Cuidar da qualidade da nossa relação com Deus...

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“Cuidar da qualidade da nossa relação com Deus” No passado mês de Fevereiro, primeiro fimde semana do mês, tivemos um encontro de formação de juniores no Lar Universitário do Porto, subordinado ao tema: “Cuidar da qualidade da nossa relação com Deus”, tema que foi muito bem orientado pelos professores nossos associados, Artur Bessa e João Oliveira. Num ambiente muito familiar, simples, próximo e quase de dia de retiro, fomos percorrendo o caminho de “subir à montanha descendo ao mais íntimo de nós mesmos”, onde Deus se encontra. Recebemos primeiramente o convite de nos libertarmos do que nos impede de descer ao mais íntimo de nós; ousar “passar o mar das sereias”, sendo elas o tempo, a pressa, tudo o que nos impede e atrasa na nossa oração. Foramnos deixadas duas ideias principais – humildade e fascínio – e verbos carregados de sentido na arte da procura, extraídos da passagem de Lc 15, 810 (a dracma perdida): acender a luz; varrer tudo o que nos impede de encontrar a nossa dracma; procurar cada cantinho de nós mesmos cuidadosamente e poder dizer “alegraivos comigo porque encontrei…” Seguindo este fio condutor, continuamos a procura, ou melhor, a necessidade de reaprender a procurar e, para esta reaprendizagem, fomos mais uma vez convidadas a guardar estas palavraschave: 1) Autoconhecimento: “Ore como puder. Não tente orar de um modo que não pode. Aceitese como estiver; comece a partir daí.” (Dom Chapman) 2) Responsabilidade: “Nunca rezes num espaço sem janelas.” (Talmude) 3) Entusiasmo pela vida:“quando não cultivamos o sentido da surpresa, sufocamos o sopro da vida que existe em nós.” 4) Disciplina: “Através de um longo processo de disciplina orante, já há 40 anos que deixei de odiar seja quem for.” (Ghandi) 5) Humildade:“Dobremse, joelhos teimosos!” (Shakespeare) 6) Autenticidade: “Temos que aprender a rezar a partir das nossas fraquezas para que Deus se possa tornar a nossa força.” 7) Deus que se revela no silêncio: Oh, Senhor! Dáme a graça de ficar silencioso e de perscrutar a Tua voz no meu coração”. De tarde vimos um filme que cativou particularmente a nossa atenção e nos marcou profundamente, dentro do tema que estávamos a aprofundar: ‘A Vida de Pi’: filho do administrador do jardim zoológico de Pondicherry, na India, Pi Patel possui grande conhecimento

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 “Cuidar  da  qualidade  da  nossa  relação  com  Deus”    

No   passado   mês   de   Fevereiro,   primeiro   fim-­‐de-­‐semana  do  mês,  tivemos  um  encontro  de  formação  de  juniores  no  Lar  Universitário  do  Porto,  subordinado  ao  tema:   “Cuidar   da   qualidade   da   nossa   relação   com  Deus”,   tema   que   foi   muito   bem   orientado   pelos  professores   nossos   associados,   Artur   Bessa   e   João  Oliveira.    Num   ambiente   muito   familiar,   simples,   próximo   e  quase  de  dia  de  retiro,  fomos  percorrendo  o  caminho  de  “subir  à  montanha  descendo  ao  mais  íntimo  de  nós  

mesmos”,  onde  Deus  se  encontra.  Recebemos  primeiramente  o  convite  de  nos  libertarmos  do  que  nos  impede  de  descer  ao  mais  íntimo  de  nós;  ousar  “passar  o  mar  das  sereias”,  sendo  elas  o  tempo,  a  pressa,  tudo  o  que  nos  impede  e  atrasa  na  nossa  oração.    Foram-­‐nos  deixadas  duas  ideias  principais  –  humildade  e  fascínio  –  e  verbos  carregados  de  sentido  na  arte  da  procura,  extraídos  da  passagem  de  Lc  15,  8-­‐10  (a  dracma  perdida):  acender  a  luz;  varrer  tudo   o   que   nos   impede   de   encontrar   a   nossa   dracma;   procurar   cada   cantinho   de   nós   mesmos  cuidadosamente   e   poder   dizer   “alegrai-­‐vos   comigo   porque   encontrei…”   Seguindo   este   fio  condutor,  continuamos  a  procura,  ou  melhor,  a  necessidade  de  reaprender  a  procurar  e,  para  esta  reaprendizagem,  fomos  mais  uma  vez  convidadas  a  guardar  estas  palavras-­‐chave:    

1) Autoconhecimento:   “Ore   como   puder.   Não   tente   orar   de   um   modo   que   não   pode.  Aceite-­‐se  como  estiver;  comece  a  partir  daí.”  (Dom  Chapman)  

2) Responsabilidade:   “Nunca   rezes   num   espaço   sem  janelas.”  (Talmude)  

3) Entusiasmo  pela  vida:  “quando  não  cultivamos  o  sentido  da   surpresa,   sufocamos   o   sopro   da   vida   que   existe   em  nós.”    

4) Disciplina:   “Através   de   um   longo   processo   de   disciplina  orante,  já  há  40  anos  que  deixei  de  odiar  seja  quem  for.”  (Ghandi)  

5) Humildade:“Dobrem-­‐se,  joelhos  teimosos!”  (Shakespeare)  

6) Autenticidade:  “Temos  que  aprender  a  rezar  a  partir  das  nossas   fraquezas  para  que  Deus   se  possa   tornar  a  nossa  força.”    

7) Deus   que   se   revela   no   silêncio:   “Oh,   Senhor!   Dá-­‐me   a  graça  de  ficar  silencioso  e  de  perscrutar  a  Tua  voz  no  meu  coração”.  

De   tarde   vimos   um   filme   que   cativou   particularmente   a   nossa   atenção   e   nos   marcou  profundamente,   dentro   do   tema   que   estávamos   a   aprofundar:   ‘A   Vida   de   Pi’:   filho   do  administrador  do   jardim  zoológico  de  Pondicherry,  na   India,  Pi  Patel  possui  grande  conhecimento  

enciclopédico,   uma   visão   da   vida   muito   peculiar   e  passa  a  sua  infância  a  fazer  a  experiência  de  diferentes  religiões   para   descobrir   qual   quer   decidir   seguir.  Quando   Pi   tem   dezasseis   anos,   a   família   decide  emigrar   para   a   América   do   Norte,   num   navio  cargueiro,   juntamente   com   os   habitantes   do   zoo.  Porém,   o   navio   afunda-­‐se   logo   nos   primeiros   dias   de  viagem  e  Pi  vê-­‐se  na  imensidão  do  Pacifico,  a  bordo  de  um   salva-­‐vidas,   acompanhado   de   uma   hiena,   um  orangotango,  uma  zebra  ferida  e  um  tigre  de  Bengala.  

Em   pouco   tempo   ficaram   apenas   Pi   e   o   tigre…   O   filme   torna-­‐se   cativante   por   ser   carregado   de  simbolismo   relativamente   ao   desafio   da   relação   com   Deus:   a   imensidão   do   Pacífico   com   as  alternâncias   próprias   do   mar,   a   presença   do   tigre   de   Bengala   no   barco   e   os   desafios   que   ele  representa,  a  ilha  que  aparece  do  nada  e  com  uma  aparência  que  ilude,  todos  estes  e  muitos  mais  símbolos  no  filme  simbolizaram  para  nós,  dentro  do  contexto  do  dia  de  formação,  vários  desafios,  como   o   da   perseverança   em   procurar   os   meios   de  aprender  a  lidar  e  superar  realidades  que  se  vivem,  de  aprender  a  lidar,  dominar,  relacionar-­‐se  com  “o  tigre”,  de   perscrutar   a   presença   de   Deus   quando   em   alto  mar,  no  meio  das  tempestades;  o  desafio  de  perceber  os  sinais  e  os  cuidados  de  Deus  nas  situações  difíceis  e  de  luta;  etc.,  etc.  Muito  bom!  

À  noite  fomos  à  Igreja  de  Cedofeita  para  participar  na  celebração  eucarística  do  Dia  do  Consagrado.  

Começamos   o   dia   de   Domingo   com   uma   oração   e  terminamos   o   encontro   com   uma   partilha   em   grupo  sobre   os   desafios   que   levamos   desta   formação   e  recebemos   um   “presentinho”   da   nossa   formadora,  Irmã  Otília  –  um  regador,  para  não  esquecermos  que  a  relação   com   Deus   exige   dedicação   e   cuidado,   como  uma  flor!  

Não  podemos  deixar  de  agradecer  aos  Professor  Artur  Bessa   e   João   Oliveira   por   nos   proporcionarem   uma  vivência   tão   familiar   e   profunda,   que   tão  

positivamente  nos  marcou!  Os  nossos  agradecimentos,   também,  às  nossas  queridas   Irmãs  do  Lar  do  Porto,  que  tão  bem  e  tão  carinhosamente  nos  acolheram!  Deus  vos  pague!  

Ir.  Olinda  Ferreira