospitalar ambulatorial eou domiciliar
O objetivo primordial da criaccedilatildeo dessa sociedade de acordo com as autoras
supracitadas era o de permitir o surgimento de diretrizes nessa aacuterea e de modelos que fossem
adequados diante de questotildees socioculturais e econocircmicas de nosso paiacutes para que assim esses
serviccedilos pudessem efetivar sua abordagem de forma que contribuiacutessem para a melhoria da
praacutetica assistencial Por conseguinte esse movimento permitiu que os termos medicina
paliativa ou Cuidados Paliativos passassem a ser vistos como um novo campo desenvolvido
sobre o cuidar sendo necessaacuterio que as equipes de sauacutede especiacuteficas no controle da dor e no
aliacutevio dos sintomas fossem incorporadas demonstrando portanto que os Cuidados Paliativos
vecircm conquistando seu espaccedilo com o seu crescente reconhecimento no cenaacuterio da sauacutede
brasileira
Oficialmente os Cuidados Paliativos foram considerados uma exigecircncia no Brasil
com a homologaccedilatildeo da Portaria nordm 3535 de 2 de setembro de 1998 que confere o
cadastramento de centros de atendimento em Oncologia a qual destaca a necessidade de uma
assistecircncia por meio de uma equipe multiprofissional integrada aleacutem de inserir outras
modalidades assistecircncias como o serviccedilo de Cuidados Paliativos (BRASIL 1998b)
No acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a Portaria ndeg 19 de 2002 amplia a
inserccedilatildeo do modelo de assistecircncia de Cuidados Paliativos por meio da instituiccedilatildeo do
Programa Nacional de Assistecircncia agrave Dor e Cuidados Paliativos (BRASIL 2002)
O referido programa de acordo com Pimenta e Mota (2006) foi formado por
representantes do Ministeacuterio da Sauacutede da Associaccedilatildeo Meacutedica Brasileira da Associaccedilatildeo
Meacutedica Brasileira de Enfermagem do Conselho Federal de Medicina da Sociedade Brasileira
para Estudos da Dor e do INCA com o desiacutegnio de promover a operacionalizaccedilatildeo e a
implementaccedilatildeo do Programa Cumpre assinalar que foram organizados os niacuteveis de
assistecircncia aos pacientes caracterizando-se os profissionais envolvidos no cuidado
Acrescentam que desse trabalho foi plausiacutevel a realizaccedilatildeo das seguintes accedilotildees uniformizaccedilatildeo
e distribuiccedilatildeo de morfina e metadona para o tratamento da dor crocircnica atraveacutes do SUS e
34
estabelecimento em 2002 dos centros de referecircncia em tratamento da dor crocircnica atraveacutes
da Secretaria da Assistecircncia agrave Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede
A partir da Portaria nordm 3535 de setembro de 1998 o cadastramento de nuacutecleos de
atendimento em Oncologia apreciando-se o modelo dos Cuidados Paliativos passou a ser
uma exigecircncia Este documento enfoca a multidisciplinaridade como um trabalho integral
aleacutem de inserir o serviccedilo de Cuidados Paliativos (BRASIL 1998b)
Acrescenta-se a tais ponderaccedilotildees o desejo de subsidiar e estimular a criaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de serviccedilos de Cuidados Paliativos no paiacutes destacando-se o estabelecimento
do Programa Nacional de Imunizaccedilatildeo Hospitalar a partir da Portaria ndeg 881 de
2001(BRASIL 2001)
Wright et al (2008) chamam a atenccedilatildeo para o quantitativo de serviccedilos de Cuidados
Paliativos no ano de 2008 apresentando-se um total de catorze serviccedilos o que representa um
serviccedilo para cada nuacutemero de 13285000 habitantes Salienta-se que a maior parte destas
unidades estavam localizadas na regiatildeo Sudeste sobretudo na cidade de Satildeo Paulo
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos atualmente existem
em todo o Brasil sessenta e uma unidades das quais vinte se encontram no Estado de Satildeo
Paulo Portanto a grande maioria desses serviccedilos ainda se concentra na regiatildeo Sudeste
constituiacuteda por serviccedilos estatais principalmente em unidades especializadas em dor
(SANTOS 2011)
Santos (2011) ressalta a inexistecircncia da padronizaccedilatildeo de criteacuterios miacutenimos exigidos
para uma unidade ou serviccedilo ser considerado especializado em Cuidados Paliativos Essa
informaccedilatildeo vai de encontro ao que preconiza a Associaccedilatildeo Europeia para Cuidado Paliativo
(European Association for Palliative Care) a qual estabelece normas e diretrizes Portanto
segundo esta associaccedilatildeo para um paiacutes atender agraves demandas em serviccedilos dessa modalidade de
cuidar satildeo necessaacuterios os seguintes indicadores pacientes internados em unidades
hospitalares a niacutevel de enfermarias cliacutenicas ou ciruacutergicas (50 leitos ndash ateacute 80 ndash por milhatildeo de
habitantes 12 enfermarias por leito 015 meacutedico por leito) equipes de Cuidados Paliativos
(equipe para cada hospital com 250 leitos uma equipe de Cuidados Paliativos home care para
cada divisatildeo de cem mil habitantes tendo como nuacutecleo central da equipe 4 ou 5 profissionais
em dedicaccedilatildeo exclusiva)
Figueiredo (2006) afirma que o crescimento das unidades ou grupos de Cuidados
Paliativos em todo o Brasil eacute ainda lento estando longe de atingir as metas propostas pela
Associaccedilatildeo Europeia para Cuidado Paliativo sendo portanto necessaacuterio implantar cursos
para a formaccedilatildeo de recursos humanos e de incentivos de poliacuteticas puacuteblicas
35
Outra instituiccedilatildeo que merece destaque no paiacutes eacute a Academia Nacional de Cuidados
Paliativos (ANCP) fundada em 2005 Esta vem celebrando conquistas importantes para o
movimento paliativista brasileiro Dentre estas aquisiccedilotildees destaca-se a realizaccedilatildeo do IV
Congresso Internacional de Cuidados Paliativos concretizado na cidade de Satildeo Paulo em
2010 No referido evento foi ressaltada a publicaccedilatildeo do novo Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM) Este eacute o primeiro a referenciar a modalidade Cuidados
Paliativos como um princiacutepio fundamental da praacutetica meacutedica Esse trabalho adveacutem
fundamentalmente em virtude do desempenho do trabalho da Cacircmara Teacutecnica de
Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos Esse trabalho teve como participante a ex-
presidente da ANCP Dra Maria Goretti Sales Maciel (IV CONGRESSO 2010)
Um dos objetivos expostos durante o referido Congresso em questatildeo foi o de avalizar
um atendimento integral em Cuidados Paliativos no sistema de sauacutede vigente em nosso paiacutes o
SUS Todavia para o alcance de tal meta fazem-se necessaacuterias modificaccedilotildees na formaccedilatildeo
profissional e treinamento dos profissionais da Sauacutede a abertura de novos serviccedilos destes
cuidados e a implementaccedilatildeo de medidas que mensurem a qualidade da assistecircncia (IV
CONGRESSO 2010)
Tratando-se do ensino de Cuidados Paliativos no Brasil Rodrigues (2004) observa
que tanto no curso de Enfermagem quanto no de Medicina a literatura apresenta uma
quantidade iacutenfima A autora acrescenta que em algumas escolas este tema eacute abordado como
na Universidade de Satildeo Paulo (UNIFESP) onde existe uma disciplina voltada para esta
temaacutetica sendo ministrada por meacutedicos e outros profissionais caracterizando um programa
multiprofissional
A autora supracitada destaca a figura do professor Figueiredo que vem sendo um
incentivador e colaborador da educaccedilatildeo acerca dos Cuidados Paliativos e da criaccedilatildeo de
serviccedilos destinados a estes cuidados no Brasil Dentre estes serviccedilos destaca-se a criaccedilatildeo do
ambulatoacuterio na UNIFESP o Ambulatoacuterio em Cuidados Paliativos do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo e o da Unidade de Cuidados Paliativos
no Instituto de Infectologia Emiacutelio Ribas (RODRIGUES 2004)
Outra contribuiccedilatildeo importante no ensino desses cuidados adveacutem do meacutedico e
bioticista da Universidade Estadual de Londrina professor Joseacute Eduardo Siqueira que
realizou um estudo acerca da assistecircncia meacutedica aos pacientes em fase terminal O referido
professor propotildee um desafio voltado principalmente aos hospitais universitaacuterios para que
aleacutem da oferta da alta tecnologia desenvolvam um serviccedilo de Cuidados Paliativos no qual os
36
formadores possam acrescentar ao conhecimento tecnocientiacutefico o aspecto da humanizaccedilatildeo
(SIQUEIRA 2000)
Portanto o cuidado humanizado seria enfatizado a partir das experiecircncias na
instituiccedilatildeo de ensino aliado agrave alta tecnologia Esta envolve terapecircuticas de alto custo e
terapecircuticas de baixo custo como o controle da dor e de outros sintomas aliadas agraves accedilotildees
mais simples como o respeito e o diaacutelogo (FRANCcedilA 2011)
Em relaccedilatildeo ao ensino de Cuidados Paliativos na aacuterea da Enfermagem Rodrigues
(2004) destaca a professora Cibele Adruciole de Mattos Pimenta considerada referecircncia
nacional no manejo de dor aguda e crocircnica Ela eacute docente do curso de Enfermagem da
Universidade de Satildeo Paulo (USP) difundindo a proposta da inclusatildeo dos Cuidados Paliativos
nos cursos de graduaccedilatildeo em Enfermagem
No que tange a poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu para o ensino de Cuidados Paliativos a
autora supracitada aponta o Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) como o responsaacutevel por
formar enfermeiros especialistas em Cuidados Paliativos por meio de especializaccedilatildeo e
residecircncia em Enfermagem e meacutedicos especialistas em Medicina Paliativa
Ainda em relaccedilatildeo agrave veiculaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no ensino brasileiro no
acircmbito da poacutes-graduaccedilatildeo merece destaque a proposta da Pinus Longaeva Assessoria e
Consultoria em Sauacutede e Educaccedilatildeo Tal entidade eacute considerada referecircncia de excelecircncia em
Cuidados Paliativos no Brasil aleacutem de estimular a produccedilatildeo do conhecimento acerca da
referida temaacutetica Encontra-se sob a coordenaccedilatildeo do meacutedico Dr Franklin Santana Santos
sendo originada a partir da realizaccedilatildeo do curso de Tanatologia ndash Educaccedilatildeo para a Vida e para
a Morte uma abordagem plural e interdisciplinar em 2007 o qual teve a finalidade de
divulgar a importacircncia dos Cuidados Paliativos entre a sociedade brasileira (SANTOS 2011)
Aleacutem do curso Santos (2011) reconhece que este serviccedilo proporcionou a ediccedilatildeo de
um livro em trecircs volumes intitulado ldquoA arte de morrer visatildeo pluraisrdquo publicado pela Editora
Comenius com a finalidade de subsidiar o ensino e a pesquisa sobre a temaacutetica morte Na
referida obra pode-se observar a preocupaccedilatildeo em se trabalhar a prevenccedilatildeo e as causas do
sofrimento o medo e o tabu da morte com o propoacutesito de promover uma educaccedilatildeo para a
morte voltada para o corpo discente e para o corpo docente de diversas instituiccedilotildees de ensino
para os profissionais e para a populaccedilatildeo em geral
Em relaccedilatildeo agrave pesquisa o autor acima referido assinala que na poacutes-graduaccedilatildeo em
Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (FMUSP)
encontram-se em andamento diversas dissertaccedilotildees de mestrado e teses de doutorado aleacutem de
37
projetos de pesquisa como traduccedilatildeo e validaccedilatildeo de escalas sobre morte e morrer e
espiritualidade
Quanto agrave aacuterea da assistecircncia Santos (2011) discorre sobre o planejamento do
Ambulatoacuterio de Cuidados Paliativos para pacientes com demecircncia avanccedilada no Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Cliacutenicas na Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) sob a
coordenaccedilatildeo dos professores-doutores Orestes V Forlenza e Franklin Santana Santos O autor
comenta tambeacutem o desenvolvimento de um projeto de construccedilatildeo de um hospice no interior
de Satildeo Paulo nos moldes do St Christopher inteiramente filantroacutepico ndash o que significaria um
avanccedilo consideraacutevel para o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos no Brasil
Seguramente o ensino de Cuidados Paliativos tornaraacute os profissionais mais sensiacuteveis
agraves necessidades da populaccedilatildeo e do indiviacuteduo levando-os a desenvolver uma assistecircncia mais
humanizada e centrada na obtenccedilatildeo do adequado controle dos sinais e sintomas dos pacientes
fora de possibilidades terapecircuticas de cura Essa modalidade de cuidar proporciona uma
transformaccedilatildeo na praacutetica dos profissionais que passam a apresentar uma visatildeo holiacutestica
acerca desses doentes abrangendo-lhes a dimensatildeo fiacutesica psicoloacutegica social e espiritual
Nessa perspectiva Stoneberg et al (2006) referem que os Cuidados Paliativos ou
paliativismo como mais um meacutetodo uma filosofia do cuidar visando-se a prevenir e aliviar o
sofrimento humano em muitas de suas dimensotildees O objetivo dessa modalidade de cuidar eacute o
de proporcionar aos pacientes e seus entes queridos a melhor qualidade possiacutevel de vida a
despeito do estaacutegio de uma doenccedila ou a necessidade de outros tratamentos
Os autores asseguram que os Cuidados Paliativos complementam-se ao jaacute
tradicional cuidado curativo incluindo objetivos de bem-estar e de qualidade de vida para os
pacientes e seus familiares ajudando-os nas tomadas de decisotildees e promovendo
oportunidades de crescimento e evoluccedilatildeo pessoal Esta filosofia de cuidar completa os
tratamentos curativos da Medicina moderna mas principalmente proporciona aos
profissionais da aacuterea dignidade e significado aos tratamentos escolhidos
Caponero (2002) acrescenta que os Cuidados Paliativos fundamentam-se em uma
concepccedilatildeo global e ativa do tratamento compreendendo a atenccedilatildeo aos aspectos fiacutesicos
sociais e espirituais das pessoas que estatildeo com doenccedila incuraacutevel Portanto os Cuidados
Paliativos segundo Santana (2000) constituem um novo paradigma na sauacutede no qual satildeo
adotadas medidas humanizadas para o atendimento aos pacientes em seu ambiente familiar
onde as intervenccedilotildees natildeo visam agrave cura mas ao aliacutevio dos sintomas e do sofrimento aleacutem de
possibilitar a compreensatildeo do processo de morrer com dignidade
38
Pessini e Bertachini (2005) ressaltam que os Cuidados Paliativos visam a assegurar
aos doentes condiccedilotildees que os capacitem e encorajem a viver sua vida de uma forma uacutetil
produtiva e plena ateacute ao momento de sua morte A importacircncia da reabilitaccedilatildeo em termos de
bem-estar fiacutesico psiacutequico e espiritual natildeo pode ser negligenciada
Elias et al (2007) afirmam que a dimensatildeo subjetiva eacute o elo mais especiacutefico para o
paciente sem possibilidades de cura uma vez que o seu espiritual e o seu emocional recebem
um sentido ainda mais amplo Esses autores esclarecem a amplitude da dor psiacutequica a qual eacute
referenciada pelo temor do sofrimento seguida de anguacutestias e a dor espiritual que faz ligaccedilatildeo
ao significado da vida como tambeacutem agraves resignaccedilotildees perante Deus Os autores acrescentam
que tanto a dor psiacutequica quanto a espiritual requer em um acompanhamento psicoespiritual
sendo portanto imperioso o emprego de Cuidados Paliativos que compreenderaacute o
acolhimento a humanizaccedilatildeo e a proteccedilatildeo
Desse modo Costa Filho et al (2008) advertem que os Cuidados Paliativos devem
contemplar todas as dimensotildees do paciente sem possibilidades de cura tendo como prioridade
os cuidados emocionais psicoloacutegicos e espirituais Esta filosofia de cuidar proporciona aos
profissionais da aacuterea da Sauacutede a dignidade e significado aos tratamentos escolhidos em
relaccedilatildeo ao paciente na terminalidade da vida o qual necessita de cuidado integral e
humanizado
Eacute sob esse enfoque que Maccoughlan (2006) assinala que os Cuidados Paliativos
constituem um campo de cuidados totais ativos e integrais dispensados aos pacientes com
doenccedilas avanccediladas e sem possibilidades de cura e centrados no seu direito de viver com
dignidade seus dias que lhe restam
Em virtude da diversidade de aspectos envolvidos nessa forma de cuidar
Maccoughlan (2003) aponta a importacircncia da abordagem interdisciplinar para os Cuidados
Paliativos uma vez que esta implica demonstrar que nenhuma profissatildeo consegue abranger
todos os aspectos envolvidos no tratamento de pacientes terminais o que faz destacar a
significacircncia do trabalho coletivo permitindo a sinergia de habilidades para promover uma
assistecircncia completa
Portanto os Cuidados Paliativos devem ser prestados por uma equipe
multiprofissional formada por meacutedicos enfermeiros psicoacutelogos assistentes socais e
assistentes espirituais todos envolvidos nos objetivos concretos desses cuidados respeitando-
se o paciente como um ser uacutenico as suas crenccedilas e culturas
Sendo assim eacute inegaacutevel dentre esses profissionais a participaccedilatildeo da equipe
multiprofissional da Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no que concerne ao emprego de
39
Cuidados Paliativos Haja vista que pacientes com doenccedilas avanccediladas e em fase terminal que
ldquoretornam para suas casasrdquo jaacute que ldquonatildeo haacute mais nada para ser feitordquo necessitam ser
protegidos Eacute especialmente nesta transiccedilatildeo de necessidades especiacuteficas do tratamento
curativo para o paliativo que a Atenccedilatildeo Baacutesica pode ter destacado papel (FLORIANI
SCHRAMM 2007)
A referida temaacutetica eacute abordada no capiacutetulo seguinte o qual procura enfocar os
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
40
3 Cuidados paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
41
Para melhor compreensatildeo deste capiacutetulo seratildeo abordadas inicialmente consideraccedilotildees
acerca da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) com ecircnfase na Estrateacutegia de Sauacutede da famiacutelia
(ESF) seguindo-se da abordagem pertinente a Cuidados Paliativos na referida estrateacutegia
Em termos histoacutericos diversos documentos foram confeccionados com o escopo de
nortear poliacuteticas e accedilotildees no campo da Sauacutede em todo o mundo Dentre os mais significativos
pode ser citado ldquoSauacutede para todos no ano 2000rdquo produzido em 1977 na 30ordf Reuniatildeo Anual da
Assembleacuteia Mundial de Sauacutede em Alma-Ata Em uma reuniatildeo subsequumlente agrave produccedilatildeo deste
documento em 1978 ainda na mesma cidade foi realizada a primeira Conferecircncia Nacional
sobre Cuidados Primaacuterios de Sauacutede sob a coordenaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
(OMS) e do Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia (UNICEF) definindo-se a Atenccedilatildeo
Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) como eixo da reorganizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede visando-se a
diminuir as imensas desigualdades soacutecio-econocircmicas sanitaacuterias existentes no mundo (OMS
1979)
Ibantildeez et al (2006) assinalam que a APS surge em resposta agraves desigualdades no
acesso iniquumlidades dos serviccedilos de sauacutede insuficiente e desigual distribuiccedilatildeo de recursos de
sauacutede para as populaccedilotildees resultando em exclusatildeo de grupos sociais vulneraacuteveis
Por conseguinte a APS pretende proporcionar maior acesso e equidade para estas
pessoas que buscam os serviccedilos de sauacutede por meio da reorganizaccedilatildeo dos sistemas de sauacutede
mediante alteraccedilatildeo do modelo de atenccedilatildeo em quase todos os paiacuteses (MENDES 2001)
De acordo com Starfield (2002) a APS apresenta como atributos essenciais ou
exclusivos o primeiro contato a longitudinalidade a integralidade a coordenaccedilatildeo da atenccedilatildeo a
focalizaccedilatildeo na famiacutelia e a orientaccedilatildeo na comunidade O primeiro atributo pressupotildee a
acessibilidade do usuaacuterio e o uso de serviccedilos de sauacutede em suas necessidades de sauacutede
independentemente da gravidade do problema apresentado indicando a porta de entrada ao
sistema de sauacutede O segundo consiste no acompanhamento do indiviacuteduo e sua famiacutelia ao longo
do tempo marcado pela relaccedilatildeo de viacutenculo e relaccedilotildees interpessoais de confianccedila entre o
usuaacuteriofamiacutelia e a equipeserviccedilo de sauacutede O terceiro garante a continuidade da prestaccedilatildeo da
assistecircncia agrave sauacutede independente da complexidade que o problema de sauacutede exigir e considera
as possiacuteveis causas individuais de cada pessoa no seu processo de adoecimento O quarto
representa a capacidade do serviccedilo para dar atenccedilatildeo agraves necessidades individuais e coletivas
garantindo o seguimento constante da equipe de sauacutede mesmo que os problemas de sauacutede
estejam sendo sanados em outro niacutevel de assistecircncia agrave sauacutede O quinto considera a famiacutelia
como nuacutecleo para o conhecimento integral dos problemas de sauacutede O sexto implica conhecer
as famiacutelias em seu contexto cultural socioeconocircmico e social (STARFIELD 2002)
42
Abrahatildeo-Curvo (2010) esclarece que os princiacutepios da APS foram retomados nas
reformas do setor Sauacutede em vaacuterios paiacuteses sobretudo no Brasil com a adesatildeo e participaccedilatildeo de
variados segmentos da sociedade brasileira
Salienta-se portanto que ante o movimento internacional gerado pela Conferecircncia de
Alma-Ata em virtude do contexto de mudanccedilas observadas na Ameacuterica Latina o Brasil volta-
se a refletir suas poliacuteticas de sauacutede embasado em conceitos discutidos na referida conferecircncia
Sendo assim o processo de transformaccedilatildeo e de avanccedilo no setor da Sauacutede do Brasil
conforme apontam Santos e Mattos (2011) adveacutem em sua maioria da realizaccedilatildeo da VIII
Conferecircncia Nacional em Sauacutede em 1986 que consagrou a Reforma Sanitaacuteria como eixo de
luta para a transformaccedilatildeo do panorama de Sauacutede do paiacutes
Scherer Marino e Ramos (2005) assinalam que por meio da Conferecircncia foram
deliberados os princiacutepios e diretrizes incorporados na Poliacutetica Nacional de Sauacutede aprovados na
Constituiccedilatildeo de 1988 Demarca-se legalmente um novo modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede em
substituiccedilatildeo ao existente
Arouca (1987) informa que a CNS trouxe agrave tona a questatildeo da sauacutede com amplitude de
seu conceito natildeo a considerando como a simples ausecircncia de doenccedila mas sim em estado
resultante das condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente trabalho
transporte emprego lazer liberdade e acesso a serviccedilos de sauacutede Portanto a sauacutede natildeo estaria
mais relacionada apenas com a ausecircncia de doenccedilas mas seria resultado das formas de
organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes desigualdades nos niacuteveis de vida
e de sauacutede
Observa-se que o movimento da Reforma Sanitaacuteria Brasileira foi pautado em uma
mobilizaccedilatildeo reivindicatoacuteria alicerccedilada na necessidade popular de reconstruir uma estrutura
normativa que atendesse agraves reais necessidades da populaccedilatildeo nas questotildees de sauacutede como direito
de cidadania (MACHADO et al 2007)
A CNS serviu de base para o nascimento do SUS emergindo dessa forma em meio
aos debates levantados durante esse evento Visando-se ao cumprimento da Constituiccedilatildeo foi
editada em 1990 a Lei Orgacircnica da Sauacutede (LOS) formada pelas Leis Federais 808090 e
814290 as quais instituem e dispotildeem sobre o funcionamento organizaccedilatildeo e caracteriacutesticas do
SUS Com base na Constituiccedilatildeo e posteriormente na LOS definiu-se que o SUS seria regido
por determinados princiacutepios e diretrizes e propunha-se naquela legislaccedilatildeo a passagem do entatildeo
modelo vigente para uma forma voltada agrave prevenccedilatildeo e promoccedilatildeo da sauacutede (VALENTIM
KRUEL 2007)
43
Destarte observa-se que o SUS eacute resultado de um longo processo de debates e de lutas
por melhores condiccedilotildees de sauacutede no paiacutes Surge como um novo paradigma na atenccedilatildeo agrave sauacutede
Seus princiacutepios e diretrizes rompem com o paradigma cliacutenico tradicional (SCHERER
MARINO RAMOS 2005)
Simino (2009) afirma que o SUS eacute marcado por princiacutepios doutrinaacuterios ou filosoacuteficos
(universalidade equidade e integralidade) e por princiacutepios organizativos (descentralizaccedilatildeo
regionalizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo e participaccedilatildeo social)
Ainda de acordo com a autora supracitada a universalidade eacute compreendida a partir
do reconhecimento da assistecircncia agrave sauacutede um direito fundamental do cidadatildeo cabendo ao
Estado garantir as condiccedilotildees indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio e ao acesso agrave atenccedilatildeo e
assistecircncia agrave sauacutede em todos os niacuteveis de complexidade A equidade eacute um princiacutepio de justiccedila
social Haja vista que busca diminuir desigualdades A integralidade significa a garantia do
fornecimento de um conjunto articulado e contiacutenuo de accedilotildees e serviccedilos preventivos curativos e
coletivos exigidos em cada caso para todos os niacuteveis de complexidade de assistecircncia Este
princiacutepio ainda engloba accedilotildees de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e em seu sentido
amplo considera a pessoa como um ser integral inserida em um contexto familiar social
cultural e econocircmico
Machado et al (2007) asseveram que a integralidade eacute um conceito que permite uma
identificaccedilatildeo dos sujeitos como totalidades ainda que natildeo sejam alcanccedilaacuteveis em sua plenitude
considerando-se todas as dimensotildees possiacuteveis em que se pode intervir pelo acesso permitido
por eles proacuteprios Dessa forma o atendimento integral extrapola a estrutura organizacional
hierarquizada e regionalizada da assistecircncia de sauacutede se prolonga pela qualidade real da
atenccedilatildeo individual e coletiva assegurada aos usuaacuterios do sistema de sauacutede requisita o
compromisso com o contiacutenuo aprendizado e com a praacutetica multiprofissional
Quanto aos princiacutepios organizativos do SUS estes promovem a viabilizaccedilatildeo de suas
operaccedilotildees gerenciais Em relaccedilatildeo agrave descentralizaccedilatildeo este garante a transferecircncia de recursos
financeiros e o poder para os Estados e municiacutepios permitindo que a destinaccedilatildeo dos recursos
seja realizada contemplando-se as necessidades de cada localidade aleacutem de possibilitar a
participaccedilatildeo social A regionalizaccedilatildeo estaacute relacionada com o processo de distribuiccedilatildeo dos
serviccedilos em uma determinada regiatildeo permitindo oferecer serviccedilos e accedilotildees de sauacutede mais
proacuteximos de onde as pessoas moram No que tange agrave hierarquizaccedilatildeo esta implica a
estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede por niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica A
participaccedilatildeo social permite a participaccedilatildeo dos usuaacuterios e da comunidade na construccedilatildeo e
fiscalizaccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede (SIMINO 2009)
44
Eacute preciso ressaltar que o SUS natildeo eacute um modelo simples e estanque embora tenha sido
explicitado em sua formalizaccedilatildeo inicial pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
operacionalizado por meio de legislaccedilatildeo especiacutefica como a Lei Orgacircnica da Sauacutede e pelas
Normas de Operacionalizaccedilatildeo Baacutesicas e de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (NOBs e NOAS) O SUS eacute um
processo e como tal estaacute em constante construccedilatildeo em busca do seu proacuteprio aperfeiccediloamento
objetivos e ideal (VALENTIM KRUEL 2007)
Na atual conjuntura sabe-se que o SUS vem constituindo-se no paiacutes haacute cerca de vinte
anos a partir destes princiacutepios todavia uma nova abordagem da APS emerge no Brasil por
meio da ediccedilatildeo da Portaria nordm 648 de 2006 do Ministeacuterio da Sauacutede Tal portaria aprova a
Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Baacutesica (PNAB) Retoma os elementos essenciais da APS e
reforccedila na Sauacutede da Famiacutelia o eixo organizador do sistema de sauacutede brasileiro
Teixeira (2004) chama a atenccedilatildeo para o fato de que a mudanccedila do modelo de atenccedilatildeo
vem desenvolvendo-se desde o iniacutecio da deacutecada de 1990 principalmente a partir de 1993-1994
quando foram desencadeados os processos de municipalizaccedilatildeo e de implementaccedilatildeo do
Programa de Sauacutede da Famiacutelia adotada com a intenccedilatildeo de atender a todos os princiacutepios legais
do SUS especialmente os de universalidade de acesso de integralidade da assistecircncia agrave sauacutede e
de resolutividade englobando paulatinamente toda a rede de serviccedilos baacutesicos com a
ampliaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo da atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede
De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (2000a) o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
foi implantado em 1994 no Brasil para dar sustentaccedilatildeo ao Programa de Agentes Comunitaacuterios
de Sauacutede (PACS) Eacute considerado um projeto dinamizador do SUS condicionado pela evoluccedilatildeo
histoacuterica e pela organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede no Brasil
Eacute definido como um modelo de assistecircncia que vai desenvolver accedilotildees de promoccedilatildeo e
proteccedilatildeo agrave sauacutede do indiviacuteduo da famiacutelia e da comunidade por meio de equipes que faratildeo o
atendimento na unidade local de sauacutede da comunidade ao niacutevel de atenccedilatildeo primaacuteria Aleacutem do
atendimento suas atividades devem incluir programaccedilatildeo grupos terapecircuticos e visitas
domiciliares entre outras (BRASIL 2004)
O Ministeacuterio da Sauacutede (2000b) chama a atenccedilatildeo para o fato de o PSF ser
compreendido como modelo substitutivo da rede baacutesica tradicional de cobertura universal
Este modelo eacute reconhecido como uma praacutetica que requer alta tecnologia nos campos do
conhecimento do desenvolvimento de habilidades e de mudanccedila de atitudes
Peduzzi (2000) estabelece que o PSF apresenta a finalidade de viabilizar mudanccedilas
dentro do contexto de sauacutede puacuteblica na loacutegica do modelo assistencial biomeacutedico
particularmente no que se refere agrave Atenccedilatildeo Baacutesica e sua articulaccedilatildeo aos demais niacuteveis de
45
atenccedilatildeo Este programa tem como base os princiacutepios operacionais de adscriccedilatildeo da clientela da
integralidade da atenccedilatildeo do planejamento local e regional da equidade do acesso aos serviccedilos
do controle social da accedilatildeo intersetorial e do trabalho em equipe
O PSF apresenta como filosofia o princiacutepio da vigilacircncia agrave sauacutede apresentando
caracteriacutesticas de atuaccedilatildeo interdisciplinar e multidisciplinar e de responsabilidade integral para
com a populaccedilatildeo que reside na aacuterea de abrangecircncia de suas unidades de sauacutede O programa em
questatildeo consiste em optar pela descentralizaccedilatildeo como forma de aproximar os serviccedilos de sauacutede
de quem deles mais precisa Dessa forma aacutereas mais carentes desses serviccedilos passam a receber
accedilotildees tradicionais de promoccedilatildeo de sauacutede por meio da prevenccedilatildeo e de accedilotildees de assistecircncia
meacutedica Soma-se ao processo a participaccedilatildeo da comunidade por intermeacutedio de seus agentes
representativos que fazem uma ligaccedilatildeo entre a equipe de sauacutede e o cliente a ser atendido
rompendo as barreiras e identificando as reais necessidades ao mesmo tempo que representa
uma forma do serviccedilo que eacute prestado agrave populaccedilatildeo (BRASIL 2005a)
Simino (2009) ressalta que gradualmente a Sauacutede da Famiacutelia perdeu o status de
programa uma vez que tem sido considerada uma estrateacutegia para a reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo
Baacutesica de sauacutede no Brasil seguindo os conceitos da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Nesse contexto
o Ministeacuterio da Sauacutede (2005b) reconhece que atualmente a Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) vem sendo implantada em substituiccedilatildeo ao modelo tradicional para a Atenccedilatildeo Baacutesica A
sua organizaccedilatildeo favorece o estabelecimento de viacutenculos de responsabilidade e confianccedila entre
profissionais e famiacutelias e permite uma compreensatildeo ampla do processo sauacutede-doenccedila e da
necessidade de intervenccedilotildees a partir dos problemas e demandas identificadas
Assim sendo transformar o programa em uma estrateacutegia de organizaccedilatildeo foi um
avanccedilo para a gestatildeo do SUS uma vez que se busca natildeo apenas o acesso e sua ampliaccedilatildeo mas
tambeacutem a reorganizaccedilatildeo da praacutetica da atenccedilatildeo agrave sauacutede sobre novas bases e a substituiccedilatildeo do
modelo entatildeo vigente levando a sauacutede para mais perto das famiacutelias e melhorando-se a
qualidade de vida dos cidadatildeos brasileiros (BRASIL 2005c)
Conforme assinalam Costa e Carbone (2004) esta mudanccedila de modelo possibilita a
integraccedilatildeo e a organizaccedilatildeo das atividades em um territoacuterio definido com o propoacutesito de
favorecer o enfrentamento dos problemas identificados e implica necessariamente a articulaccedilatildeo
da Atenccedilatildeo Baacutesica com a meacutedia e com a alta complexidade envolvendo a integraccedilatildeo de
poliacuteticas estrateacutegicas de sauacutede aleacutem de envolver diversos atores compreendendo-os como
pessoas e instituiccedilotildees a saber os usuaacuterios do sistema o gestor de sauacutede a equipe de sauacutede da
famiacutelia e as lideranccedilas comunitaacuterias
46
Logo o que se espera da Atenccedilatildeo Baacutesica organizada pela ESF quando esta eacute
capacitada e integra a comunidade eacute que seja capaz de resolver 80 das demandas dos
serviccedilos de sauacutede de uma populaccedilatildeo jaacute que a maior parte dessa demanda concentra-se em
poucos problemas Isso demonstra a importacircncia e a necessidade de se investir nos serviccedilos de
atenccedilatildeo primaacuteria a fim de se tornarem mais resolutivos As accedilotildees devem ser orientadas para o
cuidado integral dos indiviacuteduos inseridos em suas respectivas famiacutelias Esse eacute um dos sentidos
atribuiacutedos ao princiacutepio constitucional de integralidade do SUS (BRASIL 2005c)
Bonassa e Campos (2001) destacam trecircs caracteriacutesticas fundamentais da Estrateacutegia de
Sauacutede da Famiacutelia A primeira eacute a ecircnfase na territorializaccedilatildeo e na adscriccedilatildeo da clientela
responsabilizando-se cada equipe pelo cadastramento e acompanhamento das famiacutelias do
territoacuterio de abrangecircncia A segunda eacute o seu poder substitutivo em meio a suas unidades
porquanto natildeo constitui uma nova estrutura de serviccedilos (excetuando-se as aacutereas anteriormente
desprovidas) mas substitui as praacuteticas convencionais de assistecircncia por um novo processo de
trabalho cujo eixo estaacute centrado na vigilacircncia agrave sauacutede e na participaccedilatildeo da comunidade A
terceira eacute a sua participaccedilatildeo no SUS dentro do princiacutepio da integralidade e da hierarquizaccedilatildeo
por isso deve estar vinculada agrave rede de serviccedilos de forma que garanta atenccedilatildeo integral aos
indiviacuteduos e agraves famiacutelias em todos os niacuteveis de complexidade sempre que for necessaacuterio
De acordo com as Portarias de nordm 1186GMMS e nordm 157GMMS observa-se que cada
equipe de Sauacutede da Famiacutelia seja responsaacutevel por no maacuteximo 4500 pessoas Desta forma a
Unidade de Sauacutede pode ser composta por uma ou mais equipes dependendo da concentraccedilatildeo
de famiacutelias residentes no territoacuterio (BRASIL 1997 BRASIL 1998c)
Cada equipe de Sauacutede da Famiacutelia deve ser capacitada para conhecer a realidade das
famiacutelias pelas quais eacute responsaacutevel por meio de cadastramento e diagnoacutestico de suas
caracteriacutesticas sociais demograacuteficas e epidemioloacutegicas para identificar os principais problemas
de sauacutede e situaccedilotildees de risco a que estaacute exposta a populaccedilatildeo que ela atende e para elaborar
com a participaccedilatildeo da comunidade um plano local para enfrentar os determinantes do processo
sauacutede-doenccedila Aleacutem disso essa equipe necessita estar preparada para prestar uma assistecircncia
integral respondendo de forma contiacutenua e racionalizada agrave demanda organizada ou espontacircnea
na unidade na comunidade no domiciacutelio e no acompanhamento ao atendimento nos serviccedilos
de referecircncia ambulatorial ou hospitalar desenvolvendo accedilotildees educativas e intersetoriais a fim
de enfrentar os problemas de sauacutede identificados (BRASIL 2005a)
Destarte observa-se que a abordagem da referida estrateacutegia de acordo com o
Ministeacuterio da Sauacutede (2005b) estaacute centrada na famiacutelia que eacute o objeto principal de atenccedilatildeo
sendo esta entendida a partir do ambiente onde vive Eacute nesse espaccedilo que se constroem as
47
relaccedilotildees intrafamiliares e extrafamiliares e se desenvolve a luta pela melhoria das condiccedilotildees de
vida permitindo ainda uma compreensatildeo ampliada do processo sauacutededoenccedila e portanto da
necessidade de intervenccedilotildees de maior impacto e significaccedilatildeo social
Guitierrez e Minayo (2010) destacam que eacute na famiacutelia e pela famiacutelia que se produzem
cuidados essenciais agrave sauacutede que vatildeo desde as interaccedilotildees afetivas necessaacuterias ao
desenvolvimento da sauacutede mental e da personalidade madura de seus membros passando pela
aprendizagem da higiene e da cultura alimentar e atingindo o niacutevel de adesatildeo aos tratamentos
prescritos pelos serviccedilos tais como medicaccedilatildeo dietas e atividades preventivas Essa
complementaridade ocorre por meio de accedilotildees concretas no cotidiano das famiacutelias permitindo o
reconhecimento das doenccedilas busca de atendimento meacutedico incentivo para o autocuidado e o
apoio emocional
Quanto agrave operacionalizaccedilatildeo da ESF esta se daacute mediante a implantaccedilatildeo de equipes
multiprofissionais em unidades de sauacutede da famiacutelia (USFs) as quais devem ser adequadas agraves
diferentes realidades locais desde que sejam mantidos os seus princiacutepios e diretrizes
fundamentais Para tanto o impacto favoraacutevel nas condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo adscrita
deve ser a preocupaccedilatildeo baacutesica dessa estrateacutegia (BRASIL 2005a)
A atribuiccedilatildeo baacutesica da equipe de sauacutede da famiacutelia estaacute relacionada com o
conhecimento da realidade das famiacutelias pelas quais eacute responsaacutevel identificando os problemas
de sauacutede mais comuns e as situaccedilotildees de risco ao qual a populaccedilatildeo estaacute exposta atuando e
intervindo continuamente na realidade social apresentada (BRASIL 2000c)
O funcionamento da ESF se daacute em unidades de sauacutede da famiacutelia com uma equipe
composta no miacutenimo por um meacutedico generalista um enfermeiro um auxiliar de enfermagem
e quatro a seis agentes comunitaacuterios de sauacutede (ACSs) no entanto outros agentes podem ser
incorporados agrave equipe de sauacutede da famiacutelia um odontoacutelogo e um atendente de consultoacuterio
dentaacuterio ou um teacutecnico de higiene bucal Esses agentes formam equipes que satildeo responsaacuteveis
pelo acompanhamento de um nuacutemero definido de famiacutelias localizadas em uma determinada
aacuterea geograacutefica Tais equipes atuam na promoccedilatildeo da sauacutede prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo
reabilitaccedilatildeo de doenccedilas e de agravos mais frequentes e na manutenccedilatildeo da sauacutede dessa
comunidade (BRASIL 2000a)
Valentim e Kruel (2007) asseveram que cada profissional da equipe baacutesica de USF
possui uma determinada atribuiccedilatildeo no entanto cabe a todos fomentar e desenvolver
conjuntamente accedilotildees preventivas e de promoccedilatildeo da qualidade de vida da comunidade aleacutem de
accedilotildees de recuperaccedilatildeo e de reabilitaccedilatildeo da sauacutede tanto na unidade de sauacutede quanto nos
municiacutepios aliando desta forma a atuaccedilatildeo cliacutenica e teacutecnica agrave praacutetica da sauacutede coletiva
48
Nessa perspectiva eacute de suma importacircncia uma equipe interdisciplinar para promoccedilatildeo
da assistecircncia aos problemas de sauacutede do indiviacuteduo reforccedilando-se a necessidade de
profissionais generalistas que atendam a todas as necessidades de sauacutede faixas etaacuterias e fases
do desenvolvimento humano (BRASIL 2005c) Dessa forma o trabalho em equipe na ESF eacute
um dos pressupostos mais importantes para a reorganizaccedilatildeo do processo de trabalho com
possibilidade de uma abordagem mais integral e mais resolutiva
Lopes e Silva (2004) advertem sobre a necessidade do aprimoramento da equipe da
Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) e praacutetica das accedilotildees que implementem novos protocolos
de atenccedilatildeo agrave sauacutede adaptadas agraves novas realidades e ao perfil epidemioloacutegico da populaccedilatildeo Os
protocolos baseados na atualizaccedilatildeo teoacuterica e nos avanccedilos do conhecimento numa visatildeo
interdisciplinar proporcionam subsiacutedios necessaacuterios agrave adequaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica dos
processos terapecircuticos conferindo homogeneidade agraves condutas teacutecnicas tornando o
atendimento resolutivo e competente
Santos e Mattos (2011) enfatizam para a necessidade de os profissionais da ESF
fazerem uso de novas modalidades de cuidar com o escopo de melhorar a qualidade da
assistecircncia perpassando a simples cura da doenccedila e indo aleacutem desta a fim de aliviar o
sofrimento das pessoas e a carga de seus familiares Acrescentam ainda que a construccedilatildeo de
um modelo assistencial diferente e inovador necessariamente levaraacute em conta a valorizaccedilatildeo de
novos espaccedilos e de outras formas de organizaccedilatildeo das tecnologias
Dentre essas novas propostas de modalidades de cuidar destacam-se os Cuidados
Paliativos que emergem como uma praacutetica de implementaccedilatildeo tanto dos cuidados quanto da
organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede que precisam ser modificados para oferecer respostas aos
problemas que fazem sofrer as pessoas que apresentam enfermidades incuraacuteveis
Sob esse prisma os Cuidados Paliativos buscam dar uma resposta ativa aos problemas
necessidades e sofrimento gerados pela progressatildeo das doenccedilas crocircnicas e incuraacuteveis
procurando cada vez mais humanizar os cuidados de sauacutede prestados agraves pessoas acometidas de
enfermidades crocircnicas e seus familiares Assinala-se que essa praacutetica natildeo significa uma
intervenccedilatildeo apenas no final da vida mas sim uma abordagem estruturada para atender agraves
necessidades das pessoas em qualquer fase da enfermidade o mais precocemente possiacutevel
(SANTOS MATTOS 2011)
A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (2003) recomenda que a Atenccedilatildeo Baacutesica exerccedila um
papel fundamental tambeacutem nos cuidados continuados crocircnicos ou paliativos devendo ser o
principal responsaacutevel pela atenccedilatildeo aos pacientes e seus familiares e a base para o sistema de
49
referecircncia e contrarreferecircncia de forma que assegure a articulaccedilatildeo da continuidade dos cuidados
nos demais niacuteveis de atenccedilatildeo
Santos e Mattos (2011) concordam que os Cuidados Paliativos podem ser estruturados
na Atenccedilatildeo Baacutesica uma vez que a ESF eacute considerada um modelo de atenccedilatildeo primaacuteria
comprometido com a integridade da atenccedilatildeo agrave sauacutede focado na unidade familiar e compatiacutevel
com o contexto socioeconocircmico cultural e epidemioloacutegico da comunidade em que estaacute
inserida as equipes de sauacutede da famiacutelia
No acircmbito internacional a atenccedilatildeo primaacuteria de paiacuteses como Inglaterra Espanha
Canadaacute e Portugal vem integrando a poliacutetica de Cuidados Paliativos com a disseminaccedilatildeo de
capacitaccedilatildeo permanente para todos os profissionais da Sauacutede e com o estabelecimento de
poliacuteticas e protocolos assistenciais Quanto ao cenaacuterio nacional observa-se que o Ministeacuterio da
Sauacutede vem empreendendo um esforccedilo no sentido de elaborar diretrizes nacionais para a atenccedilatildeo
em Cuidados Paliativos e controle da dor crocircnica a fim de que estes sejam incorporados na
Atenccedilatildeo Baacutesica (SANTOS MATTOS 2011)
Floriani (2011) afirma que nos uacuteltimos dez anos o Ministeacuterio da Sauacutede realizou
diversas iniciativas com o propoacutesito de inserir os Cuidados Paliativos como uma importante
estrateacutegia de poliacutetica de Sauacutede Este fato ocorreu a partir de 1998 quando surgiram os centros
de alta complexidade em oncologia (CACONs) preconizando-se a necessidade de equipe
qualificada em Cuidados Paliativos tanto para tratamento em regime de internaccedilatildeo hospitalar
quanto para tratamento domiciliar Com tal iniciativa pretendeu-se incluir os Cuidados
Paliativos na assistecircncia oncoloacutegica do SUS
Mello e Caponero (2011) dizem que o Ministeacuterio da Sauacutede alerta para a necessidade
inicial de disseminaccedilatildeo da temaacutetica com o escopo de sensibilizar as pessoas em geral
sobretudo os profissionais da Sauacutede Haja vista que sua intenccedilatildeo eacute a de implementar Cuidados
Paliativos inclusive o controle da dor crocircnica nos diferenciados niacuteveis de atenccedilatildeo (baacutesica
especializada de meacutedia e alta complexidade) organizando a assistecircncia em linhas de cuidados
integrais (eletivo e de urgecircncia domiciliar ambulatorial e hospitalar)
Neste enfoque a magnitude social da demanda de Cuidados Paliativos no Brasil
mostra a necessidade de se estruturar uma rede integrada de serviccedilos que deve ser
regionalizada e hierarquizada estabelecendo uma linha de cuidados integrais e continuados
Floriani e Schramm (2007) afirmam que um dos aspectos mais desafiadores agrave
absorccedilatildeo pelo sistema de sauacutede dos Cuidados Paliativos estaacute na organizaccedilatildeo efetiva dos
recursos humanos Haja vista que a equipe precisa administrar uma seacuterie de fatores que nem
sempre poderatildeo estar padronizados e institucionalizados Esse eacute o caso dos conflitos de
50
natureza eacutetica como o respeito da confidencialidade introduccedilatildeo e retirada de medicamentos
que se apresentam quase invariavelmente na praacutetica dos Cuidados Paliativos
Rajagopal Mazza e Lipman (2003) referem tambeacutem problemas relativos agrave
comunicaccedilatildeo do diagnoacutestico e prognoacutestico ao paciente ao local do falecimento do paciente
uma vez que esta eacute uma questatildeo que costuma estressar bastante o cuidador e a famiacutelia agrave
confidencialidade das informaccedilotildees dentre outros Consideram fundamental que a equipe
busque uma uniformidade em seu discurso e dialogue abertamente com o paciente com seu
cuidador e com a famiacutelia
Portanto eacute necessaacuterio agrave praacutetica de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica que o
profissional da Sauacutede conheccedila e domine procedimentos claacutessicos em Cuidados Paliativos
como por exemplo o uso da via subcutacircnea para infusatildeo de medicamentos e para hidrataccedilatildeo e
saiba reconhecer quando o paciente estaacute na fase terminal de sua doenccedila A ausecircncia deste tipo
especiacutefico de competecircncia eacute motivo de profundos mal-entendidos geradores de distorccedilotildees entre
os membros da equipe o que gera em uacuteltima instacircncia inseguranccedila ao paciente e
especialmente ao cuidador e aos membros da famiacutelia
Diante de tais problemas Florioni e Schramm (2007) enfatizam a necessidade da
incorporaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na rede de Atenccedilatildeo Baacutesica que pode desempenhar um
papel relevante nos cuidados no fim da vida especialmente em aacutereas onde natildeo haacute centros de
referecircncia em Cuidados Paliativos Chamam a atenccedilatildeo para algumas situaccedilotildees desafiadoras agraves
accedilotildees da equipe de Atenccedilatildeo Baacutesica na provisatildeo desses cuidados como os aspectos relacionados
com o cuidador familiar alguns conflitos de natureza eacutetica inerentes a esta atividade e relativos
agrave alocaccedilatildeo dos recursos humanos disponiacuteveis
Os autores mencionados acrescentam que os cuidados no fim da vida encerram um
campo de grandes conflitos morais para a equipe que assiste o paciente como por exemplo
aqueles relativos ao planejamento de investir no tratamento agrave retirada de suporte de vida (como
alimentos e liacutequidos) agrave eutanaacutesia entre outros
Todavia a implantaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar no sistema de sauacutede brasileiro
constitui-se uma tarefa desafiadora aos gestores da Sauacutede apresentando-se de forma lenta e
desarticulada Salienta-se que existem importantes obstaacuteculos tanto de ordem operacional
quanto de ordem eacutetica e cultural que precisam ser enfrentados tais como precaacuteria formaccedilatildeo de
recursos humanos a falta de visatildeo dos gestores a respeito da importacircncia dos Cuidados
Paliativos e a dificuldade de acesso a medicamentos especialmente opioides (FLORIANI
2011)
51
Diante dessa realidade o sistema de sauacutede brasileiro tem a difiacutecil tarefa de ir agrave busca
de um modelo sustentaacutevel de cuidados no fim da vida do ponto de vista operacional
organizado de modo que possa ser acessiacutevel nos mais diferentes contextos do paiacutes sendo
portanto necessaacuteria a promoccedilatildeo de uma assistecircncia humanizada pautada na filosofia dos
Cuidados Paliativos
52
4 Trajetoacuteria metodoloacutegica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
53
4 TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA
No presente capiacutetulo discorreremos sobre o caminho metodoloacutegico percorrido para
concretizaccedilatildeo desta pesquisa Segundo Minayo (2010) o caminho metodoloacutegico eacute uma
apresentaccedilatildeo didaacutetica do tratamento dos dados o qual acontece mediante um processo contiacutenuo
e simultacircneo com passos articulados e complementares entre si visando-se apreender a
realidade tal como se apresenta aos olhos do pesquisador levando este agrave reflexatildeo com o suporte
do referencial teoacuterico Dessa forma a metodologia eacute a previsatildeo dos recursos necessaacuterios e
procedimentos para se atingir os objetivos propostos e responder agraves questotildees de pesquisa
estabelecidas
Para o desenvolvimento desta pesquisa considerando os objetivos propostos e o tema
em foco optamos pela pesquisa exploratoacuteria com abordagem qualitativa Na concepccedilatildeo de
Polit Beck e Hungler (2004) a pesquisa exploratoacuteria busca explorar as dimensotildees do
fenocircmeno a maneira pela qual este eacute manifestado e outros fatores com os quais se relaciona
Gil (2010) afirma que este tipo de pesquisa proporciona maior familiaridade com a
problemaacutetica objetivando-se tornaacute-la mais expliacutecita ou construir hipoacuteteses aprimorando-se
ideias ou a descobertas de intuiccedilotildees
Polit Beck e Hungler (2004) acrescentam que em estudos de natureza qualitativa o
investigador amplia a sua experiecircncia no fenocircmeno encontrando-se elementos necessaacuterios que
permitam o contato dele com determinada populaccedilatildeo e a obtenccedilatildeo de resultados que ele deseja
Nesta modalidade de pesquisa parte-se da premissa de que os conhecimentos sobre os
indiviacuteduos somente acontecem a partir de dados empiacutericos jaacute disponiacuteveis e apreensiacuteveis pela
descriccedilatildeo da experiecircncia humana vivida e determinada pelos seus proacuteprios sujeitos
Quanto ao cenaacuterio da pesquisa este foi desenvolvido no municiacutepio de Joatildeo Pessoa
(PB) em unidades de sauacutede da famiacutelia pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV Vale ressaltar que
neste municiacutepio a estrutura da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia foi implantada no ano 2000
inicialmente com a instalaccedilatildeo de sete equipes Conta atualmente com cento e oitenta equipes
A ampliaccedilatildeo desse nuacutemero teve por objetivo o de expandir a cobertura territorial e populacional
das accedilotildees baacutesicas de sauacutede (JOAtildeO PESSOA 2010)
A cobertura populacional da ESF cresceu de 727 em 2005 para 81 (563609) das
pessoas cadastradas ou ainda 144634 famiacutelias da populaccedilatildeo total de Joatildeo Pessoa (693082
habitantes) em 2008 Essa cobertura superou a meta de 80 preconizada pelo Ministeacuterio da
Sauacutede e representou a segunda maior no ano de 2007 em comparaccedilatildeo com outras capitais
brasileiras sendo a primeira observada em Aracaju com 966 Deveu-se a fatores como o
54
processo de territorializaccedilatildeo e remapeamento das aacutereas de abrangecircncia das equipes de sauacutede da
famiacutelia implantaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do apoio matricial (JOAtildeO PESSOA 2008)
No que diz respeito ao atendimento prestado aos muniacutecipes da Capital as accedilotildees de
sauacutede atualmente satildeo coordenadas no espaccedilo dos distritos sanitaacuterios A ldquorederdquo de serviccedilos de
sauacutede do municiacutepio de Joatildeo Pessoa estaacute distribuiacuteda territorialmente em cinco distritos sanitaacuterios
(DS I DS II DS III DS IV e DS V) que recortam toda a extensatildeo territorial da referida cidade
e compreendem o primeiro niacutevel de organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede denominado
Atenccedilatildeo Baacutesica Em cada distrito existe um diretor geral um diretor teacutecnico um diretor
administrativo e um grupo de apoiadores matriciais Este uacuteltimo eacute constituiacutedo por profissionais
que satildeo responsaacuteveis pela conduccedilatildeo tecnopoliacutetica das accedilotildees desenvolvidas no territoacuterio
A figura 1 a seguir mostra a localizaccedilatildeo dos cinco distritos sanitaacuterios e as respectivas
USFs de acordo com as regiotildees geograacuteficas do municiacutepio de Joatildeo Pessoa
Figura 1 ndash Representaccedilatildeo geograacutefica da localizaccedilatildeo das USFs de Joatildeo Pessoa (2010)
Fonte ndash Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
55
Atualmente os distritos sanitaacuterios de Joatildeo Pessoa contam com 125 USFs
comportando como jaacute foi dito 180 equipes de sauacutede da famiacutelia Esse nuacutemero tende a ser
crescente tendo em vista a necessidade de ampliaccedilatildeo do nuacutemero de unidades para atender agrave
elevada demanda decorrente do aumento populacional neste municiacutepio (JOAtildeO PESSOA
2010)
Ressaltamos que esta rede da Atenccedilatildeo Baacutesica ainda eacute composta por cinco unidades
que funcionam como referecircncia para a populaccedilatildeo descoberta da ESF assegurando o princiacutepio
da universalidade do SUS Satildeo estas Unidade Baacutesica de Mandacaru Unidade de Sauacutede das
Praias Unidade de Sauacutede Lourival Gouveia de Moura Unidade de sauacutede Maria Luiza Targino
e Unidade de Sauacutede Francisco das Chagas Aleacutem disso dispotildee da oferta de consultas e
procedimentos nas cliacutenicas baacutesicas nos Centros de Atenccedilatildeo Integral agrave Sauacutede (CAIS) dos bairros
de Mangabeira Jaguaribe e Cristo
Conforme foi assinalado o cenaacuterio da pesquisa ocorreu especificamente no Distrito
Sanitaacuterio IV Este eacute composto por vinte e nove unidades distribuiacutedas pelos seguintes bairros
Roger Tambiaacute Centro Mandacaru Alto do Ceacuteu Varadouro Bairro dos Estados Bairro dos
Ipecircs Torre Trincheiras Ilha do Bispo e Treze de Maio como mostra a figura 2 a seguir
Figura 2 ndash Mapa do territoacuterio do Distrito Sanitaacuterio IV (2010)
Fonte ndash Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
56
Cumpre assinalar que elegemos o Distrito Sanitaacuterio IV como cenaacuterio de estudo em
virtude de sua localizaccedilatildeo ser de faacutecil acesso e ele ser considerado o segundo distrito a
apresentar um alto coeficiente de mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em 2009
(destacado no graacutefico 1) sendo uma realidade que sinaliza para a premente necessidade de
assistecircncia pautada nos Cuidados Paliativos
Graacutefico 1 ndash Coeficiente de Mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em 2009 Comparativo entre
Joatildeo Pessoa e Distritos Sanitaacuterios
Fonte Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
No referido distrito foi implantada a assistecircncia domiciliar com a finalidade de
garantir dentro dos princiacutepios do SUS a continuidade da assistecircncia em domiciacutelio visando-se
tambeacutem o restabelecimento e a manutenccedilatildeo da sauacutede dos usuaacuterios aleacutem da promoccedilatildeo de sua
autonomia independecircncia e participaccedilatildeo no seu contexto social por meio do desenvolvimento e
adaptaccedilatildeo de funccedilotildees elevando-se sua qualidade de vida e reduzindo-se as reinternaccedilotildees e
consequentemente os riscos impostos aos usuaacuterios familiares e cuidadores
Para a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a assistecircncia domiciliar eacute compreendida como
a provisatildeo de serviccedilos de sauacutede por prestadores formais e informais com o objetivo de
promover restaurar e manter o conforto funccedilatildeo e sauacutede das pessoas num niacutevel maacuteximo
inclusive cuidados para uma morte digna (BRASIL 2006)
Destarte acreditando numa aproximaccedilatildeo maior dos profissionais que compotildeem esse
distrito com os Cuidados Paliativos escolhemos o respectivo cenaacuterio para subsidiar a pesquisa
Os participantes da pesquisa foram trinta profissionais da aacuterea da Sauacutede de niacutevel
superior vinculados agraves unidades de sauacutede da famiacutelia do Distrito Sanitaacuterio IV no municiacutepio de
57
Joatildeo Pessoa distribuiacutedos da seguinte forma dez meacutedicos dez enfermeiros e dez cirurgiotildees-
dentistas Assinalamos que este nuacutemero foi considerado suficiente por quanto na pesquisa de
natureza qualitativa conforme explicita Moreira (2004) valoriza-se a qualidade com que o
fenocircmeno ocorre e natildeo a quantidade Nessa linha de pensamento Costa e Valle (2000)
assinalam que na pesquisa de natureza qualitativa natildeo importa a quantidade de participantes
envolvidos em uma investigaccedilatildeo e sim o aprofundamento qualitativo do fenocircmeno pesquisado
Minayo (2010) ao discutir a amostragem na pesquisa qualitativa afirma que nesta
haacute uma preocupaccedilatildeo menor com a generalizaccedilatildeo Na verdade haacute necessidade de um maior
aprofundamento e abrangecircncia da compreensatildeo Entatildeo para esta abordagem o criteacuterio
fundamental natildeo eacute o quantitativo mas sua possibilidade de incursatildeo ou seja eacute essencial que o
pesquisador seja capaz de compreender o objeto de estudo Logo a quantidade da amostra deve
permitir que haja a reincidecircncia de informaccedilotildees ou saturaccedilatildeo dos dados situaccedilatildeo ocorrida
quando nenhuma informaccedilatildeo nova eacute acrescentada com a continuidade do processo de pesquisa
Para a seleccedilatildeo da amostra utilizou-se como criteacuterios de inclusatildeo selecionar o
profissional da aacuterea da Sauacutede ndash meacutedico enfermeiro e cirurgiatildeo-dentista ndash que estivesse atuando
no distrito escolhido para o estudo no momento da coleta de dados incluir soacute quem tivesse no
miacutenimo um ano de atuaccedilatildeo profissional naquele local soacute incluir aquele que aceitasse participar
do estudo
Para a obtenccedilatildeo do material empiacuterico inicialmente optamos pela teacutecnica de entrevista
com a utilizaccedilatildeo do sistema de gravaccedilatildeo contudo alguns participantes solicitaram que natildeo
fosse empregada a referida teacutecnica
Diante da referida solicitaccedilatildeo aplicamos um formulaacuterio contendo perguntas
pertinentes aos objetivos propostos para a pesquisa Este instrumento foi composto de duas
partes a primeira abordou questotildees sobre dados soacutecio-demograacuteficos versando-se a conhecer o
perfil do profissional a segunda formulou questotildees voltadas mais diretamente aos Cuidados
Paliativos (APEcircNDICE A)
O material empiacuterico advindo destes profissionais foi codificado a partir da categoria
profissional a fim de se manter o anonimato deles Dessa forma os depoimentos oriundos dos
profissionais meacutedicos foram identificados pela letra ldquoMrdquo seguido de nuacutemeros de um a dez
Exemplo o primeiro profissional meacutedico foi codificado da seguinte maneira ldquoM1rdquo o segundo
profissional meacutedico ldquoM2rdquo e assim sucessivamente Em relaccedilatildeo ao profissional enfermeiro foi
atribuiacutedo o coacutedigo ldquoErdquo tambeacutem seguido de nuacutemeros de um a dez como terceiro profissional
enfermeiro ldquoE3rdquo Por fim ao profissional cirurgiatildeo-dentista foi determinada a letra ldquoDrdquo
58
acrescida do nuacutemero um a dez a fim de se destacar o profissional responsaacutevel por aquele
depoimento
A coleta de dados foi iniciada apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo Comitecirc de
Eacutetica em Pesquisa do Hospital Universitaacuterio Lauro Wanderlei da Universidade Federal da
Paraiacuteba sob o protocolo de nordm 77710 Sendo assim obedeceu-se aos procedimentos eacuteticos
relativos agrave Pesquisa Envolvendo Seres Humanos no cenaacuterio brasileiro referenciados nas
Diretrizes e Normas Regulamentadoras dispostas na Resoluccedilatildeo Nordm 19696 do Conselho
Nacional de Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2007)
A aproximaccedilatildeo com os participantes da pesquisa foi feita inicialmente mediante um
contato preacutevio com a Diretora do Distrito Sanitaacuterio IV do Municiacutepio de Joatildeo Pessoa a qual foi
informada acerca da proposta da pesquisa para que pudesse encaminhar a pesquisadora aos
profissionais de niacutevel superior da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia e lhes apresentasse o referido
projeto
Em seguida foi realizado um encontro entre a pesquisadora e os profissionais da
Sauacutede pertencentes a este Distrito Neste encontro foram abordados os objetivos do estudo
justificativa e procedimentos metodoloacutegicos
Nesta ocasiatildeo a pesquisadora apresentou aos participantes o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) ressaltando a liberdade de participar ou natildeo do
estudo e de desistir dele em qualquer momento da investigaccedilatildeo sem que isto lhes acarretasse
qualquer prejuiacutezo ou constrangimento A pesquisadora os esclareceu sobre a garantia do
anonimato do participante e da confidenciabilidade nos dados fornecidos Aleacutem disso
enfatizou a contribuiccedilatildeo da pesquisa para o reconhecimento da valoraccedilatildeo dos Cuidados
Paliativos pela equipe de sauacutede da famiacutelia
Os dados obtidos por meio do instrumento proposto foram agrupados e analisados
mediante a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo Esta eacute compreendida como um conjunto de teacutecnicas
de anaacutelise das comunicaccedilotildees que tem por finalidade a de obter procedimentos sistemaacuteticos e
objetivos de descriccedilatildeo do conteuacutedo e indicadores das mensagens os quais possibilitam a
induccedilatildeo de informaccedilotildees sobre as categorias de produccedilatildeo destas mensagens (BARDIN 2008)
Como unidade de registro para anaacutelise do material empiacuterico optamos pela anaacutelise de
conteuacutedo temaacutetica Nesta de acordo com Bardin (2008) a noccedilatildeo de tema eacute amplamente
utilizada e se constitui a unidade de significaccedilatildeo que emerge de um texto analisado segundo
determinados criteacuterios relativos agrave teoria que serve de guia para a leitura A mesma autora
afirma ainda que a noccedilatildeo de tema estaacute relacionada com uma afirmaccedilatildeo sobre determinado
assunto e que este tema pode ser uma palavra uma frase um resumo
59
Portanto fazer uma anaacutelise temaacutetica consiste em descobrir os nuacutecleos de sentidos que
compotildeem a comunicaccedilatildeo cuja presenccedila ou frequecircncia de apariccedilatildeo pode significar alguma coisa
para o objetivo analiacutetico escolhido Esta autora esclarece tambeacutem que a anaacutelise temaacutetica eacute
geralmente empregada para estudar as motivaccedilotildees as atitudes os valores as crenccedilas as
tendecircncias entre outros aspectos
Minayo (2010) acrescenta que ao tratar-se de modalidade temaacutetica que busca os
significados do fenocircmeno investigado no material qualitativo coletado mediante as falas dos
sujeitos elucida-se o ldquotemardquo como unidade de significado ndash o que possibilita desvelar os
ldquonuacutecleos do sentidordquo os quais contemplam as formas de comunicaccedilatildeo estabelecidas entre os
sujeitos da pesquisa
A autora ressalta que a operacionalizaccedilatildeo da teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo ocorre em
trecircs etapas a preacute-anaacutelise a exploraccedilatildeo do material e o tratamento dos resultados
A fase de preacute-anaacutelise eacute conceituada como a fase de organizaccedilatildeo propriamente dita dos
dados coletados Eacute neste momento (de acordo com os objetivos e questotildees do estudo) que se
define a unidade de registro a unidade de contexto os trechos significativos e as categorias
Esta fase pressupotildee o contato inicial com o material e com a escolha deste sendo portanto
realizada uma leitura flutuante com a finalidade de facilitar a compreensatildeo do fenocircmeno
investigado visando-se a alcanccedilar um entendimento mais aprofundado (MINAYO 2010)
Seguindo essas orientaccedilotildees selecionamos o material a ser analisado e em seguida
realizamos a transcriccedilatildeo na iacutentegra das respostas correspondentes aos questionamentos
propostos para o estudo Em seguida procedemos a sucessivas leituras de modo atento com
movimentos de ir e vir nos textos como forma de obter uma melhor compreensatildeo do conteuacutedo
abordado pelos profissionais inseridos no estudo
A fase denominada exploraccedilatildeo do material eacute compreendida como o momento extenso
do estudo podendo haver necessidade de realizar diversas leituras de um mesmo material
(MINAYO 2010) Por conseguinte durante esta etapa trabalhamos de maneira
individualizada com uma questatildeo comum a todos os participantes e assim deu sequecircncia agraves
outras necessitando dessa forma como jaacute foi dito um maior movimento de ir e vir nos textos
no intuito de encontrar um mesmo ponto relevante apresentado numa mesma questatildeo comum a
todos
Logo em seguida destacamos os pontos convergentes com a finalidade de identificar o
significado e o sentido de cada fragmento dos discursos trabalhados Tal atividade possibilitou
explorar o material apresentado para se chegar agrave categorizaccedilatildeo Esta permite o pesquisador
60
ldquo[] agrupar elementos ideias ou expressotildees em torno de um conceitordquo (MINAYO 2010 p
70) capaz de contemplar a essecircncia do mesmo
Para tanto foram realizadas incessantes releituras dos conteuacutedos transcritos do
material empiacuterico coletado procurando-se identificar e realccedilar os seguimentos dos discursos
correspondentes expressos no universo de cada foco comum das questotildees trabalhadas em seus
vaacuterios sentidos
Em seguida esses dados foram compilados agregando-se os trechos dos pontos
convergentes e os de cada questatildeo abordada com seu respectivo foco comum Desse modo foi
possiacutevel identificar as seguintes categorias temaacuteticas Cuidados Paliativos ndash aspectos
conceituais e modalidades terapecircuticas com suas respectivas subcategorias ndash Cuidados
Paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de cura
modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees
O tratamento dos resultados eacute caracterizado como a fase em que se tenta desvendar o
conteuacutedo subjacente ao que estaacute sendo manifesto buscando-se compreender as caracteriacutesticas
do fenocircmeno analisado Durante esta fase satildeo abordadas as inferecircncias e interpretaccedilotildees
anunciadas no referencial teoacuterico do estudo proposto culminando-se em novas descobertas
sendo isto um alicerce para novas dimensotildees teoacutericas ante o fenocircmeno investigado (MINAYO
2010)
Na anaacutelise final a pesquisadora realizou a articulaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo do material
empiacuterico com base na literatura pertinente ao tema em estudo a fim de proceder agrave descriccedilatildeo
dos dados obtidos a partir dos relatos dos profissionais inseridos na pesquisa bem como
conjeturar novas possibilidades acerca da investigaccedilatildeo proposta
61
5 Apresentaccedilatildeo dos dados e
discussatildeo dos resultados
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
62
Este capiacutetulo tem por objetivo o de apresentar dados relacionados com os participantes
inseridos no estudo os quais viabilizaram a realizaccedilatildeo deste estudo Em seguida seratildeo
apresentadas as categorias e subcategorias temaacuteticas que emergiram do material empiacuterico do
estudo mediante a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (2008)
51 APRESENTACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA
Esta investigaccedilatildeo foi realizada com os profissionais da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV constituiacuteda por uma amostra de trinta sujeitos sendo dez
enfermeiros dez meacutedicos e dez cirurgiotildees-dentistas Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria observamos
uma variaccedilatildeo entre os vinte e oito e os setenta e trecircs anos Os referidos participantes concluiacuteram
a formaccedilatildeo acadecircmica entre 1967 e 2009 Ressaltamos que a instituiccedilatildeo de ensino de maior
prevalecircncia foi a Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB)
Em relaccedilatildeo agrave titulaccedilatildeo averiguamos que vinte e quatro dos profissionais inseridos no
presente estudo satildeo especialistas Dentre esta amostra treze possuem cursos lato sensu em
aacutereas relacionadas com a atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo Baacutesica como Sauacutede da Famiacutelia Sauacutede Puacuteblica e
Sauacutede Coletiva Segundo Gil (2005) desde a deacutecada de 1990 com a criaccedilatildeo do PSF tem sido
unacircnime o reconhecimento acerca da importacircncia de construir um novo modo de fazer sauacutede e
ao mesmo tempo a constataccedilatildeo de que o perfil dos profissionais formados natildeo se encontra
bastante adequado a habilitaacute-los para uma atuaccedilatildeo na perspectiva da atenccedilatildeo integral agrave sauacutede
nas praacuteticas que contemplem accedilotildees de promoccedilatildeo proteccedilatildeo prevenccedilatildeo atenccedilatildeo precoce cura e
reabilitaccedilatildeo
Para tanto o Ministeacuterio da Sauacutede criou em 2000 os cursos de especializaccedilatildeo e
residecircncia multiprofissional em Sauacutede da Famiacutelia Esses cursos tiveram a finalidade de dar
suporte teoacuterico e praacutetico aos profissionais jaacute inseridos nas equipes e oferecer em especial aos
receacutem-egressos dos cursos de Medicina e Enfermagem uma formaccedilatildeo mais voltada agraves
necessidades do PSF Outro objetivo para a criaccedilatildeo desses cursos foi o de estimular no interior
das universidades e das escolas estaduais de sauacutede puacuteblica a inserccedilatildeo de conteuacutedos pertinentes
agrave Sauacutede da Famiacutelia nos programas de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu (GIL 2005)
Quanto ao tempo de atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo Baacutesica especificamente na Estrateacutegia Sauacutede
da Famiacutelia os profissionais referiram o periacuteodo de dois a vinte anos de atuaccedilatildeo nesta aacuterea
63
52 APRESENTACcedilAtildeO DO MATERIAL EMPIacuteRICO DO ESTUDO
O material empiacuterico do estudo eacute oriundo das seguintes questotildees norteadoras
Que vocecirc entende por Cuidados PaliativosNo seu entendimento quais as
modalidades terapecircuticas empregadas nos Cuidados Paliativos Na sua visatildeo quais os
profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Na sua concepccedilatildeo que eacute necessaacuterio para se viabilizar a implantaccedilatildeo de Cuidados Paliativos
na Atenccedilatildeo Baacutesica
As respostas obtidas a partir destas questotildees possibilitaram a construccedilatildeo de duas
categorias apresentadas a seguir
CUIDADOS PALIATIVOS ASPECTOS CONCEITUAIS E MODALIDADES
TERAPEcircUTICAS
Nesta categoria seratildeo destacados trechos dos depoimentos dos profissionais da Sauacutede
inseridos no estudo acerca da compreensatildeo deles sobre Cuidados Paliativos Em seguida seraacute
evidenciado o entendimento dos participantes a respeito das modalidades terapecircuticas
empregadas nessa modalidade de cuidar Desta temaacutetica surgiram duas subcategorias
ldquoCuidados paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de
curardquo e ldquoModalidades terapecircuticas em cuidados paliativosrdquo
Cuidados Paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de
cura
Os Cuidados Paliativos ao contraacuterio do que se pensa natildeo representam uma omissatildeo de
tratamentos e cuidados eles tecircm sua filosofia baseada na prestaccedilatildeo de cuidados que avaliam o
paciente dentro das dimensotildees que o compotildeem (biopsiacutequico-social-espiritual) e nos cuidados que
podem ser atribuiacutedos a esse paciente de modo que lhe ofereccedilam o conforto e o aliacutevio necessaacuterio
procurando atenuar os efeitos de uma situaccedilatildeo fisioloacutegica desfavoraacutevel originada por um quadro
patoloacutegico que natildeo responde mais a intervenccedilotildees terapecircuticas curativas (OLIVEIRA SAacute SILVA
2007)
Arauacutejo (2011) assinala que o conhecimento e praacutetica dos profissionais da Sauacutede sobre
os Cuidados Paliativos natildeo apenas no Brasil mas em acircmbito mundial estatildeo atrelados a alguns
fatores que tecircm contribuiacutedo para o crescimento exponencial do interesse Um dos fatores a ser
64
ponderado foi a reformulaccedilatildeo do conceito de Cuidados Paliativos feita pela Organizaccedilatildeo
Mundial de Sauacutede (OMS) em 2002 Essa revisatildeo modificou o objeto dos Cuidados Paliativos
de pacientes oncoloacutegicos sem prognoacutestico de cura para pacientes acometidos por doenccedilas
crocircnicas que natildeo respondem ao tratamento curativo
Dessa forma o cuidado que ateacute entatildeo era destinado exclusivamente aos pacientes com
cacircncer passou a ser preconizado e praticado tambeacutem a pacientes portadores de doenccedilas
cronodegenerativas (doenccedilas cardiacuteacas respiratoacuterias neuroloacutegicas renais infectocontagiosas
como a AIDS) quando estas estatildeo em fase avanccedilada e natildeo mais responsiva a tratamentos
curativos visando-se ao aliacutevio da dor e sofrimento que tratamentos invasivos e pouco
resolutivos causam nesta etapa
Com a referida revisatildeo referindo-se a pacientes com patologias crocircnicas profissionais
da Sauacutede das mais diversas aacutereas tecircm entrado em contato com a filosofia paliativista ao
buscarem cuidado de melhor qualidade com os pacientes em estaacutegio avanccedilado de patologias
que ainda natildeo satildeo passiacuteveis de cura
Com base nesse entendimento fica evidenciada a importacircncia da praacutetica dos Cuidados
Paliativos para assistir pacientes sem possibilidades terapecircuticas de cura e em fase terminal
Isto pode ser constatado nos trechos dos depoimentos dos participantes do estudo a seguir
Cuidados paliativos satildeo aqueles em que quando jaacute se esgotaram todas as possibilidades
de cura da doenccedila o paciente continua sendo assistido pelos profissionais da Sauacutede para
que o mesmo tenha uma morte menos sofrida (M2)
Satildeo aqueles oferecidos com objetivo de minorar o sofrimento uma vez que satildeo usados em
casos que natildeo haacute resoluccedilatildeo ou seja cura total (M5)
Satildeo cuidados que proporcionam uma melhora no quadro patoloacutegico do enfermo
aliviando o sofrimento fiacutesico e espiritual (M8)
Satildeo cuidados prestados aos pacientes em estado terminal que visam proporcionar uma
melhor qualidade de vida [] (D3)
[] cuidados paliativos satildeo aqueles cuidados para pacientes terminais idosos e
especiais que precisam mais de carinho e amor que o proacuteprio medicamento (D5)
Consiste na assistecircncia promovida por uma equipe interdisciplinar com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida do paciente terminal (D9)
Cuidados prestados com a finalidade de diminuir a dor ou sofrimento do paciente (E1)
Satildeo cuidados direcionados a pacientes terminais acamados para minimizar o sofrimento
(E4)
65
Satildeo tentativas de prevenccedilatildeo da progressatildeo dos problemas decorrentes de doenccedilas
prolongadas e incuraacuteveis diminuindo o sofrimento e proporcionando melhor qualidade
de vida ao paciente (E8)
Assistecircncia cujo objetivo eacute o de aliviar a dor melhorar a qualidade de vida diante de uma
enfermidade que natildeo tem cura ou ameaccedila a vida (E9)
Esses trechos dos depoimentos satildeo demonstrativos da valoraccedilatildeo da praacutetica dos
Cuidados Paliativos para se propiciar uma assistecircncia humanizada e direcionada a pacientes
com doenccedilas incuraacuteveis e em fase terminal com vistas agrave promoccedilatildeo da qualidade de vida e
minimizaccedilatildeo do sofrimento em decorrecircncia de doenccedila terminal Dessa forma constatamos que
os meacutedicos os cirurgiotildees-dentistas e os enfermeiros todos inseridos no estudo consideram os
Cuidados Paliativos como cuidados de conforto para o paciente cuidado para boa morte
cuidado biopsiacutequicoespiritual e cuidado interdisciplinar
As ponderaccedilotildees apresentadas estatildeo em consonacircncia com a afirmativa de Caponero
(2002) ao ressaltar que os Cuidados Paliativos fundamentam-se em uma concepccedilatildeo global e
ativa do tratamento compreendendo a atenccedilatildeo aos aspectos fiacutesicos sociais e espirituais das
pessoas que estatildeo com doenccedila incuraacutevel
Sousa et al (2010) assinalam que os Cuidados Paliativos constituem um campo
interdisciplinar de cuidados totais ativos e integrais dispensados aos pacientes com doenccedilas
avanccediladas e sem possibilidades de cura desde o estado inicial ateacute agrave fase terminal
Nessa linha de pensamento merecem destaque alguns depoimentos dos participantes
da pesquisa no que se refere aos grupos de pacientes que necessitam de Cuidados Paliativos a
saber pacientes em fase terminal e sem possibilidades terapecircuticas de cura como evidenciam
os trechos a seguir
[] pacientes que se encontram hospitalizados os quais jaacute estatildeo em estaacutegios avanccedilados
da doenccedila (M2)
Pacientes em fase terminal ou cacircncer e patologias crocircnicas insuficiecircncia renal e
hepaacutetica (M5)
Pacientes em estaacutegio terminal ou acamados por doenccedilas crocircnicas (ex AVC) [] (M8)
Aleacutem dos pacientes que se encontram em fase terminal de doenccedilas como o cacircncer []
bem como aqueles que sofrem de doenccedilas irreversiacuteveis com pouca sobrevida ou com
prognoacutestico desfavoraacutevel a sua cura (D3)
[]pacientes desenganados(D6)
66
Satildeo destinados ao paciente em fase terminal como por exemplo os pacientes
oncoloacutegicos e ainda pacientes com doenccedilas crocircnicodegenerativas (D10)
Na minha opiniatildeo pode ser aplicado em qualquer pessoa que esteja com um problema de
sauacutede e em que se natildeo for possiacutevel fazer tratamento definitivo ou cura (E1)
Idosos ou pacientes acamados ou restritos ao leito por algum motivo ou que foram
desenganados pela Medicina (E2)
Insuficiecircncia renal cardiacuteaca e respiratoacuteria pacientes com insuficiecircncia hepaacutetica
doenccedilas neuroloacutegicas degenerativas e graves e tambeacutem o portador de AIDS (E8)
Esses depoimentos deixam transparecer de modo enfaacutetico a compreensatildeo de
meacutedicos cirurgiotildees-dentistas e enfermeiros da ESF todos envolvidos no estudo dos grupos
que necessitam destes cuidados especiais para pacientes que se encontram acometidos por
doenccedilas incuraacuteveis bem como pacientes em fase de terminalidade
Sousa et al (2010) afirmam que a inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na praacutetica
assistencial eacute primordial para se estabelecer um cuidado em que satildeo adotadas medidas
humanizadas direcionadas aos pacientes terminais e sem possibilidades terapecircuticas de cura
tanto no iniacutecio da doenccedila como em sua fase final Entende-se assim que tais cuidados
baseiam-se na concepccedilatildeo de que o paciente mesmo estando em estado terminal pode fazer da
vida uma experiecircncia de crescimento e realizaccedilatildeo Isto porque na vida ele natildeo se resume
somente a um corpo fiacutesico em que na condiccedilatildeo de terminalidade nada pode ser feito mas tem
o direito de receber o melhor cuidado com uma assistecircncia que lhe promova qualidade de vida
e manutenccedilatildeo do conforto e atue no auxiacutelio das funccedilotildees fisioloacutegicas respeitando-se as suas
necessidades de maneira humanizada
Dessa maneira tais cuidados envolvem um processo interior de busca e despertar de
valores sempre que a ocasiatildeo se origina de um envolvimento de um cuidado empaacutetico e natildeo
somente de um cuidado diretivo e teacutecnico Nesta maneira de cuidar o profissional da Sauacutede
busca propiciar uma assistecircncia humaniacutestica ao paciente e seus familiares
A literatura dos Cuidados Paliativos realccedila a presenccedila dos familiares como elemento
colaborador no cuidar do paciente sendo este considerado participante ativo no planejamento
de todo cuidado a ser implementado (MELO FIGUEIREDO 2006) Por conseguinte eacute
imprescindiacutevel que o profissional da ESF compreenda que a famiacutelia tambeacutem necessita de
cuidados
Tal relevacircncia foi apontada por alguns participantes do estudo ao assinalarem que os
Cuidados Paliativos podem ldquo[] ajudar a famiacutelia a lidar com a doenccedila e o doenterdquo (E9) ldquo[]
67
visam proporcionar uma melhor qualidade de vida com menos sofrimento para ele e seus
familiaresrdquo (D3) e ldquo[] eacute a assistecircncia interdisciplinar que tem como objetivo melhorar a
qualidade de vida do paciente e sua famiacutelia diante de uma doenccedila que ameaccedila sua vidardquo (D10)
Arauacutejo (2011) pondera que a famiacutelia eacute muito valorizada no acircmbito dos Cuidados
Paliativos porque aleacutem de configurar-se como fonte de apoio e estiacutemulo para o paciente no
enfrentamento do processo de adoecimento e morte mostra-se como uma continuidade do
proacuteprio paciente representando seus valores e demandas em situaccedilotildees que ele natildeo pode
resolver por si proacuteprio
Neste sentido os Cuidados Paliativos visam ao controle dos sofrimentos fiacutesicos
emocionais espirituais e sociais do paciente e sua famiacutelia na presenccedila de doenccedilas sem
possibilidades terapecircuticas de cura Os profissionais que implementam em sua assistecircncia os
Cuidados Paliativos devem assimilar diferenciadas formas de cuidado destacando a busca de
uma relaccedilatildeo dialoacutegica associada ao saber ouvir com o paciente e com a famiacutelia reforccedilada pelo
viacutenculo e pela confianccedila entre o profissional e o pacientefamiacutelia
Em pesquisa desenvolvida por Santos (2009) constatou-se que se o paciente estaacute bem
cuidado confortado e respeitado o familiar sente-se cuidado tambeacutem O estudo esclarece ainda
que o familiar quando se envolve no processo de cuidado de seu parente percebe que o estaacute
acolhendo e cuidando
Sendo assim na abordagem dos Cuidados Paliativos o envolvimento da famiacutelia eacute
primordial retomando-se o sentido de que esta exerce um importante papel no crescimento e
desenvolvimento dos indiviacuteduos e na recuperaccedilatildeo da sauacutede (FERREIRA SOUZA STUCHI
2008)
Ferreira Chico e Hayhashi (2005) chamam a atenccedilatildeo para o fato de que quando um
indiviacuteduo recebe um diagnoacutestico de que a doenccedila estaacute fora de possibilidades de cura sua
famiacutelia sofre com ele e o impacto eacute sempre muito doloroso Em consequecircncia disso cada
famiacutelia pode manifestar reaccedilotildees distintas como negaccedilatildeo reserva ou fechamento ao diaacutelogo
Diante dessas ponderaccedilotildees observamos que a famiacutelia eacute aspecto fundamental para o
paciente que vivencia o processo de morrer sendo considerada fonte de apoio e estiacutemulo para o
enfrentamento de diversos problemas que permeiam esta situaccedilatildeo Arauacutejo (2006) assinala que a
rede familiar que apoia o paciente compreende natildeo apenas os seus consaguiacuteneos mas tambeacutem
as pessoas proacuteximas com quem ele possui um relacionamento mais estreito
Bielemann (2003) salienta que a famiacutelia eacute considerada um espaccedilo social cujos
membros interagem trocam informaccedilotildees e ao identificarem problemas de sauacutede apoiam-se
mutuamente Eacute um grupo social dinacircmico um sistema aberto para trocas cuja concepccedilatildeo varia
68
de acordo com a cultura e com o momento vivenciado Como unidade a famiacutelia representa mais
do que a soma de caracteriacutesticas individuais de seus membros
Arauacutejo (2006) em estudo que desenvolveu reconheceu por meio da visatildeo dos
participantes do estudo que o referido apoio pode ser sinocircnimo de forccedila suporte base alento
um porto seguro que independente das adversidades sempre estaraacute laacute para acolher e
aconchegar o membro que passa por um problema Portanto perante o sofrimento vivenciado
o apoio passa a ter sentido de encorajamento estiacutemulo incentivo forccedila que incita o indiviacuteduo a
lutar pela vida
Destarte independente do seu contexto a famiacutelia eacute apontada pela literatura como uma
das principais fontes de sustentaccedilatildeo e estiacutemulo para o enfrentamento de uma doenccedila
considerada terminal (KUumlBLER-ROSS 2002 SALES MOLINA 2004 MALUF MORI
BARROS 2005)
Eacute de fundamental importacircncia que os profissionais da aacuterea da Sauacutede inseridos no
contexto da Atenccedilatildeo Baacutesica compreendam o significado real da filosofia dos Cuidados
Paliativos promovendo a valorizaccedilatildeo do ser humano no processo sauacutede-doenccedila com o escopo
de sempre lhe propiciar uma melhor qualidade de vida quando natildeo existir mais possibilidade
terapecircutica bem como promover suporte aos seus familiares durante o estaacutegio da doenccedila e no
processo da morte e do morrer
No campo da filosofia dos Cuidados Paliativos outro aspecto merecedor de destaque
diz respeito agraves modalidades terapecircuticas Nesse sentido os profissionais envolvidos no estudo
evidenciaram algumas modalidades destacadas na subcategoria a seguir
Modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos
Eacute notoacuterio que os Cuidados Paliativos estatildeo constituindo um corpo de conhecimentos
que vem tornando-se objeto do trabalho dos profissionais da Sauacutede tendo em vista o aumento
da sobrevida de pacientes portadores de doenccedilas crocircnicas sendo essenciais para a promoccedilatildeo de
sua qualidade de vida e bem-estar
Sob esse prisma para o alcance de uma proposta de uma assistecircncia holiacutestica os
Cuidados Paliativos utilizam-se das diferenciadas modalidades terapecircuticas Segundo os
depoimentos a seguir seratildeo apontadas algumas destas modalidades ressaltadas pelos
participantes do estudo
69
Atendimento fisioterapecircutico apoio psicoloacutegico atenccedilatildeo e carinho e tratamentos
alopaacuteticos eou homeopaacuteticos para aliviar a dor e a tensatildeo sempre que necessaacuterio (M1)
Entendo que as modalidades terapecircuticas visam a farmacologia com a finalidade de
diminuir a dor fiacutesica seria a psicoloacutegica com finalidade de amenizar o sofrimento mental
dos mesmos e seus familiares (M2)
O carinho o amor no desenvolvimento de praacuteticas paliativas (M6)
Atenccedilatildeo psicossocial fisioterapia tratamento para aliacutevio da dor (D3)
[] massagens e medicaccedilatildeo (D4)
A conversa carinhosa a visita diaacuteria e amor (D5)
Aliacutevio da dor e sofrimento assistecircncia psicoloacutegica (D10)
[]apoio espiritual (E2)
Atraveacutes de medicamentos massagem yoga acunputura Reik escuta qualificada
meditaccedilatildeo psicologia (E3)
Fitoterapia homeopatia medicina alternativa alimentaccedilatildeo alternativa acupuntura
educaccedilatildeo alimentar espiritualidade (E7)
Nos trechos dos depoimentos dos profissionais envolvidos no estudo eacute notoacuterio o
reconhecimento de diversas modalidades terapecircuticas empregadas nos Cuidados Paliativos
evidenciando-se que eles conhecem vaacuterias possibilidades terapecircuticas direcionadas ao paciente
sem possibilidades de cura
Considerando as modalidades usualmente empregadas na praacutetica dos Cuidados
Paliativos referenciadas pelos participantes optamos por apresentaacute-las em dois grupos o
primeiro direcionado para a intervenccedilatildeo bioloacutegica e o segundo para a intervenccedilatildeo
psicoterapecircutica
No que tange agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica em Cuidados Paliativos os trabalhadores
envolvidos no estudo destacaram a farmacologia a fisioterapia e a nutriccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave
intervenccedilatildeo psicoterapecircutica enfatizaram o emprego da comunicaccedilatildeoescuta qualificada da
psicologia e da espiritualidade
Dentre as intervenccedilotildees bioloacutegicas a modalidade nutricional eacute utilizada para o controle
de sintomas valorizaccedilatildeo dos alimentos preferenciais adequaccedilatildeo da dieta conforto emocional
diminuiccedilatildeo da ansiedade aumento da autoestima e respeito ao desejo de alimentos manifestado
pelo proacuteprio paciente
70
A alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo para o paciente terminal constituem uma parcela desse
cuidado tatildeo importante quanto a escuta o diaacutelogo o acompanhamento a leitura o canto entre
outros (FERRER LABRADA LOacutePEZ 2009)
Nesse enfoque observamos que essa modalidade terapecircutica eacute de suma relevacircncia
uma vez que partindo de uma abordagem integral do paciente pode-se promover o aliacutevio dos
sintomas tais como perda de peso anorexia disgeusia (distorccedilatildeo do senso do paladar)
xerostomia (sensaccedilatildeo subjetiva de boca seca) entre outros
No tocante aos sintomas gastrointestinais Santos (2002) destaca a constipaccedilatildeo
porquanto tem ocorrido um aumento da demanda de pacientes em Cuidados Paliativos
apresentando tal sintoma Trata-se de um sintoma comum que interfere na qualidade de vida de
pacientes podendo o controle dele ser conseguido por meio de intervenccedilatildeo nutricional
adequada permitindo-se que seja minimizado sem que meacutetodos invasivos e desconfortaacuteveis
sejam utilizados
De acordo com Silva et al (2009) o papel do nutricionista deve ser o de atuar em
equipe multiprofissional para que todos os profissionais envolvidos alcancem um objetivo
comum o de proporcionar conforto e melhorar a qualidade de vida de pacientes que recebem
esse tipo de cuidado Aleacutem disso eacute inegaacutevel a valorizaccedilatildeo do papel do nutricionista na equipe
multiprofissional sobretudo na decisatildeo de manter ou suspender a alimentaccedilatildeo e a hidrataccedilatildeo de
pacientes que estatildeo em Cuidados Paliativos por entender-se a importacircncia do consumo de
alimentos para minimizar desconfortos nutrir e proporcionar prazer
Portanto tratando-se de Cuidados Paliativos em que todos os esforccedilos devem estar
direcionados agrave promoccedilatildeo do bem-estar fiacutesico e psicoloacutegico dos pacientes o profissional
nutricionista deve ter em mente que o consumo de alimentos eacute capaz de minimizar
desconfortos cuidar de distuacuterbios orgacircnicos nutrir e proporcionar prazer (SANTOS 2002)
Em relaccedilatildeo agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica farmacoloacutegica os profissionais que compotildeem a
ESF devem reconhecer que a utilizaccedilatildeo da farmacoterapia eacute de grande relevacircncia para
pacientes que se encontram na terminalidade Haja vista que o emprego de cuidados teacutecnicos
satildeo importantes nos Cuidados Paliativos para aliacutevio da dor e de outros sintomas decorrentes da
doenccedila terminal
Essa assertiva eacute corroborada por Bonfaacute Vinagre e Figueiredo (2008) ao afirmarem
que ao emprego de drogas em pacientes sem possibilidade de cura procede-se com o propoacutesito
de aliviar o quadro de dor em que estes se encontram Acrescentam que dentre as drogas
existentes para essa finalidade destaca-se a Cannabis sativa (Cs) cuja accedilatildeo eacute capaz de
amenizar a dor crocircnica visto que promoveraacute efeitos ansioliacuteticos analgesia e aumento da
71
toleracircncia agrave dor Aleacutem desses benefiacutecios esta droga age com outros princiacutepios que seratildeo
imperiosos para o bem-estar do paciente tais como estiacutemulo do apetite no estado de caquexia
accedilatildeo antiemeacutetica relaxamento muscular para aliacutevio da espasticidade atividade antitumoral e
anti-inflamatoacuteria no cacircncer entre outros Entretanto eacute importante ressaltar que para se
utilizarem os canabinoides como analgeacutesicos devem ser consideradas limitaccedilotildees que essa
alternativa terapecircutica apresenta porquanto ainda eacute incipiente a realizaccedilatildeo de pesquisas
voltadas para a sua recomendaccedilatildeo agrave pacientes crocircnicos
Em estudo desenvolvido por Santos et al (2009) verificou-se que a utilizaccedilatildeo de
Cuidados Paliativos ocorreu por meio da administraccedilatildeo de faacutermacos para o alcance da sedaccedilatildeo
com o intuito de diminuir o niacutevel de consciecircncia de um doente com doenccedila avanccedilada ou
terminal a fim de controlar alguns sintomas
A sedaccedilatildeo paliativa eacute um procedimento terapecircutico de indicaccedilatildeo meacutedica destinada
para aliacutevio de sintomas que podem aparecer no contexto de doentes no final da vida Observa-
se ainda que eacute utilizada como uma modalidade terapecircutica de Cuidados Paliativos e que o
emprego dela estaacute intrinsecamente relacionado com o surgimento de sintomas como deliacuterio
dor e dispneias Tais sintomas aparecem comumente de forma simultacircnea (GIROND
WATERKEMPER 2006)
Quanto agrave intervenccedilatildeo fisioterapecircutica apontada pelos profissionais participantes do
estudo Marcucci (2005) assinala que os profissionais da Fisioterapia possuem um arsenal
abrangente de teacutecnicas que complementam os Cuidados Paliativos na melhora da
sintomatologia e consequentemente na da qualidade de vida Destaca-se neste arsenal a
terapia para a dor aliacutevio de sintomas psicofiacutesicos atuaccedilatildeo nas complicaccedilotildees
osteomioarticulares reabilitaccedilatildeo de complicaccedilotildees linfaacuteticas atuaccedilatildeo na fadiga melhora da
funccedilatildeo pulmonar cuidados com as uacutelceras de pressatildeo fisioterapia nos Cuidados Paliativos
pediaacutetricos entre outros
Assim compreendemos que o fisioterapeuta deteacutem meacutetodos e recursos exclusivos de
sua profissatildeo que satildeo imensamente uacuteteis nos Cuidados Paliativos porque busca a melhora das
condiccedilotildees de vida dos pacientes sem possibilidades curativas reduzindo os sintomas e
promovendo sua independecircncia funcional
Em relaccedilatildeo agrave intervenccedilatildeo psicoterapecircutica conforme foi assinalada nos trechos dos
participantes do estudo observamos a referecircncia da comunicaccedilatildeoescuta qualificada a da
psicologia e a da espiritualidade modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos
No contexto dos Cuidados Paliativos o emprego adequado da comunicaccedilatildeo eacute
considerado como um pilar baacutesico para sua eficaz implementaccedilatildeo (KOacuteVACS 2004)
72
representando o suporte utilizado pelo paciente por meio do qual ele pode expressar-se e
realizar seus anseios necessitando para tanto de um cuidado integral e humanizado
Este tipo de cuidado integral e humanizado soacute eacute possiacutevel quando o profissional faz uso
de habilidades de comunicaccedilatildeo estabelecendo esta de forma efetiva e compassiva com o
paciente e sua famiacutelia sobre assuntos referentes agrave terminalidade
Em estudo realizado por Arauacutejo e Silva (2007) observou-se que o paciente no quadro
da terminalidade anseia por uma comunicaccedilatildeo que alcance algo a mais ou seja deixe de ser
aquela que trata apenas de transmitir informaccedilotildees e passe a ser transmitida de forma
diferenciada com emprego de palavras e atitudes (comunicaccedilatildeo verbal e natildeo verbal) que
revelem mensagens de atenccedilatildeo e cuidado
Para tanto eacute imperioso que o profissional modifique a sua forma de assistir passando
do fazer para o escutar perceber compreender identificar necessidades para soacute entatildeo planejar
accedilotildees
Inaba e Silva (2002) chamam a atenccedilatildeo para a importacircncia da comunicaccedilatildeo natildeo
verbal considerando-a essencial ao cuidado humano pelo fato de resgatar a capacidade do
profissional da Sauacutede para perceber com maior precisatildeo os sentimentos do paciente suas
duacutevidas e dificuldades de verbalizaccedilatildeo aleacutem de o ajudar a potencializar sua proacutepria
comunicaccedilatildeo
De acordo com Silva (2003) eacute crucial para o cuidado com o paciente sem
possibilidades de cura que o profissional perceba compreenda e empregue adequadamente a
comunicaccedilatildeo natildeo verbal Haja vista que ela permite a percepccedilatildeo e compreensatildeo dos
sentimentos duacutevidas e anguacutestias do paciente assim como o entendimento e clarificaccedilatildeo de
gestos expressotildees olhares e linguagem simboacutelica tiacutepicos de quem estaacute morrendo
Na comunicaccedilatildeo natildeo verbal Higuera (2005) destaca a grandeza da escuta ativa no
processo de Cuidados Paliativos que eacute compreendida como o cuidador concentrar-se no outro
sem interrompecirc-lo deixando-o falar respeitando o silecircncio para que possa escutar suas
duacutevidas inseguranccedilas desconforto e ateacute mesmo o seu medo
Arauacutejo (2011) assinala que a escuta ativa envolve o uso terapecircutico do silecircncio a
emissatildeo consciente de sinais faciais natildeo verbais que denotam interesse no que estaacute sendo dito
(manutenccedilatildeo de contato visual meneios positivos de cabeccedila) a aproximaccedilatildeo fiacutesica e a
orientaccedilatildeo do corpo com o tronco voltado para a pessoa e o uso de expressotildees verbais curtas
que encorajam a continuidade da fala tais como ldquoE entatildeordquo ldquoestou te escutandordquo entre
outras
73
Higuera (2005) adverte que escutar natildeo eacute apenas ouvir mas permanecer em silecircncio
utilizar gestos de afeto e sorriso que expressem aceitaccedilatildeo e estimulem a expressatildeo de
sentimentos Tal ponderaccedilatildeo pode ser contemplada nos depoimentos dos profissionais
participantes da pesquisa expressos a seguir
[] acolher o paciente e fazer a escuta (M1)
E principalmente conversa manter o ciclo de conversa [](D2)
Agraves vezes soacute a sua presenccedila toque um olhar um gesto de carinho jaacute eacute uma estrateacutegia
(D6)
[] escutar o paciente (E1)
Escutar o usuaacuterio (E5)
Acredito que um aperto de matildeo um olhar carinhoso [] (M8)
Com base nas narrativas observamos a sensibilidade dos profissionais para o emprego
dessa modalidade no contexto do cuidado os quais reconhecem-na como importante estrateacutegia
para o relacionamento pessoal Eacute imprescindiacutevel dessa forma este profissional ser orientado
para compreender o momento de falar e aquilo que vai falar possibilitar atitudes de
compreensatildeo aceitaccedilatildeo e afeto como calar e escutar como estar proacuteximo e mais acessiacutevel agraves
necessidades destas pessoas
Silva (2008) pondera que as habilidades de comunicaccedilatildeo natildeo satildeo adquiridas com o
tempo mas sim com educaccedilatildeo especiacutefica Portanto mostra-se urgente e necessaacuteria a educaccedilatildeo
destes profissionais em comunicaccedilatildeo interpessoal para que possam desenvolver suas
habilidades relacionais e comunicacionais e aplicaacute-las em seu cotidiano de cuidados a
pacientes sem possibilidades de cura
Dessa forma todos os membros da equipe de sauacutede devem possuir e aprimorar as suas
habilidades de comunicaccedilatildeo uma vez que tecircm como base de seu trabalho as relaccedilotildees humanas
Assim para o relacionamento interpessoal entendido como qualquer interaccedilatildeo face a face entre
duas ou mais pessoas onde haacute troca reciacuteproca de sinais a comunicaccedilatildeo eacute instrumento essencial
(LITLEJOHN 1988)
Arauacutejo (2006) afirma que todo processo de comunicaccedilatildeo interpessoal que ocorre entre
o paciente e quem dele cuida eacute complexo e subjetivo envolvendo a percepccedilatildeo a compreensatildeo
e a transmissatildeo de mensagens de ambas as partes Nesse sentido a comunicaccedilatildeo verbal torna-se
insuficiente para caracterizar essa interaccedilatildeo necessitando qualificaacute-la dar a ela emoccedilotildees
74
enfim um contexto que proporcione ao homem perceber e compreender natildeo soacute o que
significam as palavras mas tambeacutem o que o emissor da mensagem sente
Em relaccedilatildeo ao emprego da Psicologia como modalidade terapecircutica em Cuidados
Paliativos conforme foi destacado por alguns participantes deste estudo esta eacute utilizada com o
paciente com o familiar e com a equipe de forma conjunta ou individual com a finalidade de
avaliar suas condiccedilotildees psiacutequicas para o enfrentamento do adoecimento e da morte
Sheliemann (2011) lembra que essa avaliaccedilatildeo necessita respeitar as condiccedilotildees fiacutesicas e
emocionais que cada patologia provoca naquela que adoece e como ela reage a essa nova
situaccedilatildeo Acrescenta ainda que o psicoacutelogo eacute por sua formaccedilatildeo o profissional que tem a
priori um manejo melhor para lidar com os sentimentos das pessoas e auxiliaacute-las na resoluccedilatildeo
dos conflitos
O cuidado com a dimensatildeo emocional eacute de suma importacircncia para quem vivencia o
processo de morrer uma vez que situaccedilotildees de estresse psicoloacutegico satildeo comuns entre estes
pacientes Em recente estudo multicecircntrico alematildeo realizado por Herschback et al (2008) que
procuraram averiguar caracteriacutesticas de estresse psicoloacutegico em 6365 pacientes com cacircncer
constataram que eles sob Cuidados Paliativos mostraram niacuteveis mais elevados de estresse
psicoloacutegico quando comparados aos demais
Dessa forma observa-se quanto eacute importante a inserccedilatildeo do psicoacutelogo na equipe de
Cuidados Paliativos Lustosa (2007) afirma que cabe ao psicoacutelogo intermediar nas relaccedilotildees
entre famiacutelia e profissionais detectando a falta de informaccedilatildeo que muitas vezes ocorre entre
paciente familiares e equipe multiprofissional as diferenccedilas de ritmo de vida que a doenccedila
impotildee o papel do paciente na vida da famiacutelia as sobrecargas da tarefa meacutedica que dificultam
o contato a comunicaccedilatildeo e a conturbada tarefa de falar sobre as responsabilidades nesse
momento da vida Sendo assim essa autora evidencia a importacircncia do psicoacutelogo para a
construccedilatildeo dessa ponte facilitando uma condiccedilatildeo mais digna durante esse periacuteodo de cuidados
O psicoacutelogo busca por meio dos Cuidados Paliativos oferecer um espaccedilo de escuta
para esclarecimento das necessidades expressatildeo de sentimentos facilitando dessa forma o
acolhimento e a comunicaccedilatildeo (KOVAacuteCS et al 2001)
No que tange ao emprego da espiritualidade esta eacute uma modalidade terapecircutica de
suma importacircncia para o paciente sem possibilidade de cura Haja vista que tanto o cuidado
voltado para a dimensatildeo espiritual pode oferecer qualidade de vida quanto o tratamento da dor
ou a comunicaccedilatildeo Cumpre assinalar que este paciente aleacutem de apresentar sofrimento fiacutesico
pode estar acometido por problemas de ordem psicoloacutegica e espiritual
75
De acordo com Peres et al (2007) a espiritualidade pode ser definida e reconhecida
como uma praacutetica que traz significado e propoacutesito de vida e contribui para a sauacutede e qualidade
de vida de muitas pessoas Esse conceito eacute encontrado em todas as culturas e sociedades
A definiccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) de Cuidados Paliativos
evidencia uma preocupaccedilatildeo com as necessidades espirituais dos pacientes e seus familiares de
modo que a abordagem global fundamenta-se no entendimento de que a pessoa eacute uma entidade
indivisiacutevel um ser fiacutesico e espiritual A busca de sentido de algo maior em que se pretende
confiar tem sido expressa de muitas maneiras diretas e indiretas em metaacuteforas ou em silecircncio
em gestos ou siacutembolos ou talvez mais que tudo numa interaccedilatildeo terapecircutica e numa nova
experiecircncia de criatividade Quem trabalha em Cuidados Paliativos eacute tambeacutem desafiado a
enfrentar essa dimensatildeo em relaccedilatildeo a si proacuteprio (PESSINI BERTACHINI 2005)
Eacute nesse contexto que a modalidade espiritual em Cuidados Paliativos emerge com a
finalidade de promover uma atenccedilatildeo agrave anguacutestia e agrave dor espiritual ofertando uma assistecircncia
integral que envolva estes aspectos interferindo por conseguinte na melhora da evoluccedilatildeo
cliacutenica deste paciente tatildeo fragilizado
Em estudo desenvolvido por Steinhauser et al (2000a) verificou-se certa discrepacircncia
no que concerne agrave importacircncia da espiritualidade no trato com pacientes terminais Esta foi
reportada pelos pacientes como o aspecto mais importante mas natildeo tanto para seus meacutedicos e
outros profissionais da aacuterea da Sauacutede Os autores ressalvam que muitos destes profissionais
acabam por negligenciar uma dimensatildeo apontada como uma das mais importantes para
pacientes eou familiares nesse momento da vida
Peres et al (2007) assinalam que eacute preciso compreender que o paciente terminal
antes de se ajustar agraves suas necessidades espirituais precisa ter seus desconfortos fiacutesicos bem
aliviados e controlados Uma pessoa com dor intensa jamais teraacute condiccedilotildees de refletir no
significado de sua existecircncia uma vez que o sofrimento fiacutesico natildeo aliviado eacute um fator de
ameaccedila constante agrave sensaccedilatildeo de plenitude desejada pelos pacientes que estatildeo morrendo
Sales et al (2008) ressaltam que o tema religiosidade e espiritualidade ganha bastante
importacircncia nos Cuidados Paliativos visto que eacute uma modalidade terapecircutica que ajuda a
promover uma morte serena
Nesta perspectiva Byock (2006) afirma que experimentar uma morte serena eacute ter
oportunidade de viver em plenitude seu uacuteltimo momento O alcance desta plenitude eacute o
objetivo primordial dos Cuidados Paliativos Diante disso o autor lanccedila um desafio aos
profissionais da Sauacutede para que utilizem dimensotildees da espiritualidade como instrumento para a
melhora da sauacutede fiacutesica mental e da qualidade de vida de quaisquer pacientes sobretudo
76
daqueles que se encontram em estaacutegio final da vida e necessitam mais urgentemente de
estrateacutegias de enfrentamento para lidar com as questotildees presentes
Logo a compreensatildeo sobre as modalidades de Cuidados Paliativos permite ao
profissional da ESF a ampliar o seu olhar e sua forma de atuar Esta nova visatildeo possibilita a
prestaccedilatildeo de uma assistecircncia qualificada e integral visto que teraacute subsiacutedios especiacuteficos para
atender agraves necessidades de pacientes em situaccedilatildeo de doenccedila terminal e proporcionar a melhoria
de sua qualidade de vida
Eacute oportuno assinalar que as duas subcategorias analisadas refletem a compreensatildeo da
maioria dos profissionais inseridos na investigaccedilatildeo proposta sobre os aspectos conceituais dos
Cuidados Paliativos Por outro lado alguns revelaram conceitos incompatiacuteveis com a literatura
pertinente ao tema em destaque conforme evidenciado nos relatos a seguir
Cuidados que complementam os cuidados tradicionais ou mesmo que por si soacutes (ou
isoladamente) tratam as morbidades ou previnem ou mesmo promovem a sauacutede do
indiviacuteduo ou da coletividade (M4)
Eacute uma caridade que se faz tentando ajudar algueacutem quando natildeo se tem outro recurso
(M7)
Pode-se dizer que satildeo os cuidados que a sua eficiecircncia natildeo tem reconhecimento
cientiacutefico-comprovado (D1)
Cuidados paliativos satildeo aqueles realizados com o objetivo de diminuir amenizar ou
mesmo resolver temporariamente algumas enfermidades ateacute que sejam realizados
procedimentos definitivos e resolutivos (D4)
Atenccedilatildeo voltada a pacientes que qualquer que seja a patologia natildeo tecircm mais condiccedilotildees
de se cuidar sozinho com isso necessitando de outra pessoa para ajudaacute-lo (E2)
Satildeo cuidados que devem ser realizados para que o paciente venha ter um diagnoacutestico do
quadro cliacutenico eou amenizar o quadro cliacutenico (E7)
Esses relatos denotam uma compreensatildeo incoerente com os aspectos conceituais
disseminados na literatura acerca dos Cuidados Paliativos confundido o emprego desta praacutetica
com os cuidados humanitaacuterios algo comum entre grupos de trabalhadores da aacuterea da Sauacutede
Santos (2011) assinala que os cuidados humanitaacuterios englobam os Cuidados Paliativos
portanto ao se falar em Cuidados Paliativos se fala de cuidados humanitaacuterios mas a reciacuteproca
natildeo eacute verdadeira Por conseguinte eacute de extrema importacircncia o profissional compreender a
diferenccedila entre esses cuidados
Conforme ressalva o autor supracitado ambos compartilham a preocupaccedilatildeo em
atender agraves necessidades inerentes dos seres humanos em seus aspectos fiacutesico psicoloacutegico
social e espiritual todavia os cuidados humanitaacuterios natildeo se restringem aos Cuidados Paliativos
77
nem a uma uacutenica aacuterea como a da Sauacutede mas englobam vasta abrangecircncia do conhecimento
humano e ampla gama de situaccedilotildees
Embora a filosofia dos Cuidados Paliativos pressuponha um cuidar de maneira mais
humaniacutestica englobando o ser humano nos quatro aspectos mencionados o que caracteriza
essa modalidade de cuidar eacute a sua ligaccedilatildeo com a questatildeo da morte e suas implicaccedilotildees
espirituais ou existenciais
De fato ao se deparar com um indiviacuteduo com doenccedila aguda e crocircnica que natildeo
envolva a possibilidade de morte devem-se aplicar os cuidados humanitaacuterios entretanto
quando esse ser apresenta uma doenccedila ou condiccedilatildeo que envolve essa possibilidade satildeo
aplicados os Cuidados Paliativos e consequentemente os cuidados humanitaacuterios
Com base nessas definiccedilotildees percebe-se uma lacuna na compreensatildeo de alguns
profissionais da ESF inseridos no estudo Supotildee-se que este fato pode estar atrelado a suas
formaccedilotildees profissionais principalmente porque no Brasil a visibilidade dos Cuidados
Paliativos iniciou-se na deacutecada de 2000 e a maioria dos participantes estaacute formada haacute mais de
dez anos Por conseguinte estes profissionais natildeo tiveram em seus curriacuteculos a contemplaccedilatildeo
da abordagem dos Cuidados Paliativos Destarte eacute de extrema valia contextualizar esta
realidade jaacute que se trata de uma modalidade em construccedilatildeo no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica
Tais ponderaccedilotildees estatildeo em consonacircncia com as ideias de Rodrigues (2004) segundo o
qual a implantaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar no Brasil data do final da deacutecada de 1990
Figueiredo (2003) assinala que as primeiras iniciativas individuais de atendimentos eou
estruturaccedilatildeo de serviccedilos paliativistas ocorreram por volta da deacutecada de 1990 Melo (2004)
chama atenccedilatildeo para o fato de que eacute no ano de 1997 que ocorre a criaccedilatildeo da primeira associaccedilatildeo
nacional de profissionais que atuam disseminando esse modo de cuidar a Associaccedilatildeo Brasileira
de Cuidados Paliativos
Kira Montagnini e Barbosa (2008) afirmam que essa deficiecircncia no conhecimento em
Cuidados Paliativos entre profissionais da Sauacutede no Brasil tambeacutem se deve ao fato de o tema
natildeo fazer parte da grade curricular de graduaccedilatildeo das diferentes especialidades da aacuterea da Sauacutede
Os autores assinalam que nos uacuteltimos anos com o crescimento da demanda e com a
estruturaccedilatildeo dos serviccedilos de Cuidados Paliativos o assunto tem sido abordado em algumas
instituiccedilotildees de ensino superior natildeo de maneira obrigatoacuteria e contiacutenua mas diluiacutedo em aulas e
cursos ligados agrave oncologia dor e morte
Rodrigues (2004) aponta a esperanccedila de que haja profissionais mais sensiacuteveis agraves
necessidades da populaccedilatildeo e do indiviacuteduo que visem agrave pessoa doente e natildeo agrave doenccedila que
desenvolvam uma assistecircncia mais humanizada se faz na academia na qual o ensino deve ser
78
centrado no aluno sujeito da aprendizagem e o curarcuidar seja centrado na pessoa do
paciente e na da famiacutelia
A autora supracitada adverte que o curriacuteculo deve privilegiar as competecircncias
inerentes a cada curso da aacuterea da Sauacutede aleacutem de contemplar uma abordagem interdisciplinar a
comunicaccedilatildeo e a bioeacutetica Haja vista que satildeo considerados conteuacutedos imprescindiacuteveis visando-
se todas as etapas do ciclo vital inclusive a terminalidade e a morte
Dessa forma ao contemplar tais princiacutepios nas diretrizes curriculares os futuros
profissionais da Sauacutede sairiam com uma percepccedilatildeo diferente sobre temas como Cuidados
Paliativos com ecircnfase no processo de morte e do morrer compreendendo melhor as
necessidades emocionais e espirituais do paciente que sofre proporcionando a humanizaccedilatildeo do
atendimento a eles e a seus familiares aleacutem de apreenderem a valorizar mais a vida agrave medida
que haacute compartilhamento e dignificaccedilatildeo da morte dos seus pacientes Portanto eacute urgente a
necessidade da educaccedilatildeo permanente para estes profissionais em Cuidados Paliativos
sobretudo para aqueles que jaacute desempenham o cuidado em seu cotidiano com o paciente que
vivencia a etapa final da vida
Considerando a relevacircncia dos Cuidados Paliativos para propiciar uma assistecircncia
humanizada ao paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura bem como a sua famiacutelia urge
a necessidade da implementaccedilatildeo desta modalidade de cuidar no acircmbito da atenccedilatildeo primaacuteria de
sauacutede Nesse sentido merece destaque a categoria direcionada aos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica
CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA formaccedilatildeo da equipe possibilidades
e limitaccedilotildees
Esta categoria vem com o propoacutesito de apresentar o entendimento de meacutedicos de
enfermeiros e de cirurgiotildees-dentistas sobre a possibilidade da implementaccedilatildeo dos Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Ao se tratar de Cuidados Paliativos especificamente de paciente fora de possibilidade
de cura eacute de fundamental importacircncia a atuaccedilatildeo de uma equipe interdisciplinar Esta equipe
necessita estar bastante familiarizada com o processo que o paciente passa permitindo-se uma
visatildeo real da complexidade vivida por ele a qual o ajude a se sentir melhor e
consequentemente proporcionando uma melhor qualidade de vida
Abreu et al (2005) afirmam ser escassa a literatura acerca de pesquisas que retratam
um modelo conceitual de equipe que seja bem formulado assim como de uma definiccedilatildeo
79
universal do que seja uma equipe Mesmo em publicaccedilotildees especiacuteficas sobre Cuidados
Paliativos os autores O`Connor Fisher e Guilfoyle (2006) advertem que o assunto trabalho em
equipe interdisciplinar natildeo eacute bem explorado sendo a maior parte dos trabalhos publicados
baseados em experiecircncias praacuteticas e natildeo em pesquisas empiacutericas ancoradas por marcos
conceituais
Diante destas ponderaccedilotildees eacute de suma relevacircncia compreender que de acordo com o
modo de estas equipes relacionarem-se comunicarem-se e integrarem suas disciplinas pode-se
empregar o ldquoprefixordquo multi ou inter Peduzzi e Oliveira (2009) definem equipes
multidisciplinares como aquelas compostas por profissionais de diversas disciplinas as quais
tendem a cuidar dos pacientes de modo independente e sem interaccedilatildeo direta compartilhando
informaccedilotildees de maneira indireta quando for necessaacuterio geralmente por escrito
Doutra parte o termo interdisciplinar deve denominar equipes cujos profissionais
trabalham interagindo diretamente combinando conhecimentos e compartilhando as atividades
para atingir um objetivo conjunto e uacutenico o cuidado do paciente Os autores supracitados
assinalam que a interdisciplinaridade configura-se em uma relaccedilatildeo reciacuteproca entre as muacuteltiplas
intervenccedilotildees teacutecnicas de vaacuterios profissionais e a interaccedilatildeo destes saberes que por meio de
comunicaccedilatildeo verbal direta e consensualmente escrita articulam suas accedilotildees e promovem a
cooperaccedilatildeo muacutetua
Sendo assim para que esta accedilatildeo seja eficaz deve existir a interdisciplinaridade das
accedilotildees de cuidado entre os profissionais e a participaccedilatildeo do paciente e famiacutelia com objetivos
comuns Tal interdisciplinaridade caracteriza-se como um ato de reciprocidade entre as aacutereas de
conhecimento e como forma de se obter a horizontalizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder Nesta troca
de conhecimentos eacute estabelecida a inclusatildeo dos resultados de diversas especialidades
possibilitando-se a cada profissional desenvolver esquemas conceituais de anaacutelise de
instrumentos e de teacutecnicas metodoloacutegicas de assistecircncia (FRANCcedilA 2011)
Nessa perspectiva Arauacutejo (2011) acrescenta que a proposta de trabalho em Cuidados
Paliativos deve ser sempre interdisciplinar ante a pluridimensatildeo das necessidades dos
indiviacuteduos que vivenciam o processo de morrer e ante a demanda da accedilatildeo integral e conjunta de
profissionais da Sauacutede em busca do objetivo comum que eacute a melhora da qualidade de vida do
paciente
Em uma equipe de sauacutede a interdisciplinaridade surge com o escopo de promover
uma atenccedilatildeo integral ao paciente apresentando dessa forma uma visatildeo biopsicossocial e
espiritual Essa accedilatildeo baseada na referida visatildeo propotildee uma reformulaccedilatildeo dos saberes uma
siacutentese direcionada agrave reorganizaccedilatildeo da equipe de sauacutede Nesse sentido aleacutem de um novo
80
paradigma cientiacutefico esta representa uma nova filosofia de trabalho de organizaccedilatildeo e de accedilatildeo
interinstitucional
Arauacutejo (2011) chama atenccedilatildeo para o fato de que haacute uma limitaccedilatildeo na accedilatildeo
uniprofissional quando se objetiva promover o controle da dor e outros sintomas
multidimensionais e angustiantes integrando-se com o cuidado os aspectos sociais
psicoloacutegicos e espirituais de modo que se possibilite o exerciacutecio da autonomia do paciente
aleacutem de se promover suporte aos familiares Logo nenhuma especialidade da aacuterea da Sauacutede ou
das Ciecircncias Humanas consegue isoladamente atender agraves necessidades complexas e
multifacetadas de indiviacuteduos que vivenciam a etapa final da vida A integralidade da atenccedilatildeo
demandada por estes pacientes soacute pode ser atingida quando especialistas de diferenciadas aacutereas
do conhecimento atuam em conjunto ou seja trabalham em equipe
Deste modo a atuaccedilatildeo e integraccedilatildeo da equipe interdisciplinar satildeo necessaacuterias para a
eficaacutecia destes cuidados Haja vista que o tratamento de um paciente que se encontra em fase
terminal envolve um conjunto de accedilotildees complexas a exemplo de procedimentos invasivos
(altamente especiacuteficos para cada realidade diagnoacutestica) necessitando o doente de ser assistido
de forma interdisciplinar
Na literatura brasileira da aacuterea da Sauacutede satildeo incipientes estudos relacionados a
implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica em particular o quantitativo de
profissionais que devem constar em uma equipe para exercer tais cuidados Essa formaccedilatildeo
com a inclusatildeo de maior nuacutemero de especialidades possiacutevel dependeraacute dos recursos
disponiacuteveis e de fatores culturais locais Incontri (2011) chama a atenccedilatildeo para o fato de que a
formaccedilatildeo de uma equipe deve corresponder agraves necessidades do paciente que se encontra sob a
assistecircncia dos Cuidados Paliativos
Qualquer que seja o tamanho e a diversidade de uma equipe em Cuidados Paliativos
cumpre considerar aspectos essenciais para seu eficaz funcionamento A respeito disso Incontri
(2011) enfatiza os seguintes aspectos como peccedilas fundamentais filosofia e valores comuns
respeito muacutetuo e valorizaccedilatildeo de cada aacuterea de cada membro comunicaccedilatildeo transparente e aberta
lideranccedila compartilhada e religaccedilatildeo ao espiritual
No que concerne agrave filosofia e valores comuns Speck (2009) assegura que o conjunto
de valores compartilhados auxilia as pessoas a cooperarem entre si Haja vista que natildeo eacute
possiacutevel formar uma equipe que natildeo apresente uma filosofia comum e princiacutepios que orientem
as accedilotildees de maneira uniforme Incontri (2011) complementa que para a formaccedilatildeo de uma
equipe eacute importante uma seleccedilatildeo considerando-se uma empatia de todos os membros com
certos propoacutesitos e ideais
81
Aleacutem dessa comunhatildeo de princiacutepios e valores entre os membros da equipe eacute
imperioso o respeito muacutetuo e a valorizaccedilatildeo de cada membro sendo este considerado o primeiro
passo para a real interdisciplinaridade Macmilian Emery e kashuba (2006) asseveram que os
membros de uma equipe devem respeitar valorizar compreender e confiar na contribuiccedilatildeo
reciacuteproca
No tocante agrave formaccedilatildeo da equipe de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a maioria
dos participantes do estudo destacou o meacutedico o enfermeiro o cirurgiatildeo-dentista o psicoacutelogo e
o fisioterapeuta Alguns mencionaram aleacutem destes a participaccedilatildeo do fonoaudioacutelogo do
bioquiacutemico do assistente social do educador fiacutesico do teacutecnico em enfermagem do agente
comunitaacuterio de sauacutede (ACS) e do atendente de consultoacuterio dentaacuterio (ACD)
Diante disso depreende-se que os participantes envolvidos no estudo reconhecem que
a praacutetica dos Cuidados Paliativos no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica deve ser constituiacuteda por uma
equipe de profissionais que extrapola o nuacutemero de profissotildees determinadas pelo Ministeacuterio da
Sauacutede no que se refere agrave ESF que apresenta uma equipe composta por no miacutenimo um meacutedico
generalista um enfermeiro um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes comunitaacuterios de
sauacutede (ACS) (BRASIL 2005a)
Macmilian Emery e Kashuba (2006) acrescem que a equipe de Cuidados Paliativos
pode ultrapassar um quantitativo de quinze profissionais a serem apresentados em ordem
alfabeacutetica arteterapeutas assistentes sociais cuidadores pastorais ou espirituais (capelanias)
enfermeiros farmacecircuticos fisioterapeutas meacutedicos musicoterapeutas nutricionistas
psicoacutelogos psiquiatras terapeutas da respiraccedilatildeo terapeutas holistas terapeutas ocupacionais
terapeutas recreacionistas entre outros A esta relaccedilatildeo de profissionais Santos (2011)
acrescenta o educador e o filoacutesofo aleacutem de um especialista em Tanatologia
Eacute imprescindiacutevel agrave implementaccedilatildeo de tais cuidados em qualquer serviccedilo de sauacutede
sobretudo na Atenccedilatildeo Baacutesica conhecer a atribuiccedilatildeo especiacutefica de cada um desses profissionais
que compotildeem a equipe de Cuidados Paliativos Na realidade da Atenccedilatildeo Baacutesica os Cuidados
Paliativos podem ser oferecidos no niacutevel primaacuterio de sauacutede especialmente por equipes da ESF
em virtude de serem considerados de baixa complexidade (que natildeo exigem tecnologia
avanccedilada)
Esteves (2011) alerta que os profissionais que atuam em Cuidados Paliativos devem
ser atenciosos procurando ouvir o paciente e seus familiares e realmente demonstrar interesse
por eles uma vez que essa praacutetica pressupotildee uma nova maneira de cuidar do ser humano na
terminalidade Esses profissionais devem rever sua forma de encarar a morte e sobretudo a
autonomia do paciente na medida do possiacutevel
82
Em relaccedilatildeo ao meacutedico este eacute um profissional que deve assistir o paciente terminal ateacute
o momento da morte Destaque-se a morte de um paciente eacute considerada muitas vezes como o
fracasso do cuidado meacutedico precisando para tanto que esse profissional tenha em sua
formaccedilatildeo um preparo filosoacutefico psicoloacutegico e espiritual para lidar com a dor e com a morte
(INCONTRI 2011)
Logo eacute de extrema importacircncia que este profissional desenvolva mecanismos de
defesa que o mantenham em equiliacutebrio Ao mesmo tempo eacute necessaacuterio que a emoccedilatildeo tambeacutem
esteja presente para o alcance de um cuidado humanizado Incontri (2011) assinala que o
meacutedico como ser humano deve aceitar suas limitaccedilotildees e reconhecer que pessoas de outras
aeacutereas de sua equipe ou doutra podem lhe prestar apoio e mostrar outras perspectivas
Quanto agrave atuaccedilatildeo do enfermeiro na equipe de Cuidados Paliativos este apresenta a
funccedilatildeo de aliviar dor outros sintomas e sofrimento higienizar proporcionar conforto fiacutesico
promover uma comunicaccedilatildeo efetiva preparar a famiacutelia permitindo-a participar na morte do seu
familiar providenciar suporte para o luto entre outras Para Rodrigues e Zago (2003) a
enfermagem tem papel primordial nos Cuidados Paliativos porquanto o cuidar essecircncia da
profissatildeo eacute a base da filosofia paliativista Nesse sentido merece destaque o relato de um
profissional participante do estudo
[] todos os profissionais da ESF tecircm uma participaccedilatildeo importante no emprego dos
Cuidados Paliativos poreacutem a enfermagem eacute dotada de uma maior capacidade devido a
sua funccedilatildeo de estar mais proacuteximo (e por ter a essecircncia de sua profissatildeo no cuidado) (M8)
Nessa perspectiva Rodrigues e Zago (2003) esclarecem que especialmente o
enfermeiro deve possuir competecircncias para prestar cuidado de qualidade no fim da vida Aleacutem
disso como condutor da equipe de enfermagem e membro da equipe interdisciplinar o
enfermeiro precisa saber decodificar discursos e sinais natildeo verbais para identificar
necessidades fiacutesicas emocionais sociais e espirituais que direcionaratildeo sua atenccedilatildeo no cuidado
de quem vivencia a terminalidade da vida
Para Polastrini Yamashita e Kurashima (2011) o enfermeiro ao assistir um paciente
sem possibilidade terapecircutica de cura busca propiciar uma assistecircncia em que possa conseguir
a maior autonomia possiacutevel conservando sua dignidade ateacute a morte As autoras asseveram
ainda que este profissional deve modificar a sua atuaccedilatildeo de curativa para paliativa oferecendo
aliacutevio e bem-estar avaliando a relaccedilatildeo dano versus benefiacutecio do cuidado Portanto eacute
profissionalismo saber ouvir o paciente e sua famiacutelia para o planejamento dos cuidados e para a
tomada de decisatildeo utilizando algumas caracteriacutesticas como sensibilidade cuidadora
83
altruiacutesmo capacidade de escuta empatia compreensatildeo toleracircncia respeito capacidade de
transmitir seguranccedila e confianccedila maturidade pessoal diante de tudo e da morte entre outras
Saltz e Juver (2008) acrescentam que o enfermeiro apresenta ainda um papel
importante no cuidado com o paciente em fase terminal em diversos aspectos na aceitaccedilatildeo do
diagnoacutestico na ajuda para conviver com a enfermidade e no apoio agrave famiacutelia antes e depois da
morte
O enfermeiro ao assistir o paciente em Cuidados Paliativos vivencia e compartilha
momentos de amor e compaixatildeo aprendendo com ele a noccedilatildeo de que eacute possiacutevel morrer com
dignidade e respeito Essa assistecircncia busca tambeacutem proporcionar a certeza de natildeo estarem
sozinhos no momento da morte aleacutem de oferecer um cuidado holiacutestico ao paciente associados
ao controle da dor e de outros sintomas
No que tange ao fisioterapeuta Cezario (2011) assinala que atuando em conjunto com
outros profissionais de uma equipe voltada para Cuidados Paliativos esse profissional pode
prestar assistecircncia em diversos quadros pode oferecer conforto ao paciente e dentro de suas
limitaccedilotildees evitar uma complicaccedilatildeo maior de sintomas Incontri (2011) afirma que a este
profissional cabe manter o movimento o conforto fiacutesico e o maacuteximo aproveitamento das
funccedilotildees motoras do paciente
De uma maneira geral o referido profissional fica responsaacutevel por mobilizar o
paciente sem possibilidade terapecircutica por questotildees ortopeacutedicas e neuroloacutegicas acompanhar e
atuar em quadros cardiopulmonares e orientar cuidadores para o melhor manuseio do paciente e
o autocuidado (CEZARIO 2011)
De acordo com Reis Juacutenior e Reis (2007) as condutas fisioterapecircuticas em pacientes
sob Cuidados Paliativos mais comuns satildeo massagens movimentaccedilatildeo passiva ativo-assistida e
ativa posicionamento transferecircncia mudanccedila de decuacutebito infravermelho estimulaccedilatildeo eleacutetrica
transcutacircnea compressatildeo e elevaccedilatildeo vibrocompressatildeo drenagem postural respiraccedilatildeo
diafragmaacutetica estiacutemulo agrave tosse aspiraccedilatildeo prescriccedilatildeo de auxiacutelio para marcha treino de
deambulaccedilatildeo
O fisioterapeuta como membro de equipe de Cuidados Paliativos pode trazer
benefiacutecios ao pacientes assistidos por essa modalidade de cuidar em especial no que se refere
ao manejo de sintomas como dor estresse psicofiacutesico complicaccedilotildees osteomioarticulares
fadiga disfunccedilotildees pulmonares alteraccedilotildees neuroloacutegicas dentre outras (MARCUCCI 2005)
Sob esse prisma compreendemos que a Fisioterapia Paliativa tem como objetivo
principal o de melhorar a qualidade de vida dos pacientes sem possibilidades curativas
reduzindo os sintomas e promovendo sua independecircncia funcional
84
O nutricionista por sua vez apresenta o papel de orientar a alimentaccedilatildeo mais
adequada ao estado de sauacutede ou estaacutegio de doenccedila sem desconsiderar os gostos pessoais e ateacute
os razoaacuteveis desejos de cada um
Sochacki (2008) considera que na nutriccedilatildeo em Cuidados Paliativos eacute importante
respeitar os princiacutepios da bioeacutetica oferecendo-se autonomia ao individuo no que se refere agrave
liberaccedilatildeo suspensatildeo ou natildeo indicaccedilatildeo da alimentaccedilatildeo por via oral (VO) ou alternativa (sonda
ou ostomia) evitando-se muitas vezes o tratamento fuacutetil e consequentemente reduzindo o seu
sofrimento Santos (2002) ressalta que este profissional deve ter consciecircncia de que o consumo
de alimentos eacute capaz de minimizar desconfortos cuidar de distuacuterbios orgacircnicos nutrir e
proporcionar prazer
Diante desse contexto averigua-se quanto este profissional eacute imprescindiacutevel agrave equipe
interdisciplinar de Cuidados Paliativos necessitando ouvir o paciente respeitar seus desejos e
suas necessidades de alimentaccedilatildeo respeitando portanto a sua autonomia
Quanto ao cirurgiatildeo-dentista Wiseman (2000) assinala que cabe a este profissional
assistir pacientes com doenccedilas progressivas ou avanccediladas devido (direta ou indiretamente) ao
comprometimento da cavidade oral pela doenccedila ou ao seu tratamento Nesses casos o foco do
cuidado eacute melhorar sua qualidade de vida
Os sintomas orais mais frequentes em pacientes que estatildeo sob os Cuidados Paliativos
satildeo a dor o sangramento o trismo as feridas abertas as infecccedilotildees oportunistas a disfagia a
xerostomia a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo a anorexia a caquexia e a desfiguraccedilatildeo (SIQUEIRA
et al 2009) As secreccedilotildees em doentes traqueostomizados tambeacutem comprometem a
comunicaccedilatildeo verbal causam disfunccedilatildeo oral e sofrimento (PAUNOVICH et al 2000) Dor
ulceraccedilatildeo sangramento e trismo satildeo os mais importantes sintomas em casos de cacircncer oral
avanccedilado Portanto o tratamento inadequado ou a sua ausecircncia resulta em desconforto e
prejuiacutezos nutricionais comprometendo mais ainda a qualidade de vida desses doentes
Sendo assim o cirurgiatildeo-dentista contribui fornecendo intervenccedilotildees proacuteprias de sua
aacuterea de atuaccedilatildeo profissional aleacutem de cuidados de suporte que assegurem uma boca mais
saudaacutevel livre de infecccedilatildeo e dor
Em relaccedilatildeo aos arteterapeutas e musicoterapeutas Incontri (2011) aponta o cuidado
destes profissionais com a sensibilidade daqueles que estatildeo partindo em orientar estes na
revisatildeo de significados evocar lembranccedilas e firmar sentidos existenciais por meio de um
poema de uma canccedilatildeo de uma pintura de um filme ou de uma peccedila de teatro
Backes et al (2003) afirmam que o uso de muacutesica natildeo eacute apenas um instrumento
importante para o processo de humanizaccedilatildeo do cuidado e uma alternativa criativa e eficaz no
85
aliacutevio da dor mas tambeacutem promove benefiacutecios para a equipe de sauacutede como a prevenccedilatildeo do
estresse a reduccedilatildeo dos niacuteveis da tensatildeo e do desgaste psicoloacutegico maior interaccedilatildeo social e o
maior comprometimento com as atividades profissionais
Dessa forma a muacutesica se insere nesse contexto como uma atividade que pode
proporcionar cuidado conforto emocional e espiritual estiacutemulo agrave memoacuteria afetiva
relaxamento entretenimento e criatividade (OTHERO COSTA 2007) O uso competente e
sensiacutevel da muacutesica pode se tornar um trabalho importante nos Cuidados Paliativos
Halstead e Roscoe (2002) asseveram que a muacutesica pode facilitar de diferentes modos
a despedida Canccedilotildees suaves de ninar podem ser usadas pois transmitem sensaccedilotildees de cuidado
e proteccedilatildeo e podem ajudar a aliviar o medo do abandono durante o processo de passagem
Existem estilos musicais que podem se relacionar com a espiritualidade como o canto
gregoriano e a muacutesica erudita e estimular sentimentos de serenidade em especial no momento
da morte
Os autores supracitados afirmam ainda que a muacutesica pode tambeacutem preencher com
beleza e significado os momentos de silecircncio tatildeo difiacuteceis de serem suportados criando um
ambiente mais confortaacutevel quando se acompanha algueacutem que estaacute morrendo
Sob esse prisma observamos que o emprego da muacutesica nos processos sauacutede-doenccedila-
-cuidado pode promover conforto e qualidade de vida para a pessoa adoecida e ser um recurso
de ajuda na relaccedilatildeo da famiacutelia com a despedida de seu ente querido Pode tambeacutem auxiliar na
manutenccedilatildeo de uma equipe de sauacutede saudaacutevel e integrada
Quanto o assistente social Incontri (2011) esclarece que este trabalhador busca assistir
as necessidades materiais familiares e institucionais dos pacientesusuaacuterios Acrescenta que ele
eacute responsaacutevel por atender agraves questotildees do seguro hospitalar por informar os procedimentos de
documentaccedilatildeo de pedido de ajuda financeira esclarecer os direitos do moribundo e de seus
familiares
Conforme Sodreacute (2005) o assistente social tem um papel determinante para a
concretizaccedilatildeo dessa nova forma de tratar cuidar Torna-se aquele que reforccedila o papel de
facilitador nas relaccedilotildees de um grupo familiar e sob esse novo prisma socializa suas teacutecnicas de
intervenccedilatildeo em acircmbito domiciliar
De acordo com Esteves (2011) a atuaccedilatildeo do assistente social deve estar voltada agraves
questotildees sociais mais abrangentes uma vez que o paciente sob Cuidados Paliativos pode
enfrentar isolamento social (profissional e pessoal) dependecircncias dificuldades econocircmicas e
necessitar de apoio familiar
86
Por meio de entrevistas e visitas domiciliares este profissional investiga e avalia o
contexto social econocircmico psicoloacutegico e espiritual aleacutem de analisar a dinacircmica familiar sua
existecircncia o desempenho e eficaacutecia dos papeacuteis Somam-se a isto a capacidade de incentivo e de
fornecimento de acolhida aspectos cruciais para a assistecircncia
Esteves (2011) assinala que ao assistente social cabe sempre que for possiacutevel facilitar
as manifestaccedilotildees de sentimentos os resgates entre paciente e seus familiares durante o
processo de finitude colaborar para que as relaccedilotildees aconteccedilam com mais transparecircncia
inclusive com os profissionais da equipe de Cuidados Paliativos tendo-se a preocupaccedilatildeo de que
a morte aconteccedila de forma humanizada
Portanto o assistente social como membro da equipe interdisciplinar de Cuidados
Paliativos busca promover as relaccedilotildees sociais e efetivas com o paciente com os familiares
com o cuidador e com os demais profissionais da equipe sendo estas relaccedilotildees
significativamente observadas e valorizadas
Aos cuidadores pastorais ou espirituais cabe cuidar da religiatildeo ou pelo menos da
espiritualidade dos pacientes e familiares Barbosa e Freitas (2009) reforccedilam a ideia de que os
Cuidados Paliativos necessitam abranger as experiecircncias da vida Nela estaacute inserida a
religiosidade que pode inclusive permitir a reconstruccedilatildeo da possibilidade de conviver com a
doenccedila sem que isso signifique um prolongamento de vida inadequado forccedilosamente um
protelar da morte Os autores assinalam que a religiosidade e seus fundamentos ancorados na
religiatildeo ou na espiritualidade podem ajudar as pessoas a melhor lidarem com os limites do seu
controle favorecendo no contexto da finitude uma entrega confiante ao misteacuterio absoluto que
se inicia com a instauraccedilatildeo da proacutepria morte Desse modo eacute inegaacutevel a importacircncia de
cuidados pastorais ou espirituais para a promoccedilatildeo de Cuidados Paliativos para com o paciente
fora de possibilidades de cura
Em relaccedilatildeo aos educadores Incontri (2011) assevera que estes cuidaratildeo de crianccedilas e
adolescentes que estejam sob a assistecircncia de Cuidados Paliativos com o emprego de
atividades pedagoacutegicas luacutedicas propondo biblioterapia jogos Essas atividades permitiratildeo a
construccedilatildeo de um diaacutelogo afetuoso com pacientes e familiares
Os filoacutesofos segundo a referida autora cuidaratildeo da concepccedilatildeo interdisciplinar da
equipe atuando na amarraccedilatildeo epistemioloacutegica e de propoacutesitos do serviccedilo Saliente-se que este
profissional busca interagir com os pacientes no campo das discussotildees e ideias a fim de
apontar sentidos existenciais realizando portanto uma miaecircutica socraacutetica (arte de fazer
chegar agrave verdade e agraves evidecircncias) com os que estatildeo agrave espera da passagem
87
Os psicoacutelogos conforme aborda Castro (2001) tecircm como objetivo essencial o de
oferecer requisitos para a assistecircncia integral ao paciente conduzindo-o a uma qualidade de
vida ajudando-o ainda a encontrar estrateacutegias que possam adotar para manter um estilo de vida
mais equilibrada e saudaacutevel Incontri (2011) acrescenta que cabe a este profissional a
responsabilidade de cuidar da dor psiacutequica tanto dos pacientes quanto de seus familiares
atuando como confidentes de conflitos e ansiedades questionamentos existenciais
manifestaccedilotildees emotivas de revolta descrenccedila ou depressatildeo Jaacute os psiquiatras ainda de acordo
com a referida autora cuidaratildeo da sauacutede mental dos pacientes observando possiacuteveis
manifestaccedilotildees de depressatildeo deliacuterio ou outros distuacuterbios psiacutequicos preexistentes ou receacutem-
adquiridos ao longo do tratamento
Por conseguinte com base nesse entendimento o psicoacutelogo diante da terminalidade
busca promover a qualidade de vida do paciente trabalhando as questotildees do sofrimento
amenizando a ansiedade e a depressatildeo diante da aproximaccedilatildeo da morte procurando tambeacutem
assistir a sua famiacutelia e a equipe interdisciplinar envolvida
Ante o exposto eacute inegaacutevel a importacircncia de uma equipe interdisciplinar em Cuidados
Paliativos Haja vista que a assistecircncia por meio dela propicia um cuidado com o paciente que
envolva todas as suas dimensotildees Portanto a equipe interdisciplinar deve sempre ser formada
com o objetivo de oferecer conforto suporte informaccedilatildeo propiciando a dignidade ao paciente
e sua famiacutelia a partir da assistecircncia pautada nos Cuidados Paliativos
Outro aspecto merecedor de destaque contemplado na categoria ldquoCuidados Paliativos
na Atenccedilatildeo Baacutesica formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildeesrdquo diz respeito ao
posicionamento dos profissionais participantes do estudo para com a viabilidade da
operacionalizaccedilatildeo da referida modalidade de cuidar no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica
Nesse enfoque de acordo com o manual da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (WHO
2007) os Cuidados Paliativos devem ser estruturados em diferenciados niacuteveis de atenccedilatildeo
desde a comunidade ateacute hospitais de referecircncia nacional e regional Aleacutem disso esta
Organizaccedilatildeo estabelece que tais cuidados devem ser disponibilizados em cada um dos niacuteveis de
atenccedilatildeo agrave sauacutede constituindo uma rede de apoio a pacientes sem possibilidades terapecircuticas de
cura e aos seus familiares Para tanto a OMS utiliza uma piracircmide para estabelecer essa
hierarquizaccedilatildeo conforme pode ser observado na figura 3 abaixo
88
Figura 3 ndash Rede de Equipes de Cuidados Paliativos nos Niacuteveis de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede
Fonte World Health Organization 2007
A piracircmide apresentada na figura 3 contempla em sua base a oferta dos Cuidados
Paliativos para com a comunidade os quais podem ser realizados por familiares cuidadores
liacutederes comunitaacuterios e curandeiros (WHO 2007) Conforme foi observado por Silva (2010)
que apresenta a comunidade na base da piracircmide isto significa que a maioria das pessoas que
realizariam os Cuidados Paliativos (bem como a maior parte dos serviccedilos de atenccedilatildeo a esses
pacientes) deveria estar nela inseridos uma vez que na referida base teriacuteamos aquilo que
representa a maioria sendo portanto considerada como o pilar de sustentaccedilatildeo da estrutura da
piracircmide
Depreende-se que os pilares de sustentaccedilatildeo desta piracircmide refletem uma poliacutetica de
Cuidados Paliativos direcionadas para a comunidade uma vez que a assistecircncia assim
planejada poderia ser economicamente mais viaacutevel
O referido manual esclarece que os modelos de Cuidados Paliativos de sauacutede puacuteblica e
de baixo custo podem ser implementados para alcanccedilar a maioria da populaccedilatildeo alvo
particularmente em cenaacuterios com poucos recursos
De acordo com o manual eacute recomendada a implementaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no
acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica Entretanto esta modalidade de cuidar na nossa realidade local
apresenta segundo os profissionais envolvidos no estudo possibilidades e limitaccedilotildees neste
niacutevel de atenccedilatildeo Tal fato pode ser evidenciado nos depoimentos de meacutedicos cirurgiotildees-
-dentistas e enfermeiros da ESF participantes da pesquisa Quanto agraves limitaccedilotildees estes
89
profissionais apontaram algumas necessidades prementes para viabilizar a implementaccedilatildeo dos
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica conforme se observa nos trechos a seguir
Eacute necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas [] (M1)
[] a gestatildeo identificar fontes de financiamento (pelo SUS) para esta implantaccedilatildeo (M4)
Em primeiro lugar vontade do gestor [] (D1)
Revisatildeo nas poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Sensibilizar a sociedade e as autoridades (D4)
[] apoio da gestatildeo (E3)
Os discursos mencionados expressam a preocupaccedilatildeo dos profissionais em fomentar a
criaccedilatildeo de uma poliacutetica nacional para essa modalidade de cuidar Os autores Rajagopal Mazza
e Lipman (2003) dizem que a inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos nos sistemas de sauacutede dos
paiacuteses em desenvolvimento tem sido um grande desafio devido agrave dificuldade dos governos
para priorizaacute-los
Floriani (2011) afirma que o Brasil apresenta uma poliacutetica de cuidados incipiente
tiacutemida e desarticulada com o paciente no fim da vida tendo como grande desafio o de inserir os
Cuidados Paliativos no seu Sistema de Sauacutede
Floriani e Schramm (2007) assinalam que para se fazer frente agrave crescente necessidade
de estruturar o sistema de sauacutede para absorver com qualidade essa modalidade eacute fundamental
que os cuidados no fim da vida sejam pensados e estruturados dentro de um modelo que
priorize tanto do ponto de vista moral como operacional o natildeo abandono e a proteccedilatildeo aos
pacientes acometidos por doenccedilas avanccediladas e terminais
Existem importantes obstaacuteculos para a operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica tanto de ordem operacional quanto de ordem eacutetica e cultural podendo ser
citadas entre eles a existecircncia de poliacuteticas restritas e lentas para liberaccedilatildeo de opioides a falta
de qualificaccedilatildeo em recursos humanos a alocaccedilatildeo de recursos prioritariamente dirigida para
outros setores de Sauacutede e o iacutenfimo investimento no ensino e na pesquisa nesse campo
(WEBSTER LACEY QUINE 2007)
Wright et al (2008) em estudo desenvolvido evidenciaram que o Brasil encontra-se
em um niacutevel meacutedio de desenvolvimento dos Cuidados Paliativos ficando atraacutes da Argentina
Chile e Costa Rica Os autores reconhecem ainda que nesse niacutevel de classificaccedilatildeo identifica-se
a presenccedila de serviccedilos voltados para os Cuidados Paliativos conquanto estes natildeo apresentem
uma rede articulada e integrada natildeo sendo portanto possiacutevel perceber o impacto exercido por
tais cuidados sobre as poliacuteticas de sauacutede
90
De acordo com Santos (2011) existem no paiacutes sessenta e uma unidades inseridas em
instituiccedilotildees hospitalares puacuteblicas e privadas Caponero (2002) chama atenccedilatildeo pelo fato de estas
instituiccedilotildees estarem localizadas principalmente nas capitais A maioria iniciou suas atividades
com accedilotildees para o controle da dor agregando posteriormente os Cuidados Paliativos
A carecircncia desse tipo de atenccedilatildeo segundo Rodrigues (2004) faz com que os pacientes
em Cuidados Paliativos procurem com frequumlecircncia os serviccedilos de emergecircncia lavando muitas
vezes estes a serem abandonados nas instituiccedilotildees de sauacutede com alteraccedilotildees fiacutesicas
psicoloacutegicas sociais e espirituais decorrentes do desconhecimento dos profissionais sobre as
intervenccedilotildees adequadas a esses pacientes para a reduccedilatildeo do sofrimento
A despeito desse difiacutecil cenaacuterio os participantes envolvidos no estudo ressaltam a
falta de preparaccedilatildeo da equipe da ESF para viabilizar a referida praacutetica no acircmbito da Atenccedilatildeo
Baacutesica sendo portanto necessaacuteria a qualificaccedilatildeo desses profissionais mediante capacitaccedilotildees
conforme se lecirc nos trechos a seguir
[] que seja dado um curso de capacitaccedilatildeo para esses profissionais lhe darem com esses
pacientes (M2)
Treinamentos para as equipes do PSF (M3)
Sensibilizaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede para a aceitaccedilatildeo da implantaccedilatildeo [] Falta de
divulgaccedilatildeo para os profissionais da Sauacutede do que eacute cuidados paliativos (M4)
Cursos de capacitaccedilatildeo para ampliar o conhecimento dos profissionais nessa aacuterea (M8)
[] capacitaccedilatildeo com educaccedilatildeo continuada para todos os profissionais da Sauacutede da ESF
(D1)
Capacitaccedilatildeo dos atores envolvidos envolvimento da equipe adequando seus programas
(D2)
Treinamento para os profissionais da ESF de forma que pudessem realmente ser
resolutivos (D3)
[] Conscientizaccedilatildeo dos profissionais em sauacutede (D4)
Treinamentos oficinas para os profissionais da Sauacutede (D6)
Boa condiccedilatildeo de trabalho equipe completa informaccedilotildees necessaacuterias (D9)
[] compromisso dos profissionais humanizaccedilatildeo dos serviccedilos (D10)
Capacitaccedilatildeo da equipe (E1)
Informaccedilatildeo atraveacutes de palestras capacitaccedilotildees conversas de roda de mesa (E2)
91
Capacitar e sensibilizar profissionais (E3)
[] treinamento e capacitaccedilatildeo para a equipe (E4)
Contrataccedilatildeo de profissionais treinamentos espaccedilo para realizaccedilatildeo das atividades
divulgaccedilatildeo do trabalho para comunidade (E7)
Preparar profissionais que pelo menos tentem prevenir o sofrimento que a doenccedila gera
para proporcionar uma melhor qualidade de vida mesmo sendo no fim (E8)
De modo geral os profissionais disseram mediante os seus depoimentos acreditar
como estrateacutegia principal para a viabilizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a
qualificaccedilatildeo da equipe que atua na ESF no que concerne aos cuidados no fim da vida Essa
capacitaccedilatildeo conforme ressalta Floriani (2011) eacute um dos aspectos mais nevraacutelgicos sendo de
fundamental importacircncia a instituiccedilatildeo de programas de educaccedilatildeo continuada O autor ressalta
ainda que tal formaccedilatildeo deveria ser realizada em todo o territoacuterio nacional considerando-se as
distintas realidades socioculturais e de acesso ao Sistema de Sauacutede existentes nas diferenciadas
regiotildees do paiacutes
No tocante agrave viabilidade da praacutetica de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica merece
destaque a pesquisa desenvolvida por Lavor (2006) o qual identificou a necessidade de superar
algumas barreiras para a sua operacionalizaccedilatildeo O estudo observou ainda com base na visatildeo
dos enfermeiros participantes da pesquisa um consenso agrave necessidade de se investir na
capacitaccedilatildeo para que os profissionais adquiram conhecimentos e desenvolvam habilidades e
competecircncias para o manejo de situaccedilotildees que envolvem o paciente e a famiacutelia
O referido estudo ressalta tambeacutem que satildeo inuacutemeras as dificuldades apontadas pelos
profissionais que atuam na ESF para o emprego dessa filosofia de cuidar Entre elas apontam-
se a questatildeo familiar os aspectos bioeacuteticos a comunicaccedilatildeo entre os profissionais os pacientes
e a famiacutelia a organizaccedilatildeo dos serviccedilos (nesta enfatizam-se a falta de recursos e de
medicamentos e a desarticulaccedilatildeo entre os diversos niacuteveis do sistema) Esta uacuteltima eacute a maior
barreira para a operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos
O trabalho desenvolvido por Rodrigues (2009) corrobora os resultados encontrados no
referido estudo Esclarecem que a descoberta dos Cuidados Paliativos para os trabalhadores da
equipe de sauacutede tem gerado desafios para os profissionais envolvidos na assistecircncia em virtude
do despreparo deles para essa nova praacutetica principalmente para o emprego dos Cuidados
Paliativos no cenaacuterio domiciliar no conviacutevio com pacientes e agraves emoccedilotildees advindas do ato de
92
compartilhar o sofrimento dos pacientes e dos seus familiares confrontando-os com o desafio
maior ― o lidar com a morte Estas ponderaccedilotildees podem ser visualizadas nos trechos a seguir
[] Eacute preciso um projeto paralelo de reeducaccedilatildeo (M1)
[] com certeza necessitaria antes de iniciar as atividades um curso de capacitaccedilatildeo
para poder assistir melhor esses pacientes e fazer o melhor para que os mesmos tivessem
uma morte digna ou melhor menos dolorosa para eles e seus familiares (M2)
[] faltam a toda a equipe os subsiacutedios essenciais para o emprego dos cuidados
paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica (M8)
[] me faz necessaacuterio uma sensibilizaccedilatildeo (D1)
[] me falta conhecimento e experiecircncia para lidar com esse tipo de situaccedilatildeo (D3)
Todos os profissionais necessitam passar por uma qualificaccedilatildeo para empregar os
Cuidados Paliativos de forma produtiva ateacute mesmo seguindo um protocolo (D10)
Natildeo estou preparada Necessito de capacitaccedilatildeo (E3)
[] precisaria de capacitaccedilatildeo (E6)
Nesse contexto a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente em Cuidados Paliativos eacute
premente para os profissionais que integram a equipe da ESF como parte de uma estrateacutegia de
difusatildeo nacional desses cuidados cabendo ao Ministeacuterio da Sauacutede o assessoramento teacutecnico
aos municiacutepios para a organizaccedilatildeo de equipes qualificadas no monitoramento e no tratamento
dos pacientes com doenccedilas avanccediladas e terminais e de seu entorno (FLORIANI 2011) Outro
aspecto importante eacute a aquisiccedilatildeo de atitudes e habilidades como a comunicaccedilatildeo fundamentais
para que essa assistecircncia seja eficaz (MELLO CAPONERO 2011)
Kira Montagnini e Barbosa (2008) observam que atualmente no Brasil embora a
discussatildeo e a implantaccedilatildeo dos princiacutepios dos Cuidados Paliativos estejam em franca
progressatildeo ainda eacute necessaacuterio que as instituiccedilotildees de ensino compreendam a importacircncia da
filosofia paliativista e facilitem sua implantaccedilatildeo curricular na aacuterea da Sauacutede ao niacutevel da
graduaccedilatildeo e da poacutes-graduaccedilatildeo
Arauacutejo (2011) assevera que a educaccedilatildeo em Cuidados Paliativos difere da educaccedilatildeo em
outras disciplinas da aacuterea da Sauacutede por trecircs razotildees distintas poreacutem interligadas
Primeiro porque se lida com pessoas que estatildeo morrendo e com seus familiares em
momentos de incertezas e complexidades
93
Segundo porque haacute maior implicaccedilatildeo emocional no cuidado destes pacientes uma vez
que por meio da abordagem multidimensional identifica-se o sofrimento em suas diferentes
esferas revelando-se sentimentos com que o profissional teraacute que lidar tanto no paciente
quanto em si proacuteprio
Terceiro porque para que o cuidado paliativo seja efetivo ou seja para que as
necessidades multidimensionais do paciente e seus familiares sejam supridos eacute imprescindiacutevel
o trabalho interdisciplinar
Assim conforme apontam Wee e Hughes (2007) a educaccedilatildeo neste tema precisa ir ao
encontro das necessidades de grupos profissionais heterogecircneos no tocante agraves abordagens
disciplinares
Floriani (2011) pondera que aleacutem dessa qualificaccedilatildeo da equipe deve haver tambeacutem
como parte dessa estrateacutegia de capacitaccedilatildeo uma mudanccedila na visatildeo acadecircmica com a urgente
necessidade de ser implantada a disciplina Cuidados Paliativos na grade curricular dos cursos
da aacuterea da Sauacutede Caso contraacuterio as distorccedilotildees envolvidas acerca desta modalidade de cuidar
natildeo seratildeo corrigidas perpetuando-se terapecircuticas fuacuteteis e situaccedilotildees de abandono
Na percepccedilatildeo de Arauacutejo (2011) a filosofia dos Cuidados Paliativos deve ser ensinada
durante a graduaccedilatildeo poreacutem o que se tem observado eacute que a academia destina-se a ensinar a
fisiopatologia das doenccedilas e farmacoloacutegicas para seu tratamento pouco preparando o
profissional para lidar com o paciente quando esta doenccedila natildeo tem mais possibilidade de cura
Observa-se ainda que pouco se destaca nesse processo de formaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede
seu preparo para comunicar notiacutecias ruins estar ao lado de algueacutem que sofre oferecer apoio
emocional e espiritual em situaccedilotildees complexas refletir junto com o doente na suas duacutevidas e
questotildees existenciais
Como a formaccedilatildeo baacutesica dos profissionais que atualmente lidam com pacientes que
vivenciam o processo de morrer natildeo lhes foi suficiente para desenvolver habilidades para lidar
com estas e outras situaccedilotildees inerentes agrave terminalidade de seus pacientes eacute preciso o
investimento na educaccedilatildeo continuada destes profissionais no tange aos Cuidados Paliativos
Dessa forma Floriani e Schramm (2004) consideram que a Atenccedilatildeo Baacutesica emerge
como uma importante estrateacutegia para o emprego dessa modalidade de cuidar podendo atuar
para evitar a ruptura de tratamento configurando-se como indispensaacutevel elo de continuidade do
tratamento especialmente para os pacientes que vivem longe de centros urbanos e que devem
retornar para suas casas
Diante dessa realidade observa-se que o Sistema de Sauacutede brasileiro tem a importante
tarefa de equilibrar dentro de um cenaacuterio de restriccedilatildeo de recursos de modo pragmaacutetico como
94
conveacutem ao gestor puacuteblico e ao privado o sentido do que eacute real com o sentido da possibilidade
em busca de um modelo sustentaacutevel de cuidados no fim da vida do ponto de vista operacional
e organizado de modo que possa ser acessiacutevel nos mais diferentes contextos nacionais e
eticamente comprometido com a proteccedilatildeo aos atores vulnerados (FLORIANI 2011)
Portanto analisando essas caracteriacutesticas agrave luz do referencial teoacuterico e dos discursos
provenientes de meacutedicos enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas da ESF podemos assinalar que na
visatildeo desses profissionais eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo
Baacutesica contanto que sejam superadas algumas barreiras tais como a criaccedilatildeo de uma poliacutetica
nacional para essa modalidade de cuidar e a preparaccedilatildeo dos profissionais que integram a equipe
da ESF
95
Reflexotildees Finais
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
96
O estudo nos permitiu assinalar a partir dos discursos dos profissionais participantes
da investigaccedilatildeo a valoraccedilatildeo dos Cuidados Paliativos como uma modalidade de cuidar que visa
agrave minimizaccedilatildeo do sofrimento do paciente sem possibilidade terapecircutica de cura e agrave de seus
familiares mediante uma assistecircncia pautada na humanizaccedilatildeo
Eacute oportuno destacar que a praacutetica dos Cuidados Paliativos busca oferecer uma resposta
ativa aos problemas necessidades e sofrimento dos pacientes acometidos por uma patologia
crocircnica e incuraacutevel podendo dessa forma desempenhar um papel relevante nos cuidados no
fim da vida especialmente em aacutereas onde natildeo existem centros de referecircncia em Cuidados
Paliativos
Implementar esta modalidade de cuidar permeada pelos pressupostos da humanizaccedilatildeo
favorece aos profissionais da ESF o estabelecimento de uma assistecircncia integral e holiacutestica
(contemplando as necessidades emocionais espirituais sociais e bioloacutegicas) direcionada ao
paciente portador de doenccedila crocircnica natildeo responsiva agrave terapecircutica de cura Aleacutem disso contribui
para o desenvolvimento de estrateacutegias uacuteteis e adequadas a fim de se atender agraves necessidades do
referido paciente
No tocante agrave praacutetica dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica foi possiacutevel eleger
duas categorias a partir do material discursivo oriundo das entrevistas dos participantes do
estudo Cuidados Paliativos ndash aspectos conceituais e modalidades terapecircuticas (esta categoria
apresentou duas subcategorias Cuidados Paliativos ndash promoccedilatildeo de qualidade de vida para
pacientes sem possibilidades de cura modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos)
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica ndash formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees As
categoriais apresentam a essecircncia do entendimento dos profissionais da ESF envolvidos no
estudo sobre os Cuidados Paliativos sobretudo no referido contexto
Quanto agrave compreensatildeo dos profissionais da ESF acerca dos Cuidados Paliativos foi
enfatizado que esta modalidade eacute considerada como cuidados de conforto para o paciente
cuidado biopsiacutequicoespiritual e cuidado interdisciplinar
Os meacutedicos os enfermeiros e os cirurgiotildees-dentistas da ESF participantes do estudo
advertiram de modo enfaacutetico que os Cuidados Paliativos devem estar voltados para pacientes
acometidos por doenccedilas incuraacuteveis e pacientes em fase de terminalidade mediante uma
assistecircncia humanizada com a finalidade de promover qualidade de vida minimizaccedilatildeo do
sofrimento e boa morte
Outra questatildeo que merece destaque refere-se agrave importacircncia dada por alguns dos
participantes do estudo agrave presenccedila dos familiares elementos colaboradores no cuidar do
paciente Esta eacute compreendida como fonte de apoio e estiacutemulo para o doente no enfrentamento
97
do processo da enfermidade e da terminalidade Dessa forma os Cuidados Paliativos devem ser
estendidos tambeacutem agrave famiacutelia uma vez que esta sofre juntamente com o paciente que se
encontra em processo de terminalidade
Quanto agraves modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos os referidos profissionais
valorizaram natildeo soacute os aspectos bioloacutegicos do paciente mas tambeacutem outras dimensotildees que
compotildeem a totalidade do ser humano e que surgem intensamente diante de um sofrimento e do
processo da terminalidade ndash as dimensotildees psicoloacutegicas sociais e espirituais Por conseguinte
os referidos profissionais destacaram as seguintes modalidades farmacologia fisioterapia
nutriccedilatildeo (que corresponderam agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica) comunicaccedilatildeoescuta qualificada
psicologia e espiritualidade (que retrataram a intervenccedilatildeo psicoterapecircutica)
Eacute oportuno destacar que alguns dos participantes do estudo apresentaram certo
despreparo para esta nova modalidade de cuidar revelando conceitos incompatiacuteveis com a
literatura pertinente aos Cuidados Paliativos Foi possiacutevel entrever que estes profissionais
restringem tais cuidados a cuidados humanitaacuterios natildeo identificando a relaccedilatildeo de tal modalidade
com temas como a morte e suas implicaccedilotildees espirituais ou existenciais Este fato pode estar
atrelado agrave formaccedilatildeo profissional deles uma vez que no Brasil a visibilidade dessa modalidade
de cuidar iniciou-se na deacutecada de 2000 e a maioria destes estaacute formada haacute mais de dez anos
natildeo tendo em seus curriacuteculos a contemplaccedilatildeo da temaacutetica em destaque
Em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da equipe de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica os
participantes envolvidos no estudo disseram reconhecer que a equipe da ESF deve conter um
quantitativo maior de profissionais o qual possa extrapolar o que estaacute determinado atualmente
pelo Ministeacuterio da Sauacutede Ressalte-se que alguns deles destacaram a importacircncia da atuaccedilatildeo de
uma equipe interdisciplinar composta de profissionais que possuem diferenciadas competecircncias
e que atuam de forma interdependente para o atendimento das necessidades bioloacutegicas
psicoloacutegicas sociais e espirituais do paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura e de sua
famiacutelia
Outro aspecto merecedor de destaque diz respeito ao posicionamento dos profissionais
inseridos no estudo quanto agrave viabilidade da operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica Para eles esta modalidade de cuidar na nossa realidade local apresenta
possibilidades e limitaccedilotildees
No que diz respeito agraves possibilidades os discursos provenientes dos meacutedicos
enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas expressaram a necessidade em fomentar a criaccedilatildeo de uma
poliacutetica nacional que contemple os Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
98
Do mesmo modo manifestaram acreditar que a falta de qualificaccedilatildeo dos profissionais
inseridos na ESF consiste na principal limitaccedilatildeo para a implementaccedilatildeo dessa modalidade de
cuidar na Atenccedilatildeo Baacutesica Portanto a qualificaccedilatildeo desta equipe eacute apontada pelos profissionais
como a estrateacutegia mais importante para a viabilizaccedilatildeo desta praacutetica na atenccedilatildeo primaacuteria
Explicitaram a necessidade de qualificaccedilatildeo para um melhor exerciacutecio profissional no campo de
Cuidados Paliativos sobretudo em situaccedilotildees de terminalidade
Assim sendo urge a instituiccedilatildeo da educaccedilatildeo permanente em Cuidados Paliativos para
os profissionais que fazem parte da Atenccedilatildeo Baacutesica a fim de que promovam uma assistecircncia
holiacutestica e integral ao paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura Aleacutem disso eacute de suma
relevacircncia que as instituiccedilotildees de ensino da aacuterea da Sauacutede compreendam a importacircncia da
filosofia dessa modalidade de cuidar e contemplem esta temaacutetica em seus curriacuteculos
Consideramos que este estudo abre novos horizontes no campo da investigaccedilatildeo
cientiacutefica na assistecircncia e no ensino acerca dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Haja
vista o quacircntico reduzido de estudos direcionados agrave respectiva temaacutetica no acircmbito da literatura
nacional Ressaltamos a necessidade de novas pesquisas com a finalidade de se ampliarem as
discussotildees sobre essa temaacutetica e conseguintemente se favorecer a inserccedilatildeo desse conteuacutedo nos
curriacuteculos dos profissionais da Sauacutede bem como se estimular a capacitaccedilatildeo destes cuidados
diferenciados nas redes assistenciais de sauacutede particularmente na ESF a fim de se amenizar o
sofrimento de usuaacuterios sem possibilidades terapecircuticas e familiares envolvidos com o cuidado
com seu ente querido
Esperamos portanto que esta pesquisa possa subsidiar novas investigaccedilotildees que
contemplem a inter-relaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos com a Atenccedilatildeo Baacutesica visto que se trata
de uma praacutetica inovadora no referido campo a qual necessita de uma maior disseminaccedilatildeo junto
a gestores profissionais da Sauacutede em particular os da ESF estudantes e pesquisadores da aacuterea
99
Referecircncias
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
100
ABRAHAtildeO-CURVO P Avaliaccedilatildeo da atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede destacando satisfaccedilatildeo e
insatisfaccedilatildeo na perspectiva dos usuaacuterios com ecircnfase na integralidade da atenccedilatildeo 2010
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo PretoUSP Satildeo Paulo 2010
ABREU L O et al Trabalho de equipe em enfermagem revisatildeo sistemaacutetica da literatura
Rev Bras Enferm v 58 n 2 p 203-7 2005
ABU-SAAD H H COURTENS A Developments in Palliative Care In ABUD-SAAD H
H Evidence-based palliative care across the life span Oxford Blackwel Science 2001
Cap3 p5-13
ARAUacuteJO M M T de Quando uma palavra de carinho conforta mais que um
medicamento necessidades e expectativas de pacientes sob cuidados paliativos 2006
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola de Enfermagem da Universidade de Satildeo Paulo 2006
ARAUacuteJO M M T de Comunicaccedilatildeo em cuidados paliativos proposta educacional para
profissionais de sauacutede 2011 Tese (Doutorado) ndash Escola de Enfermagem da Universidade de
Satildeo Paulo 2011
ARAUacuteJO M M T de SILVA M J P da A comunicaccedilatildeo com o paciente em cuidados
paliativos valorizando a alegria e o otimismo Rev Esc Enferm v 40 n 4 p 668-674 2007
AROUCA S Democracia e sauacutede Anais da VIII Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia
1987 P 17-21
BACKES D S et al Muacutesica terapia complementar no processo de humanizaccedilatildeo de um CTI
Nursing v 66 n 6 p 35-42 2003
BARBOSA K de A FREITAS M H de Religiosidade e atitude diante da morte em idosos
sob cuidados paliativos Revista Kairoacutes Satildeo Paulo v 12 n 1 p 113-34 jan 2009
BARDIN L Anaacutelise de conteuacutedo Lisboa Ediccedilotildees 70 2008
BIELEMANN V L M A famiacutelia cuidando do ser humano com cacircncer e sentindo a
experiecircncia Rev Bras Enferm v 56 n 2 p 133-7 2003
BILLINGS J A A BLOCH S Palliative care in undergraduate medical education JAMA
v 278 n9 p 733-738 1997
101
BONASSA E C CAMPOS C V A Sauacutede mais perto os programas e as formas de
financiamento para os municiacutepios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001
BONFAacute L VINAGRE R C de O FIGUEIREDO N V de Uso de canabinoacuteides na dor
crocircnica e em cuidados paliativos Rev Bras Anestesiol v 58 n 3 p 267-279 2008
BOULAY S Changing the face of death the story of Cicely Saunders 4 ed Norfolk
RMEP 1996
BRASIL Portaria ndeg 1886GMMS Aprova as Normas de Diretrizes do Programa de
Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede e do Programa de Sauacutede da Famiacutelia Brasiacutelia DF Dez 1997
______ Portaria nordm 2413 GMMS Cria atendimento a pacientes sob cuidados prolongados
Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1998a
______ Portaria nordm 3535 GMMS Estabelece criteacuterios para Centros de Alta Complexidade
em Oncologia ndash CACON Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1998b
______ Portaria ndeg 157GMMS Estabelece os criteacuterios de distribuiccedilatildeo e requisitos para a
qualificaccedilatildeo dos Municiacutepios aos incentivos ao Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede e
ao Programa de Sauacutede da Famiacutelia Brasiacutelia DF Mar 1998c
______ Ministeacuterio da Sauacutede Portaria n 881 Brasiacutelia DF Jun 2001
______ Portaria nordm 19 GMMS Cria o Programa Nacional de Assistecircncia agrave Dor e Cuidados
Paliativos Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Programa de sauacutede da famiacutelia Brasiacutelia DF 2000a
______ Ministeacuterio da Sauacutede Atenccedilatildeo Baacutesica Programa de Sauacutede da Famiacutelia Treinamento
Introdutoacuterio Caderno 2 Brasiacutelia 2000b
______ Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Programa de Sauacutede da famiacutelia
Rev Sauacuted Puacutebl v 34 n 3 p 316-9 2000c
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave sauacutede Coordenaccedilatildeo de sauacutede da
comunidade Sauacutede da famiacutelia uma estrateacutegia para reorientaccedilatildeo do modelos assistencial
Brasiacutelia DF 2005a
102
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica
Coordenaccedilatildeo de Acompanhamento e Avaliaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo para melhoria da qualidade da
estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Documento Teacutecnico Brasiacutelia DF 2005b
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Gestatildeo Participativa Sauacutede da famiacutelia panorama
avaliaccedilatildeo e desafios Brasiacutelia DF 2005c
______ Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada - RDC
nordm11 de 26 de janeiro de 2006 Dispotildee sobre o regulamento teacutecnico de funcionamento de
serviccedilos que prestam atenccedilatildeo domiciliar Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 30 jan 2006
______ Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Comissatildeo Nacional de Eacutetica em
Pesquisa Manual operacional para comitecircs de eacutetica em pesquisa 4 ed Brasiacutelia DF 2007
Seacuterie A Normas e manuais teacutecnicos
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave
Sauacutede Diretrizes e recomendaccedilotildees para o cuidado integral de doenccedilas crocircnicas natildeo-
transmissiacuteveis Brasiacutelia DF 2009
BYOCK I Where do we go from here A palliative care perspective Crit Care Med v 34
p 416-20 2006
CAPONERO R Muito aleacutem da cura de uma doenccedila profissionais lutam para humanizar o
sofrimento humano Praacutetica Hospitalar Satildeo Paulo n 21 p 29-34 maijun 2002
CASTRO D A Psicologia e eacutetica em cuidados paliativos Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo v
21 p 44-51 2001
CEZARIO E P O fisioterapeuta diante dos cuidados paliativos e da morte In SANTOS F S
(Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo
Atheneu 2011 Cap 33 p 307-14
CLARK D CENTENO C Palliative care in Europe an emerging approach to comparative
analysis Clin Med v6 n 2 p 197-201 2006
CONGRESSO INTERNACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS Educar para paliar Satildeo
Paulo Siacuterio Libanecircs Instituto de Ensino e Pesquisa 2010
103
COSTA E M A CARBONE M H Sauacutede da famiacutelia uma abordagem interdisciplinar Rio
de Janeiro Rubio 2004
COSTA S F G VALLE E R M Ser eacutetico na pesquisa em enfermagem Joatildeo Pessoa
Ideacuteia 2000
COSTA FILHO R C et al Como implementar cuidados paliativos de qualidade na unidade
de terapia intensiva Rev Bras Ter Intensiva Satildeo Paulo v 20 n 1 janmar 2008
DUNLOP R J HOCKLEY J M Hospital-based palliative care teams 2 ed Oxford
Oxford University 1998
ELIAS A C A et al Programa de treinamento sobre a intervenccedilatildeo terapecircutica (RIME) para
re-significar a dor espiritual de pacientes terminais Rev Psiquiatr Cliacuten Satildeo Paulo v 34
supl 1 p 60-72 2007
ESTEVES M M Cuidar ndash paciente famiacutelia e equipe multiprofissional sob a visatildeo do
assistente social atuante em cuidados paliativos In SANTOS F S (Org) Cuidados
paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 31
p 285-86
FERRER P M N LABRADA B R P LOacutePEZ N P Buenas praacutecticas de enfermeriacutea en
pacientes tributarios de cuidados paliativos en la atencioacuten primaria de salud Revista Cubana
de Enfermeriacutea v 25 n 1-2 p 1-17 2009
FERREIRA N M L A CHICO E HAYHASHI V D Buscando compreender a
experiecircncia do doente com cacircncer Rev Ciecircn Meacuted (Campinas) v 14 n 3 p 239-48 2005
FERREIRA N M L A SOUZA C L B de STUCHI Z Cuidados paliativos e famiacutelia
Rev Ciecircnc Meacuted Campinas v 17 n 1 p 33-42 janfev 2008
FIGUEIREDO M C A Educaccedilatildeo em cuidados paliativos uma experiecircncia brasileira Mundo
Sauacutede v 27 n 1 p 165-70 2003
FIGUEIREDO M T A Reflexotildees sobre os cuidados paliativos no Brasil Rev Praacutetica
Hospitalar v 47 p 36-40 setout 2006
104
FLORIANI C A Cuidados paliativos no Brasil desafios para sua inserccedilatildeo no sistema de
sauacutede In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos
sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 12 p 101-06
FLORIANI C A SCHRAMM F R Atendimento domiciliar ao idoso problema ou
soluccedilatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 20 n4 p 986-994 julago 2004
FLORIANI C A SCHRAMM F R Desafios morais e operacionais da inclusatildeo dos cuidados
paliativos na rede de atenccedilatildeo baacutesica Cad Sauacutede Puacuteblica v 23 n 9 p 2072-2080 set 2007
FRANCcedilA J R F S Cuidados paliativos relaccedilatildeo dialoacutegica entre enfermeiros e crianccedilas com
cacircncer 2011 172f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Centro de Ciecircncias da Sauacutede Universidade
Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 6 ed Satildeo Paulo Atlas 2010
GIL C R R Formaccedilatildeo de recursos humanos em sauacutede da famiacutelia paradoxos e perspectivas
Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 21 n2 p490-498 marabr 2005
GIROND J B R WATERKEMPER R Sedaccedilatildeo eutanaacutesia e o processo de morrer do
paciente com cacircncer em cuidados paliativos compreendendo conceitos e inter-relaccedilotildees
Cogitare enferm v 11 n 3 p 258-263 set-dez 2006
GUERRA M A T Assistecircncia ao paciente em fase terminal alternativas para o doente com
AIDS 2001 155p Tese (Doutorado) ndash Faculdade de Sauacutede Puacuteblica Universidade de Satildeo
Paulo Satildeo Paulo 2001
GUTIERREZ D M D MINAYO M C S Produccedilatildeo do conhecimento sobre cuidados da
sauacutede no acircmbito da famiacutelia Ciecircncia e Sauacutede Coletiva v 15 n 1 p 1497-1508 2010
HALSTEAD MT ROSCOE ST Restoring the spirit at the end of life music as an
intervention for oncology nurses Clin J Oncol Nurs v6 n6 p333-6 2002
HERSCHBACK P et al Psychological distress in cancer patients assessed with na expert
rating scale Br J Cancer v 99 n 1 p 37-43 2008
HIGUERA J C B La escucha activa em cuidados paliativos Revista de Estudios Meacutedico
Humaniacutesticos v 11 n 11 p 119-136 2005
105
IBANtildeEZ N et al Avaliaccedilatildeo do desempenho da atenccedilatildeo baacutesica no estado de Satildeo Paulo
Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 11 n 3 p 683-703 2006
INCONTRI D Equipes interdisciplinares em cuidados paliativos ndash religando o saber e o sentir
In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos
sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 17 p 141-48
INABA L C SILVA M J P A importacircncia e as dificuldades da comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-
verbal no cuidado dos deficientes fiacutesicos Nursing v 5 n 51 p 20-4 2002
JOAtildeO PESSOA Secretaria Municipal de Sauacutede Plano Municipal de Sauacutede ndash 2010 - 2013
Joatildeo Pessoa 2010
______ Relatoacuterio de gestatildeo 2005-2008 Joatildeo Pessoa 2008
KIRA C M MONTAGNINI M BARBOSA S M M Educaccedilatildeo em cuidados paliativos
In OLIVEIRA R A Cuidado paliativo Satildeo Paulo Conselho Regional de Medicina do estado
de Satildeo Paulo 2008 p 595-609
KOENIG H G McCULLOUGH M E LARSON D B A history of religion science and
medicine In HANDBOOK of religion and health New York Oxford University Press 2001
KOVAacuteCS M J et al Implantaccedilatildeo de um service de plantatildeo psicoloacutegico numa unidade de
cuidados paliativos Bol Psicol v 51 n 114 p 1-22 jan-jun 2001
KOVAacuteCS M J Comunicaccedilatildeo nos programas de cuidados paliativos uma abordagem
multidisciplinar In PESSINI L BERTACHINI L Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos
Satildeo Paulo Loyola p 275-89 2004
KUumlBLER-ROSS E Sobre a morte e o morrer Satildeo Paulo Martins Fontes 2002
LAVOR M F da S Cuidados paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica visatildeo dos enfermeiros do
Programa Sauacutede da Famiacutelia 180 f 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Enfermagem) ndash
Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Rio de Janeiro
2006
LITLEJOHN S W Fundamentos teoacutericos da comunicaccedilatildeo humana Rio de janeiro
Guanabara 1988
106
LOPES M J M SILVA J L A Estrateacutegias metodoloacutegicas de educaccedilatildeo e assistecircncia na
atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Revista Latino Amer Enfermagem v 12 n 4 jul ndash ago 2004
LUSTOSA M A A famiacutelia do paciente internado Rev SBPH v 10 p 4-8 2007
MACCOUGHLAN M A necessidade de cuidados paliativos In PESSINI L BERTACHINI
(Orgs) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos 3ed Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 Cap 11
p 167- 180
MACCOUGHLAN M A Necessidade de cuidados paliativos Mundo Sauacutede v 27 n 1 p
6-14 2003
MACHADO M de F A S et al Integralidade formaccedilatildeo de sauacutede educaccedilatildeo em sauacutede e as
propostas do SUS - uma revisatildeo conceitual Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva v 12 n 2 p 335-342
2007
MACMILIAN K EMERY B KASHUBA L Organization and support of the
interdisciplinary team In BRUERA E et al Textbook of palliative medicine London
Edward Arnold 2006
MALUF M F M MOLI L J BARROS A C S D O impacto psicoloacutegico do cacircncer de
mama Rev Bras Cancer v 51 n 2 p 149-54 2005
MARCUCCI F C I O papel da fisioterapia nos cuidados paliativos a pacientes com cacircncer
Rev Bras Cancer v 51 n 1 p 67-77 2005
MELO A G C Os cuidados paliativos no Brasil In PESSINI L BERTACHINI L
Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos Satildeo Paulo Loyola 2004 p 291-9
MELLO A G C de CAPONEROV R Cuidados paliativos abordagem contiacutenua e integral
In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos discutindo a vida a morte e o morrer Satildeo
Paulo Atheneu 2009 Cap18 p 257-266
MELLO A G C de CAPONERO R O futuro em cuidados paliativos In SANTOS F S
(Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo
Atheneu 2011 Cap 2 p 17-24
107
MELO A G C FIGUEIREDO M T A Cuidados paliativos conceitos baacutesicos histoacuterico e
realizaccedilotildees da Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos e da Associaccedilatildeo Internacional de
Hospice e Cuidados Paliativos In PIMENTA C A M MOTA D D C F CRUZ D A L
M Dor e cuidados paliativos enfermagem medicina e psicologia Barueri SP Manole 2006
p 16-28
MENDES E V O dilema fragmentaccedilatildeo ou integraccedilatildeo dos sistemas de sauacutede por sistemas
integrados de serviccedilos de sauacutede In MENDES E V Os grandes dilemas do SUS Fortaleza
Escola de Sauacutede Puacuteblica do Cearaacute 2001 p 91-139
MINAYO M C de S O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 12 ed Rio
de Janeiro HUCITECABRASCO 2010
MOREIRA D A O meacutetodo fenomenoloacutegico na pesquisa Satildeo Paulo Pioneira 2004
O`CONNOR M FISHER C GUILFOYLE A Interdisciplinary teams inpalliative care a
critical reflection Int J Pall Nurs v 12 n 3 p 132-7 2006
OLIVEIRA A C SAacute L SILVA M J P O posicionamento do enfermeiro frente a
autonomia do paciente terminal Rev Bras Enferm v 60 n 3 p 286-90 maio-jun 2007
ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DA SAUacuteDE Alma Ata 1978 ndash cuidados primaacuterios de sauacutede
Relatoacuterio da conferecircncia internacional sobre cuidados primaacuterios de sauacutede OMSUNICEF
Brasil 1979
ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Cuidados inovadores para condiccedilotildees crocircnicas
componentes estruturais de accedilatildeo uma estrateacutegia em Serviccedilos de Sauacutede para todo o Brasil
Brasiacutelia Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede 2003
OTHERO M B COSTA D G Propostas desenvolvidas em Cuidados Paliativos em um
hospital amparador - Terapia Ocupacional e Psicologia Rev Praacutetica Hospitalar v 9 n 52 p
157-60 2007
PAUNOVICH E D et al The role of dentistry in palliative care of the head and neck cancer
patient Tex Dent J v 117 n 6 p 36-45 2000
PEDUZZI M A A inserccedilatildeo do enfermeiro na equipe de sauacutede da famiacutelia na perspectiva da
promoccedilatildeo da sauacutede In Anais do 1ordm Seminaacuterio Estadual o enfermeiro no programa de sauacutede
da famiacutelia de Satildeo Paulo 9-11 nov 2000 Satildeo Paulo Secretaria do estado de Sauacutede p 1-11
108
PEDUZZI M OLIVEIRA M A C Trabalho em equipe multiprofissional In MARTINS
M A et al Cliacutenica Meacutedica v1 Barueri Manole 2009 p 171-8
PERES M F P et al A importacircncia da integraccedilatildeo da espiritualidade e da religiosidade no
manejo da dor e dos cuidados paliativos Rev Psiquiatr Cliacuten Satildeo Paulo v 34 2007
PESSINI L Viver com dignidade a proacutepria morte reexame da contribuiccedilatildeo da eacutetica
teoloacutegica no atual debate sobre a distanaacutesia 2001 Tese (Doutorado) ndash Centro Universitaacuterio
Assunccedilatildeo Pontifiacutecia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunccedilatildeo Satildeo Paulo 2001
PESSINI L Humanizaccedilatildeo da dor e do sofrimento humanos na aacuterea da sauacutede In PESSINI L
BERTACHINI L (Orgs) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos 3 ed Satildeo Paulo Loyola
2006 cap1 p 11-29
PESSINI L BERTACHINI L Novas perspectivas em cuidados paliativos eacutetica geriatria
gerontologia comunicaccedilatildeo e espiritualidade O Mundo da Sauacutede Satildeo Paulo v 29 n 4
outdez 2005
PIMENTA C G C de MOTA D T A F Educaccedilatildeo em cuidados paliativos In PIMENTA
C G C de MOTA D D C de F M CRUZ D DE A L M da C (Orgs) Dor e
cuidados paliativos enfermagem medicina e psicologia BarueriManoly 2006 Cap3 p 29-
44
POLASTRINI R T V YAMASHITA C C KURASHIMA A Y Enfermagem e o cuidado
paliativo In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 30 p 277-83
POLIT F P BECK C T HUNGLER B P Fundamentos da pesquisa em enfermagem
meacutetodos avaliaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo 5 ed Porto Alegre Artmed 2004
RAJAGOPAL M R MAZZA D LIPMAN A G Pain and palliative care in the
developing world and marginalized population a global challenge Binghamton The
Haworth Medical Press 2003
REIS JUacuteNIOR L C REIS P E A M Cuidados paliativos no paciente idoso o papel do
fisioterapeuta no contexto multidisciplinar Fisioterapia em Movimento Curitiba v 20 n 2
p 127-35 abrjun 2007
109
RODRIGUES I G Cuidados paliativos anaacutelise de conceito 2004 200f Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo Ribeiratildeo
Preto 2004
RODRIGUES I G Os significados do trabalho em equipe de cuidados paliativos
oncoloacutegicos domiciliar um estudo etnograacutefico 2009 Tese (Doutorado) Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2009
RODRIGUES I G ZAGO M M F Enfermagem em cuidados paliativos Mundo Sauacutede v
27 n 1 p 89-92 2003
RODRIGUES I G ZAGO M M F CALIRI M H Uma anaacutelise do conceito de cuidados
paliativos no Brasil artigo de revisatildeo Mundo da Sauacutede v 29 n 2 p 147-154 Satildeo Paulo
2005
SALES C A MOLINA M A S O significado do cacircncer no cotidiano de mulheres em
tratamento quimioteraacutepico Rev Bras Enferm v 57 n 6 p 720-3 2004
SALES C A et al Cuidado paliativo a arte de estar-com-o-outro de uma forma autecircntica
Rev Enferm UERJ v 16 n 2 p 174-179 2008
SALTZ E JUVER J Cuidados paliativos em oncologia Satildeo Paulo Editora Senac 2008
SANTANA A D A Cuidados paliativos ao doente oncoloacutegico terminal em domiciacutelio
representaccedilotildees sociais da famiacutelia 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash escola de Enfermagem
Universidade Federal da Bahia Salvador 2000
SANTOS H S dos Terapecircutica nutricional para constipaccedilatildeo intestinal em pacientes
oncoloacutegicos com doenccedila avanccedilada em uso de opiaacuteceos revisatildeo Rev Bras Cancer v 48 n
2 p 263-269 2002
SANTOS D et al Sedacioacuten paliativa experiencia en una unidad de cuidados paliativos de
Montevideo Rev Med Urug v 25 n 2 p 78-83 2009
SANTOS M J O cuidado agrave famiacutelia do idoso com cacircncer em cuidados paliativos
perspectiva da equipe de enfermagem e dos usuaacuterios 2009 Dissertaccedilatildeo (mestrado)
Florianoacutepolis Universidade Federal de Santa Catarina 2009
SANTOS F S O desenvolvimento histoacuterico dos cuidados paliativos e a filosofia hospice In
SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas
Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 1 p 3-15
110
SANTOS C E dos MATTOS L F C Os cuidados paliativos e a medicina de famiacutelia e
comunidade In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 2 p 17-24
SAUNDERS C Preface In DAVIES E HIGGINSON I J (Ed) The solid facts palliative
care Copenhagen WHO Regional Office for Europe 2004
SCHLIEMANN A L Cuidados paliativos e psicologia a construccedilatildeo de um espaccedilo de
trabalho In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 34 p 315-21
SCHERER M D dos A MARINO S R A RAMOS F R S Rupturas e soluccedilotildees no
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede reflexotildees sobre a estrateacutegia sauacutede da famiacutelia com base nas
categorias kuhnianas Interface ndash comunicaccedilatildeo Sauacutede Educaccedilatildeo Botucatu v9 n16 p 53-
66 set2004fev 2005
SILVA D A da et al Atuaccedilatildeo do nutricionista na melhora da qualidade de vida de idosos
com cacircncer em cuidados paliativos O Mundo da Sauacutede v 33 n 3 p 358-364 2009
SILVA K S da Em defesa da sociedade a invenccedilatildeo dos cuidados paliativos 2010
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2010
SILVA M J P Comunicaccedilatildeo com pacientes fora de possibilidades terapecircuticas reflexotildees
Mundo Sauacutede v 27 n 1 p 64-70 2003
SILVA M J P Comunicaccedilatildeo tem remeacutedio a comunicaccedilatildeo nas relaccedilotildees interpessoais em
sauacutede Satildeo Paulo Loyola 2008
SIMINO G P R Acompanhamento de usuaacuterios com cacircncer e seus cuidadores por
trabalhadores de equipes de sauacutede da famiacutelia possibilidades e desafios 2009 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo PretoUSP Satildeo Paulo 2009
SIQUEIRA E S A eacutetica e os pacientes terminais Arq Cons Med Do Pr Curitiba v 18 n
70 p 109-11 2000
SIQUEIRA J T T de et al Dor em pacientes com cacircncer de boca do diagnoacutestico aos
cuidados paliativos Rev Dor v 10 n 2 p 150-157 2009
111
SOCHACKI M et al A dor de natildeo mais alimentar Rev Bras Nutr Clin v 23 n 1 p 78-
80 2008
SODREacute F Alta Social a atuaccedilatildeo do assistente social em cuidados paliativos Serviccedilo Social
amp Sociedade nordm82 Satildeo Paulo Cortez 2005
SOUSA A T O de et al Cuidados paliativos com pacientes terminais um enfoque na
Bioeacutetica Rev Cubana Enfermer Ciudad de la Habana v 26 n 3 dic 2010
SPECK P Teamwork in palliative care Oxford Oxforde University Press 2009
STARFIELD B Atenccedilatildeo primaacuteria equiliacutebrio entre necessidades de sauacutede serviccedilos e
tecnologia UNESCO Ministeacuterio da Sauacutede Brasiacutelia 2002
STEINHAUSER K E et al Factors considered important at the end of life by patients
family physicians and other care providers JAMA v 284 p 2476-82 2000a
STEINHAUSER K E et al In search of a good death observations of patients families and
providers Ann Intern Med v 132 p 825-32 2000b
STONEBERG J N et al Assessment of palliative care needs Anesthesiol Clin v 24 p 1-
17 2006
TEIXEIRA M A et al Implantando um serviccedilo de suporte terapecircutico oncoloacutegico ndash STO
Rev Bras Cancerologia Rio de Janeiro v 39 n 2 p 65-87 abrjun 1993
TEIXEIRA C F Sauacutede da Famiacutelia Promoccedilatildeo e Vigilacircncia construindo a integralidade da
atenccedilatildeo agrave sauacutede no SUS Revista Brasileira de Sauacutede da Famiacutelia v 7 p 10-23 2004
TWYCROSS R Medicina paliativa filosofia y consideraciones eacuteticas Acta Bioethica v6
n1 p 27-46 2000
VALENTIM V L KRUEL A J A importacircncia da confianccedila interpessoal para a
consolidaccedilatildeo do Programa de Sauacutede da Famiacutelia Ciecircnc Sauacutede Colet v12 n3 p777-88
2007
112
WEBSTER R LACEY J QUINE S Palliative care a public health priority in developing
countries J Public Health Policy v 28 p 28-39 2007
WEE B HUGHES N Education in palliative care bulding a culture of learning Oxford
(UK) Oxford University Press 2007
WISEMAN M A Palliative care dentistry Gerodontology v 17 n 1 p 49-51 2000
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO) WHO Definition of palliative care [online]
Disponiacutevel em httpwwwwhointcancerpalliativedefinitionen Acesso em 13 de jul 2011
WRIGHT M et al Mapping levels of palliative care development a global view J Pain
Symptom Manage v 35 n 5 p 469-485 2008
113
Apecircndices
114
APEcircNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TIacuteTULO DO PROJETO DE DISSERTACcedilAtildeO Cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos
de profissionais de sauacutede
MESTRANDA Isabelle Cristinne Pinto Costa
ORIENTADORA Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa
Prezado o (a) profissional
Eu Isabelle Cristinne Pinto Costa sou aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo
em Enfermagem da Universidade Federal da Paraiacuteba orientanda da Profordf Drordf Solange
Faacutetima Geraldo da Costa gostaria de convidaacute-lo (a) para participar da pesquisa Cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos de profissionais de sauacutede Este estudo tem como
objetivos investigar o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que concerne agrave
cuidados paliativos e suas modalidades terapecircuticas e identificar as possibilidades de
implementaccedilatildeo de cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica a partir do discurso de profissionais
da sauacutede
Ressalto que esta investigaccedilatildeo contribuiraacute para o reconhecimento da valoraccedilatildeo dos
cuidados paliativos pela equipe de sauacutede da famiacutelia que passaraacute a exercer uma nova praacutetica
marcada pela humanizaccedilatildeo pelo cuidado pelo exerciacutecio da cidadania alicerccedilada na
compreensatildeo de que as condiccedilotildees de vida definem o processo sauacutede-doenccedila das famiacutelias
Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa solicito sua colaboraccedilatildeo participando deste estudo
mediante a aplicaccedilatildeo de um formulaacuterio Os dados obtidos seratildeo transcritos na iacutentegra com a
finalidade de garantir a fidedignidade dos conteuacutedos expressos no momento da aplicaccedilatildeo do
referido instrumento
Faz-se oportuno esclarecer que a sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria portanto
vocecirc natildeo eacute obrigado a fornecer informaccedilotildees eou colaborar com atividades solicitadas pela
pesquisadora podendo requerer a sua desistecircncia a qualquer momento do estudo fato este que
natildeo representaraacute qualquer tipo de prejuiacutezo relacionado ao seu trabalho nesta instituiccedilatildeo Vale
ressaltar que esta pesquisa natildeo traraacute nem dano previsiacutevel a sua pessoa visto que sua
participaccedilatildeo consistiraacute em responder um questionaacuterio a respeito de tema em destaque
115
Considerando a relevacircncia da temaacutetica no campo da atenccedilatildeo baacutesica solicito a sua
permissatildeo para disseminar o conhecimento que seraacute produzido por este estudo em eventos da
aacuterea de sauacutede e em revistas cientiacuteficas da aacuterea Para tanto por ocasiatildeo dos resultados
publicados sua identidade seraacute mantida no anonimato bem como as informaccedilotildees
confidenciais fornecidas
Eacute importante mencionar que vocecirc receberaacute uma coacutepia do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido e que a pesquisadora estaraacute agrave sua disposiccedilatildeo para qualquer esclarecimento
que considere necessaacuterio em qualquer etapa do processo de pesquisa Diante do exposto caso
venha a concordar em participar da investigaccedilatildeo proposta convido o (a) vocecirc conjuntamente
comigo a assinar este Termo
Considerando que fui informado (a) dos objetivos e da relevacircncia do estudo proposto
bem como da minha participaccedilatildeo no preenchimento de um formulaacuterio declaro o meu
consentimento em participar da pesquisa bem como concordo que os dados obtidos na
investigaccedilatildeo sejam utilizados para fins cientiacuteficos
Joatildeo Pessoa 2011
__________________________________
Assinatura do (a) Participante da Pesquisa
___________________________________
Assinatura da Pesquisadora Responsaacutevel
Telefones para contato com pesquisadora
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem ndash UFPB ndash 3216-7109
Coordenaccedilatildeo do NEPB - UFPB 3216-7735
Telefone do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa do HULW ndash UFPB ndash 3216 7302
116
APEcircNDICE B
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
I CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES
Data de nascimento____________
Formaccedilatildeo acadecircmica_______________________________Ano______________________
Instituiccedilatildeo__________________________________________________________________
Especializaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Mestrado ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Doutorado ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Palestra Mini-curso Capacitaccedilatildeo em Cuidados Paliativos ( ) sim ( ) natildeo
Caso afirmativo Instituiccedilatildeo_______________________________ Local ____________
Carga Horaacuteria________________Ano___________
Tempo de atuaccedilatildeo na ESF _____________________________________________________
II DADOS RELACIONADOS ACERCA DE CUIDADOS PALIATIVOS
1 O que vocecirc entende por cuidados paliativos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2 No seu entendimento quais as modalidades terapecircuticas empregadas nos cuidados
paliativos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3 Na sua opiniatildeo os cuidados paliativos devem estar direcionados para que grupo de
usuaacuterios assistidos na atenccedilatildeo baacutesica
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
117
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4 Na sua visatildeo quais os profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5 O que vocecirc acha da implantaccedilatildeo de cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
6 Na sua concepccedilatildeo o que eacute necessaacuterio para viabilizar a implantaccedilatildeo de cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7 No seu entendimento quais satildeo as possibilidades e limitaccedilotildees para a implantaccedilatildeo de
cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
8 Vocecirc como profissional da ESF estaacute apto para promover os cuidados paliativos na
sua praacutetica assistencial
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9 Em caso afirmativo da questatildeo anterior quais as estrateacutegias que vocecirc desenvolve
para a praacutetica de cuidados paliativos Em caso negativo justifique
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
119
Anexo
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
120
ANEXO A
PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA EM PESQUISA
C837c Costa Isabelle Cristinne Pinto
Cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos de
profissionais da sauacutede Isabelle Cristinne Pinto Costa--
Joatildeo Pessoa 2011
120f il
Orientadora Solange Faacutetima Geraldo da Costa
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash UFPBCCS
1 Enfermagem 2 Cuidados paliativos 3 Atenccedilatildeo
primaacuteria agrave sauacutede 4 Doentes terminais ndash cuidados
5 Programa Sauacutede da Famiacutelia
UFPBBC CDU 616-
083(043)
ISABELLE CRISTINNE PINTO COSTA
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica depoimentos de profissionais da
Sauacutede
Aprovado em 28112011
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa ndash ORIENTADORAUFPB
______________________________________________
Profordf Drordf Cleacutelia Albino Simpson ndash MembroUFRN
________________________________________________
Profordf Drordf Maria Emiacutelia Limeira Lopes ndash MembroUFPB
_______________________________________________
Prof Dr Roberto Teixeira Lima ndash MembroUFPB
_______________________________________________
Profordf Drordf Marta Miriam Lopes Costa ndash MembroUFPB
DEDICATOacuteRIA
Agrave Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa responsaacutevel
por me lapidar e me preparar para assumir desafios como
educadora possibilitando meu amadurecimento na profissatildeo
de enfermeira docente e pesquisadora Eacute exemplo de
integridade e de humanidade que tento seguir diariamente
Gratidatildeo eterna por me confiar e possibilitar-me o caminho
dos Cuidados Paliativos
Agradecimento a Deus
Meu Senhor e Meu Deus
Obrigada por eu poder contar com Teu Santo poder em
minha vida por ser Tua escolhida por eu poder desfrutar
Tua Santa bondade Obrigada Senhor por Tua suprema e
infinita misericoacuterdia que me guia por caminhos retos dando-
me discernimento para entender e superar as dificuldades da
vida
Obrigada Meu Paizinho por confiar em Tua filha dando-
me oportunidades que para mim eu nunca seria capaz de
enfrentar Sem a Tua forccedila e o Teu Espiacuterito Santo
conduzindo-me natildeo conseguiria alcanccedilar os sonhos que
tracei e almejei
Nada no mundo se iguala a Ti meu Pai onipotente Graccedilas
Te dou por tudo e Te peccedilo natildeo me desampares Senhor
porque eu natildeo saberia viver sem o Teu acalento sem sentir
Tua presenccedila no meu dia a dia sem desfrutar Teu manancial
de aacutegua viva que eacute a Tua palavra que me ensina a andar em
Teu Santo caminho ainda que por vezes seja tatildeo difiacutecil
Quando tudo parece tatildeo difiacutecil Tu me mostras que a
vontade eacute Tua e o querer tambeacutem Para Ti natildeo existe o
impossiacutevel porque basta um querer Teu e tudo eacute movido
quando somos fieacuteis a Tua palavra
Obrigada Meu Senhor e Meu Deus
Agradecimento Especial
Ao meu esposo Leandro que foi o alicerce desta conquista apoiando-me integral
e incondicionalmente com muito amor e carinho suportando por muitas vezes os
momentos de ausecircncia cansaccedilo impaciecircncia e falta de dedicaccedilatildeo ao longo desta
trajetoacuteria de estudo Partilho contigo o meacuterito desta vitoacuteria
Ao meu amado filho que eacute a minha fonte de inspiraccedilatildeo e o grande impulsionador
para a busca das minhas realizaccedilotildees profissionais Amo-te
Agrave minha querida matildee Izabel pela cumplicidade que compartilhamos e pelo amor
incondicional que me faz ser a cada dia o que sou
Ao meu pai Francisco por todo o seu apoio e incentivo na minha qualificaccedilatildeo
profissional Agradeccedilo-lhe por tudo pai
Aos meus irmatildeos Bruno e Adailton pelo incentivo carinho e amizade Amo
vocecircs
Agraves minhas amigas Cristiani Garrido Jael Ruacutebia e Kamyla Feacutelix que
acompanharam e me ajudaram a superar os percalccedilos desta conquista Obrigada
por me entenderem e me incentivarem Vocecircs satildeo especiais
Agradecimentos
Agraves Profas Dras Maria Emiacutelia Limeira Lopes Cleacutelia Albino Simpson Marta e
Miriam Lopes Costa e ao Prof Dr Roberto Teixeira Lima pela colaboraccedilatildeo na
construccedilatildeo deste estudo a qual possibilitou o enriquecimento dele
Ao Prof Laerte Pereira pelo excelente trabalho de correccedilatildeo do vernaacuteculo
delineado de amizade e esmero
A Adriene Jacinto secretaria adjunta de sauacutede do municiacutepio de Joatildeo Pessoa por
acreditar em meu trabalho e por me apoiar no desenvolvimento deste estudo
A Kerle Dayana diretora do Distrito Sanitaacuterio IV do municiacutepio de Joatildeo Pessoa
pela solicitude e dedicaccedilatildeo que muito favoreceram o desenvolvimento desta
pesquisa
Aos profissionais da aacuterea da Sauacutede que atuam na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
participantes desta pesquisa por me terem ajudado nesta construccedilatildeo relatando
as suas vivecircncias singulares
Agrave minha famiacutelia Ciecircncias Meacutedicas sobretudo ao Curso de Enfermagem minha
casa de trabalho minha escola de aprender a ser uma pessoa comprometida com o
futuro da humanidade Obrigada a cada um de vocecircs que acompanharam lado a
lado estes momentos de aprendizagem A torcida de vocecircs pelo meu sucesso foi
importante e gratificante
Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem da Universidade Federal da
Paraiacuteba pelo aprendizado adquirido e convivecircncia saudaacutevel durante o periacuteodo
do curso capacitando-me para ser uma profissional melhor
Aos docentes do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem por toda a
atenccedilatildeo e orientaccedilotildees recebidas
Enfim a cada um de vocecircs e a tantos outros familiares e amigos que fazem parte
da minha vida e que em momentos distintos cada um a seu modo direta e
indiretamente ofereceram auxiacutelio para construccedilatildeo desta pesquisa
ldquoSoacute podemos realmente viver e apreciar a vida se nos
conscientizarmos de que somos finitos Aprendi tudo isso
com meus pacientes moribundos que no seu sofrimento e
morte concluiacuteram que temos apenas o agora portanto
goze-o plenamente e descubra o que o entusiasma porque
absolutamente ningueacutem pode fazecirc-lo por vocecircrdquo
Elizabeth Kuumlbler-Ross
RESUMO
COSTA I C P Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica depoimentos de profissionais da
Sauacutede 2011 120f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Centro de Ciecircncias da Sauacutede Universidade
Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
INTRODUCcedilAtildeO ndash Os Cuidados Paliativos satildeo considerados como uma filosofia do cuidar
cujo escopo eacute o de proporcionar aos pacientes sem possibilidades terapecircuticas de cura e seus
familiares uma melhor qualidade de vida sendo a sua aplicaccedilatildeo de suma importacircncia no
acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica OBJETIVOS ndash Este estudo tem os seguintes objetivos investigar
o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que concerne aos Cuidados Paliativos
e suas modalidades terapecircuticas identificar na visatildeo dos profissionais da ESF a constituiccedilatildeo
da equipe de Cuidados Paliativos para a Atenccedilatildeo Baacutesica verificar as possibilidades e
limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso
de profissionais da Sauacutede METODOLOGIA ndash Trata-se de uma pesquisa exploratoacuteria com
abordagem qualitativa O cenaacuterio da investigaccedilatildeo constituiu-se de unidades de sauacutede da
famiacutelia pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV localizadas no municiacutepio de Joatildeo Pessoa (PB)
Participaram do trabalho trinta profissionais da ESF sendo dez meacutedicos dez enfermeiros e
dez cirurgiotildees-dentistas Na coleta de dados utilizou-se um formulaacuterio contendo questotildees
pertinentes aos objetivos propostos para a pesquisa A coleta dos dados ocorreu entre julho e
setembro de 2011 ANAacuteLISE DOS DADOS ndash O material empiacuterico foi analisado mediante a
teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo a partir das seguintes fases preacute-anaacutelise exploraccedilatildeo do
material tratamento dos resultados Os dados obtidos por meio dos depoimentos dos
participantes da investigaccedilatildeo foram agrupados nas seguintes categorias temaacuteticas Cuidados
Paliativos ndash aspectos conceituais e modalidades terapecircuticas (com suas respectivas
subcategorias Cuidados Paliativos ndash promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem
possibilidades de cura modalidades terapecircuticas em cuidados paliativos) Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica ndash formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees
RESULTADOS Este estudo mostrou a partir da visatildeo dos profissionais evolvidos no estudo
a valoraccedilatildeo dos Cuidados Paliativos considerados como uma modalidade de cuidar que visa agrave
minimizaccedilatildeo do sofrimento do paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura e agrave de seus
familiares mediante uma assistecircncia pautada na humanizaccedilatildeo Por outro lado alguns dos
participantes do estudo apresentaram uma compreensatildeo incompatiacutevel com a literatura
pertinente aos Cuidados Paliativos Os resultados assinalaram tambeacutem que os meacutedicos
enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas acreditam na possibilidade de implementaccedilatildeo dessa
modalidade de cuidar na Atenccedilatildeo Baacutesica desde que sejam atendidas algumas necessidades
tais como capacitaccedilatildeo da equipe e desenvolvimento de uma poliacutetica nacional para os
cuidados paliativos CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS ndash Consideramos que este estudo abre novos
horizontes no campo da investigaccedilatildeo cientiacutefica na assistecircncia e no ensino acerca dos cuidados
paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Haja vista o quacircntico reduzido de estudos direcionados agrave
respectiva temaacutetica no acircmbito da literatura nacional Esperamos portanto que esta pesquisa
possa subsidiar novas investigaccedilotildees que contemplem a inter-relaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos
com a Atenccedilatildeo Baacutesica visto que se trata de uma praacutetica inovadora no referido campo
necessitando-se de uma maior disseminaccedilatildeo junto a gestores profissionais da Sauacutede em
particular os da ESF estudantes e pesquisadores da aacuterea
Palavras-chave Cuidados Paliativos Cuidados a Doentes Terminais Atenccedilatildeo Baacutesica
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Programa Sauacutede da Famiacutelia
ABSTRACT
COSTA ICP Palliative Care in Basic Attention testimonies of Health professionals 2011
120f Dissertation (masterrsquos degree) ndash Sciences Health Center Federal University of Paraiacuteba Joatildeo pessoa 2011
INTRODUCTION - Palliative care are considered as a care philosophy whose scope is to
provide to patients without therapeutic possibilities of cure and their families a better quality of
life being its application of great importance in the context of Primary Care OBJECTIVES ndash
This study has the following objectives to investigate the understanding of professionals working
in FHS in what concerns to Palliative Care and its therapeutics modalities to identify in the view
of professionals from FHS the constitution of Palliative care team for Basic Attention to verify
the possibilities and limitation of implementing Palliative Care in Basic Attention from the
discourse of Health professionals METHODOLOGY ndash Its about and exploratory research with
qualitative approach The scenario of investigation consisted of family care units belonging to
Sanitary District IV located in the city of Joatildeo Pessoa (PB) Participated in the work 30
professionals from FHS being ten doctors ten nurses and ten dental surgeons Data collection
occurred between July and September 2011 DATA ANALYSIS ndash empirical material was
analyzed through content analysis technique from the following phases pre-analysis material
exploration treatment of results Data obtained by means of testimonies of investigation
participants were grouped into the following thematic categories Palliative Care ndash conceptual
aspects and therapeutic modalities (with their respective subcategories Palliative Care ndash
promotion of life quality for patients without possibilities of cure therapeutic modalities in
palliative care) Palliative Care in Basic Attention ndash team formation possibilities and limitations
RESULTS This study showed from the vision of professionals involved in the study the
valuation of Palliative Care considered as a modality of care that aims to minimize the suffering
of the patient without therapeutic possibilities of cure and the one of their families through an
assistance guided in humanization On the other side some of the study participants had an
incompatible comprehension with the relevant literature to Palliative Care Results pointed out
that doctors nurses and dental surgeons believe in the possibility of implementing this modality
of care in basic Attention since some need are met such as team training and development of a
national policy for palliative care FINAL CONSIDERATIONS ndash We consider that this study
opens new horizons in the field of scientific production in assistance and in teaching on palliative
care in Basic attention In view of reduced quantum of studies directed to the respective thematic
in the context of national literature We hope therefore that this research can subsidize new
investigation exploring the interrelationship of Palliative Care with Basic Attention since it is an
innovative practice in the referred field necessitating a greater spread with managers professionals of Health in particular the ones from FHS students and researches from this area
Keywords Palliative Care Care for Terminally ill patients Basic Attention Primary
Attention for Health Family Health Program
RESUMEN
COSTA I C P Cuidados Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica testimonios de profesionales
de Salud 2011 120f Tesis (Maestriacutea) ndash Centro de Ciencias de la Salud Universidad Federal
da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
INTRODUCCIOacuteN ndash Los cuidados paliativos son considerados como una filosofiacutea del cuidar
cuyo objetivo es el de brindarles a los pacientes sin posibilidades terapeacuteuticas de cura y a los
familiares una mejor calidad de vida siendo a su aplicacioacuten de mucha importancia en el
aacutembito de la Atencioacuten Baacutesica OBJETIVOS ndash Este estudio tiene los siguientes objetivos
investigar el entendimiento de profesionales que actuacutean en ESF en lo que concierne a los
Cuidados Paliativos y sus modalidades terapeacuteuticas identificar en la visioacuten de los
profesionales de ESF la constitucioacuten del equipo de Cuidados Paliativos para la Atencioacuten
Baacutesica verificar las posibilidades y las limitaciones de implementacioacuten de Cuidados
Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica a partir del discurso de profesionales de Salud
METODOLOGIacuteA ndash Se trata de una investigacioacuten exploratoria con abordaje cualitativo El
escenario de investigacioacuten se constituyoacute de unidades de salud de la familia pertenecientes al
Distrito Sanitario IV ubicadas en la municipalidad de Joatildeo Pessoa (PB) Participaron del
estudio treinta profesionales de ESF siendo diez meacutedicos diez enfermeros y diez cirujanos
dentistas En la colecta de datos se utilizoacute una encuesta conteniendo cuestiones pertinentes a
los objetivos propuestos por la investigacioacuten La colecta de datos ocurrioacute entre julio y
septiembre de 2011 ANALISIS DE DATOS - El material empiacuterico fue analizado mediante
la teacutecnica de anaacutelisis de contenido a partir de las siguientes fases pre anaacutelisis exploracioacuten
del material tratamiento de resultados Los datos obtenidos por medio de los testimonios de
los participantes fueron agrupados en las siguientes categoriacuteas temaacuteticas Cuidados Paliativos
ndash aspectos conceptuales y modalidades terapeacuteuticas (con sus respectivas subcategorias
Cuidados Paliativos ndash promocioacuten de calidad de vida para pacientes sin posibilidades
terapeacuteuticas de cura) Cuidados Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica ndash formacioacuten de equipo
posibilidades y limitaciones RESULTADOS Este estudio mostroacute a partir de la visioacuten de
profesionales involucrados en el estudio la valoracioacuten de los Cuidados Paliativos
considerados una modalidad de cuidar que busca la minimizacioacuten del sufrimiento del paciente
sin posibilidad terapeacuteutica de cura y la de sus familiares mediante la asistencia basada en la
humanizacioacuten Por otro lado algunos de los participantes del estudio presentaron una
comprensioacuten incompatible con la literatura pertinente a los Cuidados Paliativos Los
resultados sentildealaron tambieacuten que los meacutedicos enfermeros y cirujanos dentistas creen en la
posibilidad de implementacioacuten de esa modalidad de cuidar en Atencioacuten Baacutesica desde sean
atendidas algunas necesidades tales como capacitacioacuten del equipo y desarrollo de una
poliacutetica nacional para los cuidados paliativos Consideraciones Finales ndash Consideramos que
este estudio abre nuevos horizontes en el campo de la investigacioacuten cientiacutefica en la asistencia
y en la ensentildeanza acerca de los cuidados paliativos en la Atencioacuten Baacutesica Haya visto el
cuaacutentico reducido de estudios hacia la respectiva temaacutetica en el aacutembito de la literatura
nacional Esperamos por lo tanto que esta investigacioacuten pueda subsidiar nuevas
investigaciones que abarquen la interrelacioacuten de los Cuidados Paliativos con la Atencioacuten
Baacutesica visto que se trata de una praacutectica innovadora en dicho campo necesitaacutendose una
mayor propagacioacuten junto a gestores profesionales de Salud en particular los de ESF
estudiantes e investigadores del aacuterea
Palabras Clave Cuidados Paliativos Cuidados a Enfermos Terminales Atencioacuten Baacutesica
Atencioacuten Primaria a la Salud Programa Salud de la Famiacutelia
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 Coeficiente de Mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em
2009 Comparativo entre Joatildeo Pessoa e Distritos Sanitaacuterios Joatildeo
Pessoa 201056
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Representaccedilatildeo geograacutefica da localizaccedilatildeo das USFs de Joatildeo Pessoa
(2010) Joatildeo Pessoa 201054
Figura 2 Mapa do territoacuterio do Distrito Sanitaacuterio IV (2010) Joatildeo Pessoa
201055
Figura 3 Rede de Equipes de Cuidados Paliativos nos Niacuteveis de Atenccedilatildeo agrave
Sauacutede World Health Organization 200788
SUMAacuteRIO
1 INTRODUZINDO A TEMAacuteTICA
16
11 O caminho percorrido 17
12 A problemaacutetica do estudo e os objetivos 19
2 CUIDADOS PALIATIVOS DISCURSO DA LITERATURA 23
3 CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA 40
4 TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA 52
5 APRESENTACcedilAtildeO DOS DADOS E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
61
51 Apresentaccedilatildeo dos participantes da pesquisa 62
52 Apresentaccedilatildeo do material empiacuterico do estudo 63
REFLEXOtildeES FINAIS 95
REFEREcircNCIAS
99
APEcircNDICES
APEcircNDICE A ndash Termo de consentimento livre e esclarecido
114
APEcircNDICE B ndash Instrumento de coleta de dados
116
ANEXO
ANEXO A ndash PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA EM PESQUISA 120
16
1 Introduzindo a Temaacutetica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
17
11 O CAMINHO PERCORRIDO
A motivaccedilatildeo para o desenvolvimento desta pesquisa emergiu a partir de dados que
apontavam a escassez da temaacutetica pertinente aos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
(encontrados por meio de busca em bases de dados previamente realizados) Estava aliada ao
desejo de desenvolver estrateacutegias para uma disseminaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar entre os
profissionais da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia (ESF) auxiliando-se dessa forma para a difusatildeo
de um cuidado realizado de forma holiacutestica e humaniacutestica ao paciente sem prognoacutestico de
cura
O interesse por assuntos referentes aos cuidados na terminalidade (processo final da
vida) foi em mim desperto enquanto atuava como fonoaudioacuteloga Este apreccedilo pela temaacutetica
reporta-se agrave minha experiecircncia profissional durante a qual pude atuar como fonoaudioacuteloga no
municiacutepio de Mamanguape (PB) onde trabalhava na Policliacutenica (referecircncia para todas as
unidades baacutesicas de sauacutede) realizando visitas domiciliares juntamente com os agentes
comunitaacuterios de sauacutede (ACS) com o objetivo de prevenir e reabilitar a populaccedilatildeo no que
concerne agraves patologias relacionadas com a linguagem com a voz e com a audiccedilatildeo
Como fonoaudioacuteloga comprometida com atenccedilatildeo agrave sauacutede de crianccedilas adolescentes
adultos e idosos atuando na Atenccedilatildeo Baacutesica aproximadamente haacute dois anos nesse municiacutepio
tive oportunidade de assistir durante as visitas domiciliares diversos pacientes na
terminalidade Durante tais visitas pude observar a escassez de recursos efetivamente
aplicaacuteveis agrave organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede necessaacuterios para atender as demandas deste
crescente contingente populacional e uma carecircncia de profissionais com competecircncia teacutecnica
em Cuidados Paliativos e com preparo emocional para lidar com pacientes que estatildeo em
processo de morte e com seus familiares
Nesse cargo pude vivenciar de perto o trabalho da Enfermagem motivando em mim
o desejo de estudar e tornar-me enfermeira por acreditar que o ser humano carece de
cuidados em todas as fases de sua vida do nascer ao morrer Sendo assim iniciei o curso de
graduaccedilatildeo em Enfermagem na Faculdade Santa Emiacutelia de Rodat (FASER) priorizando-se
plenamente esta nova profissatildeo Durante o curso pude observar a necessidade de uma atenccedilatildeo
mais humanizada ao paciente sem possibilidade terapecircutica de cura quando cursei a
disciplina Enfermagem em Oncologia Ressalte-se que nesta outra formaccedilatildeo profissional foi
dada grande ecircnfase ao tratamento e cura de doenccedilas sendo pouco problematizada a questatildeo
do cuidar do indiviacuteduo com patologias sem possibilidade de cura ou seja os Cuidados
Paliativos
18
Ainda na segunda graduaccedilatildeo realizei estaacutegio na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
constatando-se mais uma vez que a assistecircncia dos profissionais envolvidos na Atenccedilatildeo
Baacutesica estava voltada para um cuidar mais direcionado agrave aplicaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos
do que para as necessidades de pacientes em processo de terminalidade Haja vista que estes
precisam de um cuidado proacuteprio e direcionado para lhes proporcionar dignidade e aliacutevio do
seu sofrimento no fim da vida
Tais experiecircncias serviram para aumentar o meu interesse de compreender e por em
praacutetica um cuidar diferenciado questionando-me constantemente sobre a melhor forma de
cuidar de pacientes em processo de terminalidade para a melhoria da qualidade de vida de
pacientes em tal processo Este e outros questionamentos levaram-me a estudar os Cuidados
Paliativos com o propoacutesito de entendecirc-los de forma mais especiacutefica
Desenvolvi o meu trabalho de conclusatildeo de curso com o objetivo de caracterizar a
produccedilatildeo de conhecimento no acircmbito da poacutes-graduaccedilatildeo acerca da Enfermagem e Cuidados
Paliativos Em trabalho posterior (desta vez realizado durante a especializaccedilatildeo em Sauacutede da
Famiacutelia com ecircnfase na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia) pude identificar a produccedilatildeo cientiacutefica
acerca das modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos em perioacutedicos online no acircmbito
da Sauacutede
Em ambos os estudos foi possiacutevel averiguar a necessidade premente das instituiccedilotildees
formadoras em investir na capacitaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede em habilidades de Cuidados
Paliativos Em verdade entendo que apenas com o conhecimento e compreensatildeo de
Cuidados Paliativos (e suas modalidades terapecircuticas) e da experiecircncia ao longo da vida
pessoal e profissional eacute que os profissionais poderatildeo interagir diante de uma proposta de
oferecer uma melhor assistecircncia englobando as diferentes esferas de Cuidados Paliativos
Assim como integrante do Nuacutecleo de Estudos e Pesquisas em Bioeacutetica (NEPB) do
Centro de Ciecircncias da Sauacutede (CCS) da Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB) pude
expandir os meus conhecimentos no campo de Cuidados Paliativos por meio da construccedilatildeo
de artigos como ldquoCuidados paliativos e dor produccedilatildeo cientiacutefica em perioacutedicos online no
acircmbito da Sauacutederdquo ldquoModalidades terapecircuticas em cuidados paliativos intervenccedilotildees
bioloacutegicasrdquo ldquoCuidados paliativos no contexto hospitalar produccedilatildeo cientiacutefica no acircmbito da
poacutes-graduaccedilatildeo em Enfermagemrdquo ldquoCuidados paliativos no contexto hospitalar discursos de
enfermeirosrdquo ldquoCuidados paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica produccedilatildeo cientiacutefica de enfermagemrdquo
entre outros
Outra experiecircncia diz respeito ao curso de especializaccedilatildeo em Cuidados Paliativos agrave
Distacircncia o qual me tem proporcionado capacitaccedilatildeo para trabalhar na atenccedilatildeo e cuidados com
19
pacientes com enfermidades progressivas incapacitantes incuraacuteveis as quais evoluiratildeo para a
morte O referido curso tambeacutem desenvolve habilidades e atitudes que permitem uma
abordagem adequada do paciente e sua famiacutelia considerando-se os seus aspectos fiacutesicos
psicoloacutegicos sociais e espirituais
Compreendendo a importacircncia dos Cuidados Paliativos para um cuidado humanizado
para com o paciente sem possibilidade terapecircutica de cura e observando (por meio de estudos)
o despreparo da equipe da ESF para abordar tais cuidados desenvolvi o desejo de explorar e
aprofundar a compreensatildeo acerca desta temaacutetica
12 A PROBLEMAacuteTICA DO ESTUDO E OS OBJETIVOS
A literatura nacional eacute carente de estudos que abordam os Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica Apoacutes a produccedilatildeo dos artigos sobre a temaacutetica (jaacute mencionados) pude
observar tal escassez Os estudos em geral direcionam a abordagem deste tema para aspectos
como visatildeo da equipe de sauacutede da famiacutelia e de estudantes visatildeo e sentimentos de pacientes e
cuidadores eou familiares importacircncia da comunicaccedilatildeo e interdisciplinaridade para a
implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Essa investigaccedilatildeo me permitiu reconhecer que satildeo necessaacuterias novas pesquisas
acerca de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Teve a finalidade de ampliar as discussotildees
sobre essa temaacutetica e consequentemente favorecer a inserccedilatildeo desse conteuacutedo nos curriacuteculos
dos profissionais da Sauacutede e programar esses cuidados diferenciados nas redes assistenciais
de sauacutede particularmente na ESF Tudo isso amenizaraacute o sofrimento de muitos usuaacuterios com
patologias sem possibilidades terapecircuticas de cura e o de familiares envolvidos com o cuidado
destes usuaacuterios
Saliente-se que tais resultados estatildeo atrelados ao fato de esta praacutetica ser ainda
relativamente recente em acircmbito nacional Segundo Figueiredo (2003) as primeiras
iniciativas individuais de atendimento eou estruturaccedilatildeo de serviccedilos paliativistas datam da
deacutecada de 1990
Rodrigues Zago e Caliri (2005) chamam atenccedilatildeo para o fato de que o modelo de
Cuidados Paliativos no Brasil iniciou-se na deacutecada de 1980 quando foi instituiacutedo o primeiro
serviccedilo para aliacutevio da dor no Rio Grande Sul seguido por Satildeo Paulo e posteriormente Santa
Catarina No Rio de Janeiro em 1989 foi criado o serviccedilo de suporte terapecircutico oncoloacutegico
no Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) atendendo o paciente fora de possibilidades de cura
tanto no ambiente intra-hospitalar como no domiciliar
20
Cumpre assinalar que os Cuidados Paliativos como modalidade recente no Brasil satildeo
ainda desconhecidos de muitos profissionais e natildeo satildeo contemplados na elaboraccedilatildeo das
poliacuteticas puacuteblicas As mais das vezes satildeo revestidos de mitos por ser destinados aos pacientes
terminais Sendo assim esse tipo de atenccedilatildeo natildeo faz parte da organizaccedilatildeo formal do sistema
de sauacutede permanecendo praticamente no esquecimento (LAVOR 2006)
Em relaccedilatildeo ao aspecto legal a primeira referecircncia aos Cuidados Paliativos na
legislaccedilatildeo brasileira eacute encontrada na Portaria ndeg 2413 de 1998 do Ministeacuterio da Sauacutede
(BRASIL 1998a) a qual trata de cuidados prolongados e codifica os Cuidados Paliativos No
entanto ela estabelece que estes os cuidados paliativos soacute podem ser desenvolvidos em
unidades que estiverem credenciadas para alta complexidade em Oncologia Com a Portaria
nordm 3535 de 1998 do Ministeacuterio da Sauacutede os Cuidados Paliativos passam a ser considerados
uma exigecircncia para o cadastramento de centros de alta complexidade em oncologia
(CACONs) (BRASIL 1998b) O Ministeacuterio da Sauacutede cria em 2002 o Programa Nacional de
Assistecircncia agrave Dor e Cuidados Paliativos por meio da Portaria nordm 19 (BRASIL 2002) a qual
passa a dar maior visibilidade aos Cuidados Paliativos
Embora muitas accedilotildees ainda careccedilam de ser implantadas no amplo territoacuterio nacional
para garantir a provisatildeo igualitaacuteria aos Cuidados Paliativos o referido Programa atingiu
grande feito na atenccedilatildeo a um dos principais problemas (a dor) dos pacientes que vivenciam a
terminalidade de modo que otimizou o acesso dos doentes aos opioides
Ainda em 2002 por meio da Portaria GMMS nordm 1319 o Programa estabeleceu a
padronizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo gratuita pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) de codeiacutena morfina
e metadona pelos Centros de Referecircncia em Tratamento de Dor Crocircnica
Sob esse prisma eacute inegaacutevel a possibilidade da inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica sobretudo na Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia e natildeo apenas em centros de alta
complexidade como consta nas portarias ministeriais que regulamentam os Cuidados
Paliativos aumentando a sua oferta garantindo um maior acesso dos pacientes a esse tipo de
assistecircncia
Nesse contexto Floriani e Schramm (2007) trazem agrave tona a reflexatildeo sobre o papel da
equipe da ESF na Atenccedilatildeo Baacutesica em relaccedilatildeo aos Cuidados Paliativos ressaltando que essa
forma de cuidar poderaacute contribuir para o aprimoramento e difusatildeo da assistecircncia de cuidados
no fim da vida Afirmam tambeacutem que tal incorporaccedilatildeo possa ajudar a diminuir o abandono e
o sofrimento de pacientes e de suas famiacutelias
A respeito disso Lavor (2006) acrescenta que mesmo na fase terminal de uma
doenccedila a qualidade de vida do paciente pode ser mantida em niacuteveis satisfatoacuterios utilizando-
21
se adequadamente as teacutecnicas terapecircuticas da paliaccedilatildeo Esses cuidados satildeo de baixa
complexidade natildeo exigem tecnologia avanccedilada sugerindo portanto serem passiacuteveis de se
oferecer no niacutevel primaacuterio de sauacutede especialmente por equipes da ESF
Doutra parte a operacionalizaccedilatildeo da ESF se daacute mediante a implantaccedilatildeo de equipes
interdisciplinares Tal recurso eacute essencial para a praacutetica de Cuidados Paliativos Haja vista que
cuidar de pessoas que estatildeo vivenciando o processo de terminalidade de uma doenccedila requer a
intervenccedilatildeo de profissionais cujas competecircncias supram as necessidades das dimensotildees
fiacutesicas psicoloacutegicas sociais e espirituais que estatildeo alteradas em tal fase tanto de pacientes
como de seus familiares
Rodrigues (2004) adverte que um uacutenico profissional natildeo possui todo o corpo de
conhecimento e competecircncias exigidas para dar suporte aos pacientes e familiares fazendo-se
necessaacuteria a formaccedilatildeo de equipe de trabalho para a implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos
Para tanto eacute imperiosa a realizaccedilatildeo de treinamento de uma equipe devendo esta
oferecer seguranccedila aos doentes e familiares individualizar as queixas procurar responder a
todas as perguntas aliviar seu sofrimento fiacutesico e escutar principalmente o paciente Essa
aquisiccedilatildeo de atitudes e habilidades seraacute fundamental para que a assistecircncia seja efetiva e bem-
sucedida (MELO CAPONERO 2009)
Consequentemente eacute imprescindiacutevel o desvelamento do significado de cuidados
paliativos por parte de profissionais da Sauacutede que compotildeem a ESF e o debate acerca dos
referidos cuidados Haja vista que esses profissionais ainda estatildeo em plena construccedilatildeo da
compreensatildeo dessa modalidade de cuidar Aleacutem disso apesar da relevacircncia da referida
temaacutetica na literatura nacional o quantitativo de estudos direcionados agrave praacutetica de Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica (conforme foi comentado no iniacutecio desta introduccedilatildeo) ainda eacute
escasso o que me instigou a desenvolver um estudo que contemplasse esta temaacutetica desta
vez em um curso de mestrado
Conforme o exposto considero a pesquisa relevante por entender que o emprego de
Cuidados Paliativos eacute fundamental e que estes sejam pensados e estruturados dentro de um
modelo que priorize a proteccedilatildeo aos pacientes com doenccedilas avanccediladas e terminais tanto do
ponto de vista moral como operacional Desse modo ao reportar-se para uma nova
perspectiva de cuidar no campo da investigaccedilatildeo cientiacutefica este estudo poderaacute contribuir para
uma assistecircncia holiacutestica no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica pautada pelo respeito agrave dignidade do
paciente na terminalidade de forma que melhore a qualidade de vida ou minore seu
sofrimento promovendo dessa forma uma assistecircncia mais humanizada
22
Diante destas consideraccedilotildees ressalto o meu interesse em desenvolver este estudo
tendo como fio condutor os seguintes questionamentos Qual o entendimento de profissionais
que atuam na ESF no que concerne aos Cuidados Paliativos e suas modalidades terapecircuticas
Quais os profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de cuidados paliativos na Atenccedilatildeo
Baacutesica Quais as possibilidades e limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso de profissionais de sauacutede
Tendo em vista a problemaacutetica e para responder a tais questionamentos o estudo
apresentou os seguintes objetivos
Investigar o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que tange aos
Cuidados Paliativos e suas modalidades terapecircuticas
Identificar na visatildeo dos profissionais da ESF a constituiccedilatildeo da equipe de Cuidados
Paliativos para a Atenccedilatildeo Baacutesica
Verificar as possibilidades e limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso de profissionais da Sauacutede
23
2 Cuidados paliativos
Discurso da Literatura
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
24
O presente capiacutetulo aborda um breve percurso que vai desde a sua origem com o
movimento hospice ateacute aos dias atuais Na sequecircncia estudamos os aspectos histoacutericos e
conceituais dessa modalidade de cuidar ao longo da Histoacuteria enfatizando a situaccedilatildeo atual de
tais cuidados no cenaacuterio brasileiro e internacional destacando ainda a importacircncia da
implementaccedilatildeo destes cuidados na Atenccedilatildeo Baacutesica
A praacutetica dos Cuidados Paliativos resultou do movimento hospice moderno Este
termo pertence agrave liacutengua francesa que segundo Pessini (2006) data do seacuteculo IV d C com a
matrona romana chamada Fabiacuteola que colocou sua casa agrave disposiccedilatildeo dos necessitados
praticando a caridade cristatilde ao oferecer-lhes alimentos vestimentas e acolhendo os
estrangeiros aleacutem de visitar os enfermos e prisioneiros dando origem ao movimento hospice
O vocaacutebulo hospice segundo Santos (2011) proveacutem do latim hospes que significa
estranho ou estrangeiro O autor assinala que este termo posteriormente adquiriu outra
conotaccedilatildeo hospitalis expressando uma atitude de boas-vindas ao estranho Em alematildeo
HospizHospizium apresenta trecircs significados o primeiro refere-se agrave casa junto ao mosteiro
no qual os peregrinos podiam pernoitar o segundo a hospedaria hotel ou pensatildeo dirigido
com espiacuterito cristatildeo e o terceiro a um lugar para cuidar de moribundos Na liacutengua francesa a
palavra hospice tambeacutem proporciona trecircs conotaccedilotildees asilo abrigo para velhos e moribundos
e casa onde religiosos abrigam os peregrinos Quanto agrave liacutengua portuguesa o termo foi
incorporado como hospiacutecio cujo significado eacute lugar para tratar pessoas com doenccedilas mentais
Manteve-se a palavra no inglecircs hospice com o sentido atual nos paiacuteses anglo-saxocircnicos e
paiacuteses desenvolvidos de cultura latina para assinalar o local que acolhe e cuida de pessoas
com doenccedilas incuraacuteveis e avanccediladas que iratildeo a oacutebito em meses ou anos
Pessini (2006) menciona que a palavra hospice eacute o nome de um lugar onde os
doentes terminais satildeo atendidos com um cuidado que evoluiu para uma experiecircncia natural
mais focada no paciente onde sua filosofia tem como escopo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees
precisas a respeito de sua condiccedilatildeo cliacutenica desenvolvimento de sua doenccedila e os locais
apropriados para a sua morte
Eacute importante destacar no contexto da temaacutetica de Cuidados Paliativos a distinccedilatildeo
entre os vocaacutebulos hospital e hospice Essa diferenciaccedilatildeo eacute assinalada por Santos (2011) que
menciona hospital como termo voltado para designar o local de cuidado de pessoas
temporariamente doentes e com perspectivas de cura enquanto se estabeleceu para hospice o
significado de residecircncia fixa para aqueles considerados pobres enfermos deficientes
insanos e com doenccedilas incuraacuteveis
25
Maccoughlan (2006) ressalva a sua concepccedilatildeo quanto ao entendimento do termo
hospice assinalando como o local que presta o cuidado ao paciente com uma doenccedila
avanccedilada ateacute a fase final de sua vida Este local seja um ambiente hospitalar ou domiciliar eacute
embasado no binocircmio paciente-famiacutelia
No seacuteculo VI conforme ressalta Rodrigues (2004) os beneditinos acolhiam e
cuidavam de monges e peregrinos exaustos Salienta-se que de forma gradativa foram
acolhendo da mesma forma os doentes Assim sendo nessa eacutepoca o hospice era um lugar
onde os viajantes ou peregrinos podiam descansar sendo posteriormente relacionado com os
hospitais mosteiros e asilos
No que tange ao vocaacutebulo paliativo de acordo com Santos (2011) este se deriva do
latim pallium que significa manto impregnado de uma simbologia e de um significado natildeo
sendo portanto considerado um manto qualquer Aleacutem disso o latim pallium ou pallia e o
omoforium satildeo vestimentas usadas pelo Papa e pelo bispo respectivamente podendo observar
a profunda ligaccedilatildeo desses termos histoacutericos com o sagrado e com a espiritualidade Na liacutengua
portuguesa o termo paliativo conforme menciona o autor supracitado obteve um significado
de menor importacircncia sugerindo uma soluccedilatildeo temporaacuteria e sem consistecircncia adquirindo um
conceito amplo de remediar e natildeo resolver
Na Idade Antiga Santos (2011) assinala que a maior parte da populaccedilatildeo natildeo
apresentava qualquer acesso a tratamento ou cuidados profissionais sendo os doentes
cuidados pelos proacuteprios familiares apresentando portanto a sua morte em casa
Koening McCullough e Larson (2001) informam que os atendimentos das primeiras
comunidades cristatildes durante os trecircs primeiros seacuteculos de nossa era foram marcados pela
busca incessante em curar o doente seguindo o mandamento de Jesus Cristo curar os
enfermos ressuscitar os mortos limpar os leprosos e expelir os democircnios
Dessa forma considera-se que a terapia do cuidado prestado aos enfermos foi a
maior contribuiccedilatildeo do cristianismo agrave aacuterea da Sauacutede Santos (2011) salienta que naquela
eacutepoca os pagatildeos natildeo cuidavam de seus doentes de forma organizada ou em larga escala
enquanto os judeus ofereciam cuidados apenas aos seus pares e a Igreja cristatilde oferecia esses
cuidados natildeo somente aos cristatildeos mas tambeacutem aos natildeo cristatildeos Portanto tratava-se de uma
espeacutecie de sistema universal de sauacutede no qual natildeo se observava distinccedilatildeo alguma no
atendimento e cuidados sendo estes ofertados de forma gratuita
Koening McCullough e Larson (2001) asseguram que a criaccedilatildeo do primeiro grande
hospital na Aacutesia Menor por volta do ano 370 dC ocorreu em virtude da insistecircncia de
Basiacutelio bispo de Cesareia Santos (2011) acrescenta que este hospital foi o primeiro
26
especializado em Cuidados Paliativos visto que era destinado para o cuidado de idosos quase
todos com doenccedilas avanccediladas e de leprosos atualmente doentes de hanseniacutease cuja doenccedila
naquela eacutepoca natildeo apresentava cura e invariavelmente levava agrave morte gerando grande
sofrimento fiacutesico e espiritual
Cumpre salientar que este modelo leprosaacuterio da Idade Meacutedia proporcionou aos
hospices um desenvolvimento para a oferta de abrigos cuidados de sauacutede e do morrer e
alimentos para essas populaccedilotildees Saunders (2004) relata em seu prefaacutecio agrave terceira ediccedilatildeo de
Oxford Textbook of Palliative Medicine que durante esse periacuteodo as instituiccedilotildees
responsaacuteveis de manter os hospices seguiam agrave risca um dos mandamentos de Jesus Cristo no
que tange agrave necessidade de fazer o bem a um irmatildeo mesmo o mais pequenino
Com base nos apontamentos supracitados eacute visiacutevel observar que durante quase dois
mil anos os hospices foram mantidos por instituiccedilotildees religiosas desvelando a relaccedilatildeo natural
e intriacutenseca entre a filosofia hospice do cuidar e a espiritualidade cristatilde
Diante desse contexto pode-se afirmar que o iniacutecio da filosofia hospice deriva de
sua direta filiaccedilatildeo identitaacuteria agrave filosofia espiritual do cristianismo Essa ligaccedilatildeo histoacuterica e
indissociaacutevel entre a filosofia hospice com a espiritualidade se revelaraacute e se fortaleceraacute
tambeacutem nas outras grandes religiotildees como o Budismo e o Islamismo (SANTOS 2011)
No que diz respeito agrave histoacuteria moderna do hospice Saunders (2004) informa que esta
filosofia de cuidar foi empregada inicialmente na cidade de Lyon (Franccedila) em 1842 por
Madame Jeanne Garnier com o escopo de cuidar de moribundos Essa histoacuteria conforme
aborda Twycross (2000) tambeacutem foi marcada pela fundaccedilatildeo do hospice Saint Lukeacutes pelo
meacutedico Howard Barret na Inglaterra em 1893 sendo esse considerado o mais similar aos
hospices modernos
Um dos grandes movimentos visando agrave abordagem do cuidado integral e natildeo
fragmentado indo aleacutem do ser doente e cura incessante eacute implementado na deacutecada de 1960
no Reino Unido com o iniacutecio do desenvolvimento dos Cuidados Paliativos tambeacutem
considerado o movimento hospice moderno (RODRIGUES 2004)
A transformaccedilatildeo observada nos hospices tal como hoje eacute apreciada se deve agrave
iniciativa de Cicely Mary Strode Saunders enfermeira assistente social e meacutedica De acordo
com Santos (2011) ela eacute considerada a pioneira do debate moderno sobre a morte e o morrer
e dos cuidados com os pacientes moribundos proporcionando a formulaccedilatildeo de diversos
conceitos acerca dos Cuidados Paliativos tendo a minuacutecia de sempre atrelar a esses cuidados
a espiritualidade embasada no compromisso com a figura de Cristo
27
Cicely Saunders nasceu em 1918 no norte de Londres Barnet Pertencia a uma
famiacutelia de classe meacutedia que gozava de um variado leque de confortos vivendo em Hadley
Green entre jardins e quadras de tecircnis Apoacutes estudar em coleacutegio interno apresentou o desejo
de cursar Enfermagem ideia esta rejeitada pelos pais Em 1938 mudou-se para Oxford com
o escopo de cursar Poliacutetica Filosofia e Economia Quanto era estudante passou por uma
conversatildeo religiosa que a levou a desobedecer aos conselhos de seus pais inscrevendo-se na
Escola de Treinamento Nightingale do Hspital St Thomas em Londres na qual se graduou
em Enfermagem (SANTOS 2011 RODRIGUES 2004) Boulay (1996) acrescenta que nesse
periacuteodo Saunders tornou-se uma pessoa cristatilde sentindo-se motivada para trabalhar com
pessoas que vivenciavam o processo de finitude
Santos (2011) afirma que outro fator motivador foi Saunders ter-se envolvido
afetivamente no cuidado com um paciente chamado David Tasma em 1947 em um hospital-
escola de Londres Boulay (1996) salienta que este paciente era judeu refugiado polonecircs
portador de doenccedila avanccedilada e incuraacutevel e que se encontrava proacuteximo agrave morte Cumpre
assinalar que este homem foi considerado o agente transformador do pensamento e da
experiecircncia de Cicely no sentido de estimulaacute-la a criar lugares parecidos como residecircncias
que possibilitassem agraves pessoas um tranquilo final de vida aliviando-lhes a dor e tratando-as
como pessoas e natildeo apenas como pacientes
Clark e Centeno (2006) assinalam que em 25 de fevereiro de 1948 ocorre o
falecimento de David Tasma deixando este um presente de quinhentas libras para Saunders
A referida perda a fez despertar em seu acircmago o desejo contiacutenuo de aprender mais acerca dos
cuidados direcionados agravequeles que apresentam doenccedilas avanccediladas e incuraacuteveis Este desejo
pode ser observado no fato de Cicely iniciar o seu trabalho voluntaacuterio durante sete anos no
Saint Lukeacutes Hospital local este destinado a atender moribundos
Com o desenvolvimento desse trabalho Saunders sentiu a necessidade de estudar
medicina com o propoacutesito de intensificar sua colaboraccedilatildeo em favor dos pacientes dando
iniacutecio agrave faculdade em 1952 Rodrigues (2004) menciona que em 1959 ao concluir o curso
obteve uma bolsa de estudo para desenvolver uma pesquisa no Saint Maryacutes Hospital acerca
do tratamento da dor em pacientes incuraacuteveis Concomitantemente foi designada meacutedica no
Saint Josephacutes Hospice onde pocircde prestar uma assistecircncia diferenciada levando-a perceber a
forma com que a pessoa moribunda poderia ser cuidada auxiliando-a dessa forma para o
desenvolvimento de suas proacuteprias ideias cliacutenicas
Eacute imprescindiacutevel assinalar conforme defende Santos (2011) que foi nesta instituiccedilatildeo
hospitalar que Cicely desenvolveu uma estrateacutegia moderna para os cuidados hospice
28
utilizando para tanto um trabalho marcado por solicitude e fundamentado nos cuidados
religiosos e seculares
Natildeo obstante Cicely foi considerada a primeira meacutedica do Saint Josephrsquos Hospice a
dedicar-se em tempo integral obtendo a oportunidade de escutar as queixas e necessidades de
pacientes podendo analisar mais de mil pacientes e trataacute-los adequadamente com terapecircuticas
farmacoloacutegicas medicando o paciente regularmente de quatro em quatro horas com
analgeacutesicos fortes como os opioides aleacutem de oferecer apoio psicossocial e espiritual
(PESSINI 2001) Boulay (1996) considera que este momento foi considerado crucial para o
marco pioneiro e definitivo do movimento moderno dos Cuidados Paliativos
Boulay (1996) traz agrave tona a grande contribuiccedilatildeo de Saunders no que diz respeito ao
manuseio de drogas para o sucesso de tratamento das queixas comuns dos pacientes com
doenccedila terminal relativas a naacuteusea vocircmito obstipaccedilatildeo intestinal depressatildeo dispneia entre
outras Aleacutem disso enfatiza a contribuiccedilatildeo para o conceito de ldquodor totalrdquo considerando que a
dor fiacutesica natildeo ocorre de forma isolada mas atrelada agrave dor psicoloacutegica espiritual e social
Embasada e fortalecida nessas experiecircncias Saunders reforccedilou o seu desejo de
construir um hospice moderno para atender agraves necessidades dos pacientes em fase terminal
Apesar da sua vontade e qualificaccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica precisava de recursos financeiros o
que a fez ir agrave busca de colaboradores que lhe pudessem fornecer empreacutestimos e donativos
para a construccedilatildeo do tatildeo almejado sonho (RODRIGUES 2004)
A inauguraccedilatildeo desse hospice ocorreu em 1967 sendo designado como St
Christopherrsquos Hospice localizado no sul de Londres Boulay (1996) esclarece que a escolha
desse nome foi uma homenagem realizada por Saunders e seus colaboradores a Saint
Christopher (Satildeo Cristoacutevatildeo) protetor dos viajantes servindo como lembrete de que a morte eacute
passageira ou seja eacute apenas uma parte da jornada
Segundo Santos (2011) este hospice foi desenvolvido com o intuito de preencher a
lacuna existente na pesquisa e no ensino relacionados com os cuidados dos pacientes
terminais eou com doenccedilas crocircnicas e incuraacuteveis estendendo-se tambeacutem a seus familiares
Portanto o St Christopherrsquos Hospice objetivava criar uma atmosfera onde qualquer indiviacuteduo
pudesse ser ajudado a encontrar o seu proacuteprio significado e a maneira de lidar com as
situaccedilotildees pessoais
Rodrigues (2004) assinala que no periacuteodo de 1948 ateacute 1967 Saunders preparou-se
para receber e atender neste hospice os pacientes em fase terminal com o escopo de promover
o aliacutevio do sofrimento e a dignidade na morte
29
Cicely conseguiu comprovar que eacute possiacutevel promover a qualidade no final de vida e
a dignidade na morte Para tanto ela agregou agrave sua formaccedilatildeo multidisciplinar o embasamento
cientiacutefico de suas accedilotildees a sensibilidade ao sofrimento do proacuteximo e a fidelidade a um ideal
Dessa forma com o objetivo de promover o cuidado holiacutestico envolto em um ambiente
afaacutevel e acolhedor congregou o conhecimento e a abordagem interdisciplinar
Essa visatildeo holiacutestica de Saunders desencadeou segundo Pessini (2006) uma
discussatildeo acerca da importacircncia da assistecircncia aos pacientes terminais fora da Inglaterra
surgindo dessa forma um movimento que buscava um tratamento adequado e humanizado dos
pacientes que ateacute entatildeo estavam excluiacutedos do sistema de sauacutede em virtude de este valorizar o
investimento em terapias curativas vinculadas agrave alta tecnologia
De acordo com Rodrigues (2004) a partir desse momento diversos profissionais e
equipes de trabalho procedentes de vaacuterios paiacuteses passaram por treinamentos no St
Christopherrsquos Hospice tornando-se um centro de excelecircncia e referecircncia mundial no ensino
pesquisa e assistecircncia em Cuidados Paliativos
Atualmente o St Christopherrsquos Hospice funciona como uma instituiccedilatildeo de caridade
oferecendo serviccedilos aos pacientes e seus familiares de forma gratuita Dispotildee dos seguintes
serviccedilos home care enfermaria hospital-dia ambulatoacuterio biblioteca jardins centro de artes
e criatividade apoio aos enlutados profissionais da aacuterea da Sauacutede psicoacutelogos assistente
social e capelatildeo considerados nucleares aleacutem de outros serviccedilos (SANTOS 2011)
A iniciativa de Cicely foi de suma importacircncia Haja vista que favoreceu o
surgimento de outros hospices independentes revolucionando portanto a concepccedilatildeo de
Cuidados Paliativos e a disseminaccedilatildeo pelo mundo de uma filosofia sobre o cuidar pautada
tanto no controle efetivo da dor e de outros sintomas (presentes agrave fase avanccedilada das doenccedilas)
como no cuidado com as dimensotildees psicoloacutegicas sociais e espirituais dos pacientes e suas
famiacutelias com atividades de assistecircncia ensino e pesquisa (FRANCcedilA 2011)
Simultaneamente ao trabalho de Saunders a meacutedica psiquiatra suiacuteccedila Elizabeth
Kuumlbler Ross realizava seu trabalho nos Estados Unidos entrevistando pacientes com doenccedilas
avanccediladas e diante da morte Este estudo foi considerado o primeiro na histoacuteria de ciecircncia
ocidental a alvitrar uma teoria baseada em fatos empiacutericos que descrevia os estaacutegios
psicoloacutegicos dos moribundos de acordo com a percepccedilatildeo de Elizabeth Kuumlbler Ross
(SANTOS 2011)
Em virtude deste minucioso trabalho pelo qual foi possiacutevel identificar as fases de
negaccedilatildeo raiva barganha depressatildeo e aceitaccedilatildeo comuns nos pacientes em fase terminal foi
possiacutevel desenvolver e publicar uma obra em 1969 intitulada ldquoSobre a morte e o morrerrdquo
30
(ABU-SAAD COURTENS 2001) Santos (2011) afirma que este estudo foi considerado o
primeiro na histoacuteria de ciecircncia ocidental a alvitrar uma teoria baseada em fatos empiacutericos que
descrevia os estaacutegios psicoloacutegicos dos moribundos de acordo com a percepccedilatildeo de Elizabeth
Kuumlbler Ross Cumpre salientar que o impacto do seu trabalho no ambiente leigo e
profissional dos Estados Unidos foi crucial para a aceitaccedilatildeo do conceito de hospice proposto
por Cicely Saunders Esta publicaccedilatildeo possibilitou novas discussotildees acerca do processo
morte-morrer anteriormente evitados pela sociedade passando a ser aceito dessa forma pela
comunidade meacutedica e cientiacutefica mundial
Santos (2011) assinala que da mesma forma que Cicely Elisabeth colocou as
questotildees da morte do morrer e da espiritualidade como nuacutecleos centrais dos Cuidados
Paliativos e quem durante quarenta anos esta meacutedica trabalhou arduamente no ensino
pesquisa e assistecircncia na aacuterea de cuidados paliativos deixando um grande legado cientiacutefico na
referida aacuterea
Outra contribuiccedilatildeo importante de Elisabeth segundo o autor supracitado foi o
avanccedilo nas pesquisas acerca de experiecircncias quase morte (EQM) e sobrevivecircncia de
personalidade apoacutes a morte Ela descobriu ser possiacutevel investigar e obter evidecircncias empiacutericas
da sobrevivecircncia poacutes-morte Mesmo com a certeza na vida apoacutes morte ela acreditava ser
necessaacuterio oferecer o maacuteximo de cuidado amor e aliacutevio no sofrimento fiacutesico e espiritual aos
pacientes que enfrentaram a morte
Diante de tais apontamentos eacute possiacutevel compreender que o trabalho de Kluumlber Ross
influenciou a implementaccedilatildeo do ensino formal do cuidado na fase final da vida nos curriacuteculos
de Medicina fortalecendo dessa forma a filosofia hospice (BILLINGS BLOCK 1997)
Twycross (2000) reconhece que apesar da existecircncia dos hospices os Cuidados
Paliativos foram incorporados aos hospitais em 1970 sendo formadas equipes
interdisciplinares para acolher os pacientes terminais Dentre estas equipes Dunlop e Hockley
(1998) destacam a pioneira que foi formada em 1976 no Saint Thomarsquos em Londres que
teve como base o modelo hospitalar do Saint Lukersquos Hospital Daiacute em diante houve um
avanccedilo no chamado movimento hospice moderno para diferentes paiacuteses da Europa e para os
Estados Unidos (EUA) e Austraacutelia Nesta nova proposta o hospice passou a ser um local que
combinava a especificidade de um hospital a hospitalidade de uma casa de repouso e o calor
humano familiar
Nos Estados Unidos o termo hospice tornou-se conceito de cuidado em vez de local
de cuidado Gradualmente o termo cuidado paliativo foi trazido ao dicionaacuterio como sinocircnimo
de cuidado de hospice (ABU-SAAD COURTENS 2001)
31
Rodrigues (2004) assevera que os Estados Unidos agrave semelhanccedila da Europa tambeacutem
constituiacuteram um sistema de sauacutede focado na cura e na reabilitaccedilatildeo das doenccedilas com o
objetivo de restituir os aspectos bioloacutegicos da doenccedila tanto na Enfermagem como na
Medicina os resultados da pesquisa partiam da objetividade dos dados
Diante deste cenaacuterio Pessini (2006) afirma que o movimento foi crescendo e em
1985 foi fundada a Associaccedilatildeo de Medicina Paliativa da Gratilde-Bretanha e da Irlanda sendo o
Reino Unido o primeiro paiacutes a reconhecer a Medicina Paliativa como uma especialidade
meacutedica que trata de pacientes com doenccedilas degenerativas ativas e progressivas tais como o
cacircncer e a AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome ou Siacutendrome de Imunodeficiecircncia
Adquirida ndash SIDA) onde o foco dos Cuidados Paliativos eacute a qualidade de vida do paciente
quando este natildeo tem possibilidades de cura
O autor acrescenta que na Franccedila essa modalidade de cuidar foi implementada na
deacutecada de 1980 dedicada inicialmente aos idosos e posteriormente ampliada para os
pacientes terminais Abu-Saad e Courtens (2001) ressaltam que na deacutecada de 1990 houve o
desenvolvimento de programas de Cuidados Paliativos na Austraacutelia Aacutesia Japatildeo Coreacuteia do
Sul Taiwan China e Aacutefrica do Sul
Natildeo obstante com a ampliaccedilatildeo de tais cuidados em outros paiacuteses o seu modelo teve
que se adequar agraves necessidades pertinentes agrave sauacutede da populaccedilatildeo e ser desenvolvido de acordo
com as reais situaccedilotildees dos recursos locais disponiacuteveis Twycross (2000) aponta o modelo
britacircnico como exemplo para o Canadaacute Austraacutelia e Nova Zelacircndia (estes fazem parte do
sistema de sauacutede oficial) todavia acrescenta que o modelo americano que contempla o
atendimento domiciliar e o modelo polonecircs que possui um sistema de voluntariado
constituiacutedo por meacutedicos e enfermeiros satildeo padrotildees de modelo de outros paiacuteses
De acordo com Rodrigues (2004) a Ameacuterica do Sul iniciou suas experiecircncias sobre
Cuidados Paliativos em meados da deacutecada de 1980 em Buenos Aires e Bogotaacute No Brasil a
histoacuteria de Cuidados Paliativos eacute relativamente recente tendo-se iniciado na deacutecada de 1980
Nesta fase os brasileiros ainda viviam o final de um regime de ditadura cujo sistema de
sauacutede priorizava a modalidade hospitalocecircntrica essencialmente curativa
Rodrigues (2004) afirma que nessa eacutepoca o ensino da Enfermagem e o da Medicina
estavam voltados exclusivamente para os aspectos bioloacutegicos ou seja centrados na doenccedila
preconizando uma assistecircncia fragmentada de diversos profissionais para um mesmo paciente
sendo o trabalho predominantemente individual o que gerava anguacutestia nos pacientes ficando
estes desprovidos de informaccedilotildees corretas sobre sua patologia e o seu futuro aleacutem de se
32
encontrarem sozinhos em um leito separado por um biombo sem a companhia de um ente
querido
Por outro lado houve um pequeno avanccedilo no campo de investigaccedilatildeo cientiacutefica com
publicaccedilotildees relacionadas com a morte com o morrer e com o paciente terminal Rodrigues
(2004) destaca dentre os pesquisadores da aacuterea da Sauacutede Boemer representante da
Enfermagem e Assumpccedilatildeo representante da Medicina Por meio de seus estudos
estimularam outros profissionais da eacutepoca a refletirem na forma da assistecircncia implementada
ao paciente terminal O mesmo autor ressalta que para ser possiacutevel adequar a filosofia
hospice agrave realidade do Brasil foi preciso ir uma equipe formada por meacutedicos psicoacutelogos e
teoacutelogos a paiacuteses da Europa como a Inglaterra e a paiacuteses da Ameacuterica do Norte como o
Canadaacute para que pudessem conhecer de perto o trabalho desenvolvido por eles acerca dos
Cuidados Paliativos e assim disseminar o conhecimento de tais cuidados no Brasil de
maneira mais precisa e mais pontual Aleacutem disso destaca vaacuterios outros fatores que
dificultaram a disseminaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no Brasil como o tamanho do
continente brasileiro as diferenccedilas socieconocircmicas entre os Estados a diferenccedila de acesso ao
sistema de sauacutede a formaccedilatildeo cartesiana dos profissionais da Sauacutede Tudo isso levou-os a
resistir em aderir ao paradigma de cuidar quando natildeo haacute mais cura entre outros
Figueiredo (2006) reconhece que o primeiro serviccedilo de Cuidados Paliativos no
Brasil foi instituiacutedo pela Dra Miriam Martelete do Departamento de Anestesiologia do
Hospital das Cliacutenicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1983 Em 1986 na
Santa Casa de Misericoacuterdia de Satildeo Paulo surgiu o Serviccedilo de Dor e Cuidados Paliativos Em
1989 surgiram o Centro de Estudos e Pesquisas Oncoloacutegicas (CEPON) em Florianoacutepolis e o
Grupo Especial de Suporte Terapecircutico Oncoloacutegico (GESTO) no Instituto Nacional do
Cacircncer (INCA) no Rio de Janeiro
Teixeira et al (1993) salientam que a GESTO apesar de natildeo ter em sua origem o
serviccedilo de Cuidados Paliativos jaacute apresentava na eacutepoca caracteriacutesticas da filosofia hospice
como o oferecimento de qualidade ao paciente trabalho multidisciplinar atendimento
domiciliar e envolvimento da famiacutelia no processo da assistecircncia
Com a finalidade de atender pacientes com AIDS em fase avanccedilada eou terminal e
pacientes com dor crocircnica e difiacutecil controle Guerra (2001) informa que foi formada uma
equipe multiprofissional de Cuidados Paliativos no Instituto de Infectologia Emiacutelio Ribas
pertencente ao hospital da Secretaria de Estado de Sauacutede de Satildeo Paulo em 1999
Em 1997 com o escopo de congregar os profissionais atuantes em Cuidados
Paliativos e consolidar essa aacuterea do cuidado no sistema de sauacutede brasileiro foi fundada a
33
Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP) na cidade de Satildeo Paulo Caponero
(2002) afirma que a ABCP conta com a participaccedilatildeo de meacutedicos enfermeiros psicoacutelogos
assistentes sociais fisioterapeutas religiosos e nutricionistas
Mello e Caponero (2009) esclarecem que o intento desta associaccedilatildeo eacute o de divulgar a
praacutetica dos Cuidados Paliativos e agregar os serviccedilos desses cuidados existentes no Brasil
mesmo ainda natildeo padronizados mas ofereciam assistecircncia a pacientes fora de possibilidades
terapecircuticas no acircmbito de internaccedilatildeo hospitalar ambulatorial eou domiciliar
O objetivo primordial da criaccedilatildeo dessa sociedade de acordo com as autoras
supracitadas era o de permitir o surgimento de diretrizes nessa aacuterea e de modelos que fossem
adequados diante de questotildees socioculturais e econocircmicas de nosso paiacutes para que assim esses
serviccedilos pudessem efetivar sua abordagem de forma que contribuiacutessem para a melhoria da
praacutetica assistencial Por conseguinte esse movimento permitiu que os termos medicina
paliativa ou Cuidados Paliativos passassem a ser vistos como um novo campo desenvolvido
sobre o cuidar sendo necessaacuterio que as equipes de sauacutede especiacuteficas no controle da dor e no
aliacutevio dos sintomas fossem incorporadas demonstrando portanto que os Cuidados Paliativos
vecircm conquistando seu espaccedilo com o seu crescente reconhecimento no cenaacuterio da sauacutede
brasileira
Oficialmente os Cuidados Paliativos foram considerados uma exigecircncia no Brasil
com a homologaccedilatildeo da Portaria nordm 3535 de 2 de setembro de 1998 que confere o
cadastramento de centros de atendimento em Oncologia a qual destaca a necessidade de uma
assistecircncia por meio de uma equipe multiprofissional integrada aleacutem de inserir outras
modalidades assistecircncias como o serviccedilo de Cuidados Paliativos (BRASIL 1998b)
No acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a Portaria ndeg 19 de 2002 amplia a
inserccedilatildeo do modelo de assistecircncia de Cuidados Paliativos por meio da instituiccedilatildeo do
Programa Nacional de Assistecircncia agrave Dor e Cuidados Paliativos (BRASIL 2002)
O referido programa de acordo com Pimenta e Mota (2006) foi formado por
representantes do Ministeacuterio da Sauacutede da Associaccedilatildeo Meacutedica Brasileira da Associaccedilatildeo
Meacutedica Brasileira de Enfermagem do Conselho Federal de Medicina da Sociedade Brasileira
para Estudos da Dor e do INCA com o desiacutegnio de promover a operacionalizaccedilatildeo e a
implementaccedilatildeo do Programa Cumpre assinalar que foram organizados os niacuteveis de
assistecircncia aos pacientes caracterizando-se os profissionais envolvidos no cuidado
Acrescentam que desse trabalho foi plausiacutevel a realizaccedilatildeo das seguintes accedilotildees uniformizaccedilatildeo
e distribuiccedilatildeo de morfina e metadona para o tratamento da dor crocircnica atraveacutes do SUS e
34
estabelecimento em 2002 dos centros de referecircncia em tratamento da dor crocircnica atraveacutes
da Secretaria da Assistecircncia agrave Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede
A partir da Portaria nordm 3535 de setembro de 1998 o cadastramento de nuacutecleos de
atendimento em Oncologia apreciando-se o modelo dos Cuidados Paliativos passou a ser
uma exigecircncia Este documento enfoca a multidisciplinaridade como um trabalho integral
aleacutem de inserir o serviccedilo de Cuidados Paliativos (BRASIL 1998b)
Acrescenta-se a tais ponderaccedilotildees o desejo de subsidiar e estimular a criaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de serviccedilos de Cuidados Paliativos no paiacutes destacando-se o estabelecimento
do Programa Nacional de Imunizaccedilatildeo Hospitalar a partir da Portaria ndeg 881 de
2001(BRASIL 2001)
Wright et al (2008) chamam a atenccedilatildeo para o quantitativo de serviccedilos de Cuidados
Paliativos no ano de 2008 apresentando-se um total de catorze serviccedilos o que representa um
serviccedilo para cada nuacutemero de 13285000 habitantes Salienta-se que a maior parte destas
unidades estavam localizadas na regiatildeo Sudeste sobretudo na cidade de Satildeo Paulo
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos atualmente existem
em todo o Brasil sessenta e uma unidades das quais vinte se encontram no Estado de Satildeo
Paulo Portanto a grande maioria desses serviccedilos ainda se concentra na regiatildeo Sudeste
constituiacuteda por serviccedilos estatais principalmente em unidades especializadas em dor
(SANTOS 2011)
Santos (2011) ressalta a inexistecircncia da padronizaccedilatildeo de criteacuterios miacutenimos exigidos
para uma unidade ou serviccedilo ser considerado especializado em Cuidados Paliativos Essa
informaccedilatildeo vai de encontro ao que preconiza a Associaccedilatildeo Europeia para Cuidado Paliativo
(European Association for Palliative Care) a qual estabelece normas e diretrizes Portanto
segundo esta associaccedilatildeo para um paiacutes atender agraves demandas em serviccedilos dessa modalidade de
cuidar satildeo necessaacuterios os seguintes indicadores pacientes internados em unidades
hospitalares a niacutevel de enfermarias cliacutenicas ou ciruacutergicas (50 leitos ndash ateacute 80 ndash por milhatildeo de
habitantes 12 enfermarias por leito 015 meacutedico por leito) equipes de Cuidados Paliativos
(equipe para cada hospital com 250 leitos uma equipe de Cuidados Paliativos home care para
cada divisatildeo de cem mil habitantes tendo como nuacutecleo central da equipe 4 ou 5 profissionais
em dedicaccedilatildeo exclusiva)
Figueiredo (2006) afirma que o crescimento das unidades ou grupos de Cuidados
Paliativos em todo o Brasil eacute ainda lento estando longe de atingir as metas propostas pela
Associaccedilatildeo Europeia para Cuidado Paliativo sendo portanto necessaacuterio implantar cursos
para a formaccedilatildeo de recursos humanos e de incentivos de poliacuteticas puacuteblicas
35
Outra instituiccedilatildeo que merece destaque no paiacutes eacute a Academia Nacional de Cuidados
Paliativos (ANCP) fundada em 2005 Esta vem celebrando conquistas importantes para o
movimento paliativista brasileiro Dentre estas aquisiccedilotildees destaca-se a realizaccedilatildeo do IV
Congresso Internacional de Cuidados Paliativos concretizado na cidade de Satildeo Paulo em
2010 No referido evento foi ressaltada a publicaccedilatildeo do novo Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM) Este eacute o primeiro a referenciar a modalidade Cuidados
Paliativos como um princiacutepio fundamental da praacutetica meacutedica Esse trabalho adveacutem
fundamentalmente em virtude do desempenho do trabalho da Cacircmara Teacutecnica de
Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos Esse trabalho teve como participante a ex-
presidente da ANCP Dra Maria Goretti Sales Maciel (IV CONGRESSO 2010)
Um dos objetivos expostos durante o referido Congresso em questatildeo foi o de avalizar
um atendimento integral em Cuidados Paliativos no sistema de sauacutede vigente em nosso paiacutes o
SUS Todavia para o alcance de tal meta fazem-se necessaacuterias modificaccedilotildees na formaccedilatildeo
profissional e treinamento dos profissionais da Sauacutede a abertura de novos serviccedilos destes
cuidados e a implementaccedilatildeo de medidas que mensurem a qualidade da assistecircncia (IV
CONGRESSO 2010)
Tratando-se do ensino de Cuidados Paliativos no Brasil Rodrigues (2004) observa
que tanto no curso de Enfermagem quanto no de Medicina a literatura apresenta uma
quantidade iacutenfima A autora acrescenta que em algumas escolas este tema eacute abordado como
na Universidade de Satildeo Paulo (UNIFESP) onde existe uma disciplina voltada para esta
temaacutetica sendo ministrada por meacutedicos e outros profissionais caracterizando um programa
multiprofissional
A autora supracitada destaca a figura do professor Figueiredo que vem sendo um
incentivador e colaborador da educaccedilatildeo acerca dos Cuidados Paliativos e da criaccedilatildeo de
serviccedilos destinados a estes cuidados no Brasil Dentre estes serviccedilos destaca-se a criaccedilatildeo do
ambulatoacuterio na UNIFESP o Ambulatoacuterio em Cuidados Paliativos do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo e o da Unidade de Cuidados Paliativos
no Instituto de Infectologia Emiacutelio Ribas (RODRIGUES 2004)
Outra contribuiccedilatildeo importante no ensino desses cuidados adveacutem do meacutedico e
bioticista da Universidade Estadual de Londrina professor Joseacute Eduardo Siqueira que
realizou um estudo acerca da assistecircncia meacutedica aos pacientes em fase terminal O referido
professor propotildee um desafio voltado principalmente aos hospitais universitaacuterios para que
aleacutem da oferta da alta tecnologia desenvolvam um serviccedilo de Cuidados Paliativos no qual os
36
formadores possam acrescentar ao conhecimento tecnocientiacutefico o aspecto da humanizaccedilatildeo
(SIQUEIRA 2000)
Portanto o cuidado humanizado seria enfatizado a partir das experiecircncias na
instituiccedilatildeo de ensino aliado agrave alta tecnologia Esta envolve terapecircuticas de alto custo e
terapecircuticas de baixo custo como o controle da dor e de outros sintomas aliadas agraves accedilotildees
mais simples como o respeito e o diaacutelogo (FRANCcedilA 2011)
Em relaccedilatildeo ao ensino de Cuidados Paliativos na aacuterea da Enfermagem Rodrigues
(2004) destaca a professora Cibele Adruciole de Mattos Pimenta considerada referecircncia
nacional no manejo de dor aguda e crocircnica Ela eacute docente do curso de Enfermagem da
Universidade de Satildeo Paulo (USP) difundindo a proposta da inclusatildeo dos Cuidados Paliativos
nos cursos de graduaccedilatildeo em Enfermagem
No que tange a poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu para o ensino de Cuidados Paliativos a
autora supracitada aponta o Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) como o responsaacutevel por
formar enfermeiros especialistas em Cuidados Paliativos por meio de especializaccedilatildeo e
residecircncia em Enfermagem e meacutedicos especialistas em Medicina Paliativa
Ainda em relaccedilatildeo agrave veiculaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no ensino brasileiro no
acircmbito da poacutes-graduaccedilatildeo merece destaque a proposta da Pinus Longaeva Assessoria e
Consultoria em Sauacutede e Educaccedilatildeo Tal entidade eacute considerada referecircncia de excelecircncia em
Cuidados Paliativos no Brasil aleacutem de estimular a produccedilatildeo do conhecimento acerca da
referida temaacutetica Encontra-se sob a coordenaccedilatildeo do meacutedico Dr Franklin Santana Santos
sendo originada a partir da realizaccedilatildeo do curso de Tanatologia ndash Educaccedilatildeo para a Vida e para
a Morte uma abordagem plural e interdisciplinar em 2007 o qual teve a finalidade de
divulgar a importacircncia dos Cuidados Paliativos entre a sociedade brasileira (SANTOS 2011)
Aleacutem do curso Santos (2011) reconhece que este serviccedilo proporcionou a ediccedilatildeo de
um livro em trecircs volumes intitulado ldquoA arte de morrer visatildeo pluraisrdquo publicado pela Editora
Comenius com a finalidade de subsidiar o ensino e a pesquisa sobre a temaacutetica morte Na
referida obra pode-se observar a preocupaccedilatildeo em se trabalhar a prevenccedilatildeo e as causas do
sofrimento o medo e o tabu da morte com o propoacutesito de promover uma educaccedilatildeo para a
morte voltada para o corpo discente e para o corpo docente de diversas instituiccedilotildees de ensino
para os profissionais e para a populaccedilatildeo em geral
Em relaccedilatildeo agrave pesquisa o autor acima referido assinala que na poacutes-graduaccedilatildeo em
Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (FMUSP)
encontram-se em andamento diversas dissertaccedilotildees de mestrado e teses de doutorado aleacutem de
37
projetos de pesquisa como traduccedilatildeo e validaccedilatildeo de escalas sobre morte e morrer e
espiritualidade
Quanto agrave aacuterea da assistecircncia Santos (2011) discorre sobre o planejamento do
Ambulatoacuterio de Cuidados Paliativos para pacientes com demecircncia avanccedilada no Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Cliacutenicas na Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) sob a
coordenaccedilatildeo dos professores-doutores Orestes V Forlenza e Franklin Santana Santos O autor
comenta tambeacutem o desenvolvimento de um projeto de construccedilatildeo de um hospice no interior
de Satildeo Paulo nos moldes do St Christopher inteiramente filantroacutepico ndash o que significaria um
avanccedilo consideraacutevel para o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos no Brasil
Seguramente o ensino de Cuidados Paliativos tornaraacute os profissionais mais sensiacuteveis
agraves necessidades da populaccedilatildeo e do indiviacuteduo levando-os a desenvolver uma assistecircncia mais
humanizada e centrada na obtenccedilatildeo do adequado controle dos sinais e sintomas dos pacientes
fora de possibilidades terapecircuticas de cura Essa modalidade de cuidar proporciona uma
transformaccedilatildeo na praacutetica dos profissionais que passam a apresentar uma visatildeo holiacutestica
acerca desses doentes abrangendo-lhes a dimensatildeo fiacutesica psicoloacutegica social e espiritual
Nessa perspectiva Stoneberg et al (2006) referem que os Cuidados Paliativos ou
paliativismo como mais um meacutetodo uma filosofia do cuidar visando-se a prevenir e aliviar o
sofrimento humano em muitas de suas dimensotildees O objetivo dessa modalidade de cuidar eacute o
de proporcionar aos pacientes e seus entes queridos a melhor qualidade possiacutevel de vida a
despeito do estaacutegio de uma doenccedila ou a necessidade de outros tratamentos
Os autores asseguram que os Cuidados Paliativos complementam-se ao jaacute
tradicional cuidado curativo incluindo objetivos de bem-estar e de qualidade de vida para os
pacientes e seus familiares ajudando-os nas tomadas de decisotildees e promovendo
oportunidades de crescimento e evoluccedilatildeo pessoal Esta filosofia de cuidar completa os
tratamentos curativos da Medicina moderna mas principalmente proporciona aos
profissionais da aacuterea dignidade e significado aos tratamentos escolhidos
Caponero (2002) acrescenta que os Cuidados Paliativos fundamentam-se em uma
concepccedilatildeo global e ativa do tratamento compreendendo a atenccedilatildeo aos aspectos fiacutesicos
sociais e espirituais das pessoas que estatildeo com doenccedila incuraacutevel Portanto os Cuidados
Paliativos segundo Santana (2000) constituem um novo paradigma na sauacutede no qual satildeo
adotadas medidas humanizadas para o atendimento aos pacientes em seu ambiente familiar
onde as intervenccedilotildees natildeo visam agrave cura mas ao aliacutevio dos sintomas e do sofrimento aleacutem de
possibilitar a compreensatildeo do processo de morrer com dignidade
38
Pessini e Bertachini (2005) ressaltam que os Cuidados Paliativos visam a assegurar
aos doentes condiccedilotildees que os capacitem e encorajem a viver sua vida de uma forma uacutetil
produtiva e plena ateacute ao momento de sua morte A importacircncia da reabilitaccedilatildeo em termos de
bem-estar fiacutesico psiacutequico e espiritual natildeo pode ser negligenciada
Elias et al (2007) afirmam que a dimensatildeo subjetiva eacute o elo mais especiacutefico para o
paciente sem possibilidades de cura uma vez que o seu espiritual e o seu emocional recebem
um sentido ainda mais amplo Esses autores esclarecem a amplitude da dor psiacutequica a qual eacute
referenciada pelo temor do sofrimento seguida de anguacutestias e a dor espiritual que faz ligaccedilatildeo
ao significado da vida como tambeacutem agraves resignaccedilotildees perante Deus Os autores acrescentam
que tanto a dor psiacutequica quanto a espiritual requer em um acompanhamento psicoespiritual
sendo portanto imperioso o emprego de Cuidados Paliativos que compreenderaacute o
acolhimento a humanizaccedilatildeo e a proteccedilatildeo
Desse modo Costa Filho et al (2008) advertem que os Cuidados Paliativos devem
contemplar todas as dimensotildees do paciente sem possibilidades de cura tendo como prioridade
os cuidados emocionais psicoloacutegicos e espirituais Esta filosofia de cuidar proporciona aos
profissionais da aacuterea da Sauacutede a dignidade e significado aos tratamentos escolhidos em
relaccedilatildeo ao paciente na terminalidade da vida o qual necessita de cuidado integral e
humanizado
Eacute sob esse enfoque que Maccoughlan (2006) assinala que os Cuidados Paliativos
constituem um campo de cuidados totais ativos e integrais dispensados aos pacientes com
doenccedilas avanccediladas e sem possibilidades de cura e centrados no seu direito de viver com
dignidade seus dias que lhe restam
Em virtude da diversidade de aspectos envolvidos nessa forma de cuidar
Maccoughlan (2003) aponta a importacircncia da abordagem interdisciplinar para os Cuidados
Paliativos uma vez que esta implica demonstrar que nenhuma profissatildeo consegue abranger
todos os aspectos envolvidos no tratamento de pacientes terminais o que faz destacar a
significacircncia do trabalho coletivo permitindo a sinergia de habilidades para promover uma
assistecircncia completa
Portanto os Cuidados Paliativos devem ser prestados por uma equipe
multiprofissional formada por meacutedicos enfermeiros psicoacutelogos assistentes socais e
assistentes espirituais todos envolvidos nos objetivos concretos desses cuidados respeitando-
se o paciente como um ser uacutenico as suas crenccedilas e culturas
Sendo assim eacute inegaacutevel dentre esses profissionais a participaccedilatildeo da equipe
multiprofissional da Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no que concerne ao emprego de
39
Cuidados Paliativos Haja vista que pacientes com doenccedilas avanccediladas e em fase terminal que
ldquoretornam para suas casasrdquo jaacute que ldquonatildeo haacute mais nada para ser feitordquo necessitam ser
protegidos Eacute especialmente nesta transiccedilatildeo de necessidades especiacuteficas do tratamento
curativo para o paliativo que a Atenccedilatildeo Baacutesica pode ter destacado papel (FLORIANI
SCHRAMM 2007)
A referida temaacutetica eacute abordada no capiacutetulo seguinte o qual procura enfocar os
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
40
3 Cuidados paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
41
Para melhor compreensatildeo deste capiacutetulo seratildeo abordadas inicialmente consideraccedilotildees
acerca da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) com ecircnfase na Estrateacutegia de Sauacutede da famiacutelia
(ESF) seguindo-se da abordagem pertinente a Cuidados Paliativos na referida estrateacutegia
Em termos histoacutericos diversos documentos foram confeccionados com o escopo de
nortear poliacuteticas e accedilotildees no campo da Sauacutede em todo o mundo Dentre os mais significativos
pode ser citado ldquoSauacutede para todos no ano 2000rdquo produzido em 1977 na 30ordf Reuniatildeo Anual da
Assembleacuteia Mundial de Sauacutede em Alma-Ata Em uma reuniatildeo subsequumlente agrave produccedilatildeo deste
documento em 1978 ainda na mesma cidade foi realizada a primeira Conferecircncia Nacional
sobre Cuidados Primaacuterios de Sauacutede sob a coordenaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
(OMS) e do Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia (UNICEF) definindo-se a Atenccedilatildeo
Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) como eixo da reorganizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede visando-se a
diminuir as imensas desigualdades soacutecio-econocircmicas sanitaacuterias existentes no mundo (OMS
1979)
Ibantildeez et al (2006) assinalam que a APS surge em resposta agraves desigualdades no
acesso iniquumlidades dos serviccedilos de sauacutede insuficiente e desigual distribuiccedilatildeo de recursos de
sauacutede para as populaccedilotildees resultando em exclusatildeo de grupos sociais vulneraacuteveis
Por conseguinte a APS pretende proporcionar maior acesso e equidade para estas
pessoas que buscam os serviccedilos de sauacutede por meio da reorganizaccedilatildeo dos sistemas de sauacutede
mediante alteraccedilatildeo do modelo de atenccedilatildeo em quase todos os paiacuteses (MENDES 2001)
De acordo com Starfield (2002) a APS apresenta como atributos essenciais ou
exclusivos o primeiro contato a longitudinalidade a integralidade a coordenaccedilatildeo da atenccedilatildeo a
focalizaccedilatildeo na famiacutelia e a orientaccedilatildeo na comunidade O primeiro atributo pressupotildee a
acessibilidade do usuaacuterio e o uso de serviccedilos de sauacutede em suas necessidades de sauacutede
independentemente da gravidade do problema apresentado indicando a porta de entrada ao
sistema de sauacutede O segundo consiste no acompanhamento do indiviacuteduo e sua famiacutelia ao longo
do tempo marcado pela relaccedilatildeo de viacutenculo e relaccedilotildees interpessoais de confianccedila entre o
usuaacuteriofamiacutelia e a equipeserviccedilo de sauacutede O terceiro garante a continuidade da prestaccedilatildeo da
assistecircncia agrave sauacutede independente da complexidade que o problema de sauacutede exigir e considera
as possiacuteveis causas individuais de cada pessoa no seu processo de adoecimento O quarto
representa a capacidade do serviccedilo para dar atenccedilatildeo agraves necessidades individuais e coletivas
garantindo o seguimento constante da equipe de sauacutede mesmo que os problemas de sauacutede
estejam sendo sanados em outro niacutevel de assistecircncia agrave sauacutede O quinto considera a famiacutelia
como nuacutecleo para o conhecimento integral dos problemas de sauacutede O sexto implica conhecer
as famiacutelias em seu contexto cultural socioeconocircmico e social (STARFIELD 2002)
42
Abrahatildeo-Curvo (2010) esclarece que os princiacutepios da APS foram retomados nas
reformas do setor Sauacutede em vaacuterios paiacuteses sobretudo no Brasil com a adesatildeo e participaccedilatildeo de
variados segmentos da sociedade brasileira
Salienta-se portanto que ante o movimento internacional gerado pela Conferecircncia de
Alma-Ata em virtude do contexto de mudanccedilas observadas na Ameacuterica Latina o Brasil volta-
se a refletir suas poliacuteticas de sauacutede embasado em conceitos discutidos na referida conferecircncia
Sendo assim o processo de transformaccedilatildeo e de avanccedilo no setor da Sauacutede do Brasil
conforme apontam Santos e Mattos (2011) adveacutem em sua maioria da realizaccedilatildeo da VIII
Conferecircncia Nacional em Sauacutede em 1986 que consagrou a Reforma Sanitaacuteria como eixo de
luta para a transformaccedilatildeo do panorama de Sauacutede do paiacutes
Scherer Marino e Ramos (2005) assinalam que por meio da Conferecircncia foram
deliberados os princiacutepios e diretrizes incorporados na Poliacutetica Nacional de Sauacutede aprovados na
Constituiccedilatildeo de 1988 Demarca-se legalmente um novo modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede em
substituiccedilatildeo ao existente
Arouca (1987) informa que a CNS trouxe agrave tona a questatildeo da sauacutede com amplitude de
seu conceito natildeo a considerando como a simples ausecircncia de doenccedila mas sim em estado
resultante das condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente trabalho
transporte emprego lazer liberdade e acesso a serviccedilos de sauacutede Portanto a sauacutede natildeo estaria
mais relacionada apenas com a ausecircncia de doenccedilas mas seria resultado das formas de
organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes desigualdades nos niacuteveis de vida
e de sauacutede
Observa-se que o movimento da Reforma Sanitaacuteria Brasileira foi pautado em uma
mobilizaccedilatildeo reivindicatoacuteria alicerccedilada na necessidade popular de reconstruir uma estrutura
normativa que atendesse agraves reais necessidades da populaccedilatildeo nas questotildees de sauacutede como direito
de cidadania (MACHADO et al 2007)
A CNS serviu de base para o nascimento do SUS emergindo dessa forma em meio
aos debates levantados durante esse evento Visando-se ao cumprimento da Constituiccedilatildeo foi
editada em 1990 a Lei Orgacircnica da Sauacutede (LOS) formada pelas Leis Federais 808090 e
814290 as quais instituem e dispotildeem sobre o funcionamento organizaccedilatildeo e caracteriacutesticas do
SUS Com base na Constituiccedilatildeo e posteriormente na LOS definiu-se que o SUS seria regido
por determinados princiacutepios e diretrizes e propunha-se naquela legislaccedilatildeo a passagem do entatildeo
modelo vigente para uma forma voltada agrave prevenccedilatildeo e promoccedilatildeo da sauacutede (VALENTIM
KRUEL 2007)
43
Destarte observa-se que o SUS eacute resultado de um longo processo de debates e de lutas
por melhores condiccedilotildees de sauacutede no paiacutes Surge como um novo paradigma na atenccedilatildeo agrave sauacutede
Seus princiacutepios e diretrizes rompem com o paradigma cliacutenico tradicional (SCHERER
MARINO RAMOS 2005)
Simino (2009) afirma que o SUS eacute marcado por princiacutepios doutrinaacuterios ou filosoacuteficos
(universalidade equidade e integralidade) e por princiacutepios organizativos (descentralizaccedilatildeo
regionalizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo e participaccedilatildeo social)
Ainda de acordo com a autora supracitada a universalidade eacute compreendida a partir
do reconhecimento da assistecircncia agrave sauacutede um direito fundamental do cidadatildeo cabendo ao
Estado garantir as condiccedilotildees indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio e ao acesso agrave atenccedilatildeo e
assistecircncia agrave sauacutede em todos os niacuteveis de complexidade A equidade eacute um princiacutepio de justiccedila
social Haja vista que busca diminuir desigualdades A integralidade significa a garantia do
fornecimento de um conjunto articulado e contiacutenuo de accedilotildees e serviccedilos preventivos curativos e
coletivos exigidos em cada caso para todos os niacuteveis de complexidade de assistecircncia Este
princiacutepio ainda engloba accedilotildees de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e em seu sentido
amplo considera a pessoa como um ser integral inserida em um contexto familiar social
cultural e econocircmico
Machado et al (2007) asseveram que a integralidade eacute um conceito que permite uma
identificaccedilatildeo dos sujeitos como totalidades ainda que natildeo sejam alcanccedilaacuteveis em sua plenitude
considerando-se todas as dimensotildees possiacuteveis em que se pode intervir pelo acesso permitido
por eles proacuteprios Dessa forma o atendimento integral extrapola a estrutura organizacional
hierarquizada e regionalizada da assistecircncia de sauacutede se prolonga pela qualidade real da
atenccedilatildeo individual e coletiva assegurada aos usuaacuterios do sistema de sauacutede requisita o
compromisso com o contiacutenuo aprendizado e com a praacutetica multiprofissional
Quanto aos princiacutepios organizativos do SUS estes promovem a viabilizaccedilatildeo de suas
operaccedilotildees gerenciais Em relaccedilatildeo agrave descentralizaccedilatildeo este garante a transferecircncia de recursos
financeiros e o poder para os Estados e municiacutepios permitindo que a destinaccedilatildeo dos recursos
seja realizada contemplando-se as necessidades de cada localidade aleacutem de possibilitar a
participaccedilatildeo social A regionalizaccedilatildeo estaacute relacionada com o processo de distribuiccedilatildeo dos
serviccedilos em uma determinada regiatildeo permitindo oferecer serviccedilos e accedilotildees de sauacutede mais
proacuteximos de onde as pessoas moram No que tange agrave hierarquizaccedilatildeo esta implica a
estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede por niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica A
participaccedilatildeo social permite a participaccedilatildeo dos usuaacuterios e da comunidade na construccedilatildeo e
fiscalizaccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede (SIMINO 2009)
44
Eacute preciso ressaltar que o SUS natildeo eacute um modelo simples e estanque embora tenha sido
explicitado em sua formalizaccedilatildeo inicial pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
operacionalizado por meio de legislaccedilatildeo especiacutefica como a Lei Orgacircnica da Sauacutede e pelas
Normas de Operacionalizaccedilatildeo Baacutesicas e de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (NOBs e NOAS) O SUS eacute um
processo e como tal estaacute em constante construccedilatildeo em busca do seu proacuteprio aperfeiccediloamento
objetivos e ideal (VALENTIM KRUEL 2007)
Na atual conjuntura sabe-se que o SUS vem constituindo-se no paiacutes haacute cerca de vinte
anos a partir destes princiacutepios todavia uma nova abordagem da APS emerge no Brasil por
meio da ediccedilatildeo da Portaria nordm 648 de 2006 do Ministeacuterio da Sauacutede Tal portaria aprova a
Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Baacutesica (PNAB) Retoma os elementos essenciais da APS e
reforccedila na Sauacutede da Famiacutelia o eixo organizador do sistema de sauacutede brasileiro
Teixeira (2004) chama a atenccedilatildeo para o fato de que a mudanccedila do modelo de atenccedilatildeo
vem desenvolvendo-se desde o iniacutecio da deacutecada de 1990 principalmente a partir de 1993-1994
quando foram desencadeados os processos de municipalizaccedilatildeo e de implementaccedilatildeo do
Programa de Sauacutede da Famiacutelia adotada com a intenccedilatildeo de atender a todos os princiacutepios legais
do SUS especialmente os de universalidade de acesso de integralidade da assistecircncia agrave sauacutede e
de resolutividade englobando paulatinamente toda a rede de serviccedilos baacutesicos com a
ampliaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo da atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede
De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (2000a) o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
foi implantado em 1994 no Brasil para dar sustentaccedilatildeo ao Programa de Agentes Comunitaacuterios
de Sauacutede (PACS) Eacute considerado um projeto dinamizador do SUS condicionado pela evoluccedilatildeo
histoacuterica e pela organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede no Brasil
Eacute definido como um modelo de assistecircncia que vai desenvolver accedilotildees de promoccedilatildeo e
proteccedilatildeo agrave sauacutede do indiviacuteduo da famiacutelia e da comunidade por meio de equipes que faratildeo o
atendimento na unidade local de sauacutede da comunidade ao niacutevel de atenccedilatildeo primaacuteria Aleacutem do
atendimento suas atividades devem incluir programaccedilatildeo grupos terapecircuticos e visitas
domiciliares entre outras (BRASIL 2004)
O Ministeacuterio da Sauacutede (2000b) chama a atenccedilatildeo para o fato de o PSF ser
compreendido como modelo substitutivo da rede baacutesica tradicional de cobertura universal
Este modelo eacute reconhecido como uma praacutetica que requer alta tecnologia nos campos do
conhecimento do desenvolvimento de habilidades e de mudanccedila de atitudes
Peduzzi (2000) estabelece que o PSF apresenta a finalidade de viabilizar mudanccedilas
dentro do contexto de sauacutede puacuteblica na loacutegica do modelo assistencial biomeacutedico
particularmente no que se refere agrave Atenccedilatildeo Baacutesica e sua articulaccedilatildeo aos demais niacuteveis de
45
atenccedilatildeo Este programa tem como base os princiacutepios operacionais de adscriccedilatildeo da clientela da
integralidade da atenccedilatildeo do planejamento local e regional da equidade do acesso aos serviccedilos
do controle social da accedilatildeo intersetorial e do trabalho em equipe
O PSF apresenta como filosofia o princiacutepio da vigilacircncia agrave sauacutede apresentando
caracteriacutesticas de atuaccedilatildeo interdisciplinar e multidisciplinar e de responsabilidade integral para
com a populaccedilatildeo que reside na aacuterea de abrangecircncia de suas unidades de sauacutede O programa em
questatildeo consiste em optar pela descentralizaccedilatildeo como forma de aproximar os serviccedilos de sauacutede
de quem deles mais precisa Dessa forma aacutereas mais carentes desses serviccedilos passam a receber
accedilotildees tradicionais de promoccedilatildeo de sauacutede por meio da prevenccedilatildeo e de accedilotildees de assistecircncia
meacutedica Soma-se ao processo a participaccedilatildeo da comunidade por intermeacutedio de seus agentes
representativos que fazem uma ligaccedilatildeo entre a equipe de sauacutede e o cliente a ser atendido
rompendo as barreiras e identificando as reais necessidades ao mesmo tempo que representa
uma forma do serviccedilo que eacute prestado agrave populaccedilatildeo (BRASIL 2005a)
Simino (2009) ressalta que gradualmente a Sauacutede da Famiacutelia perdeu o status de
programa uma vez que tem sido considerada uma estrateacutegia para a reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo
Baacutesica de sauacutede no Brasil seguindo os conceitos da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Nesse contexto
o Ministeacuterio da Sauacutede (2005b) reconhece que atualmente a Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) vem sendo implantada em substituiccedilatildeo ao modelo tradicional para a Atenccedilatildeo Baacutesica A
sua organizaccedilatildeo favorece o estabelecimento de viacutenculos de responsabilidade e confianccedila entre
profissionais e famiacutelias e permite uma compreensatildeo ampla do processo sauacutede-doenccedila e da
necessidade de intervenccedilotildees a partir dos problemas e demandas identificadas
Assim sendo transformar o programa em uma estrateacutegia de organizaccedilatildeo foi um
avanccedilo para a gestatildeo do SUS uma vez que se busca natildeo apenas o acesso e sua ampliaccedilatildeo mas
tambeacutem a reorganizaccedilatildeo da praacutetica da atenccedilatildeo agrave sauacutede sobre novas bases e a substituiccedilatildeo do
modelo entatildeo vigente levando a sauacutede para mais perto das famiacutelias e melhorando-se a
qualidade de vida dos cidadatildeos brasileiros (BRASIL 2005c)
Conforme assinalam Costa e Carbone (2004) esta mudanccedila de modelo possibilita a
integraccedilatildeo e a organizaccedilatildeo das atividades em um territoacuterio definido com o propoacutesito de
favorecer o enfrentamento dos problemas identificados e implica necessariamente a articulaccedilatildeo
da Atenccedilatildeo Baacutesica com a meacutedia e com a alta complexidade envolvendo a integraccedilatildeo de
poliacuteticas estrateacutegicas de sauacutede aleacutem de envolver diversos atores compreendendo-os como
pessoas e instituiccedilotildees a saber os usuaacuterios do sistema o gestor de sauacutede a equipe de sauacutede da
famiacutelia e as lideranccedilas comunitaacuterias
46
Logo o que se espera da Atenccedilatildeo Baacutesica organizada pela ESF quando esta eacute
capacitada e integra a comunidade eacute que seja capaz de resolver 80 das demandas dos
serviccedilos de sauacutede de uma populaccedilatildeo jaacute que a maior parte dessa demanda concentra-se em
poucos problemas Isso demonstra a importacircncia e a necessidade de se investir nos serviccedilos de
atenccedilatildeo primaacuteria a fim de se tornarem mais resolutivos As accedilotildees devem ser orientadas para o
cuidado integral dos indiviacuteduos inseridos em suas respectivas famiacutelias Esse eacute um dos sentidos
atribuiacutedos ao princiacutepio constitucional de integralidade do SUS (BRASIL 2005c)
Bonassa e Campos (2001) destacam trecircs caracteriacutesticas fundamentais da Estrateacutegia de
Sauacutede da Famiacutelia A primeira eacute a ecircnfase na territorializaccedilatildeo e na adscriccedilatildeo da clientela
responsabilizando-se cada equipe pelo cadastramento e acompanhamento das famiacutelias do
territoacuterio de abrangecircncia A segunda eacute o seu poder substitutivo em meio a suas unidades
porquanto natildeo constitui uma nova estrutura de serviccedilos (excetuando-se as aacutereas anteriormente
desprovidas) mas substitui as praacuteticas convencionais de assistecircncia por um novo processo de
trabalho cujo eixo estaacute centrado na vigilacircncia agrave sauacutede e na participaccedilatildeo da comunidade A
terceira eacute a sua participaccedilatildeo no SUS dentro do princiacutepio da integralidade e da hierarquizaccedilatildeo
por isso deve estar vinculada agrave rede de serviccedilos de forma que garanta atenccedilatildeo integral aos
indiviacuteduos e agraves famiacutelias em todos os niacuteveis de complexidade sempre que for necessaacuterio
De acordo com as Portarias de nordm 1186GMMS e nordm 157GMMS observa-se que cada
equipe de Sauacutede da Famiacutelia seja responsaacutevel por no maacuteximo 4500 pessoas Desta forma a
Unidade de Sauacutede pode ser composta por uma ou mais equipes dependendo da concentraccedilatildeo
de famiacutelias residentes no territoacuterio (BRASIL 1997 BRASIL 1998c)
Cada equipe de Sauacutede da Famiacutelia deve ser capacitada para conhecer a realidade das
famiacutelias pelas quais eacute responsaacutevel por meio de cadastramento e diagnoacutestico de suas
caracteriacutesticas sociais demograacuteficas e epidemioloacutegicas para identificar os principais problemas
de sauacutede e situaccedilotildees de risco a que estaacute exposta a populaccedilatildeo que ela atende e para elaborar
com a participaccedilatildeo da comunidade um plano local para enfrentar os determinantes do processo
sauacutede-doenccedila Aleacutem disso essa equipe necessita estar preparada para prestar uma assistecircncia
integral respondendo de forma contiacutenua e racionalizada agrave demanda organizada ou espontacircnea
na unidade na comunidade no domiciacutelio e no acompanhamento ao atendimento nos serviccedilos
de referecircncia ambulatorial ou hospitalar desenvolvendo accedilotildees educativas e intersetoriais a fim
de enfrentar os problemas de sauacutede identificados (BRASIL 2005a)
Destarte observa-se que a abordagem da referida estrateacutegia de acordo com o
Ministeacuterio da Sauacutede (2005b) estaacute centrada na famiacutelia que eacute o objeto principal de atenccedilatildeo
sendo esta entendida a partir do ambiente onde vive Eacute nesse espaccedilo que se constroem as
47
relaccedilotildees intrafamiliares e extrafamiliares e se desenvolve a luta pela melhoria das condiccedilotildees de
vida permitindo ainda uma compreensatildeo ampliada do processo sauacutededoenccedila e portanto da
necessidade de intervenccedilotildees de maior impacto e significaccedilatildeo social
Guitierrez e Minayo (2010) destacam que eacute na famiacutelia e pela famiacutelia que se produzem
cuidados essenciais agrave sauacutede que vatildeo desde as interaccedilotildees afetivas necessaacuterias ao
desenvolvimento da sauacutede mental e da personalidade madura de seus membros passando pela
aprendizagem da higiene e da cultura alimentar e atingindo o niacutevel de adesatildeo aos tratamentos
prescritos pelos serviccedilos tais como medicaccedilatildeo dietas e atividades preventivas Essa
complementaridade ocorre por meio de accedilotildees concretas no cotidiano das famiacutelias permitindo o
reconhecimento das doenccedilas busca de atendimento meacutedico incentivo para o autocuidado e o
apoio emocional
Quanto agrave operacionalizaccedilatildeo da ESF esta se daacute mediante a implantaccedilatildeo de equipes
multiprofissionais em unidades de sauacutede da famiacutelia (USFs) as quais devem ser adequadas agraves
diferentes realidades locais desde que sejam mantidos os seus princiacutepios e diretrizes
fundamentais Para tanto o impacto favoraacutevel nas condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo adscrita
deve ser a preocupaccedilatildeo baacutesica dessa estrateacutegia (BRASIL 2005a)
A atribuiccedilatildeo baacutesica da equipe de sauacutede da famiacutelia estaacute relacionada com o
conhecimento da realidade das famiacutelias pelas quais eacute responsaacutevel identificando os problemas
de sauacutede mais comuns e as situaccedilotildees de risco ao qual a populaccedilatildeo estaacute exposta atuando e
intervindo continuamente na realidade social apresentada (BRASIL 2000c)
O funcionamento da ESF se daacute em unidades de sauacutede da famiacutelia com uma equipe
composta no miacutenimo por um meacutedico generalista um enfermeiro um auxiliar de enfermagem
e quatro a seis agentes comunitaacuterios de sauacutede (ACSs) no entanto outros agentes podem ser
incorporados agrave equipe de sauacutede da famiacutelia um odontoacutelogo e um atendente de consultoacuterio
dentaacuterio ou um teacutecnico de higiene bucal Esses agentes formam equipes que satildeo responsaacuteveis
pelo acompanhamento de um nuacutemero definido de famiacutelias localizadas em uma determinada
aacuterea geograacutefica Tais equipes atuam na promoccedilatildeo da sauacutede prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo
reabilitaccedilatildeo de doenccedilas e de agravos mais frequentes e na manutenccedilatildeo da sauacutede dessa
comunidade (BRASIL 2000a)
Valentim e Kruel (2007) asseveram que cada profissional da equipe baacutesica de USF
possui uma determinada atribuiccedilatildeo no entanto cabe a todos fomentar e desenvolver
conjuntamente accedilotildees preventivas e de promoccedilatildeo da qualidade de vida da comunidade aleacutem de
accedilotildees de recuperaccedilatildeo e de reabilitaccedilatildeo da sauacutede tanto na unidade de sauacutede quanto nos
municiacutepios aliando desta forma a atuaccedilatildeo cliacutenica e teacutecnica agrave praacutetica da sauacutede coletiva
48
Nessa perspectiva eacute de suma importacircncia uma equipe interdisciplinar para promoccedilatildeo
da assistecircncia aos problemas de sauacutede do indiviacuteduo reforccedilando-se a necessidade de
profissionais generalistas que atendam a todas as necessidades de sauacutede faixas etaacuterias e fases
do desenvolvimento humano (BRASIL 2005c) Dessa forma o trabalho em equipe na ESF eacute
um dos pressupostos mais importantes para a reorganizaccedilatildeo do processo de trabalho com
possibilidade de uma abordagem mais integral e mais resolutiva
Lopes e Silva (2004) advertem sobre a necessidade do aprimoramento da equipe da
Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) e praacutetica das accedilotildees que implementem novos protocolos
de atenccedilatildeo agrave sauacutede adaptadas agraves novas realidades e ao perfil epidemioloacutegico da populaccedilatildeo Os
protocolos baseados na atualizaccedilatildeo teoacuterica e nos avanccedilos do conhecimento numa visatildeo
interdisciplinar proporcionam subsiacutedios necessaacuterios agrave adequaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica dos
processos terapecircuticos conferindo homogeneidade agraves condutas teacutecnicas tornando o
atendimento resolutivo e competente
Santos e Mattos (2011) enfatizam para a necessidade de os profissionais da ESF
fazerem uso de novas modalidades de cuidar com o escopo de melhorar a qualidade da
assistecircncia perpassando a simples cura da doenccedila e indo aleacutem desta a fim de aliviar o
sofrimento das pessoas e a carga de seus familiares Acrescentam ainda que a construccedilatildeo de
um modelo assistencial diferente e inovador necessariamente levaraacute em conta a valorizaccedilatildeo de
novos espaccedilos e de outras formas de organizaccedilatildeo das tecnologias
Dentre essas novas propostas de modalidades de cuidar destacam-se os Cuidados
Paliativos que emergem como uma praacutetica de implementaccedilatildeo tanto dos cuidados quanto da
organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede que precisam ser modificados para oferecer respostas aos
problemas que fazem sofrer as pessoas que apresentam enfermidades incuraacuteveis
Sob esse prisma os Cuidados Paliativos buscam dar uma resposta ativa aos problemas
necessidades e sofrimento gerados pela progressatildeo das doenccedilas crocircnicas e incuraacuteveis
procurando cada vez mais humanizar os cuidados de sauacutede prestados agraves pessoas acometidas de
enfermidades crocircnicas e seus familiares Assinala-se que essa praacutetica natildeo significa uma
intervenccedilatildeo apenas no final da vida mas sim uma abordagem estruturada para atender agraves
necessidades das pessoas em qualquer fase da enfermidade o mais precocemente possiacutevel
(SANTOS MATTOS 2011)
A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (2003) recomenda que a Atenccedilatildeo Baacutesica exerccedila um
papel fundamental tambeacutem nos cuidados continuados crocircnicos ou paliativos devendo ser o
principal responsaacutevel pela atenccedilatildeo aos pacientes e seus familiares e a base para o sistema de
49
referecircncia e contrarreferecircncia de forma que assegure a articulaccedilatildeo da continuidade dos cuidados
nos demais niacuteveis de atenccedilatildeo
Santos e Mattos (2011) concordam que os Cuidados Paliativos podem ser estruturados
na Atenccedilatildeo Baacutesica uma vez que a ESF eacute considerada um modelo de atenccedilatildeo primaacuteria
comprometido com a integridade da atenccedilatildeo agrave sauacutede focado na unidade familiar e compatiacutevel
com o contexto socioeconocircmico cultural e epidemioloacutegico da comunidade em que estaacute
inserida as equipes de sauacutede da famiacutelia
No acircmbito internacional a atenccedilatildeo primaacuteria de paiacuteses como Inglaterra Espanha
Canadaacute e Portugal vem integrando a poliacutetica de Cuidados Paliativos com a disseminaccedilatildeo de
capacitaccedilatildeo permanente para todos os profissionais da Sauacutede e com o estabelecimento de
poliacuteticas e protocolos assistenciais Quanto ao cenaacuterio nacional observa-se que o Ministeacuterio da
Sauacutede vem empreendendo um esforccedilo no sentido de elaborar diretrizes nacionais para a atenccedilatildeo
em Cuidados Paliativos e controle da dor crocircnica a fim de que estes sejam incorporados na
Atenccedilatildeo Baacutesica (SANTOS MATTOS 2011)
Floriani (2011) afirma que nos uacuteltimos dez anos o Ministeacuterio da Sauacutede realizou
diversas iniciativas com o propoacutesito de inserir os Cuidados Paliativos como uma importante
estrateacutegia de poliacutetica de Sauacutede Este fato ocorreu a partir de 1998 quando surgiram os centros
de alta complexidade em oncologia (CACONs) preconizando-se a necessidade de equipe
qualificada em Cuidados Paliativos tanto para tratamento em regime de internaccedilatildeo hospitalar
quanto para tratamento domiciliar Com tal iniciativa pretendeu-se incluir os Cuidados
Paliativos na assistecircncia oncoloacutegica do SUS
Mello e Caponero (2011) dizem que o Ministeacuterio da Sauacutede alerta para a necessidade
inicial de disseminaccedilatildeo da temaacutetica com o escopo de sensibilizar as pessoas em geral
sobretudo os profissionais da Sauacutede Haja vista que sua intenccedilatildeo eacute a de implementar Cuidados
Paliativos inclusive o controle da dor crocircnica nos diferenciados niacuteveis de atenccedilatildeo (baacutesica
especializada de meacutedia e alta complexidade) organizando a assistecircncia em linhas de cuidados
integrais (eletivo e de urgecircncia domiciliar ambulatorial e hospitalar)
Neste enfoque a magnitude social da demanda de Cuidados Paliativos no Brasil
mostra a necessidade de se estruturar uma rede integrada de serviccedilos que deve ser
regionalizada e hierarquizada estabelecendo uma linha de cuidados integrais e continuados
Floriani e Schramm (2007) afirmam que um dos aspectos mais desafiadores agrave
absorccedilatildeo pelo sistema de sauacutede dos Cuidados Paliativos estaacute na organizaccedilatildeo efetiva dos
recursos humanos Haja vista que a equipe precisa administrar uma seacuterie de fatores que nem
sempre poderatildeo estar padronizados e institucionalizados Esse eacute o caso dos conflitos de
50
natureza eacutetica como o respeito da confidencialidade introduccedilatildeo e retirada de medicamentos
que se apresentam quase invariavelmente na praacutetica dos Cuidados Paliativos
Rajagopal Mazza e Lipman (2003) referem tambeacutem problemas relativos agrave
comunicaccedilatildeo do diagnoacutestico e prognoacutestico ao paciente ao local do falecimento do paciente
uma vez que esta eacute uma questatildeo que costuma estressar bastante o cuidador e a famiacutelia agrave
confidencialidade das informaccedilotildees dentre outros Consideram fundamental que a equipe
busque uma uniformidade em seu discurso e dialogue abertamente com o paciente com seu
cuidador e com a famiacutelia
Portanto eacute necessaacuterio agrave praacutetica de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica que o
profissional da Sauacutede conheccedila e domine procedimentos claacutessicos em Cuidados Paliativos
como por exemplo o uso da via subcutacircnea para infusatildeo de medicamentos e para hidrataccedilatildeo e
saiba reconhecer quando o paciente estaacute na fase terminal de sua doenccedila A ausecircncia deste tipo
especiacutefico de competecircncia eacute motivo de profundos mal-entendidos geradores de distorccedilotildees entre
os membros da equipe o que gera em uacuteltima instacircncia inseguranccedila ao paciente e
especialmente ao cuidador e aos membros da famiacutelia
Diante de tais problemas Florioni e Schramm (2007) enfatizam a necessidade da
incorporaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na rede de Atenccedilatildeo Baacutesica que pode desempenhar um
papel relevante nos cuidados no fim da vida especialmente em aacutereas onde natildeo haacute centros de
referecircncia em Cuidados Paliativos Chamam a atenccedilatildeo para algumas situaccedilotildees desafiadoras agraves
accedilotildees da equipe de Atenccedilatildeo Baacutesica na provisatildeo desses cuidados como os aspectos relacionados
com o cuidador familiar alguns conflitos de natureza eacutetica inerentes a esta atividade e relativos
agrave alocaccedilatildeo dos recursos humanos disponiacuteveis
Os autores mencionados acrescentam que os cuidados no fim da vida encerram um
campo de grandes conflitos morais para a equipe que assiste o paciente como por exemplo
aqueles relativos ao planejamento de investir no tratamento agrave retirada de suporte de vida (como
alimentos e liacutequidos) agrave eutanaacutesia entre outros
Todavia a implantaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar no sistema de sauacutede brasileiro
constitui-se uma tarefa desafiadora aos gestores da Sauacutede apresentando-se de forma lenta e
desarticulada Salienta-se que existem importantes obstaacuteculos tanto de ordem operacional
quanto de ordem eacutetica e cultural que precisam ser enfrentados tais como precaacuteria formaccedilatildeo de
recursos humanos a falta de visatildeo dos gestores a respeito da importacircncia dos Cuidados
Paliativos e a dificuldade de acesso a medicamentos especialmente opioides (FLORIANI
2011)
51
Diante dessa realidade o sistema de sauacutede brasileiro tem a difiacutecil tarefa de ir agrave busca
de um modelo sustentaacutevel de cuidados no fim da vida do ponto de vista operacional
organizado de modo que possa ser acessiacutevel nos mais diferentes contextos do paiacutes sendo
portanto necessaacuteria a promoccedilatildeo de uma assistecircncia humanizada pautada na filosofia dos
Cuidados Paliativos
52
4 Trajetoacuteria metodoloacutegica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
53
4 TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA
No presente capiacutetulo discorreremos sobre o caminho metodoloacutegico percorrido para
concretizaccedilatildeo desta pesquisa Segundo Minayo (2010) o caminho metodoloacutegico eacute uma
apresentaccedilatildeo didaacutetica do tratamento dos dados o qual acontece mediante um processo contiacutenuo
e simultacircneo com passos articulados e complementares entre si visando-se apreender a
realidade tal como se apresenta aos olhos do pesquisador levando este agrave reflexatildeo com o suporte
do referencial teoacuterico Dessa forma a metodologia eacute a previsatildeo dos recursos necessaacuterios e
procedimentos para se atingir os objetivos propostos e responder agraves questotildees de pesquisa
estabelecidas
Para o desenvolvimento desta pesquisa considerando os objetivos propostos e o tema
em foco optamos pela pesquisa exploratoacuteria com abordagem qualitativa Na concepccedilatildeo de
Polit Beck e Hungler (2004) a pesquisa exploratoacuteria busca explorar as dimensotildees do
fenocircmeno a maneira pela qual este eacute manifestado e outros fatores com os quais se relaciona
Gil (2010) afirma que este tipo de pesquisa proporciona maior familiaridade com a
problemaacutetica objetivando-se tornaacute-la mais expliacutecita ou construir hipoacuteteses aprimorando-se
ideias ou a descobertas de intuiccedilotildees
Polit Beck e Hungler (2004) acrescentam que em estudos de natureza qualitativa o
investigador amplia a sua experiecircncia no fenocircmeno encontrando-se elementos necessaacuterios que
permitam o contato dele com determinada populaccedilatildeo e a obtenccedilatildeo de resultados que ele deseja
Nesta modalidade de pesquisa parte-se da premissa de que os conhecimentos sobre os
indiviacuteduos somente acontecem a partir de dados empiacutericos jaacute disponiacuteveis e apreensiacuteveis pela
descriccedilatildeo da experiecircncia humana vivida e determinada pelos seus proacuteprios sujeitos
Quanto ao cenaacuterio da pesquisa este foi desenvolvido no municiacutepio de Joatildeo Pessoa
(PB) em unidades de sauacutede da famiacutelia pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV Vale ressaltar que
neste municiacutepio a estrutura da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia foi implantada no ano 2000
inicialmente com a instalaccedilatildeo de sete equipes Conta atualmente com cento e oitenta equipes
A ampliaccedilatildeo desse nuacutemero teve por objetivo o de expandir a cobertura territorial e populacional
das accedilotildees baacutesicas de sauacutede (JOAtildeO PESSOA 2010)
A cobertura populacional da ESF cresceu de 727 em 2005 para 81 (563609) das
pessoas cadastradas ou ainda 144634 famiacutelias da populaccedilatildeo total de Joatildeo Pessoa (693082
habitantes) em 2008 Essa cobertura superou a meta de 80 preconizada pelo Ministeacuterio da
Sauacutede e representou a segunda maior no ano de 2007 em comparaccedilatildeo com outras capitais
brasileiras sendo a primeira observada em Aracaju com 966 Deveu-se a fatores como o
54
processo de territorializaccedilatildeo e remapeamento das aacutereas de abrangecircncia das equipes de sauacutede da
famiacutelia implantaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do apoio matricial (JOAtildeO PESSOA 2008)
No que diz respeito ao atendimento prestado aos muniacutecipes da Capital as accedilotildees de
sauacutede atualmente satildeo coordenadas no espaccedilo dos distritos sanitaacuterios A ldquorederdquo de serviccedilos de
sauacutede do municiacutepio de Joatildeo Pessoa estaacute distribuiacuteda territorialmente em cinco distritos sanitaacuterios
(DS I DS II DS III DS IV e DS V) que recortam toda a extensatildeo territorial da referida cidade
e compreendem o primeiro niacutevel de organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede denominado
Atenccedilatildeo Baacutesica Em cada distrito existe um diretor geral um diretor teacutecnico um diretor
administrativo e um grupo de apoiadores matriciais Este uacuteltimo eacute constituiacutedo por profissionais
que satildeo responsaacuteveis pela conduccedilatildeo tecnopoliacutetica das accedilotildees desenvolvidas no territoacuterio
A figura 1 a seguir mostra a localizaccedilatildeo dos cinco distritos sanitaacuterios e as respectivas
USFs de acordo com as regiotildees geograacuteficas do municiacutepio de Joatildeo Pessoa
Figura 1 ndash Representaccedilatildeo geograacutefica da localizaccedilatildeo das USFs de Joatildeo Pessoa (2010)
Fonte ndash Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
55
Atualmente os distritos sanitaacuterios de Joatildeo Pessoa contam com 125 USFs
comportando como jaacute foi dito 180 equipes de sauacutede da famiacutelia Esse nuacutemero tende a ser
crescente tendo em vista a necessidade de ampliaccedilatildeo do nuacutemero de unidades para atender agrave
elevada demanda decorrente do aumento populacional neste municiacutepio (JOAtildeO PESSOA
2010)
Ressaltamos que esta rede da Atenccedilatildeo Baacutesica ainda eacute composta por cinco unidades
que funcionam como referecircncia para a populaccedilatildeo descoberta da ESF assegurando o princiacutepio
da universalidade do SUS Satildeo estas Unidade Baacutesica de Mandacaru Unidade de Sauacutede das
Praias Unidade de Sauacutede Lourival Gouveia de Moura Unidade de sauacutede Maria Luiza Targino
e Unidade de Sauacutede Francisco das Chagas Aleacutem disso dispotildee da oferta de consultas e
procedimentos nas cliacutenicas baacutesicas nos Centros de Atenccedilatildeo Integral agrave Sauacutede (CAIS) dos bairros
de Mangabeira Jaguaribe e Cristo
Conforme foi assinalado o cenaacuterio da pesquisa ocorreu especificamente no Distrito
Sanitaacuterio IV Este eacute composto por vinte e nove unidades distribuiacutedas pelos seguintes bairros
Roger Tambiaacute Centro Mandacaru Alto do Ceacuteu Varadouro Bairro dos Estados Bairro dos
Ipecircs Torre Trincheiras Ilha do Bispo e Treze de Maio como mostra a figura 2 a seguir
Figura 2 ndash Mapa do territoacuterio do Distrito Sanitaacuterio IV (2010)
Fonte ndash Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
56
Cumpre assinalar que elegemos o Distrito Sanitaacuterio IV como cenaacuterio de estudo em
virtude de sua localizaccedilatildeo ser de faacutecil acesso e ele ser considerado o segundo distrito a
apresentar um alto coeficiente de mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em 2009
(destacado no graacutefico 1) sendo uma realidade que sinaliza para a premente necessidade de
assistecircncia pautada nos Cuidados Paliativos
Graacutefico 1 ndash Coeficiente de Mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em 2009 Comparativo entre
Joatildeo Pessoa e Distritos Sanitaacuterios
Fonte Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
No referido distrito foi implantada a assistecircncia domiciliar com a finalidade de
garantir dentro dos princiacutepios do SUS a continuidade da assistecircncia em domiciacutelio visando-se
tambeacutem o restabelecimento e a manutenccedilatildeo da sauacutede dos usuaacuterios aleacutem da promoccedilatildeo de sua
autonomia independecircncia e participaccedilatildeo no seu contexto social por meio do desenvolvimento e
adaptaccedilatildeo de funccedilotildees elevando-se sua qualidade de vida e reduzindo-se as reinternaccedilotildees e
consequentemente os riscos impostos aos usuaacuterios familiares e cuidadores
Para a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a assistecircncia domiciliar eacute compreendida como
a provisatildeo de serviccedilos de sauacutede por prestadores formais e informais com o objetivo de
promover restaurar e manter o conforto funccedilatildeo e sauacutede das pessoas num niacutevel maacuteximo
inclusive cuidados para uma morte digna (BRASIL 2006)
Destarte acreditando numa aproximaccedilatildeo maior dos profissionais que compotildeem esse
distrito com os Cuidados Paliativos escolhemos o respectivo cenaacuterio para subsidiar a pesquisa
Os participantes da pesquisa foram trinta profissionais da aacuterea da Sauacutede de niacutevel
superior vinculados agraves unidades de sauacutede da famiacutelia do Distrito Sanitaacuterio IV no municiacutepio de
57
Joatildeo Pessoa distribuiacutedos da seguinte forma dez meacutedicos dez enfermeiros e dez cirurgiotildees-
dentistas Assinalamos que este nuacutemero foi considerado suficiente por quanto na pesquisa de
natureza qualitativa conforme explicita Moreira (2004) valoriza-se a qualidade com que o
fenocircmeno ocorre e natildeo a quantidade Nessa linha de pensamento Costa e Valle (2000)
assinalam que na pesquisa de natureza qualitativa natildeo importa a quantidade de participantes
envolvidos em uma investigaccedilatildeo e sim o aprofundamento qualitativo do fenocircmeno pesquisado
Minayo (2010) ao discutir a amostragem na pesquisa qualitativa afirma que nesta
haacute uma preocupaccedilatildeo menor com a generalizaccedilatildeo Na verdade haacute necessidade de um maior
aprofundamento e abrangecircncia da compreensatildeo Entatildeo para esta abordagem o criteacuterio
fundamental natildeo eacute o quantitativo mas sua possibilidade de incursatildeo ou seja eacute essencial que o
pesquisador seja capaz de compreender o objeto de estudo Logo a quantidade da amostra deve
permitir que haja a reincidecircncia de informaccedilotildees ou saturaccedilatildeo dos dados situaccedilatildeo ocorrida
quando nenhuma informaccedilatildeo nova eacute acrescentada com a continuidade do processo de pesquisa
Para a seleccedilatildeo da amostra utilizou-se como criteacuterios de inclusatildeo selecionar o
profissional da aacuterea da Sauacutede ndash meacutedico enfermeiro e cirurgiatildeo-dentista ndash que estivesse atuando
no distrito escolhido para o estudo no momento da coleta de dados incluir soacute quem tivesse no
miacutenimo um ano de atuaccedilatildeo profissional naquele local soacute incluir aquele que aceitasse participar
do estudo
Para a obtenccedilatildeo do material empiacuterico inicialmente optamos pela teacutecnica de entrevista
com a utilizaccedilatildeo do sistema de gravaccedilatildeo contudo alguns participantes solicitaram que natildeo
fosse empregada a referida teacutecnica
Diante da referida solicitaccedilatildeo aplicamos um formulaacuterio contendo perguntas
pertinentes aos objetivos propostos para a pesquisa Este instrumento foi composto de duas
partes a primeira abordou questotildees sobre dados soacutecio-demograacuteficos versando-se a conhecer o
perfil do profissional a segunda formulou questotildees voltadas mais diretamente aos Cuidados
Paliativos (APEcircNDICE A)
O material empiacuterico advindo destes profissionais foi codificado a partir da categoria
profissional a fim de se manter o anonimato deles Dessa forma os depoimentos oriundos dos
profissionais meacutedicos foram identificados pela letra ldquoMrdquo seguido de nuacutemeros de um a dez
Exemplo o primeiro profissional meacutedico foi codificado da seguinte maneira ldquoM1rdquo o segundo
profissional meacutedico ldquoM2rdquo e assim sucessivamente Em relaccedilatildeo ao profissional enfermeiro foi
atribuiacutedo o coacutedigo ldquoErdquo tambeacutem seguido de nuacutemeros de um a dez como terceiro profissional
enfermeiro ldquoE3rdquo Por fim ao profissional cirurgiatildeo-dentista foi determinada a letra ldquoDrdquo
58
acrescida do nuacutemero um a dez a fim de se destacar o profissional responsaacutevel por aquele
depoimento
A coleta de dados foi iniciada apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo Comitecirc de
Eacutetica em Pesquisa do Hospital Universitaacuterio Lauro Wanderlei da Universidade Federal da
Paraiacuteba sob o protocolo de nordm 77710 Sendo assim obedeceu-se aos procedimentos eacuteticos
relativos agrave Pesquisa Envolvendo Seres Humanos no cenaacuterio brasileiro referenciados nas
Diretrizes e Normas Regulamentadoras dispostas na Resoluccedilatildeo Nordm 19696 do Conselho
Nacional de Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2007)
A aproximaccedilatildeo com os participantes da pesquisa foi feita inicialmente mediante um
contato preacutevio com a Diretora do Distrito Sanitaacuterio IV do Municiacutepio de Joatildeo Pessoa a qual foi
informada acerca da proposta da pesquisa para que pudesse encaminhar a pesquisadora aos
profissionais de niacutevel superior da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia e lhes apresentasse o referido
projeto
Em seguida foi realizado um encontro entre a pesquisadora e os profissionais da
Sauacutede pertencentes a este Distrito Neste encontro foram abordados os objetivos do estudo
justificativa e procedimentos metodoloacutegicos
Nesta ocasiatildeo a pesquisadora apresentou aos participantes o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) ressaltando a liberdade de participar ou natildeo do
estudo e de desistir dele em qualquer momento da investigaccedilatildeo sem que isto lhes acarretasse
qualquer prejuiacutezo ou constrangimento A pesquisadora os esclareceu sobre a garantia do
anonimato do participante e da confidenciabilidade nos dados fornecidos Aleacutem disso
enfatizou a contribuiccedilatildeo da pesquisa para o reconhecimento da valoraccedilatildeo dos Cuidados
Paliativos pela equipe de sauacutede da famiacutelia
Os dados obtidos por meio do instrumento proposto foram agrupados e analisados
mediante a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo Esta eacute compreendida como um conjunto de teacutecnicas
de anaacutelise das comunicaccedilotildees que tem por finalidade a de obter procedimentos sistemaacuteticos e
objetivos de descriccedilatildeo do conteuacutedo e indicadores das mensagens os quais possibilitam a
induccedilatildeo de informaccedilotildees sobre as categorias de produccedilatildeo destas mensagens (BARDIN 2008)
Como unidade de registro para anaacutelise do material empiacuterico optamos pela anaacutelise de
conteuacutedo temaacutetica Nesta de acordo com Bardin (2008) a noccedilatildeo de tema eacute amplamente
utilizada e se constitui a unidade de significaccedilatildeo que emerge de um texto analisado segundo
determinados criteacuterios relativos agrave teoria que serve de guia para a leitura A mesma autora
afirma ainda que a noccedilatildeo de tema estaacute relacionada com uma afirmaccedilatildeo sobre determinado
assunto e que este tema pode ser uma palavra uma frase um resumo
59
Portanto fazer uma anaacutelise temaacutetica consiste em descobrir os nuacutecleos de sentidos que
compotildeem a comunicaccedilatildeo cuja presenccedila ou frequecircncia de apariccedilatildeo pode significar alguma coisa
para o objetivo analiacutetico escolhido Esta autora esclarece tambeacutem que a anaacutelise temaacutetica eacute
geralmente empregada para estudar as motivaccedilotildees as atitudes os valores as crenccedilas as
tendecircncias entre outros aspectos
Minayo (2010) acrescenta que ao tratar-se de modalidade temaacutetica que busca os
significados do fenocircmeno investigado no material qualitativo coletado mediante as falas dos
sujeitos elucida-se o ldquotemardquo como unidade de significado ndash o que possibilita desvelar os
ldquonuacutecleos do sentidordquo os quais contemplam as formas de comunicaccedilatildeo estabelecidas entre os
sujeitos da pesquisa
A autora ressalta que a operacionalizaccedilatildeo da teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo ocorre em
trecircs etapas a preacute-anaacutelise a exploraccedilatildeo do material e o tratamento dos resultados
A fase de preacute-anaacutelise eacute conceituada como a fase de organizaccedilatildeo propriamente dita dos
dados coletados Eacute neste momento (de acordo com os objetivos e questotildees do estudo) que se
define a unidade de registro a unidade de contexto os trechos significativos e as categorias
Esta fase pressupotildee o contato inicial com o material e com a escolha deste sendo portanto
realizada uma leitura flutuante com a finalidade de facilitar a compreensatildeo do fenocircmeno
investigado visando-se a alcanccedilar um entendimento mais aprofundado (MINAYO 2010)
Seguindo essas orientaccedilotildees selecionamos o material a ser analisado e em seguida
realizamos a transcriccedilatildeo na iacutentegra das respostas correspondentes aos questionamentos
propostos para o estudo Em seguida procedemos a sucessivas leituras de modo atento com
movimentos de ir e vir nos textos como forma de obter uma melhor compreensatildeo do conteuacutedo
abordado pelos profissionais inseridos no estudo
A fase denominada exploraccedilatildeo do material eacute compreendida como o momento extenso
do estudo podendo haver necessidade de realizar diversas leituras de um mesmo material
(MINAYO 2010) Por conseguinte durante esta etapa trabalhamos de maneira
individualizada com uma questatildeo comum a todos os participantes e assim deu sequecircncia agraves
outras necessitando dessa forma como jaacute foi dito um maior movimento de ir e vir nos textos
no intuito de encontrar um mesmo ponto relevante apresentado numa mesma questatildeo comum a
todos
Logo em seguida destacamos os pontos convergentes com a finalidade de identificar o
significado e o sentido de cada fragmento dos discursos trabalhados Tal atividade possibilitou
explorar o material apresentado para se chegar agrave categorizaccedilatildeo Esta permite o pesquisador
60
ldquo[] agrupar elementos ideias ou expressotildees em torno de um conceitordquo (MINAYO 2010 p
70) capaz de contemplar a essecircncia do mesmo
Para tanto foram realizadas incessantes releituras dos conteuacutedos transcritos do
material empiacuterico coletado procurando-se identificar e realccedilar os seguimentos dos discursos
correspondentes expressos no universo de cada foco comum das questotildees trabalhadas em seus
vaacuterios sentidos
Em seguida esses dados foram compilados agregando-se os trechos dos pontos
convergentes e os de cada questatildeo abordada com seu respectivo foco comum Desse modo foi
possiacutevel identificar as seguintes categorias temaacuteticas Cuidados Paliativos ndash aspectos
conceituais e modalidades terapecircuticas com suas respectivas subcategorias ndash Cuidados
Paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de cura
modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees
O tratamento dos resultados eacute caracterizado como a fase em que se tenta desvendar o
conteuacutedo subjacente ao que estaacute sendo manifesto buscando-se compreender as caracteriacutesticas
do fenocircmeno analisado Durante esta fase satildeo abordadas as inferecircncias e interpretaccedilotildees
anunciadas no referencial teoacuterico do estudo proposto culminando-se em novas descobertas
sendo isto um alicerce para novas dimensotildees teoacutericas ante o fenocircmeno investigado (MINAYO
2010)
Na anaacutelise final a pesquisadora realizou a articulaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo do material
empiacuterico com base na literatura pertinente ao tema em estudo a fim de proceder agrave descriccedilatildeo
dos dados obtidos a partir dos relatos dos profissionais inseridos na pesquisa bem como
conjeturar novas possibilidades acerca da investigaccedilatildeo proposta
61
5 Apresentaccedilatildeo dos dados e
discussatildeo dos resultados
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
62
Este capiacutetulo tem por objetivo o de apresentar dados relacionados com os participantes
inseridos no estudo os quais viabilizaram a realizaccedilatildeo deste estudo Em seguida seratildeo
apresentadas as categorias e subcategorias temaacuteticas que emergiram do material empiacuterico do
estudo mediante a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (2008)
51 APRESENTACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA
Esta investigaccedilatildeo foi realizada com os profissionais da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV constituiacuteda por uma amostra de trinta sujeitos sendo dez
enfermeiros dez meacutedicos e dez cirurgiotildees-dentistas Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria observamos
uma variaccedilatildeo entre os vinte e oito e os setenta e trecircs anos Os referidos participantes concluiacuteram
a formaccedilatildeo acadecircmica entre 1967 e 2009 Ressaltamos que a instituiccedilatildeo de ensino de maior
prevalecircncia foi a Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB)
Em relaccedilatildeo agrave titulaccedilatildeo averiguamos que vinte e quatro dos profissionais inseridos no
presente estudo satildeo especialistas Dentre esta amostra treze possuem cursos lato sensu em
aacutereas relacionadas com a atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo Baacutesica como Sauacutede da Famiacutelia Sauacutede Puacuteblica e
Sauacutede Coletiva Segundo Gil (2005) desde a deacutecada de 1990 com a criaccedilatildeo do PSF tem sido
unacircnime o reconhecimento acerca da importacircncia de construir um novo modo de fazer sauacutede e
ao mesmo tempo a constataccedilatildeo de que o perfil dos profissionais formados natildeo se encontra
bastante adequado a habilitaacute-los para uma atuaccedilatildeo na perspectiva da atenccedilatildeo integral agrave sauacutede
nas praacuteticas que contemplem accedilotildees de promoccedilatildeo proteccedilatildeo prevenccedilatildeo atenccedilatildeo precoce cura e
reabilitaccedilatildeo
Para tanto o Ministeacuterio da Sauacutede criou em 2000 os cursos de especializaccedilatildeo e
residecircncia multiprofissional em Sauacutede da Famiacutelia Esses cursos tiveram a finalidade de dar
suporte teoacuterico e praacutetico aos profissionais jaacute inseridos nas equipes e oferecer em especial aos
receacutem-egressos dos cursos de Medicina e Enfermagem uma formaccedilatildeo mais voltada agraves
necessidades do PSF Outro objetivo para a criaccedilatildeo desses cursos foi o de estimular no interior
das universidades e das escolas estaduais de sauacutede puacuteblica a inserccedilatildeo de conteuacutedos pertinentes
agrave Sauacutede da Famiacutelia nos programas de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu (GIL 2005)
Quanto ao tempo de atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo Baacutesica especificamente na Estrateacutegia Sauacutede
da Famiacutelia os profissionais referiram o periacuteodo de dois a vinte anos de atuaccedilatildeo nesta aacuterea
63
52 APRESENTACcedilAtildeO DO MATERIAL EMPIacuteRICO DO ESTUDO
O material empiacuterico do estudo eacute oriundo das seguintes questotildees norteadoras
Que vocecirc entende por Cuidados PaliativosNo seu entendimento quais as
modalidades terapecircuticas empregadas nos Cuidados Paliativos Na sua visatildeo quais os
profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Na sua concepccedilatildeo que eacute necessaacuterio para se viabilizar a implantaccedilatildeo de Cuidados Paliativos
na Atenccedilatildeo Baacutesica
As respostas obtidas a partir destas questotildees possibilitaram a construccedilatildeo de duas
categorias apresentadas a seguir
CUIDADOS PALIATIVOS ASPECTOS CONCEITUAIS E MODALIDADES
TERAPEcircUTICAS
Nesta categoria seratildeo destacados trechos dos depoimentos dos profissionais da Sauacutede
inseridos no estudo acerca da compreensatildeo deles sobre Cuidados Paliativos Em seguida seraacute
evidenciado o entendimento dos participantes a respeito das modalidades terapecircuticas
empregadas nessa modalidade de cuidar Desta temaacutetica surgiram duas subcategorias
ldquoCuidados paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de
curardquo e ldquoModalidades terapecircuticas em cuidados paliativosrdquo
Cuidados Paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de
cura
Os Cuidados Paliativos ao contraacuterio do que se pensa natildeo representam uma omissatildeo de
tratamentos e cuidados eles tecircm sua filosofia baseada na prestaccedilatildeo de cuidados que avaliam o
paciente dentro das dimensotildees que o compotildeem (biopsiacutequico-social-espiritual) e nos cuidados que
podem ser atribuiacutedos a esse paciente de modo que lhe ofereccedilam o conforto e o aliacutevio necessaacuterio
procurando atenuar os efeitos de uma situaccedilatildeo fisioloacutegica desfavoraacutevel originada por um quadro
patoloacutegico que natildeo responde mais a intervenccedilotildees terapecircuticas curativas (OLIVEIRA SAacute SILVA
2007)
Arauacutejo (2011) assinala que o conhecimento e praacutetica dos profissionais da Sauacutede sobre
os Cuidados Paliativos natildeo apenas no Brasil mas em acircmbito mundial estatildeo atrelados a alguns
fatores que tecircm contribuiacutedo para o crescimento exponencial do interesse Um dos fatores a ser
64
ponderado foi a reformulaccedilatildeo do conceito de Cuidados Paliativos feita pela Organizaccedilatildeo
Mundial de Sauacutede (OMS) em 2002 Essa revisatildeo modificou o objeto dos Cuidados Paliativos
de pacientes oncoloacutegicos sem prognoacutestico de cura para pacientes acometidos por doenccedilas
crocircnicas que natildeo respondem ao tratamento curativo
Dessa forma o cuidado que ateacute entatildeo era destinado exclusivamente aos pacientes com
cacircncer passou a ser preconizado e praticado tambeacutem a pacientes portadores de doenccedilas
cronodegenerativas (doenccedilas cardiacuteacas respiratoacuterias neuroloacutegicas renais infectocontagiosas
como a AIDS) quando estas estatildeo em fase avanccedilada e natildeo mais responsiva a tratamentos
curativos visando-se ao aliacutevio da dor e sofrimento que tratamentos invasivos e pouco
resolutivos causam nesta etapa
Com a referida revisatildeo referindo-se a pacientes com patologias crocircnicas profissionais
da Sauacutede das mais diversas aacutereas tecircm entrado em contato com a filosofia paliativista ao
buscarem cuidado de melhor qualidade com os pacientes em estaacutegio avanccedilado de patologias
que ainda natildeo satildeo passiacuteveis de cura
Com base nesse entendimento fica evidenciada a importacircncia da praacutetica dos Cuidados
Paliativos para assistir pacientes sem possibilidades terapecircuticas de cura e em fase terminal
Isto pode ser constatado nos trechos dos depoimentos dos participantes do estudo a seguir
Cuidados paliativos satildeo aqueles em que quando jaacute se esgotaram todas as possibilidades
de cura da doenccedila o paciente continua sendo assistido pelos profissionais da Sauacutede para
que o mesmo tenha uma morte menos sofrida (M2)
Satildeo aqueles oferecidos com objetivo de minorar o sofrimento uma vez que satildeo usados em
casos que natildeo haacute resoluccedilatildeo ou seja cura total (M5)
Satildeo cuidados que proporcionam uma melhora no quadro patoloacutegico do enfermo
aliviando o sofrimento fiacutesico e espiritual (M8)
Satildeo cuidados prestados aos pacientes em estado terminal que visam proporcionar uma
melhor qualidade de vida [] (D3)
[] cuidados paliativos satildeo aqueles cuidados para pacientes terminais idosos e
especiais que precisam mais de carinho e amor que o proacuteprio medicamento (D5)
Consiste na assistecircncia promovida por uma equipe interdisciplinar com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida do paciente terminal (D9)
Cuidados prestados com a finalidade de diminuir a dor ou sofrimento do paciente (E1)
Satildeo cuidados direcionados a pacientes terminais acamados para minimizar o sofrimento
(E4)
65
Satildeo tentativas de prevenccedilatildeo da progressatildeo dos problemas decorrentes de doenccedilas
prolongadas e incuraacuteveis diminuindo o sofrimento e proporcionando melhor qualidade
de vida ao paciente (E8)
Assistecircncia cujo objetivo eacute o de aliviar a dor melhorar a qualidade de vida diante de uma
enfermidade que natildeo tem cura ou ameaccedila a vida (E9)
Esses trechos dos depoimentos satildeo demonstrativos da valoraccedilatildeo da praacutetica dos
Cuidados Paliativos para se propiciar uma assistecircncia humanizada e direcionada a pacientes
com doenccedilas incuraacuteveis e em fase terminal com vistas agrave promoccedilatildeo da qualidade de vida e
minimizaccedilatildeo do sofrimento em decorrecircncia de doenccedila terminal Dessa forma constatamos que
os meacutedicos os cirurgiotildees-dentistas e os enfermeiros todos inseridos no estudo consideram os
Cuidados Paliativos como cuidados de conforto para o paciente cuidado para boa morte
cuidado biopsiacutequicoespiritual e cuidado interdisciplinar
As ponderaccedilotildees apresentadas estatildeo em consonacircncia com a afirmativa de Caponero
(2002) ao ressaltar que os Cuidados Paliativos fundamentam-se em uma concepccedilatildeo global e
ativa do tratamento compreendendo a atenccedilatildeo aos aspectos fiacutesicos sociais e espirituais das
pessoas que estatildeo com doenccedila incuraacutevel
Sousa et al (2010) assinalam que os Cuidados Paliativos constituem um campo
interdisciplinar de cuidados totais ativos e integrais dispensados aos pacientes com doenccedilas
avanccediladas e sem possibilidades de cura desde o estado inicial ateacute agrave fase terminal
Nessa linha de pensamento merecem destaque alguns depoimentos dos participantes
da pesquisa no que se refere aos grupos de pacientes que necessitam de Cuidados Paliativos a
saber pacientes em fase terminal e sem possibilidades terapecircuticas de cura como evidenciam
os trechos a seguir
[] pacientes que se encontram hospitalizados os quais jaacute estatildeo em estaacutegios avanccedilados
da doenccedila (M2)
Pacientes em fase terminal ou cacircncer e patologias crocircnicas insuficiecircncia renal e
hepaacutetica (M5)
Pacientes em estaacutegio terminal ou acamados por doenccedilas crocircnicas (ex AVC) [] (M8)
Aleacutem dos pacientes que se encontram em fase terminal de doenccedilas como o cacircncer []
bem como aqueles que sofrem de doenccedilas irreversiacuteveis com pouca sobrevida ou com
prognoacutestico desfavoraacutevel a sua cura (D3)
[]pacientes desenganados(D6)
66
Satildeo destinados ao paciente em fase terminal como por exemplo os pacientes
oncoloacutegicos e ainda pacientes com doenccedilas crocircnicodegenerativas (D10)
Na minha opiniatildeo pode ser aplicado em qualquer pessoa que esteja com um problema de
sauacutede e em que se natildeo for possiacutevel fazer tratamento definitivo ou cura (E1)
Idosos ou pacientes acamados ou restritos ao leito por algum motivo ou que foram
desenganados pela Medicina (E2)
Insuficiecircncia renal cardiacuteaca e respiratoacuteria pacientes com insuficiecircncia hepaacutetica
doenccedilas neuroloacutegicas degenerativas e graves e tambeacutem o portador de AIDS (E8)
Esses depoimentos deixam transparecer de modo enfaacutetico a compreensatildeo de
meacutedicos cirurgiotildees-dentistas e enfermeiros da ESF todos envolvidos no estudo dos grupos
que necessitam destes cuidados especiais para pacientes que se encontram acometidos por
doenccedilas incuraacuteveis bem como pacientes em fase de terminalidade
Sousa et al (2010) afirmam que a inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na praacutetica
assistencial eacute primordial para se estabelecer um cuidado em que satildeo adotadas medidas
humanizadas direcionadas aos pacientes terminais e sem possibilidades terapecircuticas de cura
tanto no iniacutecio da doenccedila como em sua fase final Entende-se assim que tais cuidados
baseiam-se na concepccedilatildeo de que o paciente mesmo estando em estado terminal pode fazer da
vida uma experiecircncia de crescimento e realizaccedilatildeo Isto porque na vida ele natildeo se resume
somente a um corpo fiacutesico em que na condiccedilatildeo de terminalidade nada pode ser feito mas tem
o direito de receber o melhor cuidado com uma assistecircncia que lhe promova qualidade de vida
e manutenccedilatildeo do conforto e atue no auxiacutelio das funccedilotildees fisioloacutegicas respeitando-se as suas
necessidades de maneira humanizada
Dessa maneira tais cuidados envolvem um processo interior de busca e despertar de
valores sempre que a ocasiatildeo se origina de um envolvimento de um cuidado empaacutetico e natildeo
somente de um cuidado diretivo e teacutecnico Nesta maneira de cuidar o profissional da Sauacutede
busca propiciar uma assistecircncia humaniacutestica ao paciente e seus familiares
A literatura dos Cuidados Paliativos realccedila a presenccedila dos familiares como elemento
colaborador no cuidar do paciente sendo este considerado participante ativo no planejamento
de todo cuidado a ser implementado (MELO FIGUEIREDO 2006) Por conseguinte eacute
imprescindiacutevel que o profissional da ESF compreenda que a famiacutelia tambeacutem necessita de
cuidados
Tal relevacircncia foi apontada por alguns participantes do estudo ao assinalarem que os
Cuidados Paliativos podem ldquo[] ajudar a famiacutelia a lidar com a doenccedila e o doenterdquo (E9) ldquo[]
67
visam proporcionar uma melhor qualidade de vida com menos sofrimento para ele e seus
familiaresrdquo (D3) e ldquo[] eacute a assistecircncia interdisciplinar que tem como objetivo melhorar a
qualidade de vida do paciente e sua famiacutelia diante de uma doenccedila que ameaccedila sua vidardquo (D10)
Arauacutejo (2011) pondera que a famiacutelia eacute muito valorizada no acircmbito dos Cuidados
Paliativos porque aleacutem de configurar-se como fonte de apoio e estiacutemulo para o paciente no
enfrentamento do processo de adoecimento e morte mostra-se como uma continuidade do
proacuteprio paciente representando seus valores e demandas em situaccedilotildees que ele natildeo pode
resolver por si proacuteprio
Neste sentido os Cuidados Paliativos visam ao controle dos sofrimentos fiacutesicos
emocionais espirituais e sociais do paciente e sua famiacutelia na presenccedila de doenccedilas sem
possibilidades terapecircuticas de cura Os profissionais que implementam em sua assistecircncia os
Cuidados Paliativos devem assimilar diferenciadas formas de cuidado destacando a busca de
uma relaccedilatildeo dialoacutegica associada ao saber ouvir com o paciente e com a famiacutelia reforccedilada pelo
viacutenculo e pela confianccedila entre o profissional e o pacientefamiacutelia
Em pesquisa desenvolvida por Santos (2009) constatou-se que se o paciente estaacute bem
cuidado confortado e respeitado o familiar sente-se cuidado tambeacutem O estudo esclarece ainda
que o familiar quando se envolve no processo de cuidado de seu parente percebe que o estaacute
acolhendo e cuidando
Sendo assim na abordagem dos Cuidados Paliativos o envolvimento da famiacutelia eacute
primordial retomando-se o sentido de que esta exerce um importante papel no crescimento e
desenvolvimento dos indiviacuteduos e na recuperaccedilatildeo da sauacutede (FERREIRA SOUZA STUCHI
2008)
Ferreira Chico e Hayhashi (2005) chamam a atenccedilatildeo para o fato de que quando um
indiviacuteduo recebe um diagnoacutestico de que a doenccedila estaacute fora de possibilidades de cura sua
famiacutelia sofre com ele e o impacto eacute sempre muito doloroso Em consequecircncia disso cada
famiacutelia pode manifestar reaccedilotildees distintas como negaccedilatildeo reserva ou fechamento ao diaacutelogo
Diante dessas ponderaccedilotildees observamos que a famiacutelia eacute aspecto fundamental para o
paciente que vivencia o processo de morrer sendo considerada fonte de apoio e estiacutemulo para o
enfrentamento de diversos problemas que permeiam esta situaccedilatildeo Arauacutejo (2006) assinala que a
rede familiar que apoia o paciente compreende natildeo apenas os seus consaguiacuteneos mas tambeacutem
as pessoas proacuteximas com quem ele possui um relacionamento mais estreito
Bielemann (2003) salienta que a famiacutelia eacute considerada um espaccedilo social cujos
membros interagem trocam informaccedilotildees e ao identificarem problemas de sauacutede apoiam-se
mutuamente Eacute um grupo social dinacircmico um sistema aberto para trocas cuja concepccedilatildeo varia
68
de acordo com a cultura e com o momento vivenciado Como unidade a famiacutelia representa mais
do que a soma de caracteriacutesticas individuais de seus membros
Arauacutejo (2006) em estudo que desenvolveu reconheceu por meio da visatildeo dos
participantes do estudo que o referido apoio pode ser sinocircnimo de forccedila suporte base alento
um porto seguro que independente das adversidades sempre estaraacute laacute para acolher e
aconchegar o membro que passa por um problema Portanto perante o sofrimento vivenciado
o apoio passa a ter sentido de encorajamento estiacutemulo incentivo forccedila que incita o indiviacuteduo a
lutar pela vida
Destarte independente do seu contexto a famiacutelia eacute apontada pela literatura como uma
das principais fontes de sustentaccedilatildeo e estiacutemulo para o enfrentamento de uma doenccedila
considerada terminal (KUumlBLER-ROSS 2002 SALES MOLINA 2004 MALUF MORI
BARROS 2005)
Eacute de fundamental importacircncia que os profissionais da aacuterea da Sauacutede inseridos no
contexto da Atenccedilatildeo Baacutesica compreendam o significado real da filosofia dos Cuidados
Paliativos promovendo a valorizaccedilatildeo do ser humano no processo sauacutede-doenccedila com o escopo
de sempre lhe propiciar uma melhor qualidade de vida quando natildeo existir mais possibilidade
terapecircutica bem como promover suporte aos seus familiares durante o estaacutegio da doenccedila e no
processo da morte e do morrer
No campo da filosofia dos Cuidados Paliativos outro aspecto merecedor de destaque
diz respeito agraves modalidades terapecircuticas Nesse sentido os profissionais envolvidos no estudo
evidenciaram algumas modalidades destacadas na subcategoria a seguir
Modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos
Eacute notoacuterio que os Cuidados Paliativos estatildeo constituindo um corpo de conhecimentos
que vem tornando-se objeto do trabalho dos profissionais da Sauacutede tendo em vista o aumento
da sobrevida de pacientes portadores de doenccedilas crocircnicas sendo essenciais para a promoccedilatildeo de
sua qualidade de vida e bem-estar
Sob esse prisma para o alcance de uma proposta de uma assistecircncia holiacutestica os
Cuidados Paliativos utilizam-se das diferenciadas modalidades terapecircuticas Segundo os
depoimentos a seguir seratildeo apontadas algumas destas modalidades ressaltadas pelos
participantes do estudo
69
Atendimento fisioterapecircutico apoio psicoloacutegico atenccedilatildeo e carinho e tratamentos
alopaacuteticos eou homeopaacuteticos para aliviar a dor e a tensatildeo sempre que necessaacuterio (M1)
Entendo que as modalidades terapecircuticas visam a farmacologia com a finalidade de
diminuir a dor fiacutesica seria a psicoloacutegica com finalidade de amenizar o sofrimento mental
dos mesmos e seus familiares (M2)
O carinho o amor no desenvolvimento de praacuteticas paliativas (M6)
Atenccedilatildeo psicossocial fisioterapia tratamento para aliacutevio da dor (D3)
[] massagens e medicaccedilatildeo (D4)
A conversa carinhosa a visita diaacuteria e amor (D5)
Aliacutevio da dor e sofrimento assistecircncia psicoloacutegica (D10)
[]apoio espiritual (E2)
Atraveacutes de medicamentos massagem yoga acunputura Reik escuta qualificada
meditaccedilatildeo psicologia (E3)
Fitoterapia homeopatia medicina alternativa alimentaccedilatildeo alternativa acupuntura
educaccedilatildeo alimentar espiritualidade (E7)
Nos trechos dos depoimentos dos profissionais envolvidos no estudo eacute notoacuterio o
reconhecimento de diversas modalidades terapecircuticas empregadas nos Cuidados Paliativos
evidenciando-se que eles conhecem vaacuterias possibilidades terapecircuticas direcionadas ao paciente
sem possibilidades de cura
Considerando as modalidades usualmente empregadas na praacutetica dos Cuidados
Paliativos referenciadas pelos participantes optamos por apresentaacute-las em dois grupos o
primeiro direcionado para a intervenccedilatildeo bioloacutegica e o segundo para a intervenccedilatildeo
psicoterapecircutica
No que tange agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica em Cuidados Paliativos os trabalhadores
envolvidos no estudo destacaram a farmacologia a fisioterapia e a nutriccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave
intervenccedilatildeo psicoterapecircutica enfatizaram o emprego da comunicaccedilatildeoescuta qualificada da
psicologia e da espiritualidade
Dentre as intervenccedilotildees bioloacutegicas a modalidade nutricional eacute utilizada para o controle
de sintomas valorizaccedilatildeo dos alimentos preferenciais adequaccedilatildeo da dieta conforto emocional
diminuiccedilatildeo da ansiedade aumento da autoestima e respeito ao desejo de alimentos manifestado
pelo proacuteprio paciente
70
A alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo para o paciente terminal constituem uma parcela desse
cuidado tatildeo importante quanto a escuta o diaacutelogo o acompanhamento a leitura o canto entre
outros (FERRER LABRADA LOacutePEZ 2009)
Nesse enfoque observamos que essa modalidade terapecircutica eacute de suma relevacircncia
uma vez que partindo de uma abordagem integral do paciente pode-se promover o aliacutevio dos
sintomas tais como perda de peso anorexia disgeusia (distorccedilatildeo do senso do paladar)
xerostomia (sensaccedilatildeo subjetiva de boca seca) entre outros
No tocante aos sintomas gastrointestinais Santos (2002) destaca a constipaccedilatildeo
porquanto tem ocorrido um aumento da demanda de pacientes em Cuidados Paliativos
apresentando tal sintoma Trata-se de um sintoma comum que interfere na qualidade de vida de
pacientes podendo o controle dele ser conseguido por meio de intervenccedilatildeo nutricional
adequada permitindo-se que seja minimizado sem que meacutetodos invasivos e desconfortaacuteveis
sejam utilizados
De acordo com Silva et al (2009) o papel do nutricionista deve ser o de atuar em
equipe multiprofissional para que todos os profissionais envolvidos alcancem um objetivo
comum o de proporcionar conforto e melhorar a qualidade de vida de pacientes que recebem
esse tipo de cuidado Aleacutem disso eacute inegaacutevel a valorizaccedilatildeo do papel do nutricionista na equipe
multiprofissional sobretudo na decisatildeo de manter ou suspender a alimentaccedilatildeo e a hidrataccedilatildeo de
pacientes que estatildeo em Cuidados Paliativos por entender-se a importacircncia do consumo de
alimentos para minimizar desconfortos nutrir e proporcionar prazer
Portanto tratando-se de Cuidados Paliativos em que todos os esforccedilos devem estar
direcionados agrave promoccedilatildeo do bem-estar fiacutesico e psicoloacutegico dos pacientes o profissional
nutricionista deve ter em mente que o consumo de alimentos eacute capaz de minimizar
desconfortos cuidar de distuacuterbios orgacircnicos nutrir e proporcionar prazer (SANTOS 2002)
Em relaccedilatildeo agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica farmacoloacutegica os profissionais que compotildeem a
ESF devem reconhecer que a utilizaccedilatildeo da farmacoterapia eacute de grande relevacircncia para
pacientes que se encontram na terminalidade Haja vista que o emprego de cuidados teacutecnicos
satildeo importantes nos Cuidados Paliativos para aliacutevio da dor e de outros sintomas decorrentes da
doenccedila terminal
Essa assertiva eacute corroborada por Bonfaacute Vinagre e Figueiredo (2008) ao afirmarem
que ao emprego de drogas em pacientes sem possibilidade de cura procede-se com o propoacutesito
de aliviar o quadro de dor em que estes se encontram Acrescentam que dentre as drogas
existentes para essa finalidade destaca-se a Cannabis sativa (Cs) cuja accedilatildeo eacute capaz de
amenizar a dor crocircnica visto que promoveraacute efeitos ansioliacuteticos analgesia e aumento da
71
toleracircncia agrave dor Aleacutem desses benefiacutecios esta droga age com outros princiacutepios que seratildeo
imperiosos para o bem-estar do paciente tais como estiacutemulo do apetite no estado de caquexia
accedilatildeo antiemeacutetica relaxamento muscular para aliacutevio da espasticidade atividade antitumoral e
anti-inflamatoacuteria no cacircncer entre outros Entretanto eacute importante ressaltar que para se
utilizarem os canabinoides como analgeacutesicos devem ser consideradas limitaccedilotildees que essa
alternativa terapecircutica apresenta porquanto ainda eacute incipiente a realizaccedilatildeo de pesquisas
voltadas para a sua recomendaccedilatildeo agrave pacientes crocircnicos
Em estudo desenvolvido por Santos et al (2009) verificou-se que a utilizaccedilatildeo de
Cuidados Paliativos ocorreu por meio da administraccedilatildeo de faacutermacos para o alcance da sedaccedilatildeo
com o intuito de diminuir o niacutevel de consciecircncia de um doente com doenccedila avanccedilada ou
terminal a fim de controlar alguns sintomas
A sedaccedilatildeo paliativa eacute um procedimento terapecircutico de indicaccedilatildeo meacutedica destinada
para aliacutevio de sintomas que podem aparecer no contexto de doentes no final da vida Observa-
se ainda que eacute utilizada como uma modalidade terapecircutica de Cuidados Paliativos e que o
emprego dela estaacute intrinsecamente relacionado com o surgimento de sintomas como deliacuterio
dor e dispneias Tais sintomas aparecem comumente de forma simultacircnea (GIROND
WATERKEMPER 2006)
Quanto agrave intervenccedilatildeo fisioterapecircutica apontada pelos profissionais participantes do
estudo Marcucci (2005) assinala que os profissionais da Fisioterapia possuem um arsenal
abrangente de teacutecnicas que complementam os Cuidados Paliativos na melhora da
sintomatologia e consequentemente na da qualidade de vida Destaca-se neste arsenal a
terapia para a dor aliacutevio de sintomas psicofiacutesicos atuaccedilatildeo nas complicaccedilotildees
osteomioarticulares reabilitaccedilatildeo de complicaccedilotildees linfaacuteticas atuaccedilatildeo na fadiga melhora da
funccedilatildeo pulmonar cuidados com as uacutelceras de pressatildeo fisioterapia nos Cuidados Paliativos
pediaacutetricos entre outros
Assim compreendemos que o fisioterapeuta deteacutem meacutetodos e recursos exclusivos de
sua profissatildeo que satildeo imensamente uacuteteis nos Cuidados Paliativos porque busca a melhora das
condiccedilotildees de vida dos pacientes sem possibilidades curativas reduzindo os sintomas e
promovendo sua independecircncia funcional
Em relaccedilatildeo agrave intervenccedilatildeo psicoterapecircutica conforme foi assinalada nos trechos dos
participantes do estudo observamos a referecircncia da comunicaccedilatildeoescuta qualificada a da
psicologia e a da espiritualidade modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos
No contexto dos Cuidados Paliativos o emprego adequado da comunicaccedilatildeo eacute
considerado como um pilar baacutesico para sua eficaz implementaccedilatildeo (KOacuteVACS 2004)
72
representando o suporte utilizado pelo paciente por meio do qual ele pode expressar-se e
realizar seus anseios necessitando para tanto de um cuidado integral e humanizado
Este tipo de cuidado integral e humanizado soacute eacute possiacutevel quando o profissional faz uso
de habilidades de comunicaccedilatildeo estabelecendo esta de forma efetiva e compassiva com o
paciente e sua famiacutelia sobre assuntos referentes agrave terminalidade
Em estudo realizado por Arauacutejo e Silva (2007) observou-se que o paciente no quadro
da terminalidade anseia por uma comunicaccedilatildeo que alcance algo a mais ou seja deixe de ser
aquela que trata apenas de transmitir informaccedilotildees e passe a ser transmitida de forma
diferenciada com emprego de palavras e atitudes (comunicaccedilatildeo verbal e natildeo verbal) que
revelem mensagens de atenccedilatildeo e cuidado
Para tanto eacute imperioso que o profissional modifique a sua forma de assistir passando
do fazer para o escutar perceber compreender identificar necessidades para soacute entatildeo planejar
accedilotildees
Inaba e Silva (2002) chamam a atenccedilatildeo para a importacircncia da comunicaccedilatildeo natildeo
verbal considerando-a essencial ao cuidado humano pelo fato de resgatar a capacidade do
profissional da Sauacutede para perceber com maior precisatildeo os sentimentos do paciente suas
duacutevidas e dificuldades de verbalizaccedilatildeo aleacutem de o ajudar a potencializar sua proacutepria
comunicaccedilatildeo
De acordo com Silva (2003) eacute crucial para o cuidado com o paciente sem
possibilidades de cura que o profissional perceba compreenda e empregue adequadamente a
comunicaccedilatildeo natildeo verbal Haja vista que ela permite a percepccedilatildeo e compreensatildeo dos
sentimentos duacutevidas e anguacutestias do paciente assim como o entendimento e clarificaccedilatildeo de
gestos expressotildees olhares e linguagem simboacutelica tiacutepicos de quem estaacute morrendo
Na comunicaccedilatildeo natildeo verbal Higuera (2005) destaca a grandeza da escuta ativa no
processo de Cuidados Paliativos que eacute compreendida como o cuidador concentrar-se no outro
sem interrompecirc-lo deixando-o falar respeitando o silecircncio para que possa escutar suas
duacutevidas inseguranccedilas desconforto e ateacute mesmo o seu medo
Arauacutejo (2011) assinala que a escuta ativa envolve o uso terapecircutico do silecircncio a
emissatildeo consciente de sinais faciais natildeo verbais que denotam interesse no que estaacute sendo dito
(manutenccedilatildeo de contato visual meneios positivos de cabeccedila) a aproximaccedilatildeo fiacutesica e a
orientaccedilatildeo do corpo com o tronco voltado para a pessoa e o uso de expressotildees verbais curtas
que encorajam a continuidade da fala tais como ldquoE entatildeordquo ldquoestou te escutandordquo entre
outras
73
Higuera (2005) adverte que escutar natildeo eacute apenas ouvir mas permanecer em silecircncio
utilizar gestos de afeto e sorriso que expressem aceitaccedilatildeo e estimulem a expressatildeo de
sentimentos Tal ponderaccedilatildeo pode ser contemplada nos depoimentos dos profissionais
participantes da pesquisa expressos a seguir
[] acolher o paciente e fazer a escuta (M1)
E principalmente conversa manter o ciclo de conversa [](D2)
Agraves vezes soacute a sua presenccedila toque um olhar um gesto de carinho jaacute eacute uma estrateacutegia
(D6)
[] escutar o paciente (E1)
Escutar o usuaacuterio (E5)
Acredito que um aperto de matildeo um olhar carinhoso [] (M8)
Com base nas narrativas observamos a sensibilidade dos profissionais para o emprego
dessa modalidade no contexto do cuidado os quais reconhecem-na como importante estrateacutegia
para o relacionamento pessoal Eacute imprescindiacutevel dessa forma este profissional ser orientado
para compreender o momento de falar e aquilo que vai falar possibilitar atitudes de
compreensatildeo aceitaccedilatildeo e afeto como calar e escutar como estar proacuteximo e mais acessiacutevel agraves
necessidades destas pessoas
Silva (2008) pondera que as habilidades de comunicaccedilatildeo natildeo satildeo adquiridas com o
tempo mas sim com educaccedilatildeo especiacutefica Portanto mostra-se urgente e necessaacuteria a educaccedilatildeo
destes profissionais em comunicaccedilatildeo interpessoal para que possam desenvolver suas
habilidades relacionais e comunicacionais e aplicaacute-las em seu cotidiano de cuidados a
pacientes sem possibilidades de cura
Dessa forma todos os membros da equipe de sauacutede devem possuir e aprimorar as suas
habilidades de comunicaccedilatildeo uma vez que tecircm como base de seu trabalho as relaccedilotildees humanas
Assim para o relacionamento interpessoal entendido como qualquer interaccedilatildeo face a face entre
duas ou mais pessoas onde haacute troca reciacuteproca de sinais a comunicaccedilatildeo eacute instrumento essencial
(LITLEJOHN 1988)
Arauacutejo (2006) afirma que todo processo de comunicaccedilatildeo interpessoal que ocorre entre
o paciente e quem dele cuida eacute complexo e subjetivo envolvendo a percepccedilatildeo a compreensatildeo
e a transmissatildeo de mensagens de ambas as partes Nesse sentido a comunicaccedilatildeo verbal torna-se
insuficiente para caracterizar essa interaccedilatildeo necessitando qualificaacute-la dar a ela emoccedilotildees
74
enfim um contexto que proporcione ao homem perceber e compreender natildeo soacute o que
significam as palavras mas tambeacutem o que o emissor da mensagem sente
Em relaccedilatildeo ao emprego da Psicologia como modalidade terapecircutica em Cuidados
Paliativos conforme foi destacado por alguns participantes deste estudo esta eacute utilizada com o
paciente com o familiar e com a equipe de forma conjunta ou individual com a finalidade de
avaliar suas condiccedilotildees psiacutequicas para o enfrentamento do adoecimento e da morte
Sheliemann (2011) lembra que essa avaliaccedilatildeo necessita respeitar as condiccedilotildees fiacutesicas e
emocionais que cada patologia provoca naquela que adoece e como ela reage a essa nova
situaccedilatildeo Acrescenta ainda que o psicoacutelogo eacute por sua formaccedilatildeo o profissional que tem a
priori um manejo melhor para lidar com os sentimentos das pessoas e auxiliaacute-las na resoluccedilatildeo
dos conflitos
O cuidado com a dimensatildeo emocional eacute de suma importacircncia para quem vivencia o
processo de morrer uma vez que situaccedilotildees de estresse psicoloacutegico satildeo comuns entre estes
pacientes Em recente estudo multicecircntrico alematildeo realizado por Herschback et al (2008) que
procuraram averiguar caracteriacutesticas de estresse psicoloacutegico em 6365 pacientes com cacircncer
constataram que eles sob Cuidados Paliativos mostraram niacuteveis mais elevados de estresse
psicoloacutegico quando comparados aos demais
Dessa forma observa-se quanto eacute importante a inserccedilatildeo do psicoacutelogo na equipe de
Cuidados Paliativos Lustosa (2007) afirma que cabe ao psicoacutelogo intermediar nas relaccedilotildees
entre famiacutelia e profissionais detectando a falta de informaccedilatildeo que muitas vezes ocorre entre
paciente familiares e equipe multiprofissional as diferenccedilas de ritmo de vida que a doenccedila
impotildee o papel do paciente na vida da famiacutelia as sobrecargas da tarefa meacutedica que dificultam
o contato a comunicaccedilatildeo e a conturbada tarefa de falar sobre as responsabilidades nesse
momento da vida Sendo assim essa autora evidencia a importacircncia do psicoacutelogo para a
construccedilatildeo dessa ponte facilitando uma condiccedilatildeo mais digna durante esse periacuteodo de cuidados
O psicoacutelogo busca por meio dos Cuidados Paliativos oferecer um espaccedilo de escuta
para esclarecimento das necessidades expressatildeo de sentimentos facilitando dessa forma o
acolhimento e a comunicaccedilatildeo (KOVAacuteCS et al 2001)
No que tange ao emprego da espiritualidade esta eacute uma modalidade terapecircutica de
suma importacircncia para o paciente sem possibilidade de cura Haja vista que tanto o cuidado
voltado para a dimensatildeo espiritual pode oferecer qualidade de vida quanto o tratamento da dor
ou a comunicaccedilatildeo Cumpre assinalar que este paciente aleacutem de apresentar sofrimento fiacutesico
pode estar acometido por problemas de ordem psicoloacutegica e espiritual
75
De acordo com Peres et al (2007) a espiritualidade pode ser definida e reconhecida
como uma praacutetica que traz significado e propoacutesito de vida e contribui para a sauacutede e qualidade
de vida de muitas pessoas Esse conceito eacute encontrado em todas as culturas e sociedades
A definiccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) de Cuidados Paliativos
evidencia uma preocupaccedilatildeo com as necessidades espirituais dos pacientes e seus familiares de
modo que a abordagem global fundamenta-se no entendimento de que a pessoa eacute uma entidade
indivisiacutevel um ser fiacutesico e espiritual A busca de sentido de algo maior em que se pretende
confiar tem sido expressa de muitas maneiras diretas e indiretas em metaacuteforas ou em silecircncio
em gestos ou siacutembolos ou talvez mais que tudo numa interaccedilatildeo terapecircutica e numa nova
experiecircncia de criatividade Quem trabalha em Cuidados Paliativos eacute tambeacutem desafiado a
enfrentar essa dimensatildeo em relaccedilatildeo a si proacuteprio (PESSINI BERTACHINI 2005)
Eacute nesse contexto que a modalidade espiritual em Cuidados Paliativos emerge com a
finalidade de promover uma atenccedilatildeo agrave anguacutestia e agrave dor espiritual ofertando uma assistecircncia
integral que envolva estes aspectos interferindo por conseguinte na melhora da evoluccedilatildeo
cliacutenica deste paciente tatildeo fragilizado
Em estudo desenvolvido por Steinhauser et al (2000a) verificou-se certa discrepacircncia
no que concerne agrave importacircncia da espiritualidade no trato com pacientes terminais Esta foi
reportada pelos pacientes como o aspecto mais importante mas natildeo tanto para seus meacutedicos e
outros profissionais da aacuterea da Sauacutede Os autores ressalvam que muitos destes profissionais
acabam por negligenciar uma dimensatildeo apontada como uma das mais importantes para
pacientes eou familiares nesse momento da vida
Peres et al (2007) assinalam que eacute preciso compreender que o paciente terminal
antes de se ajustar agraves suas necessidades espirituais precisa ter seus desconfortos fiacutesicos bem
aliviados e controlados Uma pessoa com dor intensa jamais teraacute condiccedilotildees de refletir no
significado de sua existecircncia uma vez que o sofrimento fiacutesico natildeo aliviado eacute um fator de
ameaccedila constante agrave sensaccedilatildeo de plenitude desejada pelos pacientes que estatildeo morrendo
Sales et al (2008) ressaltam que o tema religiosidade e espiritualidade ganha bastante
importacircncia nos Cuidados Paliativos visto que eacute uma modalidade terapecircutica que ajuda a
promover uma morte serena
Nesta perspectiva Byock (2006) afirma que experimentar uma morte serena eacute ter
oportunidade de viver em plenitude seu uacuteltimo momento O alcance desta plenitude eacute o
objetivo primordial dos Cuidados Paliativos Diante disso o autor lanccedila um desafio aos
profissionais da Sauacutede para que utilizem dimensotildees da espiritualidade como instrumento para a
melhora da sauacutede fiacutesica mental e da qualidade de vida de quaisquer pacientes sobretudo
76
daqueles que se encontram em estaacutegio final da vida e necessitam mais urgentemente de
estrateacutegias de enfrentamento para lidar com as questotildees presentes
Logo a compreensatildeo sobre as modalidades de Cuidados Paliativos permite ao
profissional da ESF a ampliar o seu olhar e sua forma de atuar Esta nova visatildeo possibilita a
prestaccedilatildeo de uma assistecircncia qualificada e integral visto que teraacute subsiacutedios especiacuteficos para
atender agraves necessidades de pacientes em situaccedilatildeo de doenccedila terminal e proporcionar a melhoria
de sua qualidade de vida
Eacute oportuno assinalar que as duas subcategorias analisadas refletem a compreensatildeo da
maioria dos profissionais inseridos na investigaccedilatildeo proposta sobre os aspectos conceituais dos
Cuidados Paliativos Por outro lado alguns revelaram conceitos incompatiacuteveis com a literatura
pertinente ao tema em destaque conforme evidenciado nos relatos a seguir
Cuidados que complementam os cuidados tradicionais ou mesmo que por si soacutes (ou
isoladamente) tratam as morbidades ou previnem ou mesmo promovem a sauacutede do
indiviacuteduo ou da coletividade (M4)
Eacute uma caridade que se faz tentando ajudar algueacutem quando natildeo se tem outro recurso
(M7)
Pode-se dizer que satildeo os cuidados que a sua eficiecircncia natildeo tem reconhecimento
cientiacutefico-comprovado (D1)
Cuidados paliativos satildeo aqueles realizados com o objetivo de diminuir amenizar ou
mesmo resolver temporariamente algumas enfermidades ateacute que sejam realizados
procedimentos definitivos e resolutivos (D4)
Atenccedilatildeo voltada a pacientes que qualquer que seja a patologia natildeo tecircm mais condiccedilotildees
de se cuidar sozinho com isso necessitando de outra pessoa para ajudaacute-lo (E2)
Satildeo cuidados que devem ser realizados para que o paciente venha ter um diagnoacutestico do
quadro cliacutenico eou amenizar o quadro cliacutenico (E7)
Esses relatos denotam uma compreensatildeo incoerente com os aspectos conceituais
disseminados na literatura acerca dos Cuidados Paliativos confundido o emprego desta praacutetica
com os cuidados humanitaacuterios algo comum entre grupos de trabalhadores da aacuterea da Sauacutede
Santos (2011) assinala que os cuidados humanitaacuterios englobam os Cuidados Paliativos
portanto ao se falar em Cuidados Paliativos se fala de cuidados humanitaacuterios mas a reciacuteproca
natildeo eacute verdadeira Por conseguinte eacute de extrema importacircncia o profissional compreender a
diferenccedila entre esses cuidados
Conforme ressalva o autor supracitado ambos compartilham a preocupaccedilatildeo em
atender agraves necessidades inerentes dos seres humanos em seus aspectos fiacutesico psicoloacutegico
social e espiritual todavia os cuidados humanitaacuterios natildeo se restringem aos Cuidados Paliativos
77
nem a uma uacutenica aacuterea como a da Sauacutede mas englobam vasta abrangecircncia do conhecimento
humano e ampla gama de situaccedilotildees
Embora a filosofia dos Cuidados Paliativos pressuponha um cuidar de maneira mais
humaniacutestica englobando o ser humano nos quatro aspectos mencionados o que caracteriza
essa modalidade de cuidar eacute a sua ligaccedilatildeo com a questatildeo da morte e suas implicaccedilotildees
espirituais ou existenciais
De fato ao se deparar com um indiviacuteduo com doenccedila aguda e crocircnica que natildeo
envolva a possibilidade de morte devem-se aplicar os cuidados humanitaacuterios entretanto
quando esse ser apresenta uma doenccedila ou condiccedilatildeo que envolve essa possibilidade satildeo
aplicados os Cuidados Paliativos e consequentemente os cuidados humanitaacuterios
Com base nessas definiccedilotildees percebe-se uma lacuna na compreensatildeo de alguns
profissionais da ESF inseridos no estudo Supotildee-se que este fato pode estar atrelado a suas
formaccedilotildees profissionais principalmente porque no Brasil a visibilidade dos Cuidados
Paliativos iniciou-se na deacutecada de 2000 e a maioria dos participantes estaacute formada haacute mais de
dez anos Por conseguinte estes profissionais natildeo tiveram em seus curriacuteculos a contemplaccedilatildeo
da abordagem dos Cuidados Paliativos Destarte eacute de extrema valia contextualizar esta
realidade jaacute que se trata de uma modalidade em construccedilatildeo no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica
Tais ponderaccedilotildees estatildeo em consonacircncia com as ideias de Rodrigues (2004) segundo o
qual a implantaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar no Brasil data do final da deacutecada de 1990
Figueiredo (2003) assinala que as primeiras iniciativas individuais de atendimentos eou
estruturaccedilatildeo de serviccedilos paliativistas ocorreram por volta da deacutecada de 1990 Melo (2004)
chama atenccedilatildeo para o fato de que eacute no ano de 1997 que ocorre a criaccedilatildeo da primeira associaccedilatildeo
nacional de profissionais que atuam disseminando esse modo de cuidar a Associaccedilatildeo Brasileira
de Cuidados Paliativos
Kira Montagnini e Barbosa (2008) afirmam que essa deficiecircncia no conhecimento em
Cuidados Paliativos entre profissionais da Sauacutede no Brasil tambeacutem se deve ao fato de o tema
natildeo fazer parte da grade curricular de graduaccedilatildeo das diferentes especialidades da aacuterea da Sauacutede
Os autores assinalam que nos uacuteltimos anos com o crescimento da demanda e com a
estruturaccedilatildeo dos serviccedilos de Cuidados Paliativos o assunto tem sido abordado em algumas
instituiccedilotildees de ensino superior natildeo de maneira obrigatoacuteria e contiacutenua mas diluiacutedo em aulas e
cursos ligados agrave oncologia dor e morte
Rodrigues (2004) aponta a esperanccedila de que haja profissionais mais sensiacuteveis agraves
necessidades da populaccedilatildeo e do indiviacuteduo que visem agrave pessoa doente e natildeo agrave doenccedila que
desenvolvam uma assistecircncia mais humanizada se faz na academia na qual o ensino deve ser
78
centrado no aluno sujeito da aprendizagem e o curarcuidar seja centrado na pessoa do
paciente e na da famiacutelia
A autora supracitada adverte que o curriacuteculo deve privilegiar as competecircncias
inerentes a cada curso da aacuterea da Sauacutede aleacutem de contemplar uma abordagem interdisciplinar a
comunicaccedilatildeo e a bioeacutetica Haja vista que satildeo considerados conteuacutedos imprescindiacuteveis visando-
se todas as etapas do ciclo vital inclusive a terminalidade e a morte
Dessa forma ao contemplar tais princiacutepios nas diretrizes curriculares os futuros
profissionais da Sauacutede sairiam com uma percepccedilatildeo diferente sobre temas como Cuidados
Paliativos com ecircnfase no processo de morte e do morrer compreendendo melhor as
necessidades emocionais e espirituais do paciente que sofre proporcionando a humanizaccedilatildeo do
atendimento a eles e a seus familiares aleacutem de apreenderem a valorizar mais a vida agrave medida
que haacute compartilhamento e dignificaccedilatildeo da morte dos seus pacientes Portanto eacute urgente a
necessidade da educaccedilatildeo permanente para estes profissionais em Cuidados Paliativos
sobretudo para aqueles que jaacute desempenham o cuidado em seu cotidiano com o paciente que
vivencia a etapa final da vida
Considerando a relevacircncia dos Cuidados Paliativos para propiciar uma assistecircncia
humanizada ao paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura bem como a sua famiacutelia urge
a necessidade da implementaccedilatildeo desta modalidade de cuidar no acircmbito da atenccedilatildeo primaacuteria de
sauacutede Nesse sentido merece destaque a categoria direcionada aos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica
CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA formaccedilatildeo da equipe possibilidades
e limitaccedilotildees
Esta categoria vem com o propoacutesito de apresentar o entendimento de meacutedicos de
enfermeiros e de cirurgiotildees-dentistas sobre a possibilidade da implementaccedilatildeo dos Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Ao se tratar de Cuidados Paliativos especificamente de paciente fora de possibilidade
de cura eacute de fundamental importacircncia a atuaccedilatildeo de uma equipe interdisciplinar Esta equipe
necessita estar bastante familiarizada com o processo que o paciente passa permitindo-se uma
visatildeo real da complexidade vivida por ele a qual o ajude a se sentir melhor e
consequentemente proporcionando uma melhor qualidade de vida
Abreu et al (2005) afirmam ser escassa a literatura acerca de pesquisas que retratam
um modelo conceitual de equipe que seja bem formulado assim como de uma definiccedilatildeo
79
universal do que seja uma equipe Mesmo em publicaccedilotildees especiacuteficas sobre Cuidados
Paliativos os autores O`Connor Fisher e Guilfoyle (2006) advertem que o assunto trabalho em
equipe interdisciplinar natildeo eacute bem explorado sendo a maior parte dos trabalhos publicados
baseados em experiecircncias praacuteticas e natildeo em pesquisas empiacutericas ancoradas por marcos
conceituais
Diante destas ponderaccedilotildees eacute de suma relevacircncia compreender que de acordo com o
modo de estas equipes relacionarem-se comunicarem-se e integrarem suas disciplinas pode-se
empregar o ldquoprefixordquo multi ou inter Peduzzi e Oliveira (2009) definem equipes
multidisciplinares como aquelas compostas por profissionais de diversas disciplinas as quais
tendem a cuidar dos pacientes de modo independente e sem interaccedilatildeo direta compartilhando
informaccedilotildees de maneira indireta quando for necessaacuterio geralmente por escrito
Doutra parte o termo interdisciplinar deve denominar equipes cujos profissionais
trabalham interagindo diretamente combinando conhecimentos e compartilhando as atividades
para atingir um objetivo conjunto e uacutenico o cuidado do paciente Os autores supracitados
assinalam que a interdisciplinaridade configura-se em uma relaccedilatildeo reciacuteproca entre as muacuteltiplas
intervenccedilotildees teacutecnicas de vaacuterios profissionais e a interaccedilatildeo destes saberes que por meio de
comunicaccedilatildeo verbal direta e consensualmente escrita articulam suas accedilotildees e promovem a
cooperaccedilatildeo muacutetua
Sendo assim para que esta accedilatildeo seja eficaz deve existir a interdisciplinaridade das
accedilotildees de cuidado entre os profissionais e a participaccedilatildeo do paciente e famiacutelia com objetivos
comuns Tal interdisciplinaridade caracteriza-se como um ato de reciprocidade entre as aacutereas de
conhecimento e como forma de se obter a horizontalizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder Nesta troca
de conhecimentos eacute estabelecida a inclusatildeo dos resultados de diversas especialidades
possibilitando-se a cada profissional desenvolver esquemas conceituais de anaacutelise de
instrumentos e de teacutecnicas metodoloacutegicas de assistecircncia (FRANCcedilA 2011)
Nessa perspectiva Arauacutejo (2011) acrescenta que a proposta de trabalho em Cuidados
Paliativos deve ser sempre interdisciplinar ante a pluridimensatildeo das necessidades dos
indiviacuteduos que vivenciam o processo de morrer e ante a demanda da accedilatildeo integral e conjunta de
profissionais da Sauacutede em busca do objetivo comum que eacute a melhora da qualidade de vida do
paciente
Em uma equipe de sauacutede a interdisciplinaridade surge com o escopo de promover
uma atenccedilatildeo integral ao paciente apresentando dessa forma uma visatildeo biopsicossocial e
espiritual Essa accedilatildeo baseada na referida visatildeo propotildee uma reformulaccedilatildeo dos saberes uma
siacutentese direcionada agrave reorganizaccedilatildeo da equipe de sauacutede Nesse sentido aleacutem de um novo
80
paradigma cientiacutefico esta representa uma nova filosofia de trabalho de organizaccedilatildeo e de accedilatildeo
interinstitucional
Arauacutejo (2011) chama atenccedilatildeo para o fato de que haacute uma limitaccedilatildeo na accedilatildeo
uniprofissional quando se objetiva promover o controle da dor e outros sintomas
multidimensionais e angustiantes integrando-se com o cuidado os aspectos sociais
psicoloacutegicos e espirituais de modo que se possibilite o exerciacutecio da autonomia do paciente
aleacutem de se promover suporte aos familiares Logo nenhuma especialidade da aacuterea da Sauacutede ou
das Ciecircncias Humanas consegue isoladamente atender agraves necessidades complexas e
multifacetadas de indiviacuteduos que vivenciam a etapa final da vida A integralidade da atenccedilatildeo
demandada por estes pacientes soacute pode ser atingida quando especialistas de diferenciadas aacutereas
do conhecimento atuam em conjunto ou seja trabalham em equipe
Deste modo a atuaccedilatildeo e integraccedilatildeo da equipe interdisciplinar satildeo necessaacuterias para a
eficaacutecia destes cuidados Haja vista que o tratamento de um paciente que se encontra em fase
terminal envolve um conjunto de accedilotildees complexas a exemplo de procedimentos invasivos
(altamente especiacuteficos para cada realidade diagnoacutestica) necessitando o doente de ser assistido
de forma interdisciplinar
Na literatura brasileira da aacuterea da Sauacutede satildeo incipientes estudos relacionados a
implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica em particular o quantitativo de
profissionais que devem constar em uma equipe para exercer tais cuidados Essa formaccedilatildeo
com a inclusatildeo de maior nuacutemero de especialidades possiacutevel dependeraacute dos recursos
disponiacuteveis e de fatores culturais locais Incontri (2011) chama a atenccedilatildeo para o fato de que a
formaccedilatildeo de uma equipe deve corresponder agraves necessidades do paciente que se encontra sob a
assistecircncia dos Cuidados Paliativos
Qualquer que seja o tamanho e a diversidade de uma equipe em Cuidados Paliativos
cumpre considerar aspectos essenciais para seu eficaz funcionamento A respeito disso Incontri
(2011) enfatiza os seguintes aspectos como peccedilas fundamentais filosofia e valores comuns
respeito muacutetuo e valorizaccedilatildeo de cada aacuterea de cada membro comunicaccedilatildeo transparente e aberta
lideranccedila compartilhada e religaccedilatildeo ao espiritual
No que concerne agrave filosofia e valores comuns Speck (2009) assegura que o conjunto
de valores compartilhados auxilia as pessoas a cooperarem entre si Haja vista que natildeo eacute
possiacutevel formar uma equipe que natildeo apresente uma filosofia comum e princiacutepios que orientem
as accedilotildees de maneira uniforme Incontri (2011) complementa que para a formaccedilatildeo de uma
equipe eacute importante uma seleccedilatildeo considerando-se uma empatia de todos os membros com
certos propoacutesitos e ideais
81
Aleacutem dessa comunhatildeo de princiacutepios e valores entre os membros da equipe eacute
imperioso o respeito muacutetuo e a valorizaccedilatildeo de cada membro sendo este considerado o primeiro
passo para a real interdisciplinaridade Macmilian Emery e kashuba (2006) asseveram que os
membros de uma equipe devem respeitar valorizar compreender e confiar na contribuiccedilatildeo
reciacuteproca
No tocante agrave formaccedilatildeo da equipe de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a maioria
dos participantes do estudo destacou o meacutedico o enfermeiro o cirurgiatildeo-dentista o psicoacutelogo e
o fisioterapeuta Alguns mencionaram aleacutem destes a participaccedilatildeo do fonoaudioacutelogo do
bioquiacutemico do assistente social do educador fiacutesico do teacutecnico em enfermagem do agente
comunitaacuterio de sauacutede (ACS) e do atendente de consultoacuterio dentaacuterio (ACD)
Diante disso depreende-se que os participantes envolvidos no estudo reconhecem que
a praacutetica dos Cuidados Paliativos no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica deve ser constituiacuteda por uma
equipe de profissionais que extrapola o nuacutemero de profissotildees determinadas pelo Ministeacuterio da
Sauacutede no que se refere agrave ESF que apresenta uma equipe composta por no miacutenimo um meacutedico
generalista um enfermeiro um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes comunitaacuterios de
sauacutede (ACS) (BRASIL 2005a)
Macmilian Emery e Kashuba (2006) acrescem que a equipe de Cuidados Paliativos
pode ultrapassar um quantitativo de quinze profissionais a serem apresentados em ordem
alfabeacutetica arteterapeutas assistentes sociais cuidadores pastorais ou espirituais (capelanias)
enfermeiros farmacecircuticos fisioterapeutas meacutedicos musicoterapeutas nutricionistas
psicoacutelogos psiquiatras terapeutas da respiraccedilatildeo terapeutas holistas terapeutas ocupacionais
terapeutas recreacionistas entre outros A esta relaccedilatildeo de profissionais Santos (2011)
acrescenta o educador e o filoacutesofo aleacutem de um especialista em Tanatologia
Eacute imprescindiacutevel agrave implementaccedilatildeo de tais cuidados em qualquer serviccedilo de sauacutede
sobretudo na Atenccedilatildeo Baacutesica conhecer a atribuiccedilatildeo especiacutefica de cada um desses profissionais
que compotildeem a equipe de Cuidados Paliativos Na realidade da Atenccedilatildeo Baacutesica os Cuidados
Paliativos podem ser oferecidos no niacutevel primaacuterio de sauacutede especialmente por equipes da ESF
em virtude de serem considerados de baixa complexidade (que natildeo exigem tecnologia
avanccedilada)
Esteves (2011) alerta que os profissionais que atuam em Cuidados Paliativos devem
ser atenciosos procurando ouvir o paciente e seus familiares e realmente demonstrar interesse
por eles uma vez que essa praacutetica pressupotildee uma nova maneira de cuidar do ser humano na
terminalidade Esses profissionais devem rever sua forma de encarar a morte e sobretudo a
autonomia do paciente na medida do possiacutevel
82
Em relaccedilatildeo ao meacutedico este eacute um profissional que deve assistir o paciente terminal ateacute
o momento da morte Destaque-se a morte de um paciente eacute considerada muitas vezes como o
fracasso do cuidado meacutedico precisando para tanto que esse profissional tenha em sua
formaccedilatildeo um preparo filosoacutefico psicoloacutegico e espiritual para lidar com a dor e com a morte
(INCONTRI 2011)
Logo eacute de extrema importacircncia que este profissional desenvolva mecanismos de
defesa que o mantenham em equiliacutebrio Ao mesmo tempo eacute necessaacuterio que a emoccedilatildeo tambeacutem
esteja presente para o alcance de um cuidado humanizado Incontri (2011) assinala que o
meacutedico como ser humano deve aceitar suas limitaccedilotildees e reconhecer que pessoas de outras
aeacutereas de sua equipe ou doutra podem lhe prestar apoio e mostrar outras perspectivas
Quanto agrave atuaccedilatildeo do enfermeiro na equipe de Cuidados Paliativos este apresenta a
funccedilatildeo de aliviar dor outros sintomas e sofrimento higienizar proporcionar conforto fiacutesico
promover uma comunicaccedilatildeo efetiva preparar a famiacutelia permitindo-a participar na morte do seu
familiar providenciar suporte para o luto entre outras Para Rodrigues e Zago (2003) a
enfermagem tem papel primordial nos Cuidados Paliativos porquanto o cuidar essecircncia da
profissatildeo eacute a base da filosofia paliativista Nesse sentido merece destaque o relato de um
profissional participante do estudo
[] todos os profissionais da ESF tecircm uma participaccedilatildeo importante no emprego dos
Cuidados Paliativos poreacutem a enfermagem eacute dotada de uma maior capacidade devido a
sua funccedilatildeo de estar mais proacuteximo (e por ter a essecircncia de sua profissatildeo no cuidado) (M8)
Nessa perspectiva Rodrigues e Zago (2003) esclarecem que especialmente o
enfermeiro deve possuir competecircncias para prestar cuidado de qualidade no fim da vida Aleacutem
disso como condutor da equipe de enfermagem e membro da equipe interdisciplinar o
enfermeiro precisa saber decodificar discursos e sinais natildeo verbais para identificar
necessidades fiacutesicas emocionais sociais e espirituais que direcionaratildeo sua atenccedilatildeo no cuidado
de quem vivencia a terminalidade da vida
Para Polastrini Yamashita e Kurashima (2011) o enfermeiro ao assistir um paciente
sem possibilidade terapecircutica de cura busca propiciar uma assistecircncia em que possa conseguir
a maior autonomia possiacutevel conservando sua dignidade ateacute a morte As autoras asseveram
ainda que este profissional deve modificar a sua atuaccedilatildeo de curativa para paliativa oferecendo
aliacutevio e bem-estar avaliando a relaccedilatildeo dano versus benefiacutecio do cuidado Portanto eacute
profissionalismo saber ouvir o paciente e sua famiacutelia para o planejamento dos cuidados e para a
tomada de decisatildeo utilizando algumas caracteriacutesticas como sensibilidade cuidadora
83
altruiacutesmo capacidade de escuta empatia compreensatildeo toleracircncia respeito capacidade de
transmitir seguranccedila e confianccedila maturidade pessoal diante de tudo e da morte entre outras
Saltz e Juver (2008) acrescentam que o enfermeiro apresenta ainda um papel
importante no cuidado com o paciente em fase terminal em diversos aspectos na aceitaccedilatildeo do
diagnoacutestico na ajuda para conviver com a enfermidade e no apoio agrave famiacutelia antes e depois da
morte
O enfermeiro ao assistir o paciente em Cuidados Paliativos vivencia e compartilha
momentos de amor e compaixatildeo aprendendo com ele a noccedilatildeo de que eacute possiacutevel morrer com
dignidade e respeito Essa assistecircncia busca tambeacutem proporcionar a certeza de natildeo estarem
sozinhos no momento da morte aleacutem de oferecer um cuidado holiacutestico ao paciente associados
ao controle da dor e de outros sintomas
No que tange ao fisioterapeuta Cezario (2011) assinala que atuando em conjunto com
outros profissionais de uma equipe voltada para Cuidados Paliativos esse profissional pode
prestar assistecircncia em diversos quadros pode oferecer conforto ao paciente e dentro de suas
limitaccedilotildees evitar uma complicaccedilatildeo maior de sintomas Incontri (2011) afirma que a este
profissional cabe manter o movimento o conforto fiacutesico e o maacuteximo aproveitamento das
funccedilotildees motoras do paciente
De uma maneira geral o referido profissional fica responsaacutevel por mobilizar o
paciente sem possibilidade terapecircutica por questotildees ortopeacutedicas e neuroloacutegicas acompanhar e
atuar em quadros cardiopulmonares e orientar cuidadores para o melhor manuseio do paciente e
o autocuidado (CEZARIO 2011)
De acordo com Reis Juacutenior e Reis (2007) as condutas fisioterapecircuticas em pacientes
sob Cuidados Paliativos mais comuns satildeo massagens movimentaccedilatildeo passiva ativo-assistida e
ativa posicionamento transferecircncia mudanccedila de decuacutebito infravermelho estimulaccedilatildeo eleacutetrica
transcutacircnea compressatildeo e elevaccedilatildeo vibrocompressatildeo drenagem postural respiraccedilatildeo
diafragmaacutetica estiacutemulo agrave tosse aspiraccedilatildeo prescriccedilatildeo de auxiacutelio para marcha treino de
deambulaccedilatildeo
O fisioterapeuta como membro de equipe de Cuidados Paliativos pode trazer
benefiacutecios ao pacientes assistidos por essa modalidade de cuidar em especial no que se refere
ao manejo de sintomas como dor estresse psicofiacutesico complicaccedilotildees osteomioarticulares
fadiga disfunccedilotildees pulmonares alteraccedilotildees neuroloacutegicas dentre outras (MARCUCCI 2005)
Sob esse prisma compreendemos que a Fisioterapia Paliativa tem como objetivo
principal o de melhorar a qualidade de vida dos pacientes sem possibilidades curativas
reduzindo os sintomas e promovendo sua independecircncia funcional
84
O nutricionista por sua vez apresenta o papel de orientar a alimentaccedilatildeo mais
adequada ao estado de sauacutede ou estaacutegio de doenccedila sem desconsiderar os gostos pessoais e ateacute
os razoaacuteveis desejos de cada um
Sochacki (2008) considera que na nutriccedilatildeo em Cuidados Paliativos eacute importante
respeitar os princiacutepios da bioeacutetica oferecendo-se autonomia ao individuo no que se refere agrave
liberaccedilatildeo suspensatildeo ou natildeo indicaccedilatildeo da alimentaccedilatildeo por via oral (VO) ou alternativa (sonda
ou ostomia) evitando-se muitas vezes o tratamento fuacutetil e consequentemente reduzindo o seu
sofrimento Santos (2002) ressalta que este profissional deve ter consciecircncia de que o consumo
de alimentos eacute capaz de minimizar desconfortos cuidar de distuacuterbios orgacircnicos nutrir e
proporcionar prazer
Diante desse contexto averigua-se quanto este profissional eacute imprescindiacutevel agrave equipe
interdisciplinar de Cuidados Paliativos necessitando ouvir o paciente respeitar seus desejos e
suas necessidades de alimentaccedilatildeo respeitando portanto a sua autonomia
Quanto ao cirurgiatildeo-dentista Wiseman (2000) assinala que cabe a este profissional
assistir pacientes com doenccedilas progressivas ou avanccediladas devido (direta ou indiretamente) ao
comprometimento da cavidade oral pela doenccedila ou ao seu tratamento Nesses casos o foco do
cuidado eacute melhorar sua qualidade de vida
Os sintomas orais mais frequentes em pacientes que estatildeo sob os Cuidados Paliativos
satildeo a dor o sangramento o trismo as feridas abertas as infecccedilotildees oportunistas a disfagia a
xerostomia a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo a anorexia a caquexia e a desfiguraccedilatildeo (SIQUEIRA
et al 2009) As secreccedilotildees em doentes traqueostomizados tambeacutem comprometem a
comunicaccedilatildeo verbal causam disfunccedilatildeo oral e sofrimento (PAUNOVICH et al 2000) Dor
ulceraccedilatildeo sangramento e trismo satildeo os mais importantes sintomas em casos de cacircncer oral
avanccedilado Portanto o tratamento inadequado ou a sua ausecircncia resulta em desconforto e
prejuiacutezos nutricionais comprometendo mais ainda a qualidade de vida desses doentes
Sendo assim o cirurgiatildeo-dentista contribui fornecendo intervenccedilotildees proacuteprias de sua
aacuterea de atuaccedilatildeo profissional aleacutem de cuidados de suporte que assegurem uma boca mais
saudaacutevel livre de infecccedilatildeo e dor
Em relaccedilatildeo aos arteterapeutas e musicoterapeutas Incontri (2011) aponta o cuidado
destes profissionais com a sensibilidade daqueles que estatildeo partindo em orientar estes na
revisatildeo de significados evocar lembranccedilas e firmar sentidos existenciais por meio de um
poema de uma canccedilatildeo de uma pintura de um filme ou de uma peccedila de teatro
Backes et al (2003) afirmam que o uso de muacutesica natildeo eacute apenas um instrumento
importante para o processo de humanizaccedilatildeo do cuidado e uma alternativa criativa e eficaz no
85
aliacutevio da dor mas tambeacutem promove benefiacutecios para a equipe de sauacutede como a prevenccedilatildeo do
estresse a reduccedilatildeo dos niacuteveis da tensatildeo e do desgaste psicoloacutegico maior interaccedilatildeo social e o
maior comprometimento com as atividades profissionais
Dessa forma a muacutesica se insere nesse contexto como uma atividade que pode
proporcionar cuidado conforto emocional e espiritual estiacutemulo agrave memoacuteria afetiva
relaxamento entretenimento e criatividade (OTHERO COSTA 2007) O uso competente e
sensiacutevel da muacutesica pode se tornar um trabalho importante nos Cuidados Paliativos
Halstead e Roscoe (2002) asseveram que a muacutesica pode facilitar de diferentes modos
a despedida Canccedilotildees suaves de ninar podem ser usadas pois transmitem sensaccedilotildees de cuidado
e proteccedilatildeo e podem ajudar a aliviar o medo do abandono durante o processo de passagem
Existem estilos musicais que podem se relacionar com a espiritualidade como o canto
gregoriano e a muacutesica erudita e estimular sentimentos de serenidade em especial no momento
da morte
Os autores supracitados afirmam ainda que a muacutesica pode tambeacutem preencher com
beleza e significado os momentos de silecircncio tatildeo difiacuteceis de serem suportados criando um
ambiente mais confortaacutevel quando se acompanha algueacutem que estaacute morrendo
Sob esse prisma observamos que o emprego da muacutesica nos processos sauacutede-doenccedila-
-cuidado pode promover conforto e qualidade de vida para a pessoa adoecida e ser um recurso
de ajuda na relaccedilatildeo da famiacutelia com a despedida de seu ente querido Pode tambeacutem auxiliar na
manutenccedilatildeo de uma equipe de sauacutede saudaacutevel e integrada
Quanto o assistente social Incontri (2011) esclarece que este trabalhador busca assistir
as necessidades materiais familiares e institucionais dos pacientesusuaacuterios Acrescenta que ele
eacute responsaacutevel por atender agraves questotildees do seguro hospitalar por informar os procedimentos de
documentaccedilatildeo de pedido de ajuda financeira esclarecer os direitos do moribundo e de seus
familiares
Conforme Sodreacute (2005) o assistente social tem um papel determinante para a
concretizaccedilatildeo dessa nova forma de tratar cuidar Torna-se aquele que reforccedila o papel de
facilitador nas relaccedilotildees de um grupo familiar e sob esse novo prisma socializa suas teacutecnicas de
intervenccedilatildeo em acircmbito domiciliar
De acordo com Esteves (2011) a atuaccedilatildeo do assistente social deve estar voltada agraves
questotildees sociais mais abrangentes uma vez que o paciente sob Cuidados Paliativos pode
enfrentar isolamento social (profissional e pessoal) dependecircncias dificuldades econocircmicas e
necessitar de apoio familiar
86
Por meio de entrevistas e visitas domiciliares este profissional investiga e avalia o
contexto social econocircmico psicoloacutegico e espiritual aleacutem de analisar a dinacircmica familiar sua
existecircncia o desempenho e eficaacutecia dos papeacuteis Somam-se a isto a capacidade de incentivo e de
fornecimento de acolhida aspectos cruciais para a assistecircncia
Esteves (2011) assinala que ao assistente social cabe sempre que for possiacutevel facilitar
as manifestaccedilotildees de sentimentos os resgates entre paciente e seus familiares durante o
processo de finitude colaborar para que as relaccedilotildees aconteccedilam com mais transparecircncia
inclusive com os profissionais da equipe de Cuidados Paliativos tendo-se a preocupaccedilatildeo de que
a morte aconteccedila de forma humanizada
Portanto o assistente social como membro da equipe interdisciplinar de Cuidados
Paliativos busca promover as relaccedilotildees sociais e efetivas com o paciente com os familiares
com o cuidador e com os demais profissionais da equipe sendo estas relaccedilotildees
significativamente observadas e valorizadas
Aos cuidadores pastorais ou espirituais cabe cuidar da religiatildeo ou pelo menos da
espiritualidade dos pacientes e familiares Barbosa e Freitas (2009) reforccedilam a ideia de que os
Cuidados Paliativos necessitam abranger as experiecircncias da vida Nela estaacute inserida a
religiosidade que pode inclusive permitir a reconstruccedilatildeo da possibilidade de conviver com a
doenccedila sem que isso signifique um prolongamento de vida inadequado forccedilosamente um
protelar da morte Os autores assinalam que a religiosidade e seus fundamentos ancorados na
religiatildeo ou na espiritualidade podem ajudar as pessoas a melhor lidarem com os limites do seu
controle favorecendo no contexto da finitude uma entrega confiante ao misteacuterio absoluto que
se inicia com a instauraccedilatildeo da proacutepria morte Desse modo eacute inegaacutevel a importacircncia de
cuidados pastorais ou espirituais para a promoccedilatildeo de Cuidados Paliativos para com o paciente
fora de possibilidades de cura
Em relaccedilatildeo aos educadores Incontri (2011) assevera que estes cuidaratildeo de crianccedilas e
adolescentes que estejam sob a assistecircncia de Cuidados Paliativos com o emprego de
atividades pedagoacutegicas luacutedicas propondo biblioterapia jogos Essas atividades permitiratildeo a
construccedilatildeo de um diaacutelogo afetuoso com pacientes e familiares
Os filoacutesofos segundo a referida autora cuidaratildeo da concepccedilatildeo interdisciplinar da
equipe atuando na amarraccedilatildeo epistemioloacutegica e de propoacutesitos do serviccedilo Saliente-se que este
profissional busca interagir com os pacientes no campo das discussotildees e ideias a fim de
apontar sentidos existenciais realizando portanto uma miaecircutica socraacutetica (arte de fazer
chegar agrave verdade e agraves evidecircncias) com os que estatildeo agrave espera da passagem
87
Os psicoacutelogos conforme aborda Castro (2001) tecircm como objetivo essencial o de
oferecer requisitos para a assistecircncia integral ao paciente conduzindo-o a uma qualidade de
vida ajudando-o ainda a encontrar estrateacutegias que possam adotar para manter um estilo de vida
mais equilibrada e saudaacutevel Incontri (2011) acrescenta que cabe a este profissional a
responsabilidade de cuidar da dor psiacutequica tanto dos pacientes quanto de seus familiares
atuando como confidentes de conflitos e ansiedades questionamentos existenciais
manifestaccedilotildees emotivas de revolta descrenccedila ou depressatildeo Jaacute os psiquiatras ainda de acordo
com a referida autora cuidaratildeo da sauacutede mental dos pacientes observando possiacuteveis
manifestaccedilotildees de depressatildeo deliacuterio ou outros distuacuterbios psiacutequicos preexistentes ou receacutem-
adquiridos ao longo do tratamento
Por conseguinte com base nesse entendimento o psicoacutelogo diante da terminalidade
busca promover a qualidade de vida do paciente trabalhando as questotildees do sofrimento
amenizando a ansiedade e a depressatildeo diante da aproximaccedilatildeo da morte procurando tambeacutem
assistir a sua famiacutelia e a equipe interdisciplinar envolvida
Ante o exposto eacute inegaacutevel a importacircncia de uma equipe interdisciplinar em Cuidados
Paliativos Haja vista que a assistecircncia por meio dela propicia um cuidado com o paciente que
envolva todas as suas dimensotildees Portanto a equipe interdisciplinar deve sempre ser formada
com o objetivo de oferecer conforto suporte informaccedilatildeo propiciando a dignidade ao paciente
e sua famiacutelia a partir da assistecircncia pautada nos Cuidados Paliativos
Outro aspecto merecedor de destaque contemplado na categoria ldquoCuidados Paliativos
na Atenccedilatildeo Baacutesica formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildeesrdquo diz respeito ao
posicionamento dos profissionais participantes do estudo para com a viabilidade da
operacionalizaccedilatildeo da referida modalidade de cuidar no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica
Nesse enfoque de acordo com o manual da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (WHO
2007) os Cuidados Paliativos devem ser estruturados em diferenciados niacuteveis de atenccedilatildeo
desde a comunidade ateacute hospitais de referecircncia nacional e regional Aleacutem disso esta
Organizaccedilatildeo estabelece que tais cuidados devem ser disponibilizados em cada um dos niacuteveis de
atenccedilatildeo agrave sauacutede constituindo uma rede de apoio a pacientes sem possibilidades terapecircuticas de
cura e aos seus familiares Para tanto a OMS utiliza uma piracircmide para estabelecer essa
hierarquizaccedilatildeo conforme pode ser observado na figura 3 abaixo
88
Figura 3 ndash Rede de Equipes de Cuidados Paliativos nos Niacuteveis de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede
Fonte World Health Organization 2007
A piracircmide apresentada na figura 3 contempla em sua base a oferta dos Cuidados
Paliativos para com a comunidade os quais podem ser realizados por familiares cuidadores
liacutederes comunitaacuterios e curandeiros (WHO 2007) Conforme foi observado por Silva (2010)
que apresenta a comunidade na base da piracircmide isto significa que a maioria das pessoas que
realizariam os Cuidados Paliativos (bem como a maior parte dos serviccedilos de atenccedilatildeo a esses
pacientes) deveria estar nela inseridos uma vez que na referida base teriacuteamos aquilo que
representa a maioria sendo portanto considerada como o pilar de sustentaccedilatildeo da estrutura da
piracircmide
Depreende-se que os pilares de sustentaccedilatildeo desta piracircmide refletem uma poliacutetica de
Cuidados Paliativos direcionadas para a comunidade uma vez que a assistecircncia assim
planejada poderia ser economicamente mais viaacutevel
O referido manual esclarece que os modelos de Cuidados Paliativos de sauacutede puacuteblica e
de baixo custo podem ser implementados para alcanccedilar a maioria da populaccedilatildeo alvo
particularmente em cenaacuterios com poucos recursos
De acordo com o manual eacute recomendada a implementaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no
acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica Entretanto esta modalidade de cuidar na nossa realidade local
apresenta segundo os profissionais envolvidos no estudo possibilidades e limitaccedilotildees neste
niacutevel de atenccedilatildeo Tal fato pode ser evidenciado nos depoimentos de meacutedicos cirurgiotildees-
-dentistas e enfermeiros da ESF participantes da pesquisa Quanto agraves limitaccedilotildees estes
89
profissionais apontaram algumas necessidades prementes para viabilizar a implementaccedilatildeo dos
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica conforme se observa nos trechos a seguir
Eacute necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas [] (M1)
[] a gestatildeo identificar fontes de financiamento (pelo SUS) para esta implantaccedilatildeo (M4)
Em primeiro lugar vontade do gestor [] (D1)
Revisatildeo nas poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Sensibilizar a sociedade e as autoridades (D4)
[] apoio da gestatildeo (E3)
Os discursos mencionados expressam a preocupaccedilatildeo dos profissionais em fomentar a
criaccedilatildeo de uma poliacutetica nacional para essa modalidade de cuidar Os autores Rajagopal Mazza
e Lipman (2003) dizem que a inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos nos sistemas de sauacutede dos
paiacuteses em desenvolvimento tem sido um grande desafio devido agrave dificuldade dos governos
para priorizaacute-los
Floriani (2011) afirma que o Brasil apresenta uma poliacutetica de cuidados incipiente
tiacutemida e desarticulada com o paciente no fim da vida tendo como grande desafio o de inserir os
Cuidados Paliativos no seu Sistema de Sauacutede
Floriani e Schramm (2007) assinalam que para se fazer frente agrave crescente necessidade
de estruturar o sistema de sauacutede para absorver com qualidade essa modalidade eacute fundamental
que os cuidados no fim da vida sejam pensados e estruturados dentro de um modelo que
priorize tanto do ponto de vista moral como operacional o natildeo abandono e a proteccedilatildeo aos
pacientes acometidos por doenccedilas avanccediladas e terminais
Existem importantes obstaacuteculos para a operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica tanto de ordem operacional quanto de ordem eacutetica e cultural podendo ser
citadas entre eles a existecircncia de poliacuteticas restritas e lentas para liberaccedilatildeo de opioides a falta
de qualificaccedilatildeo em recursos humanos a alocaccedilatildeo de recursos prioritariamente dirigida para
outros setores de Sauacutede e o iacutenfimo investimento no ensino e na pesquisa nesse campo
(WEBSTER LACEY QUINE 2007)
Wright et al (2008) em estudo desenvolvido evidenciaram que o Brasil encontra-se
em um niacutevel meacutedio de desenvolvimento dos Cuidados Paliativos ficando atraacutes da Argentina
Chile e Costa Rica Os autores reconhecem ainda que nesse niacutevel de classificaccedilatildeo identifica-se
a presenccedila de serviccedilos voltados para os Cuidados Paliativos conquanto estes natildeo apresentem
uma rede articulada e integrada natildeo sendo portanto possiacutevel perceber o impacto exercido por
tais cuidados sobre as poliacuteticas de sauacutede
90
De acordo com Santos (2011) existem no paiacutes sessenta e uma unidades inseridas em
instituiccedilotildees hospitalares puacuteblicas e privadas Caponero (2002) chama atenccedilatildeo pelo fato de estas
instituiccedilotildees estarem localizadas principalmente nas capitais A maioria iniciou suas atividades
com accedilotildees para o controle da dor agregando posteriormente os Cuidados Paliativos
A carecircncia desse tipo de atenccedilatildeo segundo Rodrigues (2004) faz com que os pacientes
em Cuidados Paliativos procurem com frequumlecircncia os serviccedilos de emergecircncia lavando muitas
vezes estes a serem abandonados nas instituiccedilotildees de sauacutede com alteraccedilotildees fiacutesicas
psicoloacutegicas sociais e espirituais decorrentes do desconhecimento dos profissionais sobre as
intervenccedilotildees adequadas a esses pacientes para a reduccedilatildeo do sofrimento
A despeito desse difiacutecil cenaacuterio os participantes envolvidos no estudo ressaltam a
falta de preparaccedilatildeo da equipe da ESF para viabilizar a referida praacutetica no acircmbito da Atenccedilatildeo
Baacutesica sendo portanto necessaacuteria a qualificaccedilatildeo desses profissionais mediante capacitaccedilotildees
conforme se lecirc nos trechos a seguir
[] que seja dado um curso de capacitaccedilatildeo para esses profissionais lhe darem com esses
pacientes (M2)
Treinamentos para as equipes do PSF (M3)
Sensibilizaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede para a aceitaccedilatildeo da implantaccedilatildeo [] Falta de
divulgaccedilatildeo para os profissionais da Sauacutede do que eacute cuidados paliativos (M4)
Cursos de capacitaccedilatildeo para ampliar o conhecimento dos profissionais nessa aacuterea (M8)
[] capacitaccedilatildeo com educaccedilatildeo continuada para todos os profissionais da Sauacutede da ESF
(D1)
Capacitaccedilatildeo dos atores envolvidos envolvimento da equipe adequando seus programas
(D2)
Treinamento para os profissionais da ESF de forma que pudessem realmente ser
resolutivos (D3)
[] Conscientizaccedilatildeo dos profissionais em sauacutede (D4)
Treinamentos oficinas para os profissionais da Sauacutede (D6)
Boa condiccedilatildeo de trabalho equipe completa informaccedilotildees necessaacuterias (D9)
[] compromisso dos profissionais humanizaccedilatildeo dos serviccedilos (D10)
Capacitaccedilatildeo da equipe (E1)
Informaccedilatildeo atraveacutes de palestras capacitaccedilotildees conversas de roda de mesa (E2)
91
Capacitar e sensibilizar profissionais (E3)
[] treinamento e capacitaccedilatildeo para a equipe (E4)
Contrataccedilatildeo de profissionais treinamentos espaccedilo para realizaccedilatildeo das atividades
divulgaccedilatildeo do trabalho para comunidade (E7)
Preparar profissionais que pelo menos tentem prevenir o sofrimento que a doenccedila gera
para proporcionar uma melhor qualidade de vida mesmo sendo no fim (E8)
De modo geral os profissionais disseram mediante os seus depoimentos acreditar
como estrateacutegia principal para a viabilizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a
qualificaccedilatildeo da equipe que atua na ESF no que concerne aos cuidados no fim da vida Essa
capacitaccedilatildeo conforme ressalta Floriani (2011) eacute um dos aspectos mais nevraacutelgicos sendo de
fundamental importacircncia a instituiccedilatildeo de programas de educaccedilatildeo continuada O autor ressalta
ainda que tal formaccedilatildeo deveria ser realizada em todo o territoacuterio nacional considerando-se as
distintas realidades socioculturais e de acesso ao Sistema de Sauacutede existentes nas diferenciadas
regiotildees do paiacutes
No tocante agrave viabilidade da praacutetica de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica merece
destaque a pesquisa desenvolvida por Lavor (2006) o qual identificou a necessidade de superar
algumas barreiras para a sua operacionalizaccedilatildeo O estudo observou ainda com base na visatildeo
dos enfermeiros participantes da pesquisa um consenso agrave necessidade de se investir na
capacitaccedilatildeo para que os profissionais adquiram conhecimentos e desenvolvam habilidades e
competecircncias para o manejo de situaccedilotildees que envolvem o paciente e a famiacutelia
O referido estudo ressalta tambeacutem que satildeo inuacutemeras as dificuldades apontadas pelos
profissionais que atuam na ESF para o emprego dessa filosofia de cuidar Entre elas apontam-
se a questatildeo familiar os aspectos bioeacuteticos a comunicaccedilatildeo entre os profissionais os pacientes
e a famiacutelia a organizaccedilatildeo dos serviccedilos (nesta enfatizam-se a falta de recursos e de
medicamentos e a desarticulaccedilatildeo entre os diversos niacuteveis do sistema) Esta uacuteltima eacute a maior
barreira para a operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos
O trabalho desenvolvido por Rodrigues (2009) corrobora os resultados encontrados no
referido estudo Esclarecem que a descoberta dos Cuidados Paliativos para os trabalhadores da
equipe de sauacutede tem gerado desafios para os profissionais envolvidos na assistecircncia em virtude
do despreparo deles para essa nova praacutetica principalmente para o emprego dos Cuidados
Paliativos no cenaacuterio domiciliar no conviacutevio com pacientes e agraves emoccedilotildees advindas do ato de
92
compartilhar o sofrimento dos pacientes e dos seus familiares confrontando-os com o desafio
maior ― o lidar com a morte Estas ponderaccedilotildees podem ser visualizadas nos trechos a seguir
[] Eacute preciso um projeto paralelo de reeducaccedilatildeo (M1)
[] com certeza necessitaria antes de iniciar as atividades um curso de capacitaccedilatildeo
para poder assistir melhor esses pacientes e fazer o melhor para que os mesmos tivessem
uma morte digna ou melhor menos dolorosa para eles e seus familiares (M2)
[] faltam a toda a equipe os subsiacutedios essenciais para o emprego dos cuidados
paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica (M8)
[] me faz necessaacuterio uma sensibilizaccedilatildeo (D1)
[] me falta conhecimento e experiecircncia para lidar com esse tipo de situaccedilatildeo (D3)
Todos os profissionais necessitam passar por uma qualificaccedilatildeo para empregar os
Cuidados Paliativos de forma produtiva ateacute mesmo seguindo um protocolo (D10)
Natildeo estou preparada Necessito de capacitaccedilatildeo (E3)
[] precisaria de capacitaccedilatildeo (E6)
Nesse contexto a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente em Cuidados Paliativos eacute
premente para os profissionais que integram a equipe da ESF como parte de uma estrateacutegia de
difusatildeo nacional desses cuidados cabendo ao Ministeacuterio da Sauacutede o assessoramento teacutecnico
aos municiacutepios para a organizaccedilatildeo de equipes qualificadas no monitoramento e no tratamento
dos pacientes com doenccedilas avanccediladas e terminais e de seu entorno (FLORIANI 2011) Outro
aspecto importante eacute a aquisiccedilatildeo de atitudes e habilidades como a comunicaccedilatildeo fundamentais
para que essa assistecircncia seja eficaz (MELLO CAPONERO 2011)
Kira Montagnini e Barbosa (2008) observam que atualmente no Brasil embora a
discussatildeo e a implantaccedilatildeo dos princiacutepios dos Cuidados Paliativos estejam em franca
progressatildeo ainda eacute necessaacuterio que as instituiccedilotildees de ensino compreendam a importacircncia da
filosofia paliativista e facilitem sua implantaccedilatildeo curricular na aacuterea da Sauacutede ao niacutevel da
graduaccedilatildeo e da poacutes-graduaccedilatildeo
Arauacutejo (2011) assevera que a educaccedilatildeo em Cuidados Paliativos difere da educaccedilatildeo em
outras disciplinas da aacuterea da Sauacutede por trecircs razotildees distintas poreacutem interligadas
Primeiro porque se lida com pessoas que estatildeo morrendo e com seus familiares em
momentos de incertezas e complexidades
93
Segundo porque haacute maior implicaccedilatildeo emocional no cuidado destes pacientes uma vez
que por meio da abordagem multidimensional identifica-se o sofrimento em suas diferentes
esferas revelando-se sentimentos com que o profissional teraacute que lidar tanto no paciente
quanto em si proacuteprio
Terceiro porque para que o cuidado paliativo seja efetivo ou seja para que as
necessidades multidimensionais do paciente e seus familiares sejam supridos eacute imprescindiacutevel
o trabalho interdisciplinar
Assim conforme apontam Wee e Hughes (2007) a educaccedilatildeo neste tema precisa ir ao
encontro das necessidades de grupos profissionais heterogecircneos no tocante agraves abordagens
disciplinares
Floriani (2011) pondera que aleacutem dessa qualificaccedilatildeo da equipe deve haver tambeacutem
como parte dessa estrateacutegia de capacitaccedilatildeo uma mudanccedila na visatildeo acadecircmica com a urgente
necessidade de ser implantada a disciplina Cuidados Paliativos na grade curricular dos cursos
da aacuterea da Sauacutede Caso contraacuterio as distorccedilotildees envolvidas acerca desta modalidade de cuidar
natildeo seratildeo corrigidas perpetuando-se terapecircuticas fuacuteteis e situaccedilotildees de abandono
Na percepccedilatildeo de Arauacutejo (2011) a filosofia dos Cuidados Paliativos deve ser ensinada
durante a graduaccedilatildeo poreacutem o que se tem observado eacute que a academia destina-se a ensinar a
fisiopatologia das doenccedilas e farmacoloacutegicas para seu tratamento pouco preparando o
profissional para lidar com o paciente quando esta doenccedila natildeo tem mais possibilidade de cura
Observa-se ainda que pouco se destaca nesse processo de formaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede
seu preparo para comunicar notiacutecias ruins estar ao lado de algueacutem que sofre oferecer apoio
emocional e espiritual em situaccedilotildees complexas refletir junto com o doente na suas duacutevidas e
questotildees existenciais
Como a formaccedilatildeo baacutesica dos profissionais que atualmente lidam com pacientes que
vivenciam o processo de morrer natildeo lhes foi suficiente para desenvolver habilidades para lidar
com estas e outras situaccedilotildees inerentes agrave terminalidade de seus pacientes eacute preciso o
investimento na educaccedilatildeo continuada destes profissionais no tange aos Cuidados Paliativos
Dessa forma Floriani e Schramm (2004) consideram que a Atenccedilatildeo Baacutesica emerge
como uma importante estrateacutegia para o emprego dessa modalidade de cuidar podendo atuar
para evitar a ruptura de tratamento configurando-se como indispensaacutevel elo de continuidade do
tratamento especialmente para os pacientes que vivem longe de centros urbanos e que devem
retornar para suas casas
Diante dessa realidade observa-se que o Sistema de Sauacutede brasileiro tem a importante
tarefa de equilibrar dentro de um cenaacuterio de restriccedilatildeo de recursos de modo pragmaacutetico como
94
conveacutem ao gestor puacuteblico e ao privado o sentido do que eacute real com o sentido da possibilidade
em busca de um modelo sustentaacutevel de cuidados no fim da vida do ponto de vista operacional
e organizado de modo que possa ser acessiacutevel nos mais diferentes contextos nacionais e
eticamente comprometido com a proteccedilatildeo aos atores vulnerados (FLORIANI 2011)
Portanto analisando essas caracteriacutesticas agrave luz do referencial teoacuterico e dos discursos
provenientes de meacutedicos enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas da ESF podemos assinalar que na
visatildeo desses profissionais eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo
Baacutesica contanto que sejam superadas algumas barreiras tais como a criaccedilatildeo de uma poliacutetica
nacional para essa modalidade de cuidar e a preparaccedilatildeo dos profissionais que integram a equipe
da ESF
95
Reflexotildees Finais
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
96
O estudo nos permitiu assinalar a partir dos discursos dos profissionais participantes
da investigaccedilatildeo a valoraccedilatildeo dos Cuidados Paliativos como uma modalidade de cuidar que visa
agrave minimizaccedilatildeo do sofrimento do paciente sem possibilidade terapecircutica de cura e agrave de seus
familiares mediante uma assistecircncia pautada na humanizaccedilatildeo
Eacute oportuno destacar que a praacutetica dos Cuidados Paliativos busca oferecer uma resposta
ativa aos problemas necessidades e sofrimento dos pacientes acometidos por uma patologia
crocircnica e incuraacutevel podendo dessa forma desempenhar um papel relevante nos cuidados no
fim da vida especialmente em aacutereas onde natildeo existem centros de referecircncia em Cuidados
Paliativos
Implementar esta modalidade de cuidar permeada pelos pressupostos da humanizaccedilatildeo
favorece aos profissionais da ESF o estabelecimento de uma assistecircncia integral e holiacutestica
(contemplando as necessidades emocionais espirituais sociais e bioloacutegicas) direcionada ao
paciente portador de doenccedila crocircnica natildeo responsiva agrave terapecircutica de cura Aleacutem disso contribui
para o desenvolvimento de estrateacutegias uacuteteis e adequadas a fim de se atender agraves necessidades do
referido paciente
No tocante agrave praacutetica dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica foi possiacutevel eleger
duas categorias a partir do material discursivo oriundo das entrevistas dos participantes do
estudo Cuidados Paliativos ndash aspectos conceituais e modalidades terapecircuticas (esta categoria
apresentou duas subcategorias Cuidados Paliativos ndash promoccedilatildeo de qualidade de vida para
pacientes sem possibilidades de cura modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos)
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica ndash formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees As
categoriais apresentam a essecircncia do entendimento dos profissionais da ESF envolvidos no
estudo sobre os Cuidados Paliativos sobretudo no referido contexto
Quanto agrave compreensatildeo dos profissionais da ESF acerca dos Cuidados Paliativos foi
enfatizado que esta modalidade eacute considerada como cuidados de conforto para o paciente
cuidado biopsiacutequicoespiritual e cuidado interdisciplinar
Os meacutedicos os enfermeiros e os cirurgiotildees-dentistas da ESF participantes do estudo
advertiram de modo enfaacutetico que os Cuidados Paliativos devem estar voltados para pacientes
acometidos por doenccedilas incuraacuteveis e pacientes em fase de terminalidade mediante uma
assistecircncia humanizada com a finalidade de promover qualidade de vida minimizaccedilatildeo do
sofrimento e boa morte
Outra questatildeo que merece destaque refere-se agrave importacircncia dada por alguns dos
participantes do estudo agrave presenccedila dos familiares elementos colaboradores no cuidar do
paciente Esta eacute compreendida como fonte de apoio e estiacutemulo para o doente no enfrentamento
97
do processo da enfermidade e da terminalidade Dessa forma os Cuidados Paliativos devem ser
estendidos tambeacutem agrave famiacutelia uma vez que esta sofre juntamente com o paciente que se
encontra em processo de terminalidade
Quanto agraves modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos os referidos profissionais
valorizaram natildeo soacute os aspectos bioloacutegicos do paciente mas tambeacutem outras dimensotildees que
compotildeem a totalidade do ser humano e que surgem intensamente diante de um sofrimento e do
processo da terminalidade ndash as dimensotildees psicoloacutegicas sociais e espirituais Por conseguinte
os referidos profissionais destacaram as seguintes modalidades farmacologia fisioterapia
nutriccedilatildeo (que corresponderam agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica) comunicaccedilatildeoescuta qualificada
psicologia e espiritualidade (que retrataram a intervenccedilatildeo psicoterapecircutica)
Eacute oportuno destacar que alguns dos participantes do estudo apresentaram certo
despreparo para esta nova modalidade de cuidar revelando conceitos incompatiacuteveis com a
literatura pertinente aos Cuidados Paliativos Foi possiacutevel entrever que estes profissionais
restringem tais cuidados a cuidados humanitaacuterios natildeo identificando a relaccedilatildeo de tal modalidade
com temas como a morte e suas implicaccedilotildees espirituais ou existenciais Este fato pode estar
atrelado agrave formaccedilatildeo profissional deles uma vez que no Brasil a visibilidade dessa modalidade
de cuidar iniciou-se na deacutecada de 2000 e a maioria destes estaacute formada haacute mais de dez anos
natildeo tendo em seus curriacuteculos a contemplaccedilatildeo da temaacutetica em destaque
Em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da equipe de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica os
participantes envolvidos no estudo disseram reconhecer que a equipe da ESF deve conter um
quantitativo maior de profissionais o qual possa extrapolar o que estaacute determinado atualmente
pelo Ministeacuterio da Sauacutede Ressalte-se que alguns deles destacaram a importacircncia da atuaccedilatildeo de
uma equipe interdisciplinar composta de profissionais que possuem diferenciadas competecircncias
e que atuam de forma interdependente para o atendimento das necessidades bioloacutegicas
psicoloacutegicas sociais e espirituais do paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura e de sua
famiacutelia
Outro aspecto merecedor de destaque diz respeito ao posicionamento dos profissionais
inseridos no estudo quanto agrave viabilidade da operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica Para eles esta modalidade de cuidar na nossa realidade local apresenta
possibilidades e limitaccedilotildees
No que diz respeito agraves possibilidades os discursos provenientes dos meacutedicos
enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas expressaram a necessidade em fomentar a criaccedilatildeo de uma
poliacutetica nacional que contemple os Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
98
Do mesmo modo manifestaram acreditar que a falta de qualificaccedilatildeo dos profissionais
inseridos na ESF consiste na principal limitaccedilatildeo para a implementaccedilatildeo dessa modalidade de
cuidar na Atenccedilatildeo Baacutesica Portanto a qualificaccedilatildeo desta equipe eacute apontada pelos profissionais
como a estrateacutegia mais importante para a viabilizaccedilatildeo desta praacutetica na atenccedilatildeo primaacuteria
Explicitaram a necessidade de qualificaccedilatildeo para um melhor exerciacutecio profissional no campo de
Cuidados Paliativos sobretudo em situaccedilotildees de terminalidade
Assim sendo urge a instituiccedilatildeo da educaccedilatildeo permanente em Cuidados Paliativos para
os profissionais que fazem parte da Atenccedilatildeo Baacutesica a fim de que promovam uma assistecircncia
holiacutestica e integral ao paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura Aleacutem disso eacute de suma
relevacircncia que as instituiccedilotildees de ensino da aacuterea da Sauacutede compreendam a importacircncia da
filosofia dessa modalidade de cuidar e contemplem esta temaacutetica em seus curriacuteculos
Consideramos que este estudo abre novos horizontes no campo da investigaccedilatildeo
cientiacutefica na assistecircncia e no ensino acerca dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Haja
vista o quacircntico reduzido de estudos direcionados agrave respectiva temaacutetica no acircmbito da literatura
nacional Ressaltamos a necessidade de novas pesquisas com a finalidade de se ampliarem as
discussotildees sobre essa temaacutetica e conseguintemente se favorecer a inserccedilatildeo desse conteuacutedo nos
curriacuteculos dos profissionais da Sauacutede bem como se estimular a capacitaccedilatildeo destes cuidados
diferenciados nas redes assistenciais de sauacutede particularmente na ESF a fim de se amenizar o
sofrimento de usuaacuterios sem possibilidades terapecircuticas e familiares envolvidos com o cuidado
com seu ente querido
Esperamos portanto que esta pesquisa possa subsidiar novas investigaccedilotildees que
contemplem a inter-relaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos com a Atenccedilatildeo Baacutesica visto que se trata
de uma praacutetica inovadora no referido campo a qual necessita de uma maior disseminaccedilatildeo junto
a gestores profissionais da Sauacutede em particular os da ESF estudantes e pesquisadores da aacuterea
99
Referecircncias
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
100
ABRAHAtildeO-CURVO P Avaliaccedilatildeo da atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede destacando satisfaccedilatildeo e
insatisfaccedilatildeo na perspectiva dos usuaacuterios com ecircnfase na integralidade da atenccedilatildeo 2010
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo PretoUSP Satildeo Paulo 2010
ABREU L O et al Trabalho de equipe em enfermagem revisatildeo sistemaacutetica da literatura
Rev Bras Enferm v 58 n 2 p 203-7 2005
ABU-SAAD H H COURTENS A Developments in Palliative Care In ABUD-SAAD H
H Evidence-based palliative care across the life span Oxford Blackwel Science 2001
Cap3 p5-13
ARAUacuteJO M M T de Quando uma palavra de carinho conforta mais que um
medicamento necessidades e expectativas de pacientes sob cuidados paliativos 2006
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola de Enfermagem da Universidade de Satildeo Paulo 2006
ARAUacuteJO M M T de Comunicaccedilatildeo em cuidados paliativos proposta educacional para
profissionais de sauacutede 2011 Tese (Doutorado) ndash Escola de Enfermagem da Universidade de
Satildeo Paulo 2011
ARAUacuteJO M M T de SILVA M J P da A comunicaccedilatildeo com o paciente em cuidados
paliativos valorizando a alegria e o otimismo Rev Esc Enferm v 40 n 4 p 668-674 2007
AROUCA S Democracia e sauacutede Anais da VIII Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia
1987 P 17-21
BACKES D S et al Muacutesica terapia complementar no processo de humanizaccedilatildeo de um CTI
Nursing v 66 n 6 p 35-42 2003
BARBOSA K de A FREITAS M H de Religiosidade e atitude diante da morte em idosos
sob cuidados paliativos Revista Kairoacutes Satildeo Paulo v 12 n 1 p 113-34 jan 2009
BARDIN L Anaacutelise de conteuacutedo Lisboa Ediccedilotildees 70 2008
BIELEMANN V L M A famiacutelia cuidando do ser humano com cacircncer e sentindo a
experiecircncia Rev Bras Enferm v 56 n 2 p 133-7 2003
BILLINGS J A A BLOCH S Palliative care in undergraduate medical education JAMA
v 278 n9 p 733-738 1997
101
BONASSA E C CAMPOS C V A Sauacutede mais perto os programas e as formas de
financiamento para os municiacutepios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001
BONFAacute L VINAGRE R C de O FIGUEIREDO N V de Uso de canabinoacuteides na dor
crocircnica e em cuidados paliativos Rev Bras Anestesiol v 58 n 3 p 267-279 2008
BOULAY S Changing the face of death the story of Cicely Saunders 4 ed Norfolk
RMEP 1996
BRASIL Portaria ndeg 1886GMMS Aprova as Normas de Diretrizes do Programa de
Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede e do Programa de Sauacutede da Famiacutelia Brasiacutelia DF Dez 1997
______ Portaria nordm 2413 GMMS Cria atendimento a pacientes sob cuidados prolongados
Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1998a
______ Portaria nordm 3535 GMMS Estabelece criteacuterios para Centros de Alta Complexidade
em Oncologia ndash CACON Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1998b
______ Portaria ndeg 157GMMS Estabelece os criteacuterios de distribuiccedilatildeo e requisitos para a
qualificaccedilatildeo dos Municiacutepios aos incentivos ao Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede e
ao Programa de Sauacutede da Famiacutelia Brasiacutelia DF Mar 1998c
______ Ministeacuterio da Sauacutede Portaria n 881 Brasiacutelia DF Jun 2001
______ Portaria nordm 19 GMMS Cria o Programa Nacional de Assistecircncia agrave Dor e Cuidados
Paliativos Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Programa de sauacutede da famiacutelia Brasiacutelia DF 2000a
______ Ministeacuterio da Sauacutede Atenccedilatildeo Baacutesica Programa de Sauacutede da Famiacutelia Treinamento
Introdutoacuterio Caderno 2 Brasiacutelia 2000b
______ Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Programa de Sauacutede da famiacutelia
Rev Sauacuted Puacutebl v 34 n 3 p 316-9 2000c
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave sauacutede Coordenaccedilatildeo de sauacutede da
comunidade Sauacutede da famiacutelia uma estrateacutegia para reorientaccedilatildeo do modelos assistencial
Brasiacutelia DF 2005a
102
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica
Coordenaccedilatildeo de Acompanhamento e Avaliaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo para melhoria da qualidade da
estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Documento Teacutecnico Brasiacutelia DF 2005b
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Gestatildeo Participativa Sauacutede da famiacutelia panorama
avaliaccedilatildeo e desafios Brasiacutelia DF 2005c
______ Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada - RDC
nordm11 de 26 de janeiro de 2006 Dispotildee sobre o regulamento teacutecnico de funcionamento de
serviccedilos que prestam atenccedilatildeo domiciliar Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 30 jan 2006
______ Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Comissatildeo Nacional de Eacutetica em
Pesquisa Manual operacional para comitecircs de eacutetica em pesquisa 4 ed Brasiacutelia DF 2007
Seacuterie A Normas e manuais teacutecnicos
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave
Sauacutede Diretrizes e recomendaccedilotildees para o cuidado integral de doenccedilas crocircnicas natildeo-
transmissiacuteveis Brasiacutelia DF 2009
BYOCK I Where do we go from here A palliative care perspective Crit Care Med v 34
p 416-20 2006
CAPONERO R Muito aleacutem da cura de uma doenccedila profissionais lutam para humanizar o
sofrimento humano Praacutetica Hospitalar Satildeo Paulo n 21 p 29-34 maijun 2002
CASTRO D A Psicologia e eacutetica em cuidados paliativos Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo v
21 p 44-51 2001
CEZARIO E P O fisioterapeuta diante dos cuidados paliativos e da morte In SANTOS F S
(Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo
Atheneu 2011 Cap 33 p 307-14
CLARK D CENTENO C Palliative care in Europe an emerging approach to comparative
analysis Clin Med v6 n 2 p 197-201 2006
CONGRESSO INTERNACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS Educar para paliar Satildeo
Paulo Siacuterio Libanecircs Instituto de Ensino e Pesquisa 2010
103
COSTA E M A CARBONE M H Sauacutede da famiacutelia uma abordagem interdisciplinar Rio
de Janeiro Rubio 2004
COSTA S F G VALLE E R M Ser eacutetico na pesquisa em enfermagem Joatildeo Pessoa
Ideacuteia 2000
COSTA FILHO R C et al Como implementar cuidados paliativos de qualidade na unidade
de terapia intensiva Rev Bras Ter Intensiva Satildeo Paulo v 20 n 1 janmar 2008
DUNLOP R J HOCKLEY J M Hospital-based palliative care teams 2 ed Oxford
Oxford University 1998
ELIAS A C A et al Programa de treinamento sobre a intervenccedilatildeo terapecircutica (RIME) para
re-significar a dor espiritual de pacientes terminais Rev Psiquiatr Cliacuten Satildeo Paulo v 34
supl 1 p 60-72 2007
ESTEVES M M Cuidar ndash paciente famiacutelia e equipe multiprofissional sob a visatildeo do
assistente social atuante em cuidados paliativos In SANTOS F S (Org) Cuidados
paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 31
p 285-86
FERRER P M N LABRADA B R P LOacutePEZ N P Buenas praacutecticas de enfermeriacutea en
pacientes tributarios de cuidados paliativos en la atencioacuten primaria de salud Revista Cubana
de Enfermeriacutea v 25 n 1-2 p 1-17 2009
FERREIRA N M L A CHICO E HAYHASHI V D Buscando compreender a
experiecircncia do doente com cacircncer Rev Ciecircn Meacuted (Campinas) v 14 n 3 p 239-48 2005
FERREIRA N M L A SOUZA C L B de STUCHI Z Cuidados paliativos e famiacutelia
Rev Ciecircnc Meacuted Campinas v 17 n 1 p 33-42 janfev 2008
FIGUEIREDO M C A Educaccedilatildeo em cuidados paliativos uma experiecircncia brasileira Mundo
Sauacutede v 27 n 1 p 165-70 2003
FIGUEIREDO M T A Reflexotildees sobre os cuidados paliativos no Brasil Rev Praacutetica
Hospitalar v 47 p 36-40 setout 2006
104
FLORIANI C A Cuidados paliativos no Brasil desafios para sua inserccedilatildeo no sistema de
sauacutede In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos
sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 12 p 101-06
FLORIANI C A SCHRAMM F R Atendimento domiciliar ao idoso problema ou
soluccedilatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 20 n4 p 986-994 julago 2004
FLORIANI C A SCHRAMM F R Desafios morais e operacionais da inclusatildeo dos cuidados
paliativos na rede de atenccedilatildeo baacutesica Cad Sauacutede Puacuteblica v 23 n 9 p 2072-2080 set 2007
FRANCcedilA J R F S Cuidados paliativos relaccedilatildeo dialoacutegica entre enfermeiros e crianccedilas com
cacircncer 2011 172f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Centro de Ciecircncias da Sauacutede Universidade
Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 6 ed Satildeo Paulo Atlas 2010
GIL C R R Formaccedilatildeo de recursos humanos em sauacutede da famiacutelia paradoxos e perspectivas
Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 21 n2 p490-498 marabr 2005
GIROND J B R WATERKEMPER R Sedaccedilatildeo eutanaacutesia e o processo de morrer do
paciente com cacircncer em cuidados paliativos compreendendo conceitos e inter-relaccedilotildees
Cogitare enferm v 11 n 3 p 258-263 set-dez 2006
GUERRA M A T Assistecircncia ao paciente em fase terminal alternativas para o doente com
AIDS 2001 155p Tese (Doutorado) ndash Faculdade de Sauacutede Puacuteblica Universidade de Satildeo
Paulo Satildeo Paulo 2001
GUTIERREZ D M D MINAYO M C S Produccedilatildeo do conhecimento sobre cuidados da
sauacutede no acircmbito da famiacutelia Ciecircncia e Sauacutede Coletiva v 15 n 1 p 1497-1508 2010
HALSTEAD MT ROSCOE ST Restoring the spirit at the end of life music as an
intervention for oncology nurses Clin J Oncol Nurs v6 n6 p333-6 2002
HERSCHBACK P et al Psychological distress in cancer patients assessed with na expert
rating scale Br J Cancer v 99 n 1 p 37-43 2008
HIGUERA J C B La escucha activa em cuidados paliativos Revista de Estudios Meacutedico
Humaniacutesticos v 11 n 11 p 119-136 2005
105
IBANtildeEZ N et al Avaliaccedilatildeo do desempenho da atenccedilatildeo baacutesica no estado de Satildeo Paulo
Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 11 n 3 p 683-703 2006
INCONTRI D Equipes interdisciplinares em cuidados paliativos ndash religando o saber e o sentir
In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos
sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 17 p 141-48
INABA L C SILVA M J P A importacircncia e as dificuldades da comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-
verbal no cuidado dos deficientes fiacutesicos Nursing v 5 n 51 p 20-4 2002
JOAtildeO PESSOA Secretaria Municipal de Sauacutede Plano Municipal de Sauacutede ndash 2010 - 2013
Joatildeo Pessoa 2010
______ Relatoacuterio de gestatildeo 2005-2008 Joatildeo Pessoa 2008
KIRA C M MONTAGNINI M BARBOSA S M M Educaccedilatildeo em cuidados paliativos
In OLIVEIRA R A Cuidado paliativo Satildeo Paulo Conselho Regional de Medicina do estado
de Satildeo Paulo 2008 p 595-609
KOENIG H G McCULLOUGH M E LARSON D B A history of religion science and
medicine In HANDBOOK of religion and health New York Oxford University Press 2001
KOVAacuteCS M J et al Implantaccedilatildeo de um service de plantatildeo psicoloacutegico numa unidade de
cuidados paliativos Bol Psicol v 51 n 114 p 1-22 jan-jun 2001
KOVAacuteCS M J Comunicaccedilatildeo nos programas de cuidados paliativos uma abordagem
multidisciplinar In PESSINI L BERTACHINI L Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos
Satildeo Paulo Loyola p 275-89 2004
KUumlBLER-ROSS E Sobre a morte e o morrer Satildeo Paulo Martins Fontes 2002
LAVOR M F da S Cuidados paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica visatildeo dos enfermeiros do
Programa Sauacutede da Famiacutelia 180 f 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Enfermagem) ndash
Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Rio de Janeiro
2006
LITLEJOHN S W Fundamentos teoacutericos da comunicaccedilatildeo humana Rio de janeiro
Guanabara 1988
106
LOPES M J M SILVA J L A Estrateacutegias metodoloacutegicas de educaccedilatildeo e assistecircncia na
atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Revista Latino Amer Enfermagem v 12 n 4 jul ndash ago 2004
LUSTOSA M A A famiacutelia do paciente internado Rev SBPH v 10 p 4-8 2007
MACCOUGHLAN M A necessidade de cuidados paliativos In PESSINI L BERTACHINI
(Orgs) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos 3ed Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 Cap 11
p 167- 180
MACCOUGHLAN M A Necessidade de cuidados paliativos Mundo Sauacutede v 27 n 1 p
6-14 2003
MACHADO M de F A S et al Integralidade formaccedilatildeo de sauacutede educaccedilatildeo em sauacutede e as
propostas do SUS - uma revisatildeo conceitual Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva v 12 n 2 p 335-342
2007
MACMILIAN K EMERY B KASHUBA L Organization and support of the
interdisciplinary team In BRUERA E et al Textbook of palliative medicine London
Edward Arnold 2006
MALUF M F M MOLI L J BARROS A C S D O impacto psicoloacutegico do cacircncer de
mama Rev Bras Cancer v 51 n 2 p 149-54 2005
MARCUCCI F C I O papel da fisioterapia nos cuidados paliativos a pacientes com cacircncer
Rev Bras Cancer v 51 n 1 p 67-77 2005
MELO A G C Os cuidados paliativos no Brasil In PESSINI L BERTACHINI L
Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos Satildeo Paulo Loyola 2004 p 291-9
MELLO A G C de CAPONEROV R Cuidados paliativos abordagem contiacutenua e integral
In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos discutindo a vida a morte e o morrer Satildeo
Paulo Atheneu 2009 Cap18 p 257-266
MELLO A G C de CAPONERO R O futuro em cuidados paliativos In SANTOS F S
(Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo
Atheneu 2011 Cap 2 p 17-24
107
MELO A G C FIGUEIREDO M T A Cuidados paliativos conceitos baacutesicos histoacuterico e
realizaccedilotildees da Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos e da Associaccedilatildeo Internacional de
Hospice e Cuidados Paliativos In PIMENTA C A M MOTA D D C F CRUZ D A L
M Dor e cuidados paliativos enfermagem medicina e psicologia Barueri SP Manole 2006
p 16-28
MENDES E V O dilema fragmentaccedilatildeo ou integraccedilatildeo dos sistemas de sauacutede por sistemas
integrados de serviccedilos de sauacutede In MENDES E V Os grandes dilemas do SUS Fortaleza
Escola de Sauacutede Puacuteblica do Cearaacute 2001 p 91-139
MINAYO M C de S O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 12 ed Rio
de Janeiro HUCITECABRASCO 2010
MOREIRA D A O meacutetodo fenomenoloacutegico na pesquisa Satildeo Paulo Pioneira 2004
O`CONNOR M FISHER C GUILFOYLE A Interdisciplinary teams inpalliative care a
critical reflection Int J Pall Nurs v 12 n 3 p 132-7 2006
OLIVEIRA A C SAacute L SILVA M J P O posicionamento do enfermeiro frente a
autonomia do paciente terminal Rev Bras Enferm v 60 n 3 p 286-90 maio-jun 2007
ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DA SAUacuteDE Alma Ata 1978 ndash cuidados primaacuterios de sauacutede
Relatoacuterio da conferecircncia internacional sobre cuidados primaacuterios de sauacutede OMSUNICEF
Brasil 1979
ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Cuidados inovadores para condiccedilotildees crocircnicas
componentes estruturais de accedilatildeo uma estrateacutegia em Serviccedilos de Sauacutede para todo o Brasil
Brasiacutelia Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede 2003
OTHERO M B COSTA D G Propostas desenvolvidas em Cuidados Paliativos em um
hospital amparador - Terapia Ocupacional e Psicologia Rev Praacutetica Hospitalar v 9 n 52 p
157-60 2007
PAUNOVICH E D et al The role of dentistry in palliative care of the head and neck cancer
patient Tex Dent J v 117 n 6 p 36-45 2000
PEDUZZI M A A inserccedilatildeo do enfermeiro na equipe de sauacutede da famiacutelia na perspectiva da
promoccedilatildeo da sauacutede In Anais do 1ordm Seminaacuterio Estadual o enfermeiro no programa de sauacutede
da famiacutelia de Satildeo Paulo 9-11 nov 2000 Satildeo Paulo Secretaria do estado de Sauacutede p 1-11
108
PEDUZZI M OLIVEIRA M A C Trabalho em equipe multiprofissional In MARTINS
M A et al Cliacutenica Meacutedica v1 Barueri Manole 2009 p 171-8
PERES M F P et al A importacircncia da integraccedilatildeo da espiritualidade e da religiosidade no
manejo da dor e dos cuidados paliativos Rev Psiquiatr Cliacuten Satildeo Paulo v 34 2007
PESSINI L Viver com dignidade a proacutepria morte reexame da contribuiccedilatildeo da eacutetica
teoloacutegica no atual debate sobre a distanaacutesia 2001 Tese (Doutorado) ndash Centro Universitaacuterio
Assunccedilatildeo Pontifiacutecia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunccedilatildeo Satildeo Paulo 2001
PESSINI L Humanizaccedilatildeo da dor e do sofrimento humanos na aacuterea da sauacutede In PESSINI L
BERTACHINI L (Orgs) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos 3 ed Satildeo Paulo Loyola
2006 cap1 p 11-29
PESSINI L BERTACHINI L Novas perspectivas em cuidados paliativos eacutetica geriatria
gerontologia comunicaccedilatildeo e espiritualidade O Mundo da Sauacutede Satildeo Paulo v 29 n 4
outdez 2005
PIMENTA C G C de MOTA D T A F Educaccedilatildeo em cuidados paliativos In PIMENTA
C G C de MOTA D D C de F M CRUZ D DE A L M da C (Orgs) Dor e
cuidados paliativos enfermagem medicina e psicologia BarueriManoly 2006 Cap3 p 29-
44
POLASTRINI R T V YAMASHITA C C KURASHIMA A Y Enfermagem e o cuidado
paliativo In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 30 p 277-83
POLIT F P BECK C T HUNGLER B P Fundamentos da pesquisa em enfermagem
meacutetodos avaliaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo 5 ed Porto Alegre Artmed 2004
RAJAGOPAL M R MAZZA D LIPMAN A G Pain and palliative care in the
developing world and marginalized population a global challenge Binghamton The
Haworth Medical Press 2003
REIS JUacuteNIOR L C REIS P E A M Cuidados paliativos no paciente idoso o papel do
fisioterapeuta no contexto multidisciplinar Fisioterapia em Movimento Curitiba v 20 n 2
p 127-35 abrjun 2007
109
RODRIGUES I G Cuidados paliativos anaacutelise de conceito 2004 200f Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo Ribeiratildeo
Preto 2004
RODRIGUES I G Os significados do trabalho em equipe de cuidados paliativos
oncoloacutegicos domiciliar um estudo etnograacutefico 2009 Tese (Doutorado) Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2009
RODRIGUES I G ZAGO M M F Enfermagem em cuidados paliativos Mundo Sauacutede v
27 n 1 p 89-92 2003
RODRIGUES I G ZAGO M M F CALIRI M H Uma anaacutelise do conceito de cuidados
paliativos no Brasil artigo de revisatildeo Mundo da Sauacutede v 29 n 2 p 147-154 Satildeo Paulo
2005
SALES C A MOLINA M A S O significado do cacircncer no cotidiano de mulheres em
tratamento quimioteraacutepico Rev Bras Enferm v 57 n 6 p 720-3 2004
SALES C A et al Cuidado paliativo a arte de estar-com-o-outro de uma forma autecircntica
Rev Enferm UERJ v 16 n 2 p 174-179 2008
SALTZ E JUVER J Cuidados paliativos em oncologia Satildeo Paulo Editora Senac 2008
SANTANA A D A Cuidados paliativos ao doente oncoloacutegico terminal em domiciacutelio
representaccedilotildees sociais da famiacutelia 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash escola de Enfermagem
Universidade Federal da Bahia Salvador 2000
SANTOS H S dos Terapecircutica nutricional para constipaccedilatildeo intestinal em pacientes
oncoloacutegicos com doenccedila avanccedilada em uso de opiaacuteceos revisatildeo Rev Bras Cancer v 48 n
2 p 263-269 2002
SANTOS D et al Sedacioacuten paliativa experiencia en una unidad de cuidados paliativos de
Montevideo Rev Med Urug v 25 n 2 p 78-83 2009
SANTOS M J O cuidado agrave famiacutelia do idoso com cacircncer em cuidados paliativos
perspectiva da equipe de enfermagem e dos usuaacuterios 2009 Dissertaccedilatildeo (mestrado)
Florianoacutepolis Universidade Federal de Santa Catarina 2009
SANTOS F S O desenvolvimento histoacuterico dos cuidados paliativos e a filosofia hospice In
SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas
Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 1 p 3-15
110
SANTOS C E dos MATTOS L F C Os cuidados paliativos e a medicina de famiacutelia e
comunidade In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 2 p 17-24
SAUNDERS C Preface In DAVIES E HIGGINSON I J (Ed) The solid facts palliative
care Copenhagen WHO Regional Office for Europe 2004
SCHLIEMANN A L Cuidados paliativos e psicologia a construccedilatildeo de um espaccedilo de
trabalho In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 34 p 315-21
SCHERER M D dos A MARINO S R A RAMOS F R S Rupturas e soluccedilotildees no
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede reflexotildees sobre a estrateacutegia sauacutede da famiacutelia com base nas
categorias kuhnianas Interface ndash comunicaccedilatildeo Sauacutede Educaccedilatildeo Botucatu v9 n16 p 53-
66 set2004fev 2005
SILVA D A da et al Atuaccedilatildeo do nutricionista na melhora da qualidade de vida de idosos
com cacircncer em cuidados paliativos O Mundo da Sauacutede v 33 n 3 p 358-364 2009
SILVA K S da Em defesa da sociedade a invenccedilatildeo dos cuidados paliativos 2010
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2010
SILVA M J P Comunicaccedilatildeo com pacientes fora de possibilidades terapecircuticas reflexotildees
Mundo Sauacutede v 27 n 1 p 64-70 2003
SILVA M J P Comunicaccedilatildeo tem remeacutedio a comunicaccedilatildeo nas relaccedilotildees interpessoais em
sauacutede Satildeo Paulo Loyola 2008
SIMINO G P R Acompanhamento de usuaacuterios com cacircncer e seus cuidadores por
trabalhadores de equipes de sauacutede da famiacutelia possibilidades e desafios 2009 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo PretoUSP Satildeo Paulo 2009
SIQUEIRA E S A eacutetica e os pacientes terminais Arq Cons Med Do Pr Curitiba v 18 n
70 p 109-11 2000
SIQUEIRA J T T de et al Dor em pacientes com cacircncer de boca do diagnoacutestico aos
cuidados paliativos Rev Dor v 10 n 2 p 150-157 2009
111
SOCHACKI M et al A dor de natildeo mais alimentar Rev Bras Nutr Clin v 23 n 1 p 78-
80 2008
SODREacute F Alta Social a atuaccedilatildeo do assistente social em cuidados paliativos Serviccedilo Social
amp Sociedade nordm82 Satildeo Paulo Cortez 2005
SOUSA A T O de et al Cuidados paliativos com pacientes terminais um enfoque na
Bioeacutetica Rev Cubana Enfermer Ciudad de la Habana v 26 n 3 dic 2010
SPECK P Teamwork in palliative care Oxford Oxforde University Press 2009
STARFIELD B Atenccedilatildeo primaacuteria equiliacutebrio entre necessidades de sauacutede serviccedilos e
tecnologia UNESCO Ministeacuterio da Sauacutede Brasiacutelia 2002
STEINHAUSER K E et al Factors considered important at the end of life by patients
family physicians and other care providers JAMA v 284 p 2476-82 2000a
STEINHAUSER K E et al In search of a good death observations of patients families and
providers Ann Intern Med v 132 p 825-32 2000b
STONEBERG J N et al Assessment of palliative care needs Anesthesiol Clin v 24 p 1-
17 2006
TEIXEIRA M A et al Implantando um serviccedilo de suporte terapecircutico oncoloacutegico ndash STO
Rev Bras Cancerologia Rio de Janeiro v 39 n 2 p 65-87 abrjun 1993
TEIXEIRA C F Sauacutede da Famiacutelia Promoccedilatildeo e Vigilacircncia construindo a integralidade da
atenccedilatildeo agrave sauacutede no SUS Revista Brasileira de Sauacutede da Famiacutelia v 7 p 10-23 2004
TWYCROSS R Medicina paliativa filosofia y consideraciones eacuteticas Acta Bioethica v6
n1 p 27-46 2000
VALENTIM V L KRUEL A J A importacircncia da confianccedila interpessoal para a
consolidaccedilatildeo do Programa de Sauacutede da Famiacutelia Ciecircnc Sauacutede Colet v12 n3 p777-88
2007
112
WEBSTER R LACEY J QUINE S Palliative care a public health priority in developing
countries J Public Health Policy v 28 p 28-39 2007
WEE B HUGHES N Education in palliative care bulding a culture of learning Oxford
(UK) Oxford University Press 2007
WISEMAN M A Palliative care dentistry Gerodontology v 17 n 1 p 49-51 2000
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO) WHO Definition of palliative care [online]
Disponiacutevel em httpwwwwhointcancerpalliativedefinitionen Acesso em 13 de jul 2011
WRIGHT M et al Mapping levels of palliative care development a global view J Pain
Symptom Manage v 35 n 5 p 469-485 2008
113
Apecircndices
114
APEcircNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TIacuteTULO DO PROJETO DE DISSERTACcedilAtildeO Cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos
de profissionais de sauacutede
MESTRANDA Isabelle Cristinne Pinto Costa
ORIENTADORA Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa
Prezado o (a) profissional
Eu Isabelle Cristinne Pinto Costa sou aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo
em Enfermagem da Universidade Federal da Paraiacuteba orientanda da Profordf Drordf Solange
Faacutetima Geraldo da Costa gostaria de convidaacute-lo (a) para participar da pesquisa Cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos de profissionais de sauacutede Este estudo tem como
objetivos investigar o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que concerne agrave
cuidados paliativos e suas modalidades terapecircuticas e identificar as possibilidades de
implementaccedilatildeo de cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica a partir do discurso de profissionais
da sauacutede
Ressalto que esta investigaccedilatildeo contribuiraacute para o reconhecimento da valoraccedilatildeo dos
cuidados paliativos pela equipe de sauacutede da famiacutelia que passaraacute a exercer uma nova praacutetica
marcada pela humanizaccedilatildeo pelo cuidado pelo exerciacutecio da cidadania alicerccedilada na
compreensatildeo de que as condiccedilotildees de vida definem o processo sauacutede-doenccedila das famiacutelias
Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa solicito sua colaboraccedilatildeo participando deste estudo
mediante a aplicaccedilatildeo de um formulaacuterio Os dados obtidos seratildeo transcritos na iacutentegra com a
finalidade de garantir a fidedignidade dos conteuacutedos expressos no momento da aplicaccedilatildeo do
referido instrumento
Faz-se oportuno esclarecer que a sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria portanto
vocecirc natildeo eacute obrigado a fornecer informaccedilotildees eou colaborar com atividades solicitadas pela
pesquisadora podendo requerer a sua desistecircncia a qualquer momento do estudo fato este que
natildeo representaraacute qualquer tipo de prejuiacutezo relacionado ao seu trabalho nesta instituiccedilatildeo Vale
ressaltar que esta pesquisa natildeo traraacute nem dano previsiacutevel a sua pessoa visto que sua
participaccedilatildeo consistiraacute em responder um questionaacuterio a respeito de tema em destaque
115
Considerando a relevacircncia da temaacutetica no campo da atenccedilatildeo baacutesica solicito a sua
permissatildeo para disseminar o conhecimento que seraacute produzido por este estudo em eventos da
aacuterea de sauacutede e em revistas cientiacuteficas da aacuterea Para tanto por ocasiatildeo dos resultados
publicados sua identidade seraacute mantida no anonimato bem como as informaccedilotildees
confidenciais fornecidas
Eacute importante mencionar que vocecirc receberaacute uma coacutepia do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido e que a pesquisadora estaraacute agrave sua disposiccedilatildeo para qualquer esclarecimento
que considere necessaacuterio em qualquer etapa do processo de pesquisa Diante do exposto caso
venha a concordar em participar da investigaccedilatildeo proposta convido o (a) vocecirc conjuntamente
comigo a assinar este Termo
Considerando que fui informado (a) dos objetivos e da relevacircncia do estudo proposto
bem como da minha participaccedilatildeo no preenchimento de um formulaacuterio declaro o meu
consentimento em participar da pesquisa bem como concordo que os dados obtidos na
investigaccedilatildeo sejam utilizados para fins cientiacuteficos
Joatildeo Pessoa 2011
__________________________________
Assinatura do (a) Participante da Pesquisa
___________________________________
Assinatura da Pesquisadora Responsaacutevel
Telefones para contato com pesquisadora
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem ndash UFPB ndash 3216-7109
Coordenaccedilatildeo do NEPB - UFPB 3216-7735
Telefone do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa do HULW ndash UFPB ndash 3216 7302
116
APEcircNDICE B
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
I CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES
Data de nascimento____________
Formaccedilatildeo acadecircmica_______________________________Ano______________________
Instituiccedilatildeo__________________________________________________________________
Especializaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Mestrado ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Doutorado ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Palestra Mini-curso Capacitaccedilatildeo em Cuidados Paliativos ( ) sim ( ) natildeo
Caso afirmativo Instituiccedilatildeo_______________________________ Local ____________
Carga Horaacuteria________________Ano___________
Tempo de atuaccedilatildeo na ESF _____________________________________________________
II DADOS RELACIONADOS ACERCA DE CUIDADOS PALIATIVOS
1 O que vocecirc entende por cuidados paliativos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2 No seu entendimento quais as modalidades terapecircuticas empregadas nos cuidados
paliativos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3 Na sua opiniatildeo os cuidados paliativos devem estar direcionados para que grupo de
usuaacuterios assistidos na atenccedilatildeo baacutesica
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
117
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4 Na sua visatildeo quais os profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5 O que vocecirc acha da implantaccedilatildeo de cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
6 Na sua concepccedilatildeo o que eacute necessaacuterio para viabilizar a implantaccedilatildeo de cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7 No seu entendimento quais satildeo as possibilidades e limitaccedilotildees para a implantaccedilatildeo de
cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
8 Vocecirc como profissional da ESF estaacute apto para promover os cuidados paliativos na
sua praacutetica assistencial
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9 Em caso afirmativo da questatildeo anterior quais as estrateacutegias que vocecirc desenvolve
para a praacutetica de cuidados paliativos Em caso negativo justifique
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
119
Anexo
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
120
ANEXO A
PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA EM PESQUISA
ISABELLE CRISTINNE PINTO COSTA
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica depoimentos de profissionais da
Sauacutede
Aprovado em 28112011
BANCA EXAMINADORA
________________________________________ Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa ndash ORIENTADORAUFPB
______________________________________________
Profordf Drordf Cleacutelia Albino Simpson ndash MembroUFRN
________________________________________________
Profordf Drordf Maria Emiacutelia Limeira Lopes ndash MembroUFPB
_______________________________________________
Prof Dr Roberto Teixeira Lima ndash MembroUFPB
_______________________________________________
Profordf Drordf Marta Miriam Lopes Costa ndash MembroUFPB
DEDICATOacuteRIA
Agrave Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa responsaacutevel
por me lapidar e me preparar para assumir desafios como
educadora possibilitando meu amadurecimento na profissatildeo
de enfermeira docente e pesquisadora Eacute exemplo de
integridade e de humanidade que tento seguir diariamente
Gratidatildeo eterna por me confiar e possibilitar-me o caminho
dos Cuidados Paliativos
Agradecimento a Deus
Meu Senhor e Meu Deus
Obrigada por eu poder contar com Teu Santo poder em
minha vida por ser Tua escolhida por eu poder desfrutar
Tua Santa bondade Obrigada Senhor por Tua suprema e
infinita misericoacuterdia que me guia por caminhos retos dando-
me discernimento para entender e superar as dificuldades da
vida
Obrigada Meu Paizinho por confiar em Tua filha dando-
me oportunidades que para mim eu nunca seria capaz de
enfrentar Sem a Tua forccedila e o Teu Espiacuterito Santo
conduzindo-me natildeo conseguiria alcanccedilar os sonhos que
tracei e almejei
Nada no mundo se iguala a Ti meu Pai onipotente Graccedilas
Te dou por tudo e Te peccedilo natildeo me desampares Senhor
porque eu natildeo saberia viver sem o Teu acalento sem sentir
Tua presenccedila no meu dia a dia sem desfrutar Teu manancial
de aacutegua viva que eacute a Tua palavra que me ensina a andar em
Teu Santo caminho ainda que por vezes seja tatildeo difiacutecil
Quando tudo parece tatildeo difiacutecil Tu me mostras que a
vontade eacute Tua e o querer tambeacutem Para Ti natildeo existe o
impossiacutevel porque basta um querer Teu e tudo eacute movido
quando somos fieacuteis a Tua palavra
Obrigada Meu Senhor e Meu Deus
Agradecimento Especial
Ao meu esposo Leandro que foi o alicerce desta conquista apoiando-me integral
e incondicionalmente com muito amor e carinho suportando por muitas vezes os
momentos de ausecircncia cansaccedilo impaciecircncia e falta de dedicaccedilatildeo ao longo desta
trajetoacuteria de estudo Partilho contigo o meacuterito desta vitoacuteria
Ao meu amado filho que eacute a minha fonte de inspiraccedilatildeo e o grande impulsionador
para a busca das minhas realizaccedilotildees profissionais Amo-te
Agrave minha querida matildee Izabel pela cumplicidade que compartilhamos e pelo amor
incondicional que me faz ser a cada dia o que sou
Ao meu pai Francisco por todo o seu apoio e incentivo na minha qualificaccedilatildeo
profissional Agradeccedilo-lhe por tudo pai
Aos meus irmatildeos Bruno e Adailton pelo incentivo carinho e amizade Amo
vocecircs
Agraves minhas amigas Cristiani Garrido Jael Ruacutebia e Kamyla Feacutelix que
acompanharam e me ajudaram a superar os percalccedilos desta conquista Obrigada
por me entenderem e me incentivarem Vocecircs satildeo especiais
Agradecimentos
Agraves Profas Dras Maria Emiacutelia Limeira Lopes Cleacutelia Albino Simpson Marta e
Miriam Lopes Costa e ao Prof Dr Roberto Teixeira Lima pela colaboraccedilatildeo na
construccedilatildeo deste estudo a qual possibilitou o enriquecimento dele
Ao Prof Laerte Pereira pelo excelente trabalho de correccedilatildeo do vernaacuteculo
delineado de amizade e esmero
A Adriene Jacinto secretaria adjunta de sauacutede do municiacutepio de Joatildeo Pessoa por
acreditar em meu trabalho e por me apoiar no desenvolvimento deste estudo
A Kerle Dayana diretora do Distrito Sanitaacuterio IV do municiacutepio de Joatildeo Pessoa
pela solicitude e dedicaccedilatildeo que muito favoreceram o desenvolvimento desta
pesquisa
Aos profissionais da aacuterea da Sauacutede que atuam na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
participantes desta pesquisa por me terem ajudado nesta construccedilatildeo relatando
as suas vivecircncias singulares
Agrave minha famiacutelia Ciecircncias Meacutedicas sobretudo ao Curso de Enfermagem minha
casa de trabalho minha escola de aprender a ser uma pessoa comprometida com o
futuro da humanidade Obrigada a cada um de vocecircs que acompanharam lado a
lado estes momentos de aprendizagem A torcida de vocecircs pelo meu sucesso foi
importante e gratificante
Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem da Universidade Federal da
Paraiacuteba pelo aprendizado adquirido e convivecircncia saudaacutevel durante o periacuteodo
do curso capacitando-me para ser uma profissional melhor
Aos docentes do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem por toda a
atenccedilatildeo e orientaccedilotildees recebidas
Enfim a cada um de vocecircs e a tantos outros familiares e amigos que fazem parte
da minha vida e que em momentos distintos cada um a seu modo direta e
indiretamente ofereceram auxiacutelio para construccedilatildeo desta pesquisa
ldquoSoacute podemos realmente viver e apreciar a vida se nos
conscientizarmos de que somos finitos Aprendi tudo isso
com meus pacientes moribundos que no seu sofrimento e
morte concluiacuteram que temos apenas o agora portanto
goze-o plenamente e descubra o que o entusiasma porque
absolutamente ningueacutem pode fazecirc-lo por vocecircrdquo
Elizabeth Kuumlbler-Ross
RESUMO
COSTA I C P Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica depoimentos de profissionais da
Sauacutede 2011 120f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Centro de Ciecircncias da Sauacutede Universidade
Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
INTRODUCcedilAtildeO ndash Os Cuidados Paliativos satildeo considerados como uma filosofia do cuidar
cujo escopo eacute o de proporcionar aos pacientes sem possibilidades terapecircuticas de cura e seus
familiares uma melhor qualidade de vida sendo a sua aplicaccedilatildeo de suma importacircncia no
acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica OBJETIVOS ndash Este estudo tem os seguintes objetivos investigar
o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que concerne aos Cuidados Paliativos
e suas modalidades terapecircuticas identificar na visatildeo dos profissionais da ESF a constituiccedilatildeo
da equipe de Cuidados Paliativos para a Atenccedilatildeo Baacutesica verificar as possibilidades e
limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso
de profissionais da Sauacutede METODOLOGIA ndash Trata-se de uma pesquisa exploratoacuteria com
abordagem qualitativa O cenaacuterio da investigaccedilatildeo constituiu-se de unidades de sauacutede da
famiacutelia pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV localizadas no municiacutepio de Joatildeo Pessoa (PB)
Participaram do trabalho trinta profissionais da ESF sendo dez meacutedicos dez enfermeiros e
dez cirurgiotildees-dentistas Na coleta de dados utilizou-se um formulaacuterio contendo questotildees
pertinentes aos objetivos propostos para a pesquisa A coleta dos dados ocorreu entre julho e
setembro de 2011 ANAacuteLISE DOS DADOS ndash O material empiacuterico foi analisado mediante a
teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo a partir das seguintes fases preacute-anaacutelise exploraccedilatildeo do
material tratamento dos resultados Os dados obtidos por meio dos depoimentos dos
participantes da investigaccedilatildeo foram agrupados nas seguintes categorias temaacuteticas Cuidados
Paliativos ndash aspectos conceituais e modalidades terapecircuticas (com suas respectivas
subcategorias Cuidados Paliativos ndash promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem
possibilidades de cura modalidades terapecircuticas em cuidados paliativos) Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica ndash formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees
RESULTADOS Este estudo mostrou a partir da visatildeo dos profissionais evolvidos no estudo
a valoraccedilatildeo dos Cuidados Paliativos considerados como uma modalidade de cuidar que visa agrave
minimizaccedilatildeo do sofrimento do paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura e agrave de seus
familiares mediante uma assistecircncia pautada na humanizaccedilatildeo Por outro lado alguns dos
participantes do estudo apresentaram uma compreensatildeo incompatiacutevel com a literatura
pertinente aos Cuidados Paliativos Os resultados assinalaram tambeacutem que os meacutedicos
enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas acreditam na possibilidade de implementaccedilatildeo dessa
modalidade de cuidar na Atenccedilatildeo Baacutesica desde que sejam atendidas algumas necessidades
tais como capacitaccedilatildeo da equipe e desenvolvimento de uma poliacutetica nacional para os
cuidados paliativos CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS ndash Consideramos que este estudo abre novos
horizontes no campo da investigaccedilatildeo cientiacutefica na assistecircncia e no ensino acerca dos cuidados
paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Haja vista o quacircntico reduzido de estudos direcionados agrave
respectiva temaacutetica no acircmbito da literatura nacional Esperamos portanto que esta pesquisa
possa subsidiar novas investigaccedilotildees que contemplem a inter-relaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos
com a Atenccedilatildeo Baacutesica visto que se trata de uma praacutetica inovadora no referido campo
necessitando-se de uma maior disseminaccedilatildeo junto a gestores profissionais da Sauacutede em
particular os da ESF estudantes e pesquisadores da aacuterea
Palavras-chave Cuidados Paliativos Cuidados a Doentes Terminais Atenccedilatildeo Baacutesica
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Programa Sauacutede da Famiacutelia
ABSTRACT
COSTA ICP Palliative Care in Basic Attention testimonies of Health professionals 2011
120f Dissertation (masterrsquos degree) ndash Sciences Health Center Federal University of Paraiacuteba Joatildeo pessoa 2011
INTRODUCTION - Palliative care are considered as a care philosophy whose scope is to
provide to patients without therapeutic possibilities of cure and their families a better quality of
life being its application of great importance in the context of Primary Care OBJECTIVES ndash
This study has the following objectives to investigate the understanding of professionals working
in FHS in what concerns to Palliative Care and its therapeutics modalities to identify in the view
of professionals from FHS the constitution of Palliative care team for Basic Attention to verify
the possibilities and limitation of implementing Palliative Care in Basic Attention from the
discourse of Health professionals METHODOLOGY ndash Its about and exploratory research with
qualitative approach The scenario of investigation consisted of family care units belonging to
Sanitary District IV located in the city of Joatildeo Pessoa (PB) Participated in the work 30
professionals from FHS being ten doctors ten nurses and ten dental surgeons Data collection
occurred between July and September 2011 DATA ANALYSIS ndash empirical material was
analyzed through content analysis technique from the following phases pre-analysis material
exploration treatment of results Data obtained by means of testimonies of investigation
participants were grouped into the following thematic categories Palliative Care ndash conceptual
aspects and therapeutic modalities (with their respective subcategories Palliative Care ndash
promotion of life quality for patients without possibilities of cure therapeutic modalities in
palliative care) Palliative Care in Basic Attention ndash team formation possibilities and limitations
RESULTS This study showed from the vision of professionals involved in the study the
valuation of Palliative Care considered as a modality of care that aims to minimize the suffering
of the patient without therapeutic possibilities of cure and the one of their families through an
assistance guided in humanization On the other side some of the study participants had an
incompatible comprehension with the relevant literature to Palliative Care Results pointed out
that doctors nurses and dental surgeons believe in the possibility of implementing this modality
of care in basic Attention since some need are met such as team training and development of a
national policy for palliative care FINAL CONSIDERATIONS ndash We consider that this study
opens new horizons in the field of scientific production in assistance and in teaching on palliative
care in Basic attention In view of reduced quantum of studies directed to the respective thematic
in the context of national literature We hope therefore that this research can subsidize new
investigation exploring the interrelationship of Palliative Care with Basic Attention since it is an
innovative practice in the referred field necessitating a greater spread with managers professionals of Health in particular the ones from FHS students and researches from this area
Keywords Palliative Care Care for Terminally ill patients Basic Attention Primary
Attention for Health Family Health Program
RESUMEN
COSTA I C P Cuidados Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica testimonios de profesionales
de Salud 2011 120f Tesis (Maestriacutea) ndash Centro de Ciencias de la Salud Universidad Federal
da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
INTRODUCCIOacuteN ndash Los cuidados paliativos son considerados como una filosofiacutea del cuidar
cuyo objetivo es el de brindarles a los pacientes sin posibilidades terapeacuteuticas de cura y a los
familiares una mejor calidad de vida siendo a su aplicacioacuten de mucha importancia en el
aacutembito de la Atencioacuten Baacutesica OBJETIVOS ndash Este estudio tiene los siguientes objetivos
investigar el entendimiento de profesionales que actuacutean en ESF en lo que concierne a los
Cuidados Paliativos y sus modalidades terapeacuteuticas identificar en la visioacuten de los
profesionales de ESF la constitucioacuten del equipo de Cuidados Paliativos para la Atencioacuten
Baacutesica verificar las posibilidades y las limitaciones de implementacioacuten de Cuidados
Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica a partir del discurso de profesionales de Salud
METODOLOGIacuteA ndash Se trata de una investigacioacuten exploratoria con abordaje cualitativo El
escenario de investigacioacuten se constituyoacute de unidades de salud de la familia pertenecientes al
Distrito Sanitario IV ubicadas en la municipalidad de Joatildeo Pessoa (PB) Participaron del
estudio treinta profesionales de ESF siendo diez meacutedicos diez enfermeros y diez cirujanos
dentistas En la colecta de datos se utilizoacute una encuesta conteniendo cuestiones pertinentes a
los objetivos propuestos por la investigacioacuten La colecta de datos ocurrioacute entre julio y
septiembre de 2011 ANALISIS DE DATOS - El material empiacuterico fue analizado mediante
la teacutecnica de anaacutelisis de contenido a partir de las siguientes fases pre anaacutelisis exploracioacuten
del material tratamiento de resultados Los datos obtenidos por medio de los testimonios de
los participantes fueron agrupados en las siguientes categoriacuteas temaacuteticas Cuidados Paliativos
ndash aspectos conceptuales y modalidades terapeacuteuticas (con sus respectivas subcategorias
Cuidados Paliativos ndash promocioacuten de calidad de vida para pacientes sin posibilidades
terapeacuteuticas de cura) Cuidados Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica ndash formacioacuten de equipo
posibilidades y limitaciones RESULTADOS Este estudio mostroacute a partir de la visioacuten de
profesionales involucrados en el estudio la valoracioacuten de los Cuidados Paliativos
considerados una modalidad de cuidar que busca la minimizacioacuten del sufrimiento del paciente
sin posibilidad terapeacuteutica de cura y la de sus familiares mediante la asistencia basada en la
humanizacioacuten Por otro lado algunos de los participantes del estudio presentaron una
comprensioacuten incompatible con la literatura pertinente a los Cuidados Paliativos Los
resultados sentildealaron tambieacuten que los meacutedicos enfermeros y cirujanos dentistas creen en la
posibilidad de implementacioacuten de esa modalidad de cuidar en Atencioacuten Baacutesica desde sean
atendidas algunas necesidades tales como capacitacioacuten del equipo y desarrollo de una
poliacutetica nacional para los cuidados paliativos Consideraciones Finales ndash Consideramos que
este estudio abre nuevos horizontes en el campo de la investigacioacuten cientiacutefica en la asistencia
y en la ensentildeanza acerca de los cuidados paliativos en la Atencioacuten Baacutesica Haya visto el
cuaacutentico reducido de estudios hacia la respectiva temaacutetica en el aacutembito de la literatura
nacional Esperamos por lo tanto que esta investigacioacuten pueda subsidiar nuevas
investigaciones que abarquen la interrelacioacuten de los Cuidados Paliativos con la Atencioacuten
Baacutesica visto que se trata de una praacutectica innovadora en dicho campo necesitaacutendose una
mayor propagacioacuten junto a gestores profesionales de Salud en particular los de ESF
estudiantes e investigadores del aacuterea
Palabras Clave Cuidados Paliativos Cuidados a Enfermos Terminales Atencioacuten Baacutesica
Atencioacuten Primaria a la Salud Programa Salud de la Famiacutelia
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 Coeficiente de Mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em
2009 Comparativo entre Joatildeo Pessoa e Distritos Sanitaacuterios Joatildeo
Pessoa 201056
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Representaccedilatildeo geograacutefica da localizaccedilatildeo das USFs de Joatildeo Pessoa
(2010) Joatildeo Pessoa 201054
Figura 2 Mapa do territoacuterio do Distrito Sanitaacuterio IV (2010) Joatildeo Pessoa
201055
Figura 3 Rede de Equipes de Cuidados Paliativos nos Niacuteveis de Atenccedilatildeo agrave
Sauacutede World Health Organization 200788
SUMAacuteRIO
1 INTRODUZINDO A TEMAacuteTICA
16
11 O caminho percorrido 17
12 A problemaacutetica do estudo e os objetivos 19
2 CUIDADOS PALIATIVOS DISCURSO DA LITERATURA 23
3 CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA 40
4 TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA 52
5 APRESENTACcedilAtildeO DOS DADOS E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
61
51 Apresentaccedilatildeo dos participantes da pesquisa 62
52 Apresentaccedilatildeo do material empiacuterico do estudo 63
REFLEXOtildeES FINAIS 95
REFEREcircNCIAS
99
APEcircNDICES
APEcircNDICE A ndash Termo de consentimento livre e esclarecido
114
APEcircNDICE B ndash Instrumento de coleta de dados
116
ANEXO
ANEXO A ndash PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA EM PESQUISA 120
16
1 Introduzindo a Temaacutetica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
17
11 O CAMINHO PERCORRIDO
A motivaccedilatildeo para o desenvolvimento desta pesquisa emergiu a partir de dados que
apontavam a escassez da temaacutetica pertinente aos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
(encontrados por meio de busca em bases de dados previamente realizados) Estava aliada ao
desejo de desenvolver estrateacutegias para uma disseminaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar entre os
profissionais da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia (ESF) auxiliando-se dessa forma para a difusatildeo
de um cuidado realizado de forma holiacutestica e humaniacutestica ao paciente sem prognoacutestico de
cura
O interesse por assuntos referentes aos cuidados na terminalidade (processo final da
vida) foi em mim desperto enquanto atuava como fonoaudioacuteloga Este apreccedilo pela temaacutetica
reporta-se agrave minha experiecircncia profissional durante a qual pude atuar como fonoaudioacuteloga no
municiacutepio de Mamanguape (PB) onde trabalhava na Policliacutenica (referecircncia para todas as
unidades baacutesicas de sauacutede) realizando visitas domiciliares juntamente com os agentes
comunitaacuterios de sauacutede (ACS) com o objetivo de prevenir e reabilitar a populaccedilatildeo no que
concerne agraves patologias relacionadas com a linguagem com a voz e com a audiccedilatildeo
Como fonoaudioacuteloga comprometida com atenccedilatildeo agrave sauacutede de crianccedilas adolescentes
adultos e idosos atuando na Atenccedilatildeo Baacutesica aproximadamente haacute dois anos nesse municiacutepio
tive oportunidade de assistir durante as visitas domiciliares diversos pacientes na
terminalidade Durante tais visitas pude observar a escassez de recursos efetivamente
aplicaacuteveis agrave organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede necessaacuterios para atender as demandas deste
crescente contingente populacional e uma carecircncia de profissionais com competecircncia teacutecnica
em Cuidados Paliativos e com preparo emocional para lidar com pacientes que estatildeo em
processo de morte e com seus familiares
Nesse cargo pude vivenciar de perto o trabalho da Enfermagem motivando em mim
o desejo de estudar e tornar-me enfermeira por acreditar que o ser humano carece de
cuidados em todas as fases de sua vida do nascer ao morrer Sendo assim iniciei o curso de
graduaccedilatildeo em Enfermagem na Faculdade Santa Emiacutelia de Rodat (FASER) priorizando-se
plenamente esta nova profissatildeo Durante o curso pude observar a necessidade de uma atenccedilatildeo
mais humanizada ao paciente sem possibilidade terapecircutica de cura quando cursei a
disciplina Enfermagem em Oncologia Ressalte-se que nesta outra formaccedilatildeo profissional foi
dada grande ecircnfase ao tratamento e cura de doenccedilas sendo pouco problematizada a questatildeo
do cuidar do indiviacuteduo com patologias sem possibilidade de cura ou seja os Cuidados
Paliativos
18
Ainda na segunda graduaccedilatildeo realizei estaacutegio na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
constatando-se mais uma vez que a assistecircncia dos profissionais envolvidos na Atenccedilatildeo
Baacutesica estava voltada para um cuidar mais direcionado agrave aplicaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos
do que para as necessidades de pacientes em processo de terminalidade Haja vista que estes
precisam de um cuidado proacuteprio e direcionado para lhes proporcionar dignidade e aliacutevio do
seu sofrimento no fim da vida
Tais experiecircncias serviram para aumentar o meu interesse de compreender e por em
praacutetica um cuidar diferenciado questionando-me constantemente sobre a melhor forma de
cuidar de pacientes em processo de terminalidade para a melhoria da qualidade de vida de
pacientes em tal processo Este e outros questionamentos levaram-me a estudar os Cuidados
Paliativos com o propoacutesito de entendecirc-los de forma mais especiacutefica
Desenvolvi o meu trabalho de conclusatildeo de curso com o objetivo de caracterizar a
produccedilatildeo de conhecimento no acircmbito da poacutes-graduaccedilatildeo acerca da Enfermagem e Cuidados
Paliativos Em trabalho posterior (desta vez realizado durante a especializaccedilatildeo em Sauacutede da
Famiacutelia com ecircnfase na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia) pude identificar a produccedilatildeo cientiacutefica
acerca das modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos em perioacutedicos online no acircmbito
da Sauacutede
Em ambos os estudos foi possiacutevel averiguar a necessidade premente das instituiccedilotildees
formadoras em investir na capacitaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede em habilidades de Cuidados
Paliativos Em verdade entendo que apenas com o conhecimento e compreensatildeo de
Cuidados Paliativos (e suas modalidades terapecircuticas) e da experiecircncia ao longo da vida
pessoal e profissional eacute que os profissionais poderatildeo interagir diante de uma proposta de
oferecer uma melhor assistecircncia englobando as diferentes esferas de Cuidados Paliativos
Assim como integrante do Nuacutecleo de Estudos e Pesquisas em Bioeacutetica (NEPB) do
Centro de Ciecircncias da Sauacutede (CCS) da Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB) pude
expandir os meus conhecimentos no campo de Cuidados Paliativos por meio da construccedilatildeo
de artigos como ldquoCuidados paliativos e dor produccedilatildeo cientiacutefica em perioacutedicos online no
acircmbito da Sauacutederdquo ldquoModalidades terapecircuticas em cuidados paliativos intervenccedilotildees
bioloacutegicasrdquo ldquoCuidados paliativos no contexto hospitalar produccedilatildeo cientiacutefica no acircmbito da
poacutes-graduaccedilatildeo em Enfermagemrdquo ldquoCuidados paliativos no contexto hospitalar discursos de
enfermeirosrdquo ldquoCuidados paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica produccedilatildeo cientiacutefica de enfermagemrdquo
entre outros
Outra experiecircncia diz respeito ao curso de especializaccedilatildeo em Cuidados Paliativos agrave
Distacircncia o qual me tem proporcionado capacitaccedilatildeo para trabalhar na atenccedilatildeo e cuidados com
19
pacientes com enfermidades progressivas incapacitantes incuraacuteveis as quais evoluiratildeo para a
morte O referido curso tambeacutem desenvolve habilidades e atitudes que permitem uma
abordagem adequada do paciente e sua famiacutelia considerando-se os seus aspectos fiacutesicos
psicoloacutegicos sociais e espirituais
Compreendendo a importacircncia dos Cuidados Paliativos para um cuidado humanizado
para com o paciente sem possibilidade terapecircutica de cura e observando (por meio de estudos)
o despreparo da equipe da ESF para abordar tais cuidados desenvolvi o desejo de explorar e
aprofundar a compreensatildeo acerca desta temaacutetica
12 A PROBLEMAacuteTICA DO ESTUDO E OS OBJETIVOS
A literatura nacional eacute carente de estudos que abordam os Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica Apoacutes a produccedilatildeo dos artigos sobre a temaacutetica (jaacute mencionados) pude
observar tal escassez Os estudos em geral direcionam a abordagem deste tema para aspectos
como visatildeo da equipe de sauacutede da famiacutelia e de estudantes visatildeo e sentimentos de pacientes e
cuidadores eou familiares importacircncia da comunicaccedilatildeo e interdisciplinaridade para a
implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Essa investigaccedilatildeo me permitiu reconhecer que satildeo necessaacuterias novas pesquisas
acerca de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Teve a finalidade de ampliar as discussotildees
sobre essa temaacutetica e consequentemente favorecer a inserccedilatildeo desse conteuacutedo nos curriacuteculos
dos profissionais da Sauacutede e programar esses cuidados diferenciados nas redes assistenciais
de sauacutede particularmente na ESF Tudo isso amenizaraacute o sofrimento de muitos usuaacuterios com
patologias sem possibilidades terapecircuticas de cura e o de familiares envolvidos com o cuidado
destes usuaacuterios
Saliente-se que tais resultados estatildeo atrelados ao fato de esta praacutetica ser ainda
relativamente recente em acircmbito nacional Segundo Figueiredo (2003) as primeiras
iniciativas individuais de atendimento eou estruturaccedilatildeo de serviccedilos paliativistas datam da
deacutecada de 1990
Rodrigues Zago e Caliri (2005) chamam atenccedilatildeo para o fato de que o modelo de
Cuidados Paliativos no Brasil iniciou-se na deacutecada de 1980 quando foi instituiacutedo o primeiro
serviccedilo para aliacutevio da dor no Rio Grande Sul seguido por Satildeo Paulo e posteriormente Santa
Catarina No Rio de Janeiro em 1989 foi criado o serviccedilo de suporte terapecircutico oncoloacutegico
no Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) atendendo o paciente fora de possibilidades de cura
tanto no ambiente intra-hospitalar como no domiciliar
20
Cumpre assinalar que os Cuidados Paliativos como modalidade recente no Brasil satildeo
ainda desconhecidos de muitos profissionais e natildeo satildeo contemplados na elaboraccedilatildeo das
poliacuteticas puacuteblicas As mais das vezes satildeo revestidos de mitos por ser destinados aos pacientes
terminais Sendo assim esse tipo de atenccedilatildeo natildeo faz parte da organizaccedilatildeo formal do sistema
de sauacutede permanecendo praticamente no esquecimento (LAVOR 2006)
Em relaccedilatildeo ao aspecto legal a primeira referecircncia aos Cuidados Paliativos na
legislaccedilatildeo brasileira eacute encontrada na Portaria ndeg 2413 de 1998 do Ministeacuterio da Sauacutede
(BRASIL 1998a) a qual trata de cuidados prolongados e codifica os Cuidados Paliativos No
entanto ela estabelece que estes os cuidados paliativos soacute podem ser desenvolvidos em
unidades que estiverem credenciadas para alta complexidade em Oncologia Com a Portaria
nordm 3535 de 1998 do Ministeacuterio da Sauacutede os Cuidados Paliativos passam a ser considerados
uma exigecircncia para o cadastramento de centros de alta complexidade em oncologia
(CACONs) (BRASIL 1998b) O Ministeacuterio da Sauacutede cria em 2002 o Programa Nacional de
Assistecircncia agrave Dor e Cuidados Paliativos por meio da Portaria nordm 19 (BRASIL 2002) a qual
passa a dar maior visibilidade aos Cuidados Paliativos
Embora muitas accedilotildees ainda careccedilam de ser implantadas no amplo territoacuterio nacional
para garantir a provisatildeo igualitaacuteria aos Cuidados Paliativos o referido Programa atingiu
grande feito na atenccedilatildeo a um dos principais problemas (a dor) dos pacientes que vivenciam a
terminalidade de modo que otimizou o acesso dos doentes aos opioides
Ainda em 2002 por meio da Portaria GMMS nordm 1319 o Programa estabeleceu a
padronizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo gratuita pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) de codeiacutena morfina
e metadona pelos Centros de Referecircncia em Tratamento de Dor Crocircnica
Sob esse prisma eacute inegaacutevel a possibilidade da inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica sobretudo na Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia e natildeo apenas em centros de alta
complexidade como consta nas portarias ministeriais que regulamentam os Cuidados
Paliativos aumentando a sua oferta garantindo um maior acesso dos pacientes a esse tipo de
assistecircncia
Nesse contexto Floriani e Schramm (2007) trazem agrave tona a reflexatildeo sobre o papel da
equipe da ESF na Atenccedilatildeo Baacutesica em relaccedilatildeo aos Cuidados Paliativos ressaltando que essa
forma de cuidar poderaacute contribuir para o aprimoramento e difusatildeo da assistecircncia de cuidados
no fim da vida Afirmam tambeacutem que tal incorporaccedilatildeo possa ajudar a diminuir o abandono e
o sofrimento de pacientes e de suas famiacutelias
A respeito disso Lavor (2006) acrescenta que mesmo na fase terminal de uma
doenccedila a qualidade de vida do paciente pode ser mantida em niacuteveis satisfatoacuterios utilizando-
21
se adequadamente as teacutecnicas terapecircuticas da paliaccedilatildeo Esses cuidados satildeo de baixa
complexidade natildeo exigem tecnologia avanccedilada sugerindo portanto serem passiacuteveis de se
oferecer no niacutevel primaacuterio de sauacutede especialmente por equipes da ESF
Doutra parte a operacionalizaccedilatildeo da ESF se daacute mediante a implantaccedilatildeo de equipes
interdisciplinares Tal recurso eacute essencial para a praacutetica de Cuidados Paliativos Haja vista que
cuidar de pessoas que estatildeo vivenciando o processo de terminalidade de uma doenccedila requer a
intervenccedilatildeo de profissionais cujas competecircncias supram as necessidades das dimensotildees
fiacutesicas psicoloacutegicas sociais e espirituais que estatildeo alteradas em tal fase tanto de pacientes
como de seus familiares
Rodrigues (2004) adverte que um uacutenico profissional natildeo possui todo o corpo de
conhecimento e competecircncias exigidas para dar suporte aos pacientes e familiares fazendo-se
necessaacuteria a formaccedilatildeo de equipe de trabalho para a implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos
Para tanto eacute imperiosa a realizaccedilatildeo de treinamento de uma equipe devendo esta
oferecer seguranccedila aos doentes e familiares individualizar as queixas procurar responder a
todas as perguntas aliviar seu sofrimento fiacutesico e escutar principalmente o paciente Essa
aquisiccedilatildeo de atitudes e habilidades seraacute fundamental para que a assistecircncia seja efetiva e bem-
sucedida (MELO CAPONERO 2009)
Consequentemente eacute imprescindiacutevel o desvelamento do significado de cuidados
paliativos por parte de profissionais da Sauacutede que compotildeem a ESF e o debate acerca dos
referidos cuidados Haja vista que esses profissionais ainda estatildeo em plena construccedilatildeo da
compreensatildeo dessa modalidade de cuidar Aleacutem disso apesar da relevacircncia da referida
temaacutetica na literatura nacional o quantitativo de estudos direcionados agrave praacutetica de Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica (conforme foi comentado no iniacutecio desta introduccedilatildeo) ainda eacute
escasso o que me instigou a desenvolver um estudo que contemplasse esta temaacutetica desta
vez em um curso de mestrado
Conforme o exposto considero a pesquisa relevante por entender que o emprego de
Cuidados Paliativos eacute fundamental e que estes sejam pensados e estruturados dentro de um
modelo que priorize a proteccedilatildeo aos pacientes com doenccedilas avanccediladas e terminais tanto do
ponto de vista moral como operacional Desse modo ao reportar-se para uma nova
perspectiva de cuidar no campo da investigaccedilatildeo cientiacutefica este estudo poderaacute contribuir para
uma assistecircncia holiacutestica no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica pautada pelo respeito agrave dignidade do
paciente na terminalidade de forma que melhore a qualidade de vida ou minore seu
sofrimento promovendo dessa forma uma assistecircncia mais humanizada
22
Diante destas consideraccedilotildees ressalto o meu interesse em desenvolver este estudo
tendo como fio condutor os seguintes questionamentos Qual o entendimento de profissionais
que atuam na ESF no que concerne aos Cuidados Paliativos e suas modalidades terapecircuticas
Quais os profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de cuidados paliativos na Atenccedilatildeo
Baacutesica Quais as possibilidades e limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso de profissionais de sauacutede
Tendo em vista a problemaacutetica e para responder a tais questionamentos o estudo
apresentou os seguintes objetivos
Investigar o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que tange aos
Cuidados Paliativos e suas modalidades terapecircuticas
Identificar na visatildeo dos profissionais da ESF a constituiccedilatildeo da equipe de Cuidados
Paliativos para a Atenccedilatildeo Baacutesica
Verificar as possibilidades e limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso de profissionais da Sauacutede
23
2 Cuidados paliativos
Discurso da Literatura
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
24
O presente capiacutetulo aborda um breve percurso que vai desde a sua origem com o
movimento hospice ateacute aos dias atuais Na sequecircncia estudamos os aspectos histoacutericos e
conceituais dessa modalidade de cuidar ao longo da Histoacuteria enfatizando a situaccedilatildeo atual de
tais cuidados no cenaacuterio brasileiro e internacional destacando ainda a importacircncia da
implementaccedilatildeo destes cuidados na Atenccedilatildeo Baacutesica
A praacutetica dos Cuidados Paliativos resultou do movimento hospice moderno Este
termo pertence agrave liacutengua francesa que segundo Pessini (2006) data do seacuteculo IV d C com a
matrona romana chamada Fabiacuteola que colocou sua casa agrave disposiccedilatildeo dos necessitados
praticando a caridade cristatilde ao oferecer-lhes alimentos vestimentas e acolhendo os
estrangeiros aleacutem de visitar os enfermos e prisioneiros dando origem ao movimento hospice
O vocaacutebulo hospice segundo Santos (2011) proveacutem do latim hospes que significa
estranho ou estrangeiro O autor assinala que este termo posteriormente adquiriu outra
conotaccedilatildeo hospitalis expressando uma atitude de boas-vindas ao estranho Em alematildeo
HospizHospizium apresenta trecircs significados o primeiro refere-se agrave casa junto ao mosteiro
no qual os peregrinos podiam pernoitar o segundo a hospedaria hotel ou pensatildeo dirigido
com espiacuterito cristatildeo e o terceiro a um lugar para cuidar de moribundos Na liacutengua francesa a
palavra hospice tambeacutem proporciona trecircs conotaccedilotildees asilo abrigo para velhos e moribundos
e casa onde religiosos abrigam os peregrinos Quanto agrave liacutengua portuguesa o termo foi
incorporado como hospiacutecio cujo significado eacute lugar para tratar pessoas com doenccedilas mentais
Manteve-se a palavra no inglecircs hospice com o sentido atual nos paiacuteses anglo-saxocircnicos e
paiacuteses desenvolvidos de cultura latina para assinalar o local que acolhe e cuida de pessoas
com doenccedilas incuraacuteveis e avanccediladas que iratildeo a oacutebito em meses ou anos
Pessini (2006) menciona que a palavra hospice eacute o nome de um lugar onde os
doentes terminais satildeo atendidos com um cuidado que evoluiu para uma experiecircncia natural
mais focada no paciente onde sua filosofia tem como escopo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees
precisas a respeito de sua condiccedilatildeo cliacutenica desenvolvimento de sua doenccedila e os locais
apropriados para a sua morte
Eacute importante destacar no contexto da temaacutetica de Cuidados Paliativos a distinccedilatildeo
entre os vocaacutebulos hospital e hospice Essa diferenciaccedilatildeo eacute assinalada por Santos (2011) que
menciona hospital como termo voltado para designar o local de cuidado de pessoas
temporariamente doentes e com perspectivas de cura enquanto se estabeleceu para hospice o
significado de residecircncia fixa para aqueles considerados pobres enfermos deficientes
insanos e com doenccedilas incuraacuteveis
25
Maccoughlan (2006) ressalva a sua concepccedilatildeo quanto ao entendimento do termo
hospice assinalando como o local que presta o cuidado ao paciente com uma doenccedila
avanccedilada ateacute a fase final de sua vida Este local seja um ambiente hospitalar ou domiciliar eacute
embasado no binocircmio paciente-famiacutelia
No seacuteculo VI conforme ressalta Rodrigues (2004) os beneditinos acolhiam e
cuidavam de monges e peregrinos exaustos Salienta-se que de forma gradativa foram
acolhendo da mesma forma os doentes Assim sendo nessa eacutepoca o hospice era um lugar
onde os viajantes ou peregrinos podiam descansar sendo posteriormente relacionado com os
hospitais mosteiros e asilos
No que tange ao vocaacutebulo paliativo de acordo com Santos (2011) este se deriva do
latim pallium que significa manto impregnado de uma simbologia e de um significado natildeo
sendo portanto considerado um manto qualquer Aleacutem disso o latim pallium ou pallia e o
omoforium satildeo vestimentas usadas pelo Papa e pelo bispo respectivamente podendo observar
a profunda ligaccedilatildeo desses termos histoacutericos com o sagrado e com a espiritualidade Na liacutengua
portuguesa o termo paliativo conforme menciona o autor supracitado obteve um significado
de menor importacircncia sugerindo uma soluccedilatildeo temporaacuteria e sem consistecircncia adquirindo um
conceito amplo de remediar e natildeo resolver
Na Idade Antiga Santos (2011) assinala que a maior parte da populaccedilatildeo natildeo
apresentava qualquer acesso a tratamento ou cuidados profissionais sendo os doentes
cuidados pelos proacuteprios familiares apresentando portanto a sua morte em casa
Koening McCullough e Larson (2001) informam que os atendimentos das primeiras
comunidades cristatildes durante os trecircs primeiros seacuteculos de nossa era foram marcados pela
busca incessante em curar o doente seguindo o mandamento de Jesus Cristo curar os
enfermos ressuscitar os mortos limpar os leprosos e expelir os democircnios
Dessa forma considera-se que a terapia do cuidado prestado aos enfermos foi a
maior contribuiccedilatildeo do cristianismo agrave aacuterea da Sauacutede Santos (2011) salienta que naquela
eacutepoca os pagatildeos natildeo cuidavam de seus doentes de forma organizada ou em larga escala
enquanto os judeus ofereciam cuidados apenas aos seus pares e a Igreja cristatilde oferecia esses
cuidados natildeo somente aos cristatildeos mas tambeacutem aos natildeo cristatildeos Portanto tratava-se de uma
espeacutecie de sistema universal de sauacutede no qual natildeo se observava distinccedilatildeo alguma no
atendimento e cuidados sendo estes ofertados de forma gratuita
Koening McCullough e Larson (2001) asseguram que a criaccedilatildeo do primeiro grande
hospital na Aacutesia Menor por volta do ano 370 dC ocorreu em virtude da insistecircncia de
Basiacutelio bispo de Cesareia Santos (2011) acrescenta que este hospital foi o primeiro
26
especializado em Cuidados Paliativos visto que era destinado para o cuidado de idosos quase
todos com doenccedilas avanccediladas e de leprosos atualmente doentes de hanseniacutease cuja doenccedila
naquela eacutepoca natildeo apresentava cura e invariavelmente levava agrave morte gerando grande
sofrimento fiacutesico e espiritual
Cumpre salientar que este modelo leprosaacuterio da Idade Meacutedia proporcionou aos
hospices um desenvolvimento para a oferta de abrigos cuidados de sauacutede e do morrer e
alimentos para essas populaccedilotildees Saunders (2004) relata em seu prefaacutecio agrave terceira ediccedilatildeo de
Oxford Textbook of Palliative Medicine que durante esse periacuteodo as instituiccedilotildees
responsaacuteveis de manter os hospices seguiam agrave risca um dos mandamentos de Jesus Cristo no
que tange agrave necessidade de fazer o bem a um irmatildeo mesmo o mais pequenino
Com base nos apontamentos supracitados eacute visiacutevel observar que durante quase dois
mil anos os hospices foram mantidos por instituiccedilotildees religiosas desvelando a relaccedilatildeo natural
e intriacutenseca entre a filosofia hospice do cuidar e a espiritualidade cristatilde
Diante desse contexto pode-se afirmar que o iniacutecio da filosofia hospice deriva de
sua direta filiaccedilatildeo identitaacuteria agrave filosofia espiritual do cristianismo Essa ligaccedilatildeo histoacuterica e
indissociaacutevel entre a filosofia hospice com a espiritualidade se revelaraacute e se fortaleceraacute
tambeacutem nas outras grandes religiotildees como o Budismo e o Islamismo (SANTOS 2011)
No que diz respeito agrave histoacuteria moderna do hospice Saunders (2004) informa que esta
filosofia de cuidar foi empregada inicialmente na cidade de Lyon (Franccedila) em 1842 por
Madame Jeanne Garnier com o escopo de cuidar de moribundos Essa histoacuteria conforme
aborda Twycross (2000) tambeacutem foi marcada pela fundaccedilatildeo do hospice Saint Lukeacutes pelo
meacutedico Howard Barret na Inglaterra em 1893 sendo esse considerado o mais similar aos
hospices modernos
Um dos grandes movimentos visando agrave abordagem do cuidado integral e natildeo
fragmentado indo aleacutem do ser doente e cura incessante eacute implementado na deacutecada de 1960
no Reino Unido com o iniacutecio do desenvolvimento dos Cuidados Paliativos tambeacutem
considerado o movimento hospice moderno (RODRIGUES 2004)
A transformaccedilatildeo observada nos hospices tal como hoje eacute apreciada se deve agrave
iniciativa de Cicely Mary Strode Saunders enfermeira assistente social e meacutedica De acordo
com Santos (2011) ela eacute considerada a pioneira do debate moderno sobre a morte e o morrer
e dos cuidados com os pacientes moribundos proporcionando a formulaccedilatildeo de diversos
conceitos acerca dos Cuidados Paliativos tendo a minuacutecia de sempre atrelar a esses cuidados
a espiritualidade embasada no compromisso com a figura de Cristo
27
Cicely Saunders nasceu em 1918 no norte de Londres Barnet Pertencia a uma
famiacutelia de classe meacutedia que gozava de um variado leque de confortos vivendo em Hadley
Green entre jardins e quadras de tecircnis Apoacutes estudar em coleacutegio interno apresentou o desejo
de cursar Enfermagem ideia esta rejeitada pelos pais Em 1938 mudou-se para Oxford com
o escopo de cursar Poliacutetica Filosofia e Economia Quanto era estudante passou por uma
conversatildeo religiosa que a levou a desobedecer aos conselhos de seus pais inscrevendo-se na
Escola de Treinamento Nightingale do Hspital St Thomas em Londres na qual se graduou
em Enfermagem (SANTOS 2011 RODRIGUES 2004) Boulay (1996) acrescenta que nesse
periacuteodo Saunders tornou-se uma pessoa cristatilde sentindo-se motivada para trabalhar com
pessoas que vivenciavam o processo de finitude
Santos (2011) afirma que outro fator motivador foi Saunders ter-se envolvido
afetivamente no cuidado com um paciente chamado David Tasma em 1947 em um hospital-
escola de Londres Boulay (1996) salienta que este paciente era judeu refugiado polonecircs
portador de doenccedila avanccedilada e incuraacutevel e que se encontrava proacuteximo agrave morte Cumpre
assinalar que este homem foi considerado o agente transformador do pensamento e da
experiecircncia de Cicely no sentido de estimulaacute-la a criar lugares parecidos como residecircncias
que possibilitassem agraves pessoas um tranquilo final de vida aliviando-lhes a dor e tratando-as
como pessoas e natildeo apenas como pacientes
Clark e Centeno (2006) assinalam que em 25 de fevereiro de 1948 ocorre o
falecimento de David Tasma deixando este um presente de quinhentas libras para Saunders
A referida perda a fez despertar em seu acircmago o desejo contiacutenuo de aprender mais acerca dos
cuidados direcionados agravequeles que apresentam doenccedilas avanccediladas e incuraacuteveis Este desejo
pode ser observado no fato de Cicely iniciar o seu trabalho voluntaacuterio durante sete anos no
Saint Lukeacutes Hospital local este destinado a atender moribundos
Com o desenvolvimento desse trabalho Saunders sentiu a necessidade de estudar
medicina com o propoacutesito de intensificar sua colaboraccedilatildeo em favor dos pacientes dando
iniacutecio agrave faculdade em 1952 Rodrigues (2004) menciona que em 1959 ao concluir o curso
obteve uma bolsa de estudo para desenvolver uma pesquisa no Saint Maryacutes Hospital acerca
do tratamento da dor em pacientes incuraacuteveis Concomitantemente foi designada meacutedica no
Saint Josephacutes Hospice onde pocircde prestar uma assistecircncia diferenciada levando-a perceber a
forma com que a pessoa moribunda poderia ser cuidada auxiliando-a dessa forma para o
desenvolvimento de suas proacuteprias ideias cliacutenicas
Eacute imprescindiacutevel assinalar conforme defende Santos (2011) que foi nesta instituiccedilatildeo
hospitalar que Cicely desenvolveu uma estrateacutegia moderna para os cuidados hospice
28
utilizando para tanto um trabalho marcado por solicitude e fundamentado nos cuidados
religiosos e seculares
Natildeo obstante Cicely foi considerada a primeira meacutedica do Saint Josephrsquos Hospice a
dedicar-se em tempo integral obtendo a oportunidade de escutar as queixas e necessidades de
pacientes podendo analisar mais de mil pacientes e trataacute-los adequadamente com terapecircuticas
farmacoloacutegicas medicando o paciente regularmente de quatro em quatro horas com
analgeacutesicos fortes como os opioides aleacutem de oferecer apoio psicossocial e espiritual
(PESSINI 2001) Boulay (1996) considera que este momento foi considerado crucial para o
marco pioneiro e definitivo do movimento moderno dos Cuidados Paliativos
Boulay (1996) traz agrave tona a grande contribuiccedilatildeo de Saunders no que diz respeito ao
manuseio de drogas para o sucesso de tratamento das queixas comuns dos pacientes com
doenccedila terminal relativas a naacuteusea vocircmito obstipaccedilatildeo intestinal depressatildeo dispneia entre
outras Aleacutem disso enfatiza a contribuiccedilatildeo para o conceito de ldquodor totalrdquo considerando que a
dor fiacutesica natildeo ocorre de forma isolada mas atrelada agrave dor psicoloacutegica espiritual e social
Embasada e fortalecida nessas experiecircncias Saunders reforccedilou o seu desejo de
construir um hospice moderno para atender agraves necessidades dos pacientes em fase terminal
Apesar da sua vontade e qualificaccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica precisava de recursos financeiros o
que a fez ir agrave busca de colaboradores que lhe pudessem fornecer empreacutestimos e donativos
para a construccedilatildeo do tatildeo almejado sonho (RODRIGUES 2004)
A inauguraccedilatildeo desse hospice ocorreu em 1967 sendo designado como St
Christopherrsquos Hospice localizado no sul de Londres Boulay (1996) esclarece que a escolha
desse nome foi uma homenagem realizada por Saunders e seus colaboradores a Saint
Christopher (Satildeo Cristoacutevatildeo) protetor dos viajantes servindo como lembrete de que a morte eacute
passageira ou seja eacute apenas uma parte da jornada
Segundo Santos (2011) este hospice foi desenvolvido com o intuito de preencher a
lacuna existente na pesquisa e no ensino relacionados com os cuidados dos pacientes
terminais eou com doenccedilas crocircnicas e incuraacuteveis estendendo-se tambeacutem a seus familiares
Portanto o St Christopherrsquos Hospice objetivava criar uma atmosfera onde qualquer indiviacuteduo
pudesse ser ajudado a encontrar o seu proacuteprio significado e a maneira de lidar com as
situaccedilotildees pessoais
Rodrigues (2004) assinala que no periacuteodo de 1948 ateacute 1967 Saunders preparou-se
para receber e atender neste hospice os pacientes em fase terminal com o escopo de promover
o aliacutevio do sofrimento e a dignidade na morte
29
Cicely conseguiu comprovar que eacute possiacutevel promover a qualidade no final de vida e
a dignidade na morte Para tanto ela agregou agrave sua formaccedilatildeo multidisciplinar o embasamento
cientiacutefico de suas accedilotildees a sensibilidade ao sofrimento do proacuteximo e a fidelidade a um ideal
Dessa forma com o objetivo de promover o cuidado holiacutestico envolto em um ambiente
afaacutevel e acolhedor congregou o conhecimento e a abordagem interdisciplinar
Essa visatildeo holiacutestica de Saunders desencadeou segundo Pessini (2006) uma
discussatildeo acerca da importacircncia da assistecircncia aos pacientes terminais fora da Inglaterra
surgindo dessa forma um movimento que buscava um tratamento adequado e humanizado dos
pacientes que ateacute entatildeo estavam excluiacutedos do sistema de sauacutede em virtude de este valorizar o
investimento em terapias curativas vinculadas agrave alta tecnologia
De acordo com Rodrigues (2004) a partir desse momento diversos profissionais e
equipes de trabalho procedentes de vaacuterios paiacuteses passaram por treinamentos no St
Christopherrsquos Hospice tornando-se um centro de excelecircncia e referecircncia mundial no ensino
pesquisa e assistecircncia em Cuidados Paliativos
Atualmente o St Christopherrsquos Hospice funciona como uma instituiccedilatildeo de caridade
oferecendo serviccedilos aos pacientes e seus familiares de forma gratuita Dispotildee dos seguintes
serviccedilos home care enfermaria hospital-dia ambulatoacuterio biblioteca jardins centro de artes
e criatividade apoio aos enlutados profissionais da aacuterea da Sauacutede psicoacutelogos assistente
social e capelatildeo considerados nucleares aleacutem de outros serviccedilos (SANTOS 2011)
A iniciativa de Cicely foi de suma importacircncia Haja vista que favoreceu o
surgimento de outros hospices independentes revolucionando portanto a concepccedilatildeo de
Cuidados Paliativos e a disseminaccedilatildeo pelo mundo de uma filosofia sobre o cuidar pautada
tanto no controle efetivo da dor e de outros sintomas (presentes agrave fase avanccedilada das doenccedilas)
como no cuidado com as dimensotildees psicoloacutegicas sociais e espirituais dos pacientes e suas
famiacutelias com atividades de assistecircncia ensino e pesquisa (FRANCcedilA 2011)
Simultaneamente ao trabalho de Saunders a meacutedica psiquiatra suiacuteccedila Elizabeth
Kuumlbler Ross realizava seu trabalho nos Estados Unidos entrevistando pacientes com doenccedilas
avanccediladas e diante da morte Este estudo foi considerado o primeiro na histoacuteria de ciecircncia
ocidental a alvitrar uma teoria baseada em fatos empiacutericos que descrevia os estaacutegios
psicoloacutegicos dos moribundos de acordo com a percepccedilatildeo de Elizabeth Kuumlbler Ross
(SANTOS 2011)
Em virtude deste minucioso trabalho pelo qual foi possiacutevel identificar as fases de
negaccedilatildeo raiva barganha depressatildeo e aceitaccedilatildeo comuns nos pacientes em fase terminal foi
possiacutevel desenvolver e publicar uma obra em 1969 intitulada ldquoSobre a morte e o morrerrdquo
30
(ABU-SAAD COURTENS 2001) Santos (2011) afirma que este estudo foi considerado o
primeiro na histoacuteria de ciecircncia ocidental a alvitrar uma teoria baseada em fatos empiacutericos que
descrevia os estaacutegios psicoloacutegicos dos moribundos de acordo com a percepccedilatildeo de Elizabeth
Kuumlbler Ross Cumpre salientar que o impacto do seu trabalho no ambiente leigo e
profissional dos Estados Unidos foi crucial para a aceitaccedilatildeo do conceito de hospice proposto
por Cicely Saunders Esta publicaccedilatildeo possibilitou novas discussotildees acerca do processo
morte-morrer anteriormente evitados pela sociedade passando a ser aceito dessa forma pela
comunidade meacutedica e cientiacutefica mundial
Santos (2011) assinala que da mesma forma que Cicely Elisabeth colocou as
questotildees da morte do morrer e da espiritualidade como nuacutecleos centrais dos Cuidados
Paliativos e quem durante quarenta anos esta meacutedica trabalhou arduamente no ensino
pesquisa e assistecircncia na aacuterea de cuidados paliativos deixando um grande legado cientiacutefico na
referida aacuterea
Outra contribuiccedilatildeo importante de Elisabeth segundo o autor supracitado foi o
avanccedilo nas pesquisas acerca de experiecircncias quase morte (EQM) e sobrevivecircncia de
personalidade apoacutes a morte Ela descobriu ser possiacutevel investigar e obter evidecircncias empiacutericas
da sobrevivecircncia poacutes-morte Mesmo com a certeza na vida apoacutes morte ela acreditava ser
necessaacuterio oferecer o maacuteximo de cuidado amor e aliacutevio no sofrimento fiacutesico e espiritual aos
pacientes que enfrentaram a morte
Diante de tais apontamentos eacute possiacutevel compreender que o trabalho de Kluumlber Ross
influenciou a implementaccedilatildeo do ensino formal do cuidado na fase final da vida nos curriacuteculos
de Medicina fortalecendo dessa forma a filosofia hospice (BILLINGS BLOCK 1997)
Twycross (2000) reconhece que apesar da existecircncia dos hospices os Cuidados
Paliativos foram incorporados aos hospitais em 1970 sendo formadas equipes
interdisciplinares para acolher os pacientes terminais Dentre estas equipes Dunlop e Hockley
(1998) destacam a pioneira que foi formada em 1976 no Saint Thomarsquos em Londres que
teve como base o modelo hospitalar do Saint Lukersquos Hospital Daiacute em diante houve um
avanccedilo no chamado movimento hospice moderno para diferentes paiacuteses da Europa e para os
Estados Unidos (EUA) e Austraacutelia Nesta nova proposta o hospice passou a ser um local que
combinava a especificidade de um hospital a hospitalidade de uma casa de repouso e o calor
humano familiar
Nos Estados Unidos o termo hospice tornou-se conceito de cuidado em vez de local
de cuidado Gradualmente o termo cuidado paliativo foi trazido ao dicionaacuterio como sinocircnimo
de cuidado de hospice (ABU-SAAD COURTENS 2001)
31
Rodrigues (2004) assevera que os Estados Unidos agrave semelhanccedila da Europa tambeacutem
constituiacuteram um sistema de sauacutede focado na cura e na reabilitaccedilatildeo das doenccedilas com o
objetivo de restituir os aspectos bioloacutegicos da doenccedila tanto na Enfermagem como na
Medicina os resultados da pesquisa partiam da objetividade dos dados
Diante deste cenaacuterio Pessini (2006) afirma que o movimento foi crescendo e em
1985 foi fundada a Associaccedilatildeo de Medicina Paliativa da Gratilde-Bretanha e da Irlanda sendo o
Reino Unido o primeiro paiacutes a reconhecer a Medicina Paliativa como uma especialidade
meacutedica que trata de pacientes com doenccedilas degenerativas ativas e progressivas tais como o
cacircncer e a AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome ou Siacutendrome de Imunodeficiecircncia
Adquirida ndash SIDA) onde o foco dos Cuidados Paliativos eacute a qualidade de vida do paciente
quando este natildeo tem possibilidades de cura
O autor acrescenta que na Franccedila essa modalidade de cuidar foi implementada na
deacutecada de 1980 dedicada inicialmente aos idosos e posteriormente ampliada para os
pacientes terminais Abu-Saad e Courtens (2001) ressaltam que na deacutecada de 1990 houve o
desenvolvimento de programas de Cuidados Paliativos na Austraacutelia Aacutesia Japatildeo Coreacuteia do
Sul Taiwan China e Aacutefrica do Sul
Natildeo obstante com a ampliaccedilatildeo de tais cuidados em outros paiacuteses o seu modelo teve
que se adequar agraves necessidades pertinentes agrave sauacutede da populaccedilatildeo e ser desenvolvido de acordo
com as reais situaccedilotildees dos recursos locais disponiacuteveis Twycross (2000) aponta o modelo
britacircnico como exemplo para o Canadaacute Austraacutelia e Nova Zelacircndia (estes fazem parte do
sistema de sauacutede oficial) todavia acrescenta que o modelo americano que contempla o
atendimento domiciliar e o modelo polonecircs que possui um sistema de voluntariado
constituiacutedo por meacutedicos e enfermeiros satildeo padrotildees de modelo de outros paiacuteses
De acordo com Rodrigues (2004) a Ameacuterica do Sul iniciou suas experiecircncias sobre
Cuidados Paliativos em meados da deacutecada de 1980 em Buenos Aires e Bogotaacute No Brasil a
histoacuteria de Cuidados Paliativos eacute relativamente recente tendo-se iniciado na deacutecada de 1980
Nesta fase os brasileiros ainda viviam o final de um regime de ditadura cujo sistema de
sauacutede priorizava a modalidade hospitalocecircntrica essencialmente curativa
Rodrigues (2004) afirma que nessa eacutepoca o ensino da Enfermagem e o da Medicina
estavam voltados exclusivamente para os aspectos bioloacutegicos ou seja centrados na doenccedila
preconizando uma assistecircncia fragmentada de diversos profissionais para um mesmo paciente
sendo o trabalho predominantemente individual o que gerava anguacutestia nos pacientes ficando
estes desprovidos de informaccedilotildees corretas sobre sua patologia e o seu futuro aleacutem de se
32
encontrarem sozinhos em um leito separado por um biombo sem a companhia de um ente
querido
Por outro lado houve um pequeno avanccedilo no campo de investigaccedilatildeo cientiacutefica com
publicaccedilotildees relacionadas com a morte com o morrer e com o paciente terminal Rodrigues
(2004) destaca dentre os pesquisadores da aacuterea da Sauacutede Boemer representante da
Enfermagem e Assumpccedilatildeo representante da Medicina Por meio de seus estudos
estimularam outros profissionais da eacutepoca a refletirem na forma da assistecircncia implementada
ao paciente terminal O mesmo autor ressalta que para ser possiacutevel adequar a filosofia
hospice agrave realidade do Brasil foi preciso ir uma equipe formada por meacutedicos psicoacutelogos e
teoacutelogos a paiacuteses da Europa como a Inglaterra e a paiacuteses da Ameacuterica do Norte como o
Canadaacute para que pudessem conhecer de perto o trabalho desenvolvido por eles acerca dos
Cuidados Paliativos e assim disseminar o conhecimento de tais cuidados no Brasil de
maneira mais precisa e mais pontual Aleacutem disso destaca vaacuterios outros fatores que
dificultaram a disseminaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no Brasil como o tamanho do
continente brasileiro as diferenccedilas socieconocircmicas entre os Estados a diferenccedila de acesso ao
sistema de sauacutede a formaccedilatildeo cartesiana dos profissionais da Sauacutede Tudo isso levou-os a
resistir em aderir ao paradigma de cuidar quando natildeo haacute mais cura entre outros
Figueiredo (2006) reconhece que o primeiro serviccedilo de Cuidados Paliativos no
Brasil foi instituiacutedo pela Dra Miriam Martelete do Departamento de Anestesiologia do
Hospital das Cliacutenicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1983 Em 1986 na
Santa Casa de Misericoacuterdia de Satildeo Paulo surgiu o Serviccedilo de Dor e Cuidados Paliativos Em
1989 surgiram o Centro de Estudos e Pesquisas Oncoloacutegicas (CEPON) em Florianoacutepolis e o
Grupo Especial de Suporte Terapecircutico Oncoloacutegico (GESTO) no Instituto Nacional do
Cacircncer (INCA) no Rio de Janeiro
Teixeira et al (1993) salientam que a GESTO apesar de natildeo ter em sua origem o
serviccedilo de Cuidados Paliativos jaacute apresentava na eacutepoca caracteriacutesticas da filosofia hospice
como o oferecimento de qualidade ao paciente trabalho multidisciplinar atendimento
domiciliar e envolvimento da famiacutelia no processo da assistecircncia
Com a finalidade de atender pacientes com AIDS em fase avanccedilada eou terminal e
pacientes com dor crocircnica e difiacutecil controle Guerra (2001) informa que foi formada uma
equipe multiprofissional de Cuidados Paliativos no Instituto de Infectologia Emiacutelio Ribas
pertencente ao hospital da Secretaria de Estado de Sauacutede de Satildeo Paulo em 1999
Em 1997 com o escopo de congregar os profissionais atuantes em Cuidados
Paliativos e consolidar essa aacuterea do cuidado no sistema de sauacutede brasileiro foi fundada a
33
Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP) na cidade de Satildeo Paulo Caponero
(2002) afirma que a ABCP conta com a participaccedilatildeo de meacutedicos enfermeiros psicoacutelogos
assistentes sociais fisioterapeutas religiosos e nutricionistas
Mello e Caponero (2009) esclarecem que o intento desta associaccedilatildeo eacute o de divulgar a
praacutetica dos Cuidados Paliativos e agregar os serviccedilos desses cuidados existentes no Brasil
mesmo ainda natildeo padronizados mas ofereciam assistecircncia a pacientes fora de possibilidades
terapecircuticas no acircmbito de internaccedilatildeo hospitalar ambulatorial eou domiciliar
O objetivo primordial da criaccedilatildeo dessa sociedade de acordo com as autoras
supracitadas era o de permitir o surgimento de diretrizes nessa aacuterea e de modelos que fossem
adequados diante de questotildees socioculturais e econocircmicas de nosso paiacutes para que assim esses
serviccedilos pudessem efetivar sua abordagem de forma que contribuiacutessem para a melhoria da
praacutetica assistencial Por conseguinte esse movimento permitiu que os termos medicina
paliativa ou Cuidados Paliativos passassem a ser vistos como um novo campo desenvolvido
sobre o cuidar sendo necessaacuterio que as equipes de sauacutede especiacuteficas no controle da dor e no
aliacutevio dos sintomas fossem incorporadas demonstrando portanto que os Cuidados Paliativos
vecircm conquistando seu espaccedilo com o seu crescente reconhecimento no cenaacuterio da sauacutede
brasileira
Oficialmente os Cuidados Paliativos foram considerados uma exigecircncia no Brasil
com a homologaccedilatildeo da Portaria nordm 3535 de 2 de setembro de 1998 que confere o
cadastramento de centros de atendimento em Oncologia a qual destaca a necessidade de uma
assistecircncia por meio de uma equipe multiprofissional integrada aleacutem de inserir outras
modalidades assistecircncias como o serviccedilo de Cuidados Paliativos (BRASIL 1998b)
No acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a Portaria ndeg 19 de 2002 amplia a
inserccedilatildeo do modelo de assistecircncia de Cuidados Paliativos por meio da instituiccedilatildeo do
Programa Nacional de Assistecircncia agrave Dor e Cuidados Paliativos (BRASIL 2002)
O referido programa de acordo com Pimenta e Mota (2006) foi formado por
representantes do Ministeacuterio da Sauacutede da Associaccedilatildeo Meacutedica Brasileira da Associaccedilatildeo
Meacutedica Brasileira de Enfermagem do Conselho Federal de Medicina da Sociedade Brasileira
para Estudos da Dor e do INCA com o desiacutegnio de promover a operacionalizaccedilatildeo e a
implementaccedilatildeo do Programa Cumpre assinalar que foram organizados os niacuteveis de
assistecircncia aos pacientes caracterizando-se os profissionais envolvidos no cuidado
Acrescentam que desse trabalho foi plausiacutevel a realizaccedilatildeo das seguintes accedilotildees uniformizaccedilatildeo
e distribuiccedilatildeo de morfina e metadona para o tratamento da dor crocircnica atraveacutes do SUS e
34
estabelecimento em 2002 dos centros de referecircncia em tratamento da dor crocircnica atraveacutes
da Secretaria da Assistecircncia agrave Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede
A partir da Portaria nordm 3535 de setembro de 1998 o cadastramento de nuacutecleos de
atendimento em Oncologia apreciando-se o modelo dos Cuidados Paliativos passou a ser
uma exigecircncia Este documento enfoca a multidisciplinaridade como um trabalho integral
aleacutem de inserir o serviccedilo de Cuidados Paliativos (BRASIL 1998b)
Acrescenta-se a tais ponderaccedilotildees o desejo de subsidiar e estimular a criaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de serviccedilos de Cuidados Paliativos no paiacutes destacando-se o estabelecimento
do Programa Nacional de Imunizaccedilatildeo Hospitalar a partir da Portaria ndeg 881 de
2001(BRASIL 2001)
Wright et al (2008) chamam a atenccedilatildeo para o quantitativo de serviccedilos de Cuidados
Paliativos no ano de 2008 apresentando-se um total de catorze serviccedilos o que representa um
serviccedilo para cada nuacutemero de 13285000 habitantes Salienta-se que a maior parte destas
unidades estavam localizadas na regiatildeo Sudeste sobretudo na cidade de Satildeo Paulo
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos atualmente existem
em todo o Brasil sessenta e uma unidades das quais vinte se encontram no Estado de Satildeo
Paulo Portanto a grande maioria desses serviccedilos ainda se concentra na regiatildeo Sudeste
constituiacuteda por serviccedilos estatais principalmente em unidades especializadas em dor
(SANTOS 2011)
Santos (2011) ressalta a inexistecircncia da padronizaccedilatildeo de criteacuterios miacutenimos exigidos
para uma unidade ou serviccedilo ser considerado especializado em Cuidados Paliativos Essa
informaccedilatildeo vai de encontro ao que preconiza a Associaccedilatildeo Europeia para Cuidado Paliativo
(European Association for Palliative Care) a qual estabelece normas e diretrizes Portanto
segundo esta associaccedilatildeo para um paiacutes atender agraves demandas em serviccedilos dessa modalidade de
cuidar satildeo necessaacuterios os seguintes indicadores pacientes internados em unidades
hospitalares a niacutevel de enfermarias cliacutenicas ou ciruacutergicas (50 leitos ndash ateacute 80 ndash por milhatildeo de
habitantes 12 enfermarias por leito 015 meacutedico por leito) equipes de Cuidados Paliativos
(equipe para cada hospital com 250 leitos uma equipe de Cuidados Paliativos home care para
cada divisatildeo de cem mil habitantes tendo como nuacutecleo central da equipe 4 ou 5 profissionais
em dedicaccedilatildeo exclusiva)
Figueiredo (2006) afirma que o crescimento das unidades ou grupos de Cuidados
Paliativos em todo o Brasil eacute ainda lento estando longe de atingir as metas propostas pela
Associaccedilatildeo Europeia para Cuidado Paliativo sendo portanto necessaacuterio implantar cursos
para a formaccedilatildeo de recursos humanos e de incentivos de poliacuteticas puacuteblicas
35
Outra instituiccedilatildeo que merece destaque no paiacutes eacute a Academia Nacional de Cuidados
Paliativos (ANCP) fundada em 2005 Esta vem celebrando conquistas importantes para o
movimento paliativista brasileiro Dentre estas aquisiccedilotildees destaca-se a realizaccedilatildeo do IV
Congresso Internacional de Cuidados Paliativos concretizado na cidade de Satildeo Paulo em
2010 No referido evento foi ressaltada a publicaccedilatildeo do novo Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM) Este eacute o primeiro a referenciar a modalidade Cuidados
Paliativos como um princiacutepio fundamental da praacutetica meacutedica Esse trabalho adveacutem
fundamentalmente em virtude do desempenho do trabalho da Cacircmara Teacutecnica de
Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos Esse trabalho teve como participante a ex-
presidente da ANCP Dra Maria Goretti Sales Maciel (IV CONGRESSO 2010)
Um dos objetivos expostos durante o referido Congresso em questatildeo foi o de avalizar
um atendimento integral em Cuidados Paliativos no sistema de sauacutede vigente em nosso paiacutes o
SUS Todavia para o alcance de tal meta fazem-se necessaacuterias modificaccedilotildees na formaccedilatildeo
profissional e treinamento dos profissionais da Sauacutede a abertura de novos serviccedilos destes
cuidados e a implementaccedilatildeo de medidas que mensurem a qualidade da assistecircncia (IV
CONGRESSO 2010)
Tratando-se do ensino de Cuidados Paliativos no Brasil Rodrigues (2004) observa
que tanto no curso de Enfermagem quanto no de Medicina a literatura apresenta uma
quantidade iacutenfima A autora acrescenta que em algumas escolas este tema eacute abordado como
na Universidade de Satildeo Paulo (UNIFESP) onde existe uma disciplina voltada para esta
temaacutetica sendo ministrada por meacutedicos e outros profissionais caracterizando um programa
multiprofissional
A autora supracitada destaca a figura do professor Figueiredo que vem sendo um
incentivador e colaborador da educaccedilatildeo acerca dos Cuidados Paliativos e da criaccedilatildeo de
serviccedilos destinados a estes cuidados no Brasil Dentre estes serviccedilos destaca-se a criaccedilatildeo do
ambulatoacuterio na UNIFESP o Ambulatoacuterio em Cuidados Paliativos do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo e o da Unidade de Cuidados Paliativos
no Instituto de Infectologia Emiacutelio Ribas (RODRIGUES 2004)
Outra contribuiccedilatildeo importante no ensino desses cuidados adveacutem do meacutedico e
bioticista da Universidade Estadual de Londrina professor Joseacute Eduardo Siqueira que
realizou um estudo acerca da assistecircncia meacutedica aos pacientes em fase terminal O referido
professor propotildee um desafio voltado principalmente aos hospitais universitaacuterios para que
aleacutem da oferta da alta tecnologia desenvolvam um serviccedilo de Cuidados Paliativos no qual os
36
formadores possam acrescentar ao conhecimento tecnocientiacutefico o aspecto da humanizaccedilatildeo
(SIQUEIRA 2000)
Portanto o cuidado humanizado seria enfatizado a partir das experiecircncias na
instituiccedilatildeo de ensino aliado agrave alta tecnologia Esta envolve terapecircuticas de alto custo e
terapecircuticas de baixo custo como o controle da dor e de outros sintomas aliadas agraves accedilotildees
mais simples como o respeito e o diaacutelogo (FRANCcedilA 2011)
Em relaccedilatildeo ao ensino de Cuidados Paliativos na aacuterea da Enfermagem Rodrigues
(2004) destaca a professora Cibele Adruciole de Mattos Pimenta considerada referecircncia
nacional no manejo de dor aguda e crocircnica Ela eacute docente do curso de Enfermagem da
Universidade de Satildeo Paulo (USP) difundindo a proposta da inclusatildeo dos Cuidados Paliativos
nos cursos de graduaccedilatildeo em Enfermagem
No que tange a poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu para o ensino de Cuidados Paliativos a
autora supracitada aponta o Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) como o responsaacutevel por
formar enfermeiros especialistas em Cuidados Paliativos por meio de especializaccedilatildeo e
residecircncia em Enfermagem e meacutedicos especialistas em Medicina Paliativa
Ainda em relaccedilatildeo agrave veiculaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no ensino brasileiro no
acircmbito da poacutes-graduaccedilatildeo merece destaque a proposta da Pinus Longaeva Assessoria e
Consultoria em Sauacutede e Educaccedilatildeo Tal entidade eacute considerada referecircncia de excelecircncia em
Cuidados Paliativos no Brasil aleacutem de estimular a produccedilatildeo do conhecimento acerca da
referida temaacutetica Encontra-se sob a coordenaccedilatildeo do meacutedico Dr Franklin Santana Santos
sendo originada a partir da realizaccedilatildeo do curso de Tanatologia ndash Educaccedilatildeo para a Vida e para
a Morte uma abordagem plural e interdisciplinar em 2007 o qual teve a finalidade de
divulgar a importacircncia dos Cuidados Paliativos entre a sociedade brasileira (SANTOS 2011)
Aleacutem do curso Santos (2011) reconhece que este serviccedilo proporcionou a ediccedilatildeo de
um livro em trecircs volumes intitulado ldquoA arte de morrer visatildeo pluraisrdquo publicado pela Editora
Comenius com a finalidade de subsidiar o ensino e a pesquisa sobre a temaacutetica morte Na
referida obra pode-se observar a preocupaccedilatildeo em se trabalhar a prevenccedilatildeo e as causas do
sofrimento o medo e o tabu da morte com o propoacutesito de promover uma educaccedilatildeo para a
morte voltada para o corpo discente e para o corpo docente de diversas instituiccedilotildees de ensino
para os profissionais e para a populaccedilatildeo em geral
Em relaccedilatildeo agrave pesquisa o autor acima referido assinala que na poacutes-graduaccedilatildeo em
Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (FMUSP)
encontram-se em andamento diversas dissertaccedilotildees de mestrado e teses de doutorado aleacutem de
37
projetos de pesquisa como traduccedilatildeo e validaccedilatildeo de escalas sobre morte e morrer e
espiritualidade
Quanto agrave aacuterea da assistecircncia Santos (2011) discorre sobre o planejamento do
Ambulatoacuterio de Cuidados Paliativos para pacientes com demecircncia avanccedilada no Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Cliacutenicas na Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) sob a
coordenaccedilatildeo dos professores-doutores Orestes V Forlenza e Franklin Santana Santos O autor
comenta tambeacutem o desenvolvimento de um projeto de construccedilatildeo de um hospice no interior
de Satildeo Paulo nos moldes do St Christopher inteiramente filantroacutepico ndash o que significaria um
avanccedilo consideraacutevel para o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos no Brasil
Seguramente o ensino de Cuidados Paliativos tornaraacute os profissionais mais sensiacuteveis
agraves necessidades da populaccedilatildeo e do indiviacuteduo levando-os a desenvolver uma assistecircncia mais
humanizada e centrada na obtenccedilatildeo do adequado controle dos sinais e sintomas dos pacientes
fora de possibilidades terapecircuticas de cura Essa modalidade de cuidar proporciona uma
transformaccedilatildeo na praacutetica dos profissionais que passam a apresentar uma visatildeo holiacutestica
acerca desses doentes abrangendo-lhes a dimensatildeo fiacutesica psicoloacutegica social e espiritual
Nessa perspectiva Stoneberg et al (2006) referem que os Cuidados Paliativos ou
paliativismo como mais um meacutetodo uma filosofia do cuidar visando-se a prevenir e aliviar o
sofrimento humano em muitas de suas dimensotildees O objetivo dessa modalidade de cuidar eacute o
de proporcionar aos pacientes e seus entes queridos a melhor qualidade possiacutevel de vida a
despeito do estaacutegio de uma doenccedila ou a necessidade de outros tratamentos
Os autores asseguram que os Cuidados Paliativos complementam-se ao jaacute
tradicional cuidado curativo incluindo objetivos de bem-estar e de qualidade de vida para os
pacientes e seus familiares ajudando-os nas tomadas de decisotildees e promovendo
oportunidades de crescimento e evoluccedilatildeo pessoal Esta filosofia de cuidar completa os
tratamentos curativos da Medicina moderna mas principalmente proporciona aos
profissionais da aacuterea dignidade e significado aos tratamentos escolhidos
Caponero (2002) acrescenta que os Cuidados Paliativos fundamentam-se em uma
concepccedilatildeo global e ativa do tratamento compreendendo a atenccedilatildeo aos aspectos fiacutesicos
sociais e espirituais das pessoas que estatildeo com doenccedila incuraacutevel Portanto os Cuidados
Paliativos segundo Santana (2000) constituem um novo paradigma na sauacutede no qual satildeo
adotadas medidas humanizadas para o atendimento aos pacientes em seu ambiente familiar
onde as intervenccedilotildees natildeo visam agrave cura mas ao aliacutevio dos sintomas e do sofrimento aleacutem de
possibilitar a compreensatildeo do processo de morrer com dignidade
38
Pessini e Bertachini (2005) ressaltam que os Cuidados Paliativos visam a assegurar
aos doentes condiccedilotildees que os capacitem e encorajem a viver sua vida de uma forma uacutetil
produtiva e plena ateacute ao momento de sua morte A importacircncia da reabilitaccedilatildeo em termos de
bem-estar fiacutesico psiacutequico e espiritual natildeo pode ser negligenciada
Elias et al (2007) afirmam que a dimensatildeo subjetiva eacute o elo mais especiacutefico para o
paciente sem possibilidades de cura uma vez que o seu espiritual e o seu emocional recebem
um sentido ainda mais amplo Esses autores esclarecem a amplitude da dor psiacutequica a qual eacute
referenciada pelo temor do sofrimento seguida de anguacutestias e a dor espiritual que faz ligaccedilatildeo
ao significado da vida como tambeacutem agraves resignaccedilotildees perante Deus Os autores acrescentam
que tanto a dor psiacutequica quanto a espiritual requer em um acompanhamento psicoespiritual
sendo portanto imperioso o emprego de Cuidados Paliativos que compreenderaacute o
acolhimento a humanizaccedilatildeo e a proteccedilatildeo
Desse modo Costa Filho et al (2008) advertem que os Cuidados Paliativos devem
contemplar todas as dimensotildees do paciente sem possibilidades de cura tendo como prioridade
os cuidados emocionais psicoloacutegicos e espirituais Esta filosofia de cuidar proporciona aos
profissionais da aacuterea da Sauacutede a dignidade e significado aos tratamentos escolhidos em
relaccedilatildeo ao paciente na terminalidade da vida o qual necessita de cuidado integral e
humanizado
Eacute sob esse enfoque que Maccoughlan (2006) assinala que os Cuidados Paliativos
constituem um campo de cuidados totais ativos e integrais dispensados aos pacientes com
doenccedilas avanccediladas e sem possibilidades de cura e centrados no seu direito de viver com
dignidade seus dias que lhe restam
Em virtude da diversidade de aspectos envolvidos nessa forma de cuidar
Maccoughlan (2003) aponta a importacircncia da abordagem interdisciplinar para os Cuidados
Paliativos uma vez que esta implica demonstrar que nenhuma profissatildeo consegue abranger
todos os aspectos envolvidos no tratamento de pacientes terminais o que faz destacar a
significacircncia do trabalho coletivo permitindo a sinergia de habilidades para promover uma
assistecircncia completa
Portanto os Cuidados Paliativos devem ser prestados por uma equipe
multiprofissional formada por meacutedicos enfermeiros psicoacutelogos assistentes socais e
assistentes espirituais todos envolvidos nos objetivos concretos desses cuidados respeitando-
se o paciente como um ser uacutenico as suas crenccedilas e culturas
Sendo assim eacute inegaacutevel dentre esses profissionais a participaccedilatildeo da equipe
multiprofissional da Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no que concerne ao emprego de
39
Cuidados Paliativos Haja vista que pacientes com doenccedilas avanccediladas e em fase terminal que
ldquoretornam para suas casasrdquo jaacute que ldquonatildeo haacute mais nada para ser feitordquo necessitam ser
protegidos Eacute especialmente nesta transiccedilatildeo de necessidades especiacuteficas do tratamento
curativo para o paliativo que a Atenccedilatildeo Baacutesica pode ter destacado papel (FLORIANI
SCHRAMM 2007)
A referida temaacutetica eacute abordada no capiacutetulo seguinte o qual procura enfocar os
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
40
3 Cuidados paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
41
Para melhor compreensatildeo deste capiacutetulo seratildeo abordadas inicialmente consideraccedilotildees
acerca da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) com ecircnfase na Estrateacutegia de Sauacutede da famiacutelia
(ESF) seguindo-se da abordagem pertinente a Cuidados Paliativos na referida estrateacutegia
Em termos histoacutericos diversos documentos foram confeccionados com o escopo de
nortear poliacuteticas e accedilotildees no campo da Sauacutede em todo o mundo Dentre os mais significativos
pode ser citado ldquoSauacutede para todos no ano 2000rdquo produzido em 1977 na 30ordf Reuniatildeo Anual da
Assembleacuteia Mundial de Sauacutede em Alma-Ata Em uma reuniatildeo subsequumlente agrave produccedilatildeo deste
documento em 1978 ainda na mesma cidade foi realizada a primeira Conferecircncia Nacional
sobre Cuidados Primaacuterios de Sauacutede sob a coordenaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
(OMS) e do Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia (UNICEF) definindo-se a Atenccedilatildeo
Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) como eixo da reorganizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede visando-se a
diminuir as imensas desigualdades soacutecio-econocircmicas sanitaacuterias existentes no mundo (OMS
1979)
Ibantildeez et al (2006) assinalam que a APS surge em resposta agraves desigualdades no
acesso iniquumlidades dos serviccedilos de sauacutede insuficiente e desigual distribuiccedilatildeo de recursos de
sauacutede para as populaccedilotildees resultando em exclusatildeo de grupos sociais vulneraacuteveis
Por conseguinte a APS pretende proporcionar maior acesso e equidade para estas
pessoas que buscam os serviccedilos de sauacutede por meio da reorganizaccedilatildeo dos sistemas de sauacutede
mediante alteraccedilatildeo do modelo de atenccedilatildeo em quase todos os paiacuteses (MENDES 2001)
De acordo com Starfield (2002) a APS apresenta como atributos essenciais ou
exclusivos o primeiro contato a longitudinalidade a integralidade a coordenaccedilatildeo da atenccedilatildeo a
focalizaccedilatildeo na famiacutelia e a orientaccedilatildeo na comunidade O primeiro atributo pressupotildee a
acessibilidade do usuaacuterio e o uso de serviccedilos de sauacutede em suas necessidades de sauacutede
independentemente da gravidade do problema apresentado indicando a porta de entrada ao
sistema de sauacutede O segundo consiste no acompanhamento do indiviacuteduo e sua famiacutelia ao longo
do tempo marcado pela relaccedilatildeo de viacutenculo e relaccedilotildees interpessoais de confianccedila entre o
usuaacuteriofamiacutelia e a equipeserviccedilo de sauacutede O terceiro garante a continuidade da prestaccedilatildeo da
assistecircncia agrave sauacutede independente da complexidade que o problema de sauacutede exigir e considera
as possiacuteveis causas individuais de cada pessoa no seu processo de adoecimento O quarto
representa a capacidade do serviccedilo para dar atenccedilatildeo agraves necessidades individuais e coletivas
garantindo o seguimento constante da equipe de sauacutede mesmo que os problemas de sauacutede
estejam sendo sanados em outro niacutevel de assistecircncia agrave sauacutede O quinto considera a famiacutelia
como nuacutecleo para o conhecimento integral dos problemas de sauacutede O sexto implica conhecer
as famiacutelias em seu contexto cultural socioeconocircmico e social (STARFIELD 2002)
42
Abrahatildeo-Curvo (2010) esclarece que os princiacutepios da APS foram retomados nas
reformas do setor Sauacutede em vaacuterios paiacuteses sobretudo no Brasil com a adesatildeo e participaccedilatildeo de
variados segmentos da sociedade brasileira
Salienta-se portanto que ante o movimento internacional gerado pela Conferecircncia de
Alma-Ata em virtude do contexto de mudanccedilas observadas na Ameacuterica Latina o Brasil volta-
se a refletir suas poliacuteticas de sauacutede embasado em conceitos discutidos na referida conferecircncia
Sendo assim o processo de transformaccedilatildeo e de avanccedilo no setor da Sauacutede do Brasil
conforme apontam Santos e Mattos (2011) adveacutem em sua maioria da realizaccedilatildeo da VIII
Conferecircncia Nacional em Sauacutede em 1986 que consagrou a Reforma Sanitaacuteria como eixo de
luta para a transformaccedilatildeo do panorama de Sauacutede do paiacutes
Scherer Marino e Ramos (2005) assinalam que por meio da Conferecircncia foram
deliberados os princiacutepios e diretrizes incorporados na Poliacutetica Nacional de Sauacutede aprovados na
Constituiccedilatildeo de 1988 Demarca-se legalmente um novo modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede em
substituiccedilatildeo ao existente
Arouca (1987) informa que a CNS trouxe agrave tona a questatildeo da sauacutede com amplitude de
seu conceito natildeo a considerando como a simples ausecircncia de doenccedila mas sim em estado
resultante das condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente trabalho
transporte emprego lazer liberdade e acesso a serviccedilos de sauacutede Portanto a sauacutede natildeo estaria
mais relacionada apenas com a ausecircncia de doenccedilas mas seria resultado das formas de
organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes desigualdades nos niacuteveis de vida
e de sauacutede
Observa-se que o movimento da Reforma Sanitaacuteria Brasileira foi pautado em uma
mobilizaccedilatildeo reivindicatoacuteria alicerccedilada na necessidade popular de reconstruir uma estrutura
normativa que atendesse agraves reais necessidades da populaccedilatildeo nas questotildees de sauacutede como direito
de cidadania (MACHADO et al 2007)
A CNS serviu de base para o nascimento do SUS emergindo dessa forma em meio
aos debates levantados durante esse evento Visando-se ao cumprimento da Constituiccedilatildeo foi
editada em 1990 a Lei Orgacircnica da Sauacutede (LOS) formada pelas Leis Federais 808090 e
814290 as quais instituem e dispotildeem sobre o funcionamento organizaccedilatildeo e caracteriacutesticas do
SUS Com base na Constituiccedilatildeo e posteriormente na LOS definiu-se que o SUS seria regido
por determinados princiacutepios e diretrizes e propunha-se naquela legislaccedilatildeo a passagem do entatildeo
modelo vigente para uma forma voltada agrave prevenccedilatildeo e promoccedilatildeo da sauacutede (VALENTIM
KRUEL 2007)
43
Destarte observa-se que o SUS eacute resultado de um longo processo de debates e de lutas
por melhores condiccedilotildees de sauacutede no paiacutes Surge como um novo paradigma na atenccedilatildeo agrave sauacutede
Seus princiacutepios e diretrizes rompem com o paradigma cliacutenico tradicional (SCHERER
MARINO RAMOS 2005)
Simino (2009) afirma que o SUS eacute marcado por princiacutepios doutrinaacuterios ou filosoacuteficos
(universalidade equidade e integralidade) e por princiacutepios organizativos (descentralizaccedilatildeo
regionalizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo e participaccedilatildeo social)
Ainda de acordo com a autora supracitada a universalidade eacute compreendida a partir
do reconhecimento da assistecircncia agrave sauacutede um direito fundamental do cidadatildeo cabendo ao
Estado garantir as condiccedilotildees indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio e ao acesso agrave atenccedilatildeo e
assistecircncia agrave sauacutede em todos os niacuteveis de complexidade A equidade eacute um princiacutepio de justiccedila
social Haja vista que busca diminuir desigualdades A integralidade significa a garantia do
fornecimento de um conjunto articulado e contiacutenuo de accedilotildees e serviccedilos preventivos curativos e
coletivos exigidos em cada caso para todos os niacuteveis de complexidade de assistecircncia Este
princiacutepio ainda engloba accedilotildees de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e em seu sentido
amplo considera a pessoa como um ser integral inserida em um contexto familiar social
cultural e econocircmico
Machado et al (2007) asseveram que a integralidade eacute um conceito que permite uma
identificaccedilatildeo dos sujeitos como totalidades ainda que natildeo sejam alcanccedilaacuteveis em sua plenitude
considerando-se todas as dimensotildees possiacuteveis em que se pode intervir pelo acesso permitido
por eles proacuteprios Dessa forma o atendimento integral extrapola a estrutura organizacional
hierarquizada e regionalizada da assistecircncia de sauacutede se prolonga pela qualidade real da
atenccedilatildeo individual e coletiva assegurada aos usuaacuterios do sistema de sauacutede requisita o
compromisso com o contiacutenuo aprendizado e com a praacutetica multiprofissional
Quanto aos princiacutepios organizativos do SUS estes promovem a viabilizaccedilatildeo de suas
operaccedilotildees gerenciais Em relaccedilatildeo agrave descentralizaccedilatildeo este garante a transferecircncia de recursos
financeiros e o poder para os Estados e municiacutepios permitindo que a destinaccedilatildeo dos recursos
seja realizada contemplando-se as necessidades de cada localidade aleacutem de possibilitar a
participaccedilatildeo social A regionalizaccedilatildeo estaacute relacionada com o processo de distribuiccedilatildeo dos
serviccedilos em uma determinada regiatildeo permitindo oferecer serviccedilos e accedilotildees de sauacutede mais
proacuteximos de onde as pessoas moram No que tange agrave hierarquizaccedilatildeo esta implica a
estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede por niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica A
participaccedilatildeo social permite a participaccedilatildeo dos usuaacuterios e da comunidade na construccedilatildeo e
fiscalizaccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede (SIMINO 2009)
44
Eacute preciso ressaltar que o SUS natildeo eacute um modelo simples e estanque embora tenha sido
explicitado em sua formalizaccedilatildeo inicial pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
operacionalizado por meio de legislaccedilatildeo especiacutefica como a Lei Orgacircnica da Sauacutede e pelas
Normas de Operacionalizaccedilatildeo Baacutesicas e de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (NOBs e NOAS) O SUS eacute um
processo e como tal estaacute em constante construccedilatildeo em busca do seu proacuteprio aperfeiccediloamento
objetivos e ideal (VALENTIM KRUEL 2007)
Na atual conjuntura sabe-se que o SUS vem constituindo-se no paiacutes haacute cerca de vinte
anos a partir destes princiacutepios todavia uma nova abordagem da APS emerge no Brasil por
meio da ediccedilatildeo da Portaria nordm 648 de 2006 do Ministeacuterio da Sauacutede Tal portaria aprova a
Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Baacutesica (PNAB) Retoma os elementos essenciais da APS e
reforccedila na Sauacutede da Famiacutelia o eixo organizador do sistema de sauacutede brasileiro
Teixeira (2004) chama a atenccedilatildeo para o fato de que a mudanccedila do modelo de atenccedilatildeo
vem desenvolvendo-se desde o iniacutecio da deacutecada de 1990 principalmente a partir de 1993-1994
quando foram desencadeados os processos de municipalizaccedilatildeo e de implementaccedilatildeo do
Programa de Sauacutede da Famiacutelia adotada com a intenccedilatildeo de atender a todos os princiacutepios legais
do SUS especialmente os de universalidade de acesso de integralidade da assistecircncia agrave sauacutede e
de resolutividade englobando paulatinamente toda a rede de serviccedilos baacutesicos com a
ampliaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo da atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede
De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (2000a) o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
foi implantado em 1994 no Brasil para dar sustentaccedilatildeo ao Programa de Agentes Comunitaacuterios
de Sauacutede (PACS) Eacute considerado um projeto dinamizador do SUS condicionado pela evoluccedilatildeo
histoacuterica e pela organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede no Brasil
Eacute definido como um modelo de assistecircncia que vai desenvolver accedilotildees de promoccedilatildeo e
proteccedilatildeo agrave sauacutede do indiviacuteduo da famiacutelia e da comunidade por meio de equipes que faratildeo o
atendimento na unidade local de sauacutede da comunidade ao niacutevel de atenccedilatildeo primaacuteria Aleacutem do
atendimento suas atividades devem incluir programaccedilatildeo grupos terapecircuticos e visitas
domiciliares entre outras (BRASIL 2004)
O Ministeacuterio da Sauacutede (2000b) chama a atenccedilatildeo para o fato de o PSF ser
compreendido como modelo substitutivo da rede baacutesica tradicional de cobertura universal
Este modelo eacute reconhecido como uma praacutetica que requer alta tecnologia nos campos do
conhecimento do desenvolvimento de habilidades e de mudanccedila de atitudes
Peduzzi (2000) estabelece que o PSF apresenta a finalidade de viabilizar mudanccedilas
dentro do contexto de sauacutede puacuteblica na loacutegica do modelo assistencial biomeacutedico
particularmente no que se refere agrave Atenccedilatildeo Baacutesica e sua articulaccedilatildeo aos demais niacuteveis de
45
atenccedilatildeo Este programa tem como base os princiacutepios operacionais de adscriccedilatildeo da clientela da
integralidade da atenccedilatildeo do planejamento local e regional da equidade do acesso aos serviccedilos
do controle social da accedilatildeo intersetorial e do trabalho em equipe
O PSF apresenta como filosofia o princiacutepio da vigilacircncia agrave sauacutede apresentando
caracteriacutesticas de atuaccedilatildeo interdisciplinar e multidisciplinar e de responsabilidade integral para
com a populaccedilatildeo que reside na aacuterea de abrangecircncia de suas unidades de sauacutede O programa em
questatildeo consiste em optar pela descentralizaccedilatildeo como forma de aproximar os serviccedilos de sauacutede
de quem deles mais precisa Dessa forma aacutereas mais carentes desses serviccedilos passam a receber
accedilotildees tradicionais de promoccedilatildeo de sauacutede por meio da prevenccedilatildeo e de accedilotildees de assistecircncia
meacutedica Soma-se ao processo a participaccedilatildeo da comunidade por intermeacutedio de seus agentes
representativos que fazem uma ligaccedilatildeo entre a equipe de sauacutede e o cliente a ser atendido
rompendo as barreiras e identificando as reais necessidades ao mesmo tempo que representa
uma forma do serviccedilo que eacute prestado agrave populaccedilatildeo (BRASIL 2005a)
Simino (2009) ressalta que gradualmente a Sauacutede da Famiacutelia perdeu o status de
programa uma vez que tem sido considerada uma estrateacutegia para a reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo
Baacutesica de sauacutede no Brasil seguindo os conceitos da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Nesse contexto
o Ministeacuterio da Sauacutede (2005b) reconhece que atualmente a Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) vem sendo implantada em substituiccedilatildeo ao modelo tradicional para a Atenccedilatildeo Baacutesica A
sua organizaccedilatildeo favorece o estabelecimento de viacutenculos de responsabilidade e confianccedila entre
profissionais e famiacutelias e permite uma compreensatildeo ampla do processo sauacutede-doenccedila e da
necessidade de intervenccedilotildees a partir dos problemas e demandas identificadas
Assim sendo transformar o programa em uma estrateacutegia de organizaccedilatildeo foi um
avanccedilo para a gestatildeo do SUS uma vez que se busca natildeo apenas o acesso e sua ampliaccedilatildeo mas
tambeacutem a reorganizaccedilatildeo da praacutetica da atenccedilatildeo agrave sauacutede sobre novas bases e a substituiccedilatildeo do
modelo entatildeo vigente levando a sauacutede para mais perto das famiacutelias e melhorando-se a
qualidade de vida dos cidadatildeos brasileiros (BRASIL 2005c)
Conforme assinalam Costa e Carbone (2004) esta mudanccedila de modelo possibilita a
integraccedilatildeo e a organizaccedilatildeo das atividades em um territoacuterio definido com o propoacutesito de
favorecer o enfrentamento dos problemas identificados e implica necessariamente a articulaccedilatildeo
da Atenccedilatildeo Baacutesica com a meacutedia e com a alta complexidade envolvendo a integraccedilatildeo de
poliacuteticas estrateacutegicas de sauacutede aleacutem de envolver diversos atores compreendendo-os como
pessoas e instituiccedilotildees a saber os usuaacuterios do sistema o gestor de sauacutede a equipe de sauacutede da
famiacutelia e as lideranccedilas comunitaacuterias
46
Logo o que se espera da Atenccedilatildeo Baacutesica organizada pela ESF quando esta eacute
capacitada e integra a comunidade eacute que seja capaz de resolver 80 das demandas dos
serviccedilos de sauacutede de uma populaccedilatildeo jaacute que a maior parte dessa demanda concentra-se em
poucos problemas Isso demonstra a importacircncia e a necessidade de se investir nos serviccedilos de
atenccedilatildeo primaacuteria a fim de se tornarem mais resolutivos As accedilotildees devem ser orientadas para o
cuidado integral dos indiviacuteduos inseridos em suas respectivas famiacutelias Esse eacute um dos sentidos
atribuiacutedos ao princiacutepio constitucional de integralidade do SUS (BRASIL 2005c)
Bonassa e Campos (2001) destacam trecircs caracteriacutesticas fundamentais da Estrateacutegia de
Sauacutede da Famiacutelia A primeira eacute a ecircnfase na territorializaccedilatildeo e na adscriccedilatildeo da clientela
responsabilizando-se cada equipe pelo cadastramento e acompanhamento das famiacutelias do
territoacuterio de abrangecircncia A segunda eacute o seu poder substitutivo em meio a suas unidades
porquanto natildeo constitui uma nova estrutura de serviccedilos (excetuando-se as aacutereas anteriormente
desprovidas) mas substitui as praacuteticas convencionais de assistecircncia por um novo processo de
trabalho cujo eixo estaacute centrado na vigilacircncia agrave sauacutede e na participaccedilatildeo da comunidade A
terceira eacute a sua participaccedilatildeo no SUS dentro do princiacutepio da integralidade e da hierarquizaccedilatildeo
por isso deve estar vinculada agrave rede de serviccedilos de forma que garanta atenccedilatildeo integral aos
indiviacuteduos e agraves famiacutelias em todos os niacuteveis de complexidade sempre que for necessaacuterio
De acordo com as Portarias de nordm 1186GMMS e nordm 157GMMS observa-se que cada
equipe de Sauacutede da Famiacutelia seja responsaacutevel por no maacuteximo 4500 pessoas Desta forma a
Unidade de Sauacutede pode ser composta por uma ou mais equipes dependendo da concentraccedilatildeo
de famiacutelias residentes no territoacuterio (BRASIL 1997 BRASIL 1998c)
Cada equipe de Sauacutede da Famiacutelia deve ser capacitada para conhecer a realidade das
famiacutelias pelas quais eacute responsaacutevel por meio de cadastramento e diagnoacutestico de suas
caracteriacutesticas sociais demograacuteficas e epidemioloacutegicas para identificar os principais problemas
de sauacutede e situaccedilotildees de risco a que estaacute exposta a populaccedilatildeo que ela atende e para elaborar
com a participaccedilatildeo da comunidade um plano local para enfrentar os determinantes do processo
sauacutede-doenccedila Aleacutem disso essa equipe necessita estar preparada para prestar uma assistecircncia
integral respondendo de forma contiacutenua e racionalizada agrave demanda organizada ou espontacircnea
na unidade na comunidade no domiciacutelio e no acompanhamento ao atendimento nos serviccedilos
de referecircncia ambulatorial ou hospitalar desenvolvendo accedilotildees educativas e intersetoriais a fim
de enfrentar os problemas de sauacutede identificados (BRASIL 2005a)
Destarte observa-se que a abordagem da referida estrateacutegia de acordo com o
Ministeacuterio da Sauacutede (2005b) estaacute centrada na famiacutelia que eacute o objeto principal de atenccedilatildeo
sendo esta entendida a partir do ambiente onde vive Eacute nesse espaccedilo que se constroem as
47
relaccedilotildees intrafamiliares e extrafamiliares e se desenvolve a luta pela melhoria das condiccedilotildees de
vida permitindo ainda uma compreensatildeo ampliada do processo sauacutededoenccedila e portanto da
necessidade de intervenccedilotildees de maior impacto e significaccedilatildeo social
Guitierrez e Minayo (2010) destacam que eacute na famiacutelia e pela famiacutelia que se produzem
cuidados essenciais agrave sauacutede que vatildeo desde as interaccedilotildees afetivas necessaacuterias ao
desenvolvimento da sauacutede mental e da personalidade madura de seus membros passando pela
aprendizagem da higiene e da cultura alimentar e atingindo o niacutevel de adesatildeo aos tratamentos
prescritos pelos serviccedilos tais como medicaccedilatildeo dietas e atividades preventivas Essa
complementaridade ocorre por meio de accedilotildees concretas no cotidiano das famiacutelias permitindo o
reconhecimento das doenccedilas busca de atendimento meacutedico incentivo para o autocuidado e o
apoio emocional
Quanto agrave operacionalizaccedilatildeo da ESF esta se daacute mediante a implantaccedilatildeo de equipes
multiprofissionais em unidades de sauacutede da famiacutelia (USFs) as quais devem ser adequadas agraves
diferentes realidades locais desde que sejam mantidos os seus princiacutepios e diretrizes
fundamentais Para tanto o impacto favoraacutevel nas condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo adscrita
deve ser a preocupaccedilatildeo baacutesica dessa estrateacutegia (BRASIL 2005a)
A atribuiccedilatildeo baacutesica da equipe de sauacutede da famiacutelia estaacute relacionada com o
conhecimento da realidade das famiacutelias pelas quais eacute responsaacutevel identificando os problemas
de sauacutede mais comuns e as situaccedilotildees de risco ao qual a populaccedilatildeo estaacute exposta atuando e
intervindo continuamente na realidade social apresentada (BRASIL 2000c)
O funcionamento da ESF se daacute em unidades de sauacutede da famiacutelia com uma equipe
composta no miacutenimo por um meacutedico generalista um enfermeiro um auxiliar de enfermagem
e quatro a seis agentes comunitaacuterios de sauacutede (ACSs) no entanto outros agentes podem ser
incorporados agrave equipe de sauacutede da famiacutelia um odontoacutelogo e um atendente de consultoacuterio
dentaacuterio ou um teacutecnico de higiene bucal Esses agentes formam equipes que satildeo responsaacuteveis
pelo acompanhamento de um nuacutemero definido de famiacutelias localizadas em uma determinada
aacuterea geograacutefica Tais equipes atuam na promoccedilatildeo da sauacutede prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo
reabilitaccedilatildeo de doenccedilas e de agravos mais frequentes e na manutenccedilatildeo da sauacutede dessa
comunidade (BRASIL 2000a)
Valentim e Kruel (2007) asseveram que cada profissional da equipe baacutesica de USF
possui uma determinada atribuiccedilatildeo no entanto cabe a todos fomentar e desenvolver
conjuntamente accedilotildees preventivas e de promoccedilatildeo da qualidade de vida da comunidade aleacutem de
accedilotildees de recuperaccedilatildeo e de reabilitaccedilatildeo da sauacutede tanto na unidade de sauacutede quanto nos
municiacutepios aliando desta forma a atuaccedilatildeo cliacutenica e teacutecnica agrave praacutetica da sauacutede coletiva
48
Nessa perspectiva eacute de suma importacircncia uma equipe interdisciplinar para promoccedilatildeo
da assistecircncia aos problemas de sauacutede do indiviacuteduo reforccedilando-se a necessidade de
profissionais generalistas que atendam a todas as necessidades de sauacutede faixas etaacuterias e fases
do desenvolvimento humano (BRASIL 2005c) Dessa forma o trabalho em equipe na ESF eacute
um dos pressupostos mais importantes para a reorganizaccedilatildeo do processo de trabalho com
possibilidade de uma abordagem mais integral e mais resolutiva
Lopes e Silva (2004) advertem sobre a necessidade do aprimoramento da equipe da
Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) e praacutetica das accedilotildees que implementem novos protocolos
de atenccedilatildeo agrave sauacutede adaptadas agraves novas realidades e ao perfil epidemioloacutegico da populaccedilatildeo Os
protocolos baseados na atualizaccedilatildeo teoacuterica e nos avanccedilos do conhecimento numa visatildeo
interdisciplinar proporcionam subsiacutedios necessaacuterios agrave adequaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica dos
processos terapecircuticos conferindo homogeneidade agraves condutas teacutecnicas tornando o
atendimento resolutivo e competente
Santos e Mattos (2011) enfatizam para a necessidade de os profissionais da ESF
fazerem uso de novas modalidades de cuidar com o escopo de melhorar a qualidade da
assistecircncia perpassando a simples cura da doenccedila e indo aleacutem desta a fim de aliviar o
sofrimento das pessoas e a carga de seus familiares Acrescentam ainda que a construccedilatildeo de
um modelo assistencial diferente e inovador necessariamente levaraacute em conta a valorizaccedilatildeo de
novos espaccedilos e de outras formas de organizaccedilatildeo das tecnologias
Dentre essas novas propostas de modalidades de cuidar destacam-se os Cuidados
Paliativos que emergem como uma praacutetica de implementaccedilatildeo tanto dos cuidados quanto da
organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede que precisam ser modificados para oferecer respostas aos
problemas que fazem sofrer as pessoas que apresentam enfermidades incuraacuteveis
Sob esse prisma os Cuidados Paliativos buscam dar uma resposta ativa aos problemas
necessidades e sofrimento gerados pela progressatildeo das doenccedilas crocircnicas e incuraacuteveis
procurando cada vez mais humanizar os cuidados de sauacutede prestados agraves pessoas acometidas de
enfermidades crocircnicas e seus familiares Assinala-se que essa praacutetica natildeo significa uma
intervenccedilatildeo apenas no final da vida mas sim uma abordagem estruturada para atender agraves
necessidades das pessoas em qualquer fase da enfermidade o mais precocemente possiacutevel
(SANTOS MATTOS 2011)
A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (2003) recomenda que a Atenccedilatildeo Baacutesica exerccedila um
papel fundamental tambeacutem nos cuidados continuados crocircnicos ou paliativos devendo ser o
principal responsaacutevel pela atenccedilatildeo aos pacientes e seus familiares e a base para o sistema de
49
referecircncia e contrarreferecircncia de forma que assegure a articulaccedilatildeo da continuidade dos cuidados
nos demais niacuteveis de atenccedilatildeo
Santos e Mattos (2011) concordam que os Cuidados Paliativos podem ser estruturados
na Atenccedilatildeo Baacutesica uma vez que a ESF eacute considerada um modelo de atenccedilatildeo primaacuteria
comprometido com a integridade da atenccedilatildeo agrave sauacutede focado na unidade familiar e compatiacutevel
com o contexto socioeconocircmico cultural e epidemioloacutegico da comunidade em que estaacute
inserida as equipes de sauacutede da famiacutelia
No acircmbito internacional a atenccedilatildeo primaacuteria de paiacuteses como Inglaterra Espanha
Canadaacute e Portugal vem integrando a poliacutetica de Cuidados Paliativos com a disseminaccedilatildeo de
capacitaccedilatildeo permanente para todos os profissionais da Sauacutede e com o estabelecimento de
poliacuteticas e protocolos assistenciais Quanto ao cenaacuterio nacional observa-se que o Ministeacuterio da
Sauacutede vem empreendendo um esforccedilo no sentido de elaborar diretrizes nacionais para a atenccedilatildeo
em Cuidados Paliativos e controle da dor crocircnica a fim de que estes sejam incorporados na
Atenccedilatildeo Baacutesica (SANTOS MATTOS 2011)
Floriani (2011) afirma que nos uacuteltimos dez anos o Ministeacuterio da Sauacutede realizou
diversas iniciativas com o propoacutesito de inserir os Cuidados Paliativos como uma importante
estrateacutegia de poliacutetica de Sauacutede Este fato ocorreu a partir de 1998 quando surgiram os centros
de alta complexidade em oncologia (CACONs) preconizando-se a necessidade de equipe
qualificada em Cuidados Paliativos tanto para tratamento em regime de internaccedilatildeo hospitalar
quanto para tratamento domiciliar Com tal iniciativa pretendeu-se incluir os Cuidados
Paliativos na assistecircncia oncoloacutegica do SUS
Mello e Caponero (2011) dizem que o Ministeacuterio da Sauacutede alerta para a necessidade
inicial de disseminaccedilatildeo da temaacutetica com o escopo de sensibilizar as pessoas em geral
sobretudo os profissionais da Sauacutede Haja vista que sua intenccedilatildeo eacute a de implementar Cuidados
Paliativos inclusive o controle da dor crocircnica nos diferenciados niacuteveis de atenccedilatildeo (baacutesica
especializada de meacutedia e alta complexidade) organizando a assistecircncia em linhas de cuidados
integrais (eletivo e de urgecircncia domiciliar ambulatorial e hospitalar)
Neste enfoque a magnitude social da demanda de Cuidados Paliativos no Brasil
mostra a necessidade de se estruturar uma rede integrada de serviccedilos que deve ser
regionalizada e hierarquizada estabelecendo uma linha de cuidados integrais e continuados
Floriani e Schramm (2007) afirmam que um dos aspectos mais desafiadores agrave
absorccedilatildeo pelo sistema de sauacutede dos Cuidados Paliativos estaacute na organizaccedilatildeo efetiva dos
recursos humanos Haja vista que a equipe precisa administrar uma seacuterie de fatores que nem
sempre poderatildeo estar padronizados e institucionalizados Esse eacute o caso dos conflitos de
50
natureza eacutetica como o respeito da confidencialidade introduccedilatildeo e retirada de medicamentos
que se apresentam quase invariavelmente na praacutetica dos Cuidados Paliativos
Rajagopal Mazza e Lipman (2003) referem tambeacutem problemas relativos agrave
comunicaccedilatildeo do diagnoacutestico e prognoacutestico ao paciente ao local do falecimento do paciente
uma vez que esta eacute uma questatildeo que costuma estressar bastante o cuidador e a famiacutelia agrave
confidencialidade das informaccedilotildees dentre outros Consideram fundamental que a equipe
busque uma uniformidade em seu discurso e dialogue abertamente com o paciente com seu
cuidador e com a famiacutelia
Portanto eacute necessaacuterio agrave praacutetica de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica que o
profissional da Sauacutede conheccedila e domine procedimentos claacutessicos em Cuidados Paliativos
como por exemplo o uso da via subcutacircnea para infusatildeo de medicamentos e para hidrataccedilatildeo e
saiba reconhecer quando o paciente estaacute na fase terminal de sua doenccedila A ausecircncia deste tipo
especiacutefico de competecircncia eacute motivo de profundos mal-entendidos geradores de distorccedilotildees entre
os membros da equipe o que gera em uacuteltima instacircncia inseguranccedila ao paciente e
especialmente ao cuidador e aos membros da famiacutelia
Diante de tais problemas Florioni e Schramm (2007) enfatizam a necessidade da
incorporaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na rede de Atenccedilatildeo Baacutesica que pode desempenhar um
papel relevante nos cuidados no fim da vida especialmente em aacutereas onde natildeo haacute centros de
referecircncia em Cuidados Paliativos Chamam a atenccedilatildeo para algumas situaccedilotildees desafiadoras agraves
accedilotildees da equipe de Atenccedilatildeo Baacutesica na provisatildeo desses cuidados como os aspectos relacionados
com o cuidador familiar alguns conflitos de natureza eacutetica inerentes a esta atividade e relativos
agrave alocaccedilatildeo dos recursos humanos disponiacuteveis
Os autores mencionados acrescentam que os cuidados no fim da vida encerram um
campo de grandes conflitos morais para a equipe que assiste o paciente como por exemplo
aqueles relativos ao planejamento de investir no tratamento agrave retirada de suporte de vida (como
alimentos e liacutequidos) agrave eutanaacutesia entre outros
Todavia a implantaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar no sistema de sauacutede brasileiro
constitui-se uma tarefa desafiadora aos gestores da Sauacutede apresentando-se de forma lenta e
desarticulada Salienta-se que existem importantes obstaacuteculos tanto de ordem operacional
quanto de ordem eacutetica e cultural que precisam ser enfrentados tais como precaacuteria formaccedilatildeo de
recursos humanos a falta de visatildeo dos gestores a respeito da importacircncia dos Cuidados
Paliativos e a dificuldade de acesso a medicamentos especialmente opioides (FLORIANI
2011)
51
Diante dessa realidade o sistema de sauacutede brasileiro tem a difiacutecil tarefa de ir agrave busca
de um modelo sustentaacutevel de cuidados no fim da vida do ponto de vista operacional
organizado de modo que possa ser acessiacutevel nos mais diferentes contextos do paiacutes sendo
portanto necessaacuteria a promoccedilatildeo de uma assistecircncia humanizada pautada na filosofia dos
Cuidados Paliativos
52
4 Trajetoacuteria metodoloacutegica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
53
4 TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA
No presente capiacutetulo discorreremos sobre o caminho metodoloacutegico percorrido para
concretizaccedilatildeo desta pesquisa Segundo Minayo (2010) o caminho metodoloacutegico eacute uma
apresentaccedilatildeo didaacutetica do tratamento dos dados o qual acontece mediante um processo contiacutenuo
e simultacircneo com passos articulados e complementares entre si visando-se apreender a
realidade tal como se apresenta aos olhos do pesquisador levando este agrave reflexatildeo com o suporte
do referencial teoacuterico Dessa forma a metodologia eacute a previsatildeo dos recursos necessaacuterios e
procedimentos para se atingir os objetivos propostos e responder agraves questotildees de pesquisa
estabelecidas
Para o desenvolvimento desta pesquisa considerando os objetivos propostos e o tema
em foco optamos pela pesquisa exploratoacuteria com abordagem qualitativa Na concepccedilatildeo de
Polit Beck e Hungler (2004) a pesquisa exploratoacuteria busca explorar as dimensotildees do
fenocircmeno a maneira pela qual este eacute manifestado e outros fatores com os quais se relaciona
Gil (2010) afirma que este tipo de pesquisa proporciona maior familiaridade com a
problemaacutetica objetivando-se tornaacute-la mais expliacutecita ou construir hipoacuteteses aprimorando-se
ideias ou a descobertas de intuiccedilotildees
Polit Beck e Hungler (2004) acrescentam que em estudos de natureza qualitativa o
investigador amplia a sua experiecircncia no fenocircmeno encontrando-se elementos necessaacuterios que
permitam o contato dele com determinada populaccedilatildeo e a obtenccedilatildeo de resultados que ele deseja
Nesta modalidade de pesquisa parte-se da premissa de que os conhecimentos sobre os
indiviacuteduos somente acontecem a partir de dados empiacutericos jaacute disponiacuteveis e apreensiacuteveis pela
descriccedilatildeo da experiecircncia humana vivida e determinada pelos seus proacuteprios sujeitos
Quanto ao cenaacuterio da pesquisa este foi desenvolvido no municiacutepio de Joatildeo Pessoa
(PB) em unidades de sauacutede da famiacutelia pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV Vale ressaltar que
neste municiacutepio a estrutura da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia foi implantada no ano 2000
inicialmente com a instalaccedilatildeo de sete equipes Conta atualmente com cento e oitenta equipes
A ampliaccedilatildeo desse nuacutemero teve por objetivo o de expandir a cobertura territorial e populacional
das accedilotildees baacutesicas de sauacutede (JOAtildeO PESSOA 2010)
A cobertura populacional da ESF cresceu de 727 em 2005 para 81 (563609) das
pessoas cadastradas ou ainda 144634 famiacutelias da populaccedilatildeo total de Joatildeo Pessoa (693082
habitantes) em 2008 Essa cobertura superou a meta de 80 preconizada pelo Ministeacuterio da
Sauacutede e representou a segunda maior no ano de 2007 em comparaccedilatildeo com outras capitais
brasileiras sendo a primeira observada em Aracaju com 966 Deveu-se a fatores como o
54
processo de territorializaccedilatildeo e remapeamento das aacutereas de abrangecircncia das equipes de sauacutede da
famiacutelia implantaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do apoio matricial (JOAtildeO PESSOA 2008)
No que diz respeito ao atendimento prestado aos muniacutecipes da Capital as accedilotildees de
sauacutede atualmente satildeo coordenadas no espaccedilo dos distritos sanitaacuterios A ldquorederdquo de serviccedilos de
sauacutede do municiacutepio de Joatildeo Pessoa estaacute distribuiacuteda territorialmente em cinco distritos sanitaacuterios
(DS I DS II DS III DS IV e DS V) que recortam toda a extensatildeo territorial da referida cidade
e compreendem o primeiro niacutevel de organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede denominado
Atenccedilatildeo Baacutesica Em cada distrito existe um diretor geral um diretor teacutecnico um diretor
administrativo e um grupo de apoiadores matriciais Este uacuteltimo eacute constituiacutedo por profissionais
que satildeo responsaacuteveis pela conduccedilatildeo tecnopoliacutetica das accedilotildees desenvolvidas no territoacuterio
A figura 1 a seguir mostra a localizaccedilatildeo dos cinco distritos sanitaacuterios e as respectivas
USFs de acordo com as regiotildees geograacuteficas do municiacutepio de Joatildeo Pessoa
Figura 1 ndash Representaccedilatildeo geograacutefica da localizaccedilatildeo das USFs de Joatildeo Pessoa (2010)
Fonte ndash Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
55
Atualmente os distritos sanitaacuterios de Joatildeo Pessoa contam com 125 USFs
comportando como jaacute foi dito 180 equipes de sauacutede da famiacutelia Esse nuacutemero tende a ser
crescente tendo em vista a necessidade de ampliaccedilatildeo do nuacutemero de unidades para atender agrave
elevada demanda decorrente do aumento populacional neste municiacutepio (JOAtildeO PESSOA
2010)
Ressaltamos que esta rede da Atenccedilatildeo Baacutesica ainda eacute composta por cinco unidades
que funcionam como referecircncia para a populaccedilatildeo descoberta da ESF assegurando o princiacutepio
da universalidade do SUS Satildeo estas Unidade Baacutesica de Mandacaru Unidade de Sauacutede das
Praias Unidade de Sauacutede Lourival Gouveia de Moura Unidade de sauacutede Maria Luiza Targino
e Unidade de Sauacutede Francisco das Chagas Aleacutem disso dispotildee da oferta de consultas e
procedimentos nas cliacutenicas baacutesicas nos Centros de Atenccedilatildeo Integral agrave Sauacutede (CAIS) dos bairros
de Mangabeira Jaguaribe e Cristo
Conforme foi assinalado o cenaacuterio da pesquisa ocorreu especificamente no Distrito
Sanitaacuterio IV Este eacute composto por vinte e nove unidades distribuiacutedas pelos seguintes bairros
Roger Tambiaacute Centro Mandacaru Alto do Ceacuteu Varadouro Bairro dos Estados Bairro dos
Ipecircs Torre Trincheiras Ilha do Bispo e Treze de Maio como mostra a figura 2 a seguir
Figura 2 ndash Mapa do territoacuterio do Distrito Sanitaacuterio IV (2010)
Fonte ndash Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
56
Cumpre assinalar que elegemos o Distrito Sanitaacuterio IV como cenaacuterio de estudo em
virtude de sua localizaccedilatildeo ser de faacutecil acesso e ele ser considerado o segundo distrito a
apresentar um alto coeficiente de mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em 2009
(destacado no graacutefico 1) sendo uma realidade que sinaliza para a premente necessidade de
assistecircncia pautada nos Cuidados Paliativos
Graacutefico 1 ndash Coeficiente de Mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em 2009 Comparativo entre
Joatildeo Pessoa e Distritos Sanitaacuterios
Fonte Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
No referido distrito foi implantada a assistecircncia domiciliar com a finalidade de
garantir dentro dos princiacutepios do SUS a continuidade da assistecircncia em domiciacutelio visando-se
tambeacutem o restabelecimento e a manutenccedilatildeo da sauacutede dos usuaacuterios aleacutem da promoccedilatildeo de sua
autonomia independecircncia e participaccedilatildeo no seu contexto social por meio do desenvolvimento e
adaptaccedilatildeo de funccedilotildees elevando-se sua qualidade de vida e reduzindo-se as reinternaccedilotildees e
consequentemente os riscos impostos aos usuaacuterios familiares e cuidadores
Para a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a assistecircncia domiciliar eacute compreendida como
a provisatildeo de serviccedilos de sauacutede por prestadores formais e informais com o objetivo de
promover restaurar e manter o conforto funccedilatildeo e sauacutede das pessoas num niacutevel maacuteximo
inclusive cuidados para uma morte digna (BRASIL 2006)
Destarte acreditando numa aproximaccedilatildeo maior dos profissionais que compotildeem esse
distrito com os Cuidados Paliativos escolhemos o respectivo cenaacuterio para subsidiar a pesquisa
Os participantes da pesquisa foram trinta profissionais da aacuterea da Sauacutede de niacutevel
superior vinculados agraves unidades de sauacutede da famiacutelia do Distrito Sanitaacuterio IV no municiacutepio de
57
Joatildeo Pessoa distribuiacutedos da seguinte forma dez meacutedicos dez enfermeiros e dez cirurgiotildees-
dentistas Assinalamos que este nuacutemero foi considerado suficiente por quanto na pesquisa de
natureza qualitativa conforme explicita Moreira (2004) valoriza-se a qualidade com que o
fenocircmeno ocorre e natildeo a quantidade Nessa linha de pensamento Costa e Valle (2000)
assinalam que na pesquisa de natureza qualitativa natildeo importa a quantidade de participantes
envolvidos em uma investigaccedilatildeo e sim o aprofundamento qualitativo do fenocircmeno pesquisado
Minayo (2010) ao discutir a amostragem na pesquisa qualitativa afirma que nesta
haacute uma preocupaccedilatildeo menor com a generalizaccedilatildeo Na verdade haacute necessidade de um maior
aprofundamento e abrangecircncia da compreensatildeo Entatildeo para esta abordagem o criteacuterio
fundamental natildeo eacute o quantitativo mas sua possibilidade de incursatildeo ou seja eacute essencial que o
pesquisador seja capaz de compreender o objeto de estudo Logo a quantidade da amostra deve
permitir que haja a reincidecircncia de informaccedilotildees ou saturaccedilatildeo dos dados situaccedilatildeo ocorrida
quando nenhuma informaccedilatildeo nova eacute acrescentada com a continuidade do processo de pesquisa
Para a seleccedilatildeo da amostra utilizou-se como criteacuterios de inclusatildeo selecionar o
profissional da aacuterea da Sauacutede ndash meacutedico enfermeiro e cirurgiatildeo-dentista ndash que estivesse atuando
no distrito escolhido para o estudo no momento da coleta de dados incluir soacute quem tivesse no
miacutenimo um ano de atuaccedilatildeo profissional naquele local soacute incluir aquele que aceitasse participar
do estudo
Para a obtenccedilatildeo do material empiacuterico inicialmente optamos pela teacutecnica de entrevista
com a utilizaccedilatildeo do sistema de gravaccedilatildeo contudo alguns participantes solicitaram que natildeo
fosse empregada a referida teacutecnica
Diante da referida solicitaccedilatildeo aplicamos um formulaacuterio contendo perguntas
pertinentes aos objetivos propostos para a pesquisa Este instrumento foi composto de duas
partes a primeira abordou questotildees sobre dados soacutecio-demograacuteficos versando-se a conhecer o
perfil do profissional a segunda formulou questotildees voltadas mais diretamente aos Cuidados
Paliativos (APEcircNDICE A)
O material empiacuterico advindo destes profissionais foi codificado a partir da categoria
profissional a fim de se manter o anonimato deles Dessa forma os depoimentos oriundos dos
profissionais meacutedicos foram identificados pela letra ldquoMrdquo seguido de nuacutemeros de um a dez
Exemplo o primeiro profissional meacutedico foi codificado da seguinte maneira ldquoM1rdquo o segundo
profissional meacutedico ldquoM2rdquo e assim sucessivamente Em relaccedilatildeo ao profissional enfermeiro foi
atribuiacutedo o coacutedigo ldquoErdquo tambeacutem seguido de nuacutemeros de um a dez como terceiro profissional
enfermeiro ldquoE3rdquo Por fim ao profissional cirurgiatildeo-dentista foi determinada a letra ldquoDrdquo
58
acrescida do nuacutemero um a dez a fim de se destacar o profissional responsaacutevel por aquele
depoimento
A coleta de dados foi iniciada apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo Comitecirc de
Eacutetica em Pesquisa do Hospital Universitaacuterio Lauro Wanderlei da Universidade Federal da
Paraiacuteba sob o protocolo de nordm 77710 Sendo assim obedeceu-se aos procedimentos eacuteticos
relativos agrave Pesquisa Envolvendo Seres Humanos no cenaacuterio brasileiro referenciados nas
Diretrizes e Normas Regulamentadoras dispostas na Resoluccedilatildeo Nordm 19696 do Conselho
Nacional de Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2007)
A aproximaccedilatildeo com os participantes da pesquisa foi feita inicialmente mediante um
contato preacutevio com a Diretora do Distrito Sanitaacuterio IV do Municiacutepio de Joatildeo Pessoa a qual foi
informada acerca da proposta da pesquisa para que pudesse encaminhar a pesquisadora aos
profissionais de niacutevel superior da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia e lhes apresentasse o referido
projeto
Em seguida foi realizado um encontro entre a pesquisadora e os profissionais da
Sauacutede pertencentes a este Distrito Neste encontro foram abordados os objetivos do estudo
justificativa e procedimentos metodoloacutegicos
Nesta ocasiatildeo a pesquisadora apresentou aos participantes o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) ressaltando a liberdade de participar ou natildeo do
estudo e de desistir dele em qualquer momento da investigaccedilatildeo sem que isto lhes acarretasse
qualquer prejuiacutezo ou constrangimento A pesquisadora os esclareceu sobre a garantia do
anonimato do participante e da confidenciabilidade nos dados fornecidos Aleacutem disso
enfatizou a contribuiccedilatildeo da pesquisa para o reconhecimento da valoraccedilatildeo dos Cuidados
Paliativos pela equipe de sauacutede da famiacutelia
Os dados obtidos por meio do instrumento proposto foram agrupados e analisados
mediante a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo Esta eacute compreendida como um conjunto de teacutecnicas
de anaacutelise das comunicaccedilotildees que tem por finalidade a de obter procedimentos sistemaacuteticos e
objetivos de descriccedilatildeo do conteuacutedo e indicadores das mensagens os quais possibilitam a
induccedilatildeo de informaccedilotildees sobre as categorias de produccedilatildeo destas mensagens (BARDIN 2008)
Como unidade de registro para anaacutelise do material empiacuterico optamos pela anaacutelise de
conteuacutedo temaacutetica Nesta de acordo com Bardin (2008) a noccedilatildeo de tema eacute amplamente
utilizada e se constitui a unidade de significaccedilatildeo que emerge de um texto analisado segundo
determinados criteacuterios relativos agrave teoria que serve de guia para a leitura A mesma autora
afirma ainda que a noccedilatildeo de tema estaacute relacionada com uma afirmaccedilatildeo sobre determinado
assunto e que este tema pode ser uma palavra uma frase um resumo
59
Portanto fazer uma anaacutelise temaacutetica consiste em descobrir os nuacutecleos de sentidos que
compotildeem a comunicaccedilatildeo cuja presenccedila ou frequecircncia de apariccedilatildeo pode significar alguma coisa
para o objetivo analiacutetico escolhido Esta autora esclarece tambeacutem que a anaacutelise temaacutetica eacute
geralmente empregada para estudar as motivaccedilotildees as atitudes os valores as crenccedilas as
tendecircncias entre outros aspectos
Minayo (2010) acrescenta que ao tratar-se de modalidade temaacutetica que busca os
significados do fenocircmeno investigado no material qualitativo coletado mediante as falas dos
sujeitos elucida-se o ldquotemardquo como unidade de significado ndash o que possibilita desvelar os
ldquonuacutecleos do sentidordquo os quais contemplam as formas de comunicaccedilatildeo estabelecidas entre os
sujeitos da pesquisa
A autora ressalta que a operacionalizaccedilatildeo da teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo ocorre em
trecircs etapas a preacute-anaacutelise a exploraccedilatildeo do material e o tratamento dos resultados
A fase de preacute-anaacutelise eacute conceituada como a fase de organizaccedilatildeo propriamente dita dos
dados coletados Eacute neste momento (de acordo com os objetivos e questotildees do estudo) que se
define a unidade de registro a unidade de contexto os trechos significativos e as categorias
Esta fase pressupotildee o contato inicial com o material e com a escolha deste sendo portanto
realizada uma leitura flutuante com a finalidade de facilitar a compreensatildeo do fenocircmeno
investigado visando-se a alcanccedilar um entendimento mais aprofundado (MINAYO 2010)
Seguindo essas orientaccedilotildees selecionamos o material a ser analisado e em seguida
realizamos a transcriccedilatildeo na iacutentegra das respostas correspondentes aos questionamentos
propostos para o estudo Em seguida procedemos a sucessivas leituras de modo atento com
movimentos de ir e vir nos textos como forma de obter uma melhor compreensatildeo do conteuacutedo
abordado pelos profissionais inseridos no estudo
A fase denominada exploraccedilatildeo do material eacute compreendida como o momento extenso
do estudo podendo haver necessidade de realizar diversas leituras de um mesmo material
(MINAYO 2010) Por conseguinte durante esta etapa trabalhamos de maneira
individualizada com uma questatildeo comum a todos os participantes e assim deu sequecircncia agraves
outras necessitando dessa forma como jaacute foi dito um maior movimento de ir e vir nos textos
no intuito de encontrar um mesmo ponto relevante apresentado numa mesma questatildeo comum a
todos
Logo em seguida destacamos os pontos convergentes com a finalidade de identificar o
significado e o sentido de cada fragmento dos discursos trabalhados Tal atividade possibilitou
explorar o material apresentado para se chegar agrave categorizaccedilatildeo Esta permite o pesquisador
60
ldquo[] agrupar elementos ideias ou expressotildees em torno de um conceitordquo (MINAYO 2010 p
70) capaz de contemplar a essecircncia do mesmo
Para tanto foram realizadas incessantes releituras dos conteuacutedos transcritos do
material empiacuterico coletado procurando-se identificar e realccedilar os seguimentos dos discursos
correspondentes expressos no universo de cada foco comum das questotildees trabalhadas em seus
vaacuterios sentidos
Em seguida esses dados foram compilados agregando-se os trechos dos pontos
convergentes e os de cada questatildeo abordada com seu respectivo foco comum Desse modo foi
possiacutevel identificar as seguintes categorias temaacuteticas Cuidados Paliativos ndash aspectos
conceituais e modalidades terapecircuticas com suas respectivas subcategorias ndash Cuidados
Paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de cura
modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees
O tratamento dos resultados eacute caracterizado como a fase em que se tenta desvendar o
conteuacutedo subjacente ao que estaacute sendo manifesto buscando-se compreender as caracteriacutesticas
do fenocircmeno analisado Durante esta fase satildeo abordadas as inferecircncias e interpretaccedilotildees
anunciadas no referencial teoacuterico do estudo proposto culminando-se em novas descobertas
sendo isto um alicerce para novas dimensotildees teoacutericas ante o fenocircmeno investigado (MINAYO
2010)
Na anaacutelise final a pesquisadora realizou a articulaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo do material
empiacuterico com base na literatura pertinente ao tema em estudo a fim de proceder agrave descriccedilatildeo
dos dados obtidos a partir dos relatos dos profissionais inseridos na pesquisa bem como
conjeturar novas possibilidades acerca da investigaccedilatildeo proposta
61
5 Apresentaccedilatildeo dos dados e
discussatildeo dos resultados
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
62
Este capiacutetulo tem por objetivo o de apresentar dados relacionados com os participantes
inseridos no estudo os quais viabilizaram a realizaccedilatildeo deste estudo Em seguida seratildeo
apresentadas as categorias e subcategorias temaacuteticas que emergiram do material empiacuterico do
estudo mediante a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (2008)
51 APRESENTACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA
Esta investigaccedilatildeo foi realizada com os profissionais da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV constituiacuteda por uma amostra de trinta sujeitos sendo dez
enfermeiros dez meacutedicos e dez cirurgiotildees-dentistas Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria observamos
uma variaccedilatildeo entre os vinte e oito e os setenta e trecircs anos Os referidos participantes concluiacuteram
a formaccedilatildeo acadecircmica entre 1967 e 2009 Ressaltamos que a instituiccedilatildeo de ensino de maior
prevalecircncia foi a Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB)
Em relaccedilatildeo agrave titulaccedilatildeo averiguamos que vinte e quatro dos profissionais inseridos no
presente estudo satildeo especialistas Dentre esta amostra treze possuem cursos lato sensu em
aacutereas relacionadas com a atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo Baacutesica como Sauacutede da Famiacutelia Sauacutede Puacuteblica e
Sauacutede Coletiva Segundo Gil (2005) desde a deacutecada de 1990 com a criaccedilatildeo do PSF tem sido
unacircnime o reconhecimento acerca da importacircncia de construir um novo modo de fazer sauacutede e
ao mesmo tempo a constataccedilatildeo de que o perfil dos profissionais formados natildeo se encontra
bastante adequado a habilitaacute-los para uma atuaccedilatildeo na perspectiva da atenccedilatildeo integral agrave sauacutede
nas praacuteticas que contemplem accedilotildees de promoccedilatildeo proteccedilatildeo prevenccedilatildeo atenccedilatildeo precoce cura e
reabilitaccedilatildeo
Para tanto o Ministeacuterio da Sauacutede criou em 2000 os cursos de especializaccedilatildeo e
residecircncia multiprofissional em Sauacutede da Famiacutelia Esses cursos tiveram a finalidade de dar
suporte teoacuterico e praacutetico aos profissionais jaacute inseridos nas equipes e oferecer em especial aos
receacutem-egressos dos cursos de Medicina e Enfermagem uma formaccedilatildeo mais voltada agraves
necessidades do PSF Outro objetivo para a criaccedilatildeo desses cursos foi o de estimular no interior
das universidades e das escolas estaduais de sauacutede puacuteblica a inserccedilatildeo de conteuacutedos pertinentes
agrave Sauacutede da Famiacutelia nos programas de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu (GIL 2005)
Quanto ao tempo de atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo Baacutesica especificamente na Estrateacutegia Sauacutede
da Famiacutelia os profissionais referiram o periacuteodo de dois a vinte anos de atuaccedilatildeo nesta aacuterea
63
52 APRESENTACcedilAtildeO DO MATERIAL EMPIacuteRICO DO ESTUDO
O material empiacuterico do estudo eacute oriundo das seguintes questotildees norteadoras
Que vocecirc entende por Cuidados PaliativosNo seu entendimento quais as
modalidades terapecircuticas empregadas nos Cuidados Paliativos Na sua visatildeo quais os
profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Na sua concepccedilatildeo que eacute necessaacuterio para se viabilizar a implantaccedilatildeo de Cuidados Paliativos
na Atenccedilatildeo Baacutesica
As respostas obtidas a partir destas questotildees possibilitaram a construccedilatildeo de duas
categorias apresentadas a seguir
CUIDADOS PALIATIVOS ASPECTOS CONCEITUAIS E MODALIDADES
TERAPEcircUTICAS
Nesta categoria seratildeo destacados trechos dos depoimentos dos profissionais da Sauacutede
inseridos no estudo acerca da compreensatildeo deles sobre Cuidados Paliativos Em seguida seraacute
evidenciado o entendimento dos participantes a respeito das modalidades terapecircuticas
empregadas nessa modalidade de cuidar Desta temaacutetica surgiram duas subcategorias
ldquoCuidados paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de
curardquo e ldquoModalidades terapecircuticas em cuidados paliativosrdquo
Cuidados Paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de
cura
Os Cuidados Paliativos ao contraacuterio do que se pensa natildeo representam uma omissatildeo de
tratamentos e cuidados eles tecircm sua filosofia baseada na prestaccedilatildeo de cuidados que avaliam o
paciente dentro das dimensotildees que o compotildeem (biopsiacutequico-social-espiritual) e nos cuidados que
podem ser atribuiacutedos a esse paciente de modo que lhe ofereccedilam o conforto e o aliacutevio necessaacuterio
procurando atenuar os efeitos de uma situaccedilatildeo fisioloacutegica desfavoraacutevel originada por um quadro
patoloacutegico que natildeo responde mais a intervenccedilotildees terapecircuticas curativas (OLIVEIRA SAacute SILVA
2007)
Arauacutejo (2011) assinala que o conhecimento e praacutetica dos profissionais da Sauacutede sobre
os Cuidados Paliativos natildeo apenas no Brasil mas em acircmbito mundial estatildeo atrelados a alguns
fatores que tecircm contribuiacutedo para o crescimento exponencial do interesse Um dos fatores a ser
64
ponderado foi a reformulaccedilatildeo do conceito de Cuidados Paliativos feita pela Organizaccedilatildeo
Mundial de Sauacutede (OMS) em 2002 Essa revisatildeo modificou o objeto dos Cuidados Paliativos
de pacientes oncoloacutegicos sem prognoacutestico de cura para pacientes acometidos por doenccedilas
crocircnicas que natildeo respondem ao tratamento curativo
Dessa forma o cuidado que ateacute entatildeo era destinado exclusivamente aos pacientes com
cacircncer passou a ser preconizado e praticado tambeacutem a pacientes portadores de doenccedilas
cronodegenerativas (doenccedilas cardiacuteacas respiratoacuterias neuroloacutegicas renais infectocontagiosas
como a AIDS) quando estas estatildeo em fase avanccedilada e natildeo mais responsiva a tratamentos
curativos visando-se ao aliacutevio da dor e sofrimento que tratamentos invasivos e pouco
resolutivos causam nesta etapa
Com a referida revisatildeo referindo-se a pacientes com patologias crocircnicas profissionais
da Sauacutede das mais diversas aacutereas tecircm entrado em contato com a filosofia paliativista ao
buscarem cuidado de melhor qualidade com os pacientes em estaacutegio avanccedilado de patologias
que ainda natildeo satildeo passiacuteveis de cura
Com base nesse entendimento fica evidenciada a importacircncia da praacutetica dos Cuidados
Paliativos para assistir pacientes sem possibilidades terapecircuticas de cura e em fase terminal
Isto pode ser constatado nos trechos dos depoimentos dos participantes do estudo a seguir
Cuidados paliativos satildeo aqueles em que quando jaacute se esgotaram todas as possibilidades
de cura da doenccedila o paciente continua sendo assistido pelos profissionais da Sauacutede para
que o mesmo tenha uma morte menos sofrida (M2)
Satildeo aqueles oferecidos com objetivo de minorar o sofrimento uma vez que satildeo usados em
casos que natildeo haacute resoluccedilatildeo ou seja cura total (M5)
Satildeo cuidados que proporcionam uma melhora no quadro patoloacutegico do enfermo
aliviando o sofrimento fiacutesico e espiritual (M8)
Satildeo cuidados prestados aos pacientes em estado terminal que visam proporcionar uma
melhor qualidade de vida [] (D3)
[] cuidados paliativos satildeo aqueles cuidados para pacientes terminais idosos e
especiais que precisam mais de carinho e amor que o proacuteprio medicamento (D5)
Consiste na assistecircncia promovida por uma equipe interdisciplinar com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida do paciente terminal (D9)
Cuidados prestados com a finalidade de diminuir a dor ou sofrimento do paciente (E1)
Satildeo cuidados direcionados a pacientes terminais acamados para minimizar o sofrimento
(E4)
65
Satildeo tentativas de prevenccedilatildeo da progressatildeo dos problemas decorrentes de doenccedilas
prolongadas e incuraacuteveis diminuindo o sofrimento e proporcionando melhor qualidade
de vida ao paciente (E8)
Assistecircncia cujo objetivo eacute o de aliviar a dor melhorar a qualidade de vida diante de uma
enfermidade que natildeo tem cura ou ameaccedila a vida (E9)
Esses trechos dos depoimentos satildeo demonstrativos da valoraccedilatildeo da praacutetica dos
Cuidados Paliativos para se propiciar uma assistecircncia humanizada e direcionada a pacientes
com doenccedilas incuraacuteveis e em fase terminal com vistas agrave promoccedilatildeo da qualidade de vida e
minimizaccedilatildeo do sofrimento em decorrecircncia de doenccedila terminal Dessa forma constatamos que
os meacutedicos os cirurgiotildees-dentistas e os enfermeiros todos inseridos no estudo consideram os
Cuidados Paliativos como cuidados de conforto para o paciente cuidado para boa morte
cuidado biopsiacutequicoespiritual e cuidado interdisciplinar
As ponderaccedilotildees apresentadas estatildeo em consonacircncia com a afirmativa de Caponero
(2002) ao ressaltar que os Cuidados Paliativos fundamentam-se em uma concepccedilatildeo global e
ativa do tratamento compreendendo a atenccedilatildeo aos aspectos fiacutesicos sociais e espirituais das
pessoas que estatildeo com doenccedila incuraacutevel
Sousa et al (2010) assinalam que os Cuidados Paliativos constituem um campo
interdisciplinar de cuidados totais ativos e integrais dispensados aos pacientes com doenccedilas
avanccediladas e sem possibilidades de cura desde o estado inicial ateacute agrave fase terminal
Nessa linha de pensamento merecem destaque alguns depoimentos dos participantes
da pesquisa no que se refere aos grupos de pacientes que necessitam de Cuidados Paliativos a
saber pacientes em fase terminal e sem possibilidades terapecircuticas de cura como evidenciam
os trechos a seguir
[] pacientes que se encontram hospitalizados os quais jaacute estatildeo em estaacutegios avanccedilados
da doenccedila (M2)
Pacientes em fase terminal ou cacircncer e patologias crocircnicas insuficiecircncia renal e
hepaacutetica (M5)
Pacientes em estaacutegio terminal ou acamados por doenccedilas crocircnicas (ex AVC) [] (M8)
Aleacutem dos pacientes que se encontram em fase terminal de doenccedilas como o cacircncer []
bem como aqueles que sofrem de doenccedilas irreversiacuteveis com pouca sobrevida ou com
prognoacutestico desfavoraacutevel a sua cura (D3)
[]pacientes desenganados(D6)
66
Satildeo destinados ao paciente em fase terminal como por exemplo os pacientes
oncoloacutegicos e ainda pacientes com doenccedilas crocircnicodegenerativas (D10)
Na minha opiniatildeo pode ser aplicado em qualquer pessoa que esteja com um problema de
sauacutede e em que se natildeo for possiacutevel fazer tratamento definitivo ou cura (E1)
Idosos ou pacientes acamados ou restritos ao leito por algum motivo ou que foram
desenganados pela Medicina (E2)
Insuficiecircncia renal cardiacuteaca e respiratoacuteria pacientes com insuficiecircncia hepaacutetica
doenccedilas neuroloacutegicas degenerativas e graves e tambeacutem o portador de AIDS (E8)
Esses depoimentos deixam transparecer de modo enfaacutetico a compreensatildeo de
meacutedicos cirurgiotildees-dentistas e enfermeiros da ESF todos envolvidos no estudo dos grupos
que necessitam destes cuidados especiais para pacientes que se encontram acometidos por
doenccedilas incuraacuteveis bem como pacientes em fase de terminalidade
Sousa et al (2010) afirmam que a inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na praacutetica
assistencial eacute primordial para se estabelecer um cuidado em que satildeo adotadas medidas
humanizadas direcionadas aos pacientes terminais e sem possibilidades terapecircuticas de cura
tanto no iniacutecio da doenccedila como em sua fase final Entende-se assim que tais cuidados
baseiam-se na concepccedilatildeo de que o paciente mesmo estando em estado terminal pode fazer da
vida uma experiecircncia de crescimento e realizaccedilatildeo Isto porque na vida ele natildeo se resume
somente a um corpo fiacutesico em que na condiccedilatildeo de terminalidade nada pode ser feito mas tem
o direito de receber o melhor cuidado com uma assistecircncia que lhe promova qualidade de vida
e manutenccedilatildeo do conforto e atue no auxiacutelio das funccedilotildees fisioloacutegicas respeitando-se as suas
necessidades de maneira humanizada
Dessa maneira tais cuidados envolvem um processo interior de busca e despertar de
valores sempre que a ocasiatildeo se origina de um envolvimento de um cuidado empaacutetico e natildeo
somente de um cuidado diretivo e teacutecnico Nesta maneira de cuidar o profissional da Sauacutede
busca propiciar uma assistecircncia humaniacutestica ao paciente e seus familiares
A literatura dos Cuidados Paliativos realccedila a presenccedila dos familiares como elemento
colaborador no cuidar do paciente sendo este considerado participante ativo no planejamento
de todo cuidado a ser implementado (MELO FIGUEIREDO 2006) Por conseguinte eacute
imprescindiacutevel que o profissional da ESF compreenda que a famiacutelia tambeacutem necessita de
cuidados
Tal relevacircncia foi apontada por alguns participantes do estudo ao assinalarem que os
Cuidados Paliativos podem ldquo[] ajudar a famiacutelia a lidar com a doenccedila e o doenterdquo (E9) ldquo[]
67
visam proporcionar uma melhor qualidade de vida com menos sofrimento para ele e seus
familiaresrdquo (D3) e ldquo[] eacute a assistecircncia interdisciplinar que tem como objetivo melhorar a
qualidade de vida do paciente e sua famiacutelia diante de uma doenccedila que ameaccedila sua vidardquo (D10)
Arauacutejo (2011) pondera que a famiacutelia eacute muito valorizada no acircmbito dos Cuidados
Paliativos porque aleacutem de configurar-se como fonte de apoio e estiacutemulo para o paciente no
enfrentamento do processo de adoecimento e morte mostra-se como uma continuidade do
proacuteprio paciente representando seus valores e demandas em situaccedilotildees que ele natildeo pode
resolver por si proacuteprio
Neste sentido os Cuidados Paliativos visam ao controle dos sofrimentos fiacutesicos
emocionais espirituais e sociais do paciente e sua famiacutelia na presenccedila de doenccedilas sem
possibilidades terapecircuticas de cura Os profissionais que implementam em sua assistecircncia os
Cuidados Paliativos devem assimilar diferenciadas formas de cuidado destacando a busca de
uma relaccedilatildeo dialoacutegica associada ao saber ouvir com o paciente e com a famiacutelia reforccedilada pelo
viacutenculo e pela confianccedila entre o profissional e o pacientefamiacutelia
Em pesquisa desenvolvida por Santos (2009) constatou-se que se o paciente estaacute bem
cuidado confortado e respeitado o familiar sente-se cuidado tambeacutem O estudo esclarece ainda
que o familiar quando se envolve no processo de cuidado de seu parente percebe que o estaacute
acolhendo e cuidando
Sendo assim na abordagem dos Cuidados Paliativos o envolvimento da famiacutelia eacute
primordial retomando-se o sentido de que esta exerce um importante papel no crescimento e
desenvolvimento dos indiviacuteduos e na recuperaccedilatildeo da sauacutede (FERREIRA SOUZA STUCHI
2008)
Ferreira Chico e Hayhashi (2005) chamam a atenccedilatildeo para o fato de que quando um
indiviacuteduo recebe um diagnoacutestico de que a doenccedila estaacute fora de possibilidades de cura sua
famiacutelia sofre com ele e o impacto eacute sempre muito doloroso Em consequecircncia disso cada
famiacutelia pode manifestar reaccedilotildees distintas como negaccedilatildeo reserva ou fechamento ao diaacutelogo
Diante dessas ponderaccedilotildees observamos que a famiacutelia eacute aspecto fundamental para o
paciente que vivencia o processo de morrer sendo considerada fonte de apoio e estiacutemulo para o
enfrentamento de diversos problemas que permeiam esta situaccedilatildeo Arauacutejo (2006) assinala que a
rede familiar que apoia o paciente compreende natildeo apenas os seus consaguiacuteneos mas tambeacutem
as pessoas proacuteximas com quem ele possui um relacionamento mais estreito
Bielemann (2003) salienta que a famiacutelia eacute considerada um espaccedilo social cujos
membros interagem trocam informaccedilotildees e ao identificarem problemas de sauacutede apoiam-se
mutuamente Eacute um grupo social dinacircmico um sistema aberto para trocas cuja concepccedilatildeo varia
68
de acordo com a cultura e com o momento vivenciado Como unidade a famiacutelia representa mais
do que a soma de caracteriacutesticas individuais de seus membros
Arauacutejo (2006) em estudo que desenvolveu reconheceu por meio da visatildeo dos
participantes do estudo que o referido apoio pode ser sinocircnimo de forccedila suporte base alento
um porto seguro que independente das adversidades sempre estaraacute laacute para acolher e
aconchegar o membro que passa por um problema Portanto perante o sofrimento vivenciado
o apoio passa a ter sentido de encorajamento estiacutemulo incentivo forccedila que incita o indiviacuteduo a
lutar pela vida
Destarte independente do seu contexto a famiacutelia eacute apontada pela literatura como uma
das principais fontes de sustentaccedilatildeo e estiacutemulo para o enfrentamento de uma doenccedila
considerada terminal (KUumlBLER-ROSS 2002 SALES MOLINA 2004 MALUF MORI
BARROS 2005)
Eacute de fundamental importacircncia que os profissionais da aacuterea da Sauacutede inseridos no
contexto da Atenccedilatildeo Baacutesica compreendam o significado real da filosofia dos Cuidados
Paliativos promovendo a valorizaccedilatildeo do ser humano no processo sauacutede-doenccedila com o escopo
de sempre lhe propiciar uma melhor qualidade de vida quando natildeo existir mais possibilidade
terapecircutica bem como promover suporte aos seus familiares durante o estaacutegio da doenccedila e no
processo da morte e do morrer
No campo da filosofia dos Cuidados Paliativos outro aspecto merecedor de destaque
diz respeito agraves modalidades terapecircuticas Nesse sentido os profissionais envolvidos no estudo
evidenciaram algumas modalidades destacadas na subcategoria a seguir
Modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos
Eacute notoacuterio que os Cuidados Paliativos estatildeo constituindo um corpo de conhecimentos
que vem tornando-se objeto do trabalho dos profissionais da Sauacutede tendo em vista o aumento
da sobrevida de pacientes portadores de doenccedilas crocircnicas sendo essenciais para a promoccedilatildeo de
sua qualidade de vida e bem-estar
Sob esse prisma para o alcance de uma proposta de uma assistecircncia holiacutestica os
Cuidados Paliativos utilizam-se das diferenciadas modalidades terapecircuticas Segundo os
depoimentos a seguir seratildeo apontadas algumas destas modalidades ressaltadas pelos
participantes do estudo
69
Atendimento fisioterapecircutico apoio psicoloacutegico atenccedilatildeo e carinho e tratamentos
alopaacuteticos eou homeopaacuteticos para aliviar a dor e a tensatildeo sempre que necessaacuterio (M1)
Entendo que as modalidades terapecircuticas visam a farmacologia com a finalidade de
diminuir a dor fiacutesica seria a psicoloacutegica com finalidade de amenizar o sofrimento mental
dos mesmos e seus familiares (M2)
O carinho o amor no desenvolvimento de praacuteticas paliativas (M6)
Atenccedilatildeo psicossocial fisioterapia tratamento para aliacutevio da dor (D3)
[] massagens e medicaccedilatildeo (D4)
A conversa carinhosa a visita diaacuteria e amor (D5)
Aliacutevio da dor e sofrimento assistecircncia psicoloacutegica (D10)
[]apoio espiritual (E2)
Atraveacutes de medicamentos massagem yoga acunputura Reik escuta qualificada
meditaccedilatildeo psicologia (E3)
Fitoterapia homeopatia medicina alternativa alimentaccedilatildeo alternativa acupuntura
educaccedilatildeo alimentar espiritualidade (E7)
Nos trechos dos depoimentos dos profissionais envolvidos no estudo eacute notoacuterio o
reconhecimento de diversas modalidades terapecircuticas empregadas nos Cuidados Paliativos
evidenciando-se que eles conhecem vaacuterias possibilidades terapecircuticas direcionadas ao paciente
sem possibilidades de cura
Considerando as modalidades usualmente empregadas na praacutetica dos Cuidados
Paliativos referenciadas pelos participantes optamos por apresentaacute-las em dois grupos o
primeiro direcionado para a intervenccedilatildeo bioloacutegica e o segundo para a intervenccedilatildeo
psicoterapecircutica
No que tange agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica em Cuidados Paliativos os trabalhadores
envolvidos no estudo destacaram a farmacologia a fisioterapia e a nutriccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave
intervenccedilatildeo psicoterapecircutica enfatizaram o emprego da comunicaccedilatildeoescuta qualificada da
psicologia e da espiritualidade
Dentre as intervenccedilotildees bioloacutegicas a modalidade nutricional eacute utilizada para o controle
de sintomas valorizaccedilatildeo dos alimentos preferenciais adequaccedilatildeo da dieta conforto emocional
diminuiccedilatildeo da ansiedade aumento da autoestima e respeito ao desejo de alimentos manifestado
pelo proacuteprio paciente
70
A alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo para o paciente terminal constituem uma parcela desse
cuidado tatildeo importante quanto a escuta o diaacutelogo o acompanhamento a leitura o canto entre
outros (FERRER LABRADA LOacutePEZ 2009)
Nesse enfoque observamos que essa modalidade terapecircutica eacute de suma relevacircncia
uma vez que partindo de uma abordagem integral do paciente pode-se promover o aliacutevio dos
sintomas tais como perda de peso anorexia disgeusia (distorccedilatildeo do senso do paladar)
xerostomia (sensaccedilatildeo subjetiva de boca seca) entre outros
No tocante aos sintomas gastrointestinais Santos (2002) destaca a constipaccedilatildeo
porquanto tem ocorrido um aumento da demanda de pacientes em Cuidados Paliativos
apresentando tal sintoma Trata-se de um sintoma comum que interfere na qualidade de vida de
pacientes podendo o controle dele ser conseguido por meio de intervenccedilatildeo nutricional
adequada permitindo-se que seja minimizado sem que meacutetodos invasivos e desconfortaacuteveis
sejam utilizados
De acordo com Silva et al (2009) o papel do nutricionista deve ser o de atuar em
equipe multiprofissional para que todos os profissionais envolvidos alcancem um objetivo
comum o de proporcionar conforto e melhorar a qualidade de vida de pacientes que recebem
esse tipo de cuidado Aleacutem disso eacute inegaacutevel a valorizaccedilatildeo do papel do nutricionista na equipe
multiprofissional sobretudo na decisatildeo de manter ou suspender a alimentaccedilatildeo e a hidrataccedilatildeo de
pacientes que estatildeo em Cuidados Paliativos por entender-se a importacircncia do consumo de
alimentos para minimizar desconfortos nutrir e proporcionar prazer
Portanto tratando-se de Cuidados Paliativos em que todos os esforccedilos devem estar
direcionados agrave promoccedilatildeo do bem-estar fiacutesico e psicoloacutegico dos pacientes o profissional
nutricionista deve ter em mente que o consumo de alimentos eacute capaz de minimizar
desconfortos cuidar de distuacuterbios orgacircnicos nutrir e proporcionar prazer (SANTOS 2002)
Em relaccedilatildeo agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica farmacoloacutegica os profissionais que compotildeem a
ESF devem reconhecer que a utilizaccedilatildeo da farmacoterapia eacute de grande relevacircncia para
pacientes que se encontram na terminalidade Haja vista que o emprego de cuidados teacutecnicos
satildeo importantes nos Cuidados Paliativos para aliacutevio da dor e de outros sintomas decorrentes da
doenccedila terminal
Essa assertiva eacute corroborada por Bonfaacute Vinagre e Figueiredo (2008) ao afirmarem
que ao emprego de drogas em pacientes sem possibilidade de cura procede-se com o propoacutesito
de aliviar o quadro de dor em que estes se encontram Acrescentam que dentre as drogas
existentes para essa finalidade destaca-se a Cannabis sativa (Cs) cuja accedilatildeo eacute capaz de
amenizar a dor crocircnica visto que promoveraacute efeitos ansioliacuteticos analgesia e aumento da
71
toleracircncia agrave dor Aleacutem desses benefiacutecios esta droga age com outros princiacutepios que seratildeo
imperiosos para o bem-estar do paciente tais como estiacutemulo do apetite no estado de caquexia
accedilatildeo antiemeacutetica relaxamento muscular para aliacutevio da espasticidade atividade antitumoral e
anti-inflamatoacuteria no cacircncer entre outros Entretanto eacute importante ressaltar que para se
utilizarem os canabinoides como analgeacutesicos devem ser consideradas limitaccedilotildees que essa
alternativa terapecircutica apresenta porquanto ainda eacute incipiente a realizaccedilatildeo de pesquisas
voltadas para a sua recomendaccedilatildeo agrave pacientes crocircnicos
Em estudo desenvolvido por Santos et al (2009) verificou-se que a utilizaccedilatildeo de
Cuidados Paliativos ocorreu por meio da administraccedilatildeo de faacutermacos para o alcance da sedaccedilatildeo
com o intuito de diminuir o niacutevel de consciecircncia de um doente com doenccedila avanccedilada ou
terminal a fim de controlar alguns sintomas
A sedaccedilatildeo paliativa eacute um procedimento terapecircutico de indicaccedilatildeo meacutedica destinada
para aliacutevio de sintomas que podem aparecer no contexto de doentes no final da vida Observa-
se ainda que eacute utilizada como uma modalidade terapecircutica de Cuidados Paliativos e que o
emprego dela estaacute intrinsecamente relacionado com o surgimento de sintomas como deliacuterio
dor e dispneias Tais sintomas aparecem comumente de forma simultacircnea (GIROND
WATERKEMPER 2006)
Quanto agrave intervenccedilatildeo fisioterapecircutica apontada pelos profissionais participantes do
estudo Marcucci (2005) assinala que os profissionais da Fisioterapia possuem um arsenal
abrangente de teacutecnicas que complementam os Cuidados Paliativos na melhora da
sintomatologia e consequentemente na da qualidade de vida Destaca-se neste arsenal a
terapia para a dor aliacutevio de sintomas psicofiacutesicos atuaccedilatildeo nas complicaccedilotildees
osteomioarticulares reabilitaccedilatildeo de complicaccedilotildees linfaacuteticas atuaccedilatildeo na fadiga melhora da
funccedilatildeo pulmonar cuidados com as uacutelceras de pressatildeo fisioterapia nos Cuidados Paliativos
pediaacutetricos entre outros
Assim compreendemos que o fisioterapeuta deteacutem meacutetodos e recursos exclusivos de
sua profissatildeo que satildeo imensamente uacuteteis nos Cuidados Paliativos porque busca a melhora das
condiccedilotildees de vida dos pacientes sem possibilidades curativas reduzindo os sintomas e
promovendo sua independecircncia funcional
Em relaccedilatildeo agrave intervenccedilatildeo psicoterapecircutica conforme foi assinalada nos trechos dos
participantes do estudo observamos a referecircncia da comunicaccedilatildeoescuta qualificada a da
psicologia e a da espiritualidade modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos
No contexto dos Cuidados Paliativos o emprego adequado da comunicaccedilatildeo eacute
considerado como um pilar baacutesico para sua eficaz implementaccedilatildeo (KOacuteVACS 2004)
72
representando o suporte utilizado pelo paciente por meio do qual ele pode expressar-se e
realizar seus anseios necessitando para tanto de um cuidado integral e humanizado
Este tipo de cuidado integral e humanizado soacute eacute possiacutevel quando o profissional faz uso
de habilidades de comunicaccedilatildeo estabelecendo esta de forma efetiva e compassiva com o
paciente e sua famiacutelia sobre assuntos referentes agrave terminalidade
Em estudo realizado por Arauacutejo e Silva (2007) observou-se que o paciente no quadro
da terminalidade anseia por uma comunicaccedilatildeo que alcance algo a mais ou seja deixe de ser
aquela que trata apenas de transmitir informaccedilotildees e passe a ser transmitida de forma
diferenciada com emprego de palavras e atitudes (comunicaccedilatildeo verbal e natildeo verbal) que
revelem mensagens de atenccedilatildeo e cuidado
Para tanto eacute imperioso que o profissional modifique a sua forma de assistir passando
do fazer para o escutar perceber compreender identificar necessidades para soacute entatildeo planejar
accedilotildees
Inaba e Silva (2002) chamam a atenccedilatildeo para a importacircncia da comunicaccedilatildeo natildeo
verbal considerando-a essencial ao cuidado humano pelo fato de resgatar a capacidade do
profissional da Sauacutede para perceber com maior precisatildeo os sentimentos do paciente suas
duacutevidas e dificuldades de verbalizaccedilatildeo aleacutem de o ajudar a potencializar sua proacutepria
comunicaccedilatildeo
De acordo com Silva (2003) eacute crucial para o cuidado com o paciente sem
possibilidades de cura que o profissional perceba compreenda e empregue adequadamente a
comunicaccedilatildeo natildeo verbal Haja vista que ela permite a percepccedilatildeo e compreensatildeo dos
sentimentos duacutevidas e anguacutestias do paciente assim como o entendimento e clarificaccedilatildeo de
gestos expressotildees olhares e linguagem simboacutelica tiacutepicos de quem estaacute morrendo
Na comunicaccedilatildeo natildeo verbal Higuera (2005) destaca a grandeza da escuta ativa no
processo de Cuidados Paliativos que eacute compreendida como o cuidador concentrar-se no outro
sem interrompecirc-lo deixando-o falar respeitando o silecircncio para que possa escutar suas
duacutevidas inseguranccedilas desconforto e ateacute mesmo o seu medo
Arauacutejo (2011) assinala que a escuta ativa envolve o uso terapecircutico do silecircncio a
emissatildeo consciente de sinais faciais natildeo verbais que denotam interesse no que estaacute sendo dito
(manutenccedilatildeo de contato visual meneios positivos de cabeccedila) a aproximaccedilatildeo fiacutesica e a
orientaccedilatildeo do corpo com o tronco voltado para a pessoa e o uso de expressotildees verbais curtas
que encorajam a continuidade da fala tais como ldquoE entatildeordquo ldquoestou te escutandordquo entre
outras
73
Higuera (2005) adverte que escutar natildeo eacute apenas ouvir mas permanecer em silecircncio
utilizar gestos de afeto e sorriso que expressem aceitaccedilatildeo e estimulem a expressatildeo de
sentimentos Tal ponderaccedilatildeo pode ser contemplada nos depoimentos dos profissionais
participantes da pesquisa expressos a seguir
[] acolher o paciente e fazer a escuta (M1)
E principalmente conversa manter o ciclo de conversa [](D2)
Agraves vezes soacute a sua presenccedila toque um olhar um gesto de carinho jaacute eacute uma estrateacutegia
(D6)
[] escutar o paciente (E1)
Escutar o usuaacuterio (E5)
Acredito que um aperto de matildeo um olhar carinhoso [] (M8)
Com base nas narrativas observamos a sensibilidade dos profissionais para o emprego
dessa modalidade no contexto do cuidado os quais reconhecem-na como importante estrateacutegia
para o relacionamento pessoal Eacute imprescindiacutevel dessa forma este profissional ser orientado
para compreender o momento de falar e aquilo que vai falar possibilitar atitudes de
compreensatildeo aceitaccedilatildeo e afeto como calar e escutar como estar proacuteximo e mais acessiacutevel agraves
necessidades destas pessoas
Silva (2008) pondera que as habilidades de comunicaccedilatildeo natildeo satildeo adquiridas com o
tempo mas sim com educaccedilatildeo especiacutefica Portanto mostra-se urgente e necessaacuteria a educaccedilatildeo
destes profissionais em comunicaccedilatildeo interpessoal para que possam desenvolver suas
habilidades relacionais e comunicacionais e aplicaacute-las em seu cotidiano de cuidados a
pacientes sem possibilidades de cura
Dessa forma todos os membros da equipe de sauacutede devem possuir e aprimorar as suas
habilidades de comunicaccedilatildeo uma vez que tecircm como base de seu trabalho as relaccedilotildees humanas
Assim para o relacionamento interpessoal entendido como qualquer interaccedilatildeo face a face entre
duas ou mais pessoas onde haacute troca reciacuteproca de sinais a comunicaccedilatildeo eacute instrumento essencial
(LITLEJOHN 1988)
Arauacutejo (2006) afirma que todo processo de comunicaccedilatildeo interpessoal que ocorre entre
o paciente e quem dele cuida eacute complexo e subjetivo envolvendo a percepccedilatildeo a compreensatildeo
e a transmissatildeo de mensagens de ambas as partes Nesse sentido a comunicaccedilatildeo verbal torna-se
insuficiente para caracterizar essa interaccedilatildeo necessitando qualificaacute-la dar a ela emoccedilotildees
74
enfim um contexto que proporcione ao homem perceber e compreender natildeo soacute o que
significam as palavras mas tambeacutem o que o emissor da mensagem sente
Em relaccedilatildeo ao emprego da Psicologia como modalidade terapecircutica em Cuidados
Paliativos conforme foi destacado por alguns participantes deste estudo esta eacute utilizada com o
paciente com o familiar e com a equipe de forma conjunta ou individual com a finalidade de
avaliar suas condiccedilotildees psiacutequicas para o enfrentamento do adoecimento e da morte
Sheliemann (2011) lembra que essa avaliaccedilatildeo necessita respeitar as condiccedilotildees fiacutesicas e
emocionais que cada patologia provoca naquela que adoece e como ela reage a essa nova
situaccedilatildeo Acrescenta ainda que o psicoacutelogo eacute por sua formaccedilatildeo o profissional que tem a
priori um manejo melhor para lidar com os sentimentos das pessoas e auxiliaacute-las na resoluccedilatildeo
dos conflitos
O cuidado com a dimensatildeo emocional eacute de suma importacircncia para quem vivencia o
processo de morrer uma vez que situaccedilotildees de estresse psicoloacutegico satildeo comuns entre estes
pacientes Em recente estudo multicecircntrico alematildeo realizado por Herschback et al (2008) que
procuraram averiguar caracteriacutesticas de estresse psicoloacutegico em 6365 pacientes com cacircncer
constataram que eles sob Cuidados Paliativos mostraram niacuteveis mais elevados de estresse
psicoloacutegico quando comparados aos demais
Dessa forma observa-se quanto eacute importante a inserccedilatildeo do psicoacutelogo na equipe de
Cuidados Paliativos Lustosa (2007) afirma que cabe ao psicoacutelogo intermediar nas relaccedilotildees
entre famiacutelia e profissionais detectando a falta de informaccedilatildeo que muitas vezes ocorre entre
paciente familiares e equipe multiprofissional as diferenccedilas de ritmo de vida que a doenccedila
impotildee o papel do paciente na vida da famiacutelia as sobrecargas da tarefa meacutedica que dificultam
o contato a comunicaccedilatildeo e a conturbada tarefa de falar sobre as responsabilidades nesse
momento da vida Sendo assim essa autora evidencia a importacircncia do psicoacutelogo para a
construccedilatildeo dessa ponte facilitando uma condiccedilatildeo mais digna durante esse periacuteodo de cuidados
O psicoacutelogo busca por meio dos Cuidados Paliativos oferecer um espaccedilo de escuta
para esclarecimento das necessidades expressatildeo de sentimentos facilitando dessa forma o
acolhimento e a comunicaccedilatildeo (KOVAacuteCS et al 2001)
No que tange ao emprego da espiritualidade esta eacute uma modalidade terapecircutica de
suma importacircncia para o paciente sem possibilidade de cura Haja vista que tanto o cuidado
voltado para a dimensatildeo espiritual pode oferecer qualidade de vida quanto o tratamento da dor
ou a comunicaccedilatildeo Cumpre assinalar que este paciente aleacutem de apresentar sofrimento fiacutesico
pode estar acometido por problemas de ordem psicoloacutegica e espiritual
75
De acordo com Peres et al (2007) a espiritualidade pode ser definida e reconhecida
como uma praacutetica que traz significado e propoacutesito de vida e contribui para a sauacutede e qualidade
de vida de muitas pessoas Esse conceito eacute encontrado em todas as culturas e sociedades
A definiccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) de Cuidados Paliativos
evidencia uma preocupaccedilatildeo com as necessidades espirituais dos pacientes e seus familiares de
modo que a abordagem global fundamenta-se no entendimento de que a pessoa eacute uma entidade
indivisiacutevel um ser fiacutesico e espiritual A busca de sentido de algo maior em que se pretende
confiar tem sido expressa de muitas maneiras diretas e indiretas em metaacuteforas ou em silecircncio
em gestos ou siacutembolos ou talvez mais que tudo numa interaccedilatildeo terapecircutica e numa nova
experiecircncia de criatividade Quem trabalha em Cuidados Paliativos eacute tambeacutem desafiado a
enfrentar essa dimensatildeo em relaccedilatildeo a si proacuteprio (PESSINI BERTACHINI 2005)
Eacute nesse contexto que a modalidade espiritual em Cuidados Paliativos emerge com a
finalidade de promover uma atenccedilatildeo agrave anguacutestia e agrave dor espiritual ofertando uma assistecircncia
integral que envolva estes aspectos interferindo por conseguinte na melhora da evoluccedilatildeo
cliacutenica deste paciente tatildeo fragilizado
Em estudo desenvolvido por Steinhauser et al (2000a) verificou-se certa discrepacircncia
no que concerne agrave importacircncia da espiritualidade no trato com pacientes terminais Esta foi
reportada pelos pacientes como o aspecto mais importante mas natildeo tanto para seus meacutedicos e
outros profissionais da aacuterea da Sauacutede Os autores ressalvam que muitos destes profissionais
acabam por negligenciar uma dimensatildeo apontada como uma das mais importantes para
pacientes eou familiares nesse momento da vida
Peres et al (2007) assinalam que eacute preciso compreender que o paciente terminal
antes de se ajustar agraves suas necessidades espirituais precisa ter seus desconfortos fiacutesicos bem
aliviados e controlados Uma pessoa com dor intensa jamais teraacute condiccedilotildees de refletir no
significado de sua existecircncia uma vez que o sofrimento fiacutesico natildeo aliviado eacute um fator de
ameaccedila constante agrave sensaccedilatildeo de plenitude desejada pelos pacientes que estatildeo morrendo
Sales et al (2008) ressaltam que o tema religiosidade e espiritualidade ganha bastante
importacircncia nos Cuidados Paliativos visto que eacute uma modalidade terapecircutica que ajuda a
promover uma morte serena
Nesta perspectiva Byock (2006) afirma que experimentar uma morte serena eacute ter
oportunidade de viver em plenitude seu uacuteltimo momento O alcance desta plenitude eacute o
objetivo primordial dos Cuidados Paliativos Diante disso o autor lanccedila um desafio aos
profissionais da Sauacutede para que utilizem dimensotildees da espiritualidade como instrumento para a
melhora da sauacutede fiacutesica mental e da qualidade de vida de quaisquer pacientes sobretudo
76
daqueles que se encontram em estaacutegio final da vida e necessitam mais urgentemente de
estrateacutegias de enfrentamento para lidar com as questotildees presentes
Logo a compreensatildeo sobre as modalidades de Cuidados Paliativos permite ao
profissional da ESF a ampliar o seu olhar e sua forma de atuar Esta nova visatildeo possibilita a
prestaccedilatildeo de uma assistecircncia qualificada e integral visto que teraacute subsiacutedios especiacuteficos para
atender agraves necessidades de pacientes em situaccedilatildeo de doenccedila terminal e proporcionar a melhoria
de sua qualidade de vida
Eacute oportuno assinalar que as duas subcategorias analisadas refletem a compreensatildeo da
maioria dos profissionais inseridos na investigaccedilatildeo proposta sobre os aspectos conceituais dos
Cuidados Paliativos Por outro lado alguns revelaram conceitos incompatiacuteveis com a literatura
pertinente ao tema em destaque conforme evidenciado nos relatos a seguir
Cuidados que complementam os cuidados tradicionais ou mesmo que por si soacutes (ou
isoladamente) tratam as morbidades ou previnem ou mesmo promovem a sauacutede do
indiviacuteduo ou da coletividade (M4)
Eacute uma caridade que se faz tentando ajudar algueacutem quando natildeo se tem outro recurso
(M7)
Pode-se dizer que satildeo os cuidados que a sua eficiecircncia natildeo tem reconhecimento
cientiacutefico-comprovado (D1)
Cuidados paliativos satildeo aqueles realizados com o objetivo de diminuir amenizar ou
mesmo resolver temporariamente algumas enfermidades ateacute que sejam realizados
procedimentos definitivos e resolutivos (D4)
Atenccedilatildeo voltada a pacientes que qualquer que seja a patologia natildeo tecircm mais condiccedilotildees
de se cuidar sozinho com isso necessitando de outra pessoa para ajudaacute-lo (E2)
Satildeo cuidados que devem ser realizados para que o paciente venha ter um diagnoacutestico do
quadro cliacutenico eou amenizar o quadro cliacutenico (E7)
Esses relatos denotam uma compreensatildeo incoerente com os aspectos conceituais
disseminados na literatura acerca dos Cuidados Paliativos confundido o emprego desta praacutetica
com os cuidados humanitaacuterios algo comum entre grupos de trabalhadores da aacuterea da Sauacutede
Santos (2011) assinala que os cuidados humanitaacuterios englobam os Cuidados Paliativos
portanto ao se falar em Cuidados Paliativos se fala de cuidados humanitaacuterios mas a reciacuteproca
natildeo eacute verdadeira Por conseguinte eacute de extrema importacircncia o profissional compreender a
diferenccedila entre esses cuidados
Conforme ressalva o autor supracitado ambos compartilham a preocupaccedilatildeo em
atender agraves necessidades inerentes dos seres humanos em seus aspectos fiacutesico psicoloacutegico
social e espiritual todavia os cuidados humanitaacuterios natildeo se restringem aos Cuidados Paliativos
77
nem a uma uacutenica aacuterea como a da Sauacutede mas englobam vasta abrangecircncia do conhecimento
humano e ampla gama de situaccedilotildees
Embora a filosofia dos Cuidados Paliativos pressuponha um cuidar de maneira mais
humaniacutestica englobando o ser humano nos quatro aspectos mencionados o que caracteriza
essa modalidade de cuidar eacute a sua ligaccedilatildeo com a questatildeo da morte e suas implicaccedilotildees
espirituais ou existenciais
De fato ao se deparar com um indiviacuteduo com doenccedila aguda e crocircnica que natildeo
envolva a possibilidade de morte devem-se aplicar os cuidados humanitaacuterios entretanto
quando esse ser apresenta uma doenccedila ou condiccedilatildeo que envolve essa possibilidade satildeo
aplicados os Cuidados Paliativos e consequentemente os cuidados humanitaacuterios
Com base nessas definiccedilotildees percebe-se uma lacuna na compreensatildeo de alguns
profissionais da ESF inseridos no estudo Supotildee-se que este fato pode estar atrelado a suas
formaccedilotildees profissionais principalmente porque no Brasil a visibilidade dos Cuidados
Paliativos iniciou-se na deacutecada de 2000 e a maioria dos participantes estaacute formada haacute mais de
dez anos Por conseguinte estes profissionais natildeo tiveram em seus curriacuteculos a contemplaccedilatildeo
da abordagem dos Cuidados Paliativos Destarte eacute de extrema valia contextualizar esta
realidade jaacute que se trata de uma modalidade em construccedilatildeo no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica
Tais ponderaccedilotildees estatildeo em consonacircncia com as ideias de Rodrigues (2004) segundo o
qual a implantaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar no Brasil data do final da deacutecada de 1990
Figueiredo (2003) assinala que as primeiras iniciativas individuais de atendimentos eou
estruturaccedilatildeo de serviccedilos paliativistas ocorreram por volta da deacutecada de 1990 Melo (2004)
chama atenccedilatildeo para o fato de que eacute no ano de 1997 que ocorre a criaccedilatildeo da primeira associaccedilatildeo
nacional de profissionais que atuam disseminando esse modo de cuidar a Associaccedilatildeo Brasileira
de Cuidados Paliativos
Kira Montagnini e Barbosa (2008) afirmam que essa deficiecircncia no conhecimento em
Cuidados Paliativos entre profissionais da Sauacutede no Brasil tambeacutem se deve ao fato de o tema
natildeo fazer parte da grade curricular de graduaccedilatildeo das diferentes especialidades da aacuterea da Sauacutede
Os autores assinalam que nos uacuteltimos anos com o crescimento da demanda e com a
estruturaccedilatildeo dos serviccedilos de Cuidados Paliativos o assunto tem sido abordado em algumas
instituiccedilotildees de ensino superior natildeo de maneira obrigatoacuteria e contiacutenua mas diluiacutedo em aulas e
cursos ligados agrave oncologia dor e morte
Rodrigues (2004) aponta a esperanccedila de que haja profissionais mais sensiacuteveis agraves
necessidades da populaccedilatildeo e do indiviacuteduo que visem agrave pessoa doente e natildeo agrave doenccedila que
desenvolvam uma assistecircncia mais humanizada se faz na academia na qual o ensino deve ser
78
centrado no aluno sujeito da aprendizagem e o curarcuidar seja centrado na pessoa do
paciente e na da famiacutelia
A autora supracitada adverte que o curriacuteculo deve privilegiar as competecircncias
inerentes a cada curso da aacuterea da Sauacutede aleacutem de contemplar uma abordagem interdisciplinar a
comunicaccedilatildeo e a bioeacutetica Haja vista que satildeo considerados conteuacutedos imprescindiacuteveis visando-
se todas as etapas do ciclo vital inclusive a terminalidade e a morte
Dessa forma ao contemplar tais princiacutepios nas diretrizes curriculares os futuros
profissionais da Sauacutede sairiam com uma percepccedilatildeo diferente sobre temas como Cuidados
Paliativos com ecircnfase no processo de morte e do morrer compreendendo melhor as
necessidades emocionais e espirituais do paciente que sofre proporcionando a humanizaccedilatildeo do
atendimento a eles e a seus familiares aleacutem de apreenderem a valorizar mais a vida agrave medida
que haacute compartilhamento e dignificaccedilatildeo da morte dos seus pacientes Portanto eacute urgente a
necessidade da educaccedilatildeo permanente para estes profissionais em Cuidados Paliativos
sobretudo para aqueles que jaacute desempenham o cuidado em seu cotidiano com o paciente que
vivencia a etapa final da vida
Considerando a relevacircncia dos Cuidados Paliativos para propiciar uma assistecircncia
humanizada ao paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura bem como a sua famiacutelia urge
a necessidade da implementaccedilatildeo desta modalidade de cuidar no acircmbito da atenccedilatildeo primaacuteria de
sauacutede Nesse sentido merece destaque a categoria direcionada aos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica
CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA formaccedilatildeo da equipe possibilidades
e limitaccedilotildees
Esta categoria vem com o propoacutesito de apresentar o entendimento de meacutedicos de
enfermeiros e de cirurgiotildees-dentistas sobre a possibilidade da implementaccedilatildeo dos Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Ao se tratar de Cuidados Paliativos especificamente de paciente fora de possibilidade
de cura eacute de fundamental importacircncia a atuaccedilatildeo de uma equipe interdisciplinar Esta equipe
necessita estar bastante familiarizada com o processo que o paciente passa permitindo-se uma
visatildeo real da complexidade vivida por ele a qual o ajude a se sentir melhor e
consequentemente proporcionando uma melhor qualidade de vida
Abreu et al (2005) afirmam ser escassa a literatura acerca de pesquisas que retratam
um modelo conceitual de equipe que seja bem formulado assim como de uma definiccedilatildeo
79
universal do que seja uma equipe Mesmo em publicaccedilotildees especiacuteficas sobre Cuidados
Paliativos os autores O`Connor Fisher e Guilfoyle (2006) advertem que o assunto trabalho em
equipe interdisciplinar natildeo eacute bem explorado sendo a maior parte dos trabalhos publicados
baseados em experiecircncias praacuteticas e natildeo em pesquisas empiacutericas ancoradas por marcos
conceituais
Diante destas ponderaccedilotildees eacute de suma relevacircncia compreender que de acordo com o
modo de estas equipes relacionarem-se comunicarem-se e integrarem suas disciplinas pode-se
empregar o ldquoprefixordquo multi ou inter Peduzzi e Oliveira (2009) definem equipes
multidisciplinares como aquelas compostas por profissionais de diversas disciplinas as quais
tendem a cuidar dos pacientes de modo independente e sem interaccedilatildeo direta compartilhando
informaccedilotildees de maneira indireta quando for necessaacuterio geralmente por escrito
Doutra parte o termo interdisciplinar deve denominar equipes cujos profissionais
trabalham interagindo diretamente combinando conhecimentos e compartilhando as atividades
para atingir um objetivo conjunto e uacutenico o cuidado do paciente Os autores supracitados
assinalam que a interdisciplinaridade configura-se em uma relaccedilatildeo reciacuteproca entre as muacuteltiplas
intervenccedilotildees teacutecnicas de vaacuterios profissionais e a interaccedilatildeo destes saberes que por meio de
comunicaccedilatildeo verbal direta e consensualmente escrita articulam suas accedilotildees e promovem a
cooperaccedilatildeo muacutetua
Sendo assim para que esta accedilatildeo seja eficaz deve existir a interdisciplinaridade das
accedilotildees de cuidado entre os profissionais e a participaccedilatildeo do paciente e famiacutelia com objetivos
comuns Tal interdisciplinaridade caracteriza-se como um ato de reciprocidade entre as aacutereas de
conhecimento e como forma de se obter a horizontalizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder Nesta troca
de conhecimentos eacute estabelecida a inclusatildeo dos resultados de diversas especialidades
possibilitando-se a cada profissional desenvolver esquemas conceituais de anaacutelise de
instrumentos e de teacutecnicas metodoloacutegicas de assistecircncia (FRANCcedilA 2011)
Nessa perspectiva Arauacutejo (2011) acrescenta que a proposta de trabalho em Cuidados
Paliativos deve ser sempre interdisciplinar ante a pluridimensatildeo das necessidades dos
indiviacuteduos que vivenciam o processo de morrer e ante a demanda da accedilatildeo integral e conjunta de
profissionais da Sauacutede em busca do objetivo comum que eacute a melhora da qualidade de vida do
paciente
Em uma equipe de sauacutede a interdisciplinaridade surge com o escopo de promover
uma atenccedilatildeo integral ao paciente apresentando dessa forma uma visatildeo biopsicossocial e
espiritual Essa accedilatildeo baseada na referida visatildeo propotildee uma reformulaccedilatildeo dos saberes uma
siacutentese direcionada agrave reorganizaccedilatildeo da equipe de sauacutede Nesse sentido aleacutem de um novo
80
paradigma cientiacutefico esta representa uma nova filosofia de trabalho de organizaccedilatildeo e de accedilatildeo
interinstitucional
Arauacutejo (2011) chama atenccedilatildeo para o fato de que haacute uma limitaccedilatildeo na accedilatildeo
uniprofissional quando se objetiva promover o controle da dor e outros sintomas
multidimensionais e angustiantes integrando-se com o cuidado os aspectos sociais
psicoloacutegicos e espirituais de modo que se possibilite o exerciacutecio da autonomia do paciente
aleacutem de se promover suporte aos familiares Logo nenhuma especialidade da aacuterea da Sauacutede ou
das Ciecircncias Humanas consegue isoladamente atender agraves necessidades complexas e
multifacetadas de indiviacuteduos que vivenciam a etapa final da vida A integralidade da atenccedilatildeo
demandada por estes pacientes soacute pode ser atingida quando especialistas de diferenciadas aacutereas
do conhecimento atuam em conjunto ou seja trabalham em equipe
Deste modo a atuaccedilatildeo e integraccedilatildeo da equipe interdisciplinar satildeo necessaacuterias para a
eficaacutecia destes cuidados Haja vista que o tratamento de um paciente que se encontra em fase
terminal envolve um conjunto de accedilotildees complexas a exemplo de procedimentos invasivos
(altamente especiacuteficos para cada realidade diagnoacutestica) necessitando o doente de ser assistido
de forma interdisciplinar
Na literatura brasileira da aacuterea da Sauacutede satildeo incipientes estudos relacionados a
implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica em particular o quantitativo de
profissionais que devem constar em uma equipe para exercer tais cuidados Essa formaccedilatildeo
com a inclusatildeo de maior nuacutemero de especialidades possiacutevel dependeraacute dos recursos
disponiacuteveis e de fatores culturais locais Incontri (2011) chama a atenccedilatildeo para o fato de que a
formaccedilatildeo de uma equipe deve corresponder agraves necessidades do paciente que se encontra sob a
assistecircncia dos Cuidados Paliativos
Qualquer que seja o tamanho e a diversidade de uma equipe em Cuidados Paliativos
cumpre considerar aspectos essenciais para seu eficaz funcionamento A respeito disso Incontri
(2011) enfatiza os seguintes aspectos como peccedilas fundamentais filosofia e valores comuns
respeito muacutetuo e valorizaccedilatildeo de cada aacuterea de cada membro comunicaccedilatildeo transparente e aberta
lideranccedila compartilhada e religaccedilatildeo ao espiritual
No que concerne agrave filosofia e valores comuns Speck (2009) assegura que o conjunto
de valores compartilhados auxilia as pessoas a cooperarem entre si Haja vista que natildeo eacute
possiacutevel formar uma equipe que natildeo apresente uma filosofia comum e princiacutepios que orientem
as accedilotildees de maneira uniforme Incontri (2011) complementa que para a formaccedilatildeo de uma
equipe eacute importante uma seleccedilatildeo considerando-se uma empatia de todos os membros com
certos propoacutesitos e ideais
81
Aleacutem dessa comunhatildeo de princiacutepios e valores entre os membros da equipe eacute
imperioso o respeito muacutetuo e a valorizaccedilatildeo de cada membro sendo este considerado o primeiro
passo para a real interdisciplinaridade Macmilian Emery e kashuba (2006) asseveram que os
membros de uma equipe devem respeitar valorizar compreender e confiar na contribuiccedilatildeo
reciacuteproca
No tocante agrave formaccedilatildeo da equipe de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a maioria
dos participantes do estudo destacou o meacutedico o enfermeiro o cirurgiatildeo-dentista o psicoacutelogo e
o fisioterapeuta Alguns mencionaram aleacutem destes a participaccedilatildeo do fonoaudioacutelogo do
bioquiacutemico do assistente social do educador fiacutesico do teacutecnico em enfermagem do agente
comunitaacuterio de sauacutede (ACS) e do atendente de consultoacuterio dentaacuterio (ACD)
Diante disso depreende-se que os participantes envolvidos no estudo reconhecem que
a praacutetica dos Cuidados Paliativos no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica deve ser constituiacuteda por uma
equipe de profissionais que extrapola o nuacutemero de profissotildees determinadas pelo Ministeacuterio da
Sauacutede no que se refere agrave ESF que apresenta uma equipe composta por no miacutenimo um meacutedico
generalista um enfermeiro um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes comunitaacuterios de
sauacutede (ACS) (BRASIL 2005a)
Macmilian Emery e Kashuba (2006) acrescem que a equipe de Cuidados Paliativos
pode ultrapassar um quantitativo de quinze profissionais a serem apresentados em ordem
alfabeacutetica arteterapeutas assistentes sociais cuidadores pastorais ou espirituais (capelanias)
enfermeiros farmacecircuticos fisioterapeutas meacutedicos musicoterapeutas nutricionistas
psicoacutelogos psiquiatras terapeutas da respiraccedilatildeo terapeutas holistas terapeutas ocupacionais
terapeutas recreacionistas entre outros A esta relaccedilatildeo de profissionais Santos (2011)
acrescenta o educador e o filoacutesofo aleacutem de um especialista em Tanatologia
Eacute imprescindiacutevel agrave implementaccedilatildeo de tais cuidados em qualquer serviccedilo de sauacutede
sobretudo na Atenccedilatildeo Baacutesica conhecer a atribuiccedilatildeo especiacutefica de cada um desses profissionais
que compotildeem a equipe de Cuidados Paliativos Na realidade da Atenccedilatildeo Baacutesica os Cuidados
Paliativos podem ser oferecidos no niacutevel primaacuterio de sauacutede especialmente por equipes da ESF
em virtude de serem considerados de baixa complexidade (que natildeo exigem tecnologia
avanccedilada)
Esteves (2011) alerta que os profissionais que atuam em Cuidados Paliativos devem
ser atenciosos procurando ouvir o paciente e seus familiares e realmente demonstrar interesse
por eles uma vez que essa praacutetica pressupotildee uma nova maneira de cuidar do ser humano na
terminalidade Esses profissionais devem rever sua forma de encarar a morte e sobretudo a
autonomia do paciente na medida do possiacutevel
82
Em relaccedilatildeo ao meacutedico este eacute um profissional que deve assistir o paciente terminal ateacute
o momento da morte Destaque-se a morte de um paciente eacute considerada muitas vezes como o
fracasso do cuidado meacutedico precisando para tanto que esse profissional tenha em sua
formaccedilatildeo um preparo filosoacutefico psicoloacutegico e espiritual para lidar com a dor e com a morte
(INCONTRI 2011)
Logo eacute de extrema importacircncia que este profissional desenvolva mecanismos de
defesa que o mantenham em equiliacutebrio Ao mesmo tempo eacute necessaacuterio que a emoccedilatildeo tambeacutem
esteja presente para o alcance de um cuidado humanizado Incontri (2011) assinala que o
meacutedico como ser humano deve aceitar suas limitaccedilotildees e reconhecer que pessoas de outras
aeacutereas de sua equipe ou doutra podem lhe prestar apoio e mostrar outras perspectivas
Quanto agrave atuaccedilatildeo do enfermeiro na equipe de Cuidados Paliativos este apresenta a
funccedilatildeo de aliviar dor outros sintomas e sofrimento higienizar proporcionar conforto fiacutesico
promover uma comunicaccedilatildeo efetiva preparar a famiacutelia permitindo-a participar na morte do seu
familiar providenciar suporte para o luto entre outras Para Rodrigues e Zago (2003) a
enfermagem tem papel primordial nos Cuidados Paliativos porquanto o cuidar essecircncia da
profissatildeo eacute a base da filosofia paliativista Nesse sentido merece destaque o relato de um
profissional participante do estudo
[] todos os profissionais da ESF tecircm uma participaccedilatildeo importante no emprego dos
Cuidados Paliativos poreacutem a enfermagem eacute dotada de uma maior capacidade devido a
sua funccedilatildeo de estar mais proacuteximo (e por ter a essecircncia de sua profissatildeo no cuidado) (M8)
Nessa perspectiva Rodrigues e Zago (2003) esclarecem que especialmente o
enfermeiro deve possuir competecircncias para prestar cuidado de qualidade no fim da vida Aleacutem
disso como condutor da equipe de enfermagem e membro da equipe interdisciplinar o
enfermeiro precisa saber decodificar discursos e sinais natildeo verbais para identificar
necessidades fiacutesicas emocionais sociais e espirituais que direcionaratildeo sua atenccedilatildeo no cuidado
de quem vivencia a terminalidade da vida
Para Polastrini Yamashita e Kurashima (2011) o enfermeiro ao assistir um paciente
sem possibilidade terapecircutica de cura busca propiciar uma assistecircncia em que possa conseguir
a maior autonomia possiacutevel conservando sua dignidade ateacute a morte As autoras asseveram
ainda que este profissional deve modificar a sua atuaccedilatildeo de curativa para paliativa oferecendo
aliacutevio e bem-estar avaliando a relaccedilatildeo dano versus benefiacutecio do cuidado Portanto eacute
profissionalismo saber ouvir o paciente e sua famiacutelia para o planejamento dos cuidados e para a
tomada de decisatildeo utilizando algumas caracteriacutesticas como sensibilidade cuidadora
83
altruiacutesmo capacidade de escuta empatia compreensatildeo toleracircncia respeito capacidade de
transmitir seguranccedila e confianccedila maturidade pessoal diante de tudo e da morte entre outras
Saltz e Juver (2008) acrescentam que o enfermeiro apresenta ainda um papel
importante no cuidado com o paciente em fase terminal em diversos aspectos na aceitaccedilatildeo do
diagnoacutestico na ajuda para conviver com a enfermidade e no apoio agrave famiacutelia antes e depois da
morte
O enfermeiro ao assistir o paciente em Cuidados Paliativos vivencia e compartilha
momentos de amor e compaixatildeo aprendendo com ele a noccedilatildeo de que eacute possiacutevel morrer com
dignidade e respeito Essa assistecircncia busca tambeacutem proporcionar a certeza de natildeo estarem
sozinhos no momento da morte aleacutem de oferecer um cuidado holiacutestico ao paciente associados
ao controle da dor e de outros sintomas
No que tange ao fisioterapeuta Cezario (2011) assinala que atuando em conjunto com
outros profissionais de uma equipe voltada para Cuidados Paliativos esse profissional pode
prestar assistecircncia em diversos quadros pode oferecer conforto ao paciente e dentro de suas
limitaccedilotildees evitar uma complicaccedilatildeo maior de sintomas Incontri (2011) afirma que a este
profissional cabe manter o movimento o conforto fiacutesico e o maacuteximo aproveitamento das
funccedilotildees motoras do paciente
De uma maneira geral o referido profissional fica responsaacutevel por mobilizar o
paciente sem possibilidade terapecircutica por questotildees ortopeacutedicas e neuroloacutegicas acompanhar e
atuar em quadros cardiopulmonares e orientar cuidadores para o melhor manuseio do paciente e
o autocuidado (CEZARIO 2011)
De acordo com Reis Juacutenior e Reis (2007) as condutas fisioterapecircuticas em pacientes
sob Cuidados Paliativos mais comuns satildeo massagens movimentaccedilatildeo passiva ativo-assistida e
ativa posicionamento transferecircncia mudanccedila de decuacutebito infravermelho estimulaccedilatildeo eleacutetrica
transcutacircnea compressatildeo e elevaccedilatildeo vibrocompressatildeo drenagem postural respiraccedilatildeo
diafragmaacutetica estiacutemulo agrave tosse aspiraccedilatildeo prescriccedilatildeo de auxiacutelio para marcha treino de
deambulaccedilatildeo
O fisioterapeuta como membro de equipe de Cuidados Paliativos pode trazer
benefiacutecios ao pacientes assistidos por essa modalidade de cuidar em especial no que se refere
ao manejo de sintomas como dor estresse psicofiacutesico complicaccedilotildees osteomioarticulares
fadiga disfunccedilotildees pulmonares alteraccedilotildees neuroloacutegicas dentre outras (MARCUCCI 2005)
Sob esse prisma compreendemos que a Fisioterapia Paliativa tem como objetivo
principal o de melhorar a qualidade de vida dos pacientes sem possibilidades curativas
reduzindo os sintomas e promovendo sua independecircncia funcional
84
O nutricionista por sua vez apresenta o papel de orientar a alimentaccedilatildeo mais
adequada ao estado de sauacutede ou estaacutegio de doenccedila sem desconsiderar os gostos pessoais e ateacute
os razoaacuteveis desejos de cada um
Sochacki (2008) considera que na nutriccedilatildeo em Cuidados Paliativos eacute importante
respeitar os princiacutepios da bioeacutetica oferecendo-se autonomia ao individuo no que se refere agrave
liberaccedilatildeo suspensatildeo ou natildeo indicaccedilatildeo da alimentaccedilatildeo por via oral (VO) ou alternativa (sonda
ou ostomia) evitando-se muitas vezes o tratamento fuacutetil e consequentemente reduzindo o seu
sofrimento Santos (2002) ressalta que este profissional deve ter consciecircncia de que o consumo
de alimentos eacute capaz de minimizar desconfortos cuidar de distuacuterbios orgacircnicos nutrir e
proporcionar prazer
Diante desse contexto averigua-se quanto este profissional eacute imprescindiacutevel agrave equipe
interdisciplinar de Cuidados Paliativos necessitando ouvir o paciente respeitar seus desejos e
suas necessidades de alimentaccedilatildeo respeitando portanto a sua autonomia
Quanto ao cirurgiatildeo-dentista Wiseman (2000) assinala que cabe a este profissional
assistir pacientes com doenccedilas progressivas ou avanccediladas devido (direta ou indiretamente) ao
comprometimento da cavidade oral pela doenccedila ou ao seu tratamento Nesses casos o foco do
cuidado eacute melhorar sua qualidade de vida
Os sintomas orais mais frequentes em pacientes que estatildeo sob os Cuidados Paliativos
satildeo a dor o sangramento o trismo as feridas abertas as infecccedilotildees oportunistas a disfagia a
xerostomia a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo a anorexia a caquexia e a desfiguraccedilatildeo (SIQUEIRA
et al 2009) As secreccedilotildees em doentes traqueostomizados tambeacutem comprometem a
comunicaccedilatildeo verbal causam disfunccedilatildeo oral e sofrimento (PAUNOVICH et al 2000) Dor
ulceraccedilatildeo sangramento e trismo satildeo os mais importantes sintomas em casos de cacircncer oral
avanccedilado Portanto o tratamento inadequado ou a sua ausecircncia resulta em desconforto e
prejuiacutezos nutricionais comprometendo mais ainda a qualidade de vida desses doentes
Sendo assim o cirurgiatildeo-dentista contribui fornecendo intervenccedilotildees proacuteprias de sua
aacuterea de atuaccedilatildeo profissional aleacutem de cuidados de suporte que assegurem uma boca mais
saudaacutevel livre de infecccedilatildeo e dor
Em relaccedilatildeo aos arteterapeutas e musicoterapeutas Incontri (2011) aponta o cuidado
destes profissionais com a sensibilidade daqueles que estatildeo partindo em orientar estes na
revisatildeo de significados evocar lembranccedilas e firmar sentidos existenciais por meio de um
poema de uma canccedilatildeo de uma pintura de um filme ou de uma peccedila de teatro
Backes et al (2003) afirmam que o uso de muacutesica natildeo eacute apenas um instrumento
importante para o processo de humanizaccedilatildeo do cuidado e uma alternativa criativa e eficaz no
85
aliacutevio da dor mas tambeacutem promove benefiacutecios para a equipe de sauacutede como a prevenccedilatildeo do
estresse a reduccedilatildeo dos niacuteveis da tensatildeo e do desgaste psicoloacutegico maior interaccedilatildeo social e o
maior comprometimento com as atividades profissionais
Dessa forma a muacutesica se insere nesse contexto como uma atividade que pode
proporcionar cuidado conforto emocional e espiritual estiacutemulo agrave memoacuteria afetiva
relaxamento entretenimento e criatividade (OTHERO COSTA 2007) O uso competente e
sensiacutevel da muacutesica pode se tornar um trabalho importante nos Cuidados Paliativos
Halstead e Roscoe (2002) asseveram que a muacutesica pode facilitar de diferentes modos
a despedida Canccedilotildees suaves de ninar podem ser usadas pois transmitem sensaccedilotildees de cuidado
e proteccedilatildeo e podem ajudar a aliviar o medo do abandono durante o processo de passagem
Existem estilos musicais que podem se relacionar com a espiritualidade como o canto
gregoriano e a muacutesica erudita e estimular sentimentos de serenidade em especial no momento
da morte
Os autores supracitados afirmam ainda que a muacutesica pode tambeacutem preencher com
beleza e significado os momentos de silecircncio tatildeo difiacuteceis de serem suportados criando um
ambiente mais confortaacutevel quando se acompanha algueacutem que estaacute morrendo
Sob esse prisma observamos que o emprego da muacutesica nos processos sauacutede-doenccedila-
-cuidado pode promover conforto e qualidade de vida para a pessoa adoecida e ser um recurso
de ajuda na relaccedilatildeo da famiacutelia com a despedida de seu ente querido Pode tambeacutem auxiliar na
manutenccedilatildeo de uma equipe de sauacutede saudaacutevel e integrada
Quanto o assistente social Incontri (2011) esclarece que este trabalhador busca assistir
as necessidades materiais familiares e institucionais dos pacientesusuaacuterios Acrescenta que ele
eacute responsaacutevel por atender agraves questotildees do seguro hospitalar por informar os procedimentos de
documentaccedilatildeo de pedido de ajuda financeira esclarecer os direitos do moribundo e de seus
familiares
Conforme Sodreacute (2005) o assistente social tem um papel determinante para a
concretizaccedilatildeo dessa nova forma de tratar cuidar Torna-se aquele que reforccedila o papel de
facilitador nas relaccedilotildees de um grupo familiar e sob esse novo prisma socializa suas teacutecnicas de
intervenccedilatildeo em acircmbito domiciliar
De acordo com Esteves (2011) a atuaccedilatildeo do assistente social deve estar voltada agraves
questotildees sociais mais abrangentes uma vez que o paciente sob Cuidados Paliativos pode
enfrentar isolamento social (profissional e pessoal) dependecircncias dificuldades econocircmicas e
necessitar de apoio familiar
86
Por meio de entrevistas e visitas domiciliares este profissional investiga e avalia o
contexto social econocircmico psicoloacutegico e espiritual aleacutem de analisar a dinacircmica familiar sua
existecircncia o desempenho e eficaacutecia dos papeacuteis Somam-se a isto a capacidade de incentivo e de
fornecimento de acolhida aspectos cruciais para a assistecircncia
Esteves (2011) assinala que ao assistente social cabe sempre que for possiacutevel facilitar
as manifestaccedilotildees de sentimentos os resgates entre paciente e seus familiares durante o
processo de finitude colaborar para que as relaccedilotildees aconteccedilam com mais transparecircncia
inclusive com os profissionais da equipe de Cuidados Paliativos tendo-se a preocupaccedilatildeo de que
a morte aconteccedila de forma humanizada
Portanto o assistente social como membro da equipe interdisciplinar de Cuidados
Paliativos busca promover as relaccedilotildees sociais e efetivas com o paciente com os familiares
com o cuidador e com os demais profissionais da equipe sendo estas relaccedilotildees
significativamente observadas e valorizadas
Aos cuidadores pastorais ou espirituais cabe cuidar da religiatildeo ou pelo menos da
espiritualidade dos pacientes e familiares Barbosa e Freitas (2009) reforccedilam a ideia de que os
Cuidados Paliativos necessitam abranger as experiecircncias da vida Nela estaacute inserida a
religiosidade que pode inclusive permitir a reconstruccedilatildeo da possibilidade de conviver com a
doenccedila sem que isso signifique um prolongamento de vida inadequado forccedilosamente um
protelar da morte Os autores assinalam que a religiosidade e seus fundamentos ancorados na
religiatildeo ou na espiritualidade podem ajudar as pessoas a melhor lidarem com os limites do seu
controle favorecendo no contexto da finitude uma entrega confiante ao misteacuterio absoluto que
se inicia com a instauraccedilatildeo da proacutepria morte Desse modo eacute inegaacutevel a importacircncia de
cuidados pastorais ou espirituais para a promoccedilatildeo de Cuidados Paliativos para com o paciente
fora de possibilidades de cura
Em relaccedilatildeo aos educadores Incontri (2011) assevera que estes cuidaratildeo de crianccedilas e
adolescentes que estejam sob a assistecircncia de Cuidados Paliativos com o emprego de
atividades pedagoacutegicas luacutedicas propondo biblioterapia jogos Essas atividades permitiratildeo a
construccedilatildeo de um diaacutelogo afetuoso com pacientes e familiares
Os filoacutesofos segundo a referida autora cuidaratildeo da concepccedilatildeo interdisciplinar da
equipe atuando na amarraccedilatildeo epistemioloacutegica e de propoacutesitos do serviccedilo Saliente-se que este
profissional busca interagir com os pacientes no campo das discussotildees e ideias a fim de
apontar sentidos existenciais realizando portanto uma miaecircutica socraacutetica (arte de fazer
chegar agrave verdade e agraves evidecircncias) com os que estatildeo agrave espera da passagem
87
Os psicoacutelogos conforme aborda Castro (2001) tecircm como objetivo essencial o de
oferecer requisitos para a assistecircncia integral ao paciente conduzindo-o a uma qualidade de
vida ajudando-o ainda a encontrar estrateacutegias que possam adotar para manter um estilo de vida
mais equilibrada e saudaacutevel Incontri (2011) acrescenta que cabe a este profissional a
responsabilidade de cuidar da dor psiacutequica tanto dos pacientes quanto de seus familiares
atuando como confidentes de conflitos e ansiedades questionamentos existenciais
manifestaccedilotildees emotivas de revolta descrenccedila ou depressatildeo Jaacute os psiquiatras ainda de acordo
com a referida autora cuidaratildeo da sauacutede mental dos pacientes observando possiacuteveis
manifestaccedilotildees de depressatildeo deliacuterio ou outros distuacuterbios psiacutequicos preexistentes ou receacutem-
adquiridos ao longo do tratamento
Por conseguinte com base nesse entendimento o psicoacutelogo diante da terminalidade
busca promover a qualidade de vida do paciente trabalhando as questotildees do sofrimento
amenizando a ansiedade e a depressatildeo diante da aproximaccedilatildeo da morte procurando tambeacutem
assistir a sua famiacutelia e a equipe interdisciplinar envolvida
Ante o exposto eacute inegaacutevel a importacircncia de uma equipe interdisciplinar em Cuidados
Paliativos Haja vista que a assistecircncia por meio dela propicia um cuidado com o paciente que
envolva todas as suas dimensotildees Portanto a equipe interdisciplinar deve sempre ser formada
com o objetivo de oferecer conforto suporte informaccedilatildeo propiciando a dignidade ao paciente
e sua famiacutelia a partir da assistecircncia pautada nos Cuidados Paliativos
Outro aspecto merecedor de destaque contemplado na categoria ldquoCuidados Paliativos
na Atenccedilatildeo Baacutesica formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildeesrdquo diz respeito ao
posicionamento dos profissionais participantes do estudo para com a viabilidade da
operacionalizaccedilatildeo da referida modalidade de cuidar no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica
Nesse enfoque de acordo com o manual da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (WHO
2007) os Cuidados Paliativos devem ser estruturados em diferenciados niacuteveis de atenccedilatildeo
desde a comunidade ateacute hospitais de referecircncia nacional e regional Aleacutem disso esta
Organizaccedilatildeo estabelece que tais cuidados devem ser disponibilizados em cada um dos niacuteveis de
atenccedilatildeo agrave sauacutede constituindo uma rede de apoio a pacientes sem possibilidades terapecircuticas de
cura e aos seus familiares Para tanto a OMS utiliza uma piracircmide para estabelecer essa
hierarquizaccedilatildeo conforme pode ser observado na figura 3 abaixo
88
Figura 3 ndash Rede de Equipes de Cuidados Paliativos nos Niacuteveis de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede
Fonte World Health Organization 2007
A piracircmide apresentada na figura 3 contempla em sua base a oferta dos Cuidados
Paliativos para com a comunidade os quais podem ser realizados por familiares cuidadores
liacutederes comunitaacuterios e curandeiros (WHO 2007) Conforme foi observado por Silva (2010)
que apresenta a comunidade na base da piracircmide isto significa que a maioria das pessoas que
realizariam os Cuidados Paliativos (bem como a maior parte dos serviccedilos de atenccedilatildeo a esses
pacientes) deveria estar nela inseridos uma vez que na referida base teriacuteamos aquilo que
representa a maioria sendo portanto considerada como o pilar de sustentaccedilatildeo da estrutura da
piracircmide
Depreende-se que os pilares de sustentaccedilatildeo desta piracircmide refletem uma poliacutetica de
Cuidados Paliativos direcionadas para a comunidade uma vez que a assistecircncia assim
planejada poderia ser economicamente mais viaacutevel
O referido manual esclarece que os modelos de Cuidados Paliativos de sauacutede puacuteblica e
de baixo custo podem ser implementados para alcanccedilar a maioria da populaccedilatildeo alvo
particularmente em cenaacuterios com poucos recursos
De acordo com o manual eacute recomendada a implementaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no
acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica Entretanto esta modalidade de cuidar na nossa realidade local
apresenta segundo os profissionais envolvidos no estudo possibilidades e limitaccedilotildees neste
niacutevel de atenccedilatildeo Tal fato pode ser evidenciado nos depoimentos de meacutedicos cirurgiotildees-
-dentistas e enfermeiros da ESF participantes da pesquisa Quanto agraves limitaccedilotildees estes
89
profissionais apontaram algumas necessidades prementes para viabilizar a implementaccedilatildeo dos
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica conforme se observa nos trechos a seguir
Eacute necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas [] (M1)
[] a gestatildeo identificar fontes de financiamento (pelo SUS) para esta implantaccedilatildeo (M4)
Em primeiro lugar vontade do gestor [] (D1)
Revisatildeo nas poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Sensibilizar a sociedade e as autoridades (D4)
[] apoio da gestatildeo (E3)
Os discursos mencionados expressam a preocupaccedilatildeo dos profissionais em fomentar a
criaccedilatildeo de uma poliacutetica nacional para essa modalidade de cuidar Os autores Rajagopal Mazza
e Lipman (2003) dizem que a inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos nos sistemas de sauacutede dos
paiacuteses em desenvolvimento tem sido um grande desafio devido agrave dificuldade dos governos
para priorizaacute-los
Floriani (2011) afirma que o Brasil apresenta uma poliacutetica de cuidados incipiente
tiacutemida e desarticulada com o paciente no fim da vida tendo como grande desafio o de inserir os
Cuidados Paliativos no seu Sistema de Sauacutede
Floriani e Schramm (2007) assinalam que para se fazer frente agrave crescente necessidade
de estruturar o sistema de sauacutede para absorver com qualidade essa modalidade eacute fundamental
que os cuidados no fim da vida sejam pensados e estruturados dentro de um modelo que
priorize tanto do ponto de vista moral como operacional o natildeo abandono e a proteccedilatildeo aos
pacientes acometidos por doenccedilas avanccediladas e terminais
Existem importantes obstaacuteculos para a operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica tanto de ordem operacional quanto de ordem eacutetica e cultural podendo ser
citadas entre eles a existecircncia de poliacuteticas restritas e lentas para liberaccedilatildeo de opioides a falta
de qualificaccedilatildeo em recursos humanos a alocaccedilatildeo de recursos prioritariamente dirigida para
outros setores de Sauacutede e o iacutenfimo investimento no ensino e na pesquisa nesse campo
(WEBSTER LACEY QUINE 2007)
Wright et al (2008) em estudo desenvolvido evidenciaram que o Brasil encontra-se
em um niacutevel meacutedio de desenvolvimento dos Cuidados Paliativos ficando atraacutes da Argentina
Chile e Costa Rica Os autores reconhecem ainda que nesse niacutevel de classificaccedilatildeo identifica-se
a presenccedila de serviccedilos voltados para os Cuidados Paliativos conquanto estes natildeo apresentem
uma rede articulada e integrada natildeo sendo portanto possiacutevel perceber o impacto exercido por
tais cuidados sobre as poliacuteticas de sauacutede
90
De acordo com Santos (2011) existem no paiacutes sessenta e uma unidades inseridas em
instituiccedilotildees hospitalares puacuteblicas e privadas Caponero (2002) chama atenccedilatildeo pelo fato de estas
instituiccedilotildees estarem localizadas principalmente nas capitais A maioria iniciou suas atividades
com accedilotildees para o controle da dor agregando posteriormente os Cuidados Paliativos
A carecircncia desse tipo de atenccedilatildeo segundo Rodrigues (2004) faz com que os pacientes
em Cuidados Paliativos procurem com frequumlecircncia os serviccedilos de emergecircncia lavando muitas
vezes estes a serem abandonados nas instituiccedilotildees de sauacutede com alteraccedilotildees fiacutesicas
psicoloacutegicas sociais e espirituais decorrentes do desconhecimento dos profissionais sobre as
intervenccedilotildees adequadas a esses pacientes para a reduccedilatildeo do sofrimento
A despeito desse difiacutecil cenaacuterio os participantes envolvidos no estudo ressaltam a
falta de preparaccedilatildeo da equipe da ESF para viabilizar a referida praacutetica no acircmbito da Atenccedilatildeo
Baacutesica sendo portanto necessaacuteria a qualificaccedilatildeo desses profissionais mediante capacitaccedilotildees
conforme se lecirc nos trechos a seguir
[] que seja dado um curso de capacitaccedilatildeo para esses profissionais lhe darem com esses
pacientes (M2)
Treinamentos para as equipes do PSF (M3)
Sensibilizaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede para a aceitaccedilatildeo da implantaccedilatildeo [] Falta de
divulgaccedilatildeo para os profissionais da Sauacutede do que eacute cuidados paliativos (M4)
Cursos de capacitaccedilatildeo para ampliar o conhecimento dos profissionais nessa aacuterea (M8)
[] capacitaccedilatildeo com educaccedilatildeo continuada para todos os profissionais da Sauacutede da ESF
(D1)
Capacitaccedilatildeo dos atores envolvidos envolvimento da equipe adequando seus programas
(D2)
Treinamento para os profissionais da ESF de forma que pudessem realmente ser
resolutivos (D3)
[] Conscientizaccedilatildeo dos profissionais em sauacutede (D4)
Treinamentos oficinas para os profissionais da Sauacutede (D6)
Boa condiccedilatildeo de trabalho equipe completa informaccedilotildees necessaacuterias (D9)
[] compromisso dos profissionais humanizaccedilatildeo dos serviccedilos (D10)
Capacitaccedilatildeo da equipe (E1)
Informaccedilatildeo atraveacutes de palestras capacitaccedilotildees conversas de roda de mesa (E2)
91
Capacitar e sensibilizar profissionais (E3)
[] treinamento e capacitaccedilatildeo para a equipe (E4)
Contrataccedilatildeo de profissionais treinamentos espaccedilo para realizaccedilatildeo das atividades
divulgaccedilatildeo do trabalho para comunidade (E7)
Preparar profissionais que pelo menos tentem prevenir o sofrimento que a doenccedila gera
para proporcionar uma melhor qualidade de vida mesmo sendo no fim (E8)
De modo geral os profissionais disseram mediante os seus depoimentos acreditar
como estrateacutegia principal para a viabilizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a
qualificaccedilatildeo da equipe que atua na ESF no que concerne aos cuidados no fim da vida Essa
capacitaccedilatildeo conforme ressalta Floriani (2011) eacute um dos aspectos mais nevraacutelgicos sendo de
fundamental importacircncia a instituiccedilatildeo de programas de educaccedilatildeo continuada O autor ressalta
ainda que tal formaccedilatildeo deveria ser realizada em todo o territoacuterio nacional considerando-se as
distintas realidades socioculturais e de acesso ao Sistema de Sauacutede existentes nas diferenciadas
regiotildees do paiacutes
No tocante agrave viabilidade da praacutetica de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica merece
destaque a pesquisa desenvolvida por Lavor (2006) o qual identificou a necessidade de superar
algumas barreiras para a sua operacionalizaccedilatildeo O estudo observou ainda com base na visatildeo
dos enfermeiros participantes da pesquisa um consenso agrave necessidade de se investir na
capacitaccedilatildeo para que os profissionais adquiram conhecimentos e desenvolvam habilidades e
competecircncias para o manejo de situaccedilotildees que envolvem o paciente e a famiacutelia
O referido estudo ressalta tambeacutem que satildeo inuacutemeras as dificuldades apontadas pelos
profissionais que atuam na ESF para o emprego dessa filosofia de cuidar Entre elas apontam-
se a questatildeo familiar os aspectos bioeacuteticos a comunicaccedilatildeo entre os profissionais os pacientes
e a famiacutelia a organizaccedilatildeo dos serviccedilos (nesta enfatizam-se a falta de recursos e de
medicamentos e a desarticulaccedilatildeo entre os diversos niacuteveis do sistema) Esta uacuteltima eacute a maior
barreira para a operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos
O trabalho desenvolvido por Rodrigues (2009) corrobora os resultados encontrados no
referido estudo Esclarecem que a descoberta dos Cuidados Paliativos para os trabalhadores da
equipe de sauacutede tem gerado desafios para os profissionais envolvidos na assistecircncia em virtude
do despreparo deles para essa nova praacutetica principalmente para o emprego dos Cuidados
Paliativos no cenaacuterio domiciliar no conviacutevio com pacientes e agraves emoccedilotildees advindas do ato de
92
compartilhar o sofrimento dos pacientes e dos seus familiares confrontando-os com o desafio
maior ― o lidar com a morte Estas ponderaccedilotildees podem ser visualizadas nos trechos a seguir
[] Eacute preciso um projeto paralelo de reeducaccedilatildeo (M1)
[] com certeza necessitaria antes de iniciar as atividades um curso de capacitaccedilatildeo
para poder assistir melhor esses pacientes e fazer o melhor para que os mesmos tivessem
uma morte digna ou melhor menos dolorosa para eles e seus familiares (M2)
[] faltam a toda a equipe os subsiacutedios essenciais para o emprego dos cuidados
paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica (M8)
[] me faz necessaacuterio uma sensibilizaccedilatildeo (D1)
[] me falta conhecimento e experiecircncia para lidar com esse tipo de situaccedilatildeo (D3)
Todos os profissionais necessitam passar por uma qualificaccedilatildeo para empregar os
Cuidados Paliativos de forma produtiva ateacute mesmo seguindo um protocolo (D10)
Natildeo estou preparada Necessito de capacitaccedilatildeo (E3)
[] precisaria de capacitaccedilatildeo (E6)
Nesse contexto a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente em Cuidados Paliativos eacute
premente para os profissionais que integram a equipe da ESF como parte de uma estrateacutegia de
difusatildeo nacional desses cuidados cabendo ao Ministeacuterio da Sauacutede o assessoramento teacutecnico
aos municiacutepios para a organizaccedilatildeo de equipes qualificadas no monitoramento e no tratamento
dos pacientes com doenccedilas avanccediladas e terminais e de seu entorno (FLORIANI 2011) Outro
aspecto importante eacute a aquisiccedilatildeo de atitudes e habilidades como a comunicaccedilatildeo fundamentais
para que essa assistecircncia seja eficaz (MELLO CAPONERO 2011)
Kira Montagnini e Barbosa (2008) observam que atualmente no Brasil embora a
discussatildeo e a implantaccedilatildeo dos princiacutepios dos Cuidados Paliativos estejam em franca
progressatildeo ainda eacute necessaacuterio que as instituiccedilotildees de ensino compreendam a importacircncia da
filosofia paliativista e facilitem sua implantaccedilatildeo curricular na aacuterea da Sauacutede ao niacutevel da
graduaccedilatildeo e da poacutes-graduaccedilatildeo
Arauacutejo (2011) assevera que a educaccedilatildeo em Cuidados Paliativos difere da educaccedilatildeo em
outras disciplinas da aacuterea da Sauacutede por trecircs razotildees distintas poreacutem interligadas
Primeiro porque se lida com pessoas que estatildeo morrendo e com seus familiares em
momentos de incertezas e complexidades
93
Segundo porque haacute maior implicaccedilatildeo emocional no cuidado destes pacientes uma vez
que por meio da abordagem multidimensional identifica-se o sofrimento em suas diferentes
esferas revelando-se sentimentos com que o profissional teraacute que lidar tanto no paciente
quanto em si proacuteprio
Terceiro porque para que o cuidado paliativo seja efetivo ou seja para que as
necessidades multidimensionais do paciente e seus familiares sejam supridos eacute imprescindiacutevel
o trabalho interdisciplinar
Assim conforme apontam Wee e Hughes (2007) a educaccedilatildeo neste tema precisa ir ao
encontro das necessidades de grupos profissionais heterogecircneos no tocante agraves abordagens
disciplinares
Floriani (2011) pondera que aleacutem dessa qualificaccedilatildeo da equipe deve haver tambeacutem
como parte dessa estrateacutegia de capacitaccedilatildeo uma mudanccedila na visatildeo acadecircmica com a urgente
necessidade de ser implantada a disciplina Cuidados Paliativos na grade curricular dos cursos
da aacuterea da Sauacutede Caso contraacuterio as distorccedilotildees envolvidas acerca desta modalidade de cuidar
natildeo seratildeo corrigidas perpetuando-se terapecircuticas fuacuteteis e situaccedilotildees de abandono
Na percepccedilatildeo de Arauacutejo (2011) a filosofia dos Cuidados Paliativos deve ser ensinada
durante a graduaccedilatildeo poreacutem o que se tem observado eacute que a academia destina-se a ensinar a
fisiopatologia das doenccedilas e farmacoloacutegicas para seu tratamento pouco preparando o
profissional para lidar com o paciente quando esta doenccedila natildeo tem mais possibilidade de cura
Observa-se ainda que pouco se destaca nesse processo de formaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede
seu preparo para comunicar notiacutecias ruins estar ao lado de algueacutem que sofre oferecer apoio
emocional e espiritual em situaccedilotildees complexas refletir junto com o doente na suas duacutevidas e
questotildees existenciais
Como a formaccedilatildeo baacutesica dos profissionais que atualmente lidam com pacientes que
vivenciam o processo de morrer natildeo lhes foi suficiente para desenvolver habilidades para lidar
com estas e outras situaccedilotildees inerentes agrave terminalidade de seus pacientes eacute preciso o
investimento na educaccedilatildeo continuada destes profissionais no tange aos Cuidados Paliativos
Dessa forma Floriani e Schramm (2004) consideram que a Atenccedilatildeo Baacutesica emerge
como uma importante estrateacutegia para o emprego dessa modalidade de cuidar podendo atuar
para evitar a ruptura de tratamento configurando-se como indispensaacutevel elo de continuidade do
tratamento especialmente para os pacientes que vivem longe de centros urbanos e que devem
retornar para suas casas
Diante dessa realidade observa-se que o Sistema de Sauacutede brasileiro tem a importante
tarefa de equilibrar dentro de um cenaacuterio de restriccedilatildeo de recursos de modo pragmaacutetico como
94
conveacutem ao gestor puacuteblico e ao privado o sentido do que eacute real com o sentido da possibilidade
em busca de um modelo sustentaacutevel de cuidados no fim da vida do ponto de vista operacional
e organizado de modo que possa ser acessiacutevel nos mais diferentes contextos nacionais e
eticamente comprometido com a proteccedilatildeo aos atores vulnerados (FLORIANI 2011)
Portanto analisando essas caracteriacutesticas agrave luz do referencial teoacuterico e dos discursos
provenientes de meacutedicos enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas da ESF podemos assinalar que na
visatildeo desses profissionais eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo
Baacutesica contanto que sejam superadas algumas barreiras tais como a criaccedilatildeo de uma poliacutetica
nacional para essa modalidade de cuidar e a preparaccedilatildeo dos profissionais que integram a equipe
da ESF
95
Reflexotildees Finais
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
96
O estudo nos permitiu assinalar a partir dos discursos dos profissionais participantes
da investigaccedilatildeo a valoraccedilatildeo dos Cuidados Paliativos como uma modalidade de cuidar que visa
agrave minimizaccedilatildeo do sofrimento do paciente sem possibilidade terapecircutica de cura e agrave de seus
familiares mediante uma assistecircncia pautada na humanizaccedilatildeo
Eacute oportuno destacar que a praacutetica dos Cuidados Paliativos busca oferecer uma resposta
ativa aos problemas necessidades e sofrimento dos pacientes acometidos por uma patologia
crocircnica e incuraacutevel podendo dessa forma desempenhar um papel relevante nos cuidados no
fim da vida especialmente em aacutereas onde natildeo existem centros de referecircncia em Cuidados
Paliativos
Implementar esta modalidade de cuidar permeada pelos pressupostos da humanizaccedilatildeo
favorece aos profissionais da ESF o estabelecimento de uma assistecircncia integral e holiacutestica
(contemplando as necessidades emocionais espirituais sociais e bioloacutegicas) direcionada ao
paciente portador de doenccedila crocircnica natildeo responsiva agrave terapecircutica de cura Aleacutem disso contribui
para o desenvolvimento de estrateacutegias uacuteteis e adequadas a fim de se atender agraves necessidades do
referido paciente
No tocante agrave praacutetica dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica foi possiacutevel eleger
duas categorias a partir do material discursivo oriundo das entrevistas dos participantes do
estudo Cuidados Paliativos ndash aspectos conceituais e modalidades terapecircuticas (esta categoria
apresentou duas subcategorias Cuidados Paliativos ndash promoccedilatildeo de qualidade de vida para
pacientes sem possibilidades de cura modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos)
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica ndash formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees As
categoriais apresentam a essecircncia do entendimento dos profissionais da ESF envolvidos no
estudo sobre os Cuidados Paliativos sobretudo no referido contexto
Quanto agrave compreensatildeo dos profissionais da ESF acerca dos Cuidados Paliativos foi
enfatizado que esta modalidade eacute considerada como cuidados de conforto para o paciente
cuidado biopsiacutequicoespiritual e cuidado interdisciplinar
Os meacutedicos os enfermeiros e os cirurgiotildees-dentistas da ESF participantes do estudo
advertiram de modo enfaacutetico que os Cuidados Paliativos devem estar voltados para pacientes
acometidos por doenccedilas incuraacuteveis e pacientes em fase de terminalidade mediante uma
assistecircncia humanizada com a finalidade de promover qualidade de vida minimizaccedilatildeo do
sofrimento e boa morte
Outra questatildeo que merece destaque refere-se agrave importacircncia dada por alguns dos
participantes do estudo agrave presenccedila dos familiares elementos colaboradores no cuidar do
paciente Esta eacute compreendida como fonte de apoio e estiacutemulo para o doente no enfrentamento
97
do processo da enfermidade e da terminalidade Dessa forma os Cuidados Paliativos devem ser
estendidos tambeacutem agrave famiacutelia uma vez que esta sofre juntamente com o paciente que se
encontra em processo de terminalidade
Quanto agraves modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos os referidos profissionais
valorizaram natildeo soacute os aspectos bioloacutegicos do paciente mas tambeacutem outras dimensotildees que
compotildeem a totalidade do ser humano e que surgem intensamente diante de um sofrimento e do
processo da terminalidade ndash as dimensotildees psicoloacutegicas sociais e espirituais Por conseguinte
os referidos profissionais destacaram as seguintes modalidades farmacologia fisioterapia
nutriccedilatildeo (que corresponderam agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica) comunicaccedilatildeoescuta qualificada
psicologia e espiritualidade (que retrataram a intervenccedilatildeo psicoterapecircutica)
Eacute oportuno destacar que alguns dos participantes do estudo apresentaram certo
despreparo para esta nova modalidade de cuidar revelando conceitos incompatiacuteveis com a
literatura pertinente aos Cuidados Paliativos Foi possiacutevel entrever que estes profissionais
restringem tais cuidados a cuidados humanitaacuterios natildeo identificando a relaccedilatildeo de tal modalidade
com temas como a morte e suas implicaccedilotildees espirituais ou existenciais Este fato pode estar
atrelado agrave formaccedilatildeo profissional deles uma vez que no Brasil a visibilidade dessa modalidade
de cuidar iniciou-se na deacutecada de 2000 e a maioria destes estaacute formada haacute mais de dez anos
natildeo tendo em seus curriacuteculos a contemplaccedilatildeo da temaacutetica em destaque
Em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da equipe de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica os
participantes envolvidos no estudo disseram reconhecer que a equipe da ESF deve conter um
quantitativo maior de profissionais o qual possa extrapolar o que estaacute determinado atualmente
pelo Ministeacuterio da Sauacutede Ressalte-se que alguns deles destacaram a importacircncia da atuaccedilatildeo de
uma equipe interdisciplinar composta de profissionais que possuem diferenciadas competecircncias
e que atuam de forma interdependente para o atendimento das necessidades bioloacutegicas
psicoloacutegicas sociais e espirituais do paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura e de sua
famiacutelia
Outro aspecto merecedor de destaque diz respeito ao posicionamento dos profissionais
inseridos no estudo quanto agrave viabilidade da operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica Para eles esta modalidade de cuidar na nossa realidade local apresenta
possibilidades e limitaccedilotildees
No que diz respeito agraves possibilidades os discursos provenientes dos meacutedicos
enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas expressaram a necessidade em fomentar a criaccedilatildeo de uma
poliacutetica nacional que contemple os Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
98
Do mesmo modo manifestaram acreditar que a falta de qualificaccedilatildeo dos profissionais
inseridos na ESF consiste na principal limitaccedilatildeo para a implementaccedilatildeo dessa modalidade de
cuidar na Atenccedilatildeo Baacutesica Portanto a qualificaccedilatildeo desta equipe eacute apontada pelos profissionais
como a estrateacutegia mais importante para a viabilizaccedilatildeo desta praacutetica na atenccedilatildeo primaacuteria
Explicitaram a necessidade de qualificaccedilatildeo para um melhor exerciacutecio profissional no campo de
Cuidados Paliativos sobretudo em situaccedilotildees de terminalidade
Assim sendo urge a instituiccedilatildeo da educaccedilatildeo permanente em Cuidados Paliativos para
os profissionais que fazem parte da Atenccedilatildeo Baacutesica a fim de que promovam uma assistecircncia
holiacutestica e integral ao paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura Aleacutem disso eacute de suma
relevacircncia que as instituiccedilotildees de ensino da aacuterea da Sauacutede compreendam a importacircncia da
filosofia dessa modalidade de cuidar e contemplem esta temaacutetica em seus curriacuteculos
Consideramos que este estudo abre novos horizontes no campo da investigaccedilatildeo
cientiacutefica na assistecircncia e no ensino acerca dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Haja
vista o quacircntico reduzido de estudos direcionados agrave respectiva temaacutetica no acircmbito da literatura
nacional Ressaltamos a necessidade de novas pesquisas com a finalidade de se ampliarem as
discussotildees sobre essa temaacutetica e conseguintemente se favorecer a inserccedilatildeo desse conteuacutedo nos
curriacuteculos dos profissionais da Sauacutede bem como se estimular a capacitaccedilatildeo destes cuidados
diferenciados nas redes assistenciais de sauacutede particularmente na ESF a fim de se amenizar o
sofrimento de usuaacuterios sem possibilidades terapecircuticas e familiares envolvidos com o cuidado
com seu ente querido
Esperamos portanto que esta pesquisa possa subsidiar novas investigaccedilotildees que
contemplem a inter-relaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos com a Atenccedilatildeo Baacutesica visto que se trata
de uma praacutetica inovadora no referido campo a qual necessita de uma maior disseminaccedilatildeo junto
a gestores profissionais da Sauacutede em particular os da ESF estudantes e pesquisadores da aacuterea
99
Referecircncias
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
100
ABRAHAtildeO-CURVO P Avaliaccedilatildeo da atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede destacando satisfaccedilatildeo e
insatisfaccedilatildeo na perspectiva dos usuaacuterios com ecircnfase na integralidade da atenccedilatildeo 2010
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo PretoUSP Satildeo Paulo 2010
ABREU L O et al Trabalho de equipe em enfermagem revisatildeo sistemaacutetica da literatura
Rev Bras Enferm v 58 n 2 p 203-7 2005
ABU-SAAD H H COURTENS A Developments in Palliative Care In ABUD-SAAD H
H Evidence-based palliative care across the life span Oxford Blackwel Science 2001
Cap3 p5-13
ARAUacuteJO M M T de Quando uma palavra de carinho conforta mais que um
medicamento necessidades e expectativas de pacientes sob cuidados paliativos 2006
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola de Enfermagem da Universidade de Satildeo Paulo 2006
ARAUacuteJO M M T de Comunicaccedilatildeo em cuidados paliativos proposta educacional para
profissionais de sauacutede 2011 Tese (Doutorado) ndash Escola de Enfermagem da Universidade de
Satildeo Paulo 2011
ARAUacuteJO M M T de SILVA M J P da A comunicaccedilatildeo com o paciente em cuidados
paliativos valorizando a alegria e o otimismo Rev Esc Enferm v 40 n 4 p 668-674 2007
AROUCA S Democracia e sauacutede Anais da VIII Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia
1987 P 17-21
BACKES D S et al Muacutesica terapia complementar no processo de humanizaccedilatildeo de um CTI
Nursing v 66 n 6 p 35-42 2003
BARBOSA K de A FREITAS M H de Religiosidade e atitude diante da morte em idosos
sob cuidados paliativos Revista Kairoacutes Satildeo Paulo v 12 n 1 p 113-34 jan 2009
BARDIN L Anaacutelise de conteuacutedo Lisboa Ediccedilotildees 70 2008
BIELEMANN V L M A famiacutelia cuidando do ser humano com cacircncer e sentindo a
experiecircncia Rev Bras Enferm v 56 n 2 p 133-7 2003
BILLINGS J A A BLOCH S Palliative care in undergraduate medical education JAMA
v 278 n9 p 733-738 1997
101
BONASSA E C CAMPOS C V A Sauacutede mais perto os programas e as formas de
financiamento para os municiacutepios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001
BONFAacute L VINAGRE R C de O FIGUEIREDO N V de Uso de canabinoacuteides na dor
crocircnica e em cuidados paliativos Rev Bras Anestesiol v 58 n 3 p 267-279 2008
BOULAY S Changing the face of death the story of Cicely Saunders 4 ed Norfolk
RMEP 1996
BRASIL Portaria ndeg 1886GMMS Aprova as Normas de Diretrizes do Programa de
Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede e do Programa de Sauacutede da Famiacutelia Brasiacutelia DF Dez 1997
______ Portaria nordm 2413 GMMS Cria atendimento a pacientes sob cuidados prolongados
Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1998a
______ Portaria nordm 3535 GMMS Estabelece criteacuterios para Centros de Alta Complexidade
em Oncologia ndash CACON Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1998b
______ Portaria ndeg 157GMMS Estabelece os criteacuterios de distribuiccedilatildeo e requisitos para a
qualificaccedilatildeo dos Municiacutepios aos incentivos ao Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede e
ao Programa de Sauacutede da Famiacutelia Brasiacutelia DF Mar 1998c
______ Ministeacuterio da Sauacutede Portaria n 881 Brasiacutelia DF Jun 2001
______ Portaria nordm 19 GMMS Cria o Programa Nacional de Assistecircncia agrave Dor e Cuidados
Paliativos Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Programa de sauacutede da famiacutelia Brasiacutelia DF 2000a
______ Ministeacuterio da Sauacutede Atenccedilatildeo Baacutesica Programa de Sauacutede da Famiacutelia Treinamento
Introdutoacuterio Caderno 2 Brasiacutelia 2000b
______ Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Programa de Sauacutede da famiacutelia
Rev Sauacuted Puacutebl v 34 n 3 p 316-9 2000c
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave sauacutede Coordenaccedilatildeo de sauacutede da
comunidade Sauacutede da famiacutelia uma estrateacutegia para reorientaccedilatildeo do modelos assistencial
Brasiacutelia DF 2005a
102
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica
Coordenaccedilatildeo de Acompanhamento e Avaliaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo para melhoria da qualidade da
estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Documento Teacutecnico Brasiacutelia DF 2005b
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Gestatildeo Participativa Sauacutede da famiacutelia panorama
avaliaccedilatildeo e desafios Brasiacutelia DF 2005c
______ Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada - RDC
nordm11 de 26 de janeiro de 2006 Dispotildee sobre o regulamento teacutecnico de funcionamento de
serviccedilos que prestam atenccedilatildeo domiciliar Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 30 jan 2006
______ Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Comissatildeo Nacional de Eacutetica em
Pesquisa Manual operacional para comitecircs de eacutetica em pesquisa 4 ed Brasiacutelia DF 2007
Seacuterie A Normas e manuais teacutecnicos
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave
Sauacutede Diretrizes e recomendaccedilotildees para o cuidado integral de doenccedilas crocircnicas natildeo-
transmissiacuteveis Brasiacutelia DF 2009
BYOCK I Where do we go from here A palliative care perspective Crit Care Med v 34
p 416-20 2006
CAPONERO R Muito aleacutem da cura de uma doenccedila profissionais lutam para humanizar o
sofrimento humano Praacutetica Hospitalar Satildeo Paulo n 21 p 29-34 maijun 2002
CASTRO D A Psicologia e eacutetica em cuidados paliativos Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo v
21 p 44-51 2001
CEZARIO E P O fisioterapeuta diante dos cuidados paliativos e da morte In SANTOS F S
(Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo
Atheneu 2011 Cap 33 p 307-14
CLARK D CENTENO C Palliative care in Europe an emerging approach to comparative
analysis Clin Med v6 n 2 p 197-201 2006
CONGRESSO INTERNACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS Educar para paliar Satildeo
Paulo Siacuterio Libanecircs Instituto de Ensino e Pesquisa 2010
103
COSTA E M A CARBONE M H Sauacutede da famiacutelia uma abordagem interdisciplinar Rio
de Janeiro Rubio 2004
COSTA S F G VALLE E R M Ser eacutetico na pesquisa em enfermagem Joatildeo Pessoa
Ideacuteia 2000
COSTA FILHO R C et al Como implementar cuidados paliativos de qualidade na unidade
de terapia intensiva Rev Bras Ter Intensiva Satildeo Paulo v 20 n 1 janmar 2008
DUNLOP R J HOCKLEY J M Hospital-based palliative care teams 2 ed Oxford
Oxford University 1998
ELIAS A C A et al Programa de treinamento sobre a intervenccedilatildeo terapecircutica (RIME) para
re-significar a dor espiritual de pacientes terminais Rev Psiquiatr Cliacuten Satildeo Paulo v 34
supl 1 p 60-72 2007
ESTEVES M M Cuidar ndash paciente famiacutelia e equipe multiprofissional sob a visatildeo do
assistente social atuante em cuidados paliativos In SANTOS F S (Org) Cuidados
paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 31
p 285-86
FERRER P M N LABRADA B R P LOacutePEZ N P Buenas praacutecticas de enfermeriacutea en
pacientes tributarios de cuidados paliativos en la atencioacuten primaria de salud Revista Cubana
de Enfermeriacutea v 25 n 1-2 p 1-17 2009
FERREIRA N M L A CHICO E HAYHASHI V D Buscando compreender a
experiecircncia do doente com cacircncer Rev Ciecircn Meacuted (Campinas) v 14 n 3 p 239-48 2005
FERREIRA N M L A SOUZA C L B de STUCHI Z Cuidados paliativos e famiacutelia
Rev Ciecircnc Meacuted Campinas v 17 n 1 p 33-42 janfev 2008
FIGUEIREDO M C A Educaccedilatildeo em cuidados paliativos uma experiecircncia brasileira Mundo
Sauacutede v 27 n 1 p 165-70 2003
FIGUEIREDO M T A Reflexotildees sobre os cuidados paliativos no Brasil Rev Praacutetica
Hospitalar v 47 p 36-40 setout 2006
104
FLORIANI C A Cuidados paliativos no Brasil desafios para sua inserccedilatildeo no sistema de
sauacutede In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos
sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 12 p 101-06
FLORIANI C A SCHRAMM F R Atendimento domiciliar ao idoso problema ou
soluccedilatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 20 n4 p 986-994 julago 2004
FLORIANI C A SCHRAMM F R Desafios morais e operacionais da inclusatildeo dos cuidados
paliativos na rede de atenccedilatildeo baacutesica Cad Sauacutede Puacuteblica v 23 n 9 p 2072-2080 set 2007
FRANCcedilA J R F S Cuidados paliativos relaccedilatildeo dialoacutegica entre enfermeiros e crianccedilas com
cacircncer 2011 172f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Centro de Ciecircncias da Sauacutede Universidade
Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 6 ed Satildeo Paulo Atlas 2010
GIL C R R Formaccedilatildeo de recursos humanos em sauacutede da famiacutelia paradoxos e perspectivas
Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 21 n2 p490-498 marabr 2005
GIROND J B R WATERKEMPER R Sedaccedilatildeo eutanaacutesia e o processo de morrer do
paciente com cacircncer em cuidados paliativos compreendendo conceitos e inter-relaccedilotildees
Cogitare enferm v 11 n 3 p 258-263 set-dez 2006
GUERRA M A T Assistecircncia ao paciente em fase terminal alternativas para o doente com
AIDS 2001 155p Tese (Doutorado) ndash Faculdade de Sauacutede Puacuteblica Universidade de Satildeo
Paulo Satildeo Paulo 2001
GUTIERREZ D M D MINAYO M C S Produccedilatildeo do conhecimento sobre cuidados da
sauacutede no acircmbito da famiacutelia Ciecircncia e Sauacutede Coletiva v 15 n 1 p 1497-1508 2010
HALSTEAD MT ROSCOE ST Restoring the spirit at the end of life music as an
intervention for oncology nurses Clin J Oncol Nurs v6 n6 p333-6 2002
HERSCHBACK P et al Psychological distress in cancer patients assessed with na expert
rating scale Br J Cancer v 99 n 1 p 37-43 2008
HIGUERA J C B La escucha activa em cuidados paliativos Revista de Estudios Meacutedico
Humaniacutesticos v 11 n 11 p 119-136 2005
105
IBANtildeEZ N et al Avaliaccedilatildeo do desempenho da atenccedilatildeo baacutesica no estado de Satildeo Paulo
Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 11 n 3 p 683-703 2006
INCONTRI D Equipes interdisciplinares em cuidados paliativos ndash religando o saber e o sentir
In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos
sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 17 p 141-48
INABA L C SILVA M J P A importacircncia e as dificuldades da comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-
verbal no cuidado dos deficientes fiacutesicos Nursing v 5 n 51 p 20-4 2002
JOAtildeO PESSOA Secretaria Municipal de Sauacutede Plano Municipal de Sauacutede ndash 2010 - 2013
Joatildeo Pessoa 2010
______ Relatoacuterio de gestatildeo 2005-2008 Joatildeo Pessoa 2008
KIRA C M MONTAGNINI M BARBOSA S M M Educaccedilatildeo em cuidados paliativos
In OLIVEIRA R A Cuidado paliativo Satildeo Paulo Conselho Regional de Medicina do estado
de Satildeo Paulo 2008 p 595-609
KOENIG H G McCULLOUGH M E LARSON D B A history of religion science and
medicine In HANDBOOK of religion and health New York Oxford University Press 2001
KOVAacuteCS M J et al Implantaccedilatildeo de um service de plantatildeo psicoloacutegico numa unidade de
cuidados paliativos Bol Psicol v 51 n 114 p 1-22 jan-jun 2001
KOVAacuteCS M J Comunicaccedilatildeo nos programas de cuidados paliativos uma abordagem
multidisciplinar In PESSINI L BERTACHINI L Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos
Satildeo Paulo Loyola p 275-89 2004
KUumlBLER-ROSS E Sobre a morte e o morrer Satildeo Paulo Martins Fontes 2002
LAVOR M F da S Cuidados paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica visatildeo dos enfermeiros do
Programa Sauacutede da Famiacutelia 180 f 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Enfermagem) ndash
Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Rio de Janeiro
2006
LITLEJOHN S W Fundamentos teoacutericos da comunicaccedilatildeo humana Rio de janeiro
Guanabara 1988
106
LOPES M J M SILVA J L A Estrateacutegias metodoloacutegicas de educaccedilatildeo e assistecircncia na
atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Revista Latino Amer Enfermagem v 12 n 4 jul ndash ago 2004
LUSTOSA M A A famiacutelia do paciente internado Rev SBPH v 10 p 4-8 2007
MACCOUGHLAN M A necessidade de cuidados paliativos In PESSINI L BERTACHINI
(Orgs) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos 3ed Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 Cap 11
p 167- 180
MACCOUGHLAN M A Necessidade de cuidados paliativos Mundo Sauacutede v 27 n 1 p
6-14 2003
MACHADO M de F A S et al Integralidade formaccedilatildeo de sauacutede educaccedilatildeo em sauacutede e as
propostas do SUS - uma revisatildeo conceitual Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva v 12 n 2 p 335-342
2007
MACMILIAN K EMERY B KASHUBA L Organization and support of the
interdisciplinary team In BRUERA E et al Textbook of palliative medicine London
Edward Arnold 2006
MALUF M F M MOLI L J BARROS A C S D O impacto psicoloacutegico do cacircncer de
mama Rev Bras Cancer v 51 n 2 p 149-54 2005
MARCUCCI F C I O papel da fisioterapia nos cuidados paliativos a pacientes com cacircncer
Rev Bras Cancer v 51 n 1 p 67-77 2005
MELO A G C Os cuidados paliativos no Brasil In PESSINI L BERTACHINI L
Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos Satildeo Paulo Loyola 2004 p 291-9
MELLO A G C de CAPONEROV R Cuidados paliativos abordagem contiacutenua e integral
In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos discutindo a vida a morte e o morrer Satildeo
Paulo Atheneu 2009 Cap18 p 257-266
MELLO A G C de CAPONERO R O futuro em cuidados paliativos In SANTOS F S
(Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo
Atheneu 2011 Cap 2 p 17-24
107
MELO A G C FIGUEIREDO M T A Cuidados paliativos conceitos baacutesicos histoacuterico e
realizaccedilotildees da Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos e da Associaccedilatildeo Internacional de
Hospice e Cuidados Paliativos In PIMENTA C A M MOTA D D C F CRUZ D A L
M Dor e cuidados paliativos enfermagem medicina e psicologia Barueri SP Manole 2006
p 16-28
MENDES E V O dilema fragmentaccedilatildeo ou integraccedilatildeo dos sistemas de sauacutede por sistemas
integrados de serviccedilos de sauacutede In MENDES E V Os grandes dilemas do SUS Fortaleza
Escola de Sauacutede Puacuteblica do Cearaacute 2001 p 91-139
MINAYO M C de S O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 12 ed Rio
de Janeiro HUCITECABRASCO 2010
MOREIRA D A O meacutetodo fenomenoloacutegico na pesquisa Satildeo Paulo Pioneira 2004
O`CONNOR M FISHER C GUILFOYLE A Interdisciplinary teams inpalliative care a
critical reflection Int J Pall Nurs v 12 n 3 p 132-7 2006
OLIVEIRA A C SAacute L SILVA M J P O posicionamento do enfermeiro frente a
autonomia do paciente terminal Rev Bras Enferm v 60 n 3 p 286-90 maio-jun 2007
ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DA SAUacuteDE Alma Ata 1978 ndash cuidados primaacuterios de sauacutede
Relatoacuterio da conferecircncia internacional sobre cuidados primaacuterios de sauacutede OMSUNICEF
Brasil 1979
ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Cuidados inovadores para condiccedilotildees crocircnicas
componentes estruturais de accedilatildeo uma estrateacutegia em Serviccedilos de Sauacutede para todo o Brasil
Brasiacutelia Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede 2003
OTHERO M B COSTA D G Propostas desenvolvidas em Cuidados Paliativos em um
hospital amparador - Terapia Ocupacional e Psicologia Rev Praacutetica Hospitalar v 9 n 52 p
157-60 2007
PAUNOVICH E D et al The role of dentistry in palliative care of the head and neck cancer
patient Tex Dent J v 117 n 6 p 36-45 2000
PEDUZZI M A A inserccedilatildeo do enfermeiro na equipe de sauacutede da famiacutelia na perspectiva da
promoccedilatildeo da sauacutede In Anais do 1ordm Seminaacuterio Estadual o enfermeiro no programa de sauacutede
da famiacutelia de Satildeo Paulo 9-11 nov 2000 Satildeo Paulo Secretaria do estado de Sauacutede p 1-11
108
PEDUZZI M OLIVEIRA M A C Trabalho em equipe multiprofissional In MARTINS
M A et al Cliacutenica Meacutedica v1 Barueri Manole 2009 p 171-8
PERES M F P et al A importacircncia da integraccedilatildeo da espiritualidade e da religiosidade no
manejo da dor e dos cuidados paliativos Rev Psiquiatr Cliacuten Satildeo Paulo v 34 2007
PESSINI L Viver com dignidade a proacutepria morte reexame da contribuiccedilatildeo da eacutetica
teoloacutegica no atual debate sobre a distanaacutesia 2001 Tese (Doutorado) ndash Centro Universitaacuterio
Assunccedilatildeo Pontifiacutecia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunccedilatildeo Satildeo Paulo 2001
PESSINI L Humanizaccedilatildeo da dor e do sofrimento humanos na aacuterea da sauacutede In PESSINI L
BERTACHINI L (Orgs) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos 3 ed Satildeo Paulo Loyola
2006 cap1 p 11-29
PESSINI L BERTACHINI L Novas perspectivas em cuidados paliativos eacutetica geriatria
gerontologia comunicaccedilatildeo e espiritualidade O Mundo da Sauacutede Satildeo Paulo v 29 n 4
outdez 2005
PIMENTA C G C de MOTA D T A F Educaccedilatildeo em cuidados paliativos In PIMENTA
C G C de MOTA D D C de F M CRUZ D DE A L M da C (Orgs) Dor e
cuidados paliativos enfermagem medicina e psicologia BarueriManoly 2006 Cap3 p 29-
44
POLASTRINI R T V YAMASHITA C C KURASHIMA A Y Enfermagem e o cuidado
paliativo In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 30 p 277-83
POLIT F P BECK C T HUNGLER B P Fundamentos da pesquisa em enfermagem
meacutetodos avaliaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo 5 ed Porto Alegre Artmed 2004
RAJAGOPAL M R MAZZA D LIPMAN A G Pain and palliative care in the
developing world and marginalized population a global challenge Binghamton The
Haworth Medical Press 2003
REIS JUacuteNIOR L C REIS P E A M Cuidados paliativos no paciente idoso o papel do
fisioterapeuta no contexto multidisciplinar Fisioterapia em Movimento Curitiba v 20 n 2
p 127-35 abrjun 2007
109
RODRIGUES I G Cuidados paliativos anaacutelise de conceito 2004 200f Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo Ribeiratildeo
Preto 2004
RODRIGUES I G Os significados do trabalho em equipe de cuidados paliativos
oncoloacutegicos domiciliar um estudo etnograacutefico 2009 Tese (Doutorado) Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2009
RODRIGUES I G ZAGO M M F Enfermagem em cuidados paliativos Mundo Sauacutede v
27 n 1 p 89-92 2003
RODRIGUES I G ZAGO M M F CALIRI M H Uma anaacutelise do conceito de cuidados
paliativos no Brasil artigo de revisatildeo Mundo da Sauacutede v 29 n 2 p 147-154 Satildeo Paulo
2005
SALES C A MOLINA M A S O significado do cacircncer no cotidiano de mulheres em
tratamento quimioteraacutepico Rev Bras Enferm v 57 n 6 p 720-3 2004
SALES C A et al Cuidado paliativo a arte de estar-com-o-outro de uma forma autecircntica
Rev Enferm UERJ v 16 n 2 p 174-179 2008
SALTZ E JUVER J Cuidados paliativos em oncologia Satildeo Paulo Editora Senac 2008
SANTANA A D A Cuidados paliativos ao doente oncoloacutegico terminal em domiciacutelio
representaccedilotildees sociais da famiacutelia 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash escola de Enfermagem
Universidade Federal da Bahia Salvador 2000
SANTOS H S dos Terapecircutica nutricional para constipaccedilatildeo intestinal em pacientes
oncoloacutegicos com doenccedila avanccedilada em uso de opiaacuteceos revisatildeo Rev Bras Cancer v 48 n
2 p 263-269 2002
SANTOS D et al Sedacioacuten paliativa experiencia en una unidad de cuidados paliativos de
Montevideo Rev Med Urug v 25 n 2 p 78-83 2009
SANTOS M J O cuidado agrave famiacutelia do idoso com cacircncer em cuidados paliativos
perspectiva da equipe de enfermagem e dos usuaacuterios 2009 Dissertaccedilatildeo (mestrado)
Florianoacutepolis Universidade Federal de Santa Catarina 2009
SANTOS F S O desenvolvimento histoacuterico dos cuidados paliativos e a filosofia hospice In
SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas
Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 1 p 3-15
110
SANTOS C E dos MATTOS L F C Os cuidados paliativos e a medicina de famiacutelia e
comunidade In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 2 p 17-24
SAUNDERS C Preface In DAVIES E HIGGINSON I J (Ed) The solid facts palliative
care Copenhagen WHO Regional Office for Europe 2004
SCHLIEMANN A L Cuidados paliativos e psicologia a construccedilatildeo de um espaccedilo de
trabalho In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 34 p 315-21
SCHERER M D dos A MARINO S R A RAMOS F R S Rupturas e soluccedilotildees no
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede reflexotildees sobre a estrateacutegia sauacutede da famiacutelia com base nas
categorias kuhnianas Interface ndash comunicaccedilatildeo Sauacutede Educaccedilatildeo Botucatu v9 n16 p 53-
66 set2004fev 2005
SILVA D A da et al Atuaccedilatildeo do nutricionista na melhora da qualidade de vida de idosos
com cacircncer em cuidados paliativos O Mundo da Sauacutede v 33 n 3 p 358-364 2009
SILVA K S da Em defesa da sociedade a invenccedilatildeo dos cuidados paliativos 2010
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2010
SILVA M J P Comunicaccedilatildeo com pacientes fora de possibilidades terapecircuticas reflexotildees
Mundo Sauacutede v 27 n 1 p 64-70 2003
SILVA M J P Comunicaccedilatildeo tem remeacutedio a comunicaccedilatildeo nas relaccedilotildees interpessoais em
sauacutede Satildeo Paulo Loyola 2008
SIMINO G P R Acompanhamento de usuaacuterios com cacircncer e seus cuidadores por
trabalhadores de equipes de sauacutede da famiacutelia possibilidades e desafios 2009 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo PretoUSP Satildeo Paulo 2009
SIQUEIRA E S A eacutetica e os pacientes terminais Arq Cons Med Do Pr Curitiba v 18 n
70 p 109-11 2000
SIQUEIRA J T T de et al Dor em pacientes com cacircncer de boca do diagnoacutestico aos
cuidados paliativos Rev Dor v 10 n 2 p 150-157 2009
111
SOCHACKI M et al A dor de natildeo mais alimentar Rev Bras Nutr Clin v 23 n 1 p 78-
80 2008
SODREacute F Alta Social a atuaccedilatildeo do assistente social em cuidados paliativos Serviccedilo Social
amp Sociedade nordm82 Satildeo Paulo Cortez 2005
SOUSA A T O de et al Cuidados paliativos com pacientes terminais um enfoque na
Bioeacutetica Rev Cubana Enfermer Ciudad de la Habana v 26 n 3 dic 2010
SPECK P Teamwork in palliative care Oxford Oxforde University Press 2009
STARFIELD B Atenccedilatildeo primaacuteria equiliacutebrio entre necessidades de sauacutede serviccedilos e
tecnologia UNESCO Ministeacuterio da Sauacutede Brasiacutelia 2002
STEINHAUSER K E et al Factors considered important at the end of life by patients
family physicians and other care providers JAMA v 284 p 2476-82 2000a
STEINHAUSER K E et al In search of a good death observations of patients families and
providers Ann Intern Med v 132 p 825-32 2000b
STONEBERG J N et al Assessment of palliative care needs Anesthesiol Clin v 24 p 1-
17 2006
TEIXEIRA M A et al Implantando um serviccedilo de suporte terapecircutico oncoloacutegico ndash STO
Rev Bras Cancerologia Rio de Janeiro v 39 n 2 p 65-87 abrjun 1993
TEIXEIRA C F Sauacutede da Famiacutelia Promoccedilatildeo e Vigilacircncia construindo a integralidade da
atenccedilatildeo agrave sauacutede no SUS Revista Brasileira de Sauacutede da Famiacutelia v 7 p 10-23 2004
TWYCROSS R Medicina paliativa filosofia y consideraciones eacuteticas Acta Bioethica v6
n1 p 27-46 2000
VALENTIM V L KRUEL A J A importacircncia da confianccedila interpessoal para a
consolidaccedilatildeo do Programa de Sauacutede da Famiacutelia Ciecircnc Sauacutede Colet v12 n3 p777-88
2007
112
WEBSTER R LACEY J QUINE S Palliative care a public health priority in developing
countries J Public Health Policy v 28 p 28-39 2007
WEE B HUGHES N Education in palliative care bulding a culture of learning Oxford
(UK) Oxford University Press 2007
WISEMAN M A Palliative care dentistry Gerodontology v 17 n 1 p 49-51 2000
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO) WHO Definition of palliative care [online]
Disponiacutevel em httpwwwwhointcancerpalliativedefinitionen Acesso em 13 de jul 2011
WRIGHT M et al Mapping levels of palliative care development a global view J Pain
Symptom Manage v 35 n 5 p 469-485 2008
113
Apecircndices
114
APEcircNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TIacuteTULO DO PROJETO DE DISSERTACcedilAtildeO Cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos
de profissionais de sauacutede
MESTRANDA Isabelle Cristinne Pinto Costa
ORIENTADORA Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa
Prezado o (a) profissional
Eu Isabelle Cristinne Pinto Costa sou aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo
em Enfermagem da Universidade Federal da Paraiacuteba orientanda da Profordf Drordf Solange
Faacutetima Geraldo da Costa gostaria de convidaacute-lo (a) para participar da pesquisa Cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos de profissionais de sauacutede Este estudo tem como
objetivos investigar o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que concerne agrave
cuidados paliativos e suas modalidades terapecircuticas e identificar as possibilidades de
implementaccedilatildeo de cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica a partir do discurso de profissionais
da sauacutede
Ressalto que esta investigaccedilatildeo contribuiraacute para o reconhecimento da valoraccedilatildeo dos
cuidados paliativos pela equipe de sauacutede da famiacutelia que passaraacute a exercer uma nova praacutetica
marcada pela humanizaccedilatildeo pelo cuidado pelo exerciacutecio da cidadania alicerccedilada na
compreensatildeo de que as condiccedilotildees de vida definem o processo sauacutede-doenccedila das famiacutelias
Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa solicito sua colaboraccedilatildeo participando deste estudo
mediante a aplicaccedilatildeo de um formulaacuterio Os dados obtidos seratildeo transcritos na iacutentegra com a
finalidade de garantir a fidedignidade dos conteuacutedos expressos no momento da aplicaccedilatildeo do
referido instrumento
Faz-se oportuno esclarecer que a sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria portanto
vocecirc natildeo eacute obrigado a fornecer informaccedilotildees eou colaborar com atividades solicitadas pela
pesquisadora podendo requerer a sua desistecircncia a qualquer momento do estudo fato este que
natildeo representaraacute qualquer tipo de prejuiacutezo relacionado ao seu trabalho nesta instituiccedilatildeo Vale
ressaltar que esta pesquisa natildeo traraacute nem dano previsiacutevel a sua pessoa visto que sua
participaccedilatildeo consistiraacute em responder um questionaacuterio a respeito de tema em destaque
115
Considerando a relevacircncia da temaacutetica no campo da atenccedilatildeo baacutesica solicito a sua
permissatildeo para disseminar o conhecimento que seraacute produzido por este estudo em eventos da
aacuterea de sauacutede e em revistas cientiacuteficas da aacuterea Para tanto por ocasiatildeo dos resultados
publicados sua identidade seraacute mantida no anonimato bem como as informaccedilotildees
confidenciais fornecidas
Eacute importante mencionar que vocecirc receberaacute uma coacutepia do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido e que a pesquisadora estaraacute agrave sua disposiccedilatildeo para qualquer esclarecimento
que considere necessaacuterio em qualquer etapa do processo de pesquisa Diante do exposto caso
venha a concordar em participar da investigaccedilatildeo proposta convido o (a) vocecirc conjuntamente
comigo a assinar este Termo
Considerando que fui informado (a) dos objetivos e da relevacircncia do estudo proposto
bem como da minha participaccedilatildeo no preenchimento de um formulaacuterio declaro o meu
consentimento em participar da pesquisa bem como concordo que os dados obtidos na
investigaccedilatildeo sejam utilizados para fins cientiacuteficos
Joatildeo Pessoa 2011
__________________________________
Assinatura do (a) Participante da Pesquisa
___________________________________
Assinatura da Pesquisadora Responsaacutevel
Telefones para contato com pesquisadora
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem ndash UFPB ndash 3216-7109
Coordenaccedilatildeo do NEPB - UFPB 3216-7735
Telefone do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa do HULW ndash UFPB ndash 3216 7302
116
APEcircNDICE B
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
I CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES
Data de nascimento____________
Formaccedilatildeo acadecircmica_______________________________Ano______________________
Instituiccedilatildeo__________________________________________________________________
Especializaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Mestrado ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Doutorado ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Palestra Mini-curso Capacitaccedilatildeo em Cuidados Paliativos ( ) sim ( ) natildeo
Caso afirmativo Instituiccedilatildeo_______________________________ Local ____________
Carga Horaacuteria________________Ano___________
Tempo de atuaccedilatildeo na ESF _____________________________________________________
II DADOS RELACIONADOS ACERCA DE CUIDADOS PALIATIVOS
1 O que vocecirc entende por cuidados paliativos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2 No seu entendimento quais as modalidades terapecircuticas empregadas nos cuidados
paliativos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3 Na sua opiniatildeo os cuidados paliativos devem estar direcionados para que grupo de
usuaacuterios assistidos na atenccedilatildeo baacutesica
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
117
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4 Na sua visatildeo quais os profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5 O que vocecirc acha da implantaccedilatildeo de cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
6 Na sua concepccedilatildeo o que eacute necessaacuterio para viabilizar a implantaccedilatildeo de cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7 No seu entendimento quais satildeo as possibilidades e limitaccedilotildees para a implantaccedilatildeo de
cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
8 Vocecirc como profissional da ESF estaacute apto para promover os cuidados paliativos na
sua praacutetica assistencial
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9 Em caso afirmativo da questatildeo anterior quais as estrateacutegias que vocecirc desenvolve
para a praacutetica de cuidados paliativos Em caso negativo justifique
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
119
Anexo
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
120
ANEXO A
PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA EM PESQUISA
DEDICATOacuteRIA
Agrave Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa responsaacutevel
por me lapidar e me preparar para assumir desafios como
educadora possibilitando meu amadurecimento na profissatildeo
de enfermeira docente e pesquisadora Eacute exemplo de
integridade e de humanidade que tento seguir diariamente
Gratidatildeo eterna por me confiar e possibilitar-me o caminho
dos Cuidados Paliativos
Agradecimento a Deus
Meu Senhor e Meu Deus
Obrigada por eu poder contar com Teu Santo poder em
minha vida por ser Tua escolhida por eu poder desfrutar
Tua Santa bondade Obrigada Senhor por Tua suprema e
infinita misericoacuterdia que me guia por caminhos retos dando-
me discernimento para entender e superar as dificuldades da
vida
Obrigada Meu Paizinho por confiar em Tua filha dando-
me oportunidades que para mim eu nunca seria capaz de
enfrentar Sem a Tua forccedila e o Teu Espiacuterito Santo
conduzindo-me natildeo conseguiria alcanccedilar os sonhos que
tracei e almejei
Nada no mundo se iguala a Ti meu Pai onipotente Graccedilas
Te dou por tudo e Te peccedilo natildeo me desampares Senhor
porque eu natildeo saberia viver sem o Teu acalento sem sentir
Tua presenccedila no meu dia a dia sem desfrutar Teu manancial
de aacutegua viva que eacute a Tua palavra que me ensina a andar em
Teu Santo caminho ainda que por vezes seja tatildeo difiacutecil
Quando tudo parece tatildeo difiacutecil Tu me mostras que a
vontade eacute Tua e o querer tambeacutem Para Ti natildeo existe o
impossiacutevel porque basta um querer Teu e tudo eacute movido
quando somos fieacuteis a Tua palavra
Obrigada Meu Senhor e Meu Deus
Agradecimento Especial
Ao meu esposo Leandro que foi o alicerce desta conquista apoiando-me integral
e incondicionalmente com muito amor e carinho suportando por muitas vezes os
momentos de ausecircncia cansaccedilo impaciecircncia e falta de dedicaccedilatildeo ao longo desta
trajetoacuteria de estudo Partilho contigo o meacuterito desta vitoacuteria
Ao meu amado filho que eacute a minha fonte de inspiraccedilatildeo e o grande impulsionador
para a busca das minhas realizaccedilotildees profissionais Amo-te
Agrave minha querida matildee Izabel pela cumplicidade que compartilhamos e pelo amor
incondicional que me faz ser a cada dia o que sou
Ao meu pai Francisco por todo o seu apoio e incentivo na minha qualificaccedilatildeo
profissional Agradeccedilo-lhe por tudo pai
Aos meus irmatildeos Bruno e Adailton pelo incentivo carinho e amizade Amo
vocecircs
Agraves minhas amigas Cristiani Garrido Jael Ruacutebia e Kamyla Feacutelix que
acompanharam e me ajudaram a superar os percalccedilos desta conquista Obrigada
por me entenderem e me incentivarem Vocecircs satildeo especiais
Agradecimentos
Agraves Profas Dras Maria Emiacutelia Limeira Lopes Cleacutelia Albino Simpson Marta e
Miriam Lopes Costa e ao Prof Dr Roberto Teixeira Lima pela colaboraccedilatildeo na
construccedilatildeo deste estudo a qual possibilitou o enriquecimento dele
Ao Prof Laerte Pereira pelo excelente trabalho de correccedilatildeo do vernaacuteculo
delineado de amizade e esmero
A Adriene Jacinto secretaria adjunta de sauacutede do municiacutepio de Joatildeo Pessoa por
acreditar em meu trabalho e por me apoiar no desenvolvimento deste estudo
A Kerle Dayana diretora do Distrito Sanitaacuterio IV do municiacutepio de Joatildeo Pessoa
pela solicitude e dedicaccedilatildeo que muito favoreceram o desenvolvimento desta
pesquisa
Aos profissionais da aacuterea da Sauacutede que atuam na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
participantes desta pesquisa por me terem ajudado nesta construccedilatildeo relatando
as suas vivecircncias singulares
Agrave minha famiacutelia Ciecircncias Meacutedicas sobretudo ao Curso de Enfermagem minha
casa de trabalho minha escola de aprender a ser uma pessoa comprometida com o
futuro da humanidade Obrigada a cada um de vocecircs que acompanharam lado a
lado estes momentos de aprendizagem A torcida de vocecircs pelo meu sucesso foi
importante e gratificante
Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem da Universidade Federal da
Paraiacuteba pelo aprendizado adquirido e convivecircncia saudaacutevel durante o periacuteodo
do curso capacitando-me para ser uma profissional melhor
Aos docentes do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem por toda a
atenccedilatildeo e orientaccedilotildees recebidas
Enfim a cada um de vocecircs e a tantos outros familiares e amigos que fazem parte
da minha vida e que em momentos distintos cada um a seu modo direta e
indiretamente ofereceram auxiacutelio para construccedilatildeo desta pesquisa
ldquoSoacute podemos realmente viver e apreciar a vida se nos
conscientizarmos de que somos finitos Aprendi tudo isso
com meus pacientes moribundos que no seu sofrimento e
morte concluiacuteram que temos apenas o agora portanto
goze-o plenamente e descubra o que o entusiasma porque
absolutamente ningueacutem pode fazecirc-lo por vocecircrdquo
Elizabeth Kuumlbler-Ross
RESUMO
COSTA I C P Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica depoimentos de profissionais da
Sauacutede 2011 120f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Centro de Ciecircncias da Sauacutede Universidade
Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
INTRODUCcedilAtildeO ndash Os Cuidados Paliativos satildeo considerados como uma filosofia do cuidar
cujo escopo eacute o de proporcionar aos pacientes sem possibilidades terapecircuticas de cura e seus
familiares uma melhor qualidade de vida sendo a sua aplicaccedilatildeo de suma importacircncia no
acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica OBJETIVOS ndash Este estudo tem os seguintes objetivos investigar
o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que concerne aos Cuidados Paliativos
e suas modalidades terapecircuticas identificar na visatildeo dos profissionais da ESF a constituiccedilatildeo
da equipe de Cuidados Paliativos para a Atenccedilatildeo Baacutesica verificar as possibilidades e
limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso
de profissionais da Sauacutede METODOLOGIA ndash Trata-se de uma pesquisa exploratoacuteria com
abordagem qualitativa O cenaacuterio da investigaccedilatildeo constituiu-se de unidades de sauacutede da
famiacutelia pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV localizadas no municiacutepio de Joatildeo Pessoa (PB)
Participaram do trabalho trinta profissionais da ESF sendo dez meacutedicos dez enfermeiros e
dez cirurgiotildees-dentistas Na coleta de dados utilizou-se um formulaacuterio contendo questotildees
pertinentes aos objetivos propostos para a pesquisa A coleta dos dados ocorreu entre julho e
setembro de 2011 ANAacuteLISE DOS DADOS ndash O material empiacuterico foi analisado mediante a
teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo a partir das seguintes fases preacute-anaacutelise exploraccedilatildeo do
material tratamento dos resultados Os dados obtidos por meio dos depoimentos dos
participantes da investigaccedilatildeo foram agrupados nas seguintes categorias temaacuteticas Cuidados
Paliativos ndash aspectos conceituais e modalidades terapecircuticas (com suas respectivas
subcategorias Cuidados Paliativos ndash promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem
possibilidades de cura modalidades terapecircuticas em cuidados paliativos) Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica ndash formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees
RESULTADOS Este estudo mostrou a partir da visatildeo dos profissionais evolvidos no estudo
a valoraccedilatildeo dos Cuidados Paliativos considerados como uma modalidade de cuidar que visa agrave
minimizaccedilatildeo do sofrimento do paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura e agrave de seus
familiares mediante uma assistecircncia pautada na humanizaccedilatildeo Por outro lado alguns dos
participantes do estudo apresentaram uma compreensatildeo incompatiacutevel com a literatura
pertinente aos Cuidados Paliativos Os resultados assinalaram tambeacutem que os meacutedicos
enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas acreditam na possibilidade de implementaccedilatildeo dessa
modalidade de cuidar na Atenccedilatildeo Baacutesica desde que sejam atendidas algumas necessidades
tais como capacitaccedilatildeo da equipe e desenvolvimento de uma poliacutetica nacional para os
cuidados paliativos CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS ndash Consideramos que este estudo abre novos
horizontes no campo da investigaccedilatildeo cientiacutefica na assistecircncia e no ensino acerca dos cuidados
paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Haja vista o quacircntico reduzido de estudos direcionados agrave
respectiva temaacutetica no acircmbito da literatura nacional Esperamos portanto que esta pesquisa
possa subsidiar novas investigaccedilotildees que contemplem a inter-relaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos
com a Atenccedilatildeo Baacutesica visto que se trata de uma praacutetica inovadora no referido campo
necessitando-se de uma maior disseminaccedilatildeo junto a gestores profissionais da Sauacutede em
particular os da ESF estudantes e pesquisadores da aacuterea
Palavras-chave Cuidados Paliativos Cuidados a Doentes Terminais Atenccedilatildeo Baacutesica
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Programa Sauacutede da Famiacutelia
ABSTRACT
COSTA ICP Palliative Care in Basic Attention testimonies of Health professionals 2011
120f Dissertation (masterrsquos degree) ndash Sciences Health Center Federal University of Paraiacuteba Joatildeo pessoa 2011
INTRODUCTION - Palliative care are considered as a care philosophy whose scope is to
provide to patients without therapeutic possibilities of cure and their families a better quality of
life being its application of great importance in the context of Primary Care OBJECTIVES ndash
This study has the following objectives to investigate the understanding of professionals working
in FHS in what concerns to Palliative Care and its therapeutics modalities to identify in the view
of professionals from FHS the constitution of Palliative care team for Basic Attention to verify
the possibilities and limitation of implementing Palliative Care in Basic Attention from the
discourse of Health professionals METHODOLOGY ndash Its about and exploratory research with
qualitative approach The scenario of investigation consisted of family care units belonging to
Sanitary District IV located in the city of Joatildeo Pessoa (PB) Participated in the work 30
professionals from FHS being ten doctors ten nurses and ten dental surgeons Data collection
occurred between July and September 2011 DATA ANALYSIS ndash empirical material was
analyzed through content analysis technique from the following phases pre-analysis material
exploration treatment of results Data obtained by means of testimonies of investigation
participants were grouped into the following thematic categories Palliative Care ndash conceptual
aspects and therapeutic modalities (with their respective subcategories Palliative Care ndash
promotion of life quality for patients without possibilities of cure therapeutic modalities in
palliative care) Palliative Care in Basic Attention ndash team formation possibilities and limitations
RESULTS This study showed from the vision of professionals involved in the study the
valuation of Palliative Care considered as a modality of care that aims to minimize the suffering
of the patient without therapeutic possibilities of cure and the one of their families through an
assistance guided in humanization On the other side some of the study participants had an
incompatible comprehension with the relevant literature to Palliative Care Results pointed out
that doctors nurses and dental surgeons believe in the possibility of implementing this modality
of care in basic Attention since some need are met such as team training and development of a
national policy for palliative care FINAL CONSIDERATIONS ndash We consider that this study
opens new horizons in the field of scientific production in assistance and in teaching on palliative
care in Basic attention In view of reduced quantum of studies directed to the respective thematic
in the context of national literature We hope therefore that this research can subsidize new
investigation exploring the interrelationship of Palliative Care with Basic Attention since it is an
innovative practice in the referred field necessitating a greater spread with managers professionals of Health in particular the ones from FHS students and researches from this area
Keywords Palliative Care Care for Terminally ill patients Basic Attention Primary
Attention for Health Family Health Program
RESUMEN
COSTA I C P Cuidados Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica testimonios de profesionales
de Salud 2011 120f Tesis (Maestriacutea) ndash Centro de Ciencias de la Salud Universidad Federal
da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
INTRODUCCIOacuteN ndash Los cuidados paliativos son considerados como una filosofiacutea del cuidar
cuyo objetivo es el de brindarles a los pacientes sin posibilidades terapeacuteuticas de cura y a los
familiares una mejor calidad de vida siendo a su aplicacioacuten de mucha importancia en el
aacutembito de la Atencioacuten Baacutesica OBJETIVOS ndash Este estudio tiene los siguientes objetivos
investigar el entendimiento de profesionales que actuacutean en ESF en lo que concierne a los
Cuidados Paliativos y sus modalidades terapeacuteuticas identificar en la visioacuten de los
profesionales de ESF la constitucioacuten del equipo de Cuidados Paliativos para la Atencioacuten
Baacutesica verificar las posibilidades y las limitaciones de implementacioacuten de Cuidados
Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica a partir del discurso de profesionales de Salud
METODOLOGIacuteA ndash Se trata de una investigacioacuten exploratoria con abordaje cualitativo El
escenario de investigacioacuten se constituyoacute de unidades de salud de la familia pertenecientes al
Distrito Sanitario IV ubicadas en la municipalidad de Joatildeo Pessoa (PB) Participaron del
estudio treinta profesionales de ESF siendo diez meacutedicos diez enfermeros y diez cirujanos
dentistas En la colecta de datos se utilizoacute una encuesta conteniendo cuestiones pertinentes a
los objetivos propuestos por la investigacioacuten La colecta de datos ocurrioacute entre julio y
septiembre de 2011 ANALISIS DE DATOS - El material empiacuterico fue analizado mediante
la teacutecnica de anaacutelisis de contenido a partir de las siguientes fases pre anaacutelisis exploracioacuten
del material tratamiento de resultados Los datos obtenidos por medio de los testimonios de
los participantes fueron agrupados en las siguientes categoriacuteas temaacuteticas Cuidados Paliativos
ndash aspectos conceptuales y modalidades terapeacuteuticas (con sus respectivas subcategorias
Cuidados Paliativos ndash promocioacuten de calidad de vida para pacientes sin posibilidades
terapeacuteuticas de cura) Cuidados Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica ndash formacioacuten de equipo
posibilidades y limitaciones RESULTADOS Este estudio mostroacute a partir de la visioacuten de
profesionales involucrados en el estudio la valoracioacuten de los Cuidados Paliativos
considerados una modalidad de cuidar que busca la minimizacioacuten del sufrimiento del paciente
sin posibilidad terapeacuteutica de cura y la de sus familiares mediante la asistencia basada en la
humanizacioacuten Por otro lado algunos de los participantes del estudio presentaron una
comprensioacuten incompatible con la literatura pertinente a los Cuidados Paliativos Los
resultados sentildealaron tambieacuten que los meacutedicos enfermeros y cirujanos dentistas creen en la
posibilidad de implementacioacuten de esa modalidad de cuidar en Atencioacuten Baacutesica desde sean
atendidas algunas necesidades tales como capacitacioacuten del equipo y desarrollo de una
poliacutetica nacional para los cuidados paliativos Consideraciones Finales ndash Consideramos que
este estudio abre nuevos horizontes en el campo de la investigacioacuten cientiacutefica en la asistencia
y en la ensentildeanza acerca de los cuidados paliativos en la Atencioacuten Baacutesica Haya visto el
cuaacutentico reducido de estudios hacia la respectiva temaacutetica en el aacutembito de la literatura
nacional Esperamos por lo tanto que esta investigacioacuten pueda subsidiar nuevas
investigaciones que abarquen la interrelacioacuten de los Cuidados Paliativos con la Atencioacuten
Baacutesica visto que se trata de una praacutectica innovadora en dicho campo necesitaacutendose una
mayor propagacioacuten junto a gestores profesionales de Salud en particular los de ESF
estudiantes e investigadores del aacuterea
Palabras Clave Cuidados Paliativos Cuidados a Enfermos Terminales Atencioacuten Baacutesica
Atencioacuten Primaria a la Salud Programa Salud de la Famiacutelia
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 Coeficiente de Mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em
2009 Comparativo entre Joatildeo Pessoa e Distritos Sanitaacuterios Joatildeo
Pessoa 201056
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Representaccedilatildeo geograacutefica da localizaccedilatildeo das USFs de Joatildeo Pessoa
(2010) Joatildeo Pessoa 201054
Figura 2 Mapa do territoacuterio do Distrito Sanitaacuterio IV (2010) Joatildeo Pessoa
201055
Figura 3 Rede de Equipes de Cuidados Paliativos nos Niacuteveis de Atenccedilatildeo agrave
Sauacutede World Health Organization 200788
SUMAacuteRIO
1 INTRODUZINDO A TEMAacuteTICA
16
11 O caminho percorrido 17
12 A problemaacutetica do estudo e os objetivos 19
2 CUIDADOS PALIATIVOS DISCURSO DA LITERATURA 23
3 CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA 40
4 TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA 52
5 APRESENTACcedilAtildeO DOS DADOS E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
61
51 Apresentaccedilatildeo dos participantes da pesquisa 62
52 Apresentaccedilatildeo do material empiacuterico do estudo 63
REFLEXOtildeES FINAIS 95
REFEREcircNCIAS
99
APEcircNDICES
APEcircNDICE A ndash Termo de consentimento livre e esclarecido
114
APEcircNDICE B ndash Instrumento de coleta de dados
116
ANEXO
ANEXO A ndash PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA EM PESQUISA 120
16
1 Introduzindo a Temaacutetica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
17
11 O CAMINHO PERCORRIDO
A motivaccedilatildeo para o desenvolvimento desta pesquisa emergiu a partir de dados que
apontavam a escassez da temaacutetica pertinente aos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
(encontrados por meio de busca em bases de dados previamente realizados) Estava aliada ao
desejo de desenvolver estrateacutegias para uma disseminaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar entre os
profissionais da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia (ESF) auxiliando-se dessa forma para a difusatildeo
de um cuidado realizado de forma holiacutestica e humaniacutestica ao paciente sem prognoacutestico de
cura
O interesse por assuntos referentes aos cuidados na terminalidade (processo final da
vida) foi em mim desperto enquanto atuava como fonoaudioacuteloga Este apreccedilo pela temaacutetica
reporta-se agrave minha experiecircncia profissional durante a qual pude atuar como fonoaudioacuteloga no
municiacutepio de Mamanguape (PB) onde trabalhava na Policliacutenica (referecircncia para todas as
unidades baacutesicas de sauacutede) realizando visitas domiciliares juntamente com os agentes
comunitaacuterios de sauacutede (ACS) com o objetivo de prevenir e reabilitar a populaccedilatildeo no que
concerne agraves patologias relacionadas com a linguagem com a voz e com a audiccedilatildeo
Como fonoaudioacuteloga comprometida com atenccedilatildeo agrave sauacutede de crianccedilas adolescentes
adultos e idosos atuando na Atenccedilatildeo Baacutesica aproximadamente haacute dois anos nesse municiacutepio
tive oportunidade de assistir durante as visitas domiciliares diversos pacientes na
terminalidade Durante tais visitas pude observar a escassez de recursos efetivamente
aplicaacuteveis agrave organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede necessaacuterios para atender as demandas deste
crescente contingente populacional e uma carecircncia de profissionais com competecircncia teacutecnica
em Cuidados Paliativos e com preparo emocional para lidar com pacientes que estatildeo em
processo de morte e com seus familiares
Nesse cargo pude vivenciar de perto o trabalho da Enfermagem motivando em mim
o desejo de estudar e tornar-me enfermeira por acreditar que o ser humano carece de
cuidados em todas as fases de sua vida do nascer ao morrer Sendo assim iniciei o curso de
graduaccedilatildeo em Enfermagem na Faculdade Santa Emiacutelia de Rodat (FASER) priorizando-se
plenamente esta nova profissatildeo Durante o curso pude observar a necessidade de uma atenccedilatildeo
mais humanizada ao paciente sem possibilidade terapecircutica de cura quando cursei a
disciplina Enfermagem em Oncologia Ressalte-se que nesta outra formaccedilatildeo profissional foi
dada grande ecircnfase ao tratamento e cura de doenccedilas sendo pouco problematizada a questatildeo
do cuidar do indiviacuteduo com patologias sem possibilidade de cura ou seja os Cuidados
Paliativos
18
Ainda na segunda graduaccedilatildeo realizei estaacutegio na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
constatando-se mais uma vez que a assistecircncia dos profissionais envolvidos na Atenccedilatildeo
Baacutesica estava voltada para um cuidar mais direcionado agrave aplicaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos
do que para as necessidades de pacientes em processo de terminalidade Haja vista que estes
precisam de um cuidado proacuteprio e direcionado para lhes proporcionar dignidade e aliacutevio do
seu sofrimento no fim da vida
Tais experiecircncias serviram para aumentar o meu interesse de compreender e por em
praacutetica um cuidar diferenciado questionando-me constantemente sobre a melhor forma de
cuidar de pacientes em processo de terminalidade para a melhoria da qualidade de vida de
pacientes em tal processo Este e outros questionamentos levaram-me a estudar os Cuidados
Paliativos com o propoacutesito de entendecirc-los de forma mais especiacutefica
Desenvolvi o meu trabalho de conclusatildeo de curso com o objetivo de caracterizar a
produccedilatildeo de conhecimento no acircmbito da poacutes-graduaccedilatildeo acerca da Enfermagem e Cuidados
Paliativos Em trabalho posterior (desta vez realizado durante a especializaccedilatildeo em Sauacutede da
Famiacutelia com ecircnfase na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia) pude identificar a produccedilatildeo cientiacutefica
acerca das modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos em perioacutedicos online no acircmbito
da Sauacutede
Em ambos os estudos foi possiacutevel averiguar a necessidade premente das instituiccedilotildees
formadoras em investir na capacitaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede em habilidades de Cuidados
Paliativos Em verdade entendo que apenas com o conhecimento e compreensatildeo de
Cuidados Paliativos (e suas modalidades terapecircuticas) e da experiecircncia ao longo da vida
pessoal e profissional eacute que os profissionais poderatildeo interagir diante de uma proposta de
oferecer uma melhor assistecircncia englobando as diferentes esferas de Cuidados Paliativos
Assim como integrante do Nuacutecleo de Estudos e Pesquisas em Bioeacutetica (NEPB) do
Centro de Ciecircncias da Sauacutede (CCS) da Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB) pude
expandir os meus conhecimentos no campo de Cuidados Paliativos por meio da construccedilatildeo
de artigos como ldquoCuidados paliativos e dor produccedilatildeo cientiacutefica em perioacutedicos online no
acircmbito da Sauacutederdquo ldquoModalidades terapecircuticas em cuidados paliativos intervenccedilotildees
bioloacutegicasrdquo ldquoCuidados paliativos no contexto hospitalar produccedilatildeo cientiacutefica no acircmbito da
poacutes-graduaccedilatildeo em Enfermagemrdquo ldquoCuidados paliativos no contexto hospitalar discursos de
enfermeirosrdquo ldquoCuidados paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica produccedilatildeo cientiacutefica de enfermagemrdquo
entre outros
Outra experiecircncia diz respeito ao curso de especializaccedilatildeo em Cuidados Paliativos agrave
Distacircncia o qual me tem proporcionado capacitaccedilatildeo para trabalhar na atenccedilatildeo e cuidados com
19
pacientes com enfermidades progressivas incapacitantes incuraacuteveis as quais evoluiratildeo para a
morte O referido curso tambeacutem desenvolve habilidades e atitudes que permitem uma
abordagem adequada do paciente e sua famiacutelia considerando-se os seus aspectos fiacutesicos
psicoloacutegicos sociais e espirituais
Compreendendo a importacircncia dos Cuidados Paliativos para um cuidado humanizado
para com o paciente sem possibilidade terapecircutica de cura e observando (por meio de estudos)
o despreparo da equipe da ESF para abordar tais cuidados desenvolvi o desejo de explorar e
aprofundar a compreensatildeo acerca desta temaacutetica
12 A PROBLEMAacuteTICA DO ESTUDO E OS OBJETIVOS
A literatura nacional eacute carente de estudos que abordam os Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica Apoacutes a produccedilatildeo dos artigos sobre a temaacutetica (jaacute mencionados) pude
observar tal escassez Os estudos em geral direcionam a abordagem deste tema para aspectos
como visatildeo da equipe de sauacutede da famiacutelia e de estudantes visatildeo e sentimentos de pacientes e
cuidadores eou familiares importacircncia da comunicaccedilatildeo e interdisciplinaridade para a
implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Essa investigaccedilatildeo me permitiu reconhecer que satildeo necessaacuterias novas pesquisas
acerca de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Teve a finalidade de ampliar as discussotildees
sobre essa temaacutetica e consequentemente favorecer a inserccedilatildeo desse conteuacutedo nos curriacuteculos
dos profissionais da Sauacutede e programar esses cuidados diferenciados nas redes assistenciais
de sauacutede particularmente na ESF Tudo isso amenizaraacute o sofrimento de muitos usuaacuterios com
patologias sem possibilidades terapecircuticas de cura e o de familiares envolvidos com o cuidado
destes usuaacuterios
Saliente-se que tais resultados estatildeo atrelados ao fato de esta praacutetica ser ainda
relativamente recente em acircmbito nacional Segundo Figueiredo (2003) as primeiras
iniciativas individuais de atendimento eou estruturaccedilatildeo de serviccedilos paliativistas datam da
deacutecada de 1990
Rodrigues Zago e Caliri (2005) chamam atenccedilatildeo para o fato de que o modelo de
Cuidados Paliativos no Brasil iniciou-se na deacutecada de 1980 quando foi instituiacutedo o primeiro
serviccedilo para aliacutevio da dor no Rio Grande Sul seguido por Satildeo Paulo e posteriormente Santa
Catarina No Rio de Janeiro em 1989 foi criado o serviccedilo de suporte terapecircutico oncoloacutegico
no Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) atendendo o paciente fora de possibilidades de cura
tanto no ambiente intra-hospitalar como no domiciliar
20
Cumpre assinalar que os Cuidados Paliativos como modalidade recente no Brasil satildeo
ainda desconhecidos de muitos profissionais e natildeo satildeo contemplados na elaboraccedilatildeo das
poliacuteticas puacuteblicas As mais das vezes satildeo revestidos de mitos por ser destinados aos pacientes
terminais Sendo assim esse tipo de atenccedilatildeo natildeo faz parte da organizaccedilatildeo formal do sistema
de sauacutede permanecendo praticamente no esquecimento (LAVOR 2006)
Em relaccedilatildeo ao aspecto legal a primeira referecircncia aos Cuidados Paliativos na
legislaccedilatildeo brasileira eacute encontrada na Portaria ndeg 2413 de 1998 do Ministeacuterio da Sauacutede
(BRASIL 1998a) a qual trata de cuidados prolongados e codifica os Cuidados Paliativos No
entanto ela estabelece que estes os cuidados paliativos soacute podem ser desenvolvidos em
unidades que estiverem credenciadas para alta complexidade em Oncologia Com a Portaria
nordm 3535 de 1998 do Ministeacuterio da Sauacutede os Cuidados Paliativos passam a ser considerados
uma exigecircncia para o cadastramento de centros de alta complexidade em oncologia
(CACONs) (BRASIL 1998b) O Ministeacuterio da Sauacutede cria em 2002 o Programa Nacional de
Assistecircncia agrave Dor e Cuidados Paliativos por meio da Portaria nordm 19 (BRASIL 2002) a qual
passa a dar maior visibilidade aos Cuidados Paliativos
Embora muitas accedilotildees ainda careccedilam de ser implantadas no amplo territoacuterio nacional
para garantir a provisatildeo igualitaacuteria aos Cuidados Paliativos o referido Programa atingiu
grande feito na atenccedilatildeo a um dos principais problemas (a dor) dos pacientes que vivenciam a
terminalidade de modo que otimizou o acesso dos doentes aos opioides
Ainda em 2002 por meio da Portaria GMMS nordm 1319 o Programa estabeleceu a
padronizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo gratuita pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) de codeiacutena morfina
e metadona pelos Centros de Referecircncia em Tratamento de Dor Crocircnica
Sob esse prisma eacute inegaacutevel a possibilidade da inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica sobretudo na Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia e natildeo apenas em centros de alta
complexidade como consta nas portarias ministeriais que regulamentam os Cuidados
Paliativos aumentando a sua oferta garantindo um maior acesso dos pacientes a esse tipo de
assistecircncia
Nesse contexto Floriani e Schramm (2007) trazem agrave tona a reflexatildeo sobre o papel da
equipe da ESF na Atenccedilatildeo Baacutesica em relaccedilatildeo aos Cuidados Paliativos ressaltando que essa
forma de cuidar poderaacute contribuir para o aprimoramento e difusatildeo da assistecircncia de cuidados
no fim da vida Afirmam tambeacutem que tal incorporaccedilatildeo possa ajudar a diminuir o abandono e
o sofrimento de pacientes e de suas famiacutelias
A respeito disso Lavor (2006) acrescenta que mesmo na fase terminal de uma
doenccedila a qualidade de vida do paciente pode ser mantida em niacuteveis satisfatoacuterios utilizando-
21
se adequadamente as teacutecnicas terapecircuticas da paliaccedilatildeo Esses cuidados satildeo de baixa
complexidade natildeo exigem tecnologia avanccedilada sugerindo portanto serem passiacuteveis de se
oferecer no niacutevel primaacuterio de sauacutede especialmente por equipes da ESF
Doutra parte a operacionalizaccedilatildeo da ESF se daacute mediante a implantaccedilatildeo de equipes
interdisciplinares Tal recurso eacute essencial para a praacutetica de Cuidados Paliativos Haja vista que
cuidar de pessoas que estatildeo vivenciando o processo de terminalidade de uma doenccedila requer a
intervenccedilatildeo de profissionais cujas competecircncias supram as necessidades das dimensotildees
fiacutesicas psicoloacutegicas sociais e espirituais que estatildeo alteradas em tal fase tanto de pacientes
como de seus familiares
Rodrigues (2004) adverte que um uacutenico profissional natildeo possui todo o corpo de
conhecimento e competecircncias exigidas para dar suporte aos pacientes e familiares fazendo-se
necessaacuteria a formaccedilatildeo de equipe de trabalho para a implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos
Para tanto eacute imperiosa a realizaccedilatildeo de treinamento de uma equipe devendo esta
oferecer seguranccedila aos doentes e familiares individualizar as queixas procurar responder a
todas as perguntas aliviar seu sofrimento fiacutesico e escutar principalmente o paciente Essa
aquisiccedilatildeo de atitudes e habilidades seraacute fundamental para que a assistecircncia seja efetiva e bem-
sucedida (MELO CAPONERO 2009)
Consequentemente eacute imprescindiacutevel o desvelamento do significado de cuidados
paliativos por parte de profissionais da Sauacutede que compotildeem a ESF e o debate acerca dos
referidos cuidados Haja vista que esses profissionais ainda estatildeo em plena construccedilatildeo da
compreensatildeo dessa modalidade de cuidar Aleacutem disso apesar da relevacircncia da referida
temaacutetica na literatura nacional o quantitativo de estudos direcionados agrave praacutetica de Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica (conforme foi comentado no iniacutecio desta introduccedilatildeo) ainda eacute
escasso o que me instigou a desenvolver um estudo que contemplasse esta temaacutetica desta
vez em um curso de mestrado
Conforme o exposto considero a pesquisa relevante por entender que o emprego de
Cuidados Paliativos eacute fundamental e que estes sejam pensados e estruturados dentro de um
modelo que priorize a proteccedilatildeo aos pacientes com doenccedilas avanccediladas e terminais tanto do
ponto de vista moral como operacional Desse modo ao reportar-se para uma nova
perspectiva de cuidar no campo da investigaccedilatildeo cientiacutefica este estudo poderaacute contribuir para
uma assistecircncia holiacutestica no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica pautada pelo respeito agrave dignidade do
paciente na terminalidade de forma que melhore a qualidade de vida ou minore seu
sofrimento promovendo dessa forma uma assistecircncia mais humanizada
22
Diante destas consideraccedilotildees ressalto o meu interesse em desenvolver este estudo
tendo como fio condutor os seguintes questionamentos Qual o entendimento de profissionais
que atuam na ESF no que concerne aos Cuidados Paliativos e suas modalidades terapecircuticas
Quais os profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de cuidados paliativos na Atenccedilatildeo
Baacutesica Quais as possibilidades e limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso de profissionais de sauacutede
Tendo em vista a problemaacutetica e para responder a tais questionamentos o estudo
apresentou os seguintes objetivos
Investigar o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que tange aos
Cuidados Paliativos e suas modalidades terapecircuticas
Identificar na visatildeo dos profissionais da ESF a constituiccedilatildeo da equipe de Cuidados
Paliativos para a Atenccedilatildeo Baacutesica
Verificar as possibilidades e limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso de profissionais da Sauacutede
23
2 Cuidados paliativos
Discurso da Literatura
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
24
O presente capiacutetulo aborda um breve percurso que vai desde a sua origem com o
movimento hospice ateacute aos dias atuais Na sequecircncia estudamos os aspectos histoacutericos e
conceituais dessa modalidade de cuidar ao longo da Histoacuteria enfatizando a situaccedilatildeo atual de
tais cuidados no cenaacuterio brasileiro e internacional destacando ainda a importacircncia da
implementaccedilatildeo destes cuidados na Atenccedilatildeo Baacutesica
A praacutetica dos Cuidados Paliativos resultou do movimento hospice moderno Este
termo pertence agrave liacutengua francesa que segundo Pessini (2006) data do seacuteculo IV d C com a
matrona romana chamada Fabiacuteola que colocou sua casa agrave disposiccedilatildeo dos necessitados
praticando a caridade cristatilde ao oferecer-lhes alimentos vestimentas e acolhendo os
estrangeiros aleacutem de visitar os enfermos e prisioneiros dando origem ao movimento hospice
O vocaacutebulo hospice segundo Santos (2011) proveacutem do latim hospes que significa
estranho ou estrangeiro O autor assinala que este termo posteriormente adquiriu outra
conotaccedilatildeo hospitalis expressando uma atitude de boas-vindas ao estranho Em alematildeo
HospizHospizium apresenta trecircs significados o primeiro refere-se agrave casa junto ao mosteiro
no qual os peregrinos podiam pernoitar o segundo a hospedaria hotel ou pensatildeo dirigido
com espiacuterito cristatildeo e o terceiro a um lugar para cuidar de moribundos Na liacutengua francesa a
palavra hospice tambeacutem proporciona trecircs conotaccedilotildees asilo abrigo para velhos e moribundos
e casa onde religiosos abrigam os peregrinos Quanto agrave liacutengua portuguesa o termo foi
incorporado como hospiacutecio cujo significado eacute lugar para tratar pessoas com doenccedilas mentais
Manteve-se a palavra no inglecircs hospice com o sentido atual nos paiacuteses anglo-saxocircnicos e
paiacuteses desenvolvidos de cultura latina para assinalar o local que acolhe e cuida de pessoas
com doenccedilas incuraacuteveis e avanccediladas que iratildeo a oacutebito em meses ou anos
Pessini (2006) menciona que a palavra hospice eacute o nome de um lugar onde os
doentes terminais satildeo atendidos com um cuidado que evoluiu para uma experiecircncia natural
mais focada no paciente onde sua filosofia tem como escopo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees
precisas a respeito de sua condiccedilatildeo cliacutenica desenvolvimento de sua doenccedila e os locais
apropriados para a sua morte
Eacute importante destacar no contexto da temaacutetica de Cuidados Paliativos a distinccedilatildeo
entre os vocaacutebulos hospital e hospice Essa diferenciaccedilatildeo eacute assinalada por Santos (2011) que
menciona hospital como termo voltado para designar o local de cuidado de pessoas
temporariamente doentes e com perspectivas de cura enquanto se estabeleceu para hospice o
significado de residecircncia fixa para aqueles considerados pobres enfermos deficientes
insanos e com doenccedilas incuraacuteveis
25
Maccoughlan (2006) ressalva a sua concepccedilatildeo quanto ao entendimento do termo
hospice assinalando como o local que presta o cuidado ao paciente com uma doenccedila
avanccedilada ateacute a fase final de sua vida Este local seja um ambiente hospitalar ou domiciliar eacute
embasado no binocircmio paciente-famiacutelia
No seacuteculo VI conforme ressalta Rodrigues (2004) os beneditinos acolhiam e
cuidavam de monges e peregrinos exaustos Salienta-se que de forma gradativa foram
acolhendo da mesma forma os doentes Assim sendo nessa eacutepoca o hospice era um lugar
onde os viajantes ou peregrinos podiam descansar sendo posteriormente relacionado com os
hospitais mosteiros e asilos
No que tange ao vocaacutebulo paliativo de acordo com Santos (2011) este se deriva do
latim pallium que significa manto impregnado de uma simbologia e de um significado natildeo
sendo portanto considerado um manto qualquer Aleacutem disso o latim pallium ou pallia e o
omoforium satildeo vestimentas usadas pelo Papa e pelo bispo respectivamente podendo observar
a profunda ligaccedilatildeo desses termos histoacutericos com o sagrado e com a espiritualidade Na liacutengua
portuguesa o termo paliativo conforme menciona o autor supracitado obteve um significado
de menor importacircncia sugerindo uma soluccedilatildeo temporaacuteria e sem consistecircncia adquirindo um
conceito amplo de remediar e natildeo resolver
Na Idade Antiga Santos (2011) assinala que a maior parte da populaccedilatildeo natildeo
apresentava qualquer acesso a tratamento ou cuidados profissionais sendo os doentes
cuidados pelos proacuteprios familiares apresentando portanto a sua morte em casa
Koening McCullough e Larson (2001) informam que os atendimentos das primeiras
comunidades cristatildes durante os trecircs primeiros seacuteculos de nossa era foram marcados pela
busca incessante em curar o doente seguindo o mandamento de Jesus Cristo curar os
enfermos ressuscitar os mortos limpar os leprosos e expelir os democircnios
Dessa forma considera-se que a terapia do cuidado prestado aos enfermos foi a
maior contribuiccedilatildeo do cristianismo agrave aacuterea da Sauacutede Santos (2011) salienta que naquela
eacutepoca os pagatildeos natildeo cuidavam de seus doentes de forma organizada ou em larga escala
enquanto os judeus ofereciam cuidados apenas aos seus pares e a Igreja cristatilde oferecia esses
cuidados natildeo somente aos cristatildeos mas tambeacutem aos natildeo cristatildeos Portanto tratava-se de uma
espeacutecie de sistema universal de sauacutede no qual natildeo se observava distinccedilatildeo alguma no
atendimento e cuidados sendo estes ofertados de forma gratuita
Koening McCullough e Larson (2001) asseguram que a criaccedilatildeo do primeiro grande
hospital na Aacutesia Menor por volta do ano 370 dC ocorreu em virtude da insistecircncia de
Basiacutelio bispo de Cesareia Santos (2011) acrescenta que este hospital foi o primeiro
26
especializado em Cuidados Paliativos visto que era destinado para o cuidado de idosos quase
todos com doenccedilas avanccediladas e de leprosos atualmente doentes de hanseniacutease cuja doenccedila
naquela eacutepoca natildeo apresentava cura e invariavelmente levava agrave morte gerando grande
sofrimento fiacutesico e espiritual
Cumpre salientar que este modelo leprosaacuterio da Idade Meacutedia proporcionou aos
hospices um desenvolvimento para a oferta de abrigos cuidados de sauacutede e do morrer e
alimentos para essas populaccedilotildees Saunders (2004) relata em seu prefaacutecio agrave terceira ediccedilatildeo de
Oxford Textbook of Palliative Medicine que durante esse periacuteodo as instituiccedilotildees
responsaacuteveis de manter os hospices seguiam agrave risca um dos mandamentos de Jesus Cristo no
que tange agrave necessidade de fazer o bem a um irmatildeo mesmo o mais pequenino
Com base nos apontamentos supracitados eacute visiacutevel observar que durante quase dois
mil anos os hospices foram mantidos por instituiccedilotildees religiosas desvelando a relaccedilatildeo natural
e intriacutenseca entre a filosofia hospice do cuidar e a espiritualidade cristatilde
Diante desse contexto pode-se afirmar que o iniacutecio da filosofia hospice deriva de
sua direta filiaccedilatildeo identitaacuteria agrave filosofia espiritual do cristianismo Essa ligaccedilatildeo histoacuterica e
indissociaacutevel entre a filosofia hospice com a espiritualidade se revelaraacute e se fortaleceraacute
tambeacutem nas outras grandes religiotildees como o Budismo e o Islamismo (SANTOS 2011)
No que diz respeito agrave histoacuteria moderna do hospice Saunders (2004) informa que esta
filosofia de cuidar foi empregada inicialmente na cidade de Lyon (Franccedila) em 1842 por
Madame Jeanne Garnier com o escopo de cuidar de moribundos Essa histoacuteria conforme
aborda Twycross (2000) tambeacutem foi marcada pela fundaccedilatildeo do hospice Saint Lukeacutes pelo
meacutedico Howard Barret na Inglaterra em 1893 sendo esse considerado o mais similar aos
hospices modernos
Um dos grandes movimentos visando agrave abordagem do cuidado integral e natildeo
fragmentado indo aleacutem do ser doente e cura incessante eacute implementado na deacutecada de 1960
no Reino Unido com o iniacutecio do desenvolvimento dos Cuidados Paliativos tambeacutem
considerado o movimento hospice moderno (RODRIGUES 2004)
A transformaccedilatildeo observada nos hospices tal como hoje eacute apreciada se deve agrave
iniciativa de Cicely Mary Strode Saunders enfermeira assistente social e meacutedica De acordo
com Santos (2011) ela eacute considerada a pioneira do debate moderno sobre a morte e o morrer
e dos cuidados com os pacientes moribundos proporcionando a formulaccedilatildeo de diversos
conceitos acerca dos Cuidados Paliativos tendo a minuacutecia de sempre atrelar a esses cuidados
a espiritualidade embasada no compromisso com a figura de Cristo
27
Cicely Saunders nasceu em 1918 no norte de Londres Barnet Pertencia a uma
famiacutelia de classe meacutedia que gozava de um variado leque de confortos vivendo em Hadley
Green entre jardins e quadras de tecircnis Apoacutes estudar em coleacutegio interno apresentou o desejo
de cursar Enfermagem ideia esta rejeitada pelos pais Em 1938 mudou-se para Oxford com
o escopo de cursar Poliacutetica Filosofia e Economia Quanto era estudante passou por uma
conversatildeo religiosa que a levou a desobedecer aos conselhos de seus pais inscrevendo-se na
Escola de Treinamento Nightingale do Hspital St Thomas em Londres na qual se graduou
em Enfermagem (SANTOS 2011 RODRIGUES 2004) Boulay (1996) acrescenta que nesse
periacuteodo Saunders tornou-se uma pessoa cristatilde sentindo-se motivada para trabalhar com
pessoas que vivenciavam o processo de finitude
Santos (2011) afirma que outro fator motivador foi Saunders ter-se envolvido
afetivamente no cuidado com um paciente chamado David Tasma em 1947 em um hospital-
escola de Londres Boulay (1996) salienta que este paciente era judeu refugiado polonecircs
portador de doenccedila avanccedilada e incuraacutevel e que se encontrava proacuteximo agrave morte Cumpre
assinalar que este homem foi considerado o agente transformador do pensamento e da
experiecircncia de Cicely no sentido de estimulaacute-la a criar lugares parecidos como residecircncias
que possibilitassem agraves pessoas um tranquilo final de vida aliviando-lhes a dor e tratando-as
como pessoas e natildeo apenas como pacientes
Clark e Centeno (2006) assinalam que em 25 de fevereiro de 1948 ocorre o
falecimento de David Tasma deixando este um presente de quinhentas libras para Saunders
A referida perda a fez despertar em seu acircmago o desejo contiacutenuo de aprender mais acerca dos
cuidados direcionados agravequeles que apresentam doenccedilas avanccediladas e incuraacuteveis Este desejo
pode ser observado no fato de Cicely iniciar o seu trabalho voluntaacuterio durante sete anos no
Saint Lukeacutes Hospital local este destinado a atender moribundos
Com o desenvolvimento desse trabalho Saunders sentiu a necessidade de estudar
medicina com o propoacutesito de intensificar sua colaboraccedilatildeo em favor dos pacientes dando
iniacutecio agrave faculdade em 1952 Rodrigues (2004) menciona que em 1959 ao concluir o curso
obteve uma bolsa de estudo para desenvolver uma pesquisa no Saint Maryacutes Hospital acerca
do tratamento da dor em pacientes incuraacuteveis Concomitantemente foi designada meacutedica no
Saint Josephacutes Hospice onde pocircde prestar uma assistecircncia diferenciada levando-a perceber a
forma com que a pessoa moribunda poderia ser cuidada auxiliando-a dessa forma para o
desenvolvimento de suas proacuteprias ideias cliacutenicas
Eacute imprescindiacutevel assinalar conforme defende Santos (2011) que foi nesta instituiccedilatildeo
hospitalar que Cicely desenvolveu uma estrateacutegia moderna para os cuidados hospice
28
utilizando para tanto um trabalho marcado por solicitude e fundamentado nos cuidados
religiosos e seculares
Natildeo obstante Cicely foi considerada a primeira meacutedica do Saint Josephrsquos Hospice a
dedicar-se em tempo integral obtendo a oportunidade de escutar as queixas e necessidades de
pacientes podendo analisar mais de mil pacientes e trataacute-los adequadamente com terapecircuticas
farmacoloacutegicas medicando o paciente regularmente de quatro em quatro horas com
analgeacutesicos fortes como os opioides aleacutem de oferecer apoio psicossocial e espiritual
(PESSINI 2001) Boulay (1996) considera que este momento foi considerado crucial para o
marco pioneiro e definitivo do movimento moderno dos Cuidados Paliativos
Boulay (1996) traz agrave tona a grande contribuiccedilatildeo de Saunders no que diz respeito ao
manuseio de drogas para o sucesso de tratamento das queixas comuns dos pacientes com
doenccedila terminal relativas a naacuteusea vocircmito obstipaccedilatildeo intestinal depressatildeo dispneia entre
outras Aleacutem disso enfatiza a contribuiccedilatildeo para o conceito de ldquodor totalrdquo considerando que a
dor fiacutesica natildeo ocorre de forma isolada mas atrelada agrave dor psicoloacutegica espiritual e social
Embasada e fortalecida nessas experiecircncias Saunders reforccedilou o seu desejo de
construir um hospice moderno para atender agraves necessidades dos pacientes em fase terminal
Apesar da sua vontade e qualificaccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica precisava de recursos financeiros o
que a fez ir agrave busca de colaboradores que lhe pudessem fornecer empreacutestimos e donativos
para a construccedilatildeo do tatildeo almejado sonho (RODRIGUES 2004)
A inauguraccedilatildeo desse hospice ocorreu em 1967 sendo designado como St
Christopherrsquos Hospice localizado no sul de Londres Boulay (1996) esclarece que a escolha
desse nome foi uma homenagem realizada por Saunders e seus colaboradores a Saint
Christopher (Satildeo Cristoacutevatildeo) protetor dos viajantes servindo como lembrete de que a morte eacute
passageira ou seja eacute apenas uma parte da jornada
Segundo Santos (2011) este hospice foi desenvolvido com o intuito de preencher a
lacuna existente na pesquisa e no ensino relacionados com os cuidados dos pacientes
terminais eou com doenccedilas crocircnicas e incuraacuteveis estendendo-se tambeacutem a seus familiares
Portanto o St Christopherrsquos Hospice objetivava criar uma atmosfera onde qualquer indiviacuteduo
pudesse ser ajudado a encontrar o seu proacuteprio significado e a maneira de lidar com as
situaccedilotildees pessoais
Rodrigues (2004) assinala que no periacuteodo de 1948 ateacute 1967 Saunders preparou-se
para receber e atender neste hospice os pacientes em fase terminal com o escopo de promover
o aliacutevio do sofrimento e a dignidade na morte
29
Cicely conseguiu comprovar que eacute possiacutevel promover a qualidade no final de vida e
a dignidade na morte Para tanto ela agregou agrave sua formaccedilatildeo multidisciplinar o embasamento
cientiacutefico de suas accedilotildees a sensibilidade ao sofrimento do proacuteximo e a fidelidade a um ideal
Dessa forma com o objetivo de promover o cuidado holiacutestico envolto em um ambiente
afaacutevel e acolhedor congregou o conhecimento e a abordagem interdisciplinar
Essa visatildeo holiacutestica de Saunders desencadeou segundo Pessini (2006) uma
discussatildeo acerca da importacircncia da assistecircncia aos pacientes terminais fora da Inglaterra
surgindo dessa forma um movimento que buscava um tratamento adequado e humanizado dos
pacientes que ateacute entatildeo estavam excluiacutedos do sistema de sauacutede em virtude de este valorizar o
investimento em terapias curativas vinculadas agrave alta tecnologia
De acordo com Rodrigues (2004) a partir desse momento diversos profissionais e
equipes de trabalho procedentes de vaacuterios paiacuteses passaram por treinamentos no St
Christopherrsquos Hospice tornando-se um centro de excelecircncia e referecircncia mundial no ensino
pesquisa e assistecircncia em Cuidados Paliativos
Atualmente o St Christopherrsquos Hospice funciona como uma instituiccedilatildeo de caridade
oferecendo serviccedilos aos pacientes e seus familiares de forma gratuita Dispotildee dos seguintes
serviccedilos home care enfermaria hospital-dia ambulatoacuterio biblioteca jardins centro de artes
e criatividade apoio aos enlutados profissionais da aacuterea da Sauacutede psicoacutelogos assistente
social e capelatildeo considerados nucleares aleacutem de outros serviccedilos (SANTOS 2011)
A iniciativa de Cicely foi de suma importacircncia Haja vista que favoreceu o
surgimento de outros hospices independentes revolucionando portanto a concepccedilatildeo de
Cuidados Paliativos e a disseminaccedilatildeo pelo mundo de uma filosofia sobre o cuidar pautada
tanto no controle efetivo da dor e de outros sintomas (presentes agrave fase avanccedilada das doenccedilas)
como no cuidado com as dimensotildees psicoloacutegicas sociais e espirituais dos pacientes e suas
famiacutelias com atividades de assistecircncia ensino e pesquisa (FRANCcedilA 2011)
Simultaneamente ao trabalho de Saunders a meacutedica psiquiatra suiacuteccedila Elizabeth
Kuumlbler Ross realizava seu trabalho nos Estados Unidos entrevistando pacientes com doenccedilas
avanccediladas e diante da morte Este estudo foi considerado o primeiro na histoacuteria de ciecircncia
ocidental a alvitrar uma teoria baseada em fatos empiacutericos que descrevia os estaacutegios
psicoloacutegicos dos moribundos de acordo com a percepccedilatildeo de Elizabeth Kuumlbler Ross
(SANTOS 2011)
Em virtude deste minucioso trabalho pelo qual foi possiacutevel identificar as fases de
negaccedilatildeo raiva barganha depressatildeo e aceitaccedilatildeo comuns nos pacientes em fase terminal foi
possiacutevel desenvolver e publicar uma obra em 1969 intitulada ldquoSobre a morte e o morrerrdquo
30
(ABU-SAAD COURTENS 2001) Santos (2011) afirma que este estudo foi considerado o
primeiro na histoacuteria de ciecircncia ocidental a alvitrar uma teoria baseada em fatos empiacutericos que
descrevia os estaacutegios psicoloacutegicos dos moribundos de acordo com a percepccedilatildeo de Elizabeth
Kuumlbler Ross Cumpre salientar que o impacto do seu trabalho no ambiente leigo e
profissional dos Estados Unidos foi crucial para a aceitaccedilatildeo do conceito de hospice proposto
por Cicely Saunders Esta publicaccedilatildeo possibilitou novas discussotildees acerca do processo
morte-morrer anteriormente evitados pela sociedade passando a ser aceito dessa forma pela
comunidade meacutedica e cientiacutefica mundial
Santos (2011) assinala que da mesma forma que Cicely Elisabeth colocou as
questotildees da morte do morrer e da espiritualidade como nuacutecleos centrais dos Cuidados
Paliativos e quem durante quarenta anos esta meacutedica trabalhou arduamente no ensino
pesquisa e assistecircncia na aacuterea de cuidados paliativos deixando um grande legado cientiacutefico na
referida aacuterea
Outra contribuiccedilatildeo importante de Elisabeth segundo o autor supracitado foi o
avanccedilo nas pesquisas acerca de experiecircncias quase morte (EQM) e sobrevivecircncia de
personalidade apoacutes a morte Ela descobriu ser possiacutevel investigar e obter evidecircncias empiacutericas
da sobrevivecircncia poacutes-morte Mesmo com a certeza na vida apoacutes morte ela acreditava ser
necessaacuterio oferecer o maacuteximo de cuidado amor e aliacutevio no sofrimento fiacutesico e espiritual aos
pacientes que enfrentaram a morte
Diante de tais apontamentos eacute possiacutevel compreender que o trabalho de Kluumlber Ross
influenciou a implementaccedilatildeo do ensino formal do cuidado na fase final da vida nos curriacuteculos
de Medicina fortalecendo dessa forma a filosofia hospice (BILLINGS BLOCK 1997)
Twycross (2000) reconhece que apesar da existecircncia dos hospices os Cuidados
Paliativos foram incorporados aos hospitais em 1970 sendo formadas equipes
interdisciplinares para acolher os pacientes terminais Dentre estas equipes Dunlop e Hockley
(1998) destacam a pioneira que foi formada em 1976 no Saint Thomarsquos em Londres que
teve como base o modelo hospitalar do Saint Lukersquos Hospital Daiacute em diante houve um
avanccedilo no chamado movimento hospice moderno para diferentes paiacuteses da Europa e para os
Estados Unidos (EUA) e Austraacutelia Nesta nova proposta o hospice passou a ser um local que
combinava a especificidade de um hospital a hospitalidade de uma casa de repouso e o calor
humano familiar
Nos Estados Unidos o termo hospice tornou-se conceito de cuidado em vez de local
de cuidado Gradualmente o termo cuidado paliativo foi trazido ao dicionaacuterio como sinocircnimo
de cuidado de hospice (ABU-SAAD COURTENS 2001)
31
Rodrigues (2004) assevera que os Estados Unidos agrave semelhanccedila da Europa tambeacutem
constituiacuteram um sistema de sauacutede focado na cura e na reabilitaccedilatildeo das doenccedilas com o
objetivo de restituir os aspectos bioloacutegicos da doenccedila tanto na Enfermagem como na
Medicina os resultados da pesquisa partiam da objetividade dos dados
Diante deste cenaacuterio Pessini (2006) afirma que o movimento foi crescendo e em
1985 foi fundada a Associaccedilatildeo de Medicina Paliativa da Gratilde-Bretanha e da Irlanda sendo o
Reino Unido o primeiro paiacutes a reconhecer a Medicina Paliativa como uma especialidade
meacutedica que trata de pacientes com doenccedilas degenerativas ativas e progressivas tais como o
cacircncer e a AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome ou Siacutendrome de Imunodeficiecircncia
Adquirida ndash SIDA) onde o foco dos Cuidados Paliativos eacute a qualidade de vida do paciente
quando este natildeo tem possibilidades de cura
O autor acrescenta que na Franccedila essa modalidade de cuidar foi implementada na
deacutecada de 1980 dedicada inicialmente aos idosos e posteriormente ampliada para os
pacientes terminais Abu-Saad e Courtens (2001) ressaltam que na deacutecada de 1990 houve o
desenvolvimento de programas de Cuidados Paliativos na Austraacutelia Aacutesia Japatildeo Coreacuteia do
Sul Taiwan China e Aacutefrica do Sul
Natildeo obstante com a ampliaccedilatildeo de tais cuidados em outros paiacuteses o seu modelo teve
que se adequar agraves necessidades pertinentes agrave sauacutede da populaccedilatildeo e ser desenvolvido de acordo
com as reais situaccedilotildees dos recursos locais disponiacuteveis Twycross (2000) aponta o modelo
britacircnico como exemplo para o Canadaacute Austraacutelia e Nova Zelacircndia (estes fazem parte do
sistema de sauacutede oficial) todavia acrescenta que o modelo americano que contempla o
atendimento domiciliar e o modelo polonecircs que possui um sistema de voluntariado
constituiacutedo por meacutedicos e enfermeiros satildeo padrotildees de modelo de outros paiacuteses
De acordo com Rodrigues (2004) a Ameacuterica do Sul iniciou suas experiecircncias sobre
Cuidados Paliativos em meados da deacutecada de 1980 em Buenos Aires e Bogotaacute No Brasil a
histoacuteria de Cuidados Paliativos eacute relativamente recente tendo-se iniciado na deacutecada de 1980
Nesta fase os brasileiros ainda viviam o final de um regime de ditadura cujo sistema de
sauacutede priorizava a modalidade hospitalocecircntrica essencialmente curativa
Rodrigues (2004) afirma que nessa eacutepoca o ensino da Enfermagem e o da Medicina
estavam voltados exclusivamente para os aspectos bioloacutegicos ou seja centrados na doenccedila
preconizando uma assistecircncia fragmentada de diversos profissionais para um mesmo paciente
sendo o trabalho predominantemente individual o que gerava anguacutestia nos pacientes ficando
estes desprovidos de informaccedilotildees corretas sobre sua patologia e o seu futuro aleacutem de se
32
encontrarem sozinhos em um leito separado por um biombo sem a companhia de um ente
querido
Por outro lado houve um pequeno avanccedilo no campo de investigaccedilatildeo cientiacutefica com
publicaccedilotildees relacionadas com a morte com o morrer e com o paciente terminal Rodrigues
(2004) destaca dentre os pesquisadores da aacuterea da Sauacutede Boemer representante da
Enfermagem e Assumpccedilatildeo representante da Medicina Por meio de seus estudos
estimularam outros profissionais da eacutepoca a refletirem na forma da assistecircncia implementada
ao paciente terminal O mesmo autor ressalta que para ser possiacutevel adequar a filosofia
hospice agrave realidade do Brasil foi preciso ir uma equipe formada por meacutedicos psicoacutelogos e
teoacutelogos a paiacuteses da Europa como a Inglaterra e a paiacuteses da Ameacuterica do Norte como o
Canadaacute para que pudessem conhecer de perto o trabalho desenvolvido por eles acerca dos
Cuidados Paliativos e assim disseminar o conhecimento de tais cuidados no Brasil de
maneira mais precisa e mais pontual Aleacutem disso destaca vaacuterios outros fatores que
dificultaram a disseminaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no Brasil como o tamanho do
continente brasileiro as diferenccedilas socieconocircmicas entre os Estados a diferenccedila de acesso ao
sistema de sauacutede a formaccedilatildeo cartesiana dos profissionais da Sauacutede Tudo isso levou-os a
resistir em aderir ao paradigma de cuidar quando natildeo haacute mais cura entre outros
Figueiredo (2006) reconhece que o primeiro serviccedilo de Cuidados Paliativos no
Brasil foi instituiacutedo pela Dra Miriam Martelete do Departamento de Anestesiologia do
Hospital das Cliacutenicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1983 Em 1986 na
Santa Casa de Misericoacuterdia de Satildeo Paulo surgiu o Serviccedilo de Dor e Cuidados Paliativos Em
1989 surgiram o Centro de Estudos e Pesquisas Oncoloacutegicas (CEPON) em Florianoacutepolis e o
Grupo Especial de Suporte Terapecircutico Oncoloacutegico (GESTO) no Instituto Nacional do
Cacircncer (INCA) no Rio de Janeiro
Teixeira et al (1993) salientam que a GESTO apesar de natildeo ter em sua origem o
serviccedilo de Cuidados Paliativos jaacute apresentava na eacutepoca caracteriacutesticas da filosofia hospice
como o oferecimento de qualidade ao paciente trabalho multidisciplinar atendimento
domiciliar e envolvimento da famiacutelia no processo da assistecircncia
Com a finalidade de atender pacientes com AIDS em fase avanccedilada eou terminal e
pacientes com dor crocircnica e difiacutecil controle Guerra (2001) informa que foi formada uma
equipe multiprofissional de Cuidados Paliativos no Instituto de Infectologia Emiacutelio Ribas
pertencente ao hospital da Secretaria de Estado de Sauacutede de Satildeo Paulo em 1999
Em 1997 com o escopo de congregar os profissionais atuantes em Cuidados
Paliativos e consolidar essa aacuterea do cuidado no sistema de sauacutede brasileiro foi fundada a
33
Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP) na cidade de Satildeo Paulo Caponero
(2002) afirma que a ABCP conta com a participaccedilatildeo de meacutedicos enfermeiros psicoacutelogos
assistentes sociais fisioterapeutas religiosos e nutricionistas
Mello e Caponero (2009) esclarecem que o intento desta associaccedilatildeo eacute o de divulgar a
praacutetica dos Cuidados Paliativos e agregar os serviccedilos desses cuidados existentes no Brasil
mesmo ainda natildeo padronizados mas ofereciam assistecircncia a pacientes fora de possibilidades
terapecircuticas no acircmbito de internaccedilatildeo hospitalar ambulatorial eou domiciliar
O objetivo primordial da criaccedilatildeo dessa sociedade de acordo com as autoras
supracitadas era o de permitir o surgimento de diretrizes nessa aacuterea e de modelos que fossem
adequados diante de questotildees socioculturais e econocircmicas de nosso paiacutes para que assim esses
serviccedilos pudessem efetivar sua abordagem de forma que contribuiacutessem para a melhoria da
praacutetica assistencial Por conseguinte esse movimento permitiu que os termos medicina
paliativa ou Cuidados Paliativos passassem a ser vistos como um novo campo desenvolvido
sobre o cuidar sendo necessaacuterio que as equipes de sauacutede especiacuteficas no controle da dor e no
aliacutevio dos sintomas fossem incorporadas demonstrando portanto que os Cuidados Paliativos
vecircm conquistando seu espaccedilo com o seu crescente reconhecimento no cenaacuterio da sauacutede
brasileira
Oficialmente os Cuidados Paliativos foram considerados uma exigecircncia no Brasil
com a homologaccedilatildeo da Portaria nordm 3535 de 2 de setembro de 1998 que confere o
cadastramento de centros de atendimento em Oncologia a qual destaca a necessidade de uma
assistecircncia por meio de uma equipe multiprofissional integrada aleacutem de inserir outras
modalidades assistecircncias como o serviccedilo de Cuidados Paliativos (BRASIL 1998b)
No acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a Portaria ndeg 19 de 2002 amplia a
inserccedilatildeo do modelo de assistecircncia de Cuidados Paliativos por meio da instituiccedilatildeo do
Programa Nacional de Assistecircncia agrave Dor e Cuidados Paliativos (BRASIL 2002)
O referido programa de acordo com Pimenta e Mota (2006) foi formado por
representantes do Ministeacuterio da Sauacutede da Associaccedilatildeo Meacutedica Brasileira da Associaccedilatildeo
Meacutedica Brasileira de Enfermagem do Conselho Federal de Medicina da Sociedade Brasileira
para Estudos da Dor e do INCA com o desiacutegnio de promover a operacionalizaccedilatildeo e a
implementaccedilatildeo do Programa Cumpre assinalar que foram organizados os niacuteveis de
assistecircncia aos pacientes caracterizando-se os profissionais envolvidos no cuidado
Acrescentam que desse trabalho foi plausiacutevel a realizaccedilatildeo das seguintes accedilotildees uniformizaccedilatildeo
e distribuiccedilatildeo de morfina e metadona para o tratamento da dor crocircnica atraveacutes do SUS e
34
estabelecimento em 2002 dos centros de referecircncia em tratamento da dor crocircnica atraveacutes
da Secretaria da Assistecircncia agrave Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede
A partir da Portaria nordm 3535 de setembro de 1998 o cadastramento de nuacutecleos de
atendimento em Oncologia apreciando-se o modelo dos Cuidados Paliativos passou a ser
uma exigecircncia Este documento enfoca a multidisciplinaridade como um trabalho integral
aleacutem de inserir o serviccedilo de Cuidados Paliativos (BRASIL 1998b)
Acrescenta-se a tais ponderaccedilotildees o desejo de subsidiar e estimular a criaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de serviccedilos de Cuidados Paliativos no paiacutes destacando-se o estabelecimento
do Programa Nacional de Imunizaccedilatildeo Hospitalar a partir da Portaria ndeg 881 de
2001(BRASIL 2001)
Wright et al (2008) chamam a atenccedilatildeo para o quantitativo de serviccedilos de Cuidados
Paliativos no ano de 2008 apresentando-se um total de catorze serviccedilos o que representa um
serviccedilo para cada nuacutemero de 13285000 habitantes Salienta-se que a maior parte destas
unidades estavam localizadas na regiatildeo Sudeste sobretudo na cidade de Satildeo Paulo
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos atualmente existem
em todo o Brasil sessenta e uma unidades das quais vinte se encontram no Estado de Satildeo
Paulo Portanto a grande maioria desses serviccedilos ainda se concentra na regiatildeo Sudeste
constituiacuteda por serviccedilos estatais principalmente em unidades especializadas em dor
(SANTOS 2011)
Santos (2011) ressalta a inexistecircncia da padronizaccedilatildeo de criteacuterios miacutenimos exigidos
para uma unidade ou serviccedilo ser considerado especializado em Cuidados Paliativos Essa
informaccedilatildeo vai de encontro ao que preconiza a Associaccedilatildeo Europeia para Cuidado Paliativo
(European Association for Palliative Care) a qual estabelece normas e diretrizes Portanto
segundo esta associaccedilatildeo para um paiacutes atender agraves demandas em serviccedilos dessa modalidade de
cuidar satildeo necessaacuterios os seguintes indicadores pacientes internados em unidades
hospitalares a niacutevel de enfermarias cliacutenicas ou ciruacutergicas (50 leitos ndash ateacute 80 ndash por milhatildeo de
habitantes 12 enfermarias por leito 015 meacutedico por leito) equipes de Cuidados Paliativos
(equipe para cada hospital com 250 leitos uma equipe de Cuidados Paliativos home care para
cada divisatildeo de cem mil habitantes tendo como nuacutecleo central da equipe 4 ou 5 profissionais
em dedicaccedilatildeo exclusiva)
Figueiredo (2006) afirma que o crescimento das unidades ou grupos de Cuidados
Paliativos em todo o Brasil eacute ainda lento estando longe de atingir as metas propostas pela
Associaccedilatildeo Europeia para Cuidado Paliativo sendo portanto necessaacuterio implantar cursos
para a formaccedilatildeo de recursos humanos e de incentivos de poliacuteticas puacuteblicas
35
Outra instituiccedilatildeo que merece destaque no paiacutes eacute a Academia Nacional de Cuidados
Paliativos (ANCP) fundada em 2005 Esta vem celebrando conquistas importantes para o
movimento paliativista brasileiro Dentre estas aquisiccedilotildees destaca-se a realizaccedilatildeo do IV
Congresso Internacional de Cuidados Paliativos concretizado na cidade de Satildeo Paulo em
2010 No referido evento foi ressaltada a publicaccedilatildeo do novo Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM) Este eacute o primeiro a referenciar a modalidade Cuidados
Paliativos como um princiacutepio fundamental da praacutetica meacutedica Esse trabalho adveacutem
fundamentalmente em virtude do desempenho do trabalho da Cacircmara Teacutecnica de
Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos Esse trabalho teve como participante a ex-
presidente da ANCP Dra Maria Goretti Sales Maciel (IV CONGRESSO 2010)
Um dos objetivos expostos durante o referido Congresso em questatildeo foi o de avalizar
um atendimento integral em Cuidados Paliativos no sistema de sauacutede vigente em nosso paiacutes o
SUS Todavia para o alcance de tal meta fazem-se necessaacuterias modificaccedilotildees na formaccedilatildeo
profissional e treinamento dos profissionais da Sauacutede a abertura de novos serviccedilos destes
cuidados e a implementaccedilatildeo de medidas que mensurem a qualidade da assistecircncia (IV
CONGRESSO 2010)
Tratando-se do ensino de Cuidados Paliativos no Brasil Rodrigues (2004) observa
que tanto no curso de Enfermagem quanto no de Medicina a literatura apresenta uma
quantidade iacutenfima A autora acrescenta que em algumas escolas este tema eacute abordado como
na Universidade de Satildeo Paulo (UNIFESP) onde existe uma disciplina voltada para esta
temaacutetica sendo ministrada por meacutedicos e outros profissionais caracterizando um programa
multiprofissional
A autora supracitada destaca a figura do professor Figueiredo que vem sendo um
incentivador e colaborador da educaccedilatildeo acerca dos Cuidados Paliativos e da criaccedilatildeo de
serviccedilos destinados a estes cuidados no Brasil Dentre estes serviccedilos destaca-se a criaccedilatildeo do
ambulatoacuterio na UNIFESP o Ambulatoacuterio em Cuidados Paliativos do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo e o da Unidade de Cuidados Paliativos
no Instituto de Infectologia Emiacutelio Ribas (RODRIGUES 2004)
Outra contribuiccedilatildeo importante no ensino desses cuidados adveacutem do meacutedico e
bioticista da Universidade Estadual de Londrina professor Joseacute Eduardo Siqueira que
realizou um estudo acerca da assistecircncia meacutedica aos pacientes em fase terminal O referido
professor propotildee um desafio voltado principalmente aos hospitais universitaacuterios para que
aleacutem da oferta da alta tecnologia desenvolvam um serviccedilo de Cuidados Paliativos no qual os
36
formadores possam acrescentar ao conhecimento tecnocientiacutefico o aspecto da humanizaccedilatildeo
(SIQUEIRA 2000)
Portanto o cuidado humanizado seria enfatizado a partir das experiecircncias na
instituiccedilatildeo de ensino aliado agrave alta tecnologia Esta envolve terapecircuticas de alto custo e
terapecircuticas de baixo custo como o controle da dor e de outros sintomas aliadas agraves accedilotildees
mais simples como o respeito e o diaacutelogo (FRANCcedilA 2011)
Em relaccedilatildeo ao ensino de Cuidados Paliativos na aacuterea da Enfermagem Rodrigues
(2004) destaca a professora Cibele Adruciole de Mattos Pimenta considerada referecircncia
nacional no manejo de dor aguda e crocircnica Ela eacute docente do curso de Enfermagem da
Universidade de Satildeo Paulo (USP) difundindo a proposta da inclusatildeo dos Cuidados Paliativos
nos cursos de graduaccedilatildeo em Enfermagem
No que tange a poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu para o ensino de Cuidados Paliativos a
autora supracitada aponta o Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) como o responsaacutevel por
formar enfermeiros especialistas em Cuidados Paliativos por meio de especializaccedilatildeo e
residecircncia em Enfermagem e meacutedicos especialistas em Medicina Paliativa
Ainda em relaccedilatildeo agrave veiculaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no ensino brasileiro no
acircmbito da poacutes-graduaccedilatildeo merece destaque a proposta da Pinus Longaeva Assessoria e
Consultoria em Sauacutede e Educaccedilatildeo Tal entidade eacute considerada referecircncia de excelecircncia em
Cuidados Paliativos no Brasil aleacutem de estimular a produccedilatildeo do conhecimento acerca da
referida temaacutetica Encontra-se sob a coordenaccedilatildeo do meacutedico Dr Franklin Santana Santos
sendo originada a partir da realizaccedilatildeo do curso de Tanatologia ndash Educaccedilatildeo para a Vida e para
a Morte uma abordagem plural e interdisciplinar em 2007 o qual teve a finalidade de
divulgar a importacircncia dos Cuidados Paliativos entre a sociedade brasileira (SANTOS 2011)
Aleacutem do curso Santos (2011) reconhece que este serviccedilo proporcionou a ediccedilatildeo de
um livro em trecircs volumes intitulado ldquoA arte de morrer visatildeo pluraisrdquo publicado pela Editora
Comenius com a finalidade de subsidiar o ensino e a pesquisa sobre a temaacutetica morte Na
referida obra pode-se observar a preocupaccedilatildeo em se trabalhar a prevenccedilatildeo e as causas do
sofrimento o medo e o tabu da morte com o propoacutesito de promover uma educaccedilatildeo para a
morte voltada para o corpo discente e para o corpo docente de diversas instituiccedilotildees de ensino
para os profissionais e para a populaccedilatildeo em geral
Em relaccedilatildeo agrave pesquisa o autor acima referido assinala que na poacutes-graduaccedilatildeo em
Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (FMUSP)
encontram-se em andamento diversas dissertaccedilotildees de mestrado e teses de doutorado aleacutem de
37
projetos de pesquisa como traduccedilatildeo e validaccedilatildeo de escalas sobre morte e morrer e
espiritualidade
Quanto agrave aacuterea da assistecircncia Santos (2011) discorre sobre o planejamento do
Ambulatoacuterio de Cuidados Paliativos para pacientes com demecircncia avanccedilada no Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Cliacutenicas na Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) sob a
coordenaccedilatildeo dos professores-doutores Orestes V Forlenza e Franklin Santana Santos O autor
comenta tambeacutem o desenvolvimento de um projeto de construccedilatildeo de um hospice no interior
de Satildeo Paulo nos moldes do St Christopher inteiramente filantroacutepico ndash o que significaria um
avanccedilo consideraacutevel para o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos no Brasil
Seguramente o ensino de Cuidados Paliativos tornaraacute os profissionais mais sensiacuteveis
agraves necessidades da populaccedilatildeo e do indiviacuteduo levando-os a desenvolver uma assistecircncia mais
humanizada e centrada na obtenccedilatildeo do adequado controle dos sinais e sintomas dos pacientes
fora de possibilidades terapecircuticas de cura Essa modalidade de cuidar proporciona uma
transformaccedilatildeo na praacutetica dos profissionais que passam a apresentar uma visatildeo holiacutestica
acerca desses doentes abrangendo-lhes a dimensatildeo fiacutesica psicoloacutegica social e espiritual
Nessa perspectiva Stoneberg et al (2006) referem que os Cuidados Paliativos ou
paliativismo como mais um meacutetodo uma filosofia do cuidar visando-se a prevenir e aliviar o
sofrimento humano em muitas de suas dimensotildees O objetivo dessa modalidade de cuidar eacute o
de proporcionar aos pacientes e seus entes queridos a melhor qualidade possiacutevel de vida a
despeito do estaacutegio de uma doenccedila ou a necessidade de outros tratamentos
Os autores asseguram que os Cuidados Paliativos complementam-se ao jaacute
tradicional cuidado curativo incluindo objetivos de bem-estar e de qualidade de vida para os
pacientes e seus familiares ajudando-os nas tomadas de decisotildees e promovendo
oportunidades de crescimento e evoluccedilatildeo pessoal Esta filosofia de cuidar completa os
tratamentos curativos da Medicina moderna mas principalmente proporciona aos
profissionais da aacuterea dignidade e significado aos tratamentos escolhidos
Caponero (2002) acrescenta que os Cuidados Paliativos fundamentam-se em uma
concepccedilatildeo global e ativa do tratamento compreendendo a atenccedilatildeo aos aspectos fiacutesicos
sociais e espirituais das pessoas que estatildeo com doenccedila incuraacutevel Portanto os Cuidados
Paliativos segundo Santana (2000) constituem um novo paradigma na sauacutede no qual satildeo
adotadas medidas humanizadas para o atendimento aos pacientes em seu ambiente familiar
onde as intervenccedilotildees natildeo visam agrave cura mas ao aliacutevio dos sintomas e do sofrimento aleacutem de
possibilitar a compreensatildeo do processo de morrer com dignidade
38
Pessini e Bertachini (2005) ressaltam que os Cuidados Paliativos visam a assegurar
aos doentes condiccedilotildees que os capacitem e encorajem a viver sua vida de uma forma uacutetil
produtiva e plena ateacute ao momento de sua morte A importacircncia da reabilitaccedilatildeo em termos de
bem-estar fiacutesico psiacutequico e espiritual natildeo pode ser negligenciada
Elias et al (2007) afirmam que a dimensatildeo subjetiva eacute o elo mais especiacutefico para o
paciente sem possibilidades de cura uma vez que o seu espiritual e o seu emocional recebem
um sentido ainda mais amplo Esses autores esclarecem a amplitude da dor psiacutequica a qual eacute
referenciada pelo temor do sofrimento seguida de anguacutestias e a dor espiritual que faz ligaccedilatildeo
ao significado da vida como tambeacutem agraves resignaccedilotildees perante Deus Os autores acrescentam
que tanto a dor psiacutequica quanto a espiritual requer em um acompanhamento psicoespiritual
sendo portanto imperioso o emprego de Cuidados Paliativos que compreenderaacute o
acolhimento a humanizaccedilatildeo e a proteccedilatildeo
Desse modo Costa Filho et al (2008) advertem que os Cuidados Paliativos devem
contemplar todas as dimensotildees do paciente sem possibilidades de cura tendo como prioridade
os cuidados emocionais psicoloacutegicos e espirituais Esta filosofia de cuidar proporciona aos
profissionais da aacuterea da Sauacutede a dignidade e significado aos tratamentos escolhidos em
relaccedilatildeo ao paciente na terminalidade da vida o qual necessita de cuidado integral e
humanizado
Eacute sob esse enfoque que Maccoughlan (2006) assinala que os Cuidados Paliativos
constituem um campo de cuidados totais ativos e integrais dispensados aos pacientes com
doenccedilas avanccediladas e sem possibilidades de cura e centrados no seu direito de viver com
dignidade seus dias que lhe restam
Em virtude da diversidade de aspectos envolvidos nessa forma de cuidar
Maccoughlan (2003) aponta a importacircncia da abordagem interdisciplinar para os Cuidados
Paliativos uma vez que esta implica demonstrar que nenhuma profissatildeo consegue abranger
todos os aspectos envolvidos no tratamento de pacientes terminais o que faz destacar a
significacircncia do trabalho coletivo permitindo a sinergia de habilidades para promover uma
assistecircncia completa
Portanto os Cuidados Paliativos devem ser prestados por uma equipe
multiprofissional formada por meacutedicos enfermeiros psicoacutelogos assistentes socais e
assistentes espirituais todos envolvidos nos objetivos concretos desses cuidados respeitando-
se o paciente como um ser uacutenico as suas crenccedilas e culturas
Sendo assim eacute inegaacutevel dentre esses profissionais a participaccedilatildeo da equipe
multiprofissional da Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no que concerne ao emprego de
39
Cuidados Paliativos Haja vista que pacientes com doenccedilas avanccediladas e em fase terminal que
ldquoretornam para suas casasrdquo jaacute que ldquonatildeo haacute mais nada para ser feitordquo necessitam ser
protegidos Eacute especialmente nesta transiccedilatildeo de necessidades especiacuteficas do tratamento
curativo para o paliativo que a Atenccedilatildeo Baacutesica pode ter destacado papel (FLORIANI
SCHRAMM 2007)
A referida temaacutetica eacute abordada no capiacutetulo seguinte o qual procura enfocar os
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
40
3 Cuidados paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
41
Para melhor compreensatildeo deste capiacutetulo seratildeo abordadas inicialmente consideraccedilotildees
acerca da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) com ecircnfase na Estrateacutegia de Sauacutede da famiacutelia
(ESF) seguindo-se da abordagem pertinente a Cuidados Paliativos na referida estrateacutegia
Em termos histoacutericos diversos documentos foram confeccionados com o escopo de
nortear poliacuteticas e accedilotildees no campo da Sauacutede em todo o mundo Dentre os mais significativos
pode ser citado ldquoSauacutede para todos no ano 2000rdquo produzido em 1977 na 30ordf Reuniatildeo Anual da
Assembleacuteia Mundial de Sauacutede em Alma-Ata Em uma reuniatildeo subsequumlente agrave produccedilatildeo deste
documento em 1978 ainda na mesma cidade foi realizada a primeira Conferecircncia Nacional
sobre Cuidados Primaacuterios de Sauacutede sob a coordenaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
(OMS) e do Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia (UNICEF) definindo-se a Atenccedilatildeo
Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) como eixo da reorganizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede visando-se a
diminuir as imensas desigualdades soacutecio-econocircmicas sanitaacuterias existentes no mundo (OMS
1979)
Ibantildeez et al (2006) assinalam que a APS surge em resposta agraves desigualdades no
acesso iniquumlidades dos serviccedilos de sauacutede insuficiente e desigual distribuiccedilatildeo de recursos de
sauacutede para as populaccedilotildees resultando em exclusatildeo de grupos sociais vulneraacuteveis
Por conseguinte a APS pretende proporcionar maior acesso e equidade para estas
pessoas que buscam os serviccedilos de sauacutede por meio da reorganizaccedilatildeo dos sistemas de sauacutede
mediante alteraccedilatildeo do modelo de atenccedilatildeo em quase todos os paiacuteses (MENDES 2001)
De acordo com Starfield (2002) a APS apresenta como atributos essenciais ou
exclusivos o primeiro contato a longitudinalidade a integralidade a coordenaccedilatildeo da atenccedilatildeo a
focalizaccedilatildeo na famiacutelia e a orientaccedilatildeo na comunidade O primeiro atributo pressupotildee a
acessibilidade do usuaacuterio e o uso de serviccedilos de sauacutede em suas necessidades de sauacutede
independentemente da gravidade do problema apresentado indicando a porta de entrada ao
sistema de sauacutede O segundo consiste no acompanhamento do indiviacuteduo e sua famiacutelia ao longo
do tempo marcado pela relaccedilatildeo de viacutenculo e relaccedilotildees interpessoais de confianccedila entre o
usuaacuteriofamiacutelia e a equipeserviccedilo de sauacutede O terceiro garante a continuidade da prestaccedilatildeo da
assistecircncia agrave sauacutede independente da complexidade que o problema de sauacutede exigir e considera
as possiacuteveis causas individuais de cada pessoa no seu processo de adoecimento O quarto
representa a capacidade do serviccedilo para dar atenccedilatildeo agraves necessidades individuais e coletivas
garantindo o seguimento constante da equipe de sauacutede mesmo que os problemas de sauacutede
estejam sendo sanados em outro niacutevel de assistecircncia agrave sauacutede O quinto considera a famiacutelia
como nuacutecleo para o conhecimento integral dos problemas de sauacutede O sexto implica conhecer
as famiacutelias em seu contexto cultural socioeconocircmico e social (STARFIELD 2002)
42
Abrahatildeo-Curvo (2010) esclarece que os princiacutepios da APS foram retomados nas
reformas do setor Sauacutede em vaacuterios paiacuteses sobretudo no Brasil com a adesatildeo e participaccedilatildeo de
variados segmentos da sociedade brasileira
Salienta-se portanto que ante o movimento internacional gerado pela Conferecircncia de
Alma-Ata em virtude do contexto de mudanccedilas observadas na Ameacuterica Latina o Brasil volta-
se a refletir suas poliacuteticas de sauacutede embasado em conceitos discutidos na referida conferecircncia
Sendo assim o processo de transformaccedilatildeo e de avanccedilo no setor da Sauacutede do Brasil
conforme apontam Santos e Mattos (2011) adveacutem em sua maioria da realizaccedilatildeo da VIII
Conferecircncia Nacional em Sauacutede em 1986 que consagrou a Reforma Sanitaacuteria como eixo de
luta para a transformaccedilatildeo do panorama de Sauacutede do paiacutes
Scherer Marino e Ramos (2005) assinalam que por meio da Conferecircncia foram
deliberados os princiacutepios e diretrizes incorporados na Poliacutetica Nacional de Sauacutede aprovados na
Constituiccedilatildeo de 1988 Demarca-se legalmente um novo modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede em
substituiccedilatildeo ao existente
Arouca (1987) informa que a CNS trouxe agrave tona a questatildeo da sauacutede com amplitude de
seu conceito natildeo a considerando como a simples ausecircncia de doenccedila mas sim em estado
resultante das condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente trabalho
transporte emprego lazer liberdade e acesso a serviccedilos de sauacutede Portanto a sauacutede natildeo estaria
mais relacionada apenas com a ausecircncia de doenccedilas mas seria resultado das formas de
organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes desigualdades nos niacuteveis de vida
e de sauacutede
Observa-se que o movimento da Reforma Sanitaacuteria Brasileira foi pautado em uma
mobilizaccedilatildeo reivindicatoacuteria alicerccedilada na necessidade popular de reconstruir uma estrutura
normativa que atendesse agraves reais necessidades da populaccedilatildeo nas questotildees de sauacutede como direito
de cidadania (MACHADO et al 2007)
A CNS serviu de base para o nascimento do SUS emergindo dessa forma em meio
aos debates levantados durante esse evento Visando-se ao cumprimento da Constituiccedilatildeo foi
editada em 1990 a Lei Orgacircnica da Sauacutede (LOS) formada pelas Leis Federais 808090 e
814290 as quais instituem e dispotildeem sobre o funcionamento organizaccedilatildeo e caracteriacutesticas do
SUS Com base na Constituiccedilatildeo e posteriormente na LOS definiu-se que o SUS seria regido
por determinados princiacutepios e diretrizes e propunha-se naquela legislaccedilatildeo a passagem do entatildeo
modelo vigente para uma forma voltada agrave prevenccedilatildeo e promoccedilatildeo da sauacutede (VALENTIM
KRUEL 2007)
43
Destarte observa-se que o SUS eacute resultado de um longo processo de debates e de lutas
por melhores condiccedilotildees de sauacutede no paiacutes Surge como um novo paradigma na atenccedilatildeo agrave sauacutede
Seus princiacutepios e diretrizes rompem com o paradigma cliacutenico tradicional (SCHERER
MARINO RAMOS 2005)
Simino (2009) afirma que o SUS eacute marcado por princiacutepios doutrinaacuterios ou filosoacuteficos
(universalidade equidade e integralidade) e por princiacutepios organizativos (descentralizaccedilatildeo
regionalizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo e participaccedilatildeo social)
Ainda de acordo com a autora supracitada a universalidade eacute compreendida a partir
do reconhecimento da assistecircncia agrave sauacutede um direito fundamental do cidadatildeo cabendo ao
Estado garantir as condiccedilotildees indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio e ao acesso agrave atenccedilatildeo e
assistecircncia agrave sauacutede em todos os niacuteveis de complexidade A equidade eacute um princiacutepio de justiccedila
social Haja vista que busca diminuir desigualdades A integralidade significa a garantia do
fornecimento de um conjunto articulado e contiacutenuo de accedilotildees e serviccedilos preventivos curativos e
coletivos exigidos em cada caso para todos os niacuteveis de complexidade de assistecircncia Este
princiacutepio ainda engloba accedilotildees de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e em seu sentido
amplo considera a pessoa como um ser integral inserida em um contexto familiar social
cultural e econocircmico
Machado et al (2007) asseveram que a integralidade eacute um conceito que permite uma
identificaccedilatildeo dos sujeitos como totalidades ainda que natildeo sejam alcanccedilaacuteveis em sua plenitude
considerando-se todas as dimensotildees possiacuteveis em que se pode intervir pelo acesso permitido
por eles proacuteprios Dessa forma o atendimento integral extrapola a estrutura organizacional
hierarquizada e regionalizada da assistecircncia de sauacutede se prolonga pela qualidade real da
atenccedilatildeo individual e coletiva assegurada aos usuaacuterios do sistema de sauacutede requisita o
compromisso com o contiacutenuo aprendizado e com a praacutetica multiprofissional
Quanto aos princiacutepios organizativos do SUS estes promovem a viabilizaccedilatildeo de suas
operaccedilotildees gerenciais Em relaccedilatildeo agrave descentralizaccedilatildeo este garante a transferecircncia de recursos
financeiros e o poder para os Estados e municiacutepios permitindo que a destinaccedilatildeo dos recursos
seja realizada contemplando-se as necessidades de cada localidade aleacutem de possibilitar a
participaccedilatildeo social A regionalizaccedilatildeo estaacute relacionada com o processo de distribuiccedilatildeo dos
serviccedilos em uma determinada regiatildeo permitindo oferecer serviccedilos e accedilotildees de sauacutede mais
proacuteximos de onde as pessoas moram No que tange agrave hierarquizaccedilatildeo esta implica a
estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede por niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica A
participaccedilatildeo social permite a participaccedilatildeo dos usuaacuterios e da comunidade na construccedilatildeo e
fiscalizaccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede (SIMINO 2009)
44
Eacute preciso ressaltar que o SUS natildeo eacute um modelo simples e estanque embora tenha sido
explicitado em sua formalizaccedilatildeo inicial pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
operacionalizado por meio de legislaccedilatildeo especiacutefica como a Lei Orgacircnica da Sauacutede e pelas
Normas de Operacionalizaccedilatildeo Baacutesicas e de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (NOBs e NOAS) O SUS eacute um
processo e como tal estaacute em constante construccedilatildeo em busca do seu proacuteprio aperfeiccediloamento
objetivos e ideal (VALENTIM KRUEL 2007)
Na atual conjuntura sabe-se que o SUS vem constituindo-se no paiacutes haacute cerca de vinte
anos a partir destes princiacutepios todavia uma nova abordagem da APS emerge no Brasil por
meio da ediccedilatildeo da Portaria nordm 648 de 2006 do Ministeacuterio da Sauacutede Tal portaria aprova a
Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Baacutesica (PNAB) Retoma os elementos essenciais da APS e
reforccedila na Sauacutede da Famiacutelia o eixo organizador do sistema de sauacutede brasileiro
Teixeira (2004) chama a atenccedilatildeo para o fato de que a mudanccedila do modelo de atenccedilatildeo
vem desenvolvendo-se desde o iniacutecio da deacutecada de 1990 principalmente a partir de 1993-1994
quando foram desencadeados os processos de municipalizaccedilatildeo e de implementaccedilatildeo do
Programa de Sauacutede da Famiacutelia adotada com a intenccedilatildeo de atender a todos os princiacutepios legais
do SUS especialmente os de universalidade de acesso de integralidade da assistecircncia agrave sauacutede e
de resolutividade englobando paulatinamente toda a rede de serviccedilos baacutesicos com a
ampliaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo da atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede
De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (2000a) o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
foi implantado em 1994 no Brasil para dar sustentaccedilatildeo ao Programa de Agentes Comunitaacuterios
de Sauacutede (PACS) Eacute considerado um projeto dinamizador do SUS condicionado pela evoluccedilatildeo
histoacuterica e pela organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede no Brasil
Eacute definido como um modelo de assistecircncia que vai desenvolver accedilotildees de promoccedilatildeo e
proteccedilatildeo agrave sauacutede do indiviacuteduo da famiacutelia e da comunidade por meio de equipes que faratildeo o
atendimento na unidade local de sauacutede da comunidade ao niacutevel de atenccedilatildeo primaacuteria Aleacutem do
atendimento suas atividades devem incluir programaccedilatildeo grupos terapecircuticos e visitas
domiciliares entre outras (BRASIL 2004)
O Ministeacuterio da Sauacutede (2000b) chama a atenccedilatildeo para o fato de o PSF ser
compreendido como modelo substitutivo da rede baacutesica tradicional de cobertura universal
Este modelo eacute reconhecido como uma praacutetica que requer alta tecnologia nos campos do
conhecimento do desenvolvimento de habilidades e de mudanccedila de atitudes
Peduzzi (2000) estabelece que o PSF apresenta a finalidade de viabilizar mudanccedilas
dentro do contexto de sauacutede puacuteblica na loacutegica do modelo assistencial biomeacutedico
particularmente no que se refere agrave Atenccedilatildeo Baacutesica e sua articulaccedilatildeo aos demais niacuteveis de
45
atenccedilatildeo Este programa tem como base os princiacutepios operacionais de adscriccedilatildeo da clientela da
integralidade da atenccedilatildeo do planejamento local e regional da equidade do acesso aos serviccedilos
do controle social da accedilatildeo intersetorial e do trabalho em equipe
O PSF apresenta como filosofia o princiacutepio da vigilacircncia agrave sauacutede apresentando
caracteriacutesticas de atuaccedilatildeo interdisciplinar e multidisciplinar e de responsabilidade integral para
com a populaccedilatildeo que reside na aacuterea de abrangecircncia de suas unidades de sauacutede O programa em
questatildeo consiste em optar pela descentralizaccedilatildeo como forma de aproximar os serviccedilos de sauacutede
de quem deles mais precisa Dessa forma aacutereas mais carentes desses serviccedilos passam a receber
accedilotildees tradicionais de promoccedilatildeo de sauacutede por meio da prevenccedilatildeo e de accedilotildees de assistecircncia
meacutedica Soma-se ao processo a participaccedilatildeo da comunidade por intermeacutedio de seus agentes
representativos que fazem uma ligaccedilatildeo entre a equipe de sauacutede e o cliente a ser atendido
rompendo as barreiras e identificando as reais necessidades ao mesmo tempo que representa
uma forma do serviccedilo que eacute prestado agrave populaccedilatildeo (BRASIL 2005a)
Simino (2009) ressalta que gradualmente a Sauacutede da Famiacutelia perdeu o status de
programa uma vez que tem sido considerada uma estrateacutegia para a reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo
Baacutesica de sauacutede no Brasil seguindo os conceitos da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Nesse contexto
o Ministeacuterio da Sauacutede (2005b) reconhece que atualmente a Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) vem sendo implantada em substituiccedilatildeo ao modelo tradicional para a Atenccedilatildeo Baacutesica A
sua organizaccedilatildeo favorece o estabelecimento de viacutenculos de responsabilidade e confianccedila entre
profissionais e famiacutelias e permite uma compreensatildeo ampla do processo sauacutede-doenccedila e da
necessidade de intervenccedilotildees a partir dos problemas e demandas identificadas
Assim sendo transformar o programa em uma estrateacutegia de organizaccedilatildeo foi um
avanccedilo para a gestatildeo do SUS uma vez que se busca natildeo apenas o acesso e sua ampliaccedilatildeo mas
tambeacutem a reorganizaccedilatildeo da praacutetica da atenccedilatildeo agrave sauacutede sobre novas bases e a substituiccedilatildeo do
modelo entatildeo vigente levando a sauacutede para mais perto das famiacutelias e melhorando-se a
qualidade de vida dos cidadatildeos brasileiros (BRASIL 2005c)
Conforme assinalam Costa e Carbone (2004) esta mudanccedila de modelo possibilita a
integraccedilatildeo e a organizaccedilatildeo das atividades em um territoacuterio definido com o propoacutesito de
favorecer o enfrentamento dos problemas identificados e implica necessariamente a articulaccedilatildeo
da Atenccedilatildeo Baacutesica com a meacutedia e com a alta complexidade envolvendo a integraccedilatildeo de
poliacuteticas estrateacutegicas de sauacutede aleacutem de envolver diversos atores compreendendo-os como
pessoas e instituiccedilotildees a saber os usuaacuterios do sistema o gestor de sauacutede a equipe de sauacutede da
famiacutelia e as lideranccedilas comunitaacuterias
46
Logo o que se espera da Atenccedilatildeo Baacutesica organizada pela ESF quando esta eacute
capacitada e integra a comunidade eacute que seja capaz de resolver 80 das demandas dos
serviccedilos de sauacutede de uma populaccedilatildeo jaacute que a maior parte dessa demanda concentra-se em
poucos problemas Isso demonstra a importacircncia e a necessidade de se investir nos serviccedilos de
atenccedilatildeo primaacuteria a fim de se tornarem mais resolutivos As accedilotildees devem ser orientadas para o
cuidado integral dos indiviacuteduos inseridos em suas respectivas famiacutelias Esse eacute um dos sentidos
atribuiacutedos ao princiacutepio constitucional de integralidade do SUS (BRASIL 2005c)
Bonassa e Campos (2001) destacam trecircs caracteriacutesticas fundamentais da Estrateacutegia de
Sauacutede da Famiacutelia A primeira eacute a ecircnfase na territorializaccedilatildeo e na adscriccedilatildeo da clientela
responsabilizando-se cada equipe pelo cadastramento e acompanhamento das famiacutelias do
territoacuterio de abrangecircncia A segunda eacute o seu poder substitutivo em meio a suas unidades
porquanto natildeo constitui uma nova estrutura de serviccedilos (excetuando-se as aacutereas anteriormente
desprovidas) mas substitui as praacuteticas convencionais de assistecircncia por um novo processo de
trabalho cujo eixo estaacute centrado na vigilacircncia agrave sauacutede e na participaccedilatildeo da comunidade A
terceira eacute a sua participaccedilatildeo no SUS dentro do princiacutepio da integralidade e da hierarquizaccedilatildeo
por isso deve estar vinculada agrave rede de serviccedilos de forma que garanta atenccedilatildeo integral aos
indiviacuteduos e agraves famiacutelias em todos os niacuteveis de complexidade sempre que for necessaacuterio
De acordo com as Portarias de nordm 1186GMMS e nordm 157GMMS observa-se que cada
equipe de Sauacutede da Famiacutelia seja responsaacutevel por no maacuteximo 4500 pessoas Desta forma a
Unidade de Sauacutede pode ser composta por uma ou mais equipes dependendo da concentraccedilatildeo
de famiacutelias residentes no territoacuterio (BRASIL 1997 BRASIL 1998c)
Cada equipe de Sauacutede da Famiacutelia deve ser capacitada para conhecer a realidade das
famiacutelias pelas quais eacute responsaacutevel por meio de cadastramento e diagnoacutestico de suas
caracteriacutesticas sociais demograacuteficas e epidemioloacutegicas para identificar os principais problemas
de sauacutede e situaccedilotildees de risco a que estaacute exposta a populaccedilatildeo que ela atende e para elaborar
com a participaccedilatildeo da comunidade um plano local para enfrentar os determinantes do processo
sauacutede-doenccedila Aleacutem disso essa equipe necessita estar preparada para prestar uma assistecircncia
integral respondendo de forma contiacutenua e racionalizada agrave demanda organizada ou espontacircnea
na unidade na comunidade no domiciacutelio e no acompanhamento ao atendimento nos serviccedilos
de referecircncia ambulatorial ou hospitalar desenvolvendo accedilotildees educativas e intersetoriais a fim
de enfrentar os problemas de sauacutede identificados (BRASIL 2005a)
Destarte observa-se que a abordagem da referida estrateacutegia de acordo com o
Ministeacuterio da Sauacutede (2005b) estaacute centrada na famiacutelia que eacute o objeto principal de atenccedilatildeo
sendo esta entendida a partir do ambiente onde vive Eacute nesse espaccedilo que se constroem as
47
relaccedilotildees intrafamiliares e extrafamiliares e se desenvolve a luta pela melhoria das condiccedilotildees de
vida permitindo ainda uma compreensatildeo ampliada do processo sauacutededoenccedila e portanto da
necessidade de intervenccedilotildees de maior impacto e significaccedilatildeo social
Guitierrez e Minayo (2010) destacam que eacute na famiacutelia e pela famiacutelia que se produzem
cuidados essenciais agrave sauacutede que vatildeo desde as interaccedilotildees afetivas necessaacuterias ao
desenvolvimento da sauacutede mental e da personalidade madura de seus membros passando pela
aprendizagem da higiene e da cultura alimentar e atingindo o niacutevel de adesatildeo aos tratamentos
prescritos pelos serviccedilos tais como medicaccedilatildeo dietas e atividades preventivas Essa
complementaridade ocorre por meio de accedilotildees concretas no cotidiano das famiacutelias permitindo o
reconhecimento das doenccedilas busca de atendimento meacutedico incentivo para o autocuidado e o
apoio emocional
Quanto agrave operacionalizaccedilatildeo da ESF esta se daacute mediante a implantaccedilatildeo de equipes
multiprofissionais em unidades de sauacutede da famiacutelia (USFs) as quais devem ser adequadas agraves
diferentes realidades locais desde que sejam mantidos os seus princiacutepios e diretrizes
fundamentais Para tanto o impacto favoraacutevel nas condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo adscrita
deve ser a preocupaccedilatildeo baacutesica dessa estrateacutegia (BRASIL 2005a)
A atribuiccedilatildeo baacutesica da equipe de sauacutede da famiacutelia estaacute relacionada com o
conhecimento da realidade das famiacutelias pelas quais eacute responsaacutevel identificando os problemas
de sauacutede mais comuns e as situaccedilotildees de risco ao qual a populaccedilatildeo estaacute exposta atuando e
intervindo continuamente na realidade social apresentada (BRASIL 2000c)
O funcionamento da ESF se daacute em unidades de sauacutede da famiacutelia com uma equipe
composta no miacutenimo por um meacutedico generalista um enfermeiro um auxiliar de enfermagem
e quatro a seis agentes comunitaacuterios de sauacutede (ACSs) no entanto outros agentes podem ser
incorporados agrave equipe de sauacutede da famiacutelia um odontoacutelogo e um atendente de consultoacuterio
dentaacuterio ou um teacutecnico de higiene bucal Esses agentes formam equipes que satildeo responsaacuteveis
pelo acompanhamento de um nuacutemero definido de famiacutelias localizadas em uma determinada
aacuterea geograacutefica Tais equipes atuam na promoccedilatildeo da sauacutede prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo
reabilitaccedilatildeo de doenccedilas e de agravos mais frequentes e na manutenccedilatildeo da sauacutede dessa
comunidade (BRASIL 2000a)
Valentim e Kruel (2007) asseveram que cada profissional da equipe baacutesica de USF
possui uma determinada atribuiccedilatildeo no entanto cabe a todos fomentar e desenvolver
conjuntamente accedilotildees preventivas e de promoccedilatildeo da qualidade de vida da comunidade aleacutem de
accedilotildees de recuperaccedilatildeo e de reabilitaccedilatildeo da sauacutede tanto na unidade de sauacutede quanto nos
municiacutepios aliando desta forma a atuaccedilatildeo cliacutenica e teacutecnica agrave praacutetica da sauacutede coletiva
48
Nessa perspectiva eacute de suma importacircncia uma equipe interdisciplinar para promoccedilatildeo
da assistecircncia aos problemas de sauacutede do indiviacuteduo reforccedilando-se a necessidade de
profissionais generalistas que atendam a todas as necessidades de sauacutede faixas etaacuterias e fases
do desenvolvimento humano (BRASIL 2005c) Dessa forma o trabalho em equipe na ESF eacute
um dos pressupostos mais importantes para a reorganizaccedilatildeo do processo de trabalho com
possibilidade de uma abordagem mais integral e mais resolutiva
Lopes e Silva (2004) advertem sobre a necessidade do aprimoramento da equipe da
Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) e praacutetica das accedilotildees que implementem novos protocolos
de atenccedilatildeo agrave sauacutede adaptadas agraves novas realidades e ao perfil epidemioloacutegico da populaccedilatildeo Os
protocolos baseados na atualizaccedilatildeo teoacuterica e nos avanccedilos do conhecimento numa visatildeo
interdisciplinar proporcionam subsiacutedios necessaacuterios agrave adequaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica dos
processos terapecircuticos conferindo homogeneidade agraves condutas teacutecnicas tornando o
atendimento resolutivo e competente
Santos e Mattos (2011) enfatizam para a necessidade de os profissionais da ESF
fazerem uso de novas modalidades de cuidar com o escopo de melhorar a qualidade da
assistecircncia perpassando a simples cura da doenccedila e indo aleacutem desta a fim de aliviar o
sofrimento das pessoas e a carga de seus familiares Acrescentam ainda que a construccedilatildeo de
um modelo assistencial diferente e inovador necessariamente levaraacute em conta a valorizaccedilatildeo de
novos espaccedilos e de outras formas de organizaccedilatildeo das tecnologias
Dentre essas novas propostas de modalidades de cuidar destacam-se os Cuidados
Paliativos que emergem como uma praacutetica de implementaccedilatildeo tanto dos cuidados quanto da
organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede que precisam ser modificados para oferecer respostas aos
problemas que fazem sofrer as pessoas que apresentam enfermidades incuraacuteveis
Sob esse prisma os Cuidados Paliativos buscam dar uma resposta ativa aos problemas
necessidades e sofrimento gerados pela progressatildeo das doenccedilas crocircnicas e incuraacuteveis
procurando cada vez mais humanizar os cuidados de sauacutede prestados agraves pessoas acometidas de
enfermidades crocircnicas e seus familiares Assinala-se que essa praacutetica natildeo significa uma
intervenccedilatildeo apenas no final da vida mas sim uma abordagem estruturada para atender agraves
necessidades das pessoas em qualquer fase da enfermidade o mais precocemente possiacutevel
(SANTOS MATTOS 2011)
A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (2003) recomenda que a Atenccedilatildeo Baacutesica exerccedila um
papel fundamental tambeacutem nos cuidados continuados crocircnicos ou paliativos devendo ser o
principal responsaacutevel pela atenccedilatildeo aos pacientes e seus familiares e a base para o sistema de
49
referecircncia e contrarreferecircncia de forma que assegure a articulaccedilatildeo da continuidade dos cuidados
nos demais niacuteveis de atenccedilatildeo
Santos e Mattos (2011) concordam que os Cuidados Paliativos podem ser estruturados
na Atenccedilatildeo Baacutesica uma vez que a ESF eacute considerada um modelo de atenccedilatildeo primaacuteria
comprometido com a integridade da atenccedilatildeo agrave sauacutede focado na unidade familiar e compatiacutevel
com o contexto socioeconocircmico cultural e epidemioloacutegico da comunidade em que estaacute
inserida as equipes de sauacutede da famiacutelia
No acircmbito internacional a atenccedilatildeo primaacuteria de paiacuteses como Inglaterra Espanha
Canadaacute e Portugal vem integrando a poliacutetica de Cuidados Paliativos com a disseminaccedilatildeo de
capacitaccedilatildeo permanente para todos os profissionais da Sauacutede e com o estabelecimento de
poliacuteticas e protocolos assistenciais Quanto ao cenaacuterio nacional observa-se que o Ministeacuterio da
Sauacutede vem empreendendo um esforccedilo no sentido de elaborar diretrizes nacionais para a atenccedilatildeo
em Cuidados Paliativos e controle da dor crocircnica a fim de que estes sejam incorporados na
Atenccedilatildeo Baacutesica (SANTOS MATTOS 2011)
Floriani (2011) afirma que nos uacuteltimos dez anos o Ministeacuterio da Sauacutede realizou
diversas iniciativas com o propoacutesito de inserir os Cuidados Paliativos como uma importante
estrateacutegia de poliacutetica de Sauacutede Este fato ocorreu a partir de 1998 quando surgiram os centros
de alta complexidade em oncologia (CACONs) preconizando-se a necessidade de equipe
qualificada em Cuidados Paliativos tanto para tratamento em regime de internaccedilatildeo hospitalar
quanto para tratamento domiciliar Com tal iniciativa pretendeu-se incluir os Cuidados
Paliativos na assistecircncia oncoloacutegica do SUS
Mello e Caponero (2011) dizem que o Ministeacuterio da Sauacutede alerta para a necessidade
inicial de disseminaccedilatildeo da temaacutetica com o escopo de sensibilizar as pessoas em geral
sobretudo os profissionais da Sauacutede Haja vista que sua intenccedilatildeo eacute a de implementar Cuidados
Paliativos inclusive o controle da dor crocircnica nos diferenciados niacuteveis de atenccedilatildeo (baacutesica
especializada de meacutedia e alta complexidade) organizando a assistecircncia em linhas de cuidados
integrais (eletivo e de urgecircncia domiciliar ambulatorial e hospitalar)
Neste enfoque a magnitude social da demanda de Cuidados Paliativos no Brasil
mostra a necessidade de se estruturar uma rede integrada de serviccedilos que deve ser
regionalizada e hierarquizada estabelecendo uma linha de cuidados integrais e continuados
Floriani e Schramm (2007) afirmam que um dos aspectos mais desafiadores agrave
absorccedilatildeo pelo sistema de sauacutede dos Cuidados Paliativos estaacute na organizaccedilatildeo efetiva dos
recursos humanos Haja vista que a equipe precisa administrar uma seacuterie de fatores que nem
sempre poderatildeo estar padronizados e institucionalizados Esse eacute o caso dos conflitos de
50
natureza eacutetica como o respeito da confidencialidade introduccedilatildeo e retirada de medicamentos
que se apresentam quase invariavelmente na praacutetica dos Cuidados Paliativos
Rajagopal Mazza e Lipman (2003) referem tambeacutem problemas relativos agrave
comunicaccedilatildeo do diagnoacutestico e prognoacutestico ao paciente ao local do falecimento do paciente
uma vez que esta eacute uma questatildeo que costuma estressar bastante o cuidador e a famiacutelia agrave
confidencialidade das informaccedilotildees dentre outros Consideram fundamental que a equipe
busque uma uniformidade em seu discurso e dialogue abertamente com o paciente com seu
cuidador e com a famiacutelia
Portanto eacute necessaacuterio agrave praacutetica de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica que o
profissional da Sauacutede conheccedila e domine procedimentos claacutessicos em Cuidados Paliativos
como por exemplo o uso da via subcutacircnea para infusatildeo de medicamentos e para hidrataccedilatildeo e
saiba reconhecer quando o paciente estaacute na fase terminal de sua doenccedila A ausecircncia deste tipo
especiacutefico de competecircncia eacute motivo de profundos mal-entendidos geradores de distorccedilotildees entre
os membros da equipe o que gera em uacuteltima instacircncia inseguranccedila ao paciente e
especialmente ao cuidador e aos membros da famiacutelia
Diante de tais problemas Florioni e Schramm (2007) enfatizam a necessidade da
incorporaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na rede de Atenccedilatildeo Baacutesica que pode desempenhar um
papel relevante nos cuidados no fim da vida especialmente em aacutereas onde natildeo haacute centros de
referecircncia em Cuidados Paliativos Chamam a atenccedilatildeo para algumas situaccedilotildees desafiadoras agraves
accedilotildees da equipe de Atenccedilatildeo Baacutesica na provisatildeo desses cuidados como os aspectos relacionados
com o cuidador familiar alguns conflitos de natureza eacutetica inerentes a esta atividade e relativos
agrave alocaccedilatildeo dos recursos humanos disponiacuteveis
Os autores mencionados acrescentam que os cuidados no fim da vida encerram um
campo de grandes conflitos morais para a equipe que assiste o paciente como por exemplo
aqueles relativos ao planejamento de investir no tratamento agrave retirada de suporte de vida (como
alimentos e liacutequidos) agrave eutanaacutesia entre outros
Todavia a implantaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar no sistema de sauacutede brasileiro
constitui-se uma tarefa desafiadora aos gestores da Sauacutede apresentando-se de forma lenta e
desarticulada Salienta-se que existem importantes obstaacuteculos tanto de ordem operacional
quanto de ordem eacutetica e cultural que precisam ser enfrentados tais como precaacuteria formaccedilatildeo de
recursos humanos a falta de visatildeo dos gestores a respeito da importacircncia dos Cuidados
Paliativos e a dificuldade de acesso a medicamentos especialmente opioides (FLORIANI
2011)
51
Diante dessa realidade o sistema de sauacutede brasileiro tem a difiacutecil tarefa de ir agrave busca
de um modelo sustentaacutevel de cuidados no fim da vida do ponto de vista operacional
organizado de modo que possa ser acessiacutevel nos mais diferentes contextos do paiacutes sendo
portanto necessaacuteria a promoccedilatildeo de uma assistecircncia humanizada pautada na filosofia dos
Cuidados Paliativos
52
4 Trajetoacuteria metodoloacutegica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
53
4 TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA
No presente capiacutetulo discorreremos sobre o caminho metodoloacutegico percorrido para
concretizaccedilatildeo desta pesquisa Segundo Minayo (2010) o caminho metodoloacutegico eacute uma
apresentaccedilatildeo didaacutetica do tratamento dos dados o qual acontece mediante um processo contiacutenuo
e simultacircneo com passos articulados e complementares entre si visando-se apreender a
realidade tal como se apresenta aos olhos do pesquisador levando este agrave reflexatildeo com o suporte
do referencial teoacuterico Dessa forma a metodologia eacute a previsatildeo dos recursos necessaacuterios e
procedimentos para se atingir os objetivos propostos e responder agraves questotildees de pesquisa
estabelecidas
Para o desenvolvimento desta pesquisa considerando os objetivos propostos e o tema
em foco optamos pela pesquisa exploratoacuteria com abordagem qualitativa Na concepccedilatildeo de
Polit Beck e Hungler (2004) a pesquisa exploratoacuteria busca explorar as dimensotildees do
fenocircmeno a maneira pela qual este eacute manifestado e outros fatores com os quais se relaciona
Gil (2010) afirma que este tipo de pesquisa proporciona maior familiaridade com a
problemaacutetica objetivando-se tornaacute-la mais expliacutecita ou construir hipoacuteteses aprimorando-se
ideias ou a descobertas de intuiccedilotildees
Polit Beck e Hungler (2004) acrescentam que em estudos de natureza qualitativa o
investigador amplia a sua experiecircncia no fenocircmeno encontrando-se elementos necessaacuterios que
permitam o contato dele com determinada populaccedilatildeo e a obtenccedilatildeo de resultados que ele deseja
Nesta modalidade de pesquisa parte-se da premissa de que os conhecimentos sobre os
indiviacuteduos somente acontecem a partir de dados empiacutericos jaacute disponiacuteveis e apreensiacuteveis pela
descriccedilatildeo da experiecircncia humana vivida e determinada pelos seus proacuteprios sujeitos
Quanto ao cenaacuterio da pesquisa este foi desenvolvido no municiacutepio de Joatildeo Pessoa
(PB) em unidades de sauacutede da famiacutelia pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV Vale ressaltar que
neste municiacutepio a estrutura da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia foi implantada no ano 2000
inicialmente com a instalaccedilatildeo de sete equipes Conta atualmente com cento e oitenta equipes
A ampliaccedilatildeo desse nuacutemero teve por objetivo o de expandir a cobertura territorial e populacional
das accedilotildees baacutesicas de sauacutede (JOAtildeO PESSOA 2010)
A cobertura populacional da ESF cresceu de 727 em 2005 para 81 (563609) das
pessoas cadastradas ou ainda 144634 famiacutelias da populaccedilatildeo total de Joatildeo Pessoa (693082
habitantes) em 2008 Essa cobertura superou a meta de 80 preconizada pelo Ministeacuterio da
Sauacutede e representou a segunda maior no ano de 2007 em comparaccedilatildeo com outras capitais
brasileiras sendo a primeira observada em Aracaju com 966 Deveu-se a fatores como o
54
processo de territorializaccedilatildeo e remapeamento das aacutereas de abrangecircncia das equipes de sauacutede da
famiacutelia implantaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do apoio matricial (JOAtildeO PESSOA 2008)
No que diz respeito ao atendimento prestado aos muniacutecipes da Capital as accedilotildees de
sauacutede atualmente satildeo coordenadas no espaccedilo dos distritos sanitaacuterios A ldquorederdquo de serviccedilos de
sauacutede do municiacutepio de Joatildeo Pessoa estaacute distribuiacuteda territorialmente em cinco distritos sanitaacuterios
(DS I DS II DS III DS IV e DS V) que recortam toda a extensatildeo territorial da referida cidade
e compreendem o primeiro niacutevel de organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede denominado
Atenccedilatildeo Baacutesica Em cada distrito existe um diretor geral um diretor teacutecnico um diretor
administrativo e um grupo de apoiadores matriciais Este uacuteltimo eacute constituiacutedo por profissionais
que satildeo responsaacuteveis pela conduccedilatildeo tecnopoliacutetica das accedilotildees desenvolvidas no territoacuterio
A figura 1 a seguir mostra a localizaccedilatildeo dos cinco distritos sanitaacuterios e as respectivas
USFs de acordo com as regiotildees geograacuteficas do municiacutepio de Joatildeo Pessoa
Figura 1 ndash Representaccedilatildeo geograacutefica da localizaccedilatildeo das USFs de Joatildeo Pessoa (2010)
Fonte ndash Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
55
Atualmente os distritos sanitaacuterios de Joatildeo Pessoa contam com 125 USFs
comportando como jaacute foi dito 180 equipes de sauacutede da famiacutelia Esse nuacutemero tende a ser
crescente tendo em vista a necessidade de ampliaccedilatildeo do nuacutemero de unidades para atender agrave
elevada demanda decorrente do aumento populacional neste municiacutepio (JOAtildeO PESSOA
2010)
Ressaltamos que esta rede da Atenccedilatildeo Baacutesica ainda eacute composta por cinco unidades
que funcionam como referecircncia para a populaccedilatildeo descoberta da ESF assegurando o princiacutepio
da universalidade do SUS Satildeo estas Unidade Baacutesica de Mandacaru Unidade de Sauacutede das
Praias Unidade de Sauacutede Lourival Gouveia de Moura Unidade de sauacutede Maria Luiza Targino
e Unidade de Sauacutede Francisco das Chagas Aleacutem disso dispotildee da oferta de consultas e
procedimentos nas cliacutenicas baacutesicas nos Centros de Atenccedilatildeo Integral agrave Sauacutede (CAIS) dos bairros
de Mangabeira Jaguaribe e Cristo
Conforme foi assinalado o cenaacuterio da pesquisa ocorreu especificamente no Distrito
Sanitaacuterio IV Este eacute composto por vinte e nove unidades distribuiacutedas pelos seguintes bairros
Roger Tambiaacute Centro Mandacaru Alto do Ceacuteu Varadouro Bairro dos Estados Bairro dos
Ipecircs Torre Trincheiras Ilha do Bispo e Treze de Maio como mostra a figura 2 a seguir
Figura 2 ndash Mapa do territoacuterio do Distrito Sanitaacuterio IV (2010)
Fonte ndash Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
56
Cumpre assinalar que elegemos o Distrito Sanitaacuterio IV como cenaacuterio de estudo em
virtude de sua localizaccedilatildeo ser de faacutecil acesso e ele ser considerado o segundo distrito a
apresentar um alto coeficiente de mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em 2009
(destacado no graacutefico 1) sendo uma realidade que sinaliza para a premente necessidade de
assistecircncia pautada nos Cuidados Paliativos
Graacutefico 1 ndash Coeficiente de Mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em 2009 Comparativo entre
Joatildeo Pessoa e Distritos Sanitaacuterios
Fonte Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
No referido distrito foi implantada a assistecircncia domiciliar com a finalidade de
garantir dentro dos princiacutepios do SUS a continuidade da assistecircncia em domiciacutelio visando-se
tambeacutem o restabelecimento e a manutenccedilatildeo da sauacutede dos usuaacuterios aleacutem da promoccedilatildeo de sua
autonomia independecircncia e participaccedilatildeo no seu contexto social por meio do desenvolvimento e
adaptaccedilatildeo de funccedilotildees elevando-se sua qualidade de vida e reduzindo-se as reinternaccedilotildees e
consequentemente os riscos impostos aos usuaacuterios familiares e cuidadores
Para a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a assistecircncia domiciliar eacute compreendida como
a provisatildeo de serviccedilos de sauacutede por prestadores formais e informais com o objetivo de
promover restaurar e manter o conforto funccedilatildeo e sauacutede das pessoas num niacutevel maacuteximo
inclusive cuidados para uma morte digna (BRASIL 2006)
Destarte acreditando numa aproximaccedilatildeo maior dos profissionais que compotildeem esse
distrito com os Cuidados Paliativos escolhemos o respectivo cenaacuterio para subsidiar a pesquisa
Os participantes da pesquisa foram trinta profissionais da aacuterea da Sauacutede de niacutevel
superior vinculados agraves unidades de sauacutede da famiacutelia do Distrito Sanitaacuterio IV no municiacutepio de
57
Joatildeo Pessoa distribuiacutedos da seguinte forma dez meacutedicos dez enfermeiros e dez cirurgiotildees-
dentistas Assinalamos que este nuacutemero foi considerado suficiente por quanto na pesquisa de
natureza qualitativa conforme explicita Moreira (2004) valoriza-se a qualidade com que o
fenocircmeno ocorre e natildeo a quantidade Nessa linha de pensamento Costa e Valle (2000)
assinalam que na pesquisa de natureza qualitativa natildeo importa a quantidade de participantes
envolvidos em uma investigaccedilatildeo e sim o aprofundamento qualitativo do fenocircmeno pesquisado
Minayo (2010) ao discutir a amostragem na pesquisa qualitativa afirma que nesta
haacute uma preocupaccedilatildeo menor com a generalizaccedilatildeo Na verdade haacute necessidade de um maior
aprofundamento e abrangecircncia da compreensatildeo Entatildeo para esta abordagem o criteacuterio
fundamental natildeo eacute o quantitativo mas sua possibilidade de incursatildeo ou seja eacute essencial que o
pesquisador seja capaz de compreender o objeto de estudo Logo a quantidade da amostra deve
permitir que haja a reincidecircncia de informaccedilotildees ou saturaccedilatildeo dos dados situaccedilatildeo ocorrida
quando nenhuma informaccedilatildeo nova eacute acrescentada com a continuidade do processo de pesquisa
Para a seleccedilatildeo da amostra utilizou-se como criteacuterios de inclusatildeo selecionar o
profissional da aacuterea da Sauacutede ndash meacutedico enfermeiro e cirurgiatildeo-dentista ndash que estivesse atuando
no distrito escolhido para o estudo no momento da coleta de dados incluir soacute quem tivesse no
miacutenimo um ano de atuaccedilatildeo profissional naquele local soacute incluir aquele que aceitasse participar
do estudo
Para a obtenccedilatildeo do material empiacuterico inicialmente optamos pela teacutecnica de entrevista
com a utilizaccedilatildeo do sistema de gravaccedilatildeo contudo alguns participantes solicitaram que natildeo
fosse empregada a referida teacutecnica
Diante da referida solicitaccedilatildeo aplicamos um formulaacuterio contendo perguntas
pertinentes aos objetivos propostos para a pesquisa Este instrumento foi composto de duas
partes a primeira abordou questotildees sobre dados soacutecio-demograacuteficos versando-se a conhecer o
perfil do profissional a segunda formulou questotildees voltadas mais diretamente aos Cuidados
Paliativos (APEcircNDICE A)
O material empiacuterico advindo destes profissionais foi codificado a partir da categoria
profissional a fim de se manter o anonimato deles Dessa forma os depoimentos oriundos dos
profissionais meacutedicos foram identificados pela letra ldquoMrdquo seguido de nuacutemeros de um a dez
Exemplo o primeiro profissional meacutedico foi codificado da seguinte maneira ldquoM1rdquo o segundo
profissional meacutedico ldquoM2rdquo e assim sucessivamente Em relaccedilatildeo ao profissional enfermeiro foi
atribuiacutedo o coacutedigo ldquoErdquo tambeacutem seguido de nuacutemeros de um a dez como terceiro profissional
enfermeiro ldquoE3rdquo Por fim ao profissional cirurgiatildeo-dentista foi determinada a letra ldquoDrdquo
58
acrescida do nuacutemero um a dez a fim de se destacar o profissional responsaacutevel por aquele
depoimento
A coleta de dados foi iniciada apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo Comitecirc de
Eacutetica em Pesquisa do Hospital Universitaacuterio Lauro Wanderlei da Universidade Federal da
Paraiacuteba sob o protocolo de nordm 77710 Sendo assim obedeceu-se aos procedimentos eacuteticos
relativos agrave Pesquisa Envolvendo Seres Humanos no cenaacuterio brasileiro referenciados nas
Diretrizes e Normas Regulamentadoras dispostas na Resoluccedilatildeo Nordm 19696 do Conselho
Nacional de Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2007)
A aproximaccedilatildeo com os participantes da pesquisa foi feita inicialmente mediante um
contato preacutevio com a Diretora do Distrito Sanitaacuterio IV do Municiacutepio de Joatildeo Pessoa a qual foi
informada acerca da proposta da pesquisa para que pudesse encaminhar a pesquisadora aos
profissionais de niacutevel superior da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia e lhes apresentasse o referido
projeto
Em seguida foi realizado um encontro entre a pesquisadora e os profissionais da
Sauacutede pertencentes a este Distrito Neste encontro foram abordados os objetivos do estudo
justificativa e procedimentos metodoloacutegicos
Nesta ocasiatildeo a pesquisadora apresentou aos participantes o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) ressaltando a liberdade de participar ou natildeo do
estudo e de desistir dele em qualquer momento da investigaccedilatildeo sem que isto lhes acarretasse
qualquer prejuiacutezo ou constrangimento A pesquisadora os esclareceu sobre a garantia do
anonimato do participante e da confidenciabilidade nos dados fornecidos Aleacutem disso
enfatizou a contribuiccedilatildeo da pesquisa para o reconhecimento da valoraccedilatildeo dos Cuidados
Paliativos pela equipe de sauacutede da famiacutelia
Os dados obtidos por meio do instrumento proposto foram agrupados e analisados
mediante a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo Esta eacute compreendida como um conjunto de teacutecnicas
de anaacutelise das comunicaccedilotildees que tem por finalidade a de obter procedimentos sistemaacuteticos e
objetivos de descriccedilatildeo do conteuacutedo e indicadores das mensagens os quais possibilitam a
induccedilatildeo de informaccedilotildees sobre as categorias de produccedilatildeo destas mensagens (BARDIN 2008)
Como unidade de registro para anaacutelise do material empiacuterico optamos pela anaacutelise de
conteuacutedo temaacutetica Nesta de acordo com Bardin (2008) a noccedilatildeo de tema eacute amplamente
utilizada e se constitui a unidade de significaccedilatildeo que emerge de um texto analisado segundo
determinados criteacuterios relativos agrave teoria que serve de guia para a leitura A mesma autora
afirma ainda que a noccedilatildeo de tema estaacute relacionada com uma afirmaccedilatildeo sobre determinado
assunto e que este tema pode ser uma palavra uma frase um resumo
59
Portanto fazer uma anaacutelise temaacutetica consiste em descobrir os nuacutecleos de sentidos que
compotildeem a comunicaccedilatildeo cuja presenccedila ou frequecircncia de apariccedilatildeo pode significar alguma coisa
para o objetivo analiacutetico escolhido Esta autora esclarece tambeacutem que a anaacutelise temaacutetica eacute
geralmente empregada para estudar as motivaccedilotildees as atitudes os valores as crenccedilas as
tendecircncias entre outros aspectos
Minayo (2010) acrescenta que ao tratar-se de modalidade temaacutetica que busca os
significados do fenocircmeno investigado no material qualitativo coletado mediante as falas dos
sujeitos elucida-se o ldquotemardquo como unidade de significado ndash o que possibilita desvelar os
ldquonuacutecleos do sentidordquo os quais contemplam as formas de comunicaccedilatildeo estabelecidas entre os
sujeitos da pesquisa
A autora ressalta que a operacionalizaccedilatildeo da teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo ocorre em
trecircs etapas a preacute-anaacutelise a exploraccedilatildeo do material e o tratamento dos resultados
A fase de preacute-anaacutelise eacute conceituada como a fase de organizaccedilatildeo propriamente dita dos
dados coletados Eacute neste momento (de acordo com os objetivos e questotildees do estudo) que se
define a unidade de registro a unidade de contexto os trechos significativos e as categorias
Esta fase pressupotildee o contato inicial com o material e com a escolha deste sendo portanto
realizada uma leitura flutuante com a finalidade de facilitar a compreensatildeo do fenocircmeno
investigado visando-se a alcanccedilar um entendimento mais aprofundado (MINAYO 2010)
Seguindo essas orientaccedilotildees selecionamos o material a ser analisado e em seguida
realizamos a transcriccedilatildeo na iacutentegra das respostas correspondentes aos questionamentos
propostos para o estudo Em seguida procedemos a sucessivas leituras de modo atento com
movimentos de ir e vir nos textos como forma de obter uma melhor compreensatildeo do conteuacutedo
abordado pelos profissionais inseridos no estudo
A fase denominada exploraccedilatildeo do material eacute compreendida como o momento extenso
do estudo podendo haver necessidade de realizar diversas leituras de um mesmo material
(MINAYO 2010) Por conseguinte durante esta etapa trabalhamos de maneira
individualizada com uma questatildeo comum a todos os participantes e assim deu sequecircncia agraves
outras necessitando dessa forma como jaacute foi dito um maior movimento de ir e vir nos textos
no intuito de encontrar um mesmo ponto relevante apresentado numa mesma questatildeo comum a
todos
Logo em seguida destacamos os pontos convergentes com a finalidade de identificar o
significado e o sentido de cada fragmento dos discursos trabalhados Tal atividade possibilitou
explorar o material apresentado para se chegar agrave categorizaccedilatildeo Esta permite o pesquisador
60
ldquo[] agrupar elementos ideias ou expressotildees em torno de um conceitordquo (MINAYO 2010 p
70) capaz de contemplar a essecircncia do mesmo
Para tanto foram realizadas incessantes releituras dos conteuacutedos transcritos do
material empiacuterico coletado procurando-se identificar e realccedilar os seguimentos dos discursos
correspondentes expressos no universo de cada foco comum das questotildees trabalhadas em seus
vaacuterios sentidos
Em seguida esses dados foram compilados agregando-se os trechos dos pontos
convergentes e os de cada questatildeo abordada com seu respectivo foco comum Desse modo foi
possiacutevel identificar as seguintes categorias temaacuteticas Cuidados Paliativos ndash aspectos
conceituais e modalidades terapecircuticas com suas respectivas subcategorias ndash Cuidados
Paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de cura
modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees
O tratamento dos resultados eacute caracterizado como a fase em que se tenta desvendar o
conteuacutedo subjacente ao que estaacute sendo manifesto buscando-se compreender as caracteriacutesticas
do fenocircmeno analisado Durante esta fase satildeo abordadas as inferecircncias e interpretaccedilotildees
anunciadas no referencial teoacuterico do estudo proposto culminando-se em novas descobertas
sendo isto um alicerce para novas dimensotildees teoacutericas ante o fenocircmeno investigado (MINAYO
2010)
Na anaacutelise final a pesquisadora realizou a articulaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo do material
empiacuterico com base na literatura pertinente ao tema em estudo a fim de proceder agrave descriccedilatildeo
dos dados obtidos a partir dos relatos dos profissionais inseridos na pesquisa bem como
conjeturar novas possibilidades acerca da investigaccedilatildeo proposta
61
5 Apresentaccedilatildeo dos dados e
discussatildeo dos resultados
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
62
Este capiacutetulo tem por objetivo o de apresentar dados relacionados com os participantes
inseridos no estudo os quais viabilizaram a realizaccedilatildeo deste estudo Em seguida seratildeo
apresentadas as categorias e subcategorias temaacuteticas que emergiram do material empiacuterico do
estudo mediante a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (2008)
51 APRESENTACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA
Esta investigaccedilatildeo foi realizada com os profissionais da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV constituiacuteda por uma amostra de trinta sujeitos sendo dez
enfermeiros dez meacutedicos e dez cirurgiotildees-dentistas Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria observamos
uma variaccedilatildeo entre os vinte e oito e os setenta e trecircs anos Os referidos participantes concluiacuteram
a formaccedilatildeo acadecircmica entre 1967 e 2009 Ressaltamos que a instituiccedilatildeo de ensino de maior
prevalecircncia foi a Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB)
Em relaccedilatildeo agrave titulaccedilatildeo averiguamos que vinte e quatro dos profissionais inseridos no
presente estudo satildeo especialistas Dentre esta amostra treze possuem cursos lato sensu em
aacutereas relacionadas com a atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo Baacutesica como Sauacutede da Famiacutelia Sauacutede Puacuteblica e
Sauacutede Coletiva Segundo Gil (2005) desde a deacutecada de 1990 com a criaccedilatildeo do PSF tem sido
unacircnime o reconhecimento acerca da importacircncia de construir um novo modo de fazer sauacutede e
ao mesmo tempo a constataccedilatildeo de que o perfil dos profissionais formados natildeo se encontra
bastante adequado a habilitaacute-los para uma atuaccedilatildeo na perspectiva da atenccedilatildeo integral agrave sauacutede
nas praacuteticas que contemplem accedilotildees de promoccedilatildeo proteccedilatildeo prevenccedilatildeo atenccedilatildeo precoce cura e
reabilitaccedilatildeo
Para tanto o Ministeacuterio da Sauacutede criou em 2000 os cursos de especializaccedilatildeo e
residecircncia multiprofissional em Sauacutede da Famiacutelia Esses cursos tiveram a finalidade de dar
suporte teoacuterico e praacutetico aos profissionais jaacute inseridos nas equipes e oferecer em especial aos
receacutem-egressos dos cursos de Medicina e Enfermagem uma formaccedilatildeo mais voltada agraves
necessidades do PSF Outro objetivo para a criaccedilatildeo desses cursos foi o de estimular no interior
das universidades e das escolas estaduais de sauacutede puacuteblica a inserccedilatildeo de conteuacutedos pertinentes
agrave Sauacutede da Famiacutelia nos programas de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu (GIL 2005)
Quanto ao tempo de atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo Baacutesica especificamente na Estrateacutegia Sauacutede
da Famiacutelia os profissionais referiram o periacuteodo de dois a vinte anos de atuaccedilatildeo nesta aacuterea
63
52 APRESENTACcedilAtildeO DO MATERIAL EMPIacuteRICO DO ESTUDO
O material empiacuterico do estudo eacute oriundo das seguintes questotildees norteadoras
Que vocecirc entende por Cuidados PaliativosNo seu entendimento quais as
modalidades terapecircuticas empregadas nos Cuidados Paliativos Na sua visatildeo quais os
profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Na sua concepccedilatildeo que eacute necessaacuterio para se viabilizar a implantaccedilatildeo de Cuidados Paliativos
na Atenccedilatildeo Baacutesica
As respostas obtidas a partir destas questotildees possibilitaram a construccedilatildeo de duas
categorias apresentadas a seguir
CUIDADOS PALIATIVOS ASPECTOS CONCEITUAIS E MODALIDADES
TERAPEcircUTICAS
Nesta categoria seratildeo destacados trechos dos depoimentos dos profissionais da Sauacutede
inseridos no estudo acerca da compreensatildeo deles sobre Cuidados Paliativos Em seguida seraacute
evidenciado o entendimento dos participantes a respeito das modalidades terapecircuticas
empregadas nessa modalidade de cuidar Desta temaacutetica surgiram duas subcategorias
ldquoCuidados paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de
curardquo e ldquoModalidades terapecircuticas em cuidados paliativosrdquo
Cuidados Paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de
cura
Os Cuidados Paliativos ao contraacuterio do que se pensa natildeo representam uma omissatildeo de
tratamentos e cuidados eles tecircm sua filosofia baseada na prestaccedilatildeo de cuidados que avaliam o
paciente dentro das dimensotildees que o compotildeem (biopsiacutequico-social-espiritual) e nos cuidados que
podem ser atribuiacutedos a esse paciente de modo que lhe ofereccedilam o conforto e o aliacutevio necessaacuterio
procurando atenuar os efeitos de uma situaccedilatildeo fisioloacutegica desfavoraacutevel originada por um quadro
patoloacutegico que natildeo responde mais a intervenccedilotildees terapecircuticas curativas (OLIVEIRA SAacute SILVA
2007)
Arauacutejo (2011) assinala que o conhecimento e praacutetica dos profissionais da Sauacutede sobre
os Cuidados Paliativos natildeo apenas no Brasil mas em acircmbito mundial estatildeo atrelados a alguns
fatores que tecircm contribuiacutedo para o crescimento exponencial do interesse Um dos fatores a ser
64
ponderado foi a reformulaccedilatildeo do conceito de Cuidados Paliativos feita pela Organizaccedilatildeo
Mundial de Sauacutede (OMS) em 2002 Essa revisatildeo modificou o objeto dos Cuidados Paliativos
de pacientes oncoloacutegicos sem prognoacutestico de cura para pacientes acometidos por doenccedilas
crocircnicas que natildeo respondem ao tratamento curativo
Dessa forma o cuidado que ateacute entatildeo era destinado exclusivamente aos pacientes com
cacircncer passou a ser preconizado e praticado tambeacutem a pacientes portadores de doenccedilas
cronodegenerativas (doenccedilas cardiacuteacas respiratoacuterias neuroloacutegicas renais infectocontagiosas
como a AIDS) quando estas estatildeo em fase avanccedilada e natildeo mais responsiva a tratamentos
curativos visando-se ao aliacutevio da dor e sofrimento que tratamentos invasivos e pouco
resolutivos causam nesta etapa
Com a referida revisatildeo referindo-se a pacientes com patologias crocircnicas profissionais
da Sauacutede das mais diversas aacutereas tecircm entrado em contato com a filosofia paliativista ao
buscarem cuidado de melhor qualidade com os pacientes em estaacutegio avanccedilado de patologias
que ainda natildeo satildeo passiacuteveis de cura
Com base nesse entendimento fica evidenciada a importacircncia da praacutetica dos Cuidados
Paliativos para assistir pacientes sem possibilidades terapecircuticas de cura e em fase terminal
Isto pode ser constatado nos trechos dos depoimentos dos participantes do estudo a seguir
Cuidados paliativos satildeo aqueles em que quando jaacute se esgotaram todas as possibilidades
de cura da doenccedila o paciente continua sendo assistido pelos profissionais da Sauacutede para
que o mesmo tenha uma morte menos sofrida (M2)
Satildeo aqueles oferecidos com objetivo de minorar o sofrimento uma vez que satildeo usados em
casos que natildeo haacute resoluccedilatildeo ou seja cura total (M5)
Satildeo cuidados que proporcionam uma melhora no quadro patoloacutegico do enfermo
aliviando o sofrimento fiacutesico e espiritual (M8)
Satildeo cuidados prestados aos pacientes em estado terminal que visam proporcionar uma
melhor qualidade de vida [] (D3)
[] cuidados paliativos satildeo aqueles cuidados para pacientes terminais idosos e
especiais que precisam mais de carinho e amor que o proacuteprio medicamento (D5)
Consiste na assistecircncia promovida por uma equipe interdisciplinar com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida do paciente terminal (D9)
Cuidados prestados com a finalidade de diminuir a dor ou sofrimento do paciente (E1)
Satildeo cuidados direcionados a pacientes terminais acamados para minimizar o sofrimento
(E4)
65
Satildeo tentativas de prevenccedilatildeo da progressatildeo dos problemas decorrentes de doenccedilas
prolongadas e incuraacuteveis diminuindo o sofrimento e proporcionando melhor qualidade
de vida ao paciente (E8)
Assistecircncia cujo objetivo eacute o de aliviar a dor melhorar a qualidade de vida diante de uma
enfermidade que natildeo tem cura ou ameaccedila a vida (E9)
Esses trechos dos depoimentos satildeo demonstrativos da valoraccedilatildeo da praacutetica dos
Cuidados Paliativos para se propiciar uma assistecircncia humanizada e direcionada a pacientes
com doenccedilas incuraacuteveis e em fase terminal com vistas agrave promoccedilatildeo da qualidade de vida e
minimizaccedilatildeo do sofrimento em decorrecircncia de doenccedila terminal Dessa forma constatamos que
os meacutedicos os cirurgiotildees-dentistas e os enfermeiros todos inseridos no estudo consideram os
Cuidados Paliativos como cuidados de conforto para o paciente cuidado para boa morte
cuidado biopsiacutequicoespiritual e cuidado interdisciplinar
As ponderaccedilotildees apresentadas estatildeo em consonacircncia com a afirmativa de Caponero
(2002) ao ressaltar que os Cuidados Paliativos fundamentam-se em uma concepccedilatildeo global e
ativa do tratamento compreendendo a atenccedilatildeo aos aspectos fiacutesicos sociais e espirituais das
pessoas que estatildeo com doenccedila incuraacutevel
Sousa et al (2010) assinalam que os Cuidados Paliativos constituem um campo
interdisciplinar de cuidados totais ativos e integrais dispensados aos pacientes com doenccedilas
avanccediladas e sem possibilidades de cura desde o estado inicial ateacute agrave fase terminal
Nessa linha de pensamento merecem destaque alguns depoimentos dos participantes
da pesquisa no que se refere aos grupos de pacientes que necessitam de Cuidados Paliativos a
saber pacientes em fase terminal e sem possibilidades terapecircuticas de cura como evidenciam
os trechos a seguir
[] pacientes que se encontram hospitalizados os quais jaacute estatildeo em estaacutegios avanccedilados
da doenccedila (M2)
Pacientes em fase terminal ou cacircncer e patologias crocircnicas insuficiecircncia renal e
hepaacutetica (M5)
Pacientes em estaacutegio terminal ou acamados por doenccedilas crocircnicas (ex AVC) [] (M8)
Aleacutem dos pacientes que se encontram em fase terminal de doenccedilas como o cacircncer []
bem como aqueles que sofrem de doenccedilas irreversiacuteveis com pouca sobrevida ou com
prognoacutestico desfavoraacutevel a sua cura (D3)
[]pacientes desenganados(D6)
66
Satildeo destinados ao paciente em fase terminal como por exemplo os pacientes
oncoloacutegicos e ainda pacientes com doenccedilas crocircnicodegenerativas (D10)
Na minha opiniatildeo pode ser aplicado em qualquer pessoa que esteja com um problema de
sauacutede e em que se natildeo for possiacutevel fazer tratamento definitivo ou cura (E1)
Idosos ou pacientes acamados ou restritos ao leito por algum motivo ou que foram
desenganados pela Medicina (E2)
Insuficiecircncia renal cardiacuteaca e respiratoacuteria pacientes com insuficiecircncia hepaacutetica
doenccedilas neuroloacutegicas degenerativas e graves e tambeacutem o portador de AIDS (E8)
Esses depoimentos deixam transparecer de modo enfaacutetico a compreensatildeo de
meacutedicos cirurgiotildees-dentistas e enfermeiros da ESF todos envolvidos no estudo dos grupos
que necessitam destes cuidados especiais para pacientes que se encontram acometidos por
doenccedilas incuraacuteveis bem como pacientes em fase de terminalidade
Sousa et al (2010) afirmam que a inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na praacutetica
assistencial eacute primordial para se estabelecer um cuidado em que satildeo adotadas medidas
humanizadas direcionadas aos pacientes terminais e sem possibilidades terapecircuticas de cura
tanto no iniacutecio da doenccedila como em sua fase final Entende-se assim que tais cuidados
baseiam-se na concepccedilatildeo de que o paciente mesmo estando em estado terminal pode fazer da
vida uma experiecircncia de crescimento e realizaccedilatildeo Isto porque na vida ele natildeo se resume
somente a um corpo fiacutesico em que na condiccedilatildeo de terminalidade nada pode ser feito mas tem
o direito de receber o melhor cuidado com uma assistecircncia que lhe promova qualidade de vida
e manutenccedilatildeo do conforto e atue no auxiacutelio das funccedilotildees fisioloacutegicas respeitando-se as suas
necessidades de maneira humanizada
Dessa maneira tais cuidados envolvem um processo interior de busca e despertar de
valores sempre que a ocasiatildeo se origina de um envolvimento de um cuidado empaacutetico e natildeo
somente de um cuidado diretivo e teacutecnico Nesta maneira de cuidar o profissional da Sauacutede
busca propiciar uma assistecircncia humaniacutestica ao paciente e seus familiares
A literatura dos Cuidados Paliativos realccedila a presenccedila dos familiares como elemento
colaborador no cuidar do paciente sendo este considerado participante ativo no planejamento
de todo cuidado a ser implementado (MELO FIGUEIREDO 2006) Por conseguinte eacute
imprescindiacutevel que o profissional da ESF compreenda que a famiacutelia tambeacutem necessita de
cuidados
Tal relevacircncia foi apontada por alguns participantes do estudo ao assinalarem que os
Cuidados Paliativos podem ldquo[] ajudar a famiacutelia a lidar com a doenccedila e o doenterdquo (E9) ldquo[]
67
visam proporcionar uma melhor qualidade de vida com menos sofrimento para ele e seus
familiaresrdquo (D3) e ldquo[] eacute a assistecircncia interdisciplinar que tem como objetivo melhorar a
qualidade de vida do paciente e sua famiacutelia diante de uma doenccedila que ameaccedila sua vidardquo (D10)
Arauacutejo (2011) pondera que a famiacutelia eacute muito valorizada no acircmbito dos Cuidados
Paliativos porque aleacutem de configurar-se como fonte de apoio e estiacutemulo para o paciente no
enfrentamento do processo de adoecimento e morte mostra-se como uma continuidade do
proacuteprio paciente representando seus valores e demandas em situaccedilotildees que ele natildeo pode
resolver por si proacuteprio
Neste sentido os Cuidados Paliativos visam ao controle dos sofrimentos fiacutesicos
emocionais espirituais e sociais do paciente e sua famiacutelia na presenccedila de doenccedilas sem
possibilidades terapecircuticas de cura Os profissionais que implementam em sua assistecircncia os
Cuidados Paliativos devem assimilar diferenciadas formas de cuidado destacando a busca de
uma relaccedilatildeo dialoacutegica associada ao saber ouvir com o paciente e com a famiacutelia reforccedilada pelo
viacutenculo e pela confianccedila entre o profissional e o pacientefamiacutelia
Em pesquisa desenvolvida por Santos (2009) constatou-se que se o paciente estaacute bem
cuidado confortado e respeitado o familiar sente-se cuidado tambeacutem O estudo esclarece ainda
que o familiar quando se envolve no processo de cuidado de seu parente percebe que o estaacute
acolhendo e cuidando
Sendo assim na abordagem dos Cuidados Paliativos o envolvimento da famiacutelia eacute
primordial retomando-se o sentido de que esta exerce um importante papel no crescimento e
desenvolvimento dos indiviacuteduos e na recuperaccedilatildeo da sauacutede (FERREIRA SOUZA STUCHI
2008)
Ferreira Chico e Hayhashi (2005) chamam a atenccedilatildeo para o fato de que quando um
indiviacuteduo recebe um diagnoacutestico de que a doenccedila estaacute fora de possibilidades de cura sua
famiacutelia sofre com ele e o impacto eacute sempre muito doloroso Em consequecircncia disso cada
famiacutelia pode manifestar reaccedilotildees distintas como negaccedilatildeo reserva ou fechamento ao diaacutelogo
Diante dessas ponderaccedilotildees observamos que a famiacutelia eacute aspecto fundamental para o
paciente que vivencia o processo de morrer sendo considerada fonte de apoio e estiacutemulo para o
enfrentamento de diversos problemas que permeiam esta situaccedilatildeo Arauacutejo (2006) assinala que a
rede familiar que apoia o paciente compreende natildeo apenas os seus consaguiacuteneos mas tambeacutem
as pessoas proacuteximas com quem ele possui um relacionamento mais estreito
Bielemann (2003) salienta que a famiacutelia eacute considerada um espaccedilo social cujos
membros interagem trocam informaccedilotildees e ao identificarem problemas de sauacutede apoiam-se
mutuamente Eacute um grupo social dinacircmico um sistema aberto para trocas cuja concepccedilatildeo varia
68
de acordo com a cultura e com o momento vivenciado Como unidade a famiacutelia representa mais
do que a soma de caracteriacutesticas individuais de seus membros
Arauacutejo (2006) em estudo que desenvolveu reconheceu por meio da visatildeo dos
participantes do estudo que o referido apoio pode ser sinocircnimo de forccedila suporte base alento
um porto seguro que independente das adversidades sempre estaraacute laacute para acolher e
aconchegar o membro que passa por um problema Portanto perante o sofrimento vivenciado
o apoio passa a ter sentido de encorajamento estiacutemulo incentivo forccedila que incita o indiviacuteduo a
lutar pela vida
Destarte independente do seu contexto a famiacutelia eacute apontada pela literatura como uma
das principais fontes de sustentaccedilatildeo e estiacutemulo para o enfrentamento de uma doenccedila
considerada terminal (KUumlBLER-ROSS 2002 SALES MOLINA 2004 MALUF MORI
BARROS 2005)
Eacute de fundamental importacircncia que os profissionais da aacuterea da Sauacutede inseridos no
contexto da Atenccedilatildeo Baacutesica compreendam o significado real da filosofia dos Cuidados
Paliativos promovendo a valorizaccedilatildeo do ser humano no processo sauacutede-doenccedila com o escopo
de sempre lhe propiciar uma melhor qualidade de vida quando natildeo existir mais possibilidade
terapecircutica bem como promover suporte aos seus familiares durante o estaacutegio da doenccedila e no
processo da morte e do morrer
No campo da filosofia dos Cuidados Paliativos outro aspecto merecedor de destaque
diz respeito agraves modalidades terapecircuticas Nesse sentido os profissionais envolvidos no estudo
evidenciaram algumas modalidades destacadas na subcategoria a seguir
Modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos
Eacute notoacuterio que os Cuidados Paliativos estatildeo constituindo um corpo de conhecimentos
que vem tornando-se objeto do trabalho dos profissionais da Sauacutede tendo em vista o aumento
da sobrevida de pacientes portadores de doenccedilas crocircnicas sendo essenciais para a promoccedilatildeo de
sua qualidade de vida e bem-estar
Sob esse prisma para o alcance de uma proposta de uma assistecircncia holiacutestica os
Cuidados Paliativos utilizam-se das diferenciadas modalidades terapecircuticas Segundo os
depoimentos a seguir seratildeo apontadas algumas destas modalidades ressaltadas pelos
participantes do estudo
69
Atendimento fisioterapecircutico apoio psicoloacutegico atenccedilatildeo e carinho e tratamentos
alopaacuteticos eou homeopaacuteticos para aliviar a dor e a tensatildeo sempre que necessaacuterio (M1)
Entendo que as modalidades terapecircuticas visam a farmacologia com a finalidade de
diminuir a dor fiacutesica seria a psicoloacutegica com finalidade de amenizar o sofrimento mental
dos mesmos e seus familiares (M2)
O carinho o amor no desenvolvimento de praacuteticas paliativas (M6)
Atenccedilatildeo psicossocial fisioterapia tratamento para aliacutevio da dor (D3)
[] massagens e medicaccedilatildeo (D4)
A conversa carinhosa a visita diaacuteria e amor (D5)
Aliacutevio da dor e sofrimento assistecircncia psicoloacutegica (D10)
[]apoio espiritual (E2)
Atraveacutes de medicamentos massagem yoga acunputura Reik escuta qualificada
meditaccedilatildeo psicologia (E3)
Fitoterapia homeopatia medicina alternativa alimentaccedilatildeo alternativa acupuntura
educaccedilatildeo alimentar espiritualidade (E7)
Nos trechos dos depoimentos dos profissionais envolvidos no estudo eacute notoacuterio o
reconhecimento de diversas modalidades terapecircuticas empregadas nos Cuidados Paliativos
evidenciando-se que eles conhecem vaacuterias possibilidades terapecircuticas direcionadas ao paciente
sem possibilidades de cura
Considerando as modalidades usualmente empregadas na praacutetica dos Cuidados
Paliativos referenciadas pelos participantes optamos por apresentaacute-las em dois grupos o
primeiro direcionado para a intervenccedilatildeo bioloacutegica e o segundo para a intervenccedilatildeo
psicoterapecircutica
No que tange agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica em Cuidados Paliativos os trabalhadores
envolvidos no estudo destacaram a farmacologia a fisioterapia e a nutriccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave
intervenccedilatildeo psicoterapecircutica enfatizaram o emprego da comunicaccedilatildeoescuta qualificada da
psicologia e da espiritualidade
Dentre as intervenccedilotildees bioloacutegicas a modalidade nutricional eacute utilizada para o controle
de sintomas valorizaccedilatildeo dos alimentos preferenciais adequaccedilatildeo da dieta conforto emocional
diminuiccedilatildeo da ansiedade aumento da autoestima e respeito ao desejo de alimentos manifestado
pelo proacuteprio paciente
70
A alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo para o paciente terminal constituem uma parcela desse
cuidado tatildeo importante quanto a escuta o diaacutelogo o acompanhamento a leitura o canto entre
outros (FERRER LABRADA LOacutePEZ 2009)
Nesse enfoque observamos que essa modalidade terapecircutica eacute de suma relevacircncia
uma vez que partindo de uma abordagem integral do paciente pode-se promover o aliacutevio dos
sintomas tais como perda de peso anorexia disgeusia (distorccedilatildeo do senso do paladar)
xerostomia (sensaccedilatildeo subjetiva de boca seca) entre outros
No tocante aos sintomas gastrointestinais Santos (2002) destaca a constipaccedilatildeo
porquanto tem ocorrido um aumento da demanda de pacientes em Cuidados Paliativos
apresentando tal sintoma Trata-se de um sintoma comum que interfere na qualidade de vida de
pacientes podendo o controle dele ser conseguido por meio de intervenccedilatildeo nutricional
adequada permitindo-se que seja minimizado sem que meacutetodos invasivos e desconfortaacuteveis
sejam utilizados
De acordo com Silva et al (2009) o papel do nutricionista deve ser o de atuar em
equipe multiprofissional para que todos os profissionais envolvidos alcancem um objetivo
comum o de proporcionar conforto e melhorar a qualidade de vida de pacientes que recebem
esse tipo de cuidado Aleacutem disso eacute inegaacutevel a valorizaccedilatildeo do papel do nutricionista na equipe
multiprofissional sobretudo na decisatildeo de manter ou suspender a alimentaccedilatildeo e a hidrataccedilatildeo de
pacientes que estatildeo em Cuidados Paliativos por entender-se a importacircncia do consumo de
alimentos para minimizar desconfortos nutrir e proporcionar prazer
Portanto tratando-se de Cuidados Paliativos em que todos os esforccedilos devem estar
direcionados agrave promoccedilatildeo do bem-estar fiacutesico e psicoloacutegico dos pacientes o profissional
nutricionista deve ter em mente que o consumo de alimentos eacute capaz de minimizar
desconfortos cuidar de distuacuterbios orgacircnicos nutrir e proporcionar prazer (SANTOS 2002)
Em relaccedilatildeo agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica farmacoloacutegica os profissionais que compotildeem a
ESF devem reconhecer que a utilizaccedilatildeo da farmacoterapia eacute de grande relevacircncia para
pacientes que se encontram na terminalidade Haja vista que o emprego de cuidados teacutecnicos
satildeo importantes nos Cuidados Paliativos para aliacutevio da dor e de outros sintomas decorrentes da
doenccedila terminal
Essa assertiva eacute corroborada por Bonfaacute Vinagre e Figueiredo (2008) ao afirmarem
que ao emprego de drogas em pacientes sem possibilidade de cura procede-se com o propoacutesito
de aliviar o quadro de dor em que estes se encontram Acrescentam que dentre as drogas
existentes para essa finalidade destaca-se a Cannabis sativa (Cs) cuja accedilatildeo eacute capaz de
amenizar a dor crocircnica visto que promoveraacute efeitos ansioliacuteticos analgesia e aumento da
71
toleracircncia agrave dor Aleacutem desses benefiacutecios esta droga age com outros princiacutepios que seratildeo
imperiosos para o bem-estar do paciente tais como estiacutemulo do apetite no estado de caquexia
accedilatildeo antiemeacutetica relaxamento muscular para aliacutevio da espasticidade atividade antitumoral e
anti-inflamatoacuteria no cacircncer entre outros Entretanto eacute importante ressaltar que para se
utilizarem os canabinoides como analgeacutesicos devem ser consideradas limitaccedilotildees que essa
alternativa terapecircutica apresenta porquanto ainda eacute incipiente a realizaccedilatildeo de pesquisas
voltadas para a sua recomendaccedilatildeo agrave pacientes crocircnicos
Em estudo desenvolvido por Santos et al (2009) verificou-se que a utilizaccedilatildeo de
Cuidados Paliativos ocorreu por meio da administraccedilatildeo de faacutermacos para o alcance da sedaccedilatildeo
com o intuito de diminuir o niacutevel de consciecircncia de um doente com doenccedila avanccedilada ou
terminal a fim de controlar alguns sintomas
A sedaccedilatildeo paliativa eacute um procedimento terapecircutico de indicaccedilatildeo meacutedica destinada
para aliacutevio de sintomas que podem aparecer no contexto de doentes no final da vida Observa-
se ainda que eacute utilizada como uma modalidade terapecircutica de Cuidados Paliativos e que o
emprego dela estaacute intrinsecamente relacionado com o surgimento de sintomas como deliacuterio
dor e dispneias Tais sintomas aparecem comumente de forma simultacircnea (GIROND
WATERKEMPER 2006)
Quanto agrave intervenccedilatildeo fisioterapecircutica apontada pelos profissionais participantes do
estudo Marcucci (2005) assinala que os profissionais da Fisioterapia possuem um arsenal
abrangente de teacutecnicas que complementam os Cuidados Paliativos na melhora da
sintomatologia e consequentemente na da qualidade de vida Destaca-se neste arsenal a
terapia para a dor aliacutevio de sintomas psicofiacutesicos atuaccedilatildeo nas complicaccedilotildees
osteomioarticulares reabilitaccedilatildeo de complicaccedilotildees linfaacuteticas atuaccedilatildeo na fadiga melhora da
funccedilatildeo pulmonar cuidados com as uacutelceras de pressatildeo fisioterapia nos Cuidados Paliativos
pediaacutetricos entre outros
Assim compreendemos que o fisioterapeuta deteacutem meacutetodos e recursos exclusivos de
sua profissatildeo que satildeo imensamente uacuteteis nos Cuidados Paliativos porque busca a melhora das
condiccedilotildees de vida dos pacientes sem possibilidades curativas reduzindo os sintomas e
promovendo sua independecircncia funcional
Em relaccedilatildeo agrave intervenccedilatildeo psicoterapecircutica conforme foi assinalada nos trechos dos
participantes do estudo observamos a referecircncia da comunicaccedilatildeoescuta qualificada a da
psicologia e a da espiritualidade modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos
No contexto dos Cuidados Paliativos o emprego adequado da comunicaccedilatildeo eacute
considerado como um pilar baacutesico para sua eficaz implementaccedilatildeo (KOacuteVACS 2004)
72
representando o suporte utilizado pelo paciente por meio do qual ele pode expressar-se e
realizar seus anseios necessitando para tanto de um cuidado integral e humanizado
Este tipo de cuidado integral e humanizado soacute eacute possiacutevel quando o profissional faz uso
de habilidades de comunicaccedilatildeo estabelecendo esta de forma efetiva e compassiva com o
paciente e sua famiacutelia sobre assuntos referentes agrave terminalidade
Em estudo realizado por Arauacutejo e Silva (2007) observou-se que o paciente no quadro
da terminalidade anseia por uma comunicaccedilatildeo que alcance algo a mais ou seja deixe de ser
aquela que trata apenas de transmitir informaccedilotildees e passe a ser transmitida de forma
diferenciada com emprego de palavras e atitudes (comunicaccedilatildeo verbal e natildeo verbal) que
revelem mensagens de atenccedilatildeo e cuidado
Para tanto eacute imperioso que o profissional modifique a sua forma de assistir passando
do fazer para o escutar perceber compreender identificar necessidades para soacute entatildeo planejar
accedilotildees
Inaba e Silva (2002) chamam a atenccedilatildeo para a importacircncia da comunicaccedilatildeo natildeo
verbal considerando-a essencial ao cuidado humano pelo fato de resgatar a capacidade do
profissional da Sauacutede para perceber com maior precisatildeo os sentimentos do paciente suas
duacutevidas e dificuldades de verbalizaccedilatildeo aleacutem de o ajudar a potencializar sua proacutepria
comunicaccedilatildeo
De acordo com Silva (2003) eacute crucial para o cuidado com o paciente sem
possibilidades de cura que o profissional perceba compreenda e empregue adequadamente a
comunicaccedilatildeo natildeo verbal Haja vista que ela permite a percepccedilatildeo e compreensatildeo dos
sentimentos duacutevidas e anguacutestias do paciente assim como o entendimento e clarificaccedilatildeo de
gestos expressotildees olhares e linguagem simboacutelica tiacutepicos de quem estaacute morrendo
Na comunicaccedilatildeo natildeo verbal Higuera (2005) destaca a grandeza da escuta ativa no
processo de Cuidados Paliativos que eacute compreendida como o cuidador concentrar-se no outro
sem interrompecirc-lo deixando-o falar respeitando o silecircncio para que possa escutar suas
duacutevidas inseguranccedilas desconforto e ateacute mesmo o seu medo
Arauacutejo (2011) assinala que a escuta ativa envolve o uso terapecircutico do silecircncio a
emissatildeo consciente de sinais faciais natildeo verbais que denotam interesse no que estaacute sendo dito
(manutenccedilatildeo de contato visual meneios positivos de cabeccedila) a aproximaccedilatildeo fiacutesica e a
orientaccedilatildeo do corpo com o tronco voltado para a pessoa e o uso de expressotildees verbais curtas
que encorajam a continuidade da fala tais como ldquoE entatildeordquo ldquoestou te escutandordquo entre
outras
73
Higuera (2005) adverte que escutar natildeo eacute apenas ouvir mas permanecer em silecircncio
utilizar gestos de afeto e sorriso que expressem aceitaccedilatildeo e estimulem a expressatildeo de
sentimentos Tal ponderaccedilatildeo pode ser contemplada nos depoimentos dos profissionais
participantes da pesquisa expressos a seguir
[] acolher o paciente e fazer a escuta (M1)
E principalmente conversa manter o ciclo de conversa [](D2)
Agraves vezes soacute a sua presenccedila toque um olhar um gesto de carinho jaacute eacute uma estrateacutegia
(D6)
[] escutar o paciente (E1)
Escutar o usuaacuterio (E5)
Acredito que um aperto de matildeo um olhar carinhoso [] (M8)
Com base nas narrativas observamos a sensibilidade dos profissionais para o emprego
dessa modalidade no contexto do cuidado os quais reconhecem-na como importante estrateacutegia
para o relacionamento pessoal Eacute imprescindiacutevel dessa forma este profissional ser orientado
para compreender o momento de falar e aquilo que vai falar possibilitar atitudes de
compreensatildeo aceitaccedilatildeo e afeto como calar e escutar como estar proacuteximo e mais acessiacutevel agraves
necessidades destas pessoas
Silva (2008) pondera que as habilidades de comunicaccedilatildeo natildeo satildeo adquiridas com o
tempo mas sim com educaccedilatildeo especiacutefica Portanto mostra-se urgente e necessaacuteria a educaccedilatildeo
destes profissionais em comunicaccedilatildeo interpessoal para que possam desenvolver suas
habilidades relacionais e comunicacionais e aplicaacute-las em seu cotidiano de cuidados a
pacientes sem possibilidades de cura
Dessa forma todos os membros da equipe de sauacutede devem possuir e aprimorar as suas
habilidades de comunicaccedilatildeo uma vez que tecircm como base de seu trabalho as relaccedilotildees humanas
Assim para o relacionamento interpessoal entendido como qualquer interaccedilatildeo face a face entre
duas ou mais pessoas onde haacute troca reciacuteproca de sinais a comunicaccedilatildeo eacute instrumento essencial
(LITLEJOHN 1988)
Arauacutejo (2006) afirma que todo processo de comunicaccedilatildeo interpessoal que ocorre entre
o paciente e quem dele cuida eacute complexo e subjetivo envolvendo a percepccedilatildeo a compreensatildeo
e a transmissatildeo de mensagens de ambas as partes Nesse sentido a comunicaccedilatildeo verbal torna-se
insuficiente para caracterizar essa interaccedilatildeo necessitando qualificaacute-la dar a ela emoccedilotildees
74
enfim um contexto que proporcione ao homem perceber e compreender natildeo soacute o que
significam as palavras mas tambeacutem o que o emissor da mensagem sente
Em relaccedilatildeo ao emprego da Psicologia como modalidade terapecircutica em Cuidados
Paliativos conforme foi destacado por alguns participantes deste estudo esta eacute utilizada com o
paciente com o familiar e com a equipe de forma conjunta ou individual com a finalidade de
avaliar suas condiccedilotildees psiacutequicas para o enfrentamento do adoecimento e da morte
Sheliemann (2011) lembra que essa avaliaccedilatildeo necessita respeitar as condiccedilotildees fiacutesicas e
emocionais que cada patologia provoca naquela que adoece e como ela reage a essa nova
situaccedilatildeo Acrescenta ainda que o psicoacutelogo eacute por sua formaccedilatildeo o profissional que tem a
priori um manejo melhor para lidar com os sentimentos das pessoas e auxiliaacute-las na resoluccedilatildeo
dos conflitos
O cuidado com a dimensatildeo emocional eacute de suma importacircncia para quem vivencia o
processo de morrer uma vez que situaccedilotildees de estresse psicoloacutegico satildeo comuns entre estes
pacientes Em recente estudo multicecircntrico alematildeo realizado por Herschback et al (2008) que
procuraram averiguar caracteriacutesticas de estresse psicoloacutegico em 6365 pacientes com cacircncer
constataram que eles sob Cuidados Paliativos mostraram niacuteveis mais elevados de estresse
psicoloacutegico quando comparados aos demais
Dessa forma observa-se quanto eacute importante a inserccedilatildeo do psicoacutelogo na equipe de
Cuidados Paliativos Lustosa (2007) afirma que cabe ao psicoacutelogo intermediar nas relaccedilotildees
entre famiacutelia e profissionais detectando a falta de informaccedilatildeo que muitas vezes ocorre entre
paciente familiares e equipe multiprofissional as diferenccedilas de ritmo de vida que a doenccedila
impotildee o papel do paciente na vida da famiacutelia as sobrecargas da tarefa meacutedica que dificultam
o contato a comunicaccedilatildeo e a conturbada tarefa de falar sobre as responsabilidades nesse
momento da vida Sendo assim essa autora evidencia a importacircncia do psicoacutelogo para a
construccedilatildeo dessa ponte facilitando uma condiccedilatildeo mais digna durante esse periacuteodo de cuidados
O psicoacutelogo busca por meio dos Cuidados Paliativos oferecer um espaccedilo de escuta
para esclarecimento das necessidades expressatildeo de sentimentos facilitando dessa forma o
acolhimento e a comunicaccedilatildeo (KOVAacuteCS et al 2001)
No que tange ao emprego da espiritualidade esta eacute uma modalidade terapecircutica de
suma importacircncia para o paciente sem possibilidade de cura Haja vista que tanto o cuidado
voltado para a dimensatildeo espiritual pode oferecer qualidade de vida quanto o tratamento da dor
ou a comunicaccedilatildeo Cumpre assinalar que este paciente aleacutem de apresentar sofrimento fiacutesico
pode estar acometido por problemas de ordem psicoloacutegica e espiritual
75
De acordo com Peres et al (2007) a espiritualidade pode ser definida e reconhecida
como uma praacutetica que traz significado e propoacutesito de vida e contribui para a sauacutede e qualidade
de vida de muitas pessoas Esse conceito eacute encontrado em todas as culturas e sociedades
A definiccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) de Cuidados Paliativos
evidencia uma preocupaccedilatildeo com as necessidades espirituais dos pacientes e seus familiares de
modo que a abordagem global fundamenta-se no entendimento de que a pessoa eacute uma entidade
indivisiacutevel um ser fiacutesico e espiritual A busca de sentido de algo maior em que se pretende
confiar tem sido expressa de muitas maneiras diretas e indiretas em metaacuteforas ou em silecircncio
em gestos ou siacutembolos ou talvez mais que tudo numa interaccedilatildeo terapecircutica e numa nova
experiecircncia de criatividade Quem trabalha em Cuidados Paliativos eacute tambeacutem desafiado a
enfrentar essa dimensatildeo em relaccedilatildeo a si proacuteprio (PESSINI BERTACHINI 2005)
Eacute nesse contexto que a modalidade espiritual em Cuidados Paliativos emerge com a
finalidade de promover uma atenccedilatildeo agrave anguacutestia e agrave dor espiritual ofertando uma assistecircncia
integral que envolva estes aspectos interferindo por conseguinte na melhora da evoluccedilatildeo
cliacutenica deste paciente tatildeo fragilizado
Em estudo desenvolvido por Steinhauser et al (2000a) verificou-se certa discrepacircncia
no que concerne agrave importacircncia da espiritualidade no trato com pacientes terminais Esta foi
reportada pelos pacientes como o aspecto mais importante mas natildeo tanto para seus meacutedicos e
outros profissionais da aacuterea da Sauacutede Os autores ressalvam que muitos destes profissionais
acabam por negligenciar uma dimensatildeo apontada como uma das mais importantes para
pacientes eou familiares nesse momento da vida
Peres et al (2007) assinalam que eacute preciso compreender que o paciente terminal
antes de se ajustar agraves suas necessidades espirituais precisa ter seus desconfortos fiacutesicos bem
aliviados e controlados Uma pessoa com dor intensa jamais teraacute condiccedilotildees de refletir no
significado de sua existecircncia uma vez que o sofrimento fiacutesico natildeo aliviado eacute um fator de
ameaccedila constante agrave sensaccedilatildeo de plenitude desejada pelos pacientes que estatildeo morrendo
Sales et al (2008) ressaltam que o tema religiosidade e espiritualidade ganha bastante
importacircncia nos Cuidados Paliativos visto que eacute uma modalidade terapecircutica que ajuda a
promover uma morte serena
Nesta perspectiva Byock (2006) afirma que experimentar uma morte serena eacute ter
oportunidade de viver em plenitude seu uacuteltimo momento O alcance desta plenitude eacute o
objetivo primordial dos Cuidados Paliativos Diante disso o autor lanccedila um desafio aos
profissionais da Sauacutede para que utilizem dimensotildees da espiritualidade como instrumento para a
melhora da sauacutede fiacutesica mental e da qualidade de vida de quaisquer pacientes sobretudo
76
daqueles que se encontram em estaacutegio final da vida e necessitam mais urgentemente de
estrateacutegias de enfrentamento para lidar com as questotildees presentes
Logo a compreensatildeo sobre as modalidades de Cuidados Paliativos permite ao
profissional da ESF a ampliar o seu olhar e sua forma de atuar Esta nova visatildeo possibilita a
prestaccedilatildeo de uma assistecircncia qualificada e integral visto que teraacute subsiacutedios especiacuteficos para
atender agraves necessidades de pacientes em situaccedilatildeo de doenccedila terminal e proporcionar a melhoria
de sua qualidade de vida
Eacute oportuno assinalar que as duas subcategorias analisadas refletem a compreensatildeo da
maioria dos profissionais inseridos na investigaccedilatildeo proposta sobre os aspectos conceituais dos
Cuidados Paliativos Por outro lado alguns revelaram conceitos incompatiacuteveis com a literatura
pertinente ao tema em destaque conforme evidenciado nos relatos a seguir
Cuidados que complementam os cuidados tradicionais ou mesmo que por si soacutes (ou
isoladamente) tratam as morbidades ou previnem ou mesmo promovem a sauacutede do
indiviacuteduo ou da coletividade (M4)
Eacute uma caridade que se faz tentando ajudar algueacutem quando natildeo se tem outro recurso
(M7)
Pode-se dizer que satildeo os cuidados que a sua eficiecircncia natildeo tem reconhecimento
cientiacutefico-comprovado (D1)
Cuidados paliativos satildeo aqueles realizados com o objetivo de diminuir amenizar ou
mesmo resolver temporariamente algumas enfermidades ateacute que sejam realizados
procedimentos definitivos e resolutivos (D4)
Atenccedilatildeo voltada a pacientes que qualquer que seja a patologia natildeo tecircm mais condiccedilotildees
de se cuidar sozinho com isso necessitando de outra pessoa para ajudaacute-lo (E2)
Satildeo cuidados que devem ser realizados para que o paciente venha ter um diagnoacutestico do
quadro cliacutenico eou amenizar o quadro cliacutenico (E7)
Esses relatos denotam uma compreensatildeo incoerente com os aspectos conceituais
disseminados na literatura acerca dos Cuidados Paliativos confundido o emprego desta praacutetica
com os cuidados humanitaacuterios algo comum entre grupos de trabalhadores da aacuterea da Sauacutede
Santos (2011) assinala que os cuidados humanitaacuterios englobam os Cuidados Paliativos
portanto ao se falar em Cuidados Paliativos se fala de cuidados humanitaacuterios mas a reciacuteproca
natildeo eacute verdadeira Por conseguinte eacute de extrema importacircncia o profissional compreender a
diferenccedila entre esses cuidados
Conforme ressalva o autor supracitado ambos compartilham a preocupaccedilatildeo em
atender agraves necessidades inerentes dos seres humanos em seus aspectos fiacutesico psicoloacutegico
social e espiritual todavia os cuidados humanitaacuterios natildeo se restringem aos Cuidados Paliativos
77
nem a uma uacutenica aacuterea como a da Sauacutede mas englobam vasta abrangecircncia do conhecimento
humano e ampla gama de situaccedilotildees
Embora a filosofia dos Cuidados Paliativos pressuponha um cuidar de maneira mais
humaniacutestica englobando o ser humano nos quatro aspectos mencionados o que caracteriza
essa modalidade de cuidar eacute a sua ligaccedilatildeo com a questatildeo da morte e suas implicaccedilotildees
espirituais ou existenciais
De fato ao se deparar com um indiviacuteduo com doenccedila aguda e crocircnica que natildeo
envolva a possibilidade de morte devem-se aplicar os cuidados humanitaacuterios entretanto
quando esse ser apresenta uma doenccedila ou condiccedilatildeo que envolve essa possibilidade satildeo
aplicados os Cuidados Paliativos e consequentemente os cuidados humanitaacuterios
Com base nessas definiccedilotildees percebe-se uma lacuna na compreensatildeo de alguns
profissionais da ESF inseridos no estudo Supotildee-se que este fato pode estar atrelado a suas
formaccedilotildees profissionais principalmente porque no Brasil a visibilidade dos Cuidados
Paliativos iniciou-se na deacutecada de 2000 e a maioria dos participantes estaacute formada haacute mais de
dez anos Por conseguinte estes profissionais natildeo tiveram em seus curriacuteculos a contemplaccedilatildeo
da abordagem dos Cuidados Paliativos Destarte eacute de extrema valia contextualizar esta
realidade jaacute que se trata de uma modalidade em construccedilatildeo no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica
Tais ponderaccedilotildees estatildeo em consonacircncia com as ideias de Rodrigues (2004) segundo o
qual a implantaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar no Brasil data do final da deacutecada de 1990
Figueiredo (2003) assinala que as primeiras iniciativas individuais de atendimentos eou
estruturaccedilatildeo de serviccedilos paliativistas ocorreram por volta da deacutecada de 1990 Melo (2004)
chama atenccedilatildeo para o fato de que eacute no ano de 1997 que ocorre a criaccedilatildeo da primeira associaccedilatildeo
nacional de profissionais que atuam disseminando esse modo de cuidar a Associaccedilatildeo Brasileira
de Cuidados Paliativos
Kira Montagnini e Barbosa (2008) afirmam que essa deficiecircncia no conhecimento em
Cuidados Paliativos entre profissionais da Sauacutede no Brasil tambeacutem se deve ao fato de o tema
natildeo fazer parte da grade curricular de graduaccedilatildeo das diferentes especialidades da aacuterea da Sauacutede
Os autores assinalam que nos uacuteltimos anos com o crescimento da demanda e com a
estruturaccedilatildeo dos serviccedilos de Cuidados Paliativos o assunto tem sido abordado em algumas
instituiccedilotildees de ensino superior natildeo de maneira obrigatoacuteria e contiacutenua mas diluiacutedo em aulas e
cursos ligados agrave oncologia dor e morte
Rodrigues (2004) aponta a esperanccedila de que haja profissionais mais sensiacuteveis agraves
necessidades da populaccedilatildeo e do indiviacuteduo que visem agrave pessoa doente e natildeo agrave doenccedila que
desenvolvam uma assistecircncia mais humanizada se faz na academia na qual o ensino deve ser
78
centrado no aluno sujeito da aprendizagem e o curarcuidar seja centrado na pessoa do
paciente e na da famiacutelia
A autora supracitada adverte que o curriacuteculo deve privilegiar as competecircncias
inerentes a cada curso da aacuterea da Sauacutede aleacutem de contemplar uma abordagem interdisciplinar a
comunicaccedilatildeo e a bioeacutetica Haja vista que satildeo considerados conteuacutedos imprescindiacuteveis visando-
se todas as etapas do ciclo vital inclusive a terminalidade e a morte
Dessa forma ao contemplar tais princiacutepios nas diretrizes curriculares os futuros
profissionais da Sauacutede sairiam com uma percepccedilatildeo diferente sobre temas como Cuidados
Paliativos com ecircnfase no processo de morte e do morrer compreendendo melhor as
necessidades emocionais e espirituais do paciente que sofre proporcionando a humanizaccedilatildeo do
atendimento a eles e a seus familiares aleacutem de apreenderem a valorizar mais a vida agrave medida
que haacute compartilhamento e dignificaccedilatildeo da morte dos seus pacientes Portanto eacute urgente a
necessidade da educaccedilatildeo permanente para estes profissionais em Cuidados Paliativos
sobretudo para aqueles que jaacute desempenham o cuidado em seu cotidiano com o paciente que
vivencia a etapa final da vida
Considerando a relevacircncia dos Cuidados Paliativos para propiciar uma assistecircncia
humanizada ao paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura bem como a sua famiacutelia urge
a necessidade da implementaccedilatildeo desta modalidade de cuidar no acircmbito da atenccedilatildeo primaacuteria de
sauacutede Nesse sentido merece destaque a categoria direcionada aos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica
CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA formaccedilatildeo da equipe possibilidades
e limitaccedilotildees
Esta categoria vem com o propoacutesito de apresentar o entendimento de meacutedicos de
enfermeiros e de cirurgiotildees-dentistas sobre a possibilidade da implementaccedilatildeo dos Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Ao se tratar de Cuidados Paliativos especificamente de paciente fora de possibilidade
de cura eacute de fundamental importacircncia a atuaccedilatildeo de uma equipe interdisciplinar Esta equipe
necessita estar bastante familiarizada com o processo que o paciente passa permitindo-se uma
visatildeo real da complexidade vivida por ele a qual o ajude a se sentir melhor e
consequentemente proporcionando uma melhor qualidade de vida
Abreu et al (2005) afirmam ser escassa a literatura acerca de pesquisas que retratam
um modelo conceitual de equipe que seja bem formulado assim como de uma definiccedilatildeo
79
universal do que seja uma equipe Mesmo em publicaccedilotildees especiacuteficas sobre Cuidados
Paliativos os autores O`Connor Fisher e Guilfoyle (2006) advertem que o assunto trabalho em
equipe interdisciplinar natildeo eacute bem explorado sendo a maior parte dos trabalhos publicados
baseados em experiecircncias praacuteticas e natildeo em pesquisas empiacutericas ancoradas por marcos
conceituais
Diante destas ponderaccedilotildees eacute de suma relevacircncia compreender que de acordo com o
modo de estas equipes relacionarem-se comunicarem-se e integrarem suas disciplinas pode-se
empregar o ldquoprefixordquo multi ou inter Peduzzi e Oliveira (2009) definem equipes
multidisciplinares como aquelas compostas por profissionais de diversas disciplinas as quais
tendem a cuidar dos pacientes de modo independente e sem interaccedilatildeo direta compartilhando
informaccedilotildees de maneira indireta quando for necessaacuterio geralmente por escrito
Doutra parte o termo interdisciplinar deve denominar equipes cujos profissionais
trabalham interagindo diretamente combinando conhecimentos e compartilhando as atividades
para atingir um objetivo conjunto e uacutenico o cuidado do paciente Os autores supracitados
assinalam que a interdisciplinaridade configura-se em uma relaccedilatildeo reciacuteproca entre as muacuteltiplas
intervenccedilotildees teacutecnicas de vaacuterios profissionais e a interaccedilatildeo destes saberes que por meio de
comunicaccedilatildeo verbal direta e consensualmente escrita articulam suas accedilotildees e promovem a
cooperaccedilatildeo muacutetua
Sendo assim para que esta accedilatildeo seja eficaz deve existir a interdisciplinaridade das
accedilotildees de cuidado entre os profissionais e a participaccedilatildeo do paciente e famiacutelia com objetivos
comuns Tal interdisciplinaridade caracteriza-se como um ato de reciprocidade entre as aacutereas de
conhecimento e como forma de se obter a horizontalizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder Nesta troca
de conhecimentos eacute estabelecida a inclusatildeo dos resultados de diversas especialidades
possibilitando-se a cada profissional desenvolver esquemas conceituais de anaacutelise de
instrumentos e de teacutecnicas metodoloacutegicas de assistecircncia (FRANCcedilA 2011)
Nessa perspectiva Arauacutejo (2011) acrescenta que a proposta de trabalho em Cuidados
Paliativos deve ser sempre interdisciplinar ante a pluridimensatildeo das necessidades dos
indiviacuteduos que vivenciam o processo de morrer e ante a demanda da accedilatildeo integral e conjunta de
profissionais da Sauacutede em busca do objetivo comum que eacute a melhora da qualidade de vida do
paciente
Em uma equipe de sauacutede a interdisciplinaridade surge com o escopo de promover
uma atenccedilatildeo integral ao paciente apresentando dessa forma uma visatildeo biopsicossocial e
espiritual Essa accedilatildeo baseada na referida visatildeo propotildee uma reformulaccedilatildeo dos saberes uma
siacutentese direcionada agrave reorganizaccedilatildeo da equipe de sauacutede Nesse sentido aleacutem de um novo
80
paradigma cientiacutefico esta representa uma nova filosofia de trabalho de organizaccedilatildeo e de accedilatildeo
interinstitucional
Arauacutejo (2011) chama atenccedilatildeo para o fato de que haacute uma limitaccedilatildeo na accedilatildeo
uniprofissional quando se objetiva promover o controle da dor e outros sintomas
multidimensionais e angustiantes integrando-se com o cuidado os aspectos sociais
psicoloacutegicos e espirituais de modo que se possibilite o exerciacutecio da autonomia do paciente
aleacutem de se promover suporte aos familiares Logo nenhuma especialidade da aacuterea da Sauacutede ou
das Ciecircncias Humanas consegue isoladamente atender agraves necessidades complexas e
multifacetadas de indiviacuteduos que vivenciam a etapa final da vida A integralidade da atenccedilatildeo
demandada por estes pacientes soacute pode ser atingida quando especialistas de diferenciadas aacutereas
do conhecimento atuam em conjunto ou seja trabalham em equipe
Deste modo a atuaccedilatildeo e integraccedilatildeo da equipe interdisciplinar satildeo necessaacuterias para a
eficaacutecia destes cuidados Haja vista que o tratamento de um paciente que se encontra em fase
terminal envolve um conjunto de accedilotildees complexas a exemplo de procedimentos invasivos
(altamente especiacuteficos para cada realidade diagnoacutestica) necessitando o doente de ser assistido
de forma interdisciplinar
Na literatura brasileira da aacuterea da Sauacutede satildeo incipientes estudos relacionados a
implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica em particular o quantitativo de
profissionais que devem constar em uma equipe para exercer tais cuidados Essa formaccedilatildeo
com a inclusatildeo de maior nuacutemero de especialidades possiacutevel dependeraacute dos recursos
disponiacuteveis e de fatores culturais locais Incontri (2011) chama a atenccedilatildeo para o fato de que a
formaccedilatildeo de uma equipe deve corresponder agraves necessidades do paciente que se encontra sob a
assistecircncia dos Cuidados Paliativos
Qualquer que seja o tamanho e a diversidade de uma equipe em Cuidados Paliativos
cumpre considerar aspectos essenciais para seu eficaz funcionamento A respeito disso Incontri
(2011) enfatiza os seguintes aspectos como peccedilas fundamentais filosofia e valores comuns
respeito muacutetuo e valorizaccedilatildeo de cada aacuterea de cada membro comunicaccedilatildeo transparente e aberta
lideranccedila compartilhada e religaccedilatildeo ao espiritual
No que concerne agrave filosofia e valores comuns Speck (2009) assegura que o conjunto
de valores compartilhados auxilia as pessoas a cooperarem entre si Haja vista que natildeo eacute
possiacutevel formar uma equipe que natildeo apresente uma filosofia comum e princiacutepios que orientem
as accedilotildees de maneira uniforme Incontri (2011) complementa que para a formaccedilatildeo de uma
equipe eacute importante uma seleccedilatildeo considerando-se uma empatia de todos os membros com
certos propoacutesitos e ideais
81
Aleacutem dessa comunhatildeo de princiacutepios e valores entre os membros da equipe eacute
imperioso o respeito muacutetuo e a valorizaccedilatildeo de cada membro sendo este considerado o primeiro
passo para a real interdisciplinaridade Macmilian Emery e kashuba (2006) asseveram que os
membros de uma equipe devem respeitar valorizar compreender e confiar na contribuiccedilatildeo
reciacuteproca
No tocante agrave formaccedilatildeo da equipe de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a maioria
dos participantes do estudo destacou o meacutedico o enfermeiro o cirurgiatildeo-dentista o psicoacutelogo e
o fisioterapeuta Alguns mencionaram aleacutem destes a participaccedilatildeo do fonoaudioacutelogo do
bioquiacutemico do assistente social do educador fiacutesico do teacutecnico em enfermagem do agente
comunitaacuterio de sauacutede (ACS) e do atendente de consultoacuterio dentaacuterio (ACD)
Diante disso depreende-se que os participantes envolvidos no estudo reconhecem que
a praacutetica dos Cuidados Paliativos no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica deve ser constituiacuteda por uma
equipe de profissionais que extrapola o nuacutemero de profissotildees determinadas pelo Ministeacuterio da
Sauacutede no que se refere agrave ESF que apresenta uma equipe composta por no miacutenimo um meacutedico
generalista um enfermeiro um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes comunitaacuterios de
sauacutede (ACS) (BRASIL 2005a)
Macmilian Emery e Kashuba (2006) acrescem que a equipe de Cuidados Paliativos
pode ultrapassar um quantitativo de quinze profissionais a serem apresentados em ordem
alfabeacutetica arteterapeutas assistentes sociais cuidadores pastorais ou espirituais (capelanias)
enfermeiros farmacecircuticos fisioterapeutas meacutedicos musicoterapeutas nutricionistas
psicoacutelogos psiquiatras terapeutas da respiraccedilatildeo terapeutas holistas terapeutas ocupacionais
terapeutas recreacionistas entre outros A esta relaccedilatildeo de profissionais Santos (2011)
acrescenta o educador e o filoacutesofo aleacutem de um especialista em Tanatologia
Eacute imprescindiacutevel agrave implementaccedilatildeo de tais cuidados em qualquer serviccedilo de sauacutede
sobretudo na Atenccedilatildeo Baacutesica conhecer a atribuiccedilatildeo especiacutefica de cada um desses profissionais
que compotildeem a equipe de Cuidados Paliativos Na realidade da Atenccedilatildeo Baacutesica os Cuidados
Paliativos podem ser oferecidos no niacutevel primaacuterio de sauacutede especialmente por equipes da ESF
em virtude de serem considerados de baixa complexidade (que natildeo exigem tecnologia
avanccedilada)
Esteves (2011) alerta que os profissionais que atuam em Cuidados Paliativos devem
ser atenciosos procurando ouvir o paciente e seus familiares e realmente demonstrar interesse
por eles uma vez que essa praacutetica pressupotildee uma nova maneira de cuidar do ser humano na
terminalidade Esses profissionais devem rever sua forma de encarar a morte e sobretudo a
autonomia do paciente na medida do possiacutevel
82
Em relaccedilatildeo ao meacutedico este eacute um profissional que deve assistir o paciente terminal ateacute
o momento da morte Destaque-se a morte de um paciente eacute considerada muitas vezes como o
fracasso do cuidado meacutedico precisando para tanto que esse profissional tenha em sua
formaccedilatildeo um preparo filosoacutefico psicoloacutegico e espiritual para lidar com a dor e com a morte
(INCONTRI 2011)
Logo eacute de extrema importacircncia que este profissional desenvolva mecanismos de
defesa que o mantenham em equiliacutebrio Ao mesmo tempo eacute necessaacuterio que a emoccedilatildeo tambeacutem
esteja presente para o alcance de um cuidado humanizado Incontri (2011) assinala que o
meacutedico como ser humano deve aceitar suas limitaccedilotildees e reconhecer que pessoas de outras
aeacutereas de sua equipe ou doutra podem lhe prestar apoio e mostrar outras perspectivas
Quanto agrave atuaccedilatildeo do enfermeiro na equipe de Cuidados Paliativos este apresenta a
funccedilatildeo de aliviar dor outros sintomas e sofrimento higienizar proporcionar conforto fiacutesico
promover uma comunicaccedilatildeo efetiva preparar a famiacutelia permitindo-a participar na morte do seu
familiar providenciar suporte para o luto entre outras Para Rodrigues e Zago (2003) a
enfermagem tem papel primordial nos Cuidados Paliativos porquanto o cuidar essecircncia da
profissatildeo eacute a base da filosofia paliativista Nesse sentido merece destaque o relato de um
profissional participante do estudo
[] todos os profissionais da ESF tecircm uma participaccedilatildeo importante no emprego dos
Cuidados Paliativos poreacutem a enfermagem eacute dotada de uma maior capacidade devido a
sua funccedilatildeo de estar mais proacuteximo (e por ter a essecircncia de sua profissatildeo no cuidado) (M8)
Nessa perspectiva Rodrigues e Zago (2003) esclarecem que especialmente o
enfermeiro deve possuir competecircncias para prestar cuidado de qualidade no fim da vida Aleacutem
disso como condutor da equipe de enfermagem e membro da equipe interdisciplinar o
enfermeiro precisa saber decodificar discursos e sinais natildeo verbais para identificar
necessidades fiacutesicas emocionais sociais e espirituais que direcionaratildeo sua atenccedilatildeo no cuidado
de quem vivencia a terminalidade da vida
Para Polastrini Yamashita e Kurashima (2011) o enfermeiro ao assistir um paciente
sem possibilidade terapecircutica de cura busca propiciar uma assistecircncia em que possa conseguir
a maior autonomia possiacutevel conservando sua dignidade ateacute a morte As autoras asseveram
ainda que este profissional deve modificar a sua atuaccedilatildeo de curativa para paliativa oferecendo
aliacutevio e bem-estar avaliando a relaccedilatildeo dano versus benefiacutecio do cuidado Portanto eacute
profissionalismo saber ouvir o paciente e sua famiacutelia para o planejamento dos cuidados e para a
tomada de decisatildeo utilizando algumas caracteriacutesticas como sensibilidade cuidadora
83
altruiacutesmo capacidade de escuta empatia compreensatildeo toleracircncia respeito capacidade de
transmitir seguranccedila e confianccedila maturidade pessoal diante de tudo e da morte entre outras
Saltz e Juver (2008) acrescentam que o enfermeiro apresenta ainda um papel
importante no cuidado com o paciente em fase terminal em diversos aspectos na aceitaccedilatildeo do
diagnoacutestico na ajuda para conviver com a enfermidade e no apoio agrave famiacutelia antes e depois da
morte
O enfermeiro ao assistir o paciente em Cuidados Paliativos vivencia e compartilha
momentos de amor e compaixatildeo aprendendo com ele a noccedilatildeo de que eacute possiacutevel morrer com
dignidade e respeito Essa assistecircncia busca tambeacutem proporcionar a certeza de natildeo estarem
sozinhos no momento da morte aleacutem de oferecer um cuidado holiacutestico ao paciente associados
ao controle da dor e de outros sintomas
No que tange ao fisioterapeuta Cezario (2011) assinala que atuando em conjunto com
outros profissionais de uma equipe voltada para Cuidados Paliativos esse profissional pode
prestar assistecircncia em diversos quadros pode oferecer conforto ao paciente e dentro de suas
limitaccedilotildees evitar uma complicaccedilatildeo maior de sintomas Incontri (2011) afirma que a este
profissional cabe manter o movimento o conforto fiacutesico e o maacuteximo aproveitamento das
funccedilotildees motoras do paciente
De uma maneira geral o referido profissional fica responsaacutevel por mobilizar o
paciente sem possibilidade terapecircutica por questotildees ortopeacutedicas e neuroloacutegicas acompanhar e
atuar em quadros cardiopulmonares e orientar cuidadores para o melhor manuseio do paciente e
o autocuidado (CEZARIO 2011)
De acordo com Reis Juacutenior e Reis (2007) as condutas fisioterapecircuticas em pacientes
sob Cuidados Paliativos mais comuns satildeo massagens movimentaccedilatildeo passiva ativo-assistida e
ativa posicionamento transferecircncia mudanccedila de decuacutebito infravermelho estimulaccedilatildeo eleacutetrica
transcutacircnea compressatildeo e elevaccedilatildeo vibrocompressatildeo drenagem postural respiraccedilatildeo
diafragmaacutetica estiacutemulo agrave tosse aspiraccedilatildeo prescriccedilatildeo de auxiacutelio para marcha treino de
deambulaccedilatildeo
O fisioterapeuta como membro de equipe de Cuidados Paliativos pode trazer
benefiacutecios ao pacientes assistidos por essa modalidade de cuidar em especial no que se refere
ao manejo de sintomas como dor estresse psicofiacutesico complicaccedilotildees osteomioarticulares
fadiga disfunccedilotildees pulmonares alteraccedilotildees neuroloacutegicas dentre outras (MARCUCCI 2005)
Sob esse prisma compreendemos que a Fisioterapia Paliativa tem como objetivo
principal o de melhorar a qualidade de vida dos pacientes sem possibilidades curativas
reduzindo os sintomas e promovendo sua independecircncia funcional
84
O nutricionista por sua vez apresenta o papel de orientar a alimentaccedilatildeo mais
adequada ao estado de sauacutede ou estaacutegio de doenccedila sem desconsiderar os gostos pessoais e ateacute
os razoaacuteveis desejos de cada um
Sochacki (2008) considera que na nutriccedilatildeo em Cuidados Paliativos eacute importante
respeitar os princiacutepios da bioeacutetica oferecendo-se autonomia ao individuo no que se refere agrave
liberaccedilatildeo suspensatildeo ou natildeo indicaccedilatildeo da alimentaccedilatildeo por via oral (VO) ou alternativa (sonda
ou ostomia) evitando-se muitas vezes o tratamento fuacutetil e consequentemente reduzindo o seu
sofrimento Santos (2002) ressalta que este profissional deve ter consciecircncia de que o consumo
de alimentos eacute capaz de minimizar desconfortos cuidar de distuacuterbios orgacircnicos nutrir e
proporcionar prazer
Diante desse contexto averigua-se quanto este profissional eacute imprescindiacutevel agrave equipe
interdisciplinar de Cuidados Paliativos necessitando ouvir o paciente respeitar seus desejos e
suas necessidades de alimentaccedilatildeo respeitando portanto a sua autonomia
Quanto ao cirurgiatildeo-dentista Wiseman (2000) assinala que cabe a este profissional
assistir pacientes com doenccedilas progressivas ou avanccediladas devido (direta ou indiretamente) ao
comprometimento da cavidade oral pela doenccedila ou ao seu tratamento Nesses casos o foco do
cuidado eacute melhorar sua qualidade de vida
Os sintomas orais mais frequentes em pacientes que estatildeo sob os Cuidados Paliativos
satildeo a dor o sangramento o trismo as feridas abertas as infecccedilotildees oportunistas a disfagia a
xerostomia a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo a anorexia a caquexia e a desfiguraccedilatildeo (SIQUEIRA
et al 2009) As secreccedilotildees em doentes traqueostomizados tambeacutem comprometem a
comunicaccedilatildeo verbal causam disfunccedilatildeo oral e sofrimento (PAUNOVICH et al 2000) Dor
ulceraccedilatildeo sangramento e trismo satildeo os mais importantes sintomas em casos de cacircncer oral
avanccedilado Portanto o tratamento inadequado ou a sua ausecircncia resulta em desconforto e
prejuiacutezos nutricionais comprometendo mais ainda a qualidade de vida desses doentes
Sendo assim o cirurgiatildeo-dentista contribui fornecendo intervenccedilotildees proacuteprias de sua
aacuterea de atuaccedilatildeo profissional aleacutem de cuidados de suporte que assegurem uma boca mais
saudaacutevel livre de infecccedilatildeo e dor
Em relaccedilatildeo aos arteterapeutas e musicoterapeutas Incontri (2011) aponta o cuidado
destes profissionais com a sensibilidade daqueles que estatildeo partindo em orientar estes na
revisatildeo de significados evocar lembranccedilas e firmar sentidos existenciais por meio de um
poema de uma canccedilatildeo de uma pintura de um filme ou de uma peccedila de teatro
Backes et al (2003) afirmam que o uso de muacutesica natildeo eacute apenas um instrumento
importante para o processo de humanizaccedilatildeo do cuidado e uma alternativa criativa e eficaz no
85
aliacutevio da dor mas tambeacutem promove benefiacutecios para a equipe de sauacutede como a prevenccedilatildeo do
estresse a reduccedilatildeo dos niacuteveis da tensatildeo e do desgaste psicoloacutegico maior interaccedilatildeo social e o
maior comprometimento com as atividades profissionais
Dessa forma a muacutesica se insere nesse contexto como uma atividade que pode
proporcionar cuidado conforto emocional e espiritual estiacutemulo agrave memoacuteria afetiva
relaxamento entretenimento e criatividade (OTHERO COSTA 2007) O uso competente e
sensiacutevel da muacutesica pode se tornar um trabalho importante nos Cuidados Paliativos
Halstead e Roscoe (2002) asseveram que a muacutesica pode facilitar de diferentes modos
a despedida Canccedilotildees suaves de ninar podem ser usadas pois transmitem sensaccedilotildees de cuidado
e proteccedilatildeo e podem ajudar a aliviar o medo do abandono durante o processo de passagem
Existem estilos musicais que podem se relacionar com a espiritualidade como o canto
gregoriano e a muacutesica erudita e estimular sentimentos de serenidade em especial no momento
da morte
Os autores supracitados afirmam ainda que a muacutesica pode tambeacutem preencher com
beleza e significado os momentos de silecircncio tatildeo difiacuteceis de serem suportados criando um
ambiente mais confortaacutevel quando se acompanha algueacutem que estaacute morrendo
Sob esse prisma observamos que o emprego da muacutesica nos processos sauacutede-doenccedila-
-cuidado pode promover conforto e qualidade de vida para a pessoa adoecida e ser um recurso
de ajuda na relaccedilatildeo da famiacutelia com a despedida de seu ente querido Pode tambeacutem auxiliar na
manutenccedilatildeo de uma equipe de sauacutede saudaacutevel e integrada
Quanto o assistente social Incontri (2011) esclarece que este trabalhador busca assistir
as necessidades materiais familiares e institucionais dos pacientesusuaacuterios Acrescenta que ele
eacute responsaacutevel por atender agraves questotildees do seguro hospitalar por informar os procedimentos de
documentaccedilatildeo de pedido de ajuda financeira esclarecer os direitos do moribundo e de seus
familiares
Conforme Sodreacute (2005) o assistente social tem um papel determinante para a
concretizaccedilatildeo dessa nova forma de tratar cuidar Torna-se aquele que reforccedila o papel de
facilitador nas relaccedilotildees de um grupo familiar e sob esse novo prisma socializa suas teacutecnicas de
intervenccedilatildeo em acircmbito domiciliar
De acordo com Esteves (2011) a atuaccedilatildeo do assistente social deve estar voltada agraves
questotildees sociais mais abrangentes uma vez que o paciente sob Cuidados Paliativos pode
enfrentar isolamento social (profissional e pessoal) dependecircncias dificuldades econocircmicas e
necessitar de apoio familiar
86
Por meio de entrevistas e visitas domiciliares este profissional investiga e avalia o
contexto social econocircmico psicoloacutegico e espiritual aleacutem de analisar a dinacircmica familiar sua
existecircncia o desempenho e eficaacutecia dos papeacuteis Somam-se a isto a capacidade de incentivo e de
fornecimento de acolhida aspectos cruciais para a assistecircncia
Esteves (2011) assinala que ao assistente social cabe sempre que for possiacutevel facilitar
as manifestaccedilotildees de sentimentos os resgates entre paciente e seus familiares durante o
processo de finitude colaborar para que as relaccedilotildees aconteccedilam com mais transparecircncia
inclusive com os profissionais da equipe de Cuidados Paliativos tendo-se a preocupaccedilatildeo de que
a morte aconteccedila de forma humanizada
Portanto o assistente social como membro da equipe interdisciplinar de Cuidados
Paliativos busca promover as relaccedilotildees sociais e efetivas com o paciente com os familiares
com o cuidador e com os demais profissionais da equipe sendo estas relaccedilotildees
significativamente observadas e valorizadas
Aos cuidadores pastorais ou espirituais cabe cuidar da religiatildeo ou pelo menos da
espiritualidade dos pacientes e familiares Barbosa e Freitas (2009) reforccedilam a ideia de que os
Cuidados Paliativos necessitam abranger as experiecircncias da vida Nela estaacute inserida a
religiosidade que pode inclusive permitir a reconstruccedilatildeo da possibilidade de conviver com a
doenccedila sem que isso signifique um prolongamento de vida inadequado forccedilosamente um
protelar da morte Os autores assinalam que a religiosidade e seus fundamentos ancorados na
religiatildeo ou na espiritualidade podem ajudar as pessoas a melhor lidarem com os limites do seu
controle favorecendo no contexto da finitude uma entrega confiante ao misteacuterio absoluto que
se inicia com a instauraccedilatildeo da proacutepria morte Desse modo eacute inegaacutevel a importacircncia de
cuidados pastorais ou espirituais para a promoccedilatildeo de Cuidados Paliativos para com o paciente
fora de possibilidades de cura
Em relaccedilatildeo aos educadores Incontri (2011) assevera que estes cuidaratildeo de crianccedilas e
adolescentes que estejam sob a assistecircncia de Cuidados Paliativos com o emprego de
atividades pedagoacutegicas luacutedicas propondo biblioterapia jogos Essas atividades permitiratildeo a
construccedilatildeo de um diaacutelogo afetuoso com pacientes e familiares
Os filoacutesofos segundo a referida autora cuidaratildeo da concepccedilatildeo interdisciplinar da
equipe atuando na amarraccedilatildeo epistemioloacutegica e de propoacutesitos do serviccedilo Saliente-se que este
profissional busca interagir com os pacientes no campo das discussotildees e ideias a fim de
apontar sentidos existenciais realizando portanto uma miaecircutica socraacutetica (arte de fazer
chegar agrave verdade e agraves evidecircncias) com os que estatildeo agrave espera da passagem
87
Os psicoacutelogos conforme aborda Castro (2001) tecircm como objetivo essencial o de
oferecer requisitos para a assistecircncia integral ao paciente conduzindo-o a uma qualidade de
vida ajudando-o ainda a encontrar estrateacutegias que possam adotar para manter um estilo de vida
mais equilibrada e saudaacutevel Incontri (2011) acrescenta que cabe a este profissional a
responsabilidade de cuidar da dor psiacutequica tanto dos pacientes quanto de seus familiares
atuando como confidentes de conflitos e ansiedades questionamentos existenciais
manifestaccedilotildees emotivas de revolta descrenccedila ou depressatildeo Jaacute os psiquiatras ainda de acordo
com a referida autora cuidaratildeo da sauacutede mental dos pacientes observando possiacuteveis
manifestaccedilotildees de depressatildeo deliacuterio ou outros distuacuterbios psiacutequicos preexistentes ou receacutem-
adquiridos ao longo do tratamento
Por conseguinte com base nesse entendimento o psicoacutelogo diante da terminalidade
busca promover a qualidade de vida do paciente trabalhando as questotildees do sofrimento
amenizando a ansiedade e a depressatildeo diante da aproximaccedilatildeo da morte procurando tambeacutem
assistir a sua famiacutelia e a equipe interdisciplinar envolvida
Ante o exposto eacute inegaacutevel a importacircncia de uma equipe interdisciplinar em Cuidados
Paliativos Haja vista que a assistecircncia por meio dela propicia um cuidado com o paciente que
envolva todas as suas dimensotildees Portanto a equipe interdisciplinar deve sempre ser formada
com o objetivo de oferecer conforto suporte informaccedilatildeo propiciando a dignidade ao paciente
e sua famiacutelia a partir da assistecircncia pautada nos Cuidados Paliativos
Outro aspecto merecedor de destaque contemplado na categoria ldquoCuidados Paliativos
na Atenccedilatildeo Baacutesica formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildeesrdquo diz respeito ao
posicionamento dos profissionais participantes do estudo para com a viabilidade da
operacionalizaccedilatildeo da referida modalidade de cuidar no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica
Nesse enfoque de acordo com o manual da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (WHO
2007) os Cuidados Paliativos devem ser estruturados em diferenciados niacuteveis de atenccedilatildeo
desde a comunidade ateacute hospitais de referecircncia nacional e regional Aleacutem disso esta
Organizaccedilatildeo estabelece que tais cuidados devem ser disponibilizados em cada um dos niacuteveis de
atenccedilatildeo agrave sauacutede constituindo uma rede de apoio a pacientes sem possibilidades terapecircuticas de
cura e aos seus familiares Para tanto a OMS utiliza uma piracircmide para estabelecer essa
hierarquizaccedilatildeo conforme pode ser observado na figura 3 abaixo
88
Figura 3 ndash Rede de Equipes de Cuidados Paliativos nos Niacuteveis de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede
Fonte World Health Organization 2007
A piracircmide apresentada na figura 3 contempla em sua base a oferta dos Cuidados
Paliativos para com a comunidade os quais podem ser realizados por familiares cuidadores
liacutederes comunitaacuterios e curandeiros (WHO 2007) Conforme foi observado por Silva (2010)
que apresenta a comunidade na base da piracircmide isto significa que a maioria das pessoas que
realizariam os Cuidados Paliativos (bem como a maior parte dos serviccedilos de atenccedilatildeo a esses
pacientes) deveria estar nela inseridos uma vez que na referida base teriacuteamos aquilo que
representa a maioria sendo portanto considerada como o pilar de sustentaccedilatildeo da estrutura da
piracircmide
Depreende-se que os pilares de sustentaccedilatildeo desta piracircmide refletem uma poliacutetica de
Cuidados Paliativos direcionadas para a comunidade uma vez que a assistecircncia assim
planejada poderia ser economicamente mais viaacutevel
O referido manual esclarece que os modelos de Cuidados Paliativos de sauacutede puacuteblica e
de baixo custo podem ser implementados para alcanccedilar a maioria da populaccedilatildeo alvo
particularmente em cenaacuterios com poucos recursos
De acordo com o manual eacute recomendada a implementaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no
acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica Entretanto esta modalidade de cuidar na nossa realidade local
apresenta segundo os profissionais envolvidos no estudo possibilidades e limitaccedilotildees neste
niacutevel de atenccedilatildeo Tal fato pode ser evidenciado nos depoimentos de meacutedicos cirurgiotildees-
-dentistas e enfermeiros da ESF participantes da pesquisa Quanto agraves limitaccedilotildees estes
89
profissionais apontaram algumas necessidades prementes para viabilizar a implementaccedilatildeo dos
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica conforme se observa nos trechos a seguir
Eacute necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas [] (M1)
[] a gestatildeo identificar fontes de financiamento (pelo SUS) para esta implantaccedilatildeo (M4)
Em primeiro lugar vontade do gestor [] (D1)
Revisatildeo nas poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Sensibilizar a sociedade e as autoridades (D4)
[] apoio da gestatildeo (E3)
Os discursos mencionados expressam a preocupaccedilatildeo dos profissionais em fomentar a
criaccedilatildeo de uma poliacutetica nacional para essa modalidade de cuidar Os autores Rajagopal Mazza
e Lipman (2003) dizem que a inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos nos sistemas de sauacutede dos
paiacuteses em desenvolvimento tem sido um grande desafio devido agrave dificuldade dos governos
para priorizaacute-los
Floriani (2011) afirma que o Brasil apresenta uma poliacutetica de cuidados incipiente
tiacutemida e desarticulada com o paciente no fim da vida tendo como grande desafio o de inserir os
Cuidados Paliativos no seu Sistema de Sauacutede
Floriani e Schramm (2007) assinalam que para se fazer frente agrave crescente necessidade
de estruturar o sistema de sauacutede para absorver com qualidade essa modalidade eacute fundamental
que os cuidados no fim da vida sejam pensados e estruturados dentro de um modelo que
priorize tanto do ponto de vista moral como operacional o natildeo abandono e a proteccedilatildeo aos
pacientes acometidos por doenccedilas avanccediladas e terminais
Existem importantes obstaacuteculos para a operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica tanto de ordem operacional quanto de ordem eacutetica e cultural podendo ser
citadas entre eles a existecircncia de poliacuteticas restritas e lentas para liberaccedilatildeo de opioides a falta
de qualificaccedilatildeo em recursos humanos a alocaccedilatildeo de recursos prioritariamente dirigida para
outros setores de Sauacutede e o iacutenfimo investimento no ensino e na pesquisa nesse campo
(WEBSTER LACEY QUINE 2007)
Wright et al (2008) em estudo desenvolvido evidenciaram que o Brasil encontra-se
em um niacutevel meacutedio de desenvolvimento dos Cuidados Paliativos ficando atraacutes da Argentina
Chile e Costa Rica Os autores reconhecem ainda que nesse niacutevel de classificaccedilatildeo identifica-se
a presenccedila de serviccedilos voltados para os Cuidados Paliativos conquanto estes natildeo apresentem
uma rede articulada e integrada natildeo sendo portanto possiacutevel perceber o impacto exercido por
tais cuidados sobre as poliacuteticas de sauacutede
90
De acordo com Santos (2011) existem no paiacutes sessenta e uma unidades inseridas em
instituiccedilotildees hospitalares puacuteblicas e privadas Caponero (2002) chama atenccedilatildeo pelo fato de estas
instituiccedilotildees estarem localizadas principalmente nas capitais A maioria iniciou suas atividades
com accedilotildees para o controle da dor agregando posteriormente os Cuidados Paliativos
A carecircncia desse tipo de atenccedilatildeo segundo Rodrigues (2004) faz com que os pacientes
em Cuidados Paliativos procurem com frequumlecircncia os serviccedilos de emergecircncia lavando muitas
vezes estes a serem abandonados nas instituiccedilotildees de sauacutede com alteraccedilotildees fiacutesicas
psicoloacutegicas sociais e espirituais decorrentes do desconhecimento dos profissionais sobre as
intervenccedilotildees adequadas a esses pacientes para a reduccedilatildeo do sofrimento
A despeito desse difiacutecil cenaacuterio os participantes envolvidos no estudo ressaltam a
falta de preparaccedilatildeo da equipe da ESF para viabilizar a referida praacutetica no acircmbito da Atenccedilatildeo
Baacutesica sendo portanto necessaacuteria a qualificaccedilatildeo desses profissionais mediante capacitaccedilotildees
conforme se lecirc nos trechos a seguir
[] que seja dado um curso de capacitaccedilatildeo para esses profissionais lhe darem com esses
pacientes (M2)
Treinamentos para as equipes do PSF (M3)
Sensibilizaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede para a aceitaccedilatildeo da implantaccedilatildeo [] Falta de
divulgaccedilatildeo para os profissionais da Sauacutede do que eacute cuidados paliativos (M4)
Cursos de capacitaccedilatildeo para ampliar o conhecimento dos profissionais nessa aacuterea (M8)
[] capacitaccedilatildeo com educaccedilatildeo continuada para todos os profissionais da Sauacutede da ESF
(D1)
Capacitaccedilatildeo dos atores envolvidos envolvimento da equipe adequando seus programas
(D2)
Treinamento para os profissionais da ESF de forma que pudessem realmente ser
resolutivos (D3)
[] Conscientizaccedilatildeo dos profissionais em sauacutede (D4)
Treinamentos oficinas para os profissionais da Sauacutede (D6)
Boa condiccedilatildeo de trabalho equipe completa informaccedilotildees necessaacuterias (D9)
[] compromisso dos profissionais humanizaccedilatildeo dos serviccedilos (D10)
Capacitaccedilatildeo da equipe (E1)
Informaccedilatildeo atraveacutes de palestras capacitaccedilotildees conversas de roda de mesa (E2)
91
Capacitar e sensibilizar profissionais (E3)
[] treinamento e capacitaccedilatildeo para a equipe (E4)
Contrataccedilatildeo de profissionais treinamentos espaccedilo para realizaccedilatildeo das atividades
divulgaccedilatildeo do trabalho para comunidade (E7)
Preparar profissionais que pelo menos tentem prevenir o sofrimento que a doenccedila gera
para proporcionar uma melhor qualidade de vida mesmo sendo no fim (E8)
De modo geral os profissionais disseram mediante os seus depoimentos acreditar
como estrateacutegia principal para a viabilizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a
qualificaccedilatildeo da equipe que atua na ESF no que concerne aos cuidados no fim da vida Essa
capacitaccedilatildeo conforme ressalta Floriani (2011) eacute um dos aspectos mais nevraacutelgicos sendo de
fundamental importacircncia a instituiccedilatildeo de programas de educaccedilatildeo continuada O autor ressalta
ainda que tal formaccedilatildeo deveria ser realizada em todo o territoacuterio nacional considerando-se as
distintas realidades socioculturais e de acesso ao Sistema de Sauacutede existentes nas diferenciadas
regiotildees do paiacutes
No tocante agrave viabilidade da praacutetica de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica merece
destaque a pesquisa desenvolvida por Lavor (2006) o qual identificou a necessidade de superar
algumas barreiras para a sua operacionalizaccedilatildeo O estudo observou ainda com base na visatildeo
dos enfermeiros participantes da pesquisa um consenso agrave necessidade de se investir na
capacitaccedilatildeo para que os profissionais adquiram conhecimentos e desenvolvam habilidades e
competecircncias para o manejo de situaccedilotildees que envolvem o paciente e a famiacutelia
O referido estudo ressalta tambeacutem que satildeo inuacutemeras as dificuldades apontadas pelos
profissionais que atuam na ESF para o emprego dessa filosofia de cuidar Entre elas apontam-
se a questatildeo familiar os aspectos bioeacuteticos a comunicaccedilatildeo entre os profissionais os pacientes
e a famiacutelia a organizaccedilatildeo dos serviccedilos (nesta enfatizam-se a falta de recursos e de
medicamentos e a desarticulaccedilatildeo entre os diversos niacuteveis do sistema) Esta uacuteltima eacute a maior
barreira para a operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos
O trabalho desenvolvido por Rodrigues (2009) corrobora os resultados encontrados no
referido estudo Esclarecem que a descoberta dos Cuidados Paliativos para os trabalhadores da
equipe de sauacutede tem gerado desafios para os profissionais envolvidos na assistecircncia em virtude
do despreparo deles para essa nova praacutetica principalmente para o emprego dos Cuidados
Paliativos no cenaacuterio domiciliar no conviacutevio com pacientes e agraves emoccedilotildees advindas do ato de
92
compartilhar o sofrimento dos pacientes e dos seus familiares confrontando-os com o desafio
maior ― o lidar com a morte Estas ponderaccedilotildees podem ser visualizadas nos trechos a seguir
[] Eacute preciso um projeto paralelo de reeducaccedilatildeo (M1)
[] com certeza necessitaria antes de iniciar as atividades um curso de capacitaccedilatildeo
para poder assistir melhor esses pacientes e fazer o melhor para que os mesmos tivessem
uma morte digna ou melhor menos dolorosa para eles e seus familiares (M2)
[] faltam a toda a equipe os subsiacutedios essenciais para o emprego dos cuidados
paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica (M8)
[] me faz necessaacuterio uma sensibilizaccedilatildeo (D1)
[] me falta conhecimento e experiecircncia para lidar com esse tipo de situaccedilatildeo (D3)
Todos os profissionais necessitam passar por uma qualificaccedilatildeo para empregar os
Cuidados Paliativos de forma produtiva ateacute mesmo seguindo um protocolo (D10)
Natildeo estou preparada Necessito de capacitaccedilatildeo (E3)
[] precisaria de capacitaccedilatildeo (E6)
Nesse contexto a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente em Cuidados Paliativos eacute
premente para os profissionais que integram a equipe da ESF como parte de uma estrateacutegia de
difusatildeo nacional desses cuidados cabendo ao Ministeacuterio da Sauacutede o assessoramento teacutecnico
aos municiacutepios para a organizaccedilatildeo de equipes qualificadas no monitoramento e no tratamento
dos pacientes com doenccedilas avanccediladas e terminais e de seu entorno (FLORIANI 2011) Outro
aspecto importante eacute a aquisiccedilatildeo de atitudes e habilidades como a comunicaccedilatildeo fundamentais
para que essa assistecircncia seja eficaz (MELLO CAPONERO 2011)
Kira Montagnini e Barbosa (2008) observam que atualmente no Brasil embora a
discussatildeo e a implantaccedilatildeo dos princiacutepios dos Cuidados Paliativos estejam em franca
progressatildeo ainda eacute necessaacuterio que as instituiccedilotildees de ensino compreendam a importacircncia da
filosofia paliativista e facilitem sua implantaccedilatildeo curricular na aacuterea da Sauacutede ao niacutevel da
graduaccedilatildeo e da poacutes-graduaccedilatildeo
Arauacutejo (2011) assevera que a educaccedilatildeo em Cuidados Paliativos difere da educaccedilatildeo em
outras disciplinas da aacuterea da Sauacutede por trecircs razotildees distintas poreacutem interligadas
Primeiro porque se lida com pessoas que estatildeo morrendo e com seus familiares em
momentos de incertezas e complexidades
93
Segundo porque haacute maior implicaccedilatildeo emocional no cuidado destes pacientes uma vez
que por meio da abordagem multidimensional identifica-se o sofrimento em suas diferentes
esferas revelando-se sentimentos com que o profissional teraacute que lidar tanto no paciente
quanto em si proacuteprio
Terceiro porque para que o cuidado paliativo seja efetivo ou seja para que as
necessidades multidimensionais do paciente e seus familiares sejam supridos eacute imprescindiacutevel
o trabalho interdisciplinar
Assim conforme apontam Wee e Hughes (2007) a educaccedilatildeo neste tema precisa ir ao
encontro das necessidades de grupos profissionais heterogecircneos no tocante agraves abordagens
disciplinares
Floriani (2011) pondera que aleacutem dessa qualificaccedilatildeo da equipe deve haver tambeacutem
como parte dessa estrateacutegia de capacitaccedilatildeo uma mudanccedila na visatildeo acadecircmica com a urgente
necessidade de ser implantada a disciplina Cuidados Paliativos na grade curricular dos cursos
da aacuterea da Sauacutede Caso contraacuterio as distorccedilotildees envolvidas acerca desta modalidade de cuidar
natildeo seratildeo corrigidas perpetuando-se terapecircuticas fuacuteteis e situaccedilotildees de abandono
Na percepccedilatildeo de Arauacutejo (2011) a filosofia dos Cuidados Paliativos deve ser ensinada
durante a graduaccedilatildeo poreacutem o que se tem observado eacute que a academia destina-se a ensinar a
fisiopatologia das doenccedilas e farmacoloacutegicas para seu tratamento pouco preparando o
profissional para lidar com o paciente quando esta doenccedila natildeo tem mais possibilidade de cura
Observa-se ainda que pouco se destaca nesse processo de formaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede
seu preparo para comunicar notiacutecias ruins estar ao lado de algueacutem que sofre oferecer apoio
emocional e espiritual em situaccedilotildees complexas refletir junto com o doente na suas duacutevidas e
questotildees existenciais
Como a formaccedilatildeo baacutesica dos profissionais que atualmente lidam com pacientes que
vivenciam o processo de morrer natildeo lhes foi suficiente para desenvolver habilidades para lidar
com estas e outras situaccedilotildees inerentes agrave terminalidade de seus pacientes eacute preciso o
investimento na educaccedilatildeo continuada destes profissionais no tange aos Cuidados Paliativos
Dessa forma Floriani e Schramm (2004) consideram que a Atenccedilatildeo Baacutesica emerge
como uma importante estrateacutegia para o emprego dessa modalidade de cuidar podendo atuar
para evitar a ruptura de tratamento configurando-se como indispensaacutevel elo de continuidade do
tratamento especialmente para os pacientes que vivem longe de centros urbanos e que devem
retornar para suas casas
Diante dessa realidade observa-se que o Sistema de Sauacutede brasileiro tem a importante
tarefa de equilibrar dentro de um cenaacuterio de restriccedilatildeo de recursos de modo pragmaacutetico como
94
conveacutem ao gestor puacuteblico e ao privado o sentido do que eacute real com o sentido da possibilidade
em busca de um modelo sustentaacutevel de cuidados no fim da vida do ponto de vista operacional
e organizado de modo que possa ser acessiacutevel nos mais diferentes contextos nacionais e
eticamente comprometido com a proteccedilatildeo aos atores vulnerados (FLORIANI 2011)
Portanto analisando essas caracteriacutesticas agrave luz do referencial teoacuterico e dos discursos
provenientes de meacutedicos enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas da ESF podemos assinalar que na
visatildeo desses profissionais eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo
Baacutesica contanto que sejam superadas algumas barreiras tais como a criaccedilatildeo de uma poliacutetica
nacional para essa modalidade de cuidar e a preparaccedilatildeo dos profissionais que integram a equipe
da ESF
95
Reflexotildees Finais
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
96
O estudo nos permitiu assinalar a partir dos discursos dos profissionais participantes
da investigaccedilatildeo a valoraccedilatildeo dos Cuidados Paliativos como uma modalidade de cuidar que visa
agrave minimizaccedilatildeo do sofrimento do paciente sem possibilidade terapecircutica de cura e agrave de seus
familiares mediante uma assistecircncia pautada na humanizaccedilatildeo
Eacute oportuno destacar que a praacutetica dos Cuidados Paliativos busca oferecer uma resposta
ativa aos problemas necessidades e sofrimento dos pacientes acometidos por uma patologia
crocircnica e incuraacutevel podendo dessa forma desempenhar um papel relevante nos cuidados no
fim da vida especialmente em aacutereas onde natildeo existem centros de referecircncia em Cuidados
Paliativos
Implementar esta modalidade de cuidar permeada pelos pressupostos da humanizaccedilatildeo
favorece aos profissionais da ESF o estabelecimento de uma assistecircncia integral e holiacutestica
(contemplando as necessidades emocionais espirituais sociais e bioloacutegicas) direcionada ao
paciente portador de doenccedila crocircnica natildeo responsiva agrave terapecircutica de cura Aleacutem disso contribui
para o desenvolvimento de estrateacutegias uacuteteis e adequadas a fim de se atender agraves necessidades do
referido paciente
No tocante agrave praacutetica dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica foi possiacutevel eleger
duas categorias a partir do material discursivo oriundo das entrevistas dos participantes do
estudo Cuidados Paliativos ndash aspectos conceituais e modalidades terapecircuticas (esta categoria
apresentou duas subcategorias Cuidados Paliativos ndash promoccedilatildeo de qualidade de vida para
pacientes sem possibilidades de cura modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos)
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica ndash formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees As
categoriais apresentam a essecircncia do entendimento dos profissionais da ESF envolvidos no
estudo sobre os Cuidados Paliativos sobretudo no referido contexto
Quanto agrave compreensatildeo dos profissionais da ESF acerca dos Cuidados Paliativos foi
enfatizado que esta modalidade eacute considerada como cuidados de conforto para o paciente
cuidado biopsiacutequicoespiritual e cuidado interdisciplinar
Os meacutedicos os enfermeiros e os cirurgiotildees-dentistas da ESF participantes do estudo
advertiram de modo enfaacutetico que os Cuidados Paliativos devem estar voltados para pacientes
acometidos por doenccedilas incuraacuteveis e pacientes em fase de terminalidade mediante uma
assistecircncia humanizada com a finalidade de promover qualidade de vida minimizaccedilatildeo do
sofrimento e boa morte
Outra questatildeo que merece destaque refere-se agrave importacircncia dada por alguns dos
participantes do estudo agrave presenccedila dos familiares elementos colaboradores no cuidar do
paciente Esta eacute compreendida como fonte de apoio e estiacutemulo para o doente no enfrentamento
97
do processo da enfermidade e da terminalidade Dessa forma os Cuidados Paliativos devem ser
estendidos tambeacutem agrave famiacutelia uma vez que esta sofre juntamente com o paciente que se
encontra em processo de terminalidade
Quanto agraves modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos os referidos profissionais
valorizaram natildeo soacute os aspectos bioloacutegicos do paciente mas tambeacutem outras dimensotildees que
compotildeem a totalidade do ser humano e que surgem intensamente diante de um sofrimento e do
processo da terminalidade ndash as dimensotildees psicoloacutegicas sociais e espirituais Por conseguinte
os referidos profissionais destacaram as seguintes modalidades farmacologia fisioterapia
nutriccedilatildeo (que corresponderam agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica) comunicaccedilatildeoescuta qualificada
psicologia e espiritualidade (que retrataram a intervenccedilatildeo psicoterapecircutica)
Eacute oportuno destacar que alguns dos participantes do estudo apresentaram certo
despreparo para esta nova modalidade de cuidar revelando conceitos incompatiacuteveis com a
literatura pertinente aos Cuidados Paliativos Foi possiacutevel entrever que estes profissionais
restringem tais cuidados a cuidados humanitaacuterios natildeo identificando a relaccedilatildeo de tal modalidade
com temas como a morte e suas implicaccedilotildees espirituais ou existenciais Este fato pode estar
atrelado agrave formaccedilatildeo profissional deles uma vez que no Brasil a visibilidade dessa modalidade
de cuidar iniciou-se na deacutecada de 2000 e a maioria destes estaacute formada haacute mais de dez anos
natildeo tendo em seus curriacuteculos a contemplaccedilatildeo da temaacutetica em destaque
Em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da equipe de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica os
participantes envolvidos no estudo disseram reconhecer que a equipe da ESF deve conter um
quantitativo maior de profissionais o qual possa extrapolar o que estaacute determinado atualmente
pelo Ministeacuterio da Sauacutede Ressalte-se que alguns deles destacaram a importacircncia da atuaccedilatildeo de
uma equipe interdisciplinar composta de profissionais que possuem diferenciadas competecircncias
e que atuam de forma interdependente para o atendimento das necessidades bioloacutegicas
psicoloacutegicas sociais e espirituais do paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura e de sua
famiacutelia
Outro aspecto merecedor de destaque diz respeito ao posicionamento dos profissionais
inseridos no estudo quanto agrave viabilidade da operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica Para eles esta modalidade de cuidar na nossa realidade local apresenta
possibilidades e limitaccedilotildees
No que diz respeito agraves possibilidades os discursos provenientes dos meacutedicos
enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas expressaram a necessidade em fomentar a criaccedilatildeo de uma
poliacutetica nacional que contemple os Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
98
Do mesmo modo manifestaram acreditar que a falta de qualificaccedilatildeo dos profissionais
inseridos na ESF consiste na principal limitaccedilatildeo para a implementaccedilatildeo dessa modalidade de
cuidar na Atenccedilatildeo Baacutesica Portanto a qualificaccedilatildeo desta equipe eacute apontada pelos profissionais
como a estrateacutegia mais importante para a viabilizaccedilatildeo desta praacutetica na atenccedilatildeo primaacuteria
Explicitaram a necessidade de qualificaccedilatildeo para um melhor exerciacutecio profissional no campo de
Cuidados Paliativos sobretudo em situaccedilotildees de terminalidade
Assim sendo urge a instituiccedilatildeo da educaccedilatildeo permanente em Cuidados Paliativos para
os profissionais que fazem parte da Atenccedilatildeo Baacutesica a fim de que promovam uma assistecircncia
holiacutestica e integral ao paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura Aleacutem disso eacute de suma
relevacircncia que as instituiccedilotildees de ensino da aacuterea da Sauacutede compreendam a importacircncia da
filosofia dessa modalidade de cuidar e contemplem esta temaacutetica em seus curriacuteculos
Consideramos que este estudo abre novos horizontes no campo da investigaccedilatildeo
cientiacutefica na assistecircncia e no ensino acerca dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Haja
vista o quacircntico reduzido de estudos direcionados agrave respectiva temaacutetica no acircmbito da literatura
nacional Ressaltamos a necessidade de novas pesquisas com a finalidade de se ampliarem as
discussotildees sobre essa temaacutetica e conseguintemente se favorecer a inserccedilatildeo desse conteuacutedo nos
curriacuteculos dos profissionais da Sauacutede bem como se estimular a capacitaccedilatildeo destes cuidados
diferenciados nas redes assistenciais de sauacutede particularmente na ESF a fim de se amenizar o
sofrimento de usuaacuterios sem possibilidades terapecircuticas e familiares envolvidos com o cuidado
com seu ente querido
Esperamos portanto que esta pesquisa possa subsidiar novas investigaccedilotildees que
contemplem a inter-relaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos com a Atenccedilatildeo Baacutesica visto que se trata
de uma praacutetica inovadora no referido campo a qual necessita de uma maior disseminaccedilatildeo junto
a gestores profissionais da Sauacutede em particular os da ESF estudantes e pesquisadores da aacuterea
99
Referecircncias
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
100
ABRAHAtildeO-CURVO P Avaliaccedilatildeo da atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede destacando satisfaccedilatildeo e
insatisfaccedilatildeo na perspectiva dos usuaacuterios com ecircnfase na integralidade da atenccedilatildeo 2010
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo PretoUSP Satildeo Paulo 2010
ABREU L O et al Trabalho de equipe em enfermagem revisatildeo sistemaacutetica da literatura
Rev Bras Enferm v 58 n 2 p 203-7 2005
ABU-SAAD H H COURTENS A Developments in Palliative Care In ABUD-SAAD H
H Evidence-based palliative care across the life span Oxford Blackwel Science 2001
Cap3 p5-13
ARAUacuteJO M M T de Quando uma palavra de carinho conforta mais que um
medicamento necessidades e expectativas de pacientes sob cuidados paliativos 2006
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola de Enfermagem da Universidade de Satildeo Paulo 2006
ARAUacuteJO M M T de Comunicaccedilatildeo em cuidados paliativos proposta educacional para
profissionais de sauacutede 2011 Tese (Doutorado) ndash Escola de Enfermagem da Universidade de
Satildeo Paulo 2011
ARAUacuteJO M M T de SILVA M J P da A comunicaccedilatildeo com o paciente em cuidados
paliativos valorizando a alegria e o otimismo Rev Esc Enferm v 40 n 4 p 668-674 2007
AROUCA S Democracia e sauacutede Anais da VIII Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia
1987 P 17-21
BACKES D S et al Muacutesica terapia complementar no processo de humanizaccedilatildeo de um CTI
Nursing v 66 n 6 p 35-42 2003
BARBOSA K de A FREITAS M H de Religiosidade e atitude diante da morte em idosos
sob cuidados paliativos Revista Kairoacutes Satildeo Paulo v 12 n 1 p 113-34 jan 2009
BARDIN L Anaacutelise de conteuacutedo Lisboa Ediccedilotildees 70 2008
BIELEMANN V L M A famiacutelia cuidando do ser humano com cacircncer e sentindo a
experiecircncia Rev Bras Enferm v 56 n 2 p 133-7 2003
BILLINGS J A A BLOCH S Palliative care in undergraduate medical education JAMA
v 278 n9 p 733-738 1997
101
BONASSA E C CAMPOS C V A Sauacutede mais perto os programas e as formas de
financiamento para os municiacutepios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001
BONFAacute L VINAGRE R C de O FIGUEIREDO N V de Uso de canabinoacuteides na dor
crocircnica e em cuidados paliativos Rev Bras Anestesiol v 58 n 3 p 267-279 2008
BOULAY S Changing the face of death the story of Cicely Saunders 4 ed Norfolk
RMEP 1996
BRASIL Portaria ndeg 1886GMMS Aprova as Normas de Diretrizes do Programa de
Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede e do Programa de Sauacutede da Famiacutelia Brasiacutelia DF Dez 1997
______ Portaria nordm 2413 GMMS Cria atendimento a pacientes sob cuidados prolongados
Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1998a
______ Portaria nordm 3535 GMMS Estabelece criteacuterios para Centros de Alta Complexidade
em Oncologia ndash CACON Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1998b
______ Portaria ndeg 157GMMS Estabelece os criteacuterios de distribuiccedilatildeo e requisitos para a
qualificaccedilatildeo dos Municiacutepios aos incentivos ao Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede e
ao Programa de Sauacutede da Famiacutelia Brasiacutelia DF Mar 1998c
______ Ministeacuterio da Sauacutede Portaria n 881 Brasiacutelia DF Jun 2001
______ Portaria nordm 19 GMMS Cria o Programa Nacional de Assistecircncia agrave Dor e Cuidados
Paliativos Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Programa de sauacutede da famiacutelia Brasiacutelia DF 2000a
______ Ministeacuterio da Sauacutede Atenccedilatildeo Baacutesica Programa de Sauacutede da Famiacutelia Treinamento
Introdutoacuterio Caderno 2 Brasiacutelia 2000b
______ Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Programa de Sauacutede da famiacutelia
Rev Sauacuted Puacutebl v 34 n 3 p 316-9 2000c
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave sauacutede Coordenaccedilatildeo de sauacutede da
comunidade Sauacutede da famiacutelia uma estrateacutegia para reorientaccedilatildeo do modelos assistencial
Brasiacutelia DF 2005a
102
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica
Coordenaccedilatildeo de Acompanhamento e Avaliaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo para melhoria da qualidade da
estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Documento Teacutecnico Brasiacutelia DF 2005b
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Gestatildeo Participativa Sauacutede da famiacutelia panorama
avaliaccedilatildeo e desafios Brasiacutelia DF 2005c
______ Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada - RDC
nordm11 de 26 de janeiro de 2006 Dispotildee sobre o regulamento teacutecnico de funcionamento de
serviccedilos que prestam atenccedilatildeo domiciliar Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 30 jan 2006
______ Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Comissatildeo Nacional de Eacutetica em
Pesquisa Manual operacional para comitecircs de eacutetica em pesquisa 4 ed Brasiacutelia DF 2007
Seacuterie A Normas e manuais teacutecnicos
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave
Sauacutede Diretrizes e recomendaccedilotildees para o cuidado integral de doenccedilas crocircnicas natildeo-
transmissiacuteveis Brasiacutelia DF 2009
BYOCK I Where do we go from here A palliative care perspective Crit Care Med v 34
p 416-20 2006
CAPONERO R Muito aleacutem da cura de uma doenccedila profissionais lutam para humanizar o
sofrimento humano Praacutetica Hospitalar Satildeo Paulo n 21 p 29-34 maijun 2002
CASTRO D A Psicologia e eacutetica em cuidados paliativos Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo v
21 p 44-51 2001
CEZARIO E P O fisioterapeuta diante dos cuidados paliativos e da morte In SANTOS F S
(Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo
Atheneu 2011 Cap 33 p 307-14
CLARK D CENTENO C Palliative care in Europe an emerging approach to comparative
analysis Clin Med v6 n 2 p 197-201 2006
CONGRESSO INTERNACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS Educar para paliar Satildeo
Paulo Siacuterio Libanecircs Instituto de Ensino e Pesquisa 2010
103
COSTA E M A CARBONE M H Sauacutede da famiacutelia uma abordagem interdisciplinar Rio
de Janeiro Rubio 2004
COSTA S F G VALLE E R M Ser eacutetico na pesquisa em enfermagem Joatildeo Pessoa
Ideacuteia 2000
COSTA FILHO R C et al Como implementar cuidados paliativos de qualidade na unidade
de terapia intensiva Rev Bras Ter Intensiva Satildeo Paulo v 20 n 1 janmar 2008
DUNLOP R J HOCKLEY J M Hospital-based palliative care teams 2 ed Oxford
Oxford University 1998
ELIAS A C A et al Programa de treinamento sobre a intervenccedilatildeo terapecircutica (RIME) para
re-significar a dor espiritual de pacientes terminais Rev Psiquiatr Cliacuten Satildeo Paulo v 34
supl 1 p 60-72 2007
ESTEVES M M Cuidar ndash paciente famiacutelia e equipe multiprofissional sob a visatildeo do
assistente social atuante em cuidados paliativos In SANTOS F S (Org) Cuidados
paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 31
p 285-86
FERRER P M N LABRADA B R P LOacutePEZ N P Buenas praacutecticas de enfermeriacutea en
pacientes tributarios de cuidados paliativos en la atencioacuten primaria de salud Revista Cubana
de Enfermeriacutea v 25 n 1-2 p 1-17 2009
FERREIRA N M L A CHICO E HAYHASHI V D Buscando compreender a
experiecircncia do doente com cacircncer Rev Ciecircn Meacuted (Campinas) v 14 n 3 p 239-48 2005
FERREIRA N M L A SOUZA C L B de STUCHI Z Cuidados paliativos e famiacutelia
Rev Ciecircnc Meacuted Campinas v 17 n 1 p 33-42 janfev 2008
FIGUEIREDO M C A Educaccedilatildeo em cuidados paliativos uma experiecircncia brasileira Mundo
Sauacutede v 27 n 1 p 165-70 2003
FIGUEIREDO M T A Reflexotildees sobre os cuidados paliativos no Brasil Rev Praacutetica
Hospitalar v 47 p 36-40 setout 2006
104
FLORIANI C A Cuidados paliativos no Brasil desafios para sua inserccedilatildeo no sistema de
sauacutede In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos
sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 12 p 101-06
FLORIANI C A SCHRAMM F R Atendimento domiciliar ao idoso problema ou
soluccedilatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 20 n4 p 986-994 julago 2004
FLORIANI C A SCHRAMM F R Desafios morais e operacionais da inclusatildeo dos cuidados
paliativos na rede de atenccedilatildeo baacutesica Cad Sauacutede Puacuteblica v 23 n 9 p 2072-2080 set 2007
FRANCcedilA J R F S Cuidados paliativos relaccedilatildeo dialoacutegica entre enfermeiros e crianccedilas com
cacircncer 2011 172f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Centro de Ciecircncias da Sauacutede Universidade
Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 6 ed Satildeo Paulo Atlas 2010
GIL C R R Formaccedilatildeo de recursos humanos em sauacutede da famiacutelia paradoxos e perspectivas
Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 21 n2 p490-498 marabr 2005
GIROND J B R WATERKEMPER R Sedaccedilatildeo eutanaacutesia e o processo de morrer do
paciente com cacircncer em cuidados paliativos compreendendo conceitos e inter-relaccedilotildees
Cogitare enferm v 11 n 3 p 258-263 set-dez 2006
GUERRA M A T Assistecircncia ao paciente em fase terminal alternativas para o doente com
AIDS 2001 155p Tese (Doutorado) ndash Faculdade de Sauacutede Puacuteblica Universidade de Satildeo
Paulo Satildeo Paulo 2001
GUTIERREZ D M D MINAYO M C S Produccedilatildeo do conhecimento sobre cuidados da
sauacutede no acircmbito da famiacutelia Ciecircncia e Sauacutede Coletiva v 15 n 1 p 1497-1508 2010
HALSTEAD MT ROSCOE ST Restoring the spirit at the end of life music as an
intervention for oncology nurses Clin J Oncol Nurs v6 n6 p333-6 2002
HERSCHBACK P et al Psychological distress in cancer patients assessed with na expert
rating scale Br J Cancer v 99 n 1 p 37-43 2008
HIGUERA J C B La escucha activa em cuidados paliativos Revista de Estudios Meacutedico
Humaniacutesticos v 11 n 11 p 119-136 2005
105
IBANtildeEZ N et al Avaliaccedilatildeo do desempenho da atenccedilatildeo baacutesica no estado de Satildeo Paulo
Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 11 n 3 p 683-703 2006
INCONTRI D Equipes interdisciplinares em cuidados paliativos ndash religando o saber e o sentir
In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos
sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 17 p 141-48
INABA L C SILVA M J P A importacircncia e as dificuldades da comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-
verbal no cuidado dos deficientes fiacutesicos Nursing v 5 n 51 p 20-4 2002
JOAtildeO PESSOA Secretaria Municipal de Sauacutede Plano Municipal de Sauacutede ndash 2010 - 2013
Joatildeo Pessoa 2010
______ Relatoacuterio de gestatildeo 2005-2008 Joatildeo Pessoa 2008
KIRA C M MONTAGNINI M BARBOSA S M M Educaccedilatildeo em cuidados paliativos
In OLIVEIRA R A Cuidado paliativo Satildeo Paulo Conselho Regional de Medicina do estado
de Satildeo Paulo 2008 p 595-609
KOENIG H G McCULLOUGH M E LARSON D B A history of religion science and
medicine In HANDBOOK of religion and health New York Oxford University Press 2001
KOVAacuteCS M J et al Implantaccedilatildeo de um service de plantatildeo psicoloacutegico numa unidade de
cuidados paliativos Bol Psicol v 51 n 114 p 1-22 jan-jun 2001
KOVAacuteCS M J Comunicaccedilatildeo nos programas de cuidados paliativos uma abordagem
multidisciplinar In PESSINI L BERTACHINI L Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos
Satildeo Paulo Loyola p 275-89 2004
KUumlBLER-ROSS E Sobre a morte e o morrer Satildeo Paulo Martins Fontes 2002
LAVOR M F da S Cuidados paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica visatildeo dos enfermeiros do
Programa Sauacutede da Famiacutelia 180 f 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Enfermagem) ndash
Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Rio de Janeiro
2006
LITLEJOHN S W Fundamentos teoacutericos da comunicaccedilatildeo humana Rio de janeiro
Guanabara 1988
106
LOPES M J M SILVA J L A Estrateacutegias metodoloacutegicas de educaccedilatildeo e assistecircncia na
atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Revista Latino Amer Enfermagem v 12 n 4 jul ndash ago 2004
LUSTOSA M A A famiacutelia do paciente internado Rev SBPH v 10 p 4-8 2007
MACCOUGHLAN M A necessidade de cuidados paliativos In PESSINI L BERTACHINI
(Orgs) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos 3ed Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 Cap 11
p 167- 180
MACCOUGHLAN M A Necessidade de cuidados paliativos Mundo Sauacutede v 27 n 1 p
6-14 2003
MACHADO M de F A S et al Integralidade formaccedilatildeo de sauacutede educaccedilatildeo em sauacutede e as
propostas do SUS - uma revisatildeo conceitual Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva v 12 n 2 p 335-342
2007
MACMILIAN K EMERY B KASHUBA L Organization and support of the
interdisciplinary team In BRUERA E et al Textbook of palliative medicine London
Edward Arnold 2006
MALUF M F M MOLI L J BARROS A C S D O impacto psicoloacutegico do cacircncer de
mama Rev Bras Cancer v 51 n 2 p 149-54 2005
MARCUCCI F C I O papel da fisioterapia nos cuidados paliativos a pacientes com cacircncer
Rev Bras Cancer v 51 n 1 p 67-77 2005
MELO A G C Os cuidados paliativos no Brasil In PESSINI L BERTACHINI L
Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos Satildeo Paulo Loyola 2004 p 291-9
MELLO A G C de CAPONEROV R Cuidados paliativos abordagem contiacutenua e integral
In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos discutindo a vida a morte e o morrer Satildeo
Paulo Atheneu 2009 Cap18 p 257-266
MELLO A G C de CAPONERO R O futuro em cuidados paliativos In SANTOS F S
(Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo
Atheneu 2011 Cap 2 p 17-24
107
MELO A G C FIGUEIREDO M T A Cuidados paliativos conceitos baacutesicos histoacuterico e
realizaccedilotildees da Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos e da Associaccedilatildeo Internacional de
Hospice e Cuidados Paliativos In PIMENTA C A M MOTA D D C F CRUZ D A L
M Dor e cuidados paliativos enfermagem medicina e psicologia Barueri SP Manole 2006
p 16-28
MENDES E V O dilema fragmentaccedilatildeo ou integraccedilatildeo dos sistemas de sauacutede por sistemas
integrados de serviccedilos de sauacutede In MENDES E V Os grandes dilemas do SUS Fortaleza
Escola de Sauacutede Puacuteblica do Cearaacute 2001 p 91-139
MINAYO M C de S O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 12 ed Rio
de Janeiro HUCITECABRASCO 2010
MOREIRA D A O meacutetodo fenomenoloacutegico na pesquisa Satildeo Paulo Pioneira 2004
O`CONNOR M FISHER C GUILFOYLE A Interdisciplinary teams inpalliative care a
critical reflection Int J Pall Nurs v 12 n 3 p 132-7 2006
OLIVEIRA A C SAacute L SILVA M J P O posicionamento do enfermeiro frente a
autonomia do paciente terminal Rev Bras Enferm v 60 n 3 p 286-90 maio-jun 2007
ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DA SAUacuteDE Alma Ata 1978 ndash cuidados primaacuterios de sauacutede
Relatoacuterio da conferecircncia internacional sobre cuidados primaacuterios de sauacutede OMSUNICEF
Brasil 1979
ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Cuidados inovadores para condiccedilotildees crocircnicas
componentes estruturais de accedilatildeo uma estrateacutegia em Serviccedilos de Sauacutede para todo o Brasil
Brasiacutelia Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede 2003
OTHERO M B COSTA D G Propostas desenvolvidas em Cuidados Paliativos em um
hospital amparador - Terapia Ocupacional e Psicologia Rev Praacutetica Hospitalar v 9 n 52 p
157-60 2007
PAUNOVICH E D et al The role of dentistry in palliative care of the head and neck cancer
patient Tex Dent J v 117 n 6 p 36-45 2000
PEDUZZI M A A inserccedilatildeo do enfermeiro na equipe de sauacutede da famiacutelia na perspectiva da
promoccedilatildeo da sauacutede In Anais do 1ordm Seminaacuterio Estadual o enfermeiro no programa de sauacutede
da famiacutelia de Satildeo Paulo 9-11 nov 2000 Satildeo Paulo Secretaria do estado de Sauacutede p 1-11
108
PEDUZZI M OLIVEIRA M A C Trabalho em equipe multiprofissional In MARTINS
M A et al Cliacutenica Meacutedica v1 Barueri Manole 2009 p 171-8
PERES M F P et al A importacircncia da integraccedilatildeo da espiritualidade e da religiosidade no
manejo da dor e dos cuidados paliativos Rev Psiquiatr Cliacuten Satildeo Paulo v 34 2007
PESSINI L Viver com dignidade a proacutepria morte reexame da contribuiccedilatildeo da eacutetica
teoloacutegica no atual debate sobre a distanaacutesia 2001 Tese (Doutorado) ndash Centro Universitaacuterio
Assunccedilatildeo Pontifiacutecia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunccedilatildeo Satildeo Paulo 2001
PESSINI L Humanizaccedilatildeo da dor e do sofrimento humanos na aacuterea da sauacutede In PESSINI L
BERTACHINI L (Orgs) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos 3 ed Satildeo Paulo Loyola
2006 cap1 p 11-29
PESSINI L BERTACHINI L Novas perspectivas em cuidados paliativos eacutetica geriatria
gerontologia comunicaccedilatildeo e espiritualidade O Mundo da Sauacutede Satildeo Paulo v 29 n 4
outdez 2005
PIMENTA C G C de MOTA D T A F Educaccedilatildeo em cuidados paliativos In PIMENTA
C G C de MOTA D D C de F M CRUZ D DE A L M da C (Orgs) Dor e
cuidados paliativos enfermagem medicina e psicologia BarueriManoly 2006 Cap3 p 29-
44
POLASTRINI R T V YAMASHITA C C KURASHIMA A Y Enfermagem e o cuidado
paliativo In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 30 p 277-83
POLIT F P BECK C T HUNGLER B P Fundamentos da pesquisa em enfermagem
meacutetodos avaliaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo 5 ed Porto Alegre Artmed 2004
RAJAGOPAL M R MAZZA D LIPMAN A G Pain and palliative care in the
developing world and marginalized population a global challenge Binghamton The
Haworth Medical Press 2003
REIS JUacuteNIOR L C REIS P E A M Cuidados paliativos no paciente idoso o papel do
fisioterapeuta no contexto multidisciplinar Fisioterapia em Movimento Curitiba v 20 n 2
p 127-35 abrjun 2007
109
RODRIGUES I G Cuidados paliativos anaacutelise de conceito 2004 200f Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo Ribeiratildeo
Preto 2004
RODRIGUES I G Os significados do trabalho em equipe de cuidados paliativos
oncoloacutegicos domiciliar um estudo etnograacutefico 2009 Tese (Doutorado) Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2009
RODRIGUES I G ZAGO M M F Enfermagem em cuidados paliativos Mundo Sauacutede v
27 n 1 p 89-92 2003
RODRIGUES I G ZAGO M M F CALIRI M H Uma anaacutelise do conceito de cuidados
paliativos no Brasil artigo de revisatildeo Mundo da Sauacutede v 29 n 2 p 147-154 Satildeo Paulo
2005
SALES C A MOLINA M A S O significado do cacircncer no cotidiano de mulheres em
tratamento quimioteraacutepico Rev Bras Enferm v 57 n 6 p 720-3 2004
SALES C A et al Cuidado paliativo a arte de estar-com-o-outro de uma forma autecircntica
Rev Enferm UERJ v 16 n 2 p 174-179 2008
SALTZ E JUVER J Cuidados paliativos em oncologia Satildeo Paulo Editora Senac 2008
SANTANA A D A Cuidados paliativos ao doente oncoloacutegico terminal em domiciacutelio
representaccedilotildees sociais da famiacutelia 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash escola de Enfermagem
Universidade Federal da Bahia Salvador 2000
SANTOS H S dos Terapecircutica nutricional para constipaccedilatildeo intestinal em pacientes
oncoloacutegicos com doenccedila avanccedilada em uso de opiaacuteceos revisatildeo Rev Bras Cancer v 48 n
2 p 263-269 2002
SANTOS D et al Sedacioacuten paliativa experiencia en una unidad de cuidados paliativos de
Montevideo Rev Med Urug v 25 n 2 p 78-83 2009
SANTOS M J O cuidado agrave famiacutelia do idoso com cacircncer em cuidados paliativos
perspectiva da equipe de enfermagem e dos usuaacuterios 2009 Dissertaccedilatildeo (mestrado)
Florianoacutepolis Universidade Federal de Santa Catarina 2009
SANTOS F S O desenvolvimento histoacuterico dos cuidados paliativos e a filosofia hospice In
SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas
Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 1 p 3-15
110
SANTOS C E dos MATTOS L F C Os cuidados paliativos e a medicina de famiacutelia e
comunidade In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 2 p 17-24
SAUNDERS C Preface In DAVIES E HIGGINSON I J (Ed) The solid facts palliative
care Copenhagen WHO Regional Office for Europe 2004
SCHLIEMANN A L Cuidados paliativos e psicologia a construccedilatildeo de um espaccedilo de
trabalho In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 34 p 315-21
SCHERER M D dos A MARINO S R A RAMOS F R S Rupturas e soluccedilotildees no
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede reflexotildees sobre a estrateacutegia sauacutede da famiacutelia com base nas
categorias kuhnianas Interface ndash comunicaccedilatildeo Sauacutede Educaccedilatildeo Botucatu v9 n16 p 53-
66 set2004fev 2005
SILVA D A da et al Atuaccedilatildeo do nutricionista na melhora da qualidade de vida de idosos
com cacircncer em cuidados paliativos O Mundo da Sauacutede v 33 n 3 p 358-364 2009
SILVA K S da Em defesa da sociedade a invenccedilatildeo dos cuidados paliativos 2010
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2010
SILVA M J P Comunicaccedilatildeo com pacientes fora de possibilidades terapecircuticas reflexotildees
Mundo Sauacutede v 27 n 1 p 64-70 2003
SILVA M J P Comunicaccedilatildeo tem remeacutedio a comunicaccedilatildeo nas relaccedilotildees interpessoais em
sauacutede Satildeo Paulo Loyola 2008
SIMINO G P R Acompanhamento de usuaacuterios com cacircncer e seus cuidadores por
trabalhadores de equipes de sauacutede da famiacutelia possibilidades e desafios 2009 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo PretoUSP Satildeo Paulo 2009
SIQUEIRA E S A eacutetica e os pacientes terminais Arq Cons Med Do Pr Curitiba v 18 n
70 p 109-11 2000
SIQUEIRA J T T de et al Dor em pacientes com cacircncer de boca do diagnoacutestico aos
cuidados paliativos Rev Dor v 10 n 2 p 150-157 2009
111
SOCHACKI M et al A dor de natildeo mais alimentar Rev Bras Nutr Clin v 23 n 1 p 78-
80 2008
SODREacute F Alta Social a atuaccedilatildeo do assistente social em cuidados paliativos Serviccedilo Social
amp Sociedade nordm82 Satildeo Paulo Cortez 2005
SOUSA A T O de et al Cuidados paliativos com pacientes terminais um enfoque na
Bioeacutetica Rev Cubana Enfermer Ciudad de la Habana v 26 n 3 dic 2010
SPECK P Teamwork in palliative care Oxford Oxforde University Press 2009
STARFIELD B Atenccedilatildeo primaacuteria equiliacutebrio entre necessidades de sauacutede serviccedilos e
tecnologia UNESCO Ministeacuterio da Sauacutede Brasiacutelia 2002
STEINHAUSER K E et al Factors considered important at the end of life by patients
family physicians and other care providers JAMA v 284 p 2476-82 2000a
STEINHAUSER K E et al In search of a good death observations of patients families and
providers Ann Intern Med v 132 p 825-32 2000b
STONEBERG J N et al Assessment of palliative care needs Anesthesiol Clin v 24 p 1-
17 2006
TEIXEIRA M A et al Implantando um serviccedilo de suporte terapecircutico oncoloacutegico ndash STO
Rev Bras Cancerologia Rio de Janeiro v 39 n 2 p 65-87 abrjun 1993
TEIXEIRA C F Sauacutede da Famiacutelia Promoccedilatildeo e Vigilacircncia construindo a integralidade da
atenccedilatildeo agrave sauacutede no SUS Revista Brasileira de Sauacutede da Famiacutelia v 7 p 10-23 2004
TWYCROSS R Medicina paliativa filosofia y consideraciones eacuteticas Acta Bioethica v6
n1 p 27-46 2000
VALENTIM V L KRUEL A J A importacircncia da confianccedila interpessoal para a
consolidaccedilatildeo do Programa de Sauacutede da Famiacutelia Ciecircnc Sauacutede Colet v12 n3 p777-88
2007
112
WEBSTER R LACEY J QUINE S Palliative care a public health priority in developing
countries J Public Health Policy v 28 p 28-39 2007
WEE B HUGHES N Education in palliative care bulding a culture of learning Oxford
(UK) Oxford University Press 2007
WISEMAN M A Palliative care dentistry Gerodontology v 17 n 1 p 49-51 2000
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO) WHO Definition of palliative care [online]
Disponiacutevel em httpwwwwhointcancerpalliativedefinitionen Acesso em 13 de jul 2011
WRIGHT M et al Mapping levels of palliative care development a global view J Pain
Symptom Manage v 35 n 5 p 469-485 2008
113
Apecircndices
114
APEcircNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TIacuteTULO DO PROJETO DE DISSERTACcedilAtildeO Cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos
de profissionais de sauacutede
MESTRANDA Isabelle Cristinne Pinto Costa
ORIENTADORA Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa
Prezado o (a) profissional
Eu Isabelle Cristinne Pinto Costa sou aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo
em Enfermagem da Universidade Federal da Paraiacuteba orientanda da Profordf Drordf Solange
Faacutetima Geraldo da Costa gostaria de convidaacute-lo (a) para participar da pesquisa Cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos de profissionais de sauacutede Este estudo tem como
objetivos investigar o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que concerne agrave
cuidados paliativos e suas modalidades terapecircuticas e identificar as possibilidades de
implementaccedilatildeo de cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica a partir do discurso de profissionais
da sauacutede
Ressalto que esta investigaccedilatildeo contribuiraacute para o reconhecimento da valoraccedilatildeo dos
cuidados paliativos pela equipe de sauacutede da famiacutelia que passaraacute a exercer uma nova praacutetica
marcada pela humanizaccedilatildeo pelo cuidado pelo exerciacutecio da cidadania alicerccedilada na
compreensatildeo de que as condiccedilotildees de vida definem o processo sauacutede-doenccedila das famiacutelias
Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa solicito sua colaboraccedilatildeo participando deste estudo
mediante a aplicaccedilatildeo de um formulaacuterio Os dados obtidos seratildeo transcritos na iacutentegra com a
finalidade de garantir a fidedignidade dos conteuacutedos expressos no momento da aplicaccedilatildeo do
referido instrumento
Faz-se oportuno esclarecer que a sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria portanto
vocecirc natildeo eacute obrigado a fornecer informaccedilotildees eou colaborar com atividades solicitadas pela
pesquisadora podendo requerer a sua desistecircncia a qualquer momento do estudo fato este que
natildeo representaraacute qualquer tipo de prejuiacutezo relacionado ao seu trabalho nesta instituiccedilatildeo Vale
ressaltar que esta pesquisa natildeo traraacute nem dano previsiacutevel a sua pessoa visto que sua
participaccedilatildeo consistiraacute em responder um questionaacuterio a respeito de tema em destaque
115
Considerando a relevacircncia da temaacutetica no campo da atenccedilatildeo baacutesica solicito a sua
permissatildeo para disseminar o conhecimento que seraacute produzido por este estudo em eventos da
aacuterea de sauacutede e em revistas cientiacuteficas da aacuterea Para tanto por ocasiatildeo dos resultados
publicados sua identidade seraacute mantida no anonimato bem como as informaccedilotildees
confidenciais fornecidas
Eacute importante mencionar que vocecirc receberaacute uma coacutepia do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido e que a pesquisadora estaraacute agrave sua disposiccedilatildeo para qualquer esclarecimento
que considere necessaacuterio em qualquer etapa do processo de pesquisa Diante do exposto caso
venha a concordar em participar da investigaccedilatildeo proposta convido o (a) vocecirc conjuntamente
comigo a assinar este Termo
Considerando que fui informado (a) dos objetivos e da relevacircncia do estudo proposto
bem como da minha participaccedilatildeo no preenchimento de um formulaacuterio declaro o meu
consentimento em participar da pesquisa bem como concordo que os dados obtidos na
investigaccedilatildeo sejam utilizados para fins cientiacuteficos
Joatildeo Pessoa 2011
__________________________________
Assinatura do (a) Participante da Pesquisa
___________________________________
Assinatura da Pesquisadora Responsaacutevel
Telefones para contato com pesquisadora
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem ndash UFPB ndash 3216-7109
Coordenaccedilatildeo do NEPB - UFPB 3216-7735
Telefone do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa do HULW ndash UFPB ndash 3216 7302
116
APEcircNDICE B
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
I CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES
Data de nascimento____________
Formaccedilatildeo acadecircmica_______________________________Ano______________________
Instituiccedilatildeo__________________________________________________________________
Especializaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Mestrado ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Doutorado ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Palestra Mini-curso Capacitaccedilatildeo em Cuidados Paliativos ( ) sim ( ) natildeo
Caso afirmativo Instituiccedilatildeo_______________________________ Local ____________
Carga Horaacuteria________________Ano___________
Tempo de atuaccedilatildeo na ESF _____________________________________________________
II DADOS RELACIONADOS ACERCA DE CUIDADOS PALIATIVOS
1 O que vocecirc entende por cuidados paliativos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2 No seu entendimento quais as modalidades terapecircuticas empregadas nos cuidados
paliativos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3 Na sua opiniatildeo os cuidados paliativos devem estar direcionados para que grupo de
usuaacuterios assistidos na atenccedilatildeo baacutesica
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
117
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4 Na sua visatildeo quais os profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5 O que vocecirc acha da implantaccedilatildeo de cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
6 Na sua concepccedilatildeo o que eacute necessaacuterio para viabilizar a implantaccedilatildeo de cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7 No seu entendimento quais satildeo as possibilidades e limitaccedilotildees para a implantaccedilatildeo de
cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
8 Vocecirc como profissional da ESF estaacute apto para promover os cuidados paliativos na
sua praacutetica assistencial
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9 Em caso afirmativo da questatildeo anterior quais as estrateacutegias que vocecirc desenvolve
para a praacutetica de cuidados paliativos Em caso negativo justifique
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
119
Anexo
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
120
ANEXO A
PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA EM PESQUISA
Agradecimento a Deus
Meu Senhor e Meu Deus
Obrigada por eu poder contar com Teu Santo poder em
minha vida por ser Tua escolhida por eu poder desfrutar
Tua Santa bondade Obrigada Senhor por Tua suprema e
infinita misericoacuterdia que me guia por caminhos retos dando-
me discernimento para entender e superar as dificuldades da
vida
Obrigada Meu Paizinho por confiar em Tua filha dando-
me oportunidades que para mim eu nunca seria capaz de
enfrentar Sem a Tua forccedila e o Teu Espiacuterito Santo
conduzindo-me natildeo conseguiria alcanccedilar os sonhos que
tracei e almejei
Nada no mundo se iguala a Ti meu Pai onipotente Graccedilas
Te dou por tudo e Te peccedilo natildeo me desampares Senhor
porque eu natildeo saberia viver sem o Teu acalento sem sentir
Tua presenccedila no meu dia a dia sem desfrutar Teu manancial
de aacutegua viva que eacute a Tua palavra que me ensina a andar em
Teu Santo caminho ainda que por vezes seja tatildeo difiacutecil
Quando tudo parece tatildeo difiacutecil Tu me mostras que a
vontade eacute Tua e o querer tambeacutem Para Ti natildeo existe o
impossiacutevel porque basta um querer Teu e tudo eacute movido
quando somos fieacuteis a Tua palavra
Obrigada Meu Senhor e Meu Deus
Agradecimento Especial
Ao meu esposo Leandro que foi o alicerce desta conquista apoiando-me integral
e incondicionalmente com muito amor e carinho suportando por muitas vezes os
momentos de ausecircncia cansaccedilo impaciecircncia e falta de dedicaccedilatildeo ao longo desta
trajetoacuteria de estudo Partilho contigo o meacuterito desta vitoacuteria
Ao meu amado filho que eacute a minha fonte de inspiraccedilatildeo e o grande impulsionador
para a busca das minhas realizaccedilotildees profissionais Amo-te
Agrave minha querida matildee Izabel pela cumplicidade que compartilhamos e pelo amor
incondicional que me faz ser a cada dia o que sou
Ao meu pai Francisco por todo o seu apoio e incentivo na minha qualificaccedilatildeo
profissional Agradeccedilo-lhe por tudo pai
Aos meus irmatildeos Bruno e Adailton pelo incentivo carinho e amizade Amo
vocecircs
Agraves minhas amigas Cristiani Garrido Jael Ruacutebia e Kamyla Feacutelix que
acompanharam e me ajudaram a superar os percalccedilos desta conquista Obrigada
por me entenderem e me incentivarem Vocecircs satildeo especiais
Agradecimentos
Agraves Profas Dras Maria Emiacutelia Limeira Lopes Cleacutelia Albino Simpson Marta e
Miriam Lopes Costa e ao Prof Dr Roberto Teixeira Lima pela colaboraccedilatildeo na
construccedilatildeo deste estudo a qual possibilitou o enriquecimento dele
Ao Prof Laerte Pereira pelo excelente trabalho de correccedilatildeo do vernaacuteculo
delineado de amizade e esmero
A Adriene Jacinto secretaria adjunta de sauacutede do municiacutepio de Joatildeo Pessoa por
acreditar em meu trabalho e por me apoiar no desenvolvimento deste estudo
A Kerle Dayana diretora do Distrito Sanitaacuterio IV do municiacutepio de Joatildeo Pessoa
pela solicitude e dedicaccedilatildeo que muito favoreceram o desenvolvimento desta
pesquisa
Aos profissionais da aacuterea da Sauacutede que atuam na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
participantes desta pesquisa por me terem ajudado nesta construccedilatildeo relatando
as suas vivecircncias singulares
Agrave minha famiacutelia Ciecircncias Meacutedicas sobretudo ao Curso de Enfermagem minha
casa de trabalho minha escola de aprender a ser uma pessoa comprometida com o
futuro da humanidade Obrigada a cada um de vocecircs que acompanharam lado a
lado estes momentos de aprendizagem A torcida de vocecircs pelo meu sucesso foi
importante e gratificante
Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem da Universidade Federal da
Paraiacuteba pelo aprendizado adquirido e convivecircncia saudaacutevel durante o periacuteodo
do curso capacitando-me para ser uma profissional melhor
Aos docentes do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem por toda a
atenccedilatildeo e orientaccedilotildees recebidas
Enfim a cada um de vocecircs e a tantos outros familiares e amigos que fazem parte
da minha vida e que em momentos distintos cada um a seu modo direta e
indiretamente ofereceram auxiacutelio para construccedilatildeo desta pesquisa
ldquoSoacute podemos realmente viver e apreciar a vida se nos
conscientizarmos de que somos finitos Aprendi tudo isso
com meus pacientes moribundos que no seu sofrimento e
morte concluiacuteram que temos apenas o agora portanto
goze-o plenamente e descubra o que o entusiasma porque
absolutamente ningueacutem pode fazecirc-lo por vocecircrdquo
Elizabeth Kuumlbler-Ross
RESUMO
COSTA I C P Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica depoimentos de profissionais da
Sauacutede 2011 120f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Centro de Ciecircncias da Sauacutede Universidade
Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
INTRODUCcedilAtildeO ndash Os Cuidados Paliativos satildeo considerados como uma filosofia do cuidar
cujo escopo eacute o de proporcionar aos pacientes sem possibilidades terapecircuticas de cura e seus
familiares uma melhor qualidade de vida sendo a sua aplicaccedilatildeo de suma importacircncia no
acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica OBJETIVOS ndash Este estudo tem os seguintes objetivos investigar
o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que concerne aos Cuidados Paliativos
e suas modalidades terapecircuticas identificar na visatildeo dos profissionais da ESF a constituiccedilatildeo
da equipe de Cuidados Paliativos para a Atenccedilatildeo Baacutesica verificar as possibilidades e
limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso
de profissionais da Sauacutede METODOLOGIA ndash Trata-se de uma pesquisa exploratoacuteria com
abordagem qualitativa O cenaacuterio da investigaccedilatildeo constituiu-se de unidades de sauacutede da
famiacutelia pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV localizadas no municiacutepio de Joatildeo Pessoa (PB)
Participaram do trabalho trinta profissionais da ESF sendo dez meacutedicos dez enfermeiros e
dez cirurgiotildees-dentistas Na coleta de dados utilizou-se um formulaacuterio contendo questotildees
pertinentes aos objetivos propostos para a pesquisa A coleta dos dados ocorreu entre julho e
setembro de 2011 ANAacuteLISE DOS DADOS ndash O material empiacuterico foi analisado mediante a
teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo a partir das seguintes fases preacute-anaacutelise exploraccedilatildeo do
material tratamento dos resultados Os dados obtidos por meio dos depoimentos dos
participantes da investigaccedilatildeo foram agrupados nas seguintes categorias temaacuteticas Cuidados
Paliativos ndash aspectos conceituais e modalidades terapecircuticas (com suas respectivas
subcategorias Cuidados Paliativos ndash promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem
possibilidades de cura modalidades terapecircuticas em cuidados paliativos) Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica ndash formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees
RESULTADOS Este estudo mostrou a partir da visatildeo dos profissionais evolvidos no estudo
a valoraccedilatildeo dos Cuidados Paliativos considerados como uma modalidade de cuidar que visa agrave
minimizaccedilatildeo do sofrimento do paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura e agrave de seus
familiares mediante uma assistecircncia pautada na humanizaccedilatildeo Por outro lado alguns dos
participantes do estudo apresentaram uma compreensatildeo incompatiacutevel com a literatura
pertinente aos Cuidados Paliativos Os resultados assinalaram tambeacutem que os meacutedicos
enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas acreditam na possibilidade de implementaccedilatildeo dessa
modalidade de cuidar na Atenccedilatildeo Baacutesica desde que sejam atendidas algumas necessidades
tais como capacitaccedilatildeo da equipe e desenvolvimento de uma poliacutetica nacional para os
cuidados paliativos CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS ndash Consideramos que este estudo abre novos
horizontes no campo da investigaccedilatildeo cientiacutefica na assistecircncia e no ensino acerca dos cuidados
paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Haja vista o quacircntico reduzido de estudos direcionados agrave
respectiva temaacutetica no acircmbito da literatura nacional Esperamos portanto que esta pesquisa
possa subsidiar novas investigaccedilotildees que contemplem a inter-relaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos
com a Atenccedilatildeo Baacutesica visto que se trata de uma praacutetica inovadora no referido campo
necessitando-se de uma maior disseminaccedilatildeo junto a gestores profissionais da Sauacutede em
particular os da ESF estudantes e pesquisadores da aacuterea
Palavras-chave Cuidados Paliativos Cuidados a Doentes Terminais Atenccedilatildeo Baacutesica
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Programa Sauacutede da Famiacutelia
ABSTRACT
COSTA ICP Palliative Care in Basic Attention testimonies of Health professionals 2011
120f Dissertation (masterrsquos degree) ndash Sciences Health Center Federal University of Paraiacuteba Joatildeo pessoa 2011
INTRODUCTION - Palliative care are considered as a care philosophy whose scope is to
provide to patients without therapeutic possibilities of cure and their families a better quality of
life being its application of great importance in the context of Primary Care OBJECTIVES ndash
This study has the following objectives to investigate the understanding of professionals working
in FHS in what concerns to Palliative Care and its therapeutics modalities to identify in the view
of professionals from FHS the constitution of Palliative care team for Basic Attention to verify
the possibilities and limitation of implementing Palliative Care in Basic Attention from the
discourse of Health professionals METHODOLOGY ndash Its about and exploratory research with
qualitative approach The scenario of investigation consisted of family care units belonging to
Sanitary District IV located in the city of Joatildeo Pessoa (PB) Participated in the work 30
professionals from FHS being ten doctors ten nurses and ten dental surgeons Data collection
occurred between July and September 2011 DATA ANALYSIS ndash empirical material was
analyzed through content analysis technique from the following phases pre-analysis material
exploration treatment of results Data obtained by means of testimonies of investigation
participants were grouped into the following thematic categories Palliative Care ndash conceptual
aspects and therapeutic modalities (with their respective subcategories Palliative Care ndash
promotion of life quality for patients without possibilities of cure therapeutic modalities in
palliative care) Palliative Care in Basic Attention ndash team formation possibilities and limitations
RESULTS This study showed from the vision of professionals involved in the study the
valuation of Palliative Care considered as a modality of care that aims to minimize the suffering
of the patient without therapeutic possibilities of cure and the one of their families through an
assistance guided in humanization On the other side some of the study participants had an
incompatible comprehension with the relevant literature to Palliative Care Results pointed out
that doctors nurses and dental surgeons believe in the possibility of implementing this modality
of care in basic Attention since some need are met such as team training and development of a
national policy for palliative care FINAL CONSIDERATIONS ndash We consider that this study
opens new horizons in the field of scientific production in assistance and in teaching on palliative
care in Basic attention In view of reduced quantum of studies directed to the respective thematic
in the context of national literature We hope therefore that this research can subsidize new
investigation exploring the interrelationship of Palliative Care with Basic Attention since it is an
innovative practice in the referred field necessitating a greater spread with managers professionals of Health in particular the ones from FHS students and researches from this area
Keywords Palliative Care Care for Terminally ill patients Basic Attention Primary
Attention for Health Family Health Program
RESUMEN
COSTA I C P Cuidados Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica testimonios de profesionales
de Salud 2011 120f Tesis (Maestriacutea) ndash Centro de Ciencias de la Salud Universidad Federal
da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
INTRODUCCIOacuteN ndash Los cuidados paliativos son considerados como una filosofiacutea del cuidar
cuyo objetivo es el de brindarles a los pacientes sin posibilidades terapeacuteuticas de cura y a los
familiares una mejor calidad de vida siendo a su aplicacioacuten de mucha importancia en el
aacutembito de la Atencioacuten Baacutesica OBJETIVOS ndash Este estudio tiene los siguientes objetivos
investigar el entendimiento de profesionales que actuacutean en ESF en lo que concierne a los
Cuidados Paliativos y sus modalidades terapeacuteuticas identificar en la visioacuten de los
profesionales de ESF la constitucioacuten del equipo de Cuidados Paliativos para la Atencioacuten
Baacutesica verificar las posibilidades y las limitaciones de implementacioacuten de Cuidados
Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica a partir del discurso de profesionales de Salud
METODOLOGIacuteA ndash Se trata de una investigacioacuten exploratoria con abordaje cualitativo El
escenario de investigacioacuten se constituyoacute de unidades de salud de la familia pertenecientes al
Distrito Sanitario IV ubicadas en la municipalidad de Joatildeo Pessoa (PB) Participaron del
estudio treinta profesionales de ESF siendo diez meacutedicos diez enfermeros y diez cirujanos
dentistas En la colecta de datos se utilizoacute una encuesta conteniendo cuestiones pertinentes a
los objetivos propuestos por la investigacioacuten La colecta de datos ocurrioacute entre julio y
septiembre de 2011 ANALISIS DE DATOS - El material empiacuterico fue analizado mediante
la teacutecnica de anaacutelisis de contenido a partir de las siguientes fases pre anaacutelisis exploracioacuten
del material tratamiento de resultados Los datos obtenidos por medio de los testimonios de
los participantes fueron agrupados en las siguientes categoriacuteas temaacuteticas Cuidados Paliativos
ndash aspectos conceptuales y modalidades terapeacuteuticas (con sus respectivas subcategorias
Cuidados Paliativos ndash promocioacuten de calidad de vida para pacientes sin posibilidades
terapeacuteuticas de cura) Cuidados Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica ndash formacioacuten de equipo
posibilidades y limitaciones RESULTADOS Este estudio mostroacute a partir de la visioacuten de
profesionales involucrados en el estudio la valoracioacuten de los Cuidados Paliativos
considerados una modalidad de cuidar que busca la minimizacioacuten del sufrimiento del paciente
sin posibilidad terapeacuteutica de cura y la de sus familiares mediante la asistencia basada en la
humanizacioacuten Por otro lado algunos de los participantes del estudio presentaron una
comprensioacuten incompatible con la literatura pertinente a los Cuidados Paliativos Los
resultados sentildealaron tambieacuten que los meacutedicos enfermeros y cirujanos dentistas creen en la
posibilidad de implementacioacuten de esa modalidad de cuidar en Atencioacuten Baacutesica desde sean
atendidas algunas necesidades tales como capacitacioacuten del equipo y desarrollo de una
poliacutetica nacional para los cuidados paliativos Consideraciones Finales ndash Consideramos que
este estudio abre nuevos horizontes en el campo de la investigacioacuten cientiacutefica en la asistencia
y en la ensentildeanza acerca de los cuidados paliativos en la Atencioacuten Baacutesica Haya visto el
cuaacutentico reducido de estudios hacia la respectiva temaacutetica en el aacutembito de la literatura
nacional Esperamos por lo tanto que esta investigacioacuten pueda subsidiar nuevas
investigaciones que abarquen la interrelacioacuten de los Cuidados Paliativos con la Atencioacuten
Baacutesica visto que se trata de una praacutectica innovadora en dicho campo necesitaacutendose una
mayor propagacioacuten junto a gestores profesionales de Salud en particular los de ESF
estudiantes e investigadores del aacuterea
Palabras Clave Cuidados Paliativos Cuidados a Enfermos Terminales Atencioacuten Baacutesica
Atencioacuten Primaria a la Salud Programa Salud de la Famiacutelia
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 Coeficiente de Mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em
2009 Comparativo entre Joatildeo Pessoa e Distritos Sanitaacuterios Joatildeo
Pessoa 201056
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Representaccedilatildeo geograacutefica da localizaccedilatildeo das USFs de Joatildeo Pessoa
(2010) Joatildeo Pessoa 201054
Figura 2 Mapa do territoacuterio do Distrito Sanitaacuterio IV (2010) Joatildeo Pessoa
201055
Figura 3 Rede de Equipes de Cuidados Paliativos nos Niacuteveis de Atenccedilatildeo agrave
Sauacutede World Health Organization 200788
SUMAacuteRIO
1 INTRODUZINDO A TEMAacuteTICA
16
11 O caminho percorrido 17
12 A problemaacutetica do estudo e os objetivos 19
2 CUIDADOS PALIATIVOS DISCURSO DA LITERATURA 23
3 CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA 40
4 TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA 52
5 APRESENTACcedilAtildeO DOS DADOS E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
61
51 Apresentaccedilatildeo dos participantes da pesquisa 62
52 Apresentaccedilatildeo do material empiacuterico do estudo 63
REFLEXOtildeES FINAIS 95
REFEREcircNCIAS
99
APEcircNDICES
APEcircNDICE A ndash Termo de consentimento livre e esclarecido
114
APEcircNDICE B ndash Instrumento de coleta de dados
116
ANEXO
ANEXO A ndash PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA EM PESQUISA 120
16
1 Introduzindo a Temaacutetica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
17
11 O CAMINHO PERCORRIDO
A motivaccedilatildeo para o desenvolvimento desta pesquisa emergiu a partir de dados que
apontavam a escassez da temaacutetica pertinente aos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
(encontrados por meio de busca em bases de dados previamente realizados) Estava aliada ao
desejo de desenvolver estrateacutegias para uma disseminaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar entre os
profissionais da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia (ESF) auxiliando-se dessa forma para a difusatildeo
de um cuidado realizado de forma holiacutestica e humaniacutestica ao paciente sem prognoacutestico de
cura
O interesse por assuntos referentes aos cuidados na terminalidade (processo final da
vida) foi em mim desperto enquanto atuava como fonoaudioacuteloga Este apreccedilo pela temaacutetica
reporta-se agrave minha experiecircncia profissional durante a qual pude atuar como fonoaudioacuteloga no
municiacutepio de Mamanguape (PB) onde trabalhava na Policliacutenica (referecircncia para todas as
unidades baacutesicas de sauacutede) realizando visitas domiciliares juntamente com os agentes
comunitaacuterios de sauacutede (ACS) com o objetivo de prevenir e reabilitar a populaccedilatildeo no que
concerne agraves patologias relacionadas com a linguagem com a voz e com a audiccedilatildeo
Como fonoaudioacuteloga comprometida com atenccedilatildeo agrave sauacutede de crianccedilas adolescentes
adultos e idosos atuando na Atenccedilatildeo Baacutesica aproximadamente haacute dois anos nesse municiacutepio
tive oportunidade de assistir durante as visitas domiciliares diversos pacientes na
terminalidade Durante tais visitas pude observar a escassez de recursos efetivamente
aplicaacuteveis agrave organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede necessaacuterios para atender as demandas deste
crescente contingente populacional e uma carecircncia de profissionais com competecircncia teacutecnica
em Cuidados Paliativos e com preparo emocional para lidar com pacientes que estatildeo em
processo de morte e com seus familiares
Nesse cargo pude vivenciar de perto o trabalho da Enfermagem motivando em mim
o desejo de estudar e tornar-me enfermeira por acreditar que o ser humano carece de
cuidados em todas as fases de sua vida do nascer ao morrer Sendo assim iniciei o curso de
graduaccedilatildeo em Enfermagem na Faculdade Santa Emiacutelia de Rodat (FASER) priorizando-se
plenamente esta nova profissatildeo Durante o curso pude observar a necessidade de uma atenccedilatildeo
mais humanizada ao paciente sem possibilidade terapecircutica de cura quando cursei a
disciplina Enfermagem em Oncologia Ressalte-se que nesta outra formaccedilatildeo profissional foi
dada grande ecircnfase ao tratamento e cura de doenccedilas sendo pouco problematizada a questatildeo
do cuidar do indiviacuteduo com patologias sem possibilidade de cura ou seja os Cuidados
Paliativos
18
Ainda na segunda graduaccedilatildeo realizei estaacutegio na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
constatando-se mais uma vez que a assistecircncia dos profissionais envolvidos na Atenccedilatildeo
Baacutesica estava voltada para um cuidar mais direcionado agrave aplicaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos
do que para as necessidades de pacientes em processo de terminalidade Haja vista que estes
precisam de um cuidado proacuteprio e direcionado para lhes proporcionar dignidade e aliacutevio do
seu sofrimento no fim da vida
Tais experiecircncias serviram para aumentar o meu interesse de compreender e por em
praacutetica um cuidar diferenciado questionando-me constantemente sobre a melhor forma de
cuidar de pacientes em processo de terminalidade para a melhoria da qualidade de vida de
pacientes em tal processo Este e outros questionamentos levaram-me a estudar os Cuidados
Paliativos com o propoacutesito de entendecirc-los de forma mais especiacutefica
Desenvolvi o meu trabalho de conclusatildeo de curso com o objetivo de caracterizar a
produccedilatildeo de conhecimento no acircmbito da poacutes-graduaccedilatildeo acerca da Enfermagem e Cuidados
Paliativos Em trabalho posterior (desta vez realizado durante a especializaccedilatildeo em Sauacutede da
Famiacutelia com ecircnfase na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia) pude identificar a produccedilatildeo cientiacutefica
acerca das modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos em perioacutedicos online no acircmbito
da Sauacutede
Em ambos os estudos foi possiacutevel averiguar a necessidade premente das instituiccedilotildees
formadoras em investir na capacitaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede em habilidades de Cuidados
Paliativos Em verdade entendo que apenas com o conhecimento e compreensatildeo de
Cuidados Paliativos (e suas modalidades terapecircuticas) e da experiecircncia ao longo da vida
pessoal e profissional eacute que os profissionais poderatildeo interagir diante de uma proposta de
oferecer uma melhor assistecircncia englobando as diferentes esferas de Cuidados Paliativos
Assim como integrante do Nuacutecleo de Estudos e Pesquisas em Bioeacutetica (NEPB) do
Centro de Ciecircncias da Sauacutede (CCS) da Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB) pude
expandir os meus conhecimentos no campo de Cuidados Paliativos por meio da construccedilatildeo
de artigos como ldquoCuidados paliativos e dor produccedilatildeo cientiacutefica em perioacutedicos online no
acircmbito da Sauacutederdquo ldquoModalidades terapecircuticas em cuidados paliativos intervenccedilotildees
bioloacutegicasrdquo ldquoCuidados paliativos no contexto hospitalar produccedilatildeo cientiacutefica no acircmbito da
poacutes-graduaccedilatildeo em Enfermagemrdquo ldquoCuidados paliativos no contexto hospitalar discursos de
enfermeirosrdquo ldquoCuidados paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica produccedilatildeo cientiacutefica de enfermagemrdquo
entre outros
Outra experiecircncia diz respeito ao curso de especializaccedilatildeo em Cuidados Paliativos agrave
Distacircncia o qual me tem proporcionado capacitaccedilatildeo para trabalhar na atenccedilatildeo e cuidados com
19
pacientes com enfermidades progressivas incapacitantes incuraacuteveis as quais evoluiratildeo para a
morte O referido curso tambeacutem desenvolve habilidades e atitudes que permitem uma
abordagem adequada do paciente e sua famiacutelia considerando-se os seus aspectos fiacutesicos
psicoloacutegicos sociais e espirituais
Compreendendo a importacircncia dos Cuidados Paliativos para um cuidado humanizado
para com o paciente sem possibilidade terapecircutica de cura e observando (por meio de estudos)
o despreparo da equipe da ESF para abordar tais cuidados desenvolvi o desejo de explorar e
aprofundar a compreensatildeo acerca desta temaacutetica
12 A PROBLEMAacuteTICA DO ESTUDO E OS OBJETIVOS
A literatura nacional eacute carente de estudos que abordam os Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica Apoacutes a produccedilatildeo dos artigos sobre a temaacutetica (jaacute mencionados) pude
observar tal escassez Os estudos em geral direcionam a abordagem deste tema para aspectos
como visatildeo da equipe de sauacutede da famiacutelia e de estudantes visatildeo e sentimentos de pacientes e
cuidadores eou familiares importacircncia da comunicaccedilatildeo e interdisciplinaridade para a
implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Essa investigaccedilatildeo me permitiu reconhecer que satildeo necessaacuterias novas pesquisas
acerca de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Teve a finalidade de ampliar as discussotildees
sobre essa temaacutetica e consequentemente favorecer a inserccedilatildeo desse conteuacutedo nos curriacuteculos
dos profissionais da Sauacutede e programar esses cuidados diferenciados nas redes assistenciais
de sauacutede particularmente na ESF Tudo isso amenizaraacute o sofrimento de muitos usuaacuterios com
patologias sem possibilidades terapecircuticas de cura e o de familiares envolvidos com o cuidado
destes usuaacuterios
Saliente-se que tais resultados estatildeo atrelados ao fato de esta praacutetica ser ainda
relativamente recente em acircmbito nacional Segundo Figueiredo (2003) as primeiras
iniciativas individuais de atendimento eou estruturaccedilatildeo de serviccedilos paliativistas datam da
deacutecada de 1990
Rodrigues Zago e Caliri (2005) chamam atenccedilatildeo para o fato de que o modelo de
Cuidados Paliativos no Brasil iniciou-se na deacutecada de 1980 quando foi instituiacutedo o primeiro
serviccedilo para aliacutevio da dor no Rio Grande Sul seguido por Satildeo Paulo e posteriormente Santa
Catarina No Rio de Janeiro em 1989 foi criado o serviccedilo de suporte terapecircutico oncoloacutegico
no Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) atendendo o paciente fora de possibilidades de cura
tanto no ambiente intra-hospitalar como no domiciliar
20
Cumpre assinalar que os Cuidados Paliativos como modalidade recente no Brasil satildeo
ainda desconhecidos de muitos profissionais e natildeo satildeo contemplados na elaboraccedilatildeo das
poliacuteticas puacuteblicas As mais das vezes satildeo revestidos de mitos por ser destinados aos pacientes
terminais Sendo assim esse tipo de atenccedilatildeo natildeo faz parte da organizaccedilatildeo formal do sistema
de sauacutede permanecendo praticamente no esquecimento (LAVOR 2006)
Em relaccedilatildeo ao aspecto legal a primeira referecircncia aos Cuidados Paliativos na
legislaccedilatildeo brasileira eacute encontrada na Portaria ndeg 2413 de 1998 do Ministeacuterio da Sauacutede
(BRASIL 1998a) a qual trata de cuidados prolongados e codifica os Cuidados Paliativos No
entanto ela estabelece que estes os cuidados paliativos soacute podem ser desenvolvidos em
unidades que estiverem credenciadas para alta complexidade em Oncologia Com a Portaria
nordm 3535 de 1998 do Ministeacuterio da Sauacutede os Cuidados Paliativos passam a ser considerados
uma exigecircncia para o cadastramento de centros de alta complexidade em oncologia
(CACONs) (BRASIL 1998b) O Ministeacuterio da Sauacutede cria em 2002 o Programa Nacional de
Assistecircncia agrave Dor e Cuidados Paliativos por meio da Portaria nordm 19 (BRASIL 2002) a qual
passa a dar maior visibilidade aos Cuidados Paliativos
Embora muitas accedilotildees ainda careccedilam de ser implantadas no amplo territoacuterio nacional
para garantir a provisatildeo igualitaacuteria aos Cuidados Paliativos o referido Programa atingiu
grande feito na atenccedilatildeo a um dos principais problemas (a dor) dos pacientes que vivenciam a
terminalidade de modo que otimizou o acesso dos doentes aos opioides
Ainda em 2002 por meio da Portaria GMMS nordm 1319 o Programa estabeleceu a
padronizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo gratuita pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) de codeiacutena morfina
e metadona pelos Centros de Referecircncia em Tratamento de Dor Crocircnica
Sob esse prisma eacute inegaacutevel a possibilidade da inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica sobretudo na Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia e natildeo apenas em centros de alta
complexidade como consta nas portarias ministeriais que regulamentam os Cuidados
Paliativos aumentando a sua oferta garantindo um maior acesso dos pacientes a esse tipo de
assistecircncia
Nesse contexto Floriani e Schramm (2007) trazem agrave tona a reflexatildeo sobre o papel da
equipe da ESF na Atenccedilatildeo Baacutesica em relaccedilatildeo aos Cuidados Paliativos ressaltando que essa
forma de cuidar poderaacute contribuir para o aprimoramento e difusatildeo da assistecircncia de cuidados
no fim da vida Afirmam tambeacutem que tal incorporaccedilatildeo possa ajudar a diminuir o abandono e
o sofrimento de pacientes e de suas famiacutelias
A respeito disso Lavor (2006) acrescenta que mesmo na fase terminal de uma
doenccedila a qualidade de vida do paciente pode ser mantida em niacuteveis satisfatoacuterios utilizando-
21
se adequadamente as teacutecnicas terapecircuticas da paliaccedilatildeo Esses cuidados satildeo de baixa
complexidade natildeo exigem tecnologia avanccedilada sugerindo portanto serem passiacuteveis de se
oferecer no niacutevel primaacuterio de sauacutede especialmente por equipes da ESF
Doutra parte a operacionalizaccedilatildeo da ESF se daacute mediante a implantaccedilatildeo de equipes
interdisciplinares Tal recurso eacute essencial para a praacutetica de Cuidados Paliativos Haja vista que
cuidar de pessoas que estatildeo vivenciando o processo de terminalidade de uma doenccedila requer a
intervenccedilatildeo de profissionais cujas competecircncias supram as necessidades das dimensotildees
fiacutesicas psicoloacutegicas sociais e espirituais que estatildeo alteradas em tal fase tanto de pacientes
como de seus familiares
Rodrigues (2004) adverte que um uacutenico profissional natildeo possui todo o corpo de
conhecimento e competecircncias exigidas para dar suporte aos pacientes e familiares fazendo-se
necessaacuteria a formaccedilatildeo de equipe de trabalho para a implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos
Para tanto eacute imperiosa a realizaccedilatildeo de treinamento de uma equipe devendo esta
oferecer seguranccedila aos doentes e familiares individualizar as queixas procurar responder a
todas as perguntas aliviar seu sofrimento fiacutesico e escutar principalmente o paciente Essa
aquisiccedilatildeo de atitudes e habilidades seraacute fundamental para que a assistecircncia seja efetiva e bem-
sucedida (MELO CAPONERO 2009)
Consequentemente eacute imprescindiacutevel o desvelamento do significado de cuidados
paliativos por parte de profissionais da Sauacutede que compotildeem a ESF e o debate acerca dos
referidos cuidados Haja vista que esses profissionais ainda estatildeo em plena construccedilatildeo da
compreensatildeo dessa modalidade de cuidar Aleacutem disso apesar da relevacircncia da referida
temaacutetica na literatura nacional o quantitativo de estudos direcionados agrave praacutetica de Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica (conforme foi comentado no iniacutecio desta introduccedilatildeo) ainda eacute
escasso o que me instigou a desenvolver um estudo que contemplasse esta temaacutetica desta
vez em um curso de mestrado
Conforme o exposto considero a pesquisa relevante por entender que o emprego de
Cuidados Paliativos eacute fundamental e que estes sejam pensados e estruturados dentro de um
modelo que priorize a proteccedilatildeo aos pacientes com doenccedilas avanccediladas e terminais tanto do
ponto de vista moral como operacional Desse modo ao reportar-se para uma nova
perspectiva de cuidar no campo da investigaccedilatildeo cientiacutefica este estudo poderaacute contribuir para
uma assistecircncia holiacutestica no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica pautada pelo respeito agrave dignidade do
paciente na terminalidade de forma que melhore a qualidade de vida ou minore seu
sofrimento promovendo dessa forma uma assistecircncia mais humanizada
22
Diante destas consideraccedilotildees ressalto o meu interesse em desenvolver este estudo
tendo como fio condutor os seguintes questionamentos Qual o entendimento de profissionais
que atuam na ESF no que concerne aos Cuidados Paliativos e suas modalidades terapecircuticas
Quais os profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de cuidados paliativos na Atenccedilatildeo
Baacutesica Quais as possibilidades e limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso de profissionais de sauacutede
Tendo em vista a problemaacutetica e para responder a tais questionamentos o estudo
apresentou os seguintes objetivos
Investigar o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que tange aos
Cuidados Paliativos e suas modalidades terapecircuticas
Identificar na visatildeo dos profissionais da ESF a constituiccedilatildeo da equipe de Cuidados
Paliativos para a Atenccedilatildeo Baacutesica
Verificar as possibilidades e limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso de profissionais da Sauacutede
23
2 Cuidados paliativos
Discurso da Literatura
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
24
O presente capiacutetulo aborda um breve percurso que vai desde a sua origem com o
movimento hospice ateacute aos dias atuais Na sequecircncia estudamos os aspectos histoacutericos e
conceituais dessa modalidade de cuidar ao longo da Histoacuteria enfatizando a situaccedilatildeo atual de
tais cuidados no cenaacuterio brasileiro e internacional destacando ainda a importacircncia da
implementaccedilatildeo destes cuidados na Atenccedilatildeo Baacutesica
A praacutetica dos Cuidados Paliativos resultou do movimento hospice moderno Este
termo pertence agrave liacutengua francesa que segundo Pessini (2006) data do seacuteculo IV d C com a
matrona romana chamada Fabiacuteola que colocou sua casa agrave disposiccedilatildeo dos necessitados
praticando a caridade cristatilde ao oferecer-lhes alimentos vestimentas e acolhendo os
estrangeiros aleacutem de visitar os enfermos e prisioneiros dando origem ao movimento hospice
O vocaacutebulo hospice segundo Santos (2011) proveacutem do latim hospes que significa
estranho ou estrangeiro O autor assinala que este termo posteriormente adquiriu outra
conotaccedilatildeo hospitalis expressando uma atitude de boas-vindas ao estranho Em alematildeo
HospizHospizium apresenta trecircs significados o primeiro refere-se agrave casa junto ao mosteiro
no qual os peregrinos podiam pernoitar o segundo a hospedaria hotel ou pensatildeo dirigido
com espiacuterito cristatildeo e o terceiro a um lugar para cuidar de moribundos Na liacutengua francesa a
palavra hospice tambeacutem proporciona trecircs conotaccedilotildees asilo abrigo para velhos e moribundos
e casa onde religiosos abrigam os peregrinos Quanto agrave liacutengua portuguesa o termo foi
incorporado como hospiacutecio cujo significado eacute lugar para tratar pessoas com doenccedilas mentais
Manteve-se a palavra no inglecircs hospice com o sentido atual nos paiacuteses anglo-saxocircnicos e
paiacuteses desenvolvidos de cultura latina para assinalar o local que acolhe e cuida de pessoas
com doenccedilas incuraacuteveis e avanccediladas que iratildeo a oacutebito em meses ou anos
Pessini (2006) menciona que a palavra hospice eacute o nome de um lugar onde os
doentes terminais satildeo atendidos com um cuidado que evoluiu para uma experiecircncia natural
mais focada no paciente onde sua filosofia tem como escopo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees
precisas a respeito de sua condiccedilatildeo cliacutenica desenvolvimento de sua doenccedila e os locais
apropriados para a sua morte
Eacute importante destacar no contexto da temaacutetica de Cuidados Paliativos a distinccedilatildeo
entre os vocaacutebulos hospital e hospice Essa diferenciaccedilatildeo eacute assinalada por Santos (2011) que
menciona hospital como termo voltado para designar o local de cuidado de pessoas
temporariamente doentes e com perspectivas de cura enquanto se estabeleceu para hospice o
significado de residecircncia fixa para aqueles considerados pobres enfermos deficientes
insanos e com doenccedilas incuraacuteveis
25
Maccoughlan (2006) ressalva a sua concepccedilatildeo quanto ao entendimento do termo
hospice assinalando como o local que presta o cuidado ao paciente com uma doenccedila
avanccedilada ateacute a fase final de sua vida Este local seja um ambiente hospitalar ou domiciliar eacute
embasado no binocircmio paciente-famiacutelia
No seacuteculo VI conforme ressalta Rodrigues (2004) os beneditinos acolhiam e
cuidavam de monges e peregrinos exaustos Salienta-se que de forma gradativa foram
acolhendo da mesma forma os doentes Assim sendo nessa eacutepoca o hospice era um lugar
onde os viajantes ou peregrinos podiam descansar sendo posteriormente relacionado com os
hospitais mosteiros e asilos
No que tange ao vocaacutebulo paliativo de acordo com Santos (2011) este se deriva do
latim pallium que significa manto impregnado de uma simbologia e de um significado natildeo
sendo portanto considerado um manto qualquer Aleacutem disso o latim pallium ou pallia e o
omoforium satildeo vestimentas usadas pelo Papa e pelo bispo respectivamente podendo observar
a profunda ligaccedilatildeo desses termos histoacutericos com o sagrado e com a espiritualidade Na liacutengua
portuguesa o termo paliativo conforme menciona o autor supracitado obteve um significado
de menor importacircncia sugerindo uma soluccedilatildeo temporaacuteria e sem consistecircncia adquirindo um
conceito amplo de remediar e natildeo resolver
Na Idade Antiga Santos (2011) assinala que a maior parte da populaccedilatildeo natildeo
apresentava qualquer acesso a tratamento ou cuidados profissionais sendo os doentes
cuidados pelos proacuteprios familiares apresentando portanto a sua morte em casa
Koening McCullough e Larson (2001) informam que os atendimentos das primeiras
comunidades cristatildes durante os trecircs primeiros seacuteculos de nossa era foram marcados pela
busca incessante em curar o doente seguindo o mandamento de Jesus Cristo curar os
enfermos ressuscitar os mortos limpar os leprosos e expelir os democircnios
Dessa forma considera-se que a terapia do cuidado prestado aos enfermos foi a
maior contribuiccedilatildeo do cristianismo agrave aacuterea da Sauacutede Santos (2011) salienta que naquela
eacutepoca os pagatildeos natildeo cuidavam de seus doentes de forma organizada ou em larga escala
enquanto os judeus ofereciam cuidados apenas aos seus pares e a Igreja cristatilde oferecia esses
cuidados natildeo somente aos cristatildeos mas tambeacutem aos natildeo cristatildeos Portanto tratava-se de uma
espeacutecie de sistema universal de sauacutede no qual natildeo se observava distinccedilatildeo alguma no
atendimento e cuidados sendo estes ofertados de forma gratuita
Koening McCullough e Larson (2001) asseguram que a criaccedilatildeo do primeiro grande
hospital na Aacutesia Menor por volta do ano 370 dC ocorreu em virtude da insistecircncia de
Basiacutelio bispo de Cesareia Santos (2011) acrescenta que este hospital foi o primeiro
26
especializado em Cuidados Paliativos visto que era destinado para o cuidado de idosos quase
todos com doenccedilas avanccediladas e de leprosos atualmente doentes de hanseniacutease cuja doenccedila
naquela eacutepoca natildeo apresentava cura e invariavelmente levava agrave morte gerando grande
sofrimento fiacutesico e espiritual
Cumpre salientar que este modelo leprosaacuterio da Idade Meacutedia proporcionou aos
hospices um desenvolvimento para a oferta de abrigos cuidados de sauacutede e do morrer e
alimentos para essas populaccedilotildees Saunders (2004) relata em seu prefaacutecio agrave terceira ediccedilatildeo de
Oxford Textbook of Palliative Medicine que durante esse periacuteodo as instituiccedilotildees
responsaacuteveis de manter os hospices seguiam agrave risca um dos mandamentos de Jesus Cristo no
que tange agrave necessidade de fazer o bem a um irmatildeo mesmo o mais pequenino
Com base nos apontamentos supracitados eacute visiacutevel observar que durante quase dois
mil anos os hospices foram mantidos por instituiccedilotildees religiosas desvelando a relaccedilatildeo natural
e intriacutenseca entre a filosofia hospice do cuidar e a espiritualidade cristatilde
Diante desse contexto pode-se afirmar que o iniacutecio da filosofia hospice deriva de
sua direta filiaccedilatildeo identitaacuteria agrave filosofia espiritual do cristianismo Essa ligaccedilatildeo histoacuterica e
indissociaacutevel entre a filosofia hospice com a espiritualidade se revelaraacute e se fortaleceraacute
tambeacutem nas outras grandes religiotildees como o Budismo e o Islamismo (SANTOS 2011)
No que diz respeito agrave histoacuteria moderna do hospice Saunders (2004) informa que esta
filosofia de cuidar foi empregada inicialmente na cidade de Lyon (Franccedila) em 1842 por
Madame Jeanne Garnier com o escopo de cuidar de moribundos Essa histoacuteria conforme
aborda Twycross (2000) tambeacutem foi marcada pela fundaccedilatildeo do hospice Saint Lukeacutes pelo
meacutedico Howard Barret na Inglaterra em 1893 sendo esse considerado o mais similar aos
hospices modernos
Um dos grandes movimentos visando agrave abordagem do cuidado integral e natildeo
fragmentado indo aleacutem do ser doente e cura incessante eacute implementado na deacutecada de 1960
no Reino Unido com o iniacutecio do desenvolvimento dos Cuidados Paliativos tambeacutem
considerado o movimento hospice moderno (RODRIGUES 2004)
A transformaccedilatildeo observada nos hospices tal como hoje eacute apreciada se deve agrave
iniciativa de Cicely Mary Strode Saunders enfermeira assistente social e meacutedica De acordo
com Santos (2011) ela eacute considerada a pioneira do debate moderno sobre a morte e o morrer
e dos cuidados com os pacientes moribundos proporcionando a formulaccedilatildeo de diversos
conceitos acerca dos Cuidados Paliativos tendo a minuacutecia de sempre atrelar a esses cuidados
a espiritualidade embasada no compromisso com a figura de Cristo
27
Cicely Saunders nasceu em 1918 no norte de Londres Barnet Pertencia a uma
famiacutelia de classe meacutedia que gozava de um variado leque de confortos vivendo em Hadley
Green entre jardins e quadras de tecircnis Apoacutes estudar em coleacutegio interno apresentou o desejo
de cursar Enfermagem ideia esta rejeitada pelos pais Em 1938 mudou-se para Oxford com
o escopo de cursar Poliacutetica Filosofia e Economia Quanto era estudante passou por uma
conversatildeo religiosa que a levou a desobedecer aos conselhos de seus pais inscrevendo-se na
Escola de Treinamento Nightingale do Hspital St Thomas em Londres na qual se graduou
em Enfermagem (SANTOS 2011 RODRIGUES 2004) Boulay (1996) acrescenta que nesse
periacuteodo Saunders tornou-se uma pessoa cristatilde sentindo-se motivada para trabalhar com
pessoas que vivenciavam o processo de finitude
Santos (2011) afirma que outro fator motivador foi Saunders ter-se envolvido
afetivamente no cuidado com um paciente chamado David Tasma em 1947 em um hospital-
escola de Londres Boulay (1996) salienta que este paciente era judeu refugiado polonecircs
portador de doenccedila avanccedilada e incuraacutevel e que se encontrava proacuteximo agrave morte Cumpre
assinalar que este homem foi considerado o agente transformador do pensamento e da
experiecircncia de Cicely no sentido de estimulaacute-la a criar lugares parecidos como residecircncias
que possibilitassem agraves pessoas um tranquilo final de vida aliviando-lhes a dor e tratando-as
como pessoas e natildeo apenas como pacientes
Clark e Centeno (2006) assinalam que em 25 de fevereiro de 1948 ocorre o
falecimento de David Tasma deixando este um presente de quinhentas libras para Saunders
A referida perda a fez despertar em seu acircmago o desejo contiacutenuo de aprender mais acerca dos
cuidados direcionados agravequeles que apresentam doenccedilas avanccediladas e incuraacuteveis Este desejo
pode ser observado no fato de Cicely iniciar o seu trabalho voluntaacuterio durante sete anos no
Saint Lukeacutes Hospital local este destinado a atender moribundos
Com o desenvolvimento desse trabalho Saunders sentiu a necessidade de estudar
medicina com o propoacutesito de intensificar sua colaboraccedilatildeo em favor dos pacientes dando
iniacutecio agrave faculdade em 1952 Rodrigues (2004) menciona que em 1959 ao concluir o curso
obteve uma bolsa de estudo para desenvolver uma pesquisa no Saint Maryacutes Hospital acerca
do tratamento da dor em pacientes incuraacuteveis Concomitantemente foi designada meacutedica no
Saint Josephacutes Hospice onde pocircde prestar uma assistecircncia diferenciada levando-a perceber a
forma com que a pessoa moribunda poderia ser cuidada auxiliando-a dessa forma para o
desenvolvimento de suas proacuteprias ideias cliacutenicas
Eacute imprescindiacutevel assinalar conforme defende Santos (2011) que foi nesta instituiccedilatildeo
hospitalar que Cicely desenvolveu uma estrateacutegia moderna para os cuidados hospice
28
utilizando para tanto um trabalho marcado por solicitude e fundamentado nos cuidados
religiosos e seculares
Natildeo obstante Cicely foi considerada a primeira meacutedica do Saint Josephrsquos Hospice a
dedicar-se em tempo integral obtendo a oportunidade de escutar as queixas e necessidades de
pacientes podendo analisar mais de mil pacientes e trataacute-los adequadamente com terapecircuticas
farmacoloacutegicas medicando o paciente regularmente de quatro em quatro horas com
analgeacutesicos fortes como os opioides aleacutem de oferecer apoio psicossocial e espiritual
(PESSINI 2001) Boulay (1996) considera que este momento foi considerado crucial para o
marco pioneiro e definitivo do movimento moderno dos Cuidados Paliativos
Boulay (1996) traz agrave tona a grande contribuiccedilatildeo de Saunders no que diz respeito ao
manuseio de drogas para o sucesso de tratamento das queixas comuns dos pacientes com
doenccedila terminal relativas a naacuteusea vocircmito obstipaccedilatildeo intestinal depressatildeo dispneia entre
outras Aleacutem disso enfatiza a contribuiccedilatildeo para o conceito de ldquodor totalrdquo considerando que a
dor fiacutesica natildeo ocorre de forma isolada mas atrelada agrave dor psicoloacutegica espiritual e social
Embasada e fortalecida nessas experiecircncias Saunders reforccedilou o seu desejo de
construir um hospice moderno para atender agraves necessidades dos pacientes em fase terminal
Apesar da sua vontade e qualificaccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica precisava de recursos financeiros o
que a fez ir agrave busca de colaboradores que lhe pudessem fornecer empreacutestimos e donativos
para a construccedilatildeo do tatildeo almejado sonho (RODRIGUES 2004)
A inauguraccedilatildeo desse hospice ocorreu em 1967 sendo designado como St
Christopherrsquos Hospice localizado no sul de Londres Boulay (1996) esclarece que a escolha
desse nome foi uma homenagem realizada por Saunders e seus colaboradores a Saint
Christopher (Satildeo Cristoacutevatildeo) protetor dos viajantes servindo como lembrete de que a morte eacute
passageira ou seja eacute apenas uma parte da jornada
Segundo Santos (2011) este hospice foi desenvolvido com o intuito de preencher a
lacuna existente na pesquisa e no ensino relacionados com os cuidados dos pacientes
terminais eou com doenccedilas crocircnicas e incuraacuteveis estendendo-se tambeacutem a seus familiares
Portanto o St Christopherrsquos Hospice objetivava criar uma atmosfera onde qualquer indiviacuteduo
pudesse ser ajudado a encontrar o seu proacuteprio significado e a maneira de lidar com as
situaccedilotildees pessoais
Rodrigues (2004) assinala que no periacuteodo de 1948 ateacute 1967 Saunders preparou-se
para receber e atender neste hospice os pacientes em fase terminal com o escopo de promover
o aliacutevio do sofrimento e a dignidade na morte
29
Cicely conseguiu comprovar que eacute possiacutevel promover a qualidade no final de vida e
a dignidade na morte Para tanto ela agregou agrave sua formaccedilatildeo multidisciplinar o embasamento
cientiacutefico de suas accedilotildees a sensibilidade ao sofrimento do proacuteximo e a fidelidade a um ideal
Dessa forma com o objetivo de promover o cuidado holiacutestico envolto em um ambiente
afaacutevel e acolhedor congregou o conhecimento e a abordagem interdisciplinar
Essa visatildeo holiacutestica de Saunders desencadeou segundo Pessini (2006) uma
discussatildeo acerca da importacircncia da assistecircncia aos pacientes terminais fora da Inglaterra
surgindo dessa forma um movimento que buscava um tratamento adequado e humanizado dos
pacientes que ateacute entatildeo estavam excluiacutedos do sistema de sauacutede em virtude de este valorizar o
investimento em terapias curativas vinculadas agrave alta tecnologia
De acordo com Rodrigues (2004) a partir desse momento diversos profissionais e
equipes de trabalho procedentes de vaacuterios paiacuteses passaram por treinamentos no St
Christopherrsquos Hospice tornando-se um centro de excelecircncia e referecircncia mundial no ensino
pesquisa e assistecircncia em Cuidados Paliativos
Atualmente o St Christopherrsquos Hospice funciona como uma instituiccedilatildeo de caridade
oferecendo serviccedilos aos pacientes e seus familiares de forma gratuita Dispotildee dos seguintes
serviccedilos home care enfermaria hospital-dia ambulatoacuterio biblioteca jardins centro de artes
e criatividade apoio aos enlutados profissionais da aacuterea da Sauacutede psicoacutelogos assistente
social e capelatildeo considerados nucleares aleacutem de outros serviccedilos (SANTOS 2011)
A iniciativa de Cicely foi de suma importacircncia Haja vista que favoreceu o
surgimento de outros hospices independentes revolucionando portanto a concepccedilatildeo de
Cuidados Paliativos e a disseminaccedilatildeo pelo mundo de uma filosofia sobre o cuidar pautada
tanto no controle efetivo da dor e de outros sintomas (presentes agrave fase avanccedilada das doenccedilas)
como no cuidado com as dimensotildees psicoloacutegicas sociais e espirituais dos pacientes e suas
famiacutelias com atividades de assistecircncia ensino e pesquisa (FRANCcedilA 2011)
Simultaneamente ao trabalho de Saunders a meacutedica psiquiatra suiacuteccedila Elizabeth
Kuumlbler Ross realizava seu trabalho nos Estados Unidos entrevistando pacientes com doenccedilas
avanccediladas e diante da morte Este estudo foi considerado o primeiro na histoacuteria de ciecircncia
ocidental a alvitrar uma teoria baseada em fatos empiacutericos que descrevia os estaacutegios
psicoloacutegicos dos moribundos de acordo com a percepccedilatildeo de Elizabeth Kuumlbler Ross
(SANTOS 2011)
Em virtude deste minucioso trabalho pelo qual foi possiacutevel identificar as fases de
negaccedilatildeo raiva barganha depressatildeo e aceitaccedilatildeo comuns nos pacientes em fase terminal foi
possiacutevel desenvolver e publicar uma obra em 1969 intitulada ldquoSobre a morte e o morrerrdquo
30
(ABU-SAAD COURTENS 2001) Santos (2011) afirma que este estudo foi considerado o
primeiro na histoacuteria de ciecircncia ocidental a alvitrar uma teoria baseada em fatos empiacutericos que
descrevia os estaacutegios psicoloacutegicos dos moribundos de acordo com a percepccedilatildeo de Elizabeth
Kuumlbler Ross Cumpre salientar que o impacto do seu trabalho no ambiente leigo e
profissional dos Estados Unidos foi crucial para a aceitaccedilatildeo do conceito de hospice proposto
por Cicely Saunders Esta publicaccedilatildeo possibilitou novas discussotildees acerca do processo
morte-morrer anteriormente evitados pela sociedade passando a ser aceito dessa forma pela
comunidade meacutedica e cientiacutefica mundial
Santos (2011) assinala que da mesma forma que Cicely Elisabeth colocou as
questotildees da morte do morrer e da espiritualidade como nuacutecleos centrais dos Cuidados
Paliativos e quem durante quarenta anos esta meacutedica trabalhou arduamente no ensino
pesquisa e assistecircncia na aacuterea de cuidados paliativos deixando um grande legado cientiacutefico na
referida aacuterea
Outra contribuiccedilatildeo importante de Elisabeth segundo o autor supracitado foi o
avanccedilo nas pesquisas acerca de experiecircncias quase morte (EQM) e sobrevivecircncia de
personalidade apoacutes a morte Ela descobriu ser possiacutevel investigar e obter evidecircncias empiacutericas
da sobrevivecircncia poacutes-morte Mesmo com a certeza na vida apoacutes morte ela acreditava ser
necessaacuterio oferecer o maacuteximo de cuidado amor e aliacutevio no sofrimento fiacutesico e espiritual aos
pacientes que enfrentaram a morte
Diante de tais apontamentos eacute possiacutevel compreender que o trabalho de Kluumlber Ross
influenciou a implementaccedilatildeo do ensino formal do cuidado na fase final da vida nos curriacuteculos
de Medicina fortalecendo dessa forma a filosofia hospice (BILLINGS BLOCK 1997)
Twycross (2000) reconhece que apesar da existecircncia dos hospices os Cuidados
Paliativos foram incorporados aos hospitais em 1970 sendo formadas equipes
interdisciplinares para acolher os pacientes terminais Dentre estas equipes Dunlop e Hockley
(1998) destacam a pioneira que foi formada em 1976 no Saint Thomarsquos em Londres que
teve como base o modelo hospitalar do Saint Lukersquos Hospital Daiacute em diante houve um
avanccedilo no chamado movimento hospice moderno para diferentes paiacuteses da Europa e para os
Estados Unidos (EUA) e Austraacutelia Nesta nova proposta o hospice passou a ser um local que
combinava a especificidade de um hospital a hospitalidade de uma casa de repouso e o calor
humano familiar
Nos Estados Unidos o termo hospice tornou-se conceito de cuidado em vez de local
de cuidado Gradualmente o termo cuidado paliativo foi trazido ao dicionaacuterio como sinocircnimo
de cuidado de hospice (ABU-SAAD COURTENS 2001)
31
Rodrigues (2004) assevera que os Estados Unidos agrave semelhanccedila da Europa tambeacutem
constituiacuteram um sistema de sauacutede focado na cura e na reabilitaccedilatildeo das doenccedilas com o
objetivo de restituir os aspectos bioloacutegicos da doenccedila tanto na Enfermagem como na
Medicina os resultados da pesquisa partiam da objetividade dos dados
Diante deste cenaacuterio Pessini (2006) afirma que o movimento foi crescendo e em
1985 foi fundada a Associaccedilatildeo de Medicina Paliativa da Gratilde-Bretanha e da Irlanda sendo o
Reino Unido o primeiro paiacutes a reconhecer a Medicina Paliativa como uma especialidade
meacutedica que trata de pacientes com doenccedilas degenerativas ativas e progressivas tais como o
cacircncer e a AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome ou Siacutendrome de Imunodeficiecircncia
Adquirida ndash SIDA) onde o foco dos Cuidados Paliativos eacute a qualidade de vida do paciente
quando este natildeo tem possibilidades de cura
O autor acrescenta que na Franccedila essa modalidade de cuidar foi implementada na
deacutecada de 1980 dedicada inicialmente aos idosos e posteriormente ampliada para os
pacientes terminais Abu-Saad e Courtens (2001) ressaltam que na deacutecada de 1990 houve o
desenvolvimento de programas de Cuidados Paliativos na Austraacutelia Aacutesia Japatildeo Coreacuteia do
Sul Taiwan China e Aacutefrica do Sul
Natildeo obstante com a ampliaccedilatildeo de tais cuidados em outros paiacuteses o seu modelo teve
que se adequar agraves necessidades pertinentes agrave sauacutede da populaccedilatildeo e ser desenvolvido de acordo
com as reais situaccedilotildees dos recursos locais disponiacuteveis Twycross (2000) aponta o modelo
britacircnico como exemplo para o Canadaacute Austraacutelia e Nova Zelacircndia (estes fazem parte do
sistema de sauacutede oficial) todavia acrescenta que o modelo americano que contempla o
atendimento domiciliar e o modelo polonecircs que possui um sistema de voluntariado
constituiacutedo por meacutedicos e enfermeiros satildeo padrotildees de modelo de outros paiacuteses
De acordo com Rodrigues (2004) a Ameacuterica do Sul iniciou suas experiecircncias sobre
Cuidados Paliativos em meados da deacutecada de 1980 em Buenos Aires e Bogotaacute No Brasil a
histoacuteria de Cuidados Paliativos eacute relativamente recente tendo-se iniciado na deacutecada de 1980
Nesta fase os brasileiros ainda viviam o final de um regime de ditadura cujo sistema de
sauacutede priorizava a modalidade hospitalocecircntrica essencialmente curativa
Rodrigues (2004) afirma que nessa eacutepoca o ensino da Enfermagem e o da Medicina
estavam voltados exclusivamente para os aspectos bioloacutegicos ou seja centrados na doenccedila
preconizando uma assistecircncia fragmentada de diversos profissionais para um mesmo paciente
sendo o trabalho predominantemente individual o que gerava anguacutestia nos pacientes ficando
estes desprovidos de informaccedilotildees corretas sobre sua patologia e o seu futuro aleacutem de se
32
encontrarem sozinhos em um leito separado por um biombo sem a companhia de um ente
querido
Por outro lado houve um pequeno avanccedilo no campo de investigaccedilatildeo cientiacutefica com
publicaccedilotildees relacionadas com a morte com o morrer e com o paciente terminal Rodrigues
(2004) destaca dentre os pesquisadores da aacuterea da Sauacutede Boemer representante da
Enfermagem e Assumpccedilatildeo representante da Medicina Por meio de seus estudos
estimularam outros profissionais da eacutepoca a refletirem na forma da assistecircncia implementada
ao paciente terminal O mesmo autor ressalta que para ser possiacutevel adequar a filosofia
hospice agrave realidade do Brasil foi preciso ir uma equipe formada por meacutedicos psicoacutelogos e
teoacutelogos a paiacuteses da Europa como a Inglaterra e a paiacuteses da Ameacuterica do Norte como o
Canadaacute para que pudessem conhecer de perto o trabalho desenvolvido por eles acerca dos
Cuidados Paliativos e assim disseminar o conhecimento de tais cuidados no Brasil de
maneira mais precisa e mais pontual Aleacutem disso destaca vaacuterios outros fatores que
dificultaram a disseminaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no Brasil como o tamanho do
continente brasileiro as diferenccedilas socieconocircmicas entre os Estados a diferenccedila de acesso ao
sistema de sauacutede a formaccedilatildeo cartesiana dos profissionais da Sauacutede Tudo isso levou-os a
resistir em aderir ao paradigma de cuidar quando natildeo haacute mais cura entre outros
Figueiredo (2006) reconhece que o primeiro serviccedilo de Cuidados Paliativos no
Brasil foi instituiacutedo pela Dra Miriam Martelete do Departamento de Anestesiologia do
Hospital das Cliacutenicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1983 Em 1986 na
Santa Casa de Misericoacuterdia de Satildeo Paulo surgiu o Serviccedilo de Dor e Cuidados Paliativos Em
1989 surgiram o Centro de Estudos e Pesquisas Oncoloacutegicas (CEPON) em Florianoacutepolis e o
Grupo Especial de Suporte Terapecircutico Oncoloacutegico (GESTO) no Instituto Nacional do
Cacircncer (INCA) no Rio de Janeiro
Teixeira et al (1993) salientam que a GESTO apesar de natildeo ter em sua origem o
serviccedilo de Cuidados Paliativos jaacute apresentava na eacutepoca caracteriacutesticas da filosofia hospice
como o oferecimento de qualidade ao paciente trabalho multidisciplinar atendimento
domiciliar e envolvimento da famiacutelia no processo da assistecircncia
Com a finalidade de atender pacientes com AIDS em fase avanccedilada eou terminal e
pacientes com dor crocircnica e difiacutecil controle Guerra (2001) informa que foi formada uma
equipe multiprofissional de Cuidados Paliativos no Instituto de Infectologia Emiacutelio Ribas
pertencente ao hospital da Secretaria de Estado de Sauacutede de Satildeo Paulo em 1999
Em 1997 com o escopo de congregar os profissionais atuantes em Cuidados
Paliativos e consolidar essa aacuterea do cuidado no sistema de sauacutede brasileiro foi fundada a
33
Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP) na cidade de Satildeo Paulo Caponero
(2002) afirma que a ABCP conta com a participaccedilatildeo de meacutedicos enfermeiros psicoacutelogos
assistentes sociais fisioterapeutas religiosos e nutricionistas
Mello e Caponero (2009) esclarecem que o intento desta associaccedilatildeo eacute o de divulgar a
praacutetica dos Cuidados Paliativos e agregar os serviccedilos desses cuidados existentes no Brasil
mesmo ainda natildeo padronizados mas ofereciam assistecircncia a pacientes fora de possibilidades
terapecircuticas no acircmbito de internaccedilatildeo hospitalar ambulatorial eou domiciliar
O objetivo primordial da criaccedilatildeo dessa sociedade de acordo com as autoras
supracitadas era o de permitir o surgimento de diretrizes nessa aacuterea e de modelos que fossem
adequados diante de questotildees socioculturais e econocircmicas de nosso paiacutes para que assim esses
serviccedilos pudessem efetivar sua abordagem de forma que contribuiacutessem para a melhoria da
praacutetica assistencial Por conseguinte esse movimento permitiu que os termos medicina
paliativa ou Cuidados Paliativos passassem a ser vistos como um novo campo desenvolvido
sobre o cuidar sendo necessaacuterio que as equipes de sauacutede especiacuteficas no controle da dor e no
aliacutevio dos sintomas fossem incorporadas demonstrando portanto que os Cuidados Paliativos
vecircm conquistando seu espaccedilo com o seu crescente reconhecimento no cenaacuterio da sauacutede
brasileira
Oficialmente os Cuidados Paliativos foram considerados uma exigecircncia no Brasil
com a homologaccedilatildeo da Portaria nordm 3535 de 2 de setembro de 1998 que confere o
cadastramento de centros de atendimento em Oncologia a qual destaca a necessidade de uma
assistecircncia por meio de uma equipe multiprofissional integrada aleacutem de inserir outras
modalidades assistecircncias como o serviccedilo de Cuidados Paliativos (BRASIL 1998b)
No acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a Portaria ndeg 19 de 2002 amplia a
inserccedilatildeo do modelo de assistecircncia de Cuidados Paliativos por meio da instituiccedilatildeo do
Programa Nacional de Assistecircncia agrave Dor e Cuidados Paliativos (BRASIL 2002)
O referido programa de acordo com Pimenta e Mota (2006) foi formado por
representantes do Ministeacuterio da Sauacutede da Associaccedilatildeo Meacutedica Brasileira da Associaccedilatildeo
Meacutedica Brasileira de Enfermagem do Conselho Federal de Medicina da Sociedade Brasileira
para Estudos da Dor e do INCA com o desiacutegnio de promover a operacionalizaccedilatildeo e a
implementaccedilatildeo do Programa Cumpre assinalar que foram organizados os niacuteveis de
assistecircncia aos pacientes caracterizando-se os profissionais envolvidos no cuidado
Acrescentam que desse trabalho foi plausiacutevel a realizaccedilatildeo das seguintes accedilotildees uniformizaccedilatildeo
e distribuiccedilatildeo de morfina e metadona para o tratamento da dor crocircnica atraveacutes do SUS e
34
estabelecimento em 2002 dos centros de referecircncia em tratamento da dor crocircnica atraveacutes
da Secretaria da Assistecircncia agrave Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede
A partir da Portaria nordm 3535 de setembro de 1998 o cadastramento de nuacutecleos de
atendimento em Oncologia apreciando-se o modelo dos Cuidados Paliativos passou a ser
uma exigecircncia Este documento enfoca a multidisciplinaridade como um trabalho integral
aleacutem de inserir o serviccedilo de Cuidados Paliativos (BRASIL 1998b)
Acrescenta-se a tais ponderaccedilotildees o desejo de subsidiar e estimular a criaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de serviccedilos de Cuidados Paliativos no paiacutes destacando-se o estabelecimento
do Programa Nacional de Imunizaccedilatildeo Hospitalar a partir da Portaria ndeg 881 de
2001(BRASIL 2001)
Wright et al (2008) chamam a atenccedilatildeo para o quantitativo de serviccedilos de Cuidados
Paliativos no ano de 2008 apresentando-se um total de catorze serviccedilos o que representa um
serviccedilo para cada nuacutemero de 13285000 habitantes Salienta-se que a maior parte destas
unidades estavam localizadas na regiatildeo Sudeste sobretudo na cidade de Satildeo Paulo
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos atualmente existem
em todo o Brasil sessenta e uma unidades das quais vinte se encontram no Estado de Satildeo
Paulo Portanto a grande maioria desses serviccedilos ainda se concentra na regiatildeo Sudeste
constituiacuteda por serviccedilos estatais principalmente em unidades especializadas em dor
(SANTOS 2011)
Santos (2011) ressalta a inexistecircncia da padronizaccedilatildeo de criteacuterios miacutenimos exigidos
para uma unidade ou serviccedilo ser considerado especializado em Cuidados Paliativos Essa
informaccedilatildeo vai de encontro ao que preconiza a Associaccedilatildeo Europeia para Cuidado Paliativo
(European Association for Palliative Care) a qual estabelece normas e diretrizes Portanto
segundo esta associaccedilatildeo para um paiacutes atender agraves demandas em serviccedilos dessa modalidade de
cuidar satildeo necessaacuterios os seguintes indicadores pacientes internados em unidades
hospitalares a niacutevel de enfermarias cliacutenicas ou ciruacutergicas (50 leitos ndash ateacute 80 ndash por milhatildeo de
habitantes 12 enfermarias por leito 015 meacutedico por leito) equipes de Cuidados Paliativos
(equipe para cada hospital com 250 leitos uma equipe de Cuidados Paliativos home care para
cada divisatildeo de cem mil habitantes tendo como nuacutecleo central da equipe 4 ou 5 profissionais
em dedicaccedilatildeo exclusiva)
Figueiredo (2006) afirma que o crescimento das unidades ou grupos de Cuidados
Paliativos em todo o Brasil eacute ainda lento estando longe de atingir as metas propostas pela
Associaccedilatildeo Europeia para Cuidado Paliativo sendo portanto necessaacuterio implantar cursos
para a formaccedilatildeo de recursos humanos e de incentivos de poliacuteticas puacuteblicas
35
Outra instituiccedilatildeo que merece destaque no paiacutes eacute a Academia Nacional de Cuidados
Paliativos (ANCP) fundada em 2005 Esta vem celebrando conquistas importantes para o
movimento paliativista brasileiro Dentre estas aquisiccedilotildees destaca-se a realizaccedilatildeo do IV
Congresso Internacional de Cuidados Paliativos concretizado na cidade de Satildeo Paulo em
2010 No referido evento foi ressaltada a publicaccedilatildeo do novo Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM) Este eacute o primeiro a referenciar a modalidade Cuidados
Paliativos como um princiacutepio fundamental da praacutetica meacutedica Esse trabalho adveacutem
fundamentalmente em virtude do desempenho do trabalho da Cacircmara Teacutecnica de
Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos Esse trabalho teve como participante a ex-
presidente da ANCP Dra Maria Goretti Sales Maciel (IV CONGRESSO 2010)
Um dos objetivos expostos durante o referido Congresso em questatildeo foi o de avalizar
um atendimento integral em Cuidados Paliativos no sistema de sauacutede vigente em nosso paiacutes o
SUS Todavia para o alcance de tal meta fazem-se necessaacuterias modificaccedilotildees na formaccedilatildeo
profissional e treinamento dos profissionais da Sauacutede a abertura de novos serviccedilos destes
cuidados e a implementaccedilatildeo de medidas que mensurem a qualidade da assistecircncia (IV
CONGRESSO 2010)
Tratando-se do ensino de Cuidados Paliativos no Brasil Rodrigues (2004) observa
que tanto no curso de Enfermagem quanto no de Medicina a literatura apresenta uma
quantidade iacutenfima A autora acrescenta que em algumas escolas este tema eacute abordado como
na Universidade de Satildeo Paulo (UNIFESP) onde existe uma disciplina voltada para esta
temaacutetica sendo ministrada por meacutedicos e outros profissionais caracterizando um programa
multiprofissional
A autora supracitada destaca a figura do professor Figueiredo que vem sendo um
incentivador e colaborador da educaccedilatildeo acerca dos Cuidados Paliativos e da criaccedilatildeo de
serviccedilos destinados a estes cuidados no Brasil Dentre estes serviccedilos destaca-se a criaccedilatildeo do
ambulatoacuterio na UNIFESP o Ambulatoacuterio em Cuidados Paliativos do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo e o da Unidade de Cuidados Paliativos
no Instituto de Infectologia Emiacutelio Ribas (RODRIGUES 2004)
Outra contribuiccedilatildeo importante no ensino desses cuidados adveacutem do meacutedico e
bioticista da Universidade Estadual de Londrina professor Joseacute Eduardo Siqueira que
realizou um estudo acerca da assistecircncia meacutedica aos pacientes em fase terminal O referido
professor propotildee um desafio voltado principalmente aos hospitais universitaacuterios para que
aleacutem da oferta da alta tecnologia desenvolvam um serviccedilo de Cuidados Paliativos no qual os
36
formadores possam acrescentar ao conhecimento tecnocientiacutefico o aspecto da humanizaccedilatildeo
(SIQUEIRA 2000)
Portanto o cuidado humanizado seria enfatizado a partir das experiecircncias na
instituiccedilatildeo de ensino aliado agrave alta tecnologia Esta envolve terapecircuticas de alto custo e
terapecircuticas de baixo custo como o controle da dor e de outros sintomas aliadas agraves accedilotildees
mais simples como o respeito e o diaacutelogo (FRANCcedilA 2011)
Em relaccedilatildeo ao ensino de Cuidados Paliativos na aacuterea da Enfermagem Rodrigues
(2004) destaca a professora Cibele Adruciole de Mattos Pimenta considerada referecircncia
nacional no manejo de dor aguda e crocircnica Ela eacute docente do curso de Enfermagem da
Universidade de Satildeo Paulo (USP) difundindo a proposta da inclusatildeo dos Cuidados Paliativos
nos cursos de graduaccedilatildeo em Enfermagem
No que tange a poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu para o ensino de Cuidados Paliativos a
autora supracitada aponta o Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) como o responsaacutevel por
formar enfermeiros especialistas em Cuidados Paliativos por meio de especializaccedilatildeo e
residecircncia em Enfermagem e meacutedicos especialistas em Medicina Paliativa
Ainda em relaccedilatildeo agrave veiculaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no ensino brasileiro no
acircmbito da poacutes-graduaccedilatildeo merece destaque a proposta da Pinus Longaeva Assessoria e
Consultoria em Sauacutede e Educaccedilatildeo Tal entidade eacute considerada referecircncia de excelecircncia em
Cuidados Paliativos no Brasil aleacutem de estimular a produccedilatildeo do conhecimento acerca da
referida temaacutetica Encontra-se sob a coordenaccedilatildeo do meacutedico Dr Franklin Santana Santos
sendo originada a partir da realizaccedilatildeo do curso de Tanatologia ndash Educaccedilatildeo para a Vida e para
a Morte uma abordagem plural e interdisciplinar em 2007 o qual teve a finalidade de
divulgar a importacircncia dos Cuidados Paliativos entre a sociedade brasileira (SANTOS 2011)
Aleacutem do curso Santos (2011) reconhece que este serviccedilo proporcionou a ediccedilatildeo de
um livro em trecircs volumes intitulado ldquoA arte de morrer visatildeo pluraisrdquo publicado pela Editora
Comenius com a finalidade de subsidiar o ensino e a pesquisa sobre a temaacutetica morte Na
referida obra pode-se observar a preocupaccedilatildeo em se trabalhar a prevenccedilatildeo e as causas do
sofrimento o medo e o tabu da morte com o propoacutesito de promover uma educaccedilatildeo para a
morte voltada para o corpo discente e para o corpo docente de diversas instituiccedilotildees de ensino
para os profissionais e para a populaccedilatildeo em geral
Em relaccedilatildeo agrave pesquisa o autor acima referido assinala que na poacutes-graduaccedilatildeo em
Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (FMUSP)
encontram-se em andamento diversas dissertaccedilotildees de mestrado e teses de doutorado aleacutem de
37
projetos de pesquisa como traduccedilatildeo e validaccedilatildeo de escalas sobre morte e morrer e
espiritualidade
Quanto agrave aacuterea da assistecircncia Santos (2011) discorre sobre o planejamento do
Ambulatoacuterio de Cuidados Paliativos para pacientes com demecircncia avanccedilada no Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Cliacutenicas na Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) sob a
coordenaccedilatildeo dos professores-doutores Orestes V Forlenza e Franklin Santana Santos O autor
comenta tambeacutem o desenvolvimento de um projeto de construccedilatildeo de um hospice no interior
de Satildeo Paulo nos moldes do St Christopher inteiramente filantroacutepico ndash o que significaria um
avanccedilo consideraacutevel para o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos no Brasil
Seguramente o ensino de Cuidados Paliativos tornaraacute os profissionais mais sensiacuteveis
agraves necessidades da populaccedilatildeo e do indiviacuteduo levando-os a desenvolver uma assistecircncia mais
humanizada e centrada na obtenccedilatildeo do adequado controle dos sinais e sintomas dos pacientes
fora de possibilidades terapecircuticas de cura Essa modalidade de cuidar proporciona uma
transformaccedilatildeo na praacutetica dos profissionais que passam a apresentar uma visatildeo holiacutestica
acerca desses doentes abrangendo-lhes a dimensatildeo fiacutesica psicoloacutegica social e espiritual
Nessa perspectiva Stoneberg et al (2006) referem que os Cuidados Paliativos ou
paliativismo como mais um meacutetodo uma filosofia do cuidar visando-se a prevenir e aliviar o
sofrimento humano em muitas de suas dimensotildees O objetivo dessa modalidade de cuidar eacute o
de proporcionar aos pacientes e seus entes queridos a melhor qualidade possiacutevel de vida a
despeito do estaacutegio de uma doenccedila ou a necessidade de outros tratamentos
Os autores asseguram que os Cuidados Paliativos complementam-se ao jaacute
tradicional cuidado curativo incluindo objetivos de bem-estar e de qualidade de vida para os
pacientes e seus familiares ajudando-os nas tomadas de decisotildees e promovendo
oportunidades de crescimento e evoluccedilatildeo pessoal Esta filosofia de cuidar completa os
tratamentos curativos da Medicina moderna mas principalmente proporciona aos
profissionais da aacuterea dignidade e significado aos tratamentos escolhidos
Caponero (2002) acrescenta que os Cuidados Paliativos fundamentam-se em uma
concepccedilatildeo global e ativa do tratamento compreendendo a atenccedilatildeo aos aspectos fiacutesicos
sociais e espirituais das pessoas que estatildeo com doenccedila incuraacutevel Portanto os Cuidados
Paliativos segundo Santana (2000) constituem um novo paradigma na sauacutede no qual satildeo
adotadas medidas humanizadas para o atendimento aos pacientes em seu ambiente familiar
onde as intervenccedilotildees natildeo visam agrave cura mas ao aliacutevio dos sintomas e do sofrimento aleacutem de
possibilitar a compreensatildeo do processo de morrer com dignidade
38
Pessini e Bertachini (2005) ressaltam que os Cuidados Paliativos visam a assegurar
aos doentes condiccedilotildees que os capacitem e encorajem a viver sua vida de uma forma uacutetil
produtiva e plena ateacute ao momento de sua morte A importacircncia da reabilitaccedilatildeo em termos de
bem-estar fiacutesico psiacutequico e espiritual natildeo pode ser negligenciada
Elias et al (2007) afirmam que a dimensatildeo subjetiva eacute o elo mais especiacutefico para o
paciente sem possibilidades de cura uma vez que o seu espiritual e o seu emocional recebem
um sentido ainda mais amplo Esses autores esclarecem a amplitude da dor psiacutequica a qual eacute
referenciada pelo temor do sofrimento seguida de anguacutestias e a dor espiritual que faz ligaccedilatildeo
ao significado da vida como tambeacutem agraves resignaccedilotildees perante Deus Os autores acrescentam
que tanto a dor psiacutequica quanto a espiritual requer em um acompanhamento psicoespiritual
sendo portanto imperioso o emprego de Cuidados Paliativos que compreenderaacute o
acolhimento a humanizaccedilatildeo e a proteccedilatildeo
Desse modo Costa Filho et al (2008) advertem que os Cuidados Paliativos devem
contemplar todas as dimensotildees do paciente sem possibilidades de cura tendo como prioridade
os cuidados emocionais psicoloacutegicos e espirituais Esta filosofia de cuidar proporciona aos
profissionais da aacuterea da Sauacutede a dignidade e significado aos tratamentos escolhidos em
relaccedilatildeo ao paciente na terminalidade da vida o qual necessita de cuidado integral e
humanizado
Eacute sob esse enfoque que Maccoughlan (2006) assinala que os Cuidados Paliativos
constituem um campo de cuidados totais ativos e integrais dispensados aos pacientes com
doenccedilas avanccediladas e sem possibilidades de cura e centrados no seu direito de viver com
dignidade seus dias que lhe restam
Em virtude da diversidade de aspectos envolvidos nessa forma de cuidar
Maccoughlan (2003) aponta a importacircncia da abordagem interdisciplinar para os Cuidados
Paliativos uma vez que esta implica demonstrar que nenhuma profissatildeo consegue abranger
todos os aspectos envolvidos no tratamento de pacientes terminais o que faz destacar a
significacircncia do trabalho coletivo permitindo a sinergia de habilidades para promover uma
assistecircncia completa
Portanto os Cuidados Paliativos devem ser prestados por uma equipe
multiprofissional formada por meacutedicos enfermeiros psicoacutelogos assistentes socais e
assistentes espirituais todos envolvidos nos objetivos concretos desses cuidados respeitando-
se o paciente como um ser uacutenico as suas crenccedilas e culturas
Sendo assim eacute inegaacutevel dentre esses profissionais a participaccedilatildeo da equipe
multiprofissional da Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no que concerne ao emprego de
39
Cuidados Paliativos Haja vista que pacientes com doenccedilas avanccediladas e em fase terminal que
ldquoretornam para suas casasrdquo jaacute que ldquonatildeo haacute mais nada para ser feitordquo necessitam ser
protegidos Eacute especialmente nesta transiccedilatildeo de necessidades especiacuteficas do tratamento
curativo para o paliativo que a Atenccedilatildeo Baacutesica pode ter destacado papel (FLORIANI
SCHRAMM 2007)
A referida temaacutetica eacute abordada no capiacutetulo seguinte o qual procura enfocar os
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
40
3 Cuidados paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
41
Para melhor compreensatildeo deste capiacutetulo seratildeo abordadas inicialmente consideraccedilotildees
acerca da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) com ecircnfase na Estrateacutegia de Sauacutede da famiacutelia
(ESF) seguindo-se da abordagem pertinente a Cuidados Paliativos na referida estrateacutegia
Em termos histoacutericos diversos documentos foram confeccionados com o escopo de
nortear poliacuteticas e accedilotildees no campo da Sauacutede em todo o mundo Dentre os mais significativos
pode ser citado ldquoSauacutede para todos no ano 2000rdquo produzido em 1977 na 30ordf Reuniatildeo Anual da
Assembleacuteia Mundial de Sauacutede em Alma-Ata Em uma reuniatildeo subsequumlente agrave produccedilatildeo deste
documento em 1978 ainda na mesma cidade foi realizada a primeira Conferecircncia Nacional
sobre Cuidados Primaacuterios de Sauacutede sob a coordenaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
(OMS) e do Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia (UNICEF) definindo-se a Atenccedilatildeo
Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) como eixo da reorganizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede visando-se a
diminuir as imensas desigualdades soacutecio-econocircmicas sanitaacuterias existentes no mundo (OMS
1979)
Ibantildeez et al (2006) assinalam que a APS surge em resposta agraves desigualdades no
acesso iniquumlidades dos serviccedilos de sauacutede insuficiente e desigual distribuiccedilatildeo de recursos de
sauacutede para as populaccedilotildees resultando em exclusatildeo de grupos sociais vulneraacuteveis
Por conseguinte a APS pretende proporcionar maior acesso e equidade para estas
pessoas que buscam os serviccedilos de sauacutede por meio da reorganizaccedilatildeo dos sistemas de sauacutede
mediante alteraccedilatildeo do modelo de atenccedilatildeo em quase todos os paiacuteses (MENDES 2001)
De acordo com Starfield (2002) a APS apresenta como atributos essenciais ou
exclusivos o primeiro contato a longitudinalidade a integralidade a coordenaccedilatildeo da atenccedilatildeo a
focalizaccedilatildeo na famiacutelia e a orientaccedilatildeo na comunidade O primeiro atributo pressupotildee a
acessibilidade do usuaacuterio e o uso de serviccedilos de sauacutede em suas necessidades de sauacutede
independentemente da gravidade do problema apresentado indicando a porta de entrada ao
sistema de sauacutede O segundo consiste no acompanhamento do indiviacuteduo e sua famiacutelia ao longo
do tempo marcado pela relaccedilatildeo de viacutenculo e relaccedilotildees interpessoais de confianccedila entre o
usuaacuteriofamiacutelia e a equipeserviccedilo de sauacutede O terceiro garante a continuidade da prestaccedilatildeo da
assistecircncia agrave sauacutede independente da complexidade que o problema de sauacutede exigir e considera
as possiacuteveis causas individuais de cada pessoa no seu processo de adoecimento O quarto
representa a capacidade do serviccedilo para dar atenccedilatildeo agraves necessidades individuais e coletivas
garantindo o seguimento constante da equipe de sauacutede mesmo que os problemas de sauacutede
estejam sendo sanados em outro niacutevel de assistecircncia agrave sauacutede O quinto considera a famiacutelia
como nuacutecleo para o conhecimento integral dos problemas de sauacutede O sexto implica conhecer
as famiacutelias em seu contexto cultural socioeconocircmico e social (STARFIELD 2002)
42
Abrahatildeo-Curvo (2010) esclarece que os princiacutepios da APS foram retomados nas
reformas do setor Sauacutede em vaacuterios paiacuteses sobretudo no Brasil com a adesatildeo e participaccedilatildeo de
variados segmentos da sociedade brasileira
Salienta-se portanto que ante o movimento internacional gerado pela Conferecircncia de
Alma-Ata em virtude do contexto de mudanccedilas observadas na Ameacuterica Latina o Brasil volta-
se a refletir suas poliacuteticas de sauacutede embasado em conceitos discutidos na referida conferecircncia
Sendo assim o processo de transformaccedilatildeo e de avanccedilo no setor da Sauacutede do Brasil
conforme apontam Santos e Mattos (2011) adveacutem em sua maioria da realizaccedilatildeo da VIII
Conferecircncia Nacional em Sauacutede em 1986 que consagrou a Reforma Sanitaacuteria como eixo de
luta para a transformaccedilatildeo do panorama de Sauacutede do paiacutes
Scherer Marino e Ramos (2005) assinalam que por meio da Conferecircncia foram
deliberados os princiacutepios e diretrizes incorporados na Poliacutetica Nacional de Sauacutede aprovados na
Constituiccedilatildeo de 1988 Demarca-se legalmente um novo modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede em
substituiccedilatildeo ao existente
Arouca (1987) informa que a CNS trouxe agrave tona a questatildeo da sauacutede com amplitude de
seu conceito natildeo a considerando como a simples ausecircncia de doenccedila mas sim em estado
resultante das condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente trabalho
transporte emprego lazer liberdade e acesso a serviccedilos de sauacutede Portanto a sauacutede natildeo estaria
mais relacionada apenas com a ausecircncia de doenccedilas mas seria resultado das formas de
organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes desigualdades nos niacuteveis de vida
e de sauacutede
Observa-se que o movimento da Reforma Sanitaacuteria Brasileira foi pautado em uma
mobilizaccedilatildeo reivindicatoacuteria alicerccedilada na necessidade popular de reconstruir uma estrutura
normativa que atendesse agraves reais necessidades da populaccedilatildeo nas questotildees de sauacutede como direito
de cidadania (MACHADO et al 2007)
A CNS serviu de base para o nascimento do SUS emergindo dessa forma em meio
aos debates levantados durante esse evento Visando-se ao cumprimento da Constituiccedilatildeo foi
editada em 1990 a Lei Orgacircnica da Sauacutede (LOS) formada pelas Leis Federais 808090 e
814290 as quais instituem e dispotildeem sobre o funcionamento organizaccedilatildeo e caracteriacutesticas do
SUS Com base na Constituiccedilatildeo e posteriormente na LOS definiu-se que o SUS seria regido
por determinados princiacutepios e diretrizes e propunha-se naquela legislaccedilatildeo a passagem do entatildeo
modelo vigente para uma forma voltada agrave prevenccedilatildeo e promoccedilatildeo da sauacutede (VALENTIM
KRUEL 2007)
43
Destarte observa-se que o SUS eacute resultado de um longo processo de debates e de lutas
por melhores condiccedilotildees de sauacutede no paiacutes Surge como um novo paradigma na atenccedilatildeo agrave sauacutede
Seus princiacutepios e diretrizes rompem com o paradigma cliacutenico tradicional (SCHERER
MARINO RAMOS 2005)
Simino (2009) afirma que o SUS eacute marcado por princiacutepios doutrinaacuterios ou filosoacuteficos
(universalidade equidade e integralidade) e por princiacutepios organizativos (descentralizaccedilatildeo
regionalizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo e participaccedilatildeo social)
Ainda de acordo com a autora supracitada a universalidade eacute compreendida a partir
do reconhecimento da assistecircncia agrave sauacutede um direito fundamental do cidadatildeo cabendo ao
Estado garantir as condiccedilotildees indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio e ao acesso agrave atenccedilatildeo e
assistecircncia agrave sauacutede em todos os niacuteveis de complexidade A equidade eacute um princiacutepio de justiccedila
social Haja vista que busca diminuir desigualdades A integralidade significa a garantia do
fornecimento de um conjunto articulado e contiacutenuo de accedilotildees e serviccedilos preventivos curativos e
coletivos exigidos em cada caso para todos os niacuteveis de complexidade de assistecircncia Este
princiacutepio ainda engloba accedilotildees de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e em seu sentido
amplo considera a pessoa como um ser integral inserida em um contexto familiar social
cultural e econocircmico
Machado et al (2007) asseveram que a integralidade eacute um conceito que permite uma
identificaccedilatildeo dos sujeitos como totalidades ainda que natildeo sejam alcanccedilaacuteveis em sua plenitude
considerando-se todas as dimensotildees possiacuteveis em que se pode intervir pelo acesso permitido
por eles proacuteprios Dessa forma o atendimento integral extrapola a estrutura organizacional
hierarquizada e regionalizada da assistecircncia de sauacutede se prolonga pela qualidade real da
atenccedilatildeo individual e coletiva assegurada aos usuaacuterios do sistema de sauacutede requisita o
compromisso com o contiacutenuo aprendizado e com a praacutetica multiprofissional
Quanto aos princiacutepios organizativos do SUS estes promovem a viabilizaccedilatildeo de suas
operaccedilotildees gerenciais Em relaccedilatildeo agrave descentralizaccedilatildeo este garante a transferecircncia de recursos
financeiros e o poder para os Estados e municiacutepios permitindo que a destinaccedilatildeo dos recursos
seja realizada contemplando-se as necessidades de cada localidade aleacutem de possibilitar a
participaccedilatildeo social A regionalizaccedilatildeo estaacute relacionada com o processo de distribuiccedilatildeo dos
serviccedilos em uma determinada regiatildeo permitindo oferecer serviccedilos e accedilotildees de sauacutede mais
proacuteximos de onde as pessoas moram No que tange agrave hierarquizaccedilatildeo esta implica a
estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede por niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica A
participaccedilatildeo social permite a participaccedilatildeo dos usuaacuterios e da comunidade na construccedilatildeo e
fiscalizaccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede (SIMINO 2009)
44
Eacute preciso ressaltar que o SUS natildeo eacute um modelo simples e estanque embora tenha sido
explicitado em sua formalizaccedilatildeo inicial pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
operacionalizado por meio de legislaccedilatildeo especiacutefica como a Lei Orgacircnica da Sauacutede e pelas
Normas de Operacionalizaccedilatildeo Baacutesicas e de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (NOBs e NOAS) O SUS eacute um
processo e como tal estaacute em constante construccedilatildeo em busca do seu proacuteprio aperfeiccediloamento
objetivos e ideal (VALENTIM KRUEL 2007)
Na atual conjuntura sabe-se que o SUS vem constituindo-se no paiacutes haacute cerca de vinte
anos a partir destes princiacutepios todavia uma nova abordagem da APS emerge no Brasil por
meio da ediccedilatildeo da Portaria nordm 648 de 2006 do Ministeacuterio da Sauacutede Tal portaria aprova a
Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Baacutesica (PNAB) Retoma os elementos essenciais da APS e
reforccedila na Sauacutede da Famiacutelia o eixo organizador do sistema de sauacutede brasileiro
Teixeira (2004) chama a atenccedilatildeo para o fato de que a mudanccedila do modelo de atenccedilatildeo
vem desenvolvendo-se desde o iniacutecio da deacutecada de 1990 principalmente a partir de 1993-1994
quando foram desencadeados os processos de municipalizaccedilatildeo e de implementaccedilatildeo do
Programa de Sauacutede da Famiacutelia adotada com a intenccedilatildeo de atender a todos os princiacutepios legais
do SUS especialmente os de universalidade de acesso de integralidade da assistecircncia agrave sauacutede e
de resolutividade englobando paulatinamente toda a rede de serviccedilos baacutesicos com a
ampliaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo da atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede
De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (2000a) o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
foi implantado em 1994 no Brasil para dar sustentaccedilatildeo ao Programa de Agentes Comunitaacuterios
de Sauacutede (PACS) Eacute considerado um projeto dinamizador do SUS condicionado pela evoluccedilatildeo
histoacuterica e pela organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede no Brasil
Eacute definido como um modelo de assistecircncia que vai desenvolver accedilotildees de promoccedilatildeo e
proteccedilatildeo agrave sauacutede do indiviacuteduo da famiacutelia e da comunidade por meio de equipes que faratildeo o
atendimento na unidade local de sauacutede da comunidade ao niacutevel de atenccedilatildeo primaacuteria Aleacutem do
atendimento suas atividades devem incluir programaccedilatildeo grupos terapecircuticos e visitas
domiciliares entre outras (BRASIL 2004)
O Ministeacuterio da Sauacutede (2000b) chama a atenccedilatildeo para o fato de o PSF ser
compreendido como modelo substitutivo da rede baacutesica tradicional de cobertura universal
Este modelo eacute reconhecido como uma praacutetica que requer alta tecnologia nos campos do
conhecimento do desenvolvimento de habilidades e de mudanccedila de atitudes
Peduzzi (2000) estabelece que o PSF apresenta a finalidade de viabilizar mudanccedilas
dentro do contexto de sauacutede puacuteblica na loacutegica do modelo assistencial biomeacutedico
particularmente no que se refere agrave Atenccedilatildeo Baacutesica e sua articulaccedilatildeo aos demais niacuteveis de
45
atenccedilatildeo Este programa tem como base os princiacutepios operacionais de adscriccedilatildeo da clientela da
integralidade da atenccedilatildeo do planejamento local e regional da equidade do acesso aos serviccedilos
do controle social da accedilatildeo intersetorial e do trabalho em equipe
O PSF apresenta como filosofia o princiacutepio da vigilacircncia agrave sauacutede apresentando
caracteriacutesticas de atuaccedilatildeo interdisciplinar e multidisciplinar e de responsabilidade integral para
com a populaccedilatildeo que reside na aacuterea de abrangecircncia de suas unidades de sauacutede O programa em
questatildeo consiste em optar pela descentralizaccedilatildeo como forma de aproximar os serviccedilos de sauacutede
de quem deles mais precisa Dessa forma aacutereas mais carentes desses serviccedilos passam a receber
accedilotildees tradicionais de promoccedilatildeo de sauacutede por meio da prevenccedilatildeo e de accedilotildees de assistecircncia
meacutedica Soma-se ao processo a participaccedilatildeo da comunidade por intermeacutedio de seus agentes
representativos que fazem uma ligaccedilatildeo entre a equipe de sauacutede e o cliente a ser atendido
rompendo as barreiras e identificando as reais necessidades ao mesmo tempo que representa
uma forma do serviccedilo que eacute prestado agrave populaccedilatildeo (BRASIL 2005a)
Simino (2009) ressalta que gradualmente a Sauacutede da Famiacutelia perdeu o status de
programa uma vez que tem sido considerada uma estrateacutegia para a reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo
Baacutesica de sauacutede no Brasil seguindo os conceitos da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Nesse contexto
o Ministeacuterio da Sauacutede (2005b) reconhece que atualmente a Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) vem sendo implantada em substituiccedilatildeo ao modelo tradicional para a Atenccedilatildeo Baacutesica A
sua organizaccedilatildeo favorece o estabelecimento de viacutenculos de responsabilidade e confianccedila entre
profissionais e famiacutelias e permite uma compreensatildeo ampla do processo sauacutede-doenccedila e da
necessidade de intervenccedilotildees a partir dos problemas e demandas identificadas
Assim sendo transformar o programa em uma estrateacutegia de organizaccedilatildeo foi um
avanccedilo para a gestatildeo do SUS uma vez que se busca natildeo apenas o acesso e sua ampliaccedilatildeo mas
tambeacutem a reorganizaccedilatildeo da praacutetica da atenccedilatildeo agrave sauacutede sobre novas bases e a substituiccedilatildeo do
modelo entatildeo vigente levando a sauacutede para mais perto das famiacutelias e melhorando-se a
qualidade de vida dos cidadatildeos brasileiros (BRASIL 2005c)
Conforme assinalam Costa e Carbone (2004) esta mudanccedila de modelo possibilita a
integraccedilatildeo e a organizaccedilatildeo das atividades em um territoacuterio definido com o propoacutesito de
favorecer o enfrentamento dos problemas identificados e implica necessariamente a articulaccedilatildeo
da Atenccedilatildeo Baacutesica com a meacutedia e com a alta complexidade envolvendo a integraccedilatildeo de
poliacuteticas estrateacutegicas de sauacutede aleacutem de envolver diversos atores compreendendo-os como
pessoas e instituiccedilotildees a saber os usuaacuterios do sistema o gestor de sauacutede a equipe de sauacutede da
famiacutelia e as lideranccedilas comunitaacuterias
46
Logo o que se espera da Atenccedilatildeo Baacutesica organizada pela ESF quando esta eacute
capacitada e integra a comunidade eacute que seja capaz de resolver 80 das demandas dos
serviccedilos de sauacutede de uma populaccedilatildeo jaacute que a maior parte dessa demanda concentra-se em
poucos problemas Isso demonstra a importacircncia e a necessidade de se investir nos serviccedilos de
atenccedilatildeo primaacuteria a fim de se tornarem mais resolutivos As accedilotildees devem ser orientadas para o
cuidado integral dos indiviacuteduos inseridos em suas respectivas famiacutelias Esse eacute um dos sentidos
atribuiacutedos ao princiacutepio constitucional de integralidade do SUS (BRASIL 2005c)
Bonassa e Campos (2001) destacam trecircs caracteriacutesticas fundamentais da Estrateacutegia de
Sauacutede da Famiacutelia A primeira eacute a ecircnfase na territorializaccedilatildeo e na adscriccedilatildeo da clientela
responsabilizando-se cada equipe pelo cadastramento e acompanhamento das famiacutelias do
territoacuterio de abrangecircncia A segunda eacute o seu poder substitutivo em meio a suas unidades
porquanto natildeo constitui uma nova estrutura de serviccedilos (excetuando-se as aacutereas anteriormente
desprovidas) mas substitui as praacuteticas convencionais de assistecircncia por um novo processo de
trabalho cujo eixo estaacute centrado na vigilacircncia agrave sauacutede e na participaccedilatildeo da comunidade A
terceira eacute a sua participaccedilatildeo no SUS dentro do princiacutepio da integralidade e da hierarquizaccedilatildeo
por isso deve estar vinculada agrave rede de serviccedilos de forma que garanta atenccedilatildeo integral aos
indiviacuteduos e agraves famiacutelias em todos os niacuteveis de complexidade sempre que for necessaacuterio
De acordo com as Portarias de nordm 1186GMMS e nordm 157GMMS observa-se que cada
equipe de Sauacutede da Famiacutelia seja responsaacutevel por no maacuteximo 4500 pessoas Desta forma a
Unidade de Sauacutede pode ser composta por uma ou mais equipes dependendo da concentraccedilatildeo
de famiacutelias residentes no territoacuterio (BRASIL 1997 BRASIL 1998c)
Cada equipe de Sauacutede da Famiacutelia deve ser capacitada para conhecer a realidade das
famiacutelias pelas quais eacute responsaacutevel por meio de cadastramento e diagnoacutestico de suas
caracteriacutesticas sociais demograacuteficas e epidemioloacutegicas para identificar os principais problemas
de sauacutede e situaccedilotildees de risco a que estaacute exposta a populaccedilatildeo que ela atende e para elaborar
com a participaccedilatildeo da comunidade um plano local para enfrentar os determinantes do processo
sauacutede-doenccedila Aleacutem disso essa equipe necessita estar preparada para prestar uma assistecircncia
integral respondendo de forma contiacutenua e racionalizada agrave demanda organizada ou espontacircnea
na unidade na comunidade no domiciacutelio e no acompanhamento ao atendimento nos serviccedilos
de referecircncia ambulatorial ou hospitalar desenvolvendo accedilotildees educativas e intersetoriais a fim
de enfrentar os problemas de sauacutede identificados (BRASIL 2005a)
Destarte observa-se que a abordagem da referida estrateacutegia de acordo com o
Ministeacuterio da Sauacutede (2005b) estaacute centrada na famiacutelia que eacute o objeto principal de atenccedilatildeo
sendo esta entendida a partir do ambiente onde vive Eacute nesse espaccedilo que se constroem as
47
relaccedilotildees intrafamiliares e extrafamiliares e se desenvolve a luta pela melhoria das condiccedilotildees de
vida permitindo ainda uma compreensatildeo ampliada do processo sauacutededoenccedila e portanto da
necessidade de intervenccedilotildees de maior impacto e significaccedilatildeo social
Guitierrez e Minayo (2010) destacam que eacute na famiacutelia e pela famiacutelia que se produzem
cuidados essenciais agrave sauacutede que vatildeo desde as interaccedilotildees afetivas necessaacuterias ao
desenvolvimento da sauacutede mental e da personalidade madura de seus membros passando pela
aprendizagem da higiene e da cultura alimentar e atingindo o niacutevel de adesatildeo aos tratamentos
prescritos pelos serviccedilos tais como medicaccedilatildeo dietas e atividades preventivas Essa
complementaridade ocorre por meio de accedilotildees concretas no cotidiano das famiacutelias permitindo o
reconhecimento das doenccedilas busca de atendimento meacutedico incentivo para o autocuidado e o
apoio emocional
Quanto agrave operacionalizaccedilatildeo da ESF esta se daacute mediante a implantaccedilatildeo de equipes
multiprofissionais em unidades de sauacutede da famiacutelia (USFs) as quais devem ser adequadas agraves
diferentes realidades locais desde que sejam mantidos os seus princiacutepios e diretrizes
fundamentais Para tanto o impacto favoraacutevel nas condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo adscrita
deve ser a preocupaccedilatildeo baacutesica dessa estrateacutegia (BRASIL 2005a)
A atribuiccedilatildeo baacutesica da equipe de sauacutede da famiacutelia estaacute relacionada com o
conhecimento da realidade das famiacutelias pelas quais eacute responsaacutevel identificando os problemas
de sauacutede mais comuns e as situaccedilotildees de risco ao qual a populaccedilatildeo estaacute exposta atuando e
intervindo continuamente na realidade social apresentada (BRASIL 2000c)
O funcionamento da ESF se daacute em unidades de sauacutede da famiacutelia com uma equipe
composta no miacutenimo por um meacutedico generalista um enfermeiro um auxiliar de enfermagem
e quatro a seis agentes comunitaacuterios de sauacutede (ACSs) no entanto outros agentes podem ser
incorporados agrave equipe de sauacutede da famiacutelia um odontoacutelogo e um atendente de consultoacuterio
dentaacuterio ou um teacutecnico de higiene bucal Esses agentes formam equipes que satildeo responsaacuteveis
pelo acompanhamento de um nuacutemero definido de famiacutelias localizadas em uma determinada
aacuterea geograacutefica Tais equipes atuam na promoccedilatildeo da sauacutede prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo
reabilitaccedilatildeo de doenccedilas e de agravos mais frequentes e na manutenccedilatildeo da sauacutede dessa
comunidade (BRASIL 2000a)
Valentim e Kruel (2007) asseveram que cada profissional da equipe baacutesica de USF
possui uma determinada atribuiccedilatildeo no entanto cabe a todos fomentar e desenvolver
conjuntamente accedilotildees preventivas e de promoccedilatildeo da qualidade de vida da comunidade aleacutem de
accedilotildees de recuperaccedilatildeo e de reabilitaccedilatildeo da sauacutede tanto na unidade de sauacutede quanto nos
municiacutepios aliando desta forma a atuaccedilatildeo cliacutenica e teacutecnica agrave praacutetica da sauacutede coletiva
48
Nessa perspectiva eacute de suma importacircncia uma equipe interdisciplinar para promoccedilatildeo
da assistecircncia aos problemas de sauacutede do indiviacuteduo reforccedilando-se a necessidade de
profissionais generalistas que atendam a todas as necessidades de sauacutede faixas etaacuterias e fases
do desenvolvimento humano (BRASIL 2005c) Dessa forma o trabalho em equipe na ESF eacute
um dos pressupostos mais importantes para a reorganizaccedilatildeo do processo de trabalho com
possibilidade de uma abordagem mais integral e mais resolutiva
Lopes e Silva (2004) advertem sobre a necessidade do aprimoramento da equipe da
Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) e praacutetica das accedilotildees que implementem novos protocolos
de atenccedilatildeo agrave sauacutede adaptadas agraves novas realidades e ao perfil epidemioloacutegico da populaccedilatildeo Os
protocolos baseados na atualizaccedilatildeo teoacuterica e nos avanccedilos do conhecimento numa visatildeo
interdisciplinar proporcionam subsiacutedios necessaacuterios agrave adequaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica dos
processos terapecircuticos conferindo homogeneidade agraves condutas teacutecnicas tornando o
atendimento resolutivo e competente
Santos e Mattos (2011) enfatizam para a necessidade de os profissionais da ESF
fazerem uso de novas modalidades de cuidar com o escopo de melhorar a qualidade da
assistecircncia perpassando a simples cura da doenccedila e indo aleacutem desta a fim de aliviar o
sofrimento das pessoas e a carga de seus familiares Acrescentam ainda que a construccedilatildeo de
um modelo assistencial diferente e inovador necessariamente levaraacute em conta a valorizaccedilatildeo de
novos espaccedilos e de outras formas de organizaccedilatildeo das tecnologias
Dentre essas novas propostas de modalidades de cuidar destacam-se os Cuidados
Paliativos que emergem como uma praacutetica de implementaccedilatildeo tanto dos cuidados quanto da
organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede que precisam ser modificados para oferecer respostas aos
problemas que fazem sofrer as pessoas que apresentam enfermidades incuraacuteveis
Sob esse prisma os Cuidados Paliativos buscam dar uma resposta ativa aos problemas
necessidades e sofrimento gerados pela progressatildeo das doenccedilas crocircnicas e incuraacuteveis
procurando cada vez mais humanizar os cuidados de sauacutede prestados agraves pessoas acometidas de
enfermidades crocircnicas e seus familiares Assinala-se que essa praacutetica natildeo significa uma
intervenccedilatildeo apenas no final da vida mas sim uma abordagem estruturada para atender agraves
necessidades das pessoas em qualquer fase da enfermidade o mais precocemente possiacutevel
(SANTOS MATTOS 2011)
A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (2003) recomenda que a Atenccedilatildeo Baacutesica exerccedila um
papel fundamental tambeacutem nos cuidados continuados crocircnicos ou paliativos devendo ser o
principal responsaacutevel pela atenccedilatildeo aos pacientes e seus familiares e a base para o sistema de
49
referecircncia e contrarreferecircncia de forma que assegure a articulaccedilatildeo da continuidade dos cuidados
nos demais niacuteveis de atenccedilatildeo
Santos e Mattos (2011) concordam que os Cuidados Paliativos podem ser estruturados
na Atenccedilatildeo Baacutesica uma vez que a ESF eacute considerada um modelo de atenccedilatildeo primaacuteria
comprometido com a integridade da atenccedilatildeo agrave sauacutede focado na unidade familiar e compatiacutevel
com o contexto socioeconocircmico cultural e epidemioloacutegico da comunidade em que estaacute
inserida as equipes de sauacutede da famiacutelia
No acircmbito internacional a atenccedilatildeo primaacuteria de paiacuteses como Inglaterra Espanha
Canadaacute e Portugal vem integrando a poliacutetica de Cuidados Paliativos com a disseminaccedilatildeo de
capacitaccedilatildeo permanente para todos os profissionais da Sauacutede e com o estabelecimento de
poliacuteticas e protocolos assistenciais Quanto ao cenaacuterio nacional observa-se que o Ministeacuterio da
Sauacutede vem empreendendo um esforccedilo no sentido de elaborar diretrizes nacionais para a atenccedilatildeo
em Cuidados Paliativos e controle da dor crocircnica a fim de que estes sejam incorporados na
Atenccedilatildeo Baacutesica (SANTOS MATTOS 2011)
Floriani (2011) afirma que nos uacuteltimos dez anos o Ministeacuterio da Sauacutede realizou
diversas iniciativas com o propoacutesito de inserir os Cuidados Paliativos como uma importante
estrateacutegia de poliacutetica de Sauacutede Este fato ocorreu a partir de 1998 quando surgiram os centros
de alta complexidade em oncologia (CACONs) preconizando-se a necessidade de equipe
qualificada em Cuidados Paliativos tanto para tratamento em regime de internaccedilatildeo hospitalar
quanto para tratamento domiciliar Com tal iniciativa pretendeu-se incluir os Cuidados
Paliativos na assistecircncia oncoloacutegica do SUS
Mello e Caponero (2011) dizem que o Ministeacuterio da Sauacutede alerta para a necessidade
inicial de disseminaccedilatildeo da temaacutetica com o escopo de sensibilizar as pessoas em geral
sobretudo os profissionais da Sauacutede Haja vista que sua intenccedilatildeo eacute a de implementar Cuidados
Paliativos inclusive o controle da dor crocircnica nos diferenciados niacuteveis de atenccedilatildeo (baacutesica
especializada de meacutedia e alta complexidade) organizando a assistecircncia em linhas de cuidados
integrais (eletivo e de urgecircncia domiciliar ambulatorial e hospitalar)
Neste enfoque a magnitude social da demanda de Cuidados Paliativos no Brasil
mostra a necessidade de se estruturar uma rede integrada de serviccedilos que deve ser
regionalizada e hierarquizada estabelecendo uma linha de cuidados integrais e continuados
Floriani e Schramm (2007) afirmam que um dos aspectos mais desafiadores agrave
absorccedilatildeo pelo sistema de sauacutede dos Cuidados Paliativos estaacute na organizaccedilatildeo efetiva dos
recursos humanos Haja vista que a equipe precisa administrar uma seacuterie de fatores que nem
sempre poderatildeo estar padronizados e institucionalizados Esse eacute o caso dos conflitos de
50
natureza eacutetica como o respeito da confidencialidade introduccedilatildeo e retirada de medicamentos
que se apresentam quase invariavelmente na praacutetica dos Cuidados Paliativos
Rajagopal Mazza e Lipman (2003) referem tambeacutem problemas relativos agrave
comunicaccedilatildeo do diagnoacutestico e prognoacutestico ao paciente ao local do falecimento do paciente
uma vez que esta eacute uma questatildeo que costuma estressar bastante o cuidador e a famiacutelia agrave
confidencialidade das informaccedilotildees dentre outros Consideram fundamental que a equipe
busque uma uniformidade em seu discurso e dialogue abertamente com o paciente com seu
cuidador e com a famiacutelia
Portanto eacute necessaacuterio agrave praacutetica de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica que o
profissional da Sauacutede conheccedila e domine procedimentos claacutessicos em Cuidados Paliativos
como por exemplo o uso da via subcutacircnea para infusatildeo de medicamentos e para hidrataccedilatildeo e
saiba reconhecer quando o paciente estaacute na fase terminal de sua doenccedila A ausecircncia deste tipo
especiacutefico de competecircncia eacute motivo de profundos mal-entendidos geradores de distorccedilotildees entre
os membros da equipe o que gera em uacuteltima instacircncia inseguranccedila ao paciente e
especialmente ao cuidador e aos membros da famiacutelia
Diante de tais problemas Florioni e Schramm (2007) enfatizam a necessidade da
incorporaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na rede de Atenccedilatildeo Baacutesica que pode desempenhar um
papel relevante nos cuidados no fim da vida especialmente em aacutereas onde natildeo haacute centros de
referecircncia em Cuidados Paliativos Chamam a atenccedilatildeo para algumas situaccedilotildees desafiadoras agraves
accedilotildees da equipe de Atenccedilatildeo Baacutesica na provisatildeo desses cuidados como os aspectos relacionados
com o cuidador familiar alguns conflitos de natureza eacutetica inerentes a esta atividade e relativos
agrave alocaccedilatildeo dos recursos humanos disponiacuteveis
Os autores mencionados acrescentam que os cuidados no fim da vida encerram um
campo de grandes conflitos morais para a equipe que assiste o paciente como por exemplo
aqueles relativos ao planejamento de investir no tratamento agrave retirada de suporte de vida (como
alimentos e liacutequidos) agrave eutanaacutesia entre outros
Todavia a implantaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar no sistema de sauacutede brasileiro
constitui-se uma tarefa desafiadora aos gestores da Sauacutede apresentando-se de forma lenta e
desarticulada Salienta-se que existem importantes obstaacuteculos tanto de ordem operacional
quanto de ordem eacutetica e cultural que precisam ser enfrentados tais como precaacuteria formaccedilatildeo de
recursos humanos a falta de visatildeo dos gestores a respeito da importacircncia dos Cuidados
Paliativos e a dificuldade de acesso a medicamentos especialmente opioides (FLORIANI
2011)
51
Diante dessa realidade o sistema de sauacutede brasileiro tem a difiacutecil tarefa de ir agrave busca
de um modelo sustentaacutevel de cuidados no fim da vida do ponto de vista operacional
organizado de modo que possa ser acessiacutevel nos mais diferentes contextos do paiacutes sendo
portanto necessaacuteria a promoccedilatildeo de uma assistecircncia humanizada pautada na filosofia dos
Cuidados Paliativos
52
4 Trajetoacuteria metodoloacutegica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
53
4 TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA
No presente capiacutetulo discorreremos sobre o caminho metodoloacutegico percorrido para
concretizaccedilatildeo desta pesquisa Segundo Minayo (2010) o caminho metodoloacutegico eacute uma
apresentaccedilatildeo didaacutetica do tratamento dos dados o qual acontece mediante um processo contiacutenuo
e simultacircneo com passos articulados e complementares entre si visando-se apreender a
realidade tal como se apresenta aos olhos do pesquisador levando este agrave reflexatildeo com o suporte
do referencial teoacuterico Dessa forma a metodologia eacute a previsatildeo dos recursos necessaacuterios e
procedimentos para se atingir os objetivos propostos e responder agraves questotildees de pesquisa
estabelecidas
Para o desenvolvimento desta pesquisa considerando os objetivos propostos e o tema
em foco optamos pela pesquisa exploratoacuteria com abordagem qualitativa Na concepccedilatildeo de
Polit Beck e Hungler (2004) a pesquisa exploratoacuteria busca explorar as dimensotildees do
fenocircmeno a maneira pela qual este eacute manifestado e outros fatores com os quais se relaciona
Gil (2010) afirma que este tipo de pesquisa proporciona maior familiaridade com a
problemaacutetica objetivando-se tornaacute-la mais expliacutecita ou construir hipoacuteteses aprimorando-se
ideias ou a descobertas de intuiccedilotildees
Polit Beck e Hungler (2004) acrescentam que em estudos de natureza qualitativa o
investigador amplia a sua experiecircncia no fenocircmeno encontrando-se elementos necessaacuterios que
permitam o contato dele com determinada populaccedilatildeo e a obtenccedilatildeo de resultados que ele deseja
Nesta modalidade de pesquisa parte-se da premissa de que os conhecimentos sobre os
indiviacuteduos somente acontecem a partir de dados empiacutericos jaacute disponiacuteveis e apreensiacuteveis pela
descriccedilatildeo da experiecircncia humana vivida e determinada pelos seus proacuteprios sujeitos
Quanto ao cenaacuterio da pesquisa este foi desenvolvido no municiacutepio de Joatildeo Pessoa
(PB) em unidades de sauacutede da famiacutelia pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV Vale ressaltar que
neste municiacutepio a estrutura da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia foi implantada no ano 2000
inicialmente com a instalaccedilatildeo de sete equipes Conta atualmente com cento e oitenta equipes
A ampliaccedilatildeo desse nuacutemero teve por objetivo o de expandir a cobertura territorial e populacional
das accedilotildees baacutesicas de sauacutede (JOAtildeO PESSOA 2010)
A cobertura populacional da ESF cresceu de 727 em 2005 para 81 (563609) das
pessoas cadastradas ou ainda 144634 famiacutelias da populaccedilatildeo total de Joatildeo Pessoa (693082
habitantes) em 2008 Essa cobertura superou a meta de 80 preconizada pelo Ministeacuterio da
Sauacutede e representou a segunda maior no ano de 2007 em comparaccedilatildeo com outras capitais
brasileiras sendo a primeira observada em Aracaju com 966 Deveu-se a fatores como o
54
processo de territorializaccedilatildeo e remapeamento das aacutereas de abrangecircncia das equipes de sauacutede da
famiacutelia implantaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do apoio matricial (JOAtildeO PESSOA 2008)
No que diz respeito ao atendimento prestado aos muniacutecipes da Capital as accedilotildees de
sauacutede atualmente satildeo coordenadas no espaccedilo dos distritos sanitaacuterios A ldquorederdquo de serviccedilos de
sauacutede do municiacutepio de Joatildeo Pessoa estaacute distribuiacuteda territorialmente em cinco distritos sanitaacuterios
(DS I DS II DS III DS IV e DS V) que recortam toda a extensatildeo territorial da referida cidade
e compreendem o primeiro niacutevel de organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede denominado
Atenccedilatildeo Baacutesica Em cada distrito existe um diretor geral um diretor teacutecnico um diretor
administrativo e um grupo de apoiadores matriciais Este uacuteltimo eacute constituiacutedo por profissionais
que satildeo responsaacuteveis pela conduccedilatildeo tecnopoliacutetica das accedilotildees desenvolvidas no territoacuterio
A figura 1 a seguir mostra a localizaccedilatildeo dos cinco distritos sanitaacuterios e as respectivas
USFs de acordo com as regiotildees geograacuteficas do municiacutepio de Joatildeo Pessoa
Figura 1 ndash Representaccedilatildeo geograacutefica da localizaccedilatildeo das USFs de Joatildeo Pessoa (2010)
Fonte ndash Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
55
Atualmente os distritos sanitaacuterios de Joatildeo Pessoa contam com 125 USFs
comportando como jaacute foi dito 180 equipes de sauacutede da famiacutelia Esse nuacutemero tende a ser
crescente tendo em vista a necessidade de ampliaccedilatildeo do nuacutemero de unidades para atender agrave
elevada demanda decorrente do aumento populacional neste municiacutepio (JOAtildeO PESSOA
2010)
Ressaltamos que esta rede da Atenccedilatildeo Baacutesica ainda eacute composta por cinco unidades
que funcionam como referecircncia para a populaccedilatildeo descoberta da ESF assegurando o princiacutepio
da universalidade do SUS Satildeo estas Unidade Baacutesica de Mandacaru Unidade de Sauacutede das
Praias Unidade de Sauacutede Lourival Gouveia de Moura Unidade de sauacutede Maria Luiza Targino
e Unidade de Sauacutede Francisco das Chagas Aleacutem disso dispotildee da oferta de consultas e
procedimentos nas cliacutenicas baacutesicas nos Centros de Atenccedilatildeo Integral agrave Sauacutede (CAIS) dos bairros
de Mangabeira Jaguaribe e Cristo
Conforme foi assinalado o cenaacuterio da pesquisa ocorreu especificamente no Distrito
Sanitaacuterio IV Este eacute composto por vinte e nove unidades distribuiacutedas pelos seguintes bairros
Roger Tambiaacute Centro Mandacaru Alto do Ceacuteu Varadouro Bairro dos Estados Bairro dos
Ipecircs Torre Trincheiras Ilha do Bispo e Treze de Maio como mostra a figura 2 a seguir
Figura 2 ndash Mapa do territoacuterio do Distrito Sanitaacuterio IV (2010)
Fonte ndash Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
56
Cumpre assinalar que elegemos o Distrito Sanitaacuterio IV como cenaacuterio de estudo em
virtude de sua localizaccedilatildeo ser de faacutecil acesso e ele ser considerado o segundo distrito a
apresentar um alto coeficiente de mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em 2009
(destacado no graacutefico 1) sendo uma realidade que sinaliza para a premente necessidade de
assistecircncia pautada nos Cuidados Paliativos
Graacutefico 1 ndash Coeficiente de Mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em 2009 Comparativo entre
Joatildeo Pessoa e Distritos Sanitaacuterios
Fonte Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
No referido distrito foi implantada a assistecircncia domiciliar com a finalidade de
garantir dentro dos princiacutepios do SUS a continuidade da assistecircncia em domiciacutelio visando-se
tambeacutem o restabelecimento e a manutenccedilatildeo da sauacutede dos usuaacuterios aleacutem da promoccedilatildeo de sua
autonomia independecircncia e participaccedilatildeo no seu contexto social por meio do desenvolvimento e
adaptaccedilatildeo de funccedilotildees elevando-se sua qualidade de vida e reduzindo-se as reinternaccedilotildees e
consequentemente os riscos impostos aos usuaacuterios familiares e cuidadores
Para a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a assistecircncia domiciliar eacute compreendida como
a provisatildeo de serviccedilos de sauacutede por prestadores formais e informais com o objetivo de
promover restaurar e manter o conforto funccedilatildeo e sauacutede das pessoas num niacutevel maacuteximo
inclusive cuidados para uma morte digna (BRASIL 2006)
Destarte acreditando numa aproximaccedilatildeo maior dos profissionais que compotildeem esse
distrito com os Cuidados Paliativos escolhemos o respectivo cenaacuterio para subsidiar a pesquisa
Os participantes da pesquisa foram trinta profissionais da aacuterea da Sauacutede de niacutevel
superior vinculados agraves unidades de sauacutede da famiacutelia do Distrito Sanitaacuterio IV no municiacutepio de
57
Joatildeo Pessoa distribuiacutedos da seguinte forma dez meacutedicos dez enfermeiros e dez cirurgiotildees-
dentistas Assinalamos que este nuacutemero foi considerado suficiente por quanto na pesquisa de
natureza qualitativa conforme explicita Moreira (2004) valoriza-se a qualidade com que o
fenocircmeno ocorre e natildeo a quantidade Nessa linha de pensamento Costa e Valle (2000)
assinalam que na pesquisa de natureza qualitativa natildeo importa a quantidade de participantes
envolvidos em uma investigaccedilatildeo e sim o aprofundamento qualitativo do fenocircmeno pesquisado
Minayo (2010) ao discutir a amostragem na pesquisa qualitativa afirma que nesta
haacute uma preocupaccedilatildeo menor com a generalizaccedilatildeo Na verdade haacute necessidade de um maior
aprofundamento e abrangecircncia da compreensatildeo Entatildeo para esta abordagem o criteacuterio
fundamental natildeo eacute o quantitativo mas sua possibilidade de incursatildeo ou seja eacute essencial que o
pesquisador seja capaz de compreender o objeto de estudo Logo a quantidade da amostra deve
permitir que haja a reincidecircncia de informaccedilotildees ou saturaccedilatildeo dos dados situaccedilatildeo ocorrida
quando nenhuma informaccedilatildeo nova eacute acrescentada com a continuidade do processo de pesquisa
Para a seleccedilatildeo da amostra utilizou-se como criteacuterios de inclusatildeo selecionar o
profissional da aacuterea da Sauacutede ndash meacutedico enfermeiro e cirurgiatildeo-dentista ndash que estivesse atuando
no distrito escolhido para o estudo no momento da coleta de dados incluir soacute quem tivesse no
miacutenimo um ano de atuaccedilatildeo profissional naquele local soacute incluir aquele que aceitasse participar
do estudo
Para a obtenccedilatildeo do material empiacuterico inicialmente optamos pela teacutecnica de entrevista
com a utilizaccedilatildeo do sistema de gravaccedilatildeo contudo alguns participantes solicitaram que natildeo
fosse empregada a referida teacutecnica
Diante da referida solicitaccedilatildeo aplicamos um formulaacuterio contendo perguntas
pertinentes aos objetivos propostos para a pesquisa Este instrumento foi composto de duas
partes a primeira abordou questotildees sobre dados soacutecio-demograacuteficos versando-se a conhecer o
perfil do profissional a segunda formulou questotildees voltadas mais diretamente aos Cuidados
Paliativos (APEcircNDICE A)
O material empiacuterico advindo destes profissionais foi codificado a partir da categoria
profissional a fim de se manter o anonimato deles Dessa forma os depoimentos oriundos dos
profissionais meacutedicos foram identificados pela letra ldquoMrdquo seguido de nuacutemeros de um a dez
Exemplo o primeiro profissional meacutedico foi codificado da seguinte maneira ldquoM1rdquo o segundo
profissional meacutedico ldquoM2rdquo e assim sucessivamente Em relaccedilatildeo ao profissional enfermeiro foi
atribuiacutedo o coacutedigo ldquoErdquo tambeacutem seguido de nuacutemeros de um a dez como terceiro profissional
enfermeiro ldquoE3rdquo Por fim ao profissional cirurgiatildeo-dentista foi determinada a letra ldquoDrdquo
58
acrescida do nuacutemero um a dez a fim de se destacar o profissional responsaacutevel por aquele
depoimento
A coleta de dados foi iniciada apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo Comitecirc de
Eacutetica em Pesquisa do Hospital Universitaacuterio Lauro Wanderlei da Universidade Federal da
Paraiacuteba sob o protocolo de nordm 77710 Sendo assim obedeceu-se aos procedimentos eacuteticos
relativos agrave Pesquisa Envolvendo Seres Humanos no cenaacuterio brasileiro referenciados nas
Diretrizes e Normas Regulamentadoras dispostas na Resoluccedilatildeo Nordm 19696 do Conselho
Nacional de Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2007)
A aproximaccedilatildeo com os participantes da pesquisa foi feita inicialmente mediante um
contato preacutevio com a Diretora do Distrito Sanitaacuterio IV do Municiacutepio de Joatildeo Pessoa a qual foi
informada acerca da proposta da pesquisa para que pudesse encaminhar a pesquisadora aos
profissionais de niacutevel superior da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia e lhes apresentasse o referido
projeto
Em seguida foi realizado um encontro entre a pesquisadora e os profissionais da
Sauacutede pertencentes a este Distrito Neste encontro foram abordados os objetivos do estudo
justificativa e procedimentos metodoloacutegicos
Nesta ocasiatildeo a pesquisadora apresentou aos participantes o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) ressaltando a liberdade de participar ou natildeo do
estudo e de desistir dele em qualquer momento da investigaccedilatildeo sem que isto lhes acarretasse
qualquer prejuiacutezo ou constrangimento A pesquisadora os esclareceu sobre a garantia do
anonimato do participante e da confidenciabilidade nos dados fornecidos Aleacutem disso
enfatizou a contribuiccedilatildeo da pesquisa para o reconhecimento da valoraccedilatildeo dos Cuidados
Paliativos pela equipe de sauacutede da famiacutelia
Os dados obtidos por meio do instrumento proposto foram agrupados e analisados
mediante a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo Esta eacute compreendida como um conjunto de teacutecnicas
de anaacutelise das comunicaccedilotildees que tem por finalidade a de obter procedimentos sistemaacuteticos e
objetivos de descriccedilatildeo do conteuacutedo e indicadores das mensagens os quais possibilitam a
induccedilatildeo de informaccedilotildees sobre as categorias de produccedilatildeo destas mensagens (BARDIN 2008)
Como unidade de registro para anaacutelise do material empiacuterico optamos pela anaacutelise de
conteuacutedo temaacutetica Nesta de acordo com Bardin (2008) a noccedilatildeo de tema eacute amplamente
utilizada e se constitui a unidade de significaccedilatildeo que emerge de um texto analisado segundo
determinados criteacuterios relativos agrave teoria que serve de guia para a leitura A mesma autora
afirma ainda que a noccedilatildeo de tema estaacute relacionada com uma afirmaccedilatildeo sobre determinado
assunto e que este tema pode ser uma palavra uma frase um resumo
59
Portanto fazer uma anaacutelise temaacutetica consiste em descobrir os nuacutecleos de sentidos que
compotildeem a comunicaccedilatildeo cuja presenccedila ou frequecircncia de apariccedilatildeo pode significar alguma coisa
para o objetivo analiacutetico escolhido Esta autora esclarece tambeacutem que a anaacutelise temaacutetica eacute
geralmente empregada para estudar as motivaccedilotildees as atitudes os valores as crenccedilas as
tendecircncias entre outros aspectos
Minayo (2010) acrescenta que ao tratar-se de modalidade temaacutetica que busca os
significados do fenocircmeno investigado no material qualitativo coletado mediante as falas dos
sujeitos elucida-se o ldquotemardquo como unidade de significado ndash o que possibilita desvelar os
ldquonuacutecleos do sentidordquo os quais contemplam as formas de comunicaccedilatildeo estabelecidas entre os
sujeitos da pesquisa
A autora ressalta que a operacionalizaccedilatildeo da teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo ocorre em
trecircs etapas a preacute-anaacutelise a exploraccedilatildeo do material e o tratamento dos resultados
A fase de preacute-anaacutelise eacute conceituada como a fase de organizaccedilatildeo propriamente dita dos
dados coletados Eacute neste momento (de acordo com os objetivos e questotildees do estudo) que se
define a unidade de registro a unidade de contexto os trechos significativos e as categorias
Esta fase pressupotildee o contato inicial com o material e com a escolha deste sendo portanto
realizada uma leitura flutuante com a finalidade de facilitar a compreensatildeo do fenocircmeno
investigado visando-se a alcanccedilar um entendimento mais aprofundado (MINAYO 2010)
Seguindo essas orientaccedilotildees selecionamos o material a ser analisado e em seguida
realizamos a transcriccedilatildeo na iacutentegra das respostas correspondentes aos questionamentos
propostos para o estudo Em seguida procedemos a sucessivas leituras de modo atento com
movimentos de ir e vir nos textos como forma de obter uma melhor compreensatildeo do conteuacutedo
abordado pelos profissionais inseridos no estudo
A fase denominada exploraccedilatildeo do material eacute compreendida como o momento extenso
do estudo podendo haver necessidade de realizar diversas leituras de um mesmo material
(MINAYO 2010) Por conseguinte durante esta etapa trabalhamos de maneira
individualizada com uma questatildeo comum a todos os participantes e assim deu sequecircncia agraves
outras necessitando dessa forma como jaacute foi dito um maior movimento de ir e vir nos textos
no intuito de encontrar um mesmo ponto relevante apresentado numa mesma questatildeo comum a
todos
Logo em seguida destacamos os pontos convergentes com a finalidade de identificar o
significado e o sentido de cada fragmento dos discursos trabalhados Tal atividade possibilitou
explorar o material apresentado para se chegar agrave categorizaccedilatildeo Esta permite o pesquisador
60
ldquo[] agrupar elementos ideias ou expressotildees em torno de um conceitordquo (MINAYO 2010 p
70) capaz de contemplar a essecircncia do mesmo
Para tanto foram realizadas incessantes releituras dos conteuacutedos transcritos do
material empiacuterico coletado procurando-se identificar e realccedilar os seguimentos dos discursos
correspondentes expressos no universo de cada foco comum das questotildees trabalhadas em seus
vaacuterios sentidos
Em seguida esses dados foram compilados agregando-se os trechos dos pontos
convergentes e os de cada questatildeo abordada com seu respectivo foco comum Desse modo foi
possiacutevel identificar as seguintes categorias temaacuteticas Cuidados Paliativos ndash aspectos
conceituais e modalidades terapecircuticas com suas respectivas subcategorias ndash Cuidados
Paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de cura
modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees
O tratamento dos resultados eacute caracterizado como a fase em que se tenta desvendar o
conteuacutedo subjacente ao que estaacute sendo manifesto buscando-se compreender as caracteriacutesticas
do fenocircmeno analisado Durante esta fase satildeo abordadas as inferecircncias e interpretaccedilotildees
anunciadas no referencial teoacuterico do estudo proposto culminando-se em novas descobertas
sendo isto um alicerce para novas dimensotildees teoacutericas ante o fenocircmeno investigado (MINAYO
2010)
Na anaacutelise final a pesquisadora realizou a articulaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo do material
empiacuterico com base na literatura pertinente ao tema em estudo a fim de proceder agrave descriccedilatildeo
dos dados obtidos a partir dos relatos dos profissionais inseridos na pesquisa bem como
conjeturar novas possibilidades acerca da investigaccedilatildeo proposta
61
5 Apresentaccedilatildeo dos dados e
discussatildeo dos resultados
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
62
Este capiacutetulo tem por objetivo o de apresentar dados relacionados com os participantes
inseridos no estudo os quais viabilizaram a realizaccedilatildeo deste estudo Em seguida seratildeo
apresentadas as categorias e subcategorias temaacuteticas que emergiram do material empiacuterico do
estudo mediante a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (2008)
51 APRESENTACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA
Esta investigaccedilatildeo foi realizada com os profissionais da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV constituiacuteda por uma amostra de trinta sujeitos sendo dez
enfermeiros dez meacutedicos e dez cirurgiotildees-dentistas Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria observamos
uma variaccedilatildeo entre os vinte e oito e os setenta e trecircs anos Os referidos participantes concluiacuteram
a formaccedilatildeo acadecircmica entre 1967 e 2009 Ressaltamos que a instituiccedilatildeo de ensino de maior
prevalecircncia foi a Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB)
Em relaccedilatildeo agrave titulaccedilatildeo averiguamos que vinte e quatro dos profissionais inseridos no
presente estudo satildeo especialistas Dentre esta amostra treze possuem cursos lato sensu em
aacutereas relacionadas com a atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo Baacutesica como Sauacutede da Famiacutelia Sauacutede Puacuteblica e
Sauacutede Coletiva Segundo Gil (2005) desde a deacutecada de 1990 com a criaccedilatildeo do PSF tem sido
unacircnime o reconhecimento acerca da importacircncia de construir um novo modo de fazer sauacutede e
ao mesmo tempo a constataccedilatildeo de que o perfil dos profissionais formados natildeo se encontra
bastante adequado a habilitaacute-los para uma atuaccedilatildeo na perspectiva da atenccedilatildeo integral agrave sauacutede
nas praacuteticas que contemplem accedilotildees de promoccedilatildeo proteccedilatildeo prevenccedilatildeo atenccedilatildeo precoce cura e
reabilitaccedilatildeo
Para tanto o Ministeacuterio da Sauacutede criou em 2000 os cursos de especializaccedilatildeo e
residecircncia multiprofissional em Sauacutede da Famiacutelia Esses cursos tiveram a finalidade de dar
suporte teoacuterico e praacutetico aos profissionais jaacute inseridos nas equipes e oferecer em especial aos
receacutem-egressos dos cursos de Medicina e Enfermagem uma formaccedilatildeo mais voltada agraves
necessidades do PSF Outro objetivo para a criaccedilatildeo desses cursos foi o de estimular no interior
das universidades e das escolas estaduais de sauacutede puacuteblica a inserccedilatildeo de conteuacutedos pertinentes
agrave Sauacutede da Famiacutelia nos programas de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu (GIL 2005)
Quanto ao tempo de atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo Baacutesica especificamente na Estrateacutegia Sauacutede
da Famiacutelia os profissionais referiram o periacuteodo de dois a vinte anos de atuaccedilatildeo nesta aacuterea
63
52 APRESENTACcedilAtildeO DO MATERIAL EMPIacuteRICO DO ESTUDO
O material empiacuterico do estudo eacute oriundo das seguintes questotildees norteadoras
Que vocecirc entende por Cuidados PaliativosNo seu entendimento quais as
modalidades terapecircuticas empregadas nos Cuidados Paliativos Na sua visatildeo quais os
profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Na sua concepccedilatildeo que eacute necessaacuterio para se viabilizar a implantaccedilatildeo de Cuidados Paliativos
na Atenccedilatildeo Baacutesica
As respostas obtidas a partir destas questotildees possibilitaram a construccedilatildeo de duas
categorias apresentadas a seguir
CUIDADOS PALIATIVOS ASPECTOS CONCEITUAIS E MODALIDADES
TERAPEcircUTICAS
Nesta categoria seratildeo destacados trechos dos depoimentos dos profissionais da Sauacutede
inseridos no estudo acerca da compreensatildeo deles sobre Cuidados Paliativos Em seguida seraacute
evidenciado o entendimento dos participantes a respeito das modalidades terapecircuticas
empregadas nessa modalidade de cuidar Desta temaacutetica surgiram duas subcategorias
ldquoCuidados paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de
curardquo e ldquoModalidades terapecircuticas em cuidados paliativosrdquo
Cuidados Paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de
cura
Os Cuidados Paliativos ao contraacuterio do que se pensa natildeo representam uma omissatildeo de
tratamentos e cuidados eles tecircm sua filosofia baseada na prestaccedilatildeo de cuidados que avaliam o
paciente dentro das dimensotildees que o compotildeem (biopsiacutequico-social-espiritual) e nos cuidados que
podem ser atribuiacutedos a esse paciente de modo que lhe ofereccedilam o conforto e o aliacutevio necessaacuterio
procurando atenuar os efeitos de uma situaccedilatildeo fisioloacutegica desfavoraacutevel originada por um quadro
patoloacutegico que natildeo responde mais a intervenccedilotildees terapecircuticas curativas (OLIVEIRA SAacute SILVA
2007)
Arauacutejo (2011) assinala que o conhecimento e praacutetica dos profissionais da Sauacutede sobre
os Cuidados Paliativos natildeo apenas no Brasil mas em acircmbito mundial estatildeo atrelados a alguns
fatores que tecircm contribuiacutedo para o crescimento exponencial do interesse Um dos fatores a ser
64
ponderado foi a reformulaccedilatildeo do conceito de Cuidados Paliativos feita pela Organizaccedilatildeo
Mundial de Sauacutede (OMS) em 2002 Essa revisatildeo modificou o objeto dos Cuidados Paliativos
de pacientes oncoloacutegicos sem prognoacutestico de cura para pacientes acometidos por doenccedilas
crocircnicas que natildeo respondem ao tratamento curativo
Dessa forma o cuidado que ateacute entatildeo era destinado exclusivamente aos pacientes com
cacircncer passou a ser preconizado e praticado tambeacutem a pacientes portadores de doenccedilas
cronodegenerativas (doenccedilas cardiacuteacas respiratoacuterias neuroloacutegicas renais infectocontagiosas
como a AIDS) quando estas estatildeo em fase avanccedilada e natildeo mais responsiva a tratamentos
curativos visando-se ao aliacutevio da dor e sofrimento que tratamentos invasivos e pouco
resolutivos causam nesta etapa
Com a referida revisatildeo referindo-se a pacientes com patologias crocircnicas profissionais
da Sauacutede das mais diversas aacutereas tecircm entrado em contato com a filosofia paliativista ao
buscarem cuidado de melhor qualidade com os pacientes em estaacutegio avanccedilado de patologias
que ainda natildeo satildeo passiacuteveis de cura
Com base nesse entendimento fica evidenciada a importacircncia da praacutetica dos Cuidados
Paliativos para assistir pacientes sem possibilidades terapecircuticas de cura e em fase terminal
Isto pode ser constatado nos trechos dos depoimentos dos participantes do estudo a seguir
Cuidados paliativos satildeo aqueles em que quando jaacute se esgotaram todas as possibilidades
de cura da doenccedila o paciente continua sendo assistido pelos profissionais da Sauacutede para
que o mesmo tenha uma morte menos sofrida (M2)
Satildeo aqueles oferecidos com objetivo de minorar o sofrimento uma vez que satildeo usados em
casos que natildeo haacute resoluccedilatildeo ou seja cura total (M5)
Satildeo cuidados que proporcionam uma melhora no quadro patoloacutegico do enfermo
aliviando o sofrimento fiacutesico e espiritual (M8)
Satildeo cuidados prestados aos pacientes em estado terminal que visam proporcionar uma
melhor qualidade de vida [] (D3)
[] cuidados paliativos satildeo aqueles cuidados para pacientes terminais idosos e
especiais que precisam mais de carinho e amor que o proacuteprio medicamento (D5)
Consiste na assistecircncia promovida por uma equipe interdisciplinar com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida do paciente terminal (D9)
Cuidados prestados com a finalidade de diminuir a dor ou sofrimento do paciente (E1)
Satildeo cuidados direcionados a pacientes terminais acamados para minimizar o sofrimento
(E4)
65
Satildeo tentativas de prevenccedilatildeo da progressatildeo dos problemas decorrentes de doenccedilas
prolongadas e incuraacuteveis diminuindo o sofrimento e proporcionando melhor qualidade
de vida ao paciente (E8)
Assistecircncia cujo objetivo eacute o de aliviar a dor melhorar a qualidade de vida diante de uma
enfermidade que natildeo tem cura ou ameaccedila a vida (E9)
Esses trechos dos depoimentos satildeo demonstrativos da valoraccedilatildeo da praacutetica dos
Cuidados Paliativos para se propiciar uma assistecircncia humanizada e direcionada a pacientes
com doenccedilas incuraacuteveis e em fase terminal com vistas agrave promoccedilatildeo da qualidade de vida e
minimizaccedilatildeo do sofrimento em decorrecircncia de doenccedila terminal Dessa forma constatamos que
os meacutedicos os cirurgiotildees-dentistas e os enfermeiros todos inseridos no estudo consideram os
Cuidados Paliativos como cuidados de conforto para o paciente cuidado para boa morte
cuidado biopsiacutequicoespiritual e cuidado interdisciplinar
As ponderaccedilotildees apresentadas estatildeo em consonacircncia com a afirmativa de Caponero
(2002) ao ressaltar que os Cuidados Paliativos fundamentam-se em uma concepccedilatildeo global e
ativa do tratamento compreendendo a atenccedilatildeo aos aspectos fiacutesicos sociais e espirituais das
pessoas que estatildeo com doenccedila incuraacutevel
Sousa et al (2010) assinalam que os Cuidados Paliativos constituem um campo
interdisciplinar de cuidados totais ativos e integrais dispensados aos pacientes com doenccedilas
avanccediladas e sem possibilidades de cura desde o estado inicial ateacute agrave fase terminal
Nessa linha de pensamento merecem destaque alguns depoimentos dos participantes
da pesquisa no que se refere aos grupos de pacientes que necessitam de Cuidados Paliativos a
saber pacientes em fase terminal e sem possibilidades terapecircuticas de cura como evidenciam
os trechos a seguir
[] pacientes que se encontram hospitalizados os quais jaacute estatildeo em estaacutegios avanccedilados
da doenccedila (M2)
Pacientes em fase terminal ou cacircncer e patologias crocircnicas insuficiecircncia renal e
hepaacutetica (M5)
Pacientes em estaacutegio terminal ou acamados por doenccedilas crocircnicas (ex AVC) [] (M8)
Aleacutem dos pacientes que se encontram em fase terminal de doenccedilas como o cacircncer []
bem como aqueles que sofrem de doenccedilas irreversiacuteveis com pouca sobrevida ou com
prognoacutestico desfavoraacutevel a sua cura (D3)
[]pacientes desenganados(D6)
66
Satildeo destinados ao paciente em fase terminal como por exemplo os pacientes
oncoloacutegicos e ainda pacientes com doenccedilas crocircnicodegenerativas (D10)
Na minha opiniatildeo pode ser aplicado em qualquer pessoa que esteja com um problema de
sauacutede e em que se natildeo for possiacutevel fazer tratamento definitivo ou cura (E1)
Idosos ou pacientes acamados ou restritos ao leito por algum motivo ou que foram
desenganados pela Medicina (E2)
Insuficiecircncia renal cardiacuteaca e respiratoacuteria pacientes com insuficiecircncia hepaacutetica
doenccedilas neuroloacutegicas degenerativas e graves e tambeacutem o portador de AIDS (E8)
Esses depoimentos deixam transparecer de modo enfaacutetico a compreensatildeo de
meacutedicos cirurgiotildees-dentistas e enfermeiros da ESF todos envolvidos no estudo dos grupos
que necessitam destes cuidados especiais para pacientes que se encontram acometidos por
doenccedilas incuraacuteveis bem como pacientes em fase de terminalidade
Sousa et al (2010) afirmam que a inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na praacutetica
assistencial eacute primordial para se estabelecer um cuidado em que satildeo adotadas medidas
humanizadas direcionadas aos pacientes terminais e sem possibilidades terapecircuticas de cura
tanto no iniacutecio da doenccedila como em sua fase final Entende-se assim que tais cuidados
baseiam-se na concepccedilatildeo de que o paciente mesmo estando em estado terminal pode fazer da
vida uma experiecircncia de crescimento e realizaccedilatildeo Isto porque na vida ele natildeo se resume
somente a um corpo fiacutesico em que na condiccedilatildeo de terminalidade nada pode ser feito mas tem
o direito de receber o melhor cuidado com uma assistecircncia que lhe promova qualidade de vida
e manutenccedilatildeo do conforto e atue no auxiacutelio das funccedilotildees fisioloacutegicas respeitando-se as suas
necessidades de maneira humanizada
Dessa maneira tais cuidados envolvem um processo interior de busca e despertar de
valores sempre que a ocasiatildeo se origina de um envolvimento de um cuidado empaacutetico e natildeo
somente de um cuidado diretivo e teacutecnico Nesta maneira de cuidar o profissional da Sauacutede
busca propiciar uma assistecircncia humaniacutestica ao paciente e seus familiares
A literatura dos Cuidados Paliativos realccedila a presenccedila dos familiares como elemento
colaborador no cuidar do paciente sendo este considerado participante ativo no planejamento
de todo cuidado a ser implementado (MELO FIGUEIREDO 2006) Por conseguinte eacute
imprescindiacutevel que o profissional da ESF compreenda que a famiacutelia tambeacutem necessita de
cuidados
Tal relevacircncia foi apontada por alguns participantes do estudo ao assinalarem que os
Cuidados Paliativos podem ldquo[] ajudar a famiacutelia a lidar com a doenccedila e o doenterdquo (E9) ldquo[]
67
visam proporcionar uma melhor qualidade de vida com menos sofrimento para ele e seus
familiaresrdquo (D3) e ldquo[] eacute a assistecircncia interdisciplinar que tem como objetivo melhorar a
qualidade de vida do paciente e sua famiacutelia diante de uma doenccedila que ameaccedila sua vidardquo (D10)
Arauacutejo (2011) pondera que a famiacutelia eacute muito valorizada no acircmbito dos Cuidados
Paliativos porque aleacutem de configurar-se como fonte de apoio e estiacutemulo para o paciente no
enfrentamento do processo de adoecimento e morte mostra-se como uma continuidade do
proacuteprio paciente representando seus valores e demandas em situaccedilotildees que ele natildeo pode
resolver por si proacuteprio
Neste sentido os Cuidados Paliativos visam ao controle dos sofrimentos fiacutesicos
emocionais espirituais e sociais do paciente e sua famiacutelia na presenccedila de doenccedilas sem
possibilidades terapecircuticas de cura Os profissionais que implementam em sua assistecircncia os
Cuidados Paliativos devem assimilar diferenciadas formas de cuidado destacando a busca de
uma relaccedilatildeo dialoacutegica associada ao saber ouvir com o paciente e com a famiacutelia reforccedilada pelo
viacutenculo e pela confianccedila entre o profissional e o pacientefamiacutelia
Em pesquisa desenvolvida por Santos (2009) constatou-se que se o paciente estaacute bem
cuidado confortado e respeitado o familiar sente-se cuidado tambeacutem O estudo esclarece ainda
que o familiar quando se envolve no processo de cuidado de seu parente percebe que o estaacute
acolhendo e cuidando
Sendo assim na abordagem dos Cuidados Paliativos o envolvimento da famiacutelia eacute
primordial retomando-se o sentido de que esta exerce um importante papel no crescimento e
desenvolvimento dos indiviacuteduos e na recuperaccedilatildeo da sauacutede (FERREIRA SOUZA STUCHI
2008)
Ferreira Chico e Hayhashi (2005) chamam a atenccedilatildeo para o fato de que quando um
indiviacuteduo recebe um diagnoacutestico de que a doenccedila estaacute fora de possibilidades de cura sua
famiacutelia sofre com ele e o impacto eacute sempre muito doloroso Em consequecircncia disso cada
famiacutelia pode manifestar reaccedilotildees distintas como negaccedilatildeo reserva ou fechamento ao diaacutelogo
Diante dessas ponderaccedilotildees observamos que a famiacutelia eacute aspecto fundamental para o
paciente que vivencia o processo de morrer sendo considerada fonte de apoio e estiacutemulo para o
enfrentamento de diversos problemas que permeiam esta situaccedilatildeo Arauacutejo (2006) assinala que a
rede familiar que apoia o paciente compreende natildeo apenas os seus consaguiacuteneos mas tambeacutem
as pessoas proacuteximas com quem ele possui um relacionamento mais estreito
Bielemann (2003) salienta que a famiacutelia eacute considerada um espaccedilo social cujos
membros interagem trocam informaccedilotildees e ao identificarem problemas de sauacutede apoiam-se
mutuamente Eacute um grupo social dinacircmico um sistema aberto para trocas cuja concepccedilatildeo varia
68
de acordo com a cultura e com o momento vivenciado Como unidade a famiacutelia representa mais
do que a soma de caracteriacutesticas individuais de seus membros
Arauacutejo (2006) em estudo que desenvolveu reconheceu por meio da visatildeo dos
participantes do estudo que o referido apoio pode ser sinocircnimo de forccedila suporte base alento
um porto seguro que independente das adversidades sempre estaraacute laacute para acolher e
aconchegar o membro que passa por um problema Portanto perante o sofrimento vivenciado
o apoio passa a ter sentido de encorajamento estiacutemulo incentivo forccedila que incita o indiviacuteduo a
lutar pela vida
Destarte independente do seu contexto a famiacutelia eacute apontada pela literatura como uma
das principais fontes de sustentaccedilatildeo e estiacutemulo para o enfrentamento de uma doenccedila
considerada terminal (KUumlBLER-ROSS 2002 SALES MOLINA 2004 MALUF MORI
BARROS 2005)
Eacute de fundamental importacircncia que os profissionais da aacuterea da Sauacutede inseridos no
contexto da Atenccedilatildeo Baacutesica compreendam o significado real da filosofia dos Cuidados
Paliativos promovendo a valorizaccedilatildeo do ser humano no processo sauacutede-doenccedila com o escopo
de sempre lhe propiciar uma melhor qualidade de vida quando natildeo existir mais possibilidade
terapecircutica bem como promover suporte aos seus familiares durante o estaacutegio da doenccedila e no
processo da morte e do morrer
No campo da filosofia dos Cuidados Paliativos outro aspecto merecedor de destaque
diz respeito agraves modalidades terapecircuticas Nesse sentido os profissionais envolvidos no estudo
evidenciaram algumas modalidades destacadas na subcategoria a seguir
Modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos
Eacute notoacuterio que os Cuidados Paliativos estatildeo constituindo um corpo de conhecimentos
que vem tornando-se objeto do trabalho dos profissionais da Sauacutede tendo em vista o aumento
da sobrevida de pacientes portadores de doenccedilas crocircnicas sendo essenciais para a promoccedilatildeo de
sua qualidade de vida e bem-estar
Sob esse prisma para o alcance de uma proposta de uma assistecircncia holiacutestica os
Cuidados Paliativos utilizam-se das diferenciadas modalidades terapecircuticas Segundo os
depoimentos a seguir seratildeo apontadas algumas destas modalidades ressaltadas pelos
participantes do estudo
69
Atendimento fisioterapecircutico apoio psicoloacutegico atenccedilatildeo e carinho e tratamentos
alopaacuteticos eou homeopaacuteticos para aliviar a dor e a tensatildeo sempre que necessaacuterio (M1)
Entendo que as modalidades terapecircuticas visam a farmacologia com a finalidade de
diminuir a dor fiacutesica seria a psicoloacutegica com finalidade de amenizar o sofrimento mental
dos mesmos e seus familiares (M2)
O carinho o amor no desenvolvimento de praacuteticas paliativas (M6)
Atenccedilatildeo psicossocial fisioterapia tratamento para aliacutevio da dor (D3)
[] massagens e medicaccedilatildeo (D4)
A conversa carinhosa a visita diaacuteria e amor (D5)
Aliacutevio da dor e sofrimento assistecircncia psicoloacutegica (D10)
[]apoio espiritual (E2)
Atraveacutes de medicamentos massagem yoga acunputura Reik escuta qualificada
meditaccedilatildeo psicologia (E3)
Fitoterapia homeopatia medicina alternativa alimentaccedilatildeo alternativa acupuntura
educaccedilatildeo alimentar espiritualidade (E7)
Nos trechos dos depoimentos dos profissionais envolvidos no estudo eacute notoacuterio o
reconhecimento de diversas modalidades terapecircuticas empregadas nos Cuidados Paliativos
evidenciando-se que eles conhecem vaacuterias possibilidades terapecircuticas direcionadas ao paciente
sem possibilidades de cura
Considerando as modalidades usualmente empregadas na praacutetica dos Cuidados
Paliativos referenciadas pelos participantes optamos por apresentaacute-las em dois grupos o
primeiro direcionado para a intervenccedilatildeo bioloacutegica e o segundo para a intervenccedilatildeo
psicoterapecircutica
No que tange agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica em Cuidados Paliativos os trabalhadores
envolvidos no estudo destacaram a farmacologia a fisioterapia e a nutriccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave
intervenccedilatildeo psicoterapecircutica enfatizaram o emprego da comunicaccedilatildeoescuta qualificada da
psicologia e da espiritualidade
Dentre as intervenccedilotildees bioloacutegicas a modalidade nutricional eacute utilizada para o controle
de sintomas valorizaccedilatildeo dos alimentos preferenciais adequaccedilatildeo da dieta conforto emocional
diminuiccedilatildeo da ansiedade aumento da autoestima e respeito ao desejo de alimentos manifestado
pelo proacuteprio paciente
70
A alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo para o paciente terminal constituem uma parcela desse
cuidado tatildeo importante quanto a escuta o diaacutelogo o acompanhamento a leitura o canto entre
outros (FERRER LABRADA LOacutePEZ 2009)
Nesse enfoque observamos que essa modalidade terapecircutica eacute de suma relevacircncia
uma vez que partindo de uma abordagem integral do paciente pode-se promover o aliacutevio dos
sintomas tais como perda de peso anorexia disgeusia (distorccedilatildeo do senso do paladar)
xerostomia (sensaccedilatildeo subjetiva de boca seca) entre outros
No tocante aos sintomas gastrointestinais Santos (2002) destaca a constipaccedilatildeo
porquanto tem ocorrido um aumento da demanda de pacientes em Cuidados Paliativos
apresentando tal sintoma Trata-se de um sintoma comum que interfere na qualidade de vida de
pacientes podendo o controle dele ser conseguido por meio de intervenccedilatildeo nutricional
adequada permitindo-se que seja minimizado sem que meacutetodos invasivos e desconfortaacuteveis
sejam utilizados
De acordo com Silva et al (2009) o papel do nutricionista deve ser o de atuar em
equipe multiprofissional para que todos os profissionais envolvidos alcancem um objetivo
comum o de proporcionar conforto e melhorar a qualidade de vida de pacientes que recebem
esse tipo de cuidado Aleacutem disso eacute inegaacutevel a valorizaccedilatildeo do papel do nutricionista na equipe
multiprofissional sobretudo na decisatildeo de manter ou suspender a alimentaccedilatildeo e a hidrataccedilatildeo de
pacientes que estatildeo em Cuidados Paliativos por entender-se a importacircncia do consumo de
alimentos para minimizar desconfortos nutrir e proporcionar prazer
Portanto tratando-se de Cuidados Paliativos em que todos os esforccedilos devem estar
direcionados agrave promoccedilatildeo do bem-estar fiacutesico e psicoloacutegico dos pacientes o profissional
nutricionista deve ter em mente que o consumo de alimentos eacute capaz de minimizar
desconfortos cuidar de distuacuterbios orgacircnicos nutrir e proporcionar prazer (SANTOS 2002)
Em relaccedilatildeo agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica farmacoloacutegica os profissionais que compotildeem a
ESF devem reconhecer que a utilizaccedilatildeo da farmacoterapia eacute de grande relevacircncia para
pacientes que se encontram na terminalidade Haja vista que o emprego de cuidados teacutecnicos
satildeo importantes nos Cuidados Paliativos para aliacutevio da dor e de outros sintomas decorrentes da
doenccedila terminal
Essa assertiva eacute corroborada por Bonfaacute Vinagre e Figueiredo (2008) ao afirmarem
que ao emprego de drogas em pacientes sem possibilidade de cura procede-se com o propoacutesito
de aliviar o quadro de dor em que estes se encontram Acrescentam que dentre as drogas
existentes para essa finalidade destaca-se a Cannabis sativa (Cs) cuja accedilatildeo eacute capaz de
amenizar a dor crocircnica visto que promoveraacute efeitos ansioliacuteticos analgesia e aumento da
71
toleracircncia agrave dor Aleacutem desses benefiacutecios esta droga age com outros princiacutepios que seratildeo
imperiosos para o bem-estar do paciente tais como estiacutemulo do apetite no estado de caquexia
accedilatildeo antiemeacutetica relaxamento muscular para aliacutevio da espasticidade atividade antitumoral e
anti-inflamatoacuteria no cacircncer entre outros Entretanto eacute importante ressaltar que para se
utilizarem os canabinoides como analgeacutesicos devem ser consideradas limitaccedilotildees que essa
alternativa terapecircutica apresenta porquanto ainda eacute incipiente a realizaccedilatildeo de pesquisas
voltadas para a sua recomendaccedilatildeo agrave pacientes crocircnicos
Em estudo desenvolvido por Santos et al (2009) verificou-se que a utilizaccedilatildeo de
Cuidados Paliativos ocorreu por meio da administraccedilatildeo de faacutermacos para o alcance da sedaccedilatildeo
com o intuito de diminuir o niacutevel de consciecircncia de um doente com doenccedila avanccedilada ou
terminal a fim de controlar alguns sintomas
A sedaccedilatildeo paliativa eacute um procedimento terapecircutico de indicaccedilatildeo meacutedica destinada
para aliacutevio de sintomas que podem aparecer no contexto de doentes no final da vida Observa-
se ainda que eacute utilizada como uma modalidade terapecircutica de Cuidados Paliativos e que o
emprego dela estaacute intrinsecamente relacionado com o surgimento de sintomas como deliacuterio
dor e dispneias Tais sintomas aparecem comumente de forma simultacircnea (GIROND
WATERKEMPER 2006)
Quanto agrave intervenccedilatildeo fisioterapecircutica apontada pelos profissionais participantes do
estudo Marcucci (2005) assinala que os profissionais da Fisioterapia possuem um arsenal
abrangente de teacutecnicas que complementam os Cuidados Paliativos na melhora da
sintomatologia e consequentemente na da qualidade de vida Destaca-se neste arsenal a
terapia para a dor aliacutevio de sintomas psicofiacutesicos atuaccedilatildeo nas complicaccedilotildees
osteomioarticulares reabilitaccedilatildeo de complicaccedilotildees linfaacuteticas atuaccedilatildeo na fadiga melhora da
funccedilatildeo pulmonar cuidados com as uacutelceras de pressatildeo fisioterapia nos Cuidados Paliativos
pediaacutetricos entre outros
Assim compreendemos que o fisioterapeuta deteacutem meacutetodos e recursos exclusivos de
sua profissatildeo que satildeo imensamente uacuteteis nos Cuidados Paliativos porque busca a melhora das
condiccedilotildees de vida dos pacientes sem possibilidades curativas reduzindo os sintomas e
promovendo sua independecircncia funcional
Em relaccedilatildeo agrave intervenccedilatildeo psicoterapecircutica conforme foi assinalada nos trechos dos
participantes do estudo observamos a referecircncia da comunicaccedilatildeoescuta qualificada a da
psicologia e a da espiritualidade modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos
No contexto dos Cuidados Paliativos o emprego adequado da comunicaccedilatildeo eacute
considerado como um pilar baacutesico para sua eficaz implementaccedilatildeo (KOacuteVACS 2004)
72
representando o suporte utilizado pelo paciente por meio do qual ele pode expressar-se e
realizar seus anseios necessitando para tanto de um cuidado integral e humanizado
Este tipo de cuidado integral e humanizado soacute eacute possiacutevel quando o profissional faz uso
de habilidades de comunicaccedilatildeo estabelecendo esta de forma efetiva e compassiva com o
paciente e sua famiacutelia sobre assuntos referentes agrave terminalidade
Em estudo realizado por Arauacutejo e Silva (2007) observou-se que o paciente no quadro
da terminalidade anseia por uma comunicaccedilatildeo que alcance algo a mais ou seja deixe de ser
aquela que trata apenas de transmitir informaccedilotildees e passe a ser transmitida de forma
diferenciada com emprego de palavras e atitudes (comunicaccedilatildeo verbal e natildeo verbal) que
revelem mensagens de atenccedilatildeo e cuidado
Para tanto eacute imperioso que o profissional modifique a sua forma de assistir passando
do fazer para o escutar perceber compreender identificar necessidades para soacute entatildeo planejar
accedilotildees
Inaba e Silva (2002) chamam a atenccedilatildeo para a importacircncia da comunicaccedilatildeo natildeo
verbal considerando-a essencial ao cuidado humano pelo fato de resgatar a capacidade do
profissional da Sauacutede para perceber com maior precisatildeo os sentimentos do paciente suas
duacutevidas e dificuldades de verbalizaccedilatildeo aleacutem de o ajudar a potencializar sua proacutepria
comunicaccedilatildeo
De acordo com Silva (2003) eacute crucial para o cuidado com o paciente sem
possibilidades de cura que o profissional perceba compreenda e empregue adequadamente a
comunicaccedilatildeo natildeo verbal Haja vista que ela permite a percepccedilatildeo e compreensatildeo dos
sentimentos duacutevidas e anguacutestias do paciente assim como o entendimento e clarificaccedilatildeo de
gestos expressotildees olhares e linguagem simboacutelica tiacutepicos de quem estaacute morrendo
Na comunicaccedilatildeo natildeo verbal Higuera (2005) destaca a grandeza da escuta ativa no
processo de Cuidados Paliativos que eacute compreendida como o cuidador concentrar-se no outro
sem interrompecirc-lo deixando-o falar respeitando o silecircncio para que possa escutar suas
duacutevidas inseguranccedilas desconforto e ateacute mesmo o seu medo
Arauacutejo (2011) assinala que a escuta ativa envolve o uso terapecircutico do silecircncio a
emissatildeo consciente de sinais faciais natildeo verbais que denotam interesse no que estaacute sendo dito
(manutenccedilatildeo de contato visual meneios positivos de cabeccedila) a aproximaccedilatildeo fiacutesica e a
orientaccedilatildeo do corpo com o tronco voltado para a pessoa e o uso de expressotildees verbais curtas
que encorajam a continuidade da fala tais como ldquoE entatildeordquo ldquoestou te escutandordquo entre
outras
73
Higuera (2005) adverte que escutar natildeo eacute apenas ouvir mas permanecer em silecircncio
utilizar gestos de afeto e sorriso que expressem aceitaccedilatildeo e estimulem a expressatildeo de
sentimentos Tal ponderaccedilatildeo pode ser contemplada nos depoimentos dos profissionais
participantes da pesquisa expressos a seguir
[] acolher o paciente e fazer a escuta (M1)
E principalmente conversa manter o ciclo de conversa [](D2)
Agraves vezes soacute a sua presenccedila toque um olhar um gesto de carinho jaacute eacute uma estrateacutegia
(D6)
[] escutar o paciente (E1)
Escutar o usuaacuterio (E5)
Acredito que um aperto de matildeo um olhar carinhoso [] (M8)
Com base nas narrativas observamos a sensibilidade dos profissionais para o emprego
dessa modalidade no contexto do cuidado os quais reconhecem-na como importante estrateacutegia
para o relacionamento pessoal Eacute imprescindiacutevel dessa forma este profissional ser orientado
para compreender o momento de falar e aquilo que vai falar possibilitar atitudes de
compreensatildeo aceitaccedilatildeo e afeto como calar e escutar como estar proacuteximo e mais acessiacutevel agraves
necessidades destas pessoas
Silva (2008) pondera que as habilidades de comunicaccedilatildeo natildeo satildeo adquiridas com o
tempo mas sim com educaccedilatildeo especiacutefica Portanto mostra-se urgente e necessaacuteria a educaccedilatildeo
destes profissionais em comunicaccedilatildeo interpessoal para que possam desenvolver suas
habilidades relacionais e comunicacionais e aplicaacute-las em seu cotidiano de cuidados a
pacientes sem possibilidades de cura
Dessa forma todos os membros da equipe de sauacutede devem possuir e aprimorar as suas
habilidades de comunicaccedilatildeo uma vez que tecircm como base de seu trabalho as relaccedilotildees humanas
Assim para o relacionamento interpessoal entendido como qualquer interaccedilatildeo face a face entre
duas ou mais pessoas onde haacute troca reciacuteproca de sinais a comunicaccedilatildeo eacute instrumento essencial
(LITLEJOHN 1988)
Arauacutejo (2006) afirma que todo processo de comunicaccedilatildeo interpessoal que ocorre entre
o paciente e quem dele cuida eacute complexo e subjetivo envolvendo a percepccedilatildeo a compreensatildeo
e a transmissatildeo de mensagens de ambas as partes Nesse sentido a comunicaccedilatildeo verbal torna-se
insuficiente para caracterizar essa interaccedilatildeo necessitando qualificaacute-la dar a ela emoccedilotildees
74
enfim um contexto que proporcione ao homem perceber e compreender natildeo soacute o que
significam as palavras mas tambeacutem o que o emissor da mensagem sente
Em relaccedilatildeo ao emprego da Psicologia como modalidade terapecircutica em Cuidados
Paliativos conforme foi destacado por alguns participantes deste estudo esta eacute utilizada com o
paciente com o familiar e com a equipe de forma conjunta ou individual com a finalidade de
avaliar suas condiccedilotildees psiacutequicas para o enfrentamento do adoecimento e da morte
Sheliemann (2011) lembra que essa avaliaccedilatildeo necessita respeitar as condiccedilotildees fiacutesicas e
emocionais que cada patologia provoca naquela que adoece e como ela reage a essa nova
situaccedilatildeo Acrescenta ainda que o psicoacutelogo eacute por sua formaccedilatildeo o profissional que tem a
priori um manejo melhor para lidar com os sentimentos das pessoas e auxiliaacute-las na resoluccedilatildeo
dos conflitos
O cuidado com a dimensatildeo emocional eacute de suma importacircncia para quem vivencia o
processo de morrer uma vez que situaccedilotildees de estresse psicoloacutegico satildeo comuns entre estes
pacientes Em recente estudo multicecircntrico alematildeo realizado por Herschback et al (2008) que
procuraram averiguar caracteriacutesticas de estresse psicoloacutegico em 6365 pacientes com cacircncer
constataram que eles sob Cuidados Paliativos mostraram niacuteveis mais elevados de estresse
psicoloacutegico quando comparados aos demais
Dessa forma observa-se quanto eacute importante a inserccedilatildeo do psicoacutelogo na equipe de
Cuidados Paliativos Lustosa (2007) afirma que cabe ao psicoacutelogo intermediar nas relaccedilotildees
entre famiacutelia e profissionais detectando a falta de informaccedilatildeo que muitas vezes ocorre entre
paciente familiares e equipe multiprofissional as diferenccedilas de ritmo de vida que a doenccedila
impotildee o papel do paciente na vida da famiacutelia as sobrecargas da tarefa meacutedica que dificultam
o contato a comunicaccedilatildeo e a conturbada tarefa de falar sobre as responsabilidades nesse
momento da vida Sendo assim essa autora evidencia a importacircncia do psicoacutelogo para a
construccedilatildeo dessa ponte facilitando uma condiccedilatildeo mais digna durante esse periacuteodo de cuidados
O psicoacutelogo busca por meio dos Cuidados Paliativos oferecer um espaccedilo de escuta
para esclarecimento das necessidades expressatildeo de sentimentos facilitando dessa forma o
acolhimento e a comunicaccedilatildeo (KOVAacuteCS et al 2001)
No que tange ao emprego da espiritualidade esta eacute uma modalidade terapecircutica de
suma importacircncia para o paciente sem possibilidade de cura Haja vista que tanto o cuidado
voltado para a dimensatildeo espiritual pode oferecer qualidade de vida quanto o tratamento da dor
ou a comunicaccedilatildeo Cumpre assinalar que este paciente aleacutem de apresentar sofrimento fiacutesico
pode estar acometido por problemas de ordem psicoloacutegica e espiritual
75
De acordo com Peres et al (2007) a espiritualidade pode ser definida e reconhecida
como uma praacutetica que traz significado e propoacutesito de vida e contribui para a sauacutede e qualidade
de vida de muitas pessoas Esse conceito eacute encontrado em todas as culturas e sociedades
A definiccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) de Cuidados Paliativos
evidencia uma preocupaccedilatildeo com as necessidades espirituais dos pacientes e seus familiares de
modo que a abordagem global fundamenta-se no entendimento de que a pessoa eacute uma entidade
indivisiacutevel um ser fiacutesico e espiritual A busca de sentido de algo maior em que se pretende
confiar tem sido expressa de muitas maneiras diretas e indiretas em metaacuteforas ou em silecircncio
em gestos ou siacutembolos ou talvez mais que tudo numa interaccedilatildeo terapecircutica e numa nova
experiecircncia de criatividade Quem trabalha em Cuidados Paliativos eacute tambeacutem desafiado a
enfrentar essa dimensatildeo em relaccedilatildeo a si proacuteprio (PESSINI BERTACHINI 2005)
Eacute nesse contexto que a modalidade espiritual em Cuidados Paliativos emerge com a
finalidade de promover uma atenccedilatildeo agrave anguacutestia e agrave dor espiritual ofertando uma assistecircncia
integral que envolva estes aspectos interferindo por conseguinte na melhora da evoluccedilatildeo
cliacutenica deste paciente tatildeo fragilizado
Em estudo desenvolvido por Steinhauser et al (2000a) verificou-se certa discrepacircncia
no que concerne agrave importacircncia da espiritualidade no trato com pacientes terminais Esta foi
reportada pelos pacientes como o aspecto mais importante mas natildeo tanto para seus meacutedicos e
outros profissionais da aacuterea da Sauacutede Os autores ressalvam que muitos destes profissionais
acabam por negligenciar uma dimensatildeo apontada como uma das mais importantes para
pacientes eou familiares nesse momento da vida
Peres et al (2007) assinalam que eacute preciso compreender que o paciente terminal
antes de se ajustar agraves suas necessidades espirituais precisa ter seus desconfortos fiacutesicos bem
aliviados e controlados Uma pessoa com dor intensa jamais teraacute condiccedilotildees de refletir no
significado de sua existecircncia uma vez que o sofrimento fiacutesico natildeo aliviado eacute um fator de
ameaccedila constante agrave sensaccedilatildeo de plenitude desejada pelos pacientes que estatildeo morrendo
Sales et al (2008) ressaltam que o tema religiosidade e espiritualidade ganha bastante
importacircncia nos Cuidados Paliativos visto que eacute uma modalidade terapecircutica que ajuda a
promover uma morte serena
Nesta perspectiva Byock (2006) afirma que experimentar uma morte serena eacute ter
oportunidade de viver em plenitude seu uacuteltimo momento O alcance desta plenitude eacute o
objetivo primordial dos Cuidados Paliativos Diante disso o autor lanccedila um desafio aos
profissionais da Sauacutede para que utilizem dimensotildees da espiritualidade como instrumento para a
melhora da sauacutede fiacutesica mental e da qualidade de vida de quaisquer pacientes sobretudo
76
daqueles que se encontram em estaacutegio final da vida e necessitam mais urgentemente de
estrateacutegias de enfrentamento para lidar com as questotildees presentes
Logo a compreensatildeo sobre as modalidades de Cuidados Paliativos permite ao
profissional da ESF a ampliar o seu olhar e sua forma de atuar Esta nova visatildeo possibilita a
prestaccedilatildeo de uma assistecircncia qualificada e integral visto que teraacute subsiacutedios especiacuteficos para
atender agraves necessidades de pacientes em situaccedilatildeo de doenccedila terminal e proporcionar a melhoria
de sua qualidade de vida
Eacute oportuno assinalar que as duas subcategorias analisadas refletem a compreensatildeo da
maioria dos profissionais inseridos na investigaccedilatildeo proposta sobre os aspectos conceituais dos
Cuidados Paliativos Por outro lado alguns revelaram conceitos incompatiacuteveis com a literatura
pertinente ao tema em destaque conforme evidenciado nos relatos a seguir
Cuidados que complementam os cuidados tradicionais ou mesmo que por si soacutes (ou
isoladamente) tratam as morbidades ou previnem ou mesmo promovem a sauacutede do
indiviacuteduo ou da coletividade (M4)
Eacute uma caridade que se faz tentando ajudar algueacutem quando natildeo se tem outro recurso
(M7)
Pode-se dizer que satildeo os cuidados que a sua eficiecircncia natildeo tem reconhecimento
cientiacutefico-comprovado (D1)
Cuidados paliativos satildeo aqueles realizados com o objetivo de diminuir amenizar ou
mesmo resolver temporariamente algumas enfermidades ateacute que sejam realizados
procedimentos definitivos e resolutivos (D4)
Atenccedilatildeo voltada a pacientes que qualquer que seja a patologia natildeo tecircm mais condiccedilotildees
de se cuidar sozinho com isso necessitando de outra pessoa para ajudaacute-lo (E2)
Satildeo cuidados que devem ser realizados para que o paciente venha ter um diagnoacutestico do
quadro cliacutenico eou amenizar o quadro cliacutenico (E7)
Esses relatos denotam uma compreensatildeo incoerente com os aspectos conceituais
disseminados na literatura acerca dos Cuidados Paliativos confundido o emprego desta praacutetica
com os cuidados humanitaacuterios algo comum entre grupos de trabalhadores da aacuterea da Sauacutede
Santos (2011) assinala que os cuidados humanitaacuterios englobam os Cuidados Paliativos
portanto ao se falar em Cuidados Paliativos se fala de cuidados humanitaacuterios mas a reciacuteproca
natildeo eacute verdadeira Por conseguinte eacute de extrema importacircncia o profissional compreender a
diferenccedila entre esses cuidados
Conforme ressalva o autor supracitado ambos compartilham a preocupaccedilatildeo em
atender agraves necessidades inerentes dos seres humanos em seus aspectos fiacutesico psicoloacutegico
social e espiritual todavia os cuidados humanitaacuterios natildeo se restringem aos Cuidados Paliativos
77
nem a uma uacutenica aacuterea como a da Sauacutede mas englobam vasta abrangecircncia do conhecimento
humano e ampla gama de situaccedilotildees
Embora a filosofia dos Cuidados Paliativos pressuponha um cuidar de maneira mais
humaniacutestica englobando o ser humano nos quatro aspectos mencionados o que caracteriza
essa modalidade de cuidar eacute a sua ligaccedilatildeo com a questatildeo da morte e suas implicaccedilotildees
espirituais ou existenciais
De fato ao se deparar com um indiviacuteduo com doenccedila aguda e crocircnica que natildeo
envolva a possibilidade de morte devem-se aplicar os cuidados humanitaacuterios entretanto
quando esse ser apresenta uma doenccedila ou condiccedilatildeo que envolve essa possibilidade satildeo
aplicados os Cuidados Paliativos e consequentemente os cuidados humanitaacuterios
Com base nessas definiccedilotildees percebe-se uma lacuna na compreensatildeo de alguns
profissionais da ESF inseridos no estudo Supotildee-se que este fato pode estar atrelado a suas
formaccedilotildees profissionais principalmente porque no Brasil a visibilidade dos Cuidados
Paliativos iniciou-se na deacutecada de 2000 e a maioria dos participantes estaacute formada haacute mais de
dez anos Por conseguinte estes profissionais natildeo tiveram em seus curriacuteculos a contemplaccedilatildeo
da abordagem dos Cuidados Paliativos Destarte eacute de extrema valia contextualizar esta
realidade jaacute que se trata de uma modalidade em construccedilatildeo no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica
Tais ponderaccedilotildees estatildeo em consonacircncia com as ideias de Rodrigues (2004) segundo o
qual a implantaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar no Brasil data do final da deacutecada de 1990
Figueiredo (2003) assinala que as primeiras iniciativas individuais de atendimentos eou
estruturaccedilatildeo de serviccedilos paliativistas ocorreram por volta da deacutecada de 1990 Melo (2004)
chama atenccedilatildeo para o fato de que eacute no ano de 1997 que ocorre a criaccedilatildeo da primeira associaccedilatildeo
nacional de profissionais que atuam disseminando esse modo de cuidar a Associaccedilatildeo Brasileira
de Cuidados Paliativos
Kira Montagnini e Barbosa (2008) afirmam que essa deficiecircncia no conhecimento em
Cuidados Paliativos entre profissionais da Sauacutede no Brasil tambeacutem se deve ao fato de o tema
natildeo fazer parte da grade curricular de graduaccedilatildeo das diferentes especialidades da aacuterea da Sauacutede
Os autores assinalam que nos uacuteltimos anos com o crescimento da demanda e com a
estruturaccedilatildeo dos serviccedilos de Cuidados Paliativos o assunto tem sido abordado em algumas
instituiccedilotildees de ensino superior natildeo de maneira obrigatoacuteria e contiacutenua mas diluiacutedo em aulas e
cursos ligados agrave oncologia dor e morte
Rodrigues (2004) aponta a esperanccedila de que haja profissionais mais sensiacuteveis agraves
necessidades da populaccedilatildeo e do indiviacuteduo que visem agrave pessoa doente e natildeo agrave doenccedila que
desenvolvam uma assistecircncia mais humanizada se faz na academia na qual o ensino deve ser
78
centrado no aluno sujeito da aprendizagem e o curarcuidar seja centrado na pessoa do
paciente e na da famiacutelia
A autora supracitada adverte que o curriacuteculo deve privilegiar as competecircncias
inerentes a cada curso da aacuterea da Sauacutede aleacutem de contemplar uma abordagem interdisciplinar a
comunicaccedilatildeo e a bioeacutetica Haja vista que satildeo considerados conteuacutedos imprescindiacuteveis visando-
se todas as etapas do ciclo vital inclusive a terminalidade e a morte
Dessa forma ao contemplar tais princiacutepios nas diretrizes curriculares os futuros
profissionais da Sauacutede sairiam com uma percepccedilatildeo diferente sobre temas como Cuidados
Paliativos com ecircnfase no processo de morte e do morrer compreendendo melhor as
necessidades emocionais e espirituais do paciente que sofre proporcionando a humanizaccedilatildeo do
atendimento a eles e a seus familiares aleacutem de apreenderem a valorizar mais a vida agrave medida
que haacute compartilhamento e dignificaccedilatildeo da morte dos seus pacientes Portanto eacute urgente a
necessidade da educaccedilatildeo permanente para estes profissionais em Cuidados Paliativos
sobretudo para aqueles que jaacute desempenham o cuidado em seu cotidiano com o paciente que
vivencia a etapa final da vida
Considerando a relevacircncia dos Cuidados Paliativos para propiciar uma assistecircncia
humanizada ao paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura bem como a sua famiacutelia urge
a necessidade da implementaccedilatildeo desta modalidade de cuidar no acircmbito da atenccedilatildeo primaacuteria de
sauacutede Nesse sentido merece destaque a categoria direcionada aos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica
CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA formaccedilatildeo da equipe possibilidades
e limitaccedilotildees
Esta categoria vem com o propoacutesito de apresentar o entendimento de meacutedicos de
enfermeiros e de cirurgiotildees-dentistas sobre a possibilidade da implementaccedilatildeo dos Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Ao se tratar de Cuidados Paliativos especificamente de paciente fora de possibilidade
de cura eacute de fundamental importacircncia a atuaccedilatildeo de uma equipe interdisciplinar Esta equipe
necessita estar bastante familiarizada com o processo que o paciente passa permitindo-se uma
visatildeo real da complexidade vivida por ele a qual o ajude a se sentir melhor e
consequentemente proporcionando uma melhor qualidade de vida
Abreu et al (2005) afirmam ser escassa a literatura acerca de pesquisas que retratam
um modelo conceitual de equipe que seja bem formulado assim como de uma definiccedilatildeo
79
universal do que seja uma equipe Mesmo em publicaccedilotildees especiacuteficas sobre Cuidados
Paliativos os autores O`Connor Fisher e Guilfoyle (2006) advertem que o assunto trabalho em
equipe interdisciplinar natildeo eacute bem explorado sendo a maior parte dos trabalhos publicados
baseados em experiecircncias praacuteticas e natildeo em pesquisas empiacutericas ancoradas por marcos
conceituais
Diante destas ponderaccedilotildees eacute de suma relevacircncia compreender que de acordo com o
modo de estas equipes relacionarem-se comunicarem-se e integrarem suas disciplinas pode-se
empregar o ldquoprefixordquo multi ou inter Peduzzi e Oliveira (2009) definem equipes
multidisciplinares como aquelas compostas por profissionais de diversas disciplinas as quais
tendem a cuidar dos pacientes de modo independente e sem interaccedilatildeo direta compartilhando
informaccedilotildees de maneira indireta quando for necessaacuterio geralmente por escrito
Doutra parte o termo interdisciplinar deve denominar equipes cujos profissionais
trabalham interagindo diretamente combinando conhecimentos e compartilhando as atividades
para atingir um objetivo conjunto e uacutenico o cuidado do paciente Os autores supracitados
assinalam que a interdisciplinaridade configura-se em uma relaccedilatildeo reciacuteproca entre as muacuteltiplas
intervenccedilotildees teacutecnicas de vaacuterios profissionais e a interaccedilatildeo destes saberes que por meio de
comunicaccedilatildeo verbal direta e consensualmente escrita articulam suas accedilotildees e promovem a
cooperaccedilatildeo muacutetua
Sendo assim para que esta accedilatildeo seja eficaz deve existir a interdisciplinaridade das
accedilotildees de cuidado entre os profissionais e a participaccedilatildeo do paciente e famiacutelia com objetivos
comuns Tal interdisciplinaridade caracteriza-se como um ato de reciprocidade entre as aacutereas de
conhecimento e como forma de se obter a horizontalizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder Nesta troca
de conhecimentos eacute estabelecida a inclusatildeo dos resultados de diversas especialidades
possibilitando-se a cada profissional desenvolver esquemas conceituais de anaacutelise de
instrumentos e de teacutecnicas metodoloacutegicas de assistecircncia (FRANCcedilA 2011)
Nessa perspectiva Arauacutejo (2011) acrescenta que a proposta de trabalho em Cuidados
Paliativos deve ser sempre interdisciplinar ante a pluridimensatildeo das necessidades dos
indiviacuteduos que vivenciam o processo de morrer e ante a demanda da accedilatildeo integral e conjunta de
profissionais da Sauacutede em busca do objetivo comum que eacute a melhora da qualidade de vida do
paciente
Em uma equipe de sauacutede a interdisciplinaridade surge com o escopo de promover
uma atenccedilatildeo integral ao paciente apresentando dessa forma uma visatildeo biopsicossocial e
espiritual Essa accedilatildeo baseada na referida visatildeo propotildee uma reformulaccedilatildeo dos saberes uma
siacutentese direcionada agrave reorganizaccedilatildeo da equipe de sauacutede Nesse sentido aleacutem de um novo
80
paradigma cientiacutefico esta representa uma nova filosofia de trabalho de organizaccedilatildeo e de accedilatildeo
interinstitucional
Arauacutejo (2011) chama atenccedilatildeo para o fato de que haacute uma limitaccedilatildeo na accedilatildeo
uniprofissional quando se objetiva promover o controle da dor e outros sintomas
multidimensionais e angustiantes integrando-se com o cuidado os aspectos sociais
psicoloacutegicos e espirituais de modo que se possibilite o exerciacutecio da autonomia do paciente
aleacutem de se promover suporte aos familiares Logo nenhuma especialidade da aacuterea da Sauacutede ou
das Ciecircncias Humanas consegue isoladamente atender agraves necessidades complexas e
multifacetadas de indiviacuteduos que vivenciam a etapa final da vida A integralidade da atenccedilatildeo
demandada por estes pacientes soacute pode ser atingida quando especialistas de diferenciadas aacutereas
do conhecimento atuam em conjunto ou seja trabalham em equipe
Deste modo a atuaccedilatildeo e integraccedilatildeo da equipe interdisciplinar satildeo necessaacuterias para a
eficaacutecia destes cuidados Haja vista que o tratamento de um paciente que se encontra em fase
terminal envolve um conjunto de accedilotildees complexas a exemplo de procedimentos invasivos
(altamente especiacuteficos para cada realidade diagnoacutestica) necessitando o doente de ser assistido
de forma interdisciplinar
Na literatura brasileira da aacuterea da Sauacutede satildeo incipientes estudos relacionados a
implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica em particular o quantitativo de
profissionais que devem constar em uma equipe para exercer tais cuidados Essa formaccedilatildeo
com a inclusatildeo de maior nuacutemero de especialidades possiacutevel dependeraacute dos recursos
disponiacuteveis e de fatores culturais locais Incontri (2011) chama a atenccedilatildeo para o fato de que a
formaccedilatildeo de uma equipe deve corresponder agraves necessidades do paciente que se encontra sob a
assistecircncia dos Cuidados Paliativos
Qualquer que seja o tamanho e a diversidade de uma equipe em Cuidados Paliativos
cumpre considerar aspectos essenciais para seu eficaz funcionamento A respeito disso Incontri
(2011) enfatiza os seguintes aspectos como peccedilas fundamentais filosofia e valores comuns
respeito muacutetuo e valorizaccedilatildeo de cada aacuterea de cada membro comunicaccedilatildeo transparente e aberta
lideranccedila compartilhada e religaccedilatildeo ao espiritual
No que concerne agrave filosofia e valores comuns Speck (2009) assegura que o conjunto
de valores compartilhados auxilia as pessoas a cooperarem entre si Haja vista que natildeo eacute
possiacutevel formar uma equipe que natildeo apresente uma filosofia comum e princiacutepios que orientem
as accedilotildees de maneira uniforme Incontri (2011) complementa que para a formaccedilatildeo de uma
equipe eacute importante uma seleccedilatildeo considerando-se uma empatia de todos os membros com
certos propoacutesitos e ideais
81
Aleacutem dessa comunhatildeo de princiacutepios e valores entre os membros da equipe eacute
imperioso o respeito muacutetuo e a valorizaccedilatildeo de cada membro sendo este considerado o primeiro
passo para a real interdisciplinaridade Macmilian Emery e kashuba (2006) asseveram que os
membros de uma equipe devem respeitar valorizar compreender e confiar na contribuiccedilatildeo
reciacuteproca
No tocante agrave formaccedilatildeo da equipe de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a maioria
dos participantes do estudo destacou o meacutedico o enfermeiro o cirurgiatildeo-dentista o psicoacutelogo e
o fisioterapeuta Alguns mencionaram aleacutem destes a participaccedilatildeo do fonoaudioacutelogo do
bioquiacutemico do assistente social do educador fiacutesico do teacutecnico em enfermagem do agente
comunitaacuterio de sauacutede (ACS) e do atendente de consultoacuterio dentaacuterio (ACD)
Diante disso depreende-se que os participantes envolvidos no estudo reconhecem que
a praacutetica dos Cuidados Paliativos no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica deve ser constituiacuteda por uma
equipe de profissionais que extrapola o nuacutemero de profissotildees determinadas pelo Ministeacuterio da
Sauacutede no que se refere agrave ESF que apresenta uma equipe composta por no miacutenimo um meacutedico
generalista um enfermeiro um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes comunitaacuterios de
sauacutede (ACS) (BRASIL 2005a)
Macmilian Emery e Kashuba (2006) acrescem que a equipe de Cuidados Paliativos
pode ultrapassar um quantitativo de quinze profissionais a serem apresentados em ordem
alfabeacutetica arteterapeutas assistentes sociais cuidadores pastorais ou espirituais (capelanias)
enfermeiros farmacecircuticos fisioterapeutas meacutedicos musicoterapeutas nutricionistas
psicoacutelogos psiquiatras terapeutas da respiraccedilatildeo terapeutas holistas terapeutas ocupacionais
terapeutas recreacionistas entre outros A esta relaccedilatildeo de profissionais Santos (2011)
acrescenta o educador e o filoacutesofo aleacutem de um especialista em Tanatologia
Eacute imprescindiacutevel agrave implementaccedilatildeo de tais cuidados em qualquer serviccedilo de sauacutede
sobretudo na Atenccedilatildeo Baacutesica conhecer a atribuiccedilatildeo especiacutefica de cada um desses profissionais
que compotildeem a equipe de Cuidados Paliativos Na realidade da Atenccedilatildeo Baacutesica os Cuidados
Paliativos podem ser oferecidos no niacutevel primaacuterio de sauacutede especialmente por equipes da ESF
em virtude de serem considerados de baixa complexidade (que natildeo exigem tecnologia
avanccedilada)
Esteves (2011) alerta que os profissionais que atuam em Cuidados Paliativos devem
ser atenciosos procurando ouvir o paciente e seus familiares e realmente demonstrar interesse
por eles uma vez que essa praacutetica pressupotildee uma nova maneira de cuidar do ser humano na
terminalidade Esses profissionais devem rever sua forma de encarar a morte e sobretudo a
autonomia do paciente na medida do possiacutevel
82
Em relaccedilatildeo ao meacutedico este eacute um profissional que deve assistir o paciente terminal ateacute
o momento da morte Destaque-se a morte de um paciente eacute considerada muitas vezes como o
fracasso do cuidado meacutedico precisando para tanto que esse profissional tenha em sua
formaccedilatildeo um preparo filosoacutefico psicoloacutegico e espiritual para lidar com a dor e com a morte
(INCONTRI 2011)
Logo eacute de extrema importacircncia que este profissional desenvolva mecanismos de
defesa que o mantenham em equiliacutebrio Ao mesmo tempo eacute necessaacuterio que a emoccedilatildeo tambeacutem
esteja presente para o alcance de um cuidado humanizado Incontri (2011) assinala que o
meacutedico como ser humano deve aceitar suas limitaccedilotildees e reconhecer que pessoas de outras
aeacutereas de sua equipe ou doutra podem lhe prestar apoio e mostrar outras perspectivas
Quanto agrave atuaccedilatildeo do enfermeiro na equipe de Cuidados Paliativos este apresenta a
funccedilatildeo de aliviar dor outros sintomas e sofrimento higienizar proporcionar conforto fiacutesico
promover uma comunicaccedilatildeo efetiva preparar a famiacutelia permitindo-a participar na morte do seu
familiar providenciar suporte para o luto entre outras Para Rodrigues e Zago (2003) a
enfermagem tem papel primordial nos Cuidados Paliativos porquanto o cuidar essecircncia da
profissatildeo eacute a base da filosofia paliativista Nesse sentido merece destaque o relato de um
profissional participante do estudo
[] todos os profissionais da ESF tecircm uma participaccedilatildeo importante no emprego dos
Cuidados Paliativos poreacutem a enfermagem eacute dotada de uma maior capacidade devido a
sua funccedilatildeo de estar mais proacuteximo (e por ter a essecircncia de sua profissatildeo no cuidado) (M8)
Nessa perspectiva Rodrigues e Zago (2003) esclarecem que especialmente o
enfermeiro deve possuir competecircncias para prestar cuidado de qualidade no fim da vida Aleacutem
disso como condutor da equipe de enfermagem e membro da equipe interdisciplinar o
enfermeiro precisa saber decodificar discursos e sinais natildeo verbais para identificar
necessidades fiacutesicas emocionais sociais e espirituais que direcionaratildeo sua atenccedilatildeo no cuidado
de quem vivencia a terminalidade da vida
Para Polastrini Yamashita e Kurashima (2011) o enfermeiro ao assistir um paciente
sem possibilidade terapecircutica de cura busca propiciar uma assistecircncia em que possa conseguir
a maior autonomia possiacutevel conservando sua dignidade ateacute a morte As autoras asseveram
ainda que este profissional deve modificar a sua atuaccedilatildeo de curativa para paliativa oferecendo
aliacutevio e bem-estar avaliando a relaccedilatildeo dano versus benefiacutecio do cuidado Portanto eacute
profissionalismo saber ouvir o paciente e sua famiacutelia para o planejamento dos cuidados e para a
tomada de decisatildeo utilizando algumas caracteriacutesticas como sensibilidade cuidadora
83
altruiacutesmo capacidade de escuta empatia compreensatildeo toleracircncia respeito capacidade de
transmitir seguranccedila e confianccedila maturidade pessoal diante de tudo e da morte entre outras
Saltz e Juver (2008) acrescentam que o enfermeiro apresenta ainda um papel
importante no cuidado com o paciente em fase terminal em diversos aspectos na aceitaccedilatildeo do
diagnoacutestico na ajuda para conviver com a enfermidade e no apoio agrave famiacutelia antes e depois da
morte
O enfermeiro ao assistir o paciente em Cuidados Paliativos vivencia e compartilha
momentos de amor e compaixatildeo aprendendo com ele a noccedilatildeo de que eacute possiacutevel morrer com
dignidade e respeito Essa assistecircncia busca tambeacutem proporcionar a certeza de natildeo estarem
sozinhos no momento da morte aleacutem de oferecer um cuidado holiacutestico ao paciente associados
ao controle da dor e de outros sintomas
No que tange ao fisioterapeuta Cezario (2011) assinala que atuando em conjunto com
outros profissionais de uma equipe voltada para Cuidados Paliativos esse profissional pode
prestar assistecircncia em diversos quadros pode oferecer conforto ao paciente e dentro de suas
limitaccedilotildees evitar uma complicaccedilatildeo maior de sintomas Incontri (2011) afirma que a este
profissional cabe manter o movimento o conforto fiacutesico e o maacuteximo aproveitamento das
funccedilotildees motoras do paciente
De uma maneira geral o referido profissional fica responsaacutevel por mobilizar o
paciente sem possibilidade terapecircutica por questotildees ortopeacutedicas e neuroloacutegicas acompanhar e
atuar em quadros cardiopulmonares e orientar cuidadores para o melhor manuseio do paciente e
o autocuidado (CEZARIO 2011)
De acordo com Reis Juacutenior e Reis (2007) as condutas fisioterapecircuticas em pacientes
sob Cuidados Paliativos mais comuns satildeo massagens movimentaccedilatildeo passiva ativo-assistida e
ativa posicionamento transferecircncia mudanccedila de decuacutebito infravermelho estimulaccedilatildeo eleacutetrica
transcutacircnea compressatildeo e elevaccedilatildeo vibrocompressatildeo drenagem postural respiraccedilatildeo
diafragmaacutetica estiacutemulo agrave tosse aspiraccedilatildeo prescriccedilatildeo de auxiacutelio para marcha treino de
deambulaccedilatildeo
O fisioterapeuta como membro de equipe de Cuidados Paliativos pode trazer
benefiacutecios ao pacientes assistidos por essa modalidade de cuidar em especial no que se refere
ao manejo de sintomas como dor estresse psicofiacutesico complicaccedilotildees osteomioarticulares
fadiga disfunccedilotildees pulmonares alteraccedilotildees neuroloacutegicas dentre outras (MARCUCCI 2005)
Sob esse prisma compreendemos que a Fisioterapia Paliativa tem como objetivo
principal o de melhorar a qualidade de vida dos pacientes sem possibilidades curativas
reduzindo os sintomas e promovendo sua independecircncia funcional
84
O nutricionista por sua vez apresenta o papel de orientar a alimentaccedilatildeo mais
adequada ao estado de sauacutede ou estaacutegio de doenccedila sem desconsiderar os gostos pessoais e ateacute
os razoaacuteveis desejos de cada um
Sochacki (2008) considera que na nutriccedilatildeo em Cuidados Paliativos eacute importante
respeitar os princiacutepios da bioeacutetica oferecendo-se autonomia ao individuo no que se refere agrave
liberaccedilatildeo suspensatildeo ou natildeo indicaccedilatildeo da alimentaccedilatildeo por via oral (VO) ou alternativa (sonda
ou ostomia) evitando-se muitas vezes o tratamento fuacutetil e consequentemente reduzindo o seu
sofrimento Santos (2002) ressalta que este profissional deve ter consciecircncia de que o consumo
de alimentos eacute capaz de minimizar desconfortos cuidar de distuacuterbios orgacircnicos nutrir e
proporcionar prazer
Diante desse contexto averigua-se quanto este profissional eacute imprescindiacutevel agrave equipe
interdisciplinar de Cuidados Paliativos necessitando ouvir o paciente respeitar seus desejos e
suas necessidades de alimentaccedilatildeo respeitando portanto a sua autonomia
Quanto ao cirurgiatildeo-dentista Wiseman (2000) assinala que cabe a este profissional
assistir pacientes com doenccedilas progressivas ou avanccediladas devido (direta ou indiretamente) ao
comprometimento da cavidade oral pela doenccedila ou ao seu tratamento Nesses casos o foco do
cuidado eacute melhorar sua qualidade de vida
Os sintomas orais mais frequentes em pacientes que estatildeo sob os Cuidados Paliativos
satildeo a dor o sangramento o trismo as feridas abertas as infecccedilotildees oportunistas a disfagia a
xerostomia a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo a anorexia a caquexia e a desfiguraccedilatildeo (SIQUEIRA
et al 2009) As secreccedilotildees em doentes traqueostomizados tambeacutem comprometem a
comunicaccedilatildeo verbal causam disfunccedilatildeo oral e sofrimento (PAUNOVICH et al 2000) Dor
ulceraccedilatildeo sangramento e trismo satildeo os mais importantes sintomas em casos de cacircncer oral
avanccedilado Portanto o tratamento inadequado ou a sua ausecircncia resulta em desconforto e
prejuiacutezos nutricionais comprometendo mais ainda a qualidade de vida desses doentes
Sendo assim o cirurgiatildeo-dentista contribui fornecendo intervenccedilotildees proacuteprias de sua
aacuterea de atuaccedilatildeo profissional aleacutem de cuidados de suporte que assegurem uma boca mais
saudaacutevel livre de infecccedilatildeo e dor
Em relaccedilatildeo aos arteterapeutas e musicoterapeutas Incontri (2011) aponta o cuidado
destes profissionais com a sensibilidade daqueles que estatildeo partindo em orientar estes na
revisatildeo de significados evocar lembranccedilas e firmar sentidos existenciais por meio de um
poema de uma canccedilatildeo de uma pintura de um filme ou de uma peccedila de teatro
Backes et al (2003) afirmam que o uso de muacutesica natildeo eacute apenas um instrumento
importante para o processo de humanizaccedilatildeo do cuidado e uma alternativa criativa e eficaz no
85
aliacutevio da dor mas tambeacutem promove benefiacutecios para a equipe de sauacutede como a prevenccedilatildeo do
estresse a reduccedilatildeo dos niacuteveis da tensatildeo e do desgaste psicoloacutegico maior interaccedilatildeo social e o
maior comprometimento com as atividades profissionais
Dessa forma a muacutesica se insere nesse contexto como uma atividade que pode
proporcionar cuidado conforto emocional e espiritual estiacutemulo agrave memoacuteria afetiva
relaxamento entretenimento e criatividade (OTHERO COSTA 2007) O uso competente e
sensiacutevel da muacutesica pode se tornar um trabalho importante nos Cuidados Paliativos
Halstead e Roscoe (2002) asseveram que a muacutesica pode facilitar de diferentes modos
a despedida Canccedilotildees suaves de ninar podem ser usadas pois transmitem sensaccedilotildees de cuidado
e proteccedilatildeo e podem ajudar a aliviar o medo do abandono durante o processo de passagem
Existem estilos musicais que podem se relacionar com a espiritualidade como o canto
gregoriano e a muacutesica erudita e estimular sentimentos de serenidade em especial no momento
da morte
Os autores supracitados afirmam ainda que a muacutesica pode tambeacutem preencher com
beleza e significado os momentos de silecircncio tatildeo difiacuteceis de serem suportados criando um
ambiente mais confortaacutevel quando se acompanha algueacutem que estaacute morrendo
Sob esse prisma observamos que o emprego da muacutesica nos processos sauacutede-doenccedila-
-cuidado pode promover conforto e qualidade de vida para a pessoa adoecida e ser um recurso
de ajuda na relaccedilatildeo da famiacutelia com a despedida de seu ente querido Pode tambeacutem auxiliar na
manutenccedilatildeo de uma equipe de sauacutede saudaacutevel e integrada
Quanto o assistente social Incontri (2011) esclarece que este trabalhador busca assistir
as necessidades materiais familiares e institucionais dos pacientesusuaacuterios Acrescenta que ele
eacute responsaacutevel por atender agraves questotildees do seguro hospitalar por informar os procedimentos de
documentaccedilatildeo de pedido de ajuda financeira esclarecer os direitos do moribundo e de seus
familiares
Conforme Sodreacute (2005) o assistente social tem um papel determinante para a
concretizaccedilatildeo dessa nova forma de tratar cuidar Torna-se aquele que reforccedila o papel de
facilitador nas relaccedilotildees de um grupo familiar e sob esse novo prisma socializa suas teacutecnicas de
intervenccedilatildeo em acircmbito domiciliar
De acordo com Esteves (2011) a atuaccedilatildeo do assistente social deve estar voltada agraves
questotildees sociais mais abrangentes uma vez que o paciente sob Cuidados Paliativos pode
enfrentar isolamento social (profissional e pessoal) dependecircncias dificuldades econocircmicas e
necessitar de apoio familiar
86
Por meio de entrevistas e visitas domiciliares este profissional investiga e avalia o
contexto social econocircmico psicoloacutegico e espiritual aleacutem de analisar a dinacircmica familiar sua
existecircncia o desempenho e eficaacutecia dos papeacuteis Somam-se a isto a capacidade de incentivo e de
fornecimento de acolhida aspectos cruciais para a assistecircncia
Esteves (2011) assinala que ao assistente social cabe sempre que for possiacutevel facilitar
as manifestaccedilotildees de sentimentos os resgates entre paciente e seus familiares durante o
processo de finitude colaborar para que as relaccedilotildees aconteccedilam com mais transparecircncia
inclusive com os profissionais da equipe de Cuidados Paliativos tendo-se a preocupaccedilatildeo de que
a morte aconteccedila de forma humanizada
Portanto o assistente social como membro da equipe interdisciplinar de Cuidados
Paliativos busca promover as relaccedilotildees sociais e efetivas com o paciente com os familiares
com o cuidador e com os demais profissionais da equipe sendo estas relaccedilotildees
significativamente observadas e valorizadas
Aos cuidadores pastorais ou espirituais cabe cuidar da religiatildeo ou pelo menos da
espiritualidade dos pacientes e familiares Barbosa e Freitas (2009) reforccedilam a ideia de que os
Cuidados Paliativos necessitam abranger as experiecircncias da vida Nela estaacute inserida a
religiosidade que pode inclusive permitir a reconstruccedilatildeo da possibilidade de conviver com a
doenccedila sem que isso signifique um prolongamento de vida inadequado forccedilosamente um
protelar da morte Os autores assinalam que a religiosidade e seus fundamentos ancorados na
religiatildeo ou na espiritualidade podem ajudar as pessoas a melhor lidarem com os limites do seu
controle favorecendo no contexto da finitude uma entrega confiante ao misteacuterio absoluto que
se inicia com a instauraccedilatildeo da proacutepria morte Desse modo eacute inegaacutevel a importacircncia de
cuidados pastorais ou espirituais para a promoccedilatildeo de Cuidados Paliativos para com o paciente
fora de possibilidades de cura
Em relaccedilatildeo aos educadores Incontri (2011) assevera que estes cuidaratildeo de crianccedilas e
adolescentes que estejam sob a assistecircncia de Cuidados Paliativos com o emprego de
atividades pedagoacutegicas luacutedicas propondo biblioterapia jogos Essas atividades permitiratildeo a
construccedilatildeo de um diaacutelogo afetuoso com pacientes e familiares
Os filoacutesofos segundo a referida autora cuidaratildeo da concepccedilatildeo interdisciplinar da
equipe atuando na amarraccedilatildeo epistemioloacutegica e de propoacutesitos do serviccedilo Saliente-se que este
profissional busca interagir com os pacientes no campo das discussotildees e ideias a fim de
apontar sentidos existenciais realizando portanto uma miaecircutica socraacutetica (arte de fazer
chegar agrave verdade e agraves evidecircncias) com os que estatildeo agrave espera da passagem
87
Os psicoacutelogos conforme aborda Castro (2001) tecircm como objetivo essencial o de
oferecer requisitos para a assistecircncia integral ao paciente conduzindo-o a uma qualidade de
vida ajudando-o ainda a encontrar estrateacutegias que possam adotar para manter um estilo de vida
mais equilibrada e saudaacutevel Incontri (2011) acrescenta que cabe a este profissional a
responsabilidade de cuidar da dor psiacutequica tanto dos pacientes quanto de seus familiares
atuando como confidentes de conflitos e ansiedades questionamentos existenciais
manifestaccedilotildees emotivas de revolta descrenccedila ou depressatildeo Jaacute os psiquiatras ainda de acordo
com a referida autora cuidaratildeo da sauacutede mental dos pacientes observando possiacuteveis
manifestaccedilotildees de depressatildeo deliacuterio ou outros distuacuterbios psiacutequicos preexistentes ou receacutem-
adquiridos ao longo do tratamento
Por conseguinte com base nesse entendimento o psicoacutelogo diante da terminalidade
busca promover a qualidade de vida do paciente trabalhando as questotildees do sofrimento
amenizando a ansiedade e a depressatildeo diante da aproximaccedilatildeo da morte procurando tambeacutem
assistir a sua famiacutelia e a equipe interdisciplinar envolvida
Ante o exposto eacute inegaacutevel a importacircncia de uma equipe interdisciplinar em Cuidados
Paliativos Haja vista que a assistecircncia por meio dela propicia um cuidado com o paciente que
envolva todas as suas dimensotildees Portanto a equipe interdisciplinar deve sempre ser formada
com o objetivo de oferecer conforto suporte informaccedilatildeo propiciando a dignidade ao paciente
e sua famiacutelia a partir da assistecircncia pautada nos Cuidados Paliativos
Outro aspecto merecedor de destaque contemplado na categoria ldquoCuidados Paliativos
na Atenccedilatildeo Baacutesica formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildeesrdquo diz respeito ao
posicionamento dos profissionais participantes do estudo para com a viabilidade da
operacionalizaccedilatildeo da referida modalidade de cuidar no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica
Nesse enfoque de acordo com o manual da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (WHO
2007) os Cuidados Paliativos devem ser estruturados em diferenciados niacuteveis de atenccedilatildeo
desde a comunidade ateacute hospitais de referecircncia nacional e regional Aleacutem disso esta
Organizaccedilatildeo estabelece que tais cuidados devem ser disponibilizados em cada um dos niacuteveis de
atenccedilatildeo agrave sauacutede constituindo uma rede de apoio a pacientes sem possibilidades terapecircuticas de
cura e aos seus familiares Para tanto a OMS utiliza uma piracircmide para estabelecer essa
hierarquizaccedilatildeo conforme pode ser observado na figura 3 abaixo
88
Figura 3 ndash Rede de Equipes de Cuidados Paliativos nos Niacuteveis de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede
Fonte World Health Organization 2007
A piracircmide apresentada na figura 3 contempla em sua base a oferta dos Cuidados
Paliativos para com a comunidade os quais podem ser realizados por familiares cuidadores
liacutederes comunitaacuterios e curandeiros (WHO 2007) Conforme foi observado por Silva (2010)
que apresenta a comunidade na base da piracircmide isto significa que a maioria das pessoas que
realizariam os Cuidados Paliativos (bem como a maior parte dos serviccedilos de atenccedilatildeo a esses
pacientes) deveria estar nela inseridos uma vez que na referida base teriacuteamos aquilo que
representa a maioria sendo portanto considerada como o pilar de sustentaccedilatildeo da estrutura da
piracircmide
Depreende-se que os pilares de sustentaccedilatildeo desta piracircmide refletem uma poliacutetica de
Cuidados Paliativos direcionadas para a comunidade uma vez que a assistecircncia assim
planejada poderia ser economicamente mais viaacutevel
O referido manual esclarece que os modelos de Cuidados Paliativos de sauacutede puacuteblica e
de baixo custo podem ser implementados para alcanccedilar a maioria da populaccedilatildeo alvo
particularmente em cenaacuterios com poucos recursos
De acordo com o manual eacute recomendada a implementaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no
acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica Entretanto esta modalidade de cuidar na nossa realidade local
apresenta segundo os profissionais envolvidos no estudo possibilidades e limitaccedilotildees neste
niacutevel de atenccedilatildeo Tal fato pode ser evidenciado nos depoimentos de meacutedicos cirurgiotildees-
-dentistas e enfermeiros da ESF participantes da pesquisa Quanto agraves limitaccedilotildees estes
89
profissionais apontaram algumas necessidades prementes para viabilizar a implementaccedilatildeo dos
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica conforme se observa nos trechos a seguir
Eacute necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas [] (M1)
[] a gestatildeo identificar fontes de financiamento (pelo SUS) para esta implantaccedilatildeo (M4)
Em primeiro lugar vontade do gestor [] (D1)
Revisatildeo nas poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Sensibilizar a sociedade e as autoridades (D4)
[] apoio da gestatildeo (E3)
Os discursos mencionados expressam a preocupaccedilatildeo dos profissionais em fomentar a
criaccedilatildeo de uma poliacutetica nacional para essa modalidade de cuidar Os autores Rajagopal Mazza
e Lipman (2003) dizem que a inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos nos sistemas de sauacutede dos
paiacuteses em desenvolvimento tem sido um grande desafio devido agrave dificuldade dos governos
para priorizaacute-los
Floriani (2011) afirma que o Brasil apresenta uma poliacutetica de cuidados incipiente
tiacutemida e desarticulada com o paciente no fim da vida tendo como grande desafio o de inserir os
Cuidados Paliativos no seu Sistema de Sauacutede
Floriani e Schramm (2007) assinalam que para se fazer frente agrave crescente necessidade
de estruturar o sistema de sauacutede para absorver com qualidade essa modalidade eacute fundamental
que os cuidados no fim da vida sejam pensados e estruturados dentro de um modelo que
priorize tanto do ponto de vista moral como operacional o natildeo abandono e a proteccedilatildeo aos
pacientes acometidos por doenccedilas avanccediladas e terminais
Existem importantes obstaacuteculos para a operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica tanto de ordem operacional quanto de ordem eacutetica e cultural podendo ser
citadas entre eles a existecircncia de poliacuteticas restritas e lentas para liberaccedilatildeo de opioides a falta
de qualificaccedilatildeo em recursos humanos a alocaccedilatildeo de recursos prioritariamente dirigida para
outros setores de Sauacutede e o iacutenfimo investimento no ensino e na pesquisa nesse campo
(WEBSTER LACEY QUINE 2007)
Wright et al (2008) em estudo desenvolvido evidenciaram que o Brasil encontra-se
em um niacutevel meacutedio de desenvolvimento dos Cuidados Paliativos ficando atraacutes da Argentina
Chile e Costa Rica Os autores reconhecem ainda que nesse niacutevel de classificaccedilatildeo identifica-se
a presenccedila de serviccedilos voltados para os Cuidados Paliativos conquanto estes natildeo apresentem
uma rede articulada e integrada natildeo sendo portanto possiacutevel perceber o impacto exercido por
tais cuidados sobre as poliacuteticas de sauacutede
90
De acordo com Santos (2011) existem no paiacutes sessenta e uma unidades inseridas em
instituiccedilotildees hospitalares puacuteblicas e privadas Caponero (2002) chama atenccedilatildeo pelo fato de estas
instituiccedilotildees estarem localizadas principalmente nas capitais A maioria iniciou suas atividades
com accedilotildees para o controle da dor agregando posteriormente os Cuidados Paliativos
A carecircncia desse tipo de atenccedilatildeo segundo Rodrigues (2004) faz com que os pacientes
em Cuidados Paliativos procurem com frequumlecircncia os serviccedilos de emergecircncia lavando muitas
vezes estes a serem abandonados nas instituiccedilotildees de sauacutede com alteraccedilotildees fiacutesicas
psicoloacutegicas sociais e espirituais decorrentes do desconhecimento dos profissionais sobre as
intervenccedilotildees adequadas a esses pacientes para a reduccedilatildeo do sofrimento
A despeito desse difiacutecil cenaacuterio os participantes envolvidos no estudo ressaltam a
falta de preparaccedilatildeo da equipe da ESF para viabilizar a referida praacutetica no acircmbito da Atenccedilatildeo
Baacutesica sendo portanto necessaacuteria a qualificaccedilatildeo desses profissionais mediante capacitaccedilotildees
conforme se lecirc nos trechos a seguir
[] que seja dado um curso de capacitaccedilatildeo para esses profissionais lhe darem com esses
pacientes (M2)
Treinamentos para as equipes do PSF (M3)
Sensibilizaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede para a aceitaccedilatildeo da implantaccedilatildeo [] Falta de
divulgaccedilatildeo para os profissionais da Sauacutede do que eacute cuidados paliativos (M4)
Cursos de capacitaccedilatildeo para ampliar o conhecimento dos profissionais nessa aacuterea (M8)
[] capacitaccedilatildeo com educaccedilatildeo continuada para todos os profissionais da Sauacutede da ESF
(D1)
Capacitaccedilatildeo dos atores envolvidos envolvimento da equipe adequando seus programas
(D2)
Treinamento para os profissionais da ESF de forma que pudessem realmente ser
resolutivos (D3)
[] Conscientizaccedilatildeo dos profissionais em sauacutede (D4)
Treinamentos oficinas para os profissionais da Sauacutede (D6)
Boa condiccedilatildeo de trabalho equipe completa informaccedilotildees necessaacuterias (D9)
[] compromisso dos profissionais humanizaccedilatildeo dos serviccedilos (D10)
Capacitaccedilatildeo da equipe (E1)
Informaccedilatildeo atraveacutes de palestras capacitaccedilotildees conversas de roda de mesa (E2)
91
Capacitar e sensibilizar profissionais (E3)
[] treinamento e capacitaccedilatildeo para a equipe (E4)
Contrataccedilatildeo de profissionais treinamentos espaccedilo para realizaccedilatildeo das atividades
divulgaccedilatildeo do trabalho para comunidade (E7)
Preparar profissionais que pelo menos tentem prevenir o sofrimento que a doenccedila gera
para proporcionar uma melhor qualidade de vida mesmo sendo no fim (E8)
De modo geral os profissionais disseram mediante os seus depoimentos acreditar
como estrateacutegia principal para a viabilizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a
qualificaccedilatildeo da equipe que atua na ESF no que concerne aos cuidados no fim da vida Essa
capacitaccedilatildeo conforme ressalta Floriani (2011) eacute um dos aspectos mais nevraacutelgicos sendo de
fundamental importacircncia a instituiccedilatildeo de programas de educaccedilatildeo continuada O autor ressalta
ainda que tal formaccedilatildeo deveria ser realizada em todo o territoacuterio nacional considerando-se as
distintas realidades socioculturais e de acesso ao Sistema de Sauacutede existentes nas diferenciadas
regiotildees do paiacutes
No tocante agrave viabilidade da praacutetica de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica merece
destaque a pesquisa desenvolvida por Lavor (2006) o qual identificou a necessidade de superar
algumas barreiras para a sua operacionalizaccedilatildeo O estudo observou ainda com base na visatildeo
dos enfermeiros participantes da pesquisa um consenso agrave necessidade de se investir na
capacitaccedilatildeo para que os profissionais adquiram conhecimentos e desenvolvam habilidades e
competecircncias para o manejo de situaccedilotildees que envolvem o paciente e a famiacutelia
O referido estudo ressalta tambeacutem que satildeo inuacutemeras as dificuldades apontadas pelos
profissionais que atuam na ESF para o emprego dessa filosofia de cuidar Entre elas apontam-
se a questatildeo familiar os aspectos bioeacuteticos a comunicaccedilatildeo entre os profissionais os pacientes
e a famiacutelia a organizaccedilatildeo dos serviccedilos (nesta enfatizam-se a falta de recursos e de
medicamentos e a desarticulaccedilatildeo entre os diversos niacuteveis do sistema) Esta uacuteltima eacute a maior
barreira para a operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos
O trabalho desenvolvido por Rodrigues (2009) corrobora os resultados encontrados no
referido estudo Esclarecem que a descoberta dos Cuidados Paliativos para os trabalhadores da
equipe de sauacutede tem gerado desafios para os profissionais envolvidos na assistecircncia em virtude
do despreparo deles para essa nova praacutetica principalmente para o emprego dos Cuidados
Paliativos no cenaacuterio domiciliar no conviacutevio com pacientes e agraves emoccedilotildees advindas do ato de
92
compartilhar o sofrimento dos pacientes e dos seus familiares confrontando-os com o desafio
maior ― o lidar com a morte Estas ponderaccedilotildees podem ser visualizadas nos trechos a seguir
[] Eacute preciso um projeto paralelo de reeducaccedilatildeo (M1)
[] com certeza necessitaria antes de iniciar as atividades um curso de capacitaccedilatildeo
para poder assistir melhor esses pacientes e fazer o melhor para que os mesmos tivessem
uma morte digna ou melhor menos dolorosa para eles e seus familiares (M2)
[] faltam a toda a equipe os subsiacutedios essenciais para o emprego dos cuidados
paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica (M8)
[] me faz necessaacuterio uma sensibilizaccedilatildeo (D1)
[] me falta conhecimento e experiecircncia para lidar com esse tipo de situaccedilatildeo (D3)
Todos os profissionais necessitam passar por uma qualificaccedilatildeo para empregar os
Cuidados Paliativos de forma produtiva ateacute mesmo seguindo um protocolo (D10)
Natildeo estou preparada Necessito de capacitaccedilatildeo (E3)
[] precisaria de capacitaccedilatildeo (E6)
Nesse contexto a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente em Cuidados Paliativos eacute
premente para os profissionais que integram a equipe da ESF como parte de uma estrateacutegia de
difusatildeo nacional desses cuidados cabendo ao Ministeacuterio da Sauacutede o assessoramento teacutecnico
aos municiacutepios para a organizaccedilatildeo de equipes qualificadas no monitoramento e no tratamento
dos pacientes com doenccedilas avanccediladas e terminais e de seu entorno (FLORIANI 2011) Outro
aspecto importante eacute a aquisiccedilatildeo de atitudes e habilidades como a comunicaccedilatildeo fundamentais
para que essa assistecircncia seja eficaz (MELLO CAPONERO 2011)
Kira Montagnini e Barbosa (2008) observam que atualmente no Brasil embora a
discussatildeo e a implantaccedilatildeo dos princiacutepios dos Cuidados Paliativos estejam em franca
progressatildeo ainda eacute necessaacuterio que as instituiccedilotildees de ensino compreendam a importacircncia da
filosofia paliativista e facilitem sua implantaccedilatildeo curricular na aacuterea da Sauacutede ao niacutevel da
graduaccedilatildeo e da poacutes-graduaccedilatildeo
Arauacutejo (2011) assevera que a educaccedilatildeo em Cuidados Paliativos difere da educaccedilatildeo em
outras disciplinas da aacuterea da Sauacutede por trecircs razotildees distintas poreacutem interligadas
Primeiro porque se lida com pessoas que estatildeo morrendo e com seus familiares em
momentos de incertezas e complexidades
93
Segundo porque haacute maior implicaccedilatildeo emocional no cuidado destes pacientes uma vez
que por meio da abordagem multidimensional identifica-se o sofrimento em suas diferentes
esferas revelando-se sentimentos com que o profissional teraacute que lidar tanto no paciente
quanto em si proacuteprio
Terceiro porque para que o cuidado paliativo seja efetivo ou seja para que as
necessidades multidimensionais do paciente e seus familiares sejam supridos eacute imprescindiacutevel
o trabalho interdisciplinar
Assim conforme apontam Wee e Hughes (2007) a educaccedilatildeo neste tema precisa ir ao
encontro das necessidades de grupos profissionais heterogecircneos no tocante agraves abordagens
disciplinares
Floriani (2011) pondera que aleacutem dessa qualificaccedilatildeo da equipe deve haver tambeacutem
como parte dessa estrateacutegia de capacitaccedilatildeo uma mudanccedila na visatildeo acadecircmica com a urgente
necessidade de ser implantada a disciplina Cuidados Paliativos na grade curricular dos cursos
da aacuterea da Sauacutede Caso contraacuterio as distorccedilotildees envolvidas acerca desta modalidade de cuidar
natildeo seratildeo corrigidas perpetuando-se terapecircuticas fuacuteteis e situaccedilotildees de abandono
Na percepccedilatildeo de Arauacutejo (2011) a filosofia dos Cuidados Paliativos deve ser ensinada
durante a graduaccedilatildeo poreacutem o que se tem observado eacute que a academia destina-se a ensinar a
fisiopatologia das doenccedilas e farmacoloacutegicas para seu tratamento pouco preparando o
profissional para lidar com o paciente quando esta doenccedila natildeo tem mais possibilidade de cura
Observa-se ainda que pouco se destaca nesse processo de formaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede
seu preparo para comunicar notiacutecias ruins estar ao lado de algueacutem que sofre oferecer apoio
emocional e espiritual em situaccedilotildees complexas refletir junto com o doente na suas duacutevidas e
questotildees existenciais
Como a formaccedilatildeo baacutesica dos profissionais que atualmente lidam com pacientes que
vivenciam o processo de morrer natildeo lhes foi suficiente para desenvolver habilidades para lidar
com estas e outras situaccedilotildees inerentes agrave terminalidade de seus pacientes eacute preciso o
investimento na educaccedilatildeo continuada destes profissionais no tange aos Cuidados Paliativos
Dessa forma Floriani e Schramm (2004) consideram que a Atenccedilatildeo Baacutesica emerge
como uma importante estrateacutegia para o emprego dessa modalidade de cuidar podendo atuar
para evitar a ruptura de tratamento configurando-se como indispensaacutevel elo de continuidade do
tratamento especialmente para os pacientes que vivem longe de centros urbanos e que devem
retornar para suas casas
Diante dessa realidade observa-se que o Sistema de Sauacutede brasileiro tem a importante
tarefa de equilibrar dentro de um cenaacuterio de restriccedilatildeo de recursos de modo pragmaacutetico como
94
conveacutem ao gestor puacuteblico e ao privado o sentido do que eacute real com o sentido da possibilidade
em busca de um modelo sustentaacutevel de cuidados no fim da vida do ponto de vista operacional
e organizado de modo que possa ser acessiacutevel nos mais diferentes contextos nacionais e
eticamente comprometido com a proteccedilatildeo aos atores vulnerados (FLORIANI 2011)
Portanto analisando essas caracteriacutesticas agrave luz do referencial teoacuterico e dos discursos
provenientes de meacutedicos enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas da ESF podemos assinalar que na
visatildeo desses profissionais eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo
Baacutesica contanto que sejam superadas algumas barreiras tais como a criaccedilatildeo de uma poliacutetica
nacional para essa modalidade de cuidar e a preparaccedilatildeo dos profissionais que integram a equipe
da ESF
95
Reflexotildees Finais
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
96
O estudo nos permitiu assinalar a partir dos discursos dos profissionais participantes
da investigaccedilatildeo a valoraccedilatildeo dos Cuidados Paliativos como uma modalidade de cuidar que visa
agrave minimizaccedilatildeo do sofrimento do paciente sem possibilidade terapecircutica de cura e agrave de seus
familiares mediante uma assistecircncia pautada na humanizaccedilatildeo
Eacute oportuno destacar que a praacutetica dos Cuidados Paliativos busca oferecer uma resposta
ativa aos problemas necessidades e sofrimento dos pacientes acometidos por uma patologia
crocircnica e incuraacutevel podendo dessa forma desempenhar um papel relevante nos cuidados no
fim da vida especialmente em aacutereas onde natildeo existem centros de referecircncia em Cuidados
Paliativos
Implementar esta modalidade de cuidar permeada pelos pressupostos da humanizaccedilatildeo
favorece aos profissionais da ESF o estabelecimento de uma assistecircncia integral e holiacutestica
(contemplando as necessidades emocionais espirituais sociais e bioloacutegicas) direcionada ao
paciente portador de doenccedila crocircnica natildeo responsiva agrave terapecircutica de cura Aleacutem disso contribui
para o desenvolvimento de estrateacutegias uacuteteis e adequadas a fim de se atender agraves necessidades do
referido paciente
No tocante agrave praacutetica dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica foi possiacutevel eleger
duas categorias a partir do material discursivo oriundo das entrevistas dos participantes do
estudo Cuidados Paliativos ndash aspectos conceituais e modalidades terapecircuticas (esta categoria
apresentou duas subcategorias Cuidados Paliativos ndash promoccedilatildeo de qualidade de vida para
pacientes sem possibilidades de cura modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos)
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica ndash formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees As
categoriais apresentam a essecircncia do entendimento dos profissionais da ESF envolvidos no
estudo sobre os Cuidados Paliativos sobretudo no referido contexto
Quanto agrave compreensatildeo dos profissionais da ESF acerca dos Cuidados Paliativos foi
enfatizado que esta modalidade eacute considerada como cuidados de conforto para o paciente
cuidado biopsiacutequicoespiritual e cuidado interdisciplinar
Os meacutedicos os enfermeiros e os cirurgiotildees-dentistas da ESF participantes do estudo
advertiram de modo enfaacutetico que os Cuidados Paliativos devem estar voltados para pacientes
acometidos por doenccedilas incuraacuteveis e pacientes em fase de terminalidade mediante uma
assistecircncia humanizada com a finalidade de promover qualidade de vida minimizaccedilatildeo do
sofrimento e boa morte
Outra questatildeo que merece destaque refere-se agrave importacircncia dada por alguns dos
participantes do estudo agrave presenccedila dos familiares elementos colaboradores no cuidar do
paciente Esta eacute compreendida como fonte de apoio e estiacutemulo para o doente no enfrentamento
97
do processo da enfermidade e da terminalidade Dessa forma os Cuidados Paliativos devem ser
estendidos tambeacutem agrave famiacutelia uma vez que esta sofre juntamente com o paciente que se
encontra em processo de terminalidade
Quanto agraves modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos os referidos profissionais
valorizaram natildeo soacute os aspectos bioloacutegicos do paciente mas tambeacutem outras dimensotildees que
compotildeem a totalidade do ser humano e que surgem intensamente diante de um sofrimento e do
processo da terminalidade ndash as dimensotildees psicoloacutegicas sociais e espirituais Por conseguinte
os referidos profissionais destacaram as seguintes modalidades farmacologia fisioterapia
nutriccedilatildeo (que corresponderam agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica) comunicaccedilatildeoescuta qualificada
psicologia e espiritualidade (que retrataram a intervenccedilatildeo psicoterapecircutica)
Eacute oportuno destacar que alguns dos participantes do estudo apresentaram certo
despreparo para esta nova modalidade de cuidar revelando conceitos incompatiacuteveis com a
literatura pertinente aos Cuidados Paliativos Foi possiacutevel entrever que estes profissionais
restringem tais cuidados a cuidados humanitaacuterios natildeo identificando a relaccedilatildeo de tal modalidade
com temas como a morte e suas implicaccedilotildees espirituais ou existenciais Este fato pode estar
atrelado agrave formaccedilatildeo profissional deles uma vez que no Brasil a visibilidade dessa modalidade
de cuidar iniciou-se na deacutecada de 2000 e a maioria destes estaacute formada haacute mais de dez anos
natildeo tendo em seus curriacuteculos a contemplaccedilatildeo da temaacutetica em destaque
Em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da equipe de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica os
participantes envolvidos no estudo disseram reconhecer que a equipe da ESF deve conter um
quantitativo maior de profissionais o qual possa extrapolar o que estaacute determinado atualmente
pelo Ministeacuterio da Sauacutede Ressalte-se que alguns deles destacaram a importacircncia da atuaccedilatildeo de
uma equipe interdisciplinar composta de profissionais que possuem diferenciadas competecircncias
e que atuam de forma interdependente para o atendimento das necessidades bioloacutegicas
psicoloacutegicas sociais e espirituais do paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura e de sua
famiacutelia
Outro aspecto merecedor de destaque diz respeito ao posicionamento dos profissionais
inseridos no estudo quanto agrave viabilidade da operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica Para eles esta modalidade de cuidar na nossa realidade local apresenta
possibilidades e limitaccedilotildees
No que diz respeito agraves possibilidades os discursos provenientes dos meacutedicos
enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas expressaram a necessidade em fomentar a criaccedilatildeo de uma
poliacutetica nacional que contemple os Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
98
Do mesmo modo manifestaram acreditar que a falta de qualificaccedilatildeo dos profissionais
inseridos na ESF consiste na principal limitaccedilatildeo para a implementaccedilatildeo dessa modalidade de
cuidar na Atenccedilatildeo Baacutesica Portanto a qualificaccedilatildeo desta equipe eacute apontada pelos profissionais
como a estrateacutegia mais importante para a viabilizaccedilatildeo desta praacutetica na atenccedilatildeo primaacuteria
Explicitaram a necessidade de qualificaccedilatildeo para um melhor exerciacutecio profissional no campo de
Cuidados Paliativos sobretudo em situaccedilotildees de terminalidade
Assim sendo urge a instituiccedilatildeo da educaccedilatildeo permanente em Cuidados Paliativos para
os profissionais que fazem parte da Atenccedilatildeo Baacutesica a fim de que promovam uma assistecircncia
holiacutestica e integral ao paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura Aleacutem disso eacute de suma
relevacircncia que as instituiccedilotildees de ensino da aacuterea da Sauacutede compreendam a importacircncia da
filosofia dessa modalidade de cuidar e contemplem esta temaacutetica em seus curriacuteculos
Consideramos que este estudo abre novos horizontes no campo da investigaccedilatildeo
cientiacutefica na assistecircncia e no ensino acerca dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Haja
vista o quacircntico reduzido de estudos direcionados agrave respectiva temaacutetica no acircmbito da literatura
nacional Ressaltamos a necessidade de novas pesquisas com a finalidade de se ampliarem as
discussotildees sobre essa temaacutetica e conseguintemente se favorecer a inserccedilatildeo desse conteuacutedo nos
curriacuteculos dos profissionais da Sauacutede bem como se estimular a capacitaccedilatildeo destes cuidados
diferenciados nas redes assistenciais de sauacutede particularmente na ESF a fim de se amenizar o
sofrimento de usuaacuterios sem possibilidades terapecircuticas e familiares envolvidos com o cuidado
com seu ente querido
Esperamos portanto que esta pesquisa possa subsidiar novas investigaccedilotildees que
contemplem a inter-relaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos com a Atenccedilatildeo Baacutesica visto que se trata
de uma praacutetica inovadora no referido campo a qual necessita de uma maior disseminaccedilatildeo junto
a gestores profissionais da Sauacutede em particular os da ESF estudantes e pesquisadores da aacuterea
99
Referecircncias
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
100
ABRAHAtildeO-CURVO P Avaliaccedilatildeo da atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede destacando satisfaccedilatildeo e
insatisfaccedilatildeo na perspectiva dos usuaacuterios com ecircnfase na integralidade da atenccedilatildeo 2010
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo PretoUSP Satildeo Paulo 2010
ABREU L O et al Trabalho de equipe em enfermagem revisatildeo sistemaacutetica da literatura
Rev Bras Enferm v 58 n 2 p 203-7 2005
ABU-SAAD H H COURTENS A Developments in Palliative Care In ABUD-SAAD H
H Evidence-based palliative care across the life span Oxford Blackwel Science 2001
Cap3 p5-13
ARAUacuteJO M M T de Quando uma palavra de carinho conforta mais que um
medicamento necessidades e expectativas de pacientes sob cuidados paliativos 2006
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola de Enfermagem da Universidade de Satildeo Paulo 2006
ARAUacuteJO M M T de Comunicaccedilatildeo em cuidados paliativos proposta educacional para
profissionais de sauacutede 2011 Tese (Doutorado) ndash Escola de Enfermagem da Universidade de
Satildeo Paulo 2011
ARAUacuteJO M M T de SILVA M J P da A comunicaccedilatildeo com o paciente em cuidados
paliativos valorizando a alegria e o otimismo Rev Esc Enferm v 40 n 4 p 668-674 2007
AROUCA S Democracia e sauacutede Anais da VIII Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia
1987 P 17-21
BACKES D S et al Muacutesica terapia complementar no processo de humanizaccedilatildeo de um CTI
Nursing v 66 n 6 p 35-42 2003
BARBOSA K de A FREITAS M H de Religiosidade e atitude diante da morte em idosos
sob cuidados paliativos Revista Kairoacutes Satildeo Paulo v 12 n 1 p 113-34 jan 2009
BARDIN L Anaacutelise de conteuacutedo Lisboa Ediccedilotildees 70 2008
BIELEMANN V L M A famiacutelia cuidando do ser humano com cacircncer e sentindo a
experiecircncia Rev Bras Enferm v 56 n 2 p 133-7 2003
BILLINGS J A A BLOCH S Palliative care in undergraduate medical education JAMA
v 278 n9 p 733-738 1997
101
BONASSA E C CAMPOS C V A Sauacutede mais perto os programas e as formas de
financiamento para os municiacutepios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001
BONFAacute L VINAGRE R C de O FIGUEIREDO N V de Uso de canabinoacuteides na dor
crocircnica e em cuidados paliativos Rev Bras Anestesiol v 58 n 3 p 267-279 2008
BOULAY S Changing the face of death the story of Cicely Saunders 4 ed Norfolk
RMEP 1996
BRASIL Portaria ndeg 1886GMMS Aprova as Normas de Diretrizes do Programa de
Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede e do Programa de Sauacutede da Famiacutelia Brasiacutelia DF Dez 1997
______ Portaria nordm 2413 GMMS Cria atendimento a pacientes sob cuidados prolongados
Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1998a
______ Portaria nordm 3535 GMMS Estabelece criteacuterios para Centros de Alta Complexidade
em Oncologia ndash CACON Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1998b
______ Portaria ndeg 157GMMS Estabelece os criteacuterios de distribuiccedilatildeo e requisitos para a
qualificaccedilatildeo dos Municiacutepios aos incentivos ao Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede e
ao Programa de Sauacutede da Famiacutelia Brasiacutelia DF Mar 1998c
______ Ministeacuterio da Sauacutede Portaria n 881 Brasiacutelia DF Jun 2001
______ Portaria nordm 19 GMMS Cria o Programa Nacional de Assistecircncia agrave Dor e Cuidados
Paliativos Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Programa de sauacutede da famiacutelia Brasiacutelia DF 2000a
______ Ministeacuterio da Sauacutede Atenccedilatildeo Baacutesica Programa de Sauacutede da Famiacutelia Treinamento
Introdutoacuterio Caderno 2 Brasiacutelia 2000b
______ Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Programa de Sauacutede da famiacutelia
Rev Sauacuted Puacutebl v 34 n 3 p 316-9 2000c
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave sauacutede Coordenaccedilatildeo de sauacutede da
comunidade Sauacutede da famiacutelia uma estrateacutegia para reorientaccedilatildeo do modelos assistencial
Brasiacutelia DF 2005a
102
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica
Coordenaccedilatildeo de Acompanhamento e Avaliaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo para melhoria da qualidade da
estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Documento Teacutecnico Brasiacutelia DF 2005b
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Gestatildeo Participativa Sauacutede da famiacutelia panorama
avaliaccedilatildeo e desafios Brasiacutelia DF 2005c
______ Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada - RDC
nordm11 de 26 de janeiro de 2006 Dispotildee sobre o regulamento teacutecnico de funcionamento de
serviccedilos que prestam atenccedilatildeo domiciliar Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 30 jan 2006
______ Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Comissatildeo Nacional de Eacutetica em
Pesquisa Manual operacional para comitecircs de eacutetica em pesquisa 4 ed Brasiacutelia DF 2007
Seacuterie A Normas e manuais teacutecnicos
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave
Sauacutede Diretrizes e recomendaccedilotildees para o cuidado integral de doenccedilas crocircnicas natildeo-
transmissiacuteveis Brasiacutelia DF 2009
BYOCK I Where do we go from here A palliative care perspective Crit Care Med v 34
p 416-20 2006
CAPONERO R Muito aleacutem da cura de uma doenccedila profissionais lutam para humanizar o
sofrimento humano Praacutetica Hospitalar Satildeo Paulo n 21 p 29-34 maijun 2002
CASTRO D A Psicologia e eacutetica em cuidados paliativos Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo v
21 p 44-51 2001
CEZARIO E P O fisioterapeuta diante dos cuidados paliativos e da morte In SANTOS F S
(Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo
Atheneu 2011 Cap 33 p 307-14
CLARK D CENTENO C Palliative care in Europe an emerging approach to comparative
analysis Clin Med v6 n 2 p 197-201 2006
CONGRESSO INTERNACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS Educar para paliar Satildeo
Paulo Siacuterio Libanecircs Instituto de Ensino e Pesquisa 2010
103
COSTA E M A CARBONE M H Sauacutede da famiacutelia uma abordagem interdisciplinar Rio
de Janeiro Rubio 2004
COSTA S F G VALLE E R M Ser eacutetico na pesquisa em enfermagem Joatildeo Pessoa
Ideacuteia 2000
COSTA FILHO R C et al Como implementar cuidados paliativos de qualidade na unidade
de terapia intensiva Rev Bras Ter Intensiva Satildeo Paulo v 20 n 1 janmar 2008
DUNLOP R J HOCKLEY J M Hospital-based palliative care teams 2 ed Oxford
Oxford University 1998
ELIAS A C A et al Programa de treinamento sobre a intervenccedilatildeo terapecircutica (RIME) para
re-significar a dor espiritual de pacientes terminais Rev Psiquiatr Cliacuten Satildeo Paulo v 34
supl 1 p 60-72 2007
ESTEVES M M Cuidar ndash paciente famiacutelia e equipe multiprofissional sob a visatildeo do
assistente social atuante em cuidados paliativos In SANTOS F S (Org) Cuidados
paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 31
p 285-86
FERRER P M N LABRADA B R P LOacutePEZ N P Buenas praacutecticas de enfermeriacutea en
pacientes tributarios de cuidados paliativos en la atencioacuten primaria de salud Revista Cubana
de Enfermeriacutea v 25 n 1-2 p 1-17 2009
FERREIRA N M L A CHICO E HAYHASHI V D Buscando compreender a
experiecircncia do doente com cacircncer Rev Ciecircn Meacuted (Campinas) v 14 n 3 p 239-48 2005
FERREIRA N M L A SOUZA C L B de STUCHI Z Cuidados paliativos e famiacutelia
Rev Ciecircnc Meacuted Campinas v 17 n 1 p 33-42 janfev 2008
FIGUEIREDO M C A Educaccedilatildeo em cuidados paliativos uma experiecircncia brasileira Mundo
Sauacutede v 27 n 1 p 165-70 2003
FIGUEIREDO M T A Reflexotildees sobre os cuidados paliativos no Brasil Rev Praacutetica
Hospitalar v 47 p 36-40 setout 2006
104
FLORIANI C A Cuidados paliativos no Brasil desafios para sua inserccedilatildeo no sistema de
sauacutede In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos
sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 12 p 101-06
FLORIANI C A SCHRAMM F R Atendimento domiciliar ao idoso problema ou
soluccedilatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 20 n4 p 986-994 julago 2004
FLORIANI C A SCHRAMM F R Desafios morais e operacionais da inclusatildeo dos cuidados
paliativos na rede de atenccedilatildeo baacutesica Cad Sauacutede Puacuteblica v 23 n 9 p 2072-2080 set 2007
FRANCcedilA J R F S Cuidados paliativos relaccedilatildeo dialoacutegica entre enfermeiros e crianccedilas com
cacircncer 2011 172f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Centro de Ciecircncias da Sauacutede Universidade
Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 6 ed Satildeo Paulo Atlas 2010
GIL C R R Formaccedilatildeo de recursos humanos em sauacutede da famiacutelia paradoxos e perspectivas
Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 21 n2 p490-498 marabr 2005
GIROND J B R WATERKEMPER R Sedaccedilatildeo eutanaacutesia e o processo de morrer do
paciente com cacircncer em cuidados paliativos compreendendo conceitos e inter-relaccedilotildees
Cogitare enferm v 11 n 3 p 258-263 set-dez 2006
GUERRA M A T Assistecircncia ao paciente em fase terminal alternativas para o doente com
AIDS 2001 155p Tese (Doutorado) ndash Faculdade de Sauacutede Puacuteblica Universidade de Satildeo
Paulo Satildeo Paulo 2001
GUTIERREZ D M D MINAYO M C S Produccedilatildeo do conhecimento sobre cuidados da
sauacutede no acircmbito da famiacutelia Ciecircncia e Sauacutede Coletiva v 15 n 1 p 1497-1508 2010
HALSTEAD MT ROSCOE ST Restoring the spirit at the end of life music as an
intervention for oncology nurses Clin J Oncol Nurs v6 n6 p333-6 2002
HERSCHBACK P et al Psychological distress in cancer patients assessed with na expert
rating scale Br J Cancer v 99 n 1 p 37-43 2008
HIGUERA J C B La escucha activa em cuidados paliativos Revista de Estudios Meacutedico
Humaniacutesticos v 11 n 11 p 119-136 2005
105
IBANtildeEZ N et al Avaliaccedilatildeo do desempenho da atenccedilatildeo baacutesica no estado de Satildeo Paulo
Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 11 n 3 p 683-703 2006
INCONTRI D Equipes interdisciplinares em cuidados paliativos ndash religando o saber e o sentir
In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos
sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 17 p 141-48
INABA L C SILVA M J P A importacircncia e as dificuldades da comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-
verbal no cuidado dos deficientes fiacutesicos Nursing v 5 n 51 p 20-4 2002
JOAtildeO PESSOA Secretaria Municipal de Sauacutede Plano Municipal de Sauacutede ndash 2010 - 2013
Joatildeo Pessoa 2010
______ Relatoacuterio de gestatildeo 2005-2008 Joatildeo Pessoa 2008
KIRA C M MONTAGNINI M BARBOSA S M M Educaccedilatildeo em cuidados paliativos
In OLIVEIRA R A Cuidado paliativo Satildeo Paulo Conselho Regional de Medicina do estado
de Satildeo Paulo 2008 p 595-609
KOENIG H G McCULLOUGH M E LARSON D B A history of religion science and
medicine In HANDBOOK of religion and health New York Oxford University Press 2001
KOVAacuteCS M J et al Implantaccedilatildeo de um service de plantatildeo psicoloacutegico numa unidade de
cuidados paliativos Bol Psicol v 51 n 114 p 1-22 jan-jun 2001
KOVAacuteCS M J Comunicaccedilatildeo nos programas de cuidados paliativos uma abordagem
multidisciplinar In PESSINI L BERTACHINI L Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos
Satildeo Paulo Loyola p 275-89 2004
KUumlBLER-ROSS E Sobre a morte e o morrer Satildeo Paulo Martins Fontes 2002
LAVOR M F da S Cuidados paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica visatildeo dos enfermeiros do
Programa Sauacutede da Famiacutelia 180 f 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Enfermagem) ndash
Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Rio de Janeiro
2006
LITLEJOHN S W Fundamentos teoacutericos da comunicaccedilatildeo humana Rio de janeiro
Guanabara 1988
106
LOPES M J M SILVA J L A Estrateacutegias metodoloacutegicas de educaccedilatildeo e assistecircncia na
atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Revista Latino Amer Enfermagem v 12 n 4 jul ndash ago 2004
LUSTOSA M A A famiacutelia do paciente internado Rev SBPH v 10 p 4-8 2007
MACCOUGHLAN M A necessidade de cuidados paliativos In PESSINI L BERTACHINI
(Orgs) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos 3ed Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 Cap 11
p 167- 180
MACCOUGHLAN M A Necessidade de cuidados paliativos Mundo Sauacutede v 27 n 1 p
6-14 2003
MACHADO M de F A S et al Integralidade formaccedilatildeo de sauacutede educaccedilatildeo em sauacutede e as
propostas do SUS - uma revisatildeo conceitual Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva v 12 n 2 p 335-342
2007
MACMILIAN K EMERY B KASHUBA L Organization and support of the
interdisciplinary team In BRUERA E et al Textbook of palliative medicine London
Edward Arnold 2006
MALUF M F M MOLI L J BARROS A C S D O impacto psicoloacutegico do cacircncer de
mama Rev Bras Cancer v 51 n 2 p 149-54 2005
MARCUCCI F C I O papel da fisioterapia nos cuidados paliativos a pacientes com cacircncer
Rev Bras Cancer v 51 n 1 p 67-77 2005
MELO A G C Os cuidados paliativos no Brasil In PESSINI L BERTACHINI L
Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos Satildeo Paulo Loyola 2004 p 291-9
MELLO A G C de CAPONEROV R Cuidados paliativos abordagem contiacutenua e integral
In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos discutindo a vida a morte e o morrer Satildeo
Paulo Atheneu 2009 Cap18 p 257-266
MELLO A G C de CAPONERO R O futuro em cuidados paliativos In SANTOS F S
(Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo
Atheneu 2011 Cap 2 p 17-24
107
MELO A G C FIGUEIREDO M T A Cuidados paliativos conceitos baacutesicos histoacuterico e
realizaccedilotildees da Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos e da Associaccedilatildeo Internacional de
Hospice e Cuidados Paliativos In PIMENTA C A M MOTA D D C F CRUZ D A L
M Dor e cuidados paliativos enfermagem medicina e psicologia Barueri SP Manole 2006
p 16-28
MENDES E V O dilema fragmentaccedilatildeo ou integraccedilatildeo dos sistemas de sauacutede por sistemas
integrados de serviccedilos de sauacutede In MENDES E V Os grandes dilemas do SUS Fortaleza
Escola de Sauacutede Puacuteblica do Cearaacute 2001 p 91-139
MINAYO M C de S O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 12 ed Rio
de Janeiro HUCITECABRASCO 2010
MOREIRA D A O meacutetodo fenomenoloacutegico na pesquisa Satildeo Paulo Pioneira 2004
O`CONNOR M FISHER C GUILFOYLE A Interdisciplinary teams inpalliative care a
critical reflection Int J Pall Nurs v 12 n 3 p 132-7 2006
OLIVEIRA A C SAacute L SILVA M J P O posicionamento do enfermeiro frente a
autonomia do paciente terminal Rev Bras Enferm v 60 n 3 p 286-90 maio-jun 2007
ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DA SAUacuteDE Alma Ata 1978 ndash cuidados primaacuterios de sauacutede
Relatoacuterio da conferecircncia internacional sobre cuidados primaacuterios de sauacutede OMSUNICEF
Brasil 1979
ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Cuidados inovadores para condiccedilotildees crocircnicas
componentes estruturais de accedilatildeo uma estrateacutegia em Serviccedilos de Sauacutede para todo o Brasil
Brasiacutelia Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede 2003
OTHERO M B COSTA D G Propostas desenvolvidas em Cuidados Paliativos em um
hospital amparador - Terapia Ocupacional e Psicologia Rev Praacutetica Hospitalar v 9 n 52 p
157-60 2007
PAUNOVICH E D et al The role of dentistry in palliative care of the head and neck cancer
patient Tex Dent J v 117 n 6 p 36-45 2000
PEDUZZI M A A inserccedilatildeo do enfermeiro na equipe de sauacutede da famiacutelia na perspectiva da
promoccedilatildeo da sauacutede In Anais do 1ordm Seminaacuterio Estadual o enfermeiro no programa de sauacutede
da famiacutelia de Satildeo Paulo 9-11 nov 2000 Satildeo Paulo Secretaria do estado de Sauacutede p 1-11
108
PEDUZZI M OLIVEIRA M A C Trabalho em equipe multiprofissional In MARTINS
M A et al Cliacutenica Meacutedica v1 Barueri Manole 2009 p 171-8
PERES M F P et al A importacircncia da integraccedilatildeo da espiritualidade e da religiosidade no
manejo da dor e dos cuidados paliativos Rev Psiquiatr Cliacuten Satildeo Paulo v 34 2007
PESSINI L Viver com dignidade a proacutepria morte reexame da contribuiccedilatildeo da eacutetica
teoloacutegica no atual debate sobre a distanaacutesia 2001 Tese (Doutorado) ndash Centro Universitaacuterio
Assunccedilatildeo Pontifiacutecia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunccedilatildeo Satildeo Paulo 2001
PESSINI L Humanizaccedilatildeo da dor e do sofrimento humanos na aacuterea da sauacutede In PESSINI L
BERTACHINI L (Orgs) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos 3 ed Satildeo Paulo Loyola
2006 cap1 p 11-29
PESSINI L BERTACHINI L Novas perspectivas em cuidados paliativos eacutetica geriatria
gerontologia comunicaccedilatildeo e espiritualidade O Mundo da Sauacutede Satildeo Paulo v 29 n 4
outdez 2005
PIMENTA C G C de MOTA D T A F Educaccedilatildeo em cuidados paliativos In PIMENTA
C G C de MOTA D D C de F M CRUZ D DE A L M da C (Orgs) Dor e
cuidados paliativos enfermagem medicina e psicologia BarueriManoly 2006 Cap3 p 29-
44
POLASTRINI R T V YAMASHITA C C KURASHIMA A Y Enfermagem e o cuidado
paliativo In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 30 p 277-83
POLIT F P BECK C T HUNGLER B P Fundamentos da pesquisa em enfermagem
meacutetodos avaliaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo 5 ed Porto Alegre Artmed 2004
RAJAGOPAL M R MAZZA D LIPMAN A G Pain and palliative care in the
developing world and marginalized population a global challenge Binghamton The
Haworth Medical Press 2003
REIS JUacuteNIOR L C REIS P E A M Cuidados paliativos no paciente idoso o papel do
fisioterapeuta no contexto multidisciplinar Fisioterapia em Movimento Curitiba v 20 n 2
p 127-35 abrjun 2007
109
RODRIGUES I G Cuidados paliativos anaacutelise de conceito 2004 200f Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo Ribeiratildeo
Preto 2004
RODRIGUES I G Os significados do trabalho em equipe de cuidados paliativos
oncoloacutegicos domiciliar um estudo etnograacutefico 2009 Tese (Doutorado) Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2009
RODRIGUES I G ZAGO M M F Enfermagem em cuidados paliativos Mundo Sauacutede v
27 n 1 p 89-92 2003
RODRIGUES I G ZAGO M M F CALIRI M H Uma anaacutelise do conceito de cuidados
paliativos no Brasil artigo de revisatildeo Mundo da Sauacutede v 29 n 2 p 147-154 Satildeo Paulo
2005
SALES C A MOLINA M A S O significado do cacircncer no cotidiano de mulheres em
tratamento quimioteraacutepico Rev Bras Enferm v 57 n 6 p 720-3 2004
SALES C A et al Cuidado paliativo a arte de estar-com-o-outro de uma forma autecircntica
Rev Enferm UERJ v 16 n 2 p 174-179 2008
SALTZ E JUVER J Cuidados paliativos em oncologia Satildeo Paulo Editora Senac 2008
SANTANA A D A Cuidados paliativos ao doente oncoloacutegico terminal em domiciacutelio
representaccedilotildees sociais da famiacutelia 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash escola de Enfermagem
Universidade Federal da Bahia Salvador 2000
SANTOS H S dos Terapecircutica nutricional para constipaccedilatildeo intestinal em pacientes
oncoloacutegicos com doenccedila avanccedilada em uso de opiaacuteceos revisatildeo Rev Bras Cancer v 48 n
2 p 263-269 2002
SANTOS D et al Sedacioacuten paliativa experiencia en una unidad de cuidados paliativos de
Montevideo Rev Med Urug v 25 n 2 p 78-83 2009
SANTOS M J O cuidado agrave famiacutelia do idoso com cacircncer em cuidados paliativos
perspectiva da equipe de enfermagem e dos usuaacuterios 2009 Dissertaccedilatildeo (mestrado)
Florianoacutepolis Universidade Federal de Santa Catarina 2009
SANTOS F S O desenvolvimento histoacuterico dos cuidados paliativos e a filosofia hospice In
SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas
Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 1 p 3-15
110
SANTOS C E dos MATTOS L F C Os cuidados paliativos e a medicina de famiacutelia e
comunidade In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 2 p 17-24
SAUNDERS C Preface In DAVIES E HIGGINSON I J (Ed) The solid facts palliative
care Copenhagen WHO Regional Office for Europe 2004
SCHLIEMANN A L Cuidados paliativos e psicologia a construccedilatildeo de um espaccedilo de
trabalho In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 34 p 315-21
SCHERER M D dos A MARINO S R A RAMOS F R S Rupturas e soluccedilotildees no
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede reflexotildees sobre a estrateacutegia sauacutede da famiacutelia com base nas
categorias kuhnianas Interface ndash comunicaccedilatildeo Sauacutede Educaccedilatildeo Botucatu v9 n16 p 53-
66 set2004fev 2005
SILVA D A da et al Atuaccedilatildeo do nutricionista na melhora da qualidade de vida de idosos
com cacircncer em cuidados paliativos O Mundo da Sauacutede v 33 n 3 p 358-364 2009
SILVA K S da Em defesa da sociedade a invenccedilatildeo dos cuidados paliativos 2010
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2010
SILVA M J P Comunicaccedilatildeo com pacientes fora de possibilidades terapecircuticas reflexotildees
Mundo Sauacutede v 27 n 1 p 64-70 2003
SILVA M J P Comunicaccedilatildeo tem remeacutedio a comunicaccedilatildeo nas relaccedilotildees interpessoais em
sauacutede Satildeo Paulo Loyola 2008
SIMINO G P R Acompanhamento de usuaacuterios com cacircncer e seus cuidadores por
trabalhadores de equipes de sauacutede da famiacutelia possibilidades e desafios 2009 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo PretoUSP Satildeo Paulo 2009
SIQUEIRA E S A eacutetica e os pacientes terminais Arq Cons Med Do Pr Curitiba v 18 n
70 p 109-11 2000
SIQUEIRA J T T de et al Dor em pacientes com cacircncer de boca do diagnoacutestico aos
cuidados paliativos Rev Dor v 10 n 2 p 150-157 2009
111
SOCHACKI M et al A dor de natildeo mais alimentar Rev Bras Nutr Clin v 23 n 1 p 78-
80 2008
SODREacute F Alta Social a atuaccedilatildeo do assistente social em cuidados paliativos Serviccedilo Social
amp Sociedade nordm82 Satildeo Paulo Cortez 2005
SOUSA A T O de et al Cuidados paliativos com pacientes terminais um enfoque na
Bioeacutetica Rev Cubana Enfermer Ciudad de la Habana v 26 n 3 dic 2010
SPECK P Teamwork in palliative care Oxford Oxforde University Press 2009
STARFIELD B Atenccedilatildeo primaacuteria equiliacutebrio entre necessidades de sauacutede serviccedilos e
tecnologia UNESCO Ministeacuterio da Sauacutede Brasiacutelia 2002
STEINHAUSER K E et al Factors considered important at the end of life by patients
family physicians and other care providers JAMA v 284 p 2476-82 2000a
STEINHAUSER K E et al In search of a good death observations of patients families and
providers Ann Intern Med v 132 p 825-32 2000b
STONEBERG J N et al Assessment of palliative care needs Anesthesiol Clin v 24 p 1-
17 2006
TEIXEIRA M A et al Implantando um serviccedilo de suporte terapecircutico oncoloacutegico ndash STO
Rev Bras Cancerologia Rio de Janeiro v 39 n 2 p 65-87 abrjun 1993
TEIXEIRA C F Sauacutede da Famiacutelia Promoccedilatildeo e Vigilacircncia construindo a integralidade da
atenccedilatildeo agrave sauacutede no SUS Revista Brasileira de Sauacutede da Famiacutelia v 7 p 10-23 2004
TWYCROSS R Medicina paliativa filosofia y consideraciones eacuteticas Acta Bioethica v6
n1 p 27-46 2000
VALENTIM V L KRUEL A J A importacircncia da confianccedila interpessoal para a
consolidaccedilatildeo do Programa de Sauacutede da Famiacutelia Ciecircnc Sauacutede Colet v12 n3 p777-88
2007
112
WEBSTER R LACEY J QUINE S Palliative care a public health priority in developing
countries J Public Health Policy v 28 p 28-39 2007
WEE B HUGHES N Education in palliative care bulding a culture of learning Oxford
(UK) Oxford University Press 2007
WISEMAN M A Palliative care dentistry Gerodontology v 17 n 1 p 49-51 2000
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO) WHO Definition of palliative care [online]
Disponiacutevel em httpwwwwhointcancerpalliativedefinitionen Acesso em 13 de jul 2011
WRIGHT M et al Mapping levels of palliative care development a global view J Pain
Symptom Manage v 35 n 5 p 469-485 2008
113
Apecircndices
114
APEcircNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TIacuteTULO DO PROJETO DE DISSERTACcedilAtildeO Cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos
de profissionais de sauacutede
MESTRANDA Isabelle Cristinne Pinto Costa
ORIENTADORA Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa
Prezado o (a) profissional
Eu Isabelle Cristinne Pinto Costa sou aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo
em Enfermagem da Universidade Federal da Paraiacuteba orientanda da Profordf Drordf Solange
Faacutetima Geraldo da Costa gostaria de convidaacute-lo (a) para participar da pesquisa Cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos de profissionais de sauacutede Este estudo tem como
objetivos investigar o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que concerne agrave
cuidados paliativos e suas modalidades terapecircuticas e identificar as possibilidades de
implementaccedilatildeo de cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica a partir do discurso de profissionais
da sauacutede
Ressalto que esta investigaccedilatildeo contribuiraacute para o reconhecimento da valoraccedilatildeo dos
cuidados paliativos pela equipe de sauacutede da famiacutelia que passaraacute a exercer uma nova praacutetica
marcada pela humanizaccedilatildeo pelo cuidado pelo exerciacutecio da cidadania alicerccedilada na
compreensatildeo de que as condiccedilotildees de vida definem o processo sauacutede-doenccedila das famiacutelias
Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa solicito sua colaboraccedilatildeo participando deste estudo
mediante a aplicaccedilatildeo de um formulaacuterio Os dados obtidos seratildeo transcritos na iacutentegra com a
finalidade de garantir a fidedignidade dos conteuacutedos expressos no momento da aplicaccedilatildeo do
referido instrumento
Faz-se oportuno esclarecer que a sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria portanto
vocecirc natildeo eacute obrigado a fornecer informaccedilotildees eou colaborar com atividades solicitadas pela
pesquisadora podendo requerer a sua desistecircncia a qualquer momento do estudo fato este que
natildeo representaraacute qualquer tipo de prejuiacutezo relacionado ao seu trabalho nesta instituiccedilatildeo Vale
ressaltar que esta pesquisa natildeo traraacute nem dano previsiacutevel a sua pessoa visto que sua
participaccedilatildeo consistiraacute em responder um questionaacuterio a respeito de tema em destaque
115
Considerando a relevacircncia da temaacutetica no campo da atenccedilatildeo baacutesica solicito a sua
permissatildeo para disseminar o conhecimento que seraacute produzido por este estudo em eventos da
aacuterea de sauacutede e em revistas cientiacuteficas da aacuterea Para tanto por ocasiatildeo dos resultados
publicados sua identidade seraacute mantida no anonimato bem como as informaccedilotildees
confidenciais fornecidas
Eacute importante mencionar que vocecirc receberaacute uma coacutepia do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido e que a pesquisadora estaraacute agrave sua disposiccedilatildeo para qualquer esclarecimento
que considere necessaacuterio em qualquer etapa do processo de pesquisa Diante do exposto caso
venha a concordar em participar da investigaccedilatildeo proposta convido o (a) vocecirc conjuntamente
comigo a assinar este Termo
Considerando que fui informado (a) dos objetivos e da relevacircncia do estudo proposto
bem como da minha participaccedilatildeo no preenchimento de um formulaacuterio declaro o meu
consentimento em participar da pesquisa bem como concordo que os dados obtidos na
investigaccedilatildeo sejam utilizados para fins cientiacuteficos
Joatildeo Pessoa 2011
__________________________________
Assinatura do (a) Participante da Pesquisa
___________________________________
Assinatura da Pesquisadora Responsaacutevel
Telefones para contato com pesquisadora
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem ndash UFPB ndash 3216-7109
Coordenaccedilatildeo do NEPB - UFPB 3216-7735
Telefone do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa do HULW ndash UFPB ndash 3216 7302
116
APEcircNDICE B
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
I CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES
Data de nascimento____________
Formaccedilatildeo acadecircmica_______________________________Ano______________________
Instituiccedilatildeo__________________________________________________________________
Especializaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Mestrado ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Doutorado ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Palestra Mini-curso Capacitaccedilatildeo em Cuidados Paliativos ( ) sim ( ) natildeo
Caso afirmativo Instituiccedilatildeo_______________________________ Local ____________
Carga Horaacuteria________________Ano___________
Tempo de atuaccedilatildeo na ESF _____________________________________________________
II DADOS RELACIONADOS ACERCA DE CUIDADOS PALIATIVOS
1 O que vocecirc entende por cuidados paliativos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2 No seu entendimento quais as modalidades terapecircuticas empregadas nos cuidados
paliativos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3 Na sua opiniatildeo os cuidados paliativos devem estar direcionados para que grupo de
usuaacuterios assistidos na atenccedilatildeo baacutesica
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
117
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4 Na sua visatildeo quais os profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5 O que vocecirc acha da implantaccedilatildeo de cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
6 Na sua concepccedilatildeo o que eacute necessaacuterio para viabilizar a implantaccedilatildeo de cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7 No seu entendimento quais satildeo as possibilidades e limitaccedilotildees para a implantaccedilatildeo de
cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
8 Vocecirc como profissional da ESF estaacute apto para promover os cuidados paliativos na
sua praacutetica assistencial
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9 Em caso afirmativo da questatildeo anterior quais as estrateacutegias que vocecirc desenvolve
para a praacutetica de cuidados paliativos Em caso negativo justifique
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
119
Anexo
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
120
ANEXO A
PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA EM PESQUISA
Agradecimento Especial
Ao meu esposo Leandro que foi o alicerce desta conquista apoiando-me integral
e incondicionalmente com muito amor e carinho suportando por muitas vezes os
momentos de ausecircncia cansaccedilo impaciecircncia e falta de dedicaccedilatildeo ao longo desta
trajetoacuteria de estudo Partilho contigo o meacuterito desta vitoacuteria
Ao meu amado filho que eacute a minha fonte de inspiraccedilatildeo e o grande impulsionador
para a busca das minhas realizaccedilotildees profissionais Amo-te
Agrave minha querida matildee Izabel pela cumplicidade que compartilhamos e pelo amor
incondicional que me faz ser a cada dia o que sou
Ao meu pai Francisco por todo o seu apoio e incentivo na minha qualificaccedilatildeo
profissional Agradeccedilo-lhe por tudo pai
Aos meus irmatildeos Bruno e Adailton pelo incentivo carinho e amizade Amo
vocecircs
Agraves minhas amigas Cristiani Garrido Jael Ruacutebia e Kamyla Feacutelix que
acompanharam e me ajudaram a superar os percalccedilos desta conquista Obrigada
por me entenderem e me incentivarem Vocecircs satildeo especiais
Agradecimentos
Agraves Profas Dras Maria Emiacutelia Limeira Lopes Cleacutelia Albino Simpson Marta e
Miriam Lopes Costa e ao Prof Dr Roberto Teixeira Lima pela colaboraccedilatildeo na
construccedilatildeo deste estudo a qual possibilitou o enriquecimento dele
Ao Prof Laerte Pereira pelo excelente trabalho de correccedilatildeo do vernaacuteculo
delineado de amizade e esmero
A Adriene Jacinto secretaria adjunta de sauacutede do municiacutepio de Joatildeo Pessoa por
acreditar em meu trabalho e por me apoiar no desenvolvimento deste estudo
A Kerle Dayana diretora do Distrito Sanitaacuterio IV do municiacutepio de Joatildeo Pessoa
pela solicitude e dedicaccedilatildeo que muito favoreceram o desenvolvimento desta
pesquisa
Aos profissionais da aacuterea da Sauacutede que atuam na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
participantes desta pesquisa por me terem ajudado nesta construccedilatildeo relatando
as suas vivecircncias singulares
Agrave minha famiacutelia Ciecircncias Meacutedicas sobretudo ao Curso de Enfermagem minha
casa de trabalho minha escola de aprender a ser uma pessoa comprometida com o
futuro da humanidade Obrigada a cada um de vocecircs que acompanharam lado a
lado estes momentos de aprendizagem A torcida de vocecircs pelo meu sucesso foi
importante e gratificante
Ao Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem da Universidade Federal da
Paraiacuteba pelo aprendizado adquirido e convivecircncia saudaacutevel durante o periacuteodo
do curso capacitando-me para ser uma profissional melhor
Aos docentes do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem por toda a
atenccedilatildeo e orientaccedilotildees recebidas
Enfim a cada um de vocecircs e a tantos outros familiares e amigos que fazem parte
da minha vida e que em momentos distintos cada um a seu modo direta e
indiretamente ofereceram auxiacutelio para construccedilatildeo desta pesquisa
ldquoSoacute podemos realmente viver e apreciar a vida se nos
conscientizarmos de que somos finitos Aprendi tudo isso
com meus pacientes moribundos que no seu sofrimento e
morte concluiacuteram que temos apenas o agora portanto
goze-o plenamente e descubra o que o entusiasma porque
absolutamente ningueacutem pode fazecirc-lo por vocecircrdquo
Elizabeth Kuumlbler-Ross
RESUMO
COSTA I C P Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica depoimentos de profissionais da
Sauacutede 2011 120f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Centro de Ciecircncias da Sauacutede Universidade
Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
INTRODUCcedilAtildeO ndash Os Cuidados Paliativos satildeo considerados como uma filosofia do cuidar
cujo escopo eacute o de proporcionar aos pacientes sem possibilidades terapecircuticas de cura e seus
familiares uma melhor qualidade de vida sendo a sua aplicaccedilatildeo de suma importacircncia no
acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica OBJETIVOS ndash Este estudo tem os seguintes objetivos investigar
o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que concerne aos Cuidados Paliativos
e suas modalidades terapecircuticas identificar na visatildeo dos profissionais da ESF a constituiccedilatildeo
da equipe de Cuidados Paliativos para a Atenccedilatildeo Baacutesica verificar as possibilidades e
limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso
de profissionais da Sauacutede METODOLOGIA ndash Trata-se de uma pesquisa exploratoacuteria com
abordagem qualitativa O cenaacuterio da investigaccedilatildeo constituiu-se de unidades de sauacutede da
famiacutelia pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV localizadas no municiacutepio de Joatildeo Pessoa (PB)
Participaram do trabalho trinta profissionais da ESF sendo dez meacutedicos dez enfermeiros e
dez cirurgiotildees-dentistas Na coleta de dados utilizou-se um formulaacuterio contendo questotildees
pertinentes aos objetivos propostos para a pesquisa A coleta dos dados ocorreu entre julho e
setembro de 2011 ANAacuteLISE DOS DADOS ndash O material empiacuterico foi analisado mediante a
teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo a partir das seguintes fases preacute-anaacutelise exploraccedilatildeo do
material tratamento dos resultados Os dados obtidos por meio dos depoimentos dos
participantes da investigaccedilatildeo foram agrupados nas seguintes categorias temaacuteticas Cuidados
Paliativos ndash aspectos conceituais e modalidades terapecircuticas (com suas respectivas
subcategorias Cuidados Paliativos ndash promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem
possibilidades de cura modalidades terapecircuticas em cuidados paliativos) Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica ndash formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees
RESULTADOS Este estudo mostrou a partir da visatildeo dos profissionais evolvidos no estudo
a valoraccedilatildeo dos Cuidados Paliativos considerados como uma modalidade de cuidar que visa agrave
minimizaccedilatildeo do sofrimento do paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura e agrave de seus
familiares mediante uma assistecircncia pautada na humanizaccedilatildeo Por outro lado alguns dos
participantes do estudo apresentaram uma compreensatildeo incompatiacutevel com a literatura
pertinente aos Cuidados Paliativos Os resultados assinalaram tambeacutem que os meacutedicos
enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas acreditam na possibilidade de implementaccedilatildeo dessa
modalidade de cuidar na Atenccedilatildeo Baacutesica desde que sejam atendidas algumas necessidades
tais como capacitaccedilatildeo da equipe e desenvolvimento de uma poliacutetica nacional para os
cuidados paliativos CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS ndash Consideramos que este estudo abre novos
horizontes no campo da investigaccedilatildeo cientiacutefica na assistecircncia e no ensino acerca dos cuidados
paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Haja vista o quacircntico reduzido de estudos direcionados agrave
respectiva temaacutetica no acircmbito da literatura nacional Esperamos portanto que esta pesquisa
possa subsidiar novas investigaccedilotildees que contemplem a inter-relaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos
com a Atenccedilatildeo Baacutesica visto que se trata de uma praacutetica inovadora no referido campo
necessitando-se de uma maior disseminaccedilatildeo junto a gestores profissionais da Sauacutede em
particular os da ESF estudantes e pesquisadores da aacuterea
Palavras-chave Cuidados Paliativos Cuidados a Doentes Terminais Atenccedilatildeo Baacutesica
Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Programa Sauacutede da Famiacutelia
ABSTRACT
COSTA ICP Palliative Care in Basic Attention testimonies of Health professionals 2011
120f Dissertation (masterrsquos degree) ndash Sciences Health Center Federal University of Paraiacuteba Joatildeo pessoa 2011
INTRODUCTION - Palliative care are considered as a care philosophy whose scope is to
provide to patients without therapeutic possibilities of cure and their families a better quality of
life being its application of great importance in the context of Primary Care OBJECTIVES ndash
This study has the following objectives to investigate the understanding of professionals working
in FHS in what concerns to Palliative Care and its therapeutics modalities to identify in the view
of professionals from FHS the constitution of Palliative care team for Basic Attention to verify
the possibilities and limitation of implementing Palliative Care in Basic Attention from the
discourse of Health professionals METHODOLOGY ndash Its about and exploratory research with
qualitative approach The scenario of investigation consisted of family care units belonging to
Sanitary District IV located in the city of Joatildeo Pessoa (PB) Participated in the work 30
professionals from FHS being ten doctors ten nurses and ten dental surgeons Data collection
occurred between July and September 2011 DATA ANALYSIS ndash empirical material was
analyzed through content analysis technique from the following phases pre-analysis material
exploration treatment of results Data obtained by means of testimonies of investigation
participants were grouped into the following thematic categories Palliative Care ndash conceptual
aspects and therapeutic modalities (with their respective subcategories Palliative Care ndash
promotion of life quality for patients without possibilities of cure therapeutic modalities in
palliative care) Palliative Care in Basic Attention ndash team formation possibilities and limitations
RESULTS This study showed from the vision of professionals involved in the study the
valuation of Palliative Care considered as a modality of care that aims to minimize the suffering
of the patient without therapeutic possibilities of cure and the one of their families through an
assistance guided in humanization On the other side some of the study participants had an
incompatible comprehension with the relevant literature to Palliative Care Results pointed out
that doctors nurses and dental surgeons believe in the possibility of implementing this modality
of care in basic Attention since some need are met such as team training and development of a
national policy for palliative care FINAL CONSIDERATIONS ndash We consider that this study
opens new horizons in the field of scientific production in assistance and in teaching on palliative
care in Basic attention In view of reduced quantum of studies directed to the respective thematic
in the context of national literature We hope therefore that this research can subsidize new
investigation exploring the interrelationship of Palliative Care with Basic Attention since it is an
innovative practice in the referred field necessitating a greater spread with managers professionals of Health in particular the ones from FHS students and researches from this area
Keywords Palliative Care Care for Terminally ill patients Basic Attention Primary
Attention for Health Family Health Program
RESUMEN
COSTA I C P Cuidados Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica testimonios de profesionales
de Salud 2011 120f Tesis (Maestriacutea) ndash Centro de Ciencias de la Salud Universidad Federal
da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
INTRODUCCIOacuteN ndash Los cuidados paliativos son considerados como una filosofiacutea del cuidar
cuyo objetivo es el de brindarles a los pacientes sin posibilidades terapeacuteuticas de cura y a los
familiares una mejor calidad de vida siendo a su aplicacioacuten de mucha importancia en el
aacutembito de la Atencioacuten Baacutesica OBJETIVOS ndash Este estudio tiene los siguientes objetivos
investigar el entendimiento de profesionales que actuacutean en ESF en lo que concierne a los
Cuidados Paliativos y sus modalidades terapeacuteuticas identificar en la visioacuten de los
profesionales de ESF la constitucioacuten del equipo de Cuidados Paliativos para la Atencioacuten
Baacutesica verificar las posibilidades y las limitaciones de implementacioacuten de Cuidados
Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica a partir del discurso de profesionales de Salud
METODOLOGIacuteA ndash Se trata de una investigacioacuten exploratoria con abordaje cualitativo El
escenario de investigacioacuten se constituyoacute de unidades de salud de la familia pertenecientes al
Distrito Sanitario IV ubicadas en la municipalidad de Joatildeo Pessoa (PB) Participaron del
estudio treinta profesionales de ESF siendo diez meacutedicos diez enfermeros y diez cirujanos
dentistas En la colecta de datos se utilizoacute una encuesta conteniendo cuestiones pertinentes a
los objetivos propuestos por la investigacioacuten La colecta de datos ocurrioacute entre julio y
septiembre de 2011 ANALISIS DE DATOS - El material empiacuterico fue analizado mediante
la teacutecnica de anaacutelisis de contenido a partir de las siguientes fases pre anaacutelisis exploracioacuten
del material tratamiento de resultados Los datos obtenidos por medio de los testimonios de
los participantes fueron agrupados en las siguientes categoriacuteas temaacuteticas Cuidados Paliativos
ndash aspectos conceptuales y modalidades terapeacuteuticas (con sus respectivas subcategorias
Cuidados Paliativos ndash promocioacuten de calidad de vida para pacientes sin posibilidades
terapeacuteuticas de cura) Cuidados Paliativos en la Atencioacuten Baacutesica ndash formacioacuten de equipo
posibilidades y limitaciones RESULTADOS Este estudio mostroacute a partir de la visioacuten de
profesionales involucrados en el estudio la valoracioacuten de los Cuidados Paliativos
considerados una modalidad de cuidar que busca la minimizacioacuten del sufrimiento del paciente
sin posibilidad terapeacuteutica de cura y la de sus familiares mediante la asistencia basada en la
humanizacioacuten Por otro lado algunos de los participantes del estudio presentaron una
comprensioacuten incompatible con la literatura pertinente a los Cuidados Paliativos Los
resultados sentildealaron tambieacuten que los meacutedicos enfermeros y cirujanos dentistas creen en la
posibilidad de implementacioacuten de esa modalidad de cuidar en Atencioacuten Baacutesica desde sean
atendidas algunas necesidades tales como capacitacioacuten del equipo y desarrollo de una
poliacutetica nacional para los cuidados paliativos Consideraciones Finales ndash Consideramos que
este estudio abre nuevos horizontes en el campo de la investigacioacuten cientiacutefica en la asistencia
y en la ensentildeanza acerca de los cuidados paliativos en la Atencioacuten Baacutesica Haya visto el
cuaacutentico reducido de estudios hacia la respectiva temaacutetica en el aacutembito de la literatura
nacional Esperamos por lo tanto que esta investigacioacuten pueda subsidiar nuevas
investigaciones que abarquen la interrelacioacuten de los Cuidados Paliativos con la Atencioacuten
Baacutesica visto que se trata de una praacutectica innovadora en dicho campo necesitaacutendose una
mayor propagacioacuten junto a gestores profesionales de Salud en particular los de ESF
estudiantes e investigadores del aacuterea
Palabras Clave Cuidados Paliativos Cuidados a Enfermos Terminales Atencioacuten Baacutesica
Atencioacuten Primaria a la Salud Programa Salud de la Famiacutelia
LISTA DE GRAacuteFICOS
Graacutefico 1 Coeficiente de Mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em
2009 Comparativo entre Joatildeo Pessoa e Distritos Sanitaacuterios Joatildeo
Pessoa 201056
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Representaccedilatildeo geograacutefica da localizaccedilatildeo das USFs de Joatildeo Pessoa
(2010) Joatildeo Pessoa 201054
Figura 2 Mapa do territoacuterio do Distrito Sanitaacuterio IV (2010) Joatildeo Pessoa
201055
Figura 3 Rede de Equipes de Cuidados Paliativos nos Niacuteveis de Atenccedilatildeo agrave
Sauacutede World Health Organization 200788
SUMAacuteRIO
1 INTRODUZINDO A TEMAacuteTICA
16
11 O caminho percorrido 17
12 A problemaacutetica do estudo e os objetivos 19
2 CUIDADOS PALIATIVOS DISCURSO DA LITERATURA 23
3 CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA 40
4 TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA 52
5 APRESENTACcedilAtildeO DOS DADOS E DISCUSSAtildeO DOS RESULTADOS
61
51 Apresentaccedilatildeo dos participantes da pesquisa 62
52 Apresentaccedilatildeo do material empiacuterico do estudo 63
REFLEXOtildeES FINAIS 95
REFEREcircNCIAS
99
APEcircNDICES
APEcircNDICE A ndash Termo de consentimento livre e esclarecido
114
APEcircNDICE B ndash Instrumento de coleta de dados
116
ANEXO
ANEXO A ndash PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA EM PESQUISA 120
16
1 Introduzindo a Temaacutetica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
17
11 O CAMINHO PERCORRIDO
A motivaccedilatildeo para o desenvolvimento desta pesquisa emergiu a partir de dados que
apontavam a escassez da temaacutetica pertinente aos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
(encontrados por meio de busca em bases de dados previamente realizados) Estava aliada ao
desejo de desenvolver estrateacutegias para uma disseminaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar entre os
profissionais da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia (ESF) auxiliando-se dessa forma para a difusatildeo
de um cuidado realizado de forma holiacutestica e humaniacutestica ao paciente sem prognoacutestico de
cura
O interesse por assuntos referentes aos cuidados na terminalidade (processo final da
vida) foi em mim desperto enquanto atuava como fonoaudioacuteloga Este apreccedilo pela temaacutetica
reporta-se agrave minha experiecircncia profissional durante a qual pude atuar como fonoaudioacuteloga no
municiacutepio de Mamanguape (PB) onde trabalhava na Policliacutenica (referecircncia para todas as
unidades baacutesicas de sauacutede) realizando visitas domiciliares juntamente com os agentes
comunitaacuterios de sauacutede (ACS) com o objetivo de prevenir e reabilitar a populaccedilatildeo no que
concerne agraves patologias relacionadas com a linguagem com a voz e com a audiccedilatildeo
Como fonoaudioacuteloga comprometida com atenccedilatildeo agrave sauacutede de crianccedilas adolescentes
adultos e idosos atuando na Atenccedilatildeo Baacutesica aproximadamente haacute dois anos nesse municiacutepio
tive oportunidade de assistir durante as visitas domiciliares diversos pacientes na
terminalidade Durante tais visitas pude observar a escassez de recursos efetivamente
aplicaacuteveis agrave organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede necessaacuterios para atender as demandas deste
crescente contingente populacional e uma carecircncia de profissionais com competecircncia teacutecnica
em Cuidados Paliativos e com preparo emocional para lidar com pacientes que estatildeo em
processo de morte e com seus familiares
Nesse cargo pude vivenciar de perto o trabalho da Enfermagem motivando em mim
o desejo de estudar e tornar-me enfermeira por acreditar que o ser humano carece de
cuidados em todas as fases de sua vida do nascer ao morrer Sendo assim iniciei o curso de
graduaccedilatildeo em Enfermagem na Faculdade Santa Emiacutelia de Rodat (FASER) priorizando-se
plenamente esta nova profissatildeo Durante o curso pude observar a necessidade de uma atenccedilatildeo
mais humanizada ao paciente sem possibilidade terapecircutica de cura quando cursei a
disciplina Enfermagem em Oncologia Ressalte-se que nesta outra formaccedilatildeo profissional foi
dada grande ecircnfase ao tratamento e cura de doenccedilas sendo pouco problematizada a questatildeo
do cuidar do indiviacuteduo com patologias sem possibilidade de cura ou seja os Cuidados
Paliativos
18
Ainda na segunda graduaccedilatildeo realizei estaacutegio na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
constatando-se mais uma vez que a assistecircncia dos profissionais envolvidos na Atenccedilatildeo
Baacutesica estava voltada para um cuidar mais direcionado agrave aplicaccedilatildeo de procedimentos teacutecnicos
do que para as necessidades de pacientes em processo de terminalidade Haja vista que estes
precisam de um cuidado proacuteprio e direcionado para lhes proporcionar dignidade e aliacutevio do
seu sofrimento no fim da vida
Tais experiecircncias serviram para aumentar o meu interesse de compreender e por em
praacutetica um cuidar diferenciado questionando-me constantemente sobre a melhor forma de
cuidar de pacientes em processo de terminalidade para a melhoria da qualidade de vida de
pacientes em tal processo Este e outros questionamentos levaram-me a estudar os Cuidados
Paliativos com o propoacutesito de entendecirc-los de forma mais especiacutefica
Desenvolvi o meu trabalho de conclusatildeo de curso com o objetivo de caracterizar a
produccedilatildeo de conhecimento no acircmbito da poacutes-graduaccedilatildeo acerca da Enfermagem e Cuidados
Paliativos Em trabalho posterior (desta vez realizado durante a especializaccedilatildeo em Sauacutede da
Famiacutelia com ecircnfase na Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia) pude identificar a produccedilatildeo cientiacutefica
acerca das modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos em perioacutedicos online no acircmbito
da Sauacutede
Em ambos os estudos foi possiacutevel averiguar a necessidade premente das instituiccedilotildees
formadoras em investir na capacitaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede em habilidades de Cuidados
Paliativos Em verdade entendo que apenas com o conhecimento e compreensatildeo de
Cuidados Paliativos (e suas modalidades terapecircuticas) e da experiecircncia ao longo da vida
pessoal e profissional eacute que os profissionais poderatildeo interagir diante de uma proposta de
oferecer uma melhor assistecircncia englobando as diferentes esferas de Cuidados Paliativos
Assim como integrante do Nuacutecleo de Estudos e Pesquisas em Bioeacutetica (NEPB) do
Centro de Ciecircncias da Sauacutede (CCS) da Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB) pude
expandir os meus conhecimentos no campo de Cuidados Paliativos por meio da construccedilatildeo
de artigos como ldquoCuidados paliativos e dor produccedilatildeo cientiacutefica em perioacutedicos online no
acircmbito da Sauacutederdquo ldquoModalidades terapecircuticas em cuidados paliativos intervenccedilotildees
bioloacutegicasrdquo ldquoCuidados paliativos no contexto hospitalar produccedilatildeo cientiacutefica no acircmbito da
poacutes-graduaccedilatildeo em Enfermagemrdquo ldquoCuidados paliativos no contexto hospitalar discursos de
enfermeirosrdquo ldquoCuidados paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica produccedilatildeo cientiacutefica de enfermagemrdquo
entre outros
Outra experiecircncia diz respeito ao curso de especializaccedilatildeo em Cuidados Paliativos agrave
Distacircncia o qual me tem proporcionado capacitaccedilatildeo para trabalhar na atenccedilatildeo e cuidados com
19
pacientes com enfermidades progressivas incapacitantes incuraacuteveis as quais evoluiratildeo para a
morte O referido curso tambeacutem desenvolve habilidades e atitudes que permitem uma
abordagem adequada do paciente e sua famiacutelia considerando-se os seus aspectos fiacutesicos
psicoloacutegicos sociais e espirituais
Compreendendo a importacircncia dos Cuidados Paliativos para um cuidado humanizado
para com o paciente sem possibilidade terapecircutica de cura e observando (por meio de estudos)
o despreparo da equipe da ESF para abordar tais cuidados desenvolvi o desejo de explorar e
aprofundar a compreensatildeo acerca desta temaacutetica
12 A PROBLEMAacuteTICA DO ESTUDO E OS OBJETIVOS
A literatura nacional eacute carente de estudos que abordam os Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica Apoacutes a produccedilatildeo dos artigos sobre a temaacutetica (jaacute mencionados) pude
observar tal escassez Os estudos em geral direcionam a abordagem deste tema para aspectos
como visatildeo da equipe de sauacutede da famiacutelia e de estudantes visatildeo e sentimentos de pacientes e
cuidadores eou familiares importacircncia da comunicaccedilatildeo e interdisciplinaridade para a
implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Essa investigaccedilatildeo me permitiu reconhecer que satildeo necessaacuterias novas pesquisas
acerca de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Teve a finalidade de ampliar as discussotildees
sobre essa temaacutetica e consequentemente favorecer a inserccedilatildeo desse conteuacutedo nos curriacuteculos
dos profissionais da Sauacutede e programar esses cuidados diferenciados nas redes assistenciais
de sauacutede particularmente na ESF Tudo isso amenizaraacute o sofrimento de muitos usuaacuterios com
patologias sem possibilidades terapecircuticas de cura e o de familiares envolvidos com o cuidado
destes usuaacuterios
Saliente-se que tais resultados estatildeo atrelados ao fato de esta praacutetica ser ainda
relativamente recente em acircmbito nacional Segundo Figueiredo (2003) as primeiras
iniciativas individuais de atendimento eou estruturaccedilatildeo de serviccedilos paliativistas datam da
deacutecada de 1990
Rodrigues Zago e Caliri (2005) chamam atenccedilatildeo para o fato de que o modelo de
Cuidados Paliativos no Brasil iniciou-se na deacutecada de 1980 quando foi instituiacutedo o primeiro
serviccedilo para aliacutevio da dor no Rio Grande Sul seguido por Satildeo Paulo e posteriormente Santa
Catarina No Rio de Janeiro em 1989 foi criado o serviccedilo de suporte terapecircutico oncoloacutegico
no Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) atendendo o paciente fora de possibilidades de cura
tanto no ambiente intra-hospitalar como no domiciliar
20
Cumpre assinalar que os Cuidados Paliativos como modalidade recente no Brasil satildeo
ainda desconhecidos de muitos profissionais e natildeo satildeo contemplados na elaboraccedilatildeo das
poliacuteticas puacuteblicas As mais das vezes satildeo revestidos de mitos por ser destinados aos pacientes
terminais Sendo assim esse tipo de atenccedilatildeo natildeo faz parte da organizaccedilatildeo formal do sistema
de sauacutede permanecendo praticamente no esquecimento (LAVOR 2006)
Em relaccedilatildeo ao aspecto legal a primeira referecircncia aos Cuidados Paliativos na
legislaccedilatildeo brasileira eacute encontrada na Portaria ndeg 2413 de 1998 do Ministeacuterio da Sauacutede
(BRASIL 1998a) a qual trata de cuidados prolongados e codifica os Cuidados Paliativos No
entanto ela estabelece que estes os cuidados paliativos soacute podem ser desenvolvidos em
unidades que estiverem credenciadas para alta complexidade em Oncologia Com a Portaria
nordm 3535 de 1998 do Ministeacuterio da Sauacutede os Cuidados Paliativos passam a ser considerados
uma exigecircncia para o cadastramento de centros de alta complexidade em oncologia
(CACONs) (BRASIL 1998b) O Ministeacuterio da Sauacutede cria em 2002 o Programa Nacional de
Assistecircncia agrave Dor e Cuidados Paliativos por meio da Portaria nordm 19 (BRASIL 2002) a qual
passa a dar maior visibilidade aos Cuidados Paliativos
Embora muitas accedilotildees ainda careccedilam de ser implantadas no amplo territoacuterio nacional
para garantir a provisatildeo igualitaacuteria aos Cuidados Paliativos o referido Programa atingiu
grande feito na atenccedilatildeo a um dos principais problemas (a dor) dos pacientes que vivenciam a
terminalidade de modo que otimizou o acesso dos doentes aos opioides
Ainda em 2002 por meio da Portaria GMMS nordm 1319 o Programa estabeleceu a
padronizaccedilatildeo e distribuiccedilatildeo gratuita pelo Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) de codeiacutena morfina
e metadona pelos Centros de Referecircncia em Tratamento de Dor Crocircnica
Sob esse prisma eacute inegaacutevel a possibilidade da inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica sobretudo na Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia e natildeo apenas em centros de alta
complexidade como consta nas portarias ministeriais que regulamentam os Cuidados
Paliativos aumentando a sua oferta garantindo um maior acesso dos pacientes a esse tipo de
assistecircncia
Nesse contexto Floriani e Schramm (2007) trazem agrave tona a reflexatildeo sobre o papel da
equipe da ESF na Atenccedilatildeo Baacutesica em relaccedilatildeo aos Cuidados Paliativos ressaltando que essa
forma de cuidar poderaacute contribuir para o aprimoramento e difusatildeo da assistecircncia de cuidados
no fim da vida Afirmam tambeacutem que tal incorporaccedilatildeo possa ajudar a diminuir o abandono e
o sofrimento de pacientes e de suas famiacutelias
A respeito disso Lavor (2006) acrescenta que mesmo na fase terminal de uma
doenccedila a qualidade de vida do paciente pode ser mantida em niacuteveis satisfatoacuterios utilizando-
21
se adequadamente as teacutecnicas terapecircuticas da paliaccedilatildeo Esses cuidados satildeo de baixa
complexidade natildeo exigem tecnologia avanccedilada sugerindo portanto serem passiacuteveis de se
oferecer no niacutevel primaacuterio de sauacutede especialmente por equipes da ESF
Doutra parte a operacionalizaccedilatildeo da ESF se daacute mediante a implantaccedilatildeo de equipes
interdisciplinares Tal recurso eacute essencial para a praacutetica de Cuidados Paliativos Haja vista que
cuidar de pessoas que estatildeo vivenciando o processo de terminalidade de uma doenccedila requer a
intervenccedilatildeo de profissionais cujas competecircncias supram as necessidades das dimensotildees
fiacutesicas psicoloacutegicas sociais e espirituais que estatildeo alteradas em tal fase tanto de pacientes
como de seus familiares
Rodrigues (2004) adverte que um uacutenico profissional natildeo possui todo o corpo de
conhecimento e competecircncias exigidas para dar suporte aos pacientes e familiares fazendo-se
necessaacuteria a formaccedilatildeo de equipe de trabalho para a implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos
Para tanto eacute imperiosa a realizaccedilatildeo de treinamento de uma equipe devendo esta
oferecer seguranccedila aos doentes e familiares individualizar as queixas procurar responder a
todas as perguntas aliviar seu sofrimento fiacutesico e escutar principalmente o paciente Essa
aquisiccedilatildeo de atitudes e habilidades seraacute fundamental para que a assistecircncia seja efetiva e bem-
sucedida (MELO CAPONERO 2009)
Consequentemente eacute imprescindiacutevel o desvelamento do significado de cuidados
paliativos por parte de profissionais da Sauacutede que compotildeem a ESF e o debate acerca dos
referidos cuidados Haja vista que esses profissionais ainda estatildeo em plena construccedilatildeo da
compreensatildeo dessa modalidade de cuidar Aleacutem disso apesar da relevacircncia da referida
temaacutetica na literatura nacional o quantitativo de estudos direcionados agrave praacutetica de Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica (conforme foi comentado no iniacutecio desta introduccedilatildeo) ainda eacute
escasso o que me instigou a desenvolver um estudo que contemplasse esta temaacutetica desta
vez em um curso de mestrado
Conforme o exposto considero a pesquisa relevante por entender que o emprego de
Cuidados Paliativos eacute fundamental e que estes sejam pensados e estruturados dentro de um
modelo que priorize a proteccedilatildeo aos pacientes com doenccedilas avanccediladas e terminais tanto do
ponto de vista moral como operacional Desse modo ao reportar-se para uma nova
perspectiva de cuidar no campo da investigaccedilatildeo cientiacutefica este estudo poderaacute contribuir para
uma assistecircncia holiacutestica no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica pautada pelo respeito agrave dignidade do
paciente na terminalidade de forma que melhore a qualidade de vida ou minore seu
sofrimento promovendo dessa forma uma assistecircncia mais humanizada
22
Diante destas consideraccedilotildees ressalto o meu interesse em desenvolver este estudo
tendo como fio condutor os seguintes questionamentos Qual o entendimento de profissionais
que atuam na ESF no que concerne aos Cuidados Paliativos e suas modalidades terapecircuticas
Quais os profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de cuidados paliativos na Atenccedilatildeo
Baacutesica Quais as possibilidades e limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso de profissionais de sauacutede
Tendo em vista a problemaacutetica e para responder a tais questionamentos o estudo
apresentou os seguintes objetivos
Investigar o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que tange aos
Cuidados Paliativos e suas modalidades terapecircuticas
Identificar na visatildeo dos profissionais da ESF a constituiccedilatildeo da equipe de Cuidados
Paliativos para a Atenccedilatildeo Baacutesica
Verificar as possibilidades e limitaccedilotildees de implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica a partir do discurso de profissionais da Sauacutede
23
2 Cuidados paliativos
Discurso da Literatura
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
24
O presente capiacutetulo aborda um breve percurso que vai desde a sua origem com o
movimento hospice ateacute aos dias atuais Na sequecircncia estudamos os aspectos histoacutericos e
conceituais dessa modalidade de cuidar ao longo da Histoacuteria enfatizando a situaccedilatildeo atual de
tais cuidados no cenaacuterio brasileiro e internacional destacando ainda a importacircncia da
implementaccedilatildeo destes cuidados na Atenccedilatildeo Baacutesica
A praacutetica dos Cuidados Paliativos resultou do movimento hospice moderno Este
termo pertence agrave liacutengua francesa que segundo Pessini (2006) data do seacuteculo IV d C com a
matrona romana chamada Fabiacuteola que colocou sua casa agrave disposiccedilatildeo dos necessitados
praticando a caridade cristatilde ao oferecer-lhes alimentos vestimentas e acolhendo os
estrangeiros aleacutem de visitar os enfermos e prisioneiros dando origem ao movimento hospice
O vocaacutebulo hospice segundo Santos (2011) proveacutem do latim hospes que significa
estranho ou estrangeiro O autor assinala que este termo posteriormente adquiriu outra
conotaccedilatildeo hospitalis expressando uma atitude de boas-vindas ao estranho Em alematildeo
HospizHospizium apresenta trecircs significados o primeiro refere-se agrave casa junto ao mosteiro
no qual os peregrinos podiam pernoitar o segundo a hospedaria hotel ou pensatildeo dirigido
com espiacuterito cristatildeo e o terceiro a um lugar para cuidar de moribundos Na liacutengua francesa a
palavra hospice tambeacutem proporciona trecircs conotaccedilotildees asilo abrigo para velhos e moribundos
e casa onde religiosos abrigam os peregrinos Quanto agrave liacutengua portuguesa o termo foi
incorporado como hospiacutecio cujo significado eacute lugar para tratar pessoas com doenccedilas mentais
Manteve-se a palavra no inglecircs hospice com o sentido atual nos paiacuteses anglo-saxocircnicos e
paiacuteses desenvolvidos de cultura latina para assinalar o local que acolhe e cuida de pessoas
com doenccedilas incuraacuteveis e avanccediladas que iratildeo a oacutebito em meses ou anos
Pessini (2006) menciona que a palavra hospice eacute o nome de um lugar onde os
doentes terminais satildeo atendidos com um cuidado que evoluiu para uma experiecircncia natural
mais focada no paciente onde sua filosofia tem como escopo a divulgaccedilatildeo de informaccedilotildees
precisas a respeito de sua condiccedilatildeo cliacutenica desenvolvimento de sua doenccedila e os locais
apropriados para a sua morte
Eacute importante destacar no contexto da temaacutetica de Cuidados Paliativos a distinccedilatildeo
entre os vocaacutebulos hospital e hospice Essa diferenciaccedilatildeo eacute assinalada por Santos (2011) que
menciona hospital como termo voltado para designar o local de cuidado de pessoas
temporariamente doentes e com perspectivas de cura enquanto se estabeleceu para hospice o
significado de residecircncia fixa para aqueles considerados pobres enfermos deficientes
insanos e com doenccedilas incuraacuteveis
25
Maccoughlan (2006) ressalva a sua concepccedilatildeo quanto ao entendimento do termo
hospice assinalando como o local que presta o cuidado ao paciente com uma doenccedila
avanccedilada ateacute a fase final de sua vida Este local seja um ambiente hospitalar ou domiciliar eacute
embasado no binocircmio paciente-famiacutelia
No seacuteculo VI conforme ressalta Rodrigues (2004) os beneditinos acolhiam e
cuidavam de monges e peregrinos exaustos Salienta-se que de forma gradativa foram
acolhendo da mesma forma os doentes Assim sendo nessa eacutepoca o hospice era um lugar
onde os viajantes ou peregrinos podiam descansar sendo posteriormente relacionado com os
hospitais mosteiros e asilos
No que tange ao vocaacutebulo paliativo de acordo com Santos (2011) este se deriva do
latim pallium que significa manto impregnado de uma simbologia e de um significado natildeo
sendo portanto considerado um manto qualquer Aleacutem disso o latim pallium ou pallia e o
omoforium satildeo vestimentas usadas pelo Papa e pelo bispo respectivamente podendo observar
a profunda ligaccedilatildeo desses termos histoacutericos com o sagrado e com a espiritualidade Na liacutengua
portuguesa o termo paliativo conforme menciona o autor supracitado obteve um significado
de menor importacircncia sugerindo uma soluccedilatildeo temporaacuteria e sem consistecircncia adquirindo um
conceito amplo de remediar e natildeo resolver
Na Idade Antiga Santos (2011) assinala que a maior parte da populaccedilatildeo natildeo
apresentava qualquer acesso a tratamento ou cuidados profissionais sendo os doentes
cuidados pelos proacuteprios familiares apresentando portanto a sua morte em casa
Koening McCullough e Larson (2001) informam que os atendimentos das primeiras
comunidades cristatildes durante os trecircs primeiros seacuteculos de nossa era foram marcados pela
busca incessante em curar o doente seguindo o mandamento de Jesus Cristo curar os
enfermos ressuscitar os mortos limpar os leprosos e expelir os democircnios
Dessa forma considera-se que a terapia do cuidado prestado aos enfermos foi a
maior contribuiccedilatildeo do cristianismo agrave aacuterea da Sauacutede Santos (2011) salienta que naquela
eacutepoca os pagatildeos natildeo cuidavam de seus doentes de forma organizada ou em larga escala
enquanto os judeus ofereciam cuidados apenas aos seus pares e a Igreja cristatilde oferecia esses
cuidados natildeo somente aos cristatildeos mas tambeacutem aos natildeo cristatildeos Portanto tratava-se de uma
espeacutecie de sistema universal de sauacutede no qual natildeo se observava distinccedilatildeo alguma no
atendimento e cuidados sendo estes ofertados de forma gratuita
Koening McCullough e Larson (2001) asseguram que a criaccedilatildeo do primeiro grande
hospital na Aacutesia Menor por volta do ano 370 dC ocorreu em virtude da insistecircncia de
Basiacutelio bispo de Cesareia Santos (2011) acrescenta que este hospital foi o primeiro
26
especializado em Cuidados Paliativos visto que era destinado para o cuidado de idosos quase
todos com doenccedilas avanccediladas e de leprosos atualmente doentes de hanseniacutease cuja doenccedila
naquela eacutepoca natildeo apresentava cura e invariavelmente levava agrave morte gerando grande
sofrimento fiacutesico e espiritual
Cumpre salientar que este modelo leprosaacuterio da Idade Meacutedia proporcionou aos
hospices um desenvolvimento para a oferta de abrigos cuidados de sauacutede e do morrer e
alimentos para essas populaccedilotildees Saunders (2004) relata em seu prefaacutecio agrave terceira ediccedilatildeo de
Oxford Textbook of Palliative Medicine que durante esse periacuteodo as instituiccedilotildees
responsaacuteveis de manter os hospices seguiam agrave risca um dos mandamentos de Jesus Cristo no
que tange agrave necessidade de fazer o bem a um irmatildeo mesmo o mais pequenino
Com base nos apontamentos supracitados eacute visiacutevel observar que durante quase dois
mil anos os hospices foram mantidos por instituiccedilotildees religiosas desvelando a relaccedilatildeo natural
e intriacutenseca entre a filosofia hospice do cuidar e a espiritualidade cristatilde
Diante desse contexto pode-se afirmar que o iniacutecio da filosofia hospice deriva de
sua direta filiaccedilatildeo identitaacuteria agrave filosofia espiritual do cristianismo Essa ligaccedilatildeo histoacuterica e
indissociaacutevel entre a filosofia hospice com a espiritualidade se revelaraacute e se fortaleceraacute
tambeacutem nas outras grandes religiotildees como o Budismo e o Islamismo (SANTOS 2011)
No que diz respeito agrave histoacuteria moderna do hospice Saunders (2004) informa que esta
filosofia de cuidar foi empregada inicialmente na cidade de Lyon (Franccedila) em 1842 por
Madame Jeanne Garnier com o escopo de cuidar de moribundos Essa histoacuteria conforme
aborda Twycross (2000) tambeacutem foi marcada pela fundaccedilatildeo do hospice Saint Lukeacutes pelo
meacutedico Howard Barret na Inglaterra em 1893 sendo esse considerado o mais similar aos
hospices modernos
Um dos grandes movimentos visando agrave abordagem do cuidado integral e natildeo
fragmentado indo aleacutem do ser doente e cura incessante eacute implementado na deacutecada de 1960
no Reino Unido com o iniacutecio do desenvolvimento dos Cuidados Paliativos tambeacutem
considerado o movimento hospice moderno (RODRIGUES 2004)
A transformaccedilatildeo observada nos hospices tal como hoje eacute apreciada se deve agrave
iniciativa de Cicely Mary Strode Saunders enfermeira assistente social e meacutedica De acordo
com Santos (2011) ela eacute considerada a pioneira do debate moderno sobre a morte e o morrer
e dos cuidados com os pacientes moribundos proporcionando a formulaccedilatildeo de diversos
conceitos acerca dos Cuidados Paliativos tendo a minuacutecia de sempre atrelar a esses cuidados
a espiritualidade embasada no compromisso com a figura de Cristo
27
Cicely Saunders nasceu em 1918 no norte de Londres Barnet Pertencia a uma
famiacutelia de classe meacutedia que gozava de um variado leque de confortos vivendo em Hadley
Green entre jardins e quadras de tecircnis Apoacutes estudar em coleacutegio interno apresentou o desejo
de cursar Enfermagem ideia esta rejeitada pelos pais Em 1938 mudou-se para Oxford com
o escopo de cursar Poliacutetica Filosofia e Economia Quanto era estudante passou por uma
conversatildeo religiosa que a levou a desobedecer aos conselhos de seus pais inscrevendo-se na
Escola de Treinamento Nightingale do Hspital St Thomas em Londres na qual se graduou
em Enfermagem (SANTOS 2011 RODRIGUES 2004) Boulay (1996) acrescenta que nesse
periacuteodo Saunders tornou-se uma pessoa cristatilde sentindo-se motivada para trabalhar com
pessoas que vivenciavam o processo de finitude
Santos (2011) afirma que outro fator motivador foi Saunders ter-se envolvido
afetivamente no cuidado com um paciente chamado David Tasma em 1947 em um hospital-
escola de Londres Boulay (1996) salienta que este paciente era judeu refugiado polonecircs
portador de doenccedila avanccedilada e incuraacutevel e que se encontrava proacuteximo agrave morte Cumpre
assinalar que este homem foi considerado o agente transformador do pensamento e da
experiecircncia de Cicely no sentido de estimulaacute-la a criar lugares parecidos como residecircncias
que possibilitassem agraves pessoas um tranquilo final de vida aliviando-lhes a dor e tratando-as
como pessoas e natildeo apenas como pacientes
Clark e Centeno (2006) assinalam que em 25 de fevereiro de 1948 ocorre o
falecimento de David Tasma deixando este um presente de quinhentas libras para Saunders
A referida perda a fez despertar em seu acircmago o desejo contiacutenuo de aprender mais acerca dos
cuidados direcionados agravequeles que apresentam doenccedilas avanccediladas e incuraacuteveis Este desejo
pode ser observado no fato de Cicely iniciar o seu trabalho voluntaacuterio durante sete anos no
Saint Lukeacutes Hospital local este destinado a atender moribundos
Com o desenvolvimento desse trabalho Saunders sentiu a necessidade de estudar
medicina com o propoacutesito de intensificar sua colaboraccedilatildeo em favor dos pacientes dando
iniacutecio agrave faculdade em 1952 Rodrigues (2004) menciona que em 1959 ao concluir o curso
obteve uma bolsa de estudo para desenvolver uma pesquisa no Saint Maryacutes Hospital acerca
do tratamento da dor em pacientes incuraacuteveis Concomitantemente foi designada meacutedica no
Saint Josephacutes Hospice onde pocircde prestar uma assistecircncia diferenciada levando-a perceber a
forma com que a pessoa moribunda poderia ser cuidada auxiliando-a dessa forma para o
desenvolvimento de suas proacuteprias ideias cliacutenicas
Eacute imprescindiacutevel assinalar conforme defende Santos (2011) que foi nesta instituiccedilatildeo
hospitalar que Cicely desenvolveu uma estrateacutegia moderna para os cuidados hospice
28
utilizando para tanto um trabalho marcado por solicitude e fundamentado nos cuidados
religiosos e seculares
Natildeo obstante Cicely foi considerada a primeira meacutedica do Saint Josephrsquos Hospice a
dedicar-se em tempo integral obtendo a oportunidade de escutar as queixas e necessidades de
pacientes podendo analisar mais de mil pacientes e trataacute-los adequadamente com terapecircuticas
farmacoloacutegicas medicando o paciente regularmente de quatro em quatro horas com
analgeacutesicos fortes como os opioides aleacutem de oferecer apoio psicossocial e espiritual
(PESSINI 2001) Boulay (1996) considera que este momento foi considerado crucial para o
marco pioneiro e definitivo do movimento moderno dos Cuidados Paliativos
Boulay (1996) traz agrave tona a grande contribuiccedilatildeo de Saunders no que diz respeito ao
manuseio de drogas para o sucesso de tratamento das queixas comuns dos pacientes com
doenccedila terminal relativas a naacuteusea vocircmito obstipaccedilatildeo intestinal depressatildeo dispneia entre
outras Aleacutem disso enfatiza a contribuiccedilatildeo para o conceito de ldquodor totalrdquo considerando que a
dor fiacutesica natildeo ocorre de forma isolada mas atrelada agrave dor psicoloacutegica espiritual e social
Embasada e fortalecida nessas experiecircncias Saunders reforccedilou o seu desejo de
construir um hospice moderno para atender agraves necessidades dos pacientes em fase terminal
Apesar da sua vontade e qualificaccedilatildeo teacutecnica e cientiacutefica precisava de recursos financeiros o
que a fez ir agrave busca de colaboradores que lhe pudessem fornecer empreacutestimos e donativos
para a construccedilatildeo do tatildeo almejado sonho (RODRIGUES 2004)
A inauguraccedilatildeo desse hospice ocorreu em 1967 sendo designado como St
Christopherrsquos Hospice localizado no sul de Londres Boulay (1996) esclarece que a escolha
desse nome foi uma homenagem realizada por Saunders e seus colaboradores a Saint
Christopher (Satildeo Cristoacutevatildeo) protetor dos viajantes servindo como lembrete de que a morte eacute
passageira ou seja eacute apenas uma parte da jornada
Segundo Santos (2011) este hospice foi desenvolvido com o intuito de preencher a
lacuna existente na pesquisa e no ensino relacionados com os cuidados dos pacientes
terminais eou com doenccedilas crocircnicas e incuraacuteveis estendendo-se tambeacutem a seus familiares
Portanto o St Christopherrsquos Hospice objetivava criar uma atmosfera onde qualquer indiviacuteduo
pudesse ser ajudado a encontrar o seu proacuteprio significado e a maneira de lidar com as
situaccedilotildees pessoais
Rodrigues (2004) assinala que no periacuteodo de 1948 ateacute 1967 Saunders preparou-se
para receber e atender neste hospice os pacientes em fase terminal com o escopo de promover
o aliacutevio do sofrimento e a dignidade na morte
29
Cicely conseguiu comprovar que eacute possiacutevel promover a qualidade no final de vida e
a dignidade na morte Para tanto ela agregou agrave sua formaccedilatildeo multidisciplinar o embasamento
cientiacutefico de suas accedilotildees a sensibilidade ao sofrimento do proacuteximo e a fidelidade a um ideal
Dessa forma com o objetivo de promover o cuidado holiacutestico envolto em um ambiente
afaacutevel e acolhedor congregou o conhecimento e a abordagem interdisciplinar
Essa visatildeo holiacutestica de Saunders desencadeou segundo Pessini (2006) uma
discussatildeo acerca da importacircncia da assistecircncia aos pacientes terminais fora da Inglaterra
surgindo dessa forma um movimento que buscava um tratamento adequado e humanizado dos
pacientes que ateacute entatildeo estavam excluiacutedos do sistema de sauacutede em virtude de este valorizar o
investimento em terapias curativas vinculadas agrave alta tecnologia
De acordo com Rodrigues (2004) a partir desse momento diversos profissionais e
equipes de trabalho procedentes de vaacuterios paiacuteses passaram por treinamentos no St
Christopherrsquos Hospice tornando-se um centro de excelecircncia e referecircncia mundial no ensino
pesquisa e assistecircncia em Cuidados Paliativos
Atualmente o St Christopherrsquos Hospice funciona como uma instituiccedilatildeo de caridade
oferecendo serviccedilos aos pacientes e seus familiares de forma gratuita Dispotildee dos seguintes
serviccedilos home care enfermaria hospital-dia ambulatoacuterio biblioteca jardins centro de artes
e criatividade apoio aos enlutados profissionais da aacuterea da Sauacutede psicoacutelogos assistente
social e capelatildeo considerados nucleares aleacutem de outros serviccedilos (SANTOS 2011)
A iniciativa de Cicely foi de suma importacircncia Haja vista que favoreceu o
surgimento de outros hospices independentes revolucionando portanto a concepccedilatildeo de
Cuidados Paliativos e a disseminaccedilatildeo pelo mundo de uma filosofia sobre o cuidar pautada
tanto no controle efetivo da dor e de outros sintomas (presentes agrave fase avanccedilada das doenccedilas)
como no cuidado com as dimensotildees psicoloacutegicas sociais e espirituais dos pacientes e suas
famiacutelias com atividades de assistecircncia ensino e pesquisa (FRANCcedilA 2011)
Simultaneamente ao trabalho de Saunders a meacutedica psiquiatra suiacuteccedila Elizabeth
Kuumlbler Ross realizava seu trabalho nos Estados Unidos entrevistando pacientes com doenccedilas
avanccediladas e diante da morte Este estudo foi considerado o primeiro na histoacuteria de ciecircncia
ocidental a alvitrar uma teoria baseada em fatos empiacutericos que descrevia os estaacutegios
psicoloacutegicos dos moribundos de acordo com a percepccedilatildeo de Elizabeth Kuumlbler Ross
(SANTOS 2011)
Em virtude deste minucioso trabalho pelo qual foi possiacutevel identificar as fases de
negaccedilatildeo raiva barganha depressatildeo e aceitaccedilatildeo comuns nos pacientes em fase terminal foi
possiacutevel desenvolver e publicar uma obra em 1969 intitulada ldquoSobre a morte e o morrerrdquo
30
(ABU-SAAD COURTENS 2001) Santos (2011) afirma que este estudo foi considerado o
primeiro na histoacuteria de ciecircncia ocidental a alvitrar uma teoria baseada em fatos empiacutericos que
descrevia os estaacutegios psicoloacutegicos dos moribundos de acordo com a percepccedilatildeo de Elizabeth
Kuumlbler Ross Cumpre salientar que o impacto do seu trabalho no ambiente leigo e
profissional dos Estados Unidos foi crucial para a aceitaccedilatildeo do conceito de hospice proposto
por Cicely Saunders Esta publicaccedilatildeo possibilitou novas discussotildees acerca do processo
morte-morrer anteriormente evitados pela sociedade passando a ser aceito dessa forma pela
comunidade meacutedica e cientiacutefica mundial
Santos (2011) assinala que da mesma forma que Cicely Elisabeth colocou as
questotildees da morte do morrer e da espiritualidade como nuacutecleos centrais dos Cuidados
Paliativos e quem durante quarenta anos esta meacutedica trabalhou arduamente no ensino
pesquisa e assistecircncia na aacuterea de cuidados paliativos deixando um grande legado cientiacutefico na
referida aacuterea
Outra contribuiccedilatildeo importante de Elisabeth segundo o autor supracitado foi o
avanccedilo nas pesquisas acerca de experiecircncias quase morte (EQM) e sobrevivecircncia de
personalidade apoacutes a morte Ela descobriu ser possiacutevel investigar e obter evidecircncias empiacutericas
da sobrevivecircncia poacutes-morte Mesmo com a certeza na vida apoacutes morte ela acreditava ser
necessaacuterio oferecer o maacuteximo de cuidado amor e aliacutevio no sofrimento fiacutesico e espiritual aos
pacientes que enfrentaram a morte
Diante de tais apontamentos eacute possiacutevel compreender que o trabalho de Kluumlber Ross
influenciou a implementaccedilatildeo do ensino formal do cuidado na fase final da vida nos curriacuteculos
de Medicina fortalecendo dessa forma a filosofia hospice (BILLINGS BLOCK 1997)
Twycross (2000) reconhece que apesar da existecircncia dos hospices os Cuidados
Paliativos foram incorporados aos hospitais em 1970 sendo formadas equipes
interdisciplinares para acolher os pacientes terminais Dentre estas equipes Dunlop e Hockley
(1998) destacam a pioneira que foi formada em 1976 no Saint Thomarsquos em Londres que
teve como base o modelo hospitalar do Saint Lukersquos Hospital Daiacute em diante houve um
avanccedilo no chamado movimento hospice moderno para diferentes paiacuteses da Europa e para os
Estados Unidos (EUA) e Austraacutelia Nesta nova proposta o hospice passou a ser um local que
combinava a especificidade de um hospital a hospitalidade de uma casa de repouso e o calor
humano familiar
Nos Estados Unidos o termo hospice tornou-se conceito de cuidado em vez de local
de cuidado Gradualmente o termo cuidado paliativo foi trazido ao dicionaacuterio como sinocircnimo
de cuidado de hospice (ABU-SAAD COURTENS 2001)
31
Rodrigues (2004) assevera que os Estados Unidos agrave semelhanccedila da Europa tambeacutem
constituiacuteram um sistema de sauacutede focado na cura e na reabilitaccedilatildeo das doenccedilas com o
objetivo de restituir os aspectos bioloacutegicos da doenccedila tanto na Enfermagem como na
Medicina os resultados da pesquisa partiam da objetividade dos dados
Diante deste cenaacuterio Pessini (2006) afirma que o movimento foi crescendo e em
1985 foi fundada a Associaccedilatildeo de Medicina Paliativa da Gratilde-Bretanha e da Irlanda sendo o
Reino Unido o primeiro paiacutes a reconhecer a Medicina Paliativa como uma especialidade
meacutedica que trata de pacientes com doenccedilas degenerativas ativas e progressivas tais como o
cacircncer e a AIDS (Acquired Immune Deficiency Syndrome ou Siacutendrome de Imunodeficiecircncia
Adquirida ndash SIDA) onde o foco dos Cuidados Paliativos eacute a qualidade de vida do paciente
quando este natildeo tem possibilidades de cura
O autor acrescenta que na Franccedila essa modalidade de cuidar foi implementada na
deacutecada de 1980 dedicada inicialmente aos idosos e posteriormente ampliada para os
pacientes terminais Abu-Saad e Courtens (2001) ressaltam que na deacutecada de 1990 houve o
desenvolvimento de programas de Cuidados Paliativos na Austraacutelia Aacutesia Japatildeo Coreacuteia do
Sul Taiwan China e Aacutefrica do Sul
Natildeo obstante com a ampliaccedilatildeo de tais cuidados em outros paiacuteses o seu modelo teve
que se adequar agraves necessidades pertinentes agrave sauacutede da populaccedilatildeo e ser desenvolvido de acordo
com as reais situaccedilotildees dos recursos locais disponiacuteveis Twycross (2000) aponta o modelo
britacircnico como exemplo para o Canadaacute Austraacutelia e Nova Zelacircndia (estes fazem parte do
sistema de sauacutede oficial) todavia acrescenta que o modelo americano que contempla o
atendimento domiciliar e o modelo polonecircs que possui um sistema de voluntariado
constituiacutedo por meacutedicos e enfermeiros satildeo padrotildees de modelo de outros paiacuteses
De acordo com Rodrigues (2004) a Ameacuterica do Sul iniciou suas experiecircncias sobre
Cuidados Paliativos em meados da deacutecada de 1980 em Buenos Aires e Bogotaacute No Brasil a
histoacuteria de Cuidados Paliativos eacute relativamente recente tendo-se iniciado na deacutecada de 1980
Nesta fase os brasileiros ainda viviam o final de um regime de ditadura cujo sistema de
sauacutede priorizava a modalidade hospitalocecircntrica essencialmente curativa
Rodrigues (2004) afirma que nessa eacutepoca o ensino da Enfermagem e o da Medicina
estavam voltados exclusivamente para os aspectos bioloacutegicos ou seja centrados na doenccedila
preconizando uma assistecircncia fragmentada de diversos profissionais para um mesmo paciente
sendo o trabalho predominantemente individual o que gerava anguacutestia nos pacientes ficando
estes desprovidos de informaccedilotildees corretas sobre sua patologia e o seu futuro aleacutem de se
32
encontrarem sozinhos em um leito separado por um biombo sem a companhia de um ente
querido
Por outro lado houve um pequeno avanccedilo no campo de investigaccedilatildeo cientiacutefica com
publicaccedilotildees relacionadas com a morte com o morrer e com o paciente terminal Rodrigues
(2004) destaca dentre os pesquisadores da aacuterea da Sauacutede Boemer representante da
Enfermagem e Assumpccedilatildeo representante da Medicina Por meio de seus estudos
estimularam outros profissionais da eacutepoca a refletirem na forma da assistecircncia implementada
ao paciente terminal O mesmo autor ressalta que para ser possiacutevel adequar a filosofia
hospice agrave realidade do Brasil foi preciso ir uma equipe formada por meacutedicos psicoacutelogos e
teoacutelogos a paiacuteses da Europa como a Inglaterra e a paiacuteses da Ameacuterica do Norte como o
Canadaacute para que pudessem conhecer de perto o trabalho desenvolvido por eles acerca dos
Cuidados Paliativos e assim disseminar o conhecimento de tais cuidados no Brasil de
maneira mais precisa e mais pontual Aleacutem disso destaca vaacuterios outros fatores que
dificultaram a disseminaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no Brasil como o tamanho do
continente brasileiro as diferenccedilas socieconocircmicas entre os Estados a diferenccedila de acesso ao
sistema de sauacutede a formaccedilatildeo cartesiana dos profissionais da Sauacutede Tudo isso levou-os a
resistir em aderir ao paradigma de cuidar quando natildeo haacute mais cura entre outros
Figueiredo (2006) reconhece que o primeiro serviccedilo de Cuidados Paliativos no
Brasil foi instituiacutedo pela Dra Miriam Martelete do Departamento de Anestesiologia do
Hospital das Cliacutenicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1983 Em 1986 na
Santa Casa de Misericoacuterdia de Satildeo Paulo surgiu o Serviccedilo de Dor e Cuidados Paliativos Em
1989 surgiram o Centro de Estudos e Pesquisas Oncoloacutegicas (CEPON) em Florianoacutepolis e o
Grupo Especial de Suporte Terapecircutico Oncoloacutegico (GESTO) no Instituto Nacional do
Cacircncer (INCA) no Rio de Janeiro
Teixeira et al (1993) salientam que a GESTO apesar de natildeo ter em sua origem o
serviccedilo de Cuidados Paliativos jaacute apresentava na eacutepoca caracteriacutesticas da filosofia hospice
como o oferecimento de qualidade ao paciente trabalho multidisciplinar atendimento
domiciliar e envolvimento da famiacutelia no processo da assistecircncia
Com a finalidade de atender pacientes com AIDS em fase avanccedilada eou terminal e
pacientes com dor crocircnica e difiacutecil controle Guerra (2001) informa que foi formada uma
equipe multiprofissional de Cuidados Paliativos no Instituto de Infectologia Emiacutelio Ribas
pertencente ao hospital da Secretaria de Estado de Sauacutede de Satildeo Paulo em 1999
Em 1997 com o escopo de congregar os profissionais atuantes em Cuidados
Paliativos e consolidar essa aacuterea do cuidado no sistema de sauacutede brasileiro foi fundada a
33
Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP) na cidade de Satildeo Paulo Caponero
(2002) afirma que a ABCP conta com a participaccedilatildeo de meacutedicos enfermeiros psicoacutelogos
assistentes sociais fisioterapeutas religiosos e nutricionistas
Mello e Caponero (2009) esclarecem que o intento desta associaccedilatildeo eacute o de divulgar a
praacutetica dos Cuidados Paliativos e agregar os serviccedilos desses cuidados existentes no Brasil
mesmo ainda natildeo padronizados mas ofereciam assistecircncia a pacientes fora de possibilidades
terapecircuticas no acircmbito de internaccedilatildeo hospitalar ambulatorial eou domiciliar
O objetivo primordial da criaccedilatildeo dessa sociedade de acordo com as autoras
supracitadas era o de permitir o surgimento de diretrizes nessa aacuterea e de modelos que fossem
adequados diante de questotildees socioculturais e econocircmicas de nosso paiacutes para que assim esses
serviccedilos pudessem efetivar sua abordagem de forma que contribuiacutessem para a melhoria da
praacutetica assistencial Por conseguinte esse movimento permitiu que os termos medicina
paliativa ou Cuidados Paliativos passassem a ser vistos como um novo campo desenvolvido
sobre o cuidar sendo necessaacuterio que as equipes de sauacutede especiacuteficas no controle da dor e no
aliacutevio dos sintomas fossem incorporadas demonstrando portanto que os Cuidados Paliativos
vecircm conquistando seu espaccedilo com o seu crescente reconhecimento no cenaacuterio da sauacutede
brasileira
Oficialmente os Cuidados Paliativos foram considerados uma exigecircncia no Brasil
com a homologaccedilatildeo da Portaria nordm 3535 de 2 de setembro de 1998 que confere o
cadastramento de centros de atendimento em Oncologia a qual destaca a necessidade de uma
assistecircncia por meio de uma equipe multiprofissional integrada aleacutem de inserir outras
modalidades assistecircncias como o serviccedilo de Cuidados Paliativos (BRASIL 1998b)
No acircmbito do Sistema Uacutenico de Sauacutede (SUS) a Portaria ndeg 19 de 2002 amplia a
inserccedilatildeo do modelo de assistecircncia de Cuidados Paliativos por meio da instituiccedilatildeo do
Programa Nacional de Assistecircncia agrave Dor e Cuidados Paliativos (BRASIL 2002)
O referido programa de acordo com Pimenta e Mota (2006) foi formado por
representantes do Ministeacuterio da Sauacutede da Associaccedilatildeo Meacutedica Brasileira da Associaccedilatildeo
Meacutedica Brasileira de Enfermagem do Conselho Federal de Medicina da Sociedade Brasileira
para Estudos da Dor e do INCA com o desiacutegnio de promover a operacionalizaccedilatildeo e a
implementaccedilatildeo do Programa Cumpre assinalar que foram organizados os niacuteveis de
assistecircncia aos pacientes caracterizando-se os profissionais envolvidos no cuidado
Acrescentam que desse trabalho foi plausiacutevel a realizaccedilatildeo das seguintes accedilotildees uniformizaccedilatildeo
e distribuiccedilatildeo de morfina e metadona para o tratamento da dor crocircnica atraveacutes do SUS e
34
estabelecimento em 2002 dos centros de referecircncia em tratamento da dor crocircnica atraveacutes
da Secretaria da Assistecircncia agrave Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede
A partir da Portaria nordm 3535 de setembro de 1998 o cadastramento de nuacutecleos de
atendimento em Oncologia apreciando-se o modelo dos Cuidados Paliativos passou a ser
uma exigecircncia Este documento enfoca a multidisciplinaridade como um trabalho integral
aleacutem de inserir o serviccedilo de Cuidados Paliativos (BRASIL 1998b)
Acrescenta-se a tais ponderaccedilotildees o desejo de subsidiar e estimular a criaccedilatildeo e
implementaccedilatildeo de serviccedilos de Cuidados Paliativos no paiacutes destacando-se o estabelecimento
do Programa Nacional de Imunizaccedilatildeo Hospitalar a partir da Portaria ndeg 881 de
2001(BRASIL 2001)
Wright et al (2008) chamam a atenccedilatildeo para o quantitativo de serviccedilos de Cuidados
Paliativos no ano de 2008 apresentando-se um total de catorze serviccedilos o que representa um
serviccedilo para cada nuacutemero de 13285000 habitantes Salienta-se que a maior parte destas
unidades estavam localizadas na regiatildeo Sudeste sobretudo na cidade de Satildeo Paulo
Segundo dados da Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos atualmente existem
em todo o Brasil sessenta e uma unidades das quais vinte se encontram no Estado de Satildeo
Paulo Portanto a grande maioria desses serviccedilos ainda se concentra na regiatildeo Sudeste
constituiacuteda por serviccedilos estatais principalmente em unidades especializadas em dor
(SANTOS 2011)
Santos (2011) ressalta a inexistecircncia da padronizaccedilatildeo de criteacuterios miacutenimos exigidos
para uma unidade ou serviccedilo ser considerado especializado em Cuidados Paliativos Essa
informaccedilatildeo vai de encontro ao que preconiza a Associaccedilatildeo Europeia para Cuidado Paliativo
(European Association for Palliative Care) a qual estabelece normas e diretrizes Portanto
segundo esta associaccedilatildeo para um paiacutes atender agraves demandas em serviccedilos dessa modalidade de
cuidar satildeo necessaacuterios os seguintes indicadores pacientes internados em unidades
hospitalares a niacutevel de enfermarias cliacutenicas ou ciruacutergicas (50 leitos ndash ateacute 80 ndash por milhatildeo de
habitantes 12 enfermarias por leito 015 meacutedico por leito) equipes de Cuidados Paliativos
(equipe para cada hospital com 250 leitos uma equipe de Cuidados Paliativos home care para
cada divisatildeo de cem mil habitantes tendo como nuacutecleo central da equipe 4 ou 5 profissionais
em dedicaccedilatildeo exclusiva)
Figueiredo (2006) afirma que o crescimento das unidades ou grupos de Cuidados
Paliativos em todo o Brasil eacute ainda lento estando longe de atingir as metas propostas pela
Associaccedilatildeo Europeia para Cuidado Paliativo sendo portanto necessaacuterio implantar cursos
para a formaccedilatildeo de recursos humanos e de incentivos de poliacuteticas puacuteblicas
35
Outra instituiccedilatildeo que merece destaque no paiacutes eacute a Academia Nacional de Cuidados
Paliativos (ANCP) fundada em 2005 Esta vem celebrando conquistas importantes para o
movimento paliativista brasileiro Dentre estas aquisiccedilotildees destaca-se a realizaccedilatildeo do IV
Congresso Internacional de Cuidados Paliativos concretizado na cidade de Satildeo Paulo em
2010 No referido evento foi ressaltada a publicaccedilatildeo do novo Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica pelo
Conselho Federal de Medicina (CFM) Este eacute o primeiro a referenciar a modalidade Cuidados
Paliativos como um princiacutepio fundamental da praacutetica meacutedica Esse trabalho adveacutem
fundamentalmente em virtude do desempenho do trabalho da Cacircmara Teacutecnica de
Terminalidade da Vida e Cuidados Paliativos Esse trabalho teve como participante a ex-
presidente da ANCP Dra Maria Goretti Sales Maciel (IV CONGRESSO 2010)
Um dos objetivos expostos durante o referido Congresso em questatildeo foi o de avalizar
um atendimento integral em Cuidados Paliativos no sistema de sauacutede vigente em nosso paiacutes o
SUS Todavia para o alcance de tal meta fazem-se necessaacuterias modificaccedilotildees na formaccedilatildeo
profissional e treinamento dos profissionais da Sauacutede a abertura de novos serviccedilos destes
cuidados e a implementaccedilatildeo de medidas que mensurem a qualidade da assistecircncia (IV
CONGRESSO 2010)
Tratando-se do ensino de Cuidados Paliativos no Brasil Rodrigues (2004) observa
que tanto no curso de Enfermagem quanto no de Medicina a literatura apresenta uma
quantidade iacutenfima A autora acrescenta que em algumas escolas este tema eacute abordado como
na Universidade de Satildeo Paulo (UNIFESP) onde existe uma disciplina voltada para esta
temaacutetica sendo ministrada por meacutedicos e outros profissionais caracterizando um programa
multiprofissional
A autora supracitada destaca a figura do professor Figueiredo que vem sendo um
incentivador e colaborador da educaccedilatildeo acerca dos Cuidados Paliativos e da criaccedilatildeo de
serviccedilos destinados a estes cuidados no Brasil Dentre estes serviccedilos destaca-se a criaccedilatildeo do
ambulatoacuterio na UNIFESP o Ambulatoacuterio em Cuidados Paliativos do Hospital das Cliacutenicas da
Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo e o da Unidade de Cuidados Paliativos
no Instituto de Infectologia Emiacutelio Ribas (RODRIGUES 2004)
Outra contribuiccedilatildeo importante no ensino desses cuidados adveacutem do meacutedico e
bioticista da Universidade Estadual de Londrina professor Joseacute Eduardo Siqueira que
realizou um estudo acerca da assistecircncia meacutedica aos pacientes em fase terminal O referido
professor propotildee um desafio voltado principalmente aos hospitais universitaacuterios para que
aleacutem da oferta da alta tecnologia desenvolvam um serviccedilo de Cuidados Paliativos no qual os
36
formadores possam acrescentar ao conhecimento tecnocientiacutefico o aspecto da humanizaccedilatildeo
(SIQUEIRA 2000)
Portanto o cuidado humanizado seria enfatizado a partir das experiecircncias na
instituiccedilatildeo de ensino aliado agrave alta tecnologia Esta envolve terapecircuticas de alto custo e
terapecircuticas de baixo custo como o controle da dor e de outros sintomas aliadas agraves accedilotildees
mais simples como o respeito e o diaacutelogo (FRANCcedilA 2011)
Em relaccedilatildeo ao ensino de Cuidados Paliativos na aacuterea da Enfermagem Rodrigues
(2004) destaca a professora Cibele Adruciole de Mattos Pimenta considerada referecircncia
nacional no manejo de dor aguda e crocircnica Ela eacute docente do curso de Enfermagem da
Universidade de Satildeo Paulo (USP) difundindo a proposta da inclusatildeo dos Cuidados Paliativos
nos cursos de graduaccedilatildeo em Enfermagem
No que tange a poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu para o ensino de Cuidados Paliativos a
autora supracitada aponta o Instituto Nacional do Cacircncer (INCA) como o responsaacutevel por
formar enfermeiros especialistas em Cuidados Paliativos por meio de especializaccedilatildeo e
residecircncia em Enfermagem e meacutedicos especialistas em Medicina Paliativa
Ainda em relaccedilatildeo agrave veiculaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no ensino brasileiro no
acircmbito da poacutes-graduaccedilatildeo merece destaque a proposta da Pinus Longaeva Assessoria e
Consultoria em Sauacutede e Educaccedilatildeo Tal entidade eacute considerada referecircncia de excelecircncia em
Cuidados Paliativos no Brasil aleacutem de estimular a produccedilatildeo do conhecimento acerca da
referida temaacutetica Encontra-se sob a coordenaccedilatildeo do meacutedico Dr Franklin Santana Santos
sendo originada a partir da realizaccedilatildeo do curso de Tanatologia ndash Educaccedilatildeo para a Vida e para
a Morte uma abordagem plural e interdisciplinar em 2007 o qual teve a finalidade de
divulgar a importacircncia dos Cuidados Paliativos entre a sociedade brasileira (SANTOS 2011)
Aleacutem do curso Santos (2011) reconhece que este serviccedilo proporcionou a ediccedilatildeo de
um livro em trecircs volumes intitulado ldquoA arte de morrer visatildeo pluraisrdquo publicado pela Editora
Comenius com a finalidade de subsidiar o ensino e a pesquisa sobre a temaacutetica morte Na
referida obra pode-se observar a preocupaccedilatildeo em se trabalhar a prevenccedilatildeo e as causas do
sofrimento o medo e o tabu da morte com o propoacutesito de promover uma educaccedilatildeo para a
morte voltada para o corpo discente e para o corpo docente de diversas instituiccedilotildees de ensino
para os profissionais e para a populaccedilatildeo em geral
Em relaccedilatildeo agrave pesquisa o autor acima referido assinala que na poacutes-graduaccedilatildeo em
Ciecircncias Meacutedicas da Faculdade de Medicina da Universidade de Satildeo Paulo (FMUSP)
encontram-se em andamento diversas dissertaccedilotildees de mestrado e teses de doutorado aleacutem de
37
projetos de pesquisa como traduccedilatildeo e validaccedilatildeo de escalas sobre morte e morrer e
espiritualidade
Quanto agrave aacuterea da assistecircncia Santos (2011) discorre sobre o planejamento do
Ambulatoacuterio de Cuidados Paliativos para pacientes com demecircncia avanccedilada no Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Cliacutenicas na Faculdade de Medicina da USP (HC-FMUSP) sob a
coordenaccedilatildeo dos professores-doutores Orestes V Forlenza e Franklin Santana Santos O autor
comenta tambeacutem o desenvolvimento de um projeto de construccedilatildeo de um hospice no interior
de Satildeo Paulo nos moldes do St Christopher inteiramente filantroacutepico ndash o que significaria um
avanccedilo consideraacutevel para o desenvolvimento dos Cuidados Paliativos no Brasil
Seguramente o ensino de Cuidados Paliativos tornaraacute os profissionais mais sensiacuteveis
agraves necessidades da populaccedilatildeo e do indiviacuteduo levando-os a desenvolver uma assistecircncia mais
humanizada e centrada na obtenccedilatildeo do adequado controle dos sinais e sintomas dos pacientes
fora de possibilidades terapecircuticas de cura Essa modalidade de cuidar proporciona uma
transformaccedilatildeo na praacutetica dos profissionais que passam a apresentar uma visatildeo holiacutestica
acerca desses doentes abrangendo-lhes a dimensatildeo fiacutesica psicoloacutegica social e espiritual
Nessa perspectiva Stoneberg et al (2006) referem que os Cuidados Paliativos ou
paliativismo como mais um meacutetodo uma filosofia do cuidar visando-se a prevenir e aliviar o
sofrimento humano em muitas de suas dimensotildees O objetivo dessa modalidade de cuidar eacute o
de proporcionar aos pacientes e seus entes queridos a melhor qualidade possiacutevel de vida a
despeito do estaacutegio de uma doenccedila ou a necessidade de outros tratamentos
Os autores asseguram que os Cuidados Paliativos complementam-se ao jaacute
tradicional cuidado curativo incluindo objetivos de bem-estar e de qualidade de vida para os
pacientes e seus familiares ajudando-os nas tomadas de decisotildees e promovendo
oportunidades de crescimento e evoluccedilatildeo pessoal Esta filosofia de cuidar completa os
tratamentos curativos da Medicina moderna mas principalmente proporciona aos
profissionais da aacuterea dignidade e significado aos tratamentos escolhidos
Caponero (2002) acrescenta que os Cuidados Paliativos fundamentam-se em uma
concepccedilatildeo global e ativa do tratamento compreendendo a atenccedilatildeo aos aspectos fiacutesicos
sociais e espirituais das pessoas que estatildeo com doenccedila incuraacutevel Portanto os Cuidados
Paliativos segundo Santana (2000) constituem um novo paradigma na sauacutede no qual satildeo
adotadas medidas humanizadas para o atendimento aos pacientes em seu ambiente familiar
onde as intervenccedilotildees natildeo visam agrave cura mas ao aliacutevio dos sintomas e do sofrimento aleacutem de
possibilitar a compreensatildeo do processo de morrer com dignidade
38
Pessini e Bertachini (2005) ressaltam que os Cuidados Paliativos visam a assegurar
aos doentes condiccedilotildees que os capacitem e encorajem a viver sua vida de uma forma uacutetil
produtiva e plena ateacute ao momento de sua morte A importacircncia da reabilitaccedilatildeo em termos de
bem-estar fiacutesico psiacutequico e espiritual natildeo pode ser negligenciada
Elias et al (2007) afirmam que a dimensatildeo subjetiva eacute o elo mais especiacutefico para o
paciente sem possibilidades de cura uma vez que o seu espiritual e o seu emocional recebem
um sentido ainda mais amplo Esses autores esclarecem a amplitude da dor psiacutequica a qual eacute
referenciada pelo temor do sofrimento seguida de anguacutestias e a dor espiritual que faz ligaccedilatildeo
ao significado da vida como tambeacutem agraves resignaccedilotildees perante Deus Os autores acrescentam
que tanto a dor psiacutequica quanto a espiritual requer em um acompanhamento psicoespiritual
sendo portanto imperioso o emprego de Cuidados Paliativos que compreenderaacute o
acolhimento a humanizaccedilatildeo e a proteccedilatildeo
Desse modo Costa Filho et al (2008) advertem que os Cuidados Paliativos devem
contemplar todas as dimensotildees do paciente sem possibilidades de cura tendo como prioridade
os cuidados emocionais psicoloacutegicos e espirituais Esta filosofia de cuidar proporciona aos
profissionais da aacuterea da Sauacutede a dignidade e significado aos tratamentos escolhidos em
relaccedilatildeo ao paciente na terminalidade da vida o qual necessita de cuidado integral e
humanizado
Eacute sob esse enfoque que Maccoughlan (2006) assinala que os Cuidados Paliativos
constituem um campo de cuidados totais ativos e integrais dispensados aos pacientes com
doenccedilas avanccediladas e sem possibilidades de cura e centrados no seu direito de viver com
dignidade seus dias que lhe restam
Em virtude da diversidade de aspectos envolvidos nessa forma de cuidar
Maccoughlan (2003) aponta a importacircncia da abordagem interdisciplinar para os Cuidados
Paliativos uma vez que esta implica demonstrar que nenhuma profissatildeo consegue abranger
todos os aspectos envolvidos no tratamento de pacientes terminais o que faz destacar a
significacircncia do trabalho coletivo permitindo a sinergia de habilidades para promover uma
assistecircncia completa
Portanto os Cuidados Paliativos devem ser prestados por uma equipe
multiprofissional formada por meacutedicos enfermeiros psicoacutelogos assistentes socais e
assistentes espirituais todos envolvidos nos objetivos concretos desses cuidados respeitando-
se o paciente como um ser uacutenico as suas crenccedilas e culturas
Sendo assim eacute inegaacutevel dentre esses profissionais a participaccedilatildeo da equipe
multiprofissional da Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia (ESF) no que concerne ao emprego de
39
Cuidados Paliativos Haja vista que pacientes com doenccedilas avanccediladas e em fase terminal que
ldquoretornam para suas casasrdquo jaacute que ldquonatildeo haacute mais nada para ser feitordquo necessitam ser
protegidos Eacute especialmente nesta transiccedilatildeo de necessidades especiacuteficas do tratamento
curativo para o paliativo que a Atenccedilatildeo Baacutesica pode ter destacado papel (FLORIANI
SCHRAMM 2007)
A referida temaacutetica eacute abordada no capiacutetulo seguinte o qual procura enfocar os
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
40
3 Cuidados paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
41
Para melhor compreensatildeo deste capiacutetulo seratildeo abordadas inicialmente consideraccedilotildees
acerca da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) com ecircnfase na Estrateacutegia de Sauacutede da famiacutelia
(ESF) seguindo-se da abordagem pertinente a Cuidados Paliativos na referida estrateacutegia
Em termos histoacutericos diversos documentos foram confeccionados com o escopo de
nortear poliacuteticas e accedilotildees no campo da Sauacutede em todo o mundo Dentre os mais significativos
pode ser citado ldquoSauacutede para todos no ano 2000rdquo produzido em 1977 na 30ordf Reuniatildeo Anual da
Assembleacuteia Mundial de Sauacutede em Alma-Ata Em uma reuniatildeo subsequumlente agrave produccedilatildeo deste
documento em 1978 ainda na mesma cidade foi realizada a primeira Conferecircncia Nacional
sobre Cuidados Primaacuterios de Sauacutede sob a coordenaccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede
(OMS) e do Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia (UNICEF) definindo-se a Atenccedilatildeo
Primaacuteria agrave Sauacutede (APS) como eixo da reorganizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede visando-se a
diminuir as imensas desigualdades soacutecio-econocircmicas sanitaacuterias existentes no mundo (OMS
1979)
Ibantildeez et al (2006) assinalam que a APS surge em resposta agraves desigualdades no
acesso iniquumlidades dos serviccedilos de sauacutede insuficiente e desigual distribuiccedilatildeo de recursos de
sauacutede para as populaccedilotildees resultando em exclusatildeo de grupos sociais vulneraacuteveis
Por conseguinte a APS pretende proporcionar maior acesso e equidade para estas
pessoas que buscam os serviccedilos de sauacutede por meio da reorganizaccedilatildeo dos sistemas de sauacutede
mediante alteraccedilatildeo do modelo de atenccedilatildeo em quase todos os paiacuteses (MENDES 2001)
De acordo com Starfield (2002) a APS apresenta como atributos essenciais ou
exclusivos o primeiro contato a longitudinalidade a integralidade a coordenaccedilatildeo da atenccedilatildeo a
focalizaccedilatildeo na famiacutelia e a orientaccedilatildeo na comunidade O primeiro atributo pressupotildee a
acessibilidade do usuaacuterio e o uso de serviccedilos de sauacutede em suas necessidades de sauacutede
independentemente da gravidade do problema apresentado indicando a porta de entrada ao
sistema de sauacutede O segundo consiste no acompanhamento do indiviacuteduo e sua famiacutelia ao longo
do tempo marcado pela relaccedilatildeo de viacutenculo e relaccedilotildees interpessoais de confianccedila entre o
usuaacuteriofamiacutelia e a equipeserviccedilo de sauacutede O terceiro garante a continuidade da prestaccedilatildeo da
assistecircncia agrave sauacutede independente da complexidade que o problema de sauacutede exigir e considera
as possiacuteveis causas individuais de cada pessoa no seu processo de adoecimento O quarto
representa a capacidade do serviccedilo para dar atenccedilatildeo agraves necessidades individuais e coletivas
garantindo o seguimento constante da equipe de sauacutede mesmo que os problemas de sauacutede
estejam sendo sanados em outro niacutevel de assistecircncia agrave sauacutede O quinto considera a famiacutelia
como nuacutecleo para o conhecimento integral dos problemas de sauacutede O sexto implica conhecer
as famiacutelias em seu contexto cultural socioeconocircmico e social (STARFIELD 2002)
42
Abrahatildeo-Curvo (2010) esclarece que os princiacutepios da APS foram retomados nas
reformas do setor Sauacutede em vaacuterios paiacuteses sobretudo no Brasil com a adesatildeo e participaccedilatildeo de
variados segmentos da sociedade brasileira
Salienta-se portanto que ante o movimento internacional gerado pela Conferecircncia de
Alma-Ata em virtude do contexto de mudanccedilas observadas na Ameacuterica Latina o Brasil volta-
se a refletir suas poliacuteticas de sauacutede embasado em conceitos discutidos na referida conferecircncia
Sendo assim o processo de transformaccedilatildeo e de avanccedilo no setor da Sauacutede do Brasil
conforme apontam Santos e Mattos (2011) adveacutem em sua maioria da realizaccedilatildeo da VIII
Conferecircncia Nacional em Sauacutede em 1986 que consagrou a Reforma Sanitaacuteria como eixo de
luta para a transformaccedilatildeo do panorama de Sauacutede do paiacutes
Scherer Marino e Ramos (2005) assinalam que por meio da Conferecircncia foram
deliberados os princiacutepios e diretrizes incorporados na Poliacutetica Nacional de Sauacutede aprovados na
Constituiccedilatildeo de 1988 Demarca-se legalmente um novo modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede em
substituiccedilatildeo ao existente
Arouca (1987) informa que a CNS trouxe agrave tona a questatildeo da sauacutede com amplitude de
seu conceito natildeo a considerando como a simples ausecircncia de doenccedila mas sim em estado
resultante das condiccedilotildees de alimentaccedilatildeo habitaccedilatildeo educaccedilatildeo renda meio ambiente trabalho
transporte emprego lazer liberdade e acesso a serviccedilos de sauacutede Portanto a sauacutede natildeo estaria
mais relacionada apenas com a ausecircncia de doenccedilas mas seria resultado das formas de
organizaccedilatildeo social da produccedilatildeo as quais podem gerar grandes desigualdades nos niacuteveis de vida
e de sauacutede
Observa-se que o movimento da Reforma Sanitaacuteria Brasileira foi pautado em uma
mobilizaccedilatildeo reivindicatoacuteria alicerccedilada na necessidade popular de reconstruir uma estrutura
normativa que atendesse agraves reais necessidades da populaccedilatildeo nas questotildees de sauacutede como direito
de cidadania (MACHADO et al 2007)
A CNS serviu de base para o nascimento do SUS emergindo dessa forma em meio
aos debates levantados durante esse evento Visando-se ao cumprimento da Constituiccedilatildeo foi
editada em 1990 a Lei Orgacircnica da Sauacutede (LOS) formada pelas Leis Federais 808090 e
814290 as quais instituem e dispotildeem sobre o funcionamento organizaccedilatildeo e caracteriacutesticas do
SUS Com base na Constituiccedilatildeo e posteriormente na LOS definiu-se que o SUS seria regido
por determinados princiacutepios e diretrizes e propunha-se naquela legislaccedilatildeo a passagem do entatildeo
modelo vigente para uma forma voltada agrave prevenccedilatildeo e promoccedilatildeo da sauacutede (VALENTIM
KRUEL 2007)
43
Destarte observa-se que o SUS eacute resultado de um longo processo de debates e de lutas
por melhores condiccedilotildees de sauacutede no paiacutes Surge como um novo paradigma na atenccedilatildeo agrave sauacutede
Seus princiacutepios e diretrizes rompem com o paradigma cliacutenico tradicional (SCHERER
MARINO RAMOS 2005)
Simino (2009) afirma que o SUS eacute marcado por princiacutepios doutrinaacuterios ou filosoacuteficos
(universalidade equidade e integralidade) e por princiacutepios organizativos (descentralizaccedilatildeo
regionalizaccedilatildeo hierarquizaccedilatildeo e participaccedilatildeo social)
Ainda de acordo com a autora supracitada a universalidade eacute compreendida a partir
do reconhecimento da assistecircncia agrave sauacutede um direito fundamental do cidadatildeo cabendo ao
Estado garantir as condiccedilotildees indispensaacuteveis ao seu pleno exerciacutecio e ao acesso agrave atenccedilatildeo e
assistecircncia agrave sauacutede em todos os niacuteveis de complexidade A equidade eacute um princiacutepio de justiccedila
social Haja vista que busca diminuir desigualdades A integralidade significa a garantia do
fornecimento de um conjunto articulado e contiacutenuo de accedilotildees e serviccedilos preventivos curativos e
coletivos exigidos em cada caso para todos os niacuteveis de complexidade de assistecircncia Este
princiacutepio ainda engloba accedilotildees de promoccedilatildeo proteccedilatildeo e recuperaccedilatildeo da sauacutede e em seu sentido
amplo considera a pessoa como um ser integral inserida em um contexto familiar social
cultural e econocircmico
Machado et al (2007) asseveram que a integralidade eacute um conceito que permite uma
identificaccedilatildeo dos sujeitos como totalidades ainda que natildeo sejam alcanccedilaacuteveis em sua plenitude
considerando-se todas as dimensotildees possiacuteveis em que se pode intervir pelo acesso permitido
por eles proacuteprios Dessa forma o atendimento integral extrapola a estrutura organizacional
hierarquizada e regionalizada da assistecircncia de sauacutede se prolonga pela qualidade real da
atenccedilatildeo individual e coletiva assegurada aos usuaacuterios do sistema de sauacutede requisita o
compromisso com o contiacutenuo aprendizado e com a praacutetica multiprofissional
Quanto aos princiacutepios organizativos do SUS estes promovem a viabilizaccedilatildeo de suas
operaccedilotildees gerenciais Em relaccedilatildeo agrave descentralizaccedilatildeo este garante a transferecircncia de recursos
financeiros e o poder para os Estados e municiacutepios permitindo que a destinaccedilatildeo dos recursos
seja realizada contemplando-se as necessidades de cada localidade aleacutem de possibilitar a
participaccedilatildeo social A regionalizaccedilatildeo estaacute relacionada com o processo de distribuiccedilatildeo dos
serviccedilos em uma determinada regiatildeo permitindo oferecer serviccedilos e accedilotildees de sauacutede mais
proacuteximos de onde as pessoas moram No que tange agrave hierarquizaccedilatildeo esta implica a
estruturaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da assistecircncia agrave sauacutede por niacuteveis de complexidade tecnoloacutegica A
participaccedilatildeo social permite a participaccedilatildeo dos usuaacuterios e da comunidade na construccedilatildeo e
fiscalizaccedilatildeo das accedilotildees de sauacutede (SIMINO 2009)
44
Eacute preciso ressaltar que o SUS natildeo eacute um modelo simples e estanque embora tenha sido
explicitado em sua formalizaccedilatildeo inicial pela Constituiccedilatildeo Federal de 1988 e posteriormente
operacionalizado por meio de legislaccedilatildeo especiacutefica como a Lei Orgacircnica da Sauacutede e pelas
Normas de Operacionalizaccedilatildeo Baacutesicas e de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede (NOBs e NOAS) O SUS eacute um
processo e como tal estaacute em constante construccedilatildeo em busca do seu proacuteprio aperfeiccediloamento
objetivos e ideal (VALENTIM KRUEL 2007)
Na atual conjuntura sabe-se que o SUS vem constituindo-se no paiacutes haacute cerca de vinte
anos a partir destes princiacutepios todavia uma nova abordagem da APS emerge no Brasil por
meio da ediccedilatildeo da Portaria nordm 648 de 2006 do Ministeacuterio da Sauacutede Tal portaria aprova a
Poliacutetica Nacional de Atenccedilatildeo Baacutesica (PNAB) Retoma os elementos essenciais da APS e
reforccedila na Sauacutede da Famiacutelia o eixo organizador do sistema de sauacutede brasileiro
Teixeira (2004) chama a atenccedilatildeo para o fato de que a mudanccedila do modelo de atenccedilatildeo
vem desenvolvendo-se desde o iniacutecio da deacutecada de 1990 principalmente a partir de 1993-1994
quando foram desencadeados os processos de municipalizaccedilatildeo e de implementaccedilatildeo do
Programa de Sauacutede da Famiacutelia adotada com a intenccedilatildeo de atender a todos os princiacutepios legais
do SUS especialmente os de universalidade de acesso de integralidade da assistecircncia agrave sauacutede e
de resolutividade englobando paulatinamente toda a rede de serviccedilos baacutesicos com a
ampliaccedilatildeo e qualificaccedilatildeo da atenccedilatildeo primaacuteria em sauacutede
De acordo com o Ministeacuterio da Sauacutede (2000a) o Programa de Sauacutede da Famiacutelia (PSF)
foi implantado em 1994 no Brasil para dar sustentaccedilatildeo ao Programa de Agentes Comunitaacuterios
de Sauacutede (PACS) Eacute considerado um projeto dinamizador do SUS condicionado pela evoluccedilatildeo
histoacuterica e pela organizaccedilatildeo do sistema de sauacutede no Brasil
Eacute definido como um modelo de assistecircncia que vai desenvolver accedilotildees de promoccedilatildeo e
proteccedilatildeo agrave sauacutede do indiviacuteduo da famiacutelia e da comunidade por meio de equipes que faratildeo o
atendimento na unidade local de sauacutede da comunidade ao niacutevel de atenccedilatildeo primaacuteria Aleacutem do
atendimento suas atividades devem incluir programaccedilatildeo grupos terapecircuticos e visitas
domiciliares entre outras (BRASIL 2004)
O Ministeacuterio da Sauacutede (2000b) chama a atenccedilatildeo para o fato de o PSF ser
compreendido como modelo substitutivo da rede baacutesica tradicional de cobertura universal
Este modelo eacute reconhecido como uma praacutetica que requer alta tecnologia nos campos do
conhecimento do desenvolvimento de habilidades e de mudanccedila de atitudes
Peduzzi (2000) estabelece que o PSF apresenta a finalidade de viabilizar mudanccedilas
dentro do contexto de sauacutede puacuteblica na loacutegica do modelo assistencial biomeacutedico
particularmente no que se refere agrave Atenccedilatildeo Baacutesica e sua articulaccedilatildeo aos demais niacuteveis de
45
atenccedilatildeo Este programa tem como base os princiacutepios operacionais de adscriccedilatildeo da clientela da
integralidade da atenccedilatildeo do planejamento local e regional da equidade do acesso aos serviccedilos
do controle social da accedilatildeo intersetorial e do trabalho em equipe
O PSF apresenta como filosofia o princiacutepio da vigilacircncia agrave sauacutede apresentando
caracteriacutesticas de atuaccedilatildeo interdisciplinar e multidisciplinar e de responsabilidade integral para
com a populaccedilatildeo que reside na aacuterea de abrangecircncia de suas unidades de sauacutede O programa em
questatildeo consiste em optar pela descentralizaccedilatildeo como forma de aproximar os serviccedilos de sauacutede
de quem deles mais precisa Dessa forma aacutereas mais carentes desses serviccedilos passam a receber
accedilotildees tradicionais de promoccedilatildeo de sauacutede por meio da prevenccedilatildeo e de accedilotildees de assistecircncia
meacutedica Soma-se ao processo a participaccedilatildeo da comunidade por intermeacutedio de seus agentes
representativos que fazem uma ligaccedilatildeo entre a equipe de sauacutede e o cliente a ser atendido
rompendo as barreiras e identificando as reais necessidades ao mesmo tempo que representa
uma forma do serviccedilo que eacute prestado agrave populaccedilatildeo (BRASIL 2005a)
Simino (2009) ressalta que gradualmente a Sauacutede da Famiacutelia perdeu o status de
programa uma vez que tem sido considerada uma estrateacutegia para a reorganizaccedilatildeo da Atenccedilatildeo
Baacutesica de sauacutede no Brasil seguindo os conceitos da Atenccedilatildeo Primaacuteria agrave Sauacutede Nesse contexto
o Ministeacuterio da Sauacutede (2005b) reconhece que atualmente a Estrateacutegia da Sauacutede da Famiacutelia
(ESF) vem sendo implantada em substituiccedilatildeo ao modelo tradicional para a Atenccedilatildeo Baacutesica A
sua organizaccedilatildeo favorece o estabelecimento de viacutenculos de responsabilidade e confianccedila entre
profissionais e famiacutelias e permite uma compreensatildeo ampla do processo sauacutede-doenccedila e da
necessidade de intervenccedilotildees a partir dos problemas e demandas identificadas
Assim sendo transformar o programa em uma estrateacutegia de organizaccedilatildeo foi um
avanccedilo para a gestatildeo do SUS uma vez que se busca natildeo apenas o acesso e sua ampliaccedilatildeo mas
tambeacutem a reorganizaccedilatildeo da praacutetica da atenccedilatildeo agrave sauacutede sobre novas bases e a substituiccedilatildeo do
modelo entatildeo vigente levando a sauacutede para mais perto das famiacutelias e melhorando-se a
qualidade de vida dos cidadatildeos brasileiros (BRASIL 2005c)
Conforme assinalam Costa e Carbone (2004) esta mudanccedila de modelo possibilita a
integraccedilatildeo e a organizaccedilatildeo das atividades em um territoacuterio definido com o propoacutesito de
favorecer o enfrentamento dos problemas identificados e implica necessariamente a articulaccedilatildeo
da Atenccedilatildeo Baacutesica com a meacutedia e com a alta complexidade envolvendo a integraccedilatildeo de
poliacuteticas estrateacutegicas de sauacutede aleacutem de envolver diversos atores compreendendo-os como
pessoas e instituiccedilotildees a saber os usuaacuterios do sistema o gestor de sauacutede a equipe de sauacutede da
famiacutelia e as lideranccedilas comunitaacuterias
46
Logo o que se espera da Atenccedilatildeo Baacutesica organizada pela ESF quando esta eacute
capacitada e integra a comunidade eacute que seja capaz de resolver 80 das demandas dos
serviccedilos de sauacutede de uma populaccedilatildeo jaacute que a maior parte dessa demanda concentra-se em
poucos problemas Isso demonstra a importacircncia e a necessidade de se investir nos serviccedilos de
atenccedilatildeo primaacuteria a fim de se tornarem mais resolutivos As accedilotildees devem ser orientadas para o
cuidado integral dos indiviacuteduos inseridos em suas respectivas famiacutelias Esse eacute um dos sentidos
atribuiacutedos ao princiacutepio constitucional de integralidade do SUS (BRASIL 2005c)
Bonassa e Campos (2001) destacam trecircs caracteriacutesticas fundamentais da Estrateacutegia de
Sauacutede da Famiacutelia A primeira eacute a ecircnfase na territorializaccedilatildeo e na adscriccedilatildeo da clientela
responsabilizando-se cada equipe pelo cadastramento e acompanhamento das famiacutelias do
territoacuterio de abrangecircncia A segunda eacute o seu poder substitutivo em meio a suas unidades
porquanto natildeo constitui uma nova estrutura de serviccedilos (excetuando-se as aacutereas anteriormente
desprovidas) mas substitui as praacuteticas convencionais de assistecircncia por um novo processo de
trabalho cujo eixo estaacute centrado na vigilacircncia agrave sauacutede e na participaccedilatildeo da comunidade A
terceira eacute a sua participaccedilatildeo no SUS dentro do princiacutepio da integralidade e da hierarquizaccedilatildeo
por isso deve estar vinculada agrave rede de serviccedilos de forma que garanta atenccedilatildeo integral aos
indiviacuteduos e agraves famiacutelias em todos os niacuteveis de complexidade sempre que for necessaacuterio
De acordo com as Portarias de nordm 1186GMMS e nordm 157GMMS observa-se que cada
equipe de Sauacutede da Famiacutelia seja responsaacutevel por no maacuteximo 4500 pessoas Desta forma a
Unidade de Sauacutede pode ser composta por uma ou mais equipes dependendo da concentraccedilatildeo
de famiacutelias residentes no territoacuterio (BRASIL 1997 BRASIL 1998c)
Cada equipe de Sauacutede da Famiacutelia deve ser capacitada para conhecer a realidade das
famiacutelias pelas quais eacute responsaacutevel por meio de cadastramento e diagnoacutestico de suas
caracteriacutesticas sociais demograacuteficas e epidemioloacutegicas para identificar os principais problemas
de sauacutede e situaccedilotildees de risco a que estaacute exposta a populaccedilatildeo que ela atende e para elaborar
com a participaccedilatildeo da comunidade um plano local para enfrentar os determinantes do processo
sauacutede-doenccedila Aleacutem disso essa equipe necessita estar preparada para prestar uma assistecircncia
integral respondendo de forma contiacutenua e racionalizada agrave demanda organizada ou espontacircnea
na unidade na comunidade no domiciacutelio e no acompanhamento ao atendimento nos serviccedilos
de referecircncia ambulatorial ou hospitalar desenvolvendo accedilotildees educativas e intersetoriais a fim
de enfrentar os problemas de sauacutede identificados (BRASIL 2005a)
Destarte observa-se que a abordagem da referida estrateacutegia de acordo com o
Ministeacuterio da Sauacutede (2005b) estaacute centrada na famiacutelia que eacute o objeto principal de atenccedilatildeo
sendo esta entendida a partir do ambiente onde vive Eacute nesse espaccedilo que se constroem as
47
relaccedilotildees intrafamiliares e extrafamiliares e se desenvolve a luta pela melhoria das condiccedilotildees de
vida permitindo ainda uma compreensatildeo ampliada do processo sauacutededoenccedila e portanto da
necessidade de intervenccedilotildees de maior impacto e significaccedilatildeo social
Guitierrez e Minayo (2010) destacam que eacute na famiacutelia e pela famiacutelia que se produzem
cuidados essenciais agrave sauacutede que vatildeo desde as interaccedilotildees afetivas necessaacuterias ao
desenvolvimento da sauacutede mental e da personalidade madura de seus membros passando pela
aprendizagem da higiene e da cultura alimentar e atingindo o niacutevel de adesatildeo aos tratamentos
prescritos pelos serviccedilos tais como medicaccedilatildeo dietas e atividades preventivas Essa
complementaridade ocorre por meio de accedilotildees concretas no cotidiano das famiacutelias permitindo o
reconhecimento das doenccedilas busca de atendimento meacutedico incentivo para o autocuidado e o
apoio emocional
Quanto agrave operacionalizaccedilatildeo da ESF esta se daacute mediante a implantaccedilatildeo de equipes
multiprofissionais em unidades de sauacutede da famiacutelia (USFs) as quais devem ser adequadas agraves
diferentes realidades locais desde que sejam mantidos os seus princiacutepios e diretrizes
fundamentais Para tanto o impacto favoraacutevel nas condiccedilotildees de sauacutede da populaccedilatildeo adscrita
deve ser a preocupaccedilatildeo baacutesica dessa estrateacutegia (BRASIL 2005a)
A atribuiccedilatildeo baacutesica da equipe de sauacutede da famiacutelia estaacute relacionada com o
conhecimento da realidade das famiacutelias pelas quais eacute responsaacutevel identificando os problemas
de sauacutede mais comuns e as situaccedilotildees de risco ao qual a populaccedilatildeo estaacute exposta atuando e
intervindo continuamente na realidade social apresentada (BRASIL 2000c)
O funcionamento da ESF se daacute em unidades de sauacutede da famiacutelia com uma equipe
composta no miacutenimo por um meacutedico generalista um enfermeiro um auxiliar de enfermagem
e quatro a seis agentes comunitaacuterios de sauacutede (ACSs) no entanto outros agentes podem ser
incorporados agrave equipe de sauacutede da famiacutelia um odontoacutelogo e um atendente de consultoacuterio
dentaacuterio ou um teacutecnico de higiene bucal Esses agentes formam equipes que satildeo responsaacuteveis
pelo acompanhamento de um nuacutemero definido de famiacutelias localizadas em uma determinada
aacuterea geograacutefica Tais equipes atuam na promoccedilatildeo da sauacutede prevenccedilatildeo recuperaccedilatildeo
reabilitaccedilatildeo de doenccedilas e de agravos mais frequentes e na manutenccedilatildeo da sauacutede dessa
comunidade (BRASIL 2000a)
Valentim e Kruel (2007) asseveram que cada profissional da equipe baacutesica de USF
possui uma determinada atribuiccedilatildeo no entanto cabe a todos fomentar e desenvolver
conjuntamente accedilotildees preventivas e de promoccedilatildeo da qualidade de vida da comunidade aleacutem de
accedilotildees de recuperaccedilatildeo e de reabilitaccedilatildeo da sauacutede tanto na unidade de sauacutede quanto nos
municiacutepios aliando desta forma a atuaccedilatildeo cliacutenica e teacutecnica agrave praacutetica da sauacutede coletiva
48
Nessa perspectiva eacute de suma importacircncia uma equipe interdisciplinar para promoccedilatildeo
da assistecircncia aos problemas de sauacutede do indiviacuteduo reforccedilando-se a necessidade de
profissionais generalistas que atendam a todas as necessidades de sauacutede faixas etaacuterias e fases
do desenvolvimento humano (BRASIL 2005c) Dessa forma o trabalho em equipe na ESF eacute
um dos pressupostos mais importantes para a reorganizaccedilatildeo do processo de trabalho com
possibilidade de uma abordagem mais integral e mais resolutiva
Lopes e Silva (2004) advertem sobre a necessidade do aprimoramento da equipe da
Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia (ESF) e praacutetica das accedilotildees que implementem novos protocolos
de atenccedilatildeo agrave sauacutede adaptadas agraves novas realidades e ao perfil epidemioloacutegico da populaccedilatildeo Os
protocolos baseados na atualizaccedilatildeo teoacuterica e nos avanccedilos do conhecimento numa visatildeo
interdisciplinar proporcionam subsiacutedios necessaacuterios agrave adequaccedilatildeo cientiacutefica e tecnoloacutegica dos
processos terapecircuticos conferindo homogeneidade agraves condutas teacutecnicas tornando o
atendimento resolutivo e competente
Santos e Mattos (2011) enfatizam para a necessidade de os profissionais da ESF
fazerem uso de novas modalidades de cuidar com o escopo de melhorar a qualidade da
assistecircncia perpassando a simples cura da doenccedila e indo aleacutem desta a fim de aliviar o
sofrimento das pessoas e a carga de seus familiares Acrescentam ainda que a construccedilatildeo de
um modelo assistencial diferente e inovador necessariamente levaraacute em conta a valorizaccedilatildeo de
novos espaccedilos e de outras formas de organizaccedilatildeo das tecnologias
Dentre essas novas propostas de modalidades de cuidar destacam-se os Cuidados
Paliativos que emergem como uma praacutetica de implementaccedilatildeo tanto dos cuidados quanto da
organizaccedilatildeo dos serviccedilos de sauacutede que precisam ser modificados para oferecer respostas aos
problemas que fazem sofrer as pessoas que apresentam enfermidades incuraacuteveis
Sob esse prisma os Cuidados Paliativos buscam dar uma resposta ativa aos problemas
necessidades e sofrimento gerados pela progressatildeo das doenccedilas crocircnicas e incuraacuteveis
procurando cada vez mais humanizar os cuidados de sauacutede prestados agraves pessoas acometidas de
enfermidades crocircnicas e seus familiares Assinala-se que essa praacutetica natildeo significa uma
intervenccedilatildeo apenas no final da vida mas sim uma abordagem estruturada para atender agraves
necessidades das pessoas em qualquer fase da enfermidade o mais precocemente possiacutevel
(SANTOS MATTOS 2011)
A Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (2003) recomenda que a Atenccedilatildeo Baacutesica exerccedila um
papel fundamental tambeacutem nos cuidados continuados crocircnicos ou paliativos devendo ser o
principal responsaacutevel pela atenccedilatildeo aos pacientes e seus familiares e a base para o sistema de
49
referecircncia e contrarreferecircncia de forma que assegure a articulaccedilatildeo da continuidade dos cuidados
nos demais niacuteveis de atenccedilatildeo
Santos e Mattos (2011) concordam que os Cuidados Paliativos podem ser estruturados
na Atenccedilatildeo Baacutesica uma vez que a ESF eacute considerada um modelo de atenccedilatildeo primaacuteria
comprometido com a integridade da atenccedilatildeo agrave sauacutede focado na unidade familiar e compatiacutevel
com o contexto socioeconocircmico cultural e epidemioloacutegico da comunidade em que estaacute
inserida as equipes de sauacutede da famiacutelia
No acircmbito internacional a atenccedilatildeo primaacuteria de paiacuteses como Inglaterra Espanha
Canadaacute e Portugal vem integrando a poliacutetica de Cuidados Paliativos com a disseminaccedilatildeo de
capacitaccedilatildeo permanente para todos os profissionais da Sauacutede e com o estabelecimento de
poliacuteticas e protocolos assistenciais Quanto ao cenaacuterio nacional observa-se que o Ministeacuterio da
Sauacutede vem empreendendo um esforccedilo no sentido de elaborar diretrizes nacionais para a atenccedilatildeo
em Cuidados Paliativos e controle da dor crocircnica a fim de que estes sejam incorporados na
Atenccedilatildeo Baacutesica (SANTOS MATTOS 2011)
Floriani (2011) afirma que nos uacuteltimos dez anos o Ministeacuterio da Sauacutede realizou
diversas iniciativas com o propoacutesito de inserir os Cuidados Paliativos como uma importante
estrateacutegia de poliacutetica de Sauacutede Este fato ocorreu a partir de 1998 quando surgiram os centros
de alta complexidade em oncologia (CACONs) preconizando-se a necessidade de equipe
qualificada em Cuidados Paliativos tanto para tratamento em regime de internaccedilatildeo hospitalar
quanto para tratamento domiciliar Com tal iniciativa pretendeu-se incluir os Cuidados
Paliativos na assistecircncia oncoloacutegica do SUS
Mello e Caponero (2011) dizem que o Ministeacuterio da Sauacutede alerta para a necessidade
inicial de disseminaccedilatildeo da temaacutetica com o escopo de sensibilizar as pessoas em geral
sobretudo os profissionais da Sauacutede Haja vista que sua intenccedilatildeo eacute a de implementar Cuidados
Paliativos inclusive o controle da dor crocircnica nos diferenciados niacuteveis de atenccedilatildeo (baacutesica
especializada de meacutedia e alta complexidade) organizando a assistecircncia em linhas de cuidados
integrais (eletivo e de urgecircncia domiciliar ambulatorial e hospitalar)
Neste enfoque a magnitude social da demanda de Cuidados Paliativos no Brasil
mostra a necessidade de se estruturar uma rede integrada de serviccedilos que deve ser
regionalizada e hierarquizada estabelecendo uma linha de cuidados integrais e continuados
Floriani e Schramm (2007) afirmam que um dos aspectos mais desafiadores agrave
absorccedilatildeo pelo sistema de sauacutede dos Cuidados Paliativos estaacute na organizaccedilatildeo efetiva dos
recursos humanos Haja vista que a equipe precisa administrar uma seacuterie de fatores que nem
sempre poderatildeo estar padronizados e institucionalizados Esse eacute o caso dos conflitos de
50
natureza eacutetica como o respeito da confidencialidade introduccedilatildeo e retirada de medicamentos
que se apresentam quase invariavelmente na praacutetica dos Cuidados Paliativos
Rajagopal Mazza e Lipman (2003) referem tambeacutem problemas relativos agrave
comunicaccedilatildeo do diagnoacutestico e prognoacutestico ao paciente ao local do falecimento do paciente
uma vez que esta eacute uma questatildeo que costuma estressar bastante o cuidador e a famiacutelia agrave
confidencialidade das informaccedilotildees dentre outros Consideram fundamental que a equipe
busque uma uniformidade em seu discurso e dialogue abertamente com o paciente com seu
cuidador e com a famiacutelia
Portanto eacute necessaacuterio agrave praacutetica de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica que o
profissional da Sauacutede conheccedila e domine procedimentos claacutessicos em Cuidados Paliativos
como por exemplo o uso da via subcutacircnea para infusatildeo de medicamentos e para hidrataccedilatildeo e
saiba reconhecer quando o paciente estaacute na fase terminal de sua doenccedila A ausecircncia deste tipo
especiacutefico de competecircncia eacute motivo de profundos mal-entendidos geradores de distorccedilotildees entre
os membros da equipe o que gera em uacuteltima instacircncia inseguranccedila ao paciente e
especialmente ao cuidador e aos membros da famiacutelia
Diante de tais problemas Florioni e Schramm (2007) enfatizam a necessidade da
incorporaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na rede de Atenccedilatildeo Baacutesica que pode desempenhar um
papel relevante nos cuidados no fim da vida especialmente em aacutereas onde natildeo haacute centros de
referecircncia em Cuidados Paliativos Chamam a atenccedilatildeo para algumas situaccedilotildees desafiadoras agraves
accedilotildees da equipe de Atenccedilatildeo Baacutesica na provisatildeo desses cuidados como os aspectos relacionados
com o cuidador familiar alguns conflitos de natureza eacutetica inerentes a esta atividade e relativos
agrave alocaccedilatildeo dos recursos humanos disponiacuteveis
Os autores mencionados acrescentam que os cuidados no fim da vida encerram um
campo de grandes conflitos morais para a equipe que assiste o paciente como por exemplo
aqueles relativos ao planejamento de investir no tratamento agrave retirada de suporte de vida (como
alimentos e liacutequidos) agrave eutanaacutesia entre outros
Todavia a implantaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar no sistema de sauacutede brasileiro
constitui-se uma tarefa desafiadora aos gestores da Sauacutede apresentando-se de forma lenta e
desarticulada Salienta-se que existem importantes obstaacuteculos tanto de ordem operacional
quanto de ordem eacutetica e cultural que precisam ser enfrentados tais como precaacuteria formaccedilatildeo de
recursos humanos a falta de visatildeo dos gestores a respeito da importacircncia dos Cuidados
Paliativos e a dificuldade de acesso a medicamentos especialmente opioides (FLORIANI
2011)
51
Diante dessa realidade o sistema de sauacutede brasileiro tem a difiacutecil tarefa de ir agrave busca
de um modelo sustentaacutevel de cuidados no fim da vida do ponto de vista operacional
organizado de modo que possa ser acessiacutevel nos mais diferentes contextos do paiacutes sendo
portanto necessaacuteria a promoccedilatildeo de uma assistecircncia humanizada pautada na filosofia dos
Cuidados Paliativos
52
4 Trajetoacuteria metodoloacutegica
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
53
4 TRAJETOacuteRIA METODOLOacuteGICA
No presente capiacutetulo discorreremos sobre o caminho metodoloacutegico percorrido para
concretizaccedilatildeo desta pesquisa Segundo Minayo (2010) o caminho metodoloacutegico eacute uma
apresentaccedilatildeo didaacutetica do tratamento dos dados o qual acontece mediante um processo contiacutenuo
e simultacircneo com passos articulados e complementares entre si visando-se apreender a
realidade tal como se apresenta aos olhos do pesquisador levando este agrave reflexatildeo com o suporte
do referencial teoacuterico Dessa forma a metodologia eacute a previsatildeo dos recursos necessaacuterios e
procedimentos para se atingir os objetivos propostos e responder agraves questotildees de pesquisa
estabelecidas
Para o desenvolvimento desta pesquisa considerando os objetivos propostos e o tema
em foco optamos pela pesquisa exploratoacuteria com abordagem qualitativa Na concepccedilatildeo de
Polit Beck e Hungler (2004) a pesquisa exploratoacuteria busca explorar as dimensotildees do
fenocircmeno a maneira pela qual este eacute manifestado e outros fatores com os quais se relaciona
Gil (2010) afirma que este tipo de pesquisa proporciona maior familiaridade com a
problemaacutetica objetivando-se tornaacute-la mais expliacutecita ou construir hipoacuteteses aprimorando-se
ideias ou a descobertas de intuiccedilotildees
Polit Beck e Hungler (2004) acrescentam que em estudos de natureza qualitativa o
investigador amplia a sua experiecircncia no fenocircmeno encontrando-se elementos necessaacuterios que
permitam o contato dele com determinada populaccedilatildeo e a obtenccedilatildeo de resultados que ele deseja
Nesta modalidade de pesquisa parte-se da premissa de que os conhecimentos sobre os
indiviacuteduos somente acontecem a partir de dados empiacutericos jaacute disponiacuteveis e apreensiacuteveis pela
descriccedilatildeo da experiecircncia humana vivida e determinada pelos seus proacuteprios sujeitos
Quanto ao cenaacuterio da pesquisa este foi desenvolvido no municiacutepio de Joatildeo Pessoa
(PB) em unidades de sauacutede da famiacutelia pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV Vale ressaltar que
neste municiacutepio a estrutura da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia foi implantada no ano 2000
inicialmente com a instalaccedilatildeo de sete equipes Conta atualmente com cento e oitenta equipes
A ampliaccedilatildeo desse nuacutemero teve por objetivo o de expandir a cobertura territorial e populacional
das accedilotildees baacutesicas de sauacutede (JOAtildeO PESSOA 2010)
A cobertura populacional da ESF cresceu de 727 em 2005 para 81 (563609) das
pessoas cadastradas ou ainda 144634 famiacutelias da populaccedilatildeo total de Joatildeo Pessoa (693082
habitantes) em 2008 Essa cobertura superou a meta de 80 preconizada pelo Ministeacuterio da
Sauacutede e representou a segunda maior no ano de 2007 em comparaccedilatildeo com outras capitais
brasileiras sendo a primeira observada em Aracaju com 966 Deveu-se a fatores como o
54
processo de territorializaccedilatildeo e remapeamento das aacutereas de abrangecircncia das equipes de sauacutede da
famiacutelia implantaccedilatildeo e implementaccedilatildeo do apoio matricial (JOAtildeO PESSOA 2008)
No que diz respeito ao atendimento prestado aos muniacutecipes da Capital as accedilotildees de
sauacutede atualmente satildeo coordenadas no espaccedilo dos distritos sanitaacuterios A ldquorederdquo de serviccedilos de
sauacutede do municiacutepio de Joatildeo Pessoa estaacute distribuiacuteda territorialmente em cinco distritos sanitaacuterios
(DS I DS II DS III DS IV e DS V) que recortam toda a extensatildeo territorial da referida cidade
e compreendem o primeiro niacutevel de organizaccedilatildeo da rede de serviccedilos de sauacutede denominado
Atenccedilatildeo Baacutesica Em cada distrito existe um diretor geral um diretor teacutecnico um diretor
administrativo e um grupo de apoiadores matriciais Este uacuteltimo eacute constituiacutedo por profissionais
que satildeo responsaacuteveis pela conduccedilatildeo tecnopoliacutetica das accedilotildees desenvolvidas no territoacuterio
A figura 1 a seguir mostra a localizaccedilatildeo dos cinco distritos sanitaacuterios e as respectivas
USFs de acordo com as regiotildees geograacuteficas do municiacutepio de Joatildeo Pessoa
Figura 1 ndash Representaccedilatildeo geograacutefica da localizaccedilatildeo das USFs de Joatildeo Pessoa (2010)
Fonte ndash Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
55
Atualmente os distritos sanitaacuterios de Joatildeo Pessoa contam com 125 USFs
comportando como jaacute foi dito 180 equipes de sauacutede da famiacutelia Esse nuacutemero tende a ser
crescente tendo em vista a necessidade de ampliaccedilatildeo do nuacutemero de unidades para atender agrave
elevada demanda decorrente do aumento populacional neste municiacutepio (JOAtildeO PESSOA
2010)
Ressaltamos que esta rede da Atenccedilatildeo Baacutesica ainda eacute composta por cinco unidades
que funcionam como referecircncia para a populaccedilatildeo descoberta da ESF assegurando o princiacutepio
da universalidade do SUS Satildeo estas Unidade Baacutesica de Mandacaru Unidade de Sauacutede das
Praias Unidade de Sauacutede Lourival Gouveia de Moura Unidade de sauacutede Maria Luiza Targino
e Unidade de Sauacutede Francisco das Chagas Aleacutem disso dispotildee da oferta de consultas e
procedimentos nas cliacutenicas baacutesicas nos Centros de Atenccedilatildeo Integral agrave Sauacutede (CAIS) dos bairros
de Mangabeira Jaguaribe e Cristo
Conforme foi assinalado o cenaacuterio da pesquisa ocorreu especificamente no Distrito
Sanitaacuterio IV Este eacute composto por vinte e nove unidades distribuiacutedas pelos seguintes bairros
Roger Tambiaacute Centro Mandacaru Alto do Ceacuteu Varadouro Bairro dos Estados Bairro dos
Ipecircs Torre Trincheiras Ilha do Bispo e Treze de Maio como mostra a figura 2 a seguir
Figura 2 ndash Mapa do territoacuterio do Distrito Sanitaacuterio IV (2010)
Fonte ndash Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
56
Cumpre assinalar que elegemos o Distrito Sanitaacuterio IV como cenaacuterio de estudo em
virtude de sua localizaccedilatildeo ser de faacutecil acesso e ele ser considerado o segundo distrito a
apresentar um alto coeficiente de mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em 2009
(destacado no graacutefico 1) sendo uma realidade que sinaliza para a premente necessidade de
assistecircncia pautada nos Cuidados Paliativos
Graacutefico 1 ndash Coeficiente de Mortalidade por Neoplasias1000 habitantes em 2009 Comparativo entre
Joatildeo Pessoa e Distritos Sanitaacuterios
Fonte Secretaria de Planejamento da Prefeitura Municipal de Joatildeo Pessoa (2010)
No referido distrito foi implantada a assistecircncia domiciliar com a finalidade de
garantir dentro dos princiacutepios do SUS a continuidade da assistecircncia em domiciacutelio visando-se
tambeacutem o restabelecimento e a manutenccedilatildeo da sauacutede dos usuaacuterios aleacutem da promoccedilatildeo de sua
autonomia independecircncia e participaccedilatildeo no seu contexto social por meio do desenvolvimento e
adaptaccedilatildeo de funccedilotildees elevando-se sua qualidade de vida e reduzindo-se as reinternaccedilotildees e
consequentemente os riscos impostos aos usuaacuterios familiares e cuidadores
Para a Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede a assistecircncia domiciliar eacute compreendida como
a provisatildeo de serviccedilos de sauacutede por prestadores formais e informais com o objetivo de
promover restaurar e manter o conforto funccedilatildeo e sauacutede das pessoas num niacutevel maacuteximo
inclusive cuidados para uma morte digna (BRASIL 2006)
Destarte acreditando numa aproximaccedilatildeo maior dos profissionais que compotildeem esse
distrito com os Cuidados Paliativos escolhemos o respectivo cenaacuterio para subsidiar a pesquisa
Os participantes da pesquisa foram trinta profissionais da aacuterea da Sauacutede de niacutevel
superior vinculados agraves unidades de sauacutede da famiacutelia do Distrito Sanitaacuterio IV no municiacutepio de
57
Joatildeo Pessoa distribuiacutedos da seguinte forma dez meacutedicos dez enfermeiros e dez cirurgiotildees-
dentistas Assinalamos que este nuacutemero foi considerado suficiente por quanto na pesquisa de
natureza qualitativa conforme explicita Moreira (2004) valoriza-se a qualidade com que o
fenocircmeno ocorre e natildeo a quantidade Nessa linha de pensamento Costa e Valle (2000)
assinalam que na pesquisa de natureza qualitativa natildeo importa a quantidade de participantes
envolvidos em uma investigaccedilatildeo e sim o aprofundamento qualitativo do fenocircmeno pesquisado
Minayo (2010) ao discutir a amostragem na pesquisa qualitativa afirma que nesta
haacute uma preocupaccedilatildeo menor com a generalizaccedilatildeo Na verdade haacute necessidade de um maior
aprofundamento e abrangecircncia da compreensatildeo Entatildeo para esta abordagem o criteacuterio
fundamental natildeo eacute o quantitativo mas sua possibilidade de incursatildeo ou seja eacute essencial que o
pesquisador seja capaz de compreender o objeto de estudo Logo a quantidade da amostra deve
permitir que haja a reincidecircncia de informaccedilotildees ou saturaccedilatildeo dos dados situaccedilatildeo ocorrida
quando nenhuma informaccedilatildeo nova eacute acrescentada com a continuidade do processo de pesquisa
Para a seleccedilatildeo da amostra utilizou-se como criteacuterios de inclusatildeo selecionar o
profissional da aacuterea da Sauacutede ndash meacutedico enfermeiro e cirurgiatildeo-dentista ndash que estivesse atuando
no distrito escolhido para o estudo no momento da coleta de dados incluir soacute quem tivesse no
miacutenimo um ano de atuaccedilatildeo profissional naquele local soacute incluir aquele que aceitasse participar
do estudo
Para a obtenccedilatildeo do material empiacuterico inicialmente optamos pela teacutecnica de entrevista
com a utilizaccedilatildeo do sistema de gravaccedilatildeo contudo alguns participantes solicitaram que natildeo
fosse empregada a referida teacutecnica
Diante da referida solicitaccedilatildeo aplicamos um formulaacuterio contendo perguntas
pertinentes aos objetivos propostos para a pesquisa Este instrumento foi composto de duas
partes a primeira abordou questotildees sobre dados soacutecio-demograacuteficos versando-se a conhecer o
perfil do profissional a segunda formulou questotildees voltadas mais diretamente aos Cuidados
Paliativos (APEcircNDICE A)
O material empiacuterico advindo destes profissionais foi codificado a partir da categoria
profissional a fim de se manter o anonimato deles Dessa forma os depoimentos oriundos dos
profissionais meacutedicos foram identificados pela letra ldquoMrdquo seguido de nuacutemeros de um a dez
Exemplo o primeiro profissional meacutedico foi codificado da seguinte maneira ldquoM1rdquo o segundo
profissional meacutedico ldquoM2rdquo e assim sucessivamente Em relaccedilatildeo ao profissional enfermeiro foi
atribuiacutedo o coacutedigo ldquoErdquo tambeacutem seguido de nuacutemeros de um a dez como terceiro profissional
enfermeiro ldquoE3rdquo Por fim ao profissional cirurgiatildeo-dentista foi determinada a letra ldquoDrdquo
58
acrescida do nuacutemero um a dez a fim de se destacar o profissional responsaacutevel por aquele
depoimento
A coleta de dados foi iniciada apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo Comitecirc de
Eacutetica em Pesquisa do Hospital Universitaacuterio Lauro Wanderlei da Universidade Federal da
Paraiacuteba sob o protocolo de nordm 77710 Sendo assim obedeceu-se aos procedimentos eacuteticos
relativos agrave Pesquisa Envolvendo Seres Humanos no cenaacuterio brasileiro referenciados nas
Diretrizes e Normas Regulamentadoras dispostas na Resoluccedilatildeo Nordm 19696 do Conselho
Nacional de Sauacutede do Ministeacuterio da Sauacutede (BRASIL 2007)
A aproximaccedilatildeo com os participantes da pesquisa foi feita inicialmente mediante um
contato preacutevio com a Diretora do Distrito Sanitaacuterio IV do Municiacutepio de Joatildeo Pessoa a qual foi
informada acerca da proposta da pesquisa para que pudesse encaminhar a pesquisadora aos
profissionais de niacutevel superior da Estrateacutegia de Sauacutede da Famiacutelia e lhes apresentasse o referido
projeto
Em seguida foi realizado um encontro entre a pesquisadora e os profissionais da
Sauacutede pertencentes a este Distrito Neste encontro foram abordados os objetivos do estudo
justificativa e procedimentos metodoloacutegicos
Nesta ocasiatildeo a pesquisadora apresentou aos participantes o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) (APEcircNDICE B) ressaltando a liberdade de participar ou natildeo do
estudo e de desistir dele em qualquer momento da investigaccedilatildeo sem que isto lhes acarretasse
qualquer prejuiacutezo ou constrangimento A pesquisadora os esclareceu sobre a garantia do
anonimato do participante e da confidenciabilidade nos dados fornecidos Aleacutem disso
enfatizou a contribuiccedilatildeo da pesquisa para o reconhecimento da valoraccedilatildeo dos Cuidados
Paliativos pela equipe de sauacutede da famiacutelia
Os dados obtidos por meio do instrumento proposto foram agrupados e analisados
mediante a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo Esta eacute compreendida como um conjunto de teacutecnicas
de anaacutelise das comunicaccedilotildees que tem por finalidade a de obter procedimentos sistemaacuteticos e
objetivos de descriccedilatildeo do conteuacutedo e indicadores das mensagens os quais possibilitam a
induccedilatildeo de informaccedilotildees sobre as categorias de produccedilatildeo destas mensagens (BARDIN 2008)
Como unidade de registro para anaacutelise do material empiacuterico optamos pela anaacutelise de
conteuacutedo temaacutetica Nesta de acordo com Bardin (2008) a noccedilatildeo de tema eacute amplamente
utilizada e se constitui a unidade de significaccedilatildeo que emerge de um texto analisado segundo
determinados criteacuterios relativos agrave teoria que serve de guia para a leitura A mesma autora
afirma ainda que a noccedilatildeo de tema estaacute relacionada com uma afirmaccedilatildeo sobre determinado
assunto e que este tema pode ser uma palavra uma frase um resumo
59
Portanto fazer uma anaacutelise temaacutetica consiste em descobrir os nuacutecleos de sentidos que
compotildeem a comunicaccedilatildeo cuja presenccedila ou frequecircncia de apariccedilatildeo pode significar alguma coisa
para o objetivo analiacutetico escolhido Esta autora esclarece tambeacutem que a anaacutelise temaacutetica eacute
geralmente empregada para estudar as motivaccedilotildees as atitudes os valores as crenccedilas as
tendecircncias entre outros aspectos
Minayo (2010) acrescenta que ao tratar-se de modalidade temaacutetica que busca os
significados do fenocircmeno investigado no material qualitativo coletado mediante as falas dos
sujeitos elucida-se o ldquotemardquo como unidade de significado ndash o que possibilita desvelar os
ldquonuacutecleos do sentidordquo os quais contemplam as formas de comunicaccedilatildeo estabelecidas entre os
sujeitos da pesquisa
A autora ressalta que a operacionalizaccedilatildeo da teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo ocorre em
trecircs etapas a preacute-anaacutelise a exploraccedilatildeo do material e o tratamento dos resultados
A fase de preacute-anaacutelise eacute conceituada como a fase de organizaccedilatildeo propriamente dita dos
dados coletados Eacute neste momento (de acordo com os objetivos e questotildees do estudo) que se
define a unidade de registro a unidade de contexto os trechos significativos e as categorias
Esta fase pressupotildee o contato inicial com o material e com a escolha deste sendo portanto
realizada uma leitura flutuante com a finalidade de facilitar a compreensatildeo do fenocircmeno
investigado visando-se a alcanccedilar um entendimento mais aprofundado (MINAYO 2010)
Seguindo essas orientaccedilotildees selecionamos o material a ser analisado e em seguida
realizamos a transcriccedilatildeo na iacutentegra das respostas correspondentes aos questionamentos
propostos para o estudo Em seguida procedemos a sucessivas leituras de modo atento com
movimentos de ir e vir nos textos como forma de obter uma melhor compreensatildeo do conteuacutedo
abordado pelos profissionais inseridos no estudo
A fase denominada exploraccedilatildeo do material eacute compreendida como o momento extenso
do estudo podendo haver necessidade de realizar diversas leituras de um mesmo material
(MINAYO 2010) Por conseguinte durante esta etapa trabalhamos de maneira
individualizada com uma questatildeo comum a todos os participantes e assim deu sequecircncia agraves
outras necessitando dessa forma como jaacute foi dito um maior movimento de ir e vir nos textos
no intuito de encontrar um mesmo ponto relevante apresentado numa mesma questatildeo comum a
todos
Logo em seguida destacamos os pontos convergentes com a finalidade de identificar o
significado e o sentido de cada fragmento dos discursos trabalhados Tal atividade possibilitou
explorar o material apresentado para se chegar agrave categorizaccedilatildeo Esta permite o pesquisador
60
ldquo[] agrupar elementos ideias ou expressotildees em torno de um conceitordquo (MINAYO 2010 p
70) capaz de contemplar a essecircncia do mesmo
Para tanto foram realizadas incessantes releituras dos conteuacutedos transcritos do
material empiacuterico coletado procurando-se identificar e realccedilar os seguimentos dos discursos
correspondentes expressos no universo de cada foco comum das questotildees trabalhadas em seus
vaacuterios sentidos
Em seguida esses dados foram compilados agregando-se os trechos dos pontos
convergentes e os de cada questatildeo abordada com seu respectivo foco comum Desse modo foi
possiacutevel identificar as seguintes categorias temaacuteticas Cuidados Paliativos ndash aspectos
conceituais e modalidades terapecircuticas com suas respectivas subcategorias ndash Cuidados
Paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de cura
modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees
O tratamento dos resultados eacute caracterizado como a fase em que se tenta desvendar o
conteuacutedo subjacente ao que estaacute sendo manifesto buscando-se compreender as caracteriacutesticas
do fenocircmeno analisado Durante esta fase satildeo abordadas as inferecircncias e interpretaccedilotildees
anunciadas no referencial teoacuterico do estudo proposto culminando-se em novas descobertas
sendo isto um alicerce para novas dimensotildees teoacutericas ante o fenocircmeno investigado (MINAYO
2010)
Na anaacutelise final a pesquisadora realizou a articulaccedilatildeo e interpretaccedilatildeo do material
empiacuterico com base na literatura pertinente ao tema em estudo a fim de proceder agrave descriccedilatildeo
dos dados obtidos a partir dos relatos dos profissionais inseridos na pesquisa bem como
conjeturar novas possibilidades acerca da investigaccedilatildeo proposta
61
5 Apresentaccedilatildeo dos dados e
discussatildeo dos resultados
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
62
Este capiacutetulo tem por objetivo o de apresentar dados relacionados com os participantes
inseridos no estudo os quais viabilizaram a realizaccedilatildeo deste estudo Em seguida seratildeo
apresentadas as categorias e subcategorias temaacuteticas que emergiram do material empiacuterico do
estudo mediante a teacutecnica de anaacutelise de conteuacutedo proposta por Bardin (2008)
51 APRESENTACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA
Esta investigaccedilatildeo foi realizada com os profissionais da Estrateacutegia Sauacutede da Famiacutelia
pertencentes ao Distrito Sanitaacuterio IV constituiacuteda por uma amostra de trinta sujeitos sendo dez
enfermeiros dez meacutedicos e dez cirurgiotildees-dentistas Com relaccedilatildeo agrave faixa etaacuteria observamos
uma variaccedilatildeo entre os vinte e oito e os setenta e trecircs anos Os referidos participantes concluiacuteram
a formaccedilatildeo acadecircmica entre 1967 e 2009 Ressaltamos que a instituiccedilatildeo de ensino de maior
prevalecircncia foi a Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB)
Em relaccedilatildeo agrave titulaccedilatildeo averiguamos que vinte e quatro dos profissionais inseridos no
presente estudo satildeo especialistas Dentre esta amostra treze possuem cursos lato sensu em
aacutereas relacionadas com a atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo Baacutesica como Sauacutede da Famiacutelia Sauacutede Puacuteblica e
Sauacutede Coletiva Segundo Gil (2005) desde a deacutecada de 1990 com a criaccedilatildeo do PSF tem sido
unacircnime o reconhecimento acerca da importacircncia de construir um novo modo de fazer sauacutede e
ao mesmo tempo a constataccedilatildeo de que o perfil dos profissionais formados natildeo se encontra
bastante adequado a habilitaacute-los para uma atuaccedilatildeo na perspectiva da atenccedilatildeo integral agrave sauacutede
nas praacuteticas que contemplem accedilotildees de promoccedilatildeo proteccedilatildeo prevenccedilatildeo atenccedilatildeo precoce cura e
reabilitaccedilatildeo
Para tanto o Ministeacuterio da Sauacutede criou em 2000 os cursos de especializaccedilatildeo e
residecircncia multiprofissional em Sauacutede da Famiacutelia Esses cursos tiveram a finalidade de dar
suporte teoacuterico e praacutetico aos profissionais jaacute inseridos nas equipes e oferecer em especial aos
receacutem-egressos dos cursos de Medicina e Enfermagem uma formaccedilatildeo mais voltada agraves
necessidades do PSF Outro objetivo para a criaccedilatildeo desses cursos foi o de estimular no interior
das universidades e das escolas estaduais de sauacutede puacuteblica a inserccedilatildeo de conteuacutedos pertinentes
agrave Sauacutede da Famiacutelia nos programas de poacutes-graduaccedilatildeo lato sensu (GIL 2005)
Quanto ao tempo de atuaccedilatildeo na Atenccedilatildeo Baacutesica especificamente na Estrateacutegia Sauacutede
da Famiacutelia os profissionais referiram o periacuteodo de dois a vinte anos de atuaccedilatildeo nesta aacuterea
63
52 APRESENTACcedilAtildeO DO MATERIAL EMPIacuteRICO DO ESTUDO
O material empiacuterico do estudo eacute oriundo das seguintes questotildees norteadoras
Que vocecirc entende por Cuidados PaliativosNo seu entendimento quais as
modalidades terapecircuticas empregadas nos Cuidados Paliativos Na sua visatildeo quais os
profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Na sua concepccedilatildeo que eacute necessaacuterio para se viabilizar a implantaccedilatildeo de Cuidados Paliativos
na Atenccedilatildeo Baacutesica
As respostas obtidas a partir destas questotildees possibilitaram a construccedilatildeo de duas
categorias apresentadas a seguir
CUIDADOS PALIATIVOS ASPECTOS CONCEITUAIS E MODALIDADES
TERAPEcircUTICAS
Nesta categoria seratildeo destacados trechos dos depoimentos dos profissionais da Sauacutede
inseridos no estudo acerca da compreensatildeo deles sobre Cuidados Paliativos Em seguida seraacute
evidenciado o entendimento dos participantes a respeito das modalidades terapecircuticas
empregadas nessa modalidade de cuidar Desta temaacutetica surgiram duas subcategorias
ldquoCuidados paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de
curardquo e ldquoModalidades terapecircuticas em cuidados paliativosrdquo
Cuidados Paliativos promoccedilatildeo de qualidade de vida para pacientes sem possibilidades de
cura
Os Cuidados Paliativos ao contraacuterio do que se pensa natildeo representam uma omissatildeo de
tratamentos e cuidados eles tecircm sua filosofia baseada na prestaccedilatildeo de cuidados que avaliam o
paciente dentro das dimensotildees que o compotildeem (biopsiacutequico-social-espiritual) e nos cuidados que
podem ser atribuiacutedos a esse paciente de modo que lhe ofereccedilam o conforto e o aliacutevio necessaacuterio
procurando atenuar os efeitos de uma situaccedilatildeo fisioloacutegica desfavoraacutevel originada por um quadro
patoloacutegico que natildeo responde mais a intervenccedilotildees terapecircuticas curativas (OLIVEIRA SAacute SILVA
2007)
Arauacutejo (2011) assinala que o conhecimento e praacutetica dos profissionais da Sauacutede sobre
os Cuidados Paliativos natildeo apenas no Brasil mas em acircmbito mundial estatildeo atrelados a alguns
fatores que tecircm contribuiacutedo para o crescimento exponencial do interesse Um dos fatores a ser
64
ponderado foi a reformulaccedilatildeo do conceito de Cuidados Paliativos feita pela Organizaccedilatildeo
Mundial de Sauacutede (OMS) em 2002 Essa revisatildeo modificou o objeto dos Cuidados Paliativos
de pacientes oncoloacutegicos sem prognoacutestico de cura para pacientes acometidos por doenccedilas
crocircnicas que natildeo respondem ao tratamento curativo
Dessa forma o cuidado que ateacute entatildeo era destinado exclusivamente aos pacientes com
cacircncer passou a ser preconizado e praticado tambeacutem a pacientes portadores de doenccedilas
cronodegenerativas (doenccedilas cardiacuteacas respiratoacuterias neuroloacutegicas renais infectocontagiosas
como a AIDS) quando estas estatildeo em fase avanccedilada e natildeo mais responsiva a tratamentos
curativos visando-se ao aliacutevio da dor e sofrimento que tratamentos invasivos e pouco
resolutivos causam nesta etapa
Com a referida revisatildeo referindo-se a pacientes com patologias crocircnicas profissionais
da Sauacutede das mais diversas aacutereas tecircm entrado em contato com a filosofia paliativista ao
buscarem cuidado de melhor qualidade com os pacientes em estaacutegio avanccedilado de patologias
que ainda natildeo satildeo passiacuteveis de cura
Com base nesse entendimento fica evidenciada a importacircncia da praacutetica dos Cuidados
Paliativos para assistir pacientes sem possibilidades terapecircuticas de cura e em fase terminal
Isto pode ser constatado nos trechos dos depoimentos dos participantes do estudo a seguir
Cuidados paliativos satildeo aqueles em que quando jaacute se esgotaram todas as possibilidades
de cura da doenccedila o paciente continua sendo assistido pelos profissionais da Sauacutede para
que o mesmo tenha uma morte menos sofrida (M2)
Satildeo aqueles oferecidos com objetivo de minorar o sofrimento uma vez que satildeo usados em
casos que natildeo haacute resoluccedilatildeo ou seja cura total (M5)
Satildeo cuidados que proporcionam uma melhora no quadro patoloacutegico do enfermo
aliviando o sofrimento fiacutesico e espiritual (M8)
Satildeo cuidados prestados aos pacientes em estado terminal que visam proporcionar uma
melhor qualidade de vida [] (D3)
[] cuidados paliativos satildeo aqueles cuidados para pacientes terminais idosos e
especiais que precisam mais de carinho e amor que o proacuteprio medicamento (D5)
Consiste na assistecircncia promovida por uma equipe interdisciplinar com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida do paciente terminal (D9)
Cuidados prestados com a finalidade de diminuir a dor ou sofrimento do paciente (E1)
Satildeo cuidados direcionados a pacientes terminais acamados para minimizar o sofrimento
(E4)
65
Satildeo tentativas de prevenccedilatildeo da progressatildeo dos problemas decorrentes de doenccedilas
prolongadas e incuraacuteveis diminuindo o sofrimento e proporcionando melhor qualidade
de vida ao paciente (E8)
Assistecircncia cujo objetivo eacute o de aliviar a dor melhorar a qualidade de vida diante de uma
enfermidade que natildeo tem cura ou ameaccedila a vida (E9)
Esses trechos dos depoimentos satildeo demonstrativos da valoraccedilatildeo da praacutetica dos
Cuidados Paliativos para se propiciar uma assistecircncia humanizada e direcionada a pacientes
com doenccedilas incuraacuteveis e em fase terminal com vistas agrave promoccedilatildeo da qualidade de vida e
minimizaccedilatildeo do sofrimento em decorrecircncia de doenccedila terminal Dessa forma constatamos que
os meacutedicos os cirurgiotildees-dentistas e os enfermeiros todos inseridos no estudo consideram os
Cuidados Paliativos como cuidados de conforto para o paciente cuidado para boa morte
cuidado biopsiacutequicoespiritual e cuidado interdisciplinar
As ponderaccedilotildees apresentadas estatildeo em consonacircncia com a afirmativa de Caponero
(2002) ao ressaltar que os Cuidados Paliativos fundamentam-se em uma concepccedilatildeo global e
ativa do tratamento compreendendo a atenccedilatildeo aos aspectos fiacutesicos sociais e espirituais das
pessoas que estatildeo com doenccedila incuraacutevel
Sousa et al (2010) assinalam que os Cuidados Paliativos constituem um campo
interdisciplinar de cuidados totais ativos e integrais dispensados aos pacientes com doenccedilas
avanccediladas e sem possibilidades de cura desde o estado inicial ateacute agrave fase terminal
Nessa linha de pensamento merecem destaque alguns depoimentos dos participantes
da pesquisa no que se refere aos grupos de pacientes que necessitam de Cuidados Paliativos a
saber pacientes em fase terminal e sem possibilidades terapecircuticas de cura como evidenciam
os trechos a seguir
[] pacientes que se encontram hospitalizados os quais jaacute estatildeo em estaacutegios avanccedilados
da doenccedila (M2)
Pacientes em fase terminal ou cacircncer e patologias crocircnicas insuficiecircncia renal e
hepaacutetica (M5)
Pacientes em estaacutegio terminal ou acamados por doenccedilas crocircnicas (ex AVC) [] (M8)
Aleacutem dos pacientes que se encontram em fase terminal de doenccedilas como o cacircncer []
bem como aqueles que sofrem de doenccedilas irreversiacuteveis com pouca sobrevida ou com
prognoacutestico desfavoraacutevel a sua cura (D3)
[]pacientes desenganados(D6)
66
Satildeo destinados ao paciente em fase terminal como por exemplo os pacientes
oncoloacutegicos e ainda pacientes com doenccedilas crocircnicodegenerativas (D10)
Na minha opiniatildeo pode ser aplicado em qualquer pessoa que esteja com um problema de
sauacutede e em que se natildeo for possiacutevel fazer tratamento definitivo ou cura (E1)
Idosos ou pacientes acamados ou restritos ao leito por algum motivo ou que foram
desenganados pela Medicina (E2)
Insuficiecircncia renal cardiacuteaca e respiratoacuteria pacientes com insuficiecircncia hepaacutetica
doenccedilas neuroloacutegicas degenerativas e graves e tambeacutem o portador de AIDS (E8)
Esses depoimentos deixam transparecer de modo enfaacutetico a compreensatildeo de
meacutedicos cirurgiotildees-dentistas e enfermeiros da ESF todos envolvidos no estudo dos grupos
que necessitam destes cuidados especiais para pacientes que se encontram acometidos por
doenccedilas incuraacuteveis bem como pacientes em fase de terminalidade
Sousa et al (2010) afirmam que a inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na praacutetica
assistencial eacute primordial para se estabelecer um cuidado em que satildeo adotadas medidas
humanizadas direcionadas aos pacientes terminais e sem possibilidades terapecircuticas de cura
tanto no iniacutecio da doenccedila como em sua fase final Entende-se assim que tais cuidados
baseiam-se na concepccedilatildeo de que o paciente mesmo estando em estado terminal pode fazer da
vida uma experiecircncia de crescimento e realizaccedilatildeo Isto porque na vida ele natildeo se resume
somente a um corpo fiacutesico em que na condiccedilatildeo de terminalidade nada pode ser feito mas tem
o direito de receber o melhor cuidado com uma assistecircncia que lhe promova qualidade de vida
e manutenccedilatildeo do conforto e atue no auxiacutelio das funccedilotildees fisioloacutegicas respeitando-se as suas
necessidades de maneira humanizada
Dessa maneira tais cuidados envolvem um processo interior de busca e despertar de
valores sempre que a ocasiatildeo se origina de um envolvimento de um cuidado empaacutetico e natildeo
somente de um cuidado diretivo e teacutecnico Nesta maneira de cuidar o profissional da Sauacutede
busca propiciar uma assistecircncia humaniacutestica ao paciente e seus familiares
A literatura dos Cuidados Paliativos realccedila a presenccedila dos familiares como elemento
colaborador no cuidar do paciente sendo este considerado participante ativo no planejamento
de todo cuidado a ser implementado (MELO FIGUEIREDO 2006) Por conseguinte eacute
imprescindiacutevel que o profissional da ESF compreenda que a famiacutelia tambeacutem necessita de
cuidados
Tal relevacircncia foi apontada por alguns participantes do estudo ao assinalarem que os
Cuidados Paliativos podem ldquo[] ajudar a famiacutelia a lidar com a doenccedila e o doenterdquo (E9) ldquo[]
67
visam proporcionar uma melhor qualidade de vida com menos sofrimento para ele e seus
familiaresrdquo (D3) e ldquo[] eacute a assistecircncia interdisciplinar que tem como objetivo melhorar a
qualidade de vida do paciente e sua famiacutelia diante de uma doenccedila que ameaccedila sua vidardquo (D10)
Arauacutejo (2011) pondera que a famiacutelia eacute muito valorizada no acircmbito dos Cuidados
Paliativos porque aleacutem de configurar-se como fonte de apoio e estiacutemulo para o paciente no
enfrentamento do processo de adoecimento e morte mostra-se como uma continuidade do
proacuteprio paciente representando seus valores e demandas em situaccedilotildees que ele natildeo pode
resolver por si proacuteprio
Neste sentido os Cuidados Paliativos visam ao controle dos sofrimentos fiacutesicos
emocionais espirituais e sociais do paciente e sua famiacutelia na presenccedila de doenccedilas sem
possibilidades terapecircuticas de cura Os profissionais que implementam em sua assistecircncia os
Cuidados Paliativos devem assimilar diferenciadas formas de cuidado destacando a busca de
uma relaccedilatildeo dialoacutegica associada ao saber ouvir com o paciente e com a famiacutelia reforccedilada pelo
viacutenculo e pela confianccedila entre o profissional e o pacientefamiacutelia
Em pesquisa desenvolvida por Santos (2009) constatou-se que se o paciente estaacute bem
cuidado confortado e respeitado o familiar sente-se cuidado tambeacutem O estudo esclarece ainda
que o familiar quando se envolve no processo de cuidado de seu parente percebe que o estaacute
acolhendo e cuidando
Sendo assim na abordagem dos Cuidados Paliativos o envolvimento da famiacutelia eacute
primordial retomando-se o sentido de que esta exerce um importante papel no crescimento e
desenvolvimento dos indiviacuteduos e na recuperaccedilatildeo da sauacutede (FERREIRA SOUZA STUCHI
2008)
Ferreira Chico e Hayhashi (2005) chamam a atenccedilatildeo para o fato de que quando um
indiviacuteduo recebe um diagnoacutestico de que a doenccedila estaacute fora de possibilidades de cura sua
famiacutelia sofre com ele e o impacto eacute sempre muito doloroso Em consequecircncia disso cada
famiacutelia pode manifestar reaccedilotildees distintas como negaccedilatildeo reserva ou fechamento ao diaacutelogo
Diante dessas ponderaccedilotildees observamos que a famiacutelia eacute aspecto fundamental para o
paciente que vivencia o processo de morrer sendo considerada fonte de apoio e estiacutemulo para o
enfrentamento de diversos problemas que permeiam esta situaccedilatildeo Arauacutejo (2006) assinala que a
rede familiar que apoia o paciente compreende natildeo apenas os seus consaguiacuteneos mas tambeacutem
as pessoas proacuteximas com quem ele possui um relacionamento mais estreito
Bielemann (2003) salienta que a famiacutelia eacute considerada um espaccedilo social cujos
membros interagem trocam informaccedilotildees e ao identificarem problemas de sauacutede apoiam-se
mutuamente Eacute um grupo social dinacircmico um sistema aberto para trocas cuja concepccedilatildeo varia
68
de acordo com a cultura e com o momento vivenciado Como unidade a famiacutelia representa mais
do que a soma de caracteriacutesticas individuais de seus membros
Arauacutejo (2006) em estudo que desenvolveu reconheceu por meio da visatildeo dos
participantes do estudo que o referido apoio pode ser sinocircnimo de forccedila suporte base alento
um porto seguro que independente das adversidades sempre estaraacute laacute para acolher e
aconchegar o membro que passa por um problema Portanto perante o sofrimento vivenciado
o apoio passa a ter sentido de encorajamento estiacutemulo incentivo forccedila que incita o indiviacuteduo a
lutar pela vida
Destarte independente do seu contexto a famiacutelia eacute apontada pela literatura como uma
das principais fontes de sustentaccedilatildeo e estiacutemulo para o enfrentamento de uma doenccedila
considerada terminal (KUumlBLER-ROSS 2002 SALES MOLINA 2004 MALUF MORI
BARROS 2005)
Eacute de fundamental importacircncia que os profissionais da aacuterea da Sauacutede inseridos no
contexto da Atenccedilatildeo Baacutesica compreendam o significado real da filosofia dos Cuidados
Paliativos promovendo a valorizaccedilatildeo do ser humano no processo sauacutede-doenccedila com o escopo
de sempre lhe propiciar uma melhor qualidade de vida quando natildeo existir mais possibilidade
terapecircutica bem como promover suporte aos seus familiares durante o estaacutegio da doenccedila e no
processo da morte e do morrer
No campo da filosofia dos Cuidados Paliativos outro aspecto merecedor de destaque
diz respeito agraves modalidades terapecircuticas Nesse sentido os profissionais envolvidos no estudo
evidenciaram algumas modalidades destacadas na subcategoria a seguir
Modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos
Eacute notoacuterio que os Cuidados Paliativos estatildeo constituindo um corpo de conhecimentos
que vem tornando-se objeto do trabalho dos profissionais da Sauacutede tendo em vista o aumento
da sobrevida de pacientes portadores de doenccedilas crocircnicas sendo essenciais para a promoccedilatildeo de
sua qualidade de vida e bem-estar
Sob esse prisma para o alcance de uma proposta de uma assistecircncia holiacutestica os
Cuidados Paliativos utilizam-se das diferenciadas modalidades terapecircuticas Segundo os
depoimentos a seguir seratildeo apontadas algumas destas modalidades ressaltadas pelos
participantes do estudo
69
Atendimento fisioterapecircutico apoio psicoloacutegico atenccedilatildeo e carinho e tratamentos
alopaacuteticos eou homeopaacuteticos para aliviar a dor e a tensatildeo sempre que necessaacuterio (M1)
Entendo que as modalidades terapecircuticas visam a farmacologia com a finalidade de
diminuir a dor fiacutesica seria a psicoloacutegica com finalidade de amenizar o sofrimento mental
dos mesmos e seus familiares (M2)
O carinho o amor no desenvolvimento de praacuteticas paliativas (M6)
Atenccedilatildeo psicossocial fisioterapia tratamento para aliacutevio da dor (D3)
[] massagens e medicaccedilatildeo (D4)
A conversa carinhosa a visita diaacuteria e amor (D5)
Aliacutevio da dor e sofrimento assistecircncia psicoloacutegica (D10)
[]apoio espiritual (E2)
Atraveacutes de medicamentos massagem yoga acunputura Reik escuta qualificada
meditaccedilatildeo psicologia (E3)
Fitoterapia homeopatia medicina alternativa alimentaccedilatildeo alternativa acupuntura
educaccedilatildeo alimentar espiritualidade (E7)
Nos trechos dos depoimentos dos profissionais envolvidos no estudo eacute notoacuterio o
reconhecimento de diversas modalidades terapecircuticas empregadas nos Cuidados Paliativos
evidenciando-se que eles conhecem vaacuterias possibilidades terapecircuticas direcionadas ao paciente
sem possibilidades de cura
Considerando as modalidades usualmente empregadas na praacutetica dos Cuidados
Paliativos referenciadas pelos participantes optamos por apresentaacute-las em dois grupos o
primeiro direcionado para a intervenccedilatildeo bioloacutegica e o segundo para a intervenccedilatildeo
psicoterapecircutica
No que tange agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica em Cuidados Paliativos os trabalhadores
envolvidos no estudo destacaram a farmacologia a fisioterapia e a nutriccedilatildeo Em relaccedilatildeo agrave
intervenccedilatildeo psicoterapecircutica enfatizaram o emprego da comunicaccedilatildeoescuta qualificada da
psicologia e da espiritualidade
Dentre as intervenccedilotildees bioloacutegicas a modalidade nutricional eacute utilizada para o controle
de sintomas valorizaccedilatildeo dos alimentos preferenciais adequaccedilatildeo da dieta conforto emocional
diminuiccedilatildeo da ansiedade aumento da autoestima e respeito ao desejo de alimentos manifestado
pelo proacuteprio paciente
70
A alimentaccedilatildeo e nutriccedilatildeo para o paciente terminal constituem uma parcela desse
cuidado tatildeo importante quanto a escuta o diaacutelogo o acompanhamento a leitura o canto entre
outros (FERRER LABRADA LOacutePEZ 2009)
Nesse enfoque observamos que essa modalidade terapecircutica eacute de suma relevacircncia
uma vez que partindo de uma abordagem integral do paciente pode-se promover o aliacutevio dos
sintomas tais como perda de peso anorexia disgeusia (distorccedilatildeo do senso do paladar)
xerostomia (sensaccedilatildeo subjetiva de boca seca) entre outros
No tocante aos sintomas gastrointestinais Santos (2002) destaca a constipaccedilatildeo
porquanto tem ocorrido um aumento da demanda de pacientes em Cuidados Paliativos
apresentando tal sintoma Trata-se de um sintoma comum que interfere na qualidade de vida de
pacientes podendo o controle dele ser conseguido por meio de intervenccedilatildeo nutricional
adequada permitindo-se que seja minimizado sem que meacutetodos invasivos e desconfortaacuteveis
sejam utilizados
De acordo com Silva et al (2009) o papel do nutricionista deve ser o de atuar em
equipe multiprofissional para que todos os profissionais envolvidos alcancem um objetivo
comum o de proporcionar conforto e melhorar a qualidade de vida de pacientes que recebem
esse tipo de cuidado Aleacutem disso eacute inegaacutevel a valorizaccedilatildeo do papel do nutricionista na equipe
multiprofissional sobretudo na decisatildeo de manter ou suspender a alimentaccedilatildeo e a hidrataccedilatildeo de
pacientes que estatildeo em Cuidados Paliativos por entender-se a importacircncia do consumo de
alimentos para minimizar desconfortos nutrir e proporcionar prazer
Portanto tratando-se de Cuidados Paliativos em que todos os esforccedilos devem estar
direcionados agrave promoccedilatildeo do bem-estar fiacutesico e psicoloacutegico dos pacientes o profissional
nutricionista deve ter em mente que o consumo de alimentos eacute capaz de minimizar
desconfortos cuidar de distuacuterbios orgacircnicos nutrir e proporcionar prazer (SANTOS 2002)
Em relaccedilatildeo agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica farmacoloacutegica os profissionais que compotildeem a
ESF devem reconhecer que a utilizaccedilatildeo da farmacoterapia eacute de grande relevacircncia para
pacientes que se encontram na terminalidade Haja vista que o emprego de cuidados teacutecnicos
satildeo importantes nos Cuidados Paliativos para aliacutevio da dor e de outros sintomas decorrentes da
doenccedila terminal
Essa assertiva eacute corroborada por Bonfaacute Vinagre e Figueiredo (2008) ao afirmarem
que ao emprego de drogas em pacientes sem possibilidade de cura procede-se com o propoacutesito
de aliviar o quadro de dor em que estes se encontram Acrescentam que dentre as drogas
existentes para essa finalidade destaca-se a Cannabis sativa (Cs) cuja accedilatildeo eacute capaz de
amenizar a dor crocircnica visto que promoveraacute efeitos ansioliacuteticos analgesia e aumento da
71
toleracircncia agrave dor Aleacutem desses benefiacutecios esta droga age com outros princiacutepios que seratildeo
imperiosos para o bem-estar do paciente tais como estiacutemulo do apetite no estado de caquexia
accedilatildeo antiemeacutetica relaxamento muscular para aliacutevio da espasticidade atividade antitumoral e
anti-inflamatoacuteria no cacircncer entre outros Entretanto eacute importante ressaltar que para se
utilizarem os canabinoides como analgeacutesicos devem ser consideradas limitaccedilotildees que essa
alternativa terapecircutica apresenta porquanto ainda eacute incipiente a realizaccedilatildeo de pesquisas
voltadas para a sua recomendaccedilatildeo agrave pacientes crocircnicos
Em estudo desenvolvido por Santos et al (2009) verificou-se que a utilizaccedilatildeo de
Cuidados Paliativos ocorreu por meio da administraccedilatildeo de faacutermacos para o alcance da sedaccedilatildeo
com o intuito de diminuir o niacutevel de consciecircncia de um doente com doenccedila avanccedilada ou
terminal a fim de controlar alguns sintomas
A sedaccedilatildeo paliativa eacute um procedimento terapecircutico de indicaccedilatildeo meacutedica destinada
para aliacutevio de sintomas que podem aparecer no contexto de doentes no final da vida Observa-
se ainda que eacute utilizada como uma modalidade terapecircutica de Cuidados Paliativos e que o
emprego dela estaacute intrinsecamente relacionado com o surgimento de sintomas como deliacuterio
dor e dispneias Tais sintomas aparecem comumente de forma simultacircnea (GIROND
WATERKEMPER 2006)
Quanto agrave intervenccedilatildeo fisioterapecircutica apontada pelos profissionais participantes do
estudo Marcucci (2005) assinala que os profissionais da Fisioterapia possuem um arsenal
abrangente de teacutecnicas que complementam os Cuidados Paliativos na melhora da
sintomatologia e consequentemente na da qualidade de vida Destaca-se neste arsenal a
terapia para a dor aliacutevio de sintomas psicofiacutesicos atuaccedilatildeo nas complicaccedilotildees
osteomioarticulares reabilitaccedilatildeo de complicaccedilotildees linfaacuteticas atuaccedilatildeo na fadiga melhora da
funccedilatildeo pulmonar cuidados com as uacutelceras de pressatildeo fisioterapia nos Cuidados Paliativos
pediaacutetricos entre outros
Assim compreendemos que o fisioterapeuta deteacutem meacutetodos e recursos exclusivos de
sua profissatildeo que satildeo imensamente uacuteteis nos Cuidados Paliativos porque busca a melhora das
condiccedilotildees de vida dos pacientes sem possibilidades curativas reduzindo os sintomas e
promovendo sua independecircncia funcional
Em relaccedilatildeo agrave intervenccedilatildeo psicoterapecircutica conforme foi assinalada nos trechos dos
participantes do estudo observamos a referecircncia da comunicaccedilatildeoescuta qualificada a da
psicologia e a da espiritualidade modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos
No contexto dos Cuidados Paliativos o emprego adequado da comunicaccedilatildeo eacute
considerado como um pilar baacutesico para sua eficaz implementaccedilatildeo (KOacuteVACS 2004)
72
representando o suporte utilizado pelo paciente por meio do qual ele pode expressar-se e
realizar seus anseios necessitando para tanto de um cuidado integral e humanizado
Este tipo de cuidado integral e humanizado soacute eacute possiacutevel quando o profissional faz uso
de habilidades de comunicaccedilatildeo estabelecendo esta de forma efetiva e compassiva com o
paciente e sua famiacutelia sobre assuntos referentes agrave terminalidade
Em estudo realizado por Arauacutejo e Silva (2007) observou-se que o paciente no quadro
da terminalidade anseia por uma comunicaccedilatildeo que alcance algo a mais ou seja deixe de ser
aquela que trata apenas de transmitir informaccedilotildees e passe a ser transmitida de forma
diferenciada com emprego de palavras e atitudes (comunicaccedilatildeo verbal e natildeo verbal) que
revelem mensagens de atenccedilatildeo e cuidado
Para tanto eacute imperioso que o profissional modifique a sua forma de assistir passando
do fazer para o escutar perceber compreender identificar necessidades para soacute entatildeo planejar
accedilotildees
Inaba e Silva (2002) chamam a atenccedilatildeo para a importacircncia da comunicaccedilatildeo natildeo
verbal considerando-a essencial ao cuidado humano pelo fato de resgatar a capacidade do
profissional da Sauacutede para perceber com maior precisatildeo os sentimentos do paciente suas
duacutevidas e dificuldades de verbalizaccedilatildeo aleacutem de o ajudar a potencializar sua proacutepria
comunicaccedilatildeo
De acordo com Silva (2003) eacute crucial para o cuidado com o paciente sem
possibilidades de cura que o profissional perceba compreenda e empregue adequadamente a
comunicaccedilatildeo natildeo verbal Haja vista que ela permite a percepccedilatildeo e compreensatildeo dos
sentimentos duacutevidas e anguacutestias do paciente assim como o entendimento e clarificaccedilatildeo de
gestos expressotildees olhares e linguagem simboacutelica tiacutepicos de quem estaacute morrendo
Na comunicaccedilatildeo natildeo verbal Higuera (2005) destaca a grandeza da escuta ativa no
processo de Cuidados Paliativos que eacute compreendida como o cuidador concentrar-se no outro
sem interrompecirc-lo deixando-o falar respeitando o silecircncio para que possa escutar suas
duacutevidas inseguranccedilas desconforto e ateacute mesmo o seu medo
Arauacutejo (2011) assinala que a escuta ativa envolve o uso terapecircutico do silecircncio a
emissatildeo consciente de sinais faciais natildeo verbais que denotam interesse no que estaacute sendo dito
(manutenccedilatildeo de contato visual meneios positivos de cabeccedila) a aproximaccedilatildeo fiacutesica e a
orientaccedilatildeo do corpo com o tronco voltado para a pessoa e o uso de expressotildees verbais curtas
que encorajam a continuidade da fala tais como ldquoE entatildeordquo ldquoestou te escutandordquo entre
outras
73
Higuera (2005) adverte que escutar natildeo eacute apenas ouvir mas permanecer em silecircncio
utilizar gestos de afeto e sorriso que expressem aceitaccedilatildeo e estimulem a expressatildeo de
sentimentos Tal ponderaccedilatildeo pode ser contemplada nos depoimentos dos profissionais
participantes da pesquisa expressos a seguir
[] acolher o paciente e fazer a escuta (M1)
E principalmente conversa manter o ciclo de conversa [](D2)
Agraves vezes soacute a sua presenccedila toque um olhar um gesto de carinho jaacute eacute uma estrateacutegia
(D6)
[] escutar o paciente (E1)
Escutar o usuaacuterio (E5)
Acredito que um aperto de matildeo um olhar carinhoso [] (M8)
Com base nas narrativas observamos a sensibilidade dos profissionais para o emprego
dessa modalidade no contexto do cuidado os quais reconhecem-na como importante estrateacutegia
para o relacionamento pessoal Eacute imprescindiacutevel dessa forma este profissional ser orientado
para compreender o momento de falar e aquilo que vai falar possibilitar atitudes de
compreensatildeo aceitaccedilatildeo e afeto como calar e escutar como estar proacuteximo e mais acessiacutevel agraves
necessidades destas pessoas
Silva (2008) pondera que as habilidades de comunicaccedilatildeo natildeo satildeo adquiridas com o
tempo mas sim com educaccedilatildeo especiacutefica Portanto mostra-se urgente e necessaacuteria a educaccedilatildeo
destes profissionais em comunicaccedilatildeo interpessoal para que possam desenvolver suas
habilidades relacionais e comunicacionais e aplicaacute-las em seu cotidiano de cuidados a
pacientes sem possibilidades de cura
Dessa forma todos os membros da equipe de sauacutede devem possuir e aprimorar as suas
habilidades de comunicaccedilatildeo uma vez que tecircm como base de seu trabalho as relaccedilotildees humanas
Assim para o relacionamento interpessoal entendido como qualquer interaccedilatildeo face a face entre
duas ou mais pessoas onde haacute troca reciacuteproca de sinais a comunicaccedilatildeo eacute instrumento essencial
(LITLEJOHN 1988)
Arauacutejo (2006) afirma que todo processo de comunicaccedilatildeo interpessoal que ocorre entre
o paciente e quem dele cuida eacute complexo e subjetivo envolvendo a percepccedilatildeo a compreensatildeo
e a transmissatildeo de mensagens de ambas as partes Nesse sentido a comunicaccedilatildeo verbal torna-se
insuficiente para caracterizar essa interaccedilatildeo necessitando qualificaacute-la dar a ela emoccedilotildees
74
enfim um contexto que proporcione ao homem perceber e compreender natildeo soacute o que
significam as palavras mas tambeacutem o que o emissor da mensagem sente
Em relaccedilatildeo ao emprego da Psicologia como modalidade terapecircutica em Cuidados
Paliativos conforme foi destacado por alguns participantes deste estudo esta eacute utilizada com o
paciente com o familiar e com a equipe de forma conjunta ou individual com a finalidade de
avaliar suas condiccedilotildees psiacutequicas para o enfrentamento do adoecimento e da morte
Sheliemann (2011) lembra que essa avaliaccedilatildeo necessita respeitar as condiccedilotildees fiacutesicas e
emocionais que cada patologia provoca naquela que adoece e como ela reage a essa nova
situaccedilatildeo Acrescenta ainda que o psicoacutelogo eacute por sua formaccedilatildeo o profissional que tem a
priori um manejo melhor para lidar com os sentimentos das pessoas e auxiliaacute-las na resoluccedilatildeo
dos conflitos
O cuidado com a dimensatildeo emocional eacute de suma importacircncia para quem vivencia o
processo de morrer uma vez que situaccedilotildees de estresse psicoloacutegico satildeo comuns entre estes
pacientes Em recente estudo multicecircntrico alematildeo realizado por Herschback et al (2008) que
procuraram averiguar caracteriacutesticas de estresse psicoloacutegico em 6365 pacientes com cacircncer
constataram que eles sob Cuidados Paliativos mostraram niacuteveis mais elevados de estresse
psicoloacutegico quando comparados aos demais
Dessa forma observa-se quanto eacute importante a inserccedilatildeo do psicoacutelogo na equipe de
Cuidados Paliativos Lustosa (2007) afirma que cabe ao psicoacutelogo intermediar nas relaccedilotildees
entre famiacutelia e profissionais detectando a falta de informaccedilatildeo que muitas vezes ocorre entre
paciente familiares e equipe multiprofissional as diferenccedilas de ritmo de vida que a doenccedila
impotildee o papel do paciente na vida da famiacutelia as sobrecargas da tarefa meacutedica que dificultam
o contato a comunicaccedilatildeo e a conturbada tarefa de falar sobre as responsabilidades nesse
momento da vida Sendo assim essa autora evidencia a importacircncia do psicoacutelogo para a
construccedilatildeo dessa ponte facilitando uma condiccedilatildeo mais digna durante esse periacuteodo de cuidados
O psicoacutelogo busca por meio dos Cuidados Paliativos oferecer um espaccedilo de escuta
para esclarecimento das necessidades expressatildeo de sentimentos facilitando dessa forma o
acolhimento e a comunicaccedilatildeo (KOVAacuteCS et al 2001)
No que tange ao emprego da espiritualidade esta eacute uma modalidade terapecircutica de
suma importacircncia para o paciente sem possibilidade de cura Haja vista que tanto o cuidado
voltado para a dimensatildeo espiritual pode oferecer qualidade de vida quanto o tratamento da dor
ou a comunicaccedilatildeo Cumpre assinalar que este paciente aleacutem de apresentar sofrimento fiacutesico
pode estar acometido por problemas de ordem psicoloacutegica e espiritual
75
De acordo com Peres et al (2007) a espiritualidade pode ser definida e reconhecida
como uma praacutetica que traz significado e propoacutesito de vida e contribui para a sauacutede e qualidade
de vida de muitas pessoas Esse conceito eacute encontrado em todas as culturas e sociedades
A definiccedilatildeo da Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede (OMS) de Cuidados Paliativos
evidencia uma preocupaccedilatildeo com as necessidades espirituais dos pacientes e seus familiares de
modo que a abordagem global fundamenta-se no entendimento de que a pessoa eacute uma entidade
indivisiacutevel um ser fiacutesico e espiritual A busca de sentido de algo maior em que se pretende
confiar tem sido expressa de muitas maneiras diretas e indiretas em metaacuteforas ou em silecircncio
em gestos ou siacutembolos ou talvez mais que tudo numa interaccedilatildeo terapecircutica e numa nova
experiecircncia de criatividade Quem trabalha em Cuidados Paliativos eacute tambeacutem desafiado a
enfrentar essa dimensatildeo em relaccedilatildeo a si proacuteprio (PESSINI BERTACHINI 2005)
Eacute nesse contexto que a modalidade espiritual em Cuidados Paliativos emerge com a
finalidade de promover uma atenccedilatildeo agrave anguacutestia e agrave dor espiritual ofertando uma assistecircncia
integral que envolva estes aspectos interferindo por conseguinte na melhora da evoluccedilatildeo
cliacutenica deste paciente tatildeo fragilizado
Em estudo desenvolvido por Steinhauser et al (2000a) verificou-se certa discrepacircncia
no que concerne agrave importacircncia da espiritualidade no trato com pacientes terminais Esta foi
reportada pelos pacientes como o aspecto mais importante mas natildeo tanto para seus meacutedicos e
outros profissionais da aacuterea da Sauacutede Os autores ressalvam que muitos destes profissionais
acabam por negligenciar uma dimensatildeo apontada como uma das mais importantes para
pacientes eou familiares nesse momento da vida
Peres et al (2007) assinalam que eacute preciso compreender que o paciente terminal
antes de se ajustar agraves suas necessidades espirituais precisa ter seus desconfortos fiacutesicos bem
aliviados e controlados Uma pessoa com dor intensa jamais teraacute condiccedilotildees de refletir no
significado de sua existecircncia uma vez que o sofrimento fiacutesico natildeo aliviado eacute um fator de
ameaccedila constante agrave sensaccedilatildeo de plenitude desejada pelos pacientes que estatildeo morrendo
Sales et al (2008) ressaltam que o tema religiosidade e espiritualidade ganha bastante
importacircncia nos Cuidados Paliativos visto que eacute uma modalidade terapecircutica que ajuda a
promover uma morte serena
Nesta perspectiva Byock (2006) afirma que experimentar uma morte serena eacute ter
oportunidade de viver em plenitude seu uacuteltimo momento O alcance desta plenitude eacute o
objetivo primordial dos Cuidados Paliativos Diante disso o autor lanccedila um desafio aos
profissionais da Sauacutede para que utilizem dimensotildees da espiritualidade como instrumento para a
melhora da sauacutede fiacutesica mental e da qualidade de vida de quaisquer pacientes sobretudo
76
daqueles que se encontram em estaacutegio final da vida e necessitam mais urgentemente de
estrateacutegias de enfrentamento para lidar com as questotildees presentes
Logo a compreensatildeo sobre as modalidades de Cuidados Paliativos permite ao
profissional da ESF a ampliar o seu olhar e sua forma de atuar Esta nova visatildeo possibilita a
prestaccedilatildeo de uma assistecircncia qualificada e integral visto que teraacute subsiacutedios especiacuteficos para
atender agraves necessidades de pacientes em situaccedilatildeo de doenccedila terminal e proporcionar a melhoria
de sua qualidade de vida
Eacute oportuno assinalar que as duas subcategorias analisadas refletem a compreensatildeo da
maioria dos profissionais inseridos na investigaccedilatildeo proposta sobre os aspectos conceituais dos
Cuidados Paliativos Por outro lado alguns revelaram conceitos incompatiacuteveis com a literatura
pertinente ao tema em destaque conforme evidenciado nos relatos a seguir
Cuidados que complementam os cuidados tradicionais ou mesmo que por si soacutes (ou
isoladamente) tratam as morbidades ou previnem ou mesmo promovem a sauacutede do
indiviacuteduo ou da coletividade (M4)
Eacute uma caridade que se faz tentando ajudar algueacutem quando natildeo se tem outro recurso
(M7)
Pode-se dizer que satildeo os cuidados que a sua eficiecircncia natildeo tem reconhecimento
cientiacutefico-comprovado (D1)
Cuidados paliativos satildeo aqueles realizados com o objetivo de diminuir amenizar ou
mesmo resolver temporariamente algumas enfermidades ateacute que sejam realizados
procedimentos definitivos e resolutivos (D4)
Atenccedilatildeo voltada a pacientes que qualquer que seja a patologia natildeo tecircm mais condiccedilotildees
de se cuidar sozinho com isso necessitando de outra pessoa para ajudaacute-lo (E2)
Satildeo cuidados que devem ser realizados para que o paciente venha ter um diagnoacutestico do
quadro cliacutenico eou amenizar o quadro cliacutenico (E7)
Esses relatos denotam uma compreensatildeo incoerente com os aspectos conceituais
disseminados na literatura acerca dos Cuidados Paliativos confundido o emprego desta praacutetica
com os cuidados humanitaacuterios algo comum entre grupos de trabalhadores da aacuterea da Sauacutede
Santos (2011) assinala que os cuidados humanitaacuterios englobam os Cuidados Paliativos
portanto ao se falar em Cuidados Paliativos se fala de cuidados humanitaacuterios mas a reciacuteproca
natildeo eacute verdadeira Por conseguinte eacute de extrema importacircncia o profissional compreender a
diferenccedila entre esses cuidados
Conforme ressalva o autor supracitado ambos compartilham a preocupaccedilatildeo em
atender agraves necessidades inerentes dos seres humanos em seus aspectos fiacutesico psicoloacutegico
social e espiritual todavia os cuidados humanitaacuterios natildeo se restringem aos Cuidados Paliativos
77
nem a uma uacutenica aacuterea como a da Sauacutede mas englobam vasta abrangecircncia do conhecimento
humano e ampla gama de situaccedilotildees
Embora a filosofia dos Cuidados Paliativos pressuponha um cuidar de maneira mais
humaniacutestica englobando o ser humano nos quatro aspectos mencionados o que caracteriza
essa modalidade de cuidar eacute a sua ligaccedilatildeo com a questatildeo da morte e suas implicaccedilotildees
espirituais ou existenciais
De fato ao se deparar com um indiviacuteduo com doenccedila aguda e crocircnica que natildeo
envolva a possibilidade de morte devem-se aplicar os cuidados humanitaacuterios entretanto
quando esse ser apresenta uma doenccedila ou condiccedilatildeo que envolve essa possibilidade satildeo
aplicados os Cuidados Paliativos e consequentemente os cuidados humanitaacuterios
Com base nessas definiccedilotildees percebe-se uma lacuna na compreensatildeo de alguns
profissionais da ESF inseridos no estudo Supotildee-se que este fato pode estar atrelado a suas
formaccedilotildees profissionais principalmente porque no Brasil a visibilidade dos Cuidados
Paliativos iniciou-se na deacutecada de 2000 e a maioria dos participantes estaacute formada haacute mais de
dez anos Por conseguinte estes profissionais natildeo tiveram em seus curriacuteculos a contemplaccedilatildeo
da abordagem dos Cuidados Paliativos Destarte eacute de extrema valia contextualizar esta
realidade jaacute que se trata de uma modalidade em construccedilatildeo no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica
Tais ponderaccedilotildees estatildeo em consonacircncia com as ideias de Rodrigues (2004) segundo o
qual a implantaccedilatildeo dessa modalidade de cuidar no Brasil data do final da deacutecada de 1990
Figueiredo (2003) assinala que as primeiras iniciativas individuais de atendimentos eou
estruturaccedilatildeo de serviccedilos paliativistas ocorreram por volta da deacutecada de 1990 Melo (2004)
chama atenccedilatildeo para o fato de que eacute no ano de 1997 que ocorre a criaccedilatildeo da primeira associaccedilatildeo
nacional de profissionais que atuam disseminando esse modo de cuidar a Associaccedilatildeo Brasileira
de Cuidados Paliativos
Kira Montagnini e Barbosa (2008) afirmam que essa deficiecircncia no conhecimento em
Cuidados Paliativos entre profissionais da Sauacutede no Brasil tambeacutem se deve ao fato de o tema
natildeo fazer parte da grade curricular de graduaccedilatildeo das diferentes especialidades da aacuterea da Sauacutede
Os autores assinalam que nos uacuteltimos anos com o crescimento da demanda e com a
estruturaccedilatildeo dos serviccedilos de Cuidados Paliativos o assunto tem sido abordado em algumas
instituiccedilotildees de ensino superior natildeo de maneira obrigatoacuteria e contiacutenua mas diluiacutedo em aulas e
cursos ligados agrave oncologia dor e morte
Rodrigues (2004) aponta a esperanccedila de que haja profissionais mais sensiacuteveis agraves
necessidades da populaccedilatildeo e do indiviacuteduo que visem agrave pessoa doente e natildeo agrave doenccedila que
desenvolvam uma assistecircncia mais humanizada se faz na academia na qual o ensino deve ser
78
centrado no aluno sujeito da aprendizagem e o curarcuidar seja centrado na pessoa do
paciente e na da famiacutelia
A autora supracitada adverte que o curriacuteculo deve privilegiar as competecircncias
inerentes a cada curso da aacuterea da Sauacutede aleacutem de contemplar uma abordagem interdisciplinar a
comunicaccedilatildeo e a bioeacutetica Haja vista que satildeo considerados conteuacutedos imprescindiacuteveis visando-
se todas as etapas do ciclo vital inclusive a terminalidade e a morte
Dessa forma ao contemplar tais princiacutepios nas diretrizes curriculares os futuros
profissionais da Sauacutede sairiam com uma percepccedilatildeo diferente sobre temas como Cuidados
Paliativos com ecircnfase no processo de morte e do morrer compreendendo melhor as
necessidades emocionais e espirituais do paciente que sofre proporcionando a humanizaccedilatildeo do
atendimento a eles e a seus familiares aleacutem de apreenderem a valorizar mais a vida agrave medida
que haacute compartilhamento e dignificaccedilatildeo da morte dos seus pacientes Portanto eacute urgente a
necessidade da educaccedilatildeo permanente para estes profissionais em Cuidados Paliativos
sobretudo para aqueles que jaacute desempenham o cuidado em seu cotidiano com o paciente que
vivencia a etapa final da vida
Considerando a relevacircncia dos Cuidados Paliativos para propiciar uma assistecircncia
humanizada ao paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura bem como a sua famiacutelia urge
a necessidade da implementaccedilatildeo desta modalidade de cuidar no acircmbito da atenccedilatildeo primaacuteria de
sauacutede Nesse sentido merece destaque a categoria direcionada aos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica
CUIDADOS PALIATIVOS NA ATENCcedilAtildeO BAacuteSICA formaccedilatildeo da equipe possibilidades
e limitaccedilotildees
Esta categoria vem com o propoacutesito de apresentar o entendimento de meacutedicos de
enfermeiros e de cirurgiotildees-dentistas sobre a possibilidade da implementaccedilatildeo dos Cuidados
Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
Ao se tratar de Cuidados Paliativos especificamente de paciente fora de possibilidade
de cura eacute de fundamental importacircncia a atuaccedilatildeo de uma equipe interdisciplinar Esta equipe
necessita estar bastante familiarizada com o processo que o paciente passa permitindo-se uma
visatildeo real da complexidade vivida por ele a qual o ajude a se sentir melhor e
consequentemente proporcionando uma melhor qualidade de vida
Abreu et al (2005) afirmam ser escassa a literatura acerca de pesquisas que retratam
um modelo conceitual de equipe que seja bem formulado assim como de uma definiccedilatildeo
79
universal do que seja uma equipe Mesmo em publicaccedilotildees especiacuteficas sobre Cuidados
Paliativos os autores O`Connor Fisher e Guilfoyle (2006) advertem que o assunto trabalho em
equipe interdisciplinar natildeo eacute bem explorado sendo a maior parte dos trabalhos publicados
baseados em experiecircncias praacuteticas e natildeo em pesquisas empiacutericas ancoradas por marcos
conceituais
Diante destas ponderaccedilotildees eacute de suma relevacircncia compreender que de acordo com o
modo de estas equipes relacionarem-se comunicarem-se e integrarem suas disciplinas pode-se
empregar o ldquoprefixordquo multi ou inter Peduzzi e Oliveira (2009) definem equipes
multidisciplinares como aquelas compostas por profissionais de diversas disciplinas as quais
tendem a cuidar dos pacientes de modo independente e sem interaccedilatildeo direta compartilhando
informaccedilotildees de maneira indireta quando for necessaacuterio geralmente por escrito
Doutra parte o termo interdisciplinar deve denominar equipes cujos profissionais
trabalham interagindo diretamente combinando conhecimentos e compartilhando as atividades
para atingir um objetivo conjunto e uacutenico o cuidado do paciente Os autores supracitados
assinalam que a interdisciplinaridade configura-se em uma relaccedilatildeo reciacuteproca entre as muacuteltiplas
intervenccedilotildees teacutecnicas de vaacuterios profissionais e a interaccedilatildeo destes saberes que por meio de
comunicaccedilatildeo verbal direta e consensualmente escrita articulam suas accedilotildees e promovem a
cooperaccedilatildeo muacutetua
Sendo assim para que esta accedilatildeo seja eficaz deve existir a interdisciplinaridade das
accedilotildees de cuidado entre os profissionais e a participaccedilatildeo do paciente e famiacutelia com objetivos
comuns Tal interdisciplinaridade caracteriza-se como um ato de reciprocidade entre as aacutereas de
conhecimento e como forma de se obter a horizontalizaccedilatildeo das relaccedilotildees de poder Nesta troca
de conhecimentos eacute estabelecida a inclusatildeo dos resultados de diversas especialidades
possibilitando-se a cada profissional desenvolver esquemas conceituais de anaacutelise de
instrumentos e de teacutecnicas metodoloacutegicas de assistecircncia (FRANCcedilA 2011)
Nessa perspectiva Arauacutejo (2011) acrescenta que a proposta de trabalho em Cuidados
Paliativos deve ser sempre interdisciplinar ante a pluridimensatildeo das necessidades dos
indiviacuteduos que vivenciam o processo de morrer e ante a demanda da accedilatildeo integral e conjunta de
profissionais da Sauacutede em busca do objetivo comum que eacute a melhora da qualidade de vida do
paciente
Em uma equipe de sauacutede a interdisciplinaridade surge com o escopo de promover
uma atenccedilatildeo integral ao paciente apresentando dessa forma uma visatildeo biopsicossocial e
espiritual Essa accedilatildeo baseada na referida visatildeo propotildee uma reformulaccedilatildeo dos saberes uma
siacutentese direcionada agrave reorganizaccedilatildeo da equipe de sauacutede Nesse sentido aleacutem de um novo
80
paradigma cientiacutefico esta representa uma nova filosofia de trabalho de organizaccedilatildeo e de accedilatildeo
interinstitucional
Arauacutejo (2011) chama atenccedilatildeo para o fato de que haacute uma limitaccedilatildeo na accedilatildeo
uniprofissional quando se objetiva promover o controle da dor e outros sintomas
multidimensionais e angustiantes integrando-se com o cuidado os aspectos sociais
psicoloacutegicos e espirituais de modo que se possibilite o exerciacutecio da autonomia do paciente
aleacutem de se promover suporte aos familiares Logo nenhuma especialidade da aacuterea da Sauacutede ou
das Ciecircncias Humanas consegue isoladamente atender agraves necessidades complexas e
multifacetadas de indiviacuteduos que vivenciam a etapa final da vida A integralidade da atenccedilatildeo
demandada por estes pacientes soacute pode ser atingida quando especialistas de diferenciadas aacutereas
do conhecimento atuam em conjunto ou seja trabalham em equipe
Deste modo a atuaccedilatildeo e integraccedilatildeo da equipe interdisciplinar satildeo necessaacuterias para a
eficaacutecia destes cuidados Haja vista que o tratamento de um paciente que se encontra em fase
terminal envolve um conjunto de accedilotildees complexas a exemplo de procedimentos invasivos
(altamente especiacuteficos para cada realidade diagnoacutestica) necessitando o doente de ser assistido
de forma interdisciplinar
Na literatura brasileira da aacuterea da Sauacutede satildeo incipientes estudos relacionados a
implementaccedilatildeo de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica em particular o quantitativo de
profissionais que devem constar em uma equipe para exercer tais cuidados Essa formaccedilatildeo
com a inclusatildeo de maior nuacutemero de especialidades possiacutevel dependeraacute dos recursos
disponiacuteveis e de fatores culturais locais Incontri (2011) chama a atenccedilatildeo para o fato de que a
formaccedilatildeo de uma equipe deve corresponder agraves necessidades do paciente que se encontra sob a
assistecircncia dos Cuidados Paliativos
Qualquer que seja o tamanho e a diversidade de uma equipe em Cuidados Paliativos
cumpre considerar aspectos essenciais para seu eficaz funcionamento A respeito disso Incontri
(2011) enfatiza os seguintes aspectos como peccedilas fundamentais filosofia e valores comuns
respeito muacutetuo e valorizaccedilatildeo de cada aacuterea de cada membro comunicaccedilatildeo transparente e aberta
lideranccedila compartilhada e religaccedilatildeo ao espiritual
No que concerne agrave filosofia e valores comuns Speck (2009) assegura que o conjunto
de valores compartilhados auxilia as pessoas a cooperarem entre si Haja vista que natildeo eacute
possiacutevel formar uma equipe que natildeo apresente uma filosofia comum e princiacutepios que orientem
as accedilotildees de maneira uniforme Incontri (2011) complementa que para a formaccedilatildeo de uma
equipe eacute importante uma seleccedilatildeo considerando-se uma empatia de todos os membros com
certos propoacutesitos e ideais
81
Aleacutem dessa comunhatildeo de princiacutepios e valores entre os membros da equipe eacute
imperioso o respeito muacutetuo e a valorizaccedilatildeo de cada membro sendo este considerado o primeiro
passo para a real interdisciplinaridade Macmilian Emery e kashuba (2006) asseveram que os
membros de uma equipe devem respeitar valorizar compreender e confiar na contribuiccedilatildeo
reciacuteproca
No tocante agrave formaccedilatildeo da equipe de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a maioria
dos participantes do estudo destacou o meacutedico o enfermeiro o cirurgiatildeo-dentista o psicoacutelogo e
o fisioterapeuta Alguns mencionaram aleacutem destes a participaccedilatildeo do fonoaudioacutelogo do
bioquiacutemico do assistente social do educador fiacutesico do teacutecnico em enfermagem do agente
comunitaacuterio de sauacutede (ACS) e do atendente de consultoacuterio dentaacuterio (ACD)
Diante disso depreende-se que os participantes envolvidos no estudo reconhecem que
a praacutetica dos Cuidados Paliativos no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica deve ser constituiacuteda por uma
equipe de profissionais que extrapola o nuacutemero de profissotildees determinadas pelo Ministeacuterio da
Sauacutede no que se refere agrave ESF que apresenta uma equipe composta por no miacutenimo um meacutedico
generalista um enfermeiro um auxiliar de enfermagem e quatro a seis agentes comunitaacuterios de
sauacutede (ACS) (BRASIL 2005a)
Macmilian Emery e Kashuba (2006) acrescem que a equipe de Cuidados Paliativos
pode ultrapassar um quantitativo de quinze profissionais a serem apresentados em ordem
alfabeacutetica arteterapeutas assistentes sociais cuidadores pastorais ou espirituais (capelanias)
enfermeiros farmacecircuticos fisioterapeutas meacutedicos musicoterapeutas nutricionistas
psicoacutelogos psiquiatras terapeutas da respiraccedilatildeo terapeutas holistas terapeutas ocupacionais
terapeutas recreacionistas entre outros A esta relaccedilatildeo de profissionais Santos (2011)
acrescenta o educador e o filoacutesofo aleacutem de um especialista em Tanatologia
Eacute imprescindiacutevel agrave implementaccedilatildeo de tais cuidados em qualquer serviccedilo de sauacutede
sobretudo na Atenccedilatildeo Baacutesica conhecer a atribuiccedilatildeo especiacutefica de cada um desses profissionais
que compotildeem a equipe de Cuidados Paliativos Na realidade da Atenccedilatildeo Baacutesica os Cuidados
Paliativos podem ser oferecidos no niacutevel primaacuterio de sauacutede especialmente por equipes da ESF
em virtude de serem considerados de baixa complexidade (que natildeo exigem tecnologia
avanccedilada)
Esteves (2011) alerta que os profissionais que atuam em Cuidados Paliativos devem
ser atenciosos procurando ouvir o paciente e seus familiares e realmente demonstrar interesse
por eles uma vez que essa praacutetica pressupotildee uma nova maneira de cuidar do ser humano na
terminalidade Esses profissionais devem rever sua forma de encarar a morte e sobretudo a
autonomia do paciente na medida do possiacutevel
82
Em relaccedilatildeo ao meacutedico este eacute um profissional que deve assistir o paciente terminal ateacute
o momento da morte Destaque-se a morte de um paciente eacute considerada muitas vezes como o
fracasso do cuidado meacutedico precisando para tanto que esse profissional tenha em sua
formaccedilatildeo um preparo filosoacutefico psicoloacutegico e espiritual para lidar com a dor e com a morte
(INCONTRI 2011)
Logo eacute de extrema importacircncia que este profissional desenvolva mecanismos de
defesa que o mantenham em equiliacutebrio Ao mesmo tempo eacute necessaacuterio que a emoccedilatildeo tambeacutem
esteja presente para o alcance de um cuidado humanizado Incontri (2011) assinala que o
meacutedico como ser humano deve aceitar suas limitaccedilotildees e reconhecer que pessoas de outras
aeacutereas de sua equipe ou doutra podem lhe prestar apoio e mostrar outras perspectivas
Quanto agrave atuaccedilatildeo do enfermeiro na equipe de Cuidados Paliativos este apresenta a
funccedilatildeo de aliviar dor outros sintomas e sofrimento higienizar proporcionar conforto fiacutesico
promover uma comunicaccedilatildeo efetiva preparar a famiacutelia permitindo-a participar na morte do seu
familiar providenciar suporte para o luto entre outras Para Rodrigues e Zago (2003) a
enfermagem tem papel primordial nos Cuidados Paliativos porquanto o cuidar essecircncia da
profissatildeo eacute a base da filosofia paliativista Nesse sentido merece destaque o relato de um
profissional participante do estudo
[] todos os profissionais da ESF tecircm uma participaccedilatildeo importante no emprego dos
Cuidados Paliativos poreacutem a enfermagem eacute dotada de uma maior capacidade devido a
sua funccedilatildeo de estar mais proacuteximo (e por ter a essecircncia de sua profissatildeo no cuidado) (M8)
Nessa perspectiva Rodrigues e Zago (2003) esclarecem que especialmente o
enfermeiro deve possuir competecircncias para prestar cuidado de qualidade no fim da vida Aleacutem
disso como condutor da equipe de enfermagem e membro da equipe interdisciplinar o
enfermeiro precisa saber decodificar discursos e sinais natildeo verbais para identificar
necessidades fiacutesicas emocionais sociais e espirituais que direcionaratildeo sua atenccedilatildeo no cuidado
de quem vivencia a terminalidade da vida
Para Polastrini Yamashita e Kurashima (2011) o enfermeiro ao assistir um paciente
sem possibilidade terapecircutica de cura busca propiciar uma assistecircncia em que possa conseguir
a maior autonomia possiacutevel conservando sua dignidade ateacute a morte As autoras asseveram
ainda que este profissional deve modificar a sua atuaccedilatildeo de curativa para paliativa oferecendo
aliacutevio e bem-estar avaliando a relaccedilatildeo dano versus benefiacutecio do cuidado Portanto eacute
profissionalismo saber ouvir o paciente e sua famiacutelia para o planejamento dos cuidados e para a
tomada de decisatildeo utilizando algumas caracteriacutesticas como sensibilidade cuidadora
83
altruiacutesmo capacidade de escuta empatia compreensatildeo toleracircncia respeito capacidade de
transmitir seguranccedila e confianccedila maturidade pessoal diante de tudo e da morte entre outras
Saltz e Juver (2008) acrescentam que o enfermeiro apresenta ainda um papel
importante no cuidado com o paciente em fase terminal em diversos aspectos na aceitaccedilatildeo do
diagnoacutestico na ajuda para conviver com a enfermidade e no apoio agrave famiacutelia antes e depois da
morte
O enfermeiro ao assistir o paciente em Cuidados Paliativos vivencia e compartilha
momentos de amor e compaixatildeo aprendendo com ele a noccedilatildeo de que eacute possiacutevel morrer com
dignidade e respeito Essa assistecircncia busca tambeacutem proporcionar a certeza de natildeo estarem
sozinhos no momento da morte aleacutem de oferecer um cuidado holiacutestico ao paciente associados
ao controle da dor e de outros sintomas
No que tange ao fisioterapeuta Cezario (2011) assinala que atuando em conjunto com
outros profissionais de uma equipe voltada para Cuidados Paliativos esse profissional pode
prestar assistecircncia em diversos quadros pode oferecer conforto ao paciente e dentro de suas
limitaccedilotildees evitar uma complicaccedilatildeo maior de sintomas Incontri (2011) afirma que a este
profissional cabe manter o movimento o conforto fiacutesico e o maacuteximo aproveitamento das
funccedilotildees motoras do paciente
De uma maneira geral o referido profissional fica responsaacutevel por mobilizar o
paciente sem possibilidade terapecircutica por questotildees ortopeacutedicas e neuroloacutegicas acompanhar e
atuar em quadros cardiopulmonares e orientar cuidadores para o melhor manuseio do paciente e
o autocuidado (CEZARIO 2011)
De acordo com Reis Juacutenior e Reis (2007) as condutas fisioterapecircuticas em pacientes
sob Cuidados Paliativos mais comuns satildeo massagens movimentaccedilatildeo passiva ativo-assistida e
ativa posicionamento transferecircncia mudanccedila de decuacutebito infravermelho estimulaccedilatildeo eleacutetrica
transcutacircnea compressatildeo e elevaccedilatildeo vibrocompressatildeo drenagem postural respiraccedilatildeo
diafragmaacutetica estiacutemulo agrave tosse aspiraccedilatildeo prescriccedilatildeo de auxiacutelio para marcha treino de
deambulaccedilatildeo
O fisioterapeuta como membro de equipe de Cuidados Paliativos pode trazer
benefiacutecios ao pacientes assistidos por essa modalidade de cuidar em especial no que se refere
ao manejo de sintomas como dor estresse psicofiacutesico complicaccedilotildees osteomioarticulares
fadiga disfunccedilotildees pulmonares alteraccedilotildees neuroloacutegicas dentre outras (MARCUCCI 2005)
Sob esse prisma compreendemos que a Fisioterapia Paliativa tem como objetivo
principal o de melhorar a qualidade de vida dos pacientes sem possibilidades curativas
reduzindo os sintomas e promovendo sua independecircncia funcional
84
O nutricionista por sua vez apresenta o papel de orientar a alimentaccedilatildeo mais
adequada ao estado de sauacutede ou estaacutegio de doenccedila sem desconsiderar os gostos pessoais e ateacute
os razoaacuteveis desejos de cada um
Sochacki (2008) considera que na nutriccedilatildeo em Cuidados Paliativos eacute importante
respeitar os princiacutepios da bioeacutetica oferecendo-se autonomia ao individuo no que se refere agrave
liberaccedilatildeo suspensatildeo ou natildeo indicaccedilatildeo da alimentaccedilatildeo por via oral (VO) ou alternativa (sonda
ou ostomia) evitando-se muitas vezes o tratamento fuacutetil e consequentemente reduzindo o seu
sofrimento Santos (2002) ressalta que este profissional deve ter consciecircncia de que o consumo
de alimentos eacute capaz de minimizar desconfortos cuidar de distuacuterbios orgacircnicos nutrir e
proporcionar prazer
Diante desse contexto averigua-se quanto este profissional eacute imprescindiacutevel agrave equipe
interdisciplinar de Cuidados Paliativos necessitando ouvir o paciente respeitar seus desejos e
suas necessidades de alimentaccedilatildeo respeitando portanto a sua autonomia
Quanto ao cirurgiatildeo-dentista Wiseman (2000) assinala que cabe a este profissional
assistir pacientes com doenccedilas progressivas ou avanccediladas devido (direta ou indiretamente) ao
comprometimento da cavidade oral pela doenccedila ou ao seu tratamento Nesses casos o foco do
cuidado eacute melhorar sua qualidade de vida
Os sintomas orais mais frequentes em pacientes que estatildeo sob os Cuidados Paliativos
satildeo a dor o sangramento o trismo as feridas abertas as infecccedilotildees oportunistas a disfagia a
xerostomia a desnutriccedilatildeo a desidrataccedilatildeo a anorexia a caquexia e a desfiguraccedilatildeo (SIQUEIRA
et al 2009) As secreccedilotildees em doentes traqueostomizados tambeacutem comprometem a
comunicaccedilatildeo verbal causam disfunccedilatildeo oral e sofrimento (PAUNOVICH et al 2000) Dor
ulceraccedilatildeo sangramento e trismo satildeo os mais importantes sintomas em casos de cacircncer oral
avanccedilado Portanto o tratamento inadequado ou a sua ausecircncia resulta em desconforto e
prejuiacutezos nutricionais comprometendo mais ainda a qualidade de vida desses doentes
Sendo assim o cirurgiatildeo-dentista contribui fornecendo intervenccedilotildees proacuteprias de sua
aacuterea de atuaccedilatildeo profissional aleacutem de cuidados de suporte que assegurem uma boca mais
saudaacutevel livre de infecccedilatildeo e dor
Em relaccedilatildeo aos arteterapeutas e musicoterapeutas Incontri (2011) aponta o cuidado
destes profissionais com a sensibilidade daqueles que estatildeo partindo em orientar estes na
revisatildeo de significados evocar lembranccedilas e firmar sentidos existenciais por meio de um
poema de uma canccedilatildeo de uma pintura de um filme ou de uma peccedila de teatro
Backes et al (2003) afirmam que o uso de muacutesica natildeo eacute apenas um instrumento
importante para o processo de humanizaccedilatildeo do cuidado e uma alternativa criativa e eficaz no
85
aliacutevio da dor mas tambeacutem promove benefiacutecios para a equipe de sauacutede como a prevenccedilatildeo do
estresse a reduccedilatildeo dos niacuteveis da tensatildeo e do desgaste psicoloacutegico maior interaccedilatildeo social e o
maior comprometimento com as atividades profissionais
Dessa forma a muacutesica se insere nesse contexto como uma atividade que pode
proporcionar cuidado conforto emocional e espiritual estiacutemulo agrave memoacuteria afetiva
relaxamento entretenimento e criatividade (OTHERO COSTA 2007) O uso competente e
sensiacutevel da muacutesica pode se tornar um trabalho importante nos Cuidados Paliativos
Halstead e Roscoe (2002) asseveram que a muacutesica pode facilitar de diferentes modos
a despedida Canccedilotildees suaves de ninar podem ser usadas pois transmitem sensaccedilotildees de cuidado
e proteccedilatildeo e podem ajudar a aliviar o medo do abandono durante o processo de passagem
Existem estilos musicais que podem se relacionar com a espiritualidade como o canto
gregoriano e a muacutesica erudita e estimular sentimentos de serenidade em especial no momento
da morte
Os autores supracitados afirmam ainda que a muacutesica pode tambeacutem preencher com
beleza e significado os momentos de silecircncio tatildeo difiacuteceis de serem suportados criando um
ambiente mais confortaacutevel quando se acompanha algueacutem que estaacute morrendo
Sob esse prisma observamos que o emprego da muacutesica nos processos sauacutede-doenccedila-
-cuidado pode promover conforto e qualidade de vida para a pessoa adoecida e ser um recurso
de ajuda na relaccedilatildeo da famiacutelia com a despedida de seu ente querido Pode tambeacutem auxiliar na
manutenccedilatildeo de uma equipe de sauacutede saudaacutevel e integrada
Quanto o assistente social Incontri (2011) esclarece que este trabalhador busca assistir
as necessidades materiais familiares e institucionais dos pacientesusuaacuterios Acrescenta que ele
eacute responsaacutevel por atender agraves questotildees do seguro hospitalar por informar os procedimentos de
documentaccedilatildeo de pedido de ajuda financeira esclarecer os direitos do moribundo e de seus
familiares
Conforme Sodreacute (2005) o assistente social tem um papel determinante para a
concretizaccedilatildeo dessa nova forma de tratar cuidar Torna-se aquele que reforccedila o papel de
facilitador nas relaccedilotildees de um grupo familiar e sob esse novo prisma socializa suas teacutecnicas de
intervenccedilatildeo em acircmbito domiciliar
De acordo com Esteves (2011) a atuaccedilatildeo do assistente social deve estar voltada agraves
questotildees sociais mais abrangentes uma vez que o paciente sob Cuidados Paliativos pode
enfrentar isolamento social (profissional e pessoal) dependecircncias dificuldades econocircmicas e
necessitar de apoio familiar
86
Por meio de entrevistas e visitas domiciliares este profissional investiga e avalia o
contexto social econocircmico psicoloacutegico e espiritual aleacutem de analisar a dinacircmica familiar sua
existecircncia o desempenho e eficaacutecia dos papeacuteis Somam-se a isto a capacidade de incentivo e de
fornecimento de acolhida aspectos cruciais para a assistecircncia
Esteves (2011) assinala que ao assistente social cabe sempre que for possiacutevel facilitar
as manifestaccedilotildees de sentimentos os resgates entre paciente e seus familiares durante o
processo de finitude colaborar para que as relaccedilotildees aconteccedilam com mais transparecircncia
inclusive com os profissionais da equipe de Cuidados Paliativos tendo-se a preocupaccedilatildeo de que
a morte aconteccedila de forma humanizada
Portanto o assistente social como membro da equipe interdisciplinar de Cuidados
Paliativos busca promover as relaccedilotildees sociais e efetivas com o paciente com os familiares
com o cuidador e com os demais profissionais da equipe sendo estas relaccedilotildees
significativamente observadas e valorizadas
Aos cuidadores pastorais ou espirituais cabe cuidar da religiatildeo ou pelo menos da
espiritualidade dos pacientes e familiares Barbosa e Freitas (2009) reforccedilam a ideia de que os
Cuidados Paliativos necessitam abranger as experiecircncias da vida Nela estaacute inserida a
religiosidade que pode inclusive permitir a reconstruccedilatildeo da possibilidade de conviver com a
doenccedila sem que isso signifique um prolongamento de vida inadequado forccedilosamente um
protelar da morte Os autores assinalam que a religiosidade e seus fundamentos ancorados na
religiatildeo ou na espiritualidade podem ajudar as pessoas a melhor lidarem com os limites do seu
controle favorecendo no contexto da finitude uma entrega confiante ao misteacuterio absoluto que
se inicia com a instauraccedilatildeo da proacutepria morte Desse modo eacute inegaacutevel a importacircncia de
cuidados pastorais ou espirituais para a promoccedilatildeo de Cuidados Paliativos para com o paciente
fora de possibilidades de cura
Em relaccedilatildeo aos educadores Incontri (2011) assevera que estes cuidaratildeo de crianccedilas e
adolescentes que estejam sob a assistecircncia de Cuidados Paliativos com o emprego de
atividades pedagoacutegicas luacutedicas propondo biblioterapia jogos Essas atividades permitiratildeo a
construccedilatildeo de um diaacutelogo afetuoso com pacientes e familiares
Os filoacutesofos segundo a referida autora cuidaratildeo da concepccedilatildeo interdisciplinar da
equipe atuando na amarraccedilatildeo epistemioloacutegica e de propoacutesitos do serviccedilo Saliente-se que este
profissional busca interagir com os pacientes no campo das discussotildees e ideias a fim de
apontar sentidos existenciais realizando portanto uma miaecircutica socraacutetica (arte de fazer
chegar agrave verdade e agraves evidecircncias) com os que estatildeo agrave espera da passagem
87
Os psicoacutelogos conforme aborda Castro (2001) tecircm como objetivo essencial o de
oferecer requisitos para a assistecircncia integral ao paciente conduzindo-o a uma qualidade de
vida ajudando-o ainda a encontrar estrateacutegias que possam adotar para manter um estilo de vida
mais equilibrada e saudaacutevel Incontri (2011) acrescenta que cabe a este profissional a
responsabilidade de cuidar da dor psiacutequica tanto dos pacientes quanto de seus familiares
atuando como confidentes de conflitos e ansiedades questionamentos existenciais
manifestaccedilotildees emotivas de revolta descrenccedila ou depressatildeo Jaacute os psiquiatras ainda de acordo
com a referida autora cuidaratildeo da sauacutede mental dos pacientes observando possiacuteveis
manifestaccedilotildees de depressatildeo deliacuterio ou outros distuacuterbios psiacutequicos preexistentes ou receacutem-
adquiridos ao longo do tratamento
Por conseguinte com base nesse entendimento o psicoacutelogo diante da terminalidade
busca promover a qualidade de vida do paciente trabalhando as questotildees do sofrimento
amenizando a ansiedade e a depressatildeo diante da aproximaccedilatildeo da morte procurando tambeacutem
assistir a sua famiacutelia e a equipe interdisciplinar envolvida
Ante o exposto eacute inegaacutevel a importacircncia de uma equipe interdisciplinar em Cuidados
Paliativos Haja vista que a assistecircncia por meio dela propicia um cuidado com o paciente que
envolva todas as suas dimensotildees Portanto a equipe interdisciplinar deve sempre ser formada
com o objetivo de oferecer conforto suporte informaccedilatildeo propiciando a dignidade ao paciente
e sua famiacutelia a partir da assistecircncia pautada nos Cuidados Paliativos
Outro aspecto merecedor de destaque contemplado na categoria ldquoCuidados Paliativos
na Atenccedilatildeo Baacutesica formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildeesrdquo diz respeito ao
posicionamento dos profissionais participantes do estudo para com a viabilidade da
operacionalizaccedilatildeo da referida modalidade de cuidar no acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica
Nesse enfoque de acordo com o manual da Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede (WHO
2007) os Cuidados Paliativos devem ser estruturados em diferenciados niacuteveis de atenccedilatildeo
desde a comunidade ateacute hospitais de referecircncia nacional e regional Aleacutem disso esta
Organizaccedilatildeo estabelece que tais cuidados devem ser disponibilizados em cada um dos niacuteveis de
atenccedilatildeo agrave sauacutede constituindo uma rede de apoio a pacientes sem possibilidades terapecircuticas de
cura e aos seus familiares Para tanto a OMS utiliza uma piracircmide para estabelecer essa
hierarquizaccedilatildeo conforme pode ser observado na figura 3 abaixo
88
Figura 3 ndash Rede de Equipes de Cuidados Paliativos nos Niacuteveis de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede
Fonte World Health Organization 2007
A piracircmide apresentada na figura 3 contempla em sua base a oferta dos Cuidados
Paliativos para com a comunidade os quais podem ser realizados por familiares cuidadores
liacutederes comunitaacuterios e curandeiros (WHO 2007) Conforme foi observado por Silva (2010)
que apresenta a comunidade na base da piracircmide isto significa que a maioria das pessoas que
realizariam os Cuidados Paliativos (bem como a maior parte dos serviccedilos de atenccedilatildeo a esses
pacientes) deveria estar nela inseridos uma vez que na referida base teriacuteamos aquilo que
representa a maioria sendo portanto considerada como o pilar de sustentaccedilatildeo da estrutura da
piracircmide
Depreende-se que os pilares de sustentaccedilatildeo desta piracircmide refletem uma poliacutetica de
Cuidados Paliativos direcionadas para a comunidade uma vez que a assistecircncia assim
planejada poderia ser economicamente mais viaacutevel
O referido manual esclarece que os modelos de Cuidados Paliativos de sauacutede puacuteblica e
de baixo custo podem ser implementados para alcanccedilar a maioria da populaccedilatildeo alvo
particularmente em cenaacuterios com poucos recursos
De acordo com o manual eacute recomendada a implementaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos no
acircmbito da Atenccedilatildeo Baacutesica Entretanto esta modalidade de cuidar na nossa realidade local
apresenta segundo os profissionais envolvidos no estudo possibilidades e limitaccedilotildees neste
niacutevel de atenccedilatildeo Tal fato pode ser evidenciado nos depoimentos de meacutedicos cirurgiotildees-
-dentistas e enfermeiros da ESF participantes da pesquisa Quanto agraves limitaccedilotildees estes
89
profissionais apontaram algumas necessidades prementes para viabilizar a implementaccedilatildeo dos
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica conforme se observa nos trechos a seguir
Eacute necessaacuteria a implantaccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas [] (M1)
[] a gestatildeo identificar fontes de financiamento (pelo SUS) para esta implantaccedilatildeo (M4)
Em primeiro lugar vontade do gestor [] (D1)
Revisatildeo nas poliacuteticas puacuteblicas de sauacutede Sensibilizar a sociedade e as autoridades (D4)
[] apoio da gestatildeo (E3)
Os discursos mencionados expressam a preocupaccedilatildeo dos profissionais em fomentar a
criaccedilatildeo de uma poliacutetica nacional para essa modalidade de cuidar Os autores Rajagopal Mazza
e Lipman (2003) dizem que a inserccedilatildeo dos Cuidados Paliativos nos sistemas de sauacutede dos
paiacuteses em desenvolvimento tem sido um grande desafio devido agrave dificuldade dos governos
para priorizaacute-los
Floriani (2011) afirma que o Brasil apresenta uma poliacutetica de cuidados incipiente
tiacutemida e desarticulada com o paciente no fim da vida tendo como grande desafio o de inserir os
Cuidados Paliativos no seu Sistema de Sauacutede
Floriani e Schramm (2007) assinalam que para se fazer frente agrave crescente necessidade
de estruturar o sistema de sauacutede para absorver com qualidade essa modalidade eacute fundamental
que os cuidados no fim da vida sejam pensados e estruturados dentro de um modelo que
priorize tanto do ponto de vista moral como operacional o natildeo abandono e a proteccedilatildeo aos
pacientes acometidos por doenccedilas avanccediladas e terminais
Existem importantes obstaacuteculos para a operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica tanto de ordem operacional quanto de ordem eacutetica e cultural podendo ser
citadas entre eles a existecircncia de poliacuteticas restritas e lentas para liberaccedilatildeo de opioides a falta
de qualificaccedilatildeo em recursos humanos a alocaccedilatildeo de recursos prioritariamente dirigida para
outros setores de Sauacutede e o iacutenfimo investimento no ensino e na pesquisa nesse campo
(WEBSTER LACEY QUINE 2007)
Wright et al (2008) em estudo desenvolvido evidenciaram que o Brasil encontra-se
em um niacutevel meacutedio de desenvolvimento dos Cuidados Paliativos ficando atraacutes da Argentina
Chile e Costa Rica Os autores reconhecem ainda que nesse niacutevel de classificaccedilatildeo identifica-se
a presenccedila de serviccedilos voltados para os Cuidados Paliativos conquanto estes natildeo apresentem
uma rede articulada e integrada natildeo sendo portanto possiacutevel perceber o impacto exercido por
tais cuidados sobre as poliacuteticas de sauacutede
90
De acordo com Santos (2011) existem no paiacutes sessenta e uma unidades inseridas em
instituiccedilotildees hospitalares puacuteblicas e privadas Caponero (2002) chama atenccedilatildeo pelo fato de estas
instituiccedilotildees estarem localizadas principalmente nas capitais A maioria iniciou suas atividades
com accedilotildees para o controle da dor agregando posteriormente os Cuidados Paliativos
A carecircncia desse tipo de atenccedilatildeo segundo Rodrigues (2004) faz com que os pacientes
em Cuidados Paliativos procurem com frequumlecircncia os serviccedilos de emergecircncia lavando muitas
vezes estes a serem abandonados nas instituiccedilotildees de sauacutede com alteraccedilotildees fiacutesicas
psicoloacutegicas sociais e espirituais decorrentes do desconhecimento dos profissionais sobre as
intervenccedilotildees adequadas a esses pacientes para a reduccedilatildeo do sofrimento
A despeito desse difiacutecil cenaacuterio os participantes envolvidos no estudo ressaltam a
falta de preparaccedilatildeo da equipe da ESF para viabilizar a referida praacutetica no acircmbito da Atenccedilatildeo
Baacutesica sendo portanto necessaacuteria a qualificaccedilatildeo desses profissionais mediante capacitaccedilotildees
conforme se lecirc nos trechos a seguir
[] que seja dado um curso de capacitaccedilatildeo para esses profissionais lhe darem com esses
pacientes (M2)
Treinamentos para as equipes do PSF (M3)
Sensibilizaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede para a aceitaccedilatildeo da implantaccedilatildeo [] Falta de
divulgaccedilatildeo para os profissionais da Sauacutede do que eacute cuidados paliativos (M4)
Cursos de capacitaccedilatildeo para ampliar o conhecimento dos profissionais nessa aacuterea (M8)
[] capacitaccedilatildeo com educaccedilatildeo continuada para todos os profissionais da Sauacutede da ESF
(D1)
Capacitaccedilatildeo dos atores envolvidos envolvimento da equipe adequando seus programas
(D2)
Treinamento para os profissionais da ESF de forma que pudessem realmente ser
resolutivos (D3)
[] Conscientizaccedilatildeo dos profissionais em sauacutede (D4)
Treinamentos oficinas para os profissionais da Sauacutede (D6)
Boa condiccedilatildeo de trabalho equipe completa informaccedilotildees necessaacuterias (D9)
[] compromisso dos profissionais humanizaccedilatildeo dos serviccedilos (D10)
Capacitaccedilatildeo da equipe (E1)
Informaccedilatildeo atraveacutes de palestras capacitaccedilotildees conversas de roda de mesa (E2)
91
Capacitar e sensibilizar profissionais (E3)
[] treinamento e capacitaccedilatildeo para a equipe (E4)
Contrataccedilatildeo de profissionais treinamentos espaccedilo para realizaccedilatildeo das atividades
divulgaccedilatildeo do trabalho para comunidade (E7)
Preparar profissionais que pelo menos tentem prevenir o sofrimento que a doenccedila gera
para proporcionar uma melhor qualidade de vida mesmo sendo no fim (E8)
De modo geral os profissionais disseram mediante os seus depoimentos acreditar
como estrateacutegia principal para a viabilizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica a
qualificaccedilatildeo da equipe que atua na ESF no que concerne aos cuidados no fim da vida Essa
capacitaccedilatildeo conforme ressalta Floriani (2011) eacute um dos aspectos mais nevraacutelgicos sendo de
fundamental importacircncia a instituiccedilatildeo de programas de educaccedilatildeo continuada O autor ressalta
ainda que tal formaccedilatildeo deveria ser realizada em todo o territoacuterio nacional considerando-se as
distintas realidades socioculturais e de acesso ao Sistema de Sauacutede existentes nas diferenciadas
regiotildees do paiacutes
No tocante agrave viabilidade da praacutetica de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica merece
destaque a pesquisa desenvolvida por Lavor (2006) o qual identificou a necessidade de superar
algumas barreiras para a sua operacionalizaccedilatildeo O estudo observou ainda com base na visatildeo
dos enfermeiros participantes da pesquisa um consenso agrave necessidade de se investir na
capacitaccedilatildeo para que os profissionais adquiram conhecimentos e desenvolvam habilidades e
competecircncias para o manejo de situaccedilotildees que envolvem o paciente e a famiacutelia
O referido estudo ressalta tambeacutem que satildeo inuacutemeras as dificuldades apontadas pelos
profissionais que atuam na ESF para o emprego dessa filosofia de cuidar Entre elas apontam-
se a questatildeo familiar os aspectos bioeacuteticos a comunicaccedilatildeo entre os profissionais os pacientes
e a famiacutelia a organizaccedilatildeo dos serviccedilos (nesta enfatizam-se a falta de recursos e de
medicamentos e a desarticulaccedilatildeo entre os diversos niacuteveis do sistema) Esta uacuteltima eacute a maior
barreira para a operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos
O trabalho desenvolvido por Rodrigues (2009) corrobora os resultados encontrados no
referido estudo Esclarecem que a descoberta dos Cuidados Paliativos para os trabalhadores da
equipe de sauacutede tem gerado desafios para os profissionais envolvidos na assistecircncia em virtude
do despreparo deles para essa nova praacutetica principalmente para o emprego dos Cuidados
Paliativos no cenaacuterio domiciliar no conviacutevio com pacientes e agraves emoccedilotildees advindas do ato de
92
compartilhar o sofrimento dos pacientes e dos seus familiares confrontando-os com o desafio
maior ― o lidar com a morte Estas ponderaccedilotildees podem ser visualizadas nos trechos a seguir
[] Eacute preciso um projeto paralelo de reeducaccedilatildeo (M1)
[] com certeza necessitaria antes de iniciar as atividades um curso de capacitaccedilatildeo
para poder assistir melhor esses pacientes e fazer o melhor para que os mesmos tivessem
uma morte digna ou melhor menos dolorosa para eles e seus familiares (M2)
[] faltam a toda a equipe os subsiacutedios essenciais para o emprego dos cuidados
paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica (M8)
[] me faz necessaacuterio uma sensibilizaccedilatildeo (D1)
[] me falta conhecimento e experiecircncia para lidar com esse tipo de situaccedilatildeo (D3)
Todos os profissionais necessitam passar por uma qualificaccedilatildeo para empregar os
Cuidados Paliativos de forma produtiva ateacute mesmo seguindo um protocolo (D10)
Natildeo estou preparada Necessito de capacitaccedilatildeo (E3)
[] precisaria de capacitaccedilatildeo (E6)
Nesse contexto a instituiccedilatildeo de educaccedilatildeo permanente em Cuidados Paliativos eacute
premente para os profissionais que integram a equipe da ESF como parte de uma estrateacutegia de
difusatildeo nacional desses cuidados cabendo ao Ministeacuterio da Sauacutede o assessoramento teacutecnico
aos municiacutepios para a organizaccedilatildeo de equipes qualificadas no monitoramento e no tratamento
dos pacientes com doenccedilas avanccediladas e terminais e de seu entorno (FLORIANI 2011) Outro
aspecto importante eacute a aquisiccedilatildeo de atitudes e habilidades como a comunicaccedilatildeo fundamentais
para que essa assistecircncia seja eficaz (MELLO CAPONERO 2011)
Kira Montagnini e Barbosa (2008) observam que atualmente no Brasil embora a
discussatildeo e a implantaccedilatildeo dos princiacutepios dos Cuidados Paliativos estejam em franca
progressatildeo ainda eacute necessaacuterio que as instituiccedilotildees de ensino compreendam a importacircncia da
filosofia paliativista e facilitem sua implantaccedilatildeo curricular na aacuterea da Sauacutede ao niacutevel da
graduaccedilatildeo e da poacutes-graduaccedilatildeo
Arauacutejo (2011) assevera que a educaccedilatildeo em Cuidados Paliativos difere da educaccedilatildeo em
outras disciplinas da aacuterea da Sauacutede por trecircs razotildees distintas poreacutem interligadas
Primeiro porque se lida com pessoas que estatildeo morrendo e com seus familiares em
momentos de incertezas e complexidades
93
Segundo porque haacute maior implicaccedilatildeo emocional no cuidado destes pacientes uma vez
que por meio da abordagem multidimensional identifica-se o sofrimento em suas diferentes
esferas revelando-se sentimentos com que o profissional teraacute que lidar tanto no paciente
quanto em si proacuteprio
Terceiro porque para que o cuidado paliativo seja efetivo ou seja para que as
necessidades multidimensionais do paciente e seus familiares sejam supridos eacute imprescindiacutevel
o trabalho interdisciplinar
Assim conforme apontam Wee e Hughes (2007) a educaccedilatildeo neste tema precisa ir ao
encontro das necessidades de grupos profissionais heterogecircneos no tocante agraves abordagens
disciplinares
Floriani (2011) pondera que aleacutem dessa qualificaccedilatildeo da equipe deve haver tambeacutem
como parte dessa estrateacutegia de capacitaccedilatildeo uma mudanccedila na visatildeo acadecircmica com a urgente
necessidade de ser implantada a disciplina Cuidados Paliativos na grade curricular dos cursos
da aacuterea da Sauacutede Caso contraacuterio as distorccedilotildees envolvidas acerca desta modalidade de cuidar
natildeo seratildeo corrigidas perpetuando-se terapecircuticas fuacuteteis e situaccedilotildees de abandono
Na percepccedilatildeo de Arauacutejo (2011) a filosofia dos Cuidados Paliativos deve ser ensinada
durante a graduaccedilatildeo poreacutem o que se tem observado eacute que a academia destina-se a ensinar a
fisiopatologia das doenccedilas e farmacoloacutegicas para seu tratamento pouco preparando o
profissional para lidar com o paciente quando esta doenccedila natildeo tem mais possibilidade de cura
Observa-se ainda que pouco se destaca nesse processo de formaccedilatildeo dos profissionais da Sauacutede
seu preparo para comunicar notiacutecias ruins estar ao lado de algueacutem que sofre oferecer apoio
emocional e espiritual em situaccedilotildees complexas refletir junto com o doente na suas duacutevidas e
questotildees existenciais
Como a formaccedilatildeo baacutesica dos profissionais que atualmente lidam com pacientes que
vivenciam o processo de morrer natildeo lhes foi suficiente para desenvolver habilidades para lidar
com estas e outras situaccedilotildees inerentes agrave terminalidade de seus pacientes eacute preciso o
investimento na educaccedilatildeo continuada destes profissionais no tange aos Cuidados Paliativos
Dessa forma Floriani e Schramm (2004) consideram que a Atenccedilatildeo Baacutesica emerge
como uma importante estrateacutegia para o emprego dessa modalidade de cuidar podendo atuar
para evitar a ruptura de tratamento configurando-se como indispensaacutevel elo de continuidade do
tratamento especialmente para os pacientes que vivem longe de centros urbanos e que devem
retornar para suas casas
Diante dessa realidade observa-se que o Sistema de Sauacutede brasileiro tem a importante
tarefa de equilibrar dentro de um cenaacuterio de restriccedilatildeo de recursos de modo pragmaacutetico como
94
conveacutem ao gestor puacuteblico e ao privado o sentido do que eacute real com o sentido da possibilidade
em busca de um modelo sustentaacutevel de cuidados no fim da vida do ponto de vista operacional
e organizado de modo que possa ser acessiacutevel nos mais diferentes contextos nacionais e
eticamente comprometido com a proteccedilatildeo aos atores vulnerados (FLORIANI 2011)
Portanto analisando essas caracteriacutesticas agrave luz do referencial teoacuterico e dos discursos
provenientes de meacutedicos enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas da ESF podemos assinalar que na
visatildeo desses profissionais eacute possiacutevel a implementaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo
Baacutesica contanto que sejam superadas algumas barreiras tais como a criaccedilatildeo de uma poliacutetica
nacional para essa modalidade de cuidar e a preparaccedilatildeo dos profissionais que integram a equipe
da ESF
95
Reflexotildees Finais
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
96
O estudo nos permitiu assinalar a partir dos discursos dos profissionais participantes
da investigaccedilatildeo a valoraccedilatildeo dos Cuidados Paliativos como uma modalidade de cuidar que visa
agrave minimizaccedilatildeo do sofrimento do paciente sem possibilidade terapecircutica de cura e agrave de seus
familiares mediante uma assistecircncia pautada na humanizaccedilatildeo
Eacute oportuno destacar que a praacutetica dos Cuidados Paliativos busca oferecer uma resposta
ativa aos problemas necessidades e sofrimento dos pacientes acometidos por uma patologia
crocircnica e incuraacutevel podendo dessa forma desempenhar um papel relevante nos cuidados no
fim da vida especialmente em aacutereas onde natildeo existem centros de referecircncia em Cuidados
Paliativos
Implementar esta modalidade de cuidar permeada pelos pressupostos da humanizaccedilatildeo
favorece aos profissionais da ESF o estabelecimento de uma assistecircncia integral e holiacutestica
(contemplando as necessidades emocionais espirituais sociais e bioloacutegicas) direcionada ao
paciente portador de doenccedila crocircnica natildeo responsiva agrave terapecircutica de cura Aleacutem disso contribui
para o desenvolvimento de estrateacutegias uacuteteis e adequadas a fim de se atender agraves necessidades do
referido paciente
No tocante agrave praacutetica dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica foi possiacutevel eleger
duas categorias a partir do material discursivo oriundo das entrevistas dos participantes do
estudo Cuidados Paliativos ndash aspectos conceituais e modalidades terapecircuticas (esta categoria
apresentou duas subcategorias Cuidados Paliativos ndash promoccedilatildeo de qualidade de vida para
pacientes sem possibilidades de cura modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos)
Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica ndash formaccedilatildeo da equipe possibilidades e limitaccedilotildees As
categoriais apresentam a essecircncia do entendimento dos profissionais da ESF envolvidos no
estudo sobre os Cuidados Paliativos sobretudo no referido contexto
Quanto agrave compreensatildeo dos profissionais da ESF acerca dos Cuidados Paliativos foi
enfatizado que esta modalidade eacute considerada como cuidados de conforto para o paciente
cuidado biopsiacutequicoespiritual e cuidado interdisciplinar
Os meacutedicos os enfermeiros e os cirurgiotildees-dentistas da ESF participantes do estudo
advertiram de modo enfaacutetico que os Cuidados Paliativos devem estar voltados para pacientes
acometidos por doenccedilas incuraacuteveis e pacientes em fase de terminalidade mediante uma
assistecircncia humanizada com a finalidade de promover qualidade de vida minimizaccedilatildeo do
sofrimento e boa morte
Outra questatildeo que merece destaque refere-se agrave importacircncia dada por alguns dos
participantes do estudo agrave presenccedila dos familiares elementos colaboradores no cuidar do
paciente Esta eacute compreendida como fonte de apoio e estiacutemulo para o doente no enfrentamento
97
do processo da enfermidade e da terminalidade Dessa forma os Cuidados Paliativos devem ser
estendidos tambeacutem agrave famiacutelia uma vez que esta sofre juntamente com o paciente que se
encontra em processo de terminalidade
Quanto agraves modalidades terapecircuticas em Cuidados Paliativos os referidos profissionais
valorizaram natildeo soacute os aspectos bioloacutegicos do paciente mas tambeacutem outras dimensotildees que
compotildeem a totalidade do ser humano e que surgem intensamente diante de um sofrimento e do
processo da terminalidade ndash as dimensotildees psicoloacutegicas sociais e espirituais Por conseguinte
os referidos profissionais destacaram as seguintes modalidades farmacologia fisioterapia
nutriccedilatildeo (que corresponderam agrave intervenccedilatildeo bioloacutegica) comunicaccedilatildeoescuta qualificada
psicologia e espiritualidade (que retrataram a intervenccedilatildeo psicoterapecircutica)
Eacute oportuno destacar que alguns dos participantes do estudo apresentaram certo
despreparo para esta nova modalidade de cuidar revelando conceitos incompatiacuteveis com a
literatura pertinente aos Cuidados Paliativos Foi possiacutevel entrever que estes profissionais
restringem tais cuidados a cuidados humanitaacuterios natildeo identificando a relaccedilatildeo de tal modalidade
com temas como a morte e suas implicaccedilotildees espirituais ou existenciais Este fato pode estar
atrelado agrave formaccedilatildeo profissional deles uma vez que no Brasil a visibilidade dessa modalidade
de cuidar iniciou-se na deacutecada de 2000 e a maioria destes estaacute formada haacute mais de dez anos
natildeo tendo em seus curriacuteculos a contemplaccedilatildeo da temaacutetica em destaque
Em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da equipe de Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica os
participantes envolvidos no estudo disseram reconhecer que a equipe da ESF deve conter um
quantitativo maior de profissionais o qual possa extrapolar o que estaacute determinado atualmente
pelo Ministeacuterio da Sauacutede Ressalte-se que alguns deles destacaram a importacircncia da atuaccedilatildeo de
uma equipe interdisciplinar composta de profissionais que possuem diferenciadas competecircncias
e que atuam de forma interdependente para o atendimento das necessidades bioloacutegicas
psicoloacutegicas sociais e espirituais do paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura e de sua
famiacutelia
Outro aspecto merecedor de destaque diz respeito ao posicionamento dos profissionais
inseridos no estudo quanto agrave viabilidade da operacionalizaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos na
Atenccedilatildeo Baacutesica Para eles esta modalidade de cuidar na nossa realidade local apresenta
possibilidades e limitaccedilotildees
No que diz respeito agraves possibilidades os discursos provenientes dos meacutedicos
enfermeiros e cirurgiotildees-dentistas expressaram a necessidade em fomentar a criaccedilatildeo de uma
poliacutetica nacional que contemple os Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica
98
Do mesmo modo manifestaram acreditar que a falta de qualificaccedilatildeo dos profissionais
inseridos na ESF consiste na principal limitaccedilatildeo para a implementaccedilatildeo dessa modalidade de
cuidar na Atenccedilatildeo Baacutesica Portanto a qualificaccedilatildeo desta equipe eacute apontada pelos profissionais
como a estrateacutegia mais importante para a viabilizaccedilatildeo desta praacutetica na atenccedilatildeo primaacuteria
Explicitaram a necessidade de qualificaccedilatildeo para um melhor exerciacutecio profissional no campo de
Cuidados Paliativos sobretudo em situaccedilotildees de terminalidade
Assim sendo urge a instituiccedilatildeo da educaccedilatildeo permanente em Cuidados Paliativos para
os profissionais que fazem parte da Atenccedilatildeo Baacutesica a fim de que promovam uma assistecircncia
holiacutestica e integral ao paciente sem possibilidades terapecircuticas de cura Aleacutem disso eacute de suma
relevacircncia que as instituiccedilotildees de ensino da aacuterea da Sauacutede compreendam a importacircncia da
filosofia dessa modalidade de cuidar e contemplem esta temaacutetica em seus curriacuteculos
Consideramos que este estudo abre novos horizontes no campo da investigaccedilatildeo
cientiacutefica na assistecircncia e no ensino acerca dos Cuidados Paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica Haja
vista o quacircntico reduzido de estudos direcionados agrave respectiva temaacutetica no acircmbito da literatura
nacional Ressaltamos a necessidade de novas pesquisas com a finalidade de se ampliarem as
discussotildees sobre essa temaacutetica e conseguintemente se favorecer a inserccedilatildeo desse conteuacutedo nos
curriacuteculos dos profissionais da Sauacutede bem como se estimular a capacitaccedilatildeo destes cuidados
diferenciados nas redes assistenciais de sauacutede particularmente na ESF a fim de se amenizar o
sofrimento de usuaacuterios sem possibilidades terapecircuticas e familiares envolvidos com o cuidado
com seu ente querido
Esperamos portanto que esta pesquisa possa subsidiar novas investigaccedilotildees que
contemplem a inter-relaccedilatildeo dos Cuidados Paliativos com a Atenccedilatildeo Baacutesica visto que se trata
de uma praacutetica inovadora no referido campo a qual necessita de uma maior disseminaccedilatildeo junto
a gestores profissionais da Sauacutede em particular os da ESF estudantes e pesquisadores da aacuterea
99
Referecircncias
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
100
ABRAHAtildeO-CURVO P Avaliaccedilatildeo da atenccedilatildeo baacutesica em sauacutede destacando satisfaccedilatildeo e
insatisfaccedilatildeo na perspectiva dos usuaacuterios com ecircnfase na integralidade da atenccedilatildeo 2010
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo PretoUSP Satildeo Paulo 2010
ABREU L O et al Trabalho de equipe em enfermagem revisatildeo sistemaacutetica da literatura
Rev Bras Enferm v 58 n 2 p 203-7 2005
ABU-SAAD H H COURTENS A Developments in Palliative Care In ABUD-SAAD H
H Evidence-based palliative care across the life span Oxford Blackwel Science 2001
Cap3 p5-13
ARAUacuteJO M M T de Quando uma palavra de carinho conforta mais que um
medicamento necessidades e expectativas de pacientes sob cuidados paliativos 2006
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Escola de Enfermagem da Universidade de Satildeo Paulo 2006
ARAUacuteJO M M T de Comunicaccedilatildeo em cuidados paliativos proposta educacional para
profissionais de sauacutede 2011 Tese (Doutorado) ndash Escola de Enfermagem da Universidade de
Satildeo Paulo 2011
ARAUacuteJO M M T de SILVA M J P da A comunicaccedilatildeo com o paciente em cuidados
paliativos valorizando a alegria e o otimismo Rev Esc Enferm v 40 n 4 p 668-674 2007
AROUCA S Democracia e sauacutede Anais da VIII Conferecircncia Nacional de Sauacutede Brasiacutelia
1987 P 17-21
BACKES D S et al Muacutesica terapia complementar no processo de humanizaccedilatildeo de um CTI
Nursing v 66 n 6 p 35-42 2003
BARBOSA K de A FREITAS M H de Religiosidade e atitude diante da morte em idosos
sob cuidados paliativos Revista Kairoacutes Satildeo Paulo v 12 n 1 p 113-34 jan 2009
BARDIN L Anaacutelise de conteuacutedo Lisboa Ediccedilotildees 70 2008
BIELEMANN V L M A famiacutelia cuidando do ser humano com cacircncer e sentindo a
experiecircncia Rev Bras Enferm v 56 n 2 p 133-7 2003
BILLINGS J A A BLOCH S Palliative care in undergraduate medical education JAMA
v 278 n9 p 733-738 1997
101
BONASSA E C CAMPOS C V A Sauacutede mais perto os programas e as formas de
financiamento para os municiacutepios Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2001
BONFAacute L VINAGRE R C de O FIGUEIREDO N V de Uso de canabinoacuteides na dor
crocircnica e em cuidados paliativos Rev Bras Anestesiol v 58 n 3 p 267-279 2008
BOULAY S Changing the face of death the story of Cicely Saunders 4 ed Norfolk
RMEP 1996
BRASIL Portaria ndeg 1886GMMS Aprova as Normas de Diretrizes do Programa de
Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede e do Programa de Sauacutede da Famiacutelia Brasiacutelia DF Dez 1997
______ Portaria nordm 2413 GMMS Cria atendimento a pacientes sob cuidados prolongados
Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1998a
______ Portaria nordm 3535 GMMS Estabelece criteacuterios para Centros de Alta Complexidade
em Oncologia ndash CACON Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 1998b
______ Portaria ndeg 157GMMS Estabelece os criteacuterios de distribuiccedilatildeo e requisitos para a
qualificaccedilatildeo dos Municiacutepios aos incentivos ao Programa de Agentes Comunitaacuterios de Sauacutede e
ao Programa de Sauacutede da Famiacutelia Brasiacutelia DF Mar 1998c
______ Ministeacuterio da Sauacutede Portaria n 881 Brasiacutelia DF Jun 2001
______ Portaria nordm 19 GMMS Cria o Programa Nacional de Assistecircncia agrave Dor e Cuidados
Paliativos Brasiacutelia Ministeacuterio da Sauacutede 2002
BRASIL Ministeacuterio da Sauacutede Programa de sauacutede da famiacutelia Brasiacutelia DF 2000a
______ Ministeacuterio da Sauacutede Atenccedilatildeo Baacutesica Programa de Sauacutede da Famiacutelia Treinamento
Introdutoacuterio Caderno 2 Brasiacutelia 2000b
______ Ministeacuterio da Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica Programa de Sauacutede da famiacutelia
Rev Sauacuted Puacutebl v 34 n 3 p 316-9 2000c
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Assistecircncia agrave sauacutede Coordenaccedilatildeo de sauacutede da
comunidade Sauacutede da famiacutelia uma estrateacutegia para reorientaccedilatildeo do modelos assistencial
Brasiacutelia DF 2005a
102
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave Sauacutede Departamento de Atenccedilatildeo Baacutesica
Coordenaccedilatildeo de Acompanhamento e Avaliaccedilatildeo Avaliaccedilatildeo para melhoria da qualidade da
estrateacutegia sauacutede da famiacutelia Documento Teacutecnico Brasiacutelia DF 2005b
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Gestatildeo Participativa Sauacutede da famiacutelia panorama
avaliaccedilatildeo e desafios Brasiacutelia DF 2005c
______ Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada - RDC
nordm11 de 26 de janeiro de 2006 Dispotildee sobre o regulamento teacutecnico de funcionamento de
serviccedilos que prestam atenccedilatildeo domiciliar Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Brasiacutelia 30 jan 2006
______ Ministeacuterio da Sauacutede Conselho Nacional de Sauacutede Comissatildeo Nacional de Eacutetica em
Pesquisa Manual operacional para comitecircs de eacutetica em pesquisa 4 ed Brasiacutelia DF 2007
Seacuterie A Normas e manuais teacutecnicos
______ Ministeacuterio da Sauacutede Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Secretaria de Atenccedilatildeo agrave
Sauacutede Diretrizes e recomendaccedilotildees para o cuidado integral de doenccedilas crocircnicas natildeo-
transmissiacuteveis Brasiacutelia DF 2009
BYOCK I Where do we go from here A palliative care perspective Crit Care Med v 34
p 416-20 2006
CAPONERO R Muito aleacutem da cura de uma doenccedila profissionais lutam para humanizar o
sofrimento humano Praacutetica Hospitalar Satildeo Paulo n 21 p 29-34 maijun 2002
CASTRO D A Psicologia e eacutetica em cuidados paliativos Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo v
21 p 44-51 2001
CEZARIO E P O fisioterapeuta diante dos cuidados paliativos e da morte In SANTOS F S
(Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo
Atheneu 2011 Cap 33 p 307-14
CLARK D CENTENO C Palliative care in Europe an emerging approach to comparative
analysis Clin Med v6 n 2 p 197-201 2006
CONGRESSO INTERNACIONAL DE CUIDADOS PALIATIVOS Educar para paliar Satildeo
Paulo Siacuterio Libanecircs Instituto de Ensino e Pesquisa 2010
103
COSTA E M A CARBONE M H Sauacutede da famiacutelia uma abordagem interdisciplinar Rio
de Janeiro Rubio 2004
COSTA S F G VALLE E R M Ser eacutetico na pesquisa em enfermagem Joatildeo Pessoa
Ideacuteia 2000
COSTA FILHO R C et al Como implementar cuidados paliativos de qualidade na unidade
de terapia intensiva Rev Bras Ter Intensiva Satildeo Paulo v 20 n 1 janmar 2008
DUNLOP R J HOCKLEY J M Hospital-based palliative care teams 2 ed Oxford
Oxford University 1998
ELIAS A C A et al Programa de treinamento sobre a intervenccedilatildeo terapecircutica (RIME) para
re-significar a dor espiritual de pacientes terminais Rev Psiquiatr Cliacuten Satildeo Paulo v 34
supl 1 p 60-72 2007
ESTEVES M M Cuidar ndash paciente famiacutelia e equipe multiprofissional sob a visatildeo do
assistente social atuante em cuidados paliativos In SANTOS F S (Org) Cuidados
paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 31
p 285-86
FERRER P M N LABRADA B R P LOacutePEZ N P Buenas praacutecticas de enfermeriacutea en
pacientes tributarios de cuidados paliativos en la atencioacuten primaria de salud Revista Cubana
de Enfermeriacutea v 25 n 1-2 p 1-17 2009
FERREIRA N M L A CHICO E HAYHASHI V D Buscando compreender a
experiecircncia do doente com cacircncer Rev Ciecircn Meacuted (Campinas) v 14 n 3 p 239-48 2005
FERREIRA N M L A SOUZA C L B de STUCHI Z Cuidados paliativos e famiacutelia
Rev Ciecircnc Meacuted Campinas v 17 n 1 p 33-42 janfev 2008
FIGUEIREDO M C A Educaccedilatildeo em cuidados paliativos uma experiecircncia brasileira Mundo
Sauacutede v 27 n 1 p 165-70 2003
FIGUEIREDO M T A Reflexotildees sobre os cuidados paliativos no Brasil Rev Praacutetica
Hospitalar v 47 p 36-40 setout 2006
104
FLORIANI C A Cuidados paliativos no Brasil desafios para sua inserccedilatildeo no sistema de
sauacutede In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos
sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 12 p 101-06
FLORIANI C A SCHRAMM F R Atendimento domiciliar ao idoso problema ou
soluccedilatildeo Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 20 n4 p 986-994 julago 2004
FLORIANI C A SCHRAMM F R Desafios morais e operacionais da inclusatildeo dos cuidados
paliativos na rede de atenccedilatildeo baacutesica Cad Sauacutede Puacuteblica v 23 n 9 p 2072-2080 set 2007
FRANCcedilA J R F S Cuidados paliativos relaccedilatildeo dialoacutegica entre enfermeiros e crianccedilas com
cacircncer 2011 172f Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Centro de Ciecircncias da Sauacutede Universidade
Federal da Paraiacuteba Joatildeo Pessoa 2011
GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 6 ed Satildeo Paulo Atlas 2010
GIL C R R Formaccedilatildeo de recursos humanos em sauacutede da famiacutelia paradoxos e perspectivas
Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 21 n2 p490-498 marabr 2005
GIROND J B R WATERKEMPER R Sedaccedilatildeo eutanaacutesia e o processo de morrer do
paciente com cacircncer em cuidados paliativos compreendendo conceitos e inter-relaccedilotildees
Cogitare enferm v 11 n 3 p 258-263 set-dez 2006
GUERRA M A T Assistecircncia ao paciente em fase terminal alternativas para o doente com
AIDS 2001 155p Tese (Doutorado) ndash Faculdade de Sauacutede Puacuteblica Universidade de Satildeo
Paulo Satildeo Paulo 2001
GUTIERREZ D M D MINAYO M C S Produccedilatildeo do conhecimento sobre cuidados da
sauacutede no acircmbito da famiacutelia Ciecircncia e Sauacutede Coletiva v 15 n 1 p 1497-1508 2010
HALSTEAD MT ROSCOE ST Restoring the spirit at the end of life music as an
intervention for oncology nurses Clin J Oncol Nurs v6 n6 p333-6 2002
HERSCHBACK P et al Psychological distress in cancer patients assessed with na expert
rating scale Br J Cancer v 99 n 1 p 37-43 2008
HIGUERA J C B La escucha activa em cuidados paliativos Revista de Estudios Meacutedico
Humaniacutesticos v 11 n 11 p 119-136 2005
105
IBANtildeEZ N et al Avaliaccedilatildeo do desempenho da atenccedilatildeo baacutesica no estado de Satildeo Paulo
Ciecircncia e Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 11 n 3 p 683-703 2006
INCONTRI D Equipes interdisciplinares em cuidados paliativos ndash religando o saber e o sentir
In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos
sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 17 p 141-48
INABA L C SILVA M J P A importacircncia e as dificuldades da comunicaccedilatildeo verbal e natildeo-
verbal no cuidado dos deficientes fiacutesicos Nursing v 5 n 51 p 20-4 2002
JOAtildeO PESSOA Secretaria Municipal de Sauacutede Plano Municipal de Sauacutede ndash 2010 - 2013
Joatildeo Pessoa 2010
______ Relatoacuterio de gestatildeo 2005-2008 Joatildeo Pessoa 2008
KIRA C M MONTAGNINI M BARBOSA S M M Educaccedilatildeo em cuidados paliativos
In OLIVEIRA R A Cuidado paliativo Satildeo Paulo Conselho Regional de Medicina do estado
de Satildeo Paulo 2008 p 595-609
KOENIG H G McCULLOUGH M E LARSON D B A history of religion science and
medicine In HANDBOOK of religion and health New York Oxford University Press 2001
KOVAacuteCS M J et al Implantaccedilatildeo de um service de plantatildeo psicoloacutegico numa unidade de
cuidados paliativos Bol Psicol v 51 n 114 p 1-22 jan-jun 2001
KOVAacuteCS M J Comunicaccedilatildeo nos programas de cuidados paliativos uma abordagem
multidisciplinar In PESSINI L BERTACHINI L Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos
Satildeo Paulo Loyola p 275-89 2004
KUumlBLER-ROSS E Sobre a morte e o morrer Satildeo Paulo Martins Fontes 2002
LAVOR M F da S Cuidados paliativos na Atenccedilatildeo Baacutesica visatildeo dos enfermeiros do
Programa Sauacutede da Famiacutelia 180 f 2006 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Enfermagem) ndash
Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola de Enfermagem Anna Nery Rio de Janeiro
2006
LITLEJOHN S W Fundamentos teoacutericos da comunicaccedilatildeo humana Rio de janeiro
Guanabara 1988
106
LOPES M J M SILVA J L A Estrateacutegias metodoloacutegicas de educaccedilatildeo e assistecircncia na
atenccedilatildeo baacutesica de sauacutede Revista Latino Amer Enfermagem v 12 n 4 jul ndash ago 2004
LUSTOSA M A A famiacutelia do paciente internado Rev SBPH v 10 p 4-8 2007
MACCOUGHLAN M A necessidade de cuidados paliativos In PESSINI L BERTACHINI
(Orgs) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos 3ed Satildeo Paulo Ediccedilotildees Loyola 2006 Cap 11
p 167- 180
MACCOUGHLAN M A Necessidade de cuidados paliativos Mundo Sauacutede v 27 n 1 p
6-14 2003
MACHADO M de F A S et al Integralidade formaccedilatildeo de sauacutede educaccedilatildeo em sauacutede e as
propostas do SUS - uma revisatildeo conceitual Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva v 12 n 2 p 335-342
2007
MACMILIAN K EMERY B KASHUBA L Organization and support of the
interdisciplinary team In BRUERA E et al Textbook of palliative medicine London
Edward Arnold 2006
MALUF M F M MOLI L J BARROS A C S D O impacto psicoloacutegico do cacircncer de
mama Rev Bras Cancer v 51 n 2 p 149-54 2005
MARCUCCI F C I O papel da fisioterapia nos cuidados paliativos a pacientes com cacircncer
Rev Bras Cancer v 51 n 1 p 67-77 2005
MELO A G C Os cuidados paliativos no Brasil In PESSINI L BERTACHINI L
Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos Satildeo Paulo Loyola 2004 p 291-9
MELLO A G C de CAPONEROV R Cuidados paliativos abordagem contiacutenua e integral
In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos discutindo a vida a morte e o morrer Satildeo
Paulo Atheneu 2009 Cap18 p 257-266
MELLO A G C de CAPONERO R O futuro em cuidados paliativos In SANTOS F S
(Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas Satildeo Paulo
Atheneu 2011 Cap 2 p 17-24
107
MELO A G C FIGUEIREDO M T A Cuidados paliativos conceitos baacutesicos histoacuterico e
realizaccedilotildees da Associaccedilatildeo Brasileira de Cuidados Paliativos e da Associaccedilatildeo Internacional de
Hospice e Cuidados Paliativos In PIMENTA C A M MOTA D D C F CRUZ D A L
M Dor e cuidados paliativos enfermagem medicina e psicologia Barueri SP Manole 2006
p 16-28
MENDES E V O dilema fragmentaccedilatildeo ou integraccedilatildeo dos sistemas de sauacutede por sistemas
integrados de serviccedilos de sauacutede In MENDES E V Os grandes dilemas do SUS Fortaleza
Escola de Sauacutede Puacuteblica do Cearaacute 2001 p 91-139
MINAYO M C de S O desafio do conhecimento pesquisa qualitativa em sauacutede 12 ed Rio
de Janeiro HUCITECABRASCO 2010
MOREIRA D A O meacutetodo fenomenoloacutegico na pesquisa Satildeo Paulo Pioneira 2004
O`CONNOR M FISHER C GUILFOYLE A Interdisciplinary teams inpalliative care a
critical reflection Int J Pall Nurs v 12 n 3 p 132-7 2006
OLIVEIRA A C SAacute L SILVA M J P O posicionamento do enfermeiro frente a
autonomia do paciente terminal Rev Bras Enferm v 60 n 3 p 286-90 maio-jun 2007
ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DA SAUacuteDE Alma Ata 1978 ndash cuidados primaacuterios de sauacutede
Relatoacuterio da conferecircncia internacional sobre cuidados primaacuterios de sauacutede OMSUNICEF
Brasil 1979
ORGANIZACcedilAtildeO MUNDIAL DE SAUacuteDE Cuidados inovadores para condiccedilotildees crocircnicas
componentes estruturais de accedilatildeo uma estrateacutegia em Serviccedilos de Sauacutede para todo o Brasil
Brasiacutelia Organizaccedilatildeo Mundial da Sauacutede 2003
OTHERO M B COSTA D G Propostas desenvolvidas em Cuidados Paliativos em um
hospital amparador - Terapia Ocupacional e Psicologia Rev Praacutetica Hospitalar v 9 n 52 p
157-60 2007
PAUNOVICH E D et al The role of dentistry in palliative care of the head and neck cancer
patient Tex Dent J v 117 n 6 p 36-45 2000
PEDUZZI M A A inserccedilatildeo do enfermeiro na equipe de sauacutede da famiacutelia na perspectiva da
promoccedilatildeo da sauacutede In Anais do 1ordm Seminaacuterio Estadual o enfermeiro no programa de sauacutede
da famiacutelia de Satildeo Paulo 9-11 nov 2000 Satildeo Paulo Secretaria do estado de Sauacutede p 1-11
108
PEDUZZI M OLIVEIRA M A C Trabalho em equipe multiprofissional In MARTINS
M A et al Cliacutenica Meacutedica v1 Barueri Manole 2009 p 171-8
PERES M F P et al A importacircncia da integraccedilatildeo da espiritualidade e da religiosidade no
manejo da dor e dos cuidados paliativos Rev Psiquiatr Cliacuten Satildeo Paulo v 34 2007
PESSINI L Viver com dignidade a proacutepria morte reexame da contribuiccedilatildeo da eacutetica
teoloacutegica no atual debate sobre a distanaacutesia 2001 Tese (Doutorado) ndash Centro Universitaacuterio
Assunccedilatildeo Pontifiacutecia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunccedilatildeo Satildeo Paulo 2001
PESSINI L Humanizaccedilatildeo da dor e do sofrimento humanos na aacuterea da sauacutede In PESSINI L
BERTACHINI L (Orgs) Humanizaccedilatildeo e cuidados paliativos 3 ed Satildeo Paulo Loyola
2006 cap1 p 11-29
PESSINI L BERTACHINI L Novas perspectivas em cuidados paliativos eacutetica geriatria
gerontologia comunicaccedilatildeo e espiritualidade O Mundo da Sauacutede Satildeo Paulo v 29 n 4
outdez 2005
PIMENTA C G C de MOTA D T A F Educaccedilatildeo em cuidados paliativos In PIMENTA
C G C de MOTA D D C de F M CRUZ D DE A L M da C (Orgs) Dor e
cuidados paliativos enfermagem medicina e psicologia BarueriManoly 2006 Cap3 p 29-
44
POLASTRINI R T V YAMASHITA C C KURASHIMA A Y Enfermagem e o cuidado
paliativo In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 30 p 277-83
POLIT F P BECK C T HUNGLER B P Fundamentos da pesquisa em enfermagem
meacutetodos avaliaccedilatildeo e utilizaccedilatildeo 5 ed Porto Alegre Artmed 2004
RAJAGOPAL M R MAZZA D LIPMAN A G Pain and palliative care in the
developing world and marginalized population a global challenge Binghamton The
Haworth Medical Press 2003
REIS JUacuteNIOR L C REIS P E A M Cuidados paliativos no paciente idoso o papel do
fisioterapeuta no contexto multidisciplinar Fisioterapia em Movimento Curitiba v 20 n 2
p 127-35 abrjun 2007
109
RODRIGUES I G Cuidados paliativos anaacutelise de conceito 2004 200f Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo Ribeiratildeo
Preto 2004
RODRIGUES I G Os significados do trabalho em equipe de cuidados paliativos
oncoloacutegicos domiciliar um estudo etnograacutefico 2009 Tese (Doutorado) Universidade de
Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2009
RODRIGUES I G ZAGO M M F Enfermagem em cuidados paliativos Mundo Sauacutede v
27 n 1 p 89-92 2003
RODRIGUES I G ZAGO M M F CALIRI M H Uma anaacutelise do conceito de cuidados
paliativos no Brasil artigo de revisatildeo Mundo da Sauacutede v 29 n 2 p 147-154 Satildeo Paulo
2005
SALES C A MOLINA M A S O significado do cacircncer no cotidiano de mulheres em
tratamento quimioteraacutepico Rev Bras Enferm v 57 n 6 p 720-3 2004
SALES C A et al Cuidado paliativo a arte de estar-com-o-outro de uma forma autecircntica
Rev Enferm UERJ v 16 n 2 p 174-179 2008
SALTZ E JUVER J Cuidados paliativos em oncologia Satildeo Paulo Editora Senac 2008
SANTANA A D A Cuidados paliativos ao doente oncoloacutegico terminal em domiciacutelio
representaccedilotildees sociais da famiacutelia 2000 Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash escola de Enfermagem
Universidade Federal da Bahia Salvador 2000
SANTOS H S dos Terapecircutica nutricional para constipaccedilatildeo intestinal em pacientes
oncoloacutegicos com doenccedila avanccedilada em uso de opiaacuteceos revisatildeo Rev Bras Cancer v 48 n
2 p 263-269 2002
SANTOS D et al Sedacioacuten paliativa experiencia en una unidad de cuidados paliativos de
Montevideo Rev Med Urug v 25 n 2 p 78-83 2009
SANTOS M J O cuidado agrave famiacutelia do idoso com cacircncer em cuidados paliativos
perspectiva da equipe de enfermagem e dos usuaacuterios 2009 Dissertaccedilatildeo (mestrado)
Florianoacutepolis Universidade Federal de Santa Catarina 2009
SANTOS F S O desenvolvimento histoacuterico dos cuidados paliativos e a filosofia hospice In
SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio dos sintomas
Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 1 p 3-15
110
SANTOS C E dos MATTOS L F C Os cuidados paliativos e a medicina de famiacutelia e
comunidade In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 2 p 17-24
SAUNDERS C Preface In DAVIES E HIGGINSON I J (Ed) The solid facts palliative
care Copenhagen WHO Regional Office for Europe 2004
SCHLIEMANN A L Cuidados paliativos e psicologia a construccedilatildeo de um espaccedilo de
trabalho In SANTOS F S (Org) Cuidados paliativos ndash diretrizes humanizaccedilatildeo e aliacutevio
dos sintomas Satildeo Paulo Atheneu 2011 Cap 34 p 315-21
SCHERER M D dos A MARINO S R A RAMOS F R S Rupturas e soluccedilotildees no
modelo de atenccedilatildeo agrave sauacutede reflexotildees sobre a estrateacutegia sauacutede da famiacutelia com base nas
categorias kuhnianas Interface ndash comunicaccedilatildeo Sauacutede Educaccedilatildeo Botucatu v9 n16 p 53-
66 set2004fev 2005
SILVA D A da et al Atuaccedilatildeo do nutricionista na melhora da qualidade de vida de idosos
com cacircncer em cuidados paliativos O Mundo da Sauacutede v 33 n 3 p 358-364 2009
SILVA K S da Em defesa da sociedade a invenccedilatildeo dos cuidados paliativos 2010
Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2010
SILVA M J P Comunicaccedilatildeo com pacientes fora de possibilidades terapecircuticas reflexotildees
Mundo Sauacutede v 27 n 1 p 64-70 2003
SILVA M J P Comunicaccedilatildeo tem remeacutedio a comunicaccedilatildeo nas relaccedilotildees interpessoais em
sauacutede Satildeo Paulo Loyola 2008
SIMINO G P R Acompanhamento de usuaacuterios com cacircncer e seus cuidadores por
trabalhadores de equipes de sauacutede da famiacutelia possibilidades e desafios 2009 Dissertaccedilatildeo
(Mestrado) ndash Escola de Enfermagem de Ribeiratildeo PretoUSP Satildeo Paulo 2009
SIQUEIRA E S A eacutetica e os pacientes terminais Arq Cons Med Do Pr Curitiba v 18 n
70 p 109-11 2000
SIQUEIRA J T T de et al Dor em pacientes com cacircncer de boca do diagnoacutestico aos
cuidados paliativos Rev Dor v 10 n 2 p 150-157 2009
111
SOCHACKI M et al A dor de natildeo mais alimentar Rev Bras Nutr Clin v 23 n 1 p 78-
80 2008
SODREacute F Alta Social a atuaccedilatildeo do assistente social em cuidados paliativos Serviccedilo Social
amp Sociedade nordm82 Satildeo Paulo Cortez 2005
SOUSA A T O de et al Cuidados paliativos com pacientes terminais um enfoque na
Bioeacutetica Rev Cubana Enfermer Ciudad de la Habana v 26 n 3 dic 2010
SPECK P Teamwork in palliative care Oxford Oxforde University Press 2009
STARFIELD B Atenccedilatildeo primaacuteria equiliacutebrio entre necessidades de sauacutede serviccedilos e
tecnologia UNESCO Ministeacuterio da Sauacutede Brasiacutelia 2002
STEINHAUSER K E et al Factors considered important at the end of life by patients
family physicians and other care providers JAMA v 284 p 2476-82 2000a
STEINHAUSER K E et al In search of a good death observations of patients families and
providers Ann Intern Med v 132 p 825-32 2000b
STONEBERG J N et al Assessment of palliative care needs Anesthesiol Clin v 24 p 1-
17 2006
TEIXEIRA M A et al Implantando um serviccedilo de suporte terapecircutico oncoloacutegico ndash STO
Rev Bras Cancerologia Rio de Janeiro v 39 n 2 p 65-87 abrjun 1993
TEIXEIRA C F Sauacutede da Famiacutelia Promoccedilatildeo e Vigilacircncia construindo a integralidade da
atenccedilatildeo agrave sauacutede no SUS Revista Brasileira de Sauacutede da Famiacutelia v 7 p 10-23 2004
TWYCROSS R Medicina paliativa filosofia y consideraciones eacuteticas Acta Bioethica v6
n1 p 27-46 2000
VALENTIM V L KRUEL A J A importacircncia da confianccedila interpessoal para a
consolidaccedilatildeo do Programa de Sauacutede da Famiacutelia Ciecircnc Sauacutede Colet v12 n3 p777-88
2007
112
WEBSTER R LACEY J QUINE S Palliative care a public health priority in developing
countries J Public Health Policy v 28 p 28-39 2007
WEE B HUGHES N Education in palliative care bulding a culture of learning Oxford
(UK) Oxford University Press 2007
WISEMAN M A Palliative care dentistry Gerodontology v 17 n 1 p 49-51 2000
WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO) WHO Definition of palliative care [online]
Disponiacutevel em httpwwwwhointcancerpalliativedefinitionen Acesso em 13 de jul 2011
WRIGHT M et al Mapping levels of palliative care development a global view J Pain
Symptom Manage v 35 n 5 p 469-485 2008
113
Apecircndices
114
APEcircNDICE A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TIacuteTULO DO PROJETO DE DISSERTACcedilAtildeO Cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos
de profissionais de sauacutede
MESTRANDA Isabelle Cristinne Pinto Costa
ORIENTADORA Profordf Drordf Solange Faacutetima Geraldo da Costa
Prezado o (a) profissional
Eu Isabelle Cristinne Pinto Costa sou aluna do Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo
em Enfermagem da Universidade Federal da Paraiacuteba orientanda da Profordf Drordf Solange
Faacutetima Geraldo da Costa gostaria de convidaacute-lo (a) para participar da pesquisa Cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica depoimentos de profissionais de sauacutede Este estudo tem como
objetivos investigar o entendimento de profissionais que atuam na ESF no que concerne agrave
cuidados paliativos e suas modalidades terapecircuticas e identificar as possibilidades de
implementaccedilatildeo de cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica a partir do discurso de profissionais
da sauacutede
Ressalto que esta investigaccedilatildeo contribuiraacute para o reconhecimento da valoraccedilatildeo dos
cuidados paliativos pela equipe de sauacutede da famiacutelia que passaraacute a exercer uma nova praacutetica
marcada pela humanizaccedilatildeo pelo cuidado pelo exerciacutecio da cidadania alicerccedilada na
compreensatildeo de que as condiccedilotildees de vida definem o processo sauacutede-doenccedila das famiacutelias
Para a realizaccedilatildeo desta pesquisa solicito sua colaboraccedilatildeo participando deste estudo
mediante a aplicaccedilatildeo de um formulaacuterio Os dados obtidos seratildeo transcritos na iacutentegra com a
finalidade de garantir a fidedignidade dos conteuacutedos expressos no momento da aplicaccedilatildeo do
referido instrumento
Faz-se oportuno esclarecer que a sua participaccedilatildeo na pesquisa eacute voluntaacuteria portanto
vocecirc natildeo eacute obrigado a fornecer informaccedilotildees eou colaborar com atividades solicitadas pela
pesquisadora podendo requerer a sua desistecircncia a qualquer momento do estudo fato este que
natildeo representaraacute qualquer tipo de prejuiacutezo relacionado ao seu trabalho nesta instituiccedilatildeo Vale
ressaltar que esta pesquisa natildeo traraacute nem dano previsiacutevel a sua pessoa visto que sua
participaccedilatildeo consistiraacute em responder um questionaacuterio a respeito de tema em destaque
115
Considerando a relevacircncia da temaacutetica no campo da atenccedilatildeo baacutesica solicito a sua
permissatildeo para disseminar o conhecimento que seraacute produzido por este estudo em eventos da
aacuterea de sauacutede e em revistas cientiacuteficas da aacuterea Para tanto por ocasiatildeo dos resultados
publicados sua identidade seraacute mantida no anonimato bem como as informaccedilotildees
confidenciais fornecidas
Eacute importante mencionar que vocecirc receberaacute uma coacutepia do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido e que a pesquisadora estaraacute agrave sua disposiccedilatildeo para qualquer esclarecimento
que considere necessaacuterio em qualquer etapa do processo de pesquisa Diante do exposto caso
venha a concordar em participar da investigaccedilatildeo proposta convido o (a) vocecirc conjuntamente
comigo a assinar este Termo
Considerando que fui informado (a) dos objetivos e da relevacircncia do estudo proposto
bem como da minha participaccedilatildeo no preenchimento de um formulaacuterio declaro o meu
consentimento em participar da pesquisa bem como concordo que os dados obtidos na
investigaccedilatildeo sejam utilizados para fins cientiacuteficos
Joatildeo Pessoa 2011
__________________________________
Assinatura do (a) Participante da Pesquisa
___________________________________
Assinatura da Pesquisadora Responsaacutevel
Telefones para contato com pesquisadora
Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Enfermagem ndash UFPB ndash 3216-7109
Coordenaccedilatildeo do NEPB - UFPB 3216-7735
Telefone do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa do HULW ndash UFPB ndash 3216 7302
116
APEcircNDICE B
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
I CARACTERIZACcedilAtildeO DOS PARTICIPANTES
Data de nascimento____________
Formaccedilatildeo acadecircmica_______________________________Ano______________________
Instituiccedilatildeo__________________________________________________________________
Especializaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Mestrado ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Doutorado ( ) sim ( ) natildeo aacuterea
Palestra Mini-curso Capacitaccedilatildeo em Cuidados Paliativos ( ) sim ( ) natildeo
Caso afirmativo Instituiccedilatildeo_______________________________ Local ____________
Carga Horaacuteria________________Ano___________
Tempo de atuaccedilatildeo na ESF _____________________________________________________
II DADOS RELACIONADOS ACERCA DE CUIDADOS PALIATIVOS
1 O que vocecirc entende por cuidados paliativos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
2 No seu entendimento quais as modalidades terapecircuticas empregadas nos cuidados
paliativos
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3 Na sua opiniatildeo os cuidados paliativos devem estar direcionados para que grupo de
usuaacuterios assistidos na atenccedilatildeo baacutesica
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
117
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4 Na sua visatildeo quais os profissionais que deveratildeo participar da promoccedilatildeo de cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
5 O que vocecirc acha da implantaccedilatildeo de cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
6 Na sua concepccedilatildeo o que eacute necessaacuterio para viabilizar a implantaccedilatildeo de cuidados
paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7 No seu entendimento quais satildeo as possibilidades e limitaccedilotildees para a implantaccedilatildeo de
cuidados paliativos na atenccedilatildeo baacutesica
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
8 Vocecirc como profissional da ESF estaacute apto para promover os cuidados paliativos na
sua praacutetica assistencial
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
9 Em caso afirmativo da questatildeo anterior quais as estrateacutegias que vocecirc desenvolve
para a praacutetica de cuidados paliativos Em caso negativo justifique
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
119
Anexo
Fonte wwwwawiscommxdia-mundial-de-cuidados-paliativos
120
ANEXO A
PARECER DO COMITEcirc DE EacuteTICA EM PESQUISA