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2Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

 

CURSO DE GESTÃO INTEGRADA EM DEFESA CIVIL 

  

 

CADERNO DE ATIVIDADES 

 

  

   

Ministério da Integração Nacional • Secretaria Nacional de Defesa Civil   

revisado em outubro de 2010 

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3Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

Biblioteca da Secretaria Nacional de Defesa Civil  Secretaria Nacional de Defesa Civil 

Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil Caderno de Atividades 

 Brasília/DF • outubro de 2010 •  161 páginas 

Publicações da Secretaria Nacional de Defesa Civil  Ministro da Integração Nacional João Reis Santana Filho  Secretária Nacional de Defesa Civil Ivone Maria Valente  Diretora do Departamento de Minimização de Desastres Daniela da Cunha Lopes  Coordenação Geral do Curso Luís Felipe Lopes de Lima Lins Marcela Afonso de Oliveira Silva  Organizadores deste caderno de atividades:  

1. Airton Bodstein de Barros 2. Alexandre Silveira de Souza 3. André Có Silva 4. Artur Cavalcanti de Paiva 5. Cilene Victor 6. Daniela da Cunha Lopes 7. David Rodrigues dos Santos 8. Denise Fraga 9. Edson Haddad 10. Eduardo Estevam C. Rodrigues 11. Eliana Vianna 12. George Luiz Pereira dos Santos 13. Janaína Furtado 14. Kleber Landim de Almeida 

15. Lelio Bringel Calheiros 16. Lucelita Maria Alves 17. Luís Felipe Lopes de Lima Lins 18. Marcos de Oliveira 19. Maria Cristina Dantas 20. Maria de Nazareth Fonseca Solino 21. Maria Hosana Bezerra André 22. Patrick Walesco Fontes 23. Paulo César de Souza Santos 24. Rafael Schadeck 25. Rita de Cássia Dutra 26. Verena Martins Lellis 27. Werneck Martins Carvalho 

  Diagramação e Editoração Luís Felipe Lopes de Lima Lins    Dúvidas, correções ou sugestões  poderão ser encaminhadas para o e‐mail: [email protected] 

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4Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

O CURSO DE GESTÃO INTEGRADA EM DEFESA CIVIL  Defesa Civil não é um tema novo, nem tão pouco tem suas raízes neste século. A busca de sua origem  nos  remete  aos  primeiros  agrupamentos  humanos.  O  ser  humano  proporcionou  a convivência  em  grupos  socialmente  organizados,  onde  cada  integrante  desempenhava  seu papel de acordo com o aprendizado dele mesmo e de gerações anteriores. A sua sobrevivência dependia do seu abrigo no grupo, e a existência do próprio grupo dependia da sua capacidade de organização para garantir a sua proteção e superar os inimigos e as adversidades naturais.  A Defesa Civil evoluiu, e hoje pode  ser definida como a atuação da  sociedade organizada na proteção de si própria. É a organização das ações e que visam determinar procedimentos a fim de prevenir ou evitar e, em caso de impossibilidade, minimizar os efeitos advindos de eventos incontroláveis  que  causam  riscos  à  coletividade,  sendo  estes  naturais  ou  ocasionados  pelo homem. Hoje entendemos que é função de todo integrante da Defesa Civil, voluntário ou não, as  ações  de  prevenção,  preparação,  socorro  e  assistência  às  populações  atingidas  e reconstrução. Cabe aos órgãos de Defesa Civil  reduzir ao máximo os  riscos de desastres e as perdas deles advindas, e encontrar maneiras de coordenar o restabelecimento do bem‐estar da coletividade.  A gestão de desastres no Brasil tem, no nosso entendimento, vários desafios a superar. Nesta oportunidade, consideraremos dois deles. O primeiro, diz respeito à forma como a intervenção técnica em defesa civil elabora sua interpretação da realidade. O segundo refere‐se à qualidade das práticas sociais escoradas na interpretação da realidade de riscos de desastres.   Ao  integrar  a  EIRD  o  Brasil  assume  compromisso  de  trabalhar  não  apenas  na  resposta emergencial aos desastres, mas, sobretudo no fortalecimento da segurança das cidades, tarefa nada  fácil. A Defesa Civil até então  identificada, apenas, com as  instituições de  resposta aos desastres, vem  tendo o desafio de  integrar a sociedade como um  todo, ai compreendidas as autoridades e a população, na gestão de riscos.    Em virtude da necessidade de adequação dos conteúdos das atividades de prevenção até então ofertados pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, com a realidade de riscos e de desastres do país, e das mudanças ocorridas quando dá publicação da Medida Provisória nº 494 e do novo Decreto  nº  7.257,  foi  criado  o  programa  de  formação  continuada  do  Sistema  Nacional  de Defesa Civil, do qual faz parte o Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil.   Este curso visa  reforçar a  responsabilidade e o protagonismo dos gestores de defesa civil no que concerne a agora chamada gestão integrada de risco e de desastres. O curso tem ênfase no estabelecimento  de  uma  cultura  de  prevenção  de  risco  em  detrimento  apenas  às  ações  de resposta,  embora  também  as  contemple. Com  carga horária de  40 horas  e uma  semana de duração,  é  dividido  em  04  unidades.  O  público  alvo  será  formado  por  gestores  e  técnicos estaduais e municipais dos órgãos de defesa civil e demais instituições do estado que atuam em ações de gerenciamento de riscos de desastres.  Desta forma desejamos que o Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil aumente seus conhecimentos na produção de boas práticas. 

 Daniela da Cunha Lopes 

Diretora do Departamento de Minimização de Desastres 

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5Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

ÍNDICE  AULA DE APRESENTAÇÃO DO CURSO ............................................................................................ 9  UNIDADE I ‐ CONHECIMENTOS GERAIS SOBRE DEFESA CIVIL ..................................................... 11  AULA 01 ‐ NORMAS INTERNACIONAIS E A POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA CIVIL .................... 11 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 11 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 11 2. PRINCIPAIS PROGRAMAS E INICIATIVAS INTERNACIONAIS .................................................. 12 3. O QUE É A DEFESA CIVIL? ...................................................................................................... 14 4. PRINCIPAIS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA DEFESA CIVIL ............................................................... 15 AVALIAÇÃO DA AULA 01 ............................................................................................................ 18 

 AULA 02 ‐ O SISTEMA NACIONAL DE DEFESA CIVIL ..................................................................... 19 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 19 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 19 2. OBJETIVO E FINALIDADE DO SINDEC ..................................................................................... 19 3. ESTRUTURA DO SINDEC ......................................................................................................... 20 4. SISTEMA NACIONAL DE DEFESA CIVIL ‐ SINDEC .................................................................... 21 5. ASPECTOS LEGAIS DO SINDEC ............................................................................................... 21 AVALIAÇÃO DA AULA 02 ............................................................................................................ 23 

 AULA 03 ‐ O ESTUDO DOS DESASTRES (CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO) ....................................... 24 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 24 1. CONCEITUAÇÃO DOS DESASTRES .......................................................................................... 24 2. REFLETINDO SOBRE DESASTRES ............................................................................................ 26 3. CLASSIFICAÇÃO DOS DESASTRES ........................................................................................... 26 4. DANOS E PREJUÍZOS .............................................................................................................. 28 5. RISCOS EM DESASTRES .......................................................................................................... 29 6. DESDOBRANDO OS CONCEITOS ............................................................................................ 30 AVALIAÇÃO DA AULA 03 ............................................................................................................ 31 

 AULA 04 ‐ IMPLANTAÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DE UMA COMDEC ...................................... 33 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 33 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 33 2. ÓRGÃOS QUE CONSTITUEM UMA COMDEC ......................................................................... 33 3. PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DE UMA COMDEC ........................................................................ 34 4. ATUAÇÃO INTEGRADA ........................................................................................................... 34 5. REQUISITOS MÍNIMOS PARA A FORMALIZAÇÃO DE UMA COMDEC .................................... 35 6. PASSOS PARA A IMPLANTAÇÃO DE UMA COMDEC .............................................................. 35 AVALIAÇÃO DA AULA 04 ............................................................................................................ 37 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 38 

 

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6Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

UNIDADE II ‐ MOBILIZAÇÃO SOCIAL PARA AS AÇÕES DE DEFESA CIVIL ..................................... 39  AULA  01  ‐  MOBILIZAÇÃO  SOCIAL  COMO  ESTRATÉGIA  PARA  CONSTRUIR  CULTURA  DE REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES ........................................................................................... 39 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 39 1. MOBILIZANDO PARA CONSTRUIR REDES: CONCEITOS.......................................................... 39 AVALIAÇÃO DA AULA 01 ............................................................................................................ 46 

 AULA 02 ‐ ETAPAS PARA UMA MOBILIZAÇÃO SOCIAL EFETIVA EM DEFESA CIVIL ..................... 47 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 47 1. CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO DE INTERVENÇÃO ........................................................... 47 2. IDENTIFICAÇÃO DE ATORES SOCIAIS E RECURSOS DISPONÍVEIS .......................................... 49 3. INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: DEFININDO ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO .................. 50 4. SENSIBILIZAÇÃO ..................................................................................................................... 53 AVALIAÇÃO DA AULA 02 ............................................................................................................ 58 

 AULA 03 ‐ CAPACITAÇÃO PARA AÇÃO EM DEFESA CIVIL ............................................................ 60 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 60 1. NÚCLEOS COMUNITÁRIOS DE DEFESA CIVIL ......................................................................... 60 2. VOLUNTARIADO: POSSIBILIDADES DE AÇÃO DAS COMUNIDADES ....................................... 63 

 AULA 04 ‐ CONSTRUÇÃO DE REDES SOCIAIS ORGANIZADAS ...................................................... 66 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 66 1 ‐ CONSTRUÇÃO DE REDES PARA AÇÃO CONJUNTA EM DEFESA CIVIL ................................... 66 2 ‐ COMO CONSTRUIR REDES PARA ATUAR EM DEFESA CIVIL ................................................. 67 3 ‐ CONSTRUÇÃO DE CIDADES SEGURAS E SUSTENTÁVEIS ....................................................... 69 AVALIAÇÃO DA AULA 04 ............................................................................................................ 70 ANEXO 1‐ UNIDADE DIDÁTICA II ................................................................................................ 72 ANEXO 2 ‐ UNIDADE DIDÁTICA II ............................................................................................... 73 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................. 74 

 UNIDADE III ‐ GESTÃO INTEGRADA DE RISCOS ............................................................................ 75  AULA 01 ‐ COMUNICAÇÃO DE RISCOS ......................................................................................... 75 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 75 1. CONTEXTUALIZAÇÃO ............................................................................................................. 75 2. RISCOS E OS SEUS SIGNIFICADOS .......................................................................................... 77 3. COMUNICAÇÃO DE RISCOS VERSUS DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÃO .............................. 78 4. O PAPEL DOS MEIOS DE COMUNIÇÃO .................................................................................. 80 5. OS MODELOS DE COMUNICAÇÃO DE RISCOS ....................................................................... 81 

 AULA 02 ‐ FERRAMENTAS DE IDENTIFICAÇÃO DE RISCO ............................................................ 84 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 84 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 84 2. FERRAMENTAS DE IDENTIFICAÇÃO DE RISCO ....................................................................... 84 AVALIAÇÃO DA AULA 02 ............................................................................................................ 87 

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7Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

AULA 03 ‐ AVALIAÇÃO DOS RISCOS .............................................................................................. 88 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 88 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 88 2. DIMENSIONAMENTO DAS AMEAÇAS .................................................................................... 88 3. DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE IMPACTO DO DANO ............................................................. 90 4. AVALIAÇÃO DO RISCO ........................................................................................................... 90 5. ELABORAÇÃO DE MAPAS DE RISCO ....................................................................................... 92 

 AULA 04 ‐ TOMADA DE DECISÃO E POLÍTICA PÚBLICA ............................................................... 94 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 94 1.  INCORPORAÇÃO  DO  MAPEAMENTO  DE  RISCO  COMO  INSTRUMENTO  DE  GESTÃO  DE POLÍTICA SOCIAL ........................................................................................................................ 94 2. O PAPEL DA COMUNIDADE NAS AÇÕES DE PREVENÇÃO E NA TOMADA DE DECISÃO NO QUE REFERE AS AÇÕES DE REDUÇÃO DE RISCO DE DESASTRES: .............................................. 97 AVALIAÇÃO DA AULA 04 .......................................................................................................... 101 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 102 

 UNIDADE IV ‐ GESTÃO DE DESASTRES........................................................................................ 103  AULA 01 ‐ INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO/GESTÃO DE DESASTRES .................................... 103 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 103 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 103 2. ADMINISTRAÇÃO/GESTÃO DE DESASTRES .......................................................................... 104 AVALIAÇÃO DA AULA 01 .......................................................................................................... 105 

 AULA 02 ‐ PLANOS DE CONTINGÊNCIA E PLANOS DE AÇÃO ..................................................... 106 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 106 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 106 2. CONCEITO DE PLANEJAMENTO E DE PLANO ....................................................................... 107 3. PRINCÍPIOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE CONTINGÊNCIA .............................. 107 4. PASSO A PASSO DO PLANO DE CONTINGÊNCIA .................................................................. 108 5. COMPONENTES BÁSICOS DE UM PLANO DE CONTINGÊNCIA ............................................. 109 AVALIAÇÃO DA AULA 02 .......................................................................................................... 110 

 AULA 03 ‐ FERRAMENTAS DE GESTÃO PARA DESASTRES ......................................................... 111 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 111 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 111 2. DIFERENÇAS ENTRE EMERGÊNCIAS E SITUAÇÕES CRÍTICAS ............................................... 111 3. ORIGEM DO SCO .................................................................................................................. 112 4. CONCEITO DO SCO ............................................................................................................... 112 5. O QUE É O SCO? ................................................................................................................... 112 6. FINALIDADE DO SCO ............................................................................................................ 113 7. RESPOSTA AOS DESASTRES .................................................................................................. 113 8. ALGUNS BENEFÍCIOS DO SCO .............................................................................................. 114 AVALIAÇÃO DA AULA 03 .......................................................................................................... 114 

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8Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

AULA 04 ‐ PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO SCO ................................................... 116 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 116 1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO SCO ................................................................................. 116 2. CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO SCO .................................................................................... 117 AVALIAÇÃO DA AULA 04 .......................................................................................................... 123 

 AULA 05 ‐ SCO ‐ ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E PRINCIPAIS FUNÇÕES ................................ 125 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 125 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 125 2. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL BÁSICA DO SCO ................................................................. 125 3. PRINCIPAIS FUNÇÕES DO SCO ............................................................................................. 126 AVALIAÇÃO DA AULA 05 .......................................................................................................... 133 

 AULA 06 ‐ SCO ‐ INSTALAÇÕES E ÁREAS PADRONIZADAS ......................................................... 135 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 135 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 135 2. INSTALAÇÕES PADRONIZADAS ............................................................................................ 135 3. CONCEITO E SIMBOLOGIA DAS INSTALAÇÕES PADRONIZADAS.......................................... 136 4. ÁREAS PADRONIZADAS ........................................................................................................ 137 5. O EMPREGO DE ZONAS DE TRABALHO ............................................................................... 137 AVALIAÇÃO DA AULA 06 .......................................................................................................... 139 

 AULA 07 ‐ O SCO NA PRÁTICA .................................................................................................... 140 OBJETIVOS ............................................................................................................................... 140 1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 140 2. ETAPA DE RESPOSTA IMEDIATA .......................................................................................... 140 3. ETAPA DO PLANO DE AÇÃO ................................................................................................. 142 4. ETAPA DE DESMOBILIZAÇÃO DA OPERAÇÃO ...................................................................... 144 5. BOAS PRÁTICAS .................................................................................................................... 145 AVALIAÇÃO DA AULA 07 .......................................................................................................... 145 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................... 149  ANEXO 1 ‐ MEDIDA PROVISÓRIA Nº 494, DE 2 DE JULHO DE 2010 ...................................... 150  ANEXO 2 ‐ DECRETO Nº 7.257, DE 4 DE AGOSTO DE 2010 .................................................... 154 

 

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9Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

AULA DE APRESENTAÇÃO DO CURSO 

 1. DINÂMICA DE APRESENTAÇÃO  

Dos participantes;  Do coordenador do curso;  Dos instrutores do curso;  Do pessoal de apoio. 

 2. IDENTIFICAÇÃO DAS EXPECTATIVAS DO CURSO O  instrutor  responsável  fará uma dinâmica para avaliar as expectativas dos participantes em relação ao curso.  3. FINALIDADE DO CURSO Proporcionar aos participantes do curso o desenvolvimento de competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) relacionadas com a Gestão Integrada de Riscos e de Desastres, a partir das diretrizes da Política Nacional de Defesa Civil, de forma que os mesmos sejam capazes de atuar de maneira  sistêmica em  ações preventivas, de  socorro,  assistenciais e  reconstrutivas, com vistas a evitar ou minimizar os desastres, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social e ambiental.  4. OBJETIVOS DE DESEMPENHO DO CURSO  Ao  final  do  curso,  os  participantes  distribuídos  em  equipes  e  aplicando  os  conhecimentos apreendidos durante a capacitação, serão capazes de:  

Demonstrar conhecimentos básicos em Defesa Civil (Unidade I);  Promover ações de mobilização social para ações de defesa civil (Unidade II);  Atuar na gestão integrada de riscos (Unidade III); e  Atuar na gestão de desastres com base no SCO (Unidade IV). 

 5. PÚBLICO ALVO O Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil é voltado para técnicos de defesa civil e de áreas afins envolvidos em ações de planejamento, operacionais e de prevenção, com experiência em administração  e  planejamento  de  desastres.  É  fundamental  que  a  relação  de  inscritos contenha, além dos representantes da CEDEC e COMDEC, servidores de órgãos setoriais como educação, saúde, assistência social, habitação, universidades, segurança e imprensa.  6. CONTEÚDO DO CURSO  Unidade I ‐ Conhecimentos Gerais sobre Defesa Civil Aula 01 ‐ Normas internacionais e a política nacional de Defesa Civil  Aula 02 ‐ O Sistema Nacional de Defesa Civil  Aula 03 ‐ O estudo dos desastres (conceito e classificação)  Aula 04 ‐ Implantação e operacionalização de uma COMDEC   

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Unidade II ‐ Mobilização Social para as Ações de Defesa Civil Aula 01  ‐ Mobilização  Social  como estratégia para  construir  cultura de  redução de  riscos de desastres Aula 02 ‐ Etapas para uma mobilização social efetiva em Defesa Civil Aula 03 ‐ Capacitação para ação em Defesa Civil Aula 04 ‐ Construção de redes sociais  Unidade III ‐ Gestão Integrada de Riscos Aula 01 ‐ Comunicação de riscos Aula 02 ‐ Ferramentas de Identificação do risco Aula 03 ‐ Avaliação dos riscos Aula 04 ‐ Tomada de decisão e políticas públicas  Unidade IV ‐ Gestão de Desastres Aula 01 ‐ Introdução à administração/gestão dos desastres  Aula 02 ‐ Elaboração de planos de contingência  Aula 03 ‐ Ferramentas de gestão para desastres  Aula 04 ‐ Princípios e características do SCO  Aula 05 ‐ SCO ‐ Estrutura organizacional e principais funções  Aula 06 ‐ SCO ‐ Instalações e áreas padronizadas  Aula 07 ‐ O SCO na prática e exercício de avaliação   7. MÉTODO DE ENSINO O  curso  utiliza  o  método  de  ensino  interativo  que  valoriza  a  participação,  a  troca  de experiências e o alcance de objetivos pré‐estabelecidos. O curso  será desenvolvido em cinco dias, totalizando 40 horas aulas.  8. AVALIAÇÃO DOS PARTICIPANTES Serão  aprovados  os  participantes  que  forem  considerados  aptos  nas  avaliações  do  curso. O participante  que  não  for  aprovado  receberá  um  atestado  de  participação  e  assiduidade  no curso. 8.1 ‐ Assiduidade e pontualidade no curso; 8.2 ‐ Participação em 100% das atividades (aulas, exercícios em grupo, avaliações);  9. AVALIAÇÃO DO CURSO PELOS PARTICIPANTES A avaliação do curso será realizada pelos participantes, através do preenchimento de uma ficha de avaliação.  10. RECOMENDAÇÕES GERAIS 10.1 ‐ Proibição de fumar e atender o celular nos ambientes de capacitação; 10.2 ‐ Recomendações sobre procedimentos de emergência;  

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UNIDADE I ‐ CONHECIMENTOS GERAIS SOBRE DEFESA CIVIL 

  

  

AULA 01 ‐ NORMAS INTERNACIONAIS E A POLÍTICA NACIONAL DE DEFESA CIVIL  

 OBJETIVOS 

 Enumerar,  de  acordo  com  os  conteúdos  da  aula,  as principais  iniciativas  (programas  internacionais)  para  a redução de riscos e de desastres no mundo;  Conceituar Defesa Civil, de acordo com a Política Nacional de Defesa Civil;  Explicar  de  forma  sucinta,  as  quatro  fases  ou  aspectos globais das ações de redução dos desastres. 

  

1. INTRODUÇÃO  Os  prejuízos  causados  por  desastres  veem  aumentando,  acarretando  graves  conseqüências para  a  sobrevivência,  a  dignidade  e  os meios  de  vida  dos  seres  humanos,  em  particular  os pobres.  O  risco de desastres é um motivo de crescente preocupação mundial, pois a vulnerabilidade exacerbada  pela  evolução  das  condições  demográficas,  tecnológicas  e  socioeconômicas,  a urbanização  sem  planejamento,  o  desenvolvimento  em  zonas  de  alto  risco,  o subdesenvolvimento, a degradação do meio ambiente, a variabilidade do clima, as mudanças climáticas ‐ aquecimento global, as ameaças geológicas, a concorrência pelos recursos escassos e o  impacto de epidemias, pressagiam um  futuro de ameaça  crescente dos desastres para a economia mundial,  para  a  população  do  planeta  e  para  o  desenvolvimento  sustentável  dos países em desenvolvimento.  Todos os anos, mais de duzentos milhões de pessoas  são afetados por desastres em  todo o mundo, portanto, hoje em dia, a comunidade internacional está consciente de que os esforços para  a  redução  de  desastres  devem  integrar‐se  sistematicamente  nas  políticas,  planos  e programas  de  desenvolvimento  sustentável  e  redução  da  pobreza,  e  receber  o  apoio  da cooperação e a associação em nível bilateral, regional e internacional.   Apesar  de  que  muitos  conhecem  a  miséria  humana  e  as  paralisantes  perdas  econômicas resultantes dos desastres, o que poucos se dão conta é que esta devastação pode ser prevenida 

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mediante  iniciativas  de  programas  nacionais  e  internacionais  para  a  redução  de  riscos  e  de desastres.   A seguir, estudaremos algumas dessas principais iniciativas.  2. PRINCIPAIS PROGRAMAS E INICIATIVAS INTERNACIONAIS   2.1 A  Carta Humanitária  e  as Normas Mínimas  de Resposta Humanitária  em  Situações  de Desastre  Numa  notável  iniciativa  internacional,  com  o  objetivo  de  aumentar  a  eficácia  da  assistência humanitária e a melhoria da capacidade de prestação de contas das organizações humanitárias em situações de desastre ou conflitos armados, a Carta Humanitária e as Normas Mínimas de Resposta Humanitária em Situações de Desastre, do Projeto Esfera definiram pela primeira vez, o  que  as  pessoas  afetadas  por  desastres  têm  o  direito  de  esperar  por  parte  da  assistência humanitária.   A pedra angular desta obra é a Carta Humanitária, com base nos princípios e disposições do direito humanitário  internacional, do direito relativo aos direitos humanos, do direito relativo aos refugiados e do Código de Conduta do Movimento  Internacional da Cruz Vermelha e das Organizações Não‐Governamentais (ONGs).   A  Carta  descreve  os  princípios  fundamentais  que  norteiam  todas  as  ações  humanitárias  e defende o direito das populações à proteção e à assistência. Além disso, a Carta é seguida de normas  mínimas  em  cinco  setores  fundamentais  (abastecimento  de  água  e  saneamento, nutrição, ajuda alimentar, abrigo e planejamento de locais de alojamento e cuidados médicos).  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  2.2 O Marco de Ação de Hyogo  O Marco de Ação de Hyogo1, respaldado pelas Nações Unidas, estabelece um enfoque integral para a redução de riscos e desastres. Este Marco, adotado em 2005, objetiva uma considerável redução  das  perdas  ocasionadas  por  desastres,  incluindo  perdas  humanas,  bens sociais, econômicos e ambientais.   O Marco de Ação de Hyogo estabeleceu cinco áreas prioritárias de ação, a saber:  

Alcançar  que  a  redução  de  risco  de  desastres  seja  uma  prioridade  (Garantir  que  a redução de risco de desastres seja uma prioridade nacional e local com uma sólida base institucional para sua implementação);  

                                                       1 A Conferência Mundial sobre Redução de Desastres (WCDR), realizada em 2005, em Kobe, Hyogo, Japão, representou um ponto de inflexão dentro  da  agenda mundial  em  torno  da  redução  de  riscos  de  desastres  (RRD),  com  a  adoção  do Marco  de Ação  de Hyogo  2005‐2015: Aumento da resiliência das Nações e das Comunidades ante aos desastres.  

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Conhecer o risco e tomar medidas (Identificar, avaliar e observar de perto os riscos de desastres e melhorar os sistemas de alerta antecipados); 

  Desenvolver  uma maior  compreensão  e  conscientização  (Utilizar  o  conhecimento,  a inovação e a educação para criar uma cultura de  segurança e  resiliência em  todos os níveis); 

  Reduzir o risco (Reduzir os fatores fundamentais de risco); e 

  Estar preparado e pronto para atuar  (Fortalecer a preparação em desastres para uma resposta eficaz em todos os níveis). 

 ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  2.3 A Estratégia Internacional para a Redução de Desastres  Em 2000, vários países se encontraram no Panamá visando discutir o tema redução de riscos e de desastres ‐ a EIRD resulta de um conjunto de acordos internacionais com o apoio da ONU e que  tem  como  foco,  indicar  aos  governos  que  desenhem  seus  planos  de  desenvolvimento tendo  a  redução  de  riscos  e  de  desastres  como  preocupação  importante.  O  interesse  no desenvolvimento econômico de uma região não deverá se descuidar da questão de riscos e de desastres, sob pena de não conseguir ser uma região com desenvolvimento sustentável.  Por  desenvolvimento  sustentável  entende‐se  aquele  que  perdure  por  gerações  futuras.  No Brasil  temos  vários  exemplos  ligados  à  práticas  das  queimadas  para  preparação  de  pasto  e plantio.  São  práticas  anacrônicas,  que  calcinizam  o  solo,  dificultam  plantações  em  anos seguintes e ainda por cima são um enorme risco para incêndios, ou seja para desastres.  A missão da EIRD é habilitar  sociedades para  resistirem aos perigos naturais e aos desastres tecnológicos e ambientais com o objetivo de reduzir perdas humanas, econômicas e sociais.  E,  além  da  pobreza,  a  crescente  densidade  populacional,  a  degradação  ambiental  e  o aquecimento global estão fazendo com que o impacto das ameaças naturais piore ainda mais.   Teoricamente,  essas  ameaças  naturais  afetam  a  todos,  entretanto,  na  prática,  afetam proporcionalmente mais aos pobres, em função de que estes em sua maioria vivem em zonas de maior densidade populacional, em residências mal construídas e em terrenos mais expostos ao risco.  Assim, a redução dos riscos de desastres deve  fazer parte da  tomada de decisões cotidianas: desde a forma como educamos nossos filhos e filhas até como planejamos nossas cidades. Cada decisão pode nos tornar mais vulneráveis ou mais resistentes.     

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São objetivos da EIRD:  

1. Incrementar conscientização pública; 2. Firmar compromisso com autoridades públicas; 3. Estimular a formação de sociedades interdisciplinares; 4. Ampliar a criação de redes sobre redução de riscos em todos os níveis; 5. Fomentar  o  conhecimento  científico  sobre  causas  de  desastres,  efeitos  de  perigos 

naturais e dos desastres ambientais e tecnológicos; 6. Continuar cooperação internacional para a redução de impactos de variações climáticas; 7. Fortalecer sistemas de alerta. 

 ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  3. O QUE É A DEFESA CIVIL?  3.1 ‐ Conceito de Defesa Civil  Conceitualmente, a Política Nacional  (PNDC, 2007, p.9), define defesa civil como: “o conjunto de  ações  preventivas,  de  socorro,  assistenciais  e  reconstrutivas,  destinadas  a  evitar  ou minimizar os desastres, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social”.    3.2 ‐ Conceito de Política Nacional de Defesa Civil  No Brasil, a Política Nacional de Defesa Civil, é construída a partir de diretrizes propostas pelo Conselho Nacional de Defesa Civil (CONDEC), órgão colegiado consultivo que integra o Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC).   A Política Nacional de Defesa Civil (PNDC), aprovada por meio da Resolução nº 002, de 12 de dezembro de 1994, do Conselho Nacional de Defesa Civil, representa: o conjunto de objetivos que  informam determinado programa de ação governamental e condicionam a sua execução. Sua finalidade é a de garantir o direto natural à vida, à saúde, à incolumidade, à segurança e à propriedade, em circunstâncias de desastres.  3.3 ‐ Importância e atuação da Defesa Civil  O principal  foco de atuação a Defesa Civil concentra‐se na  redução de desastres, ou  seja, na redução  das  conseqüências  decorrentes  de  eventos  adversos,  seja  evitando  que  eles aconteçam,  seja  diminuindo  a  sua  intensidade  ou  mesmo  aumentando  a  capacidade  das comunidades para resistir a eles.   ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  

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4. PRINCIPAIS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA DEFESA CIVIL  Segundo  a  Política Nacional  de Defesa  Civil  (2007,  p.7),  as  ações  de  redução  dos  desastres abrangem quatro fases ou aspectos globais, a saber: “a prevenção de desastres, a preparação para emergências e desastres, a resposta aos desastres e a reconstrução”.  4.1 ‐ Prevenção  A prevenção representa a primeira fase da redução dos riscos de desastre e engloba o conjunto de  ações  que  visam  evitar  que  o  desastre  aconteça  ou  diminuir  a  intensidade  de  suas conseqüências.  4.2 ‐ Preparação  A  preparação  representa  uma  segunda  fase  do  processo,  e  reúne  o  conjunto  de  ações  que visam  melhorar  a  capacidade  da  comunidade  frente  aos  desastres  (incluindo  indivíduos, organizações  governamentais  e  organizações  não  governamentais)  para  atuar  no  caso  da ocorrência deste.  4.3 ‐ Resposta  A  resposta  representa mais  uma  fase  e  envolve  o  conjunto  de  ações  que  visam  socorrer  e auxiliar as pessoas atingidas, reduzir danos e prejuízos e garantir o funcionamento dos sistemas essenciais da comunidade.  4.4 ‐ Reconstrução  Finalmente,  a  reconstrução  é  a  última  fase  da  redução  dos  riscos  de  desastres  e  abrange o conjunto de ações destinadas a reconstruir a comunidade atingida, propiciando o seu retorno à condição de normalidade, sempre levando em conta a minimização de novos desastres.  Os quatro aspectos anteriormente descritos (prevenção, preparação, resposta e reconstrução) devem ocorrer de  forma  integral,  através de uma  atuação multisetorial e nos  três níveis de governo (federal, estadual e municipal), a partir de uma ampla participação comunitária.  ______________________________________________________________________________  5. NOVAS TENDÊNCIAS  A partir de 2009, algumas dessas terminologias foram atualizadas pela Estratégia Internacional para a Redução de Desastres2, com vistas ao entendimento comum dos conceitos  relativos à redução dos  riscos de desastres. Tal  situação não  chega a  ser um problema, mas exige uma reavaliação de alguns conceitos utilizados pelo Sistema Nacional de Defesa Civil, decorrentes da Política Nacional ainda vigente e  reforçados pela Medida Provisória nº 494 de 2 de  julho de 2010.                                                          2 A versão anterior da “Terminología: Términos básicos sobre la reducción del riesgo de desastres” foi publicada em 2004, na obra “Vivir con el riesgo: Informe mundial sobre las iniciativas para la reducción de desastres”. 

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A  seguir,  são  apresentados os novos  conceitos das  terminologias de prevenção, preparação, resposta e reconstrução, de acordo com a Estratégia Internacional para a Redução de Desastre, da ONU.  5.1 ‐ Conceito de Prevenção  A  prevenção  (ou  prevenção  de  desastres)  expressa  o  conceito  e  a  intenção  de  evitar  por completo  os  possíveis  impactos  adversos  (negativos) mediante  diversas  ações  planejadas  e realizadas antecipadamente (EIRD/ONU, 2009, p.25).    Por  exemplo,  a  construção  de  uma  represa  ou muro  de  contenção  para  eliminar  o  risco  de inundações; uma regulamentação sobre o uso do solo que não permitem o estabelecimento de assentamentos em zonas de alto risco, etc.  5.2 ‐ Conceito de Mitigação   A  diminuição  ou  a  limitação  dos  impactos  adversos  das  ameaças  e  dos  desastres  afins (EIRD/ONU, 2009, p.21).    Freqüentemente, não se pode prevenir todos os impactos adversos das ameaças, mas se pode diminuir consideravelmente sua escala e severidade mediante diversas estratégias e ações.  Como nem sempre é possível evitar por completo os riscos dos desastres e suas conseqüências, as tarefas preventivas acabam por transformar‐se em ações mitigatórias  (de minimização dos desastres),  por  esta  razão,  algumas  vezes,  os  termos  prevenção  e mitigação  (diminuição  ou limitação) são usados indistintamente. No Brasil, a expressão “mitigação” não é usada.  5.3 ‐ Conceito de Preparação  Os conhecimentos e capacidades desenvolvidas pelos governos, profissionais, organizações de resposta  e  recuperação,  comunidades  e  pessoas  para  prever,  responder  e  se  recuperar  de forma efetiva dos impactos dos eventos ou das condições prováveis, iminentes ou atuais que se relacionam com uma ameaça (EIRD/ONU, 2009, p.24).  A  preparação  inclui,  por  exemplo,  atividades  tais  como  o  planejamento  de  contingências,  a reserva de equipamentos e suprimentos, o desenvolvimento de rotinas para a comunicação de riscos,  capacitações  e  treinamentos,  exercícios  simulados  de  campo,  estabelecimento  de programas de monitoramento e alerta antecipados, etc.   A preparação é uma ação que ocorre no contexto da gestão  integral do  risco e  seu objetivo principal  é  desenvolver  capacidades  necessárias  para  gerenciar  de  forma  eficiente  e  eficaz todos os  tipos de emergências e alcançar uma  transição ordenada desde a  resposta até uma recuperação sustentável.   

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5.4 ‐ Conceito de Resposta  A prestação de serviços de emergência e de assistência pública durante ou imediatamente após a ocorrência de um desastre, com o propósito de salvar vidas, reduzir impactos sobre a saúde, garantir  a  segurança  pública  e  satisfazer  necessidades  básicas  de  subsistência  da  população afetada (EIRD/ONU, 2009, p.28).  A resposta diante de um desastre se concentra predominantemente nas necessidades de curto prazo e, por vezes, é difícil de definir uma divisão entre a etapa de resposta e a fase seguinte de recuperação/reconstrução.  Por  isso,  algumas  ações  de  resposta,  tais  como  o  suprimento  de água potável,  a provisão de  alimentos,  a oferta e  instalação de  abrigos  temporários, podem acabar ampliando‐se até a fase seguinte.   5.5 ‐ Conceito de Reconstrução/Recuperação  A restauração e o melhoramento, se necessário, das plantas,  instalações, meios de sustento e das condições de vida das comunidades afetadas por desastres, incluindo esforços para reduzir os fatores de risco de desastres. (EIRD/ONU, 2009, p.26).  As  tarefas  de  reabilitação  e  de  reconstrução  dentro  do  processo  de  recuperação  iniciam imediatamente após a  finalização da  fase de emergência e devem basear‐se em estratégias e políticas  previamente  definidas  que  facilitem  o  estabelecimento  de  responsabilidades institucionais  claras  e  permitam  a  participação  pública.  Os  programas  de  recuperação, juntamente  com  uma maior  conscientização  e  participação  pública  depois  de  um  desastre, representam uma oportunidade valiosa para desenvolver e executar medidas de  redução de risco de desastres com base no princípio de "reconstruir melhor".  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  Assim,  resumidamente,  vemos  que  o  papel  dos  organismos  de  Defesa  Civil  na  redução  de desastres se organiza a partir de quatro pilares básicos de atuação: ações de gestão integral de risco  (apoiada  nos  pilares  da  prevenção/mitigação  e  preparação)  e  ações  de  gestão  de desastres (apoiadas nos pilares da resposta às emergências e recuperação/reconstrução).    

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AVALIAÇÃO DA AULA 01    1)  No  espaço  abaixo,  escreva  pelo  menos  duas  das  principais  iniciativas  (programas internacionais) para a redução de riscos e de desastres no mundo.         2) Conceitue, de acordo com a Política Nacional de Defesa Civil, a expressão “defesa civil”.           3. Relembre as principais ações de cada uma das  fases ou aspectos globais, anteriormente descritos, e  indique a correspondência entre os termos de ambas as colunas, colocando nos espaços em branco da coluna 2 as letras equivalentes da coluna 1.  Coluna 1        Coluna 2  a. Prevenção/mitigação    (     ) Socorro e assistência, reabilitação dos cenários  b. Preparação       (     ) Recuperação de serviços essenciais  c. Resposta        (     ) Planos, capacitação, simulações, alerta prévio   d. Reconstrução      (     ) Evitar ameaças, limitar vulnerabilidades     

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AULA 02 ‐ O SISTEMA NACIONAL DE DEFESA CIVIL 

  

OBJETIVOS  

Indicar as principais ações finalísticas do Sistema Nacional de Defesa Civil ‐ SINDEC;  Conhecer a estrutura que compõe o SINDEC, de acordo com o Decreto nº 7.257, de 04 de agosto de 2010. 

 

1. INTRODUÇÃO  Agora que você  já aprendeu o que é defesa civil e seus principais objetivos, vamos estudar o Sistema Nacional de Defesa Civil, sua finalidade e estruturação.   As  ações  de  defesa  civil  são  articuladas  pelos  órgãos  do  Sistema Nacional  de Defesa  Civil  ‐ SINDEC  e  objetivam,  fundamentalmente,  a  redução  dos  desastres,  que  compreendem  os seguintes aspectos globais:  I. a prevenção de desastres; II. a preparação para emergências e desastres; III. a resposta aos desastres; IV. a reconstrução.  Assim, o Sistema Nacional de Defesa Civil (SINDEC), de acordo com o Decreto nº 7.257, de 04 de agosto de 2010, é constituído por órgãos e entidades da Administração Pública Federal, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, por entidades privadas e pela comunidade, sob a coordenação  da  Secretaria  Nacional  de  Defesa  Civil  (SEDEC),  do  Ministério  da  Integração Nacional.   ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  2. OBJETIVO E FINALIDADE DO SINDEC  O Sistema Nacional de Defesa Civil ‐ SINDEC tem como objetivo planejar, articular e coordenar as ações de defesa civil em todo o território nacional.   Além disso, o SINDEC tem por finalidade:  

Planejar  e  promover  a  defesa  permanente  contra  desastres  naturais,  antropogênicos (humanos) e mistos de maior prevalência no país;   

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Atuar na iminência e em situações de desastres;  

Prevenir  ou  minimizar  danos,  socorrer  e  assistir  populações  afetadas  e  reabilitar  e recuperar os cenários dos desastres; 

  Realizar estudos, avaliar e reduzir riscos de desastres; 

  Promover a articulação e coordenar os órgãos do SINDEC em todo território nacional. 

 3. ESTRUTURA DO SINDEC  O SINDEC será composto pelos órgãos e entidades da União responsáveis pelas ações de defesa civil, bem como pelos órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios que a ele aderirem.  As entidades da sociedade civil também poderão aderir ao SINDEC, na forma a ser disciplinada pelo Ministério da Integração Nacional.  Compete  à  Secretaria  Nacional  de  Defesa  Civil  do  Ministério  da  Integração  Nacional  a coordenação  do  SINDEC,  ficando  responsável  por  sua  articulação,  coordenação  e  supervisão técnica.  Para  o  funcionamento  integrado  do  SINDEC,  os  Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios encaminharão  à  Secretaria  Nacional  de  Defesa  Civil  informações  atualizadas  a  respeito  das respectivas  unidades  locais  responsáveis  pelas  ações  de  defesa  civil  em  suas  jurisdições,  de acordo com o art. 2o da Medida Provisória no 494, de 2 de julho de 2010.  O SINDEC contará com Grupo de Apoio a Desastres ‐ GADE, vinculado à Secretaria Nacional de Defesa Civil, formado por equipe multidisciplinar, mobilizável a qualquer tempo, para atuar nas diversas fases do desastre em território nacional ou em outros países.  Para  coordenar  e  integrar  as  ações  do  SINDEC  em  todo  o  território  nacional,  a  Secretaria Nacional de Defesa Civil manterá um centro nacional de gerenciamento de riscos e desastres, com  a  finalidade de  agilizar  as  ações de  resposta, monitorar desastres,  riscos e  ameaças de maior prevalência;  A Secretaria Nacional de Defesa Civil poderá solicitar o apoio dos demais órgãos e entidades que  integram o SINDEC, bem como da Administração Pública  federal, para atuarem  junto ao ente federado em situação de emergência ou estado de calamidade pública.  O  SINDEC mobilizará  a  sociedade  civil  para  atuar  em  situação  de  emergência  ou  estado  de calamidade  pública,  coordenando  o  apoio  logístico  para  o  desenvolvimento  das  ações  de defesa civil. 

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4. SISTEMA NACIONAL DE DEFESA CIVIL ‐ SINDEC 

Em resumo, o SINDEC é composto pelos órgãos e entidades da União responsáveis pelas ações de defesa civil, bem como pelos órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios e entidades da sociedade civil que aderirem ao mesmo. Compete à Secretaria Nacional de Defesa Civil  ‐  SEDEC,  do  Ministério  da  Integração  Nacional,  a  coordenação  do  SINDEC,  ficando responsável por sua articulação, coordenação e supervisão técnica.  5. ASPECTOS LEGAIS DO SINDEC  Desde o dia 2 de julho de 2010, o Sindec passou a ser regido pela Medida Provisória nº 494. Ao dispor sobre os objetivos e ações da defesa civil no Brasil, organiza e dá celeridade à atuação do governo federal em apoio aos entes federados em casos de calamidade pública ou situação de emergência. Consideramos que a MP 494 é um avanço, já que até então os principais conceitos, filosofia e ações do Sindec, orientados pelo decreto ‐ nº 5.376/2005 passa a ter força de lei.   A Medida vai ao encontro das diretrizes aprovadas na 1ª Conferência Nacional de Defesa Civil (CNDC) e retrata uma necessidade trazida pelos 1.500 delegados representantes dos Estados, Distrito Federal e Municípios brasileiros, que destacaram a  importância do fortalecimento das instituições de defesa civil municipais. A Secretaria Nacional de Defesa Civil (Sedec) considera a MP  como  instrumento  de  reforço  da  previsão  constitucional  de  autonomia  entre  a  União, Estados, Distrito Federal e Municípios.   Regulamentada pelo Decreto nº 7.257, de 04 de agosto de 2010, a Medida Provisória n» 494 define que o Sindec, será composto por órgãos e entidades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das entidades da sociedade civil, que atuarão de  forma  articulada,  tendo  a  Sedec  como  órgão  coordenador.  Essas  entidades  deverão formalizar, à Sedec, o seu interesse em compor o sistema.  Em seu artigo 7º, o fundo especial para calamidades públicas (Funcap), criado pelo Decreto‐Lei 950/69,  foi  reativado.  Neste  sentido,  o  aspecto  que  deve  ser  salientado  é  que  além  de responder  à  demanda  da  sociedade,  retratada  nas  diretrizes  da  1ª  CNDC,  o  fundo  será 

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constituído  por  cotas  integralizadas  anualmente  pela  União,  Estados,  Distrito  Federal  e Municípios, sendo que esses três últimos entes participarão de forma voluntária.   Outro  avanço  advindo  da  MP  é  que  ficam  autorizados  o  Departamento  Nacional  de Infraestrutura e Transportes (DNIT) e o Ministério da Defesa a recuperar estradas destruídas, e o  Ministério  do  Desenvolvimento  Social  e  Combate  a  Fome  a  doar  estoques  públicos  de alimentos às populações atingidas por desastres.   Em  sua  regulamentação,  a  Medida  Provisória  n»  494  fortalece  o  Centro  Nacional  de Gerenciamento de Riscos e Desastres da Sedec  (Cenad), que atua na agilidade da  resposta à emergência e monitora riscos e ameaças de maior prevalência no país. O Cenad conta com o Grupo de Apoio a Desastres  (GADE),  formado por uma equipe multidisciplinar, mobilizável a qualquer  tempo, para atuar nas diversas  fases do desastre em  todo o  território nacional, de acordo com o sistema de comando unificado de operações.  O  Decreto  de  regulamentação  também  reestrutura  o  Conselho  Nacional  de  Defesa  Civil (Condec), o qual integra o Sistema como órgão colegiado, de natureza consultiva. Reduziu‐se a quantidade de ministérios que faziam parte do Conselho e abriu‐se espaço para a participação de dois  representantes dos  Estados  e Distrito  Federal,  três  representantes dos Municípios  e garantiu  três representantes da sociedade civil, outra reivindicação da maioria dos delegados da 1ª CNDC.   Uma mudança que trouxe  impacto na dinâmica de atuação dos órgãos estaduais e municipais de defesa civil, que foi o conceito de situação de emergência e estado de calamidade pública, associados aos novos os procedimentos para o reconhecimento destas situações pelo Governo Federal.  Se  antes  o  processo  estava  vinculado  à  homologação  do  Estado,  hoje  basta requerimento  do  ente  federado  dirigido  à  Sedec,  em  até  dez  dias  da  data  do  desastre, contendo informações sobre as características do evento, a localidade afetada e a estimativa de danos, para que seja realizada analise técnica e justificada ou não a necessidade da participação do Governo Federal.   A  Secretaria Nacional de Defesa Civil entende que  toda mudança exige um  tempo para que aconteçam as adequações às novas exigências o que requer o habitual empenho de todos os que atuam em ações de defesa civil. Todavia acredita que a Medida Provisória n» 494   é um importante marco no processo de consolidação de uma Política Nacional de Defesa Civil, que garanta a proteção integral da população e a consolidação de cidades mais seguras.  

  

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AVALIAÇÃO DA AULA 02    

1)  Indique algumas das ações  finalísticas do SINDEC, preenchendo os espaços em branco, a partir das palavras sugeridas abaixo: 

 (cenários ‐ SINDEC ‐ riscos ‐ desastres ‐ planejar) 

 ‐  ____________________  e  promover  a  defesa  permanente  contra  desastres  naturais, antropogênicos (humanos) e mistos de maior prevalência no país;   ‐ Atuar na iminência e em situações de ______________________;  ‐ Prevenir ou minimizar danos, socorrer e assistir populações afetadas e reabilitar e recuperar os ____________________ dos desastres;  ‐ Realizar estudos, avaliar e reduzir __________________ de desastres;  ‐  Promover  a  articulação  e  coordenar  os  órgãos  do  ________________  em  todo  território nacional.                         

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AULA 03 ‐ O ESTUDO DOS DESASTRES (CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO) 

OBJETIVOS 

 Conceituar  o  termo  “desastre”,  de  acordo  com  a  Política Nacional de Defesa Civil;  Citar,  de  acordo  com  a  lição,  algumas  das  principais organizações  especializadas  que  compõem  os  serviços  de emergência;  Enumerar,  de  acordo  com  a  PNDC,  as  três  diferentes classificações do desastre;  Diferenciar,  de  acordo  com  a  PNDC,  os  termos  “dano”  e “prejuízo”.  Explicar, de acordo com a lição, o conceito de risco;  Diferenciar,  de  acordo  com  a  lição,  os  termos  “ameaça”  e “vulnerabilidade”.  

  1. CONCEITUAÇÃO DOS DESASTRES  Segundo a Política Nacional de Defesa Civil  (2007, p.8), os desastres  são definidos  como:  “O resultado de  eventos  adversos, naturais ou provocados pelo homem,  sobre um ecossistema vulnerável,  causando  danos  humanos,  materiais  e  ambientais,  e  conseqüentes  prejuízos econômicos e sociais.”  De forma similar, a Estratégia  Internacional para a Redução de Desastres, da Organização das Nações Unidas (EIRD/ONU, 2009, p.13‐14) define “desastres” como, “uma séria interrupção no funcionamento  de  uma  comunidade  ou  sociedade  que  ocasiona  uma  grande  quantidade  de mortes  e  igual  perda  e  impactos  materiais,  econômicos  e  ambientais  que  excedem  a capacidade de uma comunidade ou a sociedade afetada para fazer frente à situação mediante o uso de seus próprios recursos”.   1.1 ‐ Os Desastres Hoje em Dia  Durante muito  tempo  o  trabalho  de  enfrentamento  aos  desastres,  por  parte  da  defesa  civil brasileira, concentrou nas ações desenvolvidas após o impacto do evento adverso, envolvendo o socorro, a assistência às pessoas atingidas e a reabilitação do cenário do desastre3. É por isso 

                                                       3 Esse enfoque representa o modelo de Hewitt (1997), no qual os desastres são eventos extremos da natureza, imprevisíveis e inevitáveis, nos quais a sociedade tem papel dependente. Neste modelo, a caracterização dos desastres privilegia a tomada de medidas pós‐desastre 

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que muita gente ainda hoje, associa as ações de defesa civil à coleta, organização e distribuição de donativos, ao repasse de recursos públicos para áreas atingidas por desastres naturais ou a coordenação de serviços de segurança pública e de defesa civil.  1.2 ‐ A Concepção Social do Desastre  Atualmente,  torna‐se  imperioso  que  tal  paradigma  seja  substituído  pela  idéia  da  concepção social do desastre, na qual os desastres são os produtos de uma combinação particular entre ameaças  e  vulnerabilidades  da  sociedade,  o  que  implica  que,  na maioria  dos  casos,  são  as condições  sociais  de  existência  de  uma  população  que  determinam  fortemente  o  nível  de destruição ou de interrupção de serviços essenciais numa sociedade.   Nesta perspectiva, os desastres são o produto de processos de transformação e crescimento da sociedade, que não garantem uma adequada relação com o ambiente natural e o construído que lhe dá sustento.  Nesse  sentido precisamos  reforçar o  conceito de vulnerabilidade e apresentar o  conceito de resiliência, importante elemento na gestão de risco.  Por vulnerabilidade entendemos “um conjunto de condições e processos resultantes de fatores físicos,  sociais  ,  econômicos  e  ambientais  que  aumentam  a  susceptibilidade  de  uma comunidade  aos  impactos”.  E  ela  advem  de  mudanças  climáticas,  pobreza,  urbanização descontrolada e segurança.  A resistência a vulnerabilidade encontra respaldo na resiliência que vem a ser “capacidade de um sistema ou comunidade de resistir ou mudar de forma a atingir e manter um nível aceitável de  funcionamento  e  estrutura.  Isto  é  determinado  pela  capacidade  do  sistema  social  de  se organizar e aprender com os desastres anteriores, protegendo‐se ao minimizar os riscos”.  1.3 ‐ A Gestão Integral de Riscos e de Desastres  Tal postura  fortalece a  idéia da gestão  integral dos  riscos e de desastres, que  se desenvolve num  continuum,  intimamente  ligada  a  uma  visão  de  desenvolvimento  sustentável4  da sociedade e que não pensa em  fases distintas,  senão em uma  seqüência  complexa de  fases integradas  horizontalmente,  de  onde  se  aceita  que  aquilo  que  é  feito  um  uma  etapa  do processo pode representar severas repercussões, positivas ou negativas, numa etapa seguinte.   ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  

                                                                                                                                                                               orientadas em  restabelecer o panorama anterior ao evento destrutivo, diminuindo a  responsabilidade dos encarregados da  redução dos riscos de desastres, evitando ou diminuindo seus efeitos danosos.  

4 Desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações  (é  o  desenvolvimento  que  não  esgota  os  recursos  para  o  futuro).  Essa  definição  surgiu  em  1987,  na  Comissão  Brundtland  ‐ Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Organizações das Nações Unidas.  

 

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2. REFLETINDO SOBRE DESASTRES  Como visto anteriormente, o desastre é o resultado de um fenômeno, seja ele natural, causado pelo homem ou decorrente da relação entre ambos, e não o fenômeno em si, que é chamado de evento adverso.   Por  isso, uma  chuva  forte, uma explosão numa planta química, um  incêndio  florestal ou um período prolongado sem chuvas  representa um evento adverso,  já os seus efeitos podem ou não  transformá‐lo num desastre, dependendo de  suas  conseqüências,  isto é, da  intensidade das  perdas  humanas,  materiais  ou  ambientais  havidas  em  função  do  fenômeno  e  seus conseqüentes prejuízos econômicos e sociais.  É importante observar também que não é a intensidade do evento que determina um desastre, mas  sim  as  suas  conseqüências  em  termos  de  danos  (humanos, materiais  e  ambientais)  e prejuízos (econômicos e sociais).  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  3. CLASSIFICAÇÃO DOS DESASTRES  A classificação dos desastres auxilia no  seu estudo, permitindo que eles  sejam agrupados de acordo com diferentes critérios. Embora haja muitas  instituições que tratem dos desastres no mundo, ainda não há um padrão de classificação que seja internacionalmente aceito por todos os  países,  pois  existem  diversas  opiniões  dos  especialistas  sobre  os  critérios  que  devem  ser utilizados e de que forma isto deve ser feito.  O  Brasil  possui  um  sistema  de  classificação  considerado  bastante  completo,  pois  abrange diversos critérios e, para cada critério, é capaz de incluir todos os desastres de forma lógica. De acordo com PNDC, os desastres podem ser classificados quanto a sua:  

1. Intensidade; 2. Evolução; e 3. Origem. 

 3.1 ‐ Classificação dos Desastres Quanto à Intensidade  Quanto à intensidade, os desastres podem ser de:  

Nível  I:  Desastres  de  pequeno  porte,  quando  os  danos  causados  são  facilmente suportáveis e superáveis pelas comunidades afetadas;  

Nível  II: Desastres de médio porte, quando os danos e prejuízos podem ser superados com recursos da própria comunidade, desde que haja uma mobilização; 

  Nível  III: Desastre  de  grande  porte,  quando  a  comunidade  complementa  os  recursos locais com auxílio externo, a fim de superar os danos e prejuízos; 

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Nível  IV: Desastres de muito  grande porte, quando não  são  superáveis e  suportáveis pelas  comunidades,  mesmo  quando  bem  informadas,  preparadas,  participativas  e facilmente mobilizáveis, a menos que recebam ajuda de fora da área afetada. 

 3.2 ‐ Classificação dos Desastres Quanto à Evolução  Quanto à evolução, os desastres são classificados em:  

Súbitos  ou  de  evolução  aguda:  Caracterizados  pela  rapidez  com  que  evoluem  e, normalmente,  pela  violência  dos  fenômenos  que  o  causam.  Alguns  exemplos  são  as enchentes, os vendavais e os acidentes industriais.  

Graduais ou de evolução lenta: Os que evoluem progressivamente ao longo do tempo. No Brasil há exemplos muito  importantes deste tipo de desastres, como a estiagem, a desertificação e a erosão do solo. 

  Por  somação  de  efeitos  parciais:  Caracterizam‐se  pela  somação  de  numerosos acidentes ou ocorrências semelhantes, cujos danos, quando somados ao término de um determinado período, definem um desastre muito importante. Os acidentes de trânsito podem  ser  um  bom  exemplo  de  como  a  somação  de  numerosas  ocorrências semelhantes pode representar um total de danos e prejuízos que, ao final, ultrapassam os produzidos pelos desastres mais visíveis como enchentes e vendavais. 

 ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  3.3 ‐ Classificação dos Desastres Quanto à Origem  Quanto à origem ou causa primária do evento causador, os desastres são classificados em:  

Naturais:  Provocados  por  fenômenos  e  desequilíbrios  da  natureza  e  produzidos  por fatores  de  origem  externa  que  atuam  independentemente  da  ação  humana.  Alguns exemplos  típicos de desastres naturais  são os  terremotos, os  furacões e  as erupções vulcânicas.   Importante: Quanto a esta classificação devemos considerar que ela não mais encontra ressonância, uma vez que, atualmente, prioriza‐se a concepção social do desastre.  

Humanos: Provocados por ações ou omissões humanas, os desastres humanos podem ser agrupados em três diferentes categorias de acordo com o tipo de atividade humana envolvida:   ‐ Tecnológicos = São decorrentes do uso de tecnologias, destacando‐se os relacionados aos meios de transporte, produtos perigosos e explosões, entre outros. 

 

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‐  Sociais  =  São  decorrentes  do  desequilíbrio  nos  inter‐relacionamentos  econômicos, políticos e sociais, tais como o desemprego, a marginalização social, a violência e tráfico de drogas, entre outros.  ‐  Biológicos  =  São  decorrentes  do  subdesenvolvimento,  da  pobreza  e  da  redução  da eficiência dos serviços promotores da saúde pública.  

Mistos: Ocorrem quando as ações ou omissões humanas contribuem para  intensificar, complicar e/ou agravar desastres naturais. Hoje, existe uma tendência em se considerar as  ações  e  omissões  humanas  em  todos  os  desastres,  pois  são  elas  que  criam  as condições  para  que  haja  danos  e  prejuízos.  Esta  compreensão  é  fundamental,  como você  verá  adiante,  para  a  construção  de  um  modelo  de  prevenção  aos  desastres baseado na gestão dos riscos. 

 ___________________________________________________________________________  ___________________________________________________________________________  4. DANOS E PREJUÍZOS   Você aprendeu que para que haja um desastre é necessário que ocorram danos e prejuízos.   A diferença entre dano e prejuízo em desastres é a seguinte: enquanto os danos representam a intensidade das perdas humanas, materiais ou ambientais ocorridas; os prejuízos são a medida de perda relacionada com o valor econômico e social de um determinado bem, em função do desastre.  4.1 ‐ Conceito de Dano  Dano é conceituado como sendo a  intensidade das perdas humanas, materiais ou ambientais ocorridas  às  pessoas,  comunidades,  instituições,  instalações  e  aos  ecossistemas,  como conseqüência de um desastre ou acidente.  4.2 ‐ Conceito de Prejuízo  O prejuízo é a medida de perda relacionada com o valor econômico, social e patrimonial de um determinado bem, em  circunstâncias de desastre ou acidente. Por  isso mesmo, o prejuízo é sempre um valor financeiro.  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  

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5. RISCOS EM DESASTRES  5.1 ‐ Conceito de Risco  De  acordo  com  a Política Nacional de Defesa Civil  (2007, p.8), o  risco pode  ser  conceituado como  a  “medida  de  danos  ou  prejuízos  potenciais,  expressa  em  termos  de  probabilidade estatística de ocorrência e de intensidade ou grandeza das conseqüências previsíveis” ou ainda, a “relação existente entre a probabilidade de que uma ameaça de evento adverso ou acidente determinados se concretize, com o grau de vulnerabilidade do sistema receptor a seus efeitos”.  De  forma  mais  simples,  a  EIRD  (2009,  p.9),  conceitua  risco  como:  “A  combinação  da probabilidade de que se produza um evento adverso e suas conseqüências negativas”.   Assim, verifica‐se que a palavra risco tem conotações distintas, pois na linguagem popular, em geral  é  compreendida  com  ênfase  no  conceito  da  probabilidade  ou  possibilidade  de  algo acontecer  (o  risco  de  um  acidente),  enquanto  no  contexto  especializado,  com  freqüência  é compreendida com ênfase nas suas conseqüências, em termos de perdas e danos possíveis.  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  5.2 ‐ Conceito de Ameaça  De  acordo  com  a  Política Nacional  de Defesa  Civil  (2007,  p.9),  o  termo  “ameaça”  pode  ser conceituado como a: “estimativa de ocorrência e magnitude de um evento adverso, expressa em termos de probabilidade estatística de concretização do evento e da provável magnitude de sua manifestação”.  De  forma  similar,  a  EIRD  (2009,  p.5),  conceitua  ameaça  como:  “Um  fenômeno,  substância, atividade humana ou condição perigosa que pode ocasionar a morte, lesões ou outros impactos à  saúde,  da mesma  forma  que  danos  à  propriedade,  a  perda  de meios  de  sustento  e  de serviços, transtornos sociais e econômicos ou danos ambientais”.   Observação: As  ameaças,  no  campo  da  redução  de  desastres,  podem  surgir  de  uma  grande variedade  de  fontes  geológicas,  meteorológicas,  hidrológicas,  oceânicas,  biológicas  e tecnológicas, as quais, por vezes, atuam de forma combinada!            

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5.3 ‐ Conceito de Vulnerabilidade  De acordo com a Política Nacional de Defesa Civil (2007, p.9), o termo “vulnerabilidade” pode ser conceituado como a: “condição intrínseca ao corpo ou sistema receptor que, em interação com a magnitude do evento ou acidente, caracteriza os efeitos adversos, medidos em termos de  intensidade  dos  danos  prováveis”  ou  ainda,  “a  relação  existente  entre  a magnitude  da ameaça, caso ela se concretize, e a intensidade do dano conseqüente”.  De forma similar, a EIRD (2009, p.34‐35), conceitua vulnerabilidade como: “As características e as  circunstâncias  de  uma  comunidade,  sistema  ou  bem  que  o  faz  susceptível  aos  efeitos danosos de uma ameaça”.   ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  6. DESDOBRANDO OS CONCEITOS  Quando  falamos de  risco em desastres,  sob  a ótica da defesa  civil, estamos nos  referindo  à estimativa da probabilidade e magnitude de danos e prejuízos em um cenário, resultantes da interação  entre  uma  ameaça  (perigo)  ou  evento,  e  as  características  de  vulnerabilidade  ou capacidade que este cenário possui.  Assim, a ameaça é um  fato ou  situação que  tem a possibilidade de causar danos e prejuízos caso  venha  a  ocorrer.  Pode  ser  uma  chuva  torrencial,  um  deslizamento  de  terra  em  uma encosta, um  incêndio estrutural ou qualquer outra situação de perigo. Entretanto, por vezes, ocorre que um evento de  grande  intensidade produz danos e prejuízos  importantes em um determinado  lugar e não provoca tantos estragos em outro.  Isto ocorre porque a  intensidade dos  danos  e  prejuízos  depende  também  do  lugar/ambiente  onde  eles  ocorrem,  pois  cada ambiente tem aspectos que fazem com que eles sofram mais ou menos destruição quando são afetados por desastres, além de determinar a sua capacidade de recuperação (resiliência).   Estas  características  são  chamadas  de  vulnerabilidade  e  capacidade,  dependendo  se  a influência é negativa (aumenta os danos) ou positiva (reduz os danos e facilita a recuperação). Vulnerabilidade  é,  portanto,  um  conjunto  de  características  de  um  cenário,  resultantes  de fatores físicos, sociais, econômicos e ambientais, que aumentam a sua possibilidade de sofrer danos e prejuízos em conseqüência de um evento. Por outro  lado, a capacidade é a maneira como pessoas e organizações de uma comunidade utilizam os recursos existentes para reduzir os danos ou  tornar  a  recuperação mais  rápida e eficiente quando é  afetada por um evento adverso.  

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Reflexão Final  

É  preciso  reconhecer  a  natureza  não  permanente  das  ameaças  e  das vulnerabilidades, a influência que exercem nos desequilíbrios ecológicos, como, por exemplo, no caso das mudanças climáticas que acabam afetando a  freqüência e a intensidade de fenômenos naturais de caráter extremo.   Por outro lado, a degradação ambiental também influencia os efeitos dos desastres provocados por ameaças naturais. Dessa forma, percebe‐se que o ponto de partida para ampliar nossa percepção dos riscos passa pelas avaliações que compreendam ameaças múltiplas e vulnerabilidades/capacidades que considerem as variações do risco em desastres. 

   AVALIAÇÃO DA AULA 03    1) Usando suas próprias palavras, explique o termo “desastre”.        2) No  espaço  abaixo,  cite  algumas  das  principais  organizações  especializadas  (serviços  de emergência)  com  responsabilidade  e objetivos  específicos de proteger  a população  e  seus bens em situações emergenciais.         3) Enumerar, de acordo com a PNDC, as três diferentes classificações do desastre usadas no Brasil.        

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4)  Relembre  os  conceitos  sobre  danos  e  prejuízos,  indicando  se  as  afirmações  abaixo  são falsas ou verdadeiras, escrevendo “V” ou “F” no espaço em branco.  (      )  Danos representam a intensidade das perdas humanas, materiais ou ambientais de um desastre.  (          )   Prejuízos  são a medida de perda  relacionada  com o  valor econômico e  social de um desastre.  5) Usando suas próprias palavras, explique o termo “risco”.        6) Relembre os conceitos sobre “ameaça”, “vulnerabilidade” e “capacidade”, indicando se as afirmações abaixo são falsas ou verdadeiras, escrevendo “V” ou “F” no espaço em branco.  (      )  Ameaça é um fato ou situação que tem a possibilidade de causar danos e prejuízos caso venha a ocorrer. Pode ser uma chuva torrencial, um deslizamento de terra em uma encosta, um incêndio estrutural ou qualquer outra situação de perigo.   (     ) Capacidade é um conjunto de características de um cenário, resultantes de fatores físicos, sociais,  econômicos  e  ambientais,  que  aumentam  a  sua  possibilidade  de  sofrer  danos  e prejuízos em conseqüência de um evento.   (     ) Vulnerabilidade é a maneira como pessoas e organizações de uma comunidade utilizam os recursos  existentes  para  reduzir  os  danos  ou  tornar  a  recuperação mais  rápida  e  eficiente quando é afetada por um evento adverso. 

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AULA 04 ‐ IMPLANTAÇÃO E OPERACIONALIZAÇÃO DE UMA COMDEC 

OBJETIVOS 

Conceituar a expressão, Coordenadoria Municipal de Defesa Civil, de acordo com a aula;  Identificar os principais órgãos que  integram a estrutura da COMDEC no âmbito do município;  Enumerar as principais atribuições de uma COMDEC;  Indicar,  pelo  menos  quatro,  requisitos  mínimos  para  a formalização de uma COMDEC. 

  1. INTRODUÇÃO  Considerando que  é no município que ocorre o desastre,  torna‐se  imperativo  a existência e principalmente o funcionamento de um órgão municipal que coordene as ações de defesa civil.  A  implantação desse órgão municipal responsável pelas ações de defesa civil exige um estudo inicial acerca das características do município e suas condições de risco ambiental e social.   Por  isso, os  integrantes desse órgão municipal responsável pelas ações de defesa civil devem conhecer  os  conceitos  ligados  a  gestão  integral  de  riscos  e  de  desastres,  especialmente  os desastres de maior recorrência na sua localidade.  1.1 ‐ Conceito de COMDEC  Conceitualmente,  uma  Coordenadoria  Municipal  de  Defesa  Civil  ou  simplesmente  uma COMDEC, é o órgão  responsável pelo planejamento, articulação, coordenação, mobilização e gestão do Sistema de Defesa Civil, no âmbito do município.   2. ÓRGÃOS QUE CONSTITUEM UMA COMDEC  No  âmbito  do município,  o  Sistema  Nacional  de  Defesa  Civil  ‐  SINDEC  é  constituído  pelos seguintes órgãos, todos articulados pela COMDEC:  

Conselho Municipal de Defesa Civil;  Coordenadoria Executiva de Defesa Civil;  Núcleos Comunitários de Defesa Civil;  Entidades da sociedade civil (ONGs, Associações, Clubes de serviços)  

 

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3. PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DE UMA COMDEC  A principal atribuição de uma COMDEC é a de executar ações de defesa  civil, no  âmbito do município.   São consideradas atribuições da COMDEC:  

Capacitar recursos humanos para as ações de defesa civil;  Promover a mobilização social com vistas à implantação e operacionalização de Núcleos Comunitários de Defesa Civil. 

Identificar, avaliar e mapear áreas de  risco e  recomendar a  intervenção preventiva, o isolamento e a evacuação da população de áreas e de edificações vulneráveis; 

Priorizar apoio às ações preventivas e às relacionadas com a prevenção e a preparação de desastres; 

Produzir dados e  informações estatísticas  sobre as ocorrências de desastres, elaborar relatórios quantitativos e qualitativos e compartilhar a  informação com outros órgãos integrantes do SINDEC; 

Elaborar e implementar os Planos Diretores de Defesa Civil preventivos, de contingência e de ação, programas e projetos de Defesa Civil. 

Manter  uma  sala  de  crise,  de  acordo  com  o  sistema  de  comando  unificado  de operações; 

Prever  recursos  orçamentários  próprios  necessários  às  ações  assistenciais,  de recuperação  ou  preventivas,  como  contrapartida  às  transferências  de  recursos  da União, na forma da legislação vigente. 

 Assim,  verifica‐se  que  são muitas  as  atribuições  do  órgão  responsável  pelo  planejamento, articulação,  coordenação,  mobilização  e  gestão  do  Sistema  de  Defesa  Civil,  no  âmbito  do município.   Dentre  essas  ações,  as mais  importantes,  são  sempre  as  preventivas,  que  têm  por  objetivo evitar que o desastre se concretize e produza danos e prejuízos.  Portanto,  as  ações  as  principais  ações  de  defesa  civil  devem  ser  levadas  a  acabo  antes  dos desastres, durante o período de normalidade.  Mas, é preciso que a comunidade também participe dessas atividades de defesa civil, através de Núcleos Comunitários de Defesa Civil ou NUDEC’S.   4. ATUAÇÃO INTEGRADA  No período de normalidade, a COMDEC atua preventivamente, na gestão de riscos, através de ações de:  

Prevenção, para reduzir a incidência de desastres, ou minimizar seus efeitos adversos; e  Preparação,  para  preparar  os  órgãos  que  constituem  a COMDEC  e  a  comunidade  no enfrentamento  dos  desastres,  buscando  evitá‐los  ou  pelo  menos,  reduzir  suas conseqüências. 

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Uma vez, ocorrido o desastre caberá a COMDEC, atuar na gestão do desastre, através de ações de:  

Resposta, para socorrer, assistir e restabelecer cenários afetados; e  Reconstrução, para executar ações definitivas de restabelecer de áreas destruídas pelo desastre. 

 Assim, as ações de defesa civil no âmbito municipal, devem ser promovidas tanto pelo governo quanto pela própria comunidade. A população deve estar organizada, preparada e orientada sobre o que fazer e como fazer, pois somente assim, poderá conviver com os riscos e enfrentar os desastres.   5. REQUISITOS MÍNIMOS PARA A FORMALIZAÇÃO DE UMA COMDEC  Os  Poderes  Executivo,  Legislativo  e  Judiciário  do  município  precisam  ter  consciência  da importância e da necessidade da  implantação da COMDEC mediante uma ampla participação comunitária.  É  por  meio  da  COMDEC  que  se  concretizam  todas  as  ações  de  Defesa  Civil  ‐  prevenção, preparação,  resposta e  reconstrução. Portanto, para alcançar um  resultado eficiente e eficaz faz‐se necessário a união de  forças da sociedade por  intermédio da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil ‐ COMDEC e de seus Núcleos Comunitários de Defesa Civil ‐ NUDEC.  A formalização da COMDEC se dá mediante os seguintes atos legais (requisitos mínimos):  

Mensagem à Câmara Municipal encaminhando o Projeto de Lei de criação da COMDEC;  Projeto de Lei de criação da COMDEC;  Decreto de Regulamentação da Lei que cria a COMDEC;  Portaria de nomeação dos membros da COMDEC;  Portaria de nomeação dos membros do Conselho Municipal de Defesa Civil. 

 Portanto, fica evidente que a COMDEC tem papel fundamental no alcance do objetivo principal da defesa civil, ou seja, a redução dos desastres. Sua atuação organizada nas ações de defesa civil garantirá a efetividade do Sistema, ampliando a proteção da população.  6. PASSOS PARA A IMPLANTAÇÃO DE UMA COMDEC  

1. Obter  junto  aos  gestores  municipais  informações  sobre  os  principais  problemas  do município, estimulando‐os a trabalharem em parceria com a COMDEC; 

2. Partilhar  com  os  gestores municipais  as  informações  coletadas  referentes  à  situação atual do município (problemas versus necessidades); 

3. Organizar a estrutura funcional da COMDEC:, adequando recursos humanos e físicos aos objetivos da COMDEC; 

4. Escolher  o  coordenador  da  COMDEC  e  os  membros  do  Conselho  Municipal  e  da COMDEC; 

5. Elaborar  um  Plano  de  Trabalho  para  definir  as  atividades  que  devem  ser  executadas prioritariamente. Observar a proximidade  com o período de ocorrência dos desastres cíclicos. Este planejamento deverá responder prioritariamente: 

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O que será feito em primeiro lugar?  Como a atividade será realizada?  Quando cada atividade deve ser realizada?  Quem são os executores?  Quais os recursos a serem utilizados?  Como será feita a avaliação de cada atividade?  Qual a freqüência de avaliação? 

 6. Elaborar  um  Programa  de  Treinamento/Capacitação  para  preparar  as  equipes  a 

desempenharem as suas atividades; 7. Elaborar planejamentos (planos anuais, de contingência, etc.); 8. Mobilizar a comunidade para fins de implantação e operacionalização de NUDECs; e 9. Estimular  parcerias  com  os  municípios  da  mesma  região  para  elaborar  atividades 

conjuntas.  

  

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37Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

AVALIAÇÃO DA AULA 04   1) Usando suas próprias palavras, conceitue a expressão “COMDEC”.       2) Assinale com um “x” os principais órgãos que  integram a estrutura de uma COMDEC no âmbito de um município:  

(     ) Conselho Municipal de Defesa Civil; (     ) Coordenadoria Executiva de Defesa Civil; (     ) Núcleos Comunitários de Defesa Civil; (     ) Entidades da sociedade civil (ONGs, Associações, Clubes de serviços)  (     ) Todas as opções anteriores estão corretas 

 3) Relembre as principais atribuições de uma COMDEC, preenchendo os espaços em branco, a partir das palavras sugeridas abaixo:  

(áreas de risco, planos diretores, mobilização social, recursos humanos)  

Capacitar _________________________ para as ações de defesa civil;  Promover  a  _______________________________  com  vistas  à  implantação  e operacionalização de Núcleos Comunitários de Defesa Civil.  Identificar,  avaliar  e  mapear  ________________________  e  recomendar  a  intervenção preventiva, o isolamento e a evacuação da população de áreas e de edificações vulneráveis;  Elaborar  e  implementar  os  ______________________  de  Defesa  Civil  preventivos,  de contingência e de ação, programas e projetos de Defesa Civil.   4) No espaço abaixo, indique pelo menos quatro, requisitos mínimos para a formalização de uma COMDEC: 

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38Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

REFERÊNCIAS  ADAMS, John. Risco. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2009.  BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Política Nacional de Defesa Civil. Brasília: Secretaria Nacional de Defesa Civil, 2007. 82p. Disponível em: <http://www.defesacivil.gov.br/publicacoes /publicacoes/pndc.asp>. Acesso em: 10 set. 2009.  BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Defesa Civil. Curso de formação em defesa civil: construindo comunidades mais seguras. Curso à distância. Guia do estudante. 2. ed. Brasília: MI, 2005. 135p.  BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Política Nacional de Defesa Civil. Brasília: Secretaria Nacional de Defesa Civil, 2007. 82p. Disponível em: <http://www.defesacivil.gov.br/publicacoes /publicacoes/pndc.asp>. Acesso em: 26 jul. 2010.  BERNSTEIN, Peter L. Desafio aos deuses. A fascinante história do risco. 23. ed. Rio de janeiro: Elsevier, 1997.  CHIAVENATO, Idalberto. Princípios da administração. O essencial em teoria geral da administração. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 375p.  Estrategia Internacional para Reducción de Desastres de las Naciones Unidas (UN/ISDR). La gestión del riesgo de desastres hoy: contextos globales, herramientas locales. Ginebra, Suiza, 2008. 206p.  Estrategia Internacional para Reducción de Desastres de las Naciones Unidas (UN/ISDR). Terminología sobre reducción del riesgo de desastres. Ginebra, Suiza, 2009. Disponível em: <http://www.unisdr.org/publications/>. Acesso em: 10 ago. 2010.  HEWITT, Kenneth. Regions of risk: a geographical introduction to disasters. Harlow: Longman, 1997. 389p.   LAVELL, Allan. Desastres y Desarrollo: hacia un Entendimiento de las Formas de Construcción Social de un Desastre: El Caso del Huracán Mitch en Centroamérica. BID e CIDHS: San José, Costa Rica, 2000.  Secretaria Interinstitucional de la Estrategia Internacional para Reducción de Desastres de las Naciones Unidas (EIRD/ONU). Introducción al Marco de Acción de Hyogo 2005‐2015: Aumento de la resiliencia de las naciones y las comunidades ante los desastres. Ginebra, Suiza, 2005. Disponível em: <http://www.unisdr.org/hfa>. Acesso em: 05 ago. 2010.  United Nations, International Strategy for Disaster Reduction. Living with Risk: A Global Review of Disaster Reduction Initiatives, 2004. Disponível em: <http://www.unisdr.org/eng/ about_isdr/bd‐lwr‐2004‐eng.htm>. Acesso em: 30 ago. 2010.   

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UNIDADE  II  ‐  MOBILIZAÇÃO  SOCIAL  PARA  AS  AÇÕES  DE DEFESA CIVIL 

 

 

 

AULA 01 ‐ MOBILIZAÇÃO SOCIAL COMO ESTRATÉGIA PARA CONSTRUIR CULTURA 

DE REDUÇÃO DE RISCOS DE DESASTRES  

 

 OBJETIVOS 

 Compreender  o  conceito  de  mobilização  social  e  as características dos mobilizadores;  Compreender porque estimular a mobilização  social para o desenvolvimento de ações em Defesa Civil;  Compreender  os  conceitos  de  prevenção,  proteção  social, autoproteção;  Identificar  os  princípios  éticos  envolvidos  nas  ações  de Defesa Civil para garantir os Direitos Humanos. 

  1. MOBILIZANDO PARA CONSTRUIR REDES: CONCEITOS 

 O  significado  comum do  verbo mobilizar  se  refere  a  “dar movimento  a”,  “convocar pessoas para”. A palavra, que ganhou visibilidade no contexto militar quando da convocação de pessoas para  atuar  no  estado  de  guerra,  transformou‐se  pouco  a  pouco  sendo  hoje  amplamente utilizada  em  outras  situações.    Semanticamente,  o  verbo  mobilizar  nos  propõe,  ainda,  o movimento de pessoas para atuar de forma conjunta em uma mesma direção, para um mesmo fim. Neste sentido, ao falarmos de mobilização social estamos tratando de um projeto que é, antes de tudo, coletivo.  Mobilização  social está  relacionada ao engajamento e participação de pessoas para alcançar objetivos específicos. Característica singular deste processo, quando de caráter participativo e democrático,  é  o  envolvimento  necessário  de  diferentes  segmentos  sociais  nas  ações  e decisões  implicadas no projeto comum. Portanto, o princípio da diversidade deve permear a construção  coletiva  que  se  pretende  desenvolver,  pois  o  convite  às  pessoas  de  diferentes segmentos sociais, áreas de atuação, crenças religiosas, entre outros, deve ser um convite às diferenças e, na mesma medida, respeito às mesmas no processo.    

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Quando se fala de diferentes segmentos sociais incluem‐se: líderes políticos, líderes de opinião, as  mídias,  os  burocratas  e  tecnocratas,  os  grupos  profissionais,  associações  religiosas,  do comércio  e  da  indústria,  comunidades  e  indivíduos,  entre  outros.  O  envolvimento  destas pessoas e das organizações que representam visa à transformação social, ou seja, a mudança de algum aspecto da realidade  imediata para outra realidade.   Os esforços de todos de forma inter‐relacionada e complementar possibilitará este processo de mudança social. Para tanto, é necessário  que  todos  percebam  e  identifiquem  a  necessidade  do  que  se  queria  mudar. Ademais, é  fundamental que as pessoas e grupos  sejam, posteriormente, capacitados para a ação, uma vez que as mudanças são conseqüências de ações continuadas.   Mobilizar  se  refere a arranjar as pessoas, gerando o movimento para um propósito  comum, mas,  além  de  pessoas,  é  possível  mobilizar  outros  recursos,  tais  como:  aparelhos, equipamentos  e  tecnologias  disponíveis;  infra‐estruturas;  políticas;  etc.  A  divulgação  de informações adequadas ao público‐alvo, mobilizará estes diferentes  recursos, promovendo o apoio intersetorial e transversalizado.    Um  dos  resultados  da  mobilização  são  as  redes  constituídas,  integrando  e  articulando  os diferentes  atores,  organizações  sociais,  governamentais  e  não‐governamentais,  conselhos profissionais, conselhos comunitários, entre outros. Para tanto, é preciso desenvolver um olhar sistêmico  sobre  a  sua  realidade,  identificando  os  possíveis  atores  e  seus  diferentes  papéis, considerando  o  contexto  de  intervenção,  sensibilizando‐os  e  articulando‐os  para  atuar coletivamente.       Este  processo  não  ocorrerá  sem  que  haja  muito  diálogo,  construção  de  parcerias  e,  um planejamento adequado, incluindo, por exemplo:  

Identificação dos problemas, necessidades e demandas sociais;  Reconhecimento  das  particularidades  do  contexto  de  intervenção  e  Identificação  dos diferentes atores sociais; 

Comunicação e Sensibilização dos atores para promover o envolvimento no projeto;  Realinhamento  das  demandas  e  necessidades  de  acordo  com  as  prioridades,  após  o processo de sensibilização e contato com a comunidade;   

Capacitação e Organização dos recursos disponíveis para a ação;    Implementação de ações para a consecução dos objetivos;  Avaliação continuada dos resultados;  Construção de redes de organizações sociais;  Manutenção das redes, fluxos e processos de intervenção.  

 A mobilização social é uma estratégia que exige parcerias com todos os  interessados, a partir das quais se constroem as redes de organizações sociais. Estas redes constituem‐se espaços de troca de experiências, de qualificação de informação, de articulação política, interinstitucionais e  interpessoais.  Estratégia  que  possibilita  a  otimização  de  esforços,  a  potencialização  das vontades e das ações e o fortalecimento das organizações envolvidas para o desenvolvimento dos projetos coletivos.  Embora  a  mobilização  social  possa  ser  uma  estratégia  para  a  consecução  de  objetivos específicos  e,  portanto,  ser  finalizada  após  a  realização  de  suas metas,  tem  que  se  ter  em mente que muitos resultados do processo não são quantificáveis, repercutindo por longo prazo 

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em determinados contextos sociais. Além disso, quando com a mobilização social se promove a construção de redes, espera‐se que se tenha continuidade e que o envolvimento de pessoas e organizações  se  dê  permanentemente,  ampliando‐se  o  repertório  de  ações  e  contextos  de intervenção,  complexificando  e  diversificando  as  redes  e  sub‐redes,  assim  como  os  projetos coletivos e os resultados desejados.  As  pessoas  envolvidas  não  são  apenas  partes  que  integram  o  todo  e  que  podem  ser substituídas conforme as necessidades. Pelo contrário, no processo de mobilização e no espaço das  redes,  as  pessoas  constroem  suas  identidades,  participam  dos  processos  decisórios  de forma  compartilhada,  assumem  os  propósitos  coletivos  sem  deixar  de  manter  as  suas singularidades. Um sentimento de pertencimento passa a constituir as pessoas que se engajam nestes projetos coletivos. O olhar sistêmico sobre a realidade deve‐se ampliar, portanto, para o gerenciamento de ações e iniciativas e para o próprio processo de mobilização e articulação das redes, e para as diferenças maneiras de participação das pessoas nestas redes.  Para Toro, a participação em um processo de mobilização social é, simultaneamente, meta e meio.  A mobilização social requer participação ao mesmo tempo em que promover e amplia a participação das pessoas. O desafio é conseguir, ao longo do processo, crescer em abrangência e profundidade,  ter quantidade e qualidade neste envolvimento das pessoas. A participação social  é,  antes  de  tudo,  um  princípio  democrático,  pois  a  ordem  social  não  se  constitui naturalmente,  senão  como  resultado  das  ações  das  pessoas  sobre  o  meio.  Nós  todos participamos, de uma forma ou de outra, da construção da realidade social que vivemos. Para transformar esta mesma realidade é necessário que transformemos a nós mesmos e atuemos no  sentido  de  promover  estas mudanças.  Isso  não  ocorre  sem  conflitos  e  dificuldade  que precisam  ser  cotidianamente  re‐arranjados e  sem um processo de educação que promove o emponderamento destas muitas e diferentes pessoas envolvidas, convergindo suas ações para propósitos comuns.  Assim como existem vários níveis de como os  interesses e valores da cidadania se organizam em  cada  sociedade  para  encaminhar  ações  em  prol  de  políticas  sociais  e  públicas  (Scherer‐Warren, 2006),  também existem várias  formas de organização a nível  local e de participação das pessoas neste âmbito. Além dos coletivos formais instituídos, há os coletivos informais que atuam  diversificadamente, muitas  vezes  de  forma  alternativa,  e  que  também  precisam  ser envolvidos no processo de mobilização social. Deve‐se ter clareza que nem sempre é possível mobilizar  a  todos  ao  mesmo  tempo.  Mobiliza‐se  conforme  os  objetivos  definidos  e  os resultados que se deseja alcançar.  É certo que não há modelos únicos de participação social e de organização dos esforços para desenvolver projetos e ações. Por isso, para fazer mobilização social é necessário reconhecer e assegurar as particularidades, recursos, competências, diferenças culturais e conflitos de cada contexto em que se quer atuar.    Características dos Mobilizadores:   Os mobilizadores devem favorecer, da melhor forma possível, a integração e o relacionamento entre  os  membros  do  grupo,  facilitar  a  aprendizagem,  a  troca  de  conhecimentos  e  o engajamento  de  todos  nas  ações  em  Defesa  Civil.  Deve  exercer  várias  funções  para  poder 

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trabalhar com as habilidades, potencialidades e atitudes dos atores participantes do grupo, tais como:  

favorecer a integração e o relacionamento entre os membros do grupo;  resolver de forma harmoniosa as situações criadas no grupo;   facilitar a aprendizagem e a troca de conhecimentos;  multiplicar informações, conhecimentos e experiências;  conduzir o grupo a criar respostas adequadas a novas ou velhas situações;  sensibilizar o  indivíduo  quanto  à  sua  importância  como  agente  atuante nas  ações de Defesa Civil e órgão de apoio do Sistema Nacional de Defesa Civil;  

estimular  os  atores  a  continuarem  as  ações  de  forma  autônoma  e  autogerida, independentemente de sua presença. 

 Lembre‐se que o mobilizador é antes de tudo um mediador e facilitador de processos, com a finalidade de criar novas condições de engajamento dos atores em ações que visem à redução de desastres. Deve, portanto, viabilizar que os atores construa e gerencie as ações e encontros para que a mobilização não dependa da presença do mobilizador.   Afinal, nem  sempre você estará  disponível  para mediar  e  organizar  os  encontros  e  as  demandas  e,  assim,  os  atores sociais passam a gerenciar as ações de acordo com suas próprias necessidades.   A confiança dos atores no mobilizador é muito  importante para o êxito em várias etapas do processo de mobilização, uma vez que é por meio dele que estes atores entrarão em contato com  o  tema  abordado,  recebendo  informações  sobre  o  mesmo.  O  mobilizador  precisa, portanto, respeitar e estar familiarizado com os modos de vida da comunidade ou do público‐alvo,  comunicar‐se  com  clareza,  ser  responsável  e  ético  com  relação  ao  compromisso  que assume  junto  aos  atores,  e,  especialmente,  saber  receber  críticas  e  sugestões,  de modo  a conduzir o processo como uma construção coletiva.   2. MOBILIZAÇÃO SOCIAL COMO FOCO NO DESENVOLVIMENTO DE AÇÕES EM DEFESA CIVIL   O Marco de Ação de Hyogo (2004), como instrumento mais importante para implementação da redução de  risco de desastres adotado pelos Estados Membros, a  ser desenvolvido entre os anos de 2005 e 2015, estabeleceu como suas prioridades de ação:  

1. Buscar que a redução de risco de desastres seja uma prioridade 2. Conhecer o risco e tomar medidas 3. Desenvolver uma maior compreensão e conscientização 4. Reduzir o risco 5. Estar preparado e pronto para atuar 

 Um dos princípios que rege o documento é o entendimento de que os desastres podem afetar a qualquer um e que se trata, portanto, de uma responsabilidade de todos. A redução de risco de desastres deve fazer parte das decisões cotidianas e necessita da colaboração de todos nós para  nos  tornarmos menos  vulneráveis  e mais  resilientes.    Para  tanto,  os  países  precisam garantir  a  participação  comunitária  como  instrumento  fundamental  neste  processo, satisfazendo  as  necessidades  locais  e  assegurando  a  redução  de  vulnerabilidades  frente  aos desastres naturais.    

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Para  integrar  a  redução de  risco de desastre nas políticas e nos planejamentos,  construindo efetivamente uma cultura de redução de risco, é fundamental que se estabeleça alianças entre as agências governamentais, o  setor privado e as diferentes organizações da  sociedade  civil. Portanto, a mobilização social é uma importante estratégia para enfrentar os desastres e para o desenvolvimento das ações da Defesa Civil.    A  fim  de  conhecer  os  riscos,  tomar medidas  frente  aos mesmos,  conscientizar  e  preparar  a população, minimizando  as  vulnerabilidades,  a  participação  e mobilização  da  sociedade  são indispensáveis.  Afinal,  são  as  pessoas  nas  suas  comunidades  as  primeiras  a  enfrentarem  os desastres e, também, são elas a desenvolverem qualquer ação prevista pelas políticas e pelos planejamentos dos diferentes setores governamentais.   O desafio neste processo de mobilização para redução de risco de desastre e no enfretamento destas situações está no reconhecimento do caráter intersetorial destas ações e na necessidade de  que  sejam  transversalizadas  entre  as  diferentes  esferas:  públicas  e  privadas; municipais, estaduais e federais; diversificadas áreas de atuação profissional; entre outras.      Para  que  as  ações  tenham  sucesso,  a Defesa  Civil  precisa  estabelecer  parcerias  e  constituir redes  para  que  outros  setores  se  apropriem  e  compartilhem  dos  programas  a  serem desenvolvidos. O envolvimento das comunidades e das instituições possibilitará ampliar, então, a autonomia e garantir a autogestão para tomada decisões sobre as situações que as afetam.   Aos  poucos,  torna‐se  possível  construir  o  reconhecimento  legal  e  jurídico  em  um  processo formal de tomada de decisões e de manejo de recursos.  

 LEMBRE‐SE: O SISTEMA NACIONAL DE DEFESA CIVIL PREVÊ A ADESÃO DE ÓRGÃOS DE  APOIO  E  NÚCLEOS  COMUNITÁRIOS  DE  DEFESA  CIVIL  PARA  DESENVOLVER AÇÕES DE PROTEÇÃO E REDUÇÃO RISCO DE DESASTRES. 

 Outro pressuposto que fundamenta a importância de mobilizar pessoas e organizações para as ações de Defesa Civil está no fato de que o planejamento para o enfrentamento aos desastres não  pode  se  embasar  somente  em  soluções  técnicas  (DYNES,  1991).  Pelo  contrário,  o planejamento das ações de enfrentamento precisa ser construído considerando a cultura e a estrutura social, possibilitando que os hábitos e os mecanismos sociais permitam a comunidade mobilizar  os  recursos  humanos  e  materiais  disponíveis.  Essa  mobilização  destina‐se  a reduzir os riscos no contexto atual e futuro, construindo, por sua vez, uma cultura de redução de risco de desastre. As soluções  técnicas por si só não garantem a segurança da população, uma  vez  que  mesmo  para  implantar  estas  soluções  são  necessárias  pessoas  informadas, sensibilizadas e preparadas para atuar neste sentido. Igualmente, as estratégias de prevenção e promoção de qualidade de vida, a percepção de riscos de desastres e a efetivação de políticas públicas  para  seguridade  social  exigem  e  produzem,  ao mesmo  tempo, mudanças  culturais profundas.   Neste  sentido,  o  que  se  afirma  é  que  o  desenvolvimento  e  aplicação  de  tecnologias  são importantes, mas não suficientes para enfrentar os desastres. Nas diferentes etapas implicadas nas  ações de Defesa Civil  (prevenção, preparação,  resposta  e  reconstrução), por exemplo,  a comunidade  precisará  ser mobilizada  para  atuar  em  parceria  com  a  Defesa  Civil  e  demais 

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setores  da  sociedade,  tendo  as  suas  características  culturais  consideradas  para  o desenvolvimento das ações e construção de um projeto coletivo e participativo.    A mobilização  social  e  a  construção  de  redes  são,  portanto,  estratégias  importantes  para  o planejamento das ações de Defesa Civil nos diferentes momentos, como por exemplo:   

 

Etapas  sugestão de atividade 

prevenção Ampliar  a  percepção  de  riscos  das  pessoas  e comunidades,  colaborando  com  uma  cultura  de redução  de  risco  e  atuando  para  minimizar  as vulnerabilidades locais. 

preparação Envolver  os  diferentes  atores  na  elaboração  dos planos  de  contingência,  na  construção  e  difusão dos sistemas de alerta e monitoramento; 

resposta Mobilizar  as  redes  para  que  elas  mobilizem recursos  e  auxiliem  no  atendimento  às  pessoas afetadas pelo desastre; 

reconstrução 

Envolver  as  comunidades  na  elaboração  dos projetos,  que  devem  se  embasar  nas necessidades, nos  laços afetivos, nos  significados compartilhados,  enfim,  nas  particularidades culturais e simbólicas de cada comunidade.      

  Para  (Sáiz,  1998),  um  modelo  de  para  proteção  civil  deve  ser  desburocratizado  e descentralizado, sustentando‐se na participação ativa e direta da população e no estreitamento dos  vínculos  com as  comunidades. Deve‐se atuar a partir da  identificação e  reconhecimento dos  diferentes  grupos  que  ali  existam  e  de  formas  fáceis  de  comunicação  e  de  informação, adequadas aos códigos sociais das comunidades.    A  partir  destas  reflexões,  compreendemos  que  o  sistema  de  Defesa  Civil  precisa  ser,  entre outros aspectos:  

Participativo:  aberto  a  intervenção  autônoma  e  autogestão  de  todos  os  envolvidos, facilitando a participação de todos no sistema de proteção. 

Pluralista:  aceitando  às  diversidades  e  respeitando  as  diferenças,  não  estabelecendo critérios de exclusão dos grupos e organizações. 

Comunicativo: fundamentado em um projeto compartilhado de construção e difusão de informações, e de definição de estratégias de comunicação comunitária.  

Mobilizador:  sensibilizando  pessoas  e  capacitando‐as  para  se  autoprotegerem  e atuarem nos diferentes momento de enfrentamento aos desastres, priorizando ações de proteção comunitária e de promoção de qualidade de vida.  

 3.  PRINCÍPIOS  NORTEADORES  PARA  UMA  ATUAÇÃO  EM  DEFESA  CIVIL  JUNTO  ÀS COMUNIDADES: DIREITOS HUMANOS, ÉTICA E CIDADANIA. 

 O compromisso ético com a segurança e a proteção social é de todos, por  isso a famosa frase do Dr. Castro ainda hoje ecoa significativamente dentro do Sistema Nacional de Defesa Civil: “A defesa Civil Somos Todos Nós”.   Da mesma  forma, a redução das vulnerabilidades diante dos 

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desastres precisa ser assim entendida, centrando‐se nos processos que as reduzem e naqueles que as produzem, e não somente nas pessoas que estão em condição de vulnerabilidade em determinados contextos. Para Acselrad  (2006), as pessoas vulneráveis são aquelas vítimas de proteção  social  desigual,  ou  seja,  de  processos  sociais  que  excluem  a  seguridade  de  seus direitos.  Sabe‐se  que  o  aumento  da  vulnerabilidade  aos  desastres  está  estreitamente  relacionado  ao modelo  de desenvolvimento  sócio‐econômico  que  escolhemos  (Lavell,  1994). O  processo  de proteção social é resultado, portanto, de um amplo espectro de fatores e relações entre eles, incluindo os processos biológicos, ecológicos, culturais e econômico‐sociais de cada sociedade e que se implicam nas condições de vida das populações.  Ao  desenvolvermos  ações  de  defesa  civil  e  mobilizarmos  a  sociedade  precisamos  saber, entretanto, que estamos promovendo  a  garantia dos direitos que  todos nós  adquirimos por segurança  e  proteção  social.  Proteção  que  depende  de muitos  fatores,  se  relaciona  com  o contexto  histórico  que  vivemos  e  aos  nossos  modos  de  vida,  e  da  responsabilidade  e compromisso  de  todos,  principalmente  no  que  se  refere  à  construção  e  controle  social  das políticas públicas que garantem estes mesmos direitos.   Tal como prevê a carta de Ottawa (1986) com relação à promoção de saúde, é direito e dever de todos estarmos capacitados para buscar os meios para conseguir atuar sobre os fatores que favorecem  o  nosso  bem‐estar  e  o  da  comunidade  ou  que  a  podem  estar  pondo  em  risco, tornando‐a  vulnerável  aos  desastres  e  prejudicando  sua  qualidade  de  vida.  Cada  um  é potencialmente  capaz  de  vir  a  intervir  sobre  os  fatores  determinantes  de  sua  segurança  e proteção,  exercendo  o  que  se  chama  de  cidadania. Os  seres  humanos  são  produtos  de  seu meio, mas também produtores do mesmo, podendo transformá‐lo ao mesmo tempo em que transformam a si mesmos, inventando outros modos de vida.  Assim,  

AO MOBILIZAR, TODOS NA SOCIEDADE SE TORNAM CO‐RESPONSÁVEIS PELAS SUAS CONDIÇÕES DE VIDA. 

 Portanto, o integrante da defesa civil, ao intervir sobre as relações sociais e nos modos de vida da  população  seja  para  a  prevenção  ou  resposta  aos  desastres,  tem  sua  prática  qualificada numa dimensão ética, social e política. Por isso, deve se respaldar nos princípios de cidadania e na garantia dos Direitos Humanos Universais, possibilitando que as pessoas  sejam atendidas nas suas diferenças e compreendidas na sua constituição afetiva, cognitiva, criativa, biológica.    Ademais,  o  agente  de Defesa  Civil  tem  o  dever  social  de  garantir  que  a  instituição  pública atenda os direitos da população, possibilitando e estimulando que a população, por  sua vez, atue no controle social, acompanhando e avaliando as políticas públicas.   Com o cidadão, no nível  local,  o  sistema  de  Defesa  Civil  se  legitima  como  ferramenta  de  promoção  de autoproteção e proteção comunitária, repercutindo na construção permanente de cidades mais seguras.  

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AVALIAÇÃO DA AULA 01   

1) Na sua opinião, qual é a principal característica da mobilização social? 

 

 

 

 

2)  Cada  mobilizador  possui  um  perfil  particular.  Contudo,  algumas  características  são 

importantes  para  mobilizar  diferentes  atores  sociais.  Escreva  duas  características  de 

mobilizadores que não estão no texto desta aula. 

 

 

 

 

3) Descreva pelo menos duas razões para mobilizar pessoas em defesa civil.  

 

 

 

 

4) Elabore uma proposta de projeto como exemplo de mobilização social em Defesa Civil. 

 

 

 

 

5) O que  você entende por  respeito  à diversidade? Diga de que maneira este princípio  se 

relaciona com as ações de mobilização social?  

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AULA 02 ‐ ETAPAS PARA UMA MOBILIZAÇÃO SOCIAL EFETIVA EM DEFESA CIVIL  

  

OBJETIVOS  Conhecer  e  desenvolver  as  etapas  para  realizar  a mobilização social para ações em Defesa Civil;  Reconhecer  os  diferentes  atores  a  serem  envolvidos  no processo de mobilização;  Utilizar  adequadamente  ferramentas  de  comunicação  para mobilização social;  Definir  estratégias  de  sensibilização  social  adequadas, considerando os aspectos culturais de cada contexto social a intervir;  Compreender o processo de percepção de riscos;  Identificar diferentes formas de capacitação de pessoas para atuar em defesa civil.   

 

1. CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO DE INTERVENÇÃO  Vimos falando que para mobilizar as pessoas, grupos e comunidades, para as ações de Defesa Civil, é necessário considerar os valores, crenças, hábitos, práticas e dinâmicas que envolvem as relações sociais em um contexto específico de ação. Em outras palavras, é preciso considerar o que se costuma denominar de cultura, a qual se expressa por meio das práticas sociais e dos modos de produção e reprodução de significados de sua população.     Isto quer dizer que diferentes comunidades possuem formas próprias de significar as coisas e os  fenômenos,  e  de  se  relacionar  com  a  natureza.  Formas  que  foram  se  constituindo historicamente e  também se  transformando, pois a cultura está em permanente movimento. Palavras  comuns  em  determinados  contextos,  por  exemplo,  são  totalmente  estranhas  em outros. A cultura media nossas relações, implicando‐se nos modos como nós nos apropriamos e significamos a realidade.   As diferenças culturais  interferem nas estratégias de mobilização a serem desenvolvidas, uma vez que muitas informações e propostas não farão sentido para o público‐alvo se não levarmos em  conta  a maneira  como  esse  público  se  relaciona  entre  si. Há  culturas  que  os  homens  e mulheres  não  realizam  trabalhos  juntos;  outras  em  que  as  crianças  participam  de  todas  as atividades dos adultos junto às suas mães. As diferenças culturais aparecem na forma como as pessoas se relacionam com suas famílias, nas formas e nos lugares onde constroem suas casas, e  também  naquilo  que  consideram  ser  risco  e  perigo.  Sabemos,  também,  que  é  comum 

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encontrar  comunidades  para  as  quais  os  desastres  são  castigos  divinos  sobre  os  quais  não podemos interferir.   Então, um dos primeiros passos para delinear as estratégias de mobilização social se refere ao reconhecimento do contexto de  intervenção. Este  reconhecimento ou contextualização  local, que  pode  ser  feita  por  meio  das  aproximações  iniciais  com  o  público‐alvo,  documentos, informações disponíveis na mídia e por meio de pessoas da própria  localidade, que venham a fazer a mediação entre o agente de Defesa Civil e a comunidade.     A contextualização é importante para identificar as demandas e necessidades das comunidades ou do público‐alvo e organizar as prioridades. Após a  contextualização é possível  realinhar e redefinir  as  hipóteses  e  estratégias  de  intervenção  que,  por  ventura,  fora  previamente estipuladas. Além da  identificação dos  aspectos  culturais, étnicos,  religiosos, deve‐se  fazer o reconhecimento  territorial,  econômico  e  político,  buscando  identificar  o  território  de abrangência  da  comunidade,  aspectos  ambientais  relevantes,  grau  de  desigualdade  social, maiores vulnerabilidades, conflitos e conjunturas políticas.   Com o propósito de mobilizar as pessoas para reduzir riscos de desastres em áreas de encosta, por exemplo, é importante que o agente de Defesa Civil procure conhecer previamente qual a percepção da comunidade sobre estes riscos e quais os fatores que atribui aos mesmos. Além disso, é necessário que tenha clareza se naquela comunidade a prioridade de intervenção, para a qual se fará a mobilização, é, de fato, risco de deslizamento.      Ao conviver mais perto das comunidades, passa‐se a se perceber as familiares e as diferenças entre as crenças, os modos de vida, hábitos de alimentação e higiene, tratamento às mulheres, crianças e  idosos, etc. Em uma mesma cidade, é grande a diversidade de pessoas oriundas de lugares  distantes,  com  diferentes  graus  de  escolaridade  e  formas  como  foram  educadas. Embora seja comum estranharmos práticas sociais de outros grupos que não são semelhantes às nossas, é preciso que as  respeitemos sem  julgá‐las ou depreciá‐las. Quando estas práticas interferem  diretamente  no  aumento  ou  redução  dos  riscos  e  vulnerabilidades,  como  por exemplo, o lixo jogado nos córregos ou a plantação inadequada de alguma espécie em áreas de desertificação, a mobilização  social  será uma estratégia  interessante para desenvolver, neste caso, um processo de educação ambiental na comunidade.   O olhar do agente de Defesa Civil deve ser, portanto, compreensivo por mais estranho que lhe pareça  determinadas  práticas.  Qualquer  julgamento  de  valor  sobre  as mesmas,  assim  que percebida  pelas  pessoas,  promoveria  um  grande  distanciamento.  Lembre‐se  que  todos  nós usamos  lentes  diferentes  com  as  quais  interpretamos  a  realidade  e  agimos,  por  isso  somos diferentes e temos pontos de vista distintos. Assim como não há uma lenta mais correta que a outra, não temos como avaliar todos os fatores que fazer com que as pessoas sejam como são ou ajam de tal forma.        Com a contextualização, o agente de Defesa Civil passa a conhecer um pouco mais as pessoas e ambiente em que vivem, ao mesmo tempo em que se aproxima da comunidade. Este momento inicial da escuta e do diálogo possibilita que a comunidade auxilie no processo de construção da proposta e das ações, a partir das  suas necessidades e demandas,  respeitadas e valorizadas. Assim, a mobilização será muito mais eficaz e  terá mais condições de continuidade, uma vez que não houve imposição, mas uma construção coletiva. As aproximações iniciais favorecerão a 

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etapa  seguinte:  identificação  dos  atores  que  se  quer  envolver,  pessoas,  organização governamentais e não‐governamentais, sociedade civil organizada, entidades profissionais, etc.   Então, na contextualização você deve observar alguns dos seguintes aspectos:  

Organizações, entidades e lideranças comunitárias representativas do local;  Recursos  e equipamentos  sociais disponíveis que possam  agregar  as  ações de defesa civil; 

Pessoas que possam mediar a sua relação com a comunidade;  Hábitos, valores e comportamentos comuns;  O  que  a  comunidade  pensa  e  conhece  sobre  os  temas  que  você  deseja  abordar  ou objetivos da mobilização; 

Veículos de comunicação mais comumente utilizados;  Abrangência territorial, geográfica;  Aspectos ambientais, áreas de risco, indicadores de vulnerabilidade aos desastres;  Conflitos e desentendimentos entre os atores sociais;  Divergências políticas que possam interferir no processo de mobilização. 

 2. IDENTIFICAÇÃO DE ATORES SOCIAIS E RECURSOS DISPONÍVEIS  Atores  sociais  são  pessoas,  organizações  ou  coletivos  de  pessoas  que  possam,  a  partir  de determinados  recursos  disponíveis,  atuar  e  transformar  a  realidade  na  qual  estão  inseridos. Como  dissemos  anteriormente,  todos  nós  somos  produtos  e  produtores  da  realidade  que vivemos, assim como podemos, cada qual à sua maneira e a partir de condições próprias, agir para transformar esta mesma realidade. Somos também capazes de aprender e inventar novas formas de viver e nos relacionar com os outros e com o ambiente, nos tornando protagonistas das nossas condições de existência. Portanto, todos nós somos de modo geral atores sociais.  Contudo,  quando mobilizadas  para  atuar  frente  a  determinados  problemas  ou  situações,  as pessoas ou  coletivos  se  tornam atores  sociais engajados numa  causa específica, ou  seja,  são atores  sociais  de  projetos  particulares  ou  de  etapas  nos  quais  atuam  e  para  os  quais disponibilizam  os  seus  recursos.    Estes  atores  costumam  ter maior  influência  sobre  alguns processos sociais da comunidade e, por isso, é fundamental mobilizá‐los para participarem das ações  em  defesa  civil.  Principalmente  porque quando  envolvidos  e  partícipes  do  projeto,  se tornam importantes multiplicadores do mesmo.   Já  dissemos  que  a mobilização  social  tem  uma  finalidade  específica,  isto  quer  dizer  que  se mobiliza  para  alguma  coisa.  Ter  clareza  da  finalidade  da mobilização, mesmo  que  ajustes  e alinhamentos ocorram e devem ocorrer ao  longo do processo, é primordial no envolvimento dos atores sociais, para que esses possam avaliar de que maneira e com que recursos podem contribuir com o projeto ou com as ações que se quer desenvolver. A identificação dos atores começa a ocorrer a partir dos primeiros contatos com as comunidades, quando o agente de defesa  civil  reconhece  as  pessoas,  lideranças  comunitárias,  organizações  e  instituições  ali presentes, que podem ser relevantes naquele local.  A  contextualização  deve  ter  favorecido  uma  análise  preliminar  da  localidade  e,  também,  a identificação de possíveis conflitos entre atores estratégicos que se quer envolver. Quando da identificação  destes  conflitos  é  preciso  avaliar  se  haverá  uma  escolha  ou  se  construirá  uma 

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forma alternativa para gerenciá‐los. Conflitos e desentendimentos também podem vir a ocorrer no decorrer do processo de sensibilização ou capacitação, os quais precisam ser negociados em conjunto com todas as partes envolvidas.     No município podemos considerar atores sociais estratégicos o prefeito, o secretário municipal da Saúde, presidente de associação de amigos de bairro, presidente de associação comercial e comunitária,  diretor  de  escola,  benzedeira,  representantes  de  entidades  profissionais, representantes  de  conselhos  tutelares,  agentes  de  saúde,  representante  da  Fatma  ou  do instituto de Planejamento Urbano do município, entre outros. É possível,  contudo, mobilizar crianças, jovens, idosos, mulheres, pessoas com deficiência, enfim, a todos, cada qual com seus recursos  e  possibilidades.  Os  atores  atuam  e  interagem  de  acordo  com  os  seus  perfis  e características pessoais.    O mapa de atores deve ser elaborado de acordo com cada realidade, com as organizações ali presentes  e  instituições.  Por  exemplo,  se  a  comunidade  que  você  irá mobilizar  já  tiver  um núcleo comunitário de defesa civil é preciso envolvê‐lo, mas em outras comunidades pode ser que seja relevante mobilizar o representante de determinada  indústria que  joga os poluentes no rio. A identificação dos atores dependerá do contexto de intervenção ou mobilização e dos objetivos  pretendidos.  É  estratégico  que  o  prefeito,  como  principal  representante governamental  do município,  seja  convocado  para  participar  e  esteja  ciente  da mobilização desejada.  A  identificação  dos  sujeitos  sociais  atuantes,  perfis  e  recursos  disponíveis  podem  resultar, posteriormente,  com  a mobilização  e  articulação  em  rede  dos mesmos,  no  registro  destes atores  de  acordo  com  a  capacidade  de  mobilizar  os  recursos  e  de  interferência  no desenvolvimento das ações.   Tendo em vista a exigência da  intersetorialidade para desenvolver ações em Defesa Civil, e a necessidade de que estas ações sejam coordenadas e  integradas no nível  local  ‐ entre poder público,  setor  privado  e  organizações  da  sociedade  civil  ‐,  a  identificação  e mobilização  dos atores precisa garantir a integração de diferentes instâncias e setores existentes. Se antes eles normalmente atuavam no mesmo território, mas de forma isolada, agora se propõe que atuem conjuntamente,  construindo  práticas  alternativas  na  forma  de  gestão.  A mobilização  deste atores possibilitará a articulação necessária para promover a  sustentabilidade e a eficácia de programas em Defesa Civil. Considera‐se, então, fundamental a identificação dos agentes locais e a sua preparação para a continuidade das ações de forma participativa.    3. INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO: DEFININDO ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO  Embora  estejamos  colocando  a  comunicação  como  uma  das  etapas  da  mobilização, entendemos a mobilização social como um processo comunicativo. Assim sendo, estratégias de comunicação e as  relações comunicativas com o público‐alvo deverão  ser objeto de  reflexão durante todo o processo.   Você pode estar pensando: qual a importância de falar da comunicação? Bem, a pouco falamos das  diferenças  culturais  e  de  como  podem  influenciar  as  práticas  sociais  e  a  produção  e reprodução  de  significados  que  as  pessoas  e  os  grupos  atribuem  à  realidade.  Então,  estas 

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diferenças  também  se apresentam nas  formas  como as pessoas  se  comunicam entre  si e na diversidade dos veículos que utilizam para compartilhar informações.    A diversidade de pessoas e  interesses  requer diversidade de  instrumentos e  ferramentas de mobilização.  A  divulgação  de  informações  é  uma  das  etapas  da mobilização,  e  as  ações  de comunicação  não  se  confundem  com  a  transmissão  de  informação.  Por  isso,  a  definição adequada de estratégias de comunicação para mobilizar pessoas e coletivos é aspecto essencial do processo.  Para  planejar  as  ações  de  comunicação  com  a  finalidade  da mobilização  social  é  essencial considerar os seguintes passos: 

 Passos:  Ações  Atividades 1º Passo  Análise da situação ‐ Mapeamento de meios de comunicação 

e informação; ‐ Identificar desafios e prioridades; ‐ Descobrir o que funciona no momento.  

2º Passo  Investigar o público ‐ Definir quem é o público‐alvo;‐ Descobrir o que o público pensa sobre o tema. 

3º Passo  Desenvolvimento da mensagem ‐ Definir a mensagem; ‐  Criar  mensagens  claras,  oportunas  e adequadas. 

4º Passo  Escolhendo Opções ‐ correspondência  entre  métodos  de comunicação  com  o  público  e  as mensagens. 

5º passo  Planejando a comunicação ‐ atribuição de responsabilidades;‐ orçamento; ‐ usar eventos. 

6º passo  Acompanhando e avaliando ‐ definir metas; 

‐ atender aos resultados.  

 Adaptado de “Guidelines and tools for developing communication strategies for joint UN teams on AIDS” (WHO/UNAIDS, 2008.  

 Entende‐se que a análise da  situação, 1º passo,  teve  início na  contextualização quando você iniciou seus contatos com o público‐alvo. Já naquele momento, enquanto observava o local de intervenção, você pode verificar quais os veículos comumente utilizados para a transmissão de informações e meios de comunicação. Hoje em dia, grande parte da população brasileira tem acesso aos meios de comunicação de massa, como rádio e televisão. Contudo, nem sempre o agente de Defesa Civil tem condições de acessar estes veículos para mobilizar as pessoas, assim como nem sempre estes veículos são os mais eficazes naquela comunidade ou para alcançar certos objetivos.  Muitas vezes, o padre ou o pastor, o boca‐a‐ boca, cartazes, rádio comunitária ou a unidade de saúde  são as melhores  formas de  fazer chegar as  informações na população. Cada  realidade utiliza mecanismos  próprios  de  se  comunicar,  por  isso  é  necessário mapear  estas  formas, identificando os desafios e as prioridades e optando pelo que melhor  funciona no momento presente. 

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Na contextualização você também já conheceu melhor o seu público e o que ele pensa sobre os temas  relacionados  ao  que  você  deseja  abordar.  Trata‐se  de  um  passo  importante,  pois  a mensagem a  ser elaborada no passo  seguinte deve considerar os aspectos  sócio‐culturais de cada local. Certifique‐se de que a comunidade conhece sobre aquilo que você deseja informar. Tire suas lentes e tente vestir as lentes de seu público‐alvo, facilitando sua comunicação.  Em  seguida  deve‐se  construir  a  mensagem.  O  conteúdo  da  mensagem  precisa  ser  claro, adequado e compreensível para os receptores. Mensagens truncadas, mal formuladas, sem as informações  adequadas  podem  levar  ao  fracasso  a mobilização.  Tenha  claro  quais  os  seus objetivos, quem é seu público, de que maneira ele se comunica e formule mensagens objetivas. Divulgue  estas  informações  no momento  adequado  e  por  tempo  suficiente  para  ter  êxito. Reforce  as  informações  e  atente  para  os  retornos  e  contribuições  que  você  poderá  receber quanto  às  mesmas,  pois  estes  feedbacks  são  importantes  para  adequar  as  mensagens  à realidade local. A depender da mensagem, pode‐se optar por algum tipo específico de veículo. O 4º passo se refere  justamente a encontrar a melhor correspondência entre as  informações que  se  quer  transmitir  e  o  melhor  veículo  a  utilizar.  Afinal,  é  preciso  que  as  mensagens cheguem aos destinatários.    As ações de comunicação devem ser contínuas no processo de mobilização social. Ao se desejar que  as  pessoas  e  coletivos  estejam  sempre  prontos  para  atuar  em/com  a  defesa  civil,  nas diversas  etapas  (prevenção,  preparação,  resposta  e  reconstrução),  é  fundamental  que  se mantenha o planejamento de comunicação continuamente, fazendo as alterações necessárias conforme os objetivos delineados. Estas estratégias de comunicação possibilitarão a  interação recíproca entre todos os envolvidos, promovendo e mantendo a articulação entre os mesmos, e a  construção  de  redes  sociais  organizadas.    Aos  poucos,  se  poderá  fazer  a  distribuição  de responsabilidades quanto às ações de comunicação entre os atores  sociais. Lembre‐se que o planejamento contínuo requer acompanhamento e avaliação dos resultados para verificar se as metas foram alcançadas.   Para elaborar seu plano de comunicação defina: 

    

OBJETIVOS ‐ ESTRATÉGIAS ‐ PARA QUEM ‐ QUANDO 

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Pergunte‐se quanto à:   Conteúdo:

Qual é o ponto principal que você quer comunicar para o seu público? Que idéia você espera que o público vá tirar da sua mensagem? 

 Língua (refere‐se às palavras que você escolhe para comunicar a mensagem):

A escolha de palavras é clara ou os diversos públicos poderiam interpretar de forma diferente? A linguagem é apropriada para o seu público‐alvo? Por exemplo, você usaria esta linguagem para se comunicar com um público jovem? 

 Messenger ou fonte (refere‐se à pessoa que vai entregar a mensagem): 

O mensageiro tem a confiança de seu público‐alvo? Quantas pessoas ele pode comunicar?  

 Formato ou meio (refere‐se canal de comunicação utilizado para entrega da mensagem):  

Qual é o formato mais atraente para chegar ao seu público? 

   Tempo e lugar: 

Quando e onde vai entregar a sua mensagem? Existe alguma ocasião que possa tornar mais receptiva a sua mensagem? Existem outros acontecimentos que você pode utilizar para chamar mais atenção à sua mensagem? 

 Adaptado de “Guidelines and tools for developing communication strategies for joint UN teams on AIDS” (WHO/UNAIDS, 2008.  

Comunicar bem é sempre um desafio, mesmo com os inúmeros dispositivos que temos hoje em dia  para  compor  as  estratégias  de  comunicação.  Ainda  mais  quando  não  se  quer  apenas transmitir  informações, mas construir espaços propícios e canais adequados para estimular a participação  de  atores  sociais,  promovendo  as  interconexões  e  interações  institucionais  e informais em rede. Como uma das principais mecanismos para a manutenção de vínculos entre os diversos atores e para estabelecer contato com a população sobre os riscos de desastres, as ações  comunicação  não  podem  ser  displicentemente  desenvolvidas.  É  preciso  pensar continuamente estratégias de comunicação que levem à mobilização.     

IMPORTANTE: ENVIE  CONVITE  OFICIAL  AOS  ATORES  OU  SUPLENTES  CUJA  PRESENÇA  É IMPRESCINDÍVEL, DEIXANDO CLAROS OS OBJETIVOS, PAUTA, DATA, HORÁRIO  E LOCAL  DA  REUNIÃO.  SOLICITE,  QUANDO  NECESSÁRIO,  A  CONFIRMAÇÃO  DE PRESENÇA POR OFÍCIO, E‐MAIL, FAX, TELEFONE, ETC. POR ISSO, NÃO SE ESQUEÇA DE INFORMÁ‐LOS QUANTO AOS SEUS CONTATOS. 

 4. SENSIBILIZAÇÃO  A Sensibilização é o passo para que todas as ações propostas sejam bem‐sucedidas. Esta etapa está estreitamente relacionada com as ações de comunicação, pois é por meio da comunicação que será possível sensibilizar o público‐alvo, mobilizando‐o para ação concreta. Além disso, a comunicação  é  essencial  para  desenvolver  relações  de  ensino‐aprendizagem  e  produzir conhecimento. 

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Nesta etapa espera‐se sensibilizar os atores sociais  identificados sobre a redução de riscos de desastres e  importância de  integrarem‐se nas ações de defesa  civil. Para  tanto, é necessário criar  espaço  de  encontro  nos  quais  se  possa  abordar  temas  relevantes,  promovendo  uma cultura de redução de riscos e ampliando a percepção de riscos das comunidades. A etapa da sensibilização caracteriza‐se, portanto, pela produção coletiva de conhecimento sobre redução de riscos de desastres e sobre as vulnerabilidades frente aos mesmos.   Por quê?   Porque é neste momento que  informações serão passadas e construídas com a  finalidade de promover o engajamento social e a construção de parcerias. É freqüente que estes atores não saberem ao certo o que é a defesa civil e como eles podem contribuir com a redução de riscos.   Então, você precisará reunir os atores anteriormente identificados, por meio de estratégias de comunicação adequadas, considerando as características contextuais do  local de  intervenção, para falar de percepção e redução de riscos. Pergunte‐se: Se elas não perceberem os riscos aos quais estão expostas por que irão agir para enfrentá‐los?  Mas o que é percepção de riscos?   Breves considerações sobre Percepção de Riscos de Desastre  A percepção é o processo de interpretar, organizar e selecionar os estímulos e informações que recebemos do  ambiente  em que  estamos  inseridos.  Todo  ser humano  tem  a  capacidade de percepção, a qual está  relacionada aos  seus processos cognitivos, e afetivos, constituindo os seus comportamentos. Como processo, a percepção se transforma, se desenvolve, se amplia, a depender da qualidade das relações dos seres humanos uns com os outros e deles com o meio ambiente. Então, não está pronta e nem acabada, a percepção muda!  Se  ela  depende  das  relações  que  estabelecemos,  de  nossa  história  individual,  do  nosso desenvolvimento  cognitivo e emocional, dos  conhecimentos disponíveis e das  características culturais do contexto em que vive, não há também uma percepção única, mas PERCEPÇÕES.   Lembre‐se  das  lentes  culturais  que  falamos  no  capítulo  anterior,  pois  as  diferentes  lentes referem‐se às diferentes percepções da realidade. É provável que o modo como os bombeiros percebem o fogo, e significam a palavra e o fenômeno fogo,  seja bastante diferente do modo como uma pessoa  comum o percebe.  Isto porque  as experiências  anteriores dos bombeiros com o fogo e os seus conhecimentos adquiridos sobre este fenômeno costumam ser diferentes dos nossos. Estas diferenças podem se apresentar em uma pessoa que teve sua casa queimada ou alguém da família, fazendo com que entre em pânico e adote medidas impróprias em uma situação que o fogo, mesmo existente, lhe ofereça poucos riscos.   Nossas percepções sobre a realidade estão relacionadas com o modo como aprendemos a ver o mundo, a partir de nossas experiências anteriores e também do modo como fomos educados. Por  isso,  a  percepção  é  efeito  da  cultura  e  determina  nossos  comportamentos,  orientando nossa tomada de decisão referente ao que se percebe.   

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Ao falarmos sobre percepção de riscos estamos tratando do modo como determinadas pessoas interpretam  estímulos  e  contextos  ambientais  específicos,  nos  quais  determinados  riscos  se apresentam. Então, não estamos falando de quaisquer pessoas, mas de pessoas situadas em tal comunidade, com essa história, que vivenciaram  tais experiências, e que vivem vulneráveis a determinados riscos de desastre.   O risco não é um mero estímulo físico objetivo que pode ou não ser percebido  independente das  pessoas  que  o  vêem.  Se  a  percepção  é  culturalmente  constituída,  a  percepção  do  risco também o é. Assim, o risco e a percepção de risco são resultados de construções sociais, tendo uma dimensão física, subjetiva e multidimensional. Enquanto processo, se mantêm imbricado a ele atitudes, valores, crenças, motivações, sentimentos e normas das pessoas, influenciando na forma de entender o risco ou a fonte de risco provável, seja ela tecnológica, ambiental ou social (Kuhnen, 2009).   O modo  como  as  pessoas  percebem  os  fatores  de  riscos  e  o  quanto  estão  vulneráveis  aos mesmos  influencia os seus comportamento de autocuidado e proteção.  Igualmente  influencia no  quanto  elas  se  mobilizam  para  enfrentar  os  riscos  de  desastre,  atuam  para  reduzir vulnerabilidades e, num horizonte mais amplo, participa do processo de constituição de uma cultura de redução de risco.    Por cultura de redução de risco entende‐se um conjunto de práticas sociais acerca da proteção social com relação aos riscos de desastre. Trata‐se, portanto, de hábitos e comportamentos que promovam  à  redução  de  riscos,  por meio  da minimização  das  ameaças  e  vulnerabilidades, potencialização das capacidades e garantia de proteção e segurança social.  Propõe‐se também uma mudança cultural no sentido de inverter a lógica centrada no desastre para  uma  lógica  fundamentada  na  gestão  integrada  dos  riscos  de  desastre.  Infelizmente,  o enfoque das ações em defesa civil, de outros setores e dos meios de comunicação de massa tem  se  centrado exclusivamente nas  repercussões dos desastres.   Privilegiar uma  cultura de redução e de riscos é promover e valorizar ações que ajudem a reduzir os riscos no contexto local e global, ou seja, em um modelo de desenvolvimento econômico, social e ambientalmente sustentável, na minimização das vulnerabilidades, na  igualdade de gênero, na ocupação e uso adequado do solo, enfim, na promoção de qualidade de vida.    A  constituição  de  uma  cultura  de  redução  de  risco,  refletida  em  ações  permanentes  nas comunidades e integradas às políticas intergovernamentais promoverá comunidades e pessoas mais resilientes aos desastres.  

LEMBRE‐SE:  RESILIÊNCIA  SE  REFERE  À  CAPACIDADE  DAS  PESSOAS  OU  DE COMUNIDADES  E  COLETIVOS  DE  SE  ADAPTAREM,  DA  MELHOR  FORMA,  ÀS SITUAÇÕES  ADVERSAS,  UTILIZANDO  SEUS  PRÓPRIOS  RECURSOS  PRÓPRIOS, CAPACIDADES E COMPETÊNCIAS.   

A construção da cultura de redução deve estar no horizonte ético da gestão pública e privada, individual  e  coletiva,  repercutindo  nas  ações  do  dia‐a‐dia.  Neste  sentido,  educação, comunicação,  percepção  e  sensibilização  são  processos  interdependentes  e  transversais.  A mobilização  social  requer  que  refletimos  como  podemos  integrar  estas  dimensões  para 

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favorecer a participação social nas ações de Defesa Civil, com  foco na redução de riscos e na prevenção de desastres.  Importante Considerar  É preciso  considerar os diversos modos  como as pessoas  se  relacionam  com os espaços que habitam. Estas relações não se estabelecem apenas pela dimensão prática e utilitária do dia‐a‐dia: “ter um teto para morar”  ‐, mas também pelas dimensões afetivas e  imaginárias  ‐ a casa pode  representar  também  o  universo  da  intimidade,  da  proteção.  Por  isso,  muitas  vezes, algumas pessoas se instalam ou reinstalam em áreas de risco mesmo sabendo que se trata em uma  área  de  risco.  Além  dos  benefícios  percebidos  se  apresentarem maiores  que  os  riscos percebidos,  o  local  e  as  suas  casas  são  espaços  significativos,  nos  quais  construíram  suas histórias particulares de vida.     Estratégias de sensibilização    A sensibilização pode ser feita de várias maneiras, pois se refere aos métodos que o agente de defesa  civil  utilizará  para  contatar  os  atores  sociais  e mobilizá‐los. As  estratégias  permitirão criar  condições  de  possibilidade  para  ampliar  as  percepções  e  promover  o  engajamento. Dependendo  da  caracterização  do  contexto  e  dos  temas  que  decidirá  abordar,  você  poderá fazer  a  sensibilização  por  meio  de  reuniões,  eventos,  entrevistas,  oficinas,  dinâmicas, premiação,  narrativas  fotográficas,  cartazes  ou  outra  ferramenta  que  você  inventar.  Para construir  a melhor  estratégia  de  sensibilização  é  preciso  ser  criativo  e  observar o  que  pode funcionar ou não em cada contexto, de acordo com as suas dinâmicas próprias.  Lembre‐se que as  estratégias  de  sensibilização  e  comunicação  estão  relacionadas,  portanto,  considere  os elementos de uma boa comunicação para delinear sua estratégia de sensibilização.  

 ESCLARECER AO SETOR PÚBLICO E PRIVADO, E À PRÓPRIA COMUNIDADE, ACERCA DA IMPORTÂNCIA EM ATUAR NAS AÇÕES DE DEFESA CIVIL É UM DOS OBJETIVOS DA SENSIBILIZAÇÃO.  

Entre outros aspectos, a escolha da estratégia deve considerar:  

Objetivos:  pense  nos  resultados  que  você  deseja  obter  com  a  sensibilização.  A sensibilização  deve  predispor  os  atores  a  ações  específicas.  Você  pode  querer,  por exemplo,  que  eles  desenvolvam  um  plano  de  redução  de  riscos  para  a  comunidade. Neste caso, introduzir a questão dos mapas de risco e propor uma oficina seria uma boa estratégia de sensibilização. 

  A  abordagem  temática:  O  conteúdo  da  sua  proposta  pode  sugerir  uma  ou  outra estratégia.  Se  você  quiser  verificar  qual  a  possibilidade  de  disponibilizar  alguns equipamentos do município para a preparação de desastres, reuniões com os gestores públicos é uma das ferramentas.   

  Os atores sociais: Você sabe que não vai mobilizar a todos ao mesmo tempo, ainda mais utilizando a mesma estratégia. Então, para públicos diferentes, estratégias diferentes. Se  você  decidir  envolver  jovens,  por  exemplo,  dinâmicas  e  oficinas  possibilitarão  a permanências e a participação ativa deles nas atividades. 

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Disponibilidade de local, tempo de duração e o horário: Verifique se há local adequado para  operacionaliza  a  sua  estratégia  e  quais  as  suas  condições  gerais.  Determine  o tempo  das  atividades  e  adéqüe  os  horários  à disponibilidade  das  pessoas. Negocie  e Informe a todos.   

  Os recursos disponíveis: Dependo da estratégia você precisará de recursos específicos para gráfica, compra materiais, convite de palestrantes, etc. Pense em todas as etapas da  sensibilização,  faça  um  breve  orçamento  e  adéqüe  sua  proposta  aos  recursos disponíveis.  Muitas vezes os atores ou as instituições que representam podem oferecer contrapartidas,  disponibilizando  o  local  ou  alguns materiais.  Considere  o  número  de participantes  em  casa  atividade  para  providenciar  que  todos  tenham  acesso  aos materiais. 

 Com  a  sensibilização  você  conhecerá  melhor  o  contexto  de  intervenção,  obtendo  mais informações  sobre  como  as pessoas neste  contexto percebem os  riscos de desastre e  como podem atuar para minimizá‐los. O processo de sensibilização resultará em demandas de ação e sugestões para construir a etapa  seguinte: capacitação. Então, você partirá das necessidades indicadas  pelos  atores  sociais,  incorporando‐os  na  construção  de  um  projeto  coletivo  e favorecendo  a  mobilização  dos  mesmos.  A  mobilização  social  é  eficaz  quando  as  ações pretendidas vão ao encontro das necessidades e demandas dos atores envolvidos. Quando ela faz sentido para cada um, tornando‐se o objetivo de todos.    

               

 Você pode sensibilizar com:  Contatos e conversas:  A sensibilização pode ocorrer por meio de visitas e conversas informais ou contatos pessoais ‐ quando uma pessoa solicita atendimento individualizado ou quando uma situação requer esse tipo de contato. Esta estratégia favorece contatos mais próximos com os atores e a diluição de dúvidas ou esclarecimentos quanto à proposta que se quer desenvolver.   Favorece a participação, pois garante uma comunicação direta e que as informações cheguem ao público‐alvo.     

NOVOS OLHARES:  Para fazer estimular a ampliação do olhar dobre o risco, você pode propor saídas de campo para  caminhar  pela  comunidade.  Convide  a  todos  para  exercitarem  os  seus  olhares, buscando  registrar  por  meio  de  imagens  (fotografias,  desenhos,  imagens  mentais)  a realidade  da  comunidade.  Estas  imagens  representarão  as  percepções  dos  atores  sobre aquele contexto em que estão inseridos. Faça perguntas sobre o que observam e sentem, o que há de novo que não haviam visto antes e quais os riscos visíveis.   Em  uma  oficina,  você  pode  fazer  esta  atividade  ao  início  e  ao  final  dos  encontros, comparando  as  percepções  dos  atores  antes  e  depois  das  atividades  e  identificando possíveis mudanças no olhar.        

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Reuniões, eventos, oficinas  Estas atividades geralmente ocorrem em grupo e, por  isso, devem motivar os atores para que participem  ativamente.  Nestes  casos,  faça  a  comunicação  e  os  convites  adequados  para  a atividade. Para as reuniões produza uma pauta e ata da reunião quando necessário. Garanta a apresentação dos participantes e possibilite que destes encontros se estabeleçam metas para o grupo. 

 

AVALIAÇÃO DA AULA 02   1) Cite os aspectos que você precisa observar na etapa da contextualização da mobilização social.      2) Para desenvolver uma ação de mapeamento de áreas de risco, diga quais os atores sociais que você precisa mobilizar?      3)  A  comunicação  é  um  processo  fundamental  para  realizar  a  mobilização  social.  Para desenvolver a  campanha da Semana  Internacional de Redução de  riscos nas  comunidades, que ocorre anualmente na segunda semana de outubro, que estratégias de comunicação e informação você utilizará? 

     

4)  Elabore  brevemente  uma  proposta  de  sensibilização  para  discutir  percepções  de  risco junto ao poder executivo do seu município.  

     

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59Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

5) O contexto de intervenção na comunidade é rico, amplo e complexo, e traz características dinâmicas.  A  partir  dessa  reflexão,  construa  um  texto  que  reforce  algumas  das  variáveis abaixo nas etapas de mobilização:  

Valores  Diferenças culturais 

Realidade local 

Crenças Demandas da comunidade 

Percepção de riscos

Diálogo  Laços familiares 

Hábitos Recursos disponíveis 

Comportamentos comuns 

Veículos de comunicação 

Práticas sociais 

Lideranças locais 

Sujeitos sociais 

Modos de produção 

Cultura Significados

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AULA 03 ‐ CAPACITAÇÃO PARA AÇÃO EM DEFESA CIVIL 

  

OBJETIVOS  

Conhecer  a  metodologia  de  implantação  de  Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDEC);  Identificar os aspetos legais e os resultados dos NUDEC’S;  Reconhecer o papel do NUDEC nas relações com os diversos órgãos que integram o SINDEC;  Conhecer  as  possibilidades  do  envolvimento  das comunidades  nas  ações  de  defesa  civil  por  meio  do voluntariado;  Identificar os passos para desenvolvimento de projetos com o envolvimento da comunidade. 

  Esta etapa visa oferecer capacitação aos atores sociais envolvidos, de modo que sejam capazes de  atuar  na  prática,  respaldados  por  planos  e  ferramentas  adequadas  para  o  efetivo enfrentamento da questão. É necessário que você conheça a estrutura e objetivos dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil e informações sobre o voluntariado no Brasil.  1. NÚCLEOS COMUNITÁRIOS DE DEFESA CIVIL   A finalidade dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil (NUDEC) é desenvolver um processo de orientação  permanente  junto  à  população,  tendo  como  principal  objetivo  a  prevenção  e minimização dos riscos e desastres nas áreas de maior vulnerabilidade dos municípios.  

 É UMA ENTIDADE INTEGRANTE DO SISTEMA NACIONAL DE DEFESA CIVIL (SINDEC)  

EM NÍVEL MUNICIPAL.  

Os NUDEC’S,  ou  entidades  correspondentes,  funcionam  com  centros  de  reuniões  e  debates entre a COMDEC e as comunidades  locais e planejam, promovem e coordenam atividades de defesa civil, com destaque para:  I. A avaliação de riscos de desastres e a preparação de mapas temáticos relacionados com 

as ameaças, as vulnerabilidades dos cenários e com as áreas de risco intensificados;  II. A promoção de medidas preventivas estruturais e não estruturais,  com o objetivo de 

reduzir os riscos de desastres; III. A  elaboração  de  planos  de  contingência  e  de  operações,  objetivando  a  resposta  aos 

desastres e de exercícios simulados, para aperfeiçoá‐los; IV. O treinamento de voluntários e de equipes técnicas para atuarem em circunstâncias de 

desastres; 

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61Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

V. A articulação com órgãos de monitorização, alerta e alarme, com objetivo de otimizar a previsão de desastres; e 

VI. A organização de planos de chamadas, com o objetivo de otimizar o estado de alerta na iminência de desastres. 

  Os NUDEC’S possibilitam:  

estabelecer um elo formal entre as COMDECs e a população;  favorecer a co‐gestão no planejamento e execução das ações;  disseminar o princípio da prevenção no tocante às áreas de risco; 

 AOS  ÓRGÃOS  ESTADUAIS  E  DO  DISTRITO  FEDERAL  COMPETE:  PROMOVER  E APOIAR A  IMPLEMENTAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DAS COMDECS, OU ÓRGÃOS CORRESPONDENTES, E DOS NUDEC’S OU ENTIDADES CORRESPONDENTES. 

 Objetivo Geral do Nudec  Envolver as comunidades no processo de reflexão sobre a realidade dos riscos, incentivando a construção de uma consciência coletiva acerca da preservação do meio ambiente local, sobre a ótica da minimização dos desastres.  Os Objetivos Específicos do Nudec  

Promover uma conscientização e conseqüente mudança cultural, no que diz respeito à relação  governo/comunidade,  mediante  reflexões  e  ações  efetivas  de  parceria  no tocante ao aspecto da segurança e qualidade de vida; 

Estimular  a  participação  dos  indivíduos  nas  ações  de  segurança  social  e  preservação ambiental; 

Buscar  junto  à  comunidade,  soluções  dentro  do  próprio  bairro,  por  entender  que  a participação  do  próprio  grupo  de  convivência  diminui  a  comoção  em  situações  de emergência; 

Priorizar a prevenção, por ser o meio mais eficaz para se evitar os desastres;  Preparar as comunidades locais para colaborar nos momentos de acidentes e desastre.  Desenvolver um canal de comunicação permanente entre a COMDEC e a comunidade;  Promover campanhas educativas;  Buscar o envolvimento de parceiros governamentais e não governamentais;  Participar na construção do diagnóstico de risco da comunidade, do planejamento e da execução das atividades.  

 Quem Pode Participar do Nudec 

 Todos os membros que formam a comunidade podem envolver‐se na construção do Núcleo Comunitário de Defesa Civil.   

   

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Onde Realizar a Formação de NUDEC’S   

   Mobilização do NUDEC  

   

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63Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

Atividades do NUDEC  

Mapeamento de áreas de risco;  Oficinas de Percepção de risco;  Planejamento comunitário para gestão local do risco;  Ações  de  promoção  de  qualidade  de  vida  (enfrentamento  das  condições  de vulnerabilidade social) 

Desenvolvimento de campanhas;  Mobilização  e  articulação  local  e  institucional,  entre  os  diversos  setores  da  instância pública e privada;   

Vigilância sanitária, ecológica, epidemiológica,  atmosférica, hidrológica;  Alerta  em  casos  de  incêndio,  acidentes,  poluição,  contaminação,  ameaças  e  riscos conhecidos ou previstos;  

Fiscalização da execução de posturas e normas defensivas estabelecidas;   Primeiros socorros e apoio nas operações de salvamento;   Auxílio na administração de abrigos temporários;  Guarda e distribuição de alimentos.  

 2. VOLUNTARIADO: POSSIBILIDADES DE AÇÃO DAS COMUNIDADES   O  trabalho  voluntário  preconiza  a  responsabilidade  e  a  mobilização  de  tempo  e  de conhecimentos pessoais para benefício de outros, atuando na mudança de qualidade de vida da população.   Somente nos últimos anos no Brasil é que esse perfil de voluntariado vem se sedimentando, através da chamada sociedade civil organizada. É o chamado voluntariado profissional. Neste sentido, qualquer pessoa pode ser voluntário, basta que queira participar.  Como Elaborar Roteiros para Ações de Voluntariado em Defesa Civil  Existem muitas ações que podem ser desenvolvidas por projetos de voluntariado. O  trabalho com projetos, além dos benefícios que traz a comunidade, promove a cultura do voluntariado, envolvendo diversos atores em discussões político‐sociais e, especialmente, em Defesa Civil.  O que é um projeto?  Para desenvolver um projeto, seja ele qual for, é importante que as pessoas queiram participar.   Para tanto, você precisa partir de algumas questões norteadoras: 

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                 Perfil do Voluntario  A pesquisa realizada pelo Data Folha em 2001* revelou que 41% dos brasileiros se dizem muito dispostos a trabalhar como voluntário. No entanto, essa vontade ainda não se reflete em ação efetiva,  pois  apenas  10%  da  população  brasileira  está,  atualmente,  envolvida  com  alguma instituição ou trabalho voluntário. Por meio da pesquisa, observou‐se que 44% dos voluntários tem entre 40 anos ou mais e 36% pertencem classe média.   O fundamental, contudo, é  integrar as pessoas que tem vontade de participar de acordo com suas características pessoais, vivências, aptidões, objetivos de ação no coletivo. Para  tanto, é preciso  construir  diálogos  e  se  disponibilizar  a  construir  os  projetos  coletivamente, considerando a participação ativa de todos os envolvidos.    *Pesquisa  Data  Folha:  Levantamento  por  amostragem  estratificada  por  sexo  e  idade  com  sorteio  aleatório  dos  entrevistados.  Foram entrevistadas 2830 pessoas em 127 municípios de todas as unidades da Federação. A pesquisa foi realizada no dia 18 de setembro de 2001 e apresenta margem de erro de 2 pontos percentuais para mais ou para menos dentro de um intervalo de confiança de 95%. 

  

• Justificativa: por que fazer? O que move o grupo a tomar esta iniciativa? 

• Objetivo: O que fazer? Quais são os objetivos e metas a serem alcançados? 

• Grupo de trabalho: quem está disposto a fazer parte? 

• Público alvo: a quem se destina este projeto de voluntariado? 

• Plano de ação: como fazer? Quais são as ações e fases necessárias? 

• Cronograma: quando? Qual o tempo necessário e que será previamente 

reservado para cada fase? 

• Recursos: Quanto é necessário para a realização do projeto ‐ em recursos 

materiais, humanos e financeiros? Quais serão os parceiros envolvidos? 

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65Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

AVALIAÇÃO DA AULA 03   1) Quais são os principais objetivos dos Núcleos Comunitários de Defesa Civil? 

        2) Descreva ações que os NUDEC’S podem desenvolver nas quatro fases de gestão de riscos e de desastre (prevenção, preparação, resposta e reconstrução).          3) Elabore um desenho de projeto de voluntariado que aborde um tema necessário no seu município,  descrevendo  brevemente  justificativa,  objetivos,  público‐alvo,  metodologia  e recursos necessários.              4) NUDECS e voluntariado são apenas algumas opções de organização de atores em defesa civil. Quais outras opções você acredita serem possíveis? 

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66Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

AULA 04 ‐ CONSTRUÇÃO DE REDES SOCIAIS ORGANIZADAS 

 OBJETIVOS 

 Conhecer  os  critérios  para  construção  de  redes  em  defesa civil;  Compreender  a  organização  de  redes  por  meio  de distribuição de poder;  Identificar  os  principais  atores  na  formação  de  redes  de defesa civil;  Identificar as estratégias de manutenção das redes; Compreender a importância das redes para a construção de cidades seguras e sustentáveis   

1 ‐ CONSTRUÇÃO DE REDES PARA AÇÃO CONJUNTA EM DEFESA CIVIL  O que são redes sociais organizadas?  As redes sociais organizadas são modelos de organização cooperativa que podem resultar do processo de mobilização  social dos diferentes atores. São  sistemas organizacionais abertos e dinâmicos onde as pessoas e  instituições atuam em prol de objetivos comuns, em diferentes áreas temáticas, por meio de mecanismos de comunicação.  Suas relações podem ser formais e informais, e, geralmente tem uma estrutura horizontal que atua de  forma coordenada, a partir da distribuição do poder e das  funções. Então, os atores diversificados podem desenvolver ações em nível locais e globais, dialogando e compartilhando informações e conhecimentos.  Isso não quer dizer que não existam conflitos e negociações freqüentes nas redes. Contudo, o propósito comum torna‐se o caminho para a organização das ações entre os diferentes atores e objetivos particulares. Por  isso,  redes  são processos em movimento, nos quais as pessoas  se articulam e desarticulam conforme as necessidades e prioridades. Nos vários nós da rede há os elos  mais  fortes  que  outros,  tornando‐se  fundamental  o  contínuo  exercício  do empoderamento, especialmente, dos atores que representam a parte excluída da sociedade.  Redes sociais com a Defesa Civil  O objetivo aqui proposto é que a mobilização social seja potencialmente capaz de favorecer a criação de redes sociais para atuação conjunta com a Defesa Civil, com a finalidade de reduzir os riscos de desastre e atuar no enfrentamento dos desastres. Assim, as redes possibilitariam o estabelecimento de uma cultura de redução de risco e processos de resiliência.  

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67Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

As redes sociais possibilitam unir os diferentes setores, promovendo alianças que repercutem em  ações  contínuas  em  defesa  civil  e  proteção  social,  fomentadas  pelos  processos  de mobilização da sociedade.   Promovem  ações  permanentes  com  a  mobilização  de  recursos,  desenvolvendo  soluções inovadoras  diante  da  complexidade  da  gestão  de  riscos  e  de  desastre. Além  disso,  as  redes possibilitam dividir tarefas entre os atores, compartilhando as responsabilidades com a defesa civil.  Afinal,  a  defesa  civil  sozinha  não  conseguiria  atuar  e  resolver  todas  as  dimensões implicadas na gestão de riscos. É preciso que os demais setores sociais atuem na consolidação de uma sociedade e de práticas sociais de proteção e segurança de forma articulada.   Por exemplo, imagine o cenário de um desastre onde aparecem bombeiros, agentes de saúde, enfermeiras,  assistentes  sociais,  agências  internacionais  de  Ajuda Humanitária,  engenheiros, ONGs,  policiais.  Depois  os  conselhos  profissionais  querendo  mobilizar  as  suas  classes profissionais,  a  associação  comunitária  fazendo  reivindicações  para  habitações  e  retirada  de pessoas em áreas de risco, entre outros. Se estas pessoas e instituições tivessem formado redes e definido previamente tarefas para o enfrentamento da situação de desastre, a resposta seria muito mais  eficaz  e  integrada  não  é?  Agora  imagine  que  elas  já  estivessem  desenvolvendo ações de prevenção e monitoramento, e preparado juntos o mapeamento de riscos, percepção de riscos, planos de contingências, o impacto do fenômeno seria bem menor não seria? Por isso a importância das redes porque favorecem a atuação articulada, ao invés de ações isoladas.  Para isso a comunicação é essencial, pois a comunicação e troca de informações possibilitará a construção e estruturação das redes.   

As  redes serão  fundamentais para garantir a efetividade das ações de defesa civil em  todos  os  seus  aspectos. As  redes podem  estar disponíveis para  as  ações de prevenção,  preparação,  resposta,  reconstrução,  tais  como:  na  integração  dos diferentes  setores  para  discussão  do  planejamento  urbano;  saúde  coletiva; educação; meio ambiente; trânsito; entre outros. 

 2 ‐ COMO CONSTRUIR REDES PARA ATUAR EM DEFESA CIVIL  O processo de construção das  redes ocorrerá nos moldes e etapas da mobilização  social. Na realidade,  espera‐se  que  a  mobilização,  com  a  identificação  de  atores,  sensibilização  e capacitação, promova a configuração de redes sociais com estes integrantes.  Por  isso,  neste  momento  vamos  nos  centrar  nos  processos  de  gestão  das  redes,  com  a organização  dos  atores  visando  à  construção  de  um  projeto  conjunto  com  a  defesa  civil.  A gestão compreende as seguintes etapas, que devem ocorrer de forma cíclica:  

CONCEPÇÃO: documento que explicita a finalidade da rede e os atores envolvidos. É um primeiro  passo  de  organização  das  idéias  e  interesses  das  pessoas  e  entidades  que representam.  Ações: formar as equipes iniciais; identificar interesses; identificar fontes e distribuição de recursos; elaborar documento.   

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PROPOSTA:  qualifica‐se  pelo  amadurecimento  das  idéias  colocadas  na  etapa  da concepção, na qual  se  identifica  claramente quais os propósitos da  rede e  resultados que deseja produzir. A proposta deve demonstrar o que a rede pretende  fazer, como, com quem e para quem. Nesta etapa devem‐se descrever os elementos estratégicos e operacionais, por exemplo, organização de recursos, comunicação externa e interna. Ações: formular missão e objetivos; elaborar esboço do modelo de organização da rede; elaborar modelo de comunicação; elaborar plano de ações.    

ESTABELECIMENTO:  nesta  etapa  acordam‐se  sobre  os  regulamentos,  prazos, viabilidades da rede. Lembre‐se que a comunicação entre os geralmente é virtual, então é  preciso  definir  estes  meios  e  implementá‐los.  É  importante  que  nesta  etapa  os compromissos e contribuições já estejam definidos e que algumas ações iniciais possam começar. Ações:  promover  encontro  da  rede  se  necessário  para  acordar  a  estrutura organizacional;  acordar  regras  e  regulamentos;  verificar  possibilidades  de  tarefas  e contribuições dos atores; elaborar o plano de estrutura organizacional acordado.     

PLANEJAMENTO:  caracteriza‐se  pelo  desenvolvimento  de  planos  de  ação  e  projetos, com a proposta de distribuição ampla de  tarefas e  funções. É  importante  considerar, inicialmente, planos em curto prazo com resultados específicos. Lembre‐se de respeitar as diferenças, dinâmicas e perfis de  cada um.  Existem  várias  formas de participar da rede, de modo mais presente ou eventual.  Também é provável que nem todos possam participar desta etapa, então, você  como  facilitador da  rede pode elaborar o plano e solicitar a participação dos atores.   Ações:  definir  instrumentos  e  processos;  planejar  rotinas;  planejar  projetos  de  ação; planejar a comunicação.  

IMPLEMENTAÇÃO:  trata‐se da  concentração dos esforços para executar as  tarefas do plano  de  operações.  Aqui  você  tem  que  atentar  para  a  condução  do  processo, observando possíveis  conflitos ou desinteresses que possam  surgir.  Lembre‐se que as redes funcionam de forma descentralizada e que você pode atuar como facilitador, sem controlar os processos e pessoas.   Ações:  implementar  as  ferramentas  de  comunicação  entre  os  atores;  desenvolver  o plano operacional; promover a expansão da rede.   

AVALIAÇÃO:  a  avaliação  pode  ser  interna  ou  externa.  De  tempos  em  tempos  é necessário saber como os atores estão percebendo a atuação da rede e seus resultados, assim  como  avaliar  de  que  maneira  as  ações  da  rede  está  produzindo  efeitos  no contexto  de  atuação.  Este momento  é  primordial  para  avaliar  o  passado,  re‐inventar processos e construir cenários futuros. Ações: realizar avaliação  interna e externa; revisitar os planos, objetivos e concepções da rede se necessário. 

      

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69Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

          Desafios e possibilidades  

Para o gerenciamento dessas redes é necessário que seus  integrantes tenham definidos seus papéis,  objetivos, metas  e  ações  que  precisam  desenvolver  dentro  das  suas  habilidades  e recursos. Se estas questões não estiverem claras cria‐se o desinteresse e o desestimula‐se os atores.  

Ao  agente  de  defesa  civil  cabe  a  responsabilidade  de  participar  ativamente  e  fomentar  a manutenção destas redes de forma contínua. Certamente as relações na rede e entre as redes se modificarão nas diversas circunstâncias ou objetivos de trabalho da defesa civil no município, sendo  importante  garantir  a  flexibilidade  das  mesmas  e  a  sua  flexibilidade  durante  os processos.  

Da mesma forma, a demanda de recursos ou ações que serão solicitadas pelo agente de defesa civil  dentro  da  rede  também  se  modificará  de  acordo  com  as  circunstâncias.  Procure estabelecer uma relação de confiança entre os atores e faça planos operacionais prevendo os diferentes  cenários  de  atuação  e  mobilização  da  rede,  incluindo  ações  de  prevenção, preparação, reposta e reconstrução.       Procure  estar  atento  à  condução  dos  processos,  comunicação  entre  os  atores  e  resultados pretendidos. Se as metas não forem alcançadas a rede pode se dissolver rapidamente.  Não se esqueça que as redes podem ser formais e informais. Isto quer dizer que nem sempre o processo de gestão aqui sugerido integrará as diferentes possibilidades de participação na rede. Há pessoas e organizações que irão participar eventualmente de ações planejadas pela rede.    3 ‐ CONSTRUÇÃO DE CIDADES SEGURAS E SUSTENTÁVEIS  Até  aqui  aprendemos  que  é  a  partir  da  ação  local  que  podemos  enfrentar  os  desastre  e, principalmente,  reduzir os  riscos,  aumentar  as  capacidades e os processos de  resiliência das comunidades. O  protagonismo  social,  por meio  da mobilização  e  formação  de  redes  sociais organizadas, manifesta‐se  como  um  importante mecanismo  de  controle  social  da  gestão  da política  pública  de  defesa  civil  e  dos  direitos  de  segurança  e  proteção  já  previstos  na Constituição  Brasileira.  Criam‐se  co‐responsabilidades  com  relação  à  proteção  social  e qualidade de vida.          

 O  resultado destes processos  são  cidades mais  seguras, pois  segundo  a OPAS um município saudável é aquele em que as autoridades políticas e civis, as organizações públicas e privadas, 

COMUNICAÇÃO DAS/NAS REDES A  comunicação  é  o  fundamento  das  redes,  podendo  ser  presencial  ou  virtual.    A estratégia de comunicação da rede vai depender de seus integrantes, pois nem todos tem acesso aos diversos meios de comunicação existentes. Por  isso, procure utilizar diferentes  ferramentas,  adequando‐se  a  realidade  de  cada  um.    De  qualquer maneira,  os  “blogs”,  fóruns  de  discussão  virtuais,  teleconferências  podem  ser importantes instrumentos de comunicação e formação de grupos de trabalho.  

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os empresários, trabalhadores, classes profissionais e a sociedade dedicam constantes esforços para melhorar as condições de vida, trabalho e cultura da população; estabelecem uma relação harmoniosa com o meio ambiente físico e natural e expandem os recursos comunitários para melhorar a convivência, desenvolver a solidariedade, a co‐gestão e a democracia (OPAS,1996).  Para  construirmos  cidades  mais  seguras  precisamos  estabelecer  compromissos  e  atuar coletivamente. Os trabalhos integrados e em rede são a melhor estratégia para avançarmos na proteção  civil,  exercermos  o  controle  social  e  consolidarmos  uma  política  pública  de  defesa civil.  

       AVALIAÇÃO DA AULA 04    1) Na  constituição das  redes, podemos  compreendê‐las a partir das  redes de  formação de parcerias,  sendo  estas,  espaços  de  articulação  de  ações  para  o  aprofundamento  da autonomia  tão necessária à vida na coletividade.   Refletindo as práticas em Defesa Civil os Conselhos e Conferências têm  lugar de destaque, a exemplo, a realização da 1ª Conferência Nacional  de  Defesa  Civil,  realizada  em  Brasília‐DF,  em  março  de  2010,  com  grande participação  das  comunidades,  tanto  na  construção  de  propostas  quanto  na  votação  das diretrizes a serem construídas para o fortalecimento do Sistema Nacional de Defesa Civil. Em grupo, discuta a importância da construção de redes, e construa uma matriz com as seguintes orientações: 

 

a) Cite alguns parceiros institucionais para a construção de redes _________________________________________ 

_________________________________________ 

_________________________________________ 

 

b) Cite alguns parceiros da sociedade civil para a construção de redes _________________________________________ 

_________________________________________ 

_________________________________________ 

 

c) Cite ações de fortalecimento da autonomia da comunidade possíveis  de serem construídas a partir das redes sociais 

_________________________________________ 

_________________________________________ 

_________________________________________ 

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d) Aponte ferramentas de divulgação das redes na comunidade local 

_________________________________________ 

_________________________________________ 

_________________________________________ 

 

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ANEXO 1‐ UNIDADE DIDÁTICA II                                        

      

 

Lei do Voluntariado, nº 9.608, de 18/02/98  Dispõe sobre o serviço voluntário e dá outras providências.  O PRESIDENTE DA REPÚBLICA  Faça saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:  Art.1. Considera‐se serviço voluntário, para fins desta lei, a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive, mutualidade. Parágrafo único. O serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem obrigação de natureza trabalhista previdenciária ou afim.  Art.2. O serviço voluntário será exercido mediante a celebração de termo de adesão entre a entidade, pública ou privada, e o prestador de serviço voluntário, dele devendo constar o objeto e as condições de seu exercício.  Art.3. O prestador do serviço voluntário poderá ser ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das atividades voluntárias.  Parágrafo único. As despesas a serem ressarcidas deverão estar expressamente autorizadas pela entidade a que for prestado o serviço voluntário.  Art. 4. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.  Art. 5. Revogam‐se as disposições em contrário.  Brasília,18 de fevereiro de 1998; 177º da Independência e 110º da República.  Fernando Henrique Cardoso Paulo Paiva 

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ANEXO 2 ‐ UNIDADE DIDÁTICA II  

  TERMO DE ADESÃO AO SERVIÇO VOLUNTÁRIO 

 Nome:___________________________________________________________   Identidade: _______________________________   CPF: _________________________   Endereço:________________________________________________________   Bairro: __________________________CEP: __________________   Telefone: _________________________   Tipo de serviço que o voluntário vai prestar: ___________________________________________________________   Instituição onde o voluntário vai prestar o serviço:  Nome: ______________________________________________________   End.: _______________________________________________________   CGC: ______________________________________________________   Declaro que estou ciente e aceito os termos da Lei do Serviço Voluntário, n° 9.608, de 18 de fevereiro de 1998.   Cidade/UF,  _________ de ________________________ de ______    ____________________________________________________________  Assinatura do voluntário  ____________________________________________________________  Nome do responsável Assinatura do responsável   ____________________________________________________________  Responsável pela instituição Cargo   Testemunhas: _______________________________________________________   (fonte ‐ www.iyv.org/infobase/legal/BRA_law.htm) 

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REFERÊNCIAS  EIRD/ONU (Estrategia Internacional para la Reducción de Desastres, Naciones Unidas). VIVIR CON EL RIESGO ‐ INFORME MUNDIAL SOBRE INICIATIVAS PARA LA REDUCCIÓN DE DESASTRES. Secretaría Interinstitucional de la Estrategia Internacional para la Reducción de Desastres, Naciones Unidas (EIRD/ONU). 2004.   DYNES, Russell R. Disaster Reduction: The Importance of Adequate Assumption About Social Organization. University of Delaware Disaster Research Center, 1991.  TORO A., José Bernardo e WERNECK, Nísia Maria Duarte. Mobilização Social, um Modo de Construir a Democracia e a Participação. Brasília. ABEAS/UNICE, 1997.  SÁIZ, Juan Manuel Ramírez. Dimensión Social y Política de la Prevención y la Atención a Desastres. Variaciones sobre el caso mexicano. Átopos, 39‐52, 1998.  ACSELRAD, Henri. Vulnerabilidade Ambiental, Processos e Relações. Comunicação ao II Encontro Nacional de Produtores e Usuários de Informações Sociais, Econômicas e  Territoriais, FIBGE, Rio de Janeiro, 24/8/2006. Disponível em: http://www.fase.org.br/projetos/ clientes/noar/noar/UserFiles/17/File/VulnerabilidadeAmbProcRelAcselrad.pdf  

LAVELL, Allan (ed.) (1994ª). Viviendo en Riesgo: Comunidades Vulnerables y Prevención de Desastres en América Latina. La Red, Tercer Mundo Editores. Bogotá.  

CARTA DE OTTAWA (1986). Promoção da Saúde nos Países Industrializados. 1ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde. Canadá, 1986. 

 KUHNEN, A. Meio Ambiente e Vulnerabilidade. A Percepção Ambiental de Risco e o Comportamento Humano. Geografia (Londrina) v. 18, n. 2, p‐37‐51, 2009. Disponível em:  http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/geografia/   INSTITUTO FAÇA PARTE ‐ Brasil Voluntário: Editora Fundação Educar Dpaschoal. Construindo um Projeto de Voluntariado. Gráfica Editora Modelo Ltda. 2003  ILSE Scherer‐Warren, Sociedade e Estado, Brasília, V. 21, N. 1, P. 109‐130, Jan/Abr. 2006.   GESTÃO DE REDE NA OPAS/OMS BRASIL: Conceitos, Práticas e Lições Aprendidas. Organização Pan‐Americana de Saúde, Brasília, 2008.    

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UNIDADE III ‐ GESTÃO INTEGRADA DE RISCOS 

 

 

 

AULA 01 ‐ COMUNICAÇÃO DE RISCOS 

  

OBJETIVOS 

Diferenciar comunicação de disseminação de informação;  Explorar as potencialidades e respeitar os  limites dos meios de comunicação no cenário do gerenciamento de riscos;  Identificar, escolher e utilizar o modelo de comunicação de riscos de acordo com o contexto e a necessidade;   Coordenar  o  fluxo  de  informação  a  fim  de  reduzir  a propagação de rumores e a insegurança das comunidades. 

  1. CONTEXTUALIZAÇÃO  Desde que foi cunhado pela primeira vez, na década de 1980, o conceito de sociedade de riscos nunca havia ocupado tanto espaço na agenda dos meios de comunicação, dos governantes e da sociedade como todo.  Quando  Ulrich  Beck,  filósofo  e  sociólogo  alemão,  sugeriu  a  divisão  dos  tempos  em  duas modernidades,  a  primeira,  a  da  revolução  industrial,  e  a  segunda,  resultado  dos  avanços científicos e tecnológicos, rapidamente os impactos da segunda, decorrentes do conforto que a ciência  e  a  tecnologia  proporcionam,  ocuparam  espaço  em  sua  obra  clássica  Sociedade  de Riscos.  Durante  muito  tempo,  porém,  o  debate  acerca  do  conceito  restringiu‐se  ao  ambiente acadêmico, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos.   Pode‐se  afirmar que  em países  como o Brasil  a  idéia de Beck  só  ganhou  visibilidade  após  a divulgação do quarto  relatório do  IPCC  (Painel  Intergovernamental de Mudança do Clima, na sigla em inglês). São mais de duas décadas separando o lançamento, na Alemanha, da obra de Beck, em 1986, e o  fatídico  fevereiro de 2007, quando o  IPCC divulgou o estado da arte das mudanças  climáticas  e  a  estreita  relação  entre  a  ação  do  homem  e  as mudanças  do  clima, sobretudo, resultado do processo de industrialização e de um modelo de cultura sustentado no conforto da ciência e da tecnologia.   

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Conhecer  e  entender  o  conceito  de  sociedade  de  riscos  e  o  seu  real  significado,  os  últimos desastres naturais ou ambientais5 forçaram todos os países, dos mais ricos aos mais pobres, a compreender que nesta sociedade as comunidades estão expostas aos mais variados tipos de riscos, com as suas probabilidades de ocorrência e suas respectivas magnitudes.   Dos riscos de um furacão, de um terremoto ou de um acidente industrial, todas as sociedades estão expostas em maior ou menor grau. No Brasil, por exemplo, por muito  tempo vingou o pensamento de que o país não corria o risco de desastres naturais. Esse pensamento, porém, sustentava‐se  na  percepção  equivocada  de  considerar  somente  alguns  fenômenos  como furacões,  terremotos,  tsunamis e erupções  vulcânicas  como exemplos de desastres naturais, dificultando com isso a percepção de outros fenômenos, inclusive aqueles freqüentes no Brasil.  Não há dúvidas de que o desastre que acometeu a população de Santa Catarina, em outubro de 2008, marcou a percepção de riscos de desastres de muitos brasileiros, ainda que instantânea e superficialmente.   Meses  após  a  tragédia  que  vitimou milhares  de  catarinenses,  entre março  e maio  de  2009, estados do Nordeste e Norte do país,  como Maranhão, Ceará, Piauí, Tocantins e Amazonas, foram  atingidos  pela  freqüência  e  intensidade pouco  comuns  a  uma população  que  sempre pareceu estar mais exposta aos riscos dos longos períodos de estiagem.    A freqüência e a intensidade dos desastres no Brasil, como o do Morro do Bumba, no município carioca de Niterói, despertaram a atenção de todos os setores, fazendo o tema ganhar espaço na  agenda  da  imprensa,  dos  governos,  do  empresariado,  da  comunidade  científica  e  dos políticos.   A visibilidade da temática está diretamente relacionada ao espaço que as tragédias ocuparam no noticiário brasileiro, reforçando a antiga tese de que os meios de comunicação pautam as conversas cotidianas (teoria do agenda‐setting). À medida que o tema ganhava espaço, minutos nos  telejornais, páginas e mais páginas de  revistas e  jornais, e  lotavam os diálogos nas  redes sociais  (blogs,  Twitter,    Facebook,  Orkut  etc,  a  população  parecia  entender  a  sua vulnerabilidade frente aos desastres.  O  impacto provocado pelo  fluxo das  informações  transmitidas pela mídia  foi  intenso, porém efêmero,  fazendo valer a máxima de que basta um escândalo no meio político, esportivo ou artístico  para  os  meios  de  comunicação  mudarem  a  sua  pauta  e,  assim,  indicarem  outro assunto para a agenda do brasileiro.  A  intensidade e a  fugacidade do  impacto provocado pelas mensagens são  inerentes a  toda e qualquer cobertura sobre desastres, principalmente aqueles que acometem um grande número de pessoas e revelam a iniqüidade social no país, onde os pobres são os mais vulneráveis.   Os  efeitos  imediatos  desse  tipo  de  cobertura  jornalística  não  podem  ser  desprezados, mas sabe‐se de seus limites e fragilidades para contribuir com a construção de uma sociedade capaz 

                                                       5 O Sistema Nacional de Defesa Civil adota a divisão dos desastres em três tipos, conforme a origem: desastres naturais, desastres mistos e desastres antropogênicos. Empregamos aqui a nomenclatura  ‘desastres ambientais’ para melhor compreensão do conceito de Sociedade de 

Riscos, concebido por Ulrich Beck no ápice do movimento ambientalista alemão.  

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de perceber,  conhecer, entender  e  enfrentar os  riscos  aos quais  está  exposta,  sem  esperar, portanto, pelo desastre.   Muito empregada por jornalistas e populares, especialmente após os últimos acontecimentos, a expressão  ‘tragédia anunciada’ é um forte  indício de que as pessoas sabem, ou deduzem, o que  vai  ou pode  acontecer, mas  não  sabem  exatamente quando  e  como  será.  Isso  significa dizer que os riscos são percebidos, mas não sabemos o que fazer com eles.  2. RISCOS E OS SEUS SIGNIFICADOS    Antes de abordarmos as questões pontuais desta lição torna‐se necessário retomar o conceito de riscos visto na Unidade Didática I.  Para alguns  lingüistas, a palavra  riscos  sofreu uma evolução  semântica, ou  seja, ao  longo da história  ganhou mais  significados.  Para  Bernstein  (1997),  risco  seria  uma  opção  e  não  um destino, algo que  faz parte da história antiga. O ser humano, portanto, sempre correu riscos, inclusive por opção.   Temos aqui uma explicação do porquê as pessoas praticam esportes radicais e outras investem no mercado financeiro, mesmo sabendo dos riscos aos quais estão expostas.  E  pode‐se  afirmar  que  é  exatamente  no mercado  financeiro  que  a  palavra  risco  tem mais referências.   No Sistema Nacional de Defesa Civil, riscos são definidos como a “probabilidade de ocorrência de  um  acidente  ou  evento  adverso,  relacionado  com  a  intensidade  dos  danos  ou  perdas, resultantes dos mesmos” (CASTRO, 2000).  Riscos, portanto, nesse contexto, estão relacionados a um cenário de incertezas, tanto no que diz respeito à magnitude do evento quanto à intensidade do seus impactos.   As questões relacionadas a riscos chamaram a atenção de especialistas de diversas áreas, o que fez crescer o interesse da comunidade científica pela temática. Em alguns países, como Estados Unidos, Alemanha e Suécia, há centros de estudos e pesquisas dentro de grandes universidades voltados à chamada ciência do risco.  A  ciência  do  risco  é  interdisciplinar,  uma  vez  tratar‐se  de  uma  questão multifacetada,  com implicações, cientificas, culturais, econômicas, sociais e políticas.   A  interdisciplinaridade  da  ciência  do  risco  sugere  uma  abordagem  e  um  gerenciamento igualmente interdisciplinar.   

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3. COMUNICAÇÃO DE RISCOS VERSUS DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÃO   Na década de 1980,  as  autoridades norte‐americanas perceberam uma demanda do público por informações sobre riscos relacionados ao meio ambiente e à saúde pública.   O  surgimento  dessa  demanda  tem  estreita  relação  com  os  acontecimentos  ambientais  da daquela década, amplamente noticiados pela  imprensa mundial. Foi em 1984 que ocorreu o acidente em Bhopal, na  Índia, provocado pelo vazamento em uma  fábrica de pesticida, e em 1986 o acidente na usina nuclear de Chernobyl, na então União Soviética. Além dos acidentes ambientais,  na  década  de  1980  ficou  evidente  a  relação  entre  desenvolvimento  econômico, sobretudo  de  base  industrial,  e  os  impactos  ambientais  ‐  constatação  já  debatida  em  1972 durante  a  Conferência  das  Nações  Unidas  para  o  Meio  Ambiente  Humano,  realizada  em Estocolmo, Suécia.   Paralelamente  à  ocorrência  desses  acidentes  e  da  intensa  cobertura  da mídia,  organismos internacionais  somavam  esforços  para  tentar  estabelecer  diretrizes  e  parâmetros mundiais capazes de permitir harmonia entre crescimento econômico e meio ambiente.  Assim, em 1983 a Assembléia Geral da ONU, criou a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, cujos trabalhos culminaram com a produção do Relatório Nosso Futuro Comum, conhecido também como Relatório Brundtland, em alusão à então primeira‐ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, presidente da Comissão.   Foi no Relatório Brundtland, divulgado em 1987, que o conceito desenvolvimento sustentável apareceu pela primeira vez.   Esse é o  contexto que explica  a demanda do público por  informações  relacionadas  ao meio ambiente e, conseqüentemente, à saúde pública.  Atentas  a essa demanda e,  sobretudo  ciente da necessidade de  ir  além da disseminação de informações,  papel  quase  que  exclusivamente  legado  aos  meios  de  comunicação,  as autoridades norte‐americanas resolveram criar mecanismos para orientar o público diante de situações de riscos ambientais e de saúde, surgindo aí o conceito de comunicação de riscos.  Há algumas divergências entre os autores acerca do significado de comunicação de riscos, para uns ela deve ser persuasiva, com apelos ao medo, como ocorre com as advertências sobre os riscos do tabagismo. Para outros, ela deve orientar as decisões do público, fomentando‐o com informações necessárias para a sua tomada de decisão.   Entre  várias definições,  a  adotada pelo Conselho Nacional de  Saúde dos Estados Unidos é  a mais empregada: 

 Comunicação de risco é um processo interativo de troca de informação e de opiniões entre indivíduos, grupos e instituições. Ele envolve múltiplas mensagens  sobre  a  natureza  do  risco  e  outras  mensagens  não estritamente  sobre  riscos  que  expressam  preocupações,  opiniões  ou reações  às mensagens de  riscos  ou  a  planos  legais  e  institucionais  de gerenciamento de riscos (1989) 

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Fica  evidente  no  conceito  acima  que  comunicação  é  um  processo  social muito maior  que  a mera transmissão de informação, como veremos a seguir.  Como a comunicação de riscos foi concebida para atender a demanda da população acerca de informações  sobre  riscos,  é  fundamental  que  ela  contribua  com  a  redução  do  medo,  da ansiedade das comunidades atingidas pelo risco, inibindo assim a formação e a propagação de rumores que interferem e atrasam o processo de gerenciamento dos riscos.   A comunicação de riscos efetiva não deve sustentar‐se na manipulação das  informações, mas sim na transparência, uma vez que é ela a responsável por viabilizar o diálogo entre os diversos atores  sociais  envolvidos,  direta  ou  indiretamente,    com  o  risco.  Trata‐se  de  um  processo interativo que disponibiliza as informações sobre os riscos, considera os fatores relacionados à percepção do  risco das pessoas ou comunidades, especialmente aquelas mais expostas a um determinado risco, e que, sobretudo, permite a participação de todos no processo de tomada de decisão, tornando‐o mais democrático e efetivo.  Por  esta  razão,  comunicação  de  riscos  não  pode  ser  reduzida  à  disseminação  de  notícias, boletins,  anúncios,  comunicados  e  declarações,  isso  porque  ela  prevê  um  processo  de mão dupla, no qual todos devem ter uma participação efetiva.  Alguns estudiosos da área, como Peter Sandman, Susan Santos, Magdalena Gadomska e Carlos Celso do Amaral e Silva, afirmam, categoricamente, que quando as autoridades competentes confundem  comunicação  de  riscos  com  disseminação  de  informações  sobre  riscos  é  porque elas estão tentando passar a idéia de que cumpriram a sua função, o chamado dever cumprido.   Comunicação de riscos sem a participação de todos é apenas uma forma de anunciar decisões que já foram tomadas, verticalmente, e o seu anúncio é, portanto, uma forma de legitimar tais decisões.   Para Gadomska  (1994), a comunicação de riscos excedeu à sua definição original em que era interpretada por muitos como uma transmissão de informações de especialistas para o público leigo. Atualmente é considerada em seus vários significados e amplas funções sociais.   

“A  comunicação  de  riscos  não  é,  portanto,  uma  informação unidirecional  que  resulta  daqueles  que  sabem  para  aqueles  que precisam  aprender,  mas  uma  troca  de  conhecimento,  percepções, opiniões e preferências entre os numerosos atores  sociais,  incluindo o público  exposto  ao  risco  e  aqueles que o  impuseram, os  reguladores, especialistas e inspetores de segurança”(Gadomska, 1994: 147)  

 3.1 ‐ Objetivo e ferramentas da Comunicação de Riscos  Conceber  e  desenvolver  programas  de  comunicação  que  contemplem  a  participação  da comunidade  no  processo  do  gerenciamento  dos  riscos,  a  partir  de  um  plano  interativo  de comunicação  e  de  troca  de  informações,  reduzindo  com  isso  os  riscos  de  manipulação  e distorção das informações por pessoas ou instituições com interesses escusos. Esse é o objetivo central da comunicação de riscos.  

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Para a  implantação de um programa ou uma ação de comunicação voltada ao gerenciamento de riscos, faz‐se necessário contemplar, na maioria dos casos, as seguintes etapas:  

estudo da relação entre risco real e risco percebido;  estudo da formação e propagação de rumor; 

 Trata‐se  de  um  diagnóstico  que  visa  a  identificar  os  principais  fenômenos  que  tendem  a interferir no processo de comunicação com a comunidade, direta ou  indiretamente envolvida, com  as  organizações  não‐governamentais  de  meio  ambiente,  com  a  imprensa,  com  as autoridades competentes entre outras partes potencialmente interessadas na matéria.        Após a  fase do diagnóstico, é possível conceber um programa de comunicação que contribua para a gestão dos riscos, viabilizando a construção de um processo horizontal.  Algumas ferramentas da comunicação de riscos:  

produção de material  informativo: vídeo, cartilha, folder, cartazes,  jornal, revista,  livro, rádio digital; 

ações  de  aproximação  com  os  meios  de  comunicação  locais,  incluindo  os  meios comunitários (rádios comunitárias e jornais de bairro, por exemplo).  

 4. O PAPEL DOS MEIOS DE COMUNIÇÃO  Como  elemento  quase  que  indissociável  e  relevante  do  processo  de  comunicação, excepcionalmente  na sociedade moderna, os meios de comunicação têm sido objeto de estudo de  vários  teóricos,  pesquisadores  das mais  variadas  áreas  do  conhecimento. A  preocupação desses  estudiosos  está  fundamentada,  sobretudo,  nas  funções  e  interesses  sociais desempenhados pela mídia, na sua atuação no cotidiano do público e no seu poder,   muitas vezes, superestimado.   Os meios de comunicação de massa (TV, Rádio, jornal, revista, livro, Internet etc.) têm as suas potencialidades, mas  também os  seus  limites. Apesar do  seu poder de onipresença, ou  seja, consegue estar em todos os  lugares ao mesmo tempo, os meios de comunicação disseminam informações  que  tendem  a  provocar  impactos  significativos,  porém  imediatos.  O  impacto efêmero dos meios de comunicação é mais comum e acentuado nos meios eletrônicos, como TV e Rádio, e na Internet.  Umberto  Eco  (1998),  ao  analisar  as  funções  e  a  importância  dos meios  de  comunicação  na sociedade contemporânea, aponta algumas conseqüências positivas e negativas.   Das  idéias  do  autor  pode‐se  destacar  como  positivo:  1)  o  fato  de  possibilitarem  acesso  à informação a pessoas de variadas camadas sociais; 2) a quantidade de  informação recebida   é necessariamente transformada em qualidade: os indivíduos tendem a selecionar as mensagens que recebem; 3) a grande quantidade de informação sensibiliza o homem contemporâneo para o  engajamento, para  a participação no  cotidiano. Como  aspectos negativos:  1) o  público da mídia  recebe  a  informação  a  partir  de  suas  experiências  anteriores,  com  variados  níveis  de capacidade seletiva e crítica, reforçando a idéia de que há uma interação a notícia, o meio que 

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a divulga e o receptor que vai decodificá‐la sempre a seu modo; 2) as emoções provocadas pela mídia são intensas e imediatas.  Essas observações sobre o papel e a função dos meios de comunicação de massa conduzem a um  debate  sobre  a  necessidade  de  resgatar  a  comunicação  como  um  processo  social  que exceda às atribuições feitas aos media.    5. OS MODELOS DE COMUNICAÇÃO DE RISCOS  Faz‐se necessário conceber um modelo de comunicação de riscos de acordo com o contexto, a necessidade e o público receptor.   Comumente adotamos quatro modelos de comunicação de riscos:   

1. Direto ‐ aquela que parte da Defesa Civil para o público, sem a presença ou interferência dos meios de comunicação. Comum no cenário das comunidades, quando os agentes estão na situação;  

2. Midiático  ‐ aquela que parte da Defesa Civil e  recorre aos meios de  comunicação de massa para alcançar a sociedade como um todo; 

 3. Intrainstitucional  ‐  comunicação  de  riscos  que  ocorre  dentro  da  estrutura  da Defesa 

Civil, inclusive entre os níveis nacional, estadual e municipal;  

4. Interinstitucional  ‐  comunicação  de  riscos  que  contempla  a  participação  de  todas  as instituições ligadas direta ou indiretamente com as questões dos riscos (IBAMA, Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, Ministérios, Secretarias etc).   

 Vejamos  abaixo  os  pontos  que  devem  ser  considerados  em  cada  um  desses  modelos  de comunicação.   5.1 Modelo de Comunicação de Riscos Midiático   

1. Se você pretende  recorrer aos meios de  comunicação ou  foi por eles procurado para esclarecer ou informar a população sobre uma determinada situação de riscos, observe atentamente as sugestões a seguir:  

 2. Conheça  e  observe  criticamente  o  funcionamento  e  a  dinâmica  dos  meios  de 

comunicação  para,  assim,  conseguir  pautá‐los  com  informações  pertinentes  e  de interesse público; 

 3. Identifique  a  diferença  entre  jornalismo  e  entretenimento  para,  depois,  fazer  uso  do 

potencial de cada um deles. Exemplo: o programa comandado por Ana Maria Braga, o Mais Você, é majoritariamente de entretenimento, mas a apresentadora, no contexto dos últimos desastres, deu uma  imensurável contribuição, especialmente ao conversar com a sua audiência sobre a necessidade de abandonar as áreas de riscos; 

 

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4. Identifique o melhor veículo para  transmitir as mensagens  sobre  riscos,  considerando público, linguagem, posição político‐ideológica específicos; 

 5. Considere as limitações de cada profissional ou veículo. Se perceber que o jornalista não 

entendeu,  explique  novamente.  Os  temas  relacionados  à  defesa  civil  demandam conhecimento específico que nem todo jornalista o tem.  

 6. Recorra  aos meios de  comunicação de massa  sem  superestimar  as  suas  funções, por 

isso, observe  se há meios  comunitários ou especializados, destinados a públicos mais específicos.   

 5.2 ‐ Modelo de Comunicação de Riscos Direto  

1. Se você considerou que não há necessidade de recorrer aos meios de comunicação, que no  caso  específico  demanda  uma  aproximação  com  a  comunidade,  é  possível desenvolver esse processo de comunicação e atentar‐se para as sugestões:  

 2. Conheça  a  realidade  da  comunidade,  seu  histórico  de  exposição  ao  risco,  a  sua 

percepção e a relação com o risco;  

3. Identifique  as  lideranças  e  tenha‐as  como  parceiras,  porque  somente  com  elas  será possível alcançar bons resultados no processo de comunicação. Lembre‐se: confiança e credibilidade são a base. Seja sempre transparente. 

 4. Lembre‐se que mudanças no contexto (antes/depois do desastre) provocam alterações 

intensas nas relações entre os atores. Logo, invista na comunicação de riscos;  

5. Identifique  o melhor meio  de  comunicação  com  a  comunidade  (comunicação  direta; rádios e jornais comunitários, reuniões, encontros, cafés da manhã); 

 6. Considere  que  o  sucesso  da  comunicação  não  depende  apenas  da  disseminação  de 

informação, por  isso a  importância de ações  integradas com  igreja, escola, associações de classe e demais instituições.  

 5.3 ‐ Modelo de Comunicação de Riscos Intra e Interinstitucional  Mais  difíceis  e  desafiadores  que  os  dois  modelos  anteriores,  os  modelos  intra  e interinstitucional de comunicação de riscos demandam um esforço de todos os profissionais de Defesa Civil. A  sua urgência pode  ser observada  após os últimos desastres, nos quais houve conflitos e imprecisões de informações e espaço para a propagação de rumores que ampliaram  socialmente os desastres.   Algumas sugestões para os dois modelos são:   

1. Crie  mecanismos,  ferramentas  e  canais  capazes  de  viabilizar  a  comunicação  e compreensão  entre  todos  os  setores  da  mesma  instituição,  assim  como  com  as instituições de interesse; 

 

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2. Identifique quem ou qual departamento deve coordenar as campanhas de comunicação de riscos dentro da instituição. Na comunicação interinstitucional (entre as instituições), torna‐se  necessária  a  identificação  da  instituição  responsável  pela  comunicação  de riscos, reduzindo assim informações desconexas, rumores, ruídos, excesso e escassez de informação;  

3. Lembre‐se  que  a  comunicação  é  ferramenta  fundamental  do  processo  de gerenciamento  de  riscos,  assim,  torna‐se  urgente  a  construção  de  espaço  à comunicação de riscos dentro das instituições.  

 

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AULA 02 ‐ FERRAMENTAS DE IDENTIFICAÇÃO DE RISCO 

OBJETIVOS 

Caracterizar  as  ferramentas  (fontes  e  formas)  de levantamento de dados e de identificação dos riscos;  Identificar  as  ferramentas  para  levantamento  de  dados existentes em seu nível de gestão;  Identificar as  fontes de  levantamento de dados disponíveis em seu nível de gestão.    

  1. INTRODUÇÃO  Em uma avaliação dos perigos e das vulnerabilidades, utilizamos   procedimentos  formais que incluem  primeiramente  a  compilação  de  informações  de  fontes  primárias,  ou  seja,  o levantamento de dados.  Na implementação de um sistema de gestão integrada de riscos devemos ter consciência que a identificação  destes  é  fundamental  para  um  funcionamento  eficiente  de  todo  o  sistema  de gestão.  Para  atingirmos  essa  eficiência,  porém,  é  necessário  perceber  a  importância  de coletarmos  os  dados  que  darão  subsídios  para  a  identificação  dos  riscos  (construção  dos instrumentos para a gestão integrada), de forma correta e precisa. O levantamento dos dados pode ser feito através de ferramentas muito distintas, e por  isso a  importância do cuidado no seu manuseio para minimizar erros. O gestor deve buscar o conhecimento da confiabilidade das fontes, métodos padronizados e representatividade dos sistemas que consultar, bem como das ferramentas  utilizadas  para  o  levantamento  de  dados,  pois  as  informações  coletadas  são  a estrutura  base  na  qual  a  gestão  integrada  de  riscos  irá  fundamentar  a  construção  dos  seus principais  instrumentos:  mapas,  planos  de  contingência,  planos  operativos,  planos  de mitigação, etc.  2. FERRAMENTAS DE IDENTIFICAÇÃO DE RISCO   2.1 ‐ Levantamento dos dados sobre a percepção de risco  A percepção de risco pode ser entendida por impressão ou juízo intuitivo sobre a natureza e a magnitude de um determinado risco, ou como a percepção da importância ou gravidade de um determinado risco, com base no repertório acumulado durante o desenvolvimento cultural de um indivíduo ou grupo de pessoas, e sobre o juízo político e moral de sua significação.  A percepção do risco pode ser um parâmetro inicial a se basear, mas deve atentar‐se ao fato de existir  grande  subjetividade  nas  avaliações  baseadas  nessa  percepção,  que  podem  não representar a real gravidade ou risco. E a simples utilização desses parâmetros subjetivos, sem 

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os devidos cuidados, pode causar  reflexos no  sistema  social, visto que normalmente pessoas tendem a assumir a amostra como um todo e julgar com pouca informação todo o sistema.  Os  parâmetros  da  percepção  de  risco  podem  ser  coletados  basicamente  por  diferentes ferramentas: a partir de entrevistas e/ou questionários com a população do  local analisado e do histórico de ocorrências de eventos não registrados em órgãos oficiais.  

2.1.1  ‐  Ferramentas:  questionários,  entrevistas  e  pesquisa  em  notícias  veiculadas  nos meios de comunicação disponíveis.  2.1.2 ‐ Fontes: população local, agentes de fiscalização e resposta (COMDECs, Secretarias, estabelecimentos de saúde, polícia e bombeiros) e a imprensa.  2.1.3 ‐ Dados a serem coletados: tempo de moradia, experiências locais de ocorrência de eventos adversos, demografia e indicações perceptivas de locais de perigo.

2.2 ‐ Levantamento de dados sobre a incidência de ocorrência de desastres  O levantamento dos dados da incidência de ocorrência de desastres vai servir em um momento de análise posterior, para verificar  tendências,  identificar  sazonalidades, e por  conseqüência, gerar conhecimento sobre futuras ocorrências.  

2.2.1 ‐ Ferramentas: levantamento direto e organização dos dados.  2.2.2  ‐  Fontes:  bancos  de  dados  dos  órgãos  públicos  de  resposta  (polícia,  bombeiros, secretaria  da  saúde,  CEDECs,  COMDECs),  em  decretos  de  situação  de  emergência, requerimento  com  informações  dos  danos,  boletins  de  atendimento  das  ocorrências, relatórios de desastres e web sites de informação. 

 2.2.3  ‐ Dados a serem coletados:  locais e magnitude dos danos, data, horário,  tipos de eventos e magnitude do evento, órgãos de socorro envolvidos. 

 2.3 ‐ Levantamento de dados sobre o uso e ocupação de solo  Os  registros  históricos,  que  revelam  a  evolução  da  ocupação  do  solo  e  uso  da  terra  são expressões das relações socioeconômicas do território, pois revelam a apropriação da natureza pela sociedade e as alterações que isso implica, podendo indicar um retrato das condições e da qualidade ambiental.  

2.3.1  ‐  Ferramentas:  entrevistas  (histórico  de  ocupação),  bancos  de  dados, administrações  municipais,  inspeções  in  loco,  consulta  das  obras  adjacentes  com sondagens realizadas.  2.3.2  ‐  Fonte:  planos  diretores municipais,  população  local,  secretarias  de  obras  dos municípios para consulta de obras adjacentes, universidades.  

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2.3.3  ‐  Dados  a  serem  coletados:  histórico  do  solo,  perfil  atual  do  solo,  ocupação predominante,  conformidade  da  ocupação  com  o  plano  diretor,  proximidade  de populações a cursos d’água (ocupação de áreas de várzea). 

2.4 ‐ Levantamento de dados sobre os aspectos socioestruturais e físicos  Os aspectos físicos são as características naturais existentes na superfície terrestre, ou seja, as condições da natureza ou paisagem natural. Um dos principais  a  ser  identificado  é o  relevo terrestre.  Ele  pode  ser  definido  como  as  formas  da  superfície  do  terreno  e  o  seu  estudo  é importante para prever o comportamento dos solos quando sujeito a solicitações provocadas, por  exemplo,  por  chuvas  intensas.  Também  de  grande  importância,  a  hidrografia  envolve  o conjunto de recursos hídricos do um território, tais como: bacias hidrográficas, áreas de várzea, rios,  lagos,  lagoas,  baías,  quedas  d’água,  entre  outros.  A  sua  identificação  serve  para levantarmos  o  comportamento  dos  corpos  d’água  e  o  alcance  das  suas  dimensões  em momentos de cheias ou secas.  Embora  os  fatores  de  localização,  distância  e  alterações  nas  formas  de  relevo  sejam importantes para compreender os  impactos ambientais, também é relevante o conhecimento da história não linear de sua produção espacial e os padrões internos de diferenciação social da população.  Dessa forma, outros parâmetros como, por exemplo, os socioeconômicos também devem ser levantados: densidade demográfica, distribuição de renda, escolaridade e a caracterização dos domicílios frente ao saneamento básico (abastecimento d’água, coleta de esgoto e destino do lixo).  Ainda dentro deste tópico, temos os aspectos de  infraestrutura  local: hospitais,  infraestrutura viária,  postos  de  polícia,  bombeiros,  locais  de  abrigamento  de  desabrigados,  aeroportos, portos. Também é importante o levantamento dos locais com riscos difusamente conhecidos e de  fácil  identificação como: postos de abastecimento de combustíveis,  refinarias,  fábricas de materiais  explosivos,  locais  de  armazenamento  de  produtos  químicos,  barragens,  usinas  de geração de energia, etc.  Esses dois últimos aspectos influenciam diretamente desde o grau de vulnerabilidade local até a capacidade de resposta.  

2.4.1 ‐ Ferramentas: entrevistas (perfil social), bancos de dados, inspeções in loco.  2.4.2 ‐ Fonte: órgãos da administração pública (assistência social, secretarias de saúde, de obras,  de  educação  e  de  meio  ambiente),  censos,  web  sites,  medições  de  campo, bibliotecas, universidades.  2.4.3 ‐ Dados a serem coletados: mapas, perfis de terreno, localização dos cursos d’água, estatísticas sociais e de infraestrutura.

 

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AVALIAÇÃO DA AULA 02   1) Numere a coluna da direita em concordância com a coluna da esquerda.  1 ‐ Percepção de riscos  (  ) Hidrografia local 2 ‐ Incidência de ocorrência de desastres  (  ) Plano diretor municipal 3 ‐ Uso e ocupação do solo  (  ) Requerimento com informações dos danos 4 ‐ Aspectos socioestruturais  (  ) Notícias veiculadas pela imprensa  5 ‐ Aspectos físicos  (  ) Localização e estrutura dos hospitais  2)  Escreva  sobre  a  importância  do  levantamento  correto  de  dados,  e  quais  devem  ser  as características imprescindíveis dos dados coletados e das fontes consultadas.      3) Explique as limitações existentes na utilização de dados levantados através de ferramentas para a percepção de riscos.      4)  Cite  dois  tipos  de  dados  que  podem  ser  coletados  através  das  ferramentas  para levantamento de aspectos socioestruturais.      5) Cite três fontes que podem ser consultadas para obtenção de dados sobre a incidência de ocorrência de desastres. 

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AULA 03 ‐ AVALIAÇÃO DOS RISCOS 

OBJETIVOS  

Reconhecer  os  conceitos  de  avaliação  e  dimensionamento dos riscos, ameaças e vulnerabilidades;  Conhecer os princípios básicos para elaboração de mapas de risco. 

  1. INTRODUÇÃO  A  Avaliação  do  Risco  pode  ser  entendida  como  um  processo  de  identificação  e dimensionamento de  fatores, que objetiva estimar a probabilidade de ocorrência destes e a magnitude de seus impactos sobre um determinado ambiente.  Pode ser entendida como uma metodologia que objetiva determinar a natureza e a extensão dos  riscos,  através  da  análise  de  ameaças  potenciais  e  do  reconhecimento  das  condições existentes  de  vulnerabilidade  que,  juntos,  podem  causar  danos  à  população  local,  bens materiais,  serviços  essenciais  e  ao  meio  ambiente.  (UNISDR  Terminology  on  Disaster  Risk Reduction6 2009)  A avaliação de risco (e mapeamento de risco associado) inclui:   

análise das características técnicas das ameaças existentes, tais como a sua localização, intensidade, freqüência e probabilidade;  

  análise  da  exposição  ao  risco  e  vulnerabilidade  local,  incluindo  os  aspectos  sociais, físicos, saúde da população, econômicos e ambientais. 

 2. DIMENSIONAMENTO DAS AMEAÇAS  Ameaça é definida como um fenômeno adverso, atividade humana ou qualquer condição que pode  causar perda de vidas, danos ou  impactos à  saúde humana, danos materiais, perda da condição de normalidade da vida local, distúrbios sociais e econômicos ou danos ambientais. As ameaças são descritas quantitativamente em função da probabilidade de ocorrência de eventos de diferentes intensidades em diferentes áreas, sendo determinada a partir de dados históricos ou análises científicas. (UNISDR Terminology on Disaster Risk Reduction1, 2009)  Alguns  autores  têm utilizado o  termo  suscetibilidade para descrever o perigo de um evento adverso ocorrer em determinado  local, seguindo critérios técnicos para determinar o nível de perigo a que este está sujeito.  

                                                       2 International Strategy for Disaster Reduction ‐ ISDR, Terminology on Disaster Risk Reduction, Suiça, 2009. 

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Para  cada  ameaça  identificada  como  relevante  deve  ser  estabelecida  uma  escala  de probabilidade,  representada  percentualmente,  nominalmente  ou  numericamente,  com padrões de classificação claros e estruturados.  A partir da  identificação dos riscos e da avaliação das suscetibilidades relacionadas podem ser elaborados os Mapas de  Suscetibilidade ou Mapas de Perigo  (Hazard Maps), onde os dados relativos às séries históricas de ocorrência de eventos adversos ou os níveis de suscetibilidade determinadas  são  planificadas  ou  transformadas  em  gráficos  de  forma  a  construir  base  de informações  para  a  elaboração  da  escala  de  probabilidade  de  ocorrências  de  determinado evento.  A Figura XX apresenta a  freqüência de ocorrência de vendavais no Estado de Santa Catarina, entre os anos de 1980 e 2003, representando com tonalidade mais densa os municípios onde a suscetibilidade de ocorrência deste tipo de fenômeno é maior, em função da série histórica.  

  

Figura XX: Freqüência de Ocorrência de Vendavais (Fonte Herrmann7 2007) 

 O dimensionamento da suscetibilidade pode se basear  inicialmente em fatores subjetivos, em função de uma retro análise dos eventos  já ocorridos e do conhecimento da população  local, sendo aprimorado conforme a disponibilidade de profissionais para avaliação técnica, histórico dos índices pluviométricos, estudos geológicos, litologia e hidrologia local.  

                                                       7 HERRMANN, M. L. P. (ORG.) Atlas de Desastres Naturais do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2007, 148p. 

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3. DETERMINAÇÃO DO NÍVEL DE IMPACTO DO DANO  A determinação do nível de  impacto que dado evento provoca em uma população ou sistema pode ser quantificado em  função do grau de tolerância que esta possui a este evento, sendo este  diretamente  relacionado  à  vulnerabilidade  desta  população  ou  sistema  frente  à determinada ameaça.  A vulnerabilidade se refere às características e circunstâncias de uma comunidade, sistema ou propriedade que a  torna suscetível a sofrer danos  frente a uma determinada ameaça. Possui diversos aspectos, originados de diversos fatores físicos, sociais, econômicos e ambientais.   Como exemplo, é possível  citar projetos deficientes e  construções  inadequadas, ausência ou deficiência  de  informação,  reconhecimento  limitado  dos  riscos  e medidas  de  preparação,  e descaso  por  um  gerenciamento  ambiental  eficiente.  (UNISDR  Terminology  on  Disaster  Risk Reduction2, 2009)  Para a avaliação e dimensionamento da vulnerabilidade faz‐se necessário inicialmente delimitar o  ambiente  a  ser  estudado,  através  do  zoneamento  da  área  em  função  das  características locais.   Segundo  Kobiyama8  (2006)  zoneamento  é  uma  setorização  territorial,  de  acordo  com  as diversas vocações e  finalidades de uma determinada área. Para a classificação e definição de setores  ou  zonas  e  seus  respectivos  usos,  a  organização  das  informações  espaciais  deve considerar fatores de ordem física, territorial e cultural. Os fatores de ordem física são, dentre outros: rocha, solo, relevo, clima, vegetação, hidrografia e  infraestrutura; os fatores de ordem territorial, dentre outros, são: economia, política, organização social e cultura.  4. AVALIAÇÃO DO RISCO  A partir do zoneamento das áreas, será realizada a avaliação dos riscos associados aos setores definidos.  A  Avaliação  do  Risco  pode  ser  entendida  como  um  processo  de  identificação  e dimensionamento de  fatores, que objetiva estimar a probabilidade de ocorrência de eventos adversos  e  a magnitude  de  seus  impactos  sobre  um  determinado  ambiente,  como  também uma metodologia que visa determinar a natureza e a extensão dos riscos através da análise de ameaças  potenciais  e  do  reconhecimento  das  condições  existentes  de  vulnerabilidade  que, juntos, podem causar danos à população  local, bens materiais,  serviços essenciais e ao meio ambiente. (UNISDR Terminology on Disaster Risk Reduction2, 2009)  A avaliação de risco (e mapeamento de risco associado) inclui:   

análise das características técnicas das ameaças existentes, tais como a sua localização, intensidade, freqüência e probabilidade;  

 

                                                       8 KOBIYAMA, M. Prevenção de Desastres Naturais: conceitos básicos. Florianópolis, 2006, 109p. 

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análise  da  exposição  ao  risco  e  vulnerabilidade  local,  incluindo  os  aspectos  sociais, físicos, relativos à saúde da população, econômicos e ambientais. 

 Os riscos devem ser quantificados em função da sua severidade, sendo esse seu  indicador de significância,  obtido  através  da  combinação  entre  a  probabilidade  de  ocorrência  de determinado  evento  ‐  perigo/ameaça  ‐  e  seu  impacto  sobre  o  ambiente,  relacionado  à vulnerabilidade.  Para  cada  ameaça  identificada  como  relevante  deve  ser  estabelecida  uma  escala  de probabilidade,  representada  percentualmente,  nominalmente  ou  numericamente,  sendo estabelecidos padrões claros e estruturados de classificação.  Por  sua  vez,  a  determinação  do  nível  de  impacto  que  determinado  evento  provoca  em determinada população ou sistema pode ser quantificado em função do grau de tolerância que esta possui a este evento.  A Figura 1 apresenta uma matriz de risco genérica, onde o Eixo Y apresenta uma escala de “A” (probabilidade máxima) até “E” (probabilidade mínima), que classifica a ameaça de acordo com a expectativa desta  se  concretizar. O Eixo X  contém uma escala numérica que  representa, a partir da efetivação do evento, qual o nível de impacto sobre o ambiente receptor, em função do nível de vulnerabilidade local, sendo estipulada como “1” o menos significativo e “5” o mais significativo. impacto.                       

Figura 1:Matriz de Risco Genérica. 

 Como  citado,  o  risco  é  quantificado  através  da  combinação  entre  estes  dois  fatores,  sendo considerado como alto  risco o cruzamento da probabilidade alta de ocorrência e do  impacto 

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mais significativo, conforme  ilustrado na  figura 03, classificado como “I”. De  forma  inversa, o risco de menor grau recebe a classificação “IV”.  5. ELABORAÇÃO DE MAPAS DE RISCO  Um mapa  de  risco  serve  para  a  elaboração  de  planos  de  ação  e  prioridades  de  ajuda.  que devem ser integradas na política de defesa civil, que sejam exeqüíveis e eficazes.   Para a construção de um mapa de risco é determinado o grau deste associado a cada zona ou setor estabelecido anteriormente à avaliação, de forma que cada uma destas tenha um grau de risco  característico.  Os  mapas  gerados  podem  empregar  os  instrumentos  e  informações disponíveis  no  local,  tais  como  croquis,  fotos,  plantas,  imagens,  etc.  ou,  quando  possível, empregar ferramentas de geoprocessamento, através de mapas e dados georreferenciados.  Um mapa de  risco serve para a elaboração de planos de ação e prioridades de ajuda. Para a construção de um mapa de risco é necessário associar o grau do risco a cada zona ou setor pré‐estabelecido,  determinando,  para  cada  uma  delas,  o  seu  risco. Os mapas  gerados  podem  e devem empregar os instrumentos e informações disponíveis no local, tais como croquis, fotos, plantas  imagens,  etc.  ou,  quando  possível,  utilizar  ferramentas  de  geoprocessamento,  como mapas e dados georreferenciados.  Quando  são  empregadas  ferramentas  de  geoprocessamento,  as  informações  geradas constituirão  um  Sistema  de  Informação  Geográfica  (SIG),  através  do  qual  estas  serão manipuladas,  analisadas  e  apresentadas  a  partir  de  processamento  gráfico  de  informações espaciais, tais como mapas, imagens e dados alfanuméricos de banco de dados.   Desta  forma, os dados gerados durante as etapas de  identificação e avaliação dos  riscos  são reproduzidos  através  de  em  mapas  que  apresentam  as  formas  geográficas  dos  setores estabelecidos e sua posição no espaço, relacionada às suas coordenadas geográficas.   A Figura 2 ilustra parte de um Mapa de Risco gerado a partir de informações georreferenciadas, que constituem as camadas que representam as classificações do risco, sobrepostos à imagem de  satélite  do  local,  onde  o  grau  do  risco  é  identificado  por  cores,  de  acordo  com  a  escala estabelecida, que inicia com “Risco Muito Alto”, em vermelho, até “Risco Baixo”, em branco.              

Figura 2 

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Quando  não  se  encontram  disponíveis  ferramentas  computacionais  ou  sistemas  de informações  conforme  exemplificado,  para  a  representação  dos mapas  de  risco  podem  ser empregados instrumentos de menor complexidade. Quando não estão disponíveis ferramentas computacionais ou sistemas de  informações, podem ser empregados  instrumentos de menor complexidade  para  a  representação  de mapas  de  risco.  Croquis  ou  desenhos  sobre mapas cumprem a função primordial de um mapa de risco, que é  identificar de forma visual, de fácil interpretação, os riscos presentes na área em estudo.   

 Foto: Banco de dados do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina ‐ CEPED/UFSC 

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AULA 04 ‐ TOMADA DE DECISÃO E POLÍTICA PÚBLICA 

OBJETIVOS  Identificar  o  papel  e  a  responsabilidade  do  poder  público municipal  no  processo  de  mapeamento  de  risco  como instrumento de gestão de política social.   Identificar a  importância da participação da comunidade no processo de tomada decisão. 

  1.  INCORPORAÇÃO  DO  MAPEAMENTO  DE  RISCO  COMO  INSTRUMENTO  DE  GESTÃO  DE POLÍTICA SOCIAL   De acordo com a Estratégia Internacional de Redução de Risco de Desastre (EIRD), a gestão de risco  se  define  como  um  conjunto  de  decisões  administrativas,  organizacional  e  de conhecimento desenvolvido pela sociedade e comunidade no sentido de implementar políticas, estratégias  e  fortalecer  capacidades  a  fim  de  reduzir  os  impactos  das  ameaças  de  riscos naturais e tecnológicas.  O processo de gerenciamento de risco envolve um conjunto de ações voltadas para a redução e o  controle  do  risco.  A  possibilidade  de  mitigar,  reduzir,  prevenir  e  controlar  o  risco  se fundamenta  em  uma  criteriosa  identificação  dos  fatores  de  risco,  suas  características  e  seu entendimento  e  análise  aprofundada  do  processo  de  construção  social  do  risco.  Essa construção social busca considerar cada um dos  fatores de risco, os mecanismos diversos em que o risco é construído, produto de práticas individuais e/ou coletivas do uso e transformação do território.   A  incorporação  do mapeamento  no  processo  de  gerenciamento  de  risco  do município  deve levar em conta os seguintes pressupostos:  

A gestão de risco deve ser visto como um processo e não como um produto (fim);  

O mapeamento deve ser uma  ferramenta de prevenção e redução de risco de caráter permanente,  contínuo  e  com  a  necessária  revisão  a  cada  período  como  forma  de garantir sua sustentabilidade;  

  Deve promover a ativa participação social (em especial a população das áreas de risco) no processo de gestão; 

A gestão de risco deve ter uma relação com o desenvolvimento territorial do município, devendo  incorporar  transversalmente  todos  os  setores  que  estejam  direta  e indiretamente relacionadas com a questão do risco.   

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Os  planos  de  ação  de  redução  de  risco  não  se  devem  restringir  somente  às  comunidades afetadas, que ocupam as áreas de risco, mas sim toda a cidade e sua periferia envolvendo, em alguns casos, o meio rural.  No  processo  de  gestão  de  risco  devem  estar  envolvidos  todos  os  órgãos  da  administração pública  (especialmente  aqueles  vinculados  à  defesa  civil,  obras  e  serviços  urbanos, planejamento,  habitação,  assistência  social,  saúde  e  educação),  a  Câmara  Municipal  o Ministério Público e a sociedade civil organizada, em especial ênfase aos moradores das áreas de  risco.  Neste  sentido,  o  envolvimento  da  comunidade  se  faz  com  o  objetivo  de melhor informar  e  orientar  os moradores  dos  assentamentos  precários  sobre  as  situações  de  risco existentes na sua comunidade, as condições de vulnerabilidades, as causas determinantes e os fatores de agravamento do risco, as ações de minimização necessária para redução do risco e as alternativas de obras.   A  participação  da  população  no  processo  de  gestão  de  risco  representa  a  garantia  de continuidade das políticas sociais, dificultando, com isso, os desvios no cumprimento de metas ou  quebra  de  acordos  firmados.  Os  compartilhamentos  das  responsabilidades  de monitoramento e de ações de prevenção  junto à  comunidade  são  condições essenciais para redução de risco de desastres.    Por parte do município, a necessidade de controle e fiscalização do território, independente do número de habitantes, e  a  importância de  elaborar o mapeamento das  áreas de  risco,  com especial  foco  para  as  áreas  mais  vulneráveis  socialmente.  O  reconhecimento  destas  é  de importância crucial para definir a estratégia de manejo e gerenciamento do risco, priorizando ações de minimização e controle. Em contrapartida, as ações de gerenciamento de risco exigem dos governantes o compromisso político de  implementar políticas de ordenamento territorial, determinado por legislação própria (Leis Ambientais e Plano Diretor da Cidade).   Segundo os princípios do Marco de Hyogo, a Gestão Integrada do Risco de Desastres envolve a responsabilidade do poder público municipal nos seguintes aspectos:   

1. O município tem a responsabilidade de identificar, avaliar e observar in loco os riscos a que está exposto,  tendo a necessidade de possuir  instrumentos de monitoramento e alerta,  em  todo  seu  território,  com  especial  atenção  as  áreas  de  risco  onde  se encontram  as  populações  mais  vulneráveis.  O  Programa  deve  ser  desenvolvido  em conjunto com o Estado e a União;  

2. O município deve ter o compromisso humano e político de trabalhar para reduzir o risco 

de desastres,  institucionalizando o processo de  gerenciamento de  risco  como prática política obrigatória em todos os projetos de desenvolvimento rural e urbano; 

 3. O  município  deve  garantir  a  participação  da  comunidade  e  oferecer  informações 

relevantes  sobre  o  risco  de  desastres  e  meios  de  proteção,  em  especial  para  os moradores que habitam nas áreas de risco. 

 O  gerenciamento  de  risco  tem  como  objetivo  direcionar  ações  de  transversalidade  entre diversas  secretarias  do  município  junto  à  Coordenadoria  de  Defesa  Civil  (COMDEC), 

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incorporando  a  Redução  de  Risco  de  Desastres  (RRD)  no  processo  de  planejamento  e ordenamento territorial.   Elaborar Plano Municipal de Redução de Risco é incluir o gerenciamento de riscos:   

1. Nas políticas urbanas municipais; 2. No Orçamento Municipal Anual; 3. No Plano Diretor e Legislação Municipal; 4. No Plano Plurianual de Investimento Municipal; 5. Nos Programas de Urbanização e Regularização Fundiária de Assentamentos Precários; 6. Nos programas de recuperação de áreas degradadas.  

 Possíveis aplicações dos resultados do PMRR do poder público municipal:  

Escolha  das  áreas mais  propícias  para  assentamentos  humanos,  em  especial  para  a construção de habitações para famílias de baixa renda; 

  Formulação  de  um  Programa  de  Gerenciamento  das  áreas  degradadas  e  das  mais danificadas por inundação e alagamento; 

  Elaboração  de  um  Projeto  de  Contenção  das  Inundações  ou  de  Prevenção  para Evacuação e Socorro da População Afetada; 

  Plano de drenagem urbana; 

  Proposta para elaboração de Projeto de Mudança Cultural:  inclusão nos  currículos de programa de educação ambiental e prevenção; projeto de sensibilização, percepção de risco, mobilização, organização e participação comunitária com ênfase na prevenção de risco de desastres. 

  Proposta para elaboração de Projeto de  treinamento do corpo  técnico da Defesa Civil Municipal e dos funcionários das diversas secretarias municipais diretamente  ligados à questão dos desastres; 

  Avaliação,  intervenção, monitoramento e atualização sobre todas as situações de risco de  forma  quantitativa  e  qualitativa,  principalmente  as  classificadas  como  risco  alto  e muito alto; 

Implementação do PMRR como lei municipal vinculado ao Plano Diretor da Cidade;  

De  posse  do  PMRR,  o  Poder  Público  Municipal  disporá  de  um  Instrumento  como condição necessária para obter  recursos  junto à Defesa Civil Nacional e ao Ministério das Cidades  para  projetos:  de  prevenção,  programas  de  urbanização,  regularização  e integração  de  assentamentos  precários;  e  programas  de  recuperação  de  áreas degradadas pelo desastre natural e antrópico.  

 

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2. O PAPEL DA COMUNIDADE NAS AÇÕES DE PREVENÇÃO E NA TOMADA DE DECISÃO NO QUE REFERE AS AÇÕES DE REDUÇÃO DE RISCO DE DESASTRES:  A participação da sociedade na gestão de risco de desastres tornou‐se mais presente na agenda pública  brasileira  após  a  constatação  do  intenso  crescimento  de  desastres  no  Brasil  e  no mundo.  A  necessidade  de  envolver  o  cidadão  no  processo  de mobilização  e  participação  é determinante para a criação de um compromisso ético  focado no  senso de  responsabilidade individual e coletivo. A geração de valores pautados na prevenção deve fortalecer os  laços de cuidados com o lugar, na minimização das práticas causadoras de riscos e desastres.  Ampliar a participação da comunidade para potencializar a mobilização para ações de redução de risco de desastres consiste em focar na capacidade da população local com relação às ações junto ao poder público na gestão de risco, de forma a potencializar ações que visem prevenir e atenuar consideravelmente danos e prejuízos provocados pelos desastres.   Neste  contexto,  a  proteção  comunitária  passa  necessariamente  por  uma  ação  centrada  e articulada com todos os atores sociais no que refere à gestão integrada de risco de desastres.   Proteção  não  se  refere  somente  às  ações  dos  técnicos  ou  especialistas, mas  sim,  devendo considerar a importante participação da comunidade no processo de gestão de risco.  Tratar  dessa  questão  como  proposta  de  uma  agenda  política  responsável  é  acreditar  no potencial  de  mobilização  e  participação  da  comunidade,  dotando  a  mesma  de  recursos necessários (materiais,  financeiros e conhecimento) na busca de reduzir, minimizar o risco da comunidade, com o foco da construção de comunidades mais seguras.  O fortalecimento da comunidade (resiliência comunitária) é um fator importante que deve ser considerado pelo gestor público nesse processo de gestão de risco.  Por  resiliência  se  entende  “a  capacidade  de  um  sistema,  comunidade  ou  sociedade potencialmente  exposto  a  ameaças  para  se  adaptar,  resistindo  ou mudando,  com  o  fim  de alcançar ou manter um nível aceitável em seu funcionamento ou estrutura. Vem determinada pelo grau em que o sistema social é capaz de se organizar para incrementar sua capacidade de aprender de desastres passados a fim de se proteger melhor no futuro e melhorar as medidas de redução dos riscos”. EIRD das Nações Unidas, Genebra, 2004.  Um  fator  importante deve  ser  considerado pelo gestor público nesse processo de gestão de risco, o fortalecimento da comunidade (resiliência comunitária) muito contribui para diminuir o grau de dependência e de vulnerabilidade das comunidades. A participação e a intervenção da comunidade no processo de gestão de risco é antes de tudo um direito.   2.1 ‐ Emponderamento das Comunidades (potencializar a resiliência)   Emponderar a comunidade para ações de mobilização para fazer frente aos riscos de desastres é  potencializar  sua  experiência  e  capacidade  criativa  para  enfrentar  as  adversidades  e  não sucumbir a elas. Para  isso devem‐se reforçar ações de solidariedade comunitária,  focar ações que direcionem trabalho coletivo para enfrentar criativamente as situações de ameaças, riscos e vulnerabilidades.   

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Neste  sentido,  o  gestor  deve mobilizar  os moradores  para  ações  de  prevenção  através  do acesso a  informações de atividades  como; oficinas,  cursos, palestras, peças  teatrais e outras formas de expressão artísticas e culturais que tenham como objetivo o repasse de informação e garantam com isso fomentar a capacidade local.     2.2 ‐ Delineamentos para estratégias de participação comunitária.   De  todas  as  experiências  nacionais  e  internacionais  sobre  a  gestão  integrada  de  risco  de desastres se podem identificar as seguintes estratégias e papeis dos atores sociais:  

1. Agenda de Riscos:  incorporar a agenda de risco nas  instituições públicas, organizações de  base  e  comunitária  de  tal maneira  que  esta  problemática  se  constitua  em  eixo programático para  atuar em  ações de prevenção.  Evitando que  atendam  somente  as ações emergenciais. 

 2. Aumentar  a  participação  cidadã:  é  necessário  ter  a  participação  ativa  da  sociedade 

organizada e da comunidade atingida, para negociar propostas de redução de risco com as autoridades locais e governos de esferas superiores. Neste sentido chama‐se atenção para a importância de criação dos Núcleos de Defesa Civil ‐ NUDEC’s e a participação da comunidade no seu fortalecimento e atuação.  

 3. Valorar o aporte profissional:  ampliar  a participação da população empoderada, não 

significa renunciar as capacidades profissionais e técnicas. O conhecimento das ameaças e  riscos  exige  quase  sempre  conhecimentos  especializados  em  geologia,  hidrologia, engenharia, ciências sociais e humanas, que as pessoas comuns não possuem. Para isso há organismos especializados dentro do sistema civil que pode prestar assessoria para as  comunidades  atingidas.  No  entanto  para  aumentar  a  capacidade  da  comunidade sobre as questões de risco através de  cursos de capacitação de curta e media duração, inclusive para que possa dialogar com os profissionais na troca de saberes.  

 4. Trabalhar  com  o  enfoque multisetorial:  não  é  possível  atender  a  complexidade  dos 

desastres,  tanto  nas  ações  de  prevenção,  preparação,  resposta  e  reconstrução  sem adotar um enfoque multidisciplinar e multisetorial. Por  isso é necessário  imprimir um relacionamento  entre  as  organizações  de  base  e  comunitária  e  as  instituições  tanto públicas como e privadas  locais, para que haja uma sinergia social.  Isso se expressa na formulação  de  planos  participativos,  multisetoriais,  transversais.  Isto  passa  por fortalecer os NUDEC’S, que é fomentar  a participação da comunidade nas ações de de riscos de desastres por órgãos responsáveis. Por  isso é necessário que as organizações de base se relacionem com as instituições públicas e privadas buscando a sinergia social, através de planos participativos, multisetoriais e transversais. Isso fortalece as NUDEC’s, fomentando  a participação da  comunidade nas  ações de  resposta  coordenadas pelos órgãos responsáveis. 

 A inserção da população local no mapeamento na gestão do risco de desastre deve direcionar as seguintes orientações:       

a) Ação continuada e permanente dentro de um planejamento prospectivo e envolvendo todas as políticas municipais inclusive a formulação do Plano Diretor da Cidade; 

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b) A organização da comunidade deve ter uma atuação eficaz, politicamente presente em todas as etapas da  formulação dos planos, da sua execução e na  fiscalização, exigindo inclusive audiências públicas como exigência  legal para discussão  final do plano; dessa forma  a  comunidade  está  garantindo  o  controle  das  ações  políticas  de  gestores municipais no trato das questões que lhe são de direito; 

 c) A  garantia  de  ações  estruturais  (obras  de  saneamento,  drenagem,  remoção  e 

construção de habitação popular em áreas seguras, entre outras).  Ações de Mitigação  

A mitigação  dos  riscos  de  uma  cidade  ou  de  um município  deve  ter  como  base  um diagnóstico  que mostre  os  problemas  dos  riscos  e  vulnerabilidades  que  atingem  as várias  classes  sociais,  as  atividades  econômicas,  as  infraestruturas mais  diversas,  os prédios  públicos,  as  casas  e  prédios  de  apartamentos,  as  vias  públicas,  nas  áreas centrais e periféricas da cidade ou município.  

  As ações de mitigação têm como objetivo reduzir os danos e os prejuízos de famílias e das  atividades  econômicas; promover  a  remoção de  famílias que  vivem  em  áreas de risco alto e  risco muito alto  riscos, e, através de projeto, possibilitar a  construção de novas moradias em áreas não sujeitas a esses graus de riscos.  

 Para conhecer os riscos de desastres e tomar medidas:   identificar, avaliar e observar in loco os riscos dos desastres e melhorar o sistema de alerta;  Para concretizar esse objetivo é necessário desenvolver as seguintes atividades:   

a) Investimentos  nas  capacidades  científicas,  técnicas  e  institucionais  para  observar, registrar, investigar, analisar, predizer, modelar e elaborar mapas das ameaças naturais e  ou  antrópicas. Desenvolver  e  disseminar  ferramentas,  informação  estatística  sobre desastres, os mapas de risco e os indicadores de vulnerabilidades e de risco; 

 b) Utilizar os conhecimentos acima para desenvolver os efetivos sistemas de alerta macro, 

micro regional e local, incorporando altas tecnologias e tecnologias de fácil apropriação e  conhecimento  pela  comunidade  que  enfrenta  o  risco.  O  Sistema  de  Alerta  é  um componente vital da Redução do Risco de Desastre. 

 c) Criar redes de  informação e comunicação  interinstitucional,  institucional‐comunitário e 

intracomunitário para que o sistema de alerta e alarme seja eficaz na prevenção e na preparação frente às ameaças e riscos de desastres; 

 Ações de monitoramento devem priorizar as seguintes ações:  

Escolha  das  áreas mais  propícias  para  assentamentos  humanos,  em  especial  para  a construção de habitações para famílias de baixa renda; 

 

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Formulação  de  um  Programa  de  Gerenciamento  das  áreas  degradadas  e  das  mais danificadas por inundação e alagamento; 

  Elaboração  de  um  Projeto  de  Contenção  das  Inundações  ou  de  Prevenção  para Evacuação e Socorro da População Afetada; 

  Proposta para elaboração de Projeto de Mudança Cultura para as crianças, adolescentes e jovens, incluindo nos currículos um programa de educação ambiental com ênfase nas situações locais; 

  Elaboração de Projeto de Sensibilização das comunidades mais atingidas a respeito dos riscos e conseqüentes comportamento e ações em caso de desastre; 

  Proposta para elaboração de Projeto de Treinamento da Defesa Civil Municipal e dos funcionários municipais mais diretamente ligados à questão dos desastres; 

  Avaliação,  intervenção, monitoramento e atualização sobre todas as situações de risco de  forma quantitativa e qualitativa, principalmente as  classificadas   como  risco alto e muito alto; 

Será um instrumento necessário na revisão do Plano Diretor da Cidade;  

De  posse  do  PMRR,  o  Poder  Público  Municipal  disporá  de  um  instrumento imprescindível  para  obter  recursos  junto  ao  Ministério  das  Cidades  para  projetos: programas de urbanização,  regularização  e  integração de  assentamentos precários;  e programas de recuperação de áreas degradadas pelo desastre natural e antrópico.  

       

 

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AVALIAÇÃO DA AULA 04   1) Escreva um pequeno texto no qual você argumentaria favoravelmente à preocupação da comunidade na tomada de decisão envolvendo RISCOS! Imagine que o seu interlocutor ache que pessoas comuns, nem sempre com escolaridade regular, não devem ser chamadas a essa tarefa. Para o  seu  interlocutor  imaginário mapear  risco e  tomar decisão é  coisa pra  gente técnica e para as autoridades! 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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REFERÊNCIAS  FUJIMOTO, N.S.V.M, Análise ambiental urbana na área metropolitana de Porto Alegre/RS: sub‐bacia hidrográfica do Arroio Dilúvio. 2001. 236p. (tese de Doutorado) Programa de Pós‐graduação em Geografia. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas/USP, São Paulo, 2001.  UNISDR, Reducing disaster risks through science: Issues and actions. The Full Report of the ISDR Scientific and Technical Committee, Genebra, 2009.  VIEIRA, Senira Correa. Análise ambiental do uso e ocupação do solo urbano de uma sub‐bacia hidrográfica do Arroio Dilúvio ‐ Porto Alegre/RS. Dissertação de mestrado. UFRGS/PPGEA. Porto Alegre, 2009.  UNISDR, Climate change and disaster risk reduction: Weather, climate and climate change. Genebra, 2008.  EIRD. Vivir con el Riesgo: Informe mundial sobre iniciativas para la reducción de desastres. 2002.  ALHEIROS, M. M. O Plano Municipal de Redução de Risco.  In: BRASIL, Ministério das Cidades / Cities Alliance. Prevenção de Riscos de Deslizamentos em Encostas: guia para Elaboração de Políticas Municipais. CARVALHO, C. S.; GALVÃO, T. (orgs). Brasília, 2006  BRASIL, Ministério das Cidades, Instituto de Pesquisas Tecnológicas ‐ IPT. Mapeamento de Riscos em Encostas e Margem de Rios. CARVALHO, C. S.; MACEDO, E. S; OGURA, A. T. (orgs.),Brasília, 2007.  SARA. Liliana Miranda GESTION COMUNITARIA DE RIESGOS. Manual Nº 2 ‐ UN‐HABITAT. Peru. 2002 Acesso: www.proventionconsortium.org/themes/.../Foro_Habitat_meth.pdf. acessado: agosto 2010.  EIRD. Estrategia Internacional para La reducción de Desastres. La gestión Del Riesgo de Desastres Hoy. Contextos globales, herramientas locales. 2008. Naciones Unidas. 

 

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UNIDADE IV ‐ GESTÃO DE DESASTRES 

 

 

 

AULA 01 ‐ INTRODUÇÃO A ADMINISTRAÇÃO/GESTÃO DE DESASTRES 

OBJETIVOS  Conceituar, de acordo com a Estratégia Internacional para a Redução  de  Desastres  das  Nações  Unidas  (EIRD/ONU),  o termo “gestão de desastres”;  Discorrer  sobre  as  principais  ações  de  socorro,  assistência humanitária  e  de  reabilitação  de  cenários,  necessárias  ao restabelecimento de uma situação de normalidade. 

  1. INTRODUÇÃO  Nas  unidades  didáticas  anteriores,  você  aprendeu  que  o  principal  foco  da  Defesa  Civil concentra‐se  na  redução  dos  riscos  de  todos  os  dispositivos  estudados  a  saber,  análise  de ameaças, trabalho por aumento da resiliência e comunicação de gestão de riscos.  Historicamente, a ocorrência de desastres no Brasil  também vem aumentando em número e intensidade.  Tal  situação  pode  ser  explicada  pela  evolução  das  condições  demográficas, tecnológicas  e  socioeconômicas,  a  urbanização  sem  planejamento,  o  desenvolvimento  em zonas de alto risco, o subdesenvolvimento, a degradação do meio ambiente, a variabilidade do clima, as mudanças climáticas ‐ aquecimento global, as ameaças geológicas, etc.  Viu  ainda  que  os  prejuízos  causados  por  desastres  vêem  aumentando,  acarretando  graves conseqüências para a  sobrevivência, a dignidade e os meios de vida dos  seres humanos, em particular os mais pobres.  Além disso, o  insuficiente  investimento na área de  redução de  riscos e a  fragilidade de uma adequada  estrutura  de  defesa  civil,  especialmente,  em  nível  local  (municipal)  agravam  tal situação.   Tudo isso nos leva agora ao estudo de uma nova Unidade Didática, que abordará exatamente a gestão/administração dos desastres.  

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2. ADMINISTRAÇÃO/GESTÃO DE DESASTRES  A palavra administração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência)  e  significava, originalmente,  aquele que  realiza  algo  sob  o  comando  de outrem. Atualmente, este conceito foi ampliado, e passou a ser compreendido como a interpretação de objetivos  pessoais  ou  organizacionais  e  sua  transformação  em  ações  por  meio  do planejamento, organização, direção e controle de esforços com vistas ao alcance de metas, de maneira eficiente e eficaz.  A  gestão  de  desastres  foi  recentemente  conceituada  pela  Estratégia  Internacional  para  a Redução de Desastres das Nações Unidas, EIRD/ONU  (2009, p.18)  como:  “A organização e a gestão  dos  recursos  e  responsabilidades  para  abordar  todos  os  aspectos  das  emergências, especialmente a preparação, a resposta e os passos iniciais da reabilitação”.  A expressão gestão de desastres é, por vezes, também utilizada como gestão de emergências.  Os estudos acerca da redução de riscos e de desastres têm evoluído muito, sobretudo após o surgimento  das  primeiras  contribuições  na  área  de  administração  de  desastres,  quando  se passou a dar maior atenção às formas de  impedir ou atenuar possíveis desastres, ao  invés de apenas arcar com os grandes prejuízos (alguns irreparáveis) dele decorrentes.  Na verdade, existem muitos  instrumentos que podem auxiliar as organizações que participam da administração de desastres a desenvolver suas atividades de forma coordenada, eficiente e eficaz.  Como  você  estudou  nas  unidades  didáticas  anteriores,  alguns  desses  instrumentos  são utilizados ainda na fase de prevenção do desastre, seja atuando sobre as ameaças de forma a evitar que elas se concretizem ou minimizando seus danos e prejuízos, ou ainda, ampliando a capacidade das comunidades para resistir aos desastres, diminuindo suas vulnerabilidades.   Existem  também medidas  importantes  ligadas  à  fase  de  preparação  para  as  emergências  e desastres.  A  elaboração  de  planos  de  contingência,  por  exemplo,  podem  auxiliar muito  em situações de desastres. No plano, estarão previstas as responsabilidades de cada organização, as  prioridades  e  medidas  iniciais  a  serem  tomadas  e  a  forma  como  os  recursos  serão empregados  de  forma  integrada  (na  próxima  aula,  estudaremos  mais  detalhadamente  os planos de contingência).  Mas,  infelizmente,  mesmo  que  muitas  medidas  de  prevenção  e  preparação  tenham  sido tomadas, os desastres  continuarão acontecendo. Por  isso, na  fase de  resposta aos desastres torna‐se  fundamental  a  existência  de  sistema  de  coordenação,  comando  e  controle, previamente  padronizado,  testado  e  treinado,  que  permita  um  melhor  gerenciamento  da situação.  

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A experiência adquirida pelas organizações de defesa civil e de segurança pública ao longo dos últimos anos,  indica que entre os vários problemas encontrados na  implementação das ações de  resposta  aos  desastres,  questões  relacionadas  ao  comando  e  controle  das  operações constituem‐se num ponto altamente  relevante, que quase  sempre  representa o elo  fraco de muitas intervenções.   Foi exatamente essa percepção que resultou no desenvolvimento de um Sistema de Comando em  Operações  ou  SCO,  pode  ser  conceituado  como  um modelo  de  gestão  ou  ferramenta gerencial que padroniza as ações de  resposta em  situações  críticas de qualquer natureza ou tamanho.  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________    

AVALIAÇÃO DA AULA 01 

  1) Usando suas próprias palavras, conceitue de acordo com a Estratégia Internacional para a Redução de Desastres das Nações Unidas, o termo “gestão de desastres”.  2)  Relembre  as  principais  ações  de  socorro,  assistência  humanitária  e  de  reabilitação  de cenários, necessárias ao  restabelecimento de uma  situação de normalidade, anteriormente descritos, e  indique a correspondência entre os termos de ambas as colunas, colocando nos espaços em branco da coluna 2 as letras equivalentes da coluna 1.  Coluna 1        Coluna 2  a. Socorro        (     ) Isolamento de áreas de risco ou áreas críticas b. Assistência humanitária    (     ) Oferta de alimentos e de água potável c. Reabilitação de cenários           (     ) Restabelecimento da rede de distribuição de água            (     ) Socorro pré‐hospitalar e hospitalar de urgência           (     ) Oferta de roupas e calçados           (     ) Restabelecimento de rotas de acesso 

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AULA 02 ‐ PLANOS DE CONTINGÊNCIA E PLANOS DE AÇÃO 

OBJETIVOS  

Conceituar,  de  acordo  com  os  conceitos  transmitidos  na aula, a expressão “plano de contingência”;  Elaborar  um  plano  de  contingência  resumido,  a  partir  de uma  hipótese  de  desastre  sugerida  pelo  instrutor,  em conformidade com o modelo passo a passo apresentado na aula. 

  1. INTRODUÇÃO  A ocorrência de desastres deve ser considerada uma possibilidade sempre  real e medidas de preparação para a resposta devem ocupar lugar de destaque nas ações de gestão de riscos e de desastres.   Por  isso,  a  capacidade  de  monitorar  atividades  e  intervir  de  forma  rápida  e  eficiente  em desastres de vários tamanhos e natureza tem sido um objetivo perseguido de forma sistemática e continuada, recebendo investimentos consideráveis no desenvolvimento de estudos e planos, na alocação de  recursos humanos e materiais, bem  como na  capacitação de  todos os níveis hierárquicos para lidar com tais situações.  Nesta aula, aprofundaremos as questões ligadas à planificação de contingências. Na verdade, a planificação  de  contingências  deve  ser  entendida  como  um  processo  de  gestão  que  analisa possíveis eventos adversos que poderiam constituir riscos a sociedade e ao meio ambiente, e estabelece acertos prévios para permitir uma resposta oportuna, apropriada, eficiente e eficaz diante de tal situação caso a mesma se concretize.  A  literatura  internacional  sobre o  tema da  gestão de desastres  indica que diversos modelos foram  desenvolvidos  para  auxiliar  na  construção  de  metodologias  de  resposta  a  eventos potencialmente danosos, sobressaindo‐se duas vertentes mais utilizadas (o emprego de planos de  contingência  e  o  emprego  de  planos  de  ação  com  base  no  sistema  de  comando  em operações).  A primeira, e mais  tradicional, é a que estabelece o planejamento baseado em hipóteses de desastre específicas (planos de contingência), e que determinam procedimentos para cada um dos cenários acidentais identificados como relevantes em uma análise preliminar de risco.    A  seguir,  estudaremos  sobre  a  elaboração  de  planos  de  contingência,  ou  seja,  sobre  a elaboração  dos  planos  básicos  onde  estarão  previstas  as  responsabilidades  de  cada organização, as prioridades e medidas  iniciais a  serem  tomadas e a  forma  como os  recursos serão empregados de forma integrada.  

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2. CONCEITO DE PLANEJAMENTO E DE PLANO  Planejamento, em termos de redução de desastres, é a ação de visualizar uma situação futura desejada e determinar meios efetivos para concretizar esta situação, auxiliando o tomador de decisão em ambientes incertos e limitados pelo tempo.  Assim, quando falamos de plano, estamos falando de futuro. E, não há como discutir o futuro sem falar de objetivos, pois são eles constituem a mola mestra do planejamento.   A  expressão  “contingência”  pode  ser  explicada  como  uma  incerteza  sobre  algo  que  poderá acontecer ou não. Logo, um plano de contingência nada mais é do que um planejamento que serve para a preparação de uma determinada organização sobre as medidas a serem tomadas se algo vier a acontecer no futuro.  2.1 ‐ Conceito de Plano de Contingência  Um  plano  de  contingência  é  um  documento  escrito  através  do  qual  se  define  as  funções, responsabilidades  e  procedimentos  gerais  de  alerta  e  reação  institucional,  inventário  de recursos, coordenação de atividades operativas e simulações para capacitação conjunta, com o fim de salvaguardar a vida, proteger bens e recobrar a normalidade de uma sociedade tão logo seja possível depois de um desastre.  Logo, um Plano de Contingência é o documento que registra o planejamento elaborado a partir do  estudo  de  uma  determinada  hipótese  de  desastre.  No  plano,  estarão  previstas  a responsabilidade de cada organização, as prioridades e medidas  iniciais a serem  tomadas e a forma como os recursos serão empregados.  ___________________________________________________________________________  ___________________________________________________________________________  ___________________________________________________________________________  3. PRINCÍPIOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE CONTINGÊNCIA  É  indispensável  para  as  pessoas  compreender  que  elas  são  responsáveis  por  sua  própria segurança e que não podem simplesmente limitar‐se a esperar pelos governos para encontrar e prover solução aos seus problemas.   É necessário que haja uma vinculação entre as orientações das políticas nacionais de defesa civil e o uso de mecanismos que possam transformar os princípios da redução de desastres em atividades locais permanentes e flexíveis.  Para  estabelecer  quais  são  os  cenários  de  risco  (hipóteses  de  desastre),  é  particularmente importante ter em conta as percepções de risco das pessoas e o contexto sócio‐econômico e ambiental de onde vivem. As novas tendências em matéria de redução de riscos e de desastres também  comprometem  os  procedimentos  e  métodos  mais  tradicionais,  exigindo  uma abordagem de redução de riscos de forma mais integral e exaustiva. 

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Resumidamente,  poder‐se‐ia  afirmar  que  os  princípios  para  a  elaboração  de  um  plano  de contingências deveriam considerar:  

1. Identificar a responsabilidade das organizações e dos indivíduos que desenvolvem ações específicas na hipótese de desastre escolhida (por exemplo, uma enchente); 

2. Descrever as  linhas de autoridade e  relacionamento entre as organizações envolvidas, mostrando como as ações serão coordenadas; 

3. Descrever  como  as  pessoas,  as  propriedades  e  o  meio  ambiente  serão  protegidas durante a emergência; 

4. Identificar  pessoal,  equipamentos,  instalações,  suprimentos  e  outros  recursos disponíveis para a resposta às emergências, e como serão mobilizados; 

5. Identificar ações que devem ser implementadas antes, durante e após a emergência.  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  4. PASSO A PASSO DO PLANO DE CONTINGÊNCIA  4.1 ‐ Primeiro passo:   O primeiro passo é a pesquisa. Ela consiste em uma revisão da estrutura de planos existentes para  a  área,  análise  preliminar  de  risco,  definição  da  base  de  dados  a  ser  adotadas  e caracterização dos aspectos da área que possam afetar as emergências. (Dica: Faça a revisão da legislação, das normas, dos planos e dos mecanismos de cooperação já existentes).  4.2 ‐ Segundo passo:   O segundo passo diz respeito a uma análise preliminar de riscos de desastres. Uma análise de risco  é  fundamental  para  a  identificação  de  medidas  de  prevenção  e  preparação,  com conseqüências  importantes  para  a  resposta  as  emergências.  (Dica:  Sob  o  ponto  de  vista  do planejamento, a análise de risco auxilia a equipe de planejamento a definir quais riscos devem ser  priorizados,  quais  ações  devem  ser  planejadas  e  que  recursos  provavelmente  serão necessários).  4.3 ‐ Terceiro passo:   O terceiro passo diz respeito a identificação dos recursos existentes. A equipe de planejamento deve conhecer os recursos disponíveis para a resposta às emergências. (Dica: A questão é listar e quantificar os recursos, de forma a permitir uma comparação entre os recursos existentes e os recursos que serão necessários para uma resposta efetiva à emergência).   4.4 ‐ Quarto passo:   O quarto passo diz respeito a  identificação dos aspectos especiais do planejamento. A equipe de  planejamento  também  deve  identificar  aspectos  específicos  que  possam  influenciar  o planejamento, tais como características geomorfológicas, condições climáticas, dependência de 

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apenas uma via de transporte, existência de grupos com necessidades especiais, existência de áreas de interesse especial, entre outras.  4.5 ‐ Quinto passo:  O quinto e último passo é o desenvolvimento do plano propriamente dito. Uma vez concluídas as  etapas  anteriores  (passos  1  a  4),  a  equipe  de  planejamento  construirá  o  Plano  de Contingência por meio da seguinte seqüência:  

Validação;  Aprovação;  Teste do plano através de exercícios;  Manutenção do plano (planos são dinâmicos e precisam ser atualizados);  Processos de melhoria, revisão e complementação. 

 5. COMPONENTES BÁSICOS DE UM PLANO DE CONTINGÊNCIA   Um Plano de Contingência formaliza uma visão geral das organizações envolvidas na resposta a desastres  e  suas  responsabilidades.  Enumera  os  requisitos  legais  para  as  operações  de emergência,  apresenta  um  sumário  das  situações  em  que  o  plano  é  aplicável,  expõe  a concepção geral das operações e atribui responsabilidades pelo planejamento e operação em emergências.  Sugere‐se que o Plano de Contingência utilize a seguinte estrutura mínima:  

Material de introdução;  Descrição da finalidade do plano;  Situação e pressupostos básicos;  Operações ‐ o que é preciso ser feito;  Atribuição de responsabilidades ‐ quem faz o quê;  Administração e logística ‐ com que recursos o plano será implementado;  Instruções para uso do plano;  Instruções para manutenção do plano;  Distribuição. 

5.1 ‐ Anexos e Apêndices  Anexos  funcionais  poderão  ser  utilizados  para  organizar  as  ações  relacionadas  a  uma determinada funcionalidade das operações em emergências. Uma vez que os anexos funcionais são  orientados  para  as  operações,  seus  usuários  primários  consistem  nos  integrantes  das organizações que realizarão estas atividades.  Poderão  ser  utilizados  também  apêndices  para  ameaças  ou  perigos  específicos  podem  ser incluídos  para  fornecer  informações  adicionais  mais  detalhadas  aplicadas  à  execução  de funcionalidades específicas nas operações envolvendo uma  ameaça ou perigo em particular. Eles são utilizados quando as características ou a legislação referentes a esta ameaça ou perigo exigirem algum procedimento específico.  

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AVALIAÇÃO DA AULA 02  

  1) Divididos  em  equipes  de  até  5 participantes,  os  alunos  do  cursos  deverão  elaborar  um plano  de  contingência  resumido,  a  partir  de  uma  hipótese  de  desastre  sugerida  pelo instrutor, em conformidade com o modelo passo a passo apresentado na aula. 

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AULA 03 ‐ FERRAMENTAS DE GESTÃO PARA DESASTRES 

OBJETIVOS 

Discorrer  sobre  a  origem  do  Sistema  de  Comando  em Operações (SCO);  Conceituar, de acordo com a aula, Sistema de Comando de Operações ou SCO;  Explicar  a  finalidade  do  SCO  e  citar,  pelo  menos  três, benefícios do seu emprego na resposta à desastres.  

1. INTRODUÇÃO  A experiência adquirida pelas organizações de defesa civil e de segurança pública ao longo dos últimos anos,  indica que entre os vários problemas encontrados na  implementação das ações de  resposta  aos  desastres,  questões  relacionadas  ao  comando  e  controle  das  operações constituem‐se num ponto altamente  relevante, que quase  sempre  representa o elo  fraco de muitas intervenções.   2. DIFERENÇAS ENTRE EMERGÊNCIAS E SITUAÇÕES CRÍTICAS  A principal diferença entre uma emergência  comum e uma  situação  crítica é que a primeira pode ser atendida com os recursos normais de resposta de uma determinada organização, sem a  necessidade  de  coordenação  ou  procedimentos  especiais,  enquanto  a  segunda  exige  uma postura organizacional não rotineira para a coordenação e gerenciamento integrado das ações de resposta.  Situações  críticas  são  geralmente  de  alto  risco,  dinâmicas,  complexas  e  confusas,  gerando problemas específicos, tais como: estrutura de coordenação e níveis de autoridade indefinidos, comunicação  inadequada,  fluxo  de  informações  inadequado,  falta  de  controle  sobre  os recursos,  utilização  inadequada  de  recursos  especializados,  dificuldade  no  ordenamento  de áreas e relacionamento precário com a imprensa.   Foi exatamente essa percepção que resultou no desenvolvimento do Sistema de Comando em Operações ou SCO.  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________   

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3. ORIGEM DO SCO  Na década de 70, o problema dos  incêndios  florestais nos EUA  tornou‐se  tão grave que uma série  de  incêndios  devastadores  ocorridos  na  Califórnia  acabou  por  suplantar  o  sistema  de proteção e controle do Estado.  A  falta de  conceitos unificados e modelos  sistêmicos  resultaram em problemas operacionais sem  precedentes.  Como  resultado,  o  Congresso  Norte‐Americano  recomendou  ao Departamento Florestal (U.S. Forestry) que desenvolvesse um sistema que pudesse resolver a questão.  Sob  a  coordenação  do  Departamento,  reuniram‐se  vários  departamentos  de bombeiros para desenvolver um sistema de gestão para emergências. Este grupo de trabalho ficou conhecido como FIRESCOPE  (FIrefighting RESources of California Organized  for Potential Emergencies).   Desse  trabalho  surgiu o  Incident Command  System  (ICS) que passou  a  ser utilizado nos  EUA como ferramenta modelo para a gestão de emergências.  4. CONCEITO DO SCO  O  Sistema de Comando em Operações ou  SCO pode  ser  conceituado  como uma  ferramenta gerencial  (modelo),  de  concepção  sistêmica  e  contingencial,  que  padroniza  as  ações  de resposta  em  situações  críticas  de  qualquer  natureza  ou  tamanho. O  SCO  permite  que  seus usuários  adotem  uma  estrutura  organizacional  integrada  para  enfrentar  as  demandas  e complexidades  de  uma  situação  crítica,  sem  prejuízo  de  suas  competências  e  limites jurisdicionais.  5. O QUE É O SCO?  Uma das mais importantes boas práticas incorporadas na Defesa Civil Nacional foi a adoção do Sistema de Comando em Operações (SCO) como sistema padrão para responder emergências e estruturar a forma de organização e gerenciamento de desastres ou eventos planejados.  O  SCO  não  é  algo  novo  e  experimental,  pois  sua  estruturação  é  garantida  por  uma  ampla fundamentação  teórica, de  longa data e aliada à experiência de  inúmeros eventos em vários diferentes países.   Sua  correta  utilização  permite  que  pessoas  de  diferentes  organizações  se  integrem rapidamente  em  uma  estrutura  de  gerenciamento  comum,  facilitando  a  integração  das comunicações  e  os  fluxos  de  informações  e melhorando  os  trabalhos  de  inteligência  e  de planejamento. O correto emprego do SCO fornecerá um melhor apoio logístico e administrativo ao  pessoal  operacional, melhorando  a  articulação  do  comando  e  seu  staff  com  elementos internos  e  externos  à  operação,  facilitando  relações  e  trocas  e  agregando  valor  à  operação (evitando a duplicação de esforços e ampliando a segurança dos envolvidos).  _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

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6. FINALIDADE DO SCO  Utilizando‐se das melhores práticas de administração, o SCO tem por finalidade, garantir:  

Maior segurança para as equipes de resposta e demais envolvidos numa situação crítica;   O alcance de objetivos e prioridades previamente estabelecidas; e   O uso eficiente e eficaz dos recursos (humanos, materiais, financeiros, tecnológicos e de informação) disponíveis. 

7. RESPOSTA AOS DESASTRES  Num  desastre  (emergência  ou  situação  crítica)  as  ações  de  resposta  e  os  passos  iniciais  da reabilitação compreendem normalmente as seguintes atividades gerais:  

O controle de sinistros e o socorro às populações em risco;  A assistência humanitária das populações afetadas; e   A reabilitação inicial dos cenários afetados pelos desastres. 

 7.1  ‐  Entre  as  principais  ações  de  controle  de  sinistros  e  o  socorro  às  populações  em  risco, destacam‐se:  

O isolamento das áreas de riscos ou áreas críticas;  A evacuação das populações em risco;  O controle de sinistros de toda ordem (extinção de incêndios, estabilização de áreas ou edificações instáveis, controle de vazamentos de produtos perigosos, etc.) 

O controle de tráfego;  O socorro pré‐hospitalar e hospitalar de pessoas feridas ou doentes;  A segurança da edificações e áreas sinistradas. 

 7.2  ‐ Entre as principais ações de assistência humanitária das populações afetadas, destacam‐se:  

O suprimento de alimentos e de água potável;  O suprimento de roupas, calçados e estrutura de abrigamento e utensílios de copa e cozinha (barracas, colchões, roupa de cama, travesseiros, fogões, panelas, talheres); 

O suprimento de material de limpeza e de higienização;  A instalação de acampamentos e abrigos provisórios;  A  oferta  de  serviços  gerais,  como  transporte,  comunicação,  apoio  médico,  apoio psicológico, etc. 

 7.3  ‐  Entre  as  principais  ações  de  reabilitação  inicial  dos  cenários  afetados  pelos  desastres, destacam‐se:  

Restabelecimento de serviços essenciais, tais como, de distribuição de água, alimentos e eletricidade; 

A desobstrução de escombros e o restabelecimento das principais rotas de acesso aos estabelecimentos de abrigamento, saúde, educação, compras básicas, etc. 

O sepultamento de pessoas e animais mortos; 

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A estruturação de saneamento básico de caráter emergencial;  A vigilância sanitária e epidemiológica;  A proteção de grupos populacionais vulneráveis, etc. 

 ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  8. ALGUNS BENEFÍCIOS DO SCO 

1. Fornece um modelo de gerenciamento padronizado para situações críticas de qualquer natureza ou tamanho; 

2. Permite  que  pessoas  de  diferentes  organizações  se  integrem  rapidamente  em  uma estrutura de gerenciamento comum; 

3. Facilita  a  integração  das  comunicações  e  os  fluxos  de  informações, melhorando  os trabalhos de inteligência e planejamento; 

4. Fornece apoio logístico e administrativo para o pessoal operacional;  5. Melhora  a  articulação  do  comando  com  elementos  internos  e  externos  à  operação, 

facilitando relações; 6. Agrega valor à operação evitando a duplicação de esforços e ampliando a segurança dos 

envolvidos.  _____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________ 

AVALIAÇÃO DA AULA 03  

1) No  espaço  abaixo,  usando  suas  próprias  palavras,  conceitue  “Sistema  de  Comando  em Operações”.  

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2)  Relembre  os  benefícios  oferecidos  pelo  uso  do  SCO  como  ferramenta  de  gestão  de desastres,  indicando  se as afirmações abaixo  são  falsas ou verdadeiras, escrevendo “V” ou “F” no espaço em branco.  (     )  Fornece um modelo de gerenciamento padronizado para situações críticas de qualquer natureza ou tamanho;  (     )  Permite  que  as  pessoas  de  uma mesma  organização  se  integrem, mesmo  com  certa demora, em uma estrutura de gerenciamento comum;  (     )  Facilita  a  integração  das  comunicações  e  os  fluxos  de  informações, melhorando  os trabalhos de inteligência e planejamento;  (     )  Fornece apoio logístico e administrativo para o pessoal operacional;   (     )  Dificulta  a  articulação  do  comando  com  elementos  internos  e  externos  à  operação, facilitando relações;  (     )  Agrega valor à operação evitando a duplicação de esforços e ampliando a segurança dos envolvidos. 

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AULA 04 ‐ PRINCÍPIOS E CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO SCO 

OBJETIVOS 

Enumerar, corretamente, os três (3) princípios fundamentais do Sistema de Comando em Operações;  Indicar  e  explicar,  de  forma  sucinta,  as  principais características  básicas  do  Sistema  de  Comando  em Operações. 

  1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO SCO  O SCO baseia seu emprego em 3 (três) princípios fundamentais:   ________________________________________________ ;  ________________________________________________ ;  ________________________________________________ .  1.1 ‐ Concepção Sistêmica  O SCO propõe o uso do pensamento sistêmico ao abordar a complexidade das operações de resposta aos desastres. Assim, o planejamento e as ações de  resposta ao desastre  tendem a serem  realizadas  a  partir  de  um  entendimento  integral  da  realidade  por  meio  de  fluxos sucessivos  de  ações  (planejamento,  organização,  direção  e  controle)  em  vez  de  apenas  por meio de ações lineares de causa/efeito.  1.2 ‐ Concepção Contingencial  De acordo com a concepção contingencial, a estrutura organizacional de resposta aos desastres deve ser capaz de adaptar‐se ao ambiente (se expandindo ou diminuindo) de acordo com cada situação.  Tal  modelo  é  garantido  mediante  o  emprego  de  estruturas  administrativas  modulares  e flexíveis de comando e comunicação que fazem com que a estrutura de adapte de acordo com os objetivos estratégicos comuns de cada situação crítica.  1.3 ‐ Concepção Para Todos os Riscos e Situações  Esse  princípio  indica  que  o modelo  tem  caráter  universal,  ou  seja,  deve  ser  utilizável  como ferramenta gerencial para planejar, organizar, dirigir e controlar situações críticas de qualquer natureza,  independentemente  de  sua  causa,  tamanho,  configuração,  localização  ou complexidade.

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2. CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO SCO  O SCO possui também 15 (quinze) características básicas, são elas:  

1. Emprego de terminologia comum; 2. Uso de formulários padronizados. 3. Estabelecimento e transferência formal de comando; 4. Cadeia e unidade de comando; 5. Comando único ou unificado. 6. Organização modular e flexível; 7. Administração por objetivos; 8. Uso de planos de ação;  9. Adequada amplitude de controle. 10. Instalações e áreas padronizadas; 11. Gerenciamento integrado de recursos. 12. Gerenciamento integrado das comunicações; 13. Gerenciamento integrado de informações e inteligência. 14. Controle de pessoal; 15. Controle da mobilização/desmobilização. 

 2.1 ‐ Emprego de Terminologia Comum  O SCO recomenda o uso de terminologia comum para facilitar a comunicação entre as pessoas e as organizações envolvidas na operação.   O uso de códigos e expressões peculiares a uma determinada atividade ou organização deve ser evitado a  fim de não dar margem a  interpretações  inadequadas ou  falta de compreensão da mensagem.  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  2.2 ‐ Uso de Formulários Padronizados  O SCO recomenda o emprego de  formulários pré‐estabelecidos com vistas à padronização do registro de informações e recursos, a consolidação do plano de ação e a documentação de tudo que  foi  realizado  durante  a  operação. O  uso  dos  formulários  ajuda  a  consolidar  a  cadeia  e unidade de comando.   ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  

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2.3 ‐ Estabelecimento e Transferência Formal de Comando  O  SCO  recomenda  que  entre  os  primeiros  que  chegam  na  cena  da  emergência  ou  situação crítica alguém assuma o comando da operação. As demais funções vão sendo  implementadas de acordo com a necessidade e a disponibilidade de pessoal.   A transferência de comando ocorre quando:   

Uma pessoa mais qualificada assume o comando;   A situação se altera ao longo do tempo exigindo tal transferência;   O evento se prolonga exigindo uma rotatividade normal de comando; ou  A situação volta a normalidade e o comando retorno a organização de origem.  

 ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  2.4 ‐ Cadeia e Unidade de Comando  A  cadeia de  comando é uma  linha  ininterrupta de autoridade que  liga as pessoas dentro do SCO.   Unidade de comando significa que cada indivíduo responde a apenas uma pessoa, a quem deve reportar‐se durante toda a operação.   A  base  para  o  comando  de  uma  operação  está  centrada  na  autoridade  investida  do comandante sobre seus subordinados/colaboradores.   ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  2.5 ‐ Comando Único ou Unificado  O termo comando único é usado quando apenas uma pessoa, representando sua organização, assume formalmente o comando da operação.   O comando unificado é usado numa abordagem mais cooperativa, na qual representantes das organizações envolvidas atuam em conjunto.  2.6 ‐ Organização Modular e Flexível  O  SCO  utiliza  uma  estrutura  organizacional  padronizada  porém  flexível  na  sua  implantação. Assim, apenas as funções realmente necessárias para o alcance dos objetivos do comando são ativadas.   ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________ 

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Observação: A  lógica é  contingencial, ou  seja, ao  constatar‐se que uma determinada  função demandará  uma  atenção  especial,  ela  é  ativada  e  a  estrutura  se  amplia  para  adaptar‐se  à situação!  2.7 ‐ Administração por Objetivos9  Modelo de gestão que estabelece objetivos (resultados) a serem alcançados por determinadas pessoas  ou  grupos  de  pessoas,  num  determinado  período  de  tempo  e  acompanha  o desempenho (controle) procedendo às correções necessárias.   O  principal  apelo  da  APO  está  em  converter  prioridades  e  objetivos  comuns  em  metas específicas  para  cada  indivíduo  dentro  do  sistema.  Cada  integrante  da  estrutura,  desde  o comando até o líder de um recurso único, precisa de objetivos claramente definidos.   Os objetivos da operação são estabelecidos de acordo com as seguintes prioridades:   

Salvar vidas;  Estabilizar a situação;  Preservar bens e propriedades.  

 ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  2.8 ‐ Uso de Planos de Ação   O  SCO  consolida  a  APO  através  de  um  plano  de  ação  (PAç)  elaborado  pelo  comando  da operação. O PAç fornece as pessoas e organizações envolvidas uma idéia geral da situação, dos recursos disponíveis e, especialmente, dos objetivos e prioridades a alcançar num determinado período operacional, otimizando os esforços e gerando sinergia.   2.9 ‐ Adequada Amplitude de Controle  A  amplitude  de  controle  se  refere  ao  número  ideal  de  pessoas  que  um  superior  pode supervisionar pessoalmente, de maneira eficiente e eficaz.   A amplitude de controle é  influenciada por vários fatores, tais como: o tipo da emergência ou situação crítica, a natureza das  tarefas, os  riscos e  fatores de  segurança exigidos, a distância entre as pessoas e os recursos, etc.   O  SCO  recomenda  que  o  número  de  pessoas  ou  recursos  sob  a  responsabilidade  de  um determinado  coordenador,  encarregado  ou  líder,  seja  compatível  com  a  sua  capacidade gerencial, logo, não deve ser inferior a 3, nem superior a 7.   

                                                       9 A expressão Administração por Objetivos ou APO foi cunhada por Peter F. Drucker, em 1954, no livro The Practice of Management.   

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2.10 ‐ Instalações e Áreas Padronizadas  O SCO recomenda o uso de instalações e áreas de trabalho padronizadas.   As principais instalações (espaços físicos móveis ou fixos) são:   

Posto de comando;  Base de apoio;  Acampamento;  Centro de informações ao público;  Helibases; e  Helipontos.  

 As principais áreas são:   

Área de espera  (local onde os recursos operacionais são recepcionados, cadastrados e permanecem disponíveis até seu emprego); e 

  Área de concentração de vítimas (local onde as vítimas são reunidas, triadas e recebem atendimento inicial até serem transportadas para estabelecimentos hospitalares).  

 O  SCO  recomenda  também  a organização da  área em diferentes  zonas de  trabalho  (ZT), de acordo com o tipo de emergência, a natureza das tarefas a serem realizadas e o risco presente no cenário em questão.   As  ZT  são divididas em: área quente  (local de maior  risco  com  acesso  restrito), área morna (local  intermediário  não  totalmente  seguro  com  acesso  e  circulação  igualmente  restritos)  e área fria (local seguro que abriga as instalações e recursos que darão suporte à operação).   2.11 ‐ Gerenciamento Integrado de Recursos  O  SCO orienta que  todos os  recursos empregados na operação  sejam gerenciados de  forma integrada. Para isso, faz‐se necessário que todos os recursos (operacionais ou logísticos), assim que cheguem próximos à cena da emergência, sejam encaminhados para uma área de espera previamente  definida,  para  serem  recepcionados,  cadastrados  e  permanecerem  disponíveis para emprego.   A  totalidade  dos  recursos  deve  ser monitorada  pelo  planejamento  (através  da  unidade  de recursos).   Os  recursos podem  ser  agrupados  em  2  categorias:  recursos operacionais  (são  recursos  em condições  de  pronto  emprego  operacional,  como  por  exemplo,  um  helicóptero  com  a  sua tripulação, uma ambulância com sua equipe de socorro) e recursos logísticos (necessários para dar  suporte  às  operações,  por  exemplo:  alimentação,  colchões,  travesseiros  e  cobertores, equipamentos de comunicação, etc.).  

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   Quando  o  recurso  chega  na  área  de  espera  e  está  pronto  para  emprego  imediato  ele  é chamado  de  recurso  disponível.  Quando  o  recurso  entra  em  operação  é  considerado designado. Quando o  recurso, por algum problema não pode  ser empregado na operação, é chamado de indisponível.   IMPORTANTE:  É  importante observar que um helicóptero  sem  sua  tripulação ou uma  ambulância  sem  sua equipe  não  são  considerados  como  um  recurso  operacional  (recurso  único).  Vale  destacar também  que  recursos  operacionais  podem  ser  utilizados  de  forma  combinada,  somando recursos  iguais  (chamados de equipes de  intervenção) ou  recursos diferentes  (chamados de forças‐tarefa), desde que esses recursos sejam devidamente  integrados sob ação de um  líder ou responsável.   CONCEITOS BÁSICOS: 

Recurso único é o equipamento somado ao seu complemento em pessoal pronto para emprego tático na operação sob a supervisão de um líder ou responsável (são exemplos de recursos únicos: uma ambulância com sua equipe de socorristas, um helicóptero com sua tripulação, um bombeiro cinotécnico acompanhado de seu cão de busca, etc.). 

  Equipe de  intervenção é a combinação de  recursos únicos do mesmo  tipo agrupados para uma tarefa tática específica, sob a supervisão de um líder ou responsável (exemplo de  uma  equipe  de  intervenção:  a  combinação  de  duas  ou  mais  embarcações devidamente  tripuladas  e  sob  comando  para  resgatar  pessoas  ilhadas  numa  área  de inundação). 

  Força‐tarefa é qualquer combinação de diferentes recursos únicos constituída para uma tarefa tática específica, sob a supervisão de um  líder ou responsável (exemplo de uma força‐tarefa: a combinação de viaturas de combate a  incêndio, helicópteros e veículos de  transporte de pessoal, devidamente  tripulados e  sob  comando, para  controlar um incêndio florestal). 

2.12 ‐ Gerenciamento Integrado das Comunicações  A capacidade de comunicação entre os diferentes atores do SCO é fundamental para o sucesso de qualquer operação.   Para  tal,  faz‐se necessário o desenvolvimento de um plano de  comunicações  (que diz quem conversa  com quem e  como) que estabelecerá diferentes  redes de  comunicação, de  acordo com as necessidades da cada caso.  

recursomobilizado

recursodisponível

recursodesignado

recursoindisponível

recursodesmobilizado

recursomobilizado

recursodisponível

recursodesignado

recursoindisponível

recursodesmobilizado

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Exemplos de redes de comunicação: 

Rede de comando (integra as comunicações entre o comando e seu staff de comando e o staff principal); 

  Rede  tática  (integra  as  comunicações  entre  as  pessoas  e  equipes  subordinadas  ao coordenador de operações);  

  Rede administrativa (integra as comunicações não operacionais entre o comando e sua assessoria com órgãos externos que estão cooperando com o SCO); 

  Rede logística (integra as comunicações da logística para tratar de assuntos referentes a suprimentos, serviços e instalações); e 

  Rede de operações aéreas (integra as comunicações do pessoal de operações aéreas).  

______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  2.13 ‐ Gerenciamento Integrado de Informações e Inteligência  O SCO recomenda que a coleta de  informações relativas a situação crítica devam ser obtidas, analisadas  e  disseminadas  de  forma  a  favorecer  uma  administração  eficiente  e  eficaz  do sistema.   Dependendo  da  natureza,  complexidade  e magnitude  do  evento,  será  necessário  coletar  e analisar diferentes  informações,  tais como: dados meteorológicos, características geográficas, informações populacionais, dados sócio‐econômicos e culturais, explicações sobre  fenômenos naturais específicos, etc.   Em situações críticas de menor complexidade, o uso de um formulário padronizado para reunir as  informações básicas (formulário SCO 201) auxilia na consolidação das  informações e dados iniciais de inteligência.   Em  situações  de  maior  complexidade  ou  repercussão  uma  unidade  de  situação  pode  ser necessária (ligada ao planejamento) para  integrar  informações, produzir  inteligência e manter quadros de situação sempre atualizados.   2.14 ‐ Controle de Pessoal  Uma  das  grandes  preocupações  do  SCO  é  o  adequado  controle  do  efetivo  envolvido  na operação. Saber exatamente quantas pessoas estão envolvidas, onde elas estão trabalhando e o que estão  fazendo, representa um  fator  importante de segurança. Além disso, um controle adequado  da  disponibilidade  e  emprego  do  pessoal  envolvido  da  operação  representa  uma grande vantagem administrativa, sob a ótica da eficiência e eficácia gerencial.   ______________________________________________________________________________ 

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2.15 ‐ Controle da Mobilização/Desmobilização  O gerenciamento dos recursos (necessidade e alocação) deve ser realizado de forma eficiente e eficaz. A mobilização de pessoal e equipamentos deve ser gerenciada adequadamente por uma autoridade  competente.  Assim,  uma  unidade  de  mobilização  e  desmobilização  pode  ser necessária  nos  eventos  de maior  repercussão  (a  unidade  de mobilização/desmobilização  é ligada ao planejamento).  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________    AVALIAÇÃO DA AULA 04    1) No espaço abaixo, enumere corretamente, os três (3) princípios fundamentais do Sistema de Comando em Operações.           2) De acordo com a característica básica “Administração por Objetivos”, cada  integrante da estrutura do  SCO, desde o  comando até o  líder de um  recurso único, precisa de objetivos claramente definidos. No espaço abaixo, cite as três (3) prioridades recomendadas pelo SCO para o estabelecimento dos objetivos de uma operação emergencial:            

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3)  Relembre  agora  os  conceitos  do  “Gerenciamento  Integrado  de  Recursos”  e  escreva  no espaço  indicado  o  termo  que  classifica  cada  um  dos  conceitos  (recurso  único,  equipe  de intervenção, força‐tarefa).  __________________________________  =  Combinação  de  recursos  únicos  do  mesmo  tipo agrupados  para  uma  tarefa  tática  específica,  sob  a  supervisão  de  um  líder  ou  responsável (exemplo  de  uma  equipe  de  intervenção:  a  combinação  de  duas  ou  mais  embarcações devidamente  tripuladas  e  sob  comando  para  resgatar  pessoas  ilhadas  numa  área  de inundação).  __________________________________  =  Equipamento  somado  ao  seu  complemento  em pessoal pronto para emprego tático na operação sob a supervisão de um  líder ou responsável (são  exemplos  de  recursos  únicos:  uma  ambulância  com  sua  equipe  de  socorristas,  um helicóptero com sua tripulação, um bombeiro cinotécnico acompanhado de seu cão de busca, etc.).  __________________________________  =  Qualquer  combinação  de  diferentes  recursos únicos  constituída  para  uma  tarefa  tática  específica,  sob  a  supervisão  de  um  líder  ou responsável  (exemplo de uma  força‐tarefa: a combinação de viaturas de combate a  incêndio, helicópteros e veículos de transporte de pessoal, devidamente tripulados e sob comando, para controlar um incêndio florestal). 

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AULA 05 ‐ SCO ‐ ESTRUTURA ORGANIZACIONAL E PRINCIPAIS FUNÇÕES 

 

OBJETIVOS 

Enumerar, de acordo com a lição, as três (3) partes principais da estrutura organizacional preconizada pelo SCO;  Descrever  as principais  funções dos  coordenadores,  chefes de  seção  e  encarregados  que  compõem  a  estrutura organizacional padrão do SCO.  

  1. INTRODUÇÃO  O trabalho de comando de uma operação de resposta a uma emergência ou desastre constitui‐se  da  utilização  dos  diversos  recursos  organizacionais  (humanos, materiais,  financeiros,  de informação e tecnologia) para alcançar objetivos e prioridades comuns de maneira eficiente e eficaz.  2. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL BÁSICA DO SCO  O  SCO  orienta  que  entre  os  primeiros  que  chegam  no  local  da  emergência,  alguém  assuma formalmente o comando da operação. A pessoa que assume o comando é o responsável pelas operações como um todo.  Para  facilitar seu trabalho, o comando utiliza‐se de uma estrutura organizacional padronizada (organograma) onde estão representadas as principais funções do SCO.    Normalmente,  no  início  da  emergência,  o  comando  é  conduzido  por  alguém  de  nível operacional  (integrante  das  primeiras  equipes  de  resposta),  no  entanto,  com  o  passar  do tempo, em  função da própria  situação, este  comando precisará  ser  transferido para  alguém mais  qualificado  (transferência  de  comando).  Dessa  forma,  inicialmente  o  comando  se estrutura a partir de um organograma simples e, conforme a situação crítica exigir, as demais funções  do  organograma  vão  sendo  implementadas  de  acordo  com  a  necessidade  e  a disponibilidade de pessoal.  A estrutura organizacional básico do SCO é composta de três partes principais, a saber:   

O comando (que poderá ser único ou unificado);   

O  staff/assessoria  de  comando  (composto  pelas  funções  de  segurança,  ligações, informações ao público e secretaria); e 

  O staff geral/principal (composto pelas seções de operações, planejamento,  logística e administração/finanças). 

Um organograma é uma representação visual da estrutura do SCO 

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126Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

           

 Figura da estrutura organizacional básica (organograma) do SCO. 

 3. PRINCIPAIS FUNÇÕES DO SCO  Como você viu anteriormente, a função comando se estrutura a partir de um staff de assessoria e quatro principais seções.   3.1 ‐ Função Comando  O comando é o responsável pela operação como um todo. Cabe a ele instalar o SCO, avaliar a situação,  designar  instalações  e  áreas,  estruturar  o  organograma,  definir  objetivos  e prioridades, desenvolver um plano de ação e coordenar todas as atividades administrativas da operação. O comando é apoiado por uma estrutura de assessoria (staff de comando) que supre necessidades de segurança, ligações, informações ao público e secretaria.   Suas principais atribuições são:  

instalar o SCO;  designar um posto de comando e uma área de espera/estacionamento;  buscar informações, avaliar a situação como um todo e suas prioridades;  determinar objetivos estratégicos e táticos;  desenvolver um plano de ação;  implementar uma estrutura organizacional adequada;  mobilizar e gerenciar os recursos disponíveis;  coordenar as atividades como um todo;  garantir a segurança;   coordenar atividades com órgãos externos de apoio e cooperação;  divulgar informações junto à mídia;   registrar as informações da operação em formulários padronizados. 

3.2 ‐ Staff/Assessoria de Comando   O  staff/assessoria  de  comando  é  responsável  por  algumas  atribuições  diretas  do  comando. Seguindo a lógica contingencial do SCO, num primeiro momento as atribuições peculiares desse staff  pessoal  são  desempenhadas  pelo  próprio  comando,  no  entanto,  quando  se  tornam necessárias  essas  assessorias  vão  sendo  gradativamente  ativadas,  de  forma  a  evitar  que  o comando acabe sobrecarregado. 

Segurança

Comando

Ligações

Informações ao público

Secretaria

PlanejamentoOperações Administração/finançasLogística

Staff/assessoria de comando

Staff geral

Segurança

Comando

Ligações

Informações ao público

Secretaria

PlanejamentoOperações Administração/finançasLogística

Staff/assessoria de comando

Staff geral

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127Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

3.2.1 ‐ Função Segurança  O coordenador de segurança  faz parte do staff/assessoria do comando e é o responsável por avaliar e monitorar constantemente condições inseguras de trabalho no local da operação.   Suas principais atribuições são: 

obter informações sobre a emergência ou situação crítica e o SCO;  avaliar os riscos da operação e identificar medidas de segurança;  recomendar medidas para o gerenciamento dos riscos relacionados à operação;  monitorar a segurança das pessoas envolvidas na operação;  estabelecer medidas preventivas com vistas a redução do risco;  informar ao comando, medidas de segurança específicas para as pessoas que acessam as zonas de trabalho da operação; 

interromper, de imediato, qualquer ato ou condição insegura;  registrar as situações inseguras constatadas;  participar da elaboração do plano de ação sugerindo medidas de segurança. 

 3.2.2 ‐ Função Ligações  O  coordenador de  ligações  faz parte do  staff/assessoria do  comando e é o  responsável pelo enlace  (contatos  externos)  com  os  representantes  dos  organismos  que  estão  auxiliando  e cooperando  com a operação, especialmente aqueles que não estão no posto de  comando e autoridades políticas.   Suas principais atribuições são:  

obter informações sobre a emergência ou situação crítica e o SCO;  estabelecer  um  ponto  de  contato  para  os  organismos  que  estão  auxiliando  e cooperando com a operação; 

identificar um representante (pessoa de contato) de cada organismo envolvido;  atender às solicitações do comando estabelecendo os contatos externos necessários;  monitorar as operações como um todo para identificar possíveis conflitos ou problemas no relacionamento entre os organismos envolvidos; 

manter um registro dos organismos que estão auxiliando e cooperando com a operação e seus respectivos contatos (telefone, celular, email). 

 3.2.3 ‐ Função Informações ao Público  O  coordenador  de  informações  ao  público  faz  parte  do  staff/assessoria  do  comando  e  é  o responsável pela formulação e divulgação de informações sobre a situação crítica e a operação para a mídia.   Suas principais atribuições são:  

obter informações sobre a emergência ou situação crítica e o SCO;  produzir informes sobre a situação crítica e a operação, tão logo quanto possível;  estabelecer locais e horários para a divulgação de informações; 

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128Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

assumir  pessoalmente  ou  identificar  alguém  preparado  para  ser  o  porta‐voz  da operação (pessoa que fala sobre o evento na mídia); 

estabelecer contatos regulares com a mídia para fins de dissiminação de informações;  observar as restrições para a divulgação de informações estabelecidas pelo comando da operação; 

obter a aprovação dos informes antes de divulgados na mídia;  organizar coletivas e  intermediar o contato do comando com  integrantes da  imprensa em geral; 

controlar o acesso de integrantes da mídia na área de operações.  3.2.4 ‐ Função Secretaria  O coordenador da secretaria faz parte do staff/assessoria do comando e é o responsável pelas tarefas administrativas do comando.   Suas principais atribuições são:  

obter informações sobre a emergência ou situação crítica e o SCO;  organizar  as  dependências  do  posto  de  comando,  providenciando  serviços  de  apoio (água, café, lanches) e limpeza; 

preparar reuniões de trabalho;  registrar as decisões das reuniões de trabalho;  resolver problemas relativos ao funcionamento do posto de comando. 

 3.3 ‐ Staff Geral/Principal de Comando   O  staff  geral/principal  de  comando  é  constituído  pelas  seções  de operações, planejamento, logística e administração/finanças.  3.3.1 ‐ Seção Operações  O chefe da seção de operações conduz as atividades operacionais no nível tático, executando o plano de ação do comando. Sob sua responsabilidade encontram‐se o encarregado da área de espera/estacionamento  e  os  demais  coordenadores  dos  setores  operacionais  (bombeiro, polícia, saúde, defesa civil, operações aéreas, etc.) que se fizerem necessários.  Suas principais atribuições são:  

obter informações sobre a emergência ou situação crítica e o SCO;  participar da elaboração do plano de ação;  dar ciência do plano de ação aos integrantes das seções operacionais;  supervisionar as operações como um todo;  avaliar  a necessidade de  recursos  adicionais e,  caso  sejam necessários,  solicitá‐los  ao encarregado da área de espera; 

dispensar, se necessário, recursos em operação, reencaminhando‐os à área de espera;  organizar  os  recursos  operacionais  disponíveis  em  seções  (apoio  especializado)  e/ou setores (áreas geográficas); 

manter o comando informado sobre o andamento das operações como um todo. 

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129Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

O  chefe  de  operações  deve  adequar  o  organograma  (implantando  mais  ou  menos funções/posições)  de  acordo  com  as  necessidades  da  situação  crítica.  Logo,  poderão  ser implantadas diferentes  seções, como por exemplo:  seção de combate a  incêndio, de  socorro pré‐hospitalar, de polícia de choque, de construção de abrigos provisórios, de reconstrução de telhados,  de  vacinação,  etc.  O  operações  poderá  ainda  implantar  diferentes  setores  para facilitar os trabalhos de campo, como por exemplo, setor norte, setor sul, setor A, setor B, etc.  3.3.1.1 ‐ Encarregado da Área de Espera  O  encarregado  da  área  de  espera  fica  subordinado  diretamente  ao  chefe  de  operações  e controla  o  local  onde  os  recursos mobilizados  irão  chegar  e  ficar  a  espera  de  emprego  na operação. Cabe a ele fazer o cadastramento de todos os recursos que integram o SCO.   Suas principais atribuições são:  

obter, junto ao coordenador de operações, informações sobre a emergência ou situação crítica e o SCO; 

delimitar e sinalizar adequadamente a área de espera;  cadastrar  os  recursos mobilizados  que  chegam  ao  local  da  emergência  ou  situação crítica; 

prestar orientações iniciais sobre a emergência ou situação crítica ao pessoal que chega na área de espera/estacionamento; 

orientar  pessoas  sem  treinamento  em  SCO  com  as  informações  mínimas  para  que possam integrar‐se ao sistema em operação; 

controlar a situação dos recursos, registrando as informações em formulários próprios e repassando‐as continuamente ao coordenador de operações; 

designar recursos disponíveis conforme solicitado;  estruturar  equipes  de  intervenção  ou  forças‐tarefa  combinando  recursos  disponíveis conforme a necessidade do coordenador de operações. 

 3.3.1.2 ‐ Responsáveis pelas Seções e Setores Operacionais  Os responsáveis pelas seções operacionais controlam os seus recursos disponíveis usando como critério  a  afinidade  das  atividades  ou  os  objetivos  de  ação  tática,  sendo  ativados  pelo coordenador de operações, de acordo com o plano de ação.  Já os  responsáveis pelas  setores operacionais controlam os  seus  recursos disponíveis usando como critério a divisão geográfica, sendo igualmente ativados pelo coordenador de operações, de acordo com o plano de ação.  Suas principais atribuições são:  

obter, junto ao coordenador de operações, informações sobre a emergência ou situação crítica e o SCO;  

participar,  quando  acionado  pelo  coordenador  de  operações,  das  reuniões  de planejamento da operação; 

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130Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

rever os objetivos específicos de sua seção ou setor e desenvolver com os  integrantes de  suas  equipes  alternativas  para  realizar  as  tarefas  necessárias  ao  cumprimento  da missão; 

resolver problemas logísticos identificados pelos integrantes de sua seção ou setor;  manter o  coordenador de operações  informado  sobre o  andamento das operações e relatar qualquer modificação importante no plano de ação (progressos ou dificuldades), qualquer necessidade  adicional de  recursos,  a possibilidade da  liberação de  recursos, situações de risco ou outros problemas significativos. 

3.3.2 ‐ Seção Planejamento  O  chefe  da  seção  de  planejamento  prepara  e  documenta  o  plano  de  ação  para  alcançar  os objetivos e prioridades estabelecidas pelo comando, coleta e avalia  informações, mantém um registro dos recursos e da emergência ou situação crítica como um todo.  Suas principais atribuições são:  

obter informações sobre a emergência ou situação crítica e o SCO;  ativar e supervisionar unidades e seções específicas conforme a necessidade;  obter, reunir, registrar, julgar, processar e compartilhar informações;  participar  da  elaboração,  acompanhamento  e  atualização do  plano  de  ação,  elaborar relatórios informando a situação e suas futuras tendências; 

monitorar o conjunto de recursos mobilizados na cena,  incluindo aqueles que estão na área de espera, em operação ou nas bases de apoio; 

documentar o evento, produzindo os devidos expedientes necessários;  planejar e implementar a desmobilização dos recursos;  coordenar a participação de especialistas e colaboradores;  ativar e supervisionar as unidades que se fizerem necessárias. 

 O SCO recomenda que em alguns casos (emergências maiores ou mais complexas), o chefe de planejamento,  na  qualidade  de  responsável  pela  preparação  e  documentação  do  plano  de ação, instale algumas unidades padronizadas para facilitar seus trabalhos, das quais destacam‐se  as  unidades  de  situação,  recursos,  documentação,  mobilização/desmobilização  e especialistas.  A unidade de situação acompanha a evolução da emergência ou situação crítica, analisando o seu desenvolvimento e mantendo quadros de acompanhamento da situação. Além do  líder, a unidade  de  situação  pode  ter  encarregados  da  manutenção  dos  quadros  de  situação, observadores de campo e outros especialistas, conforme as necessidades do evento.  A unidade de  recursos  registra e monitora os  recursos operacionais envolvidos na operação, principalmente quando houver mais de um local de cadastro.  A unidade de documentação é a responsável por toda a parte escrita do plano de ação, mas também  registra,  controla  e  arquiva  documentos  importantes  para  o  evento  e  a  operação como um todo.  

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131Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

A  unidade  de  mobilização/desmobilização  é  responsável  pela  solicitação  ou  dispensa  dos recursos  necessários  à  operação.  Cabe  a  ela  organizar  os  recursos  de  forma  segura  e equilibrada,  evitando  tanto  os  desperdícios  (mobilizar  recursos  em  excesso)  quanto  o  sub‐dimensionamento das necessidades (tardar a mobilização ou desmobilização de recursos).  A unidade de especialistas serve para  reunir pessoas com conhecimentos especializados que cooperam em situações especiais e atendem necessidades diferenciadas no planejamento da operação.  3.3.3 ‐ Seção Logística  O chefe da seção de logística fornece suporte, recursos e outros serviços necessários ao alcance dos objetivos e prioridades da operação como um todo. Sob sua responsabilidade encontram‐se os  líderes das unidades de suporte (normalmente atuam com suprimentos e  instalações) e serviços (comunicações, alimentação, serviços médicos) que se fizerem necessários.  Suas principais atribuições são:  

obter informações sobre a emergência ou situação crítica e o SCO;  planejar  a  organização  da  logística  do  SCO,  ativando  e  supervisionando  unidades  e seções específicas conforme a necessidade; 

gerenciar as atividades de suporte da operação (materiais, suprimentos e instalações);  gerenciar as atividades de  serviços da operação  (comunicações, alimentação,  serviços médicos); 

supervisionar as atividades de suporte e serviços;  manter o comando informado sobre o andamento dos trabalhos logísticos da operação.  

Da mesma forma que na situação anterior, o SCO recomenda que, em alguns casos, o chefe de logística  instale  algumas  unidades  padronizadas  para  facilitar  seus  trabalhos,  das  quais destacam‐se as unidades de suporte e a unidade de serviços.  Os  líderes  da  unidade  de  suporte  providenciam  e  distribuem  suporte  material  para  as operações e as instalações ativadas, por meio de seções de suprimentos (requisição, recepção e equipamentos/ferramentas)  e  seções  de  instalações  (vigilância,  bases,  campos  e  posto  de comando).  Os líderes da unidade de serviço prestam serviços para os integrantes da operação por meio de seções de comunicações, serviços médicos e alimentação.  3.3.4 ‐ Seção Administração/Finanças  O  chefe  da  seção  de  administração/finanças  controla  e monitora  os  custos  relacionados  a operação como um todo, providenciando o controle de emprego de pessoal, horas trabalhadas para fins de indenização, compras (orçamentos, contratos, pagamentos) e custos.   Suas principais atribuições são:  

obter informações sobre a emergência ou situação crítica e o SCO; 

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planejar a organização da administração do SCO, ativando e supervisionando unidades e seções específicas conforme a necessidade; 

realizar o controle de horas de  trabalho do pessoal e equipamentos empregados para fins de pagamento; 

providenciar orçamentos, contratos, pagamentos que se fizerem necessárias;  controlar e registrar os custos da operação como um todo;  manter  o  comando  informado  sobre  o  andamento  dos  trabalhos  administrativos  e financeiros da operação. 

Neste  caso,  o  SCO mais  uma  vez  recomenda  que  o  chefe  de  administração/finanças  instale algumas  unidades  padronizadas  para  facilitar  seus  trabalhos,  das  quais  destacam‐se  as unidades de emprego, compras, indenizações e custo.  Os  líderes da unidade de emprego providenciam controla as horas de  trabalho do pessoal e equipamentos empregado na operação para fins de pagamento, hora extra e adicional noturno, diárias no caso de deslocamento, além de indenizações por mortes ou lesões de trabalho.  Os  líderes  da  unidade  de  compras  efetuam  os  procedimentos  legais  para  a  compra  ou contratação  de  bens  e  serviços  (orçamentos,  contratos,  pagamentos)  tanto  para  o  pessoal empregado na operação como também para a população afetada pela emergência ou situação crítica.  Os líderes da unidade de custos controlam os gastos da operação, a fim de determinar o custo da mesma e identificar a necessidade de recursos financeiros adicionais.  3.4 ‐ Juntando Tudo...    

Comando Secretaria

Segurança

Ligações

Informações ao público

Logística Administração/FinançasOperações Planejamento

Encarregado da Área de espera

Seção de Bombeiro

Seção Policial

Seção de Saúde

Seção de Defesa Civil

Encarregado de Operações aéreas

Situação

Recursos

Documentação

Mobilização/desmobilização

Especialistas

Emprego

Compras

Custo

Suporte

Suprimentos

Instalações

Serviços

Comunicaçõess

Serviços Médicos

Alimentação

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133Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

Finalizando  esta  lição,  apresenta‐se  uma  idéia  da  estrutura  organizacional  do  SCO  de  forma integral, composta pelo comando, seu staff de comando e o staff geral.   No entanto, não devemos esquecer que, no início das operações, o comando é responsável por todas  as  funções,  as  quais  poderão  ou  não  ser  implantadas  no  decorrer  dos  trabalhos,  de acordo com as necessidades da situação emergencial.  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  AVALIAÇÃO DA AULA 05    1)  Escreva  no  espaço  abaixo,  as  três  (3)  partes  principais  da  estrutura  organizacional preconizada pelo SCO, de acordo com o modelo que você aprendeu nesta lição.      2) Nesta lição, você aprendeu que o comando é o responsável pela operação como um todo. Relembre  o  que  cabe  ao  comando,  indicando  se  as  afirmações  abaixo  são  falsas  ou verdadeiras, escrevendo “V” ou “F” no espaço em branco.  (     )  Instalar o SCO (     )  Avaliar a situação como um todo (     )  Designar instalações e áreas padronizadas (     )  Estruturar o organograma do SCO (     )  Definir objetivos e prioridades (     )  Desenvolver um plano de ação inicial (     )  Coordenar todas as atividades administrativas da operação.   3)  Nesta  lição,  você  aprendeu  que  o  chefe  da  seção  de  planejamento,  na  qualidade  de responsável  pela  preparação  e  documentação  do  plano  de  ação,  poderá  instalar  algumas unidades padronizadas para  facilitar seus  trabalhos. Assinale abaixo com um “X” quais são essas unidades padronizadas.  a. (   ) unidades de situação b. (   ) unidade de recursos c. (   ) unidade de documentação d. (   ) unidade de mobilização/desmobilização e. (   ) unidade de compra e venda 

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134Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

4) Nesta  lição,  você  aprendeu  também  que  o  chefe  da  seção  de  logística  poderá  instalar algumas  unidades  padronizadas  para  facilitar  seus  trabalhos. Assinale  abaixo  com  um  “X” quais são essas unidades padronizadas.  a. (   ) unidades de suporte b. (   ) unidade de emprego c. (   ) unidade de serviços d. (   ) unidade de recursos e. (   ) unidade de custos 

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AULA 06 ‐ SCO ‐ INSTALAÇÕES E ÁREAS PADRONIZADAS 

 

OBJETIVOS 

Enumerar, corretamente, as seis  (6) principais  instalações e as  duas  (2)  principais  áreas  padronizadas  recomendadas pelo SCO;  Diferenciar,  corretamente,  as  três  (3)  zonas  de  trabalho recomendadas pelo SCO.  

  1. INTRODUÇÃO  Como  já  visto  anteriormente,  o  uso  de  instalações  e  áreas  padronizadas  é  uma  das características básicas do SCO e representa um instrumento importante para a organização do espaço físico do cenário de uma emergência ou situação crítica.  O emprego deste padrão melhora a qualidade das operações e poupa  tempo, diminuindo as dificuldades  iniciais de organização de uma operação, onde normalmente  imperam o caos e a falta de ordem.  2. INSTALAÇÕES PADRONIZADAS  As seis principais instalações padronizadas recomendadas pelo SCO são:   ____________________________________________________________________ ; ____________________________________________________________________ ; ____________________________________________________________________ ; ____________________________________________________________________ ; ____________________________________________________________________ ; ____________________________________________________________________ . Cada  uma  dessas  instalações  tem  uma  simbologia  própria  que  é  usada  para  facilitar  a localização e identificação das instalações padronizadas no mapa da operação como um todo. A expressão  “instalações  padronizadas”  designa  os  espaços  físicos  (móveis  ou  fixos)  onde  um conjunto de atividades pré‐determinadas do  SCO  serão  realizadas. Essas  instalações não  são necessariamente  edificações ou  estruturas de  grande  tamanho ou  complexidade, mas  locais devidamente identificados e designados para servir como instalações padronizadas. 

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136Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

3. CONCEITO E SIMBOLOGIA DAS INSTALAÇÕES PADRONIZADAS  3.1 ‐ Posto de comando  O posto de comando é o local onde são desenvolvidas as atividades de comando da operação. Sua instalação deve ocorrer logo após a ativação do SCO. A simbologia utilizada para indicar o posto de comando é  representada por um  retângulo de cor  laranja com as  letras PC em cor preta no centro.  3.2 ‐ Bases ou bases de apoio  As bases de apoio  são os  locais onde  são desenvolvidas as atividades  logísticas, que  incluem abastecimento e manutenção de veículos, reparo e substituição de equipamentos e materiais, estoque de suprimentos, etc. As bases são instaladas somente em eventos mais complexos que exigem maior aporte  logístico ou durante operações mais prolongadas. A simbologia utilizada para indicar uma base de apoio é representada por um círculo de cor amarela com a letra B em cor preta no centro.  3.3 ‐ Acampamento ou campo  Os acampamentos são os  locais de apoio dos recursos humanos da operação, ou seja, o  local onde  as  pessoas  conseguem  alojamento,  alimentação,  atendimento  médico,  assistência psicológica, área para banho, etc. Os acampamentos são instalados somente em eventos mais prolongados  ou  naquelas  situações  em  que  a  natureza  do  evento  exige  o  deslocamento  de recursos operacionais a partir de áreas mais distantes.  A  simbologia  utilizada  para  indicar  um  acampamento  é  representada  por  um  círculo  de  cor amarela com a letra A em cor preta no centro.  3.4 ‐ Centro de informação ao público  Os  centros  de  informação  pública  são  os  locais  onde  são  desenvolvidas  as  atividades  de atendimento  à mídia.  Esse  centro  somente  é  instalado  quando  a  situação  crítica  gera  uma expectativa de presença significativa de profissionais da  imprensa ou ainda nos casos em que existe uma necessidade de produção e disseminação de  informações  sobre a operação ou o evento. A simbologia utilizada para indicar um centro de informação pública é representada por um triângulo de cor amarela com a letra I em cor preta no centro.  3.5 ‐ Helibases e helipontos  Helibases são locais onde são desenvolvidas as atividades de suporte às operações aéreas, tais como estacionamento, abastecimento e manutenção de aeronaves. Já os helipontos são locais destinados somente ao embarque e desembarque de pessoal e equipamentos em aeronaves, sem uma estrutura de suporte específica. As helibases somente são instaladas em eventos mais prolongados ou quando a distância entre o  incidente a o aeródromo/heliporto mais próximo for prejudicial para a autonomia e agilidade das operações. Já os helipontos são  instalados de acordo com as necessidades operacionais da operação. A simbologia utilizada para indicar uma helibase é representada por um círculo de cor amarela com a letra H em cor preta no centro. A 

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137Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

simbologia utilizada para  indicar um heliponto é também representada por um círculo de cor amarela com a  letra H acrescida de um numeral  indicativo, ambos em cor preta no centro do círculo.   4. ÁREAS PADRONIZADAS  O emprego de áreas de atendimento padronizadas também é uma das características básicas do  SCO que melhora  a qualidade das operações e poupa  tempo, diminuindo  as dificuldades iniciais de organização de uma operação de resposta.   As duas principais áreas padronizadas recomendadas pelo SCO são:   ____________________________________________________________________ ;  ____________________________________________________________________ .  4.1 Conceito e Simbologia das Áreas Padronizadas  4.1.1 ‐ Área de espera  A  área  de  espera,  também  chamada  de  estacionamento,  é  o  local  delimitado  e  identificado onde os recursos operacionais são recepcionados, cadastrados e permanecem disponíveis até seu emprego. A área de espera deve ser instalada logo depois de identificada a necessidade da mobilização de uma quantidade maior de  recursos operacionais. Para  facilitar o processo de controle, os  recursos operacionais devem  ser anotados pelo encarregado da área de espera, preferencialmente em formulários padronizados. A simbologia utilizada para  indicar uma área de espera é representada por um círculo de cor amarela com a letra E em cor preta no centro do círculo.   4.1.2 ‐ Área de concentração de vítimas  A  área  de  concentração  de  vítimas  é  o  local  onde  os  vitimados  pela  situação  crítica  são reunidos,  triados  e  recebem  atendimento  inicial  até  serem  transportadas  para estabelecimentos  hospitalares.  Sempre  que  há  um  elevado  número  de  vítimas  na  cena  da emergência é quase impossível cuidar de todos ao mesmo tempo, assim a triagem é usada para auxiliar  na  identificação  das  vítimas  que  necessitam  de  cuidados  imediatos.  A  área  de concentração de vítimas deve ser instalada logo depois de identificada a existência de múltiplas vítimas na cena de emergência. A simbologia utilizada para  indicar uma área de concentração de vítimas é representada por um círculo de cor amarela com as  letras ACV em cor preta no centro do círculo.   5. O EMPREGO DE ZONAS DE TRABALHO  O SCO recomenda a organização da área envolvida em uma situação crítica em diferentes zonas de trabalho, de acordo com o tipo de emergência, a natureza das tarefas a serem realizadas e o risco presente no cenário em questão.   

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A  divisão  da  área  de  atuação  em  diferentes  zonas  de  trabalho  facilita  a  coordenação  das operações e o controle dos recursos operacionais, além de servir para aumentar a segurança das operações.  As zonas de trabalho devem ser divididas em três áreas distintas:   

Zona ____________________ (local de maior risco com acesso restrito);   Zona ____________________ (local intermediário não totalmente seguro com acesso e circulação igualmente restritos); e 

Zona  ____________________  (local  seguro  que  abriga  as  instalações  e  recursos  que darão suporte à operação).  

 As  zonas  de  trabalho  devem  ser  delimitadas  com  fitas  coloridas,  e,  se  possível,  também mapeadas. Todas essas áreas fazem parte do teatro de operações e são delimitadas por acessos e  corredores  que  servem  para melhor  controlar  a  situação  como  um  todo. A  dimensão  das zonas e os pontos de controle de acesso devem ser do conhecimento de todos os envolvidos na operação.  5.1 ‐ Área quente  A  área  quente  é  o  local  onde  se  produziram  mais  intensamente  os  efeitos  do  fenômeno causador da emergência ou situação crítica. É nessa área que serão desenvolvidas as operações de maior risco e complexidade. A área quente é considerada uma zona de exclusão que deve ser delimitada pela chamada linha quente.  _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 5.2 ‐ Área morna  A área morna é uma localidade intermediária entre a área quente (de maior risco) e a área fria (totalmente  segura).  Na  área  morna  o  acesso  e  a  circulação  ainda  são  restritos,  mas  as condições de  risco não  são  tão altas, propiciando uma área onde os profissionais envolvidos possam repassar orientações, trocar equipamentos e materiais, fazer verificações de segurança e  passar  por  procedimentos  de  descontaminação,  ao  sair  ou  mesmo  antes  de  entrar propriamente  na  área quente.  Por  isso,  toda  a  entrada  ou  saída  da  área  quente  deverá  ser realizada nesse ponto.  _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________  5.3 ‐ Área fria  A área fria é o local que abriga as instalações e os recursos que darão suporte às atividades da operação como um todo. Ela é considerada uma área segura. Apesar da circulação ser livre na área  fria  ou  área  de  suporte,  devem  ser  providenciados  procedimentos  de  segurança  para 

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restringir a circulação e o acesso a cercas instalações de apoio da operação, tais como, o posto de comando, a área de espera, as bases de apoio, e outras que o comando julgar necessárias.  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________    AVALIAÇÃO DA AULA 06  

 1) No espaço abaixo, enumere as seis (6) principais instalações e as duas (2) principais áreas padronizadas recomendadas pelo SCO.           2) Relembre os conceitos das zonas de trabalho e indique a correspondência entre os termos de ambas as colunas, colocando nos espaços em branco da coluna 2 as letras equivalentes da coluna 1.  Coluna 1      Coluna 2  a) Zona fria  (      )  Local  onde  se  produzem mais  intensamente  os  efeitos  do 

fenômeno  causador  da  emergência  ou  situação  crítica  (zona  de exclusão). 

 b) Zona morna  (    ) Local onde o acesso e a circulação ainda são restritos, mas as 

condições de risco não são tão altas (zona intermediária).  c) Zona quente  (      )  Local  que  abriga  as  instalações  e  os  recursos  que  darão 

suporte às atividades da operação como um todo (zona segura).   

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140Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

AULA 07 ‐ O SCO NA PRÁTICA 

  

OBJETIVOS  

Enumerar  as  três  diferentes  etapas  para  implantação  do SCO;  Participar  de  um  exercício  simulado  de  uso  do  SCO, preenchendo corretamente um formulário padrão SCO 201, a partir de uma situação hipotética de desastre apresentada pela organização do curso. 

  1. INTRODUÇÃO  Embora o SCO já tenha se consolidado como modelo padrão para a administração de desastres em vários países, ainda é possível encontrar alguma resistência ao seu emprego ou mesmo um desconhecimento de suas vantagens como ferramenta de gestão.  O simples fato de conhecer os princípios do SCO não garante seu adequado funcionamento. É fundamental  que  a  organização  que  irá  servir‐se  do  modelo  utilize‐o  desde  os  primeiros minutos da situação crítica, de forma sistemática, a partir de três grandes etapas:  

1. a etapa de _____________________________;  

2. a etapa de ___________________________________________; e  

3. a etapa final de _________________________ .  2. ETAPA DE RESPOSTA IMEDIATA  2.1 ‐ Instalação do SCO  Assim que a  situação  crítica é percebida,  as primeiras equipes que  chegam no  local  avaliam preliminarmente  a  situação e  implementam  as primeiras  ações  (procedimentos operacionais padronizados)  voltadas  para  o  controle  inicial  de  riscos  (segurança)  e  obtenção  de maiores informações sobre o que está acontecendo.    IMPORTANTE Segundo Gomes Jr. (2009, p.83), “A  implantação do Sistema de Comando em Operações e do Comando Unificado deve iniciar assim que se perceba a sua necessidade. De forma geral, as  primeiras  ações  no  local  da  emergência  são  guiadas  por  procedimentos  operacionais padronizados (POPs). Assim que mais informações são obtidas, os procedimentos passam a ser  guiados  por  planos  de  contingências  (caso  eles  existam,  obviamente).  Finalmente, quando o cenário é claramente estabelecido, planos de ação  sucessivos  são elaborados e implementados até a resolução da situação crítica.”

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2.2 ‐ Assunção do comando  A pessoa que  instalou o SCO deve assumir  formalmente o  comando da operação através da rede  rádio.  Esse  comando  pode  ser  único  (quando  assumido  por  uma  única  pessoa)  ou unificado  (quando  representantes  de  várias  organizações  assumem  o  comando  de  forma colegiada).  Dependendo do andamento da situação, o comando único pode converter‐se em um comando unificado (quando mais representantes de outras organizações passam a integrar a operação).  2.3 ‐ Instalação do posto de comando (PC)  Em  seguida,  a  pessoa  que  assumiu  o  comando  deve  identificar  um  local  apropriado  para instalar o posto de comando da operação,  levando em consideração requisitos de segurança, acessibilidade, fácil localização, etc.  2.4 ‐  Instalação da área de espera/estacionamento  Após instalar o PC, o comando da operação deve identificar um local apropriado para instalar a área de espera e designar uma pessoa para assumir a função de encarregado dessa área.   Esse encarregado irá controlar os recursos operacionais que chegam para atuar na operação.   Parte desses recursos podem já estar em operação e, por isso, podem fazer seu cadastramento através de comunicação de rádio  (para não retardar as ações de socorro). Parte dos recursos que estão chegando  recebem suas atribuições assim que são  recepcionados e cadastrados e, finalmente, uma parte dos recursos é cadastrada e permanece estacionada na área de espera, aguardando acionamento posterior, de acordo com as necessidades da operação.  ______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  2.5 ‐ Coleta de informações  Após designar  a  área de  espera e  seu  encarregado, o  comando passa  a buscar  informações sobre a situação crítica.   Para  formar  um  cenário mais  completo  da  situação  como  um  todo,  busque  responder  as seguintes questões:   

O que aconteceu?  Como está agora?  Como poderá evoluir?  

 Essas  informações podem  ser visualizadas diretamente pelo comando ou chegarem até o PC por meio de relatos de vítimas, testemunhas, integrantes das equipes de resposta, etc.  

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______________________________________________________________________________  ______________________________________________________________________________  2.6 ‐ Elaboração do plano de ação  Com base nas  informações coletadas, o comando deverá  implementar o plano de ação  inicial, para estabelecer objetivos e prioridades, a partir da situação e dos recursos disponíveis, num determinado  período  operacional.  Esse  primeiro  plano  é  simples  e  de  curto  alcance, representando um esforço inicial para a passagem de uma resposta mais genérica, baseada em ações orientadas em POPs e planos de  contingência, para uma  resposta baseada num plano concreto (específico) sobre uma situação melhor conhecida.  A elaboração sucessivas de novos planos de ação depende em grande parte de um adequado trabalho  de  inteligência  e  da  coleta  sistemática  de  informações.  Tal  situação  exigirá  do comando  a  implementação  de  novas  funções  no  organograma  do  SCO  e  a  transferência  de responsabilidades para outros  integrantes da equipe, de forma que os trabalhos passem a ser realizados por equipes ampliadas. Com o primeiro plano de ação em prática finaliza‐se a etapa de resposta inicial.  3. ETAPA DO PLANO DE AÇÃO  3.1 ‐ O plano de ação inicial  O plano de ação inicial serve para estabelecer os objetivos e prioridades, a partir da situação e dos recursos disponíveis, num determinado período operacional. Os recursos operacionais que já  estão  no  local  da  emergência  não  ficam  parados  aguardando  a  elaboração  do  plano.  Em situações críticas, cada uma das organizações acaba atuando com base nos seus procedimentos operacionais  padronizados  até  que  o  comando  estabeleça  um  plano  com  objetivos  e prioridades comuns.   O plano de ação inicial deve conter informações sobre o cenário (mapas, croquis), os objetivos estratégicos  e  táticos  da  operação,  as  principais  tarefas  a  serem  realizadas,  a  estrutura organizacional  do  SCO,  a  descrição  dos  recursos  disponíveis,  dados  relativos  aos  riscos  e  a estrutura de comunicações do SCO. Com base no plano de ação inicial, o comando da operação acompanha os trabalhos e continua reunindo informações. Cabe ao comando ainda, solicitar ou dispensar  recursos  adicionais  e  verificar  a  necessidade  da  implantação  de  novas  funções  no organograma do SCO (operações, segurança, secretaria, ligações, e assim por diante, conforme a necessidade).  De  dentro  do  PC,  o  comando  permanece  controlando  informações,  recursos,  organograma, mapas e croquis, plano de ação, enfim, a operação como um todo.      3.2 ‐ Períodos operacionais e novos planos  Quando o período operacional estipulado está chegando ao fim, o comando reúne‐se com os demais integrantes de seu staff para avaliar os resultados obtidos e elaborar um novo plano de ação para mais um período. 

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Assim, na medida em que a situação crítica vai sendo estabilizada, e a situação caótica do início vai  sendo  controlada e estabilizada, existe a  tendência de que os planos de  ação  sucessivos sejam organizados em períodos operacionais cada vez maiores, em decorrência da situação que vai se estabilizando e diminuindo seus riscos, complexidade, dinamismo e confusão.   Com o passar do tempo, as prioridades e objetivos da operação também vão se modificando.   3.3 ‐ Hierarquização de objetivos  O SCO sugere como referência para a confecção dos planos de ação que o comando utilize uma hierarquização  de  objetivos,  de  forma  a  priorizar  a  articulação  de  recursos  e  esforços,  da seguinte forma:  

Objetivos de preservação e socorro à vida (critério de proteção à vida);  Objetivos  de  estabilização  da  situação  crítica  (critério  de  controle  e  estabilização  da emergência); 

Objetivos  de  proteção  às  propriedades  e  preservação  do meio  ambiente  (critério  de proteção aos investimentos e meio ambiente). 

 Embora bastante óbvias estas prioridades representam o consenso entre os especialistas e um guia bastante útil no planejamento inicial da resposta à situação crítica.  3.4 ‐ Transferência de comando  Na  prática,  é  bem  comum  ocorrer  que  a  primeira  pessoa  que  instalou  o  SCO  e  assumiu formalmente o comando da operação seja alguém mais  ligado a parte operativa e, portanto, não detenha suficiente autoridade para permanecer no comando durante toda a operação.  Nesses  casos,  o  comando  pode  e  deve  mesmo,  ser  transferido  para  outra  pessoa  mais qualificada  ou  com  maior  autoridade  (especialmente  em  situações  críticas  de  maior magnitude), no entanto essa transferência deve ocorrer de maneira formal, através da rede de comunicação de rádio.  Em  resumo,  independentemente  do  motivo  da  passagem  do  comando  há  dois  aspectos importantes nesse processo, ou seja: a transferência formal da autoridade para evitar a perda da unidade de comando e a transferência efetiva de todas as informações relevantes para que não haja uma quebra na seqüência das atividades.  3.5 ‐ Emprego de formulários padronizados  O  SCO  recomenda,  enfaticamente,  o  emprego  de  formulários  padronizados  (formulário  SCO 201),  para  facilitar  a  transmissão  de  todas  as  informações  necessárias.  Essa  prática  é especialmente  importante durante a primeira transferência de comando, ainda na  fase  inicial da operação.   O  formulário  padronizado  SCO  201  registra  uma  série  de  informações  básicas  e  deve  ser preenchido pelo próprio comando  (em alguns casos com o auxílio do chefe de operações ou outra pessoa do staff do comando, quando tal função já estiver ativada). 

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O  formulário  é  simples  e  estrutura‐se  a  partir  de  quatro  páginas  com  diferentes  tipos  de informações, das quais destacam‐se:  

Página 01: Além das informações do cabeçalho (nome da operação, data, hora, nome do responsável  pelas  informações)  há  espaço  para  a  elaboração  de  um mapa/croqui  da operação  indicando  os  acidentes  do  terreno,  edificações  importantes,  zonas  de trabalho,  instalações  padronizadas,  localização  dos  recursos  designados  e  outras informações necessárias à compreensão da operação. Abaixo do mapa/croqui há espaço para a descrição resumida dos fatos ocorridos. 

  Página  02:  Além  das  informações  do  cabeçalho  são  registrados  os  objetivos  e prioridades  comuns  da  operação,  bem  como  um  resumo das  ações  planejadas  e das ações implementadas. 

  Página 03: Além das informações do cabeçalho é registrada, na forma de organograma, a estrutura atual do SCO com a indicação da organização e o nome dos responsáveis por cada função ativada. 

  Página 04: Além das  informações do cabeçalho é  registrado um sumário dos  recursos mobilizados e seu atual status na operação. 

 4. ETAPA DE DESMOBILIZAÇÃO DA OPERAÇÃO  4.1 ‐ Desmobilização da operação  Conforme  os  objetivos  vão  sendo  alcançados  e  a  situação  crítica  vai  sendo  estabilizada, diminuem  os  riscos,  a  complexidade  e  a  confusão,  tão  comuns  nos  períodos  iniciais  da operação.   As  tarefas  ainda  necessárias  vão  exigindo  cada  vez menos  articulação  e  tornando‐se mais  e mais simples, até o momento em que a situação volta à normalidade e chega o tempo de iniciar a desmobilização dos  recursos  empregados, ou  em outras palavras, o  tempo de desativar o SCO.  Obviamente, esse processo é gradual e contínuo, fazendo com que as ações antes planejadas a partir da articulação de esforços coletivos das organizações envolvidas passem a  representar procedimentos rotineiros, não exigindo mais uma coordenação especial.  Dessa  forma, a desmobilização deve ser planejada e executada cuidadosamente para evitar o descontrole e a perda de equipamentos e materiais, a sobrecarga de equipes ou determinadas organizações e o desmantelamento descontrolado das operações.  O  plano  de  desmobilização  deve  garantir  que  todos  os  recursos  operacionais  sejam desmobilizados, todos os materiais e equipamentos devolvidos e os  formulários devidamente preenchidos.   ______________________________________________________________________________  

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5. BOAS PRÁTICAS  Ao  concluir‐se  esta  lição,  sugerem‐se  algumas  boas  práticas,  que  auxiliarão  no  uso  do  SCO como ferramenta de gestão de desastres.  Na verdade, boas práticas são o resultado de idéias, preferencialmente inovadoras, que servem para solucionar problemas num determinado contexto.  Algumas boas práticas relacionadas com o emprego do SCO:   

O planejamento prévio e o treinamento continuado são fundamentais ao SCO;  Sempre que possível, o SCO deve ser instalado sem demora;  A cooperação e o trabalho de equipe devem ser uma prioridade;  A autoridade das organizações envolvidas no SCO deve ser preservada;  O nível de responsabilidade e os recursos disponibilizados devem servir de critério para a participação no comando unificado. 

   AVALIAÇÃO DA AULA 07    Após a atenta leitura do exercício (um caso de deslizamento) e com base no resumo geral da seqüência do ciclo de planejamento operacional, os participantes distribuídos em equipes de até 6 integrantes deverão responder as seguintes questões:  1)  A  situação  apresentada  é  uma  situação  crítica? Qual  característica  descrita  justifica  essa resposta?  2) O uso do SCO nessa situação ajudou a prevenir problemas no gerenciamento da operação? Na  sua  opinião,  quais  os  problemas  mais  prováveis  que  poderiam  surgir  na  situação  em específico?  3) Quais as providências que poderiam ser tomadas antes que a situação ocorresse, para que o SCO funcionasse bem em um caso como esse?  4)  Após  a  instalação  do  SCO,  o  comando  foi  assumido  imediatamente.  Você  acha  que  essa atitude foi correta? Quais as vantagens de uma assunção de comando imediata?  5) O  uso  do  PC  nessa  situação  ajuda  no  gerenciamento  das  operações? Quais  as  vantagens obtidas com o seu uso e as dificuldades para que ele funcione corretamente?  6) No estudo de caso em questão, caso você estivesse à frente das ações de socorro, qual outra função do organograma do SCO ativaria (qualquer função que não foi ativada pelo comando em questão)?  7)  Identifique  o  organograma  da  estrutura  do  SCO  como  ela  está  descrita  até  o  final  da narração do caso.  

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 8) Se você estivesse no comando dessa operação, como preencheria o formulário SCO 201?  

CICLO DE PLANEJAMENTO OPERACIONAL (RESUMO GERAL DA SEQUÊNCIA) 

 Ocorrência do evento (emergência ou situação crítica)  Notificações  

1. Avaliação (dimensionamento) e ações iniciais de resposta seguindo procedimentos operacionais padronizados;  

2. Instalação do SCO; 3. Assunção do comando através da rede rádio; 4. Instalação do posto de comando;   5. Instalação da área de espera/estacionamento e indicação do encarregado da mesma; 6. Coleta de informações e elaboração do plano de ação inicial;   7. Estabelecimento dos objetivos e prioridades a partir da situação e recursos disponíveis para um 

determinado período operacional; 8. Execução do plano e continuação da coleta de informações;  9. Verificação  da  necessidade  da  implementação  de  novas  funções  (staff  de  assessoria  e  staff 

principal); 10. Solicitação ou dispensa de recursos adicionais; 11. Controle  da  operação  no  posto  de  comando  (PC)  e  preparação  para  reunião  de  avaliação  e 

planejamento do novo período operacional; 12. Registro das informações no formulário padronizado SCO 201; 13. Transferência do comando ou instalação do comando unificado; 14. Realização da reunião de avaliação e planejamento do novo período operacional; 15. Execução do plano e reinício do ciclo de planejamento até a desmobilização. 

 Exercício ‐ Um caso de deslizamento  Durante  uma  noite  chuvosa,  a  comunidade  de  Morro  da  Paz  desperta  com  um  estrondo seguido de gritos. Aconteceu o que muitos temiam, uma grande quantidade de terra deslizou morro  abaixo  arrastando em  seu  caminho  algumas das moradias que  caracterizavam  aquele agrupamento de pouco mais de 30 famílias.  A primeira unidade de emergência a chegar ao local, uma viatura policial, visualizou um quadro assustador. Umas cinqüenta pessoas no sopé do morro, na maioria crianças, idosos e algumas mulheres, molhadas e assustadas, forneciam informações desencontradas.   À  distância,  se  podiam  ver  na  escuridão  vultos  perambulando  sobre  toneladas  de  terra  que formavam um monte de detritos. Ainda eram visíveis, aflorando da massa úmida, barrenta e instável,  restos de madeira, móveis e esquadrias,  revelando o  caminho de destruição morro abaixo. Percebendo a gravidade da situação, o policial militar conversou rapidamente com um sargento bombeiro militar, comandante da guarnição que acabara de chegar no local e, juntos, tomaram algumas decisões iniciais: o SCO devia ser instalado o mais rápido possível.  O  policial  e  o  bombeiro  estabeleceram  um  comando  unificado,  anunciando  na  rede  de comunicação seus nomes, viatura, local e o que estavam vendo, anunciando na rede rádio que 

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estavam assumindo o comando da operação. Em  seguida,  informam a  todos que o posto de comando (PC) seria instalado na própria viatura do bombeiro, que estava estacionada em uma esquina próxima ao morro, de onde havia uma razoável visão da área afetada com o auxílio de dispositivos de iluminação. Eles informam também qual a rota de aproximação mais segura até o local.   O PC  foi  instalado e com a ajuda de um papelógrafo  (flip chart)  foram registrados o histórico inicial do caso, um croqui/mapa  inicial da área e os  recursos necessários. Com a chegada da viatura  do  supervisor  do  Corpo  de  Bombeiros  um  kit  básico  de  coletes  começou  a  ser distribuído juntamente com alguns rádios de comunicação (por enquanto só a função comando e encarregado da área de espera).   O presidente da Comissão Municipal de Defesa Civil (Comdec) chegou ao local e se integrou ao comando unificado, recebendo um briefing da situação e também um colete.  Se  iniciou  um  melhor  dimensionamento  da  situação,  a  partir  da  entrevista  de  algumas testemunhas  e  vítimas. Bombeiros  foram  enviados  para  a  área mais  crítica  (área  quente  da emergência)  a  fim  de  iniciar  o  socorro  e  localização  de  vítimas.  Segundo  avaliações preliminares,  havia muitos  feridos,  desaparecidos  e  desabrigados,  além  de  riscos  potenciais (perigos de fios elétricos, estruturas pontiagudas e possibilidade de novos deslizamentos).  Quando  as  informações  chegaram  ao  PC  (por  rádio  e  relatos  individuais)  foi  realizada  uma primeira  reunião  ao  redor  da  viatura  para  avaliar  a  situação  e  organizar  as  informações, formando‐se  assim  um  primeiro  quadro  geral  de  situação.  No  grupo  em  semicírculo, identificam‐se policiais, bombeiros e profissionais de defesa civil. Com um quadro consolidado e  em  consenso,  o  comando  identificou  prioridades  e  estabeleceu  os  objetivos  de  ação,  as tarefas a serem realizadas e os recursos necessários à consolidação de um plano de ação inicial.   O  comando  reportou  em  seguida  o  problema  ao  nível  de  autoridade  superior  e  solicitou recursos  adicionais.  Seria  necessário  apoio  de  diversos  órgãos  como  Polícia  Civil  (para  o procedimento  de  polícia  judiciária),  Companhia  de  Água  (para  informações  sobre  galerias), Corpo  de  Bombeiros  (para  ações  de  resgate  e  equipamentos  de  iluminação),  SAMU  (para socorro  e  transporte  de  vítimas), Defesa  Civil  (para  início  da  evacuação  da  área),  Prefeitura (para  apoio  com  transporte  coletivo  e  planos  de  desvio  de  trânsito)  e  Polícia Militar  (para controle de acesso e segurança).  Um  bombeiro  foi  designado  para  a  função  de  operações,  recebendo  no  PC  o  colete  de identificação respectivo, o rádio e as informações do plano de ação.   Em seguida, o chefe da seção de operações discutiu com o comando sobre a estrutura do SCO e os limites das áreas de trabalho:  área  quente,  morna  e  fria.  Um  policial  continuava  controlando  a  área  de espera/estacionamento na função de encarregado. Ele fazia o registro e controle dos recursos que  começam  a  chegar  na  cena  da  emergência: máquinas,  caminhões,  viaturas  de  socorro, policiais, bombeiros, médicos, enfermeiros e voluntários.  Quando  saiu  do  PC,  o  chefe  de  operações  se  reuniu  com  representantes  dos  recursos operacionais envolvidos e solicitou recursos operacionais na cena, designando um responsável pela seção operacional de polícia, um  responsável pela seção operacional de bombeiro e um responsável pela  seção operacional de auxílio à população. Enquanto  isso, no PC o comando 

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ampliou  a  estrutura  conforme  o  organograma  padrão  do  SCO,  instalando  as  funções  de planejamento e de  logística, que passam a ocupar uma área próxima ao PC. Os novos chefes das seções de planejamento e de logística também receberam coletes de identificação.  Nesse momento  começaram  a  chegar mais  especialistas  e  novas  autoridades  ao  local.  Foi realizada  a  transferência  do  comando  para  outros  representantes  da  PM  e  do  CBM, mas  o coordenador da Comdec permaneceu na função como representante do município. Os antigos integrantes do  comando entregaram  seus  coletes e,  após  fazerem  a  transferência  formal de comando, assumiram novas funções no PC (segurança e porta‐voz).   Em  seguida,  chegou um especialista em busca e  resgate urbano para  substituir  também o chefe de operações. A transição  foi ordenada e o antigo chefe de operações  foi auxiliar na  seção de planejamento, pois suas informações poderiam ser úteis durante as ações de socorro futuras.  O  comando  unificado  designou  ainda  um  secretário,  que  recebeu  um  colete  e  começou  a registrar as ações desenvolvidas e melhorar as condições de trabalho do PC.     A  situação  começou  lentamente  a  se  acalmar  e  acabou  sob  controle:  a  área  de espera/estacionamento estava organizada, as demais áreas isoladas, a imprensa começou a ser atendida,  uma  pessoa  checou  os  equipamentos  de  proteção  individual  e  as  condições  de segurança dos envolvidos na área quente. No PC, as pessoas trabalhavam de forma tranqüila e ordenada.  As  vítimas  já  haviam  sido  identificadas,  estabilizadas  e  transportadas  para atendimento  médico.  A  resolução  da  situação  crítica  dependia  agora  apenas  de  questões técnicas, enquanto o SCO continuava a fornecer a estrutura de gerenciamento da situação.  

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REFERÊNCIAS  DOS ANJOS, Siwamy Reis. Sistema de Comando em Operações: O gerenciamento de emergências ‐ Uma análise do modelo do Corpo de Bombeiros Militar do Espírito Santo, do Curso de Especialização em Segurança Pública da UFES. 2008. 85f. Monografia (Especialização em Segurança Pública) ‐ Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2008.  GOMES JÚNIOR, Carlos Alberto de Araújo. O uso do incident command system em operações de preservação da ordem pública, do Curso de Pós‐Graduação Latu Sensu em Administração Pública da Unisul. 2006. 89f. Monografia (Especialização em Administração Pública) ‐ Universidade do Sul de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.  ______ . Sistemas de Comando: considerações doutrinárias para a construção de um modelo nacional aplicável às ações de defesa civil. Florianópolis: Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres/ Universidade Federal de Santa Catarina (CEPED/UFSC), 2009.  GOMES Jr., Carlos Alberto de Araújo; ALVES, Márcio Luiz. Curso de Capacitação em Defesa Civil: Sistema de Comando em Operações. Guia do estudante. Capacitação à distância. Florianópolis: Lagoa Editora/CEPED/UFSC, 2004.   ESTEVES JR., Hamilton Santos et al. Cursos de Sistema de Comando de Incidentes. Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania. Brasília: SENASP, 2008. 144p.   OLIVEIRA, Marcos de. Manual Gerenciamento de Desastres ‐ Sistema de Comando de Operações. Florianópolis: Ministério da Integração Nacional, Secretaria Nacional de Defesa Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres, 2010a. 80p.  ______ . Sistema de Comando em Operações ‐ Guia de Campo. Florianópolis: Ministério da Integração Nacional, Secretaria Nacional de Defesa Civil, Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres, 2010b. 61p.  ______ . Comando e controle. Revista Emergência, Novo Hamburgo: Proteção Publicações, n.° 09, set. 2007. p.47.  ______ . Lidar com incertezas. Revista Emergência, Novo Hamburgo: Proteção Publicações, n.° 09, jun. 2008. p.39.  ______ . Emergência com produtos perigosos. Manual básico para equipes de primeira resposta. Florianópolis: IOESC, 2000. 79p.  SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa do Cidadão. Livro‐texto do Curso de Capacitação em Defesa Civil: Sistema de Comando em Operações. Capacitação à distância. Florianópolis: Lagoa Editora/CEPED/UFSC, 2004. 136 p.  U.S. Department of Homeland Security. National Incident Management System. Washington: DHS/FEMA, 2004. Disponível em: <http://www.fema.gov/emergency/nims/>. Acesso em: 15 ago. 2010. 

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ANEXO 1 ‐ MEDIDA PROVISÓRIA Nº 494, DE 2 DE JULHO DE 2010 

 

MEDIDA PROVISÓRIA Nº 494, DE 2 DE JULHO DE 2010 

Dispõe sobre o Sistema Nacional de Defesa Civil ‐ SINDEC, sobre as transferências de recursos para ações  de  socorro,  assistência  às  vítimas, restabelecimento  de  serviços  essenciais  e reconstrução  nas  áreas  atingidas  por  desastre, sobre  o  Fundo  Especial  para  Calamidades Públicas, e dá outras providências.  

O  PRESIDENTE  DA  REPÚBLICA,  no  uso  da  atribuição  que  lhe  confere  o  art.  62  da Constituição, adota a seguinte Medida Provisória, com força de lei:  

Art. 1o  O Sistema Nacional de Defesa Civil ‐ SINDEC tem como objetivo planejar, articular e coordenar as ações de defesa civil em todo o território nacional.  

Parágrafo único.  Para os efeitos desta Medida Provisória, entende‐se como defesa civil o conjunto  de  ações  preventivas,  de  socorro,  assistenciais  e  recuperativas  destinadas  a  evitar desastres e minimizar seus impactos para a população e restabelecer a normalidade social.  

Art. 2o  Os órgãos e entidades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e as entidades da sociedade civil, responsáveis pelas ações de defesa civil, comporão o SINDEC, nos termos do regulamento.  

§ 1o  A  Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da  Integração Nacional  será o órgão  coordenador  do  SINDEC,  ficando  responsável  por  sua  articulação,  coordenação  e supervisão técnica.  

§ 2o  Integra  o  SINDEC  o  Conselho  Nacional  de  Defesa  Civil  ‐  CONDEC,  de  natureza consultiva, cuja composição e funcionamento serão disciplinados em regulamento.  

Art. 3o  O Poder Executivo federal apoiará, de forma complementar, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios em situação de emergência ou estado de calamidade pública, por meio dos mecanismos previstos nesta Medida Provisória.  

§ 1o  O  apoio  previsto  no  caput  será  prestado  aos  entes  que  tiverem  a  situação  de emergência ou estado de calamidade pública reconhecidos pelo Poder Executivo federal.  

§ 2o  O  reconhecimento  previsto  no  § 1o  dar‐se‐á  mediante  requerimento  do  Poder Executivo do Estado, do Distrito Federal ou do Município afetado pelo desastre. 

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Art. 4o  São obrigatórias as  transferências da União aos órgãos e entidades dos Estados, Distrito  Federal  e Municípios  para  a  execução  de  ações  de  socorro,  assistência  às  vítimas, restabelecimento  de  serviços  essenciais  e  reconstrução,  observados  os  requisitos  e procedimentos previstos nesta Medida Provisória.  

§ 1o  O Ministério da  Integração Nacional  especificará  as  ações de que  trata o  caput  a serem executadas e definirá o montante de recursos a ser transferido, mediante depósito em conta  específica mantida  pelo  ente  beneficiário  em  instituição  financeira  oficial  federal,  de acordo com sua disponibilidade orçamentária e financeira e com base nas informações obtidas junto ao ente federativo. 

§ 2o  O ente beneficiário deverá apresentar plano de trabalho ao Ministério da Integração Nacional, exclusivamente no caso de execução de ações de reconstrução.  

§ 3o  O Ministério da Integração Nacional poderá antecipar a transferência de recursos ao ente  federativo  para  a  execução  de  ações  de  reconstrução  com  base  nas  informações mencionadas no § 1o, independentemente da apresentação de plano de trabalho.  

§ 4o  Na  hipótese  do  §  3o,  o  ente  beneficiário,  posteriormente,  consolidará  o levantamento das ações de  reconstrução e apresentará ao Ministério da  Integração Nacional plano de trabalho para a execução das referidas ações,  incluindo aquelas  implementadas com os recursos antecipados.  

Art. 5o  O Ministério  da  Integração Nacional  acompanhará  e  fiscalizará  a  aplicação  dos recursos transferidos na forma do art. 4o.  

§ 1o  Verificada  a  aplicação  de  recursos  em  desacordo  com  o  disposto  nesta Medida Provisória, o  saque dos valores da conta específica e a  realização de novas  transferências ao ente beneficiário serão suspensos.  

§ 2o  Os entes beneficiários das transferências de que trata o caput deverão apresentar ao Ministério da  Integração Nacional a prestação de  contas do  total dos  recursos  recebidos, na forma do regulamento.  

§ 3o  Os  entes  beneficiários manterão,  pelo  prazo  de  cinco  anos,  contados  da  data  de aprovação da prestação de contas de que trata o § 2o, os documentos a ela referentes, inclusive os comprovantes de pagamentos efetuados com os recursos financeiros transferidos na forma desta  Medida  Provisória,  ficando  obrigados  a  disponibilizá‐los,  sempre  que  solicitado,  ao Ministério da  Integração Nacional, ao Tribunal de Contas da União e ao Sistema de Controle Interno do Poder Executivo federal.  

Art. 6o  Ficam  autorizados  o Departamento Nacional  de  Infraestrutura de  Transportes  ‐ DNIT e o Ministério da Defesa, mediante solicitação do ente federado interessado, a atuar, em conjunto ou  isoladamente, na  recuperação, execução de desvios e  restauração de estradas e outras  vias  de  transporte  rodoviário  sob  jurisdição  dos  Estados,  do  Distrito  Federal  ou  dos Municípios afetadas por desastres, observado o disposto no art. 3o.  

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Parágrafo único.  A  atuação  prevista  no  caput  fica  limitada  à  desobstrução  e  ao restabelecimento, ainda que provisório, do tráfego rodoviário, no caso de isolamento das áreas atingidas.  

Art. 7o  O Fundo Especial para Calamidades Públicas ‐ FUNCAP, instituído pelo Decreto‐Lei no 950, de 13 de outubro de 1969, passa a ser regido pelo disposto nesta Medida Provisória.  

Art. 8o  O FUNCAP, de natureza contábil e financeira, terá como finalidade custear ações de reconstrução em áreas atingidas por desastres nos entes federados que tiverem a situação de emergência ou estado de calamidade pública reconhecidos nos termos do art. 3o.  

Art. 9o  O  FUNCAP  terá  seu  patrimônio  constituído  por  cotas  que  serão  integralizadas anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.  

§ 1o  A  integralização de cotas por parte dos Estados, Distrito Federal e Municípios será voluntária.  

§ 2o  Na integralização das cotas, para cada parte integralizada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, a União integralizará três partes.  

§ 3o  Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios que decidirem  integralizar  cotas no FUNCAP deverão informar à Secretaria de Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional, até o dia 30 de  junho de cada ano, o valor a ser disponibilizado para essa  finalidade, de  forma a permitir  a  inclusão  do  valor  a  ser  integralizado  pela  União  na  Lei  Orçamentária  Anual  do exercício seguinte.  

§ 4o  Os entes federados que integralizarem cotas no FUNCAP somente poderão retirá‐las após dois anos da data de  integralização, exceto no caso de saque realizado na forma do art. 11.  

Art. 10.  Os  recursos  do  FUNCAP  serão  mantidos  em  instituição  financeira  federal  e geridos por um Conselho Diretor, composto por: 

I ‐ três representantes da União; 

II ‐ um representante dos Estados e do Distrito Federal; e 

III ‐ um representante dos Municípios.  

§ 1o  A presidência do Conselho Diretor caberá a um dos representantes da União.  

§ 2o  Observado o disposto no caput, o Poder Executivo federal regulamentará a forma de indicação dos representantes e o funcionamento do Conselho Diretor.  

Art. 11.  Na ocorrência de desastre, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios cotistas do FUNCAP poderão sacar recursos até o limite de suas cotas, acrescido do valor aportado pela União na proporção estabelecida no § 2o do art. 9o.  

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§ 1o  Os  recursos  sacados na  forma deste artigo  somente poderão  ser utilizados para a finalidade prevista no art. 8o.  

§ 2o  Não será exigida restituição dos recursos aportados pela União sacados na forma do caput, exceto no caso de utilização em desacordo com a finalidade prevista no art. 8o.  

§ 3o  Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios cotistas deverão prestar contas dos recursos sacados, na forma do regulamento.  

Art. 12.  A União poderá antecipar cotas, de forma a fomentar a adesão dos demais entes federados no FUNCAP.  

Art. 13.  Em casos excepcionais, o Conselho Diretor do FUNCAP poderá autorizar o saque, na forma do caput do art. 11, para custear ações imediatas de socorro, assistência às vítimas e restabelecimento de serviços essenciais em áreas afetadas por desastres nos entes cotistas.  

Art. 14.  O  limite de  integralização de  cotas para  cada ente,  as  condições para  saque e utilização dos  recursos do  FUNCAP, bem  como outros procedimentos de ordem operacional relativos a ele, serão estabelecidos em regulamento.  

Art. 15.  Fica  proibida  a  cobrança  de  juros  de mora,  por  estabelecimentos  bancários  e instituições  financeiras, sobre  títulos de qualquer natureza, cujo vencimento se dê durante o período  de  suspensão  do  atendimento  ao  público  em  suas  dependências  em  razão  de desastres, quando  caracterizadas  situações de emergência ou estado de  calamidade pública, desde que seja quitado no primeiro dia de expediente normal, ou em prazo superior definido em ato normativo específico.  

Art. 16.  O caput do art. 1o da Lei no 9.077, de 10 de julho de 1995, passa a vigorar com a seguinte redação: 

“Art. 1o  É  o  Poder  Executivo  autorizado  a  doar  estoques  públicos  de alimentos,  in  natura  ou  após  beneficiamento,  diretamente  às  populações carentes,  objetivando  o  combate  à  fome  e  à  miséria,  bem  como  às populações  atingidas  por  desastres,  quando  caracterizadas  situações  de emergência ou estado de calamidade pública, mediante proposta conjunta do Ministério  da  Agricultura,  Pecuária  e  Abastecimento,  do  Ministério  da Integração Nacional e da Casa Civil da Presidência da República.” (NR)  

Art. 17.  Ficam revogados: 

I ‐ o art. 51 da Lei no 11.775, de 17 de setembro de 2008; e II ‐ o Decreto‐Lei no 950, de 13 de outubro de 1969. 

Art. 18.  Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação.  

Brasília,  2 de julho de 2010; 189o da Independência e 122o da República.  

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA  Guido Mantega, Paulo Bernardo da Silva e João Reis Santana Filho 

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ANEXO 2 ‐ DECRETO Nº 7.257, DE 4 DE AGOSTO DE 2010 

 

DECRETO Nº 7.257, DE 4 DE AGOSTO DE 2010 

Regulamenta a Medida Provisória no 494 de 2 de julho  de  2010,  para  dispor  sobre  o  Sistema Nacional  de  Defesa  Civil ‐ SINDEC,  sobre  o reconhecimento  de  situação  de  emergência  e estado  de  calamidade  pública,  sobre  as transferências  de  recursos  para  ações  de socorro, assistência às vítimas, restabelecimento de  serviços  essenciais  e  reconstrução  nas  áreas atingidas por desastre, e dá outras providências.  

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Medida Provisória no 494, de 2 de julho de 2010,  

DECRETA:  

Art. 1o  O Poder Executivo federal apoiará, de forma complementar, os Estados, o Distrito Federal  e  os  Municípios  em  situação  de  emergência  ou  estado  de  calamidade  pública, provocados por desastres.  

Art. 2o  Para os efeitos deste Decreto, considera‐se: 

I ‐ defesa  civil:  conjunto  de  ações  preventivas,  de  socorro,  assistenciais  e  recuperativas destinadas  a  evitar  desastres  e  minimizar  seus  impactos  para  a  população  e  restabelecer  a normalidade social; 

II ‐ desastre:  resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem sobre um ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais ou ambientais e conseqüentes prejuízos econômicos e sociais; 

III ‐ situação de emergência: situação anormal, provocada por desastres, causando danos e prejuízos que  impliquem o  comprometimento parcial da  capacidade de  resposta do poder público do ente atingido; 

IV ‐ estado de calamidade pública: situação anormal, provocada por desastres, causando danos e prejuízos que  impliquem o comprometimento substancial da capacidade de resposta do poder público do ente atingido; 

V ‐ ações de socorro: ações imediatas de resposta aos desastres com o objetivo de socorrer a população  atingida,  incluindo  a busca  e  salvamento,  os primeiros‐socorros,  o  atendimento  pré‐

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hospitalar  e  o  atendimento  médico  e  cirúrgico  de  urgência,  entre  outras  estabelecidas  pelo Ministério da Integração Nacional; 

VI ‐ ações de assistência às vítimas: ações  imediatas destinadas a garantir condições de incolumidade e cidadania aos atingidos, incluindo o fornecimento de água potável, a provisão e meios de preparação de alimentos, o suprimento de material de abrigamento, de vestuário, de limpeza  e  de  higiene  pessoal,  a  instalação  de  lavanderias,  banheiros,  o  apoio  logístico  às equipes empenhadas no desenvolvimento dessas ações, a atenção integral à saúde, ao manejo de mortos, entre outras estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional; 

VII ‐ ações  de  restabelecimento  de  serviços  essenciais:  ações  de  caráter  emergencial destinadas ao restabelecimento das condições de segurança e habitabilidade da área atingida pelo desastre,  incluindo  a  desmontagem  de  edificações  e  de  obras‐de‐arte  com  estruturas comprometidas,  o  suprimento  e  distribuição  de  energia  elétrica,  água  potável,  esgotamento sanitário,  limpeza  urbana,  drenagem  das  águas  pluviais,  transporte  coletivo,  trafegabilidade, comunicações,  abastecimento de  água potável e desobstrução e  remoção de  escombros, entre outras estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional; 

VIII ‐ ações  de  reconstrução:  ações  de  caráter  definitivo  destinadas  a  restabelecer  o cenário  destruído  pelo  desastre,  como  a  reconstrução  ou  recuperação  de  unidades habitacionais,  infraestrutura  pública,  sistema  de  abastecimento  de  água,  açudes,  pequenas barragens,  estradas  vicinais,  prédios  públicos  e  comunitários,  cursos  d'água,  contenção  de encostas, entre outras estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional; e 

IX ‐ ações  de  prevenção:  ações  destinadas  a  reduzir  a  ocorrência  e  a  intensidade  de desastres,  por meio  da  identificação, mapeamento  e monitoramento  de  riscos,  ameaças  e vulnerabilidades  locais,  incluindo  a  capacitação  da  sociedade  em  atividades  de  defesa  civil, entre outras estabelecidas pelo Ministério da Integração Nacional.  

CAPÍTULO I 

DO SISTEMA NACIONAL DE DEFESA CIVIL ‐ SINDEC  

Art. 3o  O Sistema Nacional de Defesa Civil ‐ SINDEC tem como objetivo planejar, articular e coordenar as ações de defesa civil em todo o território nacional.  

Art. 4o  Para o alcance de seus objetivos, o SINDEC deverá: 

I ‐ planejar  e  promover  ações  de  prevenção  de  desastres  naturais,  antropogênicos  e mistos, de maior prevalência no País; 

II ‐ realizar estudos, avaliar e reduzir riscos de desastres; 

III ‐ atuar na iminência e em circunstâncias de desastres; e 

IV ‐ prevenir ou minimizar danos, socorrer e assistir populações afetadas, e restabelecer os cenários atingidos por desastres.  

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156Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

Art. 5o   O SINDEC  será composto pelos órgãos e entidades da União  responsáveis pelas ações  de  defesa  civil,  bem  como  pelos  órgãos  e  entidades  dos  Estados,  Distrito  Federal  e Municípios que a ele aderirem.  

§ 1o  As entidades da sociedade civil também poderão aderir ao SINDEC, na  forma a ser disciplinada pelo Ministério da Integração Nacional.  

§ 2o  Compete à Secretaria Nacional de Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional a coordenação do SINDEC, ficando responsável por sua articulação, coordenação e supervisão técnica.  

§ 3o  Para  o  funcionamento  integrado  do  SINDEC,  os  Estados,  Distrito  Federal  e Municípios  encaminharão  à  Secretaria  Nacional  de  Defesa  Civil  informações  atualizadas  a respeito  das  respectivas  unidades  locais  responsáveis  pelas  ações  de  defesa  civil  em  suas jurisdições, de acordo com o art. 2o da Medida Provisória no 494, de 2 de julho de 2010.  

§ 4o  Em  situações  de  desastres,  os  integrantes  do  SINDEC  na  localidade  atingida, indicados  nos  termos  do  §  3o,  atuarão  imediatamente,  instalando,  quando  possível,  sala  de coordenação  de  resposta  ao  desastre,  de  acordo  com  sistema  de  comando  unificado  de operações adotado pela Secretaria Nacional de Defesa Civil.  

§ 5o  O SINDEC contará com Grupo de Apoio a Desastres ‐ GADE, vinculado à Secretaria Nacional de Defesa Civil,  formado por equipe multidisciplinar, mobilizável a qualquer  tempo, para atuar nas diversas fases do desastre em território nacional ou em outros países.  

§ 6o  Para  coordenar  e  integrar  as  ações  do  SINDEC  em  todo  o  território  nacional,  a Secretaria Nacional de Defesa Civil manterá um centro nacional de gerenciamento de riscos e desastres,  com  a  finalidade  de  agilizar  as  ações  de  resposta, monitorar  desastres,  riscos  e ameaças de maior prevalência;  

§ 7o  A Secretaria Nacional de Defesa Civil poderá solicitar o apoio dos demais órgãos e entidades que  integram o SINDEC, bem como da Administração Pública federal, para atuarem junto ao ente federado em situação de emergência ou estado de calamidade pública.  

§ 8o  As  despesas  decorrentes  da  atuação  de  que  trata  o  §  7o,  correrão  por  conta  de dotação orçamentária de cada órgão ou entidade.   

§ 9o  O  SINDEC mobilizará  a  sociedade  civil  para  atuar  em  situação  de  emergência  ou estado  de  calamidade  pública,  coordenando  o  apoio  logístico  para  o  desenvolvimento  das ações de defesa civil.  

Art. 6o  O  Conselho  Nacional  de  Defesa  Civil ‐ CONDEC  integra  o  SINDEC  como  órgão colegiado,  de  natureza  consultiva,  tendo  como  atribuição  propor  diretrizes  para  a  política nacional de defesa civil, em face dos objetivos estabelecidos no art. 4o.  

§ 1o  O CONDEC será composto por um representante e suplente de cada órgão a seguir indicado: 

I ‐ Ministério da Integração Nacional, que o coordenará; 

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157Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

II ‐ Casa Civil da Presidência da República; 

III ‐ Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; 

IV ‐ Ministério da Defesa; 

V ‐ Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; 

VI ‐ Ministério das Cidades; 

VII ‐ Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; 

VIII ‐ Ministério da Saúde; 

IX ‐ Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República.  

§ 2o  Além dos representantes previstos no § 1o, comporão, ainda, o CONDEC: 

I ‐ dois representantes dos Estados e Distrito Federal; 

II ‐ três representantes dos Municípios; e 

III ‐ três representantes da sociedade civil.  

§ 3o  A Secretaria Nacional de Defesa Civil exercerá a  função de Secretaria‐Executiva do CONDEC,  fornecendo  o  apoio  administrativo  e  os  meios  necessários  à  execução  de  seus trabalhos.  

§ 4o  A participação no CONDEC será considerada prestação de serviço público relevante, não remunerada.  

§ 5o  Os representantes dos Estados, Distrito Federal, Municípios e da sociedade civil, serão indicados e designados na forma a ser disciplinada pelo Ministério da Integração Nacional.  

§ 6o  O  CONDEC  poderá  convidar  representantes  de  outros  órgãos  da  administração pública, de entidades privadas, de organizações não‐governamentais, de conselhos e de fóruns locais para o acompanhamento ou participação dos trabalhos.  

CAPÍTULO II 

DO RECONHECIMENTO DA SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA E DO  

ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA  

Art. 7o  O reconhecimento da situação de emergência ou do estado de calamidade pública pelo Poder Executivo federal se dará mediante requerimento do Poder Executivo do Estado, do Distrito Federal ou do Município afetado pelo desastre.  

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158Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

§ 1o  O requerimento previsto no caput deverá ser realizado diretamente ao Ministério da Integração Nacional, no prazo máximo de dez dias após a ocorrência do desastre, devendo ser instruído  com ato do  respectivo ente  federado que decretou a  situação de emergência ou o estado de calamidade pública e conter as seguintes informações: 

I ‐ tipo do desastre, de acordo com a codificação de desastres, ameaças e riscos, definida pelo Ministério da Integração Nacional; 

II ‐ data e local do desastre; 

III ‐ descrição da área afetada, das causas e dos efeitos do desastre; 

IV ‐ estimativa de danos humanos, materiais, ambientais e serviços essenciais prejudicados; 

V ‐ declaração  das  medidas  e  ações  em  curso,  capacidade  de  atuação  e  recursos humanos, materiais,  institucionais  e  financeiros  empregados  pelo  respectivo  ente  federado para o restabelecimento da normalidade; e 

VI ‐ outras informações disponíveis acerca do desastre e seus efeitos.  

§ 2o  Após avaliação das  informações apresentadas no requerimento a que se refere o § 1o e demais  informações disponíveis no SINDEC, o Ministro de Estado da  Integração Nacional reconhecerá, por meio de Portaria, a situação de emergência ou estado de calamidade, desde que a situação o justifique e que tenham sido cumpridos os requisitos estabelecidos na Medida Provisória no 494, de 2010, e neste Decreto.  

§ 3o  Considerando  a  intensidade  do  desastre  e  seus  impactos  social,  econômico  e ambiental,  o  Ministério  da  Integração  Nacional  reconhecerá,  independentemente  do fornecimento  das  informações  previstas  no  §1o,  a  situação  de  emergência  ou  o  estado  de calamidade pública com base no Decreto do respectivo ente federado.  

CAPÍTULO III 

DAS TRANSFERÊNCIAS DE RECURSOS  

Art. 8o  As transferências obrigatórias da União aos órgãos e entidades dos Estados, Distrito Federal e Municípios para a execução de ações de socorro, assistência às vítimas, restabelecimento de  serviços  essenciais  e  reconstrução,  observarão  os  requisitos  e  procedimentos  previstos  na Medida Provisória no 494, de 2010, e neste Decreto.  

Art. 9o  Reconhecida  a  situação  de  emergência  ou  o  estado  de  calamidade  pública,  o Ministério da Integração Nacional, com base nas informações obtidas e na sua disponibilidade orçamentária  e  financeira,  definirá  o  montante  de  recursos  a  ser  disponibilizado  para  a execução das ações especificadas nos incisos V, VI e VII do art. 2o.  

Parágrafo único.  A  transferência  dos  recursos  se  dará  mediante  depósito  em  conta específica do ente beneficiário em instituição financeira oficial federal.  

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Art. 10.  As  transferências  de  recursos  voltadas  à  execução  de  ações  de  reconstrução deverão ser precedidas da apresentação de Plano de Trabalho pelo ente beneficiário no prazo de até quarenta e cinco dias após o reconhecimento da situação de emergência ou do estado de calamidade pública.  

§ 1o  O Plano de Trabalho conterá: 

I ‐ levantamento de danos materiais causados pelo desastre; 

II ‐ identificação  das  ações  de  reconstrução,  acompanhadas das  respectivas  estimativas financeiras; 

III ‐ etapas ou fases de execução; 

IV ‐ plano de aplicação dos recursos financeiros; 

V ‐ cronograma de desembolso; e 

VI ‐ previsão de início e fim da execução das ações, bem como da conclusão das etapas ou fases programadas.  

§ 2o  Independentemente da  apresentação do Plano de  Trabalho de que  trata o §1o, o Ministério  da  Integração  Nacional  poderá  antecipar  a  liberação  de  parte  dos  recursos destinados às ações de reconstrução.  

§ 3o  As  ações  implementadas  com  os  recursos  antecipados  na  forma  do  §  2o  deverão estar contempladas no Plano de Trabalho previsto no caput.  

§ 4o  No caso de recuperação ou reconstrução de edificações no mesmo local do desastre, tratando‐se de posse mansa e pacífica, poderá ser dispensada a comprovação da propriedade do imóvel pelos respectivos beneficiários.  

Art. 11.  A  utilização  dos  recursos  transferidos  nos  termos  dos  arts.  9o  e  10  pelo  ente beneficiário está vinculada exclusivamente à execução das ações previstas neste Decreto, além das especificadas pelo Ministério da Integração Nacional quando da liberação dos recursos.  

§ 1o  Constatada a presença de vícios na documentação apresentada ou a utilização dos recursos  por  parte  dos  Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios,  em  desconformidade  com disposto na Medida Provisória no 494, de 2010, e neste Decreto, o Ministério da  Integração Nacional suspenderá a liberação dos recursos até a regularização da pendência, se for o caso.  

§ 2o  A  utilização  dos  recursos  em  desconformidade  com  as  ações  especificadas  pelo Ministério  da  Integração  Nacional  ensejará  ao  ente  federado  a  obrigação  de  devolvê‐los devidamente atualizados, conforme legislação aplicável.  

§ 3o  O Ministério da  Integração Nacional notificará o ente  federado  cuja utilização dos recursos  transferidos  for  considerada  irregular,  para  que  apresente  justificativa  no  prazo  de trinta dias.  

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160Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

§ 4o  Se  as  razões  apresentadas  na  justificativa  do  ente  federado  não  demonstrarem  a regularidade na aplicação dos recursos, o Ministério da Integração Nacional dará ciência do fato ao ente federado que deverá providenciar a devolução dos recursos no prazo de trinta dias.  

§ 5o  Na hipótese de não devolução dos recursos pelo ente federado notificado, o Ministério da Integração Nacional deverá comunicar o fato aos órgãos de controle competentes para adoção das medidas cabíveis.  

Art. 12.  O planejamento e a execução das ações de prevenção previstas no  inciso  IX do art. 2o são de responsabilidade de todos os órgãos integrantes do SINDEC e dos demais órgãos da Administração Pública  federal, estadual, distrital e municipal que  setorialmente executem ações  nas  áreas  de  saneamento,  transporte  e  habitação,  bem  assim  em  outras  áreas  de infraestrutura. 

CAPÍTULO IV 

DA PRESTAÇÃO DE CONTAS E DA FISCALIZAÇÃO  

Art. 13.  Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios beneficiários das transferências de que  trata  o  art.  4o  da Medida  Provisória  no  494,  de  2010,  apresentarão  ao Ministério  da Integração Nacional a prestação de contas do total dos recursos recebidos.  

Art. 14.  A prestação de contas de que  trata o art. 13 deverá ser apresentada pelo ente beneficiário  no  prazo  de  trinta  dias  a  contar  do  término  da  execução  das  ações  a  serem implementadas  com  os  recursos  transferidos  pelo Ministério  da  Integração  Nacional  e  será composta dos seguintes documentos: 

I ‐ relatório de execução físico‐financeira; 

II ‐ demonstrativo da execução da receita e despesa, evidenciando os recursos recebidos e eventuais saldos; 

III ‐ relação de pagamentos e de bens adquiridos, produzidos ou construídos; 

V ‐ extrato  da  conta  bancária  específica  do  período  do  recebimento  dos  recursos  e conciliação bancária, quando for o caso; 

VI ‐ relação de beneficiários, quando for o caso; 

VII ‐ cópia do termo de aceitação definitiva da obra ou serviço de engenharia, quando for o caso; e 

VIII ‐ comprovante de recolhimento do saldo de recursos, quando houver.  

§ 1o  A  autoridade  responsável  pela  prestação  de  contas  que  inserir  ou  fizer  inserir documentos ou declaração falsa ou diversa da que deveria ser  inscrita, com o fim de alterar a verdade sobre o fato, será responsabilizada na forma da lei.  

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161Curso de Gestão Integrada em Defesa Civil

§ 2o  Os  entes  beneficiários manterão,  pelo  prazo  de  cinco  anos,  contados  da  data  de aprovação  da  prestação  de  contas  de  que  trata  o  art.  13,  os  documentos  a  ela  referentes, inclusive os comprovantes de pagamentos efetuados com os recursos financeiros transferidos na  forma  deste  Decreto,  ficando  obrigados  a  disponibilizá‐los,  sempre  que  solicitado,  ao Ministério da  Integração Nacional, ao Tribunal de Contas da União e ao Sistema de Controle Interno do Poder Executivo federal.  

Art. 15.  O Ministério da  Integração Nacional acompanhará e  fiscalizará a aplicação dos recursos transferidos na forma do art. 8o deste Decreto.  

Art. 16.  Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.  

Art. 17.  Ficam revogados os Decretos nos 5.376, de 17 de fevereiro de 2005, e 6.663, de 26 de novembro de 2008.  

Brasília, 4 de agosto de 2010; 189o da Independência e 122o da República.  

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Paulo Bernardo Silva João Reis Santana Filho