Cultivares de pimentão para sistemas orgânicos de produção
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CULTIVARES DE PIMENTÃO PARA SISTEMAS ORGÂNICOS DE PRODUÇÃO SWEET PEPPERS CULTIVARS TO ORGANIC SYSTEM CROPPING Rita de Cássia M. Resende Nassur1; Francsico Vilela Resende2, Sabrina Isabel C. Carvalho2, Cláudia Silva da C. Ribeiro2 RESUMO
Foram realizados dois ensaios exploratórios, entre maio de 2005 e abril de
2006, com cultivares da coleção de germoplasma de pimentão da Embrapa
Hortaliças, usando híbridos comerciais como testemunha com o objetivo de
identificar cultivares adaptadas ao cultivo orgânico. Foram testadas 10 cultivares
(Tico, Margareth, Agronômico 10G, Fiuco, Bell Boy, Keystone, All Big, Magda,
Magda Super, Ambato) e os híbridos Ruby e Magali-R no primeiro experimento. Em
seguida foram avaliadas mais 16 cultivares (Avelar, Agro Sul Gigante, Margareth,
Italiano, Casca Dura Ikeda, Casca Dura Gigante, Vyuco, Califórnia Wonder,
Margareth Selecionado, Bruyo, Herpa, Fry King, Marconi, Apolo, Hércules, PCR e I
16) e o híbrido Magali-R. O delineamento utilizado foi em blocos casualizados com 4
repetições. Os frutos colhidos foram avaliados quanto à produção por área e por
planta, peso médio de frutos comerciais e número de frutos colhidos por planta. As
cultivares All Big, Magda Super e os híbridos Magali–R e Ruby se destacaram com a
maior produção de frutos por planta e Keystone e Ruby com maior peso médio frutos
no primeiro ensaio. As cultivares com maior produção por área e por planta no
segundo experimento foram Italiano (40,36 t/ha), I 16 (37,21 t/ha), Fry King (36,24
t/ha) e Agrosul Gigante (23,45 t/ha).
Palavras-chave: Capsicum annum L., agricultura orgânica, produção.
INTRODUÇÃO
O pimentão (Capsicum annum L.) cultivado no Brasil é caracterizado pela
adaptação em clima tropical sendo sensível a baixas temperaturas e intolerante à
geada. O pimentão normalmente é cultivado entre a primavera e o outono, podendo
também ser cultivado no inverno em regiões de baixa altitude.
Consumidores cada vez mais exigentes por produtos saudáveis e
preocupados com a preservação ambiental têm aumentado significativamente a
1 Universidade Federal de Lavras, C. Postal 32, 37.200-000, Lavras-MG
2 Embrapa Hortaliças, C. Postal 218, 70.359-970, Brasília - DF
demanda por produtos de origem orgânica (Saminêz, 1999). Neste contexto, a
agricultura orgânica tem assumido papel de destaque como o segmento da
agricultura que mais cresce. No mercado interno, as hortaliças representam 80% do
volume de produtos orgânicos comercializados.
Apesar disso, a maioria das cultivares existentes de pimentão foram
desenvolvidas para sistemas convencionais de produção. Desta forma é necessário
encontrar alternativas para o cultivo orgânico, sendo que estas alternativas podem
ser cultivares não mais em uso comercialmente.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho de cultivares da coleção de
germoplasma da Embrapa Hortaliças em sistema orgânico de produção.
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi conduzido na Área de Pesquisa em Produção Orgânica de
Hortaliças (APPOH) da Embrapa Hortaliças, Brasília – DF em um Latossolo
Vermelho-Escuro Típico textura argilosa (Embrapa, 1999), a 997,62 m de altitude.
Foram realizados dois experimentos, entre os meses de maio e outubro de 2005 e
entre novembro de 2005 e abril de 2006.
No primeiro experimento foram avaliados dez cultivares e dois híbridos
(Magali-R e Ruby). O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com
quatro repetições e parcelas com 2,5 m2 Foi utilizado plantio em linha duplas no
espaçamento de 0,50 m entre plantas, 0,80 m entre linhas e 1,0 m entre linhas
duplas. A análise do solo mostrou não ser necessário adubação de plantio, desta
forma foi aplicado apenas 500 g/m2 de composto aos 60 e 80 dias após o
transplante.
No segundo experimento, os tratamentos foram constituídos por dezoito cultivares
de pimentão e o híbrido Magali-R. O delineamento experimental foi o de blocos
casualizados com quatro repetições. A área total de cada parcela foi de 1,5 m2.
Foram utilizados espaçamentos de 1,0 m entre linhas e 0,40 m entre plantas. No
plantio foram aplicados 250 g/m2 de termofosfato, 2,0 kg/m2 de composto orgânico.
Na adubação de cobertura foi utilizado 500 g/m2 de composto aos 30 e 60 dias após
o transplante. Foram feitas pulverizações semanais com biofertilizante (2%) até 40
dias para facilitar o estabelecimento das mudas.
Os frutos do pimentão foram avaliados quanto ao peso médio de frutos, número de
frutos colhidos por planta, produção por planta e produção total. Os dados foram
submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo
teste de Scott & Knott (1974).
RESULTADOS E DISCUSSÂO
As cultivares apresentaram produtividades semelhantes no primeiro experimento,
com exceção de Bell Boy que teve rendimento de 12,97 toneladas por hectare,
sendo bastante inferior às demais. Entre os materiais mais produtivos destacaram-
se o híbrido Ruby e a cultivar Ambato (Tabela 1). O teste Skott & Knott agrupou as
cultivares All Big, Magda Super e os híbridos Magali–R e Ruby com maior produção
de frutos por planta e Keystone e Ruby com maior peso médio fruto. A cultivar
Margareth, em função de frutos de menor tamanho se destacou em termos de
número de frutos por planta.
O segundo experimento foi bastante prejudicado por ocorrência de doenças,
permitindo a realização de apenas três colheitas. As cultivares com maior produção
por área e por planta neste experimento foram Italiano, I 16, Fry King e Agrosul
Gigante (Tabela 2). Não houve diferença estatística para peso médio de frutos, mas
merece destaque as cultivares Italiano e Magali-R com frutos de tamanho bem maior
que as demais cultivares. A cultivar Margareth apresentou maior número de
frutos/planta, porém de menor tamanho, seguido por Fry King, I 16 e Bruyo.
Pode-se concluir que cultivares fora de uso comercial como Italiano, I 16, Fry King e
Agrosul Gigante, Ambato, all Big e Magda Super face ao seu desempenho em
relação aos híbridos comercial mostram grande potencial para cultivo em sistemas
orgânicos.
TABELA 1. Número de frutos colhidos por planta, produção de frutos por planta e peso médio de frutos e produção total de cultivares de pimentão em cultivo orgânico no Distrito Federal. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2005. Cultivares Nº frutos/planta Produção/planta
(kg) Peso médio
fruto (g) Produção
(t/ha) Tico 21,40 c 1,38 b 62,50 c 31,90 a Margareth 40,52 a 1,18 b 30,00 d 30,22 a Agronômico 10G 27,77 b 1,46 b 50,00 c 31,71 a Fiuco 18,20 d 1,59 b 87,50 b 30,76 a Bell Boy 20,54 c 1,62 b 80,00 b 12,97 b Keystone 15,10 d 1,56 b 102,50 a 36,45 a
All Big 25,73 b 2,22 a 85,00 b 37,23 a Magda Super 24,60 b 1,95 a 82,50 b 37,01 a Magali R (H) 22,68 b 1,90 a 85,00 b 35,94 a Ruby (H) 22,60 b 2,10 a 95,00 a 43,27 a Ambato 24,81 b 1,71 b 70,00 b 39,39 a Magda 24,27 b 1,76 b 72,50 b 35,89 a CV (%) 13,34 16,62 14,76 22,84
TABELA 2. Número de frutos colhidos por planta, produção de frutos por planta e peso médio de frutos e produção total de cultivares de pimentão em cultivo orgânico no Distrito Federal. Brasília, Embrapa Hortaliças, 2006. Cultivares Nº
frutos/planta Produção/planta
(kg) Peso médio
fruto (g) Produção
(t/ha) Avelar 6,69 c 0.43 b 65,05 a 23,16 b Agro Sul Gigante 7,03 c 0,60 a 83,39 a 32,45 a Margareth 14,62 a 0,41 b 31,10 a 21,95 b Italiano 6,63 c 0,76 a 114,79 a 40,36 a Casca Dura Gigante 1.53 c 0,16 b 70,40 a 8,80 b Casca Dura Ikeda 2,31 c 3.12 b 67,40 a 22,91 b Vyuco 2,81 c 0,42 b 82,38 a 13,63 b Califórnia Wonder 5,40 c 0,38 b 58,02 a 20,33 b Margareth Selec. 4,43 c 2.43 b 67,04 a 17,24 b Bruyo 7,96 b 0,32 b 54,78 a 23,26 b Herpa 4,54 c 0,38 b 86,80 a 19,24 b Fry King 10,04 b 0,68 a 68,32 a 36,24 a Marconi 0,91 c 0,06b 61,85 a 3,22 b Apolo 3,00 c 0,21 b 69,62 a 11,17 b Hércules 2,28 c 0,22b 86,80 a 12,06 b PCR 4,62 c 0,21b 49,06 a 11,68 b I 16 8,62 b 0,69 a 81,41 a 37,21 a Magali – R 4,41 c 0,39 b 93,94 a 20,78 b Cv (%) 55,87 45,63 45,85 28,27
LITERATURA CITADA SAMINÊZ, T.C. de O. Produção orgânica de alimentos. Horticultura Brasileira, v.
17, n. 3, contracapa, 1999.
SCOTT, A.J.; KNOTT, M. A cluster analysis method for grouping means in the analisys of variance. Biometrics, Washington, v.30, n.3, p.507-512, 1974. AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo
apoio financeiro para realização deste trabalho