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Curso Superior de Licenciatura em Ciências da Natureza Com Habilitação em Biologia Aedes aegypti: conhecer para combater. Projeto de extensão do IFF visando a diminuição de casos de dengue em Campos dos Goytacazes-RJ GEISILANE LOPES LEITE DO NASCIMENTO BRAGA MARCELLE DE OLIVEIRA MANHÃES CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ 2010

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Curso Superior de Licenciatura em Ciências da Natureza

Com Habilitação em Biologia

Aedes aegypti: conhecer para combater.

Projeto de extensão do IFF visando a diminuição de casos de

dengue em Campos dos Goytacazes-RJ

GEISILANE LOPES LEITE DO NASCIMENTO BRAGA

MARCELLE DE OLIVEIRA MANHÃES

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

2010

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GEISILANE LOPES LEITE DO NASCIMENTO BRAGA

MARCELLE DE OLIVEIRA MANHÃES

Aedes aegypti: conhecer para combater.

Projeto de extensão do IFF visando a diminuição de casos de

dengue em Campos dos Goytacazes-RJ

Monografia apresentada ao Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia

Fluminense como requisito parcial para

conclusão do Curso de Ciências da

Natureza, Licenciatura em Biologia.

Orientadora: Profª. Dra. Desiely Silva Gusmão Taouil

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

2010

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Dados de Catalogação na Publicação (CIP)

B813a Braga, Geisilane Lopes Leite do Nascimento.

Aedes aegypti: conhecer para combater. Projeto de

extesão do IFF visando a diminuição de casos de dengue em

Campos dos Goytacazes-RJ / Geisilane Lopes Leite do

Nascimento Braga, Marcelle de Oliveira Manhães – Campos

dos Goytacazes, RJ : [s.n.], 2010.

108 f. ; il.

Orientadora: Desiely Silva Gusmão Taouil.

Monografia (Graduação em Ciências da Natureza.

Licenciatura em Biologia). Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia Fluminense. Campus Centro, Campos

dos Goytacazes, RJ.

Bibliografia: f. 70 - 75.

1. Dengue – Prevenção – Estudo e ensino. 2. Aedes

aegypti - Controle – Estudo e ensino. I. Manhães, Marcelle

de Oliveira, II. Taouil, Desiely Silva Gusmão, orient. III.

Título.

CDD – 614.571

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GEISILANE LOPES LEITE DO NASCIMENTO BRAGA

MARCELLE DE OLIVEIRA MANHÃES

Aedes aegypti: conhecer para combater.

Projeto de extensão do IFF visando a diminuição de casos de

dengue em Campos dos Goytacazes-RJ

Monografia apresentada ao Instituto Federal

de Educação, Ciência e Tecnologia

Fluminense como requisito parcial para

conclusão do Curso de Ciências da

Natureza, Licenciatura em Biologia.

Aprovada em 10 de Agosto de 2010.

Banca Avaliadora:

Profª. Desiely Silva Gusmão Taouil (orientadora)

Doutora em Biocências e Biotecnologia-UENF

IFF Campus Campos – Centro

Profª. Carla de Sales Pessanha

Mestre em Biociências e Biotecnologia-UENF

Universidade Estadual do Norte Fluminense

MSc. Analiz de Oliveira Gaio.

Mestre em Biociências e Biotecnologia-UENF

Universidade Estadual do Norte Fluminense

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AGRADECIMENTO

A Deus, pois nada teria sentido se não fosse a sua presença ao nosso lado.

A Profª. Desiely Silva Gusmão Taouil pela orientação e dedicação que

tornaram possível a conclusão desta monografia

As Prof.ª Carla Sales e Analiz Gaio por aceitarem compor a mesa

examinadora.

A todos os professores do curso de Licenciatura em Ciências da Natureza do

IFF que foram tão importantes na nossa vida acadêmica.

A Welliton Pacheco Rangel (Peninha) por sua paciência, disposição e

contribuição no desenvolvimento deste trabalho.

A turma de Licenciatura em Ciências da Natureza e em especial a turma de

Licenciatura em Biologia pelo incentivo, força, amizade e carinho que

partilhamos durante nossa caminhada.

A todos os nossos amigos e familiares que sempre estiveram presentes e nos

deram força em todos os momentos.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, Edson e Albenice (in memorian) e ao

meu irmão Erisson que sempre me incentivaram nesta caminhada. Ao meu

marido por está ao meu lado dedicando todo carinho, amor e paciência.

Geisilane L. L. do Nascimento Braga

Dedico este trabalho aos meus pais pelo apoio, incentivo e dedicação ao

longo desses anos. As minhas irmãs, pelo carinho e força nos momentos

difíceis. Ao meu namorado e amigo pelo amor, ajuda e compreensão.

Marcelle de Oliveira Manhães

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... a educação é uma forma de

intervenção no mundo.

Paulo Freire

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RESUMO

A dengue é uma doença causada por um arbovírus, que ocorre principalmente

em áreas tropicais e subtropicais do mundo, inclusive no Brasil. Existem quatro

tipos diferentes de vírus que causam a dengue, chamados de DEN-1, DEN-2,

DEN-3 e DEN-4. O principal vetor da doença é o mosquito Aedes aegypti. Esta

doença é uma das maiores preocupações mundiais na área de saúde pública.

Campanhas educativas vêm sendo realizadas anualmente em todo o Brasil

pelas Secretarias de Saúde das cidades. O objetivo das campanhas é

esclarecer a população sobre a dengue, seus sintomas e medidas de como

evitar o desenvolvimento dos insetos nas moradias. Porém, essas campanhas

além de não enfocarem de maneira clara o vetor desta doença, não

conseguem resultados relacionados à mudança de hábitos. Este projeto

objetivou a transmissão de informações sobre o Ae. aegypti e a dengue à

comunidade do IFF, incluindo alunos e funcionário em geral. Professores da

rede municipal também estiveram no foco das ações do projeto. Palestras,

exposições, cursos, produção de um filme, elaboração de um guia e aplicação

de um questionário estiveram entre as atividades realizadas. A carência de

informações pôde ser percebida, mas também notou-se um grande interesse

do público em conhecer mais sobre o Ae. aegypti. Outra atividade proposta por

este projeto foi a identificação das espécies de mosquitos e larvas. Quanto

mais a população receber informações de qualidade e se conscientizar, maior

será a contribuição da mesma na redução dos casos de dengue.

Palavras-chave: Aedes aegypti, dengue, educação, professor.

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ABSTRACT

Dengue is a disease caused by an arbovirus, which occurs mainly in tropical

and subtropical areas of the world, including Brazil. There are four different

types of viruses that cause dengue, called DEN-1, DEN-2, DEN-3 and DEN-4.

The main vector of the disease is the mosquito Aedes aegypti. This disease is a

major concern in global public health. Educational campaigns have been held

annually in Brazil by the Health Departments of the cities. The purpose of

campaigns is to inform the population about dengue, its symptoms and

measures to prevent the development of insects in dwellings. However, these

campaigns in addition to not focus more clearly the vector of this disease, they

can not related to the change of habits. This project aimed at providing

information on the Ae. aegypti and dengue to the community of IFF, including

students and staff in general. Teachers of the municipal also been the focus of

the project actions. Lectures, exhibitions, courses, film production, producing a

guide and application of a questionnaire were among the activities. The lack of

information might be perceived, but we did find a great public interest in

knowing more about the Ae. aegypti. Another activity proposed by this project

was to identify the species of mosquitoes and larvae. The more people receive

quality information and be aware, the bigger the contribution the same reduction

of dengue cases.

Keywords: Aedes aegypti, dengue, education, teacher.

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LISTA DE ABREVIATURAS

FUNASA – Fundação Nacional de Saúde

Ae. Aegypti – Aedes aegypti

OMS – Organização Mundial da Saúde

FHD – Febre Hemorrágica da dengue

SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde

MS – Ministério da Saúde

DCC – Dengue com complicações

DC – Dengue Clássico

IgM – Imunoglobulina M

IgG – Imunoglobulina G

ATP – Adenosina trifosfato

IFF – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense

SUCEN – Superintendência de Controle de Endemias

FIOCUZ – Instituto Oswaldo Cruz

SUCAM – Superintendência de Campanhas de Saúde Pública

PNEAa – Plano Nacional de Erradicação do Aedes aegypti

CCZ – Centro de Controle de Zoonose

SSC – Superentendência de Saúde Coletiva

SMS – Secretaria Municipal de Saúde

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Distribuição da dengue no mundo .................................................... 17

FIGURA 2 - Mapa do ministério da saúde modificado, comparando o número

de casos de dengue no Brasil em 2009 e 2010 ................................................... 20

FIGURA 3 - Ciclo de transmissão da dengue ...................................................... 21

FIGURA 4 - Morfologia externa do Ae. aegypti .................................................... 29

FIGURA 5 - Patas e asas do mosquito Ae. aegypti ............................................. 30

FIGURA 6 - Tórax do Ae. aegypti contendo o “desenho” em forma de lira .......... 31

FIGURA 7 - O instrumento chamado de lira......................................................... 31

FIGURA 8 - Imagem do mosquito Ae. aegypti ..................................................... 32

FIGURA 9 - Mosquito Ae. aegypti se alimentando ............................................... 33

FIGURA 10 - Imagem de lixos em terreno baldio ................................................. 34

FIGURA 11 - Ciclo de vida do Ae. aegypti ........................................................... 35

FIGURA 12 - Microscopia óptica de ovos de Ae. aegypti .................................... 36

FIGURA 13 - Imagem do abdome da fêmea do Ae. aegypti no momento

da oviposição ....................................................................................................... 37

FIGURA 14 - Imagem da eclosão do ovo ............................................................ 38

FIGURA 15 - Esquema de larva de Ae. aegypti ................................................... 39

FIGURA 16 - Larva de Ae. aegypti respirando na superfície da água ................. 39

FIGURA 17 - Microscopia óptica dos 4 estágios larvais do Aedes aegypti ......... 40

FIGURA 18 - Esquema da pupa de Ae. aegypti, mostrando a morfologia

externa ................................................................................................................. 41

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FIGURA 19 - Imagem da pupa na cor parda recém transformada e pupa

escura próximo do momento da emergência do adulto ........................................ 42

FIGURA 20 - Imagem do mosquito Ae. aegypti adulto emergindo da pupa ......... 43

FIGURA 21 - Fêmea e macho acasalando .......................................................... 44

FIGURA 22 - Divulgação da atividade: identificação das espécies de mosquitos

............................................................................................................................. 59

FIGURA 23 - Apresentação da palestra no IFF Campus Campos-Guarus .......... 60

FIGURA 24 - Exposição no IFF campus Campos – Guarus ................................ 61

FIGURA 25 - Exposição do projeto Ae. aegypti: conhecer para combater,

no IFF Campus Campos - Centro ........................................................................ 61

FIGURA 26 - Número de casos ao longo dos anos obtido através do

questionário .......................................................................................................... 63

FIGURA 27 - Procedimentos utilizados ao encontrar as larvas ........................... 64

FIGURA 28 - Resposta de alunos que não vêem importância neste projeto ....... 65

FIGURA 29 - Curso de atualização para professores .......................................... 67

FIGURA 30 - Opinião dos professores sobre este projeto de extensão ............... 68

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................ .9

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ 10

INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 15

CAPÍTULO 1 - A DENGUE .................................................................................. 17

1.1 - Histórico ....................................................................................................... 17

1.1.1 - Dengue no Mundo ..................................................................................... 17

1.1.2 - Dengue no Brasil ....................................................................................... 19

1.2 - Transmissão do vírus da dengue pelo Ae. aegypti ...................................... 21

1.3 - Aspectos Clínicos da Doença ...................................................................... 22

1.3.1 - Dengue clássica ........................................................................................ 22

1.3.2 - Febre hemorrágica da dengue (FHD) ....................................................... 23

1.3.3 - Dengue com complicações ....................................................................... 24

1.4 - Tratamento ................................................................................................... 24

1.5 - Prevenção e Controle .................................................................................. 25

1.5.1 - Combate a Larva ....................................................................................... 25

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1.5.2 - Combate ao Adulto.................................................................................... 27

CAPÍTULO 2 - O Aedes aegypti ......................................................................... 29

2.1 - Morfologia do Ae. aegypti ............................................................................. 29

2.2 - Alimentação e Nutrição do mosquito adulto ................................................. 32

2.3 - Comportamento de Oviposição .................................................................... 34

2.4 - Ciclo de vida ................................................................................................. 35

2.4.1 - Ovos .......................................................................................................... 36

2.4.2 - Larvas ....................................................................................................... 38

2.4.3 - Pupa .......................................................................................................... 41

2.5 - Reprodução .................................................................................................. 43

CAPÍTULO 3 - O vírus da dengue ...................................................................... 45

CAPITULO 4 - Projetos Pedagógicos na Escola .............................................. 47

4.1 - Educação e o controle do Ae. aegypti .......................................................... 47

4.2 - Projeto de extensão Ae. aegypti: conhecer para combater .......................... 49

5 - Objetivos ........................................................................................................ 52

5.1 - Geral ............................................................................................................ 52

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5.2 - Específico ..................................................................................................... 52

6 - Materiais e Métodos ...................................................................................... 53

6.1 - Palestra sobre o Ae. aegypti e a transmissão da dengue ............................ 53

6.2 - Exposições de Ae. aegypti no IFF Fluminense ............................................ 53

6.2.1 - Obtenção de Ae. aegypti para as exposições e elaboração do filme ........ 53

6.2.2 - Exposições ............................................................................................... 54

6.3 - Elaboração de questionário para levantamento de informações sobre

incidência de mosquitos e casos de dengue ........................................................ 55

6.4 - Produção de um filme sobre o ciclo de vida do mosquito Ae. aegypti ......... 55

6.5 - Atualização de professores de escolas públicas sobre a dengue e o Ae.

aegypti .................................................................................................................. 56

6.6 - Preparação de guia de apoio de aula sobre dengue e Ae. aegypti para

professores de Ensino Médio da rede pública...................................................... 57

6.7 - Identificação das espécies de mosquitos presentes em diferentes bairros

de Campos dos Goytacazes ................................................................................ 57

7 – Resultados e Discussão .............................................................................. 60

7.1 - Palestra e exposição sobre o Ae. aegypti no IFF Fluminense ..................... 60

7.2 - Aplicação de questionário ............................................................................ 62

7.3 - Produção de um filme sobre o ciclo de vida do mosquito Ae. aegypti ......... 66

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7.4 - Atualização de professores de escolas públicas e preparação de guia de

apoio sobre a dengue e o Ae. aegypti .................................................................. 67

7.5 - Identificação das espécies de mosquitos presentes em diferentes bairros

de Campos dos Goytacazes ................................................................................ 69

8 - Conclusão ...................................................................................................... 70

9 - Referências Bibliográficas ........................................................................... 71

ANEXOS .............................................................................................................. 77

Anexo 1: Banner ................................................................................................... 78

Anexo 2: Cartaz .................................................................................................... 80

Anexo 3: Questionário do professor ..................................................................... 82

Anexo 4: Questionário do aluno ........................................................................... 84

Anexo 5: Vídeo ..................................................................................................... 87

Anexo 6: Guia de apoio para o professor ............................................................. 89

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Introdução

Os mosquitos, em geral, são vetores de uma ampla variedade de doenças

infecciosas para o homem, incluindo malária, filariose, febre amarela, dengue, e

outras doenças transmitidas por vírus (GWARDS e COLLINS, 1996), consideradas

as mais importantes causas de morbidade e mortalidade no mundo.

O controle de mosquitos é uma tarefa difícil e que deveria ser contínua, pois

exige nas épocas de surtos uma grande e perfeita integração entre as atividades

próprias e exclusivas da Fundação Nacional da Saúde com outros órgãos

competentes (NEVES, 2005), tendo a escola um fundamental papel na

conscientização da população para a destruição dos focos domiciliares e

peridomiciliares do vetor.

A dengue ocorre em mais de 100 países e territórios do mundo, ameaçando

mais de 2,5 milhões de pessoas nas regiões tropicais e subtropicais. A incidência

anual de dengue alcança 50 milhões de casos, mais de 500 mil pacientes são

hospitalizados com dengue hemorrágica a cada ano e 20 mil morrem em

consequência da dengue (SILVA, 2007).

O Município de Campos dos Goytacazes até o dia 04 de agosto de 2010

registrou 5.139 casos de dengue notificados e 1.258 casos confirmados (SSC,

2010).

Tendo em vista a dificuldade em erradicar o vetor e a alta incidência de

dengue no Município de Campos dos Goytacazes, um projeto de extensão foi

desenvolvido com a finalidade de mobilizar e atualizar os profissionais da educação,

os alunos e a comunidade para o combate a dengue. Portanto, este trabalho foi

elaborado com base neste projeto de extensão denominado Aedes aegypti:

conhecer para combater do IFF Campus Campos – Centro.

O primeiro capítulo traz um histórico da Dengue no Brasil e no Mundo,

apresentando os primeiros relatos até os dados atuais. Também descreve os

sintomas, o tratamento, prevenção e controle da doença.

No segundo capítulo são fornecidos dados sobre a morfologia do mosquito

adulto e a biologia de suas fases imaturas, o ovo, a larva e a pupa, sendo

abordados aspectos do mosquito referentes à sua nutrição, reprodução e

comportamento.

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O terceiro capítulo destaca características estruturais e comportamentais do

vírus da dengue no organismo, abordando seu poder de infecção e a resposta

imunológica gerada pelo hospedeiro.

No quarto e último capítulo foi descrito o projeto de extensão mostrando o

importante papel da escola na educação voltada para a saúde pública no combate

ao vetor da dengue.

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Capítulo 1 - A Dengue

1.1 - Histórico

1.1.1 - Dengue no Mundo

A dengue é uma infecção transmitida por um mosquito que nas últimas

décadas se tornou um importante problema de saúde pública internacional (OMS,

2009), demonstrado na figura 1.

FIGURA 1 – Distribuição da dengue no mundo. a) Hemisfério ocidental; b) Hemisfério oriental (CDC,

2009).

Trata-se de uma arbovirose1 causada por um arbovírus da família

Flaviviridae, cujo vetor é o Aedes aegypti pertencente à família Culicidae, uma

espécie de mosquito de origem africana que chegou ao continente americano no

1 Arboviroses são enfermidades infecciosas causadas por vírus que se multiplicam nos

tecidos de artrópodes hematófagos, sendo transmitidos, através da picada, para vertebrados

suscetíveis, neste produzindo viremia capaz de infectar um novo hospedeiro invertebrado (CONSOLI

e OLIVEIRA, 1998, p. 103).

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período da colonização, sendo introduzido no Brasil provavelmente na época do

tráfego de escravos (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

O mosquito da dengue foi descrito pela primeira vez em 1762, quando foi

denominado Culex aegypti. Após a descrição do gênero Aedes, em 1818, foi

denominado Ae. aegypti.

A origem do nome dengue é árabe arcaica, significando fraqueza (astenia)

(FIGUEREDO, 1991). Alguns autores relatam que a palavra dengue é de origem

espanhola, que quer dizer "melindre", "manha", referindo-se ao estado de moleza e

cansaço em que fica a pessoa contaminada pelo vírus, após a transmissão do

mesmo pela picada do Ae. aegypti infectado (OSANAI et al. 1984).

Em alguns países, a dengue é conhecida como “febre quebra ossos”. No

Brasil (1846-1872), inicialmente, a dengue recebeu vários nomes, como “polca”,

“patuléia”, “febre eruptiva reumatiforme”, “urucubaca” e “melindre” (OSANAI et al.

1984).

A doença foi relatada entre 1779 e 1780, tendo ocorrido epidemias na Ásia,

na América do Norte e também na África, indicando que há mais de 200 anos, tanto

o vetor, como populações de vírus apresentavam ampla distribuição nos trópicos

(SANTOS, 2003), onde as condições do ambiente como alta temperatura e grande

frequência de chuvas favorecem o desenvolvimento do vetor (TAUIL, 2002).

O isolamento do vírus ocorreu na década de quarenta, por Kimura e Hotta,

em 1943 e 1944, respectivamente, tendo-se denominado esta cepa de Mochizuki

(SANTOS, 2003). Em 1945, Sabin e Schlesinger isolaram os sorotipos 1 e 2. Em

1956, no auge da epidemia de dengue hemorrágica no sudeste asiático, Hammon e

colaboradores isolaram os sorotipos 3 e 4, definindo-se, a partir daí, que a dengue é

causada por quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4 (MARTINEZ

TORRES, 1990).

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1.1.2 - Dengue no Brasil

Há referências de epidemias desde o século XIX no Brasil. Mas no século

passado há relatos em 1916, em São Paulo, e em 1923, em Niterói, no Rio de

Janeiro, sem diagnóstico laboratorial (SVS/MS, 2005).

O Ae. aegypti sendo também o vetor da febre amarela, foi intensamente

combatido em nosso território, tendo sido considerado erradicado em 1955

(CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

Mas a erradicação não durou muito. Com o processo de industrialização e

urbanização acelerada do país durante os anos 40 e 50, surgiram novos criadouros

para os mosquitos como, por exemplo, pneus, ferros velhos e outros. Então, em

1976, o Ae. aegypti foi reintroduzido no Brasil, a partir de Salvador-BA, por falhas na

vigilância epidemiológica e pelas mudanças sociais e ambientais propiciadas pela

urbanização acelerada da época (TAUIL, 2002).

A primeira epidemia, documentada clínica e laboratorialmente, ocorreu em

1981-1982, em Boa Vista-RO, e foi causada pelos sorotipos 1 e 4. Em 1986,

ocorreram epidemias no Rio de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste.

Desde então, a dengue vem ocorrendo no Brasil de forma continuada, geralmente

associadas à introdução de novos sorotipos em áreas anteriormente não afetadas.

Na epidemia de 1986, foi identificado também a circulação do sorotipo DEN1,

inicialmente no estado do Rio de Janeiro, disseminando-se para outros seis estados

até 1990, nesse ano, foi identificada a circulação de um novo sorotipo, o DEN2,

também no estado do Rio de Janeiro (SVS/MS, 2005).

A circulação do sorotipo 3 do vírus foi identificada, pela primeira vez, em

dezembro de 2000, no estado do Rio de Janeiro e, posteriormente, no estado de

Roraima, em novembro de 2001 (SVS/MS, 2005). Em 2002, foi registrada a maior

epidemia da doença no país, com 794.219 casos, a maioria deles no Rio de Janeiro

(BRASIL, 2007).

Desde o início da epidemia de 2002 observava-se a rápida dispersão do

sorotipo 3 para outros estados: no primeiro semestre de 2004, por exemplo, 23 dos

27 estados do país já apresentavam a circulação simultânea dos sorotipos 1, 2 e 3

do vírus da dengue (SVS/MS, 2005).

O sorotipo predominou na grande maioria dos estados do Brasil entre 2002 e

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2006. No período entre 2007 e 2009, foi observada uma alteração no sorotipo

predominante, com a substituição do DEN-3 pelo DEN-2. Essa alteração levou a

ocorrência de epidemias em diversos estados. O monitoramento de sorotipos

circulantes ao longo de 2009 apontou para uma nova mudança no sorotipo

predominante, com uma recirculação importante do DEN-1. A recirculação do DEN-

1 alerta para a possibilidade de epidemia deste sorotipo, onde a população não

esteve em contato com o vírus desde o início da década (SVS/MS, 2010a).

Segundo o Ministério da Saúde do primeiro dia de janeiro de 2009 ao décimo

terceiro dia de fevereiro deste mesmo ano o país registrou 51.873 casos

confirmados de dengue. Neste mesmo período em 2010 foram confirmados 108.540

casos de dengue, mostrando um aumento no número de casos em relação ao ano

de 2009 (Figura 2). Do total de 20.520 casos registrados na região sudeste em 2010

entre o primeiro dia de janeiro ao décimo terceiro dia de fevereiro foram notificados

em Minas Gerais 15.626, São Paulo 2.930, Rio de Janeiro 636 e Espírito Santo com

1.328 (SVS/MS, 2010b).

FIGURA 2 – Distribuição dos casos de dengue nas regiões do Brasil nos anos de 2009 e 2010

(Fonte: Modificado de Ministério da Saúde, 2010).

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Segundo a Superintendência de Saúde Coletiva de Campos dos Goytacazes-

RJ, o município registrou no período de 01 de janeiro de 2010 a 04 de agosto de

2010, 1.148 casos de dengue clássico, 17 casos de dengue com complicação, 182

casos de febre hemorrágica da dengue e 04 óbitos (SSC, 2010).

1.2 - Transmissão do vírus da dengue pelo Aedes aegypti

A transmissão do vírus da dengue ocorre pela interação homem - mosquito –

homem, como mostra a figura 3.

FIGURA 3 - Ciclo de transmissão da dengue (RUSSO, 2003).

O mosquito adquire o vírus quando a fêmea de Ae. aegypti pica um homem

infectado durante o período de viremia, que ocorre entre 2 a 7 dias após a picada

(OMS, 2009).

Após um repasto de sangue infectado, a fêmea adquire o vírus que se

localiza no intestino médio e multiplica-se em outros órgãos como nas glândulas

salivares. Após 8 a 12 dias de incubação a mesma torna-se apta a transmitir o vírus

(SVS/MS, 2005). Uma vez com o vírus da dengue, a fêmea torna-se vetor

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permanente da doença, sendo incapaz de controlar a invasão do vírus em todas as

partes de seu corpo (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

A transmissão mecânica também é possível. Ocorre quando o repasto é

interrompido e o mosquito, imediatamente, se alimenta num hospedeiro susceptível

próximo. Não há transmissão por contato direto de um doente ou de suas secreções

com uma pessoa sadia, nem de fontes de água ou alimento (FUNASA, 2002). As

fêmeas de Ae. aegypti infectadas transmitem o vírus para a geração seguinte via

transovariana (pelos ovos), de maneira que, variável percentual das fêmeas filhas,

de um espécime infectado, nasça infectado (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

1.3 - Aspectos clínicos da doença

O processo infeccioso desencadeado pelo vírus da dengue possui um amplo

quadro clínico, podendo variar desde uma simples infecção inaparente

(assintomática), até quadros mais graves, nos quais se verificam hemorragias. Com

isso, a dengue pode se apresentar sob duas formas: dengue clássica (DC) também

descrita como febre da dengue (FD - “dandy fever”) e a dengue hemorrágica (DH)

ou febre hemorrágica da dengue (FHD) (SANTOS, 2003).

Depois da picada do mosquito, os sintomas se manifestam entre três e

quinze dias, mas em média de cinco a seis dias. Só depois desse período que os

seguintes sintomas aparecem:

1.3.1 - Dengue clássica

O quadro clínico é muito variável. A primeira manifestação é a febre alta (39°

a 40°), seguida de cefaléia, mialgia (dor nos músculos), prostração, artralgia (dor

nas articulações), anorexia, astenia (fraqueza), dor retroorbital (dor nos olhos),

náuseas, vômitos, exantema (erupção cutânea) e prurido cutâneo. Hepatomegalia

pode ocorrer, ocasionalmente, desde o aparecimento da febre. Alguns aspectos

clínicos dependem, com frequência, da idade do paciente (SVS/MS, 2005). A dor

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abdominal generalizada pode ocorrer principalmente nas crianças. Os adultos

podem apresentar pequenas manifestações hemorrágicas, como petéquias,

epistaxe (derramamento de sangue pelo nariz), gengivorragia (derramamento de

sangue pela gengiva), sangramento gastrointestinal, hematúria (presença de

sangue na urina) e sangramentos acíclicos do útero. A doença tem uma duração de

5 a 7 dias. Com o desaparecimento da febre, há regressão dos sinais e sintomas,

podendo ainda persistir a fadiga (FUNASA, 2002).

A presença de manifestações hemorrágicas não é exclusiva da febre

hemorrágica da dengue e quadros com trombocitopenia (plaquetas < 100.000/mm³)

podem ser observados, com ou sem essas manifestações (BRASIL, 2005). A

dengue clássica se manifesta no primeiro contato com um dos 4 tipos do vírus da

dengue. Quando se contrai um deles, fica-se imune a este tipo (RUSSO, 2003).

1.3.2 - Febre hemorrágica da dengue (FHD)

Os sintomas iniciais são semelhantes aos da dengue clássica, porém evolui

rapidamente para manifestações hemorrágicas e/ou instabilidade hemodinâmica

e/ou choque. Os casos típicos da FHD são caracterizados por febre alta, fenômenos

hemorrágicos, hepatomegalia e insuficiência circulatória (FUNASA, 2002).

Observa-se o surgimento de manifestações hemorrágicas espontâneas,

trombocitopenia com hemoconcentração concomitante, devido aumento da

permeabilidade vascular que leva ao extravasamento de plasma para os tecidos

aumentando o hematócrito (SILVA, 2008).

A dengue hemorrágica ocorre quando a pessoa é contaminada novamente

por outro tipo do vírus, sendo que, raramente, essa forma pode ocorre na primeira

infecção (RUSSO, 2003).

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1.3.3 - Dengue com complicações

O termo dengue com complicações é aplicado a todos os casos que não se

enquadram nos critérios de FHD e dengue clássica. Nessa situação a presença de

alterações neurológicas; disfunção cardiorrespiratória; insuficiência hepática;

trombocitopenia; hemorragia digestiva; derrames cavitários e/ou óbito caracterizam

o quadro (BRASIL, 2005).

1.4 - Tratamento

Não existem medicamentos e vacinas para combater o vírus. A pessoa com

dengue deve ficar em repouso, beber muito líquido e só usar medicamento para

aliviar as dores e a febre, sempre com indicação do médico. Não devem ser

utilizados medicamentos com ácido acetilsalicílico como, por exemplo, AAS, Alidor,

Aspirina, Aspirina "C”, Aspi-C, Aspisin, Atagripe, Benegrip, CAAS, Cefurix,

Cheracap, Cibalena, Corisona D, Doril, Engov, Melhoral, Melhoral C, Sonrisal, pois

podem facilitar o sangramento (RUSSO, 2003).

Para quem já teve dengue uma vez, o cuidado deve ser redobrado, já que a

dengue hemorrágica é em geral observada em pacientes que apresentaram

infecção por um dos sorotipos e, mais tarde, adquiriram outra infecção, nesse

momento por um sorotipo diferente do vírus (LUPI, 2007)

A OMS tem investido desde a década de 70 no desenvolvimento de vacinas

contra a dengue (BRICKS, 2004). Porém há dificuldades que impedem o

desenvolvimento desta vacina como: a necessidade de imunização contra os

quatros sorotipos virais com alta eficiência (FIGUEIREDO, 1999) e a dificuldade de

encontrar modelos animais para testar a efetividade da vacina, visto que os animais

não apresentam o mesmo quadro clínico que os humanos (GIBBONS e VAUGHN,

2002; HALSTEAD, 2002).

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1.5 - Prevenção e controle

O Ae. aegypti encontrou, no mundo moderno, condições muito favoráveis

para uma rápida expansão, devido a urbanização acelerada, a deficiência da

limpeza urbana pela intensa utilização de materiais não-biodegradáveis, como

recipientes descartáveis de plástico e vidro, e pelas mudanças climáticas (SANTOS,

2003). Com essas condições, o Ae. aegypti espalhou-se por uma área onde vivem

bilhões de pessoas.

A prevenção da dengue vem ocorrendo apenas pelo controle da população

do mosquito Ae. aegypti, metodologia que vem sendo adotada há mais de um

século, visto que ainda não foi desenvolvida uma vacina eficaz contra o vírus. Um

método eficiente para a prevenção da dengue é a participação da população para a

eliminação de criadouros dos mosquitos

O combate aos Aedes pode ser feito nas fases de larva e adulto.

1.5.1 - Combate à larva

O combate à larva pode acontecer por quatro métodos básicos: controle

físico, químico, biológico e integrado.

a - Controle físico

Consiste em modificar ou remover os criadouros de larvas visando

interromper o ciclo biológico dos mosquitos (NEVES, 2005).

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b - Controle químico

É feito por meio de produtos químicos que inibem o desenvolvimento das

larvas ou intoxicam ou asfixiam as mesmas. Como o hormônio juvenil que interfere

no desenvolvimento larval e na emergência de adultos e os inibidores de formação

de quitinas (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

c - Controle biológico

Consiste em utilizar organismos capazes de parasitar ou predar os

mosquitos. Dos vários agentes estudados, os que mostraram maior eficiência foram:

predadores, helmintos, protozoários, fungos e bactérias (NEVES, 2005).

o Predadores

Existem mais de 250 predadores invertebrados de larvas de mosquitos

destacando-se as planárias (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998), microcrustáceos e

baratas d’água. Entre os vertebrados destacam-se os peixes larvófagos dos

gêneros Poeciliidae e Cyprinodontidae (FUNASA, 2001).

o Helmintos

Vários nematódeos da família Mermithidae têm sido estudados para o

controle de larvas de culicídeos. Entre os fatores limitantes do uso deste agente

está a dificuldade de produção em massa in vitro (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

o Protozoários

Diversos microsporídeos têm sido estudados, porém não há perspectivas de

sua utilização prática, com exceção de Hedhzardia aedis, que é específico para o

mosquito Ae. aegypti. Em testes de laboratórios esta espécie mostrou ser capaz de

eliminar 100% da população de Ae. aegypti (NEVES, 2005).

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Está sendo introduzida no Brasil a espécie Hedhzardia aedis para viabilizar o

seu uso como agente de um método alternativo de controle do mosquito transmissor

da dengue (NEVES, 2005).

o Fungos

Vários fungos têm sido pesquisados para o controle de mosquitos,

destacando-se Metharhysium anisopliae e Lagenidium giganteum, que são muito

eficientes contra larvas de Anopheles, Culex, Aedes e outros.

Fatores limitantes para o uso deste agente são a baixa especificidade, a alta

dosagem necessária e as dificuldades de cultivos in vitro de fungos (CONSOLI e

OLIVEIRA, 1998).

o Bactérias

Bactérias entomopatogênicas são utilizadas no controle de larvas de

mosquitos. Porém a mais estudada, eficiente e utilizada mundialmente no controle

do Aedes é o Bacillus thuringiensis israelensis (SANTOS, 2003).

Essas bactérias apresentam grande potencial para o controle de mosquitos,

pois não foi observado o desenvolvimento de resistência a estes inseticidas

biológicos (NEVES, 2005).

d - Controle integrado

Consiste em integrar dois ou mais métodos de controle simultaneamente ou

sequencialmente, visando reduzir os custos e aumentar os resultados (Neves,

2005).

1.5.2 - Combate ao adulto

Consiste na aplicação de inseticidas. A escolha de um determinado inseticida

leva em conta o custo e a eficiência do mesmo. Deve-se ficar atento se a eficiência

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diminui ao longo do tempo. Esta diminuição se deve ao fato da seleção de

mosquitos resistentes ao inseticida. Quando este é aplicado sucessivas vezes em

dosagem letal, a grande maioria dos mosquitos morrem. Porém, alguns que já eram

geneticamente resistentes, em pouco tempo repovoam o ambiente. Para que o

inseticida seja eficaz contra as novas gerações já resistentes, este deverá ser

aplicado em dosagem maior, o que se torna impraticável, em vista da toxidade para

o homem e animais domésticos e do custo aumentado (NEVES, 2005).

O tratamento realizado pelo fumacê é usado principalmente em epidemias

para matar rapidamente os mosquitos adultos, evitando assim a disseminação de

doenças como a dengue (NEVES, 2005).

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Capítulo 2 - O Aedes aegypti

2.1 - Morfologia do Aedes aegypti

O mosquito tem seu corpo segmentado e revestido pelo exoesqueleto ou

cutícula, formado principalmente por quitina. O corpo do mosquito adulto é

nitidamente dividido em cabeça, tórax e abdome (SUCAM, 1987), como mostra a

figura 4.

FIGURA 4 - Morfologia externa do Ae. aegypti.

Na cabeça encontram-se os principais órgãos do sentido, como os olhos, as

antenas e os palpos, demonstrados na figura 4. As antenas dos mosquitos são

longas e compostas de 15 ou 16 segmentos, onde a porção flagelar da antena varia

de acordo com o sexo (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

A figura 8 compara macho e fêmea de Ae. aegypti. Nos machos as antenas

são plumosas, ou seja, os pêlos presentes nas antenas são longos e numerosos,

enquanto que nas fêmeas são singelas, com pêlos bem mais ralos (SUCAM, 1987).

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Entre os olhos e abaixo das duas antenas acha-se uma estrutura abaulada

denominada clípeo e logo abaixo deste se origina o conjunto de órgãos do aparelho

bucal, que é do tipo picador ou pungitivo (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998). Na fêmea

a probóscide é apropriada para sugar o sangue que lhe é necessário para a

maturação dos ovos. No macho a probóscide é imprópria para picar (SUCAM,

1987).

No tórax estão os apêndices especializados na locomoção, isto é as patas e

asas (FIGURA 5). As asas dos mosquitos apresentam escamas, em diferente

quantidade e aspecto. As veias das asas são particularmente cobertas por um

grupo de escamas claras intercaladas por outros de escamas escuras. Tais

manchas de escamas têm grande importância taxonômica. As patas são longas,

apresentando-se em três pares (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

FIGURA 5 - Patas e asas do mosquito Ae. aegypti.

O Ae. aegypti possui coloração preta/marrom, manchas brancas e com listras

(faixas) brancas nas bases dos segmentos tarsais. Um desenho em forma de lira

pode ser visto no tórax. Nos espécimes mais velhos, o “desenho da lira” (FIGURA 6

e 7) pode desaparecer (FUNASA, 2001; TAVEIRA et al. 2001).

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FIGURA 6 - Tórax do Ae. aegypti contendo o “desenho” em forma de lira. (FIOCRUZ, 2010d).

FIGURA 7 - O instrumento chamado de lira (HOURNE, 2010).

O abdome inclui a maior parte dos órgãos internos, dos aparelhos reprodutor,

digestivo e excretor. Este também vai variar de acordo com o sexo, pois nos

machos o abdome é mais fino do que as fêmeas (Figura 8), já que as fêmeas

necessitam de um abdome maior para armazenar/guardar os ovos até que estes

estejam aptos a serem postos sobre uma superfície úmida e então eclodirem

(CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

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FIGURA 8 - Imagem do mosquito Ae. aegypti. a) macho; b) fêmea não alimentada; c) fêmea

alimentada.

2.2 - Alimentação e nutrição do mosquito adulto

Machos e fêmeas alimentam-se de néctar e sucos vegetais (FUNASA, 2001),

demonstrado na figura 9b, porém somente as fêmeas se alimentam de sangue

(Figura 9a). Este repasto sanguíneo pode acontecer a qualquer momento, seja

antes ou depois do acasalamento, já que para a maturação dos ovos há

necessidade de aminoácidos que estão presentes no sangue do homem.

(CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

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FIGURA 9 - Mosquito Ae. aegypti se alimentando; a) Fêmea do Ae. aegypti alimentando; b) Macho

de Ae. aegypti se alimentando.

Os mosquitos são atraídos pelos hospedeiros vertebrados por meio de

combinação de estímulos, como visual (silhueta), correntes de convecção

(temperatura e umidade), olfativo (ácido láctico, CO2, octenol, ATP e vapor d’ água)

(NEVES, 2005; SANTOS e MIRANDA, 2009). No entanto, o estímulo olfativo

detectado pelas antenas e pelos palpos maxilares é o responsável pela atração a

longa distância (NEVES, 2005).

Após pousarem sobre o hospedeiro, a fêmea seleciona cuidadosamente o

local da picada com os órgãos sensoriais situados na labela (CHRISTOPHERS,

1960). O conjunto de estiletes bucais é, então, introduzido na pele do hospedeiro,

ficando o lábio dobrado. Na maioria das vezes ocorre sucção diretamente de um

capilar e o processo se completa em, aproximadamente, 3 minutos (CONSOLI e

OLIVEIRA, 1998).

A fêmea do mosquito é ágil ao picar e sempre que perturbada durante a

ingestão de sangue, interrompe o processo, voa, e, logo após, estará novamente

apta a ser atraída ao mesmo, ou a outro hospedeiro, ocasião em que deverá

completar a refeição (NATAL, 2002).

As fêmeas de Ae. aegypti preferem os horários diurnos para se alimentarem

de sangue. Seus picos de maior atividade acham-se, geralmente, situados no

amanhecer e pouco antes do anoitecer, mas ataca o homem, e por vezes animais

domésticos, a qualquer hora do dia. À noite, embora raramente sejam oportunistas,

atacam o homem se este se aproxima de seu abrigo (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

Como o metabolismo energético dos mosquitos machos depende da ingestão

de carboidratos, estes usualmente são provenientes das seivas, flores e frutos. Os

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açúcares ao serem ingeridos são gradualmente digeridos no intestino médio

(CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

2.3 - Comportamento de oviposição

A oviposição ocorre mais frequentemente no fim da tarde (FUNASA, 2001).

Os criadouros preferenciais do Ae. aegypti são os recipientes artificiais, tanto os

abandonados pelo homem a céu aberto e preenchidos pelas águas das chuvas,

como aqueles utilizados para armazenar água para uso doméstico (MATHESON,

1932), como mostra a figura 10.

FIGURA 10 - Imagem de lixos em terreno baldio; a) Imagens de um terreno baldio; b) Pneu contendo

água.

A seleção do local de oviposição por parte das fêmeas é o principal fator

responsável pela distribuição dos mosquitos nos criadouros e é da maior relevância

para a distribuição da espécie na natureza. Fatores físicos, químicos e biológicos

podem influenciar nessa seleção: intensidade de luz ou ausência de luz, o

comprimento de onda da luz refletida, diferentes temperaturas, graus de salinidade,

presença de vegetais ou de seus produtos, microrganismos e seus produtos

(CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

Por volta de três dias após o repasto, em condições satisfatórias de

temperatura, a fêmea coloca os seus ovos (FUNASA, 2001), podendo variar entre

50 e 200 ovos por postura. Os ovos de um mesmo ciclo gonadotrófico são

depositados em locais variados (SANTOS, 2003).

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Fêmeas de Ae. aegypti tendem a realizar a oviposição no interior de

recipientes que armazenam água, embora já tenha sido relatada a capacidade em

realizarem oviposição na superfície da água (GOMES et al. 2006).

2.4 - Ciclo de vida

O Ae. aegypti apresenta metamorfose completa em seu ciclo de vida,

portanto, é holometabólico. Desse modo, apresentam, como qualquer culicídeo,

duas fases no seu ciclo de vida, mostrado na figura 11: a aquática, que inclui três

estágios de desenvolvimento: ovo, larva (quatro estádios larvais) e pupa e a

terrestre, que corresponde ao mosquito adulto (SUCEN, 2010).

FIGURA 11 - Ciclo de vida do Ae. aegypti.

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A duração do ciclo de vida, em condições favoráveis com presença

abundante de alimento e temperatura adequada é de aproximadamente 10 dias, a

partir da oviposição até a fase adulta (SUCEN, 2010).

O Ae. aegypti vive relativamente pouco tempo, de 10 a 42 dias (SUCAM,

1987). As fêmeas sobrevivem por tempo sensivelmente mais longo do que os

machos (CHRISTOPHERS, 1960; CLEMENTS, 1963; CONSOLI, 1982).

A longevidade do mosquito adulto depende de fatores intrínsecos, tais como

nutrição larval, metabolismo e sua idade fisiológica2, e extrínsecos, como

temperatura, umidade e disponibilidade de carboidratos adequados para a nutrição

(CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

2.4.1 - Ovos

Os ovos dos mosquitos Aedes são elípticos, alongados e com simetria

bilateral (Figura 12) envolvidos por uma casca impermeável chamada de cório.

FIGURA 12 - Microscopia óptica de ovos de Ae. aegypti (20x).

2 Idade fisiológica: consiste no número de ciclos reprodutivos pelo qual a fêmea tenha

passado. Pode-se calcular a idade cronológica aproximada a partir da idade fisiológica.

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A estrutura e as propriedades do cório permitem que o embrião esteja

protegido, para que a passagem de gases respiratórios aconteça e que haja

resistência à perda de água (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

No momento da postura os ovos são brancos (Figura 13), mas, rapidamente,

adquirem a cor negra brilhante e são colocados isoladamente pelas fêmeas na

parede de recipientes contendo água, podendo também ser depositado diretamente

na superfície da água.

Após a postura dos ovos, o embrião completa seu desenvolvimento em 48

horas em condições favoráveis de umidade e temperatura (FUNASA, 2001).

FIGURA 13 - Imagem do abdome da fêmea do Ae. aegypti no momento da oviposição (FIOCRUZ,

2010c).

Os ovos de Ae. aegypti têm capacidade de permanecer em diapausa por

mais de um ano (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998), aguardando situação ambiental

favorável para a eclosão, demonstrando uma vantagem considerável para o

mosquito e um grande desafio para o controle da dengue. No primeiro contato do

ovo com a água uma larva é liberada, como mostra a figura 14.

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FIGURA 14 - a) e b) Imagem da eclosão do ovo (40x); c) Larva após a eclosão (40x).

Esta condição de diapausa em situações desfavoráveis à eclosão permite

que os ovos sejam transportados a grandes distâncias, em recipientes secos,

tornando-se assim o principal meio de dispersão do inseto (dispersão passiva)

(FUNASA, 2001).

A partir de uma pesquisa desenvolvida no Instituto Oswaldo Cruz

(IOC/FIOCRUZ) foi observado que os ovos adquirem resistência muito rápida,

apenas 15h após a postura, reforçando mais uma vez que a eliminação dos focos é

a maneira mais eficaz de combater o vetor da dengue (FIOCRUZ, 2010a).

2.4.2 - Larvas

O estágio larval acontece na água, onde as mesmas nadam ativamente. Seu

corpo tem aspecto vermiforme e se divide em cabeça, tórax e abdome dividido em

oito segmentos. Na extremidade livre do abdome esta localizado o sifão por onde

respiram (SUCAM, 1987), demonstrado na figura 15.

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FIGURA 15 - Esquema de larva de Ae. aegypti (40x).

O sifão é curto, grosso e mais escuro que o corpo. Para respirar ou

descansar, a larva vem à superfície da água, onde fica em posição quase vertical

(SUCAM, 1987), apresentado na figura 16. Movimenta-se em forma de serpente,

fazendo um “S” em seu deslocamento. É sensível a movimentos bruscos na água e,

sob feixe de luz, desloca-se com rapidez, buscando refúgio no fundo do recipiente,

pois apresenta fobia a luz (fotofobia) (FUNASA, 2001).

FIGURA 16 - Larva de Ae. aegypti respirando na superfície da água.

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A fase larval é o período de alimentação e crescimento (FUNASA, 2001). As

larvas passam a maior parte do tempo alimentando-se de detritos orgânicos animais

ou vegetais, bactérias, fungos e protozoários existentes na água, mas

principalmente de material orgânico acumulado nas paredes e fundo dos depósitos

(SUCEN, 2010).

O processo pelo qual se alimentam é denominado “filtrante”, embora possam

triturar ou morder elementos submersos, raspar superfícies de objetos e engolir

corpos mais volumosos por possuírem aparelho bucal do tipo mastigador – raspador

(HARBACH e PEYTON, 1993). As larvas não apresentam características de

selecionarem os alimentos, o que facilita a ação de larvicidas por via oral (SUCEN,

2010).

As larvas possuem quatro estágios evolutivos (Figura 17), que se

desenvolvem em um período de 5 a 10 dias, desde que ocorram condições

favoráveis (SUCEN, 2010). O último estágio pode prolongar-se por várias semanas

em condições de baixa temperatura e escassez de alimentos. Já que a duração da

fase larval depende da temperatura, disponibilidade de alimento, densidade das

larvas no criadouro, entre outros, o período entre a eclosão e a pupação pode não

exceder a cinco dias em condições ótimas para o desenvolvimento da larva

(FUNASA, 2001).

FIGURA 17 - Microscopia óptica dos 4 estágios larvais do Aedes aegypti (4x). a) 1º estágio larval;

b) 2º estágio larval; c) 3º estágio larval; d) 4º estágio larval (RUSSO, 2003).

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A passagem de um estágio larval para o próximo ocorre pelo processo de

“muda”, onde há o desprendimento do exoesqueleto. Este processo se dá pela

abertura da cápsula cefálica e o tórax do exoesqueleto. A larva emerge com um

novo exoesqueleto que apresenta folga para aumentar o seu tamanho (SUCEN,

2010)

2.4.3 - Pupa

O estádio pupal corresponde a um período de transição em que ocorrem

profundas transformações que levam a formação do adulto e à mudança do habitat

aquático pelo terrestre. E esta fase de metamorfose não requer alimentação até que

se transforme no mosquito adulto. As pupas têm aspecto de vírgula (Figura 17) são

bastantes móveis quando perturbadas, mas estão quase sempre paradas em

contato com a superfície da água.

O corpo da pupa divide-se em cefalotórax e abdome onde ambos são

providos de cerdas. As trompas respiratórias são curtas, e ficam situadas na

extremidade livre da cabeça, enquanto que na extremidade livre do abdome ficam

as paletas natatórias (SUCAM, 1987), como demonstrado na figura 18.

FIGURA 18 - Esquema da pupa de Ae. aegypti, mostrando a morfologia externa.

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O período de desenvolvimento pode ser influenciado sensivelmente pela

temperatura, encurtando-o ou prolongando-o, conforme, respectivamente, ela atingir

valores altos ou baixos. A uma temperatura entre 27 a 38°C, o período de

desenvolvimento da pupa pode ocorrer de 1 a 3 dias. As temperaturas de

sobrevivência são iguais àquelas que as larvas necessitam (SUCEN, 2010).

Seu corpo, que tem inicialmente a mesma cor da larva recém-transformada,

escurece na medida em que se aproxima o momento da emergência do adulto,

apresentado na figura 19 (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

FIGURA 19 - Imagem da pupa na cor parda recém transformada e pupa escura próximo do momento

da emergência do adulto.

A pupa quando madura permite que a cutícula do cefalotórax se rompa na

região mediana e o mosquito adulto surge levantando o seu abdômen pouco a

pouco até ficar em posição horizontal à superfície da água. Um minuto depois o

tórax do adulto sai através de uma fenda e em seguida todo o seu corpo vai

aparecendo lentamente. Livre do exoesqueleto permanece em repouso sobre a

exúvia3 abandonada na superfície (SUCEN, 2010), como mostra a figura 20.

3 Exúvia: é o nome do exoesqueleto quitinoso de artrópodes deixado quando realizam uma

muda.

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FIGURA 20 - Imagem do mosquito Ae. aegypti adulto emergindo da pupa. a), b) e c) Mosquito Ae.

aegypti emergindo. d) Mosquito sobre a água após a emergência.

2.5 - Reprodução

Dentro de 24 horas após emergirem, machos e fêmeas podem acasalar

(FUNASA, 2001). Os machos são atraídos pela frequência vibratória do batimento

das asas das fêmeas, onde este se entrelaça a ela através de suas patas (Figura

21), mostrando a relação entre o sentido da audição e as antenas (CONSOLI e

OLIVEIRA, 1998).

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FIGURA 21- Fêmea e macho acasalando.

O acasalamento pode acontecer antes ou após a ingestão do primeiro

repasto sanguíneo, mas é frequentemente anterior a este. O Ae. aegypti é capaz de

acasalar em pequenos espaços, durante o vôo ou pousado sobre uma superfície.

Após a cópula os espermatozóides são armazenados nas espermatecas presente

no corpo da fêmea e são utilizados pouco a pouco para fecundar os ovos durante o

processo de postura (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

A fêmea do Ae. aegypti é capaz de realizar inúmeras posturas no decorrer de

sua vida, porém a cópula com o macho ocorre uma única vez (CONSOLI e

OLIVEIRA, 1998).

Uma única inseminação é suficiente para fecundar todos os ovos que a

fêmea venha a produzir durante sua vida (SUCEN, 2010), pois os espermatozóides

podem manter-se viáveis por muito tempo (CLEMENTS, 1963; ANDREADIS e

HALL, 1980).

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Capítulo 3 - O vírus da dengue

Trata-se de um vírus de RNA fita simples do gênero Flavivirus, pertencente à

família Flaviviridae (SVS/MS - 2005). A partícula viral é icosaédrica, coberta por um

envelope lipídico contendo proteínas do envelope e da membrana (ROTHMAN,

2004).

O genoma viral tem uma única janela aberta de leitura, codificando uma

poliproteína, que após processamento origina sete proteínas não-estruturais (NS1,

NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5), cuja função ainda não está determinada, e

três proteínas estruturais: A proteína “C” do núcleo capsídeo, a proteína “M”

associada à membrana e a proteína “E” do envelope viral, que é responsável pela

reação de neutralização na qual há a presença de anticorpos e, pela interação do

vírus com receptores nas células do hospedeiro (ROTHMAN, 2004).

O mosquito adquire o vírus ao se alimentar do sangue infectado, este se

multiplica no intestino médio do inseto (parte conhecida como mesêntero) e, com o

tempo, passa para outros órgãos, como os ovários, o tecido nervoso e, finalmente,

as glândulas salivares, contaminando o homem ao ser picado. (FIOCRUZ, 2010b).

Através da picada do mosquito infectado, o vírus penetra na corrente

sanguínea do indivíduo sadio e faz uma primeira replicação em células musculares

estriadas e lisas, e fibroblastos, bem como em linfonodos locais. Seguido tal

multiplicação, tem início a viremia, disseminando-se por todo o organismo. Os vírus

podem circular livres, no plasma ou no interior de monócitos e macrófagos. Sabe-se

que essas células fagocíticas são os maiores sítios de replicação viral

(FIGUEIREDO, 1999).

Os vírus também podem atingir a medula óssea, onde compromete a

produção de plaquetas (elemento presente no sangue, fundamental para o processo

de coagulação). Também, durante a multiplicação do vírus, formam-se substâncias

que agridem as paredes dos vasos sanguíneos, originando uma perda de líquido

(plasma) (FIOCRUZ, 2010b).

O vírus se liga às células hospedeiras permissivas via endocitose mediada

por receptor. A internalização e acidificação no endossomo e fusão da membrana

viral e vesicular permitem a entrada do nucleocapsídeo no citoplasma da célula

hospedeira e desempacotamento do genoma. Em seguida, tem início à replicação

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do genoma e montagem de novas partículas virais (MUKHOPADHYAY et al. 2005),

permitindo a multiplicação do vírus dentro da célula.

Em resposta à replicação dos vírus, tanto a mediada por anticorpos, quanto a

mediada por células, são ativadas com o objetivo de conter a infecção (LUPI et al.

2007). Na resposta mediada por células, os linfócitos T participam ativamente,

reduzindo o número de células infectadas com o vírus e conferindo proteção contra

reinfecção. Na resposta mediada por anticorpo, os anticorpos, principalmente os

que se ligam a epítopos da proteína E, promovem lise do envelope ou bloqueio de

seus receptores com consequente neutralização viral (FIGUEIREDO, 1999).

Os quatro sorotipos conhecidos são antigenicamente relacionados, mas não

conferem proteção cruzada, isto é, a infecção por um determinado sorotipo não

protege contra infecção pelos demais sorotipos, mas em tempo relativamente curto

pode conferir imunidade para outros sorotipos (SILVA, 2008).

Anticorpos produzidos para um determinado sorotipo, não neutralizam o

segundo vírus infectante de tipo diferente e amplificam a infecção, facilitando ao

novo tipo infectante a penetração em macrófagos. Os vírus utilizam a porção Fc dos

anticorpos ligados ao envelope para a ligação com os receptores de membrana Fcγ,

presentes na membrana celular macrofágica. Trata-se do fenômeno de facilitação

por anticorpos da penetração viral em macrófagos (FIGUEIREDO, 1999).

A primeira infecção pelo vírus da dengue estimula a produção de anticorpos

IgM antidengue que passam a ser observados por volta do 4º dia da doença, com

picos no final da 1ª semana, mas podendo permanecer durante meses. Os

anticorpos IgG antidengue são observados, em níveis baixos a partir do 4º dia após

o início dos sintomas, aumentando sua concentração gradualmente, atingindo altos

níveis em 2 semanas, sendo detectáveis durante anos, conferindo imunidade contra

o mesmo sorotipo, provavelmente, pelo resto da vida (LUPI et al. 2007).

Infecções por dengue, em indivíduos que já tiveram contato com outros

sorotipos do vírus, podem alterar o perfil da resposta imune, que passa a ser do tipo

anamnéstico ou de infecção secundária (reinfecção), com baixa produção de IgM e

liberação intensa e precoce de IgG (FIGUEIREDO, 1999).

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Capítulo 4 - Projetos Pedagógicos na Escola

Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio apresentam

como alguns dos seus objetivos o fornecimento de um aprendizado útil à vida do

aluno, no qual as informações e os conhecimentos adquiridos pelos alunos se

transformem em instrumentos de compreensão, interpretação, julgamento, mudança

e previsão da realidade. Dessa forma a educação deve priorizar a formação ética, o

desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico do indivíduo

(BRASIL, 2000).

A fim de cumprir estes objetivos, as escolas têm utilizado métodos

pedagógicos alternativos que auxiliam na aprendizagem. Um desses métodos são

os projetos alternativos que funcionam como uma ferramenta que possibilita uma

melhor forma de trabalhar os conteúdos de maneira mais atraente e interessante,

servindo como fonte de investigação e criação, estimulando os alunos a buscar

cada vez mais informações (NOGUEIRA, 2001).

O projeto é um mecanismo que propicia a interação sujeito-objeto de

conhecimento, assim os alunos assumem uma posição ativa diante da sociedade,

estabelecendo relação entre o que ele aprende na escola e a sua vida (NOGUEIRA,

2001).

4.1 - Educação e o controle do Ae. aegypti

A educação é a maneira principal de transformar a sociedade. O aluno não

deve ser somente ensinado e sim educado para que possa saber associar o ensino

à vida, conhecimento e ética, reflexão e ação, ter visão do todo. A educação deve

contribuir para modificar a nossa sociedade ajudando os alunos a tornarem-se

cidadãos realizados e produtivos (MORAN et al. 2000).

Sabendo que a prevenção da dengue vem ocorrendo apenas pelo controle

da população do mosquito Ae. aegypti, já que ainda não foi desenvolvida uma

vacina eficaz contra o vírus. Esse controle é realizado pelas Secretarias de Saúde

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de cada cidade através da aplicação de inseticidas em possíveis criadouros do

inseto durante visitas domiciliares.

Segundo a SUCEN (Superintendência de Controle de Endemias), os agentes

da saúde deveriam instruir os moradores acerca da dengue e do seu vetor, mas

isso não vem ocorrendo, o que é presenciado são visitas breves somente para

aplicação do inseticida. A falta de esclarecimento pelos agentes de saúde, não

capacitados para essa tarefa, e a pouca participação do sistema de ensino junto às

crianças e jovens são fatos que dificultam as oportunidades de discussão quanto as

dúvidas, as quais ficam, muitas vezes, sem resposta. O caráter não permanente de

divulgação e as formas pelas quais as informações (fragmentadas e incompletas)

são elaboradas e transmitidas à população são fatores que também contribuem

para o problema de assimilação e compreensão da doença (LENZI et al. 2000).

Quando lançado pelo governo brasileiro em 1996, o Plano Nacional de

Erradicação do Aedes aegypti (PNEAa) não deu ênfase à educação e à participação

da comunidade na eliminação de criadouros, mas sim à erradicação do mosquito

vetor em um típico sistema “de cima para baixo” (GUBLER, 1989). De acordo com

Krogstad e Ruebush (1996), entretanto, devido à necessidade de programas

econômicos e sustentáveis para a prevenção e controle de doenças em países

tropicais, seria exatamente a participação da comunidade a melhor intervenção ou

estratégia.

A escola é ponto de partida eficiente para a educação voltada à saúde

pública, envolvendo diversas questões como, por exemplo, a dengue (ANDRADE,

1998). Entretanto, Russo (2003) concluiu que a escola não tem colaborado na

transmissão dessas informações, através da identificação de um conhecimento

basal em alunos do Ensino Médio, que provavelmente foi adquirido através dos

meios de comunicação utilizados nas campanhas.

Acredita-se que os indivíduos devam receber informações sobre a dengue e o

seu vetor em alguma fase da sua vida escolar. É necessário que essas informações

sejam passadas com qualidade e a solidificação de ações desse tipo dentro das

escolas permitirá a qualificação de agentes multiplicadores desse conhecimento.

Entretanto, para que este objetivo seja alcançado, é necessário o

desenvolvimento de estratégias que valorizem a comunicação/educação e também

enfatizem a responsabilidade social, no resgate da cidadania, numa perspectiva de

que cada cidadão é responsável pela sua comunidade.

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O governo brasileiro tem investido no combate à dengue, entretanto os

investimentos na informação ainda não são suficientes, em vista do significativo

índice de letalidade que esta virose causa, porém as diversas estratégias

desenvolvidas pelas instituições governamentais como a veiculação de informações

pela mídia, outdoors, faixas, cartazes, folhetos ou palestras em escolas

proporcionam aumento de conhecimento sobre dengue, mas parecem impotentes

diante das sucessivas epidemias que vem ocorrendo, pois apenas o conhecimento

não provoca mudanças de hábitos na sociedade. Assim, no caso da dengue, a

educação deve ter como objetivo estimular a participação efetiva da população para

uma eliminação mensurável de criadouros dos mosquitos vetores no ambiente

doméstico, e não simplesmente o acréscimo de conhecimento (BRASSOLATTI e

ANDRADE, 2002).

Assim é necessária a atuação conjunta da população e instituições no

planejamento de atividades educativas para prevenção e controle da dengue

(SALES, 2008), pois os estudantes representam um excelente canal para a

introdução de novos conceitos na comunidade, pelo fato de serem membros

permanentes desta, e por estarem com o cognitivo em formação (BRASSOLATTI e

ANDRADE, 2002). O aluno não deve ser somente ensinado e sim educado para

que possa saber associar o ensino à vida, dessa forma a educação deve contribuir

para modificar a nossa sociedade ajudando os alunos a tornarem-se cidadãos

realizados e produtivos (MORAN, et al. 2000).

4.2 - Projeto de extensão Aedes aegypti: conhecer para combater

A dengue é responsável por milhares de óbitos anualmente no mundo, e no

Brasil a situação não é diferente devido à elevada infestação domiciliar pelo Ae.

aegypti contaminado pelo vírus. A grande parte dos criadouros infestados ou

potenciais se encontra no interior dos domicílios, isto dificulta a erradicação do

mosquito devido à multiplicação dos mesmos nos vários recipientes que podem

armazenar águas de chuvas.

Visto que o Ae. aegypti desenvolve-se, preferencialmente, em reservatórios

artificiais (MATHESON, 1932), as atividades educativas têm cada vez mais

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responsabilidades, tanto no engajamento da população na eliminação dos

criadouros, como no esclarecimento sobre a dengue e sua etiologia (SALES, 2008).

Com isso, observamos que hoje em dia as questões de saúde estão se

tornando cada vez mais necessárias de serem discutidas no ambiente escolar,

portanto é necessário que os professores estejam preparados para discutir tais

questões. Infelizmente muitas escolas apresentam como deficiência a falta de

instrumentalização do professor e a falta de informações.

Com o objetivo de criar novas formas de divulgação sobre essa doença foi

desenvolvido o Projeto Aedes aegypti: Conhecer para combater no Instituto Federal

Fluminense no campus Campos - Centro.

Assim, uma das etapas desse projeto foi elaboração de um mini-curso para

atualização de professores sobre à dengue e o seu vetor. Desta forma, os mesmos

poderão levar para a sala de aula o conhecimento adquirido, contribuindo para o

controle do vetor e doença.

A utilização de cursos de atualização para profissionais da educação tem o

objetivo de capacitar os educadores para servirem de multiplicadores aos alunos e

colegas, e auxiliarem, por meio de uma vigilância entomológica no ambiente da

escola, na prevenção da dengue nesse espaço e, por extensão, na comunidade,

atuando assim como agentes transformadores para melhoria da saúde pública

(LERVOLINO e PELICIONE, 2005).

Um guia também foi elaborado para ajudar os professores a se informarem

sobre o Ae. aegypti. O guia apresenta fotos explicativas sobre o ciclo de vida do

mosquito e informações sobre o controle do vetor, esclarecendo a necessidade de

acabar com os seus criadouros, já que possuem duas formas de vida: aquáticas e

terrestre. Também foi abordado o ciclo da doença, os sintomas e tratamento de

forma clara e objetiva.

Outra etapa consistiu de palestra realizada para alunos do IFF do campus

Campos-Centro e Guarus, onde informações sobre o comportamento e hábitos dos

mosquitos foram passadas com qualidade a fim de excluir conceitos errôneos

construídos no senso-comum.

É fundamental que os alunos saibam exatamente qual é o vetor da dengue,

para isso foi realizada exposições e a produção de um filme com todas as fases de

vida do mosquito. Esta atividade possibilitará a visualização das características

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físicas do mosquito, o ciclo de vida completo e diferenciação entre fêmeas e

machos.

Apesar das atividades educativas gerarem um ganho de conhecimento no

que se refere a questões relativas à doença, uma correspondente mudança de

práticas por parte da população não ocorre (NETO et al. 1998). Embora a educação

seja uma interessante ferramenta de trabalho com as comunidades na busca pela

motivação popular, a análise de trabalhos prévios mostra que os resultados obtidos

pela maioria dos projetos desenvolvidos limitam-se apenas a aquisição de

conhecimento. Com a finalidade de ter um envolvimento e participação da

comunidade no controle da dengue, um objetivo do projeto foi realizar a

identificação de larvas e mosquitos adquiridos nas residências dos alunos,

funcionários e demais pessoas da localidade. Com esse método pretendia-se

estimular à participação da população no controle da dengue.

Através dessas metas educacionais pretende-se formar os alunos como

agentes multiplicadores, constituindo um veículo eficaz para disseminar as mais

importantes orientações sobre a dengue.

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5 - Objetivos

5.1 - Geral

- Transmitir conhecimentos sobre o mosquito Ae. aegypti e a dengue visando o

envolvimento da população no controle desse vetor em Campos dos Goytacazes-

RJ.

5.2 - Específico

- Realizar palestras sobre o tema no IFF Campus Campos-Centro e IFF Campus

Campos-Guarus voltadas aos alunos.

- Realizar exposições do Ae. aegypti e de todas as suas fases de desenvolvimento

no IFF Campus Campos-Centro e IFF Campus Campos-Guarus.

- Obter informações sobre a distribuição e comportamento do Ae. aegypti em

Campos dos Goyatacazes através de um questionário fornecido aos alunos do IFF

Campus Campos-Centro.

- Atuar na identificação de larvas de mosquitos coletadas por alunos e funcionários

em suas residências.

- Produzir um filme sobre o ciclo de vida do Ae. aegypti.

- Promover cursos de atualização para professores da rede pública de ensino sobre

o Ae. aegypti e a transmissão da dengue.

- Produzir um guia de apoio ao professor para ser usado em aulas sobre o Ae.

aegypti e a dengue.

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6 – Materiais e Métodos

6.1 - Palestra sobre o Ae. aegypti e a transmissão da dengue

As palestras esclareceram alunos do IFF Campus Campos-Centro e Campus

Campos-Guarus sobre a dengue e o Ae. aegypti.

A palestra desenvolvida no IFF Campus Campos-Centro aconteceu no

sábado letivo do dia 21/06/2008 no auditório Cristina Bastos com a participação de

mais de 250 alunos do Ensino Médio desta instituição.

A palestra que ocorreu no IFF Campus Campos-Guarus foi desenvolvida no

dia 23/04/09 no período da manhã com a presença de alunos do Ensino Médio,

principalmente do Curso de Enfermagem. Esta atividade aconteceu através de uma

parceria com o projeto de extensão: Com vivência.

O objetivo foi excluir conceitos errôneos construídos no senso-comum,

buscando proporcionar um espaço para as reflexões sobre a contribuição da

população para o combate do vetor.

6.2 - Exposições de Ae. aegypti no IFF Fluminense

6.2.1 - Obtenção de Ae. aegypti para as exposições e elaboração do filme.

Os mosquitos utilizados foram obtidos a partir do insetário do Laboratório de

Biotecnologia, Centro de Biociências e Biotecnologia, Universidade Estadual do

Norte Fluminense - UENF, coordenado pelo Prof. Francisco José Alves Lemos,

colaborador deste projeto.

Os mosquitos foram mantidos em gaiolas a 27oC e alimentados com

sacarose 10%. Um recipiente contendo água destilada foi mantido dentro das

gaiolas para manter a umidade. As larvas foram mantidas em bandejas com água

contendo ração de camundongo triturada. As pupas foram coletadas e mantidas em

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gaiolas até a emergência dos adultos. A produção de ovos foi induzida depois do

fornecimento de sangue de camundongo aos mosquitos. As fêmeas depositaram os

ovos em papel de filtro úmido 2 a 3 dias depois da alimentação sanguínea.

6.2.2 – Exposições

As exposições ocorreram no IFF Campus Campos-Centro e Campus

Campos-Guarus. Todas as fases de vida do mosquito foram apresentadas. A

observação se deu a olho nu e com o auxílio de microscópio estereoscópio. Esta

atividade possibilitou a visualização das características físicas do mosquito, o ciclo

de vida completo e a diferenciação de fêmeas e machos.

A exposição de mosquitos Ae. aegypti e todas as suas fases de vida ocorreu

no pátio do campus Campos-Centro durante três dias, no período de 17 a 19 de

dezembro de 2008 nos turnos da manhã, tarde e noite, atingindo alunos,

professores e funcionários. Para a realização deste evento, foi de extrema

importância a parceria com o Setor de Multimídia gerenciado por Carlos Alberto

Pessanha (Pepe) naquele período.

Esta atividade foi desenvolvida pelas bolsistas do projeto: Érica Lima Ribeiro,

Geisilane Lopes Leite do Nascimento do Braga e Marcelle de Oliveira Manhães.

Também houve a participação de treze alunos voluntários do Curso de Ciências da

Natureza que foram capacitados para colaborarem nas exposições. Estes são:

Carina Miranda da Silva; Críscila Maria Bastos de Souza; Darla Cristine Maravilha

Peçanha dos Santos; Dayana Caldas Cardoso Sardinha; Ellen Aparecida de Souza

Oliveira; Érika Robaina de Barros; Josilaine Gomes Soares da Cruz; Joyce Sthefane

Costa de Souza; Lívia Ferreira da Silva; Luciane Oliveira Silveira; Márcio Pessanha

Miranda; Rackel Dias Corrêa; Vilmara Primo Lima.

A exposição do IFF campus Campos-Guarus aconteceu no dia 23/04/09, que

correspondeu ao mesmo dia que foi realizado a palestra nesta instituição. Esta

exposição iniciou logo após a palestra, no turno da tarde, onde alunos e

funcionários puderam observar e conhecer todo o ciclo de vida do Ae. aegypti.

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6.3 - Elaboração de questionário para levantamento de informações sobre

incidência de mosquitos e casos de dengue

Um questionário (Anexo 4) foi elaborado para os alunos do Ensino Médio do

IFF Campus Campos - Centro contendo questões cujas respostas exigiriam do

aluno uma série de observações que deveriam ser respondidas em suas casas

junto da família. O objetivo do questionário foi avaliar aspectos da doença e da

biologia do Ae. aegypti, sendo os alunos as fontes de informações.

6.4 - Produção de um filme sobre o ciclo de vida do mosquito Ae. aegypti.

Todos os estágios de vida do mosquito, ovos, larvas, pupa e adulto foram

fornecidos pelo insetário da UENF e filmados utilizando uma filmadora da marca

Panasonic modelo NV-GS320 no estúdio do IFF-Campus Campos-Centro com a

colaboração do Welliton Pacheco Rangel (Peninha).

Inicialmente foi feito a filmagem da fêmea de Ae. aegypti se alimentando de

sangue. As fêmeas foram individualmente retiradas da gaiola com o auxílio do

sugador e cuidadosamente colocadas sobre o braço de um voluntário. Após a

alimentação as fêmeas foram mortas.

A emergência do mosquito adulto ocorreu em um aquário contendo pupas

escuras. Depois de algumas horas de filmagem foi possível registrar a emergência

do mosquito através de uma abertura no cefalotórax da pupa, se mantendo alguns

minutos sobre a água.

Para registrar a eclosão foram realizadas várias tentativas. A filmadora foi

acoplada ao microscópio estereoscópio, onde os ovos que estavam em uma placa

de Petri com água foram observados em um aumento de 20x e 40x. No dia anterior

a filmagem, ração canina triturada foi adicionada à água de eclosão. Após alguns

minutos de filmagem, foi possível notar a saída da larva.

Os quatro estádios larvais foram mantidos em placas de Petri com água e

filmados através da acoplagem da filmadora a um microscópio estereoscópio.

Aumentos de 20x e 40x permitiram a visualização das larvas.

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Os mosquitos adultos foram mantidos inicialmente por 5 minutos a -4oC para

sua imobilização. Após este período foram transferidos para uma placa de Petri. A

filmadora foi acoplada ao microscópio estereoscópio e aumentos de 20x e 40x

foram utilizados.

A filmagem do acasalamento ocorreu após a transferência de machos e

fêmeas para um aquário vedado utilizando o sugador. A filmadora ficou apoiada em

um suporte durante a filmagem.

Este mesmo aquário foi utilizado para fazer a filmagem dos mosquitos se

alimentando do néctar de flores.

6.5 - Atualização de professores de escolas públicas sobre a dengue e o Ae.

aegypti

A Secretaria Municipal de Educação foi contatada para agendamento do mini-

curso teórico-prático. Este curso de atualização sobre o Ae. aegypti e a transmissão

da dengue foi oferecido a 24 professores da Rede Municipal de Educação no dia

17/06/2009 e teve a duração de oito horas.

O primeiro momento do curso abordou a biologia do Ae. aegypti e forneceu

informações sobre a dengue e sua transmissão com auxílio de uma apresentação

em Power Point. A segunda parte apresentou uma exposição de todo o ciclo de vida

do Ae. aegypti e ocorreu no Laboratório de Biologia do IFF Campus Campos-Centro

onde os professores conheceram com mais detalhes o mosquito Ae. aegypti através

do uso de microscópios estereoscópios. As amostras de ovos, larvas, pupas e

adultos foram obtidas no insetário da UENF.

No término do curso foi entregue uma ficha para o professor (Anexo 3) com

intuito de saber a opinião dos deles sobre este projeto.

As escolas municipais que participaram desde curso foram: CEMSTIAC,

Centro Educacional 29 de Maio, Creche Escola Luiz Gonzaga da Silva, Escola

Municipal Ângelo Faez, Escola Municipal Bartholomeu Lysandro, Escola Municipal

Cláudia Almeida Pinto de Oliveira, Escola Municipal Conselheiro Josino, Escola

Municipal Dr. Luiz Sobral, Escola Municipal Francisco de Assis, Escola Municipal

Lions I, Escola Municipal Maria Antônia Pessanha Trindade, Escola Municipal

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Miguel Henrique, Escola Municipal Nossa Sra. Aparecida, Escola Municipal Oziel de

Souza, Escola Municipal Profa. Wilmar Cava Barros, Escola Municipal Raymundo

Soares Filho, Escola Municipal Marechal Arthur da Costa e Silva.

6.6 - Preparação de guia de apoio de aula sobre dengue e Ae. aegypti para

professores de Ensino Médio da rede pública

O guia (Anexo 6) apresenta informações sobre o Ae. aegypti e a dengue

necessárias para o esclarecimento dos professores. Este contém informações

relevantes sobre o assunto como: principal vetor da doença, suas características,

comportamento, hábitos alimentares, ciclo de vida e ciclo da doença; fatores que

contribuem para a incidência do mosquito no Brasil; maneiras de controlar a

população do vetor; sintomas diferenciais entre as formas clássica e hemorrágica da

doença; tratamento sintomático; prevenção.

Durante o preparo deste guia foram realizadas várias pesquisas bibliográficas

utilizando sites, livros, artigos, manuais distribuídos pelo Ministério da Saúde e

Fundação Nacional de Saúde e monografias.

Este guia apresenta um mapa de distribuição da dengue no mundo e fotos

que ilustram cada fase de vida, morfologia interna e externa do mosquito adulto

para facilitar o entendimento e reconhecimento do Ae. aegypti.

6.7 - Identificação das espécies de mosquitos presentes em diferentes bairros

de Campos dos Goytacazes

Alunos e funcionários do IFF Campus Campos-Centro foram informados

sobre a ação do projeto voltada para a identificação de mosquitos presentes em

suas residências. O objetivo desta proposta era de alertar os participantes sobre a

presença de Ae. aegypti nas moradias. As larvas e adultos encontrados deveriam

ser entregues no Laboratório de Biologia do IFF Campus Campos-Centro para a

análise.

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Diversas formas de divulgação desta atividade foram elaboradas, como:

chamada no site do IFF, banner (Anexo 1) e cartazes (Anexo 2) distribuídos em

vários pontos do IFF (Figura 22) e solicitação aos professores que divulgassem esta

atividade em suas salas de aula. Contudo, não foi possível desenvolver esta tarefa,

pois nenhuma amostra foi entregue, devido à falta de conscientização da

população.

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FIGURA 22 - Divulgação da atividade: identificação das espécies de mosquitos. a) banner; b) cartaz;

c) cartaz ampliado; d) site do IFF.

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60

7 – Resultados e discussão

7.1 - Palestra e exposição sobre o Ae. aegypti no IFF Fluminense.

Durante a palestra e a exposição foram ressaltadas características

morfológicas e comportamentais do vetor, destacando que a participação da

população no combate ao vetor é indispensável para o controle da doença. Na

exposição foi utilizado um banner produzido pelo projeto com informações sobre o

ciclo de vida do Ae. aegypti.

Como resultado de uma parceria com o projeto de extensão Com vivência foi

realizado a palestra (Figura 23) e a exposição (Figura 24) no IFF Campus Campos –

Guarus e teve um público composto em sua maioria por alunos do curso técnico de

enfermagem.

FIGURA 23 - Apresentação da palestra no IFF Campus Campos-Guarus.a) Coordenadora do projeto

apresentando a palestra; b) Alunos do ensino médio assistindo a palestra.

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FIGURA 24 - Exposição no IFF campus Campos – Guarus. a) e b) Aluno do IFF participando da

exposição.

A palestra que aconteceu no IFF campus Campos – Centro (Figura 25)

apresentou um grande número de interessados apesar de ter ocorrido num sábado.

Após a palestra os alunos puderam esclarecer suas dúvidas.

FIGURA 25 - Exposição do projeto Ae. aegypti: conhecer para combater, no IFF Campus Campos -

Centro. A) Banner contendo informações sobre o ciclo de vida do Ae. aegypti; B), C) e D) alunos do

diurno observando as fases do Ae. aegypti com o auxílio de microscópios estereoscópios; E) alunos

assistindo ao filme sobre o ciclo de vida do Ae. aegypti; F) e G) alunos do noturno; H) alunos

recebendo informações durante a apresentação do filme.

Nestas etapas foi possível construir um espaço de reflexão através da grande

participação dos alunos, onde estes se mostraram muito interessados pelo assunto,

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62

fazendo perguntas e tirando dúvidas, alcançando os objetivos propostos pela

palestra como excluir conceitos errôneos que foram construídos no senso-comum e

de reconhecer o vetor da dengue.

7.2 - Aplicação de questionário.

Um questionário (Anexo 4) foi aplicado para 194 alunos do ensino médio do

IF Fluminense para obtenção de informações referentes a dengue e seu vetor.

Ao analisar os questionários concluímos que o IFF é uma instituição que

atende a pessoas de toda região Norte Fluminense, e observamos também que a

dengue é uma doença que abrange toda esta região e não apenas a cidade de

Campos dos Goytacazes.

Dos 194 alunos que responderam o questionário, 127 relataram que não

houve casos de dengue em suas famílias, já os outros 67 alunos confirmaram que

algum membro de sua família teve dengue, havendo a necessidade de 18

internações. Também foram descritos que 9 pessoas tiveram dengue mais de uma

vez.

Das 67 famílias que apresentaram casos de dengue, 5 casos foram de

dengue hemorrágica, onde 4 destes ocorreram na primeira infecção, sem a

ocorrência de nenhum óbito.

Os maiores números de casos de dengue relatados pelos alunos foram

compatíveis com as epidemias ocorridas na região Norte Fluminense, que foram

nos anos de 2002, 2007 e 2008, como mostra a figura 26.

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FIGURA 26 - Número de casos ao longo dos anos obtido através do questionário.

Sabendo que o Ae. aegypti é o principal vetor da dengue e habita ambientes

domiciliares e peridomiciliares, dos 194 alunos apenas 70 afirmaram que já

encontraram o mosquito adulto em suas casas, podendo caracterizar a falta de

atenção das pessoas para a presença do Ae. aegypti ao seu redor.

Sessenta e quatro alunos já observaram as larvas do mosquito em seus

quintais. Essas larvas foram encontradas pelos alunos do IFF em recipientes

contendo água, como: pneus, garrafas, pratos de plantas, caixas d'água, ralo,

suporte de galão, bebedouros de animais, calhas, piscinas, aquários, bromélias,

água empoçada, chafariz, galão de 20 litros, baldes, sacos plásticos e torneiras em

desuso. Após encontrar as larvas estes agiram de diferentes formas para combate

das larvas apresentado na figura 27, caracterizando a carência informação pois não

sabem como agir ao encontrar as larvas.

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64

0

5

10

15

20

25

30

35

40

a b c d e f g h i j k l

Procedimento realizado ao encontrar as larvas.

de

pro

ced

imen

tos

real

izad

os.

a) Retirou água de recipientes;b) Comunicou ao CCZ;c) Colocou as garrafas de cabeça para baixo;d) Colocou fogo nas larvas;e) Jogou produtos químicos;f) Lavou os recipientes; g) Limpou o quintal;h) Retirou a água empoçada;i) Esvaziou ou tampou a pscina; j) Trocou água de bebedouro de animais;k) Colocou areia nos vasos de planta;l) Limpou ou vedou caixas d'água.

FIGURA 27 - Procedimentos utilizados ao encontrar as larvas.

A figura 27 mostra que 35 alunos retiraram a água de recipientes, mas

somente 4 lavaram os mesmos, demonstrando que os alunos e seus familiares que

apenas retiraram a água não conhecem as características dos ovos deste mosquito,

que podem permanecer em diapausa por mais de 1 ano na parede destes

recipientes.

Segundo o levantamento dos questionários 107 pessoas moram próximas a

terrenos baldios com lixos o que favorece o desenvolvimento do vetor.

Nas questões 16, 19, 20, 22 e 23 foi observado que diversas formas de

prevenção e controle da dengue são utilizados, como o trabalho do fumacê, uso de

inseticidas, repelentes, cortinados e proteção para as janelas (telas).

Segundo os alunos tanto a visita dos agentes de saúde para aplicação de

larvicidas como a passagem do carro do fumacê ocorrem em frequência variadas,

havendo relatos de que estes só acontecem nos períodos de epidemias, indicando

a falta de organização e eficiência dos serviços do Centro de Controle de Zoonoses.

Durante o levantamento dos resultados do questionário foi observado que 3

alunos responderam que não permitem a entrada dos agentes de saúde em suas

residências, por motivos de medo de assaltos devido a falta de identificação dos

agentes.

Em geral, cerca de 122 alunos disseram que utilizam inseticidas como forma

de combate ao mosquito e desses 14 acham que este método não é eficiente.

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Já os repelentes são menos utilizados comparados ao inseticida. Além

desses métodos foi observada a prática de fechar a casa cedo para evitar a entrada

de mosquitos, utilização de cortinados, telas, ventiladores e ar condicionados. Desta

forma podemos concluir que as pessoas utilizam métodos variados para evitarem os

mosquitos, mas não há mudanças de hábitos para evitar a proliferação dos

mosquitos, cabendo a escola o papel de estimular e conscientizar as pessoas para

se tornarem agentes multiplicadores do conhecimento.

Cento e trinta e oito alunos responderam que mesmo após as epidemias, não

houve mudanças de hábito em suas casas para contribuírem com a diminuição da

população do vetor. Este comportamento não era esperado, visto que os alunos

disseram saber da importância da água no ciclo de vida do mosquito. Além disso, 5

pessoas (Figura 28) disseram que não vêem importância neste projeto de extensão

que visa contribuir com a diminuição dos casos de dengue em Campos dos

Goytacazes-RJ.

FIGURA 28 - Resposta de alunos que não vêem importância neste projeto.

Entre as atividades do projeto estavam elaboração e execução de palestras e

exposições sobre a dengue e seu vetor, foi contabilizado que dos 194 alunos que

responderam ao questionário 49 assistiram apenas a palestra, 4 assistiram apenas

a exposição e 14 participaram de ambos. Deste total de alunos que assistiram à

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palestra e/ou exposição foram observados que 46 sabem identificar o Ae. aegypti de

forma correta e 36 mudaram os hábitos para evitarem a proliferação do mosquito

adulto. Estas avaliações foram feitas com base nas questões 10, 25 e 26

respectivamente. Algumas mudanças de hábitos descritas foram: não deixar

acumular água parada em recipientes; colocar areia nos vasos de plantas; limpeza

do quintal; limpar calhas; limpar e fechar caixas d’água; fechar os ralos, entre

outros.

Com isso, podemos concluir que os alunos que tiveram maior contato com

informações sobre a dengue e seu vetor através da palestra e exposição,

apresentam maior consciência da gravidade desta doença do que os demais.

7.3 - Produção de um filme sobre o ciclo de vida do mosquito Ae. aegypti.

Um filme que segue no anexo 5, abordando o ciclo de vida do Ae. aegypti, de

aproximadamente seis minutos foi produzido com o auxílio do setor de multimídia do

IFF-Campos campus Centro coordenado por Welliton Pacheco Rangel (Peninha).

Durante a produção do filme foram realizadas diversas filmagens no

Laboratório de Biologia do IFF-Campos campus Centro, no estúdio do setor de

multimídia, nas ruas e hospital da cidade de Campos dos Goytacazes.

O filme contém imagens do desenvolvimento completo do mosquito: eclosão

da larva, desenvolvimento da larva, transformação de pupa em mosquito,

alimentação e reprodução dos mosquitos; além disso, apresenta os criadouros

artificiais e informações sobre a doença.

O filme estará ou o DVD do filme disponível na biblioteca do IFF para

empréstimos quando requisitados pelos alunos e funcionários do IFF. Este também

será disponibilizado durante palestras, exposições e cursos em outras instituições

que venha a receber este projeto.

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67

7.4 – Atualização de professores de escolas públicas Municipais e preparação

de guia de apoio sobre a dengue e o Ae. aegypti.

Foi ministrado um curso teórico-prático de atualização para os professores da

prefeitura de Campos dos Goytacazes – RJ. Este curso apresentou duas etapas. A

primeira etapa foi uma palestra com informações sobre a dengue e seu vetor

(Figura 29). Já na segunda etapa foram expostas as fases de vida do vetor.

FIGURA 29 - Curso de atualização para professores. a) e b) Primeira etapa do curso.

Através da ficha (Anexo 3) entregue aos professores foi possível notar

a aceitação do projeto, visto que os professores elogiaram esta atividade e

acreditam que este tipo de trabalho é importante para esclarecimento sobre a

dengue.

Nesta ficha foi perguntado aos professores se eles gostariam que este

projeto visitasse a sua escola. Na figura 30 é possível observar algumas respostas.

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FIGURA 30 - Opinião dos professores sobre este projeto de extensão.

Como complemento ao curso de atualização dos professores foi produzido

um guia com informações sobre a dengue e seu vetor para auxiliar os professores

na elaboração de aula sobre esta doença.

O guia será enviado aos professores que participaram do curso via e-mail.

Russo (2003) aponta a necessidade de formalização do ensino sobre dengue

na escola. Já que a escola é ponto de partida eficiente para a educação voltada à

saúde pública (ANDRADE, 1998), havendo necessidade do preparo dos

professores para auxiliarem seus alunos. A utilização de cursos de atualização para

profissionais da educação tem o objetivo de atualizar os educadores, para servirem

de multiplicadores aos alunos e colegas, atuando como agentes transformadores e

ativos nos movimentos de melhorias de saúde pública (LERVOLINO e PELICIONI,

2005), o que inclui aprender sobre a dengue e o seu vetor.

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7.5 - Identificação das espécies de mosquitos presentes em diferentes bairros

de Campos dos Goytacazes.

Esta etapa tinha como objetivo estimular a participação dos alunos e

funcionários para identificação das espécies de mosquitos e larvas encontradas em

suas residências.

Porém esta etapa não foi concluída, pois nenhuma amostra de larva ou

mosquito foi entregue no Laboratório de Biologia para análise, apesar das diversas

formas de divulgação.

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70

8 - Conclusão

Sabe-se que a dengue é uma doença que acomete milhões de pessoas

todos os anos e a única forma de controle da doença é o combate ao vetor. Porém,

os métodos utilizados atualmente não têm sido eficazes, porque não incentivam a

participação efetiva da população. Por isso, uma das atividades deste projeto era a

identificação das espécies de mosquitos presentes em diferentes bairros de

Campos dos Goytacazes, porém não houve a participação da população,

mostrando que esta não se encontra consciente da necessidade de conhecer o

Aedes aegypti.

Com a análise dos questionários observamos grande carência de

informações sobre a dengue e seu mosquito transmissor, o que dificulta o combate

ao vetor. Também constatamos que ainda existem pessoas que não tem noção da

seriedade desta doença, relatando que não há importância nas ações referentes no

controle da dengue. Logo, a escola tem um papel decisivo na transmissão de

conhecimento sobre este assunto.

O uso de materiais didáticos como o guia que apresenta informações

importantes sobre o tema serve como uma ferramenta de auxílio no preparo das

aulas.

As palestras e exposições são essenciais para excluir conceitos errôneos

construídos no senso-comum. O filme produzido também será outro recurso

informativo e acessível que possibilitará uma melhor compreensão sobre a dengue

e seu vetor.

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situação e tendências – 2010b.

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ANEXOS

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ANEXO 1

BANNER

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79

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80

ANEXO 2

CARTAZ

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81

O Projeto de Extensão “Aedes aegypti:

conhecer para combater”, está identificando

larvas e mosquitos encontrados em residências

dos alunos, funcionários e comunidade vizinha ao

IFF Campus Campos-Centro.

Tragam as larvas e mosquitos encontrados

em sua residência para identificação das

espécies.

Local de entrega das amostras: Laboratório de Biologia. BLOCO: A - 2º andar, sala 218.

Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quinta-feira Sexta-feira

Manhã

8hs 30min

até

11hs 30min

8hs 30min

até

11hs 30min

8hs 30min

até

11hs 30min

8hs 30min

até

11hs 30min

8hs 30min

até

11hs 30min

Tarde

xxxxxxx

13hs 30min

até

17hs

13hs 30min

até

17hs

13hs 30min

até

17h

13hs 30min

até

17hs

Noite

18hs

até

22hs

18hs

até

22hs

18hs

até

22hs

Xxxxxxx

18hs

até

22hs

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82

ANEXO 3

QUESTIONÁRIO DO PROFESSOR

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83

Projeto de extensão

Aedes aegypti: conhecer para combater.

Palestra

Aedes aegypti e a transmissão da dengue.

Nome do professor:______________________________________________

______________________________________________________________

Área:_________________________________________________________

e-mail:________________________________________________________

Escola Municipal onde trabalha:____________________________________

______________________________________________________________

Gostaria da visita do projeto, Aedes aegypti: conhecer para combater, a sua escola?

Comente brevemente sobre os benefícios da visita.

______________________________________________________________

______________________________________________________________

______________________________________________________________

Com quem podemos entrar em contato para viabilizarmos a visita à escola? (nome,

telefone, e-mail, etc).

______________________________________________________________

______________________________________________________________

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ANEXO 4

QUESTIONÁRIO DO ALUNO

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85

Entre as ações do projeto está a palestra oferecida aos alunos durante um sábado letivo (junho/2008) e a exposição das fases de vida do Aedes aegypti no pátio do IFF em dezembro de 2008. O questionário tem como objetivo fazer um levantamento de informações sobre a dengue e o seu vetor. Assim, sugerimos que você responda-o com o auxílio da sua família. A entrega será feita ao(a) seu(sua) professor(a) de Biologia. 1–Cidade: _________________________ 2 – Bairro onde mora: __________________________________ 3 – Quantas pessoas moram com você? __________________________________ 4– Entre as pessoas que moram com você, quantas já tiveram dengue? ________ Faça um levantamento sobre a idade que cada uma apresentava quando teve dengue e o ano. ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5 – Quantas tiveram dengue mais de uma vez? __________________________________ 6 – Houve algum caso hemorrágico? Quantos? __________________________________ 7 – Houve necessidade de internação? __________________________________ 8 – O(s) caso(s) hemorrágico(s) correspondeu(ram) à primeira ou a

segunda infecção com o vírus da dengue? ____________________________________________________________________ 9 – Houve algum óbito? __________________________________ 10 – Você sabe identificar o Aedes aegypti? Quais características você utiliza na identificação? ______________________________________________________________________________________________________ 11 – Você já encontrou o Aedes aegypti em sua casa?_____________________________ 12 – Mosquitos são encontrados frequentemente em sua casa? _________________________________ 13 – Você já observou larvas de mosquitos no seu quintal? _____________ Em quais recipientes elas se encontravam? ( ) pratos de vasos de plantas. ( ) caixa d´água. Quantos centímetros de água havia, aproximadamente? _____________________ ( ) bebedouro de animais. Qual(is) animal(is)? ____________________________________________________________________ ( ) suporte para galão de água mineral. ( ) pneu. ( ) garrafas destampadas ou qualquer outro recipiente deixadas no quintal. Qual(is) recipiente(s)? __________________________________ ( ) ralo. ( ) calha. ( ) piscina. Quantos centímetros de água havia na piscina, aproximadamente?__________________ ( ) aquário. ( ) bromélia. ( ) Outro. Especifique: _______________ ____________________________________________________________________ 14 – Como você (ou outra pessoa da família) procedeu quando as larvas foram encontradas? ________________________________________________________________________________________________________________________________________

O projeto “Aedes aegypti: conhecer para combater” vem sendo desenvolvido no IFF e visa, principalmente, informar a comunidade sobre o mosquito, seus aspectos morfológicos, hábitos e comportamento. visando colaborar com a diminuição da população do mesmo e,consequentemente,com a redução dos casos de dengue na cidade.

Aedes aegypti: conhecer para combater.

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15 – Há terrenos baldios na sua rua? __________ Quantos? _________ Há lixo nos terrenos? __________________________________ 16 – É comum ver o carro do fumacê passar em sua rua? __________ Com que freqüência passa? ( )nunca passou. ( )passa toda semana ( )passa todo mês. ( )raramente passa. . 17 – Sua família permite a entrada dos agentes de saúde encarregados da aplicação de inseticidas nas moradias? ( ) Permite. ( ) Não permite. Motivo: __________________________________ __________________________________ 18 – A visita ocorre com qual freqüência? __________________________________ 19 – Vocês utilizam inseticida? _________ Qual(is)? __________________________ O inseticida elimina os mosquitos com eficiência? ____________________________________________________________________ 20 – Vocês utilizam repelente? _________ Qual? ____________________________ 21 – Vocês têm o hábito de fechar a casa cedo para evitar a entrada de mosquitos? __________________________________ 22 – Vocês utilizam cortinado nas camas para evitarem o contato com os mosquitos? __________________________________ 23 – As janelas de sua casa possuem telas para evitar a entrada de mosquitos? __________________________________ 24 – Ventilador e/ou ar condicionado é (são) ligados na tentativa de afastarem os mosquitos? __________________________________ 25 – Durante a epidemia de 2008, você e sua família mudaram algum hábito para evitarem o contato com os mosquitos? _________Qual?__________________________________________________________________________________________________________________________

26 – Houve alguma mudança quanto à arrumação do quintal? __________Qual foi a medida tomada mais importante? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 27 – Você participou da palestra “Aedes aegypti e a transmissão da dengue” oferecida em Junho de 2008? ____________________________ 28 – Você visitou a exposição sobre o Aedes aegypti em Dezembro de 2008? ____________________________ 29 – Você vê importância nas ações citadas acima? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 30 – Caso queira, comente sobre algo que julga importante e que não foi perguntado no questionário, e que possa colaborar com o projeto “Aedes aegypti: conhecer para combater”. ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ O Projeto “Aedes aegypti: conhecer para combater” agradece a sua colaboração e fica a disposição para esclarecer dúvidas sobre a dengue e seu vetor.

Contato: [email protected]

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ANEXO 5

VÍDEO

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ANEXO 6

GUIA DE APOIO PARA O PROFESSOR

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Guia Para Apoio De Aula Sobre A Dengue E Aedes

Aegypti.

Aedes aegypti e a transmissão da dengue.

Desiely Silva Gusmão Taouil

Geisilane Lopes Leite do Nascimento Braga

Marcelle de Oliveira Manhães

Projeto de Extensão: Aedes aegypti: conhecer para combater.

Campos dos Goytacazes-RJ

2010

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1

1- Aedes aegypti

O mosquito Aedes aegypti é o principal vetor da

dengue. Este apresenta hábitos domésticos, vivendo no

interior de domicílios e nas regiões peridomiciliares (NATAL,

2002). Nem todos os mosquitos da espécie Aedes aegypti

transmitem a dengue, somente aqueles que estiverem

infectados pelo vírus. O mosquito sadio pode se infectar ao

picar uma pessoa que esteja com dengue.

O Ae. aegypti é próprio das regiões tropicais e

subtropicais (LOURENÇO DE OLIVEIRA et al., 2002), onde o

clima quente e úmido favorece o seu desenvolvimento

(TAUIL, 2002).

A figura 1 mostra as regiões sujeitas a epidemias da

dengue no mundo.

FIGURA 1. Distribuição mundial do dengue (modificado de OMS, 2007).

Este mosquito encontrou, no mundo moderno,

condições muito favoráveis para uma rápida expansão,

devido à urbanização acelerada, a deficiência da limpeza

urbana pela intensa utilização de materiais não-

biodegradáveis, como recipientes descartáveis de plástico e

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2

vidro (TAUIL, 2002). Com essas condições, bilhões de

pessoas estão em contato com o Ae. aegypti.

Seus criadouros preferenciais são os recipientes

artificiais, tanto os abandonados pelo homem a céu aberto e

preenchidos pelas águas das chuvas, como aqueles utilizados

para armazenar água para uso doméstico (MATHESON,

1932).

1.1- Ciclo de vida

O Ae. aegypti desenvolve-se por metamorfose

completa. Seu ciclo de vida compreende 4 fases que são ovo,

larva, pupa e adulto, como mostra a figura 2. Apresenta duas

fases no seu ciclo de vida, a aquática com três etapas de

desenvolvimento (o ovo, a larva e a pupa) e aérea que

corresponde ao mosquito adulto. A duração do ciclo de vida,

em condições favoráveis com presença abundante de

alimento e temperatura adequada é de, aproximadamente, 10

dias, a partir da oviposição até a fase adulta (SUCEN, 2010).

FIGURA 2 - Ciclo de vida do Ae. aegypti.

1.1.1- Ovos

Os ovos apresentam contorno alongado e fusiforme.

No momento da postura os ovos são brancos, mas,

rapidamente, adquirem a cor negra brilhante, como mostra as

figuras 3 e 4 (FUNASA, 2001).

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3

FIGURA 3 - Microscopia óptica de ovos de Ae. aegypti (20x).

FIGURA 4 – Imagem do abdome da fêmea do Ae. aegypti no momento da

oviposição (FIOCRUZ, 2010d).

O “córion” (casca) dos ovos dos mosquitos é

impermeável, pois o embrião depende da estrutura e das

propriedades da casca para a sua proteção mecânica,

passagem de gases respiratórios e resistência à perda de

água (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

Os ovos são depositados individualmente pelas fêmeas

na parede de recipientes contendo água. Também podem ser

colocados diretamente na superfície da água. Após a postura

dos ovos o embrião completa seu desenvolvimento em 2 a 3

dias, em condições favoráveis de umidade e temperatura.

Após este período estarão prontos para eclodir (SUCEN,

2010).

Quando os ovos são colocados fora da água

apresentam diapausa mesmo quando a água seca, estes os

ovos sofrem dessecação e se mantêm viáveis por um ano

aproximadamente, e eclodem no primeiro contato com a água

(CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

A capacidade de resistir à dessecação é um sério

obstáculo para a erradicação do mosquito. Esta condição

permite que os ovos sejam transportados a grandes

distâncias, em recipientes secos, tornando-se assim o

principal meio de dispersão do inseto (dispersão passiva)

(FUNASA, 2001).

A seleção do local de oviposição por parte das fêmeas

é o principal fator responsável pela distribuição dos mosquitos

nos criadouros e é da maior relevância para a distribuição das

espécies na natureza. Fatores físicos, químicos e biológicos

podem influenciar nessa seleção: intensidade luminosa ou

ausência de luz, diferentes temperaturas, graus de salinidade,

presença de vegetais ou dos seus produtos, microrganismos

ou os seus produtos, substâncias relacionadas às formas

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4

imaturas de mosquitos e outros (CONSOLI e OLIVEIRA,

1998).

1.1.2- Larvas

As larvas sempre aquáticas têm aspecto vermiforme e

coloração que varia entre o esbranquiçado, esverdeado,

avermelhado ou mesmo enegrecido dependendo da

composição do meio onde se encontra (CONSOLI e

OLIVEIRA, 1998).

O corpo da larva possui cerdas que têm funções

sensoriais e auxiliam na flutuação.

A larva é dividida em cabeça, tórax e abdome,

demonstrado na figura 5 (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998;

FUNASA, 2001). A cabeça possui um par de antenas, um par

de olhos e o aparelho bucal do tipo mastigador-raspador

(HARBACH e PEYTON, 1993) alimentando-se de material

orgânico acumulado nas paredes e fundo dos depósitos

(FUNASA, 2001).

FIGURA 5 - Esquema de larva de Ae. aegypti, destacando a cabeça,

tórax e abdome.

À frente da cabeça encontram-se as escovas (Figura

6), que em movimento, promovem correntes hídricas que

trazem para a boca da larva as partículas que serão

mastigadas (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

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5

FIGURA 6 – Morfologia externa da larva, destacando as escovas orais e

antena (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

Na porção final do abdome das larvas encontra-se o

sifão respiratório (Figura 5) que é curto, grosso e mais escuro

que o corpo (SUCAM, 1987). Este permite que as larvas

respirem o oxigênio do ar embora sejam aquáticas, mas para

isto acontecer é necessário aproximar-se da superfície da

água ou ligando-se a mesma através do sifão respiratório,

onde fica em posição quase vertical (SUCAM, 1987).

Movimenta-se em forma de serpente, fazendo um “S” em seu

deslocamento. É sensível a movimentos bruscos na água e,

sob feixe de luz, desloca-se com rapidez, buscando refúgio no

fundo do recipiente (fotofobia) (FUNASA, 2001).

As larvas possuem quatro estágios evolutivos, como

mostra a figura 7, que se desenvolvem em um período de 5 a

10 dias, desde que ocorram em condições favoráveis

(SUCEN, 2010).

FIGURA 7 - Microscopia óptica dos 4 estágios larvais do Aedes aegypti

(4x). A) 1º estágio larval; B) 2º estágio larval; C) 3º estágio larval; D) 4º

estágio larval (RUSSO, 2003).

2 mm

4 mm

6 mm

8 mm

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6

O último estágio pode prolongar-se por várias semanas

em condições de baixa temperatura e escassez de alimentos.

Já que a duração da fase larval depende da temperatura,

disponibilidade de alimento, densidade das larvas no

criadouro, entre outros (FUNASA, 2001).

A passagem de um estágio larval para o próximo

ocorre pelo processo de “muda”, onde há o desprendimento

do exoesqueleto. Este processo se dá pela abertura da

cápsula cefálica e o tórax do exoesqueleto. A larva emerge

com um novo exoesqueleto que apresenta folga para

aumentar o seu tamanho (SUCEN, 2010)

1.1.3- Pupa

Nesta fase ocorre a metamorfose, onde a larva que

está no último estágio passa para a fase de pupa.

Nesta fase o inseto não se alimenta. As pupas têm

aspecto de vírgula (Figura 8), são bastantes móveis quando

perturbadas, mas estão sempre paradas em contato com a

superfície da água. Seu corpo, que tem inicialmente a mesma

cor da larva recém transformada, escurece na medida em que

se aproxima o momento da emergência do adulto (CONSOLI

e OLIVEIRA, 1998), como mostra a figura 9 e 10.

FIGURA 8- Imagem da pupa de Ae. aegypti, mostrando a morfologia

externa.

FIGURA 9 – Imagem da pupa na cor parda recém transformada e pupa

escura próximo do momento da emergência do adulto.

9

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7

FIGURA 10 - Imagem do mosquito Ae. aegypti adulto emergindo da pupa.

a), b) e c) Mosquito Ae. aegypti emergindo; d) Mosquito sobre a água

após a emergência.

O corpo é divido em duas porções: cefalotórax (fusão

da cabeça e tórax) e abdome, como mostra a figura 8. Ambos,

cefalotórax e abdome são providos de cerdas. As trompas ou

trompetas respiratórios (Figura 8) são curtos e ficam situados

na extremidade livre do cefalotórax, enquanto que na

extremidade livre do abdome ficam as palhetas natatórias

(SUCAM,1987).

1.1.4- Mosquito adulto

O corpo do mosquito adulto é dividido em cabeça, tórax

e abdome, demonstrado na figura 11. Na cabeça encontram-

se os principais órgãos do sentido, como os olhos, as antenas

e os palpos, além disso, o aparelho bucal, que é do tipo

picador. No tórax estão localizadas as patas e asas, como

mostra a figura 11. Já o abdome inclui a maior parte dos

órgãos internos, dos aparelhos reprodutor, digestivo e

excretor (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

Figura 11 – Morfologia externa do Ae. aegypti. a) Imagem do mosquito

adulto, destacando patas e asas; b) Destacando cabeça, tórax e abdome.

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8

Os machos possuem pêlos mais numerosos, longos e

abdome mais fino. Já nas fêmeas os pêlos são poucos e

abdome espesso (SUCAM, 1987), como demonstrado na

figura 12.

FIGURA 12 – Imagem ao olho nú de Ae. aegypti. a) macho; b) fêmea não

alimentada; c) fêmea alimentada.

As veias das asas são particularmente cobertas por

grupos de escamas claras intercaladas por outros de

escamas escuras. Tais manchas de escamas têm grande

importância para a identificação da espécie (CONSOLI e

OLIVEIRA, 1998).

O Ae. aegypti possui coloração preta/marrom, manchas

brancas e com listras (faixas) brancas nas bases dos

segmentos das patas, demonstrado na figura 13. Um desenho

em forma de lira (Figura 13 e 14) pode ser visto no tórax. Nos

espécimes mais velhos, o “desenho da lira” pode desaparecer

(FUNASA, 2001, p.13; TAVEIRA et al., 2001).

FIGURA 13 - Tórax do Ae. aegypti contendo o “desenho” em forma de lira.

(FIOCRUZ, 2010c).

FIGURA 14 - O instrumento chamado de lira (HOURNE, 2010).

Aspecto de Lira 13 14

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9

1.2- Hábitos alimentares

Somente as fêmeas dos mosquitos são hematófagas,

ou seja, se alimentam de sangue (Figura 15), pois necessitam

de proteínas que são fornecidas através do repasto

sanguíneo para a produção de ovos (CONSOLI e OLIVEIRA,

1998).

FIGURA 15 - Imagem de fêmea Ae. aegypti se alimentando de sangue.

Este repasto ocorre quase sempre durante o dia, nas

primeiras horas da manhã ou ao anoitecer, recolhendo-se no

interior das casas para repousar nos cantos sombrios, atrás

de móveis, quadro e etc (REY, 2001). Isto permitiu a interação

do mosquito com vírus e protozoários humanos, que se

adaptaram a fisiologia do inseto, e passaram a utilizá-lo em

sua dispersão.

A fêmea do Aedes é atraída pelo homem a partir da

percepção de substâncias como H2O, CO2 e Adenosina

trifosfato (ATP) liberado pelo homem (SANTOS e MIRANDA,

2009).

A fêmea, após pousar sobre o hospedeiro, seleciona

cuidadosamente o local da picada com os órgãos sensoriais.

O conjunto de estiletes bucais é então introduzido na pele do

hospedeiro, ficando o lábio dobrado. A saliva,

concomitantemente inoculada, pode conter anticoagulantes,

aglutininas e substâncias eventualmente alergênicas

(CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

O metabolismo energético dos mosquitos machos

depende da ingestão de carboidratos, usualmente

proveniente de seivas, flores e frutos (Figura 16). Os açúcares

ao serem ingeridos são armazenados nos divertículos dorsal

e ventral (Figura, 17), estes são gradualmente digeridos no

intestino médio (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

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FIGURA 16 – Macho de Ae. aegypti se alimentando.

FIGURA 17 – Morfologia interna do sistema digestivo do adulto (CONSOLI

e OLIVEIRA, 1998).

Quando o mosquito pica uma pessoa infectada, os

vírus se multiplicam no intestino e em outros órgãos como as

glândulas salivares (FIOCRUZ, 2010a), apresentada na figura

17. A partir desse momento, o inseto permanece infectado

pelo resto da vida (vive cerca de 30 dias). Em relação ao

tempo de vida, as fêmeas sobrevivem por tempo

sensivelmente mais longo do que os machos (SUCEN, 2010).

1.3- Reprodução

O acasalamento pode acontecer antes ou após a

ingestão do primeiro repasto sanguíneo, mas é

frequentemente anterior a este. O Ae. aegypti é capaz de

acasalar em pequenos espaços, durante o vôo ou pousado

sobre uma superfície (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

Os machos são atraídos pela frequência vibratória do

batimento das asas das fêmeas da mesma espécie. Isto

mostra a relação entre o sentido da audição e as antenas. No

momento da cópula, o macho precisa segurar firmemente a

porção final do abdome da fêmea para poder nela introduzir

seu órgão copulador (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998), (Figura

18 e 19).

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FIGURA 18 – Aparelho reprodutor masculino (CONSOLI e OLIVEIRA,

1998).

FIGURA 19 – Fêmea e macho do mosquito Ae. aegypti acasalando.

Em média, cada fêmea de Ae. aegypti, fêmea chega a

colocar entre 50 e 200 ovos de cada vez. Após a cópula os

espermatozóides são armazenados nas espermatecas

(Figura 20), e são utilizados pouco a pouco para fecundar os

ovos durante o processo de postura (CONSOLI e OLIVEIRA,

1998).

FIGURA 20 - Aparelho reprodutor feminino (CONSOLI e OLIVEIRA,

1998).

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Uma única inseminação é suficiente para fecundar

todos os ovos que a fêmea venha a produzir durante sua vida

(SUCEN, 2010), pois os espermatozóides podem manter-se

viáveis por muito tempo (CLEMENTS, 1963; ANDREADIS e

HALL, 1980).

1.4- Controle

O controle da dengue é um enorme desafio no Brasil e

no Mundo. Mais de 2,5 bilhões de pessoas correm o risco de

adquirir tal doença (OMS, 2009).

A prevenção da dengue vem ocorrendo apenas pelo

controle da população do mosquito Ae. aegypti, metodologia

que vem sendo adotado há mais de um século, visto que

ainda não foi desenvolvida uma vacina eficaz contra o vírus.

O controle do mosquito Ae. aegypti pode ser dividido em

controle físico, químico, biológico e integrado.

a) Controle físico

Consiste em remover os criadouros de larvas visando

interromper o ciclo biológico dos mosquitos (NEVES, 2005).

b) Controle químico

É feito por meio de produtos químicos que inibem o

desenvolvimento das larvas ou intoxicam ou asfixiam as

mesmas (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

c) Controle biológico

Consiste em utilizar organismos capazes de parasitar ou

predar os mosquitos, como: helmintos, protozoários, fungos e

bactérias (NEVES, 2005).

d) Controle integrado

Consiste em integrar dois ou mais métodos de controle

simultaneamente ou sequencialmente, visando reduzir os

custos e aumentar os resultados (NEVES, 2005).

Porém, essas medidas de controle do vetor não têm

contribuído com eficiência na diminuição dos casos de

dengue no mundo. Por isso, é necessário o desenvolvimento

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de estratégias que valorizem a comunicação/educação.

Acreditamos que a educação é a maneira principal de

transformar a sociedade, e deve ter como objetivo estimular a

participação efetiva da população para uma eliminação

mensurável de criadouros dos mosquitos vetores no ambiente

doméstico (BRASSOLATTI e ANDRADE, 2002).

2- A dengue

A dengue é um dos principais problemas de saúde

pública do mundo, sendo uma das mais importantes doenças

tropicais e subtropicais do século XXI (OMS). Trata-se de uma

arbovirose causada por um arbovírus da família Flaviviridae,

que se diferencia em 4 sorotipos: Den1, Den2, Den3 e Den4.

2.1- Transmissão

No sangue humano infectado o vírus circula entre 2 e 7

dias, nesse período aparece a febre no indivíduo e o mosquito

pode adquirir o vírus (OMS, 2009), já que as fêmeas dos

mosquitos Aedes aegypti são hematófagas.

Então, elas picam o homem na busca de alimento,

após este repasto de sangue infectado, o mosquito adquire o

vírus que se localiza no intestino médio e multiplica-se em

outros órgãos como nas glândulas salivares da fêmea

tornado-se apta a transmití-lo depois de 8 a 12 dias de

incubação (SVS/MS, 2005). A transmissão do vírus para o

homem ocorrerá quando este mosquito infectado picar um

indivíduo sadio (Figura 21).

FIGURA 21 - Ciclo de transmissão da dengue (RUSSO, 2003).

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Não há transmissão por contato direto de um doente ou

de suas secreções com uma pessoa sadia, nem de fontes de

água ou alimento (FUNASA, 2002). As fêmeas de Ae. aegypti

infectadas transmitem o vírus para a geração seguinte via

transovariana (pelos ovos), de maneira que, variável

percentual das fêmeas filhas, de um espécime infectado,

nasça já infectado (CONSOLI e OLIVEIRA, 1998).

2.2- Sintomas

A infecção por dengue pode causar uma doença cujo

sintoma varia desde formas inaparentes até quadros graves e

hemorrágicos que podem levar a morte (BRASIL, 2005).

Com isso, a dengue apresenta-se sob duas formas:

dengue clássica (DC) também descrita como febre da dengue

(FD - “dandy fever”) e a dengue hemorrágica (DH) ou febre

hemorrágica da dengue (FHD) (SANTOS, 2003).

Depois da picada do mosquito, os sintomas se

manifestam entre três e quinze dias, mas em média de cinco

a seis dias. Só depois desse período que os seguintes

sintomas aparecem:

2.2.1- Dengue clássica

O quadro clínico é muito variável. A primeira

manifestação é a febre alta (39° a 40°), seguida de cefaléia,

mialgia (dor nos músculos), prostração, artralgia (dor nas

articulações), anorexia (dor de cabeça), dor retroorbital (dor

nos olhos), náuseas, vômitos, petéquias (hemorragia

cutânea). Hepatomegalia (aumento do fígado) dolorosa pode

ocorrer, ocasionalmente, desde o aparecimento da febre.

Alguns aspectos clínicos dependem, com frequência, da

idade do paciente. A dor abdominal generalizada pode ocorrer

principalmente nas crianças. A doença tem uma duração de 5

a 7 dias. Com o desaparecimento da febre, há regressão dos

sinais e sintomas, podendo ainda persistir a fadiga (SVS/MS,

2005).

A presença de manifestações hemorrágicas não é

exclusiva da febre hemorrágica da dengue e quadros com

trombocitopenia (destruição de plaquetas; <100.000/mm3)

podem ser observados, com ou sem essas manifestações

(BRASIL, 2005). A dengue clássica se manifesta no primeiro

contato com um dos 4 tipos do vírus da dengue. Quando se

contrai um deles, fica-se imune aquele tipo (RUSSO, 2003).

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2.2.2- Febre hemorrágica da dengue (FHD)

Os sintomas iniciais são semelhantes aos da dengue

clássica, porém evoluem rapidamente no terceiro ou quarto

dia para manifestações hemorrágicas (SVS/MS, 2005). Os

casos típicos da FHD são caracterizados por febre alta,

fenômenos hemorrágicos, hepatomegalia, insuficiência

circulatória e trombocitopenia (10.000/mm³ ou menos).

A dengue hemorrágica ocorre quando a pessoa é

contaminada novamente por outro tipo do vírus, sendo que,

raramente, essa forma ocorre na primeira infecção (RUSSO,

2003).

2.2.3- Dengue com complicações

O termo dengue com complicações é aplicado a todos

os casos que não se enquadram nos critérios de FHD e

dengue clássica. Nessa situação a presença de alterações

neurológicas; disfunção cardiorrespiratória; insuficiência

hepática; trombocitopenia; hemorragia digestiva; derrames

cavitários e/ou óbito caracterizam o quadro (BRASIL, 2005).

2.3- Tratamento

Não existem medicamentos e vacinas para combater o

vírus. A pessoa com dengue deve ficar em repouso, beber

muito líquido e só usar medicamento para aliviar as dores e a

febre, sempre com indicação do médico. Não devem ser

utilizados medicamentos com ácido acetilsalicílico como, por

exemplo, AAS, Alidor, Aspirina, Aspirina "C”, Aspi-C, Aspisin,

Atagripe, Benegrip, CAAS, Cefurix, Cheracap, Cibalena,

Corisona D, Doril, Engov, Melhoral, Melhoral C, Sonrisal, pois

podem facilitar o sangramento (RUSSO, 2003).

Para quem já teve dengue uma vez, o cuidado deve

ser redobrado. Em uma segunda contaminação, as chances

são maiores de a doença evoluir para a forma hemorrágica,

que pode ser mortal.

A OMS tem investido desde a década de 70 no

desenvolvimento de vacinas contra a dengue (BRICKS,

2004). Porém há dificuldades que impedem o

desenvolvimento desta vacina como: a necessidade de

imunização contra os quatros sorotipos virais com alta

eficiência (FIGUEIREDO, 1999) e a dificuldade de encontrar

modelos animais para testar a efetividade da vacina, visto que

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os animais não apresentam o mesmo quadro clínico que os

humanos (GIBBONS e VAUGHN, 2002; HALSTEAD, 2002).

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