Cultura No Lazer - Uma Referência de Educação Não Formal No Sesc

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Revista Lazer & Sociedade - Lazer, Educação e Cidadania, EACH/USP, Université du Québec, Aleph, 2010. CULTURA NO LAZER - UMA REFERÊNCIA DE EDUCAÇÃO NÃO FORMAL NO SESC SÃO PAULO Profa. Yara Schreiber Dines Dra. em Antropologia Social Ex-Pesquisadora do Núcleo de Antropologia Urbana - NAU/Universidade de São Paulo Pesquisadora Associada do Laboratório de Imagem e Som em Antropologia - LISA/Universidade de São Paulo Introdução É em retrospecto que se percebe a relevância insuspeitada que a problemática do lazer veio a conquistar para as sociedades contemporâneas. Já vai longe o tempo em que, no final dos anos 60 e início dos anos 70, o lazer começou a encontrar algum espaço num meio acadêmico relutante em reconhecê-lo como tema importante de pesquisa no Brasil. Na atualidade, o lazer vem se tornando tema de destaque em várias áreas de estudo, exigindo um repensar constante de suas implicações frente às transformações drásticas que hoje confrontam o mundo do trabalho na realidade contemporânea (Marcelino:1999). A temática do lazer tornou-se ícone da sociedade pós- industrial, mostrando mudanças profundas na estrutura produtiva, no perfil do emprego, na organização e nos ritmos do trabalho, e trazendo à tona elementos que, com seus inesperados desdobramentos sociais, hoje desenham para a pesquisa um quadro inteiramente novo, como destacou o

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Revista Lazer & Sociedade

Revista Lazer & Sociedade - Lazer, Educao e Cidadania, EACH/USP, Universit du Qubec, Aleph, 2010.

CULTURA NO LAZER - UMA REFERNCIA DE EDUCAO NO FORMAL NO SESC SO PAULO

Profa. Yara Schreiber DinesDra. em Antropologia Social Ex-Pesquisadora do Ncleo de Antropologia Urbana - NAU/Universidade de So PauloPesquisadora Associada do Laboratrio de Imagem e Som em Antropologia - LISA/Universidade de So Paulo

Introduo

em retrospecto que se percebe a relevncia insuspeitada que a problemtica do lazer veio a conquistar para as sociedades contemporneas. J vai longe o tempo em que, no final dos anos 60 e incio dos anos 70, o lazer comeou a encontrar algum espao num meio acadmico relutante em reconhec-lo como tema importante de pesquisa no Brasil. Na atualidade, o lazer vem se tornando tema de destaque em vrias reas de estudo, exigindo um repensar constante de suas implicaes frente s transformaes drsticas que hoje confrontam o mundo do trabalho na realidade contempornea (Marcelino:1999). A temtica do lazer tornou-se cone da sociedade ps-industrial, mostrando mudanas profundas na estrutura produtiva, no perfil do emprego, na organizao e nos ritmos do trabalho, e trazendo tona elementos que, com seus inesperados desdobramentos sociais, hoje desenham para a pesquisa um quadro inteiramente novo, como destacou o socilogo italiano Domenico de Masi no 5o Congresso Mundial de Lazer, realizado em So Paulo, em 1998 (De Masi, 1997; 2000; 2001). Quando se conhecem melhor as regras que organizam o uso do tempo livre por meio de diversas formas de lazer, percebe-se que sua dinmica ultrapassa amplamente a necessidade de descanso do tempo de trabalho, possibilitando meios de aprofundamento e reforo de laos de identificao e lealdade que garantem a rede bsica de sociabilidade (Magnani,1996: 31), como marcos de referncias que, para indivduos ou grupos sociais, balizam sua experincia de vida. Este um fator que, como destaca ainda Magnani, adquire especial significado para uma populao cuja insero social no tecido da cidade limita seu acesso aos bens que a vida urbana oferece, no lhes permitindo usufruir plenamente do seu direito cidade ou, o que o mesmo, seus direitos de cidadania. O estudo do lazer, por abranger um maior domnio de opes e escolhas pelos indivduos, tambm possibilita que se entendam atitudes, valores e padres de comportamento encontrados em diferentes meios sociais. Neste sentido, a viso de Arantes (1999:129,130), de que as atividades do tempo livre e a educao no formal podem ser pensadas em sua relao com prticas de consumo e como integrantes de uma mediao dinmica de vnculos polissmicos entre pessoas em posies estruturais claras, permite que a ordenao do tempo livre possa ser interpretada como reprodutora ou transformadora do elemento moral das relaes sociais, possibilitando uma reflexo crtica sobre o significado das atividades que preenchem o tempo de lazer em diferentes circuitos sociais

Objetivos

O lazer um tema importante de pesquisa e um foco privilegiado para se compreender a cidade e a dinmica cultural urbana. Recortar como objeto de estudo a problemtica do lazer promovido por uma instituio associada ao mundo do trabalho - o SESC So Paulo - constitui o objetivo deste trabalho. Analisar o processo de mudana e de ressignificao das noes de lazer e de cultura por meio das prticas sociais e pela educao no formal promovidas pelo SESC em So Paulo, contextualizando-as dentro do universo do urbano e suas transformaes, forma um recorte significativo de anlise. Tanto em virtude das mudanas pelas quais passa a ao da instituio ao longo de seus 60 anos de atuao, quanto pela especificidade dos locais em que esto situados os seus equipamentos na cidade, bem como pelo leque amplo de sua programao para pblicos distintos. Alm disso relevante destacar a amplitude da populao e de moradores de diferentes bairros, freqentadores das unidades - o nmero de matriculados em 2009 foi de 1.392.259 e o nmero daqueles que atualizaram suas matrculas neste mesmo ano somou 1.011.263, (www.sescsp.org.br).A pesquisa permitiu indicar os traos da diversidade cultural existente no meio urbano, e a proposta de anlise da educao no formal por meio das prticas de lazer e de cultura propiciadas pelo SESC, possibilitando a apreenso de determinados padres sociais e culturais que orientam sua atuao em relao aos freqentadores de seus equipamentos. Assim, pode-se questionar: - Qual o sentido das prticas propostas pelo SESC? Ser que estas possuem somente um carter de servio social prestado aos trabalhadores, ou ser que o resultado das atividades oferecidas pela instituio tambm adquire outros significados especficos no interior da dinmica cultural que prpria cidade?A partir da relevncia desse universo assim definido e adotando uma perspectiva antropolgica, minha proposio de pesquisa partiu da hiptese de que uma anlise cuidadosa da documentao da trajetria do SESC So Paulo, com a insero da problemtica da instituio no seu mbito especfico, mas tambm contextualizada no da sociedade, possibilitaria o conhecimento das mudanas de significao de suas prticas, bem como dos novos sentidos adquiridos pelas noes de lazer e de cultura introduzidas pelas prticas desta entidade. Estas ressemantizaes conceituais e seus resultados nas prticas implantadas pela instituio foram analisados, no intuito de se responder questo: - Qual a lgica nas mudanas dos significados de lazer e cultura e os seus desdobramentos para a instituio associado educao no formal e, num mbito maior, para a metrpole paulistana onde ela se insere? Um outro aspecto importante que foi considerado nesse estudo so os diferentes modos como se configuram os espaos de lazer do SESC, que passam por mudanas fsicas relevantes, relativas a maneiras especficas de se compreender a relao prtica / espao / usurio dos equipamentos, como veculos de expresso e de comunicao de sentido das atividades ali realizadas. Numa outra dimenso, importante salientar, em relao ao lazer e s prticas sociais a ele relacionadas, o componente das emoes que a elas se associa, como um ponto de cristalizao de um amplo espectro de outras experincias. Complementando a pesquisa documental, foram gravados depoimentos de pessoas significativas que trabalharam e ainda atuam nessa instituio, conhecendo-a profundamente. Funcionrios do setor administrativo em cargos de direo e planejamento, assim como tcnicos que organizam a implantao das diversas prticas sociais e professores nela envolvidos tiveram seus depoimentos registrados, pois acompanham o fazer da instituio e o seu pensamento sobre a educao no formal, permitindo o seu conhecimento e crtica. Estes testemunhos constituem material fundamental para o trabalho de anlise efetuado, representando uma ancoragem e uma memria viva a ser interpretada em conjunto com os documentos.

Desenvolvimento

Um dos temas muito importantes revelados na pesquisa a idia de espao que est simbolizada principalmente pela imagem do SESC Pompia (1982), mas que tambm est presente nas unidades que surgem posteriormente, como Ipiranga (1992), Vila Mariana (1997) , Santana (2005), Santo Amaro (reabertura 2010), Belenzinho (reabertura 2010). Infere-se que h uma grande valorizao do espao aberto, da discusso e reflexo sobre a concepo do projeto arquitetnico e de seu uso, incluindo muitos espaos para o circular, para a sociabilidade e para o encontro social.Alm disso, nestes espaos livres e nos quais so desenvolvidas prticas culturais e esportivas, destaca-se o encontro e a interao entre geraes, o que no ocorre na maior parte das vezes na moradia dos usurios, nos seus locais de trabalho ou em outras reas urbanas. Desenvolve-se ali uma sociabilidade importante e incomum entre geraes distintas, com a co-existncia de vrios grupos sociais e redes de relaes que se organizam segundo uma grande variedade de prticas sociais.Estes espaos abertos procuram configurar-se como praas de mltiplos usos e como ponto de parada e de reflexo. Como comenta Erivelto Busto Garcia, ex-assessor Tcnico de Planejamento, a respeito da rea de convivncia do SESC Pompia: A praa pausa. Dentro da cidade, voc est andando na avenida, voc senta em um local mais agradvel de ficar, fazer uma pausa, descansar um pouco, recuperar, pensar um pouco na vida: Volto para casa? No volto? Vou para um tal lugar? E isso no SESC tem. Tem essa funo, a funo que responde ao que estvamos falando antes, a esta indefinio presente no tempo livre... (2004:27, 28). Roberto da Matta (1985) enfatiza a riqueza do espao social, no que se refere sua singularizao e ao conhecimento de suas delimitaes e fronteiras, ressaltando que estes so marcados de forma individualizada. Neste sentido, possvel afirmar que, em cada uma das unidades do SESC, existem mltiplos percursos percorridos e especficos mapas mentais espaciais para seus freqentadores, assim como uma importante memria social tecida a partir das vivncias nestes territrios carregados de significao. A praa ou rea de convivncia existente nos territrios do SESC criam momentos de parada, mas tambm atuam como pontos de inflexo para se pensar o que fazer no tempo livre e escolher o seu destino, pois, como comenta Erivelto Busto Garcia, muitas vezes o usurio vai at a unidade no fim de semana, mas no sabe o que fazer em seu lazer:Boa parte das pessoas que no tm assim muito claro ainda o que vo fazer naquele momento, a pessoa vem para c, levanta, v uma coisa na biblioteca: Ah, vou ler um livro ali. Vou ficar lendo, hoje. Ou fica sabendo que vai ter um espetculo de teatro... Mas um pouco a idia da praa, mesmo. At do ponto de vista da distribuio dos fluxos, de ser um local de fcil acesso de qualquer ponto em que voc esteja, e tambm uma parte de distribuio, a partir de onde ele pode se dirigir a qualquer ponto sem dificuldades. (2004:27,28). A proposta da visibilidade e da transparncia dos espaos tem sido uma preocupao maior em projetos mais recentes, com a inteno de aproximar intervenes sociais diferenciadas, possibilitando a existncia de um dilogo e de comunicao entre as prticas, como em relao dimenso da leitura e da criatividade ou da informtica, dentre outras. Neste sentido, comenta ainda Erivelto Busto, sobre o projeto para o SESC Pinheiros, fundamentado nos projetos e experincias anteriores com o espao e uso do territrio:

Ento, voc tem um andar enorme, os andares l so muito grandes, uma quantidade enorme de pessoas, ao mesmo tempo, e todas se vendo e vendo o que est acontecendo... Isso provoca uma certa sinergia, um certo estar mais vontade, o ambiente parece que no tem barreira, circula-se mais livremente. Na rea de atividades fsicas, na rea de ginstica, ns no temos mais diviso de salas de ginstica l em Pinheiros. um andar inteiro, tambm enorme, como eu te falei, onde tudo est dentro do mesmo espao. No tem separao nenhuma. Inclusive com algumas atividades diferentes a que so ginstica funcional, umas prticas diferentes de ginstica, uns aparelhos tambm diferenciados que esto sendo criados agora, claro, com um tratamento acstico melhor, porque a quantidade de pessoas juntas...[Tratamento] trmico, tambm, porque muita gente junta fazendo atividade fsica(...) Mas no chega a ser conflitante. E, por outro lado, estimulante tambm para os dois lados. Porque muita gente est esperando l a vez para entrar na internet, vai na biblioteca do lado ali, s pegar um livro para ler. Certamente no faria isso se estivesse em um ambiente separado. E vice e versa tambm, algum que est acostumado com livros mas nunca mexeu na internet. Est acontecendo muito com a terceira idade, esse espao da internet, freqentando bastante, comeando a aprender... (2004:27,30).

A multiplicidade de usos no mesmo espao tambm propicia a proximidade e contato entre geraes diferenciadas, seja em relao s prticas fsicas ou mesmo ao uso da internet. Nestes espaos multifuncionais, como os usurios esto em tempo de lazer, ou seja com maior disponibilidade, pode ocorrer, por exemplo, tomando por exemplo o conhecimento e uso da internet, que os idosos tenham possibilidade de serem escutados e tambm possam contar suas experincias para os mais jovens, o que tambm um valor de cidadania. Ainda em relao questo da valorizao e uso dos espaos abertos urbanos, prtica j adotada pela instituio ainda nos anos 70, buscando a reutilizao e ressignificao do espao da rua e mesmo da praa - h tambm embutida nas formas de interveno uma determinada noo de cultura, pensada e discutida, que se traduz em ao social e culturalUma outra faceta desta noo de cultura e de cidadania a criao de mltiplas possibilidades, para o comercirio e o usurio do equipamento de lazer, manifestar-se artisticamente, propiciando-se o acesso e o conhecimento de tcnicas que permitem criar formas de expresso pessoal pela arte e no simplesmente buscar o aumento de repertrio cultural e o seu consumo. Como destaca Newton Cunha, ex-pesquisador e assessor da Gerncia de Desenvolvimento Social - GEDES no seu depoimento sobre o que denomina de alfabetizao cultural:

Sim existe o que alguns chamam, teoricamente de alfabetizao cultural, ou seja aprender tcnicas e habilidades que dizem respeito criao de objetos artsticos ou artesanais, por exemplo. o complemento, digamos, manual, da compreenso terica da realidade. No mbito das artes, pelo menos. Uma coisa voc ter acesso ao espetculo para que voc entenda a arte com a qual voc convive. Outra coisa voc aprender tcnicas que lhe permitam avanar na compreenso da forma artstica que voc escolheu. Isso tem na rea da msica no Vila Mariana, por exemplo, no SESC Consolao voc tem o teatro, mesmo na Pompia tinha um curso de teatro...(2004:21).Deste modo quando nas oficinas de arte dos galpes do SESC Pompia, vem-se crianas e adultos trabalhando a argila no seu tempo livre, a imagem pode ser tomada como um cone visual deste processo de alfabetizao artstica, quando tm a possibilidade de experimentar materiais e tcnicas e descobrir outras habilidades pessoais.Uma outra dimenso da noo de cultura presente no SESC, que permeia as suas prticas sociais, citada por Ivan Giannini, Superintendente de Comunicao Social, indicando o conhecimento e a conscincia de estar operando com uma categoria de cultura prxima de antropologia e em um sentido bastante abrangente.

Bem, essa palavra cultura tem centenas de definies e difcil pegar uma especfica. A gente tenta trabalhar com a idia mais antropolgica da cultura. Da cultura permeando desde os nossos restaurantes, a gastronomia, at o esporte, todas as atividades que a gente faz. Do ponto de vista da ao cultural, a gente utiliza mais a arte, para levar a mensagem que a gente acha que deve ser levada, que a mensagem da crtica, a mensagem da alfabetizao cultural, da informao no sentido da cidadania, das pessoas poderem cada vez mais com essas informaes que a arte lhes d, o desequilbrio que a arte lhes d, se colocar em situaes limites, diferentemente do entretenimento, em que voc fica na ocupao do tempo mais ldica, mas menos crtica. Eu acho que uma fase de amadurecimento da instituio (2004:13). Em relao essa compreenso ampliada de cultura na atualidade pelo SESC So Paulo, h uma interface com a idia de diversidade cultural, que passa a ser disseminada e valorizada pela Unesco a partir do final dos anos 90, quando h uma preocupao em se lidar com problemas associados tolerncia, respeito diferena e particularidades de outros modos de vida e comportamento - ou seja destacar e ampliar a prtica da cidadania.. Prope-se lidar com estas questes por meio da arte, ou seja, a arte atuar como uma mediao e um instrumento cultural para problematizar e fazer dialogar sobre estes temas. Neste sentido, alm da programao do SESC ser bastante aberta e incluir performances de cultura tradicional, popular e erudita brasileiras, intervenes artsticas provindas do exterior tambm so apresentadas com nfase na diversidade cultural. Como destaca Dante Silvestre, ex-gerente da Gerncia de Desenvolvimento Social - GEDES: Isso foi muito forte a partir dos anos 80, reconhecer outras formas de expresso cultural e ver de perto, mostrar, trazer isso. Havia a, primeiro, a idia de que existe uma afirmao de uma cultura, de culturas tradicionais, cultura de grupos ou culturas nacionais - defesa da nossa cultura, a chamada cultura popular, mas que no exclusiva, aquilo que nosso melhor. No. Aquilo que vem de fora pode ser bom tambm, vamos conhecer. No interessa muito aquilo que est na mdia, por exemplo, na corrente principal. No interessa para o SESC a difuso daquilo que j difundido, mecanizado, que da indstria cultural. Mas importa ao SESC mostrar coisas que esto um pouco ocultas por a. a idia desse Frum Cultural Mundial, que o SESC est promovendo agora em junho. Querendo trazer pessoas da frica, pessoas da sia, pessoas da Amrica Latina, para falar sobre cultura de um ponto de vista que no o ponto de vista do europeu. Tambm tem que apresentar (2004: 39).

Deste modo, importante perceber o quanto essa forma de atuao se alinha com uma problemtica contempornea. Apesar do cenrio mundial da globalizao, a Unesco passou a enfatizar, como contrapartida, aes sociais e educao no-formal em relao diversidade cultural junto a instituies e fundaes culturais, buscando justamente ressaltar valores associados a paz, tolerncia, convivncia e respeito diferena. Nesta fase, o SESC aproxima-se de entidades internacionais como Fundao Goethe, USIS (United States Informations Service), dentre outras, e intensifica seus contatos com elas. importante destacar que, apesar destas aes de carter propositivo por parte da instituio, a introduo de performances de universos distantes e pouco conhecidos atinge um pblico ainda bem restrito. Como ressalta Ivan Giannini em relao compreenso desta linha de ao cultural:A primeira coisa: toda essa ao cultural do SESC em reas que so mais restritas, nessa rea que estou te falando da diversidade cultural, de trazer grupos de msica ou de dana da ndia, da frica, sempre foi uma minoria que se interessa por isso. O que o SESC faz quando traz essas coisas, ampliar um pouquinho essa minoria. Tem pessoas que nunca foram familiarizadas com isso, de repente tm uma verdadeira descoberta. Olha que coisa legal! esse o eco que nos chega. Que legal aquele projeto que vocs fizeram no SESC Pompia, que vocs trouxeram msicos de todas as partes do mundo. Eu vi l um msico egpcio, que legal! Isso acontece, voc fica sabendo. Ento, voc faz uma provocao de estmulos que se ramificam. A partir do momento em que voc v um cantor ou uma danarina, voc se interessa pelo assunto, voc vai procurar, s vezes tem um vdeo sobre aquilo, se voc encontra aquele tipo de msica, voc busca informao num livro. Esse trabalho de ramificao existe mesmo. Voc pe a pessoa em contato com uma coisa, com uma produo qualquer - esse contato muitas vezes casual, o sujeito est passando em uma unidade, ele vai fazer uma coisa qualquer, ele vai nadar na piscina, mas v um grupo se apresentando, d uma espiada e gosta, j fica fascinado por aquilo. assim que as coisas funcionam. Ento, h uma diversificao de pblico, um pblico que tem contato com uma grande diversidade de manifestaes, e h o crescimento desse pblico tambm. Mas o SESC faz, sobretudo, um trabalho de contaminao, viu? Voc faz com que as pessoas vejam coisas que elas nunca viram. Esse ver coisas que elas nunca viram pode dar em nada, a pessoa nem toma conhecimento, ou pode tomar conhecimento, gostar, se interessar, se apaixonar, se ligar quilo, procurar se informar, se documentar... Esse o passo mais importante, voc contaminar pessoas com coisas diferentes, com coisas bonitas, com coisas inteligentes. Essa um pouco a ideologia da programao do SESC (2004:40).Procuramos mostrar atravs do trabalho analtico com sries de documentos, recursos da oralidade e reflexes sobre as temticas abordadas, as formas de interveno social mais relevantes do SESC num perodo mais recente, abrangendo prticas corporais e artsticas e buscando expor a nfase atribuda ao mbito da cultura e do lazer como matriz geradora de sua linha de ao social e da educao no formal..

CONSIDERAES FINAIS

Agora, vendo com distanciamento o resultado dessa construo narrativa que constitui o presente trabalho, podemos dizer que as prticas sociais em estudo do SESC So Paulo, em espaos e regies especficas da metrpole paulistana, compem uma rede de cultura e sociabilidade. Desenvolvida em equipamentos destinados ao lazer que funcionam como focos de atrao e irradiao para os usurios desses equipamentos e para os moradores do seu entorno fsico, que apresentam em cada caso caractersticas socioeconmicas e culturais singulares.Para se entender melhor o carter desta rede, convm reportar-se ao catlogo de uma exposio sobre o trabalho de Lina Bo Bardi, intitulado Cidadela da Liberdade, no qual Andr Vainer e Marcelo Carvalho Ferraz, arquitetos colaboradores de Lina no projeto do SESC Pompia, explicam a expresso escolhida pela arquiteta em relao sua obra: Cidadela - do ingls goal, igual a meta ou ponto de defesa de uma cidade - foi o termo usado por Lina Bardi para designar o conjunto; e Liberdade o sentimento comum do rico e variado pblico que freqenta a nova/velha fbrica (1999:11) muito frtil a utilizao da idia de Cidadela para denominar a antiga fbrica restaurada, reciclada e que continua sendo apropriada para diversos fins associados ao lazer, cultura, s artes e ao esporte. No caso, pode-se tomar a idia de Cidadela como ponto de defesa de uma cidade, enquanto foco e centro irradiador de valores como educao, cultura, dignidade, tolerncia, respeito diversidade cultural e heterogeneidade social, dentre outros - cuja presena to fundamental numa cidade, mas ao mesmo tempo to ausente numa metrpole caracterizada por certo tipo de barbrie moderna como So Paulo. Tanto assim que esses valores implcitos na noo de Cidadela no esto somente presentes nas prticas sociais da instituio, mas integram a prpria concepo do espao fsico por meio da arquitetura, da limpeza, das formas de atendimento e de manuteno do conjunto, por exemplo. Alm disso, os centros culturais e esportivos do SESC procuram atuar como Cidadelas no corao da cidade, no sentido de que so entendidos como lugares de encontro, de referncia, de territorialidade vivenciada como pertencimento para jovens, crianas e integrantes da melhor idade, contrapondo-se aos no-lugares (Aug, 1997) da urbanidade e mostrando-se carregados de sentido simblico e mltiplos significados para seus freqentadores.Ao mesmo tempo, importante salientar que a concepo de Cidadela originalmente associada ao SESC Pompia se difunde para as outras unidades a partir de meados dos anos 80, com a entrada de uma nova gesto da instituio que permanece at hoje e a construo de novos equipamentos espalhados pela metrpole. Assim, podemos entender Cidadela como ilha, osis, bastio, mas tambm preciso lembrar a caracterstica que se associa ocupao de tal espao, isto , uma "ao propositiva". Neste sentido, Dante Silvestre esclarece:

(...) Esta escala foi deliberada pelo SESC, esta escala de instalaes mais completas, mais bem cuidadas. Claro que sempre houve, e at seria muito melhor fazer, pequenas instalaes com um nmero grande em todos os bairros de So Paulo: aqui faz um teatrinho, ali faz um cineminha, ali faz um campo de futebol - o SESC estaria mais presente. Mas acabou prevalecendo a tese ao contrrio. Ento, o seguinte: melhor fazer coisas muito bem feitas, porque o SESC (...) jamais vai poder, no vai ter recursos para ter uma presena fsica, atender a todos os bairros da cidade, todas as cidades do interior. No d. Ento, pelo menos ns vamos fazer coisas que sirvam, digamos assim, de exemplos. O Danilo gosta de chamar isso de ao propositiva: - O SESC tem uma ao propositiva. Olha, isso aqui um modelo de equipamento cultural! Seria timo que o poder pblico fizesse a mesma coisa (2002:23).

Em relao a esse tipo de ao propositiva da instituio, preciso lembrar que ela no nasce pronta. A partir dos anos 60, ocorre gradativamente no SESC So Paulo a passagem de um perfil assistencial para outro de carter de lazer, educao no formal e cultural. Esta passagem foi sendo aceita pelos empresrios medida que foram sendo convencidos da importncia da perspectiva educacional e da relevncia desta misso, a partir do discurso dos tcnicos. Como enfatiza Danilo Miranda, Diretor do Regional do SESC So Paulo:Aqui, nesses 23 anos, e com muita clareza, a gente coloca isso: aqui no brao auxiliar de empresrio, ns no fazemos poltica auxiliar de empresrio. O que ns fazemos cumprir o objetivo da instituio, que nasceu nesse ngulo, dos empresrios, nos anos 40, mas que tem sua vida prpria, recursos prprios, sua histria, sua trajetria, seus objetivos. Isso est claro, especialmente aqui (2006:19,20).

Neste sentido, pode-se entender que h um projeto do SESC em curso, que provm das mltiplas demandas existentes de acordo com a localizao fsica das unidades, e que discutido, revisto e atualizado de modo permanente, por meio da contnua formao dos tcnicos. Para compreender melhor a significao desse projeto, importante lembrar a maneira como o conceito definido pelo antroplogo Gilberto Velho, e que se mostra bastante ilustrativo para o estudo da instituio em pauta:

Relaciono projeto, como uma dimenso mais racional e consciente, com as circunstncias expressas no campo de possibilidades, inarredvel dimenso sociocultural, constitutiva de modelos, paradigmas e mapas. Nessa dialtica, os indivduos se fazem, so constitudos, feitos e refeitos, atravs de suas trajetrias existenciais. (...) O projeto no nvel individual lida com a performance, as exploraes, o desempenho e as opes, ancoradas a avaliaes e definies da realidade (1994:8,28).

Gilberto Velho apresenta estas noes no livro Projeto e Metamorfose - Antropologia das Sociedades Complexa , efetuando uma relao entre a concepo de projeto e a de indivduo. Esta associao mostra-se muito pertinente em relao anlise das prticas sociais e culturais do SESC, na medida em que as aes sociais implementadas so voltadas para um vasto universo diversificado de usurios, implicando em possibilidades, escolhas e performances que cada um encontra sua disposio no seu tempo de lazer.Por outro lado, em relao prpria instituio, seria tambm possvel falar em um projeto que orienta sua atuao. Neste caso, convm lembrar uma afirmao j comentada de um de seus dirigentes, de que o SESC possui um carter "iluminista". De fato, possvel entender como um projeto iluminista uma atuao que visa formao dos indivduos, pois as prticas sociais implementadas pela instituio apresentam uma ordenao segundo um objetivo que pode ser definido por um conceito ou uma idia poltica de que a produo e os bens culturais devem ser partilhados coletivamente. Assim, mesmo o que parece mais fragmentado, ou uma forma de expresso cultural mais desvinculada de compromissos, dentro do panorama da ps-modernidade, apresentado na programao da instituio como parte de um modo de pensamento, que tambm contribu para a reflexo e a formao dos usurios. Deste modo, por meio de ampla divulgao na mdia e pela internet, encontram-se nestes territrios de lazer na metrpole paulistana mltiplas opes e liberdade de escolha em relao esfera da cultura e do esporte, o que possibilita o contato e o intercmbio com as manifestaes da diversidade cultural do Brasil e do mundo. Isto o que no SESC So Paulo torna possvel uma variedade de apropriaes, releituras e snteses sobre o universo da cultura, alm de estimular formas de sociabilidade e de pertencimento entre os freqentadores. Para se compreender melhor esta forma de atuao, interessante recorrer ainda uma vez mais ao depoimento de Danilo Miranda, que salienta:

(...) Tento at hoje explicar essa ao de modo muito claro e teoricamente e estou cada vez mais, digamos, fundamentado, estou buscando isso de maneira muito clara (...). Esses autores que eu citei, Edgar Morin e outros, mesmo gente atual, como Laymert Garcia, muitos pensadores brasileiros que tm se manifestado: a ao cultural - no sentido mais profundo, de ao pblica, voltada para o grande pblico, voltada para o interesse pblico - mais importante. Ela abrange, de alguma forma, todos os demais campos. E a eu vou na raiz, no contedo antropolgico da palavra cultura, eu vou buscar l. No estou falando da cultura das artes e dos espetculos (...) Estou falando do simblico na vida do ser humano, para tudo, e que tem influncia no seu corpo e no esprito. Quando eu falo em atividade cultural no SESC - scio-cultural - eu coloco esse "scio": no podia ficar s o cultural, porque ela abrange o social, ela abrange o educacional. A escola regular, esse carter educacional - todo mundo fala que no Brasil falta educao: no Brasil falta cultura, no sentido mais profundo - uma parte do processo. A educao permanente uma maneira de falar do processo cultural permanente. Depende da escola. Voc ainda est freqentando a escola regular, seja como ps, que seja, mas no pr, aluno tambm est na escola regular. S que tem muita gente antes desse pr, e muita gente depois do ps, na vida, no trabalho, e essas pessoas tambm esto sendo educadas. E esse o processo cultural efetivo e a ns temos uma ao cultural como a nossa. Se algum perguntar: Vocs so uma instituio cultural? Nesse sentido, somos, de educao permanente. Somos uma instituio educativa, sim, de educao permanente, voltada para essa dimenso, onde h esporte, onde h sade, onde h cultura das artes e de espetculos, onde h educao permanente, onde h educao profissional. Tudo isso cabe a dentro. um processo. Ento, quando a gente tem a percepo disso muito clara, a gente procura equilibrar melhor a ao do SESC, de modo que no seja voltada apenas para o aspecto de receber e oferecer uma permanente disposio. Claro que uma permanente disposio ali importante, mas ns no somos uma srie de instalaes colocadas disposio do pblico dos comercirios, como um clubo, para ocupar o tempo livre. O tempo livre, para ns, s tem significado se ele for utilizado como elemento fundamental para a construo da cidadania e da educao permanente" (2006:25,26).

Nessa declarao do mais alto responsvel pela direo do SESC So Paulo, vemos o quanto a atuao da instituio inova a concepo tradicional do lazer que ali oferecido. No se trata de um tempo livre alheio ao mundo social do trabalho e para o qual se deveria organizar um conjunto de atividades postas disposio dos indivduos como em um supermercado em que pudessem escolher como preencher suas horas de lazer. Ao contrrio, vemos o quanto essa concepo se aproxima da idia de cidadela da liberdade de Lina Bo Bardi. No sculo XIX, a grande utopia de Marx pensava a resoluo do conflito estrutural da sociedade capitalista, a contradio entre o capital e o trabalho - a natureza coletiva e social do trabalho que determina o nvel de desenvolvimento das foras produtivas e a propriedade privada dos meios de produo - como o fim do "reino da necessidade" e o incio do "reino da liberdade". Pouco mais de um sculo depois, sem que a implantao de sociedades ditas socialistas tenha conseguido resolver aquelas contradies, elas voltam a colocar com vigor ainda maior para as sociedades contemporneas a questo da relao entre o tempo livre do lazer e o tempo do trabalho. "Tempo livre" que, no mundo contemporneo, face reestruturao da produo capitalista na era da globalizao, pode significar para o trabalhador o sinal inequvoco de que, desempregado, dispensvel para o mundo do trabalho, torna-se tambm descartvel para a vida social como um todo. Mas tambm o "tempo livre" que, nos interstcios do sistema social capitalista, pode significar para cada um a construo, desde j, de um "reino da liberdade" como fora de resistncia contra a barbrie, a desumanizao e o desenraizamento que esse mesmo sistema impe a todos como condio de vida. Esse o lugar da cultura e da educao permanente a que se refere o depoimento de Danilo Miranda. Esta a funo que o projeto da instituio atribuiu a esses espaos para o gozo do tempo livre e do lazer que ela erige em cidadelas da liberdade, na construo da cidadania. Entretanto, como garantir a todos o acesso a esses bens culturais que o projeto do SESC se prope a oferecer-lhes? Em relao questo do acesso cultura, Isaura Botelho (2003) mostra que as pesquisas internacionais sobre a democratizao da cultura e a prtica de uma verdadeira democracia cultural indicam que os maiores impedimentos adoo de hbitos culturais so de ordem simblica. A primeira lio evidenciada a lei do sistema de gostos, que afirma que

no se pode gostar daquilo que no se conhece; logo, o gostar e o no gostar s podem existir dentro de um universo de competncia cultural, significando uma soma da competncia institucionalizada pela hierarquia social, pela formao escolar e pelos meios de informao (2003:145 ).

A autora tambm salienta que, alm das aes dos rgos pblicos buscando incentivar a aquisio de cultura, as respostas do pblico ligam-se ao repertrio herdado da famlia e do vnculo da pessoa com a escola. Deste modo, enfatiza que as polticas de democratizao cultural s produziro resultados significativos se no forem realizadas isoladamente.Neste sentido, a poltica de ao cultural do SESC alinha-se com esta viso, e procura completar o trabalho realizado pela escola e outras instituies sociais, pois, como foi dito por Danilo Miranda, a instituio busca a educao permanente e, com ela, tambm a formao do gosto. Subjacente realizao de espetculos, mostras, shows, simpsios, conferncias, cursos e exposies, no h somente a proposta de um evento cultural, mas a articulao de intervenes culturais expressando a noo de educao permanente para pblicos diferenciados, de acordo com a faixa etria, o gnero e a condio social. Estes centros culturais e esportivos que hoje constituem as unidades do SESC So Paulo, em sua conexo indissocivel com a cidade no que se refere dimenso social, cultural e subjetiva da vida em um grande centro urbano, talvez possam ser vistos como as instituies culturais mais intensamente contemporneas, caracterizando-se por serem lugares de expresso de formas de prtica social de carter democrtico, carregadas de significados para o ser humano, e contrapondo-se perda de razes, crise de uma economia sem trabalho, negao da histria e da memria.

REFERNCIAS

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A temtica do lazer e da educao no formal apresenta uma relevncia crescente na sociedade atual, perante o quadro de mudanas gerado pela globalizao, suscitando um leque de questes e reflexes em relao s prticas do lazer, seus significados e seu alcance social. Este trabalho aborda o lazer na metrpole paulistana, buscando compreender os sentidos adquiridos por este conceito e pela problemtica da cultura nas dcadas finais do sculo XX em So Paulo. Nesta poca, consolida-se o campo do lazer como rea do conhecimento associada esfera da educao no formal e a novas demandas de entretenimento na metrpole, reforando-se assim a necessidade de entender seus mltiplos significados.O artigo focaliza a atuao do SESC So Paulo para analisar o seu direcionamento e as prticas sociais ali implementadas desde sua criao nos anos 40. A pesquisa realizada trabalhou com a documentao do SESC So Paulo e depoimentos de membros e ex-funcionrios da instituio. Esta metodologia permitiu compreender a significao das diversas prticas esportivas e culturais desenvolvidas pela instituio no decorrer de sua trajetria, possibilitando identificar aspectos da orientao seguida por esta entidade e refletir sobre os significados de lazer e da educao no formal no interior deste universo, em dilogo com a metrpole.Palavras chave: lazer, SESC So Paulo, educao no formal

Francs

Le thme du loisir et l' apprentissage non formal a une importance croissante dans la socit d' aujourd' hui, tant donn le contexte des changements engendrs par la mondialisation, ce qui pose une srie de questions et de rflexions sur les pratiques de loisirs, leurs significations et leur porte sociale.Ce travail aborde le loisir dans la mtropole paulistana, cherchant comprendre la signification acquise par ce concept et la problmatique de la culture dans les dernires dcennies du XXe sicle So Paulo.A cette poque, se consolide le domaine des loisirs en tant qu'espace de connaissances lies la sphre de l' apprentissage continu et de nouvelles exigences pour le divertissement dans la mtropole, ce qui renforce la ncessit de comprendre ses significations multiples.L' article met l' accent sur la performance du SESC So Paulo pour analyser la direction et les pratiques sociales mises en oeuvre depuis sa cration dans les annes 40.Ce nuclo de recherche a travaill avec la documentation du SESC So Paulo et des tmoignages de membres et d' anciens employs de l'institution.Cette mthodologie nous a permis de comprendre la signification des diffrentes activits sportives et culturelles dveloppes par l' institution au cours de sa trajectoire, possibilitant ainsi d' identifier les aspects de l' approche adopte par cette entit et de rflchir sur le sens des loisirs et l' apprentissage non formal au sein de cet univers, en dialogique avec la mtropole.Mots-Cls - Loisir, SESC So Paulo, Apprentissage Non Formal

Ingls

The themes of leisure and non-formal education play an increasingly important role in today's society, in the context of the changes ushered in by globalisation, which generated a whole new range of issues and reflections regarding leisure practices, their meanings and social reach.This text studies leisure in the city of So Paulo, seeking to understand the meanings gained by this concept and by the set of problems related to culture in the last decades of the 20th century in So Paulo. At that time, the field of leisure consolidated as an area of knowledge associated to the sphere of non-formal education, and new entertainement demands emerged in the metropolis, thus reinforcing the need to comprehend its multiple meanings.The article focuses on the work developed by SESC So Paulo, so as to carry out an analysis of its directives and social practices implemented within this institution since its creation in the 1940's. The research made use of documents at SESC So Paulo and interviews with members and former employees of the institution. This methodology allowed both the comprehension of the meaning of the diverse sporting and cultural activities developed by the institution and the reflection about the meanings of leisure and non-formal education within this universe, in dialogue with the metropolis.Key words: Leisure, SESC So Paulo, Non-formal education

Espanhol

El tema del tiempo libre y de la educacin non formal tiene una importancia creciente en la sociedad actual, dado el contexto de las transformaciones generadas por la globalizacin, lo que plantea una serie de cuestiones y reflexiones sobre las prcticas de ocio, sus significados y su alcance social. Esta investigacin aborda el tiempo libre en la metrpoli de So Paulo, buscando comprender los significados adquiridos por este concepto y la problemtica de la cultura en las ltimas dcadas del siglo XX en So Paulo. En esta poca, se consolida el campo del tiempo libre como un rea de conocimiento relacionada a la esfera de la educacin non formal, y a nuevas demandas para el entretenimiento en la metrpoli, lo que refuerza la necesidad de comprender sus mltiples significados. El artculo se centra en la actuacin del SESC So Paulo para examinar su direccionamiento y las prcticas sociales all implementadas desde su creacin en los aos 40. La investigacin trabaj con la documentacin del SESC So Paulo y con testimonios de miembros y ex empleados de la institucin. Esta metodologa permiti comprender la significacin de diferentes prcticas deportivas y culturales desarrolladas por la institucin en el curso de su trayectoria, permitiendo identificar aspectos del enfoque adoptado por esta entidad y reflexionar sobre los significados del tiempo libre y de la educacin non formal en el interior de este universo, en dilogo con la metrpoli. Palabras claves: tiempo livre, SESC So Paulo, educacin no formal

Nome - Yara Schreiber Dines

E-Mail - [email protected]