CULTURA DO MILHO · Estamos inaugurando este novo espaço para concursos e ... o nosso ponto de...

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CULTURA DO MILHO

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CULTURA DO MILHO

TÉCNICO AGRÍCOLA – EMATER - MG

CURSO TEÓRICO COM RESOLUÇÕES DE QUESTÕES

Prof. Leonardo

Olá, meus amigos e amigas!

Estamos inaugurando este novo espaço para concursos e é muito

bom tê-los aqui. Nossas aulas visam preencher uma lacuna no mundo dos

concursos com relação as áreas agrícolas, onde faltam materiais de

qualidade para que possamos estudar os temas pedidos nos editais, nosso

objetivo e preencher esta lacuna e preparando os alunos a disputar uma

vaga, e estar entre os classificados. Assim, teremos aulas voltadas para os

principais concursos nacionais como: FISCAL AGROPECUÁRIO - (MAPA)

(Agronomia, veterinária, zootecnia), PERÍTO DA POLÍCIA FEDERAL

(Agronomia, engenharia florestal, engenharia elétrica, etc),

POLÍCIA CIENTÍFICA, INCRA E MUITOS OUTROS. Estaremos

elaborando aulas de acordo com os editais, com muitos exercícios, para

que possamos gabaritar estas provas. Queremos abordar várias áreas,

como engenharia agrícola, florestal, ambiental, engenharia civil,

engenharia elétrica, arquitetura etc.

ENTÃO, NÃO SE ESQUEÇA: ESTE É O NOSSO ESPAÇO

O curso da POLÍCIA CÍVIL DO PIAUÍ e uma excelente oportunidade !!

Nosso curso compõem-se de sete aulas em pdf totalmente explicadas

contemplando vários exercícios de concursos anteriores visando o

treinamento do candidato, esse material objetiva ser a única fonte do aluno

contemplando toda a matéria solicitada no edital. Então, não precisará de

INTRODUÇÃO

www.agronomiaconcursos.com.br

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livros, apostilas, ou qualquer outro material. Em caso de dúvidas, teremos

um FÓRUM diretamente ligado aos professores, no qual você pode

entrar em contato, quando julgar necessário, para esclarecimento de

pontos da aula que não ficaram tão claros ou precisam de um

aprofundamento. O site foi feito pensando em você, para que alcance seus

sonhos, passar em um bom concurso. Para isso precisamos de excelentes

materiais, o que era uma raridade nas áreas específicas, hoje temos

AGRONOMIACONCURSOS vindo a preencher está lacuna.

Acompanhe nossa página no Facebook com as novidade no mundo dos

concursos.

Agronomia concursos

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APRESENTAÇÃO

Meu nome é Leonardo, sou Engenheiro Agrônomo formado na

Universidade Federal de Lavras. Trabalho há 10 anos na Emater-MG

(Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas

Gerais). Tenho pós-graduação Lato Sensu em Extensão Ambiental para o

Desenvolvimento Sustentável e em Gestão de Agronegócio. Iniciei o

mestrado em Agricultura Tropical, na área de conservação de solos. Fui

professor do curso técnico agrícola Pronatec, ministrei aulas de nutrição e

forragicultura, fertilidade do solo e culturas anuais e olericultura. Sou

professor de matemática e física do ensino médio. Ministro vários cursos

para agricultura familiar, entre eles fertilidade do solo, culturas anuais,

olericultura, mecanização agrícola, cafeicultura e manejo da bovinocultura

de leite. Trabalho com crédito rural (custeio e investimento), elaborando

projeto e prestando orientação aos agricultores há 10 anos. Sou

responsável pela elaboração da Declaração de Aptidão ao Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (DAP) e correspondente

bancário pelo sistema COPAN.

Fiz vários concursos, como Adagro-Pe (agência de fiscalização

agropecuária de Pernambuco), Perito da Policia Federal área 4 –

agronomia, Ministério Público e Ibama. Logrei êxitos em alguns e fui

reprovado em outros, mas assim é a vida do concurseiro. Passei na

Emater-MG, onde estou até hoje. O AGRONOMIA CONCURSOS tornou-se

o nosso ponto de encontro, nosso espaço de estudo para gabaritar todas

as provas de agronomia. Aproveite todas as oportunidades. Solicitamos

que os alunos que adquirirem nossos cursos avaliem-nos no final, para que

possamos melhorar a linguagem e os temas que não ficarem tão claros.

Espero que vocês também aprovem e gostem do nosso material, e que ele

possa ajudar na sua aprovação!

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O QUE VAMOS ESTUDAR NESTE CURSO?

ANÁLISE DO EDITAL

AULAS PROGRAMA DATA

AULA 0 MILHO - CADEIA PRODUTIVA, OFERTA E DEMANDA ,

PREÇOS; ZONEAMENTO CLIMÁTICO; PLANTIO CONVENCIONAL, PLANTIO DIRETO, VARIEDADES,

ÉPOCA DE PLANTIO, ESPAÇAMENTO, DENSIDADE,

TRATOS CULTURAIS;

14/05/2018

AULA 1 SORGO, SOJA - CADEIA PRODUTIVA, OFERTA E DEMANDA, PREÇOS; ZONEAMENTO CLIMÁTICO;

PLANTIO CONVENCIONAL, PLANTIO DIRETO, VIVEIRO

DE MUDAS, VARIEDADES, ÉPOCA DE PLANTIO, ESPAÇAMENTO, DENSIDADE.

16/05/2018

AULA 2 FEIJÃO, ARROZ - CADEIA PRODUTIVA, OFERTA E

DEMANDA, PREÇOS; ZONEAMENTO CLIMÁTICO;

PLANTIO CONVENCIONAL, PLANTIO DIRETO, VIVEIRO DE MUDAS, VARIEDADES, ÉPOCA DE PLANTIO,

ESPAÇAMENTO, DENSIDADE.

18/05/2018

AULA 3 CAFÉ , CANA-DE-AÇÚCAR E MANDIOCA - CADEIA

PRODUTIVA, OFERTA E DEMANDA, PREÇOS; ZONEAMENTO CLIMÁTICO; PLANTIO CONVENCIONAL,

PLANTIO DIRETO, VIVEIRO DE MUDAS, VARIEDADES,

ÉPOCA DE PLANTIO, ESPAÇAMENTO, DENSIDADE.

18/05/2018

AULA 4 INTRODUÇÃO A FRUTICULTURA, PANORAMA ATUAL E POTENCIAL DA FRUTICULTURA, SISTEMAS DE

PRODUÇÃO E PROPAGAÇÃO DE PLANTAS FRUTÍFERAS

21/05/2018

AULA 5 INTRODUÇÃO A FRUTICULTURA: MÉTODOS DE

PROPAGAÇÃO VEGETATIVA, PLANEJAMENTO E IMPLANTAÇÃO DE POMAR, SOLO E FERTILIDADE,

PODAS, ABACATE; ABACAXI; BANANA; CITRUS

(LARANJA, LIMÃO E TANGERINA); GOIABA;

25/05/2018

AULA 6 MANGA; MARACUJÁ; MORANGO; PÊSSEGO; UVA. 28/05/2018

AULA 7 INTRODUÇÃO A OLERICULTURA,PANORAMA DA OLERICULTURA EM MINAS GERAIS, PLANEJAMENTO

DA HORTA, SOLO E FERTILIDADE E CULTIVO

PROTEGIDO

08/06/2018

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Estes materiais são exclusivos dos alunos que adquiriram

de forma lícita, comprando diretamente do site

agronomiaconcursos, que tem reservados todos os

direitos. Evitem rateios ou outras formas ilícitas de

compra. Adquira diretamente do nosso site.

FIQUE DE

OLHO!

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INTRODUÇÃO À FITOTECNIA

A Fitotecnia trabalha para o desenvolvimento e aprimoramento dos

sistemas de produção das culturas. Podemos dividi-las em culturas

Anuais;

Culturas perenes;

Culturas semi-perenes:

As culturas anuais ou de ciclo curta são aquelas que concluem seu

ciclo produtivo em um ano ou em até menos tempo, tendo a necessidade

após a colheita, iniciar um novo plantio. Como exemplos podemos citar: a

soja, o feijão, o milho, o trigo, o arroz a mandioca.

As Culturas perenes são aquelas que permanecem no campo por

vários anos, mas a cada ano ocorre um ciclo produtivo, temos como

exemplos o café, uva, frutíferas em geral, mamão, algodão, seringueira e

etc. As culturas semi-perenes são aquelas que o ciclo tem duração entre 12

e 24 meses, entram nesta classe a cana-de-açúcar e mandioca.

Fig.1 –divisões da fitotecnia

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Abordaremos neste curso as seguintes culturas anuais (fig.2):

Fig. 2 – culturas anuais a serem estudas no curso

Vamos começar estudando nessa aula a cultura do milho.

CULTURA DO MILHO

O milho é o grão de maior relevância nacional dada a sua importância

econômica e social. Essencial para diversas cadeias produtivas alimentares

(humana e animal), com intenso efeito multiplicador na geração de renda,

congrega uma gama de produtores com níveis de tecnificação

completamente diversos. Possui uma capilaridade espacial abrangente no

território nacional com, aproximadamente, 15,8 milhões de hectares

plantados, em 2014, e dinâmicas regionais que, em alguns aspectos,

tendem a se diferenciar substancialmente. Mesmo sendo uma cultura de

exportação com tendência a certo grau de homogeneidade nos pacotes

tecnológicos adotados, verificamos, ao nível de produção macrorregional,

pólos dinâmicos de sucesso e regiões pouco dinâmicas ou estagnadas em

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relação ao estado da arte da tecnificação adotada (Alves; Souza; Gomes,

2013).

Assim, o milho é uma espécie pertencente a família das gramíneas,

sendo o único cereal nativo do Novo Mundo e não proveniente do Brasil e

sim originado no México e na Guatemala, sendo o terceiro mais cultivado

no planeta podendo atingir altitudes que vão desde o nível do mar até 3 mil

metros.

A mais antiga espiga de milho foi encontrada no vale do Tehucan, na

região onde hoje se localiza o México, datada de 7.000 a.C. O Teosinte ou

“alimento dos deuses”, como era chamado pelos maias, deu origem ao

milho por meio de um processo de seleção artificial. O Teosinte ainda é

encontrado na América Central (fig.: 1).

Fig.: 1 – milho moderno e seu ancestral do teosinto

Com as grandes navegações do século XVI e o início do processo de

colonização da América, a cultura do milho se expandiu para outras partes

do mundo. Hoje é cultivado e consumido em todos os continentes e sua

produção só perde para a do trigo e do arroz.

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Cristóvão Colombo, descobridor da América, foi quem observou pela

primeira vez a existência do milho na costa oeste de Cuba. Ao longo do

tempo, houve uma crescente domesticação do milho por meio da seleção

visual no campo, considerando importantes características, tais como

produtividade, resistência a doenças e capacidade de adaptação, dentre

outras, dando origem às variedades hoje conhecidas.

Assim, nós temos disponível atualmente cerca de 478 cultivares de

milho, sendo 292 cultivares transgênicas e 186 cultivares convencionais,

atualmente está sendo comercializados dois híbridos duplos transgênicos,

aumentando a escolha dos agricultores com menor capacidade de

investimento. Atualmente, existem no Brasil produtores que já estão

obtendo rendimentos de milho superiores a 12 t/ha-1

(200 sacos/ha-1

) e

ainda existem outros grupos de produtores que utilizam melhor tecnologia

levando-os a produzirem acima de 14 t/ha-1

. Mas, ainda no Brasil as

margens de produtividades médias alcançadas são variadas sendo que tem

agricultores ainda produzindo bem abaixo 7000 t/ha-1

, demonstrando uma

grande variação entre os sistemas de produção em uso no Brasil, o que

proporciona grande variabilidade no potencial produtivo e no rendimento por

área. Além disso, várias tecnologias ligadas à cultura foram

implementadas, ou ainda estão sendo implementadas no setor agrícola

brasileiro. Dentre elas, destacam-se:

Utilização de cultivares de alto potencial genético (híbridos simples

e triplos) e de cultivares não transgênicas e transgênicas com

resistência a lagartas e ao uso do herbicida glifosato.

Espaçamento reduzido associado à maior densidade de plantio,

permitindo melhor controle de plantas daninhas, controle de

erosão, melhor aproveitamento de água, luz e nutrientes, além de

permitir uma otimização das máquinas plantadoras.

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Melhoria na qualidade das sementes associada ao tratamento dos

grãos, especialmente o tratamento industrial, máquinas e

equipamentos de melhor qualidade, que garante boa

plantabilidade boa distribuição das plantas emergidas, garantindo

assim maior índice de sobrevivência do plantio à colheita.

Uso intensivo do Manejo Integrado de Pragas, Doenças e Plantas

Daninhas (MIP).

Correção do solo baseando-se em dados de análise e levando em

consideração o sistema, e não a cultura individualmente.

Além dessas, atualmente novas tecnologias estão sendo

implementadas entre elas o sistema de plantio direto, a integração lavoura-

pecuária, a agricultura de precisão e melhores técnicas de irrigação, que

têm permitido uma melhoria do potencial produtivo das lavouras.

Com relação a produção de milho no Brasil é possível fazer uma

distinção de duas épocas de plantio sendo a primeira chamada de safra (ou

safra de verão) e segunda safrinha. Os plantios de verão são realizados em

todos os estados, na época tradicional, durante o período chuvoso, que

ocorre no final de agosto, na região Sul, até os meses de

outubro/novembro, no Sudeste e Centro-Oeste. Na região Nordeste, esse

período ocorre no início do ano.

A safrinha refere-se ao milho de sequeiro, plantado

extemporaneamente, geralmente de janeiro a março ou até, no máximo,

meados de abril, quase sempre depois da soja precoce e

predominantemente na região Centro-Oeste e nos estados do Paraná, São

Paulo e Minas Gerais. Contudo, nos últimos anos houve um decréscimo nas

áreas plantadas da primeira safra, mas compensado pelo aumento do

plantio no período da safrinha e no aumento do rendimento de grãos das

lavouras de milho, tanto na primeira safra quanto na safrinha. Apesar das

condições desfavoráveis de clima, os sistemas de produção da safrinha têm

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sido aprimorados e adaptados a essas condições, o que tem contribuído

para elevar os rendimentos das lavouras também nessa época.

DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA DO MILHO

O desenvolvimento da produção e do mercado do milho devem ser

analisados sob a ótica das cadeias produtivas ou dos sistemas

agroindustriais (SAG). O milho é insumo para produção de uma centena de

produtos; na cadeia produtiva de suínos e aves são consumidos

aproximadamente 70% do milho produzido no mundo e entre 70% e 80%

do milho consumido no Brasil.

Assim sendo, para uma melhor abordagem do que está ocorrendo no

mercado do milho é importante, além da análise de dados relativos ao

produto milho "per si", uma visão do panorama mundial e nacional da

produção e consumo da carne de suíno e de frango e de como o Brasil se

posiciona neste contexto, para que seja possível o melhor entendimento

das possibilidades futuras do milho no Brasil. Desta forma, os maiores

produtores mundiais de milho são os Estados Unidos, a China e o Brasil,

que, em 2013/14, produziram: 353,72; 217,73; e 78 milhões de toneladas,

em 2016/2017 Estados Unidos, a China e o Brasil respectivamente

produziram 384,778, 219,554 e 98.500 milhões de toneladas (fig.:1).

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O crescimento da produção brasileira alçou o país em uma nova

posição no mercado internacional, na qual passou a brigar pelo posto de

segundo maior exportador mundial da cultura. Lembrando que em

2012/13, por causa da escassez de milho norte-americano no mercado, o

Brasil aproveitou a safra superior a 80 milhões de toneladas para ser o

maior exportador mundial de milho no ano. A safra 2012/13 de milho,

assim como de outras culturas, no hemisfério norte sofreu com as secas

promovidas pelo fenômeno climático El Nino.

No início do atual ano agrícola, os EUA esperavam colher, devido ao

recorde de área plantada, 376 milhões de toneladas de milho, mas a seca

de julho e agosto fez o USDA rebaixar a previsão para 273,79 milhões,

uma quebra superior a 100 milhões de toneladas. A Ucrânia também teve

que enfrentar os efeitos adversos de uma estiagem, o que diminuiu a

produção para 21 milhões de toneladas, ante uma projeção inicial de 24

milhões de toneladas.

A seca que atingiu o hemisfério norte no verão em meados de 2012,

anteriormente causou prejuízos no verão do hemisfério sul, no final de

2011. A Argentina produziu apenas 21 milhões de toneladas, o que é um

montante muito ruim, dado que esperava colher uma safra recorde de 28

milhões de tonelada. A safra verão de 2011/12 na região Sul do Brasil teve

grandes perdas, mas pode se recuperar com uma produção recorde na

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segunda safra. Os EUA responderam à quebra de safra de 2012/13 com

uma produção recorde em 2013/14, superando pela primeira vez a marca

de 350 milhões de toneladas.

Fig.: 2 – produção de milho

OFERTA E DEMANDA

A oferta é a quantidade de um produto ou serviço disponível para compra.

Demanda, por sua vez, é a quantidade de produtos ou serviços que os

consumidores estão dispostos a comprar. Quando a demanda é maior do

que a oferta, os preços dos produtos tendem a subir, já que os

consumidores se dispõem a pagar mais para obter um determinado item.

Por outro lado, quando a oferta é maior do que a demanda, os preços

tendem a cair (fig.: 2).

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A produção brasileira de milho em grãos tem dois destinos. Primeiro,

o consumo no estabelecimento rural, refere-se àquela parcela do milho que

é produzida e consumida no próprio estabelecimento, destinando-se ao

consumo animal em sua maior parte e também ao consumo humano;

segundo, à oferta do produto no mercado consumidor, onde se tem fluxos

de comercialização direcionados para fábricas de rações, indústrias

químicas, mercado de consumo in natura e exportações, quando é o caso.

Segundo dados do censo agropecuário de 2006 (IBGE, 2006), 27,3 %

da produção de milho é consumida na propriedade, sendo que 86,6% dos

estabelecimentos realizam esta prática. Ainda são estocados 2,5% da

produção em 1,6% dos estabelecimentos que produzem este grão. Não se

pode afirmar que a produção estocada na propriedade é toda consumida

internamente, nem que é toda comercializada, mas pode-se dizer que este

milho estocado participa dos dois tipos de destino da produção. Por outro

lado, 69,9% da produção de milho é comercializada, com fluxos

direcionados às vendas para cooperativas, indústrias, intermediários e

diretamente aos consumidores.

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BOTÂNICA DO MILHO

Iniciamos agora com uma descrição da planta de milho começando

por sua semente, sendo essa lançada ao solo, há vendo condições

favoráveis de unidade e temperatura, germina após 5 ou 6 dias. A semente

do milho é um tipo especial de fruto, botanicamente classificado como

cariopse, apresentando basicamente as seguintes partes:

O pericarpo é a camada mais externa, fina resistente, constituindo a

parede externa da semente. O endosperma é a parte mais volumosa da

semente, é envolvida pelo pericarpo e constituída de substâncias de

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reserva principalmente o amido e outros carboidratos. A parte mais externa

do endosperma e em contato com o pericarpo denomina-se camada de

aleurona, rica em proteínas e enzimas, que desempenham papel

importante no processo de germinação. O embrião e a planta em

miniatura, possuindo os primórdios de todos os órgãos da planta

desenvolvida, ele encontrado ao lado do endosperma.

Com relação ao sistema radicular no início da germinação, a parte do

embrião correspondente à radícula desenvolve-se em uma raiz, rompendo

as camadas externas da semente, aprofunda-se no solo, em sentido

vertical. Logo em seguida surgem as raízes secundárias que se ramificam

intensamente e a raiz primária se desintegra. Posteriormente, há o

aparecimento das raízes adventícias que partindo dos primeiros nós do

colmo orientam-se no sentido de atingir o solo, atingindo–o ramificam

intensamente contribuindo para melhor fixação.

As raízes secundárias e adventícias (fig.1), intensamente ramificadas

num sistema radicular denominado fasciculado, esse sistema raramente

penetram mais que 40 cm no solo e plenamente desenvolvido atinge um

raio de cerca de 50 cm em torno da planta.

Fig. 3 – estrutura de sustentação do milho

A parte aérea da planta recém germinada apresenta cerca de 15 cm

de altura, o caule já se encontra completamente formado, possuindo todas

as folhas, os primórdios da inflorescência feminina que se constituirá na

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espiga, localizada na axila das folhas e também primórdios da

inflorescência masculina (flecha ou pendão), situada no ápice do caule.

Desse ponto em diante, o crescimento da planta é resultante do aumento

das células em número e volume.

A parte aérea da planta atinge a altura em torno de 2 metros,

podendo variar em função da variedade ou híbrido, condições climáticas,

fertilidade do solo, etc. Os colmos são eretos, via de regra, não ramificado,

apresentando nós e inter-nós também denominados meritalos, de natureza

esponjosa, relativamente rica em açúcares o que lhes confere sabor

adocicado. As folhas dispõem-se alternadamente e inserem-se nos nós. São

constituídas de uma bainha invaginante, pilosa de cor verde clara e limbo-

verde escuro, estreito e de forma lanceolada, possuindo bordos serrilhados

com uma nervura central vigorosa e em forma de canaleta.

Entre a bainha e o existe a lígula que é estreita e de natureza

membranosa. A planta do milho é monoica, isto é, possui os dois sexos na

mesma planta, separados em inflorescências diferentes. Assim, as flores

masculinas estão numa panícula terminal, conhecida pelo nome de flecha

ou pendão e as femininas em espigas axilares. A panícula, que contém as

flores masculinas, é formada por um central que termina num ramo

principal, abaixo do qual partem lateralmente ramificações secundárias,

que podem ramificar-se dando as terciárias. A região de ligação da panícula

com o caule constitui o pedúnculo. Essa inflorescência pode atingir de 50 a

60cm de comprimento possuindo coloração variável podendo ser

esverdeada, marrom ou vermelho escuro.

As flores masculinas dispõem-se ao longo do ramo principal e das

ramificações. Cada flor é constituída de 3 estames protegidos por duas

formações membranosas chamadas lema e palea. Dois desses conjuntos

são protegidos por duas plumas formando uma espigueta. Essas espiguetas

são inseridas nos ramos das inflorescências em grupo de duas, sendo uma

pedunculada e outra séssil, ou seja, sem pedúnculo. Essas duas flores

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amadurecem seus grãos de pólen em períodos diferentes, sendo que a

produção de pólen dura cerca de 8 dias e cada panícula pode produzir até

50 milhões de grãos de pólen.

A inflorescência feminina, ou espiga, é constituída por um eixo ou

ráquis (sabugo) ao longo do qual dispõem-se as reentrâncias ou alvéolos.

Nesses alvéolos, desenvolvem-se as espiguetas aos pares como na

inflorescência masculina. Cada espigueta é formada por duas flores, sendo

uma fértil e outra estéril. Cada flor é coberta por duas glumelas e o

conjunto de duas flores é recoberto por um par de glumas. Cada flor

feminina é constituída de um ovário unilocular, ou seja, com uma única loja

no interior da qual existe um único óvulo. Saindo do ovário desenvolve-se o

estilo-estigma bífido, dividido em dois na sua extremidade livre. O conjunto

de estilo-estigma é que vem a constituir o cabelo, barba ou boneca do

milho. A espiga externamente é protegida pelas palhas.

A polinização consiste na transferência do grão de pólen da antera da

flor masculina ao estigma das flores femininas. A planta de milho, pela sua

organização morfológica, impede que haja autofecundação, ou seja, a

polinização de uma espiga por grãos de pólen da mesma planta. O grão de

pólen de uma planta, normalmente através de agentes naturais

principalmente correntes aéreas, atinge a barba da espiga de outras

plantas. Ocorre normalmente apenas cerca de 2% de autofecundação,

razão pela qual se diz que o milho é tipicamente uma planta de polinização

cruzada.

Para que haja polinização, há necessidade que as flechas estejam

soltando pólen e a receptividade das barbas seja coincidente com essa

soltura de pólen. Normalmente as barbas ficam receptivas por vários dias,

assim como a flecha também solta pólen por vários dias. Essa situação

garante a polinização de todas as espigas e se algum fator estranho

ocorrer, pode haver queda da produção devido a uma polinização

deficiente.

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Uma vez processada a polinização, ocorre a fecundação propriamente

dita, que é um fenômeno complexo, resultando a formação do fruto

comumente denominado grão.

Vamos exercitar!

1 - FUNDEP - IFSP - Agronomia - 2014

Na cultura do milho, o grão de pólen germina logo após entrar em

contato com o estigma, dando início ao desenvolvimento do tubo polínico.

Sobre as condições climáticas que favorecem o desenvolvimento do tubo

polínico, assinale a alternativa CORRETA.

a) Alta umidade e/ou baixa temperatura.

b) Baixa umidade e/ou baixa temperatura.

c) Alta umidade e/ou alta temperatura.

d) baixa umidade e/ou alta temperatura.

SOLUÇÃO

Tempo seco na época do florescimento é prejudicial porque o cabelo

da boneca do milho seca e pode não conter umidade suficiente para

suportar a germinação do pólen e o crescimento do tubo polínico até o

ovário. Dois dias de estresse hídrico no florescimento diminuem o

rendimento em mais de 20%. Durante a floração, 4 a 8 dias de seca

diminuem a produção em mais de 50%. O efeito do estresse hídrico sobre

o crescimento da planta será diretamente no alongamento celular,

enquanto a divisão celular não é tão afetada. Isso equivale dizer que a

planta, mesmo sob condições de falta de água, continua sua divisão

celular, porém o alongamento é reduzido ou até paralisado, dependendo da

duração e da intensidade do estresse. Submetida a déficit hídrico, as

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plantas fecham estômatos, eliminam mecanismo de resfriamento e

aumentam a temperatura da folha, afetando a respiração. Com isso, vai

haver maior consumo de reservas, o que vai reduzir não só o crescimento

como a produção de matéria seca de uma maneira geral. A redução na

fotossíntese se dá por: fechamento estomático e diminuição da área foliar.

Plantas em condições de estresse hídrico passam mais tempo respirando do

que fotossintetizando. Água é de fundamental importância, porém sua falta

é o fator mais inibidor da produção, após a luz: se não tem água, não tem

fotossíntese.

Com relação a temperatura, considerando as fases da emergência à

polinização, a elevação da temperatura acelera o pendoamento, enquanto

na polinização o efeito da temperatura (acima de 30 °C) vai reduzir a

viabilidade do pólen. Da polinização à maturidade fisiológica, a elevação de

temperatura vai provocar o encurtamento da fase de enchimento de grãos,

com consequente menor taxa de acúmulo de matéria seca nos grãos e

menor teor de proteína. Com a redução da temperatura abaixo de 12 °C,

vai haver redução da germinação, e o desenvolvimento será reduzido da

emergência ao pendoamento, uma vez que o metabolismo diminui com a

baixa da temperatura. Após a maturação fisiológica, o metabolismo vai

continuar lento, com baixa perda de umidade nos grãos e

comprometimento na qualidade de grãos.

Assim, o desenvolvimento das sementes pode ser afetado por fatores

ambientais tais como temperatura do ar e umidade do solo. O estresse

hídrico, durante o enchimento da semente, afeta a deposição de amido nas

células do endosperma, de maneira semelhante ao efeito de altas

temperaturas sobre a conversão de sacarose em amido, que ocorre no

interior das células do endosperma. Por outro lado, altas temperaturas

reduzem o tempo em que a semente deveria estar em enchimento.

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ECOFISIOLOGIA DA CULTURA DO MILHO

A fenologia das plantas tem diversas aplicações importantes no

campo da agricultura, definida como o ramo da Ecologia que estuda os

fenômenos periódicos dos seres vivos e suas relações com o ambiente

(BERGAMASCHI, 2007). Em razão de suas múltiplas aplicações, pode-se

dizer que a fenologia das plantas é fundamental em todo o grande espectro

da Biologia, tanto vegetal como animal.

Na Agrometeorologia a fenologia das plantas é indispensável sob

vários aspectos. Ela é indispensável em estudos e aplicações que envolvem

as interações clima-planta, como zoneamentos agroclimáticos, calendários

de semeadura e plantio, modelagem de cultivos, monitoramento de safras,

avaliação de riscos climáticos, cultivos protegidos, irrigação, entre outras. A

fenologia das culturas é fundamental na avaliação de impactos da

variabilidade climática em escala espaço-temporal ou de futuros cenários, à

luz das relações clima-planta.

A caracterização dos eventos fenológicos permite identificar todo

desenvolvimento das plantas, a fim de estabelecer relações com as

condições do ambiente em particular o clima, sob diferentes ambientes

(anos, épocas ou locais). Sendo possível assim, avaliar e descrever com

precisão o impacto de eventuais fenômenos adversos. A caracterização das

necessidades e sensibilidades das espécies também necessita descrever

suas etapas fenológicas. A determinação de períodos críticos é um aspecto

particular na definição das necessidades e sensibilidades das espécies,

visando reduzir danos por eventos climáticos extremos. Classificar

genótipos segundo sua precocidade também é fundamental e requer

precisão na descrição fenológica.

Com a duração do ciclo e seus períodos críticos é possível planejar a

RESPOSTA A

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implantação e o manejo das espécies, para diluir prejuízos por estresses

climáticos e racionalizar atividades de condução das lavouras. A elaboração

e a utilização adequada de zoneamentos é outra importante aplicação da

fenologia, visando adequar as necessidades das plantas às disponibilidades

do ambiente. Por fim, a escolha de genótipos, épocas e locais para cultivo e

o manejo das espécies também exigem detalhes de fenologia, pois suas

demandas variam durante o ciclo. Isto tudo permite o uso mais racional

dos recursos naturais, da mão-de-obra e insumos (BERGAMASCHI, 2007).

ESCALAS FENOLÓGICAS PARA MILHO

Escala de Hanway (1963)

Durante as últimas décadas do Século XX, a escala fenológica

descrita por Hanway (1963, 1966) foi a mais utilizada em todo o mundo.

Ela consta de uma sequência de estádios numerados em ordem crescentes,

da emergência das plântulas à maturação fisiológica dos grãos. Sua clareza

e simplicidade tornaram esta escala amplamente conhecida e adotada,

internacionalmente.

No Brasil, Fancelli (1986) fez adaptações à clássica escala de Hanway

(1963, 1966); e Nel e Smith (1976). Foi acrescentada a duração média dos

intervalos entre os estádios da cultura, considerando uma ampla faixa de

genótipos e climas brasileiros. A representação gráfica de cada estádio

também deu mais clareza e praticidade ao uso da escala, para caracterizar

com mais precisão a fenologia do milho no campo. A fig. 4, apresenta a

adaptação feita por Fancelli (1986) à fenologia do milho, baseada na escala

de Hanway (1963).

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Quadro 1 – Escala fenológica do milho segundo Hanway (1963), adaptada por

Fancelli (1986).

Escala de Ritchie, Hanway e Benson (1993)

Ao final do Século XX, a escala de Ritchie, Hanway e Benson (1993)

passou a ser adotada na descrição da fenologia do milho. Ela manteve

grande parte dos critérios da escala de Hanway (1963), sobretudo nos

estádios reprodutivos. Porém, os estádios vegetativos passaram a ter maior

detalhamento. A cada nova folha totalmente expandida corresponde um

estádio vegetativo. Os símbolos que representam os estádios vegetativos

são formados pela letra V e um algarismo que corresponde ao número de

folhas totalmente expandidas. Os estádios reprodutivos passaram a ter

símbolos formados pela letra R e um algarismo correspondente à sequência

dos mesmos estádios da escala de Hanway (1963). A tabele 2 apresenta a

escala fenológica de Ritchie, Hanway e Benson (1993).

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Quadro 2 – Estádios fenológicos de uma planta de milho, pela escala de Ritchie,

Hanway e Benson (1993).

Ecofisiologia e Fenologia

O milho, sendo uma planta de origem tropical, exige, durante o seu

ciclo vegetativo, calor e umidade para se desenvolver e produzir

satisfatoriamente, proporcionando rendimentos compensadores.

Os processos da fotossíntese, respiração, transpiração e evaporação,

são funções diretas da energia disponível no ambiente, comumente

designada por calor; ao passo, que o crescimento, desenvolvimento e

translocação de fotoassimilados encontram-se ligados à disponibilidade

hídrica do solo, sendo que seus efeitos são mais pronunciados em

condições de altas temperaturas onde a taxa de evapotranspiração é

elevada. Independentemente da tecnologia aplicada, o período de tempo e

as condições climáticas em que a cultura é submetida constituem-se em

preponderantes fatores de produção. Dentre os elementos do clima

conhecidos para se avaliar a viabilidade e a estação para a implantação das

mais diversas atividades agrícolas, a temperatura e a precipitação pluvial

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são os mais estudados.

Para a cultura do milho, muito se tem estudado sob o ponto de vista

de suas exigências climáticas, sempre objetivando o aumento do

rendimento agrícola. Assim, algumas condições ideais para o

desenvolvimento desse cereal podem ser apontadas:

(A) por ocasião da semeadura, o solo deve apresentar-se com temperatura

superior a 10oC, aliado à umidade próxima à capacidade de campo,

possibilitando o desencadeamento dos processos de emergência;

(B) durante o crescimento e desenvolvimento das plantas, a temperatura

do ar deverá girar em torno de 25oC e encontrar-se associada à adequada

disponibilidade de água no solo e abundância de luz;

(C) temperatura e luminosidade favoráveis, elevada disponibilidade de

água no solo e umidade relativa do ar, superior a 70%, são requerimentos

básicos durante a floração e enchimento dos grãos

(D) ocorrência de período predominantemente seco por ocasião da colheita.

Temperaturas do solo inferiores a 10°C e superiores a 42° C prejudicam

sensivelmente a germinação, ao passo que, aquelas situadas entre 25 e

30°C propiciam as melhores condições para o desencadeamento dos

processos de germinação das sementes e emergência das plântulas. Por

ocasião do

período de florescimento e maturação, temperaturas médias diárias superiores

a 26°C podem promover a aceleração dessas fases, da mesma forma que

temperaturas inferiores a 15,5oC podem prontamente retardá-las.

Com relação à luz, a cultura do milho responde com altos

rendimentos a crescentes intensidades luminosas, em virtude de pertencer

ao grupo de plantas “C4”, o que lhe confere alta produtividade biológica. O

milho é, originalmente, uma planta de dias curtos, embora os limites

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dessas horas de luz não sejam idênticos e nem bem definidos para os

diferentes cultivares. Com a redução de 30 a 40% da intensidade luminosa,

ocorrerá um atraso na maturação dos grãos, principalmente em cultivares

tardios, que mostram-se mais sensíveis à carência de luz.

A incidência de ventos no milharal pode aumentar a demanda de

água por parte da planta, tornando-a mais suscetível aos períodos curtos

de estiagem, além de promover o acamamento da cultura. Da mesma

forma, ventos frios ou quentes podem ocasionar falhas na polinização,

constituindo-se, frequentemente, em importante fator limitante na

produção de milho de algumas regiões.

Plantas de milho apresentando de quatro a 10 folhas, quando

submetidas a ventos, podem ser significativamente prejudicadas quanto ao

crescimento e desenvolvimento. A evidência de folhas apresentando bordas

esbranquiçadas e secas, bem como enrolamento pode ser atribuído à

incidência de ventos. Ainda, plantas instaladas em solos arenosos e sem

cobertura, podem sofrer o efeito abrasivo de partículas deslocadas pela

ação do vento.

Com relação a exigência por água, as fases mais críticas são a de

emergência, florescimento e formação do grão. No período compreendido

entre 15 dias antes e 15 dias após o aparecimento da inflorescência

masculina, o requerimento de um suprimento hídrico satisfatório aliado a

temperaturas adequadas tornam tal período extremamente crítico. A

cultura exige um mínimo de 350-500 mm de precipitação no verão para

que produza a contento, sem a necessidade da utilização da prática de

irrigação. O consumo de água por parte do milho, em um clima quente e

seco, raramente excede 3,0 mm/dia, enquanto a planta estiver com altura

inferior a 30 cm. Todavia, durante o período compreendido entre o

espigamento e a maturação, o consumo pode se elevar para 5,0 a 7,5 mm

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diários.

O milho é uma planta de ciclo vegetativo variado, evidenciando desde

genótipos extremamente precoces, cuja polinização pode ocorrer 30 dias

após a emergência, até mesmo aqueles cujo ciclo vital pode alcançar 300

dias. Contudo, nas condições brasileiras, o ciclo é variável entre 110 e 180

dias, em função da caracterização dos genótipos (superprecoce, precoce e

tardio), período este compreendido entre a semeadura e a colheita. De

forma geral, o ciclo da cultura compreende as seguintes etapas de

desenvolvimento:

a) germinação e emergência: período compreendido desde a semeadura

até o efetivo aparecimento da plântula, o qual em função da

temperatura e umidade do solo pode apresentar de cinco a 12 dias de

duração;

b) crescimento vegetativo: período compreendido entre a emissão da

segunda folha e o início do florescimento. Tal etapa apresenta

extensão variável, sendo este fato comumente empregado para

caracterizar os tipos de cultivares de milho, quanto ao comprimento

do ciclo;

c) florescimento: período compreendido entre o início da polinização e o

início da frutificação, cuja duração raramente ultrapassa 10 dias;

d) frutificação: período compreendido desde a fecundação até o

enchimento completo dos grãos, sendo sua duração estimada entre

40 e 60 dias;

e) maturidade: período compreendido entre o final da frutificação e o

aparecimento da camada negra, sendo este relativamente curto e

indicativo do final do ciclo de vida planta.

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Entretanto, para maior facilidade de manejo e estudo, bem como

objetivando a possibilidade do estabelecimento de correlações entre

elementos fisiológicos, climatológicos, fitogenéticos, entomológicos,

fitopatológicos, e fitotécnicos, como desempenho da planta, o ciclo da

cultura do milho foi dividido em 11 estádios distintos de desenvolvimento:

Estádio 0: da semeadura à emergência;

ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILHO

ESTÁDIOS VEGETATIVOS

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ESTÁDIOS REPRODUTIVOS DO MILHO

As fases reprodutivas iniciam-se no pendoamento e vão até a

maturação fisiológica, estádio onde os grãos apresentam a camada preta

na inserção entre o grão e o sabugo. A camada nada mais é do que um

conjunto de células mortas que impedem a entrada de nutrientes para

dentro dos grãos e marca a fase de perda de água. O estádio de

crescimento de uma lavoura é definido quando, no mínimo, 50% das

plantas estiverem no mesmo estádio. O desenvolvimento de uma cultura é

um processo contínuo e interligado, em que cada uma de suas fases

cumpre papel importante na produtividade final.

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PLANTIO DO MILHO

O plantio de qualquer cultura deve ser bem planejado, pois durará deste

a germinação até a colheita cerca de 120 a 130 dias afetando todas as

operações envolvidas, além de determinar as possibilidades de sucesso ou

insucesso da lavoura. É por ocasião do plantio que se define o espaçamento

entre linhas e a densidade de plantio para garantir uma boa produtividade .

Esta característica não é tão importante em outras culturas com grande

capacidade de perfilhamento, como arroz, trigo, aveia, sorgo e outras

gramíneas, ou de maior habilidade de produção de floradas, como feijão e

soja.

Neste contexto, a escolha e o cuidado com as plantadoras

representam um importante elemento dentro do processo de produção,

uma vez que afetam a distribuição e a localização do adubo, a distribuição

de sementes nas fileiras e a profundidade de plantio, o espaçamento entre

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fileiras, determinando a qualidade do plantio e seu efeito sobre as

operações subsequentes e a produtividade da lavoura. O milho também

desempenha importante papel em sistema de plantio direto, na integração

lavoura-pecuária, possuindo muitas aplicações dentro da propriedade

agrícola, deste a alimentação animal na forma de grãos ou de forragem

verde ou conservada, na alimentação humana ou na geração de receita

mediante a comercialização da produção excedente.

O período de crescimento e desenvolvimento do milho é limitado pela

água, pela temperatura e pela radiação solar, ou luminosidade. A cultura

do milho necessita que alguns índices dos fatores climáticos, especialmente

a temperatura, precipitação pluviométrica e o fotoperíodo, atinjam níveis

ótimos, para que o potencial genético de produção da cultura se expresse

ao máximo. Assim, temperatura possui uma relação complexa com o

desempenho da cultura, uma vez que a condição ótima varia com os

diferentes estádios de crescimento e desenvolvimento da planta.

A temperatura da planta de milho é basicamente a mesma do ambiente

que a envolve. Devido a esse sincronismo, flutuações periódicas influenciam

nos processos metabólicos que ocorrem no interior da planta. Nos momentos

em que a temperatura é mais elevada, o processo metabólico é mais acelerado

e nos períodos mais frios, o metabolismo tende a diminuir. As temperaturas

ideais do solo para a cultura de milho estariam entre 25 e 30 ºC, sendo que

temperaturas do solo inferiores a 10 ºC ou superiores a 40 ºC ocasionam

prejuízo sensível à germinação.

Por ocasião da floração, temperaturas médias superiores a 26 ºC

aceleram o desenvolvimento dessa fase, e as inferiores a 15,5ºC o retardam.

Cada grau acima da temperatura média de 21,1 ºC nos primeiros 60 dias

após a semeadura pode acelerar o florescimento entre dois e três dias.

Quando a temperatura é superior a 35 ºC ocorre diminuição da atividade

da enzima redutase do nitrato, podendo alterar o rendimento e a

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composição proteica dos grãos.

Durante a polinização, temperaturas acima de 33 ºC reduzem

sensivelmente a germinação do grão de pólen. Verões com temperatura

média diária inferior a 19 ºC, e noites com temperatura média inferior a

12,8 ºC não são recomendados para a produção de milho. Por outro lado,

temperaturas noturnas superiores a 24 ºC proporcionam um aumento da

respiração, ocasionando uma diminuição da taxa de fotossimilados e uma

consequente redução da produção, além de provocar senescência precoce

das folhas. Temperaturas inferiores a 15ºC retardam a maturação dos

grãos.

A planta de milho precisa acumular quantidades distintas de energia

ou simplesmente unidades calóricas (U.C.) necessárias a cada etapa de

crescimento e desenvolvimento. A unidade calórica é obtida através da

soma térmica necessária para cada etapa do ciclo da planta, desde o

plantio até o florescimento masculino. O somatório térmico é calculado

através das temperaturas máximas e mínimas diárias, sendo 30ºC e 10ºC,

respectivamente, as temperaturas referenciais para o cálculo.

Com relação ao ciclo, as cultivares são classificadas pelas empresas

produtoras de sementes em normais ou tardias, semiprecoces, precoces e

superprecoces. As cultivares normais apresentam exigências térmicas

correspondentes a 890-1200 graus-dia (G.D.), as precoces, de 831 a 890,

e as superprecoces, de 780 a 830 G.D. Essas exigências calóricas se

referem ao cumprimento das fases fenológicas compreendidas entre a

emergência e o início da polinização.

De acordo com o Zoneamento Agrícola para a cultura de milho, as

cultivares eram classificadas, em função do ciclo, em três grupos:

Grupo I - necessita até 780 U.C. (precoce).

Grupo II - necessita entre 780 e 860 U.C. (ciclo médio).

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Grupo III - necessita mais que 860 U.C. (ciclo tardio).

A partir da safra 2009/10, para efeito de simulação, o Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento classifica as cultivares em três

grupos de características homogêneas: Grupo I (n < 110 dias); Grupo II (n

= 110 dias e = 145 dias); e Grupo III (n > 145 dias), onde “n” expressa o

número de dias da emergência à maturação fisiológica.

Outro fator de grande importância e a altitude que tem um efeito direto

na temperatura, tanto diurno como noturna, afetando tanto a fotossíntese

como a respiração. Para as condições brasileiras, o milho plantado em maiores

altitudes apresenta maior número de dias para atingir o pendoamento,

aumentando o ciclo e apresentando maior rendimento de grãos. Aumentando o

período de enchimento de grãos, consequentemente aumentará a

produtividade, em temperaturas máximas menores e mais próximas da

temperatura ótima.

E menores temperaturas noturnas reduzem a taxa de respiração, o que

resultará na redução do ponto de compensação sendo esse o ponto em que a

fotossíntese e a respiração são idênticas, o que também implica no aumento

da produtividade. Uma análise sobre avaliação de cultivares em diferentes

regiões do Brasil mostrou que os ensaios plantados em regiões com altitude

superior a 700 m apresentaram maior rendimento (7.429 kg/ha) e

florescimento masculino de 65 dias, comparados com os ensaios plantados em

altitudes abaixo de 700 m, que apresentaram rendimento de 6.473 kg/ha e

florescimento masculino de 65 dias.

A umidade do solo também influência na cultura do milho que muito

exigente em água. Entretanto, pode ser cultivado em regiões onde as

precipitações vão desde 250 mm até 5.000 mm anuais, sendo que a

quantidade de água consumida pela planta, durante seu ciclo, está em torno

de 600 mm. O consumo de água pela planta, nos estádios iniciais de

crescimento, num clima quente e seco, raramente excede 2,5 mm/dia.

Durante o período compreendido entre o espigamento e a maturação, o

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consumo pode se elevar para 5 a 7,5 mm diários. Mas se a temperatura

estiver muito elevada e a umidade do ar, muito baixa, o consumo poderá

chegar até 10 mm/dia.

A ocorrência de déficit hídrico na cultura do milho pode ocasionar

danos em todas as fases. Na fase do crescimento vegetativo, o dano se

verifica pelo menor elongamento celular e pela redução da massa

vegetativa, com diminuição na taxa fotossintética. Após o déficit hídrico, a

produção de grãos também é afetada diretamente, pois com menor massa

vegetativa a planta possui menor capacidade fotossintética. Na fase do

florescimento, a ocorrência de dessecação dos estilos-estigmas

aumentando o grau de protandria, abortos dos sacos embrionários, de

distúrbios na meiose, e aborto das espiguetas e de morte dos grãos de

pólen resultando em redução no rendimento. O déficit hídrico na fase de

enchimento de grãos afetará o metabolismo da planta e o fechamento de

estômatos, reduzindo a taxa fotossintética e, consequentemente, a

produção de fotossimilados e sua translocação para os grãos.

O fotoperíodo e um dos componentes climáticos que afetam a

produtividade do milho, representado pelo número de horas de luz solar, o

qual é um fator climático de variação sazonal, mas que não apresenta

muita variação de ano para ano. O milho é considerado uma planta de dias

curtos, embora algumas cultivares tenham pouca ou nenhuma sensibilidade

às variações do fotoperíodo. Um aumento do fotoperíodo faz com que a

duração da etapa vegetativa aumente e proporcione também um

incremento no número de folhas emergidas durante a diferenciação do

pendão e do número total de folhas produzidas pela planta. Nas condições

brasileiras, o efeito do fotoperíodo na produtividade do milho é

praticamente insignificante.

A radiação solar é de extrema importância para a planta de milho,

sem a qual o processo fotossintético é inibido e a planta é impedida de

expressar o seu máximo potencial produtivo. Grande parte da matéria seca

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do milho, cerca de 90%, provém da fixação de CO2 pelo processo

fotossintético. O milho é uma planta do grupo C4 , altamente eficiente na

utilização da luz. Uma redução de 30% a 40% da intensidade luminosa, por

períodos longos, atrasa a maturação dos grãos ou pode ocasionar até

mesmo queda na produção.

A época de semeadura embora não tenha custo adicional, o plantio

de milho feito na época correta afeta diretamente a produção e a

produtividade da lavoura e, consequentemente, o lucro do agricultor. O

atraso no plantio dificulta também diversas operações agrícolas, como o

controle de pragas e plantas daninhas, além de aumentar a ocorrência e a

severidade de doenças, e é apontado como um dos principais fatores

responsáveis pela baixa produtividade, principalmente do pequeno e médio

produtor.

O período de crescimento e desenvolvimento é afetado pela umidade

do solo, pela temperatura, pela radiação solar e pelo fotoperíodo. A época

de plantio é em função destes fatores, cujos limites extremos são variáveis

em cada região agroclimática. A época de semeadura mais adequada é

aquela que faz coincidir o período de floração com os dias mais longos do

ano, e a etapa de enchimento de grãos com o período de temperaturas

mais elevadas e alta disponibilidade de radiação solar. Isto, considerando

satisfeitas as necessidades de água pela planta. Nas condições tropicais,

devido a menor variação da temperatura e do comprimento do dia, a

distribuição de chuvas é que, geralmente, determina a melhor época de

semeadura.

No sul do Brasil, o milho, geralmente, é plantado de agosto a

setembro e à medida que se caminha para os estados do Centro-Oeste e

do Sudeste, a época de semeadura na safra varia de outubro a novembro.

A época de semeadura afeta várias características da planta, ocorrendo um

decréscimo mais acentuado no número de espigas por planta e no

rendimento de grãos. Em publicações nas literaturas vemos que o atraso

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na semeadura pode resultar em perdas que podem ser superiores a 60

kg/ha/dia. Essa tendência pode ser revertida se não houver déficit hídrico e

ocorrer uma redução na temperatura do ar, nos meses de fevereiro -

março.

Na região Sudeste, as épocas de plantio das lavouras de milho de alta

produtividade concentram-se nos meses de outubro e novembro, chegando

a cerca de 80% das lavouras com produtividade acima de 8.000 kg ha-1. O

mesmo ocorre nos estados da região Centro-Oeste, onde as melhores

lavouras de milho são plantadas, principalmente, nos meses de outubro e

novembro. Já para os estados da região Nordeste, para as lavouras de alta

produtividade na Bahia e no Piauí, principalmente, à época de plantio

concentra-se no final do mês de novembro e principalmente no mês de

dezembro. Assim, podemos concluir que a análise dos levantamentos das

diferenças edafoclimáticas de cada região influenciam muito na tomada de

decisão da época de plantio da cultura de milho, na safra normal.

Por ser plantado no final da época recomendada, o milho safrinha tem

sua produtividade bastante afetada pelo regime de chuvas e por fortes

limitações de radiação solar e temperatura na fase final de seu ciclo. Além

disso, como o milho safrinha é plantado após uma cultura de verão, a sua data

de plantio depende da época do plantio dessa cultura e de seu ciclo. Assim, o

planejamento do milho safrinha começa com a cultura do verão, visando

liberar a área o mais cedo possível. Quanto mais tarde for o plantio, menor

será o potencial e maior o risco de perdas por seca e/ou geadas.

A profundidade da semeadura e outra variável que está condicionada

aos fatores temperatura do solo, umidade e tipo de solo. A semente deve ser

colocada em uma profundidade que possibilite um bom contato com a umidade

do solo. Entretanto, a maior ou menor profundidade de semeadura vai

depender do tipo de solo. Naqueles mais pesados (argilosos), com drenagem

deficiente ou com fatores que dificultam o alongamento do mesocótilo,

dificultando a emergência de plântulas, as sementes devem ser colocadas

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entre 3 e 5 cm de profundidade. Já em solos mais leves ou arenosos, as

sementes podem ser colocadas mais profundas, entre 5 e 7 cm de

profundidade, para se beneficiarem do maior teor de umidade do solo.

No Sistema Plantio Direto, onde há sempre um acúmulo de resíduos

na superfície do solo, especialmente em regiões mais frias, a cobertura

morta pode retardar a emergência, reduzir o estande e, em alguns casos,

pode até causar queda no rendimento de grãos da lavoura, dependendo da

profundidade em que a semente foi colocada.

Contrário a uma crença popular, a profundidade de semeadura tem

influência mínima na profundidade do sistema radicular definitivo, que se

estabelece logo abaixo da superfície do solo. A densidade de plantio, ou

estande, é definida como o número de plantas por unidade de área, tem papel

importante no rendimento de uma lavoura de milho, uma vez que pequenas

variações na densidade têm grande influência no rendimento final da cultura.

O milho é a gramínea mais sensível variação na densidade de plantas. Para

cada sistema de produção, existe uma população que maximiza o

rendimento de grãos.

A população recomendada para maximizar o rendimento de grãos de

milho varia de 40.000 a 80.000 plantas.ha-1

, dependendo da

disponibilidade hídrica, da fertilidade do solo, dá cultivar, da época de

semeadura e do espaçamento entre linhas. Vários pesquisadores

consideram o próprio genótipo como principal determinante da densidade

de plantas. O aumento da densidade de plantas até determinado limite é

uma técnica usada com a finalidade de elevar o rendimento de grãos da

cultura do milho. Porém, o número ideal de plantas por hectare é variável,

uma vez que a planta de milho altera o rendimento de grãos de acordo com

o grau de competição intraespecífica proporcionado pelas diferentes

densidades de planta.

O rendimento de uma lavoura aumenta com a elevação da densidade de

plantio, até atingir uma densidade ótima, que é determinada pela cultivar e

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por condições externas resultantes de condições edafoclimáticas do local e do

manejo da lavoura. A partir da densidade ótima, quando o rendimento é

máximo, aumento na densidade resultará em decréscimo progressivo na

produtividade da lavoura. A densidade ótima é, portanto, variável para cada

situação e, basicamente, depende de três condições: cultivar, disponibilidade

hídrica e do nível de fertilidade de solo. Qualquer alteração nesses fatores,

direta ou indiretamente, afetará a densidade ótima de plantio.

Além do rendimento de grãos, o aumento da densidade de plantio

também afeta outras características da planta. Dentre essas características,

merecem destaque a redução no número de espigas por planta (índice de

espigas) e o peso médio da espiga. Também o diâmetro do colmo é reduzido e

há maior susceptibilidade ao acamamento e ao quebramento.

Além disso, reconhecido que pode haver um aumento na ocorrência

de doenças, especialmente as podridões de colmo, com o aumento na

densidade de plantio. Esses aspectos podem determinar o aumento de

perdas na colheita, principalmente quando esta é mecanizada. Por estas

razões, às vezes, deixa-se de recomendar densidades maiores, que embora

em condições experimentais apresentem maiores rendimentos, não são

aconselhadas em lavouras colhidas mecanicamente.

A densidade de plantio, dentre as técnicas de manejo cultural, é um dos

parâmetros mais importantes. Geralmente, a causa dos baixos rendimentos de

milho é o baixo número de plantas por área. Entretanto, para que haja um

aumento da produtividade, é necessário que vários outros fatores, como o

nível de fertilidade do solo, o nível de umidade e as cultivares estejam em

consonância com o número de plantas por área. A velocidade de semeadura

deve se basear no conhecimento do produtor sobre as condições de operação

do equipamento, as condições do solo e as características da plantadeira, e

deve ser definida, visando a uniformidade na produtividade e na distribuição

da semente.

A densidade de plantio e a distribuição de sementes são também

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afetadas pela velocidade de plantio. Para plantadeiras a disco recomenda-

se velocidades não superiores a 5 Km/h. Plantadeiras a dedo ou a vácuo

podem realizar operações de semeadura com velocidade de até 10 Km/h,

desde que as condições de topografia do terreno, umidade e textura do

solo permitiam a operação nesta velocidade. De um modo geral, não se

recomenda a semeadura em velocidades superiores a 7 Km/h quando se

utilizar essas plantadeiras. Aconselha-se que se faça um teste antes da

semeadura, operando a plantadeira em diferentes velocidades para, então

se escolher a melhor opção, tendo em vista principalmente a uniformidade

da profundidade das sementes.

A velocidade acima do recomendado aumenta o número de falhas e

duplas e prejudicam a uniformidade da profundidade das sementes. Esses dois

fatores reduzem a população de plantas e aumentam o número de plantas

dominadas, prejudicando dois dos principais componentes do rendimento. O

número de espigas por área e o número de grãos por espiga.Em termos

genéricos, verifica-se que cultivares precoces, as de ciclo mais curto

exigem maior densidade de plantio em relação a cultivares tardias, para

expressarem seu máximo rendimento.

A razão desta diferença que cultivares mais precoces, geralmente,

possuem plantas de menor altura e menor massa vegetativa. Essas

características morfológicas determinam um menor sombreamento dentro

da cultura, possibilitando, com isto, menor espaçamento entre plantas,

para melhor aproveitamento de luz. Mesmo dentre os grupos de cultivares

(precoces ou tardios), há diferenças quanto à densidade ótima de plantio.

As faixas de densidades mais frequentemente recomendadas para os

híbridos duplos variam de 50 a 60 mil plantas por ha, havendo casos de

recomendação até de 70 mil plantas por ha. Para os híbridos triplos e

simples, é frequente a densidade de 55 a 70 mil plantas por ha, havendo

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casos de recomendação de até 80 mil plantas por ha, principalmente entre

os híbridos simples. Por outro lado a ideia tradicional de se utilizar um saco

de sementes para o plantio de um hectare já não é verdadeira, havendo

necessidades de se utilizar 1,2 a 1,4 sacos de sementes (com 60.000

sementes) para o plantio de um hectare.

A maioria das empresas já estão recomendando densidades de

plantio em função da região, da altitude e da época de plantio. Além disso,

já existem empresas recomendando a densidade em função do

espaçamento, o que representa uma evolução. O aumento e o arranjo da

população de plantas podem contribuir para a correta exploração do

ambiente e do genótipo, com consequência no aumento do rendimento de

grãos. O arranjo de plantas basicamente pode ser manipulado através de

alterações na densidade de plantas e no espaçamento entre fileiras.

A interceptação da radiação fotossinteticamente ativa pelo dossel

exerce grande influência sobre o rendimento de grãos da cultura do milho,

quando outros fatores ambientais são favoráveis. Uma forma de aumentar

a interceptação de radiação e, consequentemente, o rendimento de grãos,

é através da escolha adequada do arranjo de plantas. Teoricamente, o

melhor arranjo de plantas de milho é aquele que proporciona distribuição

mais uniforme de plantas por área, possibilitando melhor utilização de luz,

água e nutrientes.

Atualmente, a redução no espaçamento entre linhas e o aumento da

densidade de plantio é uma realidade na cultura de milho, no Brasil,

encontrando-se, no mercado, inclusive, plataformas adaptáveis às

colhedoras que realizam a colheita em espaçamentos de até 0,45 m. Na

ocasião do plantio e posterior colheita a densidade adequada e uniforme de

plantas deverá tomar uma série de cuidados, entre eles:

(i) utilizar sementes de alta qualidade em termos de poder

germinativo e vigor;

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(ii) realizar o plantio com máquinas e equipamentos de maior

qualidade e precisão que, aliados a uma mão de obra melhor qualificada,

possibilitará um plantio cada vez mais uniforme, minimizando a ocorrência

de falhas, de duas sementes juntas (duplas) e de plantas dominadas;

(iii) fazer o tratamento de sementes;

(iv) se necessário, fazer aplicação de fungicidas na sementes,

especialmente em regiões mais frias onde o processo de germinação e

emergência é retardado;

(v) plantar na época certa e quando o solo tiver com teor de

umidade adequado

(vi) promover a melhoria das condições químicas, físicas e biológicas

do solo, facilitando o desenvolvimento e sobrevivência das plântulas.

Figura 5. Erros no estabelecimento de uma lavoura de milho

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Assim, o espaçamento entre fileiras de milho ainda e muito variado,

embora seja nítida a tendência de sua redução, na literatura nos mostram

vantagens do espaçamento reduzido (45 a 50 cm entre fileiras) comparado

ao espaçamento convencional (80 a 90 cm), especialmente quando se

utilizam densidades de plantio mais elevadas.

Entre as vantagens potenciais da utilização de espaçamentos mais

estreitos, podem ser citados o aumento do rendimento de grãos, em função

de uma distribuição mais equidistante de plantas na área, aumentando a

eficiência de utilização de luz solar, água e nutrientes, melhor controle de

plantas daninhas, devido ao fechamento mais rápido dos espaços

disponíveis, diminuindo, dessa forma, a duração do período crítico das

plantas daninhas, redução da erosão, em consequência do efeito da

cobertura antecipada da superfície do solo, melhor qualidade de plantio,

através da menor velocidade de rotação dos sistemas de distribuição de

sementes e maximização da utilização de plantadoras, uma vez que

diferentes culturas, como, por exemplo, milho e soja, poderão ser

plantadas com o mesmo espaçamento, permitindo maior praticidade e

ganho de tempo. Tem sido também mencionado que os espaçamentos

reduzidos permitem melhor distribuição da palhada de milho sobre a

superfície do solo, após a colheita, favorecendo o sistema de plantio direto.

DOENÇAS

Nos últimos anos, notadamente a partir do final de década de 90, as

doenças têm se tornado uma grande preocupação por parte de técnicos e

produtores envolvidos no agronegócio do milho. Relatos de perdas na

produtividade devido ao ataque de patógenos têm sido frequentes nas

principais regiões produtoras do país. Nesse contexto, vale destacar a

severa epidemia de cercosporiose ocorrida na região Sudoeste do Estado

de Goiás no ano de 2000, na qual foram registradas perdas superiores a

80% na produtividade.

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É importante entendermos que a evolução das doenças do milho

está estreitamente relacionada à evolução do sistema de produção desta

cultura do Brasil. Modificações ocorridas no sistema de produção, que

resultaram no aumento da produtividade da cultura, foram, também,

responsáveis pelo aumento da incidência e da severidade das doenças.

Desse modo, a expansão da fronteira agrícola, a ampliação das épocas de

plantio (safra e safrinha), a adoção do sistema de plantio direto, o aumento

do uso de sistemas de irrigação, a ausência de rotação de cultura e o uso

de materiais suscetíveis têm promovido modificações importantes na

dinâmica populacional dos patógenos, resultando no surgimento, a cada

safra, de novos problemas para a cultura relacionados à ocorrência de

doenças.

Dentre as doenças que atacam a cultura do milho no Brasil, merecem

destaque a mancha branca, a cercosporiose, a ferrugem polissora, a

ferrugem tropical, os enfezamentos vermelho e pálido, as podridões de

colmo e os grãos ardidos. Além destas, nos últimos anos algumas doenças

(como a antracnose foliar e a mancha foliar de Diplodia), consideradas de

menor importância, têm ocorrido com elevada severidade em algumas

regiões produtoras. A importância destas doenças é variável de ano para

ano e de região para região, em função das condições climáticas, do nível

de suscetibilidade das cultivares plantadas e do sistema de plantio

utilizado. No entanto, algumas das doenças são de ocorrência mais

generalizada nas principais regiões de plantio, como é o caso da mancha

branca. As principais medidas recomendadas para o manejo de doenças na

cultura do milho são:

utilizar cultivares resistentes;

realizar o plantio em época adequada, de modo a evitar que os

períodos críticos para a cultura coincidam com condições ambientais

mais favoráveis ao desenvolvimento da doença;

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utilizar sementes de boa qualidade e tratadas com fungicidas;

utilizar rotação com culturas não suscetíveis;

rotação de cultivares;

manejo adequado da lavoura – adubação equilibrada (N e K),

população de plantas adequada, controle de pragas e de invasoras e

colheita na época correta.

Essas medidas, além de trazerem um benefício imediato ao produtor

por reduzir o potencial de inóculo dos patógenos presentes na lavoura,

contribuem para uma maior durabilidade e estabilidade da resistência

genética presentes nas cultivares comerciais por reduzirem a população de

agentes patogênicos. A mais atrativa estratégia de manejo de doenças é a

utilização de cultivares geneticamente resistentes, uma vez que o seu uso

não exige nenhum custo adicional ao produtor, não causa nenhum tipo de

impacto negativo ao meio ambiente, é perfeitamente compatível com

outras alternativas de controle e é, muitas vezes, suficiente para o controle

da doença. Para fins didáticos, as doenças do milho aqui abordadas serão

agrupadas de acordo com o órgão da planta infectado, formando os

seguintes grupos: doenças foliares; podridões de colmo e das raízes;

podridões de espigas e de grãos; e doenças sistêmicas.

DOENÇAS FOLIARES

Cercosporiose (Cercospora zeae-maydis)

A doença foi observada inicialmente no Sudoeste do Estado de Goiás

em Rio Verde, Montividiu, Jataí e Santa Helena, no ano de 2000.

Atualmente a doença está presente em praticamente todas as áreas de

plantio de milho no Centro Sul do Brasil. A doença ocorre com alta

severidade em cultivares suscetíveis, podendo as perdas serem superiores

a 80%.

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Os sintomas caracterizam-se por manchas de coloração cinza,

predominantemente retangulares, com as lesões desenvolvendo-se

paralelas às nervuras. Com o desenvolvimento dos sintomas da doença,

pode ocorrer necrose de todo o tecido foliar (Figura 1). Em situações de

ataques mais severos, as plantas tornam-se mais predispostas às infecções

por patógenos no colmo, resultando em maior incidência de acamamento

de plantas.

Figura 1. Cercosporiose do milho (Cercospora zeae-maydis).

A disseminação ocorre através de esporos e de restos de cultura levados

pelo vento e por respingos de chuva. Os restos de cultura são, portanto, fonte de

inóculo local e, também, para outras áreas de plantio. A ocorrência de

temperaturas entre 25 ºC e 30 oC e de umidade relativa do ar superior a 90% são

consideradas condições ótimas para o desenvolvimento da doença.

A principal medida de manejo da cercosporiose é a utilização de cultivares

resistentes. Além disso, recomenda-se: evitar a permanência de restos da cultura

de milho em áreas em que a doença ocorreu com alta severidade para reduzir o

inóculo do patógeno na área; realizar a rotação com culturas não hospedeiras

como a soja, o sorgo, o girassol, o algodão e outras, uma vez que o milho é o

único hospedeiro de C. zeae-maydis; para evitar o aumento do potencial de

inóculo de C. zeae-maydis, deve-se evitar o plantio seguido de milho na mesma

área; plantar cultivares diferentes em uma mesma área e em cada época de

plantio; realizar adubações de acordo com as recomendações técnicas para evitar

desequilíbrios nutricionais nas plantas, favoráveis ao desenvolvimento desse

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patógeno, principalmente a relação nitrogênio/potássio. Para que essas medidas

sejam eficientes, recomenda-se a sua aplicação regional (em macrorregiões) para

evitar que a doença volte a se manifestar a partir de inóculo trazido pelo vento de

lavouras vizinhas infectadas. Em áreas com plantio de cultivares suscetíveis e sob

condições ambientais favoráveis para a ocorrência da doença, o controle químico

deve ser avaliado como uma opção para o manejo da doença.

Mancha branca (etiologia indefinida)

A mancha branca é considerada, atualmente, uma das principais doenças da

cultura do milho no Brasil, estando presente em praticamente todas as regiões de

plantio de milho no Brasil. As perdas na produção podem ser superiores a 60% em

situações de ambiente favorável e de uso de cultivares suscetíveis.

As lesões da mancha branca são, inicialmente, circulares, aquosas e verde

claras (anasarcas). Posteriormente, passam a necróticas, de cor palha, circulares

a elípticas, com diâmetro variando de 0,3 a 1cm (Figura 2). Geralmente, são

encontradas dispersas no limbo foliar, mas iniciam-se na ponta da folha

progredindo para a base, podendo coalescer. Em geral, os sintomas aparecem

inicialmente nas folhas inferiores, progredindo rapidamente para as superiores,

sendo mais severos após o pendoamento. Sob condições de ataque severo, os

sintomas da doença podem ser observados também na palha da espiga. Em

condições de campo, os sintomas não ocorrem, normalmente, em plântulas de

milho.

A mancha branca é favorecida por temperaturas noturnas amenas (15 a

200C), elevada umidade relativa do ar (>60%) e elevada precipitação. Os plantios

tardios favorecem elevadas severidades da doença devido à ocorrência dessas

condições climáticas durante o florescimento da cultura, fase na qual as plantas

são mais sensíveis ao ataque do patógeno e os sintomas são mais severos.

A principal medida recomendada para o manejo da mancha branca é o uso

de cultivares resistentes. Atualmente, estão disponíveis no mercado cultivares que

apresentam excelente nível de resistência a essa doença, como as cultivares da

Embrapa BRS 1010 e BRS 1035. Outra medida importante para o manejo da

enfermidade é a escolha da época de plantio. Deve-se optar por épocas de

semeadura cujas condições climáticas que favoreçam a doença não coincidam com

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a fase de florescimento da cultura. Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, os

plantios tardios realizados a partir da segunda quinzena de novembro até o final

de dezembro favorecem a ocorrência da doença em elevadas severidades.

Portanto, recomenda-se, sempre que possível, antecipar a época do plantio para a

segunda quinzena de outubro ou o início de novembro. O controle químico

também é uma medida viável nas situações em que são utilizadas cultivares

suscetíveis, em regiões cujas condições climáticas são favoráveis ao

desenvolvimento da doença.

Figura 2. Sintomas da mancha branca do milho.

Ferrugem Polissora (Puccinia polysora Underw.)

No Brasil, foram determinadas perdas superiores a 40% na produção

de milho devido à ocorrência de epidemias de ferrugem polissora. A doença

está distribuída por toda a região Centro-Oeste, pelo Noroeste de Minas

Gerais, por São Paulo e por parte do Paraná. Os sintomas da ferrugem

polissora são caracterizados pela formação de pústulas circulares a ovais,

de coloração marron clara, distribuídas, predominantemente, na face

superior das folhas (Figura 3).

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Figura 3. Sintomas da ferrugem polissora no milho (Puccinia polysora Underw).

A ocorrência da doença é dependente da altitude, ocorrendo com

maior intensidade em altitudes abaixo de 700m, onde predominam

temperatura mais elevadas (25 ºC a 35oC). A ocorrência de períodos

prolongados de elevada umidade relativa do ar também é um fator

importante para o desenvolvimento da doença. As principais medidas

recomendadas para o manejo da ferrugem polissora compreendem o uso

de cultivares resistentes, a escolha da época e do local de plantio, a

aplicação de fungicidas em situações de elevada pressão de doença e o uso

de cultivares suscetíveis.

Ferrugem Comum (Puccinia sorghi)

No Brasil, a doença tem ampla distribuição com severidade

moderada, tendo maior severidade nos estados da região Sul. A ferrugem

comum caracteriza-se pela formação de pústulas em toda a parte aérea da

planta, mas com maior abundância nas folhas. As pústulas ocorrem em

ambas as superfícies da folha, sendo esta uma das características que a

diferencia da ferrugem polissora, cujas pústulas predominam na superfície

superior da folha. As pústulas da ferrugem comum apresentam formato

circular a alongado e coloração castanho clara a escuro, que se acentua à

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medida em que as pústulas amadurecem e se rompem, liberando os

uredósporos, que são os esporos típicos do patógeno. Sob condições

ambientais favoráveis, as pústulas podem coalescer, formando grandes

áreas necróticas nas folhas (Figura 4).

Figura 4. Sintomas da ferrugem comum do milho: pústulas de coloração marrom

claro apresentando halo amarelado (A); coalescência de pústulas apresentando

necrose foliar e bordos arroxeados; detalhe do formato alongado das pústulas (C).

A ocorrência de prolongados períodos de temperaturas baixas (16 a 23°C),

alta umidade relativa do ar (>90%) e chuvas frequentes favorecem o

desenvolvimento da doença. Tais condições são encontradas, mais

frequentemente, em locais de altitude elevada (>800m). Os teliósporos

produzidos pelo patógeno germinam e produzem basidiósporos, os quais infectam

plantas do gênero oxalis spp. (trevo), em que o patógeno desenvolve o estágio

aecial (fase reprodutiva). Desse modo, a presença de plantas de trevo na área

contribui para a sobrevivência e para a disseminação do patógeno.

O uso de cultivares resistentes é a principal forma de manejo da ferrugem

comum. A escolha da época e de locais de plantio menos favoráveis ao

desenvolvimento da doença e a eliminação de hospedeiros alternativos também

contribuem para a redução da severidade da doença. A aplicação de fungicidas é

recomendada em situações de elevada pressão de doença e uso de cultivares

suscetíveis, quando a doença surge nos estádios iniciais de desenvolvimento da

cultura.

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Ferrugem Tropical ou Ferrugem Branca (Physopella zeae)

No Brasil, a ferrugem tropical encontra-se distribuída nas regiões Centro-

Oeste e Sudeste (Norte de São Paulo). A doença é mais severa em plantios

contínuos de milho, principalmente em áreas irrigadas. A ferrugem branca

caracteriza-se pela formação de pústulas de formato arredondado a oval, em

pequenos grupos, de coloração esbranquiçada a amarelada, na superfície superior

da folha e recoberta pela epiderme. Uma borda de coloração escura pode envolver

o agrupamento de pústulas (Figura 5).

Figura 5. Pústulas de aspecto pulverulento e coloração esbranquiçada

características da ferrugem branca do milho.

Os uredoóporos são o inóculo primário e secundário, sendo

transportados pelo vento ou em material infectado. Não são conhecidos

hospedeiros intermediários de P. zeae. A doença é favorecida por condições

de alta temperatura (22-34°C), alta umidade relativa e baixas altitudes.

Por ser um patógeno de menor exigência em termos de umidade, a

severidade da doença tende a ser a maior nos plantios de safrinha.

As principais medidas de manejo são: plantio de cultivares

resistentes; escolha da época e do local de plantio; evitar plantios

sucessivos de milho; e aplicação de fungicidas em situação de elevada

pressão de doença. Além disso, recomendam-se a alternância de genótipos

e a interrupção no plantio durante certo período para que ocorra a morte

dos uredósporos.

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Helmintosporiose (Exserohilum turcicum)

No Brasil, as maiores severidades desta enfermidade têm ocorrido em

plantios de safrinha. Em situações favoráveis ao desenvolvimento da

doença, as perdas na produção podem chegar a 50%, quando o ataque

começa antes do período de floração. Os sintomas típicos da doença são

lesões necróticas, elípticas, medindo de 2,5 a 15cm de comprimento

(Figura 6). A coloração do tecido necrosado varia de cinza a marrom e, no

interior das lesões, observa-se intensa esporulação do patógeno. As

primeiras lesões aparecem, normalmente, nas folhas mais velhas.

Foto: Luciano Viana Cota

Figura 6. Sintomas da helmintosporiose ( Exserohilum turcicum) em milho.

O patógeno apresenta boa capacidade de sobrevivência em restos de

cultura. A disseminação ocorre pelo transporte de conídios pelo vento a

longas distâncias. Temperaturas moderadas (18-27°C) são favoráveis à

doença, bem como a ocorrência de longos períodos de molhamento foliar

ou a presença de orvalho. O patógeno tem como hospedeiros o sorgo, o

capim sudão, o sorgo de halepo e o teosinto. No entanto, isolados

provenientes do sorgo não são capazes de infectar plantas de milho. O

controle da doença é feito através do plantio de cultivares com resistência

genética. A rotação de culturas é também uma prática recomendada para o

manejo desta doença.

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Mancha de Bipolaris maydis (Bipolaris maydis)

Esta doença encontra-se bem distribuída no Brasil, porém com

severidade entre baixa e média. Atualmente, em algumas áreas das regiões

Centro-Oeste e Nordeste, tem ocorrido com elevada severidade em

materiais suscetíveis. O fungo B. maydis possui duas raças descritas, “0” e

“T”. A raça “0”, predominante nas principais regiões produtoras, produz

lesões alongadas, orientadas pelas nervuras com margens castanhas e com

forma e tamanho variáveis (Figura 7). Embora as lesões sigam a orientação

das nervuras, as bordas das lesões não são tão bem definidas como ocorre

no caso da cercosporiose. As lesões causadas pela raça “T” são maiores,

predominantemente elípticas e com coloração de marrom a castanho,

podendo haver formação de halo clorótico.

Figura 7. Sintomas da mancha de Bipolaris maydis (Bipolaris maydis) em

milho.

A sobrevivência ocorre em restos culturais infectados e em grãos. Os

conídios são transportados pelo vento e por respingos de chuva. As

condições ótimas para o desenvolvimento da doença consistem em

temperaturas entre 22 e 30°C e em elevada umidade relativa. A ocorrência

de longos períodos de seca e de dias com muito sol entre dias chuvosos é

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desfavorável à doença. O plantio de cultivares resistentes e a rotação de

culturas são as principais medidas recomendadas para o manejo dessa

doença.

Mancha de Bipolaris Zeicola (Bipolaris zeicola)

Esta doença encontra-se bem distribuída no Brasil, porém com

severidade entre baixa e média. À semelhança do que foi citado para a

mancha de Bipolaris Maydis, a doença tem ocorrido com elevada

severidade em algumas regiões do Centro-Oeste e do Nordeste. Duas raças

de B. zeícola são consideradas predominantes no Brasil, raças 1 e 3. A raça

1 desse patógeno produz lesões de coloração palha, formato de circular a

oval e com formação de anéis concêntricos (Figura 8). A raça 3 produz

lesões bem distintas daquelas produzidas pela raça 1. As lesões são

estreitas e alongadas e com coloração castanho claro.

Figura 8. Sintomas da mancha de Bipolaris Zeicola (Bipolaris zeicola raça 1)

em milho.

As condições ambientais que favorecem a ocorrência da doença são

temperaturas moderadas e alta umidade relativa do ar. A sobrevivência

ocorre em restos culturais infectados e os conídios são transportados pelo

vento e por respingos de chuva. O plantio de cultivares resistentes e a

rotação de culturas são as principais medidas recomendadas para o manejo

dessa doença.

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Mancha foliar de Diplodia (Stenocarpella macrospora)

Esta doença está presente nos estados de Minas Gerais, Goiás, São

Paulo, Bahia e Mato Grosso e na região Sul do país. Apesar de amplamente

distribuída, a doença tem ocorrido com severidade entre baixa e média até

o momento. As lesões são alongadas, grandes, semelhantes às de

Exserohilum turcicum. Diferem destas por apresentar, em algum local da

lesão, pequeno círculo visível contra a luz (ponto de infecção). Podem

alcançar até 10cm de comprimento (Figura 9). Em algumas situações, os

sintomas são caracterizados pela presença de lesões estreitas e alongados

(Figura 10). Apesar da variação sintomatológica, em todos os casos é

possível verificar o ponto de infecção pelo patógeno.

Foto: Rodrigo Véras

Figura 9. Sintomas da mancha foliar de Diplodia (Diplodia macrospora) em folha

de milho. Seta indicando ponto de Infecção.

Foto: Rodrigo Véras da Costa

Figura 10. Lesão estreita e alongada de Diplodia macrospora. Seta indicando

ponto de Infecção.

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A disseminação ocorre através dos esporos e dos restos de cultura

levados pelo vento e por respingos de chuva. Os restos de cultura são fonte

de inóculo local e também contribuem para a disseminação da doença para

outras áreas de plantio. A ocorrência de temperaturas entre 25 e 30oC e de

elevada umidade relativa do ar favorecem o desenvolvimento da doença.

O manejo da doença pode ser feito através do uso de cultivares

resistentes e da rotação com culturas não hospedeiras.

Antracnose foliar do milho (Colletotrichum graminicola)

Com a ampla utilização do plantio direto, sem rotação de culturas, e o

aumento das áreas de plantio do milho na safra e na safrinha, a antracnose

tornou-se uma das doenças mais amplamente distribuídas nas regiões

produtoras de milho do Brasil. A doença pode reduzir a produção do milho

em até 40% em cultivares suscetíveis sob condições favoráveis de

ambiente. Um fator complicador relacionado à ocorrência da antracnose é a

inexperiência por parte da maioria dos técnicos em reconhecer os sintomas

dessa enfermidade no campo, permitindo que ela ocorra em elevadas

severidades, resultando em perdas significativas à produção.

As lesões foliares são observadas em plantas nos primeiros estágios

vegetativos e, de modo geral, a antracnose é a primeira doença foliar

detectada no campo. Os sintomas são caracterizados por lesões de

coloração marrom escura e formato oval a irregular, o que torna, às vezes,

difícil seu diagnóstico. Tipicamente, um halo amarelado circunda a área

doente das folhas. Sob condições favoráveis, as lesões podem coalescer,

necrosando grande parte do limbo foliar e surgem, no interior das lesões,

pontuações escuras que correspondem às estruturas de frutificação do

patógeno, denominadas acérvulos (Figura 11). Nas nervuras, são

observadas lesões elípticas de coloração marrom avermelhada que

resultam numa necrose foliar em formato de “V” invertido (Figura 12).

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Esses sintomas são geralmente confundidos com os sintomas de deficiência

de nitrogênio.

Foto: Rodrigo Véras da Costa

Figura 11. Sintoma da antracnose foliar do milho (Colletotrichum graminicola).

Figura 12. Sintomas da antracnose (Colletotrichum graminicola) na nervura e

queima foliar em formato de “V” invertido em plantas de milho.

A taxa de aumento da doença é uma função da quantidade inicial de

inóculo presente nos restos de cultura, o que indica a importância do

plantio direto e do plantio em sucessão para o aumento do potencial de

inóculo. Outro fator a influir na quantidade da doença é a taxa de

reprodução do patógeno, que vai depender das condições ambientais a da

própria raça do patógeno presente. Temperaturas elevas (28 ºC a 30 oC),

elevada umidade relativa do ar e chuvas frequentes favorecem o

desenvolvimento da doença.

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As principais medidas recomendadas para o manejo da antracnose

são o plantio de cultivares resistentes, a rotação de cultura e evitar plantios

sucessivos, as quais são essenciais para a redução do potencial de inóculo

do patógeno presente nos restos de cultura.

Podridões do Colmo e das Raízes

As podridões de colmo destacam-se, no mundo, entre as mais

importantes doenças que atacam a cultura do milho por causarem redução

de produção e de qualidade de grãos e forragens. Sua ocorrência, no Brasil,

tem aumentado significativamente nas últimas safras em todas as regiões

de plantio.

Os plantios sucessivos, a ampla adoção do sistema de plantio direto

sem rotação de culturas e a utilização de genótipos suscetíveis favorecem a

ocorrência da doença em função da elevada capacidade dos patógenos de

sobreviverem no solo e em restos de cultura, resultando no rápido acúmulo

de inóculo nas áreas de cultivo. Incidência de podridão de colmo acima de

70% e perdas de produtividade em torno de 50% têm sido relatadas em

cultivares suscetíveis sob condições ambientais favoráveis ao

desenvolvimento dos patógenos causadores de podridões de colmo.

As podridões do colmo na cultura do milho podem ocorrer antes da

fase de enchimento dos grãos, em plantas jovens e vigorosas, ou após a

maturação fisiológica dos grãos, em plantas senescentes. No primeiro caso,

as perdas se devem à morte prematura das plantas com efeitos negativos

no tamanho e no peso dos grãos, como consequência da redução na

absorção de água e nutrientes. No segundo caso, as perdas na produção se

devem ao tombamento das plantas, o que dificulta a colheita mecânica e

expõe as espigas à ação de roedores e ao apodrecimento pelo contato com

o solo. O tombamento das plantas é função do peso e da altura da espiga,

da quantidade do colmo apodrecida, da dureza da casca e da ocorrência de

ventos.

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As podridões de colmo apresentam estreita relação com a ocorrência

de vários tipos de estresses durante o ciclo da cultura, os quais promovem

alterações no balanço normal de distribuição de carboidratos na planta.

Após as fases de polinização e fertilização, inicia-se o período de

enchimento dos grãos, que se estende até a maturidade fisiológica. Nesta

fase, as espigas tornam-se os drenos mais fortes na planta, assumindo

grande demanda por açúcares e outros carboidratos. Portanto, o “aparato”

fotossintético, nesse período, deve funcionar plenamente para manter o

adequado suprimento de carboidratos para o enchimento dos grãos e para

a manutenção dos tecidos do colmo e das raízes. Qualquer fator que

interfira, negativamente, no processo de fotossíntese nessa fase, como

estresse hídrico, temperaturas elevadas, desequilíbrios nutricionais,

redução da radiação solar e perda de área foliar devido ao ataque de

pragas e doenças, resulta em inadequado suprimento de carboidratos para

enchimento dos grãos. Nesse caso, o colmo, que além da função estrutural

atua também como órgão de reserva, passa a ser a principal fonte de

carboidratos para o enchimento dos grãos, via processo de translocação.

No entanto, a redução da atividade fotossintética e a intensa

translocação de carboidratos do colmo para a espiga resultam num

enfraquecimento dos tecidos do colmo, tornando-os mais suscetíveis ao

ataque de patógenos causadores de podridão. Desse modo, é possível

afirmar que qualquer fator que reduza a capacidade fotossintética e a

produção de carboidratos predispõe as plantas à ocorrência da doença.

As podridões do colmo geralmente se iniciam pelas raízes, passando

para os entrenós superiores ou diretamente pelo colmo, através de

ferimentos. De um modo geral, não ocorrem uniformemente na área,

sendo possível encontrar plantas sadias ao lado de plantas apodrecidas.

Por serem os microorganimos causadores das podridões do colmo

capazes de sobreviver nos restos de cultura e no solo, a adoção do sistema

de plantio direto pode aumentar significativamente a quantidade de inóculo

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no solo, tornando as lavouras de milho, nesse sistema de cultivo, mais

sujeitas à ocorrência das podridões em alta intensidade.

Vários são os patógenos causadores de podridão de colmo em milho,

incluindo fungos e bactérias. No Brasil, os principais são Colletotrichum

graminicola, Diplodia macrospora, Diplodia maydis, Fusarium graminearum,

Fusarium moniliforme e Macrophomina Phaseolina.

Antracnose do colmo (Colletotrichum graminicola)

Essa podridão, também denominada de antracnose do colmo, é

causada pelo fungo Colletotrichum graminicola. Esse fungo pode infectar

todas as partes da planta de milho, resultando em diferentes sintomas nas

folhas, no colmo, na espiga, nas raízes e no pendão.

Embora o patógeno possa infectar as plantas nas fases iniciais de seu

desenvolvimento, os sintomas são mais visíveis após o florescimento. A

podridão do colmo é caracterizada pela formação, na casca, de lesões

encharcadas, estreitas, elípticas na vertical ou ovais. Posteriormente, essas

lesões tornan-se marrom avermelhadas e, finalmente, marrom-escuras a

negras (Figura 13).

Figura 13. Sintomas da antracnose do colmo do milho.

As lesões podem coalescer, formando extensas áreas necrosadas de

coloração escura brilhante. O tecido interno do colmo apresenta, de forma

contínua e uniforme, coloração marrom escura, podendo se desintegrar,

levando a planta à morte prematura e ao acamamento (Figura 14).

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Foto: Luciano Viana Cota

Figura 14. Fileira de plantas de milho apresentado sintomas da antracnose do

colmo.

C. graminicola pode sobreviver em restos de cultura ou em sementes,

na forma de micélio e conídios. A disseminação dos conídios se dá por

respingos de chuva. A infecção do colmo pode ocorrer pelo ponto de junção

das folhas com o colmo ou através de raízes. A antracnose é favorecida por

longos períodos de altas temperaturas e umidade, principalmente na fase

de plântula e após o florescimento. As perdas de produção, dependendo do

híbrido e das condições ambientais, podem chegar a 40%.

Podridão de Diplodia

Essa podridão pode ser causada por duas espécies de fungos do

gêneroStenocarpella, Stenocarpella maydis (= Diplodia maydis)

eStenocarpella macrospora (= Diplodia macrospora), os mesmos agentes

causais da podridão branca das espigas. A espécie S. macrospora pode,

também, causar lesões foliares em milho conforme descrito

anteriormente. S. maydis difere de S. macrospora por apresentar conídios

duas vezes menores e por não causar lesões foliares.

Plantas infectadas por esses fungos apresentam, externamente,

próximo aos entrenós inferiores, lesões marrom claras, quase negras, nas

quais é possível observar a presença de pequenos pontinhos negros

(picnídios). Internamente, o tecido da medula adquire coloração marrom,

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pode se desintegrar, permanecendo intactos somente os vasos lenhosos

sobre os quais é possível observar a presença de picnídios (Figura 15).

Foto: Nicésio F. F. A. Pinto

Figura 15. Sintomas da podridão do colmo do milho causada por Stenocarpela

spp. (=Diplodia spp.).

As podridões do colmo causadas por Stenocarpella spp. são

favorecidas por temperaturas entre 28 ºC e 30oC e alta umidade,

principalmente na forma de chuva. Esses patógenos sobrevivem nos restos

de cultura na forma de picnídios e nas sementes na forma de picnídios ou

de micélio. Apresentam como único hospedeiro o milho, o que torna a

rotação de culturas uma medida eficiente para o manejo dessa doença. A

disseminação dos conídios pode ocorrer pela ação da chuva ou do vento.

Podridão de Fusarium

Essa doença é causada por várias espécies do gênero Fusarium spp.,

entre elas F. moniliforme e F. graminearum, que também causam

podridões de espigas.

Em plantas infectadas, o tecido dos entrenós inferiores geralmente

adquire coloração avermelhada, que progride de forma uniforme e contínua

da base em direção à parte superior da planta (Figura 16). Embora a

infecção do colmo possa ocorrer antes da polinização, os sintomas só se

tornam visíveis logo após a polinização e aumentam em severidade à

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medida em que as plantas entram em senescência. A infecção pode

começar pelas raízes e é favorecida por ferimentos causados por

nematoides ou pragas subterrâneas.

Foto: Fernando Tavares Fernandes

Figura 16. Podridão do colmo causada por Fusarium spp.

Epidemiologia: Esse patógeno é um fungo de solo capaz de sobreviver nos

restos de cultura na forma de micélio e apresenta várias espécies vegetais

como hospedeiro alternativo, o que torna a medida de rotação de culturas

pouco eficiente. Frequentemente, pode ser encontrado associado às

sementes. A disseminação dos conídios se dá através do vento ou da

chuva.

Podridão de Macrophomina

Essa doença é causada pelo fungo Macrophomina phaseolina, um

patógeno capaz de causar podridões em mais de 500 espécies de plantas,

incluindo as podridões de colmo nas culturas do milho e do sorgo.

A infecção das plantas inicia pelas raízes. Embora essa infecção possa

ocorrer nos primeiros estádios de desenvolvimento da planta, os sintomas

são visíveis nos entrenós inferiores após a polinização. Internamente, o

tecido da medula se desintegra, permanecendo intactos somente os vasos

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lenhosos (Figura 17) sobre os quais é possível observar a presença de

numerosos pontinhos negros (escleródios) que conferem, internamente ao

colmo, uma cor cinza típica.

Foto: Nicésio F. F. A. Pinto

Figura 17. Sintomas da podridão do colmo causada por Macrophomina phaseolina.

A podridão por Macrophomina é favorecida por altas temperaturas

(37°C) e por baixa umidade no solo. A sobrevivência de M. phaseolina no

solo, bem como sua disseminação, ocorre na forma de escleródios. Esse

fungo apresenta um grande número de hospedeiros, inclusive o sorgo e a

soja, o que torna a rotação de culturas uma medida de controle pouco

eficiente.

Podridão por Pythium

É causada pelo fungo Pythium aphanidermatum. Essa podridão não é

tão comum quanto aquelas causadas por C. graminicola, Stenocarpella spp.

e Fusarium spp. e ocorre em condições de umidade excessiva no solo. Os

sintomas iniciais dessa podridão são caracterizados por lesões do tipo

aquosa semelhantes às causadas por bactérias. A diferença é que, nesse

caso, a podridão permanece, tipicamente, restrita ao primeiro entrenó

acima do solo (Figura 18), enquanto que nas bacterioses podem atingir

vários entrenós. Inicialmente, nota-se uma alteração da cor dos tecidos,

variando de marrom claro a escuro e com aspecto encharcado. Com a

evolução dos sintomas, os tecidos internos do colmo se desintegram,

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resultando num estrangulamento do colmo na região. As plantas, antes de

tombarem, geralmente sofrem uma torção característica. Plantas tombadas

permanecem verdes por algum tempo, visto que os vasos lenhosos

permanecem intactos. Esse patógeno pode atacar tecidos novos, verdes e

fisiologicamente ativos.

Foto: Fernando Tavares Fernandes

Figura 18. Sintomas da podridão do colmo causada por Pythium aphanidermatum.

Esse fungo sobrevive no solo, apresenta elevado número de espécies

vegetais hospedeiras e é capaz de infectar plantas de milho jovens e vigorosas

antes do florescimento. Essa podridão é favorecida por temperaturas em torno de

32 oC e alta umidade no solo, proporcionada por prolongados períodos de chuva

ou irrigação excessiva.

Podridões bacterianas

Várias espécies de bactérias do gênero Pseudomonas spp. e Erwinia

spp.causam podridões do colmo em plantas de milho, sendo a mais comum

a espécieErwinia chrysanthemi pv. zeae. Assim como a podridão causada

por P. aphanidermatum, as podridões bacterianas não ocorrem com

elevada frequência e são restritas a ambientes caracterizados pelo excesso

de umidade no solo.

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As podridões causadas por bactérias são do tipo aquosas e

especialmente aquelas causadas por Erwinia chrysanthemi pv. zeae exalam

um odor desagradável típico. Em geral, iniciam-se nos entrenós próximos

ao solo e rapidamente atingem os entrenós superiores. A infecção causada

por E.chrysanthemi pv. zeae pode, também, iniciar pela parte superior do

colmo, causando a podridão do cartucho. Os sintomas típicos dessa doença

são a murcha e a seca das folhas decorrentes de uma podridão aquosa na

base do cartucho. As folhas se desprendem facilmente e exalam um odor

desagradável (Figura 19). Nas bainhas das outras folhas, pode-se observar

a presença de lesões encharcadas (anasarcas). Podem ocorrer o

apodrecimento dos entrenós inferiores ao cartucho e a murcha do restante

da planta. Ferimentos no cartucho causados por insetos podem favorecer a

incidência dessa podridão.

Fotos: Rodrigo Véras da Costa

Figura 19. Sintomas da podridão bacteriana do cartucho do milho (Erwinia

chrysanthemi pv. zeae).

Essas podridões são favorecidas por altas temperaturas associadas a

altos teores de umidade.

Podridão de raizes

As podridões de raízes podem ser causadas por um complexo de

patógenos envolvendo várias espécies de fungus dos gêneros Fusarium

spp.,Pythium spp. e Rhizoctonia spp. Além disso, bactérias, nematoides e

insetos que se alimentam das raízes podem estar associados às podridões

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radiculares.

Os sintomas típicos das podridões radiculares incluem o aparecimento

de lesões de coloração escuras e, consequentemente, de raízes apodrecidas

(Figura 20). Os sintomas na parte aérea são enfezamento, cloroses,

murcha e redução da produtividade devido à menor absorção de água e

nutrientes (Figura 21). Em alguns casos, podem evoluir e atingir os tecidos

do colmo.

Foto: Fernando Tavares Fernandes

Figura 20. Sintomas da podridão radicular em plantas de milho.

Manejo das podridões de colmo e de raízes

Não existe uma medida única recomendada para o controle das

podridões de colmo e de raízes em milho. Para se obter sucesso no manejo

dessas doenças, um conjunto de medidas devem ser executadas de forma

integrada. A primeira e, talvez, a mais importante é a escolha correta da

cultivar. Nesse caso, deve ser dada preferência para híbridos que

apresentem, além de alta produtividade, satisfatória resistência no colmo.

Resultados obtidos pela Embrapa Milho e Sorgo demonstram a existência

de variabilidade quanto à resistência à podridão de colmo e raízes em

genótipos de milho. Outros critérios, como adubação equilibrada,

principalmente quanto à relação N/K, manejo de irrigação, controle de

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pragas, de plantas daninhas e de doenças, densidade de plantas, época de

plantio e colheita, são de fundamental importância e devem ser

considerados num programa de manejo dessas podridões na cultura do

milho.

A ocorrência de podridão de colmo não necessariamente resulta em

tombamento de plantas no campo. Entretanto, alguns pontos devem ser

considerados. A realização da colheita no momento adequado é um dos

principais fatores que devem ser observados em campos de produção

apresentando sintomas da doença. Para isso, o monitoramento da lavoura

passa a ser de fundamental importância. O exame de campo consiste em

avaliar, além dos sintomas na casca, a firmeza do colmo. Nesse caso, a

avaliação é feita pressionando-se, com os dedos, o primeiro e/ou o

segundo entrenó do colmo acima do solo. Colmos sadios são firmes e a

casca oferece forte resistência à pressão dos dedos. Em colmos

apodrecidos, a casca cede facilmente quando pressionada devido à

desintegração dos tecidos vasculares.

Alguns híbridos apresentam a casca bastante resistente, o que

impede o tombamento da planta, mesmo quando os tecidos internos

apresentam-se apodrecidos. No entanto, a resistência da casca pode não

ser suficiente para evitar o tombamento se a colheita for retardada e as

plantas forem expostas a condições adversas como ventos e chuvas fortes.

Recomenda-se que campos apresentando entre 15 e 20% de podridão de

colmo, de acordo com as avaliações descritas acima, sejam colhidos o mais

breve possível para evitar perdas devido ao acamamento de plantas.

Recentemente, grande ênfase tem sido dada ao uso de fungicidas na

cultura do milho para o manejo de doenças. No entanto, existe pouca

informação sobre a eficiência desses produtos sobre os patógenos

causadores de podridão no colmo. Resultados recentes da Embrapa Milho e

Sorgo sugerem um efeito indireto da aplicação de fungicidas no controle

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dos patógenos causadores de podridões. Desse modo, o uso de fungicidas,

por promover uma melhor sanidade foliar e preservar a capacidade

fotossintética das plantas, resulta, indiretamente, numa menor necessidade

de translocação de nutrientes do colmo para a espiga, impedindo ou

reduzindo sua senescência precoce.

Podridões de espiga e grãos ardidos

Os grãos de milho podem ser danificados por fungos em duas

condições específicas, isto é, em pré-colheita (podridões de espigas com a

formação de grãos ardidos) e em pós-colheita dos grãos durante o

beneficiamento, o armazenamento e o transporte (grãos mofados ou

embolorados). No processo de colonização dos grãos, muitas espécies de

fungos, denominados toxigênicos, podem, além dos danos físicos

(descolorações dos grãos, reduções nos conteúdos de carboidratos, de

proteínas e de açúcares totais), produzir substâncias tóxicas denominadas

micotoxinas. É importante ressaltar que a presença do fungo toxigênico

não implica, necessariamente, na produção de micotoxinas, as quais estão

intimamente relacionadas à capacidade de biossíntese do fungo e das

condições ambientais predisponentes, como a alternância das temperaturas

diurna e noturna.

Podridão branca da espiga

A podridão branca da espiga é causada pelos fungos Stenocarpela

maydis (=Diplodia maydis) e Stenocarpela macrospora (= Diplodia

macrospora). Os sintomas são caracterizados pela presença de um

crescimento micelial denso e compacto, de coloração branca entre os

grãos, que iniciam, normalmente, pela base das espigas (Figura 22). As

espigas atacadas são mais leves e podem ser totalmente apodrecidas. Uma

característica específica dessa doença é o aparecimento de inúmeras

pontuações de coloração escura nos grãos e no ráquis das espigas, que

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correspondem aos picnídios dos patógenos, os quais servem como fonte de

inóculo para os próximos plantios.

Uma característica peculiar entre as duas espécies de Stenocarpella

spp. é que apenas a S. macrosporaataca as folhas do milho. A precisa

distinção entre estas espécies só é possível mediante análises

microscópicas, pois, comparativamente, os esporos de S. macrospora são

maiores e mais alongados do que os de S. maydis. Esses patógenos

sobrevivem no solo através dos esporos no interior dos picnídios e nos

restos de cultura contaminados e, nas sementes, na forma de esporos e de

micélio dormente, as quais constituem as fontes primárias de inóculo para

a infecção das espigas.

Cultivares cujas espigas são mal empalhadas, que possuem palhas

frouxas ou que não se dobram após a maturidade fisiológica são as mais

suscetíveis. A alta precipitação pluviométrica na época da maturação dos

grãos favorece o aparecimento da doença. A evolução da podridão

praticamente cessa quando o teor de umidade dos grãos atinge 21 a 22%

em base úmida. O manejo integrado para o controle desta podridão de

espiga envolve a utilização de cultivares resistentes, de sementes livres dos

patógenos, da destruição de restos culturais infectados e da rotação de

culturas, visto que o milho é o único hospedeiro destes patógenos.

Figura 22. Sintomas da podridão branca da espiga.

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Podridão de Fusarium

Essa podridão é causada por duas espécies de fungos, Fusarium

moniliforme eFusarium subglutinans. Esses patógenos apresentam elevado

número de plantas hospedeiras, sendo, por isso, considerados parasitas

não especializados. A infecção pode iniciar pelo topo ou por qualquer outra

parte da espiga, mas sempre associada a alguma injúria (insetos,

pássaros).

Os grãos infectados apresentam, normalmente, uma alteração de cor

que varia do róseo ao marrom escuro e, em algumas situações, também

apresentam estrias de coloração branca no pericarpo. Com o

desenvolvimento do patógeno, observa-se, sobre os grãos, um crescimento

cotonoso de coloração clara a avermelhada, correspondente ao micélio do

fungo (Figura 23). Quando a infecção ocorre através do pedúnculo da

espiga, todos os grãos podem ser infectados, mas a infecção só

desenvolverá naqueles que apresentarem alguma injúria no pericarpo. O

desenvolvimento dos patógenos nas espigas é paralisado quando o teor de

umidade dos grãos atinge 18% a 19% em base úmida. Embora esses

fungos sejam frequentemente isolados das sementes, estas não são a

principal fonte de inóculo. Como estes fungos possuem a fase saprofítica

ativa, sobrevivem e se multiplicam na matéria orgânica, no solo, sendo

esta a fonte principal de inóculo.

Foto: Nicésio F.J.A. Pinto

Figura 23. Sintomas da podridão da espiga por Fusarium (Fusarium moniliforme).

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Podridão de Giberela

Esta podridão de espiga, causada pelo fungo Gibberella zeae (forma

imperfeitaFusarium graminearum), é mais comum em regiões de clima

ameno e de alta umidade relativa. A ocorrência de chuvas após a

polinização propicia a ocorrência desta podridão de espiga, que começa

com uma massa cotonosa avermelhada na ponta da espiga e pode

progredir para a base (Figura 24). É comum as palhas estarem firmemente

ligadas às espigas devido ao excessivo crescimento micelial do fungo entre

as brácteas e os grãos. Ocasionalmente, esta podridão pode iniciar na base

e progredir para a ponta da espiga, confundindo o sintoma com aquele

causado por F. moniliforme ou F. subglutinans. Chuvas frequentes no final

do desenvolvimento da cultura, principalmente em lavoura com cultivar

cujas espigas não dobram, aumentam a incidência desta podridão. Este

fungo sobrevive nas sementes na forma de micélio dormente.

Foto: Nicésio F.J.A. Pinto

Figura 24. Podridão da espiga por Giberela (Giberela zeae).

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Grãos ardidos

O termo grãos ardidos refere-se aos grãos produzidos em espigas

que sofreram um processo de podridão. São considerados ardidos os grãos

que apresentam, pelo menos, um quarto de sua superfície com

descolorações variando de marrom claro, marrom escuro, roxo, vermelho

claro a vermelho escuro (Figura 25). Os principais patógenos causadores de

grãos ardidos são Stenocarpela maydis (=Diplodia maydis), Stenocarpela

macrospora (= Diplodia macrospora), Fusarium moniliforme, F.

subglutinans e Gibberella zeae. Ocasionalmente, no campo, há produção de

grãos ardidos pelos fungos do gênero Penicillium spp. e Aspergillus spp. Os

fungos G. zeae e S. maydis são mais frequentes nos estados do Sul do

Brasil e F. moniliforme, F. subglutinans e Diplodia macrospora nas demais

regiões produtoras de milho. Como padrão de qualidade, tem-se adotado,

em algumas agroindústrias, a tolerância máxima de 6% de grãos ardidos

em lotes comerciais de milho.

Foto: Rodrigo Véras da Costa

Figura 25. Comparação de amostras de grãos de milho ardidos (A) e sadios (B).

Micotoxinas

Micotoxinas são metabólitos secundários tóxicos produzidos por

fungos, tanto na fase de pré-colheita (ainda no campo), quanto na fase de

armazenamento dos grãos. As principais micotoxinas encontradas nos

grãos de milho são aflotoxinas (Aspergillus flavus e A. parasiticus),

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fumonizinas ( Fusarium moniliforme), zearalenona (Fusarium

graminearum), ocratoxina A (Aspergillus spp. e Penicillium spp.) e

desoxinivalenol (F. graminearum). É importante ressaltar que a presença

dos fungos toxigênicos não implica, necessariamente, na existência de

micotoxinas nos grãos.

A produção de micotoxinas depende, além da capacidade de

biossíntese dos fungos, das condições de ambiente, como a alternância de

temperaturas diurna e noturna. Os fungos do gênero Fusarium spp. têm

uma faixa de temperatura ótima para o seu desenvolvimento situada entre

20 e 25oC. Contudo, suas toxinas são produzidas em condições de baixas

temperaturas, o que indica que esses fungos produzem as toxinas quando

submetidos a choque térmico, principalmente com alternância das

temperaturas diurna e a noturna. Para a produção de zearalenona, a

temperatura ótima está em torno de 10-12°C.

As doenças causadas pela ingestão de alimentos (grãos, rações,

carnes etc.) contaminados com micotoxinas são denominadas

micotoxicoses. As micotoxicoses podem causar, tanto em animais quanto

no homem, danos como redução no crescimento, interferência no

funcionamento de órgãos vitais do organismo, produção de tumores

malignos etc.. Dentre as micotoxinas, as aflotoxinas são as que possuem

maior potencial de danos à saúde humana devido à sua elevada toxicidade

e à ampla ocorrência, além de serem consideradas como de elevado

potencial carcinogênico. Outro grupo de micotoxinas que merece destaque

é o das fumonisinas, que têm sido relacionadas à ocorrência de câncer de

esôfago em humanos.

Controle das podridões de espiga e de grãos ardidos

Para se obter um manejo eficiente da ocorrência das podridões de

espiga e de grãos ardidos na cultura do milho, várias medidas devem ser

adotadas de forma integrada, como: utilização de cultivares com maior

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nível de resistência aos principais patógenos que atacam as espigas, como

os pertencentes aos gêneros Fusarium spp. e Stenocarpella spp.; realizar,

sempre que possível, a rotação de culturas para reduzir o potencial de

inóculo dos patógenos; evitar plantios sucessivos de milho; utilizar

sementes sadias e densidade de plantio adequada do cultivar plantado; dar

preferência a cultivares com espigas decumbentes (que viram para baixo

após a maturação fisiológica); e evitar atraso na colheita. A eficiência do

controle químico para manejo de grãos ardidos em milho ainda é motivo de

dúvidas quanto à eficiência de produtos, à época e ao número de

aplicações e sua relação com a resistência dos cultivares. A Embrapa Milho

e Sorgo vem realizando trabalhos nessa linha visando a obter informações

mais precisas quanto aos fatores acima mencionados.

Doenças sistêmicas

Enfezamentos

Os enfezamentos do milho (doenças sistêmicas associadas a

infecções dos tecidos do floema das plantas) são considerados doenças

importantes para essa cultura no Brasil pelas perdas elevadas na

produtividade e por sua ampla ocorrência nas principais regiões produtoras

de milho. Os plantios tardios e de safrinha (iniciados a partir de meados de

janeiro) contribuem para o aumento da incidência e das perdas causadas

pelos enfezamentos devido ao aumento da população do inseto vetor nesta

época. Esse fato pode ser agravado em sistemas de plantios sucessivos de

milho.

Os enfezamentos são causados por patógenos pertencentes à classe

dos Mollicutes, cuja transmissão é realizada de forma persistente e

propagativa pela cigarrinhaDalbulus maidis. O enfezamento pálido é

causado por um procarionte pertencente à espécie Spiroplasma kunkelli. O

enfezamento vermelho é causado por procarionte pertencente ao

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gênero Phytoplasma, denominado pelo nome comum fitoplasma.

Enfezamento vermelho

Os sintomas típicos dessa doença são o avermelhamento das folhas,

a proliferação de espigas, produção de espigas pequenas, perfilhamento na

base da planta e nas axilas foliares, encurtamento dos entrenós,

incompleto enchimento de grãos e seca precoce das plantas (Figura 26).

Figura 26. Sintomas do enfezamento vermelho em planta de milho.

Enfezamento pálido:

Os sintomas característicos são estrias esbranquiçadas irregulares na

base das folhas, que se estendem em direção ao ápice. Em alguns casos,

observa-se um amarelecimento das plantas e o surgimento de áreas

avermelhadas nas folhas apicais. Normalmente, as plantas são raquíticas

devido ao encurtamento dos entrenós, podendo haver uma proliferação de

espigas pequenas e sem grãos (Figuras 28). Quando há produção de grãos,

eles são pequenos, manchados e frouxos na espiga. As plantas podem

secar precocemente. Em ambos os casos, os sintomas são mais evidentes

na fase de enchimento dos grãos. A identificação precisa dos enfezamentos

com base apenas nos sintomas, no campo, nem sempre é uma tarefa fácil,

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tornando-se necessário o uso de exames laboratoriais para a correta

diagnose.

Figura 28. Sintomas do enfezamento pálido em planta de milho.

Os Molicutes, Spiroplasma kunkelli e Phytoplasma ocorrem somente

em células do floema de plantas doentes de milho e são transmitidos de

forma persistente e propagativa pela cigarrinha Dalbulus maidis, que, ao se

alimentar em plantas doentes, adquire os molicutes e os transmitem para

as plantas sadias.

O período latente entre a aquisição dos patógenos e a sua

transmissão pela cigarrinha varia de três a quatro semanas. A incidência e

a severidade dessas doenças são influenciadas pelo grau de suscetibilidade

da cultivar, pela época de semeadura (semeaduras tardias favorecem a

doença), pela temperatura e umidade e pela população do inseto vetor. A

ocorrência de temperatura e umidade elevadas e a alta densidade

populacional de cigarrinhas, coincidentes com fases iniciais de

desenvolvimento da lavoura de milho, favorecem o desenvolvimento da

doença em elevada severidade. O milho é o único hospedeiro conhecido da

cigarrinha Dalbulus maidis.

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O controle mais eficiente dos enfezamentos consiste na utilização de

cultivares resistentes. Outras práticas recomendadas para o manejo dessas

doenças são: evitar semeaduras sucessivas de milho; fazer o pousio por

período de dois a três meses sem a presença de plantas de milho; e alterar

a época de semeadura, evitando-se a semeadura tardia da cultura. O uso

de inseticidas para o controle do inseto vetor não tem apresentado

eficiência satisfatória na redução da incidência dos enfezamentos.

Míldio (Peronosclerospora sorghi)

Existem vários organismos causadores de míldio que afetam a cultura

do milho, mas o míldio comumente observado em milho, nas condições

brasileiras, é causado pelo mesmo organismo que causa o míldio do sorgo,

ou seja,Peronosclerospora sorghi.

Plantas de milho sistemicamente infectadas por P. sorghi, o agente

causal do míldio em milho, caracterizam-se por serem cloróticas, algumas

vezes enfezadas, podendo apresentar folhas com estrias esbranquiçadas e

que não chegam a produzir sementes (Figura 30). A área clorótica da folha

sempre inclui a base da lâmina foliar, com margens transversas bem

definidas entre tecidos doentes e sadios.

Foto: Carlos Roberto Casela

Figura 30. Míldio em milho: sintomas típicos de deformação do

pendão, aparecimento de folhas estreitas e eretas e com presença de

estrias esbranquiçadas.

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Na superfície das folhas infectadas, ocorre a produção de esporângios

(conídios) com temperatura ótima de produção entre 24 ºC e 26 °C. Alta

taxa de infecção sistêmica ocorre quando o milho é cultivado em

temperaturas variando de 11 ºC a 32 °C e períodos de molhamento foliar

superior a 4 horas.

As principais medidas recomendadas para o manejo do míldio na

cultura do milho são: utilização de cultivares resistentes; rotação com

culturas não hospedeiras; enterrio dos restos culturais para eliminação de

oósporos; e tratamento de sementes com fungicidas à base de metalaxyl.

Viroses

A virose Rayado Fino, também denominada risca, pode reduzir a

produção de grãos em até 30% e ocorre nas principais regiões produtoras

de milho. Essa doença é transmitida e disseminada pela

cigarrinha Dalbullus maidis. Os sintomas característicos são riscas formadas

por numerosos pontos cloróticos coalescentes ao longo das nervuras, que

são facilmente observados quando as folhas são colocadas contra a luz.

vírus Rayado Fino ocorre sistemicamente na planta de milho e é

transmitido de forma persistente propagativa pela cigarrinha Dalbullus

maidis que, ao se alimentar de plantas doentes, adquire o vírus e o

transmite para plantas sadias. O período latente entre a aquisição desse

vírus e sua transmissão varia de 7 a 37 dias. A incidência e a severidade

dessa doença são influenciadas por grau de suscetibilidade da cultivar, por

semeaduras tardias e por população elevada de cigarrinha coincidente com

fases iniciais de desenvolvimento da lavoura de milho. O milho é o principal

hospedeiro tanto do vírus como da cigarrinha.

O método mais eficiente e econômico para controlar o vírus Rayado

Fino é a utilização de cultivares resistentes. Práticas culturais

recomendadas que reduzem a incidência dessa doença no milho são:

eliminação de plantas voluntárias de milho; fazer o pousio por um período

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de dois a três meses sem a presença de plantas de milho; alterar a época

de semeadura evitando as semeaduras tardias e sucessivas de milho. A

aplicação de inseticidas para o controle dos vetores não tem sido um

método muito efetivo no controle dessa virose.

Foto: Carlos Roberto Casela

Figura 31. Sintomas do Rayado Fino em folha de milho.

Mosaico comum do milho (Sugarcane Mosaic Virus - SCMV)

O mosaico comum do milho ocorre, praticamente, em toda região

onde se cultiva o milho. Calcula-se que essa doença pode causar uma

redução na produção de 50%. Os sintomas caracterizam-se pela formação

nas folhas de manchas verde claras com áreas verde normal, dando um

aspecto de mosaico (Figura 32). As plantas doentes são, normalmente,

menores em altura e em tamanho de espigas e de grãos. A transmissão do

mosaico comum do milho é feita por várias espécies de pulgões, sendo a

mais eficiente a espécie Rhopalosiphum maidis. Os insetos vetores

adquirem os vírus em poucos segundos ou minutos e os transmitem,

também, em poucos segundos ou minutos. A transmissão desses vírus

pode ser feita, também, mecanicamente. Mais de 250 espécies de

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gramíneas são hospedeiras dos vírus do mosaico comum do milho.

A utilização de cultivares resistentes é o método mais eficiente para o

manejo dessa virose. A eliminação de plantas hospedeiras e a realização do

plantio mais cedo podem contribuir para a redução da incidência dessa

doença. A aplicação de inseticidas para o controle dos vetores não tem sido

um método muito efetivo no controle do mosaico comum do milho.

Foto: Carlos Roberto Casela

Figura 32. Sintomas do masaico comum do milho.

Doenças causadas por nematoides

Mais de 40 espécies de 12 gêneros de nematoides têm sido citadas

como parasitas de raízes de milho em todas as áreas do mundo onde este

cereal é cultivado. No Brasil, as espécies mais importantes, devido à

patogenicidade, à distribuição e à alta densidade populacional,

são Pratylenchus brachyurus, Pratylenchus zeae,Helicotylenchus

dihystera, Criconemella spp., Meloidogyne spp. e Xiphinema spp.Resultados

de pesquisa demonstram que o controle químico de nematoides na cultura

do milho permitiu o aumento da produção de grãos em 39% em área

naturalmente infestada por Pratylenchus zeae e Helicotylenchus dihystera.

A ocorrência de nematoides do gênero Meloidogyne parasitando o

milho e causando prejuízos significativos em condições naturais foi relatada

no Brasil em 1986, sendo identificada a espécie Meloidogyne incognita raça

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3 em raízes de plantas de milho que não se desenvolveram. Contudo, o

milho está entre as culturas mais recomendadas para a rotação em áreas

infestadas por Meloidogyne spp.. Atualmente, devido à necessidade de se

controlar o nematoide do cisto (Heterodera glycines) na cultura da soja, o

milho tem sido uma alternativa para a rotação de cultura, pois não é

parasitado por este nematoide. Por outro lado, estas duas culturas podem

ser parasitadas por nematoides do gênero Meloidogyne, notadamente

por M. incognitae M. javanica.

As injúrias por nematoides variam com o gênero e a população do

nematoide envolvido, as condições do solo e a idade da planta de milho. Os

sistemas radiculares parasitados por nematoides são menos eficientes na

absorção de água e nutrientes da solução do solo. Consequentemente, uma

planta parasitada tem seu crescimento reduzido, apresenta sintomas de

deficiências minerais e a produção é reduzida.

Plantas atacadas por nematoides apresentam, em sua parte aérea, os

seguintes sintomas: enfezamento e cloroses; sintomas de murcha durante

as horas mais quentes do dia, com recuperação à noite; espigas pequenas

e mal granadas. Esses sintomas dão à cultura do milho uma aparência de

irregularidade, podendo aparecer em reboleiras ou em grandes extensões.

Quando esses sintomas, observados na parte aérea, são causados por

nematoides, as raízes apresentam os seguintes sintomas:

Encurtamento e engrossamento das raízes: Trichodorus spp., Longidorus

spp. e Belonolaimus spp..

Sistema radicular praticamente destituído de radicelas: Xiphinema spp.,

Tylenchorhynchus spp., Helicotylenchus spp., Belonolaimus spp. e

Macroposthonia spp..

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Sistema radicular praticamente destituído de radicelas e com lesões

radiculares e raízes apodrecidas: Pratylenchus spp., Xiphinema spp.,

Hoplolaimus spp. e Helicotylenchus spp..

Sistema radicular com pequenas galhas: Meloidogyne spp..

Fator de Reprodução (FR) do nematoide

É necessário conhecer muito bem o Fator de Reprodução (FR) das

espécies de nematoides que parasitam as cultivares de milho. O FR

expressa se a cultivar é excelente, boa, fraca ou não hospedeira do

nematoide presente na área de cultivo do milho em relação à população

inicial presente no solo infestado por este nematoide. Isto é, o FR

representa a população do nematoide no estádio final da cultura em relação

à população inicial do nematoide presente na ocasião de semeadura.

Consequentemente, a cultivar de milho a ser utilizada em plantios

comerciais ou em rotação com a cultura da soja deve apresentar FR < 1, se

possível igual ou próximo de zero.

Na avaliação da reação de 107 genótipos de milho a Meloidogyne

incognita raças 1, 2, 3 e 4 e a M. arenariaraça 2, incluindo populações de

polinização aberta, linhagens, cruzamentos intervarietais e híbridos

comerciais, os resultados mostraram que todos os genótipos foram bons

hospedeiros desses nematoides. O FR para Meloidogyne incognita raça 1

variou de 8,5 a 24,3 e para a raça 3 variou de 5,3 a 34,8; enquanto que,

para M. arenaria raça 2, variou de 16,2 a 31,9. Estes resultados mostram a

existência de variabilidade genética entre os genótipos avaliados. Em outro

ensaio de resistência a Meloidogyne incognita raça 3, empregando-se 29

cultivares de milho recomendadas para o Estado de São Paulo, todas as

cultivares mostraram-se suscetíveis ao nematoide (FR > 1).

O milho tem sido amplamente recomendado para rotação em áreas

infestadas comMeloidogyne javanica. No entanto, mesmo não mostrando

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sintomas de galhas evidentes, algumas cultivares permitem uma acentuada

multiplicação deste nematoide. Em avaliação de 36 genótipos de milho em

relação à patogenicidade deM. javanica, todos apresentaram o FR < 1,

indicando que estes genótipos diminuíram a população inicial deste

nematoide no solo. Contudo, recentemente, em 18 genótipos de milho

avaliados, todos comportaram-se como bons hospedeiros de M. javanica,

com o FR variando de 2,2 a 6,9.

A utilização de cultivares resistentes é a medida mais eficiente e

econômica para o controle dos nematoides que parasitam a cultura do

milho. A rotação de culturas com espécie botânica não hospedeira dos

nematoides presentes na área de cultivo também é recomendada. A

utilização de plantas armadilha como Crotalaria spectabilis, as quais atraem

e aprisionam larvas de nematoides, é especificamente recomendada para o

controle de Meloidogyne spp. A espécie Crotalaria juncea possui alto

potencial de multiplicação dos nematoides Pratylenchus

spp. e Helicotylenchus spp., enquanto a rotação com mucuna preta

(Mucuna aterrima) diminui as populações iniciais de Pratylenchus spp.. O

controle químico dos nematoides parasitas do milho depende da

disponibilidade de produtos registrados no Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento, bem como da análise econômica da utilização

desta tecnologia.

Terminamos essa parte voltaremos em aula oportuna para

completarmos a parte pragas e colheita do milho. Até La.

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1 - FUNDEP - IFSP - Agronomia - 2014

Na cultura do milho, o grão de pólen germina logo após entrar em contato

com o estigma, dando início ao desenvolvimento do tubo polínico. Sobre

as condições climáticas que favorecem o desenvolvimento do tubo

polínico, assinale a alternativa CORRETA.

B) Alta umidade e/ou baixa temperatura.

C) Baixa umidade e/ou baixa temperatura.

D) Alta umidade e/ou alta temperatura.

E) Baixa umidade e/ou alta temperatura. SOLUÇÃO

Tempo seco na época do florescimento é prejudicial porque o cabelo da

boneca seca e pode não conter umidade suficiente para suportar a germinação

do pólen e o crescimento do tubo polínico até o ovário. Dois dias de estresse

hídrico no florescimento diminuem o rendimento em mais de 20%. Durante a

floração, 4 a 8 dias de seca diminuem a produção em mais de 50%. O efeito

do estresse hídrico sobre o crescimento da planta será diretamente no

alongamento celular, enquanto a divisão celular não é tão afetada. Isso

equivale dizer que a planta, mesmo sob condições de falta de água, continua

sua divisão celular, porém o alongamento é reduzido ou até paralisado,

dependendo da duração e da intensidade do estresse. Submetida a déficit

hídrico, as plantas fecham estômatos, eliminam mecanismo de resfriamento e

aumentam a temperatura da folha, afetando a respiração. Com isso, vai haver

maior consumo de reservas, o que vai reduzir não só o crescimento como a

produção de matéria seca de uma maneira geral. A redução na fotossíntese se

dá por: fechamento estomático e diminuição da área foliar. Plantas em

condições de estresse hídrico passam mais tempo respirando do que

fotossintetizando. Água é de fundamental importância, porém sua falta é o

fator mais inibidor da produção, após a luz: se não tem água, não tem

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fotossíntese.

Com relação a temperatura, considerando as fases da emergência à

polinização, a elevação da temperatura acelera o pendoamento, enquanto

na polinização o efeito da temperatura (acima de 30 °C) vai reduzir a

viabilidade do pólen. Da polinização à maturidade fisiológica, a elevação de

temperatura vai provocar o encurtamento da fase de enchimento de grãos,

com consequente menor taxa de acúmulo de matéria seca nos grãos e

menor teor de proteína. Com a redução da temperatura abaixo de 12 °C,

vai haver redução da germinação, e o desenvolvimento será reduzido da

emergência ao pendoamento, uma vez que o metabolismo diminui com a

baixa da temperatura. Após a maturação fisiológica, o metabolismo vai

continuar lento, com baixa perda de umidade nos grãos e

comprometimento na qualidade de grãos.

Assim, o desenvolvimento das sementes pode ser afetado por fatores

ambientais tais como temperatura do ar e umidade do solo. O estresse

hídrico, durante o enchimento da semente, afeta a deposição de amido nas

células do endosperma, de maneira semelhante ao efeito de altas

temperaturas sobre a conversão de sacarose em amido, que ocorre no

interior das células do endosperma. Por outro lado, altas temperaturas

reduzem o tempo em que a semente deveria estar em enchimento.

2 - Analista de Projetos Agronomia - BRDE - FUNDATEC– 2015

As Dicotiledôneas são um grande grupo de plantas. A esse respeito,

assinale a alternativa a seguir que apresenta uma planta desse grupo.

(A) Milho.

(B) Arroz.

RESPOSTA A

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(C) Feijão

(D) Trigo

(E) Sorgo SOLUÇÃO

As angiospermas foram subdivididas em duas classes:

- As angiospermas monocotiledôneas: capim, cana-de-açúcar, milho,

arroz, trigo, aveias, cevada, bambu, centeio, lírio, alho, cebola, banana,

bromélias e orquídeas.

- As angiospermas dicotiledôneas: feijão, amendoim, soja, ervilha,

lentilha, grão-de-bico, pau-brasil, ipê, peroba, mogno, cerejeira, abacateiro, acerola, roseira, morango, pereira, macieira, algodoeiro, café,

jenipapo, girassol e margarida.

RESPOSTA C

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3 - EXATUSPR - BANPARÁ Engenheiro Agrônomo - 2015

Trigo e milho são consideradas, respectivamente, plantas com metabolismo:

a) C4 e C3.

b) Ambas C3.

c) Ambas C4.

d) C3 e C4.

e) CAM e C4.

SOLUÇÃO

PLANTAS C3

As plantas C3 recebem este nome por conta do ácido 3-fosfoglicérico

formado após a fixação das moléculas de CO2. Estes vegetais compreendem a

maioria das espécies terrestres, ocorrendo principalmente em regiões tropicais

úmidas.As taxas de fotossíntese das plantas C3 são elevadas à todo o

momento, tendo em vista que a planta atinge as taxas máximas de

fotossíntese (TMF) em intensidades de radiação solar relativamente baixas.

(a) por isso que são consideradas espécies esbanjadoras de água. Ainda

assim, este grupo vegetal é altamente produtivo, contribuindo

significativamente para o equilíbrio da biodiversidade terrestre. O trigo

(Triticum aestivum), o centeio (Secale cereale), a aveia (Avena sativa) e o

arroz (Oryza sativa) são exemplos de gramíneas C3.

PLANTAS C4

As plantas C4 possuem grande afinidade com o CO2. Elas recebem este nome

devido ao fato do ácido oxalacético possuir 4 moléculas de carbono, formado

após o processo de fixação de carbono. Devido à alta afinidade com o CO2, as

plantas C4 apresentam uma grande vantagem em relação às plantas C3: elas

podem sobreviver em ambientes áridos. Isto se dá porque as plantas C4 só

atingem as taxas máximas de fotossíntese sob elevadas intensidades de

radiação solar, fazendo com que fixem mais CO2 por unidade de água

perdida. Ou seja, elas são mais econômicas quanto ao uso da água, elas

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perdem menos água que as C3 durante a fixação e a fotossíntese. As

plantas C4 são também conhecidas como “plantas de sol” por ocorrerem

em áreas muitas vezes sem sombra alguma. Elas também ocorrem em

áreas áridas com menores quantidades de água disponível nos solos.

Algumas plantas, principalmente gramíneas (cana-de-açúcar e milho p.ex.)

e parte das bromélias, são alguns exemplos de planta C4

PLANTAS CAM

As plantas CAM são ainda mais econômicas quanto ao uso da água do

que as plantas C4, elas ocorrem em áreas desérticas ou intensivamente secas.

A abertura dos estômatos (estruturas que controlam a entrada e saída de

gases nas plantas) durante a noite, evitam a grande perda de água, ao mesmo

tempo em que o CO2 é fixado, por meio do ácido málico. Durante o dia, os

estômatos se fecham (não há grande perda de água) e o CO2 fixado então

utilizado na realização da fotossíntese sob elevadas intensidades de

radiação solar. São também “plantas de sol”, assim como as C4.

4 - FGV - IBGE - Analista - Engenharia Agronômica- 2016

A maior área plantada com grandes culturas no Brasil é ocupada por soja,

milho, cana-de-açúcar, mandioca e arroz, sendo que nas culturas que

ocupam de 250 mil a 1 milhão de hectares os grandes destaques são o

milho forrageiro e o algodão. Sobre o tema, julgue o item abaixo:

Diferentemente do milho em grão, o milho forrageiro é destinado

exclusivamente à pecuária, para a alimentação de gado leiteiro e de corte,

sobretudo na forma de silagem, que utiliza a planta integralmente, antes

da maturação completa dos grãos.

o CERTO

o ERRADO

RESPOSTA D

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SOLUÇÃO

É muito grande o número de cultivares de milho existentes no

mercado. Uma cultivar permanece cinco a seis anos no mercado e só as

melhores permanecem por mais de dez anos. Em geral, as empresas

produtoras de sementes indicam as cultivares de milho para silagem. A

cultivar para silagem deve ser adaptada à região de plantio, com alta produção

de grãos, os quais devem ser do tipo dentado (grãos amarelos e macios

quando secos), boa produção de massa verde, alta estabilidade, resistência às

principais doenças foliares, resistência ao acamamento e com pouco "stay

green". Essa última característica mantém a planta verde por mais tempo

durante a maturação dos grãos, sendo importante para evitar o acamamento

das plantas em culturas para colheita de grãos. Assim, quando os grãos

estiverem no ponto ótimo de colheita, a planta estará ainda com o caule verde

e com muita umidade. Também está ficando cada vez mais comum indicar

cultivares de milho para silagem com base na digestibilidade da parede celular

(FDN), que é um dos parâmetros relacionados com a qualidade da fração

verde da planta (caule e folhas) e com o consumo voluntário da silagem pelos

animais.

5 - Analista do MPU - Engenharia Agronômica – MPU – CESPE - 2013

Com relação às técnicas de cultivos, julgue o item a seguir.

Atualmente, no Brasil, é comum a obtenção de culturas de milho com

produtividade acima de 10.000 kg/ha. A obtenção desses índices de

produtividade decorre da adoção da tecnologia Bt e no aumento substancial

na quantidade de nutrientes aplicados no solo

o CERTO

RESPOSTA CERTO

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o ERRADO

SOLUÇÃO

A teoria econômica preconiza que há pelo menos três tipos de efeitos

causados pelas tecnologias na produção de um determinado bem. O

primeiro efeito está relacionado com o aumento da produtividade dos

fatores de produção, gerando um adicional de renda para o produtor e para

o consumidor, pois eleva o nível de produção do produto, aumentando a

oferta deste e, consequentemente, reduzindo seu preço de mercado. O

segundo efeito está associado à redução dos custos de produção, o que, no

primeiro momento, eleva a renda do produtor e, a partir daí, pode resultar

em diminuição do preço de mercado, beneficiando os consumidores. E o

terceiro efeito diz respeito ao aumento da produção por diminuição das

perdas causadas no processo de produção, o que resulta também em

acréscimo de renda para o produtor, uma vez que há diminuição dos custos

unitários dos produtos e aumento da renda pela maior quantidade ofertada,

o que também beneficiará os consumidores. Na agropecuária, todos os três

efeitos podem ser sentidos de forma individual ou conjugados. O

lançamento de uma nova cultivar pode ser o caminho para se conseguir um

nível mais alto de produtividade, bem como ter como característica ser

mais resistente a determinado fator edafoclimático, o que redundará em

um menor risco de perdas e, consequentemente, em aumento da oferta do

produto. Por outro lado, a cultivar pode ter características que reduzam a

necessidade de uso de um insumo específico, diminuindo assim a

necessidade de compra deste insumo e de gastos com sua aplicação, o que

resulta em diminuição dos custos sem perda de produtividade. Então, o

erro da questão e sugerir o aumento de adubação.

RESPOSTA ERRADO

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5 - Analista do MPU - Engenharia Agronômica – MPU – CESPE – 2013

Com relação às técnicas de cultivos, julgue o item a seguir.

Cada vez mais produtivos, os híbridos de milho demandam práticas de

manejo adequadas para a otimização da produtividade da cultura. Desse

modo, em híbridos de milho de porte baixo, a redução de espaçamento e o

aumento da densidade populacional da cultura podem aumentar o

rendimento dos grãos.

o CERTO

o ERRADO

SOLUÇÃO

A densidade de plantio, ou estande, definida como o número de plantas

por unidade de área, tem papel importante no rendimento de uma lavoura de

milho, uma vez que pequenas variações na densidade têm grande influência

no rendimento final da cultura.

O milho é a gramínea mais sensível variação na densidade de plantas.

Para cada sistema de produção, existe uma população que maximiza o

rendimento de grãos. A população ideal para maximizar o rendimento de

grãos de milho varia de 30.000 a 90.000 plantas por hectare, dependendo da

disponibilidade hídrica, da fertilidade do solo, do ciclo da cultivar, da época de

semeadura e do espaçamento entre linhas. Vários pesquisadores consideram o

próprio genótipo como principal determinante da densidade de plantas. O

aumento da densidade de plantas até determinado limite é uma técnica usada

com a finalidade de elevar o rendimento de grãos da cultura do milho. Porém,

o número ideal de plantas por hectare é variável, uma vez que a planta de

milho altera o rendimento de grãos de acordo com o grau de competição intra-

específica proporcionado pelas diferentes densidades de planta. O rendimento

de uma lavoura aumenta com a elevação da densidade de plantio até atingir

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uma densidade ótima, que é determinada pela cultivar e por condições

externas resultantes de condições edafoclimáticas do local e do manejo da

lavoura. A partir da densidade ótima, quando o rendimento é máximo,

aumento na densidade resultará em decréscimo progressivo na produtividade

da lavoura. A densidade ótima é, portanto, variável para cada situação e,

basicamente, depende de três condições: cultivar, disponibilidade hídrica e

do nível de fertilidade de solo. Qualquer alteração nesses fatores, direta ou

indiretamente, afetará a densidade ótima de plantio.

Além do rendimento de grãos, o aumento da densidade de plantio

também afeta outras características da planta. Dentre essas

características, merecem destaque a redução no número de espigas por

planta (índice de espigas) e o tamanho da espiga. Também o diâmetro do

colmo é reduzido e há maior susceptibilidade ao acamamento e ao

quebramento. Além disso, é reconhecido que pode haver um aumento na

ocorrência de doenças, especialmente as podridões de colmo, com o

aumento na densidade de plantio.

7 - Analista do MPU - Engenharia Agronômica – MPU – CESPE – 2013

Julgue os itens seguintes, acerca das técnicas de cultivo de espécies

agrícolas.

A adição de hidrometentores (hidrogel) no solo otimiza a disponibilidade de

água e reduz as perdas por lixiviação de nutrientes.

o CERTO

o ERRADO

SOLUÇÃO

RESPOSTA ERRADO

98

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Polímeros hidro-retentores, também chamados de hidrogel ou

polímeros retentores de água, são produtos naturais (derivados do amido)

ou sintéticos (derivados do petróleo), valorizados por sua capacidade de

absorver e armazenar água. Quebradiços quando secos, eles se tornam

macios e elásticos depois de expandidos em água. Muito embora,

exteriormente, um polímero hidro-retentor possa parecer semelhante a

outro, a composição química e estrutura física de cada um podem ser

diferentes, o que afeta a maneira como eles absorverão, reterão e liberarão

água (MORAES et al., 2001). Capazes de armazenar muitas vezes o próprio

peso em água, os polímeros hidro-retentores produzem numerosos ciclos de

secagem-irrigação, por longo tempo de duração (MELO et al., 2005). A adição

dos polímeros hidro-retentores ao solo contribui para germinação de

sementes, desenvolvimento do sistema radicular, crescimento e

desenvolvimento das plantas, redução das perdas de água de irrigação por

percolação e melhoria na aeração e drenagem do solo, além de redução das

perdas de nutrientes por lixiviação (CÂMARA et al., 2011; AZEVEDO et al.,)

8 - INSTITUTO IESES-IF INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE – IF

A cultura do Milho é uma das mais antigas da humanidade, tendo seu início

nas Américas onde antes da colonização os nativos que aqui viviam já

possuíam o cultivo do milho de diversas variedades. Na atualidade o Milho

é amplamente utilizado na alimentação humana, fabricação de óleos,

alimentação de animais entre outros. Como toda cultura existem pragas

que afetam as lavouras, entre as alternativas a seguir assinale a alternativa

correta que representa uma das principais pragas do Milho.

a) Lagarta do Cartucho (Spodoptera frugiperda).

b) Lagarta enroladeira (Omiodes indicatus).

c) Broca-do-Rizoma (Cosmopolites sordidus).

RESPOSTA CERTO

99

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d) Mandarová (Erinnys ello ).

SOLUÇÃO

A lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda é a principal praga da cultura

do milho no Brasil, ocorrendo em todas as regiões produtoras, tanto nos

cultivos de verão como nos de segunda safra ("safrinha"). O inseto está

sempre presente a cada ano de cultivo e ataca a planta desde sua

emergência até a formação de espigas. Mas a grande preocupação no

momento é o desenvolvimento de populações resistentes a produtos

químicos, já verificado em algumas regiões, e a diminuição sensível da

diversidade de agentes de controle biológico, em consequência do mau uso

dos agrotóxicos. Portanto, é a hora de os agricultores pensarem em adotar

um programa de manejo integrado, principalmente para restabelecer o

equilíbrio ecológico dentro do sistema de produção.

A mariposa fêmea, de coloração geral acinzentada, com cerca de 25

de envergadura, coloca seus ovos em massa, em média cerca de cem a cada

vez. Em temperaturas ao redor de 25oC, ocorre a eclosão das lagartas em

três dias. Os insetos recém-nascidos geralmente permanecem juntos nas

primeiras horas de vida, iniciando sua alimentação pela casca dos próprios

ovos. Depois raspam a folha da planta hospedeira, propiciando um sintoma

típico do dano da praga, mas sem perfurar a folha, deixando a epiderme

membranosa intacta. As larvas maiores, especialmente a partir do segundo

instar, começam a migrar para outras plantas. Elas tecem uma teia e pela

ação do vento são levadas para áreas ou plantas adjacentes.

Posteriormente dirigem-se, em menor número, para a região do cartucho,

onde se alimentam das partes mais tenras.

RESPOSTA E

100

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9 - Analista de Projetos – Agronomia- BRDE /AOCP-2012

Preencha as lacunas e assinale a alternativa correta “O/A

_______________ é a principal praga da cultura do milho, por sua

ocorrência generalizada e por atacar em todos os estádios de

desenvolvimento da planta. São inimigos naturais dessa praga:

_________________ (parasitoides de ovos) e ____________________,

conhecido como tesourinha (predadores de ovos).”

(A) Lagarta do cartucho ( Spodoptera frugiperda) / Vespa (Trichogramma

spp) / Dorus luteipes

(B) Lagarta do cartucho ( Spodoptera frugiperda) / Vespa (Campoletis

flavicincta) / Dorus luteipes

(C) Lagarta elasmo (Elasmopalpus lignosellus) / Vespa (Trichogramma

spp.) / Chelonus insularis

(D) Lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda) / Tripes

(Franklinilla williansi) / Trichogramma spp

(E) Pulgão do Milho (Rhopalosiphum maidis Fitch) / Trichogramma spp /

Mocis latipes

SOLUÇÃO

A) lagarta-do-cartucho, Spodoptera frugiperda é a principal praga da

cultura do milho no Brasil, os Trichogramma sp é um gênero de vespas

parasitoides de ovos de inúmeras espécies de praga da ordem Lepidoptera

(mariposas e borboletas), sendo importantes e

reconhecidos agentes de controle biológico em sistemas de produção

agrícola. Esse gênero tornou-se um dos grupos de insetos mais utilizados

101

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no mundo no controle de lepidópteros em algodão, cana-de-açúcar,

frutíferas, hortaliças, trigo, milho e florestas.

No Brasil, os estudos com D. luteipes têm indicado essa espécie como

um dos inimigos naturais mais importantes na supressão de pragas na

cultura do milho. Essa planta apresenta como condição fundamental para a

sobrevivência do inseto a alta umidade que é mantida dentro do seu

cartucho, seja pela precipitação ou mesmo pelo orvalho. Portanto, antes do

pendoamento, é neste local que os ovos são depositados. Na ausência do

cartucho, os ovos são observados nas primeiras camadas de palha da

espiga, que também é um local de alta umidade. O inseto é de

metamorfose incompleta, ou seja, passa pelos estágios de ovo, de ninfa e

de adulto. Apresenta um ciclo de vida longo, com o adulto apresentando

longevidade próxima a um ano. Ninfas e adultos são predadores de ovos e

lagartas pequenas de S. frugiperda e H. zea e também de pulgões.

RESPOSTA A

102

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10 - Engenheiro Agrônomo - Cambará/PR - FUNTEF-PR - 2016

São doenças principais do milho:

(A) Cercosporiose (cercospora zea-maydis) e Ferrugem Polissora (Puccinia

polysora). (B) Cercosporiose (cercospora zea-maydis) e Mancha Angular

(Phaeoisariopsis griseola).

(C) Mancha de Phaeosphaeria e Murcha de Fusarium (Fusarium

oxysporum).

(D) Ferrugem Polissora (Puccinia polysora) e Oídio (Erysiphe polygoni).

(E) Ferrugem Tropical (Physopella zeae) e Podridão Radicular seca

(Fusarium solani).

SOLUÇÃO

Cercosporiose (Cercospora zea-maydis e C. sorghi f. sp. maydis) Importância e

Distribuição: A doença foi observada inicialmente no Sudoeste do estado de Goiás

em Rio Verde, Montividiu, Jataí e Santa Helena, no ano de 2000. Atualmente a

doença está presente em praticamente todas as áreas de plantio de milho no

Centro Sul do Brasil. A doença ocorre com alta severidade em cultivares

suscetíveis, com as perdas podendo ser superiores a 80%. Ferrugem Polissora

(Puccinia polysora) Importância e Distribuição Geográfica: No Brasil, foram já

determinados danos de 44,6% à produção de milho pelas ferrugens branca e

polissora, sendo a maior parte atribuída a P. polysora e parte a Physopella zeae. A

doença está distribuída por toda a região CentroOeste, Noroeste de Minas Gerais,

São Paulo e parte do Paraná.

11 - Analista de Apoio - Engenheiro Agrônomo - SGA/DF - 2004

De forma geral, um grande percentual do milho produzido no Brasil é obtido

em sistema de consórcio com feijão, mandioca, café etc. Com referência à

exploração comercial do consórcio milho-feijão, julgue o item abaixo.

RESPOSTA A

103

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Os cultivares de milho modernos do tipo híbrido simples ou triplo modificados

foram desenvolvidos exclusivamente para cultivo consorciado.

SOLUÇÃO

Os híbridos existentes no mercado brasileiro podem ser assim definidos:

Híbrido Simples - obtido pelo cruzamento de duas linhagens

endogâmicas. Em geral, é mais produtivo que os demais tipos de híbridos,

apresentando grande uniformidade de plantas e espigas. A semente tem

maior custo de produção, porque é produzida a partir de linhagens, que,

por serem endógamas, apresentam menor produção.

Híbrido Simples Modificado - neste caso, é utilizado como progenitor

feminino um híbrido entre duas progênies afins da mesma linhagem e,

como progenitor masculino, uma outra linhagem.

Híbrido Triplo - é obtido do cruzamento de um híbrido simples com uma

terceira linhagem.

Híbrido Triplo Modificado - O híbrido triplo pode também ser obtido sob

forma de híbrido modificado, em que a terceira linhagem é substituída por um

híbrido formado por duas progênies afins de uma mesma linhagem. Para esta

safra está listado apenas um híbrido triplo modificado no mercado Híbrido

duplo - obtido pelo cruzamento de dois híbridos simples, envolvendo,

portanto, quatro linhagens endogâmicas. É o tipo de híbrido mais utilizado

no Brasil.

12 - Analista Ambiental - Engenheiro Agrônomo - SEMA /MA - FCC - 2016

O processo para a obtenção de milho híbrido consiste na obtenção de

linhagens endogâmicas, seleção das linhagens mais promissoras para a

capacidade de combinação e cruzamento entre essas linhagens. Os híbridos

triplos de milho (Zea mays) são obtidos pelo cruzamento de:

RESPOSTA CERTO

104

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A) Um híbrido simples (A/B) como genitor feminino com uma terceira

linhagem C como genitor masculino.

B) Dois híbridos simples (A/B) // (C/D).

C) Um híbrido simples (A/B) como genitor masculino com uma terceira

linhagem C como genitor feminino.

D) Duas linhagens endogâmicas (Linhagem A / Linhagem B).

E) Três híbridos simples (A/B) // (C/D) // (D/E). SOLUÇÃO

Os híbridos obtidos a partir do cruzamento de linhagens podem ser divididos

em: Simples, Simples Modificado, Triplo, Triplo Modificado, Duplo e Outros. O

híbrido simples é obtido pelo cruzamento de duas linhagens. No geral é

mais produtivo que os demais e apresenta uniformidade de ciclo, altura de

plantas e altura de espigas. A semente tem custo mais elevado, pois é

produzida em uma linhagem. Para produção do híbrido simples

modificado, utiliza-se como parental feminino um híbrido entre duas

linhagens aparentadas (A x A’), cruzando-se este híbrido com a linhagem

B. Este cruzamento (A x A’) visa recuperar um pouco o vigor da planta

onde vai ser produzida a semente, sem grandes perdas de uniformidade

dos demais caracteres.

O híbrido triplo é o resultado do cruzamento de um híbrido simples (A

x B) com uma terceira linhagem (C). É uma alternativa ao híbrido simples,

pois a produção de semente é realizada em um material vigoroso e

produtivo que é o híbrido simples. Por isso a linha polinizadora deve

produzir pólen suficiente para garantir a adequada fertilização das espigas

do híbrido simples.

105

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O híbrido triplo modificado é obtido quando a linhagem utilizada

como macho apresenta pouca produção de pólen, pode ser realizado um

cruzamento entre ela e uma linhagem aparentada para recuperar um pouco

o vigor. O cruzamento seria (A x B) x (C x C’). O híbrido duplo é

resultante do cruzamento de quatro linhagens (A x B) x (C x D). Em geral,

é o menos produtivo, maior desuniformidade e melhor estabilidade, quando

comparado com híbridos simples e triplos. A obtenção do híbrido duplo é

mais trabalhosa e demorada, exigindo mais campos isolados e maior

número de anos para a produção de sementes. Entretanto, ainda é muito

utilizada pois a semente é produzida com material vigoroso e produtivo, o

mesmo ocorrendo com o polinizador, pois ambos são híbridos simples.

13 - Analista Ambiental - Engenheiro Agrônomo - SEMA /MA - FCC - 2016

Organismos transgênicos são aqueles que tiveram seu material genético

modificado, pois receberam DNAs de um ou mais seres com os quais não

se cruzariam de formas naturais. Essa alteração é feita por intervenção de

técnicas da engenharia genética. A geração de transgênicos visa obter

características novas ou melhoradas em relação ao objeto original. Sobre a

cultura Zea mays:

É o chamado milho Bt, devido à introdução de genes da bactéria de

solo Bacillus thuringiensis, que promove a produção de uma proteína tóxica

na planta, específica para o combate a determinados tipos de insetos,

tornando o alimento resistente a essas espécies.

SOLUÇÃO

É o milho geneticamente modificado, no qual foram introduzidos genes

específicos da bactéria de solo, Bacillus thuringiensis (Bt), que promovem

RESPOSTA CERTO

106

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na planta a produção de uma proteína tóxica específica para determinados

grupos de insetos. Assim, o milho Bt é uma cultivar de milho resistente a

determinadas espécies de insetos sensíveis a essa toxina. O milho Bt não

controla todas as pragas da lavoura de milho, as toxinas produzidas pelo Bt

são específicas para determinados grupos de insetos. No caso do milho Bt

disponível hoje no mercado brasileiro, a proteína expressa a ação inseticida

apenas contra os insetos da ordem lepidóptera, como, por exemplo, a

lagarta-do-cartucho-do-milho, a broca-do-colmo, a lagarta-da-espiga e a

lagarta-elasmo. Já existe em outros países outra toxina Bt com ação

específica a Diabrotica spp., por exemplo

14 - Engenheiro Agrônomo – IFAP – 2016

O uso da técnica de dessecação com os herbicidas Glifosato e 2,4-D em áreas

antes da semeadura de soja precoce na safra é muito difundida pelos

agricultores e tem como o objetivo eliminar as plantas daninhas para favorecer

o crescimento da cultura sem a mato competição inicial. Quando se usa em

dessecação o herbicida 2,4-D, que tem ação sistêmica e hormonal devido ser

um mimetizador de auxina (ácido indol acético - AIA), para se fazer a

semeadura da soja em plantio direto sobre palhada recomenda-se o

seguinte:

(A) aplicar e plantar imediatamente, sem espera de prazo para a

semeadura.

(B) esperar no mínimo 2 dias para realizar a semeadura.

(C) esperar no mínimo 20 a 30 dias para realizar a semeadura.

(D) esperar no mínimo 30 a 40 dias para realizar a semeadura.

(E) esperar no mínimo 7 a 15 dias para realizar a semeadura.

RESPOSTA CERTO

107

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SOLUÇÃO

A utilização de herbicidas residuais como o glifosate, na dessecação, têm

proporcionado bons resultados. No entanto, é importante ressaltar que para

perfeito funcionamento desses herbicidas residuais há necessidade de ocorrência

de boas precipitações pluviais (acima de 20 mm) para deslocar os herbicidas

residuais que ficaram retidos na palha para o solo. Outra estratégia é a

dessecação da área 25 a 30 dias antes do plantio, com herbicida sistêmico.

Imediatamente após o plantio, utiliza-se um herbicida residual com o herbicida

dessecante de contato, à base de paraquat ou diquat, visando eliminar o primeiro

fluxo de plantas daninhas que emergem após a dessecação, bem como controlar

novas emergências através do efeito do herbicida residual.

15 - Professor - Fitotecnia II – IFTM - 2015

A temperatura é o fator ambiental que influencia vários eventos

metabólicos e fenológicos das culturas agrícolas, principalmente na cultura

do milho (Zea mays L.). Diante disto é correto afirmar que:

A) A cultura do milho pode ser cultivada em todas as regiões do Brasil no

período da safrinha, independente da latitude e altitude;

B) A fotossíntese líquida depende da temperatura, sendo esta, variável com

a altitude, o que pode influenciar no crescimento e desenvolvimento das

plantas de milho;

C) As noites quentes favorecem o aumento da taxa de fotorrespiração do

milho, reduzindo a fotossíntese líquida;

D)A altitude não tem influência alguma no ciclo do milho, pois a atividade

enzimática da planta fica comprometida em temperaturas altas.

SOLUÇÃO

RESPOSTA C

108

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A) A cultura do milho pode ser cultivada em todas as regiões do Brasil no

período da safrinha, independente da latitude e altitude;

Não podemos fazer este plantio desprezando a latitude e altitude,

pois em áreas tropicais abaixo de 1.000 m de altitude, a planta de milho

acumula considerável matéria seca no colmo, bainhas de folhas, sabugo e

brácteas após florescimento. Parte dessa matéria seca é translocada para o

grão mais tarde, no período de enchimento de grãos (Palmer et al., 1973).

Resultados experimentais relatados por Goldsworthy et al. (1974) apontam

que o rendimento de milho é limitado principalmente pelo tamanho do

grão-dreno, embora sob algumas perdas ambientais de área foliar (fonte)

próximo da maturidade pode reduzir o rendimento de grãos. Milhos

tropicais geralmente tem maturação tardia, porte alto e grande pendão.

Eles mostram um nível maior de dominância apical, baixo índice de

colheita, e, são menos eficientes em retranslocar para os grãos a matéria

seca previamente depositada no colmo. Tais características têm provável

importância para a adaptação do milho em ambientes tropicais, em

competição vantajosa com plantas de rápido crescimento, e minimizado

efeito da perda de folhas por insetos. Ou seja, milho tropical tem

abundância de folha (fonte) e possivelmente tem mais problemas de

partição e dreno (grão) do que milhos temperados. Reservas de açúcares

no colmo pode ser, evolutivamente, resultado da tolerância a seca e pode

ser associada com resistência para podridões do colmo. Em altitudes

superiores a 1.000m, os cultivares de milho tropical apresentam a duração

do crescimento mais longa que em terras baixas

tropicais e é limitado ou por baixas temperaturas ou disponibilidade de

umidade para plantio (Wilson et al., 1973).

Embora os rendimentos em terras altas tropicais sejam maiores que

aqueles em terras baixas tropicais, Goldsworthy & Colegrove (1974) e

109

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Yamaguchi (1974) concluíram que rendimentos em ambas as áreas foram

limitadas pela capacidade do grão-dreno em acumular fotoassimilados.

Algumas dessas diferenças em partição são devidas ao ambiente e

interação genótipo x ambiente. Entretanto, há consideráveis variações

genéticas quando diferentes genótipos crescem em um mesmo ambiente.

Por causa da sensibilidade ao fotoperíodo de genótipos tropicais,

especialmente para faixas de latitudes superiores a 33º Sul, uma

comparação não pode ser feita em ambientes temperados.

B) A fotossíntese líquida depende da temperatura, sendo esta,

variável com a altitude, o que pode influenciar no crescimento e

desenvolvimento das plantas de milho;

Segundo Badu-Apraku et al. (1983), uma redução no rendimento está

associada com o período de enchimento de grãos mais curto. Durante um

rápido enchimento de grãos, o aumento na matéria seca do grão resulta da

utilização dos efeitos combinados de assimilados temporariamente estocados

em partes vegetativas da planta e produzidos através da fotossíntese. Em

altos regimes de temperatura diurna/noturna a acumulação de matéria seca

durante o enchimento de grãos é reduzida. Rendimentos de grãos por planta

também é menor sob altas temperaturas. Com o explicado acima concluímos

que está correta essa alternativa, e podemos concluir também que a letra D e

incorreta, pois altitude tem influência também.

C) As noites quentes favorecem o aumento da taxa de fotorrespiração do

milho, reduzindo a fotossíntese líquida;

O rendimento do milho pode ser reduzido, bem como pode ser alterada

a composição protéica dos grãos, quando da ocorrência de temperaturas acima

de 35-37°C (>3 horas), por ocasião do período de formação do grão.

110

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Tal efeito, na maior parte das vezes, pode estar relacionado à diminuição

da atividade da redutase do nitrato, a qual afeta o processo de

transformação do nitrogênio disponível para a planta. De igual forma, a

elevação da temperatura contribui para a redução da taxa fotossintética

líquida em função do aumento da respiração, afetando diretamente a

produção. Por essa razão, temperaturas elevadas prevalecentes no período

noturno (>24°C) promovem um consumo energético demasiado, em

função do incremento da respiração celular, ocasionando menor saldo de

fotoassimilados, com conseqüente queda no rendimento da cultura.

Cumpre salientar que a queda de rendimento em grãos, na condição

mencionada (temperatura noturna elevada), pode ser também determinada

pela redução acentuada do ciclo da planta, em função do incremento da

somatória térmica, conforme citado por Fancelli & Dourado-Neto (2000).

É compreensível que uma mais ampla variação estacional

experimentada por uma planta ou comunidade de plantas pudesse ser a

temperatura foliar noturna. A temperatura diária de plantas está

fortemente condicionada pela radiação, dissipação de calor por convecção,

re-radiação e evaporação que a temperatura do ar torna uma variante

menor. A noite, o maior controle sobre a temperatura da planta deve ser a

re-radiação devido a temperatura do ar.

Resultados experimentais e observações empíricas em áreas de produção

mostram que altas temperaturas noturnas reduzem o rendimento de grãos.

Altas temperaturas noturnas tem também associação com precoce

senescência e maturidade; consequentemente, o período de enchimento de

grãos é reduzido. Embora a respiração devesse ser aumentada sob altas

temperaturas noturnas, isto não é completamente confirmado por medidas

experimentais. A possibilidade existe de que os tratamentos de alta

temperatura noturna pudesse ter produzido estresse hídrico atmosfericamente

induzido. A umidade relativa é usualmente monitorada, mas não controlada.

111

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Experimentos, em condições controladas, ainda precisam produzir um estudo

compreensivo do efeito de várias temperaturas do ar nos parâmetros de

respiração, níveis de metabólitos e enzimas, temperatura foliar, e potencial

de água na folha.

16 - INSTITUTO IESES-IF INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE - IFC

A organização morfológica do milho em suas estruturas reprodutivas, estão

dispostas de forma a evitar que grãos de pólen da mesma planta atinjam a

espiga, sendo estas apenas polinizadas por plantas distintas através de

agentes naturais, normalmente o vento o qual carrega pólen de uma planta

para outra. Com base nisso assinale a alternativa correta que corresponde a

forma de polinização do milho.

a) Auto fecundação.

b) Polinização cruzada.

c) Hibridismo.

d) Polinização controlada.

SOLUÇÃO

A polinização consiste na transferência do grão de pólen da antera da

flor masculina ao estigma das flores femininas. A planta de milho, pela sua

organização morfológica, impede que haja autofecundação, ou seja, a

polinização de uma espiga por grãos de pólen da mesma planta. O grão de

pólen de uma planta, normalmente através de agentes naturais principalmente

correntes aéreas, atinge a barba da espiga de outras plantas. Ocorre

normalmente apenas cerca de 2% de autofecundação, razão pela qual se diz

que o milho é tipicamente uma planta de POLINIZAÇÃO CRUZADA.

RESPOSTA B

RESPOSTA B

112

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17 - Professor - Fitotecnia II – IFTM - 2015

A lagarta do cartucho (Spodoptera frugiperda J.E. Smith, 1974) é a

principal praga chave na cultura do milho, além de estar presente em mais

de 100 culturas agrícolas diferentes. Escolha a alternativa incorreta:

A) O uso de plantas transgênicas de milho Bt revolucionou o cultivo do

milho no mundo todo, todavia, atualmente os agricultores podem ter que

fazer mais de seis aplicações de inseticidas químicos nas lavouras para o

controle da lagarta do cartucho, devido à quebra de resistência;

B) A adoção de áreas de refúgio cultivadas com milho convencional é

primordial para o acasalamento de insetos resistentes e insetos suscetíveis,

haja vista que a maioria dos insetos da geração heterozigota resultante

apresenta suscetibilidade às proteínas Bt;

C)Nas áreas de refúgio em que se utiliza milho convencional não devem

ficar a mais de 800 m de distância de área com milho Bt e para o manejo

da lagarta do cartucho nas áreas de refúgio os agricultores devem aplicar

inseticidas à base de Bt, pois outras formas químicas aumentam a pressão

de seleção de insetos resistentes às proteínas Bt;

D)Atualmente a piramidação gênica é a técnica utilizada para que o milho

Bt expresse mais de uma proteína Bt, aumentando o tempo de duração do

evento de resistência nas cultivares de milho.

SOLUÇÃO

A área de refúgio é a semeadura de 10% da área cultivada com milho Bt,

utilizando híbridos não Bt, de porte e ciclo vegetativo similar, de preferência os

seus isogênicos. A área de refúgio não deve estar a mais de 800 m de

distância das plantas transgênicas. Essa é a distância máxima verificada pela

dispersão dos adultos da lagarta-do-cartucho-do-milho no campo. A área de

refúgio funciona preservando indivíduos suscetíveis à toxina para cruzar com

possíveis adultos sobreviventes na área de milho Bt. Assim, retarda e, se bem

manejada, pode evitar a evolução de uma raça pura capaz de causar dano no

113

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milho Bt. Todas essas recomendações têm o intuito de sincronizar o ciclo dos

insetos, para evitar o cruzamento entre dois indivíduos

sobreviventes no milho Bt. O refúgio estruturado deve ser desenhado de

acordo com a área cultivada com o milho Bt. Para glebas com dimensões

acima de 800 m, cultivadas com milho Bt, serão necessárias faixas de

refúgio internas nas respectivas glebas. Ainda, segundo a recomendação da

CTNBio, na área de refúgio, é permitida a utilização de outros métodos de

controle, desde que não sejam utilizados bioinseticidas à base de Bt.

Convém salientar que, na área de refúgio, é necessário que parte da

população da lagarta-do cartucho-do-milho sobreviva, de modo a não

comprometer o equilíbrio natural, não se justificando, portanto, o uso

exagerado de inseticidas nessa área. Para a utilização do milho Bt, basta o

produtor cumprir duas regras: a de coexistência, exigida por lei, para evitar

a contaminação de lavouras vizinhas não Bt, e a regra do Manejo da

Resistência de Inseto (MRI), recomendada pela Comissão Técnica Nacional

de Biossegurança (CTNBio), para reduzir a chance de seleção de raças de

lagartas resistentes às toxinas do Bt. As regras de coexistência baseiam-se

no direito de outros produtores vizinhos produzirem milho convencional

livre de contaminação de milho transgênico, via polinização ou mistura de

grãos em lavouras vizinhas. O plantio de milho Bt demanda o isolamento

da lavoura de pelo menos 100 m de distância da lavoura do milho não Bt

(convencional) ou uma distância de 20 m acrescida de uma bordadura de

10 linhas de milho convencional, de porte e ciclo vegetativo similar ao

milho geneticamente modificado. Com esse isolamento, o milho colhido na

área convencional é considerado livre de transgênico.

18 - Professor - Fitotecnia II – IFTM - 2015

Na autoincompatibilidade ocorre uma interação entre o grão de pólen e o

estigma, que impede que o pólen germine no estigma da mesma planta.

Este evento facilita a obtenção de plantas híbridas em milho, por exemplo.

RESPOSTA C

114

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Escolha a alternativa incorreta:

A)No sistema gametofítico a incompatibilidade é controlada por um único

alelo S e o grão de pólen somente germinará em um estigma que não

contém o mesmo alelo, impedindo a autofecundação;

B) No sistema esporofítico o que determinará a ocorrência ou não a

incompatibilidade não será o alelo que o pólen carrega, mas sim os alelos

presentes no tecido diploide da planta mãe;

C) A macho-esterilidade é a incapacidade de uma planta em produzir flores

masculinas;

D)A autoincompatibilidade pode ser dividida em gametofítica e esporofítica

SOLUÇÃO

A reprodução sexual em milho é um processo que envolve a expressão

de genes específicos em células do tecido reprodutivo masculino e feminino da

planta. Assim, alterações em qualquer fase desse processo podem levar a falta

de fertilidade. A macho-esterilidade ocorre quando não há a produção de

gametas masculinos viáveis, apesar de os órgãos florais femininos e as

estruturas vegetativas não apresentarem qualquer anomalia.

A macho-esterilidade é uma característica que pode ser empregada

como valiosa ferramenta para a produção comercial de sementes e já foi

identificada em muitas espécies vegetais, sendo um componente

estratégico para a produção comercial de híbridos em muitas culturas como

sorgo, arroz, soja e girassol, pois pode ser empregada para evitar que

ocorram autofecundações nas linhas onde estão sendo produzidas as

sementes (linhas fêmeas). Em geral, um genótipo restaurador homozigoto

é empregado como o parental masculino do híbrido. Além disso, a garantia

da pureza genética das linhagens parentais e dos próprios híbridos é um

pré-requisito fundamental para a expressão de todo o potencial deste tipo

de cultivar. Portanto, a utilização da esterilidade masculina na produção de

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sementes híbridas apresenta importância econômica, além de assegurar a

pureza das sementes genéticas.

Em milho, existem dois tipos distintos de macho-esterilidade, a nuclear e

a citoplasmática. A macho-esterilidade nuclear ocorre quando existem

mutações recessivas em genes nucleares que interrompem a

gametogênese masculina. A macho-esterilidade citoplasmática é uma

característica que envolve genes mitocondriais, herdados maternalmente, e

restauradores da fertilidade de natureza nuclear. Os genes indutores da

macho-esterilidade citoplasmática são gerados pelo rearranjo do genoma

mitocondrial que resulta em produtos gênicos aberrantes e/ou níveis

alterados de produtos gênicos normais.

FONTE:

http://www.cnpms.embrapa.br/grao/26_edicao/grao_em_grao_artigo_01.htm

19 - Professor de Fitotecnia - IF/SC – 2012

A rotação de culturas consiste em alternar, anualmente, espécies vegetais

numa mesma área agrícola, trazendo como benefícios, além da melhora

nas condições físicas, químicas e biológicas do solo, o controle de pragas e

doenças. Para aumentar a ciclagem de Potássio e Nitrogênio para a

cultura do milho (Zea mays) é recomendado:

A) Efetuar a rotação com soja ou o plantio de soja em 50% da lavoura.

B) Efetuar a rotação com aveia, soja e nabo forrageiro.

C) Efetuar o plantio de girassol na safrinha.

D) Efetuar a rotação com feijão ou amendoim.

E) Efetuar a rotação com o plantio de nabo forrageiro no outono.

RESPOSTA C

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SOLUÇÃO

Sendo o objetivo minimizar a ocorrência de pragas, nematóides e

doenças, deve-se considerar o ciclo e os hábitos destes, o tipo de patógeno

e o sistema de culturas implantado. Algumas sucessões, além de melhorar

o rendimento da cultura principal, proporcionam condições específicas:

aveia preta - milheto - soja (para produção de palha);

aveia - soja - nabo forrageiro - milho (para elevada reciclagem de

nutrientes K e N para o milho);

rotação soja - soja - milho ou soja (2/3) e milho (1/3) (para controle de

doenças na soja);

nabo forrageiro - milheto na primavera - soja (boa descompactação

superficial do solo, alta produção de palha reciclagem de potássio e

controle de invasoras);

soja - girassol safrinha - milho (bom para a produtividade do milho e

estruturação do solo).

O esquema de rotação deve permitir variações entre as culturas

envolvidas, pois além dos benefícios advindos dos aspectos técnicos, os

aspectos econômicos também são muito importantes, já que influenciam e

podem variar num curto espaço de tempo.

RESPOSTA E

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OLIVEIRA JUNIOR, R. S.; CONSTANTIN, J. Plantas daninhas e seu manejo. Guaíba: s.e.

2001, 362 p.

PIRES, F. R.; SOUZA, C. M. Práticas mecânicas de conservação do solo e da água. Viçosa:

UFV. 2003, 176 p.

http://brasil.ipni.net/ipniweb/region/brasil.nsf/0/1A183CA9FE55F39883257

AA0003B5C23/$FILE/Seja%20Soja.pdf ACESSADO 23 FEVEREIRO 2017

https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Soja/SojaCent

ralBrasil2003/index.htm.acessado em 13 de março de 2017

www.conab.gov.br acessado em 24 de março de 2017

BIBIOGRAFIA:

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