Cultura e Recreio #0

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Edição N.º 0 Julho de 2007 CULTURA recreio & Publicação do Associativismo Feirense

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Publicação do Associativismo Feirense - Distribuição gratuita

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Edição N.º 0 Julho de 2007

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Publicação do Associativismo Feirense

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Editorial

A “Cultura & Recreio” aí está, pronta a assumir o seu papel na divulgação das iniciativasculturais e recreativas que mais se destacam no concelho de Santa Maria da Feira e,em particular, no seu movimento associativo.

Numa época em que é necessário afirmar a capacidade empreendedora dascolectividades, dar provas da sua criatividade e incentivar a sua autonomia eindependência, esta revista pretende ser uma voz activa e presente em todos osaspectos que digam respeito às associações feirenses, que, afinal, estão na génesedesta publicação e são também o seu público-alvo.

As colectividades de Santa Maria da Feira passam assim a dispor de um instrumentoprivilegiado para a divulgação de tudo o que de bom se faz no concelho: sejam asiniciativas promovidas pelas associações locais, que nelas aplicam toda a sua dinâmicae a sua profunda ligação à comunidade; sejam as acções desenvolvidas pela autarquia,quando se revelam uma mais-valia para o público e promovem a imagem do município,como tem acontecido em variadíssimas circunstâncias ao longo dos últimos anos,num constante desafio ao desenvolvimento local e ao seu tecido associativo.

A “Cultura & Recreio” enquadra-se, portanto, no sentido mais profundo do associativismopopular, que é o da amizade e da cooperação, sempre no princípio de que cada um,de acordo com as suas capacidades, dá o melhor de si em prol do desenvolvimentoda sua terra, qualquer que seja o sector de actividade a que escolha dedicar-se.Acreditámos que a amizade, o companheirismo e a cooperação nos tornam maisunidos e, logo, mais fortes. E porque acreditamos que esses valores contribuem paraa nossa afirmação, tanto a nível individual como colectivo, também nesta revista elesserão defendidos de forma muito clara.

A Viagem Medieval, que serve de tema de fundo a esta edição de estreia, é um exemploconcreto do potencial que há a retirar das iniciativas que envolvam uma parceria entreo tecido associativo feirense e a autarquia local. Dessa sinergia vem resultando umevento que é já um marco incontornável no panorama cultural do concelho e umareferência também ao nível do País. Palco privilegiado dos grupos e colectividades daterra, a Viagem demonstra a importância do trabalho colectivo para a promoção e oprogresso das associações de Santa Maria da Feira.

Sirvam-se da “Cultura & Recreio” nesse mesmo espírito. Dêem-nos conhecimento dasvossas iniciativas, façam-nos chegar as vossas opiniões, transformem a revista numbom instrumento de divulgação da cultura da nossa terra e das suas colectividades.Nesta fase experimental, propomo-nos fazê-la chegar às vossas mãos a cada trêsmeses; no futuro, será o vosso apoio a decidir se a poderemos editar com maisregularidade.

Joaquim TavaresPresidente da Federação das Colectividades de Cultura e Recreio

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Muito se tem falado e escrito sobre aViagem Medieval desde a sua génese, masé notória uma maior incidência nas últimasedições. Basta fazermos uma pesquisarápida na Internet e constatamos que esteevento é tema de conversa em muitosblogues, é notícia em muitos sitesinformativos, faz parte dos principaisroteiros culturais online e são muitos osregistos disponíveis no mediático sítio departilha de vídeos Youtube. Também o siteda Viagem é visitado, regularmente,durante todo o ano.As novas tecnologias de informação ecomunicação ajudaram a perceber melhoro impacto que este evento tem junto devisitantes de todo o país e além fronteiras.É sabido que há muita gente que planeiaas suas férias em função da data derealização deste evento. Hoje ninguémtem dúvidas de que a Viagem Medieval éo maior evento de recriação histórica dopaís, pela sua dimensão, rigor, diversidadee envolvimento.No entanto, longe de nos acomodarmosà sombra do prestígio e notoriedadealcançados, continuamos empenhadosem fazer mais e melhor, potenciando aexperiência adquirida ao longo dosúltimos anos. Estamos conscientes de queo sucesso de cada edição nos trazresponsabilidades acrescidas.Este ano, a viagem ao passado começoubem mais cedo do que o habitual, com oprojecto “Viajar no tempo rumo à ViagemMedieval”. Acima de tudo, quisemosproporcionar um primeiro contacto de

Dias frenéticos

diferentes públicos com a Viagem, fazendoperdurar os seus efeitos no tempo. E obalanço das primeiras actividades foiextremamente positivo.O rigor histórico continua a ser uma dasnossas bandeiras. Por isso, a ComissãoExecutiva da Viagem encomendou umestudo científico sobre a Carta de Feira,tema central da edição deste ano, jáeditado em livro. Esta será a base de todoo trabalho a desenvolver, com oi n e s t i m á v e l e n v o l v i m e n t o d a scolectividades do concelho, hoje com umknow-how que lhes permite criar eproduzir coisas muito bonitas e de grandequalidade, exclusivamente, com a pratada casa.São dias frenéticos os que se vivemdurante a preparação e realização daViagem Medieval, mas o resultado final éde tal forma gratificante para todos, querapidamente se repõem as energias e separte para novos projectos e ideias. Deresto, a Viagem Medieval tem aparticularidade de mobilizar um concelhointeiro em torno de uma recriação que é,sem sombra de dúvida, o mais importantecartão de visita do município.Para esta edição, conto, mais uma vez, como empenho e o envolvimento de todo omovimento associativo do concelho e dapopulação local.

Amadeu Albergaria,Vereador da Educação,

Cultura, Desporto e Juventude

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As iniciativas de formação, promovidaspela Federação das Colectividades deCultura e Recreio do Concelho de SantaMaria da Feira, encerraram a primeira fasecom um balanço extremamente positivo.Os Directores da Federação, os Forma-dores e os Formandos envolvidos noscursos de cavaquinho, braguesa eConcertina, salientam a importânciadesta iniciativa que permite uma maiordivulgação dos instrumentos tradicionais,reforça a qualidade da execução dosintervenientes e permite uma novaoportunidade de renovação doselementos das colectividades.As acções de formação de animação derua e artes circenses, tiveram comoobjectivo a animação da viagem

Instrumentos tradicionaise animação de rua

medieval, também deverão tercontinuidade. Nesta área serãodesenvolvidos projectos distintos, paraos grupos existentes e em iniciação.O primeiro período das acções deformação decorreu de Abril a Junho, foiinterrompido nos meses de Julho eAgosto, para permitir uma maiorconcentração de esforços na preparaçãoe realização da Viagem Medieval,devendo recomeçar em Setembro paraacabar em Dezembro.Todas as acções de formação terminarãono final do ano com uma festa de finalde Curso, que terá lugar em meados domês de Janeiro do próximo ano, tal comoaconteceu com a acção de formação doano passado.

Os projectos de formação da Federação,para além dos cursos dos instrumentostradicionais e artes de rua, vão abrangerainda as áreas do teatro e do folclore.No ano lectivo 2007 / 2008 deverá aindaa v a n ç a r u m a n o v a a c ç ã o d esensibilização dirigida à populaçãoestudantil, relacionada com o ciclo dolinho.Todas as iniciativas da Federação dasColectividades de Cultura e Recreio doConcelho de Santa Maria da Feira, sãodirigidas preferencialmente aos membrosdas associações federadas, mas tambémestão abertos a toda a população emgeral, sendo condicionado o arranquedos projectos ao número mínimo deinscrições.

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carácter amador e voluntarista, como osconhecemos no século passado, estãoem vias de extinção.Por um lado, porque o ritmo a que sevive nas sociedades actuais dificilmentese compadece com a necessáriadisponibilidade física e mental exigidaaos dirigentes e activistas associativos.Por outro lado, porque a concorrênciados novos apelos de ocupação dostempos livres é feroz, profissional eestimulante, “desviando” tempo, atenção,energia e recursos para o seu vorazdomínio.Estará então o associativismo condenadoà morte?Não. Não está se perceber que o mundomudou e que é necessário e urgentecompreender a nova real idade,interpretar os seus sinais e reagir de formacriativa e inovadora aos seus desafios.Há um futuro para o associativismo destaregião e do país – a integração nasdesignadas indústrias criativas, comoagentes dinamizadores da promoção eacesso à cultura e ao conhecimento.Ninguém melhor que o associativismode base local para estimular a criatividadeem sectores tão abrangentes como oteatro, a música, o artesanato, mastambém na nova televisão, no cinema,na publicidade, na moda, no multimédiae no design, entre muitos outros.Temos que aproveitar as mudançaseconómicas e tecnológicas atuais paradesenvolver a criação e a inovação, ouseja, as indústrias criativas.Informações da Organização Mundial doComércio dão conta de que o peso dasindústrias cr iativas no mercadointernacional duplicou nos primeiros trêsanos do século XXI.

Uma Nova Era. Uma Nova Vida.

Esta é, definitivamente, a era dainformação e da comunicação.Todos os dias são publicados centenasde milhar de jornais e revistas.São enviados 60 mil milhões de e-mails.São enviados mil milhões de SMS.São publicados 1,2 milhões de “posts” nablogosfera.O acesso à informação nunca foi tão fácil,rápido e democrático.E ao mesmo tempo, nunca foi tão difícilcomunicar.A esmagadora concorrência provocadapela profusão de canais torna urgentereinventar suportes e conteúdos.Por isso, quero aplaudir a iniciativa daFederação das Colectividades de Culturae Recreio do Concelho de Santa Maria daFeira de publicar esta newsletter eagradecer o convite para participar nesteprimeiro número.Vivemos uma época de viragem naa c t i v i d a d e d a Fe d e r a ç ã o d a sColectividades e na das suas associadas.O modelo de funcionamento tradicionalesgotou-se, porque a sociedade para quefoi criado já não existe.A produção e consumo culturais de

Segundo os cálculos da ONU, a economiacriativa é responsável, hoje, por 7% dariqueza produzidas no mundo.Apenas três países (o Reino Unido, osEstados Unidos e a China) produzem 40%dos bens culturais negociados no planeta-- entre eles livros, CDs, filmes, videojogose esculturas.Em alguns países, as indústrias criativassão já responsáveis pelo emprego de maisde 30% da população activa. Em Portugalainda estamos abaixo dos 15%.Estudos internacionais constataram quecada dólar aplicado em atividadesrelacionadas com a cultura gera 3,2 dólaresna actividade económica como um todo,produzindo riqueza e postos de trabalho.A criatividade tornou-se, portanto, na forçamotriz do crescimento económico.A capacidade para competir e prosperarna economia global deixou de dependerapenas do comércio de bens e serviços edos fluxos de capital e investimento.O crescimento económico depende cadavez mais da capacidade dos países eregiões em atrair, manter e desenvolverpessoas criativas.Este é, em minha opinião, o novo papeldo associativismo cultural – contribuir paraestimular o desenvolvimento dacriatividade e potenciar a sua fruição portoda a comunidade.Assim sendo, o papel da Federação dasColectividades e dos agentes públicos eprivados com responsabilidades nodesenvolvimento do território deverá sero de promover os três T’s da EconomiaCriativa - Tecnologia, Talento e Tolerância.Se o fizermos, estamos condenados, nãoà morte, mas à vida. A uma vida de sucesso.

Carlos Martins

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Já há muito tempo se vem trabalhando nospreparativos da Viagem Medieval em Terrade Santa Maria mas só agora começa a agitar-se em todos os envolvidos a expectativa poresses dias frenéticos que transformam ocentro histórico da cidade da Feira numapraça gigantesca onde se cruzam gentes detodo o país, forasteiros de além-fronteiras emercadores de todos os géneros.Trajada a rigor, a 11.ª edição da ViagemMedieval chega no próximo dia 3 deAgosto e prolonga a sua estadia até dia12, trazendo na bagagem uma série deactividades relacionadas com uma épocamuito específica: o Verão de 1407, quandoEl-Rei D. João I concedeu aos homens bonsda Feira a valiosa Carta de Feira Franca,documento através do qual os autorizavaa realizar na Terra de Santa Maria uma feiraa cada 15 dias.

Viagem Medieval de 2007

Diário da ViagemO evento que há vários anos vem demonstrando o potencial da parceria entre a Câmara

Municipal de Santa Maria da Feira e a Federação das Colectividades de Cultura e Recreio,realiza-se em 2007, de 3 a 12 de Agosto e, como é tradição, dedica cada um desses dias auma recriação histórica específica.Conhecem-se já os temas que irão inspirar cada jornadada experiência que levará mais de 500 mil viajantes a fazer escala em Santa Maria da Feira.

3 de Agosto de 2007, sexta-feira - AberturaJoão Rodrigues de Sã, o das Galés, companheiro de armasde D. João I, deve o seu cognome aos prodígios de valorque realizou, aquando do cerco de Lisboa por D. João deCastela. Em 1385, por mercê d'el-rei D. João I, foi donatárioe alcaide do Castelo de Santa Maria, o da Feira.João Alvares Pereira, filho de Álvaro Pereira, Marechal doreino, e de D. Mécia Vasques Pimentel, era senhor da Terrade Santa Maria, de Cabanões de Ovar e da terra de Cambra,confirmada por el-rei D. João I, desde 1386, após a mortede seu pai, que morreu de uma lançada.

4 de Agosto de 2007, SábadoSacaria - Exercício militar que tinha por fim verificar amobilidade das tropas do concelho.Os homens acorriam à chamada para a reunião de forças,dada a hipótese da aproximação do inimigo. Era como umrebate falso seguido, regra geral, de um exercício militarque habitualmente era praticado durante a noite.Nuno Alvares Pereira, algumas vezes, mandava fazer o sinalde aproximação do inimigo, para testar a rapidez com queas suas tropas se armavam e ordenavam em batalha.

5 de Agosto de 2007, Domingo1 - Cor tejo1399 - João Alvares Pereira, senhor da Terra de Santa Mariae Procurador de Fidalgos, casa com D. Leonor Gonçalvesde Mello, senhora muito instruída que sabia ler e escrever,assinando documentos pelo seu marido. Era filha deGonçalo Vaz de Mello, senhor de Castanheira e de suamulher D. Constança Martins.9 de Fevereiro - Os Reis de Portugal e Castela estabelecemnegociações para a assinatura de novas tréguas, através dedelegados que se concentraram em Olivença. Estestrabalhos começaram a 8 ou 9 de Fevereiro de 1399,prolongando-se até Outubro.

6 de Agosto de 2007, segunda-feira1400 - Com uma longa linha de costa marítima, Portugalera visitado por barcos de muitas partes do mundomedievaL ficando sujeito a frequentes contágios deepidemias, fossem elas gripes, cólera, tifo, varíola, lepra... atudo isto se chamava pestilências.O regime alimentar das populações tinha pouco valornutritivo, devido à escassez de alimentos e, principalmentedos frescos, debilitando a população e minimizando asresistências físicas ao combate às doenças. A falta de higiene,de condições profilácticas proibindo-se até o arejamentodas casas, aceleravam o contágio.Ajuntar a este quadro, as guerras quase constantes e osmaus anos agrícolas, produziam verdadeiras tragédias nohomem medieval português.

7 de Agosto de 2007, terça-feira - Casamento1401, 8 de Novembro - Casamento de D. Afonso, conde deBarcelos, filho ilegítimo de D. João I com a única filha D.Beatriz, do Condestável do reino, D. Nuno Álvares Pereira,primo de João Álvares Pereira, senhor da Terra de Santa Maria.A feesta de seu casamento ordenaram de ser em Lixboa, eforam feytas suas vodas mui homrradas, a que vieram todollosSenhores e pessoas notauees do Regno em que ouve justas etorneios e muito prazer de matinadas e outros...

8 de Agosto de 2007, quarta-feira1402, 15 de Agosto - Tratado de Segóvia. Após novasnegociações para o tratado de tréguas por dez anos, comrestituição recíproca das terras conquistadas, é assinadauma trégua entre Portugal e Castela, por um período dedez anos.1402/3 - Nasceu Fernão Pereira, filho lídimo de João AlvaresPereira, senhor da Terra de Santa Maria.1403, 6 de Maio - Uma carta de el-rei D. João I, determinavaque a transmissão de bens da coroa, doados por ele ou porseus antecessores a quaisquer pessoas dalguas terras oudalguus outros herdamentos, passaria a fazer-se na pessoados filhos primogénitos que bastavam para assegurar aordem de sucessão patrimonial. Era o início da Lei Mental.

19 de Agosto de 2007, quinta-feiraCerimónia das CortesAs sessões solenes de abertura das cortes constituíram sempremomentos altos de pompa e cerimónia, criando-se em seuredor um ambiente de luxo, de cor e de muita música.Depois de todos sentados, o rei dava entrada cerimonialna sala onde iriam decorrer as sessões, e o couce do cortejofechava com muitas trombetas, charamelas e sacabuchas,porteiros de maças, reis de armas, arautos e passavantes,o porteiro-mor e o mestre sala.1406, Setembro - Cortes de Santarém Tiveram comoobjectivo principal, a obtenção um subsídio do reino parasubstituir a moeda de três libras e meia por outra de menosvalia e assim impedir a fuga daquela, para fora do país. 0país conheceu a maior inflação da sua história. De poucoserviram as sucessivas leis e reformas monetárias.

10 de Agosto de 2007, sexta-feira - Festa da Feira1407, 27 de Junho - D. João I instituiu por carta, uma feiraquinzenal a requerimento de João Álvares Pereira, senhor daTerra de Santa Maria, sendo o revitalizar da feira mais antigaque já em 1117, tinha dado o nome à povoação. Era realizadasob a invocação da Virgem Maria, a Senhora do Castelo.A feira da Terra da Feira recebe todas as honras e privilégiosda feira de Trancoso, encerrando praticamente o ciclo defestas e romarias que se faziam na Primavera e no Verão, jáque antes de terminar este ciclo, apenas se realizavam asfestas de S. Cipriano, em Paços de Brandão.

11 de Agosto de 2007, sábado - Cortejo1409 - D. João I vem ao Castelo da Feira Nas povoaçõesmedievais, todos os anos, eram celebradas as vitóriasmilitares obtidas ao vizinho reino de Castela. A batalha deAljubarrota foi a mais eternizada, promovendo-sedivertimentos e festividades acompanhados de grandescortejos lúdicos que percorriam as ruas do burgo, passandopor pontos de reconhecimento urbano como as entradasda vila, a praça, a igreja, a câmara. As ruas eram juncadasde alecrim e as frontarias das casas eram decorados companos, bandeiras e flores. Era a festa da vila.. .

12 de Agosto de 2007, domingo - Grande TorneioJoão Álvares Pereira, homem guerreiro e valente, estevepresente no arraial do Infante D. Henrique, perto da praçade Tanger. Em 3 de Outubro de 1437, os mouros atacamesta posição, ficando de guarda o senhor da Teria de SantaMaria, seu filho Fernão Pereira e mais alguns fidalgos, tendotrazido desta façanha a fama e a reputação de bom guerreiroe leal vassalo.

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Todo o contexto da Viagem Medieval de2007 irá remontar, portanto, há 600 anosatrás, quando o reino de Portugalexperimentava a maior desvalorização demoeda da sua história. Revitalizar a feiraque já em 1117 dera nome ao povoadofoi uma das soluções encontradas paracombater essa inflação, na esperança deque o incentivo ao tráfico comercialatraísse à região mercadores estrangeirose estimulasse também, num saudávele s p í r i t o d e c o n c o r r ê n c i a , odesenvolvimento do comércio interno.O consentimento régio para realização dafeira franca surgiu em resposta ao pedidode João Álvares Pereira, Senhor da Terrade Santa Maria, homem guerreiro e valenteque, por esses méritos, terá conseguidopara a feira da Terra da Feira as mesmashonras e privilégios da feira de Trancoso,

então uma das mais concorridas do país.Na maioria dos casos, contudo, as feirasrealizavam-se uma vez por ano ou uma acada semestre, em períodos associados afestas dos santos protectores da região emcausa. A feira franca de Santa Maria daFeira afirmou-se, nesse contexto, de formaalgo diferente, na medida em que tinhauma periodicidade quinzenal e, apesardessa dinâmica, evidenciava o chamadoambiente de paz de feira, que acabou porfavorecer a segurança e o livre-trânsito defeirantes que aí mercavam e tambémdaqueles que a visitavam.Para os caseiros de uma quinta isolada,por exemplo, a feira era aproveitada paravender os excedentes da produção ecomprar o que estava em falta,funcionando também como um ponto deencontro com o resto do mundo, no qual

Viagem Medieval de 200727 de Junho de 1407: El-Rei D. João I assina a carta em que autoriza João ÁlvaresPereira a realizar, a cada 15 dias, a feira franca da Terra de Santa Maria.

tomavam conhecimento das últimas novase concret izavam uma das rarasoportunidades que tinham para convivercom outras almas que não as do seu círculofamiliar.A carta régia que em 1407 instituiu a feirafranca que passou a agitar a Terra de SantaMaria e ajudou a revitalizar a economia doReino é o tema que inspira a edição de2007 da Viagem Medieval, mas, de 3 a 12de Agosto, a transformação que se dá nacidade da Feira abrange um período maisextenso da História: de 1385, quando JoãoRodrigues de Sá, o das Galés, foi donatárioe alcaide do Castelo, a 1437, quando osmouros atacaram a posição do Infante D.Henrique e a guarda do local foiassegurada por João Álvares Pereira, queassim conquistou a sua fama de bomguerreiro e leal vassalo.

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O ex-libris do município voltou a ser ocenário da 24.ª edição do Festival Folclóricodo Castelo da Feira, promovido peloRancho Regional de Argoncilhe, que, nodia 30 de Junho, aí reuniu 10 grupos dediferentes regiões do país.A região de Trás-os-Montes, Alto Douro eDouro Sul esteve representada peloRancho Folclórico e Regional da Casa doPovo de Moimenta da Beira, fundado em1982 e dedicado a divulgar os costumesmusicais das gentes das serras da Nave,da Estrela e do Marão.Do Alentejo veio o Rancho Folclórico deFortios, que existe há 26 anos e em 1984 deuinício a uma exaustiva recolha etno-folclórica,que lhe permite agora apresentar-se comparticular rigor em trajes de abegão, ganhão,pastor, ceifeira, mondadeira, azeitoneira,alimentador de máquinas e lavrador, etambém em trajes domingueiros e de festa,de ricos, pobres e noivos.Ao Rancho Folclórico e Etnográfico doRefúgio, que actua desde 1966 na Covilhã,coube representar a Beira Baixa, cujos usose costumes o grupo vem divulgando emdiversos festivais nacionais e internacionaisde folclore.No mesmo evento esteve também o RanchoFolclórico Rosas do Lena, da AltaEstremadura, cuja história começou em 1963na Batalha e inclui já 12 gravaçõesdiscográficas e 28 digressões no estrangeiro.

Castelo tornou a ser montrada cultura popular portuguesa

Do Ribatejo veio, por sua vez, o RanchoFolclórico do Vale de Santarém, que desde1956 vem demonstrando a influência queos trabalhadores de outras provínciasdeixam na música da região, através deum repertório que tanto se faz de ritmoslentos e harmoniosos, como de um registomais vibrante, entre Verde-Gaios, Bailaricos,Viras, Corridinhos e o Fandango.No Festival também participou o RanchoFolclórico de Vinhó, na Beira Alta. O grupofoi criado em 1977 e, com as quadras dassuas danças de roda simples, vemdivulgando pela Europa a Tia Baptista, umafreira do século XVII que viveu no conventode Vinho e o povo adoptou como padroeira.O Grupo Folclórico da Casa do Povo deCeira, na Beira Litoral, deu a conhecer asrazões por que desde 1962 o consideramum fiel representante da região deCoimbra: mantém vivos as danças, oscantares e os trajes do século XIX e doinício do século XX.O grupo mais antigo entre os queparticiparam no Festival foi o dosSargaceiros da Casa do Povo de Apúlia,que ocupa um lugar ímpar no folcloreportuguês: o seu traje característicoremonta à época da ocupação romana eas suas actuações reportam especifi-camente à actividade agro-marítima daapanha do sargaço.Criado quatro anos mais tarde, o Grupo

Folclórico da Casa do Povo de Alte, noAlgarve, mostrou na Feira o trabalho quelhe mereceu, em 2000, a Medalha de Pratade Mérito Turístico do Secretário de Estadodo Turismo..Também de 1938 é o Rancho Regional deArgoncilhe, que Helena Gil, da DelegaçãoRegional da Cultura do Norte, teveoportunidade de cumprimentar pelo «bomtrabalho que tem vindo a desenvolver emprol da cultura da sua região e das suasgentes». O presidente da Câmara Municipalde Santa Maria da Feira, Alfredo Henriques,elogiou o «empenho e dinamismo» dacolectividade que há 24 anos promove naFeira o «encontro de tradições» que habituouo público «à diversidade e originalidade dasdanças e dos trajes apresentados» pelosparticipantes no Festival.Fernando Ferreira da Silva, presidente daFederação do Folclore Português, aplaudiu«a doação e o trabalho» de todos os quecontribuíram para essa «grande jornadade promoção e divulgação da culturaportuguesa de matriz tradicional epopular», e os dirigentes do Rancho deArgoncilhe, perante a receptividade que opúblico demonstrou para com a oferta empalco, confirmaram as suas expectativasquanto à afirmação do Festival do Castelocomo «uma montra da cultura e dastradições populares de diferentes regiõesdo país».

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O CiRAC traz de novo a Paços de Brandãonomes significativos do actual panoramaclássico e jazzístico português, em maisuma edição do seu Festival de Música deVerão.Depois de quatro espectáculos em que sedestacaram os concertos de Mário Laginhae António Victorino d’Almeida, que assumetambém a direcção artística do evento, oFestival de Música de Verão prossegue emJulho com a oferta de qualidade que já lhepermitiu fidelizar o público de Santa Mariada Feira e espectadores das áreasmetropolitanas do Porto e Aveiro.Promovido pela CiRAC – Círculo de Cultura,Arte e Recreio de Paços de Brandão, oFestival mantém os mesmos objectivosque inspiraram a sua edição de estreia:diversificar a oferta cultural e os seuspúblicos, promover uma efectiva«democracia cultural», desenvolver a vidaassociativa da região e concretizar opotencial da Cultura enquanto motor dedesenvolvimento social.Se essa missão se vem materializando deforma cada vez mais consistente ao longodos últimos anos, o facto deve-se àqualidade expressa nas propostas queintegram o programa de cada edição doFestival. Este ano não será excepção, comoo público ainda terá oportunidade deconstatar nos cinco concertos que o CiRAC

tem agendados até final de Julho,sempre às 21h45 e com entrada livre.O dia 7 foi protagonizado pelo grupoInvicta Sax, que levou à Casa da Portela,em Paços de Brandão, um repertórioessencialmente constituído por jazz eexplorado de forma a revelar toda apotencialidade musical do saxofone.No dia 14, o Festival muda-se para o auditóriodo CiRAC, onde terá lugar o concerto “Osopro dos botões”, que resulta do diálogoentre o clarinete de Carlos Alves e o acordeãode Paulo Ferreira, com o acompanhamentodo Quarteto de Cordas Camões.No dia seguinte, o palco será a Igreja Matrizde Paços de Brandão e aumenta o númerode actores em cena, já que o espectáculocabe à Orquestra Sinfónica de Jovens deSanta Maria da Feira, que aí irá interpretardiversas obras de António Victorinod’Almeida, sob a direcção de Paulo Martins.O Festival de Música de Verão regressa aoauditório do CiRAC no dia 21 de Julho,quando em cartaz estará o coro da própriacolectividade, conduzido por ErnestoCoelho. A edição de 2007 termina umasemana mais tarde, a 29, e a despedidaestá a cargo do trio TGB, que irá envolveras ruínas da Quinta do Engenho Novo,também em Paços, na sonoridade jazz datuba de Sérgio Carolino, a guitarra de MárioDelgado e a bateria de Alexandre Frazão.

Festival de Músicade Verão

com programa de qualidade

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Mini-Olimpíada de 2007todas as freguesias do Concelho de Santa

Maria da Feira.

A organização fez questão se salientar o

balanço positivo deste evento, que se

realiza anualmente com o apoio da

Câmara, e envolve um número muito

significativo de colectividades e

instituições de ensino.

Esta iniciativa que coincide com o início

das férias escolares, constitui-se como

uma magnífica oportunidade para os

jovens candidatos a atletas, competirem

nas várias modalidades.

O Estádio Marcolino de Castro, em

Santa Maria da Feira, foi uma vez mais

palco da cerimónia de abertura das

Mini-Olimpíadas de Santa Maria da

Feira. A sessão inaugural contou com

diversos convidados de relevo nacional

e local. A animação esteve a cargo dos

Grupos de Dança “Os Salta Pocinhas” e

“Os Traquinas” da Tuna Musical

Mozelense, do Grupo de Dança

Moderna do Colégio de Santa Maria de

Lamas e do Grupo de hip-hop da AMRC

de Travanca.

A edição deste ano das Mini-Olimpíadas

concentrou-se no parque desportivo das

Caldas de S. Jorge, onde teve lugar a

maioria das provas.

Este ano, a organização associou a este

evento a quarta edição das Paralimpíadas

Concelhias, uma competição destinado

às pessoas que frequentam as cerci’s e

outras associações do Concelho com o

mesmo fim.

A grande novidade de 2007 foi a

realização das Mini-Olimpíadas Escolares,

que resultou de uma parceria entre o

orfeão da Feira e o projecto Escola + da

Câmara Municipal, que já se vinha

desenrolar desde Março, dirigido aos

alunos dos terceiro e quarto anos de

escolaridade do primeiro ciclo do ensino

básico.

Organizado pelo Orfeão da Feira desde a

primeira edição, as Mini-Olimpiadas de

2007 reuniram mais de dois mil parti-

cipantes provenientes de praticamente

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7 de Julho

XVII Concurso de PescaDesportiva “Ria”Organização: Grupo Cultural eRecreativo Andorinhas de EspargoLocal: Ria de Aveiro – CapitaniaPorto Aveiro

De 13 a 15 de Julho,entre as 11h00 e as 01h00

Encontro das Colectividades deEscapãesOrganização: Associação Cultural eRecreativa e Desportiva deEscapãesLocal: Parque do Eleito Local –Escapães

14 de Julho, às 21h45

“O Sopro dos Botões” (Clarinetee Acordeão) e Quarteto de CordasCamõesOrganização: CiRACLocal: Auditório do CiRAC – Paçosde BrandãoEntrada: Livre

15 de Julho, às 21h30

Festival de Folclore Vergada 2007Organização: Rancho Regional deArgoncilheLocal: Vergada – Argoncilhe

Agenda15 de Julho, às 21h45

Orquestra Sinfónica de Jovens deSanta Maria da Feira apresentaobras de António Victorinod’AlmeidaOrganização: CiRACLocal: Igreja Matriz de Paços deBrandãoEntrada: Livre

20 de Julho, às 21h00

Audição de Fim de Ano da Escolade MusicaOrganização: Centro de Cultura eRecreio do Orfeão da FeiraLocal: Orfeão da FeiraEntrada: Livre

21 de Julho

XVII Festival Folclórico deEspargoOrganização: Grupo Cultural eRecreativo Andorinhas de EspargoLocal: Espargo

21de Julho, às 21h45

Coro do CiRACOrganização: CiRACLocal: Auditório do CiRAC – Paçosde BrandãoEntrada: Livre

Redacção e Administração:Rua S. Paulo Cruz, 12 r/c4520-249 Santa Maria da Feirae-mail: [email protected]

CULTURArecreio& 11

28 a 30 de Agosto

IX Mostra de ArtesanatoOrganização: CiRACLocal: Arraial de Paços de BrandãoEntrada: Livre

Agosto e Setembro

Verão no ArraialOrganização: CiRACLocal: Arraial de Paços de BrandãoEntrada: Livre

Setembro e Outubro

XIV Encontro de TeatroOrganização: CiRACLocal: CiRACEntrada: Preços ainda a definir

28 de Julho, às 21h30

23.º Festival de FolcloreOrganização: Rancho FolclóricoRecreativo Cultural “As Florinhas deRio Meão”Local: Largo de Santo António – RioMeão

28 de Julho, às 21h30

XVII Festival de Folclore daACRDEOrganização: Associação Cultural eRecreativa e Desportiva deEscapãesLocal: Parque do Eleito Local -Escapães

29 de Julho, às 21h45

TGB – Jazz, com Sérgio Carolino(tuba), Mário Delgado (guitarra)e Alexandre Frazão (bateria)Organização: CiRACLocal: Ruínas da Quinta do EngenhoNovo – Paços de BrandãoEntrada: Livre

5 de Agosto, às 21h30

Festival Internacional de Folclorede Argoncilhe 2007Organização: Rancho Regional deArgoncilheLocal: S. Domingos – Argoncilhe

Alterações legais obrigam a novoprocedimento nos donativos

Alterações recentes relativas aoenquadramento legal dos donativosobrigam a um novo procedimentonessa matéria por parte das entidadesbeneficiárias. Em primeiro lugar, essasestão agora obrigadas por Lei a emitirum documento comprovativo dosmontantes recebidos por parte dosseus mecenas, devendo o recibo indicaro enquadramento do donativo emencionar que esse é concedido semcontrapartidas.Esse enquadramento legal implica uma

referência explícita às seguintes questões:a qualidade jurídica da entidade bene-ficiária, o normativo legal em que seenquadra e, nos casos em que se justifica,o despacho necessário ao reconheci-mento, assim como o montante dodonativo (quando em dinheiro) ou aidentificação dos bens doados (no casode donativos em espécie).As entidades beneficiárias devem aindapossuir um registo próprio com dadosactualizados dos seus mecenas – comonome, NIF, valor de cada donativo e data

do mesmo – e entregar à Direcção-Geraldos Impostos, até ao último dia deFevereiro, uma declaração de modelooficial referente aos donativos recebidosno ano anterior.Quanto ao pagamento de donativos emdinheiro superiores a 200 euros, a Leidefine que esses devem ser efectuadosatravés de meios de pagamento quepermitam a identificação do mecenas,designadamente através de transferênciabancária, cheque nominativo ou débitodirecto.

Director: António PintoChefe de redacção: Alexandra Couto

Propriedade: Federação dasColectividades de Cultura e Recreiodo Concelho de Santa Maria da Feira

Design e Impressão: Cor IdealTiragem: 1.000 exemplaresDistribuição gratuita.

Este espaço é teu!

Envia-nos um

resumo das

próximas

actividades da tua

associação.

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CULTURArecreio&12

Danças do MundoA cor, energia e exotismo que se adivinhanos grupos presentes, auguram mais umêxito para a edição de 2007 de Danças doMundo – Festival Internacional de Folclorenas terras da Feira, que é dedicado àmúsica tradicional, nacional e estrangeira.Organizado pela Casa da Gaia – Centro deCultura desporto e Recreio de Argoncilhe,este Festival Internacional de Folclore quevai na 29.ª edição, contará com arepresentação de países como a Alemanha,Itália, Roménia, República Checa, Ucrânia,Macedónia, Brasil e Portugal.

A diversidade cultural e a reunião deculturas que é potenciada por esteevento, animarão os participantes e opúblico, durante os 11 dias do Festival.O festival deste ano apresenta trêsgrandes momentos: a Gala de Abertura,a realizar no dia 19, pelas 21h30, naCâmara Municipal; a Gala Nacional, nodia 28, à mesma hora, no Largo da Igrejade Argoncilhe, com um jantar convívio,desfile de apresentação e actuação dosgrupos; e a Gala das Nações, na noite de29 de Julho, também em Argoncilhe.

De acordo com o que foi anunciadopelos organizadores do evento, estainiciativa tem o apoio da Câmara Munici-pal de Santa Maria da Feira, da Junta deFreguesia de Argoncilhe, da Federaçãode Folclore Português, do INATEL, do IPJe outros patrocinadores privados.Danças do Mundo é uma dos maisimportantes eventos culturais doConcelho da Feira, organizado por umacolectividade local, cuja qualidade eexcelência são referenciadas inúmerasvezes na imprensa local e nacional.