CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA NATUREZA...

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CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA NATUREZA CIÊNCIAS E BIOLOGIA SAMARA SANTOS DA SILVA ALIMENTOS TRANSGÊNICOS: CONCEPÇÕES DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E AS DIVERGÊNCIAS ENTRE CONHECIMENTO CIENTÍFICO E POPULAR Campos dos Goytacazes 2016, 2

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CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA NATUREZA

CIÊNCIAS E BIOLOGIA

SAMARA SANTOS DA SILVA

ALIMENTOS TRANSGÊNICOS: CONCEPÇÕES DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E

AS DIVERGÊNCIAS ENTRE CONHECIMENTO CIENTÍFICO E POPULAR

Campos dos Goytacazes

2016, 2

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SAMARA SANTOS DA SILVA

ALIMENTOS TRANSGÊNICOS: CONCEPÇÕES DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E AS

DIVERGÊNCIAS ENTRE CONHECIMENTO CIENTÍFICO E POPULAR.

Monografia apresentada ao Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense,

campus Campos Centro, como requisito parcial

para conclusão do Curso de Ciências da Natureza -

Licenciatura em Biologia.

Orientador: Prof. Dr. Franz Viana Borges

Campos dos Goytacazes

2016, 2

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos оs professores dо curso, quе foram tãо importantes nа minha vida

acadêmica е nо desenvolvimento dеstа monografia, especialmente aos professores Franz Viana

Borges, Gustavo Graciano Loureiro, Tatiana Almeida Machado e Renata Lacerda Caldas que

contribuíram diretamente na construção deste trabalho; agradeço aоs amigos е colegas, pelo

incentivo е pelo apoio constantes, em especial Ana Caroline Mafra, Allan da Silva Conceição,

Ricardo Quintanilha, Thalita Pereira de Matos, Kryshinan Araújo, Vinicius Souza e Silva, Aline

Reis Rangel, Monique Barreto Pessanha e Bruno Fortunato Lourenço.

À minha família agradeço à capacidade dе acreditar e investir еm mim, especialmente a

minha mãe, Jane Valdenize Borges dos Santos, e meu pai Claudinei Marcos Nogueira da Silva.

Agradeço a todos aqueles quе dе alguma forma estiveram е estão próximos dе mim,

fazendo a vida valer cada vеz mais а pena.

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“La recepción significativa de aprendizajes se produce a

medida que el material potencialmente significativo

entre en el campo cognoscitivo e interatúa en él, siendo

apropiadamente incluido en un sistema conceptual

relevante y más inclusivo”. (AUSUBEL, 1973)

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RESUMO

Os transgênicos representam os organismos geneticamente modificados (OGM) cuja alteração

genética é dada através da inserção de trechos de outros organismos em seu material genético

para que uma característica diferente seja expressa. Considerando pesquisas de professores e

pesquisadores que garantem existir dificuldade do entendimento de temas da biotecnologia como

transgênicos, o presente trabalho visa verificar as concepções dos alunos do ensino médio do

Instituto Federal Fluminense sobre organismos geneticamente modificados e propor atividades

pedagógicas, como leitura de textos de divulgação científica, aulas expositivas e júri simulado.

Foram desenvolvidas duas aulas e o júri simulado a fim de promover a aprendizagem

significativa. Foi aplicado um pré-teste para verificar os conhecimentos prévios dos alunos; as

respostas do pré-teste também foram utilizadas para a elaboração das aulas a partir dos

conhecimentos prévios dos alunos a fim de que os alunos pudessem aprender significativamente.

Após as atividades pedagógicas, foi elaborado um pós-teste para verificar a mudança de

conceitos. No primeiro questionário observou-se que a maioria dos alunos já havia ouvido falar

sobre transgênicos, mas não sabiam explicar ou apresentar algumas definições e detalhes sobre o

assunto. No último questionário foi possível observar uma melhora nas principais definições

sobre transgênicos, porém no júri os alunos apresentaram melhor suas ideias e discutiram melhor

as definições propostas, conclui-se, assim, que os alunos não expressavam os conceitos

científicos relacionados a transgênicos e que o júri simulado apresentou-se não só como uma

ferramenta de avaliação mas também auxiliando aprendizagem dos conceitos científicos.

Palavras Chave: OGM; Transgênicos; Ensino de Ciências; Aprendizagem Significativa.

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ABSTRACT

A transgenic is a genetically modified organism (GMO) whose genetic alteration is given by

inserting fragments of the genetic material of other organisms into their DNA, consequently, a

different characteristic is expressed. Considering researches by professors and researchers that

guarantee there is a lack of understanding of biotechnology topics as transgenic, the present

work aims to verify the conceptions of high school students from the Instituto Federal

Fluminense about genetically modified organisms and to propose pedagogical activities, such as

reading scientific dissemination texts, lectures and simulated jury in order to promote the

meaningful learning. A pre-test was applied to verify the previous knowledge of the students.

their answers were also used to prepare classes based on students' previous knowledge in order

to meaningful learning to occur. After the pedagogical activities, a post-test was elaborated to

verify if there was a concepts change. On the first questionnaire it was observed that most of

the students had already heard about transgenics but couldn't explain or present some

definitions and details on the subject. On the last questionnaire it was possible to observe an

improvement in the main definitions on transgenics, but in the jury the students presented better

their ideas and discussed better the proposed definitions. It was concluded that the students

didn't express the scientific concepts related to transgenics and the simulated jury presented

itself not only as an evaluation tool but also helping students to learn scientific concepts.

Key words: GMO; Transgenic; Education; Simulated Jury.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .........................................................................................................................11

1 ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS ...............................................................................14

1.1 A importância do ensino de ciências na formação pessoal e social do indivíduo...........14

1.2 Ensino de ciências e divulgação científica..........................................................................15

1.3 Aprendizagem significativa no ensino de ciências.............................................................17

2 TRANSGÊNICOS E ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS...............20

2.1 O que são transgênicos e organismos geneticamente modificados?................................20

2.2 A regulamentação dos transgênicos do Brasil...................................................................20

3 TRANSGÊNICOS NA SALA DE AULA..............................................................................23

3.1 O Júri Simulado como ferramenta pedagógica …...........................................................23

4- METODOLOGIA.................................................................................................................25

5- RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................................................27

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................39

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................40

APÊNDICE.................................................................................................................................43

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Exemplo de etiquetas PLU em alimentos...................................................................22

Figura 2: Número de acertos de questão referente à produção de transgênicos no Brasil

(questão 1- questões no Apêndice), respondidos por alunos de Ensino Médio, do Instituto

Federal Fluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas em sala de aula (aula

expositiva, leitura de textos e júri simulado). ….........................................................................27

Figura 3: Número de acertos de questão referente à produção de transgênicos no Brasil

(questão 1- questões no Apêndice), respondidos por alunos de Ensino Médio, do Instituto

Federal Fluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas em sala de aula (aula

expositiva, leitura de textos e júri simulado). . ….......................................................................28

Figura 4: Número de respostas de questão referente aos produtos transgênicos no Brasil

(questão 3- questões no Apêndice), respondidos por alunos de Ensino Médio, do Instituto

Federal Fluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas em sala de aula (aula

expositiva, leitura de textos e júri simulado). . ….......................................................................29

Figura 5: Número de respostas de questão referente ao código PLU (questão 4- questões no

Apêndice), respondidos por alunos de Ensino Médio, do Instituto Federal Fluminense, antes e

depois das atividades desenvolvidas em sala de aula (aula expositiva, leitura de textos e júri

simulado).. . …............................................................................................................................30

Figura 6: Número de respostas de questão referente à existência de diferenças entre

transgênicos e OGM (questão 6- questões no Apêndice), respondidos por alunos de Ensino

Médio, do Instituto Federal Fluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas em sala de

aula (aula expositiva, leitura de textos e júri simulado).. ….......................................................31

Figura 7: Número de respostas de questão referente ao consumo de transgênicos no Brasil

(questão 8 - questões no Apêndice), respondidos por alunos de Ensino Médio, do Instituto

Federal Fluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas em sala de aula (aula

expositiva, leitura de textos e júri simulado). . ….......................................................................35

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Figura 8: Número de respostas de questão referente à observação das etiquetas dos alimentos

no Brasil (questão 9- questões no Apêndice), respondidos por alunos de Ensino Médio, do

Instituto Federal Fluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas em sala de aula (aula

expositiva, leitura de textos e júri simulado).. . …......................................................................36

Figura 9: Número de respostas de questão referente à produção de mosquitos Aedes aegypti

transgênicos no Brasil (questão 10a - questões no Apêndice), respondidos por alunos de Ensino

Médio, do Instituto Federal Fluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas em sala de

aula (aula expositiva, leitura de textos e júri simulado)..............................................................37

Figura 10: Número de respostas de questão referente à possibilidade do estudo com mosquitos

Aedes aegypti transgênicos trazerem problemas ao meio ambiente (questão 10b - questões no

Apêndice), respondidos por alunos de Ensino Médio, do Instituto Federal Fluminense, antes e

depois das atividades desenvolvidas em sala de aula (aula expositiva, leitura de textos e júri

simulado).....................................................................................................................................38

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADN – Ácido Desoxirribonucleico

CNBS – Conselho Nacional de Biossegurança

CTNBio – Comissão Técnica Nacional de Biossegurança

CTS – Ciência, Tecnologia e Sociedade

OGM – Organismos Geneticamente Modificados

PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais

PLU code – Price Lock-up Code

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INTRODUÇÃO

Os organismos geneticamente modificados (OGM) são organismos produzidos através de

técnicas de engenharia genética, e que, de alguma forma, têm seu genoma alterado. São

representados principalmente por plantas agrícolas transgênicas, cuja alteração do genoma é feita

através da inserção de trechos de ADN de outra espécie para que a planta seja, por exemplo,

resistente a um patógeno ou apresente uma determinada qualidade (FUENTE; GOÑI, 2005).

A sociedade recebe informações sobre os transgênicos através de meios de comunicação

como jornais, revistas e da televisão que às vezes estão a favor, justificando sua posição com

benefícios inexistentes ou estão contra, justificando por possíveis problemas infundados

cientificamente (LOURENÇO; REIS, 2013). No Brasil, cultiva-se sementes transgênicas de soja,

milho e algodão, mas em geral, a maior parte dos brasileiros não relacionam a produção de

alimentos com o conhecimento científico (BRONDANI, 2016).

O ponto principal no debate sobre os transgênicos diz respeito ao direito do consumidor

de eleger e conhecer aquilo que come (FUENTE; GOÑI, 2005). A vida dos cidadãos é muito

influenciada, pelas descobertas científicas e tecnológicas, assim, é direito do cidadão obter os

conhecimentos mínimos para que possa tomar suas decisões a respeito da Ciência e da

Tecnologia (BEDIN; DELIZOICOV, 2012).

Nos argumentos contra os transgênicos, além do resultado das frequentes discussões nos

âmbitos tecnológico, econômico, social, ético, comercial e político, os principais argumentos se

referem aos impactos sanitários, ambientais e ao perigo de reações alérgicas ou de serem geradas

bactérias patógenas resistentes a antibióticos, porém não existem evidências científicas que

comprovem este prejuízo (FUENTE; GOÑI, 2005).

É sabido que a maior parte dos consumidores desconhecem a regulamentação, cujo

objetivo é garantir o avanço e estímulo na área de biossegurança e biotecnologia a proteção à

vida humana, animal e vegetal, e prevenir danos ao meio ambiente, através do estabelecimento

de normas e da fiscalização sobre a pesquisa, produção, manipulação, cultivo, transporte,

liberação ao meio ambiente, comercialização, consumo e o descarte de OGM e seus derivados

conforme o Artigo 1 da Lei 11.105 (BRASIL, 2005).

Os símbolos encontrados nas embalagens de alimentos transgênicos também passam

despercebidos pela população devido à falta de divulgação pelas autoridades e por falta de

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preocupação das empresas com as eventuais dúvidas dos consumidores, o que acaba,

indiretamente, violando o direito do consumidor de conhecer o que consome (FUENTE; GOÑI,

2005).

A discussão sobre transgênicos passou a ser tratada também na escola, porém diversos

estudos retratam que a concepção de transgênicos pelos alunos se dá de forma intuitiva ou

considerando afirmações do senso comum, apresentando, também dificuldade por parte dos

mesmos para debater este tema. Isso acontece devido a defasagem na explanação do

conhecimento científico adequado, que portanto não é assimilado ou é assimilado de forma

insatisfatória (LOURENÇO; REIS, 2013). Os temas de genética são caracterizados, por diversos

trabalhos, por serem o de maior dificuldade para o entendimento dos alunos embora seja um dos

temas mais importantes no ensino de Biologia (SILVEIRA; AMABIS, 2003).

A construção do conhecimento científico pode ser vinculada com o conhecimento

preexistente do aluno, desde que não haja a continuação dos saberes do senso comum, mas a

transformação do conhecimento de acordo com as descobertas científicas (LOURENÇO; REIS,

2013). O processo de ensino-aprendizagem é um processo dinâmico que necessita de interação

entre o professor e os alunos. Cabe ao professor promover esta relação dialética no cotidiano

escolar orientando os alunos na busca de respostas e elaboração de hipóteses que favoreçam a

formação do senso crítico do indivíduo (BRASIL, 2006).

Apesar da grande importância do papel do professor para o entendimento de transgênicos

para os posicionamento crítico dos alunos, sabe-se que muitos professores apresentam

dificuldades para ministrar aulas sobre temas polêmicos ou provenientes de novas descobertas

científicas, o que tem por consequência a falta de explanação correta dos assuntos e, portanto, os

alunos apresentam defasagem na elaboração de pensamento crítico de temas como alimentos

transgênicos (LOURENÇO; REIS, 2013).

Considerando a necessidade de divulgação correta sobre o tema que envolve o conteúdo

dos transgênicos na sala de aula por meio de uma didática eficaz e da formação do senso crítico

nos indivíduos, este trabalho objetivou elaborar e aplicar atividades pedagógicas, como leitura de

textos de divulgação científica, aulas expositivas e júri simulado, a fim de reforçar ou redefinir

os conceitos trazidos por alunos sobre o tema Organismos Geneticamente Modificados.

Especificamente, foram levantados os conhecimentos prévios sobre o tema em três turma de

terceiro ano do Ensino Médio do Instituto Federal Fluminense; elaboradas e aplicadas atividades

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diferenciadas sobre o tema e baseadas nos resultados levantados; e avaliada a mudança conceitual

dos alunos.

Com base na dificuldade normalmente apresentada pelos alunos no entendimento de

genética, esperava-se que inicialmente apresentassem concepções de acordo com as informações

do senso comum, não baseadas no conhecimento científico, e que através das propostas

pedagógicas, essas concepções fossem redescobertas tornando o pensamento mais crítico e de

acordo com os saberes científicos.

O primeiro capítulo deste trabalho abordará o ensino de ciências, enfatizando sua

importância e como a divulgação científica e a aprendizagem significativa podem ser aliadas no

processo de ensino e aprendizagem de ciências.

No segundo, será apresentado os conceitos sobre os transgênicos e organismos

geneticamente modificados (OGM) em que, além da definição científica de transgênicos e

OGM, será discutido sobre a importância do conhecimento de tais definições para o ensino de

ciências.

Já no terceiro capítulo será abordado sobre os transgênicos na sala de aula, trazendo a

concepção dos alunos de Ensino Médio sobre o tema e como o Júri Simulado pode ser utilizado

como ferramenta pedagógica para o estudo sobre transgênicos.

No quarto capítulo será abordada a metodologia utilizada no desenvolvimento deste

trabalho, cujos resultados são analisados e discutidos no quinto capítulo. Por fim, o sexto capítulo

trará as considerações finais obtidas pelo estudo desenvolvido.

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1- ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS

O ensino de ciências da natureza é de grande importância na formação pessoal e

profissional da humanidade já que este tipo de ensino trata do conhecimento sobre o

funcionamento das leis e ciclos naturais os quais os indivíduos irão se deparar ao longo de suas

vidas ou ao ato de suas profissões.

Sabendo da importância do conhecimento científico na resolução dos problemas globais,

durante a Guerra Fria, os Estados Unidos fizeram grande investimento em recursos humanos e

financeiros na área científica com intenção de vencer a batalha espacial, justificando tal

investimento na concepção de que uma escola secundária que incentivasse os jovens talentos a

seguir carreira científica era fundamental para a formação de uma elite que garantisse a vitória

dos Estados Unidos (KRASILCHIK, 2000).

Nesta época, as sociedades científicas, grandes Universidades e acadêmicos renomados

dos EUA, participaram intensamente, sendo apoiados pelo governo, elaborando os projetos de

Química, Física, Biologia e Matemática que passaram a ser reconhecidos universalmente. Este

período foi de fundamental importância na história do ensino de Ciências influenciando a

formação das tendências curriculares das disciplinas do ensino médio e fundamental, que ao

longo da história foram sendo alteradas em função dos fatores políticos, econômicos e sociais.

(idem, 2000).

1.1 A importância do Ensino de Ciências na sociedade

Sem os avanços da ciência e tecnologia, os milhões de habitantes existentes na Terra

talvez não pudessem sobreviver; os avanços científicos e tecnológicos para a criação de

medicamentos e vacinas, melhores meios de transporte e comunicação são fundamentais e estão

presentes nas vidas de todos os cidadãos mas somente uma minoria tem consciência dos

impactos e benefícios de tais avanços e dos potenciais riscos ao serem mal utilizados (ARANA,

2005).

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, os conhecimentos das Ciências Naturais

e da Tecnologia permitem que o aluno desenvolva competências que faça com que este

compreenda o mundo atuando como indivíduo e como cidadão; as relações entre ciências,

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tecnologias e sociedade precisam ser compreendidas simultaneamente a fim de ampliar as

possibilidades de compreensão e participação do indivíduo como cidadão no mundo que vive

(BRASIL 1998).

1.2 Ensino de ciências e divulgação científica

Uma prática recorrente na tentativa de direcionar o conhecimento científico às várias

camadas da sociedade é a utilização de textos de divulgação científica cujo objetivo consiste na

elaboração de múltiplos contextos da produção científica que facilite o entendimento da leitura

técnica, facilitando a circulação do conhecimento, atingindo, desta forma, indivíduos diversos

(SILVA, 2006).

Embora ao longo do tempo o conhecimento científico ganhe certa autonomia em relação a

muitas atividades sociais e culturais, ele não se desvincula totalmente do meio social, e portanto,

por mais que a esfera social venha se alterando ao longo do tempo, o fato da ciência não se

desvincular totalmente deste meio, faz com que as interlocuções desse processo não estejam

totalmente restritas ao meio científico (SILVA, 2006).

No entanto, esta divulgação científica ainda não ocorre de forma eficiente, assim, é

pequena a quantidade de indivíduos que terminam o Ensino Médio ou a Universidade e têm

clareza sobre o conhecimento científico e sua função de explicar o funcionamento da Natureza

(TAVARES, 2004). Considerando que a ciência se produz na sociedade, sua produção é de

extrema complexidade já que a responsabilidade por sua formação e alteração, de forma direta ou

indireta, nunca será exclusiva dos cientistas. Um dos fatores que implicam na formação do

pensamento científico se deve justamente à elaboração de textos de divulgação científica, não por

simplificar a elaboração de textos possibilitando que outros públicos possam ter acesso ao

material, mas pelo fato das diferentes interlocuções alterarem o sentido formando diferentes

posições, o que acontece, por exemplo, quando se trata dos alimentos transgênicos (SILVA,

2006).

De forma geral, a humanidade e diversas áreas do conhecimento são cada vez mais

influenciados pelas discussões científicas. Inúmeras notícias veiculadas pela mídia como

tentativa de promover a divulgação científica chegam a população de forma incorreta. Portanto,

apesar da consciência de que todo indivíduo tem direito de obter o mínimo de conhecimentos

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que o permita tomar decisões de forma crítica e consistente sobre assuntos promovidos pela

ciência, sabe-se que a divulgação de tais conhecimentos não ocorre de forma eficiente, desta

maneira, não dão oportunidade aos indivíduos de se manifestarem, principalmente se tratando

de temas polêmicos tais como transgênicos, cuja à relação Ciência, Tecnologia e Sociedade

(CTS) demanda que as discussões em sala de aula devem ocorrer de forma que o aluno possa

expressar os possíveis benefícios e malefícios presentes no consumo de alimentos transgênicos,

que não se dá eficientemente (BEDIN; DELIZOICOV, 2012).

Apesar de temas como transgênicos apresentarem importância no desenvolvimento

crítico da população, os alunos normalmente demonstram dificuldade em diferenciar ou definir

termos como melhoramento genético e transgênicos ou como os transgênicos são produzidos,

apresentando ideias do senso comum ou até mesmo não conseguindo discutir o assunto

(LOURENÇO; REIS, 2013).

Apesar de existirem ricas descobertas científicas e tecnológicas sendo discutidas no

contexto escolar e divulgadas no meio acadêmico e multimidiático, a população ainda está

despreparada para emitir opiniões sobre temas como transgenia, clonagem e genômica de forma

fundamentada, o que demostra que nem sempre os ensinamentos escolares propiciam que os

sujeitos obtenham conhecimentos além do senso comum ou das primeiras impressões

adquiridas na vivência. (PEDRANCINI et al., 2008).

Assim, o papel da educação não vem se cumprindo devido à falta de esclarecimento

correto sobre temas da biotecnologia tão importantes para a formação de opiniões críticas sobre o

cotidiano das pessoas, tais como a importância do conhecimento sobre transgenia na atualidade.

A falta de esclarecimento relacionada aos transgênicos pode ser consequência da falta de

divulgação pelas autoridades e pela falta de preocupação das empresas em informar o consumidor

sobre o alimento que gerando especulações sobre riscos ambientais ou alergênicos, por exemplo

(FUENTE; GOÑI, 2005).

Apesar da falta de divulgação violar o direito do consumidor de não conhecer

especificamente o produto consumido, a produção de alimentos transgênicos apresenta grande

potencial na evolução biotecnológica, permitindo, por exemplo, que diversas carências

nutricionais sejam supridas em uma determinada população ou permitindo maior facilidade no

cultivo de uma determinada espécie. Por outro lado, para Guerra e Nodari (2001), quando é

afirmado que não existem evidências científicas que comprovem que as consequências negativas

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sejam de fato relacionadas aos transgênicos, desconsidera totalmente o princípio da precaução,

que afirma que a falta de evidências científicas não deve ser tomada como evidência da ausência.

Apesar dos alunos apresentarem capacidade em empregar termos relacionados a

transgênicos apresentados pela mídia e até mesmo pela escola, os alunos ainda apresentam

defasagem em esclarecer os conceitos, apenas definindo o significado da palavra ou realizando

uma definição destruída de significado; assim, os dados analisados indicam que os conceitos

relacionados a Transgênicos e Organismos Geneticamente Modificados estudados como têm sido

na escola, não possibilitam que os indivíduos entendam a realidade, e por consequência não se

expressem cientificamente, cabendo a escola o dever de possibilitar que os estudantes se

apropriem de conhecimento científico de forma que possam argumentar e tomar decisões de

forma consciente. (PEDRANCINI et al.,2008)

O professor, por sua vez, tem papel de mediador do conhecimento prévio do aluno e o

conhecimento científico, sendo responsável por elaborar estratégias didáticas que contribuam

para o processo de ensino-aprendizagem, permitindo que o indivíduo possa manifestar suas

ideias, dúvidas e concepções para que o conteúdo se torne significativo (BEDIN;

DELIZOICOV, 2012).

O docente certamente necessita de conhecimentos sólidos sobre o tema que será

abordado, porém, apenas este conhecimento não é suficiente, havendo a necessidade da

detenção de uma visão interdisciplinar da Ciência e Tecnologia por parte do professor que

permita que este detenha práticas que se contrapõe à simples detenção de conhecimento

específico favorecendo a elaboração de questões problematizadoras e relevantes para os alunos,

visando a formação crítica do sujeito para possibilitar que estes possam tomar decisões

conscientes. Tal necessidade implica, portanto, no investimento em formação iniciada e

continuada aos professores para que a transformação destes possa refletir na formação crítica do

pensamento científico da sociedade (Idem, 2012).

1.3 Aprendizagem Significativa no Ensino de Ciências

Sabendo que nos conhecimentos prévios do aluno existem graves incoerências em relação

aos assuntos científicos, para que a aprendizagem significativa ocorra, este aluno deveria ser

exposto a uma situação de “conflito cognitivo” no qual tal incoerência em suas explicações, fosse

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de encontro às ideias demonstradas pelo conhecimento científico, fazendo com que o aluno reflita

sobre o pensamento científico (BEDIN; DELIZOICOV, 2012).

Os processos científicos e tecnológicos, por sua vez, não acontecem de forma autônoma

na sociedade, assim, não se pode dizer que o meio científico é determinante; da mesma forma,

para Freire (1977), a educação não pode acontecer de forma autônoma ou ser considerada um

processo neutro de alienação dos indivíduos; é preciso, portanto que ocorram modificações no

processo de ensino-aprendizagem que gerem uma cultura que contribua para a maior participação

dos indivíduos às decisões individuais ou coletivas (FERNANDES; MARQUES 2009).

Segunda a teoria da aprendizagem significativa de Ausubel (1973), para que a

aprendizagem ocorra, o aluno precisa encontrar significado no conteúdo, e para isso é necessário

que existam pontos de ancoragem que relacionem, na estrutura cognitiva do aluno, aquilo que o

aluno já sabe com o novo conhecimento a ser aprendido; quanto maior a quantidade de pontos de

ancoragem, mais significados serão encontrados no conteúdo pelos alunos e, por consequência,

melhor será a aprendizagem.

Assim, para Ausubel (1973), na aprendizagem significativa um novo conhecimento

interagirá com os conhecimentos prévios do indivíduo provocando modificações na estrutura

cognitiva deste. Para Moreira (2012), no processo de aprendizagem significativa as novas ideias

interagem de maneira não -literal e não-arbitrária, desde que o conhecimento seja relevante na

estrutura cognitiva do aprendiz, com as ideias que o indivíduo já tem.

A concepção do conhecimento científico, certamente sofrerá interferências do meio no

qual o indivíduo participa. Além disso, pesquisas de Guivant (2006) apontam que em vários

países a grande maioria das pessoas considera-se pouco ou nada informada sobre as evoluções

científicas e tecnológicas. Da mesma forma o conhecimento sobre Organismos Geneticamente

Modificados (OGM) e Transgênicos apresenta problemas em sua contextualização pela sociedade

por falta de informação científica e tecnológica disponibilizada à população (PEDRANCINI et

al.,2008).

Para que o indivíduo aprenda os conhecimentos de forma significativa a ponto de tomar

decisões críticas referindo-se ao meio científico, é preciso reconhecer as discussões entre Ciência,

Tecnologia e Sociedade (CTS) a fim de minimizar a fragmentação do ensino escolar,

possibilitando problematizações no contexto científico e tecnológico, favorecendo, também à

criação de trabalhos de maior dimensão no contexto das biotecnologias no processo de ensino-

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aprendizagem (BEDIN; DELIZOICOV, 2012).

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20

2- TRANSGÊNICOS E ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS

A partir de 1982 o hormônio insulina passou a ser produzido a partir de um organismo

transgênico, antes, a insulina era extraída de animais como bois e porcos que produziam uma

insulina muito similar a humana, mas não idêntica, o que provocava efeitos colaterais em

muitos usuários. A humanidade utiliza transgênicos pra produção de bebidas, medicamentos e

laticínios por exemplo, mas as plantas transgênicas resistentes à herbicidas ou pragas, ou que

tenham a velocidade de amadurecimento dos frutos desacelerado, são alvo de polêmicas

principalmente nos meios de comunicação (FUJII, 2009).

2.1 O que são transgênicos e organismos geneticamente modificados?

A Lei nº 11.105 de 24 de Março de 2005, apresenta um organismo geneticamente

modificado (OGM) como “organismo cujo material genético – ADN/ARN tenha sido

modificado por qualquer técnica de engenharia genética” (BRASIL, 2005). Segundo Pasquali

(2016) os OGM podem ser transgênicos ou cisgênicos. Para ele, é chamado de transgênico toda

entidade biológica que contiver segmentos de ADN ou genes manipulados entre espécies

distintas por meio da tecnologia do ADN recombinante e do uso da engenharia genética. Já o

termo cisgênico é utilizado pelo pesquisador para designar o organismo que passou pela

tecnologia do ADN recombinante, porém com o uso de genes de espécies que podem ser

cruzadas naturalmente. Como exemplo de estudo de cisgênicos há as batatas resistentes ao

fungo Phytophora produzidas na Universidade de Wageningen na Holanda, cujo gene resistente

ao fungo está presente em batatas selvagens (PASQUALI, 2016).

As técnicas mais comuns para a obtenção de um transgênico são a transformação por

meio de biobalística que utiliza micropartículas de ouro ou tungstênio cobertas com o ADN de

interesse. Este processo pode ser amplamente utilizado para plantas, animais ou

microrganismos, ou por meio da Agrobacterium tumefaciens que é uma bactéria do solo capaz

de ser atraída por compostos das plantas capazes de ativar conjuntos de genes bacterianos que

levam à transferência de ADN da bactéria para o genoma do hospedeiro (RECH, 2016).

2.2 A regulamentação dos transgênicos do Brasil.

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No Brasil, as normas de segurança e mecanismos de fiscalização de Organismos

Geneticamente Modificados e seus derivados é estabelecida pela Lei nº 11.105 de 24 de Março

de 2005, assim, as atividades e projetos que envolvam OGM e derivados devem seguir os

preceitos desta Lei sendo necessária a autorização da Comissão Técnica Nacional de

Biossegurança (CTNBio) que deverá acompanhar o desenvolvimento técnico e científico de

áreas como biotecnologia, biossegurança e bioética, para proporcionar proteção da saúde

humana, dos animais, das plantas e do meio ambiente (BRASIL, 2005).

A pedido da CTNBio os pedidos de liberação para uso comercial de OGM e derivados

poderá ser analisado pelo Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS), que também é

responsável por evocar e decidir, com base em manifestações da CTNBio e aos órgãos e

entidades de registro e fiscalização do Ministério da Saúde, Ministério da Agricultura, Pecuária

e Abastecimento, Ministério do Meio Ambiente e da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca

da Presidência da República sobre os processos que envolvam o uso comercial de OGM e seus

derivados. (idem, 2005).

O consumidor, por sua vez, tem o direito à informação quanto aos alimentos destinados

ao consumo humano ou animal cujos ingredientes sejam produzidos a partir de organismos

geneticamente modificados assegurado pela Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (BRASIL,

1990) . Segundo o Decreto Nº4.680 de 24 de abril de 2003, para a comercialização de alimentos

produzidos a partir de organismos geneticamente modificados com presença acima de um por

cento do produto, deverá ser informado ao consumidor sobre a natureza transgênica do mesmo

(BRASIL, 2003).

Seja o produto de origem geneticamente modificada embalado ou vendido a granel,

deverá constar em destaque no rótulo de sua embalagem ou no recipiente em que está contido,

em conjunto com o símbolo definido pelo Ministério da Justiça, uma das seguintes expressões:

"(nome do produto) transgênico", "contém (nome do ingrediente ou ingredientes)

transgênico(s)" ou "produto produzido a partir de (nome do produto) transgênico" (idem, 2003).

Além da etiquetagem obrigatória no Brasil, outra etiqueta existente e que apesar de não

ser obrigatória por lei no Brasil tem crescido principalmente na América do Norte, Europa,

América do Sul, Nova Zelândia, Austrália e México é o chamado price lock-up code (PLU

code) cujo número de série garante se o produto foi cultivado convencionalmente, cujo código

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contém 4 dígitos, se é de origem orgânica, quando há 5 dígitos começando por 9, ou se é um

organismo geneticamente modificado, quando há cinco dígitos começando por 8. (IFPS, 2005).1

1 Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/425027283561109865/>. Acesso em 05 de abril de 2017.

Figura 1: Exemplo de etiquetas PLU em alimentos.Fonte: Pinterest¹

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3- TRANSGÊNICOS NA SALA DE AULA

A grande quantidade de informações científicas ou até equivocadas existentes sobre os

transgênicos tornam o tema polêmico e discutido entre a população que leva seus

conhecimentos prévios ao ambiente escolar. O número de pesquisadores que investigam como

os processos de aquisição de conhecimentos pelos alunos acontece aumenta, obtendo

informações de grande importância para que a maioria das escolas possa refletir sobre sua

prática pedagógica. No entanto, é preciso investigar e refletir como o aluno se apropria dos

conceitos científicos. (PEDRANCINI et al,, 2008).

Pedrancini et al. (2008) afirma que os alunos do Ensino Médio ainda não compreendem

assuntos como transgênicos, seus conhecimentos não ultrapassa o senso comum, sem

apropriação do conhecimento científico, apenas empregando os termos divulgados pela mídia,

mas apresentando dificuldades para descrever os conceitos, reduzindo-os apenas à definições

das palavras, ou utilizando uma definição destituída de significado.

3.1 O Júri Simulado como ferramenta pedagógica

Sabendo da necessidade de novos recursos para auxiliar a aprendizagem dos conceitos

científicos, devem ser considerados os Objetos de Aprendizagem que possibilitam a simulação,

a prática ou a vivência de alguma situação ou conteúdo. Um dos objetos de aprendizagem que

podem ser usados para auxiliar a aprendizagem de temas como transgênicos é o Júri Simulado

que consiste na simulação de um júri presencial em que há a presença de um réu, um promotor,

o advogado que defende o réu e o que defende o promotor, testemunhas e os jurados que

escutam os argumentos dos dois lados e ajudam a decidir a sentença e, o juiz responsável pelo

veredito (REAL; MENEZES, 2008).

Na simulação do júri sobre transgênicos, o réu poderá apresentar os argumentos

positivos sobre a comercialização de transgênicos enquanto o promotor deverá apresentar e

questionar o réu quanto aos argumentos negativos. Cada grupo deverá conter seu advogado e

suas testemunhas e deverá elaborar a maior quantidade de argumentos, cientificamente

embasados, para que o juiz e seus jurados, que podem ser o professor e convidados, ou outro

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grupo de alunos, decida a sentença de acordo com a quantidade e qualidade dos argumentos

apresentados por cada grupo.

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25

4- METODOLOGIA

O projeto foi desenvolvido no Instituto Federal Fluminense campus Campos Centro na

cidade de Campos dos Goytacazes, estado do Rio de Janeiro, em três turmas de terceiro ano do

Ensino Médio integrado de Mecânica, Eletrotécnica e Informática, com a duração de quatro

encontros em cada turma.

Inicialmente foi realizado o pré-teste (Apêndice) para que fosse possível analisar as

opiniões dos alunos sobre o tema e verificar se estas partem do conhecimento científico. As

respostas dos alunos serviram para elaboração de duas aulas expositivas já que uma das

propostas do trabalho era introduzir os conceitos a partir da verificação do conhecimento prévio

dos alunos.

Para as aulas expositivas foram utilizadas definições científicas sobre Transgênicos e

Organismos Geneticamente Modificados e informações de artigos científicos, que foram

discutidos com os alunos; na primeira aula foi apresentado um slide com definições buscando

sempre contrapor os argumentos presentes nas respostas dos questionários com os argumentos

científicos para o mesmo tema. Na segunda aula os alunos foram responsáveis por levar

embalagens que contivessem o símbolo de transgênico para que fosse discutido se essas

estavam de acordo com a norma estabelecida pela Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990.

Além disso, alguns artigos científicos com estudos atuais sobre transgênicos foram discutidos

em sala de aula.

No último encontro foi elaborado o Júri Simulado em que os alunos deveriam expor

argumentos a respeito dos transgênicos. A turma foi dividida em dois grupos, contra e a favor

dos transgênicos, e em cada grupo os alunos deveriam, em conjunto, criar argumentos para

defender sua posição. Em cada grupo deveria existir um advogado e pelo menos duas

testemunhas, e todo o grupo deveria auxiliar e discutir os argumentos expostos por cada

membro.

Para a realização do júri, foram convidados os alunos dos últimos períodos de

licenciatura em Biologia do Instituto Federal Fluminense para compor a mesa de jurados e

auxiliar o juiz a definir qual grupo apresentou melhor seus argumentos e esclarecer aos alunos

seus possíveis erros conceituais e eventuais falhas durante o júri.

Em todas as turmas os grupos tiveram 15 minutos antes do início do júri para

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compartilhar entre eles suas pesquisas e argumentos. Inicialmente, o advogado de acusação

apresentou seus argumentos contra os transgênicos em 5 minutos, seguido pelo advogado de

defesa que apresentou seu contra-argumento em 5 minutos. O advogado de acusação retomou a

palavra e em 10 minutos deveria apresentar suas testemunhas que tinham a responsabilidade de

trazer casos verídicos que defendiam os argumentos do seu grupo. Em seguida o advogado de

defesa também teve 10 minutos para apresentar suas testemunhas.

Houve um intervalo de 10 minutos para que cada grupo rediscutisse seus argumentos em

relação aos argumentos apresentados do outro grupo e o júri prosseguiu com mais 10 minutos

para cada grupo apresentar mais argumentos e testemunhos, iniciando dessa vez pelo grupo

responsável pela defesa. Por fim, os grupos aguardaram 5 minutos para que os jurados e o juiz

discutissem sobre a sentença e em 10 minutos foram feitas questões sobre pontos não

esclarecidos pelos grupos e comentários sobre os principais erros e acertos de cada grupo. Após

o veredito, cada grupo teve 5 minutos para dar sua opinião sobre o júri, totalizando um tempo

máximo de 100 minutos para todo o processo.

Após o júri foi realizado um pós-teste (Apêndice) idêntico ao pré-teste para verificar as

concepções adquiridas pelos alunos ao longo do processo, e como estas diferiam das

concepções trazidas inicialmente, já que segundo Gasparin (2007) após a atividade os alunos

manifestarão as ideias sobre o que aprenderam.

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5-RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao responder se o Brasil é produtor de Transgênicos, a maior parte dos alunos,

inicialmente já responderam que sim, no pós-teste todos os alunos responderam positivamente

(Figura 2) . Durante o júri as testemunhas apresentaram exemplos de transgênicos no Brasil, e

foi possível ouvir expressões chave como “minha plantação de soja no Paraná [...]” por

exemplo, fazendo referência à produção brasileira de transgênicos.

Com a finalidade de saber quais argumentos os alunos tinham para descrever os

benefícios dos estudos sobre transgênicos, no questionário (Apêndice – questão 2) foram

apresentados quatro argumentos contra e a favor dos transgênicos que apresentavam ou não

algum embasamento científico, dentre eles a letra A argumentava sobre a erradicação da fome

no mundo, a B, sobre problemas relacionados à saúde e meio ambiente, a C sobre o

desenvolvimento de tecnologias, utilizando como exemplo a bactéria capaz de produzir insulina

SIm Não Não respondeu0

20

40

60

80

100

120

Pré-teste

Pós teste

Figura 2: Porcentagem de acertos de questão referente à produção de transgênicos no Brasil(questão 1- questões no Apêndice), respondidos por alunos de Ensino Médio, do InstitutoFederal Fluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas em sala de aula (aulaexpositiva, leitura de textos e júri simulado). Fonte: própria.

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humana e na alternativa D, argumentos sobre o risco de perda de biodiversidade.

No pré-teste (Figura 3) a maior parte dos alunos respondeu a alternativa D sobre o risco

de perda de biodiversidade, já no pós teste a maior parte dos alunos respondeu a letra C sobre o

desenvolvimento de novas tecnologias, como apresentado por pesquisas de Fujii (2009), mas

ainda assim, os argumentos sobre erradicação da fome no mundo são ainda muito utilizados.

Durante o júri todas as turmas debateram sobre esse conceito, alguns acreditam que os

transgênicos são capazes de reduzir a fome no mundo e outros argumentos sobre a distribuição

desigual de alimentos.

Na questão 3 do questionário (Apêndice) foram apresentadas quatro opções de produtos

que os alunos deveriam decidir quais deveriam ser etiquetados como transgênico, as opções

A B C D Não respondeu0

10

20

30

40

50

60

Pré-teste

Pós teste

Figura 3: Porcentagem de respostas de questão referente as vantagens dos estudos sobretransgênicos (questão 2- questões no Apêndice), respondidos por alunos de Ensino Médio, doInstituto Federal Fluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas em sala de aula(aula expositiva, leitura de textos e júri simulado). A) Erradicação da fome no mundo. B)Problemas relacionados à saúde e meio ambiente. C) Desenvolvimento de tecnologias quepermitam que bactéria com gene humano produza insulina. D) Alto risco de perda debiodiversidade pelo aumento no uso de agroquímicos e pela contaminação de sementesnaturais por transgênicas. Fonte: própria.

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eram: água destilada, produtos biológicos, vegetais com grande teor de agrotóxicos ou produtos

industrializados que possuem ingredientes com alterações genéticas, as únicas opções

escolhidas pelos alunos foram vegetais com agrotóxicos e produtos que possuem ingredientes

com alteração genéticas e tanto no pré quanto no pós teste, o segundo foi mais aceito pelos

alunos (Figura 4). Durante o júri muitos alunos comentaram sobre muitos transgênicos serem

ricos em agrotóxicos devido a resistência aos mesmos de algumas plantas, expressões-chave

como “As plantações transgênicas recebem muito mais glifosato”, “Muitos transgênicos são

resistentes a herbicidas” foram constantemente empregadas.

Durante o pré-teste, muitos alunos garantiram nunca ter escutado falar sobre o código de

PLU, no pós-teste foi possível observar um aumento significativo da quantidade de acertos

sobre o código que poderia representar um transgênico (Figura 5). Durante o júri poucos grupos

A B C D Não respondeu0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Pré-teste

Pós teste

Figura 4: Porcentagem de respostas de questão referente a quais dos produtos sãotransgênicos (questão 3- questões no Apêndice), respondidos por alunos de Ensino Médio, doInstituto Federal Fluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas em sala de aula(aula expositiva, leitura de textos e júri simulado).A) Água destilada. B)Produtos BiológicosC) Vegetais com grande teor de agrotóxicos. D) Produtos Industrializados que possuemingredientes com alteração genética. Elaborado pela autora.

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citaram este tipo de etiquetagem apresentando argumento como “Todos os produtos que

consumimos deveriam ter etiquetas para que soubéssemos a origem exata do produto, não só os

transgênicos”.

Tratando da diferença entre Transgênicos e OGM, inicialmente a maior parte dos alunos

afirmaram não haver diferença entre os termos, já no pós-teste, verificou-se que a maioria dos

alunos afirmou haver diferença entre os termos (Figura 6), no entanto não houve muitos

argumentos no questionário que justificassem as diferenças. Pesquisas de Pedrancini (2008)

indicam que ao questionar sobre as diferenças entre OGM e transgênicos a alunos do Ensino

Médio a maioria argumenta sobre não haver diferença e uma minoria afirma haver diferença

mais não sabem explicá-la. No júri simulado os alunos debateram também sobre as definições

de transgênicos e foi possível observar a utilização de expressões como “Todo transgênico é um

OGM mas nem todo OGM é transgênico” ou ainda “Os transgênicos são OGM que contém

genes de outras espécie”.

4466 4666 94173 84016 Não respondeu0

10

20

30

40

50

60

70

Pré-teste

Pós teste

Figura 5: Porcentagem de respostas de questão referente ao código PLU (questão 4- questõesno Apêndice), respondidos por alunos de Ensino Médio, do Instituto Federal Fluminense,antes e depois das atividades desenvolvidas em sala de aula (aula expositiva, leitura de textose júri simulado). Elaborado pela autora.

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Sobre a definição de transgênicos, tanto no pré quanto no pós-teste muitos alunos

afirmaram que era um OGM. No pré-teste foi possível observar outras ideias distintas sobre a

definição de transgênicos (Quadro 1), já no pós-teste foi possível verificar a distinção entre

OGM e transgênico nas respostas, de forma simplificada.

Quadro 1: Expressões-chave e ideias centrais reconhecidas no discurso sobre as definições detransgênicos (Questão 5 – Apêndice) dos alunos de Ensino Médio do Instituto FederalFluminense, e ocorrência das ideias antes e depois das atividades desenvolvidas em sala deaula(pré e pós-teste).

Expressões-chave Ideia central Pré-teste

Pós-teste

“É um OGM” OGM X X

“alterações genéticas que geram polêmicas” X

“OGM com material de outra espécie” X

Figura 6: Porcentagem de respostas de questão referente à existência de diferenças entretransgênicos e OGM (questão 6- questões no Apêndice), respondidos por alunos de EnsinoMédio, do Instituto Federal Fluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas em sala deaula (aula expositiva, leitura de textos e júri simulado). Fonte: própria.

Não Sim Não sei Não respondeu0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Pré-teste

Pós-teste

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“São seres que possuem grande alteraçãogenética em relação às outras espécies”

X

“São organismos que possuem genesbastante modificados encontrados nosalimentos”

X

“São substancias que alteramgeneticamente um produto”

Substâncias

“São sementes modificadas pelo laboratório,através de processos químicos” Produtos de modificações em

laboratório

X

“Introdução do material genético de umaespécie”

X

Insetos que recebem alguma modificaçãopara curar alguma enfermidade

Insetos Transgênicos X

“Alimentos que não se reproduzem ou seja,você tem sempre que comprar a semente “

Associação de transgenia cominfertilidade

X

Produtos que alteram os genes de outrosprodutos

Associação de transgênicoscom mutações genéticas

X

É uma classificação dos alimentos Classificação dos alimentos X

Não sei Não afirmou X

Elaborado pela autora.

Sobre as vantagens e desvantagens na produção de transgênicos os alunos levantaram

temas polêmicos no pré-teste, pós-teste (Quadro 2 e 3) e no júri. Durante o júri este foi o ponto

de maiores discussões já que os alunos apresentavam sua opinião pessoal e traziam também

ideias trazidas por artigos científicos discutidos em aula, assim muitas ideias iam de encontro as

de integrantes do mesmo grupo, ou do grupo oposto.

Quadro 2: Expressões-chave e ideias centrais reconhecidas no discurso sobre as vantagens dostransgênicos (Questão 7 – Apêndice) dos alunos de Ensino Médio do Instituto FederalFluminense, e ocorrência das ideias antes e depois das atividades desenvolvidas em sala deaula(pré e pós-teste).

Expressões-chave Ideia central Pré-teste Pós-teste

“São alimentos mais adaptados aoclima” Aumento de produtividade

X X

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“São capazes de se adaptar a diferentesmeios”

X

“Alimentos com maior durabilidade” X

“Diminuição no tempo de produção"X

“Aumento de produtividade”X X

“Diminuem a fome no mundo” Diminuição da fome no mundo X X

“São mais resistentes a pragas” Resistência a pragas X X

Pode se escolher as características dosalimentos”

Escolha das características X

“Tem o poder de manipulação dosalimentos”

X X

“Talvez produzir uma substânciabenéfica ao ser humano”

X X

“Cria-se produtos com a genéticamelhor”

X

“Por exemplo no uso no controle demosquitos da dengue”

Controle de vetores X

“Não apresentaram vantagenscoerentes”

Não tem vantagens X

“Melhoram os avanços debiotecnologia”

Avanços na biotecnologia X X

“Geram mais lucros”Lucro

X X

“Mais lucros para os grandesprodutores”

X

“Usa-se menos pesticidas”

Vantagens ambientais

X

“Utiliza-se menos herbicidas” X

“Pode-se produzir alimentos com maisnutrientes”

Alimentos mais nutritivos X

Elaborado pela autora.

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Quadro 3: Expressões-chave e ideias centrais reconhecidas no discurso sobre as desvantagensdos transgênicos (Questão 7 – Apêndice) dos alunos de Ensino Médio do Instituto FederalFluminense, e ocorrência das ideias antes e depois das atividades desenvolvidas em sala deaula(pré e pós-teste).

Expressões-chave Ideia central Pré-teste

Pós-teste

“Causa prejuízos ao meio ambiente” problemas ambientais X X

“Pode contaminar as plantações” X

“Utiliza-se mais agrotóxicos” X X

“Causa perda na biodiversidade” X

“Causa degradação no meio ambiente” X

“Causa infertilidade nas plantas” Associação de plantas transgênicas à infertilidade

X

“Pode criar uma superbactéria” Criação de uma superbactéria ou super pragas

X

“Pode criar uma super praga” X

“Causa mutações em outros indivíduos” Mutações X

“Faz mal a saúde” Riscos a saúde X X

“Faz mal ao ser humano” X X

“Pode causar câncer” X X

“Pode viciar” X

“Causa alergias” X X

“Podem surgir outras doenças” X

“Não existem desvantagens” Não existem desvantagens X

“Não se sabe o que pode causar” Desconhecimento das consequências

X X

“Não se sabe a origem do produto” X

“Fortalece o capitalismo” Problemas econômicos X

“A agricultura é desigual” Desigualdade na agricultura X

“falta informações sobre a mudança genética” Fata de informação X

Elaborado pela autora.

Durante o pré-teste (Figura 7), mesmo apontando diversos pontos negativos no consumo

de transgênicos, a maior parte dos alunos afirmou não tomar nenhuma atitude caso descobrisse

que consome transgênicos no dia a dia, mas não argumentaram sobre o assunto. Alguns

responderam que evitariam ou até parariam de consumir, trazendo em suas respostas argumentos

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como “Procuraria saber se me faz mal antes de consumir”, “Pesquisaria sobre o assunto” ou

“Procuraria saber o que é isso”.

No pós-teste (Figura 7) a maioria dos alunos afirmaram que não fariam nada com

argumentos como “Já sei que consumo e não me faz mal”, além dessas respostas, alguns alunos

responderam também que evitariam consumir ou que pesquisariam mais, com expressões-chave

como “Pesquisaria que tipo de modificação foi feita” ou “Procuraria se é seguro consumir esse

alimento”.

Apesar das etiquetas terem sido muito discutidas durante o júri, a maioria dos alunos

afirma que não observam as etiquetas a fim de saberem se o produto é transgênico ou não, tanto

no pré quanto no pós-teste (Figura 8). Foi possível ainda observar nas respostas argumentos como

“Não tenho como fugir dos transgênicos” ou “Observo depois das aulas de biologia”.

Não faria nada Diminuiria o consumo Pesquisaria mais0

10

20

30

40

50

60

70

Pré-teste

Pós-teste

Figura 7: Porcentagem de respostas de questão referente ao consumo de transgênicos emcasa (questão 8 - questões no Apêndice), respondidos por alunos de Ensino Médio, doInstituto Federal Fluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas em sala de aula(aula expositiva, leitura de textos e júri simulado). Elaborado pela autora.

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Já nas questões 10a e 10b foi questionado sobre o uso da biotecnologia para a criação de

um mosquito Aedes aegypti transgênico. A maioria dos alunos foi favorável a notícia afirmando,

tanto no pré quanto no pós-teste que o estudo traria benefícios. Na 10a alguns argumentaram que

estudo era benéfico mas poderia causar danos ao ecossistema, expressões-chave como “O estudo

é bom mas pode causar problemas na cadeia alimentar” foram encontradas em diversas respostas.

Alguns responderam esse tipo de tecnologia poderia acabar com a espécie do mosquito, ou

apenas afirmaram que traria impactos ao ecossistema (Figura 9).

Sim Não Não afirmou0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Pré-teste

Pós-teste

Figura 8: Porcentagem de respostas de questão referente à observação das etiquetas dosalimentos no Brasil (questão 9- questões no Apêndice), respondidos por alunos de EnsinoMédio, do Instituto Federal Fluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas em salade aula (aula expositiva, leitura de textos e júri simulado). Elaborado pela autora.

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Apesar da maioria dos alunos apresentarem argumentos positivos sobre a utilização dos

mosquitos transgênicos, na questão 10b (Figura 10), a maioria afirmou que isso poderia trazer

consequências ao meio ambiente. Argumentos como “Sim, isso afeta a cadeia alimentar” e “Para

o mosquito será ruim” apareceram com frequência.

Benéfico Benéfico com prejuízos Maléfico Não respondeu0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Pré-teste

Pós-teste

Figura 9: Porcentagem de respostas de questão referente à produção de mosquitos Aedesaegypti transgênicos no Brasil (questão 10a - questões no Apêndice), respondidos por alunos deEnsino Médio, do Instituto Federal Fluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas emsala de aula (aula expositiva, leitura de textos e júri simulado). Elaborado pela autora.

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Sim Não Talvez Não opinou0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Pré-teste

Pós-teste

Figura 10: Porcentagem de respostas de questão referente à possibilidade do estudo commosquitos Aedes aegypti transgênicos trazerem problemas ao meio ambiente (questão 10b -questões no Apêndice), respondidos por alunos de Ensino Médio, do Instituto FederalFluminense, antes e depois das atividades desenvolvidas em sala de aula (aula expositiva, leiturade textos e júri simulado). Elaborado pela autora.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os alunos do Instituto Federal apresentavam diferentes concepções sobre transgênicos em

que a maioria não partia do conhecimento científico. Pedrancini et al. (2008) afirma que “As

concepções e opiniões manifestadas pelos estudantes do Ensino Médio em relação aos

transgênicos revelaram que tais alunos ainda não possuem uma compreensão que ultrapasse as

discussões de senso comum”.

Para Ausubel (1973) para que exista aprendizagem significativa, é importante considerar

os conhecimentos prévios dos alunos, garantindo que os novos conhecimentos interajam com os

anteriores, expondo o aluno ao que Bedin e Delizoicov (2012) afirmaram ser um conflito

cognitivo importante para que a aprendizagem significativa ocorra. Por isso, as aulas expositivas

foram elaboradas a partir dos conhecimentos e opiniões explicitadas pelos alunos durante o

primeiro questionário, considerando quais informações os alunos já conheciam e quais não

estavam de acordo com o conhecimento científico.

No fim da aplicação das aulas foi realizado o júri simulado, no júri foi possível observar o

envolvimento dos alunos durante o processo, nele, estavam empenhados para apresentar suas

argumentações e davam respostas mais completas que nos questionários. Além disso, quando

algum aluno percebia algum erro de conceito nos argumentos do grupo, este intervinha para

discutir qual conceito seria mais adequado naquele momento, tornando o próprio júri um

ambiente de aprendizagem.

Apesar da mudança conceitual verificada neste trabalho, foi possível observar que os

alunos não mudaram seus comportamentos diante das escolhas do dia a dia, muitos afirmaram

que não se importavam com a procedência dos alimentos que comem todos os dias, mas sim com

o sabor e principalmente a praticidade na escolha do alimento. Assim, apesar de apresentarem

melhor os conceitos sobre transgênicos, tais conceitos não interferiram no modo de vida da

maioria dos estudantes.

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APÊNDICE

Curso: __________________ Turma _____________________

Informações para o(a) participante voluntário(a):

Prezado (a) entrevistado (a), este questionário trata de avaliar seus conhecimentos sobreorganismos geneticamente modificados, e faz parte das exigências necessárias para a obtenção do título deLicenciado em Biologia. Obrigada pela sua colaboração!

Questionário

1- Produz-se produtos transgênicos no Brasil?

A) Sim.

B) Não.

2- Qual dos argumentos a seguir expressam a vantagem do avanço dos estudos sobre transgênicos

A) Erradicação da fome no mundo.

B) Problemas relacionados à saúde e meio ambiente.

C) Desenvolvimento de tecnologias que permitam que bactéria com gene humano produza insulina.

D) Alto risco de perda de biodiversidade pelo aumento no uso de agroquímicos e pela contaminação de

sementes naturais por transgênicas.

3- Qual dos produtos a seguir deveria ser etiquetado como transgênico?

A) Água destilada.

B) Produtos biológicos.

C) Vegetais com grande teor de agrotóxicos.

D)Produtos industrializados que possuem ingredientes com alteração genética.

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4- Observando etiquetas adesivas presentes em algumas frutas observou-se um padrão numérico que

identificava a origem e variedade do produto. Dentre os seguintes códigos identifique qual das frutas é de

origem transgênica:

A) 4466

B) 4666

C) 94173

D) 84016

5 – O que você entende por transgênicos?

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

6 - Na sua opinião existem diferenças entre transgênicos e Organismos Geneticamente Modificados?

(OGM)?

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

7 - Cite vantagens e desvantagens que você entende na criação de um transgênico?

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

8 -O que você faria se descobrisse que está consumindo transgênicos todos os dias em sua casa?

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

9- Você verifica as etiquetas presentes nos alimentos a fim de saber se o produto que você consome foi

geneticamente modificado?

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

10- Veja o caso a seguir:

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FOLHA UOL. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2014/04/1438887-

comissao-libera-uso-de-mosquito-transgenico-antidengue.shtml Acesso em maio de 2016.

a) Qual a sua opinião sobre os transgênicos neste caso?

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

b) Você acha que esta estratégia pode acarretar em problemas ao meio ambiente?

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________