Curso de adestramento de cães

100
1 Adestramento Inteligente: com amor, humor e bom-senso Alexandre Rossi Contra capa Transmitir informações para tomar o convívio com seu cão muito mais prazeroso é a intenção deste livro. As técnicas sugeridas permitem adestrar cães de qualquer raça, em qualquer idade, e de uma maneira agradável, sempre com respeito e carinho. Dicas práticas são apresentadas para que você encontre soluções para problemas que podem estar atrapalhando sua relação com seu melhor amigo, como agressividade, xixi fora do lugar, compulsão para roer móveis, e muitos outros. Você compreenderá melhor o comportamento do cão e assim será capaz de treiná-lo com muito mais rapidez e eficiência. Cuide bem de seu: C

description

Ensine truques profissionais ao seu cão e transforme-o em um grande cãopeão.Truques de educação, e marcetes que vai facilitar e muito a sua vida.

Transcript of Curso de adestramento de cães

  • 1

    Adestramento Inteligente: com amor, humor e bom-senso

    Alexandre Rossi

    Contra capa Transmitir informaes para tomar o convvio com seu co muito mais prazeroso a inteno deste livro.

    As tcnicas sugeridas permitem adestrar ces de qualquer raa, em qualquer idade, e de uma maneira

    agradvel, sempre com respeito e carinho. Dicas prticas so apresentadas para que voc encontre

    solues para problemas que podem estar atrapalhando sua relao com seu melhor amigo, como

    agressividade, xixi fora do lugar, compulso para roer mveis, e muitos outros. Voc compreender

    melhor o comportamento do co e assim ser capaz de trein-lo com muito mais rapidez e eficincia.

    Cuide bem de seu:

    C

  • 2

    "Alexandre Rossi, em seu livro, conduz o leitor pelos caminhos do adestramento por reforo positivo, que

    um modo suave, inteligente e afetuoso de promover a boa relao entre o Homem e seu co. Com uma

    linguagem coloquial e de fcil compreenso, serve tambm para consultas rpidas para preveno e

    resoluo de distrbios de comportamento."

    Mauro Lantzman

    Mdico-Veterinrio Clnico de Comportamento Animal Aplicado

    "De um modo direto e interessante, Alexandre Rossi pe nossa disposio os conhecimentos que

    sempre quisemos ter para interagir com o nosso co. Seu livro um convite para um melhor encontro do

    homem com o co."

    Cesar Ades

    Professor Titular do Instituto de Psicologia (USP) e Ex-Presidente da Sociedade Brasileira de

    Etologia (Comportamento Animal)

    AMOR, HUMOR E BOM SENSO so os princpios adotados pelo autor no adestramento de animais

    que vivem numa sociedade de homens. Aspectos tcnicos de treinamento so apresentados sem perder de

    vista o relacionamento afetivo entre o co e seu dono.

    Neste livro voc vai aprender:

    sobre a natureza do co: um animal que vive em matilhas; seu co pode ser adestrado desde filhote; quais os equipamentos que melhor contribuem para o adestramento; que treinamento inteligente inclui pacincia e tcnicas de comunicao atuais; quais so os problemas de comportamento (desde "roer o p da mesa" at "atacar o carteiro") e como resolv-los;

    que certos comportamentos estranhos dos ces so fceis de explicar, e que outros no passam de mitos.

    Alexandre Rossi, formado pela Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, observa e

    adestra animais desde seus 6 anos de idade. Ampliou seus horizontes participando de pesquisas no Kruger

    Park, na frica do Sul, integrando-se a projetos de reabilitao de animais selvagens muitos dos quais beira da extino para lhes dar condies de retomar natureza. Tambm trabalhou na Austrlia, sociabilizando cangurus e outros animais que viviam em parques e apresentavam comportamento

    agressivo com relao a humanos.

    Foi l que seu mtodo de adestramento comeou a ser desenvolvido, ao treinar ces pastores de

    ovelhas que, alm de cuidar do rebanho, exerciam diversas atividades longe de seus donos durante

    jornadas exaustivas de trabalho.

    Hoje, Rossi leciona tcnicas contemporneas de adestramento, d assistncia ao animal com

    problemas de comportamento e orienta seu dono.

    Tamara Pall Mall, minha Weimaraner, com quem aprendi muitas coisas.

    L, l, l, l!

  • 3

    SUMRIO

    PREFCIO.................................................................................................................................................9

    INTRODUO..........................................................................................................................................9

    PRIMEIRA PARTE

    Conceitos Fundamentais................................................................................................................. 10

    A Matilha................................................................................................................................................... 10

    O co faz parte de uma matilha....................................................................................................... 10

    Desentendimentos........................................................................................................................... 11

    Papel do lder.................................................................................................................................. 11

    A hierarquia obrigatria............................................................................................................... 11

    Linguagem canina........................................................................................................................... 11

    Como fazer uso da linguagem canina............................................................................................. 12

    Liderana........................................................................................................................................ 12

    Quem o lder da matilha............................................................................................................... 12

    Para o co, ns somos cachorros..................................................................................................... 13

    Liderando com violncia................................................................................................................. 13

    Ande na frente................................................................................................................................. 13

    Inverta a situao............................................................................................................................ .13

    Ganhe respeito e d bons exemplos................................................................................................ 14

    Amor incondicional................................................................................................................................... 15

    Amor e entendimento...................................................................................................................... 15

    Comportamento............................................................................................................................... 15

    Punio............................................................................................................................................ 15

    Treinamento sem traumas............................................................................................................... 16

    A Troca...................................................................................................................................................... 17

    Tipos de troca................................................................................................................................. 17

    Objetos de troca.............................................................................................................................. 17

    Desafios e recompensas...................................................................................................................18

    O valor da troca............................................................................................................................... 18

    Como valorizar um objeto de troca................................................................................................. 18

    Alternativas para a troca.................................................................................................................. 19

    Recompensa negativa...................................................................................................................... 19

    A Ateno.................................................................................................................................................. 20

    A ateno: conseqncia e causa.................................................................................................... 20

    Reforce a ateno............................................................................................................................ 20

    O cachorro como foco da ateno................................................................................................... 20

    O reverso da ateno....................................................................................................................... 21

    A ateno: estmulo e no limitao............................................................................................... 21

    SEGUNDA PARTE

    As Fases do Desenvolvimento Cerebral.................................................................................................. 21

    Perodo inicial - do nascimento at o 50 dia.................................................................................. 21

    Perodo de socializao - do 50 ao 85 dia.................................................................................... 22

    Perodo de dominncia - da 12 16 semana................................................................................. 23

    Perodo de independncia do 4 ao 8 ms.................................................................................. 23

  • 4

    Perodo da adolescncia at a maturidade de1 a 4 anos............................................................... 23

    TERCEIRA PARTE

    Equipamentos............................................................................................................................................ 24

    Brinquedos para distrao, divertimento e reduo do estresse...................................................... 24

    Brinquedos recomendados.............................................................................................................. 25

    Cuidado com estes brinquedos........................................................................................................ 25

    Coleiras e guias............................................................................................................................... 25

    Plaquetas de Identificao............................................................................................................... 26

    Coleiras........................................................................................................................................... 26

    Enforcadores................................................................................................................................... 26

    Colocando o enforcador:................................................................................................................. 26

    Alternativas mais eficientes que o enforcador................................................................................ 27

    Guias............................................................................................................................................... 27

    Caixa de conteno/transporte........................................................................................................ 28

    Local ideal....................................................................................................................................... 28

    Tamanho.......................................................................................................................................... 28

    Tempo............................................................................................................................................. 28

    Modelos de caixas de conteno/transporte.................................................................................... 29

    Petiscos e outras recompensas........................................................................................................ 29

    Utenslios que ajudam a "punio"................................................................................................. 30

    Coleiras de treinamento................................................................................................................... 30

    Coleiras contra latidos excessivos................................................................................................... 30

    Coleiras que impedem que seu co saia de sua propriedade........................................................... 31

    "Clickers"........................................................................................................................................ 31

    Removedores de odor..................................................................................................................... 32

    QUARTA PARTE

    Adestramento inteligente.......................................................................................................................... 32

    Tcnicas do Adestramento Inteligente.................................................................................................... 32

    A tcnica de adestramento e as leis fundamentais.......................................................................... 33

    Tenha pacincia.............................................................................................................................. 33

    Inteligentes mas no adivinhos....................................................................................................... 33

    Associaes corretas dependem de repetio................................................................................. 34

    Personalizar ou no as punies?.................................................................................................... 34

    Como despersonalizar a punio..................................................................................................... 34

    Cuidado para no dessensibilizar as punies................................................................................ 35

    Saiba alternar recompensa e punio.............................................................................................. 35

    Fracasso como punio e sucesso como recompensa..................................................................... 36

    Bronca pode ser recompensa...........................................................................................................36

    Ignorar uma tima punio.......................................................................................................... 37

    Linguagem para se comunicar com o co............................................................................................. 37

    Linguagem..................................................................................................................................... 37

    Tcnica do Click...................................................................................................................................... 40

    O que o clicker........................................................................................................................ 40 Confira poder ao seu clicker......................................................................................................... 41

    Aprenda a capturar um comportamento com seu clicker.............................................................. 41

    Aperfeioe Comportamento o comportamento com o clicker...................................................... 42

    Confira ainda mais poder ao seu clicker....................................................................................... 42

    Comandos ............................................................................................................................................... 42

  • 5

    Senta......................................................................................................................................................... 43

    Informaes gerais sobre o comando ............................................................................................ 43

    Para capturar o comportamento.................................................................................................... 43

    Relacione o comportamento ao comando oral e gestual............................................................... 43

    Modele o comportamento............................................................................................................. 43

    Dificulte e varie as situaes......................................................................................................... 44

    Problemas e solues.................................................................................................................... 44

    Vem........................................................................................................................................................... 44

    Informaes gerais sobre o comando............................................................................................ 45

    Capture o comportamento............................................................................................................. 45

    Relacione o comportamento ao comando..................................................................................... 45

    Modele o comportamento............................................................................................................. 45

    Dificulte e varie as situaes........................................................................................................ 45

    Problemas e solues.................................................................................................................... 45

    Deita......................................................................................................................................................... 45

    Informaes gerais sobre o comando............................................................................................ 46

    Capture o comportamento............................................................................................................. 46

    Relacione o comportamento ao comando...................................................................................... 46

    Modele o comportamento............................................................................................................. 46

    Dificulte e varie as situaes......................................................................................................... 46

    Problemas e solues.................................................................................................................... 46

    Fica........................................................................................................................................................... 47

    Informaes gerais sobre o comando ............................................................................................ 47

    Capture o comportamento............................................................................................................. 47

    Relacione o comportamento ao comando..................................................................................... 47

    Modele o comportamento............................................................................................................. 48

    Aumente o estresse e varie as situaes........................................................................................ 48

    Problemas e solues.................................................................................................................... 48

    Junto......................................................................................................................................................... 48

    Informaes gerais sobre o comando............................................................................................ 48

    Capture o comportamento............................................................................................................. 49

    Relacione o comportamento ao comando..................................................................................... 49

    Modele o comportamento............................................................................................................. 49

    Dificultando e variando as situaes............................................................................................. 49

    Problemas e solues.................................................................................................................... 49

    Busca........................................................................................................................................................ 49

    Informaes gerais sobre o comando............................................................................................ 49

    Capture o comportamento............................................................................................................. 50

    Relacione o comportamento ao comando..................................................................................... 50

    Modele o comportamento............................................................................................................. 50

    Dificulte e varie as situaes......................................................................................................... 50

    Problemas e solues.................................................................................................................... 50

    Pula........................................................................................................................................................... 51

    Informaes gerais sobre o comando ............................................................................................ 51

    Capture o comportamento............................................................................................................. 51

    Relacione com o comando............................................................................................................ 51

    Modele o comportamento............................................................................................................. 51

    Dificulte e varie as situaes......................................................................................................... 51

    Problemas e solues.................................................................................................................... 51

  • 6

    Planejamento de comandos avanados................................................................................................. 51

    No comer comida envenenada............................................................................................................. 52

    Truque, jogos e brincadeiras................................................................................................................. 53

    Cumprimenta................................................................................................................................. 53

    Frisbee - free style......................................................................................................................... 53

    Acompanhar a bicicleta................................................................................................................. 53

    Puxar patins, etc............................................................................................................................ 54

    Guardar os brinquedos.................................................................................................................. 54

    Procurar as chaves......................................................................................................................... 54

    Ataque e Defesa....................................................................................................................................... 54

    Defender a casa at voc chegar perto.......................................................................................... 55

    Dica para ces que no mostram agressividade para proteger a casa........................................... 56

    Como fazer o co parar de latir quando voc se aproximar.......................................................... 56

    Comando amigo............................................................................................................................ 56

    Atacar sob comando...................................................................................................................... 56

    Fingir agressividade em um passeio quando um marginal se aproxima....................................... 56

    QUINTA PARTE

    Problemas de comportamento: como resolver..................................................................................... 57

    As necessidades fisiolgicas do co........................................................................................................ 57

    Fazer as necessidades em um lugar determinado.......................................................................... 57

    O condicionamento comea cedo.................................................................................................. 57

    No d ateno a comportamentos indesejveis........................................................................... 57

    Rotina como soluo..................................................................................................................... 58

    Quando voc se distrai.................................................................................................................. 59

    Adultos tambm podem ser ensinados.......................................................................................... 59

    Urinar por submisso ou excitao................................................................................................60

    Urinar por dominncia.................................................................................................................. 60

    Outras causas que provocam a regresso no aprendizado............................................................ 61

    Agressividade........................................................................................................................................... 61

    Agressividade................................................................................................................................ 61

    Um co de guarda no tem de atacar necessariamente................................................................. 62

    Alm de selecionar a raa e a famlia do filhote, garanta-lhe um tratamento adequado............... 62

    Identifique corretamente o tipo de agressividade.......................................................................... 62

    No acorrente seu co................................................................................................................... 62

    Estude o problema antes de tentar cur-lo.................................................................................... 62

    Agressividade por dominncia...................................................................................................... 63

    Agressividade por medo................................................................................................................ 64

    Agressividade transferida.............................................................................................................. 65

    Outras causas para agressividade.................................................................................................. 65

    Brigas entre cachorros desconhecidos.......................................................................................... 65

    Brigas entre, cachorros da mesma casa......................................................................................... 67

    Separar brigas................................................................................................................................ 69

    Latir em demasia........................................................................................................................... 70

    Latidos topem ser teis.................................................................................................................. 70

    Elimine as causas do comportamento........................................................................................... 70

    No ensine o que voc no quer.................................................................................................... 71

    Punio despersonalizada para evitar latidos na sua ausncia...................................................... 71

    Boa vizinhana.............................................................................................................................. 71

    Coleiras antilatidos........................................................................................................................ 71

  • 7

    Utilize a fora das recompensas.................................................................................................... 71

    Problemas do co em relao as pessoas............................................................................................... 72

    Problemas de comportamento quando voc no est em casa...................................................... 72

    Os ces tm imaginao e criam delrios...................................................................................... 72

    Ces mimados sofrem mais........................................................................................................... 73

    Outras maneiras de diminuir a ansiedade causada pela separao............................................... 73

    Chorar noite................................................................................................................................ 74

    Conforte o animal.......................................................................................................................... 74

    A ansiedade o problema.............................................................................................................. 74

    No recompense comportamentos indesejveis............................................................................ 74

    Punies despersonalizadas podem ajudar.................................................................................... 75

    Pular nas pessoas........................................................................................................................... 75

    Vocs que so os "culpados"...................................................................................................... 75

    Recompense-o com ateno somente quando no pular............................................................... 76

    Cuidado para no confundi-lo....................................................................................................... 76

    Morder as pessoas como forma de brincar.................................................................................... 76

    Eduque-o desde o comeo............................................................................................................. 77

    Tentativas de copular com pessoas e outros ces.......................................................................... 77

    Cimes em relao a pessoas ou outros ces................................................................................ 77

    Como lidar com o problema.......................................................................................................... 78

    Cuidado com punies e privaes seletivas................................................................................ 78

    Problemas do co em relao casa..................................................................................................... 79

    Cavar o jardim............................................................................................................................... 79

    Elimine as causas.......................................................................................................................... 79

    Quando e como puni-lo................................................................................................................. 79

    Subir nos mveis........................................................................................................................... 80

    A arte de despersonalizar punies............................................................................................... 80

    Deixe a situao bem clara para seu co....................................................................................... 80

    Roer as coisas................................................................................................................................ 81

    No permita que o comportamento se torne um vcio.................................................................. 81

    Deixe os brinquedos ainda mais interessantes para o seu co...................................................... 82

    Supervisione o comportamento dele e puna-o quando necessrio................................................ 82

    Problemas do co relacionados ao ato de comer.................................................................................. 82

    Roubar comida.............................................................................................................................. 82

    O prprio ato se auto recompensa................................................................................................. 83

    A punio deve ser relacionada com o fracasso da inteno........................................................ 83

    Pedir comida quando voc est comendo..................................................................................... 83

    No o recompense por comportamentos que voc quer eliminar................................................. 83

    Comer fezes de outros animais..................................................................................................... 84

    Solues........................................................................................................................................ 84

    Comer as prprias fezes................................................................................................................ 84

    As solues para esse problema.................................................................................................... 85

    Problemas com o co na hora do passeio.............................................................................................. 85

    Puxar a guia................................................................................................................................... 85

    H motivos para seu co pux-lo, pelo menos ele acha que sim.................................................. 86

    A importncia do equipamento correto......................................................................................... 86

    O treinamento propriamente dito.................................................................................................. 87

    Outros equipamentos que auxiliam o adestramento...................................................................... 87

    Assim seu co entender que no adianta puxar!.......................................................................... 87

    Correr para a rua (e o perigo de ser atropelado)............................................................................ 87

  • 8

    PARTE FINAL

    Curiosades............................................................................................................................................... 88

    Comportamentos........................................................................................................................... 88

    Por que o co cheira o rabo dos outros?........................................................................................ 88

    Mitos......................................................................................................................................................... 88

    O co precisa aprender a tacar para no atacar?............................................................................ 88

    Ces preferem ficar apertados dentro da casa (com as pessoas) ou livres no quintal (sozinhos). 88

    Deixar o co preso uma boa maneira de fabricarmos um co-de-guarda?............................. 89 preciso repetir vrias vezes para que o co aprenda?................................................................ 89

    Capacidades............................................................................................................................................. 89

    Inteligncia dos ces..................................................................................................................... 89

    rgos sensoriais.................................................................................................................................... 89

    Viso............................................................................................................................................. 89

    Olfato............................................................................................................................................. 90

    Audio......................................................................................................................................... 90

    Interaes especiais com humanos........................................................................................................ 90

    Ces para portadores de deficincia visual................................................................................... 90

    Ces para portadores de deficincia auditiva................................................................................ 90

    Ces para paraplgicos.................................................................................................................. 91

    Anatomia....................................................................................................................................................91

    Anatomia externa............................................................................................................................91

    Banho..........................................................................................................................................................92

    Dicas Importante........................................................................................................................................92

    Os 19 mandamentos...........................................................................................................................92

    Doenas e sintomas....................................................................................................................................94

    Engasgo.......................................................................................................................................................95

    Vacinas........................................................................................................................................................96

    Primeiros Socorros.....................................................................................................................................97

    Bibliografia...............................................................................................................................................100

    Editora Colosso

  • 9

    PREFCIO Dra. Hannelore Fuchs

    Mdica-veterinria e psicloga Especialista em comportamento animal

    Ah, se eu soubesse - l em 1955, quando me formei como mdica-veterinria, e acredito que todo

    veterinrio deveria saber quando se forma - que exercera medicina veterinria sem slidos conhecimentos

    de comportamento animal no vivel.

    O caminho para adentrar a rea de comportamento e distrbios comportamentais caninos at agora

    requeria do estudioso pelo menos influncia no ingls e poder aquisitivo para perquirio dos inmeros

    livros tcnicos, todos em lngua estrangeira. Eis que, para minha surpresa, me foi apresentada esta

    simptica obra, uma ilha em portugus, no meio de tantos livros em ingls, francs e alemo, calcada em

    leituras e experincias do autor "buscadas, com muito mrito, l fora".

    De utilidade prtica e surgido da prtica, o livro leva o leitor, tcnico ou leigo, a compreender

    fundamentos da estrutura social, desenvolvimento e psicologia canina e se tornar "o melhor amigo do

    co", sem perder a liderana. A comunicao ser humano-animal, que apresenta vieses quando ns seres

    humanos queremos interpretar a linguagem canina, ser facilitada, e muito, se forem seguidas as regras e

    dicas apresentadas.

    Com clareza e bom humor ensinam-se tcnicas bsicas e vitais de educao canina, apresentando

    princpios de reforo indispensveis para um convvio harmonioso. As idias que o autor, baseado em sua

    prtica e estudos, divide com outros profissionais e pessoas interessadas no assunto do a oportunidade de

    pensar e repensar o co e todos os seus momentos evolutivos, a fim de abrir novas propostas

    educacionais.

    Merece louvor a parte dedicada aos problemas comportamentais. De forma simples, ela oferece

    subsdios iniciais para lidar com esse assunto e desfaz muito das crenas antigas de como e quando

    intervir.

    A partir deste trabalho muito poder ser feito: haver um entendimento melhor do porqu de

    determinados comportamentos, haver a possibilidade do veterinrio, do criador, do adestrador e do

    proprietrio se unirem para construir uma ponte que integre o co de maneira satisfatria na matilha

    humana.

    O esforo e o ideal que nortearam esta obra sero de serventia a todos ns.

    INTRODUO

    Este livro destinado s pessoas que gostam de animais e esto procurando melhorar o

    relacionamento com seu cachorro. Trata-se de uma ferramenta valiosa para que voc se aproxime do

    universo canino e possa se comunicar com seu co de uma maneira que ele entenda. Obedincia e

    respeito so obtidos atravs de considerao e dignidade, mas somente boas intenes no bastam,

    portanto aprenda a falar a lngua dele! O convvio com um co adestrado , sem dvida nenhuma, mais

    prazeroso, fazendo com que o animal e seu dono se sintam muito mais felizes.

    Uma das grandes motivaes que me levaram a escrever este livro foi a experincia que adquiri

    atendendo proprietrios que me traziam seus animais "problemticos". Nessas consultorias, notei que

    raramente os animais apresentavam verdadeiros desvios de comportamento: o que havia, realmente, era

    uma grande falha de comunicao entre as duas espcies, e a minha tarefa prioritria era "apresentar" o

    co ao seu proprietrio. Para estender a um nmero bem maior de lares a ajuda que presto pessoalmente,

    decidi passar para o papel os conhecimentos que fui acumulando em anos de prtica, sem deixar de lado a

    base terica que procuro manter sempre atualizada. A inteno deste livro mostrar como o co

    "raciocina", sente e reage diante das diversas situaes que se apresentam no seu dia-a-dia em contato

    com os homens, e de que maneira o dono deve agir para ser compreendido por seu co a fim de tornar a

    convivncia entre pessoas e animais ainda mais agradvel.

    As tcnicas descritas neste livro so o que h de mais eficiente para o condicionamento de

    animais, podendo ser aplicadas a praticamente qualquer espcie domesticvel, embora estejam

    direcionadas para ces. So tcnicas que, por tratar o animal com respeito, j formaram, e esto formando,

    campees em diversas modalidades de competio canina.

    As primeiras quatro partes em que o livro foi dividido devem ser lidas obrigatoriamente para um

  • 10

    entendimento global da obra. A quinta parte destina-se a auxiliar o leitor a resolver problemas especficos

    de comportamento e pode ser consultada conforme surgir a necessidade, embora sua leitura prvia possa

    prevenir tais problemas.

    A parte final relata curiosidades do mundo canino, desde o esclarecimento de mitos a interaes

    especiais com humanos, podendo ser lida a qualquer momento.

    Desde que o leitor tenha tempo, prefervel uma primeira leitura completa, bastando depois

    consultar qualquer parte ou captulo isolado quando tiver dvidas. Para facilitar a localizao do item

    desejado, o livro est dividido em subttulos e, alm disso, no incio de cada captulo h uma lista com os

    tpicos principais e, no final, um resumo para a aplicao prtica do que foi apresentado.

    Curta seu co!

    Alexandre Rossi

    e-mail: [email protected]

    www.adestramentointeligente.com.br

    PRIMEIRA PARTE

    CONCEITOS FUNDAMENTAIS

    Quatro conceitos fundamentais formam a base de um convvio harmonioso entre o seu co e voc,

    alm de assegurar um adestramento correto:

    a matilha: para o co, a famlia humana um conjunto de cachorros;

    o amor incondicional: o co deve sentir que gostamos dele independentemente do que posas fazer;

    a troca: a obedincia do co deve ser recompensada;

    a ateno: se o co estiver atento, aprender com mais profundidade, eficincia e rapidez.

    A MATILHA

    Os ces no so s companheiros, protetores e diverso para nossas crianas. So animais

    predadores que vivem em matilhas e possuem uma complexa organizao social.

    Se entender e respeitar essa organizao, o resultado ser felicidade e bem-estar reinando entre

    voc e seu grande amigo.

    Neste captulo voc vai aprender:

    Que, para o co, sua famlia a matilha.

    Que o co s vai respeit-lo se voc for o lder dessa matilha.

    Como se tornar o lder.

    Que a violncia deve ser evitada.

    O CO FAZ PARTE DE UMA MATILHA A primeira lei do adestramento, e tambm do convvio entre ces e humanos, exige que voc

    compreenda a realidade do co. Ele no gente. um ser que pertence matilha e possui ainda todos os

    instintos de sobrevivncia, proteo e afeto de que seus antepassados necessitaram para sobreviver como

  • 11

    espcie.

    DESENTENDIMENTOS

    Sem a conscincia de que somos diferentes, entramos em disputa com os ces e acabamos ficando

    nervosos ou frustrados com suas reaes. Esperamos que os ces queiram o que queremos, que sintam

    como ns sentimos e, ainda pior, que pensem como ns pensamos.

    Suponha que, ao alimentar seu co, ele comece a rosnar para voc. Isso imediatamente o deixa

    transtornado, pois voc interpreta isso como ingratido e, alm de no se sentir amado, sente-se

    ameaado. Ns nos comportamos e reagimos de maneira diferente da dos ces quando amamos. Se

    esperarmos que os ces se comportem como humanos, seremos vtimas de srios mal-entendidos.

    Ficaremos muito frustrados e no usaremos nosso tempo para entender pacificamente as diferenas que

    existem entre homens e ces.

    Entender como funciona uma matilha no lhe d apenas uma nova e crucial compreenso sobre o

    cachorro, mas tambm uma viso diferente de como ele deve ser treinado. Os valores dos ces so

    diferentes dos nossos, e pelo conhecimento deles que percebemos os erros mais comuns ao educar e

    adestrar os ces.

    22

    PAPEL DO LDER

    Os ces, na matilha, necessitam de um lder, um co que graas s suas, habilidades conduza os

    demais. Inmeras regras so impostas por ele ao grupo. A marcao do territrio, por exemplo,

    geralmente cabe ao lder da matilha; portanto, quando o nosso cozinho sair pela casa urinando,

    provavelmente estar disputando a liderana ou acreditando que o lder da matilha.

    O lder da matilha, felizmente, impe respeito por sinais e atitudes, e a briga s em ltimo caso a

    forma de disputa pela liderana. Isso ocorre por uma razo muito importante: quando os ces brigam

    realmente, eles se machucam, e qualquer membro da matilha debilitado diminui as chances de

    sobrevivncia do grupo. O tempo todo os animais recebem e passam informaes uns aos outros a

    respeito de quem o lder e de quem o subordinado. Se eles, por milnios, agem assim para estabelecer

    a ordem, teremos mais sucesso se fizermos a mesma coisa. Como conseguir isso? Neste captulo explica-

    remos como se tornar o lder da matilha sem empregar a violncia ou machucar seu co.

    23

    A HIERARQUIA OBRIGATRIA

    Muitas vezes, passamos inconscientemente ao co a informao de que ele o lder da matilha, e

    quando ele age como tal ficamos transtornados e aborrecidos. No justo no gostarmos do nosso co por

    ele ter agido de acordo com a educao que recebeu de ns mesmos. H um ditado que diz: "Cada pessoa

    tem o cachorro que merece". uma verdade expressa pela sabedoria popular, pois ns influenciamos de

    tal maneira o meio ambiente e as atitudes de nossos ces, que praticamente tudo que eles aprendem

    resultado direto ou indireto de nossa maneira de trat-los.

    Se quiser ser respeitado por seu co, voc pode escolher um mtodo que lhe parea interessante e

    tentar impor isso ao animal, ou pode utilizar um mtodo que faa sentido para ele. claro que o segundo

    mtodo bem mais eficaz, mas depende de um conhecimento muito maior sobre ces. Por exemplo, um

    mtodo bastante popular bater no co quando ele faz algo errado. Acontece que, para ele, uma pancada

    significa ataque ou convite para brincar, e nenhuma das alternativas corresponde ao que voc gostaria de

    lhe comunicar.

    Para os ces a hierarquia obrigatria, todos os ces sabem exatamente o lugar que ocupam na

    ordem dentro do grupo. Cada posio e cada atitude tm significado para os outros ces. Essa linguagem

    canina natural e importante para eles. Se o filhote for separado da me e dos irmos muito cedo (antes

    de sete semanas), a linguagem no se tornar natural, o que vai criar problemas para o animal no convvio

    com outros, alm de fazer dele um co mais difcil de ser treinado.

    24

    LINGUAGEM CANINA

    Os ces se testam continuamente para saber quem o lder. Como dissemos antes, no

    necessrio que briguem para estabelecer o domnio. A liderana assegurada por atitudes e posies que

  • 12

    formam a linguagem canina. A seguir daremos alguns exemplos da linguagem usada pelos ces e seus

    significados.

    1. Um co pode rosnar e ameaar brigar at que o opositor saia de perto, corra ou fique numa posio que queira dizer "ok, voc o chefe". Esse o sentido que tm as posies vulnerveis que

    permitem ao vencedor fazer o que quiser, inclusive tirar a vida do subordinado. Existem duas posies

    clssicas: ou o animal vencido se deita com a barriga virada para cima (expondo a parte frgil da barriga)

    ou se curva mostrando a nuca (que tambm frgil). Em ambas as posies as orelhas ficam coladas

    cabea (ou para trs) e a ponta da lngua permanece fora da boca.

    2. Ou pode andar todo esticado em torno do oponente, com a cauda erguida e o plo arrepiado Isso significa: "Sou lder!" Se o outro aceitar o domnio, ir assumir uma posio de submisso; se no aceitar

    a hierarquia proposta, ir partir para a briga at que haja um vencedor que submeter o outro.

    25

    COMO FAZER USO DA LINGUAGEM CANINA

    s vezes, ladres so encontrados vivos em casas protegidas por ces ferozes que deixaram de

    atacar os invasores assim que esses se curvaram ou deitaram no cho e no se mexeram mais. Por sorte,

    os ladres ficaram numa posio de submisso diante dos cachorros, para quem a disputa perdeu o

    sentido. Se esses ladres tivessem tomado outra atitude poderiam ter morrido na ocasio. claro que este

    no um manual para ladres, com truques de como assaltar uma casa, mas todas essas reaes e

    comportamentos se mostram importantes para transmitir um sentimento de domnio e confiana ao

    animal. Por exemplo, quando o seu cachorro estiver aterrorizado com raios e troves em meio a uma

    tempestade, estufar o peito e andar firmemente significa que voc tomar conta da situao. Isto o

    acalmar. Se voc, em vez disso, se abaixar e acariciar o cachorro, poder amedront-lo ainda mais, pois

    na linguagem canina estar passando o comando para ele e mostrando que tambm est com medo.

    Entender a matilha e o comportamento de seus membros tambm auxilia o treinador a aumentar a

    confiana de ces excessivamente submissos e corrigir comportamentos decorrentes disso. Um co

    excessivamente submisso costuma urinar e virar de barriga para cima toda vez que seu dono chega em

    casa ou fala com ele.

    26

    Nessas circunstncias, a pior maneira de lidar com o problema gritar com esse co ou dar uma

    surra nele por urinar. Ele j est mostrando sinais de submisso e, se voc gritar, isso significar que a

    mensagem que ele transmitiu ainda no est clara. Isso o levar a urinar mais ainda ou sair correndo...

    O conhecimento de cada expresso corporal do seu co auxilia incrivelmente a determinar a

    eficincia da punio, da recompensa e a prevenir ataques.

    LIDERANA

    Desde filhotes, os ces j demonstram disposio para disputar a liderana do grupo, e as

    brincadeiras so fundamentais. atravs delas que o cozinho desde logo percebe como controlar a fora

    de suas mordidas, aprende a se comportar, a brincar e a disputar.

    Os lderes das matilhas geralmente indicam o rumo aos demais caminhando frente. possvel

    distinguir logo cedo o cozinho com maiores chances de ser lder pois, para onde ele vai, os outros o

    seguem.

    QUEM O LDER DA MATILHA

    Ser o lder da matilha significa estabelecer as regras.

    Qualquer pessoa que tenha um co e queira morar numa casa que no funcione de acordo com padres

    caninos, ter todo o interesse em estabelecer as regras. Para isso, paradoxalmente, precisar se comportar

    como se fosse o lder da matilha.

    Ao contrrio do que muita gente pensa, o lder da matilha costuma ser o membro mais querido do grupo.

    impressionante o carinho e a alegria demonstrados pelos ces quando o lder os agrada, ou quando volta

    de uma caada ou de algum passeio. Se voc conseguir ser o lder do seu co, ele o respeitar mais e

    gostar mais de voc.

  • 13

    27

    PARA NOSSO CO NS SOMOS CACHORROS Para o co, a nossa famlia a matilha qual ele pertence. isto mesmo, para ele, ns tambm

    somos cachorros! Ele tentar descobrir qual a posio que ocupa entre os membros da famlia. Mesmo

    que goste muito das pessoas, se o seu co acreditar que poder liderar a matilha, ir disputar o poder com

    voc de inmeras formas, a maioria delas super desagradveis! Carinho e afeto para ele no impedem

    disputas pela hierarquia. Ser o lder da matilha significa proteger os demais membros e impor as regras

    para que a matilha prospere. Podemos observar dois ces se lambendo e mostrando afetividade no muito

    depois de terem disputado a liderana a mordidas.

    LIDERANDO COM VIOLNCIA

    Uma das maneiras do co aprender por imitao, por isso, se uma pessoa conseguir impor

    respeito ao seu co pela violncia, provavelmente far com que esse co imite a sua tcnica para obter

    respeito ou, quem sabe, chegue um dia a disputar violentamente com ela a posio de liderana. Alguns

    fortes riem, incrdulos, quando so informados de que seu co poder disputar algo violentamente com

    eles, pois dizem que o cachorro no ter a menor chance. Nisso talvez estejam certos, mas o que

    acontecer se o cachorro for mostrar o que aprendeu para os filhos do doutor Forto ou para qualquer

    outra pessoa no to vigorosa e agressiva?

    Uma pessoa que grita com o seu co ou bate nele um pssimo lder, pois s consegue sua

    posio por meio de ameaas e agresses. Ces que recebem esse tipo de tratamento adquirem seqelas

    graves que dificultam muito o adestramento e, s vezes, tornam-se perigosos ao redirecionar sua

    agressividade para algum da casa que no consiga domin-los. Um co que submetido com o uso de

    violncia aprende que assim que as regras so estabelecidas. Por isso, no devemos culpar nosso co por

    sua agressividade quando tratado violentamente, pois est simplesmente seguindo nosso exemplo.

    28

    Existem inmeras maneiras de nos tornarmos lderes de nossos ces sem praticar nenhuma

    violncia. Qualquer tipo de agresso contra o animal atrapalha o condicionamento e altera negativamente

    seu padro de comportamento. A violncia no uma maneira eficiente de se comunicar com seu co ou

    de puni-lo.

    ANDE NA FRENTE

    Como o lder geralmente anda frente, a maioria dos ces procura ocupar essa posio. Modificar

    esse comportamento j uma boa maneira de controlar a escalada da hierarquia pelo seu co. Mas como

    fazer isto? muito fcil, simplesmente engane o seu cachorro algumas vezes, finja que vai para um lado,

    vire para o lado oposto e saia andando; quando ele ultrapass-Io novamente, vire para o outro lado, e

    assim por diante. No demorar muito para que ele desista de andar frente e passe a prestar mais

    ateno a seus movimentos. Pronto, no doeu nada e, por incrvel que parea, esse cachorro j estar em

    melhores condies de ser educado e treinado. O mesmo cuidado deve ser tomado ao passar por portas ou

    portes: sempre conduza seu co. Algumas pessoas ficam impressionadas com o fato de seu co

    magicamente deixar de fazer xixi pela casa ou de parar de morder as visitas, simplesmente por terem exi-

    gido que ele esperasse que elas passassem em primeiro lugar. De mgica isso no tem nada. O fato que,

    ao restaurar o domnio, automaticamente outros comportamentos foram alterados, como o da demarcao

    de territrio.

    29

    INVERTA A SITUAO

    Quando o seu co latir ou pedir de alguma maneira que voc o alimente, leve-o para passear ou

    qualquer outra coisa; se voc o satisfizer imediatamente, estar obedecendo s ordens dele, e ele

    interpretar isso como uma prova de que ele o lder do grupo. Por isso, no entender nada quando for

    corrigido ao demarcar o seu territrio, ou ao decidir quem entra ou no na sua casa. No preciso fazer

    seu co passar fome, nem deixar de ir passear com ele para resolver esse problema. A situao invertida

    simplesmente se comandarmos algo ao cachorro antes de fazer o que ele est esperando. Qualquer

    comando serve, mas para cachorros mais mandes aconselhvel algo como o comando "deita", pois um

    simples "senta" ou ento "d a pata" no se mostram suficientemente eficazes. O que fazer se ele no

    obedecer? Ignore-o completamente e no faa o que ele quer ou est esperando. Resultados

  • 14

    surpreendentes podem ser obtidos com essa tcnica. Mas importantssimo que no haja nenhum tipo de

    correo ou castigo caso o cachorro no o obedea. Lembre-se de que o tom de voz ao dar o comando

    deve ser normal; no necessrio falar alto. A audio dos ces muito superior nossa e seu cachorro

    ter todo o interesse em obedec-lo, caso contrrio, alm de no conseguir o que quer, ser ignorado por

    seu querido dono.

    Alguns ces recusam-se a executar comandos, abrindo mo at de alimento como forma de testar a

    liderana. Mais cedo ou mais tarde, porm, eles se convencem de que voc o lder e de que a

    sobrevivncia deles depende de voc.

    30

    GANHE RESPEITO E D BONS EXEMPLOS

    A questo da liderana importantssima para o treinamento. Ser um lder no to difcil, mas

    ser um timo lder demanda treinamento, conhecimento e ateno. Quanto mais respeito e mais carinho o

    seu co sentir por voc, mais fcil e mais prazeroso ser o adestramento. Ele ter todos os motivos do

    mundo para querer obedec-lo.

    Um lder perfeito s passa bons exemplos aos seus subordinados e no exige respeito - ganha-o.

    Infelizmente, boas intenes no bastam, portanto no aconselho que se brinque com a boca do

    cachorro ou se permita que ele a use para disputar algum objeto com voc, fazendo cabo-de-guerra. Se

    voc ou qualquer pessoa estiver do outro lado do brinquedo, embora o que se tenha em mente seja um

    divertimento, poder estar incentivando o co a utilizar a boca e a disputar fisicamente com quem estiver

    na outra extremidade. Quando o cachorro brinca de mord-lo, adquire confiana e aprende a usar sua

    arma (boca) contra voc. Quando brincamos de puxa-puxa, para o cachorro isso pode ser uma disputa de

    liderana, e ele a ganha cada vez que sai com o objeto na boca. Pode parecer inofensivo, mas, se ocorrer

    algum problema ou disputa na hierarquia, algum poder sair machucado. Se no estiver disposto a parar

    ou evitar essas brincadeiras, pelo menos tenha certeza de que ser voc quem sair vencedor e no seu ca-

    chorro. Devemos ganhar, sempre, qualquer disputa fsica.

    E por ltimo, quando seu co se comportar ou mostrar submisso, elogie-o. Assim, alm de

    mostrar que voc o lder, dar a ele o prmio de receber ateno ao deixar que voc ocupe essa posio.

    31

    APLICAO DA LEI DA MATILHA:

    1. Seja o lder da matilha.

    2. Ganhe respeito e no o exija.

    3. Faa o seu co merecer o que quer e o quem precisa: pea-lhe para executar algum

    comando simples antes de receber comida, sair para passear, ou quando quiser que voc abra a porta

    para ele, etc.

    4. Caminhe na frente do seu cachorro e passe sempre antes dele por portas e portes.

    5. Nunca grite ou bata em seu cachorro.

    6. Jamais deixe que ele ganhe qualquer disputa fsica. Se voc tiver que segur-lo, qualquer

    no o solte se ele espernear ou mord-lo. S o solte quando voc decidir, e de preferncia quando ele

    parar de espernear.

    7. No deixe que ele o morda, nem de brincadeira, e evite as disputas de cabo-de-guerra.

    8. No o machuque e nem o enforque.

    9. Elogie a submisso dele a voc e aos demais membros de sua famlia.

    32

  • 15

    AMOR INCONDICIONAL

    "A inteligncia da natureza opera pela lei do mnimo esforo, sem ansiedade, com harmonia e amor."

    Deepak Chopra

    Quando utilizamos a fora da harmonia, da alegria e do amor atingimos resultados surpreendentes.

    Neste captulo voc vai aprender:

    Que o amor e o adestramento caminham juntos. Que o comportamento do co depende da coerncia do adestramento. Que se deve punir a atitude errada e no o co. A no deixar o co associar a punio pessoa. 33

    AMOR E ENTENDIMENTO

    Se realmente amamos nossos ces, devemos procurar entend-los. Se ns no tivermos essa

    capacidade, como esperar que eles nos entendam se possui apenas uma frao de nossa inteligncia?

    Muitos conflitos ocorrem entre humanos e cachorros por simples desentendimento. Quanto mais

    estudarmos os ces e seu meio de comunicao, melhor ser nosso entendimento e maior o nosso amor

    por eles. Quanto melhor for nossa comunicao, maior ser a harmonia e menor o estresse dessa relao.

    Ns devemos evitar a qualquer custo decepcionar o nosso co afetivamente. Estudos mostraram

    que, quanto mais o seu co am-lo, melhor e mais rpido ser seu condicionamento. Quanto maior a

    confiana e o amor pelo seu dono, menor ser a sua ansiedade e maior ser a vontade de fazer certo!

    COMPORTAMENTO

    Quem j teve a oportunidade de observar o comportamento do co em relao a algum que

    utilizou essas tcnicas fica impressionado com a disposio que esses animais apresentam para obedecer.

    Quando as coisas fazem sentido para o seu co, a vontade dele de pensar e de vencer desafios vai

    crescendo, e a partir da que o adestramento deslancha e o co passa a realmente a adorar o treinamento.

    Os ces se sentem muito confusos quando so reprimidos ao agir de acordo com um tipo de

    informao que receberam antes. Se levam broncas sem realmente entender a razo disso, tornam-se ces

    ansiosos e sem vontade de enfrentar o desafio que representa acertar.

    34

    Devemos ter um cuidado enorme para no ensinarmos ao filhote coisas que no queremos que

    faa quando crescer (ficar adulto). Para o co muito confuso e estressante ser reprimido por apresentar

    um comportamento que lhe foi ensinado, durante meses, pelo prprio dono. Ao levantarmos um filhote,

    colocando-o no sof e acariciando-o, ns o estamos treinando para subir no sof e, quando ele ficar maior,

    talvez no queiramos mais que ele faa isso. Essa mudana brusca poder atrapalhar a relao que temos

    com nosso co.

    PUNIO

    Voc deve estar questionando agora esse tal de amor incondicional, talvez esteja dizendo que

    bonito na teoria, mas na prtica necessrio reprimir o co. muito complicado para ns imaginar que

    seja possvel deixar de lado as broncas durante o treinamento do co ou que elas sejam negativas para seu

    adestramento. De fato, no podemos deixar de controlar e reprimir todas as atitudes negativas dos ces. A

    diferena que faremos isto inteligentemente, levando em conta a psicologia canina. Para cada comando

    e para cada problema de comportamento indicaremos a melhor forma de correo sem que a relao com

    seu cachorro corra risco de se deteriorar, o que poderia acontecer com reprimendas desnecessrias.

    Devemos reprimir a atitude e no o co. Isto significa que, assim que o cachorro desistir da atitude

    indesejvel,

    35

    mesmo quando provocado, o amor e o carinho devem ser os mesmos de antes, como se o erro nunca

    tivesse acontecido. Independentemente do que ele faa, voc dever mostrar que o ama. Como dissemos

  • 16

    anteriormente, quanto mais o cachorro am-Io, mais fcil ser seu treinamento, e no ganhamos pontos

    brigando ou repreendendo nosso co.

    Muitas punies necessrias podem ser disfaradas, para que o co no as relacione com voc. Ele

    jamais entender que tanto o ato de aceitar um pedao de carne atirado por um estranho como o de atra-

    vessar a rua para pegar uma bola podem mat-lo. Por isso, seria incompreensvel para o seu co se voc

    ficasse bravo com ele por ter feito essas coisas. Algumas vezes muito difcil no deixar o co perceber

    que voc est por trs da punio, mas iremos ensinar as melhores maneiras de punir seu co, sem que ele

    perceba que voc que o est fazendo.

    As broncas no so negativas apenas pelo fato de que se perdem pontos na relao com o

    cachorro, mas tambm porque muitas vezes o cachorro est querendo ateno, e mesmo uma ateno

    negativa pode ser vantajosa para ele. Quando isto acontece, e acredite, acontece o tempo todo, ao invs de

    o estarmos educando, estamos deseducando. Se samos gritando atrs de um co quando ele faz xixi pela

    casa, teremos dado a ele a ateno desejada. Da prxima vez que esse co quiser ateno, ele repetir o

    ato e ser bem-sucedido novamente.

    As melhores correes so aquelas feitas de tal forma que seu co acredite que foram aplicadas

    por "Deus" e nas quais voc no teve participao nenhuma.

    Ateno: Toda e qualquer punio deve ter o objetivo de inibir o ato e nunca o de ser represlia ou

    vingana! Assim que se atinge o objetivo, a punio deve cessar como se jamais tivesse existido.

    36

    TREINAMENTO SEM TRAUMAS

    Cada comando e cada aprendizado carregam consigo muitos significados que ficaro como

    lembranas no subconsciente. Do mesmo jeito que um professor pode nos fazer adorar ou odiar alguma

    matria, o adestrador pode fazer o co adorar ou odiar o comando. claro que nosso objetivo fazer com

    que o co responda r nossos comandos o mais prazerosamente possvel, e para isto devemos tomar uma

    srie de cuidados desde a primeira lio.

    Qualquer fator negativo durante o aprendizado contribuir para uma resposta menos eficiente e

    para a m vontade do seu co em efetuar o comando, j que subconscientemente ele vai relacionar o

    comando com os fatores do aprendizado.

    Quando Dennis Fetko, na minha opinio um dos melhores e mais eficientes adestradores, veio

    para o Brasil no final de 1997, durante sua preleo pediu para a platia um cachorro totalmente

    destreinado e o ensinou em menos de cinco minutos a andar junto com ele. A platia ficou impressionada,

    pois o co, alm de andar junto, parava, corria e andava devagar, acompanhando perfeitamente o

    condutor. Dennis durante os cinco minutos que ficou com o cachorro no o corrigiu nenhuma vez, no

    gritou "junto" e nem deu tranco na coleira; para dizer a verdade, mal olhou para o cachorro. Dennis

    variava o comprimento da guia constantemente e andava como uma barata tonta. Em pouco tempo o

    cachorro percebeu que a nica maneira de evitar os puxes da coleira (mais parecida com uma fita) era

    observar atentamente Dennis e caminhar exatamente na mesma velocidade.

    37

    COLOCANDO EM PRTICA A LEI DO AMOR INCONDICIONAL

    1. Nunca reprima o cachorro e sim a atitude, isto quer dizer que, assim que ele deixar de

    cometer o erro, mesmo quando provocado, dever receber todas as demonstraes de amor e carinho,

    como se ele nunca tivesse errado antes.

    2. Planeje as punies para que seu co no as relacione com voc. Por exemplo, coloque

    alguma substncia amarga no p do sof para que o gosto ruim seja a punio, e no uma

    chinelada aplicada por voc.

    3. Evite que seu co relacione qualquer coisa desagradvel com o aprendizado, como, por

    exemplo, apertar a traseira ou sufoc-Lo com o enforcador para que ele se sente. Alm de desagradveis,

    essas atitudes esto diretamente relacionadas a voc.

    4. Aprenda a ignorar seu co como forma de punio. uma tima maneira de fazer seu co

    valorizar ainda mais sua presena e uma atitude muito eficiente para controlar o comportamento.

    5. Ateno: Amor incondicional no significa mimar seu animal ou garantir-lhe direitos

    iguais aos seus. Ces mimados no respeitam o dono, o que tambm ocorre com os animais que tm os

    mesmos direitos que os outros membros da casa, como dormir na sua cama ou na de seus filhos, etc.

  • 17

    38

    A TROCA

    O condicionamento opera por meio de trocas positivas do ponto de vista do condicionado e no do

    condicionador.

    Devemos desenvolver a capacidade de observar o que realmente para o nosso co uma troca

    positiva e o que no , em cada situao. S assim poderemos condicion-lo eficazmente.

    Neste captulo voc vai aprender:

    Que a recompensa fundamental para o sucesso do treinamento. A escolher os objetos de troca. A valorizar as recompensas. Quais as alternativas quando no tiver nada a oferecer A no alternar recompensas em retribuies negativas diante de situaes semelhantes.

    39

    TIPOS DE TROCA

    Devemos ter em mente que, se quisermos modificar ou controlar o comportamento do animal

    atravs do treino, ser sempre necessrio haver uma troca interessante para o co. Quando digo

    interessante, algo que valha a pena para o seu co, justificando a mudana de atitude pelo prmio ou re-

    compensa.

    Voc deve estar se perguntando se, criado o hbito de receber algo em troca, o seu co s

    obedecer quando voc tiver algo para lhe dar. mais ou menos a esse ponto que quero chegar: um con-

    dicionamento no possvel se no houver um estmulo significativo - positivo ou negativo -, isto

    significa que o co aprender na base de troca e se comportar de acordo com o esperado na expectativa

    da troca, mesmo que s vezes ela no se d.

    Muitas pessoas acreditam que seu cachorro as obedecer simplesmente em troca de um afago, ou

    mesmo de uma palavra carinhosa. H ces para quem esse tipo de recompensa suficiente, seja por

    valorizarem muito seu dono ou por sua prpria ndole, mas a verdade que so muito mais freqentes as

    situaes de donos que imaginam que um carinho ser suficiente, quando isso, naquele caso, no

    verdade.

    40

    OBJETOS de TROCA

    Podemos utilizar como reforo inmeros artifcios; geralmente os melhores so os que j so

    considerados distrao para o seu co, como brinquedos, passeios, andar de carro, etc.

    Uma boa troca para um cachorro que puxa a coleira para ir passear de carro seria, quando ele obe-

    decesse o comando de deitar e esperar, dar-lhe a recompensa do passeio de carro.

    Alguns reforos funcionam bem em certas condies, como, por exemplo, no espao do seu

    quintal, mas no funcionam to bem quando o seu co est solto no parque. Nesse caso, temos duas

    opes: uma, a troca do reforo por alguma coisa ainda mais interessante para o co; outra, no solt-lo

    durante as primeiras aulas do treinamento para diminuir tanto a ansiedade do cachorro quanto a

    possibilidade de ele se distrair.

    Petiscos costumam ser o reforo universal, j que so poucos os ces que no adoram esse tipo de

    recompensa.

    Muitas pessoas so contra os petiscos como reforo para o treino, assim como qualquer outro tipo

    de comida, pois apresentam algumas desvantagens:

    S funcionam bem quando o co est com fome. Voc ser obrigado a carregar petiscos grande parte do tempo. Deve-se tomar cuidado para no desbalancear a dieta do animal.

    Eu prefiro no utilizar petiscos mas, nos casos de ces que no adoram algum objeto em especial

    ou no se satisfazem somente com um afago, petiscos so sempre uma boa sada.

    Os objetos, como recompensa, possuem vrias vantagens sobre a comida, j que no

    desbalanceiam a dieta e no nos obrigam a estar sempre carregando um saquinho de petiscos, mas, por

    outro lado, assim que damos o objeto para o co, temos que peg-lo de volta, e isso s vezes

  • 18

    complicado, pois o co pode comear

    41

    brincar de cabo-de-guerra ou, ainda, sair correndo para atrair sua ateno. cabo-de-guerra. Se o objeto for

    a recompensa, como poderemos condicionar o cachorro a larg-lo? Primeiramente devemos ter certeza de

    que o co ficar prximo o bastante para conseguirmos recuperar o objeto. Caso haja a possibilidade de o

    co fugir (brincar de pega-pega), amarre-o antes de dar-lhe o objeto e puxe a corda em sua direo depois

    da entrega, at que o objeto fique ao alcance de sua mo. Agarre ento o objeto e rapidamente ordene ao

    co que o solte, enquanto abre a boca dele. Jamais corra atrs do seu co se ele estiver fugindo com o

    objeto, pois exatamente o que ele quer, e assim o estaremos recompensando pela desobedincia! Fica

    assim evidente que cada recompensa tem seus defeitos e qualidades, mas o importante utilizar um

    reforo que valha bastante para seu co, e a a prpria vontade de aprender valorizar cada vez mais sua

    ateno e seu carinho.

    DESAFIOS E RECOMPENSAS

    Conforme o adestramento for evoluindo, o co comear a encarar como um desafio conseguir a

    recompensa e, a partir da, o prmio no ter tanto valor em si mesmo, passando a significar para seu co

    que ele agiu corretamente. Quando se atinge esse ponto, qualquer objeto ou mesmo um afago tm um

    enorme valor. interessantssimo observar um co se esfalfando para ganhar uma bola e, assim que a

    ganha, ele a devolve ao treinador de livre e, espontnea vontade e se prepara com todo o entusiasmo para

    efetuar um novo comando. Existem vrios truques e dicas para se atingir esse ponto, e falarei mais sobre a

    vontade de vencer o desafio na parte que trata de tcnicas de adestramento. Conforme o treinamento feito

    na base da troca

    42

    for evoluindo, mais tempo o seu co ser capaz de esperar para receber o reforo e executar os comandos

    mais rpida e eficientemente.

    O VALOR DA TROCA

    No devemos insistir ou obrigar nosso cachorro a obedecer em troca de qualquer coisa. Assim que

    nos dermos conta de que num determinado momento aquela troca no vale a pena para o co, no

    devemos insistir e, sim, procurar uma outra estratgia. Se insistirmos, estaremos diminuindo o valor do

    objeto no conceito do co e retardando o treinamento. Por exemplo, um co que esteja brincando com

    outros na maior excitao pra e responde ao seu chamado imediatamente; quando chega junto de voc

    ganha apenas um biscoitinho de que ele nem gosta muito - o cachorro acaba de aprender uma lio:

    cometeu um erro, no deveria ter vindo dessa vez, pois perdeu vinte segundos de uma superbrincadeira

    em troca de um biscoitinho sem graa! esse o ponto que deve sempre ter em mente: eles esto sempre

    aprendendo, lembra-se? Portanto, s vezes, o resultado de uma troca no-satisfatria pode ser um

    aprendizado negativo.

    COMO VALORIZAR UM OBJETO DE TROCA

    Existem tcnicas para aumentar o valor do objeto/recompensa para o co. O ideal seria ter uma

    recompensa to valiosa para o animal que qualquer outro estmulo no o motivaria mais do que a

    possibilidade de ganhar o objeto. possvel atingir esse ponto, e nem to difcil assim! Uma bola, por

    exemplo, j costuma ter um determinado valor para seu co, mas, se tiver a capacidade de tornar a pessoa

    ou o cachorro que estiver com ela o centro das atenes, ter ainda mais valor. Para isso, guarde uma bola

    (ou um determinado objeto) e, sempre que achar adequado, oferea-a para o cachorro

    43

    com o maior entusiasmo; se ele a apanhar, faa carinho nele e demonstre ateno, brincando com o co

    at que ele solte a bola; assim que isso acontecer, apanhe-a rapidamente e brinque voc com ela. Caso

    haja outros cachorros que gostem da bola (objeto), ela se tornar mais atraente para seu co, caso

    contrrio, brinque voc com ela, dizendo-lhe coisas, como se estivesse conversando com ela, de certa ma-

    neira ignorando seu co at que ele comece a prestar ateno bola. Aps essa brincadeira, guarde o

    objeto para que ele no perca a graa, j que ele deve significar sempre alegria e divertimento. Se a tc-

    nica for feita corretamente, logo a bola (objeto) ter um grande valor para seu co, e ele vai obedec-lo

    com o maior prazer para poder receb-la.

  • 19

    ALTERNATIVAS PARA A TROCA

    E o que se pode fazer quando quisermos que o cachorro venha at ns mas no tivermos nenhuma

    troca a altura para oferecer? simples. Durante o comeo do aprendizado evite desapontar o seu cachorro

    e aja inteligentemente. Atraia a ateno dele sem que ele perceba que voc est querendo fazer isso. Uma

    das melhores maneiras sair correndo em uma direo e fingir que no est ligando a mnima para o seu

    cachorro. Dificilmente ele deixar de segui-lo e de se aproximar de voc depois de alguns segundos.

    Cuidado, porque esse truque no funciona quando empregado com muita freqncia! Mais cedo ou mais

    tarde o cachorro entende o truque e passa a ser um divertimento para ele engan-lo ou ignor-lo. Um

    outro caso seria a necessidade de pr o seu cachorro num lugar de que ele no goste ou lev-lo para fazer

    alguma coisa que ele detesta, por exemplo: coloc-lo dentro do canil, lev-lo cozinha para

    44

    tomar remdio, ao jardim para tomar banho, etc. Jamais o chame! Simplesmente v at onde ele estiver e

    pegue-o, no lhe d chance de escapar, e assim sempre que pressentir que algo de "ruim" est para

    acontecer ele vai se conformar e no vai tentar fugir, pois, se tentar, sabe que vai fracassar. O importante

    no trocar uma obedincia ao seu comando por uma coisa desagradvel.

    RECOMPENSA NEGATIVA

    impressionante o nmero de pessoas que "treinam" seus cachorros para que no atendam

    quando so chamados! Elas geralmente me fazem o mesmo tipo de observao quando vou instru Ias a

    esse respeito: "Meu cachorro tem de vir na hora que eu quero, e no quando tiver uma bola ou um

    biscoitinho sua espera! Ele vai ficar interesseiro".

    Vamos imaginar a situao, em primeiro lugar, do ponto de vista do cachorro: "Minha dona me

    solta no parque que eu adoro, mas se eu for na direo dela quando ela disser 'aqui' ou 'vem', ou deixar

    que ela chegue perto enquanto fala, provavelmente levarei uma bronca e at poderei apanhar. O problema

    que eu fico confuso porque, em casa, quando ela fala 'aqui' e vou at ela, est tudo certo".

    Agora, do ponto de vista da dona: ela solta o cachorro, chama-o de volta e ele no vem

    imediatamente; da ela comea a berrar e, assim que pega o cachorro, d-lhe uma bronca ou bate nele. E

    ainda acha que ele aprendeu uma lio. o tipo de pessoa que optou por um treinamento que faz sentido

    para ela mas no para seu co. Eu sinto pena s de imaginar a confuso na cabea desse pobre cachorro!

    Existem tambm os animais "malandros", so os ces que entendem o seu chamado, mas tambm

    sabem que o que voc tem a oferecer uma corrente para prend-los, marcando o final da brincadeira, e nada

    mais! Mas, acredite que, se seu co malandro, as chances de voc t-lo ensinado a ser assim so enormes.

    Um

    45 co adestrado corretamente, isto , com o emprego das quatro leis derivadas dos conceitos fundamentais, jamais se torna malandro, a no ser que voc considere malandragem o cachorro fazer exatamente o que voc quer que ele faa! 46

    APLICAO DA LEI DA TROCA

    1. Sim, todos ns agimos por amor, respeito e interesse (troca)!

    2. A troca deve sempre valer a pena para seu co.

    3. Se o seu co no mostrar interesse pela troca, suspenda imediatamente o adestramento e

    modifique as condies para introduzir alguma coisa mais valiosa para ele.

    4. Quando no tiver coisa alguma para trocar, simplesmente no ordene nada! Se voc

    precisar que ele v a algum lugar ou assuma uma determinada posio, leve-o ao local ou faa o que deve

    ser feito, sem lhe dar a opo de deixar de ou de fazer.

    5. Algumas trocas obviamente vantajosas para o co em casa muitas vezes perdem seu

    atrativo quando ele estiver solto ou passeando no parque.

    6. O amor e a vontade de obedecer devem ser conquistados aos poucos. Isto no pode ser

    imposto!

    7. importantssimo que o co sempre obedea aos seus comandos, independentemente de

    voc achar que o est subornando e que ele o est atendendo movido por interesse!

    8. No devemos esperar que todos os ces se satisfaam apenas com carinho.

  • 20

    47

    A ATENO Quanto maior a ateno, melhor e mais rpido ser o aprendizado.

    Quanto mais seu co estiver atento a voc, mais depressa executar os comandos e mais rapi-

    damente aprender novos condicionamentos.

    Neste captulo voc vai aprender:

    Que o grau de ateno depende das tcnicas de aprendizado. Como reforar a ateno para voc ou para um objeto. A ignorar seu co como forma de adestramento. A usar a ateno como um estmulo.

    49

    A ATENO: CONSEQNCIA E CAUSA

    A ateno que seu co prestar a voc ser resultado das outras tcnicas descritas anteriormente.

    Ao mesmo tempo que uma conseqncia e um indicativo da boa aplicao das demais tcnicas, a

    ateno tambm causa, provocando um aproveitamento melhor das atividades. Como acontece com ns

    mesmos, quanto mais prestarmos ateno, maiores nossas chances de obter sucesso na comunicao. Um

    bom exemplo disso so os ces que participam de provas: eles prestam tanta ateno em seus condutores

    que nos do a impresso de que aprenderam a ler em seus lbios.

    Imagine por um instante que voc um co cujo dono, um humano justo, alm de entend-lo,

    ama-o independentemente do que voc faa e, toda vez em que lhe pede alguma coisa, desde que voc a

    execute, existe sempre a chance de ele lhe dar em troca o que mais estava desejando. D para no prestar

    ateno em algum com essas qualidades? E se essa pessoa, alm disso tudo, ainda tiver a mania de falar

    baixo, ser ainda mais importante prestar o mximo de ateno para no perder nada! Os ces

    provavelmente pensam dessa forma em relao aos seus donos.

    REFORCE A ATENO

    Existem vrios truques para aumentar o grau de ateno do seu co. De vez em quando falar baixo

    uma delas, outra maneira ter um comportamento imprevisvel; por exemplo, ao passear ou andar pela

    casa, mude de direo subitamente, procurando enganar o co - aqueles que gostam de ir frente logo vo

    comear a prestar mais ateno, j que podem ser enganados quanto ao rumo que seu mestre ir seguir.

    Tambm podemos elogiar o nosso co quando ele estiver prestando ateno em ns, ou ignor-lo quando

    no estiver.

    Uma das maneiras para aumentar o grau de ateno do co , ao fornecer o reforo (comida, bola ou

    50

    carinho), faz-lo de maneira entusistica e rpida. Por exemplo, se a inteno era fazer o co sentar e ele

    fizer isso, deve-se imediatamente jogar a bola para ele, porque, caso o cachorro no esteja prestando

    ateno, provvel que leve um susto ou no consiga peg-la, o que far com que fique mais atento da

    prxima vez.

    O CACHORRO COMO FOCO DA ATENO

    Como ns, os ces tambm querem que prestemos ateno neles. Quase todos os ces adoram chamar a

    ateno, principalmente das pessoas de sua matilha, por isso repetem as coisas que provocam seu dono.

    Mesmo a ateno negativa (bronca) muitas vezes aumenta a freqncia com que o co realiza um

    determinado ato. Os ces interpretam nossa disciplina (broncas) como interao, e provavelmente iro

    repetir o ato para poder interagir novamente. Animais que vivem em grupos dependem um do outro,

    portanto a interao algo indispensvel, fundamental.

    Ao evitar chamar a ateno ("dar ateno") do seu cachorro quando ele estiver fazendo algo de errado,

    voc estar aumentando o amor dele por voc, alm e estar empregando uma tima tcnica que produz

    resultados muito mais eficientes. Neste livro daremos vrias dicas de como corrigir manias desagradveis

    de nossos ces sem a necessidade de broncas ou de violncia.

  • 21

    O AVISO DA ATENO

    Sei que difcil imaginar que o cachorro valoriza tanto a nossa ateno, mas pode acreditar que

    uma das piores coisas para o, seu co ser ignorado. Essa uma

    51

    tcnica valiosa, e, quanto mais prtica tivermos em utiliz-la para o adestramento, melhor ser o

    resultado.

    Saber ignorar o nosso co uma arte, principalmente devido s suas habilidades naturais para

    chamar a nossa ateno. Alguns comeam a fazer gracinhas, e quase impossvel no cair na gargalhada;

    outros fazem caras desoladas, que quebram nosso corao. Independentemente da tcnica utilizada pelo

    seu co, importante no cair no truque, pois o condicionamento ir por gua abaixo, a no ser que o

    objetivo seja treinar o seu co a fazer gracinhas ou cara de coitado.

    A ATENO: ESTMULO E NO LIMITAO

    A ateno tem o poder de estimular determinadas partes do crebro e inibir outras. Quando um

    gato passa na frente do seu cachorro, ele fica to interessado no gato (prestando ateno) que talvez no o

    obedea. Isto no deve deix-lo desanimado, pelo contrrio. Num estgio avanado da ateno a voc, ele

    ir valorizar muito a troca que lhe oferecer, seja ela qual for, pois o universo do co estar girando em

    torno de voc. A ateno tanta, que as coisas em volta perdem espao nos sentidos do seu co e

    conseqentemente perdem valor. Nessa fase o co gosta tanto de brincar (adivinhar o que o dono quer),